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INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO

Os professores apresentam alta prevalência de desordens vocais, as quais, não


raramente, justificam as licenças médicas desses profissionais (Araújo et al., 2008).
Muitas pesquisas têm sido feitas no sentido de investigar tais prevalências. Simões
e Latorre (2006), em pesquisa realizada em oito creches da cidade de São Paulo,
verificaram alta prevalência de alteração vocal auto referida entre as educadoras
participantes (79,6%), das quais 86,5% apresentavam alteração vocal constatada por
avaliação fonoaudiológica. Em pesquisa mais recente realizada por Almeida e Pontes
(2010) com professores de uma instituição universitária da cidade de São Paulo/SP,
verificou-se que 70,3% dos 101 professores avaliados apresentavam Síndrome Disfônica
Ocupacional.
Para compreender melhor essa alta prevalência de desordens vocais é preciso
destacar que a saúde dos professores está sujeita às instalações precárias, à falta de
reconhecimento e valorização do trabalho, à falta de equipamentos e recursos materiais,
às relações conturbadas com alunos e gestores, às jornadas extensas de trabalho, às
exigências criadas pelos projetos governamentais e à precariedade na atenção à saúde
(Brito e Athayde, 2003; Jardim et al., 2007; Araújo et al., 2008). Essa classe profissional
está exposta, portanto, a fatores de risco de difícil solução, que trazem situações
complexas e interdependentes do trabalho (Dragone e Behlau, 2006).
A utilização da voz de forma prolongada e excessiva não é a única responsável pela
instalação e/ou manutenção da alteração vocal (Pasa, Oates e Dacakis, 2007; Luchesi et
al., 2009). Existem outros aspectos inerentes ao desenvolvimento do seu trabalho que
permeiam o processo saúde-doença: ambientes acústicos desfavoráveis, níveis de
estresse associado ao ensino (Pasa, Oates e Dacakis, 2007) e o desconhecimento sobre
os cuidados vocais.
De acordo com Carelli e Nakao (2002), a falta de conhecimento acerca da própria
voz e a dificuldade de auto-percepção, são fatores comuns entre os professores. Tensões
na musculatura cervical, postura inadequada, falar sem parar por horas seguidas, padrão
respiratório inadequado, voz abafada, presa, sem projeção são características
freqüentemente encontradas entre os professores.
Penteado (2007) desenvolveu um trabalho buscando conhecer as percepções dos
professores acerca da saúde vocal. Participaram da pesquisa 12 professores, sendo nove
do gênero feminino e três do masculino, todos profissionais do Ensino Médio de uma
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escola Estadual de Rio Claro, interior de São Paulo, com idade média de 39 anos. Os
sujeitos participaram de grupos de discussões com a pesquisadora e, a partir das
discussões, foram levantados os conhecimentos dos mesmos a respeito da saúde vocal.
Os resultados mostraram que os professores têm um conhecimento básico de saúde vocal,
ou seja, sabem que pigarrear e falar muito e em alta intensidade faz mal para voz, assim
como sabem que beber água faz bem. Porém, na prática não aplicam tais conhecimentos.
De acordo com Simões-Zenari e Latorre (2006), seria importante que esse
profissional fosse capaz de identificar a presença de alterações em sua voz, aumentando a
chance de busca por tratamentos específicos e impedindo o desenvolvimento de ajustes
inadequados ao falar na presença dessas alterações, o que é bastante comum. Esses
ajustes negativos - como falar em forte intensidade e com esforço na presença de ruído,
usar um padrão respiratório superior ou um foco de ressonância inadequado, entre outros -
podem levar a uma sobrecarga no aparelho fonador, facilitando o aparecimento de
alterações vocais. O diagnóstico precoce levaria a um menor impacto da alteração vocal a
médio e longo prazo, e redução do tempo de tratamento.
As orientações sobre saúde vocal contribuem para melhorar a percepção das
educadoras quanto à sua voz alterada. Seria importante analisar o conteúdo e a forma
dessas orientações, para que se tornem eficazes na diminuição da prevalência de
alteração vocal entre as educadoras. Tais orientações devem incentivar a procura por
tratamento, evitando a instalação gradativa de ajustes vocais negativos e acomodação
neste padrão por parte dos profissionais (Simões-Zenari e Latorre, 2006).
É importante ressaltar, também, que as alterações vocais interferem, sobremaneira,
na qualidade de vida das pessoas, bem como no seu desempenho profissional (Pasa,
Oates e Dacakis, 2007; Ruotsalainen et al., 2007). A voz alterada do professor pode
comprometer as relações de ensino-aprendizagem, uma vez que a compreensão da
mensagem pode ser dificultada (Araújo et al., 2008).
Muitas alterações poderiam ser evitadas a partir de mudanças de hábitos pelo
professor (Pasa, Oates e Dacakis, 2007). Daí a importância do estabelecimento de ações
que busquem proteger o indivíduo contra essas desordens, antes que o problema se
instale.
Programas preventivos relacionados à voz, que possibilitem a promoção da saúde
vocal e a proteção específica por meio de orientações e treinamentos, são importantes
para promover mudanças no ambiente de trabalho e na saúde dos professores e, por isso,

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tem sido bastante empregados pelos fonoaudiólogos (Padovani, Baruzzi e Madazio, 2005;
Bovo et al., 2007; Silvério et al., 2008).
No entanto, informações sobre a efetividade de diferentes estratégias preventivas
são limitadas (Pasa, Oates e Dacakis, 2007), uma vez que os resultados dos estudos não
são embasados em evidencias seguras/ definitivas de efetividade (Ruotsalainen et al.,
2007). Além disso, poucos estudos fornecem com detalhes o instrumento utilizado para a
verificação dos efeitos das ações.
De acordo com Behlau e Oliveira (2009), os programas educativos sobre os
cuidados com a voz (higiene vocal), como recurso preventivo, são difíceis de serem
avaliados. Faz-se necessário o desenvolvimento de metodologias mais criteriosas para
que os resultados reflitam com mais segurança os efeitos das intervenções (Ruotsalainen
et al., 2007). Torna-se imperioso conhecer as ações e a forma de análise dos resultados
das ações educativas em saúde vocal.
As revisões de literatura são de grande importância para qualquer pesquisador, pois
permite o levantamento dos estudos já existentes e a contextualização do tema dentro da
área de pesquisa em questão (Pereira, 2010).
Desse modo, objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento bibliográfico
sobre os programas preventivo-educativos em saúde vocal, voltados para os educadores,
no intuito de verificar: 1) o tipo de intervenções que têm sido adotadas; 2) o instrumento
utilizado para análise dos efeitos das ações e se o mesmo foi reaplicado posteriormente
("follow up”); 3) os resultados alcançados após a intervenção.
A fim de facilitar a compreensão do leitor, e, considerando o rigor na seleção dos
estudos que fizeram parte da revisão de literatura em função dos objetivos a serem
atingidos, esse trabalho segue apresentando a ‘Metodologia’, a qual envolveu a
delimitação do estudo (questão norteadora, critérios de elegibilidade das pesquisas), as
estratégias de busca nas bases de dados, a seleção e a organização dos dados; a
“Discussão’ e a ‘Conclusão’.

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METODOLOGIA

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METODOLOGIA

1 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

1.1 Questão norteadora

As questões que nortearam o presente estudo foram: Quais ações educativo-


preventivas voltadas para saúde vocal em educadores têm sido realizadas no Brasil e no
mundo? Qual instrumento tem sido utilizado para se comparar os efeitos das intervenções?
Os efeitos têm sido acompanhados em longo prazo?

1.2 Critérios de elegibilidade do estudo

Para que um estudo fosse incluído na presente revisão de literatura, as ações


educativo-preventivas em saúde vocal propostas deveriam ter sido, necessariamente,
destinadas a educadores (de creches, pré-escolas e escolas de ensino fundamental, médio
e superior), executadas no âmbito escolar e em grupo, e ter apresentado a forma de
desenvolvimento da ação e seus efeitos.
É importante ressaltar o que foi considerado neste estudo como ação educativo-
preventiva em saúde vocal: experiência educacional organizada com o objetivo de intervir,
visando mudança de comportamento (Lopes, 2008), em grupo de pessoas consideradas
de risco para o desenvolvimento de desordens vocais.
O modo como a ação educativo-preventiva foi desenvolvida não foi estabelecido
como critério de seleção do estudo.
Os estudos deveriam estar nas línguas inglesa, espanhola ou portuguesa, tendo
sido excluídos trabalhos nos demais idiomas, mesmo com resumos na língua inglesa.
Foram excluídos, também, os artigos não originais (resenhas, comentários,
editoriais, revisões de literatura), bem como os trabalhos relevantes ao tema, mas
publicados como resumos em anais de congressos nacionais e /ou internacionais, devido
ao seu limitado detalhamento.

2 ESTRATÉGIAS DE BUSCA NA BASE DE DADOS

Para a busca de periódicos em bases de dados eletrônicas, foram acessadas as


bases MEDLINE e LILACS.

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A base de dados MEDLINE foi selecionada por ser a maior referência mundial na
área da saúde. O acesso ocorreu pelo portal PubMed da Biblioteca Nacional de Medicina
dos Estados Unidos. A base LILACS, por sua vez, foi incluída por sua abrangência na
América Latina e Caribe, com forte enfoque em Saúde Coletiva. O Acesso ocorreu por
meio do portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).
O levantamento de dissertações e teses nacionais foi feito a partir do portal da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que
disponibiliza duas ferramentas de busca e consulta a informações sobre teses e
dissertações defendidas junto a programas de pós-graduação do país. A busca por
dissertações e teses estrangeiras ocorreu a partir da base de dados LILACS.
A Biblioteca Central da USP de Ribeirão Preto colaborou na captação e impressão
de artigos que não puderam ser baixados eletronicamente devido à customização.
Não houve restrição quanto ao ano de publicação, ou seja, foram analisados os
estudos publicados até novembro de 2010.
Na construção do projeto de pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: voz,
professor, Fonoaudiologia, educação, prevenção, educação em saúde, capacitação em
serviço, distúrbios da voz, treinamento da voz, adulto, qualidade da voz, programas de
saúde ocupacional, saúde do trabalhador, educação infantil, ensino fundamental,
faculdade, voice, teacher, Speech, Language and Hearing Sciences, teaching, prevention,
health education, inservice training, voice disorders, voice training, adult, voice quality,
occupational health program, occupational health, child rearin, primary school, faculty. Tais
termos foram definidos pelas expectativas e percepções das pesquisadoras e a partir de
buscas exploratórias durante o delineamento do projeto.
Para o levantamento dos descritores, foi utilizado o vocabulário estruturado e
trilíngue – Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), criado pela Bireme para uso na
indexação de artigos de revistas científicas, livros, anais de congressos, relatórios técnicos
e outros tipos de materiais, assim como, para ser usado na pesquisa e recuperação de
assuntos da literatura científica nas bases de dados.

3 SELEÇÃO DOS MATERIAIS E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

Nessa fase, foram selecionados os documentos relevantes a serem incluídos na


amostra bibliográfica.

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Inicialmente, as pesquisadoras fizeram a leitura do título dos trabalhos identificados
pelas bases de dados no intuito de investigar se eles correspondiam aos critérios de
inclusão do estudo. Nesta fase, foram excluídos os estudos, cujos títulos indicavam,
claramente, serem irrelevantes. Em caso de dúvidas, seus resumos foram lidos. Do
mesmo modo, os trabalhos cujos títulos pareciam adequados aos critérios de inclusão
também tiveram seus resumos lidos. Nesta fase, os resumos que demonstravam
inadequação quanto aos critérios de inclusão foram descartados. Finalmente, foram lidos
na íntegra os materiais cujos resumos enquadravam-se dentro dos critérios de inclusão,
bem como os que haviam despertado dúvidas, sendo descartados aqueles que não
correspondiam aos critérios de inclusão.
Todos os materiais elegidos para compor a revisão bibliográfica deste estudo foram
detalhadamente apresentados no capítulo “Revisão de Literatura”. A fim de facilitar a
análise e comparação entre os trabalhos, as pesquisadoras confeccionaram, ao final do
referido capítulo, uma tabela contendo uma síntese dos dados considerados relevantes
para a discussão.

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REVISÃO DE LITERATURA

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REVISÃO DE LITERATURA

Chan (1994), em pesquisa realizada em Hong Kong, objetivou verificar a eficácia de


um programa sobre educação em saúde vocal com educadores.
O programa foi aplicado em 25 educadores de duas pré-escolas de Hong Kong, com
idade média de 32,88 anos. É importante destacar que nenhum participante tinha
participado previamente de algum programa de saúde vocal e também não tinha histórico
de problemas vocais, de queixas psiquiátricas, de problemas endócrinos, neurológicos e
nem de perda auditiva.
Os professores foram divididos em dois grupos, sendo 12 professoras do grupo
experimental (GE), com idade média de 31,5 anos e 13 do grupo controle (GC), com idade
média de 34,2 anos.
Todos os professores foram submetidos à gravação de suas vozes para posterior
análise acústica. A gravação se realizou da seguinte forma: leitura de um texto
previamente selecionado (a leitura foi feita três vezes, apenas as duas vezes finais foram
gravadas) e por meio da produção das vogais /a/, /i/ e /u/ (as emissões foram treinadas
várias vezes, e somente as três últimas foram gravadas). Tais parâmetros foram gravados
em dois momentos do dia: de manhã (entre 8h30min e 10h) e no final da tarde (entre
17h30min e 19h), a fim de detectar possíveis mudanças.
Ao GE foi proposto o programa teórico-prático, com duração de dois meses. Esse
programa envolveu técnicas vocais e educação sobre higiene vocal. Foi desenvolvido na
forma de Workshop e a partir da prática diária de higiene vocal. A este grupo foi entregue
um diário vocal, na primeira e na última semana do curso, para que os participantes
relatassem a freqüência dos comportamentos nocivos à voz, mais especificamente no
período da manhã, tarde e noite.
O grupo GC não participou de nenhuma forma de ação, somente realizando as
avaliações.
Na fase pré-programa, referente à avaliação acústica, os resultados do GE
mostraram uma mudança significativa na voz (piora da qualidade vocal) no final do dia, em
comparação ao período da manhã. Em contrapartida, após o programa, os resultados
mostraram que apenas uma professora mostrou mudanças negativas na qualidade vocal
de um período para o outro do dia, e tal resultado não foi estatisticamente significativo,
diferente do resultado obtido pré-programa.

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Os resultados do GC mostraram que na primeira avaliação nove de 13 professoras
tiveram mudanças significativas referente à qualidade vocal após o dia de trabalho; os
resultados pós dois meses foram próximos, mostrando que 10 de 13 professoras obtiveram
uma baixa qualidade vocal após o dia de trabalho.
Os resultados pré-programa não se mostraram estatisticamente significativos entre
os dois grupos enquanto que no pós-programa, no GE, sete professoras de doze, tiveram
mudanças significativas com melhoras na qualidade vocal após o programa, diferente do
GC, onde apenas uma professora teve melhoras em sua qualidade vocal.
Assim, os resultados mostraram que antes do programa não houve diferença
significativa entre os grupos nos resultados após um dia de trabalho, já que todos
mostraram qualidade vocal inferior no período da tarde.
Quanto ao diário vocal, os resultados da primeira semana do curso, comparados
com os da última semana do curso, mostraram que os professores apresentaram uma
diminuição significativa dos abusos vocais.
Concluindo, após a aplicação do programa, o GE não demonstrou mudanças vocais
significativas de um período ao outro, diferente do GC, que continuou demonstrando baixa
qualidade vocal após o período de trabalho. Avaliando as vozes, as professoras do GE
mostraram uma melhora na qualidade vocal pós-programa do que pré-programa. O GC
não teve diferenças significativas entre a primeira avaliação e a segunda realizada dois
meses após.
Assim, pode-se dizer que as professoras tiveram bom aproveitamento do programa
com duas causas possíveis para isso: 1ª) as professoras aceitaram os cuidados e os
aplicaram diariamente, ou 2ª) as professoras passaram a prestar mais atenção em suas
vozes em seu ambiente de trabalho, e tomaram algumas estratégias para não ocorrer o
abuso da mesma.

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Roy, Gray e Simon (2001) realizaram um trabalho com a intenção de verificar os
efeitos de duas formas de intervenção vocal com professores do estado de Utah, Estados
Unidos, de escolas de ensino fundamental e médio. Participaram do estudo 58
professores, todos com histórico de problemas vocais. Inicialmente, foram divididos em
três grupos, grupo controle, GC, composto por 19 professores (idade média 44 anos),
grupo VH, composto por 20 professores (45 anos) que receberia apenas orientações sobre
higiene vocal e grupo VFE composto por 19 professores (43 anos) que além das palestras
sobre higiene vocal receberam treinamento vocal. Todos os professores preencheram
inicialmente um questionário referente ao seu histórico. É importante ressaltar que nem
todas as questões referentes à idade, tempo de trabalho e tempo de experiência foram
respondidas. No entanto, os grupos não mostraram diferenças significativas quanto a
esses aspectos.
A intervenção teve duração de seis semanas e foi realizada por 11 fonoaudiólogos
voluntários, que tinham em média 15 anos de experiência na área. Os fonoaudiólogos
participaram de um encontro de treinamento inicial onde foram abordados os objetivos do
programa e o que deveria ser realizado com os grupos.
No primeiro encontro, os professores assinaram o termo de consentimento e
completaram o questionário Voice Handicap Index (VHI), que é um instrumento que avalia
a auto-percepção e conseqüências psicossociais dos distúrbios de voz. É composto por 30
sentenças que avaliam o julgamento do sujeito sobre o impacto da sua voz ou desordem
vocal, em sua atividades diárias. A classificação é dada pelo sujeito com unidades de zero
a quatro pontos, referentes à freqüência dos sintomas, sendo que a menor classificação
indica a menor ocorrência dos sintomas, e a maior classificação indica que mais freqüentes
são as ocorrências. O teste gera uma pontuação variando de zero a 120 unidades.
O grupo VH recebeu apenas orientações referentes à higiene vocal e o grupo VFE
também recebeu orientações sobre exercícios a realizar, bem como um cd com os
exercícios, para evitar dificuldades na realização dos mesmos.
Os encontros que se seguiram ocorreram após duas e quatro semanas, sendo
foram retomados os conteúdos apresentados no primeiro encontro. Com os professores do
grupo de treinamento, os exercícios foram reaplicados e foram abordadas explicações
sobre os mesmos.
No último encontro que se seguiu, seis semanas após o início do programa, os
professores responderam novamente ao VHI e também a um questionário verificando se

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houve melhora da percepção, da voz, adesão ao programa, com questões sobre: clareza
vocal, sintomas vocais, facilidade de produção vocal, em fala e em canto, e a um
questionário de avaliação da intervenção. O questionário seria respondido indicando um
escore de zero a cinco, sendo que zero indicava “nunca” e escore cinco indicava “sempre”.
Os resultados do VHI mostraram que antes da intervenção os grupos não tiveram
diferenças significativas entre si. Já após a intervenção, o grupo VFE foi o único que
mostrou diferenças significativas, de uma media de pontuação inicial de 31,58 para 19,95
após a intervenção. Os outros grupos, controle e VH não tiveram diferenças significativas.
No questionário referente à intervenção, aplicado num último encontro, o grupo VFE
relatou médias maiores que o grupo VH, descrevendo, assim, melhor desempenho das
seguintes atividades abordadas no questionário: extensão da voz, clareza vocal e
facilidade de fonação.
Os autores concluíram que apenas o grupo VFE apresentou diminuição na média do
VHI e também melhores resultados na produção vocal, extensão da voz, clareza vocal e
facilidade de fonação, quando comparado ao grupo VH após a intervenção.

Duff e Hazlett (2004), em pesquisa realizada em Jordanstown, Irlanda do Norte,


compararam os efeitos de duas abordagens sobre prevenção vocal, além de verificar o
efeito no período de quatro meses, que incluiu a pratica docente.
Participaram da amostra 55 voluntários, de uma sala de 200 professores do curso
Pós-Graduação Certificado em Educação (PGCE) (Postgraduate Certificate in Education -
PGCE) da Universidade de Ulster, Irlanda do Norte. A idade dos professores variou entre
21 e 39 anos, com média de 24,25 anos. Os participantes relataram não terem tido
problemas de voz, não terem participado de treinamentos vocais para canto, não terem
recebido informações sobre cuidados de voz e nem estresse antes da pesquisa. O curso
de PGCE não oferecia treinamento de cuidado vocal. Os 55 participantes foram divididos,
aleatoriamente, em tres grupos, 23 no grupo controle (GC), 20 em grupo chamado de
indiretos e 12 no grupo nomeado diretos.
A intervenção foi feita de duas formas diferentes, de forma indireta e direta. Na
forma indireta o conteúdo trabalhado foi: mecanismo normal de produção da voz, tipos de
voz, comportamentos vocais, hidratação, estilo de vida e fatores que podem contribuir ou
não para uma voz saudável. O grupo que recebeu informações diretas, recebeu
treinamento vocal buscando uma melhora nos cuidados da voz, com treino para mudança

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de hábitos e formas de utilização da voz inapropriadas. Mais especificamente a postura
corporal para a fala, respiração, tensão e projeção da voz.
Os três grupos foram avaliados vocalmente antes e após o treinamento vocal, por
meio avaliação acústica e perceptivo-auditiva. A gravação de voz foi realizada com três
tarefas, sendo estas: sustentar a vogal /a/, com foco de avaliação no tempo máximo de
fonação e no parametro jitter; sustentar a vogal /a/ com a menor intensidade possível e,
por ultimo, avaliar a freqüência mais alta obtida. Para isso, foram orientados a produzir a
vogal /a/ com escalas ascendentes para atingir e sustentar a freqüência mais aguda, e
sustentá-la por 5 segundos. Todas as etapas foram realizadas quatro vezes cada uma.
Os educadores também responderam o questionário Voice Handicap Index (VHI),
referente à freqüência de sintomas vocais com questões sobre o físico, função e emoção,
utilizando uma escala de zero a quatro pontos, sendo que quanto maior a pontuação pior
era a qualidade vocal.
Os resultados evidenciaram que após a segunda avaliação acústica e perceptivo-
auditiva, o GC mostrou uma piora da primeira para a segunda avaliação, o grupo do
treinamento indireto não teve mudanças significativas e o grupo de treinamento direto teve
melhoras na qualidade vocal, indicando que o treinamento trouxe benefícios.
Os resultados da auto-avaliação evidenciaram que o GC teve um aumento na auto-
percepção da voz, o grupo de treinamento direto não apresentou mudanças significativas e
o grupo de treinamento indireto apresentou um aumento significativo.
Concluindo, os autores verificaram que a intervenção trouxe efeitos, uma vez que o
grupo de treinamento indireto apresentou um aumento no que se refere aos cuidados e
qualidade vocal, e o grupo de treinamento direto teve aumento na qualidade vocal.

Grillo (2004) desenvolveu um estudo com o objetivo de avaliar o impacto de um


curso de aperfeiçoamento vocal na prevenção e manutenção da saúde vocal de
professores. Participaram da amostra seis professores universitários, da Universidade de
Ribeirão Preto (UNAERP), não foi relatada a idade dos participantes. O curso foi
desenvolvido a partir de 13 encontros de duas horas e meia cada, perfazendo um total de
32 horas e meia.
O curso teve abordagem teórico-prática. A pesquisadora forneceu um manual
didático que incluía a teoria e a prática, noções básicas de todo o estudo, transparências
com o conteúdo teórico, gravação em fita das atividades realizadas. O material
contemplava os seguintes temas: processo de comunicação, noções básicas de anatomia
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e fisiologia do mecanismo vocal, elementos da produção vocal, (respiração, ressonância,
qualidade e ataque vocal, articulação, ritmo de fala, modulação vocal e resistência),
comunicação não verbal, propriocepção e relaxamento e conselhos sobre saúde vocal. As
técnicas utilizadas buscaram promover projeção, equilíbrio e resistência vocal.
Para verificar os efeitos adquiridos pela intervenção, foram utilizados dois
questionários e também uma entrevista, realizada com três dos professores participantes
por terem comparecido em mais de 80% dos encontros. Verificou-se o quanto os
professores adquiriram de conteúdo e estratégias, e se eles mantiveram o uso das
mesmas após o termino do curso. Os resultados foram avaliados imediatamente após o
término do curso e 11 meses após o mesmo (follow up).
Os resultados da entrevista mostraram que os três professores foram unânimes em
afirmar que o curso favoreceu mudanças comportamentais em relação ao uso da voz.
Também evidenciaram que os exercícios mais realizados por eles foram: vibração
de língua e lábios e de ressonância. Mesmo com a ênfase da necessidade de realização
dos exercícios, alguns professores relataram utilizá-los apenas quando a demanda vocal
foi muito alta. Os exercícios de articulação foram abordados somente nos encontros finais
do curso, porém, mesmo assim, foi considerado importante para uma comunicação efetiva,
com diminuição do esforço.
Os exercícios de respiração não foram realizados no dia-a-dia, embora tenham sido
abordados no curso. O mesmo ocorreu com os conselhos vocais, foram pouco realizados
dentro de sala de aula, porém, os professores referiram necessitar de mais tempo para
incorporá-los no dia a dia.
Os professores também referiram que o manual teórico-prático utilizado trouxe
resultados positivos, sendo adequado e prático. Também referiram que o tempo de
duração desse curso, 32 horas e meia, não foi suficiente para promover mudanças
comportamentais existentes por tanto tempo e sugeriu uma segunda fase do curso.

Zenari (2006) verificou o efeito de um programa de intervenção voltado ao uso


adequado da voz, realizado junto a educadoras de quatro creches na cidade de São Paulo/
SP. Desenvolveu a pesquisa com dois grupos de professoras: grupo experimental (GE - 26
educadoras) e grupo controle (GC - 32 educadoras), totalizando 58 educadoras, com
média de idade de 34,5 anos.
Numa primeira etapa, realizou avaliação acústica e perceptivo-auditiva da produção
vocal inicial das educadoras dos dois grupos (filmagem e gravação realizadas em uma sala
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silenciosa da própria creche, com o ruído controlado até 50dB) e entregou três
questionários para que fossem preenchidos pelas professoras: Questionário Geral,
Questionário de Mensuração de Qualidade de Vida e Voz (QVV) e Questionário de
Caracterização das Condições de Trabalho, em versão reduzida.
Em segundo momento, desenvolveu o programa de intervenção vocal com o GE,
que consistia de cinco encontros teórico-práticos, totalizando 12h (de fevereiro a junho de
2005). Os conteúdos abordados nos encontros foram: processos de comunicação,
produção da voz, psicodinâmica vocal, conceito de voz normal, adaptada e alterada,
resistência e plasticidade vocal, comunicação não-verbal, corpo e voz, importância do
ouvir, principais distúrbios vocais que acometem os professores, possibilidades vocais e
limites individuais, conceito de bem estar vocal, principais fatores positivos e negativos
para a voz do professor, importância do espaço físico no uso adequado da voz, técnicas de
favorecimento para projeção vocal, ressonância, respiração, articulação dos sons da fala,
resistência vocal, vibração das pregas vocais e alongamento cervical.
Nos encontros de seguimento foi solicitado que as professoras do GE
preenchessem o protocolo de registro vocal produzido e adaptado de Chan (1994). Ao final
do programa de intervenção, ambos os grupos foram reavaliados individualmente
(filmagens e gravações). Também foi solicitado o preenchimento dos mesmos protocolos,
solicitados na primeira avaliação.
Nos questionários aplicados pré-intervenção, referentes a informações sócio-
demográficas, à caracterização do trabalho, aos aspectos do ambiente físico do trabalho e
ao uso da voz no trabalho, não houve diferença significativa entre os grupos. Quando
referentes aos hábitos relacionados ao uso da voz, foi observada semelhança entre os
grupos, exceto quanto à ingestão de água durante a utilização da voz, que se mostrou
maior no GC. Quando referentes aos sinais e sintomas vocais, os resultados foram
semelhantes, diferindo quanto à queixa de rouquidão que foi maior no GE, e quanto à
sensação de garganta seca que foi menor no GC.
Quanto à avaliação da voz e da fala, foi encontrada semelhança entre os grupos,
exceto quanto ao tipo respiratório que foi pior no GC e à coordenação entre respiração e
fala espontânea, pior no GE. Nos aspectos referentes à escala GRBASI, não tiveram
diferenças significativas entre os grupos.
Nos questionários de qualidade de vida e caracterização das condições de trabalho,
novamente foram encontradas semelhanças entre os grupos.

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Após a intervenção, os resultados evidenciaram que no GE ocorreram mudanças
positivas referentes aos aspectos físicos e acústicos da sala e às mudanças de hábitos
vocais, uma vez que os professores passaram a ingerir água durante o uso da voz. Quanto
aos parâmetros de avaliação da voz e da fala, foi observada uma melhora estatisticamente
significativa para a coordenação respiração – fala espontânea.
No GC observaram-se mudanças significativas quanto ao uso da voz durante o
trabalho, onde mais professoras passaram a falar com a cabeça abaixada. No que se
refere aos sinais e sintomas vocais, ocorreu presença de pigarro. Quanto aos parâmetros
de avaliação da voz foi observada uma mudança de aumento do loudness.
A pesquisadora concluiu que ocorreram poucas mudanças, as quais não tiveram
impacto no uso da voz no trabalho. Destacou, ainda, que percebe a necessidade de maior
envolvimento das instituições, para que mudanças mais significativas possam acontecer.

Bovo et al. (2007) desenvolveram uma pesquisa, não especificando o local, com o
objetivo de verificar a eficiência de um programa de saúde vocal com professoras de pré
escolas e escolas de ensino fundamental.
O referido programa era realizado desde 1999, porém, neste estudo, os autores
decidiram verificar sua eficácia somente no período de 2003 a 2004.
Foram inscritos no programa 83 professoras, porém, de acordo com os critérios de
inclusão (gênero feminino, emprego de período integral, motivação a colaborar com a
pesquisa) e exclusão (tratamento anterior de disfonia, lesões des pregas vocais como
pólipo, paralisia, papilomas ou disfonia severa, hábitos de tabagismo e etilismo, ser
portador de doenças neurológicas ou endócrinas, apresentar distúrbios psiquiátricos,
refluxo gastroesofágico, alergias e outras doenças do trato respiratório superior, apresentar
múltiplas queixas médicas), apenas 64 foram convidadas a participar.
Em seguida, as professoras foram divididas em dois grupos, sendo o grupo
experimental (GE) composto por 32 professoras com idade média de 39 anos e grupo
controle (GC) com 32 professoras com média de idade de 38,5 anos. Considerando que
algumas professoras não realizaram a reavaliação, faltaram nas palestras ou ainda se
afastaram por motivos de saúde, a amostra final do estudo foi composta por 21
professoras do GE e 20 professoras do GC.
É importante ressaltar que das professoras que completaram o curso, nenhuma
delas teve falta no trabalho, redução de carga horária de trabalho nem utilizaram algum
tipo de amplificação sonora para a voz, durante os três meses que perdurou o curso.
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Neste estudo, a intervenção ocorreu da seguinte forma:
As professoras do GE receberam um panfleto educativo, com noções teóricas e
exercícios ilustrados para serem realizados em casa de acordo com a necessidade
individual de cada professora, assistiram ao curso abordando o uso profissional da voz e,
durante os três meses de duração do curso, elas foram solicitadas a realizar um relatório
diário descrevendo como tinha sido a utilização da voz no período da manhã, tarde e noite,
e também deveriam citar como tinha sido a realização do exercício proposto, se realizaram
e se foi a quantidade de tempo prevista.
As professoras do GC não receberam nenhuma forma de intervenção, mas deram
seu consentimento para participarem do curso do ano seguinte.
O curso foi constituído por seminários teóricos e terapia em grupo de voz, tendo
duração de 12 horas espaçadas em três meses. Após o término dos três meses, os
professores foram reavaliados pelos mesmos parâmetros que no início do curso. Após
doze meses do curso, foi realizado follow up com avaliação dos mesmos parâmetros
As palestras foram ministradas por dois foniatras, com os seguintes temas:
anatomia e fisiologia da fonação, causas e fatores predisponentes de alterações vocais e
patologias, sintomas de alerta da fadiga vocal, higiene vocal (estratégias para reduzir a
demanda vocal em sala de aula e mudança do comportamento diário para reduzir o abuso
vocal), acústica da sala de aula e sistemas de amplificação sonora.
As sessões de terapia de voz foram realizadas por quatro fonoaudiólogas com 15
anos de experiência. As técnicas utilizadas foram: treinamento da eficiencia respiratória por
meio da utilização da respiração diafragmática; treinamento do relaxamento dos músculos
da laringe; terapia de manipulação manual da laringe; relaxamento vocal evitando o ataque
glótico; treinamento da ressonância oro-nasal e da promoção de maior abertura de boca.
Todos as professoras passaram por avaliação clínica e instrumental. A primeira
avaliação ocorreu antes da aplicação do curso, a segunda avaliação três meses após o
seu termino. A bateria de exames constou de: videolaringoestroboscopia (realizada por
dois foniatras com 20 anos de experiência, utilizando-se registro de áudio e vídeo); medida
da frequencia fundamental, jitter, shimmer, ruídos harmônicos e avaliação perceptiva da
voz, com base na escala GRBAS (realizados separadamente por dois dos autores);
avaliação do tempo maximo de fonação, com a produção da vogal /a/ no pitch e loudness
utilizados habitualmente.
Todos as professoras responderam o questionário Voice Handicap Index (VHI),
quantificando seus conhecimentos básicos sobre voz no inicio do curso, três meses e 12
18
meses após o curso. O questionário possuia 30 questões referentes a uma auto-
percepção, utilizava uma escala de quatro pontos, sendo que zero é referente a ‘nunca’ e
quatro referente a ‘frequentemente’. O valor máximo de pontuação é de 120 pontos, e
quanto maior a pontuação maior é o impacto vocal. Após 12 meses do término do curso,
as professoras que participaram do GE responderam também a outro questionário
referente à percepção e benefícios provenientes do curso.
Os resultados da laringoestroboscopia mostraram que inicialmente todas as
professoras apresentaram algum grau de disfonia, porém, após o curso, as professoras do
GE apresentaram uma melhora significativa no grau da disfonia, o GC não apresentou
diferença significativa. Após 12 meses os grupos não apresentaram diferenças
significativas.
Quanto ao tempo máximo de fonação, os resultados mostraram um aumento
significativo no GE, visto que inicialmente a média era de 10,42 segundos, após três
meses a média passou para 14,28 segundos, e quando avaliados em 12 meses
apresentaram média de 13 segundos. Ja o GC não apresentou diferenças significativas,
com média inicial de 11,20 segundos e, após três meses, a média foi igual a 11,10
segundos.
Os resultados dos questionários demonstraram que da primeira para a segunda
avaliação, o GC passou de uma pontuação de 24,64 para 25,35, lembrando que quanto
maior a pontuação, maior é o impacto vocal. No GE, os resutados mostraram inicialmente
uma pontuação de 24,04, após três meses de 19,09 e após 12 meses de 21,88, assim
vemos que houve uma melhora logo após o curso e uma piora após os 12 meses.
Os autores mencionaram que a prevenção dos distúrbios vocais deve ser realizada
em três aspectos: melhoria acústica da sala de aula; sala de aula com sistemas de
amplificação portátil e programas preventivos de voz para futuros professores e também
para os que já atuam.

Hackworth (2007) realizou um estudo verificando os efeitos de um programa de


higiene vocal e modificação de comportamentos auto-relatados por professores de música,
de uma área metropolitana do EUA. A idade dos participantes não foi relatada.
A amostra foi composta por 76 professores de música do ensino infantil,
fundamental e médio, os quais foram solicitados a responder antes da intervenção a um
questionário sobre saúde vocal, histórico de problemas vocais, além de informações
pessoais como idade, gênro e tempo de experiência no trabalho.
19
Os professores foram divididos em três grupos: grupo controle (GC), com 46
professores, grupo experimental 1 (GE1), com 19 professores e grupo experimental 2
(GE2) com 11 professores.
O GE1 participou de uma palestra sobre higiene vocal, realizada por uma
fonoaudióloga que abordou uma breve introdução sobre anatomia vocal, comportamentos
que prejudicam a voz, sugestões para manter uma voz saudável e sugestões específicas
de saúde vocal para professores de música. Além disso, apresentou um vídeo sobre a
movimentação das pregas vocais. Foi aplicado um teste pré e pós-palestra para verificar a
quantidade de conteúdo adquiridos com a mesma.
O GE 2, além das informações sobre higiene vocal também participou de uma
sessão de treinamento de técnica de ensino/ modificação do comportamento vocal,
realizada por um professor universitário de música, que informou os professores sobre as
influências que o ambiente de ensino pode ter sobre a saúde vocal e técnicas para
identificar e corrigir problemas vocais.
No inicio da sessão, os professores mencionaram três dificuldades para manter a
saúde vocal e no decorrer da sessão, as dificuldades foram abordadas, juntamente com
outras técnicas. Foram oferecidas diversas sessões, porém, alguns professores relataram
dificuldades em comparecer, até mesmo na sessão inicial, sendo oferecido o material com
instruções de higiene vocal por via eletrônica. Os grupos também respondiam a um teste
antes e após as sessões.
Todos os professores receberam folhas com datas e registros para preenchimento
diário (de segunda a sexta-feira), referente aos hábitos, se ingeriram água, número de
pausas vocais, se falaram em ambiente ruidoso e também se utilizaram a voz durante o
dia. Os professores também relataram problemas vocais de cada dia, como rouquidão,
quebras de freqüência da fala e dor ou fadiga vocal.
Os resultados mostraram que não houve diferença significativa entre as formas de
aplicação da palestra, presencial ou por leitura eletrônica, e também referente à forma de
preenchimento sobre o pré e pós-sessão. Foi observado que após as sessões os
resultados eram melhores em relação ao teste anterior.
Após a intervenção, os professores preencheram um questionário avaliando, em
escala de zero a 10, os resultados tanto do grupo GE1 como também do grupo GE2,
sendo que a média da classificação foi de 8,04 e 8,36, respectivamente. Os resultados
sugeriram que o GE2 teve aumento de repouso vocal e diminuição de sintomas vocais
descritos no relatório diário.
20
Pasa, Oates e Dacakis (2007) realizaram uma pesquisa em Melbourne, Austrália,
com o objetivo de investigar a efetividade de treinamento vocal. Tal programa constava de
exercícios vocais a fim de reduzir os sintomas e mau uso vocal e aumentar o
conhecimento sobre cuidados com a voz, tempo máximo de fonação e faixa de freqüência
em professores.
Participaram voluntariamente do estudo 37 professores de quatro escolas do ensino
fundamental da cidade de Melbourne, Austrália. A idade dos professores variou de 21 a 55
anos, com trabalho de período integral e, com no mínimo, um ano de trabalho como
professor e não fumantes. Os critérios de exclusão foram: terem realizado uma consulta
com otorrinolaringologistas e/ou fonoaudiólogos em menos de dois anos ou terem recebido
tratamento de voz.
Os professores participantes foram divididos em grupos, VFE (Vocal Function
Exercises) para o grupo que recebeu exercícios vocais, sendo composto por 10
professores; VH (Vocal Hygiene) para o grupo que recebeu apenas orientações de higiene
e cuidados vocais composto por 13 professoras; e grupo controle (GC), que não recebeu
intervenção, sendo composto por 14 professores. O estudo teve duração de seis semanas
e aplicação de follow up na décima semana após início do mesmo, com quatro encontros
com os grupos VFE e VH, e três encontros com o GC.
No primeiro encontro, os grupos VFE e VH responderam aos seguintes
questionários: 1) sobre conhecimento vocal, que consistia de 11 questões de múltiplas
escolhas referentes à anatomia e fisiologia da produção vocal, 12 questões sobre causas
de problemas vocais e 10 questões sobre fatores que podem prevenir problemas vocais; 2)
sobre características vocais, que consistia de questões sobre sintomas vocais como
desconforto na garganta, controle da respiração, afinação, sonoridade, qualidade vocal e
sua projeção. Tais sintomas foram classificados em uma escala de zero a 100, sendo zero
para ‘nunca’ e 100 ‘sempre que uso minha voz’; 3) sobre padrão de uso vocal no trabalho,
que consistia de questões referentes aos comportamentos vocais negativos e sua
freqüência no horário de trabalho, sendo também quantificado com uma escala de zero a
100, sendo zero para ‘nunca’ e 100 para ‘sempre’.
Ainda no primeiro encontro, foi realizada análise acústica, com gravação de emissão
prolongada da vogal /a/ em intensidade e freqüência habituais, sendo verificado o tempo
máximo de fonação, e também foi pedido que os participantes cantassem com a vogal /i/

21
em nota mais aguda e mais grave, dentro do padrão de conforto, verificando a extensão
vocal.
Após isso, os grupos receberam duas horas de informações e materiais escritos
contendo o conteúdo abordado durante o curso. O grupo VFE foi exposto a quatro tipos de
exercícios que deveriam ser praticados regularmente, duas vezes cada exercício e
também duas vezes ao dia, de manhã e à noite, durante o período de seis semanas. Os
participantes desse grupo receberam um CD sobre como realizar cada exercício, caso
apresentassem dúvidas.
Ao grupo VH foram oferecidas palestras com informações sobre cuidados com a
voz, higiene vocal e estratégias para aumentar os cuidados vocais, melhorar a eficiência e
produção da voz. Os temas abordados foram: prevalência e impactos vocais em
professores, anatomia básica sobre produção vocal, sintomas e causas de disfunção vocal,
estratégias para reduzir os impactos e problemas vocais.
O segundo encontro, ocorrido três semanas depois do primeiro, teve duração de 30
minutos e abordou uma revisão do conteúdo já abordado, técnicas e progresso vocal.
Também foram feitas discussões sobre os conteúdos que estavam sendo aprendidos e
foram retiradas as dúvidas com os pesquisadores.
No terceiro encontro, seis semanas após o primeiro, foi realizado o mesmo
procedimento que no segundo encontro, porém também foram reavaliadas as medidas
vocais feitas no primeiro encontro.
No último encontro, que ocorreu 10 semanas após o primeiro encontro (follow up),
todos os participantes dos grupos VH e VFE foram reavaliados, assim como na primeira
sessão e na terceira. Também preencheram um questionário referente aos benefícios e
conhecimentos adquiridos pelo programa.
O GE participou apenas de três encontros, sendo que no primeiro foram avaliados e
responderam aos mesmos questionários, assim como os demais grupos. Após seis
semanas, tiveram o segundo encontro, onde foram reavaliados, e o mesmo ocorreu 10
semanas depois. A única forma de avaliação que tal grupo não participou, foi o
questionário referente aos benefícios e conhecimentos adquiridos através do programa.
Os resultados do questionário de conhecimentos vocais pré-intervenção
demonstraram que todos os grupos tiveram uma média de, aproximadamente, 24% de
respostas corretas, sendo que o máximo seria 33%. Após a intervenção e no follow up do
estudo, os grupos VH e VFE tiveram um aumento nas médias, porém o mesmo não foi

22
significativo, indo para respectivamente 27% e 25,8%. Já o GC teve uma mudança não
significativa, indo para 23,5%.
No questionário referente ao padrão de uso vocal no trabalho, não foram
encontradas mudanças significativas entre os grupos e nem entre os períodos de aplicação
do mesmo.
Sobre o questionário de auto-avaliação das características vocais, o resultado
indicou que os professores têm apresentado muitos sintomas vocais. Em análise pré-
intervenção, os grupos VH e VFE apresentaram mais sintomas do que o GE, no pós-
intervenção e follow up, o grupo VH diminuiu a quantidade dos mesmos, porém o grupo
VFE não apresentou diferença.
Referente ao tempo máximo de fonação, os grupos não mostraram diferenças
significantes em avaliação pré-intervenção. Após a intervenção, o grupo VFE mostrou um
aumento referente ao mesmo, porém tais dados não se mantiveram no follow up, inclusive,
estiveram mais baixos do que na pré-avaliação. Já o grupo VH teve um aumento no tempo
máximo de fonação após a intervenção e permaneceu dessa forma no follow up. O GC
demonstrou uma diminuição na média do parâmetro avaliado, no período pós-intervenção
e follow up.
A extensão das freqüências foi medida em semitons, sendo que os grupos não
demonstraram grandes diferenças entre si, nas avaliações pré, pós e no follow up. Porém,
o grupo VFE apresentou três semitons abaixo após a avaliação e manteve a medida na
avaliação posterior. Os outros grupos não tiveram diferenças.
Os grupos VFE e VH que responderam ao questionário referente aos benefícios
provenientes do programa de intervenção descreveram que a intervenção foi útil e trouxe
conhecimentos que podem ser aplicados no dia a dia. O grupo VH apenas referiu a
necessidade de exercícios vocais, acreditando que os benefícios seriam maiores.
Os autores concluíram que os professores do GC permaneceram com sintomas e
comportamentos vocais negativos para a fonação e também tiveram uma diminuição do
tempo máximo de fonação. Já os grupos que participaram da intervenção mostraram
melhoras em uma variedade de medidas, indicando quão importante é a intervenção vocal
para os professores.

Ilomaki et al ( 2008), em pesquisa realizada em Tampere, Finlândia, objetivaram


verificar os efeitos de um treinamento vocal direto (orientações de higiene vocal e
treinamento com exercícios vocais) e indireto (orientações de higiene vocal).
23
Todos os educadores do ensino fundamental de Tampere foram convidados a
participar. O estudo foi realizado com 59 voluntárias, com media de idade de 42 anos, e
media de tempo de trabalho como professora de 16 anos. A demanda vocal dos grupos
era, em média, de 23 horas de aula por semana no grupo VT e 24 horas de aula por
semana no grupo VHL.
As professoras foram divididas em dois grupos, 29 delas seriam somente expostas a
uma palestra sobre higiene vocal, grupo denominado pelos autores de VHL (Voice Hygiene
Lecture), e o outro grupo, de 30 professoras, denominado de VT (Voice Training), seriam
expostos à mesma palestra e também um treinamento vocal. Assim, a intervenção do
programa teve caráter teórico para um grupo (VHL) e teórico-prático para o outro grupo
(VT).
No inicio da pesquisa, as professoras foram gravadas, para análise perceptivo-
auditiva da voz, realizando as seguintes atividades: leitura em voz alta, com duração de um
minuto, com freqüência e intensidade habituais, e também realizaram a leitura em voz alta
como se estivessem em uma grande sala de aula. Também foi realizada a gravação de
cinco segundos da produção da vogal /a/ com freqüência e intensidade habituais.
A análise perceptiva foi realizada por três avaliadores experientes, que analisaram a
voz quanto à firmeza da fonação, usando um programa com escala de 0 a 1000 unidades,
sendo a menor quantia de péssima qualidade e a maior de melhor quantidade.
A leitura de texto foi analisada quanto à frequência fundamental e a produção da
vogal prolongada foi avaliada quanto a jitter e shimmer, pelo programa Intelligent Speech
AnalyserTM, o ISA (Desenvolvido pelo Raimo Toivonen M.Sc. Eng).
Também foi solicitado que as professoras preenchessem um questionário sobre
cansaço vocal, qualidade vocal e facilidades ou dificuldades de produção vocal após um
dia de trabalho. Para o preenchimento foi utilizado uma escala em unidades de zero a 200,
para os itens de qualidade vocal e facilidade de produção vocal, sendo zero ‘sem
dificuldades e boa qualidade’ e 200 ‘muita dificuldade e péssima qualidade vocal’. Para os
itens de cansaço vocal, utilizou-se escala de zero a 100, sendo zero ‘sem cansaço’ e 100
‘o nível máximo de cansaço’.
A gravação e a aplicação do questionário foram realizadas no inicio e ao final do
programa. Na avaliação final, as professoras também foram questionadas quanto aos
efeitos positivos da intervenção e responderam a algumas perguntas sobre qualidade
vocal, resistência, audibilidade e conhecimentos sobre a voz, sugerindo, também, formas
de apoio para o futuro bem estar vocal.
24
Após a gravação das vozes, todas as professoras participaram de uma palestra
teórica sobre higiene vocal, com duração de três horas. O objetivo da palestra era informar
sobre os princípios básicos da produção da voz e fala, os principais fatores que causam a
demanda vocal dos professores, principais métodos utilizados para evitar a sobrecarga da
voz e os princípios para utilizar a voz de modo econômico e não-econômico. A palestra foi
realizada por um profissional experiente na área.
O treinamento vocal foi realizado em cinco encontros, espaçados em nove
semanas, tendo por objetivo oferecer um ganho de resistência vocal, facilidade para a
produção da voz e favorecer a retirada de maus hábitos vocais. Para isso, foram utilizados
discussões, introspecções e exercícios vocais para serem realizados em casa (técnicas de
respiração, firmeza para uma fonação sem esforço, boa qualidade e ressonância vocal,
pitch adequado em intensidade e variação), de acordo com a necessidade de cada
professora, evitando tensão muscular excessiva da laringe para a produção da voz. O
professor do curso de treinamento era bem experiente e especialista em treinamento vocal.
Os resultados do estudo evidenciaram que na avaliação pós-programa, o grupo VHL
demonstrou maior cansaço vocal durante o período de fonação, tornando-a mais dificil, e a
média da frequência fundamental aumentou no momento de leitura em frequência habitual.
O grupo VT, pós programa, apresentou um aumento da média da frequência
fundamental na leitura em voz alta, enquanto que verificou-se decréscimo na média do
shimmer e jitter. Houve uma melhora na qualidade vocal do grupo VT após a intervenção.
Em relação à firmeza da fonação, os resultados não se mostraram significativos
para ambos os grupos.
A avaliação entre os grupos, pré e pós-programa, mostrou que antes do programa
ambos os grupos demonstraram dificuldades de fonação, cansaço vocal e aumento na
média de shimmer. Ao final do programa, a média do shimmer foi significativamente menor
no grupo VT do que no grupo VHL.
Ao final do programa, os professores preencheram um questionário avaliando as
mudanças significativas a respeito da voz, de modo geral, que a intervenção trouxe. No
grupo VT, 28% referiram melhora na qualidade vocal, 22,4% referiram melhor audibilidade;
36,4% notaram uma melhora da resistência vocal; 36,4% obtiveram maior conhecimento e
conscientização a respeito da voz e sua sobrecarga. Também relataram maior
compreensão sobre a palestra de higiene vocal.

25
No grupo VHL, 37,7% das professoras relataram mais conhecimento e consciência
da voz e da sobrecarga vocal e apenas algumas professoras relataram outros tipos de
benefícios diretos para a voz a partir da intervenção indireta.
Assim, o aproveitamento geral pelo grupo VT ficou em média de 56,2 unidades e no
grupo VHL de 27,5 unidades.
Foram diversas as sugestões para atividades futuras sobre o bem estar vocal. As
professoras do grupo VT referiram atividades mais voltadas para apoio educativo
(abordando maior conhecimento, treinamento e tratamento), já as professoras do grupo
VHL referiram mais atividades que trabalhem condições (melhoria acústica, da qualidade
do ar, diminuição do ruído e tipos de amplificadores disponíveis). Ambos os grupos
sugeriram melhorias no sistema de saúde.
Concluiu-se que após a intervenção, o grupo VHL demonstrou maiores dificuldades
para a fonação, média da freqüência fundamental elevada e também cansaço vocal. Já o
grupo VT apresentou nível de jitter e shimmer mais baixo, maior facilidade para fonação e
a qualidade de vocal melhorou. Ambos os grupos relataram maior conhecimento e
consciência vocal, um terço no grupo VHL e dois terços no grupo VT relataram que a
intervenção teve efeitos positivos e os professores do grupo VT também relataram melhora
vocal.

Kasama (2008) desenvolveu um estudo em Ribeirão Preto, São Paulo, com o


objetivo de propor uma ação de saúde vocal para professores. Para esse fim, selecionou a
escola particular Waldorf. A escolha da escola se deu pela receptividade tanto da
coordenadoria como dos professores para com o projeto.
O programa de saúde vocal foi desenvolvido com 13 professores, do ensino infantil,
fundamental e médio, dos quais, dois eram do gênero masculino e 11 do feminino, com
idade mínima de 24 anos e máxima de 56 (média de 43 anos).
Por conta de a escola Waldorf ter uma filosofia diferente das escolas tradicionais, a
forma de aplicação do programa de saúde vocal foi adaptada para a mesma. Assim, como
a escola prioriza atividades que envolvam a natureza, não utiliza computadores ou objetos
eletrônicos e utiliza o mínimo do conteúdo necessário para que o aluno, por meio de
experiência e iniciativa adquira o conteúdo total, o programa foi aplicado seguindo tais
princípios da escola. Utilizou-se a natureza, como vasos de flor, para abordar a hidratação
vocal; o conteúdo teórico foi ministrado no quadro negro sem os recursos eletrônicos; o
material entregue aos professores tinha espaços para que os mesmos tivessem
26
participação sobre o conteúdo; para incentivá-los havia perguntas que deveriam ser
respondidas, como “o que você sentiu ao fazer o exercício?”. A ordem de abordagem dos
conteúdos variou de acordo com os grupos de professores, priorizando as queixas e
necessidades de cada um.
O programa se desenvolveu em cinco meses e foi realizado em três etapas:
Na primeira etapa, realizou-se a coleta de dados com uma avaliação individual da
voz de cada professor (fala espontânea, contagem de 1 a 10, emissão de /a/, /i/, /u/, /s/ e
/z/ e trecho de voz cantada), a qual foi gravada para análise posterior. Os professores
também responderam um Protocolo de Qualidade de Vida e Voz (QVV), composto por 10
questões referentes a sintomas vocais, devendo ser respondido em uma escala de um a
cinco, sendo um relativo à ‘não ter o sintoma’ e cinco o ‘sintoma é um problema grande’; e
um questionário referente à voz e ao trabalho dos professores e uma questão referente à
auto-avaliação vocal. O questionário e a questão referente à auto-avaliação vocal,
consistiram de oito questões referentes a dados relacionados à voz (como avalia sua voz;
presença de algum tipo de sintoma; se já ficou afastado por conta de problemas vocais; se
exerce atividades que utilizem a voz fora do local de trabalho; hábitos, relacionados à voz,
presente na rotina; se já realizou tratamento vocal, se acredita que tem conhecimento
sobre o uso da voz e outros problemas de saúde) e 10 questões relacionadas ao trabalho
(tempo de profissão; carga horária; para qual nível leciona; quantos períodos do dia; em
quantas escolas trabalha; se leva trabalho para casa; satisfação do desempenho da
profissão; fatores presentes no ambiente de trabalho e se há problemas de relacionamento
com alguém no trabalho).
Na segunda etapa, os professores foram divididos em grupos para a participação
dos encontros que ocorreram semanalmente tendo, aproximadamente, uma hora de
duração. Cada grupo foi estabelecido mediante a disponibilidade de horários dos
professores. Ao todo foram quatro grupos e 12 encontros, espaçados em cinco meses. Os
conteúdos abordados nos encontros foram: anatomia e fisiologia do trato vocal, higiene
vocal e exercícios para prevenção vocal, de aquecimento e desaquecimento vocal. A
seleção dos exercícios baseou-se principalmente na experiência da pesquisadora com os
métodos e técnicas, além da facilidade de execução dos mesmos a fim de que pudessem
ser incorporados à rotina dos professores. No último encontro, com a finalidade de avaliar
o programa, foi entregue aos professores um questionário com perguntas fechadas e
abertas sobre o mesmo.

27
A terceira etapa da pesquisa envolveu uma reavaliação vocal individual dos
professores e a reaplicação do protocolo de Qualidade de Vida e Voz, do questionário
referente à voz e ao trabalho dos professores e da questão referente à auto-avaliação
vocal.
Nos resultados da primeira etapa, referente ao protocolo QVV, quanto ao domínio
sócio-emocional, físico e total, os professores demonstram valores considerados muito
bons, indicando boa qualidade de vida em voz. Quanto aos sintomas vocais, os mais
presentes foram piora da voz após seu uso prolongado (59%), pigarro (32%), cansaço ao
falar (32%), rouquidão (27%) e perda da voz (27%).
Na questão referente à auto-avaliação vocal, nenhum professor considerou sua voz
excelente, 14% consideraram a voz muito boa, 59% boa, 18%razoável e 9% ruim.
No questionário referente à voz e ao trabalho, 15 professores relataram presença de
poeira, sete referiram temperatura inadequada, cindo referiram presença de ruído, um
relatou presença de umidade e um relatou ambiente de trabalho mal iluminado. Nenhum
professor relatou problemas de relacionamento no trabalho.
Quanto à análise vocal individual dos valores de “s” e “z”, seis professores
apresentaram normalidade para o parâmetro avaliado e os outros apresentaram resultados
abaixo do esperado, que é de 15 segundos.
A terceira etapa da pesquisa envolveu uma reavaliação vocal individual dos
professores e a reaplicação do protocolo de Qualidade de Vida e Voz, questão referente à
auto-avaliação vocal. O questionário referente à voz e ao trabalho dos professores não foi
reaplicado. O resultado do questionário mostrou que ocorreu uma diminuição geral na
freqüência dos sintomas vocais, sendo que apenas um sintoma teve aumento na
ocorrência, o pigarro, porém teve diminuição na quantidade de professores que o
relataram. Em análise de cada professor três deles mantiveram ausência de sintomas
vocais, dois mantiveram os mesmos sintomas, três passaram a não relatar sintomas após
a intervenção, quatro reduziram os sintomas e um relatou um aumento nos sintomas,
passando de um sintoma para dois. Assim, observou-se que sete professores
apresentaram redução de sintomas vocais, diminuindo ou chegando à ausência deles.
Quanto à análise vocal individual dos valores de “s” e “z”, os seis professores
mantiveram a normalidade dos resultados, cinco apresentaram falha no suporte
respiratório e dois hiperconstrição das pregas vocais.
O conteúdo pré e pós-programa foi comparado e os resultados mostraram
mudanças quanto: aos aspectos gerais de higiene vocal, principalmente a hidratação; à
28
respiração; aos efeitos benéficos devido aos exercícios; à atenção à sua própria voz e
também à voz dos alunos e ao reconhecimento da importância da voz.
Quanto às avaliações vocais individuais os dados mostraram que não houve
mudanças significativas. Na avaliação do projeto, os professores referiram que os pontos
negativos foram a falta de tempo tanto para a realização dos exercícios diariamente como
também para o comparecimento aos encontros.
Assim concluiu-se que o programa ampliou a percepção e conscientização dos
professores quanto à voz e também proporcionou troca de experiências, vivências e
reflexão.

Silverio et al. (2008) realizaram uma pesquisa com 42 professoras de uma escola
estadual de Ensino Fundamental de Piracicaba, São Paulo, com idades entre 25 e 52
anos, com o objetivo de avaliar queixas, sintomas laríngeos, hábitos relacionados com
desempenho vocal e o tipo de voz dessas profissionais, antes e após a participação em
grupos de treinamento vocal, denominados pelos autores de “Vivências de Voz”.
O estudo foi dividido em três etapas:
Na primeira etapa foi entregue um questionário sobre queixa vocal, sintomas
laríngeos e hábitos vocais e, também, foi feito o registro vocal de cada professor, em sala
silenciosa da escola (emissão da vogal /e/ sustentada e isolada em freqüência e
intensidade habituais e fala espontânea). A partir do registro coletado, a análise perceptivo-
auditiva foi realizada por três avaliadoras especialistas em voz, com base na escala
GRBASI. Nessa etapa, 29 professores também foram submetidos à avaliação laringológica
(telelaringoestroboscopia).
Na segunda etapa, buscou-se motivar os professores a participar dos grupos de
“Vivência de Voz”. Porém, apenas 13 dos 42 professores participaram efetivamente de tais
grupos, sendo essa a quantidade final de professores participantes. O programa foi
desenvolvido em 12 encontros, de aproximadamente uma hora cada, perfazendo um total
de 12 horas, em que se buscou conscientizá-los a respeito dos problemas vocais. Os
temas abordados foram: psicodinâmica vocal e analise proprioceptiva da voz; noções de
anatomia e fisiologia da laringe e da produção vocal; saúde vocal e hábitos vocais;
exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal (/m/ mastigado, fonemas fricativos
sonoros, técnicas de vibração em escalas - ascendente (aquecimento) e descendente
(desaquecimento)); condições de ambiente e de organização do trabalho. Todos os

29
encontros foram gravados em vídeo, possibilitando a transcrição e análise das discussões
realizadas.
Na terceira etapa, os 13 professores que participaram dos grupos refizeram o
registro vocal de suas vozes para a reavaliação perceptivo-auditiva da voz. A avaliação
laringológica não foi repetida pela recusa dos participantes por conta de desconforto.
Os resultados da primeira etapa demonstraram que 73,8% dos professores
apresentaram queixas vocais referentes à rouquidão, voz fraca, estridente, perda da voz,
cansaço vocal, dor na garganta e falhas na voz. Quanto aos sintomas laríngeos, 30,95%
referiram cansaço ao falar, 47,61% ardor ou irritação na garganta; 61,90% sensação de
garganta seca/raspando, 28,57% falta de ar para falar, 28,57% tosse e 42,85% pigarro. É
importante ressaltar que 87% dos professores relataram dois ou mais sintomas. Quanto
aos hábitos, 61,90% referiram ingerir água durante as aulas, 54,76% ingeriam café
diariamente em intervalos de aula e em outros momentos, 11,9% faziam uso de álcool e
7,14% fumavam. Apenas 7,14% dos professores não relataram hábitos considerados
nocivos à saúde vocal. Os hábitos vocais mais freqüentes foram gritar (57,14%) e falar em
intensidade aumentada (57,14%). Na análise perceptivo-auditiva da emissão sustentada,
92,85% dos professores apresentaram disfonia (rouquidão, soprosidade, tensão e
instabilidade). Na análise da fala espontânea, 86% apresentaram disfonia (rouquidão,
soprosidade e tensão). Na avaliação laringológica, 75,86% dos professores apresentaram
fendas glóticas, 34,48% apresentaram espessamento mucoso, 24,14% apresentaram
edema e hiperemia, 17,24% apresentaram hiperconstrição supraglotica, 13,79%
apresentaram cisto, 3,44% edema de Reinke, 3,44% sulco vocal. 69,23% dos professores
apresentaram alterações vocais associadas. Tais achados foram compatíveis com as
queixas e sintomas laríngeos relatados pelos professores. As alterações, exceto sulco
vocal, foram consideradas como decorrentes de mau uso vocal.
Como resultado da segunda etapa, os autores concluíram que a expectativa dos
professores foi alcançada, visto que durante o grupo foram feitos muitos questionamentos
sobre exercícios, os quais foram contemplados nos encontro.
Na terceira etapa, ou seja, na reavaliação dos professores após o grupo, as queixas
e os sintomas laríngeos foram mantidos, porém, houve um discreto avanço na capacidade
dos professores em identificar quando falavam muito e em evitar comportamentos vocais
inadequados.
Na análise perceptivo-auditiva após o grupo, não foram encontradas diferenças nos
parâmetros: grau de disfonia, rouquidão, soprosidade, astenia e instabilidade tanto para
30
vogal /e/ como para fala espontânea. Porém, houve diferença significativa no grau de
tensão nas duas situações descritas. Os professores também relataram ter realizados
algumas mudanças quanto aos cuidados vocais, como maior hidratação durante as aulas,
realização de exercícios de aquecimento vocal, e maior controle vocal, evitando falar em
forte intensidade.
Os autores concluíram que o número de vozes alteradas encontradas, evidencia a
necessidade de se desenvolverem programas de saúde vocal com os profissionais de tal
área, e que tais programas devem ser divididos em etapas: diálogo, reflexão, discussão e
possibilidades de mudanças.

Simões-Zenari e Latorre (2008) propuseram um programa de intervenção


fonoaudiológica teórico-prático voltado ao uso adequado da voz, com finalidade de avaliar
mudanças em comportamentos considerados negativos para o uso profissional da voz de
educadoras de creche.
O programa foi desenvolvido abordando o uso vocal em 26 educadoras de duas
creches da cidade de São Paulo/SP, com idade média de 32,9 anos. O programa foi
desenvolvido por meio de cinco encontros mensais, tendo o primeiro a duração de quatro
horas e os demais a duração de duas horas, totalizando 12 horas.
No primeiro encontro foi trabalhada toda a base teórica, a qual foi retomada nos
encontros que se seguiram, juntamente com o módulo prático, proposto pelas
pesquisadoras. Os temas abordados foram: processos de comunicação, produção da voz,
psicodinâmica vocal, conceito de voz normal, adaptada alterada, resistência e plasticidade
vocal, comunicação não-verbal, corpo e voz, importância do ouvir, principais distúrbios
vocais que acometem os professores, possibilidades vocais e limites individuais, conceito
de bem estar vocal, principais fatores positivos e negativos para a voz do professor,
importância do espaço físico no uso adequado da voz, técnicas de favorecimento para
projeção vocal, ressonância, respiração, articulação dos sons da fala, resistência vocal,
vibração das pregas vocais e alongamento cervical.
Em todos os encontros que se seguiram, as professoras responderam a um
protocolo denominado “Protocolo de Registro dos Comportamentos Relacionados ao Uso
da Voz”, com 14 questões, que permitiu verificar a freqüência com que as mesmas
apresentavam comportamentos negativos para o uso da voz. Tais comportamentos eram
abordados nos encontros teórico-práticos. O protocolo foi respondido com as seguintes
possibilidades: “não fiz”, “fiz pouco” ou “fiz muito”. Posteriormente, as pesquisadoras
31
consideraram tais respostas como “0”, “1” e “2” respectivamente, facilitando o processo de
análise.
Como resultado se observou que as médias gerais obtidas após os quatro encontros
não demonstraram diferença estatisticamente significativa. A partir da análise de cada
comportamento, observou-se uma diminuição significativa em alguns comportamentos,
como usar a voz fora do trabalho, falar muito grave ou muito agudo, comer em excesso
antes de dormir. Porém, nem todos os resultados foram mantidos até a última aplicação do
protocolo. Os aspectos que mostraram uma tendência linear descendente foram quanto ao
“uso da voz fora do trabalho” e “falar muito grave ou muito agudo”. Nos demais aspectos,
as diferenças não foram estatisticamente significativas.
Os autores concluíram que os efeitos do programa se mostraram restritos, mas
ainda assim devem ser realizados, pois contribuem de alguma forma para a melhora da
voz e conscientização do professor sobre seus comportamentos vocais. Destacou ainda
que tais programas devem ser desenvolvidos com toda a comunidade escolar, buscando
uma mudança coletiva nas condições de trabalho, crendo que dessa maneira as mudanças
serão mais amplas e duradouras.

Dragone (2010) desenvolveu o Programa de Saúde Vocal do Educador com


educadores do ensino da Rede Municipal de Araraquara na Clínica Escola de
Fonoaudiologia do Centro Universitário UNIARA. Inscreveram-se para a pesquisa 452
educadores do ensino infantil e fundamental, porém, apenas 56% dos inscritos
completaram as ações. A idade dos participantes não foi relatada.
O programa foi desenvolvido pela professora do Centro Universitário responsável
pela disciplina de voz e estágio de Saúde Coletiva, porém as ações foram realizadas pelos
alunos do último ano do Curso de Fonoaudiologia.
As vozes dos participantes foram gravadas, com amostras de vogal sustentada /a/ e
contagem de um a 20, e foram avaliadas por analise perceptivo-auditiva, por fonoaudióloga
especialista em voz, baseada na escala GRBASI, que avalia grau de rugosidade,
soprosidade, astenia, tensão e irregularidade da voz. Os graus variaram de zero a quatro,
sendo que quanto menor o número menor o comprometimento de determinado aspecto.
Baseado nas amostras de voz, os educadores foram divididos em dois grupos,
grupos básicos e avançados de voz, sendo que os participantes dos grupos Avançados de
Voz apresentaram voz rouca, de grau moderado a severo. Todos os participantes foram

32
encaminhados para avaliação otorrinolaringológica e também realizavam avaliação
completa no setor de Voz da Clínica Escola no início e fim das atividades.
Com os grupos básicos de voz, divididos com no máximo 50 educadores, foram
desenvolvidos dois encontros de três horas cada, abordando conteúdo teórico sobre o
comportamento vocal específico ao trabalho docente, informações sobre produção e
cuidados vocais, também teve conteúdo prático abordando treinamento vocal para
aumento de resistência vocal e diminuição da tensão. Com o grupo avançado de voz foi
realizado um treinamento de 10 horas, foram cinco encontros com duração de duas horas,
com no máximo cinco participantes.
Nos encontros eram abordadas discussões sobre o uso vocal em sala de aula,
buscando estratégias para minimizar o esforço vocal, também foram abordados exercícios
para treinamento vocal, os exercícios foram escolhidos segundo a necessidade do grupo,
buscando principalmente uma coordenação da respiração, ressonância e facilidade de
fonação. Quando necessário, os educadores foram encaminhados para busca de cuidados
médicos e terapia fonoaudiológica individual.
No primeiro encontro do grupo avançado de voz, os educadores responderam a um
questionário (VAPP – Voice Activity and Participation Profile), composto de 28 questões de
auto-avaliação sobre qualidade vocal, impacto da voz no trabalho, impacto na
comunicação diária e profissional, na emoção, na limitação da atividade profissional e
impacto na restrição do trabalho. Os escores são obtidos por marcação em uma linha
horizontal não graduada, sendo a ponta esquerda pior qualidade vocal ou nunca ocorre, e
a ponta direita nível melhor qualidade vocal e sempre.
Os educadores do grupo Avançado, nos dois primeiros encontros, também
preencheram uma lista com sintomas vocais contendo: cansaço vocal, rouquidão, falhas
na voz, perda da voz no final das frases, perda da voz no começo das frases, sensação de
secura na garganta, incomodo na garganta, esforço para falar, sensação de aperto na
garganta, necessidade de limpar a garganta (de pigarrear), sensação de corpo estranho na
garganta, respiração curta enquanto fala, sensação de ardência ou queimação na
garganta; dor na garganta, sensação de raspar na garganta.
Os resultados dos grupos Básicos de voz mostraram que no período de 2002 a
2005 participaram 387 educadores, que foram divididos em 14 grupos Básicos, com média
de 30 educadores em cada. Porém, apenas 372 educadores tiveram suas vozes gravadas,
e a análise perceptivo-auditiva dessas amostras mostrou que 62,9% apresentaram vozes

33
alteradas, sendo que a maioria foi classificada como rouquidão discreta e somente 4% com
rouquidão severa.
O grupo Avançado, classificados na análise perceptivo-auditiva com vozes rouco-
soprosas, era composto de nove educadoras, com grau de alteração severa, porém
apenas quatro iniciaram a participação no grupo avançado, porém apenas uma educadora
teve 100% de presença. Como a freqüência não estava sendo constante dos outros
educadores, foi feita uma reunião com as mesmas e falado sobre a importância da
participação da atividade, sendo estabelecido a diminuição da duração dos encontros para
90 minutos.
No ano de 2005, 54 educadoras com vozes classificadas como rouco-moderadas
foram convocadas para a reunião e apenas 28 delas declararam interesse, sendo que
dessas, apenas 22 iniciaram os grupos Avançados com avaliação completa da voz. No
entanto, somente 17 participaram efetivamente do grupo, com freqüência superior a 75%
dos encontros.
Apenas 13 educadoras do grupo Avançado apresentaram laudo
otorrinolaringológico, das quais 29,4% não tinham alterações laríngeas, 47%
apresentavam nódulos, cistos e fendas e 17,7% não conseguiu comparecer ao médico
antes do término dos grupos.
Os dados coletados por meio do protocolo VAPP no grupo Avançado mostraram
uma média de interferência discreta da voz em suas atividades, visto que classificaram as
vozes como: discretamente alteradas, com escores atingindo de 15,5% a 26% dos escores
máximos possíveis.
Quanto à quantidade de sintomas apontados por 14 educadores no inicio e final dos
grupos Avançados, verificou-se uma diminuição da presença de sintomas vocais entre os
participantes, visto que, inicialmente, os educadores referiram o mínimo de três com
máximo de 13 sintomas vocais; no pós programa, 55,5% dos participantes referiram de
zero a três sintomas apenas, os 45% dos participantes que ainda apresentavam mais de
três sintomas também referiu diminuição significativa da quantidade de sintomas.
Ressalta-se a necessidade constante de reavaliação das ações contidas em um
programa de saúde vocal, nos quais, os resultados objetivados somente se consolidarão
com a participação ativa dos educadores, que por sua vez ocorre a partir da percepção de
que o investimento de tempo e atenção irá gerar benefícios imediatos no contexto
profissional.

34
Laukkanen, Leppanen e Ilomaki (2009) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo
de verificar os efeitos de três tipos de intervenção vocal: palestra sobre higiene vocal,
palestra adicionada a um treinamento de voz, e massagem vocal.
A pesquisa foi realizada na Finlândia com 90 professoras do ensino fundamental,
com média de idade de 41 anos, e média de tempo de trabalho como professora de 15
anos.
Inicialmente, todas responderam a um questionário abordando idade, saúde em
geral, treinamento vocal, experiência de trabalho em sala de aula e sintomas de fadiga
vocal. Classificaram como facilidade ou dificuldade de fonação, cansaço e qualidade vocal
duas vezes ao dia, antes e após o dia de trabalho, usando uma escala visual de 0 a 100
unidades. Também foram avaliadas clinicamente a fim de verificar a situação vocal de
cada participante antes do programa. Após o programa, responderam ao primeiro
questionário e também a outro referindo opiniões sobre os efeitos da intervenção.
As professoras foram divididas em três grupos: um grupo de 30 professoras que
participaram apenas da palestra de higiene vocal, denominado pelas autoras de VHL; outro
grupo de 30 professoras, denominado VT, que foram expostas à palestra e também a um
treinamento vocal; e o terceiro grupo também de 30 professoras, denominado VM, que
participaram da palestra e também a massagens vocais.
A palestra teve duração de três horas e todas as participantes estiveram juntas
nesta etapa da pesquisa. Os outros grupos, VT e VM tiveram cinco encontros com duração
de uma hora cada, sendo que os três primeiros encontros foram semanais e os últimos
dois encontros foram espaçados em quatro semanas, perfazendo um total de três meses.
Os resultados, tanto dos questionários como da auto-avaliação por meio de escala
visual, mostraram que todos os tipos de intervenção obtiveram resultados positivos, porém
foram significativamente melhores nos grupos VM com média na escala visual de 66.6
unidades. O grupo VT apresentou média de 56.2 unidades e o grupo VHL teve média de
27.5mm. Os efeitos positivos relatados por cada grupo foram principalmente: melhor
conhecimento sobre voz no grupo VHL, aumento do relaxamento e resistência vocal no
grupo VM e maior conhecimento e resistência vocal no grupo VT.
Antes da realização do programa, todos os professores relataram cansaço vocal
após o dia de trabalho. Ao final do programa, apenas o grupo VM referiu o mesmo efeito. O
grupo VHL referiu dificuldade de produção vocal e cansaço da mesma, mesmo após a
intervenção. Antes da intervenção, o grupo VT apresentou mais queixas referentes à

35
produção e cansaço vocal que o grupo VHL, porém, após a intervenção, não houve
diferença significativa entre ambos.
Os autores concluíram que todas as formas de intervenção adotadas trouxeram
efeitos positivos, principalmente nos grupos VT e VM, porém os dados de antes e após o
dia de trabalho não mostraram efeitos significativos após as intervenções.

Leppanen et al (2009) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de comparar os


efeitos de duas formas de intervenção: 1) palestra sobre higiene vocal e 2) palestra e
sessões de massagem vocal. Participaram da pesquisa 60 professoras do ensino
fundamental, da cidade de Tampere, Finlândia, com idade média de 40 anos, e média de
experiência na profissão de 14 anos.
Todas as professoras participaram de uma palestra sobre higiene vocal, sendo
depois divididas em dois grupos, 30 do grupo VHL, que participaram apenas da palestra e
30 do grupo VM, que além da palestra participaram de cinco encontros onde foi abordado
o tema de massagem vocal, método de massagem finlandesa abordando os músculos
relacionados com a produção vocal. A intervenção deve duração de três meses.
A palestra foi desenvolvida em três horas, abordando os princípios básicos da voz e
produção da fala, os principais fatores que causam demanda vocal dos professores, os
principais métodos utilizados para evitar a sobrecarga da voz e os princípios para utilizar a
voz de modo econômico e não-econômico. A palestra foi realizada por um profissional
experiente na área. Com o grupo VM foi trabalhada a massagem com os músculos,
procurando aumentar a mobilidade da caixa torácica durante a respiração e evitar tensão
excessiva na diversa musculatura envolvida na produção vocal.
Antes e após a intervenção, as professoras foram gravadas no período da manhã,
antes do trabalho e outra após o período de trabalho, realizando as seguintes atividades:
leitura em voz alta, com duração de um minuto, e produção da vogal /a/ com freqüência e
intensidade habituais. Também foi solicitado que as professoras preenchessem um
questionário sobre qualidade e facilidade ou não de produção vocal, sendo utilizada uma
escala de zero a 200 unidades, sendo que quanto menor a numeração maior facilidade de
produção e melhor qualidade vocal e quanto maior a numeração, mais dificuldade e pior
qualidade vocal. Já o cansaço vocal foi avaliado em escala de zero a 100 unidades, sendo
zero ‘sem cansaço’ e 100 o ‘máximo de cansaço vocal’.
A leitura de texto foi analisada quanto à frequencia fundamental e qualidade vocal; a
produção da vogal prolongada foi avaliada quanto a jitter e shimmer.
36
A análise perceptiva foi realizada por três avaliadores experientes, que avaliaram a
voz quanto à firmeza da fonação, usando um programa com escala de 0 a 1000 unidades,
sendo que a menor quantia indicava ‘péssima qualidade’ e a maior ‘melhor quantidade’.
Na avaliação final, as professoras também foram questionadas quanto aos efeitos
positivos da intervenção e responderam a algumas perguntas sobre qualidade e
resistência vocal, audibilidade e conhecimentos sobre a voz, sugerindo também formas de
apoio para o futuro bem estar vocal.
Nos resultados da análise acústica, os grupos não mostraram diferença significativa
antes da intervenção, já que ambos tiveram aumento nos parâmetros da freqüência
fundamental, jitter e shimmer após o dia de trabalho. No grupo VHL a freqüência
fundamental se mostrou mais elevada após a intervenção.
Na auto-avaliação pré intervenção, ambos os grupos demonstraram cansaço vocal,
qualidade vocal reduzida e dificuldade de fonação após o dia de trabalho. Após a
intervenção, o grupo VHL apresentou um aumento significativo de dificuldade de fonação e
cansaço vocal do que antes, diferente do grupo VM que não apresentou mudanças
significativas referente à dificuldade de fonação e cansaço vocal. Assim, o grupo VM
demonstrou mais efeitos positivos do que o grupo VHL.
Os autores concluíram que o grupo VHL apresentou níveis mais elevados de
dificuldade de fonação e freqüência fundamental antes e após a intervenção, porém o
grupo VM não apresentou os mesmos dados, e sim efeitos significativamente positivos,
considerando, então, que esta forma de intervenção venha auxiliar os professores na
manutenção vocal.

Leppanen, Ilomaki e Laukkanen (2010), em pesquisa realizada em Tampere,


Finlândia, objetivaram verificar os efeitos de intervenções realizadas após um ano das
mesmas. Participaram da pesquisa 90 professoras do ensino fundamental com idade
média de 41 anos e tempo de experiência na profissão com média de 15 anos.
Todas as professoras participaram de uma palestra sobre higiene vocal, com
duração de três horas. Dentre elas, 30 participaram além da palestra, de sessões de
treinamento vocal, sendo chamadas de VT; outras 30 professoras participaram de sessões
de massagem vocal, grupo VM; as sessões foram espaçadas em um período de três
meses. As professoras que participaram apenas da palestra foram chamadas de grupo
VHL, composto também por 30 professoras.

37
Os efeitos da intervenção foram avaliados através dos mesmos questionários já
respondidos antes, porém seis meses e um ano após a intervenção. Esse questionário
abordava idade, saúde em geral, treinamento vocal, experiência de trabalho da sala de
aula e sintomas de fadiga vocal. Nos questionários de seis meses e um ano após a
intervenção, foi deixado um espaço onde os professores colocaram comentários sobre os
efeitos da intervenção.
Os resultados mostraram que os três grupos apresentaram uma diminuição nos
sintomas de fadiga vocal após seis meses e um ano de aplicação da intervenção, embora
nos grupos VT e VM tais resultados tenham sido mais evidentes. Os comentários dos
professores seis meses após a intervenção mostraram que o grupo VHL relatou ter
aprendido sobre a importância do cuidado vocal e conhecimento para isso; o grupo VT
relatou a importância da produção vocal adequada e repouso vocal; o grupo VM relatou a
importância do repouso vocal e físico além do relaxamento.
Após um ano de aplicação os comentários pelas professoras foram praticamente os
mesmos, sendo acrescentados pelo grupo VHL sobre a importância do uso correto da voz
e, pelo grupo VT a importância do repouso e relaxamento vocal.
Assim, os autores concluíram que todas as formas de aplicação da intervenção
tiveram resultados positivos referente aos sintomas de fadiga vocal principalmente nos
grupos VT e VM.

A tabela 1 apresenta uma síntese das informações obtidas pelos estudos referentes
à identificação dos trabalhos (autor, local do estudo, ano e idioma da publicação, número
da amostra, tipo da instituição escolar). É importante notar que os estudos estão
apresentados em ordem cronológica de publicação e que foram definidos números para
sua identificação para facilitar a discussão dos mesmos no capítulo seguinte.
A tabela 2 apresenta uma síntese das informações dos estudos sobre a intervenção
aplicada: tipo e número amostral por grupos, duração do programa, presença de follow up,
instrumento utilizado.
A tabela 3 apresenta uma síntese das informações dos estudos sobre os efeitos das
ações aplicadas.

38
Tabela 1. Apresentação sintetizada da identificação dos trabalhos quanto à: autoria, local do
estudo, ano e idioma da publicação, número da amostra, tipo da instituição escolar.

Autor, Ano, Local Idioma n total Idade média Modalidade de


Ensino
E1 Chan (1994) Ing 25 32,88 anos Educação Infantil
Hong Kong, Japan

E2 Roy, Gray e Simon, 2001 Ing 58 44 anos Ensino Fundamental


Utah, Estados Unidos Ensino Médio

E3 Duff e Hazlett (2004) Ing 55 24,25 anos Não consta


Jordanstown, Irlanda do Norte

E4 Grillo (2004) Port 3 Não consta Ensino Superior


Ribeirão Preto, Brasil

E5 Zenari (2006) Port 58 34,5 anos Educação Infantil


São Paulo, Brasil

E6 Bovo et al. (2007) Ing 41 38,75 anos Educação Infantil


(local não especificado) Ensino Fundamental

E7 Hackworth 2007 Ing 76 Não consta Educação Infantil,


Area metropolitana do EUA Ensino Fundamental
Ensino Médio
E8 Pasa, Oates e Dacakis (2007) Ing 37 Min 21 e Máx Ensino Fundamental
Melbourne, Austrália 55

E9 Ilomaki et al ( 2008), Ing 59 42 anos Ensino Fundamental


Tampere, Finlandia

E10 Kasama (2008) Port 13 43 anos Educação Infantil


Ribeirão Preto, Brasil Ensino Fundamental
Ensino Médio
E11 Silvério et al (2008) Port 13 Min 25 e Máx Ensino Fundamental
Piracicaba, São Paulo 52

E12 Simões-Zenari e Latorre (2008) Port 26 32,9 anos Educação Infantil


São Paulo, Brasil

E13 Laukkanen, Leppanen e Ilomaki (2009) Ing 90 41 anos Ensino Fundamental


Tampere, Finlândia

E14 Leppanen et al 2009 Ing 60 40 anos Ensino Fundamental


Tampere, Finlândia

E15 Dragone 2010 Port 404 Não consta Educação Infantil


Araraquara, Brasil Ensino Fundamental

E16 Laukkanen, Leppanen e Ilomaki (2010) Ing 90 41 anos Ensino Fundamental


Tampere, Finlandia

39
Tabela 2. Apresentação sintetizada das informações dos estudos sobre a intervenção aplicada: tipo
e número amostral por grupos, duração do programa, presença de follow up, instrumento utilizado.

Intervenção Duração Follow up Instrumento


(n por grupos) – de análise do efeito -
E1 a) Teórico-prático (12) 2 meses Não 1) Avaliação acústica
b) Sem intervenção (13) 2) Diário vocal
E2 a) Teórica (20) 6 semanas Não 1) Questionário de auto-percepção (VHI)
b) Teórico-prático (19) 2) Questionário de avaliação do programa
c) Sem intervenção (19)
E3 a) Teórica (20) 4 meses Não 1) Avaliação acústica
b) Prático (12) 2) Avaliação perceptivo-auditiva
c) Sem intervenção (23) 3) Questionário de auto-percepção (VHI)
E4 a) Teórico- Prático (3) 32h30min Sim 1) Questionários de avaliação do programa
2) Entrevista
E5 a) Teórico-prático (26) 5 encontros Não 1) Avaliação perceptivo-auditiva (escala GRBASI)
b) Sem intervenção (32) mensais 2) Análise acústica
12h 3) Questionários (Geral, Qualidade de Vida e Voz
e Condições de trabalho)
E6 a) Teórico-prático (21) 3 meses Sim 1) Avaliação acústica
b) Sem intervenção (20) 12h 2) Avaliação perceptivo-auditiva
3) Avaliação laringológica
4) Questionário de auto-percepção (VHI)
E7 a) Teórica (19) 3 semanas Não 1) Questionário geral
b) Teórico-prático (11)
c) Sem intervenção (46)
E8 a) Teórica (13) 6 semanas Sim 1) Análise acústica
b) Prático (10) 2) Questionário de auto-percepção
c) Sem intervenção (14) 3) Questionários gerais (conhecimentos vocais e
padrão de uso vocal no trabalho)
E9 a) Teórica (29) 9 semanas Não 1) Avaliação perceptivo-auditiva
b) Teórico-prática (30) 2) Análise acústica
3) Questionário de auto-percepção
E10 a) Teórico-prático (13) 5 meses Não 1) Avaliação perceptivo-auditiva
2) Questionário de auto-percepção
2) Questionários (Qualidade de Vida e Voz e
padrão de usoi vocal no trabalho)
E11 a) Teórico-prático (13) 12 encontros 12 Não 1) Avaliação perceptivo-auditiva (escala GRBASI)
horas 2) Avaliação laringológica
3) Questionário auto-percepção
E12 a) Teórico-prático 5 encontros Não 1) Questionário de auto-percepção
mensais
12h
E13 a) Teórica (30) 3 meses Não 1) ) Avaliação perceptivo-auditiva
b) Teórico-Prático (60) 2) Análise Acústica
b.1 grupo 1 (30 ) 3) Questionário de auto-percepção
b.2 grupo 2 (30)
E14 a) Teórico (30) 3 meses Não 1) Avaliação perceptivo-auditiva
b) Teórico-Prático (30) 2) Questionário geral
3) Questionário de auto-percepção
E15 a) Teórico-prático (404) Variável por Não 1) Avaliação laringológica
a.1: grupo 1 (387) grupos 2) Avaliação perceptivo-auditiva (escala GRBASI)
a.2 grupo 2 (17 ) (2 encontros de 3h 2) Protocolo VAPP (Voice Activity and Participation
e 5 de 3h) Profile)
E16 a) Teórica (30) 3 meses Sim 1) Questionário de auto-percepção
b) Teórico-Prático (60)
b.1 grupo 1 (30 )
b.2 grupo 2 (30 )

40
Tabela 3. Apresentação sintetizada das informações dos estudos sobre os efeitos das ações
aplicadas.

Resultados após a intervenção


Os resultados foram positivos, já que o grupo submetido às ações educativas e de treinamento vocal, combinadas,
E1 apresentou mudanças significativas com melhora na qualidade vocal. Além disso, o mesmo grupo não demonstrou
mudanças vocais significativas após o dia de trabalho em sala de aula.

Os resultados foram positivos para o grupo submetido às ações teórico-práticas (VFE), em comparação aos que
E2 receberam apenas intervenção teórica (VH), já que o grupo VFE apresentou diminuição na média do VHI e também
melhores resultados na produção vocal, extensão da voz, clareza vocal e facilidade de fonação.

Os resultados foram positivos para o grupo que recebeu treinamento vocal (Grupo Direto). O grupo que recebeu
E3 orientações (Grupo Indireto) não apresentou mudanças significativas; por outro lado, ambos os grupos apresentaram
melhoras na qualidade vocal, sendo que apenas o Grupo Indireto apresentou um aumento significativo na auto-
percepção vocal.

E4 Os resultados da abordagem teórico-prática foram positivos, pois os três professores foram unânimes em afirmar que
o curso favoreceu mudanças comportamentais em relação ao uso da voz.
Os resultados da abordagem teórico-prática foram positivos, já que o grupo experimental apresentou mudanças
E5 benéficas quanto aos aspectos físicos e acústicos da sala e às mudanças de hábitos vocais; além disso, apresentou
melhora estatisticamente significativa para a coordenação entre a respiração e a fala espontânea. O grupo sem
intervenção apresentou mudanças negativas na reavaliação (maior ocorrência de pigarro, aumento do loudnes, por
exemplo).
Os resultados foram positivos, já que o grupo submetido à ação educativa e de treinamento vocal apresentou
E6 melhora significativa no grau da disfonia. Além disso, o mesmo grupo apresentou um aumento significativo no tempo
máximo de fonação; na reavaliação após 12 meses da intervenção, o aumento ainda foi notado. Os resultados dos
questionários também evidenciaram melhor desempenho após o curso e piora após 12 meses.
E7 Os resultados foram positivos já que sugeriram que o grupo submetido à ação combinada de orientação e
treinamento teve aumento de repouso vocal e diminuição de sintomas vocais relatados.
Os resultados foram positivos para os dois grupos experimentais (VH e VFE); no entanto, o grupo submetido apenas
E8 á orientação (VH) apresentou menor quantidade de sintomas vocais e um aumento no tempo máximo de fonação
após a intervenção, permanecendo dessa forma no follow up, em comparação ao grupo de ações combinadas (VFE).
Por outro lado, o grupo sem intervenção permaneceu com sintomas e comportamentos vocais negativos para a
fonação.
Os resultados foram positivos apenas para o grupo submetido à ação combinada de orientação e treinamento vocal
E9 (VT), tendo os participantes apresentado nível de jitter e shimmer mais baixo, maior facilidade para fonação e melhor
qualidade de vocal.
E10 Os resultados foram benéficos já que ocorreu uma diminuição geral na freqüência dos sintomas vocais, sendo que
sete professores apresentaram redução de sintomas vocais, diminuindo ou chegando à ausência deles.
Os resultados foram positivos, pois houve um discreto avanço na capacidade dos professores em identificar quando
E11 falavam muito e em evitar comportamentos vocais inadequados. Os professores também relataram ter realizados
algumas mudanças quanto aos cuidados vocais, como maior hidratação durante as aulas, realização de exercícios
de aquecimento vocal e maior controle vocal, evitando falar em forte intensidade.
Os resultados foram positivos, porém restritos, ao grupo de participantes da intervenção, sendo que os aspectos que
E12 mostraram uma tendência linear descendente foram quanto ao “uso da voz fora do trabalho” e “falar muito grave ou
muito agudo”. Nos demais aspectos, as diferenças não foram estatisticamente significativas.
E13 Os resultados foram positivos para todos os grupos envolvidos, porém foram significativamente melhores no grupo
submetido ás ações combinadas de orientação e massagens vocais (VM). O grupo que recebeu apenas orientações
(VHL) referiu dificuldade de produção vocal e cansaço da mesma, mesmo após a intervenção.
Os resultados foram positivos para o grupo submetido às ações combinadas de massagem vocal e orientação (VM).
E14 O grupo que recebeu apenas orientação (VHL) continuou apresentando níveis elevados de dificuldade de fonação e
freqüência fundamental.
Os resultados foram positivos para o grupo que apresentava desordens vocais, pois se verificou uma diminuição da
E15 presença de sintomas vocais entre os participantes.

E16 Os resultados foram positivos para todos os grupos envolvidos quanto aos sintomas de fadiga vocal, após 6 meses e

41
um ano da intervenção, principalmente para os grupos de ações combinadas (VT e VM).

DISCUSSÃO

DISCUSSÃO

Neste estudo, foram analisados 16 trabalhos que atingiram aos critérios de


elegibilidade, ou seja, foram desenvolvidos com educadores, em ambiente escolar e com o
objetivo de favorecer suas condições vocais a partir de ações educativo-preventivas.
Dos trabalhos analisados, seis foram desenvolvidos no Brasil e 10 no exterior. Esse
resultado demonstra que as ações preventivas em saúde vocal vêm sendo estudadas em
diversos países. No entanto, a comunidade científica internacional tem investido maiores

42
esforços no desenvolvimento de programas educativo-preventivos voltados para os
educadores. De acordo com Gil-Pérez (2003) apud Souza e Gouvea (2006), os países que
possuem um sistema educativo mais avançado tendem a investir mais na formação
permanente de seus professores.
Apesar de não ter predominado nesta amostra analisada, os estudos brasileiros
relacionados à temática em questão têm aumentado nos últimos anos. De acordo com
Dragone et al. (2010), as publicações fonoaudiólogicas na área da voz profissional tem
sido um dos focos das atividades cientificas do Departamento de Voz da Sociedade
Brasileira de Fonoaudiologia, nos últimos anos. Essa informação justifica o fato de que as
seis publicações brasileiras sobre a temática analisadas eram referentes aos anos 2004
(E4), 2006 (E5), 2008, (E10, E11, E12) e 2010 (E15).
Com relação ao tamanho da amostra dos estudos investigados, verificou-se
variação entre os números de participantes, sendo que a menor amostra constava
de três educadores e a maior de 404. Agrupando os trabalhos por categorias
amostrais, verificou-se que: cinco trabalhos apresentaram até 30 participantes na
amostra (E1, E4, E10, E11, E12), sete trabalhos abrangiam entre 31 e 60 participantes
(E6, E8, E2, E3, E5, E9, E14), três entre 61 e 100 participantes (E7, E13, E16) e apenas
um trabalho apresentou mais de 101 participantes (E15).
Conforme pode ser percebido, o número amostral foi variado entre os estudos. De
acordo com Wayne (2004), a determinação do tamanho da amostra em trabalho de
pesquisa experimental na área de saúde, ou seja, a seleção do número de indivíduos a
serem utilizados nesta tarefa é de significativa importância, considerando-se que a
correção desta determinação dá validade estatística ao experimento e é condição básica
primordial para a aceitação de trabalhos na comunidade científica. É fundamental conhecer
o universo da pesquisa, de modo que a amostra seja representativa.
Além disso, quanto maior a amostra, maiores as possibilidade de formação de
grupos e de generalização dos dados. No entanto, é valido destacar que as amostras
reduzidas são comuns em pesquisas qualitativas, as quais buscam, intencionalmente,
indivíduos que vivenciam o problema em foco e que sejam representantes de certa sub-
população. Nesses casos, o número da amostra é definido em campo (Turato, 2005), o
que ocorreu em todos os estudos investigados.
É importante destacar que o número da amostra de um estudo depende de vários
fatores: orçamento disponível, grau de confiança que se deseja atingir (Oliveira, 2001),
tempo e interesse dos participantes. Sobre esse último fator, estudos têm revelado pouca
43
adesão dos professores aos programas de aprimoramento vocal quando os mesmos não
apresentam alteração vocal aparente (Simberg et al, 2006, apud Luchesi, Mourão e
Kitamura, 2010). De acordo com Gillivan-Murphy (2006) apud Luchesi, Mourão e Kitamura
(2010), a maioria dos professores procura por ajuda, quando a alteração vocal está
impactando negativamente na sua atuação. Segundo Gil-Pérez (2003) apud Souza e
Gouvea (2006), muitos professores buscam o tratamento apenas quando se deparam com
o problema em sua própria prática.
A falta de tempo também tem sido apresentada como a principal justificativa dos
professores, pois dificulta a participação em intervenções de médio e longo prazo, se não
houver apoio do empregador (Luchesi, Mourão e Kitamura, 2010).
Ruotsalainen et al (2008) sugerem aos estudiosos que desejam aumentar a
quantidade amostral da pesquisa, a organização de estudos multicêntricos.
Com relação à modalidade do ensino dos integrantes dos estudos, verificou-se que
a maioria dos participantes pertencia ao ensino fundamental (E2, E6, E7, E8, E9, E10,
E11, E13, E14, E15, E16). Em segundo lugar prevaleceu os professores da educação
infantil (E1, E5, E6, E7, E10, E12, E15) e, posteriormente, ensino médio (E2, E7, E10) e
universitário (E4).
Outro dado interessante que pode ser notado neste estudo foi a prevalência de
pesquisas com grupos controle (sem intervenção) nas pesquisas internacionais (60%) (E1,
E2, E3, E6, E7, E8), em comparação às nacionais (16,7%) (E5). Muitos pesquisadores
podem se deparar com dilemas éticos na tentativa de trabalhar com grupos sem
intervenção. Para superar essa dificuldade, Ruotsalainen et al. (2008) sugerem a formação
de grupos com intervenção mínina ou atrasada.
Ainda com relação ao tipo de intervenção empregada, verificou-se muita variedade
no que se refere à sua duração em carga horária. Além disso, é importante ressaltar a
dificuldade dos pesquisadores em identificar a duração do programa, uma vez que essa
informação (em número de horas) não estava totalmente explicita em 68,75% dos estudos
(E1, E2, E3, E7, E8, E9, E10, E12, E13, E14, E16).
Questões referentes á carga horária de cursos de atualização e/ou treinamento
costumam ser alvo de debates entre as entidades formadoras. De acordo com Souza e
Gouvea (2006), se por um lado cursos mais longos podem abranger conteúdos mais
extensos e apresentar resultados mais eficientes na aprendizagem do professor, os cursos
de curta duração têm sido freqüentemente empregados e bastante aceitos pelos
professores.
44
As ações educativo-preventivas em saúde vocal têm sido desenvolvidas assumindo
diferentes papéis: 1) puramente educativos, quando envolvem o professor num processo
de reflexão sobre os fatores prejudiciais à voz e suas condições, favorecendo a
identificação de fatores que possam contribuir para um problema vocal, alertando-os sobre
a necessidade de evitar e modificar determinados comportamentos vocais antes que o
dano se instale; 2) educativos e de treinamento, quando mesclam atividades teóricas e
práticas no intuito de orientar os professores e treinar suas vozes de modo que possam
produzi-la com maior potência e menor cansaço.
Neste estudo, todos os trabalhos investigados desenvolveram ações de caráter
educativo e prático (de treinamento)
Todos os estudos analisados nesta pesquisa pretenderam desenvolver ações
preventivas em saúde vocal e verificar os efeitos obtidos pela intervenção realizada. Não
há dúvidas de que todos os trabalhos são de extrema relevância para o estudo das ações
preventivas no campo da saúde coletiva. No entanto, é importante notar que a forma de
verificação dos efeitos apresentou similaridades e diferenças entre os estudos.
De acordo com Behlau e Oliveira (2009), os programas educativo-preventivos em
saúde vocal são difíceis de serem avaliados, sendo que muitas vezes os resultados dos
estudos não são embasados em evidencias seguras/ definitivas de efetividade
(Ruotsalainen et al., 2007).
Considerando que a voz é um fenômeno multidimensional, não deve ser medida
com uma única escala ou teste. Uma variedade de técnicas e instrumentos tem sido
desenvolvida para medir aspectos da função vocal e do impacto dos problemas vocais
auto-referido. A revisão de literatura realizada constatou que a quase totalidade dos
estudos empregaram mais de um instrumento para se avaliar os efeitos das ações (E1, E2,
E3, E4, E5, E6, E8, E9, E10, E11, E13, E14, E15).
Na amostra de estudos analisados, as medidas utilizadas para se comparar os
efeitos das ações foram: 1) informações auto-referidas pelos participantes sobre a
incapacidade vocal, a qualidade de vida e os sintomas vocais, classificadas por
Ruotsalainen et al. (2008) como indicadores primários de efetividade da intervenção e 2)
dados identificados pelo examinador a partir de avaliações clínicas instrumentais e
perceptivas, classificadas como indicadores secundários da efetividade das ações.
Nesta pesquisa, 100% dos estudos utilizaram informações auto-referidas pelos
participantes (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9, E10, E11, E12, E13, E14, E15, E16 ),

45
18,75% dados foram coletados em avaliações clínicas (E1, E3, E5, E6, E8, E9, E10, E11,
E13, E14, E15).
As informações auto-referidas são importantes uma vez que indicam de que modo
as alterações vocais afetam sua comunicação e seus projetos sociais e ocupacionais
(Ruotsalainen et al., 2008). O VHI é um questionário validado e, por isso, é recomendável
para se comparar os efeitos das intervenções no desempenho vocal (Jacobson et al.
1999). Na amostra analisada nessa revisão de literatura, verificou-se que 18,75% dos
estudos (E2, E3, E6) utilizaram tal questionário.
Investigar a qualidade de vida dos sujeitos também é muito importante, pois fornece
um olhar multifocal sobre a saúde do professor e sua relação e impacto nas atividades de
vida diária. Nesta revisão de literatura, verificou-se que apenas 12,5% dos estudos (E5,
E10) investigaram a qualidade de vida, a partir do questionário Qualidade de Vida e Voz,
QVV.
A escala GRBASI, que investiga o grau global da disfonia, foi utilizada por 18,75%
dos estudos (E5, E11, E15). O objetivo dessa escala é avaliar o grau global da disfonia (G)
a partir de cinco fatores, Rugosidade (R), Soprosidade (B), Astenia (A), Tensão (S) e
Instabilidade (I) Zenari (2006).
Com relação à avaliação laringológica presente em 18,75% dos estudos (E6, E11,
E15), verificou-se que em um estudo (E11) a avaliação não foi reavaliada após a
intervenção, devido à recusa dos participantes em realizar novo procedimento laringológico
devido ao desconforto do exame. Apesar de gerar desconforto, estroboscopia laríngea
oferece uma análise eficiente do comportamento vocal com ótima visualização das
estruturas laríngeas, pois consiste em imagem ilusória de câmera lenta, tornando o padrão
de vibração das pregas vocais avaliável a olho nu (Pastana, Gomes e Castro 2007).
Com relação à investigação dos efeitos dos programas a longo prazo (follow up),
apenas 25% dos trabalhos realizaram tal verificação (E4, E6, E8, E16). De acordo com
Bovo et al (2006), a realização do follow up demonstra os reais benefícios da intervenção.
Para Ruotsalainen et al. (2008), o tempo para se analisar os efeitos a longo prazo de um
programa deveria ser de no mínimo um ano.
Com relação aos efeitos obtidos após as intervenções, verificaram-se resultados
positivos em todos os estudos. É importante notar que todos os grupos que participaram
de ações combinadas de orientação e treinamento vocal apresentaram melhores
resultados que os grupos que receberam apenas orientações.

46
CONCLUSÃO

CONCLUSÃO

Dos trabalhos analisados, seis foram desenvolvidos no Brasil e 10 no exterior. O


número da amostra dos estudos analisados foi variado, sendo que houve um predomínio
de grupos com número de participantes entre 31 e 60 (43,75%). A maioria dos estudos
envolveu professores do Ensino Fundamental (68,75%). É importante destacar a
prevalência de grupos controle em pesquisas internacionais (60%) em comparação às
nacionais (16,7%).

47
As intervenções adotadas por todos os estudos apresentaram caráter educativo e
prático (de treinamento), os quais ocorreram, dentro dos grupos, de modo combinado ou
isolado. Verificou-se muita variedade no que se refere à sua duração, em carga horária.
Com relação ao(s) instrumento(s) utilizado(s) para se investigar o(s) efeito(s) das
ações, todos os estudos analisados valorizaram as informações auto-referidas pelos
participantes, enquanto que 18,75% basearam-se apenas em dados coletados por
avaliações clínicas instrumentais e/ou perceptivas. Com relação à investigação dos efeitos
dos programas em longo prazo (follow up), apenas 25% dos trabalhos realizaram tal
verificação.
Quanto aos efeitos obtidos após as intervenções, verificaram-se resultados positivos
em todos os estudos, particularmente naqueles que empregaram ações práticas
combinadas com as educativas num mesmo grupo.

48
REFERÊNCIAS

49
REFERÊNCIAS

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