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GUIA DE

ORIENTAÇÕES
PARA
ELABORAÇÃO
DE ESTUDO
DE REVISÃO
INTEGRATIVA
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

AL345g Guia de orientações para elaboração de estudo de revisão


integrativa / Raquel Costa Albuquerque, Juliana Fonseca de
Queiroz Marcelino, Maria Gisele Cavalcanti de Oliveira, Lais
Rafaely da Silva Soares, Vinícius Barbosa de Freitas Silva,
Marina Maria Teixeira da Silva. - 1. ed. - Recife [PE]: Raquel
Costa Albuquerque, 2021.

19 p. : il. ; PDF ; 1,2 MB.

Inclui índice e bibliografia.


ISBN: 978-65-00-18976-6

1. Educação 2. Saúde Infantil 3. Terapia Ocupacional I. Título

CDD 370

2
APRESENTAÇÃO

O que nós
propomos?

Guia de orientações para facilitar a


construção de estudos de Revisão
Integrativa do Grupo de pesquisa
em Saúde Infantil e prevenção de
agravos, no qual também se inse-
rem a extensão e a pesquisa de
desenvolvimento de Tecnologia
Assistiva para escolares com bai-
xa visão e cegueira ou deficiência
motora pelo Departamento de Te-
rapia Ocupacional da Universidade
Federal de Pernambuco-UFPE.

Desenvolvido por:
Raquel Costa Albuquerque ¹
Juliana Fonseca de Queiroz Marcelino ¹
Maria Gisele Cavalcanti de Oliveira ²
Lais Rafaely da Silva Soares²
Vinícius Barbosa de Freitas Silva ²
Marina Maria Teixeira da Silva³

¹ Docente do Curso de Terapia Ocupacional da UFPE


² Discente do Curso de Terapia Ocupacional da UFPE
³ Técnica no Departamento de Terapia Ocupacional da UFPE

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SUMÁRIO
05 1. ENTENDENDO A REVISÃO INTEGRATIVA

05 2. O ESTADO DA ARTE

07 3. ELABORAÇÃO DA PERGUNTA CONDUTORA

4. PLANEJAMENTO E PESQUISA DOS ARTIGOS NA


10 LITERATURA

11 4.1 DESCRITORES E CRUZAMENTOS

14 4.2 FILTROS E CRITÉRIOS DE AMOSTRAGEM

15 5. BASE DE DADOS

16 6. ORGANIZAÇÃO DOS RESULTADOS

16 6.1 FLUXOGRAMA

16 6.2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS OBSERVADAS

16 6.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

19 REFERÊNCIAS

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1. ENTENDENDO A REVISÃO
INTEGRATIVA
A Revisão Integrativa (RI)1 é um dos desenhos de revisão de literatura.
O propósito das revisões de literatura é reunir conhecimentos sobre um
tópico, ajudando nas fundamentações de um estudo.

Esse estudo emerge como uma metodologia que proporciona a síntese


do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de
estudos significativos na prática. Ela constitui basicamente um instru-
mento de Prática Baseada em Evidências (PBE), a qual é caracterizada
por uma abordagem voltada ao cuidado clínico e ao ensino fundamen-
tado no conhecimento e na qualidade da evidência. As iniciativas da
PBE têm gerado um incremento na necessidade de produção de todos
os tipos de revisões de literatura.

A RI, diferente da sistemática, permite a inclusão de métodos diversos.


A sistemática inclui apenas estudos experimentais, comumente ensaios
clínicos randomizados. Já a revisão integrativa permite a inclusão de es-
tudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão com-
pleta do fenômeno analisado. Ela determina o conhecimento atual so-
bre uma temática específica, já que é conduzida de modo a identificar,
analisar e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mes-
mo assunto.

2. O ESTADO DA ARTE:
Após entender o que é uma Revisão Integrativa (RI) e quais são seus ob-
jetivos, podemos definir os passos que serão utilizados para a sua cons-
trução. Provavelmente quem pensa em fazer uma RI, já possui um tópi-
co de pesquisa em mente para ser estudado. Esse tópico refere-se a um
tema, uma ideia central da pesquisa, fruto da curiosidade do pesquisa-
dor a respeito de uma demanda específica (CRESWELL, 2010).

1 Seção baseada em Souza, Silva e Carvalho (2010).

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Vamos considerar o tópico da pesquisa na caixa de exemplos:

Tópico de pesquisa: INCLUSÃO ESCOLAR

A partir desse tópico, precisamos conhecer o Estado da arte a respeito


desse tema atualmente: O que há de disponível na literatura a respei-
to desse tema? Quais as bases de dados mais indicadas para pesqui-
sar a respeito dele? Quais descritores podem ser usados para obter
os melhores resultados? Como o tema está sendo estudado por ou-
tros autores?

Conhecer o Estado da Arte é fundamental para a construção de uma


pesquisa, pois ele permite ao autor identificar as melhores ferramentas
para utilizar durante a construção da RI, além de auxiliar na compre-
ensão do tópico e abrangê-lo teoricamente. Utilizando nosso exemplo
acima, podemos sugerir as seguintes recomendações:

1
Pesquisar as bases de dados, revistas e periódicos que abor-
dam temas a respeito de deficiência, contexto escolar e tec-
nologia;

2
Fazer buscas bibliográficas (revisão de mapeamento) em pla-
taformas mais generalistas que apresentem variedades de da-
dos como, por exemplo, o Google Acadêmico;

3
Verificar nos resultados apresentados quais os idiomas que
mais aparecem nas publicações (isso pode influenciar na es-
colha dos descritores).

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O Estado da Arte proporciona ao autor a experiência necessária para
expandir sua perspectiva a respeito do Tópico a ser estudado, quais suas
atuais demandas científicas, quais as lacunas deixadas por outros auto-
res em outros estudos, conhecimentos indispensáveis para o próximo
passo da RI.

3. ELABORAÇÃO DA PERGUNTA
CONDUTORA
A pergunta condutora, problema de pesquisa ou pergunta norteadora
tem a função de esclarecer uma dificuldade específica com o tópico de
pesquisa que se pretende responder por intermédio do estudo. Ela deve
ser clara, objetiva, viável e expressar o problema que será “solucionado”
por meio da pesquisa (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

A delimitação dela é a fase mais importante da revisão, pois determina


quais serão os estudos incluídos, os meios adotados para a identificação
e as informações coletadas de cada estudo selecionado. Logo, inclui a
definição dos participantes, as intervenções a serem pesquisadas e os
resultados a serem mensurados.

A revisão de mapeamento realizada previamente (o Estado da Arte),


como forma de reunir as referências que serão encontradas, auxilia para
que se estabeleça quão específica a pergunta condutora deve ser. Essas
referências podem estar em variados formatos, como em livros, revistas,
vídeos, ou seja, tudo que possa contribuir para o primeiro contato com
o objeto de estudo posto à investigação (VOSGERAU; ROMANOWSKI,
2014)

Dica1:
Para a formulação de uma pergunta condutora que seja viável, também é in-
teressante conversar com profissionais e pesquisadores da área, além de fazer
buscas e leituras incessantes, para que a pergunta inicial, geralmente mais
ampla, torne-se cada vez mais uma pergunta específica e fundamentada na
literatura.

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Quando um objeto de estudo é muito escasso na literatura, talvez seja
necessário ampliar um pouco mais a pergunta para que se obtenha re-
sultados que possam ser discutidos. Essa pergunta irá direcionar os des-
critores, os termos livres e os filtros a serem utilizados para a busca das
obras literárias científicas.

Para a elaboração de uma pergunta condutora objetiva, alguns autores


sugerem que a questão apresente basicamente dois elementos: o sujei-
to e o objeto, e, a partir deles, torne-se possível estabelecer filtros para
que a pergunta chegue à especificidade necessária para o estudo. O su-
jeito da pesquisa se refere a um público, ou uma população, até mesmo
uma ação. Quando nos referimos ao objeto, ele é o assunto que se de-
seja entender e estudar, podem ser fatos, fenômenos, ferramentas, uma
intervenção etc. Vejamos o exemplo na caixa abaixo a partir do tópico
do estudo que escolhemos anteriormente:

TÓPICO Inclusão Escolar

Com este tópico, é preciso escolher


uma população que será incluída ou
que irá incluir. Outros sujeitos para
SUJEITO Estudantes
esse tópico também poderiam ser:
professores, funcionários etc.

Nesse caso, o objeto seria o meio


pelo qual desejo fazer a inclusão es-
OBJETO Tecnologia colar. Ele também poderia ser uma
sala, uma metodologia ou um outro
recurso.

Percebeu como é complexo e como podemos chegar a vários objetivos


com a nossa pergunta condutora? Ao eleger o sujeito e o objeto, precisa-
mos estabelecer condições para abordar o tema de modo mais direto e
objetivo possível e podemos fazer isso por meio de “filtros”.

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Podemos filtrar um objeto ou um sujeito da pesquisa limitando-o por
meio de adjetivos explicativos e restritivos que apontam qualidades, es-
tados, condições e características. Vejamos novamente:

TÓPICO Inclusão Escolar

Estudantes com deficiência, estu-


dantes adolescentes com deficiên-
SUJEITO Estudantes cia, estudantes adolescentes
deficiência visual etc.

Tecnologia digital, computa-


OBJETO Tecnologia dores, programas de com-
putador, softwares.

Estabelecemos condições ao sujeito e ao objeto que permitem sua abor-


dagem da forma mais específica possível. No caso dos estudantes (su-
jeito), esse filtro pode ser uma faixa etária (criança, adolescente, adulto),
uma condição de saúde (deficiência), em que existem vários tipos de
especificidade da condição (motora, sensorial ou cognitiva). Da mesma
forma podemos fazer com o objeto, que, no caso acima, filtramos a par-
tir do tipo de tecnologia (poderia ser analógica), pelo recurso (compu-
tador), que poderia ser um tablet ou celular, pela ferramenta (programa
de computador), que, diante dos vários tipos de programas, foram esco-
lhidos os softwares.

Relacionando esses elementos na pergunta condutora, podemos che-


gar a diversas formas de abordar a pesquisa, influenciadas pelo conhe-
cimento do assunto por meio da revisão de mapeamento e estado da
arte, feitos previamente, mantendo a objetividade e o ineditismo do es-
tudo. Vejamos algumas possibilidades na caixa de exemplos e observe a
importância dos pronomes relativos escolhidos:

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1 - Quais
Quais os softwares existentes para adolescentes com deficiên-
cia visual no contexto escolar?

2 - Quantos
Quantos softwares são utilizados por professores, durante a
aula, para adolescentes com deficiência visual?

3 - Como
Como os adolescentes com deficiência visual avaliam os sof-
twares desenvolvidos para o uso na escola?

Vamos fazer esse exercício? A partir do seu tópico, estabeleça o sujeito e


o objeto do seu estudo e filtre-os sendo o mais objetivo possível. Ao fim,
pergunte-se a forma que você quer elaborar a pergunta condutora por
meio da escolha dos pronomes relativos.

4. PLANEJAMENTO E PESQUISA DOS


ARTIGOS NA LITERATURA
Antes da busca pelas obras, é muito importante definir descritores, pa-
lavras-chave, critérios de amostragem e bases de dados em que serão
levantadas as obras.

A busca e a seleção dos artigos devem ser planejadas a partir dos crité-
rios de inclusão e exclusão do estudo, de modo a responder a pergun-
ta condutora. Assim, posteriormente, na divulgação científica dos acha-
dos, a apresentação do fluxograma de seleção dos artigos demonstrará
o quanto o estudo é confiável. Conforme Souza, Silva e Carvalho (2010),
os critérios de amostragem precisam garantir a representatividade da
amostra, sendo importantes indicadores da confiabilidade e da fidedig-
nidade dos resultados.

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Dica 2:
Tendo em vista a importância do estabelecimento de critérios para a busca
de artigos, é importante seguir a ordem de definição dos descritores, das pa-
lavras-chave, dos critérios de amostragem e da seleção das bases de dados.

4.1 QUANTO AOS DESCRITORES E SEUS


CRUZAMENTOS

As palavras-chave e os descritores serão os termos utilizados para bus-


car as obras da literatura científica. É importante saber a diferença entre
eles. A primeira não obedece a nenhuma estrutura, são selecionadas
aleatoriamente e podem ser retiradas dos próprios textos. Já os descri-
tores são organizados em estruturas de forma hierárquica, que facilitam
a pesquisa e a recuperação do estudo (BRANDAU; MONTEIRO; BRAILE,
2005).

Palavras-chave e descritores apresentam formatos diferentes de acor-


do com a organização das bases de dados, e podem ser encontrados
em bancos de vocabulários estruturados como, por exemplo, no caso
da Área da Saúde, o DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e o MeSH
(Medical Subject Headings), seus sinônimos (também encontrados nes-
ses bancos) e termos livres. Esse último trata-se de palavras-chave que
não são encontradas nesses bancos, mas que são utilizadas em pesqui-
sas na temática a ser estudada (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

Após definir essas palavras-chave, define-se se serão usadas fazendo cru-


zamentos entre elas, que podem ser pares. Exemplo: SOFTWARE AND
DEFICIÊNCIA VISUAL.

Dica 3:
Nesse exemplo, AND foi o operador booleano escolhido, pois a associação dos
descritores delimita os achados, evitando ou minimizando a possibilidade de
aparecerem obras que fogem à pergunta de pesquisa.

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Quanto aos operadores booleanos, eles são conectores utilizados para
ligar os termos de interesse da pergunta da pesquisa, formando a estra-
tégia de busca.

ORIENTAÇÃO EXEMPLO

Para encontrar artigos com to-


dos os termos de busca associa- Software AND cegueira
dos, usa-se o “AND”

Para combinar múltiplos termos


para encontrar artigos usando
Software OR aplicativos móveis
um ou outro termo, usa-se o
“OR”

Para encontrar o termo exato, Software AND “Aplicativos


usa-se aspas (“”) móveis”

Para criar buscas mais específi- Arquivo (revista OR conferên-


cas, usa-se parênteses cia) NOT teses

excluir termos, usa-se o “NOT” Software NOT Hardware

O grupo de pesquisadores que elaborou este “Guia de orientação para


elaboração de estudos de revisão integrativa” tomará como norma, to-
das as vezes que estiver como autor de um estudo de RI, definir uma ou
mais palavras-chave para a elaboração dos cruzamentos. Esses descrito-
res chave serão definidos baseados na pergunta condutora. Tomemos o
exemplo abaixo. Vamos considerar que nossa pergunta condutora seja:

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Pergunta condutora: “Quais os softwares existentes para
adolescentes com deficiência visual no contexto escolar?”

Para essa pergunta condutora podemos identificar descritores como: es-


cola (delimitação de contexto/ desfecho), cegueira, baixa visão e defi-
ciência visual (delimitação de população com o problema - deficiência
visual). Todas essas palavras-chave cruzaram com o descritor software
(delimitador de intervenção) e os seus sinônimos.

Como exemplo dividimos os cruzamentos em quatro grupos. Veja o


quadro a seguir:

GRUPO 4
GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3
DEFICIÊNCIA
ESCOLA CEGUEIRA BAIXA VISÃO
VISUAL

Escola X Software Cegueira X Software Baixa visão X Deficiência visual X


Software Software

Escola X Aplicativos Cegueira X Aplicati- Baixa visão X Deficiência visual X


móveis vos móveis Aplicativos móveis Aplicativos móveis

Escola X Sistemas Cegueira X Sistemas Baixa visão X Siste- Deficiência visual X Siste-
computacionais computacionais mas computacionais mas computacionais

Escola X Cegueira X Baixa visão X Deficiência visual X


E-acessibilidade E-acessibilidade E-acessibilidade E-acessibilidade

Escola X Software Cegueira X Software Baixa visão X Softwa- Deficiência visual X Sof-
de aplicativos de de aplicativos de re de aplicativos de tware de aplicativos de
computador computador computador computador

Escola X Programas Cegueira X Progra- Baixa visão X Progra- Deficiência visual X Pro-
de computador e mas de computa- mas de computador gramas de computador
programação dor e programação e programação e programação

Escola X Programas Cegueira X Progra- Baixa visão X Progra- Deficiência visual X Pro-
de computação mas de computa- mas de computação gramas de computação
ção

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Escola X Tecnologia Cegueira X Tecnolo- Baixa visão X Tecno- Deficiência visual X Tec-
da informação gia da informação logia da informação nologia da informação

Escola X Recursos Cegueira X Recursos Baixa visão X Recur- Deficiência visual X Re-
de acessibilidade ao de acessibilidade ao sos de acessibilidade cursos de acessibilidade
computador computador ao computador ao computador

Escola X Tecnologia Cegueira X Tecnolo- Baixa visão X Tecno- Deficiência visual X Tec-
da informação e gia da informação e logia da informação nologia da informação e
comunicação comunicação e comunicação comunicação

Escola X Cegueira X Baixa visão X Deficiência visual X


Computador (TL) Computador (TL) Computador (TL) Computador (TL)

Dica 4:
Com possibilidade de se encontrar mais estudos sobre o assunto abordado
nessa revisão, sugerimos a possibilidade de cruzar os descritores selecionados
inicialmente, não apenas com o descritor chave (o objeto de estudo - softwa-
re), mas também com os seus sinônimos, para que não houvesse perda de
nenhum estudo que abordasse o tema em questão

4.2 FILTROS E CRITÉRIOS DE AMOSTRAGEM

Os pesquisadores deste grupo de pesquisa, na realização dos estudos


de revisão, farão uso dos filtros: texto completo, idiomas e, se necessário,
período (ex.: dos últimos dez anos). Portanto, todos os cruzamentos se-
rão submetidos aos mesmos filtros, garantindo o rigor metodológico da
pesquisa.

Além dos critérios de amostragem relacionados aos filtros, é preciso de-


finir os tipos de obras (artigos, dissertação/tese, anais de eventos científi-
cos, livros etc) a serem pesquisadas. Também devem ser criados critérios
de inclusão e exclusão que precisam ser definidos antes da busca e uti-
lizados depois dela. Por exemplo: o ciclo de vida da população pode ser
delimitado após a busca e não de imediato junto aos descritores.

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Em outras palavras: se público adolescente foi delimitado na pergunta
condutora (a partir do Estado da Arte), o descritor “adolescente” não pre-
cisa obrigatoriamente estar entre os descritores para a busca. Pode-se,
inicialmente, colocar como critério de exclusão: artigos que não abor-
dem o público adolescente e, após a busca, excluir tais artigos.

5. BASE DE DADOS
A busca de estudos de revisão deve ser ampla. As bases de dados se-
lecionadas para a busca devem estar extrinsecamente relacionadas ao
assunto que se está pesquisando. Por exemplo: pesquisas que envolvam
saúde devem contemplar para a busca de artigos base de dados da
saúde (BVS, PubMed, Scielo, dentre outras). Na educação, por exemplo,
a Redalyc. No Design/Tecnologia Assistiva ou mais geral, por exemplo,
Scopus, Web of Science, ScienceDirect, Compendex, Capes. Essa última
também possui registros de teses e dissertações.

Dica 5:
Pode-se fazer uso de pesquisa complementar pelo Google Acadêmico e tam-
bém por metabuscadores que são importantes numa determinada área de
estudo, mas não são indexados numa base de dados científica. Portanto, esse
mesmo critério para a busca nas bases de dados procede para estudos que
envolvam as demais áreas.

É importante conhecer as bases de dados para que não exista trabalho


duplicado. A BVS, por exemplo, contempla algumas bases de dados (ME-
DLINE, PubMed, Lilacs, dentre outras), proporcionando ao pesquisador a
necessidade de busca apenas pela BVS, já que a mesma tem inseridas
em seu banco várias bases de dados. Isso não quer dizer, entretanto, que
o pesquisador não possa realizar sua pesquisa nas bases de dados de
sua escolha, separadamente.

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Dica 6:
A busca nas bases de dados não impede que o pesquisador realize busca
direta em periódicos. Caso a obra selecionada seja apresentada apenas no
formato de resumo, é possível que o pesquisador entre em contato com os
autores ou bibliotecários de instituições de ensino superior, para aquisição da
obra completa.

6. ORGANIZAÇÃO DOS RESULTADOS


A análise dos achados, na Revisão Integrativa da Literatura, consiste na
redução, exposição e comparação, bem como na conclusão e verificação
dos dados (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

A organização dos resultados da Revisão Integrativa deve contemplar,


primeiramente, um fluxograma, pelo qual pode ser identificado o per-
curso de busca trilhado pelo pesquisador até chegar ao quantitativo fi-
nal de obras incluídas no seu estudo, o que é muito importante, pois
justifica a amostra.

6.1 FLUXOGRAMA

Nesse fluxograma deve-se apresentar:

1 - Número de obras que apareceram pelos cruzamentos (com filtros


estabelecidos previamente) em todas as bases de dados (fase que ante-
cede a leitura e a análise de títulos);

2 - Número de obras incluídas após a leitura e a análise de títulos (fase


que antecede a leitura e a análise de resumos);

3 - Número de obras incluídas após leitura e análise de resumos (fase


que antecede a leitura e a análise da obra completa);

4 - Número de obras incluídas após leitura e análise das obras completas


(como um todo), que corresponde ao total de obras a serem analisadas.

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É importante que se contemplem também, no fluxograma, os motivos
de exclusão das obras. Na primeira fase já é possível excluir obras por
repetição, porém a exclusão pode ocorrer em fases posteriores como,
por exemplo, na situação em que um artigo referente a uma tese não é
apenas recorte dela, mas tem o mesmo conteúdo, e isso, muitas vezes,
somente é confirmado na leitura completa das obras.

6.2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS OBSERVADAS

Após a apresentação do fluxograma citado acima, a descrição das obras


incluídas pode ser apresentada em quadros, cujas colunas contém va-
riáveis que foram preestabelecidas para análise das obras. O número
de quadros dependerá do número de variáveis, mas é possível que dois
sejam suficientes.

Dica 7:
Descrever, em seus resultados, variáveis como: título, autores, ano de publica-
ção, desenho do estudo, participantes, objetivo, instrumentos e procedimen-
tos e resultados obtidos.

Vale ressaltar que a escolha de variáveis depende também do tema da


RI. Por exemplo, estudos em Tecnologia Assistiva que, muitas vezes, es-
tão inseridos nas áreas de Engenharia e Design, podem ter como amos-
tra materiais e não pessoas, o que faz com que faça mais sentido ampliar
a variável para materiais e/ou participantes ou excluir essa variável e ex-
plicar o objeto de estudo na sessão de instrumentos e procedimentos.

6.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na apresentação dos resultados, para que ela não fique tão extensa (es-
pecialmente se estiver representada em quadro), faz-se necessário focar
no objeto de estudo. Por exemplo, se o objeto de estudo é o software,
e se ele foi o motivo da obra ter sido incluída no estudo, serão descritos
no quadro a abordagem e os resultados relacionados ao software, e não

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sobre todas as outras tecnologias usadas, a não ser que haja uma relação
entre elas indispensável para a compreensão e para a resposta à pergun-
ta da pesquisa.

De acordo com Souza, Silva e Carvalho (2010, p.105), “a partir da inter-


pretação e síntese dos resultados, comparam-se os dados evidenciados
na análise dos artigos ao referencial teórico”. Dessa maneira, a discussão
pode ser concluída com uma reflexão a respeito de limitações, das lacu-
nas, dos problemas encontrados e de estudos futuros, além de explicitar
suas conclusões, as inferências e os vieses.

18
REFERÊNCIAS
BRANDAU, R; MONTEIRO, R; BRAILE, D. M. Importância do uso correto
dos descritores nos artigos científicos. Rev. Bras. Cir. Cardiovasc , v. 20 n
1, VII-IX, 2005.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo


e misto. 3 ed. Artmed. Porto Alegre; 2010.

SOUZA, M. T; SILVA, M. D; CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é e


como fazer. Einstein, São Paulo, v. 8, n.1, p. 102-106, 2010.

VOSGERAU, D. S. A. R; ROMANOWSKI, J. P. Estudos de revisão: implica-


ções conceituais e metodológicas. Rev. Diálogo Educ, Curitiba, v. 14, n.
41, p. 165-189, jan./abr. 2014.

19
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Terapia Ocupacional
Grupo de Pesquisa em Saúde Infantil e Prevenção de Agravos

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