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vida:
seja vencedor no âmbito
pessoal e profissional!
Editor responsável:
Preparação de originais: Kellen Raquel da Silva Ramos Mandarino
Colaboração: Kellen Raquel da Silva Ramos Mandarino
Revisão de texto:
Projeto gráfico:
Capa:
Diagramação:
Tiragem:
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À minha mãe, a mulher mais guerreira que já conheci e que me ensinou o valor das coisas que
não se compram.
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Agradecimentos
Primeiramente, quero agradecer a Deus por Seu amor incondicional e por nunca ter
desistido de mim.
Agradeço também à minha mãe, Honorina Ferreira Santos (Dona Nora), a minha
referência, o meu baluarte, o meu exemplo, a minha base, não há palavras pra descrevê-la!
Que Deus lhe abençoe, minha mãe guerreira de fé!
À Família Canuto, que sempre esteve comigo. Amo muito vocês!
Obrigado, Joel dos Santos e Pr. Paroschi, amigos e companheiros de jornada, por não
desistirem de mim!!!
Aos meus maiores mentores e incentivadores, Ione Maciel e Pr. João Rubens, a minha
gratidão e reconhecimento!
Às muitas pessoas que torcem por mim e por meu sucesso. Que Deus continue
abençoando todos vocês!!!
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“– Filho, há um preceito que você deve guardar ao começar essa nova vida. Tenha-o
sempre presente e vencerá obstáculos aparentemente impossíveis, que com certeza encontrará,
como todos aqueles que têm ambição.
Hafid esperou.
– Sim, senhor?
– O fracasso jamais o surpreenderá se sua decisão de vencer for
suficientemente forte. Pathros adiantou-se para o jovem.
– Você compreende todo o significado de minhas palavras?
– Sim, senhor.
– Repita-as então para mim.
– O fracasso jamais me surpreenderá, se minha decisão de vencer for suficientemente
forte.”
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Sumário
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Refletindo...
arte | s. f .1
1.Conjunto dos meios pelos quais é possível obter a realização prática de algo. = TÉCNICA
2. Conjunto de regras e preceitos necessários para o exercício de uma atividade ou
profissão (ex.: o ensino de uma arte).
3. Tratado que contém essas regras e preceitos.
1
"arte", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,
https://dicionario.priberam.org/arte [consultado em 21-12-2018] – adaptado.
2
"vida", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,
https://dicionario.priberam.org/vida [consultado em 21-12-2018] – adaptado.
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Introdução
Conta-se que, nas antigas tribos indígenas, quando um índio estava acabrunhado, triste, com
problema, uma dificuldade, buscava o suporte de seu líder espiritual. Neste encontro, o índio
estava disposto a falar sobre suas lutas e a ouvir os conselhos de seu líder. Este, em sua
sabedoria, fazia algumas perguntas ao índio, com o objetivo de diagnosticar seus problemas e,
ao mesmo tempo, ajudá-lo na retomada de uma vida saudável e feliz. Essas perguntas faziam
o índio refletir e mudar o foco da sua vida, o foco do problema. Eram perguntas reflexivas,
que tinham o propósito de fazer com que o índio visse a vida de um outro prisma, a partir de
uma outra perspectiva. Ei-las:
Quando você parou de cantar?
Quando você parou de dançar?
Quando você parou de acreditar?
Quando você parou de se
encantar? Quando você parou
para silenciar? Quando você parou
de amar?
Ao ouvir essas perguntas, o índio saía dali refletindo sobre a sua vida e, na maioria das
vezes, iniciava uma guinada vitoriosa, retomava o gosto pela vida, o desejo pelo trabalho, a
alegria dos momentos simples entre amigos e familiares.
Bem, amigo, provavelmente, não nos conhecemos pessoalmente, mas nós estamos aqui
na mesma sintonia. E, através dessa ilustração, eu também quero levá-lo a refletir. Não tenho
a pretensão de ser seu líder espiritual ou me autodenominar mais sábio do que você. Mas os
princípios contidos nas perguntas daquele líder mudaram a minha vida e, creio, podem fazer
muita diferença na sua. Podem levá-lo a enxergar a vida sobre um outro foco, partindo de
outra perspectiva. Podem fazer com que você dê uma guinada, uma retomada em sua vida,
tirando o foco dos problemas, das dificuldades e acreditando mais em você.
Assim, faço minhas as palavras daquele sábio líder:
Quando você parou de cantar?
Quando você parou de dançar?
Quando você parou de acreditar?
Quando você parou de se
encantar?
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QUANDO VOCÊ PAROU DE CANTAR?
[...] Foi quando Volta Seca deixou o cavalo onde montara Lampião e veio para eles:
-- Quer ver uma coisa
bonita? Todos queriam. O sertanejo trepou no carrossel, deu corda na pianola e começou a
música de uma valsa antiga. O rosto sombrio de Volta Seca se abria num sorriso. Espiava a
pianola, espiava os meninos envoltos em alegria. Escutavam religiosamente aquela música
que saía do bojo do carrossel na magia da noite da cidade da
Bahia só para aí ouvidos aventureiros e pobres dos
Capitães da Areia. Todos estavam silenciosos. Um operário que vinha pela rua, vendo
a aglomeração de meninos na praça, veio para o lado deles. E ficou também parado,
escutando a velha música.
Então a luz da lua se estendeu sobre todos, as estrelas brilharam ainda mais no céu, o
mar ficou de todo manso [...] e a cidade era como que um grande carrossel onde giravam
em invisíveis cavalos dos Capitães da Areia. Neste momento de música eles sentiram-se
donos da cidade. E amaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos porque eram todos eles
sem carinho e sem conforto e agora
tinham o carinho e conforto da música.
(Capitães de Areia, de Jorge Amado, p. 42)
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1.O poder da música na mente e no
corpo
Seja como os pássaros que, ao pousarem um instante
sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam!
Eles sabem que possuem
asa
s. (Victor
Hugo)
Quero falar um pouco do poder da música. Aqui, não vinculo a música à religião. Eu
estou falando do poder que a música tem pra ajudar as pessoas.
Em uma reportagem publicada em 2010, na Revista Mente e Cérebro, Karen Schrock
faz um apanhado de pesquisas que explicam o poder dos sons sobre o que sentimos e como
a música pode trazer benefícios para o bem-estar físico e mental. Em estudo realizado com
39 pacientes de Alzheimer, Linda Gerdner, pesquisadora da Universidade do Arkansas para
Ciências Médicas, utilizou a música preferida de cada paciente 2 vezes por semana e
concluiu que “a canção favorita reduziu os níveis de agitação [...] durante e após a sessão
muito mais que as clássicas músicas de relaxamento”. A repórter menciona também outro
exemplo clássico de redução da ansiedade através da música: uma mãe acalmando seu bebê
com uma canção. De acordo com a reportagem, cientistas afirmam que a música pode
acalmar, reduzir os níveis do cortisol (o hormônio do estresse) na corrente sanguínea,
“baixando as taxas cardíacas e respiratórias e aliviando a dor”.
Sobre os efeitos psicológicos (e, por consequência, fisiológicos) da música, Caroline
Pacheco, professora adjunta do Departamento de Educação Musical da Universidade Federal
do Paraíba e doutoranda do programa de Arte Educação da Simon Fraser University, afirma
que nossas experiências pessoais e sociais, aliadas à memória, dirão qual lembrança, desejo
ou emoção será ativada ao ouvir, dançar, cantar ou tocar determinada música. Assim,
“dificilmente, uma pessoa irá se sentir feliz ou realizada ouvindo uma música que faz com
que ela recorde um momento triste”.
Neste sentido, práticas médicas como as mencionadas por Karen Schrock podem ser
consideradas uma espécie de musicoterapia: o uso da música como meio de tratamento
para os problemas emocionais, mas não é só isso. Assim como produz tranquilidade, estudos
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mostram que “a música alegre, tensa ou empolgante pode excitar fisicamente o ouvinte,
desencadeando resposta de luta e fuga: as taxas cardíacas e respiratórias aumentam, a
pessoa
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pode suar e a adrenalina penetra na corrente sanguínea”. É por isto que músicas agitadas
são as preferidas na hora da atividade física; elas instigam “respostas do sistema fisiológico
para a execução de movimentos de alta energia” e causam um efeito psicológico
importante: a distração. Distraídos, o esforço do exercício fica mais divertido, menos
estressante, dando a sensação de que não estamos tão cansados, mesmo que já tenhamos
feito um super treino!
Daniel Levitin, neurocientista e músico, explica que atividade musical envolve quase
todas as regiões cerebrais e subsistemas neurais conhecidos. Ao ouvir uma música, por
exemplo, o núcleo cloclear, o bulbo cerebral, o cerebelo se movem para cima, para os córtex
auditivos, de ambos os lados do cérebro. Quando acompanharmos músicas conhecidas ou
de algum estilo com o qual estejamos familiarizados, são mobilizados o hipocampo (centro
da memória) e subseções do lobo frontal, particularmente o córtex frontal inferior.
Acompanhar o ritmo da música envolve os circuitos de tempo do cerebelo e, para executá-
la, acionamos os lobos frontais (para o planejamento), o córtex motor na parte posterior do
lobo frontal (para cantar ou tocar, a gente precisa se mexer, não é?) e o córtex sensorial, que
dá respostas táteis, imprescindíveis para tocar um instrumento, por exemplo. A leitura, da
letra ou da partitura, envolve o córtex visual, localizado na parte mais traseira do cérebro, no
lobo occipital. Mesmo que você já tenha decorado letra e partitura, precisará dos centros
dos centros da linguagem, nas áreas de Broca e Wernicke e nos lobos temporal e frontal. E
as emoções, inevitáveis ao ouvir uma música, envolvem estruturas do vermis cerebelar e da
amídala – o coração do processamento emocional no córtex. Em outras palavras, a música é
uma espécie de remédio (ou de veneno) que atua diretamente em nosso cérebro, o centro
de operações do corpo. Você compreende o poder da música? O líder espiritual daquela
tribo sabia, mesmo sem compreender cientificamente, que a música tinha este poder e, por
isto, fez deste tema a sua primeira pergunta: quando você parou de cantar?
O adágio popular diz “quem canta seus males espanta!”
Aristóteles afirma que “a música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que
encanta a alma e a eleva acima da sua condição”.
E a minha pergunta a você hoje, com todo o carinho, é: você já experimentou cantar
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em meio aos obstáculos, às dificuldades da vida?
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2. O poder espiritual da música
Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o
canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior
louvor, se viverdes santamente.
(Santo Agostinho)
Existe um personagem bíblico, Davi, que compôs centenas de músicas, muitas delas
registradas no livro de Salmos, na Bíblia. A maioria destes salmos, que são verdadeiras
canções de Davi, foram compostas por ele quando passava por dificuldades, problemas.
Muitas foram escritas nas ocasiões mais difíceis de sua vida, ocasiões em que se encontrava
triste, abatido, muitas vezes, traído, perseguido, cheio de problemas, com pessoas querendo
tirar sua vida...
O Salmo 3, por exemplo, foi escrito quando Davi escapou de seu filho Absalão, que
queria matá-lo. Isto mesmo, seu filho queria matá-lo e Davi cantou:
“Ó Eterno, vê! Quantos inimigos!
Brotam como erva daninha,
Um enxame deles me cerca, gritando insultos:
‘Nenhuma ajuda de Deus vem para ele!’
[...]
“Levanta-te, ó Eterno! Ajuda-me, meu Deus!
Bate no rosto dessa gente,
Primeiro numa face, depois na outra [...]”
Em outro momento, depois de ter cometido adultério e ter ordenado a morte do esposo
traído, Davi cantou o Salmo 51:
“Deus generoso, em amor, preciso da tua graça!
Deus imenso em misericórdia, apaga meu passado sujo.
Limpa minha culpa e purifica-me dos meus pecados.
Sei que fui muito mau;
Meus pecados ficam me olhando o tempo todo.
Purifica-me, e sairei limpo;
Lava-me [...] e terei uma vida branca como a neve.
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Põe uma música alegre para mim,
Conserta meus ossos quebrados para que eu possa dançar.
[...]
Deus, faz um novo começo em mim,
Dedica uma semana para organizar o caos da minha vida - uma nova gênese.
[...]”
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QUANDO VOCÊ PAROU DE DANÇAR?
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3. O poder do movimento
Se você pode andar, você pode dançar. Se você pode falar, você pode
cantar. (Provérbio africano)
Faço a você a segunda pergunta do líder espiritual indígena: quando você parou de
dançar? Isto. Dançar. Não aquelas danças horrorosas que visam apenas a sensualidade
exagerada, a objetificação do corpo da mulher, mas dançar a sua música preferida, a música
que lhe traz alegria. Dançar no chuveiro, na chuva, em casa com seu companheiro ou
companheira, na hora da faxina enquanto segura a vassoura e, em plenos pulmões, solfeja
uma canção que lhe dá ânimo e energia pra continuar na luta diária.
A dança aqui também pode ser pensada como um meio movimentar o corpo, de se
exercitar. Não fomos feitos pra ficar parados. Nosso corpo é uma máquina, uma engrenagem
que precisa de movimentos.
É provável que você já tenha lido, ouvido ou até estudado sobre o assunto. Mas não
custa lembrar alguns dos benefícios do movimento.
Além dos benefícios para o corpo, estudos científicos revelam que a prática regular de
exercícios físicos nos ajuda a pensar com mais clareza e melhorar a memória.
Consequentemente, temos um grande ganho na aprendizagem, indispensável para
continuarmos vivendo de maneira relevante. Segundo a médica Gisele Sampaio Silva, as
vantagens do movimento começam com a elevação dos níveis de oxigenação e do fluxo
sanguíneo no corpo como um todo, o que, por si só, melhora o funcionamento da memória,
da concentração e previne o acidente vascular cerebral (AVC). Conhecido popularmente
como derrame, o AVC, é a segunda principal causa de morte no mundo, de acordo com
dados da OMS – Organização Mundial de Saúde. Em 2015, por exemplo, 8,8 milhões de
pessoas perderam a vida por causa deste mal.
Há ainda outros estudos que sugerem uma relação entre a prática regular de atividade
física e mudanças significativas na constituição do cérebro, alterando a estrutura deste órgão
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ao incentivar o nascimento (algo que até pouco tempo era considerado impossível pela
comunidade científica) e o desenvolvimento de neurônios! Veja só: a prática regular de
atividade física pode incentivar o nascimento e desenvolvimento dos neurônios, a células do
cérebro que são responsáveis por conduzir os impulsos nervosos que processam as
informações e os estímulos de todo o nosso corpo!
Estas também foram as conclusões de Henriette van Praag (Ph.D), uma neurocientista
norte-americana de renome internacional. Henriette e sua equipe, do Laboratório de
Neurociências do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, detectaram que o
exercício aumenta a capacidade do cérebro de se adaptar e criar novas conexões, o que os
cientistas chamam de neuroplasticidade. Também puderam observar que “quem se exercita
regularmente produz uma intensa atividade no hipocampo. Essa região cerebral está
relacionada à memória e à aprendizagem, e lá estão armazenadas as células-tronco que
darão origem aos novos neurônios”.
Você precisa de exercitar, você precisa caminhar, você precisar ir em uma academia,
você precisa fazer um exercício. Seu corpo precisa disto.
Além dos vários benefícios que já falamos, a atividade física atua na produção de
endorfina, um hormônio que age no humor, ameniza estresse, ansiedade e depressão. Já
percebeu que durante e depois da atividade física surge uma sensação de bem-estar? É a
endorfina, que também tem efeito analgésico, aliviando as tensões musculares e a dor, além
de regular a liberação de outras substâncias muito importantes para o bom funcionamento
do nosso corpo.
O exercício físico é necessário pra você se sentir bem, portanto, se ainda não tem este
hábito, comece já! Pode ser uma caminhada em meio à natureza ou uma aula de pilates.
Você pode correr, pular, nadar e tantas outras opções, só não pode ficar parado!
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QUANDO VOCÊ PAROU DE ACREDITAR?
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4. Correndo o risco de perder
Acredite que você pode, assim você já está no meio do caminho.
(Theodore Roosevelt)
Ah... Que frase maravilhosa, hein? Como uma frase tem o poder de mudar uma vida
(a propósito, é por isto que estou escrevendo)! Aquela frase mudou a minha história pra
sempre! A partir daquele dia, reafirmei meu compromisso de seguir lutando, arriscando,
desbravando o caminho dos meus sonhos. Decidi prosseguir em busca de meus objetivos, de
minha realização pessoal, das conquistas que eu queria pra minha vida.
Ninguém gosta de perder, mas a derrota faz parte do jogo, então, o jeito é aprender
com ela. E acredite, a derrota pode ensinar lições importantes para trilhar o caminho da
vitória.
Gosto muito dos textos de Gonçalves Dias. Além de poeta, Antônio Gonçalves Dias
(este é seu nome completo) foi professor, crítico de história, etnólogo. Nascido em agosto de
1823, na cidade de Caxias, estado do Maranhão, no nordeste brasileiro, morreu jovem, aos
41 anos, vítima de um naufrágio. É muito conhecido por seu poema “Canção do Exílio”, sem
dúvida uma das grandes obras do nacionalismo romântico brasileiro. Mas hoje quero
destacar outra grande obra de Gonçalves Dias, o poema “Canção dos Tamoios”.
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Tamoio é uma palavra originária da tribo dos Tupinambás. Os tupinambás fizeram
parte da Confederação dos Tamoios, entre 1556 e 1567, na luta contra os colonizadores
portugueses. Dizem que tamoio significa reunião dos fortes. Faz sentido, especialmente
levando em conta a luta daquele povo.
I
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
E o homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
[...]
IV
[...] Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
VI
Teu grito de guerra
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Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
[...]
X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
Podemos encarar a derrota a partir de uma perspectiva positiva? Sim! A derrota pode
um degrau para alcançarmos nossos objetivos.
Muitas vezes, as dificuldades, são mensagens personalizadas. São o meio que nos
leva a despertar, são um convite para a guerra, para a batalha, para a luta. Quem sabe, esta
dificuldade que você está passando faça parte de uma faceta, que está lhe convidando ao
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combate, à luta. Esta pode ser uma oportunidade que a vida lhe dá para recomeçar. Posso
afirmar isto por experiência própria.
Em 2017, tive um ano bem tumultuado, cheio de obstáculos e aparentes derrotas. A
primeira foi quanto sofri um acidente de carro. Lembro de ter visto um carro vindo pra cima
de mim e de ter desviado dele. Nessas horas, as coisas acontecem muito rápido e, quando
voltei para a pista, perdi o controle do carro e atravessei na frente de um caminhão. O
motorista do caminhão, que veio me dar assistência, disse que, em condições mais comuns,
mais normais, teria passado por ali com muito mais velocidade, mas naquele dia, dirigia bem
mais devagar, pois estava muito cansado.
Falei pra ele sobre o carro que tinha visto e do qual havia desviado, mas o rapaz
afirmou categoricamente que nenhum carro passara por ali e provavelmente eu havia
dormindo no volante. Até hoje, não entendo direito o que aconteceu, se perdi dormi,
cochilei... O fato é que perdi o controle do carro em uma estrada reta! Sem nenhum perigo
aparente ou risco por conta de algo na pista. Se o motorista do caminhão estivesse andando
mais rápido, provavelmente, eu teria capotado ou bateria de frente com o caminhão, o que
poderia ter sido fatal.
Por causa disto, ficaria sem carro durante 3 meses, período que o mecânico precisaria
para consertá-lo. Parte do meu trabalho era feita em cidades diferentes das que eu morava e
sendo assim não podia ficar sem carro. Uma pessoa conhecida, sabendo de minha situação,
decidiu emprestar seu carro. Parecia ser uma grande bênção, afinal, teria como trabalhar.
Então, a situação piorou: roubaram o carro que haviam me emprestado! Foi durante
o dia, em um lugar aparentemente seguro. Dentro dele estavam roupas, livros, Bíblia e
outros objetos de valor. Naquele ano, além do prejuízo dos objetos roubados, tive que arcar
com o conserto do meu carro (mais de R$ 1.000) e comprar um novo para a irmã, que me
emprestara o seu, já que ela não tinha seguro. Com o carro da irmã, precisei desembolsar R$
7.000.
3
A embolia pulmonar é causada pela obstrução das artérias dos pulmões por coágulos (trombos ou êmbolos)
25
que, na maior parte das vezes, se formam nas veias profundas das pernas ou da pélvis e são liberados na
circulação sanguínea. Coágulos maiores podem interromper completamente a circulação pulmonar; essa
condição pode ser mortal.
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batalhas perdidas me deram uma nova chance de recomeço. Do acidente, em que não tive
nenhum arranhão; da possibilidade de pagar prejuízos financeiros e ainda ter como viver; da
coragem de recomeçar depois de um relacionamento desfeito; da cura de uma embolia
pulmonar severa, posso afirmar bravamente: ESTOU VIVO! Deus cuidou de mim e me deu a
oportunidade de recomeçar, outra vez, e de novo, e de novo, e mais uma vez.
27
5. O Colecionador de lágrimas
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4
Advogado de formação, Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889) também atuou como jornalista, deputado,
senador e diplomata. Um dos patronos da Academia Brasileira de Letras, suas principais obras são Cantos de Selma e
Traduções e Poesias.
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aonde chegou. Esse homem sofreu um monte de derrotas, mas apesar de tudo, continuou
acreditando com muita tenacidade, garra, dedicação e disciplina até chegou onde pretendia.
Estou falando de Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos da América – EUA.
Nascido em uma família muito simples, em 1809, Lincoln perdeu a mãe quando ainda
era criança. Iniciou sua vida profissional como lenhador e, em certa ocasião, quando
trabalhava na fazenda de um homem poderoso e rico da região, acabou se apaixonando pela
filha do fazendeiro. Lógico que o dono da propriedade o expulsou de lá, mas a história conta
que, antes de sair, Lincoln escreveu na cerca da fazenda a seguinte frase: “Abraham Lincoln,
futuro presidente dos Estados Unidos”.
Após a demissão, em 1831, Lincoln foi tentar a vida como comerciante. Não deu certo.
Fracassou, inicialmente.
1832: concorreu à câmara de deputados de Illinois e perdeu. Neste ano, decidiu estudar
direito, mais teve sua inscrição rejeitada;
1833: fez um empréstimo para iniciar um negócio, mas faliu e passou 17 anos pagando
esta dívida;
1836: teve uma crise nervosa que o deixou de cama durante 6 meses;
1843: mais uma tentativa de eleição, desta vez, ao congresso nacional. Perdeu de
novo; 1848: disputou a reeleição para o Congresso (havia vencido em 1846) e perdeu;
1856: perdeu nas prévias para vice-presidente (recebeu menos de 100 votos em seu
partido);
1860: venceu a eleição para presidência dos Estados Unidos e se tornou um de seus
maiores presidentes.
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Da primeira eleição disputada – e perdida – até a vitória na corrida presidencial
americana, foram 28 anos. Vinte e oito anos colecionando derrotas e frustrações. Mas, a
cada perda, foi se tornando mais forte. Foi (e é) como disse Freud, o que não me destrói, me
torna mais forte.
Abraham Lincoln 28 anos para viver o seu sonho! E este é o nosso desafio: como
Lincoln, fazermos da derrota os meios que precisamos para vencer os obstáculos.
Esse homem lutou 28 anos por um sonho que estava dentro do seu coração. Aí, eu
pergunto pra você: até quanto você está disposto a pagar o preço de acreditar e lutar por
seus sonhos?
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6. A vida é feita de (re) começos
Se é que minha opinião importa, nunca é tarde demais
ou, no meu caso, cedo demais para ser quem você quer
ser. [...] Podemos tirar o máximo ou o mínimo proveito
das coisas. Espero que você tire o máximo. Espero que
veja coisas surpreendentes. Espero que sinta coisas que
nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com
um ponto de vista diferente. Espero que tenha uma vida
da qual se orgulhe. E se não se orgulhar dela, espero
que encontre forças para
começar tudo de novo.
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de alimentos, por exemplo, uma poda correta pode aumentar a produtividade e o lucro.
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Toda poda é um tipo de agressão à planta. Toda poda causa sofrimento. Mas uma
poda bem feita é garantia de recomeço, pois concentra a energia vital naquilo que vale a
pena, na parte que pode crescer e dar frutos, ou flores.
Quando penso na palavra recomeçar, lembro de um poema de Carlos Drummond de
Andrade, outro grande artista do Brasil. Neste poema, “Recomeçar”, Drummond está
enfatizando o recomeço após uma perda amorosa, mas podemos pensar nestes versos como
inspiração para quaisquer outras perdas da vida em que, assim como nas desilusões
amorosas, não podemos ficar prostrados diante da dor. Tomei a liberdade de suprimir alguns
trechos e fazer pequenas adaptações, mas estas não modificaram a essência deste convite
ao recomeço. Um convite pra você:
Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou… o que importa
é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida e o
mais importante: acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado…
Chorou muito? Foi limpeza da alma…
Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia…
[...] Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar, [...] de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um corte de cabelo arrojado, diferente? Um novo curso? Ou aquele velho
desejo de aprender a pintar, desenhar, dominar o computador… ou qualquer outra
coisa…
Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando. [...]
Quando nos trancamos na tristeza, nem nós mesmos nos suportamos. Ficamos
horríveis, o mal humor vai comendo nosso fígado, até a boca fica amarga.
Recomeçar! Hoje é um bom dia para começar novos
desafios. Onde você quer chegar?
Sonhe alto! Queira o melhor do melhor! Queira as coisas boas para a vida!
[...] Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos.
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Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o
melhor vai se instalar na nossa vida. [...]
Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.
ES – PE – TA – CU – LAR!
Em poucas palavras, este poema resume a ideia deste capítulo. Somos capazes de
nos refazer, de renascer das cinzas, de juntar os cacos e começar outra vez.
Em 2017 e em muitas outras vezes, Deus cuidou de mim e me deu a oportunidade de
recomeçar, outra vez, e de novo, e de novo, e mais uma vez.
Não importa o momento da vida que esteja passando, hoje, você também tem a
chance de (re) começar, de pensar grande, de lutar por seus sonhos, por que você é do
tamanho daquilo que vê, e não do tamanho de sua altura.
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7. Antes de partir
Você já ouviu falar em uma enfermeira australiana chamada de Brone War? Esta
enfermeira ficou conhecida mundialmente após a publicação do livro “Antes de partir”.
Nesta obra, ela relata os maiores arrependimentos de dezessete pacientes terminais que
acompanhou, pessoas que estavam no fim da vida. Brone passou parte de sua vida ajudando
a amenizar o sofrimento dessas pessoas. A maioria delas, ricas e bem-sucedidas financeira e
profissionalmente.
O título original do livro deixa claro seu conteúdo: “The top five regrets of the dying:
a life transformed by the dearly departing” (Os cinco maiores arrependimentos dos que estão
morrendo: a vida transformada (revista) na hora da partida). Na obra, Brone retrata as
reflexões de pessoas à beira da morte, diante do fim da linha, sem chances de uma nova
vida, com novas oportunidades e (re)começos. O livro se best-seller, porque retrata a
fragilidade da da raça humana e nos convida a refletir em como esta vida é rápida e breve e,
de repente, a gente não deixar de sonhar e realizar algo por medo, pela opinião dos outros,
que, pensamos, podem definir como devemos agir.
Achei interessante este tema, e a reflexão que o livro propõe a respeito da nossa
vida, de como a gente perde tempo não se arriscando, não se expondo com medo do que as
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outras pessoas vão dizer, do que as pessoas vão pensar a nosso respeito. A propósito, este é
primeiro
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arrependimento listado por Brune: o arrependimento de não ter vivido aquilo que se
desejava por dar mais importância ao que os outros iriam pensar.
É uma pena que este também seja o grande arrependimento de boa parte das pessoas.
A vida é breve demais para viver uma vida que não é a sua
Na maioria das vezes, não estamos engajados naquilo que gostaríamos de fazer.
Muitas são as razões para isto, dentre elas, o medo da reprovação dos outros, aquele temor
do tipo “o que fulano vai pensar de mim se eu escolher este caminho?”. Diante da iminência
da morte, este foi um dos grandes arrependimentos dos pacientes da enfermeira Brone
War, razão pela qual é extremamente importante refletirmos sobre esta questão e
decidirmos não cometer o mesmo erro do qual lamentavam profundamente aqueles
doentes terminais.
Nós temos 70, 80 anos de vida, alguns tem a sorte de ganhar um pouco mais de
tempo. Olhando de longe, parece um tempo que não chega, que não se esgota, mas o
relógio é implacável, não para nem por um segundo e, sem atraso, a velhice chega pra todos.
Que tragédia será chegar na velhice e chegar à conclusão de que você poderia ter vivido o
que desejava, mas não o fez por medo ou falta de foco.
E se uma doença encurtar seus anos de vida? O que você vai enxergar ao olhar pra
trás? Uma vida de lutas e desafios, mas que foram superados e recompensados por dias
felizes de realização pessoal ou o retrato de alguém que não ousou lutar por seus sonhos?
Então, o que eu estou querendo trocar em miúdos, retratar e propor pra você é o
seguinte, amigão: viva a sua vida. Arrisque, pague o preço, não dê ouvidos para o que as
pessoas vão pensar de você. A vida é muito rápida e muito breve pra gente perder tempo
com bobagem. Conheço pessoas que não dão um passo à frente, não fazem nada sem
buscar a aprovação dos outros, sem consultar, sem se preocupar com o que as pessoas vão
dizer, com o que os outros vão falar. Se este é o seu caso, pare pra pensar um pouco: eles
pagam a sua conta?
38
Entenda, uma coisa é pedir conselho a alguém de confiança quando você tem
dúvidas sobre a melhor decisão, ou compartilhar suas angústias e dúvidas com um amigo
mais chegado que um irmão. Outra, muito diferente, é buscar aprovação e balizar suas
escolhas pela vontade outro que não seja você.
Aproveite o maior dom que a vida está lhe dando: o tempo. Invista-o em você e
naquilo que está dentro do seu coração. No confronto com a morte, encare o fim com a
cabeça erguida e alegria de poder olhar pra trás e se orgulhar da vida que você escolheu
viver.
39
8. Agir é questão de vida e de morte
Quem faz pode cometer falhas, mas a maior de todas as falhas é não
fazer nada. (Benjamin Franklin)
Tenho o costume de buscar inspiração na vida das pessoas e, nas biografias da Bíblia,
encontrei muitas lições importantes pra minha vida. Dos personagens bíblicos que me
inspiram de alguma forma, Salomão é um dos meus favoritos. Em um de seus livros que
foram incorporados aos textos sagrados, ele aconselha:
“Cada dia é um presente de Deus. É tudo o que se pode receber pelo árduo trabalho
de se manter vivo.
Portanto, tire o máximo de cada dia!
Agarre cada oportunidade com unhas e dentes e faça o melhor que puder.
E com prazer!
É sua única chance, pois, junto com os mortos, para onde você vai com certeza, não há
nada a fazer nem haverá o que pensar”5
Neste verso, ele está falando dentro do contexto da fragilidade da vida e da certeza
da morte, “para onde você vai com certeza” e onde “não há nada a fazer nem haverá o que
pensar”. Assim, se tivermos que arriscar, tem que ser agora. Se tivermos que pagar o preço,
tem que ser hoje. Não podemos postergar e deixar pra amanhã algo que temos de fazer hoje
e a razão é simples: só temos o hoje, o agora, este instante. A morte é a certeza de nossa
vida e só temos esta vida para agarrar “cada oportunidade com unhas e dentes” e fazer o
melhor que pudermos.
Esse é o nosso desafio: entender que a nossa vida é rápida, é breve e que, de
repente, podemos estar colocando o foco em coisas que não têm importância, ou vivendo
para atender às expectativas de outros.
5
Eclesiastes 9:7-10 (versão bíblica A Mensagem).
40
As pessoas que são felizes, são as pessoas que assumem a rédea da sua vida, que
controlam seu destino, que se arriscam, que pagam o preço por aquilo que acreditam, por
seus sonhos. Mesmo que amanhã ou depois a decisão tomada não dê certo, é importante
chegar e lá e dizer: “isso não deu certo, mas fui eu quem escolhi este caminho, eu estou
construindo meu destino”.
Pensar em realizar algo vai muito além de conquistas materiais, embora elas sejam
importantes e necessárias para sobrevivermos dentro desta estrutura socioeconômica na
qual estamos inseridos. Entretanto, coisas que podem ser compradas não têm o poder de
trazer felicidade para sua vida. Por isso, quando insisto na ação, da luta pelos objetivos,
estou falando especialmente de ambições pessoais; estou falando de sonhos que estão no
seu coração e que estão envelhecendo, enquanto você os adia por causa da opinião de
outros, de terceiros.
41
6
De acordo com Eclesiastes 2:4-8.
42
de uma instituição que não representa seus valores, ou em uma função diferente daquela que
você queria realizar.
Você tinha outros planos, mas sua vida virou uma coisa está pré-estabelecida, como
se tudo já estivesse definido, como um jogo de cartas marcadas. E embora você perceba
estar aprisionado, não tem coragem de assumir sua vida e fazer aquilo que está dentro do
seu coração. Você prefere engavetar seus sonhos a enfrentar o medo e tomar uma decisão.
Epitáfio
Tem uma música do Titãs, uma banda brasileira, que propõe uma reflexão sobre a
vida diante da morte. A canção se chama “Epitáfio”, em referência às palavras que
costumam ser escritos nas lápides dos túmulos. Leia este trecho:
“Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier [...]”
Depois da notícia de uma doença incurável, ou da velhice que prenuncia a morte, não
adianta pensar naquilo que poderia ter feito, em como poderia ter arriscado, errado e feito o
que “queria fazer”. Em como “queria ter amado mais” e “ter visto o sol se pôr”. Por que não
fazemos isto? Por que somos escravos do tempo? Por que somos escravos do trabalho, disto
ou daquilo?
43
Não, amigão. A vida é breve, amigo. Ela é rápida. E, de repente, nós damos o foco nas
coisas erradas.
Quero encerrar este capítulo com dois textos. O primeiro deles é uma frase (mais
uma) que há muito tempo está no meu coração: “Deus prefere pessoas que tomem a
decisão, ainda que seja errada, do que aqueles que não se decidem.”
O outro texto é aquele de Eclesiastes, escrito pelo homem mais rico e mais sábio que
se tem notícia, Salomão:
“Cada dia é um presente de Deus. É tudo o que se pode receber pelo árduo trabalho
de se manter vivo.
Portanto, tire o máximo de cada dia!
Agarre cada oportunidade com unhas e dentes e faça o melhor que puder.
E com prazer!
É sua única chance, pois, junto com os mortos, para onde você vai com certeza, não há
nada a fazer nem haverá o que pensar”7
Não fique em cima do muro, esperando a vida passar, não! Assuma a sua vida. Seja o
senhor do seu destino. Realize aquilo que está dentro do seu coração enquanto você ainda
tem vida e saúde. E comece hoje, agora, é o único instante que, de fato, lhe pertence.
7
Eclesiastes 9:7-10 (versão bíblica A Mensagem).
44
9. Sentindo na pele
“Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram
aqueles em que lutaste.” (Sigmund Freud)
Era o ano de 1996, na cidade de Curitiba, Paraná. Estava sozinho, trabalhando para
conseguir meu sustento e tentar fazer uma reserva para entrar na faculdade. O trabalho era
duro. Batia de porta em porta vendendo coleções de livros. Vender livros em um país que
não tem o hábito de ler, é um grande desafio. E pra mim, trabalhar sozinho e no Sul do
Brasil, aumentava consideravelmente o nível de dificuldade.
Eu seguia batendo em todas as casas, quarteirão por quarteirão, até que todo o
bairro fosse visitado. Tinha acabado de tocar a campainha de uma casa grande, que ficava no
fundo do terreno. A dona não me atendeu, mas eu a vi enquanto espiava através da cortina
da janela. Percebi que ela não queria falar comigo e fui embora. Era a última casa do
quarteirão. Atravessei a avenida e fui embora para o próximo.
Depois de uns minutos, vi um carro da polícia que passou por mim. Dentro, policiais
que me olharam por baixo. Eles seguiram a patrulha e eu continuei trabalhando.
Pouco tempo depois, aquele carro se aproximou novamente. Desta vez, os policiais
me abordaram, perguntaram o que eu fazia da vida, por que estava andando por ali e
batendo em todas as portas. Pediram também que eu abrisse minha bolsa. Nela, eu
carregava alguns dos livros que vendia, eram minha amostra para os clientes interessados.
Mostrei todo o meu material e falei do serviço que os estudantes faziam nas férias a fim de
pagar seus estudos.
Naquele dia, voltei para casa de uma senhora que me dera abrigo e chorei muito.
Senti na pele – literalmente – a crueldade do preconceito racial, a dificuldade de vencer
longe de casa e no Sul do Brasil.
46
10. Filho de guerreira, aprende logo a
batalhar
Há pessoas que estão sempre atribuindo às
circunstâncias aquilo que são. Não acredito nas
circunstâncias. As pessoas que vencem neste mundo são
as que procuram as circunstâncias de que precisam e,
se não as encontram, as criam. (George Bernard Shaw)
Na minha casa, morava muita gente. No primeiro casamento, meu pai teve seis filhos
e minha mãe, quatro. Juntos eles tiveram outros nove, dos quais eu fui a penúltimo a nascer.
Sou o mais novo dentro os homens e, abaixo de mim, só tem nossa irmã caçula.
Resumindo: eram muitos filhos, uma casa pequena e pouco dinheiro. Meu pai
trabalhava na prefeitura. Minha mãe lavava roupa dos bacanas da cidade. Na Bahia, a gente
chamava isto de roupa de ganho.
Em casa, era tudo limitado, tudo contadinho, mesmo! Era um pão e um pedaço (um
pão e uma banda) pra cada um e ai daquele que às vezes pegasse o pão do outro! Criança
com fome sempre queria comer mais. No nosso caso, não tinha mais. Então, o jeito era
garantir o pedaço de direito, nem que, pra isto, a gente tivesse que sair no tapa!
A gente dormia em duas camas, dentro de um quarto com um monte de irmãos.
Quando a perna adormecia, não dava pra saber se estávamos pegando a nossa perna ou a
de algum irmão. O pior era quando alguém fazia xixi na cama! Molhava todo mundo, já que
dormiam uns por cima dos outros.
A vida era de muita luta! Minhas irmãs mais velhas já trabalhavam em alguma coisa e
eu lembro que, desde pequeno, tentava encontrar um jeito de ganhar dinheiro. Já entendia
o tamanho da dificuldade, já tinha experimentado a dor de passar fome e me perguntava:
“como posso ajudar em casa?” Com 7, 8 anos, já fazia um carrinho de pau improvisado e me
oferecia (e cobrava) para levar as coisas que as pessoas compravam na feira. Outra tentativa
de ganhar dinheiro era quando chovia. No sul da Bahia, chove bastante e onde a gente
morava, em uma estrada de terra, tinha uma subida. Quando chovia, a enxurrada trazia a
47
terra
de cima do morro e ficava perto da nossa casa. Daí, juntávamos aquela terra pra vender. Não
48
lembro se conseguia algum dinheiro, mas não esqueço das vezes em que tentei vender terra
da chuva.
Perto de casa tinha um armazém onde a gente comprava as coisas. E eu via que, pela
manhã, sempre tinha um rapaz, um menino mais velho que eu, ajudando o dono, o Seu
Erasmo (até hoje eu lembro o nome dele... como estas coisas marcam a nossa vida, né?).
Daí, fiquei sabendo que ele iria sair e decidi correr atrás daquele emprego. Conversei com o
seu Erasmo, prometi dedicação ao trabalho e ele me deu uma oportunidade. Acordava bem
cedo para levar pão no armazém e, apesar do meu esforço, tinha muita dificuldade para
realizar as tarefas. Como o seu Erasmo foi muito bondoso paciente comigo durante o tempo
em que trabalhei com ele.
Foi uma infância difícil, mas de muita inspiração da minha mãe e minhas irmãs,
mulheres batalhadoras que, desde cedo, davam um exemplo de luta e superação. A partir
daqueles exemplos, fomos construindo um espírito de sobrevivência, de companheirismo.
Ajudávamos uns aos outros nas dificuldades da vida, que eram inúmeras.
Lá pelos 12, 14 anos, comecei a vender mel. Um pessoal que era apicultor chegou na
cidade e eles tinham mel puro, com própolis, com alho. Eu pegava os produtos deles e saía
pra vendê-los no centro da cidade. Além de ganhar dinheiro, fui me desenvolvendo,
ganhando espaço e tendo a chance de ajudar minha família. Mas, ao trabalhar, a mãe não
permitia que a gente abrisse mão dos estudos. Desde pequeno, ela estava me ensinando a
sonhar grande, a focar no mais importante, a pagar o preço das conquistas, mesmo diante
dos riscos que teria de enfrentar ao longo do caminho.
49
11. Saia da penumbra cinzenta!
Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades.
Lembrai-vos que as grandes proezas da história
foram conquistas daquilo que
parecia
impossível. (
Charlie
Chaplin)
Neste capítulo, quero voltar à segunda parte da frase de Theodore Roosevelt que
marcou minha vida: “É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias,
mesmo expondo-se a derrota, do que FORMAR FILA COM OS POBRES DE ESPÍRITO QUE NEM
GOZAM MUITO NEM SOFREM MUITO, PORQUE VIVEM NESSA PENUMBRA CINZENTA QUE
NÃO CONHECE VITÓRIA NEM DERROTA.” (a ênfase é minha)
A pior coisa que pode acontecer na vida de um ser humano é fazer parte do grupo de
pessoas indecisas, que vivem nesta penumbra cinzenta, que não saem de cima do muro. A
vida é feita de decisões, e, pra viver plenamente, a gente precisa decidir.
O preço da “sorte”
50
Em 1954, Ray Kroc ficou intrigado pelo volume de pedidos que recebera de uma
lanchonete em San Bernardino, no estado da Califórnia e resolveu visitá-la. Daquela visita,
no
51
restaurante dos irmãos Maurice e Richard McDonald, surgiu a ideia do McDonald, esta
grande cadeia mundial de lanchonetes que também está presente no Brasil. É deste
empresário visionário e bem-sucedido a seguinte frase: “Sorte é um dividendo do suor,
quando mais você suar, mais sorte você tem.”
Se quero que algo dê certo na minha vida, preciso suar a camisa da sorte, preciso sair
da inércia, preciso me mobilizar, sair do estado de paz e ir para o estado de guerra.
Você pode estar perguntando? Como assim? Vou deixar tudo? Devo deixar de lado o
planejamento? A resposta é não! Quando digo “arriscar”, falo de tomar uma atitude, de agir,
de um comportamento, de ousadia. É ser ousado para correr os riscos necessários, é
acreditar em si e em seu sonho, é estar disposto a pagar o preço.
Você há de concordar comigo de que existem milhares de pessoas que tem sonhos,
vontades, desejos. Pode ser a comprar de uma casa, de um carro novo ou a vontade de
morar em lugar melhor. Muitos almejam estas e outras coisas, mas o meu questionamento
é: quantos estão disposto a tomar atitude? Quantos aceitam sair da zona de conforto?
Quantos estão dispostos a renunciar, largar, pagar o preço da realização do sonho? Almejar,
todos almejam. Desejar, todos desejam. Entretanto, quantos estão dispostos a levar cedo,
abrir mão de algumas coisas para conquistar outras, viver uma vida de disciplina, a pagar o
preço, adotar uma atitude atrevida diante da vida?
Ao ler o livro “Educação”, esta frase me chamou a atenção: “um caráter nobre é
resultado da disciplina própria”. O fato é que nada em nossa vida acontece por acaso. O
sucesso sempre será resultado de disciplina, foco e determinação para enfrentar as lutas e
assumir os riscos necessários para que se tenha a possibilidade de alcançar aquilo que está
dentro do coração.
Quero dizer uma coisa pra você. Preste atenção, pois o que vou dizer aqui é muito
forte: Deus prefere uma pessoa que toma uma decisão, ainda que seja errada, do que aquela
que não se decide. Em outras palavras: Deus prefere pessoas que arriscam, que saiam de
cima do muro, do que aquelas que não se decidem, aquelas que vivem à beira do caminho.
52
A vida passa muito rápido, e a gente não pode deixar de se expor, de arriscar, de lutar
para conquistar aquilo que está dentro do nosso coração, os nossos sonhos. Se vale a pena,
a gente tem que se arriscar, se expor, pagar o preço
Então, amigão, quero terminar repetindo esta frase que marcou minha vida pra
sempre: “É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo
expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito
nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem
derrota.”
53
QUANDO VOCÊ PAROU DE SE ENCANTAR?
54
12.O poder da autoestima
55
morais
56
que minha mãe tinha me ensinado. Estava começando a enxergar meu valor enquanto ser
humano. Estava começando a experimentar o poder da autoestima e acreditar em mim.
Não tenha medo de errar e não tenha medo do "não" (ou, conforme falamos bastante
nos capítulos anteriores, se arrisque!);
48
Defina sua missão e propósito de vida, proponha-se metas importantes, divida as
atividades em pequenas tarefas e comemore cada vitória (ou, como já dissemos, escolha
o seu sonho e lute para alcançá-lo);
Alimente constantemente o cérebro com informações positivas e inspiradoras (boa
música é uma ótima maneira de dar um upgrade no cérebro, lembra?);
Construa diálogos internos positivos (e a pergunta do líder ecoa outra vez: “quando você
parou de se encantar?”;
Saia da situação de vítima e aja (falamos disto no capítulo 7);
Use afirmações motivadoras (veja quantas já citamos desde a primeira página...);
Pratique a "gratidão" diariamente (falaremos disto na última seção deste livro);
Cultive pensamentos positivos e construa relacionamentos com pessoas positivas e
maduras emocionalmente (falaremos disto nos capítulos a seguir).
Todos nós nascemos com potencial e aptidão pra fazer algo ou alguma coisa. Não
existe ninguém nesse universo de meu Deus, nesse mundo, nessa galáxia que não tenha a
pré- disposição, o potencial pra fazer alguma coisa. Agora, a questão, é você descobrir qual é
o seu ponto forte, ou melhor, quais são seus pontos fortes, pois podem ser vários! E sabe o
que é triste? É que, às vezes, apesar de sabemos o que temos de melhor, não acreditamos
em nós mesmos.
Você já experimentou acreditar em você? Olhe pra você! Faça este exercício diário:
olhe-se no espelho, veja quem você é, lembre de onde você já chegou e para o que mais
você pode alcançar se aproveitar o que tem de melhor! Seja mais você, acredite no seu
potencial, acredite que você é capaz. Acredite nos seus sonhos, acredite que você é capaz.
Diga a si mesmo, em alto e bom som, todos os dias: “eu sou capaz, eu vou conseguir”.
Do ponto de vista espiritual, quero reafirmar que você é um filho ou filha de Deus,
criado por Ele, com uma baita capacidade e um universo imensurável de possibilidades ao
seu dispor. Você não está aqui por acaso, você não é obra da casualidade, não. Você é um
ser humano, com um potencial imenso e à sua disposição. E aí, você já experimentou
49
acreditar?
50
13.Corra do “espírito de porco”
Seja ridículo, mas seja feliz e não seja
frustrado. " Pague mico", saia gritando e falando o que
sente, demonstre amor. Você vai descobrir mais cedo ou
mais tarde que o tempo para ser feliz é curto, e cada
instante que vai embora não volta mais.
Não se importe com a opinião dos outros. Antes ser um
idiota para as pessoas do que infeliz para si
mesmo. (Arnaldo Jabor)
Sabe aquelas pessoas que têm uma postura mental negativa a respeito da vida? Que
sempre estão reclamando? Se tem sol, reclamam do calor. Quando vem o frio, reclamam do
inverno que não acaba. Conhece alguém assim? Dependendo da região em você mora, estas
pessoas recebem nomes diferentes: pessimista, pobre de espírito, espírito de porco.
Enfim, quem são esses? Onde estão? Como agem? O que fazer pra nos protegermos
desta postura mental negativa que eles insistem em cultivar?
Meu conselho inicial é: afaste-se desse tipo de gente. Isto mesmo: fuja do pessimista!
Não se associe ao pobre de espírito! Corra do “espírito de porco”! Não desperdice seu
tempo com quem não acredita nos seus sonhos, caçoa das suas ideias, faz escárnio daquilo
em que você acredita ou que debocham dos seus projetos. O pessimismo, ou negativismo, é
pernicioso. Mais do que, é contagioso, contamina o ambiente e a sua mente. A tristeza é
uma doença que corrói a alma e tirar de nós o brilha da vida e a esperança na vitória.
Neste texto, Salomão está falando de nossa postura mental. Dentro do ângulo
bíblico, coração é o nosso centro de controle, que exerce o controle sobre nossos desejos e
51
vontade. Assim, quando a Bíblia se refere ao coração, está tratando de nossa mente e,
neste verso
52
especificamente, como nossa atitude mental tem relação direta com nosso bem-estar físico
e emocional.
Íntima é a ligação do corpo e da mente. Aquilo que você imagina na sua alma, você
tem grande possibilidade de se tornar.
Para Richard M. Devos, listado pela Revista Forbes, em 2012, como a pessoa mais rica
em renda dos Estados Unidos e a 205ª mais rica do mundo, “poucas coisas no mundo são
mais poderosas do que um impulso positivo - um sorriso. Uma palavra de otimismo e
esperança, um 'você pode fazer isso!' quando as coisas estão difíceis.” Devos faleceu em
setembro de 2018, mas tenho certeza que esta afirmação repercute hoje, em você,
enquanto lê estas páginas.
Meu próximo conselho pode parecer arrogante. Mas, lembre-se você está numa
trajetória ascendente, que pretende estabelecer sonhos, alcançar alvos, pensar em projetos
e, por isto, afirmo com toda a certeza: fuja do “espírito de porco”! Mantenha-se bem longe
de pessoas negativas. Elas são perniciosas, contaminam o ambiente, esgotam as suas forças,
secam seus ossos!
Mais uma dica: escolha as batalhas que vai encarar! Você não precisa falar ou fazer
alguma coisa toda vez que alguém lhe irrita, seja por um comentário maldoso e uma
daquelas profecias do tipo “Você não conseguir!”, “não compensa gastar tanto tempo e
dinheiro com isto!”. Ao se importar ou se deixar envolver com pessoas negativas e o que elas
dizem e/ou fazem, você já estará permitindo a entrada da negatividade em sua vida, mesmo
pensando que está lutando contra isto, entendeu? Por isto, faça o seu melhor para ignorar
comentários tóxicos e fuja -LITERALMENTE - do espírito de porco!
53
14. A “Ciência” da Felicidade
Os tristes acham que o vento
geme; Os alegres acham
que ele canta. (Luis
Fernando Verissimo)
54
8
Escrito por Gláucia Leal e publicado em março de 2017, na revista “Mente e Cérebro”.
55
Percebe como ter uma atitude mental positiva, pensar que a vida vale a pena ser
vivida, sonhar com a realização de seus sonhos pode, antes mesmo que as coisas boas
comecem a acontecer, gerar uma sensação de bem-estar?
Na cidade Santa Izabel do Oeste, estado do Paraná, conheci um senhor de muita fé, o
seu Amasílio. Na época, ele tinha mais de 90 anos, 70 destes como membro praticante de
uma denominação religiosa. Seu sonho era ter um templo desta igreja pertinho de sua casa.
Quando cheguei para pastorear a região, seu Amasílio já tinha conseguido um terreno para a
construção e coloquei como meta em meu coração ajudar o seu Amasílio a realizar aquele
sonho. Ainda que o sonho fosse dele, em um primeiro momento, certamente também seria
uma bênção pra muitas outras pessoas.
Dois dias após a unção, o seu Amasílio estava de pé. Lembro de que, ao orar por ele,
pedi a Deus a oportunidade do seu Amasílio contemplar, enquanto vivo, a realização de seu
grande sonho: ter um templo da igreja pertinho de sua casa. Deus ouviu nossa oração!
Colocamos a mão na massa, buscamos doadores para custear a obra (o seu Amasílio foi um
dos grandes colaboradores financeiros da construção), concluímos o templo e o dedicamos a
Deus.
Aquele homem de fé foi presentado por Deus com quase 2 anos de vida após ter sido
desenganado pelos médicos. E viveu cada um dos seus últimos dias de vida usufruindo a
alegria de vislumbrar, dia a dia, a proximidade da realização de seu sonho. Ele sabia que a vida
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valia a pena ser vivida e, ao sonhar com a realização de seus sonhos pôde, antes mesmo da
inauguração do templo, experimentar o bem-estar de uma atitude mental positiva diante da
vida, que ele sabia, seria breve. Sua história de fidelidade a Deus me impressionou
profundamente!
É necessário lutar todos os dias para ter uma postura mental positiva e não se juntar
ao lamaçal das pessoas que, no capítulo anterior, chamamos de “espíritos de porco”.
Entenda: não estou dizendo que você deva fechar os olhos pra realidade e ignorar os fatos,
nem que sairá por aí distribuindo sorrisos falsos para todo mundo. Não! Não é nada disto!
Ter postura mental positiva é seguir lutando, mesmo que as derrotas pareçam inevitáveis e,
ao continuar acreditando, experimentar um pouco da realização que teremos quando,
enfim, alcançar nosso objetivo. Estou falando de ter uma mente positiva, de acreditar
mesmo diante dos problemas e dificuldades, de colocar em sua mente que, de alguma
forma, de alguma maneira, você vai chegar lá, naquele “lá” onde você sonhou.
Foi assim que seu Amasílio não viveu e morreu aos 95, mas viveu feliz até os 95 anos.
57
15.Faxina mental
Há duas formas para viver a sua vida. Uma é
acreditar que não existe milagre. A outra é
acreditar que todas as coisas são um
milagre. (Albert Einstein)
Para iniciar o “ciclo da dopamina”, você precisa de atitude mental positiva, certo? E
como fazer isto? BLINDANDO sua mente contra os pensamentos negativos.
Repetindo (com outras palavras, pra ter certeza de que você vai compreender): Se
você quiser iniciar o “ciclo da dopamina” e caminhar para alcançar a vitória, quiser que seus
planos deem certo, você precisa se esgueirar, precisa blindar sua mente. Como fazer isto?
Quero repartir dois conselhos com você. Não são conselhos meus, mas eu os sigo e
funcionaram comigo. Tenho certeza que dará certo com você também. Vamos lá?
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Conversas maldosas, falsidade, mentiras, fofocas, coisas fúteis, maldade. Você conhece
alguém que “alimenta” a mente destas coisas e consegue blindá-la dos pensamentos
negativos? Parece óbvio, eu sei. Mas, acredite, conheço muita gente que deixa as avenidas
da mente escancaradas para pensamentos negativos e sequer percebe isto!
Filipenses é um dos 27 livros do Novo Testamento que, em sua maioria, foram escritos
por Paulo. Este livro é na verdade uma carta de Paulo os cristãos que moravam em Filipos,
uma colônia romana nas montanhas do norte da Grécia, cujos moradores eram
predominantemente italianos veteranos de guerra, e em função de seu forte sentimento
patriótico, rejeitavam os judeus, como Paulo.
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Messias que Paulo experimenta em seu íntimo. [...] Cristo é a revelação de que Deus não
pode ser contido ou armazenado. É essa “extravagante” qualidade da vida de Cristo que
conta para a felicidade dos cristãos, pois alegria é vida em excesso, o fluir que não pode ser
contido dentro de alguém”.
Resumindo, para blindar nossa mente dos pensamentos negativos, devemos consumir
coisas que produzam pensamentos positivos. Isso inclui livros, músicas, filmes, atitudes e
pessoas! Sim, pessoas, os “espíritos de porco” estão sempre por aí, emporcalhando os
lugares onde passam, mesmo que pareçam limpinhos e cheirosos.
Quer se tornar vitorioso, amigão? Blinde sua mente das porcarias e faça um bom
estoque de “comida” saudável!
61
16.Quando a tristeza é patológica
Era a luta de todos os dias de ter de enfrentar o seu “eu”
em pedaços e, depois, juntá-lo novamente. É como estar no
meio da maré e ela querer te levar: você tenta, com todas as
suas forças, mas uma hora cansa.
E ninguém entendia o medo que eu sentia de falar das
minhas dores, o peso da angústia em me manter acordada, a
busca de refúgio no sono para me esquecer da dor e fazer o
tempo passar mais rápido. Ninguém entendia o quanto eu
queria sair daquela prisão de medos, fracassos, mágoas e
angústias. Ninguém conseguia ver a minha luta diária para
virar a página, como eu me sentia impotente demais diante
de tanta dor e
quantas vezes eu pensei em entregar
os pontos. (Depoimento de Thamilly
Rozendo – adaptado)
Acho que foi em 2002, no Maracanã. Bati várias vezes na porta de uma casa, mas
ninguém atendia. Decidi insistir e continuei batendo. De repente, a porta se abriu e um rapaz
apareceu. Ele passava por um momento muito difícil, e enquanto ouvia as batidas insistentes
na porta da casa, planejava tirar a própria vida. Depois de nossa conversa, entendeu que
minha visita ali foi a maneira que Deus usou para lhe trazer a esperança de uma nova
chance.
Casos como estes e outros tantos que você já deve ter presenciado, ouvido ou sentido,
são situações em que a tristeza é mais do que atitude mental negativa. A tristeza e o
desespero se tornaram doença. A depressão, por exemplo, afeta 322 milhões de pessoas no
mundo! No Brasil a taxa de pessoas depressivas (5,8%) é a maior entre os países da América
Latina, e supera a média mundial, de 4,4%. São 11,4 milhões de brasileiros depressivos! De
62
acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS, a depressão é a doença mais
incapacitante do mundo e a principal causa de mortes por suicídio.
Quando o assunto é o transtorno de ansiedade, outra patologia psicossomática que
afeta nossa atitude mental, o Brasil, infelizmente, também lidera o ranking entre os países
63
latino-americanos. 9,3% dos brasileiros têm depressão, 3 vezes mais do que a média
mundial, de 3,6%!9
Poderia citar outras tantas frases estapafúrdias que pessoas sem o devido conhecido
ficam vociferando por aí. Não caia nestas histórias, não! Os profissionais de saúde são
instrumentos que Deus está disposto a usar para ajudá-lo a vencer as lutas da sua mente.
Assim como Deus me usou naquelas duas visitas.
9
Dados da OMS, referentes a 2015, divulgados em fevereiro de 2017.
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QUANDO VOCÊ PAROU PARA SILENCIAR?
65
17.Simples, de graça e
sem contraindicação
Para todos os males, há dois remédios: o tempo e o silêncio.
(Alexandre Dumas, pai)
10
O que (quase) ninguém diz sobre meditação, escrito por Gláucia Leal.
66
benefícios da meditação, que incluem o rejuvenescimento das células e até a transformação
da anatomia e da dinâmica cerebrais, o que, de acordo com o texto, ajudaria no
desenvolvimento de qualidades como “empatia, compaixão e bondade – ainda que sem
nenhuma conotação religiosa, apenas com intuito de desfrutar bem-estar interior”.
Sendo um “remédio” tão eficaz, causaria estranhamento que esta prática milenar não
seja praticada por todos, exceto pelo fato de exigir regularidade, disciplina e concentração.
“Ao contrário do que pode parecer à primeira vista”, afirma a autora do texto, “aquietar-se
por 15 ou 20 minutos e prestar atenção na própria respiração não é exatamente fácil [...] E
fazer isso, mesmo sabendo de antemão que, principalmente no início, os pensamentos vão
voar. O exercício, aliás, é justamente esse, trazer a mente de volta, centrar-se de novo na
respiração, e de novo e de novo, sem julgamentos [...] [meditação] não é magia. Cuidar de si
mesmo é trabalhoso, requer determinação, paciência e tempo”. Trocando em miúdos,
investir 15 a 20 minutos para ouvir apenas sua respiração é de graça, mas precisamos pagar
o preço do silêncio.
Nem todos conseguem ou gostam de meditar, e a boa notícia é que existe outra forma
excelente de silenciar: falar consigo mesmo.
11
Falar de si mesmo é mais prazeroso que ganhar dinheiro, disponível em
<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/falar_de_si_mesmo_e_mais_prazeroso_que_ganhar_dinheiro.
html>. Acesso: 15/08/2018.
67
Em outro estudo da Universidade Harvard, apresentado no artigo “Desabafar é bom”,
de autoria de Suzana Herculano-Houzel12, os participantes poderiam optar entre responder
perguntas sobre os gostos e hábitos dos outros, sobre simples fatos, ou sobre si mesmos.
Resultado? A maioria preferiu falar de si. Tal preferência, afirmam os cientistas, está
relacionada à ativação das estruturas do sistema de recompensa, o que gera prazer.
É claro que desabafar com alguém de confiança pode ser mais relaxante, mas você não
precisa, necessariamente, falar de si para outra pessoa. Pode falar consigo mesmo. Manter
um diário, escrito ou em arquivo de áudio, falando sobre seus sonhos, desafios, percepções.
Não pense que é coisa de adolescente, não. A linguagem organiza o pensamento. Falar de si,
consigo, é uma ótima maneira de organizar as ideias, redefinir prioridades, se conhecer ou se
reconhecer, resolver conflitos internos que ficaram escondidos lá dentro enquanto você
engolia o choro e tocava a vida pra frente. Se a conversa for em voz alta, então, melhor
ainda.
68
12
Conforme “Desabar é bom”, disponível em
<http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/desabafar_e_bom.html>
69
18.“Faxina noturna”
Poucas coisas são piores do que uma noite mal dormida. O corpo fica dolorido, a
cabeça latejando e o cérebro funciona com o freio de mão puxado. Tarefas simples, viram
um monstro e as horas andam igual a uma tartaruga. Não é pra menos, dormir não é luxo.
Dormir é necessidade básica, fisiológica do corpo humano. Durante o sono, o cérebro
aproveita pra organizar as informações aprendidas durante o dia e dar uma relaxada a fim
de estar preparado para a maratona de ficar acordado depois do sol nascer.
Pessoas que não dormem bem ficam doentes, inevitavelmente. Não precisa nem de
experimento científico pra comprovar. A realidade dos fatos confirma tudo. Mas a Ciência, a
gente sabe, vive buscando compreender por que as coisas são como são e, no final de 2013,
um estudo conduzido13 pela Dra. Maiken Nedergaard, neurocientista norte-americana,
trouxe algumas possibilidades de explicações científicas para a necessidade inevitável que
temos de dormir.
13
Conforme artigo Faxina noturna, de Suzana Herculano-Houzel, publicado em 2015.
70
Assim, aquela sensação gostosa de acordar revigorado não é só física. É cerebral
também. E uma mente clara para pensar e agir é imprescindível pra qualquer coisa que
alguém se proponha a realizar.
Por isto, silenciar e desfrutar de uma boa noite de sono é fundamental. Não adianta
ocupar a cabeça com planos e preocupações durante a noite. A melhor estratégia é
descansar e dormir. Depois que o faxineiro deixar a casa em ordem, é partir para o
planejamento. Afinal, você tem um mundo pra conquistar!
71
19.A morada dos fortes
Cada gota de silêncio é a possibilidade de um
fruto maduro. (Paul Valéry, filósofo, escritor e
poeta francês, 1871-1945)
Eu não acredito que, em todas as circunstâncias da vida, a gente tenha que aceitar
calado, sem falar nada, ficando em silêncio. Não! Há momentos na vida em que a gente tem
que se impor, tem que falar, tem que mostrar quem somos, entende? Temos que deixar
claro nosso posicionamento, nossa personalidade, por que, se não, o mundo judia da gente.
Quando lhe desafio a silenciar, não estou falando disso. É que, em algumas das
batalhas da vida (que, às vezes, são tão grandes como se pensa) é bobeira encarar,
enfrentar. É gastar muita energia sem ter certeza de que aquela luta será importante para
vencermos a guerra.
Nestes casos, não entenda o silêncio como fuga ou como covardia, não é nada disso.
Aqui, o silêncio é de suma importância pra você refazer a sua vida, repensar e reestruturar
as suas estratégias. É o silêncio com estratégia de retirada pra poder perguntar a si mesmo:
É infinitamente melhor reorganizar sua estratégia no silêncio do que com uma mente
barulhenta.
Neste sentido, eu lembro de uma frase do livro “A Arte da Guerra”, um tratado militar
escrito durante o século IV a.C por Sun Tzu. A obra é composta de 13 capítulos que abordam
13 estratégias de guerra e compõe um um panorama de todos os eventos e estratégias que
devem ser abordados em um combate. Em um de seus capítulos, autor afirma que a
excelência suprema não é você vencer o inimigo mil vezes. Para o estrategista militar,
excelência suprema é você vencer o inimigo sem precisar usar as armas, excelência suprema
72
é você vencer seu inimigo sem precisar lutar. Alcançar a excelência suprema, portanto, é
vencer com a arma da estratégia, da inteligência do planejamento.
Estes princípios valem para o combate bélico e valem para a guerra da vida. E você
pode usar o silêncio uma arma excelente, uma arma estratégica. No silêncio, você vai refazer
as forças, vai rever as maneiras, reavaliar os métodos, revisar os pontos, repensar a
estratégia, compreender onde e por que falhou.
Mudar de ideia, alterar uma rota não é vergonhoso ou perda de tempo. É sinal de
maturidade e foco. O preparo sempre antecederá o sucesso. E o silêncio é um ótimo
momento para buscar capacitação.
73
20. O Efeito Einstellung
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas
usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer
os nossos caminhos, que nos
levam sempre aos mesmos
lugares. (Fernando Pessoa, escritor e poeta
português, 1888-1935)
Se você passa a vida inteira fazendo as mesmas coisas, não vai alcançar resultados
diferentes. É preciso rever conceitos e o silêncio é um bom momento pra isto, o que não
significa – de jeito nenhum – que mudar é tarefa simples. E uma parte desta dificuldade
decorre do funcionamento de nosso cérebro, que tem a tendência de persistir em “uma
solução familiar para resolver um problema”, fenômeno que os neurocientistas
denominaram fixação funcional. Esta espécie de “teimosia” do cérebro, insiste em se ater na
primeira solução que vem à mente e ignorar outras possibilidades, como explicam os
cientistas Merim BilalićePeter McLeod, doutores em psicologia. Eles reconhecem que esta
“teimosia” é bem útil em situações do cotidiano, como dirigir um carro, cortar frutas ou
fazer contas de matemática. O problema, no entanto, é que o Efeito Einstellung pode inibi-lo
de buscar outras possibilidades de solução, de enxergar as coisas de outra perspectiva.
Minha mãe foi mãe e pai ao mesmo tempo. Meu pai era vivo, mas minha mãe era
quem tomava a frente da nossa criação e não descuidava da nossa educação, em casa e na
74
escola. Ela lavava a roupa dos bacanas da cidade. Na Bahia, a gente falava “roupa de
ganho”. E não
75
tinha tanque nem máquina de lavar, não! Mainha lavava roupa no rio, embaixo de sol,
agachada na beiradinha. Com o dinheiro da roupa, pagava nossos estudos. Nunca faltava o
lápis, o caderno, o uniforme, porque a gente ganhava da mãe, que, com muita dignidade,
lavava roupas para gente estudar.
Lembro de muitas frases que ela dizia. Talvez venha daquela época o meu gosto por
frases.
Quando faltavam as coisas em casa, ela batia nas panelas, dava risada e dizia: “Deus
proverá!” E Deus sempre provinha. Lá em casa, 1 kg de peito de frango durava uma semana
inteira. E olhe que eram 19 bocas pra comer! Sobre a provisão divina, ela falava também:
“Enquanto há Deus no céu, urubu não come capim”.
Pra dar bronca e alertar sobre amizades suspeitas, ela falava: “Quem se mistura com
os porcos, farelo come” ou “As más companhias corrompem os bons costumes”. E aquele
“Abra o olho, menino!” que dava um medo danado!
A gente cresceu ouvindo minha mãe repetir provérbios e histórias. Ela tinha o
impressionante dom de contar histórias pra crianças. Quando faltava luz, todo mundo se
reunia em volta de mãe, que, à luz dos astros, contava histórias mirabolantes. Toda a história
contada, tirava um fundo moral. Tinha uma da caveira, pra alertar sobre quem falava mal:
“Num reinado muito antigo, tinham caçadores. Todo caçador era conversador, e um
caçador começou a espalhar que tinha uma caveira no mato. O rei mandou o caçador trazer
a caveira pra ver se ela falava mesmo. Só, que pra desespero do caçador conversador, na
frente do rei, a caveira não falou. O rei mandou matar o caçador e, assim que ele morreu, a
caveira olhou para o corpo do caçador e falou:
76
Quando a gente falava uma palavra errada, ela corrigia. Ensinou a gente a estudar,
comprava os livros e fazia a gente ler. A ironia é que ela frequentou, no máximo, a segunda
série primária. Foi tirada da escola pelo pai, meu avô. Por ignorância do povo antigo, ele dizia
que filha dele não podia aprender a ler a escrever pra não escrever cartinha pra namorado.
Na época, a gente não sabia disto. E hoje eu compreendo que a sabedoria é diferente
do conhecimento formal. As pessoas mais sábias que eu conheci não tinham conhecimento
cognitivo, uma delas foi a minha mãe. Embora iletrada, foi dela que recebi os conselhos mais
sábios. Napoleão tinha razão ao afirmar: “Sabei escutar, e podeis ter a certeza de que o
silêncio produz, muitas vezes, o mesmo efeito que a ciência.”
77
21.Tempo de silenciar!
Um dia calei; um dia, venci a batalha.
(Daniel Figueiredo)
Sócrates disse o seguinte: “cala-te ou diga algo que valha mais que o silêncio”.
O sábio Salomão, grande empreendedor, juiz, o homem mais sábio de todos os tempos
dizia: “Até mesmo o tolo passará por sábio, se conservar sua boca fechada; e, se dominar a
língua, parecerá até que tem grande inteligência”.
Ainda ontem, eu ouvi uma frase de William James Durant (1885-1981). Filósofo,
historiador e escritor estadunidense, ficou conhecido pela coleção “A História da
Civilização”, produzido em parceria com sua esposa Ariel Durant, na frase da qual falo, ele
afirmou que os nossos conhecimentos nos destroem, nos embebedam com o poder que nos
dão e a nossa única salvação está na sabedoria.
Se meu conhecimento não está dando certo, preciso ir atrás de sabedoria. Já que toda
a estratégia que eu usei não deu, eu não consegui alcançar os alvos... opa! Está na hora de
parar um pouco, dar um stop e me refazer. É tempo de silenciar!
Preciso ter estratégias sábias, eu preciso agir com sabedoria para que mês resultados
sejam melhores do que aqueles que conquistei até aqui, somente com meu conhecimento. E
agir através do silêncio é, meu amigo, usar o silêncio com sabedoria, agir com estratégia.
Parar e silenciar é uma escolha sábia, tenha certeza. Você já experimentou fazer isso?
Então, meu conselho pra você é: silencie, não lute, não grite, não esperneie, talvez, o
momento não seja pra isso agora. Pense na resposta que você vai dar, não fale agora. Faça o
seguinte: retire-se. Há momento em que a luta é tão grande, que enfrentar o gigante é
bobeira. Retire-se, refaça suas forças, tome aquele ar que você está precisando, respire
fundo, e depois de silenciar, falar consigo mesmo, rever a estratégia, identificar suas falhas,
buscar sabedoria para montar um plano, estabelecer metas, definir onde vai atacar, quais
armas usará ou não, aí sim, você estará bem mais preparado para vencer.
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Depois do silêncio, volte à cena. Você vai voltar mais forte, abastecido, revigorado,
com brilho nos olhos e vai retomar o lugar central do palco de sua vida!
Saindo da caverna
Elias, um personagem bíblico, depois de sofrer uma perseguição de Jezabel, foi pra
dentro de uma caverna. Ficou ali durante algum tempo, com medo, e Deus se manifestou
pra ele no vento, nas chamas de fogo e na brisa suave. E foi na brisa suave, que Elias foi
tocado e abastecido de coragem para sair da caverna.
Às vezes, você está usando a arma errada, às vezes, não é força, é jeito. Às vezes, não é
grito, é carinho. Às vezes, tem que saber perder, para poder ganhar. Perder a batalha, para
poder ganhar a guerra. Lembra do conceito de excelência suprema? A excelência suprema
não é você vencer o inimigo mil vezes. É vencer o inimigo sem precisar usar as armas,
excelência suprema é você vencer seu inimigo sem precisar lutar. Alcançar a excelência
suprema, portanto, é vencer com a arma da estratégia, da inteligência do planejamento.
Quando eu falo em preparo, gosto muito de uma frase do Abraham Lincoln. A gente
fala destas coisas de motivação, de história de vida e é impossível não ter um olhar
retrospectivo para história desse guerreiro, o XVI presidente dos Estados Unidos, que disse:
“Eu vou me preparar e qualquer dia a oportunidade surgirá”.
E eu tenho que estar como? Preparado. Eu tenho que me antecipar. Talvez o silêncio
sirva pra isto, pra me preparar, pra rever, pra afiar o machado, como Lincoln: “Se eu tivesse
oito horas para derrubar uma árvore, passaria seis afiando meu machado.”
Pense nisto!
79
QUANDO VOCÊ PAROU PARA AMAR?
Se eu der tudo que tenho aos pobres e ainda for para a fogueira
como mártir, mas não tiver amor, não cheguei a lugar
alguma. Assim, não importante o que eu diga, no que eu creia
ou o que eu faça: sem amor, estou falido.
O amor nunca
80
22. A maior necessidade humana
Mas há
vida que é para
ser intensamente
vivida,
há o
amor. Que tem
que ser vivido até
a última gota.
Sem nenhum medo.
Não
mata. (Clarice
Lispector)
A última pergunta do líder espiritual ao índio que foi procurá-lo para ouvir um
conselho e obter ajuda foi: “quando você parou de amar?” Daquela aldeia ecoa em mim e
mesma indagação e quero desafiá-lo mais uma vez ao perguntar: você já experimentou
amar?
Costumo dizer que o amor é o mais nobre de todos os sentimentos. Não foi à toa que
deixei este tema para o final do livro, queria poder encerrar com o mais importante de todos
os ensinamentos: o amor, a maior necessidade do ser humano. Aqui não falo apenas como
teólogo, mas como estudioso das ciências humanas. Todas as áreas de estudo da
humanidade são unânimes ao afirmar que a maior necessidade do ser humano é amar e ser
amado. E isto vem desde sempre, nascemos assim.
Peço licença para abrir um parêntese neste assunto e, agora, falar como teólogo. O
capítulo 4 da primeira carta do apóstolo João à igreja cristã, é categórico ao afirmar que
Deus é amor dEle procede o amor:
“[...] o amor vem da parte de Deus. Quem ama é nascido de Deus e tem um
relacionamento real com ele. Quem se recusa a amar não sabe o que mais importa
sobre Deus, pois Deus é amor. Vocês não podem conhecê-lo se não amam” (1 João
4:7-8)
81
Mesmo aqueles que não creem no Deus da Bíblia, sabem da necessidade humana de
amar. Todas as civilizações estiveram em busca do amor. E a Bíblia diz que o Amor habitou
entre nós.
82
Amor em forma de gente
No mesmo capítulo de sua primeira carta, o apóstolo João segue a temática do amor:
“Foi assim que Deus demonstrou seu amor por nós: Deus enviou seu único Filho ao
mundo para que pudéssemos viver por meio dele. É desse amor que estamos falando.
Não que tenhamos amado a Deus, mas ele nos amou e enviou o seu Filho como
sacrifício para purificar nossos pecados e consertar os danos que eles causaram em
nosso relacionamento com Deus.” (1 João 4:9 e 10)
Quando a gente fala do nascimento de Jesus, logo pensamos no Natal. E, com este
pensamento, vêm também as árvores enfeitadas, as luzes brilhantes nas casas, os presépios
dourados nas vitrines das lojas, as propagandas emocionantes na televisão...
Este trecho de C. S. Lewis é ótimo pra termos uma vaga noção do que aconteceu em
Belém: “O Ser Eterno, que tudo sabe e criou todo o universo, tornou-se não apenas um
homem, mas (antes disso) um bebê, e antes disso ainda, um feto dentro de um corpo de
uma mulher. Se você quer saber como ele deve ter se sentido, imagine se você se
transformasse numa lesma ou num caranguejo.”
A comparação pode parecer estranha, mas é boa para exemplificar o fato de Jesus,
sendo Deus, vir como homem para morar na terra com os homens. A Bíblia e a natureza
revelam muitas coisas sobre Deus. Mas Jesus veio para mostrar quem Deus, como disse o
apóstolo João em seu evangelho: “Ninguém jamais viu Deus, no máximo fora um vislumbre.
Foi, então, que essa Expressão única de Deus, que existe no próprio coração do Pai, se
revelou, com a clareza do Dia”. (João 1:18)
Quero fazer este parêntese teológico com uma frase, atribuída a Napoleão, que faz um
contraste entre os reinos terrenos e o reino de Cristo: “o meu reino, o Alexandre o Grande, o
de Carlos Magno, foram reinos baseados na força e, por isto, não conseguiram sobreviver
83
muito tempo. Mas Jesus baseou seu reino no amor e, por isso, até hoje, milhões de pessoas
estão dispostas a dar a vida por Ele, porque Ele fundamentou seu reino em cima do amor.”
Vivendo o amor
84
23. Amor próprio não é opcional
Estamos habituados a condenar o amor-próprio; mas
aquilo que pretendemos realmente condenar é o
oposto do amor-próprio.
É aquela mistura de egoísmo e aversão por nós
próprios que permanentemente nos persegue, que nos
impede de amar os outros e que nos proíbe de nos
perdermos no amor com que somos
eternamente
amados. (Paul Johannes Tillich, filósofo e teólogo
luterano, 1886-1965)
No capítulo 11, falamos do “poder da autoestima”. Por isto, não vou me demorar em
falar de amor próprio. No entanto, não poderia deixar de reforçar que amar a si mesmo é
pré- requisito para amar outra pessoa, para ter relacionamentos saudáveis, sejam
relacionamentos de a amizade ou relações amorosas e conjugais. Somente aos que amam a
si mesmos é dada a chance de ser amado plenamente, sem concessões despedaçadoras
como as que ocorrem em relacionamentos abusivos, que resultam em vários tipos de
violência, como a psicológica e a física.
Para finalizar este capítulo (prometi ser breve, lembra?), trago dois textos de dois
grandes escritores: a brasileira Clarice Lispector e o português Fernando Pessoa.
Respeite a você mais do que aos outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o
que é ruim em você - respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você - pelo
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amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa
ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver. (Clarice Lispector)
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Para ser grande, sê
inteiro: nada Teu exagera
ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe
quanto és No mínimo que
fazes.
Assim em cada lago a lua
toda Brilha, porque alta
vive
(Fernando Pessoa, escritor e poeta português, 1888-1935)
87
24. Amor em forma de gratidão
Tive uma infância muito difícil. Fui privado de muita coisa, de sonhos que a gente não
realizou. E sonhos são fases, depois que passam, parecem que perdem o significado.
Um destes sonhos era ter uma bicicleta. Na época, a molecada tinha caloi 10,
monareta... a gente, só carrinho de caixa de feira mesmo.
Também queria um kichute, mistura de tênis e chuteira que foi produzido no Brasil a
partir da década de 70, pela marca Alpargatas. A gente jogava muita bola quando criança.
Nosso campo era a rua e as traves eram as pedras. Naquela época, a sensação era ter um
kichute e meu sonho era ter um também.
Hoje consigo enxergar como o kichute era horrível! Feito de lona, todo preto, um
solado com cravos de borracha que pareciam de pneu de caminhão, uma coisa bem mal
elaborada! Pra piorar, tinha menino que amarrava o cadarço na canela ou ficava dando
voltas em torno do sapato de tão grande que era o cadarço, um horror! Mas, na época era
como um ter nike. A gente também queria “desfilar” de kichute, mas eram muitos filhos e as
condições financeiras, muito precárias. O jeito era ficar sonhando mesmo...
Até que tinha um pouco de razão, a cor do short era horrorosa: verde e um amarelo
que parecia uma abóbora. Mas o semblante e as palavras da minha mãe cortaram meu
88
coração:
89
“Que pena, comprei com tanto carinho...”. Mesmo sendo criança, aquele foi o short que eu
mais usei na vida e esta é uma das histórias de infância que nunca vou tirar do coração.
A Giovana era virada! Trabalhava, lutava capoeira, protegia a gente... Quando os caras
mais velhos queriam nos bater ela aparecia do nada, que nem o Jiraiya 14, dando voadora e
nos salvava. Ela trabalhava como doméstica em casas de família e em um dos seus
empregos sua patroa, a doutora Seluta, fez a gentileza de ser sua fiadora em um crediário.
Até aí, tudo certo. Ela trabalhava e tinha o direito de comprar, em parcelas, o que julgasse
necessário ou desejado. O detalhe é que o crediário foi feito para Giovana pudesse comprar
roupas novas para a família em um final de ano. Não fosse por sua atitude generosa,
teríamos de iniciar o ano sem ter o que vestir! Aquele foi um momento de muita alegria e de
muita gratidão à nossa irmã ninja!
Ter um coração agradecido é uma forma de oferecer amor. Por vezes, um simples
“muito obrigado” - carregado de sinceridade, é claro - é o presente mais desejado de uma
mãe esforçada ou de uma irmã batalhadora!
14
Jiraya é o protagonista de uma série de televisão japonesa, “Sekai Ninja Sen Jiraiya” traduzido como “Guerra
Mundial dos Ninjas Jiraiya” e lançada no Brasil em 1989 sob o título de “Jiraiya: O Incrível Ninja”.
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Ter um coração agradecido, portanto, é uma grande oportunidade de estimular o
cérebro a “produzir” felicidade em nós e naqueles a quem damos amor em forma de gratidão.
Um dia desses recebi amor em forma de gratidão. Recebi uma ligação de uma senhora
de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Enquanto conversámos ela explicou, que na época
em que trabalhei como pastor naquela cidade orei por seu sobrinho, que estava afundado
no mundo das drogas. Pelo poder de Deus o rapaz foi liberto daquela escravidão, razão pela
qual ela era muito agradecida a mim.
É claro que tenho completa consciência que fui apenas um instrumento divino, que o
poder não veio de mim, mas a gratidão daquela senhora me deixou muito feliz. E ainda mais
feliz fiquei quando ela, confiando em meu ministério pastoral, pediu que orasse por seu
marido, pois, segundo ela, eu era um homem de Deus. Esta história me lembra um
pensamento de Machado de Assis: “A gratidão de quem recebe um benefício é bem menor
que o prazer daquele de quem o faz.”
Experimente!
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25. Amor que transborda e derrama
Em 2015, um grupo de alunos de Nova Hampshire, nos Estados Unidos, viraram notícia
por uma razão pra lá de bonita. Após saberem que Courtney Vashaw, professora delas,
estava com câncer, decidiram doar todo o dinheiro que haviam economizado para a viagem
de formatura a fim de ajudar Vashaw a pagar seu tratamento de saúde. A quantia em
dinheiro, cerca de 8 mil dólares, seria usada para uma viagem às montanhas em Nova York,
mas a decisão de doar todo o valor foi unânime e, segundo os próprios alunos, partiu de um
dos muitos ensinamentos que receberam da professora: “Ela se importa muito e não é nem
um pouco egoísta e nós queríamos ter essa postura também”, afirmou Ian Baker, um dos
doadores.
92
15
1 Tessalonicenses 3:12 (versão A Mensagem).
93
Quero lhe contar duas histórias em que fui abraçado pela compaixão. A primeira
aconteceu em Santa Catarina, no ano de 2003. Um amigo e eu, que no momento mora em
Curitiba, no Paraná, estávamos vendendo livros para pagar nossos estudos. Participávamos
de uma equipe, com vários outros, que também estavam trabalhando com o mesmo
objetivo.
Nossa equipe de vendas era mista, tinha homens e mulheres que moravam, em sua
maioria, na mesma casa. Além das regras de horários, organização e trabalho, tinha também
regras de conduta dentro da casa, como a proibição que os rapazes andassem sem camisa
nos locais comuns ou entrassem no quarto das meninas. A gente procurava seguir tudo à
risca, mas percebemos que, nos finais de semana, os caras que trabalhavam em cidades
vizinhas vinham para a casa da equipe e não cumpriam as regras. Além de entrar e sair onde
e quando quisessem, rapazes e garotas perturbavam nosso sono com barulho e cantorias até
altas horas da madrugada, deixavam tudo bagunçado, tomavam banho no quarto das
meninas...
No meio do desespero, meu amigo, que já tinha trabalhado naquela cidade, lembrou
de uma pastora do evangelho quadrangular, com quem tinha feito amizade. Fomos até a
casa dela. Além de nos dar abrigo e comida, essa mulher comprou a passagem e colocou a
gente dentro do ônibus para voltarmos pra casa.
Nunca vou esquecer daquele dia. Aquela pastora não me conhecia e não tinha
nenhuma obrigação de me ajudar. Mas o amor transbordava nela e se espalhou até mim, em
um grande gesto de compaixão e solidariedade.
95
Depois de alugar uma casa, um colega pastor foi me ajudar a fazer minha mudança.
Não era muita coisa e cabia no carro dele. Colocamos quase tudo e, quando voltei com as
ripas da minha cama, últimos objetos que levaria, vi o pastor sentado na calçada e seu carro
subindo a rua. No começo, não entendi. Mas, ao sair na rua, com aqueles pedaços de pau na
mão, um homem me mostrou sua arma e eu entendi: roubaram o carro e, dentro dele,
minha mudança: roupa, livros, documentos etc. Pouca coisa, mas era tudo o que eu tinha!
Para finalizar, quero contar uma terceira história. Aconteceu no meu quinto ano de
ministério pastoral, na cidade de Foz do Iguaçu, estado do Paraná. Estava ministrando uma
semana especial de cultos diários em um templo da cidade. Durante a noite, palestrava e,
durante o dia, aproveitava para visitar famílias e orar com elas. Em uma destas visitas, me
deparei com uma situação de extrema pobreza. Pessoas que viviam de forma caótica, de
total sobrevida, de miséria mesmo, em condições precárias de calamidade.
A família era grande. Os filhos do casal já tinham outros filhos, e sem condições
financeiras de viver em outro lugar, moravam todos juntos. Aquilo me impressionou
profundamente. Deus me tocou, me fez transbordar de amor. Não tinha muita coisa, mas
poderia ajudar com um pouco. E, além de orar, dei dinheiro àquela família.
Aquilo me impressionou. Saí dali chocado e pensando que, às vezes, a gente convive
com pessoas sem saber, de fato, como elas vivem. Em igrejas, por exemplo, quantas vezes
convivemos com uma dezena, uma centena de pessoas que não conhecemos, sequer, onde
moram, como vivem, se têm o que comer na próxima refeição...
96
derrama!
97
26. Amor incondicional
Quem ama porque o amam, é agradecido; quem
ama para que o amem, é interesseiro; quem ama, não
porque o amam nem para que o
amem, esse só é
fino. (Padre
António Vieira)
Como já contei algumas vezes, tive uma infância de muita luta. Além da falta de
dinheiro, sobravam problemas. Quando a comida acabava, uma irmã que era deficiente
mental pegava um prato vazio e ia pedir na rua. Talvez, o verbo certo neste caso não seja
pedir, mas mendigar. Nestas ocasiões, ficávamos grudados na barra da saia da mãe, que
batia nas panelas e falava: “Deus proverá”. E Deus provinha. De algum jeito, Ele provinha.
Além de prover, muitas vezes, Deus também multiplicava! Minha mãe comprava um
peito de frango e servia pedaços fritos, com farinha e feijão. Um único peito de frango
durava a semana inteira! Deus provinha! Deus multiplicava! Deus honrava a fé da minha
mãe!
Foi ela, minha mãe, que me ensinou o que, realmente, é amor incondicional ao cuidar
de meu pai doente, contaminado por doenças venéreas e vítima de um câncer de próstata.
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Isto mesmo! Minha mãe cuidou daquele marido que a oprimiu e desrespeitou das piores
formas possíveis! E o fez até os últimos instantes da vida dele.
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27. A mais difícil e necessária forma
de amar
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperanças
nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos
desencontros. É agradecer a
Deus a cada minuto pelo milagre
da vida. (Fernando Pessoa, escritor e poeta
português, 1888-1935)
Nunca vou esquecer daquela cena. Meu pai deitado no leito, sem conseguir falar,
entubado, sofrendo profundamente por causa do câncer. Ele sabia que tinha pouco tempo.
Minha mãe também; por isto me levou até o hospital para que eu pudesse perdoá-lo e ser
perdoado por ele.
Carregávamos mágoas profundas. Eu tinha muito ódio em meu coração por causa de
todas as coisas horríveis que o vi fazendo com minha mãe, meus irmãos, e especialmente
comigo. Ele nos rejeitava e sentia que, comigo, a rejeição era ainda maior, o que me marcou
profundamente.
Naquele dia, nos abraçamos. Ele já não conseguia dizer nada. Vi uma lágrima descer
dos seus olhos, a gente apertou a mão um do outro e aquele foi o último instante em que o
vi.
Tinha 18 anos quando meu pai faleceu, após um sofrimento terrível. E não fosse pela
sabedoria de minha mãe, eu viveria ainda hoje morrendo por dentro. Meu pai morreu em
junho de 1996, aos 85 anos. E eu renasci, aos 18, em 1996.
O fardo do rancor
O perdão é uma forma de amor. Uma das mais difíceis, talvez; e das mais necessárias,
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certamente. Não consigo imaginar quão terrível teria sido conviver com aquele ódio por meu
pai sem ter mais a chance de perdoá-lo. Não fosse pela iniciativa de minha mãe, ainda
estaria cheio de rancor e infeliz.
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Então, por experiência própria, vou dizer uma coisa pra você: há coisas, há cargas,
bagagens na vida que não compensam, não valem a pena serem carregadas. Um trajeto
curto se torna muito cansativo por causa do peso destas bagagens! Eu estou falando das
mágoas, do ódio, de ressentimentos, que são sentimentos que não valem a pena e, às vezes,
tem gente que carrega durante 20, 30 anos numa existência de 70, 80 anos no máximo, que
é a nossa média de vida. Passamos um terço da nossa vida odiando, alimentando mágoas, e
são sentimentos que não valem a pena. E aí, eu recorro a um pensamento que diz o
seguinte: você odiar outra pessoa, ou não perdoar outra pessoa é você tomar um copo de
veneno e esperar que o outro morra. Como somos miseráveis e mesquinhos como seres
humanos! Passamos 1/3 da nossa vida guardando ódio, mágoas. Precisamos entender o
poder do amor manifestado através do perdão.
Talvez você esteja nessa situação, carregando bagagens, malas, fardos que podem ser
aliviados pelo perdão. Amigo, você precisa se desprender destas cargas, dessas mágoas,
desses pesos. Você precisa liberar perdão sobretudo porque, ao liberar o perdão, você está
fazendo bem a si mesmo.
Deixe-me dizer uma coisa científica: 30% das causas de câncer são de ordem
emocional. E aí, dentro dessa janela, você coloca mágoas, estresse, ressentimentos,
angústia. Alimentamos e construímos monstros que não são nossos e que só vão nos fazer
mal. Por isto, a importância do amor, do perdão, porque, quando eu libero o perdão ao
outro, ao próximo, sou o maior beneficiário, ao me desfazer dessas bagagens torno minha
viagem menos cansativa e mais feliz!
Que tal se, em lugar de propagar o ódio, nós levantarmos a bandeira do amor?
Conta-se que, nas antigas tribos indígenas, quando um índio estava acabrunhado,
triste, com problema, uma dificuldade, buscava o suporte de seu líder espiritual. Neste
encontro, o índio estava disposto a falar sobre suas lutas e a ouvir os conselhos de seu líder.
Este, em sua sabedoria, fazia algumas perguntas ao índio, com o objetivo de diagnosticar
seus problemas e, ao mesmo tempo, ajudá-lo na retomada de uma vida saudável e feliz.
Essas perguntas faziam o índio refletir e mudar o foco da sua vida, o foco do problema. Eram
perguntas reflexivas, que tinham o propósito de fazer com que o índio visse a vida de um
outro prisma, a partir de uma outra perspectiva. Ei-las:
Quando você parou de cantar?
Quando você parou de dançar?
Quando você parou de acreditar?
Quando você parou de se encantar?
Quando você parou para silenciar?
Quando você parou de amar?
Ao ouvir essas perguntas, o índio saía dali refletindo sobre a sua vida e, na maioria das
vezes, iniciava uma guinada vitoriosa, retomava o gosto pela vida, o desejo pelo trabalho, a
alegria dos momentos simples entre amigos e familiares.
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PALAVRAS FINAIS
Ao longo destes 26 capítulos, estendi a você o convite daquele líder ao levá-lo a refletir
e convidá-lo a experimentar:
O poder da MÚSICA: na mente, no corpo e no espírito;
O poder do MOVIMENTO;
O poder de CRER, de agir, de recomeçar, de enfrentar seus medos, de sentir na pele as
dores das batalhas, de correr o risco e sair da penumbra cinzenta da covardia;
O poder de SE ENCANTAR consigo, com os outros e, se preciso, fugir de quem é tóxico,
de buscar tratamento quando a tristeza é patológica, de abastecer a mente com o que vale a
pena;
O poder do SILÊNCIO, que é de graça, que regenera, que capacita, que traz foco;
E o poder do AMOR, a maior de todas as necessidades, que se materializa, antes de
tudo, em amor próprio, e transborda em gratidão, solidariedade e perdão.
Agora, ao final deste ciclo, quero desejar-lhe sucesso e felicidade plena todos os dias.
Por que estas dádivas são conquistas diárias daqueles que decidem, dia após dia, “arriscar
coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota” e não “formar
fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa
penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota”.
Abraço e até a próxima!
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