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OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é apresentar um caso clínico de um tratamento


restaurador estético em hipoplasia do esmalte.

RESUMO
A hipoplasia do esmalte é uma formação deficiente ou incompleta da matriz
orgânica do esmalte. Clinicamente, apresenta-se como manchas
esbranquiçadas, amarelas ou amarronzadas, rugosas, sulcos ou ranhuras, bem
como, outras alterações na estrutura do esmalte, comprometendo a estética do
sorriso e a função. De acordo com o grau de severidade dessa anomalia,
vários protocolos de tratamento podem ser realizados, desde clareamento,
microabrasão, restaurações estéticas diretas e coroas unitárias. Desta forma,
objetiva-se apresentar o diagnóstico e o tratamento restaurador estético de um
caso clínico de hipoplasia do esmalte. A mãe da paciente (infantil), gênero
feminino, procurou a clínica odontológica da Unileste queixando-se de dois
elementos com coloração amarronzada e superfície rugosa em dois dentes (63
e 84). Clinicamente, observou-se que o elemento 63 possuía anormalidade na
cor, rugosidade e porosidade em sua superfície e o elemento 84 era um resto
radicular de coloração amarronzada. Na estrutura hipoplásica do elemento 63,
foi realizada a confecção de uma coroa, de resina composta com molde de
acetato e o elemento 84 foi extraído. A partir do tratamento pôde restabelecer a
harmonia estética, propiciando significativo impacto positivo à autoestima da
paciente.

Palavras chaves: Hipoplasia do esmalte dentário; resinas compostas; estética


dentária.

ABSTRACT

Enamel hypoplasia is a deficient or incomplete formation of the organic matrix


of enamel. Clinically, it appears as whitish, yellow or brownish spots, rough
spots, grooves or grooves, as well as other changes in the enamel structure,
compromising the smile's aesthetics and function. According to the degree of
severity of this anomaly, several treatment protocols can be performed, from
bleaching, microabrasion, direct esthetic restorations and single crowns. Thus,
the objective is to present the diagnosis and aesthetic restorative treatment of a
clinical case of enamel hypoplasia. The patient's mother (infant), female, sought
the Unileste dental clinic complaining of two elements with a brownish color and
a rough surface on two teeth (63 and 84). Clinically, it was observed that
element 63 had an abnormality in color, roughness and porosity on its surface
and element 84 was a brownish root remnant. In the hypoplastic structure of
element 63, a crown was made of composite resin with an acetate mold and
element 84 was extracted. From the treatment, it was possible to restore
aesthetic harmony, providing a significant positive impact on the patient's self-
esteem.

Keywords: Dental enamel hypoplasia; composite resins; dental aesthetics.

INTRODUÇÃO

O esmalte dentário tem sua formação através da atividade dos ameloblastos e


sua estrutura final é caracterizada por um tecido demasiadamente mineralizado
O desenvolvimento do esmalte sadio é divido em três fases: a fase da
formação, na qual há a deposição de uma matriz orgânica; a fase de
mineralização, em que a matriz é de forma parcial mineralizada e a fase de
maturação, na qual o esmalte recém mineralizado sofre o processo de
calcificação (MARTINHÃO et al., 2009).

Do ponto de vista metabólico, os ameloblastos em germes dentários que se


encontram em desenvolvimento são células muito sensíveis, e quaisquer
fatores endógenos ou exógenos podem afetá-los facilmente, resultando em um
esmalte dentário anormal. Assim, esses fatores podem gerar paradas focais e
transitórias na síntese do esmalte, sendo assim, distúrbios que ocorrem
durante os estágios de desenvolvimento e maturação do esmalte, podem
resultar em uma diminuição na quantidade ou espessura do esmalte,
originando estruturas de coloração branca, amarela e/ou amarronzadas nos
dentes (SOUZA et al., 2009).

Quando a superfície do esmalte dentário apresenta rugosidade, irregularidade


e até amolecimento nestas manchas, entende-se que o fator causal atuou nas
fases finais da amelogênse, quando as últimas camadas de esmalte são
depositadas, caracterizando a hipoplasia de esmalte. Sendo assim, a
hipoplasia de esmalte pode ser definida como a formação incompleta ou
imperfeita do esmalte dentário, ou seja, uma deficiência na qualidade e na
quantidade de esmalte. Pela análise radiográfica o esmalte dentário dos
elementos afetados não é perceptível, em poucos casos, aparece como uma
macha delgada sobre as superfícies interproximais ou oclusais (SOUZA et al.,
2009).

Em alguns casos, essa alteração pode manifestar-se clinicamente como


depressões ou sulcos, ou como ausência total ou parcial da superfície do
esmalte, com exposição de dentina em determinados pontos, condição que
pode levar à sensibilidade dentinária, má oclusão, suscetibilidade a cárie e
estética insatisfatória. A classificação de hipoplasia de esmalte pode ser feita
através da sua etiologia: hereditária, localizada e sistêmica. Na vertente
hereditária, pode transmitida como uma condição dominante ligado ao sexo ou
autossômico dominante. Quando ocorre de uma derivação de fatores locais ou
sistêmicos, pode acometer em ambas as dentições. Nos casos sistêmicos,
envolve-se um grupo de dentes cujo esmalte é formado durante distúrbios
metabólicos, enquanto, nos tipos locais afetam dentes isolados e em diversos
casos, dentes individuais. Existem muitos fatores que podem causar a
hipoplasia, como: deficiências vitamínicas (vitaminas A, C e D); deficiências
nutricionais; resultantes de problemas no nascimento (traumas durante o parto,
parto prematuro); ingestão de medicamentos (tetraciclina, talidomida); sífilis
congênita; traumatismos cerebrais; deficiências neurológicas; fatores
idiopáticos; doenças exantemáticas (sarampo, escarlatina, desnutrição, febre
exantemáticas, varicela, rubéola). A maioria dos defeitos hipoplásicos não
levam a problemas dentários funcionais, com exceção dos casos mais severos
(SOUZA et al., 2009).
O tratamento dessa alteração pode ser necessário por questões estáticas e
dependendo da severidade ou da condição funcional do paciente. Diante disso,
existem diversos protocolos de tratamento a serem realizados, tais como:
clareamento, microabrasão, restaurações estéticas. As restaurações em resina
composta conquistado êxito no tratamento de hipoplasia, uma vez, que
proporcionam um tratamento conservador, estético e funcional em uma única
sessão, minimizando a quantidade de tecido dentário a ser removido em um
dente já comprometido pela alteração no esmalte (SOUZA et al., 2009).

DESENVOLVIMENTO   

A formação do esmalte é um processo complexo realizado por células epiteliais


denominadas ameloblastos, esses expressam um conjunto de genes que
codificam a síntese de proteínas importantes para a formação desse tecido
dentário. (CHAGAS MS, et al., 2007). 

Na dentição humana a amelogênse inicia no útero materno, e desenvolve-se


em três etapas: etapa formativa, quando ocorre a deposição de matriz
orgânica; etapa de mineralização, na qual a matriz é parcialmente mineralizada
e etapa de maturação, onde o esmalte mineralizado sofre processo final de
calcificação, no início o esmalte e branco, opaca e relativamente mole e já na
fase final forma-se um esmalte translúcido e duro. (RIBAS AO, et al., 2004).
 
Os ameloblastos são células muito sensíveis e qualquer fator exógeno ou
endógeno pode facilmente afeta-los e resultar em anomalias no esmalte
dentário. Esses fatores quando ocorrem na fase de formação da matriz, pode
acarretar a parada da produção de esmalte, que depois de maturado,
apresentará uma redução da espessura do esmalte, apresentando uma
mancha branca, opaca e irregular, configurando-se assim uma
hipoplasia. (NEVILLE BW, et al.,1998).
 
A hipoplasia dentaria pode ser decorrente de fatores hereditários, sistêmicos ou
locais. No fator hereditário, pode ser transmitido como um caráter dominante
ligado ao sexo ou autossômico dominante, afetando todos os dentes,
caracterizando outra anomalia de esmalte como amelogênse imperfeita. Nos
casos de origem sistêmica, envolve um grupo de dentes, cujo durante um
distúrbio metabólico o esmalte se formou, já nos casos de etiologia local, afeta
em maioria um único dente. (SHAFER WG .et al., 1987).

Alguns exemplos de fatores que podem ocasionar a hipoplasia do tipo


sistêmica são: complicações durante a gestação ou logo depois do parto;
deficiência de vitamina A C, D, cálcio e fósforo; doenças infecciosas (sífilis,
sarampo, varicela); uso de medicamentos (tetraciclina e talidomida); lesões
cerebrais e defeitos neurológicos. E a hipoplasia etiologia local pode ser
causada por uma infecção periapical ou traumatismo dentário, principalmente
quando ocorre a luxação intrusiva. (LASKARIS, et al., 2000).

O diagnóstico das alterações dentarias se dá por meio de uma anamnese


detalhada, conhecimento do cirurgião dentista a respeito das características e
fatores etiológicos e através do exame clinico minucioso. É indispensável para
o correto diagnostico que o exame clinico seja realizado em condições ideias,
como uma iluminação adequada, limpeza e secagem das superfícies. (PASSO
I.A, et al.,2007).
 
Dentes hipoplasiados são mais susceptíveis a carie dentaria, devido suas
irregularidades em suas superfícies que facilitam a adesão da placa bacteriana,
principal fator causal da doença. (PINHEIRO IVA, et al., 2003) 

Clinicamente, a hipoplasia dentaria apresentam-se com manchas brancas ou


variando do amarelo ao marrom, sulcos e irregularidades. Em sua forma mais
leve, apresenta-se com sulcos horizontais na face vestibular, de coloração
normal, sendo possível identificá-la através de um exame clinico rigoroso. Em
um grau mais severo, as fissuras são mais profundas e proeminentes de
coloração que varia do amarelo pardo ao preto. (PASSO I.A et al., 2007).
Radiograficamente, os defeitos dos esmaltes não são visíveis, ou quando for
possível aparecerá com uma mancha muito delgada sobre a faces oclusais ou
interproximais. (SHAFER WG et al., 1987).

Os defeitos hipoplásicos geralmente não acarretam problemas dentários


funcionais. O tratamento dessa alteração em maioria, são realizados por
questões estéticas e dependendo da gravidade de melhorar as condições
funcionais e psicológicas do paciente, pois pacientes odontopediátricos poderá
apresentar distúrbios psicológicos e comportamentais devido ao seu sorriso
comprometido. (PITHAN JCA, et al., 2002).

Assim, o tratamento dos dentes acometidos pode ser feito, através sessões de
clareamento, restaurações estéticas, microabrasão e coroas artificiais.
(SHAFER WG, et al.,1987).

CASO CLÍNICO

Paciente 10 anos de idade, gênero feminino, acompanhada pela mãe, procurou


atendimento na Clínica do Centro Universitário Católica do Leste de Minas
Gerais (Unileste), com queixa principal de ‘’mancha escurecida no canino
superior e molar inferior’’, porém este já havia fraturado.

Na anamnese, a mãe relatou que a ‘’ mancha escura no dente ‘’ já estava


presente desde a sua erupção. Quanto à história médica da paciente não se
relatou nenhuma alteração sistêmica, porém a mãe biológica diz ter tomado
muitos antibióticos durante a gestação.

Durante o exame clinico intra-bucal observou-se a presença de manchas


escurecidas em tons marrons, irregularidades e porosidade na face vestibular
do elemento 63. Já o primeiro molar inferior, elemento 64 havia somente resto
radicular. Devido os aspectos clínicos, levaram ao diagnostico sugestivo de
hipoplasia de esmalte.
Como plano de tratamento, foi realizado primeiramente o exame radiográfico
do elemento 64 e posteriormente sua extração. Quanto ao elemento 63, para
recuperação da estética, optou-se pela restauração direta com resina composta
com a utilização de matrizes de acetato individualizadas. Incialmente foi
realizada a profilaxia com escova de Robson e pasta de polimento, em seguida
a escolha da cor da resina de acordo com a escala Vitta e a escolha da matriz
de acetato.

Após a escolha da matriz foi realizado ajuste na região cervical para sua
melhor adaptação, com auxílio de uma tesoura. Posteriormente, foi feito o
condicionamento com ácido fosfórico a 37% durante 30 segundos, lavagem e
secagem com o jato de ar, depois a aplicação do adesivo+primer com o
microbrush, seguido de leves jatos de ar e seguidamente outra aplicação.
Prontamente, foi realizado a manipulação da resina cor A1 e A2 e inserida no
interior da matriz, em seguida foi posicionada sobre o dente com uma ligeira
pressão, para escoamento dos excessos do material, e estes foram removidos
com a sonda exploradora n.0 5. Depois foi realizada a fotopolimerização da
resina composta de acordo com as instruções do fabricante, nas faces
vestibular e palatina.

Por fim, foi efetuado os ajustes finais com auxílio de um bisel, checagem da
oclusão, prevenindo contatos pré-maturo e polimento final com discos Sof-Lex
e o kit de acabamento e polimento (Optimize do TDV).

Antes da liberação da paciente, foi reforçado a importância da boa higienização


bucal e o controle da dieta para a manutenção da saúde bucal. Além disso, foi
acordado com a mãe, que a paciente retornasse, após 6 meses para uma
consulta de rotina e limpeza profissional.

CONCLUSÃO
Desta forma, o tratamento restaurador direto com resina composta em molde
de acetato demonstrou-se uma excelente alternativa para o tratamento de
hipoplasia do esmalte, uma vez, que restabeleceu a harmonia entre estética e
função, satisfazendo as expectativas da paciente e propiciando significativo
impacto positivo à sua autoestima.

BATISTA DE SOUZA, J. et al. Hipoplasia do esmalte: tratamento


restaurador estético . Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/0104-
7914/2010/v18n47/a0003.pdf>. Acesso em: 17 maio. 2022.

DIAS MARTINHÃO, L. et al. HIPOPLASIA DE ESMALTE: UMA ABORDAGEM


CLÍNICA CONSERVADORA ENAMEL HIPOPLASIA: UMA ABORDAGEM
CLÍNICA CONSERVADORA . Disponível em:
<https://www.mastereditora.com.br/periodico/20151006_134833.pdf>. Acesso
em: 30 de maio. 2022.

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