Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SÃO PAULO
2007
Refrigeração Comercial
Iniciativa da Nova Técnica Editorial, o material que deu origem a esta publicação foi
editado pela revista Climatização & Refrigeração durante os anos de 2003 a 2006, divulga-
do em fascículos através da Coleção Técnica referente a Refrigeração Comercial.
Trata-se da segunda publicação com este caráter e tem por objetivo levar aos profis-
sionais de refrigeração comercial; que atuam nas áreas de super e hipermercados, lojas de
conveniência, padarias, centrais de carne, entre outras; informações técnicas de qualidade
e de fácil entendimento em linguagem simplificada, para atender um público sem muitas
oportunidades de freqüentar cursos especializados.
A Coleção Técnica aborda temas relacionados a refrigeração, desde os fundamentos
básicos; principais equipamentos e componentes do sistema, até tendências de aplicação
com novos fluidos refrigerantes não halogenados em sistemas diferenciados, além de Boas
Práticas de Utilização e racionalização energética.
Dividida por capítulos, o conteúdo foi desenvolvido por Alessandro da Silva, enge-
nheiro mecânico e pós-graduado em refrigeração e ar condicionado pela Faculdade de Enge-
nharia Industrial – FEI; professor da FEI do curso de pós-graduação em RAC e professor do
Senai do curso de Especialização em Refrigeração Comercial de Supermercados; supervisor
da Engenharia de Aplicaçaão e Treinamento da Bitzer Compressores Ltda; Membro do
Conselho Editorial da Revista Climatização & Refrigeração e da Associação Brasileira dos
Profissionais de Refrigeração e Ar Condicionado - ANPRAC.
O Capítulo VII - Componentes Utilizados no Sistema de Refrigeração, contou com a
colaborou de Sidney Mourão, engenheiro de aplicação e desenvolvimento da Emerson Cli-
mate Technologies, graduado pela FEI. Possui larga experiência em refrigeração comercial e
ministra treinamentos e palestras técnicas por todo o Brasil.
CAPÍTULO V Condensadores
5.1 Ciclo de Operação .......................................................................................... 59
5. 2 Tipos e Funções ............................................................................................ 62
CAPÍTULO I
FUNDAMENTOS DA REFRIGERAÇÃO
Introdução
1.1 Calor
Através do tato é possível sentir quando um objeto está frio, como uma pedra de gelo
ou uma garrafa de cerveja gelada, ou quando alguma coisa está quente como uma xícara de
café ou um prato de sopa. No frio, nos agasalhamos com roupas grossas e, no calor usamos
roupas leves. Esta sensação de quente ou de frio que percebemos é o que constitui a base para
entender a refrigeração.
O que é calor? Vimos que através do tato é possível perceber quando um objeto está
quente ou está frio. Assim, quando uma pessoa toma um banho de chuveiro percebe através
da pele se a água está fria ou quente .
Em contato com a água fria ou quente, a temperatura de nosso corpo serve de compa-
ração para estabelecer se existe ou não uma diferença de temperatura: a temperatura da água
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 9
está mais quente ou mais fria que a temperatura do corpo? Mais adiante, teremos a opor-
tunidade de conhecer detalhes sobre calor e temperatura. Quando dizemos que a água do
banho está fria, isto significa que em nosso corpo o calor está presente de forma mais intensa
que na água. Ou seja, existe uma diferença de temperatura entre eles. Ao entrar em contato
com a água fria, por exemplo, o calor do corpo passa, ou seja, transfere-se para a água. Isto
mostra que está ocorrendo uma transferência de calor do corpo quente para a água fria. A
partir do exemplo acima, podemos tirar algumas conclusões:
- A transferência de calor acontece sempre do calor mais quente para o corpo mais frio.
- A transferência de calor acontece somente quando existe uma diferença de temperatura
entre os corpos.
- O corpo mais frio retira, ou seja, remove o calor do corpo mais quente até que a tempera-
tura entre eles se equilibre.
É importante fixar bem estas noções de transferência de calor, remoção de calor e di-
ferença de temperatura, pois elas estão na base de toda a refrigeração. Para fixar ainda mais
estas noções, vamos dar mais alguns exemplos de transferência e remoção de calor. Observe
que um objeto quente junto com um objeto frio fica com a mesma temperatura após certo
tempo. Aos poucos, o calor de um passa para o outro. Experimente, por exemplo, misturar
uma porção de água quente com outra porção igual de água fria. Em pouco tempo é per-
ceptível que já não há uma sensação de frio ou de quente, mas uma sensação de morno, pois
houve um equilíbrio de temperatura devido à transferência de calor da água quente para a
fria. Experimente também tocar com a palma da mão uma chapa metálica qualquer à tem-
peratura ambiente. No começo existe uma sensação de frio que logo desaparece. Por quê?
Porque ocorreu transferência de calor da mão para a chapa fria fazendo com que mão e chapa
metálica ficassem com a mesma temperatura. Ou dito de outra maneira, ocorreu remoção de
calor devido à diferença de temperatura entre a mão e a chapa fria. Em cada um destes exem-
plos ocorreu o mesmo fenômeno: devido à diferença de temperatura, o calor foi removido do
corpo quente e transferido para o corpo frio. Agora que já está claro o que é transferência e
remoção de calor entre os corpos devido à diferença de temperatura, podemos definir calor:
Calor é uma forma de energia que passa de um corpo para outro
devido à diferença de temperatura entre eles.
Calor é uma forma de energia. Mas que forma de energia é esta? Quais os efeitos que
ela produz? Pois bem, o calor é energia térmica, que somente se manifesta e é percebida
quando passa de um corpo para outro devido à diferença de temperatura. Por isso é que ca-
lor pode ser definido também como energia em transição ou em trânsito de um corpo para
outro devido à diferença de temperatura.
Calor = energia térmica
Mas o que tem a ver calor com refrigeração? Na refrigeração, o calor é fundamental
e tem aplicações práticas. Por exemplo, como um refrigerador conserva os alimentos? Mais
10 C O L E ÇÃO T É C N I CA
à frente veremos que para conservar os alimentos é preciso transferir parte do calor destes
alimentos para o ambiente externo. Ora, isto só é possível porque o homem aprendeu a
dominar as técnicas de remoção do calor de um corpo para outro pela diferença de tempe-
ratura. O que é frio? Antes de responder esta pergunta, experimente passar um pouco de
álcool na pele. A sensação de frio que você percebe é por causa da diferença de temperatura
entre pele e o álcool. Como a temperatura da pele é mais alta que a do álcool, ao evaporara-
se na superfície da pele, o álcool remove calor do corpo causando uma sensação de “frio”.
Também quando se lava o rosto com água fria, sente-se por algum momento uma sensação
refrescante. A água fria em contato com o rosto faz com que ocorra a transferência de calor
da pele para a água. Com estes dois exemplos, é possível definir que:
“Frio” é a ausência relativa de calor num corpo ou num ambiente.
De fato, o que comumente se chama frio é apenas a ausência relativa de calor. Ou seja,
um corpo mais quente cede calor para um corpo menos quente. Por isso, no estudo da física
aprendemos que o frio não existe; o que existe é a ausência relativa de calor. E como calor é
a mesma coisa que energia térmica, podemos dizer também que o frio é ausência relativa de
energia térmica. Ausência relativa porque a energia térmica está presente, potencialmente,
em qualquer temperatura acima de zero absoluto, ou seja, acima de 273ºC negativos. Portan-
to, podemos dizer que existe energia térmica num bloco de gelo a uma temperatura de 50 ºC
abaixo de zero. Já em 273ºC negativos (zero absoluto), os cientistas supõem que não exista
energia térmica; o que é a mesma coisa dizer que em 273ºC negativos a ausência de calor
é absoluta. Vamos abordar este assunto, quando estudarmos com mais detalhes as escalas
termométricas.
Esta noção de frio como ausência relativa de calor é importante para a refrigeração.
Pois, se o calor, mesmo numa temperatura abaixo de 0 ºC, está presente em qualquer corpo,
é possível produzir o “frio” de maneira controlada. Ou seja, pode-se diminuir a temperatura
do interior de um equipamento de refrigeração pela transferência de calor. Por exemplo, a
temperatura das prateleiras de um refrigerador fica em torno de 5ºC; já a temperatura de um
freezer convencional pode chegar a temperaturas de 18ºC a 30 ºC abaixo de zero, possibili-
tando o congelamento dos alimentos.
Processos de transferência de calor
Através da remoção e transferência de calor devido à diferença de temperatura, onde
um corpo mais quente transfere calor para um mais frio, os processos de transferência de
calor são feitos em três modos:
- Irradiação: é a transferência de calor de um corpo quente para um corpo frio, sem
o contato direto desses corpos. Podemos citar como exemplo a irradiação solar, cujo sol é a
fonte irradiadora. Os raios solares se propagam pelo vácuo e atingem a superfície terrestre,
que absorve a energia solar. O corpo humano também pode ser considerado um contínuo
irradiador de calor, onde o efeito da irradiação do calor das pessoas se propaga em ondas
pelo ambiente.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 11
1.2 Temperatura
O calor é uma forma de energia que se transfere de um corpo para outro mediante
três processos que são a irradiação, a condução e a convecção. Agora aprenderemos o que é
temperatura e como ela se relaciona com o calor e a pressão. Como o calor, a temperatura
é um fator importante na refrigeração, pois do seu controle depende a produção artificial
do frio. O que é temperatura? A temperatura é a intensidade de calor ou o nível de calor
de uma substância. Somente a temperatura não é possível indicar a quantidade de calor de
uma substância, ela indica somente o nível de calor, ou o quanto “quente” ou “frio” o corpo
ou a substância se encontra. Na teoria, a temperatura indica a velocidade de movimentação
(agitação) das moléculas. Por exemplo, um pequeno pedaço de tubo de cobre pesando algu-
mas gramas é aquecido até 727ºC não contém tanto “calor” quanto 5Kg de cobre aquecido
a 140 ºC. Porém seu “nível de calor é maior”, ou seja, sua “intensidade de calor” é maior.
Definimos então que:
12 C O L E ÇÃO T É C N I CA
1.3 Pressão
A pressão atmosférica é um fator que influencia até mesmo o corpo humano. Pesso-
as que têm pressão baixa, por exemplo, sentem-se bem vivendo em regiões montanhosas,
porque a pressão sanguínea se equilibra e normaliza. Já os indivíduos com pressão alta pre-
ferem as regiões litorâneas, onde a pressão atmosférica é alta, o que faz com que a pressão
sanguínea se normalize. E na refrigeração? A pressão atmosférica exerce alguma influência?
Tem alguma aplicação prática? Você verá mais à frente que nos equipamentos de refrigera-
ção existem certos mecanismos de controle de temperatura, como termostato, pressostato,
válvula de expansão, etc. dependendo da altitude em que estiverem operando, todos estes
mecanismos sofrem influência da pressão atmosférica. Mas o que vem a ser pressão atmos-
férica? O globo terrestre é envolvido por uma camada de ar de cerca de 965 km de altura.
Essa altura é medida a partir do nível do mar. A camada de ar que forma a atmosfera exerce
pressão sobre a superfície da Terra. E qual seria o valor dessa pressão? Como você verá a
seguir, a pressão atmosférica normal é de aproximadamente 1kgf em cada cm2, ao nível do
mar. Portanto, a pressão atmosférica pode ser assim definida:
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 13
Medidas de pressão
A pressão atmosférica é obtida mediante a aplicação da seguinte fórmula:
P = kgf/cm2
Onde:
P= pressão
Kgf= força
cm2 = área
Observações – A pressão atmosférica normal é aproximadamente de 1,03kgf em cada
cm ao nível do mar. Ora, como se chegou a essa medida? Evangelista Torricelli chegou ao
2
14 C O L E ÇÃO T É C N I CA
vácuo
100 cm
h= 76 cm
Pressão do ar
Pressão do ar
Pressão do ar
Hg
Hg
°C °F
Temperatura 132 270
121 250
de ebulição
110 230
da água
na pressão 99 210
88 190
atmosférica 76 170
66 150
54 130
43 110
32 90
27 80
21 70
16 60
10 50
1 34
0 5 10 15 20 25 30 35 40 psra
19.74 11.6 0 5 10 15 20 25 30
psi
Ponto de 29.92
congelamento Vácuo em polegadas de Hg Pressão atmosférica
A este valor atribuiu 1 atm, ou seja, 1 atmosfera, que equivale aproximadamente a 1,03
kgf/ cm2. Por quê? Porque 1 cm2 de mercúrio é igual a 13,6g. Portanto, para saber o peso
(massa) da coluna de mercúrio de 76cm, basta multiplicar 76 cm por 13,6. O resultado é igual
a 1,03kg:
Sendo:
1 atm =1 atmosfera
1 atm =1,03 kgf/ cm2
1 atm =76 cm de mercúrio ou 760 mmHg
1 atm = 14,7 psig
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 15
16 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Condensador
Evaporador
Câmara
Temperatura
Controle do
refrigerante Compressor
Vapor em baixa
Temperatura
Isolação interna Vapor em alta
Térmica Líquido em baixa
Tanque Líquido em alta
de líquido
a contribuição do calor fornecido pelo carvão incandescente, utiliza vapor à alta pressão
o qual, após ter dado o movimento dos êmbolos, se resfria e condensa antes de voltar à
caldeira. O ciclo água-vapor-água se aproxima a um ciclo fechado, mesmo que as grandes
perdas pedem que a locomotiva disponha de uma reserva de água. Um ciclo termodinâmico
verdadeiramente fechado é aquele das máquinas de refrigeração, cujo trabalho consiste em
efetivar um transporte de calor mediante a periódica transformação das condições de uma
quantidade definida de um fluido refrigerante que percorra um circuito do qual não pode
fugir. O propósito das transformações é aquele de absorver calor do compartimento a ser re-
frigerado e transferi-lo para o exterior. Para fazer isso, utiliza-se a propriedade dos fluidos de
absorver e devolver calor (isto é, variar o próprio conteúdo térmico) segundo as condições de
pressão e de temperatura às quais estão sujeitos. Utilizam-se também as fases de mudança de
estado (evaporação e condensação) no decorrer das quais tal propriedade é particularmente
evidenciada (grandes quantidades de calor latente absorvido ou devolvido no momento da
mudança de estado).
A Figura 04 mostra um sistema de refrigeração de um refrigerador elementar onde
o mesmo é constituído por um ambiente isolado (câmara) e por um circuito selado que
conecta os vários componentes. Neste exemplo o circuito é dividido por duas partes: alta e
baixa pressão.
- A seção de alta pressão começa na válvula de descarga do compressor, atravessa o
condensador, o tanque de líquido e acaba num “estrangulamento” da passagem do
fluido refrigerante realizado por meio de uma válvula de expansão (a Figura 04 não
mostra a válvula - somente o controle do refrigerante). O compressor, o condensador
e o tanque de líquido são externos ao ambiente a ser refrigerado (câmara).
- A parte de baixa pressão começa da saída da válvula de expansão (controle de refri-
gerante), atravessa o evaporador e termina na válvula de aspiração do compressor. O
evaporador é posto no interior da câmara.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 17
18 C O L E ÇÃO T É C N I CA
CAPÍTULO II
PRINCIPAIS COMPONENTES DO SISTEMA DE
REFRIGERAÇÃO
Introdução
O compressor desempenha papel fundamental nos ciclos de refrigeração. Pode-se dizer que
o compressor é o coração do sistema, e que dele depende um bom ou mau desempenho do ciclo.
Entre os diversos papéis do compressor no ciclo de refrigeração, podemos citar:
- Reduz a pressão na saída do evaporador, até a correspondente temperatura de evapo-
ração requerida pela instalação;
- Aumenta a pressão do refrigerante, até a correspondente temperatura de condensação
requerida pela instalação;
- Movimenta o fluido refrigerante através da tubulação e dos componentes individuais
do sistema.
Existem cinco tipos de compressores em uso na indústria de refrigeração e ar condi-
cionado:
- Alternativo;
- Scroll;
- Rotativo;
- Parafuso;
- Centrífugo.
O tipo do compressor a ser utilizado numa dada aplicação dependerá, entre outras
coisas, do tamanho do sistema frigorífico, da carga térmica requerida da instalação, custos de
investimento, gastos com manutenção, consumo de energia elétrica, nível de ruído, etc. Além
disso, cada instalação frigorífica possui sua característica própria, cujo tipo de compressor a
ser utilizado irá depender exclusivamente das exigências específicas de cada projeto.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 19
Válvulas
Guarnição Placa de válvulas
Anéis PMS
S
Cilindro
PMI
Pistão
Pino do pistão
Haste
Biela
D = diâmetro do cilíndro
S = curso do pistão
PMS = ponto morto superior
PMI = ponto morto inferior
Virabrequim
20 C O L E ÇÃO T É C N I CA
- Pistão no PMS (Ponto Morto Superior) - Pistão no PMI (Ponto Morto Inferior)
- Válvulas fechadas PMS PMS - Válvula de admissão aberta e a de descarga ainda
- Fim da descarga, início da re-expansão dos vapores PMI PMI fechada
comprimidos no espaço entre a placa de válvula e a - Processo de admissão encerrado com os vapores
superfície do pistão (espaço nocivo) prontos para a compressão
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 21
Figura 05 - Partes principais dos compressores Scroll Figura 06 - Funcionamento de um compressor Scroll
Espiral fixo
Descarga
Espiral fixo
Gás da Espiral
sucção orbitante 4 5
Espiral orbitante
Espiral estacionário Espiral móvel
A B Valor em baixa pressão Valor em alta pressão
22 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 07 - Partes principais dos compressores rotativos Figura 08 A - Compressor parafuso semi-hermético
Vapor em
baixa pressão
Vapor em
alta pressão Carcaça
Descarga Cilindro
Excêntrico
Palheta
Rolete
Eixo
Sucção
Descarga Descarga
Palheta Palheta
Descarga Descarga
Palheta Palheta
Sucção Sucção
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 23
Saída da Saída da
descarga descarga
Entrada B D
sucção Saída sucção
A
Entrada sucção Entrada sucção
12 13 ø 6 mm(1/4”)
1. Compressor parafuso
2. Filtro de óleo
3. Fluxostato de óleo 11
4. Válvula solenóide de óleo
5. Visor de óleo 1
6. Separador de óleo
7. Bóia de nível de óleo
4 6
8. Termostato
9. Resistência de aquecimento do óleo
5
10. Resfriador de óleo FZ
3
11. Válvula de retenção
7
12. Válvula solenóide de
equalização de gás 2
9 8
13. Válvula de serviço 10
culas sólidas. Ao atravessar o motor elétrico (resfriado pelo gás de sucção), o vapor refrige-
rante se dirige até os fusos (macho e fêmea) onde começa a compressão. Durante a rotação
dos fusos, o volume de fluido refrigerante se reduz aumentando a sua pressão. Quando o
gás chega ao extremo direito dos fusos, o mesmo é empurrado até a câmara de descarga.
Os eixos do compressor têm rolamentos do tipo cilíndricos e esféricos para suportarem os
esforços axiais e radiais provocados durante o processo de compressão. Esta é a razão de que
a direção de rotação deve ser sempre a correta, se não os rolamentos se danificam. O com-
pressor parafuso trabalha com uma rotação elevada, através de um motor de 2 pólos (60 Hz)
consegue alcançar uma rotação em torno de 3600 rpm. O óleo exerce papel fundamental no
compressor parafuso, pois além de lubrificar, também faz o resfriamento e o selamento entre
os fusos (macho e fêmea), conforme a Figura 09. O Fluxograma de um compressor parafuso
com separador e resfriador de óleo pode ser visto na Figura 10.
Compressor centrífugo: os compressores centrífugos surgiram por volta de 1910, ten-
do sido Leblanc, engenheiro francês que fez as primeiras tentativas de usar os primitivos
compressores deste tipo para produção de frio. Porém somente com o aparecimento dos
24 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 25
CAPÍTULO III
SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
Alguns dos sistemas de refrigeração comercial que iremos abordar, utilizados princi-
palmente nos supermercados, tratarão das várias possibilidades de se trabalhar com com-
pressores em paralelo do tipo alternativo de simples e de duplo estágio, e também os sistemas
booster. A operação de compressores em paralelo é tão divergente que impossibilita generali-
zar o assunto. Esta abordagem não visa tomar partido nesta discussão, e a escolha de um ou
outro tipo de projeto depende exclusivamente das exigências específicas de cada aplicação.
O sistema com diversos compressores ligados em paralelo é uma solução moderna de
refrigeração, que visa inúmeras vantagens técnico - econômicas aplicadas para instalações de
médio e grande porte. Consiste basicamente de dois ou mais compressores ligados ao mesmo
circuito frigorífico, os quais poderão funcionar todos simultaneamente ou parte deles, con-
forme a demanda de frio necessário. As justificativas pela adoção do sistema são diversas. Pri-
meiramente, para diminuir o número de compressores sem que se deixe a instalação parada,
no caso de defeito em algum deles, ou seja, a instalação pode prosseguir seu funcionamento
normal durante o tempo que estiver efetuando qualquer conserto. Pode haver algumas limi-
tações, mas sem colocar em risco a continuidade da perfeita conservação dos produtos. Uma
das razões que influi na opção do sistema paralelo se deve a variação da carga térmica verifi-
cada na grande maioria das instalações de refrigeração. De um modo geral, fica muito difícil
saber com exatidão a necessidade instantânea de frio requerido por uma instalação. Devem
ser levados em conta aspectos operacionais, tipo de produto, rotatividade, condições dos pro-
dutos a armazenar, fatores estes nem sempre conhecido pelo interessado da instalação.
Os cálculos são feitos de acordo com orientação técnica para atender a demanda má-
xima de frio. Isto quer dizer que, nos dias mais quentes do ano a instalação deverá prosse-
guir seu funcionamento sem comprometer os produtos conservados. É importante destacar
que apenas 5 a 10% do tempo é que ocorre a carga térmica máxima. Durante o restante
do tempo (90 a 95%) ocorre funcionamento com grande ociosidade do equipamento. Os
ciclos das estações do ano, dos dias e noites, associados aos aspectos meteorológicos e opera-
cionais tornam a carga térmica ou a necessidade de frio amplamente variável. Acompanhar
esta variação de necessidade de frio é uma tarefa difícil para as instalações convencionais.
Normalmente, isto é conseguido variando o regime de funcionamento com um desperdício
muito grande de energia elétrica.
Em resumo, nestas instalações a ociosidade dos equipamentos durante os períodos de
pequena carga térmica não é apropriada e, pelo contrário, acaba elevando os custos operacio-
nais. Porém, o inverso é verificado em instalações equipadas com compressores em paralelo.
26 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 27
28 C O L E ÇÃO T É C N I CA
ter a eficiência do separador de óleo, conseqüentemente faltará óleo para os cárteres dos com-
pressores. É essencial um isolamento eficaz do separador para evitar resfriamento excessivo
(perda de eficiência do separador), ou mesmo condensação em cargas parciais.
Figura 02: Sistema paralelo de compressores com separador de óleo comum e equalização
Figura 03: Detalhe da equalização de óleo e gás entre os cárteres dos compressores
Legenda
1- Adaptador de conexão de equalização de gás 9- Retorno de óleo, separador de óleo
2- Linha de equalização de gás 10 - Válvula de retenção
3- Adaptador de conexão de equalização de óleo 11 - Coletor de sucção
4- Linha de equalização de óleo 12 - Linha de sucção para os compressores
5- Válvula de bloqueio da equalização de gás 13 - Pressostato de óleo
6- Válvula de bloqueio da equalização de óleo 14 - Filtro da linha de sucção
7- Linha de descarga 15 - Linha de equalização entre as
8- Separador de óleo câmaras de sucção
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 29
30 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 04 – Projeto coletor de sucção – dois compressores Figura 05 – Projeto coletor de sucção – três compressores
em paralelo em paralelo
Figura 06 - Projeto coletor de sucção – quatro compressores Figura 07 - Projeto do coletor de descarga com separador de
em paralelo óleo individual
Figura 08 - Projeto do coletor de descarga com separador de Figura 09 - Regulador de nível de óleo
óleo comum
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 31
Figura 12 - Projeto do coletor de descarga com separador Figura 13 - Projeto do coletor de descarga com separador &
pulmão de óleo e reguladores de nível de óleo (sistema de alta
pressão)
32 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Válvula de 3 vias
Regulador pressão
Satélite Alta
Coletor de sução
Satélite Baixa Regulador nível óleo
Válvula de retenção
Linhas de óleo
Alta pressão
Pressão reduzida
Equalização
do sistema. No caso de sistemas com compressor satélite de baixa pressão, uma válvula de
retenção é necessária na linha de equalização entre o compressor satélite e o resto do sistema
para evitar que este compressor inunde com óleo. No caso de compressor satélite de alta
pressão, observe que o mesmo não possui linha de equalização.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 33
Dois - estágios
Compressor
+ Sistemas Sistemas com
Compressor
Compressores
Composto
Compostos
Internamente
Externamente
Modo de Operação
Sub-resfriador
Sub-resfriador
Comum
Sub-resfriadores Comum Sub-resfriador
Combinação
Individuais Sistema Comum
com sistema
Integrado
de média
temperatura
34 C O L E ÇÃO T É C N I CA
(*) Não conectar o equalizador de pressão [7] diretamente ao cárter, perigo de fortes variações de pressão e falhas na alimentação do óleo.
(*) Não conectar o equalizador de pressão [7] diretamente ao cárter, perigo de fortes variações de pressão e falhas na alimentação do óleo.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 35
13 13 11 -Sub-resfriador de líquido
13
12 - Válvula de expansão (evaporador)
13 - Evaporador
12 12 12 14 - Válvula de expansão (sub-
resfriador)
(*) Não conectar o equalizador de pressão [7] diretamente ao cárter, perigo de fortes variações de pressão e falhas na alimentação do óleo.
tampa do motor para evitar a migração de óleo nos compressores que estiverem desligados. A
equalização de pressão entre o pulmão e o cárter não será permitida, pois o lastro adicional
de gás poderá provocar uma forte variação da pressão e consequentemente ocorrerá problemas
com o sistema de controle de óleo e falhas na lubrificação do compressor. As bóias de óleo
[8] construídas para um diferencial de pressão de 6,5 bar (90 psig) oferecem uma maior se-
gurança contra passagem interna de óleo. Com relação a este fato, recomenda-se a instalação
de uma válvula solenóide operando em conjunto com o compressor. Dessa forma reduz-se o
risco de passagem interna de óleo nos longos períodos de parada do compressor. Além disso, a
vantagem da operação com períodos iguais de funcionamento também tem um efeito positivo
sobre a vida útil dos compressores. Na operação em paralelo com compressores de construção
deferente (por exemplo: combinação de 4 e 6 cilindros), a equalização do gás do pulmão [6*]
pode ser uma vantagem conectá-la na linha de sucção. Devido às pequenas variações das pres-
sões intermediárias, pode-se gerar uma diferença de vazão entre os compressores que conduzirá
ao mau funcionamento da válvula de expansão, acarretando dificuldades para a migração do
óleo. Com a equalização do gás do pulmão diretamente na sucção, não será necessário instalar
o coletor de equalização entre os compressores. A válvula reguladora de pressão [5] deve ter
um diferencial de aproximadamente 1.4 bar (20 psig) acima da pressão intermediária. Nesse
caso, o diferencial de pressão entre o pulmão [4] e o cárter (pressão intermediária) não poderá
ser controlado, esse método é uma desvantagem nesse tipo de sistema.
O diferencial entre a sucção e a pressão intermediária, dependendo das condições de
operação, pode ter uma grande variação através da válvula reguladora de pressão [5], ocasio-
nando uma sobre pressão na entrada do óleo ao cárter pela bóia [8]. Um baixo diferencial
de pressão pode ocasionar uma alimentação inadequada de óleo, um valor alto pode resultar
numa transvasagem de óleo ao cárter do compressor (devido ao aumento da força necessária
para ocasionar o fechamento da bóia), com isso corre-se o perigo de inundação de óleo no
36 C O L E ÇÃO T É C N I CA
cárter. A instalação de bóias com ajuste do nível de óleo e as que também são projetadas
para um diferencial de pressão de 6,5 bar (90 psig), são essenciais nesse tipo de aplicação. As
válvulas solenóides (exibidas em linhas tracejadas nas ilustrações) instaladas nas linhas in-
dividuais de injeção de óleo, devem bloquear a entrada de óleo quando o compressor estiver
desligado, o que contribui muito no aspecto de segurança.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 37
38 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 20 - Sistema paralelo com um sub-resfriador de líquido comum combinado com um sistema de média temperatura de
evaporação com compressores de simples estágio 1 - Compressor de duplo estágio
2 - Compressor de simples estágio
9 3
3 - Separador de óleo
4 - Pulmão de óleo
5 5 - Válvula reguladora de pressão*
6
6 - Linha de equalização da pressão
5 2 do pulmão*
2 8 8 2 8 7 - Linha de equalização de pressão
entre os compressores*
8 - Bóia (projetada para 6,5 bar
diferencial de pressão)
9 - Condensador
5 1 1 1
4 10 - Válvula de expansão (injeção de
5 8 refrigerante / sub-resfriador)
11 TC TC TC 8 11 -Sub-resfriador de líquido
7 7
12 - Válvula de expansão (evaporador)
TC 5
13 - Evaporador
14 - Válvula de expansão (sub-
14 resfriador)
(*) Não conectar o equalizador de pressão [7] diretamente ao cárter, perigo de fortes variações de pressão e falhas na alimentação do óleo.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 39
Esses sistemas, conforme Figura 20, são identificados por um sub-resfriador combinado
com um circuito de média temperatura. O sub-resfriador [11] é conectado na linha de líquido
do circuito de baixa temperatura, portanto, o lado do evaporador fica conectado ao sistema
vizinho. Semelhantes aos métodos descritos anteriormente; uma maior diferença de entalpia
(capacidade de refrigeração) também é alcançada através de um dado fluxo de massa.
A capacidade requerida do sub-resfriador é assumida pela parcela do resfriamento de
média temperatura e deve ser considerada quando for calculada. Este circuito opera com
maior eficiência devido à maior temperatura de evaporação. A eficiência total (de ambos os
sistemas) pode ter um resultado significativamente maior. A vantagem desse sistema é que
a construção das unidades com compressores duplo estágio é semelhante com a versão de
unidades sem o sub-resfriador. Além disso, a posição do sub-resfriador não está vinculada
com a posição do compressor/sala de máquina. No entanto, uma das condições importantes
para a operação satisfatória desse tipo de combinação é manter uma carga térmica constante
no sistema de média temperatura. Quando este circuito for desligado, o sub-resfriador no
circuito de baixa temperatura não terá efeito, resultando-se em uma capacidade insuficiente
no sistema de baixa temperatura. Fortes flutuações da temperatura do líquido podem tam-
bém prejudicar a operação da válvula de expansão e do evaporador.
* Quando necessário
40 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 22 - Sistema com compressores combinados em dois estágios (compressores de simples estágio em série) com o
sub-resfriador de líquido
1 - Compressor de baixa pressão (Booster)
3 2 - Compressor de alta pressão
9
3 - Separador de óleo
8 8 4 - Pulmão de óleo
5 - Válvula reguladora de pressão (1.4 bar)
5
4 2 2 6 - Linha de equalização da pressão
6
7 - Bóia (projetada para 6,5 bar diferencial
de pressão, com ajuste do nível de óleo)
7 1 7 1 7 1 8 - Bóia (normal ou igual a do item 7)
TC
11 9 - Condensador
10- Válvula de expansão (injeção de
10 refrigerante)
11- Sub-resfriador de líquido
13 13 15
12- Válvula de expansão (evaporador de
TC TC TC baixa pressão)
13- Evaporador (baixa pressão)
12 12 14 14 -Válvula de expansão ( evaporador de
alta pressão)*
15- Evaporador (alta pressão)*
* Quando necessário
peratura de evaporação não são recomendados para operarem com esse método devido ao
esforço relativamente maior comparado aos compressores de duplo estágio.
Este tipo de sistema também é controvertido, dependendo da quantidade de refri-
gerante, a taxa de circulação de óleo poderá aumentar devido à forma construtiva desses
dois circuitos. É possível também que uma falha desses dois sistemas possa ter um efeito ao
circuito vizinho. Portanto, cuidados especiais são necessários no gerenciamento do sistema,
pois ele é relativamente problemático devido às variações de cargas térmicas.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 41
óleo nas bóias deverá ser ajustado de modo que permaneça dentro dos limites permitidos
sobre todas as condições de operação que poderão ocorrer (1/4 à 3⁄4 do visor de óleo).
Como medida adicional de segurança é recomendada que seja instalada uma válvula sole-
nóide para cada injeção de óleo. Esta válvula deverá ser desligada juntamente com o motor
do compressor.
Compressor 1 Compressor 3
Condensador
Compressor 2
Ponte de óleo Reservatório de líquido
Retificador de óleo
Congelados - linhas de líquido
42 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 24 - Sistema Integrado de refrigeração com três temperaturas de evaporação (congelados, resfriados e ar condicionado)
Gás quente para degelo
Retorno condensado (gás quente) Acumulador de água quente VS
SO
Linhas de sucção Linhas de sucção Linhas de sucção
regime booster regime 2 regime 3
VS
VL
SO
VPC
VE
VE VS - válvula solenóide VE
VE
VS VE - válvula de expansão termostática Filtro de líquido
VPC- válvula de pressão constante
Sub-resfriador de líquido (booster)
VL - visor de líquido
SO - separador de óleo
- válvula de serviço
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 43
sua carga térmica aos compressores 3 e 4, sendo que esses últimos recebem também a carga
térmica dos ambientes refrigerados. A lubrificação dos compressores é extremamente crítica
e portanto, requer do fabricante um domínio total na arte da refrigeração.
Na Figura 24 temos outro sistema integrado de refrigeração em booster com 03 tem-
peraturas de evaporação: regime 1 (congelados – booster), regime 2 (resfriados – média tem-
peratura), regime 3 (ar condicionado – alta temperatura). Este equipamento trabalha com
degelo a gás quente (com vapor superaquecido), o retorno do condensado entra na etapa in-
termediária, ou seja, na sucção do regime 2. O sistema de equalização de óleo é feito através
do princípio dos vazos comunicantes entre os cárteres dos compressores e a linha de líquido
é sub-resfriada.
44 C O L E ÇÃO T É C N I CA
CAPÍTULO IV
EVAPORADORES
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 45
Figura 04 - Detalhe do superaquecimento na saída do Figura 05 - O ponto "X" indica a última gotinha do líquido.
evaporador, necessário para evitar que o compressor Deste ponto até o bulbo da válvula é justamente o que
succione o líquido chamamos de superaquecimento útil controlado pela válvula
de expansão
Tanque Calor
de líquido Válvula de expansão
- Líquido em alta pressão termostática
Vapor em alta pressão - Mistura líquido + vapor em baixa pressão
Condensador Vapor em baixa pressão - Vapor em baixa pressão
Sub-resfriamento Líquido em alta pressão
Pressão
A1 A E D
Expansão
Pd
Linha de líquido
C C1 Linha de sucção Evaporador
Ps
B Entalpia
Calor Superaquecimento Psuc Tsuc
“X”
Evaporador
porção que evapora na válvula de expansão, para reduzir a temperatura do refrigerante à tem-
peratura de evaporação de projeto. Assim, permite a evaporação do refrigerante no interior do
evaporador e o controle do superaquecimento do refrigerante na saída do evaporador, confor-
me é visto nas Figuras 04 e 05. Neste processo, na parte final da serpentina ocorre somente
troca de calor sensível, o que diminui um pouco a eficiência do evaporador. Para melhorar
sua eficiência, conta com um ou vários ventiladores acoplados que aspiram ou descarregam o
ar sobre a superfície aletada, lançando-o novamente no ambiente, retirando calor do produto,
paredes, etc. Proporciona melhor distribuição do ar que o estático (convenção natural), com o
que se tem uma temperatura mais uniforme, além de melhor transferência de calor. As Fotos
01 e 02 mostram um forçador de ar que dispõe de uma serpentina no interior da qual passa
o refrigerante, aletas para aumento da área de transferência de calor, ventiladores destinados
à circulação do ar, pontos para fixação e resistências para o degelo.
Foto 01: Detalhe das resistências elétricas para degelo Foto 02: Detalhe dos ventiladores
46 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Qo = U . S. ∆Tm
onde:
Qo = quantidade de calor (carga térmica)
U = coeficiente global de transferência de calor
∆Tm = diferença logarítmica de temperatura
A área de troca de calor (S) deveria ser tomada como critério para análise da perfor-
mance do evaporador, calculada a partir da equação básica de transferência de calor onde
Qo é a carga térmica a ser retirada, U é o coeficiente global de transferência de calor e
∆Tm, a diferença logarítmica de temperatura. No entanto, por questão de simplicidade,
os fabricantes utilizam a diferença de temperatura de evaporação e a do ar de retorno rela-
cionando-a com a carga térmica, em que uma interpretação menos rigorosa poderá levar a
um modelo inadequado para o objetivo proposto. Recomenda-se conservar esta diferença
Tabela 01 – Efeito de parâmetros de projeto e operacionais sobre as condições do ar na saída de uma serpentina de refrigeração
Efeitos sobre as condições do ar na saída Capacidade de
Parâmetro aumentado Valores típicos
Temperatura Umidade refrigeração
Depende da capacidade
Área de face diminui diminui aumenta
de refrigeração
Nº de fileiras diminui diminui aumenta 4a8
Espaçamento
diminui diminui aumenta 150 a 300 aletas/m
entre aletas
Vazão de ar aumenta aumenta aumenta Velocidade de face 2 a 4 m/s
Temperatura do 3ºC a 8ºC inferior à temperatura
aumenta aumenta diminui
refrigerante do ar na entrada do refrigerante
Tabela 02 – Diferenças típicas entre as temperaturas do ar na entrada do evaporador e do refrigerante para distintas aplicações
Aplicação (∆t = ti – te )
Abaixo do ponto de congelamento Armazenamento e túneis de congelamento 5,5 a 6,5ºC
Baixa umidade 11 a 17ºC
Acima do ponto de congelamento Umidade elevada 2,2 a 4,4ºC
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 47
a um menor valor possível, conforme a Tabela 02. Uma diferença muito grande promove
a desumidificação exagerada do ar com a conseqüente maior perda de peso do produto, e
maior consumo de energia do compressor. Há que se analisar os custos de investimento em
um maior evaporador versus os custos operacionais, que incluem energia e perda de peso do
produto ao longo do período de vida útil do sistema frigorificado. O evaporador, a fim de
realizar convenientemente a fase de evaporação, deve possuir os seguintes requisitos:
- Uma superfície de troca de calor bastante ampla;
- Seções internas tais que não criem excessivas resistências na passagem do refrigerante
para reduzir ao máximo as perdas de carga;
- Uma estrutura apta a resistir às pressões que o refrigerante exerce no interior, especial-
mente quando o equipamento encontra-se parado. Neste caso o fluido está sujeito à tempera-
tura ambiente em cada ponto do circuito e isso aumenta a pressão de modo muito sensível.
Quando se trata do efeito de condições operacionais sobre o desempenho da serpentina,
o projetista de um evaporador e seu operador podem atuar sobre os seguintes parâmetros:
- A área de face da serpentina, que é a área total de escoamento do ar que penetra na
serpentina – é importante notar que se trata da área total, correspondendo ao produto do
comprimento pela altura da serpentina;
- Número de fileiras de tubos em profundidade;
- Espaçamento entre aletas;
- Vazão de ar e sua velocidade;
- Temperatura do refrigerante.
Área da face:
A um incremento na área de face corresponde um aumento da área de transferência
de calor, resultando uma redução na temperatura da parede exposta ao ar. A temperatura e
a umidade do ar na saída deverão diminuir.
Número de fileiras em profundidade:
Cada fileira adicional implica numa redução de temperatura e umidade do ar na saída.
O número de fileiras é limitado pela temperatura do refrigerante.
Espaçamento entre aletas:
A temperatura superficial diminui com redução do espaçamento entre aletas, do que
resulta uma queda na temperatura e umidade do ar na saída.
Vazão de ar:
A temperatura e umidade do ar na saída da serpentina se elevam com a vazão de ar.
Por outro lado, deve-se observar que vazões de ar superiores implicam numa taxa maior de
remoção de calor, uma vez que a redução de entalpia experimentada pelo ar ao passar pelo
48 C O L E ÇÃO T É C N I CA
evaporador é inferior à elevação da vazão. Vale lembrar que a taxa de transferência de calor
na serpentina é dada pela seguinte Equação:
Onde:
Q = taxa de transferência de calor
h entr. = entalpia do ar na entrada da serpentina
h saí. = entalpia do ar na saída da serpentina
Temperatura do refrigerante:
A elevação da temperatura do refrigerante implica num aumento correspondente da
temperatura da superfície exposta ao longo da serpentina. Entretanto, a elevação na tem-
peratura e umidade do ar não ocorre na mesma proporção. É interessante observar que a
elevação da temperatura do refrigerante não implica numa redução significativa nas taxas de
remoção de calor e de umidade.
4.3 Selecionamento
Exemplo de selecionamento:
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 49
Figura 06 - Diagrama empírico: quanto maior for a diferença entre a temperatura da câmara
e a temperatura de evaporação do refrigerante, maior será o efeito desumidificante do
evaporador
17
50 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 51
pode-se optar por evaporadores apoiados no piso por meio de uma estrutura conveniente,
ou ainda instalados em nichos previamente construídos durante a montagem da câmara. O
evaporador não deverá ficar localizado sobre a porta ou perto dela para evitar uma aspiração
direta do ar externo. Em geral, são dispostos nas paredes laterais à porta ou na parede oposta.
Em câmaras de grande porte, poderão ser instalados na sua parte central superior. Um ponto
a ser estudado, neste caso, é a flecha do ar, isto é, o alcance do seu fluxo. É o primeiro passo
para a distribuição dos evaporadores, proporcionando melhores condições de circulação do ar
que, algumas vezes, necessitará de uma instalação apropriada de dutos para sua distribuição.
Degelo nos forçadores de ar: A possível formação de gelo na superfície de troca quan-
do a temperatura de evaporação ficar abaixo de 0°C será responsável por uma redução na
transferência de calor, visto que irá atuar como isolante térmico entre o ar e esta superfície.
Em conseqüência, haverá maior consumo de energia e a temperatura interna do ambiente
tenderá a subir, até que o equipamento seja desligado pelo pressostato de baixa pressão. Para
tanto, deverá ser promovido um degelo, como apresentado em seguida.
É importante notar que, no caso do ar, ao passar pelo evaporador, não será resfriado
à temperatura de sua superfície. Há que se considerar um fator, chamado de by-pass, função
das características construtivas e da profundidade do evaporador. Quanto ao degelo, há dois
métodos principais. Em ambos, a alimentação do refrigerante ao evaporador é interrompida,
e desligados os ventiladores. Note-se que não deverá ser feito degelo natural, isto é, esperar
que a fusão do gelo ocorra com o aumento da temperatura ou com o auxílio de aspersão de
água sobre a superfície do evaporador. Somente é interessante a utilização do degelo natural
em aplicações onde a temperatura de evaporação fique ao redor de 0°C. O mais interessante
é o emprego do gás quente proveniente da descarga do compressor ou do tanque de líquido
(vapor sub-resfriado), que é conduzido através de tubulação e controles adequados à evapo-
ração. É mais rápido e consome menos energia, apesar do custo inicial ser um pouco mais
elevado. No segundo, são utilizadas resistências elétricas de aquecimento inseridas no inte-
rior do evaporador, onde o ciclo de degelo é controlado por microprocessadores através do
tempo e da temperatura da serpentina. Sua principal vantagem é baixo custo inicial e curto
período de operação, desde que corretamente dimensionado. A principal desvantagem é o
custo operacional, representado pelo maior consumo de energia.
52 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Placa de estrutura
Barramentos
Foto:Divulgação Apema
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 53
Tabela 05 - Apresenta seis tamanhos de placas que podem ser montadas nas quantidades mencionadas
nº máx. de área de troca conexões vazão máx. compr./
modelo placas compr. largura m/m placas máxima polegada m3 /h largura
TL-90 721 244 270 33 1- 1/2 35 2,95
TL-150 981 244 320 53 1- 1/2 35 4,02
TL-250 1.014 437 270 82 4 200 2,32
TL-500 1.495 437 750 350 4 200 3,42
TL-650 1.495 586 650 400 8 800 2,55
Foto 04 - Trocadores a placa brasada Figura 08 - Exemplo de trocadores de calor a placa utilizados num
sistema com CO2 e propano numa instalação de supermercado
P
P Propano (+30°C)
P
K1
C1 C1
K2
P P
P
K3 Brine (-11°C) Trocador a placa (Cascata)
Propano (-14°C) CO2 (-10°C)
Brine (-7°C)
Trocador a placa P
F1 P P
F3 C3
F2 CO2 (-32°C)
Aplicação:
O aproveitamento típico destes trocadores de placas soldadas é para uso doméstico e
comercial, utilizados para aquecer e resfriar, condensar e evaporar. Processos usados em cale-
fação, refrigeração, ar condicionado, resfriamento ou aquecimento de óleo e outros fluidos.
Dimensionamento:
Programas específicos para computador garantem o dimensionamento otimizado para
cada aplicação.
Conexões Normais:
Onde normalmente é usada água como fluido, as conexões são uniões por rosca BSP
tipo macho. No lado do segundo fluido as conexões são para solda. A evolução dos troca-
dores desmontáveis e de placas brasadas, conforme ilustra a Figura 08, além de abrir outros
campos de aplicações, possibilitou o uso em maiores pressões. São também utilizados para
resfriar qualquer tipo de líquido utilizado em refrigeração, seja ele água, etileno glicol, so-
lução de cloreto de cálcio, até os novos fluidos secundários Tyfoxit, Frizium e Hycool. Pode
operar com temperaturas tão baixas como -40oC (-50oC totalmente soldado), com qualquer
tipo de fluido refrigerante.
Trocadores de calor a placa utilizados como evaporadores:
No mercado encontram-se basicamente três modos de operação para resfriadores de
líquido, quanto à recirculação do refrigerante no evaporador:
54 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 55
56 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Tubo
Foto: cortesia Apema
cortesia Apema
Carcaça
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 57
ECO
Evaporador
casco e tubo
58 C O L E ÇÃO T É C N I CA
CAPÍTULO V
CONDENSADORES
Os condensadores atuam C
na condensação do fluido
refrigerante D
ED C B B
Pressão (N/cm2)
Condensador
E Reservatório
Válvula de
F expansão Compressor
F G A
Líquido saturado Vapor saturado
G A
Entalpia (KJ/Kg)
Evaporador
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 59
a que foi condensado. Isto é chamado sub-resfriamento, calculado pela diferença de tempe-
ratura entre a temperatura de condensação e a temperatura do líquido refrigerante na linha
de líquido (do ponto D ao E). Este processo ocorre na saída do condensador, ocasião onde,
depois da completa condensação do gás refrigerante (ponto E), é reduzida a temperatura deste
líquido para garantir na entrada da válvula de expansão 100% de líquido refrigerante (ponto
E). Assim, evitaremos perdas de rendimento do sistema frigorífico através da presença de flash
gás (evaporação instantânea do líquido) na linha de líquido. De acordo com as boas práticas
de refrigeração, é geralmente desejável um sub-resfriamento natural do líquido (proveniente
do condensador) variando de 3 à 11K. Mais adiante trataremos da capacidade do compres-
sor com e sem o sub-resfriamento. Finalmente, para terminar o ciclo frigorífico, este líquido
refrigerante já sub-resfriado segue em direção à válvula de expansão (ponto G), passando
por este componente, o líquido sofre uma brusca queda de pressão (expansão do ponto G ao
F), além disso, a válvula de expansão irá controlar também: a temperatura de evaporação, o
superaquecimento útil ou estático na saída do evaporador = temperatura evaporação – tempe-
ratura sucção que é obtida próximo ao bulbo da válvula e a quantidade de líquido refrigerante
necessária para satisfazer as variações de carga térmica no evaporador.
Calor rejeitado no condensador: a rejeição de calor total no condensador inclui tanto
a absorção de calor no evaporador como a potência equivalente do trabalho de compressão.
É importante explicar que qualquer absorção de superaquecimento pelo vapor de sucção
através do ar ambiente também se torna uma parte da carga sobre o condensador. Chama-
mos de superaquecimento total a diferença entre a temperatura de sucção na chegada do
compressor e a temperatura de evaporação. De um modo geral, os fabricantes de compres-
sores recomendam que este valor esteja variando de um mínimo de 6K para evitar retorno
de líquido, o que poderá provocar quebra mecânica do compressor, até um máximo de 20K
para evitar baixo rendimento frigorífico, alta potência consumida, elevadas temperaturas de
descarga, carbonização do óleo, desgaste prematuro e, conseqüentemente quebra mecânica
do compressor. Dado que o trabalho de compressão por unidade de capacidade de refrige-
ração depende da taxa de compressão (Tc = Pressão Condensação (ABS) / Pressão Evapo-
ração (ABS), a quantidade de calor rejeitado no condensador por unidade de capacidade de
60 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 61
certa margem ao tratar de perdas de pressão estática nos tubos verticais da linha de líquido
e perdas por atrito, ao calcular a dimensão da tubulação da linha de líquido.
Capacidade do condensador: Uma vez que a transmissão de calor através das paredes
do condensador se faz por condução, a capacidade deste último é função da Equação fun-
damental de transmissão de calor:
Qc = U x A x D
Onde:
Qc = capacidade do condensador em W
U = coeficiente global de transmissão de calor em W/ m2.K
A = área útil de troca de calor do condensador em m2
D = Diferença média logarítmica entre o refrigerante de condensação e o meio de
condensação em K
Para qualquer valor fixado de U, a capacidade do condensador é diretamente pro-
porcional à área útil de troca de calor do condensador e à diferença de temperatura entre o
refrigerante de condensação e o meio de condensação. É evidente também que, para qual-
quer condensador de projeto e tamanho específico, onde tanto a área de troca de calor A
como o fator U, ambos são fixados na hora da fabricação, e a capacidade do condensador
Qc é diretamente proporcional à diferença de temperatura entre o refrigerante e o meio de
condensação. Além disso, quando a temperatura média do meio de condensação é mantida
constante, a capacidade do condensador é aumentada ou diminuída somente elevando ou
reduzindo a temperatura de condensação.
5. 2 Tipos e Funções
62 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Os condensadores evaporativos empregam tanto ar como água. Mesmo que haja al-
guma elevação na temperatura do ar que passa através do condensador, a condensação do
refrigerante no condensador resulta principalmente da evaporação da água pulverizada sobre
o condensador. A função do ar é aumentar a taxa de evaporação retirando o vapor de água
que resulta do processo de evaporação.
Condensadores resfriados a ar: A circulação de ar sobre um condensador resfriado a
ar pode ser ou por convecção natural ou pela ação de um ventilador. Na convecção natural,
a quantidade de ar circulado sobre o condensador é baixa e é necessária uma área de troca
de calor relativamente grande. Por causa de sua capacidade limitada, os condensadores de
convecção natural são empregados normalmente em pequenas aplicações, principalmente
nos refrigeradores domésticos. Os condensadores resfriados a ar que empregam ventiladores
para garantir a circulação de ar forçada e podem ser divididos em dois grupos de acordo
com a localização do condensador: montado sobre uma unidade condensadora ou remota.
Um condensador montado sobre uma unidade condensadora pode ser visto na Foto 01, que
além do condensador de cobre x alumínio, tem também outros componentes agregados.
Atualmente é possível encontrar no mercado da refrigeração vários tipos de unidades con-
densadoras, que além de um, são montadas com dois e três compressores de pequeno porte
em paralelo, como ilustram as Fotos 02 e 03. A instalação de tais condensadores deve ser
feita em locais bem ventilados e sem incidência direta dos raios solares. Quando se escolhe
a localização para um condensador resfriado a ar, deve-se levar em consideração a sua re-
Linha sucção
Separador de óleo
Válvula esfera
Pressostato de
alta e baixa
Foto 02: Unidade condensadora resfriada a ar Foto 03: Unidade condensadora resfriada a ar
com dois compressores em paralelo montada com três compressores em paralelo
Fotos: Divulgação Bitzer
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 63
lação física com as paredes e outras obstruções à corrente do ar. Problemas que aparecem
por colocação incorreta são recirculação de ar quente e falta de ar. Dos dois, a recirculação
de ar quente é o mais grave. Quando utilizada uma pequena sala de máquinas, onde são
instaladas as unidades condensadoras, é importante a renovação de ar evitando seu acúmulo
a alta temperatura. Uma solução interessante é indicada nas Figuras 04 e 05 onde mostram
algumas possibilidades corretas para se instalar as unidades e outras que são incorretas, e
que portando deverão ser evitadas. Outra forma é o condensador remoto conforme pode ser
visto na Foto 04, instalado à distância do compressor em função de exigências do projeto.
Existem condensadores resfriados a ar numa variedade de projetos para instalação de fluxo
de ar vertical ou horizontal. De acordo com a Figura 06, a temperatura do ar tem marcado
efeito sobre o desempenho do sistema. As características de um condensador a ar são refe-
renciadas com base na diferença de temperatura de condensação e da de bulbo seco do ar
Figura 04 - Instalação das unidades condensadoras nas salas de máquinas
Ventilação com janelas de saída Ventilação com janelas insuficientes
(sem ventilação adicional) (com ventilação adicional)
termostato
Saída natural
de entrada, sendo comum valores de 10K a 15K. Para se ter uma idéia, caso a temperatura
de bulbo seco do ar na entrada do condensador seja igual a 35ºC, para manter a saída de
refrigerante líquido do condensador a 45ºC, será necessário uma vazão de ar de 130 L/s para
cada kW de potência. Para um condensador resfriado a ar há uma relação definida entre
o tamanho (área de face) do condensador e a quantidade de ar circulado, uma vez que a
velocidade do ar através do condensador é crítica dentro de certos limites. O bom projeto
prescreve a mínima velocidade de ar que produzirá fluxo turbulento e um alto coeficiente de
transmissão de calor. O aumento da velocidade do ar acima deste ponto causa uma queda
de pressão excessiva através do condensador e resulta num aumento desnecessário nos requi-
64 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Saída de ar quente
Entrada de ar externo
máximo 3 m
Ar quente
máximo 5 m
Ar frio
mínimo 1,2 m mínimo 2 m
Veneziana ou
elemento vazado
2m
Nota: No caso de ser necessário fazer a entrada e
saída do ar externo pelo mesmo lado de uma casa de
máquinas em que existe uma parede ou outro tipo de 2m 20 a 40 cm
obstrução mais próxima do que o indicado no desenho
Errado: O ar recircula e não se renova. acima. Para melhores resultados, sugerimos consultar Correto: Área de abertura de escape =
A temperatura interna atingirá nível inadequado o depto de engenharia. 2 vezes a área de face dos condensadores
Entrada de AR Bulbo Seco = 35ºC 130 l/s/1 kWSaída de Refrigerante Líquido 45ºC
sitos de potência do ventilador que circula o ar. Por esta razão, a maioria dos condensadores
resfriados a ar vêm de fábrica já equipados com ventiladores de modo que a quantidade e
velocidade do ar sobre o condensador são fixadas pelo fabricante. Em todos os casos, para
obter um desempenho máximo do condensador resfriado a ar, as recomendações dos fabri-
cantes devem ser cuidadosamente seguidas. De acordo com a Figura 07 existem condensa-
dores remotos resfriados a ar numa variedade de projetos para instalação vertical (fluxo de ar
na horizontal) e horizontal (fluxo de ar na vertical). Alguns são projetados com dois ou mais
circuitos separados de refrigeração e podem ser usados para servir diversos sistemas diferen-
tes de refrigeração, incluindo aqueles empregando refrigerantes diferentes. As Figuras 08 e
09 ilustram os fluxogramas com um e dois circuitos, respectivamente.
Condensadores resfriados a água: Os condensadores a água podem ser empregados
com qualquer capacidade. O mais comum é o de casco e tubo representado na Figura 10,
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 65
Figura 08 - Fluxograma de um único circuito com Figura 09 - Fluxograma de duplo circuito num mesmo
compressores ligados em paralelo num mesmo regime de condensador, compressores operando em regime de
operação congelados e resfriados baixa e média temperatura de
evaporação, respectivamente
Tanque de Líquido
C1 C2 C3 Tanque de Líquido
C1 C2 C3
Compressores do mesmo regime C1: Compressor-1 C1: Compressor-1
C2: Compressor-2 Compressor Compressores C2: Compressor-2
C3: Compressor-3 congelados resfriados C3: Compressor-3
onde a água passa pelo interior dos tubos e o refrigerante no interior do casco. A capaci-
dade do condensador de absorver o calor depende da superfície de contato com o meio de
resfriamento e do fluxo deste meio. No caso do ar, a transferência de calor é menor quando
comparada com a água. Assim, a área de troca exigida será maior no primeiro caso. Tam-
bém deverá ser instalado um ventilador com capacidade suficiente. Já no caso da água, os
condensadores são mais compactos. Como a água usualmente tem temperatura menor que
o ar, a pressão de condensação será menor, o que representa menor consumo de energia pelo
compressor.
Caso haja água suficiente, esta poderá ser descartada após passar pelo condensador.
No entanto, se a quantidade disponível for pequena deverá ser coletada, passar por uma
torre de resfriamento e conduzida novamente ao condensador. A grande desvantagem é a
qualidade da água disponível. Neste caso seria interessante frisar que o tratamento a água
para condensação representa um custo relativamente alto e necessário. A água usada por um
condensador resfriado a água deve ser continuamente recirculada através de uma torre de
resfriamento.
A Figura 11 ilustra o que ocorre, neste caso a água é bombeada através do conden-
sador por uma bomba, ocasião onde ocorrerá uma elevação de sua temperatura à medida
que remove o calor rejeitado pelo refrigerante durante o processo de condensação. A água
de resfriamento então escoa para a parte de cima de uma torre de resfriamento e, ao cair em
66 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 10 - Condensador casco e tubo Figura 11 - Condensador resfriado a água (casco e tubo),
torre de resfriamento e bomba de circulação de água
Entrada de refrigerante (vapor)
Descarga de ar
Bomba
Torre de
resfriamento
Água fria de fonte, Saída de Água quente
cidade ou poço refrigerante para esgoto Entrada de ar
líquido Água fria
Bomba
Água fria
Condensador
Distribuição de água casco-tubo
Eliminadores Água de recirculação
Serpentina de Descarga de ar Saída de
condensação refrigerante
líquido
direção à bacia localizada na parte inferior da torre, ela encontra a corrente de ar. Ocorre
uma transferência de calor em contracorrente, sendo a água resfriada por evaporação e o ar
se tornando úmido no processo. O calor perdido pela água constitui um ganho de entalpia
do ar. A água está pronta para ser recirculada pelo condensador na temperatura desejada.
Condensadores evaporativos: O condensador evaporativo, como indicado na Figura
12, opera de forma similar à torre de resfriamento, porém mais diretamente, onde sua ca-
racterística construtiva é formada por um gabinete onde é instalada a serpentina, no interior
da qual passa o refrigerante descarregado pelo compressor. Aspersores localizados na parte
superior distribuem água sobre a superfície externa da serpentina, sendo recolhida em uma
bacia situada na parte inferior do gabinete e recirculada por meio de uma bomba. Um ou
mais ventiladores instalados na parte superior aspiram o ar em sentido contrário ao da água.
Tem-se uma evaporação de parte desta água, aumentando o efeito de resfriamento. A Figura
13 ilustra o princípio de operação da transferência de calor que ocorre neste fluxo em con-
tracorrente, onde a água é resfriada por evaporação e o ar que se torna úmido no processo.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 67
* 1,5 d 1,5 d
H
0,5 d
0,5 d * 1,5 d
H
0,5 d
0,5 d * 2,0 d *
68 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Aconselhável:
- Purga contínua, se não houver tratamento químico;
- Purga automática, se houver tratamento químico;
- Utilização de dosadores automáticos.
Evitar:
- Colocar o produto químico puro (concentrado) diretamente na bacia do equipamento;
- Jogar o produto químico através dos eliminadores;
- Fazer tratamento químico de choque.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 69
CAPÍTULO VI
COMPONENTES UTILIZADOS NO SISTEMA FRIGORÍFICO
70 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Princípio de operação:
As válvulas solenóide podem ser divididas em: ação direta ou operadas por piloto
(ação indireta), conforme Figuras 01 e 02. Nas válvulas solenóide de ação direta, quando
a bobina é energizada o êmbolo é atraído para cima, abrindo a passagem e permitindo o
fluxo total de fluido. Estas válvulas operam independentemente da pressão da linha, ou seja,
desde 0 kgf/cm2 de pressão diferencial (MOPD) até sua pressão máxima de trabalho. São
válvulas utilizadas somente para pequenas capacidades devido ao tamanho de sua bobina e
seu orifício de passagem. Várias forças atuam na válvula para permitir a sua abertura e o seu
fechamento conforme segue abaixo.
Quando Fechada:
1. A pressão na entrada empurra o pino (êmbolo) contra o orifício.
2. A força da gravidade puxa o pino para baixo contra o orifício.
3. A diferença entre a pressão alta da entrada e a baixa da saída mantém o pino sobre o
orifício. Nota: Quanto maior for a pressão diferencial entre a entrada e a saída, maior
a dificuldade para abrir a válvula.
Quando Aberta:
1. A passagem de vazão através do orifício tende a ajudar o pino a subir e abrir a válvula.
2. A atração magnética mantém o pino na parte de cima.
Nota: As forças que atuam na abertura e no fechamento da válvula solenóide são:
- Pressão da entrada;
- Pressão da saída;
- Peso do pino sobre o orifício;
Figura 01 - Válvula Solenóide de Ação Direta Figura 02 - Válvula de Ação Indireta
Conexão elétrica
Bobina Bobina
Conexão elétrica
Êmbolo
Êmbolo
Furo equalizador
Diafragma
Quando a bobina é
Orifício energizada o êmbolo
piloto sobe e o orifício abre
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 71
Pressão de
entrada aplicada
na parte superior
do diafragma,
fechando a válvula
totalmente Bobina
desenergizada
72 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 3.1 - Válvula fechada, porém com o orifício piloto Figura 3.2 - Válvula e orifício piloto aberto. Diafragma
aberto. Pressão de fechamento aliviada com a pressão de levantado pela pressão de entrada
saída através do orifício piloto
Bonina Energizada
Êmbolo levantado
Figura 3.3 - Válvula aberta, porém orifício piloto fechado. Figura 3.4 - Válvula e orifício piloto fechado. Neste momento
A “pressão de fechamento” está agora aumentada sobre o a válvula está fechada pela pressão de entrada incidindo-se
diafragma ocasionando o fechamento da válvula sobre o diafragma. A válvula fecha-se novamente
Bonina Desenergizada
Êmbolo fechando o
orifício piloto
membrana atuando em cima de seu acento e garantindo o seu fechamento através da diferen-
ça de pressão entre a entrada e a saída. Esta pequena quantidade de pressão necessária para
garantir o fechamento é chamada de mínima pressão diferencial de abertura (MinOPD).
Importante lembrar:
Válvulas de ação direta: deve sempre ser verificado o MOPD e Válvulas piloto opera-
das: deve sempre ser verificado o MOPD e o MinOPD.
Seleção da válvula solenóide:
Como para o nosso estudo estamos tomando como base válvulas solenóide aplicadas
em sistemas de refrigeração, devemos sempre ter as seguintes informações para sua seleção:
- Fluido a ser controlado (R-22, R-134a, R-404A, entre outros);
- Capacidade frigorífica do ponto de aplicação da válvula (KW, Kcal/h, TR, BTU/h);
- Máxima pressão diferencial de operação (MOPD);
- Mínima pressão diferencial de abertura (MinOPD);
- Características elétricas do sistema (tensão, corrente alternada, corrente contínua);
- Diâmetro da tubulação.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 73
Com as informações acima verificar nas tabelas de seleção sempre observando a apli-
cação, linha de líquido ou linha de gás quente. Algumas tabelas já apresentam diretamente
a capacidade da válvula em TR (Toneladas de Refrigeração) para uma perda de carga pré-
determinada.
Instalação:
Os cuidados abaixo devem ser sempre seguidos para um perfeito funcionamento das
válvulas solenóide:
- As válvulas solenóide possuem uma mola localizada atrás do diafragma que efetua
uma força para o fechamento da válvula. Isto permite que a mesma seja instalada em
qualquer posição, menos aquela que é “de cabeça para baixo”. Mesmo assim, como
foi verificada aqui a força da gravidade auxilia o fechamento da válvula, desta forma,
sempre que possível efetuar a montagem na posição horizontal;
- É recomendada a instalação de um filtro secador antes da válvula a fim de evitar que
sujeiras provenientes do sistema interrompam o bom funcionamento da válvula;
- A ligação elétrica da bobina solenóide deverá obedecer às recomendações do fabricante;
- Antes da instalação, verificar se a válvula está realmente desconectada da energia
elétrica;
- Verificar sempre o sentido do fluxo assinalado na válvula antes da sua instalação;
- Em válvulas com as conexões do tipo solda, efetuar a proteção com um pano úmido
antes do aquecimento com maçarico, a fim de evitar danos internos na válvula.
Análise de defeito e suas correções:
- Sintoma I: Válvula não abre.
Causa: Restrição do movimento do êmbolo ou diafragma.
O êmbolo ou o diafragma não consegue se mover, o orifício permanece bloqueado.
Causas para este tipo de problema:
- Partes da válvula corroídas;
- Materiais estranhos no interior da válvula, como sujeira proveniente da montagem
do sistema;
- Danos ao tubo de movimento do êmbolo;
- Danos ocasionados devido ao superaquecimento do conjunto durante o processo de
brasagem.
- Deformação do corpo da válvula devido ao esforço mecânico;
O espaço entre o tubo e o êmbolo é muito pequeno, de modo que qualquer presença
de material estranho pode ocasionar o seu travamento. Se o movimento do pino for travado
a válvula não abrirá.
74 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Diagnóstico: Uma inspeção externa do tubo da válvula; Abertura da válvula para uma
inspeção interna de suas partes procurando detritos.
Ação corretiva: Para resolver este tipo de problema, devemos abrir a válvula e efetuar a
substituição do jogo de reparos da mesma. Os fabricantes fornecem para as suas válvulas o
jogo de reparos, que deverá ser utilizado neste tipo de problema. Em alguns casos, devido ao
dano que a sujeira ocasionou à válvula, devemos efetuar a substituição desta por uma nova.
Outra ação muito importante é verificar se existe um filtro secador antes da válvula. Em
muitos casos isto não ocorre, daí o aparecimento do problema. Caso não exista, selecionar
um filtro secador pela capacidade frigorífica da linha de líquido e efetuar a sua instalação.
Se existir um filtro, é interessante verificar se o mesmo é de boa qualidade e se não está sa-
turado, ou seja, totalmente sujo.
- Sintoma II: Válvula não abre.
Causa: instalação elétrica incorreta ou baixa tensão da rede elétrica.
Se não for efetuada uma ligação elétrica correta, teremos perda de tensão através da
fiação, ocasionando baixa tensão na bobina. Se não tivermos a tensão correta chegando na
bobina, esta não consegue gerar a corrente necessária para criar força magnética para acionar
o êmbolo. A melhor forma para verificar se temos problema de tensão é medí-la na entrada
da bobina. Cada fabricante define a faixa limite de operação de suas bobinas. Esta normal-
mente acompanha o manual de instalação do fabricante. Alguns fabricantes admitem uma
variação de mais ou menos 5% da tensão nominal da bobina. Deve-se tomar ainda o cui-
dado para não instalar bobinas com a tensão diferente da rede elétrica, por exemplo, bobina
em 220V e a alimentação elétrica de 110V. Em todos estes casos podemos ter problemas.
Onde temos a tensão da rede menor que a da bobina, a válvula não irá operar, pois o campo
magnético é insuficiente. No caso contrário, ocorre a queima da bobina.
Diagnóstico: Medição da tensão na entrada da bobina com um voltímetro, que deverá
estar dentro da faixa de tensão determinada pelo fabricante.
Ação corretiva: Reparar o circuito elétrico verificando contatores, termostatos, pres-
sostatos e toda a rede elétrica.
- Sintoma III: Válvula não abre.
Causa: Válvula super dimensionada (somente para válvulas de ação indireta).
Todas as válvulas operadas por piloto, ou seja, as de ação indireta, necessitam de um mí-
nimo diferencial de pressão para que possam atuar. Se a perda de carga através da válvula for
menor que o valor admissível, a válvula não abrirá, mesmo a tensão na bobina estando correta.
Existe somente uma forma para verificar esta condição que é a medição da pressão na entrada
e na saída da válvula. Este problema ocorre normalmente na partida do equipamento quando
a válvula é mal instalada, porém pode ocorrer também devido às variações de carga térmica.
Diagnóstico: A forma mais simples para verificar isto é checar a capacidade da válvula
e comparar com a capacidade do sistema no ponto onde a válvula está aplicada. Podemos
ainda medir a perda de carga na válvula.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 75
Ação corretiva: Existe somente uma solução para este problema, que é a substituição
da válvula por uma de tamanho adequado.
- Sintoma IV: Válvula não abre.
Causa: Bobina quebrada. Este problema ocasiona a parada da válvula solenóide ime-
diatamente, e pode ser ocasionado por alguns motivos, tais como erro de ligação da bobina
e mudanças na rede elétrica pela concessionária. Podemos ter também a bobina queimada
devido a erros de operação.
A presença de sujeira pode manter o êmbolo fora da sua posição, (fechado, por exem-
plo), aumentando bastante a corrente através da bobina e ocasionando o seu aquecimento.
Se este problema ocorrer durante um longo período, podemos ter até a sua queima. Isto
ocorre porque a bobina é projetada para trabalhar com uma determinada corrente, que é
direcionada pela presença do êmbolo. Quando isto não ocorre, a corrente através dela não é
direcionada e acaba aquecendo-a. Podemos ter ainda casos onde o técnico desmonta a bobi-
na da válvula solenóide energizada. Com isto a energia que circula na bobina irá ocasionar
um aumento da corrente e o aquecimento da bobina. A bobina irá queimar se não for inter-
rompida a energia, ou recolocada na válvula.
Diagnóstico: Medição da tensão na entrada da bobina com um voltímetro, que deverá
estar dentro da faixa de tensão determinada pelo fabricante. Verificar sempre se existe alguma
sujeira na válvula ou se a bobina está montada corretamente e também se as proteções que acom-
panham as bobinas, tais como anéis o’ring, prensa e cabos, foram corretamente montados.
Ação corretiva: Observar todos os pontos acima, efetuar as suas devidas correções e em
seguida, a substituição da bobina.
6.2 Pressostatos
76 C O L E ÇÃO T É C N I CA
4 2 1
Sinalização 4 2 1
t2
Alta pressão
Baixa pressão
Nota: A tomada de pressão para montagem do pressostato não deverá
ser feita pela parte inferior do tubo, pois poderá acumular óleo no fole
Compressor de pressostato ocasionando mau funcionamento e danos ao pressostato.
Sempre fazer a tomada de pressão pela parte superior do tubo.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 77
4 Compressor/motor
1
Como regular o pressostato de baixa
pressão:
Alimentação 16A Sinalização
2
LP • O valor ajustado na escala de
pressão “liga (start) ” será a pressão
que o compressor/motor irá ligar;
Liga
• O valor ajustado na escala de
Diferencial pressão diferencial subtraído da
pressão “liga (start) ”, será a pressão
Desliga que o compressor/motor irá desligar.
-1 bareff (30in Hg)
Nota: Um valor muito baixo ajustado na escala de pressão diferencial irá fazer com que o compressor/motor ligue e
desligue com muita freqüência, isso poderá acarretar problemas ao compressor/motor. Diante das condições de aplicação,
recomenda-se consultar o fabricante do compressor para saber qual será a melhor regulagem a ser feita.
Figura 08 - Exemplo simplificado da ligação elétrica para Figura 09 – Instalação do pressostato de alta
fazer o “pump down system” (parada por recolhimento) na linha de descarga do compressor
L
K1 K5 B2 ϑ
Pressostato de alta pressão
Dispositivos de segurança
Alta pressão
K5
F12
K1 Y2 K5
N Baixa pressão
B2: Termostato de controle de temperatura
F12: Pressostato de baixa pressão
K1: Contator (compressor) Compressor
K5: Contator (pump down)
Y2: Válvula solenóide da linha de líquido
78 C O L E ÇÃO T É C N I CA
1 4 Sinalização
(opcional) Como regular o pressostato de alta
Alimentação 16A pressão:
Compressor/motor
HP 2 • O valor ajustado na escala de
pressão desliga será a pressão que
o compressor/motor irá desligar;
Desliga
• O valor ajustado na escala de
Diferencial pressão diferencial subtraído da
pressão desliga, será a pressão que
-1 bareff (30in Hg) o compressor/motor irá desligar.
Liga
Nota: Um valor muito baixo ajustado na escala de pressão diferencial irá fazer com que o compressor/motor ligue e
desligue com muita freqüência, isso poderá acarretar problemas ao compressor/motor. Diante das condições de aplicação,
recomenda-se consultar o fabricante do compressor para saber qual será a melhor regulagem a ser feita.
está ocorrendo com o sistema e deve ser verificada com urgência. Finalmente quando aplica-
do para ligar/desligar os ventiladores do condensador, tem a responsabilidade de controlar a
pressão de alta dentro dos limites ajustados previamente. De acordo com alguns fabricantes
a faixa de pressão normalmente varia de ± 100 psi (7 bar) até ± 430 psi (30 bar).
Pressostato de alta e baixa pressão:
Este tipo de pressostato combina as funções de controle de alta e baixa pressão em um
único produto. Uma grande diferença e benefício encontrado em alguns fabricantes, é que
ele pode possuir internamente os interruptores separados, tornando assim possível à sinali-
zação de alarmes de uma forma isolada. No lado de alta tem a possibilidade de ser reversível
para rearme automático ou manual, ilustrado na Foto 03. Basicamente todas as funções
mencionadas para os pressostatos individuais de baixa e de alta, podem ser consideradas
para o modelo conjugado, confome as Figuras 11, 12 e 13.
Pressostato de óleo:
Este tipo de pressostato possui uma função importante no controle e segurança da
pressão de óleo em compressores com lubrificação forçada. Normalmente trabalha verifican-
do a pressão diferencial da bomba de óleo através de duas tomadas de pressão, uma de baixa
pressão (LP) e uma de alta pressão (HP). O lado de alta pressão (HP) é conectado na saída
da bomba de óleo e o lado de baixa pressão (LP) normalmente no cárter do compressor,
conforme as Figuras 14 e 15. Possui uma regulagem interna da pressão diferencial que de-
verá ser ajustada de acordo com a especificação de cada fabricante de compressor. Devemos
sempre lembrar que ele trabalha verificando se a bomba de óleo do compressor está em boas
condições ou não. Uma outra regulagem importante em um pressostato de óleo é o tempo
de retardo. Este tempo serve para que o compressor possa partir e regularizar a pressão de
óleo, e se depois de decorrido este tempo a pressão diferencial ainda não estiver dentro dos
padrões, o compressor será então parado por apresentar indícios de que não estaria ocorren-
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 79
MAX 50 VA
Compressor Opção sinal baixa (LP)
Opção sinal baixa (LP) D
A C B A D
A C C B A C
Compressor 16 A
16 A B M
LP HP Alimentação Opção
LP HP 1 Alimentação sinal alta (LP)
• Lado de baixa pressão (LP):
A-C fecha quando aumenta a pressão LP
• Lado de baixa pressão (LP): A-C abre quando diminiu a pressão LP
A-C fecha quando aumenta a pressão LP • Lado de alta pressão (HP):
A-C abre quando diminiu a pressão LP A-C abre quando aumenta a pressão HP
A-C fecha quando diminui a pressão HP
• Lado de alta pressão (HP): • Opção sinal de baixa (LP):
A-C abre quando aumenta a pressão HP A-B fecha quando diminui a pressão LP
A-C fecha quando diminui a pressão HP
• Opção sinal de alta (HP):
• Opção sinal de baixa (LP): A-B fecha quando diminui a pressão LP A-D fecha quando aumenta a pressão HP
t2 R O230
L
O115
S
M
P
Nota: A tomada de pressão para montagem do pressostato M
conjugado também não deverá ser feita pela parte inferior do T2
tubo, pois poderá acumular óleo nos foles ocasionando mau
funcionamento e danos ao pressostato. Sempre fazer a tomada de
pressão pela parte superior do tubo.
Figuras 14 e 15 - Pressostato de óleo (vista em corte) e exemplo da ligação elétrica do pressostato de óleo
80 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 16 - Exemplo de montagem do pressostato de óleo Foto 04: Função da válvula de expansão
no compressor
Conexão lado de
baixa pressão (sucção
da bomba de óleo)
Descarga da
bomba de óleo
Neste item sobre válvulas de expansão, iniciaremos pelos tipos de dispositivos de ex-
pansão, seguindo com os detalhes construtivos das válvulas de expansão termostática e
em seguida com os modelos hoje comercializados. Finalmente mostraremos como se deve
efetuar sua seleção e instalação de forma correta. Vamos explorar os problemas comuns e
as perguntas mais frequentes sobre o assunto válvula de expansão em função de uma má
aplicação ou falha de operação do produto.
Identificação de erros e suas correções:
A válvula de expansão termostática é provavelmente o componente que mais requer
conhecimento e habilidade para um perfeito manuseio e operação dentro do sistema de
refrigeração. Sabendo-se exatamente como a válvula de expansão trabalha e entendendo os
princípios do superaquecimento, podemos diagnosticar a maioria dos problemas nas válvu-
las de expansão termostáticas. Vamos dividir os tópicos em: função da válvula de expansão
termostática; importância do superaquecimento, medição e definição do superaquecimento;
ajuste do superaquecimento; reclamações mais comuns nas válvulas de expansão; guia de
defeitos; exploração das causas e ações corretivas; conclusões.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 81
82 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Superaquecimento Superaquecimento
grande pequeno
Calor latente
Calor sensível
+2 -40
+12 -30
69 PSIG = +4,5°C
R-22
69 PSIG = +4,5°C
+10°C
Válvula Válvula
não ajustável
ajustável
69 PSIG
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 83
Definições:
84 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 85
Foto 08 - Filtro com processo Foto 09 - Filtro secador composto de 3 Foto 10 - Filtro secador
de limpeza que possui 4 agentes agentes químicos para assegurar uma recarregavél utilizado na
químicos, com válvulas de acesso remoção eficiente da umidade, dos linha de líquido
e filtração de 15 microns através ácidos e dos contaminantes com filtração
do filtro de decantação na entrada de até 12 mícrons, localizada na saída Fotos: Bitzer
Foto 11 - Elementos filtratantes, desidratantes Foto 12 - Filtro de Foto 13 - Elemento desidratante com
e de limpeza limpeza para sucção capacidade de absorção de água
86 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 87
necessitam de umidade para serem ativados. Estes ácidos não são introduzidos no sistema
quando abertos, eles são formados dentro. Os filtros que contém os agentes químicos do tipo
“molecular sieves” ou a “alumina ativada” removem estes ácidos.
Ácidos orgânicos: São simplesmente formados por carbono, hidrogênio e oxigênio.
Estes ácidos também podem causar grande destruição muito rapidamente. Normalmente
são gerados por ocasião da queima do compressor. Estes ácidos são tipicamente removidos
através da alumina ativada. Ácidos fracos são do tipo orgânicos também e uma porcenta-
gem deste ácido irá atuar reagindo com os materiais do sistema. Estudos têm sido feitos
para mostrar que a hidrólise do óleo POE pode causar um sério decréscimo na vida dos
enrolamentos do motor. Esta vida foi diminuída de 1 milhão de horas de operação, para
1000 horas quando estes ácidos foram introduzidos no sistema em operação em significantes
quantidades. Alumina ativada remove estes ácidos muito bem.
Partículas sólidas: Geralmente são partículas provenientes do processo de soldagem da
tubulação e dos componentes durante a montagem, também geradas pelo desgaste dos pro-
dutos ou ainda resultantes da deterioração do óleo em altas temperaturas (carbonização). A
presença de partículas sólidas é prejudicial a todas as partes móveis do sistema de refrigeração.
Elas podem fazer com que a válvula de expansão (TXV) não atue corretamente pela deposição
de material no seu assento. Outro ponto importante é que a presença de partículas metálicas
rompe o filme de óleo que protege as partes móveis em um sistema de refrigeração. Os óleos
POE (polioléster) têm uma tendência a manter estas partículas em suspensão maior que os
óleos minerais. Por isto é muito importante uma adequada filtragem com remoção destas par-
tículas, sempre observando a perda de carga no filtro. Nenhum sistema é completamente livre
de partículas sólidas, porém algumas práticas simples podem reduzir muito a presença delas:
- Tampar as tubulações durante o processo de montagem, evitando a entrada de sujei-
ra nos tubos;
- Pressurizar a tubulação com nitrogênio durante o processo de soldagem, reduzindo
a quantidade de óxido de cobre que será formado e, posteriormente, circulará pelo
sistema;
- Manter a vedação dos componentes até o momento exato de sua colocação no sistema.
Graxas, borras e vernizes: Estes contaminantes são gerados no sistema após a queima
do compressor. São componentes orgânicos com grande massa molecular, semelhante ao
asfalto de rua. Tanto as borras quanto os vernizes ou as graxas têm vários componentes in-
solúveis na solução de óleo e refrigerante. Estas partículas, por não serem solúveis, acabam
sendo transportadas por toda a tubulação da mesma forma que o óleo no lado de baixo do
sistema. Estes contaminantes são removidos através da utilização de filtros secadores reco-
mendados para pós-queima (linha HH, W). A causa deste problema deve ser identificada
e corrigida antes que a presença deles prejudique a performance do refrigerante e ocasione
o travamento de válvulas e componentes do sistema. Uma boa filtragem é a única forma de
garantir a remoção destes contaminantes.
88 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Agora que já sabemos quais são os contaminantes, devemos removê-los sem que ocorra
qualquer problema para o sistema. Componentes para filtragem e os dessecantes trabalham
em um filtro secador. Os elementos para filtragem removem contaminantes que não são
dissolvidos no refrigerante ou no lubrificante. Isto inclui partículas, borras e resíduos como
vernizes. Os dessecantes são os componentes de um filtro secador que removem umidade
ou acidez do refrigerante. Cada um destes materiais é usado para remover um tipo de con-
taminante. Os materiais podem ser usados individualmente para melhorar a capacidade de
remoção do filtro secador para um determinado contaminante ou usados em conjunto para
combater uma variedade de contaminantes. Freqüentemente alumina ativada e molecular
sieves são usados juntos para remover umidade e todos os tipos de ácidos. Carvão ativado
não é exatamente um componente dessecante, pois não possui capacidade para remoção de
umidade. Este é mais utilizado para eliminar a borra em casos de queima de compressores.
Propriedade dos dessecantes: A água não reage com o dessecante, ela é eliminada por
adsorsão, ou seja, a água é retida por atração molecular pelo elemento dessecante. O filtro não
retém todas as moléculas de água ou ácidos em uma única passagem. Por este motivo é muito
importante que o filtro tenha capacidade de combater também a acidez no sistema, que se
formará quando existir umidade, o que ocorre desde as primeiras horas de funcionamento.
Alumina ativada: É composta de moléculas de alumínio e de oxigênio. Sua estrutura
não é uniforme como a do molecular, o que permite que tanto o óleo quanto a água ou os
ácidos presentes no sistema tenham contato com a sua superfície. Seu poder de remoção de
umidade é inferior à capacidade do molecular, seu emprego tem a característica principal
da remoção de acidez. Ácidos orgânicos e ácidos minerais podem ser removidos pela reação
com a alumina. Nesta reação o dessecante passa a ter uma nova formação química que é
inofensiva para o sistema. O mais importante fator para a adsorsão da alumina ativada é a
sua superfície de contato. Deste modo, a sua utilização em grão se torna mais eficiente.
Molecular sieves: Molecular sieves é um cristal de zeolite. Este componente é larga-
mente utilizado na indústria, normalmente na forma de esferas para filtros do tipo despe-
jados, ou em pequenos grãos para utilização em núcleos sólidos. No molecular, o tamanho
do poro define o que ficará retido em seu interior. Desta forma temos hoje o molecular com
a medida de 3 angstrons. Esta é a medida necessária para a utilização dos novos fluidos
refrigerantes, como o R-134a, R-404A etc. (HFCs), pois estes refrigerantes possuem um
tamanho de molécula maior que 3 angstrons, porém menor que 4 angstrons, que era até
então utilizado pelos fabricantes de filtros secadores para os CFCs e HCFCs. A retenção da
molécula de água dentro dos poros é o método pelo qual o molecular retira a umidade do
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 89
sistema, a adsorsão. A água fica retida dentro da porosidade e não consegue sair. Importante
saber ainda, uma vez que esta umidade entra dentro do poro do filtro, é muito difícil a sua
retirada. Em alguns casos, mecânicos menos avisados tentam recuperar um filtro secador so-
mente através do vácuo, o que é impossível. Isto mostra que devemos efetuar a substituição
do filtro secador toda vez que o sistema for aberto ou que o filtro se encontrar saturado. O
molecular sieves tem uma capacidade de remoção de 100% de umidade, porém não possui
qualquer capacidade de remoção de acidez, e desta forma um filtro somente com molecular
não retira nenhuma acidez do sistema.
Sílica gel: A sílica foi utilizada durante muito tempo em filtros secadores, mas hoje
somente os fabricantes de produtos de baixa qualidade e baixos custos a utilizam. Sua efici-
ência é muito baixa comparada com a do molecular sieves utilizado.
Carvão ativado: Carvão ativado não possui capacidade de remoção de água. É incor-
porado em alguns tipos de filtro secador, com a função principal de limpeza de sistemas
onde ocorreram queima de compressores.
Componentes de filtragem:
Filtragem: Esta é uma das funções principais do filtro secador, pois através deste pro-
cesso podemos efetuar no sistema:
- Remoção de partículas sólidas;
- Remoção da borra;
- Remoção do verniz.
Diversos fabricantes utilizam diferentes materiais para o processo de filtra-
gem em seus filtros. Alguns exemplos: Tela de arame; Dessecante (em esferas ou atra-
vés dos poros do núcleo); Blocos de Fibra de vidro ou poliéster; Feltro e Papel/celulose.
O meio de filtragem utilizado na linha de sucção deve ser diferente do utilizado em uma linha
de óleo ou na linha de líquido, isto é devido à necessidade de uma menor perda de carga no
filtro na linha de sucção. É importante salientar que quando este cuidado não é observado po-
demos ocasionar graves problemas em um sistema; caso da colocação, por exemplo, de um filtro
secador de linha de líquido na linha de sucção. Este é um erro muito comum em instalações de
supermercados, pois a equipe que efetua a montagem da obra algumas vezes se esquece de tro-
car a pedra por um elemento próprio para linha de sucção, que normalmente são filtros a base
de feltro. Por esta razão o sistema passa então a operar com uma perda de carga enorme na linha
de sucção, o que faz o sistema ter uma perda de eficiência frigorífica. O tamanho adequado para
o processo de filtragem deve ser cuidadosamente escolhido, pois a eficiência da filtragem varia
na forma direta do aumento da perda de carga, ou seja, quanto mais eficiente a filtragem de
partículas maior será a perda de carga. O dessecante moldado em blocos, também é utilizado
para efetuar a filtragem de partículas e quando isto ocorre promove uma filtragem em torno
de 40 mícrons. Os filtros a base de feltro ou papel, são ideais para linhas de sucção, pois além
de terem uma filtragem bastante fina, partículas de até 5 mícrons, são desenhados de forma a
90 C O L E ÇÃO T É C N I CA
não apresentarem uma grande perda de carga no sistema. Um cuidado muito importante neste
tipo de filtro é a verificação periódica de sua perda de carga, pois a sujidade do sistema pode
rapidamente aumentar a sua perda de carga e assim diminuir a eficiência do sistema. O projeto
do filtro pode ainda agregar uma combinação de componentes, e deste modo ter uma eficiência
maior na sua filtragem sem prejudicar o sistema com uma grande perda de carga.
Obs.: 20 microns = 0,02 mm.
Tipos de filtros
- Filtros para limpeza: Possuem performance de filtragem. São normalmente utiliza-
dos em linha de sucção para promover a proteção do compressor. Estes filtros são desenha-
dos para remoção de partículas sólidas, borra e vernizes. Eles normalmente incorporam uma
grande área de superfície para filtragem com habilidade de remoção de partículas muito
pequenas. Importante lembrar que este tipo de filtro não promove a remoção de umidade
ou ácidos do sistema. Este tipo de filtro é disponível para linha de sucção, linha de líquido
e filtragem do óleo.
- Filtros secadores: Filtram e removem água e a maior parte dos ácidos. São filtros que
têm a função de remoção de água, ácidos, borra e partículas sólidas. Apesar de normalmente
utilizados na linha de líquido também são disponíveis para montagem na linha de sucção e
óleo. Filtros secadores, são normalmente desenvolvidos para remover maior quantidade pos-
sível de contaminantes do sistema. Porém, nem todos os filtros secadores são desenvolvidos
para remover todos os contaminantes que existem em um sistema de refrigeração. Alguns
removem água e ácidos minerais, mas nem todos removem muito bem ácidos orgânicos ou
partículas sólidas. Um filtro que for desenvolvido para remover tudo de um sistema, sempre
terá menos capacidade individual que um filtro específico para a remoção de somente um ou
dois contaminantes. Um exemplo disto é o filtro secador utilizado para pós-queima de um
compressor. Os filtros secadores podem ser aplicados em três pontos específicos na tubula-
ção de um sistema de refrigeração: Linha de líquido; Sucção e Filtragem do óleo.
- Linha de líquido: A sua posição correta é antes do visor, válvula solenóide e indicador
de umidade, o mais perto possível da entrada da válvula de expansão termostática ou do
tubo capilar. As principais funções de um filtro secador de linha de líquido são assegurar
que o fluido refrigerante esteja seco e livre de partículas antes da válvula de expansão. Uma
outra função bastante importante é a remoção de ácidos que são levados com o óleo. Este
filtros podem ser do tipo herméticos/selados ou abertos. O tipo de filtro secador que será uti-
lizado é praticamente definido em função do tamanho da instalação da seguinte forma: para
instalações pequenas, a seleção permite que trabalhemos com os modelos que são selados, e
para instalações maiores, muitas vezes com compressores em paralelo, a seleção obriga a uti-
lização de carcaças e núcleos internamente, ou seja abertos. Isto acaba sendo bom até mesmo
pelo custo de reposição do filtro, pois para instalações maiores, a necessidade de troca do
elemento tem maior freqüência em função da quantidade de sujeira e umidade que a linha
tem, ou até mesmo em função de uma manutenção em uma das partes da linha, como é o
caso de uma instalação de um supermercado. Lembramos também que é muito importante
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 91
que sempre seja verificado com o fabricante se o filtro é para linha de líquido ou sucção e
principalmente a sua capacidade de remoção de umidade e de ácidos. De posse destas in-
formações, devemos entrar na tabela do fabricante e selecionar por capacidade frigorífica o
modelo correto do filtro. Somente após isto que devemos olhar a bitola da linha de líquido.
- Sucção: Este tipo de filtro é instalado na linha de sucção o mais próximo possível do
compressor. Sua função principal é de remover partículas sólidas e borras antes que entrem
no compressor. Alguns modelos podem incorporar ainda a função de remoção de umidade
e resíduos de queima antes que entrem no compressor. Este tipo de filtro é normalmente
instalado na partida de sistemas para evitar que partículas cheguem ao compressor e pode
ser do tipo selado para equipamentos de pequeno tamanho, ou aberto para equipamentos de
grande porte, de acordo com a capacidade do sistema. Este tipo de filtro é desenvolvido para
ocasionar na linha de sucção uma perda de carga mínima. Uma perda de carga grande oca-
siona ineficiência do sistema e aumenta os custos de operação. Para assegurar que o sistema
tenha sempre a sua eficiência máxima este tipo de filtro normalmente já vem com válvulas
de acesso, para a verificação de sua perda de carga. Caso não existam estas válvulas, o serviço
técnico deverá efetuar a sua instalação.
Filtragem do óleo: Este tipo de filtragem é mais utilizado em sistemas de grandes
capacidades com compressores com sistema de gerenciamento da lubrificação. Este tipo de
sistema normalmente utiliza um separador de óleo que fica instalado na descarga de todos
os compressores do rack. O filtro de óleo fica na saída destes componentes assegurando que
todos os compressores recebam óleo limpo. Filtros de óleo são fabricados para remover pe-
quenas partículas, normalmente menores que 5 mícrons. Podemos ter o filtro de óleo com
a função somente de filtragem ou ainda com a função de desidratação e remoção de ácidos
do sistema. Quando é utilizado para a remoção de umidade e ácidos, tem uma eficiência
grande, pois a velocidade do óleo internamente ao filtro permite que o dessecante tenha uma
maior oportunidade para a remoção de contaminantes.
92 C O L E ÇÃO T É C N I CA
sença de bolhas na linha de líquido, é que, se o sistema está operando corretamente, a linha
de líquido deverá estar completa com fluido refrigerante na forma líquida e desta forma
qualquer bolha de refrigerante na fase gasosa pode ser observada. Nestas condições o corre-
to é verificar o visor completo de líquido, ou seja visualizamos totalmente o fundo do visor
de líquido. No retorno de óleo para o compressor, auxilia a sua visualização assim como o
estado do óleo. Lembramos que em condições normais o óleo refrigerante tem uma cor clara
e praticamente transparente. Na instalação dos visores de líquido na tubulação devemos ter
a máxima atenção com respeito a visores que têm as conexões soldadas. Portanto, devemos
efetuar a proteção do visor com uma tira de pano úmida devidamente enrolada por todo o
corpo do visor. Este cuidado é muito importante para evitar que as partes internas do visor
sejam queimadas e não operem de forma correta. O calor da chama é necessário somente na
região a ser brasada e, para isto basta a proteção de pano, além de efetuar o direcionamento
da chama em direção contrária ao corpo do visor. Vale lembrar ainda que, quando esti-
vermos brasando qualquer componente frigorífico devemos passar uma vazão pequena de
nitrogênio para evitar a formação de oxidação por dentro do componente. Estas impurezas
irão parar depois em válvulas de expansão, filtros secadores ou ainda nos compressores.
Conceitos técnicos importantes
- Trabalho do condensador: O trabalho do condensador em um circuito frigorífico é o
de condensar todo o fluido refrigerante enviado pelo compressor. Se este efetua o trabalho,
o sistema opera de uma forma correta e com uma eficiência máxima. Porém, quando o siste-
ma já está operando há algum tempo ou ainda no próprio start-up do sistema, ele pode não
estar condensando corretamente. Nesta situação, onde o condensador não condensa todo o
fluido refrigerante da instalação e temos o evaporador sendo alimentado com uma mistura
de líquido e vapor, além de termos um ruído grande na válvula de expansão, perdemos parte
do rendimento frigorífico, pois a maior quantidade de calor que é trocado no evaporador é
o Calor Latente, ou seja, o calor da mudança de fase do refrigerante. O visor de líquido é o
primeiro a nos indicar que as coisas não vão bem, pois se o condensador não estiver conden-
sando visualizaremos bolhas internamente no visor.
- Vácuo no sistema: O vácuo no sistema frigorífico garante que não tenhamos circulan-
do pelo sistema gases não condensáveis, tais como o ar atmosférico. Se tivermos no sistema
algum problema deste tipo, o visor pode nos mostrar que devemos tomar ações corretivas.
- Umidade: A umidade deve ser removida do sistema através de uma bomba de vácuo,
da mesma forma que os gases não condensáveis. Somente uma bomba de vácuo é capaz
de efetuar uma desidratação eficaz. É impossível efetuar a desidratação do sistema com o
compressor, pois este não consegue atingir níveis de vácuo capazes de efetuar a evaporação
de toda a umidade interna do sistema. Outra coisa muito importante em relação as bombas
de vácuo é que para cada tipo de sistema deveremos ter uma bomba de vácuo adequada.
Para um mecânico que trabalha com refrigeradores domésticos poderemos ter uma bomba
de vácuo pequena. Para mecânicos que operam sistemas grandes em instalações, tais como
câmaras frigoríficas, ou ainda instalações de supermercados, necessitamos de bombas com
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 93
Figura 23: circuito frigorífico com a aplicação do visor de líquido (detalhe) Tabela 03 - Visor e indicador de umidade
– impacto em sistemas com R-134a
150 10.2
Úmido
Umidade relativa %
100 6.8
1 Seco
75 5.1
2 Atenção
50 3.4
25 1.7
Seco
0 0
3% umidade 10% umidade
relativa relativa
1- Formação de ácidos @75 ppm
2- Recomendação < 50 ppm
maiores vazões. É muito importante buscar junto ao fabricante destes equipamentos a sua
correta capacidade em função do tipo de serviço que é normalmente executado. A umidade
acima de uma determinada concentração ocasiona a formação de ácidos. Esta porcentagem
varia de acordo com cada fluido refrigerante, porém em média toda vez que tivermos algo
maior que 50 ppm (partes por milhão) teremos problemas de formações ácidas.
Utilização de visores em sistemas de refrigeração
- Possibilidade de saber o nível exato de umidade do sistema: Pensando exatamente
em fornecer aos mecânicos, técnicos e engenheiros uma perfeita medição das condições
internas do sistema, no que diz respeito a quantidade de água, com a utilização de um
visor de líquido é possível precisar até 3% de umidade relativa (veja Tabela 03). Uma in-
dicação de 3% significa que o visor pode avisar que os níveis de umidade ainda não estão
comprometendo a instalação em relação a formação de ácidos, porém, ele deve efetuar uma
manutenção preventiva em seu equipamento. Esta é uma ferramenta que não era conhecida
pelos profissionais técnicos ou não era encarada como uma importante forma de evitar que
problemas maiores ocorram e levem, por exemplo, a queima de um compressor, corrosão de
componentes e tubulações. Como mostra a Tabela 04, em função da temperatura da linha
de líquido e em função do fluido refrigerante podemos ter uma medição exata da quantida-
de de água no sistema frigorífico. Esta quantidade sendo mantida abaixo de 50 ppm para o
fluido refrigerante R-22 a uma temperatura de linha de líquido de 51,7°C, como exemplo,
temos a certeza que a instalação esta operando em boas condições. Quando esta quantidade
de umidade no sistema estiver a 90 ppm nas mesmas condições, devemos providenciar uma
manutenção preventiva com uma troca de filtro secador.
94 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Seco 50
Violeta 37,8 55 65 50 ppm
atenção 35 max.
51,7 85 90 80 20
24 90 90 85
Roxo Atenção
37,8 120 130 110
claro úmido
51,7 150 185 140
24 130 145 120 Seco Seco Atenção Úmido
Rosa Úmido 37,8 160 205 150 atenção úmido
51,7 190 290 180
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 95
96 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 97
Figura 25 - Sistema paralelo de compressores com separador de óleo individual e equalização de óleo e gás
Figura 26 - Sistema paralelo com separador de óleo comum e Figura 27 - Detalhe da equalização de óleo e gás entre
equalização de óleo e gás os cárteres dos compressores
12 11 9
“A”
12 14 15
13
1 1
2
3 4 3
10
15
7 8
10 6
5 2
4
98 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 28 - Projeto do coletor de descarga com separador de Figura 29 - Projeto do coletor de descarga com separador de
óleo individual e reguladores de nível de óleo (sistema de baixa óleo e reguladores de nível de óleo (sistema de baixa pressão)
pressão)
9* 8
7
9* 8 6
10 7
6
5
11
4
5 1 10 2 3
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 99
visor de líquido, tubo pescador, indicador de nível de líquido, visor de líquido, etc. O tanque
pode ser do tipo vertical ou horizontal. Muitos fabricantes de racks utilizam o tipo horizontal
onde o mesmo servirá como base para instalar os compressores quando da montagem em
Registro
Saída de líquido para
Entrada de líquido do condensador Válvula de expansão
Vapor
Tubo pescador
Visor
Visor
Líquido
Foto 14 -Tanque de líquido do tipo Foto 15 -Tanque de líquido do tipo Foto 16 - Exemplo de aplicação em racks
horizontal servindo como base para os horizontal servindo como base para os do tanque de líquido do tipo horizontal em
compressores semi-herméticos alternativo compressores semi-herméticos parafuso compressores semi-herméticos
100 C O L E ÇÃO T É C N I CA
paralelo. Porém, outros fabricantes de racks e unidades condensadoras preferem o tipo vertical
visando a redução das dimensões do equipamento. A seguir, um exemplo de construção de um
tanque de líquido horizontal com alguns acessórios, conforme Figura 30 e as Fotos 14, 15 e
16, de sua aplicação em racks com compressores em paralelo.
Selecionamento
Os fabricantes de tanque de líquido possuem gráficos e tabelas práticas para facilitar a
escolha do tanque de líquido, exemplificando o selecionamento utilizando a Tabela 05 que
relaciona a potência nominal com o volume do tanque.
Exemplo 1:
Compressor semi-hermético alternativo = Bitzer modelo 4V 10.2
Potência nominal (motor elétrico) = 10 HP
Tanque de líquido indicado = TEV 50 – (50 Lts, conexão de entrada e saída de diâ-
metro 5/8”).
No próximo exemplo, o Gráfico 01 relaciona as condições de aplicação, tipo do refri-
gerante, e capacidade frigorífica do sistema com o volume do tanque.
Fator
Fator de
de correção paraoovolume
correção para volume do
tanque de de
do tanque líquido abaixo:
líquido abaixo:
q R-134a
q ..............................=F=1,1
R134a......................F
1,1
q R-22
q
..................................
R22..........................F =F=1,0
1,0
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 101
Exemplo 2:
Compressor semi-hermético alternativo = Bitzer modelo 4CC-6.2
Condição de aplicação: -10 / 40ºC / R-22 ( média temperatura de evaporação – regime
de resfriados)
Capacidade frigorífica do compressor (Q) = 19,81 KW (aprox. 20 KW)
Consultando o Gráfico 01 temos: Capacidade do tanque de líquido aprox. = 25 litros.
A inundação do compressor por refrigerante líquido deverá ser evitada por todos os
meios. É claro que qualquer compressor de refrigeração, principalmente os compressores
parafuso, é capaz de aceitar uma certa quantidade de líquido durante sua operação. Con-
tudo, quantidades maiores de líquido oriundas do evaporador, facilitadas pela alta pressão
de sucção durante a partida, causarão danos inevitáveis às partes mecânicas do compressor.
Enfatizamos aqui o uso do acumulador de sucção ou separador de líquido como ilustrado
na Foto 17, que tem por finalidade prevenir a entrada de líquido refrigerante no compressor
evitando o risco de quebra mecânica. Infelizmente, o mesmo é pouca vezes lembrado como
recurso para a eliminação deste risco nas instalações frigoríficas, principalmente em baixas
temperaturas de evaporação. Um bom acumulador de sucção deve ser construído correta-
mente, a fim de oferecer proteção suficiente ao compressor contra retorno de líquido. Como
uma boa prática, também deverá ser selecionado o tamanho adequado para poder absorver,
se necessário, até 80% do líquido da carga do tanque de líquido. Lembramos que o óleo que
circula com o refrigerante pela tubulação deverá ser retornado ao compressor. Porém, apesar
disto, nenhum líquido poderá entrar no compressor durante seu funcionamento e, princi-
palmente, durante os períodos de parada. A fim de assegurar o retorno de óleo, os limites
de capacidade do acumulador de sucção indicados pelos fabricantes devem ser levados em
consideração, especialmente no que se refere à capacidade mínima.
O acumulador de sucção também tem as seguintes vantagens:
- Não requer regulagens;
- Não tem partes móveis;
- Não está sujeito a mudanças e não induz a novos problemas;
- Garante o arraste de óleo ao compressor através do orifício dosador de óleo como
mostra a Figura 31.
Dependendo da capacidade do acumulador de sucção, além do orifício dosador de óleo,
existe também outro orifício localizado na parte superior, o mesmo tem a função de evitar a
brusca queda da pressão de sucção quando o compressor voltar em funcionamento após um
longo período de parada. Como se pode ver na Foto 18, alguns fabricantes de componen-
tes desenvolveram um acumulador de sucção com intercambiador de calor interno. Desta
forma o líquido em baixa pressão presente no acumulador irá trocar calor com o líquido
102 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Foto 17 Foto 18 Figura 31 – Exemplo de um acumulador de sucção, detalhe do orifício dosador de óleo
Foto Carly/Bitzer
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 103
14 15%
12
Pressão
10 10%
6 5%
0
-20 0 20 40 60 ºC 80
Temperatura
1 - Quando o óleo estiver diluído por conter uma alta porcentagem de refrigerante,
haverá a vaporização do mesmo nos mancais, bielas, pistões, virabrequim, etc, provocando
a remoção do filme de óleo e a operação em seco do compressor;
2 - A diminuição da pressão de sucção no momento da partida ocasionará a formação
de espuma, devido à evaporação do refrigerante, podendo em casos extremos haver fuga
total do óleo do cárter do compressor.
Os fenômenos 1 e 2 ocorrem mais pronunciadamente quanto mais rápida for a queda
da pressão no cárter e quanto maior a pressão no momento da partida. Para que não ocor-
ram esses dois fenômenos, duas medidas são recomendadas:
- Aumentar a temperatura do óleo no cárter (com relação aos demais componentes
do sistema, evaporador e condensador), o que é conseguido através da resistência de aque-
cimento do óleo do cárter, controlada termostaticamente ou através do contato auxiliar do
contator do compressor, que em determinadas condições de aplicação a mantém ligada uni-
camente com o compressor fora de operação. É importante que o cárter fique sempre com
o óleo aquecido, através da resistência do óleo do cárter, principalmente durante as paradas
prolongadas do compressor. A Figura 32 mostra a importância da utilização da resistência
do cárter, que através do aquecimento do óleo, diminuirá a miscibilidade (solubilidade) de
óleo e refrigerante.
Importante: Não é função da resistência de aquecimento do óleo do cárter evitar gran-
de diluição por refrigerante resultante de migração de outras partes do sistema ou evaporar
grande quantidade de refrigerante já em diluição no compressor.
- Abaixar a pressão do cárter do compressor durante o período de parada do mesmo,
a um valor levemente inferior à pressão de evaporação de trabalho, havendo desta maneira,
no momento de partida, um pequeno acréscimo de pressão no cárter, ao invés de haver uma
104 C O L E ÇÃO T É C N I CA
-20
ºC
-30 B5.2 //R-22
B5.2 R22
-50
-60
-70
-80
0 20 40 60 80 % 100
Porcentagem em massa no óleo
queda. Isto pode ser obtido por intermédio de uma válvula solenóide instalada na linha de
líquido, antes da válvula de expansão do evaporador, comandada pelo termostato da instala-
ção. O compressor será ligado e desligado por meio de um pressostato de baixa pressão que
irá trabalhar em função da pressão de sucção. A primeira medida não é por si só suficiente,
principalmente nas instalações de alta temperatura de evaporação. O método recomendado
é a combinação dos dois, para que haja uma efetiva proteção do compressor.
Operação do sistema pump down
A Figura 33 mostra um exemplo simplificado onde o termostato da instalação desliga
a solenóide, que impedirá o envio de refrigerante para a válvula de expansão do evaporador e
ocasionará uma queda da pressão de sucção. Após atingir a pressão previamente estabelecida
(algumas libras abaixo da pressão de evaporação de trabalho), o pressostato desligará o com-
pressor. Neste caso o pressostato de baixa pressão deverá estar ligado em série com o coman-
do elétrico do compressor. Caso ocorra a elevação da pressão no evaporador o compressor
será ligado por um breve período, até a pressão atingir o valor preestabelecido no pressostato
A - Registro fechado B - Passagem livre sem bloqueio C - Passagem livre sem bloqueio
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 105
Figura 33 - Esquema simplificado da parada por recolhimento de gás (pump down system)
Evaporador Condensador
Tanque de
Termostato ligado em série líquido
com a válvula solenóide
Compressor
106 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 107
(*) Os itens 6. 3 Válvulas de Expansão e 6. 5 Visores de Líquido foram escritos pelo engenheiro de
aplicação Sidney Mourão – Divisão Refrigeração da Emerson Climate Technologies.
108 C O L E ÇÃO T É C N I CA
CAPÍTULO VII
ISOLAMENTO TÉRMICO NAS TUBULAÇÕES
FRIGORÍFICAS
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 109
110 C O L E ÇÃO T É C N I CA
o valor para uma temperatura média entre a interna e a ambiente, conforme as Fotos 02 e 03.
Este coeficiente aumenta consideravelmente quando o isolamento umidece, por não dispor de
uma efetiva barreira de vapor. Assim sendo, não somente temos que considerar os valores do
coeficiente de condutividade como, também, o fator de resistência à difusão do vapor de água
(µ). Quanto maior este valor, menor o risco do vapor de água penetrar no isolamento, umi-
decendo a instalação e causando danos à tubulação e diminuindo sensivelmente o comporta-
mento térmico do material isolante. O coeficiente de condutividade térmica poderá, também,
ser influenciado pelo envelhecimento do isolamento, por isso, o uso de materiais confiáveis e
de qualidade, garante um comportamento estável por um maior período de tempo.
Coeficiente Superficial de Transmissão de Calor (h)
É composto pela somatória dos coeficientes superficiais devido à radiação (hr ) e con-
vecção (hc ). Pela experiência prática em instalações no campo do frio, podemos recomendar
os seguintes valores:
h = 9 W/(m2oK) (isolamento sem proteção ou pintado, instalado em zonas ligeira-
mente ventiladas);
h = 7 W/(m2oK) (isolamento recoberto com chapa de aço galvanizado ou em zonas de
pouca ventilação);
h = 5 W/(m2oK) (isolamento recoberto com folha de alumínio ou em áreas estanques).
Devemos ressaltar que, quanto menor o coeficiente superficial de transmissão de calor
(h), menor é a temperatura superficial do isolamento e, portanto, maior deverá ser a espessu-
ra do isolamento para evitar a condensação, conforme a Foto 04. Como já exposto, um bom
isolamento térmico pode conseguir, de forma contínua e permanente, que a temperatura
superficial se mantenha acima da temperatura de orvalho, evitando com isso a condensação.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 111
Para isso temos que exigir que, o isolamento térmico reúna todos os requisitos necessários,
de acordo com as características técnicas do material juntamente com o seu comporta-
mento na prática.
A escolha do isolamento térmico flexível de espuma elastomérica exerce uma vantagem
excepcional sobre os isolamentos tradicionais e a sua estrutura de células fechadas, oferece
uma efetiva barreira de vapor a todo isolamento, e seu alto fator de resistência à difusão do
vapor de água assegura um comportamento estável e homogêneo, impedindo a penetração
do vapor que, se condensaria no interior do material isolante. Outra característica do iso-
lamento térmico flexível de espuma elastomérica, é a sua flexibilidade, conforme Foto 05,
que permite adaptar-se a qualquer tipo de instalação, incluindo as mais complexas curvas e
válvulas, e com menos perdas.
112 C O L E ÇÃO T É C N I CA
CAPÍTULO VIII
BALCÕES FRIGORÍFICOS
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 113
114 C O L E ÇÃO T É C N I CA
evaporador
isolamento térmico dreno ventilador
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 115
ventilador ventilador
evaporador ventilador
nho dos balcões frigoríficos. Isto é especialmente verdadeiro nos casos de balcões para pro-
dutos congelados. Nestes pode surgir à ocorrência de neve na zona destinada a armazenagem
do produto e nos dutos quando o teor de umidade relativa do ar ambiente ultrapassar 55%,
mesmo que a sua temperatura seja inferior a 200C, por conseguinte, a umidade e não a tem-
peratura é freqüentemente o problema mais sério para os balcões frigoríficos abertos.
Degelo
Uma conseqüência da umidade é a necessidade de descongelar os balcões. A Figura 04
mostra um corte esquemático de um balcão frigorífico de auto serviço, e como se processa
a circunscrição do ar frio. É no evaporador que se produz o frio e onde o fluido refrigerante
está se evaporando e ao fazê-lo, absorve calor do ar que passa pela serpentina do evapora-
dor, e assim o balcão e os produtos neles contidos. No início de um ciclo, logo após ligar o
compressor, o evaporador está totalmente limpo e o ar passa facilmente. Entretanto, pouco
a pouco a umidade contida no ar se deposita em forma de neve nas paredes frias do eva-
porador. Depois de algum tempo, ele começa a ter o aspecto da Figura 05 e o movimento
de ar se reduz. Se o compressor continuasse funcionando, o evaporador ficaria totalmente
acumulado de neve e o ar não poderia mais passar. O evaporador ficaria bloqueado fazen-
do com que os produtos contidos no balcão não mais fossem refrigerados. Está é a razão
para se fazer o degelo, e evitar que se forme tanto gelo no evaporador a ponto de prejudicar
ou impedir a refrigeração do balcão. O degelo é automático e controlado por um relógio
elétrico ou relé cíclico, onde este é previamente regulado para desligar o equipamento um
determinado número de vezes por dia, por um período de tempo pré-determinado. O relé
cíclico, além de desligar o compressor, liga uma resistência elétrica que possa fornecer calor
para derreter o gelo acumulado no evaporador. Quantas vezes por dia isso deve ser feito?
116 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Fluxo de ar
Resistência
Dois evaporadores
Linha de líquido
Linha de sucção
Não existe uma resposta direita a esta pergunta. A freqüência do degelo depende, princi-
palmente, das condições de umidade do local onde está instalado o balcão. Num recinto
onde haja ar condicionado, a umidade ambiente é mantida num nível controlado, o que faz
com que o número de degelos a serem feitos seja pequeno. Num ambiente onde não haja
ar condicionado e o nível de umidade relativa do ar seja elevado, haverá a necessidade de
vários degelos. Um outro fato que influi na resposta, é se o refrigerador é um balcão aberto
ou fechado. O balcão fechado precisa de muito menos degelos do que um balcão aberto.
Também a temperatura em que o refrigerador irá funcionar influi na questão do degelo.
Um balcão aberto para produtos congelados exige um número maior de degelos do que um
balcão para temperaturas em torno de 00C, desde que ambos estejam expostos às mesmas
condições ambientes. Para cada modelo de balcão cada fabricante estabelece um determi-
nado programa de degelos, que deve ser rigorosamente seguido, para obtenção de melhores
resultados. Será possível aumentar o número de degelo e dessa maneira reduzir a duração
de cada um deles? A resposta é não! Não se deve aumentar o número de degelo e reduzir a
sua duração, pois ao fazê-lo, estaríamos correndo o risco de ter problemas com evaporador
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 117
Foto 01 - Balcão aberto vertical Foto 02 - Balcão horizontal de serviço Foto 03 - Balcão horizontal de auto
Foto 04 - Balcão fechado vertical Foto 05 - Balcão vertical de auto Foto 06 - Balcão combinado
118 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Não permita que o gosto pelas promoções espetaculares o faça exceder a capacidade
do balcão de refrigerar. Isto significa não permitir que pilhas de mercadorias ou cartazes
interfiram com a circulação normal do ar frio como mostra a Foto 07. Somente quando o ar
frio está envolvendo totalmente a mercadoria é que esta pode ser adequadamente resfriada.
Não ultrapasse a linha de carga indicada no balcão. Em balcão com prateleiras refrigeradas
deve-se promover a rotação das mercadorias a fim de evitar a acumulação de neve sobre os
produtos. As pilhas de latas sem uniformidade ou o bloqueio das saídas podem causar uma
maior acumulação de gelo no evaporador, ou a formação de gotas de umidade que se con-
densam, prejudicando o bom aspecto da mercadoria conforme as Figuras 07 e 08.
Rotação da mercadoria nos balcões frigoríficos
De uma forma geral, não podemos esquecer que todos os produtos colocados em balcões
frigoríficos são perecíveis. Mesmo os produtos congelados não devem permanecer em estoque
indefinidamente, pois também são perecíveis. Diariamente deve-se verificar se estão sendo
retirados dos balcões os pedaços de papel que porventura se desprendam das embalagens dos
produtos expostos, assim como quaisquer outros detritos que tenham caído dentro do balcão.
Ao evitar que surjam causas para o entupimento dos esgotos como na Foto 08, estaremos
contribuindo para evitar que o equipamento de refrigeração deixe de funcionar ou tenha sua
eficiência diminuída. Existem alguns fatores que aumentam a necessidade de limpeza:
- Instalação mal feita;
- Controles mal regulados;
- Práticas insatisfatórias de carregar e armazenar mercadorias no balcão;
- Extremos de temperatura e/ou umidade ambiente na loja.
Todas essas condições irão resultar em trabalho menos satisfatório do equipamento, e
podem levar alguns a pensar que o balcão não está sendo bem limpo.
Maneiras de carregar um balcão frigorífico
Os produtos congelados são rapidamente perecíveis se não forem armazenados em
temperaturas adequadas. Os fabricantes desses produtos têm um trabalho e despesas enor-
mes visando evitar que o produto se estrague desde quando sai da fábrica até o ponto-de-
venda (supermercado). Freqüentemente esse esforço é totalmente desperdiçado, quando um
funcionário do supermercado larga pacotes de produtos congelados em algum ponto da loja
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 119
enquanto executa algum outro trabalho mais urgente. A transferência de produtos congela-
dos do ponto de armazenamento até o balcão deve ter prioridade entre os serviços a serem
executados, a fim de manter o produto com o mesmo nível de qualidade que tinha ao ser
congelado inicialmente. Lembre-se: A qualidade de um gênero perecível não pode ser recu-
perada depois de ter sido perdida.
Correntes de ar afetam a refrigeração dos balcões
Seja qual for a causa, uma porta aberta, um ventilador mal colocado, um duto de ar
condicionado soprando sobre um balcão, enfim, qualquer movimentação apreciável de ar
sobre balcões refrigerados abertos causará problemas conforme Figura 09. Quando o balcão
apresenta temperatura acima do normal, ou dificuldades de descongelamento, é possível que
estes problemas sejam causados por corrente de ar em volta do mesmo. Lembre-se sempre de
que o balcão refrigerado tem como princípio de seu funcionamento uma cortina de ar que
circula de uma lado para outro, ou de cima para baixo, dependendo do modelo. Uma cor-
rente de ar externo poderá interferir nessa circulação, provocando ou a entrada de ar quente
ou o transbordamento de ar frio para fora do balcão. Ambas as condições reduzem a efici-
ência e podem mesmo impedir o seu bom funcionamento. Os movimentos do ar em torno
de um balcão podem ser facilmente observados, acompanhando o trajeto da fumaça de um
cigarro. Geralmente, assim que se descobre a origem de uma corrente de ar que está atrapa-
lhando o funcionamento de um balcão, é possível encontrar uma maneira de eliminá-la.
Figura 07 - Cuidado na armazenagem Figura 08 - Deve ser respeitado o limite Figura 09 - Cuidado com as correntes
das mercadorias máximo de mercadorias recomendado de ar externas sobre os balcões
120 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Figura 10 - Cuidado para não deixar os balcões instalados sobre fontes de calor, isto acarretará em
aumento sensível da carga térmica
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 121
A limpeza dos gabinetes e câmaras deve ser feita seguindo-se certos preceitos básicos,
tais como:
- Não se deve lavar as prateleiras e placas verticais dos balcões utilizando-se manguei-
ras de água. Deve-se usar panos umedecidos. Uma lavagem mais forte poderá ser feita na
parte inferior do gabinete, onde corre a água proveniente do degelo. Esse setor é chamado
de bandeja, e possui um sistema de dreno ligado diretamente no esgoto. Esse sistema de
dreno possui sifão, e fica localizado entre o piso e o casco inferior do gabinete. Em alguns
casos essa tubulação de dreno é danificada ou desconectada do ralo durante uma eventual
limpeza do chão.
- Antes da lavagem, o setor de manutenção deve ser comunicado para fazer o desli-
gamento do gabinete, evitando assim qualquer problema de segurança para o pessoal da
limpeza e danos ao sistema elétrico.
- Material abrasivo deve ser evitado, pois podem danificar as vedações da estrutura e
das conexões elétricas.
- Nunca se deve pisar no interior do balcão.
- Ventiladores devem ser protegidos contra respingos de água, mesmo se estiverem
desligados.
- Balcões encharcados de água não devem ser imediatamente ligados, para evitar pos-
síveis curtos-circuitos.
- As tubulações de cobre dentro do balcão são frágeis, não devendo ser pisadas, supor-
tar pessoas ou sofrer golpes.
- A parte inferior do balcão (entre o piso e o casco inferior) possui caixas metálicas
com componentes elétricos em seu interior. Deve-se lavar com cuidado esse setor.
122 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 123
124 C O L E ÇÃO T É C N I CA
CAPÍTULO IX
CÂMARAS FRIGORÍFICAS
Foto 01 - Câmaras frigoríficas isoladas termicamente Foto 02 - Exemplo de câmaras pré-modulares com painéis de poliuretano
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 125
126 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 127
Tabela 02 - Espessuras
Temperatura da Espessura do poliuretano
Câmaras (°C) expandido (mm)
8 a 20 60
3a8 80
-5 a 3 100 - 120
-15 a -5 150
-20 a -15 180
-30 a -20 200
-40 a -30 240
128 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 129
PAREDE
Toda a vez que a porta é aberta
ocorre infiltração de calor
PAREDE 1 B Entrada de ar quente por cima
3m 4m
ou seja ou seja
[35ºC - (-1ºC)] = 36ºC [(35ºC - (18ºC)] = 53ºC
2m 3m
130 C O L E ÇÃO T É C N I CA
O cálculo sempre deverá ser feito levando-se em consideração todas as paredes, teto e piso,
conforme abaixo:
Paredes = 2 x ( A x B )
Paredes = 2 x ( C x B)
Piso + Teto = 2 x ( A x C )
Equação da transmissão de calor nas paredes, teto e piso:
Q1 = A x Fator Tabela 03
Onde:
Q1 = Quantidade de calor transferido
A = Área da superfície externa da parede (m2)
Fator Tabela 03 = Coeficiente total de transmissão de calor (kcal/m2 24h)
Determinando o Fator Tabela 03
- D.T. = Diferença de temperatura através da parede;
- Tipo de isolamento (Isopor, poliuretano...);
- Espessura do isolamento (mm);
Exemplo de cálculo:
Parede (largura) x (altura) x Fator Tabela 03 (isopor 100mm/D.T. 35°C) =
8 x 3 x 251 = 6024 kcal/24h
É importante considerar a possível proteção do local onde será instalada a câmara fri-
gorífica contra a incidência dos raios solares. Por exemplo, se for instalada no interior de um
estabelecimento, sem receber raios solares diretamente, a temperatura será a de bulbo seco
da região. Caso contrário, deverá ser adicionado um valor para compensar o efeito. Tal valor
depende do tipo, cor e orientação da parede.
- Infiltração de Calor (Q2): Cada vez que a porta da câmara frigorífica é aberta, o ar
externo mais quente se infiltra e deve ser resfriado nas condições internas, aumentando, por
conseqüência, a carga térmica total, como visto na Figura 05.
Equação da carga de infiltração (abertura de portas):
Q2 = V x N(Fator Tabela 04) x Fator Tabela 05
Onde:
Q2 = Quantidade de calor infiltrado;
V = Volume da câmara (m3);
N = Número de abertura de portas (Fator Tabela 05)
Fator Tabela 04 = ganho de energia por m3 de câmara, em função de temperaturas e
umidade relativa interna e externa (kcal/m3)
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 131
Exemplo de cálculo:
Volume x Fator Tabela 03 x Fator Tabela 04
120 x 8 x 25,2 = 24192 kcal/24h
É fundamental a importância de uma anti-câmara ou emprego de uma cortina de ar
apropriada ou de portas tipo impacto que possam reduzir a carga de infiltração. Essa prote-
ção seria da ordem de 80% para o tipo impacto e de 60% a 80% para cortinas de ar verticais
(Neves Filho – Resfriamento de frutas e Hortaliças - 2002).
- Calor dos produtos (Q3): Produto submetido à temperatura maior do que aquela
interna (temperatura do mesmo), numa câmara frigorífica cede calor até sua temperatura
baixar ao calor de conservação, como na Figura 06. A carga térmica total, conforme o pro-
duto, é variável por uma ou mais das seguintes causas:
Equação para carga do produto:
Q3 = m x c x D.T.
Onde:
Q3 = Quantidade de calor do produto
m = massa do produto (kg)
c = calor específico
D.T. = temperatura de entrada - temperatura interna
Quando o produto tiver que ser congelado à temperatura abaixo do ponto de congela-
mento, a carga é calculada em três partes:
a) Calor cedido antes do congelamento (Calor Sensível);
b) Calor cedido pelo produto em congelamento (Calor Latente);
c) Calor cedido pelo produto após congelamento (Calor Sensível).
Exemplo de cálculo do calor de respiração para resfriar a verdura a partir de sua tem-
peratura natural:
132 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Produto = alface
Quantidade (q) = 1000 kg
Temperatura inicial (to) = 25oC
Temperatura final (tf )= 4oC
Calor específico da alface antes do ponto de congelamento (Cac)=0,96 kcal/kg ºC
Calor de respiração da alface (Cresp.)= 0,65 kcal/kg
Exemplo de cálculo:
Redução da Temperatura de 25oC para 4oC (Calor Sensível)
Calor Sensível = q X (to - tf ) x Cac = 1000 x (25 – 4) x 0,96 = 20.160 kcal
Calor de Respiração
Calor Respiração = q X Cresp = 1000 x 0,65= 650 kcal
Total real = 20.160 + 650 = 20.810 kcal
Outras fontes de calor que devem ser levadas em consideração no projeto da câma-
ra frigorífica: A energia dissipada no espaço refrigerado, como a proveniente das pessoas
(ocupação), da iluminação, das embalagens, dos motores dos ventiladores ou empilhadeiras
deverá ser criteriosamente calculada. Tais valores exigem um cuidado especial em função da
forma de utilização ou avanços tecnológicos alcançados.
- Carga de ocupação (Q4): As pessoas, em especial os camaristas, como ilustra a Fi-
gura 07, também dissipam calor para o ambiente, dependendo do tipo de movimentação,
temperatura, roupa, etc. A Tabela 07 apresenta alguns valores do calor equivalente por pes-
soa em função da temperatura da câmara.
Equação da carga de ocupação:
Q4 = N° de pessoas x Fator Tabela 07 x Tempo de permanência
Exemplo de cálculo:
N° de pessoas x Fator Tabela 07 x Tempo de permanência
3 x 233 x 2 = 1398 kcal/24h
- Carga de iluminação (Q5): O tipo de lâmpada e o tipo de luz podem resultar em car-
gas térmicas apreciáveis, conforme Figuras 08 e 09. De acordo com o tipo a ser empregada, a
carga térmica no interior da câmara será menor para os de sódio, pouco menor quando se trata
de vapor de mercúrio ou fluorescente, sendo praticamente o dobro no caso de incandescente.
Equação para a carga de iluminação:
Q5 = P x 860 (kcal/h) x Tempo de utilização
Onde:
Q5 = Quantidade de calor devido a iluminação
P = Potência (kW)
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 133
134 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 135
136 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 137
138 C O L E ÇÃO T É C N I CA
25 358 239 179 119 89 239 159 119 208 139 104
28 401 267 200 134 100 267 178 134 233 155 116
30 429 286 215 143 107 286 191 143 250 166 125
33 472 315 236 157 118 315 210 157 275 183 137
35 501 334 251 167 125 334 223 167 291 194 140
38 544 363 272 181 136 363 242 181 316 211 158
40 573 382 286 191 143 382 255 191 333 222 166
43 616 410 308 205 154 410 274 205 358 238 179
45 644 429 322 215 161 429 286 215 374 250 187
48 687 458 344 229 172 458 305 229 399 266 200
50 716 477 358 239 179 477 318 239 416 277 208
53 759 506 379 253 190 506 337 253 441 294 220
55 787 525 394 262 197 525 350 262 458 305 229
58 830 554 415 277 208 554 369 277 483 322 241
60 859 573 429 286 215 573 382 286 499 333 250
63 902 600 451 300 225 600 401 300 524 349 262
65 931 620 465 310 233 620 414 310 541 361 270
68 974 650 487 325 243 650 433 325 566 377 283
70 1000 668 500 335 250 668 445 335 582 388 290
Tabela 04 - Calor nescessário para resfriar o ar externo até a temperatura da câmara (Kcal/m3 )
Condições Externas (temperaturas bulbo seco e umidade relativa)
Temp.
Câmara 15ºC 20ºC 25ºC 30ºC 35ºC 40ºC
em ºC
40% 50% 60% 40% 50% 60% 40% 50% 60% 40% 50% 60% 40% 50% 60% 40% 50% 60%
10 0,2 1 1,5 2,9 4 5,1 6 7,4 8,9 9,5 11,5 13,6 13,6 16,5 19,2 18,7 22,3 26
5 2,7 3,5 4,3 5,5 6,6 7,7 8,6 10 11,7 12,3 14,4 16,5 16,5 19,4 22,2 21,7 25,4 29,2
0 5,4 6,2 7 8,1 9,3 10,5 11,4 13 14,5 15,1 17,2 19,4 19,4 22,4 25,2 24,7 28,4 32,3
-5 8 8,8 9,7 10,8 12 13,2 14,1 16 17,3 18 20,1 2,3 22,3 25,3 28,2 27,7 31,5 35,5
-10 10,2 11,1 12 13,1 14,3 15,5 16,5 18 19,7 20,4 22,5 24,8 24,8 27,9 30,8 30,3 34,2 38,2
-15 12,7 13,5 14,4 15,6 16,8 18,1 19 21 2,3 23 25,2 27,5 27,5 30,7 33,7 33,2 37,1 41,2
-20 14,8 15,7 16,6 17,9 19,1 20,4 21,3 23 24,7 25,4 27,6 30 30 33,2 36,3 35,7 39,8 43,9
-25 17 17,9 18,8 20,1 21,3 22,6 23,6 25 27 27,7 30 32,4 32,4 35,7 38,8 38,3 42,4 46,7
-30 19,2 20,2 21,1 22,4 23,7 25 26 28 29,5 30,2 32,5 35 35 38,4 41,6 41 45,2 49,5
-35 21,6 22,5 23,5 24,8 26,1 27,4 28,5 30 32 32,8 35,1 37,7 37,7 41,1 44,3 73,7 48 52,5
-40 23,8 24,8 25,8 27,1 28,5 29,8 30,9 33 34,5 35,3 37,7 40,3 40,3 43,8 47,1 46,5 50,9 55,4
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 139
140 C O L E ÇÃO T É C N I CA
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 141
Tabela 07 - Calor de ocupação Tabela 08 - Irradiação Solar - Graus Celcius a acrescentar à diferança normal de
temperatura usada no cálculo de dispersão para compensar o efeito da irradiação
Temperatura da Calor equivalente solar - Não usar em projetos de condicionador de ar
Câmara (Cº) por pessoa (Kcal/h)
Parede Parede Parede Teto/
Superfície
10 181 Leste Sul Oeste Chão
5 208 Piso escuro, ardósia, superfícies escuras 4,5ºC 3ºC 4,5ºC 11ºC
Superfície entre o escuro e o claro,
0 233 3,5ºC 2ºC 3,5ºC 8ºC
madeira, cimento
-5 258 Superfície clara, pedras claras, cimento
2ºC 1ºC 2ºC 5ºC
-10 279 claro e pintura branca
-15 313
Tabela 09 - Densidade de estocagem de produtos estocados por m3 bruto em câmara
-20 338
Descrição Kg/m3
-25 358 Couve-flores
Sorvetes 150 a 199
Maçãs
Lagostas
Lesmas
200 a 249
Framboesas
Pizzas
Vitelos (quartos anteriores sobre engradados)
Carneiros (carcaça) 250 a 299
Espinafres
Vitelos (quartos anteriores sobre engradados)
Carne moída
Doces em lata
300 a 349
Vagem (ao varejo e atacado)
Fruta (ao varejo e atacado)
Peixe (ao varejo e atacado)
Porcos (carcaça)
Batatas fritas
350 a 399
Frangos
Verduras (ao varejo e atacado)
Lombinho sobre engradados
400 a 449
Gansos e perus
Fruta congelada para a indústria
Peixe congelado para a indústria 450 a 499
Verdura congelada para a indústria
Manteiga (em caixote de papelão)
Carne (em lata)
Castanhas
Frutas congeladas (em lata ou caixas s/ engradados)
500 e mais
Massa (caneloni, ravióli)
Massa para doce
Presunto (em caixas sobre engradados)
Ovos congelados
Densidade de estocagem, carnes penduradas sobre trilhos
Valores em kg por cada metro de trilho
Descrição Kg/m
Vitelos (quartos anteriores e posteriores sobre trilho baixo) 350 a 400
Porcos (descasados sobre trilho baixo) 400
Porcos (quartos posteriores sobre trilho baixo)
400 a 500
Lombinhos e presuntos (sobre trilho baixo)
Vitelos (descasados sobre trilho baixo) 650 a 800
As densidades de estocagem fornecidas nesta tabela são pré-calculadas de forma a
deixar espaços livres para a movimentação do produto, a distribuição e circulação do
ar. Por volume bruto entende-se o volume total da câmara.
142 C O L E ÇÃO T É C N I CA
Assim como nos balcões frigoríficos, deve-se evitar a entrada de produtos quentes nas
câmaras frigoríficas, pois a maioria dos projetos de câmaras frigoríficas para supermercados
é para produtos pré-resfriados e pré-congelados, sendo assim, as câmaras terão apenas que
conservar os produtos que necessariamente terão que entrar com a temperatura próxima
àquela que deve ser mantida. Assim, evite ultrapassar a capacidade máxima de armazena-
gem dos produtos ao qual a câmara foi dimensionada.
Não misture os produtos a serem conservados no interior das câmaras; cada produto
possui uma temperatura de conservação diferente do outro. As luzes internas deverão ser
apagadas quando as câmaras não estivarem sendo utilizadas. As portas das câmaras devem
estar fechadas o máximo possível, uma prática errada é deixar a porta de uma câmara fri-
gorífica aberta por períodos longos. Esta prática não só cria problemas para o conteúdo da
câmara pela entrada de ar quente e úmido, mas também provoca o acúmulo de gelo no eva-
porador. Por outro lado, esse gelo excessivo impede o sistema de refrigeração de funcionar
com 100% de eficiência até o próximo período de degelo. Em situações onde as portas das
câmaras não podem ficar fechadas, uma boa saída é a instalação de cortinas de PVC que ex-
cluirá a necessidade constante da reposição do frio, reduzindo o consumo de energia já que
a perda é mínima. Evitar obstruir a circulação do ar na saída dos evaporadores, pois além
de não garantir a uniformidade da temperatura no interior da câmara, provocará também
um maior acúmulo de gelo no evaporador e ajuste corretamente a duração e os intervalos de
degelo. Sempre observar se não há acúmulo de gelo no evaporador, havendo resistência elé-
trica queimada, a mesma deverá ser substituída com urgência, caso contrário poderá haver
retorno de líquido na sucção do compressor. Evite que a água do degelo fique no interior da
câmara, pois além de ocupar área útil no interior da câmara com o acúmulo do gelo no piso,
o mesmo fica escorregadio podendo provocar acidentes e também o sucessivo bloqueio de
gelo no evaporador ocorrerá facilmente. Abaixo aparecem algumas situações de pouco caso
na utilização das câmaras frigoríficas, situações adversas que vão desde a falta de arrumação
dos produtos, falta de limpeza dos evaporadores, resistência de degelo queimada, dreno de
bandeja entupido, borracha da porta danificada, falta de ventilador no evaporador, como
ilustrados nas Fotos 04, 05, 06 e 07.
C O L EÇÃO T ÉC N I CA 143