Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
10
11
13
14
15 Lisboa 2020
16
17
18 ÍNDICE
19
20 1- CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ......................................................................................................... 3
21 2- CONTEXTO MACROECONÓMICO E SOCIAL ............................................................................................. 7
22 3 - CONSISTÊNCIA DA POLÍTICA ORÇAMENTAL COM A ESTRATÉGIA DAS GRANDES OPÇÕES ............................... 11
23 4 - POLÍTICA FISCAL ........................................................................................................................... 16
24 5 - ORIENTAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA .................................................................................................. 18
25 6 - ORÇAMENTO DA SEGURANÇA SOCIAL ............................................................................................... 21
26 7 - SÍNTESE CONCLUSIVA……………………….…...……………………………………………………...24
27
29 I - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
52 Nesta mesma linha, prevê o art.º 4.º da Proposta de Lei n.º 60/XIV (Lei das
53 Grandes Opções 21-23) que “As prioridades de investimento constantes da Lei
54 das Grandes Opções são contempladas e compatibilizadas no âmbito do
55 Orçamento do Estado para 2021”.
79 O CES congratula-se por verificar que, à semelhança dos anos anteriores, a POE
80 determina a obrigatoriedade dos orçamentos dos serviços e organismos
81 incorporarem a perspetiva de género.
111 O CES chama, contudo, a atenção para a dificuldade em articular este novo
112 quadro com o quadro 3.3 do Relatório, intitulado “Principais medidas de política
113 orçamental em 2020 e 2021” (mas que só descreve as de 2021). De fato, não só
114 a lista de medidas é diferente, mas, apesar disso, o impacto total líquido das
115 medidas é exatamente o mesmo, ou seja, - 0,9% do PIB. Esta situação junta-se a
116 outras descritas no presente Parecer, revelando a existência de incongruências
117 nos números apresentados, o que poderá fomentar sérias dúvidas sobre os
118 valores inscritos no orçamento.
119 Neste sentido, o CES recomenda que possa haver um esclarecimento sobre
120 estas inconsistências (as quais podem ser apenas aparentes) a fim de não ser
121 afetada a credibilidade do processo orçamental traduzido nesta POE.
141 A queda mais acentuada das exportações de serviços em 2020, mesmo que
142 podendo traduzir-se numa maior taxa de recuperação em 2021, não
143 possibilitará que elas retomem os valores dos anos que antecederam a crise e
144 que foram determinantes para a obtenção do saldo positivo registado nesses
145 anos. A isto acresce o facto de em 2020 se ir registar, muito provavelmente,
158 Uma outra análise que deverá merecer reflexão, eventualmente no âmbito da
159 concertação social, é o risco referido no Relatório sobre “a potencial rigidez na
160 afetação de recursos (para setores em expansão)”.
181 Neste ponto o CES exprime algumas dúvidas sobre a consistência do programa
182 de investimentos (previstos ou que deviam estar previstos nas Grandes Opções)
183 e das respetivas fontes de financiamento (quer de origem nacional, quer de
184 origem externa).
185 A análise desta consistência começa por ter a dificuldade de não haver um
186 programa de investimentos públicos nas Grandes Opções, nos termos previstos
187 na respetiva Lei. Mesmo na POE a lista de investimentos estruturantes (Quadro
188 2.1), que é apenas uma parte do investimento público, surge de forma pouco
189 credível, com valores pouco consistentes com os que foram publicados no
190 Quadro de 2020, e sem indicar as fontes de financiamento.
79 O CES congratula-se por verificar que, à semelhança dos anos anteriores, a POE
80 determina a obrigatoriedade dos orçamentos dos serviços e organismos
81 incorporarem a perspetiva de género.
223 O CES alerta ainda para a subida da dívida pública e as previsões que a
224 mantêm acima dos 100% do PIB até 2031 (no OE 2020 esta meta estava prevista
225 para 2023). No seguimento de anteriores pareceres sublinha-se de novo a
226 necessidade de uma criteriosa gestão da dívida pública, tanto mais que o
227 agravamento do défice trará novas pressões sobre o seu peso na economia
228 portuguesa e na capacidade de endividamento da mesma.
230 O país precisa de uma política orçamental para o próximo ano assumidamente
231 pró-cíclica, ou seja, o OE deve constituir um instrumento ativo de saída da crise
232 e de retoma do crescimento económico.
276 Na sequência desta análise o CES recomenda que, para permitir uma mais
277 completa avaliação da consistência orçamental se proceda a um
278 relacionamento matricial entre as agendas estratégicas das Grandes Opções e
279 os programas orçamentais constantes da POE.
283 O CES alerta uma vez mais para a necessidade de se promover a integração
284 dos vários documentos de política económica e orçamental. Na atual situação
285 estes documentos surgem mais como uma sequência de gavetas para angariar
286 fundos, nomeadamente os provenientes da União Europeia, não havendo o
287 desejado objetivo de os integrar.
303 Por outro lado, esta reflexão, e consequente recomendação do CES, vai ao
304 encontro de um dos objetivos da política orçamental que é o de obter ganhos
305 de eficiência na despesa pública.
342 Embora se explicitem ao longo do texto da POE alguns contributos dos impostos
343 para atenuar os efeitos da pandemia, procurando diminuir quebras acentuadas
344 nos rendimentos das famílias e das empresas, nota-se que a carga fiscal em 2021
345 suspendeu a sua tendência de diminuição voltando a subir, ainda que de forma
346 ligeira (de acordo com os elementos informativos complementares do Relatório
347 sobe de 33,9% para 34,0%), essencialmente devido à subida da carga fiscal dos
348 impostos sobre o rendimento e património. Tal não parece compatível com uma
349 política fiscal de apoio às famílias, tanto mais que para 2021 se prevê uma
350 descida da percentagem da despesa pública face ao PIB, incluindo o peso das
351 prestações sociais que passa de 20,6% para 19,9%. Refira-se, contudo, que
352 comparando com o cenário de políticas invariantes, existe uma diminuição no
353 peso dos impostos no PIB, devido às medidas discricionárias de política
354 orçamental.
355 A única rubrica cujo peso no PIB cresce de forma mais visível é a Formação Bruta
356 de Capital Fixo que passa de 2,5% para 2,9%, mas se considerarmos que o
357 investimento público estimado para 2020 é metade do realizado em 2010 e que
358 Portugal, mesmo executando o valor previsto em 2020, continuará a ser o país
359 da UE com o pior rácio de investimento público no PIB, seria desejável que a
360 aposta para o investimento público fosse mais ambiciosa. Também se justificam
361 mais uma vez o que justifica os alertas do CES sobre a necessidade de um
364 Ainda no que se refere à receita fiscal, e tendo em conta a evolução da receita
365 do IRS, cuja previsão de aumento entre 2019 e 2021 é de 1,8%, enquanto a
366 receita fiscal total desce cerca de 5%, o CES volta a sublinhar a importância da
367 correção da justiça fiscal no que se refere à tributação dos rendimentos no
368 trabalho face a outras bases tributárias.
373 Já em relação aos benefícios em sede de IRC, o CES constata a subida de 671,3
374 mil milhões de euros entre 2018 e 2021, faltando realizar uma avaliação rigorosa
375 da atribuição dos benefícios fiscais que estão na sua origem.
384
158 Uma outra análise que deverá merecer reflexão, eventualmente no âmbito da
159 concertação social, é o risco referido no Relatório sobre “a potencial rigidez na
160 afetação de recursos (para setores em expansão)”.
430 Com os juros da dívida a baixarem de 2,9% para 2,6% do PIB (correspondendo
431 a uma redução da despesa de 332 milhões de euros) a despesa corrente das
432 Administrações Públicas (central, regional e local) passa de 45,6% para 43,7% do
433 PIB (1,9 p.p.), com uma redução que atinge a generalidade das rubricas que a
475 Na POE existem capítulos dedicados à Segurança Social, mas quase sempre
476 numa ótica financeira, nomeadamente quanto à sua sustentabilidade, o que é
477 obviamente importante. Contudo, não é compreensível que a Segurança
478 Social seja tratada na POE, quase exclusivamente, na sua componente de
479 instituição financeira, não dando a devida relevância ao apoio à proteção
480 social. Tanto mais que, no atual contexto, o papel da Segurança Social tem sido
481 decisivo (pela sua capacidade financeira) no apoio ao emprego e às
512 O CES constata não estar prevista a atualização das pensões em 2021,
513 acontecendo o mesmo com o Indexante dos Apoios Sociais (IAS),
514 provavelmente baseada na previsão de uma variação negativa do PIB e da
515 inflação em dezembro de 2020. Lembra, porém, que em 2010, o mecanismo de
516 atualização das pensões foi suspenso de modo a permitir o aumento excecional
517 e temporário das pensões, embora sem alteração do valor do IAS. Na opinião
518 do CES, deveria ser adotado idêntico procedimento, o qual deve ser extensivo
519 ao IAS, não apenas por razões de carácter social, mas também pela
520 necessidade de dinamização da procura interna, a qual irá constituir a principal
521 fonte de crescimento económico em 2021.
522 O Relatório não discrimina as rubricas nas medidas COVID-19, pelo que não
523 sabemos se todas as transferências devidas foram executadas. O CES considera
524 ainda preocupante que as verbas relativas a medidas COVID previstas para
525 2021 (no valor de 776 milhões de euros) não estejam totalmente cobertas por
526 transferências do OE, podendo a diferença exceder os 200 milhões de euros.
537 O CES relembra que nos termos do art.º 105º da CRP “O Orçamento do Estado
538 contém… b) O orçamento da segurança social “.
223 O CES alerta ainda para a subida da dívida pública e as previsões que a
224 mantêm acima dos 100% do PIB até 2031 (no OE 2020 esta meta estava prevista
225 para 2023). No seguimento de anteriores pareceres sublinha-se de novo a
226 necessidade de uma criteriosa gestão da dívida pública, tanto mais que o
227 agravamento do défice trará novas pressões sobre o seu peso na economia
228 portuguesa e na capacidade de endividamento da mesma.
230 O país precisa de uma política orçamental para o próximo ano assumidamente
231 pró-cíclica, ou seja, o OE deve constituir um instrumento ativo de saída da crise
232 e de retoma do crescimento económico.