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Pesquisa de interesse
Desde que entrei na Faculdade de Artes do Paraná sabia que meu interesse
era atuar, não estava muito preocupada em definir um estilo, um objeto único de
pesquisa, meu desejo era descobrir e explorar diversas formas do fazer teatral. No
entanto logo percebi, para minha tensão, que na academia é preciso saber nomear
coisas, fazer recortes, especificar, porém a questão é que pouco experimentei no
corpo, na prática e em contrapartida o que aconteceu foi que se abriu um leque de
conhecimento teórico. Para essa tarefa de escolher um tópico de interesse artístico
tive que fazer uma profunda análise interna do que havia capturado meu interesse
até aqui. Por exclusão identifiquei que seria no campo da atuação (Não direção nem
escrita, cenografia, figurino, iluminação, apesar de que tudo isso faz parte do meu
trabalho e sempre vou pensar nesses elementos no ato da criação). Então nada
mais justo que ir em uma das figuras ícones do teatro ocidental do séc. XX, que
tenho vontade de me aprofundar, sim! Stanislávski, grande referência na criação de
procedimentos de interpretação para o ator. Não pretendo colocar aqui uma
pesquisa sobre a vida e obra do mesmo, mas um pouco de informação retirado de
um artigo que me chamou a atenção sobre o tema que foi: “SEGUNDA
NATUREZA”:LIBERDADE PARA UMA POÉTICA DE SI MESMO, da professora,
pesquisadora Michele Almeida Zaltron. Ela aborda a relação entre o “sistema” de
Stanislávski e a força criativa da natureza no intuito de conduzir o ator ao domínio
orgânico de sua própria arte, possibilitando a liberdade necessária para a
manifestação de sua singularidade humana e artística. E isso muito me interessa.
Atualmente não possuo uma rotina de treinamento, então vejo como uma
possibilidade incluir os procedimentos do sistema para o processo de criação da
montagem do TCC.
Outro tópico que identifiquei ser de meu interesse foi o Teatro do Absurdo,
mesmo não representando um gênero ou movimento em si, essa tendência teatral
que foi classificada e assim nomeada pelo crítico Martin Esslin, me instiga, empolga.
Eu particularmente considero essas dramaturgias do Teatro do Absurdo muito
divertidas, lúdicas e reflexivas. A primeira que li na integra foi “A Cantora Careca” de
Ionesco, a partir daí quis conhecer mais sobre o assunto. Pesquisei Samuel Beckett
olhando sob a perspectiva de cenografia. Muito me impactou sua forma de
encenação. Como por exemplo seu monólogo “Not I” protagonizado por uma boca
num palco todo escuro, que fala freneticamente. Ou a peça “Happy days”, onde uma
mulher na casa dos 50, repete gestos cotidianos – só que enterrada no solo,
primeiro até a cintura, depois até o pescoço. Adoraria embarcar nessa forma de criar
dramaturgia pela quebra dos nexos, da brincadeira com o absurdo. Eu me arrisco a
dizer que todo teatro tem um pouco de absurdo por ser esse lugar onde tudo é
possível. Mas gosto como esses dramaturgos assumem isso até as ultimas
consequências. Deixo aqui também registrado meu apreço pela atriz e dramaturga
brasileira Grace Passô, sua escrita nada convencional me cativa e quem sabe
conseguirei unir esses três interesses numa pesquisa só, por enquanto são apenas
especulações.