Como desenhar roupas

O guia do desenho
estilizado
Vê se é mais ou menos assim
Para você não perder o seu tempo, vamos dar um resumo
do que o guia traz. Por exemplo, não tem como falar de
desenho estilizado sem antes falar de criatividade. E nem
falar de criatividade sem falar de inspiração. A ideia é reunir o
máximo de informação, deixar tudo bem redondinho, suave
de ler, pra que o guia sirva de verdade. Abordaremos o
universo das ilustrações de moda – historicamente, inclusive
–, técnicas para fazer desenho estilizado, os tipos de pintura
mais conhecidos, dicas para desenhar a cabeça humana, a
construção da figura de moda e muito mais. É isso que você
busca? Então vem com a gente! Se não for isso, guarde este
material com você, ele poderá te ajudar em outro momento.
Afinal, é um assunto nunca sai de moda.

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Criatividade e inspiração:
uma dupla imbatível
“ Criatividade é a inteligência se divertindo”. Você
já deve ter lido isso em algum lugar. Ou então:
“criatividade é tornar algo complicado em algo
simples”. Citações a parte, quem trabalha com
criação, ou já se aventurou nessa praia, sabe que
criar é um processo de estímulo. Pesquisa, referência,
estudo. Um profissional criativo vive investigando e
aprendendo.
E muitas vezes, dentro de um olhar vago: plim! Bate
um lampejo e surgem ideias. A criatividade é capaz de
criar conexões incomuns e associações inesperadas.
Por tanto, é melhor estar preparado – andar munido
de lápis e papel, entre outros, é uma boa dica.
“O adulto criativo é a criança que sobreviveu”.
Esta é outra daquelas citações que vemos por aí.
E isso é comprovado, sabia? Além do repertório
de informações, a inspiração para estabelecer as
conexões criativas vem, muitas vezes, do universo
infantil. Crianças, por estarem ainda elaborando
os seus mundos, são mestres em fazer essas
conexões. Muitos treinamentos de criatividade têm
como objetivo resgatar a criança interior por meio do
universo lúdico.

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A intenção de fazer algo melhor e diferente, faz a gente encontrar
uma tempestade de possibilidades. Isso garante que a criatividade
seja a base para uma empresa de moda bem sucedida. Um
verdadeiro dom. Que opõe o sucesso ao fracasso, o ganho ao
prejuízo.

Mas quem surgiu primeiro: a criatividade ou a inspiração?

Bom, se a gente analisar pelo nome, criatividade vem de criação,
criar, dar vida. Mas a inspiração é uma parceira inseparável, a
centelha que ilumina o caminho do criativo. Estilistas e designers
necessitam disso. Mesmo as mentes mais brilhantes buscam
fontes de inspiração sempre. E aí está o segredo: criatividade
somada à inspiração traz resultados incríveis e inéditos. Quem
não quer ser incrível e inédito no mundo fashion?

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O desenho de moda
muito além do que se vê

O desenho de moda, em seu processo de criação e

concepção, funciona como parte do projeto de uma roupa,
tornando-se referência para a tomada de decisões. A primeira
apresentação é chamada de croqui. Daí se faz o levantamento
de materiais, cores e formas a serem desenvolvidos.
Pois bem. Decisão feita, o desenho passa a assumir um papel
técnico, que se fará presente em todas as fases do processo
de produção para sanar dúvidas e evitar erros na confecção
do produto.
Dito isso, o desenho de moda se divide então em três
modalidades: o croqui; o desenho técnico; e a ilustração de
moda. Que tal conhecer um por um?

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Croqui
Na classe dos desenhos de moda, os croquis estão entre uma coisa e outra,
sendo menos precisos que os desenhos técnicos e nem tão trabalhados quanto
às ilustrações. Ao desenhar croquis, não há necessidade de se preocupar
com a coleção inteira (cores, materiais, caimento etc.). Ele tem como objetivo
materializar a ideia, exteriorizar a peça e mostrar como ela vai se comportar
sobre o corpo, evidenciando formas, curvas ou até escondendo-as.
Claro que a intenção do croqui é mostrar a roupa, mas outra caraterística que
aparece forte nessa técnica é um corpo com silhueta esguia, mais figurativa
(às vezes até inacabada). No croqui feminino, pescoços e pernas são mais
alongados, já no masculino, é o tórax que aparece mais comprido. Sem falar
nos gestos e expressões dramáticas que dão vida e valor à proposta.

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Então, no croqui, você deve representar a textura do tecido, o
caimento, aplicações e transparências através de técnicas de
colorização. Em suma, desenhar o mais próximo do real possível,
através de um esboço dinâmico que transmita a ideia, com base em
tendências e considerando o gosto do público-alvo.

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Desenho Técnico
O desenho técnico é também conhecido como desenho
planificado. Utilizado em escala industrial, ele deve ser plano
e preciso. Apesar de ser um desenho 2D, representa a
forma tridimensional, como se a roupa estivesse estendida
e vista de cima. Geralmente, utilizam-se traços lineares e
tracejados não coloridos, feitos à mão livre ou através de
programas de computador.
Tudo isso exige que o designer conheça bem a estrutura
da peça traçada, o entendimento das proporções da roupa
e da silhueta, caimento, forma etc. No desenho técnico
a aparência não é o mais importante. É preciso passar
o recado, tim-tim por tim-tim, para que o produto seja
materializado corretamente.

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Não é novidade que na indústria da moda, rapidez e alta
produtividade são essenciais. É papel do desenho técnico
otimizar esse tempo, esclarecendo todos os detalhes do
modelo em uma única ficha técnica para confeccionar a
peça (a ficha técnica contém informações referentes a forro,
acabamentos, ajustes, pences, posições etc). Existem dois
jeitos de montar uma ficha: manualmente ou usando um
programa de computador, como ilustrado abaixo.
Alguns chamam esse processo de detalhamento de
“desenho de especificação”. Outros classificam como
“desenho planificado”. Então não se preocupe quando
você ouvir termos diferentes.
Outra coisa importante é usar as fichas para delinear os
custos de todos os materiais utilizados para confeccionar
a roupa. Leve em consideração que, quando é preciso ser
ágil e altamente produtivo, o desenho técnico necessita
ser desenvolvido em sistemas computadorizados, como
o Audaces Idea que é específico para o design de moda.
O Idea oferece velocidade e precisão, aprimorando toda a
cadeia produtiva. #FácilFácil de usar e aprender.
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Ilustração de Moda
A ilustração de moda é pensada, principalmente,
para a publicidade e lançamentos baseando-se em
comportamentos e atitudes do público, criando o
desejo pela peça e fazendo com que o consumidor
reconheça o produto e o compre. A ilustração é
também utilizada para dar às magazines uma prévia
de coleções que estão por vir, além de ilustrar
desfiles e tendências.
É inegável que a moda precisa se apropriar da arte
para falar com seu público, seja através de esboços,
desenhos e ilustrações. Construir os modelos
é como fazer uma escultura. Formas, equilíbrio,
harmonia, estabilidade, estrutura. Tudo deve ser
considerado. Por isso, é bem comum respeitar o
tempo de criação artística e exagerar em detalhes,
mantendo a liberdade para usar quaisquer materiais Arturo Elena para Chanel
e técnicas.
Mas anote aí: a ilustração precisa ir além do fazer
artístico, seus fins são comerciais. É isso que a
diferencia do croqui. Nele, o objetivo é detalhar
as características para produzir a ideia, já na
ilustração o foco difundir o produto, daí a inserção
de comportamentos, estilos, culturas e símbolos
no desenho.

Laura Laine para Dior

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Construção da figura de moda
P ara a construção da figura humana, que é a base
da figura de moda, deve-se levar em conta o
ritmo para captar o movimento, a linha de equilíbrio
e os volumes, não se esquecendo da proporção.
No desenho, a cabeça é uma unidade de medida: a
figura humana tem o tamanho ou proporção de sete
a oito cabeças, já a figura de moda pode ser mais
alongada (até 12 cabeças).
A linha de equilíbrio é a linha de segurança para
o centro de gravidade. Sai da cova do pescoço e
passa entre os dois pés – ou atravessa o pé que
estiver suportando o peso do corpo.
Desenho também tem ritmo. Está nas formas, nas
cores, na luz e na sombra. O ritmo é o que faz o olho
seguir a sugestão de movimento que você quer dar
à figura. Para iniciar o desenho é necessário ter em
mente estes conceitos (captar e imaginar o gesto).
A figura deve ser representada primeiramente pela
cabeça, tronco e quadril através de formas básicas
e de bases sólidas que sugerem o movimento de
acordo com articulações e flexibilidade do corpo
humano, lembrando que a espinha dorsal une suas
três principais partes. O movimento dos membros
pode ser representado por cilindros. Feito o primeiro
sketch, inicia-se o estudo da musculatura, rosto e
luz e sombra.

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“O crânio parece mais uma bola
do que qualquer outra coisa”
Como se desenha um rosto

D e acordo com o ilustrador Andrew Loomis, o

crânio se parece mais com uma bola do que
qualquer outra coisa. Para desenhá-lo, inicia-se por
uma esfera com a marcação da linha central do rosto,
onde está o nariz e o centro da boca. A primeira
etapa é dividir a cabeça na largura, pois apesar de
parecer uma bola, o rosto não é tão redondo, é mais
oval. É necessário tirar uma fatia de cada lado da
esfera para deixá-lo com o formato correto. Depois,
marque os pontos principais na altura, no o meio e
outras duas linhas onde o corte lateral foi feito – na
parte superior e na inferior da esfera.
A linha central é onde se localiza as sobrancelhas.
A linha superior, o início do cabelo. E a linha inferior,
o final do nariz. Para completar o restante do rosto
é necessário incluir a mesma medida da divisão da
altura e acrescentá-la abaixo, onde será o final do
queixo. Veja na imagem.
Fonte: LOOMIS, Andrew. Drawing the Head and Hands. The Viking Press:
New York, pag. 21.

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Para acertar a altura da boca, divide-se esta última
parte em 3 partes iguais. A primeira linha é o meio da
boca. As orelhas estão entre as sobrancelhas e o final
do nariz. Os olhos estão logo abaixo das sobrancelhas,
e o seu tamanho é a divisão da largura da cabeça em
5 partes iguais.
O tamanho da narina é o espaço da largura entre os
olhos. E a boca tem o tamanho do espaço entre as
pupilas. Dá só uma olhada.

Fonte: LOOMIS, Andrew. Drawing the Head and Hands. The Viking Press:
New York, pag. 26.

Para fazer diferentes posições baseia-se sempre na

linha central do rosto, marcando-a de acordo com a
inclinação que se deseja, lembrando sempre que as
linhas da sobrancelha, do nariz e da boca são sempre
paralelas. Seguindo-se estas proporções, é necessário
um estudo da construção dos elementos da face como
olhos, boca, nariz e cabelos. Mãos a obra!

Fonte: LOOMIS, Andrew. Drawing the Head and Hands. The Viking Press:
New York, pag. 43.

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Técnicas de pintura
de desenho de moda
A representação do desenho de Moda passa por várias etapas.

Observação ou imaginação | Esboços | Construção | Finalização

A pintura faz parte da última etapa do desenho e deve ser feita somente
quando o esboço e a construção da figura estiverem bem resolvidos.
No desenho de moda existem diversas técnicas de pintura, as mais
difundidas e utilizadas são:

Aquarela | Canetas Marquer | Lápis de Cor | Giz Pastel Seco |

Pintura Digital
Apesar disso, podem ser utilizados os mais diferentes materiais para
finalizar o desenho, como tinta acrílica, canetas gel, canetas douradas
ou prateadas, glitter, esmalte ou mesmo maquiagem.
Em geral, muitos dos materiais citados não são usados sozinhos e
podem ser misturados de acordo com o aspecto que se deseja. Outro
ponto importante nesta etapa é a escolha da base. Existem diversos
tipos de papeis no mercado e, cada qual, possui uma gramatura
específica, assim como um beneficiamento próprio – rugosidade, grau
de absorção, textura – e isso influencia e altera o resultado final.

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Alguns dos aspectos mais importantes ao finalizar a figura são
Direção da Luz: deve-se escolher a direção que a luz incide sobre a
figura, desta forma é possível trabalhar com bastante contraste de
luz e sombra.
Tom: é a gradação de valores entre o branco e preto. O valor mais
claro ou mais escuro em relação a outros valores.
A escolha dos tons é muito importante e deve ser feita de acordo
com a teoria das cores para obter os efeitos desejados.
Sombra: adicionar cores mais escuras, em relação umas as
outras, indica sombra e faz sua figura e roupa tornarem-se mais
tridimensionais.
Luz: áreas claras ou brancas mimetizam a incidência de luzes na
figura e acentuam tecidos e detalhes.
Camadas de pintura: diferentes camadas de pinturas na mesma figura
fazem uma figura mais complexa e com mais efeito tridimensional.
Texturas: a representação da textura de diferentes tecidos ou malhas
deve ser trabalhada em detalhes.

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Veja exemplos de pinturas com Caneta
Marquer e Aquarela
As canetas marquers são bastante
recomendadas na pintura de croquis de
moda, pois são versáteis, rápidas e fáceis de
carregar. Possuem muitas cores e opções
bem vivas. O efeito pode ser parecido com
a pintura à tinta – como aquarela –, mas o
processo é mais rápido e mais limpo. Com
uma boa quantidade de cores é possível
trabalhar com transparências e diversas
texturas. O cuidado que se deve ter é que
não é possível apagar ou corrigir a pintura.
Sempre teste a cor em um papel de
rascunho. É possível misturar cores e dar
efeito gradiente usando um refil plástico,
enquanto o contorno pode ficar por conta
do lápis de cor ou caneta.

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Croqui com contorno e sombra na pele

em grafite e aplicado caneta marquer
cinzana sobra. Inspiração coleção
Prada Outono Inverno 2015.
Croqui finalizado com caneta marquer e
alguns detalhes de lápis de cor e caneta
gel branca.
A tinta aquarela é uma tinta chamada de transparente, pois
este é seu o principal efeito, assim como a possibilidade
de mistura de cores. Deve-se trabalhar sempre com
água e as cores também devem ser testadas em papel
rascunho. Para um bom resultado, são necessários bons
materiais, como pinceis específicos e papeis absorventes
com gramatura acima de 200 gr, para que não enrugue ou
descasque. Na aquarela são possíveis leves correções,
pois quando a tinta ainda esta molhada, pode-se passar o
pincel limpo seco, ou com água, e apagar parcialmente ou
totalmente o que havia sido pintado.

Croqui com contorno em caneta

nanquim. Inspiração Balmain
outono inverno 2015

Croqui com pintura em

aquarela. Detalhes com
caneta gel branca e
dourada.

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Agora que você já tem um bom embasamento
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Referências
HAGEN, Kathryn. Fashion Illustration for Designers. Pearson Education: New Jersey, 2004.

LOOMIS, Andrew. Creative Illustration. Titan Books: London, 1947.

DUARTE, Carla Stephania de Góis. A Ilustração de moda e o Desenho de moda. Modapalavra E-periódico: Penha, 2010.

Imagens: Gabriela Kuhnen.

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