Você está na página 1de 36

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DEPARTAMENTO DE ARTES

RILER FABRICIO DA SILVA FERREIRA

RELATO E REFLEXÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA ESCOLA


ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PROFESSOR EDUARDO LIMA
E SILVA SOBRE O ENSINO DA ARTE

Porto Velho - RO
2024
RILER FABRICIO DA SILVA FERREIRA

RELATO E REFLEXÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA ESCOLA


ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PROFESSOR EDUARDO LIMA
E SILVA SOBRE O ENSINO DA ARTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Departamento Acadêmico de Artes, da
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE
RONDÔNIA (UNIR), como requisito parcial para a
Obtenção do grau de Licenciatura em Artes Visuais.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Augusto de Oliveira

Porto Velho - RO
2024
RILER FABRICIO DA SILVA FERREIRA

RELATO E REFLEXÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA ESCOLA


ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PROFESSOR EDUARDO LIMA
E SILVA SOBRE O ENSINO DA ARTE

BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. ..............
Universidade ..............
__________________________________
Prof. Dr. ..............
Universidade ..............
__________________________________
Prof. Dr. ..............
Universidade ..............
Dedico este trabalho aos meus pais e amigos que
sempre me motivaram na busca pelo conhecimento.
AGRADECIMENTOS

Caros familiares, professores e amigos.


Gostaria de expressar minha sincera gratidão a todos vocês. Cada um de
vocês contribuiu de maneira significativa para a minha vida e sou extremamente grato
por tê-los em minha jornada, agradeço a Deus todos os dias.
À minha família, quero dizer que sou abençoado por ter dois pais amorosos e
irmão que sempre me apoiaram em minhas decisões, principalmente minha mãe
Ivanete Almeida da Silva Lima que nunca desistiu de mim nos momentos mais difíceis,
desde o meu nascimento. Obrigado por estarem ao meu lado em todos os momentos,
pelos conselhos e as conversas demoradas. Sem vocês, eu não seria a pessoa que
sou hoje.
Aos meus professores, quero agradecer o empenho em fornecer uma educação
de qualidade dentro do possível. Vocês são responsáveis por me ensinar as
habilidades necessárias para enfrentar os desafios acadêmicos e profissionais.
Obrigado por inspirar minha paixão pelo aprendizado e por me mostrar que
sempre há mais para aprender.
Por fim, mas não menos importante, aos meus amigos, quero dizer obrigado
por serem presença constante em minha vida. Vocês me ajudaram a crescer e me
apoiaram em todos os aspectos. Sem vocês, eu não teria vivido tantas aventuras
incríveis e momentos inesquecíveis. Agradeço ao Sully Sampaio por ter fornecido o
Notebook ao qual esse TCC foi produzido, sem ele essa pesquisa não seria possível.
Neste mundo tumultuado, é fácil se sentir sozinho, mas vocês me mostraram
que sempre terei um apoio inabalável. Obrigado por fazer minha vida mais feliz, mais
brilhante e mais significativa.
O artista acha que, por si só, não ensina. Ele acha
que não consegue estabelecer essa relação. Mas,
necessariamente, por ser artista, ele tem o que
ensinar. (Ana Mae Barbosa)
RESUMO

Este estudo originou-se de observações durante o estágio supervisionado na


graduação de Licenciatura em Artes Visuais na UNIR, realizado no primeiro semestre
de 2023 na Escola Estadual Prof. Eduardo Lima e Silva.A problemática central é a
constatação de que o ensino de Artes, muitas vezes, é conduzido por professores sem
formação específica na área, impactando a qualidade educacional.O objetivo principal
é analisar o ensino de Artes na Escola Eduardo Lima e Silva, em Porto Velho,
Rondônia, considerando a formação dos professores, diretrizes curriculares e seu
impacto no desenvolvimento dos alunos.

Palavras-chave: Arte; Ensino Médio; Educação; Professores; Licenciatura.


SUMÁRIO

Introdução .................................................................................................................. 10
1 - Reflexões geradas a partir do estágio supervisionado na escola ................ 12
2 - Panorama do ensino das artes .......................................................................... 20
3 - Resultado da pesquisa ........................................................................................ 24
Tabela 1 — Respostas dos professores..................................................................... 24
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 30
Anexos......................................................................................................................33
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Item V da seção cultural do PPP escolar.................................................22


Figura 2 – Item V da estrutura curricular do PPP escolar.........................................27
Figura 3 – Protocolo de Aceite..................................................................................33
Figura 4 – Sala de Aula, Tridimensional...................................................................33
Figura 5 – Colagem e produção de lambes..............................................................34
Figura 6 – Demonstração e aplicação junto da professora.......................................34
Figura 7 - Aula de Pintura, Aplicação da Pintura de Fundo......................................35
Figura 8 - Entrega de Material Cultural.....................................................................35

Lista de Tabelas:
Tabela 1 – Respostas dos Professores....................................................................24
10

Introdução

As indagações do presente estudo é fruto de apontamentos do estágio


supervisionado na graduação de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade
Federal de Rondônia (UNIR). O estágio foi realizado no primeiro semestre de 2023 no
ensino médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Prof. Eduardo Lima
e Silva.
A partir das atividades de estágio, alguns questionamentos começaram a
surgir. Investir nos acontecimentos observados, a partir do ensino de Artes, com seus
desdobramentos didáticos e pedagógicos na escola foi um questionamento legítimo
que desabrochou. Sendo assim segui pela pergunta condutora: Por qual motivo o
ensino de artes é lecionado por professores de outra área de formação?
Assim, a indagação sobre o porquê o ensino de artes é frequentemente
atribuído a professores de outras áreas de formação se apresenta como um ponto de
partida crucial para esta pesquisa.
Diante dessa pergunta, o objetivo da pesquisa é analisar o componente
curricular – artes, da escola estadual Eduardo Lima e Silva, na Cidade de Porto Velho,
estado de Rondônia, adiante os objetivos específicos são;
Oferecer uma visão do estado atual do ensino nas artes em Rondônia, incluindo
questões educacionais e os desafios enfrentados pelas escolas públicas, como a falta
de professores, apresentar os resultados da pesquisa, incluindo uma descrição do
método utilizado para coleta das informações.
A Escola se encontra na Rua Daniel Neri, Número 1098, com o código no INEP
11002522, localização Urbana, estadual. Conta com a disciplina artes (Teatro, Dança,
Música e Artes Visuais). Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB) de 2019, a escola não deixa claro se conta com professor habilitado na
disciplina de artes.
De acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP) a Escola Estadual de
Ensino Fundamental e Médio Professor Eduardo Lima e Silva atende 49 (quarenta e
nove) turmas num total de 1.715 estudantes na modalidade do Ensino Fundamental II
Regular, Ensino Médio Regular, Ensino Médio-EJA. A idade média dos estudantes é
entre 11 a 15 anos no ensino fundamental, matutino. No ensino médio regular, com
idade entre 15 a 20 anos, nos turnos, matutino e vespertino. E no ensino médio-
11

Educação de Jovens e Adultos, alunos com idade entre 18 anos até adultos acima de
50 anos.
Ainda, de acordo com o PPP da escola, pode-se verificar que 73% dos alunos
matriculados na Escola Prof. Eduardo Lima e Silva são nascidos em Porto Velho, 3%
nos demais municípios do Estado de Rondônia e 24% em outros estados, como
Amazonas, Acre e outros. (Projeto Político Pedagógico Escolar, p.12 a 15).
Como metodologia neste estudo, será utilizada a abordagem qualitativa.
“Nesse modelo de estudo, há uma relação entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa
a partir de questões discutidas durante o próprio estudo” (Denzin et al 2006). Neste
caso, a relação entre pesquisador e sujeito aconteceu com o estágio supervisionado,
realizado em 2023, para o curso de licenciatura em Artes Visuais na Fundação
Universidade Federal de Rondônia.
Minayo (2007) diz que, a pesquisa qualitativa responde a questões particulares
e trabalha com um universo de múltiplos significados. Essa prática dá ao pesquisador
a oportunidade de observar, no âmbito do objeto de estudo, a visibilidade da
problemática.
Sendo assim, no capítulo um serão apresentadas experiências e reflexões
resultantes do estágio supervisionado realizado em uma instituição educacional
estadual no ensino médio.
O foco principal é nas observações práticas obtidas durante o estágio,
destacando a interação com alunos, a vivência na prática pedagógica e os
aprendizados adquiridos.
O capítulo dois concentra-se em oferecer uma visão do estado atual do ensino
nas artes no estado de Rondônia. Inclui questões educacionais relacionadas às
escolas públicas com os desafios enfrentados pelas escolas no que diz respeito à falta
de professores.
No capítulo três serão apresentados os resultados da pesquisa. Inclui uma
descrição do método utilizado para coleta das informações. Em seguida, completa
esse texto, as considerações finais, com aspectos relacionados à experiência do
estágio supervisionado.
12

1 - Reflexões geradas a partir do estágio supervisionado na escola

O estágio supervisionado realizado durante a graduação em Licenciatura em


Artes Visuais da Universidade Federal de Rondônia desempenhou um papel
fundamental no despertar de questionamentos acerca do ensino de artes. Ao adentrar
no ambiente escolar do ensino médio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio Prof. Eduardo Lima e Silva, observações e interações com o currículo de artes
e seus profissionais trouxeram à tona indagações cruciais sobre a prática pedagógica
e a formação dos docentes nessa disciplina específica.
A problemática que emerge desse contexto gira em torno da constatação de
que, frequentemente, o ensino de artes é conduzido por professores com formação
em áreas distintas das artes visuais, música, dança ou teatro. A ausência de
profissionais habilitados na área pode impactar diretamente a qualidade do ensino
oferecido aos estudantes, influenciando seu desenvolvimento artístico, cultural e
cognitivo.
O objetivo deste estudo é realizar uma análise do componente curricular de
artes na Escola Estadual Eduardo Lima e Silva, localizada em Porto Velho, Rondônia.
A escolha dessa instituição se deu pela sua representatividade e pela relevância de
compreender a dinâmica do ensino de artes em um contexto específico, abarcando
aspectos como a formação dos professores, as diretrizes curriculares e seu impacto
no desenvolvimento educacional dos alunos.
Além disso, a opção metodológica pela abordagem qualitativa surge como um
meio adequado para explorar e compreender a complexidade dessa problemática. Por
meio de observações, entrevistas e análise do PPP da escola, busca-se identificar
lacunas e desafios no ensino de artes e capturar as nuances e os múltiplos
significados presentes na interação entre professores, alunos, currículo e contexto
escolar.
Dessa maneira, este estudo não se limita a mapear as diferença ou carências
no ensino de artes, mas visa proporcionar métodos significativos e fundamentais para
uma possível melhoria desse cenário educacional, reconhecendo a importância das
artes na formação integral dos estudantes e na promoção de uma educação mais
inclusiva e culturalmente rica.
13

Masschelein & Simons (2015) referem-se aos professores como alguém que é
bem adaptável em algo, que também está interessado em algo e ativamente envolvido
em algo. Nesse caso, deve-se questionar se o professor que está atuando com as
disciplinas de artes nas escolas públicas de Porto Velho tem formação na área de
conhecimento. “É precisamente a maestria e o engajamento interessado e inspirado
por parte do professor magistral que lhe permite inspirar e envolver os alunos”
(Massclain et al, 2015, p. 80), isso reforça a necessidade de aprender arte, estudar,
ler, descobrir o que se oferece na cidade, no país, no mundo, para poder provocar a
reflexão sobre um dos saberes essenciais que são fornecidos na escola.
Se fossem estimulados a conhecer a cultura da cidade em que vivem, ou
buscarem material complementar regional, com o objetivo de conhecer a si mesmo,
seguindo com atividades relacionadas à arte para criar um ambiente favorável à
identificação cultural e ao desenvolvimento individual, Ana Mae Barbosa diz que:

A Arte na Educação como expressão pessoal e como cultura é um importante


instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual. Por
meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender
a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo
ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de
maneira a mudar a realidade que foi analisada (Barbosa, 2018, p. 18).

Geralmente, os professores que ministram as disciplinas de artes na escola em


questão, são os professores com formação em língua portuguesa, educação física,
literatura e línguas estrangeiras, mas pode-se encontrar professores de biologia,
geografia, filosofia, que complementam sua carga horária com a arte.
Alguns desses profissionais preferem esse modelo, mesmo que não tenham
formação na área, porque têm que permanecer na escola, onde se relacionam com
os alunos e a comunidade, ou em razão da pressão da equipe pedagógica para
completar a carga horária semanal. O histórico do professor faz com que a escola
opte por ele, caso contrário, se deixar um cargo vago corre-se o risco de terminar o
ano letivo sem o professor da disciplina.
Ana Mae Barbosa diz:
14

Somente a ação inteligente e empática do professor pode tornar a Arte


ingrediente essencial para favorecer o crescimento individual e o
comportamento do cidadão como fruidor de cultura e conhecedor da
construção de sua própria nação. Portanto, os poderes públicos, além de
reservarem um lugar para a Arte no currículo e se preocuparem em como a
Arte é ensinada, precisam propiciar meios para que os professores
desenvolvam a capacidade de compreender, conceber e fruir Arte (Barbosa,
2018, p. 14).

Se ensinar Arte é produzir conhecimento, refletir sobre o mundo, um professor


pode ensinar a partir da música, artes cênicas, artes visuais e dança. A Lei de
diretrizes e bases 9394/96, artigo 26, da diretriz para a educação básica e afirma
explicitamente que "o ensino das artes se tornará uma obrigação curricular, nos
diversos níveis da educação básica, a fim de promover o desenvolvimento cultural dos
alunos”.
A Escola Eduardo Lima e Silva enfrenta à falta de professores de artes. A sala
utilizada costuma ser a mesma que os outros professores utilizam. No caso das artes,
isso cria problemas e interfere em algumas atividades. A disposição das mesas e
cadeiras na sala de aula muitas vezes não permite a interação para produzir trabalhos
práticos e construtivos.

Este é o compromisso da arte na educação desde a infância: educar a


sensibilidade para que a criança possa jogar com os possíveis do humano no
espaço e tempo de sua cultura. Significa perseguir a experiência poética e
estética como experiência de formação e transformação, como
acontecimento da pluralidade e da diferença, como aventura em direção ao
desconhecido como produção infinita de sentidos. (Richter, 2018, p. 21).

A proposta do Governo Federal, de permitir que professores de português,


matemática e outras licenciaturas ensinem artes no ensino fundamental e médio, por
meio da Medida Provisória 746/2016 da Lei de Diretrizes e Bases, assinada então
pelo presidente Michel Temer, reflete na realidade das escolas públicas, trazendo
consequências para o ensino, além de enfraquecer os cursos voltados para a área de
licenciatura, como a de artes visuais. Segundo o artigo terceiro da MP 746/2016:
15

A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências,


habilidades e expectativas de aprendizagem, definidas na Base Nacional
Comum Curricular, será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada
sistema de ensino. (Brasil, 20168).

Existe uma possibilidade do aluno, frente a essas situações, estar sendo


privado do direito a uma educação integral, com professores que dominem sua
disciplina, que sejam capazes de manter-se em contínuo aprendizado e que
apresentem propostas em sala de aula que possam ampliar seu universo cultural,
construindo conhecimento consistente, a fim de expandir suas possibilidades de
pensamento sobre o mundo em que se inserem, através da linguagem artística.
Segundo Nereu Sampaio, apud Ana Mae Barbosa (2016, p. 677),

É comum vermos nas crianças o desejo de se expressarem pelo desenho e


pela cor. Se nos limitarmos a condescender com esse instinto, deixando que
atue indefinidamente, não há procedimento mais acidental. É necessário,
mediante a crítica, as sugestões e as perguntas, excitar a consciência do que
fez e do que deve fazer, porque o resultado será satisfatório. Por exemplo, o
desenho das árvores é convencional: uma linha vertical e os ramos em retas
inclinadas sobre a vertical de um e outro lado. Levemos a criança a observar
as árvores para compará-las com os desenhos feitos e, assim, examinarem
concisamente as condições de representação do seu trabalho. Então,
desenhará árvores observadas e não convencionais, porque a observação
obriga ao trabalho combinado da memória e imaginação, produzindo
expressões gráficas de árvores reais.

A preocupação aqui se refere ao professor que se dispõe a lecionar uma


disciplina sem ter determinada formação, teórica e prática, o que possivelmente
contribui para os velhos paradigmas a respeito da disciplina da arte, como a ideia de
não ser importante no currículo, de se tratar de um “tapa buraco”, ou ainda de ser vista
como uma recreação.
Sobre os problemas que abrangem a falta de professores formado em artes,
estudos de Masschelein et al (2015, p. 101) refletem sobre o interesse dos
professores, assim, “sem tal interesse e amor, um ‘cidadão do mundo’ é apenas outro
nome para um consumidor ou um cliente, ou seja, alguém que coloca suas
necessidades ou talentos individuais em primeiro lugar”. Isto se reflete diretamente na
16

sociedade como um todo e significaria privar a geração mais jovem da oportunidade


de renovar o mundo.
A falta de educadores em artes terá um impacto significativo no
desenvolvimento dos alunos, especialmente em sua expressão artística. Muitos
alunos perderam a oportunidade de se comunicarem através das práticas artísticas e
exercer sua cidadania, do ponto de vista da sua interpretação de mundo. A arte pode
ajudar a desenvolver habilidades essenciais, como comunicação, trabalho em equipe
e resolução de problemas, que são transferíveis para outras áreas do currículo.
A Arte na Educação como expressão pessoal e como cultura é um importante
instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual. Por
meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender
a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo
ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de
maneira a mudar a realidade que foi analisada (Barbosa, 2018, p. 18).

A gestão escolar tenta lidar com a falta de educadores em artes de várias


maneiras. Contratam professores substitutos e temporários, mas, muitas vezes esses
profissionais não têm a formação adequada e não conseguem atender às
necessidades dos alunos. A escola tenta integrar mais atividades de artes em outras
áreas do currículo, como história e literatura, para ajudar a compensara a falta de
professores formados na área. No entanto, esses esforços tiveram um impacto
limitado, pois não havia educadores qualificados para ensinar artes aos alunos.
Essa dimensão da experiência docente reflete, inclusive, no caráter vivenciado
a partir da construção subjetiva dos próprios sujeitos.
Ao considerar essa dimensão, estamos atentos às questões que, até então,
perpassam os interesses pedagógicos na perspectiva curricular do ensino médio.

Questões que transitam sobre temas ampliados e que dialogam com o “[...]
reconhecimento da subjetividade do sujeito, no livre diálogo entre estudantes e
professores, na participação democrática ou na construção de um
conhecimento não fragmentado e não alheio à experiência dos alunos”
(Carbonell, 2016, p. 55).

A educação em artes é essencial para o desenvolvimento criativo e cognitivo


dos alunos, proporcionando uma formação mais completa e integral. No entanto, a
17

falta de educadores nessa área pode ter efeitos negativos no processo educacional
dos estudantes. O Artigo 215 da constituição diz que “O Estado garantirá a todos o
pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará
e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais” (Brasil, 1988, p.
126). Para isso as escolas precisam planejar e executar projetos pedagógicos que
contemplem a lei.
O processo de construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) pode ser feito
de diversas formas. Isso geralmente é aplicado pelas secretarias de educação, um
plano bem pensado dá voz aos membros da comunidade escolar, famílias,
professores, alunos e funcionários.
Para as escolas públicas, os PPP também podem ser implementados pelos
conselhos escolares porque envolvem membros de diferentes segmentos da
comunidade escolar.
Embora se recomende que todo o processo de elaboração do plano seja
democrático, recomenda-se que o texto final seja elaborado por um grupo de
especialistas da área de educação para dar consistência e qualidade à proposta.
Missão da escola, em geral, o Projeto Político Pedagógico deve conter informações
básicas para identificar a escola, a missão, características do aluno - quando aplicável
- aprendizagem dos alunos, professores que integram o corpo docente, organização
da assessoria e ações desenvolvidas durante o ano letivo.
Além dessas informações, o PPP mostra como os alunos serão avaliados,
quais projetos serão realizados, quais temas serão discutidos em aula e quais serão
os temas desenvolvidos pelos professores em aula.
Informações adicionais e mais detalhadas também devem ser incluídas em
projetos de política educacional, como: Métodos pedagógicos, criadores fundamentais
dos processos educativos utilizados nas escolas, modelos educativos e práticas de
sala de aula, os projetos educacionais geralmente orientam os passos a serem
seguidos a cada ano.
É importante ressaltar que a PPP também deve ser flexível, isso significa
adaptar conforme necessário para atender às necessidades da comunidade escolar,
mas isso não significa ignorar ou adaptar de tal modo que professores de outras
titulações possam praticar a regência no âmbito das artes.
Veiga (2002, p. 13) complementa, afirmando que:
18

[...] todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar
intimamente articulado ao compromisso sócio político com os interesses reais
e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com
a formação do cidadão para um tipo de sociedade (...). Pedagógico, no sentido
de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de
cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.

Isso demonstra a relevância dos PPP para organizar e sistematizar os objetivos


escolares. De acordo com esses objetivos e as realidades da comunidade escolar,
além disso, os projetos educacionais determinam quando e como o conteúdo é
comunicado.
Na Escola Eduardo Lima e Silva, que tem como base o Projeto Político
Pedagógico (PPP), a falta de educadores causa a repetição das habilidades
propostas. Desde a sua concepção, o PPP é um projeto de ações específicas e
concretas a ser executada em um determinado tempo.
Para as escolas públicas, os PPP’s também podem ser implementados pelos
conselhos escolares porque envolvem membros de diferentes segmentos da
comunidade escolar.

O compromisso com as metodologias inovadoras e com outras dinâmicas


formativas que propiciem ao futuro professor aprendizagens significativas e
contextualizadas em uma abordagem didático-metodológica alinhada com
a BNCC, visando ao desenvolvimento da autonomia, da capacidade de
resolução de problemas, dos processos investigativos e criativos, do
exercício do trabalho coletivo e interdisciplinar, da análise dos desafios
da vida cotidiana e em sociedade e das possibilidades de suas soluções
práticas.(Brasil, 2019, p. 5).

Ainda há muito a ser feito para lidar com a falta de educadores em artes na
Escola Eduardo Lima e Silva. Uma medida importante seria a contratação de
professores de arte em tempo integral, o que permitiria aos alunos terem aulas com
um professor qualificado.

Por isso uma educação que apenas pretenda transmitir significados que estão
distantes da vida concreta dos educandos, não produz aprendizagem alguma.
É necessário que os conceitos (símbolos) estejam em conexão com as
19

experiências dos indivíduos. Voltamos assim à dialética entre o sentir


(vivenciar) e o simbolizar. (Duarte Júnior, 2019, s/p).

A compreensão e a aprendizagem dos estudantes dizem respeito a sua


cidadania, “é no cotidiano de nossas práticas que estamos construindo a educação,
que estamos fazendo a história da educação brasileira” (Rios, 2009, p. 72).
É importante destacar que a formação específica na área do conhecimento é
essencial para que os professores possam transmitir de forma adequada e efetiva os
conteúdos aos estudantes.
Por isso, é fundamental que os editais de convocação para educação em
Rondônia sejam mais específicos em relação às áreas de formação dos profissionais.
A fim de garantir a qualidade do ensino nas escolas públicas e o sucesso educacional
dos estudantes, e que fora das esferas políticas, a manutenção do sistema
educacional seja constante para a defesa da cultura e das artes. Antônio Nóvoa
corrobora com a análise deste cenário.

A ciência sem as artes, sem as humanidades, não é nada. É cega. É inútil.


Transforma as sociedades do conhecimento em sociedades da ignorância. A
universidade só existe se for capaz de acolher e de cultivar estas diferentes
lógicas. É o que fazem as grandes universidades do mundo, que não se
vergam aos discursos da moda, ao economicismo dominante, à confusão
entre universidades e empresas. (Santos, 2012, p. 642).

A educação em artes é uma parte fundamental do currículo escolar. Ela não só


ajuda os alunos a desenvolverem habilidades em desenho, pintura e outras formas de
arte, mas também ajuda a desenvolver habilidades em pensamento crítico, e
autoexpressão, infelizmente, a falta de educadores em artes pode ter um impacto
significativo no desenvolvimento dos alunos.
20

2 - Panorama do ensino das artes

Entre 2016 e 2021, o estado de Rondônia implementou diversas políticas


públicas visando o desenvolvimento da educação e cultura. Segundo o site da
secretaria de educação e cultura de Rondônia disponível em www.rondonia.ro.gov.br;
algumas dessas iniciativas incluem:
Programa de Educação em Tempo Integral. O estado ampliou o número de
escolas públicas em tempo integral, oferecendo aos estudantes mais tempo para
atividades pedagógicas, esportivas e culturais. Essa iniciativa tem sido vista como
uma oportunidade para promover a educação integral, com uma formação mais
completa e integrada.
Fortalecimento da cultura local. Em 2017, o governo de Rondônia lançou o
Plano Estadual de Cultura, com o objetivo de fortalecer e promover a cultura local, por
meio de ações que incentivem a produção cultural e a preservação do patrimônio
histórico e artístico do estado. Entre as ações implementadas, destacam-se festivais
de música, teatro, dança, exposições de arte e a promoção de atividades de folclore
e tradições populares.
Investimentos em formação de professores. O estado realizou diversos
programas de formação continuada para professores da rede pública, com o objetivo
de qualificar e atualizar os conhecimentos dos profissionais. Essa iniciativa tem sido
vista como fundamental para melhorar a qualidade do ensino, uma vez que
professores mais bem-preparados são capazes de transmitir conhecimentos de forma
mais eficiente.
Incentivo à leitura. Em 2019, o estado criou o programa Leitura em Todo Lugar,
que tem como objetivo incentivar o hábito da leitura entre os estudantes de Rondônia.
O programa prevê a instalação de bibliotecas em escolas públicas e em espaços
públicos, como praças e parques.
Apesar dessas iniciativas, a educação e a cultura em Rondônia ainda
enfrentam diversos desafios, como a falta de estrutura adequada em algumas escolas
e a falta de investimentos em projetos culturais. É importante lembrar que a
valorização da cultura local é fundamental para a construção de uma identidade mais
forte e coesa em Rondônia.
21

Somente a ação inteligente e empática do professor pode tornar a Arte


ingrediente essencial para favorecer o crescimento individual e o
comportamento do cidadão como fruidor de cultura e conhecedor da
construção de sua própria nação. Portanto, os poderes públicos, além de
reservarem um lugar para a Arte no currículo e se preocuparem em como a
Arte é ensinada, precisam propiciar meios para que os professores
desenvolvam a capacidade de compreender, conceber e fruir Arte (Barbosa,
2018, p. 14).

A cultura visual amazônica característica da região norte é uma expressão


artística que se destaca pela diversidade de formas, cores e símbolos que são
utilizados para representar a fauna, flora e crenças da região.
As pinturas rupestres encontradas em cavernas e rochas da Amazônia, por
exemplo, são exemplos de como a cultura visual amazônica já existia há milhares de
anos. No entanto, apesar de sua importância, a cultura visual amazônica muitas vezes
é negligenciada nas escolas de Rondônia. Fares diz:

O território artístico é pouquíssimo habitado pelos programas de pós-


graduação em educação, pelos cursos de pedagogia. E, em geral, para se
pensar a função da arte no espaço escolar ou o ensino da arte como prática
educativa, o pesquisador precisa deslocar-se para lugares especiais de
discussão. (Fares, 2013, p1).

Esse fenômeno está relacionado à falta de investimento em educação e à


ausência de políticas públicas voltadas para a promoção da cultura e identidade local.
Outro fator pode ser a influência da cultura dominante externa, que muitas
vezes não valoriza a diversidade e as expressões artísticas locais.

Quando se discute o mau desempenho das escolas na atualidade, costuma-


se apontar como problemas fundamentais a ausência de infraestrutura para
o funcionamento, falta de carteiras, material escolar, limpeza, o inchaço das
turmas, segurança vulnerável, número de funcionários reduzidos,
baixíssimos salários, entre outros empecilhos. Se estes fatores debilitam a
performance do aluno, outro de tão grande importância é também
responsável pela deficitária competência: a ausência de política coerente,
competente, de formação do professor. (Fares, 2013, p. 2).
22

É importante ressaltar que a valorização da cultura visual amazônica nas


escolas de Rondônia pode trazer inúmeros benefícios. Além de promover o respeito
e valorização da cultura local, o estudo da cultura visual amazônica pode contribuir
para o desenvolvimento de habilidades criativas, além de fomentar o turismo
sustentável e a economia local.
Nesse sentido, as escolas de Rondônia podem incluir a cultura visual
amazônica em seus currículos escolares, permitindo que as gerações futuras possam
conhecer e valorizar a riqueza cultural da região. A inclusão da cultura visual
amazônica nas escolas também pode ajudar a despertar o interesse dos alunos pela
cultura local e incentivar a criação de novas expressões artísticas que valorizem a
identidade amazônica. É importante ressaltar que isso está em concordância com o
PPP institucional da rede pública como vemos a seguir.

Figura 1 – Item V da seção cultural do PPP escolar

Os alunos que não tiveram formação em artes visuais podem enfrentar


dificuldades em compreender um mundo visual. Profissões como: arquitetura, design
gráfico, publicidade, cinema, grafiteiros culturais, entre outras, podem ser afetadas por
conta de uma interpretação pouco crítica do mundo visual.
Libâneo (2002, p. 64) diz que a...

educação compreende o conjunto dos processos, influências,


estruturas, ações que intervém no desenvolvimento humano do
indivíduo e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social,
num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais,
23

visando à formação do ser humano (…) é uma prática social, que


modifica os seres humanos nos seus estados físicos, mentais,
espirituais, culturais, que dá uma configuração a nossa existência
individual e grupal.

No âmbito da escola, em especial no ensino médio, não se pode ensinar de


maneira desmedida, de forma aleatória. Para construir uma narrativa, precisa de
orientações, pesquisas e índices específicos da licenciatura em artes visuais, não só
isso, como os subsídios e a didática. É esse o suporte que vem proporcionar eficácia
e eficiência no trabalho do docente para a prática da arte educação.
Como disse Santos (2003, p. 139).

A didática passou de apêndice de orientações mecânicas e


tecnológicas para um atual (…) modo de crítico de desenvolver uma
prática educativa, forjada de um projeto histórico, que não se fará tão
somente pelo edificador, mas pelo educador, conjuntamente, com o
educando e outros membros dos diversos setores da sociedade.

Sem uma compreensão dos princípios básicos da arte, os alunos podem ter
dificuldades em se comunicar através das linguagens artísticas, o que pode prejudicar
suas chances de sucesso nas áreas profissionais. A falta de educação em artes pode
afetar a autoconfiança dos alunos e sua capacidade de se expressar de maneira
criativa e significativa, sendo a arte uma das formas importantes de expressão e
exploração do mundo.
Portanto, como ressalta Silva (2010, p. 78) “as práticas e as manifestações
ocorrem de acordo com as circunstâncias específicas. Por isso com base nos estudos
culturais, as relações da cultura dão suporte ao currículo pedagógico como formas de
aprendizado”.

3 - Resultado da pesquisa
24

Minayo (2007) diz que, a pesquisa qualitativa responde a questões particulares


e trabalha com um universo de múltiplos significados. Essa prática, portanto, dá ao
pesquisador a oportunidade de mergulhar profundamente no âmbito do objeto de
estudo. Neste caso, o objeto de estudo é a escola, o ensino médio. Para o docente
em formação, essa experiência aumenta a visibilidade da problemática e traz
reflexões ricas de significados.
A escolha desta pesquisa tem como eixo a compreensão do tema tratado, seus
aspectos e a possibilidade de aprimorar o ensino da arte. Consequentemente,
aprofundar o conhecimento sobre a realidade da escola pesquisada.
Para chegar a um resultado desta pesquisa, optou-se pela formulação de
entrevistas com os professores que ministram a disciplina de artes na escola, objeto,
deste estudo. As entrevistas foram estruturadas por meio de um formulário baseado
em questões da arte educação no ensino médio. As perguntas são detalhadas e
podem ser respondidas livremente pelos entrevistados sem pré-condições. As
questões deste formulário foram inspiradas pela pesquisa qualitativa da pesquisadora
Maria Cecília de Souza Minayo (1994, p. 9 a 29) sobre a análise qualitativa: teoria,
passos e fidedignidade
Além disso, respeitando a conformidade da Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais (LGPD), uma vez que são consideradas informações sensíveis e pessoais
para garantir a integridade e o anonimato dos professores entrevistados, o
questionário foi respondido de forma individual.
Neste caso, foi atribuído letras para representar os entrevistados.
Adiante com os objetivos, foram elaboradas as seguintes perguntas (Tabela 1)
para professores que lecionaram no período de 2016 a 2021 ou estão em pleno
exercício da disciplina Arte.

Tabela 1 — Respostas dos professores

Pergunta 1: Na referida escola, é obrigatório em seu currículo, para o Ensino Médio, a


disciplina de Arte?

Professor (M) Sim, ela pode até mesmo reprovar e segue os mesmos critérios de uma disciplina
como Português e Matemática.
Professor (A) Sim, é obrigatório. A disciplina foi várias vezes escalada entre os professores da
25

escola para complementação de carga horária.


Professor (D) Sim.

Pergunta 2: Todas as séries do Ensino Médio possuem a disciplina?

Professor (M) Sim. Há uma necessidade, senão os dias ficariam vagos.


Professor (A) Sim. É obrigatória pela lei.
Professor (D) Sim.

Pergunta 3: O professor(a) responsável pela disciplina tem formação específica na área de


Artes? Se não, qual a formação do professor(a) e por que ministra a disciplina?

Professor (M) Não. Possuo licenciatura em pedagogia (UNIR).


Professor (A) Não. Fiz pedagogia pela (UNIR).
Professor (D) Não. Pedagogia (UNIR).

Pergunta 4: O professor(a) sente dificuldade em ministrar a disciplina nas séries do Ensino


Médio nesta instituição? Comente.

Professor (M) Sim. Primeiro que não tem repasse dos materiais, um pincél está por volta dos 7
reais. Imagine isso dividido por 25 a 30 alunos.
Professor (A) Sim. Às vezes só sou requisitada quando precisa ''enfeitar'' fazer bandeirinhas ou nos
dias especiais como o dia da mulher.
Professor (D) Sim. Principalmente por que não tenho autonomia sobre os assuntos da arte como
assuntos mais delicados como o estudo das artes das matrizes africanas.

Pergunta 5: A escola possui uma estrutura adequada para as aulas de Arte (teórica e prática)?
A escola possui materiais suficientes e adequados para as aulas?

Professor (M) Não. A sala que tinha está desativada, não há qualquer material. Eu tenho sempre
que comprar as folhas A4 que é o básico para desenhar e uso os lápis que eu tenho há anos.
Professor (A) Não. O que eu tenho é o que uso com eles.
Professor (D) Não. Eu uso o livro do MEC.

Pergunta 6: O professor(a) considera os conteúdos que estão propostos no site da SEDUC,


em “conteúdos de arte por bimestre para o ensino médio com base nos parâmetros
curriculares de RO”? Ou segue o seu próprio cronograma?

Professor (M) Eu sigo o PPP que é aprovado todo o ano.


Professor (A) Eu nem sei onde fica essa aba de cultura no site.
Professor (D) Eu tento trazer para realidade deles, mas claro usando o plano de aula.

Pergunta 7: O professor(a) considera importante seguir os conteúdos obrigatórios do


currículo? Acha que são suficientes ou que precisaria de uma reforma nos currículos
escolares para melhoria da formação dos estudantes? Comente.
26

Professor (M) Com certeza, as vezes eu passo mais tempo andando entre os corredores que
dandoaula.
Professor (A) Sim.
Professor (D) Sim.

Pergunta 8: Os alunos demonstram gostar e interagir nas aulas de Arte ou participam apenas
por ela ser obrigatória?

Professor (M) É difícil definir isso sabe, muitos deles tem talento e experiência em desenhar, mas
por falta de incentivo às vezes eles se desmotivam.
Professor (A) Sim, eles gostam.
Professor (D) Sim, acho que eles gostam.

Pergunta 9: O professor(a) tem considerações a fazer para melhoria do currículo e do ensino


de Arte nas escolas?

Professor (M) Compra de materiais, uma sala própria para produção, cavaletes, pincéis e tintas
acho que por aí já podemos começar.
Professor (A) Sim, tem que levar eles mais nos museus e casas de cultura.
Professor (D) Sim, a arte tem que ser levada a sério.

O professor (D) sinaliza em sua resposta sobre o conteúdo das bases de


matrizes africanas que é resguardado pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o
ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e
particulares, do ensino fundamental até o ensino médio e que consta também no PPP
escolar.

Figura 2 – Item V da estrutura curricular do PPP escolar


27

Fonte: PPP (2023)

Como podem ser observados nas entrevistas, os professores são graduados


em áreas diferentes, mas não em artes que possui diversas linguagens artísticas.
Apesar disso, percebe-se um empenho por parte dos educadores para ministrar
as aulas de forma significativa para os alunos, e que a matéria consiga ter relevância,
pois tentam inserir assuntos que contenham transversalidade.
Brandão (2011) é pontual ao dizer que há educação mesmo onde não exista
escola e há em todos os lugares onde houver estruturas sociais para a transferência
do saber. Existe a transferência do saber na escola Eduardo Lima e Silva, mas de
forma assistemática, o que não é o ideal nos cenários atuais, na qual o ensino de arte
é institucionalizado e obrigatório como componente curricular. A essa problemática,
Ana Mae Barbosa reforça esse pensamento quando diz:

Arte não é apenas básica, mas fundamental na educação de um país que se


desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma
diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário e é
conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser humano
(Barbosa, 1999, p. 04).

O ensino da arte existe e se constitui como uma atividade artística, como


quando foi introduzido na antiga LDB a 5.692/71, que era apresentada com o título de
educação artística, como afirma Rosa (2005) e Biasoli (1999).
28

Saldaña (2016) afirma que apenas 26% dos graduados em arte atuam com
esse componente. Contudo, Alvarenga (2014) também afirma que houve um aumento
de 1500% (mil e quinhentos por cento) nos cursos de Licenciatura em arte no Brasil
entre os anos de 2004 e 2012.
A falta de educadores em artes nas escolas é uma realidade que tem sido
amplamente discutida e que levanta questões importantes sobre o impacto no
desenvolvimento dos alunos e na qualidade do ensino como um todo.
Especificamente, na Escola Eduardo Lima e Silva, em um determinado contexto, essa
ausência de profissionais especializados em artes visuais tem despertado
preocupações acerca do potencial prejuízo para o crescimento acadêmico e artístico
dos estudantes, conforme estabelecido pelo Projeto Político-Pedagógico (PPP) da
instituição.

Considerações Finais

A experiência na Escola Eduardo Lima e Silva contribuiu significativamente


para o meu senso de pertencimento como futuro professor. Ao participar de atividades
educacionais e artísticas me senti parte ativa da comunidade escolar.
A disciplina de artes na Escola Eduardo Lima e Silva representa um exemplo
notável de como um professor pode ser protagonista no desenvolvimento integral dos
alunos.
O processo de ensino-aprendizagem, a valorização do bem público e o
fortalecimento do senso de pertencimento escolar são elementos interligados que
contribuem para o sucesso da experiência educacional. Além de enriquecer as
habilidades artísticas dos alunos, essa abordagem fortalece seu senso de identidade
escolar e sua compreensão do valor da colaboração.
Priorizar a formação de cidadãos engajados, conscientes do valor do bem
público e conectados ao ambiente escolar deve ser o objetivo do educador para além
da transmissão de conhecimento, envolvendo-se na construção de valores e
identidades.
Dessa forma, a experiência na Escola Eduardo Lima e Silva não só enriqueceu
as habilidades como futuras professor, mas também deixou uma marca significativa
no meu senso de pertencimento e compreensão do papel fundamental que a
29

educação desempenha na formação integral dos indivíduos. Certamente contribuirá


para moldar um profissional comprometido e consciente do impacto que pode ter na
vida de seus futuros alunos.
30

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, V. M. Licenciatura em artes visuais no Brasil: mapeamento da


distribuição de cursos e análise da demanda de acesso as vagas. Revista Ciclos,
Florianópolis, V. 2, N. 3, Ano 2, dezembro de 2014.

BARBOSA, A. M. Arte-Educação no Brasil: realidade hoje e expectativas futuras.


Estud. AV., São Paulo, v. 3, n. 7, p. 170-182, Dec. 1989. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340141989000300010&
lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 fev. 2023.

____________. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São


Paulo: Perspectiva, 1991.

____________. Arte Educação no Brasil. São Paulo: Perspectiva; 1999.

____________. Inquietações e mudanças no ensino da arte. Cortez Editora, v. 3, f.


98, 2018. 196 p.

____________. Síntese da Arte-Educação no Brasil: duzentos anos em seis mil


palavras. Revista Polyphonía, Goiânia, v. 27, n. 2, p. 19–39, 2016. DOI:
10.5216/rp.v27i2.44693. Disponível em: https://revistas.ufg.br/sv/article/view/44693.
Acesso em: 13 jan. 2023.

BIASOLI, C. L. A formação do professor de arte: Do ensaio... à encenação.


Campinas, SP: Papirus, 1999. (Coleção magistério: Formação e trabalho
pedagógico).

BRANDÃO, C.F. O ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DO PLANO NACIONAL


DE EDUCAÇÃO: O QUE AINDA PRECISA SER FEITO, Cad. Cedes, Campinas,
vol. 31, n. 84, p. 195-208, maio-ago. São Paulo, 2011.Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ccedes/a/xfvLc9KjD6yC4QfvtgKfwYF/?format=pdf

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm.
Consultado em 20/01/2023.

_________ Governo Federal. Guia de boas práticas: Lei Geral de Proteção de


Dados (LGPD). Brasília: o Governo, 2020a.

_________ Lei Nº 9.394, de 24 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e


bases da educação nacional. Diário Oficial da União, 23 dez.1998.

_________ Lei nº 11.645/08 de 10 de Março de 2008. Diário Oficial da União, Poder


Executivo, Brasília.
31

_________ Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nº 9.394, de 20


de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, Diário Oficial da União,
Brasília, 17 de fevereiro de 2017. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm>. Acesso
em: 20 nov. 2023.

_________ Resolução CNE/CP n° 2, de 20 de dezembro de 2019. Define as


Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a
Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de
Professores da Educação Básica (BNC-Formação). 2019.

CARBONELL, J. Pedagogias do século XXI.3 ed.Porto Alegre: Penso, 2016. 263 p.

DENZIN, N. K. e LINCOLN, Y. S. Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa


qualitativa. In: DENZIN, N. K. e LINCOLN, Y. S. (Orgs.). O planejamento da pesquisa
qualitativa: teorias e abordagens. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 15-41.

DUARTE JÚNIOR, J. F. Por que arte-educação? Campinas: Papirus, 2019. ePub.

FERRAZ, M. H. C.; FUSARI, M. F. R. Metodologia do ensino da arte. 2. de. São


Paulo: Cortez, 2001.

FARES, J. A. O não lugar das vozes literárias da Amazônia na escola. Revista


Cocar,v. 7, n. 13, p. 82–90, 2013. Disponível em:
https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/244. Acesso em: 23 jan. 2024.

IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (2021) Disponível em; <


https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-
indicadores/ideb >

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira


(2021) Disponível em; < https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-
exames-educacionais/enem >

LIBÂNEO, J. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o pedagogo, o que deve


ser o curso de Pedagogia IN: PIMENTA, S. G. (Org.) Pedagogia e pedagogos:
caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002.

MASSCHELEIN, J. & SIMONS, M.A pedagogia, a democracia e a escola. Belo


Horizonte: Autêntica Editora, 2014.

______________. Em defesa da escola – Uma questão pública. Belo Horizonte:


Autêntica, 2015.
32

MINAYO, M. C. S. O desafio da pesquisa social. In: DESLANDES, S. F.; GOMES, R.;


MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Revista e
atualizada. 25. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 9-29.

___________ Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes,


1994. 80 p. ISBN: 8532611451.

Projeto Político Pedagógico E.E.E.F.M Profº Eduardo Lima e Silva (2023)


Disponível in: https://1drv.ms/w/s!AjgyC8CIpNipgYJa_mAm7lu9zQgUEQ?e=hRc9QZ

RICHTER, S. Criança e Pintura: Ação do Conhecer. Porto Alegre: Editora Mediação,


2018.

RIOS, I. C.Humanização: a essência da ação técnica e ética nas práticas de saúde.


Revista Brasileira de Educação Médica, 2009.
https://doi.org/10.1590/S0100-55022009000200013

ROMÃO, J. Antonieta de Barros: Professora, escritora, jornalista, primeira deputada


catarinense e negra do Brasil. Florianópolis: Editora Cais, 2021.

ROSA, M. C. A formação de professores de arte: diversidade e complexidade


pedagógica. Florianópolis: Insular, 2005.

SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) (2021) Disponível em; <
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-
educacionais/saeb >

SALDAÑA, J. Coding Manual for Qualitative Researchers. 3a. edição. Los Angeles:
SAGE Publications, Inc, 2016.

SAMPAIO, N. Desenho espontâneo das crianças: considerações sobre sua


metodologia. Rio de Janeiro: [S. n.], 1929.

SANTOS, L. L. C. P. Entrevista com Professor Nóvoa. Revista Educação e


Sociedade. Campinas-SP, v. 33, n. 119, p.633-645, Abril- Junho de 2012. Disponível
em http://www.cedes.unicamp.br/. Acesso em 20/12/2023.

SANTOS, A. Didática sob a ótica do pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina,


2003.

SEDUC – Governo do Estado de Rondônia (2024) Disponível em; <


https://rondonia.ro.gov.br/seduc/ >

SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed.


Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

VEIGA, I. P. A. (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma


construção possível. 14. ed. Campinas/SP: Papirus, 2002.
33

Anexos

No ano de 2023, a Escola estadual de ensino fundamental e médio Prof.


Eduardo Lima e Silva foi o lugar onde desenvolvi o estágio supervisionado I. A
proposta era desenvolver um plano de aula que culminasse numa aula (Arte por toda
a parte).

Figura 3 – Protocolo de Aceite

Figura 4 – Sala de aula, Aula de Tridimensional

Fonte: O Autor (2023)


34

Figura 5 – Colagem e produção de lambes

A participação ativa dos alunos foi um elemento crucial na experiência de


estagiar. O envolvimento dos alunos demonstrou um interesse significativo na arte e
na disposição de se envolver no processo de ensino-aprendizagem.
A arte educação, ao promover a autoexpressão e a colaboração entre os
alunos, cria um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades artísticas,
bem como para o crescimento cognitivo e emocional.

Figura6 – Demonstração e aplicação junto com a professora titular


da turma
35

Figura 7 – Aula de Pintura, Aplicação da Pintura de Fundo

Figura 8 – Entrega de Material Cultural

A exploração de conceitos artísticos, incluindo pintura, desenho, permitiu que


os alunos desenvolvessem uma compreensão mais profunda das diferentes formas
de expressão, agradeço a professora Maria Aparecida que acompanhou todo o
processo, assim como os artistas Marcio Viermo e Mikéliton pela disponibilização do
material cultural do poema ‘”Rondônia, Amazônia, Brasil!” ao qual serviu de referência
visual para as produções sobre a cultura de Rondônia.

Você também pode gostar