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Mãe: Ilse? Ilse?

Ta na hora de ir para a cama, veem Ilse, coloca aquela camisola linda de


babado que seu pai comprou pra você. Ele gosta não se atrase, ele não gosta de esperar.

Ilse: Mãe, não quero mais, sinto que é errado.

Mãe: Seu pai é quem manda, se não está contente, deixa que sua irmã assuma suas
responsabilidades, mas sob esse teto você não vive mais. (Sai as duas)

(Sons de brincadeira da coxia, o dialogo acontece sem ninguém no palco.)

Amiga 1: Vamos para casa pelo caminho mais curto.

Amiga 2: Ahh, vamos pela ponte.

Marta: Depois andar duas horas

Amiga 2: ahhh, vamos lá. Por favor.

Amiga 3. Eu acho que alguém quer ver se Melchior Gabor está por aí.

Amiga 2: A ultima que chegar vai ter que beijar um Sapo.

(Todas entram correndo... Marta entra na frente e chega primeiro)

Marta: Ganhei!

Amiga 3: Não você roubou.

Amiga 1: Então, Melchior Gabor é amigo do Moritz, o MEU único amigo menino (hahaha). Ah,
Marta, Moritz é perdidamente apaixonado pela sua irmã.

Marta: E ela por ele (ri se afastando).

Amiga 1: Marta, cuidado a sua trança ta soltando.

(marta em desespero tenta arrumar a trança)

Amiga 2: Solta marta, não é chato pra você, dia e noite?

Amiga 1: Você não solta o Cabelo, não corta.

Amiga 3: Amanhã vou trazer uma tesoura.

Marta: Pelo amor de Deus! Papai já me dá surras demais.

Amiga 3: É mesmo?

Marta: não, (ri disfarçando), é claro que não. É vamos.

Amiga 3: Marta.

Amiga 2: Marta, somos suas amigas.

Marta: Quando eu não faço o que ele quer, algumas noites os papai pega o cinto.

(penumbra, foco na mãe)

Mãe: Marta, nós temos regras essa noite seu pai não pode ser desobedecido.

Marta: Uma noite, eu corri pra porta.


(mãe e marta juntas) Vai sair pela porta? Muito bem, que bonito. É ali mesmo que você vai
passar a noite, lá fora.

Mãe: Na rua.

Amiga 1: Não

Marta: Tava frio.

Amiga 3: Meu Deus, ele te bate com o cinto?

Marta com qualquer coisa.

Amiga 2: Cinto com fivela?

(marta mostra as marcas de costas pro público)

Marta: Bem aqui

(todas ficam horrorizadas)

Amiga 1: Meu Deus!

Amiga 2: Essas marcas são Horríveis:

Amiga 1: Nós temos que contar isso pra alguém, vamos.

(Marta corre segurando a Amiga 1)

Marta: Pelo amor de Deus, eles vão me expulsar de casa.

Amiga 3: Como o que aconteceu com a Ilse?

(Penumbra, foco na Ilse passando, como quem estivesse perdida)

Marta: Olha só o que aconteceu com a Ilse, ela ta vivendo não sei lá onde, sei lá com quem

Amiga 3: se eu pudesse ficar no seu lugar

Amiga 1: Marta não fica assim. O meu tio, o Claus, diz que se você não der disciplina a um filho,
é porque não gosta dele.

Amiga 2: Quando eu tiver filhos, se eles forem meninos, Eles vão poder usar cor de rosa se eles
quiserem.

Amiga 1: E as meninas vão poder usar vestidos curtos, e as meias pretas.

Amiga 3: De seda! Sempre seda.

(as meninas ficam estáticas)

Mãe (da cochia) Tá na hora de ir para cama, vem marta

Martha

Lá no fundo de mim
É um escuro sem fim

Na hora em que eu vou dormir

Minha mãe sorri

Será que ela não sabe

Será que ela não sabe

Lá vou eu, se eu pudesse não

Se eu dissesse não

Então você chega

Então você chega

E me pede um beijo e boa noite, amor

E me abraça e me sussura sob o cobertor

"somos só nós dois

Nós e um segredo"

Ah, você me ensina como é bom, amor

E então você me diz sem nenhum pudor:

"somos só nós dois

Nós e um segredo!"

Ilse

E eu sei, que é errado eu sei

Mas eu não gritei

Eu deitada ali

Deitada ali

Eu quero ser forte

Eu vou pra rua espalhar

Que você me ensinou

Como eu sou linda

Isle & martha

Sim, eu sou linda!


E me pede um beijo e boa noite, amor

E me abraça e me sussura sob o cobertor

"somos só nós dois

Nós e um segredo"

Ah, você me ensina como é bom, amor

E então você me diz sem nenhum pudor:

"somos só nós dois

Nós e um segredo!"

(Ilse, martha, garotas e garotos)

Lá no fundo de mim

É um escuro sem fim

Lá no fundo de mim

É um escuro sem fim

Lá no fundo de mim

É um escuro sem fim

Lá no fundo de mim

É um escuro sem fim

Marta: Tá bom, mas chega de conversas, está tarde e temos que ir pra casa

(saem as meninas, Moritz está ao canto, ele não vê Ilse entrando)

I: Moritz!

M: Ilse?

I: Você perdeu alguma coisa?

M: Porque você me assustou? .... Merda.

I: O que você ta procurando?

M: Adoraria saber.

I: Então porque procura?

M: Onde é que vc andou metida?

I: Sabe aquela colônia dos artistas?


M: Sei.

I: Todos PER-VER-TI-DOS, Moritz. Selvaagens. Tão boêmios. Tudo o que eles querem fazer é
tirar a minha roupa e me pintar, tem um tal de Joren (íoren) que é maluco por mim. Derruba
tudo que é tinta e vem correndo atrás de mim me perseguindo com aquele pincel deleee. Os
Homens são assim se não conseguem te enfiar uma coisa tentam te enfiar outra. MEU....
DEUS... MORITZ. Outro dia a gente bebeu tanto que eu desmaiei na neve. Fiquei lá... deitada...
consciente... a noite toda. Depois disso, eu passei uma semana inteira com um tal de Gustav
Baum. Verdade! Bebendo Absinto.

M: Absinto?

I: Cheirando Éter. Com ele

M: Éter?

I: Até que hoje de manhã ele me acordou com um revolver apontado pro meu peito e disse:
‘’SE VOCÊ PISCAR EU ACABO COM VOCÊ’’. Sabe? Fiquei toda arrepiada, mas e você Moritz,
ainda ta na escola?

M: Esse semestre é o último.

I: Meu Deus!

M: É!

I: Já?

M: Já!

I: Nossa! Você lembra quando a gente voltava da escola, correndo pra minha casa pra brincar
de pirata? A Wendla, o Melchior, você, eu.

I: [Ilse]

Primavera

Quanto tempo faz?

Tanto tempo atrás

Tantas as manhãs, sim

Quando o sol brilhou

Sobre os livros soltos no chão

Primavera...

Mas nos outonos

Um vento triste

Nunca desiste

Do nosso rosto
Nos invade com seus dedos

Frios assim, sem perdão

Primavera

Quanto tempo faz?

Tanto tempo em nós

Tantas as manhãs, sim

Quando o sol brilhou

Entre as nuvens gordas

No céu...

Primavera...

M: Acho que eu vou indo, Ilse.

I: Espera... Vem caminhando até minha casa comigo.

M: E?

I: E a gente procura aquelas machadinhas, e vamos brincar nós dois Moritz, como nos velhos
tempos.

M: É... era uma época boa, Ilse. Brincar de Índio era bom.

I: Eu vou pentear o seu cabelo. Deixar ele todo encaracolado e fazer você montar no meu
cavalinho de pau!

M: Calma Ilse, Bem que eu gostaria.

I: Então por que não vem?

M: Eu tenho 80 versos de Virgilho pra decorar. 16 equações e uma dissertação sobre História
Antiga.

Moritz

Ou talvez eu serei as cordas de um varal

Roupas sobre mim e eu ali no sol

Toda tarde eu ali, não importa o que eu sei

Não sei

E quando a noite vem é só a lua e eu

Moritz

Lá vou eu
Não tem tristeza - pra mim não

Existe mais

Já nem sei onde é que dói - Já

Não me machuca mais

Não tem tristeza - Já passou

Pra mim

Já provei e abusei, eu me

Lambuzei

Não tem tristeza

Eu gastei

Da tristeza

Eu passei...

Ilse

Primavera

Quanto tempo faz?

Tanto tempo atrás

Tantas as manhãs, sim

Quando o sol brilhou..

Primavera

Quanto tempo faz?

Tanto tempo em nós

Tantas as manhãs, sim

Quando o sol brilhou

Sobre as folhas secas no chão

Primavera..

M: Boa noite Ilse.


I: Boa noite?

M: Eu tenho que estudar, lembra?

I: Só uma hora....

M: Deu, não posso.

I: Bom, pelo menos me acompanha até a porta.

M: É sério Ilse. Eu gostaria de Poder.

I: Sabe, quando você finalmente acordar, eu vou tá jogada numa lata de lixo.

Cena 2:

M: Pai.... Pai....

P: Moritz? Sim!

M: Pai, eu tava pensando.... Só por hipótese... O que aconteceria se eu... se....

P: seeee

M: se algum dia eu fosse reprovado, não que eu tenha sido.

P: Você está me dizendo que foi reprovado?

M: Meu pai eu só quero dizer se por um acaso:

P: Você foi reprovado, eu posso ver no seu rosto.

M: Então chegamos a esse ponto!!!

P: (Gargalhada) Não posso dizer que eu esteja surpreso. REPROVADO. (sai)

Moritz

Eu serei igual a borboleta azul

Tão leve contra o vento sem um norte ou sul

Nada dentro, nada forte e nada mau

A vida é feita só de luz, e nada vai mudar

Ou talvez, eu serei o vento de um verão

Que passa sobre as coisas sem qualquer razão

Sem nenhum desgosto e sem desastres, sem direção

Eu sopro

Sem pedir perdão


Lá vou eu

Não tem tristeza ? pra mim não existe mais

Já nem sei onde é que dói ? já não me machuca mais

Não tem tristeza ? já passou pra mim

Já provei e abusei, eu me lambuzei

Não tem tristeza, eu gastei

Da tristeza eu passei?

I: Moritz!

M: Ilse?

I: Você perdeu alguma coisa?

M: Porque você me assustou? .... Merda.

I: O que você ta procurando?

M: Adoraria saber.

I: Nossa! Você lembra quando a gente voltava da escola, correndo pra minha casa pra brincar
de pirata? A Wendla, o Melchior, você, eu.

M: Acho que eu vou indo, Ilse.

I: Espera... Vem caminhando até minha casa comigo.

M: E?

I: E a gente procura aquelas machadinhas, e vamos brincar nós dois Moritz, como nos velhos
tempos.

M: É... era uma época boa, Ilse. Brincar de Índio era bom.

I: Eu vou pentear o seu cabelo. Deixar ele todo encaracolado e fazer você montar no meu
cavalinho de pau!

M: Calma Ilse, Bem que eu gostaria.

I: Então por que não vem?

M: Eu tenho 80 versos de Virgilho pra decorar. 16 equações e uma dissertação sobre História
Antiga.

Moritz

Ou talvez eu serei as cordas de um varal

Roupas sobre mim e eu ali no sol

Toda tarde eu ali, não importa o que eu sei


Não sei

E quando a noite vem é só a lua e eu

Moritz

Lá vou eu

Não tem tristeza - pra mim não

Existe mais

Já nem sei onde é que dói - Já

Não me machuca mais

Não tem tristeza - Já passou

Pra mim

Já provei e abusei, eu me

Lambuzei

Não tem tristeza

Eu gastei

Da tristeza

Eu passei...

Ilse

Primavera

Quanto tempo faz?

Tanto tempo atrás

Tantas as manhãs, sim

Quando o sol brilhou..

Primavera

Quanto tempo faz?

Tanto tempo em nós

Tantas as manhãs, sim

Quando o sol brilhou


Sobre as folhas secas no chão

Primavera..

M: Boa noite Ilse.

I: Boa noite?

M: Eu tenho que estudar, lembra?

I: Só uma hora....

M: Deu, não posso.

I: Bom, pelo menos me acompanha até a porta.

M: É sério Ilse. Eu gostaria de Poder.

I: Sabe, quando você finalmente acordar, eu vou tá jogada numa lata de lixo.

M:.... Eu já perdi! .... sim, sim.... eu já dancei.... Sinto como se todos avançassem e eu fiquei.
Eu só quero sumir daqui. Nada vai mudar, eu sei que não... Não tem ninguém pior que eu.
Ninguem perde, nem falha igual a mim. Não tem mais portas, porque eu fechei todas, inclusive
a ultima. Pelo amor de Deus. Tudo o que eu precisava fazer era dizer sim.... Ilse? Ilse?...
Ilseeeee. Tá chega, a vida corre mas que eu. O que eu achava que eu tinha, não tenho mais. E
agora?... E agora?... Eu vou dizer pra eles. Aahhh, o que eu vou dizer pra eles?.... Inferno.... Vou
dizer pra todos os anjos que eu fiquei bêbado. Tomei absinto. Caí na neve. E Cantei. E Brinquei
de pirata. É ISSO! É o que eu vou dizer pra todos os anjos. Pronto! To pronto. Vou ser um anjo.
(Tira a arma) A 10 minutos dava pra ver todo o horizonte. Agora só a penumbra. Ah, as
primeiras estrelas. (ajoelha em crise) aii... aii... tá tão escuro. Aiii tá tão escuro...

[Melchior]

Você agora, enquanto pai,

Ajeita aquela flor

Um afago talvez

No rosto sem cor

Agora que ele já fechou

Os olhos pra você

Que você notou

E parou pra ver

[Melchior, Garotos & Garotas]

Mas já passou, e já passou


Como a sombra que sumiu

Atrás do muro

[Melchior]

Tudo o que ele quis ficou

Pra trás

Tudo que a mãe sonhou,

Não sonha mais

E o que pai não fez porque

Só guardou

Oh - oh...

As frases sem falar

E festa que você não fez

Já não há mais planos,

Não pra vocês

Com todas as pistas,

Você não descobriu

Era sangue seu,

E você não sentiu

[Melchior, Garotos & Garotas]

Mas já passou, e já passou

Como a sombra que sumiu

Atrás do muro

[Melchior]

Tudo o que ele quis

Ficou pra trás

Tudo que a mãe cerziu

Não serve mais


O que o pai não fez

Não conta mais

Tudo o que era seu

Ficou pra trás

Todos os fantasmas

Que ele foi atrás

E jamais venceu

Não vence mais

Oh - oh - oh...

[Melchior, Garotos & Garotas]

Mas já passou, e já passou

Como a sombra que sumiu

Atrás do muro

[Melchior]

E agora já ficou

Ficou pra trás

Ele já ficou

Ficou pra trás

Ele já ficou

Ficou pra trás

Oh...

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