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espasmos de tristeza, eu choro pelo fim da inocência,pela escuridão do

coração humano e pela falta que me fazem as primaveras...e a chuva


parece não ter mais graça...

(Cenário: Uma cadeira, um vestido, luz se abre aos poucos vê Wendla em


“O Despertar da Primavera” cima da cadeira se vestindo)

Livre adaptação da obra de Frank Wedekind Música: MAMA ME EXPLICA. - Solo de Wendla. (Foco sobre ela
enquanto se veste aos poucos percebendo seu corpo, Wendla se veste
(Palco escuro algumas vozes que crescem ao coro luzes flutuam sobre o com o cuidado de uma noiva)
ar como uma constelação numa noite de primavera, após o final do coro
luz se abre todos os personagens estão de pé parados, apenas uma Sra Bergman: Wendla!
Wendla: Mama!
jovem de pé na boca de cena, com uma caixa e alguns pertences, dentro
Sra. Bergman: Minha nossa, olhe para você nessa… Nessa camisola.
da caixa um livro).Luz se apaga brutalmente foco em resistência sobre o Wendla, moças da sua idade não podem ser vistas vestidas assim.
elenco) Wendla: Ah... Mamãe deixe-me usá-la, me sinto como a rainha das fadas.
Senhora: Mas você está... Está... Está... Desabrochando (faz gestos
(Primavera entra o retrato os personagens do retrato permanecem curtos se referindo aos seios)... Esse vestido não é bonito para uma
imóveis) menina de 15 anos, mas você me deixa louca e quase esqueci a boa
noticia (senta-se Wendla no seu colo) Imagine Wendla, Ontem a noite, a
PRIMEIRO ATO cegonha finalmente visitou sua irmã. Trouxe-lhe outra menininha. (muito
feliz)
CENA 1 - CASA DE WENDLA Wendla: Quero vê-la agora Mamãe (ansiosa)
Sra Bergman.: Se vista decentemente, e Poderá vê-la...
Primavera: Na verdade o tempo é um abismo de coisas, lembranças, Wendla: Mamãe! Sou Tia pela segunda vez e ainda não sei como isso
histórias, despedidas... e chego a conclusão que dentro do tempo é frio, e acontece... Mamãe eu tenho vergonha de perguntar, mas... (muda de tom,
cabe tanta coisa...(ri) mas fora do tempo como será? Talvez quente como mais dócil o possível) a quem vou perguntar se não para a senhora?
Sra Bergman: Wendla eu preciso ajudar... ( fugindo)
a primavera... Por todas as estações há jovens que buscam a liberdade...
Wendla: A senhora não imagina que eu... Não imagina que eu ainda
Liberdade. Queria abrir um buraco e me enterrar no tempo, mas não dá... acredite nessa história de cegonha.
Eu passei por tantas mortes e quase não chorei, mas as vezes Sra Bergman: Deus! Não sei o que eu fiz para merecer esse tipo de
dependendo de como o sol se põe por trás da ponte ou de como as conversa! Eu mereço, agora vá se vestir, antes que pegue um resfriado.
nuvens se debatem formando espirais de chumbo no céu,ai eu choro...um Wendla: Tudo bem... Então perguntarei ao homem que limpa a chaminé...
choro que me sacode que me vem aos soluços.e eu me entrego a Sra Bergman: Está bem, eu conto tudo. Mas amanhã ou depois...
Wendla: Hoje, Mamãe! (desesperada)
Sra Bergman: (tentando fugir) Não posso, não posso Você quer me Otto: Vi superum savae memorem iunonis
enlouquecer Wendla. Professor: Isso Sr Lammermeier, continue, Sr Zirschritz.
Wendla: Mamãe! tive uma ideia, eu me ajoelho aos seus pés... Coloco Georg: Multa quoque et bello passus, dum conderet urbem.
minha cabeça no seu colo, E a Senhora diz tudo... E pode falar como se Professor: Do começo, Sr Rilow
eu não estivesse aqui o que acha?... Por favor, Mama. Hanschen: Arma viriumque cano. troaie qui primus ab oris...
Sra Bergman: Tudo bem eu conto (tapa a boca, Wendla guia ela até a Professor: Sr Robel
cadeira, que vai ainda meio arrastada, Wendla deita no colo da mãe que Ernest: Italian. fato prófugos... laviniaque venit
cobre sua cabeça com o avental, a fim de imaginar realmente que ela Professor: Sr Stiefel, Sr Stiefel!
não esteja lá).
Wendla: Estou lhe ouvindo Mamãe, Pode começar... (Moritz dorme, porém acorda assustado com o grito do professor)
Sra Bergman: Wendla ouço alguém chamar... (tenta levantar-se)
Wendla e Meninas: Mamãe! Moritz: Sim senhor!
Sra Bergman: (respira fundo, ainda apreensiva) Para uma Mulher Professor: Continue, por favor… (silêncio) Sr Stiefel.
engravidar... (descobre a cabeça de Wendla) está entendendo? Moritz: Laviniaque venit...
Wendla: Sim mamãe! Professor: Isso mesmo!
Sra Bergman: (cobre de novo a cabeça) Para uma Mulher ficar grávida, Moritz: Litora Multum... (Faz uma pausa, pois ele não sabe) Enim?
ter uma criança, ela deve... ser casada (fica sem palavras gesticula e Prof.: Multum “enin”?
ensaia o que vai dizer) De seu modo intimo e pessoal ela deve,ela deve, Moritz: Multum olim
ela deve... ( continua ensaiando meio sem graça) Amaaaar...(muda) E Prof: “Olim”? Multum “olim”? Então o Sr quer dizer que Enéas já sofreu
deve amar só ele...(chega perto de wendla com ênfase) SOMENTE ELE! muito nos dias que ainda há por vir.
Ela deve amar do fundo do coração! Pronto agora você sabe tudo!
Wendla: Tudo? (Todos dão risadas menos Melchior que permanece imóvel)
Sra Bergman: Sim tudo, eu Juro! Tudo!
Wendla: Mamãe! (desapontada, querendo saber a verdade, luz se apaga Prof: Sr Stiefel, faz ideia do que acabou de dizer? Sr Stifel (gritando)
entra o coro Ilse,Martha,Thea e Anna entram cantando Mama me
explica, Sra. fica congelada com a mão pra cima até o segundo refrão) (Melchior se levanta da cadeira como se estivesse sido tomado por uma
explosão)
Música: MAMA ME EXPLICA - REPRISE. Wendla e as meninas
Melchior: Com licença Senhor!
(Entram os meninos com as cadeiras, o caderno é mais um dia de
aula, todos se encontram prestando atenção em tudo com exceção de (Professor põe a baqueta no pescoço de Melchior que o encara
Moritz Stifel que dorme sentado com os cadernos nas mãos). profundamente)

CENA 2 – AULA DE LATIM Prof: O que disse?


Melchior: Com licença Sr Sonnentisch se me permite, não podemos
Professor: De novo... considerar isso como uma citação poética?
Moritz: Obrigado Melchi
(Moritz o observa boquiaberto) Melchior:Tudo bem... Não foi nada
Moritz: Sinto muito pelos açoites, obrigado Melchi
Prof: Sr Gabor, não estamos aqui para compor poemas, o garoto errou. Melchi: Agradeça ao grande sofrimento de Éneas.
Melchior: Sim, mas é um erro compreensível e profundo, se prestarmos (escrevem de novo, e Moritz e tomado aos poucos por uma indignação)
atenção...
Prof: “Multum olim” Moritz: Mas eu devia saber Multum ille...(Como se soubesse de tudo,
Melchior: Veja como é profundo o significado. Multum olim apresentando Melchi o olha indignado) è que eu não dormi a noite toda, na verdade fui
Multa quoque, é um paralelo, Senhor, entre o que Enéas já sofreu em visitados por fantasmas, os fantasmas mais obscuros e horrendo que...
guerra, e entre o que ainda vai sofrer em vida. Melchior: Moritz! Você teve um sonho?
Prof: Sr Gabor desde os tempos de Sérvio, Aulio Gélio,Claudio Moritz: Um pesadelo na verdade, eram pernas em meias de seda azul
Donato...não, desde a morte de Virgílio nosso mundo tem sido sujado com subindo pela lousa.
pensamentos de conjecturas textuais. Melchior: (normalmente) Ah... Esses tipos de sonhos todos têm.
Melchior: Com todo o respeito Senhor está dizendo que não podemos ter Moritz: Mais pessoas já tiveram essas visões mortificadores?
pensamentos críticos ou interpretação? Melchior: Claro Moritz, todos já tivemos e ainda teremos, por exemplo:
Prof: (bate com a vara) Não estou sugerindo nada estou confirmando que Otto Lammneier sonhou com a mãe dele.
ele errou, e estou pedindo, melhor estou mandando que o senhor corrija o Moritz: Sério? Com a mãe... Dele ( repulsa)
erro e continue, Fui claro? (silêncio, o professor bate de novo com a vara e Melchior: E Georg Zirschinitz sonhou que era seduzido pela sua
Melchior abaixa a cabeça) Sr Gabor ficou claro! professora de piano...
Melchior: Sim Sr Sonnenstich, Litora Multum ille Moritz: (assustado grita) A Senhora Groussebustenhalter?
Prof: Todos com Melchior Gabor, Laviniaque venit...
Todos: Litora, multum ilê Et terris iactatus ET alto Vi supremum savae (Prof ouve o grito se aproxima da conversa e grita)
memorem iunois ob... Prof: Moritz Stiefel (pega-o pela orelha) Não preciso lembra-lo que de
todos os alunos, o senhor é o que menos pode brincar em aula,(Solta a
Música: “TUDO QUE É SAGRADO” Solo de Melchior. orelha) não vou avisa-lo novamente!
Moritz: Somente comigo acontece essas coisa...
(Ao acabarem a Música todos se veem parados como no começo, pois
tudo que houve durante a musica não passou de um delírio de Melchior, Musica: “NESSA MERDA DE VIDA”- Moritz e os Meninos
Luz sobre toda a classe)
Prof.: Entreguem os versos sem adaptações ou poesias, vejo vocês
Prof: Muito bem agora escrevam: “Inferretque deos latio” Os Sete amanhã as 7:00.
seguintes versos do poema de cor.
Ernest: A aula hoje foi ótima, Estou indo...
( Todos escrevem desesperadamente, enquanto isso Moritz olha Otto: Eu também já vou, hoje é dia que mamãe vai me visitar!
singelamente para o Melchi está escrevendo) Hanshen: Eu te acompanho Ernest.
Ernest: Vai me acompanhar? ( Assustado e sem graça)
Hanshen: Sim, vamos estudar juntos ( Malicioso) Homero, um pouco de Sra: Enorme não?!
anatomia e quem sabe Alexandre o Grande. Sr: Poderia ser nosso melhor aluno...
Georg: Até amanhã, Melchior, Moritz estou muito ansioso preciso ir. Sra: Com certeza o melhor, Sr Knochesbruch.
Melchior: Deixe adivinhar? Aulas de piano! Sr Kno: Mas ao invés de estudar, ele está lá se poluindo de conversas
Georg: Sim e não posso deixar os peitos... Digo a senhora com aquele...aquele..
Groussebustenhalter esperando ( sai excitado) Sra: Imbecil, neurótico do Moritz Stiefel.
(Moritz em canto parado, pensativo) Sr: Mas está tudo certo e graças a Deus só passarão 60 alunos, e creio
que o neurótico Moritz não será um deles.
Moritz: Ah, Melchi... 60 versos de Homero, e as equações de 1º grau, e o
pior... Sei que ficarei acordado de novo assombrado pelos sonhos, e CENA 3 “ A FLORESTA”
mesmo assim não vou entenderei.
Melchior: (sarcástico) Como pode não os entender Moritz, são seus (Fim de tarde, Meninas entram brincando, muitas risadas e um ar de
sonhos. felicidade jovial envolve toda a cena, luz forte em todo o palco)
Moritz: Melchi me diz por que comigo? Por que esses sonhos? Por que *Entram brincando de pular corda*
sou assombrado pelas pernas de uma mulher? (sério) Até parece que
uma parte obscura do meu destino está no meio delas. Thea: Ahh...uma saia maravilhosa e tem um corpete lindo todo rendado, e
Melchior: Já que anseia por resposta jovem Moritz, tudo bem eu te um laço de seda, nas costas.
contarei tudo, tudo que aprendi com os livros e já experimentei. Meninas: Lindo! Lindo!
Moritz: Já experimentou?? Thea: Muito!
Melchior: Sim, mas prepare-se, pois depois disso (senta-se com a cadeira Primavera: Um dia esse casamento será contado em detalhes no meu
perto de Moritz) depois disso Moritz eu virei ateu. livro.
Moritz: Então não! Aqui não! Não quero mais saber ( corre até a porta Anna: Por falar em contar Wendla me conte o que você vai vestir no
com a cadeira em mãos, depois volta) Melchi pode me fazer um pequeno casamento da Greta
favor? Escreva tudo pra mim (ansioso) e coloque na minha bolsa Wendla: Mamãe disse que não poderei ir...
amanhã, como se fosse surpresa. E pra ficar mais interessante, se quiser Primavera: Como assim, mas é o casamento da Greta, nossa amiga.
pode colocar algumas ilustrações. Martha: Será que é por que ela vai se casar com aquele homem pobre.
Melchior: Quer que eu ilustre tudo de cima a baixo. Wendla: É...ela achou um pouco inadequado...
Moritz: (Fica parado com medo, depois responde sim apenas com a Primavera: Só por que ele é pobre! Olha Wendla a sua mãe não se....
cabeça varias vezes) Tudo!!! Anna: Mas eles estão decorando a igreja toda com lindas orquídeas.
Wendla: Mas mamãe disse que não vou!
(Congela a cena entram os professores)
Thea: Que pena!
Martha: É que pena
Sr Knochesbruch: Sabe Sra Kunppendick...
Anna: Tomara que sua mãe aprove meu noivo, quando for a minha vez.
Sra : Diga Senhor Knochesbruch
Primavera: Simples e só não se casar com um pobre!
Sr Kno: Melchior Gabor é um jovem muito inteligente e de grande
Todas: (pedem pra ela fazer silencio.)
capacidade intelectual.
Wendla: Calma, ela vai aprovar sim.
Thea: E o meu também! (A Musica é cortada por diversas vezes, entrando cenas de diferentes
Martha: E o meu também! ( jogo cênico)
Wendla: Bem, mas nós todas sabemos com quem a Thea quer casar! personagens ambientadas em diferentes cenários)
Anna: Hum...Melchior
Todas: Gabor! Meu Vício
Thea: E quem, não, quer!
Anna: Até que ele é bonito. Wendla
Thea: Bonito, ele é Minha vida é sem graça
maravilhoso. Meu dia sem sol
Primavera: Isso eu preciso escrever!
Martha: Mas não tão maravilhoso como aquele que está sempre
dormindo, o triste e emotivo Moritz! ( Suspira) Primavera
Todas: Moritz Stiefel!
Primavera: Isso eu preciso escrever com certeza. Mas você passa
Thea: Como você pode comparar os dois ( risos irônicos) O Melchior ele é E acende um
tão..tão radical! (risadas) farol Martha
Primavera: E vocês sabem o que andam dizendo por ai... E eu quase te amo, pobre infeliz
Meninas: (Sussurrando) Não o que? Thea
Thea: Que ele não acredita em Pobre de mim, que não posso o que eu quis.
nada! Meninas: ( Som de espanto) Anna
Ahh.. Será que eu sou tua, será que eu sonhei?
Thea: Nem em Deus. A vida passando e só eu que parei
Meninas: (Espanto crescente) Ahhhr. Thea
Thea: Nem nós céus. Eu tento e eu finjo, e não dá pra escapar
Meninas: (Espanto Maior) Meu vício é você, e não vai passar.
Thea: Em nada! Garotas
Todas: ( Suspiram como se Melchior fosse um herói) E eu vou pra chuva atrás de você
Anna: E dizem que ele é o melhor aluno em tudo. Na neve eu achei que o calor é
Wendla: Latim você
Thea: Grego Meu rumo eu não sei, nem meu lugar
Anna: Trigometria Meu vício é você, e não vai passar
Primavera: História ( Foco se abre a professora de piano e Georg na sua aula)
Wendla: Geografia.
Thea: E o melhor de tudo é que ele não liga a mínima pra nada disso.
Srª Groussebustenhalter: Muito bem Georg, vamos agora para o
prelúdio em Dó menor! (Georg começa a tocar a música, mas logo se
Música: Meu vicio. Solo de Wendla,Martha,Thea,Anna e Primavera. distrai com os peitos da Professora e erra) Errado! Errado! Errado ( bate
nas mãos dele, e os peitos na cara dele sem querer) uff!
Pai de Hanshen: Hanshen chega de ficar ai dentro desse banheiro.
(Foco se apaga, e acende-se em outro plano do palco, Hanshen está em Hanshen: (segurando a voz e outros sentimentos mais) Sim senhor...
camisa com uma das mãos por dentro das calças se masturbando e a Pai de Hanshen: Volte para a cama...
outra segurando uma foto, luz se abre devagar, todos os meninos estão Hanshen: (segurando a voz e outros sentimentos mais) Hummmm..humm.
ao fundo deitados) Pai de Hanshen: Filho!!!
Hanshen: Um minutinho só... (se apertando, tentando se controlar)
Hanshen: Desdemona! Você já rezou essa noite querida? (Sinal de Pai de Hanshen: Está bem.
silencio para a foto) Você não parece que está rezando deita ai assim, Hanshen: (No clímax total mal consegue falar de rápido que se move e
esperando pelo êxtase que está chegando. move as mãos por dentro das calças) Ultimo beijo, essas coxas
Pai de Hanshen: Hanshen! Você está bem? branquinhas, esses seios de menina esses joelhos cruéis, cruéis, cruéis...
Hanshen: É o estomago de novo papai, mas eu vou ficar bem.
Pai de Hanshen: Tem certeza? ( Sala de piano de novo)
Hanshen: Tenho ta tudo bem...
Pai de Hanshen: Então está bem. Srª Groussebustenhalter: Errado, Errado, errado, errado, (bate nas
(Pai sai de cena, foco de novo em Hanshen que começa a abrir as calças) mãos de Georg) Répétez, si”l vous plait novamente ( em francês algo que
se pronúncia Sivouplê, logo em seguida abre a blusa e dança, todo
Hanshen: É... querida eu acho que simplesmente eu não posso aceitar elenco está em cena e cada em em uma ação diferente, Música
seu assassinato, não, a verdade e que não posso nem pensar nas longas continua,até o fim onde Haschen se depara com seu pai)
noites na minha frente, está sugando meu sangue (suspira de prazer) Ah Pai de Haschen: Haschen
ver você deitada assim me olhando tão delicada um d nós tem que partir
ou eu ou você... (Enquanto isso já ocorre a mudança de cenário rapidamente, cenário casa
dos boêmios)
(Foco se acende na sala do piano de novo)
CENA 4 – CONFISSÕES/BOÊMIA
Srª Groussebustenhalter: Errado, Errado,errado,errado,(bate nas mãos
de Georg) vamos agora tentar valorizar um pouco mais a mão esquerda, a (Fumaça no palco alguns atores com roupas manchadas de tinta, um
mão esquerda Georg. homem em uma cadeira limpa uma arma, posiciona a arma com dentro da
boca, atira porem os revolver não este carregado)
(Foco se reacende em Hanshen que nesse momento já está no auge do
prazer o mesmo muda de mão durante a masturbação como sugerido pela Herinch: A Alma humana é um Abismo, mas que Merda... (ouve-se o
professora) barulho da porta abrindo) Quem mandou você entrar?
Mariana: A Porta estava aberta eu pensei que poderia...
Hanshen: Ahh...ah...ah querida por que ah, por que porque? Por que Herinch: Mas não pode, Pensou errado minha menina, o que faz aqui?
você fecha os joelhos assim será que você não percebe, que essa (sinal de silencio) Já sei a vida te largou sozinha e a boemia é o que te
sua...essa sua...castidade que me leva a...a...a...(em êxtase, é sobra...
interrompido pelo pai)
Mariana: A vida não me largou, eu larguei a vida ( rouba o cigarro dele)
Ela nunca me teve na verdade, é aqui que vive os que cantam a vida e (Foco ao outro lado da cena onde se vê uma jovem escrevendo e ao
pintam a revolução. mesmo tempo como se estivesse conversando com alguém)
Ilse: Sim... Aqui mora a felicidade pintada de tristeza.
Primavera: (escrevendo) Só o tempo conseguirá dizer o que virá depois,
(Meninos e meninas gesticulam sempre fechando olhos,bocas e ouvidos) ainda sinto a palavra oprimida dentro de mim, por isso escrevo, disfarço a
dor em palavras, e quem vai contar a história da mocinha, do pecado,
Mariana: Aqui podemos ser o que quiser? quem vai contar a minha história?
Ilse: Vem me dá a mão, aqui a gente pode sentir pena dos jovens Mãe de Frida: (descongela) Trancou a porta Frida? Não podemos nos
quando eles confundem angustia com idealismo. arriscar mais.
Mariana: E dos velhos? Que tem o coração orgulhoso e arrogante será Frida: ( está completamente entregue ao livro)
que aqui podemos fugir do terror dos tribunais? Mãe de Frida: O que escreve? (toma o diário das mãos dela)
Ilse: Aqui quando anoitece podemos ver Deus e o Diabo brigando. Frida: Não Mamãe, por favor!
Heinrich; E ver a inocência dos pequenos que descobrem o calor do Mãe de Frida: Por que faz isso comigo Frida, quer acabar como seu pai,
corpo pela 1º vez. O Padre Kaulbach disse que isso não é bom pra você.
Mariana: A inocência da prostituta que lê Schiller deitada na cama, a Frida: Mas quem é o Padre Kaulbach senão um homem cheio de pecados
vergonha derrota os projetos perfeitos da sociedade, eu sou livre tentando viver uma vida santa.
não tenho medo das pedras que me atiram. Mãe de Frida: Está falando como seu pai, quer ter o mesmo fim que ele
Heinrich: Mais cedo ou mais tarde a Primavera passa, é pode ser hoje teve?
Ilse... Frida: Meu pai não teve um fim, ainda sinto ele segurar minha mão
Mariana: Não sou como as outras, não imagino o laço do casamento, ou quando escrevo, sinto sua vontade de gritar.
filhos ingratos, me lembro de ficar muitas vezes na janela observando o Mãe de Frida: Talvez eu deva chamar o Doutor, parece ter os mesmos
coito dos cavalos. problemas de saúde do seu pai...
Heinrich: E tudo parecia parar não é? Era só você e ele (toca Mariana, Frida: Revolução não é doença Mamãe, não a cura, e mesmo que o
pouco a pouco os rapazes se aproximam) corpo acabe a alma continuara clamando por revolução, quero dizer meu
Mariana: Não tinham mãos, não precisavam acariciar, era tudo tão nome, quero dizer quem eu sou, dizer para todos, (anda) Sou Frida
simples, nem sei se existia o tal sentimento do amor. wedekind...
Rapazes: Que amor menina (se aproximam dela) Mãe de Frida: Nem mais uma palavra Frida sabe que não podemos dizer
Mariana: E ao fim conseguia ver os sorrisos, (vai se despindo devagar) quem somos.
Venham estou pronta quero ser como uma flor tocada pelo vento, me Frida: Que sou filha de um grande revolucionário, de um grande homem
pintem com todas as cores que a liberdade tem. que...
Mãe de Frida: Que desapareceu e deixou sua mulher com uma filha pra
( Rapazes se aproximam fazem um circulo em Mariana como se fossem
criar, que deixou um legado de loucura, (numa crescente de revolta)
devora lá, todos tem pinceis)
que deixou sua família entregue ao medo, ao desprezo...
Frida: Chega Mamãe! (grita) Eu não admito que fale assim do meu...
Música: “Onde estão...” Performance Mariana, Frida e os Meninos
(Mãe imediatamente lhe dá um tapa na cara, fica se joga no chão aos Melchior: Sim, Mamãe.
prantos seguida da palavra “Pai”, rasga algumas folhas do diário) Fanny: Moritz quer vê-lo.
Mãe de Frida: Veja ao que você me obrigou Senhor... Veja o que fez (Moritz entra correndo como um fantasma)
Frida.
Melchior: Moritz?
(Frida levanta bem devagar, enxuga as lagrimas se Poe de pé) Moritz: Desculpe o atraso, enfiei uma jaqueta, me penteei e vim voando
como um fantasma. (Poe a mão no bolso do colete)
Frida: Se quer seguir os preceitos do santo homem, bata na outra Melchior: Dormiu durante o dia?
também (oferece a outra face) Não é assim? (sorri) Moritz: Estou exausto Melchi (dramático) Fiquei de pé até às 3 da manhã
Mãe de Frida: Quer me enlouquecer, quer ver minha morte Frida? Venha lendo a sua redação e não entendi!
cá (a pega pelos cabelos) Agora você vai clamar por revolução onde Melchior: Sente-se. Vou fazer um cigarro pra você.
merece (tira alguns grãos de milho e coloca no chão para a mesma Moritz: Melchi olhe para mim, estou tremendo! Ontem á noite, rezei como
ajoelhar) Agora reze Frida, reze pela sua alma. Cristo no Monte das Oliveiras. (vai à boca de cena e reza) “Por favor,
Frida: Rezarei mamãe... pela a minha e pela sua, pela sua alma cega... Deus, dê-me tuberculose e me livre desses sonhos grudentos e cruéis”.
Melchior: Se tiver sorte pode ter certeza que ele vai ignorar essa sua
Mariana e Frida: Eu juntarei meus pedaços e contarei tudo que passei... oração.
(Frida começa a rezar em alemão seguido da continuação da música, ao Moritz: Melchi, não consigo me concentrar em nada! Até agora, parece
fim se monta a o cenário uma mesa e duas cadeiras. Melchior sentado que... Bem, eu vejo, ouço e sinto claramente (Melchi faz o cigarro), porém
escreve em seu diário, ao fundo da cena ainda está Mariana e os rapazes tudo parece tão estranho.
e Frida que interagem na cena o tempo todo) Melchior: E as ilustrações que eu fiz? Não ajudaram a entender seus
sonhos?
CENA 5- O DIÁRIO DE MELCHIOR Moritz: Multiplicou a confusão em dez vezes! Em vez de ver meias, agora
sou assombrado... ( retira um papel do bolso) Por grandes lábios vaginais.
Melchior: 16 de outubro... A questão é: Vergonha. Qual é a sua origem?
E por que somos assombrados por sua sombra infeliz? A égua sente (chega Fanny com uma badeja em mãos)
vergonha ao acasalar com o alazão? Ou finge ser surda ao que seus
quadris lhe dizem, até vir alguém e lhes entregar uma certidão de Fanny: Trouxe chá meninos.
nascimento? (risada) eu acho que não, a meu ver, a vergonha não passa (Moritz se assusta e esconde os papeis, Fanny coloca a badeja ao
de um produto da educação. Enquanto isso o velho padre Kaulbach ainda mesmo tempo em que observa o comportamento estranho de Moritz que
cegamente insiste em cada sermão que está enraizado profundamente se encontra disfarçando em uma postura desconfortável)
na nossa natureza humana pecaminosa,
Por isso agora me recuso a ir para a igreja. Fanny: Como vai, Sr. Stiefel?
Moritz: Bem, obrigado, e a Srª,Sraª Gabor. (tentando ser natural coloca a
(Ouvem-se passos, a Mãe de Melchior se aproxima) mão no bolso)
Fanny: Melchior... Fanny: Estou bem.
Melchior: Imagine, mamãe Moritz passou a noite toda lendo.
Fanny: Que maravilha! Moritz: Melchi você tem que admitir com todas as diferenças daquele
Moritz: Conjugando verbos em grego. geni... Geni...
Fanny: Estudar é bom, mas você deve se cuidar, Moritz, esta com uma Melchior: Genitália!
feição de doente, Sua saúde é mais importante que o Grego antigo. (cuida Moritz: Genitália é! Mas é muito esquisito, como é que pode esse troço
de Moritz) E você o que anda lendo Melchior? todo...
Melchior: Fausto de Goethe. Melchior: Caber lá dentro... Encaixar.
Fanny: Na sua idade meu filho? Melchior: Moritz eu estou dizendo que eu já fiz...
Melchior: É tão lindo, mamãe. Moritz: E eu não estou dizendo que eu não quero fazer...
Moritz: Eu chamaria de assustador. Melchior: Também não...
Fanny: Mesmo assim... eu acho que vocês já tem idade para decidir o Moritz: Que eu não ia querer
que é bom e o que não é.( Entrega o livro para Melchior) Se precisarem Melchior: Eu sei
de algo mais, me chamem. (Sai) Moritz: Ou que eu nunca mais queria
Moritz: Sua Mãe é mesmo fora do comum. Melchior: Moritz, Moritz.
Melchior: Até pegar o filho lendo Goethe. Moritz: ou que nunca pensei sobre isso.
Moritz: Será que não seria por causa das figuras?. (acende o cigarro) Melchior: Moritz calma
Melchior: Sim. Vê como todos se fixam nessa historia? É como se o Moritz: Ou com algo parecido
mundo fosse hipnotizado por pênis e vagina. Melchior: Moritz calma me deixa falar.
Moritz: Eu sou. Ainda mais agora depois de ler sua redação, todo que Moritz: Melchi preciso ir...
escreveu sobre... A Mulher. Melchi não consigo parar de pensar nisso, e Melchior: Moritz espera!
essa parte... (pega o papel ouve o barulho de uma bandeja caindo pensa
que alguém se aproxima e coloca o papel na boca) Aqui. (mostra o papel) (Fanny aparece, sentindo algo errado decidi ir até Melchior, pouco a
Isso é verdade? pouco parte do coro que estava próximo a cochia se aproxima do centro
Melchior: Mas é claro. do palco para compor a figura do barco de novo)
Moritz: Mas como você consegue entender isso? Melchi, como uma
mulher deve se sentir? Fanny: Está tudo bem Melchior?
Melchior: Ao se entregar a um homem? Como você acha que ela se Melchior: Sim mamãe
sente? Ela no começo se defende até que finalmente, até se entregar e Fanny: Moritz já foi?
sentir o céu desabar sobre ela. Acredita nisso? (Moritz balança a cabeça Melchior: Foi
como se estivesse hipnotizado) E me pergunta como entendo? Eu... Fanny: Ele está terrivelmente pálido, você não acha meu filho? Eu fico
Apenas me coloco no lugar dela e imagino. (Música começa a tocar ao
pensando se o grego antigo está realmente fazendo bem a ele.
fundo “Venha”)
Moritz: Sério? Como será que deve ser para a Mulher?
(Música continua)
(Tarde, Floresta, Melchior lendo seu diário, logo depois entra Wendla, é
Música: VENHA - O Elenco. (No meio da música há alguns trechos de
mais uma tarde Melchior se encontra na floresta)
texto, Melchior, Moritz e Fanny)
CENA 6 – O PRIMEIRO ENCONTRO Wendla: Pensei que fosse mais tarde, fiquei tanto tempo no córrego
sonhando, que pensei que fosse um pouco mais tarde.
Wendla: Melchior Gabor?! Melchior: Não é tarde, fique mais um pouco. Venha encostar-se nesse
Melchior: Wendla Bergman?! O que faz aqui na Floresta? Parece uma carvalho, olhar as nuvens, viajar no tempo, vem, é uma sensação tão
linda fada caída das árvores. O que faz aqui sozinha? hipnótica.
Wendla: Mamãe está fazendo ponche. Pensei em surpreendê-la com Wendla: Não posso, tenho que voltar. Estar em casa antes das cinco.
aspérulas. E você? Melchior: Fique aqui uma paz estranha toma conta de você, parece que
Melchior: Aqui é o meu lugar predileto, meu lugar pessoal pra pensar. você está sonhando... O tempo para.
Wendla: Eu não queria... Desculpe-me... (Wendla sai andando)
Melchior: Não, fique (wendla para) Como vai você? (Wendla olha para os lados, mas resolve ficar)
Wendla: Estou bem, mas não tanto quanto essa manhã Wendla: Bem, já que o tempo para, vou ficar um pouco, talvez precise
maravilhosa acredita que o grupo de jovens levou roupa e comida realmente sonhar um pouco.
aos pobres, Lembrei-me de...
Melchior: Lembrou-se de quando fazíamos isso junto... Música: O CORPO QUER FALAR Wendla e Melchior DUETO
Wendla: Devia ter visto o rosto deles Melchior. (alegre e esperançosa) de
como ficaram alegres. (Durante essa Música o sonho de Wendla e Melchior se torna real, eles se
Melchior: Andei pensando muito nisso por esses dias. tocam e se sentem livre para conhecer certos sentimentos, ao fim da
Wendla: Nos pobres? música tudo volta ao normal como no começo da cena)
Melchior: Não. (risos) nos nossos pequenos atos de caridade, agora me
responda Wendla, nossos atos de caridade fazem a diferença? Wendla: O Sol está se pondo, tenho que ir.
Wendla: Tem que fazer. Pois qual será a outra esperança que eles tem? Melchior: Vamos juntos,eu conheço um atalho te deixo na ponte em dez
Melchior: Exatamente. Receio que a indústria está se virando minutos. (Oferece a mão para Wendla, que aceita e se levanta
rapidamente contra eles. lentamente, se olham e depois correm de mãos dadas)
Wendla: Não só contra eles... Eu acho que o melhor para cada um é o
melhor para todos. CENA 7– A MISSÃO DE MORITZ
Melchior: Realmente. Não acredito que te conheço todos esses anos e
nunca conversamos assim. (Entram os meninos correndo, ambos acabaram de sair correndo
Wendla: Na verdade tivemos poucas oportunidades para isso. Moritz está eufórico acabará de invadir a sala do diretor da escola)
Melchior: (Aponta o dedo pra Wendla) Num mundo mais progressista
estudaríamos juntos. Meninos e meninas juntos, não seria extraordinário? Enerts: Vocês não sabem onde eu vi Moritz
Haschen: Onde?
(Wendla pensa, e se afasta um pouco, logo muda de assunto)
Ernest: Na Sala do Diretor
Otto: Olhem... ele esta vindo
Wendla: Que horas são?
Ernest: Pegaram você?
Melchior: Deve ser quase quatro.
Moritz: Não! Graças a Deus!
Ernest: Mas você está tremendo.
Moritz: Sim (olha as mãos) de alegria. (Abraça Ernest) de pura e insana
alegria. (Meninos saem barulhos de trovões, Fim de tarde vento tempo nublado
George: Jura que não te pegaram?
entram as meninas de mãos dadas, Barulho de trovão elas gritam)
Moritz: Juro por Deus. (Melchior se aproxima)
Ernest: Melchior! CENA 8 – ESCURO SEM FIM / FLORESTA/PONTE
George: Adivinha?
Melchior: Todos estão fazendo aula de piano? MARTHA: Como a água entra nos sapatos!
George: Não! Moritz Stiefel entrou na sala do diretor WENDLA: Como o vento sopra no rosto!
Melchior: Moritz está louco, o que tem na cabeça? THEA: Como o coração bate com força!
Moritz: Eu tinha que fazer isso Melchi, não aguenta mais a duvida, mas a Anna: Não devíamos ter vindo parece que o céu vai desabar...
boa noticia é: Eu Passei. Wendla: Vamos pegar um atalho!
Haschen: Mas porque está tão feliz, passou para o próximo semestre Thea: Não, vamos pela ponte meninas.
apenas. Martha: Ah... Por que pela ponte? Vamos andar mais duas horas?
Moritz: Sim! Ainda tem os exames finais, mas mesmo assim... Eu sei que Thea: Ah vamos, por favor!
passei. (abraça fortemente Ernest) Sinceramente. Essa..essa..(simula um Anna: Acho que alguém quer ver se o Melchior Gabor está nadando...
desmaio) deve ser a sensação de estar no céu, está que estou sentindo Thea: (desconversando) Tudo bem! Mas a ultima a chegar tem que pegar
agora. na mão do Hanschen.
(elas correm)
(Abraça Melchior, cena congela entra os professores mais uma vez)
Anna; Martha suas tranças estão soltando. (Tira uma fita branca que está
Sr Knochesbruch: Ora, ora, Sr Knuppeldick.
no cabelo de Martha)
Sra. Knuppeldick: Sr Knochenbruch. Martha: Tudo bem deixe assim...
Sr Knochesbruch: Agora que aquele esquisito e tapado do...do...
Thea: Não incomoda? Você fica com cabelo assim dia e noite, você não
Sra. knuppeldick: Moritz Stiefel. solta o cabelo...
Sr Knochesbruch: Passou para o próximo semestre, parece que temos Anna: Não corta o cabelo.
um certo... Dilema. Wendla: Amanhã eu vou trazer uma tesoura.
Sr Knuppeldick: Enorme não... Martha: Não Wendla pelo amor de Deus, papai já me dá surra demais.
Sr Knochesbruch: Só poderão passar 60 alunos. Não poderemos passar (Silêncio)
nenhum a mais, nem nenhum a menos. Anna: O que disse?
Sra. Knuppeldick: De jeito nenhum Sr Knochesbruch, Mas vamos Wendla: É mesmo...
esperar os exames finais. Martha: Não, (sorriso sem graça, tentando disfarçar) Claro que não, é
Sr Knochesbruch: Sim! Que já se aproximam... (risos)
bobagem...
Sra. Knuppeldick: E lembre sou eu quem os corrijo.
Thea: Martha! (segurando-a)
Sr Knochesbruch: Então tenho certeza que o bom nome da nossa escola
(todas se aproximam)
está seguro.
Wendla: Pode contar...
Melchior: E como foi? Moritz seu maluco você arriscou sua cabeça.
Anna: Martha Somos suas amigas
Moritz: Sim, mas me senti como um espião russo... (ri, saem)
(Silêncio geral, meninas se olham)
Martha: Quando não faço o que ele quer. Martha: (deprimida) È deve ser...
Anna: O que? Anna: Quando eu tiver filhos se eles forem meninos vão poder usar cor de
Thea: O que Martha diga, por favor! rosa se quiserem.( tentando anima-la)
Martha: Algumas noites... O Papai pega o cinto. Thea: E as meninas; vestidos curtos, e meias pretas também de seda,
Anna: Mas... Onde esta sua mamãe? sempre seda, (risos de alegria)
Martha: (começa a imitar a mãe) “Martha... temos regras nessa casa, seu Wendla: E estudarão juntos, serão livres...
pai não pode ser desobedecido”. Uma noite eu corri até a porta (corre) Martha: Livres? Quer dizer sem pais? Como saberemos o que fazer se
“Vai sair pela porta”?Muito bem que bonito, Pois então é ai mesmo que nossos pais não nos disserem?
você vai passar a noite, lá fora, na rua (Ouve-se eco) Sra Bessel: (começa instrumental) Martha! Hora de ir para a cama. Vem
Srª Bessel: Na rua (gritando bêbada) Martha! (bebe)
Thea: Não!
Martha: Estava tão frio... Musica: ESCURO SEM FIM Martha e as meninas
Anna: Meu Deus! (quase aos prantos)
Wendla: Ele te bate com o cinto? Martha: Lá no fundo de mim...
Martha: Com qualquer coisa. É um escuro sem fim.
Wendla: com o cinto ou com a Sra Bessel: Martha Querida,coloque aquela camisola linda de babados
fivela? Martha: Qualquer coisa... que seu pai comprou pra você, ele gosta. Não se atrase ele não
Wendla: Deixa a gente ver?! suporta esperar (bebe e sai).
Martha: Não, besteira, vamos embora (Meninas chegam perto dela e
levantam as mangas do vestido) Martha: Na hora em que eu vou dormir
Wendla: Martha! Essas marcas são horríveis. Minha mãe sorrir... Será que ela não sabe...
Anna: Temos que contar isso para alguém! Será que ela não sabe...
Martha: Contar? Ana Não.
Anna: Martha, temos que fazer isso. (Ao meio da música ouve a voz do Sr Bessel, e entra Ilse cantando a
Martha: Não! senão me expulsariam de casa pra sempre... segunda parte do dueto)
Wendla: Como fizeram com a Ilse lembram?!
Sr Bessel: Ilse, Ilse...
(foco se acende atrás Ilse é jogada pra fora de casa seguida de um grito Ilse: Sim Papai.
bem forte do pai RUA!) Sr Bessel: Hora da historinha.
Anna: Mesmo assim você não pode ficar... (Mais uma vez Na frente do Palco Melchior em seu esconderijo escreve e
Martha: Ana já disse que não! Olha só o que aconteceu com a Ilse, ela Lê)
está vivendo, sei lá onde, sei lá com quem...
Wendla: Martha se eu pudesse eu ficava no seu lugar. Melchior: 27 de Novembro. O problema é: a terrível prerrogativa da
Thea: Martha não fica assim... Meu Tio Klaus diz que se um pai não da parentocracia na educação secundaria.
disciplina ao filho é por que não gosta dele não o ama de verdade...
(A mudança de luzes, que se abre em Moritz no pátio da escola. Herr Wendla: Sonhei que derrubava o café do meu pai e quando ele viu o que
Knochenbruch e Fraulein Knuppeldick chama-lo) fiz, ele tirou o cinto e me bateu. (sempre apreensiva)
Melchior: Wendla, isso não acontece mais, só em historias.
CENA 8 REPROVAÇÃO/ SENTIMENTOS INTENSOS Wendla: Acontece de verdade! Martha apanha toda noite, dá ora ver os
vergões em todo o corpo dela. È terrível, o sangue ferve só de ouvir.
Knuppeldick: Sr Stiefel, podemos falar com o Senhor? (Enquanto Não consigo pensar em mais nada.
Melchior fala a cena continua atrás dele, Moritz está conversando com os Melchior: Alguém precisa contar isso para todos.
professores) Wendla: Sabe de uma coisa (tímida) Eu nunca apanhei, nenhuma vez
( vai a boca de cena) Nem posso imaginar, deve ser horrível (curiosa).
Melchior: Um mundo onde professores, assim como pais,nos veem como Melchior: Ninguém merece isso.
obra-prima para uma sociedade obediente e produtiva... Wendla: (aproxima-se) Sabe até tentei me bater para sentir como é,
realmente por dentro, a sensação... (afasta-se) Com esse galho, por
(Herr Knochenbruch e Fraulein Knuppeldick abordam Moritz, e dirigir a ele exemplo, veja é duro e firme (entrega o galho para Melchior, que
em uma conferência privada) experimenta o galho batendo do ar)
Melchior: Provavelmente tiraria sangue.
Melchior: Um corpo militar e uniformizado onde todos os fracos devem Wendla: Se me batesse com ele? Você me bateria com ele?!
ser destruídos... Melchior: Te bater? Eu?
Wendla: Sim
(Herr Knochenbruch e Fraulein Knuppeldick continuan seu caminho, Melchior: O que pensa que sou Wendla?
deixando Moritz parecendo um fantasma.) Wendla: Não penso nada.
Melchior: Sabe que eu jamais te bateria.
Melchior: O progresso dos alunos se reflete apenas no ranque e ordem Wendla: E se pedisse...
da faculdade e, portanto, uma nota baixa é vista como uma ameaça. Melchior: Nunca...
Wendla: E se eu
(Moritz sai decepcionado, Wendla se aproxima de Melchior)
deixasse? Melchior: Ficou
Wendla: Melchior?!
louca?
Melchior: (dá um pulo ao vê-la) Você aqui de novo! Wendla: Mas a Martha...
Wendla: Estava no córrego e te vi aqui.
Melchior: Como pode querer apanhar?
Melchior: Sim...
Wendla: Eu nunca apanhei, minha vida inteira eu nunca senti...
Wendla: Então...
Melchior: Nunca sentiu o que?
Melchior: Então... Estava no córrego (silencio ficam sem graça)
Wendla: (Coloca as mãos no peito dele) Nada! Nunca senti nada...
Sonhando de novo.
(Silencio, se olham) Por favor, Melchior.
Wendla: ( Aproxima-se) Sim eu estava sonhando...
Melchior: E com o que sonhava? (Se olham em silencio Wendla se afasta e vira de costas, Melchior se
Wendla: Bobagem... aproxima dela aos poucos e desfere o primeiro golpe)
Melchior: Fale pode não ser uma bobagem pra mim. Wendla: Não senti.
Melchior: Talvez não por causa do vestido.(Wendla levanta o vestido Moritz: Hipoteticamente falando... O que aconteceria se...
Melchior sai correndo) Pai: Se?
Wendla: Nas pernas,Bate!(Wendla vira de frente pra plateia,Melchior bate Moritz: Se um dia eu... é...eu reprovasse.Não que eu tenha...
Wendla não sente nada) Por favor! Pai: (com uma raiva crescente) Você reprovou?
Moritz: Não...
(Melchior pega ela pelo braço com violência)
Pai: Posso ver no seu rosto.
Moritz: Não, pai...
Melchior: Vou te ensinar a dizer, por favor. (desfere o segundo golpe
Pai: Não acredito... ( se aproxima e defere um tapa na cara de Moritz que
seguido do gemido de Wendla)
cai no chão)
Wendla: Ainda não senti nada.
Moritz: Ah!
Melchior: (bate de novo) E agora!
Wendla: O Pai dela usa o cinto e tira sangue!(Melchior bate de novo)
(Pai defere outro tapa)
Melchior: E agora?
Wendla: Nada! (bate de novo)
Moritz: Pai, por favor!
Melchior: E agora...
Wendla: Nada.
(outro tapa, Moritz chora seguido do ultimo tapa)
Melchior: Vagabunda! Vou te ensinar o que é dor! ( pega Wendla pelo
braço a chacoalha e dá um soco em seus estomago,empurra Wendla para
Pai: Então, finalmente, chegamos a esse ponto. Não posso dizer que
longe que cai no chão chorando)
estou surpreso, não esperava muitas coisas boas de você... Você
Wendla: Não. Não...pare...(Melchior bate no chão antes de dar um soco
reprovou.
em Wendla)
Agora me diga o que sua mãe e eu faremos? Diga-me, filho, o que?
Como ela sairá nas ruas? O que direi no banco? Como iremos a igreja, o
(Encolhida no chão Wendla Chora, Melchior a observa e depois sai
que diremos? Meu filho... Reprovou, Reprovou (pausadamente) Graças a
correndo arrependido, Wendla chora deitada)
Deus meu pai, seu avô não viver para ver seu total fracasso. (sai de cena)
(Luz se acende na banda Ernst está cantando o refrão de “O Corpo quer
falar”, seguido de George que toca Piano e canta com ele, Wendla
(Ao fundo ouve-se a voz de Fani)
observa e o diário de Melchior pega e sai)
Música: A CARTA- Moritz e meninos
(Entram Moritz e seu pai, de lado opostos do palco, Moritz está tenso
enquanto o pai analisa uma velha moeda)
Fani Gabor: Prezado Moritz Stiefel, não, Moritz... Passei o dia todo
pensando no seu bilhete e realmente fiquei comovida por você me ver não
CENA 9 – O DESTINO DE MORITZ
só como mãe de Melchior, mas também como uma amiga.
Moritz: Pai?
Naturalmente me entristece que você não tenha se saído tão bem como
Pai: Pois não, Moritz.
esperava nas suas provas, e que não vai passar de ano. No entanto devo
Moritz: Eu... Eu estava pensando...
lhe dizer de imediato fugir para a América, não deve ser a saída e mesmo
Pai: É bom saber que pensa rs
se fosse não posso lhe arrumar o dinheiro que você me pede.
Moritz: Ahan,ahan,ahan tá bom, já que não pode então tá bom, eu já Hanschen, Moritz,Otto,Ernest: Não tem ninguém pior que eu/ Ninguem
perdi eu já dancei, já passou da hora e eu fiquei. falhou/ Ninguem perdeu/
Fani: Você seria injusto comigo Moritz, se visse em minha recusa alguma George: Não tem mais portas.
ausência de afeto, pelo contrario como mãe de Melchior eu realmente Hanschen, Moritz,Otto,Ernest,George: Todas eu fechei.
creio que é meu dever, para abrandar essa perda eu... Fani: Portanto cabeça erguida Her Stifel, e me de noticias em breve,
Moritz: É muito pouco o que eu pedi, eu quero só sumir daqui, e olha só nesse deste inter fique com meus mais sinceros votos de felicidade,
não faz assim, não fala mais, empresta então ok? atenciosamente Fani Gabor.
Fanni: Se você quiser eu me prontifico a escrever aos seus pais,
tentarei convencê-los de que ninguém poderia ter se esforçado mais no (Ao fim da Música Moritz sai devagar com a carta nas mãos, meninos
ultimo semestre, e também uma condenação exageradamente rigorosa entram sobe um elevado no palco)
do seu infortúnio poderia causar efeito mais grave possível na...
Moritz: Você me olha e não me vê, você pergunta então porque?
E quanto mais pergunta eu menos sei... Performance Melchior e Garotos menos Moritz Musica: “No fundo
Fani: No entanto Her Stiefel, uma coisa em sua carta me perturbou... a do Breu”.
sua...como pode dizer...a sua ameaça velada de que se não for possível
uma escapada, você tiraria a própria vida? (Ao fim da cena barulho de trovões, Melchior sentado no meio do palco)
Moritz: Ok o Jogo é pra jogar eu vou fingir e acreditar, você me diz; EU JÁ
SEI, tudo é só pro bem... NO FUNDO DO BREU
Fani: Meu querido o mundo está cheio de homens, empresários, cientistas
e até professores que não foram bem na escola, e, no entanto depois MENINOS:
tiveram carreiras brilhantes, considere, por exemplo, aquele notável APAGUE A LUZ E TUDO SE DESFAZ/VAI SUMIR SEU HORROR/SUA
estimado bancário... DOR JÁ NÃO DÓI/E TODAS AS MARCAS QUE A LUZ SÓ ATRAI/SE O
Moritz: Escreve aos pais e diz então que o filho entrou na contra mão/ E DIA INVENTOU, A NOITE DESTRÓI.
não tem mais volta não tem mais/ E diz assim, que ele fugiu/ Num navio MELCHIOR:
que explodiu/ Ninguém mais ouviu falar não mais/ não, mais/não mais. MAS NÃO DÁ PRA FUGIR LÁ NO FUNDO DO BREU/O HOMEM QUE
Fani: De qualquer forma eu lhe asseguro que o seu atual infortúnio, em EU SOU É CRIANÇA E CRESCEU/ALGUÉM SEMPRE ALI, O
nada mudará os meus sentimentos e seu respeito, e muito menos em sua FANTASMA É MEU/TRANCADO EU ESTOU E A JAULA SOU EU.
relação com Melchior. MENINOS:
Hanschen e Moritz: Ahan, ahan, ahan, tá bom/ Já que não pode então tá E O MEDO TAMBÉM JÁ VAI SE ESCONDER/NAS FRESTAS DE LUZ
bom/ eu já perdi eu já dancei. ELE HÁ DE ESCORRER/ENTÃO VOCÊ FICA SOZINHO E EM PAZ/SEM
Hanschen: Mas nada vai mudar... MEDO E SEM DOR, O MUNDO É CAPAZ.
Moritz: Eu sei que não... MELCHIOR:
Hanschen, Moritz,Otto: Você me olha e não me vê/Você pergunta então MAS NÃO DÁ PRA FUGIR LÁ NO FUNDO DO BREU/É FRIO E SEM
por que?/ COR, A CRIANÇA CRESCEU/SÓ EU ENXERGUEI, SÓ EU
Otto: E todas as respostas CONHECI/NINGUÉM SABE VER O QUE EU MIM SÓ EU VI.
Moritz: Eu não sei.
(Mais Trovões entre Wendla) Por favor, não fala mais.
Wendla:
CENA 10- SEXO E AMOR Mas como é que eu posso…
MELCHIOR:
Wendla: Por favor, não fala! Nós estávamos confusos. Estávamos apenas…
Melchior? Então é aí que você estava. Wendla:
Melchior: Mas foi por minha culpa…
Vai embora. MELCHIOR:
Wendla: Fui eu. Foi tudo eu. Disparou uma coisa em mim quando eu te bati.
Tá chegando uma tempestade. Você não pode ficar aí emburrado num Wendla:
buraco Uma coisa em mim também.
Melchior: MELCHIOR:
Vai embora, por favor. Mas eu te machuquei.
Wendla: Wendla:
É mas…
Todo mundo está na igreja ensaiando no coral. Fida me ajudou consegui MELCHIOR:
fugir. Pelo amor de Deus, para! Você tem que ir embora. Vai embora.
MELCHIOR: Wendla:
Tá bom, mas não me importa. Por que não vem para o campo agora, Melchior? Tá escuro aqui e
Wendla: abafado. A gente pode correr na chuva. Ficar encharcado. E nem ligar.
O seu amigo Moritz não apareceu. Dizem que ele está sumido o dia todo. MELCHIOR:Me perdoa.
MELCHIOR: Wendla:
É, ele deve tá cansado de ir à igreja! A culpa foi minha. Toda minha.
Wendla:
Pode ser. Sabe, o seu diário ficou comigo. MELCHIOR:
MELCHIOR: Eu escuto o seu coração, Wendla.
Com você? Wendla:
Wendla: Melchi, eu não sei…
Você esqueceu ele no outro dia.quando estávamos... Eu confesso que eu MELCHIOR:
tentei ler… Desde aquele dia, eu escuto o seu coração em todo o lugar que eu vou.
MELCHIOR: Wendla:
Você leu? Deixe ele aí, por favor. E eu ouço o seu. Não, espera, para! A gente não pode… Eu não posso…
Wendla: MELCHIOR:
Melchior, eu sinto muito pelo o que aconteceu. De verdade. Eu entendo A gente não pode o quê? Amar? Wendla, eu nem sei se isso existe
porque você tá zangado comigo. Eu não sei…
MELCHIOR: ACREDITO
MELCHIOR: PAZ E ALEGRIA HARMONIA E GLÓRIA
Wendla, eu escuto seu coração. Eu escuto a sua respiração em MENINOS & MENINAS:
todo lugar que eu vou. Na chuva. No feno. Por favor, Wendla. Por favor. PAZ E ALEGRIA HARMONIA E GLÓRIA EU ACREDITO
Wendla:
Não! É que isso… Isso é…
MELCHIOR: 2º ATO
O quê? Pecado?
Wendla: CENA 11- A CULPA
Não! Eu não sei…
MELCHIOR: MÚSICA- O CORPO É O CULPADO
O quê? Por que faz a gente sentir alguma coisa aqui dentro?
Wendla:
Não, é que isso… Espera! HOMEM ADULTO:
MELCHIOR:
Voltemos
Sou eu. Sou eu.
Wendla: nos hoje, meus filhos, para um aforismo muito querido de Martinho
É que isso… Isso é… Lutero. “A Deus, a nossos professores, a nossos pais nunca poderemos
MELCHIOR: oferecer gratidão suficiente.”
Sim? Anna: Essas palavras do Padre nunca me deixaram alegre
Wendla: Thea: Claro! Aqui uma igreja Anna, não um teatro ( riem, o Padre faz um
Sim. Melchior?
sinal para que se calem)
Martha: Onde está Wendla, nem ela, nem Melchior, e muito menos
MENINOS & MENINAS: Moritz não vieram para a igreja. (meninas se entreolham, entra Frida)
ACREDITO, ACREDITO, ACREDITO/EU ACREDITO/QUE NÃO É Frida: Eu a ajudei a fugir, ela foi procurar por Melchior, foi ver se ele sabia
PECADO [2x]ACREDITO, ACREDITO, ACREDITO/EU ACREDITO/NO onde estava Moritz, tive sonhos terríveis com ele...
AMOR SAGRADO [2x]ACREDITO, ACREDITO, ACREDITO/EU Martha: Com Moritz??? O que sonhava?
ACREDITO/QUE NÃO É PECADO/ACREDITO, ACREDITO,
Frida: Era estranho, ele estava sentado na ponte, e tinha um sol bem
ACREDITO/EU ACREDITO
GRUPO 1: fraquinho, ele segurava as botas e me dizia: PARALELEPIPIDOS.
NO AMOR SAGRADO Todas: O que? (Haschen fez sinal para que se calem, enquanto isso passa
GRUPO 2: a mão nas pernas de Ernest)
QUE NÃO É
PECADO GRUPO 3: Bem sabemos nós, essas palavras podem soar aos nossos
ACREDITO ouvidos modernos como estranhas duvidosas, antiquadas. No entanto,
GRUPO 4:
perguntemos a nós mesmos, cada um de nós, dentro do mais profundo E eu Sentindo suas mãos
de nossos corações. Invadirem meu calção.
Thea: Não entendo esse seu sonho, por que Diabos, Moritz falaria em George: Todos tolos
paralelepipidos. Só pensam em fingir, Sim
Anna: Eu também não sei, mas me sobe calafrios, me lembro de ter visto Todos Tolos
Perdidos no mar escuro
um gato preto ao vir para cá! Passos em vão,
Frida: Não adianta, a culpa será sempre dos pais...agora peço que o Deus Corações em Slow motion
da minha mãe ajude ele... Anna e Thea: E Meu destino vai ser
Martha: Que Deus proteja o jovem Moritz. Esperar por você. (coro UUU)(Esperar por vc)
Todas: Amém. Até chegar meu fim...
Ernest: Eu sei não vai ser (coro AAA)
Padre:De quantas maneiras honramos ou desonramos Como eu sempre quis ver
pai e mãe? Pobre dor sem fim...
( Nesse momento entra Mariana, batendo a porta da igreja) Martha: As dores que eu senti
Não sairão de mim
Mariana: Padre avise a todos, eu vi o pecado, eu vi a cor, senti seu cheiro, E todos meus gritos
ninguém nunca ouviu...
seu gosto, eu vi Deus e o Diabo e ambos estavam bêbados. Eu vi os que Padre: Todos tolos
se perderam, eu tive medo do inferno, no mesmo instante que eu Só pensam em fingir, Sim (coro UUU)
descobri e abracei o paraíso. Todos Tolos
(Começam a olhar Mariana que aos poucos se aproxima do Padre) Perdidos no mar escuro
Passos em vão,
Padre:De quantas maneiras nos afastamos em alma e corpo de todos os Corações em Slow motion
Mariana: Por isso eu sei
sábios ensinamentos de nossos sacerdotes, nossos professores? Que céu é escuro (coro
UUU) E não nada além.
Otto: Quando você rezar Frida: Toda a noite (coro UUU)
todas as dores vão passar eu imagino, você dizendo
Deus,vem ,e me faz rir... Que veio para me abraçar...
Ilse: Os sermões são iguais Mariana/Frida/Ilse: Todos tolos (coro UUU)
obedeça a seus pais Só pensam em fingir, Sim
E se entregue a fé... Todos Tolos
Haschen: Nossos corpos nus Perdidos no céu escuro
Me lembra um céu azul Tentam gritar,
Mas estão atrás dos muros.
Todos tolos (coro AAA) MELCHIOR:
Só pensam em mentir pra si. VEM ME ACORDAR PRA MORRER OUTRA VEZ
Todos Tolos ELENCO:
Perdidos no escuro E ALGUÉM DECIFRA A GENTE
Passos em vão, MELCHIOR:
Corações em Slow motion A GENTE É FEITO DE SONHO
ELENCO:
Padre: Não devemos nunca esquecer dos e n s i n am e n t os d e E AGORA O CORPO É O CULPADO, SIM PORQUE NÃO DEIXA
nossos sacerdotes, nossos professores. ESCAPAR NÃO PASSOU, NÃO SUMIU E AINDA AS MÃOS SOBRE
AS MÃOS IMPLORAM POR UM QUASE PERDÃOOO-OO-OO
MELCHIOR: HOMEM ADULTO:
Wendla, você está bem? Ah, meus filhos! Filhos! De que maneiras disfarçamos os erros até de nós
Wendla: mesmos? As barganhas secretas que fizemos com os nossos próprios
COMEÇOU DE UM JEITO/DOCE E FELIZ/ESSA CAIXINHA ONDE A demônios?
GENTE GUARDOU/O QUE A GENTE SEMPRE QUIS ELENCO:
ELENCO:
E AGORA O CORPO É O CULPADO, SIMPORQUE NÃO DEIXA
ALGUÉM DECIFRA UM SONHO
ESQUECERE DEPOIS SÓ NÓS DOISDOIS QUE AGORA ESTÃO NO
Wendla:
CHÃOMURMURAM POR UM QUASE PERDÃOOO-OO-OOE AGORA O
VEM ME ACORDAR PRA SOFRER OUTRA VEZ
CORPO É O CULPADO, SIM
ELENCO:
E ALGUÉM DECIFRA A GENTE HANSCHEN:
Wendla:
Por aqui vem...estamos chegando... E então que achou?Pode dizer sei
A GENTE INSISTE NO SONHO/E AGORA O CORPO É O CULPADO, que gostou!
SIM/PORQUE NÃO DEIXA ESQUECER/E DEPOIS SÓ NÓS ERNST:
DOIS/DOIS QUE AGORA ESTÃO NO CHÃO/MURMURAM POR UM Sim, muito
QUASE PERDÃO/OO-OO-OO HANSCHEN:
MELCHIOR: Eu sabia..venho sempre a esse lugar quando quero ficar só.
Wendla? Você está bem?
Wendla:
Acho que sim. Estou bem, sim. Ernest olha para o céu vislumbrado, enquanto Hanschen o observa,
MELCHIOR: Hanschen derruba Ernest com uma brincadeira, logo se ouve as baladas
CORAÇÃO DISPARA SEM COMPREENDER/TODA JANELA REFLETE do sino.
O SEU OLHAR/E TUDO AGORA É VOCÊ
ELENCO: HANSCHEN:
ALGUÉM DECIFRA UM SONHO Esse sino dá uma paz na gente, não?
ERNST:
Eu sei. Às vezes, quando tá tudo em silêncio de ERNST:
noitinha que nem agora, eu imagino que eu so Mas como você faz…? Tá rindo? De quê? De mim? Hanschen?
u u m p as t o r n o c a m p o . C o m a m i n h a e s p o s a d e b HANSCHEN:
o c h e c h a s vermelhas, a minha biblioteca, os meus diplomas e as O FEL ESTÁ EM MIM EU SOU O NÉCTAR NO JARDIM VEM
crianças da vizinhança vêm correndo me dar as mãos quando eu DESCOBRIR ENTRE OS LÁBIOS MEUS SEU CORPO QUER PROVAR
chego em casa. HANSCHEN: É SÓ SENTIR EU SEREI TEU ESPINHO TU SERÁS A MINHA CRUZ EU
Espera! (para olhando para Ernest depois gargalha) Você tá falando SEREI TEU SANGUE TU, A MINHA CICATRIZ
sério? Meu Deus, Ernst, você é tão sentimental.
ERNST: ERNST:
Eu? Meu Deus.
HANSCHEN: HANSCHEN:
Você sabe aquela cara de devoto dos padres? Eu sei
S a b e ? A q u e l a … A q u e l a c a r a d e tranquilidade deles? ERNST:
ERNST: Hanschen?
Sei. HANSCHEN:
HANSCHEN: Quando a gente lembrar dessa noite daqui trinta anos, ela vai
Aquilo tudo é encenação! É só pra esconder a inveja deles. Olha aqui. Só parecer inacreditavelmente linda.
existem três rumos que um homem pode tomar na vida. Ele pode deixar
que a situação o derrotasse, como o Moritz. Ele pode… Pode jogar tudo ERNST:
pro alto que nem o Melchior e a c a b a r Mas só daqui há trinta anos? Até lá…
expulso. Ou ele pode esperar. Esperar pacientemente (penteia- HANSCHEN:
se) e deixar que o sistema todo atue a seu favor, como eu. Por que não?
ERNST: ERNST:
Como você? Quando a gente tava vindo pra cá, eu… Hoje de tarde, eu pensei… Eu
HANSCHEN: imaginei quea gente… Achei que a gente podia só conversar.
Pensa no futuro como um balde cheio de leite. Como o homem se HANSCHEN:
cansa de mexer pra transformar o leite em manteiga. O outro é Você tá arrependido de ter…?
estabanado ( Penteia Ernest), derrama o leite e chora toda. toda ERNST:
noite. Mas eu… eu Não! Não, não. Eu te amo, Hanschen. Como eu nunca amei ninguém.
não,Eu sou como um gatinho.(fica em 4 apoios vai para trás de Ernest) Eu HANSCHEN:
simplesmente fico só ali lambendo a nata e o creme. Que bom pra você.
(Jogo de cena-Marcação) ERNST:
ERNST: EU SEREI TEU ESPINHO TU SERÁS A MINHA CRUZ
Lambendo a nata? ERNST & HANSCHEN:
O CORPO QUER FALAR (REPRISE - 2) EU SEREI TEU SANGUE/ TU, A MINHA CICATRIZ.
HANSCHEN: TODOS:
Isso.
TU SERÁS MEU ESPINHO EU SEREI A TUA CRUZ EU SEREI TEU ILSE:
SANGUE TU, A MINHA CICATRIZ. O que você tá procurando... Hein?
(Saem de cena após o beijo) MORITZ:
Eu também adoraria saber.
CENA 12 – RETRATOS DA INFANCIA/ A ILSE:
TRAGEDIA Então por que procura? Algo que não sabe o que é? Era melhor não
perder tempo (ri)
MORITZ: MORITZ:
Chega! Chega! Não sei… Onde é que você… andou metida?
ILSE:
MÚSICA: NÃO TEM TRISTEZA- Moritz e os meninos Sabe Priapia aquela… colônia dos artistas?
MORITZ:
MORITZ: Sei.
EU SEREI IGUAL A BORBOLETA AZUL/TÃO LEVE CONTRA O ILSE:
VENTO/E SEM UM NORTE OU SUL/NADA DENTRO, NADA FORTE E Todos pervertidos, Moritz. Selvagens... Tão boêmios! Tudo que eles
NADA MAL/A VIDA É FEITA SÓ DE LUZ/E NADA VAI MUDAR/OU querem fazer é tirar minha roupa e me pintar. Tem um tal de Johann que
TALVEZ EU SEREI O VENTO DE UM VERÃO/QUE PASSA SOBRE AS é completamente maluco por mim. Derruba tudo que é tinta e vem
COISAS SEM QUALQUER RAZÃO/SEM NENHUM DESGOSTOE SEM correndo atrás de mim me perseguindo com aquele pincel dele.(pausa)
DESASTRE, SEM DIREÇÃO/EU SOPRO SEM PEDIR PERDÃO/LÁ VOU Os homens são assim. Se não consegue te enfiar uma coisa, tentam te
EU NÃO TEM TRISTEZA PRA MIM NÃO EXISTE MAIS JÁ NEM SEI enfiar outra.
ONDE É QUE DÓI JÁ NÃO ME MACHUCA MAIS/NÃO TEM TRISTEZA Meu Deus, Moritz! Outro dia, a gente bebeu tanto que eu desmaiei na
neve. Fiquei lá. Deitada. Inconsciente. A noite toda. Depois disso,eu
(MORITZ): passei uma semana inteira com um tal de Gustav Bohl. Verdade.
JÁ PASSOU PRA MIMJÁ PROVEI E ABUSEIEU ME LAMBUZEI Bebendo absinto.
NÃO TEM TRISTEZA MORITZ:
EU GASTEI Absinto?
DA TRISTEZA ILSE:
EU CANSEI E cheirando éter com ele.
MORITZ:
ILSE:
Éter?
Moritz!
MORITZ: ILSE:
Ilse? Até que hoje de manhã, ele me acordou com um revólver apontado pro
ILSE: meu peito e disse, “Se você piscar, eu acabo com você!” Sabe… eu fiquei
Você perdeu alguma coisa? toda arrepiada. Mas e você, Moritz, ainda tá na escola?
MORITZ: MORITZ:
Por que você me assustou? Merda. Esse semestre é o último.
ILSE:
Meu Deus. Já? Ilse:
MORITZ: Boa Noite?
Já. Moritz:
ILSE: Sim... eu tenho que estudar lembra?
Nossa! ‘Cê lembra quando a gente costumava voltar da escola correndo Ilse:
pra minha casa brincar de pirata? A Wendla. O Melchior. Você e eu. Só uma hora... (pedindo para Moritz ficar)
Moritz:
MÚSICA: VENTO TRISTE – Solo Ilse
Não posso.
Moritz:
E melhor eu ir embora (sai, mas Ilse o para) (Música ao fundo Moritz e Ilse se olham, uma explosão de sentimentos
Ilse: no interior das personagens, Ilse estende a mão tenta toca-lo, Moritz
Espera, vem caminhando até a minha casa comigo... desvia, e se afasta, Ilse o segura pela mão)
Moritz:
E??? Ilse:
Ilse:
Bom, pelo menos me acompanha até a porta (como uma criança, puxa
E a gente procura aquelas machadinhas e vamos brincar nós dois Moritz, Moritz que reluta a todo tempo, ele a puxa os mesmo ficam cara a cara
como nos velhos tempos (ri feliz) quase beijam, até que levemente um repousa a cabeça no ombro do
Moritz:
outro)
É era uma época boa Ilse, brincar de índio era bom, Mas agora... (Ilse vai Moritz:
se aproximando) Eu gostaria de poder... (vão se afastando)
Ilse: Ilse:
Eu vou pentear o seu cabelo, vou deixar ele todo encaracolado, e vou Sabe, quando você finalmente acordar, eu vou estar jogada numa lata de
fazer você montar no meu cavalinho de pau (simula um cavalo) lixo. (Ilse sai bem devagar ao fundo do palco, se ouve barulho de vento a
Moritz: música cessa, Moritz cai sentado no chão, respira profundamente e pensa
Ilse bem que eu queria (foge dela) em tudo que aconteceu nesse momento, um ar de arrependimento toma
Ilse:
conta dele)
Então por que não vem? Moritz:
Moritz:
Pelo Amor de Deus... Tudo que eu precisava fazer era dizer sim (uma
Eu tenho 80 versos de Virgilio para decorar (pausa) e 16 equações força toma conta dele que chama o nome de Ilse) Ilse! Ilse!!! ( o
(Pausa) e uma Dissertação sobre história antiga. desespero toma conta até que ele corre para a direção onde foi Ilse)
Moritz:
VENTO TRISTE/ NÃO TEM TRISTEZA DUETO Ilse!!! (gritando desesperado, fica desesperado sua loucura começa a
(Ao fim da Música os dois quase se beijam, Moritz desiste e sai andando aumentar) É agora... E agora? O que eu vou dizer pra eles?o que eu vou
devagar bem perturbado) dizer pra eles?(pausa) Vou dizer pra todos os anjos que eu fiquei bêbado,
Moritz:
tomei absinto e cai na neve... E cantei... e... Brinquei de pirata.
Boa Noite Ilse
É isso, é o que eu vou dizer pra todos os anjos! Pronto! “Tô” pronto vou Certamente Senhor. ( bate com a régua em algum lugar que reproduz um
ser um anjo. (respira marcação cênica) a 10 minutos dava pra ver todo o som de toque, entra Melchior Gabor, começa a soar o começo de escuro
horizonte agora só a penumbra.(olha para cima) Ah as primeiras sem fim)
estrelas( ajoelha-se, respira, nova marcação, medo) Ai...ai..está tão Sr Knochesbruch:
escuro (continua marcação) Ai tá tão escuro (pausa longa, colaca a arma Parece Meu jovem Sr Gabor que todos os caminhos levam a você, você
na boca) entende o que eu estou dizendo.
(Ouve-se as badaladas dos Sinos, barulho de chuva invade a cena) Melchior:
Senhor eu receio que... ( Sr bate com a régua na barriga de Melchior afim
de parar sua fala)
Sr Knochesbruch:
CENA 11- O FUNERAL Receia e tem motivos para receia? Dois dias depois que o pai que o Pai
soube da morte do jovem... do jovem...do jovem...
MÚSICA: O QUE FICOU PRA TRÁS – Solo Melchior Sra Kunppendick:
Moritz Stiefel.
CENA 12- FODEU!
Sr Knochesbruch:
( Entram a passos lentos os professores, como se estivessem Moritz Stiefel! Ele fez uma busca entre os objetos do rapaz, e descobriu
preocupados com algo) um certo documento depravado e ateu que deixava terrivelmente clara...
Sra Kunppendick:
Sr Knochesbruch: Terrivelmente clara!
Fraullein Kunppendick Sr Knochesbruch:
Sra Kunppendick: A total corrupção moral do jovem, corrupção que indubitavelmente
Sim, Her Knochesbruch apressou a morte do menino...fez com que o mesmo se suicidasse.
Sr Knochesbruch: Sra Kunppendick:
Temos que tomar medidas imediatas e radicais para não sermos vistos Indubitavelmente!!! Um terrível suicídio.
como uma dessas instituições afetadas por essa verdadeira epidemia de Sr Knochesbruch:
suicídio de adolescentes Estou me referindo a como você pode estar sabendo a um ensaio de 10
Sra Kunppendick: paginas intitulado muito inocentemente “A Arte do Coito”.
De fato Her, mas não será uma guerra fácil de ganhar, não é apenas só Sra Kunppendick:
a corrupção moral de nossa juventude e sim a sensualidade que cresce A arte do coito!!!
insidiosamente nesses tempos de liberalidade. Sr Knochesbruch:
Sr Knochesbruch: Acompanhado de ilustrações digamos...realísticas...
Concordo plenamente, é uma guerra, naturalmente deve haver baixas, Melchior:
mande o menino entrar. Senhor se eu pudesse pelo menos...
Sra Kunppendick: Sr Knochesbruch:
Se comportar apropriadamente, sim ai as coisas teriam sido Outra vez, devemos nos deixar respirar e ir de novo ao nosso paraíso.
completamente diferentes. ( Wendla guarda a carta, ao perceber a entrada de sua mãe com o
Sra Kunppendick: Doutor) Doutor:
Completamente!!! Agora calma, não fique nervosa eu tenho receitado essas pílulas desde
Sr Knochesbruch: antes de você nascer minha jovem, na verdade eu as recomendei
Talvez o jovem ainda estivesse conosco...Como solução de nossa parte, recentemente a jovem baronesa Vonvilthsen que estava completamente
fizemos um exame detalhado da caligrafia do documento obsceno, e a exaurida e ela ficou ótima em uma semana, assim criança 3 dessas pílulas
comparamos com a de todos os alunos... ao dia uma hora antes das refeições e em poucas semanas você estará
Melchior: bem comendo bastante no café da manhã certamente.
Senhor, se o Sr me mostrasse pelo menos uma obscenidade, (corte) eu Sra Bergman:
juro que... Então só se trata disso Doutor anemia? ( doutor diz que sim) E a Náusea?
Sr Knochesbruch: Doutor:
Você tem que me responder apenas as perguntas que farei com toda Faz parte... Confia em mim criança, você vai ficar bem (mudando o
precisão com um medíocre sim ou não imediato e decisivo. Melchior comportamento) Frau Bergman eu posso ter uma palavrinha com
Gabor você escreveu isso? (instrumental) a senhora?
Sra Bergman:
Sra Kunppendick: Claro que sim Doutor!
Você escreveu isso? ( Os dois vão a frente da cena começam a conversar baixo, vê-se o
comportamento de Sra Bergman mudando ao decorrer da conversa,
MÚSICA: SE FODEU- Melchior e os meninos Wendla percebe algo estranho)
Wendla:
Sr Knochesbruch: Melchior Gabor pela ultima vez... Mamãe? O que houve? Está pálida...
Sr Knochesbruch, Sra Kunppendick: Você escreveu isso??? Sra Bergman:
Melchior: Sim ( gritando, a Música prossegue) Wendla! Me diga o que foi que você fez ?consigo mesma? Comigo?
Wendla.
CENA 13 A DESCOBERTA/ O REFORMATÓRIO Wendla:
Eu não sei...
( Melchior se encontra em um canto do palco, e Wendla ao meio lê a Sra Bergman:
carta, por ele escrita) Ah você não sabe?!
Wendla:
Melchior: O Médico disse que eu estou anêmica.
Agora eu vi Wendla, como essa desprezível sociedade burguesa Sra Bergman:
funciona, como tudo que tocamos se transforma em lixo, no fim só temos Isso é bem provável, você vai ter um Filho... (fala entre os dentes)
um ao outro e apesar do que esses velhos estão falando precisamos Wendla:
construir um mundo diferente, eu preciso colocar minha cabeça no seu Um filho? Não, mas eu não sou casada...
peito... Sra Bergman:
Exatamente Wendla, o que foi que você fez? Querida durante 15 anos eu fiz o que você disse, demos tudo tos espaço
Wendla: ao menino, agora temos que engolir essa fruta amarga, ele se mostrou
Eu não sei! Juro que eu não sei! inteiramente corrompido.
Sra Bergman: Sra Gabor:
Eu acho que você sabe sim, eu agora quero saber o nome dele... Não é assim...
Wendla: Sr Gabor:
Que nome dele do que a senhora está falando... Aquilo... Escute...
Sra Bergman: Sra Gabor:
Aquilo? Aquilo o que Wendla? Como você pode falar assim... Mas eu escutei, Melchior escreveu o ensaio onde todas as palavras eram
Wendla: verdade, Será que temos tanto medo da verdade que vamos nos juntar
Eu só queria abraçar ele, ficar perto dele, ficar com ele... aos covardes e tolos? Distorcendo sua atitude ingênua para que se torne
Sra Bergman: prova contra ele, não deixarei que Melchior seja mandado pro
Pare de falar assim... Você está me machucando reformatório para se misturar com degenerados e criminosos de verdade.
Wendla:
Meu Deus Mamãe por que a senhora não me contou tudo?!

(Sra Bergman da um tapa em Wendla) WENDLA:


EIS O PAI CURVADO EM DOR/A MÃE ENGOLE O PRANTO/OLHOS
Sra Bergman: TURVOS/E OS VIZINHOS CURVOS/TENTANDO OUVIR NOS CANTOS
Muito Bem, agora eu quero saber quem é, vamos Wendla eu estou
esperando, George Zirchist? Então quem Haschen? O falecido Moritz Sr Gabor:
Stiefel? Melchior Gabor? (Ao falar o nome de Melchior, Wendla cai aos Agora eu devo te contar toda a verdade nessa tarde a mãe da jovem
prantos) Wendla, wendla, Wendla,Melchior Gabor... Wendla foi Melchior Wendla veio me visitar, trazendo uma carta que o nosso filho Melchior
Gabor? ( Wendla entrega a carta) Mas o que é isso? Uma Carta de escreveu para a menina dizendo que ele não se arrependia pelo que
Melchior Gabor?! aconteceu em nosso selheiro...
Sra Gabor:
MUSICA MURMURRAR- Solo de Wendla Impossivel...
Sr Gabor:
MURMURRAR A CANÇÃO SOB A LUA/SÃO FANTASMAS A E que esta apenas ansiando por encontrar novamente, aquele gostinho de
CANTAR/COMO DOI/ SEU HORROR/ ESCUTAR, QUEM VEM LÁ?/ SÃO paraiso...
AS ALMAS/ E OS SEUS BRAÇOS SÃO TÃO FRIOS/ TUDO É CINZA/ Sra Gabor:
NÃO HÁ LUZ. Deixa-me ler isso.
Sr Gabor:
Sra Gabor: Veja com seus próprios olhos.
Heimenlft Melchior é nosso único filho.
Sr Gabor:
WENDLA: EIS ENTÃO/O QUE FEZ A MOCINHA/ESTRAGOU TODOS Dieter:
OS PLANOS/FOI ASSIM/FOI O FIM/FOI ENTÃO QUE QUEBROU O Quer participar do jogo?
QUE TINHA/ LUA CHEIA SOB OS CAMPOS/ AVISANDO QUE ERA O Melchior:
FIM/ Não, obrigado.
Rupert:
Sr Gabor: Ah, não! Ele não quer sujar a mãozinha.
Esse é um fardo lastimável, Melchior sabia precisamente o que estava Dieter:
fazendo, e como mostra o tal ensaio, ele sabia qual perigo podia ser Tá guardando pra coisa melhor?
ao faze-lo e mesmo assim foi em frente, foi e fez, praticamente Melchior:
destruindo aquela menina. Agora me diga Fani o que vamos fazer? Como é que é?
Sra Gabor: Ulbrechet:
Faça o que achar que deve, o Reformatório. Ah, com certeza, ela era uma… moça de família, não?
Dieter:
WENDLA: TIVE UM GRANDE AMOR PRA MIM/COLADO SOB A PELE/ Aposto que ninguém ensinou pro coitadinho pra que que serve as
E LÁ DENTRO/ EU GUARDEI LÁ DENTRO/ O GOSTO ETERNO DELE/ empregadas.
VEM OUVIR/ CORAÇÃO JÁ BATENDO/ OUTRA VIDA VEM Rupert:
SOPRANDO? MURMURRANDO VEM/ ENTRE NÓS. Ela tava muito ocupado fodendo a putinha dele.
Ulbrecht:
(Foco se apaga depois se acende lentamente, estão em cena Wendla, Seu merda!
Melchior, Ilse e Frida) ( Começa uma luta corporal entre Melchior e os meninos do reformatório,
o mesmo é vencido um dos garotos tem uma navalha)
Wendla:
Meu Querido Melchior. Melchior:
Melchior: (Lendo a carta de Wendla) Retire isso!
Apenas rezo para que esta carta o alcance, já escrevi tantas e nunca Dieter:
obtive retorno, quando penso como pode ser sua vida nesse reformatório Calma aí, maluco!
terrível meu coração dói, se eu pudesse estar junto de você agora. Melchior:
Eu tenho noticias incríveis Melchior aconteceu uma coisa, uma coisa que Sai de cima de mim!
eu mal mesmo consigo entender... Rupert:
Olha a navalha.
( Entram os meninos do reformatório) Melchior:
Dieter: Me solta.
Quem gozar primeiro na moeda leva todas. Dieter:
Ulbrecht: Vê se tem dinheiro no bolso dele.
Espera! Que que ‘cê tá olhando? Melchior:
Rupert: Não, não, não!
Quem? O Gabor?
Ulbrecht: Seu merda. Seu bosta.
O que que é isso? Uma carta da putinha. Olha isso aqui. Rupert:
Rupert: Você pode lamber depois!
"Meu querido Melchior, apenas rezo para que esta carta o alcance. Já Ulbrechet:
escrevi tantas e nada tive de retorno.” Calma aí. Isso aqui é Como um cachorro!
perfeito pra nos deixar no ponto. Escuta isso. Dieter:
Melchior: Pega ele! Pega ele! Pega ele!
Seus filhos da puta! Melchior:
HOMEM ADULTO: Se chegarem perto corto vocês em pedaços.
Frau Bergman?
MULHER ADULTA: ( Instrumental de mama me explica, coro de fundo todos cantam em tom
Obrigada por me receber essa hora. Quem me indicou o senhor fúnebre)
foi um médico amigo meu. A minha filha…
HOMEM ADULTO: Wendla:
C o m p r e e n d o . A g o r a o u ç a c u i d a d o s a m e n t e as m i n Onde é que nós estamos indo?
h a s i n s t r u ç õ e s . Q u i n t a - f e i r a , antes do anoitecer, traga-me Sra Bergman:
a menina. Aqui está o endereço. É a porta debaixo da taberna. Bata três Shh.
vezes, não mais do que três vezes. Wendla:
MULHER ADULTA: Essa noite tive um sonho estranho, mal consegui dormir..mama?
Mas a minha filha? O procedimento é seguro? HOMEM ADULTO:
HOMEM ADULTO: Trouxe o dinheiro? Muito bem, Frau Bergman. Agora a menina vem
Faremos todo o possível, estamos nas mãos de Deus. comigo.
Rupert: Wendla:
Espera, olha isso. “Na minha cama, todas as noites, eu sonho com um Mama, quem é esse homem? Mama!
mundo melhor que vamos construir junto com o nosso… nosso filho?” Sra Bergman:
Estarei com você em todos os momentos.
Melchior: Wendla:
Filho? Não. Não! Não! Mamãe, não me deixa morrer!
Rupert: Sra Bergman:
Você não sabia! Tem um filho com a putinha e nem sabia. Deus Me perdoa, por favor, (chora e sai)
Dieter:
Esqueçam as moedas. Vamos gozar na carta da putinha!
(Acende-se o foco em outra cena as meninas estão sentadas ao redor de
Melchior: Ilse que tem uma carta em mãos)
Me dá isso aqui. Isso não te pertence.
(Começa outra luta onde Melchior sai vencedor) ILSE:
Dieter:
“Ilse...Por isso, eu estou fugindo há dias, mas finalmente estou de volta.
Agora lhe peço,em nome da nossa velha amizade. Traga Wendla para se Velhos Conhecidos- Moritz, Melchior e Wendla
encontrar comigo essa noite no cemitério atrás da igreja.”
ANNA:
VELHOS CONHECIDOS
Ah, não.
ILSE: Melchior:
“Diga que estou com saudades, e que quero ver a semente do nosso Eis aqui seus Velhos Conhecidos
amor,Estarei esperando lá à meia-noite. Melchior Gabor.” MORITZ:
Thea: COM VOCÊ ETERNAMENTE UNIDOS
Meu Deus. Será que ele…? MELCHIOR:
Eu fui um idiota ( retira a navalha do bolso)
Frida: MORITZ:
Ele nem imagina... Seria cruel demais... SEM ELES O MUNDO É TODO ERRADO/ENTÃO VOCÊ ACORDA E VÊ
Martha: QUE ESTÃO BEM DO SEU LADO
Esperando a Wendla? MELCHIOR:
Frida: Você teve a ideia certa. Eles vão jogar um punhado de terra e agradecer
Esperando alguém que se foi com primavera... ao Deus deles.(pega a navalha para se matar)
WENDLA:
Thea: POR VOCÊ ALGUEM SAIU FERIDO.
Pobre Melchior. MELCHIOR:
Anna: Wendla?
Pobre Wendla! WENDLA:
(mas nos outonos, um vento triste nunca desiste... do nosso rosto) ESSE ALGUÉM MURMURA EM SEU OUVIDO
ME PERDOA E MESMO SENDO ESCURO
MELCHIOR: AQUILO QUE VOCÊ NÃO MANCHOU RESISTE AINDA PURO
Moritz
Wendla? Wendla? Meu Deus, anos fugindo da igreja e acabo no
E você
cemitério. ( passa sobre o tumulo de Moritz) Moritz.Meu velho amigo. A Que tudo já perdeu
mim eles não vão me pegar... Nem a Wendla. Eu não vou deixar... Caminha agora só
Nós vamos juntos construir um mundo diferente pro nosso filho. (olha no E sem ninguém
relógio) Meia-noite. Wendla? Wendla? Estou vendo todos esses túmulos, Mas você
quantas pessoas se foram, quantos sonhos, quantos ideais… Aqui tem um Agora compreendeu
Que bem dentro eles vem juntos
nome. Aqui repousa em Deus Wendla Bergman. Nascida em… Morta
em… De anemia? Meu Deus, a Wendla também. Não. Não! Wendla!
(chora apavoradamente, Enquanto isso palco se enche de fumaça)
Moritz e Wendla (Aqui)
Quando o vento é frio São parte de mim
E o peito vazio (Aqui)
Tem alguém bem perto Ainda estão aqui
Te vendo ainda (Aqui)
Eis aqui seus velhos Aqui...
conhecidos Com você colados Aqui...
e cerzidos São eles em todas as Bem dentro de mim
esquinas E então caminham E nunca vão sair
com você (Aqui)
E as sombras vão se abrindo... E nunca vão sair...
Melchior (Aqui)
Eis aqui o que ficou sozinho E nunca vão sair...
A ouvir as vozes no caminho (Aqui)
E um sopro da velha primavera Eu peço
Avisa que o verão já vem Só peço
E os ventos vão mudar Não calem
Me chamam Não parem
E falam Um dia eu vou gritar...
É noite
Mas eu devo seguir MUSICA: Canção de Verão ILSE FRIDA e ELENCO
Eu peço
Só peço (O Ano é 1905, a Música mostra o desfecho da história dos personagens)
Não calem
Não parem
E comigo eles vem,
Pela noite vem
Ao meu lado e não vão me escapar
É com eles que eu vou
Pra qualquer lugar
E por eles eu vou mais além
Comigo eles vão

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