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- Oh pá! Não tens olhos na cara? Olha para o crachá e não te percas nas
curvas ou ainda te despistas! AH! AH! (com poucos decibéis, claro) Ficaste mesmo
apanhadinho, pareces um adolescente que perdeu o descernimento na postura...
Acorda! Chama-se Margarida mas ouvi alguém a abordá-la por Guida. (Sorrisos)
- Podes ter a convicção de que ela foi talhada à tua medida e até pode ter sido
mas deixo-te uma pergunta: E tu? Foste talhado para ela? Pois amigo, não me parece,
lamento. Para que não sofras desilusões e não entres numa montanha russa sem
travões alerto-te, desde já, desiste se não quiseres sofrer, deixa isto a quem tenha
arcaboiço para suportar os duros confrontos nos primeiros obstáculos. Tu não foste
feito para sofrer, sempre foste um menino da mamã, bastava o bater de asas de uma
libelinha e lá surgia eu para te levantar da queda... Esquece lá isso. Eu sou mais o
género dela, atrevido, destemido, aventureiro e, claro, inteligente, muito até. E não te
rias porque eu sei muito bem o quanto valho, tá? Elas gostam disso. Desculpa ser frio
ao dizer-te as verdades mas, é assim como elas são servidas, desculpa.
- Olha, o pessoal já está a entrar no refeitório, vamos? Quero falar com o Tomás e
saber o que lhe pareceu a nossa deusa, a secretária mais desejada de Leiria,
certamente. (Risos)
- Está tudo. Tenho vários até, tu sabes como sou, escrevo a primeira palavra e
as restantes atropelam-se para se perfilarem numa ideia genial.
- Calma. A tua participação vai ser de suma importância. Vais te sentir como
um peixe na água. He! He!
- Então é assim:
- Pois. Na teoria é tudo muito simples na prática não o vejo tão descomplicado.
Não sei não...
- Deixa de augurar pela negativa, já está tudo bem planeado nesta cabeça,
confia.
A funcionária é uma jovem mulher onde a beleza lhe fez uma visita de médico.
Estatura baixa, volume acima da média, bastante até… Será este o seu ponto fraco,
facilmente a conseguirás debelar com a tua lábia onde és mestre.
- Lábia? Tinha de ser logo eu? Não há mais ninguém? Olha! O Miguel, por
exemplo, ele também é bom com as palavras, mais do que eu até...
- Nada disso. Foste o escolhido, seleccionado por unanimidade. Por mim e pelo
Camões.
Mais uma informação anotada pelo Tomás. Sempre atento ao pormenor. Quem
pede um cimbalino só pode ser alguém de origens portuenses, alguém que faz questão
em afirmar o seu berço recorrendo a uma expressão que há muito entrou em desuso.
Daqui denota-se uma personalidade forte, vincada nas suas convicções e certezas.
Detentora de uma beleza impactante e uma personalidade forte apresenta desta forma o
seu cartão de visita mas, muitos mais mistérios ainda se encontram por desvendar. Ou o
próprio mistério faz parte e serve de alimento ao seu glamour?
- Ora essa. Não é necessário, está tudo bem, obrigada. São coisas que
acontecem…
- Muito obrigada. Assim deixa-me sem jeito. AH! Luísa... o meu nome.
Sorriu envergonhada.
- Muito bem, Luísa. Gostei de a conhecer e sinto que nos vamos entender na
perfeição. Agora que irei passar quatro anos na Formação Especial, certamente, nos
iremos cruzar mais vezes… e sem choques físicos, espero eu… EH! EH! EH!
- Em???
- HA! HA! HA! Não seja tonto. Claro que sim. Aceito!
Disse com aquele olhar matador que nunca o deixara ficar mal. Mas agora tem
de encontrar o restaurante ideal e, de preferência, o favorito dela. Começa a pensar,
pensar e depressa surge-lhe a solução. Sempre foi de pensamento rápido, não perdia
muito tempo em ponderações, pragmatismo era com ele. Já o Tomás era mais lento,
tinha de observar todos os prós e contras mas, em compensação, mais assertivo. O que
lhe veio a conceder o “título“ de cérebro de qualquer missão do Corpo. Não será a ele a
quem vai recorrer mas sim ao Miguel que, por esta altura, já deve ter conquistado a
confiança do Luís, o empregado de mesa, e assim ser-lhe-á mais fácil saber qual o
restaurante mais badalado na zona, se possível e souber, qual o preferido da Luísa.
Avista o Miguel e faz-lhe sinal para se aproximar.
- Claro. Ele é um tipo porreiro, muito fixe até, pertence ao meu clube…
- Deixa comigo. Já viste o quanto conseguimos nas poucas horas que chegamos?
Somos do caraças. Não há obstáculo que nos trave.
- Pois não, e sacrifícios pela causa também serão tomados. Podiam terem-te
incumbido este jantar a ti… mas… até tenho pena da miúda, não queria magoá-la. Eu
também tenho coração, sabes?
- Bla, bla, bla… agora só te falta chorar… Vê as coisas por outro prisma. Pensa
que vais fazê-la feliz por algum tempo. É um jantar de amigos, certo? Não estás a fazer
promessas de amor, nem pedi-la em casamento… Relaxa.
- Pois, mas ela vai julgar que esteja apaixonado. Não está correcto. Mas… Ok!
Temos que “descobrir” a Margarida. É o que mais quero e, acredita, ela vai ser minha.