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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CAMPUS LAGOA DO SINO


CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA
ENGENHARIA DE AMBIENTAL

ALINE RAFAELA RODRIGUES SOUTO


ANA CAROLINA GODOY ALBINO
RAFAEL TOZZI RODRIGUES DE FREITAS
TERESA CRISTINA VIGATTO XAVIER

ARBORIZAÇÃO URBANA E SUA INFLUÊNCIA NO MICROCLIMA

BURI (SP)
2017
ALINE RAFAELAS RODRIGUES SOUTO
ANA CAROLINA GODOY ALBINO
RAFAEL TOZZI RODRIGUES DE FREITAS
TERESA CRISTINA VIGATTO XAVIER

ARBORIZAÇÃO URBANA E SUA INFLUÊNCIA NO MICROCLIMA

Projeto de pesquisa apresentado ao curso de


Engenharia Ambiental, da Universidade
Federal de São Carlos – Campus Lagoa do
Sino (UFSCar – LS), como requisito para
avaliação no mesoconteúdo de Climatologia.

Orientador: Prof.º Daniel Nassif

BURI (SP)

2017
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................... 2
3. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 7
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 8
1. INTRODUÇÃO

Arborização urbana, de acordo com EMBRAPA apud Cecchetto, Christmann, Oliveira


(2014), define-se como toda área na qual são encontradas espécies vegetais de porte arbóreo,
sendo estes espaços locais públicos, tais como praças, parques dentre outros, ou propriedades
privadas, como jardins e quintais, ou ainda, nos sistemas viários.

Nos últimos anos o termo arborização urbana tem tido grande destaque em debates
acadêmicos e até na mídia nacional, e a sua presença em grandes centros urbanos têm
aumentado gradativamente, devido aos seus diversos benefícios. Além de tornar o lugar mais
bonito visualmente, as árvores possuem papel fundamental na preservação da fauna silvestre,
garantindo consequentemente o equilíbrio ecológico das cadeias alimentares e um melhor
controle de pragas e agentes vetores de doenças, como a dengue, por exemplo. (COMPANHIA
ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2011)

Praças e parques com áreas verdes estimulam a população a frequentá-los,


proporcionando lazer e estimulação de atividades sociais, influenciando indiretamente na saúde
física e mental das pessoas. Não somente moradores são atraídos a frequentar estes lugares,
turistas também se sentem mais motivados a visitar locais com essa configuração, portanto a
arborização também é um fator de atrativo turístico, sendo interessante para o desenvolvimento
comercial da região.

Há também a criação de barreiras visuais e/ou sonoras, assegurando maior privacidade.


Além desse fato, há a preservação de solos e corpos d’água, evitando erosões causadas pela
ausência de mata ciliar, evitando acidentes provocados por esse evento, assim como possíveis
inundações. (COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS, 2011)

Espécies arbóreas propiciam uma melhoria na qualidade do ar e um melhoramento no


microclima do local, fenômeno sobre o qual o seguinte trabalho discorre.

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2. DESENVOLVIMENTO

Cruz, Borba e Abreu (2010) definem clima como uma síntese de dados durante um
período aproximado de 30 anos de uma determinada área. Assim o conceito diferencia-se do
termo tempo, que se caracteriza como o estado atmosférico momentâneo de um local.

Alguns dos elementos influenciadores do clima são vegetação, temperatura, umidade e


vento, entretanto existem outros fatores importantes mais específicos que variam de acordo com
a escala analisada, sendo elas microclima, considerando uma extensão de até 10.000 metros,
mesoclima, entre 10.000 metros e 1000 km, e macroclima, acima de 1000 km. (NUNES,1998)

De certa forma, todos os elementos do mesoclima são influenciados pelos de macroclima,


assim como seus fatores são influenciadores aos de microclima. Cada escala se propõe a
fornecer uma interpretação diferente, ainda que com certos fatores semelhantes.
O macroclima, referente a macroescala, considera fenômenos a escala regional ou global
que variam de acordo com altitude e/ou latitude e/ou correntes oceânicas dentre outros. O
mesoclima refere-se a topografia do terreno de estudo, e por fim o microclima relaciona-se com
a cobertura do terreno.
Andrade apud Oliveira (2011) tenta encontrar uma maneira mais simples de caracterizar
o microclima considerando um meio urbano, dessa forma define-se microclima como aquele
influenciado por elementos urbanos individuais tais como edifícios, ruas, espaços de lazer
dentre outros.
Entretanto o clima do espaço urbano apresenta alterações, sendo alguns exemplos,
aumento da temperatura, diminuição da umidade do ar, modificações do fluxo de vento,
diminuição da infiltração da água das chuvas, geradas por ações antrópicas.

A impermeabilização dos solos pela pavimentação asfáltica diminui a impermeabilidade


do solo, fazendo com que a água da chuva não seja capaz de se infiltrar em seu perfil. As altas
concentrações de gases poluentes emitidos por meios de transporte ou por indústrias provocam
a diminuição da umidade relativa do ar.

A presença de prédios gera barreiras para o fluxo natural dos ventos e armazenam toda
energia radiada pelo sol durante o dia emitindo a durante a noite para o ar atmosférico.

As temperaturas mais elevadas justificam-se, de acordo com Frota e Schifer apud Oliveira
(2003), pelo fato das cidades serem produtoras de calor, pois a produção de mercadorias e

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transportes de pessoas exige o intenso uso de equipamentos termoelétricos e de combustão, por
exemplo.

Por tanto, as substituições dos materiais do meio natural pelos materiais urbanos trazem
mudanças significativas no processo de absorção, emissão, transmissão de calor e reflexão. De
acordo com Oke apud Oliveira (2011), a principal diferença consiste na repartição entre os
fluxos turbulentos de calor sensível de calor sensível (trocas térmicas secas) e de calor latente
(trocas térmicas úmidas).

A superfície do solo é capaz de absorver apenas parte da radiação solar que chega a ele,
o restante é refletido de volta a atmosfera. Esta reflexão do corpo ou do meio é função das
propriedades do corpo, em que ambientes mais claros, como um local com vegetação tem maior
capacidade de refletir radiação, enquanto espaço mais escuros, como asfalto, tende a absorver
uma fração de energia maior.

Em solos úmidos, a energia recebida como radiação, se converte majoritariamente em


calor latente para atuar na mudança de fase da água no solo, e apenas uma parte converte-se em
calor sensível responsável por aquecer o ar do ambiente, o que resulta em ambientes com
menores temperaturas. Dessa maneira, solos secos induzem o aumento da temperatura no local,
pois não há água no solo a ser evaporada, elevando o calor sensível.

A soma de todas as alterações ocasiona no fenômeno denominado “Ilha de calor”,


chamado assim pela temperatura local ser superior quando comparada às de áreas de periferia
e áreas rurais. (AQUINO, 2010).

A elevação de temperatura em centros urbanos aumenta a evaporação e unido a esse


evento, as partículas de poluição que estão suspensas no ar favorecem a formação de núcleos
de condensação, o que resulta em um aumento na precipitação.

Em áreas urbanas, a precipitação anual é 5% maior em épocas de estiagem, e 10% maior


em épocas de chuvas, quando comparada a áreas rurais. Porém, as inundações não são resultado
apenas da elevação de chuvas nessas áreas, mas também pela incapacidade de absorção do solo,
por mais que durante o trajeto da água precipitada existam mais obstáculos naturais como
troncos e folhas que provoquem uma retenção do líquido neste desse chegar no curso d’água.
A impermeabilização do solo e a falta de obstáculos naturais no percurso geram o deslizamento
mais fácil e rápido da água, que chega aos corpos hídricos de forma mais bruta, podendo

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ocasionar no assoreamento dos rios em locais por falta de vegetação a sua volta (AQUINO,
2010).

O fenômeno de ilha de calor é resultante do balanço de energia decorrente do espaço


urbano, que é dado pelo acúmulo de calor no ambiente e o aumento de temperatura do ar
(BARBIRATO et al, 2007 apud MASHIK, 2012).

A intensidade do aquecimento causado pelas ilhas de calor está correlacionada a


capacidade térmica do material da superfície envolvida, ou seja, a amplitude de absorção e
reflexão da radiação solar (LOMBARDO, 2011).

Imagem 1. Temperatura do ar pela área estudada.

Fonte: LOMBARDO, 2011

A reflexão da radiação solar, depende da distribuição do perímetro urbano. Isso pode ser
observado na figura 2.

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Figura 2. Efeito das Construções sobre as radiações solares.

(a) Espaços abertos. As radiações retornam livremente para à atmosfera; (b) Áreas suburbanas com
edificações térreas isoladas. Parte da radiação é absorvida pela relva e parte é refletida até as paredes
das casas; (c) Áreas internas de edifícios de baixa altura. As radiações incidem sobre a fachada e são
refletidas até os muros dos edifícios em frente, até o solo da rua e para a atmosfera; (d) Áreas internas
dos edifícios altos. Ao nível da rua só chegam radiações refletidas pelo edifício.
Fonte: LOMBARDO, 2011.

É possível, portanto, relacionar o efeito da ilha de calor com a absorção de energia solar
pelas árvores utilizada no processo de fotossíntese, amenizando o calor sensível e do solo do
microclima no qual está inserida. Tal relação pode ser vista nos gráficos de balanço de energia
abaixo, os quais representam, respectivamente, uma região com vegetação densa e a mesma
região com ausência de vegetação:

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Gráfico 1
Comparação de Balanço de Radiação

Fonte própria

Como pode-se observar nos gráficos, a ausência de vegetação para utilizar a radiação
solar, acarreta tanto no aumento da temperatura do solo, como no calor sensível, ou seja, quanto
maior o número de regiões sombreadas por árvores, menor será a temperatura naquele
microclima, assim como a superfície sombreada também terá sua temperatura amenizada.

Para amenizar o clima de grandes centros urbanos, Gomes e Amorim (2003) explicitam
a necessidade da arborização de vias públicas, e praças, principalmente que estas possuam no
mínimo 10.000m2, e sejam priorizadas espécies de médio e grande porte, para que de fato ocorra
a absorção de radiação em maior escala, amenizando, então, a temperatura e aumentando a
umidade de seu entorno.

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3. CONCLUSÃO

As alterações antrópicas que substituem os elementos naturais por elementos de centros


urbanos, condicionam mudança do clima local. Ações como impermeabilização do solo,
construções de prédios, emissão de gases poluentes dentre outras intervenções favorecem o
desenvolvimento do fenômeno de ilhas de calor, as quais podem ter seus efeitos mitigados
através da arborização de vias públicas e de praças, de forma que parte da radiação solar seja
consumida na fotossíntese da vegetação. Através das copas das árvores os raios solares são
bloqueados e a energia é utilizada para a transpiração vegetal, ocasionando na redução de
temperatura do microclima.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, A. Chuvas, deslizamentos e enchentes urbanas. 2010. Disponível em: <


http://www.ufjf.br/labcaa/2010/01/05/chuvas-deslizamentos-e-enchentes-urbanas/>. Acesso
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temperatura aparente da superfície no município de Botucatu/SP. 1 ed. Botucatu, SP, 2012.
Disponível em: <http://www.pg.fca.unesp.br/Teses/PDFs/Arq0871.pdf>. Acesso em: 01 jul.
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em:<https://www.unicruz.edu.br/mercosul/pagina/anais/2014/DIREITO%20A%20UMA%20
MORADIA%20ADEQUADA/ARTIGO/ARTIGO%20%20ARBORIZACAO%20URBANA
%20IMPORTANCIA%20E%20BENEFICIOS%20NO%20PLANEJAMENTO%20AMBIEN
TAL%20DAS%20CIDADES.PDF>. Acesso em: 01 jul. 2017.

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Acesso em: 01 jul. 2017.

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LOBODA C. R., ANGELIS, B. L. D., Áreas verdes públicas urbanas: conceitos, usos e funções.
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