INTRODUÇÃO À HABITABILIDADE O ser vivo é rodeado por um ambiente e este ambiente deve assegurar todas as condições requeridas para a sua sobrevivência. Ambiente = Ambiente Habitável? Encontrar um ambiente habitável na natureza nem sempre é possível e é preciso criar o ambiente necessário para a sobrevivência. Ambiente Habitável
Ambiente Hostil Ao longo da sua evolução a espécie humana desenvolveu técnicas (e mais tarde tecnologias) para a criação artificial de um ambiente habitável.
As dimensões de um ambiente habitável podem
ser bastante variáveis, desde a escala individual, passando por pequenos grupos de indivíduos até chegar à escala coletiva. Na escala individual observamos a vestimenta. Na escala de pequenos grupos de indivíduos observamos a edificação e outros equipamentos. Na escala coletiva talvez um dia observaremos grandes cúpulas geodésicas cobrindo cidades. Uma das funções da Arquitetura é criar espaços ajustados aos requisitos de habitabilidade determinados pelas necessidades dos grupos de indivíduos que os ocupam.
Uma vez que se decidiu construir uma solução
envoltória para criar um ambiente habitável, o projeto desta envoltória deverá resolver vários problemas funcionais (e estéticos) dentro de condições sociais, econômicas, culturais e tecnológicas. Rivero (1986) destaca este aspecto e justifica pela quantidade de edificações que se projeta e constrói ignorando os princípios elementares da habitabilidade. Complementa que o impressionante desenvolvimento tecnológicos dos últimos séculos resultou em novos materiais e processos de construção mas eles não foram acompanhados, muitas vezes, da difusão do conhecimento necessário para o seu uso racional. O CLIMA
Entende-se por clima
o conjunto de fenômenos meteorológicos que definem um ambiente determinado. Não existem dois ambientes que possuam o mesmo clima mas, para simplificar o tema, costuma-se classificar os ambientes que apresentam características semelhantes nas denominadas ZONAS CLIMÁTICAS, que estão relacionadas a condições gerais do clima (macroclima). Os principais fenômenos meteorológicos que definem o macroclima são: • a radiação solar; • a temperatura do ar; • a umidade do ar; • a circulação do ar.
Todos estes fenômenos estão relacionados com
a constituição da atmosfera do planeta e é a partir daí que se deve entender o clima. Existe o risco de grandes transformações da atmosfera do planeta devido a catástrofes naturais, como o vulcanismo. Existe também o risco de grandes transformações da atmosfera do planeta devido a catástrofes artificiais, como o efeito estufa, a chuva ácida ou o buraco na camada de ozônio. CONCENTRAÇÃO DE OZÔNIO SOBRE A ANTÁRTIDA Ainda existe o sério risco de grandes transformações da atmosfera do planeta devido ao inverno nuclear. • Radiação solar Em média, da radiação solar incidente sobre o planeta: 19 % é perdida por absorção pelas moléculas de oxigênio e ozônio da radiação ultravioleta na estratosfera; 6% é perdida por difusão da luz solar de menor comprimento de onda - azuis e violetas - (o que faz com que o céu seja azul); 24% é perdida por reflexão - 20% nas nuvens e 4% na superfície. 51% é absorvida pela superfície. A absorção da radiação solar pela atmosfera modifica o espectro da radiação que chega à superfície. A latitude exerce grande influência sobre a quantidade de radiação incidente porque determina a duração do dia (horas de sol) e a inclinação da incidência dos raios solares, determinando por consequência a intensidade da radiação. A nebulosidade pode formar uma importante barreira à penetração da radiação solar. A quantidade de radiação absorvida depende do tipo, quantidade e espessura das nuvens.
Além de interferir na transmissão da radiação as
nuvens atuam como depósitos temporários de calor, já que absorvem radiação de onda longa (calor) proveniente da superfície do planeta, modificando o equilíbrio de temperaturas. O resultado de todos estes fatores pode ser representado em um mapa da radiação solar anual. • Temperatura do ar O ar é transparente às ondas eletromagnéticas, razão pela qual sua temperatura não é consequência da ação direta da radiação solar mas por um processo indireto: a radiação solar é absorvida pela superfície do planeta e se transforma em calor, aquecendo o ar em um complexo balanço energético. A temperatura do ar segue uma variação diária sinusoidal onde interessa conhecer as temperaturas máxima, média e mínima e a amplitude térmica. • Umidade do ar A umidade pode existir na forma de nuvens na primeira camada da atmosfera (troposfera) ou na forma condensada na superfície do planeta.
A distribuição da umidade no planeta é muito
mais complexa que a das temperaturas, apresentando um delicado equilíbrio entre evaporação e precipitação influenciado pela temperatura da superfície, pela circulação geral da atmosfera e pelas correntes oceânicas. Precipitação anual • Circulação do ar Uma das causas principais da circulação do ar na atmosfera é o desequilíbrio de radiação solar entre as latitudes baixas e altas, além das trocas de energia na atmosfera. Dentro de uma Zona Climática existem inúmeros fatores que interferem nos fenômenos meteorológicos produzindo variações localizadas entre ambientes muito próximos (microclima).
Os principais fatores que definem o microclima
são: • a concentração de massas térmicas; • a vegetação. • Concentração de massas térmicas A presença de objetos com capacidade de acumulação de calor pode modificar o ambiente local, tornando o ambiente mais ou menos hostil. Por exemplo, um lago pode estabilizar a umidade e a temperatura na sua vizinhança. Um conjunto de prédios pode acumular calor devido à radiação solar gerando uma ilha térmica. • Vegetação A vegetação, desde que adequadamente selecionada e projetada, pode alterar o clima local de diversas maneiras: pode bloquear a radiação solar produzindo sombra, pode estabilizar a umidade do ar, pode bloquear ou direcionar o vento, pode atenuar o ruído.