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PROVAS DA !*

^
H I S TORIA
GENEALÓGICA
CAS AUREAL
PORTUGUEZA.
V
PROVAS DA
HISTORIA
GENEALOGIC^
CASA REAL
PORTUGUEZA.
Tiradas dos Inftrumentos dos Archivos da Torre
do Tombo, da Sereniílima Gafa de Bragança,
de diverfas Cachedraes, Mofteiros, e ou-
tros particulares deite Reyno,
POR
D. ANTONIO CAETANO DE SOUSA,
Ckrigo Regular , Deputado da Junta da Bulla da Cruzada , e
Cenfor da Academia Real.

TOMO V.

LISBOA,
Na Regia Officina S^^LVIANA, e da Academia Real.

íM. DCC XI.VI.

Co?n todas as licenças neccjjarias.


4
INDEX DOS
DOCUMENTOS,
Que contém o Tomo V. da Hiftoria Genealo-

X N Um. 44. Carta de Ayo delRey D. AJfonfo VI. pajfada ao Conde de


Odemira ,
pag. i.

Dit. Num. 44. Formulário^ que fe deu ao dito Jyo no amo de 1657,
pag. 2.
^
Num. Ordens ,
que fe mandarão praticar no férrico delRey V. Jfon-
fo VL pag.
Num. 46. Carta de EfcriviÕ da Turidade ddRay D. Jfonjo VL pafJaiA
ao Conde de Cafldlo Mdhor , pag. 6.
Num. 47. Regimento do d.to Offiào , pag. 8.
Num. 48. Tratado do cafamento delRey D. Jjfonfo VL com a Rainha T),
Maria prancifca de Sahoya^ pag. 10.
Num. 49. Renuncia^ que ElRiy D. Jffonfo VL fe:^ no Infante D. Tedro
feu irmaÓ^ pa^. ló.
Num. 50. Oração^ que fe:^ o Cardeal de Eflreé ^ TroteRor de Tortuçal,
na prefença do 'Papa., quando mandou celebrar as Exéquias delRy D.
Jfonfo VL pag. 17' .
.

Num. 51. Decreto para o Conde de Trado exercitar o Offiào de E/íiibei-


ro mor , quando yolcar do Governo das Am
as do Minho , pag.
18.
Num. Í52. VoaçaÕ da Villa de 'Béja^ por ElRey T), JoaÕ o IL ao Saibor
D. Manoel^ Duque da dita Villa pag. 18. ^

Num. Doação ddRey D. joú o IV. ao Infante D. Tedro feu filho ^


da Cidade de Béja , com o tiiulo de Duque , como a teVe ElRty D,
Manoel-, c^c. pag. 20.
Djt.Num. 5:5. Cirta porque FJRey D. JoaÕ o IIL fi^ Duque de Béjdj
ao hífante D. Lui^^ pag. 21.
Num. í;4. DoaçaÕ da Quinta de ^uélu-^y e fuas pertenças, ao Infante
D. Fedi o ^c. pag. 24. ,

Num. 55. Carta de Jfntamento de Duque de TjJja, ao Lifdnte D. Te-


dro ,
pag. 24.
Num.
Num. 56. Doação ao Infante D, fedro , da Filia de Serpa , e feu Ter^
mo ,
pag. 25.
Num. 57. Jlvará delRey I). JoaÕ o JV. porque fe:>^ imrce rio Infante 2).
Tedro , da dignidade de Commendador mor da Ordem de ihriflo^ pag. 26.
Num. 58. l^ulla do l^apa Tio F- em que concede oí Treftimonios a Cafj
de Filia Real, pag. 26.
Num. 59. Jlvará delRey D. JoaÕ o W. porque fa^ mercê ao Infante D.
^edro ,
para que os Trejiimonios ,
que der , feja com o Habito de Chrif-
to, pag. :5o.

Num. 60.Jlvará delRey 7). Joaõ o IV. ao Infante D. Tedro , das Lf.^í-
da Gokg7ia, de ^orha^ érc pag. ^o.
rias
Num. 61. Alvará porque he concedido ao Infante D. Tedro, que os OuVt-
dons das fuas terras proVaÕ as ferVentias dos Officios , pag. ^ i.
Num. 62. 'DocíçaÕ das Saboarias do Tono, e das Filias e Lugares das , y

Comarcas de Tra^ os Montes, e Rntre Douro, e Minho, pag. ^2.


Num. 6^. Jlvará ddlhy D. Jjfonfo VL em que concede , que os Ouvidores
de 'Béja , e Filia Real, paffem Cartas de Seguro em fuas terras y em
cafo de morte, èc. pag.
) Num. 64. Alvará do díto Rey , em que concede , que os Ouvidores das ter-
dtm as ferVentias dos Officios , excepto /«i^^j pag. ^4.
ras do Infantado ,

Num. 65. Decreto do mefmo Rey em que fa:^ mercê ao Infante V. Te^
,

dro , de tirar do Ejiado do Brafil mil quintaes do paoy chamado Sra-


pag. ^4.
fil,
Num. Decreto do mefmo Rey, em que lhe concede poder tirar outra
6<5.
tanta quantia, como a referida, do mefmo pao 'Brafil , Pag. ^jj.
Num. 67. Confirmação delRey D. Afonfo ao Infante D. Tedro, da Fl
Cafa de Filia Rral, e outras novas jneras , pag. ^5.
Num. 68. Efcrifura da compra da Filia de Moura, feu Termo ^ e Celei-
ros , do Taul de Magos, e Cidade de Lamego, pag. ^ç.
Num. 69. D((-eto, que o Infante D. Tedro mandou aos Tribunaes ^
quando entrou a governar , pag. 50.
Num. 70 Tt atado do Cafamento do 'Pri?icipe Regente , com a Trince:^a
D. Maria Francifca Ifabd de Saboya pag. 5 ,

Num. 71. ^mvt da difpenfa do Trincipe D. Tedro Regente, com a Trift'


ce:^a D. Maria Fraticifca Ifabcl de Saloya pag. 57. ,

Num. 72. 'Breve do Tapa Clemente IX. de difpenfa do matrimonio do dito


Trincipe , cem adita Trince:^a, pag. 58.
Num. 7^. Sentença do divorcio da Rainha D. Maria Francifca Ifabel de
Saboya, com 'ElRey D. Affonfo FL pag. 61.
Dit. Num. 7^. Tratado da Ta:^ entre Tortttgal, e Ca/lella , do dn-
no de 1^68 pag. 6^.
,

Num. 74. Tratado do cafamento delRey D. Tedro 11. com a Rainha D.


Maria Sofia pag. 7^. ,

Num. 7:^. hórma das Cartas que ElRey. D. Tedro mandou efcrever
,

quando paffou ã Beira, pag. 80.


Num. 76. Decreto do dito Rey , em que concede aos Eftudantes de Coim-
bra algum tempo de mercê pag. 81. ^

Num. 77, Carta delRey de Mequinés , para ElRey D. Tedro IL pag. 81.
Num. 78. Tcfiamento deUhy 7). Tedro II pag. 8^.
Num. 79. Tapei de que o dito Reyfa^ menção no fm Tejiamento pag. ,

Num.
Num. 8o. Carta ,
qfíe o Trhicipe Refrente efaeveo aof Cahidos , quanJo
fuccedeo o roubo do Santijjimo Sacramento , na Igreja de Odlvellas ,
pag. 90.
Num. 81. íPííp^/ pio-, € devoto y efcrito por ElRey D. Tedro , da fua pró-
pria maÕ , pag. 9í.
Num. Si, 'Breve do Tapa hmocencto pag. 92.XL
Num. 8^. Ley delRey D. Tedro ^ febre as Regências ^ e Tutorias dos Reys,
o modo y que fe deve obfervar ^ pag. 9^.
Num. 84. Ley do dito que declara a fórma , em que devem fuc-
Rey , etn
ceder no Reyno os filhos , do Rey , que legirinidmente fuc*
e defcendentes

ceder a feu irmaÓy que falecejfe fem fuccejfaõ ^ fem fer neaffario o con-
fentiwento dos Tres Ejiados do Reyno , derogando-fe ne/Ia parte as Cor-
tes de Lamego y pag. 96.
Num. 85. Decreto do mefmo Rey , fobre a mefma matéria , e a refolucaõ
das Cortes y pag. 98.
Num. 86. Bulla da Erecção da Igreja de Santo Salvador da Bahia em
Metropolitana y pag. 100.
Num. 87. Bulla da Erecção do Blfpado do Rio de Janeiro, pag. 102.
Num. 88. Bulla da ErecçaÕ do Bfpado de Ternambuco p.\g. 107. y

Num. 89. Bulla da Erecção do Bifpado do Maranhão , pag. m.


Num. 90. Bulla da Erecção do BtfpMo de Teklm^ pag. 115.
Num. 91. Bulla da feparaçaÕ da Cidade de ISLamkun do Bifpado de Md- ,

cao , pag. 119.


Num. 92. Breve y que o Tapa hmocencto XII. mandou a ElRey da Ter-
fia, pag. 124.
Num. 9^. Carta delRey da Terfia para o dito Tapa, pag. 124.
Num. 94. Carta do Bifpo da Terfia para ElRey D. Tedro 11. pag. i2í^.
Num. 95. Carta do mefmo Bifpo para o Fice-Rey da índia , o Conde de
Filla-Verde , pag. 127.
Num. 96. Carta , que ElRey da Terfia efcreveo ao dito Fice-Rey , p?g.
128.
Num. 97. Elegia feita pela Rainha 2). Maria Francifca Ifdbel de Saboya^
em France:^, pag. 129.
Num. 98. TraducçaÕ da mefma Elegia feita pela Condefa da Ericeira ,

pag. lgo.
Num. 99. Tefiamento da mefma Rainha, pag. i;g.
Num. 100. Decreto, porque entrarão m
Ordem Militar de Chriflo , o
D. Francifco, pag. 140.
Trincipe do Brafíl, e o Infante
Num. 101. Tratado do cafamento delRey D,Joaõ F, com a Rainha 2).

Marianna de Auflria, pag. 141.


Num. 102. Carta do Marichal de Stharemberg, para ElRey 2). Carlos III,
em que lhe dá conta da batalha de FilU-Fiçofa, pag. 147.
Num. log. Carta do Emperador Carlos FI. para ElRey D. JoaÕ o F.
pag. 150.
Num. 104. Carta delRey 2). JoaÕ F. para o Emperador Carlos FI. pag.

Num. 105. Carta da publicação da Ta.^ com Frama , em Lisboa, pog.

Num. 106. Breve do Tapa Clemente XL


para ElRey D. João F.em que
lhe pede hum foccorro contra os Turcos , pag. 152.
Num.
Num. 107. Cdrídi que o mefmo Tapa efcreyeo ao dito Rey ^ pedindolbe
novamente o foccorre/fe contra os Turcos, pag. 15^.
Dit. Num. 107. Outra Carta, que o mefmo Tapa efcreveo ao dito Rey^
febre o mefmo foccorro, pag. 154.
Dit. Num. 107. Breve do meÇmo Tapa para o dito Rey fohre a mef- ,

ma matéria, pag. 156.


Dir. Num. 107. Breve do mefmo Tapa para a Rainha D. Marianna de
Aiiftria , em que lhe pede interceda com ElRey feu efpofo ,
fobre a mef-
ma matéria, pag. 157.
Num. 108. 'Breve do ?nefmo Tapa para ElRey D. JoaÕ V, em que lhe ren-
Armada, com que
de ás graças pela o foccorrera, pag. 158.
Num. 109. Breve do mefmo Tapa para o Conde do Kio-Grande , General
da referida Armada, pag. 159.
Num. iio. ^ulla da Capella Real, em Collegiada infigne, pag. 160,
Num. I I I. Bulla Áurea da erecção da Santa Igreja Tatrianal, pag. 170.
Num. 1 1 2. Decreto delRey D. JoaÓ V, em que concedeo ao Tatriarca ds
Lisboa todas as honras, que nos feus Rey nos permitte aos Car deães-,
'^pag. 187.
Num. Voaçaõ, que o mefmo Rey fe:^ ao Tatriarca, de du:^entos e vin-
11^.
'temarcos de ouro, para elle, e feus fuccejfoPK , pag. 187.
Num. 114. 'DnaçaÕ, que o mefmo Rey fe^ ao Tatriarca, e feus fucceffo-
res, da LSi^i ia da Fo^ de Almonda , pag. 189.
Num. 115. Alvará porque adito Rey divídio a Cidade de Lisboa em Ori-
ental, e Occidental, pag. 190.
Bií. Num. ii<;. Decreto remettido aos Tribunaes fohre a mefma maté-
ria , pag. 19^
Num. 1 1 6. Dtí laraçaõ , que fe;^ o Tapa Clemente XI. em Confijiorio p-
creto, da erecção da Igreja Tatriarcal de Lisboa, pag. 19^.
Num. 137. Alvará dis prerogativas concedidas ao DeaÕ , e Cónegos da
Igreja Tatriarcal de Lisboa, pig. 196.
Num. 118. Decreto da precedência dos Cónegos da Igreja Tatriarcal a tO'
dos os Miniftros nos Tribunaes y pag. 197.
Num. 119. Bulla Áurea do Tapa Clemente Xl. de confirmação, e execu-
ção da Santa Igreja Tatriarcal, pag. 197.
Num. 1 20. Outra Bulla do mefmo Tapa Clemente XI. de ampliação de
graças para o Cabido Tatriarcal, paa. 20^.
Num. 121. Bulla do Tapa Innocencio XIIL em que concedeo ao Cabida
Tatriarcal as quartas partes das rendas dos Bifpados, pan. 228.
Num. 12 2. Bulla do Tapa Clemente XII. de confirmação das referidas
graças redu:^índo as quartas partes a terças , de todos os Arcebifpa-
,

dos , e Bifpados do Reyno , pag. 244.


Dir. Num. 122. Bulla do Tapa Clemente XII. em que declara, e re-
valida as de feus predeceffores , os Tapas Clemente XL e Innocencio
XllL pag. 267.
Num. 12^. <Bulla do Tapa Eugénio IV. para ElRey D. Affonfo V. em
que lhe comede a. faculdade de mandar praticar na fua Real Capella o
Rito Romano, pag. %7z.
Num. 124. Bulla do Tapa Clemente XII em que unh ao Real Tadroada
delWy D. f oaõ V. o provimento de todas as Dignidades , Conectas , e
(Bcmjicios da Igreja Cathedral de Lisboa Oriental pag. 274. ,

Num.
Num. 'Bulla do 'Benedith XIV. em que fogeitou a Igreja de
Tapa
Lisboa Oriental a Santa Igreja Tatriarcal de Lisboa , e lhe dd o ti-
tulo de T^ttriarcal Bifúica de Santa Maria ^ e concede o titulo deTrin-
cipaes às Cónegos da Santa Igreja de Lisboa ^ pag. iS^,
Dignidades^ e

Num. 126. Alvará delRey D, João V. em que aholio o Alvará das duas
Cidades Occidental^ e Oriental mandando fe chame fomente Lisboa
pag. 289.
Dit. Num. Decreto para a Mefa do Vcfe nbirg') do Taco y fo^re
126.
que tinha cejfado a diJiincAÕ em Lisboa ^ de Occidental y e Orienúl^
'
pag. 290.
^
p^f
Num. 1 27. Bulla do Tapa BenediRo Xl!^. em que fupprimio o antigo C^t
^
bido da Igreja de Sanita Maria ^ pag. 291.
Num. 128. Bulla do mefmo Tapa, em que eriglo hum Seminari(^ Tdtríar^
cal na Cidade de Lisboa^ pag. :5o i.

Num. 129. Copia das O. JoaÕ V. para que fe celebre, cot»


Canas dei Rey
o mayor Senhora^ pag. *^^io.
culto o Myflerio d A Conceição de ISLoJfa
Num. 1^0. Bulla da ereíçiÕ do Blfpado do OraÓ Tará pag. ^ii. ,^' ,

Num. 151. Juto da entrega do Corpo do Trincipe D. Tedroy pag. ^14.


Num. 1^2. OraçaÕ do ISluncio do Tapa Clemente X/. quando entregoit-m "

fax as para o Trincipe do Br a fã ^ pa^. :^\t^. ^ ,^


Num. i^?. Trata-lo do cafamento do Trincipe do Brafil ^ com a 'Priríce*
^ít T>. Mirianna Vihhria , pag. ^16.
Num. I ^4. Tratado do cafamento do Trincipe das Afíurias T>. Fernando,
com a Trince^i D. Maria Btrbara, pag. ^2^.
Num. 1^5. Difpcnfa^ e derogaçaÕ de hum artigo das Cortes de Lamego y
a favor da Infante D. Ifabel , como fucceffòra do Rey no para poder ,

cafar fora delle ^ pag. ^^4.


Num. 1^6. Toder do Duque de Saboya do feu Embaixador y para celebrar
os efponfaes com a Trince^a D. Ifabel y pag. ^41.
Num. 1^7. Toder da Infante D, Ifabel y para o Duque de Cadaval cele-
brar em feu nome os efponfaes , pag. ^41.
Num. 158. Doação y que El Rey D. Tedro fe^ a Trince:^a 2). Ifabel
y do
E/lado da Cafa de Bragança y pag. ^42.
Num. 1^9. TrocuraçaÕ da dica Infante ao Duque de Cadaval para fe re-
ceber com o Duque de Saboya ^ pag. ^4^.
Num. 140. Tc/l amento da dita Infante D. Ifahel ^ pag. ^44.
Dit. Num. 140. Termo da entrega do corpo da dita Infante ^x^^g. gÇ2.
Num. 141. Alvará porque ElRey D. Tedro II. fa^ mercê ao Infante D,
Francifco , da Lommenda mayor da Ega , Domes , e Cajiello-Branco ,

pag. :554.
Nura. 142. Carta do dito Rey, porque fa^ mercê ao dito Infante de trin-
ta mil cruzados y vinte na Alfandega de Lisboa, e de^ na do Torto,

Num. 14^ Doação do dito Rey ao mefmo Infante, das Villas de Vimio-
fo , Aguiar da Beira , d^t Cafa de Bobadella , e as que for ao da Cafa
de Linhares y com fuas Villas y Tadroados , é'c. pag. ^55.
Num. 144. Doaçaó do dito Rey ao mefmo Infante, das Li^irias de Mon-
talvão, Morraceira, e das fintas das Villas da Tovoa, e Ca/lanhei-
ra , e Senhorios das ditas Villas , da de Chekiros , com feus Taíiroadosy
e Mouchão do Efplendiaõy pag. gç/.
* Num.
Num. Voaciíd deIRfy V. Joaõ o V. ao dito Infante ^ do Talado da
14^.
Bmpofla^ com fuas fintas y pag. ^íjS,
Dit. Num. 145. ladrão de hum juro para pagamento dos Capellaens da
Capella da Bmpo/ia^ pag. ^59.
Num. DoaçaÕ delRey ao dito Infante ^ das Quintas da Murteira ^
146.
do Alfeite e terras dai Marrwtas e entras , pag. ^66.
> ,

Num. 147. DoaçaÕ da íaja da Feira ao dito Infante ^ pag. ^68.


Dit. Num. 147. 'Doação de huma
ao dito Infante ^ pag. :^6g,
tefiça

Dit. Num. Outra doação ao mejmo Infante ^ pag. ^70.


147.
.JÊ)tt* Num. Alvará porque ElRey 2). 'Pedro fe:^ mercê â Cafa do
147.
'
Infantado de certa tença , pag. ^72.
Dit. Num. Í47. Carta da compra do Reguengo da Fallada para a Ca-
fa do Infantado , pag. ^76.
Num. 148. Aivard porque ElRey fupprio ao Infante a falta de idade ^
pag. ?79-

Num. 149. Decreto porque fe mandarão lançar na Torre do Tombo di-


'^erfos papeif tocantes à òenhora D. Lui:^a ^ filha dei Rey D. Tedro IL
^80.
i^jíag.
Nup>. IÇO. Decreto porque o dito Rey fe^ mercê a ftia filha ^ d Senhora
Tl, Lui:^a , de certas Commendas , pag. ^Sz,
"
,

Livro viii.
JN^Um. I. DoaçiÕ delRey V. Filippe IL do Senhor D. Duarte ^ das
Filias de FrechUha , e Filia Daniel , com o titulo de Marque:^ , tudo
de juro, pag. :58^.
Num. 2. Efcrifura dotal da Senhora D. 'Brites , Condtffa de Orope:^a,
com o Senhor D. Duarte^ pag. ^9?.
Num. ^. (Breve do Tapa Urbano FUI. para o Senhor Z). Duarte ,
pag.
427.
Num. Tejlamenío do Senhor D. Duarte, pag. 428.
4.
Num. 5. Lontrato de cafamento do Senhor D. Dini:^ , filho do Duque de
Bragança D. Fernando IL com D. Brites de iafiro , hirdeira do Con-
dado de Lemos y pag. 4^^
Num. 6. Te/lamento do Senhor D. Dmi:^ , pag. 4^8-
Num. 7. Ca\ta delRey D. Afonfo V. confirmada por ElRey D. Filippe 11,
da Alcaidaria , e rendas da Filia de E/lremo^ e das terras da Fil- ,

ia de Fouga Deixo Oces , faos , e Ftlarinho , pag. 450,


, ,

Num. Contrato de cafamento de D. Maria de 'N.oronha , herdeira do


8.
Conde de Odemira , com o Senhor D. Affonfo , filho do Duque de Bra-
gança , pag. 45^.
Num. 9. Carta porque o dito Senhor D. Affonfo foy feito Conde de Faro ,
pag. 456.
Num. 10. Lar ta de affent amento do dito Conde ^ pag. 458.
Num. 11. Bulla do Tapa Taulo II. porque relaxou o juramento a ElRey
D. Affonfo F. para haver de dar Faro ao Senhor D. yí^jfo///b , pag. 459.
Num. 1 2. Alvará para o Conde de Faro poder aprefentar o Officio de Cou-
del da Filia de Ejlrcmo:^ > pag. 460.
Num
Num. Cartd de conflrmdçaõ delRey T>. Affonfo V. a D. Affonfo Cond^
I?,
de Fítro y da VoaçaÕ feita por JociÕ Gallego, pag. 461.
Num. 14. Carca porque ElRey ao Conde de Faro , e Odemira , re'vogoH
quaefquer Cartas y
que tiyejfe p a/fado em prejui:^o dos feus privilégios y

Pag. 462.
Num. Carta dos moradores do Algarve à Camera de Lisboa y para
15.
que fe naÕ dè o Senhorio de Faro a pe(Joa alguma , pag. 46^.
Num. 16. Alvará de Foro de Fidalgo Cavalleiro, a D' Francifco de Fa-
ro ,
pag. 4Ó5,

LIVRO IX.
-

N Um. f)oaçaÕ , que fe:^ o 'Duque de 'Bragança D. Fernando L e


I.
a l)uque:^a D. Joamia de Ca/Iro, ao Senhor D. Alvaro ^ feujilhoy
dos direitos Reaes de Béja , e outras rendas , pag. 467.
Num. 2. Carta do Officio de Chamdler mor do Reyno , ao Senhor 2), Al-
varo , pag. 47^.
Num. ^, VoaçaÕ do Duque de Bragança ^ que fe^ a feu irma^, o Senhor
'

D. Alvaro y das filias de Cadaval \ Teral ) &c. pag/ 476.


Num. 4. Contrato de cafamento do Senhor D. Alvaro , com D, Filippa de
Mello y herdeira do Condado de Olivença ^ pag. 480.
Num. 5. Cirta do Senhor D. Alvaro , que efcreveo a ElRey D. ]o4'ô o 11.
no tempo y que e/leVe em Cajldla^ pag. 492.
Num. 6. Alvará de licença para D. Filippa de Mello , mulher do Senhor
Z). Alvaro , poder ir para feu marido , pag. 499.
Num. 7. Certidão do livro da Vifita dos Cónegos da Congregação de S,
JoaÕ Euangeli/ía da obrigação do Jeu Mofleiro de Évora , do Tadroa-
,

do do Duque de Cadaval , tem de o nomearem na Collecla , pag. 500.


Num. 8. Contrato de cafamento de D. Maria de Mefie:^es , com o fegun-
do Conde de Tortalegre D. JoaÕ da Sylva^ pag. 501.
Num. 9. Carta de ajfmtamento do Conde de Tentúgal D, Rodrigo de Mel-
lo, pag. XJ07.
Num. Carta porque ElR^y concedeo ao dito Conde de Tentúgal para
10.
obrigar certos bens para fegurança do dote da filha de D. Tedro Tor-
to CarrerOy pag. 508.
Num. II. Contrato do cafamento do dito Conde de Tentúgal, com D.
Leonor de Almeida, pag. 509.
Num. 12. (Bulla do Tapa Paulo IlL porque concede ao primeiro Marque^
de Ferreira , D. Rodrigo de Mello , os Tre/llmonios , ou Bmeficios fim-
plices , de certas Igrejas, o "Padroado delles à fua Cafa, pag. 51 ^
Num. I Bulla do Tapa Gregorio Xl^, em que confirmou a dita Bulla
dos Treflimonios concedidos â Lafa de Ferreira, pag. 519.
Num. 14. Breve de muitas graças concedidas ao primeiro Marque::;^ de
Ferreira., e feus fucceffores pag. 52^.
,

Num. 15. Contrato, e tranfícçaÕ entre o Marque:^ de Ferreira V, Fran-


de Mello, e feu fobrinho D. Alvaro de Mello, pag. 5^1.
cifco
Dit. Num. 15. Contrato de cafammto do fegundo Marque^ de Ferreira,
com a Senhora D. Eugenia, filha do Dnjue de Bragança, pag. '54^-
* ii Num.
Num. i6. Alvdrâ dá Duquesa T>. Joama , fohre a dote de fud flha^
com o Mcí>qm.:^ de Ferreira-, pag. c,^^.
Dir. Nam. ló. Lar ta de Marque::^ de Ferreira a D. Francifco de Md'
lo-, pag. 549.
Num. 17. Cana de Conde de Tentwal de juro-, e herdade^ pag. ^t^o.
Num. 18. La^ta de Conde de Tentúgal para o filho primogénito do Mar»
que^ de Ferreira^ pag. t^c^í.

Num. ly. Carra porque ElRj fi::^ mercê do Marque:^ de Ferreira-, de


todas as yUlas , e mais coufas , que tinha da Coroa , de juro , fóra da,
Ley Mtnral-, pag. ^52.
Num, 20. Alvará do titulo de Marque:^ de Ferreira , ao Marque:^ D,
FraHcifco deMdlo , para feu filho , e ficto, pag. 55^.
Num. Carta da Rainha D. Lui^a para o Vuque de Cadaval , em
21'.

.
;^ que lhe dá conta da morte ddRey D. foaõ o IF. pag. 55^.
wNu-mv .jli^ Carta para o Ma
que :^ das Minas eftar a ordem do dito Vu-
•^w^^^-pag. 554.
Num. 25.. Carta, para o Conde de Gallovay eftar à ordem do rmfmo Du-
que ,
pag.
Num. 24. Alvará para o Duque de Cadaval fa^r morgado de certos
'^•^ens, drc. pag. 555.
Num. 25. Decreto para o Duque ir à Junta dos Tres Ejlados ,
pag.

Num; 26. Contrai^o dó cafmento do Duque 2). ]ayme , com a Trince^a


Henriqueta Julia y
pag. 557.

LIVRO X.
Um. I. Carta delRey D. Duarte^ em que fa^ mercê ao Conk de
Ourem-, de lhe confirmar a doação do Co?ídeJlavel j dos Reguengos de
Sacavém-, érc. pag. ^67.
Num. 2. Carta delRey D, Duarte-, em que fa^ mercê do dito Conde da
Agua de Alviela^ de juro^ e herdade-, pag. 570.
Num.^. Carta do dito Rey-, de certas jurifdicçôds ^ &c. pag. 57 r.
Num. 4. Carta delRey V. Afonfo K
em que' lhe fa^ mercê de certos Tri-
Vilegios , pag. 572.
Num. 5. Carta delRey D. Duarte-, para que fe guarde ao Conde de Ou-
rem o artigo das Coites de Santarém pag. ^57^.
Num. 6.Diário da jornada , que o Conde de Ourem fe^ ao Concilio de Ba-
filéa, pag. ^7:5.
Num. 7. Carta de legitimação de D, Francifco de Tortugal-, primeiro Con-
de de Vimiofo-, pag. 6?o.
Num. 8. Outra Carta de legitimação ao dito Conde, pag. 6;i.
Num. 9. Alvará para que o Cortegedor naõ entre nas terras de D. FrdH'
cifco de 'Portugal-, pa?'. 6i2.
Num. Carta ^delRey D. Manoel, porque fe:^ Conde de Fimiofo a D,
10.
Francifco de 'Portugal pag. 6^2.
Num. 1 1 Carta da Rainha Catholica 2). Jfabel , de certa quantia a D.
Joanna de ^/fcij, pag. 6^^,
Num.
Num. 12. Carta de coJívençaÕ entre os Condes de Vlmtofo^ e yilla-N.oVíiy
com approvaçaÕ delRey fohre o Oficio de f^éior da Fazenda , pag. 6^4.
,

Num. I ^. Carta da Commenda , e Aicaidaria mor de Thomar , e das


Tias ^ a V. ^ffonfo^ Conde de Vimiofo^ pag. 6^ij.
Num. 14. Carta de privilegio para arrecadação das fuas rendas^ concedi-
do ao Conde de Vimiofo^ pag. 6^7,
Num. Carta em que ElRey deroga os privilégios da Filia de Aguiar
da Biira , pag. 6^9.
Num. 16. Carta porque ElRey mandou meter de poffe ao Conde de Vimio-
fo da dita Villa , pag. 641.
Num. 1 7. Sentença da precedência do Conde de Vimiofo , contra o Conde
de Tenella^ pag. 642.
Num. 1 8. Abará delRey D. JoaÕ o III. da precedência do Conde de Vi-
miofo , ao Conde de 'Penella pag. 644. ,

Num. 19. Carta de Camereiro mor do Trincipe T>. Joaõ ^ ao Conde de Vi'
miofOy pag. 647.
Num. 20. Alvará para o dito Conde naÕ pagar direitos , pag. 64^.
Num. 21. Doação da Villa do Vimiofo ao dito Conie pag. 649. ,

Num. 22. Carta da Aicaidaria mor de Vimiofo ^ pag. 650.


Num. 2^. Carta de doaçaõ'
da Villa de Aguiar da Beira, ao Conde de Vi-
miofo, pag. 652.
Num. 24. Carta do Confelho delRey ao Conde de Vimiofo V, Ajfonfo de
Tortugaly pag. 6^54.
Num. Carta da Rainha de França de prometinwno de dote a 2). Lui*
25.
:^a de
GufmaÕt depois Condeff^ de Vimiofo , pag, 654.
Num. 26. Infirgmento da venda da Capitania de Machico, por D. Anto-
nio da Sylveira, a Francifco de Gufmao, Mordomo mor da Infante D,
Maria,pag. 655.
Num. Doaçaõ da Capitania de Machico, que teve em dote o Conde de
27.
Vimiofo D.' Ajfonfo de Portugal, pag. 659.
Num. 28. Alvará de fegurança de arrhas, da Conde a de Vimiofo D, f
Lui:^a de GufmaÕ , pag, 666,
Num. 29. Memorial do Conde de Vimiofo , à Rainha D. Catharina , fo-
hre o que Je paffara, quando o mandou a Cajlella com a Infante D,
Maria pag. 667.
,

Num. ^o. Alvará para que os Ouvidores do Conde de Vimiofo D. Affon-


fo, das Villas de Aguiar , e Vimiofo , poffaõ eflar fora das ditas Vil-
las , naÕ paffando de feis legoas , pag. 670.
Num. gi. Privilegio para o dito Conde poder caçar na Coutada de Évo-
ra, pag. 671.
Num. ^2. Alvará para darem apofentadoria em toda a parte ao dito Con-
de , pag. 671.
Num. Alvará para o Cmde, e Condefa de Vimiofo, poderem andar
em andas, quando forem por caminho, pag. 672.
Num. ^4. Cítrta de recomendação da pe/foa do Conde de Vimiofo , a D,
Francifco da Cofia, Embaixador em Marrocos, pag. 672.
Num. ^5. Apontamentos do te/í amento do Conde de Vimiofo D. Ajfonfo de
TortugaU pag. 675.
Num. 7,6. C rtidaÓ de 2). Lui^ de ISÍoronha , fobre o defpacho do dito
Conde de Vimiofo ,
pag. 676.
Num,
Num. ^7. Alydrá de fuccefaõ da Cafa ao Conde de Fimiofo D. /fotifoy
para feu filho pag. 677.
,

Num. ^8. Alvará de D. L«i^ de Tortugal, Moço Fidalgo , accrefcentaz


do a Fidalgo Efcudeiroy e a Fidalgo Cavalleiro^ pag. 678.
Num. ?9. ^'taçao do Conde de Fimiofo D. Lui^^ do dote da Condejfa
fua mulher , pag. 679.
Num. 40. Carta do titulo de Conde de Fimiofo a T>. Lui:^ de Tortugal ,
pag. 682.
Num. 41. Jlvard do titulo de Conde a D. Jffbnfo de Portugal ^ pag. 68?.
Num. 42. Memorial do Conde de Fimiofo ^ dos aggravos , que a fua Cafa
havia recebido , pag. 684.
Num. 4?. Contrato do cafamento do Conde D. /^ffonfo de 'Portugal ^ com
D. Maria Je Mendoçi , pag. 686.
Num. 44. Lonfulta , me fe fe:^ a ElRey D. Filippe IF. fobre as perten-
çÕes do Condi' de Fimiofo, pag. 697.
Num. ^t^. Tortaria de certas mercês ao Conde de Fimiofo^ pag. 699.
Num. 46. Carta de Marque^ de Aguiar a D, Affbnjo de 'Portugal , pag,
700.
Num. 47. Carta de Marque :> ao Conde de Fimiofo , de que confta a tranf-
acção-, que fe^ com a Coroa y fobre a Capitania de Pernambuco y pag.
701.
Num. 48. 'Bulla do Papa Clemente Fll. em que dá poderes de Legado , e
fa^ Huncio a D. Martinho de Portugal , Arcebijpo do Funchal , pag.
702.
Num. 49. EreíçaÕ da Igreja do Funchal em Metropolitana ^ e Primacial^
&c, pag. 708.

PRO-
'

P Pv o V A S
DO LIVRO VII.
DA
HISTORIA
GENEALÓGICA
D A
CASA
PORTUGUEZA.
Conthmao as Trovas do dito Livro promettidas ^
^ue naÕ
couberao no Tomo IV,

CÁrta pqlfada a D. Franclfco de Faro Conde de Odemira , de Ayò


,

d^lRey D. ^fonjb VI.

Om Aííonfo por graça de Deos Rey de Portugal e dos NuiH. 4' 4*


Alffarves daquem e dalém , Mar em Africa Senhor de Gui- \ jí rn
'
ne c da Conquiíia navegação , e comercio de hioiopia
Arábia Perí;a e da índia , &:c. Faço fabcr aos que efra
minha Carta virem que tendo refpeito a ElRey meu Se-
nhor *e Fay que Deos tem ordenar em feu leílamento me íerviffe
cem Ayo a nece/lidade que delle tenho pela idade em que me acho,
c ao imiito que convém que na peíToa que ouver de fer fe achem
juntas tantas , e tao grandes qualidades , partes e mericimentos como
fe requerem para fazer hum Príncipe perfeito e capaz de governar
huma JNÍonarchia por todas eftas e outras muitas e boas partes que
:

concorrem na peífoa de D. Francifco de Faro Conde de Odemira


meu muito amado fobrinlio do meu Confelho de Eftado , e Preíidcn-
te do Confelho Ultramarino dezejando por todas elH? rezoens pel-
,

la califcaçaô , e antiguidade da fua Cafa por feu fan";ue , e devido


que com.igo tem concervar nelle a memcria de feus paflados tao be-
neméritos , e tao eílimado5: dos Senhores Reys mieus predeceíForcs ,
tendo por certo que o Conde me fabei-a merecer ( e fervir ) toda a
Tom. V. A hoji-
"

Z Trovas do Liv. VIL da Hifloria Çenealogica


honra e mercê que lhe íizer muito como pedem fuas obrigaçocns e
com aquclie amor que merece a grande confiança que dellc faço , e a
boa vontade que lhe tenho , me praz e hey por bem de o efcolher
para me íervir de Ayo em quanto eu afim o ouver por bem , e cora
aquelle poder e fuperioridade jurdiçaó , mando , authoridade , prece-
dências , preeminências , e prerogativas que por hum meu Regimen-
to lhe mandey declarar , e que tiveraô os que forao Ayos dos Se-
nhores Pvcys dcftes Reynos , e haverá de ordenado em quanto me
fervir neíla ocupação cento e tres mil fetecentos trinta e nove reis
que fe lhe fentarao na parte de minha fazenda em que haja milhor pa-
gamento , os quaes começara a vencer do mes de Agoílo do anno de
iÓ5'7 que começou a fervir cm diante, e por firmeza de tudo o que
dito he lhe mandei dar cila Carta por mim afinada paíFada por mi-
nha Chancellaria , e fcllada com o fello pendente de minhas armas.
Dada na Cidade de Lisboa aos 15 dias do mes de Mayo Luis Tei-
xeira de Carvalho a fes anno do nacimento de Noflb Senhor Jefus
Ghriílo dc 1659. Pedro Vieira da Silva a fes efcrever.

A RAYNHA.

Carta do Secretario Fedro Vieira da Sylva , para o Conde


de Odemira»

Dít. n.•'T
4.4..
ÇjEnhor Conde de Odemira. No dia de Domingo que fe celebr^^
T* i3a feíla do Corpo de Deos da Capella lhe toca a Volfa Senhorjija,
,
Ali, 1057, jj. cfperar a Sua Magcífade que Deos guarde na galaria, c fahir cónv
eíle detraz no milhor lugar por o Officio de Vofía Senhoria prece-
der a todos os outros da Caza Real. Ha de Voíla Senhoria de vir
acompanhando athe o fitial c paíFando a diante tomar lugar junto a
cadeira de Sua Mageílade na parte que olha para o Evangelho junto
a parede , e a ponta do fitial Qiiando Sua Magefi:ade fe houver de
:

fentar toca ao Repodeiro Mor chegarlhe a cadeira , ou o Vedor em


feu deíFeito , e também a Sua Alteza e fentado elle toca ao Camarei-
ro Mor lançarlhe o manto e tornar o feu lugar coílumado , quando
faz efca função, que fempre fera inferior a de Voíla Senhoria, e
acabado Sua Mageibade de tombar o manto , o haó de lançar a Sua Al-
teza que quando fe erguer para o tomar lia de fazer mezura a Sua
Mageílade e Sua Mageítade lhe ha de refponder com nutra , e ain-
da Sua Alteza ha de eílar em pe , em quanto Sua Mageílade tomar o
manto , nam he neceílario que Sua Magefiade lhe faça mefura , por-
que também nao he neceíllirio fazerlha o Infante , o dar a vella a
Sua Mageílade , quando for temipo diílb , e também a Sua Alteza to-
ca ao Mordomo Mor. Ha de Voíla Senlioria advertir a Sua Magefra-
dc das perfoas que ha de nomear para levarem as varas do palio: hu-
ma ha íempre de fcr de ElRey que he a primeira , e da outra par-
te em comreípondencia a mao efquerda de Sua Mageífade o Sereniíli-
nio InfaÊtc D. Pedro ^ e a ambos ha de entregar as varas o Mordo-
mo
da Cafa ^eal Tortugue^a» 3
no Mor ,
ha dc tornar a tomar , quando largarem o palio: a ou-
c os
tra vara detrás de Sua JMagcílade Ic dara ao Duque de Cada^^al le ,

for prczente , e nao fendo a maycr pclfGa , que ali efiivcr , e a outra
detrás de Sua Alteza fera rczaó dar ao Marques de Niza as mais a tí-
tulos , e alguns fidalgos razos , athe dous ao mais de muita autliori-
dade fe fe acharem prezentes , e a Voíla Senhoria lhe toca hir junto
a Sua Mageftade cm milhor lugar que o Camareiro Mor , que tam-
bém ha de hir aly , porque ainda que Sua Mageílade leva a írnldaie-
colhida , fempre vai ncíle lugar para lha compor , fe caliir , c quem
leva a fralda de Sua Alteza ha de tomar lugar junto a elle na comref-
pondencia do Camareiro Mor , e Te for neceílario ajudar a levar a va-
ra do palio a Sua Mageftadc toca fazello o Mordomo Mor , que líia
deo por naó fer jufto darlha para a largar a outrem Sua Mageílade :

c Sua Alteza eftam advertidos da cortezia que ham de fazer aos títu-
los , e das que ham de íhzer a Rainha Nolui Senhora e a Serenilliípa
Infanta D. Catharina , que faó as mefmas que Sua Mageítade que
Deos tem lhes fazia , e algua couza mais fe puder fer. Ao bejar do
mifíal , e portapax fabe Sua Mageífade também o que ha dc fazer ,
que he levantarfe da cadeira , fern fe mover do lugar , e acabada a ce-
remonia virarfe para o altar e fazer mefura para elle , e fentarfe de-
pois. O Infante fara de outra maneira , como fe dira no papel da
peíToa , que o ha de ter a íua conta , porque Sua Alteza fe ha de le-
vantar a bejar cada hua deftas couzas , e a ida , e a volta ha de fa-
zer mefura a Sua Mageílade , e fe ha de levantar Sua Mageílade e fã-
zerlhc outras mefuras , advertindo que feita a primeira , íe ha de tor-
nar aílentar , ai/ida que o Infante va em De bejar , e quando Sua Al-
teza fe levantar , e lhe tornar a fazer meíura , fe tornara Sua Magef-
tade a levantar e fazerlhe outra , e nao conthem mais o dito Regiíto
Lisboa 22 de Outubro de 712. Antonio dc Oliveira de Carvalho
Oíiicial mayor da Secretaria de Eílado.

Ordens ,
(jiie fe mandarão praticar no íerviço de/Rey D. Ajfonfo
VI. quandô fc Ihs poz Cafa, Originnl f conferva na Li-
vraria do Principal de Almeida Majcarenhas,

I /^Uartafeira que vem , que fe coiitaó fete do corrente fe


jj^rjji-^^ a
^^^m.uda ElRey noíTo Senhor que Deos guarde para o quar-
to do forte , e fe ha de íervir com os oíFiciaes e creados
f*' f*
de fua caza na mefma forma , e com os miefmos regimentos com que
o fazia ElRey que Deos tem e o íizeraó fempre os Senhores Reys
deites Reynos feus A voz. Mas porque Sua Mageílade pela idade em
que fe acha nao eicuza fer aíFílido de dia e de noute de duas pel-
icas em quern concorraó , a qualidade authoridade , e partes quí
,

cojivcni reíbiveo que em quanto nao tinha idade para elcuzar tao
;

continua^ aíliílençia , cinco ofíiciaes de fua caía que faô Mordomo


,
juor 5 Camareiro mor , Eílribeiro mor, Repoíleiro mor /Porteiro
Tom. V. A ii * mor
4 Trovai do Liv. F IL da Ht/loria Çcnealogwa

mor tomaíTe cíiãa hum por turno fua femana , prra o vir acom-
delles
paiiVfar , e que o que tiver fcn-iana durma , e aíllíla no Paço
oEicial ,

dando pela nienha a camiza , e vcílindo a Sua Mageftade e deíVcí-


tiadoo à noute , e aíllílindolhc fem o perder de viíla , menos nas
Iioras de liçaó , que Sua Mageíladc quer tomar mais íccretamente e
lhe ha de aíTifcir à mcza e a tudo o mais em quanto Sua Mageftade
eíliver com a porta fechada , porque dando algum.a audiência , ou fa-
zendo alguma outra função publica , para que fe deva abrir a porta,
irao tcdos feus oSiciaes a fazer feus oíScios , fem diffcrença do que
tem femana ao que a naó tem.
2 Em quanto a porta eíliver fichada eílará o governo da caza à
fua ordem , e fará nella todos os officios no que fe naó efcufar da
porta para dentro , como fe fora proprietário de todos mandara :

abrir a porta tomara os recados


: dará as repoílas , mandara prepa-
,

rar a caza , e aífmará o dia e hora às peíToas a que Sua Mageílade


houver de falar, reconhecerá à noute as portas e genellas de todo o
quarto na forma em que o deve fazer a peílba que aífiítc de noute
a Sua jMageíliide , e as tornará a reconhecer pela menhâ , e mandará
lazer a cama junto a porta da caza , em que Sua Mageíladc houver
de dormir , para acudir todas as vezes que elle chamar. Ha de co-
m.er no Paço na caza , que fe lhe ha de ílgnalar , e lhe haó de fervir
os pratos na forma , quantidade e qualidade em que fe fazia aos Gen-
tishomens que aíliíliaó ao Príncipe noííb Senhor que Deos tem.
3 E porque ferá conveniente que com o officiai da caza afiiíVa a
Sua Mageílade outra peílba mais cm quem concorraó as qualidades
que íicaô apontadas , e que tome femana aíHm como o ha de fazer o
oliicjal da caza , aíFíílindo fcmpre menos ao dormir em que o official
ha de vir para o Paço as fcte da manha e jantara nelle em compa-
nhia do oíiicial da caza , e fe recollicrá à noute depois que Sua Ma-
geftade fe deitar advirtiiido' que fempre o governo da caza ha de fi-
car com o oíhcial a que toca por feu oíf cio , e o comipanheiro fara
fó aíFiíIencia à Real peííoa de Sua Mageílade todas as horas do dia
té que le recolha.
4 Para o íerviço interior da caza fe hao de aííignar quatro mo-
ços da Camara da Guardaroupa , em que entra o das cl?aves , os mo-
ços da Camera do ferviço que parecerem necefParios hum Thefou-
reiro e quatro Repoíleiíos , e parecendo neccíTario rrais crcados pa-
ra o ferviço íe romaraó mandandolhcs recado o ofiicial da caza que
tiver femana.
5" Eíles ofFiciaes que hao de ter femana , e os Fidalgos feus com-
panheiros haô de ter cada hurn fua chave negra que fervirá fó pa-
ra^ fcliarem c abrirem a porta quando entrarem e fah.irem e as nao
haó de trazer em publico fenaô de fecreto na algebeira.
6 Deípois de Sua Mageílade fe vefdr que ferá as fcte horas al-
moíliirá e feito iifo irá à iniffa e logo ao deípaclio que procurará
fabir a horas que poíla dar liçaó deípois jantará , e dcfde que aca-
,
bar te as dras horas, on pouco mais, fe cntrcLcrá com as peífoas
que lhe forem apontadas pelos dous fidalgos que lhe afuílirem pro-
curando
da Cúfcí ^al Tortugue^a. 5
curando fcjao as gratas a ElRcy (nao havendo inconveniente) e fen-
do na qualidade , c nos coílunics as que convém dcíViando a Sua.
MagcftaJe tudo o que liie pode dar ruim exemplo nílim de ohra co-
mo de palavra e eíle entretenimento lard Sua Mageftade íbnípre avil-
ta dos Fidalgos que lhe aíiiílircm.
7 Das duas por diante entrará Sua Magcíladc a dar lição ou pa-
ra fc n.preíciijíoar no ler , e eícrever íb ainda lhe Iic neceílniio
, ou
de Latim dada a lição , merendará e fobre a merenda tomara liçav)
:

de Cavallo, ou de eígrima , ou irá fora (que fempre ferá convenien-


te o faça quando menos huma ves na ít^mana) repartindo os dias
como parecer. Ceará fedo para lhe í^car temipo de íe entreter na for-
ma que fica apontado fobre o jantar; eafíim eíle entretenimento co-
mo o de fobre Jantar ha de ler o que ja pede a idade de Sua Ma-
gcílade , mais quieto , e de menos eílrondo que os outros que te ago-
ra pedia a idade.
8 O eílarem os homens fempre occupados he o melhor meyo pa-
ra evitar inconvenientes procurarfelia que Sua Magercade tenha íem-
pre em que fe occupar fe:n exercício nioleílo.
9 As ieys , e preceitos mais podcrozos para os Pvcys que nao co-
nhecem fuperior m.ais que a Deos faô os exemplos de outros Prin-
cipes e o dezejo de os imitar na piedade para a Religião , na Pru-
dência para o Governo no vallor quando o pedem a> occazióes e nas
mais virtudes ; e por eíla razaó nas horas de comer , e em todas as
mais que fe oíferecerem accomodadas procurarão aquclles Fidalgos rc-
ferirlhe hiílorias das Coronicas dos Reys principalmente do's dcíles
Reynos , perfuadindo-o , a que imite os que forem para ino como
ElRcy Dom Aflbnfo Henriques , Dom João o Primeiro , Dom 3.ía-
uoel e que fuja dos que fe perderão por nao procederem como nquel-
les , como forao Dom Sancho Oapello a que o Reyno privou por
feus defmanchos , Dom Fernando que arrifcou tanto o Reyno por
feus defcuidos e paíTatempos , Dom Sebaíliao que íe perdeo por pou-
co confiderado , e por nao fcguir os confclhos de feus Miniílros.
Apontafe iílo por exemplo , poílo que nem eíle he necelfario , a
prudência , e noticias de quemi lhe houver de aílíílir.
10 Haono de informar das Fronteiras do Pvcyno co qiíc he cada
Província que Praças tem de importância, quem no ferve nellasdar-
Ihe noticia por mayor das Conquifias da íorn^a do governo e minif-
tros , que o fervem na paz , e dos tituíos e Fidalgos do Reyno pa-
ra que conhecen.do a cada hum os honre conforme ao merecimento
que tiverem.
rr Nao hao de ter aSua Mageflade taô fccl^ado que nao fallc a
todas as peílcas de cr^nfideraçao que lhe quizerem íallar , nem taó
publico que lhe levem as audienciôs tempo em prejuízo de íuzs oc-
cupuçoes.
12 As horas de fallar podcraó fcr antes ou depois de merendar:
e o aíl^nar cPa hora r;aô tira , que fegundo for a qualidade da peifoa
lhe pcilá fallar Sua Mageílade em qualquer occaziaó que lhe parecer
accomodada.
NaÓ
,

6 Trovas do Liv, V IL da Hijlorla Genealógica

13 he ncccíTario advertir que tcdcs cs dias pela rranhíi e à


noiite ha Sua Magcíiadc de hir beijar a mao à F.r.inha nolFa Senho-
ra ,ou ns hcra^; ,
que ella para iíTo lhe aílinar , fazcndclhc continuas
lembranças , das obrigações que lhe tem , e do grande amor , reípei-
to e obedicneia que Ih.e deve nao íó por Mãy mas pelas razoes que
naó hc neceílario , nem ílicil referir por menor inteirando muyto a
Sua Magcíiadc de que naó ha de fazer acção nenhuma de que lhe
nao de conta e de que ella nao tenha muyto goílo,
14 Ha Sua Magcíiadc também de hir vizitar as mais vezes que
puder a Scrciiiílima Infanta Donr.a Catharina e aíliíliríb muyto do Se-
reniíllmo Iní^mte Dom Pedro fcus Irmãos tratandoos com o amor
que lhe merecem.
15 AdvirtiiTe que o oíiicío de Ayo ha de durar e ha de ter exer-
cício delie o Conde de Odemira , na forma que fe lhe deu por re-
gimento em quanto Sua Magcíiadc naó difpozer outra couza.
ló Advirtiffe mais que eíla forma de ferviço naó cauíará prejuí-
zo a nenhum dos cfficiaes da caza porque ha Sua Mageilade por bem
fe lhes guardem, os regimentos de feus oíHcios e tudo o que lhes
toca para o exercití?rem inteiramente logo que Sua Mageítade tomar
o governo de íeus Reynos e eílcs mefmos da porta para fora ou
aberta elhi no, quarto de Sua jMageftade haô de exercitar na forma
que toca a cada Inim porque aquelle íerviço he fó para em quanto
o quarto de Sua Mageilade eíliver com a porta fechada.
17 O tempo e as cccazioés e melhor que tudo a prudência das
pcílbas que haó de aíliílir a Sua Mageilade enfinaraó o que por ho-
ra falta uefre papel que íè fez por mayor, e para o mais commum
e continuo do ferviço Lisboa a 6 de Abril de 1660.

Carta de Ejcriva^ da Puridade delRey D. *Af0/7/0 VI. poffada ao


Conde d& Cajhllomelhor, E/lá no livro ip de Jiia Chancdlaria^
pag, 162 verf. donde a copiey.

AfFonfo , &c. faço faber aos que eíla minha Carta virem
Ofíi
M-J que tendo refpeito a grande confiança que faíTo da peifoa de
Luis de Vafconceíios e Soufa Conde de Caftellomilhor , a lua cali-
dade e ferviíibs e mericimentos , aos daquelles de que deícende e mui-
to em particular a memoria do Conde íeu pay , que fervio toda a
vida , atiie a perder em micu fcrviifo , eí'perando de quem o Conde
he , me fabera fervir , e merecera toda a honra e mercê que lhe fi-
zer , e tendo outro fi refpeito a que os Senhores Reys meus prede-
ceíTores tiveraó íempre hum Miniílro a que chamavaó Efcrivaó da
Puridade , por cujas máos e direcção corriaó os mayores negócios
do Rc3'no , fiandcos de ícu ícgredo , amor , e juizo , querer agora
. ,

da Cafa ^eal T^ortugiie^a.


7
Ey por bem dc o nomear meu Efcrivao da Puridade , c lhe dou
aquelle Officio para o ter c lograr , aíim e da maneira que o tiverao
as pcíToas que o ocuparão , e milhor íe milhor puder ler com toda
a jurifdiçao , prerogativas , graças , e liberdades, e franqueias que
ao dito poílo competem , e competirão nos tempos paílados , e com
o ordenado próis , percalços que direitamicntc IbiC pertencerem , c
competirão fempre notefícoo aíim a todos os Miniílros dos Tribu-
:

naes , de juftiça , guerra , e de minha fazenda e a todos os Officiaes


dc minha Caza , e lhes mando hajao ao dito Conde por meu Efcri-
vao da Puridade , c lhe deixem íervir o dito Officio c delle uzar
em tudo per tudo como dito he , Tem duvida nem embargo algum,
elle jurara na minha Chancellaria , que bem e verdadeiramente me
fervira , guardando a my , meu íerviíío , e partes ^eu direito e juf-
tiça , c por firmeza delíc mandei dar efta Carta por my affinada , e
fellada do meu Sello pendente. Dada na Cidade de Lisboa aos 21
de Julho. Luis Teixeira de Carvalho a fez anno do Senhor de 1662.
Pedro Vieira da Silva a fez cfcrever.

REY.

"Regimento do Officio de EJcrívad da Puridade,

|Om Afonfo por graça de Deos Rey de Portugal e dos Algar- "^^jj^í.
^ ves ,
daquem e dalém , mar em Africa , Senhor de Guine, e da */r
Conquifta Navegação, e Comercio de Ethiopia , Arábia, Perfia , c ^^^* *^ój.
da índia, &c. Fazemos fabcr a todos os tribunaes , confclhos, c
miniílros de noífos Reinos , que por quanto o officio dos Reys he
occupado de tantos e taó graves cuidados , e negócios que nao he
poffivel poderem dar elles fcs a expedição e defpacho , que fe re-
quere , para andar a Republica bem governada ; c deíla verdade te-
mpos grande teílemunho , c approvaçaó no inílituto , e coliume de
todos os Reys , que por feu entendimento , e faber merecerão a im-
m.ortalidade na memoria dos homens , particuiarm.ente os Senhores
Reys deílc Pvcino meus Anteceílbres , cuja prudência na paz foi tao
celebrada , como a fortaleza na guerra aíli , que fempre fe fcrvirao c
ajudarão de miniílros de tanta capacidade , e talento , que com f.'u
confelho , pudeílem dar fatisfaçao ao fobcrano officio , c
e trabalho
Dignidade , em que Deos os pos. Entre eftes he dc major confian-
ça o cargo de Efcrivao da Puridade , e que mais próximo anda ao
noíTo lado, convém, que quem o exercitar tenha as qualidades, qu?
para elle fe requerem; que feja fidalgo de limpo íaiigue, e de Iam
coníicncia , prudente c de muita authoridade , o qual tempere com
,

maníidam , c afabilidade ; e como vem a fer o que mais reprefenta


nofta pellba , deve prccurar que de fua prezencn , nao vá ninguém
,

defconlblado teniia noticia das hiftorias dcíle Reino , e dos vezi-


,

nnos , e dos mais que conoíco tem comercio , e amizade; fendo fo-
,

bre tudo verdadeiro e íccrcto.


^ E porque a íuncçaó e exercício dc
feu
,

8 T^rovai do Llv. VIL da HiJlorU Çene.ilogtca


fcu oíFicio pertence a adlos públicos , c particulares , trataremos pri-
meiro daqiielics , como de mayor importância , cm que fe requere
imiyor attcnçao.
Primeirainente nas Cortes e Juntas geraes dos tres eílados do
Remo , fará fcu cflicio aíu , e da maneira que o fízerao fempre as
pelloas que o tivcrao em tempo dos Senhores Pveys meus anteceíTo-
res. 7 ornará os Juramentos de obediência , e fidelidade as pelfoas ,
que neilas faó obrigadas a jurar ; e por^fua via fe daraó todas as or-
dés ^ que para eíle a6lo forem neceiTarjas. Nos aclcs , e juramentes,
cm que Edados do Reino nos jurarem por Rey , ou ao Principe
os
iiGÍlb íiiho por fuceíFor dcíles Reinos , aíIIlHrá íazendo feu ofHcio.
Terá obrigação de ailiílir aos adcs públicos de mayor folcmni-
dade e nos recebimentos dcs Reys enterros , c exéquias das peíToas
,

Rcacs , e outros ícmelhantcs , cm que nós aíFiílirmos , tera lugar imi-


m.ediato a nós da parte , em que áíTiílem os oííiciaes da caza , e fen-
do titulo o ir.andarei cobrir.
1 oda a corrcfpondenc'a , que eu tiver com outros Príncipes , e
Efados em matéria de paz, tregcas ou guerra, contratos, caza-
,

mentos , alianças , inílruçoes avizos públicos , cu fecretos , que fe


derem a quaiCqucr Embaixadores , CcmiíTarics , Pvczidentes , Agen-
tes , e quaifquer cutrcs , que fe defpacharem dentro , oú fora do
Reino , a negócios que toquem ao Eílado. Todos os Regimentos
crdens , c Cartas que fe ouverem de dar , e efcrever aos Vizo-Reys,
e governadores das províncias e Praças Ultramarinas para o bom go- ,

^ cnio dcilas na paz , ou na guerra , afii no que tocar aos meus vaf-

íallos , corno aos Eí^rangeiros , mandar exércitos , ou Armadas af-


íi para os mares do Reino , como de fora e finalmente tudo o que :

pertencer ao Eílado dcfía Coroa , fe expedirá por fua ordem e oíii-


cio.
Correrão por fua mao todos os provimentos de Vizo-Reys , e
Governadores , aíTi das Províncias , e Praças do Reino , como do Ul-
iraninr , Generaes das Armadas , Almeirantes , e todos os oíiiciaes
grandes de paz, e guerra, pelos quais com fuperíoridade fe admc-
niílra o governo publico , como faó os Prezidentes de Tribunaes
,
Coníelheiros , Secretaries, e Efcrivat\s delles, Dezem.bargadores , Mi-
nillres da Camara deíla Cidade , e quaifquer outros de igual poder,
e jurifdiçaó , creaçoés de títulos , nomeações de BíTpados , e Perla-
zías , oíiiciacs da caza Real lugares do Santo Oííicio , Reitor, Ca-
,

deiras e dcfpaciios ícmelhantcs da Univcríídade de Coim^bra, e qual-


,

quer dependência das coufas fobreditas ; e tomará os preitos , e ome-


nagens , que fe me fízerern de qualquer Governo , fortaleza , ou Ca-
pitania , aíTi do P'.eíno como Ultramarinos e terá em feu poder os :

Sclios Reaes , e livros das oníenagens.


No rccebim.ento dos Embaixadores, ou Enviados dos Príncipes,
ou Rcfpublicas , que a eíle Reino forem mandados , aíliílirá também
como pef ba , por cuja irao haó de correr as prepoílas , e refpoílas
das Embaixadas.
As confultas de todos os Tribunaes , e Coafellios , virão a fua
mao ,
,

da Cafa ^al Tortuguei^a.


^
mao ,
iras comimmicará , para com iíTo as defpa-
e vifias por elle ,

char com que os negócios pedirem.


a precedência
Todas as petições , que íe me derem em audiência publica , ou
particular , lhe Icraó entregues , para as remeter aos lYibunaes , a
que tocao ; e as que ouverem de deípacliár em minha .prczença , as
dará aos Secretários , fcgundo por lua matéria \hc pertencerem.
Aíliílira comigo de todos os papeis , c poílos os
a alTinatura
deípachos nas coníuítas e petições ,lhas entregarão os Secretários pa-
ra eu aílmar ; e defpois de aíllnadas as enviará aos Secretários, pnra
que as remetaó logo aos Tribunaes , a que tocao , e dem as pnrtes
o delpacho de fuás petições. E encarrcgolhe muito , que em tudo
iílo íe haja com grande cuidado, íem dilação alguá, principalmen-
te nas que forem dos Soldados , e peíToas que Icr/cm na guerra aélu-
almcnte , cuja remuneração naó queremos dilatar , antes mandar pre-
miar íeus íerviços , quanto compadecer o eílado das couzas, e aper-
tos da fazenda Real.
Em que fe fizerem em meu nome pelas Secre-
todas as cartas ,

tarias de Efíado , e Expediente , ou íejaó para o Reino , ou para


fora , porá fua viíía ; e aíTi meímo nas Inílruçoés , e Regimentos que
fe derem aos Embaixadores , e Enviados.
Os votos que derem por efcrito os Confelhciros de Eílado
para os poílos , e lugares do Reino , e fuás Conquiílas , ou para
qualquer outra mercê , que eu haja de fazer , fe haó de remeter a fua
mao , pnra os trazer a defpacho a minha prezença ; e do que eu re-
»)lver fará avizo por fua via aos Secretários para o fazerem a fa-
ber* às pcíToas , que forem providas nos taes poílos , lugares c mer-
cês.
As ordens , que remeter em meu nome debaixo do feu íinal ,
fe dará inteiro comprimento , nas Secretarias e Tribunaes , a que
forem remetidas , por íer o Efcrivaó da Puridade huma vos noíTa, e
fe haver de guardar por iílb como ordem minha.
Epela grande confiança , que fazem.os de fua peíToa , e neccf-
íidade que pode haver em alguns cazos de me dar conta delles , pa-
ra fe lhe acudir promptamente , mando , e ordeno , que fem embar-
go de qualquer Regimento em contrario , tenha entrada para chegav
a noíFa prezença em qualquer caía , e lugar em que eílivcrmos , pof-
to que íeja em noíTa Camara.
Tera çom eíle oíScio o ordenado e propinas, que levao o$
meus Vedores da fazenda , o que fe entenderá também nos mais Tri-
bunaes , e Confelhos , em quanto as propinas , em razaó do traba-
lho , que tem no defpacho , e expedição de feus negócios , e papeis
c as propinas feraó na forma , que levaó os Prezidentcs , tendo ou-
tro íi reípcito a fe haver praticado iílo mefmo com os Efcrivacs da
Puridade paíTados. E eíle Regimento paíTará pela Chancellar^a , e
fe lançará na Torre do Tombo. E mando a todos meus Tribunaes,
Confelhos , e Miniílros , que o guardem em tudo como nelle fc ;

contem e como ley paíFada por mvm. de ple7Jítndine potejlalis


, e ,

poder Real, fem embargo de qualquer ordenação^ ley o privilegio


Tom. V. B de
,

10 Trovas do Liv. VIL da Hljlorla (jeneaíogica


de qualquer outro officio , ou regimento , que nefte fe derrogue em
todo ou em parte. Dado ncíla Cidade de Lisboa aos doze dias do
mez de Março Luis Teixeira de Carvalho o fez. Anuo do nafci-
n Clito de NoíUo Senhor Jezus Chriílo de mil e feifcentos feíTcnta e
tres. Antonio de Souza de Macedo o íis elcrever.

ELREY.

Tratado do Ca/amento de/Rey D. finfo VI. com a Rainha D,


Maria Franct/ca IJahel de Sahoya y tirado do Original ^ (jue
ejiá na Secretaria de Ejlado,

Num zl8 /^Ontracl des articles , et conditions de la dot , et du mariage ,


T" * \_^qui doit eílre celebre entre le Sercniflime , trés haut, trés puif-
,

An. lóóó. fant Dom Alphonfe Sixiéfme , par la grace de Dieu Roy de Portu-
gal , des Algarve? , de F une et de P autre mer en Afrique , Seigneur
de Guinée et de la conquête , navigation , et coinmerce d' Ethiopie,
Arabie , Perfe , et Indes Et la SereniíHme , et trés Excellente Prin-
:

ceífe Madame Marie Françoifc Elifabeth de Savoye Ducheífe de Ne-


mours 5 et d' Aumaile , traittc , et conclu , par P Excellent Seigneur
Monfieur François de Mello de Torres , Marquis de Sande , Comte
da Ponte , Confeiller d' Etat , et de Guerre du dit Seigneur Roy
comme procureur , et AmbaíTadeur extraordinairc du SereniíTune tré.s
haut , et trés puiífant Seigneur le Roy de Portugal j Et les Excel-
lens Seigneurs Moníleur le Duc d' Eílrées , Pair , et premier Ma-
refchal de Frsnce , Et Ceíar d' Eílrécs Evêque , et Duc de Laon ,
Pair de France , comme procurcurs de la SereniíTmie , et trés Ex-
cellente PrincelTe Madame Marie Françoifc Elifabeth de Savoye Et ,

pareillcment chargé de procuration à cet eífet de haut , et puiíTnnt


Prince Moníicur le Duc de Vendofme , F.t haute , et puiífante Prin-
ceífe Madame la Ducheífe de Vendofme , Oncle , grande Mere , et
tuteurs de la SereniíIIme Princeíle Madame Marie Françoifc Elifabeth
de Savoye.

Les dits Excellens Seigneurs François de Mello de Torres , Mar-


quis de Sande , Comte da Ponte , du Confeil d"* Etat , et de Guer-
re de Sa Majefté , Et le Duc de Eftrées , Pair , et premier Maref-
chal de France , et Evêque , et Duc de Laon , Pair de France , tou-
tes chofes bien confiderées , et examinées , font reciproquement con-
venus , et ont conclu , arrete , et déterm.iné , d' achcver le mariage
du trés haut , et trés puilfant Seigneur Dom
Alphonfe Sixiéfme
Roy de Portugal , avec la trés Excellente , et SereniíIIme Princeíle
Madame Marie Françoife Elifabeth de Savoye , Duchefíé de Nemo-
urs , et d' Aumaile , avec toute la diligente qu' une affaire íi impor-
tante , et que le bien de toute la Chreftienté le defire ; Pour cet
cifet a été réfolu , et accordé , que P Excellent Seigneur François
"de
,

de Mello de Torres , Marquis de Sande , Comte da Ponte , en vcr-


tu du pouvoir , et de la procuration Ipeciale , qif il a pour cet ef-
fet du dit ScreniíTime Roy de Portugal , recevra cn fon nom à la
Cour du Roy de la Grande Bretagne pour Epoufe du dit Screniíli-
me Roy de Portugal , la SereniíHnie Princeffe Madame Marie Fran-
çoife EÍifabeth de Savoye , et paflera cet a6le de niariage avec la per-
fonne à qui la Sereniílime Princelle aura donné un íemblable pou-
voir , et procuration ipeciale , pour recevoir , et prendre pour íbn
Epoux le dit SereniíTime Roy , lelon la íbrine , et les folemnités de
J' Eglife Catholique , Apoftôliquc , et Romaine , prcfcrits par les Sa-

crés Canons , et par le Concile de Trente, et fclon les aétcs accou-


tumés dans les mariages de Roys , dont Ic dit Seigncur Eveque , et
Duc de Laon , ou la perfonne qui celebrera le mariage , donnera Ics
ccrtificats , ou inftruments autentiques au dit Excellent Seigneur Mar-
quis de Sande , et à la ditte SereniíTime PrinceíFe, qui y mettront
leurs noms , comme aulIV les témoins neceíFaires.
IL
Auflitòt que cet ade fera celebré , et le certifícat donné à P
une , ou à P autre des parties , le dit Seigneur Marquis de Sande,
reconnoitra la ditte SereniíTime Princeflé Madame Marie^ Françoiíe
EÍifabeth de Savoye, pour Reine de Portugal.
IIÍ.
II a été arrêté , et accordé entre les Exceli ens Seigneurs Mar-
quis de Sande , Duc d' Eílrées, et Eveque Duc de Laon , que la
dot de la ditte Sereniílime Princcire Madame Marie Françoife EÍifa-
beth de Savoye , fera de fixcens mille Efcus, monnoíe de france,
bonne et aiant cours , qui font un million huiílcens mille livres to-
urnois à Içavoir quatrecens mille Ecus , qui feron portés cn efpeces
;

à Lisbonne , et les autrcs en eíícts , et de la maniére qu' ils feront


declarés dans P article fuivant.
IV.
II a été convenu , et accordé entre le dit Seigneur Marquis de
Sande , Duc Efírécs , Eveque et Duc de Laon , que pour faire
d"*

connoítre à toute P Europe la grande conílderation , et la difference


que font les maifons de Nemours , et de Vendòme du mariage du Se-
reniílime Roy de Portugal à tout autre , Ia dot de Ia Sereniílime
PrinceíTe feroit plus grande , que celles qui ont été donhées jufques
a prefent aux Princelíes de cette mciíbn en les mariant ; Et pour cet
eííet ils font convenu s , que la ditte dot fera de lixcens mille Ecus
à fçavoir cent mille Ecus monnoíe de france, que P Excellent Seig-
neur Marquis de Sande porta P annéc paííce à Lisbonne , et de la-
quePe fomme P Excellent Seigneur Comte de Caílelmeillor a donné
dtjà fon rcçú à Monfieur Gravier , et déclaré par icelui , qu' i! la re-
ccvoit pour compte , et faifnnt partie de la ditte dot ; Et pr^ur les
autres cinqcens mille Ecus reítans pour p?rfaire la fonime í-xccns
mille Ecus , les dits Excellens Seigneurs Duc d^ Eílrées , et Eveque
et Duc de Laon , s** obligent comme procureur-s de tenir prct ct fo-
urnir quatrecens mille Ecus , monnoíe de france, qui fant un million
Tom. V. B ii deux-
,

IZ Trovas do Lh. VIL da Hifloria Çenealogica

deuxcens mille livres touniois ,


argent bon , et aiant coiirs au port
ou la ditte Sercniííinic Princcíle s' embarquera pour aller en Portu-
gal ,
que T argcnt puille être emporté avec
a íin eile ; Et le dit Ex-
cellent Seigiieur Marquis de Sande au noni du SereniíTiine
de Roy
Portugal foii maitre , de gareiítir la Sereniílime Princcíle,
fera obligé
de tous les rifques que ía dot pourroit courrir fur la mer , depuis le
jour qu"" il verra enibarquer la Ibmme de la ditte dot dans les Vaiííe-
aux ou la ditte Sereniílime PrinceíTe s' embarquera pour paíTer en Por-
tugal , jufques au jour de fon arrivée h Lisbonne , ou à quelque ha-
vre de Portugal , ou débarquera la ditte SereniíTime PrinceíTe ; Et en
ce lieu les dits Seigneurs Duc d^ Eílrées , et Evêque et Duc de Laon,
s' obligent de faire remettre la ditte fomme de quatrecens mille Ecus

monnoie de france , en mcme nature et efpêces que dit eft , entre les
mains des MiniíVres du SereniíTime Roy de Portugal, qui íeront dé-
putés pour cela par Sa Majcílé , lesqueís en donnèront toute quittan-
ce , et décharge neceílaire à ceux qui Teron commis pour cet eííet par
la ditte SereniíTime PrinceíTe, et par les dits Excellens Seigneurs Duc
d' Eftrées , et Eveque et Duc de Laon ; Et pour les autres cent mil-
le Ecus , reílans pour P accompliíTement et parfait paiement de la
ditte dot , les dits Seigneurs Duc d^ Eílrées , et Evêque et Duc de
Laon , s^ obligent de les fairc paíer à Lisbonne dans le tems de qua-
tre années , ou plútòt fi la difcuííion des biens peut etre faite , aux
Miniílres du dit Sereniílime Roy felon la forme lusditte , fur laquei-
le fomme d' unmillion deuxcens mille livres tournois fera prife la
fom-
me de quatre vingt dix mille livres, et mifes òs mains de la Serenif-
íimc PrinceíTe pour íburnir à la dépenfe de fon voíage , ct autres qu'
il lui conviendra faire en partant , fans aucune diminution des douzs

cens mille livres à P égard de la reílitution de la dot.


V.
Sa Majefté le SereniíTanc Roy de Portugal déíirant paííionément
de faire voir à tout le monde, V eílime qu' il íait des trés hautcsqua-
lités , et vertus de la Sereniílime , et trés Excellente PrinceíTe Madame
Marie Françoife Elifabeth de Savoye , veut qu' avenant le décés de la
Sereniílime Reine de Portugal fa Dame et mere , la ditte Sereniílime
Princefíe Dame Marie Françoife Elifabeth de Savoye , ait aprés Elie la
Cité de Faro , Alenquer, Cintra, et autres Viilcs , gouvernemens
Chateaux , jurifdiciions , nominations , et difpoíitions d"* Abbayes , et
autres bciíeíices , et gcneralement toutes les terres , dont la ditte Sere-
niíTime Rí^ine mere joúit aprefent , pour être polTedés par la ditte Se-
reniílime PrinceíTe Dame Marie Françoife Elifabeth de Savoye durant
fa vie, ainsi que la Sereniílime P\.eine mere, et toutes les autres Rei-
nes de Portugal en ont toiíjours joúi , lesqueís Etats valent quatrc-
viogt à cent mille cruíados par an , et quelques fois plus.
VI.
Le Sereniílime Roy de Portugal établira la maifon de la Serenif-
\ fime Reine fa femme un móis aprés qu"* elle fera arrivée a Lisbonne
"
iavec la môrne grandeur , et magnifícence que celíes des autres Reines
qui P ont preccdées , et qu' il eíi convenablc h fo!i rang , et à fa dignité.
Auííiiòt
,,,

da Cafa ^al Tortu^ue^a.


VII.
AuíTitòt que Ia 'ditte Sereniílime PrincelTc Dame iMaric Fran-
çoifc Eliíabcth dc Savoyc fera arrivéc à Lisbonne , Elie joiíira de
tons les droits , privileges, et facultes dont les Reines de Portugal
ont joíii jufques a prcfent dans les doiiannes , maifons des coutumes,
maifons des conquètes , et par tout aillcurs ou il appartiendra.
VIIL
Jusques que Ia Serciiiífime PrinceíTe Dame Marie Fraii-
a ce
çoife Elifabeth de Savoye foit en poíleílíoif des Etats mentionnés au
ciiiquiéme article , le Sereniílime Roy de Portugal lui afiignera ua
rcvenu de tiente mille crufades par an pour fes dépenfes.
IX.
Et en cas que Ia ditte ScreniíTimc PrinceíTe Dame Marie Fran-
çoife Elifabeth de Savoye íurvive le SereniíTime Rov de Portugal
íbit qu' elle ait des Enfans, ou qu"* elle n"* en ait pas , EUe aura pen-
dant fa vie les dits Etats des Reines de Portugal pour les polleder,
et en Jouir , ainíi que les autres Reines en ont joui , et comme la
Sereniílime Reine mere les pollcde a prefent.
X.
En cas que la ditte SereniíTmie PrinceíTe Dame Marie Françoi-
fe Eliíabeth de Savoye íurvivant au Sereniílime Roy Ibn époux, la
SereniíTmie Reine mere polTede encore les Etats mentionnés au cin-
quiéme article , et que par ce moien la ditte Sereniílime PrinceíTe n j
les puiíTe encore pofleder , le SereniíTime Roy de Portugal promet
et oblige felon ía magniíicence et gencroíité accoâtamce , oiitre
s"* ,

les trente mille cruíades ci devant mentionnés de lui aíTigner d** au-
tres établiíTemens , et revenus jufques h ce qu"* cllejouiíTc des dits
Etats, et en la place d*' iceux qui Ibient convenables, et proportion-
nés à fon rang , et à la dignité Roíale , et parcils aux traitcmens íaits
aux autres Reines qui P ont precedée , et à ccux dont joúit prelen-
tement Ia ditte Sereniílime Reine mere; En forte nean moins que les
trente mille crufades mentionnés au prefent article fcront partie , et
entreront en compte des dits établiíiemens , Ktnts , et revenus qui
doivent être aílignés à Ia ditte Sereniílime PrinceíTe en vertu , et
fuivant le prefent article.
XI.
En
que la ditte Sereniílime PrinceíTe
cas Dame Marie Francoí-
fe Eliíabeth de Savoye íurvive le Sereniílime Roy de Portugal et ,

qu' elle n^ aitpoint d"" Enfans , et veuílle íbrtir du Roíaume de Por-


tugal , rendra fa dot entiére \ et outrc et par deiTus fa
ont lui dot
on lui donnera la fommc de cinq cens mille livres tournois , faiíant
le |tiers d' icelle dot, qu' elle pourra emporter librement et íurc-
ment en quelque lieu quclle fe retire; comme auíH íes bagues, jo-
yaux argcnterie , et meublcs , tant ccux qu"" elle auroit porté avec
,

cUe, que ceux qu' elle auroit pu avoir, ou acquerir depuis ; à la re-
ferve toutes fois de ceux , ou de celles qui fe trouveront ètre de Ia
Couronnc de Portugal ; Et pareillement Elle pourra diípoler , ct tef-
ter íelon ía volonté et intention dc tout ce qui lui fera advenu , et
écliu
;

1 4 T^rcvas do Lh, VIL da Hijloría Çenealogica

échu par fucceííion , doiiation , ou aiTtremcnt cn qucique maniére


que ce puiíTc ètre , ct jufques à P a<^ncl payement , et rembourfe-
mcnt dcs dittes foinmes; Ellc joiíira pleincment et Jibrcment , foit
en Portugal , cu en quelqu"* autrc licu qu' cile fe retire , des droits,
pri^^ileges , prcrogatives , Etats , et revenus aítcâiés aux Reines de
Portugal , et mentionnés dans Ics ai ticlcs precedens , lesqucls feront
payables , et rcnibouríables cn trois paycniens égaux , et cn trois an-
ncés confccutives ; ct à proportion que les dits paycmens feront faits,
elle fe demettra des dits droits , privilcges , prérogatives , Etats , et
revenus , abfolument et entiérement aprés P a(5lus , et parfait rem-
bourfement dcs dittes Ibmmes.
XIL
Comine auíli a'ant la ditte Serenifllme PrinceíTe des Enfàns de
fon mariage, et furvivant au Sereniílime Roy de Portugal en cas qu"*
elle voulut íbrtir du Roíaume , on lui rendra feulement le tiers de
fa dot , et le tiers des cinq cens mille livres tournois donnés par
deíTus la ditte dot , dont elle pourra difpofer , ainfi que des bagues,
joyaux , argenterie , et meubles qu' elle auroit pú avoir depuis , au-
ti es toutcs fois que ceux qui fe trouveront étre de la Couronne
Pareillement Elle pourra diípofer , et teíler de tout ce qui lui aura
pii échoir par lucceíTion , donation , ou autrement en quelque ma-
nicre que íe puilfe ètre , et P emporter avec elle en quelque lieu qu'
elle fe retire ; les deux autres tiers de la dot , et du tiers d' icelle
niontant à Ia fomine de cinq cens niille livres tournois accordés par
forme d'' augment de dot , demeureront afFeâ:és à fes Enfans , dont
elle aura feulement la jouiílance et perfception des revenus fa vie du-
rant , qui lui feront portes fúrement , et librement , en quelque part
qu** elle puilfe être.
XIII.
Arrivant le prédécés de la ditte Sereniílime PrinceíTe Dame
Marie Erançoiíe Eliíàbeth de Savoye , un tiers de fa dot montant à
la fomnie de cinq cens mille livres tournois , demeurera par forme
de gain nuptial au Sereniílime Roy de Portugal ; et les deux autres
tiers , avec íes bagues , et joyaux , et meubles , tant ceux qu' elle
aura portes , que ceux par elle depuis acquis , autres toutesfois que
ceux de la Couronne de Portugal , comme auííi tout ce qui lui au-
ra pú échoir pendant fon mariage par fuccííion , donation , ou au-
trcment de quelque maniére que ce puiíle être , appartiendront en
propre à íes Enfans , ou au delfaut d' iceux paíferont à fes heritiers
de íon côté , et ligne , íans toutes fois qu"* en confequence de cesar-
ti jlcs le pouvoir et faculté de teíler , et de difpoíer librement felon

fon intcntion et volonté de tous les biens qu' elle aura , lui foient
ôtés.
XIV.
Le dit Sereniílime Seigneur Roy de Portugal donnera en fa-
vcur de mariage à la ditte SerenilUme Princeífe Dame Marie Fran-
çciíb Elifabeth de Savoye , la valleur de quarante m.ille Iicus de ba-
gues , et joyaux , qui íéron eftimés lors de la déliv rance qui en fera
l ai te
,

faite à SercniíTimc PrinceíTc , Icfquels clle pourra emporter


la ditte
arrivant Ic prcdéccs du dit SercniíTime Seigneur Roy de Portiigaí
avcc fa dot , et aiitres choles a elle accordces par Jes prefens ani-
cles.
xy.
La ditte Scrcniílíme Princefle fe charge de Ia dépenfe des pcr-
fonnes qiii la íuivroiit , depuis Ion dcpart de Paris jiilqucs à Ion arri-
vée à Lisbonne ou au prender havre du Roiaumc de Portugal
, , ou
cUc pourra debarquer.
XVI.
A
cté aufli convenu , et accordé , que dans la fom.me d'' un niil-
lion cinq cens mille livres tournois proniife cn dot, laquei! e Ibmme
doiventi coinpter , et recevoir les Minillres du Sereniuime Roy de
Portugal , comme il eít declare ci dcVant , il n** y entrera point la
valleur des bagues et joyaux de la ditte Sereniílime PrincelTe Dam?
Marie Françoiíe Elifabeth de Savoye , ni les autres mcubles qu"* elle
pourra faire apporter avec foy de quelque nature qu' ils Ibicnt , lel-
quels neanmoins ícront tels que les dits Excellens Seigneurs Duc d'
Eílrées , et Eveque et Duc de Laon croiront ctrc propres , et con-
venables à la grandeur d' une tcUe Princelle.
v:
XVII.
Et comme il avoit été refolji , et accordé , que V Excellent
Seigneur Eveque et Duc de Laon paíferoit cn Anglctcrre , pour con-
clure , , ce que V Excellent Seigneur Marquis de
et ratifíer en âk lieu
Sande avoit dcjà concerte cn france par 1' entremile de IMoníieur le
/Marquis de Ruvigni avec V agrémcnt , et la participation de leurs
Majellés Britanniques et parce qu"* il avoit été convenu par le pre-
;

mier article de ce contraót , que le nir.riage du SereniíTime , trés


liaut , et trés puiílant Seigneur Dom A^phoníc Sixiéme Roy de Por-
tugal avec la SereniíTime et trés Excellcnte Princeíle Madame Marie
Françoiíe Elifabeth de Savoye , feroit ceícbré dans la Cour d' Angle-
terre , et en preíence de leurs Majeílés Britanniques ce qui ne íe,

peut éxécutcr prerentement ; d' autant que Dieu , aiant vouiu aí^ifrcr
ce Roíaume d** une contagiou íi grande , et íi cruclle , que le Sere-
niíTime Roy de Portugal , ne peut fouífrir , qu"* une peribne aufii ia-
crée , et auíH precicuie pour lui , qui cclle de la SereniíHmc Princei-
fe , íbit expofée au pcril qu"* elle pouiToit courre en paílaiit en An-
gleterre , h caufe de la íusditte maladie contagieuíe ; Pour cet eíiet
il veut , et ordonne , que le miariage íbit célébré en ia maniére qu'
il eít porté dans le premier article
,
pour ce qui regarde les formes et
les folemnités accoútumées ou à la Rochelle , oii en quelqu"" autre
,

lieu ou il faudra qu' elle embarque Ge qui fc fera pour lors avec
s"* :

ia grandeur , et la dignité convenables à leurs Majeílés.


XVIIL
Etd' autant que fuivant le quatriéme article de ce Contrafl:
les ditsExcellens Seigneurs Duc d' Eílrées, et Eveque et Duc de
Laon , fe font obligés de faire fournir la fomnie de quatrecens mil-
le Ecus
,
qui font un miliion deuxcens inilie livres tournois cn ar-
geat
I 6 T^rovas do Lh. VIL da Híftoria ÇeneaJogtca

gcnt bon aíant cours ; Et qu"* il pcut ètrc du fcrvice du Sere-


, ct
I iíinr.e Roy
de Portugal , qu"' oii cinploíe dés ici en une fois ou
piuficufs , partie de la ditte Ibmme , il a été conv«nu , et acccrdé,
que cellcs qui feront dcmandces poiír ce fujct par M. Pierre d' Al-
meida d"" Amaral , con.*' de Porte , Secretaire de cctte AmbalFadc,
ccmme Trefcrier de la dot de la SercniíTime PrincclTe , cn vertii du
pouvoir à lui donné par le Sereniílime Roy de Portugal , lui feront
íburnies ; Et de tout ce qui lera reçú par le dit Seigneur Pierre d'
Almeida d' Amaral , et dont il aura donné fes quittances , le Sere-
niílime Roy de Portugal en fera tenir compte fur le prix de la dit-
te dot , commie fi le dit SercniHimie Roy de Portugal P avoit fait
reccvoir lui meme.
'
XIX.
Et enfín les dits Seigneurs Duc d' Eftrées , et Evèque et Duc
de Laon s' obligent , et promettént au nom de Monfieur ie Duc áz

Vendònie ,
que ceux de ia maifon , s' emploieront en
lui , et tous
france , et par tcut nilieurs pour tout ce qui regardera les interets
du Sereniílime Roy de Portugal , comme ils feroient pcur les leurs
propres , et dans toutes les occafions qui s' en preíenteront ^ Et à cet
effct le dit Sercniffime Seigneur Roy pourra tenir en france , et prés
de Monfieur le Duc de Vendòme la perlbnne qu' il jugera neceíFai-
re ; Comme pareillement Moníieur de Vendòme pourra tenir prés du
Sereniílime Roy de Portugal telle perlbnne qu* il jugera convenable..
Je Loúis Matliarel Conf." du Roy en fes Con.*=' , et Secret. ^ gnalde
la Marine , conimis , et choifi à cet eíFet par les dits Excellens
Seig.'^ les Duc , et Marefchal d' Eftrées , et Duc et Evcque de Laon,
ai fais écrire les prefens articles en la maifon de 1' Excellent Seig-
neur Marquis de Sande , AmbaíTadeur Ext."^ du Sereniílime Roy de
Portíjgal vers le Roy de la Grande Bretagne à Paris le vingt qua-,
triéme jour de Fevrier Mil fixcens foixante íix.

Fr.""de Mello de Thorres. Le Duc d' Eftrées.


Marquez de Sande.
Cefar d'Eftrées Evêque Duc de
Laon ,
pair de france.

B enuncia , fez E/Rey D. Afonfo VI. em o Infante D. Feàro


cjue

Jlu irmão. Ejtá no livro 2 num. 2 de papeis vários da Livra*


ria m.J. do Duque de Cadaval ^ pag. 4^,

"fy LRey
noííb Senhor tendo refpeito ao eftado em que o Reyno
JlV e ao que em ordem a ilfo fe lhe reprezcntou o Confe-
fe aclia
Iho de Eftado , e a outras muitas confideraçoens que a ilfo o obri-
garão de feu moto propio poder Pvcal e abíbluto. Ha por bem fa-
zer deziftcncia deftes feus Reynos afi da maneira que os poíllie , de
liojc em diante para todo fcmpre em a peíFoa do Senhor Infante D.
Pedro
da Cafa 'Real Tcttuguei^a. I7
PcJro fcu Trrrr.0 , c em feus filhos ligitimos dcfccndcntes coin de-
,

claração que do millior parado dos rendimentos dclles rezerva cem


mil cruzados de renda em cada ]\u anno dos quais poderá teílar por
fua morte pelo tempo de dez annos , e cutro fi rezerva a Caza de
Bragança com tcdas as fuas pertenças , c cm íc e verdade de S. Ma-
geltadc afi o ordenar c mandar ccmprir e guardar , me ordenou íizc-
íe efte que S. Mageílade firmou Antonio Cavidc o Icz em Lisboa a
22 de Novembro de 1667.
REY.

Oração que fez o Cardeal de Ejiree Prctecior de Tcrfufraly quan-


, ,

do Sua Santidade mandiui celebrar os Exeçu/as cm Roma ao


Sevcnifflmo Key D. Ajv/i/ò. E/ta no tom. 6 dos Copia'
dores do Duqus. de Cadaval D. Nuno , pag. 84,

Stilo he antigo c bem juíliFcado fazer a See Apoftolica folem- fi^Uj^^


I]7
'
nes exéquias aos Reys Cliatolicos , quando morrem principalmen- * ^
te aos que naó fo por direito hereditário imperaó ; mas também fe
illuíb'aô com o efpler.dor dos méritos de que a Republica Chriílam
he devedora a feus predeceirores ; porem havciido vos Beatiííinio Pa-
dre , detriminado que neíle Sagrado Collegio le celebracem as do Se-
reniílimo Aífoníb Rey de Portugal , he propio e particular benefi-
cio de V. San61idade , o haver na morte de ElRey D. Aílbníb re-
duzido a fua obfervancia cíle eílilo , a quem a fem rezaó dos ho-
mens , e injuria dos tempos haviao interrompido depois do faleci-
mento de EÍRey Henrique feii Thio , e naó ha duvida , que era juf-
to que V. Santidade rellituiOe eíla honra ao Rey defunto , pois que
defde o principio de fcu Pontificado abraçou com fmgular afeição a
AugufLiíTima Caza de Portugal , que a quazi feifcentos annos , que rei-
na na Luzitania , que cem fuas armtas recuperou da mjaó dos infiéis
e reftituio a Igreja , e com a afcendencia dos Reys dc França , de
quem tras fua origem ha mais de novecentos annos , fe faz mais Ín-
clita , e venerável que todas as mais pellos Impérios , e triumfbs
que confeguio. Na verdade Beatifmo Padre que me perfuadiria eu
que faltava totalmente a minha obrigação , fe com toda a veneração
nao rendera a V. San(?:idade as graças poíTiveis , as quaes depois
mais digna e com.cdan^ente lhe dara o SereniíTmio Rey de Portugal
Pedro. Eíla he a rezao porque naô me alargo mais nef e difcurlo :

permitame fo teílifícar que ej1:e penhor da voiTa benevolência , e eíli-


maçao com que fazeis repetidos beneficios a Sua J^.Iageí!:ade , e a to-
da aquelia naçaó , o ha de receber aquelle SereniíEmo P^ey , nao íb
com animo grato , mas também muito prompto para comprir os pre-
ceitos de fcu amaníiflímo Pay. Ao que V. Sanfridade e efce Sacro
Colégio fe perfuadirá facilmente , pois lhe he bem prezente que
nenhuã outra nação he mais obediente a See Apoftolica do que a dos
Portuguezes ; nem mais obfcrvante da fija antiga piedade, e diviíia
Tom. V. C fcgeiçao.
1 8 T^t ovas do Ltv. VIL da Hijloria Çenealogica

fogeiçaó. Entre os quaes quanto mais fe fublima o SereniíTInio R cy


pella prerogativa da Coroa , e do Império , tanto mais eminente he
no mérito da Religião , e he certo que nehu dos mais Principes
aplaudio com mais contentamento os voíFos SaníViííimos triumfos
com que amparaftes a Fe , c o Império do Chriftianiímo ; e nehu
louvou mais os voílbs indefelFos cuidados , perpetua vigilância , e
zelo com que vos aplicaílcs a defender a Caza de Ifrael da invazao
dos Bárbaros. E fe a uiterpoziçao de tantas terras o permiti íTe naó
haveria quem com mais vontade acezo com os gloriozos exemplos
de feus anteceílbres , e fcguindo as mcfmas pizadas com igual valor,
que piedade fe aliílafe entre os Generaes , que com os vollbs auf-
picios desbaratarão as armas Othomanas ; ou quem com mayor deze-
jo deíTe nome para efta guerra , que verdadeiramente he toda voíTa.
Entre tanto auguro , e confio tera efte Principe pellas fanílas roga-
tivas , e acertadiíTimos confelhos de V. Sanélidade hu diuturno e fe-
liz reinado , acompanhado de generoza defcendencia que por innu-
ineraveis annos fe perpetue.

Decreto para o Conde de Prado , cjiiando voltar do Governo das Ar-


mas da Provinda de Entre Douro c Minho , exercite o car^o
de Ejiribeiro mor , como o Jazia.

Num. ÇI«* Çi^^ Mageílade que Deos guarde houve por bem rezolver, que
» V, vindo o Conde de Prado para a Corte , depois de acabado o leu •

An. loóo. Governo da Provincia de Entre Douro e Minho (onde agora vai)
tornara a exercitar o Officio de Eílribeiro Mor , e tera na Camara
de S. Mageílade a mefma afiftencia que hoje tem , uzando de huma
e outra couza afim e da maneira que hoje o faz , de que S. Magefta-
de mandou fazer efta lembrança ncfte livro , para confervaçaó do di-
reito do Conde , e para a feu tempo fe executar efta rezoluçaó. E
o que toca ao exercicio da Camara fe entende , havendo entaô o
modo de í(£r\âffb que hoje ha. Lisboa a 25* de Julho de i6óo.

Doaçaã da Vi/la de Bêja Cidade , com todos feus Termos , por


,
/loje

ElKey D, Joaõ II. ao Senhor D. Manoel , Ducjue de Bêja.


Ejlá no livro 2 dos MyjVicos , pag. 101 ^ na Torre do
Tombo.

Nlim ^ ±• "f^Om João por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algar^^es
* 5 daquem e dalém , mar em Africa , Senhor de Guine , &:c. A
,

An. 1485?. quantos noífa Carta virem fazemos labcr que efguardando nos
efta
aos grandes merecimentos de D. Manoel meu muito prezado , e ama-
do Primo Duque de Beja , e Vizeu , e Senhor de Covilhaã , e de
Villa Viçoza , Condeftabre de nolfos B^eynos , Governador da Or-
dem 5 e Cavallaria do Meftrado de Chrifto , e afli ao grande , e con-
junto
,

da Cafa ^eal Tortugue^^a.

junto devido que tem comnofco , c o amor e /ingullar afeição que


,

lhe temos por as grandes virtudes , e bondades que delle conhece-


mos , e que por eftes rclpeitos c a grande rezao de o acreíTentar-
,

mos , e lhe fazermos bem , e mercê fegundo requere a grandeza de


feu Eftado querendo em alguá parte a efto fatisfazer como a todo
virtuozo Rey , e Princepe convém de fazer primeiramente aquelles
que taó grande , e leal , e verdadeiramente , e com tanto amor , e
grande acattamcnto tem fervido , e ferve , e ao diante elperamos fer-
virâ , e aíRm por lhe fazermos graça , e mercê nòs de noííb motto
próprio , e livre vontade , certa fciencia , poder abfoluto , fcm nol-
lo elle requerer , nem outrem por elle , e de prazer , e confentimen-
to do Princepe meo fobre todos muito prezado , e amado filho , lhe
fazemos pura, e irrevogável doação de juro, e herdade entre vivos
valJedoura dèfte dia para todo fempre para elle e todos feos herdeiros
filhos , nettos , e defcendentes por linha direita fegundo forma da
Ley mental da noíTa Villa de Beja com feo Caftcllo , e Fortaleza , e
com todos feos Termos entradas , e fahidas , recios , pacigos , mon-
tes rotos , e por romper , e com toda fua jurifdiçaó alta , e baixa
mero m.iílo Império rendas , e direitos , e tributos , foros que nos ,
e os Reis de Portugal cm ella de direito havemos , e devemos da-
ver aífy , e tao compridamente como a nos pertence rezervando pa-
ra nòs correição , e alçada , e lhe dam.os poder que os Juizes , e la-
balliaés fe chamem por elle , e que elle dc por fuas Cartas os tabal-
liados quando vagarem , e fe ao prcfente algus direitos , rendas , tri-
butos ou outras couías faô fora da noíía niaó por termos a outrem
,

feita mercê doação deilo quercm.os , e nos praz que quando das taes
,
meras doaçoens efpirarem , e as coufas aííim dadas ouvellbm de tor-
nar a nos que o dito Duque meo Primo as haja , e cobre para sj , e
as logre , e poíFua com os outros direitos , e rendas que por cila
doação lhe outorgamos e damos , a qual mercê , c doação da dita
,

Villa de Beja com feo Caílello , e Fortalleza , e coufas em efta Doa-


.

ção acima efcritas lhe aílim fazemos fem embargo de quacfquer leys,
e ordenaçoens , grozas , oppinioens de Doutores , e façanhas., e Ca-
pítulos dc Cortes geraes , nem cípcciaes , eílillos , uzos , coftume
que contra efta Doação , ou parte delia fejaó , ou contradigaó por-
que tudo caílamos , e annullamos, e havemos realmente por nenhum,
e de nenhum vallor em efte cazo quanto a efta doação , ou parte
delia toca ; e porem mandamos aos noffos Vedores da nofth fazen-
da , e Contador, e Corregedor da Comarca, que o metaó logo em
poíle da dita Villa jurifdiçaó , rendas , e direitos , e a todoílos 9,-
,

*^^\gQs ^ Cavallciros , Efcudeircs , vaíTalíos


,
moradores, e povo da
dita Villa , e fcu termo que lhe obedcçao por quanto nòs lhe faze-
,
mos delias mercê ccmo dito hc. Dada em a dita Villa de Beja a
vinte e íinco dias do mes de Mayo Pantalliaó Dins o fcs anno do
Nafcimento de nolfo Senhor Jefus Chrifto de mil coatrocentos ou-
'

tenta e nove annos.

Tom. V. C ii Doação
ao Trovas do Liv. VIL da Hifloria genealógica

Doação delRey D. João IV. ao Infante D. Fedro Jeii filho ãa ,

Cidade de Beja com o titulo de Ducjiie na forma , (jiie EIRey


, ,

D. João o II. a deu ao Senhor D. Manoel e de toda a Caja ,

de Villa-Keal e de Caminha, confíjcaia para a Coroa, e de»


,

baixo da dita doação com as mejmas jurr/dicçoes (jue a Cajci


, ,

de Bragança , e (jue o primogénito do pojfuidor da CaJa, afjim que


nafcer ,/e chame Duque de Villa-KeaL Ejlã na Torre do Tom»
ho f
na Chancellaria do anno i^;^, pag. pp , do livro 6.

da
índia , &c. Faço faber aos que efta minha Carta virem que tendo
reípeito a que íbu obrigado como Pay dar fuílentaçaó , e Caza aos
filhos que por íua mifericordia me coníedeo , e a que o íbu também
como Rey a acreíTentar meos defcendentes para confervacaó , e de-
fenfa da Coroa , procurando que vivao no Reyno , e tenhao nelle
Cazas , e muitos fucceíTores em que íe perpetue , e dillate o mais
que puder fer o fangue , e familia Real em que tanto confiíle o ex-
plendor do Reyno , e a uniaó com os eíl-ranhos lembrandome que
fucedi neíla Coroa por defcendente do Senhor Rey D. Manoel mei
trefavou dezejando confervar como devo fua memoria nao fo a de
Rey que fe perpetua em mim , e meos fuccelFores primogénitos , mas
a de Duque de Beja que foi antes de fucceder na Coroa no Infan-
te D. Pedro meo Inuito amado , e prezado fillio , e feos deícenden-
tes multiplicando em meos filhos as memorias de taó grande Prínci-
pe tendo por certo do Infante que o faberâ imitar muito como de-
ve , e que me faberâ fervir a mim , e ao Príncipe meo febre todos
muito amado , e prezado filho , e meos fucceílbres na Coroa deftes
Reynos toda honra , e mercê que lhe fizer. Hey por bem de o de-
clarar Duque de Beja , e de lhe dar aquella Cidade com toda fua
jurifdiçao crime , e eivei , dattas , Padroados , rendas , foros , e tri-
butos afíim e da maneira , e no modo , e forma em que o teve , e
houve o dito Senhor Rey D. Manoel pela Carta de Doação que
delia lhe fes EIRey D. João o Segundo, e milhor fc dentro dos le-
mitcs da dita Carta de Doação melhor poder fer, e ifto de juro, e
herdade para o Infante , e feos defcendentes barões legítimos prece-
dendo o Netto , filho de filho mais velho defunto antes de lucce-
dcr ao filho fegundo do poHiiidor , e porque os rendimentos daqi^el-
la Cidade lemittada pello Termo que hoje tem nao baOa para o In-
,
fante fuftentar os encargos de fua Caza principalmente depois de to-
.mar Eílado. Hey por bem fazerlhe mais mercê de todas as Villas,
Lugares , Caftellos , Padroados , dattas , terras , foros , direitos , tri-
buttos , c tudo o mais que fc confifcou para minha Coroa pela con-
demnaçaó
da Cafa ^al Tortugue:^a. 2i
demnaçao do Marques de Villa-Real e Duque de Caminha fco fi-
,

lho que elles , e os Donattarios daquella Caza polluhiao , ou foíle


da Coroa, ou Patrimonial, e illo fem prejuizo de terceiro tudo no
modo e forma como nas mefmas JurilUi^oens preheminencias , e
, ,

prerrogativas com que lhe faço mercê da Cidade de Beja , e com


que íc fes aò dito Senhor Rey Dom Manoel quando fc lhe concc-
deo , cm tal maneira que a dita Cidade , Vi lias , Lugares , e Caftel-
los , e o mais que fica referido fe reputara tudo por huã mefma cou-
fa , e fe governara tcra , e poíTuirâ porhuã
, mefma Doaçam adver-
tindo , que por a do Senhor Rey D. Manoel naó conceder a feos
Ouvidores correição , e fer neíla parte menor que as das Cazas gran-
des que hoje ha no Rcyno, Jiey por bem conceder aos Ouvidores
do Infante, c feos defcendentes a dita Correição, e toda a mais ju-
rifdicçaó que hoje tem , e de que uzaó os Ouvidores da Caza de
Bragança que aqui hey por exprelfa , e declarada c porque tomando ;

o Infante , e feos defcendentes eílado , e tendo filhos he rezao que


feos primogénitos hajao logo que nafcerem tittulo , e Caza confor-
me a grandeza de feos Pays afcendencia de que procedem , e a Caza
em que haô de fucccder , quero , e mando que o primogénito do di-
to Infante , e os m.ais que o fore de ícos defcendentes fe chamem
logo que nafcerem Duques de Villa-Rcal , e tcnhao , e hajaó a ju-
rifdicçaó , e dattas daquella Villa uzem , e gozem das prehe-
rendas ,

minencias , í^raças , e prerrogativas , que por aquelle TittuUo lhe


competem aí^;m , e da maneira , que feos Pays hao de uzar , e pelo
theor , e forma de fuas mefmas Doaçocns , c por firmeza de tudo o
que dito he lhe mandei dar eíla Carta por mim aílinada palfada por
minha Chancellaria , e fellada com o Sello pendente de minhas Ar-
mas. Dada na Cidade de Lisboa aos onze dias do mes de Agoífo
Pantaliao Figueira a fes anno do nafcimento de noílo Senhor Jefus
ChriO:o de mil e feifcentos fincoenta e coatro Pedro Vieira da Silva
a fes efcrcver.
ELREY.

Ao Senhor Infante D. Luiz. Carta porque E/Rey o fez Duçtie


de Bê/a , e lhe deu as Villas da Covilluia , Cea , Almada ,

0'c, livro p do Senhor Key D. ]oad II í. pag. 120,

DOm João , 8cc. A quantos eíla minha Carta virem Faço fabcr Dit. 11. 5
que efguardando eu os grandes merecimentos da peílba do If- .-o-
j
,

fánte Dom Luis meu muito amado e prezado Irmaó e ao muy gran-
'
* ^

de amor que lhe tenho e por eíjperar delle que toda a mercê honra
e acrecentamento que lhe íizcr me conhecera e fervira como qiiem
elle he e com muito amor que fey que me tem e fegundo a obrigaçam
com que o deve fazer e tanto a meu prazer e contcntamxnlo que o
miiito amor e boa vontade que lhe teuho íeja por iilb cada vez mais
acreccatada por eílas rc^zojs c por confeguir c trazer a cíleito a von-
tade
22 T^rovas do Lh. V IL da Hijlorla (jenealogica

tadc que EÍPvcy meu Senhor c Padre que fanta gloria haja tinlia de
lhe dar eílado e fazer mcrce como hera contheudo cm liuma fua Car-
ta que tinha mandado fazer que ahinda nom era por elle afíinada ao
tempo de feu fallecimento na qual me fallou eílando em palTamento
c nic emcomendou que affinaftc por elle ao tal tempo o nam poder
ja fazer por fua indifpoziçam o que eu aíTy íiz por todos os fobre-
ditos rcfpcitos e por muito folgar de lhe fazer mercê Tenho por
bem e lhe faço mercê do titullo de Duque da minha Cidade de Be-
ja com todas as Inílgnias honras prehcminencias precedências pero-
gativas graças izençoes liberdades privilégios c franquezas que ham
e tem e de que uzam e fempre uzaram e devem uzar e gouvir os
Duques deftes meus Regnos e aíTy como de direito e coftume anti-
go lhe pertencer das quaes em todo e por todo quero e mando que
elle inteiramente uze e poíTa uzar e de todo goiivir e lhe fejam guar-
dadas em todos os autos e tempos em que com dereito e por uzo e
cof ume delias deva uzar e gouvir fem mingoamento algum. Outro
í"y por eíla prczente Carta lhe faço pura e inrevogavel mercê e
doaçam para em todos os dias de fua vida das minhas Villas de Co-
vilhfía e de Cea e de Almada e de Moura e de Serpa e de Marvam
e da terra e Concelho de Lafoês e da terra e Concelho de Beílei-
ros com todos íeus termos e Icmites e com todas fuas rendas porta-
gens direitos foros tributos pertenças m.ontados rios paíl^gcs montes
fontes entradas e fahidas matos rotos e por romper e todas e quaef-
qucr rendas e couzas que nas ditas Villas e feus tennos e lemites e
terras e Concelhos tenho e de dereito me pertençam e aíTy como
todo para mim fe arrecada e deve arrecadar e eu o hey e de derei-
to deva haver e melhor fe elle com dereito melhor o puder haver
peíTuir e arrecadar reíalvando fomente para mim as rendas das minhas
fizas que nam ham de entrar nem fe entender neíla doaçam e ficaram
para fe arrecadar para mim aíly como agora fe arrecadam e ao dean-
te arrecadarem e com todos os Caílellos c Alcay darias mores das di-
tas Villas e Lugares e terras e rendas e direitos delles e com todas
fuas jurdiçoes de Civel e Crime mero mixto Império refalvando pa-
ra mim fomente a Correiçam e alçada e com a dada de todos os of-
fícios das ditas Villas e Lugares terras e Concelhos que forem de
minha dada e provimento tirando os da arrecadação das íizas e com
todos os Padroados das Igrejas das ditas Villas Lugares terras e
Concelhos que forem de m.eu Padroado e aprezentaçaô tirando e re-
falvando aquellas que a feitura deíla minha Doaçam fam tomadas e
emcorporadas em Comendas da Ordem do Meílrado de Noílb Senhor
Jezu Chrifto porque neftas naó haverá lugar e porem das Vigairarias
c Reytorias das ditas Igrejas me praz que elle poíla prover e pro-
veja a quem lhe aprouver por fallecim.ento daquelles que as tiverem
e em qualquer outra maneira em que vagarem e os que delias pro-
ver fe confirmaraó nelias a fua aprezcntaçam pcllos Perlados das Dio-
cezis em que ferem fcgundo de dereito fe deve fazer e quero e me
praz que fe poíla chamar e chaire Senhor das ditas Villas e terras e
quero aíly meíino e Uic outorgo que os Juizes e l aballiaés das ditas
Villas
da Cafa ^cal Tortr^guei^a, 23
Villas Lugares terras c Concelhos fe chamem por elle e qiic os di-
tos Tabalíiacs poHa dar c dê por fuas Cartas por elle aílinadas e
aíelladas do íeu Sello íem lerem obrigados aquelles a qnc delics
prover a tirar minha confirmaçam fem embargo de minha ordena'^atn
no livro íegundo titulo primeiro que comeíía como as Ravnhas elf-
fantes e fomente tomarão de minha Chancellaria íeus Regimentos e
que poíla confirmar e confirme por fuas Cartas os Juizes que lahirem
feitos por elleiçoês íegundo forma de minhas ordenações e alfy mef-
mo lhe outorgo que feus Ouvidores poliam conhecer e conheçam
dos agravos aíly como delles haviam de conhecer os meus Correge-
dores das Comarcas fc a elles foliem e os defpachem como lhe pare-
cer dereito e juíliça Outro jy lhe faço aíFy doaçam e mercê' para e n
todos os dias de Iba vida da Alcaydaria mor e Caflello e rendas del-
le da minha Cidade de Tavilla todo alíy e na maneira que agora fe
arrecada e a mim pertence e melhor fe elle com dereito o melhor
puder haver arrecadar e pelfuir e porem por quanto algumas das ren-
das e direitos das ditas Vi lias e terras c Alcay darias mores e rendas
delias fam agora occupadas com as pelfoas a que Iam dadas Declaro
que nam haverá efla mercê e doaçam lugar naquellas couzas que a fei-^
tura dellíi fom dadas c confirmadas por mim as peíToas que as tem
- e fomente haverá effeito quando por falecimento delias ou em qual-
quer outra maneira vagarem e entam as haverá e viram a elle Porem
mando a todos meus Corregedores Juizes Juíliças officiaes e peíloasa
que efta minha Carta for moítrada e o conhecimento delia pertencer
que metam, o dito Tffante meu Irmão e aquellas pellbas que elle em
feu nome e com feu. poder enviar em polle da Jurdiçam das ditas Vil-
las e Lugares terras e Concelhos alfy como por eíla doaçam lho ou-
torgo e o leixem delia uzar por fy e por feus Ouvidores como nella
fc conthem e como por minhas ordenações o devem e podem fazer e
aíly mefmo lhe mando aos Juizes e officiaes das ditas Villas e Luga-
res que vagando as Alcaydarias mores delias lhe dem a poíTc com
fuas rendas e dereitos aíly como lhe pertencerem e aquellas peíToas
que elle delias prover e aos meus Contadores Almoxarifes e officiaes
de minha fazenda que das rendas e direitos das ditas Villas e Lugares
terras e Concelhos lhe dem a poíFe vagando por aquelles que as ago-
ra tem para as haver e arrecadar affim como por efta doaçam lhas ou-
torgo e aíly das Igrejas que forem de meu Padroado e aprezentaçam
que vagarem por aquelles que as tem no modo que dito he c a todos
em geral e a cada hum em efpecial no que por bem de feus oííicios
lhe tocar mando que em todo e por todo lhe cumpraó e guardem e
façam muy inteiramente cumprir e guardar efta minha doaçam corno
nella he contheudo fem duvida nem embargo algum que lhe a ello fe-
ja pofto porque alfy he minha mercê e os ditos meus Contadores fa-
çam regiftar nos livros dos meus próprios efta doaçam para fe íaber
como alfy tenho dado todo o que dito he ao dito Iffante meu Irmão
em fua vida e o dito Iftante meu Irmão me fez preito e menagem
pellas Fortallezas e Caftellos das ditas Viiias Íegundo foro uzo c
coftume deftes meus Reynos a qual fica ailcntada no livro das me-
nagens
24 Trovas do Liv, VIL da Hljlorta Çenealogica
nagcns Dada cm a Cidade dc Coimbra a finco dias de Agoíío o
Secretario a fez Anno de NolFo Senhor Jezu Cliriíto de mil qui-
nhentos c vinte c fete.

Doação da Quinta de Que luz , e Juss pertenças , ao Infante D,


Fedro , em Manjuez de Cajhllo
quanto durar a aujencta do
Rodrigo, Eftá no Arcliivo da Torre do Tombo , Chance l'
Lria delRey D. Joaô IV. do anno 16)4^ pag. 22.
r

ElRey faço faber aos qne cfte Alvará virem que por fazer
Nuin KA
5 T** mercê íio Infante D. Pedro nieo muito amado , e prezado filho;
J]^
An. 16^4. j^cy per bem darlhe para fy , e fucceíTores de fua Caza a Qiiinta de
Quelíis , e fuas pertenças que foi do Marques de Cafcello Rodrigo,
\ e a polfuo hoje por minha fazertda ; com declaração que conílando
qucí he de Morgado lha concedo em quanto durar a auzencia dos
lucceírores e ceifando ella largara o Infante livremente o que for
de morgado fem duvida , ou embargo algum , ou fe comporá com o fuc-
ceífor do morgado fe o quizer fr.zer que fera feirpre intervindo evidente
utillidade do morgado , e nefta conformidade lhe faço também me?--
ce das cnzas que chamao Corte-Real , e foraó do mefm.o Marques,,
e eíle Alvará le comprirâ como nelle íe contem , e vallerâ poHo que
feo eíFeito haja de durar mais de hum anno fem embargo da Orde-
nação do livro fcgurído titullo quarenta en;^ contrario. Manoel do
Couto a fes em Lisboa a dezaílete de Agofto de feifcentos fmcoen-
ta e coatro. Jacinto Fagundes Bezerra a fes efcrevcr.

REY.

Carta ào offent amento de Duçue de Beja ^ ao Infante D. Pedro.


Ejiâ na dita Chancellaria ^ no livro do anno ió^2y até làjó,
pag, 140.

Nu m. 5 5» ^""^ João por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algar-


An. 1655. J
C<
Ii

do reípeito o ter declarado ao Infante Dom Pedro meo muito ama-


do, e prezado filho Duque de Beja hey por bem, e me praz , que
tenha, e haja de minha fazenda com o dito Tittullo de Duque fet-
tccentos e fincoenta mil reis cada anno que he outro tanto como tem
os mais Duques deíle Pveino de Portugal os quacs comeífarâ a ven-
cer de onze de Agollo do anno paífado de feifcentos fincoenta e coa-
tro em diante em que lhe foi palfada a Carta do dito littuUo dc Du-
que , pello que mando aos Vedores de minha fazenda lhe façao affen-
tar os ditos fettcccntos c fincoenta mil reis nos livros delia , e def-
pachar
,

da Cafa %eal Tortugue;í;a. 2 $


pachar do dito tempo em
diante cada armo em parte donde haja deí-
les bom pagamento , e por firmeza de tudo Uie mandei dar cíia Car-
ta por mim aíTmada , e lellada cem o mco Sei lo pendente, Joaó da
Silva o fes em Lisboa a íctte de Mayo de mil e íeiícentos ííncoenta
e finco annos. 1'ernaó Gomes da Gama o ícs eícrever.

ELREY.

Doaça^ ao Infante D. Pedro , da Villa de Serpa , e fcii Termo j

e pane dos Ceileiros. Ejlá na dita Cliancellaria ^ no dito li'


zro , pag. IJ2,

DOm
daquem
Joaó por graça de Deos Rey de Portugal e dos Algar\^es
,
,

e dalcm mar em Africa , Senhor de Guine , c da Con-


Num.
.
*
<
^ 6*
quifta navegação , comercio da Ethiopia , Arábia, Perfia, e da índia, ^^)5'
ácc. Faço íaber aos que efta minha Carta patente virem que tendo
reípeito a vezinhança que a Villa de Serpa tem com a Cidade de Be-
ja , Cabeça do Eílado do Infante D. Pedro meo muito amado , e
prezado filho , e naó ter outro lugar junto aquella Cidade , em cujo
termo íe lemita muito eftreitamente a jurildiçaó do Inlante , e a con-
veniência de que lhe lera aquella Villa , e a parte dos Selleiros que
lhe toca nos que commummente íc chamaô de Serpa , e Moura , e a
comprehender por eíla rezao hum , e outro lugar a Doação do Se-
nlior Rey D. Manoel que os polTuhio antes de fucceder na Coroa
deites Reynos ao amor que tenho ao Infante , e a obrigação que me
corre de acrefcentar , e por eui toda a boa ordem as couzas de fua
Caza tenho por certo de quem elle he me fabera merecer , e fervir
toda a mercê que lhe fizer hey por bem de lha fazer daq^uella Villa,
e íeo termo com todas fuas honras , foros , tributos , oílicios , dat-
tas , Cadellos , e Padroados aíHm , e da maneira que eu hoje a pef-
fuo , e melhor íe melhor puder fer , e lhe laço mais mercê da parte
dos ditos Selleiros que tocaó aquella Villa fomente ficando de fora
deíla Doação a parte que toca a Villa de Moura tudo de juro her-
dade na forma da Ley mental , e com a mefma jurifdiçao e no ,

mefmo modo , e forma em que lhe tenho feito mercê da Cidade de


Beja , e mais lugares de que leu Donnatario , c eíla mercê e Doa-
ção lhe faço de meo motto próprio , certa fciencia , poder Real , e
abfoluto no melhor modo , e forma que de direito poíib , e devo
e por firmeza de tudo o que dito he lhe mandei dar eíí^a Carta por
mim adinaáã , palfada por minha Chancellaria , e fellada com o Sel-
lo pendente de minhas armas. Dada na Cidade de Lisboa aos dezaf-
feis dias do mes de Sctem.bro. Luis Teixeira de Carvalho a fíz an-
no do Nafcimento de Noílb Senhrr Jcius C^hriílo de mil e feifcentos
fincoenta e finco. Pedro Vieira da Silva a fes eícrever.

KLREt.
Tom. V. D
26 Trovas do Liv» VIL da Hijloria genealógica

Alvará delRey D. João IV. porque faz mercê da dignidade de


Commendador mor da Ordem de Chrtjlo ao Infante D. P^-
,

úro, Ejlã na Chancellaria da dita Ordem no livro que , ,

principia no anno 16^4 •>


pag- 2.pS,

Num *
K"^,
^ ^
1\yf^"o^l Souza da Coíla que hora firvo de Efcrivaó da Chan-
' Jlxà cellaria da Ordem de Chriílo certifico , que a folhas duzentas
An» e noventa e outo do livro da Chancellaria da dita Ordem que fervio
o anno de mil e feifcentos íincocnta e coatro athe mil e feifcentos
ííncoenta e íinco eflaa regiílado hum Álvara paílado ao Senhor Infan-
te Dom Pedro cujo theor he o feguinte.
Eu ElRey como Governador , e perpetuo Adminiftrador que
fou do Meílrado , Cavallaria , e Ordem de Chriílo faço faber aos
que eílc meo Alvará virem , que tendo refpeito a vagar por falleci-
mento do Infante meo muito amado , e prezado Irmão que Deos
perdoe a dignidade de Comendador mor da Ordem de Chriílo áz
que o tinha provido por Decreto de trinta de Mayo do anno de
íeifcentos e quarenta e outo , e a concorrerem na peltoa do Infante
Dom Pedro raco nmito amado , e prezado íilho as meímas razoens , e
motivos que tive para nomear ao Infante D. Duarte o nomeyo Co-
mendador mor da mcfma Ordem , aílinandolhe os mefmos doze mil
cruzados que lhe limitei , c fempre faraõ pela Comenda mayor , c
pelas que o Infante poífuhia da Caza de Bragança de que fe paíTara
ao Inítmte Portaria por onde lhe toca e o que faltar a comprimen-
to dos ditos doze mil cruzados , terei lembrança de lhe fatisfazer bre-
vemente nas Comendas que vagarem advertindo que as da Caza de
Bragança ham de tornar a mefma Caza defpois dos dias do Infante
inteirandoíTe entaó a dignidade de outra tanta quanthia como eílas
importarem pelas Comendas da Provizaó da Coroa , e mando â Me-
za da Confciencia , e Ordens paíTe logo dcfpacho ao Infante de
Comendador mayor com as declaraçoens referidas de que mandei
paíTar o prefente Álvara que vallera como Carta poílo que feo ef-
feito haja de durar mais de hum anno fem embargo de qualquer Pro-
vizaó , ou requerimento em contrario e fe cumprira fendo paíTada
pela Chancellaria da Ordem de Chriílo. Joaó Carvalho de Souza a
fcs em Lisboa aos vinte e dous de Dezembro de mil e feifcejitos fin-
co en ta c coatro annos.
PvEY.

Bulla do Fapa Fio V. em que concede a Ca/a de Villa-F^eal


CS prejUmonios.

Num. K 8. "15^"^ Epjfcopus fervus fcrvorum Dei. Dileflis fílijs Ulixbonenfis,


. ?, JL & Leirienfis Ecclcfiarum Dccanis , «Sc ofHtiali Portalcgreníls falu-
An. 1)00, tQiYíy & apoílolicam benediélioncm. Ex parte diledi íilij nobilis viri
Michaelis
,,

da Cafa %eal Tortugue^a,


2J
iMichaclis de Meneies Marchionis Marchionatus de Villa Real Pra-
chareníis Diaxefs , vel altcrius nobis nuper exhibita petitio contine-
bat qiiòd alias poílquam iplc JNÍarchio qui ut aílcrit cx profapia Pvc-
gum Portugal ia: , &
Caítellíc ab iitroque latere ,
1 ab his qui Scdis
ApoílolicíE devotiíTimi Ibre defcendit, ac clarse memoriít Joannis Por-
tugalliic Régis Tlliiílris tunc iii htinianis agcntis cnnfobrinus cxiílcbar,
& cujus aiiteceílbrcs qui Marchionis, & Domini Status de Villa Real
pro teinpore fiierunt in expugnationc Civitatis Cept^ in Aplirica
& Jittore freti Gaditani coníiílentes ,
qu.x tunc à Saracenis occupata
detinebatur , & primo per Chriílianos in littore Aphricano per tunc
Reges Portugalliii: vi, &: bello capta íuit eidcm Regi proprijs pccu-
nijs militibus ,
vallallis, familiaribus , & perfonis non parcendo feque
& etiani pcrfonas fuas iníinitis periculis etiam uíque ad fangu.inis eí-
fuíionem exponendo pra:cipuo adjumento , & exinde ipíliis Civitatis
pro ipfo Rege perpetui Gobernatores & Capitanci conílituti, & de- ,

putati fuerunt, ipfamque Civitatem jani centum , & quadraginta an-


nis tunc prxteritis diligenter , &
rexerant, & giibernaver&nt,
íideliter
& non folum ab eiídem Saracenis eam repetentibus defenderant, ve-
rum etiam plures vi61:orias contra ipíbs Saraccnos reportavcrant , &
tunc ejus Proavus Marchio de Villa Real Reges in Aphricam Mau-
metanam hícreíi fed:antcs ad obedientiam Rcgibus Portugalliíe pra:-
ílandam primus vi , Sc pralio coegerat , & tain di6lus Proavi?s quàm
ejus in Marchionatu de Villa Real iiicceírores navibus Chriílianorum
didlum frctum quod &
fuo ordinário aflu , & Pyratharum illud in-
feíVantium copia erat admodum periculoíum naviganíibus , reclum iter
navibus íuis navigare , & in navigatione íubíidio cíFe , íi quando- &
que contingebat aliquas naves Chriílianorum hujuímodi , vel a Sara-
cenis , vel h Pyratis illarum partium capi illas recuperare confuevc-
rant , & inter alias fex naves florentinorum tunc ab eifdem Pyrntis
captas recuperaverant prout etiam mercibus oneratas ad fuos remiíc-
rant, & tempore Felicis recordationis Leonis Papís X. Pra:deceiToris
noílri Petrus etiam de JVleneíes di61i Michaelis Genitor Marchiona-
tus praídiííti dum viveret Marchio quendam
Sedis Apoílolic^^í Capi-
taneum illud mare duabus Triremibus navigantem , ab iníklelibus &
captum eum ab eifdem infidelibus pugnando redimerat , liberave- &
rat, ac cum eifdem Triremibus , &
bonis fuis prí^fato Leone pra:-
deceífore liberum remiferat , itaut tam ipfe Michael quàm fui An-
teceíTorcs accerrimi Catholica; Fidei , &
Apoílolicaí Sedis defeníbres
dici poter^nt ipfeque Michael per vefíigia Príedeceílorum fuorumgra-
diens didrum Mare tranfire , Sz ad eandem Civitatem accedere inten-
derei , prout poftea pro defenfione Fidei acceííit , licet ex prin- &
cipalibus Regni Portugallia: ipíum Michaelem exiílentem , &magnum
in eodem Pregno ftatum hahere aíTcruiiTet , tamen ob ingentes per
fuos PrccdcceíTores pro defenfione Fidei , depugnatioiíe fe-ílíeMau- &
metana: in dicla Civitate hO:as impenfas plurimum exhauílus reman-
ferat, nec poterat confanguineis familiaribus, militibus qui ipíum &
in praemiíFis alias infecuti fuerant , &: de cetero infequi intendebant,
juxta eorum merita , êc obfequia per eos in pra:raiíiis alias pra?fti-
Tom. V. D ii toe
,,

28 Trovas do Lh. VIL da Hiftoria ÇcnerJcpca

tse , & qiic^ in pofterum praeftari fperabatur commodc fatisfacere nííí


íibi de aliciijus fubventionis auxilio per Sedem pr^didlam providere-
tur poíTe non íperant ipíeque Jus patroiiatus , & pra^lentaiidi períb-
nas idóneas ad nonnulla benefitia ccdefiaítica forían íecularia , re- &
gularia curata, feu fine cura iíi diverfis locis confiftentia illorum va-
catione occurrente habere aílerucrat, eorumdem benefitiorum feu ali-
quorum ipforuni frudus , redditus , &
proventus áivmx gratiíe auxi-
lio adeò excreverant quod pro illorum Reílorum fubventione , &
onerum illis incumbcntium fupportarione fuppeterent ipfeque Michael
nonnulla príeftimonia , feu prstílinioniales portiones in aliquibus ex ijf-
dem Bcneíitijs de fruélibus fupsr excrefcentibus hujufmodi illorum ju-
repatronatus fibi , &
fucceíToribus fuis refervato erigere , ac quibufdam
privilegij? ,
gratijs , & indultis tunc expreíTis frui
gaudere deíide- , &
raret , olim Apoftolica Sede per felicis recordationis Julij Papx Ter-
tij etiam Prí^deceíForis noftri obitum vacante príEmiíTa etiam forfan
nonnulla tunc expreíía privilegia (Xi^x Sedis majori Poenitentiario ex-
pofuerat , feu exponi curaverat , idemque Maior Poenitentiarius ex
praniiíiis , & alijs fibi pro parte didti Michaelis tunc porre6lis ex-
poíitionibus inclinatus príemifforum , & aliorum meritorum fuorum
intuitu frutlus , redditus , & proventus , jura , obventiones , & emo-
lumenta fniguUaruni eccleíiarum pra^diólarum , feu benefitiorum hu-
juímodi cum primum per ceífum , vel deceírum , aut quamvis aliam
diniiíTionem , vel amiíTionem tum Reílorurn benefitiorum eorundem
etiam apud Sedem Apoílolicam , vel alias quovis modo fimul , vel
fucceíFíve vacarent refervatis cuilibet eccleíiarum prsediclarum Redo-
nim pro tempore ex eifdem fruólibus por-
exiftentium fuílentatione
,

tione certíu quantitatis pccuniarum , necnon pée do altar nuncupatis,


& anniveríarijs , &
aliis extraordinarijs emolumentis ex tunc , in &
fut urum. Dummodo tunc Re£lorum eorundem benefitiorum expref-
fus accederet aíFenfus ab eifdem eccleíijs difmembraverat , fegregave-
rat , &feparaverat , necnon certa prícílimonia , feu príeftimoniales ,
portiones , aut fimplicia benefitia pro totidem clericis fimpliciter ton-
furatis , feu in minoribus ordinibus conftitutis ex eifdem frudtibus
leu redditibus difmcmbratis , &
feparatis erexerat, inftituerat , fun- &
daverat , ac Jus patronatus ad illa eidem Michaeli , fucceíToribus &
fu is ccrtis modo , & forma tunc expreílis refervaverat , fibiquc , &
Marchionibus de Villa Real pro tempore exiílentibus ut Clerici etiam
in minoribus conílituti prsefati per fe , & Marchioncs pr3edi»5l;os ad
príeílimonia , feu prseílimoniales portiones aut benefitia hujufmodi
pro tempore prsefentati , & in illis inftituti poft pra^fentationcm , &
inílitutionem ipfi omnibus , &: íinsjulis privileí^iis , exemptionibus,
inimunitatibus , favoribus , facultatilíus , honoribus , conceflionibus ,
in-iultis , ac pra:rogativis , &
gratijs quibus milites Saníli Jacobi de
Spr.ra , fcii cujufvis alterius Militix Regni PortugalliíE de Jure , ufu,
& coiiluetudinc , aut privilegio , vel alias quoniodolibct utuntur
potiimtur , caudcnt exemptione ab Ordinário duntaxat excepta
<':-.':

ac íine jurium Rcgalium pro^juditio uti frui & gaudere libere, li-
,

cite valcreat in omnibus, & per ojrmia pcrindc , ac íi vcri Milites


cjufdem
,

da Cafa ^al Tortugue^a» 2p


ejiirdem Militiíc ad illa habitus exhibitione per Magnum Magi-
cum
íírum admiíli ellcnt , cum
derrogationibus , decrctis , mandatis , &
alijs Clcricis tuiic exprcíTis concelíerat , &
induUcrat proiit in literis
ab codcm Majori Pocnitcntiario obtentis cjufque figillo Prioribiis vi-
dei icet fiib Datiim Romx
Saiidum Petrum Anno Domini
apiid
M. D.LV. undécimo Kal. Junij Apoílolica Sede per obitum piíu me-
moriai Marcelli Papai ij. vacaiitc , & pofterioribus XiíTí- Kal. Julij tem-

pore memori.T Pauli Papiu iiij. Pontiíicatus fui Anno pri-


recolcniiíE
mo Pra:dcceflbrum noílrorum munitis dicebatur plenius contineri.
Idem Michacl ob fingularem quem erga nos, & Sedem Apoílolicani
gerebat , & gerit devotionis affedlum , de ejufdcm Sedis providentia
plurimum confiius cupiens tunc pra^milFa omnia , & fmgula confrrma^
tionis , approbationis , & communitionis munimine roborari príemiiTa
omnia , & íingulla in pra^diílis literis ab codem majori Pccnitcntiario
diveríis temporibus , &
fub diverfis datis obtentis contenta à nobis
& Sede pra:di(íl:a per alias noftras inde fub plumbo expeditas literas
pro illorum íubílílentia fírmiori confirmari , & approbari , & commu-
niri obtinuit , prout etiam in eiíUem noílris literis deíuper conferi is
plenius continetur. Cum autem íicut nobis nuper pro parte dilcdli
Michaelis exhibita petitio continebat nulli Judices in noftris literis
pra^ratis qui eidem Michaeli , & alijs períbnis praifentantis , Sc prse-
lentandis in literis ipíis comprehenfi aíliílant , ac ipfos adveríus prx-
miíFa defendant deputati fuerint fruílratoriumque videretur literas ab
eadem Sede impetraíTe nifi literne ipfa: , &
in eis contenta per illos ad
quos fpecVat obfervarentur , 8c oh Sedis Apoítolicae reverentiam exe-
cutioni demandarentur pro parte diíli Michaelis nobis fuit humiliter
fupplicatum quatenus aliquot Judices in dignitate ecclefiaílica confti-
tutos , qui prítmiílis afliftant , & illa obfervare faciant dcpuíare aliaf-
que luper his opportune providere de benignitate Apoíirolica digna-
remur. Quo circa Difcretioni veftríE per Apoítolica fcripta niandamus
quatenus vos , vel duo , aut unus veílrum pra;miílis eíFicacis defenfio-
nis praeíidio aíTiílentes non permittatis Michaelem, & períbnas in di-
6lis literis comprehenfas , &
comprchendi debeiidas contra didí^aruni
literarum , &
in eis contentorum tenorem quomodolibet moleftari , in-
quietari , aut perturbari quoslibet , & rcbellcs per cen furas ecclefiafti-
cas , & pecuniárias poenas vcftrorum , & cujuslibct vcRrum arbitrio
imponendas , & moderandas aliaque júris remedia opportuna appella-
tione remota compcfcendo invocato etiam ad hoc fi opus fuerit auxi-
lio brachij fccularis non obílantibus eifdcm contradicloribus , rcbclli-
bus , & Perturbatoribus Clericis , fecularibus , vel Regularibus , ac h
laicis , & quibufvis alijs ab Apoílolica íit Sede indultum quod inter-
dici , fufpendi , vel excommunicari , aut ipíi , &
ordmum loca in qui-
bus aliqui ex eis dcgiint ad juditium trahi non poílint per littras
Apoftolicas non facientcs plcnam , &
exprelíam , ac de verbo ad ver-
bum de Indulto hujufniodi mcntioncm , & qualibet alia ávS\:x Sedis
indiilgentia gen:rali , vel fpeciali cujuícunque tenoris exiftat per quam
priíentibus non cxprcíTani , vel totalitcr non infertun-! v^eílríe jurifdi-
élíonis cxplicatio valeat in hac parte impcdiri quomodolibet, vel dif-
ferri ,
3o Trovas do Liv, VIL da Hijloria Çenealogica

fcrri quia quoad hoc yolumus eis aliquatenus fuffragari.


,
Datum Ro-
mx Sand:um Petrum Anno Incarnationis Dominica;
apuii M. D. LXVI.
Cal. Julij Pontifícatus noítri Anno pnmo.

.Alvará delRey D. Joaõ IV. yorcjuejfaz mercê ao Iiifante D. Pe*


dro, e pojfaidores da Cafa de Villa-Real, cjue os preJhmonioSj
(jue derem, Jeja com o habito de Chrijlo. Efui na Chan^
ceifaria da Ordem de Chrifio^ no liv, do anno 1^/4,
pag, 2p4,

Num. < 9. ij' U


ElPvey como Governador, e perpetuo Adminiílrador que fou
'
^ Jl!/do Meílrado da Cavallaria da Ordem de NoíFo Senhor Jeíus
An. 10)4. Chriílo. Faço íaber aos que eíle meo Alvará virem oiie pclla obri-
gação que me corre de acreííentar quanto me for pomvel a m.efma
Cavallaria, e Ordem. Hey por bem que os Preftimonios que forao
da Caza de Villa-Rcal de cuja Provizam aííim como de todos os
niais bens daquella Caza tenho feito mercê ao Infante D. Pedro
jTico muito amado , e prezado filho os proveja elle , e feos fuccef-
íbres daqui em diante como com os hábitos da mcfma Ordem de que
faço mercê âs peííbas em que elle nomear para por eíle modo ficarem
Comendas , e fe proverem aíTun e da maneira que fe prove em as
,

que pertenciaó a Caza de Bragança e para as Igrejas em que eílao


,

íituadas ficarem também da meíina Ordem fcgundo a natureza das ou-


tras delias faó fe llipplicarâ a Sua Sanclidade , como também fe
que
íàrâ pareíTendo que para fe confederem com os hábitos nao baila
mercê , e faculdade minha , e para com eífeito do que fica referido fe
paífarao aos Procuradores do Infante os defpachos que pedirem de
que mandey paílar o prefente Alvará que vallerâ como Carta poílo
que feo effeito haja de durar mais de hum anno fem embargo de
qualquer Provizaó , ou Regimento em contrario , e fe comprirâ fen-
do palfado pella Chancellaria da Ordem. Joaó Carvalho de Souza a
fes em Lisboa aos vinte e dous de Defembro de feifcentos e íincoen-
, ta e coatro annos.
REY.

xAlvarâ delRey D. João o IV. em (jue fiz mercê ao Infante D.


Fedro das Li/irias da Golegcíay de Borba, Mouchocns, e SyU
,

veira , fitas por baixo de S. Libório , no Termo de Santa»


rem pertencentes a Cafa de VUla-Real.
,
Ejlá na
Chancellaria do anno 16^^ ^
pag. verf.

ElRey faço faber aos que Álvara virem que havendo ref-
efte
Nuín, éo .aI^
TT'^
*
peito ao que por fua petição mc emviava dizer o Infante D. Pe-
An. lójj. meo muito amado, e prezado álho fobre poder dilpor das Le-
ziras
da Cafa l^eal Tortuguera. 31
ziras da GoUegã de Borba Mouchoens , e Sylveira citas por baixo
,

de Saó Libono no termo de Sanótarem pertencentes a Caza de Villa-


Real da qual lhe fis doação as quaes íe haviaó vendido por trinta c
finco mil cruzados que fe entregarão a D. Maria de Noronha viuva
de D. Pedro de Alcaílbva a qual quanthia fe pagara do dinheiro , e
rendas do dito Infante , e vifto o que allega hey por bem, eme praz
que as ditas Leziras fiquem obrigadas ao dito Infante meo filho nos
ditos trinta e finco mil cruzados para poder difpor delles como de
bens próprios c livres por ferem remidos com feo dinheiro na for/t
,

ma que pede , e efte Álvara fe cumprirá como nelle fe contem , e va-


lera pofto que feo eífeito haja de durar mais de hum anno fem em-
bargo da Ordenação livro fegundo tittulo quarenta em contrario.
Manoel do Coutto a fcs em Lisboa a tres de Novembro de mil e
feifcentos fincoenta e finco. Jacinto Fagundes Bezerra a fes efcrever.

REY.

xAlvará delRey D. Joaci IV. em faz mercê ao Infante D. Fe-


(jiie

-
dro, para (jue os Ouvidores de Villa- Real pojjad prover asfcr-
vsntias dos ofícios das jufiiças^ afim como ofazem osCor^
regedores da Comarca. Ejiã na Chancellaria do
dito Rey ,
(jue principia em i<^^4, pag. 14/.

ElRey aos que eíle Álvara virem que por quanto Tt^iirv^
faç-o íaber
E^U
/ na Carta de Doação que foi palfada da mercê que fui fervido, fa- * •

zer ao Infante D. Pedro meo muito amado, e prezado filho da Ca- An. 1656.
za de Villa-Real fe naó declarou por palavras expreílas que os Ou-
vidores das terras da dita Caza proveífem as ferventias dos officios
de jufiiiças delias aflim como as podem prover os Corregedores das
Comarquas conforme a ordenação , e ley do Reyno , e fomente fe
reíferio a dita Doação , e mercê ao provimento que os Ouvidores das
terras da Caza de Bragança faziaó das ditas íerventias conforme ao
Alvará que foi pafl^ado aos Duques daquelle Eftado em os dons de
Outubro de feifcentos e dezafete annos , e Carta de confirmação paf-
fada em trinta e hum de Mayo de feifcentos e trinta e outo pela
qual fe mofi:ra fer concedida a dita mercê aos Duques fomente , e
naó aos feos Ouvidores , e para que ncfta matéria nao poíTa haver
duvida , nem interpetraçao em contrario me praz , e hey por bem
declarar por efte Alvará que nao fò os Ouvidores das terras do Efta^
do de Bragança , mas também os da de Villa-Real de que tenho fei-
to mercê ao Infante D. Pedro meo filho poTaó prover , e provejaô
as ferventias dos olíicios das juftiças delia affim , e da maneira que o
fazem os Corregedores das Comarcas na forma da dita ordenação ,
e mando a todos os Defembargadores , e mais Miniftros , officiaes,
e peífoas a que o conhecimento diílo pertencer cumprao , e guarde
eíle Álvara inteiramente como ncUc fe contem o qual fe regiílara
com
,

3 1 Trovas do Liv. VIL da Hljloria (jenealogtca


com a Doação acima referida que trata das ferventias nos livros dás
Camaras das terras do Eftado de Bragança , e Caza de Villa-Real
e nas de mais terras de que o Infante he Donnatario para nellas ha-
ver noticia do que por clle houve por bem de declarar , e me praz
que valha , tenha força , e vigor como fe foíTe Carta feita em meo
nome por mim aílinada fem embargo da ordenação em contrario. An-
tonio Marques a fes em làsboa a vinte e tres de Julho de feifcen-
tos íincoenta e feis. Antonio Rodrigues de Fij;ueiredo a fes efcre-
ver.
REY.

JDoaçoíj delRey D. Joad IV.. ao Infante D. Vedro ãas Sahcarias ,

do 8ahai branco , 0 preto da Cidade do Porto , Vii/as , e Lu*


,

gares , das Comarcas de Traz os Montes , e Entre Dou»


ro , e Minho. Fjlá na Chancellaria do dito R^y,
pag. ipj i do íiv, (jue principia no anno 16^4,

Num. 62, J^'^^ P*^^* g^^Ç^ Deos Rey de Portugal,


e dos Algar-
daquem, e dallem mar em Africa
Senhor de Guine , e da
An 16 ç 6
' •
,

Conquiíia navegação , comercio da Ethiopia , Arábia , Perfia , e da


índia , cs:c. Faço faber aos que eíla minha Carta dc Doação virem
que eu hey por bem fazer mercê ao Infante Dom Pedro meo muito
amado , c prezado filho das Saboarias do Sabam branco , e preto das
Cidades do Porto , Villas , e Lugares das Comarcas de tras os mon-
tes , e entre douro , e minho aíTim como vagarão por D. Maria
Portugal ultima Donatária que delias foi , e em qualquer parte do
B.eyno onde eftiveíFe , e ifto de juro , e herdade para o Infante , e
feos dcfccndentcs baroens legitimes precedendo o netto filho de filho
mais velho defFunto antes de fucceder ao filho fegundo do poíFuidor
que he na forma das outras Doaçoens que lhe fis , e o Infante uza-
ra delias, e haverá feu rendimento aíllm , e da maneira que meper-
tenciaó , e as teve a dita D. Mana Portugal , e mais pelfoas pello
que mando a todos os Corregedores , Jui fes , juíliças , officiaes , e
pelfoas das ditas Comarquas , e a quaefquer outros a que o compri-
mcnlo deíla pertencer , e for moílrada que metao a feo Procurador
de pollc das ditas Saboarias brancas , e pretas , e lhas deixem ter , e
haver , e lograr , e poffuir , e haver as rendas delias affm como a
mim de direito pertence , nem confentir de que outrem haja de ven-
der , nem fazer ahj o dito Sabão , falvo quem tiver feo poder , e as
ditas peífoas Rendeiros que íeos poderes tiverem pnra por elle ven-
derem ferao obrigados a vender pelos preços collumados , e como
fe contem em huâ fcntença que D. Nuno Manoel teve contra a Ci-
dade do Porto em que eílâ declarado o preço porque fe ha de ven-
der nella o dito Sabaó , e mais naó , o que aíllm fe comprirâ e ,

guardara inteiramente fem duvida , nem embargo algum , e por fir-


meza de tudo mandej dar eíla Carta por mim aíHnada , e fellada do
meo
da Cafa Tí^al Tortuguei^a. 33
meo ScUo de chumbo pendente. Joaó da Silva a fes em Lisboa a
doze de Outubro de mil e feifcentos fmcoeiíta e feis annos. Fernão
Gomes da Gama o fes efcrever.

ELREY.

Alvará delRey D. Afonjo VI. em que concede ,


cjue os Ouviâo"
res do Ducado de Bèja , e Viila-Keal
pajjem Cartas de
,
Jè-
guro em Jiias terras , em cajo de morte , e outros makfi»
cios. Ejlá na Torre do Tombo , na Chancellaria do
dito Rey, pag, // , do liv. do anno de 16^y,

EIRey faço faber aos que Álvara virem que havendo ref-
efte Miir^ ^«
E^U
/peito a que por fua petição me enviou dizer o Procurador do
*

Infante D. Pedro meo muito amado, e prezado Irmaô pedindome An. 165 8.
lhe mandaíTe declarar que os feos Ouvidores do Ducado de Beja , e
Gaza de Villa Real podeíTem em fuas terras paílar cartas de feguro
no cazo de morte , e outros malefícios na forma que as paíTaó os da
Gaza de Bragança fem embargo da ordenaçaó do livro fegundo tittul-
Io quarenta e finco parrafo quarenta e finco que difpocm o contra-
rio , e vifto o que allcga , e a copia authentica da Doação que fe of-
fereceo , e rcpoíla que fobre tudo deo o Procurador de minha Goroa
dandolFelhe vifia. Hey por bem , e me praz que os Ouvidores do
Infante D. Pedro do Duquado de Beja , e Gaza de Villa Real paf-
fem em fuas terras Gartas de fegu ros em cazos de morte , e de ou-
tros rr;allef cios aílim como as paílhô os Ouvidores da Gaza do Sere-
niífimo Eílado de Bragança fem embargo da ordenação acima reíferi-
da , e de qualquer outra que em contrario haja fupoílo que delia fe
naó faça expreíla menção , e mando a todas as jufiiças , officiaes , e
pcífoas de meos Reynos , e Senhorios a que eíle Alvará for nioílra-
do , ou o treslado delle em publica forma , e o conhecimento per-
tencer que aflim o cumpraõ , e guardem como fe nelle conthem o
qual fe rcgiftarâ nos livros das Gamaras de todos os Lugares do Du-
cado , e Gaza de Villa R eal , e mais partes onde tocar , e for necef-
fario para confiar a todo o tempo como aíIim ouve por bem , e vrJ-
lerâ pofto que feo eífeito haja de durar mais de hum anno fem em-
bargo da ordenação do livro ícgundo tittuUo quarenta em contrario.
Manoel do Gouto a fes em Lisboa a doze de Fevereiro de mil feif-
centos fmcoenta e outo. Jacintho Fagundes Bezerra o fes efcrever.

RAINHA.

Tom. V. E Ahard
,

l?rovas do Llv. VIL da H!floria Çenealogica

%AIvará do dito "Rey , em que concede ,


cjue os Ouvidores das terras
do Infantado deni as ferventias dos offlcios de E/crivacns dos
Oi^ãos , e mais oljiciaes , excepto Juizes. Ejhí a pag,
i do livro f
que principia em o anno 16^/,

Num. í?4. "JT^U ElRey faço faber aos que efte Álvara virem que havendo ref-
A /'ç?
lOjii.
J^y peito ao que me reprezentou por fua petição o Procurador do
11.
Infante D. Pedro meo muito amado, e prezado Irmaó para efFeito
de lhe conceder que os Ouvidores das fuas terras proveíTem as fer-
ventias dos officiaes dos orphaons aíTim como proviao os mais offi-
cios pelas doaçoens que para iíTo tem , e vifto o que allec^a , e ref-
poíla que fobre efte particular deo o Procurador de minha Coroa
e as rezoens que ha para fazer ao Infante efta mercê. Hey por bem,
e me praz de lha fazer que os Ouvidores das fuas terras provejao
nellas as ferventias dos oííicios de efcrivaes , e mais officiaes dos or-
phaons excetto os Juizes cujas ferventias provê a ley nos Juizes or-
dinários , e nos partidores por ter mandado fe vao extinguindo af-
íim como forem vagando ifto fem embargo da ordenação do livro pri-
meiro títuUo noventa e feis , e de pertencer conforme a ella as di-
tas ferventias aos Provedores das Comarquas pello que mando a to-
dos os Defembargadores , e mais MiniíVros , officiaes , e peífoas a
que o conhecimento difto pertencer cumpraó , e guardem efte Alva-
rá inteiramente como fe nelle contem o qual fe regiftarâ no livro
das Camaras das ditas terras , e mais partes adonde for neceífario
para fe ver a todo o tempo o que por elle ouve por bem , e valle-
fâ como fe fora Carta palfada em meo nome , e que feo eífeito haja
de durar mais de hum anno fem embargo da ordenação do livro fe-
gundo tittuUo quarenta em contrario. Antonio Marques o fcs em
Lisboa a catorze de Novembro de feifcentos fmcoenta e outo. An-
tonio Rodrigues de Figueiredo o fes efcrever.

RAINHA.

"Decreto delRey D. ^4fhn/o VI. em que faz mercê ao Infante


D, Pedro, Jèu irmaÕ , de poder tirar do EJlado do Bra/tl , mil
quintaes de pao Brafil. Ejlá no livro dos Decretos da
Fazenda da Caju de Bragança ,
pag, lyi.

NuiTl. tf 5. TJE^''^ grande amor que tenho ao Infante D. Pedro meo muito
^ amado, e prezado Irmaó, e pelo muito que dezejo fazerlhe em
/\n \G(
002..
^^^^ mercê conforme as razoens que para iífo ha, e"como entendo
que elle mo merece. Hey por bem que elle polfa mandar tirar ca-
da anno do Eílado do Brazil mil quintaes de Pau Brazil , fem pagar
direitos
da Cãfa ^al Tonugnei^a»
direitos fcm embargo do Eílanquc que nelle ha o qual para
dellcs
eíle efteito
, e nefta parte liey por levantado , e porque de prcfcntc
cftaa o dito Eílanque concedido fò â Ccrrpanhia geral do Comer-
cio pellos annos das fuas Cappitullaçoens hey outro fim por bem
cm quanto fcnaó acabem haja elle de minha fazenda o que eu havia
de haver da dita Companhia pellos ditos mil quintaes de Pau , e de-
pois da dita Cappitullaçao os poderá mandar tirar , c navegar aí];m
como minha fazenda o poderá fazer ; pelas partes a que teca fe lhe
paílem as ordens neceílarias. Lisboa a vinte de Agoílo de mil c
feiícentos íellenta e dous. A
rubrica de ElRcy noíFo Senhor.

Decreto do dito Key Johre a me[ma mercê ^ em que lhe concede po-
der tirar mais outros mil quintaes de pao Bra/il , todos os
annos,

COnfiderando o que he neceífario ao Infante meo muito íinwdo, NuiTl. 66,


e prezado Inr.aó para fuílento de fua Caza com a decência , c ^ \.
modo que convém, e por dezejarlhe fazerlhe mercê por quem ellç A.n. 1665.
he , e pello amor que lhe tenho o que efpero elle correfpondcrâ
conforme as fuas obrigaçoens. Hey por bem que a Companhia do
Comercio geral lhe faça contrebuir com mjl quintaes de pao brazil
cada anno na fcrma em que elle tem jâ outros mil , e iílo lhe haver
outra parte em que da Coroa fe lhe poíFaó confinar quinze mil cru-
zados de renda cada anno porque confignado ou parte fe demiimira
proporfionadamente neftes ditos mil quintaes de pao por ícr minha
tenção conlervar os direitos , e privillegios da Companhia em tudo
o que for pofRvel. A Junta o tenha entendido , e o faça executar
aíFm paílandoífe os defpachos neceíTarios em Lisboa a dous dejajiei-
ro de feifcentos feíTenta e finco. Com a rubrica de Sua Mageílade.

Carta de confirme ca dtlRey D. J^onJòVI, ao Iijfcnte D. Fedro,


t)

da Caja de Villa-Real , e nova mercê dos direitos da miarjaria aos


dizimo s ^ dos alfinetes a que chamaÕ olho de hey, e da. CUlt tu —
^

de dos direitos dos pentes da Alfandega do Fcrto , e V ilía de


Conde, E/tá na Torre do Tombo , no livro de Padroens , e Deu-
çces ,
que principia no anno 1661 ,
pag. 22S ,
verj.

% Om AíFonço per graça de Deos Rey de Portugal , c dos Algar- Num. 6n,
jH--/' ves
,
daquem , e dalém mar em Africa, Senhor de Guine," e da a .^^ *
Conquiífa navegação Com.ercio da Ethiopia , Arábia , Perfia , e da * ^

índia , &:c. Faço faber aos que eíla minha Carta de Padrão , e Doa-
ção virem que por parte do Procurador da fazenda do Infante D.
Pedro meo muito amado , e prezado Irmaó me foi aprezentada huma
Carta de Doação da Caza de Villa Real que vagou pela confífcaflao
Tom. V. E ii do
,

^6 T^rovas do Liv. VIL da Hijlona (jenealogka

do Marques , e Duque de Caminha que meo Pay , e Senhor ElRey


]). Joaó o quarto que eílaa em gloria havia feito mercê ao dito In-
fmtc cujo treslado ne o feguinte.
Dl João por graça de Deos Rei de Portugal , e dos Algarves
daquem e dalém mar em Africa Senhor de Guine &c. Faço fa-
, , ,

bcr aos que efta minha Carta virem que tendo refpeito ao que fou
obrigado como Rei e Pai a dar fuílentaçaó e Caza aos filhos que
, ,

Deos por fua divina mifericordia me coníedeo , e a que fou também


a acreíTentar meos defcendentes para confervaçaó e defenfa da Co- ,

roa procurando vivaó em o Reino e tenhaó fucceífoens em que fe


,

perpetue , e dillate o mais que puder fer o langue e familia Real ,

em que tanto confiíle o explendor do Reino , e a uniaó com os ef-


tranhos lembrandome que fuccedi ncíla Coroa por defcendente do Se-
nhor Rej D. Manoel meo Trefavou dezejando confervar como devo
fua memoria naó fo de Rey que fe perpetua em mim , e meos fuccef-
fores primogénitos , mas a de Duque de Beja que foi antes de fuc-
ceder na Coroa no Infante D. Pedro meo muito amado , e prezado
filho , e feos defcendentes multiplicando em meos filhos as memorias
de taó grande Príncipe tendo por certo do Infante que o faberâ imi-
tar muito como deve, e que me fabera fervir a mim , e ao Príncipe
meo fobre todos miuito amado , e prezado filho , e meos focceffores
na Coroa deíles Reinos toda a honra , e mercê que lhe fizer. Hey
por bem de o declarar Duque de Beja , e de lhe dar aqucUa Cidade
com toda fua jurifdicçao crime, e eivei, datas , Padroados, rendas,
foros , e tributos auim , e da maneira , e do modo , e forma em
?ue o teve , e ouve o dito Senhor Rey D. Manoel pella Carta de
)oaçaó que delia lhe fes ElRei D. Joaó o Segundo , e melhor fe
dentro dos lemites da dita Carta de doação melhor puder fer , e ef-
ta de juro , e herdade para o Infante , e feos defcendentes Baroens
legítimos precedendo o netto filho do filho mais velho defunto an-
tes de fuceder ao filho fegundo poíTuidor , e porque os rendimentos
daquella Cidade lemitada pelo termo que hoje tem nao baftaô para
o Infante fuílentar os encargos de fua Caza principalmente defpois
de tomar eílado. Hey por bem de fazerlhe mais mercê de todas as
Villas ,
Lugares , Caftellos
, Padroados , dattas , terras , foros , di-
reitos , tributos , e todo o mais que fe confifcou para minha Coroa
pela condemnaçao do Marques de Villa Real , e Duque de Cami-
nha feo filho , que elles , e os donatários daquella Caza poíTuiraô
ou foíTe da Coroa , ou patrimonial , e iílo fem prejuízo de terceiro
tudo no modo , e forma , e com a mefma jurifdiçaó , preheminen-
cias , prerrogativas , com que lhe faço mercê da Cidade de Beja , e
com que fe fes ao Senhor Rey D. Manoel quando fe lhe concedeo
em tal maneira que a dita Cidade , Villas , Lugares , e Caftellos , e
o mais que fica reíferido fe reputara tudo por huã mefma coufa , e
fe governara , tera , e pofluirâ por huá mefma Doação advertindo
que fora do Senhor Rej D. Manoel naó conceder o fervir ouvidores
Correição , e fer nefta parte menor que a das Cazas grandes que ho-
je li.\ no Reino. Hey por bem de conceder aos Ouvidores do In-
fante ,
,

da Cafa ^eal Tortugtíei^a»


3 7
fante e feos denjendentes a dita Correição , e toda a mais jurifdi-
,

çaó que hoje tc;ii , e de que iizao os Ouvidores da Gaza de Bragan-


ça que aqui hey por expreílas , e declaradas , e porque tomando o
Infante , e feos defcendentes eílado , e tendo filhos he rezaó que
feos Primogénitos hajaó logo que nafcercm tittullo , e Gaza confor-
me a grandeza de feos Pais , e afcendencias de que procedem , e a
Gaza em que haó de fucceder quero , c mando que o Primogénito
do dito Infante , e os mais que o forem de feus deíFendentes fe cha-
mem logo que nafcerem Duques de Villa Real , e tenhaó , e hajaó
a jurifdiçao, rendas, e dattas daquella Villa, uzem , e gozem das
preheminencias , e graças , e prerrogativas que por aquelle tittullo
lhe competem aíTim , e da maneira que feos Pays as ham de uzar , e
pello ver , e forma de íiias mefmas doaçoens , e por firmeza de tudo
o que dito he lhe mandei dar efta Garta por mim aíTmada , c paíTa-
da por minha Ghancellaria , e aíTellada com o Sello pendente de mi-
nhas armas. Dada na Gidade de Lisboa aos onze dias do mes de
Agoílo. Pantalliaô Figueira a fes anno de mile feiicentos e finco-
enta e coatro. Pedro Vieira da Silva o fes efcrcver.

ELREY.
E aííim me aprezentou mais o dito Procurador da fazenda do
Infante D. Pedro meo muito amado , e prezado Irmaó huã Provizaó
em que os Senhores Reis antepallados confederaó ao Marques de
Villa Real a dizima da mercaria das couzas das molheres que vem
pela Alfandega do Porto , e huã Certidão dos officiaes delia de que
de tudo o treslado he o feguinte.
Nos ElRey mandamos a vòs Joaó Rodrigues de Saa do noíTo
Confelho , Vedor da noífa fazenda em a Gidade do Porto , aos Jui-
zes , e Almoxarifes , officiaes das Alfandegas da dita Cidade do Por-
to , e Villa do Conde , que vos leyxeis eftar de poíle o Marques de
Villa Real meo muito amado , e prezado Primo da dizima da mer-
caria das couzas das molheres que vem ter as ditas Alfandegas aífim,
e pela guifa que a tinha o Marques feo Pay que Deos haja a qual
affim leixareis ter como dantes havia athe verdes outro noífo Álvara
em contrario a efte , e o que lhe da dita dizima embargado tendes
e aíTim tornade. Feito em a arrifana a coatro dias de Deícmbro. Lo-
po Fernandes o fes era de mil e quinhentos e dous.
Os officiaes de ElRej noílo Senhor deíla fua Alfandega do
Porto fazemos faber como pellos livros que nefta dita Alfandega ícr-
vem da receita delia de muitos annos a efta parte confta carregarem-
fe no tittullo da Marqueza os direitos da dizima de alfinetes , bo-
cetas , efpelhinhos , de olho de Boj , e de ametade dos ditos direi-
tos dos pentes que entraô nefta dita Alfandega , e fomente cftas
duas coufas fe carregao no dito l'ittullo da Marqueza , c as mais
coufas como fao cadeados , brochas , cfpelhos grandes , c outras cou-
fas dcfta quallidade fe carregao no tittullo da dizima corrente dos
ditos livros pela fazenda de S. Mageftadc como tudo confta dos di-
tos
3 8 Trovas do Liv, VIL. da Líijloria Çeneakgka
tcs livros a que nos reportamos cm todo , e por todo. Ccrtefica-
molo aíllm por cila por nos aíT-nada , e fcUada com o Sello que fer-
ve nef a Alfandega. Porto fnco de Mayo de feifcentos quarenta e
cuto. Francifco Carneiro de Caftro , Raphael Carneiro, Plácido
C.arnciro. Pcdindcrre o dito Procurador da Fazenda do Infante D.
Pedro meo muito amado , e prezado Irmaó , que por quanto o Se-
nhor Rey D. João meo Pay e Senhor lhe fizera a Doação aííima
,

tresladada da Cnza de Villa Real que vagara pela confífcaçaó do Mar-


ques , e Duque de Caminha feo filho para o dito Infante meo Irmaó
a ter com todas as Villas , Lugares ,Caftellos , Padroados , dattas,
terras , foros , direitos , e tributes com tudo o mais aílim , e da ma-
neira que os Marquezes de Villa Real a tinhaó quando fe confífca-
rao para minha Coroa , e porque as couzas tocantes a dita C aza era
o direito da dizima dcs alfinetes , bocetas , efpelhinhos pequenos a
que chamao olho de boj , e ametade dos direitos dos pentes quevi- ,

nhao pela Alfandega do Porto a que chamao direito da merceria das


coufas das niolheres as quaes fempre fc carregarão debaixo do tittul-
lo da Marqueza athe a dita Caza fer doada ao dito Infante D. Pe-
dro meo muito amado e prezado Irmão do qual tempo athe o pre-
,

zente vaó carregados em o feo nome como fe via da Certidão aci-


ma , outro fim encorpcrada dcs offciaes da dita Alfandega , e que
por defpacho de minha fazenda fe mandara que o Infante fcíTe con-
fervado na fua polle de cobrar com tanto que eile dito Procurador
da fazenda dentro em hum anno fizeífe corrente a doação deíle direi-
to na forma neceíT*aria o qual pelo modo referido pertencia a fazen-
da do dito Infante como Donatário da dita Caza da qial a eíle direi-
to pertença lendo couza de tao pouca confideraçao que muitos annos
naó paíTava de outo mil reis athe dês pouco mais , ou menos pelo
que me pedia lhe mandaflc paífar Carta de confirmação , ou Doação
dos ditos direitos , e viílo por mim feo requernr.ento , Doação , Al-
vará , e Certidão acima tresladada , e dezejar eu pela vontade , e
amor que tenho ao Infante D. Pedro meo muito amado , e prezado
Irmaó de lhe fazer mercê hey prr bem, e me praz de lha fazer dos
ditos direjtos de merceria dos dizimos dos alfinetes , bocetas , e ef-
pelhinhos pequenos a que chamaó olho de boi , e da ametade dos di-
reitos dos pentes que vem pela Alfandega do Porto a que chamaó
direito da merceria das coufas das mclheres fe carregavaó debaixo
do tittullo da Marqueza de Villa Real a qual mercê faço ao dito
Infante D. Pedro de juro , e herdade para fempre para que o tenha
elle ,c feos fucceíTores aíIim , e da maneira que os tinha , e havia o
dito Marquez de Villa Real pela Provizaó acima tresladada fem a if-
fo fe por duvida , nem embargo algum porque afiim hey por bem
pello que mando aos Vedores de minha fazenda paífem as ordens ne-
ceíFai ias e as façao pa^ar para que peíToa alguá fe intrometa no di-
,

reito da dizima dos alfinetes , bocetas , efpelhinhos pequenos a que


chamaó o\\\o de Boj , e a ametade do direito dos pentes que vem pe-
la Alfandega do Porto a que chamaó direito da merceria das coufas
das molhcres que fe carregavaó fempre debaixo do titullo da i\Tar-
queza
Cafa %eal Tortugues^a,

uéza de Villa Real , e os deixem cobrar os ditos direitos a ordem


o Infante D. Pedro meo muito amado , e prezado Irmaó por feo
Procurador porque aíTim lhe faço mercê de lhe confirmar os ditos di-
reitos , e delles lhe mandei paílar eíle Padrão de juro , e herdade
para fempre para elle as ter com a dita Caza a que andaó annexos,
e os mais fucceirores a que defpois vier , e outro íim mando aos meos
Miniítros de juftiça , ou fazenda a que efte for apprefentado para a
comprimento delle , o cumpraó , e guardem tao intejramente como
fe nelle contem que por firmeza de tudo lho mandei por mmi aííi-
nado , e fellado com o meo Sello pendente do qual naó pagou di-
reitos novos por fer do Infante. Luis da Silva o fcs em Lisboa a
quinze de Septembro de ícilcentos feíTenta e tres annos. Franciílo
Pereira de Bitancor o fes efcrever.

ELREY.

Efcritura da compra da Villa de Moura feu Termo,


, e Celk/ros,
Paul de Magos , e Cidade de Lamego e de todas as
^ preroga^
tivas (jue tem as doações da Cafa de Bragança.
,
Ejiá
na Chancelbria no livro dos Padroens , e Doa-
,

ções ,
pag. í;j.

EM nome de Deos amem Saibaó quantos efte Inftromento de


venda para fempre, ou como em direito melhor haja lugar vi- .
68
loói.
.

rem que no anno do Nafcimento de Noílb Senhor Jefus Chrifto de


mil e feifcentos e feífenta e hum em dezanove dias do mes de De-
zembro na Cidade de Lisboa , e Caza do Eftado de Bragança ci-
tando ahj prefente de huã parte o Lecenciado Bento Cardozo Ozo-
rio Procurador geral do mefmo Eftado , e do Sereniífmio Senhor In-
fante D. Pedro , e da outra o Lecenciado Francifco Lopes Henri-
ques Procurador também do mefmo Eftado de Bragança , e Caza da
Supplicaçaó como Procurador que dice fer da SereniíTmia Senhora
Infanta D. Catherinna em virtude da Procuração que mofírou aílina-
pela dita Senhora que no fim defta efcritura hirà treslndadi como
também a que a Rainha nofta Senhora deu efpecial ao dito Lecen-
ciado Bento Cardozo Ozorio como Adminiftradora da peToa , c bens
do dito Senhor Infante para eífeito defta efcritura , e pelo dito Le-
cenciado Francifco Lopes Henriques foi dito a mim Tabaliiaò peran-
te as teftemunhas ao diante nomeadas que o Senhor Rey D. Joaó o
Quarto que fanta gloria haja Pai da dita Senhora Infante por fua
Carta patente do primeiro do mes de Novembro de mil e feifcentos
e fincoenta e feis que também no fim defta efcritura hira tres la dada.
Tendo refpeito a idade em que fe achava a SerenilTima Senhora In-
fante fua filha , e a obrigação que lhe corria de lhe dar dotte , c
fuftentaçao , e a nao lhe ter feito mercê algun , e ao muito que lhe
iiera neceirario para fuftentar feu Eftado conforme fua quallidaie , e
ao
,

4o Trovis do Liv. VIL da Hifloria genealógica


ao que a rczaó , e conveniência do Reino pedia , e cm particullar
por leos merecimentos peíFoacs , e grande amor que lhe tinha ouve
por bem fazerlhe mercê entre outras da Cidade de Lamego , e feu
1 ermo , e da Villa de Moura , e leu Termo com fuas rendas , direi-
tos , foros , tributtos , officios , dattas , Caílellos , e Padroados, ex-
cepto as Alfandegas , fizas , e Bifpado da dita Cidade que fempre fi-
carão a Provimento da Coroa aílim , e da maneira que o dito Senhor
entaa poifuhia a dita Cidade , e Villa , e m.elhor fe melhor podelTe
fer com tòda a jurifdiçaó crime , e eivei mero mifto Império, e
com todas as mais prerrogativas que tinhaó as doaçoens da Caza de
Bragança que na dita Doação houve por exprelfas , e declaradas , e
lhe fes mais mercê dos Selleiros da dita Villa de Moura na parte que
tocava a dita Villa aílim como tinha feito mercê ao dito Sereniílimo
Senhor Infante D. Pedro da parte dos mefmos Selleiros que tocava
a Villa de Serpa de que o dito Senhor Infante he donatário , e aílmi
mais lhe fes mercê do Paul de Magos que havia pouco tinha manda-
do romper e todo o fobredito de juro , e herdade na forma da lej
mental para a dita Sereniííima Senhora Infante , e feos fucceílbres lal-
vando o direito dos donatários que tiveíTem nas ditas coufas que fi-
caria em feu vigor em quanto duraíTem os termos de fuas doaçoens,
e que acabados elles da maneira que os ditos bens, e jurifdiçoens,
e mais direitos que os mais donatários poíTuiíTem ouveíícm de vir a
Coroa nao vagaria para ellc , fenao para a dita Senhora Infante , e
feos fucceíFores para os terem , e poíluirem na forma da dita Doação
a qual lhe fazia com tal declaração que fe tomaíle Eílado forí do
Reino , e por efta rezao , ou outra igualmente poderoza lhe quizeíTe
a Coroa fatisfkzer o juílo vallor das doaçoens contlieudas na dita Car-
ta patente feria a dita Senhora obrigada a defiílir delias concluindo
que a dita doação aílim neíla parte , e coufas acima declaradas como
em todo o contheudo na dita Carta fe daria a execução inteiramen-
te no melhor modo , e forma que convieífe , e que quando oiiveífe
contra ella , ou contra alguã parte por piquena que foíle tal impedi-
mento que nao podeíTe ter feo comprido eífeito em parte , ou em to-
do havia por bem que a parte em que o nao podeíie ter fe fupriíFc
com Outra equivallente de tal m^odo, e forma que fempre teria efFei-
to o vallor das mercês que pela dita Carta havia feito a dita Senho-
ra Infanta declarando que todo fazia de feu moto próprio , certa
fciencia , poder Real , e abfoluto no melhor modo , e forma que de
direito a devia , e podia fazer como melhor , e mais cumpridamente
confiava da dita Carta patente , e defpois da dita Doação por Alva-
rá da datta do meíino anno , e dia que também hirâ tresladado no fim
defla efcritura ouve o dito Senhor Rey por bem declarar que por
quanto fizera a dita mercê a dita Senhora Infante com tal declaração
que íe ella tomaífe eílado fora do Reyno , cu por outra rezao igual-
mente poderoza lhe fatisfaria a Coroa o vallor das ditas Doaçoens
e feria a dita Senhora Infante obrigada a diziílir delias , e por evitar
duvidas que ao diante poderiaó haver na eílimaçao , e vallor das doa-
çoens contheudas na dita Carta fuccedendo aquelle cazo o mandara
ver
,

da Cafa ^al Tortugnes^a.

ver com particullar confideraçao o que renderiaô as ditas dattas , c


prerrogativas , e precedendo efta dilligencia ouve por bem declarar
e eftimar o vallor das ditas Doaçoens em quinhentos mil cruzados
que a Coroa daria a dita Senhora Infanta fuccedendo o cazo referido
advertindo por hora que como o Paul de Magos fe rompera por con-
ta do dito Senhor havia elle fempre no dito cazo de ficar a fua def-
poziçaó defpois da deixaçaó da dita Senhora Infanta como mais lar-
gamente fe contem no dito Alvará , e que por quanto agora eílava
tratado , e eífeituado o cazamento da dita Senhora Infanta com o Se-
nhor Rey da Graó Bretanha viera o cazo prevenido nas ditas Doa-
çoens de tomar eftado fora do Reyno , e eftar o Património Real ex-
haufto com os grandes defpendios que padeceo no tempo da ditaad-
miniftraçaó dos Reys de Caftella , e com as grandes defpezas que
tem feito na guerra por difcurfo de tantos annos , e em fuas Con-
quiílas , e fe naó achar a Coroa em eílado para remir, e fatisfazer o
vallor e eílimaçao de doação que o dito Senhor fes a dita Senhora
Infanta da dita Cidade de Lamego , Villa de Moura , Selleiro de
Serpa , e Paul de Magos como acima vai declarado , e fer preciza-
mente neceíTario valerfe a dita Senhora da dita eftimaçaó para fe com-
por parte de feu dotte , e defpezas precizas , e neceíTarias para o
apreílo de fua viagem ao Reyno de Inglaterra (que felice íeja) e
que em rezaó diílo hera neceífario bufcarfe meyo conveniente para
a dita Senhora Infanta fe poder valler do vallor eftimaçaó da dita Ci-
dade de Lamego , Villa de Moura , e feos Selleiros , e Paul de Ma-
gos , e naó havia outro mais proporcionado que vender , e trefpaf-
far a dita Senhora Infanta os tais bens , aflim , e da maneira que lhe
pertenciaó por vertude das ditas doaçoens , e alvará ao dito Senhor
Infante D. Pedro , o que fendo prefente a S. Mageílade , que Deos
guarde ouve por bem dar licença aos ditos Senhores Infante , c In-
fanta para que por feos Procuradores , ou pelas peíToas que feos po-
deres tivclfem pudeiTem comprar , e vender os ditos bens , terras , di-
reitos , e jurifdiçoens como mais largamente coníla do Álvara de trin-
ta de Agofto deftc prefente anno que também ao diante hira tresla-
dado , e que para a dita compra , e venda fe ftzer com mais fcgu-
rança de huma , e outra parte de prefente , e ao futuro o dito Senhor
ouvera por bem de fuprir a menoridade dos ditos Senhores Infantes
e todas as mais folemnidades , requeíitos por direito , e ordenação do
Reyno para fe poderem comprar , e vender os bens dos menores co-
mo fe todos anualmente entrevieíTem na dita compra , e venda de-
clarada no dito Álvara derrogando todas as leis que íizeíTem em con-
trario havendo-as por expreílas , e declaradas para o mefmo effeito
fem embargo da ordenação , livro fegundo tittullo quarenta e coatro
em contrario como melhor fe vè da poílilla pofta nas coftas do dito
Álvara da datta de vinte e dous de Setembro próximo paífado. E
por quanto des o temtpo em que fe deílinou a dita vencia preceden-
do as informaçoens neceífarias fe conferio por muitas vezes por ho-
mens peritos , e de experiência , e miniílros que tinhaó rezaó de fa~
ber do^ vallor, e eílima:aó da dita Cidade de Lamego, Villa de
Tom. V. F Moura,
,

4i trovas do Liv, VIL da Hi[lQria ÇenerJo^ca


Moura ,
Selleiros , e Paul de Magos com todas fuás rendas , e direi-
tos ,jujíifdiçoens , Padroados , prerrogativas aíTim , e da maneira que
íè referem na dita Carta patente fe achou , e concluio , e achou ler
a ercimaçaô e comum preço a quantia de cento e fuicoenta mil cru-
,

zados pouco mais , ou menos , e nefte preço , e quantia eftavao elles


ditos Procuradores de parte , a parte ajudados cm virtude dos pode-
res de luas procuraçoens , e por aíTim fer elle Lecenciado Franciíco
Lopes Henriques da procuração que tinha da dita Senhora Infanta
diíTe que em nome da dita Senhora vendia como em effeito vendeo
e trefpaíTou defte dia para todo fempre em o Lecenciado Bento Car-
dozo Ozorio como Procurador do dito Senhor Infante D. Pedro , e
feos herdeiros , e fucceílbres a dita Cidade de Lamego , Villa de
Moura , Selleiros , e Paul de Magos com todas fuas pertenças , pa-
droados , jurifdiçoens , mero , e miíto império , dattas , direitos, fo-
ros , tributos , e prerrogativas , e aíTim e da maneira que todo vai
,

declarado na dita Carta patente , e pertenciaó , e podiaô pertencer


a dita Senhora Infanta , e feos herdeiros , e fucceífores com todas as
qualidades , e circunftancias tudo na forma das ditas doaçoens pelo
dito preço dos ditos cento e fmcoenta mil cruzados , e pelo dito Le-
cenciado Bento Cardozo Ozorio foi dito que elle como Procurador
do dito Senhor Infante aceitava o dito trefpaíTo das ditas doaçoens
de juro , e herdade para fempre para o dito Senhor Infante , e feos
fucceífores em virtude do dito contrato de venda , e preço dos ditos
cento e fmcoenta mil cruzados os quaes entregou com CiTeito a Joaó
Froes de Aguiar Thefoureiro do dotte da dita Senhora Infante de
que paíTou feo conhecimento em forma que o dito ao diante hirâ tam-
bém tresladado pela qual rezaó o dito Lecenciado Francifco Lopes
Henriques diíTe que vifto eílar entregues os ditos cento e fincoenta-
inil cruzados preço deíla venda ao dito Thezoureiro elle como Pro-
curador da dita Senhora Infante dava quitação por eíla publica efcri-
tura da dita quantia havendo ao dito Senhor Infante , e a todos feos
herdeiros , e fucceífores por defobrigados delia para fempre , e para
poderem lograr os ditos bens doados com todos feos effeitos na for-
ma fobreditta , e em virtude defte contrato , e pelo dito Lecenciado
Bento Cardozo Ozorio Procurador do dito Senhor Infante que por
quanto no Alvará fobredito do primeiro de Novembro de mil feif-
centos fmcoenta e feis S. Mageftade que Deos haja declarara que
fazendo a dita Senhora Infanta deixaçaó do dito Paul de Magos fica-
ria elle fempre a fua difpoíiçaô por fe aver rompido por fua Carta
elle outorgante para ceifarem duvidas ao futuro fizera petição a S. Ma-
geftade que Deos guarde para declarar que aquella referva nao tinha
lugar mais qu? no cazo que o dito Paul foífe comprado a dita Senho-
ra Infanta com os bens da Coroa na forma declarada no dito Álvara
e nao fendo como foi remido , e comprado com o dinheiro do dito
Senhor Infante porque nefte cafo nao havia de ficar a difpofiçaó do
dito Senhor fenao ao dito Senhor Infante , e que S. Mageftade por
Decreto de dezafette de Outubro defte prefente anno que também abai-
xo hirâ tresladado deferindo a dita petição aífim o declarara havendo
por
,

43
por bem que o dito Paul fícaíFe ao dito Senhor Infante, e a feos
fucccíTores como pertencia , e havia pertencer a dita Senhora Infante
fem embargo da clauzulla do dito Álvara a qual ceifava vifto o dito
Paul fcr comprado , e remido com o dinheiro do dito Senhor Infan-
te a cuja dilpoziçaó , e de feos fucceífores havia de ficar , e queria
que ficaífe reqiierendome o dito Procurador do Senhor Infante que af-
fim o eftendeíie ncíla efcritura , e nelle foífe também inferto efte de-
creto para a todo o tempo conftar defta declaração , e todo o fobre-
dito os ditos Procuradores outrogaraô , e aíllftiraó de parte a parte
prometendo em nome dos ditos Senhores Infantes que efte contra-
õ:o fera para fempre firme , e valiozo , e que a dita Senhora Infante
o faria fempre bom , e irrevogável na forma que os ditos bens lhe
foraô concedidos por fua Carta patente renunciando de parte a parte
todos os privillegios , liberdades , prerrogativas , e preheminencias
das pelfoas dos ditos Senhores Infantes feos conftetuintes para nunca
virem contra efte contrario obrigandofte em cazo que fobre elle fe
movelfe alguã duvida a refponder aonde , e perante quem ElRey nof-
íb Senhor fuceíTor os ordenafíe , e renunciavaó privilégios de fua m.e-
noridade , e o beneficio de reftituiçaó , c todos os mais concedidos
e incorporados em direito, e fora delle , e para mais firmeza d:íle
contrato requerendome que o eftendeífe neftas minhas nottas , e dei-
les fe paílaíiem todos os inftromentos neceífarios que aceitarão nos
nomes que reprefentaó , e eu Tabelliao todo aceito como peílba pu-
blica eftipullante , e aceitante , e o treslado dos Alvarás , e da Carta
de que atras fe fas menção he o feguinte.
D. Catherina Infanta de Portugal , Scc. Pella prefente nomeyo
por meo Procurador o Lecenciado Francifco Lopes Henriques avo-
gado da Caza da Supplicaçaó , e lhe concedo eípecial poder , e fa-
culdade para que por mim , e em meu nome com livre e geral admi-
niftraçaó poíFa vender ao Infante D. Pedro meo muito amado , e prezado
Irmaô a Cidade de Lamego , Villa de Moura , e Paul de Magos de
que de tudo fou Donnataria por mercê , e Doação que me fes ElRey
m.co Senhor, e Pay que famSba gloria haja por Carta patente do pri-
meiro de Novembro de mil e feifcentos fmcoenta e feis , affim , e da
maneira que na dita Carta he coutheudo , e declarado , e para effeito
da dita venda , e compra pelo preço em que fe ajufíarem fe faraó com
as íbiemnidades , e feguranças coftumadas as efcrituras que forem ne-
ceílarias , e tudo pelo dito Francifco Lopes Henriques vendido ,
feito , e requerido haverey per bem , firme , e valliozo. Domingos
Alvares de Andrade a fes em Lisboa a nove de Mayo de mil c íeif-
centos e felTenta c hum. Antonio de Souza Tavares o fes efcrevcr.

A INFANTA.
Fa V. Alteza por bem dar poder ao Lecenciado Francifco Lo-
pes Henriques advogado da Caza da Supplicaçaó para que em feii
nome poda vender ao Senhor Infante D. Pedro a Cidade de Lamc-
Tom. V. F ii
,

44 ^^'ovas do Liv. VIL da Htjloria genealógica


'
go , Villa de Mourae Paul de Magos de que V. Alteza he Don-
,

nataria da maneira acima declarada.


Eu a Rainha como Tutora , e Adminiftradora da peíToa , e Eí-
tado 5 e bens do Infante D. Pedro meo muito amado , e prezado fi-
lho faço faber aos que eíle Álvara virem que por elle dou poder
efpecial ao Lccenciado Bento Cardozo Ozorio Procurador de todas
as cauzas do Eílado de Bragança , e do mefmo Infante para em feo
nome comprar a Infanta D. Catherina minha muito amada , e preza-
da filha a Cidade de Lamego , Paul de Magos , e Villa de Moura
de que he donn ataria pelo preço em que fe ajudarem , e para faze-
rem a efcriptura de compra , e venda com as folemnidades , e fegu-
ranças neceíFarias , e todo o por elle feito haverei por firme , e val-
liozo , &c. Domingos Alvres de Andrade a fes em Lisboa a outo
de Mayo de mil e feifcentos feíTenta e hum. Antonio de Souza la-
vares o fís cfcrever.
RAINHA.
Ha
V. Mageftade por bem como Tutora , e Adminiftradora da
peíToa , e Eílado
, e bens do Senhor Infante D. Pedro dar poder ao
Lecenciado Bento Cardozo Ozorio para poder comprar a Senhora
Infanta D. Catherinna a Cidade de Lamego , Villa de Moura , e
Paul de Magos de que he donnataria.
D. Joaó por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algarves
daquem , e dalém mar em Africa, Senhor dc Guiné, e da Conquif-
ta navegação Comercio da Ethiopia , Arábia , Perfia , e da índia
&c. Faço faber aos que cila minha Carta patente virem que tendo
refpeito a idade em que fc acha a Infanta D. Catherina minha mui-
to amada , e prezada filha , e a obrigação que me corre de lhe dar
fuílentaçaô , e dotte , e lhe naó ter feito mercê alguâ , e ao muito
que lhe he neceíTario para fuílentar feu Eílado conforme o que he,
e ao que a rezao , e a conveniência do Rey no pede que ella tenha
ao diante , e tendo outro fim refpeito ao aperto em que fe acha o pa-
trimónio da Coroa com a decipaçaó que padeceo do tempo da in-
trodução dos Reys de Caílella , e ao que tem defpendido com a
guerra de tantos annos nos Reynos , e nas Conquifias acomodando
aíHm a neceíHdade da Infanta como as do Reyno no melhor modo
que pode fer tendo por certo da Infanta que mo faberâ merecer to-
da a mercê que lhe fizer, e que feos fucceíTores faraó o meímo ao
Principe meo íbbre todos muito amado , e prezado filho, e aos Reys
que lhe ouverem de fucceder ni Coroa dcíles Reynos , e por folgar
por todos eíles refpeitos e em particullar pellos mereci mentos pef-
,

íoaes da Iníanta que acreíentao muito a cílimaçao que delia faço , e


grande amor qijc lhe tenho hey por bem fazerlhe mercê da Ilha da
Madeira com todos íeos lugares , da Cidade de Lamxgo , e feo ter-
mo , da Villa de. Moura, e feo termo tudo com fuas rcndaa , direi-
tos , foros. , tributtos , oíncios , dattas , Caficllos , e Padroados ex-
cepto Alfandegas , fizas , e os Biipados de Lamego e Funchal que
,

fempre ficaraÓ dc Provizaó da Cerca aílim ^ c da maneira que cu lio-


,

da Cafa %eal T^ortugues^a. 45


je poíTuo aquclla Ilha, Cidade velha, e melhor fe melhor pode fer
com toda fua jurildiçaó crime , e eivei , mero , e mifto Império com
todas as mais prerrogativas que tem as doaçoens da Caza de Bragan-
ça , que aqui hey por expreíTas , e declaradas entendendo nas que a
Caza tem incorporadas para íeos fucceílores , e nao nas pellbaes que
por doação de favor confederei a Infante quaes convém â fua pef-
foa , e confidiaó meos Anteceífores aos feus fegundo as peífoas de ca-
da hum , e as ocazioens , e ocorrências dos tempos. E porque a
renda da dita Ilha , Cidade de Lamego , e Villa de Moura tirado as
fizas , e Alfandegas he lemitada. Hey por bem que das rendas das
Alfandegas da Ilha fe pague ordenado ao Governador que nella ou-
ver de haver que fera nomeado pela Infante , e feos fucccíTores com
aprovação minha , e dos meos , e fe pagara mais do mefmo rendi-
mento das Alfandegas a defpeza do Prezidio , ou Prezidios da dita
Ilha naô paliando do que hoje faó , e lhe faço mais mercê dos Sl^I-
leiros de Moura na parte que toca a eíla Villa aíUm como concedi ao
Infante D. Pedro meo muito amado , e prezado filho a parte dos
mefmos Selleiros que toca a Villa de Serpa de que he Donnatario
e lhe faço outro lim mercê do Paul de Magos que ha pouco tempo
rompi tudo o fobredito de juro , e herdade na forma da ley mental
*,

para ella , e feos fucceílores baroens lidinios precedendo o netto fi-


lho do filho mais velho defunto antes de fucceder ao filho íegundo ,
e mais filhos do ultimo poíTuidor difto falvando os direitos dos Do-
natários que ouver na dita Ilha, e mais lugares declarados neíla Doa-
ção que ficara em feo vigor em quanto durarem os termos de fuas
Doaçoens , e acabadas ellas de maneira que hajaó de tornar os bens,
jurifdiçoens , e o mais que poíTuhirem a Coroa de mèos Reynos nao
vagarão para ella, fenao para a Infanta , e feos fuccelfores para as te-
rem , c poíTuirem na form^a defa Doação , e faço a Infante a Doa-
ção deíla Ilha , e mais contheudas nefta Carta com tal declaração que
fe tomar Eftado fora do Reyno , e por efta rezao , ou outra igual-
mente poderoza lhe quizer a Coroa fatisfazer o juílo vailor deftas
Doaçoens fera obrigada a defiíUr delias , e pofto que os benefícios
da dita Ilha fe provejao como da Ordem de Chriílo pella Meza da
Confcieiícia os concedo a Infante , e feos fucceífores para os f^rover
como Donatários daquelles Padroados , ou do uzo delles aílim , c da
maneira que a Caza de Bragança prove alguas Comendas da mefma
Ordem , e fendo ncceííLrio fazer também eíla Doação dos bencHcios,
e da Ilha conio Mcíire , e Governador , e perpetuo Adminiftrador
da Ordem de NoíTo Senhor Jeíus Chrifto o faço como tal ou de ju-
ro , e herdade , ou quando nifto haja impedimento em vida de tres
pcToas no melhor modo , e forma que puder fer para que tenha feo
comprido eHeito para o que fendo outro fim neccíiario fe fupplicara
a S. Sanélidad:; executando a doação aíFmi neíla parte, como em to-
das as niais muito pontual , e inteiramente no melhor modo , e for-
ma que convier , e quando liaja contra elia , ou contra alguã parte
por pcqurna que ícja tal impedimento, ou cin todo, ou em parte
naô poífa eíla doaçaò ter comprido clieito. Hey por bem que a par-
,

Trovas do Liv, VIL da Hijlorta (jeneahgtca


te em que o naó puder ter íb fupra cm outra equivali ente em tal mo-
do , Forma que fempre tenha cfícito , e vallor de mercê que faço
e
a Iníante por eíla Carta a qual mercê , e dcaçaó lhe faço de m.eo
m^otto próprio , certa fcicncia , poder Real , e abfoluto no melhor
miOdo , e forma que de direito poíTo , e devo , e por frmeza de to-
do o que dito he lhe mcndei dar eíla Carta por mim aílinada , e
paíTada pela minha Chancellaria , c fellada com o Sello pendente de
minhas Armas. Dada na Cidade de Lisboa o primeiro do mes de
Novembro. Luis Teixeira de Carvalho a fes anno do nafcimento
de Noílb Senhor Jefus Chrifio de mil feifcentos íincoenta e feis. Pe-
dro Vieira da Silva a fis eícrever.

ELREY.
Carta patente porque V. Mageftade fas mercê a Sereniílima
Lifante D. Catherina da Ilha da Madeira , Cidade de Lamego , Vil-
la de Moura , e feos Sclleiros , e do Paul de Magos coin fuas ren-
das , Padroados , excepto íizas , Alfandegas , e Bifpados na forma da
ley m.ental , na maneira acima declarado , para V. Mageílade ver.
Francifco de Carvalho. ^ Naó deve direitos novos por fer Infante,
e os nao dever por eílar aflim em eílillo nas peíToas Reaes. Lisboa
tres de Novembro de mil e feifcentos íincoenta e íeis. Henrique
Correa da Silva. ^ Pagou nada por fer da Senhora Infante, e con-
forme o Regimento naó dever direitos a fazenda de S. Mageílade.
Lisboa tres de Novembro de mil feifcentos íincoenta e feis , e aos
oííiciaes por eíHmaçaó conforme a determinaçaó do Chanceller mor
fellenta e ccatro mil e cem reis comcorda. Gafpar Maldonado.
Regiííada na Chancellaria no livro dos Padrcens , e Doaçoens a
folhas cento e íincoenta e tres. Joaó de Payva de Albuquerque.
Eu ElRey faço faber aos que efte Álvara virem que eu íís
m^ercc a Infante D. Catheriima minha muito amada , e prezada íilha
da Ilha da Madeira com todos feos Lugares , Cidade de Lamego
Villa de Moura com feos Selleiros , e Paul de Magos com tal decla-
raçaó que fe a Infante tomar eílado fora do Reyno , ou por outra
rezaó igualmente poderofa lhe quizer a Coroa fatisfazer o vallor da-
quellas Doaçoens fera a Infante obrigada a deziílir delias como tudo
fe vê da Carta da mefma Doaçaó que foi feita no dia da data deíle
Alvará e porque dezejo evitar duvidas ao diante , e as pode haver
íucccdendo aqucUe cazo na eílimaçaó , e vallor das Doaçoens man-
dando-as ver particuUarmcnte ao que rendem cs direitos , e venta-
jens, e prerrogativas delias hey por bem declarar o vallor das ditas
Doaçoens em quinhentos mil cruzados que a Coroa deve fatisfazer
a Infante fuccedendo o cazo referido , e que nem a Coroa poderá
darlhe menos , nem a Infante deixar de deziílir , e largar as Doaçoens
entregandolhe aquella fomma, advertindo porem que como o Paul de
Magos fe rompco por minha conta ha fempre neíle cazo de ficar a
minha dcfpoziçaó defpois da dcixaçam da Infante, e pr<ra a todo o
tempo conllar deíla rczoluçaó minha ir;aíidci palfar efíc Alvará como
parte
,

da Cafa ^al Tortugueí^a.

parte daqiiella doação


qual quero que valha como Carta , e que
a
naó palFe pela Chancellaria lem embargo das Ordenaçocns do livro
íegundo , tittullo trinta e nove e quarenta , que o contrario diípoem.
Luis Teixeira Carvalho o fes em Lisboa ao primeiro do mes de
Novembro de mil e íeiícentos fincoenta e íeis. Pedro Vieira da
Silva a fes eícrevcr.
REY.
Eu ElRev faço faber aos que efte Alvará virem que tendo ref-
peito a que ElRey meo Senhor , e Pay , que íanta gloria haja co(n
jufta , e devida confideraçao ouve por bem fazer mercê a Infanta D.
Catherinna minha muito amada, e prezada Irmaã da Doação da Ci-
dade de Lamego , e Villa de Moura , e feos Selleiros , e do Paul de
Magos com fuas rendas , c Padroados excepto as fizas , Alfandegas
c Bifpados tudo na forma contheuda , e declarada em a Carta paten-
te da doação feita ao primeiro do mes de Novembro do anno de
mil e feifcentos fincoenta e feis para com o mais que na dita doaçio
fe conthem fervir em parte por dotte , e foftentaçaó da mefma In-
fante fendo tudo inferior ao neceíTario para feo Eftado , e poT Alva-
rá do primeiro dia do mes de Novembro do dito anno fer fervido
ElRey meo Senhor , e Pay fazer declaração fe a Infante tomalfe ef-
tado fora do Reyno , ou por outra razaó igualmente poderofa fe
compuzeífe o vallor da dita doação tendo confideraçao aos rendimen-
tos delias , e ventagens , prerrogativas delia , e hora naó haver lugar
de fe poder compor no cazo que de prefente fe offerece de cazar a
Infante fora do Reyno conforme ao que no dito Alvará fe premidi-
tou , e fer neceífario uzar de outro meyo para acommodar a Infante
em a falta de feo dotte em o que fe naó acha outro mais conveni-
ente que dando licença ao Infante D. Pedro meo muito amado , e
prezado Irmão para comprar a Infante as ditas terras , direitos , e ju-
rifdiçoens delias aífim como lhe pertenciaó , e podiaô pertencer na
forma da dita Doação. Hey por bem , e me praz conceder licença
ao Infante , e Infanta para por feos Procuradores , ou pelas peílbas
que feos poderes tiverem poílaó comprar , e vender as ditas terras
que faó feos direitos , e jurifdiçoens intervendo em feu paílo , e
contractos aquellas deligencias , e folemnidades que para a fubílancia,
forma e vallidade delias forem neceílarias , e eftc Alvará fe compri-
,

râ como
nelle fe declara fem embargo da repofta, que fobre iíto dco
o Procurador de minha Coroa , e valera pofto que feo efFeito haja
de durar mais de hum anno fem embargo da Ordenação do livro fe-
gundo tittullo quarenta em contrario. Manoel do Coutto o fes em
Lisboa a trinta de Agoílo de mil e feifcentos feíTenta e hum. Jacin-
to Fagundes Bezerra o fes efcrever.

RAINHA.
Ruy de Moura Prefidente.

Ha
,,,

48 Trovas do Lh. VIL da Hijloría Çenealogicd

Ha V. Magefíade por bem que os Senhores Infante, e Infanr


ta por feos Procuradores poíTaó comprar , e vender as terras acima
nomeadas , e os feos direitos , e Juriídiçoens tudo na m.aneira , ecom
as declaraçoens neíle referidas. iPara V. Magefcade ver.
Por Decreto de S. Mageílade que Deos guarde de dezouto de
Julho de mil e feifcentos feíTenta e hum , e defpacho do Dezembar-
go do Paço de trinta de Agollo do dito anno. Hey por bem qu^
o Alvará atras fe cumpra como fe nelle declara para o que hei por
fuprida a Idade dos Infantes nelle declarado meos muitos amados
,
c prezados Irmãos , e todas as m>ais folemnidades , e requizitos de
direito , e ordenaçoens do Pvcyno como fe todos a(51:ualmcnte citar
ouveífe na compra , e venda de que o dito Álvara trata , c outro fim
liei por bem derrogar todas as leis , e ordenaçoens que fizerem em
contrario as quaes hey por expreífas , e declaradas para o mcfmo ef-
feito como pedirem os Procuradores dos Infantes , e eíla apoíliila
e o dito Alvará valler poílo que feo eífeito haja de durar mais de
lium anno fem embargo outro fim da Ordenação do livro fegundo
tittullo quarenta em contrario. Manoel do Coutto a fes cm Lisboa
a vinte e dois de Setembro de mil e feifcentos e feífenta e hum.
Ja-
cinto Fagundes Bezerra o íis efcrever.

RAINHA.
Na apoftilla Ruim de Moura Prefidente. != Na apoílilla pa-
gou nada por fer do ferviço de
Mageílade.
S. Lisboa vinte e outo
de Setembro de feifcentos feílenta e hum , a mim. nada por o quittar.
í= D. Gafpar Maldonado defpelleta. t= Fernando de Mattos de Car-
valho, t: Nam deve novos direitos por fer do ferviço de S. Magef-
tadc. Lisboa vinte e outo de Setembro de mil e feifcentos e fef-
fenta e hum. Henrique Correa da Silva.
Diz o Procurador do Senhor Infante D. Pedro que depois de
S. Mageílade que Deos haja fazer Doação a Sereniííima Senhora In-
fanta D. Catherinna da Ilha da Madeira , Cidade de Lamego , Villa
de Moura com feos direitos , Selleiros , e Paul de Magos de juro
e herdade declarou que fe a dita Senhora Infante tomafle eftado fo-
ra do Reyno fe lhe íatisfaria pela Coroa o vallor das ditas Doaçoens
que eílimou em quinhentos mil cruzados com cuja fatisfaçaó feraa a
dita Senhora obrigada a deziílir delias , e com declaração que fucce-
ilcndo eíle cazo íèmpre o Paul de Magos ficara a difpoziçaô do di-
to Senhor defpois da dita Senhora haver feito deixaçaó delias por o
haver rompido â fua cuíla , e por a dita Senhora tomar eílado fora
do Reyno , e os bens da Coroa eílarem attinuados , e fe naô pode-
rem remir as ditas terras com feu dinheiro foi V. Mageílade íei"vi-
do a dar licença ao Senhor Infante D. Pedro para comprar a dita
Senliora a Cidade de Lamego , Villa de Moura , e Paul de Magos
por preço de cento e íincoenta mil cruzados termos em que naô po-
de ficar o dito Paul a defpoziçao Real na forma da dita declaração
defpois da deixaçaó da dita Senhora por fe nau remir com o dinhei-
ro
I
ro da Coroa a que fò o cazo cm que ella podia ter lugar , mas naó
lendo remido com o dinheiro do clito Senlior Infimte que o comprou
por mayor conveniência do Reyno. Pede a V. Magefladc , que para
íc evitarem duvidas ao futuro lhe faça mercê declarar que vifto o
dito Paul fer remido com o dinheiro do dito Senhor Infante prece-
dendo , licença , e faculdade de V. Mageíiade naó tem lugar a dita
declaração , e que fem embargo delia fque fempre o dito Paul a
difpoziçaó do dito Senhor Infante, e feos fucceíTores de juro, e her-
dade na conformidade que a dita Senhora Iníante a tinha , e poíluva
por fuás doaçoens , e recebera mercê. Bento Cardozo Ozorio.
Deferindo a petição do Procurador do Infante D. Pedro mco
muito amado , e prezado Irmão. Hey por bem , e me praz declarar
que de mais da licença que tenho concedido na forma do Alvará que
para ilfo mandei paílar para íc poderem celebrar os pavios da com-
pra , e venda de que fe fas menção o Panl de Magos fique ao In-
íânte , e feos fuccelfores aílun ctomo pertencia , e havia de pertencer
a Infante D. Catherinna miinha muito prezada , c amada Irmaã fem
embargo da clauzulla efcrita cm fua Doação de que tomando eílado
a Infante fora do Reyno tornaria o dito Paul ficar a minha difpozi-
çaó por quanto a dita clauzuUa fica ceifando , e como fe pofta naó
foíle por fer o dito Paul ora remido pela fazenda do mefmo Infan-
te , e a cuja defpoziçaô , c de feos fucceflbres deve f car , e quero
fique. Lisboa dczaíette de Novembro de fcifcentos e fellenta e hum,
com huã rubrica da Rainha noíla Senhora.
A folhas coatrocentas c vinte e finco do livro da Receita dc
Joaó Froes de Aguiar l'hezourciro do dinheiro para o negocio dc
Inglaterra ficaó carregados feífenta contos de reis que lhe entregou
o Doutor Bento Cardozo Ozorio Procurador do Eftado do Screnif-
íimo Senhor Infante D. Pedro preço da venda porque o dito Senhor
Infante comprou a Sereniílima Senhora D. Catherinna Rainlia da
Gram Bretanlia a Cidade de Lamego , Villa de Moura , Selleiros de
Serpa , e Paul de Magos , e da dita Receita fe paíTou eíle conheci-
mento em forma feito por mim , c aílinado por ambos. Em Lisboa
dezaífeis de Dezcm^bro de fcifcentos fcílenta e hum. Joaó Francifco
Froes. E tresladados os concertey cem os próprios a que me re-
porto teíicmunhas que foraó prefentes Balthcznr Gomes , e Rodri-
go de Almeida , c Luis da Sylva ofnciaes do Eílado de Bragcnça , e
eu Taballiaó dou fce ferem eftes outrogantes os próprios aqui con-
theudos que na notta aíílnaraó com as teílemunhas , e declararão el-
les Procuradores dos ditos Senhores Infantes que o contrato de ven-
da^ que fe trata nePia cfcritura efiava ja ajufado cm toda fua perfei-
çaó no incs de Março deíl^e prefente anno muito tempo antes que
fe celebraíFe o cazam.ento da dita Senliora Iní^ante com o Senhor Rey
da Gram Bretanha , e fe fufpendeo athe o prefente o reduzir fe a ci-
ta efcritura athe fe fazer entrega dos ditos cento e fincoenta mil cru-
zados preço dcíla venda , e com efta declaração outorgaó ef a clcritii-
ra como fe fora feita no dito tempo. Teilemunhas os ditos e eií
Theodoro da Coíla de Souza Tabaliaó o eícrevi. O Lcccnciado
Tom. V. Q Frau-
,

jO' Trovas do Liv, VIL da Htflor ia Çenctilcgica

Franciícrt Lopes Hcnric^ues. Bento Cardozo Ozorio. t= P. ndri-


!=:

go de Almeida. Luis da Silva. t= Balthezar Gomes. E eii


Antonio da Silva Canto Taballiaô de nottas por ElRey noíTo Senhor
neíla Cidade de Lisboa que eíle Inftromento de notta de Theodoro
da Colla de Souza que neíle oílicio fervio a que me reporto a fís
tresladar , concertey , íbbeícrevi , conferi , e aílinei em razo. Lisboa
Occidental de Março trinta e hum de mil e íettecentos e vinte e
hum. Concertado por mim Taballiaô. Antonio da Silva Canto.

Decreto (jiie o Infante D. Peiíro mandou aos Trthunaes , quando en-


,

trou a governar, EJlà na hhraria m, /, do Duque dc Cada-


val ^ livro num, 2, de papeis vários ^ pag. 41,

e perigos em que fe vem eftes Rey-


Num 6g f^^^^^^^^
_ nos c das
neceíTídades
inftancias
,

que fobre ícu remédio , me tem feito mui-


An. IÓÓ7. tos valTallos delle , dos mayores na idade, e na qualidade mais zeío-
zos , e mais empenhados , em fua confervaçao , dezejo a muitos dias
de achar meyos luaves para atalhar os damnos , que ja de taó perto
os ameaçavao ; mas nao me foi poíFivel porque defde o dia , em que
alguas peíToas levarão a ElRey meu Senhor a Alcantara , e tumultua-
riamente lhe fízeraó tomar naquella quinta o governo de feus Rey-
nos perfuadindolhe , que a Rainha minha Mãy e Senhora que Deos
tem , e os Miniftros de que ElRey meu Senhor c Pay , e eila faziaô
muita confiança lhe dilatavao a entrega do governo , com intento de
lhe tirarem a Coroa, fe nao fiou S. Mageitade de mais peífoas, qu2
daquellas , e de outras efcolhidas por elles , para lhe impedirem os
meios de conhecer taó prejudicial engano , atrevendo-fe para que nao
ouvcfe quem lhe moílrafe e pcrturbaíè fua valia a levar fem outro
fim a liuã prizao afrontoza , e a matar cruelmente nella a Rainha mi-
nha May e Senhora , cauza baftante para padecermos mayores caíli-
gos , e a defterrar deíla Corte tao grandes peíToas , por tanto tem-
po , e para tao ruins lugares , em que receberão os damnos que faó
notórios , fendo mayor , impedirem por eíle modo , o remédio com
que a Rainha queria atalhar , c atalhara com efeito , os malles cm
que nos vemos , am.oeílando a ElRey , com os meios que havia dc
miíler o feu natural , e tirandolhe e dandolhe os criados que haviao
miíler feus annos , mas fefe o contrario , deixando cercar ElRey , e
ajudando-o a iífo , de homens de ma vida , buícados e efcolhidos em
todo o Reyno, dandolhe groífos ceUarios , e premiando com gran-
des mercês feus deliélos , com graviífimo damno da conciencia , au-
thoridade e reputação delRey , perturbação defta Coroa , e efcanda-
lo do mundo , crecerao tanto os defmanchos , e com elles a valia
daquelles homens , que privando a Sua Mageílade de toda acçaó pró-
pria fe fi^eraó fenhores de fua vontade , e de tudo , the dos caixi-
lhos , com que fe fírmao os defpachos , que tinhao em feu poder
procurando , c confeguindo dc S. Mageílade , que fe alguma pefiba
lhe
,,

da Cafa ^al Tortugnei^a,

lhe difTefe qualquer couza , cm menos abono feu , a tratafe com tal
dezabrimento que fe lhes naó atreveíTe ninguém , nao exceptuando
deíla regra , nem a mim , nem ( o que mais hc ) a Rainha minlia Se-
nhora , imprimindo tao vivamente no animo de S. Magcftade o cof-
tume de tratar mal os vaílallos , que fem refpeito a ferem os mayo-
res , e a naó darem cauza uzava com elles , o que com tanta vergo-
nha noíTa vimos todos tantas vezes , entendeofe da Rainha minha Se-
nhora j e de mim que dezejavamos emendar eftes damnos , e bailou if-
to para nos tratarem de maneira , que queixandome eu de me quere-
rem tirar a vida com peçonha nem foi crida , nem defpachada a mi-
nha queixa , como ouvera de fer , fe fora de qualquer particular e ,

fe tratou a Real peíToa da Rainha minha Senhora , com taó pouco


refpeito , que foi neceíTario que a nobreza , e povo defla Corte
acodiíle por ella , com o empenho que fe vio , e nem ifto bailou
para fe dar fatisfaçaó a Rainha , antes a ella , e aos mais nos íizeraó
as afrontas que com tanta obediência fofremos naquelle dia , e para
fe tirar da viíla da Rainha o inílrumento do feu difgoílo , foy ne-
ceíTario afaílalo do Paço com induílria ; o Miniílro de que me quei-
xei , fe retirou defía Corte , muito contra vontade de S. Mageílade,
e prometendo o deixaria com liberdade o fez tanto pelo contrario ,
que lhe deixou hum papel , com infcruçaó do que havia de fazer , e
das pellbas de que fe avia de aíTiílir , dos defpachos e mercês , que
havia de publicar , difpondo por avizos e cartas , q governo de tu-
do , continuando auzente nos damnos que fendo prezente fazia , fem
haver meyo para Sua Mageílade o reconhecer e evitar, acodindo
com remédio a feus Reynos , que fe achaó fem juftiça , fem fazen-
da , exhauílos de tudo o neceílario para fua defenfa , empenhados ,
afligidos , e em muita parte defconfíados de feu remédio , naó fe
achando nenhum , para Sua Mageílade perder o coílume de foircr
mal o advirtaó , do que convém , defcompondo aos que o intentav")
fazer, fem perdoar ao amor daEfpoía, ao refpeito do Irmão, a cf-
timaçao dos Grandes de feus Reynos , a neceffidade e agradeciriiento
dos criados , quiz o Reyno pellos Miniílros do Senado da Camara
deíla Cidade , e pelos Procuradores das mais principaes do Pvcyno
valerfe do remédio de Cortes , ajudando-o cem muitas apertadas inf-
tancias, o Confelho de Eílado , e dezenganados de o coníeguir dq-
rao na dczefperaçaô de proteítarem haviao por levantadas as contri-
buiçoens , com que fe fuílenta a guerra ,
pode eíla violência o qiíe
naó pode a rezaó e afinando Sua Magef ade o primeiro dia de Ja-
,

neiro para iZ celebrarem , logo o mudou , e o tornou a mudar , e


fendo ja o tempo taó pouco , naó tem partido às Camaras carta al-
guma , nem ainda tem hido a do Senado da Cambara dcfra Cidade
e por naó haver preziflencia em nada , fe tem por duvidozo o fru-
to, que íc procura tirar delle remédio. Rezolveo-fe S. Mageílade a
deixar eíla Corte , ( que nunca podia fer a bons íins ) c ainda cita
com efce prepoíito , procurei por todos os meyos ajiidalo no gover-
no , unindomc com elle de maneira , que com o trato , e com o tem-
po, pudeíie milhorar algumas cousas, mas naó deu lugar a iílb a fua-
Ibm. V. '
Cjij.
'
visícon-
,

5 2 trovas do Liv, VIL da Hiflorla Çenealogica


defconfíança , e tem moílrado a experiência , nao poderia Ter durá-
vel , a noífa uniaô , antes que o querer prefeftir nella , feria ocaziaó
de mayores damnos , íbbre tantos fentimentos nos íbbreveyo o ma-
yor da auzencia da Rainha minha Senhora foceílb tal e taó grande ,
que naô ha palavras com que dignamente fc poíTa falar nelle , ulti-
mamente acodindo o Senado da Camara deíla Cidade , e o milhor do
povo delia ajudado de quazi toda a nobreza , ao que em mim pare-
cia defcuido 5 me veyo bufcar, e obrigar quafi com demonítraçaó de
violência, a tomar o governo deíles Rey nos por eílas rezoens epor
outras cauzas , que faó notórias ( alem das que o nao faó ) que o
refpeito nao deixa referir , perdida totalmente a efperança de achar
remédio, com que acudir a eíle Reyno , receando com jufia cauza ,
brevemente mayore? damnos, me foy forçado uzar do ultimo, obri-
gado da conciencia , da honra , e do amor , que tenho a Real pef-
foa delRey meu Senhor , e a eftes feus Reynos , e me rezolvi en-
comendando-o , e fazendo-o encomendar^ primeiro muito particular-
mente a Deos a recolher (com o decoro que he divido) a Real pel-
foa de S. Mageílade , the eflcs Reynos juntos em Cortes , para o
que hiraó logo avizos , detriminarem com toda a jurifdiçao que tem,
o remédio que julgarem por conviniente a fua neceífidade , e porque
em falta da Rainha me toca o governo delles , em quanto nao rezol-
verem outra couza , o farei fem perdoar a nenhum trabalho , com
todo o dezejo de acertar , e para que feja afim encomendo muito
particularmente aos Miniílros do Dezembargo do Paço , me ajudem
como eu efpero e mereço a todos , advertindome do que devo fazer,
para contentar a Deos , e fervir bem a ElRey meu Senhor , e fc ha
de advertir , que os defpachos , c tudo o que fc fizer ha de fer em
nome de S. Mageftade , afim e da maneira , que fe fazia no tempo
da Pvegencia da Rainha mJnha mãy e Senhora , confervando hoje
como então fe confervava toda a autíioridade , na Real pelfca de S.
Mageftade e no ferviíTo de fua Caza , aíTi dentro com.o fora delle de
que fahira logo , que as Cortes tomem afento , no governo deftes
Reynos com os quaes efpero fe conformara Sua Mageftade fiando do
acerto de tantos , a efcolha do fojeito , ou fojeitos que os houve-
,
rem de governar dc que Sua Mageftade deve fiarfe , afim como fiava
tudo dos que efcolheo , e ainda que ajao de governar com toda a ju-
rifdiçao fempre hao de ter muito refpeito , ao que entenderem he
juftamentc gofto de S. Mageílade para o feciuireni , e nao he rezaó
fejaó cftes Reynos taó dezemparados , que lhes falte o remédio que
as Jeys delles daó , aos homens que dlcipao nao fo a reputação mas
a fazenda propia , naó tendo os Revs no património da Coroa
mais que a boa adminiftraçao , e protefto huma e muitas vezes , que
cftou e eftarci fempre , em quanto a vida me durar , aos Reaes pés
de S. Mageftade com a lealdade que lhe devo , como a meu Pvcy c
Senhor , e com o muito grande amor que lhe tenho , com.o a Irmão,
e a Pav que ncfta conta o tenho , e tive fempre defpois que me
faltou ElPvey meu Senhor que Deos tem e com rezoluçao muito fir-
me , de defendí-T cm fua Real pefiba , c nas dc feus defccndentes as
regalias
:

regalias que lhes pertencem , jurando diante da Mageí^ade de Dcos


a vafalajem e omenajem que lhe devo , aíim e da maneira que lha
juraó os que mais perfeitamente a juraó em luas Reacs mãos. En-
comendo muito ao Dezembargo do Paço tenha entendido tudo o re-
ferido nefte Decreto
, e que na conformidade dellc , continue o def-
pacho dos negócios que lhe tocaó. Em Lisboa a 24 de Novembro
de 1Ó67.

Tratado do contrato do ca/amento do Príncipe liegente D. Pedro,


com a Princeza D. Maria Francijca l fahel de Saboya, An-
da no tomo 7, Corps Univerfel Diplomatiqiie /w;?r£^
,

em ^ámfierdaÕ anno 17^1 pag* 81^ ^. ^'2, e


, ,

diz aj/im

Capitttlation et contraH de Mariage , etitre le Serenijjime Dom Pedro


Prime de Portugal , et la Serenijjiíne Princejje Marie Françoife
Elifabeth de Savoie , DnchcJJe de Nemours et Aimiale \ conclii
par le Mar quis de Niza , Comte de Vidigueira , Amiral des Indes^
Confeiller d" Etat , et DireBetir des Finances , et Dom Rodrigue
de Menezes Gentilhomme de la Chambre de Son AlteJJe , e fon Grand
Ecuier :et par le Duc de Cada^val , Mar quis de Ferreira , Comte
de Tentúgal , Conjeilkr d'' Etat , et le Mar quis de Marialva , Cojn-
te de Cantagnede , aufji Confeiller d? Etat et Direâíeur des Finan-
ces , comme Procureurs de la dite Serenijjime Princejje. Sans dat-
te ^ mais les Powvoirs font du ly. Mars ^ i6ó8.

PRemierement. En coníideration de F utilité qu"* on eíperc que Isfum


reviendra à la Chrètienté e du repôs e bien commun de ce
en
Royaume , on a trouvé à propôs des deux cotes de marier le Sere-
niílime Prince de Portugal Dom Pedro , avec la vSereniííime Princeíle
Alarie Françcize Elizabeth de Savoie Et pour eífc^iuer e celebrer
:

ce Mariage , par paroles de prefent dans la forme prefcritc par P


Eglife Romaine e** par le S. Concile de Trente , les Procureurs nom-
més ci deíTus ont arrefté refpeítivement , que chacun des dits Prin-
ces nommera íbn Procureur fpecial , au quel il donnera tous les
Pouvoirs neceííliires pour ftipuler en fon nom , jufques à la conclu-
líon du prefent contrad}.
II. Et le SereniíHme Prince Dom Pedro fe conflitue en Dot avec
la prochaine efperance ( fi Dieu lui donne la vie) de la fucceííion
legitime de ce Royaume de Portugal , e avec tous les Etats e Re-
venus que fon Pcre tres Haut e tres puilfent Prince le Roy Dom
Jean IV. de glorieufe memoire , lui a laifsés par fon deces , les
quels fe tiennent pour ducment declares e énoncés dans cet Arti-
cle.
líí. Qu2 la dite Sereniífime PrinceíTe fe conflitue en Dot un
millioa de croizades cu Ducats , Moniioie courantc de ce Rovaume,
a nn
,
,

54 ^^ovas do Liv, VIL da Hiftoria CJenealogica

a fin que Ic Se-eniílime Priiice Dom


Pedro , aprcs la confummatioii
dii í»,lariage , ait e gagne Ia dite Dot , e en difpofe à fa volonté.
IV. Et parceqiie , quand la Sereniííime Princeííe vint de France,
elle apporta avcc foi une íbmnie qui fe montoit à la valciir d' iin
n'illion , la quelle a eílé eíiecciveirent remiíe entre les mains des
JVliniílrcs de ce Royaume , et que par coníequent ce Royaume lui
d-cit , on eíl convcnu que Ic dit Sereniííime Princc , parmi les autres
biens du dit Royaume , qui eíl obligé à la reftitution de la dite fom-
nie , íe contente de la mèmc Dot , comme s' il P avoit reçúé lui
même et tient la Sereniííime PrinccíTe pour bien et duement déchar-
geé de Ia paier une autrc fois , de même que íi elle la lui paioit
réellement et a£luellement à cette heurc.
V. Et le Sercniíí-mc Prince Dom
Pedro, pour montrer en queí-
que maniere Ia grande eíliine qu' ii fait de la perfonne e du nierite
de la Sereniííime Princeííe í'a future Epouíe, lui donne en Dot tous
les Etats , Villes , Rcvenus , Jurifdi6lions , Patronages , et tous les
autres Biens , que poiledoit en íbn vivant la Sereniííime Reine Do-
na Luiía ía Mcrc , et que les Reines de Portugal ont toújours eus
pour appanagc ; a íin qu"* elle en ait la jouííTance et V adminiítration,
avec toutes les franchifes , Privileges , Prérogatives et Emolumens
que les dites Reines ont accoútumc d' avoir.
VI. Pour les mcmes raifons Ic Sereniííime Prince Pedro Dom
confiderant que les vingt mille Croifades qu'' on avoit aílignées par
nn h la dite Sereniííime Princeííe pour P cntretien de fa Maifon , et
qu** on lui aííígne de nouvcou par ce prefent contrad: , fçavoir quin-
ze mille croilhdes íur les Revenus du Bois de Brefil , et cinq mille
fur les Rentes de la Maifon de Bragance , ne font pas fuííiíans , les
dits Marquiz de Niza et Dom Rodrigue de Menezes promcttent, au
iiom du mcme (Tom. VII. part. I. ) Prince leur committant, vingt
mille croifades par an , qui feront priles fur les Douanes , a íin que
Ia dite Sereniííime Princeííe jouííle de ces quarante mille croiíades
durant ía vie , ainu que de tous les revenus aífeclés aux Reines de
Pcrtugal ,
qui lui appartiennent deja en vertu de ce contraól.
VIL On a dcclaré qu' au cas que la dite Sereniííime PrinceíTe fur-
vive le Sereniííime Prince , ou que pour quelque autre caule le Ma-
riage vienne à eílre diílbus ,
aprés avoir eíté coníommé qu' il y ait,
ou qu' il ny point d' Enfans , il fera au clioix de la dite Serenif-
ait
íime Princcffe de dcmeurer dans le Roiaume , ou d' en fcrtir ; et
que tant qu"" elle y voudra demeurcr elle coníervera tous les Etats e
Rcvenus qui lui ont eílé accordes par les Articles precedcns , fans
aucunc diminution , et tels qu"* elle les aura tenus, et qu' elle avoit
droit de les tenir pendant la vie du dit SereniíHmc Prince.
VÍIL JVÍais au cas qu"* elle vcíiille fe rctirer en France , ou en
crclqiic autre licu hors de ce Roiaume , on lui donnera par tout ou
elle iera fa rcíidcnce , cinquante mille croiíades par an , tant qu' elle
A Ívra , dans la quelle fomme feront compriíes les quarante millccroi-

fedes qui lui font aílignces par ce contraót , et dix mille autres qu'
on lui aíiígnera fur les droits de la Doiíanne Et au cas qu' elle n'
:
,

da Cafa 'R^al Tortugm^a. 55


ait point d' Enfans , on liii reftitucra fa Dot , avec la qiiclíe il luy
lera pcrmis d' cmpoi tcr tous Ics Joiaiix , Bijoiíx , or, argent , et
tous autres mcublcs , qiii fc trouvcront alors entre Ics mains, cxccp-
tc ceiíx qui apparticnnent à cette coiiroiine. Et dcplus Ics Procu-
rcurs du dit Screnifllme Prince lui prometteiit , aii noiíi de Son Al-
tcUc foixanrc mille croiíadcs une fois paiées , poiír tenir licij d** Ar-
rcs. Et íi clle íc retire dc cc Roiaume , elle n' aura rien lú lur Ics
Etats e reveniis dcs Reines , ni fur les quarante mille croilades dont
Son AlteíFc la dote, parce qu** en échange on convicnt de lui donncr
les dites cinquante mille croifades tous les ans , e les íbixante mille
autres paiables une ícule Íbis , íans qu^ on puiiíe dire de part ni d"^
autre , que cette recompeníe eíl plus ou moins que le tiers de la Dot,
à quoi íe doivent montcr les Arres ; attcndu que de pari e d** autre
on renonce à cette allegation , e que V on fe contente de V obícrva-
tion e de P accompIilTcment du contcnu de ce contraét.
IX. Mais s'' il arrive qu"* il y ait des Enfans de ce Mariage , e que
la ScreniíTime PrinceíTc veúille íbrtir de ce Roiaume ; en cc cas elle
lie pourra emporter que le ticrs de ía Dot , parce que les dcux au-
tres parts apparticnnent de droit e doivent venir a fcs Enfans.
X. Et en cas que la dite SereniíTime PrinceíTc vienne a mourir
avant Son Altcífe , íans lailfer d' Enfans, fa Dot retourncra à fes
Heritiers , e deplus elle pourra difpofer par teílamcnt , non feuJc-
ment de tous ics Joyaux , Bijoux, e Meubics qu'' elle aura pour
lors , de même qu"" eíle auroit pú les emporter en fe retirant dc Por-
tugal ; mais encore de tons les autres Biens qu' elle aura acquis
,
foit par Donatíon
,
par fucceíHon , ou par tout autre tírrc que ce
piiiíTe etre
,
parce que n"* aiant point d"* Enfans , tous fes Biens pour-
ront allcr à fes lieritiers , à moins qu** elle n' en ordonnc auLTcment:
au licu que íi elle laiífe des I^.nfans , ces Biens Icur apparticndront
c à Icurs fucceiTeurs , exccpté le ticrs , dont elle pourra difpofer ou
teíler. Et par ce moicn les dits Sereniííimcs Princcs , e au nom dc
chacun d' eux , leurs Procurcurs demcurent d' accord c conténs tou-
chnnt ce qui pcnt appartcnir par la mort de P un ou de P autre au
furvivant , fins qu^ on puiílc demander ni pretcndrc autre chofc de
part ni d' autre.

Les Foiívúirs , en verta des (juels le yrefent contract s' ejlfak ,

Jont de la teneur Jiihonte.

Dom Pedro Prince de Portugal , Sac. je fais e conftitué mes


Procurcurs Dom Vafco Luis de Gama, Marqiiis de Niza, Comtede
Vidígueyra , Amiral des Indes , Confeiller d' p^tat et Dircdeur des
Finances , et Dom Rodrigue de Menezes Gentilhomme de ma Cham-
bre e mon Grand Ecuier pour en mon nom e pour moi traiter , con-
:

clure , ou contratl dc Mariage , Dot e Arres , cu


e íigner le Traitc
Ia mciilcure forme que faire fe pourra , entre moi e la Sereniíllme
Princeííe Maria P>ançoizc Elizabeth de Savoie Duche!! e de Nemours
e d"* Aumale, en la maniere, forme , conditions obligations ct clau-
,
^6 Trovas do Liv. VIL da Híjlorla (jeneahgica
fes qu' ils troiiverout h propcs. Et pour cct eíTet je leiír donns
tout PoiíYoir general ct ípecial , cn la nieillcnrc foimc e manicre
que je puis: et je m' oblige d' agiecr pcur bon icrme , e valable
tout ce qu' ils feront a cet egard , íbus P obligation de mes biens ,
cojmme fi le tout eút eílé fait e íigné par ir.oi meme: En foi dequoi
j' ai paíTe la prefente Procuration , íigneé par moi e fcelleé du fceau
de mes armes. Donné a Lisbonne Ic 27. Mars i6ó8. Ecrite par
moi Pero Vieyra da Silva.
La PrinceíTe Marie Françcife Elifabeth de Savoie DucheíTc dc
Nemours e d' Aumale , &c. je fais e conftitue mes Procureurs Dom
Nuno Alvares Pereira Duc de Cadaval, Marquiz de Parreira, Gom-
te de Tentúgal , et Dom Antoine Louiz de Menezes Marquis de
Marialva , Comte de Cantagnede : pour en mon nom concíure e í^g-
ner le traité , ou contraól: de Mariage Dot e Arres , en la meilleui*e
forme qu"* il fe pourra , entre moi , e le Screniífimc Prince Dom Pe^
dro , Prince de Portugal , en la manicre , forme , e aux conditions
,
obiigations , e claufes qu"* ils trouveront à propôs. Et pour cet ef-
feél je leurs donrie pouvoir general e ípecial, e m' oblige a tenir
pour bom , ferme , e valable tout ce qui fera fait par eux à cet
<:gard , íbus P obligation de tous mes Biens , e comme s"* il etoit
íhit c conclu par moi meme : En foi de quoy je Icur ai ordcnné
t^e paíler la prefente Procuration , íignée de ma main , e fcelleé du
fceau de mes armes. A Lisbonne le 27. Mars 1668. Ecrite par moi Pero
Vicyra da Silva, par P ordre cxpres de la Sereniílime PrinceíTe Marie.
Donné en la Ville de Lisbonne le 27. jcur du mois de Mars.
Ivouis Texera de Carvalho P a dreíTce V anneé de la Nativité de N.
S. J. C. 16Ó8. Et moi Pero Vieira da Silva je P ai fait ecrire e
fouícrire , par P ordre c confentement des dits SereniíTimes Princes.
Le Marquiz de Niza. Le Marquis Duc.
Dom Pvodrigue de Menezes. Le Marquiz de Marialva.
Du Mandemcnt de leurs AlteíTcs Sereniílimes.
Dom Pedro Prince de Portugal , &c. je jure fur les Saints
Evangiles de recevoir pour ma legitime femme la Sereniílime Prin-
ceíTe Marie Françoilc Eliíabeth de Savoy e , DucheíTe de Nemours e
d"* Aumale , en la forme preícrite par la Sainte Eglife Romaine e de
ne recevoir ja mais d' autre Femme , tant qu' eile vivra. A Lisbon-
ne le 27. Mars ióó8. Pero Vieira da Silva a drcífé cet ecrit.

LE PRINCE.
Dado na Cidade de Lisboa aos 27 dias do mes de Março Ma-
noel de Sequeira Leytaó a fes anno do nacimento de NoíTb Senhor
Jeíus Chriílo de 1668. E eu Pedro Vieira da Silva de concenti-
mento , e mandado dos SereniíTmios Principes a íis efcrever , e Ib-
brefcrevi. t=: Marques Almirante. ^
D. Rodrigo de Menezes. ^
Duque. t= O Marques de Marialva.

Breve
,,

da Cafa ^al Tortugnei^a.

Breve da difyenfa do Frinciye D. Fedro , com a Trinceza D. Ma-


ria Fraucijca 1 fahel de Sahoya , fajjado yor o Cardeal de
Vendojme ,
Legado a Lotere do Faya C/emente IX.
em França.

LUdovicus Sandíc Maria: in Porticii Diaconi:s Cardinalis , XJ^jy»


Vendofme nuncupatus, ad Scrcniílimurn Doniinum D. Ludovi- 7
cum Francia:, & Navarra: Regem Cliriílianiílimum , & univerfuni il- An. l668.
lius Regnum Uliufque Províncias, dominia , Civitates, oppida , ter-
ras , & loca eidem Regi fubjeéla, didoque Regno adjaccntia , ca:-
teraque alia loca , ad quíE nos declinare contigcrit , Saníliílimi Domi-
ni noftri Clementis divina providentia PP. noni , Sc Sedis Apoíloli-
cx dc latere Legatus diledlis in Chriílo Officiali , fcu Vicarijs ge-
,

ncralibus Eccleíiíc Uliíliponcníis ab illius Capitulo, (Sede ArcJiicpií-


copali vacante ) dcputatis , & veílrum cuilibet in folidum , íaíuteni
in Domino lempiternam. Oblata pro parte Sereniílimi Principis Do-
niini Petri Infantis Portugallias , & Regni Rcgentis laici ^ & Serenif-
fimíE Principilla: Maria: Francifca: Elifabethas à Sabaudia petitionis
feries continebat ,
quod cum pro bono generali Regni
Portugallia: &
fummoperc deíiderantibus univerfis illius populis neccííarium íit , ut
diéti Sereniílimi Princeps &
PrincipiíTa invicem matrimonialitcr co-
pulentur , dubitant matrimonium hujufmodi contrahere poífe abfquc
dilpcnjatione Apoftolica , eo quod diòta Principilia cum Sereniílimo
& potentilíimo Domino Alphonfo Rege Portugallise Iratre germano
diéli Sereniílimi Principis Petri , matrimonium contraxit , & in
alias
facie Eccieíia: folemniíavit , non tamen propter illius impotentiam
confummavit itaut nullum & invalidum via juris declaratum fucrit;
,

ex quo matrimonio &: fponfalibus prseccdentibus forfan ÍUDervenit


impedimentum publica: honeftatis juftitia: quare iidem nobis luimi-
:

liter íiipplicí.re fecerunt , quatenus eis in prírmiííis opportunè provi-


dere benigne dignaremur. Nos igitur fufficienti ad iníraícripta per
littçras úi&x Sedis (ad quarum inlerr'onem non tencniur) facultate
rhuniti ,
quique cx commidb Apoílolicã: Legationis Officio omnibus
ad nos undccumque connuentibus , ubicumque domicilium Iiabeant
& undequaque originem trahant , opportunè coníulere políumus , vo-
lentes erga illos pra:fertim Regia: ítirpis nobilitate illuílrcs , gratio-
fum & benignum exhibere , ipíos , &
eorum quemlibct , à quibuívis
cxcommunicationis ,
íurpeníionis , &: interdicli ,
alijiquc ecclcílafticis
lententijs , cenfuris &
pocnisàjure, vel ab homine quavis occaíione,
vcl cauía latis , fi quibus quomodolibet innodati exiílunt , ad eíl'e6lum
pra:rejitium duntaxat conicquendum , harum lerie abfolventes ab- &
íoUitos cenfentes , ac certam de prítmiííis notitiam non habcn-
fore
tes , hujuímodi íupplicationibus inciinati difcrctioni tvx , dc qua iii
hi.^ fpecialem in Domino ííduciam obrinemus Apoftolica autlioritate
,

qua íungimur in hac parte , per prxicntes comniittimus mandamus, &


quatenus depoíita per te omni fpe , cujulcumque muncris aut pro:-
1 om. Y. mij , H
,,,

5 8 T^íovas do Liv, VIL Hijloria (jenealogica

míj , etiam fponte oblati , à qiio tc omnino abílinere debere mone-


mus te de prsemiílis diligenter informes
, & fi per informadoneni ,

eamdem repereris qiiod preces veritate nitantiir fupcr quo confcien- ,

tiam tiiam oneramus cum cifdem dummodo illa proptcr hoc rapta
,

non fuerit ,
quod impedimento piibUcx honeftatis juftitia; hiijuímo-
di ; & Apoítolicis etiam Provincialibus , & Synodalibus Conciliis
editis fpecialibtis , vel gcneralibus Conftitutionibus , & Ordinationi-
bus ,
nequaquam obftantibiis , matrimonium in-
CEeterilque contrarijs
ter fe , publice
íervata forma Concilij Tridentini , contrahere illud-
que , in facie Ecclefise folemnifare , ac in eo poílmodum remanere
liberè , &
licite valeant , di6la authoritate difpenfes , prolem fufci-
piendam exinde legitimam nunciando. Volumus autem quod íi tu
fpreta monitione htijufmodi , aliquid praemij , vel muneris , occafione
príemiíTorum , exigere , aut oblatum recipere temerè pra^fump feris,
excommunicationis latjs fententiíE poenam incurras, à qua non nifi à
Summo Pontifíce , vel à nobis , aut alio à Sede prardiíla fpecialiter
facultatem habente , abfolutionis beneficium valcas obtinere. Datum
Pariíijs anno Incarnationis Dominicse MDCLXVIII. xvij Kalendas
^ Apriíis Pontifícatus ejufdem Sandiffimi Domini noílri PP. anno pri-
mo.
Ludovicus Cardinalis de Vendofme Legatus.

G. De Lioiíe Protonotarius Apoftolicus Dattarius.

Breve do Papa de àlfpenja âo watrimcnlo do Frlncipe D. Pedro ^


Regente do Rey no , com a Fnnceza D. Maria Franci/ca IJà'
bel de Sahoya, Ejlá na Torre do Tombo ^ gaveta 20 ^
maço So

CLEMENS PAPA IX.

Nllin. 11» T^"^^^^^ ^^^J falutem , &


apoftolicam benedidlionem injuníli nobis
.
*
jL/divinitus Paíloralis officij ratio exigit , ut omnium Chrifti fide-
An» xooo. lium , &
prxfertim fublimium perfonarum ftatui , & quieti , quan-
tum nobis ex alto conceditur , fecundam asquitatis , atque prudentiaí
leges confulere ftudeamus oblata fiquidem nobis nuper pro parte
:

dUe(5í:iffimi íilij nobilis Viri Petri Principis Portugalliíe , & diledliíli-


mx in Chriílo filiai nobilis mulieris Marias Elifabetha; à Sabaudia
PrincipiíTíE de Nemours , petitionis feries contincbat , quod didla
Maria Eliíàbetha Principiffa , alias poílquam matrimonium per ver-
ba dc pnxfeníi cum Chariílimo in Chriílo filio noítro Alphonfo Por-
tugaliise , & Algarbiorum Rege illuftri contraxerat , cum illo fcx- &
decim , vel circitcr meníium fpatio in figura matrimonij vixerat , cum
illius ad matrimonium hujufmodi carnali copula coníummandum , im-
potentiam experta eíTet , eamque perpetuam exiftimarct , coada fuit
ex
,,
;

da Cafa %eal T^ortugues^a. çp


ex confcicntix impulfu fupcr ejufmodi niatrimonij invaliditate judicia-
liter agcre coram dileólis íilijs Vicario Cnpitulari Eccleíiac Ulixbo-
iienfis (illius Sede Archiepiíbopali vacantc ) legitime deputalo , ac
Capitulo , & Canonicis cjurdem Eccleíia; Ulixboncnns ordinária ju-
riícliiflione propter vacationem Sedis hujufmodi, fungcntibus , depu-
tatifque per eoíllíím Capitulum , & Canónicos una cum di(flo Vica-
rio Capitulari , nonnuUis alijs Judicibus ad meliorcm negctij cogni-
tioncm , & maturiorem caulbe determinationem , cmanavit ab illis Ven-
tentia declaratória nullitatis di(51:i matrimonij , cx capite impotcntiíe
hujuímodi, quíe cum leíta & iníinuata fuiílet , dido Alphonib Regi
ipie voce , fcriptoque illi acquievit , & fubinde ipía Maria Elilabctna
Principillh , &: didus Petrus Princeps memorati Alphonfi Régis fratcr
germanus , poílulantibus Regni comitijs , feu ordmibus tunc in Ci-
vitate Ulixboneníis congregatis pro confcrvanda quiete , & tranquil-
litate ejulllcm Regni , coníentientes & volentes iratrimonium inter
fe contrahere , cum dubitallcnt de primo diéto matrimonio aliquod
impedimentum publicíc honeftatis juftitiíE inter eos exortum fuiíle
recuríum habuerunt ad diled:um fílium noftrum Ludcvicum S. R. E.
Cardinalem de Vendofmc nuncupatum , tunc tcmporis noílrum , &
Sedis Apoftolicx ad chariílimum in Chriílo íilium noftrum Ludovi-
cum Francorum Regem Cliriílianillimum de latcrc Lcgatum , qui
cum litteras petita: r'iípeníhtionis luper impedimento publicas hone-
ftatis juftitiai hujufmodi conceílillet , dirc61as pradidlo Vicario Capi-
tulari ac oííciali Ulixboneníi , & eoium cuilibet in íblidum
, altre ,

eorum fuper eodem impedimento publicíe honeftatis Juftitia; diípcn-


lavit cum ipfis Petro Principe
, & Maria Eliíabetha PrincipiíFa qui
,
,

poftea in facie Eccleíiíc matrimonium inter íc , Juxta formam Conci-


Jij Tridentini bona fidc contraxerunt & carnali copula confumma-
,

runt cum fpe de próximo prolis edendas.


, Cum autem íicut cadcm ,

expoíitio lubjungebat pracdiélri Petrus Princeps. ac Maria Eliiabcíha


PrincipilTa, uti obícquentiftimi , & religioíiíTimi noftri , & diífa: Se-
dis fílij , eorum ,
íimulque pra:dic>i Regni tran-
conlcicntiíc iccuritati
quillitati opportune in pramifífs à nobis prors^ideri , & ut infra in-
dulgeri , íummopere deíiderent Nos autem luper his cum nonnullis
:

Venerabilibus fratribus noftris ejufdem S. R. E. Cardinníibus , alijí-


quc Viris graviílimis eximia SacroruT. Canonum & Tlicologia: pcri-
tia , ac íapientia , prudentia , & rerum ufu confpicuis coníuliaíione
adhibita , eordcm Petrum Principem , & Mariam Eliíabctliam Pririci-
pillam Apoftolici favoris benignitate, quantum cum Domino poílu-
mus , proíequi volentes , & eorum ímgulares perfonas à quibuíVis cx-
communicationis , &c. cenfentcs , íiipplicationibus eorum nominc no-
bis íbper hoc humiliter porredlis inclinati ac de veftra erga nos , &
Sedem eamdem fíde , dodrlna , prudentia , & intcgritatc plurimum iii
Domino confiíi , certam tamen de pra:narratis notitiam non habcn-
tes , diícrctioni veftra; per pra:ícntcs comraittijuus , & mandamus , ut
vos , aut íi aliquis veftrum legitime impeditus interelle ncquivcrit
íhltcm tres ex vobis conjunélim íemper procedentes , de pra^miííis di-
ligentem inquiíitionem faciatis , & exaclam iníormationem capiatis
Tom. V. H ii &
,:

6o Trovas do. Liv» VIL da Hijloyia Cjinealoyca

& íi per hujufmodi informationem de eorumdem


iiiquiíitioiísíii Sc
príEnarratoriiin veritate , & pn^ícrtim quod matrimonium primo di-
Ctwm inter priediélum Alphonfum Regem, & diílam Mariam Eliía-
betham PrincipilTam , ut príiefertiir , contraílum nunquam fuerit car- ,

nali copula confummatum , vobis legitime conftiterit , íuper quibus


omnibus, & fmgulis , vcftram , & cujuslibetvcftrum confcientiam gra-
viter oneramus , matrimonium primo diílum ab eadem Maria EÍila-
bctlia Principiíla cum dn5í:o Alphonío Rege , ficut praefertur
, con-

traélum , & nullum poílea declaratum , nec carnali copula confumma-


tum, forfan ab initio conftiterit,
fi & de prxfenti conllet , aut con-
ftítille, &
conftare , validumque fuiíle & eííe unquam apparere pof-
íit , illiufquc vinculum , etiam dillentiente memorato Alphonfo Re-

ge , authoritate noílra apoftolica , quatenus opus fit , diíTolvatis


pcrimatis , caíletis , &
aboleatis ; ac cum eifdem Petro Principe , &
Moria Eliiabetha PrincipiíTa fuper impedimento publicas honeftatis
juílitiíe luijufmodi. Itaut illo CíEterifque pra^miílis ac inde quòmo-
dolibet qualitercumque forlan refultantibus , & confurgentibus im-
pedimentis , íeu quas inde refultare, & apparere unquam poííint
necnon apoftolicis , ac in univerfalibus , Provincialibufque , & Sy-
nodalibus Concilijs , editis generalibus , vel fpecialibus Conftitutio-
niby; , Sc Ordinationibus , caeteriíque contrarijs quibufcumque nequa-
quam obOantibus in fecundo didlo matrimonio inter eos , ut prxfer-
tur , contradbo remanere libere , & licite poííint , & valeant ; eadem
authoritate difpenfetis , necnon prasmiíla à vobis, vigore prsefentium
facienda & concedenda ex die contraéli matrimonij fecundo diiíVi va-
lere ipíífque Petro Principi , & Mariíe Elifabethac Principiílk in
,

omnibus , & per omnia prodefle & fuífragari diíla authoritate ftatua-
tis
,
perinde ac íi prseícntes eacdem litteríc ante contradlum matrimo-
nium fecundo diélum conceíTx & à vobis , juxta illarum contincntiam
^ tenorem executioni mandatai fuiíTent , prolem ex eodem matrimo-
nio fecundo diélo bona fide & in facie Eccleíias , ut prsefertur , con-
traído , Jam conceptam & forfan fufceptam , & de hinc concipiendam,
& íliícipiendam legitimam deccrnendo , nunciando , & declarando
nos enim qiiamcumque neceíTariam & opportunam ad pr^miíTa omnia,
^c íingiila facultatem vobis , harum ferie de Apoílolicíe potefíatis
plcnitudine tribuimus & impartimur ; decernentes eafdem príefentes
litteras Sc in eis contenta quíscumque , etiam ex eo quod prícdidlus
Alphonfus Rex , & aíij quilibet , etiam ípeciíica & individua mentio-
ne Sc expreíTione digni , in prícniiílis forían intercííe habentes , feu
habere quomodolibet pretendentes , illis non confenferint , nec ad
ea vocati , citati , & auditi ; neqne caufe , propter quas ipfae pr.Tfen-
tes enianarint , fufficientcr addu-fla: , veriíicatae juílificata: fuerint, &
aut ex alia quacumque , quantumvis legitima , juridica privilegiata &
cauía , colore, pr.Ttextu , Sc capite etiam in Corporc júris clauíb,
nu! lo unquam tempore de fubreptionis vel obreptionis aut nuliitatis
vitio , feu intentionis nofira; , aut intereíFe habentium con 'cnrus, alio-
ve quolibct , qiíantumvis m.agno , Sc fubfcantiali , Sc individuam ex-
prcílioneni requi. ente deferiu notari , iiiipugnari , infringi , retradari,
aut
,, ,

da Cafa ^al Tortugue^a. 61


aut ad términos júris reJuci , fcu adverfus illas qiiodcumqiic júris
fa6í:i , vcl gratiiú renicdium intciitari , vel impctrari leu impetrato ,
aut etiain motu próprio , &
de pari apoftolicae poteílatis plenitudine
concedo , vel cmanato quenipiam in judicio , vel extra illud uti , feu
le juvare poíFe ; Ted iplas praefentes íitteras íemper firmas validas , «Sc
cffi:aces exiftere , &
forc , íuolque plenários, &
Íntegros cífe^íhis
fortiri & obtincre , ac Petro Principi Maria: &
Elilabethíe Principií-
íx prícfatis & alijs ad quos forlan ípeélat , pro &
tempore quando-
cumque Ipedabit in omnibus &
per omnia plenifllme fuffragari ; fic-
que & non aliter in pra:miílis per quoícumque Judices Ordinários ,
& Delegatos , etiani auditores S. R. E. príefata; Cardinales etiam de
latere Legatos , didiícque Sedis Nuntios , & alios quoslibet quacum-
que prxminentia & poteítate fungentes , & fun6luros , fublata eis
& eorum cuilibet quavis aliter judicandi &
interpretandi facultate
& authoritate , judicari &
definiri debere , ac irritum attentari , non
obílantibus príemiíTis , ac noftra , &
Cancellaria: Apoílolicíe Regula
de jure quasfito non tollendo necnon fel. rec. Bonifacij PP. VIII. pni;-
deceilbris noílri de una , &
Concilij Generalis de duabus diétis alijf-
que Apoftolicis , ac in univerfalibus Provincialibufque Synodalibus &
Concilijs , editis Generalibus vel fpecialibus Conftitutionibus C)r- &
dinationibus , cíeterifque contrarijs quibufcumque. Datuni Rom;^
apud S. Mariani Mayorem die X. Decembris M.DC.LXVIII. Ponti-
ficatus noílri anno fecundo. Signatum i. G. Hufius , à tergo brc- &
vis.
Dileiflis fílijs Didaco de Sufà primo Inquifitori in Oi^cio In-
quifitionis adverfus hsereticam pravitatem in Portugalliae , & Algarbio-
rum Regnis , authoritate Apoftolica inílituto , ac Antonio de Men-
doça Commiílario Gen erali Bullíe Cruciaras , & ia eodeni OíFicio In-
quifítionisdeputato ; necnon Martino Alphonfo de Mello , Decana
Metropolitanas Ecclefise Elboreufis itidem in Ofiicio Inquiíitionis hu-
julmodi deputato , ac Ludovico de Sufa Decano Eccleíiíc Portugal-
lenfis , &
Emmanucli de Magalhaens de Menezes , Archidiacono di-
Eccleíia; Elboreníís.

Sentença^ que fe proferio m divorcio da Kainha D. Marta Fran-



cijca IJabel de Saboya com EiRey D, .Afonjb V /.
, Ejiã
na Torre do Tombo armário 20 maço 12,
,
,

CHRISTI NOMINE INVOCATO.


Vlílos autos , Breve de Sua Santidade , pello qual nos com-
eftes Num. 'J ^
mette a dilpeníaçaó do impcdiírcnto piiô/íc^e hoiiejimis ^ de que An. 1660"
*

nellc fe faz menção , artigos juíliíicativos , e prova a elles dada, do-


cumentos juntos , e maes certidocns juntas Moftra-íe , que fendo ca-
:

zndo o Sereniíllmo Senhor Rey D. Affrnlb VI. de Portugal , e dos


Algarvcs com a Scrcniilinia Senhora Princcza de Nemours Maria
Francifca
62 Trovas do Liv. VIL. da Llifloria (jenealogica

Francifca Izabcl de Saboya , a dita Senhora obrigada de fua confcicn-


cia propoz em jiiizo a nullidadc do ditto matrimonio que de íadío
,

havia contrahido com o ditto Scrcniífimo Senhor Rey Dom Affoníb


por caiiza da impotência perpetua , que nelle havia , para poder con-
liimmar o dito matrimonio , como em cíFeito nao havia coníummado
em diícurfo de dezaíleis mezes, que viverão , como marido, c mu-
Jhcr ; a qual cauza correu diante do Vigário Geral dcíle Arcebifpado
de Lisboa, e dos maes Juizes nomeados pello Cabido Sede Vacante,
a quem pertencia o conhecimento delia conforme a Direito. Mof-
tra-íe , que na ditta cauza íc procedeu athé íinal Sentença , na qual
íe julgou , e declarou por nullo o ditto matrimonio contrahido entre
os dittos Senhores , por cauza da ditta impotência perpetua do ditto
Senhor Rey D. Affonfo , para poder confummar o ditto matrimonio
com a ditta Sereniflima Senhora Princcza Maria Francifca Izabel de
Saboya. Moftra-fe , que efta Sentença foi publicada , e notificada ju-
dicialmente ao ditto Senhor Rey D. AíFonfo , o qual declarou por
termo feito pello Efcrivaó dos autos , e aílignado pello mefmo Se-
nhor , que queria, que fe cumpriíTe , nem queria appellar da ditta
Sentença. Moftra-fe , que os tres Eftados do Reyno de Portugal , e
dos Algarves , que eftavaó no ditto tempo juntos em Cortes , pedi-
rão , e requererão ao Sereniííimo Senhor D. Pedro , Principe de Por-
tugal , e Regente do Pveyno , quizeíTe cazar com a Sereniílima Se-
nhora Princeza Maria Francifca Izabel de Saboya para quietação do
Reyno , e fcgurança de fua Real fucceíTaô ; e o mefmo requerimen-
to , e petição fízeraó à ditta SercniíFima Princeza. Moftra-fe , que
cm rezao do impedimento publicce hovejiatis , que havia para o dit-
to Serenift]mo Senhor Principe D. Pedro contrahir efte matrimonio
com a ditta Senhora Princeza, fe recorreu ao Eminentiftlmo Senhor
Cardeal Vandolina , Legado à Laterc de Sua Santidade , e da Santa Sé
Apoftolica ao muito Chriftianiííimo Senhor Fvcy de França Luis XIV.
para que difpenfaíTe nefte impedimento ptihUc£ honeftatis. Moftra-fe,
que vindo o Breve da difpenfaçao do ditto Senhor Eminentifllmo
Cardeal com.mettido ao Vigário, ou Oíficial do Arcebifpado de Lif->
bí a , fe aprefentou ao Bifpo de Taiga , que no ditto tempo fervia
dc Provizor do ditto Arcebifpado , o qual conforme aos poderes ,
que lhe erao commettidos , e fazendo as dilligencias coftumadas , dif-
penfou no ditto impedimento public£ Jjoiiejiatis ^ com os dittos Senho-
res Príncipes. JMoftra-fe , que em virtude defta difpenfaçao , e com
boa fé delia , fe recebeu o Sereniftlmo Senhor Principe D. Pedro na
forma do Sagrado Concilio Tridcntino com a ditta Sereniftima Senho-
ra Princeza Maria Francilca Izabel de Saboya , e confummaraó o ma-
trimonio. Moftra-fe , que eftando os dittos Senhores Príncipes em
boa fé cazados , e recebidos cm face de Igreja, fazendo vida marital,
para mayor fcgurança de fuas confciencias , e fe livrarem de efcrupu-
los , e quietação do Reyno , recorrerão a Sua Santidade, para que
approvaílé , confírmaftc , e ratiftcaíle o ditto matrimonio , tirandolhes
todos os efcrupulos , que delle poderiao rezultar , o que Sua Santi-
dade lhe fez graça conceder pwllo Breve junto , commcttendo efta
cíiuza
,

da Cafa ^al T^ortugue^a,

cauza aos Juizes nclle nomeados , e para que achando , que foy ver-
dadeira a íupplica dos dittos Senhores Príncipes impetrantes , e Kizen-
do as dilligencias , e infbrmaçoens neceíTarias para íe informarem da
verdade delia , pudeílem difpenfar no ditto impedimento publide bo-
iieftaús com os ditos Senhores Principes , c outros quaeíquer impe-
dimentos , que rezultaíTem , extinguindo , e declarando por nullo o
vinculo do primeiro matrimonio contrahido entre o Sereniíllmo Se-
nhor Rey D. Affoníb , e a Sereniílíma Senhora Princcza Maria Fran-
ciíca Izabel de Saboya. O
que tudo vifto , e confiderado , e o maes
que dos autos , c do appenfb a elles Junto conda, aiithorítate Apoj-
íolica a nós commettida , havemos a narrativa da íupplica dos dittos
Sereni/íimos Senhores Principes impetrantes por verdadeira, easpre-
miíTas por juftificadas ; e na forma do ditto Breve difpenfamos com
os dittos Sereniílímos Senhores Principes , para que poífao ratificar,
continuar , permanecer no matrimonio , que tem contrahido valida
e licitamente , fem embargo do ditto impedimento publica honeflatis^
que rezultou do primeiro matrimonio nullo ; e declaramos por legi-
tima , e nafcida de legitimo matrimonio a Senhora Infante D. Iza-
bel , que Deos Noílb Senhor foi fervido , que nafceíle deftc fegundo
matrimonio , e por legítimos , e de legitimo matrimonio nafcidos ro-
dos os maes filhos, que delles nafcerem daqui por diante, fem em-
bargo de quaefquer Ordenaçoens , e Conftituiçoens Apoílolicas em
contrario. Lisboa , dezoito de Fevereyro de mil e feifcentos feífen-
ta e nove. Diogo de Souza. Antonio de Mendoça. Luis de Sou-
za. Martim Aífonfo de Mello. Manoel de Magalhaens de Menezes.

Tratado de Fazes entre os Seremjjimos , e poderofiffimos Frincipes


,

D, Carlos IL Rey Cat/wUco, e D. ^^on/ò VI. Rey de Fortu-


gal feno c conchifo no Convento de Santo Ehy da Cidade de
, ,

Lisboa , aos i ^ de Fevereiro de 166 S ^ Jlndo Medlator o Sere-


TiiJJimo, e podsrofiífvno Frincipe Carlos 11, Key da Gr ao Bre^
tanha.

BOm ves
AfTonfo por graça de Deos
daquem, dalém Mar em Africa, Senhor de Guine, c
,
Rey de Portugal , e dos Algar-
da
Qjj. ' j-j
'
^ 5*
/
«

Conquifta Navegação comercio de Ethiopia Arábia , Perfia e


, , , da lí>í>8.
índia, &c. F'aço faber a todos os que efta minha carta patente de
aprovação ratificação
,
e confirmação virem , que neíla Cidade
, de
Lisboa no Convento de Santo Eloy em os treze dias do mez , de
Fevereiro deíle anno prefente de mil feifcentos feílenta e oito , fc
ajuílou , concluío , e aílinou hum tratado de paz entre mim , e meus
fuccelfores , e meus Reynos , e o Muito Alto ,
e Sereniííimo Prínci-
pe D. CARLOS II. Rey Catohco das Efpanhas , feus fuccellbres ,
e feus Reynos , com D. Gafpar de Haro Gufmao , e Aragão , Mar-
quez dei Carpio , Commiílario deputado para cite effcito , em vir-
tude do poder , e procuração da muito Alta , e Sereniífima Rainha
D.

c
^4 Trovas do Llv. VIL da Hijloria Çenealcgtca
D. MARIA ANNA DE ÁUSTRIA, como tutora da Real PcíToa
de ElRey Católico leu íilho , c Governadora de todos feus Reynos,
e Senhorios , de huma parte , e da outra os CommiíTarios deputados
por mim , abaixo declarados , mtervindo também como mediator , e
f ador do dito 1 ratado , em nome do muito Alto , e SereniíHmo
Príncipe CARLOS 11. Rey da Gram Bretanha meu bom Irmaô , o
Conde de Sanduick ícu Embaixador Extraordinário , com poder que
para o dito eHeito apreíentou , do qual dito Iratado reduzido a tre-
ze artigos , e poderes o teor he o que fe fegue.

Artigos de paz entre o muho Alto , e SerernJJlmo "Príncipe Dom


Carlos 11. Rey Católico , fetis fuccejjores , e feus Reynos , e o muito
Alto , e SereniJJimo Príncipe Dom A^onfo Sexto Rey de Portugal , feus
fuccejjores , e feus Reynos , â Mediação do muito Alto , Serefdfp-
ino Príncipe Carlos II. Rey da Gram Bretanha , Irmao de hum , e
Aliado muito antigo de ambos , ajufiados por Dom Gafpar de Haro^
GufjfiaÔ e Aragão^ Marquez dei Carpio.^ co7)io Plenipotenciário de
Sua Mageftade Católica , e Dom Nuno Alvares Pereira Duque de
Cadaval ^ Dom Vafco Luis da Gama Marquez de Niza , Dom João
da Silva Marquez de Gotivca , Dom Antonio Luis de Mefiefes Mar-
quez de Marialva , Henrique de Soufa Tavares da Silva Conde de Mi-
randa , e Pedro Vieira da Silva , como Plenipotenciários de Sua Ma-
geftade de Portugal , e Duarte Conde de Sanduich , Plenipotenciário
de Sua Mageftade da Gram Bretanha , Mediator , e fiador da dita
Paz , em virttide dos poderes feguintes.

DON CARLOS SEGUNDO , por la gracia de Dios Rey de


las Efpaíías , de las dòs Sicilias , de Hierufalem , de las índias 6cc.
Archiduque de Auílria Duque de Borgona , de Milan , Conde de
,
Afpurg , y de Tirol , &c. Y la Reyna D. MARTA ANNA DE
ÁUSTRIA fu madre , tutora y curadora de fu Real Pcríbna , y
,
Governadora de todos fus Revnos y feilorios. Por quanto el Sere-
,
niíumo Príncipe CARLOS 11. Rey de Ia Gran Bretaíia , movido
dei zelo dei bien
, y repozo comu de la Chriftiandad , y defeo de
que fe terminen las diferefiçias entre efla Corona y la de Portugal
ha interpuefto en diferentes tiempos repetidas inftancias , ofreciendo
fu mediacion
, y amigables officios al fin referidos , y ultimamente
,

embiado a efta Òorte a Eduardo Conde de Sanduich , y Viíconde de


Hinchinbrooch Baron Montegu de San Neote Vice Almirante de
, ,

Inglaterra , Maeftro de la gran Guardaropa , de los confejos fccre-


tos , y Cavallero de la Orden de la íarreta
,
por fu Embaxador Ex-
traordinário para tratar algun ajuftamiento de reciproca iatisfacion
entre ambas Coronas, con los poderes neceftarios para ello^ y avi-
endome iníinuado el dicho Conde de Sanduich que podria ler el
,

mejor médio para coníeguir efte intento , el de una buena paz con
el Hermano de fu Rey DON ALFONSO SEXTO Rey de Portu-
gal 5 fe han fupcrado las difficultades que han occorrido y finalmen-
,

te
,,

da Caja ^eal T^ortugue^a.

tc por lo mucho que deíeo complazer al dicho Sercnillimo Rey de


Ia Gran Brctana , fc han ajuílado los treze capítulos de paz , que
van pueílos en un proje^lo a parte , para cuya mas prompta execu-
cion i'e dicho Conde de Sanduicli a ir en perfona a
ha ofrecido eí
Lisboa , a participar al dicho DON ALFONSO SEXTO Rey de
Portugal todo lo difpuefto , y tratado por íii mediacion , y a procu-
rar en nombre de íu Rey , que le Uegue a la concluíion , y porque
para que efto fe configa con la brevedad que íe requiere , es neccílà-
rio que aya cn aquella Ciudad perfona de autoridad , calidad , pru-
dência , y zelo , que tenga poder mio , para ajuílar en forma dev ida
los dichos articulos de paz \ por tanto concurriendo ( como concur-
ren las dichas , y otras buenas partes , y calidadcs cn vòs Don Gaí-
par de Haro Guíman , y Aragon Marquez dei Carpio , Duque de
iMontoro, Conde Duque de Olivares , Conde de Moronte , Marquez
de Heliche , fenor dei Eftado de Sorbas , y dc la Villa de Lueches,
Alcaide perpetuo de los Alcaçares de la Ciudad de Cordoba, y Ca-
valleriço Mayor de fus reales Cavalleriças Alguazil Mayor perpetuo
,

de la milma Ciudad , y de la Santa Liquificion delia , Alcaide per-


petuo de los reales Alcaçares , y Atarazanas de Sevilla , Gran Chan-
ciller de las índias , Comendador Mayor de la Orden de Alcantara
Gentilhombre de la Camera , Montero Mayor , y Alcaide dc los rea-
les íitios dei Pardo , Balfain Zarzuela ) os doy , y concedo en vir-
, y
tud de la preíente tan cumplido , y vaftante poder , comiffion , y fa-
cultad como es neceíTario , y fe requiere , para que por el Ssreniííi-
mo Rey mi muy caro , y muy amado hijo y en fu Real nombre , y
,

en el mio , podais tratar , ajuílar , capitular , y concluir con el De-


putado , y Comiííario , ò los Deputados , ò Comiílarios dei fobredi-
cho DON ALFONSO SEXTO Rey de Portugal en virtud dei po-
der que prefentaren dei dicho Rey Lufitano , una paz perpetua ,
conforme al tenor de dichos capítulos , ò en la forma que más bica
pareciere , y obligar a ElRey mi hijo , y a mi al cumolimiento de
lo que anfi ajuílareis , y firmareis , y declaro , y doi mi palabra Real
que todo lo que fuere hecho , tratado , y concertado por vòs el di-
cho Marquez dei Carpio , defde aora para entonccs lo conficnto , y
apruebo y lo tendrò ficmpre per firme , y valedero y paílarè por
, ,

cllo , ccmo por cofa hccha en nombre dclB^ey mi liijo , y mio , y


por mi voluntad , y autoridad , y aíli mifmo ratiíicarè , y aprobarc ea
efpecial , y conveniente forma, con todas las fuerças , y de mas re-
quifitcs neceílarios , que en femejantes cafos fe acoílumbra , todo lo
que en razon deílo concluireis , aífentareis , y firmareis , para que
todo ello fea firme, válido , y eílable , con precita condicion , que fe
ava de fenecer y firmar dicho tratado de paz dentro de quarenta
,

dias , dcfde el dia de la fecha deíle poder , de manera que fi eílc


plr.ço fc palfare íin quedar conciuido
, y
f rmado dicho Tratado , doi
defde aora para entonccs por nulo efíe poder y todas las claufulas
,
que en el le conrienen , y quanto en fu virtud íe hubiera propuef-
to , ò començado a tratai" cn cuya declaracion he mandado defpa-
,

char la prefente , firmada de mi mano , fellada con el fello fecrcto


'Icni. V. I y
,,

66 Trovas do Liv. VIL da Hijloria Çenealcgtca


V refrendadá de mi Infra cfcrito Secretario de Eílado. Dada en
Madrid a 5. de Heiicro de 1668.

YO LA REYNA.
Don Pedro Feríiandes dei Campo y Angulo.
,

DOM AFFONSO por graça de Deos Rey de Portugal , e


dos Algarves daquem e dalém
, mar em Africa, Senhor de Guiné,
e da Conquifta Navegação Comercio
, de Ethiopia , Arábia Perfia, ,

e da índia, &c. Pella prefente dou todo o poder, e faculdade ne^


ceílaria a Dom Nuno Álvares Pereira Duque do Cadaval Marquez ,

de Ferreira Conde de Tentúgal Senhor das Villas de Povoa de San-


,

ta Chriftina Villanova danfos


,
Rabafal Arega , Alvayazere Buar-
, , ,

cos Anobra , Carapito Mortagoa Penacova


, ,
Villalva , Villaruiva,
, ,

Albergaria , Agoa de Peixes o Peral , a Vermelha Cercal


, Com- , ,

mendador da Grândola da Ordem de Santiago , do meu Confelho de


Jlílado , e meu mui amado , c prezado fobrinho a Dom Vafco Luis ;

Gama Marquez de Niza, Conde da Vidigueira ,


Almirante da ín-
dia , Senhor das Villas de Frades e Trovões Commendador da
, ,

Comenda de Santiago de Beja , da Ordem de Chrifto , do meu Con-


felho de Eílado e Vedor de minha Fazenda
, a Dom João da Syl- \

va Marquez de Gouvea Conde de Portalegre , Senhor das Villas de


,

Selorico S. Romaó , Muimenta


,
Valefim , Villanova , Nefpereira ,
,

Naboinhos Rio torto , Villacova a Coelheira , e das Ilhas de Saó


,

Nicolao , e Saó Vicente , Commendador da Comenda de Santa Maria


de Almada da Ordem de Santiago , do meu Coníelho de Eílado
Prefidente da Mefa do Defembargo do Paço meu Mordomo Mòr ,

e meu muito prezado íbbrinlio ; a Dom


Antonio Luis de Meneies
Marquez de Marialva , Conde de Cantanhede , Senhor das Villas de
Melres , Mondin , Cerva , Atem , Hermelho , Bilho , Villar de Fer-
reiras , Avelhans do Caminho , Leomil , Penella , Povoa , e Vallon-
go , Senhor do morgado de Medello , e Saó Silveílre , Commenda-
dor da Comenda de Santa Maria de Almonda da Ordem de Chriílo,
do meu Coníelho de Eílado , Vèdor de minha Fazenda , Governador
das Armas de Lisboa , da Praça de Cafcaes , e da Província da Eílrc-
madura , e Capitão Geral do Exercito , c Província do Alemtejo a ;

Henrique de Soufa Tavares da Silva Conde de Miranda Senhor ,

das Villas de Podentes , Vouga , Folgozinhos , Oliveira do Bairro ,


Germelho Soza , Arancada , Alcaide Mòr de Arronches , e Alpa-
,

Ihaó , Commendador das Comendas de Alvalade , Villanova de Al-


vito , Proença, Alpalhaó , das Ilhas Terceira, S. Áíiguel, e Madeira,
do meu Confelho de Eílado , Governador da Relação , e Cafa do
Porto , c díis armas da mclma Cidade , e feu deílri6lo , e a Pedro
Vieira da Silva do meu Confelho , e meu Secretario de Eílado , pa-
ra por mim e em m.eu nome tratarem , conferirem , e ajuílarem hu-
,

ma paz perpetua entre mi , meus fucccífores , c meus P evnos , e a


muito Alta , c SercniíTima Rainha MARIA ANNA DE DONA
ÁUSTRIA,
,

da Cafa %eal Tortugues^a, Ô^j


ÁUSTRIA , como tutora da Real PcíToa do muito Alto , e Scrcnif-
fimo Principc D. CARLOS II. leu filho
,
Rey Catholico das Ei-
paiihas , das duas Sicilias , de Hierulalcm , c das índias Occidentaes,
Archiduque de Borgonha, c de Milão, Conde de Afpurg , e deTi-
rol , e Governadora de feus Reynos , c Senhorios , c entre fcus íuc-
ceílbres, e Reynos , por meio de Dcm Caí par de Haro, Gufmao e
Aragão, Marqíiez dei Carpio, Duque de Montoro ^ Conde Duque
de "Olivares , Conde de Morente , Marquez de Pleliche , Senlior do
Eílado de Sorbas, da Yilla de Lueches , Alcaide perpetuo de los Al-
caliares da Cidade de C'ordova , Cavalleriço de luas Reaes Cavnllcri-
ças , Alguazil Mayor perpetuo da meíhia Cidade , e da Santa Inqui-
íiçaó delia. Alcaide perpetuo dos Reaes Alcáceres, e Atarazanas de
Sevilha, Gram Chanciller das índias, Commendador Maior da Or-
dem de Alcantara, Gentilhomem da Camera, Monteiro Mor, c Al-
caide dos Reaes fitios do Pardo , Baliaim , e Zarzuela , como Pleni-
potenciário deputado para eíle cafo , pello dito SereniíTimo Principc
D. CARLOS , e com intervenção , mediação , e fegurança de Du-
arte Conde de Sanduick , Viíccnde de Hinchingbrooch , Barão de
Montegu de S. Neote , Vice Admirai de Inglaterra , dos Coníelhos
mais íecretos do muito Alto , e SerenifFimo Principc CARLOS II.
Rey da Gram Bretanha, meu bom Irmaó , em leu nome, e como
ícu Embaixador Extraordinário , deftinado para efte meímo negocio,
tudo na forma , e com as condiçcens , declaraçoens , e clauíulas , que
lhes parecerem convenientes ao foíTego , bem commum , am.izade , e
uniaó entre ambas as Coroas , e vaílallos delias , e o por eiles feito,
e ajuílado neíla parte me obrigo em meu nome , e no de meus fuc-
cellbres , e meus Reynos ao cumprir , manter , e guardar debaixo da
fê , e palavra de Príncipe , e o haverei por bom , firme , e valioíb ,
como íe por mim fora feito , e acordado , e ifto fem embargo de
quaefquer leys , direitos , capítulos de Cortes , e coftumes que haja
em contrario, porque todos hei por derrogados para efie cafo, co-
mo fe delles fizera aqui particular , e exprelía menção , tudo de meu
motu próprio , certa fcicncia , poder Real , e abibluto no melhor
modo , e forma que de direito pollò , e devo. E por firmeza de tu-
do que dito he , mandei paífar eíla Carta por mim aílinada , e fella-
da com o fello grande de minhas annas. Dada neíla Cidade dcLif-
boa aos quatro dias do mez de Fevereiro. Luis Teixeira de Crrva-
Iho a fez , Aiino do Nafcimento de NoíFo Senhor JESU CHRISTO
de mil e feiícentos e feíTenta c oito. Pedro Vieira da Silva a íiz ef-
crever.
O PRÍNCIPE.
CAROLLJS SECUNDUS Dei gratiâ Magnx Britannièr, Eran-
cise , &: HiberniíB Rex
Eidci defenfor , &c.
, Omnibus , & íingiilis
hafce litteras infpe'l:uris falutem. Cími nihil magis Regiuin , aut
Chriftianum íit , quam componere dillidia , inimicitias coníbpire , &
inveteratas odioruni radices ita peiiitus cvellerc , ut armiis depoíitis
& pace redintcgratâ Pcpulis tranquiUitas , commercio fecuritas , le-
Tcm. V. I ii gibus
,

68 Vrovas do Ltv. VIL da Hiflori a Çeneahgica


gibus authoritas reftituatiir , Priiicipibus denique fubditorum fuorum
plauíus , & apprecatioiies undique benedicant. Nos quidcm , qui
Rcgna Hiípanix , ac PortugalliíE eodcm finii , e affc6tu compledi-
mi-r belluin illud inter contíguas nationcs , tot annis geíluni , tot
funcribus maculatum , non fine ineífabili dolore intueri potuin^iis ,
optantes identidem ut fie illiiílria fortitudinis exempla in aliis Re-
gionibiis adversas alios hoíles ederentiir :tandem ciim propitium nu-
men , ita votis , & gcmitibUvS noílris rcfponderit , iit Príncipes utri-
ulque partis ad parata confilia , quafi íponte fiiâ fledli \ ideantiir , in-
cíEptum tam pium , & optabile nobis oníni íludio fovendn.m , & ani-
morum iitrinque non modo reconciliationem , fed conjunclionem
etiam mediatione nofcrà ftabiliendam eíTe ceníUimus. Qiiod opus , ut
felicius ineatur , & expeditius ad finem perducatur , Legatum noftrum
Extraordinarium ad Príncipes utriuíque partis mifimus , Virum , è
nobilitatc noftra Prim.arium , utrique Coronas íccjuè addid:um , eòque
auípicatius apud utrunque Legationc hac pacifica defunélurum , Prae-
dileílum , & perquàm fidelem , Confanguineum noftrum Eduardum
Comitem de Sanduich , Vice-Comitem de Hinchingbrooch , Baronem
Montacutium de Saníto Neote , Anglise Vice Admirai lum , Magníe
Garderobíe noílrae Magiftrum , nobis à Secretioribus Confilijs , An-
tiqiiifiimi , nobiliífimique Ordinis Periícelidis equitem. Sciatis igitur,
quod nos fide , induftriâ, judicio, ac prudentiâ di6ti Comitis de San-
duich Lcgati noftri Extraordinarij plurimum confifi , ipíiim verum, &
indubitatum Commiííarium , ac Procuratorem noftrum fecimus , ordi-
navimus , & deputavimus , ac per príefentes facimus , ordinamus , &
deputamus dantes eidcm , & committentes plenam , & omnimodam
:

poteftatem , atque autlioritatem pariter , & mandatum gcnerale , &


Ipeciale nomine noftro cum Pnrfatis Principibus utriuíque partis
vel ipíbrum Miniftris congredicndi , ac fermones habcndi , cum &
ipíbrum Commillarijs ,
deputatis , &
Procuratoribus ad hoc fufficien-
tem poteftatem habentibus , conjun^lim , vel íeparatim , in confínijs
Regnorum , vel alibi ubi commodiíis vifum fuerit de & fuper pace
perpetua inter Coronas, &
Regna Hiípanias , & Portugalli^, vel de,
Sc íuper multorum annorum inducijs inter eafdem eademque utilifil-
mis , & maximc convenientibus Articulis , &
conditionibus ft:abilien-
dâ , vel ftabilicndis ; necnon de & íuper triplici foedere , ac confo-
ciatione inter nos dictofque Príncipes , utriuíque partis , pro commu-
iii , ac mutua Regnorum hoftrorum defenfione communicandi , tra-
6i:andi , conveniendi , &conclu^ndi , ca^teraquc omnia faciendi , quae
ad prícdiólos fines , vel quoslibet eorum faciant , & conducant , atque
íuper ijs Artículos , líttcras , & inftrumenta ncceíTaria conficiendi , &
ab aítcris partibus conjun6i:im, vel íeparatim petendi , Sz recípiendi.
Denique omnia ea , quíE ad prcemiíTa , vel circa eadem quovis modo
crunt neccfiarin , & opportuna exp;ídicndi. Promittontes boni fide, &
in verbo P*.egio nos omnia , & fingula quai' inter Príncipes utriuíque
partis , corumve Procuratorcs , Deputatos , aut Comniiílarios , atque
PruíiiominaLum Le.iratum noílrum Extraordinarium coniunâ:im , vel
íeparatim in príemiííis , feu Pra^rniílbrum aliquo crunt faíía , paéla ,
&
da Cafa ^al Tortuguei^a. 6p
8c concluía , rata ,
grata , & nec unqiiam contra ip-
firma habituros ,

forum aliqiiid , aiit aliqiia contravcnturos , quin potius quidquid no-


minc noílro proniilluin , aut in qiiovis Pricmiiroruni concliifum fuerit,
non folum , ex parte noftni land:ò , & inviolabilitcr obrcrvaturos ,
fcd fidc jiiíturos , & fponfores futuros , idem ab alteris quoque par-
tibus , & earum alterutrâ fandlc , & inviolabilitcr obfervatum iri. In
cujus rei teílimonium hafce litteras fieri ,
manuque noftraíignatas mag-
no Angliít íigillo communiri fecimus. Qux dabantur apud Palatium
noílrum WcimonafteriJ , ícxto decimo die Mênfis FebruariJ , Anno
Domini millefimo fexcentelimo lexagefimo quinto , Rcgni noílri de-
cimo o(5lavo.
CAROLUS REX.

Em r.ome cfa SanUÍfima Trindade , Vadre , ¥ilho , e EJpirito Santa,

tres Pcjfoas , e hum fò Deos Verdadeiro.

A R T I G O I.

PRimeiramente declaraó os Senhores Reys Catholico , e de Por-


tugal
,
que pello preiente Tratado fazem , e eftabelecem em feus
nomes , de fuas Coroas , e de teus VaíTallos , huma Paz perpetua ,
boa , firme , e inviolável , que começará do dia da publicação dcíle
Tratado , que fe farh em termo de quinze dias , ceifando defdc logo
todos os a6i:os de hoílilidade , de qualquer maneira que fejaó , entre
fuas Coroas , por terra , e por mar , em todos fcus Reynos , Senho-
rios e Vaílallos , de qualquer qualidade , e condição que fejao , ícm
,

exceiçaó de lugares , nem de peífoas c fe declara que haó de fer


;

quinze dias para ratificar o Tratado , e quinze para fe publicar.

A RT I G O IL

E porque a boa fé , com que fe faz eíle Tratado de Paz perpe-


tua , naó permite cuidarfe em guerra para o futuro , nem em querer
cada huma das partes acharfe para efte cafo com melhor partido, fe
acordou em fe reftituirem a Portugal as Praças , que durando a guer-
ra lhe tomarão as armas de ElRey Catholico , e a ElRey Catholico
as que durando a guerra , lhe tomáraó as armas de Portugal, com to-
dos feus termos , aíli , e da maneira , e pellos limites , e confronta-
çoens , que tinhao antes da guerra , e todas as fazendas de raiz fe
reftituinio a feus antigos poíTuidores , ou a feus herdeiros , pagando
elles as bcmfeitorias úteis , e necelfarias , c nem por ifio fe poderão
pedir as danificaçoens , que fe attribuem à guerra , e ficará nas Praças
a artilharia que tinhao quando fe occupàrao , e os moradores , que
,

naô quizcrem ficar , poderão levar todo o movei , e vencerão os fru-


ídos do que tivereni femcado , ao tempo da publicação da paz ; c
cila reílituiçaô das Praças fe fará em termo de dous mezes que co-
,

meçarão do dia da publicação da Paz. Declaraó porem , que nelía


reílituiçaô
,

yo Trovas do Lh. VIL da Htjlorla (jenealogicà


reílituiçao das Praças nao entra a Cidade de Ceuta ,
que ha de írcar
em poder de ElRey Catholico ,
pelias razoens que para iíTo fe con-
fider.iraó. E fe declara ,
que as fazendas que fe poífuirem com ou-
tro titulo ,
que naó feja o da guerra ,
poderão difpor delias fcus
donos livremente.
ARTIGO III.

Os , e moradores das terras poíTuidas de hum


VaíTalíos e de ou-
tro Rey tcraó toda a boa correfpondencia , e amizade , fem moíb ar
,

fentimento das oftenfas , e damnos paliados , e poderáó communicar,


entrar , e frequentar os limites de hum , e de outro , e ular , e exer-
citar comercio com toda a fegurança , por terra , e por mar , aííi , e
da maneira que fe ufava em tempo delRey Sebaíliaó. Dom
A R T I G O IV.

Os ditos VaíTallos , e moradores de huma , e outra parte terão


reciprocamente a mcfma fegurança , liberdades , e privilégios que ef-
taó acordados com os fubditos do Sereniífimo Rey da Gram Breta-
nha , pello Tratado de 23. de Mayo do anno de 667. e do outro do
anno de 630. no em que eíle tratado eílà ainda em pè , aííi , e da
maneira , como fe todos aquelles artigos , em razaó do comercio , e
immunidades tocantes a elle , foraó aqui expreííamente declarados
fem exceiçaó de Artigo algum , mudando fomente o nome , em favor
de Portugal ; e deftes m elmos privilégios ufará a naçaó Portugueza,
nos Reynos de Sua Mageftade Catholica , aíTi , e da maneira , que o
ufavao em tempo do dito Rey Dom Sebaíliaó.

ARTIGO V.

E
porque he neceífario hum largo tempo para fe poder publi-
car eíle Tratado nas partes mais diílantes dos Senhorios de hum , e
outro Rey , para ceííarem entre elles todos os ados de hoílilidade;
fe acordou , que eíla Paz começara nas ditas partes , da publicação
que delia fe íizer em Eípanha , a hum anno feguinte ; mas fe o avi-
fo da Paz puder chegar antes àquelles lugares , ceíiaráó defde então
todos os ados de hoftilidade e fe paíTado o dito anno fe cometer
:

por qualquer das partes algum ado de hoílilidade , fe Ihtisfará todo


o damno que delle nacer.

A R T I G O VI.

Todos os de guerra , ou em odio delia , de qual-


priíionciros
quer nnçaó que fejao , fem ou embargo algum leraó poílos
dilação ,

em fua liberdade / aíTi da huma, como da outra parte, fem exceiçaó


de peífoa alguma , e de razaó , ou pretexto que fe queira tomar ,

cm contrario ; e cila liberdade começará do dia da publicaçaó em


diante.
ARTI-
1,

da Cafa %eal Tortugnei^a, 7

ARTIGO VII.

E para que cila paz feja melhor guardada , prometem refpeíli-


vamente os ditos Reys Catholico , e de Portugal de dar livre , e
legura paíTagcm por mar , ou rios navegáveis contra a invafaô de
quacíquer piratas, ou outros inimigos, que procurarão tomar, e cal'-
tigar com rigor , dando toda a liberdade ao commercio.

ARTIGO VIII.

Todas de heranças , e difpoíiçoens feitas com odio


as privaçoens
da guerra íhó declaradas por nenhilas , e como naó acontecidas , e
,

os dous Reys perdoaó a culpa a huns , e a outros valFallos em vir-


tude defte Tratado , havendo-fe de reííituir as fazendas que eílive-
rem no íifco , e Coroa às peíToas , às quaes fem intervenção defta
guerra haviaó de tocar , ou pertencer para poderem livremente gozar
delias \ mas os frutos e rendimentos dos ditos bens , até o dia da
,

publicação da paz , íicaráó aos que os tem poíTuido durante a guer-


ra \ e porque fe podem oíferecer fobre ifto algumas demandas que
,

convém abreviar para o foíTego da Republica , ferá obrigado cada


hum dos pertendentes a intentar as demandas dentro de hum anno
e fe determinarão breve , e fummariamente dentro de outro.

A R T I G O IX.

E fe contra o difpofto nefte Tratado , alguns moradores , fem


,

ordem , e mandado dos Reys refpeétiva mente fizerem algum damno,


fe reparará , e caftigará o damno que fizerem , fendo tomados os de-
linquentes mas nag fera licito por eíla caufa tomar as armas , e
:

romper a paz. E em cafo de fe naó fazer juíliça , fe poder áô dar


cartas de Marca , ou reprefalias contra os delinquentes , na forma
que fe coíluma.
ARTIGO X.

A Coroa de Portugal pellos intereíTes , que reciproca , e infe-


paravelmente tem com a de Inglaterra , poderá entrar à parte de qual-
quer Liga , ou Ligas oífenfiva , e dcfíenfiva , que as ditas Coroas de
Inglaterra , e Catholica fizerem entre íi , juntamente com quaefquer
confederados f;us , e as condiçoens , e obrigaçoens reciprocas , que
em tal caio fe ajuílarem , ou fe acrefcentarem ao diante , fe teraó ,
e guardarão inviolavelmente em virtude defte Tratado , aífi , e da
manei i-a , como íe eftiverao particularmente cxprcftadas nelle , e cfti-
veraó já nomeados os CoUigados.

ARTIGO XL
Prometem os fobreditos Senhores Reys Catholico , e de Por-
tugal
,,

72 Trovas cio Lh» VIL da Hifloria Çenealogica

tugal de naô fazer nada contra , e cm prcjiiizo deíla


con- paz , nem
Icntir fe faça dircda , ou indire6>amcnte , de:
o e íe a caio íe fízer
reparar ícm nenhuma dilação. E para oblervancia de tudo o acima
conteúdo , fc obrigaó com o ScreniíFimo Rey da Gram Bretanlia
como mediator , e fiador deíla paz. E para firmeza de tudo , renun-
ciaó todas as leys , coílumes , ou couza que faça em contrario.

A R 1 I G O XII.

EÍIa Paz ferá publicada por todas as partes donde convier , o


mais brevemente que fer poíla , depois da ratificação deíles Artigos
pelos Senhores Reys Catholico , e de Portugal , e entregues recipro-
camente na forma coílumada.

ARTIGO XIII.

Finalmente feraó os prefentes Artigos , e Paz nelles conteuda


ratificados também , e reconhecidos pello Serenifiimo Rey da Gram
Bretanha , como mediator , e fiador delia por cada huma das partes ,
dentro de quatro meles ,
depois de fua ratificação.

Todas Artigos referidas foraô acordadas,


as quais coufas neíles
eftabelecidas , e concluidas , por nòs^-E)ó Gafpar de Haro , Gufmao
e Aragão , Marquez dei Carpio , Duarte Conde de Sanduick , Dom
Nuno Alvares Pereira Duque do Cadaval , Dom Vafco Luis da Ga-
ma Marquez de Niza , Dom Joaó da Silva Marquez de Gouvea ,
Dom Antonio Luis de Menefes Marquez de Marialva , Henrique de
Soufa Tavares da Silva Conde de Miranda, e Pedro Vieira da Silva,
Comifiarios Deputados para eíle eífeito , cm virtude das plenipoten-
cias , que ficaô declaradas em nome de Suas Maceílades CATHOLICA,
da Graó BRETANHA , e de PORTUGAL^, em cuja fé , firmeza
c teílemunho de verdade fizemos efte prezente Tratado , firmado de
noíTas máos , e feilado com o fello de noíTas arm.as. Em Lisboa no
Convento de Santo Eloy aos 13 de Fevereiro de 1668.

Dom Gãfpm" de Haro ,


Gtifmao , e Aragão. O Conde de San-
diítck. O Duque Marquez de Ferreira. Marquez de Nifa Al~
miraiíte da índia. Marquez de Gouvea Mordomo-Mor. Mar-
quez de Mariaha. Conde de Miranda. Pedro Vieira da Silva,

E havendo Eu o dito Tratado de paz perpetua , depois


viílo
de confiderado , e examJnado com toda a attençao , hey por bem
accitalo , aprovalo , ratificalo , e confirmalo , como em efFeito por
efta minha carta patente o aceito, aprovo, ratifico, e confirmo pro-
metendo em meu nome, no dos meus fucceíForcs , e meus Reynos
de obfcrvar , guardar , cumprir e de fazer obfervar , guardar e
, ,

cumprir inviolavehncnte todas as coufas neUc conteudas , fem admi-


tir , que por modo , ou acontecimento algum , que haja , ou poíla
haver ,
, , A

da Cafa ^al Tortugues^a.

haver , dire£la , ou indiredlamente fe contradiga , ou và contra elle,


e fe íe ouvcr feito , ou le fizer em alguma maneira coufa em contra-
rio , de o mandar reparar fem difficuldade , ou dilação alguma caíti-
gar , e mandar caíligar os que forem niílb cúmplices com todo o ri-
gor \ e tudo o referido prometo , e me obrigo guardar debaixo da fé,
e palavra de Rey em meu nome , no de meus fucceflbres , c Reynos,
e da hypotheca , e obrigação de todos os bens , e rendas geraes , e
fpeciaes , prefentcs , e futuras delles. E em fe , e firmeza de tudo
n^andei pafTar a prefente carta por mi aflinada , e fellada com o fel-
lo grande de minhas armas. Dada na Cidade de Lisboa aos tres dias
do mes de Março. Luis Teixeira de Carvalho a fez , Anno do
Nafcimcnto de NoíTo Senhor JESU Chriíto de mil feifcentos e felFcn-
ta c oito. Pedro Vieira da Silva o fiz efcrever.

O PRÍNCIPE.

Tratado do ca/amento delRey D. Pedro 11, com a Rainha D.


Maria Sofia , tirado do Original , (jue eftá na Secretaria dn
E/ia do,

"JVT Os Dei Phillippus Wilhelmus, Comes Palatinus Rheni,


J.,\ Sacri
gratia
Romani
,

Imperij Archi-1'hcíaurarius , &


Eleiíbor , Bava-
Num.
.
*
'7
/T"
rix, Julix , Cliviac , & Molitium Dux , Comes Veldentix ,
Sponhe- -^'''* *"^7»
mij Marcx, Ravensbergi, & Moerfai Dominus Ravcnítenij. No-
,
,

tum , ac teíhtum facimus univeríis & fingulis , qui infpedturi funt


,

has noílras patentes literas approbationis , confirmationis , ratifi- &


cationis , quod Manhemij vigeíima fecunda die Maij , praefentis anni
millcíimi fexcentefimi oéluageíimi feptimi conventus , fignatus fue- &
rit Traólatus Matrimonialis , inter Sereniílimum , & Potentiílim.um
Principem , Dominum Petrum Dei gratia , Regem Portugália^ , &
Algarbiorum , citrà & ultra mare in Africa , Dominum Guinca'
Conquiíitionis , Navigationis , Commercij ALthiopix , Arabian , Per-
íix ,
IndÍ2:que ; & Nos pro Dilc6liííima noílra filia, Príncipe Eledo-
rali Maria Sophia Eliíabetha per Regiíe Maieftatis íux Legatum Ex-
traordinarium , Dominum Emanuelem Tellefium Silvium , Comitem
Villarmajorium ,
Regise Sux
Maieílati à Sandrioribus Status Coníl-
lijs , totius Regni Portoriorum Prxfeélum , intima admifíionis &
Cubicularium , vigore ampla:, &
ípecialis Procurationis , quam Pve-
gia Sua Majeflas ipfi ad hunc finem dedit , nofcros deputatos Mi- &
nifrros olfgangum Theodoricum Sacri Romani Imperij Comitem ,
& Dominum Caítcllse , Nobis à Secretioribus Status Confilijs Sum-
mum Aula:: Eleéloralis Prísfcdum , &
Burggravium in Alzeij , ncc-
non Joannem Ferdinandum ab Yrfch , hareditarium Dominum Caf-
tri Matzen , nobis itidem à Confiiijs Status Secretioribus Supremum
,

Cancellarium , Ncoburgica Cameríu Aulica; Praíidem , Feudalis Cu-


ria; in Ducatu Ncoburgico Prapofitum , Dynaíliíc Reichcrtzhovcn-&
íis Pra fcflum , vigore ejufniodi quoquc Poteílatis , quam ipíis con-
1 om. Y. IC
'
ccíiimus,
,,

^4 Trovas do Liv» VIL da Hijlona Çenealogtca


peíTimus , cujus Tra^latus duo Originalia , linguâ Latina concepta , &
in feqiientem modum difpoíita fimt.
Traílatus Matrimoiiialis inter Screniííinmm , ac PotcntiíHmum
Principem Dominuai Pctrum Secimdum Regem Portugalise , Al- &
garbioruin , citrà & ultra Mare in Africa , Dominum Guine^e , Con-
quifitionis ,
Navigationis ,
Commercij víithiopia: , Arabix , Perfi.T ,
Indigeque ; Et SereniíTimi Principi?, Co- Domini Philippi ilhelmi
niitis Palatini ad Rheniim , Archithefaurarij & Ro- , Eledtoris Sacri
mani Imperij , Ducis BavariíE , Julia: , Cliviae , & Montium Comi- ,

tis in Veldentz Sponhemij MarcUiíc


,
Ravensbergi, & Moerík
, ,

Domini in Ravenftein Sereniírimani Principem , filiam Eleitoral em


Palatinam Dominam Mariani Sophiam Eliíabetham per Excellen-
, ;

tifllmum & Illuílrillimum Dominum Emanuelem TcUeíium Silvium,


,

Comitem Villarmajorium , Sacrx Regiíie Majeílati Lufitanise , à San-


drionbus Status Confilijs, totiiis Regni Portoriorum Prxfeélum , in-
tiniíe admifíionis Cubiculai ium , & Legatum Extraordinarium ; Et per
IlluftriíTimum Dominum Woliígangum Thcodoricum Sacri Romani ,

Imperij Comitem ac Dominum Caftellae


, Sux Serenitati Eledlorali ,

Palatiníe à Secretioribus Status Confilijs , Summum Aulíe Eledoralis


Prsfet^um , & Burggravium in Alzeij ; Necnon RevcrendiíTimum ,
& Perilluílrem Dominum Joannem Eerdinandum ab Yrfch , Hícredi-
tarium Dominum Caílri Mazcii , altís memoratse Electorali Serenita-
ti PalatiníE à Confilijs Status Secretioribus , Supremum Cancellarium,
CameiÊE Neoburgicíe Praeíidem , fcudalis Curia: , in Ducatu Neobur-
gico PriEpofítum , ac DynaíliiE Reicliertzhoveníis Prísfcdum ; ambos
Deputatos Miniílros Eleclorales, conventus «& fignatus Manhemij ,
die vigefima fecunda menfts Maij, anno Domini millefimo fexcente-
íimo , odluagefimo feptimo.
In Nomine SanctifíiniíE Trinitatis , Beatiflimse MariíE Virgi- &
nis , ad majorem Dei gloriam , C>hrifiianitatis commodum , Potcntif-
limi Regni Lufitanite , &
Screniílimo: Domus Palatinas Eleiíloralis in-
crementum. Notum fit omnibus , quod cum Sereniffimus , ac Pcten-
tiffimus Dominus Pctrus Secundus , Dei gratiâ , Rex Portugali^e, &
Aígarbiorum , citrà &
ultra mare in Africa , Dominus GuineíE , Con-
quifitionis , Navigationis, Commercij jEthiopiís , Arabise , Períiíe
Iridia:que ; Rcgnorum fuorum coafcrvationi , ac fubditorum precibus
confulcns , fecundas nuptias contrahere dccreviífct ; ScreniíFínú Prin-
cipis Domini Philippi "^'iihelmi , Comitis Palatini ad Rhenum , Sa-
cri Romani Imperij Archithefaurarij , Eledloris , Ducis Bavariíe , &
Julia: , CliviíE , &
Montium , Comitis in Vcidcntz , Sponhemij , Mar-
chia: , Ravensberga: , &
Moerfii: , Domini in Ravenftein ; Sereni fil-
mam Principem Dominam Mariam Sophiam Eliíabetham legitimam
,

filiam Elcòloralem digniíTimam judicaverit , quani fibi in conjugiura


,

ambiret , propter ejus eximias Dotes, virtutcs , cícterafquc fnguiares


prarrogativas , .miíit ad prí^fanuu SereniíTmium Doiiiiiuim ElcOorem
Palatiaum , fratrem fuum chari/limum , frpradidum Excellentiílnr.Lni
Dominum Legatum Extraordinarium , qui ejus deíideria , cclíitudini
fua: Elcdorali íigniíícaílet
,
qui cum libentcr aírenfiílet, Sacro: Majcf-
t-uis
,,, ,

da Ofa ^al Tortuguei^a. -


7j
tatis votis ,
pliirirrlque tanti Rcgis nuptias ut par eíl) feciíTct
(

coeptum cft agi de Pa6í:is Dotalibus , inter mcmoratum ExcellentifR-


mum Dominum Legatum Extraordinariuni , & prx-íatos Dominós De-
putatos Eleclorales Miniftros vigore Ipccialium Procurationum , qux
ad hunc Traítatum confíciendum , cjurqiie fiibícriptionem mutuò
commutatíE liint, &
in fcquentes Articules convcntiim eft.
I.

Sacras Regiíc Majeftati ,


promittit SercniíTimtis Dominiis Elcíflor
Palatinas , pro Scrcniílima filia Eletlorali , Domina Maria Sophia
Elilabetha in Dotem centum millia florenorum Rhenenfiiim
, quo- ,

rum unuíquiíquc florenus explet quindecim baceos vel íexaginta ,

crucigeros qux eadcm lumma in Sereniííima; ac PotentiíTmia: Im-:


,
,

peratricis Paftis dotalibus promiíTa & eadem íupradiíla mone- eíl , in


ta cxfolvetur , &
intra annum , diem íblutio fíet UlyfliponíK ,&
cum ufuris quinque millium florenorum , & doncc hoc fíet , Serenif-
fimi Eledoris bona Eledoralia fint hypothecata.
II.
SereniíTimus autem , ac Potentiílimus Rex promittit Screniílímae
Principi Eledorali , DominíE Sponfx fuse cbariíTmiís , eam poít Ma-
trim^onium conrumatum eofdem llatus , reddituS , oppida , Juriídiòtio-
nes , Privilegia , PríErogativas , &
Aulicum apparatum , quibus prio-
res Reginx Lufitaniíe fruebantur , fcmper , nunquam minus habi- &
tiiram, necncn pro aíTecuratione Dotis (centum nempò millium flo-
renorum Rbenenfium ) rcaliter illata , omnia Coronae Lufitanise bo-
na iivpothecata erunt.
III.
Quod íi Potentiílimus Rex
ante Regiam Conjugem fme liberis
vitâ deceflerit , 8c Regina in Luíitaniâ refldere voluerit, lili integra
Dos , gemm.T , fuppellex , &
reliqua omnia , qux juxtà authenticam
dcíignationem , íecum in Lufi-taniam attulerit , non coníumpta &
fuerint , falva manebunt , atque ea bona durante Matrimonio acquiíi-
ta , quíE Regi , Regina^ communia funt , & in paratâ pecuniâ ,
&
auro , argento , Sz alijs bonis mobilibus quibufcunque confiílunt , &
non ad Coronam pertinent , poli obitum Régis dividcntur , eorum &
medietas Pvegina; tradetur , fimulquc eiitiem Statibus , redditibus
oppidis , Jurifdidlionibus , Privilegijs , praerogativis , aulico appa- &
ratu , fecuti Rege vivente Regia Vidua fruetur , licet eo tempore
,
alia Regina Principi regnanti nupta íit.
,

IV.
Cum vero Vidua Pvegina , non in Regno Lufitanias habitare
fed in Germaniam redire voluerit, reílituetur lUi integra Dos , cum
tertiâ ipíius Dotis parte , & ílipradiélâ medietate bonorum ,
qux non
pertinent ad una cum cmnibus ijs bonis quíc in Regnum
Coronam ,
,

Luíitaniaj attulerit, & coníumpta non fuerint, fecum in Germaniam


feret ; Et quamdíú príedi6la Dos , cum tertiâ parte Dotis non per-
folvitur , tamdiú omnibus íupradiclis Statibus , redditibus oppidis
,

Jurildidlionibus ,
Privilegijs ,
príçrogativis , & aulico apparatu frue-
tur.
Tom.. V. K ii Si
, ,

'^6 Ttovas do Lh. VIL da Hifloria genealógica

V.
Si autem PotentiíTimus Rex , antè Regiam Conjugem reliítis
liberis deceíTcrit , & Vidiia Regini , in Regno refidere recufaverit
tunc illi tertia pars Dotis , & atque tertia pars ex
tertia pars arrhís ,

medietate bonorum , quae fuère acqiúfita, conftante Matrimonio, &


non pertinent ad Coronam , ad liberam iifum , propriam difpofi-&
tioiíem extradentur , nxnon ei tertia Pars eorum bonorum mobilium,
quíE prneter Dotem in Lufitaniam attulerit , vel à SereniíTimis Paren-
tibus , fratribus , fororibus , &
Agnatis , aut alijs, per teftamentarias,
feu quaslibet inter vivos fachas difpofitiones , aut Donationes , acce-
perit , &non confumpta fuerint , reftituentur , itaut etiam hanc ter-
tiam partem omnium bonorum , in Lufitaniam allatorum , <Sc fucceíTu
temporis , pr^ediólo modo acquifitorum fecum feret \ Reliquse vero
du£E tertix partes omnium fupradi(5lorum bonorum manebunt in Lu-
litania , pro lecuritatc liberorum , fcd tamen Regina Vidua , eorum
omnium , integrum uíumfru^lum , uíque ad mor tem habebit.
VI.
Sin autem Regina Vidua, in Regno Lufitaniae refidere maluerit,
tunc illa eifdem Statibus , redditibus , oppidis , Jurifdi6lionibus , Pri-
vilegíjs , prísrogativis , & aulico apparatu , uti casterse Reginíe, ufque
ad mortem fruetur ; Illique integra Dos , & tertia pars arrhse , una
cum omnibus , & fmgulis fupradidis bonis , manebunt.
VIL
Si vero Rege fuperftite ,
ipía Regina , fine liberis vitâ defun-
«Ela fuerit , &
de íuis facultatibus non aliter difpofuerit (quod in ip-
fius libera voluntate confiftit ) integra Dos , cum reliquis in Lufita-
niam allatis &
ex fuperius diéía bonorum divifione acquifitis , ad ejus
Haeredes , abinteílato , redibit.
VIIL
Contra , fi SereniíTima
, antè Sereniíllmum Regem , re-
Regina
liélis tunc in totam illius hsereditatem ( nifi ipfa ,
liberis deceíTerit ,

de tertia parte , diélx ha;reditatis , Juxtà tamen leges Júris communis-


difpofuerit) prsedi^Ii Régis liberi fuccedent ; qui fi poftmodíim ante
Regem Patrem obierint , haereditas illa integra , ad Regem eorum
Patrcm fuperexiílentem pertinebit.
IX.
CíEteríim , cum in toto Pvomano Império , jam à multis faecu-
lis , aoud Sacram Ceefaream Majeílatem , Ele6lorcs , Duces aliofque
,
Príncipes , in flivorem filiorum , ac per eos in confcrvationem ftir^
pium , ac familiarum , non tantum commiiniter introdufflum , confue-
tinn , invetcratum , &
per Pa£la gcntiliria firmuin , ílatutum fit &
fed etiam quotidiè in praxi fand:è obfervetur , ut Príncipes filise , in
Matrimoniam, intra vel extra Impcrium elocandic , ccrtam , & jura-
tam Renuntiationem in fcripto , & quidem antè A61:um copulationis
príEÍtent. ExcellentiíTimus Dominas Regius Legatus Extraordina-
rius , &
D. D. Ele^loris Miniílri Deputati , de ejufmodi quoque Re-
nuntiatione egcrunt , & fecundum morem , & confuctudinem totius
iilecloralis , á: Ducalis Domus Palatina, inter fe convcnòre , ut in
feparato
,

da Cafa %eal T^ortugues^a. 77


feparato Inftrum:nto , cxtcnfiori forma comprehcndctiir ,
ííctqiic ad
tenorcm Renuntiationum ,
quas fecerunt Sereniflima , ac Potciitiílima
Impcratrix , & SereniíTima Dux Aurclianenfis ,
ejuíqiic Inftrumcnti
Apographum autlicnticum , Domino Régio Legato Extraordinário
tradetur.
X.
Cum conjugale facrum mature celebrar! debeat , quo
autem
poflit Sereniflima Domina Princeps , filia Eleíloralis Palatina , hac
seftate in Lufitaniam tranfportari ; Serenifllmus Dominus Eleílor da-
bit operam , ut quam primum fíeri poterit , Heidelberg£e peragatiir,
& quidem c.i magnifícentia , qiiíE tantos Principes dccet , ibique Do-
minus Regius Legatus Extraordinarius pro Rege , ejulque verbis ,
perinde ac fi Rex ipfe prariens eíTet , vigore fpccialis Mandati , ip-
lam Dominam Sereniflimam Principem Eledloralem Mariam Sophiam
Elifabctham accipict in legitimam Uxorem pra:di£li Domini Régis
Portugalise Petri Secundi Domini fui, de more, Ridlu San^fbíe Ec- &
clefix RomaníE , & fecundum Decreta Sacri Concilij Tridentini , at-
qus hujus celebrationis fíet Inftrumentum teílifícatorium , quod tra-
detur, Excellentiflimo Domino Régio Legato Extraordinário.
XT.
PríEtereà , cum ad inílantiam Sereniflimi Domini Elccloris , Se-
renifllmus , ac Potentifllmus Rex Angliíe , fex Naves bellicas , ad
tranfvedionem Serenifl]ma: Reginse prícbeat , conventum cft , ut Se-
reniflimus Dominus Ele6lor , Sereniflimam filiam per Rhenum , cinn
decenti comitatu deducendam curet , ufque ad Roterodamum , in- &
dc in prxdidlis Navibus Anglicis Ulyfliponem ufque, femper pro- &
prijs expenfis , fed tantum ad Serenifllmns Regina; , ac ejuídem pro-
prij Comitatus fubfiflientiam neceflarijs.
XII.
Atque de his omnibus
quas in fuprà pofitis Articulis continen-
,

tur , unanimiter convenire , atque inter fe aflíeníi funt Excellentifllmus


Dominus Legatus Extraordinarius , Potcntifllmi Régis Portugal iae
Petri Secundi Domini fui ; Et Sereniflimi Principis Eleéloris Palatini
Philippi Wilhelmi Domini Deputati Minifl:ri Ele>5lorales , feque mu-
tuo obligant , & promittunt Sacram Regiam Majeftatem , & Eleólo-
ralem Serenitatem probaturas , & ratihabituras prsefentcm Traélatum
in fingulis , & univerfis
,
idque in folita , & confuetâ forma facien-
dum.
Et cum proptcr nimiam diftantiam locorum , & itinerationcm
per Mare , ad commutationem , feu reciprocam Ratifícationum extra-
ditionem , certus menfis , vel dies determinari non poterat , conven-
tum efl: , ut Dominus Eledtoralis Minifl:cr , Sereniflimam Reginam
Lifabonam dedudturus , Sereniflimi Domini Eleéloris Palatini ratiha-
bitionis litteras fecum ferat , & Sereniífimo , ac Potentifllmo Regi
Lufitaaia: debite exhibeat , fimulque Regise Ratificationis exemplar
recipiat.
Cum etiam nonnulla fint , qii.x ncceflario efícdlum fuum habc-
re debeant ,
antcquam ipfa à Potentifllmo Rege ratihabcri poílint
convenère
;

^7 8 Trovas do Liv, V IL da Hifloria Çenealogica


convenòrc ExcellentiíTímiis Dominus Rcgius Legíitiis Extraordinarius,
& D. O. Depiitati Miniílri Eledorales , ut ea omnia , quicqiie hujuí-
modi fuerint , qiialitercunque ad hiiiic Tra^Vatiim pcrtincntia quorum
exccutio propter anguftiam teinporis , Ratifícationem pra:cedere de-
beret , nihilominus valcant , plenumque , &
integrum , ac illibatum
vigorem , atquc effe^lum íiio tcmpore fortiantur , quafi jam folemni-
ter ratiíicata eíFent , non obílantc quàvis conditione , & ílatuto quo-
vís modo , &
via in contrarium faveiitibiis ; In quorum omnium fí-
dem , Excellentiílim.us Dominus Regius Legatus Extraordinarius , &
Domini Eledlorales Deputati Minifíri hunc Tra6latum Matrimonia-
lem , in duobus originalibus , ut unum in Scrinlo Sereniííimi ac Po-
tentiíTimi Régis , altcrum etiam in Scrinio SereniíUmi Elecloris ler-
vctur , lublcripíbruiit , &
Sigillis Iníignium fuorum corroborarunt
Fa^ílum Manhemij dic vigeíima fecunda Maij , amio Domini millefi-
mo fexcentcfimo oíluageíimo feptimo.
Laus Deo , Virginique Matri , ac Beato Jofepho.
Emm.' Teilefius Sylvius ; W. T. Comes , ac D. in Caílell ; J. F.
ab Yrích.
L,. S. L. S. L. S.

Oui quidem Traélatus Matrimonialis , duodccim Artículos & ,

duos Paragraphos circà finem continens cum à Nobis mature fuerit


coníideratus & examinatus , cum tàm in Partes^ quàm in totum vo-
,

lumus accipere , approbare , confírmarc , & ratifícare , atque per hoc


Inftrumcntum re ipla accipimus , approbamus , coníirmamus , & rati-
íicamus , polliccmurquc noílro ac Harredum , & SucccíTorum Nof-
,

trorum omnium nomine , illum obfervaturos , faflurofque , ut exa-


íSliíTimè & fan£lò obferventur omnia , qusEcunque in eo comprehen-
,

duntur , neque unquam permiíluros , ut ullo modo , aut via eorum vi-
gori , & eiícdí^ui' vel in minirno derogetur ; Et igitur promittimus,
Noílràquc Eleélorali fídc coníirmamus omnia , hoc Tradtatu Matri-
moniali ab initio ,
ulque ad finem , in cunélis , íingulis Articulis&,
& Paràgrapliis comprehenla, integre, illibatèque executuros; In quo-
rum íidem , ac tcílim.onium íieri Juílimus prseícntes literas , manu
Noílrâ íubfcriptas , &
magno Sigillo Iníignium Noítrorum munitas.
Datum in Eleiíhorali Rcfídentiâ Noílrâ , HeidebergíE die trigeíimâ
meníis Junij , anno Domini milleíimo íexcenteíimo oóluageíimo lep-
timo.
. PHILIPPUS WILHELMUS ELECTOR.
Pctrus Dei gratia Rex PortugaliíE , &
Algarbiorum citra ul- &
tra in Africa Dominus GuineíE , Conquifitionis , Navigatio-
mare,
iiis , (]ommcrc!)
,
iEthiopiíE , Arabiíc , PeríiíE , Indi.Tque ; Notum ac
tefatum facimus cmnibus , qui has literas noílras poteílatis genera-
lis , &: jpecialis vifuri funt , quòd cum expediat pacilci , & tranfigi,
Deo rrinucnte , nuptias , de quibus agiíur , inter nos, & SereniíTi-
mafn Principem Mariani Sophiam , legitimam filiam Sereniííimi Prin-
cipis Domini Piulippi iliiclmi Comitis Palatini Rlicni , Ducis Ba-
variíE j
da Cafa %eal Torttigues^a. 19
variíc ,
JiiliiE , Cliviii: , & Montiiim
Vakicnfi ,
, Comitis
Spa- iii &
nheini , Sac. Rom. Imp. ArchiLhcíaurarij
Elcfloris , Fratris , , & &
coníaiiguiiici noíbi cariíiinii , nòíquc maximam íiduciani liabcamus fí-
dci , &
pruJeiítix E!nmanuclis Telleíij SilviJ , Comitis Villarmajorij,
qui cfl: nobis h ían'«51:ioribus Statiis Confiliis , intimíE admifiionis Cu-
bicularius , totius^ Rcgni portorijs Pracpofitus , noílcrqiic ad pricdi-
â:um Scrcniílinuim Principcm , fratrem &
conlanguineuni nollrum ca-
ri ííimuin LcgatLi-í Extraordinariiis ,
per híec mandata ipíi dainus , &
conccdimus noftrum Jus , pleiíamqiic potcílatem , liberam ac fuffici-
cntcm , proiit illam fírmiínmc , ac pleniílimè ci dare & concedcrc pof-
fumiis , ac debemus , ad idque ncgotiiim de tliélo , jure rcquiritur. &
Atquc cum conftituimus facimus noílrum& gencralcm , fpccialcin &
Procuratorem , ut pro nobis , noílrirquc vcrbis pcrindc ac íi nos príc-
fentes cílcmus , poíTit traclarc , agcre , pacifci , convenirc , fub- &
fcribere rebus omnibus cujufcunque generis , conditionis , momcn- &
ti ad prxdiílas nuptias fpc6lantibus , cum quibuíVis rdijs Procuratori-
bus , Commillhrijs , aut Dcputatis prícdi6í:i Sercniílimi Principis Co-
mitis Palatini Rhcni Elc6loris , qui illius mandato íive Procuratione
ad id lufficicntcr iiiílru6li fuerint , omniaque , qua: per Illum pníla
conventa fuerint , uru cum conditionibus obligationibus , ac íub &
ijs cautionibus , in quas ipfe convcnerit , &
confciiferit , integre fer-
vabimus ac cuílodiemus. Siquidem ad ha:c omnia ipfi Extraordiná-
rio Legato noftro damus , &
conccdimus omnem plenam poteílatein
noílram , Mandatum gcnerale , &
fpeciale , cum libera , generali &
adminiílratione. ()uin ctiam per has iiteras promittimus , ípondc-
mus ^ Regi.ique fíde noílrâ confírmamus , fervaturos , ratihabitijros,
rèque ipsâ faduros , qua*cunque per di6lum Legatum noíkuiii tradla-
ta , geíla , pnóla , conventa, &
lubfcripta fuerint , cujuícunque fint
generis , conditionis , &
rnomenti , omniaque , «Sc fingula quovis tcm-
porc rata , íirmaquc habituros íecundum obligationem haruni litera-
rum potelíatis. In quorum omnium fídem , cautionem lias Iiteras, &
Mandatumque gcnerale , &
ípeciale íicri Juííimus mi^niis noílríe íub-
ícriptíone , noílrorumque iníignium majori Sigillo niunitas. Datum
UiyíTipone pridie nonas Decenibris , anno Domini millefimo fexcen-
tefniio o^luagcfuiio fexto. Epiícopus Fr. Ema.^' Pereira prseícntes
fcribere feci.
PEI RUS REX.

L. S.

Nos Dei gratia Philippus Wilhelmus Comes Palatinus Rhcni,


Sacri Romnni FJe^lor , Bavariís , Jii-
ImpcriJ Archithefaurarius , &
lire , CliviiE , & Montium Dux , Comes
Veldentia:, Sponhcniij ,
Marcís , Ravcnfpcrgi , & JMoerík , Dominus RavenílcniJ ; notum ac
teílatum facimus ornnibus , qui has Iiteras nofíras poteíratis genera-
lis , & ípecialis vifuri íunt , quòd ct-im cxpcdiat pacilci , Sc traníi-
.

gi Deo an nii elite . Nuptias, de quibus agitur , inter Sercniíumum ,


& Potentiíiimum Priacípcm Petrum Secundum Dei gratià Regem
Por tu-
,,,

8 o Trovas do Liv. VIL da Hijloria Çenealogtcd


Portugaliae , &
Algarbiorum , citrà , & ultrà mare in Africa , Domi-
num GuinciX , Conquiíitionis , Navigationis , Commercij , ^thiopi^e,
Arábia;, Perfia: , Indiícque ; & noílram diiediííimam tiliam Eledlo-
ralcm Mariani Sopliiam Elifabetham ; Nofque niaximam fiduciam ha-
beamus jfidei & priidentise ,
olffgangi Theodorici , Sacri Romani
Imperij Comitis in Caílel ; & Joannis Ferdinandi ab Yrích ; qui no-
bis funt à Secretioribus Status Confiliis , rcfpeclivè lummi AuIíe nof-
trse Eledtoralis Praefeíli , Supremi Canceilarij , Bruggavij in Alzci ^
Camcríe Neoburgica; Prísfidis , feudalis Gurias in Ducatu Neoburgi-
co PráEpofiti , &
DygnaftiíE Reicherzliovenfis Prcefcéti , Dilc6í:is his
noílris , &
íidelibus Miniftris , per hxc mandata damus , concedi- &
mus noftrum Jus , plenamque poteftatem liberam ac fufficientem
prout illam firmiffimè , ac pleniíTimè eis dare , &
concedere poíl.umus,
ac debcmus , ad idque Negotium de faíto &
Jure requiritur. Atque
eos conftituimus & facimus noílros generales &
fpeciales Procurato-
res , ut pro nobis , noftriíque verbis perinde , ac íi nos pr^efentes
eíFemus , poíTint traàare , agere, pacifci , convenire , lubícribere &
rebus omnibus cujuítunque gcncris , conditionis , Sc Momenti , ad
prasdiclas Nuptias ípetSlantibus , quíe cum Sereniílimi , ac Potentiíli-
mi Rcgis LulitanisE exccUentiííimo Domino Lcgato Extraordinário
ad hoc negotium luííicienter inftruílo , pacla & conventa fuerint
una cum conditionibus &
obligationibus , ac lub ijs cautionibus , in
quas ipíl convcnerint , &
coníenferint , integre íervabim.us, ac cufto-
cliemus ; fiquidem ad hsec cmnia noílris Eledoralibus Miniílris De-
putatis damus , &
concedimus omncm plcnam poteílatem noftram
,
mandatum generale , Sc ípeciale , cum libera , Sc generali adminiftra-
tione ; Quin etiam per has literas promittimus, Tpondemus, Ele- &
clorali fidc noftrâ confirmamus , fervaturos , ratiliabituros , rèque
ipsa fa6luros , qusecunque per diftos noílros Deputatos Miniftros
Ele^lorales trafVata , geíla , paâ:a , conventa , &
fubicripta íuerint
cujuícunque íint generis , conditionis , & momenti , omnia .íingu- &
la quovis tempore rata , íirmaque habituros , fecundum obligationem
haruni literarum poteílatis. In quorum ornnium íidem , Sc cautionem
has literas , mandatumque generale , &
fpeciale íieri ac nianus noí-
tro; fubícriptione , Noftrorumque iníignium majori Sigillo muniri juf-
íimus. Datum HeidelbergíE in noílra Eleólorali Reíidentia , decima
iionâ meníis Martij , anno millefnno fexcentefimo odluageíimo fepti-
mo.
PHILIPPUS WILHELMUS ELECTOR.
L. S.

Forma das Cartas ^


(jue E/Rey D. Pedro II. mandou ejcrever,
(juatído paffou a Província da Beira.

NuiTl. 75* T^^'"" Antonio da Ccíla Armador mor. Eu ElRey vos envio
An. 1704. jL/ muito íaudar , por convir muito a meu fcrviço , que na ocaziao
pi czente , em que palio à Província da Pcira ccni ElRey Catholico,
meu muito amado, e prezado bom Irmão , e Sobrinho, me vao acom-
panhar,
da Cafa ^al Tortugue^a.

panliar , ,
aquellas peíToas , de cujas obrigaçoens me poíTa
e fervi r
prom.eter íeguramente , me aíliftiráó
com grande valor , e fidelidade ,
com que íempre o íizcraó aquelles de quem dclcendem , aos Senho-
res Reys defte Reyno , meus predeceírores. E por concorrerem to-
das ellas razoens na volla pellba , me pareceo encarregarvos me acom-
panheis neíia jornada , c na Campanha , e tenho por certo me fer-
vireis de forte , que crcfça em mim muito a boa vontade , que vos
tenho , e fe multipliquem os motivos de vos fazer hama , e mercê,
Efcrita cm Lisboa a 7 de Mayo de 1704.

REY.

Para D. Antonio da Coíla , Armador mor.

"Decreto delRey D. Fedro II,


porque concedeo aos Efiudantes da
V niverfidade de Ccimhra , algum tempo de mercê.

TEndo confideraçao às demonílraçoes de gofto , com que eíla Num. 7 tf.


Univerfidade feííejou , e applaudio , o vir a ella minha Peílba, e *
^'
as diípoíiçoes com que efpera a de ElRey Catholico , meu bom Ir-
jnaó , e Sobrinho , para felicitar a fua chegada, e fer juílo , que por
eftes reipeitos , e peia cfpecialidade da occaíiaó , experimentem os
meus Valfallos os efteitos da minha gratificação hey por bem de fa- :

zer mercê aos Eíludantes , que neíla Univerfidade eftiverem matricu-


lados , de oito mezes , fendo naturaes dos lugares Ultramarinos , e
aos do Reyno , cm quem nao concorre igual razaó , de feis mezes
fomente , para que huns , e outros fe poíTaó valer defte tempo , pa-
ra os Aóíos , que faó obrigados a fazer pelos Eftatutos da Univeríi-
dade ; e ordeno a D. Nuno Alvares Pereira de Mello , meu Sumilhcr
da Cortina , e Reytor da Univeríidade , que aíTim o cumpra , e faça
executar. Coimbra 17 de Agofto de 1704. Com Rubrica de Sua
Mageftade.

Carta de/Rey de Macjuinês para E/Rey D. Pedro II. (jue chegou


depois da Jiia morte , a (jual traduzida da Jua linguagem dizia :

H Um Deos todo pcdcrcfo cm todo o Mundo elle feja íí^ti- ]^yjYl, HH»

vado para todo fempre como aquelle a quem fe deve tudo
,
^
que elle ha de ajudar a quem tiver juftiça, e razaó, porque hebeni- "'^^* '7°^»
,

dito entre as nações do Mundo.

Muley Ixmael filho do Xarifc , e de Rey.

Muito alto , e podcrofo Rey D. Pedro II. de Portugal ,


aquel-
Je a quem publica a fama , em hunia maó a efpada , e na outra a
juftiça.
Tom.V. L A ti
,

82 Trovas do Lh. VIL da Hiflerta Çenealogtca

A ti Rey verdadeiro de todos os Eftados de Portugal , com as


noticias que tenho do bem , que fazes aos meus por meu rei peito ,
,

te confidero digno da minha amizade , e que eu feja agradecido.


Pela pratica , que o meu Capitão môr do mar Benacha me fez , que
fendo cativo dos Inglezes , arribou ao porto delia Corte e chegan-
;

do à tua prefença Real , logrou a mayor fortuna , tendo-a por efte


refpeito , defmentindo a má , que lhe tinha fuccedido do feu cativei-
ro , dandolhe o refplendor de tua Real PeíToa huma grande alegria ,
pela afFabilidade , e carinho , que hum efcravo Mouro achou em
hum Monarca tao fuperior , dandolhe huma efmola de trinta meti-
caes de ouro , oíFerecendolhe tudo o mais.
Eftas finezas meu Rey , me puzerao em grande agradecimento,
parecendome , que trazes nas tuas veas aquelle illuftre langue do teu
anteceíTor ElRey D. Sebaftiaó , que valendo-fe delle o Xarife Muley
Amete , meu parente , por chegar à fua prefença , empenhou PeíToa,
Reyno , e fazenda , em o favorecer , e aífini o executou ; Hiltoria ,
que temos nos noíTos livros pelas mayores finezas , que Reys íizerao
no Mundo , por gente de differente Ley. Pois ElRey de Caílella ,
o que chamou o Mundo Filippe II. o naô quiz fazer , e fe efcufou
de daríhe ajuda , e elíe fomente tomou a feu cargo huma obrigação
de tanto pezo , pelo naó deixar ir difgoílofo e torno a dizer , que *
;

eífa hiO.oria de fineza eílá por lembrança para em quanto o Mundo


for Mundo. E como te coníidcro deífe mefmo animo , coniieço a
defcendencia c fangue , que te aílifte defte Rey.
, E te affirmo pela
Ley , que fgo , que te hey de fervir com tudo quanto no meu Rey-
no tenho , com grande vontade , e nao fe defacredite eíle meu offe-
recimento , pelo refpeito de me mandares os tempos paífados hum
Portuguez do teu Reyno , a comprar cavallos , o que puz em Con-
felho nos pareceres dos meus Xarifes , e Tables , que todos unifor-
memente diiTerao era contra a minha Ley , que nos prohibe o na6
poífamos fazer , e quando alguns Reys meus anteceíTores o fizerao
fora em cafo de neceílidade . a pique de perder vida , ou Reyno , e
fomente neíles termos o poaemos fazer ; e como efla neceílidade me
naô obriga fora por o meu governo em má opinião dos meus , e
fenaó fora efte preceito , naô te havia de faltar pelo amor , que te
tenho. E fe quizeres os cativos Portuguezes refgatados todos , os
darey com vontade , e por eíle refpeito buíquey a Jofeph Hefpa-
nhol , meu cativo , por fer homem de verdade e rczaô , de quem
,

faço muito cafo , e eílá cafado com huma Portugueza , deixando dous
filhos , e huma filha neíTa Corte e como conheço o íeu procedimen-
;

to , o mando a eíTe Reyno , para aviíb de que defcjo dar refgate aos
cativos Portuguezes ; e íe para efte cfteito me quizeres mandar peífoa
de authoridade , o eífimarcy , ou com avifo mandarey eu o meu Ca-
pitão do mar Benacha , e tudo o que fe tratar com ellos ferá de mi-
nha vontade.
Tenho feftejado muito , que o teu poder entraíTc na Corte dc
jSíadrid , coufa que até agora cm tempo de nenhuns Reys antecef-
,

íbres fuccedeo j eftas novas foraô de tanto prazer, que as feftejey


como
,,

da Cafa ^eal Tortugue^a. 83


Gomo propias. Deos entre mim e ti
efcrita na minha Alcafaba dc
, ;

Mcquincs a 13 que
do mcz de Rachebet
,
hc Outubro do anno da
nolTa Ley 11 18, correlponde ao de 1706 , cm 13 dc Outubro.

TeJamento delBey D. Fedro II. Original ejã na Ca/a da Coroa


da Torre do Tombo na gaveta 16
, , dos Tejiamentos dos Reys^
donde o copiey,

Tr\Om Pedro por graça de Deos Rey de Portugal, dos Algarvcí;, J^^j^^ •
JL/ daquem , e dalém mar em Africa , Senhor dc Guine , e da Con-
*
/
quiíla navegação, Comercio de Ethyopia ,
Arábia, Perfia , da índia, *7^4»
&c. Pertencendo a todos cuidar na morte , e diípor prudentemente
cm vida Ibbre as coufas , que depois delia podem íucceder , princi-
palmente aos Catholicos , a quem toca mayor obrigação dc ordenar
o que pede dirigir à lalvaçaó de fuas almas ; e eíla obrigação he
mayor nos Príncipes Soberanos , que por difpoíiçao Divina tem ne-
gócios de mais importância , a que devem dar providencia , aílim pe-
lo que toca à coníervaçaó , e augmento da Religião Catholica , co-
mo ao bem commum de feus Póvos , e VaíTalIos por eftas , e por ;

outras juílas razoens , ordeney fazer cíle Teílamento para fe guardar,


e cumprir , tudo o que nellc difpozer , depois de minha morte , o
qual quero , que valha , e fe cumpra inteiramente , para o que fe for
neceílario , como Rey , e Principe Soberano , difpenfo , e derrogo
todas , e quaefquer Leys , que contra a fua validade , em todo , ou
em parte fe polfao oppor, ou feja na fubílancia das difpoíiçoes del-
le , ou na falta de algumas folemnidades , porque todas para efte ef-
feito hey por derrogadas ; e eíla difpofiçaó quero , que valha , nao
fó como Teílamento , mas como Ley. Declaro Ibu Catholico , e
creyo íinnemente tudo o que crê , e enfina a Santa Madre Igreja de
Roma, de quem Ibu e fempre fuy íilho obediente, e encomendo
,

muito , e rrando ao Principe D. Joaó , meu fobre todos muito ama-


do , e prezado íilho , que mais , que tudo procure confervar ncílcs
Reynos e íèus Dominios a pureza inviolável dcíla P^cligiao , ten-
, ,

do entendido que antes lhe convirá perder eíic , e outros mayores


,

Reynos do Mundo , do que faltar ncíla matéria cm alguma ainda ,

que minima parte tomando exemplo de todos os Senhores Pvcys e


, ,

Principcs feus anteceílbres . os quacs neíles I-leynos, e feus Domi-


nios , nunca admittiraó , antes feveram.ente caftigarao os dcli^tos con-
tra a Religião
,
expondo muitas vezes fuas vidas , e dc íeus Yaífal-
los , ao fim fantiílimo da extençaó , c propagação da Fé Catholica , e
da obediência da Santa Igreja de Roma , e por eíla caufa da m.ao de
Deos receberão tantas mercês , c tanta grandeza , quanta ficará ao
dito Principe , meu íilho , e a coníervará com a minl:a benção , em
quanto confervar eíla pureza. Peço à Santiííima Irindade pelo San-
gue , e merecimento de meu Senhor , e Redemptor Jefu Criiriílo , c
por fua infinita piedade , e mifericordia , me perdoe minhas culpas
Tom. V. I. ii e pa-
,

§4 T^rovas do Liv. VIL da Hiftoria Çenealoglca

e para eíle fim invoco o auxilio , e favor da PuriíTima Virgem Ma-


ria ,
May de Deos , minha efpecialiíTima ProteiStora , debaixo dos
titiilos de fua Immaculada Conceição , com o qual he Padroeira def-
te Pvcyno , e da Senhora da Graça , da Piedade , das NeceíTidades , da
Aílbmpçaó , Madre de Deos , e Senhora da Barroquinha. Tomo
também por meus interceíTores os Anjos , e Santos do Ceo , efpeci-
almente o Anjo de minha guarda , o Cuftodio do Reyno , S. Jofeph,
S. Joachim , Santa Anna , S. Pedro , de quem tenho o nome , S.
Francifco de AíTiz , Xavier , de Paula , de Borja , de Sales , Santo
Antonio, S. Boaventura, S. Benediííto , Santo Amaro, S. Braz, S.
João Bautifta , e Euangeliíla , Rainha Santa líabcl , Santa Therefa ,
Santa Luzia , Santa Apollonia , Santa Barbara , para que roguem a
Deos , que na hora de minha morte me conceda graça , e auxilios ,
para ter verdadeira contrição , e arrependimento de meus peccados
\
c perdão de todos elles. Ao Principe D. Joaó meu fobre todos
muito amado , e prezado filho , pertence a íucceíTaó de todos os
meus Reynos , e Senhorios , por fer meu filho primogénito , e por
eílar jurado nas folemnes Cortes que nefta Cidade fe celebrarão ,
,

os quaes lhe encomendo, que governe comjuftiça, porque fcm ella


naô poderá efperar mercês de Deos , nem perpetuidade em fua def-
cendencia , conhecendo também o amor , que deve a tao bons Vaf-
fallos , e por eí}a razaó fomente
,
quando nao houvera outras , he o
Principe mais feliz de todos os do Mundo , e os deve governar nao
fó como Principe , mas como pay porque elles lho merecem como
,
filhos.
Por o Principe em idade , em que , conforme a Ley
fe achar já
do Reyno , tanto por mim feita , pôde , e deve governar o Reyno
tanto que eu faltar , aífim o declaro , e mando aos Infantes meus fi-
lhos , e mais VaíFallos , lhe obedeçaó como faó obrigados , por força
de fua naturalidade , e de feu juramento. E ao mefmo Principe en-
comendo , que fe aproveite muito dos confelhos da Sereniííima Se-
nhora Rainha da Graó Bretanha , minha muito amada , e prezada ir-
maa, pois na fua grande Chriftandade , prudência , e mais virtudes,
e no amor , que tem. a todos meus filhos , fe fcguraó os acertos , e a
Sua Mageílade Britânica peço, e rogo com todo o encarecimento,
que ajude e encaminhe ao Principe feu fobrinho , para acertar em
,

íervir a Deos , e em fazer juftiça a fcus Vaífallos. O Infante D.


Lraiicifco he meu filho fegundo , e aquelle a quem na falta, queDeos
nao permitta do Principe feu irmaó , e de feus defcendentes Icgiti-
mos , pertence a fucceíTaô dcfte Reyno , pela qual razão , e para que
fe priíTii confervar fua Cafa , c defjcndencia com aquelle eftado ,e
grandeza que pertence à fua peíToa quero , e mando , que fe lhe dê
, ,

toda a Cafa do Infantado , com todas as terras, domínios, jurifdic-


çoes , privilégios , rendas , e Padroados de Igrejas , com que foy inf-
tituida , c como de prefente fc acha cílabelccida , e augmentada e eu
,

a pcíiiío ; e fendo neceífario para mayor firmeza , novamente a iníli-


tuo debaixo das mefmas condições , e claufulas , com que foy cílabe-
lccida pelo Senhor Rey D. Joaó , meu Senhor , e pay , que eftá em
gloria
,

da Cafa T^eal Tonugiíci^a.

gloria, e à mefma Cafa hey por vinculadas todas as quintas, herda-


des, reguengos, c mais bens que comprey , e tem adminiftraçaó par-
,

ticular , e também hey por vinculadas h mefma Cafa todas as mercês,


que tCfiho feito , e ao diante fizer ao dito Infante meu filho , e to-
dos os bens da Coroa , que de prefentc fe achao vagos , e de tudo
fe lhe paíFardó Cartas , e defpachos neceíTarios , e em quanto fe lhe
naó paífíirem , valerá eíla verba de meu Teflamento , como Carta de
doação folemne , com todos quantos requifitos fejao neceílarios para
fua firmeza , e validade fupprindo tudo o que de direito fe tleve
,
,

fupprir. E porque ainda aflim creyo , que nao fica o Infante com
aquellas rendas , que poííao bailar para a fuftentaçao do efplendor
c grandeza de feu eftado , e peíToa , e de feus deicendentes , enco-
mendo muito ao Príncipe que dos bens da Coroa , que eítiverem
,

vagos , ou forem vagando , lhe fiica doação para elle , e feus defcen-
dentes , até que cheguem as fuas rendas ao eftado competente defuf-
tentarem com grandeza a fua Cafa , pois ha de fer a que fegure a
fucceíTao do Reyno , na falta , que Deos naô permitta , da do Prin-
cine , e fua defccndencia. E porque efta providencia fe faz mais ne-
ccíTaria , por refpeitar a utilidade publica deftes Reynos , para que
cm nenhum tempo experimentem as infelicidades , que a outros mui-
tos tem acontecido pela falta da fucceffaó Real , ordeno , e enco-
mendo muito ao Príncipe D. Joaô , que procure cafar feu irmão , o
Infante D. Francifco , logo , que a fua idade o permittir , para que
tendo ambos , com a benção de Deos , defcendcntes , fe fegurem as
conveniências publicas do Rcyno , e le conferve dentro deíic a fuc-
ceífaô Real. Ao Infante D. Francifco meu filho , encomendo quan-
to poíTo , que feja muito obediente ao Príncipe feu irmão , com
íiquelle amor , obfequio , e refpeito , que lhe he devido como a feu
Rey , que ha de fer , e lhe ha de ficar em lugar de pay , confcrvan-
do com elle aquella uniaó , amizade , e intima confiança , cora que
fempre procurcy creallos , e fó defte modo merecerá a benção de
Deos c a minha ; e ao mcfmo Príncipe encarrego , que attendcndo
,

a efte refpeito , e obediência do Infante , reciprocamente o ame , e


cílime , nao ío como a irmão , mas como a filho , e que com igual
cuidado fe haja com os mais irmãos , filhos meus , o Infante D. An-
tonio , o Infante D. Manoel , a Infanta D. Francifca procurando o
,

accommodamento , e eílabclecimento do eftado de cada hum dclles, e


cfpero , e confio da fua capacidade, que o faça do mefmo modo , que
eu o havia de fazer , e melhor ainda , e efpero , que os mefmos In-
fantes lho mereçao pelo refpeito, que lhe hao de ter , e pelo amor,
que ha de haver entre todos os irmãos , c particularmente, pelo que
todos , como filhos de minha benção , hao de ter aos Povos , c Vaf-
fallos ,
que com taó cordeal aftedlo os venerao.
Pofto , que a razão natural obriga aos pays a deixarem ligiti-
míís a feus filhos , e o Direito Poíitivo manda , que fejao mftituidos
nas duas partes de feus patrimónios , toda via efta Ley Pofitiva nao
cbriga aos Príncipes Soberanos , aílim em quanto à quota dos bens ,
como ao titulo da inftituiçaó , cem tudo , pelo amor , que tenho a
todos
8 6 T^iovas do Lh. V IL da Híjloría Çenealogíca
todos meus filhos , os inílituo igualmente em fuas legitimas ; mas
naó hc a minha tenção , que o que nefte Teftamento tenho eípecial-
jrcnte deixado ao Infante D. Franciíco meu filho, fe lhe impute em
lua legitima , por fer huma doação , que lhe faço , naó lo como pay,
mas mais ainda como Príncipe , e Rey Soberano , a quem toca fa-
zer mercês às peíToas de tao alto eílado , como he o dito Infante
meu filho , por fer também a dita doação , por obrigação da Coroa,
e Reyno , a quem pertence dar eílado aos filhos dos Reys , e mais
quando he em utilidade do mefmo Reyno , para nelle haver Princi-
pes de langue Real , e para ifio derrogo todas as Leys , e difpoíi-
çoes , que haja cm contrario , pelo mais pleno modo , que poffo. Os
ditos Infantes meus filhos , todos ao prefente íaó menores de qua-
torze annos , e até terem idade competente para adminiílrarem fuas
pelFoas , e bens , quero , que eílejaó debaixo da adminiftraçaó do
Príncipe D. Joaó fcu irmaó , porque ainda, que naô tenha mais, que
quinze annos , com tudo , porque no cafo de eu faltar , lhe diíFere a
L/Cy a adminiílraçaó , e governo do Reyno , com muita mais razaó
deve ter a de feus irmãos , principalmente quando delle tenho por
experiência , que por infinita bondade de Deos , fe acha com enten-
dimento , e capacidcule , que excede muito a dos feus annos ; e me
ajuda muito a ter eíla confiança , ficar neíle Reyno a Sereniílima Se-
nliora Rainlia da Grao Bretanha , minha irmãa , cuias altas virtudes
eipero de Sua J^íageftade fe empreguem em ajudar ao Príncipe meu
filho , nefla adminiílraçaó dos Infantes feus fobrinhos , os quaes lhe
deixo muito encarregados , confiando , que na educação delics me pa-
gue aquelle amor , e obfequio , que fempre me deveo , e também o
que deve a eíle Reyno , em que nafceo , e fe creou. Ao Príncipe
encomendo os meus Criados , que me tem fervido , e muito em ef-
pccial lhe lembro o Duque , e Camariftas , que com tanto amor , fi-
delidade , e acerto , me tem afiiftido , aífim à minha PeíToa , como
na adminiílraçaó do governo , para que os rem^nicre , como por fuas
qualidades , e bons ferviços tem merecido. Mando , que tanto , que
cu falecer fe me digaó íeis mil Milfas por minha alma , e no dia de
meu falecimento , fe digaó quinhentas MilTas cada anno , fe puder
fer , em Altar privilegiado. JVÍando , que fe digaó cinco Ivlilías quo-
tidianas por minha alma , e para ellas fe depute a renda ncccffaria.
Ponhaó-fe a Juro cincoenta mil cruzados , e do rendimento celíes fe
daraó cada anno cento e cincoenta mil reis a cinco cativos , trinta a
cada hum , para feu refgate , e para cafamento de tres orfans cinco-
enta mil reis a cada huma , e o reílante fe repartirá por Criados
pobres , começando pelos , que ferviraó a minha mefma Peííba , em
quanto viverein , e depois fe terá também rcfpeito a feus filhos. En-
cojiiendo muito o cumprimento deíle meu Teílamcnto ao PrincipeD.
Joaó meu filho , c à Senhora Rainha da Graó Bretanha minha ir-
mãa aos quaes nomieyo por meus Teílamenteiros e ao Duque, c
, ,

Marq-jcz de Alegrete encarrego a execução do que o dito Príncipe,


,

c a Senhora Rainha neíla matéria diípuzerem. O meu corpo fcrd


fepultado na Igreja de S. Vicente de Fóra Junto do Tumiulo da mi-
,

nha
,

da Cafa %eal Tortugue^a, 87


Ilha fobre todas muito amada , e prezada mulher D. Maria Sofia lía-
bel ,
que eílá cm gloria.porqueE tenho , que fazer algumas dilpo-
fiçoes particulares ,
que por juílas razoens le nao puderao eítrever
por hora neíle Teílamento , as mandey eícrever em hum papel de fo-
ra , efcrito pela letra do Padre Sebaííiaó de Magalhaens , meu Con-
fcflbr , e por mim aíTmado , o qual quero , que fe cumpra , e valha,
como parte deíle Teílamento. Fora do matrimonio houve huma fi-
lha chamada D. Luiza , que hoje eftá caiada com o Uuque D. Jay-
me , meu muito amado , c prezado fobrinho , e do meu Confclho
de Eftado , mando ao Principe , e Infantes meus filhos, que a hon-
rem , e accrefcentcm em mercês como pedem as obrigações do lan-
gue , e as virtudes de D. Luiza ; e poílo que para o dito cafamcnto
foy dotada , com o que lhe dey quando a primeira vez cafou com o
Díique D. Luiz quero , e hey por bem , que por minha morte lhe
,

dè o Principe huma joya digna da peílba , que a dá , e de quem a


recebe. Prometri fazer huma ("apella a S. Benediclo , na Igreja de
S. Francifco de Xabregas , mando , que fe faça logo , no cafo , que
eu em vida o naó mande fazer. Por evitar duvidas , que podem of-
ferccerfe fobre a forma , com que fe deve fucceder na Cafa , que
inítituo para o Infante D. Francifco , declaro , que acontecendo , o
que Deos naó permitta , que o Principe D. Joaô faleça fem filhos ,
ou fe extingua a linha de fua defcendencia , e que por cila caufa de-
va fucceder na Coroa o Infante D. Franciíbo , ou algum fcu deícen-
dcnte , nefte cafo , ordeno , c mando , como Rey , que afiim os bens
da Cafa do Infantado , como todos os mais , que a ella cíliverem
vinculados , conforme cfta minha inftitiiiçaô , fe nao poílaó unir
nem incorporar na Coroa , e quero , que fe confervem íempre íepa-
rados , e que paíTem logo ao filho varaó fegundo genito do dito In-
fante D. Francifco meu filho, e efta mefma ordem de íucccder, fc
obfervará , e hey por repetida em todos feus defcendentes , que luc-
cederem na Coroa deíles meus Reynos. E fuccedendo também , o
que Deos naó permitta , que o Infante D. Francifco meu filho fale-
ça fem defcendentes , ou fe extingua a fua linha , nefte cafo , orde-
no , e mando , que a fucceífaó da fua Cafa faça tranfito , e fe de-
volva logo ao Infante D. Antonio meu filho , e em falta delle a feus
defcendentes ; e quando delle os naó haja , terá intranfia neíla fuccef-
faó o Infante D. Manoel meu fixlho , c em falta delíe feus deícenden-
tes ; e em todos os fucceíTores que o forem deíla Cafa , hey por
,
repetidas as condições , e difpofiçóes declaradas nefta minha inílitui-
çaó , para que na forma delias fe deva fempre regular a de fucceder.
E porque os bens , de que inftituo efte vinculo faó da Coroa , para
(jue em nenhum cafo obíle a forma de fucceder, que tenho dado,
às difpofiçóes da Ley Mental hey por bem difpenfallas , e derro-
,
gallas nos cafos defca difpofiçaó para fempre , uíimdo para eíle fim
do meu poder Real , e abfoluto. Encomendo muito aos Reys meus
fucceiTores , que tendo filhas procurem quanto for poíTivel , cafal-
,
las com os fucceifores defta Caía para que aíiim íe con ferve , e aug-
,
mcnte o efplendor delia. Ordeno , e mando , aos que fervircm a
pcífoa
,

8 8 Trovas do Liv. VIL da Hijloria (jeneahgica


pcíToa do Infante D. Francifco meu filho , fejaó remunerados os
feus lerviços , como feitos à Coroa ; e aos mais Criados , que a di-
ante fervirem os íucceíTores deíla Cafa encomendo aos Reys meus
fucceílbres attendaó aos feus fervidos , para os favorecerem , e ampa-
rarem. E porque nas vocaí^oes , que tenho feito para a fucceííaó
do vinculo , que inllituo , fiço menção de defcendentes , declaro ,
que minha vontade , que eílas vocaçces fe hao de entender dos
lie a
defcendentes , que íbrem legítimos , nafcidos de legitimo matrimonio;
porém no cafo que fe extinguaó todas as linhas legitimas de todos
,

os meus filhos , fuccedcráó , e teraó intranfia nefle vinculo os def-


cendentes ilíegitimos , e haílardos , que de mim procedem. E nefta
forma hey por acabado eíle meu Teílamento , que de meu mando ef-
creveo o Padre Sebaíliaó de Magalhaens , meu Confeífor , e mo fez
prcfente , e o aíTmey. Guarda 19 de Setembro de 1704.

REY.
Approvaçao.

Saibaó quantos eíle publico Eftromento de approvaçao de 1 ef-


tamento virem ,
que no anno do Nafcimento de Noílb Senhor Jefu
Chriílo , de mil e fetecento? e quatro , aos dezanove do mez de Se-
tembro do dito anno , neíla Corte , e Cidade da Guarda , no Palacio
onde eílava apofentado o muito alto , e n uito poderofo Rey , e Se-
nhor noífo , D. Pedro Segundo , onde eu Diogo de Mendoça Corte-
Real , Secretario de Eftado do mefmo Senhor, prefente eftava , com
íàculdade , e ordem do dito Senhor concedida pelo Decreto junto
para fazer efte atlo de approvaçao em publica fórma , e logo na fua
Real Camera me foy entregue pelo dito Senhor da fua Real mao à
minha , o Teftamento a traz efcrito em feis meyas folhas de papel
em que entrava efta , e mc diíTe o mefm.o Senhor , que aquelle era .0
feu Teftamento , que queria fe cumpriífe , e guardalfe como nelle fe
continha , o qual de leu maneiado efcrevera o Padre Sebaftiaó de Ma-
galhaens , feu Confeílbr , e que por eftar conforme a fua Real von-
tade , o aflinara , e mandou lho approvaftc quanto de direito era nc-
cclfario , e que faltandolhe alguma folemnidade a havia por íuppri-
da com.o Rey, e Senhor, de feu poder Real, e abfoluto. O qual
Teftamento cu Diogo de Mendoça vi , e nao achey nelle , que ti-
veíTe borrão, entrelinha, ou vicio algum, que duvida fizelle , e fó
na fegunda meya folha achey por cima a palavra ejla e na quinta
,

a palavra , Ihtisfazendo cu Secretario às folernnidades , e


e 'valha , e
perguntas neceTarias na fórm.a da Ley , como peíToa publica para eí-
te aa:o efpecialmente nomeado no dito Decreto , approvey o dita
Teftamento tanto quanto poftb , e devo , e houve por approvado na
fórma que o Direito requerc , fendo a tudo prefentes , como tefte-
,

munhas o Duque de Cadaval , o Marquez de Alegrete , o Marquez


;

de iNIarialva o Conde de Villa-Vcrde o ConJe de Vianna todos


, , ,

do feu Coní^elho de Eftado , c outro fim o Conde de ViUar-Mayor,


o Con-
,,,

da Cafa %eal Tortuguei^a* 8p


o Conde de AíTiiinar D. Rodrigo de Mello, Francifco de Mello
,

Monteiro mor , D. Lourenço de Almada que todos comigo aííina-


,

raó e eu Diogo de Mendoça Corte-B.enl


: que o approvey , e efcrc-
,

vi de meu publico íinal em rafo. ^ Diogo de Mendoça Corte-


Real. t= Marquez de Alegrete. t=: D. Lourenço de Almada. i= O
Marquez de Marialva. t=: O Conde de Villa-Verde. ^ CcndedeO
AlFumar. 1= Francifco de Mello. C= D. Rodrigo de Mello, t: Du-
que. ^ O Conde Fernando Telles da Silva, t: O
Conde Eítribciro
Mor.
Abertura.

Aos nove do mez de Dezembro de mil e fetecentos e feis,


dias
no Paço de Alcantara , em Confelho de Eílado , me íoy entregue
pelo Padre Sebaíliaó de Magalhaens , o 1 eílamento cerrado delRey
D. Pedro IL noíTo Senhor , que Deos tem , c eílando em Coníeiho
de Eftado , os Duques , Marquez de Caícaes , Marquez de Marialva,
Conde da Caílanheira , Conde de S. Vicente , Conde de Alvor
Conde Eílribeiro mor , D. Francifco de Soufa , por efpecial ordem
que tenho de Sua Mageílade , que Deos guarde , abri o Teílamento
referido , o qual eílava cozido com retrós verde , com cinco pontos,
tendo hum pingo de lacre vermelho em cima de cada hum delles
e he efcrito em feis meyas folhas de papel , em que entra eíla , to-
das efcritas , excepto eíla pagina , fem borrão , ou rifca alguma , e
fó por cjma da meya folha fegunda fe ve a palavra em cima efia , e
na quinta a palavra 'valha , e toda a letra he clara , e intelligivel , e
todo o referido pórto por fé , por efpecial ordem , que tenho de
Sua Magefiade , que Deos guarde , para fazer eíle termo. D. Tho-
mas de Almeida, Secretario de E liado , o efcrevi de minha letra, e
o aíTmo. D. Thomas de Almeida.

Decreto.

Tenho com o favor de Deos cifpoílo da minha ultima vonta-


de, e ordeno o meu l eílí* mento que mandey efcrever pelo Padre
,
Sebaftiaô de Magalhaens meu ConfeíTor e para fazer o a6lo da lua
, ,

approvaçaó hey por bem de nomear a Diogo de Mendoça Corte-


,
Real que neíla jornada ferve de meu Secretario de Eílado e para
, ,

eíle cfíeito lheconcedo os poderes , e authcridade , que de direito fe


requere , para que legal , e validamente fe poíla íazcr o dito a61o de
approvaçaó , fem embargo de qualquer Ley , que em contrario haja,
porque todas hey por derrogadas para eíle cffeito , como fe de cada
huma delias lizeíTe exprcíla , e efpecial menção. Guarda 19 de Se-
tembro de 1704. Rubrica de Sua Magefiade.

Tom. V.
po Trovas do Liv. VIL da Htjloria (jenealogtca

Papel delRey D. Pedrd II. de que faz menção no feii Tejlamento ,

tirado dos maniifcritos do Duque de Cadaval.

Num. n9* T^Eclaro ,


que fora do matrimonio tive dous filhos de mulheres
A
^
*
' \J defobrigadas , e limpas de toda a naçaó infeóta , hum fe chama
An. 1704. j) jvliguele outro D. Joíeph , ambos fe criao em cafa de Bartho-
,

lomeu de Soufa Mexia , encomendo ao Principe lhes dê aquelle eíta-


'
do , que for mais conveniente , e decente a fuas pcToas , coiuo a ir-
mãos feus , em que vivao com aqudla abundância , que naó fe vejaó
obrigados a neceífitar de outra protecção mais , que da fua ; e por-
que o dito Bartholomeu de Soufa Mexia me tem fervido com fideli-
dade , e zelo , cm todas as occupaçóes , que lhe encarreguey , parti-
cularmente na boa educação dos ditos meus filhos , encomendo mui-
to efpecialmente ao Principe , que attcnda aos feus merecimentos , e
fervi ços , para o honrar , c lhe fazer mercê. Ao Principe encomen-
do favoreça , e ampare todos os meus Criados , e que naó os con-
fervando no feu ferviço lhes dê os mefmos ordenados, e mezadas,
que cu lhes dava , de qualquer calidade , ou cor , que fejaó , para
que poífaó fuftentarfe limpamente , conforme a graduação de fuas
peífoas , e que na repartição das efmolas , que mando fazer do ren-
dimento dos cincoenta mil cruzados , que fe haô de p6r a juro , pela
verba do meu TeíVamento , tenhaó preferencia aquelles , que o mef-
mo Principe fabe , que eu me dava por mais bem fervido delles , e
que no numero dos Criados entrem também os Efcravos , os quaes
declaro por livres depois do meu falecimento. Ao Padre Sebaftiaó
de Magalhaens mandey fazer eíVas declarações , que aííiney. Guarda
19 de Setembro de 1704.
REY.

Carta ,
que o Príncipe R egente efcreveo aos Cabidos ,
quando fuc*
cedeo o roubo do SantiJJimo Sacramento , na Igreja de Odivellas.

Num. 8 O. T^Eao Cónegos , Dignidades , e Cabido da Sé do Porto. Eu o


,

An, 1671. J-^Piincipe vos envio muito faudar. Na noite de dez para onze
' *
deite mez , fe efcalou a Igreja da Freguefia de Odivellas , e profa-
nando os Altares , e Imagens, abrirão facrilegamente o Sacrário, rou-
bando o Santiííimo, que nelle eílava depofitado. Em demonílraçao A
de fentímento de taó execrando cafo , mandey , que toda a Corte
tornaííc luto até fe reftituir à mefnia Igreja o Sacramento , que delia
foy roubado , ordenando , que em todas as Igrejas defta Cidade fe
cxpuzeíle , pedindolhe com dcmonílraçócs de arrependimento das cul-
pas , e pcccados de todos , queira , por mcyo cleftas rogativas , ap-
placar o rigor do caíligo , que noílas culpas merecem ; e porque af-
fim hc razaó , que fe faça em todo o meu Reyno , vos encomendo
fiíçais o mcfmo pedindo a Deos fe lembre de todos aquelles , que
,

o vc-
da Cafa %eal Tortugueí^a. pt
o veneramos Sacramentado ; c quando por voíía via fe poíTa dcfco-
brir algum indicio dc taó horrendo crime , mo façais a faber para
mandar continuar as grandes diligencias , que mando fazer fobre a
averiguação dcUc. Em Lisboa ii de Mayo de 1671.

O PRÍNCIPE.

Papel mity pio , e devoto ,


(jiie ElEey D. Pedro efcreveo da fuo pro-
prta maõ , de aiie vt hum a copia na Livraria wamifcrita do
Ducjuc de Cadaval. EJiá no livro ijp, de papeis vários,
pag. ^y4i donde o copky , e principia neJla forma \

PropoJJtos ,
que com a graça de Deos proponho guardar.

E naó murmurar de meus próximos , antes procurar cvi-


Myrn. 8 I*
tar toda a murmuração. *

2 De ine naó defcUlpar , ainda que me culpem.


3 De ler mais fofrido , naó dizendo palavra , que feja de menos
paciência , e interiormente procurarey trazer à memoria motivos que
,
me enfinem a fofrer , e ter paciência nas occafioens.
4 De fer mortificado no comer, naó me queixando quando naó
eftiver bom , fó procurarey acodir à neceífidade , conforme os meus
achaques , e conforniarme quando for de meu gcfto , fem queixa , an-
tes às vezes direy , que me façaó algumas coulas de differente modo,
do que góíto.
5 Ter cuidado de me mortificar em tudo o que for licito , e pu-
der, com a graça Divina.
6 De mortih'car nas repugnancias , fazendo o mefmo , em que a
tiver, e naó dizendo palavra , que feja nafcida delia, e pôr para iílo
algumas confideraçóes , que me refreem.
7 Naó me queixarey de aggravo , que me façaó , fenaó for com
juíía caufa , que me obrigue a illb , ou ao Confeílbr para pedir con-
felho , e também me procurarey mortificar em me naó queixar , do
que padeço , fenaó for neceíTario , ou for mal , que me aperte , ou
perguntado , excepto ao ConfeíTor , a quem direy tudo.
8 De obedecer ao ConfeíTor , no que me mandar , ou diífer , cf-
pecialmente nos efcrupulos e para iílo confiderarey , que mo manda
,

Deos por boca de feu Miniftro ; feguilloey em tudo como quem tciu
as vezes de Deos na terra
\
darlheey credito ao que me diz com fé
viva , crendo, que Decs me falia por elle , e aííim em tudo conílde-
rarey nelle a Chriílo fem mais fcgurança , que ncíle Senhor , e no
,

Confeifor , por fcr leu Miniítro , e poílo pela Igreja para o feguir.
9 De mortificar em tudo quanto advertir, e for licito a vonta-
de , juizo próprio parecer a fegurança , amor próprio e temor , e ,
,
tudo o em que a minha vontade fe empenhar com vchcmencia , cor-
talla em tudo o que fbr juílo.
Tom. V. M ii Naó
,,

T?rovií do Lh. VIL da Hiftoria Çeneahgica

10 Naóobrar naJa com vehemencia , ainda que feja virtude


mas com fuavidade e quando fizer petições a Deos , íerá com me-
nos palavras , e naò com a vehemencia , que coftumo , querendo até
niílo fatisfazerme , e íerá propondolhe minha neceílidade, e poado-
me nas fuas mãos com confiança , efperando delle fó o remédio , e
que me acodirá com mifericordia , e quando propuzer alguma coufa,
íerá vendo , que naó poíTo fem ajuda de Deos , e que fó poderey
fazer [alguma coufa dandome elle graça , e lha pedirey para obrar o
que me parecer melhor exercitar.
Eíles tres pontos , conforme a doutrina de meu ConfelTor , hu-
mildade , mortificação , e oração ; a humildade , fazendo delia adtos
continuos , pois tantos motivos tenho na miferia , e faltas , e naó
dizendo palavra de gavo , ou fatisfaçaó , nem de foberba , fenaó
quando for neceíTario acodir por meu refpeito em caufa juíla ; a mor-
tificaçaó , cm todas as coufas , aílim nas exteriores , como em todos
os Ímpetos , fentimentos , e razoens interiores , que defdizerem da
virtude , pondo diante outros motivos a oração , procurando naó
faltar ao tempo , que tenho deputado para ella , e trazendo fempre
a Deos prefente , e procurando , que todos os fentidos , e potencias
eílejaó ajuftadas ao ferviço , e agrado defte Senhor , e com as mais
coníideraçóes , e motivos , que tirarey , do que vir , e me fucceder
e outras confideraçóes de Deos , ou nafcidas do tromento interior
que padeço , deixando efcrupulos , e embaraços da minha imaginação,
como o Padre me manda , e tomando eftoutro caminho com grande
cuidado neftes tres pontos , pedindo a Deos me ajude pois taó dif-
licultofo me he , pelo que interiormente padeço.

Breve do Papa Innocencto XI, ao Príncipe Regente D. Pedro,


em (jue lhe agradece o Joccorro para a guerra contra os Tur-
cos, EJiá na Secretaria de Efiado, donde o copiey.

INNOCENSIUS PAPA XL
Nuin, 82. T^Illcíliifiime in Chrifto Filli noíler falutem , & AppoítoUicam
A *yn X-/^ Benediftionem. Ciim Nos in primis afficiat , liberale , perípe -

' ^^^í» ílaque animi tui magnitudine dignum fubfidium , quod ad publicam
caulam ab immaniíFimi hoílis connatibus tucndam íuppcditafti , noftra-
rum eíTe partium duximus eximias tibi , de tàm pio , ac pra[;claro fa-
€to , laudes hKcx tribuere , teílatumque lucullentèr facere nuUam à
nobis dimiífam iri occafionem , re ipfa declarandi propenfam , gratam-
quc noílram , hoc infigni nominc , erga te vohintatem ; omnium
etiàm autliorcm bonorum Deum ennixè rogarc non omittimus , ut
ingens meritum , quod apud Chriftiannam Rempublicam coniparaíli,
- magno cum foenore inexhauílse bencfícentia: fuíc largitate rctributum
vellit :Tibique Dillcí^iíTmie in Chriíto Filli noíler , AppoíloUicam
Benediclioncm ex interno patcrni Cordis aífcí^u impcrtimur. Da-
tum
,,

da Cafa ^eal Tortuguei^a. p3


tiim Romx apud Saneiam Mariam Majorem fub Annulo Pifcatoris
dic prima Auguíti MDGLXXXIII. Pontifícatus noílri Anno Icpti-
mo.
Marius Spinula.

Ley delRey D. Pedro ,


/obre as Recendas , e Tutorias dos Reys ,

o modo ,
(jiic fe deve objervar. Foy impreffa no anno 11^/4.
Ejlà na Torre do Tombo , no livro quinto das Leys pag. ,

'

-^i' 5 ^'^^^ ^

DOm Pedro por graça de Deos , Príncipe de Portugal , e dos "Num. 83.
Algarves , daquem , e dalém, Mar em Africa, Senhor de Gui-
1Ó74.. *
né, e da Conquifta , Navegação, Comercio de Ethyopia , Arábia,
Períia , e da índia , &c. Faço faber , que eu paircy ora' hu-
ma Ley por mim aííinada , e paíTada por minha Chancellaria , da qual
o treslado he o feguinte.
Eu o Principe como Regente , e Governador deíles Reynos
e Senhorios. Faço faber , aos que efta minha Ley , eftabelecida em
Cortes , virem , que havendo refpeito às repetidas inílancias , com
que a Nobreza , Povo , e Clero defte Reyno , nas Cortes , que fe
celebrarão neíla Cidade de Lisboa efte prefente anno , me pedirão
quizeíTe por huma Ley fundamental dar certa fórma às regências , e
tutorias, na menoridade, ou incapacidade dos Reys fucceííbres, pe-
la perturbação
,
que caufava ao eílado politico , a incerteza da pelfoa
a quem tocava , c competência dos pertendentes pervalecendo , as
,
mais das vezes , o que menos convinha ao bem do Reyno , com di-
vizao nos Grandes , c feus parciaes , e confecutivamentc com faltas
de refpeito , c obediência , com que a Monarchia fe expunha ao pe-
rigo de hum.a total ruina , e com mais juílo receyo na prefente oc-
caíiao , em que o Reyno fe achava com a privação do Senhor Rey
D. Aíionfo Sexto , meu irmão , pela fua perpetua infanavel incapaci-
dade , e na menoridade da Infante minha fobre todas muito amada
e prezada filha ; podendo acontecer ò cafo dc mayor embaraço c ,

perturbação , pela novidade dclle , offerccendo juntamente os pontos,


que com toda attençaó tinhaó examinados , c julgavaó por neccíTa-
rios , baftantes , e convenientes para tirar toda a occaílao dc duvi-
,
»^a
, ajuftando-fe ao exemplo das Leys dos Reys vifmhos , e dos mais
de Europa. Houve por bem defcutida a matéria , e importância del-
ia , com os do meu Confclho
, confiderando nao fomente a utilida-
de da Ley para o focego , e tranquillidade publica , ma^ ainda a
anticipada aceitação dos Póvos , conformarmc com o feu parecer na
maneira feguinte.
Qiie faltando o Rey Regente por morte natural , deixando fi-
lho , ou filha primogénito , fucceffor , ou fuccclfora , menos dc qua-
torze annos , nomeando por teítamento , ou er^ritura Tutor , ou Tu-
tOiCs , que por feu filho , ou filha governem a elle ou a elles Tu-
,

tores ,
,,
,,

^4 Trevas do Liv. VIL da Hiftoria Cjenealogtca


tores, fcjaí) obrigados a obedecer todos os VaíTallos deftes Reynos,
e Senhorios , aílim , e na forma , que deviao obedecer ao mermo
Rey.
Qiie faltando por morte natural , privação de entendimento ,
ou outro impedimento legitimo , o Rey Regente, e nao nomeando
l\itor , ou Tutores , na forma referida , ficando Rainha viuva , mãy
dos ditos menores fucceíTbres do Reyno , em taes cafos ficará a Rai-
nha fendo Tutora dos fobreditos menores , e Governadora deftes Rey-
nos , e Senhorios , porque naturalmente he a que mais os deve amar,
tratar do feu augmento , e confervaçao , e como a tal feraó obriga-
dos a obedecer todos os Valfallos deftes Reynos , e Senhorios , du-
rante a dita tutella , e em qu-Kirn fc nao cafar.
Que fuccedendo o naó diipor o Rey defunto , nem ficar Rai-
nha viuva mãy do fucceííor
,
ou fucceífora ^ ou ficando fúeceo , ou
,

cafar durante a tutella , c Regência , em cada hum deftes cafos ea-


traráó na tutella , e Regência , os cinco Coníelheiros de Eftado
mais antigos no exercício, entrando nefte numero o Prelado, que
eutaó fe achar no Confelho de Eftado , ainda que feja mais moderno,
a reípeito dos mais Confelheiros , com tanto , que havendo mais
que hum , preceda o mais antigo \ e fuccedendo naó fe achar Prelado
algum Confelheiro de Eftado adlual , entrará no dito numero dos
cinco , com calidadc de Confelheiro de Eftado , o Inquifidor Geral,
fendo Sagrado , e nao o fendo , o Arcebifpo de Lisboa , e na falta
de ambos o Arcebifpo de Braga , ou Évora , preferindo o mais an-
tigo na dignidade ^ c havendo no Confelho de Eftado Ecclefiaftico
fcm fer Bilipo , ou Arcebifpo, fe regulará para a Regência, e tuto-
ria por ília antiguidade com os feculares , e nao poderão concorrer
dous irmãos , ainda que ambos fejaó do Conlelho de Eftado , e mais
antigos , e fomente entrará o que delles for anterior no exercício
de Confelheiro de Eftado.
Havendo Infante único , irmaó do Rey , ou Príncipe defunto
clle , ou dos que houver , o mais velho , governará , e terá a tutella
com os Confelheiros apontados , na forma referida , que teraó vo-
tos confultivos , fendo a decifaó do Infante , e exceptuando porém
deliberação de cafamento de fucceftbr, ou fuccelfora do Reyno, paz,
tregoa , 'liga , e alheaçaó , de parte do Eftado , porque neftes cafos
fe ílguirá o que fe vencer por mais votos, e empatando, a parte a
que fe acoftar o Infante pela calidade.
E porque prcfenteniente fe acha depofto pelos mefmos Efla-
dos , do exercício do governo deftes Reynos , e Senhorios , o Se-
nhor Rey D. Aftbnfo Sexto meu irmão , pela fua incapacidade , e eu
Pvegente delles , com huma única filha , menor de quatorze annos ,
Jurada fucceílbra deftes Reynos, e Senhorios, na falta do Senhor
Rev' D. Aftbnfo , e minha ,'na fórma em que cu fuy jurado que-
,

rendo prover nefte cafo , e nos femelhantes , que ao diante fuccede-


rem, attendendo ao focego, e tranquillidade publica, concórdia en-
tre os Vafthllos, e confervaçao do Reyno. Ordeno , qu-e todos os
cafos arriba providos , em ordem à tuteíla , e Regência , fe entcndao,
e pra-
da Cafa %eal Tortugues^a. ç5
e pratiquem na , no cafo , cm que o Príncipe , jurado
mefma forma
immediato lucccHbr , governando venha a íalecer , nomeando Tutor,
ou Tutores , por teftamcnto , ou cfcritura na menoridade do leu
,

lucceíTor ou íuccedbra no Reyno , por quanto efte Tutor , ou Tu-


,

tores governarão
,
com o meímo poder , c authoridadc , que os no-
meados pelos Reys , e ferao na meíma conformidade obedecidos por
todos os Vaílallos deftes Reynos , e Senhorios.
Faltando nomeação nos tres calos acima referidos , morte natu-
ral , privação de entendimento , ou outro impedimento legitimo , fi-
cando Princeza viuva , máy dos menores fuccelfores do Reyno , em
cada hum delles ficará fendo fua Tutora ^ e Regente deíles Reynos ,
c Senhorios a Princeza , mulher do dito defunto Príncipe , na mef-
,

ma conformidade , e com as condições , com que fica difpoâo nas


Rainhas viuvas.
Faltando o Príncipe fem nomear , c nao ficando juntamente
Princeza viuva , mãy dos ditos menores , ou falecendo ou calando,
,

durante a dita menoridade , governaráó , e terão a tutella os cinco


Confelheiros de Eftado mais antigos , com a forma , e declarações
eftabelecidas no caio da morte dos Reys , fem nomeação , e fem fi-
car a Rainha viuva.
Havendo Infante único , irmão do Príncipe defunto , eílc , ou
dos que houver o mais velho , governará , e terá a tutella com os
Confelheiros apontados , na forma referida , no cafo da morte del-
Rey , tendo votos confultivos , fendo a deciíiio do Infante , excep-
tuando porém a deliberação do cafamento do fuccefíor , ou fucceílb-
ra do Reyno paz tregoa , liga , ou alheaçaó de parte do Fila-
,
,
do , porque ncíles cafos fe fará o que fe vencer por mais votos , e
empatando , a parte a que fe acoitar o voto do Infante , pela calidade
delle.
E por evitar o inconveniente , que neíle , e nos mais Reynos
vifmhos, a experiência tem moílrado na duração das tutelins , e cu-
radorias dos Reys , e Príncipes , feguindo o exemplo do mefmo
Reyno , e dos viíinhos. Mando , e cíinbclcço , que chegando os
fucceíTores deíles Reynos, e Senhorios, à idade de quatorze annos
completos, ou cafando a filha fucceíTora , antes delles, tomem logo
o governo , caílàndo defde agora para entaó a Regência do Tutor ,
ou Tutores.
E os que contravierem em todo , ou em parte a obfervancía,
,

e inteira obediência defta Ley , feraó havidos por Reos , no crime


da Mageílade offendida em primeira cabeça , e incorrerão em todas
as penas em Direito eílabelecidas , e applicadas ao dito crime. E
mando ao Preíidente do Defembargo do Paço, Regedor da Cafa da
Supplicaçaó , Governador da Cala do Porto , e aos Defembargadores
das ditas Caías , e a todos os Corregedores , Provedores Juizes
, ,
Juílíças , Officiaes , e peífoas deftes meus Reynos , e Senhorios, que
a cumprao , e guardem , e façao inteiramente cumprir, e guardar,
como nella fe contem; e ao meu Chanccllcr mor, que envie logo
Cartas com o treslado delia , fob o meu Scllo , c fcu final , a todos
os
,

p6 Trovas do Lh, VIL da Hifloria (jenealogka


CS Corregedores, Ouvidores das Comarcas deíles Reynos, e aos Ou-
vidores das terras dos Donatários , em que os Corregedores naó en-
trnô por correição , para que a todos leja notório , a oual íe regifta-
rá nos livros da Mefa do Defcmbargo do Paço , e nos das Calas da
Supplicaçao , do Porto , onde femelhantes Leys fe coftu-
e Relação
maó regiftar
, c própria
efta fe lançará na Torre do Tombo. Ma-
noel da Sylva Collaço a fez em Lisboa a vinte e tres de Novem-
bro de feifccntos fetcnta e quatro. Francifco Galvão a fez efcrever.

PRÍNCIPE.

O Marquez Mordomo mor P.

Joaó Velho Barreto.

Foypublicada na Cliancellaria mòr efta Ley de Sua Alteza,


por mim D. Sebaíliao Maldonado, Veedor da dita Cliancellaria , pe-
rante os Officiaes delia , e outra muita gente , que vinhaó a feus def-
pachos. Lisboa 27 dc Novembro de 1Ó74.

D. Scbaftiaó Maldonado.

Ley, porque E/Rey D. Pedro declara a forma ,em que devem fuc-
ceder no K eyno , os filhos , e dejcendentes do Bey ^
que legitima^
mente Jucceàer a Jcu irmad , queJaleccjje Jcin JucceJ)íi'6 , para que
Jvccedad por Jua ordem ^Jem Jt r necejjario í pprci cçLd , ou con*
Jentimento dos Tres Ejíados do Reyno, derrcgando Jèndo Jiecejl
,

Jàrioy nefia parte as Cortes de Lamego. Foy puh /içada, e imprej'


J'a em 16 p8. FJlú no tArchivo Real tia Torre do Tombo, onde
a vi.

Num. 84, T\C)m Pedro por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algar-
An 160C
X-/ves , daquem , e dalém, Mar em Africa, Senhor de Guiné, e
da Conquifta , Navegação, Comercio de Ethyopia , Arábia, Períia ,
e da índia , &:c. Faço faber a vós , que eu paíTey ora huma
Ley por mim aífinada , e palTada por minha Cliancellaria , da qual o
treslado he o feguinte.
Eu ElRey faço faber aos que efta Ley virem , que por fe
achar difpofto na das Cortes de Lamego , que fe celebrarão no tem-
po do Senhor Rey D. Affonfo Henriques , em que fe deu forma à
fucceíTaó deAes Reynos , que falecendo o Rey fem filhos, em cafo,
que tiveílc irmao', poíTuhiria o Reyno em lua vida, mas que mor-
rendo , naó feria Rey feu filho , fem primeiro o fazerem os Bifpos
os Procuradores , e Nobres da Corte delRey ; porque fe o fizelíem
Rey ^ o feria , e fe o naó clegefTem , naó reynaria. Dc cujas pala-
vras ,
da Cafa T^al Tortugne^a. py
vras, ou menos boa intelligencia delias fe pode inferir, que veri isca-
do o cafo de íucceder ao Rey , íeu irmaó , naó poderá fuccederlhe
feu filho , fem approvaçao , e coníentimento dos Tres Eftados do
Reyno. E como toda a duvida , e interpretação em matéria taó im-
portante , ferá de muy prejudiciaes confequencias ao focego , e quie-
tação publica , em cuja utilidade íby efrabelecida a meíma Ley ; a
qual fe encontrafle aquella boa ordem de fucceífao , que fe guarda nas
mais bem governadas Monarchias , poderia fer perturbação , e ruina
da mefma Coroa , de que quiz fer prefidio , e fegurança : Fuy fer-
vido convocar os Tres Eílados do Reyno às Cortes , que adualmen-
te eflaó celebrando ncíla Cidade , fendo efte hum dos principaes
motivos , que me moveo a convocallas , por fer próprio da obriga-
ção em que Deos me poz , e do grande amor , que tenho a meus
R.eynos , evitarlhes com providencia , e cuidado todo o perigo , que
como contingente , nos tempos futuros pode fer pcílivel ; e aílim de-
pois do Aólo do juramento do Príncipe D. Joaô , meu fobre todos
m.uito amado , e prezado filho , mandey paíTar Decretos aos Tres Ef-
tados do Reyno , para darem os feus confentimentos ncceíFarios à de-
claração , ou derogaçao da Ley das Cortes de Lamego , em quanto
à difpofiçaó referida. E porque os Tres Eílados com aquelle gran-
de zelo , e conformidade , que eu delles me podia prometer , naó
fomente confentirao , mas também me pedirão , que ou foíle por via
de declaração , interpretação , ou fendo neceífario , de derogaçao , fe
eílabeleceíle , que nos cafos de fuccederem os irmãos aos Reys , que
naó tiverem filhos , os feus filhos , e defcendentes lhes fuccedaó por
fua ordem no Pvcyno , como fuccederiaó fendo filhos, e defcenden-
tes de qualquer outro Rey , que naó houveífe fuccedido a feu irm.f.ó,
mas a leu pay , fem que íeja neceíTaria approvaçao , ou confentimen-
to algum dos Tres Eílados do Reyno , ainda que nos ditos caíbs í'e
poíTa confiderar , que pelas palavras , ou intelligencia da Ley das
Cortes de Lamego feia outra a lua difpofiçaó ; porque fem embargo
de que aílim fe confidere , os Tres Eftados , como aquelles em. que
refide o mefm.o poder dos que entaó as eftabeleceraó , faziaó defde
logo para tcdo o tempo futuro firme , e folemne dcfiílencia de qual-
quer direito , que por ellas lhes compita , para o que dcixariaô feus
aíTentos feitos com toda a legalidade na melhor forma , que fazer íe
poíTaó , conformandoms com os Tres Eirados do Reyno : Hey per
bem , que na fcrma referida , diíferindo à petiçaó dos Tres Eílados,
e por confentimento delles , fe haja nefra parte a dita Ley das Cor-
tes de Lamego por declarada , e fendo neceífario por derogada, de
maneira , que daqui por diante , e para todos os tempos futuros , os
filhos , e defcendentes do Rey, que legitimamente fuccedcr a feu ir-
maó , que faleceíTe fem elles , devem fucceder por fua ordem , fem
fer neceífario approvaçao , ou confentimento dos Tres ETados do
Reyno , naó obílante as ditas Cortes , as quaes em tudo o mais fícaó
cm feu vigor. E neíla forma , por fer eílabelecida para focego do
Reyno , mando , e ordeno ao Principe meu íbbre todos muito ama-
do , e prezado filho , e bem aífim a todos os outros íucceíTores , que
Tom, V. N lerem
,

pi Trovas do Liv. VIL da Htjloria genealógica


forem defta Coroa , que aíTim o façaó obfervar , naó admittindo ou-
tra alguma interpretação , por fer eíla a que por conveniência , e quie-
tação da Monarchia fe ajuftou com os Tres Eftados do Reyno. E
mando outro Regedor da Cafa da Supplicaçaó , Prefidente , e
fim ao
Defembargadores da Mefa do Defembargo do Paço , Governador da
Relação , e Cafa do Porto , Defembargadores das ditas Gafas , Gor-
regedores , e Julgadores , e a todos meus Vaífallos , que agora faó
e ao diante forem defte Reyno , que aíTim o tenhaó entendido , e nos
cafos occurrentes o façaó executar. E tudo o que em contrario fe
obrar fique defde agora para entaó , como fe feito nao fora porque ;

efta e difpofiçaó quero , que feja firme em quanto o Mundo


Ley ,

durar. E para , que venha à noticia de todos , mando ao meu Ghan-


celler môr do Reyno , a faça publicar em minha Ghancellaria , e en-
viar a copia delia a todos os Julgadores das Gomarcas , fob meu
Sello , e jfeu final , para que aíTim o façaó executar, como nelía fe
declara , e fe regiftará nos livros do Defembargo do Paço , Gafa da
Supplicaçaó , e Relaçaô do Porto , onde femelhantes Leys fe coílu-
maô regiftar j e efta própria fe lançará nos livros da Torre do Tom-
bo. Dada na Cidade de Lisboa aos doze de Abril. Thomas da
Sylva a fez , anno do Nafcimento de NoíFo Senhor Jefu Chriíto de
mil feifcentos noventa e oito. Francifco Galvão a fez efcreven

REY.
Ley porque VoíFa Mageftade ha por bem declarar , e fendo
neceíTario derogar a das Cortes de Lamego , em que fe deu forma
à fucceíTaó deftes Reynos , de maneira , que daqui em diante , e pa-
ra todos os tempos futuros , os filhos , e defcendentes do Rey , que
legitimamente fucceder a feu irmaó , que faleceífe fem elles , fucce-
daô por fua ordem , fem fer neceíTaria approvaçaó , ou confentimen-
ío dos Tres Eftados do Reyno , pela maneira , que nefta Ley fe de-
clara.
Para Voífa Mageftade ver.

"Decreto tiracto do ojjento das Cortes , que fe celelrara'õ ,


por or-
dem delKey D. Pedro II. e principiarão em o primeiro de
Mayo de ió^8 ^
para o Juramento de feu filíio primoge-
niío , o Frincipe D. Joa^,

Ley Lamego, fobrc a fucceiíaó do Reyno, nos filhos


das Cortes de
do ,
Rey
que fuccede a feu irmaó , porque pela fua difpoílçaó , ou
má iritelligcncia , podiao refultar, pelo tempo futuro, inconvenien-
tes que foílem de grande prejuizo , e perturbação do Reyno. En-
,

comcJido ao Ef :.do dos Povos , feja cila a matéria , de que lop.o


comc-ífc
da Cafa "R^al Tortuguei^a. 99
coméíTc a tratar ,
porque aíTm o pede a fua gravidade , e importân-
cia , que
e aíTentando-íc a fórma , em que de direito le deve fazer a
dita declaração ou dcrogaçao , fe poíla , com coníentimento dos
,

Tres Eílados do Reyno, eílíibeleccr , e publicar Ley, na fórma do


cílylo. Lisboa 3 de Dezembro de 1Ó97. Rubrica.

Refoluçaô das Cortes.

Vcndo-fe ncfíe CongreíTo dos Pcvos o Decreto de VoíTa Ma-


geftade de 3 de Dezembro , em que VcíTa Mngeílade foy fervido or-
denar , que lhe feria conveniente derogarfc , cu dcclararfe a Ley das
Cortes de Lamego , fobre a fucceflaó do Pvcyno , nos filhos do Rey,
que fuccedeo a leu irmão , evitando-fe as prejudiciaes confequcncias,
que pcderiaó pelo tempo reiultar , ou de fua intelligencia , ou de
lua cbferv anciã.
Pareceo uniformemente , que a dita Ley no capitulo terceiro das
ditas Cortes , fe devia derogar , ficando para o futuro defcidido , que
no caio determinado no dito capitulo , fuccedeífe o flho primogé-
nito , e feus defcendentes , fem dependência alguma da nova eleição
dos Povos , na mefma fórma , e modo , que cftá difpollo nas ditas
Cortes , a refpeito dos filhos , e defcendentes do Senhor Rey D.
Aflonfo Henriques , e de todos os mais Reys , que fuccedcm a feus
pays , porque em am.bcs eíles cafos era em tudo igual à razão , e di-
reito da fucceílaô , e primogenitura , fendo para o focego das Zvío-
narchias mais deíèjada a vafíàllagem , que a fogeiçaó jura , do que a
obediência, que a" liberdade efcolhe ; e na gloriola deícendencia de
Voífa Magefíade he mais infallivel diélamc , pois feguramente con-
íaó todos os íeus Vaífallos , que nefta generofa poíleridade ferao to-
dos os Reaes fucceffores taó cheyos de virtudes , que pareça nao fó
os efcolheo a noíTa fortuna , fenaô também a noíTa obediência , e qne
VofTa Mageílade deve fer fervido nom.ear tres Miniílros de letras de
rrayor capacidade , que reduzindo a methodo conveniente a formaU-
dade da Ley , deixem nella com toda a clareza ef abelecida efra re-
vogação , à qual dará ef.:e CongreíTo todo o coníentimento neceíía-
rio para a fua validade , e firmeza , e reccnheceráó em todas as ida-
des eíics Reynos , que naó fó devem à generofa attençao de VoíTa
Mageí>ade a fortuna de lhe deixar glcrioíam.ente refiituida a Real
fncceíTao , que fe via quafi atinuada , fenaó também a ordem da m»ef-
ma fuccefraô feguramente eílabelecida. Lisboa 8 de Janeiro de 1698.
t= Marquez de Alegrete. í= Paulo Carneiro de Araujo, Francil-
co Galvão, t: Eíla Confulta aílinaraó os mais Procuradores que le
,
acharão prefentes.
Refoluçaô de Sua Magejlade.

Comopareceo ao Eílado dos Póvos , e me pedio mandaíTe


fazer por Miniílros dé letras de toda a fuppofiçaó , o qual
aíiento
mandey ,remetter ao Eftado da Nobreza , para o aííinar , e mandar
ao dos Póvos , pelo qual aífinado fe paífará ao Ecclefiaílico , que o
Tom. V. N
ii remetterá
loo Trovas do Llv. VIL da Hifloria Çenealogica
remetterá à Secretaria de Eftado , e na forma delle fe paíTará a Ley.
Lisboa 17 de Março de 1698.^

Bulla da Erecção da Igreja de S, Salvador da Bahia , em MetrO'


pohtana , tirada da Secretaria de Ejlado.

Num. 8^. TNnocentius Epifcopus fervus fervorum Dei: Ad perpetuam rem


. , , j|. memoriam. Inter Paftoralis Oíiicij cm"as quo per ineffabilem Di-
An. 1070. ^f\Y^^Majcftatis Providentiam Univerfalis Ecclefiaí regimiiii praspofiti
fumus illam peculiari aíFedu , &
foiicitudine libentèr ampledlimur
qua Fides Orthodoxa in animis hominum , vel gignitur , vel jam ge-
nita nutritur , defenditur , &
roboratur , ac Chrifti Oves , Domi- &
nicus grex quem Coeleílis Pater fuo Sanguine redemit , in unius &
Sanítíc Ecclefias CatholicíE unitatem adunavit ab incurfibus debachaii-
tium adveríariorum immunes redduntur quorum quo major eft à Ca-
pite diílantia eo vigilantior debet eíTe íuper eos noftra Apoftolica
foliei tudo propterea eorum Civitates , &
loca , qua^ poft longas igno-
rantia; tenebras Spiritus San£í:i cooperante gratia verum Chriíli lu-
m.en , & cognitionem receperunt Ipecialibus prerogativis , gratijs, &
facultatibus profequi , corumque Ecclefias jam fundatas dignioribus
titulis exornare decrevimus maximè id fublimium Principum expof-
centibus Votis prout in Domino falubritèr expedire confpicimus , fa-
nè Ecclefia Sancli Salvatoris Brafdienfis , quse de Jure patronatus pro
tempore exiílentium Portugallise , &
Algarbiorum Regum Illuftrium
ex Privilegio Apoííolico cui non eft hafteníis in aliquo dero^atum
eífe dignoícitur , &
cui bonse memoris; Stephanus Epífcopus Brafili-
eníis díim viveret pracfidebat per obitum didli Stephani Epifcopi qui
extra Romanam Curiam debitum naturae perfolvit Paftoris foíatio
deílituta Nos vacatione hujufmodi fídedignis relationibus , intellecta
providi , vigiliíque Paftoris more confiderantes quod ex omnibus Pve-
gionis BrafilsíE locis , qu^ Portugallia; , &
Algarbiorum Reges à bar-
baris , & gentilibus , alijfque feris nationibus habitata poft vários fu-
dores , &: impenfas , propter eh fadas di6lioni fubegerant Civitas
Sancli Salvatoris in Bahia Omnium Sanélorum ob illius amplitudinem
cultiorcs Civium mores , agri fertillitatem , aeris benignitatem , ac
populi frequentiam , &
comercium prima erat , &
pcftquam Reges
ipíi vaftiílimas Provincias , ac Oppida , Portus , &
loca in illis parti-
bus fuis viribus, ac diuturnis , &
frcquentibus bellis , periculifque fe-
liciífimè acquifiverant , &
ab hereticorum HoUandorum manibus recu-
peraverant , eorumque populos Divmi , humanique júris catenus ex-
pertes opera , &
minifterio variorum Religioforum , &
aliorum vitoc
probataj virorum abjeélis indc Sathanae tenebris, &
Idolatrias, acGen-
tilitatis , hercfumquc erroribus ad Fidem Catholicam extra quam nul-
lii eft falus , & cognitionem vcri luminis , quod eft Chriftus , San- &
élum Baptifmatis lavacrum , Sanclrseque Matris EccIefiíE gremium alli-
ci curaverant di(fí:am Civitatcm tanquam B-egiam íuam, Proregum &
fuorum Sedem ,
illiufquc Diccceíim fumptuoíis Dei Templis , Monaf"
terijs ,
,

da Cafa %eal T^QYtugues^a. i o i

teriis ,
Xenodochijs , & , necnon Miniílris Ecclefiaílicis
facris locis
lociipletaverant , &
ornavcrant , &
dile6í:us íilius nobilis Vir Pctrus
Regnorum Portugalliíc , &
Algarbiorum Princeps , &
Gubernator pia:-
didtorum Regum vcftigia , exempla &
íecutus ad illas Regiones plu-
rimos verbi Dei Pra:dicatorcs , &
alios doclrina , vitarque integritate
iníignes Viros pro Ipiritiiali íalute animarum pra;cipua quadam Ibli-
citudine , &: induftria alTiduè laborantes notabili impenfa lajpius mife-
rat quorum coiicionibus , exemplis , &
monitis converíbs iu eadem
Fide inftrui , &
confírmari íluduerat , &
à Fidc abhorrentes dúin ex-
pediebat, vel íalutaribus armis confuderat, veí procul arciierat, eií-
que rationibus Religio Chriftiana Divina favcnte Ciemcntia eis iii
locis íic longe , latcque propagabatur , ut ad eos adhuc debiles in Fi-
de confirmandos , retinendofque , &
in dodlrina indigentes erudicn-
dos , &ad bonum Paftorem qui pro eis animam luam pofuit redu-
cendos , majoraque Eccleíiaftica feminaria plantanda novorum Pralb-
lum inílitutio omninò expedicns videatur poílquhm in illis partibus
quantumvis longiííimè , &
latiííimè protendantur nulla Metropolitana
Éccleíía exiftit ad quam illarum IncoIâJ luper eorum quarellis , ap- &
pellationibus juftitias complementum obtenturi recurrere pcílint , íed
ilii ad Vencrabilem tratrem noílrum Archiepiícopum Ulixboncníem
in Regno Portugallise exiftentem Metropolitanum indò remotiíllmum
confugere , vel jura íiia indefcnfa ceguntur relinquere quo fit , ut Ik-
pè numero quàmplurimi ad illicita procliviores fint , exceíliifque , 8c
crimina impunita remancant. Attendentes igitur quod tam difficilc
íit per tam latam , tamque diífufam dioecefím ad unum tantum pro
juftitia coníequcnca à perfonis Eccleííaflicis , & íecularibus recuríiim
habere matura íuper hoc cum Venerabilibus fratribus noílris SanélíE
RomaníS Eccieíise Cardinalibus deliberatione pra;habita , necnon pra>
diélo Petro Principe , & Gubcrnatore íupplicante , ac Vencrabiíis
etiam fratris noílri rr.oderni Archiepiíccpi tllixbonenfis ad hoc ex-
preíTo accedente confenfu diclam Civitatem Sanóti Salvatcris Archi-
epifcopali , & Metropolitana pralatione , & titulo dignam iudicantcs
de confilio , & aíTeníu , 8z potefíate íimillibus ad Omnipotentis Dei
laudem , & honorem , & Orthodoxaí Fidei cxaltationem , nccncn to-
tius Militantis Eccleíííe gloriam Eccleíiam Sanfíi Salvatoris BahiíE ea-
teniis ruíFragancam Eccleíias Ulixboneufi Civitatem , & Dioeceíim
prxdiíías , & diIevSírcs íilios , earum Clerum , &- populum à Provin-
cia Ulixbonenfi , cui etiam Metropoíitico jure íubeíTe digncfcuntur
Apollolica audloritate perpetuo feggregamus , dividimus , & fepara-
mus , illaque omnia à pro tempore exiftente Archiepifcopi , & dile-
dlorum etiam filiorum Capituli , & prsdidlae Ecclefiae Ulixbonenfi
luperioritate , jurifdi6l:ione , poteftate , fubjeftione , vifitatione , &
correélione , proríus eximimus , &
liberamus , necnon Eccleíiam San-
(Sbi Salvatoris Bahiíe nuncupando cíim Palíij , &
Cruéis delatione
ac omnibus , &
fíngulis alijs infignijs , honoribiis , juribus , privile-
gijs , & prerogativis , Eccleíise , &
Scdis Metropolitana nomine , ti-
tulo , & honore decoramus , necnon prasdiélris Eccleíi^e , &
Civitati
San£li Salvatoris ds Bahia ^ Saníli Sebaftiani , &
de Olinda nuper
Oppi-
,

I o2 Trovas do Liv. V IL da Hijloría (jenealogka


Oppida , & per Nos etiam hodie in Civitates
,
illorumque Eccle/Ias
in Cathedrales pro fuis & pro tempere exiftentis Archiepií-
ere(5í:a ,

copi San61:i Salvatoris dc Bahia fiiíiraganeis , qui tanquam membra


Capiti eidem Archicpifcopo jure n;etropolitico fubíint, & ProvinciíE
Sanéli Salvatoris da Bahia Provincialibus , quorum fmgulorum caufa;
ad didum Archiepiícopum Saníli Salvatoris de Bahia juxta Sacrorum
Canciium Statuta rcíerantur , de fimili coníilio etiam* perpetuo con-
cedimus , & aílignamus , & quoad Archiepiícopalia Metropoiitica ju-
ra íubjicimus , decernentes ex tunc irritum , & inane íi íecus fuper
liis à quoquam quavis , vel ignoranter contigerit
aii6í:oritate fcienter
attcntari. Nulli ergo omninò hominum liceat hanc paginam noílrse
feggrcgationis , diviíionis , íeparationis , exemptionis , liberationis ,
ereíi-ionis , inílitutionis , decorationis , conceííionis , aflignationis ,
fubjedlionis , & decreti infringere , vel ei aufu temerário contraire
íiquis autem hoc attentare príeíumpferit , indignationem Omnipoten-
tis Dei , ac Beatorum Petri , & Pauli Apoílolorum ejus íe noverit
. incurfurum. Datum Romse apud Sanélum Petrum , Anno Incarna-
tionis Dominicse railleíimo fexcenteíimo feptuageíimo fexto , fexto
decimo Kalendas Decembris , Pontiíicatus noílri anno primo. Lo-
co Plumbi. D. Ciampinus.

Bulla da Erecção do Bi/pado do Rio de Janeiro j tirada da Se'


cretaria de Ejiado.

Num. 8 7. T N"Oc^"tius F.pircopus fervus fervcrum Dei. Ad perpetuam rei


niemoriam. Romani Pcnntiíícis Paíloralis folicitudo in lupremo
An •
16^8
/ •
'

Apoftolica; poteRatis Sólio ex Omnipotentis Dei Providentia confti-


tuta ad ea potiíEmum dirigitur per quíE Salvatoris noílri Jefu Chrif-
,

, & gloria indies magis augetur , &mul-


ti íuterni Patris unigeniti íides

tiplicatiir
,
qui ubi meíTem multam eíTe confpexit operationum penu-
riam attendcns Miniftrorum fuorum curas varijs diei horis ad opera
mitterc , non deílitit cum & ipfe , ut homines falutaris vitse coeleftis
PatriíE cultores efficeret de íummis coelorum ad hujus mundi infima,
& in Sacroíandlg; Cruéis ara pro noftra íalute in pra:tium immolari
dignatus lit , cujus cúm licèt vices geramus in terris inter multíplices
curas , quae ex Apoftolico munere nobis incumbere dignofcimus illa
pracfertim cordi noílro eft , ut multiplicata melFe agri , & dominici
cultores multiplicentur quorum aíllduis operibus , &
fruéluoíis mi-
nifterijs frudtus rpiritualis ad centeíimum uíque augeatur , & popiilus
Chriílianus eifdem Reâroribus gubernetur quos Paftor íEternus fui
operis Vicários efle diípofuit , proptereà piiííimi Patris familias par-
tes favorabiliter im.plere exoptamus , fane cúm in Regno BraíiliíE in
ea parte quíe Rivus Januarij appellatur inter cístera unum Oppidum
Civitas nuncupatum Sanéli Sebaftiani Brafilienfis Diccceíis quatèr mil-
lè circitcr focularibus confínns Regum Portugallise domínio fubje-
õium , &
in eo una Parochialis Ecclefia fub ejufdem Sunôii Sebaftia-
ni invocaticne, in qua MiíTa , &
alia Divina Officia, &
Eccleíiafti-
ca
da Cafa %eal Tortugues^a. loj
ca Sacramenta adminiftrantiir aeris falubritate , ac popiili fríEquentia ,
& comercio pUuibus Virorum Monafterijs , Incolilquc generis nobi-
litate , litterarumque , & annoriim gradibus decoratis inílgne reperia-
tur quod à Civitate Sandi Salvatoris Bahise , ufque ad ea remotum
íit , ut Chriítianorum multitudo divino cooperante Spiritu San6to
ità coalluerat , ut Epifcopus Sanéli Salvatoris Bahiae pro tempore
exiftens ad illud , ejulque fines , citrà pa:riculum tranfmeare ac alio-
rum íingulcrum vultus , ut Epiícopum dccet infpicere , aliaíquc par-
tes boni Pdíloris in univerfum gregem Dominicum curse íwx. com-
miíTum exerccre ncqueat , & poílquàm Reges ipfi vaíliííímas Provín-
cias , Oppida , portus , &
loca in illis partibus fummis viribus , &
diuturnis , ac freijuentibus bel lis pcriculiíque feliciííimò acquifiverant,
& ab liereticorum Hollandorum manibus recuperaverant , eorumque
populus divini , humanique júris eatenús expertes opera , &
minille-
rio variorum Rcligioforum , &
aliorum vitíe probatit virorum, abje-
(Stis indè SathaníE tenebris , ac idolatria' , & gentillitatis , híerefum-
que erroribus ad Fidem Catholicam extra quam nuUa eíl íalus , &
cognitionem veri iuminis quod eft CliriPius , & Santlum Baptifmatis
lavacrum , Sandl.xque Matris Eccleíla: gremium allici curaverant di6)"ani
Civitatem tanquam Regiam fuam , Proregum íuorum Sedem , illi-
ufque Dioecefim fumptuofis Dei Templis , Monaíleri[s , Xenodochijs,
& facris locis , necnon Miniítris Eccleííafticis locupletaverant , or- &
naverant , &diledus filius nobilis Vir Petrus Regnorum Portugallix,
& Algarbiorum Princeps , & Gubernator prxdiíílorum Regum vefti-
&
gia , exempla fequutus ad iilas Regiones plurimos verbi Dei Prít-
dicatores , & alios doólrina , vitseque integritate infignes Viros pro
Ipirituali falute animarum , príccipua quadam folicitudine , &
induf-
tria aíliduè laborantes notabili impenfa ílrpiíjs miíerat , quorum con-
cionibus , exemplis , &
monitis converfos in cadem Fide inílrui , &
confirmari íluduerat , cc à Fide abhorrentes dum expediebat , vel fa-
lutaribus armis confuderat, vel procul arcuerat , eifque rationibus Re-
ligio Chriftiana Divina favente clemência eis in locis fie longò latè-
que propagabatur , ut ad eos adhuc debiles in Fide confírmandos ,
letinendofque , &
doólrina indigentes erudiendos , & ad bonum PaG-
torem qui pro eis animam fuam pofuit redducendos , majoraque Ec-
clefiafl-ica feminaria plantanda novorum Príefulum inftitutio omninò
expediens ; prícíerea diíiicile fit tam latam , tamque diffufam Dioece-
fim ad unum tantum pro juílitia confequenda à perfonis Ecctefiaíli-
eis , &: fecularibus recurfum habere. Nos qui hodiè ex certis tunc
exprcfíis caufis matura fuper hoc cíim Venerabilibus fraíribus noílris-
Sandta; Romanse Ecclefia^ Cardinalibus deliberatione prsehabita , nec-
non prsediclo Principe , &
Gnbernatore , per ejus litteras Nobis ad
hoc humilitèr fupplicante , Ecclefiam Sandli Salvatoris Bahiíc eatenus
íuíFraganeam Ecclefix Ulixbonenfi, & didas Civitatem, &
Dioecefitu,,
necnon diledos filios earum Clerum , & populum à Provincia Ulix-
bonenfi cui tunc Metropolitico Jure fubcrant , ac Oppidum de Olin-
da cíim certis terminis inferiíis fpecifícandis , &
certis limitibus dif-
tinguendi ab cadem Dioecefi Saiidi Salvatoris Bahiae , ita quod poíl
liac
,,

1 04 Trovas dõ L!v. Vil di Hiftoria Çeneakgica


liac inibi trcsDioecefes eíTcnt perpetuo feggregavimus , divifimus , &
fcpnravimus ,
illaque oinnia h pro temporc exillentis Archiepiícopi
&z Capituli , ac pra:di6lae Eccleíiíe Uiixboneníis , necnon quoad Icgem
Dioeceianam Oppidum príEdi6í:iim de Olinda cúm fuâ Dioecefi , ac
etiam Clero , & populo ab Archiepifcopi , etiam pro tenipore exif-
tentis ac Capituli , ac prsediéVíe Eccleíia? San6li Salvatoris Bahige íu-
,

perioritate , jurifdi6í:ionc , poteílate , fubjeflione , viíitatione, cor- &


reiflione moâerni Venerabilis etiam fratris noftri Archiepifcopi Uiix-
boneníis ad hcc accedente confcnfu prorsús eximimus , liberavimus &
necnon Ecclefiam Saniiili Salvatoris Bahiac , certo tunc expreíTo modo
Paftoris folatio deílituta in Metropolitanam , ac Sedem Epifcopalem
in Archiepifcopalem , Archiepifcopalifque , Metropolitanse Eccle-&
fíx Sedem , &
ProvinciíE caput pro uno Archiepifcopo Sandbi Salva-
toris Bahií^ necnon Oppidum de Olinda prsediflum in
nuncupando ,

Civitatem , ac Eccleíiam lub invocatione Sanéli Salvatoris ejufdem


Oppidi de Olinda in Cathedralem pro uno Epifcopo de Olinda nun-
cupando , qui Archiepifcopo Sandli Salvatoris BahiíE pro tempore
exiílenti Metropolitico jure ereximus , & inílituimus , necnon Sand:i
Salvatoris de Olinda Eccleíig: fic in Cathedralem Eccleíiam eredlas
Oppidum de Olinda prítdi6lum ísc in Civitatem creé^rm pro Civi-
tate , alia & Oppida Caílra , Villas , territoria , & diílriclus àiõix
Provinciíi: de Pernauibuco íib Arce Seara inclufivò per oram. mariti-
mam , &
terram intíis , uíque ad fiumen Sanfti Franciítri qucd infer-
viet pro termino inter Dicrjcefim de Olinda , &: Dioeceíim Sanéli Sal-
vatoris de Bahiâ pro fua Diceceíi , & illius Clerum , íncolas , habi-
tatores , & popuíum pro íuis Clero , & populo conceílimus , & aí-
íignavimus prcut in diverfis etiam confei^-is litteris pleniiis contine-
tur didum Oppidum Sanéíi Sebafdani Epifcopali , Sc Civitatis deno-
minatione , & titulo dignum judicantes de eorundem fratrum noíiro-
rum Sandíe Romana: Ecclcíia; Cardinalium coníilio , & aílenlu íimi-
libus , ac de Apoílolicít potefratis plenitudine , ac pr£edi6lo Petro
Principe , & Gubernatore humiliter íupplicante Oppidum San6li Sal-
vatoris prardidum cíim ccrtis tcrminis inferius fpeciíicandis , certis &
limitibus diílinguendis ab eadem Diocceíi Sandi Salvatoris Bahix, ita
qiiod poíl hac tres inibi Dioecefes exiílant au6loriíate Apofiolica per-
petuo feggregamus , dividimus , &
feparamus , illaque omnia à pro
tcnipore exiílentis Archiepifcopi, &
Capituli praedidac Ecclefias Uiix-
boneníis , necnon quoad legem Diocceíhnam Sandi Scbaíliani Oppi-
dum prícdidum cíim infrafcripta fua Dicrcefi , ac etiam Clero, & po-
pulo , ab Archiepifcopi, etiam pro tempore exiílentis , ac Capituli,
ac pricdiclíE EccIcÍííe Sandi Salvatoris Bahise fuperioritate , jurifdi-
dlionc , poteílate , fubjedione , viíitatione, &
corredione attento ,
ccnfenfu di&i moderni Archiepiícopi Uiixboneníis prorsus eximi-
mus , Sc liberamus , necnon Oppidum pracdidum Sandi Sebaftiani in
Civitatem , &
Parochialem Eccleíiam Sanéli Salvatoris ejuíclem San-
61:i Sebaíiiani prísdiéli Oppidi in Cathedralem pro uno Epifcopo San-
0:1 Sebaíiiani nuncupando
,
qui illi prafidcat , & illius í^.ruéluras , &
a:diiicia ampliari , & ad forniam Cathedralium Ecclcfíarum redigi fa-
da Cafa %€al Tortugaa^a. l O5
ciat , & in di61a Ecclcíia Fanéli Scbaíliani , Sí Civitate , cjufquc Dioe-
ccíis Dignitates ,
tot Canonicatiis , & Prabcndas , aliaque Beneficia
Kcclcílafticacum cura , & íine cura quot in eis pro Divino cultu , &
ái^x Ecclcíiíu San6li Scbaíliani Icrvitio , &
Eccleíiaílici CIcri deco-
re ipfi Epilcopo San£li Scbaíliani videbuntiir convcnire de praididi
Petri Principis , pro& tempore eiciílentium Reguni pra:diélorum
coníilio , & alícníu , & pravia ciijuslibct côngrua dotatione ab ipfis
Petro Principe , <Sc Rcgibus Portugalli.T facicnda quàm primíim fieri
pctcrit , crigat , & inítituat , nccncn Epila palcm jiiriídidicnem , <Sc
prleílatem cxcrccrc omnia , &
íinguJa qua: ordinis quaque jurifdi-
élionis , aut cujuslibet alterius muneris Epifcopalis funt, &
qu.T alijs
in Portugalliíu , <Sc Algarbiorum Rcgnis , &
Doniinijs conírituti Epíí-
copi in íuis Ecclcí-js , Civitatibus , &
Diaceíibus lacere pcílunt , &
debent , lacere liberè , ik licite poííit , &
debeat , ac in cadeni San(51i
Scbaíliani ííc Eccleíia Epiíccpalem Dignitatem cum Sede,
eretíla
praeminentijs ,
honoribus ,
privilegijs , S: facultatibiis quibus alia;
Catliedrales Ecclcíise hujuímodi de Jure . vel confuetudine , aut alias
utuntur , potiuntur , & gaudcnt , ac uti , potiri , & gaudere poííunt,
8z poterunt quomodolibet in futurum , necnon Epifcopali , & Capi-
tulari Meníis , alijfqiie Cathedralibus infignijs ad Omnipotcntis Dei
laudem , & gloriofiíiimíE Genitricis ejus Virginis Maria?, totiufquc
Triumphantis Eccleíia gloriam, &Fidei CathoJica exaltationem coníi-
lio , & aucloritate íimilibus perpetuo erigimus , &
inftituimus , &
Sancli Scbaíliani Oppidum hujuímodi Civitatis , iiliuíquc íncolas ci-
vium nomine , titulo , & honore decoramus , necnon eidcm Saníli
Scbaíliani Eccleíia Oppidum San<5li Scbaíliani pradi(flum íic in Civi-
tatcm Sandi Scbaíliani eredum pro Civitate, & alia Oppida , Caí-
tra , Villas , tcrritoria , ac diílrictus di6la Província Rivi Januarij
à Capitania Spiritus Sanfbi inclufivò , uTque ad ílumen de Plata per
oram maritimam , & erram intus pro lua Diaccíi , & illius Clcrum,
t

íncolas habitatores , & populum pro íuis Clero , 8c populo ccnce-


dinius , & aílignamus , non obftante alia leparatione , feu dilmembra-
tionc cjuídem Provincia' Pvivi Januarij olim fa^íla cum erc6;a íuerit
in adminiílrationem ípiritualem à Tan^íTa memoria Gregorio XIII.
PradecclFore noftro per littcras tatás xix. Julij , millefimo quingen-
tefimo feptuageíimo íéxto , necnon Eccleíia pradiéla San£li Scbaília-
ni , ejufque Menfa Epifcopali pradiílse pro ejus Dote redditibus an-
nuos duorum millium &: quingentcrum cruciatorum mcneta Portu-
gallia per ipfum Petrum Principem aííignatos quam quidem fummam
idem Petrus Princeps de liiis proprijs , ac pro tempore exiílentium
Regum Portugallia redditibus , & fpecialiíer de illis , qui ex ipfa
Regione Brafilia percipiuntur gratiosè, Sc irrevocabiiiter ad liunc ei-
fe(Slum donavit , Sc obtullit , Sc íblvere quotannis promiíit , íeu pro-
mitit íimiliter perpetuo applicamus, Sc appropriamiis , & infuper Pe-
tro Principi , Sc Gubcrnatori , ac pro tempere cxiílcntibus Portugal-
lia , & Algarbiorum Regibus pradiéris Jus patrcnatus , & praíeií-
íandi infra annum perfonas idóneas ad diilam Eccleíiam San61:i Sebai-
tiani , videlicct Nobis , & pro tempore exiílcnti Romano Ponti íici
Tom. V. O tani
to6 trovas do Liv, VIL da Hi/loria Çenealogica
tam pro hac prima vice , quàm quoties illam dcinccps qu.ovis modo
cliam apud Sedem Apoftolicam vacare contingerit per Nos , & pro
tempore exiftentem Romanum Pontiíicem hujufmodi in ejiifdem San-
íli Sebaftiani EccleíiíE Epifcopum , & Paftorem ad pra;fentationem
hujufmodi , & non alias príçficiendum ad majorem vero poft Pontifí-
calem , & Principales , ac alias Dignitates , Canonicatus , & pra:ben-
das , necnon beneficia erigenda etiam per Petrum Principem , & pro
tempore exifteutes Reges hujufmodi ex bonis eorum inerò laicalibus
congrue dotanda tam ab eorum primaeva eredlione poftquàm eredta,
& dotata fuerint , quàm ex tunc deinceps quoties illa quibufvis mo-
dis , etiam ex quorumcumque perfonis , etiam apud Sedem eandem
vacare contigerit pro tempore exiílenti Epifcopo San6li Sebaftiani
príediclo , fimiliterque cum ad prísfentationem prsedicli Petri Princi-
pis, & pro tempore exifteiitium Portugallise , &
Algarbiorum Regum
faéla intra terminum à jure prsefíxum in ipfis Dignitatibus , Canoni-
catibus , &
prstbendis , ac beneíicijs inftituendis eadem audtoritate
perpetuo refervamus , &
concedimus. Decern entes Jus Patronatus ,
& prsefentandi hujufmodi Petro Principi , &Gubernatori , pro&
tempore exiftentibus PortugalliíE , &
Algarbiorum Regibus prxdiítis
ex meris fundationibus , &
dotationibus competere , illique etiam per
Sedem eandem , etiam Coníiílorialiter quacumque ratione derogari
non poíTe , neque derogatum cenferi , niíi ipíius Petri Principis , &
Gubernatoris , Sc pro tempore exiftentium Regum prrediélorum ad id
expreíllis accedat aíTenfus , & fi ali ter quovis modo derogetur , dero-
gationes hujufmodi cum indè fecutis nullius roboris , efficaciís , vel
momenti fore , íicque per quofcumque Judices , &
CommiíTarios
quavis auíloritate fungentes , etiam ejufdem Santo Romanje Eccle-
íía: Cardinales , etiam de Latere Legatos , Viceque Legatos, Sedif-
que ApoftoIicíE Núncios , &
caufarum Palatij Apoftolici Auditores
iublata eis, &
quibufvis alijs quavis aliter judicandi , &
interpretan-
di facultate , auíloritate judicari , &
definiri debere , necnon irritum,
& inane fi fecus fuper his à quoquam quavis audoritate fcienter ,
vel ignoranter contigerit attentari ; Non obftantibus praemiílis pra^fer-
tim , quod Ecclefia Sandi Salvatoris Brafilienfis prcediíta vacaret , &
Paftore fuo deftituta repcrirctur Lateranenfis Concilij noviftimè cele-
brati Uniones perpetuas , &
ab Eccleíiafticis membra diftingui , ac di-
vidi prohibentcs noftra , & Canccíaria; Apoftolicíe Reguíis de non
tolendo jure qusefito , alijfque Conftitutionibus , &
Ordinationibus
Apoftolicis , necnon Ulixboneníis , &Sandi Salvatoris de Bahia Ec-
clefiarum prsedidarum juramento , confírmatione Apoftolica , vel qua-
vis firmitate alia robbratis inftitutis , &confuetudinibus contrarijs
quibufcumque. NuUi ergo omninò hominum liceat hanc paginam
noftríE feggregationis , diviíionis , feparationis exemptionis , libera-
,
tionis , ereílionis , inftitutionis , de^orationis , conceíFionis aíTigna-
,
tionis ,
apphcationis , appropriationis , refervationis , &
decreti infrin-
gere , vel ei aufu temerário contraire. Siquis autem hoc attentare
prxfumpferit ,
indignationem Omnipotentis Dei, ac Beatorum Pe-
tri , & Pauli Apoftolorum ejus íe noverit incurfurum. Datum Romíe
apud
,

dci Cafa ^eal Tortuguei^a» 107


apuJ San£lii!n anno Incarnationis Dominicx milleíimo fex-
Petrum ,

ccntefimo leptur.gjínno , fexto decimo Kalendas Dccembris,


ícxto
Pontiíicatus noíln anno primo. Loco >í< Plumbi. D. Ciampinus.

Bui/a (Ia Ereca.^ do Bi/pado de Vernamhico , tirada da Sesretaria


de Ejlado , donde a coj iey.

INnocentius Epilcopus ferviis fervoriim Dei. Ad perpetuam rei NJum * g í


memoriam. Ad Sacram Beati Petri Sedem in plenitiidine potefta-
tis meritis licèt imparibus aíTumptis mentis noflraj aciem ad ea po- I070.
tiííimum dirigimus per quie grata , &
accepta íinceríe Fidei , &
per-
petua^ devotionis obíequia Chriílo Domino Regi, & Redcmptori
noího cxhibita promoventur , &: pracipuè cum ab ijs qui valdè dilFi-
tas ab hac ahna Urbe Regiones incollunt impenduntur quorum pie-
tatcm indies magis , ac magis augeri in Domino Ja:tamur , eorumque
augmenta Apoílolica benignitate , &
vigilantia juvare fummoperè
'

optamus quapropter dim ad hoc iraximè cojiducat , ut Cbrifti íide-


lium greges aptis Paílorum minirieriijs regantur , ut quo magis eorum
nuirerus crefcit, horum etiam curas multiplicetur , íanè cum in Reg-
no Braíilia; , in Provincia Pernambuci ultra alia notabilia loca unum
locum Civitas nuncupatum de Olinda Brafilieníis Dioeceíis , h íex
millibus Chriílianorum inhabitatum Regum Portugalli^ domiiiio fub-
jedum , &in eo una major Eccleíia íub Sanéli Salvatoris invocatio-
ne , in qua MiíTíc , &
alia Divina Officia celebrantur , &
EccleíiaíH-
ca Sacramenta adminiílrantur aéris íalubritate , ac populi fiequentia,
& conimicrcio , pluribuíque Virorum Monaílerijs , Incolifque generis
nobiiitate litterarum , &
armcrum gradibus decoratis iníigne repe-
riatur , quod à Civitate Sancli Salvatoris Bahia: ulque adeò rcmotum
fit , & CiiriPáanorum multitudo Divino cooperante Spiritu Saneio
ita convaluerat , ac Epifcopus Sanóli Salvatoris Bahia; pro tempore
cxiílens ad illud , ejuíque fines citrà pcriculum tranímeare , ac aliás
íingulorum vultus , ut Epifcopum decet inípicere ^ aliaíque partes
boni Paíloris in univerfum gregem Dominicum cuyx, íuae commiííum
exercere nequeat , & poftquàm Reges ipíi vaftiílimas Províncias , Op-
pida , Portus , &
loca in illis partibus íiimmis viribus , &
diuturnis ,
& frequentibus belíis , periculiíquc feliciílimè acquiíiverant , &
ab
hereticorum Eíollandorum m.rinibus recuperaverant , eorumque popu-
lus Divini , humanique júris eatenus expertes opera , &
miniíterio
variorum Religiofcrum , &
aliorum vití€ probatse virorum abje6)is
inde Sathana: tenebris , ac idolatria: , Sc gentilitatis , hii;refumque er-
roribus ad Fidem Catholicam extra quam nulla eft íalus , &
cogni-
tionem veri luminis quod eft Chriílus ad Sandlum Baptiírratis lava-
crum , Sanólaíque Matris EccleíiíE gremium allici curaverant didVam
Civitatem tanquam Regiam fuam Proregum fuorum Sedem , illiuíque
Dioeceíim fumptuofis Dei Templis Monaílerijs , Xenodochijs , &
íh-
cris locis , necnon Miniftris Ecclefiaílicis locupletaverant , &
orní:VC-
rant , & diledus fiiius nobilis Vir Pctrus Regnorum Portugal! iis
Tom. V. O ii &
,,

Xo8 Tfovaí do Lh. VIL da Hiftoria Çenealogka

& Algarbiorum Princeps , & Gubernator prasdidlorum Regiim vefti-


gia, & exempla fequutus ad illas Regiones plurimos verbi Dei Pr.x-
dicatores , & alios doólrina , vitae iutegritate iníignes Viros pro Ipi-
rituali falute animarum príEcipua qiiadam íbiicitiidine , & induílria al-
íiduè laborantes notabili impenfa íiEpius , miíerat quorum concioni-
bus , exemplis , & monitis converfos in eadem Fide inftrui , & con-
íirmari ftuduerat , & à Fide abhorrentes dum expcdiebat , vel faluta-
ribus armis confuderat , vel procul arcuerat , eifque rationibus Reli-
gio Chriftiana Divina favente clementia eis in locis fie longè , Jatè-
que propagabatur , ut ad eos adhuc debiles in Fide confirmandos , re-
tinendofque , &do6lrina indigentes ad unum tantúm pro juftitia con-
fequenda à perfonis Ecclefiafticis , &
fecularibus recurfum habere
Nos qui hodie ex certis tunc expreííis caufis matura íiiper hoc cum
Venerabilibus fratribus noftris Sanílae Romanx Ecclefiae Cardinalibus
deliberatione prasbabita , necnon priedido Petro Principe , & Guber-
natore per ejus litteras Nobis ad hoc humiliter fupplicante Ecclefiam
Saníti Salvatoris BahiíE catenus íuffraganeam EccIefiíE Ulixboneníi
& diétas Civitatem , & Dioecefim , necnon dile6tos fílios earum Cle-
rum, &populum h Provincia Ulixbonenfi cui tunc Metropolitico ju-
re íuberant , ac Oppidum Saníti Salvatoris cúm certis terminis infe-
riús fpecifícandis , & certis limitibus diftinguendis ab eadem Dioeceír
San61:i Salvatoris Bahias , ita quod pofthac inibi tres Dioccefes ef-
fent perpetuo feggregavimus , divifimus , & feparavimus , Dlaque om-
nia à pro tempore exiftentis Archiepifcopi , & Capituli, ac pra:di-
âse Ecclefiíc Ulixbonenfis , necnon quoad legem Dioecefanam Oppi-
dum pracdiólum SaniSli Sebaftiani cum fua Dioecefi , ac Clero , po- &
pulo ab Archiepifcopi etiam pro tempore exiftentis, ac Capituli, &
príedidse Eccleíiae Sandli Salvatoris Bahise fuperioritate jurifdiélione
poteftate , fubjeólionc , vifitatione , &corredione moderni Venera-
bilis etiam fratris noftri Archiepifcopi Ulixbonenfis ad hoc acceden-
te confeníu prorsus exemimus , & liberavimus , necnon Ecclefiam
Saníli Salvatoris Bahice certo tunc expreíTo modo Paftoris folatio
dcílitutam in Metropolitanam , ac Sedem Epifcopalem Archiepifco-
palifque , & Metropolitaníe Ecclcfiíie Sedem , & ProvinciíE caput pro
uno Archiepifcopo Sandi Salvatoris BahiíE nuncupando , necnon Op-
pidum San6ti Sebaftiani prnediílum in Civitatem , ac Parochialem Ec-
clefiam fub invocatione ejufdem Sanóli Sebaftiani pracdicli Oppidi
ejufdem Sanfli Sebaftiani in Cathedralem pro uno Epiícopo Sancli
Sebaftiani nuncupando , qui Archiepifcopo Sandi Salvatoris Bahiaz
pro tempore exiftenti Metropolitico jure fubeíTent ereximus , &infti-
tuimus , necnon Sandi Sebaftiani fub invocatione ejufdem Sancli Sc-
baftiani Ecclefiam , fie in Cathedralem Ecclefiam erecfíe Oppidum San-
6:1 Sebaftiani pmcdidlum fie in Civitatem eredtum pro Civitate , &
alia Oppida , Cnftra , Villas , territoria , ac diftrl6lus ál^x Provin-
,

c'\x Rivj Januarij a Capitania Spiritus Sanéli inclufivò ufque ad ftu-


,
men de Plata per oram maritimam , & terram intus pro fua Diocce-
fi , & illius Clcrum , íncolas habitatores , & populum pro fuis Cle-
,

ro , & populo concefiimus , & afíignavimus prout in diverfis etiam


confcólis
,

da Cafa %eal Tortuguei^a.

confe6lis litteris plcniús continctur didlum Oppidum de Olinda Epif-


copali , &
Civitatis dcnoniinationc , &
titulo dignum judicantes de
coruudcm fratrum noftroriim Sandia: Romaníc Eccleíia: Cardinaliuni
confilio , &
alfenlu , ac de Apoílolica poteftatis plenitudine íimilibus,
ac pra:di6lo Petro Príncipe , &
Gubernatore humilitcr fiipplicante
Oppidum de Olinda prsedidlum cum cíEteris terminis inferiiis Ipecifí-
candis , &
certis limitibus diftinguendis ab eadcm Dioecefi SmÒ:\. Sal-
vatoris BahiiE , ita quod pofthac Diocccfcs exiftant audio-
tres inibi
ritate Apoílolica perpetuo fcggrcganius , dividimus , leparamus &
illaque omnia à pro temporc exiílentis Archiepiícopi , Capituli &
ac pricdidlic Eccleíias Ulixboneníis , nccnon quoad legem Dia^ccfanain
de Olinda Oppidum pra:di6lum cum infi-aícripta Tua Diojceíi , ac
ctiam Clero , &
populo ab Archiepifcopi etiam pro tempere exiílen-
tis , & Capituli , ac prxdidla; Eccieíia: San6li Salvatoris Bahia: íiipe-
rioritate , jurifdidlione , poteílate , fubJe6lione , viíitatione , corre- &
ólione attento confenfu didli modcrni Archiepiícopi Ulixboneníis
prorsíis eximimus , &
liberamus , necnon Oppidum pra:di6lum de
Olinda in Civitatem , diélam Eccleiíani liib invocatione Saníli Sal-
vatoris pra:didli Oppidi in Cathedralem pro uno Epiícopo de Olin-
da nuncupando qui illi poííideat , & illius ílruéluras , &
a^dificia am-
pliari , & ad formam Cathedralium Eccleíiarum reddigi faciat , & in
diiílis Eccleíia Sanéli Salvatoris , Sc Civitate de Olinda , ejuíque
Dioeccíí tot Dignitates , Canonicatus , &
prícbendas , aliaque Ecneíí-
cia Ecclcíiaílica cúm cura , & fine cura quot in eis pro Divino Cul-
tu , & diélíE EcclefiíE de Olinda íervitio , &
Eccicfiaílici Clcri de-
core ipfi Epiícopo de Olinda videbuntur convenire de príedicli Pe-
tri Principis , &
pro tempore exiílcntium Regum pra'di6lorum con-
filio , & aílenfu praevia cujuslibet côngrua dotatione ab iplis Petro
Príncipe , & Regibus Portugallia facienda quàm primúm fieri pote-
rit erigat , &
inílituat , necnon Epiícopalem jurifdidlionem , & po-
teftatem exercere , omniaque , &
fingula , qua ordinis quxque jurií-
di6lionis , aut cujuslibet alterius muneris Epifcopalis lunt , qui &
alij in Portugallias , &
Algarbiorum Regnis , &
dominijs conílituti
Epifcopi in liiis Ecclefijs , Civitatibus , &
Dioecefibus íacere poíFunt,
& debent facere libere , & licitè poílit , &
debeat , ac in eadcm de
Olinda ercéla Ecclefia Epifcopalem Dignitatem cum Sede pracmi-
fie
nentijs honoribus , privilcgijs , & facultatibus quibus alia Cathedra-
,

les Ecclefia hujuimodi de jure, vel confuetudine , aut alias utuntur,


potiuntur , &- gaudent , ac uti potiri , & gaudere poíTunt , & pote-
runt quomodolibet in futurum , necnon Epifcopali , & Capitulari
Mênfis , alijíqae Cathedralibus infignijs ad Omnipotentis Dei,laudem,
& gloriofilKma Genitricis ejus Virginis Maria, totiufque Triumphan-
tis Ecclefia gloriam , & Fidei (^atholica exaltationem confilio , &
audloritate fimilibus perpetuo erigimus , & inílituimus, & Sandli Sal-
vatoris de Olinda Ecclefiam Cathcdralis , & de Olinda Oppidum hu-
juíinodi Civitatis , illiuíque íncolas Civium noniine titulo , & hono-
rc decoramus , necnon eidcm Ecclefia Sandi Salvatoris de Olinda
Oppidum de Olinda pradivlum íic in Civitatem de Olinda eredlum
pro
,

1 1 õ l^fovas do Lh. V II. cia Hifloria Çenealogica

pro Civitale , & alia Oppida , Cafrra , Villas , tcriitoria , &


diílri-
ílus d'iõ:x Provinciíe de Pernambuco ab Arce Seara incluíivè per
oram maritim.am , &terram intus , ufque ad fíumen Sancli Francif-
ci , quod inferviet pro termino inter Dioecefim de Olinda , &Dioe-
ceíim Sanóli Salvatoris de Bahia pro fiia Dioeceíi , &
illius Clermn,
íncolas , habitatores , & populum pro fuis Clero , &
populo conce-
dimus , &aílignam.us , noii obílante alia íeparatione , leu dilmembra-
tione ejurdem Provincix de Pernambuco olim facla ciim ere6la fuerit
in adminiftrationem fpiritualem à hnôx memorise Paulo V. Prade-
ceíTbre noílro per Jitteras datas V. Julij millefimo fexcentefimo quar-
todecimo , necnon Eccleíiaí pra:di(SVíE Sandli Salvatoris de Olinda
cj ufque Menik Epifcopali praediélíc pro ejus dote redditus annuos
duorum millium , &
quingentorum cruciatorum monetse Portugailias
per ipíum Petrum Principem aíUgnatos , quam quidem íummam idem
Petrus Princeps de íuis proprijs , & pro tempore exillentium Regum
Portugalliíc redditibus , & ípecialitcr de illis qui ex ipfa Regione
Brafilicníi percipiuntur gratiosè , &' irrevocabilitcr ad hunc eífedum
d( iiavit , &c obtulit , & íblvere quotannis promifit , feu promitit íi-,

niiliter perpetuo applicamus , & apropriamus , & infuper Petro Prin-


cipi , 8z Gubernatori , ac pro tempore exiílentibus Portugallix , &
Algarbiorum B.egibus pradiâ:is Jus Patronatos , & prasíentandi per-
Ibnas idóneas infra annum ad diâtam Eccleíiam de Olinda , videlicet
Nobis , & pro tempore exiílenti Romano Pontiíici tam pro hac pri-
ma vice , quàm quoties illam deinceps quovis modo etiam apud Se-
dem Apoílolicam vacantem contigerit per Nos , & pro tempore exif-
tentcm Romianum Pontificem hujuímodi, in ejufdem de Olinda Ec-
cleíiíi; Epiícopum , & Paftorem ad praíentationem hujuíinodi, & non

alias praeficiendiim ad m.ajorem vero poíl Pontiíicalem & principa-


,

Ics , Sc alias Dignitates , Canonicatus & prrebendas , necnon benefi-


,

cia erigenda , & per Petrum Principem , & pro tempore exiílentes
Reges huiufmodi ex bonis eorum mere laicalibus côngruas dotanda ,
tam ab eorum primava ere6lione , poílquhm eredVa , & dotata fuerint,
quam ex tunc deinceps quoties illa ex quibuívis modis , etiam ex
quorumcumquc perlonis , etiam apud Sedem eandem vacare contige-
rit pro tempore exiilenti Epifcopo de Olinda pradido ílmiliterque
cum ad príulcntntionem pradidi Petri Principis ,8z pro tempore
•exiítentium Portugallia , & Algarbiorum Pvegum fadra infra teimi-
num à jure prafixum in ipfis Dignitatibus , Canonicatibus , & Prse-
bcndis , ac Beneficijs infíitucndis eadem audoritate panter perpetuo
reíer\'amus , & concedimus , decernentes jus Patroíiatus , & prafen-
ta!idi lUijulmodi prrcdiclo Petro Principi, & Gubernatori, & pro tem-
pore exiíicntibus PortugalliíE , & Algarbiorum Regibus pradidis ex
niaris fundationibus , & dotationibus competere , illique etiam per Se-
dem eandem etiam confiíloriaiiter quacunque ratione derogari non
poíTe , neque derogatum cenferi , niíi ipfms Petri Principis , & Gu-
bernatoris , & pro tempore exiítentium Regum prasdidorum ad id
cxpraíTus accedat aíTenfus ,& íi aliter quovis modo derogetur , dero-
gationes hujufmodi cum indè fecutis nuUius roboris , efficacia , vel
momenti
,

da Cafa %eal Tortuguei^a. III


momenti ficque per quorcumque Judiccs ,
forè ,
CommiíTarios qua- &
vis audloritate íiingentes , &
ejufclem Sandae RomaníE Eccleíía; Car-
dinales , etiam de I.atcre Lcgatos ,
Vice-Legatos , Sediíque prícdiéhx
Núncios, &
caLifaruni I^ilatiJ Apoftolici Auditores íublataeis, à &
quibuíVis alijs qiiavis alitcr judicandi , interpretandi &
facultate , &
auéloritate judicandi ,
deíiniendi & delere ,
necnon irritum , ina- &
ne fi fccús lupcr his h quoquam quavis auâ:oritate ícicnter, vcl igno-
ranter contigcrit attentari non obftantibus príemiílis prítfcrtim quod
Eccleíia Sanili Salvatoris Brafilienfis pra:d!6la vacct , Paftore íuo &
deílituta reperiatur , ac Lateraneníis ConíiíiJ noviílimò celebrati unio-
nes perpetuas , &: ab Eccleíijs nicmbra diílingui , ac dividi prohibcn-
tis, &
noftra , ac Cancellarix Apoílolicas claulula de non tolendo ju-
re qusefito ,
alijlque Conftitutionibus , & Ordinationibus Apoílolicis
necnon UJixbonenfis , & Saníti Salvatoris de Bahia Ecclefiaruin príE-
dictarum juramento , confirniatione Apoílolica , vel quavis fírmitate
alia roborat s inílitutis , & ccníuetudinibus contrarijs quibufcumque.
Nulli ergo oníninò hominum liceat lianc paginam noílrcij leggregatio-
m? , divilionis , íeparationis , exemptionis , liberationis , ereílionis ,
inílitutionis , decorationis , conceíFionis ,
affignationis ,
applicationis ,
apropriationis , refervationis , conceílionis , & decreti infnngere , vel
ei aufu temerário contraire. Siquis autem hoc attentare prarfumpfc-
rit indignationem Omnipotentis Dei, ac Beatorum Petri, & Pauli
Apoílolorum ejus íe noverit incurfurum. Datum Romx apud San-
Ctam Petrum anno Incarnationis Dominicae millefnno fcxcenteíimo
feptuagefmio íexto , ícxto decimo Kalendas Decembris , Pontiíicatus
noílri anno primo. Loco Piumbi. D. Ciampinus.

Bulla do Papa Iiwocencio XI. da Erecção do Bi/pado do Marã"


nhah <,
Ejlado do Bra/iL E/ià no ^rc/iivo da Me/a da Con-
Jcitncia , c Ordens , no livro dos ff, pag, 2^p verj\ don-
de a tirey

INnocentius Epifcopus ren'us fervorum Dei. Ad perpetuam rei ^jjq-j g " q


memoriam fuper univerfas orbis Ecclefias , Deo diíponente qui
, ,
'

cundtis imperat & cui omnia obediunt, quanquam fmè meritis coní- -^^'í* 167 7.
,

tituti levamus in circuitu agri dominici óculos noftra; mentis more


pervigilis Paítoris infpeituri quid Provinciarum , & locorum quorum-
libet ftatui , &
decori , quidvè illorum Incolarum animarum faluti
congruat diíponi debeat , Divinoque fulti príEÍidio dignum , quin po-
tiús debitum arbitramur in irriguo militantis EccleTiíE agro novas
Epifcopales Sedes plantarc , ut per hujufmodi novas plantationes po-
pulares augeatur devotio , DivinViS fíoreat cultus , Eccleíiaftica admi-
niftrentur Sacramenta , ac animarum ipíarum falus fubfequatur , loca-
que ipfa dignioribus titulis illuftrentur , Populi eorum Prxfulum &
aíHftentia , regimine , &
do6írina fuíFulti cum Apofrolícx au(5l:oritatis
amplitudine , &
Orthodoxx Fidel augmento proíiciant íemper in Do-
mino ,
,, ,

1X2 Trovas do Liv, P'IL da Hijlorla genealógica


mino , & quod
in temporalibiis funt adcpti , non carcant in fpirituali-
bus ,
priEÍertim cum id piorum , ac nobilium Principum devotio cx-
pofcit. Cúm itaque diledlus filius nobilis Vir Petrus Portugallia: , &
Algarbioriim , & Gubernator pio prxponderans aíFedtu
Princeps
quod Popiili illius partis Brafilia: , quae nuncupatur Província dcMa-
ragíiano , attcnta longiíliina diílantia h Civitate Bahise Omnium San-
élorum rcíidcntia Epifcopi Brafilienfis , cujus eft Dioecefis , & ad il-
lam diuiciíimo acceirú multa incommoda praccipuè circa confedlionem
olei lanéli adminiílrationem Sacramenti Confírmationis , & exercitium
oíricii Paftoralis paíTi Jam funt , ut indies patiuntur , & opera , ac
miniílerio variorum Religioforum , & aliorum doólrina infignium , &
vita: approbatorum Virorum , quos idem Petrus Princeps Progenito-
rum íuorum veftigia fecutus nullis parcens laboribus , & expenfís ad
\''erbuiTi Dei inibi , illarumque partium íncolas , habitatores ad Fi- &
dcra Catholicam , extra quam nulla eft falus perducendos , íludiofifli-
mè tranfmitti curaverat , Divina cooperante gratia infinitíe propenio-
dum gentes Divini , humanique júris eatenus expertes , difcuílis indè
SataníE tencbris ad cognitioncm veri luminis , Sanóíum Baptifma- &
tis lavacrum , SanóVseque Matris Eccleíia; gremium acceflerunt , &j in-
dies m.igis acccdunt , eifque rationibus Religio Chriíliana in iílis par-
tibus fic longè , lateque propagata fit , ut Epiícopus Brafilienfis pro
tcmpore cxiílens ad illam , ejulque fines citrà grave periculum tranf-
meare , ac íingulorum vultus , ut Epiícopus decet infpicere , aliafque
partes boni PaAoris in univeríiim exercere nequeat , attendens , quod
in di£ia Provincia Maragnaninotabilia loco reperiatur
ultrh alia
unum Oppidum Civicas nuncupatum Sanóli Ludovici à bis raille
Chriíli Fidelibus inhabitatum , &
Regum Portugalliíc domínio lubje-
dum aeris falubritate , ac Populi frcquentia , comercio , pluribuf- &
que Virorum monafteriis infigne cujus Incolx generis nobílitate , lit-
terarumque & armorum gradibus decorantur & in digito Oppido
, ,

8an6li Ludovici una Eccleíia Matrix , & principalis , alteris inibi exif-
tentibus Eccieíiis maior , fub invocatione noftrac DominíE Vidlorix
in qua per Vicarium Sc nonnullos Prcsbyteros propriis redditibus
,
ex a-rario Régio viventes Milla, & alia Divina Óííicia celebrantur
& Ecclefiaftica Sacramenta adminiftrantur jam pridem ereda , & fun-
data cxiftit proptereàque didlum Oppidum San£í-i Ludovici à Dioj-
,

ceíi Braíílieníi diíhiembrari , & in Civitatcm ,


diclaque Eccleíia in
Cathedralem , & Catholicum Antiílitem , & Paftorem pro-
erigi in ea
pí ium iníliitui , qui illos adhuc debiles in ipfa Fide coníínrare , &
maiora Ecclefiaftica feminaria plantare , Dominicique Ovilis fepta
a^diíicare
,
carteraque Pontifical ia omnia in illis partiblis exercere pof-
Í3t , & debeat , omninò expediret , cíim prsefertim in compluribus
Oppidis Sí locis cjufdem ProvinciiE de Maragffano multae , & diver-
,

ac Virorum monaíleria , aliaque facra loca fundata ,


Eccleíi.T
, &
ercifla reperiantur , devotionis fua; zelo du<5lus , populifque in illis
partibus degentibus confulere pliirimum exoptaíTet. Nos matura fu-
pcr his cum Vcnerabilíbus fratribus noftrís Sancise Rom.anje Ecclefise
Cardinalibus , habita delibcratione didlo Pctro Príncipe , Guberna- &
tore
da Cafa ^al Tortugue^^a. 113
torc per ejus littcras nobis ad hoc humiliter fupplicante , Oppidiim
pra:di6lum" Sandli Ludovici Epifcopali, &
civili titulo dignum jiidi-

cantes , piifquc didi Petri Principis votis libenter annucntes de co-


rumdem fratrum noílroriim coníilio , aíTenfii ,
&dcque Apoftolic^ po-
teílatis plenitudine Oppidum Sandi Ludovici pra;di6lum cum diâ:a
Provincia Maragnani , ac omnibus íuis Caftris , Oppidis , Villis , ter-
ritoriis , &: diftriòliibus Ecclefiis , & perfonis , tam lecularibus , quam
Eccleíiaílicis ab ordinária jiirjídidone Epiícopi Brafilienfis perpetuo
fegregamus , dividimus , &
leparamus , illaque omnia , qux ad Le-
gem Dioecefanam ab Epifcopi Brafilienfis fuperioritate juriídiífbione,
,

poteftate, íubje(51:ione , vifitatione , & corrcdione prorsús eximimus,


Sc liberamus , ac Oppidum San^íli Ludovici prnsdidum Civitatis , il-
liuíque íncolas , Civium nomine , titulo , & honore decoramus , il-
Judque in Civitatem , qux Sandi Ludovici denominatur , in eo&
didain Ecciefiam noílrai Dominae Vidorite dicatam in Cathedralem Ec-
clefiam llib in vocacione ejuídem noítríE Dominas Vidoria: pro uno
Epiícopo Sandi Ludovici nuncupando , qui illi pracfit , ac Ecciefiam
ipíam , feu illius ftrucVuras perficiat , &
ad formam Cathedralis Ec-
clefiíe redigi faciat , necnon in ca , Sc dicla Civitate , ac ejufdcm Ec~
clefisc Dia*cefi tct Dignitates , Canonicatiis , & Prebendas , aliaque
Beneficia Ecclefiaílica cum cura , ôc fine cura , quot inibi Divino
Cultui , &
didac Ecclefiaj ferA^itio , ac Ecclefialtici Cleri decore fibi
videbuntur convenire , de pra^didi Petri Principis, & pro tempore
exiílcntis Portugal! ííe , & Algarbiorum Régis confilio , & alFeníu, &
ríEvia eorum côngrua dotatione ab ipfis Petro Príncipe, & Regibus
ortugallias pro tempore exiílentibus facienda, quam primum fieri
poterit , erigat, & necnon Epilcopaíem jurifdidionem ,
infíituat ,

audoritatem , & omniaque , &fingula, quse or-


potefiatcm exercere
,

dinis quícquse juriídidionis , & cujuslibet alterius muneris Epiícopa-


lis lunt , & qvx alii in Portugallise , & Algarbiorum Regnis, & do-
ininiis conílituti Epifcopi in íuis Ecclefiis Civitatibus Dioeccíi-
,

bus facere poflunt , & debent facere liberè & licitè pcílint , & de-
,

beant , ac in eadem fie ereda Ecclefia Epifi:opalcm Dignitatem cúm


Sede , pracminentiis honcribus , privilegiis , & íhcultatibus , quibiis
,^

alia? Cathedrales Ecclefia: hujufimodi de jure , vel coníuetuciiiie aut ,

alias utuntur
,
potiuntur , Sc gaudent, ac uti ,
frui, potiri, & gaU-
dere poífunt , Sc poterant quoirodolibet in fu turum necnon Epif- ,

copali ^ & Capitulari Mênfis , aliifque Cathedralibus infigniis ad Om-


mpotentis Dei laudcm , Sc gloriofiílimas Genitricis ejus Virgin is Ma-
riii:
, totiufque Triumpliantis Ecclefire gloriam , & Fidei Catholicae
exaltationem de fimilibus confilio, Sz Apoílolicse poteftatis plenitu-
dine Apoílolica audoritate tcnore prarfcntium perpetuo erigimus, &
inílituimus , ac eidem fie eredíc Ecclefia; Oppidum Sandi Ludovici'
pra^didum fie in Civitatem eredum pro Civitate , & alia Oppida ,
Cafira , Villas , territoria & diílridus dida; Provinciíc de Maragna-
,

no à capite Nortis per oram maritimam , Sc terram intus ufque ad


Arccm de Sear.i exclufivè pro Dioecefi , necnon Ecclefias pro Clero,
Sc feculares perfonas in Civitate, & Dioecefi hujufmodi pro tempo-
Tom. y. P re
,

114 Trovas do Liv. VIL da Hifloria genealógica


re degentes pro populo de confilio , poteftate , & aulfVorItate fimíli-
bus , etiam perpetuo concedimus , & aíTignamus , Civitatemque ,
Dioeceíim , Clcrum , & populuni Epifcopo Saiidti Ludovici qiioad
Epiícopalem ordinariam , quo verò ad Metropolitanam jurifdidlio-
nem , ac fuperioritatem eo qiiod à prasdiéí^a Ecclefia Saníti Ludovi-
ci longè faciliús , atque expeditius iter íit Ulixbonenfis , quam Bahiam
Omnium Sandlorum habita ratione prsecipuè commodioris comercii.
,

Undè fequitur mira opportunitas regimini animarum Archiepifcopo


Ulixboneníi de di(5í:orum fratrum confilio , poteíVatis plenitudine, &
paribus etiam perpetuo fubjicimus , necnon Menfe Epifcopali Sanéli
Ludovici hujufmodi pro ejus dote redditus annuos duorum millium
& quingentorum cruciatorum moneta; Portugalli^ per ipfum Petrum
Principem aíTignandorum , quam quidem fummam idem Petrus Prin-
ceps de fuis propriis , & pro tempore exiílentium Portugalliíe , &
Algarbiorum Regum redditibus , & fpecialiter de iis , quse ex ipía
Regione Brafilienfi percipiuntur , gratiosò , & irrevocabiliter dona-
vit , &obtulit , ac folvere quotannis promifit , feu promittit , fimili-
ter perpetuo applicamus , &
appropriamus Et iníiiper Petro Princi- :

pi , & pro tempore exiílentibus Portugallise , Algarbiorum Regi &


pr£Edi6lis jus Patronatus , &
prnsfentandi infra annum perfonam ido-
neam ad di6bam Ecclefiam Sancti Ludovici , videlicet nobis , pro &
tempore exiílenti Romano Pontifíci , hujufmodi in ejufdem EccJefías
Saníli Ludovici Epifcopum , & Paftorem ad praefentationem hujuf-
modi , &: non alias praeíiciendum. Ad maiorem verò pofl- Pontifica-
lem, & principales , & alias Dignitates , Canonicatus, & Prasbendas,
necnon Beneficia erigenda , & per Petrum Principem , & pro tem-
pore exiftentes Reges hujufmodi côngrua dotanda tam ab eorum pri-
míEva ereítione , pofl:quàm ereéla , & dotata fuerint , quam ex tunc
deinceps quoties illa quibufvis modis , & ex quorumcunque etiam
apud Sedem eandem vacare contigerit Epifcopo Sanfli Ludovici pro
tempore exiílenti prsediòH fimiliter per eum ad prcefcntationem príc-
diíli Principis Petri , & pro tempore exifiientium Portugalliíe , & Al-
garbiorum Regum faltam intra terminum à jure prícfíxum in ipfis
Dignitatibus ,
Canonicatibus , & Pr^ebendis , ac Beneficiis inftituen-
dis eadem auftoritate concedimus
pariter perpetuo refervamus
, &
ac jus Patronatus , &
prí^fentanJi hujufmodi Petro Principi , pro &
tempore exiílenti Regi príediílo ex meris fundationibus , dotatio- &
nibus competere , illique etiam per Sedem eandem etiam confiftoriali-
ter quacunque ratione derogari non poíTe , nec dcrogatum cenferi , ni-
fi ipíius Petri Principis , & pro tempore exiftentis Rcgis prsedidli ad
id expreffus acccdat aíTenfus ; & fi aliter quovifmodo derogetur , de-
rogationes hujufmodi cum
inde fequutis nullius roboris , efficatise , &
momcnti fore , ficque per quofcunque Judices , CommiíFarios qua- &
vis aucboritate fungentes etiam ejufdem Saneia RomanícEcclefiaí Car-
dinales , etiam de Latere Legatos , Sedifque prícdidíe Núncios , etiam
cauíarum Palatii Apoílolici Auditores , fublata eis , eorum cuilibet &
quavis aliter judicandi , &
intcrpretandi facultate , &i audoritate ju-
dicari debere. Et íi fecíis fuper liis à quoquam quavis auéloritate
fcienter
da Cafa %eal Tortugues^íu 1 1
5
fcienter, vel ignoranter conrigerit atteinptari , irritum , inane de- &
cernimus. Non obílantibus Lateranenfis Concilii noviííimò celebratí
ab Ecclefiis membra diftingui , ac dividi prohibentis , ac noftrse , &
Cancellariíu Apoftolicx Regula de non toUendo jure quiufito , aliif-.
que Conllitutionibus , &
Òrdinationibus Apoftolicis. Quibus omni-
bus , & fingulis fuo robore permanfuris hac vice dum-
illis alias in
taxat harum ferie fpecialiter
, &
exprefsè derogamus contrariis qui-
bulcunque. Nulli ergo oníninò hominum liceat hanc paginam nof-
trse legregationis , diviíionis , feparationis , exemptionis , liberationis,
dccoris , ereíí-ionis , inftitutionis , conceíTionis , aílignationis , fubje-
d:ionis , applicationis , appropriationis , refervationis , conceílionis ,
decreti , & derogationis infringere , vel ei auíu temerário contraire.
Siquis autem hoc attemptare príEÍumpíerit indignationem Omnipo-
tentis Dei , ac Beatorum Petri , &
Pauli Apoftolorum ejus fe nove-
rit incurfurum. Datum Romíe apud Sandlam Mariani Maiorem An-
no Incarnationis DominicíE millefímo fexcentefimo íeptuageíimo fepti-
mo , tertio Kalendas Septembris Pcntiíicatus noílri anno primo. D.
Ciampinus. Loco
Plumbi. >J<
O
qual treslado de Bulla de Erecção do Bifpado do Maranhão,
eu Joaó de Almeida Presbytero , publico , ati&oritate Apoftolica ,
Notário dos approvados pelo Ordinário deíla Corte , a tresladey
bem , e fielmente da própria original , que me foy apreíentada pelo
Secretario da Mefa da Ccnfciencia Antonio de Souía de Carvalho, a
quem a torney , e com ella em todo concorda , em fé do que o cor-
roborey de meus íinaes , publico , e rafo coftumados. Em Lisboa
a trinta de Outubro de feifcentos e fetenta e nove annos. t= Lugar
do final publico , cm tellemunho de verdade, tr Joaó de Almeida.

BuUa da Erecção âo Bi/podo de Vehim» FJlá na Torre do Tcm-'^


bo , na Coja da Coroa , armário 20 ,
maço lé , donde a copiey,

ALexander Epifcopus fervus fervorum Dei , ad perpetuam rei


fyJyjYl * qq
memoriam. Romani Pontiíicis Paftoralis folicitudo in Supremo
Apoílolicíe poteílatis Sólio, ex Omnipotcntis Dei providentia conf- lóf^o,
tituta ad ea potiíFmum dirigitur per quas Salvatoris noílri JESCJ
Chriíli , Eterni Patris Unigeniti Fides , &
gloria indies magis , m.a-
gifque augetur , &
niultiplicatiir , qui ubi meíTem multam eíTe com.-
peri , operariorum penuriam attendens, &
miniflrorum fuorum curas,-
varijs diei horis ad opera mittere non deílitit , cíim ipfe , ut ho- &
mines falutaris vitíK , & Cultores efficeret, de fummis
cceleftis Patriíc
Coeloruni ad hujus mundi iníima , & in Sacrofants Crucis Ara pro
noílra falute in pra:tium immolari dignatus íit cujus cúm licct im-
,
meriti vices geramus in terris inter multíplices curas qux ex Apof-
,
tolico muncre Nobis incumbere dignofcimus , illa pra:fcrtim cordi
noíko eft , ut multiplicata melfe , etiam Agri Dominici Cultores
multiplicentur , quorum aíTiduis Operibus , & frucluofis minifterijs
fruCtus fpirituaiis ad centeíimum ufque augeatur , Sc popuUis Chrif-
,

Tom. V. P ii tiunus
;,

11 é Trovas do Liv, VIL da Hljlorta Çenea/oglca


tianus eifdem Re£toribus gubernetur quos Paílor Eternus qui operis
Miniftros eíTe difpoíuit , proptereà pijííimi Patris familias partes fa-
vorabiliter implere curamus : Sane cum Chariílimus in Chrifto Filius
noílcr Petrus Portugallise , & Algarbiorum Rex Illuftris pio prsepon-
derans afteétu , quod in toto vaíliíTimo Império Sinnarum , in quo in-
íínitíE propemodum gentes ad cognitionem Veri luminis , & Sanóls
Matris Eccleíiae greniium acceíTerunt , única tantum Ecclefia Cathe-
dralis Machaoneníis , quse de jure Patronatus diéli Régis ex fundatio-
ne , vel dotatione , feu privilegio Apoftolico , cui non eft hadlenús
in aliquo derogatum fore dignofcitur, reperiretur , cujus Epifcopus ob
locorum diltantiam fingulorum vultus infpicere , aliafque partes boni
Paftoris in univerfum exercere nequiret , attendens quòd in eodem
Império , etiam reperiretur inter castera unum Oppidum de Pekim
mincupatum Incollarum multitudine pr^ediótis Chrifti Fidelium , ac
millitum , & magiftratuum numero copiosè refertum , & ad quod ex
omni parte Regni Sinnarum pars máxima , & fere totius Imperij di-
vitiíE confluunt , & mercês undequaque advehuntur , & in didto Op-
pido una Ecclefia Bearse Virgini dicata , alijfque inibi exiftentibus
major , & principalis cuj MiíRonarij ejufdem Lufitani Régis infer-
viunt , & in qua Millíe , & alia Divina OíHcia celebrantur , & Ec-
cleíiaííica Sacramenta adminiftrantur jam pridem eredta , & fundata
exiíleret , cum Sacrário ad Divinum Cultum fufficienter inftrudto
proptereàque diítum Oppidum de Pekim à Dioecefi Macliaonenfi dif-
membrari , & in Civitatem diétam Ecclefiam Beat^ Virginis in Ca-
thedralem erigi , & in ea Catholicum Antiílitem , & Paftorem pro-
prium infiitui , qui illos adhuc debiles in ipía Fide confirmare , &
majora feminaria plandtare , Dominicique Ovillis Septa edificare , cíe-
teraque Pontifícalia omnia in illis partibus exercere poílit, & debeat
omninò expediret devotionis íux Zelo du£í:us populis in illis parti-
bus degentibus confuíeret , plurimúm exoptaífet , ac Nobis fuper hoc
per ejus litteras humiliter fupplicaíTet ; idcirco nos matura fuper his,
cum nonnuliis Venerabilibus fratribus noftris Sanélís RomaníE Eccle-
íipe Cardinalibus Congregationis parti cularis de Propaganda Fide fu-

per rebus Indiarum Orientalium fpecialiter deputatíe , cui negotium


difmembrationis , & ereélionis hujufmodi difcutiendum à nobis remif-
fum fiierat habita deliberatione Oppidum pr^diílium de Pekim Epif-
copali ,& Civili titulo dignum jutlicantes , pijfque di£Vi Petri Régis
votis libentèr annuentes de Yenerabilium fratrum noftrorum ejufdem
Sand^ae Romance Ecclefise Cardinalium confilio , & aíTenfu , deque
Apoíloíicai poteílatis píenitudine Oppidum de Pekim príediótum ab
ordinária jurifdi6lione Epifcopi Machaonenfis Apoílolica audoritatc
tenore prasfentium perpetuo feggregamius , dividimus , feparamus , ac
difmcmbramus ,
ilkidque, ac ejus Clerum , & populum quoad legem
Dioecefanam ab Epiícopi Machaonenfis fupcrioritatc , jurifdi6lione
potcíiate , fubje6lione, vifitatione , & corredlione prorsús eximimus,
& libcramus , ac Oppidum de Pekim príedidlum Civitatis , illiufque
íncolas Civium nninine , titulo , ac honore decoramiis , ilíudque in
Civitatem qux dc Pekim denominatione , & in eo didam Ecclefiam
BcatíE
,

da Cafa 7(eal Tortuguei^^a» 117


Beatse Virginis dicatam in Cathedralem Ecclefiam fub invocatione
ejufdem Bcataí Virginis pro uno Epiícopo de Pekim ntincupando
qui illi pr^iTit , ac Eccleíiam ipfam ad formam Cathcdralis Eccleíise
rcddigi faciat , necnon in ea , &
didx Civitatis , ac cjufdcm Ecclc-
fix Diocceli tot Dignitates , Canonicatus , &
Pra:bcnda: , aliaqiie Be-
neficia Ecclcfiaftica cum cura ,
fine &
cura ,
quot inibi Divini Gul-
tui , &
didíE EcclefiíE fervitio , ac Eccleíiaftici Cleri decore fibi vi-
debuntur convenirc de praediári Petri , &
pro tempore exiílentis
Portugalliíe , &
Algarbiorum Régis confilio , &
aflcnlu , ac pra:via
eorum côngrua dotatione quam primum fieri poterit , erigat , inf- &
tituat , necnon Epiícopalem Jurifdiólionem au6loritate , &
poteílate
cxercere , omniaque , &
íingula , qux Ordinis qua^que jurifdiólionis,
& cujuslibet altius muneris Epilcopalis funt , &
quíE alij tam in
Portugallia: , S: Algarbiorum Regnis , &
Dominijs, quhm allibi cum-
que conítituti Epiícopi in luis Ecclcfijs , Civitatibus , Dioecefibus &
de jure, &
confuctudine , vel aliás quomodolibet ex privilegijs , gra-
tijs , indultis , &
difpenlationibus Apoftolicis , quíECumque iuerint
etiam per Apoílolicas eis defupcr nominatas ,
litteras &
in ípecie
conceíTas audoritate , &
poteílate fuftulti facere , &
quibus uti ío-
lent , &
pofiunt pariformitèr seque principaliter , &
abfque ulla pror-
síis diíicrentia , proindè , ac íi fibi quoque nominatur , &
in fpecie
conccíla , &
expreíTa fuifl^ent etiam fi tallia fint , qu£C fpecialem no-
tam , &
mentionem requirant , &
fub generali conceíTione non ve-
niant in fua Dioecefi de Pekim facere , gerere , &
exercere libere , Sc
licite poíTit
, &
debcat , 8c pro tempore exiílenti Archiepifcopo
Goanenfi Jure Metropolitico prout ante feparationem , & difmcni-
brationem liujufmodi exiílebat fubfit cúm Sede , & Menfa , alijfque
infignijs Epifcopalibus , necnon prxeminentijs , & honoribus , privi-
Jegijs , immunitatibus , & gratijs fpiritualibus , Sc temporalibus , per-
fonalibus , realibus , & mixtis , quibus cxterx Cathedrales EcclefiíE
Regnorum , & Dominiorum pra^didtorum fimiiiter de jure, vel con-
fuctudine , aut fpeciali privilegio , feu Indulto Apoftolico , vel alias-
quomodolibet utuntur , potiuntur , Sc gaudent , ac uti , potiri , &
gaudere poterunt quomodolibet in futurum de fímilibus conlilio , &
poteílatis plenitudine Apoftolica auítoritate prasdiíla , earundem te-
Rore príEfentium perpetuo erigimus , & inftituimus , ac eidem fie ere-
clse Ecclefis Oppidum de Pekim fie in Civitatem ei eílum pro Civi-
tate , &
alia Oppida , Caftra , Villas , territoria , &
dcílriíbus diftíe
Dioecefis Mnchaonenfis juxfra divifiones per eundem Regem , vel per
Machaonenfem , ac de Pekim , &
de Nanquim fimiiiter in Civitatem
erigendos Epiícopos de ejufdem Régis commiííione inter fe faciendos
pro Dioecefi , necnon Ecclefiafticas pro Clero , &
fcculares perfonas
in Civitatem , &
Dioecefim hujufm.odi pro tempore , degentes pro
populo de confilio , poteftate , &
aufloritate fimilibus etiam perpe-
tuo conccdimus , &
aííignamus , Civitatemque Clerum , populum &
hujuímodi Epifcopo de Pekim quoad Epifcopalem & Archiepifcopo
,

Goanenfi pro tempore exiftenti , quoad Metropoliticam ord nanam


jurifdidionem , Sc fupcrioritatcm de di^lorum fratrum confilio , &
poteílatis
,,

1 1 8 T^rovaí do Lh. VIL da Hl/lona Çeneahgka


poteílíitis plcnitudine paribus etiam perpetuo fubjicimus , necnon
Menix Epilcopali de Pekim hiijuírnodi pro ejus dote redditus annuos
quingentorum cruciatorum monetíK Portugaíliae , quadrigentos duca-
t(;S auri de Cajiíera conílituentium per ipfum Petrum Regem aíTignan-
dcs , quam quidem lummam idem Petrus Rex de íuis , & pro tem-
pere exiílcntium Portugalliíç , & Algarbiorum Regum hujufmodi bo-
nis , gratiosò , & irrevocabilitcr ad hunc effedum donayit , &obtu-
lit , & íoivcre quotannis promifit , feu promittit ex tunc prout ex ea
die , & ex nuac poílquàm aíTignati fuerint, ut permittitur , íimiliter
perpetuo applicamus , &
appropriamus , etiam iníuper Petro Regi ,
pro tempore cxiftentibus Portugallix , &Algarbiorum Regibus
pr.TuidVis jus Patronatus , &
príefentandi ad di6tam Ecclefiam de Pe-
kim videlicet Nobis , & pro tempore exiílenti Romano Pontifíci in-
fra annum ob locorum diftantiam tam hac prima vice , quam quoties
illa deinceps quovilmodo etiam apud Sedem Apoítolicam vacare
,

contigerit per Nos & pro tempore exifrentcm Romanum Pontifícem


,

hiijuíniodi in cjuídem Eccleíise de Pekim Epifcopum , & Paílorem ad


priEÍentationcm hujufmodi , & non alias prseficiendum. Ad majorem
vero poíl Pontiíicaiem ac principales, &
alias Dignitates , ac Cano-
nicatus , & Pnxbendas , necnon Beneficia erigenda cíim de Petri Ré-
gis , & pro tempore exiílentium Regum hujufmodi pariter donnis
dotata fuerint tam ab eorum primava eredlione , quam ex tunc dein-
ceps quoties illa quibufvis modis , &
ex quorumcumqiie perfonis
etiam apud Sedem eandem vacare contigerit Epifcopo de Peldm pro
tempore exiílenti prícdiclo infra terminum à jure pracíixum fxmiliter
per eum ad pra^fentationem Petri Régis, & pro tempore exiftentium
Portugalliíc , & Algarbiorum in ipíis Dignitatibus , Canonicatibus
8í Prxbendis , ac Beneficijs inílitucndis eadcm audloritate pariter per-
petuo reíervamus , & concedimus. Decernentes , jus Patronatus , &
prícfentandi hujufmodi Petro , & pro tempore cxiftentibus Regibus
príEdi^5lis ex meris fundationibus , & dotationibus competere illique
,
etiam per Sedem eandem , etiam confiílorialiter , quacumque ratione
derogari non poíFe , nec derogatum cenferi , niíi ipfius Petri , & pro
tempore exiftentium Regum prsediílorum ad id expreftus accedat af-
fenfus , & íi aliter quovifmodo derogetur , derogationes hujufmodi
cíim indè fequutis nullius roboris , efiicacise , & rromenti fore , ftcque.
per quofcumque Judices , etiam Ccmmiftarios quavis auftoritate fun-
gentes , etiam SandlíE Romanse Ecclefise Cardinales , etiam de Late-
re Legatos , Vice-Legatos , Sedifque prícdiólíe Núncios , etiam caufa-
rum Palatij Apoftolici Auditores fublata eis , & ecrum cuilibet aliter
judicandi , & interpretandi facultate , & aufloritate judicari , & deíi-
niri debere , irritum quoque, & innane quicquid fecus fuper bis à
quoquam quavis au^itoritate fcienter , vel ignoranter contigerit atten-
tari. Non obftantibus Lateranenfis Concilij noviílimc celeÍ3rati ab Ec-
clefiafticis membra diftingui , & dividi prohibentis , ac Regula nof-
tra de non tolendo jure quíEfito , & unionibus committendis , ac va^
lore exprimendo quantum opus íit , alijfque Conftitutionjbus , & Or-
dinationibus^ Apoftolicis , c^uibus onmibus , & íingulis , ctiamfi de il-
lis,
,

da Cafa 'Real Tortugueg^a. 119


lis eoriimque totis tenoribus fpccialis , fpecifíca , expreíTa , & indi-
,

vidua , non autcin per claufulas generales idem importantes mentio


feii quaevis alia expreílio habenda , aut aliqua alia exquiíita forma ad
hoc lervanda foret illis alias in fuo robore permanfuris hac vice dum-
taxat fpecialiter , & exprelsòharum ferie derogamus contrarijs qui- ,

bufcumque. Niilli ergo omninò hominum liccat hanc paginam noi-


tra^ feggregationis , divifionis , feparationis difmembrationis exemp-
, ,

tionis , libcrationis , dccorationis eredlionis , inftitiitionis , concef-


,

fionis ,
aííignationis ,
fiibJeíVionis , applicationis , appropriationis , re-
fervationis , dccreti , & derogationis infringere , vcl ci auíu temerá-
rio contraire. autem hcc attenfari príefumpfcrit , indignatio-
Siquis
ncm Omnipotentis Dei , ac Bcatorum Petri , & Pauli Apoílolorum
ejus fe noverit incurfurum. Datum Romse apud Saníflam Mariam
Majorem , Anno Incarnationis Dominicae milleíimo fexcentefimo no-
nagcíimo , quarto Idus Aprilis , PontiMcatus nofiri anno primo. Lo-
co >^ Plumbi J. a. Sernicoli.

Nas cofias defia Bulla ejid o ajfento fegiiinte.

ElRey
noífo Senhor , iifando da faculdade , que lhe he conce-
dida pela Bulla , cujo tranfumpto eftá efcrito na outra pagina , de-
pois de tomadas informações das Chriftandades da China , e íituaçaô
das Provindas daquelle Império , aílinou para Dioccfi do Bifpo de
Pekim , as fete Provi ncias , que fe nominaó de Pekim , Honam ,
Xantum , Xanfi , Xeníi , Chuquiem , Leaotum , como também as
Ilhas , que ha nas Coitas das duas Provincias marítimas de Peki , e
Xantum , e mais Reyno de Ccrea , por outro nome Chaufien , e to-
da a Tartaria , e elía divifaó , como também da que juntamente fe
fez para o Bifpado de Macao , por Carta de 18 de Março do anno
de 1695' ? ^ P^^^ conftar da dita divifaô fe fez aífento nas coílas do
mefmo tranfumpto. Lisboa 2 de Janeiro de 1696.

Mendo de Fovos Pereira,

í
Bulla do Papa Alexandre VIII. deJeparaçao da Cidade de Nan*
klm , do Ordinário do Bi/po de Macao, Ejlá no Archivo da
Me/a da Co/i/ciencia , e Ordens , ?jo livro dos ff. pag,
262^ donde a tirey.

nomine Domini Amen. Univeríis


INblicum tranfumpti inílrumentum vifuris
, Sc fingulis
, ledturis ,
hoc prasfens pu-
& audituris pa-
^UUj, ç
* .

teat evidenter, & notum quod anno Domini 1090.


íit ,
à nativitate nofiri
Jcfu Chrifti milleíimo fexcentefimo nonagefimo primo , Indiclione de-
cima quarta , die vcrò decima oélava mcnfis Januarii Pontifícatus au-
tem Sanéliílimi in Chriílo Patris , Domini noftri Domini Alexan- &
dri Divina Providentia Papa; VIII. anno ejus fecundo ego Notarius
infra-
lio T^rovas do Lh. VIL dz Hijlorsa (jeneaíogka
infrafcriptiis vidi ,
legi, & diligenter mfpexi qunfdam litteras Apof-
tolicas llibplumbo , ut moris eíl expeditas fanas quidem & in-
, , ,

tegras , non vitiatas , non cancellatas nec in aliqua íui parte fufpe-
,

Ctas led omni prorsíis vitio , & íuípicione carentes , quarum tenor
,

lequitur , &
eíl talis videlicet. Alexander Epilcopus ícrvus fervo-
rum Dei. Ad perpetuam rei memoriam. Romaniis Pontifex Beati
Petri Cocieílis Regni clavigeri Succeflbr , Chriílique Vicarius cundía
mundi climata , omniunique nationum in illis degentium qualitates
coníidcrat , ac ratione diíciitit , &
exsminat diligenter proptcreà ex
oílicii fui debito , falutem omnium quaerens , appetens , ea fuaden- &
tibus rationibus , &
caufis perpetua deliberatione difpcnit , ordi- &
nat , quse Diviuíe Majeftati grata fore coníiderat , per quíe oves &
fux znrx credits ad Dominicum ovile conducantur , eifdem fciJicet
íEteniiE falutis policito praimio , nii , igitur certius
acceptius Di- &
vina Majeftati cíle cenfetur
,
quàm
Catholicae Fidei veritas ad lau-
dem , &
gloriam Divini nominis in omnibus terrae partibus fufcipiat
incrementa. Sanè cum chariííimus in Chriflo fílius noíler Petrus
Portugalliir , &
Algarbiorum Rex illuftris accepilFet in parte Aiiftra-
li Regno Sinarum opera , &
minifterio variorum Religioforum , &
alioruni do6crinâ infignium , Sc vitíe approbatorum virorum praccipv;ò
follicitudine , &
induftria laborantium , infinitas propemodum gentes
abjedlis indc Satlianoe tcncbris , ac idolatriíE, gentilitatis , hítrc-&
fnmque crrcribus ad Catholicam Cliriíli Fidem , Saii^l^ Matris &
Fccleíiíe gremium amabiliffimum convcrfas reperiri , eifque rationibus
Religio Chriftiana in illis partibus , &
Diocceíi Eccleíix Machão-
nenfis , qui\í de jure Patronatus Regum Portugallia; ex fundatione
,
vci dotatione , íeu privilegio Apoílolico , cui non eft hadlenus ia
aliquo derogatum , fore dignofcitur , fíc longe , latèque propagata íit,
iit Epiícopus JMachaonenlis pro tcmpore exiííens ad illam , ejufque
fines ob locorum diftantiam tranfmeare , &
fmgulorum vultus , ut
Epiícopum decet , infpiccrc , aliafque partes boni Paftoris in univer-
fum exercere nequeat , Ecclefiai illius incoiae , íiabitatores próprio &
nofcebantur Paftore indigere , qui príefentia fua , ac Divino coope-
rante Spiritu , Pontificaíia omnia , in illis partibus exercere poíTet , &
deberet. Gumque in ea parte aufit inter cíEtera unum Oppidum dc
Nankim nuncupatum amplitudinc , fertilitate , comerciorum fre- &
quentia celebre , &z in diíto Oppido de Nankim una Eccleíia Beatas
Virgini dica ta , altera inibi exiílente rraicr , & principalis , cui ejuf-
deni Régis Euíítani Miffionarii inferviunt , in qua MííTíe ,& alia &
Divina Officia cclebrantur , &
Ecclellaftica Sacramenta adminiftrantur
jam pridem ercfla , &
fundata exiftat cum Sacrário ad Divinum Cul-
tum fuílicienter infi:ru(fío. Proptereàque diclum Oppidum de Nankim
à DiíEceíi Machaonenfi difmembrari , ^: in Civitatem , diclamqueEc-
clefiam Beata; Virginis in Catliedralem erigi , in ca Catholicum An-
tiftitem , &
Paftorem propnum inftitui ,
qui illos adliuc debiles in
ipfa Fide coníirmare , & maicia feminaria plantare , Dominicique
ovilis fepta íediíicare , Cícteraque Pontificaíia omnia in illis partibus
exercere poíTit , &
debeat , cmninò cxpcdiret , dcvotionis fuae zelo
du6lus
,,

da Cafa %eal Tortugne^a. I2X


ducí:iis populis in illis partibus degentibiis confulcre plurimiim ex-
optalíet , ac nobis fiiper hoc per ejus litteras hiiinilitcr fupplicaíTct.
Idcircò nos matura íupcr bis cíim nonnullis Venerabilibus fratribiis
noftris San(5>a: Romanjc Eccleííx Cardinalibus , Congregationis parti-
ciilaris de Propaganda Fide fiiper rebus Indiarum Oricntaliiim fpe-
cialiter deputatíc , ciii negotium difmembrationis , eredlionis hujuf- &
modi difcuticndum à nobis remiíTum fuerat , habita deliberatione
Oppidiim príKFatiim de Nankim Epifcopali , &
civili titulo dignuni

judicantes , piifque di(5ti Petri Régis votis libentcr annuentes , de


Vencrabilium fratrum noftrorum ejufdem SanélíE Romanje Eccleíia:
Cardinal ium coníilio , &
aíTeníli , deque ApoftoIic.T poteílatis pleni-
tudinc Oppidum de Nankim pra::diaum ab ordinária juriídiíStione
Epifcopi Machaonenfis Apoílolica auíloritate tenore pràfentium per-
petuo íegregamus , dividimus , leparamus , & difmembramus , illud-
que , ac ejus Clerum , & populum quoad legem Dioecefanam ab Epif-
copi Macíiaoneníis íuperioritate , jurifdidtionc , potcílate , fubje6í:io-
ne , vifitatione , &
correélione prorsús eximimus , liberamus , ac &
Oppidum de Nankim prsedidlum Civitatis , illiulque íncolas , Civium
nomine , titulo , & honore decoramus , illudque in Civitatem , quae
de Nankim denominetur , &
in eo di6tam Ecclefiam Beat^ Virgini
dicatam in Cathedralem Éccleíiam fub invocatione ejufdem Bcatar Vir-
ginis pro uno Epifcopo de Nankim núncupando , qui illi príEÍit , ac
Eccleíiam ipfam ad formam Cathedralis Ecclefiae redigi faciat , nec-
non in ea , &diéírac Civitatis , ac ejufdem Eccleíiíe Dioecefis tot Dig-
nitates , Canonicatus , & Pra:bendas , aliaque Beneficia Eccleíiallica
cum cura , &l íine cura , quot inibi Divino Cultui , & didlx Eccleíige
fervitio , ac Eccleíiaftici Cleri decori fibi videbuntur convenire de
príediv^i Petri , &
pro tempere exiílentis Portugalli.^ , Algarbio- &
rum Régis coníilio , &
aíleníii , ac prsevia eorum côngrua dotatione,
quam^ pnmum fícri poterit , erigat , &
conílituat , necnon Epifcopa-
lem jurifdidionem , auéloritatem , & poteílatem exercere , omniaque,
& íinguía , qu£E ordinis quseque jurifdi(ílionis , &
cujuslibet alterius
niuncris Epiicopalis funt , & quas alii tam in Porlugalliae , Aígar- &
biorum Rcgnis , & dominiis , quàm alibicunquc conílituti Epiícopi
in fuis Ecclefiis , Civitatibus , &
Dioccefibus de jure , coniuctudi- &
ne , vel alias quomodolibct ex privilegiis , gratiis , induíris , ac &
difpenfationibus Apoílolicis , qusecunque fuerint , ctiam per liltcras
Apoílolicas eis dcfuper nominatim , &
in fpccie conceíTas , audloj ita-
te , & facultate fuffiilti facere , &: quibus uti folcnt , poíFunt pa- &
riformiíer íeque principaliter , & abique ulla prorsús diffcrentia , pcr-
indè , ac íi íibi quoque nominatim , & in fpccie conceda , exprcifa &
fuiíFent , etiamíi talia íint , quíe fpecialem notam , & mentionem re-
quirant , &- fub generali conceílione non veniant , in fua Dia.'ccri de
Nankim facere ,
gerere , & exercere libere , & licite poííít , & dc-
beat, ac pro tempore exiftenti Archiepifcopo Goaneníi jure Metro-
politico , prout ante feparationem , &
difnicmbrationem hujufmodi
exiílebat, fubíit , cum Sede, &
Mcnfa , aliifque infigniis Epifcopali-
bus , necnon prseeminentiis , & honoribus ,
privilegiis , immunitati-
Tom. V, bus
,

121 trovas do Liv. VIL da Hiflor ia Çetiealoglca

bus , & gratiis fpiritualibus , &


temporalibus , perfonalibus , realibus,
& mixtis , quibus Ecclefiíe Cathedrales Regnoriim , & dominiorum
praEdiíloriim íimiliter de jure , vel confuetudine , aut fpeciali privi-
legio , feu indulto Apoftolico , vel alias quomodolibet utuntur , po-
tiuntur , & gaudent , ac uti , potiri , & gaudere poterunt quomodo-
libet in futurum de limilibus coníilio , & poteftatis plenitudine Apòf-
tolica auâioritate , praediéla earuindem tenore príefentium etiam per-
petuo erigimus , & inftituimus. Ac eideni íic ereólse Eccleíiae Oppi-
dum de Nankim ííc in Civitatem eredlum pro Civitate, & alia Op-
pida , Caftra , Villas , territoria , & diftriílus diítse Dioecefis Ma-
chaonenfis juxtà diviíionem per eundem Regem , vel per Machaonen-
íis , ac de Nankim , & de Pekim fimiliter in Civitatem erigendum
Epiícopos de ejufdem Régis commiííione inter fe faciendam pro
Dioeceíi , necnon Ecclefiaftícas pro Clero , & feculares perfonas in
Civitatem , & Dioeceíim hujufmodi pro tempore degentes pro popu-
lo de coníilio , poteftate , & auftoritate fimilibus etiam perpetuo
co*ncedimus , Sc aíTignamus , Civitatemque , Clerum , & populum hu-
jufmodi Epifcopo de Nankim , quoad Epifcopalem , & Archiepifco-
po Goaneníi pro tempore exiftenti quoad Metropoliticam ordinariam
jurifdiótionem , & fuperioritatem de diótorum fratrum coníilio , & po-
teílatis plenitudine paribus etiam perpetuo fubjicimus , necnon Men-
Í£e Epiícopali de Nankim hujufmodi pro ejus dote redditus annuos
quingentorum cruciatorum monetx Portugalliíe quadringentos duca-
tos auri de Camera conílituentium per ipfum Petrum Regem aííig-
nandos , quam quidem fummam idem Petrus Rex de fuis , & pro
tempore exiílentium Portugallise , & Algarbiorum Regum hujufmodi
bonis gratiosè , &
irrevocabiliter ad hunc efíedum donavit , ob- &
tulit , ac folvere quotaimis promiíit , feu promittit ex tunc prout ex
ea die , &
ex nunc poftquàm aífignati fuerint , ut prsefertur , íimili-
ter , perpetuo applicamus , &
appropriamus , &
iníuper Petro Regi,
& pro tempore exiítentibus Portugallije , &
Algarbiorum Rcgibus
pnxfatis jus Patronatus , &
praefentandi ad didam Ecclefiam de Nan-
kim , vidclicet nobis , &
pro tempore exiílenti Romano Pontiíici in-
fra annum ob locorum diílantiam , tam hac prima vice quam quo-
,

ties illa deinceps quovis m.odo etiam apud Sedem Apoftoíicam vaca-
re contioerit per nos , oc pro tempore exiílentem Romanum Ponti-
fícem hujufmodi in ejufdem EccleíiíE de Nankim Epiícopum , Paf- &
torem ad pr£efentationem hujufmodi , &
non alias perliciendo. Ad
maiorem verò poíl Pontiíicalem , ac principales , &
ahas Dignitates
Canonicatus , &
Príicbendas , necnon Beneficia crigcnda , cum de Pe-
tri Régis , &
pro tempore exiftentium Regum hujufmodi paritcr bo-
nis dotata fuerint , tam ab corum primarva creólione quam ex tunc
,
deinceps , quoties illa quibuíVis modis , &
ex quorumcunque perfo-
iiis etiam apud S^deni eandem vacarc contigerit Epifcopo de Nankim

pro tempore exiftenti prcTÍato infra terminum à jure prasMxum íimili-


ter per cum ad prxfeiitationem prícdicli Petri Régis , pro teinpo- &
re exiílentium Portugailias , 8c Algarbiorum Regum in ipíis Dignita-
tibus 5 Canonicatibus , 8z Pra^bendis , ac B.^neliciís inílituendis eadem
auólori tate
3,
,,,

cia Qfa ^eal Tortugue^a. 1 1

au (flori tate paritcr perpetuo rcfcryamus , & concedimus. Decernen-


tcs jus Patronatus , & prícfcntancU hujufir.odi Petro & pro tempore
,

exiílcntibus Rcgibiis pradi61is ex n'crjs fundrttionibus & dotationi-


,

biis compctcre ,
illiqiic etiam per Sedem eandem ctiam confiftoriali-
ter , quaciinquc ratione derogari non poíTe , nec derogatiim ccnferi
nifi ipfius Petri, & pro tcinpore exiílentium Rcgum pradidorum ad
id exprcíTus accedat airenfus , & íi aliter qiiovis modo derogetur

derogationes hujuiinodi cíim indò fequutis , nulliiis roboris , eíRcaci.x,


& momcnti fbre. Sicque per quofcunque Judices etiam Commiíla-
rios quavis audoritate íiingentcs etiam Sanéíi^ Rom.anse Eccleíiíe Car-
dinales , etiam de Latere Legatos, Vice-Legatos , Sedifque pra.'dic>aE
Niintios , etiam caiiír.rum Palatii Apoftolici Auditores , íublata eis
& eorum ciiilibet aliter jiidicandi , & interpretandi facultate , &au-
Ãoritate judicari , & deíiniri debere , irritum quoque , &inane,
quidquid íecus fuper his à quoquam quavis au6loritate fcienter , vel
ignoranter contigerit attemptari. Non obftantibus Lateranenfis Con-
cjlii noviííímè celebrati , ab Ecclefiis membra diílingui , &
dividi pro-
hibentis , ac Regula noílra de non tol lendo jure qua:ílto , &
unioni-
bus committendis , ac valore exprimcndo , quatenus opus fit, aliií-
que Conílitutionibus , & Ordinationibus Apoílolicis , quibus omni-
bus , & fmgulis etiamíi de illis , eorumque totis tenoribus ípecialis ,
fpeciíica , expreíTa , & individua , non autem per clauíulas gcnerales
idem importantes , mentio , feu quasvis alia expreíTio habenda , aut
aliqua alia exquifita forma ad hoc fervanda foret , illis alias , in íuo
robore permanfuris hac vice dumtaxat harum ferie fpecialiter , &ex-
prefsè derogamus , contrariis quibufcunque. NuUi ergo omninò ho-
minum liceat hanc paginam noílras fegregationis , divifionis , fepara-
tionis , dilmemíbrationis , exemptionis , liberationis , decorationis ,
ereólionis , inílitutionis , conceíHonis , alTjgnationis , fubjeflionis , ap-
plicaticnis , appropriationis , refervatioiiis , decreti , & derogationis
infringere , vel ei aufu temerário contraire. Siquis autem hoc atten-
tare prsefumpferit , indignationem Omnipotentis Dei , ac Beatorum
Petri , & Pauli Apoílolorum ejus fe noverit mcurfurum. Datiim
Roma; apud Sandam Mariam Maiorem anno Incarnationis DominicíE
milleíimo fexcentefimo nonagefimo , quarto idus Aprilis Pontificatus
noftri anno primo. Loco ^
Plumbi. J. a. Sernicoli. Qiias quidem
litteras Apoftolicas ego Notarius infrafcriptus reverenter , ut decuit,
í;d ire recipiens , ipíis viíis , & perleílis , prísfens publicum tran-
fumpti inftrumentum in hanc publicam formam redigere curavi , fig-
noque , & fubfcriptione meis folitis, & coníuetis fignavi, & robora-
vi , ut príEfenti publico traníumpti iní}rumenío ?tur , frmitcrque
credatur , ac plenária fídes adhibeatur , & adhiberi polHt in judicio ,
& extra , perindè ac fi litterae Originales oílenfae forent. Super qui-
bus omnibus , & fingulis petitum fuit à me Notário infrafcripto pra-
fens fieri inftrumentum. A6lum RomíE fub anno, Indiclione , die
menfe , & Pontifícaui , quibus fupra , praLÍcntibus ibidem dominis
Jcanne de Sernicolis , &
Laurentio Pacioto teftibus ad pra:miíra vo-
catis fpecialiter
,
atque rogatis. Pr£EÍnícrtíe li^tcríe Apoílolica? cími
Tom. V. Q^ ii luo
,

12 4 trovas do Ltv. VIL da Hljiona Çenealogica


fuo Originali revifae concordant. Jofeph Paolucius O^icialis depu-
tatus. B. Cardinalis Pro-Datarius. Loco Sigilli. Ita eft. ^
Sera-
phinus Crucianiis Cancellariíe Apoftolicíe Notarius Deputatus. Lo-
co ^ figni publici.
O qual tranfumpto eu Antonio de Faria Barreiros , publico
Notário Apoftolico approvado , bem , e fielmente aqui tresladey do
próprio , que me foy oíFerecido , e em teftemunho de verdade cor-
roborey eíle de meus íinaes publico , e rafo. Lisboa 27 de Janeiro
de 169Ó. Lugar do fmal publico. Antonio de Faria Barreiros No-
tário Apoftolico.

Breve ,
que o Siimmo Pontl/íce Innocencio XII. ejcreveo a E/Rey
da Per/ia , a favor do Bi/po D. Fr. Elias de Santo Alberto ,

e dos Jeus BeUgioJhs Carmelitas Defcalços ,


(jue ajjl/iia^ na Cida-
de de Zulfa , tirado das Memorias da Embaixada da Perjia de
Gregorio Pereira Fidalgo da Sylveira.

Illuílri ac Potentiííimo Regi Perfarum.


IJInftris ac PotentiJJime Rex falutem , ^ lúmen Divinas grátis.
Num. 0 2» "í-^^^^ eximios magnofque Rege dignos dotes,
quibus infignitur
. *
^ Jl celfitudo tua , praccipue vendicare locum clementiam , qua Ca-
fibi
iln, lopO. tholicse Fidei Cultores refpicis latis fuperque notum , exploratum- &
que habemus , quia vero ejufdem Fidei propagatio noftrorum íum-
ma votorum eft , ab iptamet clementia tua enixe petimus , ut Patri-
bus Carmelitis Difcalceatis , ac preíertim Venerabili Fr. Eliae Afpa-
ni celeberrimse RegiíE tuae Epifcopo , quem fummopere tibi comen-
damus liberam facultatem tribuas redeundi ad Urbem , ut vocatur
Giulfam , à qua inftante Archiepifcopo Armeno fcifmatico difcedere
coacSlus fuiíTet , intelleximus , indidta illis gravi poena , íi reverte-

rentur , firmam autem fpem habentes aíTenfurum te petitioni noílrac
celíitudinne tux cum ad profe6í-am vere Fidei agnitionem , ad om- &
nem rerum fecundarum fauftitatem Dominum Dominantium , qui in
altis habitat , & à quo bona cun<5la procedunt propitium faventemque
impenfe precamur.

Carta para o Summo Ponti/ice , que lhe mandou ElRey da


Per/ia , em repojía da que receheo Jua em 2^ ds Dczem^
br o de 16 p6.

Nuni. O X ID ^-í'"^
.
pintar grandemente fubtil , penna , que deftilla a me-
Jl Ibor tinta , e com fubtileza fobre o papel , amigo antigo , o ma-
yor na grandeza , Senhor de grandes , e dilatadas terras , que tem
bandeira 'muito alta , e levantada , Senhor de reílo , e jufto mando
femelhante à luz , e alegria da Lua , a cuja vifta fè alegra tudo o
que à lua .prefença chega , entendimento de Platão , coraeaô de Arif-
toteles
,

da Cafa %eal Tmugue!(a. 125


toteles Emperador de grande fombra, e de grandiofo exercito , juf-
,

to , redo e de grande virtude e o mais noticiolb , no que toca à


, ,

Ley , que com fua Icicncia alegra , fatisfaz todo o entendimento


tocha , que alumea a todos os Reys Chriftãos , cofre de hum aljôfar
o mais agradável à viíla medalha da mais refplandccente pedra pre-
,

ciofa , que em todas as fuas occafioens fatisfaz , e exemplo de reóli-


daó , e juftiça , livro de toda a politica em o qual os mais apren-
,

dem adorno de todos os Reys da Chriftandade , e mayor de todos


,

os Revs , que venerai), e feguem a Deos verdadeiro , Rey firme de


exercito confiante , Pontífice grandiofo , e juíliceiro , e a mim favo-
rável , que fcmpre tenha graça , e fortuna Innoccncio Papa XIL
Chegou à minha maó a mercê , e favor da Carta , de que Voífa San-
tidade me fez graça , e foy recebida de mim como vinda do Ceo ,
no melhor tempo , em que o meu coração a defejava ; a graça que
Vofla Santidade nella me pedia no tocante à firmeza das monções íb-
geitas a fua grandeza neíles meus Reynos , affim dos Padres , como
daquelles , que lhe eílao íbgeitos , concedi licença , para que reedi-
ficaílem a Caía , que em Julfa tinhaó , e por rcfpeito da amifade , e
boa correfpondencia ,
que VoíTa Santidade comigo tem , lempre os fa-
voreci , e eíle favor irá fempre em augmcnto e na prcfcnte occaíiao
•,

tudo aquillo, que pertcnderaó lhe concedi por mandado micu, o qual
nao fcrá revogado , e por refpeito de VoíTa Santidade o confirmey ,
c mandey aos meus grandes Reynos eftabeleceílem o favor , que fem-
pre íizerao aos íiibditos de Voífa Santidade , e por amor de Voífa San-
tidade aflim o faraó , e fempre haja eíla graça , que VoíTa Santidade
agora me fez de coreípondcncia , e amifade , que a minha he fem-
pre firme , e antiga , e com o fundamento de quatro cantos , c tudo
aquillo , que Voílh Santidade quizer pode efcreverme , que naó fal-
tarcy ^ a grandeza , Reyno , fortuna , e entendimento de VoíTa Santi-
dade , tenha firmeza em quanto o Mundo durar. Rajelo anno 1108.

Carta do me/mo Bi/po para EIRey D. Pedro IL de Portuga!.

SUper nmgnifica , Sc h Deo bene profperata legatione ad Regem


Perfarum Excellentiííimi Domini Gregorii Pereira Fidalgo à Sil- '

a
Veira, qua non minus Ecclefiaílicse , quam politicse rei in his parti- ^^97'
bus provilum eft ; mihi utpote maioribus hinc obligationibus adítru-
<?f-o
,
prac omnibus incumbir, cumgratulatoriis apprecationibus amplio-
ris fem.per in omni vera profperitate progreíTus condignas mageftati
veílra: gratias referre , cum enim pofl reductas ad comunionem S. M.
Ecclefiíe pr^ecipuas quafdam Armenorum familias in eandem unionem
propendente , potiori totius nationis parte , Summo Pontifíci D. N.
Innocentio XII. compIacuiíTet me
indignum ad ejufdem regi-
, licet
meni ,
Epifcopum Afpahanenfem conílituere ex hoc magis irritata :

contra me faclio fchifmaticorum in tantum eíFerbuit , ut poíl varias


turnultationes , mccum meis
Carmelitis Dcfcalccatis Jul-
fratribus
pha 5 qua:: potilTuna efi Armeniarum Aípano Suburbana Colónia , exu-
larc
,

j 20 Trovas do Liv. VIL da Hlftorla Çeneahglca


Jare compulerint ; seqiiatam folo qiuim illic ícdifícare cíeperainus Ec-
cleíiam ; iiiide confternatus per totam Pcrfidem , Catholicos prefequi
non defiílentes etiain fundiuis cvertere moliabantur ^ qua propter ego ,

ad inccncuíam Ecclcíix pctram confugere , & Sedis ApoftolicíE fubfi-


diiim nobis adíciícere ejurdemquc interventu etiam Principum Chril-
tianorum aliquam cum hac Regia correrpondentiam habentium patro-
ciniiim inclaniare coaóhis fui , cumque huc interea appellens pr.xfatus
SercnifljiTias Majcílatis vcftrse Legatus , inter ccetera fuse legationis
munia , hoc quoque Rcligionis Catholicae negotium conimunicaUet
íibi ab Excellentifíimo Domino Comité de Villaverde, IndiarumOri-
entalium Prorcge fpecialiter comendatum fuiíTe , ad eíiicatiorem co-
munis intenti profecutionem , & cum ExcellentiíTimi Domini Prore-
gis epillola , rem cmncm ad optatum exitum fie perduxit , ut cur-
rentis anni 29 Februarii , mecum caeteris Religioíis noítris Canne-
litis Deícalciatis , ad Reíidentiam noftram Julphaenlem ingenti tri-
uinpho , & Catholicorum omnium jubillo reduxerit atque ita Se-:

dem hanc Epiíbopalem , & cum ea Catholicitatem per totam Períi-


dem alias valde titubantem , fuíe libertati , firmatique aíTeruerit nul-
lis ad hoc laboribus expeníifve pepercit , in conciliandis magnaturn
favoribus , & compcícendis adverfantium conteílationibus , tanta ufus
prudentia , & generoíitate , tam in hac , quam in aliis íuis n uneris
cxpeditionibus : ut veraciter protefíari valeam à viginti annis quibus
in hac Regia Civitate verfatus fum , foium alium quem viderim Le-
gatum hic maiori cum íplendore , & asflimatione fui Principis auélo-
riíatcm , 5: magnifcentiani fuavius , & fortius per fe tulliíTe. Quod
fi Mafcatenfis expeditio pro nunc ex votis non ceíTerit , non valenti-

bus hoc anno Perfis per laborantes annonse penúria Regiones copias
ílias traducere ; fpes datur in próximo fselicius fucceííurum Si tamen
:

padlis promifis hac tandem vice ftetur , confido autem pro comperta
Pvegum Lufitanorum pietate , & avito zelo propugnandae , propagan-
díeque Fidei Catholicse defit vindicato ab infeílationibus hsereticorum
Ecclefiíe Chrifti Regno non minorem oíferre pientiííimo Sereniflim^
Majeílatis vcllras animo líetitiam , quam fi debelatis hoílibus tempo-
ralibus nova , & ampliííima Dominia Monarchi^ fuas vindicalTet. Pro
quo , & Divinam majefiatem exorare non ceíTabimus , ut abundantif-
fima Calefiium benedidionum efíufione tam infignia fui cultus com-
penfans obfequia , poít indefeélibilem Regni praefentis felicitatem
gloriofioribus nieritorum . cumuUis auâ:am immarceff biles retribuat
beatitudinis aeternse coronas. Hifpaen 10 Decembri 1697.

Fr. Elias à Sando Alberto ,

Epifcopus Hafpanenfis.

Carta
da Cafa 7(eal Tortugueí^a^ 127

Carta ,
(jue efcreveo o Bl/po de ^A/pa^ ao Vlce-Rey da índia ,

o Conde de V ílla-Verde D. Pedro Antonio de Noronha.

J. M. J.

Pax Chrifti.

Excel/entíJ/ime Domine , ac Patrone mi Colendijftme.

Super expulfione mea cum fratribiis méis Carmelitis Difcalceatis ,


Afpahani fiiburbana Julphaenfi Armeniorum Colónia, & de-
Mnm *
ex
inolitioiíe I^xcleíiíE , quam ibidem sdifícare cseperamus ; tum literis, ^^97'
tiim verbalibus informationibiis Reverendorum Patrum Auguftiano-
rum , R. P. Fr. Francilci & R. P. Fr. Conftantini , jam à duobus
,

circiter annis cum dimidio excellentiam veftram certiorem reddideram


protedionis quam contra períecutioiiem hanc , non folum hic fed ,

per totam Perfidem ex hinc graíTantem laboranti Ecclefiíe Catholicíe


adferre valeret : videbis non polFe aliunde maio huic adhi-
efficatius
beri remedium ,
quam à confíniori ditionibus his poteftate , & avi-
ta pietate Regum Poregumque Luíitanorum ,
quibus nihil magis eíFe
cordi , quam Regni Chrifti propugnationem , ac propagationem , ni-
hilque antiquius , quam ut omni ex parte integri, incolumefque fer^
ventur , qui à Demonum Caftris nd Chrifti ana traníierint , nemo eft
rerum expertus , qui pro comperto non habeat ; nec vero me fpes
adeo bene fundata nullatenus fefellit ; Legatus enim ad hanc Regiam,
non minus animi , quam .^eneris nobilitate conípicuus Excellentiííi-
mus Dominus Gregorius Pereira Fidalgo à Silveira , cum inter csete-
ra fux legationis munia , etiam hoc Religionis CatholicíE negotium
íingulariter ab excellentia veftra comendatum haberet , prarter adhi-
bitam in folicitandis Rei poIiticíE expeditionibus , omnem operam ; in-
fuper Eccleíiafticaíhuic incumbentia; tam diligenter , ac tam faelici-
ter aliaboravit , ut fuperatis tandem , tam adveríariorum oppofitioni-
bus , quam Miniftrorum quorundam Regiorum prseoccupationibus ;
me coexulefque fratres meos cum eximio triumpho , ingcnti Míf- & »

fionariorum Apoftolicorum , &


Catholicorum omnium jubilo refiden-
tiae noftras reftituerit , obtento íuper hoc Diplomate Régio, qui no-
bis Ecclefiam fundandi , &
quaícumque Domus , aut poircíliones ad
hoc neceíTarias cocmcndi , quo paílo non parum nutantem ftabihvit
Sedem hanc Epilcopalcm , & fperamus ex hoc etiam in toto Pería-
rum Impcrio reftituendam Catholicx Religionis libertatem , quod íi
Maíchateníís expcditio in preíentiarum pro voto non adeo fufceííe-
rit , non valcntibus hoc anno Perfis per laborantes annonse penúria
Regiones , copias fuas traducere , fpes datur in próximo felicius íuc-
ceíTurum , modo tamen paítis promiílis , hac tandem vice ftetur ; nul-
luni ad hoc non movit lapidem ExccilcntiíTimus Dominus Legatus
Gr.^gorius Pereira Fidalgo h Silveira , nuliis pepercit expeníis , in
omnibus
,

12 8 T^rovas do Liv. VIL da Hifloria Çemalogica


omnibus tanta prudentia , & animi vigore fui Régis prae fe ferens
audorítatem , Sc magniíicentiam , ut veraciter teílifícari valeam , me
à viginti circiter annis quibus in hac Regia Civitate verfatus fum nul-
ium , cujufcunque nationis Legatum unqiiam vidilFe , qui in tanta
ab omnibus aftimatione , & reverentia fuerit habitus , quique Aulam
hanc júris gentium circa legatorum honorificentiam , alius jam fatis in
obfervantem ad fimiles honoris , & condecendentiag conditiones adu-
xerit.

Copia ãa Carta delRey da Pcr/ia , para o Ccnãe de Vil/a-Verde,


Vice -Rey do Efiado da Índia , em repojla da cjiie levou o Eni'
haixador Gregorio Pereira Fidalgo da Sylveira , traduzida pela
Padre Fr. Antonio de Jejlis , da Ordem de Santo Agojlinho , e
Prior dú Convento , (jue na Corte do dito Key tem a Jua Reli-
gião , afftfiindo a dita traducçalj o Língua ,
(jue acompanhava o
Embaixador ,
por nome Mirza P^aya,

Dcos Grande.

O que he Senhor de todo o Mundo.

Oh Mamede , oh Ali

Eu grande Rey , e poderofo efcrevo.

Lugar do Sello.

me
chegarão as recebi bem, e com grande aíFe-
Wnm
i>iUn.l. A
yO# J-^
^ novas ,
que
foraô aceitas de mim, por lerem daquelle , que tem po-
An. der íbbre outros , que tem mando em o grande Reyno de Portugal
e que he Vice-Rey de Goa , Dio , Damaó , Baçaim , e de toda a
índia. Dom Pedro Antonio de Noronha , Conde de Vilia-Vcrde.
Pela graça , e agrado , que em mim achou , Deos NolTo Senhor o
fez grande , e poderolò , fempre tenha faude , e clleja na mefma
grandeza.
Saiba YoíTa Excellencia , que as Cartas, que me mandou pelo
Embaixador Gregorio Pereira Fidalgo da Sylveira , por refpeito da
amiíade , graça , e limpeza do coração , de parabéns de meu reynado,
€ íuccenaó dos grandes Reys meus anteceílbres , e também de algu-
mas pertençoes , que me reprefentava nellas , tudo chegou à grande
porta de. minha Cafa , à vifta de meus olhos, que tem comparação
com a luz do Sol ; e vendo-as eu , aquella graça , que em mim tinha,
ficou fendo da grandeza de hum mar.
No particular daquelle efpinho do Arábio , que nao tem Ley ,
nem Proféta , e que fem propofito veyo entender no Porto do Con-
go com os meus Vaílallos , e com os Miniftros da fua grandeza , tam-
bém m.e chegou a petição , e neíla matéria , também o Embaixador
de
, ,,

da Cal a %eal Tomgue^a. ' ii^


dc boca me praticou , e me pedio ; c porque cíle anno rsao I-ruve
agua , trigo , cevada , palha , rranteiga , legumes , e mais mantimen-
tos , naó^pode fazcrfe a guerra , e tan bem por falta de cumprimxn-
to à particula dos concertos , em que queria vieílem vinte barcos
os quaes naó vieraó , c na certeza de que vinbaó , nrnieey General,
abaley o meu Exercito , o qual fc hia conduzindo com tanta fúria ,
como corre o mar , e elles hiaó andando , e enchendo n terra como
a cobrem os bandos dos gafanhotes ; porém pela falta , e impedi-
mentos acima referidos , lhe foy mandado fe detiveíTem ; e aos Sol-
dados , e barcos , que na preíente monção vierao , mandcy fe reti-
raífem , e ordeney , que para os gaílos fe lhe déífe alguma quantia
de dinheiro ; e àquillo a que Deos NoíTo Senhor der caminho para
deílruirmos o inimigo Arábio, o ordenarey , e quando eíliver tudo
aparelhado avifarey para vir a Armada ; e tudo aquillo , que VoíTa
Lxcellencia pertender , e pedir, também o farey ; e ao Embaixador
toda a boa cortezia , e favor lhe fiz ; e a m.erce , que me pedio para
voltar , também lha concedi ; e aquella amifade , e correfpondencia
que femprc houve entre nós , fe angmente , e tudo o que quizer
VofTa Excellencia peça , que eu naó faltarey em o conceder. Raye-
bet Mon Raiebe ( quer dizer ) 20 de .... anno ( da fua conta )
1108, que era o de 1697.

Elegia feita pela Rainha de Portugal D. Maria Franci/ca Ifahel


de Saboya Nemours , e fe con/erva da fua própria maÔ na Li-
vraria do Conde da Ericeira.

H Mortel ench anté des vanités du monde, NutH, 07,


Et charmé des plaifirs don tu crois qu' il abonde , ^'
Arreíle icy tes pas , et confidere un coeur
Qui comme toy , dans luy fondá tout fon bonheur.
Voyant ce qu"* il a fait , juge fi fa manie
Doit paroitre a tes yeux , ou fageífe , ou folie
, il cherchá
II fuivit les plaifirs les grandeurs ,
Et crut ne les pouvoir jamais trouver ailleurs.
Mais au com.ble des Biens dont 1' Univers abonde,
Et de tous les honneurs que peut donner le monde
Bien Ji' a pu le fxer dans fes defns flotans,
Et rien n' a jamais pu rendre fes voeux conténs.
II luy manquoit toujours quelque chofc en luy mêmc
Pour pouvoir parvenir a ce bonheur fuprème,
Dont la flateufe idée occupoit fes defirs ,
Sous P appas fedufteur des terreílres plaiíirs.
Aprés donc avoir fait ces diligenccs vaines ,
Et pour y reuííir eíTuyé mille peines
II reconnut enfin que qui veut etre heureux

en doit faire jamais les objets de fes voeux.


Tom. V. R AuíTitót
, , ,, ,, , ,

X 7í'ovas do Liv. VIL da Hí/loria Çenealo^ica

AuíTitót il fentit un rayon de la (írace,


Qui de íes mouvemens fefant changer la face
ChaíToit la vanité qiu P avoit prévenu
Et dejá luy donnoit P amour de la ver tu.
Pour cet objet divin il fáut tout entreprendre
lAiy dit elle d' abord , fi tu veux te defFendre ,
De tous ces biens trompeurs qui n'' ont pu te remplir
Et dont le faux eclat n' a fait que t** cblouir.
Cherchc dans la vertu la veritable gloire
Ta peine aurá pour prix P honneur de la vidoire
Et ta correfpondence egalant mes faveurs
Te fera furmonter les plus cuifans malheurs.
Le parti luy parut aufll grand qu' admirable,
Avec joye il reçoit cet ofFre favorable
Et depuis cet inftant les plaiíirs d' icy bas
N' ont plus pour le charmer d"' agremens , ny d' appas.
La vertu luy plait feule, elle feule P enchante,
Et Dieu dans fes bontés , furpaffant fon attente ,
De fa puiílknte main , en tous temps , en tous lieux
Le foutient , le protege , et previent tous fes voeux.
Regarde donc Mortel dans ce recit íidele
Si tá felicité reífemble a P eternelle.

TraducçQo parafrafiada da referida Elegia fàta pela Condeffa ,

da Ericeira D, Joanna de Menezes,

OITAVAS,
.1.
Num. ^8. \^ Egos mortaes , que a vaidade engana ^
E do Mundo o encanto defvanece
Paray , e reparay , que he gloria infana
A que fó na lifonja permanece :

Os eccos de huma voz , que defengana


Ouvi a hum coração , que já merece
Livre do engano, que julgou ditoío
Cantar defenganado , e venturofo.

II.
Confideray os paífos , que a jad-ancia
Deu por lifongear o feu partido,
E vede fe he (ciência , ou ignorância ,
O folido deixar pelo luzido :

No gofto , e na grandeza quer conftancia


Qiiem enganado , quem deivanecido
Bufca nos paíTatempos , e no Mundo
Pompa infclice , emprego vagabundo.
Flufluante
, , ,,: ,

da Cafa ^al Tortugua^a. i j i

III.
Fluíluante o defejo , e inquieto
Neíle do Mundo pélago inconftante,
Donde he onda vivente cada objeélo ,
Que fem acordo he no difvelo errante
Sendo cuidado de ignorante aíFeélo
Bulcar latisfaçaó , que vacillante
Nas apparencias da fingida gloria
Segue a vontade , e foge da memoria.

ly.
Depois que porfiando inutilmente
Por coníeguir hum bem , que o Mundo adora
CJ^e nunca no deíejo he permanente
Mágoa do Ceo em lagrimas de Aurora.
E depois , que o cuidado impaciente
Penas venceo , que o defengano chora^
De huma inútil porfia o cego intento
Deu luz aos olhos , fé ao penfamento,

V.
Logo da graça lhe apparece hum rayo
Qiie ao coração nova mudança intima
E da verdade no fuave enfayo
Dellerra os erros , e ao acerto anima :

Eíle caminho fegue fem deíinayo


( A
luz lhe dita ) a confiança eftima ,
Se de illuíbens procuras a defenfa,
Que ao amor faó eítrago , ao peito oíFenfa.

VI.
Dos luzimentos ,
cuja vam cegueira
Relâmpagos a viíla pêrturbavaó
(Difllmulando na attençaó groíTeira
Os rayos , que encubcrtos recatavaó )
Te livravas , bufcando a verdadeira
Satisfação , que indignas te roubavaó
As fícçoens ; e feguindo a juíla gloria
Será da penna o premio , alta vitoria.

VII.
Se aceitando os favores , que naó nego ,
Reciproca em ti for a recompença ,
Acharás a ventura do focego ,
Qiie o mayor infortúnio proftre , e vença.
O coração dedico , o peito entrego
Sem repugnância já , e fem defenfa ,
Ao partido que inclue altivo , c grave
,

AíTumpto illuítre em attençaó fuave. Def-


, , ! ,, ,, ,

1 3 z Trovas do Liv. VIL di Hljloria (jeneahgica


VIII.
Defde efte inílante ,
quanto no univerfo
O goíto admitte , adora a vaidade
He da fatisfaçaó fucceíTo adverfo ,
De que o juizo triunfa na vontade :

A delicia , que encanta , he mal perverfo ,


A prefumpçao , que alegra , he falfidade ^
E quanto mais fe anima a efta mudança
Se fatisfaz a fé ,
pela efperança.

IX.
Da maó Divina poder eterno
eíTe
Que os Ceos alegra o Mundo remedea ,
,

De quem treme o fulfureo horrendo Averno


Por quem o Sol a esféra azul paíTea
Suílenta , e favorece no governo
A alma , que fe lhe entrega , e naó fe afFea
Com a culpa , que intauíta , abominada
OíFufca os votos da verdade amada.

X.
Vê pois mortal ( fem que no error te cegues
Da advertência os reparos venturofos )
Eftes avifos , e à razão entregues
Os difí-ames do acerto myíleriofos ,
Coníiderando , que enganado fegues
Do Mundo os appetites mentirofos
E a imitação defta advertência minha
A fortuna a huma c» jrna te encaminha.

A mefma Condejfa traduzio huma QançaÕ da Raifiha


nejies verfos.

A Que
Hum
dita
Deos,
que naô tefii mudança
he viver fogeita
j

E por quem doces fofpiros


Repetem fem difFerença
Senhor , na amante queixa
Vós fó fazeis a minha dita eterna.
O Amor de hum Deos taô amante
He ifento de tibiezas
E nos aifeítos mortaes
Naó ha goílo fem trifleza.
Se hum com defeitos e males ,

Conduz a fúnebres penas,


E outro com eternas ditas
Satisfaz altas idéas ,

Quem duvidas tivera


A qual fe deva amante preferencia. TeJ-
,

da Cafa %eal Tortugue^a. 133


Tejiainsntõ da Serenlljiina Senhora Kain/ia D. Maria Franci/òa
IJabel de Saboya. Original ejlá no Archivo Rea/ da Torre do
Tombo na Cafa da Coroa
, , na gaveta dos TeJlamenCos
dos Bieys ,
gaveta 16 ^ donde o copiey,

EM nome da SantiíTima Trindade , Padre , Filho , e Efpirito San-


to, tres Pcííbas , e hum íb Deos verdadeiro, em quem fiehiien-
NuiTl.
^^-j
p p.
i^g/ *
te creyo , e em cuja Fé efpero falvarmc. *
'

Eu D. Maria Francifca Ifabel de Saboya , por graça de Deos


Rainha de Portugal , e dos Algarves , daquem , e dalém , mar cm
Africa , Senhora de Guiné , da Conquifta , e navegação , comercio de
Ethyopia , Arábia , Perfia , e da índia , mulher do muito alto , e do
muito poderofo Senhor Rey D. Pedro , meu Senhor , e marido , ef-
tando doente nefte Lugar de Palhavaa , mas em meu perfeito juizo,
e entendimento , ordeney fazer meu Teftamento , para difpor minhas
coufas , quanto mais convenha ao ferviço de Deos , e falvaçaó de
minha alma.
Primeiramente encomendo minha alma a Deos todo poderofo,
que a creou , e remio com feu preciofiífimo Sangue , em cujos infi-
nitos merecimentos efpero , e confio , me perdoe minhas culpas , e
peccados , para poder gozar da Bemaventurança ; e para eíle effeito
tomo por miíiha advogada , e interceíTora a gloriofa fempre Virgem
Maria NoiTa Senhora , e o Myfterio de fua Puriílima e Immaculada ,

Conceição , para que como Padroeira deílc Reyno , o feja também


da minha alma, diante de fua Divina Mageílade, juntamente com o
Anjo da minha guarda e com todos os Santos da minha devoçaô.
,

Declaro , que fou verdadeira e fiel Catholica Romana , nafci-


,

da , e creada no grémio da Santa Madre Igreja , em quem creyo


bem e verdadeiramente tudo o que ella tem , crê , e eníina , e néf-
,

ta única , e verdadeira Fé , na qual fomente ha falvaçaó , em que


fempre vivi e efpero lalvarme.
,

Tanto , que Deos for fervido levarme para fi , quero , e orde-


no , que meu corpo feia compoíto no Habito de S. Francifco , de
ue fou Terceira profeíía , e que neíla forma , com a mais , que fe
ifpuzer, me fepultem.
Declaro ,
que fiz neíle Reyno huma Fundação de
Religiofas
Capuchinhas da primeira Regra de S. Francifco , cujo Convento
,

e Igreja , defejey muito acabar , e fiz por iíTo o que me foy poíTi-
vel , ordeno , que o dito Convento , e Igreja , na fórma da fua ar-
chiteétura , fe acabem , e nella fe faça huma fepultura , na parte ,
que for mais decente, onde quero defcance meu corpo até o final
juizo ; e em quanto a obra fe naó acaba , ferd depoíitado meu corpo
na Igreja do Noviciado da Companhia de Jefu , aonde por minha
devoção eu , e ElRey meu Senhor mandámos fazer huma Capella da
Conceição de Noífa Senhora.
Ordeno, e mando, por ultima vontade, que na dita Igreja da
Companhia
1^4 T^rovas do L!v. V IL da Hijloria (jenealogica

Companhia fe meo dito depofíto , na parte , que fe juJgar mais


faça
decente : efperando
,
que os Noviços , que naquella Cafa íe ciiaó
com tanto exemplo , e virtude , teraô cuidado de me encomendar a
Deos.
Primeiramente quero , e mando , que por minha alma fe me di-
gao , com toda a brevidade , vinte mil Miíías , e delias todas as que
fe poderem dizer em Altares privilegiados , a que fe dará de efmola
o que for coftume.
Ordeno mais , que por minha alma fe me digaó duas Miífas
cotidianas , na parte onde meu corpo eíliver fepultado ; para as quaes
fe appHcará a renda coftumada.
Deixo à Cafa do Noviciado da Companhia de Jefu deíla Cida-
de , cinco mil cruzados por huma vez fomente.
Ordeno , e mando , que na parte aonde meu corpo eíliver fe-
pultado , fe me diga todos os annos hum Officio rezado de nove li-
ções , no dia de meu falecimento.
Ordeno , e mando , que fe cafem vinte orfãas , as mais defam-
paradas , recolhidas , e honeftas ; e que a cada huma fe dê duzentos
mil reis de dote precedendo as filhas de Criados de minha Caía , e
:

iílo por huma vez fomente.


Ordeno , e mando , que com toda a brevidade poííivel fe ref-
gatcm de terra de Mouros tres meninos , e cinco mulheres , daquel-
las peíFoas que tiverem muito perigo na fua falvaçaó , e padeceífem
,

mais rigoroíb cativeiro , por huma vez fomente.


Ordeno, e mando , que pelas cadeas defa Cidade, aos prezos
delias , que fe achem mais. neceíUtados , fe lhes repartao mil cruzados
de eímola por huma vez fomente.
Ordeno , e mando , que ao Hofpital de Todos os Santos deíla
Cidade , fe dem dous mil cruzados de efmola por huma vez fomente.
Ordeno , e mando , que ao Provedor da Miíèricordia deíla Ci-
dade , que ao prefente he , e ao diante for , fe dem deus mil cruza-
dos para fe repartirem à fua ordem , e dos Irmãos da Mefa , por pef-
foas pobres , honradas , e recolhidas , por huma vez fc mente.
Ordeno , e mando- , que à Mefa dos Engeitados deíla Cidade
fe dem de efmola dous mil cruzados por huma vez fomente.
Ordeno , e mando , que ao Hofpital dos Terceiros de S. Fran-
cifco , da Provincia de Portugal defta Cidade , fe dem dous mil cru-
zados de efmola por huma vez fomente.
Ordeno , e mando , que aos Padres da Congregação do Orato-
tio de S. Filippe Neri defta Cidade, fe dem dous mil cruzados, por
huma vez íbmente , para a defpeza das MiíToens.
Ordeno , e mando , que na Igreja do Efpirito Santo , da Con-
gregação do dito Oratório de S. Filippe Neri defta Cidade fe faça ,

huma Capella, em que fe colloque a Imagem de S. Francifco de Sa-


les , dedicada ao mefmo Santo \ e feja com aquella decência que
,
parecer a meus Teftamenteiros.
E porque na dita Igreja do Efpirito Santo mandava dizer todos
os dias duas Miíías pelas almas de meus pays , he minha ultima von-
tade ,
,

da Cafa Tieal Tortugue^a. 135


tade , qu2 fc continuem accrefcentando mais huma MiíTa cotidiana
pela minha alma , e íc dirão todas tres na mefma Capella , que íe fi-
zer a S. Francilco de Sales , para as quaes fe dará a renda neceíTaria;
e cm quanto íc nao acabar a dita Oipella, fe dirão as ditas MiíTas nos
mais Altares da Igreja.
Ordeno , e mândo , que à ordem do Padre Bartholomeu do
Qiiental , entreguem
íc dous mil cruzados , para que elle os repar-
ta por peíToas pobres , recolhidas , e virtuofas , e iílo por huma
vez íomente.
Ordeno , e mando , fe dem dous mil cruzados de efmola para
as Mifloens da China , e Japaó , e ifto por huma vez fomente.
D. Luiza de Dornhim veyo comigo de França , fempre expe-
rimentey nella bom ferviço ^ em gratificação do qual ,
quando cafou,
lhe dey huma tença : pe?o muito a ElRey meu Senhor lha mande
continuar ;e porque dcfcjo , que fua filha D. Maria Francifca tome
eílado h fua fatisfaçaó ; quando tomar o de Religiofa , ou o de cafa-
da , fe lhe daraó tres mil cruzados por huma vez fomente.
Daocurt me fervio , e porque cafou por minha ordem com feu
marido Manoel Daocurt: e peço a ElRey meu Senhor lhe continue
a mefma tença , que eu lhe dou ; e porque fua filha D. Angelica af-
fiíVio a meu ferviço: ordeno, e mando, fe dote para tomar eílado
de Religioía no Convento , que ella quizer.
Derimber me ferve ha muitos annos em fatisfaçaó dos quaes
,

ordeno , e mando , fe lhe dem tres mil cruzados , além do defpacho,


que Sua Mageílade for fervido darlhe , e os ditos tres mil cruzados
por huma vez fomente.
Votier me fervio neíla doença com grande trabalho , e aíTiílen-
cia ; e além do djípacho , que Sua Mageftade for íervido darlhe,
ordeno , e mando , fe lhe dem dous mil cruzados por huma vçz fo-
mente.
De Mom me ferve ha pouco tempo; alem do defpacho que ,

ElRey meu Senhor for fervido darlhe ; ordeno , e mando , fe lhe


úcm mil cruzados por huma vez fomente.
Domingos de Aguiar meu Porteiro da Camera, me fervio com
muita aííiftencia , e fatisfaçaó por cujas razoens o recomendo muito
;

a Sua Mageftade , e ordeno , e mando , fe lhe dem mil cruzados por


huma vez fomente.
Ordeno , e mando , que a Joaó Barreto meu Repoílciro , íe
dem duzentos mil reis por huma vez íomente.
Ordeno , e mando , que a cada huma das moças de lavor , e re-
trete , fe dem cem mil reis por huma vez fomente.
Declaro , que todas as minhas efcravas deixo forras , cujos no-
mes hey aqui por declarados e encomendo a minha filha , que co-
;

mo forras íe firva delias , em calo , que queiraó.


Sempre defejey, quanto coube na humana fragilidade fervir
,

e agradar a ElRey meu Senhor , e marido ; e porque Sua Mageíladc


he fiel , e verdadeira teílemunha do muito , que fempre o amey ,
naô tenho neíla parte , que encarecer , fó peuirlhe , que pelo reci-
proco
I 3 (í Trovas do Liv. VIL da Hijlorla (genealógica

proco amor, que entre nós houve, fe /iiTa (por ire fszermcrce)
de querer fer meu
Teílamenteiro , e por tal o ncnieyo ( fuppondo o
ícu beneplácito ) na melhor fórma , e maneira , que em direito poí-
Ib e outro íi nomeyo em fegundo lugar a minlia íilha, e quero, que
elles mandem cumprir , e guardar o meu Teílamento, taó inteira , e
pontuahiiente , como do leu zeio efpero , e eu lhe mereço.
Inftituo por minha univeríal herdeira de todos meus bens a
Princeza D. Ifabel minha única filha , e do dito Senhor Rey D. Pe-
dro , e a ella fica pertencendo o meu dote , que conílou de hum mi-
lhão de cruzados , como parece das Capitulações dotacs , com que
cazey do qual milhão de cruzados fe deu por "pago, e entregue El-
:

Rey meu Senhor, como na verdade o eílava já eáe Reyno , em cu-


jas neceíTidades , e obrigações fe difpendeo , como he notório ; e af-
íim Sua Mageftade , que Deos guarde , me he obrigado à reftituiçaô
tlelle.
E porque a dita Princeza minha filha ha de tomar eílado de
cafada , e fer dotada competentemente como foraó fcmtpre as Infan-
tes de Portugal. He minha tenção , que cafando com Principé , que
haja de vir morar ao Reyno , logrará ella fempre o dito milhaó , e
o adminillrará , como feu património próprio , fem que por eíTa ra-
zão íe lhe diminua couía alguma do mais dote, e Cafa , que ElRey
meu Senhor lhe tem dado , ou ao diante lhe quizcr accreícentar.
E acontecendo , que haja de cafar fora do Reyno , he outro
11 m.inha tenção , que tenha o dito meu dote , fem que por eíla ra-
zão fique delbbrigado o Reyno , em todo , ou em parte , de a do-
tar , como fe dotaó as Infantes as quaes claufuias ponho pela obri-
:

gação de máy , em que eílou à dita minha filha , e pelas altas virtu-
des , que pela bondade de Deos , concorrem em fua peífoa , fem que
pareça faó condições , cu encargos pcílos na fua legitima ; antes pe-
lo contrario fao para mayor augmento do feu património, como de
direito polFo fazer.
Declaro , que eu quero, e mando, fe paguem todas as minhas
dividas, as quaes conííaráó pelos papeia de minha fazenda, que ef-
tao na Junta do meu Confelho ; em eíla matéria ordeno ao Duque
meu muito amado , e prezado fobrinho , e meu Mordomo mor , que
como Yédor de minha Fazenda , mande logo com toda a brevidade
examinar as ditas dividas , nao fe efquecendo , de que fe acabem de
refolver , e* ventilar as duvidas, que fe moverão no Paul de Trava,
íituado na Villa da Chamufca cujo negocio eílá no eftado , que di-
:

rá o dito Duque , e a tudo o que clle diíTer ordeno fe dê inteiro


credito.
Mandey fazer huma alampada de prata , por conta da fazenda
da Princeza mmha filha , para a Igreja da Rainha Santa , do Moftei-
ro de Rcligioías de Santa Clara de Coin.bra ; e porque a dita alam-
pada eílá acabada , e em poder de Manoel de Carvalho , Elcrivaó da
Fazenda da Cafa de Bragança , peço a ElRey meu Senhor fe firva
•de querer mandar, que a dita alampada feja logo levada à Igreja re-
ferida.
E por
. , ,

da Cafa %eal Tort ffgueixa» j^j


E por quanto tenho irais algun^as declarações , que fazer e ,

dirpofíçces , que naó convém eícrever ncííc Teílamento. Declaro,


e inando , que fe eílcja em tudo por huma memoria, que mandcy
efcrever de fóra , que lerá aííinada pe)o Duque meu Mordomo mòr
a que mando fe dè inteira fé , e fe cumpra tudo o que neJla fe
achar , por quanto foy feita por ordem m.inha , e hey por bem , que
valha como parte deíle meu Tcf am.cnto.
,

Todos os Criados e Miniílros que aíTiftiraó a meu ferviço o


,
, ,

£zeraó com zelo , defpcza e trabalho dos quaes fcmpre me dcv


, :

por bem fervida. Sao taó grandes as peífoas , por fuas calidades e ,

merecimentos ,
que me nao he necefiario expreílallas. Peço muito a
ElRey nieu Scnlior ,
queira Icmbrarfe dclles com expreíFa
e miarido ,

memoria , do bom lerviço , que me fízeraó ; e porque confio da Real


grandeza de Sua Mageflade , que a todos fará as Iionras , e mercês,
que merecem ; naó tenho que lhe encarecer mais a grande confolaçaô,
que nif.o me dará.
ElPvey meu Senhor fâbe muito bem o grande cuidado , e dif-
velo , com que aílim nef a doença , como antes delia , me tem fervi-
do , e aífiftido as minhas Criadas e affim íío de Sua Magefrade que
,
,

a todas tenha muito na lembrança , para as amparar , e lhes fazer


mercê porém para efte effeito , e para que também lha faça e fe íir-
; ,

va delias , com a confiança , que merecem , faço efpecial recomenda-


ção de todas à Princeza múnha filha , pois ella he melhor teílemunha,
ao que merecem , por as ver fervir , e por haverem fervido também
a ella; para que por cíle m.odo naó experimentem minha falta , m.as
antes tenhaó razaó de encomicndarem muito minha alma a Deos.
A Marqueza de Soure me tem fervido , e a minha filha com
muita aíTifiencia e pcrque defejo gratificarlha , efpero da grandeza de
;

Sua Mageftade o faça , além do feu merecimento , por lho eu pedir,


difieriiidollie ao feu requerimento
,
que tem com Sua Mageflade.
D. Leonor me fervio muitos annos , e fempre com toda a fa-
tisfaçaó , imitando a feus paífados no amor , com que o íizeraô aos
Senhores Reys defte Reyno peço muito a Sua Mageílade , que lem-
:

biando-íe de todas eí^as razoens , lhe diííira com brevidade a huma


petição , que tem nas fuas B.eaes mãos.
D. Luiza Ignez tem fervido a Princeza minha filha com muito
amor , e difvelo , encomendo muito a Sua Magefade lhe mande fen-
tar a mercê , que lhe fez , em parte aonde a vença fcm difficuldade
e de toda outra qualquer mercê , que Sua MagefJade e a dita minha
filha fizerem à dita D. Luiza terey grande contentamento.
,

Manoel Lopes da Lavre fervio muito tempo de meu Tliefou-


reiro , com boa fatisfacao , adiantando por muitas vezes grandes fcm-
njas de dinheiro para meu lerviço , fcm por iífo levar lucros. Orde-
no , e mando , que a lua conta fe lhe ajufte , e peço a ElRey meu
Senhor faça a Manoel Lopes a mercê , que de fua grandeza deve ef-
perar do bom ferviço , que me fez.
Declaro , que tenho joyas , prata , e mais móveis , de que mi-
nha filha he herdeira, como tenho dito, encomendo muito ao Du-
Tcm. V. S que
138 trovas do Liv, VIL da Híftoria Çenealogka
que ponha tudo o fobredito em arrecadação , e para eíle CiTeito to-
mará as noticias , que lhe faltarem ; e íio do zelo , que te n do meu
fcrviço , que naó carece eíla matéria de me deter mais nella.
Ordeno , e mando , que a todos os Conventos Capuchos , e
pobres deíla Cidade , que naó tem rendas , por huma vez fómeiirc
fe lhes dè cem mil reis a cada hum , entrando também as Reíigiofas
do Sacramento , o das Ir Lindezas , o Oratório de S. Filippe Ncri , e
aos Capuchinhos Francezes fe lhe daraó duzentos mil reis por eíla
vez fomente.
Na occafiaó que fuy tomar os banhos das Caldas da Rainha
,

me compadeci muito dos pobres que fe vao curar àquelle Hofpital;


,

porque como naó tem rendas baílantes fe lhes nao pode dar fuílen-
,

to neceíTario no tempo do feu regimento ; e por efta razaó fahem


com os mcfmos achaques , e ainda lhes fobrevem outros mayores ; e
aíTim quero , e mando , que por tempo de dous annos , depois de
minha morte , fe difpenda de minha fazenda todo o neceííario para
o fuftento dos ditos pobres em quanto durar o tempo do feu regi-
mento no Hoípital. Ê rogo muito a ElRey meu Senhor , que im-
petre Breve de Sua Santidade para fe applicar a eíla obra pia o ren-
dimento de huma Igreja de minha aprefentaçaó , a que for mais ren-
dofa na minha Villa de Óbidos.
A' Sereniífima Senhora Duqueza de Saboya minha irmáa tive
fempre tanto amor , como pedia o eílreito parentefco ; e de mais a
tratey em todo o difcurfo da minha vida , com a veneraçaó , e ref-
peito de mãy. Peço muito à dita Senhora , e confiadíTmente efpero
delia , tenha particular memoria e lembrança minha , para me en-
,

comendar a Deos , como eu fizera por S. A. R. e em reconhecimen-


to do feu amor lhe deixo huma joya que já tenho apontado ao
,
Duque meu Mordomo mor.
Nao deixando eu outra coufa neíle Mundo de que poffa ter
,

lembrança , que as peíToas delRey meu Senhor , e marido , e da Prin-


ceza nofta fobre todas muito amada - e prezada filha. Acho , que
naó tenho neceílldade de lembrar a ElRey meu Senhor o affedo pa-
ternal , que ella merece , e faberá merecer , em quanto tiver vida j
porque eáou certa , que Sua Mageílade a ama , e eílima como deve,
e lhe defeja todos os augmentos. Debaixo da minha benção enco-
mendo muito à Princeza minha filha o amor , e refpeito , e obediên-
cia , e veneraçaó , com que deve eílar fempre fogeita aos mandados,
e direcções delRey feu Senhor , e pay , e o quanto deve tratar de
fua vida , confolaçaó , e alivio : tendo fempre na memoria fer eíla
doutrina , com que a creey , e fer também eíla confiança , que fem-
pre tive de lua boa indole , e inclinação , que efpero fe augmentc
com os annos , para goílo delPvey meu Senhor , c mayor bem deíles
Reynos.
Declaro , que fou Padroeira das duas Provindas da Piedade , e
Soledade ordeno , que logo , que Deos me levar fe mandem corre-
:

yos a toda a diligencia aos dous Conventos Capitulares , para qu2


íe façaó pela minha alma os fuífragios coflumados.
^ OPa-
,

da Cafa %eal Tortugues^a. 139


O
Padre Pedro Peinorô , meu Confcífor , me tem aíTiftido com
grande fatistaçao ; e alem diíTo as fiias virtudes o inculcaó tanto que ,

ic faz muito digno da lembrança delRey meu Senhor , e da Princc-


za minha filha , e com tudo lhes recomendo muito fua peílba ^ e or-
deno íe lhe continue com a meíma eímola, que eu lhe dava cada a n-
no para os feus livros.
Em caio , que ElRey meu Senhor
haja de efcolher Miniftro ,
ou peílba , de que , fe firva , e execução defte
e ajude na direcção
meu Teftamento , terey grande confolaçaó , que feja a peíToa do Du-
que meu Mordomo mor, pela noticia, que tem de todas as chufas,
c negócios , que me tocaó ; e por confiar de que quem cm vida rae
fervio com tanto zelo , o fará também depois da minha morte , em
tudo o que pertencer a ir minha alma com mais brevidade gozar da
prefença de Deos.
Mando , que as Damas , que ad^ualmente aíliftem a meu fervi-
ço , e ao de minha filha , tomando eílado fe lhes dem as joyas cof-
tumadas , por minha conta , na forma , que he ufo , e coílume.
E por eíle modo hey por acabado efte meu Teftamento o ,

qual quero, e mando fe cumpra, c guarde inteiramente como nelle


fe contém , pelo melhor modo , e forma , que em direito puder fer.
O qual Teftamento por meu mandado cfcreveo o Doutor Sebaftiaó
de Mattos de Soufa. E eu o dito Sebaftiaó de Mattos de Soufa o
cfcrevi , por mandado de Sua Mageftade , e o aíTmey depois de o af-
íinar a dita Senhora. Palhavãa aos vinte de Novembro de mil c feif-
centos e oitenta e tres.
Declaro, que ElRey meu Senhor me diíTe, que me faria mer-
cê de todas as rendas que eu tinha cm minha vida por mais hum
, ,

anno , que fe começara a vencer do primeiro de Janeiro , que eftá


pai'h entrar ; e para que as difpoíiçóes defte meu Teftamento tenhao
irais prompta , e breve execução e poíTa minha alma gozar das mi-
,

fcricordias de Deos por rneyo dos fuftragios , quo nelle mando íe


,

me façaó peço a ElRey meu Scnlior , que das rendas , que fobejaó
:

da confignaçaó do Tabaco , me mande logo dar a importância das


minhas por empreftimo para fe pagar neílas pelo difcurfo do dito
,

anno. E cu fobre dito Sebaftiaó de Mattos de Soufa o fiz no dia


acima aíTmado.
RAINHA.
O Doutor Sebaftiaó de Mattos de Soufa.

Em 21 de Novembro de 1603
, no Lugar de Palhavla , em a
quinta em que Rainha nofta Senhora , Termo da Cidade de
aííiííe a
Lisboa , eu o Bifpo Fr. Manoel Pereira , Secretario de Eftado , por
ordem e m.andado efpecial , que ElRey noftb Senhor me deu para
,

fazer inftromento de approvaçaó do Teftamento da Rainlia noíla Se-


nhora ,
fuy à Camera donde Sua Mageftade eftava deitada em cama
e logo por as fuas Reaes mãos me foy dado efte 1 eftamento cerra-
do , ordenandome, que lho approvaftc j e perguntandolhe cu fe era
1 om. V. S ii efte
,

140 trovas do Llv» VIL da Hijloria (jenealogica

efte o feu Teftamento , e quem lho efcrevera , e fc queria , que fe


cumpriíle , me
foy refpondido por Sua Mageftade , que efte 1 efta-
mento era feu próprio , e que por feu mandado o efcrevera o Dou-
tor Sebaftiaó de Mattos de Soufa , e que depois de efcrito lho lera,
e Sua Mageftade o aílinara por eftar em forma com tudo aquilio
,
que tinha ordenado , e por tal o approvava , e que fó o dito Tef-
tamento queria , que valefte ^ e afilm o rogava a ElRey noftb Se-
n.hor , e requeria a todas as Juftiças , e a efte adio foraó prefentes,
e foraó a elle chamados , vendo , e ouvindo tudo o que Sua Mac^ef-
tade refpondeo, o Duque do Cadaval, Mordomo mòr da Rainha
noíTa Senhora , o Marquez de Arronches , o Arcebifpo , Inquifidor
Geral , o Arcebifpo de Lisboa , Capellao mòr , o Bifconde D. Dio-
go de Lima , todos do Confelho de Eftado de Sua Mageftade , D.
Francifco Mafcarenhas , Eftribeiro mòr da mefma Senhora , o Conde
Baraó , o Cond^ da Caftanhcira , o Conde de S. Lourenço , feus
Veadorès , os quaes depois de Sua Mageftade aííínar , aííinaraó tam-
bém efte auto , e inftromento , que outro íi efcrevi.

RAINHA.
O Duque. :=3 O Conde de Miranda
Governador. =J
, ArcebifpoO
Inquiíidor Geral. :=í O Arcebifpo de Lisboa, Capellao mòr. Bif-
conde. :=3 O Conde da Caftanheira. :=i O Baraó Conde. =3 O Con-
de de S. Lourenço, s D. Francifco Mafcarenhas. =j O Bifpo Fr.
Manoel Pereira , Secretario de Eftado. :ií
A vinte e fete de Dezembro de 683 , duas horas depois do fa-
lecimento da Rainha noífa Senhora D. Maria Francifca Ifabel de Sa-
boya , na quinta de Palhaváa , entregou o feu Confeftbr , o Padre
Pedro Pemorô , a mim Pedro Sanches Farinha , Secretario das Mer-
cês , e Expediente , delRey noftb Senhor , o leu Teftamento , o
qual por mandado de Sua Mageftade fe abrio , em prefença dos Con-
felheiros de Eftado , havehdo-fe primeiro examinado , fellado , e la-
crado , na forma das Leys do Reyno , de que fiz efte termo na dita
quinta de Palhaváa , em o dito dia , mez , e anno , fendo teftemu-
nhas os Confelheiros de Eftado abaixo aííinados. Pedro Sanches Fa-
rinha. :=J Duque. z3 Manoel Telles da Sylva. :=2 O Arcebifpo, In-
quiíidor Geral. :=! O Conde Governador, O Conde de Val de
Reys. ;=! O Conde D. Fernando de Menezes.

Decreto ,
porque entrarão na Ordem Milhar ãc Chrijlo , o Prínci-
pe do Brafií i e o Infante D. Francifco, Efcá no livro dos
Kegijiros dos Decretos da Mcja da ConJciência^ e Ordens.

Num. ^00 M mez armey Cavalleiros na Capella Real,


fctc dcfte prefente

J-V Principe D. Joaó e ao Infante D. Francifco, meus fobre


An l6 6 '
,

todos muito amados , e prezados filhos , e em quatorze lhes mandey


dei lar
da Cafa ^al Tortuguei^a,

deitar o Habito da Ordem e Cavailaria de NoíTo Senhor Jefu Chrif-


,

to , no Oratório dos Paços da Corte Real , pelo D. Prior Geral da


Ordem dc Cliriílo , Fr. Feliciano de Abreu , dirpcnfando para cíle
effeito a falta das idades. A Mefa da Confciencia , c Ordens , o te-
nha aííim entendido. Lisboa 27 de Abril dc 169Ó. Com a rubri-
ca de Sua Magcílade.

Tratado do Ca/amento delKey D. João o V. com a Rainha D.


Maria ^Inna dc Aujlria. Original que ejlà na Secretaria ^

de Ejiado.

TOanncs Dei gratia Rex Portugalli^ , Sc Algarbiorum citra , Sc lú- "vr


tra mare in Africa Dominus GuineíE ,
Conquifitionis ,
Navigatio- ^Ol
nis , & Commercii ^Ethiopix , Arábia: , Pcrfia; ,
India.\]'!e , &c. Au. 1708.
Notum ac teftatum facio univerfis , Sz fmgulis qui infpeéluri funt
has meas litteras patentes litteras approbatioms , confirmationis , &
ratificationis , quod Vienna: Auftri^ die vigefana quarta Junii anão
reparatse falutis fupra millefimum feptingenteíimum odavum per Fer-
dinandum Telleíium Silvium Comitem Villarmaioris Cubicularium
meum intimum vigore amplas , Sc fpccialis procurationis quam ipíi
conceíHmus ; per deputatos miniílros Sereniílimi , potentiííimi &
Principis Domini Jofephi Divina favente clemcntia eleéli P.omano-
rum Imperatoris femper Augufti ac Germaniíe , Fíungariíc , Bohemia:,
Dalmatias , CroatiíE , Sclavonia; Régis , Archiducis Aufcriae , Ducis
BiirgundiíE , Stiriae, Carinthiíe, Carniolia: , Virtembcrga: , 8cc. Co-
mitis Tirolis , & Goritias , &c. Leopoldum Donatum Trautíohn ,
Comitem in F^alckenftein , Liberum Baroncm in Sprcchen, & Schrof-
fenílein , Dominum Domhiiorum Kaja-laa ad Sanélum Hippolytum
Martiniz , Kralowrz Tfchechtiz, Cryfaudolo , Neufchlos , Bolíctno
Rudolez, Goldcgg, Pillahaag, Sc Danubialis Oppidi Aggfpnch, hx-
reditarium Provinciae AuílriíE Prasfeclum , Comitatus Tyroíenfis &
MarerchalJum , Aurei VcUeris equitem Sacrae Csefarca: Majeílatis inti-
mum ac Supremum Camerarium
Confiliarium , Item Carohim Er- :

neílum Comitem de Valdílein , Dominum in Schwiean , Munchin-


graz Leutícninct Augezmaiore Sacrae Cacíareae Majeíiatis Coníiliarium
, & Supremum
intimum , Camerarium AuIís Marefchallum Aurei Vel-
Icris necnon Joannem Fridericum Liberum Baronem de Sei-
equitem ,

lern Sacríe Ca^íarea: Majeftatis intimum Coníiliarium , ac AuIík Can-


ccllarium. Demum Phiíippum Ludovicum Sacri Romani Lupcrii hx-
reditarium thelaurarium , Comitem à Sinzendorff, & Thanhaufen Li-
berum Baronem in Ernílbrun , Dominum in Scelowrz, Sc Gíell, Bur-
gravium in Rheinegg , Supremum híEreditarium Scutiferum ac Pra;-
ciforcm Archiducatus Auftrix infra , Sc fupra Anafum haereditarium
Pincernam in Auftria ad Anafum Sacras Ca^farese Majefiatis intimum
Coníiliarium , & Camerarium , ejufdemque Aiúx Cnnccllarium vigo-
re ejufnuídi qunquc potcftatis ipíis conccíTíe convcntus & fignatus ,

íuit tradatus mi.trim.onialis inter me, Sc altc memoratum Screnifli-


mum
,

1^2 T^rovas do Liv, VIL da Htfloria Çencahgtca


irum Principem Imperatorem pro Sereniílima Principc Domina Maria
Anna Jofepha Antónia Regina nata Regia Hungarise Bohemiícque ,

Principe Archiduce AuílriíK ejuíliem cariíírnia foroie , tandemque ab


,

utraque parte in fcquentes articules convenêre.

In nomine Sanâíijpuia Trhntatis ^ ac Beatijj.m^ Deipara Virginis.

Nos Ferdinandus Telleííus Silvius Coir.es Viilarmsioris , Sacrae


RegiíE Majeílatis Pcrtugalliíe à Confiliis , intimuíque Cubicularius ,
& ad aulam Cítíaream Lcgatus Extracrdinnrius ,
tanquam di6líe Re-
gi^ Majeílatis Sercniílimi ac PotentiíTimi Principis , ac Domini Do-
,

mini Joannis Quinti , Régis Portugallia; , & Algarbiorum , citra , &


ultra mare in Africa, Bomini Giiinea'- , Conquifitionis , Navigationis,
& Commercii ^.thiopiít ArabiíE , Perfile , Indiíieque , &c. Domini
,

noílri CJementiffmi in rcni príefentem , & ad infrafcripta paíVa dota-


lia deílinatus Procurator , & Mandatarius? , notiim teíiatumqiie faci-
mus tenore príEfentium quorum intereft univeríis , qucd cum nobis
pra:di(í:Ta Majcfías Regia aniplum , & folemne mandatum manu Re-
gia fubícriptum , ejufdcnique majori Sigillo munitum , die imdevige-
íima meníis Mnij pVoxime elapfi anni Ulyílipone confcílum dediíTet,
iit de matrimonio , & pa6lis dotal ibus inter Suam Regiam Majeílatenij

& Sereniílimam Principem , &


Dominam Mariam Annam Jofepham
Antoniam, Pveginam Regiam Hungariíe , & Boliemisc Principem , Ar-
chiduccm AufTrias , Ducem Burgundi^ , Comitem Tyrolis , cum ejuf-
demmet fratre Sereniffimo , & Inviéliffimo Principe , Domino Do- &
mino Jofcpho , Divina favente clcmentia, eíeélo Ronianorum Impe-
ratcre, femper Augu.PtO , ac Germaniíe , Hungarise , BoliemiíE , Dal-
maíiíE , CroatiíK , ScKavonicíu , &c. Rege, Archiduce Aullrise, Duce
BurgundiíK , Brabantiíie , StiriíE , Charintigí , Carnioliae , Lucembur-
gi , ac fuperioris , & inferioris Sileíise , Virtembergse , Teckas &
Principe SueviíE , Marchione Sacri Romani Imperii , Burgovias, Mof-
covise ac fuperioris ,
, &
inferioris Lufatias , Comité Habfpurgi , Ty-
rolis , Ferretis ,
Kiburgi , Goritiae , Landgravio Alfati^e , Domino
Marchi^r , Siavonise , Portus Naonis , &
Saíinarum , hz. cjufque ad
Iioc Dominis Comniilfariis ageremus , tradlaremus , conveniremus , &
concluderemus. Quo quidcm fine ex parte didlae Majeílatis Csefareae
Illufrriffimi , & ExcellentiíTimi Domini Jcannes Leopoldus Donatus
Trautshon , in Falckenílein , Liber Baro in Sprechen , &
Comes
Sclirofenílein , Doniinus Dominiorum Kaja-laa ad Sandum Hippoíy-
tum ,
Martiniz, Eraloviz Tfchcchtiz , Cryfaudolo , Neufchlofs , Bo-
liemo-Pvudolez , Goldegg , Pilahaag , & Danubialis , Oppidi Aggf-
pach , &c. Supremus Camerarius Ca^farení Majeílatis , lia:reditarius
Proviíicias A-uftria! , infra Anafum Praieélus , pariterque Comitatus
Tyrolenfis Marcfchallus , Aurei Velleris eques , hz. item Carolus Er-
neftus , Comes de Waldílein , Dominus in Schuvingan , Munchen-
graz Leutf:hin, & Augez maiore, Camerarius Cafarca: Majeílatis,
& Supremus Aulse Marefchallus , Aurei Velleris cqucs , &c. necncn
Jcannes Fridericus , Liber Baro de Seilern , AuIíe Caíareas Cancella-
rius y
,,

da Cafa %eal T^ortuguei^a» 1^3


rius , &
demiim Philippus Ludovicus , Sacri Romani Tmpcrii hícredi-
tariiis theiaurarius Coiius à Sinzendorf, &
Thanauícn , Liber Baro
in Ernílbriiii , Do-.ninus in Sccloviz , ôc Gfoell , Burgravuis in Rhci-
ncgg itidciii Aiilae CiCÍare^ Cancellarius , 8^ Camerarius Suprcmiis
Aiiárias infra , &
fupra Anafuni hxrcditariiis Scutifer, Studor &
InFeriorifqu^ Pincerna omnes Coníiíiarii iiitimi Sacra; Cíefa-
Auílrio;
rcx MaJeiLaliis vi maiidati Cíeíarei , die vigcfima quarta nupcr practc-
riti iTunfiS Martii conlHtuti iunt ; tandem qiiod fclix , fauílumquc íit
ad laudcm , &
gloriam Omnipotcntis Dei , &
pro confervatioiíe , 8c
incremento Fidci , ac Rcligionis Catholicas , necnon pro ftíibilienda
inter utriufque Domiim , Regna , Ditioncs , Províncias , PofLcros , &
fubditos tranqiiiilitate , ac pace perpetua , atque etiam pro corrobo-
ratione , coníirmaíione , & augmcnto confanguinitatis , amicitise ,
amoris , & fratcrnitatis , qu.x inter diélas Majellates floret , necnon
pro ar6í:iore ejuí""dem conjiinéiione , & vinculo inter diriam Regiam
Majcftatem per nos Procuratorem , & mandatarium ejus ex una par-
te , & prícdi^ílam Dominam Míiriam Annam Archiducem AuftriíE
Sereniílimi , & InviíliíTmii Leopoldi Iiftperatoris ,
glorioíiííima; menio-
rise filiam , & atque Invidiiílimi Domini Domini Joíephi
Sereniílimi
,

Imperatoris , in pracíentia imperantis fororem chariííimam , per didos


Commiílarios , ac Mandatários Caríareos intervenientes , ex altera ac-
cedente etiam difpeníatione Sancliífimi Patris Domini Clemcntis Un-
decimi , Romana; , atque univeríalis Eccleílce Pontifícis , qua: data eíl
Romje , apud Sar.dum Petrum , die vigcrima fíjptima , menfis Aprilis,
prsEÍentis anni tradatum , & conclufum eíl matrimonium verum , &
legitim.um, fub articulis , & conditionibus íubfequentibus videlicct.
Qiiod JMajeílas Ca^íhrea conílituit , &
promittit dido Sereniílí-
mo Regi pro dote , &
matrimonio cum prasFata Sereniílima Principe
Ibrore lua chariílima centum millia fcutorum , íeu coronatorum auri ,
ad rationem quadraginta placarum Flandrics monetx , quolibet ícuto
computando , Amílelcd ami , vel Gcnux , pro elcdione Sux Mageíba"
tis Rcgise intra terminum duorum annoriím cxfolvenda ; nempe quin-
quaginta millia fcutorum intra unius anni ípatiimi à die ccníiimati
matrimonii , reíidua vero quinquaginta millia fcutorum poíl alterum
anniun proxime fequentem , ita videlicet , ut integra fumma centum
millium Icutoriim , fcu coronatorum , intra biennium plene perfolva-
tur.
Pro qua dote Sua Regia Majeftas , & didus Excellentiílimus
Comes Villarmaioris , eiufdem nomine , & vigore commiín fibi man- ,

dati pro arrhis , & donadone propter nuptias promittit & conílituit ,

didíe Sereniírmia: Principi futuríE Portugallise Regina? centum millia


fcutorum auri , quí^ eandcm fummam confíciant , quam ipfe in dotem
accipit , qux quidem arrharum fumma eadem eíl , qua; à Rege Cã-
tholico Philippo Quarto , padis dotalibiis promiíTa eít Sereniííiiru^
Archiduci Mariic Ánnrc , Imperatoris Ferdinandi IlL fíliír, fibi in
matrimonium darctur , cum pari dote , eí^que arrhae modo , & tem-
pere inferius dicendis exfolventur.
Sereniílimus , ac PotentiíIImus Rex ,
promittit ScrenííTima; Prin-
cipi
,

144 ^'^'"^'^^^ Lh, ViL da Hífloria Çcnealo^tca

cipi Dominse íponfic chariffimse eam poft matrimonium confumnia-


tiim eoídem Status , redditus ,
Oppida juriídiífliones privilegia,
, ,

prarogativas , &
apparatum quibus priores R.eginíe Luíita-
aiilicum
iiiíe frr.ebantur femper , & nunquam minus habituram.
Pro aíTecurationc autem dotis , & arrharum modo , & tempere
inferius diccndis exíblvendarum oinnia Coronse Luíitani.x bona hypo-
thecata erunt.
()uoá íi PotentiíTlmus Rex ante Regiam conjugem fine libcris
vita decellcrit , & Regina in Luíltania rcíidere voluerit , illi inte-
gra dos, gcwmx j íupellex , 8z reliqua cm.nia , quíí; jiixta authenticam
deíignationcm in Liiíitaniam atíulerit, &
non confiirr>pta fuerint fai-
xa nianebunt ; atq'.ie ea bona durante matrimonio acquiíita , qu^ Re-
gi , &z PveginíE communia fuat , &
in parata pecunia , auro , argen-
to , & aliis bonis mobilibus ,
quibufcunque coníillunt , & non ad Co-
ronam pertincnt poíl cbitum Régis dividentur , & eorum medietas
Rcginae tradctur , íimulque elidem Statibus , redditibus , Oppidis , ju-
riílliílionibus , privilegiis , prarogativis , aulico apparatu , íicuti &
Pvege vivente Regia vidua íiuetur , licet co tempore alia Regina
Principi Regnantí nupta íít.
Com vero vidua Regina non in Regno Lufitanias habitare, fed
in Germaniam redirc voluerit , reílituetur illi integra dos cum tertia
arrharum pai te , & Íupradi6la medietate bonorum confiante matrimo-
nio acquifitorum , qua; non pertinent ad Coronam , una cum om.nibus
iis bonis , qux in P.egnum Lufitaniae attulerit , & confumpta non
fuerint, omnia íccum in Germaniam feret, & quandiu prxái^a
quíie
dos , & pars arrharum non perfolvetur tandiu omnibus lupra-
tertia
didis Statibus , redditibus Oppidis , juriídidionibus , privilegiis
,

prscrogativis & aulico apparatu Regia vidua fruetur.


,

Si autem Potentiíí;n:us Rex ante Regiam conjugem relictis li-


beris dcceíTcrit , & vidua Regina in Regnis LufítaniíE reíidere recu-
Ihverit , tunc illi tertia pars dotis , & tertia pars arrharum necnon
tertia pars ex medietate bonorum , quíE fuere acquifita confiante ma-
trimonio , <Sc non pertinent ad Coronam ad liberum uíurn , & pro-
priam difpoíitionem Sereniílima: Pveginae viduíe tradentur , & pr^te-
rea ei tertia pars eorum bonorum mobilium , qusz pra'ter dotem in
Luíitaniam attulerit , vel à Sereniííimis , ac PotentiíFimis fratribus , fo-
roribus , agnatis , & aliis per tefíamentarias , feu quaslibet inter
&
vivos faélas donationes , aut difpoíitiones acceperit, non conlum.p- &
ta fuerint reftituentur itaut etiam hanc tertiam partem omnium eo-
*,

rum bonorniTi in Luíitaniam allatorum , & fuccelru temporis pracdi-


CíO modo acq^ii^torum íecum í^erat ; reíiquEE vero duo tertiíe partes
omnium fupradicflorum bonorum in Luíitaniam allatorum , fucceílli &
temporis pradióris modis acquifitorum manebunt in Luíitania pro fe-
curitatc liberrrum , fed ipía Regina vidua eorum omnium integrum
uÍLiniriiiifaim , uíquc ad mortem habebit.
Sin autem Regina vidua in Regno Lufitaniíe reíidere maluerit,
tunc iíla eiídem Statibus, redditibus, Oppidis , jurildicrionibus , pri-
vilegiis
,
pra:rcgativis , dí aulico apparatu uti cixterce Reginse , ulque
ad
,

da Cafa "Real Tortuguegji. I4S


ad mortcm fruetur , illiquc integra dos , arrhíe , íivedonatio propter nup-
tias , una ciim omnibiis , & fingulis lupradidis bonis lalva manebunt.
Si vero Rege fupcrílite ipla Regina íine libcris vita defunéla
fuerit , Sc de íuis facultatibus non aliter diípofiierit ( qiiod in ipíius
libera voluntatc corlillit) integra ccs eim reliqiiis in Liiíitaniam alia-
tis , & ex fuperius bonorum divificne acquifitis ad ejus ha:rcdes ab-
inteílato redibit.
Contra li Sereniflin^a Regina ente ScreniíTrnum Regem relidíis
liberis decellerit , tunc in tomm illiiis l areditalem , nifi ipíli de ter-
tia parte dièa; hareditatis, juxta trn^cn Icges júris comirunis diípo-
fuerit , prícdiâ^i Regii liberi luccedent ; qui 11 poílmcdum ante Re-
gem eorum patrem luperílitem pertinebit.
Conventum etiam eft, &
ílabilitum , ut dida Sereniííima Prin-
ceps futura Regina renunciet in forma ad íatisladlionem , volunta- &
tem CafareíE JVIaj eílatis , &
ejus deputatorum hareditati , jurique,
fuccedendique in bona , &jura paterna, materna, fraterna , qua: &
quomodocunque , &
qualitercunque ei competere , aut ad eam perti-
nere poífint , itaut dote , ejufque fumma , aliifque ab ejus Sereniíl-mis
fratribus fibi donatis contenta omnibus aliis juribus lucceíííonis , &
hareditatis cedat , &
renunciet. Cujus quidem renunciationis inílru-
mentum plcniííinmm fíet ea forma, modo, tenpore, à Ca:rarea &
Majeílate , &
ejus Deputatis prafcribendis , ad eorum integram &
fatisfadlionem.
Conventum infuper eft , &
conclufum , qnod dicSla ScreniíTma
Princeps cum ornatu , gemmis , comitatu , authoritate , decentia &
fibi competente conducenda fit Imperatoris fratris íiii expeníis , &
fumptibus, ufque ad oram maritimam, ubi claíTem Britannicam conf-
cendcre poíTit.
Nec minus conventumeft , ut Iiíec omnia , quae à Deputatis,
utrinque Dominis Commiílariis , Procuratoribus , & Mandatanis no-
mine fuorum Principalium vi Plenipotentiarum íuarum , & in verbis
Imperial! , & Régio conclufa , Habilita , & promiíTa funt ab ambaÍ3us
Cícfarea , & Regia Majeftatibus admipleantur , & obíbrventur inte-
gre , ae plenário, abique omni defeélu , vel diminuticne direfle, vel
indireóVe , & quod per didas ambas Majcftates illa omnia & íingula ,

ratihabeantiir , approbentur , & corrcborentur folcmniter per litteras


propriis manibus fubfcriptas , & Sigillis fuis munitas , qu^ dcmum
utrinque invicem tradcndse , &
commutanda; funt.
Hujus vero contraâius matrimonialis , padlorum dotalium da- &
bitur nobis ex parte fuíe Carfarea; Majeftatis , fupra nominatis &
IlluílriíHmis , & ExcelIcntiíTimis Dominis Ccmmiílliriis , & Mandaía-
riis , íimJle ac reciprocum exemplar. In quorum omaium fídem , ac
teftimonium prarfentcs litteras manu noílra íubfcripíímus , Sigilio &
noílro communivimus. Datas Vienníe Auftriaj die vigeíima quarta
Junii anno reparata: falutis íupra milleíimum feptingenteíimum oâ:a-
vum.
(L. S.) Fcrdinandus Telleíius Silvius, Comes Villarmajorius.

Tom. y. T Jc-
,

I^S T^rovas do Liv. VIL da Hijloria Çenealogica

Joannes Dei gratia Rex Portiigalíise, & Algarbiorum citra , &


ultra mare in Africa , Dominus Guineis , Conquifitionis Navigatio- ,

nis , & Conimercii iEthiopiíu , Arabiis ,,


&c. No-Perfile, India;que
tum ac teftatum facio omnibus , & ,
qui has íingulis
litteras poteíla-
tis generalis, &
fpecialis vifuri funt , quod cum expediat pacifci , Sc
traníigi Deo annuente de matrimonio inter me , SereniíTimam Prin- &
cipem Dominam Mariannam Auftnce Archiducem SereniíTimi , ac Po-
tentiílimi Principis Domini Joíephi , Romanorum itidem Imperato-
ris, in pr^fentia regnantis fratris , & confanguinei mei chariííimi fo-
rorem , ipfeque maximam fiduciam habeam fidei , prudentiae Fer- &
dinandi Tellcfii Silvii , Comitis Villarmajoris , meique ad príedidtum
Sereniflimum , ac Potentiífimum Romanorum Imperatorem , Legati
Extraordinarii , per hi^c mandata ipfi do, concedo meumjus, &
plenamque potcílatem liberam , ac fufficientem , prout illam iirnii/Ii-
me ei dare , &
concedere poíliim , ac debeo , ad idque negotiiim de
fadlo , & jure requiritur, atque eum conflituo, facio meum gene- &
ralem ,
. &
fpecialem Pi-ocuratorem , ut pro me , meifque verbis perin-
de , ac íi ego prícfens efíem poílit tra^Stare , agere , pacifci , con- &
venire de rebus omnibus , cujufcunque generis , conditionis , mo- &
menti ad pr^diílas" nuptias fpedlantibus cum quibufvis Procuratori-
biis , Commiífariis , aut Deputatis prícdióli Sereniííimi , ac Potentiíli-
mi Imperatoris , qui illius mandato íive procuratione ad id fufficien-
ter inftrudli fuerint ; omniaque , qux per illum pacla , conventa &
fueriíit , una cum conditionibus , & obligationibus , ac fub iis cautio-
nibus , in quas ipfe convenerit , &
confenferit integre fervabo , &
cuílodiam , ííquidem ad ha:c omnia ipfi Extraordinário Legato , do
&concedo omnem plenam potcílatem meam , mandatum generale , Sc
fpeciale , cum libera , &
general i adminiílratione Qiiin etiam per has :

litteras promitto , fpondeo , Regiaque fide mea confirmo fervatu-


rum , ratihabiturum , reque ipfa fadlurum , qLia:cunque per didhim
Legatum meum Extraordinarium tradlata , gefla , pacla , conventa &
fuerint , cujufcunque fint generis , conditionis , momenti , omnia- &
que , Sc íingula quovis tempore rata , firmaque habiturum fecundum
obligationem harum litterarum potcílatis. In quorum omnium fidem,
&cautioncm has litteras , raandatumque generale , & fpeciale fieri
juííi , quod efl manus mea; fubfcriptione , meorumque iníignium ma-
jori Sigillo munitum. Datum UlyíTipone undevigefima die Maii an-
no Domini millefimo feptingenteíimo íeptimo. Didacus à Mendoc^a
Corte-Real fubfcripíi.
JOANNES PvEX.

quidem traílatus matrimonlalis quatuordecim artículos , Sc


Qiii
imum paragraphum circa finem continens cum à nobis mature fuerit ,

coníideratus Sc examinatus
, eum tam in partes quam in totum vo-
, ,

lumus accipere, approbarc coníirniare Sc ratiíicare atque per hoc


, , ,

inílrumentum re ipfa accipimus , approbamus , confirmamus , Sc rati-


íicamus poUicemurque noílro ac híureduni , Sc fucceíTorum noílro-
; ,

rum omnium nomine illum obfcrvaturos fadlurofque , ut exacliílime, ,


,,

da Cafa %eal Tortugueí^a.

& faníte obfciTendir oir.nia , qríEcunquc in co comprclicnduntiir


neqiie unqiiam permiíTiiros , ut iillo mctiO , via coium vi;;ori , &
cífcéliii , vcl in ininimo dcrogcUir ; & igitur piomittimus ,
noílnique
Regia Hde confírmainiis omnia hoc tracflatu n atrimoniali ab initio
uíqiic ad linem in cnncVis , & llngulis articulis , &
paragiapho com-
pichcnfa intcgrè , illibatèqiie cxccuturos. In quorum omniuni fídcm,
& cnutioncm ficri juílimus pracfcntcs Jitteras confírmationis , & rati-
ficationis Regia manu noftra fubfcripíimus , & magno Sigillo iníig-
nium noílrorum munitas. Datiu Ulyíliponc dic duodécima rneníis
Alartii , anno Domini millcíimo ícptingcntefimo nono. Didacus à
Mcndoça Corte-Rcal fublcripíi.

JOANNES REX.

Carta do Marec/wl Stareniherg para EIRey D. Carlos III. dati*


dolhe conta da Batalha de V illa-Viçofa^ dada aio de Dezembro
de i/io , traduzida fielmente da Hngiia Franceza, do livro intitu^
lado-. Memoires pour fervir a 1' Hiííoire du XVIÍI. Siecle, Tom,

VI. pags j/Oypar Monfieur de Lamberty,

SENHOR.
VoíTa Mageftade eflará informado pelo Capitão das Guardas Nuil}. 10 2
TA"*
^ Catalãas , de tudo quanto tem paíTado no Exercito , depois que a ^ '
Voíla Mageftade ie retirou delle , e também faberá , que a falta dc
viveres nos obrigou a ir bufcai* os Armazéns de Aragão , e para eílc
eífeito pareceo conveniente , que fizelTemos a noíTa retirada cubertos
dos dous Rios, Tejo, e Taguna , o que executámos felizmente até
as vifmhanças de Cifuentes , a pezar das muitas tentativas , que o
inimigo fez ncíla marcha para atacar a noíTa Retaguarda , favorecen-
do-os os Paizanos de Caftella , que tomavaó as armas para fe lança-
rem fobre as noílhs Tropas , e para pilharem a nolfa Bagagem , mas
tudo lhe embaraçámos com aquella precaução , que era poííivel.
A eílaçao já adiantada, e a mefma neceííidade de viveres , e de
forragem para as Tropas , nos obrigou a marchar em columnas por
diíferentes caminhos. As Tropas Inglezas fuppondo achar mais al-
gumas provifoens em Biruhega para poder fuíRllir, tomarão aquelle
caminho , e fízeraó alto o dia oito , ncfle mefmo dia os furprendeo,
e atacou o inimigo com todo o feu Exercito , e os fez recolher no
Lugar, poílou as fuas batarias , e começou a bater as muralhas.
Antes , que eu tiveíTe noticia deíle accidentc , tinha mandado
ordem a todos os outros Corpos , que marchavao fcparados , para
que fe vieifem juntar comigo , prevendo o grande riico , que le po-
dia feguir na marcha por columnas ; e tanto que foube do eílado
,
e do perigo a que os Inglezes eílavaó expóftos
,
marcliey com todo
Tom. V. T ii o Exer-
,

148 T^rovas do Ltv. VIL dít Hljlorla genealógica

o Exercito toda a noite de oito, e o dia feguintc, para ver fe os po-


dia livrar delle.
Chegámos a dez a huma
legoa de Biruhega , qiiaíi de noite ;
e para dar final aos Inglezes , de que eu os hia Ibccorrer , fiz atirar
toda a noite vários tiros de canhão , e aos inimigos os achámos for-
mados em Batalha.
As Tropas , que eftavao íitiadas em Biruhega , conftavaó de oi-
to Batalhoens , e oito Efquadroens ; pareceome que nao devia aban-
donar hum Corpo tao coníideravel , e que efta era huma forçofa ra-
zão de me arrifcar a hum combate , ainda que o Exercito inimigo
foíTe fuperior ao meu , e me excedeíFe muito em Cavallaria , e que
o terreno por fer plano , e defcoberto , nos naó foíTe ventajofo ; mas
naquelle aperto nao era já tempo de me poder retirar , e aflim tra-
tey de formar o Exercito , poftando o lado efquerdo junto a hum
barranco de difficil acceífo ; e como o direito me ficava exporto com
a larga planicie , procurey cubrillo com alguns Batalhoens. Poftey a
Cavallaria na Retaguarda da primeira , e da fegunda linha , forman-
do quatro linhas por efta parte , e a preça era tanta , que naó fey
como houve tempo para acabar efta difpoííçao. Entre tanto jogava
a artilharia de huma , e outra parte inceíTantemente , fazendo em am-
bas baftante eftrago.
Começou o inimigo o feu ataque com boa ordem , e com vi-
gor , ganhando em algumas partes o flanco do noftb lado direito ;
mas refazendo-fe as noftas Tropas , fuftentaraó por aquella parte o
grande ímpeto dos inimigos , ao mefmo tempo puzeraó eftes em der-
rota o noflb lado efquerdo , e ganharão a noífa Retaguarda , o que
vendo o Sargento mòr de Batalha Monfieur de Contrecour, acodio
com preça com tres Efquadroens Portuguezes , e tres Batalhoens da
fegunda linha , que fe lhe juntarão , a faÍ3er hum de Grifoens, hum
:

Portuguez de Bulhoens , e o Regimento de Report , e avançou


taó a propofito , e com tal impeto aos inimigos , que deu lugar a que
o noífo lado eíquerdo fe refizeífe , e por ambos os lados fe pozeífe
o inimigo em derrota ; e aííim pela fua direita , como pela efquerda
os fomos feguindo , e dorrotando mais de mcya legoa , tomandolhe
todo o trem da fua artilharia , muitas Bandeiras , e Eftandartes. A
mortandade foy grande , e mais de feis mil inimigos ficarão mortos
no campo da Batalha.
As nolfas Tropas nao fe detiverao em fazer prizioneiros , mas
matarão tudo o que encontravao , nem fe deu a vida mais, que ao
General , o Marquez de Thouy , a alguns Brigadeiros , e Subalternos,
e a hum pequeno numero de Soldados.
O Exercito dos inimigos fe compunha de trinta e dous Bata-
lhoens , e oitenta Efquadroens , a faber vinte Batalhoens formados
:

das reliquias- , que íícaraô da Batalha de Çaragoça , e doze, que ti-


nhao chegado da Eftremadura , e quarenta e quatro Efquadroens for-
mados também das relíquias dos fetenta , que tinhao na mefma Bata-
lha , e de trinta e feis , que vierao da Eftremadura.
O noífo Exercito compun!ia-fc de vinte e nove Efquadroens
e vin-
,

da Cafa %eal Tortugue^a. i^p


e vinte e fete Batalhociis , quatro Erqiiadroens Imperiae?
a laber :

dous Hefpanhoes , hum Aragonez


, dez Portuguezcs , fcis HoIIande-
zes , c fcis Palatinos. A Intantaria confiftia em quatorze Batalhoens
Imperiais, cinco Hefpanhoes, dous Portuguezes , dous Inglezes,
dous HoUandczes , e dous Palatinos. Todos eftes Corpos eílav^aó
taó enfraquecidos ,como fe pode fuppor no fim de hunia Campa-
nha tao trabalhofa, e no mez de Dezembro. Além diílo a noífa Ca-
vallaria do lado cfquerdo , e fete Batalhoens , defapparecerao de for-
te , que eu me vi reduzido a combater fomente com vinte Bata-
lhoens , e dczafcis Eíquadroens , que vinha a fcr hum contra tres.
Deos foy fervido infpirar tal valor , e tal conduta aos Officiaes , e
Soldados que a pczar do grande numero
,
e da fuperioridade dos
,

inimigos , os derrotarão os pozeraó em fogida


, e íizeraó acções
,
,
que parecerão fobrenaturaes. Todos fe diftinguiraó , mas mais parti-
cularmente os Meílres de Campo Gcneraes Barão de "W^ezcl o ,

Conde de Atalaya , D. Antonio de Villaruel ; os Sargentos mores


de Batalha o Conde de Eck , o Conde de Hamilton , e D. Pedro
de Almeida. Todos eftes Generaes obrarão com fummo valor , e
derao moftras da fua grande prudência e capacidade , e forao os úni-
,

cos , que obrarão em toda a acção ; porque logo no primeiro ataque


perdemos aos Generaes Bellaftel , Frankcnberg , Copi , e S.' Amant.
Ocombate foy taó fanguinolento , que por differentes vezes
combaterão os Batalhoens , e Efquadroens feparados , e por fi fó fa-
zendo os fcus Comandantes as funções de Generaes atacando , e ,

derrotando aos inimigos por todas as partes por onde os acome-


tiaó.
Eu parecem? ,
que naô exaggercy dizendo ,
que no Campo fi-
carão mortos feis mil inimigos , vendo-fe , que cfta acção durou def-
de as tres horas da tarde até fer já noite fechada , e bem efcura , e
que obrigámos aos inimigos a huma precipitada fuga.
Qiiando ganhámos a lua artilharia a voltámos contra elíes, e fi-
cámos o outro dia no mcfmo lugar até onde os tínhamos fegui-
do.
Depois da acçaó foube pelos prizíoneiros , e defertores , que os
Inglezes , que eílavaó em Biruhega tinhao capitulado huma hora an-
tes da noífa chegada , ficando prizioneiros de guerra ; e como huma
parte das Tropas do noíTo lado efquerdo fogiíTe fem íaber para onde,
porque até agora naô tive mais noticia , fenaó que fem parar toma-
rão o caminho de Aragão ; e o refto das Tropas em tempo taó ri-
gorofo fe achaficm taó fatigadas , lem paó , e fem nenhum género de
viveres , por todos eftcs motivos me vi obrigado a retirar no mefmo
dia de onze ,
para chegar mais deprelfa aos Armazéns de Aragão.
Alguns Efquadroens dos inimigos quando pozeraó em defor-
dem o noííb lado efquerdo fe lançaraó fobre a noíTa bagage , e a pi-
Iharaó , ao que os ajudaraó baftantemente os Paizanos.
Além de todns as circunftancias, que concorrerão nefta occafiaó,
fuccedeo também, que toda a gente, que fendia a artilharia tinha
defapparecido com o trem , e por eílc refpeito naó podemos condu-
zir
,

150 Trovas do Liv. V 11. da Hifloria Çenealogica

7Ír, nem a nolTa , nem a artilharia dos inimigos , e naó tive mais re-
médio ,
que mandar queimar os reparos , e as rodas.
F ila he , Senhor , a exa6]-a relaíjaô , que a brevidade do tempo
me pcrniitte fazer a Volla Magcílade , &c.

Cúvta do Emperadcr Carlos VI. para ElRey D. ]oao o V, ejcri-


ta da própria mao,

sereníssimo SENOP.
Num, I C ^í T" y tardança de nuefíra correfpondencia me tiene coii
difficuítad ,

J_/gran Ihzon ,
por lo mucho , que defeo labcr de la falud de V.
An. 1711. Jvíageílad , cuyas noticias me íaltan mucho tiempo ha, aora felici-
ta mi carino , efperando dei que devo a V. Mageílad , no me las
retardara pues fave quanto me intereílb en que V. Mageílad le go-
;

fe muy perfeéla , y cumpliendo lo que por nueílros eílrechos víncu-


los, y amiftad es tan devido, mas fabiendo quanta parte toma V.
Mageílad en todo lo que puede tocar a mi Períona , y Cafa , partici-
po a V. Mageílad com.o cl dia 22 dei corriente fc executo en eíla
Ciudad la funcion de my Coronacion Imperial , deíde donde me en-
caminarè brevemente a Vienna , para dar providencia a los negócios,
que tanto piden mi perfonal aíliftencia , y acalorar las difpoíiciones de
la futura Campana, a cuyo fn hê hecho tam^bien , que paíFe el Prin-
cipe Eugénio de Saboya al Haya , y fegun las conjecturas en Ingla-
terra , pues (como V. Mageftad tendrh entendido por fus Miniílros)
nueílros inimigos deíconíiados de lograr nada en la guerra , applican
todas fus artes para entablar muy perniciolbs tratados de pazes
muy contrários al verdadero interez de la caula commun , y elpeci-
almente a los de V. Mageílad , y mios. Efpero en nueílro Senor nô
pcrmittirà fe logren tan depravados intentos , y que una gloriofa
guerra nos Iia de fegurar una ventajofa paz, para cuyo mayor logro
nò dudo contribuirá V. Mageílad de fu parte , con los mas vigoro-
fos esfuerços , en conocimiento , de que nô hay otro camino para
cortar cf hiío de las depravadas máximas de la Francia, como lo
tendrh prefente a la gran prudência de V. Mageílad , a quien de
nuevo hago memoria de my íineza , carino , y immudable amiftad.
Guarde Dios la Real Perfona de V. Mageílad como lo defeo. Franc-
fort 2Ó de Deciembre de 171 1.

Buen Hermano , y Primo de V. Mageftad

CARLOS.

Carta
,

Cafa %eal TortMgue^a.

Carta delKey D. JoaÕ o V. para o Empetaâor Carlos VI* em re-


pojla da acima ^ também da própria maíj,

SENHOR.
AS Idades , que caiifa o eílado das coiifas de Europa me ^^uixi.
difficii

retardarão o grande contentamento , que agora recebo na feliz


'
I OzL
T"
noticia, qne Vofla Mageftade me participa da fua exaltação aoThro- IJL2,
no , e Coroa Imperial aflim o defejava o grande amor , que proíef-
:

fo à Real PclPoa de VoíTa Mageftade , naó perdendo tempo nem oc-


caíiaó em ordenar aos Miniílros defte Reyno , emprcgaílem todo o
leu cuidado no íerviço , e intereíTe de VoíTa Mageftade , correfpon-
dendo m.uy igualmente à obrigação , que reconheço nos vinculos de
parentefco , amiiade , e alliança , que hoje reciprocamente íb acha en-
tre a Coroa de VoíTa Mageftade , e a minha. E efpero da bondade ^
de Deos contará VolTi Mageftade , e a fua Imperial Coroa , tantas
fortunas , e augmentos , como merecem as íingulares virtudes , que
refplandeccm na R.eal PeíToa de Voíía Mageftade , fendo mais feliz
principio , o que já logra o Império Romano. Rogo a VoíTa Ma-
geftade muy encarecidamente conheça, que eu, e cftes meus Reynos
contribuiremos com tudo o que for poftivel , para que fe íigaó no
prefentc CongreíTo as comodidades , e feguranças da caufa commua
pois eu a tenho ajudado com incanfavel trabalho , h cufta de tanto
fange de meus VaíTalIos , e de tantas incomodidades defte Reyno ,
como eípero conheça VoíTa Mageftade , para fe intereíTir na fua con-
fervaçao ; e peço a VoíTa Mageftade me dê occafioens de o compra-
zer , porque o terey por grande fortuna , nao me faltando com os
empregos de feu agrado , como lhe merece a minha boa vontade.
Deos guarde a Real Peflba de Vofla Mageftade como defejo. Lisboa
26 de Abril de 1712.
Bom Irmaó , e Primo de Vofla Mageftade

JOAÕ,

Carta ,
porque fe publicou a Faz de Portugal com França.

DOm João por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algar- NuíU. I O
ves , daquem , e dalém, mar em Africa, Senhor de Guiné, e *

da Conquifta navegação, comercio de Ethyopia , Arábia, Períia , e *7*>*


da índia , &c. Faço faber a todos os naturaes , e VaíTallos deftes
meus R.eynos , e Senhorios que entre mim , e ElP.ey Chriftianifli-
,

nio, meu bom Irmão e Primo em virtude dos plenos poderes ,


, ,

que levarão João Gomes da Sylva , Conde de 1 aroiica , do meu


Confelho de Guerra , e Meftre de Campo General dos meus Exérci-
tos , e D. Luiz da Cunha , do meu Confelho , e meu Dcfembarga-
,, '

j 5 i Trovas cio Lh, VIL da Hiflor ia genealógica

dor do Paço , ambos meus Embaixadores Extraordinários , e Pleni-


potenciários , ao Congreííb da Paz Geral , que íe trata na Villa de
Utrccht , e dos plenos poderes , que outro íim tinhao os Embaixa-
dores E^xtraordinarios , e Plenipotenciários , nomeados pelo dito Se-
reniííímo Rey Chrifíianiíl;mo , aos onze de Abril deí^e anno le tra-
tou , capitulou , e aíTcntou firme Paz , perpetua an iíade , e livre co-
mercio , de que íe íizeraó Capitulações por elles aílinadas , as quaes
eu approvey , ratiííquey , c confirmey por hunia Carta patente, por
mim aílinada , e íellada com o Sello grande de minlias Armas , cuja
Paz , e perpetua amiíade mando publicar por Rey de Armas Portugal
e fazer notória por cila Carta , para que venha à noticia de todos
e fe guarde , e cumpra inteiramente , e a copia deífa dita Carta aíli-
nada pelo m.eímo Rey de Armss , le publicará por todas as Cida-
des , Villas , e Lugares do Reyno , de que le enviarão Certidoens.
Dada na Cidade de Lisboa aos vinte e oito de Junho. Jorge Mon-
teiro Bravo a fez, anno do Nafcimento de NoíFo Senhor JeíuChrií-
to de 17 13. Diogo de Mendoza Corte-Real o íbbrefcrevi.

ELREY.

Breve do Popa C/emente XI. a E/Rey D. JoaÕ o V, em cjue lhe


pede Joccorro contra os Turcos. Ejlá na Secretaria de Eftado.

CLEMENS PAPA XI.

^lim Hariílime in Chriílo Fili noíler falutem , &


Apoílolicam bene-
uiij. 100
Tft/i
,Ji£|-ionem. Quàm ingenti armorum terra, m.arique apparatu
An. 17 IJ. imnianiflimus Turcarum Tyrannus in Chriftianas Ditiones irrumpere
nunc maximè moliatur Quantoque exercitu , indidio nuper inclytje
:

Venetorum Reipublics nefario bello , Peloponefi cervicibus jani im-


mineat , fatis , iuperque notum , atque exploratum eíTe Majeftati Tu£e
non ambigimus. Etíi autem de animi tui tum magnitudine , tum pie-
tate adeò prísclarè fentimus , ut períuafum facilè liabeamus Te in
tanto rei Chriíliana; diícrimine digna magno , Catholicoque Rege
íuícepturum eíTe confilia , nec paííurum quidquam à Te defiderari
quod ad communem caufam tuendam pro amplitudine tua conferre
poílis ;
tamen momcnti eíl negotium , quod agitur , illud Paílo-
ejus
ralis noílri debitum
Oíficii ut pi íctermittere nullo modo poííimus
,

quin Majeílatem tuani veliementiílfmo cordis affedu hortemur , ac


obíecremus , quemadmodura in Domino hortamur , & obfecramus ,
ut ad publicam íaUitem adverfus infcníiííimum hoílcm aílerendam pro
viribus accurras , oblatamque tibi egregiam de re Chrifliana, dcque
Catholicà Religione benemerendi oppcrtunitatem alacritcr ampleáa-
ris ; in primis autem pra:di6í:am Venetam Pvempublicam in quam pri-
,

nius Baibarorum impetus dirigetur, prasfenti , ac Majeftate Tua dig-


no íubíiuio juvarc veilis. Qiia in re non alliundè Tibi , quam à cla-
Y2&
da Caja ^al Tortuguei^a» 153
ne memoriíc gcnitore tuo pctcndum c^cmplum cfl: , qui nuper Ger-
mânico cum iifdcm hoílibus bello , íelicis rccordaticnis Innocentio
Undécimo , Prazdeceílbre noílro fíagitnnte , liberale fubíidium clarse
memorias Leopoldo in Romanorum Imperatorem eleclo contulit,
conípicuumque proptereà lociim inter AíTertores , ac Vindiccs publi-
ca: incollumitatis immortali ciim íui nominis gloria íibi mérito ccm^
paravit. Par itaque decus , cseteris eximiis laudibus tuis adjcdum
cupimiis , ac omninò fperamus , chariíTime in Chriílo Fili noíler , qui
tamcn longe príellantius in Coelis prsemium à liberali bonorum ope-
rum Rctributorc Domino recipiendum proponere Tibi debes. Et
ApoíloJicam benedi6>ionem , intimse noftrae benevolentiíE teílem, Ma-
jeífati Tux amantiílimè impertimur. Datum RomíE apud Sanélam
Mariam Maiorem íiib Annulo Piícatoris , dieXVIL JanuariiMDGCXV.
Pontiíicatus noílri anno decimo quinto.
J. C. Battellus*

Carta ,
(jiie o Tapa Clemente XI, efcveveo de própria ma'o a El-
Rey D, JoaÕ o V * pedhidclheJcccorro contra osTurcoSy (jueamea-
çavaõ Itália: anda no Tomo da CcUecqao que fe iniyrimio eni ^

Roma no anno de lyzç com o titulo : Clementis Undecimi


,

Pontificis Maximi Epiílola^ , & Brevia Selecliora , 2 j;>2.

ChariíTímo in Chriílo Filio noftro , Joanni PortugallÍ2e, Al-


garbiorum Regi llluíln.

CLEMENS PAPA XI.


CHariííime in Chriílo Fiíi noíler, falutem, &c. Non meno acccr- f^uxu. 107'
*
tati , che uniformi fono li rifcontri , cbe da molte parti ricivia-
mo delia formidabile Armata Navale, che dalli Turchi fi prepara per
la futura Campagna ad effetto non íblo di tentar di nuovo V ef-
,

pugnazione delia Piazza di Coríii , che non riufci loro nella paiTata
Campagna , mà anco di compenfare con altri progreíFi per quella par-
te le perdite , che hanno fatte , e vanno facendo per P altra delp
Ungaria , crefcendo pero lempre piú li pericoli delP Itália , e dcllo
Stato Ecclefiaílicp , crefce altri si il biíogno , che abbiamo di pronto,
e valido ajuto. Tale tuttavia , e quale appunto lo bramiamo , piu
che da qualunque altra parte , giuílamentc lo fperiamo dalla Majcf!;!
Voílra , e con Noi fmiilmente lo fpera la Chriílianitâ tutta íi per il
generoíb impegno , che Ella ne preíe con tanta fua glona nelP anno
fcoríb , come per il noto fcrvorofiííimo zelo , con cui la Maeftâ Vol-
tra ò Iclita d' infíammaríi
,
qual ora fi tratta delia Caula di Dio , e
delia Cattolica Religione. Animate per tanto daqueíla fiducia fono
le preghiere , che con ogni maggior vivczza ci avanziamo à porgerle
,
affin che Ella íi compiaccia di rinuovarci anche in queíl' anno V aííil-
Tom. V. U
tenza
I J4 T^rovas do Liv, VIL da Hiflor ia Çenealogtca

tenza de fuoi foccoríi ; quali certamente , quanto piíi faranno foUeci-


ti , tanto piíi faranno opportuni , giacchè fi fenti , che li Turchi an-
teciparanno di molto la loro ufcita onde per giungere in tempo da
*,

poter far argine alie loro forze , fará neceíTario , fecondo che ci aííe-
rifcono li noílri Ufficiali di Mare , che tiitte le Navi , e Galere au-
filiarie deli' Arniata Chriftiana íi trovino al meno verfo la meta dei
proííimo mefe di Aprile nelle Acque di Corfú. Quindi la Maefta
Voílra ben vede , che con la celeritâ diquelli ajuti , che giudicherâ
di porterci dare , ci raddoppiarâ le obligazioni , che glie ne profeíTa-
remo , quali ora in tanto preventivamente le proteftiamo fuperiori
ad ogni noftra efpreílione. E con tutta la pienezza dei noílro Pater-
no affetto diamo alia Majefta Voftra V Apoftolica Benedizione. Da-
tum Romae, &c. die 14 Decembris 171 6, &c.

Outra Carta , (juc o me/mo Tapa Clemente XI. ejcrevco a E/Rey


D. João o V» pedindolhe foccorro anda na CoUecçao que Jc im'
:
,

primio em Roma no anno de \ yip , com o titulo Clemen- :

tis Undecimi Pontificis Maximi Epiftolse, Brevia ^


Selediora ,
pag, 2124.

A R G U M E N T U M.
Craviffíinum perkulum Ecclejt£ , Religioni , ac ipfimet TJrhi impendens
à Turcarwn Armis ob óculos iterum potiit Regi Portugalli^ , Eum-
que quam enixe rogat , ut openi tum •validam , tum celerem affiiâíis-
rebus afferre velit ; In primis atitem à Majeflate jua fiagitat , ut ma-
jorem , quem poterit , Navium bellicarum immerum mittat quam pri-
mum , ac ejjiciat , tit initio , i^el faltem circa quintum decimam diem
Jlprilis , apud Melitenfem Iiifidam cum reliqua Chrijlianorum Claf-
fe auxiliaria conjungi pojjlnt,

Chariííimo in Chriílo Filio noílro , Joanni Portugallise , & Algar-


biorum Regi Illuftri.

CLEMENS PAPA XI.

Dit.n.• 107/ /^Hariílíme In Chrifto Fili nofter falutem 5rc. DalP Arcivefco-
, ,
'
vo di Laodicea noftro Nunzio udirà la M. V. le noílre anguftie,
i\n. 1710. £ li pericoli ò per dir meglio , udirà le anguftie , e li pericoli
noílrri
delia Chiefa , e delia Reh'gione. Degne-íi la M. V. di afcoltare li
clamori , e li gemiti delP una , e deli' altra ; nè ricuíi P opportuni-
tà , che fe li porge di farjfi diffenfore , e liberatore di ambedue ; Ha
la Divina Providenza , como ben chiaramente vediamo , in tempo ap-
punto , nel quale la Maeílà Voftra li trova con forze aíTai valide, e
dcl tutto libera da qualunque impegno di altra guerra unicamente
rifer-
,

da Cafa 'R^al Tortuguei^a. «55


rifcrvata h Lei qucfia gloria , che renderá per fempre memorabilc il
fuo nome negl' Annali delia Chiefa , nc quali à perpetua Iode delia
pietà , e dei valore delia Mceílà VoÁra farh regiílrato , che per dife-
ía iíleíTa Chieía in tempo , che la medcíima fi trovava orribil-
deir
mente minacciata da"* Ncmici dei nome Chriíliano nella Sede iíleíTe

dei fuo capo >^iíibile : />//> /jomo imfftis a Deo , cni nomen erat Joa7t~
nes. Accorra dunque la Maefíà Voílra , come Dio manifeflamente a
chiama , e come Noi con tu tia P eílicacia niaggiore dei noílro fpiri-
to la preghiamo , al riparo de"* noílri graviííimi , c cílremi bifogni.
Mandi in accreícimento deli' Armata CJiriíliana tutto quel numero
inaggiore de Vaícelli , che Ella potra \ nòn dubitando , che à far fce-
glier li ben capaci di far valida oppofizione alP altra formidabile Ar-
mata , che íi prepara da' Barbari à noílri danni ; fcpra tutto però ,
giacchè fecondo le piu accertate notizie , che abbiamo , V Armata Ot-
tomana tiene ordine de ufcire in Mare follecitamente per prevcnire li
Chriíliani , e toglier loro la difefa , compiacciafi la Maeftà Voftra di
rompere a' noftri Nemici tali mifure , con ordine fenza minima pcrdi-
ta di tempo , che li medefimi fuoi Vafcelli fi trovino al principio
ò al meno prima delia meta di Aprile , nelle Acque di Malta , per
ivi congiungerfi colla noílra Squadra , e con gl' altri Legni Aufdia-
rij , c di là portarfi con la noílra benedizione , e con quelia , che in-

ceíTantemente gl' implorarcmo dal Signore degP Eferciti, a unirfi íi-


milmente ali' Armata Veneta , e ad ineontrare con effa generofanien-
te i Nemici :Ne forte dicant m gevíibns ubi ejl Deus ccrum ? Et
:

inmtefcant in fiationibus coram catlís iwjlris. Quefte fono , o Carif-


íimo Figlivol noílro le preghiere , che doppo le altre portate folen-
neniente in queíl' iíteíTo giorno , e per il raedefimo effeto , al jSepol-
cro de' SS. Apoftoli nella Bafilica di S. Pietro , fi portano da Noi al-
ia M. V. con la fpedizione di un' EfpreíFo acccmpagnate dalle la^
,
grime , e da' fofpiri non íblo delP Itália , dello Stato Ecclefiafiico
€ di Roma iíleífa , mà come con intiera verità poífiam dire , di tutte
le Provincie Criíliane , quali iníieme con Noi , e con le noílri Succef-
fori , dovranno profelfare , in perpetuo alia M. V. tutta quella mng-
gior gratitudine , che poífa corrifpondere alia grandezza dei benefí-
cio, che da Lei afpettiam.o , e per il quale in oltre , fm che avremo
fpirito , non lafceremo di pregar Dio à voler ne eífere alia M. V. e
à tutta la fua Real defcendenza , larghiílimo renuineratore. Con
queíli fentimenti diamo alia Maeííà Voílra con tutta la pienezza dei
noílro paterno aíFetto P Apoílolica benedizione. Datum Rcn:£E , <Scc.
die i8 Januarii 171 6, Pontiíicatus noílri anno XVI.

Tom. V. U ii Breve
, ,

1 5 tf Trovas do Liv. VIL da Hijloria Çenealogtca

Breve do Papa Clemente XI. para ElRey D. Joa'o o V. pedindo*


lhe foccorro contra os Turcos, ^nda na àita Collecça^
pag. 2UJ.

Chariííirno in Chriílo Filio noílro , Joanni Portugalliae , & Algar-


biorum Regi IIIuRri,

CLEMENS PAPA XI.

J)Jf^' j
Qii- /^Hariflíme in Chriílo Fili nofter, faíiitem , 8zc. Máximo com-
'
*
lí^moti difcrimine quod non amplius VenetíE tantum Ditioni,
,
Au. 1716. fQf^ ^liisetiam Chriftianis Provinciis , Italise pra^fertim , Si huic ipíi
verse Religionis Arei inílare confpicimiis ex Turcarum inexplebili
ciipiditate , ac fuperbia , qui profperis fuperioris anni eventibus in-
fla ti
,
próximo vere, nihil jam eonim armis iu pervium fere confi-
dunt, Maieílatis Tuíe prasfidium iterum implorare, ac urgere compcl-
limur cum enim graviíTimos , ac pene incredibiles fumptus fubire
•,

cogamur , ut non modo temporalis Ditionis noftrse , fed verius uni-


verík Chriftianns Reipiiblicaí , Eccleíiíe , ac Fidei caufam tueamur
tantoque oneri ferendo Pontiíicii iErarii , ac fiibditorum noítro--
riim vires prícteritis calamitatibus attritse impares omnino fint à :

Chariíiimis Chriílo Fili is noílris Regibus , aliifque Principibus


in
Orthodoxis Venerabilibiis Fratribiis Noftris SacríE Romaníe Ec-
, à
cleíiae Cardinalibus , ac Archiepifcopis , &
Epifcopis omnibus gratiam,
& communioncm Apoílolicge Sedis habentibus , imo , ab univeríls &
propemodum Chriíli opportunam anguíliis noílris , ac cele-
íidelibus
rcm opem expofcere conílituimus. A^ Te propterea , ChariíTime in
Chriílo Fili noíler quem fingulari in Ecclcfiam íludio eximiaque in
, ,

eamdem Sedem devotione nemini fecmidum efle oprime novimus


,

impenfe fíagitamus ut impendentibus malis occurrere ,


, ad com- &
mimem falutem contra nefaria Barbarorum molimina propugnandam
non tam alacriter , quam Oblatam igitur Tibi
cito exurgere velis.
prarclaram de re Chriíliana de Orthodoxa Religione, de hac Sanéla
,

Sede benemerendr opportunitatem , Religioíiííimorum tuorum Maio-


rum exemplo , libenter amplc6lere , magnam apud homines laudem ,
fed longe maiorem apud Deum , cujus negotium agitur, mercedem
Tibi quaííiturus ; dum Nos tam neceltario tempore prompta , ani- &
mi tui pietate , ac magnitudine digna , tuarum prasfertim bellicarum
navium lubfidia , in folatium acerbiííimíE qua angimur , Iblicitudinis
,
prsílolantes , Maicílati Tuíe Apoílolicam bcnedidlionem amantiíííme
impertimur. Datum Romae , &c. die 6 Januarii 1716, Ponriíicatus
noílri anno XYL

Breve
,

da Cafa %eal Tortuyieí^a. M7


Breve do Papa para a Rainha D. Marta Anna de Aujlriay em
que lhe roga interceda com EIKey [eu e/poJo para que Joc^ ,

corra a Igreja , ^ toda Itália , contra o poder dos TiW"


COS. Anda na dita Collecçaíj , pag. mó.

Chariííimce in Cbrifto Filipe noílrze , Mariannse Portugalli:^ , &C


Algarbiorum Reginas llluflri.

CLEMENS PAPA XI.


CHariíííma in Chrifto Filia noílra , falutem , Szc. Qiiantam No-Qjt.n.IO
bis folicitudinem ingerat , ac ingerere plane debeat maximus , fi
* *

a /
iinquam alias, armorum terra, marique apparatus , quo infeníiílimus '7^^*
Turcarum Tyranniis , próximo vere , non in Venetas tantum , fed in
alias qiioque Chriílianas Provincias , ac in ipfam Pontifíciam Ditio-
nem irrumpere meditatur , Maicílati Tuíe pluribus explicare fupcríc-
demus ; id enim coUigere abunde poteris ex graviíTimo periculo,
quod rei Chriílianse , ac OrthodoxíE Religioni imminere nemo noa
cernit. Quare tot , tantifque malis , quantum in Nobis fitum eft
cccurrere iatagentes , Chariífinii in Chriílo Filii noílri PortugaíliíE ,
& Algarbiorum Régis Illuftris , conjugis tui , opem iterum quani
cnixe imploramus , nec profecbo ambigimus , quin ipíe tam neceílario
tempore lucuíenta cximix pietatis fuás prsecipuique zeli publica.' faiu-
,

tis , qu^ maximum fane in difcrimen adducitur , teítimonia daturus


íít. Quia tamen probe intelligimus , quanti apud eundem Regem
ponderis futura íint officia , cohortationes , &
monita Maieílatis Tii2:,
proinde vehementer à Te petimus , ut piam hanc , &
iuíliíTimam
caufam omni conatii , ac fludio apud ipfum agas , atque promovcas ;
rem certe in eo faílura Nobis apprime gratam , ChriílianíK Rcipu-
blicae falutarem, Tibi vero, Regique conjugi maxime gloriofam. Et
Maieílati Tua: Apoílolicam benedidtionem amantiíFime impertimur.
DatumRoma; , &c. die 7 Januarii 171Ó5

Breve
,

158 Trovas do Lh. VIL da Hijloria (jenealogtca

Breve do Papa Clemente XI. em (jue rende a E/Rey D. Jcao as


graças pela Armada^ que lhe mandou em foc corro da Igreja,
Anda na referida Colíccqao ,
pag, 2244,

A R G U M E N T U M.
Regi PorUígallia nberes graúas agit ob mtjjhm pravalidam Navkm
Clajjem in fuhjíchum belli acherfiis Ttircas.

Chariffimo in Chrifío Filio noflro, Joanni Portugalliae , ÔC Algar-


biorum Regi llluílri.

CLEMENS PAPA XI.

Num 108 l^^^i'^^'^^


\^ prícclaris
Chrifto Fili nofter , falutem , &:c. Multis, iifque
documentis antehac períjpedbum fíliale Maieílatis 1
Ali. 17 1/' erga Nos, & Sanélam lianc Sedem íludium , accenfumque tuum Chrif-
tianx Reipublica; ab immineiitibus periculis defendend^e zelum uber-
rime Nobis coníirinarunt tux litterae die 23 nuper elapfi meníis
Aprilis datíE , ex quibus íingulari cum paterni cordis noftri Isetitia
audivimus , quam alacri , excelíbque , ac prorfus Régio animo, oífi-
tiorum noílrorum intuitu , novam , atque príevalidam Navium claf-
fem in rubfidium belli adverfus Turcas adornandam curaveris ; ut
eximia pietatis , cujus tot illuílria ha(Sí:enus argumenta pra^buifti
mercês m.agna nimis , etiam in hoc feculo , Tibi retribratur ab Eo ,
qui nihil , quod ejus caufa fíat , íine remuneratione relidturum eíTe
pollicetur. Ejufdem Redemptoris noftri clementiam aíliduis precibus
obfecramus , ut eos de immaniffimo hofte triumphos , quos Maieftas
Tua , in amplam fane meriti , &
glorise partem ventura , aufpicatur,
Chriílianis Armis largiri benigne velit. Et Apoftolicam benediíbio-
nera cum perpetuse tua^ felicitatis voto ccnjundtam Maieftati Tuíe
amantiíTime impertimur. Daíum RomíE apud Santon Mariani Ma-
jorem fub Annulo Pifcatoris die decima feptima Junii 1717 ? Ponti-
íicatus noftri anno XVII.

Breve
da Cafa %eal Tortugues^a^ i 5p

Breve (jue o Fana Clemente XI, mandou ao Conde do Kto Gran*


,

de Lopo Fartado de Mendoça , (juando Joy General da Armada


Fortiigiieza em Joccorro da Igreja. Anda na referida Col-
lecça'o, a pag, 2260. Vi
mefmo Original o ^
cjue con*
ferva a Condejfa do Rio fiia mulher,

ARGUMENTUM.
O/w /« j€geo Mari
Chrifliana Clafps adverfiis Turcas profpere ptig-
naviffet , ^
potior felicis eventus pars Lujitanorujn virtiíti tribue-
rettir ; Sua SanBitas Prafedíum Lujitanis Navibus , (jui eo in pr£-
lio egrégia fe gefjerat , dignis ornat lauãibus , ac illi dono mittit
nobilem Decadem precatariam Sacris Indulgentiis dilatam , /;/

proMmo fuo ad Lufltanas oras reditu felix illi , faufiunique iter ap~
precatur.

Dileílo Filio , Nobili Viro ,


Lopo Furtado de Mendoça , Comiti
de Rio Grande , ClaíTi Lufitanae Prasfedo, Almirandi Gene-
rali nuncupato.

CLEMENS PAPA XI.

DIJeíte Fili , Nobilis Vir , falutem , kc. Cum ex píiirimorum lit- Num, { o
tens , ac fermone fatis , fiiperque Nobis , innotuerit Nobilita- *

tem tuam in primis, tuoque exemplo ceteros omnes Duccs , & Mi- *7^7«
lites bellicarum Navium à ChariíTimo in Chriílo Filio noílro Joanne
Portugallias & Algarbiorum Rege Illuftri íidei , prudentixquc tiise
,

commiíTarum niiper in ^Egeo Mari ea alacritate , ac fortituuine de-


certaíTe ut Barbaroriim , qui Chriílianis Infiilis , Terrifqiie bellum ,
,

& perniciem infcrre moliebantur , conatus LuíitaníE potiílimum , vir-


tutis ope repulíi fuerint pr^eclarum vernm ejufmodi faclum ad Nos
:

pr^fertim pertineat , quorum intuitu memoratus Joannes Rex pro


infigni pietate fua Cbriftianam ClaíTem novo hoc , fane príevaíi- &
do íubfidio roboravit íequum proinde , ac prorfus juílum exiftimavi-
:

irsus , ut Dile6lus Filius Alphonfus de Horanza , quem proxime ad


Nos iniíifti , nequaquam ad Te rediret , abíque iiluílri hoc littera-
rum noftrarum teííimonio, quibus Vos , Teque potiílimum debita pro-
fequimur laude & quam ex eo conHiélu quíEÍivifti , gloriam plane
,

folidam, atque manfuram Vobis efFufe gratulamur. Idem porro Al-


phonfus fufe Tibi coram explicabit , quam gratam eO nomine , atque
propenfam geramus in tua ornamenta , & commoda voluntatem. ín-
terim vero , ut aliquod accipias paternse noftrx erga Te charitatis ar-
gumentum perfpeítumque íimul habeas ea príEcipue Nobis cordi eí-
,

íe , qu32 reteniam animíe tu^e falutem refpiciunt ,


ipíimet Alphonfo
tradi
,,

l6o Trevas do Lh. V 11. da Hifioria Çenealõgiea

tmJi mnndavimus Decadem prccatoriairí ex Heliotropio Jafpide Ori-


enlaji Sacris Indulgeritiarum thefaiiris ditatam , ut eam una ciim fo-
lio typis edito , in quo Sacras ejuimodi Indulgcntia; defcriptae íunt
noílro nomine ad Te perferaí. Ceterum cuni tempus jam inílct, quo
memoratarum Naviíim aginen pátrias ad oras reducéndum Tibi eíl
jter qiiod , aggredi debes , felix Tibi fauílumque ab Eo , cui rrare,
,

&: venti obediunt, ex animo apprecamur , cumque in ícopríin Nobili-


tati Tiiae ,
cetcrifqiie Ducibus , ac Militibus omnibus Apoíloiicani be-
jicdidHoncm peramanter impertimur. Datum Roir.se , &c. die ló
íSeptembris 1717 , Pontiíicatus noítri anno XVL

Bulla da Erecção da infigne CoUegiada de S, Thcmè , na Ca^


pella ReaL

IN NOMINE DOMINI AMEN.


Num. I TO /^Untílis líbiaue ílt notum quod anno Domini Noílri
à Nativitate

i/^y*
Chriíli MDCCX. Indidlione III. Die vero XV. Martii,
*
Pontiíicatus aiitem Sandliílimi in Chrifto Patris , & Domini Noftri
Domini Clementis Divina Providencia Papse XI. Anno ejus decimo,
Ego Officialis deputatus infraícriptus vidi , &
iitteras legi quafdam
Apoílolicas liib Plumbo expeditas tenoris íequentis videi icet. Cie-
mens Epifcopiis fervus íervorum Dei. Dileíio filio Oííciali Vene-
rabilis fratris noftri Archiepiícopi Ulixbonenfis falutem , & Apofto-
licam benedidlionem. Apoítolatus minifterio meritis licet imparibus
divina* diípofitioiíe praTidentes inter castera ccrdis ncftri deliderabi-
lia ilhid fmceris defidcramus affeélibus , ut Maieftas Altiííimi
,
ubique
collaudetiir, ciiltuíque fui gloriofiíTimi nominis augeatur , ad illius, &
ac ejus Apoftolorum laudeui , &
gloriam , quíEcumque Capellíe pr^e-
fertim Regias dignioribus atollantur honoribus , ac in illis Miniílro-
rum , & Digiiitatum , ac Canonicorum , &
Beneficiatorum Eccleíiaf-
ticorum numeriís conftituatur , &
Perfonarum , quarumcumque príe-
lertim Pontifícali Digniíate pollentium tendentia vota optatum forti-
antur eíFeétum opem , &
operam quantum Nobis ex alto conceditur
efficaces impendimus , ac pias di6larum perfonarum fuas facultates
circa ea erogare cupientium ordinationes fpecialibus favoribus , &
gratiis profequinnir , prout in Domino confpicinms falubriter expedi-
re. Exhibita fíquidem Nobis nu'per pro parte Venerabilis fratris
Eoftri Nunii da Cunha de Ataide moderni Epifcopi Targenfis peti-
tio continebat ; quod cum in Régis Palatio Civitatis Uiixboneníls
totius PortugaíliiXí , &
Algarbiorum Regni Metropolis Capella Re-
gia nuncupata Divo I homas Apoftolo dicata antiquiíTímíe , &
venuftif-
íimse formíc , & quoad totum aedificium , &
Altaria in ea fita , eo-
riimque ornamenta magnifica perfecHone elaborata capacitate , Sc
fatis
pulchritiidine prísclara eredta reperiatur in qua à nonnuUis Capella-
nis ad nutum araovibilibus , &
Scholaribus , necnon certo Cantorum
numero Divina OíRcia, aliafque Ecclefiafticas funéliones peragenti-
1,,

da Cãfa %ealTo) tugues^a, 16


bus Altiííimo ea qiia dccet reverenda dehitus praeftatur faimilatiis
cuiqiie , & quibus Siimmus Capellanus Sacellanus maior nunciipatus
fempcr in Epiícopali Dignitate conftitutus prareft , ac Jurifdidtioncm
fpiritualcm , & tcmporalcm in & fuper eorumdcm Capelianorum Scfio-
]arium , &: Cantorum fingularcs pcríbnas uti proprius Ordinarius pri-
vative quoad locorum Ordinários originis CapelJancrum Scholarium
oc Cantorum pra:di(ílorum vigore Indulti niípcr à Nobis eidcm Sum-
ino CapcUano Sacellano maiori nunciipato Apoílolica audoritate dc-
luper concelli exercet , cauíhfque Civiles , & Criminales , necnon
Bcneííciales , prophanas tam Capelianorum Scholarium , & Canto-
&
rum pra;didlorum quam pro tempore exiílentium Portugalliiíí , &
,

Algarbiorum R.egis Illuílris , & Reginas familiarium , aliorumque Mi-


niítrorum vigore Indulti hujufmccli ccgnclcit, eafque, debito fine
terminat , ac matrimonia períbnarum nobilium in prsedicla Capella
Regia in príEÍentia pro tempore exiítentium Régis , & Regina; prne-
didorum íòlemnizat , ipíilque Regi , & Rcginas Eccleíiaílica Sacra-
menta miniltrat quare dictus Nunius Epilcopus Confiliarius Status
:

pra:di<íli Régis , ac modernus Capelli^ Regise hujufmcdi Summus


Capellanus Sacellanus maior , nuncupatus , qui non Iblum in Catho-
lica; Religionis , Divinique Cultus coníervatione finceros animi ge-
rit af:e61us , verum etiam in pra:di61:a2 Religionis, Divinique Cul-
tus incrcmentum pia fi a mentis tendit defideria ob tam fpeciales
,
peculiarclque áiõx Regiae Capella: qualitates , & illius Summi Ca-
pellani Sacellani maioris runcupati pro tempore exiílentis prerogati-
vas , &: praen inentias ad Omnipotentis Dei , Beatxque femper Vir-
ginis Mariae gloriam , fir laudem ac pradióli Divi Thcmís Apoíloli
,

honorem , & ut in pradi^íla Regia Capella maior Miniílrorum Eccle-


íiafticorum num.erus augeatur , illoque audo Divina Officia , aliaque
funóliones Eccleíiaílica piadiéia maiori cum reverenda celebrentur
plurimum cupit praòi^tam Regiam Capellam per Nos , ôc Sedem
Apoftolicam aliquo Ipecialiori titulo decorari , 8c íi ílcut eadem pcti-
tio fubjungebat diéta Regia Capella in Scholarem & iníignem Col-
,

legiatam Eccleíiam fub ejuídem Divi Thoraa Apoíloli invocatione


cum Capitulo, Choro, Menfa Capitulari , Arca, Sigillo communibus,
omnibulque, & íingulis Collegiatarum Éccleíiarum iníignium íignis ,
& prerogativis & in ea fex Dignitates , quarum Principalis ,
, & pri-
ma Decanatus Cantoratus maior nuncupandus , fecunda Archipresby-
teratus , tertia Archiediaconatus , quarta Thefaurariatus maior etiani
nuncupandus , qumta , & Scholaftria , denique fcxta pro fex Presby-
teris futuris in di6i:a Regia Capella in Collegiatam iníignem Eccleíiam
erigenda Decano Cantore maiori nuncupando Archipresbytero , Ar-
chidiacono Thelaurano maiori eticm nuncuprndo , necnon Schoíafti-
co , ac odrdecim Canonicatus , totiden que Praebend^e quorum , &
quarum fex pro fex etiam Presbyteris alii , & alise fex pro fex Dia-
conis reliqui , & reliqua; fex pro fex Subdiaconis futuris etiam in
di61a Regia Capella in Collegiatam iníignem Eccleíiam erigenda Ca-
nonicis , & duodecim perpetua fimplicia , perfonalemque refidentiam
requirentia Beneficia Ecclefiaílica pro duodecim Clericis , feu Presbv-
Toni. V. X teris
,

l6l Trovai do Liv, VIL da Hi/loria Cjene/tíoyca

teris futuris etiam in di£la Regia Capella in Collegiatam infignem


Eccleíiam erigenda perpetuis Beneficiatis , qui omnes íimul Capitu-
lum conílitiiant , &
eamdem Regiam Capellam in Colleíriatain
apiid
iníignem Ecclefiam erigendam refidere ac MiíTas Homfque Canóni-
, ,

cas diurnas pariter , &no6lurnas, ac alia Divina Officia Collegiali-


ter celebrare tensantur, &
prsedidlo Nunio Epifcopo moderno, &
pro tempore exiílenti Summo Capellano Sacellano maiori nunciipato
uti próprio Ordinário ad formam priediéti Indulti immediate ílibjeéti
exiítant erigerentur , &
inftituerentur , ac ad illos , &
illa fie erigen-

dos , & inftituendos , ac erigenda , &


inllituenda Jufpatronatus , &
iiominatio , feu prseíentatio perfonarum. idonearum Chariííimo ia
Chriílo filio noíVro Joanni moderno PortugalliíE , & Algarbiorum
Regi Tlluftri , ejufque in diílo Regno fucceíToribus Regibus inftitu-
tio vero in illis pro tempore exercenti Summo Capellano Sacellano
maiori nuncupato reípeftive in perpetuam refervaretur , Sn fi pariter,
ut prsemiíTa debitum luum fortiri poííint effetSlum duae Parochiales
Ecclefiae infrafcriptís perpetuo lupprimerentur , &
extinguerentur
illarumque bona , Jura , fru(5í:us , redditus , & proventus eidem Ca-
pellx Regia; in Collegiatam infignem Ecclefiam , ut prsefertur erigen-
dse pro Dignitatum pr£Edi£tarum , ac infrafcripta bona laicalia , feu
infrafcripti redditus laicales , &
reípe6l:ive Regiae Capellac pro Cano-
nicatuum , & Prsebendarum , & Beneficiorum erigendorum prasdivílo-
rum competenti dote , illofque , & illa pro tempore obvenientium
côngrua fubftentatione falvis tantum infra dicendis perpetuo applica-
rentur , & appropriarentur ex hoc profeítô venuftati , & honorifi-
centise áiOix, Rcgiís Capellae in Collegiatam infignem , ut prsefertur
erigenda , ac illius futurorum Dignitatum , & Canonicorum , necnon
Bencfíciatorum neceífitatibus , Divinique Cultus in ea incremento
aliquo modo provifum , & confultum foret Quare pro parte didli
:

Nunii Epifcopi , & eius nomine dileíli filii nobilis Viri Andrea de
Mello de Caftro , ex Comitibus de Galveas , prícdidi Joannis Régis
apud Nos Ablegati Extraordinarii nobis fuit humiliter fupplicatum
quatenus praedi6bíE Regias Capellx venuOati , & decori in prxmiffis
opportune providere de benignitatc Apoftolica dignaremus. Nos igi-
tur , qui Divini Cultus augmentum fummopere exoptamus ipfum Nu-
nium Epifcopum in hoc fuo laudabili propofito confovere , ac fpe-
cialem fibi gratiam facere volentes , ipfumque Nunium Epifcopum à
quibufvis fufpenfionis , &
interdidti , aliifque Ecclefiaílicis fententiis ,
cenfuris , & poenis fi quibus quomodolibet innodatus cxit ad effe-
61:um prarfentium tantum confequendum harum ferie abfolventes , &
abfolutum fere cenfentes hujufniodi fupplicationibus inclinati Difcri-
tioni tUíE per Apoftolica fcnpta mandamus quatenus vocatis omnibus,
qui fuerint evocandis di£lam Regiam Capellam in Scholarem , &in-
fignem Collegiatam Ecclefiam fub invocatione c jufdem Di vi Thoniíe
Apoftoli , cum Choro, Capitulo, Menfa Capítulari , Arca, Sigillo
communibus , aliifque Collegialibus praerogativis , infignibiis, libertati-
bus , pr-ivilegiis , immunitatibus , exemptionibus , pra^eminentiis , an-
telationibus , conceíTionibus , favoribus , & gratiis , aliis Collcgiatis
infígnibus
,

da Cafa ^eal ^ortugue^a. 16^


in%nibiis Ecclcíiis de jure , ufii , confuetudine , privilegio, aiit alias
qiiomcdolibct competentibiis , & in ca Decanatum , qui principalis,
& prinia pro Decano , qui a6>u in l heologia Magiílcr , nut in De-
cretis Doclor , vel Liccnciatus in publica , & approbata Univcríitate
exiílat íeu infra annum à die fu£E inftitutionis gradum Magiílcrii in
,

l heologia , aut Do6>oratus , vel Licenciaturí^ in Decretis 'in publi-


ca , &
apf robata Univerlitate hujuímodi íulcipere oinnino tcneatur
quique Caput didac Collegiata: Èccleíiae erigendíE , illiufque Capitu-
Ji exiftat , &
Cantoratum maiorem nuncupandum , qui fecunda pro
Cantore maiori nuncupando , ac Archipresbytcratum qui tcrtia pro ,

Archiprcsbytcro , & Archidiaconatum , qui quarta pio Archidiacono,


& Theíaurariatum maiorem etiam nuncupandum , qui quinta pro
TJiefaurario niaiori etiam nuncupando , necnon Scholaílriam , quae fex-
ta , & ultima Dignitates refpeélive in ea exiftant pro ScJiolaílico rcf-
peétive Presbyteris futuris in di(5la Collegiata Eccleíia erigenda De-
cano Cantori maiori nuncupando Archipresbytero , Archidiacono,
Thefaurario maiori etiam nuncupando , necnon Scholaftico , quíE Dig-
nitates , ut infra conferri debeant , ac oòlodecim Canonicatus , toti-
demque Pra;bendas quorum, & quarum fex etiam pro fex Presbyte-
ris , alii , & alise fex pro fex Diaconis reliqui , & reliquíE vero fex
pro fex Subdiaconis futuris , quoque in didla Collegiata Eccleíia eri-
genda Canonicis , ac duodecim perpetua fmplicia perfonalem tantum
reíideiitiam requirentia Beneficia Ecclefiaftica pro duodecim Clcricis ,
fcu Presbyteris futuris fimiliter in di6la Collegiata Eccleíia erigenda
perpetuis Beneíiciatis , qui , & quse etiam , ut infra conferri debeant,
& infimul cum Decano , aliifque Dignitatibus , ac Canonicis priEdiólis
Capitulum ipfius CoUegiatíe EccleíiíE erigend^e conflituant , & apud
cam períbnaliter reíidcre , & in ea íingulis diebus , & ílatuendis tem-
pòribus Horas Canónicas diurnas pariter , & nodurnas , ac MiíTiis ,
aliaque Divina Oííicia , & fervitia cum debita mentis atentione reve-
renter , & decentcr , fervataque Eccleíiaílica difciplina Collegialiter
lecitare ,
pfallere , & celebrare ,
iifque intereííe , ac alias diclie Ec-
cleíise CoUegiatíE erigendíc in Divinis laudabiliter defervire refpeéli-
ve teneantur, &
íine alicujus prajuditio , ac fi , poílquam infra- &
fcripti redditus annui ex bonis mere laicalibus provenientes , ut pnu-
lertur aíTignati fuerint , & non alias aucíVcritate nofira perpetuo eri-
ges , Sc inftituas , necnon facultatem eidem Jcanni Regi , ejufque in
ciiéíro Regno fucceíforibus Regibus prsediclis deputandi ad ejus , &
eorum refpeârive nutum amovibiles nonnuUos Maníicnarios , qui eo
modo, quo fupra eidem Collegiat£e EccIjíííe erigendíe una cum Dig-
nitatibus , &
Canonicis , ac BeneMciatis pr^edicbis infcrvire teneantur
dic^a auéloritate noílra concedas , &
impartiaris , ac Dignitates , Ca-
nonicatus , &
Pracbendas , ac Beneficia erigenda hujufmodi in ea pro
tempore obvenientes , ac Maníionarios priedidos omnino jurilUi-
ftioai , 8c corre£tioni pro tempore cxiíbentis prxdicli Summi Capcl-
lani Saccllani maioris nuncupati uti illorum próprio Ordinário eos k
cujufvis alterius Ordinarii jurifdiélione eximendo , liberando in fpi- &
ritualibus , &
temporalibus immediate di6la auíloritate aoítra etiam
Tom. V. X ii pcrpc-
,

I ^4 T^^ovas do Liv. VIL da Hiflor ia (genealógica

perpetuo ad formam tantum prsedi^i Indulti eidem Summo Capella-


no Sacellano maiori nuncupato per Nos , ut prsefertur conceííi fubji-
cias , ac unam Sandlíe Marige cujus etiam una cum iníertis o<£l:ingen-
torum & quadraginta , & alteram Parochiales Ecclefias San6li Salvato-
ris de Odemira , Elborenfis Dioecefis , cujus etiam una cum infertis
fexcentorum & quadraginta Ducatorum auri de Camera refpeílive
frudlus , redditus , & proventus , fecundum communem eftimationem
valorem annuum , ut aíTeritur non excedunt , & quas ficut accepimus
de Jurepatronatus praedidli Joannis Régis ex íundatione , vel dota-
tione , aut privilegio Apoftolico cui non eft haílenus in aliquo de-
rogatum fore dignofcuntur ad prcefens à pluribus annis per obitum
illarum ultimorum poíTeíTorum extra Romanam Curiam defunílorum
Yacantes , illarumque titulum collativum ílatum , eíTentiam , & deno-
minationem de coníenfu ejufdem Joannis Régis eâdem audloritate
noíVra etiam perpetuo fupprimas , & extinguas , ita quod ille ex
nunc , collative eíle deíinant , & uti tales in titulum collativum qua-
vis auétoritate conferri , feu de illis difponi quovis modo amplius ne-
queat , & fi illas deinceps conferri , aut impetrari , vel alias de illis
difponi contigerit collationes , proviíiones , &
quaevis alise difpoíitio-
nes de illis quovis modo faciendís nullae , &
invalida; exiftant , nulli-
que fuíFragentur , nec cuiquam colloratum titulum poíHdendi tribuant,
necnon diflas Parochiales Eccleíias fic fupprimendas , &
extinguen-
das , illarumque , necnon prasdiéla; Regise Capellíe in Collegiatam
Eccíeíiam infignem , ut praefertur erigendas refpeòlive futuros reddi-
tus , &proventus , jura , obventiones , bona , proprietates , aliaque
emolumenta, qusecumque in quibuslibet rebus confiílentia , unde- &
qiiaque provenientia , ac ad Parochiales Ecclefias pr^edidlas , Re- &
giam Capellam hujufmodi in Collegiatam Ecclefiam , ut pra^fertur
erigendam Ipedlantia , &
pertinentia infrafcriptis tamen legibus , &
conditionibus appoíitis Menfae Capitulari diélít Collegiatas EcclefííE
ut pra:fertur erigendíE illis videlicet Parocliialium Ecclefiarum prsedi-
íílarum pro Decanatus , aliarumque quinquc Dignitatum erigendarum
hujufmodi dote , illafque pro tempore obtinentium côngrua íubílen-
tatione , onerumque eis incumbentium fupportatione applicandis , ita
quod liceat Decano Cantori maiori nuncupando Arcnipresbytero
Archidiacono , Thefaurario maiori etiam nuncupando , & Scholaílico
príEdiétis ejufdem Menfae Capitularis nomine corporalem , realem , &
a^íiualem poífeííionem bonorum juriun» , & pertinentiarum , ac an-
,
nexorum , quorumcumquc ad Parochiales Ecclefias pra:di6las , ut pras-
fertur fpe(£lantium , & pertinentium libere apprehcndere & appre- ,

hcnfam perpetuo retinere , illorumque omnium , & fiugulorum fru-


(Stus , redditus , & proventus jura , obventiones , & emolumenta ,
,

qua^cumque percipere , exigerc , levare , ac in dito Menfac Capitu-


laris , ac Decanatum, aliafque quinque Dignitates pracdi6Vas pro tem-
pore obtinentium communes uíus , utilitatem , & ncceffitatem falviy
tantum infrafcriptis convertere Dioecefaai loci , vel quorumvis aliorum
licentia dcfuper minime requifita dieta au6toritatc noftra etiam per-
petuo unias j anncct js , &
incorpores , necnon in unaquaquc ex Paro-
chialibus
,,,

da Cafa %eal Tortugue^a.

chialibiis Ecclefiis , &


extinguendis , ac ut pracfcrtiir
fiipprimeiidis
uniendis pra:di^is unam perpetuam Viçariam ad prítlentationem didti
Joannis Régis , eiuíque in dido Regno lucceíTorum Regum prsedi-
dorum conferendam pro duobus Presbyteris futuris Parochialium Ec-
clefiarum, ut príefertur íupprimendarum , & extinguendarum , ac uni-
endarum hujufmodi Vicariis perpetuis à diólo Joanne Rege , ejufque
in di6to Regno fucceíToribus Regibus prnedidtis prsefentandis ac per ,

Ordinarium loci examinandis , & approbandis , qui apud Parochiales


Eccleíias , ut pra;fertur ílipprimendas , & extinguendas , ac uniendas
hujulmodi continuo períbnalitcr refidere , ac omnia , & fmgula Offi-
cia , munia , & onera Parochialia eifdem Parochiaíibus Ecclefiis , ut
pr£efertur fupprimendis , & extinguendis , ac uniendis , & earum cui-
libet quomodolibet incumbentia fubirc , & adimplere refpevSlive de-
beant , & teneantur etiam perpetuo erigas, & inílituas , illiíque ut ,

prorfertur erigendis , & inftituendis pro ilíarum côngrua , & compe-


tenti dote , eafque pro tempore obtinentium côngrua llibítentation^
ex Parochialium Ecclefiarum íupprimendarum , & extinguendarum
ac uniendarum huiulmodi frudibus, redditibus, & proventibus fupra-
did:is Collcgiatís Eccleíjae , fic ut praefertur erigendaz
,
illiulque Men-
fse Capitulari parte , ut pntfertur applicandis , &
appropriandis ra-
tam centum & triginta trium Ducatorum auri hujufmodi ducentas
& fexaginta fex Patacchas , vulgo Regales de ocho nuncupatas , mo-
netíe Portugallia^ conílituentium íingulis Vicariis prefa6lis quotannis
per Capitulam , &
Dignitates diclie CollegiatEe Eccieíiíe , ut prtefer-
tur erigendíE perfolvendam , &
per Vicários príEfa'£los prícter cmo-
lumenta inferta cx funeralibus , &
aliis fimilibus provenieníia perci-
piendam , exigendam , &
levandam , ac in cujuslibet eorum refpe(5li-
vc ufus , &
utilitatem convertendam etiam perpetuo appliccs , ap- &
propries ita tantum , quod di6larum Parochialium Ecclcíiariim , ut
praefertur fupprimendarum , &
extinguendarum , ac uniendarum fru-
d:us , redditus , &
proventus , ante prsefentis gratiae conceíTionem
& ufque ad diem executionis earumdem prícfentiiim dccuríi in para-
mentorum , &
ornamentorum Eccleíiafticorum , Sacrarumque Suppel-
ledilium emptionem , feu illorum , &
illarum farcionem , ac pro fa-
brica , aliifque neceílitatibus , &
indigentiis diólx Collcgiatís Eccle-
íise , ut prarfertur erigendae erogari debeant decurrendi vero cx di£í:a-

rum Parochialium Ecclefiarum , ut prasfcrtur fupprimendarum , ex- &


tinguendarum , ac refpeclive uniendarum inter Dignitates , ac iili ex
infrafcriptis laicahbus bonis inter Canónicos, &
Beneficiatos , nccnon
illi cx diiSlíE Regiíe Capella^ in CoUegiatam infignem Eccicfiam
etiam ut pra^fertur erigenda^ bonis refpeáivc provenientes deduélis
fupradidra côngrua centum &
triginta trium Ducatorum pro qualibct
ex fupradiílis Vicariis íimiliter , ut prxfertur erigendis , illifque pa-
riter , ut praefertur aííignanda aliifque diclíE CapellíE Regias in Col-
,
legiatam Ecclefiam infignem , ut prsefertur erigcndíe , ejufque Sacrif-
ti£e oneribus , &
expenfis neceíTiriis , &
opportunis i/iter Manfiona-
rios pracdictos , &
íiquid ex frudlibus bonorum , reddituum dicVíE&
Regias Capella in CoUegiatam infignem Ecclefiam erigcuda^ dcduclis
quinau a-
l66 provas do Liv, VIL da Hi/Ioria (jeneakgica
quinqiiaginta Ducatis auri hujufmodi pro quolibet Maníiona-
tribus
rio fupererit in favorcm Dignitates in ea obtinentium Canonicorum,
& Beneficiatoriim prsediítorum cedat , itaut Decano ducentorum , Sc
fexaginta íex Ducatorum auri hujufmodi quingentas & triginta tres ,
aliiíque quinque Dignitatibus , & pnxdiíStis Canonicis ducentorum
Ducatorum auri fimilium quadringentas Beneficiatis vero centum Du-
catorum auri parium ducentas , necnon Maníionariis prsediclis quin-
quaginta trium Ducatorum auri hujufmodi refpeélive fummse centum
& iex Patacchas praedidtas refpeólive conílituentium pro quolibet eo-
rum annuatim obveiant dividatur quírum una pro Prasbenda , reli-
quíe vero duas ex tribus partibus in quotidianas diftributiones inter
infervicntes diftribuenda; erogentur verum quia fru61:us , redditus , &
proventus , fupradi6í:i diâ:^ RegiíE Capellse in CoUegiatam infignem
Ecciefiam , ut pr£efcrtur erigend^ una cum aliis Parochialium Eccle-
fiarum fupprimendarum , Sc extinguendarum , ac refpeítive unienda-
rum hujufmodi pro príEmiííis omnibus adimplendis , & fupportandis
impares exiílunt idem Nunius Epifcopus tot redditus annuos ex bo-
nis mere laicalibus tutis , & fecuris ab omni onere , cenfu , Cânone,
hypotheca, caducitate , Sc fídeicommilTo prorfus liberis provenientes
pro omni , & toto eo quod ad íbpportanda onera pra^diíla , & prae-
cipue pro côngrua fiibílentatione Canonicorum , Sc Beneíiciatcrum
pra^di6í:orum deeíTe compertum fuerit à laicali perfona dari , Sc aíHg-
nari procurabit , ita quod fa£l:a aíTIgnatione hujufmodi coram Ordiná-
rio loci , íiquid fopererit ex frudtibus príediélre Regise CapeilíE in
CoUegiatam infignem Eccleham , ut praefertur erigendíE prs;di(Sl:is
Dignitatibus , Canonicatibus , Sc Beneíiciis applicari poíBt , & tunc,
aut in eventu alterius unionis , feu aliarum unionum , fi tamen quan-
doque nobis placucrit aliarum Parochialium Ecclefiarum , aut Bene-
íiciorum Eccleíiaílicorum de diéli Joannis Régis Jurepatronatus Ré-
gio exiftentium eidem Collegiatas Eccleíiíc erigendae dicla aucloritate
noftra praevia quoqueJurifpatronatus coram Nobis veriíicatione
di6li
faciendae , feu faciendarum Dos Canonicatibus , Sc Benefíciis erigen-
dis praediíftis de bonis , feu redditibus laicalibus hujufmodi aííignata
pro rata fruduum , reddituum , Sc proventuum Parochialium Ecclefia-
rum , feu Beneficiorum in futurum , ut prsEfertur uniendarum , feu
imiendorum hujufmodi ceflxít , &
fruílibus eorumdem bonorunl
cum
mere laicalium' reincorporentur , & reincerporata fit ,& efíe cenfea-
tur eo ipfo , ac tam ad didas Vicárias , quam ad Dignitates , Cano-
nicatus , &
Pfisbendas , necnon Benefícsa praedidla , ut pra^fertur eri-
gendas , erigendos , Sc erigenda taiu hac prima vice ab eorum prima:-
va ereáione , &
inííitutione , ut pnTÍèrtur faciendis vacantes , & va-
cantia , quam quoties ex tunc deinccps illas iílos , Sc illa quibufvis
modis , & ex quorumcumque períbnis , etiam noílri , & Romani Pon-
tilicis pro tenjpore exiftentis , feu cujufvis , etiam Sandíe Romans
Ecclcfiíc Cardinalis , etiam tunc viventis familianum continuorum Co-
menfaiium , feu Sedis príedife Notariorum , Prothonotariorum nun-
cupatorum , aliorum Romanse Curiae Officialium, & Conclaviíia-
&
rum ,
Curialiumquc , Sc aliorum quorumcumque fpecialiííimas quali-
tates
,,

da Cafa ^eal Tortugue^^a. 16 j


tates habeatiiim per qiuis cx uno , vcl pluribus Capitibus , tam pcr-
íbnalibus , quain realibus , aut quomodolibet qiiíECiimquc refervatio ,
vel aftov^io Apofcolica indiicatur , ctiam cx vacationc apiid Sedem
eamdem , ctiam in quibufcunique meiííibus nobis , ac Romano Ponti-
fici pi o temporc exiftenti , Sedique pr2cdi6líK per quafcumque Conf-
titutiones Apoftolicas, aut Cancellariaj Apoftolicaí regulas nunc , &
pro temporc reíervatis , leu Ordinariis Collatoribus , ctiam per Coní-
litutiones , & regulas , cafdem , leu littcras altcrnativarum , aut alia
privilegia , & indulta haélcnus conceíTa , vel in poílerum conceden-
da , aut alias de jure quomodolibet competentibus ubicumque , qua-
litercumque , & quomodocumquc vacare contigerit Jufpatronatus , &
prícfcntandi perfonas idóneas quoad Vicárias pra:diclas per Ordina-
rium loci , ut prsefertur examinandas , & approbandas , ac in eis iní-
tituendas , quo vero ad Dignitates , Canonicatus , & Prabendas , nec-
non Beneficia erigcnda huiuímodi in eis per didtum Nunium Epiíco-
pum , & pro tcmpore exiftcntem Summum Capellanum Sacellanum
maiorem nuncupatum privativc quoad Ordinarium loci ctiam inftituen-
das pfítdidbo Joanni Regi , ejufque in ditSto Regno íucceíToribus Re-
gibus pra;di£lis eadem audioritate noftra fimiliter perpetuo referves
concedas , & afilgnes , ac Jufpatronatus , & pracfcntandi hujufmodi
pradido Joanni Regi , ejufque in diclo Rcgno fucceíToribus Rcgi-
bus príçdiílis non ex privilegio Apoílolico , fed uti ex vera prima:va
reali , &a61:uali, plena, integra, & omnimoda fundatione , & perpe-
tua dotatione laicali ex bonis mere laicaíibus fa^lis competere, & ad
illas , illos , &: iila pcrtinere , & uti tale fub derogatione Juriípatro-
natus ex privilegio Apoílolico , vcl confuctudine , aut prefcriptiona
acquiíiti nullaterius comprehendi , nec illi uUo unquam tempore,
ctiam cujufvis litis pendenti<E vcl vacationis príediclorum Digniíatum,
ac Canonicatuum & Prírbendarum , & Beneficiorum hujufmodi apud
,

Sedem eamdem ,etiam ex refignationis ex caufa permutationis , aut


alio quocumque príçtextu , &
ex quavis alia caufa quantumvis urgen-
tiííima , & legitima , etiam per Nos, & quofcumque Romanos Pontí-
fices fucceílbrcs noftros pro tcmpore exillentes derrogari pcíle decer-
nas , ac cidem CollegiatíE Ecclefias , ut pra:fertur erigcndge , ilhufque
Decano , Capitulo , &
Canonicis , ac Beneficiatis , & Manfionariis
praedidi , ut omnibus , &
íinguíis priviíegiis , prscrogativis , antianita-
te , im^munitatibus , exemptionibus , libertatibus , facultatibus , indul-
íis , gratiis
,
indulgentiis , etiam plenaris peccatorum rcmiííionibus
tam pro vivis , quam pro defunílis , per quofcumque Romanos Poa-
tifíces , Pra-deceíTorcs noAros , ac nos , &
Sedem praidiélam, ac illius
etiam de Latere Legatos Rcgiíc Capellac hujufmodi iii Collegiatam
Ecclcíiam infignem , ut prícfertur erigenda; quomodolibet conccííis
quibus diéla Regia Capella in Collegiatam iiiíignem Eccleíiam , ut
pritfertur erigendaí , illiufque pro tempore exiilens Summus Capclla-
nus SaceUanus maior nuncupatus , «Sc Capcllani pr£cdi£li , nccnon
Chriíli íideíes iílam pro tempore viíitantes de pr^efenti utuntur , fru-
untur, & gaudent, ac uti frui , ,gaudere poffuiit íimiliter, & pa-
riformiter , ac fine ulla prorfus dilíerentia non folum ad eorum inf-
tar
1 6 8 T^rovas do Liv. V 11. da Hiflcria Çenealogka

tar fed íeqiie principaliter uti , frui , potiri ,


, gaudere poíllnt , & &
valeant perinde , ac fi illae h principio Collegiatae EccleíisE erigendíE
hujurmodi ,
illiufque Decano ,
Capitulo , Canonicis , Benefíciatis , ac
JMaiiíionariis pr.Ttíiílis conceda fuilFent , dummodo tamen illa íint iii

uíu , & haélenus non revocata , nec fub aliqua revocatione compre-
hcnía ac Sacris Canonibus ,
, & Concilii Tridentini Decretis non re-
pugnent , necnon , ut omnia , quaícumque ftatuta , &
ordinationes &
circa regimen , &
gubernium CoUegiatae Èccleíiae erigenda: hujufmo-
di , illiufque perfonarum neceíTana , opportuna licita tantum , & &
honefta , ac Sacris Canonibus , Concilii &
Tridentini Decretis prícdi^
£lis rninime adverfantia cum confenfu didi Joannis Régis , ejufque
in diâioRegno fucceíForum Regum príudiólorum condere & pro re- ,

rum & temporum varietate alterare & immutare príeviis tantum


, ,

femper dicl:i Nunii Epifcopi & pro tempore exiílentis Summi Ca- ,

pellani Sacelíani maioris nuncupati examine , & approbationibus libe-


re , &
licite poffint , valeant , ac ut tam & Decanus ,
quam ali^e quin-
que Dignitates , & odlodecim Canonici praediéti fupra Cottam Moz-
zettam cum Capuccio coloris nigri à parte foris , & à parte intus co-
loris rubicundi , Bcneficiati vero Mozzettam íine Capuccio intus , &
foris coloris nigri ; in Advcntus autem , & Quadrageíimas tempori-
bus Decanus , & reliquíc quinque Dignitates , ac Canonici prírdidti
Cappam niagnam coloris nigri cum Capuccio ex parte feris coloris
nigri , & h parte intus coloris violacei ^ Beneíiciati vero Cappam
magnam fine Capuccio tam foris ,
quam mtus coloris nigri tam in
Collegiata Ecclcíia erigenda hujufmodi , illiufque Capitulo , & Cho-
ro , quam extra illam in quibufvis procefllcnibus , etiam Capitulari-
bus , alíifque publicis , &
privatis aílibus , & funfíionibus, ac alias,
iibique locorum deferre &
geftare \ ac illis uti refpeíftive libere ,
, &
licite poffint , cc valeant auéforitate noílra prsedi(íl:a refpeélive con-
cedas , &
indulgeas , ac eafdem pr^efentes , in eis contenta quíc- &
cumque , etiam ex eo quod caufíe propter quas prxmiífa omnia , &
ííngula fa£|-a fuerint coram Ordinariis locorum tamquam Sedis prse-
dicíse , vel alias examinatae , verifícatse , approbatíe , juíli-
Delegatis
fjcatíE, ac quicumque in prgemiííis jus , vel intereíTe habentes, feu
Jiabere prartendentes cujufvis gradus , ordinis , prseminentise , vel
Dignitatis , etiam Cardinalatus , feu alias fpeciíica , individua men- &
tione digni exiíbnt eifdem pnxmiflis , eorumque fmgulis non confen-
ferint , nec ad ea vocati , feu auditi fuerint , etiamfi confentire , feu
vocari , i& audiri debuiííent , aut ex alia quantumvis jurídica , legi-
tima , 8í priviíegiata caufa , &
quovis alio colore , pra:textu , ca- &
pite , etiam in corpore júris claulb uUo unquam tempore de fubrep-
tionis , vel obreptionis , feu nuUitatis vitio , aut intentionis noílríe,
aliove quolibet etiam quantumvis fubfíantiali defeélu notari , impug-
rari infringi , in controvertam vocari ad términos júris feduci , aut
,

adverfus júris , fa<^i , vel gratia; remedium inten-


illas quodcumque
tari , vel impetrar! nullatcnus polfe , fuofque plenários , Íntegros , &
irrevocabiles , perpetuofque effcíbus fortiri , obtinere debere , ac &
ab omnibus ad quos fpeAat , & quandocumque , & quomodocumque
pro
,

pro tcmpore fpcdíihit inviolabiliter obrervari , ficque , & non alias ,


per òuoícumque Jiiciices Ordinários , vel Dclegatos qiiayis auélorita-
tc fiingcntes , ctiam cauíarum Palatii Apoftolici Auditores , ac per-
ái'^x Sanchís RomaiiíE EccIeíiíE Cardinales , etiam dc Laterc Lega-
tos , Vice-Legatos , Sediíque prxái^x Núncios judicari , & definiri
debcre , & fi íecus íiiper his à quoquam , quavis auíloritatc fcicnter,
vel ignoraatcr contigcrit attentari irritum , &
inane eadcm audorita-
te noftra decernas , non cbftantibus iioftris , &
Cancellariae Apoílo-
licaí prcediólíE regulis de Jurequítfito non toUendo , ac de gratiis ad
inftar non concedendis , &dc unionibus , aliifque íimilibus gratiis ad
partes committendis vocatis omnibus quorum intereft , ac de expri^
mcndo vero annuo valore , necnon Lateraneníis Concilii noviíííme
celebrati uniones perpetuas , nifi in caíibus h Jure permiílis fieri pro-
hibcntis , &
aliis Apoftolicis , etiam in Univerfalibus , Provincialibus,
& Synodalibus Conciliis cditis , vel edendis , generalibus , ípecia- &
libus Conftitutionibus , &Ordinationibus , fub «quibufcumque teno-
ribus , & formis , ac cum quibuíVis derogatoriarum derogatoriis
aliifque efficacioribus efficaciílimis , & infolitis claufulis , necnon irri-
tantibus , & Decrctis in genere , vel in fpecie ,
aliis &
alias in con-
trarium pra^miíTorum quomodolibet conceílis , approbatis , innova-&
tis , etiamfi pro illorum fufficienti derogatione de illis , eorumque to-
tis tenoribus fpecialis
,
fpecifica , expreíTa , &
individua , ac de ver-
bo ad verbum , non autem per clauíulas generales idem importantes
mentio , ícu quíevis alia expreílio habenda , aut aliqua alia exquiíita
forma ad hoc íervanda foret illorum tenores pro plene , &
fufficien-
ter , ac de verbo ad verbum infertis habentes illis alias in luo robô-
re permanfuris ad prasmiíTorum validiflimum efFedtum hac vice dum-
taxat Ipecialiter , &
expreíTe harum ferie derogamus , cícterifque con-
trariis quibufcumque. Datum Romae apud Sanftum Petrum , anno
Incarnationis Dominica; , inilleílmo feptingentefimo nono Kalendas
Martii , Pontifícatus noftri anno decimo. Loco >^ Plumbi. Super
quibus Ego Notarius publicus infrafcriptus prefens Tranfumptum
confeci , &
fubfcripíi , ut perinde valeat , ac litterse Originales , A6t.
ut fupra prefentibus D. D. Joanne Nolen , &
Gabriele Liber tefti-
bus. =i Pra^infertse litterse Apoílolicíe cum fuo Originali revifíÇ con-
coidant ....

Tom. V. Y Bul/a
,

lyo Trovas do Liv, VIL da Hijloria Çonealcgica

, Bulla ^urea do Papa Clemente XI, da erecça'6 da Santa Igreja


Patriarcal de Lisboa, Romano do aimo
Ejiá impre/a no Bullario
de iy2y tom, S pag, lyz
^ ,
e no (jue Je impri mio em Roma do
;

Papa Clemente XI. no anno de lyz^ a pag. 22 e Je impri'


,

mio em Roma no anno de iyi6 e anda na CoUeccao^ que fez o


^

Marquez de Fontes enta^ Embaixador na Curia e na de Franc^


, ,

Jbrt imprejfa em lyzp ConJiitmqa1> 86 pag, 4y8,


, ^

CLEMENS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI.
Ad perpetuam rei memoriam.

Num. 1 1 1 Supremo Apoftolatus Sólio, meritis licet imparibiis , Divina


. * difpofitione conílituti ,
paftoralis Officii noí>ri partes circa ea li^
An. 17 Io. [jenter interponimus , per quíc Orthodoxis Regibus , aliifve de Apof-
tolicâ Sede , &
Catholica Religione optimè meritis Principibiis , ií-
luftria grati animi noftri argumenta exhibere poílimus , illofque prse
casteris ,
qui validis fubíidiis communem
Chriftianse Reipublics caii-
fam adversus teterrimos Hoíles adjuvare íatagunt , pra^cipuis
illiiis

ac verè íingularibus Pontifícias iargitatis gratiis profequamur.


§. I vSane cum immanifíimus Turcarum Tyranniis poílquam Divi-
nis omnibus , ut notum eíl , atque humanis legibus infradhs , diriim,
atroxqiie bellum fuperiori anno diledis Filiis Nobilibus Viris Duci
& Domínio Venetoriim nequiílimè intulerat , felici , ac celeri Pelo-
ponnefi expugnatione fummoperè elatus , ac niiiil jam íibi impervium
lore confídens , non Venetas tantum , fed & alias Chriftianorum
Principum Províncias ingenti , & forfan antehac inaudito terreftrium,
maritimarumquc copiarum apparatu , hoc príEÍenti anno aggredi , ac
cladibus involvere , potiffimúm verò Infulam , & Civitatem Corcyras,
fecuritatis Italicíç propugnaculum , oppugnare moliretur. Nos tot
tantifque Eccleíise , ac Reipublicre , imo &
temporalis noílrse Ditio-
nis periculis vehementer commoti , primíim quidem ad Eum , qui
potens eft in praelio , toto corde clamavimus , ut fecundum multitu-
dinem mileraiionum fuarum redimeret Nos à malis , nec daret hsere-
ditatem fuam in opprobrium , deindè verò Gatholicos Príncipes, om-
ni paterníE criaritatis contentione bortari non príctenniíimus , ut la-
benti rei Chriftianse opem ferrent , ac eademmet , quibus nuper inter
fe diy"ladiati fuerant , arma in Bárbaros converterent.
§. 2 Cumautem inter illos ChariíTImus in Chrifto Filius noíler
Joannes Portugalliaí , &
Algarbiorum Rex illuílris eximise , non mi-
nus fu£e pietatis ftimulis, quàm Officiis noftris adduólus , in primis
verò clariílimis Majorum íuorum Portugallia^ Regum , dc Òrthodoxse
Fidei tuitioae , ac propagatione meritiílimorum exemplis excitatus
nullis
da Caía ^eal Tortuguei^â. iji
millis incommodis ,
nullifque expeníís , qiiantumvis graviííimis , par-
cens , fummo zelo, lummâqiic , ac penè incrcdibili liberalitate , &
alacrilate , in auxiJium Chriftianx Claílis validiíllmum qiiamplurium
bellicarum , munitiíllmariimqiie Navium íub/idium quàm citiíTimè traiif-
milerit ; Nos probè fcientes príediílum Joannem Regem pluribus ab-
hinc annis , pio defiderio motum habendi in fuo PaJatio RcgioUlyf-
íiponenfi unam Cathcdralem Ecclefiam , íummoperè cxoptaííe , ut Ée-
ciilaris , ac inílgnis Collcgiata liccleíia in eodem Palatio , fub invo-
catione Divi Thom.T Apoftoli , alias à Nobis ereda , & inílituta in
Cathedralem Eccle/inm hujufmodi , fub invocatione Aííumptionis Bea-
tiííima; Mariíc Virginis crigatur ; proptercaque Civitas , & Diaxefís
Ulyffiponeníis in duas partes dividantur , & in eis duo Archiepifco-
patus conílituantur , Civitatem vem Ulyíliponenfem pra:di6í-am , Luíita-
ni£e Metropolim , tum ob maritinium Portum, continuam frequentiam
omnium Gentium &
Nationum , omnigenam mercaturam ac divi-
, ,

tiarum abundantiam , tum ob ingentem numerum Ecclefiarum , Mo-


nafteriorum , & Couventuum tam Virorum , quàm Mulierum , Con-
íraternitatum , Hoípitalium , aliorumque Locorum piorum , tum de-
nique ob plurimas nobiliílimas familias , multofque Viros in iliuílri-
bus gradibus conftitutos , & tam literis , quàm armis confpicuos , to-
tó Orbe Terrarum celeberrimam eíTe , proindeque hujuímodi pra^ro-
gativa fummopcrè dignam , ipfafque Civitatem , & Dioeceíira Ulyffi-
poncníbm tam ob laicalem Populum , quàm ob Clerum fecularem , &
Regularem valdè numerofas , necnon frudtus , reddiólus , & proven-
tus , MenfíE Archiepilcopalis Ulylliponeníis , cujus Eccleíia ad pr^e-
fens Paítoris íblatio deftituta , ut accepimus , cxiftit , ad duorum
Archiepifcoporum poílquam Civitas , & Dioccefis Ulyííiponenfis hu-
juímodi in duas partes divifas fuerint , & in prsediélis duabus parti-
biis , mediante unius novi Archiepifcopatus ereòlione , duo Archie-
pilcopatus conftituti fuerint, commodam, congruamque fubílentatio-
nem fufficientiílimos exiftere.
§. 3 Volentes eidem Joanni Regi aliquod fmgulare noftri grati
animi argumentum prasbere , ad maiorem Dei gloriam , & Divini
Cultus augmentum , attenta amplitudine ejufdem Dioecefis Ulyííipo-
nenfis , motu próprio , non ad aíicujus Nobis fuper hoc oblatse peti-
tionis inílantiam , fed ex certa fcientiâ , ac matura deliberatione nof-
tri , deque Apoítolicíe poteftatis pienitudine, Civitatem, & Diocce-
fim Ulyíliponenfem prafatas in duas partes dividimus , ac unam tam
Civitatis , quàm Dioecefis diviíarum hi^jufmodi partem verfus Orien-
tem , antiquo Archiepiícopatui Ulyíliponenfi relinquimus , alterr m ve-
ro partem verfus Occidentem , novo Archiepiícopatui per Nos , ut
infra erigendo , aíí'gnamus ; itaut in pofterúm perpetuis futuris teni-
poribus pro tempore exiílens Archiepiícopus UlyíTponeníis , q^iii me-
dietatcm Civitatis , necnon medietatem Dioeccfis Ulyííiponeníis ver-
fus Orientem habuerit , Archiepifcopus UlyíUponenfís Orientalis;
futurus vero , ac pro tempore exiílens Archiepifcopus Ulyílipo-
nenfis , qui medietatem Civitatis , itidemque medietatem Diceceíis
UlyíFíponenfis verfus Occidentem pariformiter habuerit ,
Archiepif-
Tom. V. Y ii copus
ijl trovas do Liv. VIL da Hlfloria Çenealcgka
copus Ulyíííponeníis Occidentalis refpeílivè nuncupari debeaiit.
§. 4 Diviíionem autem prasdiclae Civitatis Ulyíííponenfis in duas
partes , ut infra , faciendam eíTe decernimus , prout vigore prícíentium
facimus , unamque partem ab altera dividimus , & feparamus , itaut
Civitas Ulyffiponeníjs antiquior , cum fuo Caílello , & fuburbio Ori-
entali , ad pro tempore exiílentem Archiepifcopum UlyíFiponeníetn
Orientalem , fuburbium verò Occidentale , quod nova Úlyííipo nun-
ciipatur , ad futuram , & pro tempore exiftentem Archiepifcopum
Ulyííiponenfem Occidentalem rcfpedivè nuncupandos , refpeólivè per-
tineant , unaque pars ab altera diílinguatur per antiquiores muros Ci-
vitatis , nempè per murum Civitatis Portas Confolationis , per mu-
rum Coftâ de Caílello , ac per murum , & Portam Sanóti Andrese , &
quidquid inde eíl , cum Civitate antiquicri in parte Orientali , una
cum Parochialibus , aliifque Ecclefiis , Monaíleriis , Conventibus , &
Locis Piisquibufcumque ad Orientalem , quidquid verò exiftit in
parte Occidentali , feu nová Ulyííipone, fimiliter cum Parochialibus,
aliifque Ecclefiis , Monaíleriis , Conventibus , pariterque Locis Piis
quibufcumque ad Occidentalem refpe^livè nuncupandum Archiepifco-
pum pro tempore ex ftentem fpedlare , & pertinere debeat ; Dioece-
íim verò UíyíTiponenfem paritormiter in duas partes dividimus , ac
partem Diíxcefis UlyíUponeníís , verfus Orientem pro tempore exif-
tenti Archiepifcopo Ulyíllponenfi Orientali, partem verò ejufdem
Dioeceíis Ulyííiponenf.s , verfus Occidentem futuro , ac pro tempo-
re exiílenti Archiepifcopo Ulyíliponenfi Occidentali refpedtivò nun-
cupandis , íimiliter refpeélivè fubjicimus , & aíFignamus.
§. 5 Linea autem diviforia diílíe Dioecefis UÍyíFponeníis incipiet
à Locis de Arroios, Campo grande, Povoa San£l:i Adrian; , & Ar-
ruda , cum toto Território de Alenquer , qua parte terminat cum Ter-
ritonò Yiilarum de Ribatejo, & exinde Moinho novo, Otta, Cer-
cal , Sanche ra , cum Coutos de Alcobaça , ufque ad confinia Epif-
copatus Leyrienfis , includendo omnia pra^di6^a Loca , Oppida , Sz
Viilas , cum fuis Territoriis Dependentiis , Terris , Populationibus ,
omniaque alia , qux, intra hanc lineam , & littora JVIaris Oceani repe-
riuntur ad pro tempore exiftentem Archiepifcopum Ulyííiponenfem
Occidentalem jiuncupandum , fpe^Slare , & pertinere debeant ; Cate-
ra verò Loca , Oppida , & Á-^illas , quíe ex hac lineâ cxclufivè repe-
riuntur , ulque ad Ripas Tagi , & Confinia Jurifditflionis de Tho-
mar , cum omnibiis fuis Territoriis , Diftriílibus , & Dependentiis ad
pro tempore exiftentem Archiepifcopum Ulyfiiponenfem Orientalem
paiiter nuncupandum , fpeòlrare , & pertinere debeant ; ex altera autem
parte lagi , Territorium de Setuval , qua fe extcndit intra Flumina
Sado , & Canha, ufque ad confinia Arch epifcopatiis Elboreníis cum
omnibus Locis, Oppidis , & Villis, eorumque Territoriis , & Depen-
dentiis , ad pro tempore exiftentem Archiepifcopum Ulyííiponenfem
Occidentalem ; Territorium verò de Sanclarem ultra Tagum intra
Ilumina Divor, & Caftellum de Aímourol , ufque ad coníinia Epif-
copatus Portalegreníis , etiam cum Locis , Oppidis , & Territoriis ad
pro tempore exiftentem Archiepifcopum Uiyffponenfem Orientalem
reipeólivè
,

Caja T^eal Tortuguei^a» 173


rerpet^ivò niincupandos , fimiliter refpeâ:ivè fpcílare, &
pertinere
dcbeant ; Ia priudidis autem parte Civitatis , ac parte Dioeceíis Ulvf-
íiponcnlis verfiis Occidentem pro futuro Arcliiepifcopo Ulyííiponeiiíi
Occidental i nuncupando fic , ut prí^íertur , conftitutis , & aílígnatis
novum. Archiepiícopatum Ulyííiponenfein Occidentaleai nuncupandum
pro uno vero , & futuro Arcliiepifcopo Ulyíliponenfi Occidentali
nuncupando ad nominationeni pra^didVi Joannis Régis, ejufque in Por-
tugalliíc , & Algarbiorum Regnis fuccefibrum Regum pro tempore
exiílentiuin , ut infra , eidem Arcliiepifcopatui Ulyífiponenfi Occi-
dentali nuncupando Apoílolicâ au6toritate príEÍicicndo , qui novus
Archiepifcopus Ulyííiponeníis Occidentalis nuncupandus in nuUo pe-
nitíis altcri Ar:hiepifcopo Ulyííiponeníi Orientali nuncupando , aliif-
que quibufcumque Archiepifcopis , Príslatis , & fupcrioribus quocum-
que nomine nuncupatis fubjeâ:us fit ; fed ab eis , ecrumque Jurifdi-
d^ione , &: fuperioritate penitíis , 8c omninò exemptus , ac dumtaxat
Sedi ApoílolicíE immediatò fubjeélus exiílat , erigimus , & inftituimus;
diòtamque fecularem , &
iníignem Collegiatam Eccleílam fub invo-
catione Divi Thoms Apoftoli in pra;di6lo Palatio Régio , ut pnxfer-
tur, exiílentem , prieviâ fuppreíTione denominationis , & tituli iníig-
nis Collegiat;i£ Ecclefia: ejufdem Divi Thomge Apoíloli , in verani
Archiepifcopalem Sedem , &
Eccleílam Metropolitanam UÍyíFiponen-
fem Occidentalem nuncupandam fub invocatione Aííliniptionis Bea-
tiílimse Virginis Maria: pariformiter erigimus , & inftituimus , ac no-
mine Archiepiícopali , &
Metropolitano Ulyííiponenfi Occidentali
iníignim US, &
decoramus , ac volumus, quòd ipfa Collegiata Eccle-
íia
,
qux ex fex Dignitatibus , odlodccim Canonicatibus , totidemque
Pra:bendis , quas , &
quos obtincntes illius Capitulum conftiíuebant,
necnon ex duodecim perpctuis Beneíiciis Ecclefiaílicis conílituebatur,
in Cathedralem ereíla eodem numero Dignitatum Cancnicatuum , &
PnTjbendarum , quas & quos etiam obtincntes illius Capitulum fiinili-
ter conílituant , necnon eodem numero Beneíiciorum coníl ituatur
quorum tamen Canonicatuum tres in Poenitentiarium, Theologalem ,
& Do^ítoralem refpevfí:ivè Canonicatus per ipfum Joannem Regem
deíignandi erunt fervatis tamen in pra:fentatione , collatione , &inf-
,

titutione Canonicatuum Poenitentiarii , Theologalis , & Dofloralis


hujufmodi , tam circa setateni , quàm circa idoneitatem, aiiafque qua-
litates Concilii Tridentini Decretis.
§. 6 Cumquedidta Cathedralis Eccleíia Ulyííiponeníis Occiden-
talis nuncupanda , olim , ut praefertur Collegiata Ecclefia , nunc ad
,
hujufmodi fublimitatem , honorifícamque excellentiam fubliraata exif-
tat , diélufquc Joannes Rex , ut accepimus , in ea Dignitates , & Ca-
nónicos habere , qui certas , 8z peculiares qualitates habeant , ad hoc
ut ad altiores Dignitates , &
Cathedralium Eccleliarum regimina
promovcri , feu prxfentari poíTint fummopere defideret, eidem Joan-
ni Regi , ut nonnuUos ex Dignitates, & Canonicatus , Prseberfdas
hujufmodi, ac Bineíicia pr^fata nunc obtínentibus pro hac vice tan-
tíim ab eis removere , aliof^ue in eorum locum fubrogai"e , dummo-
dò tamen prius indemnitad eorum , qui ílc rcmoti fuerint , faltem
íequiva-
,

ij^ T^rovas do Liv, VIL da Hifloria Cjenealoyica

íequivalenter , confultum fuerit , liberè , & licitè poííit , & vaícat , &
íic remoti à Dignitatibus , aut Canonicatibus ^ & Pr?wbendis , feu Be-
neíiciis hujiiímodi quâvis rationc, & fub quovis prxtextu , etiam
triennalis poíleílionis juvari non poíTint , nec remotioni hujufmodi
contradicere , & íe opponere valeant , ac pro remotis Apoftolicâ au-
<5^oritate haberi volumus , &
mandamus , tcnore prsefentium , motu
pari concedimiis , & indulgemus. A d hoc aiitem , ut tam Archiepif-
copus Ulyíliponciiíis Orientalis , quàm Archiepifcopus UlyíTiponeníis
Occidentaiis pro tenipore exiáentes ultra propriam , & diílinclam
Dicecefim , ac proprium , & diílindbum Territorium , cum própria ,
vera , & particulari aiicloritate , jurifdi(51ione , & potefrate in ciijuf-
que eorum íiibditos , & Dioccefaiios habere valeant , Archiepiícopo
Ulyíliponeníi Orientali pro tcnipore exiílenti , ut audoritatem , jurif-
diclionem , & íliperioritatem in Clerum , Populum , in Caílra &
Oppida , Villas , Territoria , Diftriótus , Ecclefias , <Sc Perfonas tam
fíKciilares , quàm Eccleíiafticas exiftentes , & exiftentia in medietate
Civitatis , & medietate Dioccefis Ulyíliponeníis verfus Orientem ei
ut praífertur , aíítgnaíis , habere debeat , & eas liberè , & licite exer-
cere valeat, ac Loca, & Períoníe hujufmodi ejus juril'di6líoni , fubje-
(Stioni vifitationi , & corredlioni femper , & perpetuo fubjeíla rema-
ncant , citra tamen praejudicium Períbnarum , feu Locorum , forfan
habentium privilegia exemptionis ab hujufmcdi viíitatione , qusc íír-
nia, & illíefa remanere , & ut antea ab hujufmodi viíitatione exempta
refpeílivè eííe debeant.
§. 7 Necnon eidem pro tempere exifíenti Archiepifcopo UlyíTi-
poneníí Orientali ultra jurifdidlionem. , auíloritatem in Perfonas,
Sz
& Loca in medietate Civitatis , & medietate Dioeccfis Ulyffiponeníis
hujufmodi verfus Orientem íic , ut prísfcrtur, ei aíFgnatis , collatio-
ncs proviíiones , &
omnimodas alias difpofitiones Dignitatum , Ca-
nonicatuum & Prabendarum , Perfonatuum , Adminiílrationum , Of-
,

íiciorum , cíeterorumque omnium , & fmgulorum Beneíiciorum Eccle-


íiafticorum cum
cura , &
ííne cura , ac Prsefentationes , EleéViones ad
illa , confirmationes , &
inílitutiones in eifdem antea in tota Civita-
te , &tota Dioeceíi Ulyííiponenfi prísdefunílis Archiepifcopis Ulyíli-
ponenfibus competentes , íalvis tamen , íHíeíís femper remanenti- &
bus , refervationibus , &
aífedlionibus Apoílolicis , abfque prseju- &
dicio pra:fentationis Beneíiciorum Jurifpatronatus Regii , &: Laicalis
in poíleriim pro medietate tantum Civitatis UlyíPponenfis , medie- &
tate Dioeceíis Uiyíliponeníís hujufmodi verfus Orientem íic, ut pr^e-
íertur , íibi aílignatis , relinquimus , aíFgnamus , eidem pro tem-&
pore exiílenti Archiepifcopo Ulyíliponeníi Orientali Egitanieníi ,
Portalegrenfi , Promontorii Viridis , Sandi Thomse , Congeníi &
Epifcopales Eccleíias modernofque, &
pro tempore exiílentes illarum
refpeílivò Pra^íuíes , feu Adminiftratores pro fuis , pro tempore &
exiílentis Archiepifcopi Uiyíliponeníís Orientalis lliíFraganeis ,
qui
tanquam memora capiti pro tempore exiílenti Archiepifcopo Ulyííi-
ponenfi Orientali jure metropolitico liibíint ,
dcíígnamus , & deputa-
miis \ ita quòd idem pro tempore exiílens Arcliiepifcopus Uiyf^po-
nenfis
da Cafa %eal Tortugues^a. 175
neníis Oricntalis in eifdem Egitanienfís , Porralegrenfis , Promontorii
Viridis , Sandi ThomiE , &
Congenfis Civitatibiis , Dioecefis jus &
metropoliticum fibi vindket , &
Egitanienfís , Portalegreiííis , Pro-
montorii Viridis , Sandi Thomae , &
Congenfis pro tempore exiftcn-
tes Epiícopi eidcm pro tempore exiftenti Archiepifcopo Ulyííiponen-
fi Orientali ad omnia , & fingida teneantur , & fint adftridi , ad quae

fiiffraganei quicumque fuis Metropoliticis Ecclefiis , & Metropolita-


nas juxta canónicas íandliones tenentur , & obligati exifiunt , ac ci-
dem pro tempore exiftenti Archiepifcopo UlyíTiponeníi Orientali
pra:dicl:os fuos fuffraganeos confecrandi Provincinles Synodos evo-
,

candi , ac cum eifdem fuíFraganeis Ecclefiaítica negocia agendi , (de- &


fini endi , caufas quarumcumqiie appellationum , five querelas juxta Sa-
crorum Ginonum , &
Concilii Tridentini Decreta cognofcendi , ora-
niaque alia , &
fingula quíECumque , quse de jure , ufu , confuetudine,
aut alias quoquomodo ad Archiepiícopos , &
Archiepifcopale múnus
fpeólare , &
pertinere folent , &
príecisè ad antiquum Archicpifco-
pum Ulyííiponenfem antea fpedlabant , &
pertinebant in medietate
tantum Civitatis Ulyífiponenfis verfus Orientem , &
medietate tan-
tíim Dioe:elis Ulyífiponenfis hujufmodi etiam verfus Orientem fie ei
pro fuis Archiepifcopatu , &
Território , à Nobis per praefentcs reli-
(51:is , & aílignatis , gerendi , &
exercendi plenam , liberam , omni- &
modam facultatem , &
audtoritatem relinquimus pariter , aífigna- &
mus.
§. 8 Pro tempore vero exiftenti Archiepifcopo Ulyffiponenfi Oc-
cidentali ,
qui femper eíTe debeat Sacellanus maior diéla^ Regia: Ca-
pellíc , ut ultra gratias , privilegia , pr^erogativas , & indulta , quibus
frui debebit uti Sacellanus maior Rcgiae CapellíE , &
prsecisè ultra
Jurifdiólionem fpiritualem , &
temporalem , quíe ei competere debe-
bit fuper Familiaribus Regiis , aliifque Perfonis juxta formam , te- &
norem privilegiorunt eidem Sacellano m.aiori alias conceíTorum , ubi-
cumquc domicilium habcntibus , feu habituris , etiam ipfe jurifdiflío-
nem , &
auíloritatem in Glerum , Populum , Caftra , Oppida , Vil-
las , Territoria , Diftriíftus , Ecclefias , &
Perfonas tam fxculares^.
quàm , & Regulares
Ecclefiafticas exiftentcs , & exiftentia in medie-
tate Civitatis , & medietate Dioecefis UlyflTponenfis hujufmodi ver-
fus Occidentem ei fie , ut pricfertur aííígnatis , habere debeat , ac eas
liberè , & Ucitè exercere valeat , ac Loca , & Perfon.T hujufmodi ejus
fubjeótioni , vifitationi , & correítioni femper , & perpetuo fubjeíí^a
reraaneant , citra tamen prxjudicium Perfonarum , feu Locorum for-
fan habentium privilegia exemptionis ab hujufmodi vifitatione quíE
,
firma pariter , & illaífa remanere , & ut antea ab hujufmodi vifita-
tione exempta refpe6livè eíFe debeant ; necnon eidem pro tempore
exiftenti Archiepifcopo Ulyfliponenfi Occidentali ultra jurifdidionem,
& auéloritatem in Perfonas , & Loca in medietate Civitatis , & me-
dietate Di(x;cefis Ulyííiponeníis hujufmodi verfus Occidentem fie , ut
prxfertur , ei afiignatis , collationes , provifiones , & omnimodas
alias difpofitiones Dignitatum , Canonicatuum , & Prsehendarum Per- ,

fonatuum , Adminiftrationum , Officiorum , crí:terorumque omnium ,


,,,

17^ Trovas do Liv. VIL da H!flor ia Çeneaíogka


& íingulorum Bcrscfícicrum Ecclefíaílicorum ciim zw:i , 5c fmc cura,
ac prii:íeiit*»:ioiics , eicdliones ad illa , confírmationes , & ii-ílitntiones
iii eifdcm antca in toti Civitatc , & totâ Dioeceíi Uijilíponenfi prís-
defunólis ArchiepifcopisUljíllponenfibus competentes íalvis tamen ,
ik íeiíiperillítíis pnriter remaiicntibiis reícrvationibus , & aíFeélioni-

bus Apoílolicis 5 & ablqiie pra:jiidicio prxfeníationis Beneíkioriini Ju-


ri ípatronatus Rcgii , &
Laicalis , in pofterum pro meoictate tantíim
C^ivitatis Ulyíílpcnenfís, ac medictate tantum Dioeceíis Ulyíiiponeníis
verfus Occidentem , fic , ut prxíertur , pro tempere exiílenti Archi-
epiícopo Ulyííjponeníi Occidentali aíllgnatis , íimiliter concedimus
& refpeí5tiv^è indiilgemus , eidenique pro temporc exiílenti Archiepií-
copo Ulyííiponenfi Occidentali Leyrienfi , Lamaceníi , Funchaleníi
Sc Angreníi , Epifcopales Eccleíias , modernofque , pro terr.pore &
exifcentes iUaruni rcfpeé^ ivè Pra-fules , leu Adminiílratores pro luis
& pro tenipore exiílentis Archiepifcopi Ulyíliponeníis Occidentalis
fuíFraganeis , qui tanquam membra Capiti , eidem pro tempore exil-
tcnti Archiepiícopo UiyíHponcnfi Occidentali jure Metropolitico
fubjaceant , eique obcdientiam , & revercntiam , tanquam próprio Me-
tropolitano , príEilare debeant , íimiJiter deítgnamus , deputamus ; &
ita quòd idem pro tempore exiílens Archiepiícopus UlyíTiponeníis
Occidentalis in eildem Leyrieníí , Lamaceníi , Funchalenfi , An- &
grenfi , Civitatibus , &
Dioeceíibus jus Metropoliticum habeat, &
habere dcbeat , &Leyrienfes , Lamacenfes, Funchalcnfes , An- &
greníes Epiícopi eidem pro tempore exiílenti Archiepiícopo Ulyíli-
poneníi Occidentali ad omnia , &
fmgula teneantur , èc íint adílridi,
ad quíc fuffraganei quicumque de jure , ufu , aut coníuetudine tenen-
tur , &obligati exiftunt , ipfique pro tempore exiftenti Archiepiíco-
po Ulyílíponeníi Occidentali pr^efatos íuos fuífraganeos confecrandi
Pi ovinciales Synodos evocandi , ac cúm eis etiam Eccleíiaftica nego-
cia agendi , &
terminandi , caufas quarumcumque appeliationum , íive
querelas juxta Sacrorum Canonum Statuta , &
Concilii Tridentini
Decreta cognoícendi , omniaque alia , &
íingula , quíE fimiliter de
jure, ufu, confuetudine , aut alias quomodolibet ad Archiepifcopos,
& Archiepifcopaíe múnus fpedlare , &
pertinere folent, pníicisè &
ad antiquum Archiepifcopum ITlyíliponenfem antea in tota Civitate
& Dia-ceíi Ulyíliponenfi fpeólabaiit , &
pertinebant , in pofteríim in
mcdietate tantum Civitatis , &
medietate tantum Dioecefis Ulyffipo-
iiénfis hujuímodi verfus Occidentem íic ei pariter pro fuis Archiepif-
copatu , &
Território , à Nobis per príEÍentes aííignatis , gerendi , &
exercendi , plenam , &
omnimodam faculta tem , &
audoritatem con-
cedimus , & impartimur.
§. 9 Ut Ulyííiponeníis Oricntalis
autem tam Archiepifcopus
quàm Archiepifcopus Uíyííiponenfis Occidentalis pro tempore exif-
tentes in aílu expeditionis literarurn Apoftolicarum fuper eorum pro-
motione ad diftos UlyíUponenfem Orientalem, Ulyííiponenfem &
Occidentalem Archiepifcopatus ad nominationem didli Joannis Régis,
ejufque fucceíTorum Regum prítfatorum , ut infra, faciendam , ta-
xam 5 íixam 5 & invariabilem in libris Camerse Apoftolicíc , ac cer-
tos ,
,,

da Cafa Keal Tortuguf^a. 177


tos , & diílinvflos fiuclus habere valcant , cum taxâ antiqiii Archicpif-
copatus Ulyííiponcníis in libris Camera; Apoílolica: ad bis mille ílo-
rcnos auri dcicripta repcriatur , & a^quum fit , quòd íicuti dividun-
tur Civitas , & Diocceíis , ita etiam dividantur fru6liis , & onera
voluirrns , & ordinamus , quòd in pofteríjm fruílus Archiepiícopatus
UlyíTiponcníis Orientalis ad inille fiorenos auri, fimiliter fruiStus &
Archicpifcopatus UlvíTiponenfis Occidentalis ad alios mille fiorenos
fimiles reípcdivè in libris Camerse Apollolicíe taxati refpcdlivè cx-
iílant.
§.10 Unicuiquc autem ex príediílis duobus Archiepifcopis Ulyf-
íiponeníibus Orientali , & Occidentali pro tempore exiílentibus illi
frudius ex decimis , & aliis quibufcumque redditibus , proventibus ,
bonis ílabilibus , cenfibus , & aliis hujuOnodi provenientes obveniant,
qui provenire poterunt ex illa mcdietate Civitatis , & medietate Dioe-
ceíis Ulyíliponenfis ei fie , ut príefertur , afllgnatis ; ne antiquam &
Capitulam Ulyfiiponenfem ex hac divifione , difmembratione , ac &
novi Archiepiícopatus Ulyfiiponenfis Occidentalis eredione quoad in-
frafcriptos frudlus , & alia emolumenta ei , ut infra ,
fpeólantia , aíi-
quod detrimentum patiatur tam frudus quàm decima,
, , & alia
emolumenta qux antea eidem aatiquo Capitulo fpeótabant
,
, & per-
tinebant , etiam poft divifionem Civitatis , &
Dioícefís Ulyfiiponenfis,
ac novíe Metropolitanae Ecclefiae hujufmodi ereftionem , ut antea ,
fpe£larc , &
pertinere debeant , ablque eo quod Capitulum , Ca- &
nonici novíE Metropolitaníe Ecclefiíc prscfatas ex príEdiílis decimis
,
fru£l!bus , &
emolumentis ad antiquum Capitulum Ulyíliponenfem
ut prsefertur , fpeílantibus quidquam exigere , Teu príEtcndere va-
leant , etiamfi fruchjs , decim.2c , &
emolumenta hujufmodi ex qui-
bufcuiiique bonis , rebus , &
Perfonis in medietate Civitatis , me- &
dietate Dioecefis Ulyfiiponenfis verfus Occidentem exiílentibus quo-
modolibet proveniant.
§. T[ Ad cfi^ecbum vero, ut ex divifione Civitatis, Dioeccfis &
Ulyfiiponenfis prasfatarum , &
exifi:entiâ duorum Archiepifcopatuum
intra limites ejufdem antiquíe Civitatis, ejufdemque Dioecefis , dif-
cordiíE , «Sc difienfiones non oriantur , cupientes pacem , tranquilli- &
tatem inter Perfonas Ecclefiafiiicas , fummoperè confentaneam , con-
fovere , omnia , &
fingula infrafcripta , qusc jurifdiíSlionem , fuperio-
ritatem , aliaque pro quiete , &
concórdia amborum Archiepifcopa-
tuum refpicere poíTunt , perpetuis futuris ternporibus tam ab Archi*-
epifcopo Ulyfilponenfi Orientali , quàm ab Arcíiiepifcopo Ulyfi^po-
nenfi Occidentali , eorumque rcfpeaivè Vicariis , Ofiicialibus , Mi- &
niftris quocunique nomine nuncupandis ac quâvis auóloritate , fupe-
,

riorltate , jurifdidlione , &


facultate pollentibus , necnon fubditis , &
Dioccefanis tam fsecularibus , quàm Ecclefiafi:icis , firmiter , invio- &
labiliter obfervari debere mandamus. Primò videlicet , quod Confef-
farii, &
Concícnatores , fi à próprio ex duobus prsedidis Archiepif-
copis pro tempore exiírentibus approbati , idonei reperti fuerint &
ad Confefi^cnes audiendas , &
verbi Dei priisdicationes faciendas ia
unâ parte Civitatis , Sc Dioecefis Ulyfiiponenfis , in quâ exifiit diclus
Tom. V. Zl pro-
,,

178 Trovas do Liv. VIL da Hiflor ta (jeneahgua


proprius Archiepifcopus , tunc , & eo cafu , exhibenvdo coram cltero
Archiepifcopo approbationem proprii Archispifcopi , p^Oint in altera
parte Civitatis UlyíTiponenriS , ejufque diílriétu confeííjones audire ,
& Verbum Dei pra^dicare abíque alio examine, aliâqiie approbatione,
led habita tantíim licentia ab Archiepifcopo loci , in qiio ConfcíTio-
nes hujuiinodi audire , &
Verbum Dei príedicare voluerint.
§. 12 Secundo, quòd omnes , & quicumque caíus , qui in uno
ex príEdi6]:is duobus Archiepifcopatibus erunt reíervati , vel in poíle-
ríirn referv^abuntur , pariformiter fmt , & eíTe debeant etiam reíerva-
ti in alio ex pra^didris duobus Archiepifcopatibus , ne fubditi unius

ex prsefatis duobus Archiepifcopatibus hujufmodi committentes ex-


ceíTus , qui in fuo Archiepifcopatu funt reíervati, facilò abfolvi pof-
íint in alio ex prsefatis duobus Archiepifcopatibus , in quo fmúies
cafus refervati non fuerint.
§ 13 Tertiò in eventum fcpeliendi aliquein defundlum unius par-
tis Civitatis , vel Dioecefis in alterâ parte ejufdem Civitatis , vel Dice-
cefis , vel quia in hac alterâ parte fibi elegerit fepulchrum , vel quia
in hac altera parte fepulchrum fuorum Maiorum , & Ccnfanguineo-
rum exiílat , tunc Parochus Defundi aíTociare debeat cadáver ufqiie
ad limites illius Archiepifcopatus , in quo deceíTit , illudque exinde
aíFociabitur à Parocho , intra cujus limites íita eíl Parochia , five Ec-
clefia , in qua cadáver pra^didum erit fepeliendum , dividendo tamsn
inter utrumque Parochum emolumenta debita ratione funeris.
§. 14 Quarto Religiones & Laicorum Confraternitates tctius
,

Civitatis , ç\ux ad prsefens in eâdem Civitate reperiuntur in pofte-


,

rum aííocianda Cadavera & in aliis quibufcumque


, fundionibus tam ,

eundo ^ quàm redeundo incedere poffint per totam Civitatem procef-


íionaliter cifdem modo , Sc quibus ad prssfens incedunt.
forma ,

vei ò Pveligiones , & Laicorum Confraternitates , quse in futurum de


novo fundatac , & inflitutíc fuerint , ad hoc ut in pra:di£l:is fundioni-
bus incedere poííint per totam Civitatem proceíTionaliter , ab utroque
Archiepifcopo licentiam petere debeant, & facultatem.
^.15 Quinto quotiefcumque opus fuerit facere denunciationes
fuper matrimoniis contrahendis in dida Civitate Ulyíííponeníi com-
morantibiis , denunciationes hujufmodi quamvis matrimonium contra-
here , & ad Ordines hujuíinodi promoveri volentes unius partis didíe
Civitatis , ut príefertur , divifse habitatorcs exiftant , non folúm in
eorum Parochiali Eccíeíiâ , verum etiam in una ex Parochialibus Ec-
cleíiis alterius partis ejufdem Civitatis , ut prafertur, divifx, ad hoc
Ut fraudibus obviari poffit , íicri debeant , nec ullo unquam tcm.pore
matrimonia contrahi , ac Ordines tam minores , quàm facri conferri
poííint abfque íide Notariorum vulgo Folha corrida nuncupata utri-
ufque Archiepifcopatus, in qua exprefsò caveatur, quòd tam illi
qui matrimonia contrahere voluerint , quàm illi , qui ad Ordines' príE-
fatos erunt promovendi, nullo canónico impedimento irreliti exiítant,
nuUave criminis infâmia quoad Ordines hujufmodi laborent.
§. 16 Sexto , quòd publicíc Proceííiones , tam in die folemnitatis
Corporis Chriíli ab utraque Cathedrali faciendiS , quàin quse ex con-
fueíudine
,,

da Cafi ^al Tortttgnei^a^ 17^


fu?tiidine vel voto aliis dicbiis fiunt , vel de ca^tero fieri potiierint,
,

nequaqv.am íieri valcant extra limites próprios unius Archiepifcopa-


tus ablquc cxpreísa liccntiâ, facultate alterius Archiepiícopi.
§. 17 Scptimò Miiiiílri , & Officialcs iinius Archiepiícopatus non
poíTinC , ncc debeant in alià parte , &
in alio Dorninio , Territó- &
rio alterius Archiepifcopi deferre iníignia denotantia jurifdiâ:ionem
«Scjuílitiam, iiec taccre per fe ipíbs execiitiones , aut aliquem quani-
vis íibi lubditiim , in carccribiis conjicere , fcd adhibendae erunt Lite-
rx liortatoriíE juxta ílylum Regni Portugallia: ; excepto tamen cafu ,
quo Rei reperti fuerint , vel in aétu fugíe , vel in fragranti crimine
in quibus caíibus Rei conítgnandi erunt Officiali illius Archiepiícopi ,
in cu jus ditione capti fuerint , ad hoc , ut ifte , vel cos puniat, íi de
jure ei competat facultas illos puniendi , vel eos remittat ad Judiceni
íuum , qui de jure debebit procedere ad cognitionem criminis à Reis
hujufmodi commiín.
§. Io 06>avò omnes , f^z qiia^cumque LitcríE ApoftolicíE tam fub
Plunibo quàm fub Annulo Pifcatoris in pollerúm expediendíç , Sc
,

tam gratiam , quàm juftitiam fmiul , vel feparatim concernentes , qua:


pro illarum exequutione commitendae erunt Archiepifcopo , feu Om-
ciaii UlyíTiponenfi
,
quotiefcumque ex eifdem Literis non confabit,
an illarum exequutio Archiepifcopo , feu Oínciali Ulyíííponeníi Ori-
entali , aut Archiepifcopo , feu Officiali UlyíTiponenfi Occidentrdi
commiira fuerit , tunc , & eo cafu hujufmodi exequutio commiíTa ef-
fe intelligatur Arcliiepifcopo , qui jurifdiílionem habuerit , vel fu-
illi

pra perlonam matéria íit perfonalis , vel fupra rem , íi realis.


, íi

§. 19 Nono omnes, &


quacumque caufíe, &
litium contrqveríise,
qux ad pracfens introdu6>íc , & indecifse reperiuntur , continuari , &
tcrminari debeant ufque ad fententiam defínitivam coram eifdem Oín-
cialibus , feu Judicibus , coram quibus introduéVse fuerunt exequu-
tioncs vero faciendae erunt ab Ofticiali illius Archiepifcopi, cui jux-
ta prítdidbam divifionem fpeíVabunt , mediantibus tamen folitis Lite-
ris hortatoriis juxta ftylum Regni Portugalli^e ; illce vero lites , &
controveríiíc , qux de novo movendo , &
introducendíe erunt , judi-
cari , & definiri debebunt ab Ofiiciali illius Archiepifcopi ITlyíl^po-
n^níis , aut Orientalis , feu Occidentaiis
,
qui debebit de jure cog-'
noíccre , &
fuper eis judicare , vel ratione perfonas ei fubjeclíE , vel
ratione rei in fuo Arcíiiepifcopatu , &
in fua Dicecefi cxiííenti.
§. 20 Decimo novus Archiepifcopus Ulyíllponeníis Occidentaiis
poterit creare , &
eligere omnes , &
fíngulos OÍTiciales , qui ibidem
creari folent , aut coníirmare , &
approbare jam creatos , &
eleólos
cum eifiem iurifdiélione , &
potefrate aliis Òfricialibus in psrte Ci-
vitatis , &
Dioeceíis íibi aíTignata competentibus íiec per hoc OíH-
,

ciales antiqui Archiepifcopatus Ulyí^ponenfis a-iquam relevationem


pr^tendere poTmt , príEterqiiam in cafu quo OíEcia ab eis empta
,
fuiíTent, quia tunc novus Archiepifcopus Ulyííiponenfis Occidentaiis
decernere debebit, quòd OíRciales ab eo noviter elecíri reficiant dam-
na, quíE Oíiiciales antiqui Archiepifcopatus Uiyííiponeníis ex hac no-
va eredi one , &
ele6lioiie Oííicialium pati poíTent j &
infraícripti Ju-
Tom. V. Z ii dices
,

l8o trovas do Liv. VIL da Hiftorla (genealógica

dices Exequutores fummariè , & folâ fafri veritate infpe£lâ pretium


eifdem antiquis Officialibus debitum perfolvere faciant.
§. 21 Undécimo, quia in utràque parte Civitatis , & Dia^ceíis
Ulyílíponenfis tam Orientalis , quàm Occidentalis reperiuntur Digni-
tates , Canonicatus , & Beneficia, quas perfonalem refidentiam requi-
runt , ne ob prsedidtam Civitatis, & Dioecefis Ulyííiponenfis divifio-
nem Dignitates , Canonicatus , & Beneficia hujurmodi pro tempo re
obtincntes in aliqiio pricjudicentur , volumus ,
quòd fi PoíTeífores
Dignitatum , Canonicatuum , &
Beneficiorum hiijuímodi in una par-
te Civitatis , feu Dioecefis hujufinodi habitaverint , nihilominus ha-
beantur , & reputari debeant prsefentes in loco Dignitatum , Cano-
nicatuum , & Beneficiorum hujufmodi ipfi vero non tamem eorum
\ ,

Familia; , & Familiares fubditi illius Archiepiícopi exiílant in cujus ,

Civitatc , feu Dioícefi Dignitates , aut Canonicatus , leu Beneficia


hujuíinodi extiterint.
§.2 2 Duodécimo ,
quod omnes , & fingulse controverfiae ,
quíe in
poílcrum occafione hujufmodi divifionis , ac novi Archiepifcopatus
ereclionis oriri poterunt , fummariè abfque ftrepitu , & figura judicii,
ac folâ fa'£li veritate infpedâ ab eifdem infrafcriptis Judicibus Exe-
quutoribus definiri , & judicari
Infuper , quòd ex omnibus
debeant.
fupradi(5l-is nuUum prjejudicium inferatur , nec ullo unquam tempore
in futuram inferri poíTit iurifdiólioni jam competenti novo Archicpif-
copo Ulyfiiponenfi Occitíentali , uti Sacellano Maiori Capellíe Regia;
UlyíTiponenfis , quíE jurifdidio femper , & omni tempore inimunis ,
& illasfa remaneat in fuo primaevo ftatu
, exercenda tamen
à dido no-
vo Archiepifcopo Ulyíliponenfi Occidentali , uti Pnxfule <X\&3í Ca-
pella; fuper Familia Regia, eademque Capella, & ejus Ofiicialibus ,
ac Familiaribus ipfius Joannis Régis , ad formam Indultorum , &
Privilegiorum Apoílolicorum , ufque nunc concefforum ad favorem
Sacellani Maioris pro tempore exiftentis , quibus nullo modo deroga-
tum , feu prsejudicatum intelligatur , fed novus Archiepifcopus Ulyf-
Hponenfis Occidentalis , uti Capellanus Maior diéVae Regiam Capellís
ad formam Indultorum , & Privilegiorum Apoílolicorum hujufmodi
privativè quoad omnes alios Judices , feu fupcriores , quâvis audori-
tate , & dignitate fungentes , fuam jurifdiáiicnem Sacellani Maioris
abíique ulla diminutione , & controvcrfià exercere valeat.
§. 23 Denique confiderantes praedidam Metropolitanam Ecciefiam
TJlyíTiponenfcm Occidentalem , fie , ut prsefertur , à Nobis per pra;-
fentes ereííam , & infl:itutam in Régio Palatio Ulyfllponenfi conftitu-
tam exiílere , inibique ipfas Perfonas Regias fundionibus Ecclefiafti-
cis faepiíTimè adeíTe poíle , valdè congruum exiílimamus , ut eadem
Metropolitana Ecclefia Ulyfiiponenfis Occidentalis, ejufque pro tem-
pore exiílens Archiepifcopus Ulyfiiponenfis Occidentalis , uberioribus
Indultis , privilegiis , & pr.Trogativis ex fpeciali noftrâ & Sedis Apof-
tolica: Indulgentiâ condecorentur hinc prícdidum Joannem Rege n
:

ampHoribus favoribus , & gratiis profequi volcntes , hrmis tamen , &


illxfis remanentibus fupradidis omnibus , & fingulis indultis , & pri-
viíe^iis eidem Capella; Regiam, ejufque Sacellano Maiori, fie ut pra:-
fertur
, -

Cafa ^eal Tortuguej^a.

fertur , h Nobis , & Romanis Pontifícibus PrsedeceíToribus noílris


conceííís , necnon citra ullum prasjudiciiim , fcu diminutionem aiiólo-
ritatis , Jiiiiídiflionis , prcarminentiarum ac jurium quorumcumque
,

etiam hònorificorum , & merè cicremonialium nunc , & pro tempore


exiílenti noftro , & Apoftolicaí Sedis in Portugallire , & Algarbiorum
Rcgnis Núncio, feu alteri ejufdem Sedis in eifdem Rcgnis pro tem-
pore fimiliter exiítenti Legato competentium , qux Nuncius & Le- ,

gatus íupradiíli quoad diéliim novum Archiepifcopum Ulyíliponcn-


,

lem Occidentalem pariformiter , & abfque ullâ prorsíis diiferentiâ ,


ac quoad alios Archicpifcopos , & Epifcopos diélorum Regnorum
exercere poíTint , ac debeant , motu , fcientiâ , &
poteílate íimilibus
camdeni fecularem , <Sc infigneni Collegiatam Eccleíiam , íic à Nobis
in Archicpifcopalem Ecclefiam Ulyííiponenfem Occidcntalem eredam, /
& inítitutani nomine , titulo , &
prasrogativa Patriarchalis Eccleíiíe
ejufque Archiepilcopum Ulyíliponenfem Occidentalcm pro tempore
exiftentem fimiliter nomine , titulo , &
prserogativâ PatriarchíE Ulyí-
íiponenfis Occidentalis , ad inílar Venerabiiis Fratris noftri moderni
Patriarchas Venetiarum , quoad Provinciam tamen Arciiiepiícopatus
UlyíTíponenfis Occidentalis tantum iníignimus , &
decoramus , cum fa-
cuítate utendi infignils , &
ftemmate própria Ecclcíise Archiepifcopa-
lis Ulyíliponcníis Occidentalis, aliifque ornamentis, quibus idemPa-
triarcha Venetiarum de jure , uíu , &
confuetudine utitur , necnon
in eiídem Portugalliae , &
Algarbiorum Regnis deferendi Crucem ,
& Rocchettum apertum, Populum benedicendi , Thronum , Baida- &
chinum habcndi , Pontiíicalia cxercendi , infraícriptas indolgentia5
concedenui , Si fupra Bracharenf. Ulyífíponenf. Orientalem, ac Elbo-
rení. Archiepifcopos ; Necnon Portugaíienf. Colimbrienf. Víienf. Mi-
randenf. Lamacenf. Es^itanienf. Leirienf. Funchalení. Angrenf. Pro-
montorii Viridis, SaníSli Thomae, Gongenf. Algarbienf. PortalegreiíC
& Elvenf. Epifcopos , aliofque omnes , Sc íingulos Regnorum hu-
jufniodi Prícíatos , in omnibus aílibus , &
fundlionibus , etiam in
eorum Eccleíiis pr^cedentiam habendi , quorum nuUus etiam ir^ eo-
rum Eccleíiis , eo príefente , aliquem jurifdisflionis , honoí is , vel fa-
cultatis aflom gerere poílit quem coram Legato pr^sdi^íla: Sedis
,
Apoíloíica; gerere non valeret ; quo vero ad alias juriídiâ:iones , &
facultates aliis Patriarchis , íeu praedidlae Sedis Legatis competentes ,
nuilas idem pro tempore exiílens Archiepifeopus Ulyííiponeníis Oc-
cidentalis Patriarcha nuncupatus habere , íeu exercere podít
,
excep-
tis lupradivSlris , nifi alia jurifdidio , feu facultas hujufmodi
,
priusper
Nos , aut fucceTores noftros , Sedemque praefatam declarata , [ref- &
peclivè ei conceíla fuerit , necnon utendi Palio non folíim in diebus,
feR ivitatibus , & fundionibus in Pontifícali Romano dcfcriptis , &
deíignatis fed etiam in Gonceptionis Beata; Marias Virginis , in In-
,

ventionis , &
Exaltationis SanítíE Grucis , Sandi Joiephi , Sanilae
Annie , Sm^\ Michaelis Archangeli , Sandi Vincentii Givitatis Ulyí-
íiponeníis Protefloris , Sandlic Elifabetha? Regina^ Portugalíiaí , San-
cli Antonii UlyíUponenfis , SantSli Angeli Guíiodis , & Sandi Geor-
gii Regni PortugalliiC Defeaforum Feílivítatibus , qu^ omncs in ipí^i
Colle-
i8z ^íovai do Llv. VIL da Hilloria (jcnealoyca
Collegiatâ Ecclcfiâ in Cathedralem , & Metropolitanam Ecdeíiam
Ulyíííponenfem Occidentalem eredam , & iii toto Regno Portugalii.T
íbiemniter celebiantur , necnon in qualibet alia die , íiqiise íiíerit fo-
lejrnior in Eccleílâ , in qua per totum Regniim pradiélus Archiepif-
copus Ulyíliponeníis Occidentalis Patriarcha nuncupatus Pootificali-
hus uíus fuerit , ac in Benedi^lionibus nuptiariim , & in folemni
Baptifoiate fílioriim , & dcfcendentium Regiorum , ac in aliis fimiíi-
bus 5 & íblemnibiis Regiis funílionibus , quae intra , vci immediatè
pofi: JMiíTarinn folenmia , celebrabuntur , quodqiie pradiítus pro tem-
pere exiílens Archiepiícopus Ulyíliponenfis Occidentalis Patriarcha
nuncupatus , íic à Nobis per pra:íentes creatus , & inílitutus , ac no-
inine , & prícrogativa Patriarchse decoratus habitu purpúreo ad inftar
Venerabilis rtiam Fratris noílri moderni Archiepifcopi Salisburgeníls,
indui poílit , eafque indulgentias concedere valeat , quas noílri , &
pr^edidac Sedis Apofíoliciu Nuncii in pradiélis Portugalli^ , & Al-
garbiorum Regnis ejuídem Sedis aiiíloritate concedere fclent vide-
licet centum , aut plures -alios dies , non tanien ultra annum , nec-
,

non in uno Fefto dumtaxat à primis uíque ad fecundas Velperas ,


,

& occaíum Solis diei Fefti hujuíhiodi , quinque annos , Sz quinqiie


quadragenas aiit infra , ita tamen
,
ut femel tantum pro una Eccle-
,

íiâ , vei CapcIJâ f at ctiam concedimus , & indulgenius.


,

§. 24 Capitulo vero difíre CoílegiatíE Eccieíiíc , íic à Nobis in


Cathedralcra , & Mctropolitanam Eccleíiam eredl;^ , ac titulo , deno-
minaticne , & pra^rogativâ Patriarchalis Eccleíia: deccrata; , ejufque
Dignitatibus , & Canonicis , ut ipíi in pofierum habitum Pra:latitium
viclacel coloris fericei , aut lanei lupra Rocchettum , ubique ttrrarum
extra tamen Romanain Curiam , & ubi non fucrit , Rcmanus Ponti-
fex , adinílar Canonicorum Eccleísarum Patriarchalium de Urbe,
quodquc ipíi, qui jam vigore Indulti Apoftolici habent ufum Cappje
magníE viofacei coloris , in pofteruni hyeraali Cappam etiam n^agnam
rubcam , íuílivo veto temporibus Mozzettam fiipra Rocchettum íimi-
liter rubeam adinílar Canonicorum Eccleíiae Piíanse refpedivò in íin-
gulis Horis Canonicis, MiíFis , & aliis Divinis Ofiiciis , necnon Pro-
ceííionibus tam intra , quàm extra eorum Ecclefiam peragendis , nec-
non adjbos Capitularibus publicis , & privatis geílare , & deferre
,

poííint , quodque Capiíulum , & Canonici áiõix EccleíiíE Ulyííipo-


iicníis Occidentalis tam liabitu Pralatitio
,
quàm Canonicali induti ;
81 capituiariter exiíientes , feu incedentes omnia Capitula , etiam in
eorum omncíquc Canónicos qu.arumcumque Cathedralium ,
F^ccleíí is ,

&: Ccllegiatarum Eccleíiarum totins Regni Portugallia; íimiliter, íi ;

unus vcl plures diélís EccleíicT Ulyíliponeníis Occidentalis cum alio,


,

vel aliis, Dignitaíe , feu Canónico, aut Dignitatibus, feu Canonicis


alterius cujufque EccleíiíE Regni Portugailice incedent , feu in aliqua
íundione Eccleíiaílicâ adcrunt , etiam in eorum Eccleíiis prsecedere
deheant necnon , ut ipfi , eorunique in Dignitatibus , ac Canonica-
;

tibus , & Prabendis hujufmodi fucceHTires perpetuis futuris tempori-


bus ac tam in parte Civitatis , & Dicrceíis Ulyírponenfis Occiden-
,

talis , quàm in toto Regno , & Dominiis prafeiite Rege eoque ab-
,
feute
,,

Tente de licentia Ordincirii , in Miílis , ac Horis Canonicis , folemni-


ter decantandis , 8c pcrfolvendis , ac etiam in Proccííionibus , benc-
di^ílionibiis Candelariim , , Palmarum , & Fontis Baptifma-
Cinerum
lis , fundionibus
ac in reliqiiis Ecclefiaílicis , in qiiibus Sacra adhiben-

tur paramenta, pra;rentc vel abícnte Archiepifjopo , Mitra, aliifque


,

indmncntis , vel paramentis , adinftar Abbatum uíum MitríE haben-


tium , iiti , necnon in eoriim Armis , & Infigniis gentilitiis Mitram
apponi facere , adinfirar Dignitatiim , & Canonicorum Archicpifco-
palium Eccicíiarum Benevcntanít* Sc Mcdiolanenfis , quodquc ipíius
,

EccleíííE Ulyíliponenfis Occidcntalis Dignitates , & Canonici pn^fa-


ti
,
eoru.mquó HicceUbrcs indumcnta , & paramenta , aliaíque res Ec-
cleíiaílicas , Olei , vel Chrifmatis un'£l:io non reqiiiri-
in qiiibus Sacri
tur , non tamea Cálicesneque ,
Patenas benedicere , adinílar Caao-
nicoriim Eccleíííc Neapoíitanas , eifdemque pr^edi^^lc^B Eccleíi^e Ulyífi-
poneníis Occidcntalis Canonicis caufa; quíecumque , & fuper quibuf-
cumque Litibus , Sz controverfiis motíe , vel movendíc , committi
reípe^livò , liberè , &: licitè poílint , & valeant , etiam concedimus ,
& indulgemus.
§. 25 Ultcriíis , firmo remanente Jiirepatronatus Régio , & pra2-
fefitandi , ut antea , ad Dignitates , Canonicatus , & Pn-cbendas , ac
Beneficia áiS:x Collegiata; Ecclefise , íic h Nobis in Metropob"tanam
Eccleíiam UlyíTiponenrem Occidentalem , erecSl^ , ad Archicpifcopa-
tum Ulyíliponenfsm Occidentalem , tam hac primâ vice à primievíi il-
lius ere6i:ione hyjurmodi vacantem , quàm in poíleriim in quibiiícum-
que aliis vacationibiis , qiiandocumque , & quomodocumque , etiam
apud Sedem Apoílnlicam occiirrentibus , Juípatronatiis Regium , &
nominandi , & prísfentandi Perfonam idoncam Nobis , & Romano
Pontifici pro tempore exiílenti , ac per Nos , & eumdcm Ronunum
Pontiíicem pro tempore exiftcntem didlo Archiepifcopatui Ulyíllpo-
neníi Occidentali Apoílolicâ autSloritate , &
mediantibus Literis Apof-
tolicis pra;ficiendnrn , pra:di61:o Joanni Regi , ejuíquc in didis Regnis
fucceíroribiis Regibiis íimiliter perpetuo reíervamus , concedimus . &
aílignamus , ac Jufpatronatus , &
praífentandi hujufmodi , prícdiclo
Joanni Regi ,
ejuíque in diftis Regnis íucceíToribus Rcgibus pnxfa-
tis , non cx privilegio Apoílolico , fed uti ex vera primxva , reali
& aâ-uali , pleni, integra, & omnimodâ fundatione , perpetua do-
&
tatione laicali , ex bonis merè laicalibus fadbis , competere , & perti-
nere , & uti tale fub derogatione Jurifpatronatus ex privilegio Apof-
tolico, vel confuctudine , aut prsefcriptione acquiíiti, nuUatenus com-
prehendi , aut illi nuUo unquam tempore , etiam ex causa vacationis
apud Sv"dcm pr^efatam aut quocumque alio prsctextu , aut cx quâ-
:

cumquc aliâ causa , quantumvis legitima , etiam per Nos , & perdi-
dos Romanos Pontiíices fucceíTores noftros pro tempore exiftentes,
motu , fcientia , & poteftatis pleiiitudiae , íimilibus decernimus.
§. 26 Deaique ut in eventum , in quem prxdidus Joannes , aut
pro tempore exiílcns Portugalliíc , Sc Algarbiorum Rex , cjufque íiic-
ceTores alibi Curiam , eorumque Regias Perlbnas , vel p^^rpetuo ,
vel per aliquod temporis ípatium reípedivò tranílulerint y nihilomi-
nus
,

184 Trovas do Liv. VIL da Hijloria (genealógica

nus íírmâ , & illacfa remanere debeant , tain Cathedralitas didx Col-
legiatas Eccleíice Nobis in Mctropolitanam & Patriarcbnlem
, fic à ,

Eccleíiam Ulyíripcneníem Occidentalem ere£íse, quàm cmnia, & íin-


gula privilegia, & indulta eidem Catbedrali Ecdcfire Ulyíiiponeníi
Occidentali , fic , ut prarfertur , conceíTa , etiam motu , Icientia , &
poteítatis plenitudine paribus decernimus , & declaramus.
27
§. Ad hoc autem ut omnia , ,fingula fupradiéta à Nobis &
conceda , &
ordinata , ac in prasfentibus contenta , expreíTa debi- &
tas exequutioni demandentur , ac perpetuis futuris teniporibus ab
omnibus , & íingulis íirmiter , & inviolabiler obfeiventur , motu , fci-
cntiâ , & plenitudine íimilibus , Venerabilibus Fratribus
poteílatis
noítris Elvenfibus , Algaibieníibus , &
Mirandenfíbus , eiíque defíci-
entibus , feu impeditis , Angolenlibus , Lamacenfibus , Epiícopis &
tenore pra^íentium mandamus , quatenus ipfi , vel unus eorum per fe,
vel alium , feu alios , etiam quatenus difficultate occurrente , à &
Nobis non prxvisâ , quíE effeólum earumdem praefentium minimè re-
tardare valeat , eafdcm prsefentes literas , nullâ interpofitâ niorâ , de-
biííE exequutioni demandent , feu demandari faciant , ac unam par-
tem tam Civitatis , quàm Dioecefis Ulyfiiponenfis prítfatas verfus
Orientem pro própria Dioccefi , ac próprio Território Archiepifco-
patiis Ulyffiponenfis Orientalis , alteram vero partem Civitatis , Sz
Dioeceíis Ulyíliponenfis hujufmodi verfus Occidentem , í-niiíiter pro
própria Dioeceíi , &
próprio Território Archiepifcopatus Ulyílipo-
iienfis Occidentalis conftituant , &
aíltgnent , ac plantam cum coníi-
nibus , (Sc m.eniuratione per Peritos faciendam , juxta formam à No-
bis dcfuper prísfcriptam , tam partis Civitatis , & Dicscefis Ulyílipo-
neníis Orientalis , qimm partis Civitatis , Diaxeíis Ulyíliponeníis &
Occidentalis, hujufmodi, tam in Cancellariis eorum Epifcopatuum,
quàm in Cancellariis Archiepifcopatus Ellyffiponenfis Orientalis , ac
Archiepifcopatus Ulyfliponenus Occidentalis ad perpetuam rei memo-
riam , reponere , &
aíTeri are debeant , quodque ultra diviíionem príE-
fatam íic ut pracfertur , fa6l:am , omnia , í^ngula fupradiéla ab om- &
nibus , &
fmgulis perpetuis futuris temporibus per cenforas , poe- &
j

nas Eccleíiafticas , ac alia opportuna iuris remeíl^a, quacumque & '

appellatione remota , invocato etiam ad hoc , fi opus fuerit , auxilio t

brachii fecularis , adimpleri , &


inviolabiter obfcivari faciant.
§. 28 Decernentes propterea eafdem prscfentcs femper , perpe- &
tuo validas , & efficaces exiílere , fore , fuofque plenários , & in-
& \

tegros efrcíflus fortiri , &


obtinere debere , ac nuUo unquam tempore
ex quocumque capite, vel quâlibet causa, quantunivis legitima, & |

juridicâ , etiam ex eo quod Sedes Archiepifcopalis UlyíTiponeníis ad


príEíens vacet , &
próprio Paftore , Defenfore deílituta exiftat&
ipíiufque Capitulum , &
Canonici , feu quicumque alii cujufcumque
Dignitatis , gradus, conditionis , &
prxeminentiíc fnt in pramilUs,
j

&
|

Sc circa ea quomodolibet , ex quâvis causa , ratione , aí^ ione , vel


cccaíione jus, vel intereíTe habentes , aut habcre príetendentes , illis
non confenfcrint , aut ad id vocati , &
auditi , &c caufíK propter quas
esedem príefentes emanavcrint , adduâ:ae , verifícatíE j juílifícatas & '

non
,

da Cafa l^al Tortugue^a. í8 5

non fuerint , de fiibreptionis , vel obreptionis , aut nullitatis , feu in-


validitatis vitio , íeu intcntionis noftríK , aut jus , vel intereíFe habcn-
tium , confeníus , aut quolibet alio, quantumvis magno , fubílantiali,
inexcogitato , & inexcogitabili , ac fpecificam , &: individuam mentio-
ncm, ac exprcílionem rcquirente , defeclu , five etiam ex eo, quod
in priumiííls , corumque aliquo íblemnitates , & quícvis alia leivan-
da , & adimplenda , fervata , &
adimpleta non fuerint , aut ex quo-
cumque alio capite à jure , rei fa^flo , aut ftatuto , vel coníuetudine
aliqua reíultante , feu etiam enormis , & enorniiíTimse , totalifque las-
fionis , aut quocumque alio colore , piíetextu , ratione , vel causa
etiam in corpore júris clausâ , occafione , aliâve causa , etiam quan-
tumvis juftâ , ratioiiabili , legitima , juridicâ , pia , privilegiatâ , etiam
tali , qua: ad effed:um validitatis príemiíTorum neceílariò exprimendâ
foret , aut quòd de voluntate noftrá , & aliis fuperiús expreílis nul-
libi appareret , feu alias probari poíTet , notari , impugnari , invali-
dar! , retravftari , in jus , vel controverfiam revocari , aut ad términos
juris reduci , vel adversús illas reftitutionis in integrum , aperitionis
oris , redudionis ad viam , &términos juris , aut aliud quodcumque
juris , faéti , gratiae , vel juftitiae remedi um impetrar! , feu quomodo-
libet , etiam niotu fimili conceíTo , aut impetrato , vel emanato , uti,
feu fc juvare in judicio , vel extra, poíTe, neque ipfas prsefentcs fub
quibufvis íimilium , vel diííimilium gratiarum , revocationibus , fuf-
penfionibus , limitationibus , modifícationibus , derogationibus , aliiP
que contrariis difpoíitionibus , etiam per Nos , & fucceílbres nof-
tros Romanos Ponti fíces pro tempore exiíl entes , & Sedem Apoâo-
licam prairfatam , etiam motu , fcientiâ , & poteílatis plenitudinc íi-
inilibu.? , etiam coníiíloríaliter ex quibuslibet cauíis , & fub quibufvis
verborum tenoribus , & formis , ac cum quibufvis claufulis , & De-
cretis , etiamfi in eis de eifdem prscfentibus
,
earumque toto tenore,
ac data , fpecialis mentio íiat , pro tempore faíVis , & conceílis , ac
faciendis , & concedendis , comprehendi , fed tanquam ad maius bo-
num tendentes , femper , & omninò ab illis excipi , &quoties iWx
emanabunt , toties in priftinum , & validiííimum , ac eum , in quo
antea quomodolibet erant fl:atu , reílitutas , repontas, & plenaric re-
integratas , ac de novo etiam fub quacumque poíleriori data , quan-
documque eligenda , conceífas eíTe , & fere ; ficque , & non alias in
prxmiííís omnibus, & íingulis per quofcrmque Judices Ordinários,
vel delegatos, etiam caufarum Palatii Apoí-olici Auditores, ac Sanflie
Romanas Ecclefiíe Cardinales , etiam de Lctcre Legatos , Vicc-Le-
gatos , di^tseque Sedis Núncios , ac alios quofcumquc quâvis auclori-
tate , poteílate , príerogativa , & privilegio fungentes , ac honore , &
pra:eminentiâ fulgentes, fublatâ eis, 8>r eorum cuilibet quâvis aiiter
judicandi , & interpretandi facultate, & au6loritate in quocumque ju-
dicio , & inquâcumque iníVantiâ , judicari , & definiri debere , & íi fe-

cíis fuper his à quoquam quâvis au(5Vcritate fcienter, vel ignorantcr

contigerit attentari , irritum , Si inane decernimus.


§. 29 Non obílantibus quatenus opus íit , noftrâ , & Cancellariae
ApoftolicíE regula de jure qua:íito non tollendo , aliifque in contra-
Tom. V. Aa rium
,

1 8 ^ Trov4í do Liv. VIL da Hifloria Çenealogica


rinm príeiniíTorum quomodolibet editis , vel edendis , etiam in Srno-
dalibus , Provincial bus , Univerfaliburque Conciliis , ípccialibus , vel
gencralibus , ac quatenus opus fit , ctiam illâ Pauli Papas Secuiidi íi-
militer PrasdeceíToris noílri de rebus EccIcíiíe non alienandis , aliif-
que Conftitutionibus , & Ordinationibus Apoftolicis , ac antiquse Ca-
thedralis EccleíiíE Ulyííiponcnfis aliarumque Eccleíiarum , & aliorum
locorum piorum antiquse Dioeceíis Ulyíílponenfis etiam juramento ,
coníirmatione Apoftolicâ , vel quâvis firmitate alia roboratis Statutis
eorumque rcformationibus , & novis additionibus , ílylis , uíibus , &
confuctudinibus , etiam immemorabilibus ; privilegiis quoque , Indul-
tis , & Literis Apoftolicis illis , eorumque fuperioribus , & Perfonis,
ac locis quibuícumque etiam fpecifícâ, & exprefsâ , ac individua men-
tione dignis fub quibufcumque tenoribus , & formis , ac cum quibuf-
vis etiam derogatoriarum derogatoriis , al iifque efficacioribus , effica-
ciflimis , & infolitis claufulis , irritantibufque , & aliis Decretis in ge-
nere , vel in fpecie , etiam motu pari , ac coníiftorialiter , aut alias
quomodolibet , etiam iteratis vicibus in contrarium príEmiíForum con-
ceíTis , approbatis , confirmatis , & innovatis , etiamfi in eis caveatur
expreísè , quòd illis per quafcumque literas Apoftolicas , etiam motu
íimili pro tempore concelTas , quafcumque etiam derogatoriarum de-
rogatorias in fe continentes , derogari non poílit , neque cenfeatur
eis derogatum , quibus omnibus , Sc íingulis , etiamíi de illis , eorum-
que totis tenoribus fpecial s , fpeciíica , & individua, ac de verbo
ad vcrbum , non autem per claufulas generales idem importantes ,
nientio , feu quíEvis alia expreíílo habenda , aut qusecumque alia ex-
quiíita forma ad hoc fervanda foret , illorum omnium , & íingiilorum
tenores , formas , &
caufas , etiam quantumvis prairgnantes ,
pias , &
privilegiatas , praefentibus pro plenè , & fufficienter , ac de verbo ad
verbum , nihil penitus omiíTo , infertis , expreílis , & fpecificatis , ha-
bentes , illis alias in íuo robore permanfuris , ad pr.xmiflbrum omnium
validiffimum efteólum , hac vice dumtaxat , latiíTimè , & pleniílimè ,
ac fufficienter , necnon fpecialiter, & expreísè motu, fcientiâ , &po-
teftatis plenitudine íimilibus , haruni ferie derogamus , cíeterifque con-
trariis quibufcumque.
§.36 NuUi ergo omninò hominum liceat hanc paginam noílri Mo-
tus proprii , ac Divifionis , Aílignationis , Ereélionis , Inílitutionis ,
ConceíTjonis , Induíti , Refervationis , Declaratíonis, Mandati , Volun-
tatis , Decreti , &
Derogationis infringere , vel ei aufu temerário con-
traire. Siquis autem lioc attentare pracfumpferit indignationcm Om-
nipotentis Dei , &
BB. Petri, &
Pauli Apoftolorum ejus fe noverit j

incurfurum. Datum RomíE apud SamSlam Mariam Maiorem Anno


Incarnationis Dominicíe millefimo feptingenteíimo fexto decimo ,
fep-
timo Idus Novembris Pontifícatus noftri anno fexto decimo. '

Loco )Jí
BuUíC AureXa i

P. de Comitibus. 1

Decreto
,

da Q/a %eal Tortugua^a. 187

Decreto, ponjiie E/Rey D. JoaÕ o V, concedeo ao Vatriarca


de Lisboa todas as honras ,
(jiie nos Jèus Reynos pernihu
aos Cardeaes,

H Avcndo Sua Santidade creado neftes Reynos a Dignidade de


Patriarca de Lisboa Occidental , com precedência a todos os
Prelados dcUes , concedcndolhe o Habito purpúreo , com as mais ef-
]SJqíx1. I

peciaes graças , e privilégios , que conftaó da Bulla Áurea , paíTada


em Roma no mez de Outubro próximo paíTado , aílim a reípeito do
meímo Patriarca , como da Sc Patriarcal , à qual Bulla dey o meu
cojiíentimento , para que le déíle à execução ; e defejando da minha
parte correíponder a taô íingulares graças. Hey por bem fazer a
Igreia , ao dito Patriarca , e a todos os feus fucceíTorcs , pura , per-
petua , e irrevogável Doação , de que na minha preíença , Corte , e
todos os meus Reynos , e Domínios , fe lhe dem , e façaô as honras,
e preeminências , de que nelle gozaó os Cardeaes da Santa Igreja
Romana , a qual Doação faço de meu motu próprio , certa fciencia,
Pveal , e abfoluto poder , e quero , que valha para fempre , fem em-
bargo de quaefquer Leys , Regimentos , Decretos , ou qualquer cof-
tume em contrario , e naó obftando as Ordenações , que diipocm fc
nao entenda Ley alguma revogada , fem da fubílancia delia fe fazer
expreífíi mençaô. A Meia do Defembargo do Paço o tenha aíHm en-
tendido , e lhe fará paífar Carta de Doação , na forma acima decla-
rada. Lisboa Occidental 12 de Fevereiro de 1717.

Rubrica de Sua Mageftade.

Carta de Doãça'0 deíRey D. JoaÕ o V, ao Fatriarca de Lisboa


de duzentos e vinte marcos de ouro para el/e, e JhisJuccejfores,

DOm João
daquem
ves
,
por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algar-
e daíem , mar om Africa , Senhor de Guiné , e da
,
f^J^j^j j

Conquifta Navegação, Commercio da Ethyopia , Arábia, Períia , e '7^


da índia , occ. Faço faber aos que efta minha Carta de Doação vi-
rem , que havendo o Santo Padre Clemente Undécimo , hora por Di-
vina Providencia Preíldente na Univerfal Igreja de Decs , tido por
conveniente ao ferviço do meímo Senhor , e ao mayor augmento do
Culto Divino , erigir de feu motu próprio , e certa fciencia , a mi-
nha Capella Real defta Corte que era Collegiada iníigne com titu-
,
lo de S. lhomé, em Sé Patriarcal, com as exuberantes preeminên-
cias, prerogativas , e privilégios concedidos , aO]m à dita Sé , como
ao Prelado delia , elevando-o à Dignidade de Patriarca , com as cir-
cunfcancias , que conftaó das Bulias Áureas
,
que o meímo Santo Pa-
dre expedio para eíle effeito , de que tudo recebi grande prazer , e
*
contentamento \ e tendo coníideraçao a que na parte , que fe dividio
Tom. V. Aa li para
,,

1 88 Trovas do Lh. VIL da Hiftoria Çenealogwa

para o Território do Patriarcado naô íicaraó rendas baílantes para o


dito Patriarcapoder commoda , e decentemente fiiftcntar o fcu eíla-
do , e Dignidade , pelo que he razaô , que do meu Património B eal,
eu fuppra o que falta , como coílumaraó fazer os Senhores Revs
meus predeceíTores , que com louvável liberalidade , e magnificência
dotarão tantas Igrejas ; e havendo Deos NoíFo Senhor augmentado
as minhas rendas com o ouro , que fe tira das Minas Geraes , e fen-
do juílo , que do rendimento dos Quintos fe tire alguma porção pa-
ra fe applicar à Igreja em reconhecimento daquelle benefício : Hey
por bem de meu motu próprio , certa fciencia , poder Real , e abfo-
luto , fazer pura , firme , e irrevogável Doação para fempre à Igre-
ja , e ao mefmo Patriarca , e feus fucceíTores no Patriarcado , de du-
zentos e vinte marcos de ouro em cada hum anno , conformes no pe-
zo 5 ao Padrão , que hoje fe conferva nos Senados deitas Cidades ; o
qual ouro ferá da ley de vinte e dous quilates ; e os ditos duzentos
e vinte marcos lhe feraó pagos em quatro pagamentos , cada hum
em feu quartel , pelo Thefoureiro do Confelho Ultramarino , em ef-
pecie , ou em dinheiro equivalente aos ditos duzentos e vinte mar-
cos , por feu juílo valor. E quando por algum accidente fe retar-
dem , ou faltem de todo os ditos Quintos , pagará a mefma impor-
tância fem diminuição alguma de quaefquer outras rendas , que hou-
ver no Confelho , e pertencerem h fua repartição prefentemente, ou
pelo difcurfo do tempo ao diante lhe pertencerem , entrando nellas
as das dizimas das Alfandegas das mefmas Conquiftas , que com as
mais rendas ferao todas obrigadas à fatisfaçaó deíla minha Doação
para que naô poífa ter falência eíle pagamento ^ e com declaração
que os ordenados, coníignaçoes , foldos , juros, e tenças, que até o
prefente houver nas referidas rendas preferirão a eíla coníignaçaó ,
que defde hoje principiará a fua antiguidade com preferencia a todas
as defpezas , que depois deíla fe ordenarem de qualquer natureza
que fejaô , e ainda aos ordenados. E declaro , que os fobreditos du-
zentos e vinte marcos de ouro , de que em cada hum anno faço Doa-
ção ao Patriarca , e perpetuamente a feus fucceílbrcs , que fempre de-
vem fer pelos próprios merecimentos , e por todas as qualidades as ,

primeiras , e principaes pelfoas de meus Reynos , e ainda poderáó íer


os Infantes delles , quero fe appliquem principalmente à íliílentaçaô
da fua peíToa , cafa e eílado , para mayor augmento do explendor,
,

e magnificência delia ; e tendo confideraçaô a que por eíle modo lhe


licaráó aos Patriarcas mais livres as outras rendas , que de prefente
tem , e de futuro por qualquer modo lhe podem acrelcer para as po-
derem diílribuir em efmolas , e mais obras de piedade a que fao obri-
gados Declaro também , que nas rendas deíla Doação naó poderájá
:

mais em tempo algum haver referva de peníaô a favor de qualquer


outra peíFoa ainda da quarta parte , ou outro qualquer encargo per-
petuo , ou temporal , porque com eíla condição a faço , e aíHm que-
ro fe conferve ; efperando na infinita bondade de Deos ferá tanto de
feu Divino agrado eíla ofFerta que nao fó fe augmentará o rendimen-
,

to dos Quintos, mas o das mais rendas, que fubfidiariamente vaó


con fgna-
coníignadas ; equero , que eíla minha Doação com todas as claufulas
nella^^inferras valha, tenhi força, e vigor para fempre , e naô poíla
ler revogada em tempo algum , nem por algum titulo íe poíla por
duvida an icw cumprimento, ainda que as rendas do Patriarcado le
augmentem a:rcfcendolhes ou feculares,
outras rendas EccleíiaíHcas ,

ainda por Doaç6:s Reacs , fem embargo de quaefquer Lcys , Orde-

nações , ou Decretos em contrario , porque tudo hey por derogado,


e de nenhum vigor para efte eíleito , e da Ordenação do livro fe-
gundo , titulo quarenta c quatro , que difpoem , que íe naó enten-
da derogada Ordenação alguma , fem que da fubftancia delia fe faça
exprclía menção , ou de qualquer Alvará , ou Decreto , que o mef-
mo declare. Faço faber aíTim ao Prefidente , e Confelheiros doCon-
felho Ultramarino , para que o façaô executar muito pontual , e in-
teiramente , como nefta minha Carta fe declara ; e por firmeza de tu-
do o que dito he , mandey paíTar efta Carta por mim afiinada , paf-
fada pela Chancellaria , e fellada com o Sello pendente de minhas
Armas , e nao pagará direito algum , porque aííim o hey por bem.
Dada nefta Cidade de Lisboa Occidental , ao primeiro dia do mez
de Abril, Mathias Ribeiro da Coíla a fez, anno do Nafcimento de
Noífo Senhor Jcfu Chrifto , de mil fetecentos e dezanove. ^ Dio-
go de Mendoça Corte-Reaí a fobfcrevi. ^

ELREY.

Carta de Doaç.io ao me/mo Patriarca , e /eus /uccejjbres , da Le-


ziria da Foz de <Almonda.

DOm ves,
João por graça de Deos B,ey de Portugal, e dos Algar- f>^yj^^' I
daquem , e dalem , mar em Africa, Senhor de Guiné, e
da Conquifta , Navegação , Commsrcio da Ethyopia , Arábia Períia,
,

e da índia , &c. Faço íaber , aos que efta minha Carta de Doaçaó
virem , que pelas mefmas caufas , que me moverão a fazer mercê ao
Patriarca D. Thomas de Almeida , de duzentos e vinte marcos de
ouro , para ellc e todos os feus fucceífores no Patriarcado , por Doa-
ção feita em Carta minha da data defta , paíTada pela Secretaria de
Eftado Hey por bem fazer pura , firme , e irrevogável Doaçaó pa-
:

ra fempre ao mefmo Patriarca , e a todos os íeus fucceífores no Pa-


triarcado , da Liziria da Foz de Almonda , que vagou para a Coroa^
por falecimento da CondeiTa de Vianna , fem embargo do Decreto de
vinte e trcs de Outubro de 17 ,
que hey por revogado , pelo
qual a havia mandado incorporar na coníignaçaô Real , para íe ap-
plicar o feu rendimento às minhas Cavalheriças , como o mando de-
clarar ao Coníelho da Fazenda , e Junta da Cafa de Bragança ; por-
que quero , que efta minha Doaçaó com as mefmas condições , clau-
fulas , e derogaçoes exprelladas , na que fica acim.a referida , tenha
força , e vigor para fempre ^ c por firmeza de tudo o que dito he
mandey dar efta Carta por mim aífinada , paliada pela Chancellaria ,
e fei-
,

1^0 Tf ovas do Llv. VIL da Hijlorla (jenealoglca

e fellada com o Sello pendente de minhas Armas , e naó pagará di-


reito algum , porque aííim o hey por bem. Dada ncíla Cidade de
Lisboa Occidental , ao primeiro dia do niez de Abril , Mathias Ri-
beiro da Cofta a fez , anno do Nafcimento de Noílb Senhor Jelu
Chrillo de 17 19. Diogo de Mendoça Corte-Real a íbbrefcrevi.

ELREY.
^

^Ivcr/i ,
por(jue EIRey D. Joní? o V. dividw Lisboa em Oca-
dental , e Oriental.

ElRey faço faber , aos que efte Alvará virem, que havendo
Num
'

11
* * < "17
5 xLrefpeito h íingular graça, que o Santo Padre Clemente Papa XI.
hera na Igreja de Deos Prcfidente , liberalmente fez a eíles meus Rey-
nos , e Senhorios , e muito particularmente a eíla minha muito no-
bre , e íempre leal Cidade de Lisboa , erigindo nella , e na mcfma
Real Capella huma Bafílica Patriarcal, com Prelado do m.eíino litu-
lo , além de outras honras, graças, e poderes, de que o dotou, e
femielhantemente ao Cabido da mefma Igreja , razendo-o fmgular en-
tre todos os do Mundo Chriftaó e por eíla caufa dividio o mefmo
•,

Santo Padre o antigo Arcebifpado de Lisboa em duas diftinólas Dio-


ccíis , e a mxfma antiga Cidade em duas Cidades diUindas , chaman-
dolhe a huma Lisboa Oriental , que ha de fer regida no cfpiritual
pelo Prelado da Sé antiga , e a outra Lisboa Occidental , que hora
começa a reger do mefmo modo o novo Prelado da dita Eaíilica , a
qual divizao , e denominaçaó das ditas duas Cidades aííim feitas pe-
lo Santo Padre , eu as approvo , e de meu amplo , e fuprem.o poder
as divido , e denomãno , do mefmo modo para fempre, e quero , que
divididas fejaó perpetuamente , poíto que das palavras , porque o
Santo Padre fe explica na feparaçao , que delias taz, íe naó pcdeíFe,
ou naó deveífe entender feita a dita divizaó , ou careceíTe da minha
approvaçaó porque fupprindo a tudo interponho meu Real poder
,

e as declaro formalmente divididas huma da outra , e mando , que fe


díftingaó pelos titulos de Occidental , e Oriental , que o Santo Pa-
dre lhe dá para fua feparaçaó , confervando cada huma delias todas
as honras , e privilégios , e mais graças, que goz-ava a antiga Cidade
antes de fer dividida e pelos meíraos refpeitos , c outras muitas , e
*,

muito juílas caufas , que a iífo me movem , pi^.ra mayor f rmeza def-
la divizaó , e perpetua feparaçaó de Territórios , de huma , e outra
Cidade. Fuy fervido ordenar a todos os meus Tribunaes , Juizes, è
mais Juíliças , e Officiaes do meu ferviço , que nos papeis , que expe-
direm , ou fizerem expedir, aíFim em particular, como em commum,
façaó fempre pòr as datas com a diílinçaó de Lisboa Occidental , ou
de Lisboa Oriental conforme a reíidencia , que tiverem , ou lugar
,

de donde fizerem as ditas expedições nas duas Cidades de Lisboa ,


que fe achaó divididas com os ditos dous titulos , com as demarcações,
que já lhe foraó feitas. E porque achando-fe afílm feparadas para
fempre
,,;

da Cafa ^al T^ortugnes^a^ 1 p i

fempre as duas Cidades , convém muito à fua regência temporal , e


politica ,
que cada huma tenha leu diftin£lo Senado da Camera por
bem do governo , e por bem do governo económico de cada huma
delias , e mais effeitos das Vereações das Cidades , e repreíentaçóes
de feus Povos. Hey por bem , e me praz dividir o mefmo antigo
Senado da Camera que confta de hum Prefidente , feis Vereadores
,

hum Efcrivao da Camera , dous Procuradores da Cidade , e quatro


Procuradores dos Meíleres delia , os quaes todos conftituíaó hum fó
Corpo, e agora fou fervido , que conílituaó dous diftinctos e for- ,

maes Senados da Camera , cada hum com feu diftinélo Preíidente ,


que lhe nomearem Fidalgo , e com as mais partes dos que até aqui o
erao , e com o numero de tres Vereadores , hum Procurador da Ci-
dade , dous Procuradores dos Mefteres , e hum Efcrivao da Camera,
para o que também crearáó de novo outro lugar , que ha de ter as
partes, e gozar de toda> as honras , prerogativas , e privilégios, que
fempre gozarão , e ti verão os antigos Efcrivaens da mefma Camera
e cada hum dos ditos dous Senados , pelo modo fobredito , fará re-
prefentaçaô cm cada huma das ditas Cidades divididas governando
nellas , e ifto pela ordem , e fórina feguinte a faber , o Prcfidente
:

que eu primeiro nomear , e os tres Vereadores , que hora fao mais


antigos , e hum dos fobreditos Efcrivaens da Camera qual delles eu
eleger , e o mais antigo Procurador da Cidade com os dous mais an-
tigos Procuradores dos Mefteres na ordem de fua nomeação , todos
juntos reprefentem o Corpo da Camera defta Cidade de Lisboa Oc-
cidental ; e o Preíidente , que eu também logo crear , e nomear , e
outros Vereadores mais modernos, que hoje faó , e o Efcrivao da
Camera , que eu eleger , e os dous fobreditos , e o Procurador , que
hoje he da Cidade , e os dous mais modernos Procuradores dos Mef-
teres delia reprefentem o Corpo da Camera da Cidade de Lisboa
Oriental , e deíle modo huns , e outros daqui em diante aíRm fe cha-
mem , intitulem , e diftingao , e cada hum dos ditos dous Senados 5
e feus Preíldentes , e Miniftros , gozem fem diminuição todas as hon-
ras , e jurifdicçóes , que até aqui o antigo Senado da Camera, e to-
dos elles juntos provejaô como de antes, e na forma dos antigos
Regimentos , e Decretos , na', duas Cidades divididas , em tudo o
que cumprir a m^u ferviço e bem commum dos Povos, e faraó no-
,

va Caía da Vereação no lugar mais accommodado neíla Cidade de


Lisboa Occidental , aonde defpacharáo em tres dias de cada femana
todos os fobreditos juntos , e os outros tres dias de cada femana deí-
pacharáó , como fohiao na Cafa antiga de fua Vereação da Cidade
de Lisboa Oriental , fechando por efte modo com feis dias de defpa-
cho em cada femana , na fórira em que o fazem os outros Tribu-
naes , e no mefmo dia , em que fe juntarem na Cafa da Vereação
defta Cidade dc Lisboa Occidental , defpacharáõ também negócios
da Cidade de Lisboa Oriental , e no em que fe juntarem na Cafa
da Vereação àz Lisboa Oriental defpacharáo também negócios defta
Cidade de Lisboa Occidental , c faraó executar tudo em ambas as
duas Cidades na fórma de feus Regimentos , Decretos , e pofturas,
com
jpt Tf ovas do Lh. VIL da Hillorla (jenealo^ka

com tanto que os autos , e as datas dc todas fuas expedições as fa-


,

çaó em nome da Cidade em cuja Caía da Vereação ferem feitos os


ditos defpachos , e em cada huma das ditas CakiS de Vereação exer-
citará cada hum dos ditos Preíidentes a lua juriTuiccaó prefidindo o
Preíidente da Camera de Lisboa Occidental , nos ados , que le £ze-
rem na Cafa de íua Vereação , e o Preíidente da Carrera da Cidade
de Lisboa Oriental na Cala de fua Vereação também Oriental , achan-
do-íe fempre ambos juntos em cada huma das ditas Caías , e quanto
à preferencia de lugares entre os ditos Preíidentes , tanto em huma
Cala de Vereaçaó , como na outra fe obfervará o que íe pratica com
os Vedores de minha Fazenda , e cada hum dos dites Efcrivaens da
Camera por hora exercitará do mefmo modo o leu Oíiicio , e quan-
to às diílribuiçóes dos papeis , e mais negócios , entre os ditos dous
Efcrivaens da Camera , os Senados proverão o que entenderem , e
me confultaráô para eu determinar o que fcr fervido ; e nas funções,
em que houver de fer prefentc , ou de qualquer modo chamado , e
requerido o dito Senado em qualquer das duas Cidades divididas fa-
ça íomente reprcfentaçaó com o Prefidente , tres Vereadores , Efcri-
vaó , Pro:urador da Cidade , dous Procuradores dos Meíleres, que to-
dos tiverem o titulo , e dcnonnnaçao da tal Cidade a riK^e le f zer a
função , chamamento , notificação , acompanhamento , r u outra coufa
femclhunte , e feraô aíTociados em Corpo de Camera com ametade
dos Oííiciaes , e ivais peíToas , que fempre a coílun^arao acompanhar
o dito Tribunal nos ta es a6los cm quanto foy hum fó , e if o em quan-
to eu nao mandar tomar nova fórma neíle modo de acrmpanhar em
todo, ou em parte, e em quanto durarem nefía adminifrsçao das
duas Cidades divididas os ditos dous Prefidentes , e os feus Vereado-
res pelo modo fobredito , haverão em cada hum anno além dos orde-
nados , que agora Icvaó , cada Prefidente , mais duzentos mil reis , e
cada hum dos Vereadores mais cem mil reis , havendo refpeito ao
trabalho , que lhes crefce em defpacharein todos os dias , e também a
utilidade , que recebem eíles Póvos na m.ayor frequência dos ditos
feus defpachos ; e eíle tal accrefcentamento lhe ferá pago a cada
hum na mefma folha e pelo rceíino n-rdo que lhe foraó até aqui
, ,

pagos os antigos ordenados , accrefcentrndoll e eíia verba de duzen-


tos mil reis a cada Preíidente, e descem mil reis a cada Vereador,
por íer aíTmi minha mercê, e per cila fcrma os ditos dous divididos
Senados , regeráo as ditas duas Cidades divididas com.o até r-qui o fi-
.

zcraó eíles mefmos Vereadores, antes de o fepnrar , e o faraó aílim


em quanto eu nao mandar o contrario , e ncô íízer total divizao de
governo , e rendas das ditas duas Cidades , a*^ qT^aes rendas me praz,
que fiquem por hora commuas entre os dous Senados ; e íe para me-
lhor expediente for neceíTario multiplicar os mais OíFciaes , e pef-
foas , que fervem a cada huma das ditas Cafas da Vereação , os ditos
dous Prefidcntes , e os ditos meus dous Senados me confultaráô com
íeus pareceres para eu refolver o que for mais conveniente a meu fer-
viço ; e os ditos Preíidentes, Vereadores, e mais Oífíciaes , ferviráo
ieus cargos comprindo inteiramente com as obrigações , que por mi-
nhas
da Cafa ^eal Tortí4gne:^a. ip^
nhãs ordens , Regimentos , Decretos , e outras Provifoens eftaó orde-
nados. E hey por bem , que eíle meu Alvará valha , e tenha força,
e vigor , como íe foíle Carta feita em meu nome , c paíTada pela
minha Chancellaria , fcm embargo da Ordenaçaô , livro Icgundo, ti-
tulo 34 , e 40 , que o contrario diípocm , e efe paliará pela minha
Chancellaria. Mathias Ribeiro da Coíla o fez em Lisboa Occiden-
tal , aos 15 dias do mez de Janeiro de 1717 annos. :=i Bartholomeu
de Souía Mexia o íiz efcrever ,
e o fobreefcrevi. ;=i

REY.

Decreto Johre declarar o modo de todos os papeis , (jiieforao obra-


dos em Liiboa Occidental, e Oriental,

POr achar dividida


fe
Arcebifpado Patriarcal
eíla
,
Cidade
com o
, e erefla
titulo
huma parte delia
de Lisboa Occidental , e
em DittH. I I 5
outra com o titulo de Lisboa Oriental , e fer conveniente , que fe
pratique a mefma
divizaô , tanto a refpeito das jurifdicçóes fecula-
res , como dos negocies eiveis , e politicos , para que coníle dos ter-
ritórios , em que forem obrados. Hey por bem , que do primeiro
de Fevereiro deíle anno em diante fe declare em todcs os papeis , e
efcrituras publicas , e particulares, que forao feitos em Lisboa Occi-
dental , ou Oriental , e que em outra fórma naó venhaó à minha
preíença , nzm fe admittao em juizo. A
Mefa da Confciencia , e Or-
dens o tenha aíTim entendido , e nefla conformidade, pela parte, que
lhe toca , o faça executar. Lisboa Occidental , nove de Janeiro de
1717. Com
a Rubrica de Sua Mageítade.

Dec/úraça^ ,
Papa no Con/iJIorio Secreto: cnh na CoUec^
que Jez o
çaÕ ,
ijue Je imprimio em Francjort no anno ijzp, a pag, i^<?.

LXXIII.
IN CONSISTÓRIO SECRETO,
Habito die 7 Decembris 17 16.

AR GUME NT UM.
Ad Ecdefiam Vatrinrchalem JJlixbonenfem Occidentalem mvher ereâíúm
transfert R. P. D. Thomam de Almeida Epijcoptim Pcrtugalkiifem.

VENERABILES FRATRES.
INitio labentis anni cum immaniíTimus Turcarum Tyrannus pro-NuiU.
, 11 6
xima, ac fe?ici PeloponeíFi expugnatione fummoperé elatus ni- ,
hilque Jam íibi impervium fore confídens ingenti terrefrrium , mari-
,
Tom. V. Bb tiraarumquc
1 54 ^^ovas do Liv. VIL da Hifloria Çerjealogka
timnnimquc copiarum apparatu , non Venetas tantum , fed & alias
Chriílianas Provindas ferociter aggredi , cladibuíque involvere moli-
retur: potiílimum vero Iníiilam , & Arcem Corcyras , fecuritatis Ita-
licíe propugnaculum ,
oppugnare intendere , :Nos
ut bene noftis ,
tot, tantifque EccleíiíE , ac Reipublica; , imo &
temporalis noílrje
ditionis periculis vehementer commoti , primum quidem ad illum ,
qui potens eft in prélio , toto corde clamaviínus , ut fecundum mui-
titudinem miferationum fuarum eriperet Nos à malis , nec traderet
beíliis animas confitentes fibi deinde vero Catholicos Príncipes om-
:

ni paterníE charitatis contentione hortari non prsetermiíimus , ut pe-


riclitanti publicas incolumitati opem ferrent , ac eademmet , quibus
nuper inter fe digladiati fuerant , arma , in Bárbaros converterent.
Hos inter chariífimus in Chrifto Filius Nofter Joannes Portugalli x ,
& Algarbíorum Rex lUuftris , nulla fanè ditiones fuas amplificandi
cupiditate illeélus , nulla itidem ingruentis fibi à Turcarum armis pe-
riculi propinquitate addudtus , fed fuas dumtaxat eximias pietatis , fi-
lialifque in Nos , &
hanc Sanétam Sedem devotionis ílimulis incita-
íus 5 in auxilium Chriftianse Claílls quamplurium bellicarum , muni-
tiílirnarumque Navium fubfidium , nullis incommodis , nullifque ex-
penfis , tamctíi graviílimis parcens, maiori,qua potuit celeritate tranf-
mifit , validius etiam verè próximo communi caufse , ut confídimus ,
adfuturus. Hinc Nos ad tam prasclara , omnifque humanse landis
prseconium longè fupergreíTa ejufdem Joannis Régis promerita Pater-
nx dirigentes confiderationis intuitum , eique gratum noílrum ani-
mum luculento aliquo , ac ílngulari Pontiíicise largitatis argumento
exhibere cupientes , cum probè fciremus ipfum Regem nihil impen-
íius , vehementiufquc nihil à pluribus annis exoptaííe , quam ut Ci-
vitatcm Ulixboneníem , fui Regni JVietropolim , illiufque Dií^cerim,
ingenti ambas populorum numero refertas in duas partes , Oricnta-
lem ícilicet , & Occidentalem ,
sequaliter divideremus : earumque al-
tera verfus Orientem antiqiio Archiepifcopatui Ulixbonenfi jam du-
dum vacanti reli61:a , alia vero verfus Occidentem novo Archiepifco-
patui cum Patriarchali denominatione erigendo aífignatà , iníignem
Collegiatam in eadem parte Occidentali , videíicet in Capella Regii
Palatii diãx Civitatis exiftentem , quís fex Dignitatibus , & oélode-
cim Canonicis condat , in ejufmodi Metropolitanam , 8c Patriarcha-
lem Ecclefiam crigercmus audita fententià peculiãris Congregationis
:

fuper hoc negotio à Nobis fpecialiter deputatse , piis , enixis , ac plu-


ries repetitis mem.orati Régis votis annuimus ; unde expeditis defu-
per Apoftolicis literis Civitatem , & Dioecefim pr^didas in duas par-
tes , Orientalem , fcilicet , & Occidentalem, sequaliter divifimus , fa-
61-a tam antiquís taxí^ , quam fruduum a'qnali itidem diviíicne ; rcli-
ílàque antiquo Archiepifcopatui Orientali parte , in alia Occidenta-
li , certis expreííis finibus , novum Archiepifcopatum cum titulo , ac i

denominatione Patriarchali , adinAar Patriarchalis Ecclcíla; Venctia- 1

rum addita refcrvatione antiqui Regii Patronatus ereximus ,


, inf!i- & i

tuimus , ac eamdem iníjgnem Collegiatam in Capella Regi^ Palatii |

liíb invocatione Divi Thomas, ficut príemiíimus , cxiílcntcra prayiâ i

fuppref- j
,,

da Cafa %eal Tortugue^a. 195


fuppreíTionc prioris tituli , noniiiie , ac titulo Metropolitanse , Pa- &
tiiarchalis Eccleíia; fub invocatione Allumptionis BcatiíTimas Viiginis
Maria; iníignivimus , &
tam ci pra^^ficiendum Patriarcham , quam illius
Capitulum , & Canónicos variis pnTrogativis ad illorum honorificcn-
tiam pcrtinentibus decoravimus ; adjeíílis demum pro felici , ac quie-
to utriuíque Ecclefiíe regi mine , nonnullis Decretis ad cvitandas Ju-
rirdidionales controvcríias , quíe ex hujufmodi divifione , ac refpeai-
vè eredione inter illarum Antiílites oriri poíTent.
Hax
itaquc Metropolitana , &
Patriarchalis Ecclefia in parte
Occidentali Civitatis Ulixboneníis íic ereda quinquaginta mille Do-
mos , &
terccntum mille circiter continet habitatores , qui prsefato
Regi in temporalibus parent.
Qiiatuor Epifcopos ,
nempe Leyrienfem , Lamacenfem , Fun-
clialenfem , &
Angrenfem prícfatas Eccleíise fuffragari Jufífmus ; fex
infuper Dignitates , quarum prima cft Decanatus , ac oâodecim Ca-
nónicos antiquíE CoUegiat^ , ex quibus tamen trium Pra:bendas , in
Pcenitentiariam , Theologalem , &
Dodroralem erigi mandavimus
necnon duodecim Beneficiatos Pr^bendatos nuncupatos , aliofque Ec-
clefiaPticos Miiiiftros eidem infervire decrevímus.
Cura animarum , exercebitur per Presbyterum amoivbi-
ut prius ,

lem in pra:fata Ecclefia


, in Fons Baptifmatis , ac Sacrarium
quo adeíl
Sacra Supelle£í:ili etiam ad exercenda Pontificalia ditiffimè inílru6tum.
Prxter hanc extant in eadeni parte Occidentali Civitatis alia:
viginti Parochiales Ecclefiae , viginti quatuor virorum , quindecim &
Monialium Ccenobia , quampiures Confraternitates , Hofpitale^ Ca- &
ret , autem Domo Patriarchas habitationi fpecialiter aílignatâ, necnon
Seminário , ac Monte Pietatis.
Fruclus , ut prí^mifimus , divifi taxantur in mille fíorenis , af-
cendunt vero ad quadraginta millia cruciatorum illius monetse nonnul-
lis antiquis penfionibus onerati.

Ad MetropoUtanam , &
Patriarchalem Ecclefiam príKdi61:am in
fui primrevâ erecbione nunc vacantem transferre intendimus Venerabi-
lem Fratrem Thoniam de Almeida Epiícopum Portugallenfem , cujus
qualitates ab hac San61:a Sede approbatae fuerunt , cum EccleíiíE La-
maceníi in Epiícopum prjefeélus , &
deinde ad Portugallenfem Ec-
clefiam , cui h feptennio laudabiliter praeeft , translatus fuit.
Qiiid Vobis videtur?
Aucloritate Omnipotentis Dei , Sandtorum Apoílolorum Petri,
& Pauli , ac noftrâ abfolvimus prsEnominatum Thomam à vinculo
quo tenetur , EcclefiíE Portugallenfis , &
tranf^ferimus ad Ecclefiam
Ulixbonenfem Occidentalem ,
príefícientes eum in Patriarcham , &
Paíiorem , cum retentione compatibilium , & Decreto , quod Fidei
profefíionem eniitere , & ad Urbem infra prsefíxura tempus tranfmi-
tere , ac fídelitatis prseftare omninò teneatur , quodque
Juramcntum
in Civitate Ulixbonenfi Occidentali , Domus Patriarclialis
di£l:a
(conftruílioni pro viribus incumbat , Seminarium inílituat , Montem-
que pietatis) erigi curet , ejus confcientiam fuper his cnerantes.
In nomine Patris >í( , Filii ^Jí , &Spiritus &
San(£li. Amen.
Tom. V. Bb ii Jhard
,

jp6 Trovas do Llv. VIL da Hijloria Çenealogica

Alvará das prerogathas concedidas ao Dea^ , e Cónegos da Igre-


ja Patriarcal de Lisboa.

Num. 117 T7^^ ElReyhaver


*
faço faber, aos que efte Alvará virem, que tendo ref-
. Jtl/peito a
/ Sua Santidade dividido efta Cidade, e feu Arce-
Ao. 1710. bifpado em dous , erigindo em Cathedral Metropolitana Patriarcal,
a iníigne Collegiada da minha Real Capella , concedendo às Digni-
dades , e Cónegos da nova Cathedral , os privilégios graças , e
,

preeminências , que fe declarao no motu próprio ,


que expedio o mef-
mo Santo Padre ; e defejando eu conceder ao referido Cabido as
honras , e mercês , de que o julgo digno , hey por bem , e me praz,
que daqui em diante as Dignidades , e Cónegos , em quanto o forem
da dita Sé , aílim os que de prefente faó , como os que a diante fo-
rem , gozem de todas as honras , preeminências , prerogativas , au-
thoridades , privilégios , graças , liberdades , mercês , e franquezas ,
que haó , e tem , e de que ufaó , e fempre ufaraó os Biípos deftes
meus Rey nos , aíIim como por direito , ufo , e coftume delles lhes
pertence , dos quaes em tudo , e por tudo , quero , e mando , que
elles ufem , e poífao ufar , e lhes guardados fejaó em todos os ados,
e tempos , em que por direito , ufo , ou coftume , devaô delias ufar,
fem minguamento , ou duvida alguma , que a iífo lhes íèja pofta ,
porque aíIIm he minha vontade , e mercê , c de todas as honras
privilégios , e preeminências referidas , gozaráô logo , que entrarem
na poííe das fuas Dignidades , e Conezias , fem que lhes feja ne-
ceífario mais defpacho , ou aclo algum , com declaração , que as Dig-
nidades , e Cónegos fe prefíraô entre fi em todos os a^Slcs , e luga-
res onde concorrerem , pela mefma ordem , e forma , que fe preferi-
rem na dita Sé ; e ordeno , que fempre, que afllftirem no Paço, Tri-
bunaes, e Cortes do Reyno, ou outros quaefquer a6los civis , e fe-
culares , fe íigaó immediatamente aos Bifpos , conftituindo com elles
hum mefmo Corpo como eftes o fórmao com os Arcebifpos , pre-
,

ferindo porém as referidas Dignidades , e Cónegos , o Bifpo mais


moderno, como nos fobreditos aS:os fe pratica com os Arcebifpos,
a refpeito dos Bifpos , e por firmeza de tudo o que dito he , lhes
mandey dar efte Alvará , que quero , e hey por bem , que valha ,
tenha força , e vigor como íe foíTe Carta feita em meu nome , e
paífada por minha Chancellaria , pofto que por ella nao paft^e , e aue
feu eíFeito haja de durar mais de hum anno , fem embargo das Or-
denações do livro fegundo , titulo 39 , e 40 , que o contrario dif-
poem , que para efte eífeito hey por difpenfado. z=i Caetano de Sou-
fa e Andrade a fez em Lisboa , aos 24 de Dezembro de 17 ló.
Diogo de Mendoça Corte-Real, o fobefcrevi.

REY.
Decreto \
da Cafa T(eal Tortu^ue^^à. ipj

Decreto da precedência dos Conexos a todos os Mlnijlros nos

Tribunaes.

Or Alvará de 24 do mez paflado , fuy fervido conceder ao Deão, Num. I 1 8


Dignidades , e Cónegos do Cabido Patriarcal , os privilégios ^ •>
\
prcrogativas , de que lograó os Bifpos nos meus Reynos , e Senho- V'7«
rios , na forma do dito Alvará ; e porque Paulo de Carvalho e Atai-
de , como Arciprefte , e Lazaro Leitão Aranha , como Cónego , de-
vem ufar dos mefmos privilégios da Mefa da Confciencia , e Ordens,
em que faó Deputados , no cafo , que nella fe naó pratique o que
nos mais Tribunaes, a refp^ito de precederem os Miniftros, que por
ferem do meu Coníelho , ou terem outras prcrogativas , devem pre-
ceder fou fervido , que com os fobreditos , e as mais peíToas , que
:

por efpecial circunílancia devem ter a precedência , fe pratique o que


he eílylò nos ditos Tribunaes a mefma Mefa da Confciencia , e Or-
•,

dens o terá aílim entendido. Lisboa Occidental, a 12 de Janeiro


de 1717.

Bulla ^iirea do Fapa Clemente XI. de confirmaça'Õ , e execiiqtíõ


da Santa Igreja Patriarcal. Anda impreffa em Roma no anno
de 1717*

CLEMENS EPISCOPUS
SERVUSSERVORUMDEI.
Ad perpetuam rei memoriam.

G Régis dominici cura à Salvatore,


ritas eíl- , &
& Dominonoílro, qui Cha-
Deus pacis , humilitati noftrae nullo licèt mérito-
rum noítrorum fuííragio commiíTa poftulat , ut inter graviílimas , mui-
Num. I
^ * '
\ ç

tiplicefque Apoftolicac fervitutis curas , quibus his praefertim lu61:uo-


fis temporibus undique prxmimur , in eam peculiari foiicitodinc in-
cumbamus ,
qua dubiis , & controverfiis , qux inter Chriíli fídeles
quoslibet, pra^fertim vero Eccleíiaílicas perfonas ob novarum Eccle-
íiarum erediones m futurum oriri poíTe formidantur , obviam ire ftu-
deamus , ut Perfonse ipf^ EccleíiafticíE , quíe in fortem Domini funt
vocat;iE divinis ejus obfequiis commodiíis deferviant in fan£í:itate , &
juftitiâ coram ipíb , eique remotis controverílamm impedimentis tran-
quilliori fpiritu reddant abundantèr frutSIus fuos , proindeque ut du-
bietates , & coatrovci-fia: hujufmodi penitíis , & omninò evelíantur,
nullaque occaíÍ3 dubitandi in pofteríim prícbeatur, ea qnx nro exe-
quutione literarum Apoílolicarum íuper ereílione novarum Eccleíia-
rum hujufmodi pra^fertim verò Patriarchalium à Judicibus exequuto-
,

ribiis
,

T p8 T^rovas do Lh, V 11, da Hijloria Çenealogka

ribus earuindem literarum facla fiiiíTe dignofciintur , pcipetiiâ robo-


ris finnitate roborarc , eifque Apoílolici Pra:fidii fíriritatem adjicere,
efficaceniqiie operam circà corum coníervationem , &
íubíiílcntiam li-
bcntèr , nccnon aliqiia , qux dubietatem involvunt , aut
adhibere
controvcríias movere poíFunt , declamre , extendere , fer. ampliare con-
luevinius , ut Oithodoxi Reges , quorum intuitu eredliones prxfatíE
fúS:x fuerunt , Sc hujufmodi literas emcnarunt , corumque Fideles
fubditi conceíTionibus , privilegiis ,& indultis eis conceílis , íecurius
in Domino gaudentes , in Pacis , & tranquillitatis dulcedine
conqui-
efcant , «Sc in eorum aíluetâerga Sedem Apoílolicam devotione fer-
vcntius perícverent ; Alias fiquidem Nos probè fcientes chariííimum
in Chrillo Filium noftrum JOANNEM Portugalli^; , &
Algarbiorum
Regem illuftreni à pluribus Annis pio defiderio duétum habendi in
ejus Palatio Régio Ulixboneníi unam Cathedralem Ecclefíam lum-
moperè exoptaíle , ut fecularis , &
iníignis Collegiata Ecclcíia in eo-
dem Palatio alias à Nobis erefta , &
inílituta in Cathedralem Eccle-
íiam erigeretur , ac proindè Civitas , &
Diocceíis Ulixboneníis in
duas partes dividerentur , &
in eis duo Archiepifcopatus conílitue-
rentur , ut Noímetipíos gratos , &
benefícios exhiberemus erga pra:-
diclum JOANNEM Regem , qui nuper pari pietnte , &
liberalitate ,
íiíiali aífetflu , ac zelo defenfionis Fidei duélus , exemplo fuorum Pra^-
dcceílbrum Pvegum gloriofiffimi Nominis in defendendâ , promoven-
dfique Catholicâ Fide , ncc incommodis , nez expeníis quantúmvis
maximis parcendo , yalidiíllmum auxilium quampíurium bellicarum ,
muniíiílimnrumque Navium contra Turcas , qui Iníulani Corcyraz op-
pugnare aioliebantur , quàm citiííimè tranímiferat Motu próprio
:

noílro non ad alicujus Nobis fuper hoc oblatse petitionis inftantiam,


fed ex certa ícientiâ , ac matura deliberatione noíiris , deque Apofto-
licas Potcílatis plenitudine Civitatem , & Diaceíim Uíixbonen. pr^-
fatas in duas partes divifimus , ac unam tàm Civitatis , quàm Dioe-
ceíis diviíarum hujuimodi partem veríus Orientem antiquo Archi-
epifcopatui Ulixboneníi reliquimus , alteram verò partem verfus Oc-
cidentem novo Archiepiícopatui tunc per Nos erigendo aíUgnavimus,
itaut in poílerúm perpetuis futuris temporibus pro tempore exiílens
Archicpiícopus Ulixboneníis , qui medietatem Civitatis , necnon me-
dictatem Diocceíls Uíixbonen. verfus Orientem liabuiíTet , Arcliiepif-
copus Uiixbon. Ori entalis ; futurus verò , ac pro tempore exifiens
Archiepiícopus Uíixbonen. qui medietatem Civitatis , &i medietatem
Dia^ceíis Uíixbonen. verfus Occidentem parifonnitèr habuiílet , Ar-
chiepiícopus Uíixbonen. Occidentalis refpedivè nuncupari deberet
aíljgnatis unicuique parti Civitatis , & Dioeceíís Ulixboneníis divifa-
rum hujufmodi Terminis , & Coníinibus ; in parte verò Civitatis , &
parte Diocceíis Uíixbonen. verfus Occidentem novum Archiepiícopa-
tum Uíixbonen. Occidentalem pro uno , vero , 8r fijturo Archiepif-
copo Uíixbonen. Occidenlali ad nominationem di6í:i JOANNIS Ré-
gis , ejufque in Portugallise , & Algarbiorum Regnis fucceíTorum Re-
gum pro tempore exiílentium eidem Archiepiícopatui Uíixbonen.
Occidental! ApoHolicâ auíloritate prseíiciendo , qui in nuUo penitus
alteri
,
,

da Cafa T^al Tortuguefs^a. ipp


alteri Archiepifcopo Ulixbonen. Orientali ,
aliifquc quibufcni-nque Ar-
chiepifcopis , Pra.*latis , & íupcrioribiis quociimqiie nominc nunciipa-
tis fubjeílus exifteret , fed ab eis corumquc jurirdidlione & fupe-
, ,

rioritate penitíis, & omninò excmptus ac dumtaxat Sedi ApoftoIicíE


,

immcdiatè fubjedus remancret , creximiis , & inílitoimus , di^tamque


fecularcm , & infigiiem Collegiatam Ecclefiíim alias fiib invocatioiíe
Divi Thomx Apoíloli in pra^diclo Palatio Régio exiílentem in ve-
ram Archiepiícopalem , & Metropolitanam Ecclefiam Ulixbonen. Oc-
cidentalem íub invocatione AíTumptionis BeatiflimíE Virginis Maria;
pariformitèr ereximus , Sc inílituimiis , ac nominc Archiepifcopali , &
Metropolitano Ulixbonen. Occidentali infignivimus , & decoravimus :

ac voluimus qiiòd ipfa CoUegiata Eccleíia , qux ex fex Dignitati-


,

bus , ododecim Canonicatibus , totidemque Prjcbendis , qiias , &


quos obtinentes illius Capitulum conftituebant , necnon cx duodecim
perpetuis Bencficiis Ecclefiaílicis conftituebatur , in Cathedralem ere-
€ta eodem numero Dignitatum , Canonicatuum , & Prgebendarum
quas , & quos etiam obtinentes illius Capitulum fimilitèr conílitue-
rent necnon eodem numero Beneficiorum conftitucretur ; quorum ta-
,

men Canonicatuum Tres in Pocnitentiarium , Theologalem , & Do-


ítoralem refpeòlivè Canonicatus per ipíiim Regem de- JOANNEM
fignari deberent , icrvatis tamen in prarlcntatione , colíatione inf- ,

titutione Canonicatuum Poenitentiarii , Theologalis , & Do6loralis


hujufmodi tàm circa íEtatem , quàm circà idoneitatem , aliafque qua-
litates Concilii Tridentini Decretis Cunique di6la Cathedralis Ec-
:

cleíia Ulixbonen. Occidentalis olim CoUegiata ad hujuímodi íublimi-


tatem , honoriíicamque excellentiam lublimata exifteret dicftuícjue ,

JOANNES Rex in eâ Dignitates & Canónicos habere , qifi certis


,

& peculiaribus qualitatibus pollerent , ad hoc ut ad altiores Dignita-


tes , '& Cathedralium Eccicíiarum regimina promoveri , feu priXÍenta-
ri poílent , íiiminoperè dcíideraret , eidem JOANNl Regi , ut non-
nullos ex dignitates , & Canonicatus , & Prssbcndas hujuímodi , ac
Beneficia prxdi6í:a tunc obtinentibus pro eâ vice tantum ab eis remo-
vere , alioíque in eorum locum fubrogare , dummodò tamen prius in-
dcmnitati eoriirn ,
qui fie remoti fuiífent faltem aequivalentcr coníul-
tum fuifTet , liberè , & , licitè poíTet
valeret , &
fie rem.oti à Dig- &
nitatibus , aut Canonicatibus , Prscbendis , &
feu Beneficiis hujurmo-
di quavis ratione , &
fub quovis príctextu , etiam triennalis pollef-
fionis juvari no!i poíTent , nec remotioni hujuímodi contradicere , &
fe opponere valerent , ac pro remotis Apoílolicâ auíloritate habere
voluimus , &
mandavimus , Motu pari conccffimus , indulfimus. &
Archiepifcopo autem Ulixbonen. Orientali pro tempore exiftenti , ut
aucloritatem , jurifdiólionem , &
fuperioritatem in Clerum , Po- &
pulum , in Ca fera , Oppida , Villas , Territoria , Diílriclus , Eccle-
fias , &
Peribnas tàm feculares , quàm Ecclefiariicas exiOentes , &
exiftentia in mcdietate Civitatis , &
medietate Dioecefis Ulixboneií.
verfus Orientem habere deberet , eas liberè , &licite exercere va- &
hret , ac Loca, &
PerfoniE huiufmodi ejus jurifdi^tioni , fiibjc(5>ioni,
vifitatioai , &
corrcvSíiioni femper fubjeóla remanere , citrà tamen prx-
judiciuni
2 CO Trovas do Lh. VIL da Hiftoría Çenealogica

judiciiim Perfonarum
feu Locorum forfan habentium privilegia ex-
,

emptionis ab Iiujiifinodi vifitatione , qux firma , Sz illefa renianere ,


& ut aiiteà ab hujuímodi vifitatione exempta reípedlivè elle deberent,
ac eidem pro tcmpore exiílenti Archicpifcopo Ulixbonen. Orientali
ultra jurifdidlionem , &
auífioritatem in Perfcnas , Loca , in me- &
dictate Civitatis , &
niedictate Dioeceíis Ulixbonen. huiulmodi ver-
fus Orientem , íic ut praífertur , ei affignatis , coUationes provifio-
,

nes , &
omnimodas alias difpoíitiones Dignitatuni , Canonicatuum ,
& Pra^bendarum , Perfonatuum , Adminiftrationum , & Officiorum ,
ca^terorumque onínium Beneficiorum Eccleíiafticorum cum cura , &
fine cura pra^fentationes , eleéliones ad illa , confírmationes ,
, ac &
inílitutiones in eirdem , anteà in totâ Civitate , totâ Dioeceíi Ulix- &
bonen. praídefunctis Archiepifcopis Ulixbonen. con:petentes , íalvis
tamen , &
illcfis íemper remanentibus refervationibus , aíFeólioni- &
bus Apoftolicis , &
abíque pra:judicio pra;fentationis Beneficiorum
Jurifpatronatus Regii , &
Laicalis in pofterum pro medietate tantum
Civitatis Ulixbonen. êc medietate Diacefis Ulixbonen. linjufmcdi
veríus Orientem , fie ut príefertur , ei aííignatis , reliquimus , afllg- &
navimus ; eidemque pro tempore Archiepiícopo Ulixbonen.
exiftenti
Orientali Egitaaien. Portalegren. Prcraontorii Viridis , S. Thcn^a',
& Congi Epiícopales Eccleílas , illarumque pro tempore exificntes
reípedivè Pra-fules , leu Adminiftratores , pro íiiis , & pro tempore
cxiftentis Archiepifcopi Ulixbonen. Orientalis luffraganeis , qui tan-
quam membra Capiti pro tempore exiftenti i^rchiepiícopo Ulixbonen.
Orientali Jure Metropolitico íubeíTent , defignavimus , & deputavimus,
itaquòd idem pro tempore exiílens Archiepiícopus Ulixbonen. Ori-
entalis in eiídem Egitanien. Portalegren. Promonterii Viridis SanóH ,

Thoma; , & Congi Civitatibiis , & Dioecefibus jus Metropoliticum


fíbi vindicaret , & Egitanien. Portalegren. Proniontrrii Viiidis, San-
6í:i TliomíE , & Congi pro tempore exiílentes Epiícopi , eidem pro
tempore exiftenti Archicpifcopo Ulixbonen. Orientali ad omnia , &
fingula teiierentur , & eílent adftridVi , ad qiiíe iiifiraganei quicumque
fuis Metropoliticis Ecclefiis , & Metropolitanis h.yXíi canónicas fan-
<5í:ioncs tcnentur ,& obligati exiftunt , ac eidem pro tempore exiften-
ti Archiepiícopo Ulixbonen. Orientali prasdidos íuos fufiVaganeos
coniecrandi , ad Provinciales Synodos evocandi , ac cum eifdem fuf-
fraganeis Eccíefiaftica negocia agendi , & deíiniendi , cauías quarum-
cumqiie appellationum , fivè quxrellas iuxtâ Sacrorum Canoniim , &
Con:iIii Tridentini Decreta cognoícendi , omniaque alia , & ÍIngula
quíccumque , quas de jure, ufu , confuetudinc , aut alias quoquomo-
do ad Archiepifcopos , & Archiepiícopale múnus fpeólare , & perti-
nere folent , & príucisè ad antiquum Archiepifcopum Ulixbonen. an-
teà ípefbabant , & pertinebant in medietate tantum Civitatis Ulixbo-
nen. verfus Orientem, & medietate tantum Dioecefis Ulixbonen. etiam
veríus Orientem , fie ei pro fuis Archiepifcopatu , & Território à
Nobis relidis, & aftignatis gerendi , & exercendi , plenam , liberam,
& omnimodam facultatem , & auí^^oritatem , reliquimus, paritèr , &
aíHgnavimus Archicpifcopo verò Ulixbonen. Occidentali pro tempo-
:

re
,,

da Cafa ^al Tortugues^a, 20 1

re exiftentiqui rempcr cíle dcberct Saccllanus maior didse Rcgise


,

Capellac primo in Collcgiatam , & dcindè in Archiepircopalcm Eccie-


fiam crecliC , ut ultra gratias , privilegia , pnrrogativas , Indulta , &
quibus frui debebit , uti príctatus Saccllanus ir.aior , praccisè ultra &
JuriidiéVioncm ípiritualcm , têmpora , & km
quíE ei competcre debe-
bit iuper l amiliaribus Rcgiis ,
aliiíque Pcrlonis juxtâ formam , &
tenorcm Privilcgiorum eidem Sacclinno maicri alias conceíTorum ubi-
cumque Domicilia habentibus feu jiabituris ,
etiam ipfc jurifdi^Slio-
,

nem, & auóloritatcm in Clerum Populum , ,


Caílra, Oppida, Vil-
las ,
Territoria , Diftri6lus ,Eccleíias , & Perfonas tàm fecularcs ,
quàm Ecclefiaíljcas 5 & Regulares exiftentes , & exiftentia in medie-
tate Civitatis , &
Diocceíis Ulixbcnen. hujufmodi verfus
medictate
Occidcntem ei , ut prseíertur, aílignatis habere dcberct, ac eas libe-
rè , &
licite exercere valeret , ac Loca , Perfona; hujufmodi ejus &
fubjeélioni , viíitationi , & , corredlioni femper
perpetuo íubjeòla &
remanerent , tamen
citrà príejudicium Perfonarum , feu Locorum
forfan habentium Privilegia exemptionis ab hujufmodi vifitatione
quíE firma pariter , &
illefa remanere , &
ut antcà ab hujufmodi viíl-
tatione exempta eííc deberent , necnon eidem Archiepifcopo EUixbo-
nen. Occidentali pro tempore exiftenti ultrh jurifdiólionem , au6lo- &
ritatem in Perfonas , &
Loca in medictate Civitatis , mediei ate &
Dioecefis UJixbonen. hujufmodi verfus Occidentem , íic ut prsefcrtur,
ei aftlgnatis , coílationes
,
provifiones , &
omnimodas alias difpofitio-
nes Dignitatum , C>anonicatuum , & Prscbcne^arum , :Perfonatuum
Adminiftrationum , Ofiiciorum , cícterorumque omnium , finguío- &
rum Bcneficiorum Ecclcfiafticorum cum cura , fine cura , ac prítfcn- &
tationes , eleéliones ad iíla , confírmationes , inílitutioncs in eil- &
deni , antea in totâ Civitate , &
tota Dicecefi Ulixbonen. praedefun-
ítis Archi:;pifcopis Ulixbonen. competentes , falvis tamcn femper , Sc
illeíis paritèr remancntibus refervationibus , & aílcdionibus Apofioli-
eis , & abfque pniejudicio prícfentationis Benefícicrum Jurifpatronatus
Regii, & Laicalis , in pofterum pro medictate tantúm Civitatis Ulix-
bonen. & medictate tantíun Dicecefis Ulixbonen. verfus Occidentem,
íic ut proífcrtur pro tempore exiftenti Archiepifcopo Ulixbcnen. Oc-
cidentali aílignatis, íimiliter conceftimus, & rcfpcclivc indulíimus ;

eidcmque pro tempore exiftenti Archiepifcopo Ulixbonen. Occiden-


tali Leiíien. Lamacen. Funchalen. & Angren. Epifccpales Ecclcfias
,
modernofque, & pro tempore exiftentes illarum rcfpc6livè Prrefules,
feu Adminiftratores pro fuis , & pro tempere exiftentis Arclíiepiíccpi
Ulixbonen. Occidentalis fuíiraganeis , qui tanquam membra Capiti:
eidem pro tempore exiftenti Archiepifcopo Llixbonen. Occidentali
jnre Metropolitico fubjacerent , eique obedientiam , & reverciiriam
tanquam próprio ^Metropolitano prsftare deberent , íimilitèr deíigiia-
viraiis , & dcputavimus , ita quòd idem pro tempore exiftens Archi-
epifcopus U-lixbonen. Occidentalis in eifdem Leiíicn. Laniacen. Fun-
chalen. & Angren. Civitatibus, Dioeceíibus jus Mctropoliticuui ha-
berct, & habere dcberct, &: Leirien. Lamacen. Funchalen. & An-
gren. Epifcopi eidem pro tempore exiftenti Archiepifcopo Ulixbonen.
Tom. V. Cc Occi-
20 2 Trovas do Liv, Vlh da Híjlorta (jeneakglca
Occidentali ad omnia , & ílngula tencrentur , & adftriíli eíTcnt , ad
qoa2 fuffraganei quicumque de jure, ufu , aiit coníuctudine tenentur,
& obligati cxiílunt , ipfique pro tempore exiílenti Archiepifcopo
Ulixbonen. Occidentali piudiólos íuos fiifFraganeos confecrandi , ad
Provinciales Syiiodos evocandi , ac ciim eis etiam EccleíTaílica nego-
cia agendi , & terminandi , caufas quarumciiinque appellationum , íi-
vè querelas juxta Sacrorum Canonum Statuta , &
Concilii Tridenti-
ni Decreta cognc icendi , omniaque alia , &
fingula , quíE fimilitèr de
jure, ufu, con^uetudine , aut alias quomodolibet ad Archiepiícopos,
& Archiepiícopale múnus fpeítare , «& pertinere folent , prxcisè &
ad antiquum Archiepifcopum Ulixbonen. anteà in totâ Civitate , &
Dioeceíi Ulixbonen, fpe£labant , &t pertinebant , in pofteruni in me-
dietate tanturn Civitatis , &
med etate tantúm Dioeceíls Ulixbonen.
hujufmodi verfus Occidentem , íic ei pro Íbis Archiepiíccpatu , &
Território h Nobis paritèr aíTignatis , gerendi , &
exercendi plenam ,
& omnimodam facultatem , &
auéloritatem conceíTimus , impartiti &
fuimus Ad eíFedlum vero , ut tàm Archiepifcopus Ulixbonen. Ori-
:

entalis , quàm Archiepifcopus Ulixbonen. Occidentalis pro tempore


exiftentes in adu exped tionis literarum Apoftolicarum fuper coruin
promotione ad di6í:os Ulixbonen. Orientalem , ík Ulixbonen. Occi-
dentalem Archiepifcopatus ad nominationem diâri JOANNÍS Régis,
ejufque fucceíTorum Regum pnxdi^lorum faciendam taxam fixam , &
snvioiabilem in libris Camerce ApoftolicíE , ac certos , &
diílinítos
fru6lus habcre valerent , cum taxa antiqui Archiepifcopatus Ulixbo-
nen. ia libris Cameríe Apoftolica; ad bis mille florenos auri dcfcripta
reperiretur , &a:quum eííct , quòd ficuti dividebantur Civitas , &
Dioecefis , ita eiiam dividerentur fruélus , &
onera, idcircò volui-
mus , & ordinavimus quòd in poílerum fru61:us Archiepifcopatus
Ulixbonen. Orientalis ad mille florenos auri , &
fimilitèr fruílus Ar-
chiepifcopatus Ulixbonen. Occidentalis ad alios mille florenos Amimes
refpeclivè in hbris Camerx ApoflolicíE laxati refpeííivè exifterent :

Uíiicuique autem ex prajdidlis duobus Archiepifcopis Ulixbonen. Ori-


entali , &Occidentali pro tempore exiftentibus , illi fruélus ex Deci-
juis , & aliis quibufcumque redditibus , proventibus , bonis fl:abilibus,
ccníibas , &
aliis hujufmodi provenientes obvenirent , qui provenire
poterant ex illâ mcdietate Civitatis, & medietate Diocccfs UJiibo-
nen. ei fie , ut pra;íertur, aílignatis ; &
ne antiquum Capitnhim Ulix-
bonen. ex hac divifione , & difmembratione , ac novi Archiepifcopa-
tus Ulixbonen. Occidentalis ereclione quoad infrafcriptos fru6lus , &
alia emolumenta ei , ut infra fpeélantia , aliquod detrimentum patere-
tur , tàm frudtus , quàm decimai , &
alia emolumenta , qua; anteà ei-
dem antiquo Capitulo fpe£labant , &
pertinebant , etiam poft divifio-
nem Civitatis , & Dioecefis Ulixbonen. ac hovíe Mctropolitan^e Ec-
clefia; hujufmodi eredtionem , ut anteà
,
fpeé^are , & pertinere debe-
rent , abfque eo quòd Capitulum , &
Caiionici novíe JVÍctropclitaníe
Eccleíiie pnrfacla: ex Decimis , fru6>ibus , & emolumentis pra:fatis ,
ad antiquum Capitulum Ulixbonen. ut prasfertur , fpeclantibus , quid-
quam exigere , feu piíttendere valerent , etiamfi fru6lus Dccimac , &
emolu-
emolumenta cx quibufcunique bonis , rebus , & Perfonis
Iiujiifinodi
in medietate Civitatis , & medictate Diocccfis veríus Occidcntem exií-
tentibus quomodolibet provenircnt Nè autem ex divifionc Civitatis,
:

& DiiECcfis Ulixbonen. prarfatarum , & cxiftcntiâ duoruin Archiepif-


copatuum intra limites cjuldem antiquíE Civitatis , cjurdemque Dioe-
ccíis difcordiae , & quamplnra , quai jurifdi-
dilTcntiones oiirentur ,

dioncm , íuperioritatem , & alia , qux pacem , & concordiam ambo-


rum Archiepiícopatuuni refpicere poílent , in duodecim Capitibus
comprehcnla decrcvimus. Confiderantes polleà prcediíbam Metropo-
litaiiam Ecclefiam Ulixbonen. Occidentalem , fic ut pia:feitur , à No-
bis crectam , Sc inílitutam in Régio Palatio Ulixbonen. conílitiitam
exiftere , inibique iplas Perfonas Regias Ecclefiafticis funílionibus
íarpiílimè adeííe poíle, valdè congruiim exiftimavimus , ut eadem Me-
tropolitana Ecclefia Ulixbonen. Occidcntalis , ejuíque pro tempore
exiíiens Archiepifcopus Ulixbonen. Occidentalis uberioribus indultis,
privilegiis , & praerogativis ex fpeciali noftrâ , & Scdis Apoítolicíe
indulgentiâ condecoraretur : tamen , & illefís
Quaproptòr. Firmis
remanentibus oranibus , & íingulis indiiltis , gratiis , & privilegiis ei-
dem CapellíE RegiíE , ejufque Sacellano maiori , fie ut pracfertur , à
Nobis , &
Romanis Pontificibus PríEdeceíToribus noftris conceílis , &
citrà ullum príejudicium , feu diminutionem auéloritatis , jurifdiéíio-
nis praseminentiarum , ac jurium quoruincumque , etiam honorifíco-
rum , & merè ca:remon'alium nunc , &
pro tempore exiftenti noíVro,
& Apoílolicse Sedis in Portugallia; , &
Algarbiorum Regnis Núncio,
feu alteri ejuídem Sedis in eilUeni Regnis pro tempore fimàlitèr exií-
tenti Legato competentium
,
quae Nuncius , &
Legatus íupradiéli
qucad di£lum novum Archiepiícopum Ulixbonen. Occidentalem pa-
ritormitèr , &
abfque uUa prorsús differentiâ , ac quoad alios Archi-
epilcopos , &
Epifcopos diiítorum Regnorum exercere poíTent , &
deberent , eamdem fecularem , &
infignem CoUegiatam Ecclefiam , fic
à Nobis in Archiepifcopalcni Ecclefiam Ulixbonen. Occidentalem ere-
(Sbam , & inftitutam , nomine , titulo , «Sc prcerogativâ Patriarchalis Ec-
clefia:
,
ejufque Archiepiícopum Ulixbonen. Occidentalem pro tem-
pore exiílentem fimilitèr nomine , titulo , &
pra:rogativâ PatriarchíE
Ulixbonen. Occidentalis , adinftar Venerabilis Fratris noítn moderni
Patriarchíe Venetiarum quoad Provinciam tamen Archiepiícopatus
,
Ulixbonen. Occidentalis tantúm , infignivimus , decoravimus , cuni
facultate u tendi infigniis , &
ílegmate própria: Ecclefia: Archiepifco-
palis Ulixbonen. Occidentalis aliifque ornamentis , quibus idem Pa-
,
triarcha Venetiarum de jure , ufu
, &
confuetudine utitur , nccnon in
eiíUem Portugallise , &
Algarbiorum Regnis deferendi Crucem , &
Rocchettum aj-íertum , Populnm benedicendi , 1'hronum , Balda- &
chinum habendi , Pontifícalia exercendi , &
luprà Bracharen. Ulixbo-
nen. Orientalcm , ac Elboren. Archiepifconos , necnon Portalegren.
Colimbrien. Viícn. Mirandcn. Lamacen. Egitanien. Leirien. Funcha-
len. Angren. Promontorii Viridis, Sanéli Thomas, Congi, Algarbien.
Portugallcn. ac Elven. Epifcopos, aliofque omncs , fingulos Reg- &
norum hujufmodi PríElatos in omnibus a£libus , fundlionibus , &
Tom. V. Cc ii etiam

e
2 04 trovas do Liv. VIL da Hijlorla Çcnealcgica

etiam in eoriim Ecclefíis príccedentiam habendi quorum nullus


,

etiam in eorum Eccleíiis , eo prselente , aliquem jurirdi6lionis , ho-


noris , vel facultatis a6liim gerere poíTet , quem coram Legato Sedis
Apoílolicae prafatas gerere non valeret Qiiò verò ad alias jurifdidlio-
:

nes , & faciiluates aliis Patriarchis , íeu prasdiílx Sedis Lcgatis com-
petentes nullas idem pro tempore exiftens Archiepifcopus Ulixbo-
nen. Occidentalis Patriarcha nuncupatus habere , feu exercere poíTet,
exceptis fupradidlis , nifi alia jurifdi6í:io , f?u facultas hujuíraodi priús
per Nos , aut fucceíTores noílros, Sedemque pra^fatam , declarata , &
refpeííiivè ei conceíTa fuiíTet. Necnon utendi Pallio non íolúm in
diebus , Feííivitatibus , &
FumSlionibus in Pontifícali Romano def-
criptis , &
defigaatis , fed etiam in Conceptiouis Beatíc MariíE Vir-
ginis , in Inventionis , &
Exaltationis S. Crucis , S. Joíeph , S. An-
nx , S. Michaelis Archangeli , S. Vincentii Civitatis Ulixbonen. Pro-
tedloris , S. ElifabethíE Reginís Portugallise , S. Antonii Ulixbonen.
S. Angeli Cuílodis , & S. Georgii Regni Portugallise Defeníbrum ,
Feílivitatibus , quíE omnes in ipsâ CoUegiatâ Ecclefíâ in Cathedra-
lem , & Metropolitanam Ecclefiam Ulixbonen. Occidentalem eredbâ ,
& in toto Regno Portugalli^e folemnitèr celebrantur , necnon in
qualibet alia die , íiquíE fuiíTet folemnior in Ecclefíâ in qua per to-
tum Regnum prsediélus Archiepifcopus Ulixbonen. Occidentalis Pa-
triarcha nuncupatus Pontifical ibus ufus fniífet , ac in benediâ:ionibus
Nuptiarum, & in folemni Baptifm.ate Filiorum , & Defcendentium
Regiorum , ac in aliis f milibus , 5' folemnibus Regiis Fundionibus,
quaí intra, vel immediatè poíl MiíTarum folemnia celebrarentor, qucd-
que idem Archiepifcopus Ulixbonen. Occidentalis nomine , «Fv pr^ro-
gativi Patriarchíc , fic à Nobis decoratus, habitum purpureum adinf-
tar Venerabilis Fratris noftri moderni Archiepifcopi Salisburgen. in-
duere poíTet, eafque Indulgentias concedere valeret, quas noOri , &
prasditílsE Sedis Nuncii in eifdem PortugalliíE , & Algarbiorum Reg-
nis ejurdem Sedis au'51:oritate concedere folent , videlicèt , centrm ,
aut piores alios dies, non tamen ultra Annum, necnon in uno Fef-
to dumtaxat à Primis ufque ad fecundas Vefperas , & Occafum Solis
diei Feíli hujufmodi quinque Annos , & quinque Qiiadragenas , aut
infra , ita tamen , ut íemel tantum pro unâ Eccleíiâ , vel Capella fi e-
xet, etiàm conceílimus , &
indulfimus Capitulo verò diâac Collegia-
:

tíE Ecclefiae fic à Nobis in Cathedralem , & Metropolitanam Feclefiam


ere£í:íE , ac titulo, denominatione, & pra^rogativâ Patriarcíalis Eccle-
íiâ; decoratíE , ejufque Dignitatibus , &
Canonicis , ut ipíi in poíle-
rum habitum prrelatitium violacei coloris feriei , aut lanei fuprh Roc-
chettum ubique Icrrarum, extra tamen Romanam Curiam, & ubi noa
fusrit Pvorr.anus Pontifex , adinílar Canonicorum Ecclcíiarum Patriar-
chalium de Urbe , quodque ipfi , qui jam vigore indulti ApoAolici
habebant ufum Cappa^ magnx violacei coloris , in poílcrúm Hyema-
li , Cappam etiam magnam rubeam , Eílivo verò temporibus , AIoz-

zettani fuprà Rocchettum íimilitcr rubeam adinílar Canonicorum Ec-


ck'riíe Pifan ; rcfpeélivc in íingulis Horis Canonicis , Miílls , & aliis
Diviuis Oíficiis , necnon ProceiRonibus , tàm intra , quàm extra eo-
rum
,

da Caja T(eal ToYtugue^a. 205


rum Ecclcíiam pcragendis , ac Aílibiis Capitularibus piiblicis , & pri-
vatis ,
geílare , & dcfcrrc poíTent , quodque Capitulam , & Canoni-
ci diclic Ecclcíia: Ulixbonen. Occidcntalis thm habitu Príslatitio
quàm Canonicali induti , & capitularitcr exiftcntes , ícu incedentes
omnia Capitula, criam ia eorum Ecclcfiis , omncíque Canónicos qua-
rumcumque Cathedralium , & Collegiatarum Ecclcíiaium totius Reg-
ni PortugalliíK , fimilitèr íi unus , vel plures Dignitates , ícu Cano-
nici dii5>£c Ecclcfia; Ulixbonen. Occidcntalis cum alio , yel aliis Dig-
iiitate , ícu Canónico , aut Dignitatibus , feu Canonicis , cujuícum-
que altcrius Ecclcíias Reg;ii Portugalliíe hujufmodi incedercnt , ícu in
aliquâ funí>ione Eccleíiaííicâ adeíTent , etiam in eorum Ecclcfiis praí-
cedcre dcbercnt ; necnon ut ipíi , eorumquc in Dignitatibus , Ca- &
nonicatibus , & Príubendis hujufmodi fucccíFores per^etuis futuris
temporibus , ac tam in parte Civitatis , &
Diocccíis Ulixbonen. Oc-
cidcntalis , quàm in toto Rcgno PortugalliíE , ejufque Dominiis pra:-
fente Rege , eoquc abfcntc , de licentiâ 0'rdinarii , in Miílis , ac Ho-
ris Canonicis folemnitòr decantandis, ac etiam in ProceíTionibus , Be-
nedi6uionibus Candelarum Cinerum , Palmarum , & Fontis fíaptifma-
lis , ac in reliquis Ecclcfiafticis Fundionibus , in quibus Sacra adhi-
bcntur paramenta , príefente , vel abfente Archiepiícopo Ulixbonen.
Occidentili , nomine, & príErogativâ Patriarchsc , ut prsefcrtur , de-
corato , Mitra , aliiíqus indumentis , vel paramentis adinftar Abbatum
ufum MitríE hahentium , uti , necnon in eorum Armis , & Infigniis
gentilitiis Mirram anponi facere , adinftar Dignitatum , & Canonico-
runi Archicpiícopalium Ecclefiarum Beneventanae , & Mcdiolanen.
quodque ipíius Ècclefíie Ulixbonen. Occidcntalis Dignitates , & Ca-
nonici priíjfati , eorumquc fucceíFores indumenta , & paramenta, aliaí-
que res Eccleíiaílicas , in quibus Sacri Olei , vel Chrifmatis undio
non adhibetur , non tameri Cálices , neque Patenas , benedicere , ad-
inítar Canonicorum Eccieíiíe Neapolitanae , eifdemque prícdidrre Eccle-
fisc Ulixbonen. Occidcntalis Canonicis caufaí qua^cumque , & fuper
quibufcumque Litibus , & Controveríiis motí€ , vel movcndíc com-
mitti refpcíflivè libere, & licitè poíTent, & valerent, etiam conccíli-
mus , & indulfimus. Uiterius firmo remancnte Jurcpatronatus Rcgio,
& pr^efentandi , ut anteà , ad Dignitates , Canonicatus , & Prisben-
das , ac Beneficia dié^íc Collegiatíe EccIcíÍíe , fic à Nobis in Metro-
politanam Ecclefian Ulixbonen. Occidentaícm ere^lse , ad Archicpif-
copatum Ulixbonen. Occidentalem nomine , & praerogativâ Patriar-
chatus , decoratum , tam à priina^vâ illius ereftione, quàm in poíle-
ríim , quandocumque , vacanrcni , &
in quibufcumque illius vacatio-
nibus , etiam apud Sedem Apnftolicam prsefatam quandccumque oc-
currciitihus , Jnfj^atronatus Rcfiium , &: praefentandi Perfonam ido-
neam Nobis, &
PvOirano Pontifici pro tcmpore exiílcnti, ac per Nos,
& eundem Romanum Pontificcm pro tempore exiílentem di6Vo Ar-
cniepifcopatui Ulixbonen. Occideníali nomine, & prserogativâ Patri-
archatus decorato , Apof olicâ aufloritatc , &
mediantibus literis
Apoftolicís prí^ficicndam , eideni JOANNI Regi , ejufque in diébis
Rcgnis fucceíFonbus Regibu3 perpeíub refervavimus , conceíTmuis , &
aíTigna-
,

2o6 T^rovas do Lh. VIL da Hijíoria Çeneahgica

aílignavimus Denique iit in eventum in quem prsedidlus


: JOANNES
Rex , ejuíque fuccelTores Reges alibi Curiam Civitatis Ulixbonen.
eorumque Regias Perlbnas , vel perpetuo , vel per aliquod temporis
Ipatium refpedlivè transfcrrent , nihilominus firma , &
illela rem.anere
dcbereiít tàm Cathcdralitas áid:x Collegiataí Eccleíia; , íic à Nobis
in Metropolitanam , &
Patriarchalem Ecclcíiam Ulixbonen. Occiden-
talem ereélíe , quàm omnia , &
llngula Privilegia eidem Eccleíise
Ulixbonen. Occidentali , fie ut príefertur , conceiia , decrevimus , &
decíaravimus , prout in noílris in forma noílri Motus proprii fub da-
tam RoniíK apud Sanétam Mariam Maiorem anno Incarnationis Domi-
nicíE millefmio leptingentefimo fextodecimo , íeptimo Idus Novem-
bris , Pontiíicatus noílri , anno fextodecimo expeditis literis pleniíis
continetur ; quas quidem literas Venerabilibus Fratribus noílris El-
ven. Algarbien. êc Miranden. Epilcopis direximus , ad hoc , ut ipfi
vel unus eorum per fe , vel alium , feu alios ad illarum exequutio-
nem procederent ; cumque ficut accepimus , literse prxtatx Venerabi-
li Fratri noílro moderno Epiícopo Algarbien. uni cx Judicibus Exe-
quutoribus prícfatis pro obtinendâ illarum exequutione prítícntatae
fuiílent , idem Epifcopus Algarbien. literas pra^fatas exequutioni de-
mandaverit, mediante infraícripta fententiâ tenoris íequentis videlicet
Chrifti nomine invocato. Vifis his Adis, &
Motu próprio SanéliíH-
ini Domini Noílri PP. Clcmentis XI. nunc temporis Rcgentis Ec-
clefiam Dei , quo , cx juílis cauíis in ipfo Motu próprio contentis ,
& expreílis, duos príecipit dividi totum hunc Archiepifcopatum
in
Ulyíliponeníem , attentâ etiam facultate Nobis conceísâ pro ipsâ di-
viíione faciendâ , necnon coníenfu ad illam praeftito h Sereniíllmo Pve-
ge noftro , quem Deus fervet incolumen , eodemque Motu próprio
ab ipfo Nobis per fuum Primicerium remiíTo , aliis denique peraòlis
diligentiis ad iíHufmodi diviíionem perneccíTariis , palàiii fit , juberi
à Sané^riffimo Patre , quòd hic antiquus , Sc hadenús continuatus , &
indivifus Archiepifcopatus Ulvííiponenfis in duas bipartiatur Ecclefias
Metropolitanas cum diftin£l-is , feparatifque Territoriis , Dioecefi- &
bus , in quibus earum Prxlatorum finguli totam illam in Clerum , &
Populum ex^rceant Epifcopalem jurifdiílicnem , c\vx alias à jure
exercere folet , &
competit Metropolitanis in fuis Cathedralibus , &
Provinciis , ipfeque Archiepifcopus , qui liucufque toti huic Metro-
poli príEcrat foli i'li deinceps praefít parti UlyíTipon. antiquas , in eâ-
que tantum jurifdiclionem fuam exerceat , qvx à ncvitèr eredlâ , feu
Ulyíliponâ nova denoniinatâ dividitur , ac fcjungitur per Arcum Con-
folatíonis didum Coílam de Caílello , ac per murum , &
Portam S.
Andreae una cum omnibus ejus fuburbiis , qux veríus Orientem dila-
tantur , ac extenduntur , qua ex causa , Pra.;latus Hliuímodi Dioeceíis
Archiepifcopalis UlyíTiponenfis Orientalis denoniinabitur , ipfaque
ejufdem Dioeceíis hac Tagi parte continuabitur à pra^diélo fuburbio
Orientali per Villas , &
Loca de Ribatejo cum fuis Terminis , Ter-
ritoriis , &
dependentiis , ufque ad coníinia jurifdi61ionis de Thomar
nuUius Dioeceíi.s ; ex altera vero parte ejufdem Tagi principium du-
cet ipfa Dioeceíis h Flumine Canha ufque ad ultima confinia utriuf-
que
,

da Cafa %eal Tortuguei^a. 207


que Eplfcopatiis Egitanlen. & Portalcgren. quíe ab ipsâ Tagi parte
reípiciiintur , & iii'cis dumtaxat omnimodam , liberam, prorsiis&
independentem' habeat jurirdidlionem ;
Rcriduum autem ,
quod fegrc-
gatur , & cxtrahitur ab Archiepifcopatu antiqiio ,
inveniturque intra
eandcm diá:am Civitatem h pntdi^^is limitibus Arcus Coníblationis,
Coítcc de Caftello , Porta: S. Andrex , cum fubiirbiis partis Oricnta-
lis ,
quod fumit principium à Loco Arroios
extra vero Civitatem ,

nuncupato & continuatur per Campo Grande Povoa S. Adriani


, ,

Arruda Alemquer Moinho Novo Otta Cercal , Sancheira Cam-


,
, , , ,

pos d' Alcobaça, cum omnibus Locis, Tcrritoriis , «& dependentiis


di^^arum Villarum qux omnia ex hac parte Tagi fita íunt ufque
, ,

ad extrema confínia Epifcopatus Leirien. ex altera vero trans Tagum


ipfum integrum Territorium Setubalenfe , qua parte mediat inter Flu-
mina Sado , & Canha ufque ad Confínia Archiepifcopatus Elboren.
cum omnibus fuis Locis , Tcrritoriis , Villis , ac dependentiis , quíE
Occidentem refpiciunt, fíat, & fírmiter , ac ftabiliter erigatur in
unam novam Ecclefiam Mctropolitanam , cujus deinccps Pra^ful Ar-
chiepifcopus UlyíTpcneníis Occidentalis nuncupabitur, haiic autcm
denominationem , & múnus nnvre , & iftius Metropolis Cathedralis
Eccleíia: fibi vindicabit Colleaiua infignis Capellse Regias, cujus ti-
tulo, & natura luppreíTis , qpi à mera Collegiata erat , in veram Se-
dem Archicpifcopalem , «Sc Mctropolitanam Ecclefiam transferetur
& exaltabitur , & quas íub antiqua invocationc , & titulo S. Thomse
Apoftoli eredla fuit , invocatione , & titulo Beata; Virginis Marine
AíTumptx , ndiníl-ar omnium aharum in hoc Regno gloriabitur Por- :

ro in priTdic'^is Villis , Locis , Diílriftibus , & Tcrritoriis poterit di-


élus Archiepifconus Ulyííiponenfis Occidentalis independentem , &
abfolutam juriídi£lionem exercere , conferre , quí€ ad illum attincnt
Beneficia â;que fimplicia , ac refidentiam poílulantia , falvis tamen fem-
per reícrvationibus Apoftolicis , Decimas, fruélus , & quíEcumque
alia emolumenta ad ilhim in relatis diltriítibus fpe6Vantia exigere ,
eodem íeque jure , quo à caeteris Archiepiícopis in toto diclo Terri-
tório , & Dioccefi hadVenus exigebatur , eâ tamen exceptione , èc de-
clarationc , quòd in Locis illis , in quibus di-fíac Dccimíc , & Íru61us
ad Capitulum , & Canónicos antiquíE Sedis fpeclabant , ad illos etiam
deinceps omninò indem.nes pertineant , cum nolit Sumraus Pontiíex,
quòd pr^edidi Canonici , & illorum CapituUim in relatis fruílibus ,
& emolumentis detrimcntum aliquod patiantur Qiioad Dignitates :

vero , uti , & quoad reliquos Canonicatus , Prarbendas , &: Beneficia,


ex quibus haólení.is confurgebat Capitulum CollegiatíE infignis , nunc
ca jam in Ecclefiam Mctropolitanam ereéla omnia eodem modo , &
numero , ac anteà coníervabuntur , omniumque infuper pra:fentatio ad
Scrcniííimum Regem , ipfiufque in pofcerum fucceíTores attinebit il-
lorum , vel etiam Canonicatuum , quibus Thcologi , Dodloris , &
Poenitentiarii munera annexa limt , dun.modò tamen in horum pra;-
fentatione , collatione , &inftitutione ferventur , qu2E circà a-'tatem ,
idoneitatem. , ca'teraque à Concilio Trideníino príEÍbripta , fervantur:
item quòd hac vice tantiim poíHt idem Sereniílimus Rex nonnullos in
pracíeu-
,,

2o8 T?iOVãJ do Lh. VIL da Hi/loria (jcueahyca

pra:fcntiarum obtinentes Prebendas , & Beneficia ab iifdeiíi removeie,


alioíque pro luo libito íufficerc , illoruni tamen faltem equivaleiítèr
confulendo indemnitati Item qiiòd prítdióli Dignitates ,
: & Canoni-
ci did-a; Patriarchalis Eccleíix ubique Terrariim , extra tamen Roma-
nam Curiam , uti poterimt Rocchetto , & habitu pialatitio íerico
aut laneo coloris violacei , adinftar Canonicorum Ecclefiarum Patriar-
chalium in eâdem B.omand Curia , & quòd iidem , aut di6lo habitu
príclatitio , aut Canonicali induti omnibus aliis Canonicis , &Capi-
tulis iílius Rcgni , etiam in illorum propriis Cathedraiibus , tíim in
communi , tum in particulari pra:cedere debeant ^ necnon quòd tàm
in Miílis , & Horis Canonicis íblemnitèr cantatis , quàm in Proceííio-
nibus , Benediélionibus CandeJarum , Cinerum , Palniaium , Fontis
Baptiímalis , aliiíque funílionibus Eccleííafticis folemnitcr peragendis
uti poíTint Mitra , & aliis indumentis Sacris , eo modo , quo iis utun-
tur Abbates , fimili privilegio fulgentes , di6Vis infupèr paraifcntis
utentur ubiquc príefente Rege , in ipfius vero abfentia folàm de íi-
centiâ Ordinarii loci , in quo Eccleíiaílica fun^^io celebrabitur Iti-
:

dem prsedidam Mitram poterunt adjungere fuis Armis , feu Infgni-


biis gcntilitiis , adinfiar Canonicorum Archiepircopaliiim Eccleíiírum
Benevcntanae , & Mediolanen. cmnia etiam indiimenta , & Vaia Divi-
no Cultui infervientia , iis exceptis , in quibus Sacri Olei , vei Chrif-
matis un6lio requiritur , poterunt benediccre adinftar Canoniccrtm
Eccleíia; Neapolitana; : Quoad pra:diílmri Archiepifccpum UlyíTipcnis
Occidcntalis illi , ut fuffraganei lubjr.ccbunt Epiíc^ pi Leirien. Lania-
ccn. Eunchalen. & Angren. uti, & Arciiiepiícopo Ulyffiponis Orien-
talis Epifcopi Egitanien. Fcrtalegrcn. Prcn.ontciii Viridis , S. Tho-
mre, & Cong^eníís, itaut utrarumque Eccleíiarum Piafules, & An-
tiílites praidiàos Archiepifcopos ut fuos Metropolitanos rignoicent
eifdemque obedicntiani praiílabunt in ILs , ad qiias de Jure Metropcii-
tico tcnentur : Idem pr^tereà Archiepifcopiis ái&çc Motropolis Occi-
dentaiis Patriarcha: infmiul honore , & titulo decorabitur in toto fuse
Provincia:, & Dicecefis diílr!é>u ; utque ialis omnil us , & Hngulis
Rcgni Epifcopis , & Archiepifcopis etiam Eccief íe Bracharen. fupe-
rior exiílet , eifque prítceuet in cunór.is Fundricnihus , in quibus il-
lorum concurfus acciderit , idque , vei in prcpriis eouimdem Eccle-
íiis , & talitèr ut in ipílus Patriarchíc interventu , & praríentiâ nul-
lum unquam juriídi6lionis , aut I onoris aíluni cxercere valeant , quem
coram Legato wSedis ApoíloíicíE gerere r;cn liccrct ; poteiit dcindè uti
habitu purpúreo , adinftar Arctiiepiícopi Salisburgen. eafdemque In-
dnígentias impartiri , quas in hoc Regno conccdcre íblent Nuncii
Apoílolici , quòdque à- priniis ufque ad iccundas Veíperas , cujufcum-
que Feftivitatis , vei ufque ad Occafum Solis ejuídem diei Fefti quin-
que reniift^onis Annos , &totidem Quadragenas , femel tamen in íingu-
lis Eccleftis, vel Capellis , in. quibus Feíla diei celebrabitur, pote-
rit concedere : Eidemque ulterius per totmu Portugalliae , & Algar-
bioruni Regnum licebit Cruccm dei erre, Rocchetto uti aperto , Po-
pulum benedicere , & PontiFcalia cxerccre , uti deindc Pallio non
modò in diebus à Pontificali Romano defignatis , yerum etiam in Fef-
tivitatibus
, ,,

da Ca/a %eal Tortuguei^a. 109


tivitatibus ImmaculatíE Virginis Conccptionis
Inventionis , Exal-, &
tationis S. Crucis , S. Jofephi , S. Annx , S. Michaelis Archangcli
S. Vincentii hujus Civitatis Protedoris , S. Elilabetha; Poi tugallii^;
Regina; , S. Antonii , S. Angcli Cuftodis , S. Georgii , & in qua-
cumqiic alià folemnitatc , quam intra Regni ambitum idem Pati iarcha
Pontificalitèr cclcbrabit , necnon in Benedidionibus Nuptiarum , in
folemni Baptilmo cujuícumque Perfonas Regise , &
in quibuíVis aliis
Regiis Fundlionibus , &
folemnitatibus , dummodò tamen iUa:fa fem-
per maneant , privilegia , praerogativa: , indulta , jurifdi6liones &
quibus ha^tenús ufi funt in hoc Regno Scdis Apoftolicse Niincii
cilUemque namque utentur deinceps etiam in ipsâ Ècclefiâ Metropo-
litana Occidentali , a-que , ac in aliis iftius Regni fungi mos eíl ; fi-
militòr conlervabuntur illa:ía privilegia illarum Eccleliarum , quibus
hucLiíque esedem potiebantur refpedlivè ad antiquos iftius Metropo-
lis Archiepilcopos , eanidem quippè immunitatem retinebunt , abíque
ullâ ibbordinatione ad Archiepiícopum Patriarcham , iis íolúm exclu-
fis , quibus illi à jure íubeíle debent ; príedicta verò privilegia , &
facultates diclo Patriarchíe Occidentali conceíTa nullatenús cenfeantur
extenla ad alia , quíc à jure , ufu , &
confuetudine aliis Patriarchis
conceííà lunt , nifi aliqua ex illis decurfu temporis à S. Sede Apofto-
licá expreísè indulta ruerint Porro eidem Dignitati prefatse Archi-
:

epifcopi Patriarcha: hujuíinodi novse Metropolis annexus perpetuo


erit múnus , &
titulus Sacellanus maioris , cujus proindè juriídictio
priv^ativè erit quoad alios Pralatos, &
eodem modo ab illo exercc-
bitur , ac ab aliis fuis Pra^deceíToribus , itaut una ab altera jurifdi-
clio , & Archiepiícopi Patriarcham , &
Saccllani maioris diftindba fint,
& feparata , quin hac in parte aliquid innovetur ; quoad pra^fentatio-
nem verò , &
nominationem di6lorum harc erit Juriipatronatus Regii,
itaut ad Iblos pro tempore exiílentes Portugallise , Algarbiorum &
Reg^s fpc^let in futurum Sedi Apoftolicíc pramlentare eos , qui íibi ad
hanc dignitatem idonei vifi fuerint Denique oftenduntur h Sandtiíli-
:

mo provifa remedia ad evitanda jurgia , &


controveríias , qua; inter
utramque Eccleíiam Orientalem , & Occidentalem oriri potcrunt
dum íequentia ftatuit inviolabilitcr oblervanda. Primo quòd qui in
altera Civitatis parte approbati fuerint à próprio Archiepiícopo , vel
ad predicandum Dei Evangclium , vel ad confeíliones audiendas , iíi
altera pariter idonei cenfeantur
,
quin ad utrumque mimus obeundum
nova approbatione , aut examine indigeant , ícd folâ licentiâ illius
Ordinarii , cui approbationcm jam adeptam pr^efentabunt. Secundo
quòd pcccata illa , qua; in unâ ex di6lis Dioecefibus refervata funt de
pramfeníi , & in pofterum refervabuntur , erunt , & in altera parte re-
fervata , ne alitèr facilius delinquendi arripiatur Anfa. Tertiò quòd
in íepeliendis Defundtis quando ex unâ Dioeceíi Cadáver in alteram
,

deportandum erit , ut ibi fepulturíE mandetur à próprio Parodio il-


lius Diceceíis à qua difcedit , conducetur ufque ad illius tantúm li-
,

mites , in Jeque à Parocho alterius Dia^eíis in quam tendit , & in


cujus Eccleílâ própria , vel in cujus difcriétu fepeliendum erit , comi-
tabitur ,
utque utriufque labori fatisfiat , inter utrumque emolumen-
Tom. V. Dd tum
,,

2 10 Trovas do Liv. VIL da Hifloria Çenealogka


tiim funeris dividetur. Quarto quòd Religioforum Comirunitates
& Confraternitates Laicoriim , quse iii hac Civitate ere(5]ff jain , &
confirmatíe invcniúntur, tàm in conducendis Defunflis , qv am in Pro-
ceí^onibus & cseteris qiiibufvis aliis Fun£tionibus in quibus pro-
, ,

ceííionalitèr & elatâ Cruce incedere folent pariformitèr & eodem


,
,
,

modo in unam & alteram Divifionis partem mutuo fe gerere pote-


,

runt ,
quin neccíTaria íit licentia alterius cujufcumque Archiepifcopi
vel illius confírmatione , qux autem ex iis denuò erigentur , nonniíi
prseviâ licentia , & approbatione Archiepifcopi loci , fic incedere au-
debunt. Quinto quòd denunciationes , qux ad contrahenda Matri-
monia , vel ad Sacros Ordines fufcipiendos à jure prsniittuntur , non
folúm in Parochiali Ecclefiâ illius Dicecefis , ubi contrahentes , aut
Ordinandi Domicilium habent, fed in una alia alterius Dioccefis de-
beant fieri , ne aliquis dolus , aut fraus íubrepat. Sexto quòd Pro-
ceíTiones publicíE , qux fíeri folent , aut in pofterúm íient , haud pof-
íint limites excedere proprii Archiepifcopatus , & alterius ingredi Ter-
ritorium , abfque exprefsâ licentia illius Ordinarii. Septimò quòd Mi-
niftri judiciales , & Officiales unius Archiepifcopatus non poílint in-
tra alterius ambitum , aut Territorium deferre iníignia , quae aliquarti
jurifdidtionem denotent , nec per fe ipfos facere exequutiones , aut
aliquem in Carcerem mittcre , quàmvis alias fibi fubjeclum , fed jux-
ta ftylum , & praxim Regni literis príccatoriis utendum eft , cafus ta-
men excipitur , vel £ugx , vel fragrantis deliíli , in quo utriufque
partis Miniftri poterunt capere delinquentem , quem deferent ad Mi-
niílrum iUius Dioeceíls , in qua fuerit captus , ut hic vel in illum
animadvertat , fi jure ipfi fpeóíat , vel ad competentem Judiccm re-
mittat puniendum. Odlavò quòd Literse Apoftolica; , fivè juílitiam ,
íivè gratiam continentes diredíE pro illarum exequutione ad Archi-
epifcopos , feu Officiales hujiiíce Civitatis Uívílsponeníis , fi Oricnta-
lem 5 aut Occidentalem non exprimant , remiíTíK , ac diredlse cenfean-
tur ad Ordinarium illius Perfoníe , fi matéria perfonalis íit , aut rei
íi realis , cu jus negocium ngitur. Nonò quòd omnes caufae , &
lites,
qux nunc temporis controvertuntur , & adhuc fub Júdice funt in eo-
dem judicio, &
apud cofdeiu Miniftros tcrminentur , apud quos
fumpferant principium , quamvis alias ad Tribunal novitèr erigendum
fpeclare debercnt aliquo ex Capite ; pro exequutione tamen harum
fententiarum remittend.x erunt literíe pracatoria; ad Miniftros , in quo-
rum Território commorabuntur perfonse , vel erunt fita- res , in qui-
bus exequutio facienda.
erit Decimo quòd novus Arcbiepifcopus
Ulyíííponenfis Occidcntalis poterit de novo eligere , &
creare pro
fuo arbítrio omnes , &
íingulos OfHciales , &
Miniílros , quos in di-
ílâ Civitate hucufque creari mos erat , vel etiam poterit confirmare
pro fuo libiío quos creatos invenerit , cafu tamen , quo antiqui Offi-
ciales feu munere fuo priventur , non proptereà judicia-
dcponantur ,

Jitcr contradicent nec fatisfaclionem aliquam exigent , nifi fortè abla-


,

ta Officia enipta fuiíTent , tunc enim ad Archiepifcopum fpe6>abitco-


gere Oíficialcs, quos denuò elcgerit , ut antiquis caveant , &
ad nos
fíiéli exequutio ípe<51abit. Undécimo quòd íi contigerit aliquos re-
periri
pcriri Canonicatiis ,
, &
Beneficia in altera ex diâ:is parti-
Dignitates
bus Civitatis , ,
quíE rcfidcntiam perlbnalem re-
feu Diajcefis divifis
quirant intià illius ambitum , diftridlum , &
qiiantumvis ifti Canoni-
catuum , Dignitatum, &: Beneficiorum PoíTeílbres commorentur , ac
domicilium habcant in alia ex diélis partibus fegregatis nihilominus
refidcrc ccníebuntur , ac fi ubi reíidentia ipía exigitur commoraren-
tur, &: habitarcnt Familiares vero eormndem Canonicorum , Digni>
:

tatum , & Bcneíiciatorum ratione proprii Doraicilii in omnibus lub-


jicicjitur Ordinário illius. Duodécimo quòd omnia , & qua:cumque
dúbia , lites , & controveríías ,
quae inter prasdidlas duas Dioeceíes ex
illarum diviíione , &
eredione novi Archiepiícopatus in futurum ori-
ri poterunt , ad Nos , vel dignitate noftrâ , & uíu fungentes , tan-
qua':i ad Judices Apoílolicos l*pe61:abit deciíio , & determinatio , ut
Nobis juftum viíum fucrit , idque abfque ullo judicii ftrepitu , & fo-
la reiveritate inípeílâ. Quibus omnibus infpeólis , aliiíque in toto
hoc proceíTu notis , facultate Apoftolicâ nobis conceíTa declaramus ,
defíiiimus , &
creamus veram Eccleíiam Metropolitanam Patriarcha-
Icm , quáe hadVeníis infígnis erat Collegiata fub invocatione S. Thomse
Apoftoli , &
íiippreíTo hoc eodem titulo , deinceps nominabitur fub
invocatione Beatas Virginis ab AíTumptione , ut in omnibus iftius
Regni Cathedralibus generalis mos eft ; illius deindè Prseful , An- &
tiftes erit verus , &
legitimus Archiepifcopus Patriarcha Ulyííiponen-
íis Occidentalis nuncupatus , poterit etiam uti habitu purpúreo , &
in toto íuo Diftri6tu , &
Território omnibus illis prierogativis , gra-
tiis, facultatibus , &
jurifdi£l:ionibus ei frui licebit, quae aliis ejufdem
Dignitatis Archiepifcopalis à jure conceíTa funt , quia fic declara-
mus , quaproptòr ab omnibus asftimabitur, in honore habebitur&
tanquam verus Patriarcha , qui fuam jurifdi£tionem exercebit intra
totum fuse Dioeceíis ambitum, &
extrà illum , juxta quíe in príedi-
6lo motu próprio , &
tenore hujus fententiíe declarantur. Eidem in-
fuper Archiepifcopatui Occidentali Patriarchali annexa erit dignitaeSa-
cellani maioris cum diílridlu , &
feparatâ jurifdiélione , ut eâ hic ha-
élenus fungebatur , quam proindè idem Archiepifcopus Patriarcha
exercebit crgà Perfonas illas , &
in eis omnibus , quse à jure , ufu , &
confuetudine ad ipfum attinet ; fimilitòr definimus , declaramus pro &
Capitulo Eccleíiíe Cathedralis MetropolitaníC Patriarchalis Capituliim
infígnis CollegiatíE , cum omnibus gratiis , prserogaíivis , prjEeniinen-
tiis , &
facultatibus , qus in hac fententiâ , in Corpore diéii Mo- &
tus proprii continentur , &
exprimuntur Ulterius eidem Archiepif- :

copo PatriarchíE Occidentali tanquam fuífraganei fubjacebunt Epifcopi


Leirien. Lamacen. Funchalen. &
Angren. crgà quos eam omniiTio-
dam , & plenam jurifdiftionem poterit exercere
,
qu.T à Jure , «Sc con-
fuetudine Metropolitanis convenit ; Archiepifcopi vero Úlyífiponeníis
Orientalis fuífraganei erunt Epifcopi Egitanien. Portaíegren. Promon-
torii Viridis , S. Thomse ApoOoli , &
Congeníis , ut circa illos eam-
dem protrahat jurifdidHonem , qua hadlenus fungebatur ; eâdem pro-
indè auólroritate Apoftolicâ feparamus , dividimos in duas partes &
totam hanc didlam Civitatem , &
illius Archiepifcopatum , duas ex-
Tom. V. Dd ii indè
,

212 Trovas do Liv, V IL da Hiftoria Çenealogtca

indè conftituimus diverfas Dioecefes , &


diílindtos Archiepifcopatus ,
alterum nuncupatuni Ulyíliponis Orientalis , altenim vero UlyíFponis
Occidentalis , utramque cum diverfo , &
leparato Território , juxtâ
formam prícfcriptam in diélo Motu próprio Undè praccipimus quòd
:

prísfcnitio , feu dimenílo tàm in parte iftius Civitatis , quàm in reli-


quo Corpore , & Território totius Archiepilcopatus fíat per metas ,
& limites à Sandiílimo expreílbs in fuo Motu próprio , & à nobis
fuprà etiam declaratos ; ad efFedum verò didlac dimeníionis defigna-
bimus Perfonas , quae nobis idonese \iix fuerint , & quibus faculta-
tem noftram ad eumdem effe£l:um committemus , nobis femper reíer-
vara jurifdiftione primaevâ , ut in hac matéria , & in aliis ad hanc
caufam attinentibus procedere poílimus fecundum juílitiam , jus , &
SuíE Sandtitatis praeceptum ad hoc Nobis impofitum. Ut autem hxc
noftra fententia omnibus nota fiat , & nemo ignorantèr excufationem
príetendat , horum A6lorum Notário praecipimus , ut eamdem fenten-
tiam tranícriptam vulvis utriufque Cathedralis affigat , aliif.]ue locis
publicis iftius Civitatis , ut omnibus , &
íingulis innotefcat. Datura
Ulyííipone fub noftro figno tantúm decimo Kalendas Januarii anno
MDCCXVI. Jofephus Epifcopus Algarbien. Pro dimenfione verò ,
& aíTignatione limitum , & confínium utriufque partis Civitatis , &
Dioeceíis Ulixbonen. idem Epifcopus Algarbien. deputaverit dile(í>os
íilios Francifcum Nunes Cardeal , ac Antonium dos Sanftos de Oli-
veira , necnon Joannem Baptiftam Armão in utroque vel altero ju-
rium Doctores , qui adhibitis Peritis , ac fadlis debitis diligentiis ,
adlus , & refolutiones ediderunt pro deíiniendâ re fibi commi fsa , di-
ílufque Jofephus Epifcopus Algarbien. adlus, Sc refolutiones Francif-
ci , ac Antonii , necnon Joannis Baptiftas príçfatorum , mediantibus
diveríis fententiis , approbaverit Icilicet , aólus , &
refolutiones à
Francifco faílas per unam tenoris fequentis , videlicet. Cum hujuf-
modi afíígnatio TermJnorum , feu Confínium íit conformis difpoíi-
tioni Sanéiitatis Suíe in Motu próprio in his adis inferto , toto Ter-
ritório de Setuval cum omnibus Terris , Populationibus , &
Parochiis
intra Flumina Sado , & Canha fitis , divifo , &
feparato ab antiquo
Archiepifcopatu Ulyífiponenfi , Sc ad Territorium Archiepifcopatus
Patriarchalis novitèr ereéli attinente , judicamus praedidam aííígna-
tionem terminorum , feu confínium bonam , fírmam , &
validam , &
talitèr jubemus exequi , Sc obfervari , ad quod , Decretum noftrum
judiciale , aui5loritatemque Apoftolicam Nobis conceíTam intcrponi-
mus declaramufque in praediítâ aíTignatione terminorum feu
,
, confí-
nium comprehendi Villas de Almada Sezimbra cum omnibus
, locis ,

Populationibus , & Parochiis , quíE à praediélo Território de Setúbal


per Tagi Pvipas , ufquc ad Portum , Sc Litora Maris Oceani fe ex-
tendunt, cúm San£í:itas Sua declaret , quòd trans Tagum tantun'mo-
dò pertineat ad antiquuiu Archiepifcopatum Territorium de Sanéla-
rem cum contentis intra Flumina Divor , Sc Caftellum de Aímeirol
ufque ad confínia Epifcopatus Portalegren. Sc ita necelTliriò pertine-
bunt jurifdictioni Mitríc Patnarchalis omnia Lcca , Yillx , Popiila-
tiones j Sc Parochiae , qux ob liac i neâ diviibriâ exclufíe verfus Òcci-
dentem i

I
,

da Cafa %eal Tortuguei^a. 213


dentem reperiiintur , & cíiin in príefato ambitu , & diftricílii fínt prae-
dito de Almada, Sczimbra , reliquaque alia Loca, & Paro-
Villar
chix fine
, dúbio omnia cum fuis terminis , & depcndentiis pcrtine-
bunt jiirifdidioni Mitnr Patriarchalis , & ità judicamus , proiit etiam
judicamus pra:diclam aílignationem terminoriim , ícu confinium fa-
d:am jiixta mentem Suíe ,
San^litatis &
diípofitioncm fcntentise
quam publicavimus generalis hujus
divifionis prardifli Archiepifco-
patus , relinqueiido in eâdemmet parte trans Tagum pro Território
Mitric UlyíRponenfis Orientalis reliquas omnes Parochias fitas ex-
tra hanc Lineam , ut in eis prícdiélâ Mitra exerceat plenariam
& omnimodam jiirifdiétionem , ita , &
eodem modo , quo an-
te divifionem Ulyflipone Occidentali quinta Junii
excrcebat.
MDCCXVII. Jofephus Epifcopus Algarbien. Alios vero a6tus , &
refolutiones faélas ab Antonio idem Epifcopus Algarbien. fimilitcr
approbavcrit per aliam, videlicet. Cíim hujufmodi aííignatio termi-
nonim , feu confinium fit facíra juxtâ formam Motus proprii Sanéli-
tatis Suas ia eâ parte , quas refpicit Civitatem Ulyfiiponenfem , nam
menfurata , & divifa invenitur per Arcum Confolationis , Cofiam
Caft:elli , Miirum , & Portam S. Andreas , ufque ad Locum de Ar-
roios , ad Mitram Patriarchalem fie pertinente parte illa , quas refpi-
cit Orcidente ri Ad Mitram vero Ulyfllponenfem Orientalem parte
:

illâ , quas refpicit Orientem , eodemque modo cúm inveniatur men-


furata j &
divifa Dioe:efis à praediâ:o Loco de Arroios , ufque ad
Povoam Sancíi Adriani inclufivè per limites , &
confínia juxtA for-
mam , &: difpofitionem pr^ediíti Motus proprii , ut ex eodem , ex &
hujufmodi menfurationis A6lis apparet , idcò eam bonam , firmam ,
& validam judicamus , excepta portione illâ, quíE refpicit Parochias
Virgiais ab Ailumption? de Ameixoeira , &
Sani5li Bartholomaei de
Charneca, nam etfi Uoílori Antonio dos Sanítos de Oliveira in dú-
bio nobis fuprà has duas Parochias prooofito refponfum dedimus ,
eos pertinere ad jurifdi61:ionem MitríK Ulyfllponenfis Orientalis , ex
rationibus in eod^m refponfo congefi:is attamen attenta allegatione
Procuratoris Mitrae Patriarchalis Nobis exhibitâ , quae in afiignationis.
terminorum , feu confinium Aélis invenitur inferta , & attentis aliís
inquifitionibus , & diligentiis , quas in cafu propofito ficri jufiimus
ex quibus conftat has duas Parochias non multis abhinc annis fuilFe
difmembratas à Matrici fuâ S. Joannis Baptiftae de Lumiar , cujus
Prior jurifdiílioncm fuam exercebat in to to ambitu , circumferen-&
tiâ , quai hodiè has tres Parochias includit in eodemmet diftridtu ,
& Território fitas , talitèr quòd , fi hse duae Parochise filiales temporis
lapfu depopularentur , itaut paucis Dioecefanis non efiet deputan-
dus fpecialis Curatus , ipfe Prior de Lumiar teneretur in eis curam
exercere , quod confentaneum juri non forct, exifi:entibus his fíliali-
bus Ecclefiis intra limites Mitríe Ulyfiiponenfis Orientalis, Matrici
vero intra limites Mitríe Patriarchalis , ut fine dúbio juxtâ lineam di-
viforiam Motus proprii exifiit , & ultra confiderantes has tres Paro-
chias imum tantum corpus conftituere , cujus Caput Matrix , rJKTn-
bra vero illius funt prícditSliC áwx filiales , quai-um Decimas Prior
2 14 T^fovas do Lív, Vlh da Hijloria Çeneahgtca

didlíK Matricis percipit , & in Eccleíla de Charneca nominat Ciira-


tum ,& hucufque in eâ nonnuUos jurifdiélionis Aílus excrcet , pí-
mirum Sacrum in titulari Eccleíiae feílivitate celebrando , & licèt in
Ecclcfia Virginis ab Aílumptione de Ameixoeira Curaíum non nomi-
net , attamen h^c ei quotannis íblvit mille & fexcenta regalia mone-
tx Lufitanas in recognitionis íignum , & cblatorum , aliorumque ju-
rium íubrogationem , ut per documenta à nobis vifa , 8c informatio-
nes in negocio captas , nobis liquido conílitit , in quo clarè demonf-
tratur fubordinatio , & dependentia , quam una &: altera Parochia
,
,
íeu filialis Matrici Eccleíi^ adhuc prseílat , quibus in terminis eam
fequi tenentur , & fub eâdeni jurifdi£bione , & Território permanere,
ut exprefsè Sanditas Sua in Motu próprio jubet , decernendo , de-
pendentias , & acceíToria Capiti , leu Principali aggregari Ideò revo- :

cando refolutionem , & reíponíum noftrum judicamus pr^didas duas


Parochias de Ameixoeira & Charneca prsediólse Mitrse Patriarchalis
,

jurifdiólioni , jubemulque ità términos íignari , ut intra limites ipíius


Territorii comprehendantur , & cum hac declaratione , in reliquis hu-
jufmodi aííignationem terminorum , feu confinium ^ bonam , firmam ,
& validam judicamus , & ità exequi jubemus , cúm Sanólitatis Sua^
menti , & ícntentiae , quam , fuprà hujus antiqui Archiepiícopatus ge-
neralem divifionem , promulgaviraus , difpoíitioni fit conformis , &
declaramus reliquam partem Civitatis cum íuburbiis verfus Orientem,
omneíque Terras Loca , Populationes , & Parochias in hac eâdem
,

Provinciâ de Extremadura à Loco de Arroios ufque ad Povoam ,

San6li Adriani extra lineam divilbriam verfus Orientem íitas


, per- ,

tinere ad jurifdiélionem MitríE Orientalis , ut in eis plenam , & om-


nimodam Junídiclionem exerceat ità , & eodemmodo quo hucuf-
,
,

que antè divifionem exercebat. Ulyflipone Occidentali quinta Junii


anno MDCCXVIL Jofephus Epifcopus Algarbien. Reíiquos vero
aélus , & rcfolutiones falias à Joanne Baptifta pr^efatis idem Epifco-
pus Algarbien. etiam approbaverit per reliquam fententiam, tenoris
prout íequitur. Attentâ hujufmodi afllgnatione terminorum, feu con-
finium hõiã à Povoa Sandli Adriani , ufque ad confinia Epifpcpatus
Leirien. & attento Motu próprio Sanclitatis Sux in his Aõis infer-
to , judicamus prícdiéVam aííignationem terminorum , feu confinium
bonam, firmam, & validam, au61:oritateque Apoftolicâ Nobis con-
ceífâ rrandamus ità exequi , & obfervari , cum limitationibus tamen ,
& declarationibus fequcntibus , fcilicet , quòd à prsedido Loco , &
Parochia Sandi Adriani fum.enda efl: , ut Sandlitas Sua jubet Via :

publica verfus Arrudam , qu^ poft Parochiam de Loures dire6lò ten-


dit Buccelas relido Loco , & Parochia Sanéli Juliani de Tojal , &
,

Parochia Sandi Antonii de Tojal , ad dextram verfus Orientem , nec


defcendit ad Locum , & Parochiam de Villalonga , qux à príçdi6tis
Locis de Tojal , & Saníl^i Antonii per unius leucas fpatium verfus
Orientem diftat , ut Nobis coníVitit , qua de causa contrà Sanólitatis
Suai mentem , & difpofitionem eflet , quòd prítdi(f^a Parochia de Vil-
lalonga , & prxíatx San6li Juliani de Tojal, & Sandi Antonii de
Tojal pertinerent ad lerritorium Mitrse Patriarchalis , cum fint ver-
,,

da Cafa %eal Tortugue:^a, 215


fiisOrientem extra lineam diviforiam in praedidlo Motu próprio de-
claratam , eodemquc modo eíFct contra Sanditatis Suas mentem, quòd
Parochia Saná:i Saturnini dos Fanhoas pertineret ad jurifdióíionem
MitríE Patriarchalis , nam etfi prjedida Parochia Tumptâ via publica
à Povoa Sancli Adriani , verfus Arrudam fit fita verfus Occidentem
& fie ad Mitram Patriarchalem pertinere deberet , juxtu dilpofitionem
Motus proprii , attamen càm iii eodem Sanditas Sua jubet membra
fequi Caput 8c acceííbria fequi fuum Principale , & praedií^a Paro-
,

chia Sanéli Saturnini fit filialis & contigua Ecclefias Sandi Antonii
,

de Tojal , cui decimas folvit , & non multis abhinc annis ab eâ fuit
difmcmbrata , ut etiam in pra^fenti in Matricis fuás rccognitio-
talitèr
nem , & fubordinationis debitce proteftationem in tutelari Fefiiivitate,
& Corporis Chrifti ejufdem Matricis Ecclefiíc die Crucem portat pro-
priam , eaque intervenit Proceflíonibus , quae in Matrici príudiólis die-
bus fíunt , omnibufque in feftivitatibus , &
Officiis tenetur Curatus
convocare Vicarium , atque Benefíciatos Sanéli Antonii de Tojal unà
cum ipfis praedidla Officia celebraturus , quorum proindè cmolumcn-
ta inter omnes dividuntur, &
etiam non multis abhinc annis ejuídem
filialis Ecclefix unus uniufcujuíque Donius Parochianus Pafchatis Re-
furreélionis die in diclâ Ecciefiâ Sanéli Antonii tenebatur confiteri
& communicari in prima;vae jurirdiftionis ípiritualis , quam in eos ha-
bebat ejufdem Ecclefiíè Parochus , recognitionem , quíE omnia Nobis
conftitere ex Perfonis fídedignis , &
aliis infbrmationibus , docu- &
mentis , quoí optimò di61am filiationem jufl:ifícant , &
iníupèr ex Ten-
tentiâ , quíE in Archivio diíbse Parochiae de Fanhoas fervatur , omnia
relata conftant ; ideò judicamus príedi6las Parochias San6íi Saturni-
ni , Santíti Antonii , Sanéli Juliani de Tojal ad Mitraí Orientalis ju-
rirdi<Slionem pertinere , &
jubemus ità términos fignari , ut intra Ter-
ritorii illius limites incUidantur Quòad Parochias vero de Figuei-
:

ros , Laudal , &


Francos cum fuis Locis , &
Populationibus , cíim
prima fit fita in Território Villos de Cadaval , &
di6lse poíleriores in
Território Villa: de Óbidos, &
prasdidlras utraeque Yillae fint fitíe in-
tra lincan divííbriam verlus Occidentem, &
fie ad Mitrae Patriarcha-
lis jurifdidilionem pertinentes, ità fimilitèr ea^dem tres Parochias ad
eamdem Mitrix; Patriarchalis juriídiíflionem pertinere dcbcnt , cum
fuo ambitu , & Território , tamquam dependcntix , &
Territorium
pra^didarum Villarum , nàm Sanélitas Sua in prasdic^o Motu pró-
prio jubet, Viilas , Loca, &
Populationes in eodem Motu propilo
defcriptas , cseteraquc omnia fita intra unamquamque lineam , ut pa-
tet ibi. Omniaque alia, quíE intra hanc lineam , &c. ibi &
Conte- :

rá vero loca, qua; ex hac lineâ exclufivò reperiuntur cum fuis Trr-
minis , Territoriis, &
Dependentiis juriídidlioni uniufcujuíque Prse-
lati utriufque Tcrritorii divifi pertinere ; &
cum pra::di6líE Villa: de
Cadaval , & Óbidos licèt expreíse in pr^^diélo Motu próprio non
fiiit nomiiiatíc , attamen ex divifione ejufdem linear Territcrio Alitrís

Patriarchalis pertineant , necelfariò earum Territoria, quorum in am-


bitu fint fita: ad eamdemmet jurirdiíMonem pertinere debent, nam fi
Sauditas Sua jubet Villas in dicio iNIotu próprio nominatas fi proxi-
niiores
,,

21 6 Trovas do Liv, VIL da Hijloria (genealógica

miores prsediílíE linese fint , fua fecum Territoria trahere , quomodò


utique nolet eademmet Territoria fequi illas Populationes , quse ma-
gis intra centrum , & cor prjediélarum linearum fitíc lunt , ideò pr2E-
fatíc Mitrse Patriarchali has tres Parochias adjudicamus, & jubemus
ità términos íignari , ut intra praedidlíe Mitrse jurifdiílionem , & li-
mites remaneant , ficque , atque his cum declarationibiis bonam , &
legitimam judicamus prsedidlam aílignationem Terminoriim , leu con-
finium , & juxtâ San6bitatis Suse mentem , & fententia; difpoíitionem,
quam fuprà diviíionem generalem hujus Archiepifcopatus promulga-
vimus Ueclaramus qiioqiie catera Loca , Populationes , Parochias
:

quse extra hanc lineam in hac eâdem Provincia de Extremadura uíque


ad confinia jurifdidlionis de Thomar fitas íunt , pertinere ad Mitram
Ulyíliponeníem Orientalem , ut in eis amplam , & omnimodam jurií-
di(^ionem exerceat , íic , & eodem modo , quo hucufque antè diviíio-
nem exercebat. Ulyííipone Occidentali quinta Junii MDCCXVII.
Joíephus Epiícopus Algarbienfis. Nos inviolabili literarum nofíra-
rum , & fententiarum hujuimodi fubfiílenti^ quantum in Domino
poíTumus confulere volentes ( firmo tamen remanente Decreto confí-
cicndi Planólam cum confinibus , & menfuratione in primo diíítisnof-
tris literis pn^fcriptam
,
eamque reponendi , & aíTervandi ad perpe-
tuam rei memoriam , tàm in Cancellariis pnTdiclorum Epifcopatuum
Elvenfis , Algarbienfis , & Mirandenfis , quàm in Cancellariis Patriar-
chatus Ulixbonenfis Occidentalis , ac Archiepifcopatus Ulixboneníis
Orientalis ) Motu íimili fententias prasfatas ab eodem Jofepho Epif-
copo Algarbienfe fic , ut pra'fertur , latas , cum omnibus , & íingu-
lis in eis contcntis claufulis , & Decretis audoritate Apoílolicâ teno-
re prxfentium confirmamus , & approbamus , illafque ratas , gratas ,
firmas , & validas habemus , ac de mandato audoritate , & voluntate
noílris emanaíle declaramus , illifque perpetuíE inviolabilis , & irrefra-
gabilis Apoílolicx firmitatis robur , & eíiicaciam adjicimus , omnef-
que, & íingulos tàm júris , quàm fadi , &
folemnitatum quarumcum-
que tàm ex júris communis , & Conílitutionum Apoftolicarum praf-
cripto , quàm quomodòcumque , & qualitèrcumque etiam de neceííi-
tate in fiinilibus obfervandarum , aliofvè quoslibet quantúmvis mag-
nos , & formales , ac fiibftantiales , individuàque meníione dignos de-
\ fedus , íiqui forían in pra:didis fententiis , aut earum aliquâ quo-
mcdolibet intcrvenerint , aut interveaiíTe dici , vel ceníeii poíTent
pleniílimè fupplemus , & fahamus , ac penitus , & omninò abolemus :
Inhibentes proptereà Primatibus , Archiepifcopis , Epifcopis , aut aliis
Ecclcíiarum Pm^latis , necnon Judicibus qiiibufcumque , caterifque
omnibus , & íingulis Perfonis , tàm Ecclefiaílicis , quam fgecularibus,
cujurcumque Dignitatis , ftatus , gradus , conditionis , & príceminen-
tise exiftentibus , ac quavis auéicritate , & poteílate fungentibus , nè
contra pfscdidas noílras literas , ac fententias hujufmodi , illarum vi-
gore emanatas , earumvè aliquod venire intentare , appellare , dcccr-
,

nere , aut innovare diredò , vel indiredè quovis quíEÍito colore , vel
ingenio ac modernum, & pro tempore exiftentem didae Patriarcha-
,

lis Ecclefis Ulixboneníis Occidentalis Patriarcham, ejufdemque pro


tempo-

I
,,

da Cafa ^al Tortugne^a. 217


tempore exiftentes Patriarchalis Ecclcíias Ulixbonenfis Occidcntalis
Dignitates , Capitulum , & Canónicos quovis modo moleílare , aut
peiturbarc aiidcant, fcu prícfumant: Nos enim omncs rccurfus , mo-
íeftias appcUationes , & Decreta , qu£E tàm contra noílras literas fu-
per credione didlíc Patriarchalis Ecclcfise Ulixbonenfis Occidcntalis
indultis, gratiis, &
conccíTionibus , in eifdem litcris contcntis, cx- &
preflis emanatas , quàm contra íententias prsefatas in íuturum ficri
leu attentari poterunt , cx nunc pro tunc caíTamus , rejicimus , annul-
lamus , abolemus , ac nullius roboris , &
monienti elPe debcre decla-
ramus , illaíquc, &
illa pro non faóiis haberi voliimiis , mandamus, &
ac pcrpetuum filentium íuper príEiniíIis omnibus , &
íingulis imponi-
mus Verum quia in diélis noílris literis , in pracdiélâ forma noftri
:

Motus proprii , ut prítfertur , expeditis , nonnulla expreíía fucrunt,


quas dubietatem aliqiiam involvere poíTent , nò ex hujufmodi cxpref^
íione , &
dubietate controverfise , &
diíTentiones inter pro tempore
exiftentes Patriarcham Ulixbonenlem Occiden talem , Archiepifco- &
pum Ulixbonenlem Orientalem ; necnon Capitulum ,& Canónicos
Patriarchalis , & Archiepiícopalis refpeélivè Eccleíiarum Ulixboncn.
Occidcntalis, & Orientalis oriri valeant , infrafcripta decernimus, ^
noftras mentis, & intentionis eíFe declaramus. Primo videlicèt, quòd
quamvis in príedidlis noílris literis jurifdiólioni pro tempore exiílen-
tis Patriarchae Ulixbonen. Occidcntalis Parochialis Ecclefia Sanéli Sa-
turnini vulgo de Fanhoas, íilialis infrafcriptas Parochialis Eccíeííse
Sandli Antonii de Tojal , aliíE verò Parochiales EcclefiíE Saníli Ju-
liani de Tojal , & Antonii etiam de Tojal , attenta lincâ di-
Saníli
viícrifi , demandatâ ; jurifdiólioni pro tem-
in pr^diélis noftris literis
pore exiílentis Archiepiícopi Ulixbonen. Orientalis fubjeóVíE refpe-
étivè remanferint , attamcn quià , ut accepimus , prí^diéííe Parochia-
les Eccle/ia: Sanéíi Juliani de Tojal , & Santíli Antonii fimilitèr de
Tojal adeò tangunt Diocccíim Ulixbonenfem Occidentalcm , ut pro
tempore exiftenti Patriarchsc Ulixboneníi Occidentali difficilis adOves
fuas ex hac parte viíitandas pateat acceíTus , nifí concultato Territó-
rio ultimo dicÍ:arum duarum Eccleíiarum , idcircò ad evitanda incom-
moda cjufdem pro tempore exiítentis Patriarchce Ulixbonen. Occi-
dcntalis , quíE ex tranfitu fuper Territoriis ultimo di61:arum duarum
Ecclefiarum fubire deberet, ftatuimus, & declaramus, quòd Parochia-
les Eccieíia: Sandi Juliani de Tojal, & Sanélii Antonii etiam de To-
jal praíaía; cum fíliali Eccleíiâ San61i Saturnini, vulgo de Fanhoas
jurifdicl-ioni , & íuperioritati pro tempore exiílentis Patriarcha;; Ulix-
,

bonen. Occidcntalis fubjedíe , &z menííe Patriarchali Ulixbonen. Oc-


cidentali an nexrc , & incorpora tse íint, Sc eííe debeant eillicm modo,
& forma , quibus antè divificncm Civitatis , & Diceccíis Ulixbonen.
antiquae menfa: Archiepifcopali Ulixbonen. annexse , «fc incorporatíE
ejuique juriídiíSí-ioni , & fuperioritati fubje6>íe refpeélivè exificbant.
Secundo ,
quòd
inter bona fruílus , redditus , & proventus aíTigna-
,

ta , & aííignatos pro tempore exiftenti Patriarchse Ulixhonen. Occi-


dentali , & exiílentia , ac exiftentes in medietate Civitatis , & medie-
tate Dioeccíis Ulixboneníis vcrfus Occidcntem ei pro fuo Tcrrito-
Tom. V. Ee rio
2 í 8 Trovas do Liv, VIL da Hiftoria Çemalogica
rio aííignatis , comprehendantur etiam bona , fru61:us , redditus , &
proventos, qux in medietate Civitatis , & medietate Dioecefis Ulix-
bonenfís Occidentalis reperiuntur , etiamfi prius aiitiquíe menise Ar-
chiepiícopaíi Ulixboneníi per qiiaíciimqiie literas Apoftolicas , aut vi-
gore Legatorum , Donat' onum , Contraéluum , ultimarum volunta-
tum , aut alias qiiovis modo , & quavis de caufa unita , annexa , íeu
aííignata extitiílent. Tertiò quòd exaâ:iones reddituum eiíUem Capi-
tulo , (fe Canonicis praefat^e EccleíííE Ulixbonenfis Orientalis fpeâan-
tium , & in medietate Civitatis , & medietate Dioecefis Ulixbonenfis
Occidentalis exiílentium , inibique exigendorum fieri debeant hoc mo-
do videlicet , quod Capitulum , & Canonici Archiepiícopalis Eccle-
fix Ulixbonenfis Orientalis deprecari debeant modernum , & pro tem-
pore exiílentem Patriarcham Ulixboneníem Occidentalem , ad hoc ut
ide à fuis Miniftris, & OfEcialibus exactiones hnjufmodi adimplere
faciat , & omne id , quod ab eis vigore Mandati Patriarchae Ulixbo-
nenfis Occidentalis pro tempore exifrcntis exa£l-um fuerit Capitulo ,
& Canonicis Ecclefiíe Ulixbonenfis Orientalis hujufmcdi , five eorum
legitmio Procuratori , & non alteri confignare teneantur , idem ta-
men fervari debeat reípedlu reddituum Capitulo , & Canonicis Patri-
archalis Ecclefiíe Ulixbonenfis Occidentalis fpeOantium , & in medie-
tate Civitatis , & Dioecefis Ulixbonenfis Orientalis exiílentium , ini-
bique fimilitèr exigendorum. Quarto ,
quòd Capitulum , & Cano-
nici Ecclefiae Archiepiícopalis Ulixbonenfis Orientalis, qui ex Indul-
to Apoílolico , ut aííeritur , Felicis recordationis Clem.entis PapíE VI.
Pr^deceíToris nofi:ri , aut coní\;etudine , quaravis immemorabili , cef-.
fontibus tamen reíervationibus , & aiTe<£lionibus Apoílolicis , pra:fen-
tare , feu nominare conlueverant nonnullos Presbyteros , vel in per-
petuum , vel ad tempus pro Regimine , &
Cura nonnuliarum Eccle-
liarum Parochialium , qux ad praiens cxirtunt in parte Civitatis , feu
Dicrcefis Ulixbonenfis Occidentalis , occurrcnte di61arum Parochia-
lium Ecclefiarum vacatione , Presbvteros príediíSlos pro illarum Re-
gimine , & Cmx ceffantibus tamen reíervationibus ,
exeicitio , af- &
feflionibus praídi6lis , pro tempore exiftenti PatriarchíE Ulixbonen-
fi Occidentali etiam in perpetuum , vel ad tempus prarfentrae , íèu
nominare, &
illi , qui fie prícfentati , íeu nominati fuerint ab eod^m

pro tempore exiftente Patriarcha Ulixbonenfi Occidentali ad íbrmam


Juriícoilationem , feu inftitutionem reportare refpedtivè debeant , 8c
teneant. Qiúntò ,
quod Indultum concefium in prjKdiílis nofiris li-
teris pro tempore obtinentibus Dignitates , ac Canonicatus , & Be-
neficia in una parte Civitatis , vel Dioecefis fi habitaverint in alia par-
te Civitatis , vel Dioecefis , ut , fcilicet , reputari debeant príEfentes
in loco Dignitatum , Canonicatuum & Bencficiorum obtentorum,
,

durare debeat ad Vitam tantum Dignitates , Canonicatus Benefi- ,

cia hujufniodi pro tempore obtinenrium, adeò ut fi ifii habitaverint


in parte Civitatis , vel Diíxcefis Ulixbonenfi.-? Occidentalis, inibique
diem clauferint extremum , Capitulum , &
Canonici Archiepifcopalis
Hcclcfix Ulixbonenfis Orientalis, aut quicnmque alii non poíllnt in
parte Civitatis, vel Dioecefis Ulixbonenfis Occidentalis liujuímodi In-
ventaria
,,,,

da Cafa T^al l^ortugue^a. a i p


ventaria confícere , aut aliqiiem aliiim A£í:iim Ju-
harrcdi lates adire ,

rirdidrionis excrcere , ícd hujuímodi A£lus de Mandato pro tempore


exiílcntis Patriarclise Ulixboncnfis Occidentalis , &
per Miniílros , &
Oíficiales Curix Patriiirchalis ad lioc Depiitatcs omiiinò coní:ci dc-
beant juxtâ ílylum Regni PortiigalliaL , idciiiquc fervaii debeat relpe-
í\\\ Ád:oruni facieiídorum in parte Civitatis , vel Díítccíís Ulixbo-
ncnfis Orientabs. Sexto, qiiòd Indultiim Praccedcntiáe conceílum Ca-
pitulo ,& Canonicis Eccleíiaí Patriarchalis Ulixboncnfis Occidentalis
fuper omnia Capitula , omncíque Dignitates , & Canónicos quarum-
cumque Ecclef arum totius Regni Portugallias ft , cíTe intelíigatiir fu-
per quaícuinque Perfonas , etiam quavis Abbatiali , Priorali , Archi-
prcsbyteraii , aut alio quocunique nomine nuncupatas Ecclellaílicâ
Dignitate prísditas pr^edi^larum Ecclefiarum Regni Portugalliae
necnon , quod Dignitates , &
Canonici Ecclcíiíe Patriarchalis Ulixbo-
ncnfis Occidentalis , non folum Capitularitèr uniti , &
congregati
fed etiam íeparatim , & ut fmguli praecedere debeant omnia qusEcum-
que alia Capitula quarumcumque Ecclcíiarum Regni Portugrdlias
earumque Dignitates , &
Canónicos non folíim ut fmgulos , ícd etiam
capitularitèr unitos , & congregatos , etiam in eorum Ecclcfiis , ac
infupòr omnes , & quoícumque Abbates , feu Priores Regulares tri-
ennales , qui in prasdidlo PortugalliíE Regno vocantur Abbates , fcu
Priores Generales , necnon , Priores etiam trium Ordinum Milita-
rium , fcilicet , Domini noí>ri Jefu Chiifti , Sandli Jacobi , &
Sanéli
Benediéli de Avis , vulgo Priores Mores , ac íimiliter Procuratores
Epifcoporum abfentium , ac Capitula Primatialium , Archiepifcopa-
lium , & Epifcopalium Ecclefiarum vacantium tàm in Synodis Pro-
vincialibus , quàm in quibufcumque aliis Aélibus , & Funftionibus in
eo Regno peragendis , ac denique quafcumquc alio quovis nomine
nuncupatas Eccleílaílicâ Dignitate pra:ditas Perfonas cjufdem Regni
exceptis tamen Primatiali , fcu Archiepifcopali , vel Êpifcopali Dig-
jiitate fulgentibus. Septimò , quòd Privilegium à Nobis jain concef-
fum pra'di6cis Dignitatibus , &
Canonicis di^Stae Patriarchalis Eccle-
íiíE Ulixboncnfis Occidentalis , ut , fcilicet , Mitra , aliifque indu-
mentis , & Paramcntis Sacris uti poííint in Miííis , ac Horis Canon i-
cis , folemnitòr decantandis , ac etiam in ProceíRonibus , Bencdidlic-
nibus Candelarum , Cinerum , Palmarum , &
Fontis Baptifmalis , ac
in rcliquis Ecclefaílicis Fun£lionibus , in quibus adhibentur Para-
menta Sacra pro didis reliquis Ecclefaílicis Funftionibus , intelliga-
tur habere locum tàm in diebus , & Funíliouibus folemnibus , quàm
etiam in diebus, & Funó^ionibus Ferialibus, pr^fertim celebrationis
Exequiarum pro Defun£lis , necnon in Baptifmis , &
Matrimoniis
in quibus pr^efente Parocho Baptizandorum , aut illorum , qui Matri-
moniam contrahere voluerint , accedente tamen licentiâ Patriarchae
vel Parochi , de cujus intereíTc agitur, cum praedidis Paramentis ad-
elfe poíTint , in Miílis vcrò privatis Mitra , aliiíque Indunientis , &
Paramentis praedidis uti non valeant , eas tam.en more Epifcoporum
privatim celebrantium celebrare valeant. Denique in prsefatis noí>ris
íiteris decrevimus , & ordinavimus , quod pro tempore exiílens Pa-
Tom. V. Ee ii triarcha
,

2 20 trovas do Lh, VIL da Hijlorla Çcneahgica

triarcha Uíixboneníis Occidentalis fuper Brachareníein Primate!;n nun-


cupatum Ulixbonenfem Orientalem , ac Elboreníem Aicliiepifcopos;
necnon Portiigallenrem , Colimbrienfem , Vifeniesn , Mirandeníem ,
Lamacenrem ,
Egitanieníem , Leirientem , Funclialeniem , Angrenfem,

Promontorii Viridis , San£l:i ThomíE , Congi , Algarbieníem Porta- ,

legreniein , & Elvenfem Epifcopos , alioíque omnes, & fingulos Por-


tugailiíe , & Algarbioruiii Regnorum Praslatos , exceptis tamen Lega-
tis Ssdis Apoílolicse , in oiiinibiis Aólibus , & Fundtionibus pra;ce-
dentiam habere deberet , & nemo illorum , etiam in eorum Ecclefiis,
eo prxfente , aliquem Jurifdidlionis honoris , vel facultatis Adliim ge-
rere poiFet , quem coram Legato diiStíS Sedis ApoílolicíE gerere non
valeret , ílatiiimus , & declaramus , quòd non folúm Bracharen. Pri-
mas nuncupatus aliique Archiepifcopi , & Epifcopipraedifti eorumque
,

Capitula , & reliquíE Communitates Ecclefiafticse tàm Clericorum Ííe-


cularium^ quàm Regularium in quibuícumque eorum locis , & Ec-
clefiis Regni Portugallise príediólum pro tempore exiftentem Patriar-
cham Ulixbonen. Occidentalem eifdem honorificentia , & decore re-
cipiant , & traélent , quibus reciperent , Sc traârarent alios fimiles Pa-
íriarchas , feu prssdiàa^ Sedis Legatos , quodque etiam nullus prsedi-
íStorum Bracharenfis Primatis nuncupati , aliorumque Archiepiícopo-
rum , Epiícoporum , & Prxlatorum hujuímodi , non folúm praefente
praediíto pro tempore exiílente Patriarchâ Ulixbonenfi Occidentali ,
aliquem Jurirdid:ionis , vel facultatis A*5ium gerere poííit , quem co-
ram Legato didíE Sedis Apoftolicas gerere non valeret, ut praifertur,
fed etiam Jurifdiélionis , vel facultatis Aclum hujufníodi gerere non
valeat in Diílridíru Ditionis Patriarchalis EcclefiíE Ulixbonenfis Occi-
dentalis , etiamfi príediélus pro tempore exiftens Patriarchâ Ulixbo-
nenfis Occidentalis ex quavis causa prí^fens non eíFet. Decernentes
propterea omnia , & fingula príEmiíTa , primo didtumque noftrumMo-
íum Proprium ,
prxdidlrafque didti Jofephi moderni Epifcopi Algarbi-
enfis fententias fuper eo emanatas , ac eafdem prxíentes , & in eis
contenta qusecumque , etiamfi de Gapituli , & Canonicorum prsedidlae
Ecclefiíe Archiepifcopalis Ulixbonenfis Orientalis , ac cujufcumque
Primatis , Archiepifcopi , vel Epifcopi Regnorum Portugalíise , &
Algarbiorum , aut aliorum quorumvis etiam fpeciali nota dignorum
& quantumvis privilcgiatorum , & qualificatorum , etiam neceíTariò
exprimendorum , damno , intereífe , ac pr^judicio , ac etiam quantum-
vis enormi , & enormiflimâ Isefione ageretur , & ad illa , aut eorum
aliqua pra^diélri quicumque intereífe habentes , feu habere pretenden-
tes auditi , citati , vel vocati non fuiífent , minufquc caufe , propter
quas predi£tae , & e^edem prsefentes literae emanaverint , fufficienter
addudlíE , verifícatse , vel alias juíliificatse fuerint, nullo unquam tem-
pore de fubreptionis , vel obreptionis , nullitatis, aut invaliditatis vi-
íio , feu intentionis noftríK , vel alio quovis defe(Sl:u , etiam quantum-
vis magno, máximo, & inexcogitato , feu etiam ex eo quod in eif-
dem príEmiflis , feu eorum aliquo , folemnitates , & qusevis alia fer-
vanda , & adimplenda , fervata, & adimpleta non fuerint, aut ex quo-
vis alio ctLim à jure , vel fado , aut ítatuto , ftyio , vel confuetudi-
ne
,
,

da Cafa %eal Tortuguei^à» 211


ne cliqua refijUante , ícu ctiam enormis
, enormiííim^E , ac totalis Ix-
íioiiis, etiam
íivc alio capite in , corporc júris claufo , aut occafione,
vel causâ , etiam quantumvis Juftâ , rationabili , pia , privilcgiatâ
etiam tali , qua: ad eiFeflum validitatis príemiiroriim neceíFariò expri-
n;enda foret , aut quòd de voluntate noítra hujufmodi nihil uUibi
apparcrct , feu alitcr probari poíTet , notari , impugnari , invalidari
retraíbari , in jus, vel controverfiam revocari , aut ad términos júris
reduci , vel adverlus illas reftitutionis in integrum , aperitionis oris ,
reduélionis ad viam , & términos júris , aut quodcumque júris faéli
vel gratia: remedium impetrari , feu etiam motu , fcientiâ , & potcíla-
tis plenitudine fimilibus concedi , vel impetrari , aut fic conceílb ,
vel impctrato queinpiam uti , feu fe juvarc in judicio , vel extra
poíTe, neque iplas príefentes , &
in eis contenta prarfata íub quibuf-
cumque generalibus , vel fpecialibus, etiam per viam legis , aut alias
etiam motu íimili , ac etiam coníiftorialiter , etiam per Nos , íuc- &
ceflbres noílros Romanos Pontifíces pro tempore exiftentes ex qua-
cumque causâ quantumlibet favorabili , &
jurídica editis , & edendis
regulis , Conftitutionibus , revocationibus , fufpenfionibus , liniitatio-
nibus , & modifícationibus , aliifque quibuslibet contrariis difpofitio-
nibus compreheadi , fed illas , &
illa femper , perpetuo valere&
ac fírmitatem & robur
, obtinere ,
fuoíque plenários , Íntegros ef- &
feclus fortiri dcbere volumus Nos etiam pradidlos , & alios quof-
:

cumque etiam quantumvis fubftantiales , atque formales , & de necef-


fitate exprimendos defeólus íiqui in illis , aut eorum aliquo , vel cir-
,

ca illa quomodolibet interveniíTent , motu, fcientiâ, poteílatis &


plenitudine íimilibus fupplemus , eofdemque defeélus fanamus , toUi-
mus , &: abrogamus ,
íicque noílrac mentis , intentionis , &
incommu-
tabilis voluntatis fuilFe , &
eíle declaramiis , ita in & omnibus , &
íingulis ab omnibus cenferi , ac
príemiílis per quofcumque Judices
Ordinários , vel delegatos , etiam Caufarum Palatii Apoílolici Audi-
tores , ac S. R. E. Cardinales , etiam de Laterc Legatos , Vice-Le-
gatos , necnon in di6lis Regnis pro tempore exiftentes noftros , &
Sedis ApoílolicíE pra:fatí€ Núncios , ac Primates , Archiepifcopos
Epifcopos , aliofque quofcumque Judices , fublatâ eis , & eorum cui-
libet quavis aliter judicandi , & interpretandi facultate , &: au6l:orita-
te , obfervari judicari , & defíniri debere ílatuimus , & mandamus ,
,

& fi fecus fuper his h quoquam quavis au6Voritate fcienter , vel igno-

ranter contigerit attentari , irritum , &


inane decerniraus. Quocirca
eifdem modcrnis , &
pro tempore exiílentibus Elvenfis , Algarbieníis,
& Mirandenfís , eifque deficientibus , feu impeditis Angoleníis , &La-
macenfis Epifcopis , tenore prsefentium committimus , & mandamus ,
quarenus ipfi , vel duo , aut unus eorum per fe , vel alium , feu alios
eafdem príefentes , & in eis contenta quíEcumque , ubi , 8z quando
opus fuerit, ac quoties pro parte pro tempore exiílentium Patriar-
chx , Dignitatum , Capituli , & Canonicorum Patriarchalis Ecclefíac
Ulixboneníis Cccidentalis prxfata; conjunclim , vel feparatim fuerint
requiíiti , folemniter publicantes , illifque in pra^miílis efficacis defen-
fionis príefidio aífiílentes , faciant , au(5loritate noílra fcntentias , &
declara-
,

2 22 Trovas do Llv. VIL da Hifloria (jenealogka

dcclarationes noílras príefatss , &


eafdem prsfcíites , aliafqiie noflras
literas fiiper diviíione, ereélione , conceíTionibus , indultis pn-edi- &
6lis expeditas , ac fcntcntias hiijuímodi fuper eis , fic , ut príefertur,
emanatas ab omnibiis , &
íingulis , ad quos fpeéíat , iii futurum &
quomodolibct fpeélabit fírmiter , inviolabilitòr obíervari ,& adim- &
pleri , iion permitteiites modernos , &
pro tempore exiílentes Patri-
archam , Dignitatcs , ac Capituíum , &
Canónicos did-íc Patriarcha-
lis EcclcíiíE Ulixbonenfis Occidcntalis à quoquam quoniodolibet mo-
leílari , pertiirbari , ac inquietari , ContradiíSlores quoslibet , Re- &
bellcs per lententias , ceníuras , &
poenas Eccleíiafticas , aliaque op-
portima júris , &
faóli remedia , appellatione poílpoíita , compefcen-
do , invocato etiam ad hoc , fi opus fuerit , auxilio brachii íkcula-
ris : Nos enim Judicibus prsefatis , eorum cuilibet quoícumque &
Moleílatores , Perturbatores , &
Contradidlores , etiam per Ediólum
publicam , condito fummariè de non tuto accelíu , citandi , eifque
ac quibus , &
quoties inhibendum fuerit, etiam per fimile Ediáum
quoad Primates , Archiepiícopos , &
Epifcopos, fub Interdidi ingref-
íus Ecclefias ; quo vero ad alios inferiores , íub ceníuris Ecclefiafti-
cis , ac etiam pecuniariis , necnon privationis Benefíciorum , Oiíi- &
ciorum Eccleíiafticorum , eorum arbitrio imponendis , moderaijdis ,
& applicandis , poenis inhibendi , eos , quos ceníuras , & poenas &
pr.Tdiólis incurrilfe coníliterit , eas incurriOe , fervatâ formâ Conci-
lii Iridentini declarandi , ac ceníuras, poenas ipías , etiam iteratis&
vicibus , aggravandi , reaggravandi , interdicendi , plenam , &libe- &
ram , motu , fcientiâ , audloritate , &
tenore prí^mifils concedimus
facultatem ; non obílantibus quibuíVis , etiam in univerfalibus , Pro-
vincialibus , &
Synodalibus Conciliis editis gencralibus , vel fpeciali-
bus ConíHtutionibus , &
Ordinationibus Apoílolicis , necnon Eccle-
íiíE Archiepifcopalis Ulixbonenfis Orientalis , ac Civitatis , Dioe- &
cefis tàm Ulixbonenfis Orientalis, quàm Ulixbonenfis Occidcntalis,
& Oppidorum Locorum Terrarum Ecclefiarum Monaíleriorum ,
, , , ,

CoUegiorum , Gonventuum Ordinum Congregationum Societa-


, ,
,

tum Inílitutorum aliorumque Locorum Piorum totius ProvintiíE


,
, ,

Ulixbonenfis ac Regnorum PortugalliiX


, & Algarbiorum ftatutis ufi- ,

bus ,
ftylis , & etiam immemorabilibus , privilegiis
confuetudinibus ,

quoque Indultis , & literis Apoftolicis , íub quibuícumque tenoribus , •

& formis , ac cum quibufvis etiam derogatoriarum derogatoriis , aliif-


que efficacioribus , eílicaciílimis , & infolitis clauíulis ,
irritantibufque,
aliis Decrctis in genere ac aliás in contrarium prae-
, vel in fpecie ,

miílbrum, quomodolibct conceflis , confírmatis, approbatis , etiam ju-


ramento , confírmatione Apoílolicâ , vel quavis í^rmitate alia robora-
tis , quibus omnibus , &
fingulis , etiamfi pro illorum íufficienti de-
rogatione, de illis , eorumque totis tenoribus, fpecialis , fpecifica,
expreíFa , & individua , ac de verbo ad verbum , non autem per clau-
fuías gencrales idem importantes , mentio , feu quccvis alia expreífio
habenda , aut aliqua alia,exquifita forma , ad hoc fervanda foret , te-
noris hujufmodi prí^fentilSus pro plenè , & fufficientèr expreíTis , &
infertis habentes , illis aliás in fuo robore permanfuris , latiíFimè , Sc
pleniííi-
da Cafa ^eal Tortuguei^a. 223
pleniííimc , nc fpecialitèr , & expreíTe ad príerniíTorum omnium vali-
diílimum eíFcíVum , Motii íimili harum ferie fpecialitèr , & exprcfsò
derogamiis, cíeterifquc contranis quibiifcuinque. NuUi ergo omniiiò
hominum liceat hanc paginam noítríE confírmationis , approbationis ,
roboris adjeílionis , dcfedíuum fuppleétionis , abolitionis, , fanationis
inhibitionis , íilcntii declarationis , abrogationis , inten-
impoíitionis ,

tioiiis , Statuti , Mandati , Decreti , &


voluntatis infringere , vel ei
aiifu temerário contraire ; íiquis autem hoc attentare praefumpferit in-
dignationcm Omnipotcntis Dei , Beatoriim Petri , & Pauli Apofto- &
Jorum ejus fe noverit incurfurum. Datum Romae apud San<5í:am Ma-
riam Maiorem , arino Incarnationis DominicíE , miileíimo feptingente-
íimo decimo feptimo tertio Nonas Januarii , Pontificatus noílri anno
decimo o6lavo.
Loco >í< Bullíe AurcíE.

Biilln de ampliação das graças a favor do Caindo da Santa Igreja


Fctriarcaí , impreffa 110 anno de J727, no tom, oitavo do Bulla^
rioKomano, pag. j<?j e no imprcjfo em Roma anno de i/2j a
j ,

pag. 242, e imprefa em Roma em 1717 e na dita Coilecqao,\ y

E no imprejjú em Francfort em 17 2 p a pag, ^08 , Con/fitui' ,

CLEMENS EPISGOPUS
SER V US SERVORU M DEI.
pcrpeitiãju rei memoriam.

JNeíFabili DiviníE Majeílatis providentia in fiipremo Apoílolicís NllíH. I 2


Dignitntis culmine conílituti , tanquam de excelfo m.onte ad irri-
guum Militantis Eccleíiaí agrum noílrn: ccnfiderationis aciem , more *7'/*
vigilis ,& operoíi Paíloris jugiter convertimus , circa ea , per quíE &
Eccl efiíe prítfertim Patriarchali Dignitate infignitíie , in confpicuis &
Civitatibiis ere6la£ , fublimioribus privilegiis , ac maioribiis prxroga-
tiv.is decorari valeant , peculiari folicitudine intendimus , proiit , ca-
rumdem Civi^atum qiialitatibus , rerumque , & temporum circuiuíari-
tiis debitè penfatis , ad Divini cultus incrementiim , ipfarumque Eccle-
íiarum honorifícentiam , &
Miniftrorum Eccleíiaílicorum decorem
confpiciraiis in Domino falubriter expedire. Cúm itaque Nos mjper
ex jufiis , & rationalibiis caufis adduíli , &
quemadmodum chariílimi
in Chriílo Filii noílri Joannis Portiigallicç: , Alearbiorum PvCgis il- &
luílris ccnfiantis Fidei , &
íincerrj devotionis aíFedlus jure promereba-
tur , ejufque pia , íc laudabilia vota eff!agitabant , Civitatem , & Dioc-
Gcfim Ulixbonen, in duas partes diviferimus , ac unam tam Civitatis ,
quàm Diaceíis hujufmodi partem verfus Orientem antiquo Archiepif-
copatui Ulyxbonen. Orientali nuncupando relinquerimus , in altera
verò
,,

Trovas do Liv. VII. da Hijloria (jenealogica

vero parte verfus Occidentem , Patriarchalem Eccleííam Ulixbonen.


Occidentalem nuncupandam , erexerimus , ipíiurque Patriarchalis Ec-
cleíí3: Uiixbonen. Occidcntalis Patriarchse , ac Dignitatibiis , & Cano-
riicis pro tempore exiftentibus pro maiori ejufdem Patriarchalis Ec-
cleíiíe majcftate , diíborumque Dignitatum , & Canonicorum honori-
íicentiâ plura hucufque privilegia , & indulta tam quoad habitum
qiihm quoad príEcedentiam , aliafque prícrogativas conceíTerimus
prout in noftris literis in forma nollri Motus proprii defuper expe-
ditis , pleniús continetur. Cumque íicut accepimus , Patriarchalis
Ecclefia praedidta íic à Nobis
ut praefertur , ereéla ,
, íingulari ip- &
ííus Joannis Régis dileélione, &
Regia planè munifícentiâ pluribus,
ac pretioíis Supelleítilibus Sacris pro Ecclcfiafticis funélionibus de-
center obeundis , opulentcr ornata , &
undique ad fiiigularem excel-
lentiam fublimata exiílat , ipfeque Joannes Rex prsecipuis , ac inde-
feííis íludiis Patriarchalem Eccleliam prícfatam prseclari amoris , ac re-
ligiofe pietatis íigaifícationibus proíequi in dies non praetermittat
& ad elegantiorem ílrudliuríE majeílatem exornare , piaque opera pro-
pediem inibi augere , Sacrarumque ca^remoniarum ufum , & Divina-
rum laudum cantum ad perfedliorem fublimitatem elevare intendat :

Nos ícternas Divinse bonitatis Majeftati , quòd tam pia tamque pre- ,

clara operofe Religionis iludia ad Chriftianas pietatis augmentum ,


& maiorem Divini Nominis gloriam à lolliciti di£li Joannis Régis
pietate Ecclcfiaílicis fundtionibus jugiter intenti , promanaverint , ea-
que quhm magnificenter , &
fumptuosè adau 'l:a fuerint , gratias agen-
tes , ac volentes , quantíim in Domino poíllimus , majori diílas Pa-
triarchalis Eccleli:£ decoris incremento coníulere , necnon Dignitates,
& Canónicos , ac Beneficiatos , &
Capellanos ejuidem Patriarchalis
Ecclefhx amplioris gratia; favore , &
excellentioris honoris titulo lu-
blimare , eolque à quibulVis excommuaicationis , íuípeníionis , in- &
terdidli , aliifque Ecclefiaílicis íententiis , ceniuris, poenis àjure, &
vel ab homine quavÍ5 occafione , vel causa latis, fi quibus quomodo-
libet inaodati exiílunt , ad eíFeítum prxfentium tantum coníequen-
dum , harum ícrie abfolventes , &
ablbluCos fore cenfentes , firmis,
& illíEris remanentibus omnibus , &
fmgulis privilegiis , indultis, gra-
tiis , & prserogativis , alias à Nobis eidem Patriarchali EccleíiíE , il-
liufque Dignitatibus , &
Ganonicis prasdiétis jam , ut praefertur, con-
ceíTis , Motu próprio , non ad alicujus Nobis fuper hoc oblatae peti-
tionis iaítantiam , fcd ex certâ fcientià , ac maturíl deliberatione nof-
tris , deque ApoftolicíE poteílatis plenitudine lex Dignitatibus , &
oclodecim Canonicis prxdivfe Patriarchalis Eccleíise , nunc , pro &
tempore exift *ntibus , quibus nuper , ut ipfi hyemali Cappam mag-
nam rubeam cum pellibus annellinis , íçftivo vero temporibus Moz-
zettam íiiniliter rubeam geftare , &
deíerre valerent , conccfilmus, &
indiilíimus , ut ipíi in pofterum perpetuis futuris temporibus , etiam
Subtanam , feu Veftem talarem rubeam : Duodecim vcrò ejufdem Pa-
triarchalis Ecclefiíc Beneíiciatis , fimiliter nunc , & pro tempore exif-
tentibus quibus alias , antcquam Ecclefia pra:di(fl:a in Patriarchalem
Ecclcfiam fie à Nobis ereíla fuiífet , ut etiam ipíi hyemali Cappam
magnam
(
,,

da Cafa ^eal Tortugueís^ã. 225


ma^í-nam violaceam ciim pcliibiis cinericiis ; íefíivo autcm temporibus
loco peUiuni cum fodcre lerico vioJacci colei is , etiam geílare , &
defcrrc poíTeiit , íiniiliter conceííimiis , &irduJfnnis , iit ipfi queque
etiam pcrpctuis futuris tcir.poribus hyemc camdcm Cappam inagnam
violaceam cum peliibus tamen armellinis , arfiate vero , vel eamdcm
Cappam magjiam , vcl JMozzettam , etiam violaceam cum fodcre fe-
rico rubei coloris ; Capellanis autcm amovibilibus , qui ad pra^íens
numerum triginta duorum non excedunt , etiamfi numerus hujufmodi
iji fervitio dídíE Patriarchalis Eccleíice , arbitrio pro teir pore exiíleií-

tis Patriarchíe Ulyxbonen. crevcrit , vel decreverit, ut etiam ipfiCa-


pcllani amovi biles Cappam magiiam violaceam cum peliibus armelii-
nis hyemali , aílivo verò temporibus vel camdem Cappam magnam
vcl ?>Iozzettam , etiam violaceam cum firtúli íodere íerico cjufdem co-
loris rubei , tam in Choro , quàm extra illum , ac etiam in Procef-
fionibus , omnibuíque aliis aÓribus Capitularibus , tam publicis , quàm
privatis , ac etiam in prí^íentil quorumcumque Archiepifcoporum , &
Epiícoporum , ac pro tempore cxiílentis Patriarchas Ulyxbonen. ac
Noílrorum , & Sedis Apoílolicíe Nunciorum nccnon Vencrabilium
,

Fratriun Noílrorum Sanílae Romansc Eccieíia: Cardinalium etiam de ,

Latere Legatorum & aliorum quorumcumque quâvis audloritate &


, ,

poteílate fungentium ,ac , & pra^eminentiâ fulgentium , reí-


honore
pc6livò geílare , & deferre , illiíque uti liberè , & licitè poíUnt , &
valcant , tenore prgefentium perpetuo concedimus , & indulgemus ; ac
Dignitatcs , Ez Canónicos , necnon Beneíiciatos , & Capcllanos ejuí-
dem Patriarchalis EccIcíIíe , nunc , & pro tempore exiílentes fuper
geílatione , Sc delaclione Ycílium , Capparum , & Mozzettarum hu-
juímodi per quiucumque Capitula quarumcumqiie aliarum Eccleíiarum
Epiícopalium , Archicpifcopalium , vel Primatiaiium , & quaívis Per-
ibnas , quâvis aucloritate , dignitate , & praeminentiâ pradicas , quo-
vis prxtextu , colore , vel ingenio publicò , vel occultè , direélò ,
vel iridiredlè impediri , niolcfíari , inquietari , vel perturbr.re nullate-
nus poíle , neque debere prafentes quoque femper , & perpetuo va-
*,

lidas , & eíScaces eíTe , Sc fore fuoíque plenários , & íntegros eífe-
,
£lus fortiri , & obtinere , ac ab cm.nibus , & íingulis , ad quos quo-
modolibet nunc fpeâat , <Sc fpe^labit in futurum , fírmiter , & kivio-
labiliter obfervari debere , ac nullo unquam tempore ex quocum.que
capite, vel qullibet causa, quantiimvis legitima , & juridicâ , etiam
ex eo , quod Capitula Cathedralium , Colíegiatarum Eccleíiarum
quarumlibet , earumque Dignitates , & Canonici , vel quilibct alii
cujuícumque dignitatis , gradus , conditionis , Si praeniinentia fuit
iii pramiílis, & circa ea quorrcdolibet , & ex quavis causa, ratione,
adlione, vel occaíione , jus vei intereffe habentes , rait habere pratea-
dentes , illis non conícníerint , nec sd ca vocati , citati , Cz auciti
fuerint , & caufa , propter quas eadem prrefentes emanavcrint , addu-
éla , verifícata , <S' Juíliíicata non fuerint, de fubrepticnis , vel ob-
reptionis , aut nullitatis , leu invaliditatis , vel intcntionis nofrra , a-it
quoHbet alio quantunwis magno , fiibílantiali , inexcogitato , inexco-
gitabili , ac fpecif.cam , & individuam mentionem , & expreílionem
Tom. V. Ff requi-
,,
,

Z2 6 T^rovas do Lh. VIL da Hijloria Çeneahgha

teqiiireiíte defe£l:um , etiam ex co , quòd in prsemiílis , eoramqiie


fivè
aliqiio folemnitates , & quaevis alia fervanda , & adiínplenda, íervata,
& adimpleta noa fuerint , aut ex quocumque alio capite à jure vel
fa6lo 5 aut ílatuto , vel confuetudine aliquâ refultante , aut quocum-
que alio colore , praetextu , ratioue , vel causa etiam in corpore jú-
ris ckusâ , occafione , aliave causa , etiam quantumvis juftâ , ratio-
nabili , legitima , juridicâ , pia , privilegiatâ , etiam tali , qua^ ad eíFe-
tSbum validitatis prsemiíTorum neceirariò exprimenda foret ; aut, quòd
de voluntate noftrâ , & aliis fuperiús expreílis nullibi appareret , feu
alias probari poíTet , notari , invalidari , retradtari , in jus , vel con-
troverfiam revocari , aut ad términos júris reduci , vel adveríus illas
reftitutionis in integrum , apcritionis oris , reduílionis ad viam , &
términos júris , aut aliud quodcumque juri , faéli , gratiíe , vel jufti-
tíx remedium impetrari , feu quomodolibet , etiam Motu fimili con-
ceíTo , aut iirspetrato , vel emanato , uti , feu fe juvare in judicio ,
vel extra poíTe , neque ipfas pr^efcntes fuh quibufcumque íimilium ,
vel difílm.ilium gratiarum revocationibus , fufpeníionibus , limitationi-
bus , modificationibus , derogationibus , aliifque contrariis dilpoíitio-
nibus , etiam per Nos , & fucceíTores noftros Romanos Pontifíces
pro tempore exiftentes , Sc Sedem Apoftelicam , etiam Motu pari
Sc confiílcrialiter ex quibuslibet cauíis , &
fub quibufvis verborum
tenoribus, &íbrmis , ac ciirn quibufvis claufulis, & Decretis , etiam-
íi de eifdem príefentibiis , earumqce toto tenore , ac data fpecialis
mentio fiai , pro tempore faclis , &
faciendis , ac conceííis , & con-
cedendis , minimè comprehendi , fed tanquam ad maius Divini cul-
tus aiigmentum femper, & omninò ab illis excipi , & quoties illas
emanabunt , toties in prifílnum , & validiffimum , ac eum , inquo an-
tea quomodolibet erant , ílatum reílitutas , repoíitas , & plenariè re-
integraras , ac díf novo etiam fub qiiacumque poíleriori data per
nunc , & pro tempore exiílentes Dignitates , Canónicos , Beneftcia-
tos , & Capellanos diílae Patriarchalis EcclefiíE quandocumque eli--
genda conceíTas eíTe , & fore , ficque , & non alias per quofcumque
Judices Ordinários , vel Deiegatos , etiam caufarum Palatii Apoftoli-
ci Auditores , ac prsediélse Sandlae Roman.x Ecclefise Cardinales
etiam de Latere Legatos , Vice-Legatos , diclíEque Sedis Nnncios
aliofque quofcumque quavis au6í:oritate , pt)teílate , prsrogativâ , &
privilegio fungentes , ac honore , &
pr^^eminentia fulgentes , fublata
eis , & eorum cuilibet qtravis eliter judicandi, & interpretandi facul-
tate , Sc auéloritate in quocumque judicio . & in quacumque inílan-
tiâ judicari , Sz deíiniri debcre
, &
Íi fecus foper his à quoquam qua-
vis auíVoritaíe fcienter
, vel ignoranter contigerit attentari , irritum
Sc inane decernimus. Qiiocirca yenei'abilibus Fratribus noílri mo- >

dernis , Sz pro tempore exiftentibus Elven. Algarbien. &


Miranden.
eiíque dencieutiiíus , leu impeditis , Angolen. &
Lamacen. Epifcopis
per eafdem pra:feíites ccmmtttimus, & mandamus , quatenus ipíi , vel
duo aut unus eorum per fe , vel aíium , feu alios eafdem pr^fentes
,

literas , & in eis contenta qusecumaue , ubi , & quando opus fuerit
ac quoties pro parte Digaiíatum , Caiionicorum , Beneuciatc rum , &
Capella-
da Cal a %ea] Tortugucí^â, 227
Capcllanorum prxdidorum , aut aliciijus corum fuerint requifiti , fo
Jen.niter piiblicantes , eifque in pra;miííis efficacis deíenfionis príEÍidio
aíliftcntcs faciant audloritate nollrâ caíUem pra:ícntes , in eis con- &
tenta hrjulmodi ab oinnibus , ad quos nunc ípe^Vat, & pro tempe-
re Ipeclabit quomodolibet in futuium , inviolabiliter obfcrvari, nec-
non eofdem modernos, ac pro tempore exiílentes Dignitates , Canó-
nicos , Bencficiatos , & Capellanos pra:di6los , illis paciíicè frui , &
gaiidcre , non permitentes eos , aut eorum aliquem defuper quomodo-
libet indebitè moleftari , Contradidores ^uoslibet , &
Rebelles per
fcntentias, cen furas , oc pcenas Eccieíiaílicas , aliaque opportuna júris,
& faCti remedia , appellatione poílpofitâ , compeícendo , invocato
etiam ad hoc , fi opus fuerit , brachii fa:cularis auxilio : Nos enim
modernis , ôc pro tempore cxiílentibus Elven. Algarbien. Miran- &
den. eifque defícientibus , feu impeditis ,
Angolen. Sc humacen. Epif-
copis pra;di61:is , & eorum cuilibet , quofcumque Moleftatores , Per-
turbatores , Contradiétores , &Rebelles , etiam per Ediélum publi-
cum , conflito fummariè , de non tuto acceíTu , citandi , eifque , &
quoties inhibendum fuerit , etiam per fimile Ediítum quoad Prima-
tes , Archiepifcopos , & Epifcopos fub Interdiéli ingreííiis EccIcíííe ,
quo vero ad alios inferiores , etiam fub cenfuris Eccleíiaílicis , &
etiam pecuniariis , eorum arbítrio imponendis , moderandis , ap- &
plicandís pa^nis , inhibendi , necnon eos, quos cenfuras, pcenas &
pra:di6las incurriíTe conftiterit , eas incurrilfe , fervatâ forma Concilii
Tridentini , declarandi , ac legitimis fuper literis habendis fervatis
proceffibus , cenfuras , & poenas ipfas , etiam iteratis vicibus , aggra-
vandi , rcaggravandi , & interdicendi , plenam , &
liberam , motu ,
fcientiâ , auctoritate , & tenore pracmirfis concedimus facultatem , non
obftantibus , quatenús opus fit , quibufvis legibus , ílatutis , ílylis ,
confuetudinibus , & prohibitionibus , fiquse forfan adíint de gratiis
adinftar non concedendis , ac de veftibus rubeis non deferendis , ac
etiam in Synodalibus , Provincialibus , univerfalibufque Conciliis edi-
tis , vel edendis fpecialibus , vel generalibus Conftitutionibus , Sc
,

Ordinationibus Apollolicis , ac ài&x Patriarchalis , diarunique Eccle-


íiarum , etiam juramento , confirmatione Apoftolicâ , vel quâvis firmi-
tate aliâ roboratis fíatutis
,
eorumque reformationibus , novis ad- &
ditionibus , Privilegiis quoque , Indultis , &
literis Apoítolicis , illis,
eorumque Supcrioribiis , Sz Perfonis , ac Iceis quibufcumque , etiam
fpeciali , fpecificâ
,
expreíía , &individua mentione dignis , fub qui-
bufcumque tenoribus , & formis , ac cum quibufvis etiam dcrogato-
riurum derogatoriis
,
aliifquc eíHcacioribus , efficaciíTimis , iníolitis &
claufuiis, irritantibufque , & aliis Decretis, in gencre , vel in fpecie,
etiam niotii pari , ac coníiftorialiíer , r.ut aliás quomodolibet , etiam
iteratis vicibus in contrarium eorumdem pr.TmiíTorum conceíFis ap-
,
probatis , confirmatis , & innovatis, etiamfi in eis caveatur exprcfsò ,
x^uòd illis per quafcumque literas Apoftolicas , etiam motu f.mili pro
tempore concelíhs, quafcumque etiam derogatoriarum derogaíorias in
fe continentes
,
derogari non poííit , neque cenfeatur eis derogatum,
•quibus oranibus , &: íingulis , etiamíi de illis eorumque totis tenori-
,
Tom. V, Ff ii bus
,

218 T^rovas do Lh. VIL da Hiftoría Çenealogka

bus fpecialis ,
expreíTa ,
fpecifíca , & &
individua , ac d:^ verbo ad ver-
bum , non per claufulas generales idem importantes, mentio,
auteiii
feu qníEvis alia expreílio habenda , aut aliqua alia exquiíita forma ad
hoc íervanda foret , etiamíi in eis caveatur exprcísè
illis nul- ,
quòd
latenús ,aut nonniíi fub certis moJo , &
forma derogari poTit, te-
nores hujufmodi , ac íi de verbo ad verbum nihil penitíis omiííb , &
forma in illis tradita obfervatâ iníerti forent , priefeatib is pro plenè,
& fufficienter expreílis , Sc infertis habentes , illis alias in luo robo-
re permanfuris , latiíTimà , Sc pleaiíRmè hac vice dumtaxac fpeciali-
ter , Sc expreísò, eanimdem tenore príEfentium , motu íimili deroga-
mus , Cíeterifque contrariis. quibufcumque. Nulli ergo omninò íio-
minum liceat hanc paginam noílri motus proprii , ac abfolutionis
conceíHonis , indulti decreti , commiíTionis , mandati , Sc derogationis,
infringere , vel ei aufii temerário co atra ire ; fiquis autem hoc atten-
tare príErumpferit indignationem Omnipotentis Dei , ac Beatorum
Petri , &
Pauli Apoílolorum ejus , fe noverit incurfurum. Datum
Romãs apud Saneiam Mariam Maiorem , anno Incarnationis Domini-
cse , millejíímo feptingenteíimo decimo feptimo quarto Idus Martii,
,

Pontifícatus noítri anno XVII.

Loco >J< Bulias Aurcse.


Thoinas Sportellus.

JBiifJú (lo Papa Innocencw XIII. das (jiiartas partes das rendas dos
Arcehtjpados , e Bifpados , dos Rey nos d^ Portugal ^ e Algar ^
ves , e cidras rendas EcclefiqjUcas , appliçadas a Santa
Igreja Patriarca/,

INNOCENTIUS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEL
Ad perpetuam rei memoriam,

NuíYl, f 2 I "O Atíoni congmit , & com^mt


honeftati , ut ea , qu^e de Roma-
A
'^^^ Pontifícis gratiâ proceíferunt , licèt ejus fuperveniente obitu
An. 1721, LiteríE Apoílolica; deAiper confeélx non íuerint , fuum fortiantur
eíFeftura. Proinde Nos ad Beati Petri Sedem , meritis licèt impari-
bus , Divina díTpofítione vocati ad ea propeníis ftodiis intendimus ,
per quís univerfe Orbis Ecclcfiíe príufertim Patriarchali titulo deco-
ratss , ac Perfonre in illis Divinis obfequiis jogiter infiílentcs congruis
facultatibus pro earum honorificâ , & decenti mnnutentione , oncrum-
que eis incumbcntiuni lublevamine conimunki valeant , ac in his Paf-
toralis officii noftri partes etiam per Peníionum perpetuarum reíerva-
tiones , ac fruóluum Eccleriaílicorum applicationes maximc dum id ,

Orthodoxi P,egcs expofcunt , favorabiliter intcrponimus , hccque con


cnio
,

da Cafa ^eal ToYtugue^à. 2tp


cillo accepto nupcr ChariíTimiim Chriílo Filiiim noílrum Joaii-
in
nem PortiigalluT^ ,^
& Algarbioriim Regem
Patriarchalis EccleíixUlix-
bonejiíis Òccidentalis perpetuam íirmitatem ,
illiuíquc Dignitatum
Canonicorum , &
Beiíeíiciatoriim congriiam , «Sc honoriíicciitem , ac
aíUduis laboribus conlentancam manutentionem decernerc piis aíFe-
(Slibus exoptarc Nos providam pra:fati Régis intcntioncm plurimuni
:

iii Domino commcndantes , fimulque propeníloncm grati animi noílri

erga ipíiim Joannem Regem ob pliira peculiaria obLequia Nobis , &


hiiic Sanólic Sedi femper impenía , propter qiix , & cognovimus , &
vidimus , quàm dignum fuorum PrícdeceíTorum Regum iioii miiiús
virtutis, Sc Chriíliana; pietatis , qiiàm temporalium ftatuum , 8c Reg-
norum liitredem fciverit fe prícbere , hoc novo tcílimonio pateface-
re , eiufdemqiie Patriarchalis Eccieíia: Dignitatum , Canonicorum, &
Beiícficiatorum utilitatem , &
commoda , quantum in Domino poiRi-
mus , libenti animo promovere volentes , ad hoc etiam , ut in eadem
Patriarchali Ecclcfiâ Divina Officia , & Éccleíiaílica: funéliones Juxta
piiíílmum di61i Joannis Régis deíiderium folcmniori pompa , cultu ,
& celebritate psrngantur , ipíaque Patriarchalis Ecclefia fuíHcientibus
redditibus non deílituta femper duratura remancat , iis omnibus , quse
ad id pkirimíun conferrc poíTunt non minus Pontificiaí benignitatis
quàm gratitudinis memores liberales manus extendimus ,
proindequs
ea, quís per Felicis recordationis dementem Papam XI. Prscdcceílb'
rem Noílrum ad ál&sc Patriarchalis Eccleíiíc utilitates , commoda &
providò conce.Ta fuerunt, debitx exequutioni demandari vohmius ,pro-
iit prafati Joannis Régis merita expofcunt
,
Noíque in Divini cultus
incremeníum , &
áiálx Patriarchalis Eccleíirc fírmiorem ftabilitatem
conlpicimus in Domino falubriter expedire. Dudum íiquidem prí^fa-
tus Clemens Pra^deceífor p.-ovidè animadvertens , quòd Patriarchalis
Eccieíia prasfaía ah ipíb erc;61a , &
inftituta ad tam lublime digiiita-
tis , &
honorifícentiíE faíligium eíevata exiílebat , ut mérito toto Or-
be Terrarum celeberrima rcputaretur , hocque ob raultiplices , íhi- &
gulares gratias ipíi Patriarchali Eccíeíiae , ejuíque Dignitatibus , ac
Canonicis conceíías tam ab ipíb Clemente Prxdeceíí(r)rc , quàm à príc-
fato Joannc Rege , qui , ut acceperat , in prncícntatione Perfonarum
ad Dignitates , &
Canonicatus , &
Praebendas âidcx Patriarchalis Ec-
cleíiíE pro tempere vacantes ab ipfo Joanne Rege, ejurque fucceíro-
ribus Portugaljií€ , &
Algarbiorum Regibus in riiturum facienda íem-
per digniores íangiiine , pietate , &
doflrinâ prxíerendos cíTe decre-
verat , eoíque , 8z eorum in Dignitatibus , ac Canonicatibus , Si Frx-
bennis hujufmodi refpeólivè fucceíTores pro tempore exiílentes in per-
peíuum inter príedidli F.egni Magnates adfcripferat , ipfiíque uíum
Baldachini in própria uniuícuiufque eorum domo , nccnon facultatent
cooperiendi caput coram prscfato Joanne Rege, ac pro tempore exií^
tentibus Portugalíia- , &
Algarbiorum Regibus, ca:teraque civilia, ac
facularia privilegia , nccnon honores príurogativas , íacuítatcs , príc-
emincntias , ac íibertates, quibus ex uíu , coniuetudine , vel privile-
gio Epiícopi Regnorum hujurmodi utuntur , &
gaudent ; itaut in om-
nibus fundionibus civilibus tam in Aula Pvegiâ dicloium Regnorum,
quàm
,

2 5 0 T?rovaí do Llv, VIL da Hijloria Çcneaiogica

quàm extra eam , etiam in Comitiis gencralibus , unuíri Corpus Civi-


le , uti vocant , íeu Ordinem Magnatiini cum ipíis Epiícopis efficcrent,
eifquc imiTiediatò in príccedcntiâ fuccederent , íiio Régio Diplomate
conceílerat , &
indulferat Dignum proinde , ac congruum exiílimavit,
:

ut ultra gratias , pra: rogativas , &


privilegia hiijufmodi , quibus eadem
Patriarchalis Ecciefia tain ab iplo Clemente Prasdeceílbre , quàm à
praeíato Joanne Rege tam luculentcr decorata fuerat , redditibus quo-
que , &
proventibus Eccleíiaílicis locupletarctur , quibus mediantibus
Dignitates , Canonici , &
Beneíiciati , cseterique didse Patriarchalis
Eccíeíiíe Miniílri fe decentcr iTtonutenere valerent , nec alias íplen-
dor ille , qui in didâ Patriarchali Eccleíla , ejuíque Dignitatibus , Ca-
nonicis , Beneíiciatis , ac Miniílris piafatis ob gratias , 8c privilegia
hujuímcdi elucefcebat , ob defícientiam , aut tenuitatem. prícfatorum
reddituum aliquâ in parte obumbrarctur. Providè igitur animadver-
tens ab immemorabili tempore in promotionibus Perlbnarum ad rcgi-
mina Cathedralium Eccieíiarum in Portugalliae , Algarbiorum Reg- &
ris hujuímodi confiftentium ipíum Clementem Pra^deceíTorem , &PríE-
deceíTores noítros, tunc fuos , quartain partem fruduum , reddituum,
& proventuum cujuslibet ex Cathedralibus Ecclefus praefatis in plu-
ribiis , &
diverlis Penfionibus annuis , iníimul tamen quartam partem
frudluum , &
proventuum hujuíirtodi non excedentibus , refcrvare
& ad Períiones hujuímodi diverfas Períonas Portugallise , Algar- &
biorum Regibus pro tempore exiílentibus gratas nominare ccnfuevif-
íe , qus tamcn Eccieíiis forfan nullatenus inferviebant , fed aliquan-
do etiam Peníionibus hujufn odi in Oatu conjugali, vel etiam milita-
ri fruebantur ; quodque fi qumta pars fruéíuum Patriarchalis , Ar-
chiepiícopalium , &
Epiícopalium Eccieíiarum hujuímodi ab eiíUem
Patriarchali , Archiepilcopalibus , &
Epifcopalibus Ecclefiis diímem-
brarctur , &
fcpararetur , ac infrafcriptaí quatuor Ecclefiae , íeu Ca-
pella: , aut infiafcripta quatuor perpetua fimpíicia Beneficia Eccleíi-
aílica íupprimerentur , &
extinguerentur , earum.que , feu eorum fru-
ídos , redditus , proventus &
, ac infrafcriptse quotíe partes frud-uum,

reddituum , &
proventuum à quibufdam Dignitatibus , ac Canonica-
tibus , &
Prabendis inírafcriptarum íkcularium , forfan infignium &
CoUegiatarum Eccieíiarum , ut infra difmembranda? , feparandje &
Dignitatibus , Canonicatibus , & Beneíiciis ejufdem Patriarchalis Ec-
cleíííc
5
corumque Pra^bendis refpedlivè imirentur
,
applicarentur , &
incorporarentur , ex hoc profeétò honoriíicíe , deccnti , commodíE &
fubílentationi Dignitates , Canonicatus , PriLbciidas , ac Beneficia &
ói&x Patriarchalis Eccleíi^ pro tempore obtinentium fuíiicienter pro-
vifum , &
confultum foret ; idem Clemen:, PrardeceíTor , qui utilita-
tes , & commoda Miniílrorum EccIeííafiiccriLii augere , & promove-
re íinceris deíidcrabat aíTeítibus ; firmis , & illojíis remanentibus om-
nibus , & fingulis privilegiis , gratiis , prsrogativis , & indultis , alias
tam ab ipfo Clemente Pracdeceífore , 8c PríEdeccíToribus noílris tunc
íuis eidem Patriarchali Ecclefix , etiam de tempore , quo ipfa erat
íímplex Capella Regia , aut iníignis Collegiata Ecciefa , quàm à príe-
diclo Joanne Rege , ejuíque Praedeceílbribus Portugallise , 8c Algar-
biorum
da Cafa %^al TonugH*e^a. 231
biorum Rcgil^ius conceíTs ;
fírmifqiie pariter , & illarfis remanentibus
frudVibus , rcdditibus , & proventibiis , ac diftributionibus quotidian-
iiis alias Djgnitatibus , Canonicatibus , &
Prsebendis , ac Bcnefíciis
àiãx Patriarchalis Eccleíiiu ex bonis merò laicalibus , & regiis aíTig-

natis ,
qui ob unioncm , & applicationes infrafcriptas nullatciius mi-
nui fcu ceílare deberent ,
, quacumquc contraria difpofitione in Lite-
ris Apoftolicis Ereélionis CapellíE Regias in Collegiatam Ecclcfiam
contenta non obílante, attento confenfu di6li Joannis Régis, ad hunc
effe^Sum , ut idem Clemens Pra^deceífor acceperat , jam praeftito ,
jNíotu cjus próprio , non ad alicujus fuper hoc oblatíc petitionis inf-
tantiam , fed ex certa fcienti i , &
matura deliberatione fuis , dequc
Apollolicíu poteftatis pleniíudine fub Datum videlicet Quinto Kalen-
das Otflobris , Pontificatus fui anno vigeílmo à praefatis Patriarchali
Archicpifcopalibus , &
Epifcopalibus Eccleíiis in PortugalliíE , Al- &
garbiorum Regnis hujufmodi , ut praefertur , conííftentibus , earumque
frudiibus , rcdditibus , bonis , proprietatibus , juribus , cenfibus , lau-
demiis , contributionibus prícdialibus , vulgo Pítaf?ças , aliifque ob-
ventionibus, nccnon jurifdiélionis etiam temporalis , Canccllariíc , aut
luduofarum proventibus , ca:terifque cínolumentis quibufcumque ad
Pauuarchalem , Archiepifcopales , &
Epifcopaics Eccleíias prs;fatas
quocumque titulo etiam unionis , donationis , contrapus cujuslibet
etiam onerofi , aut legati ceiam perfonalis , uti vocant , vel aíiâ qua-
vis causa , feu jure tunc , &
pro tempore etiam de novo fpeélantí-
bus , qui onm^s , ut etiam acceperat , ad centum triginta duos mille
quingentos fexaginta fex ducatos auri de Camera fecundum comniu-
nem xftimationcm infimul tunc afcendebant , quartam eorundem fru-
dluum , reddituum , &
proventuum naturalium , induílrialium , ci- &
viíium partem , triginta tres mille centum triginta feptem ducatos au-
ri limiles in totum tunc conftituentium , difmembravit , feparavit ^ &
ac ab infrafcriptis novem Dignitatibus , &
infrafcriptis viginti odo
Canonicatibus , &
Pra:bendis , earumque , eorum omnibus , & íin- &
gulis refpeéírivè fruólibus , rcdditibus , proventibus , diíii ibutioni- &
bus quotidianis , bonis proprietatibus , necnon juribus , cenfibus , lau-
demiis , contributionibus príedialibus , vulgo Pitafiçús ^ catcrifque
proventibus obventionibus , 8z emolunientis quibuicumque certis ,
,

& incertispecuniâ, vel frinSlibus , aut quibuslibet rebus coníiílen-


in
tibus , & ad pracdiclas infrafciiptas novem Digniíates , 8z praidiólos
infrafcriptos viginti odlo Cancnicatus , Pra-beiidas , illofque , &
illas pro tempere obtinentcs quccumque titulo etiam unionum , do-
nationum , oblationum , contraélus etiam onerofi , aut legatorum , feu
alia quavis causa, vel in re , tunc, feu etiam de novo in futurum
fpedaníibus , & infmi?! ad fex mille noningentos fexaginta quatiior
Ducatos auri hujurmodi annuatim , ut íímiliter acceperat , afcendcnti-
bus ducatos bis miíle fexcentos feptem: videlicet ex Cantoríitus, qui
ad centum qiiinquaginta quatuor , tertiam partem eorum . videlicet
quinquaginta unum ex Theíaurariai maíoris nuncupatí? , qui etiam
\

ad centum ouinouoginta quatuor, tertiam partem eorum, videlicet


quinquaginta unum j ex Scliolaftria: reípeólivèDignitatum , qui íímili-
ter
,

2 3, 2 Trovas do Llv. VIL da Hijlorla genealógica


ter ad centum qiiinquaginta quatiior , tertiam partem eorum , videli-
cet qiiiiiquagiiíta unum ac ex quindecim Caiionicatiiiim , & Prgrben-
\

d;:rum íkcularis , & foríaíi iiiíignis CollegiatíE EcclcTia: Sanftse Mari^


de Alcaçova Oppidi de Sanólarem Ulixboneníís Orieníalis Dicecefis,
qiise & qiii , íicut ctiam acccperat , de Jurepatronatiis prsefati Joan-
,

nis Régis ex fundatione , vel dotatione , íeu Privilegio Apoílolico


,
ciii non erat eatciuis in aliqiio derogatum , exiílebant , & qui , vide-
licet cujuslibet eorum , ad centum quinquagiiita quatuor , & infimul
bis mille trecentos decem , tertiam partem uniuícujuíque eorum, vi-
delicet , quinquaginta unum , pro quolibet , & iníimul íeptingentos
íexaginta quinque j ac ex Prioratus , qui ad trecentos otfloginta
quatuor nonas partes eorum , videlicet centum fexaginta no vem (Sc ;

ex ArcbJpresbyteratus , qui ad centum quadraginta duos , quartam


partem eorum , videlicet triginta quinque & ex ThcfaurariíE etiam
*,

reíped^ivò Dignitaíum qui ad quadringentos , quatuor nonas partes


,

ecrum , videiicct centum feptuaginta o6lo ; ac ex trium Canonica-


tuum , & Pra:bendarum etiam fecularis , & forfan iníignis Collegiatse
Eccleír^ Oppidi de Barcellos Brachareníis Diocce/?s , qui videlicet
cujuslibet eorum ad centum triginta feptem , & infimul quadringen-
tos undecim , quartam partem eorum , videlicet, triginta quinque pro
quolibet , & iníiniul centum quinque necnon ex Prioratus , qui ad
^

quingentos viginti duos, quatuor nonas partes eorum, videlicet du-


centos triginta duos ; ex Cantoratus , qui ad trecentos quadraginta
fcptcm , quatuor nonas partes eorum , videlicet centum quinquaginta
quatuor ; cx Theíauraria^ etiam refpeélivè Dignitatum , qui ad du-
centos íexaginta quatuor nonas partes eorum , videlicet, centum
íexdccim ; ac ex decem Canonicatuum , & Pra:bendarum partes íx-
cuiaris , 2< forían infignis Collegiatx Eccíefias Sanélaí Maria: de Ou-
rem Leiricnfis Diosccíis , qui, & quíc , íicut etiam acceperat, de
Jurepatrcnatus Bragantise Domus ex fundatione , vcl dotatione , leu
priviicglo- Apoílolico , cui pariíer non erat eatenus in aliquo dero-
gatum , exiítere dignofcebantur , refpeéiivè fruélibus , redditibus , &
proventibus , qui , videlicet cujuslibet eorum ad centum feptuaginta
tres ducatos auri liujufnicdi , ut pariter acceperat , annuatim rcfpe-
6rivè afcendebant , & infnnul wàWq íeptingentos triginta ducatos auri
ílmjles confdiuebant , duas quintas partes , videlicet feptuaginta pro
quolibet , & inílniul íeptingentos ducatos auri hujuímodi etiam rcfpe-
élivè difmembravit, & ieparavit : ac Sanélo? Maiirc Oppidi de Óbi-
dos Ulixboneníís Occidenlalis Dioecefs, cujus quadringentorum quin-
quaginta c6í:o , fuper quibus Penf o annua antiqua nonaginta unius
ducatorum auri luijufmodi cum dimidio alterius ducatis paris did^
Patriarchali EccIcÍííç de tem.pore, quo ipfa erat íimplex Capella Pve-
gia, Apoflolica aiidoritate , ut etiam acceperat, referva ca extitcrat,
& tunc reperiebatur , quam per hujufmodi gratiam extindam , & cum
fruílibus infra applicandis confolidatam ren^anere voluit , ac Sandi
JVTametís Loci de Lindoío , cujus bifcentum triginta quatuor, ac San-
di Jacobi Loci de Anha, cuius quadringentorum odcdecim , ac San-
0:x Mariís Oppidi de Cliaves Bracbareníis Dicecefis j íbrjan habitua-
,

</d Cafa %ed TorUigUen^a,

lem tantiim , nullatenus verò aélualeni curam aniinarum habentcs Ec-


clcíias , leu Capellas , aut rcípedivò in eis , vel aliis Oppidorum , &
refpcvStivè Locorum Ulixbonenfis Occidentalis , &
Brachareníis Dicc-
ceíum hujuímodi reípeílivò Ecclefiis totidem perpetua íimplicia Be-
neficia Ecclefiaftica , Prioratus , teu Abbatias etiam rcípedive nuncu-
patas, Teu nuncupata , ad , vel íub Sanda; Marias, ac Sandi Mame-
tis , & San6ti Jacobi , neciion Sandíe Maria; hujufmodi refpedivè Al-
tnria , leu relpedivè invocationibus , cujus guingentorum quinquagin-
ta trium ducatorum auri íimilium reípedivò frudus , redditus , &
proventus lecundum seftimationem pricdidam valorem aimuum , ut íi-
militcr acceperat , non excedebant , &
quarum , feu quorum primo ,
& lecundò dida; , feu primo , &
fecundo dida etiam de Jurepatro-
natus diíbi Joannis Régis , reliquae , feu reliqua verò du2e EccIcíiíe ,
feu Capella; , aut Beneficia hujufmodi etiam de Jurepatronatus dile-
Cti Filii Jofephi Brafili£e Principis, &
Bragantiíe Ducis praedicli Jo-
annis Régis filii legitimi , &
naturalis ex fundatione , vel dotatione,
feu privilegio Apoílolico , cui fimiliter non crat eatenus in aliquo de-
rogatum , refpedivè exiftere dignofcebantur , ílante confenfu tam di-
di Joannis Régis , quàm priçfati Jofephi Principis , per ejus Cura-
torem refpedivè , ut etiam acceperat , jam prxftito , non folíim quoad
quatuor Ecclefiarum , feu Capellarum , aut Beneficiorum hujufmodi
fuppreíTionem , verum etiam quoad Dignitatum , ac Canonicatuuni ,
& Prxbendarum Collegiatarum Ecclefiarum pracfatarum frutu-uum dif-
membrationem , &applicationem , pro cujus Jofephi Principis , ejuf-
que BragantiiíEe Domus Jurifpatronatus hujufmodi indemnitate prse-
fatus Joannes Rex , qui etiam Ordinum Militarium praefati Portugal-
1Í£E Regni Gubernator , ac perpetuus Adminiílrator exirtehat , íçqui-
valenter confuluerat, aííignando , ac concedendo eidem Jofepho Prin-
cipi , ac pro tempore exiílentibus Bragantiíe Ducibus jus conferen-
di , feu pro fe ipfis retinendi Commendam nuncupatam Sandi Mi-
chaelis de Tres Minas Militiic Domini noílri Jefu Chriíli , &Jufpa-
tronatus iafrafcriptarum Parochialium Ecclefiarum Jurifpatronatus Re-
gii , videlicet noílrse DomiuEe da Torre de Moncorvo , cujus quadra-
ginta, fex , &Sandi Salvatoris da Infeíla , cujus quadraginta , ac
San-^la; MariíE de Monção , cujus etiam quadraginta , ac Snn£li Mar-
tini de Bornes cujus qiúnqunginta feptem , ac SandíE Marias de AJi-
,

jô , Redoriarum refpeftivè niincupatarum Bracharenfis Diírcefís , cu-


jus etiam quinquaginta feptem , ac Sandi Petri de Farinha Podre
cujus triginta unius , ac de Villanova de Cea , cujus quadraginta fex,
Sc Sanc^Tta; Maria; Magnse nuncupatas de Loriga , cujus triginta novem,
ac Szn^\i Andreíe do Ervedai Vicariarum refpedivè nuncupatarum ,
cujus fexaginta novem , ac Sanílae Mariae de Vinhô , cujus odogin-
ta necnon de Mangoalde , cujus feptuaginta feptem ac San£li Vin-
, ,

centii de Villafranca , Prioratuum refpeflivè nuncupatarum Colim-


,

brienfis Dia-cefis , cujus feptuaginta quatuor ducatorum auri fimilium


refpedivè frudus , redditus , proventus valorem annuum , ut pa-
riter , acceperat, non excedebant, quamquidem aíl^gnationem , &
conceííionem firmam , & validam eíTe voluit , ac Apoílolicâ auíloiita-
Tom. V. te
,,

234 ^''ovas do Lh. VIL da HiJlorU Çemalogíca

te roboravit , &• adhunc eíFedum tantum prícfatum Joannem Regem


à juramento íiiàs per eum praiVito de non alienando bona , 8r jura
tam ad Regiam Coronam , quàm ad Militares Ordines hujuímodi
fpeólantia , & à quocumque juramento , quatenus opus eí-
alio íimili
fet , abfolvit , & liberavit , ac primo diélam , leu primo diâ:um , vi-

delicet quíe , feu quod per liberam dimiílionem dileéli filii Joannis
Petri de Lemos Clerici , feu Presbyteri de illa , feu illo , quam , feu
quod tunc nuper obtinebat , in manibus- Ordinarii Loci fponte fa-
àam , & per eundem Ordinarium ordinária ejus auíStoritate extra
Romanam Curiani admiíTam , ut pariter acceperat , vacabat , five pras-
miíTo , five alio quovifmodÇ) , aut ex alterius cujufcumque Perfonâ
feu per prxdiíbam , vel aliam liberam difti Joannis Petri , vel cujuf-
vis alterius dimiíTionem de alia , feu illo , necnon fecundo , tertiò ,
& quarto dida , feu fecundo , tertiò , & quarto dietas Eccleíias , feu
Capellas , aut Beneficia hujufmodi ex tunc prout ex ea die , & è
contra , cum primúm illas , feu illa per ceíFum , etiam ex causa per-
mutationis , vel deceíTum , aut privationem , vel quamvis aliam dimif-
íionem , vel amiílionem illas , feu illa tunc obtinentium , aut alias
quovis modo vacare contigiílet , etiamíi a61:u tunc , ut prxfci ebatur
aut ex quarumcumque Perfonjs , feu per liberas reíignationes illas ,
feu illa tunc obtinentium, vel quorumvis aliorum de iliis in dióta
Curia , vel extra eam , etiam coram Notário publico , & teftibus
fponte fadas , aut aíTequutionem alterius Beneficii Ecclefiaílici ordi-
iiariâ auéloritate collati , & quoad primo diélam , feu primo didum
Eccieíiam , feu Capellam, aut Beneficium hujuímodi , non tamen per
obitum , refpe6l:ivè vacarent , etiamfi tanto tempore vacaviíTent , quòd
carum , feu eorum collatio juxta Lateraneníis Statuta Concilii ad Se-
dem Apoílolicam legitime devoluta , di(5laeque Ecclefíae , feu Capel-
las , .aut Beneficia hujufmodi difpofitioni Apoftolicae fpecialiter refer-

vatse feu refervata cxiílerent ,


, &fuper eis in aliquos lis , cujus íla-
tum idem Clemens PraedeCeíTor haberi voluit pro expreíTo, penderet
indecifa , illarumque, feu illorum titulum collativum , ita quòd illse,
feu illa collativíe , feu coUàtiva eíFe defmerent , & uti tales , feu ta-
lia in titulum collativum quâvis audloritate conferri , feu de illis dif-
ponl quovifmodo ampliús nequiret , Sc fi illas , feu illa deinceps con-
ferri , feu de illis difponi contigiífet , collationes , provifiones , &
quí^vis aliíE difpofitiones de illis quovifmodo facienda: nulíx, 8z in-
validai exifterent , nuUique fuífragarentur , nec cuiquara coloratum ti-
tulum pníTidendi tribuerent , fuppreffit , &
extinxit ac quartam par-
,

tem omnium , & quoruítKiumque fruííuum , reddituum , & proven-


tuum tam naturalium , quàm induílrialium , 8c ciyilium Paíriarchalis,
Archiepifcopalium , 8c Epifcopalium Ecclefiarum hujufmodi ah cíf fie
driTmembratam , & feparatam Dignitatibus , & Canonicatibus diiíVx
Patriarchalis Ecclefiai pro enrum , Sc eorum refpeébivè PriTbcndarum
augmento applicavit & aííignavit , eandemque quartam partem fru-
,

(fluum hujufmodi Dignitatibus , & Caaonicis tunc , & pro tempore


exiílentibus ejufdem Patriarchalis Ecclefiís non alias quàm in eifdem
,

iruétibus , redditibus , & proventibus naturalibus , induílrialibus , Sc


civili-
,

da Cafa %eal Tortugnes^a, 235


civiíibus pcrfolvi debere voluit , & mandavit , ftante declaratione à
Venerabilibus Fratribus noftris tunc fuis modcrnis Patriarchâ , Ar-
chiepifcopis , Sz Epifcopis jam faélâ, qui declaraverant Ecclefiis , ac
fucccíToribus fuis longè utilius fore perfolvcre diílam quartam par-
tem in frudlibus natiiralibus , induftrialibus , &
civiíibus , quàm in
pccunia numeratâ , uti prius , eam perfolvere debebant ; ita tamen
quòd quolibet anno quarta pars di(í>orum fru6hium naturalium , in-
duílrialium , &
civilium à PatriarchaK , Archiepifcopalibus , Epií'- &
copalibus Eccleíiis hujufmodi , ut prseferebatur , difmembrata , fe- &
parata , ac etiam , ut príEfcrcbatur ,
applicata , aíTígnata , &refpe- &
(5>ivc períblvenda Dignitatibus , &
Canonicis diíVse Patriarchalis Ec-
clcíiíc tunc , &
pro tempore cxiftentibus praefatis divideretur in vigin-
ti quatuor partes , &
tam poft Pontificaleni maiori , quàm cuicum-
que ex aliis quinque Dignitatibus, &
odlodecim Canonicatíbus , &
Prasbsndis ejufdem Patriarchalis Eccleíise una ex pracdidtis viginti
quatuor partibus , videlicet mi lie tercentorum odloginta Ducatorum
reípedivè aflignaretur , &
pcrfolveretur ; adeo ut lemper , omni &
tempore , tam diiSla poft Pontifícalem maior , quàm reliquse quinque
Dignitates , & o6lodecim Canonici diéla^ Patriarchalis Eccleíiae tunc,
& pro tempore exiftentes à Patriarchâ , Archiepifcopis , Epifcopis &
prxfatis nihil aliud nifi quartam partem fru6luum naturalium, induf-
trialium , & civilium eorum Eccleíiarum hujufmodi , &
non alitèr prce-
tendere poíTent , etiamfi príedidi fruétus naturales , induftriales , &
civiles eíFent quandoque longè minoris , vel è contra pro parte Ca-
thedralium Ecclefiarum etiam m^ioris valoris fummse , quae antea à
Patriarchâ , Archiepiícopis , &
Epifcopis praedi6í:is in pecuniâ nume-
rata perfolvebatur , eifdemque fex Dignitatibus , &
oftodecim Cano-
nicatimis , &Prasbendis ejufdem Patriarchalis Eccleíiae duas tertias
partes fruíhium , reddituum , &
proventuum ex príedidis novem
Dignitatibus , &
viginti o6lo Canonicatibus , &
Praebendis Colíe-
giatarum Ecclcíinruni pracfatarum , íic . ut pracfertur , difmenibrato-
rum , 8k feparatorum , qua: infimul mille feptingentos triginta 01.^0
ducatos íimiles conltitucbant , pariformiter applicavit , &
aíTignavit,
videlicet , poft Pontifícalem maiori , &
cuilibet ex aliis quinque Dig-
nitatibus, & oiSlodecim Canonicatibus, &
Príebendis pra:dia:is did-as
Patriarchalis EccleíííE feptuaginta quinque ducatos íim.iles , necnon
quatuor Eccleíiarnm , fcu CapeParum , aut quatuor Beneííciorum hu-
juímiiui , ut prícfertur fi^poreTarum , &
extimS^arum , feu frppreíTo-
rum , 8z cytin<^onnTT , fni^^us , rcdditus , &
proventus pr^efatos, qui
iníiniul , dcdué>is ta ren ex eis una viginti novem fupcr tertiò di^9-£e,
feu tertiò di(^i , alterl Penílonibus annuis quinquaginta fcptem du-
catorum auri íiniilium fuper quarto diâ-£e , feu quarto diíli Eccleíia-
rum , feu Capcllarum , aut Benefíciorum huiufmodi rcfpedivè fruíti-
bus. redditi^us , Ik proventibus aliás Capellae Drcali Oppidi de Vil-
la- Viçofa , l^lveníis Dioeceíis Apoftolicâ ciTÓloritate refervatis , quae
falvíE , & iWxíx. remanerent , &
ut antea folvi deberent , mille quin-
gentorum fcptuaginta feptem ducatorum auri hujufmodi valorem an-
nuum non excedebant, necnon reliquam tertiam partem fruduuín
Tom. V. Gg ii reddi-
,
;
,

2^6 Trovas do L!v, VIL da Hijlorla Çenealogtcd


reJJituum , & proveatuum à prícdiíSlis novem Dignitaribiis , vi- &
ginti o6lo Ganonicatibus , & Prgcbendis di6í:arum Col'eíTÍaí:anim Ec-
clermrum , ut príeferebatur ditmembratorum , quíe ad oâ:ingentos
fcxagiata novem ducatos ÍJinilcs alcendebat , Apoílolicâ auclioritate
refpeétivè duodecim Benefíciis ejuídem Patriarchalis Eccleíj£c íup- ,

portatis tamen omnibus , & íingulis quatuor Eccleíiarum , feu Capel-


larum , aut quatuor Beneficiorum hujuímodi oneribus , univit , anne-
xit , ac reípeílivè applicavit , &
aíllgaavit \ qui quidem frudus , led-
ditus, & proventus tam-ex reliquâ tertiâ parte pr^efatâ , quàm ex qua-
tuor Ecclefiis , feu Capellis , aut quatuor Benefíciis , ut príEfereba-
tur ,
luppreíTis , & extindlis , ac ut prseferebatur , imitis hujufmodi
provenientes dividerentur in duodecim partes sequales , & unicuique
ex praedidlis duodecim Benefíciis diclíe Patriarchalis Ecclefías una ex
duodecim partibus hujufmodi , videlicet bis centum quatuor ducati fí-
miles pro quolibet, aílignaretur , ultra antiquam dotem ; eâ tamen le-
ge , ut in eventum , in quem tam fuper fex Dignitatibus , quí^m o6í:o-
decim Ganonicatibus , & Prsebendis , & duodecim Benefíciis divSiíe Pa-
triarchalis Literas Apoílolicas expediri debere contingeret
EcclefííE
fru£lus certi Dignitatis poíl Pontifícalem maioris , qui antea expri-
mebantur , in ducatis nonaginta oílo , &
diílributiones bis centum vi-
ginti quatuor , in pofterum exprimi deberent , mille quingentorum
quinquaginta trium , &
diftributiones bis centum viginti quatuor
frudlus cujuslibet ex aliis quinque Dignitatibus ,
certi oéiodecim &
Ganonicatibus , &
Prícbendis , qui prius exprimebantur feptuaginta
fex , &
diílributiones centum oAoginta , in pofterum exprimi debe-
rent miile quingentorum viginti cflo , &
diftributiones centum o6Vo-
ginta ; verò certi duodecim Benefíciorura , qui prius expri-
frua os
mebantur triginta oélo , & diftributiones oâioginta novem , in pof-
terum exprimercntur bis centum qiiadraginta duorum, & diftributio-
nes oéloginta novem Ducatorum auri fimilium refpe£livè valorem an-
nuum non excedere conditione tamen adjeíla , quòd Venerabilis
Frater nofter tunc fuus modernus Patriarcha Ulixbonenfís Occidenta-
lis cum confilio , & confenfu didli Joannis Régis fuper fruv!^ibus ,
redditibus , & proventibus Dignitatum , Ganonicatuum , & Pr^ebenda-
rum , ac BeneAiciorum diélae Patriarchalis Ecclefíae tam prnsfentibus ,
quàm futuris , & tam ex Ecclefíis Gathedralibus , quàm Dignitatibus,
Ganonicatibus , & Príebendis , ac Benefíciis fímplicibus applicatis
feu applicandis , qui tunc proveniebant , & in futuium provenire
pO-Tent , ftatuere ac decerne poíFet aliquam quotam partem frudluum,
r>:dJitiium , & proventuum di6l:o Patriarchse , ac prícdidlo Joanni Re-
gi bene vifam perfolvendam quolibet anno in perpctuum à quocum-
que ex Dignitatibus , Ganonicis , & Benefíciatis didtse Patriarciíalis
Ecclefí^e tunc , & pro tempore exiftentibus , & in utilitatcm , & indi-
gentias ejufdem Patriarchalis Ecclefíae ac cíEterorum Miniftrorum ei
,

tunc , & pro tempore infervientium fuftentationem , cum confilio pa-


riter & confenfu ejufdem Joannis Régis applicandam , & converten-
,

dam ; dunimodo tamen quota pars fruduum reddituurn, & proven- ,

tuum hujufmodi íic , ut prícfertur , ftatuenda , ac deccrnenda non


excederet
,

da Cafa %eal T^OYtugue^a. 237


excederet quartam partem íruftuuiTi , qui pro tcmpore eíTent Digni-
tatum , Qinonicatiiiim , & Prítbendarum , ac Beneíiciorum ái€tx Pa-
triarciialis Ecclcíix. Pio niaiori autem íubfiílentia y fccuriori ex- &
adrionc quartse partis friidiium , naturaliiim , induílrialium , civi- &
lium cujuslibct ex praríatis Patriarchali . Archiepiícopalibus , Epif- &
copalibus Eccleíiis , ac qrotariim partium fVuòliuim , cx novem Dig-
nitatibiis viginti 0'5lo Canonicatibiis , & Prxbcndis CoUegiatarum
, &
Ecclefiarum hujufmodi, íic , ut prafcrtur , diímembratariim , & lepa-

ratarum , ac refpcílivè applicatarum , & aííignatarum voluit idem


Clemens Prasdecciror , quod moderni , & pro tempore exiílentes di-
€^-3z Patriarchalis EccleíiíE Dignitates & Canonici eorum nomine cor-
,

poralem &z aòlualem , íeu civilem


, poíTeíIionem omnium , & fingii-
loriim frudluum , reddituum , & proventmim , quorum gen era , &
fpecies fupra memoratas idem Clemens PrnedeceíTor pro expreffs ha-
beri voluit , liberè apprehendere , & appreheníam perpetuo retincre,
necnon earundem Ecclefiarum , Teu Capellarum , aut Beneficiorum íic
fupprelfarum & extinélarum , íeu fuppreílbrum , & extin6í:orum om-
,

nes , & íingulos frudlus , redditus , & proventus prítdidos à die il-
lorum vacationis , pro rata temporis , quoad Eccíefias Cathcdrales
necnon novem Dignitates & viginti 06I0 Canonicatus , & Preben-
,

das a£l:u vacantes à ái&o die Qiiinto Kalendas Oííiobris , Pontifícatus


di(5^i Clementis Pr^edeceíToris anno vigeílmo ; quò vero ad eardem
Eccleííns ac novem Dignitates , & viginti odlo Canonicatus , & PríS-
bendas aòlu non vacantes , à die illarum & illorum vacationis com-
,

putandos , ipfofque fruflus redditus , & proventus Dignitates , &


,

Canonici e;íuldem Patriarchalis Eccíefiíe modo , & íbrma , ac condi-


tionibus príemiíTís ,
per fe vel alium , jfeu alios percipere , adminif-
,

trare , exigere , & levare, ac tam ex borreis communibus , quam ex


aliis quibuícumque
locis , ubicumque exifterent , exlrahere , crnduélo-
ribus locare ,
liberè &
in ele61:ione Exa<?^orum diílorum fniélunm ,
vulgo Priojles^ aliorumqiie fimilium OfRcialium vocem per iplos
Conduclores , feu Dignitatum , aut Canonicorum Patriarchalis Eccle-
íiasfYxáidix Procuratorcs vel ^Economos habere , necnrn ab íEco-
,

nomis , feu Adminiílratoribus reddituum Cathedralium Ecckf arum ,


rcliquifquc OíHcialibus quibufcumque , ac Exa6lcribus illarum, vel
etiam ab ipíis Epilcopis quatenus opus eílct , juramentum fuper ve-
,

ra quantitate quorumcumqne reddiDTum prscdiélorum exquirere , ac


eos ad prsedidbum jurameiítum praílandum crmpcllere, c^tcroíque
di^ftse adminiftrationis aclus exercere liberè , licitè valerent , Dioe- ^
ceííini Loci , vel cujufvis licentiâ defupcr rainimè reqnifitâ ; falvis ta-
men , & remanentibus omnibus , & íingulís Penfionibus an-
illseíis
nuís, íeu cxprefsè fuper pr^fatâ quarta parte fruduum ,
oneribus
reddituum, &
proventuum Patriarchalis, Archiepifcopalium , ScEpif-
copalium Eccleíiarnm hujufmodi Apoftolicâ auílrontate ad inílaníiam
Portugalliíc, 8z Algarbiorum Régis, & pro Perfonis , & Locjs ci-
dem Regi grátis , & acceptis jam refen^atis , , íeu impoíitis , ad &
quarum , & feu quorum omnium foiutionem , donec iUae , ík , feu il-
la duraverint, faciendam Capitulum, &
Canónicos didae Patriarcha-
,
, ,,

2^8 T^rovas do Llv. VIL da Hijloria (jenealoglca

lis^ Ecclefia: teneri , &: obligatos exiílere voluit


, &z dccrevit , ac ut
quartas partes fruduum ex
Patriarchali , Archiepircopalihus , Epif- &
copalibiivS Ecclefiis praediítis , necnon quotas partes frucSlaum , reddi-
tuum , &
proventuum ex novem Dignitatibus , & viginti o£í:o Ca-
ncnicatibus , & Pra;bendis Collegiatarum Eccleíiariini prísdi^Varuin
diihiembratas & ícparatas Capituluni di6>a: Patriarchalis Eccieíias il-
,

Jas ,ficut pra:fertur, diímembratas & refpe6>ive applicatas liberas,


, ,

immunes & exemptas ab omni decima quarta medii & quavis


, , , ,

alia frudbuum parte fubfidio etiam charitativo


, & excuíato 8i quo- , ,

cumque alio , quàm


tam ordinário
extraordinário onere , cogitabili
vcl inexcogitabili , ctjam reali , perpetuo , vel ad tempos , qucmodo-
libet nuncupato , eíiam pro fabrica diólaium Cathedralium , Col- &
legiatarum Eccieííarum , &
quâvis etiam Apoílolicâ , Regia , vel or-
dinária , , &
ex quâcumque etiam urgenti , urgentiífima ,
aucloritate
& de neceílitate exprimendâ causa , etiam pro Seminário Puerorum
Eccleíiaftico , manutentione claíTis Triremium , reparatione , fabri- &
ca Bafilicíe Principis Apoílolorum de Urbe , Cruciatâ San61:â , &
expeditione contra Turcas , ac alios Orthodoxse Fidei hoíles , etiam
ad Imperatoris , Regum , Reginarum , etiam Portugalliiis , Algar- &
biorum Regnorum prsEdiftorum , necnon Ducum , Rerum publica-
rum , &
aliorum quorumcum.que Principum inftantiam , intuitum, &
contemplationem , ac pro eorum , & Sedis Apoftolicac neceííitatibus
aut aliás Canonicè , vel de íá^lo impofitis, vel pro tempore impo-
nendis , vel illis quomodolibet inhxrcutibus , ac etiam Penfionis per-
pctuae vigore Literarum Apoílolicarum , vel in favorem Tribunalis
San6l:i Omcii contra híereticam pravit.item ,
vel aitcrius cnjuslibet pii
Loci ,
refpe^ivè Capella^ Ducalis Oppidi de Villa-Viçofa , vel
vel
aliás quomodolibet refervatae , quae omnia ipíi pro tempore exiílente?
Patriarcha , Archiepifcopi , & Epifcopi, ac novem Dignitates , & vi-
ginti ogIo Canonicatus , & Pracbendas Collegiatarum Ecclefiarum hu-
jufniodi pro tempore obtinentes , folvere tenerentur , etiamíi in im-
poíitionibus liujuímodi caveretur exprefsè ,
quod Penfior.arii , leu Re-
fervatarii partis fruótuum pr^diílarum Cathedralium ac novem Dig- ,

nitatum , & viginti o6í:o Canonicatuum , &: Pra^bendarum Collegiata-


rum Ecclefiarum hujufmodi pro rata Penííonum , refcrvationum , <&
applicationum fuarum quantumvis exemptarum contribuere teneren-
tur , ac aliás in c ninibus , & per omnia liberas immunes , & exemp- ,

tas , ut prscferabaíur , Capitulum ditSlse Patriarchalis Eccleílíe per fe,


vel per Procuratores Adores , & ExacíVores , vel vEconomí^s fuos
exigere vel levare , & ut hujufmodi fruc^us , redditus ,
, provenfus
ex didis quotis Cathedralium, &c novem Dignitatum, & viginti odo
CanonicatuuiTi k Pritbcndarum Collegiatarum Eccleíiarum hujufmo-
,

di partihus , necnon ex quatuor Ecclefiis, feu Capel lis, aut quatuor


Bcnefíciis , ut prafcrebatur , fuppreílis , provenientes Capitulum diclíe
Patriarchalis Ecclefiae in comniunes ufus, utilitatem Dignitatum,
Canonicorum , & Beneficiatorum ejuíilem Patriarchalis Ecclefise
ejufdemque , & cíctcrorum Miniftrorum ei infcrvientium indigentias
ac fumptus refpcdivè moda, & forma fupradidis converters etiam
liberè,
,

(ia Cafa %eal Tcrtuguei^a, 2


libere , & licite valerent , eâdem Apoílolicâ audloritate decrevit , íla-
tuit , & indulíit ; ita tamen ut inter redditus ,
fru61:us , &
proventus
tam antiqiios , quàm de novo fiiperadditos , ac tam Dignitatibus , &
Canonicis , qiuim Bencficiatis prnsfatis refpeélivc applicatos , aííig-&
natos ea Tempcr in íuturum íervaretur divifio , &
feparatio , ut nec
Patriarchalis , Archiej^iícopalium , &
Epifcopalium Eccleíiarum hujuí-
modi quartas partes tVuííluum , reddituum , 8z proventuum , necncn
du£E tertiít' partes prítdi61:ai frufSluum , reddituum , &
proventum ex
novem Dignitatibus, viginti& o6lo Canonicatibus , &
Prsebendis
Collegiatarum Eccleíiarum hujufmodi fie , ut prícfertur
,
feparatíe
& reipedivò diõ:x Patriarchalis Eccleíise Dignitatibus , &
Canonicis
prícfatis unâ cum antiqua dote applicatai in Benefíciatornm côngruas,
nec è contra íiutTcus, redditus , &
proventus ex quatuor Eccleíiis,
feu Capellis , aut quatuor Benefíciis luppreííis provenientes , cum &
reliquâ ex div^is novem Dignitatibus , &
viginti ocVo Canonicatibus,
& Pra^bendis Collegiatarum Eccleíiarum hujufmodi , íimiíiter dedu-
6bâ tertiâ parte frufluum , reddituum, &
provenlunm , duodecim
Bsaeficiatis di<5>íe Patriarchalis Eccleíiís , ut etiam pííi;ferebatur , ap-
plicati , &
a^Ugnati , unâ cum antiqua dote in Dignitatum , Cano- &
nicorum dotis augmentum , ullo unquam tempore , aut quacumque
de causa , etiam ralione júris accrefcendi erogari polFent , íed una-
quícque ex diélis portionibus fruéiuum , reddituum , Sz proventuum
Dignitatibus , nc Canonicatibus , &
Praibendis , &
B^neficiis prafa-
tis , ut praícrebatur
,
applicata , aíUgnata &abfque ulla permixticne
adminiílraretur , ac ab altera femper divifa, &
feparata refpedivè , &
taxativè , applicata efíet , &
eíle cenferetur. Cafu vero cuo aliena
ex diccis íex Dignitatibus , aut aliquis ex oftodecim C>anonicatibus
& Prxbcndis , íeu aliquod ex duodecim Beneíiciis prjefatis dié^pe Pa-
triarchalis Eccleíiae pro tempore vacaviíTet , illius frudlus , redditus ,
íeu proventus certi tam antiqui , quàrii de no^
fuperadditi pro rata
temporis , illius vacationis , &
non ultra, in favorem Fabrice, Sa- &
criftiai Patriarchalis Eccieíiac cederent: Diílributiones verò quotidiange
reliqiiis Dignitatibus, &
Canonicis juxta ordinem dcfuper à pr£;fato
Clemente Pra^deceíTore , ut infra fa6í:am, fi Pra^benda vacam foret
Dignitatibus , vel Canonicis , íi verò foret Benefícium , reliquis Be-
nefíciatis dumtaxat refpedbivè accrefcerent , contrariis difl^ae Patriar-^-
chalis EccleíiíE confuetudinibus minimc obílantibus. Ultcrius , ut
omnia , & fmguía fupradi6la ab eodem Clemente Prs^deceíTore con-
ceíFa , elargita , ík ordinata, ac decus , honorificentiam , & utilitatem
áiâx Patriarchalis Eccleíias concernentia debitae exequutioni deman-
darentur , ac perpetuis futuris íemporibiis ab omnibus , & fmgulis
ad quos tunc fpeíVabat, & in futurum qucmodolibet fpeftare , ac
quoviímcdo , & quacumque de causa fpeítare , & pertinere poíFet
firmiter , & inviolahiliter obfervarentur , Motu , fcientiâ , & poteíla-
tis plenitudinc fimilibus , dileflis etiam fíliis modernis , &• pro tempo-
re exiílentibus noílro , tunc fuo , 8c Sedis Apollolicns in Portugallia^,
&; ÀJgarbiorum Regnis Núncio , & Inquiíitori Generali , aut Audito-
ri , fèu Judiei Ecclefíaílico Patronatus Regii commifit , & mandavit

quate-
, ,,

z^o T/õvas do Liv. VIL da Htjloyla ÇcmrJogtca


quatenus ipíí, vel duo eorum per fe , vel alios etiam , quãvis difii-
cultate occurrente , & à prsefato Clemente Príedeceílcre non prítvisâ,
qua; effeélum Literarum Apoílolicarum tunc defuper coníiciendarum
niinimè retardare valeret , eaídem Literas Apoílclicas tunc deluper
conílciendastam quoad diílniembrationem , & íipplicationem quarta-
,

rum partium prícfatorum fruétuum naturaiium , induílnalium & ci- ,

vilium Patriarchalis ,
& Epiícopalium Eccleílarum
Archiepiícopalium ,

hujuímodi quàm quoad diímembrationem


,
& relpeâ:ivò applicatio-
,

nem quotarum partium fruótuum reddituum & proventuum ex no-


, ,

vem Dignitatibus & viginti oQo Canonicatibus & Prabendis Ec-


, ,

cleíiarum CoUegiatarum hujufmodi ac quoad reliqua cmnia à didio


,

Clemente Prâ:dcceílbre , ut prasferebatur , conceíla , expreíla debi- &


tie exequutioni demandar! íácerent , ac ubi , 8c quando opus foret
ac quoties ad inftantiam pro tempore exiílentium Capituli , Dignita-
tum , & Canonicorum àiõ:x Patriarchalis Ecclefi^e Ulixboneníis Oc-
cidentalis conjunélim
, vel divifim forent requifiti , Iblemniter publi-
cantes , illiUjue in pramiííis efíicacis defeníionis praíidio afllfcentes
facerent Apoílolicâ audloritate omnia , &
fíngula pramiíla lui:m de-
bitum fortiri eííeflum , ac ab omnibus , &
cjuibufcumque Perfonis fír-
miter, & invioiabiliter obíervari , Sc adim.pleri , non permittentes
modernos , &
pro tempore exiftentes Capitulum , Dignitates , Ca- &
nónicos diélíE Patriarchalis Eccleíiae Ulixboneníis Occidentalis à quo-
quam fuper omnibus , & fingulis eis à pr^eíato Clemente Príedeceífo-
re , ut prsef erebatur , conceílis quomodolibet moleílari perturbari „

aut inquietari ^ contradiélores quoslibet , & rebelles per icntcntias ,


ccnOiras , & poenas Ecclefiafiicas , aiiaque opportuna júris ^ fa(5i:i

remedia , appellatione poítpoíitâ compeícenuo , invocato etirm ad


hoc , íi opus foret , auxilio brachii faccularis , & infuper ipíe Cle-
mens PradeceíTor Judicíbus prsfatis , &
eorum cuilibet , qucícumque
omnium , &fmgulorum príediólorum ab ipíb Clemente Pradeceílbre,
ut praferebatur , conceflbrum eíFeíSltum impedientes , feu pro tempo-
re exifientes , Capitulum , Dignitates , &
Canónicos prsefatos fuper
eifieni pra^miílis moleílantes , perturbantes , eiíque quoviln.odo con-
tradicentes , etiam , per Edidíum publicum , conílito fun:mariè de
non tuto acceílu , citandi , illifque , ac quibus , &
quoties inhiben-
dum foret, etiam per íimile Edidlum quoad Patriarcham , Archiepif-
copos , & Epifcopos fub Interdidli ingreíTus Eccleíias , quò vero ad
alios inferiores fub excommunicationis , ac etiarn pecuniariis , necnon
privationis Beneíiciorum , &
Oí^ciorum freculariura , Ecclcíiaílico- &
rum eorum arbitrio imponendis , moderandis, &
applicandis poenis
inhibendi , ac eos , quos cenfuras , &
pocnas pvçtáifias incurriííe
conílaret , eas incurrilfe , fervata forma Coficilii Tridentini , declaran-
di , ac cenfuras , &
pa^nas ipfas etiam iteratis vicibus aggravandi
rea^gravandi , &
interdicendi plcnam , &
liberam Motu pari , didtâ
auílcritate conceífit facultarem. Denique pro faciliori earundem Li-
terarum tunc defuper coníiciendarum exequntione , ík efFe61:u Motú íl-
mili decrevit , &
dcclaravit , quòd in eventum , in quem pro tempo-
re exiílentes Patriarcha , Archicpifcopi , &
Epiícopi j necnon CoUe-
giatarum
,,
,

da Cafa ^eal Tortuguei^â. íi^i


giatarum Eccleíiarum hujufmodi novem Dignitates ,^ & viginti oélo
Canonici prxfati , aut quicumque alii Dignitatum , Canonicorum , &
Beneficiatoruni di^x Patriarchalis EccleíiíE Ulixboneníis Occidentalis,
ratione applicationiim hujufmodi Debitores , íi folutioiiem ab eis de-
bito tempore faciendani quâcunique de causa, ctiam legitima, pro-
trahere , leu in dubium revocare vellent , id nuUatenus facere pof-
fent , nec fuper hoc in Judicio , vel extra audiri valerent , nifi priús
faáio depoíito juxta ftylum Regni Portugallia^ illius quantitatis , quse
ab eis controverti vellet ; qiiòdque in exaóíionitus taciendis ab hu-
jufmodi Debitoribus procedi deberet viâ executiva, ut in dcbitis re-
galibus , ac íummariè , & íine íírepitu , &
figura judicii , ac foU fa-
0:i veritate infpeéla. Ulterius idem Clemens PracdeceíTor voluit , &
eâdem auftoritate decrevit , quod Exequutores pra^fati pro tempore
exiftentes íimul , vel feparatim in caufis concernentibus liquidationem,
exadlionem , & folutionem pra-fatariim quotarum partium Cathedra-
Jium , & Collegiatarum Eccki arum hujtifrrodi , & ab eis dependen-
tibus femper eíTcnt Judices privativi , & jurifdidlione fuâ uti vale-
rent contra quafcumque Perfonas , & quâvis tam Archiepifcopali & ,

Epifcopali , quàm aliâ quâcumque dignitate prícditas , etiamíi Perfo-


nx hujufmodi gauderent privilegiis , aut indultis , aut in earum cau-
fis conveniri nequircnt, niíi in eorum foro, ac coram certo eorum
Júdice , qux privilegia quoad caufas liquidationis , exaíftionis , & fo-
lutionis nujufmodi locum habere non debcre declaravit; imo ea ad
hunc eífcíSlum revocavit , & quatcnus opus eílet , privilegiis , & in-
dultis hujuíinodi quâvis etiam Apofbolicâ au(5loritate eis forfan con-
ceílis fpecialiter
, & exprelsè derogavit j itaut fuper cauíis proediclis
in nullo alio Tribiinali , pr.Tterquam coram Judicibus prsefatis pro
tempore exiftentibus , litigari poííet. Dccernens propterea eafdcm
L iteras tunc defupcr conficiendas femper , &
perpetuo validas , &
efficaces exiftere , &
forc , fuofque plenários , Íntegros effedlus &
fortiri , Sc obtinere debere , ac nullo unquam tempore ex quocumquc
capite , vel ex quálibet causa quantumvis legitimâ , jurídica , pia &
privilegiatâ , ac fpeciali nota digna , etlam ex eo
,
quod Dignitates,
Canonici , ac Beneficiati didlse Patriarchalis Eccleíix Ulixbonenfis
Occidentalis ac pro tempore exiftentes Patriarcha , Archiepifcopi
,

& Epifcopi PortugalliíE , &


Algarbiorum Regnorum , ac didlarum
Collegiatarum Eccíeíiarum novem Dignitates , viginti odo Cíino-&
nici pra-fati , feu quicumque alii cujufcumque dignitatis gradus
,
conditionis , & praeen?inenti£e eíTent , in prasmiffis , circa ea quo- &
modolibet , &
quâvis causa , ratione , awlione , vel occafionc jus ,
vel intereíTe habentes aut habere prastendentes illis non confeníif-
,

fent , aut ad illa vocati , &


auditi non fuiílent , caufx , propter &
quas exdm\ Literse ApoftoIicíE tunc defuper confíciendse emanavif-
lent, addu(f>2E , verifícatas , &
iuftificatac non fuifPent , de fubrepdo-
nis , vel ohreptionis , aut nuílitatis , feu invaliditatis vitio , vel in-
tentionis di6li Clementis PrasdeceíToris , aut jus, vel intereíTe haben-

tium confenfu , aut quolibet alio quantumvis magno , fubftantiali , in-


excogitato , & inexcogitabili , ac fpeciíicani , &
individuam mentio-
Tom. V. '
Hh nem,
,,,

Trovas do Ltv. VIL da Hifloria Çenealogtca


nem , ac expreíTionem requireiite defedlu , five etiam ex eo quod in
príEmiííís ,
eorumque aliqUvO íblemnitates , &quaevis alia fervanda , Sc
adimplenda fervata & adimpleta non
, fulífent , aut ex quocii'r.que
alio capite à jure, vel fafla, aut ftatuto , vel confuetudine allquâ re-
lultante , feu etiam enormis , enormiflima^ , totalifque la^fionis , aut
quocumque alio colore , pra;textu , ratione etiam in corpore Júris
clausâ , occafioiíe , aliave causa , etiam quantumvis juílâ, rationabiii
legitima , juridici pia , privilegiará , etiam tali , quse ad effeélum va-
,

liditatis praerniíTorum neceíTariò exprimenda fuiíTet ; aut quòd de vo-


luntate di£bi Clem en tis PríedeceiToris , &aliis fuperiíis expreílis nul-
libi appareret , feu alias probari poíTet , notari , impugnari , invalida-
ri , retradlari , in jus , vel controverfiam revocari , aut ad términos
júris reduci, vel adverfus illos reftitutionis in integrum , aperitionis
oris , reduélionis ad viam , &
términos júris , aut aliud quodcumque
júris , fa6í:i , gratiíE , vel juftitias remedium impetrari , feu quomodoli-
bet etiam Motu íimili conceíTo , aut impetrato , vel emanato uti , feu
fe juvare in judicio , vel extra poíTe , neque Literas Apoftolicas prae-
fatas tunc defupcr conficiendas fub quibufvis íimilium , vei diílimi-
lium gratiarum revocationibus , fufpenfionibus , limitationibus , mo-
diíicationibus , derogationibus , aliifque contrariis di rpofitionibus
etiam per di6lum dementem Pr^edeceíTorem , &
fucceíTores noílros
tunc fuos , Romanos Pontiíices pro tempere exiílentes , Sedem&
Apoftolicam príefatam etiam Motu pari , ac ex certa ícier :i i , &
Confiílorialiter , & quibufvis de cauíis , ac fub quibufcumqiie verbo-
rum tcnoribiis , & formis , ac cum quibufvis claufulis , &
Decretis
etiamíi de Literis Apoílolicis prarfatis tunc defuper confíciendis , ea-
rumque toto tenore , ac data fpeciíílis mentio íieret, &
pro tcmpore
faciendis , &
concedendis coniprehendi , fed tamquam ad maius bo-
num tendentes femper ab illis excipi, Sc quoties iílas emanarent, to-
ties in priíliímm , &
validiílimum , ac eum , in quo antea quomodo-
libet eífent, ftatum reftitutas , repoíitas , &
plenariè reintegraras , ac
de novo , &
fub quacumque pofterioii data quandocumque eligendâ
conceílas eíTe , &rore , ficque , &
non alias in prsemiílis omnibus
& íingulis per quofcumque Judices Ordinários , vel Delegatos , etiam
CaufaVum Palatii Apoítolici Auditores , aut Sanitas Romanas Eccle-
fíx Cardinales , etiam de Latere Legatos , Vice-Legatos , diíl-asque
Sedis Apoftolicse Núncios , &
alios quofcumque quâvis au^loritate
poteíkte , oííicio , &
dignitate fungentes , ac pracrogatívâ , privilegio,
príteminentia , & honore fulgentes , fublatâ eis , &
eorum cuilibet
quâvis aliter judicandi , Sc interpretandi facultate , &
audloritate in
quocumque judicio , Sz in quacumque inftantiâ judicari , definiri &
deberet ; &
íi fecus fuper liis à quoquam quavis audtcritate fcienff^r,

vel ignoranter contigerit attentari , irritum , &


inane decrevit. Non
obftantibus , quatenus opus eíTet , fuis , &
C.^ncellarias Apoftolicas de
praeílando confeníu , de jure quasíito non tollendo , de exprimendo
valore , ac de unionibus , aliifque in contrarium praímiííbrum quomo-
dolibet editis , &edendis regulis , Sc Lateraneníis Concilii noviíHmè
çelebrati unioncs , fí^u applicationes perpetu': mú In certis caíibus ire-
,

ri prollibentisac difmembrationes perpetuas fuper menfarum Patri-


,

archalium , Arcb.iepifcopalium , vel Epifcop?lium frudibus , redditi-


bus , &
proventibus , nifi cx ceííionis , aut alia rationabili causa, quas
in Coníiílorio juíb , &
honefta habita fuiíTet, ac certis aliis modo,
& forma di6lo Concilio expreíTis refervari íimiliter prohibentis ,
in
aliiíque quibufvis in contrarium pracmiíTorum etiam in Synodalibus,
Provincialibus , Univeríalibuíique Conciliis editis , vel edendis , fpe-
cialibus , vcl generalibus Conftitutionibus, &
Ordinationibus Apoílo-
licis , ac Patriarchalis ,
Archiepifcopalium , Epifcopalium , & CoUe-
giatarum Eccleíiarum hujufmodi etiam juramento , coníirmatione
Apoílolicâ, vel quâvis firmitate alia roboratis ílatutis , eorumque re-
fbrmationibus , & novis additionibus , ftylis , ufibus , & confuetudi-
nibus , etiam immemorabilibus , difpofítionibus , & ultimis voluntati-
bus in contrarium quibufcumque, privilegiis etiam ex fundatione com-
petentibus , vel à didlo Clemente PraídeceíTore , aut Pra^deceííbribus
noílris tunc íuis alihs prasdiílas Patriarchali EccIcíiíe , dum eíFet Ca-
pella Regia , vel infígnis CoUegiata conceííis , quatenus iis , qua: in
Literis Ápoftolicis prseíatis tunc defuper confíciendis expreíta eíFent,
adverfarentur , quorum derogationi quoad pra:di£lum eftedum didlus
Joannes Rex, ut acceperat , confenfum praelHterat , necnon indultis,
oc Literis Ápoftolicis illis , eorumque Supcrioribus , &
Perfonis , ac
Locis quibulcumque , etiam Ipcciali , Ipeciílcâ, exprcfsa, &
individua
mentionc dignis , fub quibulcumque tenoribus &: íbrmis, ac cum qui-
,

bufvis etiam derogatoriarum derogatoriis , aliifque efficacioribus , ef-


íicaciílimis , &
infolitis claufulis , irrirriCtibuíque , &
aliis Decretis
etiam in genere , vcl in fpecie Motu pari , ac etiam Coníiílorialiter ,
aut alias quomodolibet etiam iteratis vicibus in contrarium pra^milíb-
rum conceífis , approbatis , confírmatis , &: innovatis , ettamfi in eis
caveretLir cxprefsè , quòd illis per quafcumque Literas Apofolicas
etiam Motu íimili pro temporc conceíTas , quafcumque etiam deroga-
toriarum derogatorias in fe continentes , illis derogari non poíTet
neque cenícretur eis derogatum Quibus omnibus , & fmgulis , etiam-
:

íi de illis, eorumque totis tenoribus fpecialis, Ipccifca , expreíTa , &


individua , ac de verbo ad verbum , non autem per clauíulas genera-
les idem importantes mentio , feu qugevis alia expreílio habenda , aut
quarcumque alia exquifíta forira ad id fervanda fuilfet, illorum teno-
res, & caulas etiam quanlumvis pragnantes
,
pias, &
privilegiatas
pro picnè, & fufficienter , ac de veibo ad verbum nihil penitus omif- ,

fo , infertis , expreíFs , &


fpeciffcatis habens , illis alias in fuo robo-
re permanfuris, ad pra-miíTorum omnium validiíFm.um eífefVum eâ vi-
ce dumtaxat latiíTimè , pleniííimè , ac fuffcienter , necnon fpeciali-
ter , &
exprefsê Motu íimili derngavit, cícterifqiic contrai iis quihuf-
cumqiie. Voluit autem idem Clemens PraLdeceíIbr , quod pro tcm-
pore promovendi ad Patriarchalem , Archiepifcopales , & Epifcopales
Eccleíia,'? nra^fatas in expediíione Literarum Apoftolicarum fuper pro-
motione de eorum Perfoni*^ ad eafdem Patriarchalem , Archiepifcopa-
les , Epifcopales Ecclefias Apoílolicâ aiidoriínte faciendâ rcdu(í>io-
nem Taxa;, feu communis, propter difmcmhrationem quarííe par:is
Tom. V. "
Rh ii earum
,

244 T^^ovas do Ltv, VIL da Hifloria Çenealogtca


earum frucluum , reddituum ,& proventuum huirfirodi per cundem
dementem Praedeceílbrem ut prceferebatur , fa6!:am , nullo modo
,

prsetendere valeant. Voluit etiam , quod gratiíE in príefentatibus


clargitae in Pracbendarum , ac Beneficiorum didae Patriarchalis Eccle-
fix dotis augmentum nullatenus locum habere valerent , nifi priús
alise etiam tunc confeélse LiteríE fuper fers itio didas Patriarchalis Ec-
cleíise ab ipfis Dignitatibus , Canonicis , &
Benefíciatis executioni
demandarentur. Ne autem de diímembratione , feparatione , fuppref-
íione , extin£tione , unione , annexionc , applicatione , mandato , con-
ceífione , Decreto , derogatione , &
voluntate prasfatis , pro eo , quod
fuper illis di(51:i Clementis PracdeceíToris , ejus fupeiTeniente obitu ,
Literae Apoftolicae confe6l^ non fuerint , valeat , quoniodolibet ha:íi-
tari , ac pro tempore exiftentes Dignitates , Canonici , &
Beneficia-
ti áiO:x Patriarchalis Eccleíiae illariim fruftentur effefíu , Volumus
& fimiliter Apoftolicâ audloritate decernimus , quod difraembratio
fcparatio , fiippreífio , extinílio , imio , annexio , appl-catio , manda-
tum , conceflio , Decretum , derogatio , &
voluntas Clementis Prae-
deceíTbris hujufmodi , perinde à didâ die Qiiinto Kalendas 06tobris
fuum fortiantur eíFedum , ac fi fuper illis ipfius Clementis Pra:decef-
foris Literae fub ejufdem diei data confeftíe fuiíTent , prout fuperius
enarratur ; quodque pra^fentes Literae ad probandum plenè feparatio-
nem , fuppreílionem , applicationem , mandatum , conceífionem , fta-
tutum , Decretum , derogationem , &
voluntatem Clementis Prasde-
cefforis hujufmodi, ubiqne fuíiiciant , nec ad id probationis alterius
adniiniculum reqiiiratur Nulli ergo omnino hominum liceat hanc pa-
:

ginam noliríe voíuntatis , &


Decreti infringere , vel ei aulii temerá-
rio contraire. Siquis autem hoc attentare prsefumpferit indignationem
Omnipotentis Dei , ac Beatorum Petri , &
Pauli Apoftolorum ejus
fe noverit incurfurum. Datum Rom^ apud Sandlum Petrum anno
Incarnationis Dominicíe rr-illefimo feptingentefimo vigefimo primo :
Quinto decimo Kalendas Junii , Pontiíicatus noftri anno primo.

Bulla do Papa Clemente XII. em que confirmou a deJeu antecef"


Jor Innocencio XIII. reduzindo as (juartas partes a terças^
dos mefmos ^Arcchypados c Bijpados ,c, ,

CLEMENS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI.
jld perpetuam rei memoriam.

°0 Eligiofa Chriftianorum Principum erga Divini


Mum. 12 2 jLVvota fenâtii decorem
Paterno profequimur affeélu eaque ad ,
debitum , prout
An. I737* Paíloralis noílri muneris folicitudo , & laudabilis eorundem Princi-
pum exigit devotio, perducimus impicmentum. Quapropter dum Nos
provi dam
,

da Ca/a %eal T^ortugriei^a. 245


providam noftra: confiJcrationis aciem dirigimus aJ inclitam , & vcrè
regiam charitatem Charifliini in Clirifto Filii noftri Joannis hoc no-
mine Qiiinti Portiigallix , & Algarbioriim Rcgis liluílris , qui in
Rcgnis luis non folum temporalium , vcrum ctiam , & praxipuò fpi-
ritualium rcrum lublimc nomen ad Divini íervitii gloriam , erigcn-
damque ad bcatam Sion Populorum íuorum dcvotioncm perfonarc ,
& in cjiis Patriarchali Eccleíia Ulixbonenfi Occidentali Coeleftis Bca-
torum Civium AuIíe imaginem exhibcntc in terris Perfonas Divinis
obfequiis jugiter infiílentes pro earum debita manutentione & pro- , ,

ut Patriarclialis Ecclefiae pradito poftulat dignitas , novis facultati-


bus annuifque redditibus communiri
,
eifque íic communitis , Ccc-
,

leftis Au)x ac Beatorum


, Civiuni pra£did:orum in Patriarchali Eccle-
íia hujnfmodi , íibi , Populifque luis eliicefcere majeílatem piiílimis,
ac verè Fideliílimo Rege dignis exoptat aíFedlibus ; ad defideria lua
hujuímodi Apoílolica^ liberalitatis noílnx partes favorabiliter interpo-
nimus , prout , penfatis deíidcriorum prxdidlorum erga Divini fervi-
tii decorem meritis , in Domino confpicimus falubiiter expedire.
Alias fiquidem felicis recordationis Clemens Papa XI. PrícdcceíTor
nofter , poftquam ipfe Patriarchalem Eccleíiam Ulixborenfem Occi-
dentalem ab eo eredam , &
inftitutam , ob fuorum iníignia merito-
rum , copiofo privilegiorum , &
indultorum , ac aliarum gratiarum
Apoftolicâ aii(5toiitate conceíTorum thefauro ditaverat , ut in ea Di-
vinarum rerum ciiltus fuo queque par eíTct dccori , ejufdemque Pa-
triarchalis Ecclefiaí Ulixbonenfis Occidentalis frudlibus , redditibus ,
& proventibus Eccleíiaílicis , per quos Dignitates , Canonici , Be- &
neficiati , cícteriqiie dictse Patriarchalis EccleílíE Ulixbonenfis Occi-
dentalis Miniftri fe decenter fubftentare valcrent , fuus quoque ful-
gor elucefceret , &
majeílas ; Motu cjus próprio à prsedidâ Patriar-
chali Ulixbonenfi Occidentali , ac Archiepifcopalibus , &
Epifcopali-
bus in Portiigalliae , &
Algarbiorum Regnis confiftentibus Ecclefiis
quartam partem earundem fru'^uum , reddituum , &
provcntuum na-
turalium , induftrialium, &
civOium fummam triginta trium millium
centum triginta íeptem ducatorum auri de Camera conílituentem dif-
membravit , & feparavit ; & ex Cantoratus , qui ad centum quinqua-
ginta quatuor , tertiam partem eorum , videlicet quinquaginta unum;
ex Thefaurariae maioris nuncupatae , qui etiam ad centum quinquagin-
ta quatuor , tertiam partem eorum , videlicet quinquaginta unum i
ex ácholaílriíe refpe61:ivè Dignitatum , qui fimiliter ad centum quin-
quaginta quatuor , tertiam partem eorum , videlicet quinquaginta
unum , ac ex quindecim Canonicatuum , & Prasbendarum faecularis
& forian infignis Collegiatae Ecclefia; Sanílíe Marix de Alcaçova Op-
pidi dc Sanílarem Ulixbonenfis OrientaHs Dioecefis qui, videlicet
,
quorumiibet eorum , ad centum quinquaginta quatuor , 8c infimul ad
bis miíle trecentos decem , tertiam partem uniufcujufique eorum vi^ ,

delicet quinquaginta unum pro quolibet , & infimul feptingentos íe-


xaginta quinque ; ac ex Prioratus , qui ad trecentos oól^oginta qua-
tuor , quatuor nonas partes eorum , videlicet centum fexaginta novcm;
& ex Archipresbyteratús , qui ad centum quadraginta duos , quartam
partem
,

2^S Trovas do Lh\ VIL da Hijlorta Çeneahgka

partem eorum , videlicet tiinginta quinque ; & ex Thefaurarise etiam


refpedivè Digniratiim qui ad quadringeníos , quatuor nonas partes
,

eorum , videlicet centum feptuaginta odlo ; ac ex triiim Canonica-


tiium , & Prsebcndarum etiam fecularis , & forfan iníignis Collegia-
XX Ecciefias Oppidi de Barcellos Bracharenfis Dioecefis refpedtivè fru-
élibus , redditibus , & proventibus , qui , videlicet cujuslibet eorum,
ad centum triginta feptem , & iníimul quadringentos undecim, quar-
tam partem eorum , videlicet triginta quinque pro quolibet , & iníi-
mul centum quinque ; necnon ex Prioratús , qui ad quingentos vi-
ginti duos , quatuor nonas partes eorum , videlicet ducentos triginta
duos ; ex Cantoratús , qui ad trecentos quadraginta íeptem , quatuor
nonas partes eorum, videlicet centum qumquaginta quatuor; exThe-
faurari^ , etiam refpeclivè Dignitatum , qui ad ducentos fexaginta ,
quatuor nonas partes eorum , videlicet centum fexdecim \ ac ex de-
cem Canonicatuum , & Príebendarum pariter íkcularis , & forfan in-
íjgnis CoIlegiatíE Eccleíias Sandlse Mariíe de Ourem Leirienfis Dioece-
íis refpeélivè fru6libus , rçdditibus , & proventibus qui , videlicet ,

cujuslibet eorum, ad centurn^ feptuaginta tres ducatos auri de Came-


ra hujulmodi annuatim refpe6Vivò afcendebant , & infimul mille fep-
tingcntos triginta ducatos auri fimiles conftituebant , duas quintas par-
tes eorum , videlicet icptuaginra pro quolibet, &
infimul feptingen-
tos ducatos auri pares refpeélivè coníiituentes , refpedivc difmem-
bravit, & feparavit ; ac San<5í:íe Marias Oppidi de Óbidos Ulixbo-
nciifis Occidentalis Dioecsfis , cujus quadringentorum quinquaginta
oflo , & San61:i Mametis Loci de Lindofo , cujus ducentorum trigin-
ta quatuor , ac San6ci Jacobi Loci de Anha , cujus quadringentorum
0(f!;odecim , ac Sandlíc Mariíe Oppidi de Chaves Brachareníis refpe-
6í:ivè Dioeceíis , forílin habitualem tantum , nuUatenus vero aélualem
curam animarum habentes Eccleíias , feu Capellas , aut refpedivè in
eis , vcl , aliis refpeítivè Locorum Ulixbonenfis Occidentalis , Bra- &
charenfis refpeclivè Dioecefum hujufraodi etiam reipeélivè Eccleíiis
totidem perpetua fimplicia Beneficia Eccleíiaftica , Prioratús , feu Ab-
batias etiam rerpedírivè nuncupatas , feu nuncupata , ad , vel fub San-
ílsE Mariaj , ac Sandli Mametis , &
Sm&Si Jacobi , necnon Sanélíe
Marise hujufmodi refpedlivè Altaria , feu rcípedlivò invocationibus
cujus quingentorum quinquaginta trium ducatorum auri íirailium ref-
pè61:ivè fru6lus , redditos , & proventus valorem, annuum non excede-
bant, certo tunc expreílb modo vacantes , leu vacantia fub certis mo-
do , Sz forma tunc expreífis fuppreíTit , &
extinxit ac quartam par-
tem omnium , 8c quorumcumque fruíluum , reddituum , & proven-
tuum tam naturalium , quàm induftrialium , & civilium Patriarchalis
Ulixbonenfis Occidentalis ,
ArchiepilcopaliiimEpifcopalium Ec-
, &
cíeíiarum hujufmodi; necnon alios fru(fí:us
,
& proventus
redditus,
êx Dignitatum , ac Canonicatuum Pr^bendarum
,
Collegiatarum
Jiujufmodi fruflibus , ut príefertur , difmem^^ratom , & feparatam , ac
difmembratos , & feparatos ; necnon Ecdeíiarum , feu Capeilarum ,
aut Benefíciorum ^ ut prxfertur , fuppre^^arum 5? e"stin6larum , feu
,

fuppreíTorum , & extinílorum hujufmodi frudlus , redditus , & pro-


ventus
,
,
;

da Cafa %eal ToYtugue:^a.

ventus Dign^tatibus , ac Canonicatibus , & Praebendis , necnon duo-


decim Bencíkiis ejurdem Occiden-
Patriarchalis Eccleíine Ui'xboneníis
talis ÍLib cMtis modo, & forma fimiliter tunc expreíTis Apoftolicâ au-
doritate praíatà Motu ejus próprio, & dc Apoftolicaz poteftatis
plenitiidine applicavit , & aíTignavit , ac rcípedlivè annexuit , & in-
corporavit , ac aliás , prout iii ejiiPdem Clementis Pricdeceíroris Li-
tcris ab ejuídem recordationis Innocentio PP. XIIL fimiliter Príedc-
ceíforc nollro , pro eo quòd proídiclus Clemcns PríEdecedbr , aiite-
quani ipfo: deíuper conficerentur , ficut Domino placuit , ab huma-
nis deccíTcrat , in formâ Rationi congruit deíuper expeditis , fub da-
tum videlicet apud Sandlum Petrum anno Incarnationis Dominici^
millefimo fjptiiigenteíimo vigeíimo primo quintodecimo Kal. Junii
Pontifícatus lui anno primo plenius continetiir.
,
Cum
autem , ficut
accepimus ,
pracdiíli fruélus, ut príefertur ,
applicati congruenti , ac

honorifíciE pro tempore exiílentium Dignitatum , ac Canonicoriim


aliorumque Aliniítrorum eidem Patriarchali Eccleíiae Uiixboneníi Oc-
cidentali inrervientium fubílentationi & dccori onerumque eidem
,
,

Patriarchali EccIcí^ík Ulixbonenfi Occidcntali incumbentium fuppor-


tationi impares eíTe dignoícantur ; earundemque Literarum Apoftoli-
carum executio íliípenía extiterit , & adhuc exiílat de príEienti Nos :

igitur , qui Patriarchalem Eccleílam Ulixbonenfcm Occidentalem prse-


fatam pari , Paternoque profcquamiir afteélu , probò (cientes pia príE-
dicbi Joannis Régis erga Divini cultus in pra:di6lâ Patriarchali Ec-
clefià Uiixbonenfi Occidentali augmentum, ejufque decorem deíideria;
& ne diutius ipfa convenientibus fuíe dignitati , onerumque ab ipsâ
íubftinendorum íupportationi , ac congruis ei famulantium manutcn-
tioni , & honoriíicentia: orbata remansat fubfidiis Dileélos filios mo-
:

dernos á\S'3z Patriarchalis Eccleíise Ulixboneníis Occidentalis Digni-


tates , & Canónicos , ac eoruni quemlibet à quibufvis íuípcnfionis
,
& interdióti aliilque Ecclefiafticis fententiis , cenfuris,
,
pocnis à &
jure , vel ab
hornine , quâvis occaíione , vcl causa latis , íiquibus
quomodolibet innodati exiftant , ad efFe6í:um praefentium tantúm con«
íequendum haium. íerie shíolventes , &
abíclutos fere cenientes
necnon pra^diíli Clementis PrardeceíForis Literas ab Innocentio Pras-
deceíTore pra:dido in di6bâ formâ expeditas , earumqiie totum , in- &
tegrum tenorem príEfentibus pro expreílis , ac de verbo ad verbum
pro iníertishabentes , cafque , ac omnia , &
íingula in eis contenta ,
niíi quatenus pra^fentibus adverfentur
,
approbantes , confírmantes , &
innovantes , & íiqui defuper defeélus quomodolibet intervenerint
revalidantes ; Motu , fmúli , non ad alicujus Nobis fuper hoc oblatas
petitionis inftantiam , fed ex certâ fcientiâ , &
matura deliberatione
noílrs , deque pari Apoítoiicíu poteftatis plenitudine , attento confen-
(íi d'-d-i Joannis P.egis ad hunc effeílum, ut accepimus, jam príeílito,

à Patriarchali Uiixboneníi Occidcntali , ac Archiepiícopalibus , -Sc


Fpifcopalil-íus Ecclefiis in Portugalliíe , &
Algarbioruni Hegnis exif-
tciitil'-us pradi6Vis , ac quarum infimul frudVus , redditus , & proven*

tus ad centum triginta duos mille qoingentos fexagirita fex ducatos


&*ri~ pires ^ ut etiam acctpimus , annuatím afcendunt , ex omnibu?
,

248 Trovas do Liv. VIL da Hiflor ia Çeneahgka


& íingulis earuiTí refpeélivè frudibus , redditibus , &
proventibus na-
turalibus , induílrialibus , &
civilibus , ex cenfibus , laudemiis , con-
tributionibus pracdialibus , viilgò Pitar/ças , aliiiique obventionibus ,
necnon ex jurirdiclione etiam temporali , &
ex Cancellaiiíe , ac lu-
«Sluoíarum proventibus provenientibus , cseterifque emolumentis qui-
buícumque ad Patriarchalem Ulixbonenfem Occidentalem , ac Archi-
epiícopales , & Epifcopales Eccleíias quociin-que titulo
prícdiélas
etiani unionis , donationis , contradlus , cujuslibet etiam oneroíi , aut
legati etiam períorialis nuncupati , vel alia quâvis causa , íèu jure ,
nuiic, &: pro tempore etiam de novo in futurum reípeclivè fpeélan-
tibus , loco quartae partse earum cujuslibet reípe^livè Iruduum , red-
dituum , &proventuum à pradiílo Clemente Pra^deccíTore ab eis ref-
peálivè dilmem.bratíE , ejuídemque Patriarcbalis Eccleíias Ulixbonen-
fis Occidentalis Dignitatibus , ac Canonicatibus , &
Pra-bendis appli-
catse iníimul ad triginta tres mille centum triginta feptem ducatos
auri de Camera hujuímodi, ut prefertur , afcendentis , tertiam eo-
rundem refpedlivè frudluum , reddituum , & proventuum naturalium,
induílrialium , & civilium , ex cenfibus , laudemiis , contributionibus
prajdialibus , vulgo Pitanças , aliiíque obventionibus , necnon ex ju-
rifdid:ione etiam temporali , &
ex Cancellariíe , ac lucl:uofarum pro-
ventibus provenientium , cacterorumque emolumentorum quorumcum-
que ad Patriarchalem Ulixbonenfem Occidentalem , ac Archiepifco-
pales , &Epifcopales Eccleíias pra'di6las quocumque titulo etiam
unionis, donationis, contraólus cujuslibet etiam onero fi , aut legati
etiam perfonalis niincupati , vel alia quâvis causa , feu jure , nunc
& pro tenjpore , ctir.m de novo in futurum reípeólivè fpedíantium
partem iníimul ad quadraginta quatuor mille centum odloginta ódio
ducatos auri hujufmodi annuatim nunc , ut etiam accepimus , afcen-
dcntem , &
quoad Ecclefias praediélas, quíC Palloris folalio ad pra^-
fens deílitutíKexiílunt , à die datse earuudem prafentium quoad il-
las vero , qu£E fuo refpeótivè Pafrore viduata: non reperiuntur , ex
nunc pro tunc , & cum primum illas, & earum quamlibet eodemPaf-
toris folatio deílitui contigerit ; necnon ex Dccaruitu poft Pontiíica-
lem maiore , cujus mille ducentoritm nonaginta novem necnon ex
Cantoratu , cujus quingentorum nonaginta quatuor ; & ex uno de
Braga, cujas feptingentorum quinquaginta fex ; ac ex altero Archi-
diaconatibus de Vcrmoim refpedtivè niincupatis , cujus ducentorum
triginta feptem; ac ex Thefaurariatu maiori nuncupato , cujus aliorum
feptingentorum quadraginta feptem ; ac ex Scholaftriâ refpeftivè Dig-
nitatibus , cujus o6lingentorum feptuaginta fcx , & julii unius ; nec-
non ex uno , & unâ , quem , & quam Antonius Magalhacns , ac
quorum quadringentorum quinquaginta novem ; necnon ex alio , &
alia , quem , & quam Simon Barbola ac quorum quadringentorum
,

nonaginta od:o ; ac ex alio , & alia , que:íí , & quam Ignatius de


Araujo ac quorum quadri
,
feptem ; ac ex alio,
& alia , quem , Sz quam Èmmanuel Pereira de Araujo , ac quorum
oílingentorum triginta unius ac ex alio , & alia , quem , & quam
Antonius Ribeiro de Macedo , ac quorum quingentorum quadraginta
trium
;
;

da Cafa %ial 'Porittgnei^à. 24P


trium ; ac ex rcliquo Canonicatibus , & reliquâ Príebendis Eccleíiíe
Bracharenfis , quem, & quam Gonzalus Antonius de Scula , aut alias
foríhn relpeàive nominati , ,&íeii cognominati Clerici , leu Presby-

teri dileáii etiam filii , vel eorum , aut alicujus eorum forlan Succel-
fores , leu Succellbr , ad prseíens reípe^tivè obtinent , ac quorum
quadringentorum odloginta ; necnon cx Decanatu etiam poíl Pontifí-
calem niaiorc , cujus mille íexcentorum ; ac ex Scholallriâ fimiliter
refpedivè Digiiitatibus , cujus oíliiigentorum quinquaginta oélo
necnon ex undccim CanonicaVibus , &
, non tamen Dodoraii , & Ma-
rum, & quarum infimul novemmille cjuadringentorum triginta oao ;
ac ex quinque Canonicatibus , cum
dimidia Pra:benda , feu dimidiis
Canonicatibus , & dimidiis Pra^bendis ejufdem Ecclcíiaí Elborenfis ,
etiam ex illo , & illâ , cujus altera dimidia fruâ:uum pars Tribunali
Sacrae Inquifitionis perpetuo applicata reperitur, ac quorum, & qua«
rum iníimul bis mille centum quadraginta quinque ; necnon ex Deca-
natu fimiliter poft Pontifícalem maiore , cujus Íexcentorum nftoginta
feptem : necnon ex Thefaurariatu maiori nuncupato Eccleíi^e Colim-
brienlis , cujus oílingentorum quinquaginta oâ:o ; necnon ex Deca-
natu , poíl Pontifícalem maiore , cujus noningentorum triginta ; ac cx
Cantoratu , cujus quingentorum nonaginta quatuor ; ac ex uno de
Báculo, leu de Valdigem , cujus íeptingentorum fcxaginta quinqnc
ac ex altero Archidiaconatibus de Coa , reípeíbivè nuncupatis Ecclc-
íiíe Lamaceníis , cujus quadringentorum triginta quinque ; necnon ex

Decaaatu etiam poíl Pontifícalem maiore , cujus mille trecentorum


triginta duorum ; necnon cx Cantoratu , cujus fexcentorum íeptua-
ginta duorum ; necnon ex Schoíaítriâ , cujus íexcentorum ieptungín-
ta duorum ; necnon ex Archidiaconatu etiam de Báculo , íeu de Álei-
nedo nuncupato , cujus oólingentorum feptuaginta ; necnon ex Archi-
presbyteratu , Ecclcíiae Poríugalleníis , cujus íexcentorum lexaginta
trium ; necnon cx Thefaurariatu maiori nuncupato , cujus quingento-
rum nonaginta unius , &
juliorum novem cum dimidio ; necnon cx
uno da Guarda , cujus ducentorum triginta unius ; necnon ex alio de
Selorico , cujns ducentorum quinquaginta 0(£lo ; necnon ex reliquo
Archidiaconatibus de Covilháa relpeílivè nuncupatis Eccleíiíe Mg\t^~
nienfís , nullam , vel modicam tantúm refidcntiam , requirentibus , cu-
jus alioruin ducentcriim triginta unius ; necnon cx Cantoratu , cujus
feptingentorum quatuordecim , & julicrum quinque moneta: ?voma-
; ac ex Schoiaílriâ , cujus quadringentorum viginti novem; nec-
non ex Archidiaconatu etiam de Báculo nuncupato Eccleíias Viícnfís
Dignitatib"S , inibi refpedtivè , non tamen poíl Pontif calem iraiori-
bus , exi^lentibus , ac quorum , & quarum aliquibus ex Dignitatibus ,
ac Canonicatibus , & Prabendis , ac Canonicatibus cum dimidia PríE-
bendii , íeu dimidiis Canonicatibus , & dimidiis Prabendis prsdiélis
nonnulls Parochiales EcclefiiE , & , feu illariim fruclus perpetuo uni-
tse , anneXíL- , & incorporata^ , &, feu uniti , annexi , &: incorporati,
refpeílivè reperiuntur , ac cujus , & praedidlorum , & íbrían aliorum
illis rerpec^ivè annexorum ducentorum triginta unius ducatorum auri

Tom. V. li de
,

250 Trovas do Ltv, VIL da Hijloria Çeneatogtca


de Camera hujufmodi refpedivè frudus , redditus , & proventus fe-
cundiim communem íeftimationem valorem annuum , ut íimiliter acce-
pimus , noii excedunt ; quique omnes iníiniul annuam fummrdn trigin-
ta trium millium quadringentorum fex ducatorum auri fimiliuni , & ju-
liorum quindecim monets prxíâta^ cum dimidio alterius julii íimilis ,
ut pariter accepimus , conílituunt , totidem íingulas Dignitatum , ac
Canonicatuum & Pra;beiidarum , necnon Canonicatuum -cum dimidia
,

Prícbendâ , fcu dimidiorum Canonicatuum , & dimidiarum Prsebenda-


rum , ac eorum , & earum cujusiibet reípedtivè fruíluum, reddituum,
& proventuum prasfatorum , etiani ex diftributionibus quotidianis,
decimis , & aliis quibuícumque proventibus, etiam ratione eis, &
eorum cuilibet praefatorum & aliorum forfan refpeílivè aiinexorum
,

necnon bonis , proprietatibus , juribus , ceníibus , laudemiis , contri-


butionibus , príedialibus , vulgo Pitanças , cíeteriíque proventibus ,
obventionibus , & emolumentis quibuícumque certis , & incertis in
pecuniâ , vel fructibus , aut quibuslibet aliis rebus quomodolibet con-
íiílentibus provenientium , & ad Dignitates , ac Canonicatus, & Prse-
bendas , necnon Canonicatus cum dimidia Prtebendâ , feu dimidios Ca-
nonicatus , & dimidias Pra^bendas , illofque , & illas pro teropore ob-
tinentes quocumque titulo etiam unionum, donationum, oblationum,
lucíruofariim , contraflus cujuslibet etiam oneroíi , aut legatorum etiam
perfonalium nuncupatorum , feu alia quâvis causa, vel jure , nunc, &
pro tempore-, &, feu etiam de novo , aut in futurum fpeílantium ,
refpeflivè tertias partes , qua^ infimul annuam fummam undecim mil-
lium centum triginta fex ducatorum auri íimilium , &jul!orum unde-
cim conílituunt; necnon ex uno de Oliveira, cujus mille nonaginta
quatuor , illorum medietatem , vidclicet quingentos quadraginta fep-
tem , ac ex altero Archidiaconatibus de Regoa refpeíbivè nuncupatis
prasfatae Eccleíix Portugalleníls inibi refpedlivò Dignitatibus , non ta-
men poíl Pontiíicalem maioribus , exiftentibus , quibus pariter , ut
etiam accepimus , nonnulls Parochiales Eccleíí.x , & , feu illarum íru-
ítus perpetuo refpeâ:ivè unitíE , annexíe , & incorporatse , & feu uni-
ti , annexi , & incorporati reperiuntur, ac cujus bis mille centum no-
naginta duorum ducatorum auri partium refpcfbivè fru6l:us , redditus,
& proventus fecundum a^ílimationem praefatam valorem annuum ut ,

pariter accepimus , non excedunt , tres ex quatuor eorundem fru-


6luum , reddituum, & proventuum ex eis etiam, ut prasí^ertur, pro-
venientium , & ad eos fimiliter quocumque titulo , aut quâlibet ex
causa nunc , & in futurum , ut príefertur , fpedantium , & , feu uni-
torum annexorum , & incorporatorum praefatorum partes , videlicet
,

mille fexcentos quadraginta quatuor ducatos auri pares ; ac infuper


unius de Enrrofo , cujus quingentorum duorum ; ac alterius San<^£e
Chriílin£3e , cujus mille ducentorum quadraginta fex , & juliorum fep-
tem monetís cum dimidio alterius julii íimilis ; necnon alterius de
Fonte-Arcada , cujus mille centum fexaginta quinpue , & juliorum
duodecim monets prsefataí , cum dimidio alterius julii íimilis ; necnon
alterius de Labruge , cujus quingentorum quatuordecim , & juliorum
quinque monetís pixfatx , necnon alterius de Neiva , cujus quadrin-
gentcrim^
,

da Cafa %€al TortuguCíS^a. aJ 1

gcntorum alterius dé Villanova de Cerveira , cujus treccn-


; necnon
toriim triginta unius , &
juliorum feptem monctas pra^fatae cum dimi-
dio alterius julii fimilis in pra^fatâ Bracharcnfi ; necnon alterius etiam
de Báculo , cujus quadringentorum viginti odto , & julicrum decem
moneta; príelatíE \ ac alterius da Sexta , in prícdidtâ Klboreníi , cujus
quadringentorum quinquaginta feptem , & juliorum leptem moneta;
prardicla^ cum dimidio alterius julii paris \ ac reliqui Archidiacona-
tuum Sandti Petri dc trance refpedivc nuncupatorum , cujus qiiin-
gcntorum feptuaginta unius , & juliorum leptem monetáe prxá'\&x.
cum dimidio alterius julii fimilis in pra^diíla Vifenfi ; ac Thelauraria-
tus maioris nuncupati in eâdem Lamacenfi rerpeílivè Eccleííis reípe-
òlivè Dignitatum , non tamen poft Pontifícalem maiorum, nullamque,
vel modicam tantúm refidentiam rcquirentium , quarum aliquibus
cliam nonnulla; Parochiales Eccíefiac , & , fcu illarum frudus íimili-
tcr uni ta: , incorpcrata: ,
annexaz ,, &
feu uniti , annexi , &
incor- &
porati relpcdivè exiftunt , ac cujus quingentorum quatuordecim du-
catorum auri parium , &
juliorum oCto monetas príedidrae refpedVivè
fru-rus , redditus , &
proventus íecundum íeftimationem pradiftam
valorem annuum , ut íimiliter accepimus non excedunt omnes & , , ,

íingulos eorum , ac cujuslibet eorum íiuílus redditus & proventus , ,

pn-ediíflos etiam , ut prsetcrtur , ex deciniis ,


, aliis quibuicumque ^
pro\ entibus , etiam ratione pra:di6lorum , forian aliorum. eis , & &
eorum. cuilibet reípeétivè annexorum , necnon bcnis, proprietatibus
juribus , cenlibus , laudemiis , contributionibus , pra:dialibus , vulgo
Pitanças ,
c£L*teriíc]ue , obventionibus ,
proventibus emolumentis &
quibuícumque certis provenientes , ac in pecuniâ , vel
, <S: inccrtis
fiudlibus , aut quibuslibet aliis rebus quomodoiibct confífienLes , &
ad ultimo di<5las decem Dignitates, ac illas pro tempore obtinentes
quocumquc titulo , etiam unionum , donationum ^ oblaticnum lu- ,

(íluoíarum , contradus cujuslibet etiam oneiofi , aut legatorum etiam


•períbnalium nuncupatorum , íeu aliâ quàvis causâ , vel jure , nunc
,
-& pro tempore , , &
íeu etiam de novo , aut in futurum fped-antcs,
qui omnes, & íinguli , ultimo dit^arum decem Dignitatum, refpecl-i-
vò frudius , redditus , & proventus annuam íummam íex millium
centum triginta unius ducatorum auri fmiilium , & juliorum Ircdecim
n^.onetas pr^cdióla; , ut pari ter accepimus , conírituunt , ex nunc quoací
,
Dignitates , ac Canonicatus , &
Pra^bendas , necnon Canonicatus
cum dimidia Prícbendâ , íbu diiridics Canonicatus , dimidias Prge- &
bendas hujuímodi , quas , & qui a;ílu nunc vacant quo vero ad il-
,
las , & iilos quas , & qui minimè vacant de pr^sfenti , ex nunc, pro-
,
iit ex tunc , & ò contra ac cum primíim omnes , & íingulas Digni-
,

tates , ac omnes , & íingulos Canonicatus , & Pra:bendas necnon


^ ,
Canonicatus cum dimidia Príebendâ , feu dimidies Canonicatus , &
dimidias Prrcbendas hujufmodi , ac illarum qiiamlibet , & illorum
quemlibet per ceiTum , etiam ex causâ perniuíationis etiam in noOris,
& Romani Pontifícis pro tempore exiílenris manibus , vel deceíliim ,
feu privationem , aut dimiííionem , vel amiíTionem quorumcumque il-
las , & illos , aut illarum, &
illorum quamlibet, & quemlibet cuo-
Tom. V. li ii modoíibet
,,
,

252 ^fõvds do Lh, VIL da Hiflor ia Çeneaíogka


modolibet obtinentium , & aut aliàs quovifmodo etiam
obtinentis ,

apud Sedem ApoHolicam ex quocumque Decreto vacationis , leu cef-


lationis cuiuícumque júris Apoftolicâ auéloritate ia provifionibus de
aliis Beneficiis illas , &illos quomodolibet obtinentibus câdem Apof-
tolicâ auíloritatc faclis quomodolibet apponendo , feu tunc appoíito,
etiam in aliquo ex meníibus Nobis , & Romano Pontifíci pro tempo-
re exiftenti , Sedique Apoílolicse praedi6í:a2 per Conftitutiones Apof-
tolicas , feu CancellariíE Apoftolicse regulas editas , vel edendas , vel,
aliàs quomodolibet refervatis , feu Ordinariis Collatoribus per eaf-
dem Apoftolicas Conftitutiones , aut Cancellariaz prícdiítaz regulas ,
feu literas alternativarum , aut alia privilegia , &
indulta conceíTa ,
feu jure ordmario , vel aliàs competentia vacare contigerit ; etiamíi
a6í:u nunc , ut prsefertur , aut aliàs quovifmodo, quem, etiamíi ex il-
lo quaevis generalis refervatio etiam in corpore júris claufa refultet,
príefentibus haberi volumus pro expreíTo , etiamfi , illos, illas, & &
illarum quamlibet ^ ac illorum quemlibet nunc obtinentes , & obtinens
Noftri , aut Romani Pontifícis pro tempore exiftentis , feu cujufvis
SanflíE Romanas Eccleííae Cardinalis etiam tunc viventis familiares ,
feu familiaris , continui Commenfales, feu continuus Commenfalis ,
aut Romanse Gurias Officiales , feu O^cialis , aut aliàs quamcumque
refervationem , leu aíFeílionem , quomodolibet inducentes , feu indu-
ceas extiterint , feu extiterit, feu per illas, &
illos, aut illarum
quamlibet , & illorum quemlibet obtinentium , feu obtinentis , vel
quorumvis aliorum de illis , illarum quâlibet , & illorum quolibet
&
in Pvomani Curia pra^ditStá , vel extra eam coram Notário publico
& teílibus refpeílivò fadtas liberas refignationes , aut aíTequutionem
alterius B^neíicii Ecclefiaftici quâvis audíoritate collati refpeífiivè va-
cent , feu vacet , etiamfi tanto tempore vacaverint , feu vacaverit
quòd eorum , feu ejus collatio, juxta Lateranenfis Statuta Concilii,
ad Sedem Apoftolicam prasdiílam íigitimè devoluta exiftat , ipfíique
Dignitates , necnon Canonicatus , & Prcebendse , ac Canonicatus cum
dimidia Prsebcndâ , feu dimidii Canonicatus , &
dimid íe Prasbendíc
praefati , ac illarum qu^elibet, &
illorum quilibet difpoíitioni Apoílo-
licíE fpecialíter vel aliàs generaliter refervatse ,
, &
refervati , ac re-
fervata , & refervatus exiftant , <&: exiftat , &
fuper eis , feu earum
aliqui , vel eorum aliquo inter aliquos lis , cujus ftatu)n etiam prse-
fentibus haberi volumus pro expreíFo , pendeat indecifa ; dummodo
tamen Dignitatibus , ac Canonicatibus , &
Prícbendis , necnon Cano-
Bicatibas cum dimidia Praebendâ , feu dimidiis Canonicatibus , di-&
midiis Prasbendis prasdidlis , illafque , &
illos pro tempore refpe6^ivè
obtinentibus nulla nill ea , quse per Vicários perpetues excrceri folet,
cura immineat aaimarum , Apoftolicâ audloritate prjçdidfâ perpetuo
feparamus , difmembramus , &
fej ungi mus A c omnes ,
: &
íingulas
omnium , & íingulorum refpeíVivè fruftuum , reddituum , &
proven-
tuum à Patriarchali Uíixboneníi Occidentali , ac Arcbiepifcopalibus ,

& Epifcopalibus Eccleíiis pra:dic>is , necnon ex Dignitaí'bus . ac Ca-


nonicatibus , &
Pra;bcndis , necnon Canonicatibus crm dimit'iâ Prae-
bendâ , leu diinidiis Canonicatibus 5 &
dimidiis Prabendis , tertiam
da Cafa ^eal Tortugue^a. 253
Sc dimiJiam ac tres cx quatuor refpedivc partes prícdidlas , necnon
,

omnes , &ílngulos fru^lus , redditus , &


proventus ab ultimo didtis
decem Dignit-itibii*; , ut prítíertur , diímcmbratas , íeparatas, fe- &
junflas , ac refpeflivè fcparatos , difmembratos , íejunclos in vi- &
ginti quatucr portioiies a^qnales dividi , eafque fic diviías in earum
refpcdivè naturalibus , induíírialibiis , &
civilibus frudibus , rcdditi-
bus , &proventibus prarfatis perfolvi dcbcrc volumus , ílatuimus : &
Eifque fic divifis , &
pcrfolvi debitis unam quainque ex portionibus
hujufmodi unicuique ex Dignitatibus , ac ujiicuique^ ex Canonicis
Patriarchalis EccIcfiíE Ulixboncníis Occidentalis pracfataí ; cum hoc
tamen qiiòd Patriarcha Ulixboncníis Occidentalis pro tcmpore exif-
tens cum confilio , &
confcnfu prasfati Joannis Régis fuper tertia
parte fruíluum , reddituum , &
proventuum h Patriarchali Uiixbo-
nenfi Occidentali , ac Archiepifcopaiibus , Epifcopalibus P^cclefiis &
prítfatis à Nobis íic ut pr^fertur , difmembratâ , pra^fatâ unam , fu-
,

per tertiâ vero , ac dimidia , ac tribus ex quatuor refpcclivè partibus


à Dignitatum , & Canonicatuum & Prsebendarum necnon Canoni-
, ,

catuum cum dimidia Príçbendâ íeu dimidiorum Canonicatuum , &


,

dimidiariim Pra;bcndarum , necnon ultimo di6í:arum decem Dignita-


tum , refpeíMvc fruv^ribus , redditibus & proventibus prseflitis à No-
,

bis per prxfe iteíut príefertur , diímembratis , pr.Tfatis , ac Digni-


,

tatibus , ac Canonicatibrts , ^
Prxbendis diólas Patriarchalis Eccleíhe
Ulixbonenfis Occidentalis à Nobis ut infra applicandis , alteram eo-
rundem refpeflivè fruíVuum , reddituum , proventuum quotas Jo-&
anni Regi, ac Patriarcb^e prí^fatis benevifas , dummodo tamen pri-
mo di6ía , videíicet à Patriarchali Ulixbonenfi Occidentali, ac Archi-
epifcopaiibus , &Epifcopalibus Eccle/iis prcefitis quartam , fecundo
diéta vero quotíE hujufmodi , ut infra ílatuendas , tres quartas , à
Dignitatibus , ac Canonicatibus , &
Prsebendis , necnon Canonicati-
bus cum dimidia Prebenda, feu dimidiis Canonicatibus , dimidiis &
Prícbendis , pr^efatis à Nobis per praefentes , ut prasfertur , difmem-
bratorum , feparatorum , &
fejunélorum refpetivè fruíluum , reddi-
tuum , &proventuum prafatorum refpeílivè partes refpe6livc noii
excedant , in ejufdem Patriarchalis Eccleíige Ulixboncníis Occidenta-
lis fabricíE utili ratem , &
indigentias , necnon Miniílrorum eidem Pa-
triarchali Eccleíid2 Ulixboneníi Occidentali nunc , pro tempore in- &
fervientium fubí}entationem convertendas , à íingulis Dignitatibus,
& Canonicis à\^ix Patriarchalis Eccleíis Ulixboncníis Occidentalis íin-
gulis annis perpetuo perfolvendas , infra tempus Joanni Regi , ac
Patriarchíe prxfatis benevifum , íl-atuere poííit , &
valeat ; ita qubd li-
ceat mine , Sz pro tem.pore exif entibus ejufdem Patriarchalis Eccle-
fias Ulixbonenfis Occidentalis Dignitatibus , Sr Canonicis , eorum &
cuilibet per fe , vel Procuratores , AéVores , Exaclores , vel yFcono-
mos fuos eorum refpeflivè nomine corporalem , actualem , civilem &
omnium , 6^ fingulorum fru(9:unm , reddituum , proventuum à no- &
bis per prícfentes , ut príEÍerf.ir , difmembratorum , feparatr>rum , &
feiun(5loram , quoad Eccle/iarum , videíicet Dignitatum , Canonica-
tuum , & Príebendarum j ac Canonicatuum cum dimidiâ Prebenda,
,,

â 5 4 Trovas do Llv. VIL da Hijlorla (jeneahgtca


feu dimidiornm Canonicatuuin , &dimidiarum Prícbendarum , qua:
& qui nunc vacant , vidclicet à die datas príuíentiiun ; quò vero ad
illaium , &
illorum , quí^ , & qui minimè vacant de pracícnti , rcfpc-
élivò frudus , redditus , & proveiitus , ut prrefertur , diímembratos ,
fejunélos , &
feparatos ,& ut iníra applicandos prícdiélos à die iila-
rum , &
illoium reípedivè eventurae \acaticnis reípedivè appreheií-
dendam poíleílionem própria au61oritatc liberè apprehenderc , & ap-
prehenfam perpetuo retinere , ipfoíque frudlus , redditus , & proven-
tus per í'e , vel aiiuni , íeu slios in própria ípccie, & non alias, &,
íi fpecies infeparabilis ,& individua íit , in quota parte juíli valoris
pcrcipere , adminiílrare , exigere , &
levare , ac tam ex borreis ccm-
muÃiibus , quhm ex aliis quibuícumque íocis , ubicumque fcrvati exif-
tant , extrahere , eoíque libere locare, &
in ele«5í:ione Exadoiumdi-
òlorum fru^luum , redituum , &proventuum , Pricjies nuncupato-
rum , aliorumque fimilium Oíticialium vocem per ipfos Conduto-
res , feu eorundem Dignitatum , &
Canonicorum diélíe Patriarehalis
Kccleíiíe Ulixbonenfis Occidentalis Procuratores , vel iEcononios ha-
bere , necnon ab eifdem ^^cononsis , leu Adminiílratcribus reddituum
Cathedralium Eccleíiarum , & Dignitatum , ac Canónica tuum , &
Prííbendaruin , necnon Canonicatuum com dimidia PraEíbendâ , leu di-
midiorum Canonicatuum, & dimidiarum Prabendarum prafaíProrum
rcliquijque Oiiicialibus quibuícumque , ac Exa6)oribus illarum , feu
illorum , vel etiam ab jpíis Epifcopis , Dignitatibi^s , C^anonicis
quatenus opus íit , juramentum fuper vera quantitate qucrumcumque
refpeíliv è reddituum pnvfatorum exquirere , ac eos ad prafatum ju-
ramentum praílandum coiíipellere , cíiterofque di6>ae adminiílrationis
a<5rus exercere , diétoíque omnes , &
fmgulos fruélus , redditus , &
proventus ex Patriarchali Ulixbonenfi Occidentali , & Archiepiícopa-
libus , &Epiícopalibus Ecclefiis , necnon Dignitatibus , & Canoni-
catibus , &
Prarbendis , nc Canonicatibus cum dimidia Prabendâ , jbu
dimidiis Canonicatibus , & dimidis Prabendis , pracfatis à Nobis per
praientes , ut pra;fertur , diímembratos , feparatos , & fcjun(ílos , ac
ut infra applicandos ab omni decima , quarta , media , & quavis alia
fruíluum parte , fubfidio etiam cbaritativo , cSc excuiato , ii quocum-
que alio tam ordinário, quàm extraordinário onere, cogitabili , vel
inexcogitabili , etiam reali , perpetuo , vel ad tempus , quomodoli-
bct nunciipato, etiam pro Patriarchalis UlixboneníivS Occidentalis , ac
Árchiepifcopalium , & Epifcopalium Eccleíiarum prafatarum , vel il-
^ lis , aut unicuique ex Dignitatibus , ac Canonicatibus , & Prxbendis,
necnon Canonicatibus cum dimidia Prsebendâ , feu dimidiis Canoni-
catibus , &
dimidiis Prsebendis , annexarum com cura , & íine cura
Eccicfarum , Capel larum , íive Aitarium refpeólivò Fabrica , & qua-
vis etiam diclâ Apoftolicâ , vel Ordinária refpcífbivò au5-oritate, &
Regia poteOate , ac ex quàcumque etiam urgenti , urgentiíllmâ , &de
rcceíTitate exprimendâ causa , etiam pro Seminário puerorum Eccleíi-
aftico , clafiis Trircmium reparatione . & Pabrica Paíilicíc Principis
Apoíiolorum , de Urbe, Cruciata Sanélâ, &z expcditione contra Tur-
cas , ac alios OrthodoxEc Fidei hoíles , etiam ad Imperatoris , Re-
gum,
;,

da Cafa "Real Tortuguc^à» 255


giim , Reginarum , etiam Portugalliís , Algarbiorum Regnorum &
prasfatorum , necnon Ducum , Reriim publicarum , & alioi um quo-
rumcumquc Principum inílantiam iiUiiitum & contcmplationem , ac
, ,

pro eorum , & Sedis Apcílolicse pra-fatx neceííitatibus aut alias Ca- ,

nónicas , vel de faélo impolitis , pro temporc quomodolibet im-


vel
poncndis, vel eifdeni Patriarchali Ulixbonenfi Occidentali , ac Archi-
epircopalibus , &
Enifcopalibus Ecclefiis , aut Dignitatibus , Ca- &
nonicatibus , &: Piiiebendis , necnon Canonicatibus cum dimidia Pra^-
benda , feu dimidiis Canonicatibus , &
dimidiis Prícbendis , piítfatis,
ex fundatione , inílitutione , vcl ftatuto , íivc coníuctudine , ctiam
ratione mulciarum , vel cujuslibet alterius poence, diminutionis amif- ,

íionis , feu oneris , fivc quocumque alio nomine , aut alio quolibet
modo , &causa nunc , & pro tempore refpeflivò inhserentibus , aut
quíE , feu qui ex diélis , vel aliis hic non exprcfils , aut futuris , &
non prasvifis caufis dirainutionem fru6í:uum , reddituum ,
in pro- &
ventuum redundare , ac etiam quâcumque penílone íiiper eif-
poííínt
dem fru(Sí:ibus, redditibus , & proventibus Apoftolicâ aué>oriíate príK-
fatâ etiam perpetuo , etiam in favorem Tribunalis Sacra; Inquifitionis
contra ha:rcticam pravitatem , vel cujuslibet alterius pii Loci , vel
alias quomodolibet in futurum refervanda , qu£E omnia Patriarcha
Ulixboneníis Occidentalis , Archiepifcopi , & Epiícopi , necnon Dig-
nitates , &
Canonici pra:fati nunc , &
pro tempore cxiftentes folve-
re teneantur ; etiamíi in impoíitionibus huiufmodi cavcatur exprcfsè,
quod Penfionarii, feu Refervatarii partis frudtuum Patriarchalis Ulix-
boneníis Occidentalis , ac Archicpircopalium , Epifcopalium Ec- &
eleíiarum prajfatarum , ac Digniíatum , Canonicatuum , &
Prícben- &
darum , necnon Canonicatuum cum dimidia Praebendà , feu dimidio-
rum Canonicatuum dimidiarum Pracbendarum prafatorum pro ra-
, 8z
ta peníionum , refervationum & applicationum fuarum quantumvis
,

exemptarum contribuere teneantur, ac alias in omnibus, & per om-


,

nia , & omnino quoad omnia liberos , ifiimunes , & exemptos prout
per eafdem prsefentes eximimus , & liberamus , ac exemptcs , &
liberatos efíe volumus , fub conditionibus infra poíitus , exigere , le-
varc , 8r in conimunes ufus & iitilitatem praefatsc Patriarcha] is P^c-
,

clefiíe Ulixboneníis Occidentalis , iit praífertur, ejufque Dignitatum ,


ac Canonicorum , c^terorumque Miniftrorum ei in Di vinis iníervi-
entium indigentias , ac fumptus refpedivè , modo, & forma prícfatis
convertere , Dioecefani Loci, vel cujufvis alterius licentiâ defuper
minimè requifitâ. Cum hoc tamen , quod fex Dignitates , & 06^0-
decim Canonici di£í-íE Patriarchalis Eccle/iíie Ulixboneníis Patriarchalis
Occidentalis , evenientc íingulâ ultimo diílarum decem Dignitatum,
r-efpcí>ivc pro tempore vacatione fingulis í?npulas ultimo di(ffas de-
,

cem Dignitates huiuímodi pro tempore refpeífí ivè obtinentibus , vel


earum refpec^-ivè Menfíc Capitulari centurn feptuaginta unum ducatos
auri pares, Julios feptejn nionetíX' prrcfatae cum dimidio alteriusju-
lii íimilis, fummam trecentorum millium regalium monetse Portcgal-

lias conftituentes ,
íingulis annis perfolvere debeant , &: teneantur
quòdque omnia , & quascumquc onera ,
obligationes ,
expcnfa- , &
amioífines ^
;,

2 $6 Trovas do Liv. VIL da Htfloria Çenealogka


amiíliones , qux ultimo didis dccem Dignitatibiis , cafque , eariim &
fingulãs nunc rcfpev^ivè obtinentibus relpefflivè inciimbunt , illa vi-
delicct, &
iWx j qiix períbnalia , &
períbnales , ah iis , qui cafdem
ultimo di61as dccem Dignitates pro tempore obtinebunt , alia vcrò
& ali^ , qux realia , & reales eíle dignoícuntur , ab ejufdem Patriar-
chalis Eccleíi^ Ulixboneníis Occidentalis Capitulo , ac Digiiitatibus,
& Canonicis ex nunc , quoad iilas ex pra::fàtis decem Dig-
pr^efatis
,

nitatibus ultimo di6tis , qu2e ad prxíens vacant ; quò verò ad illas


qu^ minimè vacant de prseíenti , ex tunc , & cum primúm illas , &
illarum quamlibet quomodolibet , ut prafertur , vacare contigerit,
reípeclivè fupporteiitur , & íupportari debeant , Apoílolicâ au6lorita-
te , Motuque pari , etiam perpetuo applicamus , & appropriamus :

Porro attendentes , quòd fuper nonnullarum ex Dignitatibus , & non-


nuilorum ex Canonicatibus , & Pra^bendis , necnon Canonicatibus
cum dimidia Pra;bendâ , íeu dimidiis Canonicatibus , & dimidiis PríE-
bendis refpeílivè frudibus , redditibus , & proventitíus prafatis, qua-
rum , & quorum eorundem refpeéliv^e frufíuum , reddituum, & pro-
ventuum refpedbivè tertiâ , dimidia , ac tres ex quatuor refpeóHvè
partes per priefentes à Nobis , ut prafertur , diímembratas , & appli-
catas exiílunt , nonnullae penílones annuse , & forían earum aliquse per-
petuo Apoftolicâ auíloritate prasflitâ reíervatas reperiuntur Nos, ut :

earum oneri confulamus , per eaídem praslentes decernimus , & fta-


tuimus , quòd fi peníionis hujufmodi perpetuo refervatse reperiantur,
earum integra íblutio , cjufdemque íòlutionis ónus ad Dignitates , &
Canonicatus , S: Prabendas , necnon Canonicatibus cum dimidia Pre-
benda , íeu dimidios Canonicatus , & dimidias Prabendas , Iiujuímo-
di , fuper quorum fruílibus , redditibus , & proventibus reíervatae re-
periuntur , pro tempore obtinentes , omnino ípeélet , & pertineat
Peníionum verò , qux dumtaxat ad alicujus vitam refervat^e reperiun-
tur , íblutio etiam ex tertiâ, ac dimidia, ac tribus ex quatuor fru-
d:uum , reddituum, & proventuum , ut prsefertur , applicatorum prse-
didrorum reípeclivè partibus prsfatis , & pro rata relpe£í:ivè partium
hujufmodi , donec penfiones ad alicujus vitam refervatíe liujufmodi
duraverint , facienda fit. Ne autem ob difmembrationem , & fepara-
tionem , ac applicationem , & appropriationem à Nobis per príífen-
tes , ut prafertur, fadas hujufmodi ulia dubitationis criatur occaíio
fuper expenfis in expedicione Literarum Apollolicarum ab eis , qui
pro tempore ad Patriarchalem Ulixbonenfem Occidentalem , ac Archi-
epifcopales , & Epifcopaíes Ecckílas pracdidas pro tempore promo-
vendi erunt , necnon ab eis, qui de Dignitatibus, ac Canonicatibus,
& Prabendis , necnon Canonicatibus cum dimidia Prsebendâ , feu di-
midiis Canonicatibus, & dimidiis Prxbendis , prardiólis, ex quarum,
& quorum refpedivè frudibus , prafatis tertia fru6luum , ut pra;fer-
tur , applicatorum pars à Nobis per prafentes , utprafcrtur, difmem-
brata , & Dignitatibus , ac Canonicatibus , & Prabendis didla Patri-
archalis Eccleíia Ulixboneníis Occidentalis, etiam ut prafertur, ap-
plicata extitit, pro tempore providendi erunt, refpedivè faciendis ,
quòd ad Patriarchalem Ulixbonenfem Occidentalem , ac Archiepifco-
pdes 5
,

da Cafa %al Toriuguêi^a. 257


pales, &
F.pifcopales Ecclefias prsedidlas pro tempore promoti , fcu
ad illas , vcl elefti , nccnon de Digiiitatibus , ac Canoni-
nominati
catibiis , &
Prnebendis , necnon Canonicatibus cum dinúdiâ Prabcn-
da , fcu dimidiis Canonicatibus , &
dimidiis Pra^bendis , cx (juorum
fruòVibus , redditibus , &
provcntibus , tertia fruduum , redcijtmim ,
Sc proventuum , ut pracfertur , applicatoium huiuliiiodi pais à Nobis
per praclentcs , ut pra'fertur , diímembrata , &
Dignitatibus , ac Ca-
nonicatibus , & Prabcndis diélse Patriarchalis Eccldia: Ulixbonení^s
Occidentalis , ctiam ut praícrtur , applicata extitit , per obilum , aut
re/ignationcm , vel Jiberam diniiílionem , íive reijiintiaticnem , aut
per viain deputationis in Coadjutorcm pcrpetuum luper illarum , Sz 11-
iorum refpcétivè rcgimine , &adminiftratione cum futura in illis ref-
pc(fbivè íucceííione , aut alias quomodolibet proviíi , omnes , & quaf-
cumque cxpenías neceílarias , &
opportunas in expeditione Literarum
Apoílolicarum deliaper expediendarum integraliter , ut priiis , & pro-
ut ante diíhienibraíionem , Icparationem , fejund:ionem , necnon ap-
piicationem , &
appropiiationem à Nobis per prajfentes , ut prícfer-
tur , faótas bujaímodi , facere debuiíTent , abíque uílâ diminutione ,
& ablquc eo quòd ob difmembrationem , feparationem , fejunârionemy
neciion applicationem , &appropi iationem à Nobis per praientes
ut pri^fertur , refpedtivè fa61:as hujuímodi , aliquid unquam á Paíri-
archali Eccleí^â Ulixboneníi Occidentali, ejufque Dignitatibus , & Ca-
nonicis pra:tendere poílint , & valeant lacere , aliaque omnia , Sc íin-
gula jura Datariiç , Sc Cancelíarise , &Camara; nolirae Apoílolicis de-
bita , quò vero ad unum , &
alterum Archidiaconatus ejuídem Eccie-
fix Portugalieníis , ex quorum fruftibus , redditibus , & proventibus
dimidia , ac tres ex quatuor eoiTindem ínuftuum relpeélivè partes Iiu-
juíniodi , necnon quoad ultimo dicSlas decem Dignitates , quorum om-
nes , & ííngulos íru6i:us , redditus , Sc proventus prxfati à Nobis per
praíentes, ut pr.Tfertur , diímembratae , fejun£l:íe, &feparat2;, ac dií-
membiati , íejuncli , &feparati , necnon Dignitatibus , ac Canonica-
tibus, & Pntbendis diclíE Patriarchalis Eccleíise Ulixboneníis Occi-
dentalis etiam , ut piíufertur , applicatíç , Sc appropriata; , ac reípeíli-
vè applicati , Sc appiopriati , extitenint , quòd de uno , & altero
pracfatas Ecclefiíe Portugallenfis Archidiaconatibus hujuímodi, necnon i

de ultimo didis decem Dignitatibus , etiam ut praríertur , pro tem-


pore providendi in expeditione Literarum Apoftoiicarum defupcr
conficiendarum Datariíe , &Cancellariíc , Sc Cameríc prcefatarum jura,
& expenfas hujuímodi , non nili ad rationcm partis fru6luum , reddi-
tuum , Sc proventuum uni , Sc altcri prícfata: Ecclefiíc Portugalieníis
Archidiaconatibus hujufmodi remanentis , Sc ad rationem poríionis
ultimo ditfí^is decem Dignitatibus, &
earum íingulis à Capitulo, nec-
non Dignitatibus , Sc Canonicis diãx Patriarchalis EcclefiíE Ulixbonen-
íis Occidentahs , ut praíertur perfolvenda^ , Sc non alias perfolvere
,
reipedivè debeant , Sc tencantur^ quòdque omnes, &quicunique fru-
6í:us, redditus , Sc proventus prafati à Nobis per príEÍentcs, ut pra:-
fertur , diímembrati
,
fejun<51i, & fcparati , Sc Dignitatibus, ac Cano-
nicatibus , Sc Pra^bendis didlx Patriarchalis Eccleíiíe UlixbonenfiS Oc-
Tom. V. Kk cidentalis
,
,

258 Trovas do Llv. VIL da Htjlorta Çenealogka


cidentalis applicati , & appropriati pro scquali rata inter
fruíS^^us cer-
tos , groíTos ad unamquamque ,
íive &
ununiquemque ex diél^is
Dignitatibus , ac Canonicatibus , &
Prsebendis ejuídem Pati iarchalis
Eccleíiae Ulixbonenfis Occidentalis fpedírantes annumercntur , ita quod
íic annumerati , fi fuper diítis Dignitatibus, ac Canonicatibus, &
Prasbendis ái3:x Patriarchalis Ecclefíse Ulixbonenfis Occidentalis, il-
larumque , &
illoruni proviíionibiis Literas Apoílolicas expediri con-
tingat , ejufdem Patriarchalis Ecclefise Ulixtíoneníis Occidentalis
Dignitatis poft Pontiíicaleni maioris , videlicet fruclus , redditus , &
proventus certi , qui alias juxta Taxam in prasfatis ejuídem Clemen-
tis PrsedeceíToris ab Innocentio etiam Prícdeceílbre noftro pr^efato
defuper in forma prsefatâ expeditis Literis conllitutam fummam mil-
le quingentorum quinquaginta trium computatis verò difíributioni-
,
bus quotidiannis mille feptingentorum feptuaginta feptem non exce-
debant , deinceps bis mille feptingentorum quinquaginta trium , com-
putatis verò diftributionibus praífatis bis mille noningentorum feptua-
ginta oS:o ; cujusUbet verò ex aliis quinque Dignitatibus , & o(^ode-
cim Canonicatibus , 8c Pr^ebendis di^5^a; Patriarchalis Eccleíise Ulix-
bonenfis Occidentalis , relpedivè fru<Sí:us certi , qui juxta eandem ta-
xam etiam fummam mille quingentorum viginti oclo , computatis ve-
rò diftributionibus quotidiannis mille feptmgentorum oéVo ducato-
rum auri parium fimiliter non cxcedebant , deinceps bis mille feptin-
gentorum viginti 06I0 , computatis verò diftributionibus prí^fatis bis
mille nonningentorum oálo ducatorum auri íimilium eorum refpec^ivè
valorem annuum non excedere refpeííiivè exprimantur, S: exprimi
debeant eadem auftoritate dccernimus , Sc ftatuimus Quò verò ad
:

frucluum , reddituum , &


proventuum prxdi(£í:orum difpofitionem , &
ufum , tam in divifione reddituum , quàm in vacatione Dignitatum ,
ac Canonicatuum , 8c Pra:bendarum di6>£E Patriarchalis Ecclefise Ulix-
bonenfis Occidentalis faciendam , five faciendum , idem fervetur or-
do , qui à dido Clemente Prardeceífore in pra:di*ÍVis Literis in diélâ
forma expeditis prafcriptus fuit. Ac dcnium Patriarchíc Ulixbonen-
fi Occidentali pro tempore exifíenti pra^fato ad augendum in diòlâ
Patriarchali Ecclefia Ulixbonenfi Occidentali Divini fervitii cultum ,
ut ipfc cum paribus confilio , &confenfu ejufdem Joannis Rcgisno-
vum aliquod Beneítcium Eccleílafticum , feu aliqua nova Bcneícia
Eccleííaftica , feu novum Canonicatum , novam Prebendam , feu
novos Canonicatus , Sc novas Pra^bendas pro Clerico , íeu Clericis ,
mit Presbytero , feu Presbyteris idóneo , feu idrneis , novo futuro
Beneficiato , feu novis futiiris in di6lâ Patriarchali Ecciefíâ Ulixbo-
nenfi Occidentali Benefíciatis, leu novo futuro Canónico, aut novis
futuris á\d:x Patriarchalis Ecclefiaí Ulixbonenfis Occidentalis Cano-
nicis à pra:diclo Joanne Rege , ut infra refpeírivè prísfentando , feu
prsefentandis , qui omnibus , &fingulis privilegiis , indultis , gratiis
exemptionibus , íibertatibus , inimunitatibus , S-. facultatibus , quibus
alii diílií; Patriarchalis EccIcfiíE Ulixbonenfis Ocddentalis Canrnici
Sc Benefídati reíjpeólivè iituntur , fruunttir , potiuntur , Sr gaudcnt
icfpetítivè €Úam uú y frui , potiri , &
gaudere poífmt Sc valcant
ex
,,

da Cafa 7(eal Tortugnei^a. l$p


ex rcdditibus ejufdcm Patriarchalis EccleíííE Ulixbonenfis Occidcnta-
lis utilitatem , illiuíque Minirrrorum fubílentationem tam à ^rxiVião
Clemente Pra:deccílore per liipra relatas Literas in dióiâ ícnrâ ex-
peditas , quàm per príefentes à Nobis , ,ut prafertiir , aíTgnatis , &
applicatis , ex illis videlicet , quos congruis ejuídem PatiiarcI.alis Ec-
clcfia: Ulixbonenlis Occidentalis íabricíc prafata; iranutcnticni
Miniílrorum eidcm Patriarchali Ecclcíise Ulixboncnfi Occidcntali in-
,
^
lervicntiiim íiibíientationi prafatis IvpcreíTe ccntigcrit , perpetuo eri-
gerc , & infiituere eilque íic eredlis , & inliitutis pro illoruni ref-
,

pedlivc dote, ac illa , & illos pro teirpcre reípedive obtinentium


côngrua lubílentatirne redditus in uíum fabricas, aliarumque ài^x
,

Patriarchalis Eccleíiaí Ulixbcnenfis Gcc dcntalis indigentiarum , ac Mi-


iiiftrorum eidem Patriarchali Ecclefise Ulixboneníi Occidentali iníer-
vientium fubílentationem, ut prafertur , applicatos , & appiopria-
tos pra fatos , illos videlicet, qui , ut prafcrtur , íuperfuerint , per-
petuo applicare , & appropriare, necnon Benefício, feu Benefíciis ,
aut Canonicatui , & Prabcnda , leu Canonicatibus & Piabendis ab ,

eo , ut prafertur , erigendo , feu eiigendis, in a6lu ejus, leu ecrum


erc6Vionis Inijufmodi , cnera fervitii in di6tâ Patriarchali Ecclcíia
Ulixbonenfi Occidentali, vel extra illam ab eo , feu ab eis praílandi
prafcribere , & imponere , necnon privilegia , indulta , gratias
exemptiones , libertatcs , in niunitates , facultatefque praíata , ac pra-
fatãs etiam illa , vel illas , quas de jure Canonicatibus , ôc Prabendis,
necnon Benefíciis di6la Patriarchalis Ecclefa Ulixbonenfís Occiden-
talis competere , & ineíFe dignofcuntur , ei , vcl eis f militcr in a61u
ercâ-ionis prafata limitarc liberè, & licite poííit , & valeat, e^deni
Apoílolicâ audoritatc f militer perpetuo concedimus , & indulgemus.
Infuper eidem Joanni , & pro teniporc exiílenti Portugallia , & Aí-
garbiorum Regi Jufpatronatus , Sz prafentandi , ac nonunandi ad Be-
jiefícium , íeu Benefícia , aut ad Cancnicatum , 8: Prabencam , feu
Canonicatus , & Prabendas fie , ut prafertur , ab eodem Patriarchâ
Ulixbonenfi Occidentali pro tempore exiílente prafato erigendum
,
feu erigenda , vel erigcndos , & erigendas hujuímcdi períoram ido-
neam , íeu perfonas idóneas tam eâ prima vice à prin-avâ ejus , aut
eorum reípeclivè ercflione , &
inf itutione prafatis vacans , feu va-
cantia aut vacantes , quàm etiam de catero , dum illud , leu illa ,
,

aut illos quibufvis raodis , &


ex quorumcumque perfonis etiam nof-
tris , aut Romani Pontif eis pro tempore exiftentis feu cujufvis Síin-
,
éha Roirana Ecclefia Card^nalis etiam tunc viventibus Familiaribus,
continuis Conirrenfalibus , feu P orrana Curia Officialibus, aut alias
quomodolibet refervationem , &
aífedionem quamcumque Apoílcli-
cam inducentibus , feu per liberas etiam ex causa permutationis re-
íignaticnem , leu refignationes de illo , vel illis in Romana Curia
prsdid>â etiam in manibus noUris , feu P omani Pontif eis pro tempo-
re exiílentis, vel extra eam quomodclibet fadlam , feu fadlas , aut
admiíTanT , vel admiffas, aut aífecutionem alterius Benefícii Ecclefiaf-
tici quâvis arOoritate collati feu illud
, vel illa , aut illos , & illss
,

pro tempore obtinentium deceíFum, vel q'.?amvis aliam dimiíT^onem ,


Tom. V. Kk ii amiílionem
,,,

S.éo T^rovas do Lh. VIL da Hifloria Çenealogica

âmiíTionem ,
Religionis ingrcíTum , inatrimonii contra-
privatioiiem ,

dum , aut aliás , & qualitercumquc , ílmu] , vel


quomodocumque
ÍLicceííívè , etiam apud Sedem Apoftolicam vacarc contigerit , in iílo,
íeii illis per Ordinarium Loci ad pracfentationcm di61i Joannis , &
pro tempore exiftentis Portugalliae , & Algarbiorum Régis inílitueii-
dam , inftituendas , Motu fimili
feu pariter perpetuo refervamus
concedimus , aílignamiis &
Necnon Jufpatronatus , príclentandi
: &
-ac nominandi hujufmodi verò Regium exiílere , eidemque Joanni , ac
PortugalliíTC , &
Algarbiorum Regi pro tempore exifíenti pnxfato
non ex privilegio , fed ex vera primsevâ , reali afruali , plena inte- , ,

gra , & omnimoda fundatione , & perpetua dotatione conipetere , &


ad Joannem , & pro tempore exiftentcm PortugaUiíE , & Algarbiorum
Regem príedi61:um pertinere , iiludque vim , eíFedum , natursm
fubftantiam, eíTentiam , qualitatem , validitatem , & roboris jRrmita-
tem Juriípatronatus Regii hujufmodi obtinere , ac uti tale fub qua-
cumque derogatione etiam cum quibufvis prargnantiílimis , & efficacif-
íimis claufulis , & Decretis , etiam cum claufula , quorum tenores ,
i^c. in quâcumque diípoíitione , etiam per viam Conftitutionis , legis,
regulas Cancellarise noftrí^ , aut alias quomodocumque ta6^â , nulía-
tenus comprehendi , nec illi uHo unquam tempore, íub quocumque
f ríetextu , & ex quâcumque causa quantumvis urgenti , urgentiíHmâ,
& legitima per Nos feu quofcumque alios Romanos Pontiíices fuc-
,

ceílbres noílros pro tempore exiftentes , vel Sedem eandem , aut il-
iius Legatos etiam de Latere , etiam Motu , fcientiâ , & poteííatis
plenituíiine fimilibus , feu cujufvis intuitu , & contcmplatione per
quafcumque Literas Apoílolicas etiam in forma Brevis , quafvis etiam
deroi^atoriarum derogatorias , ac fortiores , & infolitas claufulas, nec-
non irritantia , &
alia Decreta qua:cunique in fe continentes , deroga-
ri aut derogatum cenferi poíTe , neque debere ,
, in contrarium fa- &
(S^as derogationes , necnon quafcumque collationes , proviíiones , inf-
titutiones , vel alias difpolitiones de Beneficio , feu Benefíciis , aut
Canonicatu , Pra:bendâ, feu Canonicatibus , & Praebendis à Patri-
&
archâ Ulixbonenfi Occidentali pro tempore exiftente príefato íic , ut
príEÍertur , erigendo , feu erigendis , &
tunc eretflo , feu eredlis pro
tempore quoquomodo refpedlivè vacaturo , feu vacaturis, abfque pra:-
fati Joannis , &
pro tempore exiftentis Portugalliíe , & Algarbiorum
P^egis confenfu , feu prícfentatione , aut noniinatione refíieélivè fa-
^Slas , proceíTufquc defuper habendos , & inde , tunc fccuta , fe- &
quenda quazcumque nulla, & invalida, nulliufque roboris, vel mo-
nienti fore , &: eííe , ac pro nullis , &
infeílis habenda , nec jus , vel
ccloraturn titulum poffidendi cuiquam per ilia tribui , vel à quo-
cumque acquiri poíTe , dccernimus. Et attcnto , quòd pra:fatus Clc-
mens Prsedeceííor in diiflis ab Irnocentio Ptíedeceílore noí^ro príçfa-
to defuper in di^Vâ forma cxpcditis Literis inter alia voluit , quòd
applicatio , &
approprioíio aliârue per eafdem di(5li Ocircntis Frse-
,

íleceíToris in pnrfata forma expeditas Literas in dii5^íE Ulíybonenfis


Occidentalis Patriavchalis Eccleí^ae Pra^bendarum , & Beneficiorum ref-
pcdivè dotis augmentum conceíla , & eíargita locum minimè habere
vaitrcnt
1 :

da Cafa %eal T^oYtuguer^a, 16


valercnt , riifi ejurtlem Clementis PrícdccciTons IAíqyx Cu-
priíis aliíc
per Icrvitio à Dioninuibus , ac Canonicis , &
Bcncíiciatis diélae Pa-
triaicliali Ecclcfue Ulixbonenfi Occidcntali príufíando tunc cmanatrc ca-
rum debita! exccutioni deniandarcntur Secundo didae : vcrò ejuídem
Clen^.entis PríEdeceilbris LitcríE ex certis rationabilibus , & nobis notis
caníis carum execulioni hiiiufmcdi dcmandari luiculque neqiiivcrint
Nos ad evellcRuam omncin dubietatis , Sc controverílas occaíionem
primo divSlaruin Clementis PrairdeccíToris praefati Literaium debitai in-
timationis , illarumqiie tempore habili executionis, & queralibet alium
defcdum lanantes carqiie ad qiiofcumque eífeélus extrinfecos , qiia-
,

tcniis opus íit , reintegrantcs , & plenariò ac pIcniíTimè revalidantes,


,

Dignitatibus , necnon Capitulo , & Canonicis di-las Patriarclsalis Ec-


clefix Ulixboncníis Occidcntalis , ut ipfi primô diílarum Literaium
eíFecfí-u , omniburque , & fingulis gratiis , & indultis eis in primo di-
dlis ejufdem Clementis PrícdeceíToris in prarfatâ íbrmâ expeditis Lite-
ris concaíTis , & elargitis gaudeant , utantur , & fruantur , perindc ac
fi pr.Tíata diéli Clementis Pra^deceíToris voluntas in primô d.i^is Li-
teris nullatenus appoíita fuilTet ; utque Dignitates , Capitulum , (Sc
Canonici áiõix Patriarchalis Eccleíiíe Ulixbonenfís Occidentalis cx Pa-
triarchali Ulixboncníi Occidentali ,
Archiepiícopalibus &
Epiícopali-
,

bus Ecclefiis, ac Digaitatibus , & Canonicatibus , &


Prstbendis Col-
legiatarum refpsálivè Ecclefiarum , necnon Prioratibus , feu Abbatiis
in priniò di6í:is pracíiti Clementis PrsedeceíToris noftri in praefatâ for-
ma expeditis Litcris deíignatis , qiix , &
qui vacantes reperiantur ,
quantúm legitimè oporteat ad complementum fummse ex primô ditSta-
rum did:i Clementis PracdeceíToris Literarum tenore in Dignitatum^
Canonicorum , & Bcncíiciatorum àiS:x Patriarchalis Ecclefise Ulix-
Jboneníis Occidentalis utilitatem applicatae , & appropriatíe a die da-
tx primô diélarum dic9-i Clementis PrícdeceíToris Literarum videíicet
Quinto Kalendas Oélobris anno Incarnationis Dominicae millefímo
leptingenteíimo vigeíimo , quoad illas , & illos , qux , & qui deinde
vacaverunt , vel d?inceps vacaturi , vel vacaturas fuerint , ab iilorum,
feu illarum refpeílivè vacationis refpeélivè die rcfpedlivè computan-*
dse ; cum hoc tamen quòd omnes , & íingulos fruílus , redditus , &
proventus prsEdiélos per dié>um Clementem PrardeceíTorem , & per
Nos per pra:fentes diãx Patriarchalis Ecclefiae Ulixboneníis Occiden-
talis Dignitatibus , & Canonicis prícdiélis , ut praefertur applicatcs',
,

& appropriatos , Dignitates , ac Capitulum , Canonici àld:x Pa-&


triarchalis Eccleíisc Ulixboneníis Occidentalis loco depofjti , doiicc
nova fervitii in eâdem Ecclefiâ Patriarchali Ulixboncníi Occidentali
ab eis prsílandi forina cum opportunis infuper ordinationibus h No-
bis , aut Pvomanis Pontiíicibus fucceíToribus Noílris prefcribatur , il-
laque debita: executioni deniandetur , & hujufmodi depofíti diílribu-
endi ratio iníimul Hatuatur , íntegros , Sc intaclos , deduílis dumtaxat
neceíTariis difpenfis aílervarc debeant , & aíTervari faciant , percipere,
exigere , & levare, & ad eífeílum perceptionis , & exaftionis hmuí-
moui pleniíTime aíTcquendum omnibus , & fmgulis privilegiis , inclul-
tis , facultatibus , iinmunitatibus cxemptionibus , aliifque gratiis,
,
tara
,

2^2 trovas do Liv. VIL da Hiftorla genealógica

tam in primò ejufdem Clementis PraedecefToris Literis , quàm


diíílis

in eifdcm prísíeiítibiis quomodolibet refpectivè conceífis , imparti- &


tis , pcrinde ac íi iníiniul , non autem íeparatim , conceíFa , impar- &
tita fuiífent ,
eaque tam in primò didlis Clementis PríedeceíToris hu-
juímodi, quàm in eiídem pr^efentibus refpectivè Literis totalitcr in-
ferta, ac ípecialitcr expreíTa fuiíTent , seque, ac pariformiter uti
irui , &gaudere liberè, &
licitè pcíllnt, &
valeant , diélâ Apoíloli-
câ au6tontate , Motuque pari , earundem tenore praefcntiuní concedi-
mus , & indulgemus. Ut autem tam praefentcs Noílras , quàm primò
divStae ejuídem Clementis Prícdecellbris in forma prícdidla expeditse
refpeíbivè Litera: , omniaque , & fingula in eis refpedlivè contenta
qi]í€ unum , eundemque diélae Patriarchalis Eccleíiíe Ulixbonenfis Oc-
decorem , illiufque Capituii , ac Dignitatum , & Canoni-
cidentalis
corum favorem refpiciunt , debitíc , paratíçque exccutioni , omnimo-
daque dcmandentur obíervantia; , Motu , ídentiâ, & poteftatis pleni-
tudine íimilibus dileólis etiam Filiis noftro , & Sedis Nún-
Apoílolicac
cio in PortugalliíE , & Algarbiorum Regnis nunc , & pro tempore
commoranti , necnon duobus dignioribus , & antiquioribus Miniftris
non tamen Reguíaribus , l'ribunalis Inquifitionis Regnorum pra;di6í:o-
rum nunc & pro tempore exiftentibus in locum dileílorum pari ter
Filiorum Inquiíitoris Gencralis , ac Auditoris , íeu Judieis Eccleíiaí-
tici Patronatus Rcgii , quibus unfi cum Núncio prsediíO o à di6lo Cle-
mente Prítdeceílbre primò diélarum Literarum in priTdi£la forma ex-
peditarum executio demandata , & commiíTa fuit , per prjufentes com-
niitimus , & mandamus: QiJatenus ipfi vel duo, aut unus eorumper ,

fe ,
fcu alios , etiam quavis diíficultate occurrente ,
vcl alium , à &
prícdido Clemente PrícdeceíTore , ac à Nobis non pra'visà , quce effe-
dum tam primò didarum ejufdem Clementis PraedeceíToris in dicbâ
forma expeditarum , quàm noílrarum prn:fentium refpeélivè Litera-
rum minimè rctardare valeat eafdem primò didas prxfati Clementis
,

Pr^edeceiroris , ac pra^fenteí: refpedivè Literas , tum quoad


noílras
quartarum partium prícdiílòrum frudluum , reddituum , & proven*
tuum naturaiium , induíVrialium , & civilium Patriarchalis, Archiepif-
copalium , & Epifcopaliurn , necnon quotarum partium friiéluum ,

reddituum, & proventuum ex Dignitatibus , ac Canonicatibus , &


Pr^ubendis Collegiatarum refpedivè Eccieíiarum prxfatarum , quàm
quoad tertiarum partium prasdicJtorum frutuum , reddituum , & pro-
ventuum naturaiium indufrrialium , S: civilium earundem Patriarcha-
lis , Archiepifcopalium , & Epifcopalium Eccieíiarum, necnon quo-
tarum partium fruduum , reddituum , & proventuum à Dignitatibus,
necnon Canonicatibus, & Prsebendis , ac Canonicatibus cum dimidia
Prxbendi , feu dimidiis Canonicatibus, & dimidiis Pra:bendis , nec-
non omnium , & fíngulorum fruduum , reddituum , & proventuum
ultimò didarum decem Dignitatum , refpedivè dijmembrationcs , &
applicationes , aliaque omnia , & fmgula à pra dii^-o Clemente Príe-
deceíforc per primò didlras' in forma praefatâ expeditas Literis , & à
Nobis per pr^rfcntes refpedivè concisa , & expreíTa dcbitse executio-
m demandari íaciant , ac ubi , &
quando opus fucrií , ac quoties pro
parte ,
-,

da Cafa %eal Tortugne^d»


parte , & ad inftantiam pro tempore exiílentium Capituli Dignita-
,

tum , & Canonicorum didoe Patriaichalis EcclefiíE Ulixbonenfis Oc-


cideatalis conjuníViíTi , vel divifim fuerint requifiti folemniter publi-
cantes , ciíque in prxMniíTis efficacis defenfionis prxfidio aííiílentes , fa-
ciant Apoftolicâ audorirate oinnia , & ííngula pra:miíra , necnon iii
primo dictis Oemcntis Pr.xdcceiroris pra^didli in di6lâ formâ expedi-
tis Literis contenta , «Sc exprella quECCiimque , qiiatenus cifdem pras-
fentibus non adverfentur , luuni dcbitum fortiri efFe6>um , ac ab om-
nibus , &
qiiibufcumque Períbnis firmiter , &
inviolabiliter obfervari,
& adimpleri ; non permittentes modernos , &pro tempore exiílen-
tes Capitulum , Dignitates , Sc Canónicos di6t2E Patriarchalis Eccle-
fias Ulixboneníís Occidentalis à quoquam fuper omnibns , &
íingiiíis
eis à pra:di6lo Clemente PrsedeceíTore per primô didVas Literas in
didlâ forma expeditas , &
à Nobis per pra^fentes refpeélrivè conceffis
quomodolibet moleftari , perturbari , aut inquietari Contradidores
:

quoslibet , &
rebelles per íententias , cenfuras , &poenas Ecclefiafti-
cas , aliaqiie opportuna júris , &
íadti remedia , appellatione poílpo-
íita compelcendo , invocato , etiam ad hoc , fi opus fuerit , auxilio
brachii fíecularis &
infuper Judicibus praedivílis , &
eorum cuilibet,
quoícumque omnium , & fingulorum príEmiíTorum necnon h Cle- ,

mente Pra'dece!rore pnxdiélo per primô di-f^as in forma prseíata ex-


peditas Literas cnnceíTorum eííeflum impedientes feu pro tempore
,

exiílentes Capitulum , Dignitates , & Canónicos pracdiílos fuper eif-


dem prasmifns , necnon ab eodem Clemente PriedeceíTore , ut praL;fer-
tur , conceflís mi>leftantcs , perturbantes eifque quovis modo con-
,

tradicentes etiam per edi6|-um publicam , conílito fumm.ariè de non


tuto acceífu , citandi , illifque , ac quibus , & quoties inhibendum
fuerit , etiam per ediílum quoad Patriarcham , Archiepifcopos , &
Epifcopos fub interdií^ ingreíFus Eccleíise , quò vero ad ali os infe-
i

riores fub excommunicationis , ac etiam pecuniariis , necnon priva


tionis Benefíciorum , & officiorum fsecularium , & Eccleílaíl-icorum
eorum arbitrio imponendis , moderandis , & applicandis poenis ínhi-
bendi , ac eos , quos cenfuras , &: poenas prasdidtas incurrilTe coníli-
terit , eas incrrri.fe fervatâ formâ Concilii Tridentini declarandi , ac
cenfuras , & pa^nas ipfas etiam iteratis vicibus aggravandi , rcaggra-
vandi , & int?ràicc;idi plenam , fk liberam Motu pari didlâ aiiílorita-
te concedimus faculta tem. Denique pro faciliori tam earundem diíti
Clementis Pra^decslforis in pracdictâ formâ expeditarum , quam nof-
trarum prseíentium refpeélivè Literarum executionc , & effedtu , Mo-
tu , Icientiâ , & poteíiate plenitudinc paribus decernimus , & decla-
ra mus , quod in eventum , in quem pro tempore exiílentes Patriar-
cha , Archiepifcopi , S-i Epifcopi , necnon Dignitates , & Canonici
aut quicunique alii Dignitatum , Canonicorum , & Benefíciatonrrn
di6í:ís Patriarchalis EccIeíi.T Ulixbonenfis Occidentalrs ratione applica-
tionum prsetatarum Debitores , íi folutionem ab eis debito tempore
faciendam quâcumque de causâ etiam íegitimã protrahere . feu indu-
biam revocare vellent , iJ rjt.llatcnus facere poírnt , nec fuper hcc fa
judicio , vel. extra aiidiri valcaat, aifí priiis fado depcíito juxta íly-
,

2^4 ^^'O'^^^ Llv, VIL da Hiftoria (genealógica

lum Regni Portugalíiíe iliius quantitatis , quas ab eis controverti


vellet , qiiòdqiie iii exadlioaibus faciendis ab hujuímodi Debitoribus
piocedi debeat via executiva, ut in debitis Regalibus , ac fummariè,
& íiue ílrepitu , &
figura judicii , ac Ibla íadi veritate inípeílâ. Vo-
lumus ulterius , &
eâdem audloritate deccrnimus, quòd Executores
pra:fati pro teiiipore cxiílentes íimul , vel feparatim in caiifís concer-
iientibus iiquidationem , exaílicnem , &
íolutionem quaríarum , &
tertiarum aliarumque quotarum partium difmembratarum , rcípedi- &
vè applicatarum pra^fatarum leniper fint Judices privativi, & jurifdi-
Qione ília uti valeant contra quafcumque períbnas , tam Archi- &
epiícopaíi , &
Epifcopali , quam alia quâcumquc dignitate prseditas
etiamíi períonas hujuímodi gaudeant privilegiis , aut índuhis , ut in
earuni caufis convcniri nequeant , niíi in eorum foro , & coram cer-
to corum Jildice , quae privilegia , quoad cauías liquidalionis , ex-
sdlionis 5 & íblutionis hujuímodi locum liabere non debere declara-
mus ; imò ca ad hunc efredlum revocanius , &
quatenus opus fit , pri-
vilegiis , tS: iíidultis hujuímodi quâvis etiam Apoâoiicâ audtoritate
eis foríhn conceílis ípecialiter , &
expreísè derogamus ; itaut íliper
cauíis prítíatis in nullo alio Tribunali , prsrterquam coram Judicibus
pradiv^lis pro tempore exiílentibus litigari poínt. PrsEÍentes quoque
íemper, & perpetuo validas, & eííicaces eire & fore , fuofque ple- ,

nários , & Íntegros eífeílus íortiri , & cbtinere debere , ac nullo un-
quam tempore , ex quocumque capite , vel ex qualibet causa quan-
tumvis legitima, & jurídica, pia privilcgiatâ , ac ípeciali nota digna,
eriam ex eo quòd Dignitates , Canonici , ac Beneficiati iXidix Patri-»
archalis Ulixbonenfis Occidentalis , ac pro tempore cxiílentes Patri-
archa Ulixboneníis Occidentalis , Árcliiepiícopi , & Epiícopi Portu-
galli.12 , & Algarbiorum Regnorum , necnon Dignitates , ac Canrni-
catus , & Prítbendas , necnon Canonicatus cum dimidia Pra^bendâ ,
feu dimidios Canonicatus , & dimidias Prabendas , praefatos nunc ,
& pro tempore obtinentes leu quicumque alii , cujufcumque digni-
,

tatis, gradus , conditionis , & praceminentiíE íinc, in pr£emiíiis, & cir-


ca ca quoniodolibet , & ex quâvis causa , ratione , afíionc , vel occa-
íione jus , vel intereíle habentes , aut quomodolibet habere prseten-
dentes illis non coníeníerint , aut ad iila vocati , & auditi non íue-
rint, & caufíc propter quas esedem emanaverint , adduélíe, verifica-
tí€ , & juftifícatcc non íiierint , de fubreptionis , vel obrcptionis , aut
rjullitatis, leu invaliditatis vitio , vel intentionis noílrís , aut jus, vel
intcreíre habentium coníenfus , aut quolibet alio quantumvis magno ,
Aibftantiali ,
inexcogitato , & inexcogitabili , ac fpecificam , & indivi-
duam mentionem ac expreíTionem requirente defedu
, , íive etiam ex
eo quòd in priTmiíIis eorumque aliquo frlemnitatcs
,
, & quíEvis alia
íervanda , adimplenda fervata , Sz adimpleta non íuerint, aut ex
<5^

quocumque alio capite àjure, vel faf>o, aut ílatuto , vel coníuetudi-
ne aliqua refultante, feu etiam enormis , enormiíísmíE , toraliíque Lx-
íionis , aut quocumque alio colore, pra^textu , ratione, etiam in cor-
pore júris cíausâ , cccníione , aliave causa , etiam quantumvis juftâ ,
raíionabiii j legitima , jurídica , pia ^ privilegiata etiam íaii , quse ad
eriedum
,,

da Cafa ^al Tortttgne\a.

eíFeítum validitatis prscmiíTorum neceíTaiiò exprimenda foret , aiit


quòd de voluntate nofíra hujuímodi , & aliis íupcriús expreílis niilli-
bi appareret , íeii alias probari poíTet , notari , imp ugnari , invalida-
ri , retraólari , in jus , vel controvcríiam revccaii , aut ad términos
júris reduci , vel advcrfus illas reílitutionis in integrum , aperitionis
oris, redudionis ad viam , &
términos júris , aut quodcumque júris,
fadli , gratia: , vel julHtia: remedium impctrari , íeu qucniodolibet
etiam Motu , &
poteíiatis picnitudine íimilibus conceíTo , aut impe-
trato , vel emanato , uti , íeu íe juvare in judicio , vel extra , poííe,
neque eafdem príefentes fub quibuívis ílmilium , vel diííimiíium gra-
tiarum revocationibus , fufpeníionibus , liniitationibus , rr.odificationi-
bus , derogationibu« , aliiíque contrariis diípofitionibus etiam per Nos,
& lucceíTores noftros Rcmanos Pontiíices pro tempore exiílentes
& Sedem Apoílolicam pracfatam , etiam Motu pnri , ac ex certa fci-
entiâ , etiam Coníillorialiter , &
quibuívis de cauíis , ac fub quibuf-
cunique verborum tencribus , &
formis , ac cum quibufvis claululis
& Decretis , etiamfi de eiídem pfsefentibus , eorumque toto tenore ,
ac data fpecialis mentio FxCret , pro tempore faciendis , conceden- &
dis , comprehendi , fed femper ab illis excipi , ,
quoties &
illse cma-

nabunt , toties in priílinum , ac eum , in quo antea quomodolibet


erant , ílatum reftitutas , repoíitas , &
pknariè rcintegratas , ac de
novo etiam lub quâcumque poftericri data quandccumque eligendâ
concedas eíFe , &: fòre , íicque , Sz non alias in príemiíTis omnibus , &
íingulis per quofcumque Judices Ordinários , vel Delegatos , etiam
cauíarum Palatii Apoílolici Auditores , ac ejufdem Sandias Romanse
Ecclefiae Cardinales , etiam de Latere Legatos ,
Vice-Legaíos , di-
(flaíque Sedis Núncios , &
alios quofcumque quâvis aucloritate , po-
teílats , ofHcio , &: dignitate fungentes , ac pricrogativâ , privilegio,
pnriminentia , &
honore fulgentes , fublata eis , Sr eoruni cuilibet
quâvis aliter judicandi , interpretandi facultate , & auíS-oritate; in
&
qiiocumque Judicio , &
in quâcumque inftanciâ judicari , definiri &
debere ; 8z fi fecus fuper his à quoquam quâvis aucloritate , fcicníer,
vel ignorantcr ccntigerit attentari , irriíum, & inane decerninuis.
Noii obílantibus noílris , &
Canceílaris Apoílolicas de prajítandaccn-
fenfu , de jure quaíito non tollendo , de exprimendo vero annuo va-
lore , ac de unionibus
,
aliifque in ccntrarium pr^Emiílbruni quomodo-
libet cditis , vel edendis regulis, ac Laterancníls Concilii noviílnr.è
celcbrati uniones , feu applicationes perpetuas, nonniíi in ccrtis ca-
fíbus , íieri prohibentis , ac difmembrationes perpetuas fuper Patriar-
chalium , Archiepifcopaliuni , &
Epifcopalium meníarum frudíiibus ,
redditibus, &
provcntibus, nonniíi excellionis , aut alia raíionabiJi
causa , quac in ConíiíVorio noílro jufra , &
honeíla habita fúerit , ac
certis aliis modo, &
forma in dido Concilio expreíFs , referva ri íi-
militer proliibentis ; nccnon quoad prícfatam Executorum deputntio-
^nem recolendíu memorias Bonifacii PP. VIU. f militer Prsdeceílbris
noítri , aliifque quibufvis in contrarium prícmilforum , etiam in Syno-
dalibus , Univerfalibus , &
Provincialibiís Conciliis editis , vcl eden-
dis, fpccialibus , vel generalibus Conílitulioíiibus , & Ordinationibus
Tom. V. Li Apoílo'
, ,

té 6 trovas do Lh. VIL da Hlftorla Çcnealogica

Apoftolicis , ac Patriarchalis Ulixbonenfis Occidentalis , ac Archiepif-


copalium , & Epifcopalium Ecclefiarum prasfatarum etiam jurairiento,
confírniatione Apoílolicâ vel quâvis firmitate alia reipedtivè robora-
,

tis Statutis ,
eoruiidemque Statutorum reformationibus , novis edi- &
tiohibus , ftylis , ufibiis , &
confuetudinibus etiam immorabilibiis
diípofitionibus , &
ultimis voluntatibus in contrarium eorundem prae-
miírorum quibufcunique , privilegiis etiam ex fundatione competenti-
bus à Nobis , feu à quibufcumque Romanis Pontiíicibus PrícdeceíTo-
ribiis noílris refpedivè conceííis , necnon indultis, & Literis Apoílo-
licis , earumque fuperioribus ,
iliis
,
&
Perfonis , ac Locis quibufcum-
que etiam fpeciali , fpecifíca , expreíTa , &
individua mentione dignis,
fub quibufcumque tenoribus , &
formis , ac cum quibufvis etiam de-
rogatoriarum derogatoriis , aliifque efficncioribus , efficaciíTimis , in- &
folitis claufulis , irritantibufque , &
aliis Decretis in genere , vel in
fpecie , etiam Motu pari , ac etiam Coníiftorialiter , aut alias quomo-
dolibet , etiam iteratis vicibus , in contrarium pracniiíTorum conceííis,
approbatis , confírmatis , &
innovatis ; etiamíi in eis caveatur expref-
sò , quòd illis per quafcumque Literas Apoílolicas etiam Motu íimi-
li , deque pari Apoílolicae poteftatis plenitudine pro tempore concef-

las , quafcumque etiam dcrogatoriarum derogatorias claufulas in fe


continentes, illis derogari non poíHt, neque cenfeatur eis derogatum;
quibus omnibus , &
íingulis , etiamíi de illis , eorumque totis tenori-
bus fpecialis ,
fpcciíica ,
expreíTa , &
individua mentio facienda , aut
aliqua alia exquifita forma ad hoc fervanda foret , eorum tenores eif-
dem prícfentibus , perinde , ac fi de verbo ad verbum , nihil penitus
omi.To , hjc inferti forent , pro plenè , fuíKcienter expreíTís,& &
infertis liabentes , illis alias in fuo robore permanfuris , ad príemiíTo-
rum omnium , &
íingulorum validiííimum efteélum hac vice dumtaxat
latiííimè , &
pleniííimè , ac fuíHcienter , necnon fpecialiter, expref- &
sò Motu fimili derogamus , cíeterifque contrariis quibufcumque. Vo-
Jumus auíem , quòd pro tempore , promovendi ad Patriarchalem
Ulixbonenfcm Occidentalem , ac Archiepifcopales , Epifcopales Ec- &
cJeíías príEdi61as in expeditione Literarum Apoftolicarum fuper pro-
nmotione de eorum Perfonis ad eafdem Patriarchalem Ulixboncíifem
Occidentalem, ac Archiepifcopales, &
Epifcopales Ecclefías Apoílo-
licâ aucloritate pri^diítâ facienda redudlionem taxíe , feu coir.munis
propíer diímcmbrarionem tertií^ partis earum fnn5liium , reddituum ,
& proventuum praíditflorum , per Nos , ut pra:fertur , faílam nullo
níodo prsetendere valeant ; perinde ac fi dilhiembratio , fcparntio , ac
lejunítio, necnon applicatio , &
appropriatio hujufmodi fadla: non
fuiíTent. yolumus ,
quod ornnium , & íingulon in fiu-
príçterea
éí:uum , reddituum
, prove^ntuum &
defupcr expreíTorum prffdiélcrum
teríia , dimidia , ac tres ex quatuor refpeclivò partes , à Nobis per
pra:feiites, ut pra^ícrtur, difmcmbratíe , êc applicatce pra^difla; in eo-
rundem frucluum fpecie , eorumque cventuali quantitare , etiiimíi
quantitas hujufmodi maior, vel minor fueiit quantitate iilâ , quíc pra:-
fentibus exprelfa rcperitur , perfolvi dcbeant Nulli ergo omnino :

lioiuiiimn liceat iiaac pa^inaui noílríe abfoiutionis^ approbationis


£oníirn:a-
,,,

da Cafa ^eal Tortugue^d. l6j


confírmationis , innovationisfeparationis , cifmembrationis , fejiin-
,

élionis , exemptionis , libeiationis , applicationis , appropriationis ,


conccíTionis , indulii , refcrvalionis , aíTignationis , lanationis', rcintc-
gratioiíis , revalidationis , commiíTioiíis , mandati , dcclarationis , lia-
tuti , decrcti , dcrogationis , &
voluntatis infringere , vcl ci auíli te-
merário contrairc iSiquis
: autem hoc attentare príefumpferit , indigna-
tionem Omnipotentis ac Beatorum Petri ,
Dei ,
Paiili Apoftolo- &
rum ejiis Te noverit inciirfurum. Datum Roma^ apiid Sandam Ma-
riam Maiorem , aiino Incariiationis Dominicse millefimo íeptingente-
finio trigefimo feptimo , íexto Idus Februarii Pontiíicatus noílri an=
no OkSlavo.
Loco ^ BuUíe Aureje.

BuHa do Papa Clemente Xíl. em oue declara^ e revalida as de


Jciis prcdecejjores , os Papas Clemente XI, e Innocencio XIII,

CLEMENS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI.
Ad perpetuam rei memoriam.

"13 Omanum decet Pontifícem vigilantise , &


auctoritatis fuíe partes
j^:^ n. I 2
, ut ea , quíe ad Divini fervitii decorem , il-
libenter interpoiíere
liuique incrementam à PríedeceíToribus fuis pr^fertim ad religiofa An. 17 3 7*
Chriílianorum Principum erga decorem ipfum vota complendum , lau-
dabili amore conceíTa fuerunt , femotis quibuslibet dubiis per provi-
dam mentis declarationem fuum ad Divini Nominis dcbitum
plenariumque fcrtiantur effedum. Cum itaque , ficut accepimus
alias íèlicis recordationis Clemens Papa XL Pra^deceíTor noíler fub
Datum videlicet Qiiinto Kalendas 06lobris Pontiíicatus fui anno vi-
gefimo certis , rationabilibus , fibique notis cauíis tunc adduílus , ac
kudabilibus Chariílimi in Chriílo Filii noílri tunc fui Joannis hoc
noniine Quinti PortugaiiiíE , & Algarbiorum Régis Illuftris , qui af-
fiduo Divini decoris in íuis Pvcgnis promovendi angitur zelo , vctis
benignè annuens ad congruíe , debita:que Dignitatum , à Canonico-
rum Patriarchalis Ecclefiíe L^ixbonenfis Occidentalis , in eâ Beneíx- &
ciatorum , aliorumque Miniílrorum inibi infervientium , quos Cle-
jnens Prit-deceífor , & Joanncs Rex pnxdidi erga ipfius Patriarcha-
lis Eccleíiíe decorem ApoílolicíE liberalitatis ,
Regiaeque largitatis cha-
rifmata inter regiifque decoraverant in-
fe a:mulantes meliora facris
,
figniis , privilegiis , &
induitis , confulendum fubílentationi , manu-
tentioni , aliorumque onerum fupportationi à prí^di^lâ Patriarchali
Ulixboneníi Occidentali , ac Archiepifcopalibus , E,pifcopalibus Ec- &
cleíiis in PortugalIÍ£e , &
Algarbiorum Regnis pra^diAis exiítentibus
e rumque reipeólivè fru6í:ibus , redditibus proventibus , bonis , re-
,
bus , & proprietatibus ad eas , &
earum quamlibet quocumque tiiu-
Tom. V. LI ii io
209 T^rovãS do Llv. VIL da Hijlorla Çenealogtca

lo, jure, &


adione quomodolibet fpeâantibus , 8^ undecunique pro-
venicntibus eorundem rerpedlivè , frii6luum , reddituum , proven-&
tunm refpc£livè quartam partem infíniiil fummam triginta trium mil-
lium centiim triginta feptem ducatorum auri de Camera conftitueii-
tera: Ex omnibus vero , &: fmgulis de Barcellos Brachareníis , ac cx
oranibus , &
fingulis Sandae Mariac de Ourem Leirienfis , quae , &
qui de dile-fliflimi Filii noftri Jofcphi Priiicipis Brafiliae , Bragan-&
tiíe Ducis ; atque ex omnibus , &
íingulis qux , &
qui de pra;di£i:i
Joannis R.egis refpeílivc Jurepatrcnatus ex fundatione , vel dotatio-
ne , feu privilegio Apoílolico , cui ncn eft hadlenus in aliquo dero-
gatum , refpeítivè exifcunt , refpeclivè Dignitatibus , ac Canonicati-
bus , & Prsebendis farcularium , Sc iníignium CoUegiatarum Eccleíia-
rum SandlíE Marise de Alcaçova de Sanílarem reíipe£tivè Oppidorum
Ulixbonenfis Orientalis refpe^Slivè Dioeceíis omnium , &
fingulorum
carum , &eorum cujuslibet refpeílivè fru6luum , reddituum , pro- &
ventuum undecumque , & quomodocumque provenientium , in &
quâcumque re coníiílentium ad illas & illos & illarum quamli-
, , ,

bet, &
illorum quoslibet reípeélivè pro tempore quomodolibet, ac
quocumque titulo, jure, & aílione fpeélantium certas refpe61ivè par-
tes iníimul fummam fexcentorum feptem ducatorum auri de
bis miile
Camera hujufmodi confcituentes , Motu próprio ,
, &
ex certâ fcien-
tiâ , maturâque deliberatione fuis Apoílolicâ ejus audloritate difmeni-
braverit , &
feparaverit Necnon Sanélse Maria; Oppidi de Óbidos
:

Ulixbonenfis Occidentaíis Dioeceíis , fuper cujus fru6Í:ibus , redditi-


bus , & proventibus peníio annua antiqua nonaginta unius ducato-
rum auri íimilium cum dimidio alterius ducati paris áiõx Patriarcha-
li Eccleíipe Ulixboneníi Occidentali diétâ Apoftolicâ auéíoritate tunc

refcrvata reperiebatur , &


quam diélus Clemens Prsedeceífor tunc ex-
tinélam , &
cum fru6Vibus , redditibus , &
proventibus , prout infra,
applicatis confolidatam remancre \oluit ; ac Sanóli Mametis Loci de
Lindofo , ac Sandi Jacobi Loci de Anha , ac San&x Marise Oppidi
de Chaves Brachareníis refpeílivò Dioeceíis forfan habitual em tan-
tíim , non tamen adlualem curam animarum habentes Ecclefas , feu
Capellas , aut refpedlivò in eis , vel aliis Oppidorum , &
rel"pe61:ivè
Locorum hujufmodi EccIcíjís totidem perpetua ílmplicia Benefcia
Eccleíiaftica Prioratus , feu Abbatias refpeólivè nuncupatas , feu nun-
cupata , ad , vel fub SanéVa; Marias, ac Saníli Mametis , &
Sandli Ja-
cobi , necnon Sandlse Maria; hujufmodi refpeélivè Altaria , feu refpe-
ílivè invocationibus , quarum , feu quorum prim.ò , &: fecundo diébae,
feu primo , &
fecundo dicla , de ílmili diíli Joannis Régis , reliqu^
vero áux j feu reíiqua duo Eccleíla: , leu Capellas , aut Beneficia hu-
jufmodi de praefati Jofephi Brafili^ Principis , &
Bragantiíe Ducis
refpeflivè Jurepatronatus ex fundatione , vel dotatione , feu privile-
gio Apoílolico , cui non eft haélenus in aliquo derogatum , refpedli-
vè exiílere dignoícuntur , &
primo diclam , feu primo diòlum certo
time expreíTo miodo vacantem , feu vacans , necnon fecundo , tertiò ,
& quarto di6las Ecclefias , feu Capellas , aut Beneficia hujufirodi ex
tunc 5 8í cum primum illas , feu illa quomodolibet ex illas y feu illa
refpe-
,

da Cafa *Real Tortugne^^a, iSp


rcrpe6livc obtincntiiim rcfpeélivè Perfonis vacarc contigiíTet , illa-
rumque, feu illciiim títulos coilativos Apoftolicâ auéloritate pr-ufata
perpetuo íuppreírcrit , & extinxcrit ; ac quartam partem omnium , &
quorumcumque frudl:uum , reddituum , & proventuum Patriarciialis
Ulixboneníis Occidental is , ac Archiepifcopalium , & Epiícopalium
Ecclefiarum hujufmodi fic difmembratam , & feparatam Dignitatibus,
ac Canonicatibus , & Prasbendis divla: Patriarchalis Eccleíia: Ulixbo-
neiífis Occidentalis ab eas , & eos tunc , & pro tempore obtinenti-
bus fub ccrtis modo , &: forma tunc expreíTis percipiendam exi/ren-
dam , & inter eos dividendanj , pro earum , & eorum reípeòlivò Pras-
bendarum aiigmcnto , necnon duas tertias partes fruíluum , reddi-
tuum , & proventuum cx Dignitatibus , ac Canonicatibus , & Prae-
bendis Colicgiatarum Ecclefiarum prxfatarum fic , ut praefcrtur , dif-
mcmbratorum , & íeparatorum íub certis pariter modo , & forma
tunc expreílis inter Dignitates , ac Canonicatus , & Pra:bendas di6>x
Patriarchalis Ecclcfiíc tunc , & pro tempore obtinentes fimiliter di-
videndas ; necnon quatuor Ecclefiarum , íeu Capellariim, aut quatuor
Benefícíorum , ut prí^fertur , íuppreíTarum , & extinclarum , íeu íup-
preíForum , & extinélorum , frudlus, redditus, B: proventus , dedu-
Oíis tamen cx eis unâ viginti novem fuper tertiò áiô:x , feu tertiò di-
d:i , 8^ altera penfionibus annuis quinquaginta feptem ducatorum au-
ri fimiliiim fuper qunrtò á\0:x , feu quarto diíli , Ecclefiarum , feu
Capellarum , aut Bcncfíciorum hujufmodi refpeflivè frudlibus , rcddi-
tibus , & proventibus alias CapelliS Ducaii Oppidi de Villa-Viçofa
Elvenfis Dioecefis Apoftolicâ aufSloritate prsefntâ refervatis , quas fal-
vas , & illa^fas idem Clemens Pr.xdeceílbr remanere , & ut antca fol-
vi debere voluit , necnon rcliquam tertiam partem fru6luum , reddi-
tuum, & proventuum ex Dignitatibus, & Canonicatibus, Sc Prx-
bendis Collegiatarum Ecclefiarum prísd!â:arum , ut praríertur , dif-
niembratorum , & fcparatorum duodecim Beneficiis ejufdem Patriar-
chalis Ecclefiae Ulixbonenfis Occidentalis , fupportatis , tamen per cos
omnibus , & fingulis quatuor Ecclefiarum , feu Capellarum , aut qua-
tuor Benefícíorum hujufmodi refpeólivè oneribus , Motu , fcientiâ ,
& diliberatione fuis fimilibus Apoftolicâ auòtoritate prsefata refpefli-
vè apphcaverit, & appropriaverit Ac pro eo quòd diclus Joannes
:

Rex , ut non folum quoad tertiò , & quarto díAarum Ecclefiarum


feu Capellarum, aut tertiò, & quartò\ didorum Beneficiorum fup-
prefllonem , & extimflionem , verum etiaiti quoad Dignitatum , ac Ca-
nonicatuum , 8c Príebendarum Collegiatarum Ecclefiarum diélorum de
Barcellos , & de Ourem Oppidorum , de diéli Jofephi Principis , &c
Ducis Jurepatronatus praefato exiftentium difmembrationem , ejufdem
Jofephi Principis, & Ducis, ejufque Bragantinae Domus Jurifpatro-
natus hujufmodi indemnitati íEquivalcnter confiileret , eidem Jofepho
Principi , & Duci Jufpatronatus , Sc pra^fentandi ad unam Noílra: Do-
miníE da Torre de Moncorvo, & ad aliara Sandi Salvatoris da In-
fefta , ac ad aliam Saudai Maria; de Monção , ac ad aliam Sandi
Martini de Bornes , ac ad aliam Sandlic Mariae de Alijó Redorias
tefpedivè iiuncupatas Bracharenfis , ac ad aliam Síindi Petri de Fari-
,

Z']o Trovas do Lh, VIL da Hiftoria Çenealogica

niia Podre, ac de Villa-Nova de Cea, ac ad aliam SandlíE Marias


AíagnsE niincupat^e de Loriga , ac ad aliam Sandi AndreíE do Ervedal
Vicárias refpeílivè nuncupatas , ac ad aliain San6líu Mariae de Vinho,
& de Mangoalde , necnon ad reliquas Paroch ales Eccleffas Prioratus
refpeílivè nuncupatas Sandi Vincentii de Villafranca Colimbrienfis
relpeíílrivè Dicxceíis
,
quíe de riniiii Jurepatronatus di(£li Joannis Ré-
gis ex fundatione , vel dotationc , aut ex privilegio Apoílolico , cui
non erat eatenus in aliquo derogatum , exiílere dignoícebantur nec- ,

non jus conferendi Teu pro íe retinendi Commendam Sancli Micliae-


,

lís de Tres Minas Álilitia^ Domini noílri Jeíii Chrifti cujus Militise
,

didus Joannes Rex Gubernator & perpetuus Admiriiílraíor exifrit,


,

di<£líííc|ueCommendse bona conceíTerat , &


aííignaverat , conceílionem,
& aííignationem hujufmodi idem Clemens PriedeceíTor , didâ ejus
audoritate confírmavcrit , &
approbaverit , didumque Joannem Re-
gem dida; Militiae Gubernatorem , &
Adminiílratorem à juramento
per eum prícílito de non alienando bona diclíe Militia; dióH ejus
Apoílolicâ aufloritate ad príeniiíTorum dumtaxat eíleclum abíolverit,
& iiberaverit , aliaque circa diTmembrationem , applicationem príedi-
6ras , carumque debitum ePicélum fortiendum providè difpoíuerit,
conceíTerit , & indulíerit, prout in Literis ab cjuídem recordationis
Innocentio PP. XIIÍ. íimiliter PrsedcceíTore nofrro in forma Ratiom
congruit , fub Datum videlicet apud Sandlum Petrum anno Incarna-
tionis DomjnicíE milleíimo íeptingenteíinio vigermio prnr.o , quinto
decimo Kalendas Junii Pontiíicatus fui anno primo defuper expeditis
plenius continetur. Cumque , ficut etiam acccpiraus , pra^dida Villa-
Viçoía non F.Ivcníis , prout in Literis pra;dj(5iis per errorem expref-
fum fuit, fcd Elboreníis Dioeceíis exiílat ; nonnuliifque Beneíiciis in
Collegiatis Ecclefiis prsefatis reípedivè exifrentibus adualis , vel ea ,
qua: per Vicários perpétuos excrceri íblet cura , nullâ de cura hujuf-
-iiiodi in eifdcm Literis fadâ mentione , immincat animarum ; diduf-
que Joannes Rex non jus aliis conferendi pracfatam Commendam , íed
illam , illiuíque bona pro fe dumtaxat retinendi dido Jofepho Prin-
cipi , &
Duci , Domufqiie Bragantina: pr^efatíe fucceííbribus perpetuo
cohceflerit , & aííignaverit Nos propterea , nè de di6li Clementis
:

Pra^deceiroris intentionis defedu Literas prícíhtas in didâ formâ expe-


ditas nofari aliquando contingat ,
' &
ea , quíe à pracdido Clemente
PraídeceiTorc ad maiorem Divini Nominis gloriam , maioremque Di-
vini fervitii decorem vigili , providoque fcudio fada dignofcuntur
eorum debitum eíiedum foríiri cupientes , ac diledos Filios moder-
nos Dignitates , ac Capitulum , & Canónicos , necnon Benefíciatos
dida; Patriarchalis Eccleíiaí Ulixboneníis Occidentalis , & eorum
Guemlibet , à quibufvis excommunicationis , fufpenfionis , & interdi-
di , aliifque Eccleíiaílicis fententiis , cenfuris , & poenis à jure , vel
ab homine quâvis occaíione , vel causa latis , fiquibus quomodoli-
bet innodati exiftant , ad eífedum príEfentium dumtaxat confequen-
durji harum. ferie abfolventes , & abfolutos fore cenfentes ; necnon
Literarum ejufdcm Clementis PraedeceíToris defuper in didâ formâ
expcditaruni totum, &
integram tenorem, ac íi de verbo ad ver-
bum
,,

da Cafa %eal Tortugues^a, 271


bum omifib prcefcntibus noílris Literis infertus foret
nihil penitiis
pro expreíTo habentes , Motu fimili , deque ApoftolicíE potcílatis ple-
nitiidine noílris ,
pricfati Clementis Prícdeccflbris in didba forma , iit
prícfertur ,
expeditas Litcras prsefatas cum omnibus , &
íingulis om-
niiim , &
fingiilorum reípe»5l:ivè frudluum , reddituum , &
proven*
tuum príefatoruin reí"pe6livè difmembrationibus , fcparationibus , illo-
rumquJ rcípedlivè quantitatum applicationibus , appropriationibus
diviíionibus , ac folitionibus Dignitatcs , ac Canonicatus , &
Pn^ben-
das in diftâ Patriarchali Eccleíiâ Ulixboncnfi Occidental i rcípcílivè
obtinentibus , ut pra'fertur , faciendis nccnon didlarum Ecclefiarum,
feu Capellarum , aut Benefíciorum hujufmodi fuppreíTione , &: extin-
(S^ionc , necnon unione , annexione , &
incorporatione ejufdem Patri-
archalis Eccleíiíc Ulixboneníis Occidentalis Bcnefíciis in eorum dotis
augmcntum , earundcm Ecclefiarum , feu Capellarum , aut Beneficio-
rum hujufmodi refpcdlivè fruóluum , reddituum , &
proventuum ap-
plicatione , illorunique divifione , ac folutione Clericis , feu Presby-
teris Beneficia in diíla Patriarchali Ecclefiâ Ulixbonenfi Occidcntali
pro tempore obtinentibus , aliifque didlae Patriarchalis Ecclcfiíe U!ix-
bonenfis Occidentalis ufibus applicatione , &
appropriatione ; nec-
non di6Va; Commendse , aliorumque bonorum ad didli Joannis Régis
Coronam fpLV^antium conceíFione h pr.Tfato Joanne Rege ad confu-
lendum ejufdem Jofephi Principis , &
Ducis , príEfata:que Domus
Bragantinx indemnitati pro ceííione Jurifpatronatus , quod eidem Jofe-
pho Principi, (Jr Duci , diteque Domui Bragantina^ , ut pr^fertur,
quomoJolibet competebat , ad difmembrationis , feparationis , fup^
preíTionis , unionis , applicationis , &
appropriationis prsefatarum ef-
fedlum , ut prsefertur , faílâ femper validas , &
cííicaces exiftere
fuofque plenários , &
Íntegros eíFeé>us fortiri , &
obtinere ,
perinde
ac íi in eildem Clementis PrírdeccíToris in forma príefatâ expeditis
Literis , quòd Villa-Viçofa pra fata non ElvCníis , fed Elborenfis Dioe-
cefis exiftit ,
quòdque nonnuUis cx
Beneficiis in CoUegiatis Ecclefiis
pracfatisexiítentibus acVualis , vel ea , quae per Vicários perpétuos
exerceri folet , cura imminet animarum , expreífum , &
quoad prefa-
tam Commendam Sanéli Michaelis non jus
illam conferendi , fed il-
lam ,
illiufque bona pro fe dumtaxat retinendi ptíefato Jofepho Prin-
cipi , & Duci , Domufque Bragantinas pra:fatne fuccelforibus ad ejus
indemnitati confulendum conceííum , &
aífignatum à didio Clemente
Praídecelfore , ut pra;fertur , approbatum , &: confirmatum fuiíTet,
Apoftolicâ aucloritate tenore prpcfentium decJaramus , decernimus , &
ftatuimus. Ac infuper cidem Jofepho Principi , & Duci , ac pro
tempore exiftenti Bragantina: Donius prscfatíE PoíTeílbri , feu Admi-
niftratori , ut ipfe ejufdemque Bragantina: Domus Pofiliííror , feu Ad-
miniftrator pro tempore cxiílens , pra;fatus , etiamfi minor , aut foe-
mina , pra:fi tanque , aut alteri Militise ejufdem , vel altcrius cujuícum-
que Ordinis addi^lus non cxiftat, nec pracfatae , aut altcrius Militis
.

habitum, infigniaque gerat , neque fervitia Miílitaria in Africano


bello , adversus inhdeles , juxta ejufdem Miiitia: Domini noílri Jefu
Oiriíli ítatuta^ &í íhbilimenta , ad ejufdem Miiitiíe Doniini nofirii
Jefu
,,,

2 trovas do Liv. VIL da Hljloria Çenealogíca


Jefu Chriíli Commendas aíTequendas requiíita prseftiterit , aut alio
quocuinqiie impedimento detineatur , Commendam Sandli Michaelis
JiUjufmodi , illiuíque bona , res , proprietates , & jura qua^cumque
retinere liberè , &
licitè poíllt , &
valeat , Motu , fcientiâ , & potef-
tatis plenitudine pn^fatis di6lâ Apoílolicâ auétcritate perpetuo con-
cedimus, &
indulgemus , di6lumque Joannem Regem à juramento
prnefato , voto , feu obligatione quâcumque de non alienandis primo
áiõ:x Militiae, ejufdemque Coronse bonis , quatenus opus íít , ad
prazmillbrum dumtaxat eíieclum de novo abíblvimus , & liberamus.
PríEÍentes quoque noílras Literas femper , & perpetuo validas & ef- ,

íicaces exiílcre ,
íuoíque plenários , & Íntegros eíleólus íortiri , &
obtinere debere , nec eas uilo unquam tempore de liibreptionis , vel
obreptionis , aut nullitatis vitio , feu intentionis noílras , vel alio
quovis deífeélu ex quâvis causa , & quocumque pra:textu , qufffito
colore , vel ingenio notari , impugnari , invalidari , retraclari , retar-
dar! , & ad términos júris reduci , leu in jus , vel controveríiam re-
vocari , aut adversas illas quodcumque júris, vel fadi , aut gratia:
remedium impetrari polFe , ficque noftríe mentis , intentionis, & vo-
luntatis fore , & eíTe , & ita per quofcumque Judices Ordinários , vel
Delegatos quâvis auáoritatc fungcntes , etiam Cauíarum Palatii Apof-
tolici Auditores, ac Sanólís Romana: Eccleílae Cardinales , etiam de
Latere Legatos , Vice-Legatos , didasque Sedis Núncios , íublatâ eis,
& eorum cuilibet quâvis aliter judicandi , defíniendi , & interpretandi
facultate ,
&
auéloritatc in príEmiílis omnibus , fingulis judicari&
dcíiniri , &
interpretari debere , &
fi fecus íuper his à qucquam quâ-

vis auíloritate fcienter , vel igncranter contigerit atteníari , irritum


,
S: inane decernimus , Sc ftatuimus. Non obílantibus noílrâ de jure
quazíito non tollendo , aliifque Cancellariae noftra; Apoílolicâ regulis,
^ quibuívis Apoííolicis etiam in Provincialibus , & Synodalibus Con-
ciíiis editis fpecialibus
, vel generalibus Confiitutionihus , Ordina- &
tionibus, necnòn primo didlíe MilitiíE etiam juramento , coníirmatio-
ne Apoílolicâ , vel quâvis firmitate alia roboratis fratutis , confue- &
tudinibus , priviiegiis quoque , indultis , &
Literis Apoííolicis quibuf-
vis Períbnis íub quibuícumque tcnoribus , Sz íbrmis , etiam Alotu
ícientia , &
poteílatis plenitudine paribus , etiam Conííílorialiter quo-
modolibet conceííis approbatis ,
,
&
innovatis ; qiiibus omnibus , &
íingulis , etiamíi de illis eorumque totis tcnoribus fpeciaíis fpecifica,
,
exprcíía , &
individua mentio fiicienda , aut aliqua alia exquiíita fcrma
ad hoc íervanda foret , eorum tenores eifdem pracfentibus perinde
,
ac íi de verbo ad verbum niliil pénitus omiílb híc iníerti forent pro
,
plenò , & fuíHcienter expreíOs , &
iníertis habentes , illis alias in fuo
robore permaníiiris , ad eíFcélum earundem prarfentiiim onmiumque,
,
& ílnguloruni prxfatorum validitatis , hac vice dumtaxat Motu , fci-
entiâ , & au(5loritate , ac poteílatis plenitudine pniííatis harura ferie
derogamus , carterifque contrariis quibufcumque. Nulli ergo cmni-
no hominum liceat hanc paginam noílras abfolutionis , declarationis
conccííionis , indulti , libcrationis , decreti , ílatuti , derogationis in-&
íriiigere j vel ei aufu temerário contraire. Siquis autcm lioc attenta-
re
da Cafa ^eal Tortugue^d.

re príErumpferit , indignationem Onínipotentis Dei , ac Beatoriim


Petri , & Pauli Apoftolorum ejus fe noverit incuríurum. Datum Ro-
nise apud Sandam Mariam Maiorem , anno Incarnationis Dominica^
millefimo feptingentcíimo trigcfimo fcptimo , Nonis Fcbruarii Pouti-
íicatus noftri anuo o(^avo.

Loco ^ Bullae Aurese.

Bulla porcjuâ o Papa Eugenia IV. concedeo a EíRey D, Jj^on*


Jo V, íjue na Jua Real CapellaJe ohfervqjje o rito da Igreja
Romana,

BULLA EUGENII IV.


Quod in Capella Regia Hor£ Canomc£ , Mijpe , alia Divina Of-
ficia juxta morem Romana Ecclefia celebrentur,

EjUgeniiis Epifcopus fervus fervorum Dei chariífimo in Chriílo Num. XIX


íifio Alphonfo Portugalliíe
, &Algarbii Regi illuftri falutem
,
& Apoftolicam benedidlionem. Meruit tuíe nobilitatis, atque devo'
tionis finceritas , ut te paterno coafoventes aíFe(5lu , precibus tuis
quantum cum Deo poíTumus , annuamus. Cum itaque , íicut tua no-
bis nuper exhibita petitio continebat , in dicendis Horis Canonicis
morem Romaníe Eccleíise in Capella tua obfervari fpeciali dcvotione
deíideres , nos tuis in hac parte fupplicationibus inclinati , ut per
CapcUanos , & Cantores tuos pro tempore exiftentes , Horas Canó-
nicas , necnon Miifas , & alia Divina Officia , juxta rituni fupradidíum
in dicla Capella celcbrari facerc poílis , ipíique Capellani , & Can-
tores , ut príemititur , pro tempore exiftentes , Horas , necnon Mif-
fas, & Oiíicia hujurmodi juxta morem hujuíiuodi dicere valeant, nec
teneantur , fi voluerint ad morem , veí ordinem alium fuper his ob-
fcrvandum :devotioni tuíE , necnon Capellanis , & Cantoribus eif-
dem audoritate Apoftolica tenore pr.TÍentium de fpeciali gratia i?i-
dulgcmus. Niilli ergo omnino hominum liceat hanc paginam noftrse
conceíTionis infrini^cre ; íiquis autem hoc attentare pra:furapferit , in-
dignationem Omnipotentis Dei , & Beatorum Petri , & Pauli Apof-
tolorum ejus , fe noverit incurfurum. Datum Florentia; anno Incar-
nationis DominicíE millefimo quadringenteíimo trigcíhiio nono Uflde« :

cimo Kalendas Oélobris Pontiíicatus noftri anno nono.

Tom. V. Mm Bulla
;
,

2 74 ^f^'^^^ do Liv, VIL da Hifloria (jenealogica

Bulla do Papa Clemente XI, em que unto ao "Real Padroado^ o prO"


vimento de todas as Dignidades , Conezias , e todos os mais
Benefícios da Catliedraí de Lisboa Oriental,

CLEMENS EPISCOPUS
SE RVUS SERVO RUM DEI.
jíd perpetuam rei memoriam.

Num. I 24 IrcunfpeíVa Sedis Apoftolicse folicitudo Chriftianorum Principum,


quos ad exhibenda Catholicas Ecclefiíe , eidemque Sedi eximia
An 17? 7
fervitia promptos , alacreíque dignovit , pietatem liberalitatis , gra- &
titudinis iuaj teílimoniis rovere nunquam diftitit. Sane cum charif-
íimus in Chrifto Filius Noíler Joannes hoc nomine Qiiintus Portu-
galli^e , & Algarbiorum Rex
Illuílris prasclaris maiorum fuorum vef-
tigiis piorum operariorum cíEtui ad amplificandam
inhícrens copiofo
in longinquis regionibus agri Dominici meíTem , verbumque Dei fe-
minandum indefeíTa vigilantia , & Regia liberalitate temporalia vitas
fubíidia quotannis fubminiftrare confiieverit , Divinique cultus aíli-
duum Propagatorem fe agere femper íluduerit , necnon ejuídem Apof-
tolicse Sedis opportunitatibus , ut prinium notas habuit paratiííimo
obfcquio , &
auxilio , ut Fideliffimum decet Principem , non fine
gravi fuo , fuorumque fubditorum incommodo prceílo eíTe fategerit
Nos tands ejufdem Joannis Régis meritis Paterníe noílrce coníidera-
tionis lance peníatis , ut fen^itiorum prsfatonim , Apoílolicaque li-
beralitatis munera motui inter fe monumentum , &
viciffim prseílata
ílimulus eidemque
amoris exiílant
,
Joanni Pvegi , ejufque in di(Slis
Regnis fucceílbribus iiberiorcm , qiia piis , & benemerentibus Eccle-
ííafíicis perfonis gratificari queant , facultatcm fubminiftrare cupien-
tes , Motu
próprio , &
ex certa fcientia , meraque liberalitate noíl ris,
deque Apoílolic^ poteftatis plcnitudine , eidem Joanni , &
pro tem-
pore exiftenti Portugalliae , &
Algarbiorum Regi Jufpatronatus , &
prxfentandi , ac nominandi ad omnes , &
fmgulas infrafcriptas Dig-
nitates , om.nefque , &
finguíos infrafcriptos Canonicatus , & Preben-
das , necnon Capeílaniam infrafcriptam , ac dimidios Canonicatus
& dimidias Príebendas , necnon Quartanarias Ecclefise Ulixboneníis
Orientaíis ; ad Decanatum videlicet , qui poft Pontificalcm n aior
5ic cujus millc , &
quinque Ducatorum auri de Camera , &
juliorum
undecim monetíe Romana ; &
quadraginta fex ducatorum auri firri-
lium , & juliorum trium monetíe praefatíE ; ad Archidiaconatum de
Lisbca nuncupatum , qui tertia , ac cujus oÍHngentorum , & fcxagin-
ta quinque ducatorum auri fimilium , & juliorum duodecim monctíc
pralaía: cum dimidio alterius julii íimilis ; & ad l'hefaurariatum ma-
iorem , qui quarta , ac cujus aliorum fexccntorum , & quadraginta
quinque ducatorum auri de Camera hujufmodi, & juliorum duode-
cim
,,

di Cafa %ealToYtugue!^. 275


cim monctis prrefntae cum dimidio alteriiis juUi íimilis ;& ad Archi-
diacoriatum de Sanflarem refpcélivè nuncupatum , qui quinta , ac cu-
jus quingcntorum , & feptuaginta iinius ducatorum auri dc Camera
hujulniodi , &
juliorum leptem moneta; pra^fatas cum dimidio alterius
julii fimilis ; & ad Scholaftriam , quse lexta , ac cujus quadringcnto-
rum , & viginti duorum ducatorum dc Camera hujufmodi
auri &,

juliorum quinque monetaí pra:fatíE ; & ad Archidiaconatum delia Ter-


za Sedia nuncupatum , qui íeptima , ac cujus fcxcentorum , & quin-
quaginta odlo ducatorum auri íimilium , & juliorum quinque monetse
prafatíE; & ad Archipresbyteratum , qui odiava inibi reípedivè Dig-
nitates exiílunt ac cujus quingcntorum , & feptuaginta novem duca-
,

torum auri íimilium & juliorum feptem monetse pra^ataí , cum di-
,

midio alterius julii íimilis necnon ad unum , & unam tertii à De-
;

cani ,
quorum fexcentorum , & decem , & odlo ducatorum auri íimi-
lium , & juliorum quinque monetíE prsefatíe ac ad alium , & aliam
;

quarti ab cjuíUem Dccani , quorum quingcntorum , & feptuaginta no-


vem ducatorum auri íimilium , & juliorum feptem monelíE pra:fatíe
cum dimidio alterius julii fmilis ; ac ad alium , & aliam quarti à
Camtoris , quorum quingcntorum , & odloginta unius ducatorum au-
ri íimilium, & juliorum duodecim monetae prafata cum dimidio al-
terius julii íimiíis ; ac ad alium , & aliam quinti à Decani príufati
quorum feptingcntorum , & viginti quinque ducatorum auri íimilium,
& juliorum duodecim monet.x pra^fatíe cum dimidio alterius julii íi-
miíis ; ac ad alium , & aliam fexti à Decani prafati , quorum quin-
gcntorum, & nonaginta quinque ducatorum auri hujufmodi, & ju-
liorum feptem monetíE prafata cum din^^idio alterius julii íimilis \ ac
ad alium , & aliam fexti ab ejufdem Cantoris , quorum fexcentorum
viginti duorum ducatorum auri íimilium , & julicrum quindecim mo-
mtx príEfatíc ; ac ad alium , & aliam Magiítralem nuncupacam fepli-
mi à Cantoris prafati , qui dum illi pro tempore vacant Clerico ,
feu Presbytero in Theologia Magifiro , vel forfan Licentiato ab Uni-
ver/itate ftudii generalis Colimbrieníls in concuríu deíuper babep.do
approbando , & nominnndo , &t ab eodem Joanne , & pro tempore
exiílente Portugallia: , & Algarbiorum Rege prafentando ordinária
audloritate conferri confueverunt , & debent , & de quibus pro tem-
pore proviíi novani eorum provifionem à Sede Apoílolica impetrare
& jura Camer^e Apoílolicas , & ali is propterea debita perfolvere te-
nenrur, ac quorum fexcentorum viginti o6Í:o ducatorum auri funilium,
& juliorum decem monetse pr^fatse ; ac ad alium , & aliam oélavi à
príefati Decani, quorum fexcentorum oílo ducatorum auri íimilium*,
ac ad alium , & aliam oi^avi à didi Cantoris quorum fexcentorum
,
qiiadraginta fex ducatorum auri íimilium , & juliorum quinque mone-
tíE príEfatíE ; ac ad alium , & aliam Dodoraíem nuncupatam noni ab
ejufdem Decani , qui pro tempore quoque vacantes Clerico , feu
Presbytero in Jure Canónico , feu forfan Civili Dodori , aut forfan
Licentiato ab Univeríitate prasfata fimiliter approbando , Sz norainan-
do , & ab eodem Joanne , & pro tempore exiftente Portugallice , &
Algarbiorum Rege pr^efato etiam pra^fentando ordinária audtoritate
Tom. V. li Mm prafata
, Ijé Trovas do Liv. VIL cia Hif^orta Çenealogtca

prsefata ílnuiiíer conferri corifueverunt , 8z debcnt , &: de quilmsf ro


temporc provifi pariter novam illorum proviríonem à di^^a Sede im-
petrara , ac jura eidem Camera; Apoílolicac , &
aliis , ut prafertur
debita períblvere tenentur , ac quorum fexcentorum o6í:o ducatorum
auri ílmilium ; ac ad alium , &
aliam duodecimi ab ejufdem Canto-
ris , quorum feptingentorum quatuor ducatorum auri fimiíium , &
juliorum decem monetae prsefata:; ; ac ad alium , &
aliam tertii deci-
mi à Decani prsefati ,
quorum fexcentorum undecim ducatorum auri
íimilium , &
juliorum feptem monetse prxfatíe cum dimidio alterius
julii fmiilis ac ad alium , & aliam quarti decimi ab ejufdem Decani,
•,

quorum quingentorum & nonaginta qiiatuor ducatorum auri íimi-


,

lium , & juliorum quindecim monetas praefata^ ; ac ad alium , & aliam


quinti decimi pariter à Decani praefati , quorum fexcentorum viginti
duorum ducatorum auri íimilium & juliorum quindecim monetae
,

pra:fat£e ; ac ad alium , Sz aliam quinti decimi à di£li Cantoris quo-


rum feptingentorum viginti trium ducatorum auri íimilium , & julio-
rum feptem monetae prasfatas cum dimidio alterius julii fimilis , quo-
rum medietatem , feu cujus dimidiam Prxbendam exigendi , & perci-
piendi Tribunali Inquiíitionis contra haereticam pravitatem , ut pari-
ter accepimus jus competit ; ac ad alium, &
aliam fexti decimi ab
ejufdem Decani quorum fexcentorum trium ducatorum auri fnni-
,

lium & juliorum feptem monetae praefatas cum dimidio alterius julii
,

fimilis ; & ad alium, & aliam decimi feptimi pariter ab ejufdem De-
cani , quorum fexcentorum quatuor ducatorum auri íimilium ac ad ;

alium, & aliam decimi oftavi etiam ab ejufdem Decani , quorum fex-
centorum feptem ducatorum auri íimilium & juliorum feptem mo-
,

netse praefatae cum dimidio alterius julii íimilis \ ac ad reliquum , &


reliquam ejufdem Eccleíix Ulixboneníis Orientalis Canonicatus , &
Prí€bendas decimi noni refpeélivè ílalli ab ejufdem Decani refpeíti-
vò latere , quorum fexcentorum fexdecim ducatorum auri íimilium ;
necnon ad Capellaniam maiorem de Mafra nuncupatam Sandti Sebaf-
tiani in eadem Eccleíia Ulixboneníi Orientali per bonae memorias Jo-
annem Martins de Scalhaens dum viveret Epifcopum Ulixbon. fun-
datam , cui Canonicatus , &
Prasbenda etiam de Mafra nuncupati
quinti ílalli à príEÍati Cantoris latere Apofíolica aufloritate perpetuo
imiti , & annexi reperiuntur , ac quae , & qui íicut accepimus de Ju-
repatronatus Laicorum Nobilium videlicet pro tempore exiftentis Do-
nius de Vafconcellos de Soalhaens PoUeíForis , & Adminiílratoris ex
fundatione príçfata , vel dotatione , & feu ex privilegio Apoítolico
cui ;non eít haétenus in aliquo derogatum exiílunt , & in cujus Ca-
pellaniac fundatione prasfata caveri dicitur exprefsè quod ad illam pro
tcinpore vacantem Clericus de genere ejufdem Joannis Epifcopi prse-
fatíE Capellaniae fundatoris defcendens fi idoneus reperiatur , fm au-
tem alius Clericus, feu Presbyter idoneus pracfentetur , & prsefenta-
ri poílit , ac quorum mille ducentorum , Sc viginti ducatorum auri
parium ; necnon ad quatuor dimidios Canonicatus , & dimidias Pr£E-
bendas ad duos videlicet , & duas fuper nono à prarfati Cantoris ,
quorum infimul quingentçrum feptuaginta odo ducatorum auri íimi-
lium ,
,,

cia Cafa %eal Tortugue^a. 277


lium , k quindccim monetas prafatx , ac ad alios duos , &
julioriim
duas íiípcr decimo fexto ab ejufdem Cantoris quorum iníimul qujn-
,

gentorum ofloginta iinius ducatorum auri fimilium , & juliorum duo-


decim monctaí prx^fata: cum dimidio alterius julii fímilis necuon ad ;

duodccim Qiiartanarias ad quatuor videlicct íuper undécimo h prse-


,

fati Decani quariim infímul quingentcrum feptuaginta oOco ducato-


,

rum auri íimilium , & juliorum quindccim monetac prctíataí , ac ad


alias quatuor fuper undécimo à pra^fati Cantoris , quarum iníimul
quingentorum oóloginta ducatorum auri íimilium , & Juliorum de-
cem monetíc pra^fata; , ac ad rcliquas quatuor Qiiartanarias liujurmo-
di íuper tertio decimo reípedivè ílallo ab ejuídcm Cantoris refpc-
ílivè latere rcfpe^livè fundatas , quarum iníimul , nccnon Diíi^nitati-
bus , ac Canonicatibus , & Pra;bendis , nccnon Capellanis dimidiif- ,

que Canonicatibus , Sc dimidiis Pracbendis , ac Quartanariis prsefatis


forían reípcvfVivè annexorum , etiam computatis refpefl^ivè diílributio-
nibus quotidianis , &
aliis incertis quingentorum oéío^inta ducatorum
auri de Camera hujuímodi rcfpcólivè fru(5lus , rcdditus , £: proven-
tus fccundum conmiunem íeftimaticncm valorem annuum , ut fmiili-
ter acccpimus non excedunt ; ac quorum , &
quarum , non tamen
quoad diflum Decanatum qui in praefata Eccieíia Ulixbonenfi Orien-
tali dignitas poíl Pontiíicalem maior , ut príefertur exiílit , nccnon
quoad feptimò , &
decimo didtos Canonicatus , &
Pra:bendas , ac Ca-
pellaniam hujuímodi ,
annexos Canonicatum , & Prebendam
elque
prartatos , dum iíli , & illa; pro tempore vacant collatio , proviílo ,
ac inílitutio , & omnimoda alia dilpofitio ad pro tempore exiílcn-
tem Archiepiícopum , ac Djlcól:os íimiliter Filios Capitulum , & Ca-
nónicos pra^fatse Eccleíis Ulixbonenfis Oricntalis íimultaneò , tempore
verò Sedis Archiepiícopalis Ulixboneníis Orientalis vacationis ad Ca-
pitulam , &
Canónicos pracfatos , ceíTantibus refervationibus , af- &
feftionibus Apoftolicis fpe£bat , pertinet &
quod quidem Jufpatro-
natus , &
prícfcatandi quod ad pracfatse Domus de Vafconcellos de
Soalhaens PolfeíTorem , & Adminiílratorem pro tempore cxiílentem
prsefatum Dileflo Filio Nobili Viro Thoma de Lima & Vafconcei-
los , Vicecomite de Villanova de Cerveira moderno príefatae Domus
PoíTelFore , & Adminiítratore , modernoque único prasfatíie Capellania:,
illique annexorum Canonicatus , & Pra:bendáe prsefatorum Patrono
ut accepimus annuente , & attenta infra fcripta , ut infra facienda , &
decernenda compe.ifationc , ac approbandr , nominandique quod ad
Uniyerfitatem pra,'fatam , & exigendi dimidiam Pra:bendam , leu di-
midios frudus , redditus , & proventus pracfatos quod ad didlum Tn-
quiíitionis Tribunal , necnon conferendi , & providcndi rerpe<51:ivè
jus quod ad modernos , & refpc£l:ivè pro tempore exiílentes Archi-
epiícopum , Capitulum , & Canónicos pr^efatos ex quacumque caufa
etiam publicas utilitatis , aut alias quomodolibet refpe^^ivè fpedlat
& pertinet, & de confenfu ejufdem Joannis Régis quoad ea in qui-
bus , & ad qux jus aliquod eidem Joanni Regi competere poteíl , &
quatenus opus íit , Apoílolica audioritate per praefentes perpetuo ex-
tinguimus , & abrogainus ; cum primiim Dignitates , necnon Canoni-
catus^
,

^78 Tf ovas do Lh. VIL da Hiflorla (jínealoglca

catus , & Prícbendas , ac Capellaniam hujufmodi , dimidiofque Ca-


nonicatiis, & dimidias Príebendas , ac Qiiartanorias prafatas qiiibiií-
vis modis, &
ex qiiorumcumque etiam noílrorum , & Pvon ani Ponti-
fieis pro tempore exiílentis , íeu cujuíVisSanélse Roir.anae Ecclefiae
Cardinalis familiaiiiim , & continuorum commeníalium , leu Romaníe
Curiís iioílraí Oíiicialium , aiit aliás qiiomodolibet reíervationem in-
ducentibus períbiiis , leu per liberas etiam cx caisia permutationis re-
íigiiationes , jurium ceíííones , de illis in di£la Curia, vel extra eani
etiam in noftris , & Romani Pontifícis pro tempore exiílentis mani-
bus quomodolibet fadlas , vel admiíTas , aut aíTecutionem alterius Be-
neíicii Eccleíiaftici quavis auctoritate coUati , leu illas , & illos pro
tempore obtinentium decellum etiam apud Sedem Apoítolicnm prsefa-
tam decedentium , vel quamvis aliam dimiíTionem , amiíilonem , pri-
vatiooem Religionis ingreíFum , & Matrimonii contra6í:um ad Catbe-
dralium Eccíeíiarum , vel Monafteriorum etiam Confiftorialium , feu
quamcunque aliam promotionem , aut quomodolibet, & qualitercum-
qoe etiam apud Sedem pra:fatam pro tempore vacare contigcrit
eíiamíi tempore datse prffíentium vacent , perionas idóneas , ut prse-
fertur ( non tamen quoad Capellaniam , eique annexos Canonicatnm,
& Prícbendam príufatos juxta diéli Joannis Epifcopi fundationem pras-
fatam debite qualificatas) h pro tempore exiíleiíte Archiepifcopo Ulix-
boneníi Orientaii príefato approbandas , ita quod perfonarum hujuf-
modi in eis inftitutio ad eundem Archiepiícopiini pro tempere exif-
tentem privativè , extindlc jure fimultaneo quod cum eodcm Archi-
epiícopo Capitulum di6líe Eccíeíia: Ulixbonenf s Orientalis , ut prae-
fertur exercebat , in poílerum ípe<£Vet , & pertineat ; cum íioc tam^en
quod diclus Joannes Rex , ne Vicecomes pra'fatus pro Ju repa trena-
tus , & pr^íentandi hujufmodi ad prafatam Capellaniam cum ei an-
nexis Canonicatu , & Prebenda de Mafra nuncupatis pra latis , red-
ditibufque , & juribus ad eofdem pertinent bus à nobis per pr^fen-
tes , ut prsefertur abrogato , & extiníto aliquod detrimentum patia-
tur, prout ex aqua íuíeRegiíE liberalitatis ratione teneri vult,Tho-
nvjz Vicecomiti prafato uti àiCts, Dornus PolfeíTori , & Adminiílrato-
ri pro ejus à Nobis, ut prasfertur abrogato, & extin6^o jure , ad il-
lud ei compeníandum , aliud Jufpatronatus , & pra:fentandi ad alios
Caaonicatos , & Pmebendas aliarum Cathedralium , & Collegiatarum
Ecclefiarum , feu alia Beneficia EcclefiaíUca , quod ad Joannem , &
pro tempore exiílentem Regem priKfatum, vel etiam ad aliquam, feu
aliquas ex Commendis Ordinum Militiarium in Portugallise Regnis
exiítentium , & quorum Joannes , & pro tempore exifcvens Rex prx-
íatus Gubernatcr , perpetuuíque Adminiílrator exiftit , vel ipfas Com-
niendas , feu alios Eccleliafticos , aut fíECulares annuos redditus , bo-
na , jura, vel honores, qui , vel quse ad Joannis , & pro tempore
exiílentis Régis pra:fati Jufpatronatus , feu ad illius Regia; Coronae
liberam difpoíitionem fpedant, & pertinent, & quibus Thomas Vi-
cecomes príefatus , ejufque fucceíTores , ad quos diélum Jufpatrona-
tus pro tempore fpeárare debuiíTet , perfrui , & gaudcre , vel refpe-
ftivè eos , & ea in próprios ufus convertere libere , & licitè valeant,
juxta
,

da Cafa %eal T^ortugnes^a. 2yp


juxta rationabilem , & congruam inter di£l:um Joannem Regem , ac
Thomam Vicecoinitem prj^fatum ftatuendam compenfationem , non
retardará tamen in reliquis earundem praefentium executionc , qux il-
lico nullo defuper habito proceíTii debitíe , promptícque executioni
demandari debeant , prout Nos ex nunc pro demandatis haberi volu-
mus , non obílantibus ad eftefbum príEmiíTorum quiburvis contrariií?
didtorum Ordinum etiam juramento , aut confírmatione Apoílolica ,

vel quavis fírmitate alia roboratis , ftatutis , privilegiis , indultis , &


Conftitutionibus etiam Apoílolicis ad eofdem Ordines ípeélantibus
cedat , aíTignet, ícu conferat, &
pro eo qiiod diéi-iis J<^annes Rcx
Ordinum príEÍatorum Gubernator , &
perpetuus Adminiílrator , ut
prxfertur exiftit, ad hoc ut ipfe aliquam ex diólorum Ordinum
Commendis , íeu aliqua bona eidem Thomx Vicecomiti , ut prsíer-
tur cederc , aííignare , feu conferre valeat , eumdem Joannem Re-
gem , & Gubcrnatorem , perpetuumque Adminillratorem à quocum-
que de non alienandis tam ejufdem Regias Coronse , quam Ordinum
prsefatorum refpedtivè bonis , aut alias quomodolibct ab eo reípedli-
vè preílito , juramento , voto , leu obligatione quacunique ad príE-
miílorum eftedlum Apoílolica au<5loritate pra^fr^ta abíblvimus , & li-
beramus , ac ex nunc abíblutum , & liberatum eíTe volumus , & de-
clanimus ; 8c quoad approbandi , nominandique ad Canonicatum , &
Magiítralem , ac Canonicatum , & Dodloralem refpeclivè nuncupatas
Pr.xbendas , quod Univeríitati praefatae , nccnon percipiendi , & exi-
gendi dimidiam Prnebendam , íeu dimidios fruélus , redditus , Sc pro-
venius priefatos refpeftivò jus , quod Tribunali prítfalo ante ejufdem
júris abrogationem , & extind^ionem à Nobis per pra^fentes ut pra;- ,

íertur faílas refpeclivè competebat eorum reípeéiivè júris hujufmo-


,

di compenfatio , prout ícquum , rationique conlbníim fuerit , provida-


que ratio poílulaverit , in pofterum ítatuetur , Apoílolica aiifíoritate
earumdem tenore prsifeníium perpetuo reícrvamus concedimus , & ,

aílignamus. Nccnon Jufpatronatus , & pnxícntandi , ac nominandi hii-


jufmodi verè Regiam exiílere ac eidcm Joanni , & pro temporc exií-
,

tenti Portugal ií€ , & Algarbiorum Regi prafato non ex privilegio


1

Apoílolico , íed ex vera prima.va , reali , aíluali , plena , integra , &


omnimoda fundatione , ac perpetua dotatione competere , &
ad Jo-
annem & pvo tempore
, exiítentem Portugalliae , &
Algarbiorum Re-
gem pracfatum pertinere , illudque vim, et^Fedlum , naturam, qualita-
tem , & validitatem Juriípatronatus Regii hujufmrdi obtinere , nc
uti tale fub quacumque derogatione Juriípatronatus ex privilegio
Apoílolico , vcl confuctudine , aut prírícriptione acqoifiri , etiam cum
quibufvis praignantiíTmis , &
eíícaciílimis verbis , clauíiuis , ac cticm
irritantibus , &
aliis fortioribus Decretis , etiam cum clauíula qítcrnm
tenores^ <Í^c. in quacumque diípoíitione , etiam per viam Conílitu-
tionis , Legis, noíí:nrque , &
Cancellaris ApoftolicíE Regulse , etiam
per Nos , &
fuccelíbres noílros Romanos Pontífices eíiam Motu ,
fcicntia , & poteOatis plenitudine íimilibus , etiarn Confiílrrialiter
pro temporc quomodocumque íadla , conceíTa , emanata , nulíntenus
comprehcndi 5 uec illi ullo unquam tempere, etiam ratione cujuíVis
,

28o Trovas do Liv. VIL da Hljloria Çenealogtca


litis pendentiíE , vel vacationis apud Sedem prsefatam , etiam ex cau-
fa permutationis , vel devolutioms , feu alio quocumque praetextu ,
ac ex quaciiinque caufa quantumvis urgeiiti , &: legitima per Nos , íeu
Romanos Pontifices fucceílbres noílros pro tempore exiílentes , vel
Sedem prasfatam , aut illius etiam de Latere Legatos etiam Motu ,
fciencia , & poteílatis plenitudine íimilibus , feu ciijulVis intuitu , 8c
contemplatione per quafcumque Literas Apoftolicas , & quafciimque
etiam derogatoriarum derogatorias , ac fortiores , & infolitas claufu-
las , necnon irritantia , & alia Decreta quacumque in íe continentes
derogari poíle neque debere , aut derogatum cenferi , necnon oní-
,

nes , & quafcumque collationes , proviliones , Commendas, alias dif-


pofitiones de onuiibus , & fmgulis Dignitatibus , ac Canonicatibus
& Prncbendis necnon Capellania prícfata , ac dimidiis Canonicatibus,
dimidiifque Pra:bendis , ac Quartanariis pra:fàtíe EccIeíiíE Ulixbonen-
íis Orientalis contra earumdem prsefentium tenorem , & alias quàm
ad prafentationem Joannis , & pro tempore exiílentis Portugalliíe ,
& Algarbiorum Régis pr^efati , feu de illius confenfu , & in eis inf-
titutiones ad prafentationem hujufmodi alias quàm per pro tempore
exiftentem Archicpifcopum Ulixbonenfem Orien talem , ad quem ut
prafertur jus inílituendi privativè pertinere , & fpe^flare debeat , etiam
apud Sedem prafatam pro tempore vacantibus quibufvis perfonis fub
qiúbufvis verborum cxpreííionibus pro tempore íaclas , feu faciendas,
proceífufque defuper hábitos , feu habendos , ac iode pro tempore
íequenda quacumque nulla , & invalida , nulliufque roboris , vel mo-
nienti fore , & cííe , ac pro nullis , &: infedis haberi , & cenferi , nec
jus 5 aut coloraíum titulum poííidendi cuiquam tribuere , ncc per il-
la acquiri polFc ; necnon vcteris júris refpeÓivè conferendi , inílituen-
di , approbandi , nominandi , ac prafentandi , & percipiendi , ac exi-
gendi abrogationem , & extinébionem à Nobis , ut prafertur fadas
validas , & efíicaces fore , & eíTe , fuofque plenários , & Íntegros clíe-
(flus fortiri , nec cas fub quibufcumque contrariis , aut fimilibus , vel
diííimilibus fpeciaiibus , aut generalibus refervationibus cum quibufvis
rcílriclivis , ac etiam earumdem derogatoriarum derogatoriis claufulis
irritantibus etiam vim contradl-us inducentibus , aut fcrtioribus , & ar-
ftioribus Decretis , aut alias quomodolibet pro tempore concedendis
etiam cum prafata claufula quorum tejiores , à^c. editis , vel edendis
nullatenus comprehenfas eíFe , & fore,
minufque ccmprehendi poíTe
aut debere , fed femper ab illis exceptas , Sz excluías ede , &
cenferi,
nc plenum femper validiíTim.umque fui eíFedlum fortiri debere ; necnon
cninia ,& íingula pramiíra,ac eafdem noílras prafentes nuUo unquam
tempore de fubreptionis , vel obreptionis , aut nullitatis vitio , feu
intcntionis noílra , vel alio quovis defeólu , etiam ex eo quod caufas
propter quas eadem pramiíTa fa61:a fucrunt coram Ordinário loci ,
etiam tanquam Sedis Apoílolica delcgato exan^inata , verificata , &
ab eo approbata , necnon Archicpifcopus , ac Capitulum. , &
Cano-
nici , prafata Ecclefia Ulixboneníis Orientalis , diélafque Dignitates,
ac Canonicatus , &: Prabendas , necnon Capellaniam prafatam , dimi-
diofque Canonicatus , & dimidias Prabendas , ac Quartanarias nunc
refpe-
,

da Cifa "Real ^ortuguei(4l 281


re^peflivè obtinentes , necnon alii quicumqiie in pfíemiííls quodcrm-
que jus , vel intereíTc habeiitcs , vel habere príEtendentes ad id vo-
cati , (fv auditi non tuerint , ncc eorum dcfuper cxpreíTiim reípeétivè
coníbníum príEÍliterint , leu ex quavis alia cauía , &
quocumquc alio
príEtextu quíEÍito colore , vel ingenio notari , inipugnari , invalidari,
retraòlari ad viam , &
términos júris reduci , feu in jus , vel contro-
vcríiam revocari , aut adverfus illa , &
illas quodcumque júris, vel
fa6ti , aut gratias remedium impetrari poíTe , nec íub quibuíVis fmii-
lium , vel diííimilium gratiarum revocationibus , íiifpeníionibus , linii-
tationibus , derogationibus , aut aliis contrariis difpoíitionibus per
Nos , &quofcumque Romanos Pontifíces lucceíTbres noftros , ac
etiam Sedem príefatam pro tempore faciendis comprehendi poíTe , vel
deb ere , fed lemper ab illis excipi , &
quoties illa? emanabunt , to-
ties in priilinum , &
cum in quo antea quomodolibet erant llatum
reftituta repoíita , &
plenariò reintegrata , ac reílitutas repoíítas , &
plcnariò reintegratas , ac de novo etiam fub quacumque poíleriori da-
ta per diâ-um Joannem , &
pro tempore exiftentem Portugalliíe , Sc
Algaibiorum Regem quandocumque eligenda , conceíla valida , ef- &
ficacia , ac concelfas validas , &
efficaces fore , &
eíTe , fuoíque ple-
nários , &Íntegros eíFedlus íbrtiri , &
obtinere ; ficque noílra^ men-
tis , & intentionis fuiíTe, eíle , & &
ita in omnibus , íinguHs prce-&
miílis ab omnibus cenferi , &
ita per quofcumque Judices Ordinários,
vel Delcgatos quavis auíftoritate íiingentes , etiam caufarum Paiatii
nolhi Auditores , ac Saníbse Romanas Eccleílas Cardinales , etiam de
Latere Legatos , Vice-Legatos , á'i&:x Sedis Nuntios , íublata eis , &
eorum cuilibet quavis aliter judicandi , defíniendi , , &
interpretandi
debere , &
quidquid fecus fuper his à quoquam quavis auéloritate
Icienter , vel ignoranter contigerit attentari irritum , inane decerni-&
mus , ítatuimus , &
mandamus. Qiio circa Diledlis Filiis noftro , &
diô:x Sedis Nuntio in príefatis Regnis , nunc , &
pro tempore com-
moranti , necnon duobus , dignioribus , &
antiquioribus miniftris
non tamen Regularibus , Tribunalis Inquifitionis Regnorum huiuf-
modi nunc , &
pro tempore exiítentibus Motu fimili per Apoílolica
Icripta commirtimus , &
mandamus quatenus ipfi , vel duo , aut unus
eorum per fe , vel alium, íeu alios príefentes noftras Literas , in &
eis contenta qusecumque, ubi , &
quando opus fuerit, S: quoties pro
parte didi Joannis , &
pro tempore exiílentis Portugallias , Algar- &
biorum Régis , leu illius miniílrorum fuerint requifiti , folemniter
publicantes , eifque in príumiííis eíHcacis defenfionis auxilio aírií>entes
ía:iant auítoritate noíba eafdem príEÍentes , &
in eis contenta liDjuf-
modi ab omnibus , ad quos fpeélat & pro tempore fpe61abit fírmiter
,

oblervari , contradiéVores qiioslibet & rebelles per íententias cen-


, ,

íbras , Sc poenas EccIe/iaíHcas aliaque, opportuna júris


,
& fafli re- ,

media appellatione poftpoíita compeícendo, ac legitimis fuper hoc


habendis fervatis proceíTibus fententias , cenfuras , &
pcenas ipfas etiam
iteratis vicibus aggravando , invocato etiam ad hoc íi opus fuerit au-
xilio brachii fa^cularis: Non obftantibus noftris, Sz Cancellaria- Apof-
tolicae P.egulis de jure quasfito non tollendo , ac quatenus opus íit
Tom. y. Nii de
282 trovas do Liv. VIL da Hijlorla Çenealogica
de exprimendo vero annuo valore, & de non concedcndis gratiis ad-
inftar , necnog praefata àiõix Capellanias , aliiíqiie omninm , & ímgii-
lorum Dignitatum , Canonicatuum , & Pra:bendnrum , dimidioriimque
Caiionicatuum , & dimidiarum Prsebeiidarum , ac Quartaniarum hiijuf-
modi refpedtivc fundationibus , &
quoad prsefatam Judicum executo-
rum deputationetn Felicis recordationis Bonifacii Papse OíVavi íimili-
ter PríedeceíToris noílri de una , iii &
Concilio generali edita de
duabus Di£tis , dummodo ultra duas Diélas quis vigore praefen-
tium , ad Judicium non trahatur , aliifque Apoftolicis etiam in gene-
ralibus Provincialibus , &
Synodalibus Conciliis editis , fpecialibus,
vel generalibus Conftitutionibus , &
Ordinationibus , di61a:que Eccle-
íias Ulixboneníis Orientalis , &
Ordinum Militarium praefatorum etiam
juramento , coníirmatione Apoílolica , vel quavis íirmitate alia robo-
ratis 5 ftatutis , aut confuetudinibus etiam immemorabilibus , privile-
giis , quoque indultis , &
Literis Apoftolicis Archiepifcopo , necnon
Capitulo , &
Canonicis didx EccleíiíE Ulixbonenfis Orientalis , aut
Ordinibus prasfatis , aut eorum , vel aliis íuperioribus , ac quibufvis
aliis perfonis lub quibuícumque tenoribus , &
fonnis etiam Motu pa-
riíer , &
Confiftorialiter etiam in Dignitatum , ac Canonicatuum , &
Praebendarum , necnon praefata ejufdem Canellaniíe , ac dimidiorum
Canonicatuum , &
dimidiarum Pr^ebendarum , ac Quartanariarum hu-
jufmodi fundationibus , necnon Univerfitati , Vicecomiti , Tribunali &
príEfatis reípeâiivè quomodolibet conceíTis , approbatis , innovatis; &
quibus omnibus , &
fmgulis , aliifque qux eiídem príefentibus quo-
modolibet obeíTe poíTent , etiamfi de illis , eorumque totis tenoribus
fpecialis , fpecifíca , expreíTa , &
individua , ac de verbo ad verbum
non autem per claufulas generales idem importantes raentio , feu qux-
vis alia expreílio habenda , aut aliqua alia exquifita forma ad hoc fer-
vanda foret , tenores hujufmodi etiam veriores , totofque , Ínte- &
gros etiam praefentibus pro expreííis infertis , ac de verbo ad verbum
regiftratis habentes , illis alias in fuo robore permanfuris , ad eíFe-
£í:um earumdem príefentium , omniumque , &
fmgulorum príefatorum
vãliditatis hac vice dumtaxat Motu , ícientia , &
poteftatis plenitudi-
ne paribus fpecialiter , &
expreíTe harum ferie derogamus , cíeterif-
que contrariis quibufcumque. Nulli ergo omnino nominum liceat
hartc paginam noftras extindlionis , abrogationis , abfolutionis , libera-
tionis , declara tionis , refervationis , conceííionis ,
aílignationis , De-
creti , commiííionis , mandati , derogationis , & voluntatis
ftatuti ,

infringere , vel ei aufu temerário contraire. Siquis autem hoc atten-


tare príefumpferit , indignationem Omnipotentis Dei , ac Beatorum
Petri , &
Pauli Apoftolorum ejus fe noverit incurfurum. Datum
Romãs apud Sanílam Mariam Maiorcni , anno Incarnationis Domini-
cx milleíimo feptingentefimo trigeíimo feptimo, o<5lavo Idus Martii,
Pontiíicatus noftri anno oílavo.

Loco )J(
Bullse AureíE,
,

da Cafa Keal Tortuguei^aé 283


Bulla do Vapa Benedlão XIV. em que imio a Igreja M etropo/lta-

na de Lisboa Oriental ao Patriarcado y e lhe dá o titulo de Patriar-


cal Bafilica de Santa Maria, e concede o titulo de Principaes
às Dignidades, e Cónegos da Santa Igreja de Lisboa,

BENEDICTUS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI.
Ad perpetuam rei memoriam.

S Alvatoris noftri Mater Beatifllma Virgo Maria


feftivos fu^ ia
, ubi
Coelum Aflumptionis dies Íupremum Catholicae
primum intra NuiTl. I
»
-^^^• ^/4'
Eccieíias Culmen non minús repentè , quàm immerentes , Spiritus
Sancti afflante virtute , confcendimus , probè Nobis inteíligendum
monftravit , illuc humilitatem noftram fuâ apud Altifllmum intercef-
íione elatam fuiflTe, ut exinde in omnem terram dirigeremus nofliríe
confiderationis intuitum , quid Eccleíiarum omnium Unigeniti Filii
fui fanguine fundatarum ftatui , ac rationibus maximè conveniret , di-
ligenter inlpeduri ; íub tantis auípiciis univerfas Orbis Eccleíias ala-
cri animo perlufl:rantes ingenti gáudio perfuíi fuimus , ubi Patriar-
clialem Ecclefiam Ulixbonenfem Occidentalem íub invocatione Al-
fumptionis ejufdem Beatifllma; Virginis Marise quamplurimis verò
prascipuis , fpecialibufque honoribus , &
príerogativis iníignitam conf-
peximus Ubi verò Eccleíiam Ulixbonenfem Orientalem jam diu fuo
:

PríEÍule viduatam intuiti fuimus ; illico ad ea minifterii noftri vigi-


lantiam convertendam efl^e cenfuimus , per quís Ecciefise hujufmodi
ftatui opportunius provideri poínt.
§. r Alias fiquidem felicis recordationis Clemens Papa XI. Príe-
deceffor nofter Givit.itcm Ulixbonenfem PortugalliiE Metropolim , il-
liufque Diceccfim , ac Provinciam in duas partes , Occidentalem fcili-
cet ,& Orientalem diviftt , earumquc altera verfus Orientem antiquo
ArchiepifcopatLii Ulixboneníi tunc , prout ctiam nunc , ut praefer-
tur , vacanti reliélâ , aliam verfus Occidentem novo Archiepifcopa-
tui , quem Patriarchali quoque titulo , &
dignitate decoravit , fecular
ri ,& infigni Collegiatâ Ecclefiâ in eadem parte Occidcntali , vide-
licet in Régio Palatio fub invocatione Divi Thomse exiftente , quíE
fex Dignitatibus , ac oélodecim Canonicis , duodecimque Beneíiciatis
conftabat , in Metropolitanam , & Patriarchalem Ecclefiam , prícviâ
fuppre^ione prioris tituli , fub invocatione AlFumptionis Beatse Ma-
rine Virginis ereda
,
&
afllgnavit , tam ei pracíiciendum pro tempore
Patriarcham , quàm illius Capitulum , &
Canónicos variis prxrogati-
yis ad illoruni honorificentiam extulit , adjeílis etiam pro felici , ac
tranquiilo utriufque EccleíÍ2e regimine nonnullis Decretis ad evitan-
das jurifdiclionales controverfias , quse ex hujufmodi d iviíione , ac
refpedlivè eredlione oriri poílent , prout in ejufdem Clementis Pr^-
Tom. V. Nn ii deccllorís
,

284 trovas do Ltv. VIL da Hijloria (jenealogica


deceíToris fub Datum Romse apud San6lam Mariam Maiorem anno
Incarnatioiiis DominicíE millefimo feptingeiítefimo lexto decime ícp-
timo Idus Novenibris Pontifícatus llii anno lexto decimo íub Bulla
Aureã defuper expeditis literis pleniús, & fufius continetiir.
§. 2 Et fubinde pise memorize Clemens PP. XII. íimiliter Prae-
deceífor noíler providè confiderans príediífíras Eccleíia: Ulixbonenfis
Occidentalis Patriarcham pro tempore exiílentem iis iníigniis , ac prse-
rogativis ab Apoftolicâ Sede elargitis potiri , ut inter Eccleíiaílicos
Pr£EÍules , &
Antiílites píurimíim excelleret , unde mérito in S. R. E.
Cardinalium Ordinem eíTet adícribendus , id circo de nonnulloruni
c jiirdem S. R. E. Cardinalium coníilio , Chariífimo in Chriílo Filio
Noftro Joanne hoc nomine Quinto Portugalli^ , & Algarbiorum Re-
ge Illuftri id ipíum deíidcrante , Motu próprio fuâ perpetuo vali-
tura Conftitutione , conceíTit , indulíit , ftatuit y atque dccrevit , ut
ubi in Coníiftorio prasdidla; Patriarchali Eccleíííe Ulixbonenfi Occi-
dentali pro tempore vacanti de ejus Patriarchâ Apoílolica auéloritate
proviíum fuerit ; electus Patriarchâ hujuímodi in ampliffimum pYas-
di6í:a2 S. R. E. Cardinalium Senatum
in altero immediatè leqtienti
Coníiftorio per laudabileni illam Sedis Apoftolicae erga Orthodoxas
Nationes in aíTumendis ipíius S. R. E. Cardinalibus providentiam ,
& indulgentiam fub certis modo, & forma, ac lege, & conditioni-
bus habendam cooptetur , prout in Literis Apoftolicis fecundo diíti
Clementis Príedeceíforis fub Datum B.omas apud Sandam Mariam Ma-
iorem anno Incarnationis Dominicíe millefimo feptingenteíimo trige-
íimo feptimo fexto decimo Kalendas Januarii Pontifícatus fui anno
ofiavo , fub íimili Bulla Aureâ defuper expeditis etiam pleniús , &
diífufiús continetur.
§. 3 Cum
vero quatuor fupra viginti annorum experíentiâ fenfím
innotuerit quamplura incommoda , qux ex divifione prsediélâ quoti-
die oriuntur , non obftantibus pracdidlarum primo di6H Clementis
PrasdeceíForis Literarum difpofitionibus , & Decretis , fatis vitari non
poíle , eo prsefertim quod Reos , & Dyfcolos coercere ipfa diveríi
Territorii vicinitas frcquenter impediat , cúm cx una ad aliam Civita-
tis partem facili migratione judicii feveritati fe fubtralianí ; hujufmo-
di perturbationum falutare remedium vifum fuit , quod , & ipfum
Joanncm Regem pariter fentire comperimus , ut ArciiicpifcopalisEc-
ckíise Ulixboneníis Orientalis pisediíla Patriarchali Ecclefiíe Ulixbo-
Beníi Occidentali praediétas , quarum utraque de Jurepatronatiis ejuf-
dem Joannis Régis ex fundatione , vei dotatione íeu Privilegio
Apoftolico , cui non eft hadrenus in aUquo derogatum , exiftunt , cum
omnimodâ fubjedí^ione perpetuo uniatur , &: incorporetur.
§. 4 Nos igitur in praemiílis ex irijunéli Nobis Apoftolici mune-
ris debito profpiccre vole.ntes , ad Omnipotentis Dei landsm , in &
<;jufdem GloriofííIimíE Dei Genetricis Mariac honorcm , fírmis , & il-
l£efis remanentibus omnibus , & fíngulis privilegiis , indultis , gratiis
prícrogativis , ac pra^eminentíis fuper omnes etiam vPriniatiaIcs , Ar-
chiepifcopales , & Epifcopales Ecclefias , omniaque Capitula Regni
PortugaiiiíE ídi;is à Prajd^Ceíforibus noftris Romanis Pontiíicibus prís-
didss'
,,

da Cafa %eal T^O)tugue^a, 285


diflíE Patriarchali Ecclcfiae Ulixbonenfi Occidentuli , illlurqne Patriar-
chíc , Capitulo
,
Dignitatibus , Canonicis , caiterifque Miniftris p!u-
ries , &
fucccílivò conceííis , qu£e per infrafci iptam unionem in Ca-
pitulum , & Canónicos iníra diccnd^e Eccleíiíc Sanfe MariíE pro tem-
pore cxiftentes nullo unquani tempore transfufa íint , vcl e .Tc ccníc-
antur , communicatione quàcumqiie íemper , & omnino excliisa , Mo-
tu próprio , & ex certa fcicntiii , ac matura deliberationc noílris , de-
que Apoílolica^ potcftatis plenitudine Ulixbonenfi tam Occidentali
quhm Orientali denominatione , Archiepifcopalique dignitate abroga-
ta , &: extinclâ , ac Civitatum , Dicecefum , & Provinciarum Uli:sbo-
ncníium partibus diviíis prsedidíis ut priíis in unum reunitiií, & con-
folidatis ; itaut ex utraque Eccieíiâ hujufmodi Patriarchalis Ecclefia,
quam dcinceps Lisbonenfem appcUari volumus conftituta remaneat ,

& in folâ Patriarchali ha^lenus Ulixbonenfi Óccidentnli nur.cupatâ


Eccleíiâ , qui pro tempore fuorint ejufdcm Ecclefia; P^triarciiÊe Se-
dem fixam habere, & poíTeííioncnT capere debeant ac ex utriufque ,

Ecclefioe hujufmodi Mênfis , earumque fru6tibus , redditibus & pro- ,

ventibus , una tantiim Patriarchalis Menfa coaleícat , ac iiídem fru-


ítibus , redditibus, proventibus , & pertinentiis quibuícumque (ex-
cepto Archicpifcopali Palatio , ipfiufque adjacentiis , quod & quas ,

in ufum , & commoda unius Seminarii puerorura Patriarchalis per alias


noílras Literas erigendi , & infiituendi ex nunc deílinamus , íeggre-
gamus , & reíervamus ) Venerabilis Frater Noíter Thomas Sanflae PvO-
iran^ Ecclefiíu Prcsbyter Cardinalis Patriarcha Lisboncnfis , ejurque
fucce.Tores uti , frui , potiri , & gaudere libere , & licite pofiit , &
poíTint , & in utriufque Ecclefiae hujufmodi Clerum , & populuni
plenam , & omnimodam jurifdióbionem , & fuperioritatem exercere y
ac in hujufmodi exercitio unum , 3<. eundem Ofíicialem Patriarchae
Lisbonenfis nuncupandum , pro tempore conílituere , & deputare
onumque icidem , idemque Tribunal , ac unam , eamdemque Cancel-
lariam Patriarcha: Lisbonenfis nuncupandum , &
nuncupandam dcfu-
per eíformare , ac fuper omnes , &
fingulas utrique Ecclefise pra^di-
é?:a: olim refpcifbivè aílignatas fuffraganeas Ecclefias jus Metropoliti-
eum fibi vindicare , &
exercere , omnibufque , & fingulis conceíToni-
bus , indultis, & privilegiis à PrscdcceíToribns noftris Rcmanis Pon-
tiíicibus , tam Patriarcha: Ulixbonenfi Occidentali, quhm Arcliiepifco-
po Ulixbonenfi Orientali antea relpeélivè elargitis ítidem g.iudcre
aliaque etiam pei* unum, &
eundem Officialem prxdiflum excqui,
quae fibi de jure, ufu , vel confuetudine ratione unionis fpc(5lare,&
pertinere poterunt , plenè, &
liberè valeat , &
debeat , ac valcant, &
debeant ; Patriarchali Ecclefiae Lisboneiiíi prxdiél-a: Orientalem ante-
bac nunctipatam Ecdefiam pra:dic>am , cujus fu-élus , rcdciitus , &
proventus , ut accepimus , ad mille florenos auri in Libris Camera^
Apofiolica: taxati reperiuntur^ de prardié^i Joannis Régis confenfii
perpetuo unimus , &
incorporamus ac eandem hucufqiie Orientalem
•,

nuncupatam Ecciefiam cnmi , & quccumquc Cathedralitatis , ac Me-


tropolis jure , ac pra;rogatÍYâ ab eadem Ecclefia abJicato, r/bdica- &
ía^ ejufque Capitulo^ &
Canonicis quâlibct q^uofcuirque afíus jurif-^
,,

2 8a trovas do Liv. VIL da Hijloria (jcnealoyca

diclionales exercendi facultate , & tam Sede Patriarchali


au61:oritate ,

plena, quàm vacante, penitus interdidtâ &


ablatâ , SandíC Mariíe
,

invocatione infignitam , & Patriarchali quoque , fed honorário tantíim


noniine decoraram manere volumus , &
reípe^livè concedimus.
§. 5 Necnon omnia , & munia,
officia olim CuriíeEc-
fingula &
cleíiaíticíeArchiepiíbopalis Ecclefías Ulixboneníis Orientalis nuncupa-
tas , gratioía videlicet fupprimendi , de aliis vero titulo onerofo , leu
pracíliti fervitii intuitu acquiíitis , & refpedivè conceííis prout ra-
,

tio , & a'quitas fuadebunt , opportunè difponendi , & providendi di-


do Thomíc Cardinali Patriarchae, vel ejus iucceíroribus facultatem
concedimus, &
refpeétivè curam imponimus.
§. 6 Unionem príeterca pracdi6tam , ac omnia fuperius ordinata
illico , &
abíque ullâ poíTeííionis adipiícendae íblemnitate fuos Ínte-
gros , &
plenários effeclus fortiri , &
obtinere debere , itaut vigore
praefentium , earumque notifícationis à prsedidlo Thoma Cardinale Pa-
triarcha , vel ejus fucceíTore Capitulo, &
Canonicis Archiepifcopalis
olim Eccleíiae Ulixboneníis Orientalis , faciendse ipfe Thorras Cardi-
iialis Patriarcha , vel ejus fucceíTor in poííeíTionem tam jurifdi<5lionis,
quàm omnium ,
pra^diáorum ejufdem Ecclefiíe fruíluum , reddituum,
& proventuum , ac jurium , & pertinentiarum Apoílolicâ aufVoritate
immirTus eíTe cenfeatur eo ipfo , & exindc pro legitimo poíTeíTore
fe gerere valeat , & debeat, intentionis , & voluntatis noftrst fore
&: eíle decernimus , & declaramus.
§. 7 De Dignitatum & Canonicatuum , ac Prseben-
csEtero circa ,

<3arum , necnon dimidiorum Canonicatuum , & diraidiarum Praben-


darum , ac Quartanariarum didlíe Eccleíia; San£tíe Marias futurum fta-
tum , ac m ipsâ Ecclefiâ novam Minillrorum ereclionem , & inílitu-
tionem , Chorique fervitium , ac alia ad regiínen ipíius Ecclefiae pcr-
tincntia , quod opportunum vifum fuerit , per aliam noílram Coníli-
tutionem pollmodum ordinare, & decernere nobis proponimus.
§.8 Ut autem ordo Hierarchicus in Patriarchalis Ecclefiac Lisbo-
nenlis maieílate amplius elucefcat , attendentes quod prícfatas ipíius
Patriarchalis Eccieíiíe fex Dignitates , & praifatos oflodecim Canoni-
catus , & Prabcndas pro tempore obtinentes , ac Capitulum ejufdem
Patriarchalis Eccleí^a conftituentes tam praíiantibus privilegiis , in-
dultis , &
prarogativis à Pra-deceíForibus noftris Romanis Pontifici-
bus decorari ,
reperiuntur , praterquam quod inter Magnates pra:di-
di Portugalliíe Regni connumerentur , ut eos aliquo fpeciali nomine,
& titulo ab nliis in eâdcm Patriarchali Eccieíiâ iníervientibus diícer-
ni rationi appiimè congruum videatur ; volumus , mandamus , ut &
viginti quatuor hajuímodi , íalvis , &
illaris remanentibus omnibus
&: íingulis eis, vcl ad eos fub nomine Dignitatum , Canonicorum &
Patriarchalis EccleíiíE Ulixboneníis Occidentalis , aut Ikcularis , in- &
Í!i;nis etiam de tempore quo íiiit íim-
CollegiatíE Eccleíise prucfatíE ,

plex Capella Regia, ab hac Sanéla Sede, vel à prxdiílo Jcanne Re-
ge , íeu ab ejus PrsedeceíToribus Regibus conceííis induitis , praemi-
nentiis , & gratiis , aut pertinentibus juribus , & exempíionibus qiii-
buícumque , íimili Dignitatum , & Canonicorum nomine rclidío , Pa-
triarchalis
,,

da Cafa ^al Tortugnei^a, 287


triarchalis EccleíIíE Lisboneníis Principalcs deinccps niincupcntur , co- \
rumque fucccílores fub non alio quàm Principalatus luijurmodi titulo
collativo, &
denotiiinationc in eâdem Patriarchali Eccicíiâ peipctuis
futuris tcmporibus inílituantur.
§. 9 Decerncntes príEÍcntes femper, &
perpetuo validas, effi- &
caces exiftere , &
fore , fuorquc plenários , &
Íntegros effeólus íbrti-
ri , &
obtincre dcbcre , ac nuUo unquam tempore ex quocumquc ca-
pite vel qiuilibct causa, quantumvis legitima,
, &
juridica , etiam ex
eo , quod qaicumque cujuícumque Dignitatis , gradus , conditionis ,
Sc príeeminentiaí fint in prasmiííis , &
circa ea quomodolibet ex qua-
vis causa , ratione , aílionc , vel occafione , jus , vel intereíTe haben-
tes , , illís non coníeníerint , aut ad id vo-
aut Iiabcrc pr.xtendentes
cati , & auditi , & cauííE propter quas eaedem prscientes hujuímodi
emanavcrint , adduélíE , verificata; , &
juílifícatae non fuerint , dc
fubreptionis , vel obreptionis , aut nuUitatis , íeu invaliditatis vitio
feu intentionis noftríe , aut jus , vel intereííe habentium coníenfus
aut quolibet alio quantumvis magno , fubílantiali , inexcogitato , &
inexcogitabili , ac fpecifícam , & individuam mentionem , ac expref-
fionem requirente defeilu , five etiam ex eo quod in príeniiílls , eo~
rumvc aliquo folemnitates , & quasvis alia fervanda , & adimplenda
fervata , & adimpleta , non fuerint, aut ex quocumque alio capite,
à jure , vel fa6lo , aut ftatuto vel confuetudine aliquâ reíuítante , aut
quocumque alio colore, pretextu , ratione, vel causa etiam in ccr-
pore júris claiisâ etiam quantumvis juílâ , rationabili , legitima, jurí-
dica , pia, prívílegiatâ , etiam taíi , qu2e ad efted:um validitatis príE-
milForum neccíFariò exprímenda foret , aut quod de voluntate noílrâ,
& aliis íuperiús expreííis nullibi appareret , feu alias probari poíFet,
notari , ímpugnarí , ínvalidarí , retraílarí , in jus , vel controverííam
revocari , aut ad términos júris reduci , vel adverfus illas reftitutionis
in integrum , aperitionis oris , reduétionis ad viam , & términos jú-
ris , aut aliud quodcumque júris , faíli , gratias , vel juftitise reme-
dium , impetrari , feu quomodolibet etiam Motu íimili conceflo , aut ^
impetrato , vel emanato uti , feu fe juvare in judicio , vel extra pof-
fe , neque ipfas prasfentes , fub quibufvis íimilium , vel diffmilium
gratiarum revocationibus ,^ fufpenfionibus , Iimitationibus , modifíca-
tionibus , derogationibus , aliifque contrariis difpofitionibus etiam per
Nos , & fucceííbres noílros Romanos Pontífices pro tempore exiílen-
tes , & Sedem Apoílolicam pra-fátam etiam motu , fcicntiâ , &r po-
teftatis plenitudine funiíibus etiam confiílorialiter , ex quibusíilíet can-
fís , & fub quibufvis verborum tenoribus , & formis ac cum quibuf-
,

vis claufulis , & Decretis , etiamfi in eis de eifdem pra;fentibus\ ca-


rumque toto tenorc , ac data fpecialis mentio fiat , pro tempore fa-
ítis , &
conceílis , ac faciendis , Sz concedendis comprehendi , fed tan-
quam ad maius bonum , & Divini cultus augmentum tendentes femper, ,

& omnino ab illis excipi , & quoties iila- emanabunt , toties in priíli-
num , & validiílimum , ac eum , in quo antea quomodolibet erant , ílatum
reftitutas , repofitas , & plenariè reintegraras , ac de novo etiam fub qua-
cumque pofteriori data quandocumque eligendâ conccíras elfe , & fore.
Sicque-
288 Trovas do Liv, VIL da HijloYta Çeneahgíca
§. Sicque, (Sr non aliás in prsemiílis oínnibus , & íingulis per
IO
quoícumque Judices Ordinários , vel Delcgatos , etiam Cauííirum Pa-
latii Apoilolici Auditores , ac cjufdcm Sanclís; Romana; Ecclefise Car-
dinales etiam de Latere Lcgatos , Vice-Legatos , diét^que Sedis Nún-
cios , ac alios cjuorcumque quâvis au6lori ate , poteílate , pr.xrogati-
vâ , Sz privilegio fungentes , ac honore , & príteminentiâ fulgentes ,
fubktâ eis , & eorum cuilibet quâvis aliter judicandi , &
interpreían-
di facultate , & audoritate , in quocumque judicio , & quacumque
inílantiâ judicari , & definiri debere , irrituni , quoque , & inane , íi
fecús íuper his a qucquam quâvis audloritate fcienter , vel ignoran-
tcr contigerit attentari.
§. II Non
obílantibus primo áidii Clementis Praideceílbris Lite-
ris prsefatis quoad divifionem pra^fatam , ac jurifdiólionis diftinélio-
nem , &
Decreta , ac providentias , aliaque pra^miílis adverfantia tan-
tum , aut ratione diviíionis pracdidae concelía , &
ordinata , quse om.-
nia abrogata , &
abolita eííe volumus , íalvis in reliquis remanenti-
bus Cítteris difpolitionibus , gratiis , privilegiis , &
indultis inibi ex-
preflis , «Sc refpeóhve elargitis , &
quatenus opus fit noftra , &
Can-
cellariíe Apoílolicae regula, per quam dudum decrevimus,
inter alia
& declaravimus nollra; intcntionis fore , quod d.nnceps per quam.cum-
que íignaturam , leu conceffioncm , aut gratiam , vel Literas Apoílo-
licas pro commiffionibus , íeii mandatis , aut dcciarationibus in qui-
buíVis CiUiíis , etiamíi Motu próprio, Sc ex certa Icientiâ, ac etiam
ante motam li tem à Nobis emanaverint , vel de mandato noílro faci-
endas nuUi jus íibi quíeíitum quomodolibet toliatur ; necnon Latera-
neníis , & aliorum etiam Generalium , & ultimo celebratorum Conci-
liorum uniones perpetuas , nifi in cafibus à jure príemiíTis íieri prohi-
bentium , & quibuíVis aliis Apoílolicis etiam in Synodalibus , Provin-
cialibus , Univeriiiiibufque Conciliis in contrarium pracmiíTorum edi-
tis, vel edendis fpecialibus , vel Generalibus Conílitutionibus , &Or-
dinationibus , ac Patriarchalis Lisbonenfis &
Ulixbonenfis Orientalis
,

c^uondam nuncupatíe Ecclefiarum pr^EÍatarum , etiam juramento , con-


íirmatione Apoftolicâ , vel quâvis íirmitate alia roboratis ftatutis, eo-
rumque reíbrmationibus , &
novis additionibus , ftylis , uíibus , &
conluetudinibus etiam immemorabilibus , privilegiis quoque , indultis,
&z Literis Apoftolicis
,
illis, eorumque Superioribus , &: Perfonis qui-
bufcumque etiam ípeciali , fpecificâ , exprefsâ , &
individua mentio-
iie dignis íub quibuícumque tenoribus , & formis , ac cum quibufvis

etiam derogatoriaium derogatoriis , aliifque efficatioribus , efiicaciííi-


mis , & infolitis clauíulis , irritantibuíque , & aliis Decretis in gene-
re, vel in fpecie etiam Motu pari , ac confiftorialiter , aut alias quo-
inodi^libet etiam iteratis vicibus in contrarium prícmiíTorum conceílis,
approbatis , confírmatis , &
innovatis , etiamfi in eis enveatur expreí-
sè, quod illis per quaícumque Literas Apoílolicas , etiam Motu ílmi-
li pro tempore conceíTas quafcumque etiam derogatoriarum deroga-
,

torias in íe continentes derogari non poílit neque cenfeatur eis de-


,
-Togatum.
§. 12 Qiiibus omnibus, &
fingulis , etiamfi de illis, eorumque
to tis
.

da Cafa. ^eal Tortuguei^d, 2%^


totis tenoribiis fpecialis ,
expreíTa ,
fpeciííca ,
individua , ac de ver-&
bo ad verbum , non autcm per claufulas generales idem importantes
mentio , feu qua;vis alia expreflio habenda , aut aliqua exquifita for-
ma ad hoc lervanda fbret , etiamíi in eis caveatur exprefse , quod il-
lis nullahadenus , aut nonnifi fub certis modo , forma derogari pof- &
fit , tenores hujulmodi , ac íi de verbo ad verbum nihii penitus omif-

fo , &forma in illis traditâ obíervatâ inferti forent , príefcntibus


pro plenè , & fufficienter exprellis , & infertis habentes , illis alias in
liio robore permanfuns , ad praemiílbrum omnium validiíTimum cffe-
élum , hac vice dumtaxat latiílimè , & pleniífimè , ac fufficienter,
necnon fpecialitcr , & exprefsè Motu , fcientiâ , & Potellatis pleni-
tudiíie fimilibus harum ferie derogamus ,
cíeterifque contrariis quibuf-
cumque.
13
§. Volumus autem , quod ex unione hujufmodi in poílerum
fruólus Patriarchalis Lisbonenfis Ecclefiae in Libris Camera; noítrse
Apoftolicaí prxáiãx ad taxam bis milie florenorum auri reducantur,
& ad bis mille ílorenos auri hujufmodi taxati exiftant.
§. 14 Nulli ergo omnino hominum liceat hanc paginam noílri
Motus proprii , Unionis , Incorporationis , Voluntatis , Conceffionis,
Indulti , Declarationis , Mandati, Decreti, & Derogationis infringere,
vel ei aufu temerário contraire , íiquis autem hoc attentare prafump-
fcrit , indignationem Omnipotentis Dei , ac Beatorum Petri , êc Pau-
li Apoítolorum ejus fe novcrit incurfurum.
Datum R ornas JVlariam Maiorem , anno Incarna-^
apud Santftam
tionis Dominica: millelimo feptingentefimo quadragefimo Idibus De-
cembris Pontificatus noílri anno primo.

Loco >^ Bullíe Aureíc.

Alvará delRey D. Jpúõ o V. pcrçue mandou, havendo ceffado


cjve

os motivos da divifao de Lisboa Occidental , e Oriental, fe


nao chame mais ,
que Lisboa,

ElRey faço faber aos que efte Alvará virem que por haver ,
Num.
^refpeito a ter o Santo Padre Benediílo XIV. ora na Igreja de
f"^!! ^j-j^ 1741,
Deos Preíidente por juftas razoens que lhe foraó prefentes unido,
, , ,

com meu Real confentimento por fua Bulla de Motu próprio de


,

13 de Dezembro do anno próximo paíFado as duas Cidades, e ter-


,

ritórios de Lisboa Occidental, e Oriental, extinguindo, e abollin-


do, quanto ao governo Eccleíiaftico , eftas denom.inaçóes , com as =

mais circunftancias , que na dita Bulla fe contém ; e por me prrecer *


conveniente , que ceílando , a refpeito do Eccleíiafljco , as íbbrcditas
, diílincçoes , e denominações, ceíTe também no fecukr a divifao, que>
fuy fervido ordenar nefta minha muito nobre e fempre leal Cidade,

de Lisboa , repartindo-a em Occidental , e Oriental , e determinan-


do, que em cada huma delias houveíFe diílin(5to Senado da Camera,
Tom. V. Oo com
2po ^Trovas do Liv. V iL da Hiftoria Çenealogica

com outras circunftancias expreíTadas no Alvará de 15- de Janeiro de


1717 , em cuja conformidade ordeney já a todos os Tribunaes , Jui-
zes , e mais Òfficiaes do meu ferviço , que nos papeis , que expedi-
rem 5 ou fizerem expedir y aíTim em particular , como em commum ,
fe na6 faça mais a dita diftincçaó das Cidades Hey por bem , que
:

para o diante fiquem incorporadas em huma fó as duas Cidades de


Lisboa Occidental , e Oriental , com lium fó Senado , que fe chama-
rá de Lisboa, fem outro diftinílivo , o qual Senado fe ajuntará, e
fará o feu defpacho na Cafa da Vereação , fita no Rocio defia Cida-
de em feis dias da femana , com hum fó Preíidente , e feis Vereado-
,

res , hum Efcrivaõ , dous Procuradores da Cidade , e quatro Procu-


radores dos Mefteres delia , os quaes conftituíráó daqui em diante
hum fó Corpo Hey outro fim por bem , que o augmento dos orde-
:

nados , que no dito Alvará fuv fervido conceder aos Prefidentes , e


Vereadores dos dous Senados de Lisboa Occidental , e Oriental , con-
tinue a diante a tavor do Prefidente , e Vereadores do Senado de Lif-
boa , levando na folha , o Prefidente 200U reis , e cada hum dos Ve-
readores looU reis de accrefcentamento , como fe contém no dito
Alvará , por fer aíTim minha mercê ^ e pelo que toca à outra Cafa ,
em que também fe fazia Vereação , e fuas adjacências , determinarey
o que for fervido. E eíle meu Alvará quero , que valha , e tenha
força , e vigor , como fe folTe Carta feita em meu nome , por mim
aífinada , e pafiada por minha Chancellaria , fem embargo da Orde-
naçaó do livro fegundo , titulo 39 , e 40 , que o contrario difpoem :

e eítc paífará por minha Chancellaria. Lisboa 31 de Agoíto de 1741.

REY.
Pedro da Mota e Sylva. '{=: Jofeph Gonçalves Paz o fez.

Decreto , fc mandou a Me/a do Dejemhargo do Faço , Jl^hre


(jue

íjue tinha ccffado a dijiincçad em Lnloa^ de Occidental ^ e


Oriental.

Dit V\ 126 T^Endo-fe unido com meu Real confentímento , pelo que pertence

An. 174^»
A ao governo Ecclefiafi:ico , efta Cidade de Lisboa , ceifando as dif-
tíncç6es de Occidental , e Oriental , que até agora exifiiaô ; e fendo
conveniente , que a mefiria uniaó tenha lugar , tanto a refpeito das
jurifdicçôes feculares , como dos negócios civis , e politicos. Hey
por bem ordenar ,
que do primeiro de Setembro de/le anno em di-
ante , nos papeis , , e particulares , aflim em Juí-
e Efcrituras publicas
zo , como fora delle , fe na6 ufe mais das referidas diftincçóes. A
Mefa do Defembargo do Paço o tenha aííim entendido , e o faça
executar pela parte, que lhe toca. Lisboa 31 de Agofto de 1741.

Nejla mefina forma baixarão Decretos aos mais Tribunaes.

Bulla
^ ,,

BuUa porque o Papa Benedião XIV, Jiipprlmio o antigo Cahido ^

Dignidades , Canonicatos , Quartanarias da Igreja de Santa


Maria , dando Jacidclade ao Cardeal Patriarca para erigir
com conjelho , e conjentimento de/ Rey , vinte e oito Cano-
nicatos , e vinte Beneficiados do Padroado Real, CTr.

BENEDICTUS EPISCOPUS
SE RVUS SERVO RUM DEI.
jíd perpetttam rei memoriam.

EA , quse

vere , &
providentiíe noílrae refervavimus omnibus niimeris abfol- ísJuiTT,* I
ad perfedum perducere finem íatagimus , tunc verò li- *
27
bentius , ciim opportuna Divini Cultus augendi , Miniílrofque ei ad- '^^^* *74I«
didos multiplicandi fefe hinc ofFert occaíio.
§. I Sane cúm Nos nuper Patriarchali Ecclefí^ olim Ulixbonenfi
Occidentali nuncupatae Archiepifcopalem Ecclefiam , quíe iifque tunc
Ulixbonenfis Orientalis nuncupabatur , quarum utraque de Jurepatro-
natus chariílimi in Chriílo Filii noftri Joannis hoc nomine Quinti
PortugalliíE , &
Algarbiorum Régis Illullris ex fundatione , vet do-
tatione , feu privilegio Apoílolico , cui non erat eatenns in aliquo de-
rogatum exiftere dignofcebantur , de ipíius Joannis Régis coníenfu
univerimus , &
incorporaverimus , didamque Patriarchalem Ecclefiam
Archiepifcopali dignitate , ac Ulixboneníi tam Occidentali , quàm
Orientali denominatione extinólâ , Lisbonenfem deinceps appelJari
alteram verò Patriarchali , fed honorário tantími nomine decoratam
Sc fiib Sandlíe Marine invocatione in pofterum nuncupandam , ejufque
CapitLilum , &
Canónicos , cseterofqiie Miniílros , Clerumque , &
populum cum omnimoda fubjeólione Yenerabili Fratri Noílro Thomgc
SandVíE Romanae Eccleíix Presbytero Cardinali Patriarcha; Lisbonen-
fi
,
ejufque fucceíToribus , eidemque Patriarchali Ecclefíse Lisbonenfi,
Gualibet quofcumque aélus jurifdiârionales exercendi facultate, &:au-
ctoritate Capitulo , &
Canonicis praediéVíe Eccleíias SanéVa; Marias
penitus interdi61:â , &
ablatâ , íubjacere voluerimus , juíTerimus , &
ílatuerimus ; de caztero Nobis proponentes circa Dignitatum , Ca- &
nonicatuum , ac Prícbendarum , necnon dimidiorum Canonicatuum
ac dimidiarum Prí^bendarum , &
Qiiartanariarum diclse EccleíiíE San-
€tx Mariíe futurum ílatum , ac in ipsâ Eccleíiâ novam Miniftrorum
fundàtioneni , &
inftitutioncm , Chorique fervitium , ac alia ad regi-
men ejuídem Eccleíias pertinentia ,
quod opportunum videretur, poít-
modum dccernere
, & ordinare prout in noftris Literis fub
,
Datum
Romx Sanélam Mariam Maiorem anno Tncarnationis Dominica^
apiid
millefimo ícptingentcíimo quadragefimo Idibus Decembris Pontiíicatiis
Noftri anno primo fub Bulla Áurea defuper expeditis pleniíis, &fu-
íius continetur.
Tom. V. Oo ii Nunc
,,

2^2 Trovas do Liv. Vlh d^ Hijloria (genealógica

§. 2 Nunc ad Decreta & ordinationes , hiiuifmodi providentise


,

noftrae curam juxta Joannis Régis pias Nobis notas intentio-


pr2edi'5Vi
nes , & defideria adhibcre proíequimur.
§. 3 Quoniam igitur in prasdiflâ Ecclefiu Sanílíe Marias oélo
Dignitates , quarum duse , Dccanatus fcilicet , &
Cantoratus , ultra
propriam in Mafsâ Capitulari uniufcujufque Prabendam ,
quofdam
alios redditus ab ipíis pro tempore Decano , & Cantore privativè ad-
miniftrari folitos , & forfan à Parochialibus Ecclefiis eifuein Decana- ^

tui , & Cantoratui unitis provenientes annexos habent ; tres vcrò aliíE
de Lisboa fcilicet , ac de San£l:arem refpeéVivè nuncupati Archidiaco-
natus , ac Scholaftria omnes fuos fruílus , redditus , & proventus ali-
bi quàm in Mafsâ Capitulari conftitutos , & forfan etiam à Parochia-
libus Ecclefiis ipfis annexis provenientes , habent , quos ipfi pro tem-
pore Archidiaconi , ac Scholafter libere , & independenter adminif-
trant , reliquae vero tres, Thefaurariatus fcilicet maior, & Archidiaco-
natus delia terza Sedia refpeílivè nuncupati , ac Archipresbyteratus ,
eofque pro tempore obtinentes unam pro quolibet Pra:bendam ex
Mafsâ Capitulari percipiunt ; itenique viginti Canonicatus , quorum
iinufquifque fuam Prsebendam habet in Mafsâ Capitulari , unus ex &
Canonicatibus , & Pra:bendis hujufmodi de Mafra nuncupatus, & nun-
cupata CapellaniíE maiori nuncupatae Capellse Sandli Sebaíliani in ea-
dem Sandlse MariíK Ecclefiâ fitíE [Apoílolicâ aufVoritate perpetuo uni-
íus , &unita reperiuntur ; & infupcr quatuor dimidii Canonicatus
& dimidiíE PríEbendíç funer duabus , & duodecim Quartanariac fuper
tribus ejufdem Capitularis MaíTíe Prabendis fundati , & fundata? ,
quíE , & qui omnes Dignitates, Canonicatus, ac Prabendíc, dimidii
Canonicatus , ac dimidia Prabenda , & Quartanaria , necnon huiuf-
modi Capellania m.aior nuncupata de Jurepatronatus diéVi Joannis Ré-
gis ex fundatione , vel dotatione , feu privilegio Apoílolico, cui non
cft haílenus in aliqi^o dcrogatum , eííe dignofcuntur ; & ulteriíis qua-
rumdam aliarum Mafla Capitularis Prabendarum frudlus , pro Fabri-
ca , èc Sacriíliâ , ac inferiorum Miniftrorum fubftentatione , 8í in
alios ejufdem Archiepifcopalis Ecclcfia ufus , & indigentias , jam
dudum applicati , ac demum aliquibus ex diílis Prsebendis aliqui fiu-
íl:us, redditus, proventus, & proprietates peculiariter annexi , &
annexa , certaque domus , ad quas jure optionis pradidas Dignita-
tes , ac pradiéíos Canonicatus , & Prabendas pro tempore obtinen-
tes perveniunt , ficut accepinius , exiílunt.
§. 4 Nos, ut in pradi61:â Ecclefíi Sanfla Maria Altiííimi fervi-
tium in Divinis laudibus pcrfolvendis multiplicato Minifirorum nu-
mero , perfediorique introduzia norma adaugeatur , aliaque pia & ,

rationabilia propoíita ad optatum valeant íinem perduci , acccdente


ad omnia infrafcripta ejufdem Jcannis Régis confcnfu Motu próprio, ,

& ex certa fcientiâ , ac rraturâ deliberatione noílris , deque Apoílo-


lica potcfíatis plenitudine pradida Ecclefa Sanfía Maria Decana-
tum , qui priira , Cantoratum , qui fecunda, ac Archidiaconatum
de Ivisboa , qui tertia , Si Thefaurariatum maiorem qui quarta , ac ,

Árchidiaccjiatum ide Saudarem ,


qui quinta , ac Scholaílriam ,
qua
íexta
,,,

da Cafa T^eal Tortuguei^a, 25^3


fexta , & Archidiaconatum delia terza Sedia rclpcflivè nuncupatos
qui feptinia , ac Archipresbyteratum , qui o61:ava , inibi Dignitates
exiftunt , necnon quatuor praedidbos dimidios Canonicatus , ac dimi-
dias Pricbcndas , ac prasdiélas duodecim Quartanarias , necnon prasdi-
6lam Capcllaniam niaiorem nuncupatam Capellae Sancli Scbaíliani
pnxviâ ipfius Capellaniíe à Canonicatu , & Pra'benda de Mafra nun-
cupatis , diímembratione , & íeparatione , illarumqiie , & illorum rcf-
pedlivè titulum collacivum , ellentiam , & dcnominatione , ex nunc
quoad pra:di6l:as Dignitates , & pra:di(5í:os dimidios Canonicatus , ac
uimidias Piícbendas , & Quartanarias , ac Capellaniam niaiorem avflu
vacantes , quo vero ad illas , Sc illos a(5lu nunc minimò vacantes , ex
nunc pro tunc , &poftquam à pr^edicto Joanne Rege , ut infra , il-
las , & illos obtinentium indemnitati coníultum fuerit , perpetuo fup-
primimus , & cxtinguimus.
§•5 Ac in eâdem Ecclefia Sanólac Marise odio alios Canonicatus,
totidemque Pra^bendas pro oéto Canonicis , ac viginti Beneficia , pro
viginti Benefíciatis , Sc reliqua Oi£l:odecim perpetua fimplicia Benefi-
cia Ecclenaftica , Clericatus refpeflivè nuncupanda pro oòlodecím
Clericis Benefíciatis refpedlivè nuncupandis , qui apud diclam Eccle-
íiam perfonaliter refidere , debitaque , & ipíis ut infra injungenda fer-
yitia , &• obfequia prasílare , ac una cum aliis viginti Canonicis, ut
infra fubrogandis juxta modum , & formam defupcr Capitulo, & Ca-
nonicis , cxterifque Miniílris ejufdem Ecclefia^ Sandia; Maria: à prse-
di6lo Thoma Cardinale Patriarcha , ejufque fucceílbribus cum coníi-
lio , & confcnfu ejufdem Joannis Pvegis de novo pra:ícribendum , &
príEfcribendam , ( quo circa diélx Eccleíias Sandra-' Marix uíus , con-
fuetudines , 8c ftatuta qua:cumque etiam juramento , vel quâvis etiam
Apoílolicâ aii-floritate roborata abrogamus , omnefque , & fingulas fa-
cultates à felicis recordationis Clemente Papa Duodécimo PrícueceC-
fore Noílro ipfi Thomse Cardinali Patriarch^e pro nova Patriarchalis
Ecclefií2 praediflas fervitii formâ conílituendâ per fuas Literas fub Da-
tum Rom^ apud San61am Mariam Maiorem anno Incarnationis Do-
minicae milleíimo feptingenteíimo trigcíim.o oflavo , odlavo Idus Dc-
cembris , Pontifícatus fui anno nono , fub Bulla Aureâ defuper expe*-
ditas aliás conceíPas , & imperíitas Nos eidem Thoma: Cardinali Pa-
triarchíE
,
ejufque fuccefforibus erga prísdidlam Sandlae Mari^ Eccle-
fiam , ipfíufque Capitulum , & Canónicos , ac Beneficiatos , & Cle-
ricos Beneficiatos ca^terofque Miniílros illi pro tempore iníervientes
,

per praefentes extendimus ) Horas Canónicas nodlurnas , ac diurnas


píallere , aliaque Divina Officia celebrare , quo vero ad Indulta , gra-
tias , pr.xro.íTativas
,
jura , ílylos ,& uíus , quibus Ecclefiís SandlíE
MariíE Capitulum , & Canonici , aliique Miniílri anteliac frueban-
tur , illis tantum praedíílo Patriarcbíc cum confilio , & conienfu ejuf-
dem Joannis Régis quocumque tempore bene vifis gaudere , habituni
vero Choralem in aliqua ex Cathedralibus didi Regni deferri foli-
tum , ac arbitrio ejufdem Patriarchx eligendum geílare debeant , per-
petuo erigimus & inílituimus.
,

§. 6 Pro côngrua verò fubílentatione y ac dote perpetua pra^di-


dloruin
,,

trovas do Liv. VIL da Hijlorla genealógica


6lorum viginti oito Canonicorum , viginti Benefíciatorum , ac o£l:o-
decim Clericorum Benefíciatorum , MaíTam Capitularem prsediéliam ,
ac ex illâ «quinque , Decanatus videlicet , Cantoratus , Theíaurariatus
Maioris , & Archidiaconatus delia terza Sedia reípedivè nuncupato-
ruin , ac Archipresbyteratus , ut pr^efertur , fuppreírarum , ac extin-
£l:arum Dignitatum pr^ediítarum , ac viginti exiílentium Canonica-
tiium pra;diâ:orum , ( íub conditione compenfationis illos nunc obti-
nentibus , ut infra pra^ftandas , &
faciendae ) necnon duarum luper qui-
bus quatuor dimidii Canonicatus , &
trium fuper quibus duodeciin
C^iartanarise , ut pra;fertur , íuppreíli , &
extinóli , ac liippreíTíe , &
cxtindas , fundati , &
fundatse íuerunt , refpedlivè Pra^bendarum om-
lies , &
íingulos frutflus , rcdditus , &
proventus cum prsediéíjis fru-
<51ibus , &
proprietatibus aliquibus ex diólis Pra:bendis peculiariter
annexis , ac cum pn^fatis adoptionem doniibus in unum Corpus red-
dituum , ( quod à períonis pro tempore exiílenti Patriarchíe Lisbo-
neníi bene viíis , &
ad nutum amovibilibus juxta regulas ab eodeni
pra^fcribendas regi , &
adminiílrari debeat) redadtos , ac iníimul od:o-
decim miile feptingentos quadraginta íex ducatos auri de Camera fe-
cundum communem aeíliraationem annuatim , ut accepimus , conílitu-
entes , quod ad quadringentorum , &
quadraginta qiiatuor pro quoli-
bet Canónico , ducentorum , &
viginti duoruni pro quolibet Benefí-
ciato , ac centum , &
undecim ducatorum auri íimilium pro quolibet
Clerico Benefíciato , ac pro eorum refpeélivè Pra;bendis , Benefíciis ,
& Clericatibus annuam reípedivc íummam fub Icgibus refidenti^ , &
ícrvitii à Patriarclia pra;dido , ut pra:fertur , imponendis diílribuen-
dam , ac prsediéla proportione juxta verum ejus valorem dividendam,
circiter aícendit , perpetuo aíTignamus , applicamus , &
appropriamus.
§. 7 Reliquos vero tam Decanatui , ac Cantoratui, ut prícíertur,
extinélis , & luppreífis , quàni Canon icatui , &
PrsebendíE de Maíra
nuncupatis ratione Capellaniae maioris nuncupata; prasdiílae extra
JVíaílam Capitularem antehac annexos ti udlus , redditus , proven- &
tus quofcumque praeviâ ipíorum refpeílivâ , ac perpetua difmembra-
ticne , &
feparatione, necnon omnes , & fingulos de Lisboa, Sc de
Sanclaí"em refpeclivè nuncupatorum Arcb.idiaconatuum , ac Scholaílriíc
pariter , ut príefertur , fuppreíTcrum , Sz extindorum , ac íuppreflk
'& extiníbse frudus , redditus , &
proventus , infimul , annuam íum-
mam bis núUe noningentorum , &
lexaginta unius ducatorum auri íi-
miíium , ut accepimus , conílituentes pro unius Seminarii puerorum
Pi'triarchalis per alias noftras Literas inftitucndi dote , indigentiis, &
( íiipportatis tamen per ipfum Seminarium omnibus, & íTngulis one-
ribus realibus alias ejufdem Eccleíise Sandíc Mariíe Decano , & Can-
tori , ac de Lisboa , & de Sanífarem reípe6livè nuncupatis Archidiaco-
nis , ac Scholaílico ratione fru61:uum , reddiíuum , & proventuum hu-
jufmodi , necnon cjurdem Eccleíiíc Canónico de Mafra nuncupato ra-
tione pra'di£í:re Capellanise incumbentibus ) perpetuo refervamus , &
deílinamus , ac ex nunc pro tunc applicamus , & appropriamus.
§. 8 Illos autem nonnullarum di61:se EccIcíiíf Prxbendarum fruéliis
in ejufdem EccleíIiE Fabricíe , & Sacrifcise ,
aliofque ufus , ut praefer-
tur
,,,

da Cafa 7(cal Tortugues^a. 2^5


tur ,
npplicntos, cnmdem prorfus applicationem foríiri , & à praefatis
ad regimen lupradiéli reddituum Corporis , & JMaíTíe Capitularis a
Patriarchâ pio teirpore eligendis perfonis in eofdeminet urus eroga-
ri , & impcndi perpetuis futuris temporibus volumus & mandamus. ,

§. 9 Ad príudiclos verò odto Canonicatus , totidemquc Prarben-


das , ac ad prxdiéla viginti Beneficia , &
ad pra^didos odtodccitn
Clericatus reípcdlivè nuncupata, &
nuncupatos , ac , ut prarfertur,
ercflos , &
inílitutos , ac ereflas , inftitutas ,& &
ercda atque iníli-
tuta , tam hac prima vice ab eorum , &
earum primíEva eredione
& inílitutione luijufmodi vacantes , &
vacantia , qiiàm quoties cx time
deinccps quoviímodo , &
ex quorumcumquc ctiam noílrorum , Ro- &
mani Pontifícis pro tempore exiftcntis , íeu cujuíVis SanfiS Romanize
EccleíiíE Cardinalis familiarium , & continuorum commcnlalium , feu
Sedis Apoftolicar, 8z Romanx Curiae Oíficialium , feu Conclavifta-
rum , vel Curialium , aut aliorum rcícrvationem quomodolibet indu-
centibus perfonis , feu per liberas , etiam ex caufa permutationis , re-
íignationes , Jurium ceíliones d^ illis in di6la Curia , vel extra cam ,
etiam in noftris , Sc R^omani Pontificis pro tempore exiRentis mani-
bus quomodolibet faílas , vel admiflas , aut aílecutinnem alterius Be-
nefícii Ecclefiaftici qu wis aufloritatc coUati , feu illos , illas , ac &
illa pro tempore obtinentium deceíTum , etiam apud Sedem pra:di-
õ:am , vel quamvis aliam dimiíTionem , amiífioneni , privationem , Re-
ligionis ingreíTum , jMatrimonii contradtum , &
Cathedraiium Eccle-
fíarum , vel Monaííeriorum etiam Conílítorialium , feu quamcumque
aliam promotionem , aut q'Uomodolibct , &
qualitercumque vacare
contigerit , Jufpatronatus , &
prsefentandi perfonas idóneas à pro tem-
pore exiílente Patriarcbà Lisboncnfi praediílo approbandas , iníVi- &
tuendas praedi^íVo Joanni Regi , ejufque in di6lis Regnis fucceíforibus,
Regibus perpetuo refervamus , concedimus , aííignamus. &
§. 10 Ac Jufpatronatus, &
pra^fentandi hujufmodi verè Regium
exiftere , ac eidem Joanni , &
pro tempore exiftenti PortugalliíE , êc
Algarbiorum Regi non ex privilegio , fed ex vera , primjEvâ , reali
aéluali , plena , integra , &
omnimodâ fundatione , ac perpetua dota-
tione , competere , &
pertinere , ac uti tale fub quacumque deroga-
tione Jurifpatronatus ex privilegio Apoftolico , vel confuetudine . aut
prsefcriptione acquiíiti , etiam cum quibufvis príegnantiííímis , effi- &
caciíTimis verbis , claufiilis , ac etiam irritantibus aliifque fortioribiis
,

Decretis, in quacumque difpoíitione etiam per viam Conítitutionis


Legis, noftrasque, &
Cancellariae Apoílolicse regulíE , etiam per Nos,
& fuccefTores Noftros Romanos Pontiflces , etiam Motu próprio , feu
coníiftorialiter pro tempore quomodocumque fa(Stâ , concefsâ , ema- &
natâ nullatenus comprehendi , nec illi ullo unquam tempore , aut ex
aliquâ causa, practextu , ratione , aut occafione derogari poíTe, neque
debere , aut derogatum cenferi ; necnon omnes , ik quafcumque colla-
tiones
^
proviíiones , aliafque difpoíitiones de omnibus , íingulis &
Canonicatibus , & Prasbendis , ac Beneíiciis , &
Clericatibus pra;:diclis
contra earundem prazfentium tenorem , & alias quam ad prsefentatio-
nem prxdi<Sli Joannis Régis , feu eorum pro tempore fucceíTorum
-^num R
,

Trovas do Liv, VIL da Hlfloria Çenealogíca


Regum^ aiit de illius , feu eorum confenfu , quibufvis períonis , &
fub quibufvis verborum expreffionibus pro tempore íaâras , feu faci-
endas , procelTufque defuper habeodos , ac inde pro tempore fequen-
da , quaecumque nulla , & invalida , nulliufque roboris , vel momenti
fore ,& eíFe , ac pro nullis , & infeílis habcri ,& ceníeri , nec jus,
aut coloratum titulum poíTidendi cuiquam tribuere , nec per illa ac-
quiri poííe deceraimus , & mandamus.
§. II Cum autem ex príerniílis non leve modernorum prxáiãx
EccleíiíE Saníla: Mariíc Canoiiicorum prísfenti ílatui detrimentum in-
íbrri falis appareat , ex adverfo verumtamen ratio fuadeat , propter
privatorum commoda publicam Eccleíia: utilitatem non eíie impedi-
endain , propterea , Sc ne adverfus príemilfa ab eifdem ullo unquam
tempore diílidia , aut controveríise eXcitari queant , Joanni Regi prx-
djòlo Motu , & poteílate íimilibus permittimus , & concedimus, ut
ipfe omnes , & fmgulos modernos príedióla; Eccleíiíe Sand-iE MariíE
Canónicos è fuis Canonicatibus , & Praebendis ( dummodo priús eo-
rum indemnitati , ut infra coniulatur ) removere, alioíque m eorum
quidem locum , non autem in eorum jura , aut privilegia , nifi mo-
do , & formâ , fupradi6íis fubrogare poíTit , itaut à prafatis Canoni-
catibus , & PríEbendis íic remoti , quâvis ratione , feu fub quovis príe-
textu etiam triennalis poíleílicnis fejuvarc, aut reniotioni hujulmo-
di opponere , Sc contradicere nequeant , fcd pro remotis Apoílolicâ
auíloritate habeantur.
§. 12 Ad hoc autem, ut tam illorum , qui Dignitates , ac dimi-
dies Canonicatus , & dimidias Pra^bendas , ac Quartar.arias , ut pras-
ícrtur , fuppreílas , Sc extinélas , ac íuppreílbs , Sc extinclos hadlenus
obtinent , quam eorum , quos à Canonicatibus , Sc Pra:bendis prícdi-
clis removeri , ut etiam prsefertur , permittimus , ac reljpeélivè jube-
iiins , indemnitati , prout júris ísquitas poílulat , confulatur , Nos
eundem Joannem Regem à quocumque de non alienandis tam Regise
Coronrc, quàm Ordinum Militarium , quorum ipfe in fuis Regnis
Gubernator , & perpetuus Adminifrrator exiftit , refpeílivè bonis,
aut aiiàs quomodolibet ab eo príeftito juramento, voto, feu obliga-
íione quacumque ad infrafcriptorum ellcdum íiarum ferie abfolven-
tes, & liberantes , ut ipfe prícdiélas Dignitates, ác Canonicatus, &
Praíbendas , ac dimidios Canonicatus , Sc dimidias Prsebendas , necnon
Quartanarias hojufmodi ad pnufens obtincntibus , vel ad illorum de-
íidefium propinquis eorundem , feu aliis perfonis de Régio Erário
vei in bonis pradi^flis , feu in honoribus , aut in Eccleíiaílicis Bene-
iiciis , feu aiio quovifmodo faltem equivaienter , juxta aihitrium à
prasdtélo Tiioma Cardinale Patriarcha , fummariè, Sc fne figura judi-
'
cii
,
nuUoque adjus accrefcendi propter íallentias, aut vacationes ha-
bito refpeau , deíu per interponendum , quod vim legis , & fententias
liabere voíumus, fatisfíeri , & compenfari curet (cuius compenfatio-
,

nis quoad illas Dignitates , & illos Canonicatus , & Pra:bendas , nec^
non dimidios Canonicatus , Sc dimidiaS: Prebendas , ac Quartanarias
pr^diélas , & prxdicl:os, in quibus Coadjutores, futurique fucccíTo-
res Apoílolicâ audoritate conftituti íprfan reperiuntur, hiijufmodi-
CoadjutO'
da Caja 7(eal Torttígueí^a* ipj
Coadjutores , futurique fucceíTores pro rata côngrua: portionis eis in
Literis Apoílolicis pro labore Coadjutoria; aíUgnata: participes eruiit,
doncc per obitum Coadjutoris , vel Coadjuti integra ad fuperílitem
traníeat ) Apoftolicâ auétoritate Motu pari permittimus , conccdinius,
& refpedlivè injungimus.
§. 13 Prascipicntes ulteriíis , ut nemo praedidloruin , poílquam in^
dcmnitati fuíc , ut pra;fertur , confultum fuerit, in poílerum refpe-
éVivis Dignitatum , Canonicatuum , & Praebendarum , ac dimidiorum
Canonicatuum , & dimidiarum Prsebendaruni , ac Quartanariarum , qui-
bus antea gaudebant , nominibus , & titulis fe inícribere , feu nuncu-
pari facerc , aut earum , & eorum folita infignia , Teu habitus pró-
prios , & fpeciales , aut Chorales ufpiam geítare , vel deferre quâvis
ratione , leu fub quovis prsetextu vaíeat , minufque audeat , vel pra;-
fumat.
§. 14 Omnes vero , & fmgulas coliationes , proviíiones , & om-
nimodas alias diíjpofitiones , quorumcumque cum curâ , & fine cura
Beneficiorum , & Ecclefiarum , etiam earum , in quibus animarum cu-
ra Capitulo San£l:£E Marine Ecclefix proediííít íbrfan incumbit , nec-
non perpetuarum , feu ad nutum amovibilium Vicariarum , ac pra;-
fentatioacs , & eledliones ad illa , & ad illas , ac forfan confírn atio-
nes , & inííitutiones in eiidem , ac alia quacuinque jura de nonnuUis
muiíeribus , & officiis Ecciefiaílicis , vel Laicalibus providendi , cjuf-
dem Ecclcfia: Sanflse Marise Capitulo , & Dignitatibus , ac Canonicis
in communi , aut uti fingulis , ac ratione pradiílíe Capellania; maio-
ris nuncupatíE Canónico de Mafra nuncupato prardiclis alias refpe-
éiivè competentes , & competentia à Capitulo , Dignitatibus , & Ca-
nonicis , ac Canónico hujufmodi abdicantes , & auferentes ad Tho-
niani Cardinalem Patriarcham , ejufque fucceltores pra:di6>os cum ple-
na , libera , & omnimoda quoad munera , & officia hujufmodi ad fui
libitum ea vel confervandi , vel abolendi facultate, & audloritate per
prxfentes transferinuis ; illafque , & illa facultate ,& auéloritate hu-
julmodi ci , & eis Motu , fcicntia , & poteftatis plenitudine íimilibus
etiam perpetuo concedimus.
§.15' Ac eidcm Thoma; Cardinali PatriarchíE , ejufque fucceífori-
bus priíífatis , quatenus Ecclcíiíe , & Dignitatis íux rationibus expe-
dire ceníeat , & inter ipfum , ac prsediítum Joannem Pvegem mutuo
conveniat , unum , vel plura , feu unam , vel plures ad ipfíus Tho-
iTiíç Gardinalis Patriarcha;
,
ejufque fucce.Torum difpofitionem , ut príE-
fertur tranSlata Beneficia , & translatas Ecclcíias pr^diíSla , ac príedi-
clas , atque ad id , vel ad ca , ac ad eam , vel ad eas Jufpatronatus ,
& pr£ell'ntandi perfonas idóneas , cum alio , vel aliis fimilis , vel dif-
íimilis nawrx Ecclefiaftico Beneficio , feu Ecciefiaílicis Beneficiis de
Jurepatronatus didti Joannis Rcgis commutandi plenam , & liberam
Motu pari teiiore pr^efcntium facultatemconcedimus , & elargin^ur ;
ac hujufmodi commutationem , feu commutationes iuos plenários,
& Íntegros eíFeflus fortiri , ac ex nunc pro tunc ratam , 6c ratas eíFc
volumus , Sz mandamus.
§. 16 Injungentes eidem Thoma; Cardinali Patriarcha: , ejufque
Tom. V. Pp fucceílb-
,

2p8 T^rovas do L!v. VIL da Hiftorla Çenealoglcã

fucceíToribus , ut ipfe , & ípíí privativè per fe , vel alium , feii alios
prxdiS:x Ecclefiíe SandtíE MariíE , ejiifque Fabricse, & SacriftiíE (Eco-
nómico, & interiori regimini providam curam impendere , uttamDi-
viíiíE , quhm temporales res in eadem Ecclefiâ eâ , qua decet dignita-
te , ac opportunâ folicitudinc , & vigilantiâ adminiíbentur , fatagat
& fatagant.
§. Qiioniam vero ablatâ, ut prasfertur pracdidce Ecclefia* San-
17 .

Mariíe Capitulo , & Canonicis quoíVis jurildiílionales aélus exer-


cendi facultate , ac Bencficiorum , & officiorum quorumcumque col-
latione , & provifione , reddituum vero Capitularis MaíTa; , ipfiufque
Eccleíias , ac ejus Fabricas , & Sacriftiíe (E'conomico , & interiori re-
giminc pro tempore exiítenti Patriarchx , perfonifque ab ipíb eligen-
dis , ut etiam praefertur , demandato , nuUa aniplius leííiones Capitu-
lares habendi fupereft occafio , juM Nos dcíuper providentiâ ducen-
te , Aulam Capituli príedidlíis Ecclefiíc Sanclaí Alarise cum circumja-
centibus etiam Archivii Cameris iii ufus , commoda Seminarii prac- &
diíli deftinare conftituimus , &
refervatas eíTe jubemus , ac eidem
Thomas Cardinali PatriarchíE alium opportunum locum pro ipfius Ec-
cleíiae Tabulario collocando feligendi , deftinandi curam imponi- &
nius.
§. 18 Ut autem prxfentes ,
omniaque , & íiiigula in eis contenta
debitíu ,
parataeque executioni omnimod^que demandentur obfervan-
,

íiiE , Motu , ícientiâ , & poteílatis plenitudine, íimilibus eidem Tho-


mx ejuíque fucceíToribus pr2edid"is per prsefcn-
Cardinali Patriarchíe ,
tes committimus ,, & mandamus
quatenus ipíe , ipíi per fe , vel &
íilium , feu alios , etiam quâvis difficultate occurrente , à Nobis non &
prscvisâ , quíE eíFeftum príefentium minimè retardare valeat , eafdem
pr^fcntes , & in eis contenta quascumque debitíc executioni dcman-
dari faciat , &
£iciant , ac ubi , &
quando opus fuerit folemniter pu-
blicans , &
publicantes , & in príemifíis efficacis defenfionis pra;íidio
aíllílens , & aíliftentes faciat , &
faciant Apoílolicâ auíloritate omnia,
& íingula prícrniíTa fuum debitum fortiri effeólum , ac ab omnibus,
& quibufcumque perfonis fírmiter , inviolabilitcr obfervari , &
ad- &
impleri , Contradiétores quoslibet , & rebelles per fententias cenfu- ,

ras , & poínas Ecclefiafticas , aliaquc opportunâ júris , & fadli reme-
dia appellatione poílpoíitâ , compefcendo , invocato etiam ad hoc , íi
©pus fuerit , auxilio brachii fíecularis.
§. 19 Et infuper eidcni Thomar Cardinali ,
ejufque Patriarchae
fucceíToribus príEdiflis quofcumque omnium
íingulorum pramif- , &
forum cíTe*51:um impedientes , &: in eifdcm pra^miíTis molcílantcs per- ,

turbantes , Sc quovifmodo contradiccntes etiam per edidlum publi-


cum , conílito fummariò de non tuto acceíTu , citandi , illifquc , ac
quibus , & quoties inhibendum fuerit , etiam per cdidum fub ex-
communicationis , ac etiam pecuniariis , necnon privationis Bencficio-
rum , & Officiorum Ecclefiaílicorum , & fsrcularium ejus , & eorum
arbítrio imponcndis , modcrandts , & applicandis poenis inhibendi, ac
eos quos cenfuras, & pcenas luijufniodi incurriffe confliterit, eas in-
curiifíe 3 fervatâ forma Concilii Tridentiiii declarandi , ac cenfuras , &
poen as

I
,,

da Cafa %eal Tcttuguea^a. ^99


poenas ipfas etiam iteratis vicibus aggravandi , &
rcaggravandi ple-
nam , & liberam Motu , & audloiitate finiilibiis íacultatem concedi-
mus.
§. Decernentes eafdem pricfcntes femper , & perpetuo validas,
20
& efficaces eíFe , & íore , luolque plenários , & Íntegros eíFe(5lus for-
tiri , & obtinere dcbere , ac nulío unquam tempore ex quocumque
capite, & ex quâlibet causâ quantumvis legitima , Juridicâ , pia , pn-
vilegiatâ ac fpeciali nota digna , etiam ex eo quod Dignitatum , Ca-
,

nonicatuum & Pra-bendarum , ac dimidiorum Canonicatuum , & di-


,

midiarum Prabendarum , ac Quartanariarum príediílarum , & pradi-


(Hiorum PoíTeííbres , íeu quicumque cujuslibet dignitatis, grados,
condi tionis , & príeeminenti^ in pramiílis , & circa ca quomodolibet
jus , vcí intcreíle habentes , feu habere pratendentes úVis non con-
fenferint , &
ad illa vocati , &
auditi non fuerint , &
caufíe , propter
quas eadem prjjíentes emanaverint , addudVa , verifícata, &juftiíica>
ta non íuerint , de lubreptionis , vel obreptionis , aut nuUitatis , feu
invaliditatis vitio , vel intentionis noftra , aut quolibet alio quan-
tumvis magno , fubftantiali , inexcogitato , & inexcogitabili , ac fpe-
cifícam , & individuam mentionem , & expreílíonem requirente defe-
(5tu ; fivc etiam ex eo quod in pramiílis , eorumve aliquo folcmnita-
tes , & quavis alia adimplenda , & fervanda adimpleta , & fervata
,

non fuerint, aut ex quocumque alio capite àjure, vel fa^fto , autíla-
tuto , leu confuetudine aliquâ refultante , vel etiam enormis , enor-
miííima , totalifque laíionis aut quocumque alio colore , pratextu
,

ratione etiam in corpore júris clausâ rccafione , aliave causâ etiam


,

tali,
qua ad eíieélum validitatis pramiílbrum neceíTariò exprimenda
foret , aut quod de voluntite nollrâ hujuímodi , & aliis fuperius ex-
preíTis nuUibi apparcret , feu alias probari poíTec , notari impugnari,
,
invalidari , retradlari , in jus, vel controvcríiam revocari aut ad tér- ,

minos júris reduci vel adverlus ilias reftitutionis in integrum apcri-


,

tionis oris , reduílionis ad viam, & términos júris , & aliud quod-
cumque júris vel juftitia remedium impetrari , fcii
fatfli
,
gratia ,

quomodolibet etiam Motu pari conceílb , aut impetrato , vel emanato


uti , feu fe juvare in Judicio , vel extra poíTe
,
neque eafdem prafen-
tes fub quibufvis fnnilium , vel diííimilium gratiarum rcvocationibus
fufpenfionibus , limitationibus , modifícationibus , derogationibus , aliif-
que contrariis dilpofitionibus , feu Cancellaria pradiéía regulis , aut
Conftitutionibus Apoílolicis etiam Motu pari , ac ex certa fcientiâ
etiam Confiftorialiter , & quibufvis de cauíis , &
fub quibufcumqae
verborum tenoribus , & formis , ac cum quibufvis claufuiis, & De-
cretis pro tempore quomodolibet faólis , & emanatis, etiamíí in eis
de eifdem prafentibus , earumque toto tenore , ac data fpecialis
mentio fíeret , comprehendi , fed tanquam ad maius bonum , & Divi-
ni cultus augmentum tendentes femper ab illis excipi , quoties il- &
la emanabunt , toties in priftinum , & eum , in quo antea erant,
ílatum reílitutas , reintegratas , ac de novo etiam fub quacumque pof-
teriori data quandocum,que eligenda conceíTas eíTe , & fore.
§. 21 Sicque, &
non aliter in pramiílis omnibus , fmgulis per &
Tom. V. Pp ii quofcum-
,

joo Trovas do Liv, VIL da Hifloria Çenealogica


quofcumque Judices Ordinários, vel Delegatos , etiam canfariim Pa-
laiii Apoíloííci Auditores, ac ejurdem SanclíE Romanss Eccleíia Car-
dinales , etiam de Latere Legatos, Vice-Legatos di^Paque Sedis
Núncios , &
alios quofcumque quâvis au61:oritate ,
potefiate ,
cfiicio,
& dignitate fungentes , ac pracrogativâ , privilegio, prsEcminentiâ, 8z
honore fulgentes, fublatâ eis, & corura cuilibet quâvis aliter Judi-
candi , &
interpretandi facultatc , auóloritate in quocumque judi- &
cio , &in quacumque inílantiâ judicari , & defíniri debere , Sz íi fe-^
cus fuper his à quoquam quâvis auóloritate fcienter , vel ignoranter
contigerit attentari , irritum , & inane decerninius.
§. 22 Non obftajitibus noftris , & CancellariíE ApoftolicíE Regu-
lis de jure qucefito non toUendo , & de exprimendo vero annuo va-
lore , necnon omnium , &
fingularum , ac fíngulorum Dignitatum ,
Canonicatuum , & Prí^bendarum , dimidiorum Canonicatuum , & di-
midiarum Praebendarum , Qiiartanariarum , ac CapellaniíE maioris nun-
cupatae prsediílarum , ac príediélorum refpeélivè fundationibus , aliif-
que Apoílolicis , ac etiam in Synodalibus , Provincialibus , Univería-
libufque Conciliis in contrariuni pramifTorum editis , vel edendis
fpecialibus , vel generalibus Conftitutionibbs , Ordinationibus , &De-
cretis quibufcumque , dií?a:que EccIcítíe olim Ulixbrneríis Orienta-
lis nuncupatís etiam Juramento , confírmatione Apoílolicâ , vel quâ-
vis fírmitate alia roboratis ílatutis , eorumque reforrrationibus , &
additionibus , ftylis , ufibus , &
coníuetudinibus etiam irrimemcrabili-
bus , diípofitionibus , &
ultimis voluntatibus in contrarium eorundem
pramiíTorum , nccncn quibuivis privilegiis etiam ex fundatione com-
petentíbus à quibufcumque Rciranis Pontiíicibus Pracdeceílbribus nof-
tris conceílls , ac Indultis , &
Literis Apoílolicis fub quibufcum.que
tenoribus , S: formis , ac cum quibufvis etiam derogatoriarum deroga-
toriis ,
aliifque eííicatioribus , efficaciffimis , &: iníolitis claufulis , ir-
ritnntibufque , &
aliis Decretis in gencre , vel in fpecie etiam Motu
pari , etiam Coníiílorialitcr, aut alias quomodolibet in contrarium prse-
miíTorum conceíTis ,
approbatis , confírniatis , & innovatis.
§. 23 Quibus omnibus , & íingulis, ctiamíi de illis
,
eorumque
totis tenoribus fpecialis
,
fpecifca ,
expreíTa , & individua , ac de ver-
bo ad verbum , non autem per.clauíubs gencrales idem importantes
mentio , feu quirvis alia exprefl'o liabcnda , aut aliqua alia exquiíita
forma ad hoc fervanda forct , etiamfi in eis cavcatur exprefsè, qucd
illis nullatenus , aut nonniíi fub certis modo , & forma derogari pof-
íit , tenores hujufmodi, ac fi de verbo ad verbum nihil pcnitús cmif-

íb , & formâ in illis traditâ obfervatâ inferri íbrent prafcntibus pro


,
plenè , & fufíicienter expreíFs &: infertis habcntes, illis alias in fuo
,

robore permanfuris , ad prícrniíTorum omnium vallidiFmum eífefíum,


liac vice dumtaxat latiííimò, & plcnifíím.c , & fuíFcienter, necnon
ípecialitcr , &: exprefsè Motu , fcientiâ , &: poteílatis pleniiudine íi-
milibus harum ferie derogamus , caterifque ccntrariis quibufcumque.
§. 24 Nulii ergo omnino Iicminum liceat bane paginam nofíra^
í^ippreííionis , extinélionis ere^lionis, infíitutionis, aíTgnationis ap-
, ,
plicfitiojiis , deíUnatioiíis appropriationis ^ ^ oluntaiis ^"^ir.andati , re-
,
iervxitionis ,
da Cafa ^eal Tortuguc^a. 3c i
fervfltionis , Dccreti , permiíTionis , abfoliitionis , injim-
conceíTionis ,

clioiíis , piíuccpti , tmnslationis , commiíTionis , & dcrogationis inírin-


gere , vel ci aufii temerário contraire. Siquis autem hoc attentare
pricrumpíbrit , indigivationem Omnipotentis Dei , ac Beatorum Petri ,
& Paiili Apoftolorum ejus Ic noverit incurfurum.
Datum RomíK apiid Sandlam Mariani Maiorem , anno Incarna-
tionis Dominicit iniUcfiino feptingentefimo qiiadragerimo primo pri-
die Idus Julii Pontiíicatus noftri anno primo.

Loco ^ Bulias Aurese.

Bulla do Seminário Patriarcal , erigido na Cidade de Lisboa,

BENEDICTUS EPISCOPUS
SERVUS SERVORUxM DEL
j^d perpetuam rei memoriam.

DIvini ad Apoftolos verba Sifiite párvulos ventre


Príeceptoris Num. 12 8
me j nosexprefsè admonent non minimam Apoílolici muneris
j^^^ * 17^1
partem in Chriílianorum puerorum inflitutione curandl , Sc dirigen-
á\ confiítere , quò morum , & doclrinns puritate imbuti ante Divi-
num eonfncflum príefe;uari digni efficiantur.
§. I Hujus memores prsecepti , cum nuper Archiepifcopalem
quonJam Ecclcíiam Ulixboneníem Orientalem nuncupaíam Patriar-
chaíi Ecclcílí€ Lisboneníi unire decreverimus volentes , ut Ecclefia
unita hujufmodi fub invocatione SanélíE Marise deinceps nuncupare-
tur, Venerabiliíque Frater Nofter Thomas Sandlíe Romanas Ecclefia:
Presbyter Cardinalis Patriarcha Lisbonenfis , ejufque fucceíToribus
omnibus, & fingulis diflie Eccleíiasfrudibus redditibus, pro-
unitae ,

ventibus , & pertinentiis uti frui


, ,
, & gaudere libere , & li-
potiri
cite poíTent , Palatium tamen olim Archiepifcopale ipíiufque adja-
,
centias de confenfu ChariíHmi in Chrifto Filii Noftri Joannis hoc no-
mine Qiiinti Portugallia: , & Algarbiorum Régis Illuílris in ufum ,
& cornmoda unius Seminarii puerorum Patriarchalis à Nobis inííitu-
endi jam inde excepimus , deílinavimus , & fegregavimus , prout in
noílris Literis fub Datum Romãs apud San£lam Mariam Maiorem
anno Incarnationis Dominicas milleíimo feptingentefimo quadragcfimo
Idibus Decembris Ponti ficatus Noftri anno primo , fub Bulla Aureâ
defuper expeditis plcniús continetur.
§.2 Poftmodum vero cum 06I0 in pra^ditflâ Ecciefiâ SaníSlae Ma-
ri^ exiftentes Dignitates , & Capellaniam Maiorem nuncupatam Ca-
pella San6li Sebaftiani in eâdem Ecciefiâ fitai , cui ejufdem Ecclefi.T
Canonicatus , & Pra benda: de Mafra nuncupati Apoftolicâ au6lorita-
te perpetuo uniti rcperiebantur prarvia ipfius Capellania; à Canoni-
,
catUj &Príebendâ hujufmodi perpetua difmembratione , & feparatio-
ne
,

3o2 T^rovas do Liv, V11. da Hiftoria Çenealogica

nc fuppreíTcrimus , & extinxerimus , omnes , Sc fingulos primis dua-


bus ex di6lis Dignitatibus , Decanatui ídiicet , & Canto ratui extra
Maííàm Capitiilarein annexos fruílus, redditus , & proventus, ac om-
nes, & íingulos triiim aliarum ex diíVis Dignitatibus de Lisboa vi-
delicet , ac de Santílarcm reípectivò nuncupatorum Archidiaconatuiiin,
& ScIiolaílriíE , necnon prxdidlíE Capellaniae maioris nuncupatíE fru-
6lus , redditus , & proventus , iníimul anniiam fummam bis inille
noningentorum , & fexaginta unius ducatorum auri de Camera , íicut
accepimus , conftituentes in ejufdem Scminarii dotem perpetuo dif-
membravimus , & deílinavimus ; ac iníupcr ejuídem Eccleíiíe aulas
Capituli , & Archivii cum circumjacentibus Cameris in ufus , Sc
commoda ejuídem Seminarii pariter refervavimus prout in aliis nof- ,

tris Literis ípb Datum Romaí apud Sandam Mariani Maiorem anno
Incarnationis Dominica; millefimo íeptingentefimo quadragefimo pri-
mo pridie Idus Julii Pontificatus noári anno primo íub Bulia Aureâ
defuper expeditis pleniiis continetur.
§. 3 Nunc autem ad príedióli Seminarii fundationem , Sc inílitu-
tionem , quam Fidelíííimum Principem , & Ecclefiafticse difciplinse fe-
dulum Inlpeátorem prarfatum Joannem Regem fummopere exoptare
comperimus , dcvcnientes, ut ingenui adoiefccntes in Seminário hu-
jufmodi Grammatices, cantus , aliarumque artium , & ícientiarum ,
Eccleíiaílicorumque rituum difciplinâ , ac morum prascipuè integrita-
te liberaliter inílruíli non per le folúm boni dodique evadant , fed
,

ííliis quoque prodeíle , & Cliriílianse Reipublic^ utiliter infervire pof-

íint , accedente ad omnia infrafcripta pra^íati Jrannis Régis confen-


fu , Motu próprio , & ex certa fcientiâ , maturâque deliberatione
Noílris deque Apoílolicae pcteílatis plenitrdine in Palatio príefato
,

quondam Archiepifcopali , ejuíque adjacentiis , ccmprcheníis carceri-


bus Eccleíiaílicis , necnon aulis Capituli , & Archivii cum circumja-
centibus in pra:di(f^â Ecclefiâ SanS:x Maria; Cameris prseíatis , unum
Seminarium puerorum Eccleíiaíticum Patriarchale nuncupandum pro
iliius Alumnorum , Miniílrorum^^c Prasceptorum peipetuis ufu
commodis , & habitatione , ad hoc ut adoleícentium atas ibi red:è
inílituatur , faniíque nioribus , Sc doótrinis imbuatur, ac à teneris an-
nis ad pietatem , religionemqiie informetur , perpetuo erigimus , &
inftituimus.
4 Alterum vero de pauperatu , Sc in diftriílu olim Orienta-
li Civitatis Lisboneníls exiílens Seminarium unâ cum omnibus , íin- &
gulis iili conccffis favoribus , &
gratiis tam fpiritualibus , quàm tem-
poralibus , necnon juribus , a^Honibus , proprietatibus , fruílibus ,
aiiifque rebus , &
bonis , ac pertinentiis univerfis , portionibuíque
a Canonicis , aliiíque Miniftris praediiSlas Eccleliít Saníf^a; Marine , ac à
Parochiaiibus Ecçlefiis & Communitatibus Religioíis locifque piis,
, ,

& aliis perfonis Civitatis & Dioeceíis Lisbonenfis fecundo diélo Se-
,

mmariò ante hac períblvi folitis aut debitis ( quíe in poílerum ab


ipíius Eccleíise Sanára; Maria: Canonicis , aiiifque Miniftris , ab iif- &
dem Parochiaiibus Ecclefiis, ac Religioíis Communitatibus, Lo- &
cis piis, aiiifque perfonis Civitatis, èc Dioeceíis hujufmodi, primo
diílo
,

da Cafa ^al Tortugues^a. 303


difto qnaciimque interriiptione vel deriictu-
Seminário integraliter , ,

dine non obRante, períolvi debeant) aliás fecundo diélo Seminário


conceíTis , & leu ad ejiis ufum , & commodum acquifitis , unitis , ap-
plicatis , & appropriatis
ad Seminarium primo diAum transfcrcntes ,
& in eodem iinicuiquc ex alumnis fecundo diíli Seminarii íi:dcs iii
ufum primo divflo Seminário , magis profícuum Patriarchac Lisbonen-
n pro tempore benevifum cedant , & convertantur , eidem primo di-
do Seminário perpetuo unimus , & incorporamus.
§. 5- Dcindc pro hujufmodi Seminário dote perpetua , nc illius
Alumhorum Prorceptorum , aliorumque Miniftrorum , necelfariâ , &
,

Côngrua fubftentatione annuam fummam ex pra::di61:is fuppreílis , &


extin^is Dccanatui,& Cantoratui omnibus , & fmgulis extra mníTara
Capitularem prarfatam annexis fruílibus , redditibus , & proventibus,
ac ex omnibus fmguíis prxdidorum , & pra;:di(5>arum , ac pariter
, &
extindlorum , Sz fupprelforum , ac extinílarum , & fupprcílarum de
Lisboa, Sz Sanfbarem refpcílivè nuncupatorum Arcliidiaconatuum
ac Scholaílria^ , & Capellaniíc Maioris nuiicupatíE fruílibus , redditi-
bus , & proventibus procedentem (fupportatis tamcn , per idem Se-
minarium omnibus , &
fingulis oneribus realibus alias prxfatas quin-
que Dignitates obtinentibus ratione frucí^uum , reddituum , proven- &
tuum hujufmodi, ac Capellano Maiori nuncupato óid^x Cr.peilse San-
Sebaíliani , Canónico videlicet de Mafra nuncupato ratione íhi-
ífbuum , reddituum , &
proventuum ejufdem CapellaniíE incumbenti-
bus ) ut pracfertur, refcrvatam , &
fcparatam , ac refpedivc difmeni-
bratam , Sc bis mille noningentos fexaginta unum ducatos auri prscfa-
tos conftituentem eidem primo di6lo Seminário ctiam perpetuo ap-
plicamus , &
appropriamus.
§.6 Ac infuper unam Sandt;^ Marias de Sambade Bracharen. cu-
jus quingentorum odoginta , una vcrò cum incertis quingentorum
nonaginta feptcm , ac aliam San6}i Pelagii de Bempofta Colim.brien.
cujus quadringentorum viginti duonim , una verò cum incertis qua-
dringentorum fexaginta quinque, ac afiam Sandti Michaelis deRcbor-
doza , cujus trecentorum fexaginta o6lo , una verò cum incertis qua-
dringentorum , Sc duorum , ac reliquas Parochiales Eccícíias , Abba-
tias , feu Prioratus refpecSlivè nuncupatas Sancli Petri de Abregam
Locorum Portugallen. refpe6livè Dioecelum , quse de Jurepatronatns
ipfius Joannis Régis ex fundatione , vel dotatione , feu privilegio
ApoíVolico , cui non eíl haílenus in aliquo derogatum , exiílunt , ac
cujus , & illis forfan refpeélivè annexorum , refpecí:ivè frudlus , reddi-
tus , & provcntus ( deduclâ côngrua pro infrafcriptis Vicariis ) aíio-
rum trecentorum fexaginta o6lo una verò cum incertis quadringen-
,

torum & duorum ducatorum auri íimilium fecundum com.munem


,

seftimationem valorem annuum ut accepimus non excedunt ex


, , ,

nunc quoad Ecciefias pnrdidlas adiu vacantes , quo verò ad iiias aélii
minimè vacantes ex nunc pro tunc , 8c è contra cum primúm illasper
dcceíTum , etiam ex causa permutationi? , etiam in manibus noftris, %
alterius Pvomani Pontifícís fucceíForis NoíTri , rei deceíTum , feu pri-
vationem j aut aliam dimiíílanem y vel aiiiiillonem aut Religionis in-
greífum
,,

304 Trovas do Llv. VIL da Hiflor ta Çenealogica


greíTum illas nunc obtinentium , feu alias quovifmodo etiam
apiid Se-
dem Apcílolicani , aut ex aliorum quorumcumque
pcríbnis , leu per
liberas illas nunc obtinentium , vel quorumvis aliorum refignationes
de illis extra Romanam Curiam , etiam coram Notário publico , &
Teftibus fpontè faftas , aut ccnftitutionem felicis recordationis Joan-
nis PapíE Vigefimi Secundi etiam Prscdeceílbris Noftri , quae incipit
Execrabilis , vel alFequutionem alterius Benefícii Ecclefiafíici Ordi-
nária audtoritate collati vacare contigerit , aut alias quovilinodo va-
cent , etiamíi tanto tempore vacaverint , quòd earum collatio juxta
Lateraneníis Statuta Concilii ad Sedem praefatam legitime devoluta
diftíEque Parochiales Ecclefi^e difpoíitioni ApoílolicíE fpecialiter re-
fervatíE exiílant , &
fuper eis inter aliquos lis , cujus ílatum prjefen-
tibus haberi voluir.us pro expreíTo , pendeat indeciía , cum annexis
hujufmodi , ac omnibus juribus , &
pertinentiis íuis , pra^viâ illarum,
& cujuslibet earum tituli collativi perpetua fuppreíTione , extin- &
fíione , primo difío Seminário , ita quod liceat illius reddituum Ad-
minifiratoribus pro tempore exiílentibus Parochialium Eccleíiarum
praefatarum , ac annexorum eorundem , juriumque, pertinentiarum &
pr^efatorum cujuícumque qualitatis , quantitatis , ac etiam annui va-
loris exiílentium corprralem , realem , &
adlualem poíTeffonem per
fe , vel per alium , vel alios primo di6li Seminarii nomine própria au-
(Sloritate liberè apprehendere , &:appreheníam perpetuo retinere
fruélus quoque , redditus , & proventus , jura , obventiones , &emo-
kimenta univcrfa inde provenientia percipere , exigere , levare, arren-
dare , locare , dislocare , ac in primi didi Seminarii ufus , á: utili-
taíem convertere Diarefani Icei , vel cujuíVis alterius licentiâ deíu-
per minime requifitâ , etiam perpetuo unim.us, annedlimus , & incor-
poramus. •

§. 7 Ac in prim.O di61â unam, & in fecundo di<51â' aliam , & in


tertio di<Sí:â aliam , ac in quarto diílâ Parochialibus Eccleíiis unitis
hujufmodi feliquàm perpetuas Vicárias pi'0 quatuor Presbyteri? futu-
ris Patochialium Eccleíiarum unitarum hujufm.odi Vicariis perpetuis in
eis ad pra;fentationem infra dicendam per Ordinarium loci inílituen-
dis, & per eundem prius examinandis, qui apud Parochiales Eccleíias
unitas hujulmodi continuo perfonaliter reíidere , ac omnia , & íingula
munia , & onera Parochialia eifdem Parochialibus Ecclefiis unitis hu-
jufmodi, & earum cuilibet quomodolíbet incumbentia fubire , & ad-
implere refpe(5livò debeant , & teneantur, etiam perpetuo erigimus
&" inílítuimus.

§. 8 lUifque fic eredVis , & inílitutis pro illarum côngrua , &


competenti dòte , éaíque pro tempore obtinentium côngrua fubílen-
tatione ex Parochialium Eccleíiarum unitarum hujuíinodi fruclibus ,
redditibus , & proventibus prícfatis íingulis Vicariis prajfatis congruam
poitionem fexaginta videlicet ducatorum auri íimiíium pro quolibet
quotannis per Seminarium prseíatum refpeílivèperlolvendam , & per Vi-
cárias hujufmodi pro tempore obtinentes annuatim refpeclivè percipi-
endam ,
exigendam, ac in cujuslibet corum refpeílivè ufus , & uti-
iitatem convertendam , etiam perpetuo applicamus , & appropriamus.
,,

da Cafa %eal Tortugne^a. 305


§. 9 Ad prlmò di6lum vero Seminarium , ficut praefertur , ere-
óliim , & iníiitutum , necnon ad quatuor Vicárias ereílas , & inílitu-
tas hujuímodi tam hac prima vice ab earum priinaevâ ercdlionc , &
intlitutione hajuTmodi vacantes , quàm quoties ex tunc deinceps qiio-
viíinodo , & ex quorumcumque períbnis etiani noílrorum , & Roma-
ni Pontiíicis pro tempore cxiftentis , fcu cujuív is Sanílse Romanje
Eccleíise Cardiíialis , etiam tunc vivcntis familiarium , & continuoriim
commcnfalium , leu Sedis Apoílolic.x Notariorum , Protonotariorum
nuncupatorum , & aliorum Romanac Curiie Officialium , leu Concla-
viílarum , vel Curialium , aut aliorum quorumcumque fpecialiílimas
qualitates habentium , per quas ex uno , vel pluribus capitibus tam
perlbnaiibus , quàm rcalibus qua:cumque reíervatio , vel aíibílio Apoí'-
tolica iiiducatur , etiam ex vacatione apud Sedem prsefatam , & in
quibufvis meníibus Nobis , & Romano Pontifíci pro tempore exiílen-
ti , Sedique pr£efata: per quafcumque Conílitutiones Apollolicas , aut

Cancellarioí Apoftolicíe regulas nunc , & pro tempore reíervatis , íeu


Ordinariis Collatoribus etiam per Conftitutiones , & regulas eafdem,
feu literas alternativarum , aut
, indulta haòlenus
alia privilegia &
conceíFa , & in poílerum concedenda
, aut alias de jure quomodoli-
bet competentia , feu per liberas etiam ex causa permutationis reíig-
nationcs , jurium ceíTiones de illis in di6lâ Curia , vel extra eam etiom
ia noftris , &: Romani Pontiíicis pro tempere exiftentis manibus quo-
iiiodolibet fbsStas , vel admiíFas , aut airecutionem alter] us Beneíícii Ec-
cleíiaílici qu-ivis auéloritate Collati , íeu illas pro tempore obtinen-
tium etiam apud Sedem prafatam deceífum , vel quamvis aliam di-
miflionem , oiniííionem , privationem , Religionis ingrelFum , Matri-
monii contra6l:u;n , & ad Cathedralium Eccleíiarum , vel Monaílerio-
rum etiam Confiííonalium , feu quamcumque promotionem
aliam
aut alias quo "
'odolibet , & qualitercumque etiam apud Sedem pr^edi-
étam vacare contigerit Jufpatronatus & pnefentandi perfonas idó-
, ,

neas per Ordinarium Loci inílituendas prsefato Joanni Regi , ejufque


in diftis Regnis fucceíforibus Regibus perpetuo fimiliter refervamus,
concedimus , & aílignamus.
§. 10 Ac Jufpatronatus , & príefentandi hujufmodi príefato Joan-
ni Regi , ejufque in didHs Regnis fucceííbribus Regibus prítfatis ,
noa ex privilegio Apoílolico , fed ex vera , pnmxvà , reaii , aíluali^
plena , & omnimoda fundatione , & perpetua dotatione ex bonis me-
rè Laical ibus faílis competere , & uti tale fub derogatione Juriípa-
tronatus ex privile^^io Apoílolico , vel confuctudine , aut pra^fcriptio-
ne acquiíiti nullatenus comprehendi , nec illi uUo unquam tempore
etiam cujufvis litis pendentiíE , vel vacationis apud Sed^m prsefatam,
aut alio quocumque príEtextu , &
ex quaviS alia causa quantumvis ur-
gentiíllma , &
legitima, &
cum quibufvis etiam príçgnantiíTimis , &
efficaciflimis claufulis , &
Decretis , etiam cum claufuLi quorum teno-
res , j&c, in quacumque provifione ,,aut quavis alia de illis difpoíitio-
ne , etiam per viam conílitutionis , legis , feu Apoftolicíe Cancclla-
riíe Regula , aut alias quoniodocumque fa6)as etiam per Nos , Ro- &
manos Pontífices fucceíTores noftros , vel Sedem eamdem , aut illius
Tom. V. Qg etiam
,

joí trovai do Liv. VIL da floria Çenealogica

etiam de Latere Legatos , Vice Legatos , ejufdeirque Sedis Núncios ,


etiam Motu próprio , &
ex certa Icientiâ , deqr.e Apnf olicíu poteí^a-
tis plenitudine , feu cujufvis intuitu , 8^ contemplatione per qnaicrm-
que Literas Apoftolicas , etiam in forma Brevis , qiialVis etiam de- ^
rogatoriariim derogatorias , ac fortiorcs , &
infolitas claiiíiílas , nec-
iion irritantia , &
Decreta quaecumque in fe continentes deroga-
alia
ri polle , nec debere , nifi in illis de toto tenore , ac data prâ?fen-
tium , necnon Portugallire , & Algarbiorum R égis pro tempere exif-
tentis ad hoc expreíTe accedentis confenfus mentio faéta fuerit , &
aliter faftas derogationes , necnon quafcumque coUationes , provifio-
nes , inftitutiones , vel alias difpofitiones de prícíatis Vicariis , utprae-
fertur , ereílis , & inílitutis aliás , quàm ad príufentationem pra:fati
Joannis Régis , ejufque in diclis Regnis fuccelForum Regum , feu de
ejus , & de eorum expreíTo conlenfu , etiam cum fpcciali , & expref-
fa derogatione Jurifpatronatus hujufmodi pro tempore fadlas , procef-
fufque defuper hábitos , ac inde pro tempore fequuta quíEcumque
nulla , &
invalida , nulliufque roboris , vel momenti fore , eíTe &
ac pro nullis , &
infedis haberi , &
cenferi , nec jus , autColoratum
titulum poííidendi cuiquam tribuere , vel per illa acquiri polfe , fed
pr2efentationes per praefatum Joannem Regem , ejufque in prafatis
Regnis fucceílbres Reges pro tempore fadlas , fubfecutas inftitu- &
tiones femper validas , &
eíR caces fere , fuofque plenários , inte- &
gres eíFcftus fortiri debere decernimus , declaramus. &
§. II Necnon eidem Thomíe Cardinali Patriarchje , ejufque fuc-
ceíToribus pnxfatis , ut ipfe , &
ipfi primo diílum Seminarium , con-
ciliari difpofitione circa aíliftentiam duorum de Capitulo , & duorum
de Clero in Seminariorum regimine non obftante , privativè guber-
nare , ejufque Minifiros , & Príeceptores privativè eligere , ac eidem
Seminário ílatula , &
ordinationes Sacris Cunonibus , Conftitutio- &
Jiibus Apoftolicis , ac 1 Videntini Concilii Decretis minimè contraria,
& minimè contrarias concedere , ac regulas, & obligationes oppor-
tunas pra:fcribere , & pro reddituura adminiftratione perfonas idóneas
ad nutum amovibiles nominare , ejufdemque adminiílrationis fcrm.am,
& regulas determinare , &
ad loca pro tempore vacantia Alumnos
digere , ac Portioniílas ^ feu Convi(5lores cum côngrua pcrfolutione
ibidem alendos adroittere , eorumdemque Akimnoruni , & Cenviílo-
rum , necnon Pra:ceptorum , cíEterorumque JVIiniílrorum numerum
qualitates , ac pra;ele6liones priKHnire
, &
rcfpefíivè expendere , om-
nefque , & fmgulos fruclus
redditus , , &
proventus pro ejufdem Se-
ininarii dote , ut pra^fertur , aílrgnatcs , &
nppropriatos , ac ei uni-
tos , annexos , 8c incorporatos tam decurfos , quàm dcciirrcndcs ad
reduíMonem pradidi Palatii , eique , ut pracfertur , adjacentium Icco-
rum in ccmmodum ejufdem Seminarii ufum , iifquc ad corr-plemen-
tum operis , necnon ad fupelleólilia , &
utenfilia , alisque neccílliria
& opportuna príihabcnda , &
comparanda cppíicarc licitè poft"t, &
valeat , ac poíFnt , &
valeant, Motu pari Apofiolica auclcntate ccn-
Ctídiínus , & indulgemus.
12 Ut -autcm prafcutcSj noílríc., cirniaque , &i ílnguLi in eis
ccn tenta
,

da Ca/a %eal Tort agueira, 307


contenta dcbitse , parataqiie executioni , omnimòdícquc demandcntur
obfei vantiíc, Mrtu , ícientiâ , &
potcílatis píenitudinc ílmilibus er-
dcm Thomae Cardinali Patriarchse , ejufque pro tcmpore íucceíToribus
committiinus , & manckmus , quatenus ipíe , & ipfi per fe, vel alium,
feu alios , etiam quâvis difficultate occurrente , à Nobis non príevisâ,
quse effcdum earumdcm praeíentium niinimc retardare valeat , eaf-
,

dcm praííentcs , &


in eis contenta quxcumque debitai executioni de-
mandari faciat , &
faciant , ac ubi , &
quando opus íuerit íblemnitt.T
publicans , &
publicantes , &
in prícmiííis efficacis defeníionis príefi-
dio aíTiftens , &: afliftentes , faciat, &
faciant, Apofíolicâ audorita-
te omnia , &
fingula pracmifTa íuum debitum fortiri effetílum , ac ab
omnibus , &
quibufcumque perfonis íírmiter , inviolabiliter obfer- &
vari , &
adimpleri , Contradi(ílores quoslibet , rebelles per fenten- &
tias , cenfuras, &
pocnas Eccieíiaílicas , aliaque opportuna júris, &
faéVi remedia , appelJatione poftpoíitâ , compefcendo , invocato etiam
ad hoc , íi opus
auxilio brachii fsecularis.
fuerit ,

§. Et infuper eidera Thomse Cardinali Patriarchas , ejufque


fuccclforibus prasfatis quofcumque omnium , finguloruni prai^milFo- &
rum eífedVum impedientes , &
in eiídem prjemiíTis moleílantes , per-
turbantes , &
quoviímodo contradicentes etiam per ediílum publicum,
conflito fummariè de non tuto acceíTu , citandi , illiufque , ac quibus,
& quotics inhibendum fuerit , etiam per edi6^um fub excommunica-
tionis , ac etiam pecuniariis, necnon privationis Beneficiorum , Of- &
íiciorum faecularium , &
Eccíefafticorum ejus , eorum arbitrio im- &
ponendis , moderandis , &: applicandis poenis inhibendi , ac eos quos
cenluras , &
pa^nas prxfatas incurriíTè coníliterit , eas incurriíFe, fer-
vatâ forma Concilii Tridentini declarandi , ac cenfuras , pocnas &
iplas etiam iteratis vicibus aggravandi , &
reaggravandi plenam , Sz
liberam facultatem Motu pari Apoftolicâ au6toritate prixfatâ concedi-
inus.
§. 14 Príefentes quoque femper , & perpetuo validas, & effica-
ces eíle , & fore ,
fuofque plenários , & Íntegros eífeílus fortiri & ,

obtintTe debere , ac nullo unquam tempore ex quocumque capite,


vel ex qualibet causa quantumvis legitima , juridicâ , pia privile- &
giatà , ac fpeciali nota digna , etiam ex eo quod Redores Parochi-
alium prícfatarum , &
Redor, feu Adminiftratores fecundo didi Se-
minarii , feu quicurnque alii , cujufcumque dignitatis, gradus , condi-
tionis , & pra.eminentia2 íint in prasmiílis , circa ea quomodolibet, &
& ex quâvis causa, ratione , adione, vel occaíione jus , vel intereíle
habcntes , aut quomodolibet habere pra^tendentes ilíis non concenfe-
rint, aut ad illa vocati , citati , vel auditi non fuerint , caufse , &
propter quas cardem pra:fentes emanaverint , adduda' , verifícatse, Sc
juílifica^^se non fuerint , de fubrcptionis , vel obreptionis , aut nulli-
tatis , leu invaliditatis vitio , vel intentionis noílra; , aut jus , vel in-
tercíTe habentium confenfus , aut quolibet alio , quantumvis magno
fubílantiali ,
in.^xcogitato , &
ac fpccifícam , indivi-
inexcogitabili , &
duam mentionem , &
expreflioncm requirente dcfedu ; five etiam ex
eo vpod in prxmiífis , eorumve aliquo folcmnitates , qua^vis alia &
Tom. V. Qa ii fei'-
,,

3o8 Trovas do Lív. FIL da Hljloria Çeneafoglca


fervanda , & adimplenda fervata , &
adimpleta , non fuerint , art ex
quocLimque alio capite a jure, vel fa£lo
, aut líatuto , vel crnfuetu-
dine aliqua refultante , feu etiam enormis , enormiílimse ,
totalifqiie Ice-
ííonis , aut quocumque alio colore , prxtextu , ratione etiam in cor-
pòre júris clausâ , occafione , aliave causa etiam quantumvis juftâ
rationabili , legitima, jurídica , pia , privilegiatâ , etiam tali , quae ad
efreíílum validitatis pr^emiffbrum neceíTariò exprimcnda foret, aut
quod de voluntate noftra hujulmodi , & aliis fuperius expreílls nulli-
bi appareret , feu alias probari poílet , notari , impugnari , im- alida-
ri , retradtari , in jus , vel controveríiam revocari , aut ad términos
júris reduci , vel adverfus illas reftitutionis in integrum , aperitionis
oris , redudlionis ad viam , & términos jiiris , & aliud quodcumque
júris faéli , gratias , vel jiiftitise remedium impetrari , feu quomodoli-
bet etiam Motu , & poteílatis plenitudine fimilibus conceíTb , aut im-
petrato , vel emanato uri , leu fe juvare in Judicio , vel extra poíle,
neque eafdem praefentes fub quibufvis fimilium , vel di/Hmilium gra-
tiarum revocationibus , derogationibus , aliifque contrariis difpoíitio-
iiibus, feu Cancellariae pra-fatas regulis , aut Conftitutionibus Apofto-
licls , etiam iinionum effeílum non fortitarum revocatoriis , etiam per
Nos, & Pra;deceírores noílros, &: quofcumque Romanos Pontiíices
fucceíTores noíVros , etiam in craftinum aílumpticnis cujuslibet ilío-
Tum ad Siimmi Apoílo^ams npicem , etiam Motu pari , ac cx certa
fcientiâ , etiam Confiftorialiter , & quibufvis de caufis , ac fi;b quibuf-
curnque verborum tenoribus , Sz formis , ac cum quibufvis ckufulis
8c Decretis , pro tempore quomodolibet faélis , & emanatis , ac faci-
endis , & emanandis , etiamfi in eis de cifdem praifentibus , earumque
toto tenore , nc data fpecialis mentio íierct , comprehendi , íed fem-
per , & perpetuo ab illis excipi , & qiiotics illa; emanabunt , tcties
in priftini m & ei;m , in qiio antea quomodolibet erant , ílatumref-
,

titiitas , rcpof tíss , & plenariè reintcrrctas , ac de novo etiam fub


quacumque poííeriori data ciiandocumque ccnceíFas eíTe, fere.
§. 15 Sicque , & non aliàs in príerniílis omnibus , &
íingulis per
ciiofcun-qre Judiccs Ordinários, vel Delcgntos , etiam caufarum Pa-
latii Apof elici Auditores , ac ejufdcm Sanflíe Koimnx Eccleíia: Car-
dinales , etiam de Latere Legatos , Vice-Legatos , di^aque Sedis
Núncios, & alios quofcumque quSvis iiiióloriíate , prteOate , ofFcio
Sr dignitate fi rgentes , ac pracrogativâ, privi?ceio
,
pr? en inentiâ , &
honore fulgentes , fitblatâ eis , & eori:m cuilibct quâvis aliter Judi-
candi , & interpretandi facultate , & auéíoritate in quocun que judi-
cio , & in quâcumque inftantiâ judicari , & definiri debere íi fe-

cus fuper his h quoquam quâvis au6>oritate fcienter , vel ignoranter


contigerit attentari , irritum , & inane decernimus.
§. 16 Non obftantibus una per quam dudum inter alia voíu imus,
cc ordinavimus quod petentes Bencfcia Eccleílaftica aliis uniri tenc-
antur , exprimere veium annuum valorem fe undum ccmn unem a íli-
maíionem tam beneíicii uniendi , quàm illius, cui uniri petitur, alio-
quin iinio non valeat , Sc femper in uniobus commiílio f at ad partes
vocatis quorum inter eít 5 Sc idem voluin. us obfcrvari in quibrfvis
fuppreíTio-
,
,

da Cafa T^al Tortuguei^a» 305


fiipprcíTionibus pcrpetuis , conceílionibus , difmcmbrationibus , Sz ap-
plicationibus de quibuícunique frudlibus , bonis Ecclcfiaílicis , ac &
alia per qiiam dccrevinius , &
dcclaravinius noílrís intcntionis fore ,
quod dciiiceps per qLiamcumque íignaturam , fcu concellloncm , aut
gratiam , vel Literas Apoílolicas pro coinmiflionibus , feu mandatis
aut dcclaratioiíibiis in quibiiíVis cauíis , etiani Motu próprio , ex &
certa Icientia , ac etiam ante motam litcm à Nobis emanaverint , vel
de mandato noílro faciendas nulU jus fibi qua^fitum quomodolibet tol-
latur ,ac aliis noOris , & CanceJlariíE pra^íatíc in contrarium praLinif-
forum quomodolibet editis vel edendis regulis , necnon felicis re-
,

cordationis Boniíacii Pap^ VIII. PrítdecefToris noílri , ac Lateranen-


fis , & aliorum etiam generalium & ultimo cclebratorum Concilio- ,

rum uniones , feu applicationcs perpetuas , nifi in caíibus à jure per-<


iniíTis , fícri prohibcntium , ac quibufvis aliis Apoílolicis etiam in Sy-
nodalibus Provincialibus Univerfalibufque Conciliis editis vel eden-
, , ,

dis fpccialibus vel generalibus Conílitutionibus , & Ordinationibus,


,

di6í-8eque EccIeÍJíC Saníla: ATarirc , ac fecundo di£l:i Seminarii etiam


juramento , confírmatione , Apoílolicâ , vel quâvis íirmitate alia ref-
peólivè roboratis ftatutis , eorurrque reformationibus , & novis addi-
tionibus ftylis , uíibus , & confuetudinibus, etiam immemorabilibiis,
,

difpofítionibus , vel ultimis voluntatibus in contrarium eorumdeni


prícmiíTorum , quibufcumque privilcgiis, etiam ex fundatione compe-
tentibus à quibufcumqre Romanis Pontiíicibus Prícdeceíloribus noftris
conceílis , necnon Tndultis , & l iteris Apoftolicis illis , eorumque fu-
perioribus , & perfonis quibufcum.que , etiam fpeciali , fpeciíicâ , ex-
prcfsâ, &
individua mcntione dignis fub quibufcumque tenoribus
& formis , ac cum quibufvis etiam derogatoriarum derogatoriis , aiiif-
que eíficacioribus , effcaciíTmis , & infolitis claufulis , irritantibufque,
& aliis Decretis in genere , vel in fpecie , etiam Moto pari ac ,

Confiftorialiter , aut aliás quomodolibet etiam iteratis vicibus in con-


trarium prxmiíTorum conceílis, approbatis , confirmatis, & iniiovatis.
§. 17 Quibus omnibus , &z íingulis , etiamfi de illis , eorumque
totis tenoribus fpecialis , fpeciíicâ , expreíTa , & individua ac de ver- ,

bo ad verbum , non autem per claufulas generales idem importantes


mentio , feu qua:vis alia exprefíio habenda , aut aliqua alia exquifita
forma ad hoc fervanda foret , etiamíi in eis caveatur exprefsò , quod
illis nuUatenus aut nonnifi fub certis modo , & forma derogari pof-
,

íit , tenores hujufmodi, ac fi de verbo ad verbum nihil penitúsomif-

fo , & forma in illis traditâ obfervatâ inferti forent , praefentibus pro


plenè , & fufficienter expreffs & infertis habentes , illis alias in fuo
,

roborc permanfuris , ad rrsEmiíTorum omnium validifíimum eífe^lum,


hac vice dumtaxat latiílimè , &: pleniííimè , & fuffcicntcr , necnon
fpecialiter , & exprefsò Motu , fcientiâ , & poteílatis píenitudine fi-

milibus harum ferie derogamus cacterifque contrariis quibufcumque.


,

§. 18 Voíumus autem quod Seminarium Patriarcbale praediclum


ratione prícdicla? applicationis noningentorum fexaginta
bis mille
iinins ducatorum auri de Camera hujufmodi necnon ratione unionis ,

pra^didarum Parochialiiim Ecclefiarumj illarumque fruvSluum 5 reddi-


íuum *
^ I o Trovas c/o Lív, VIL da Hifloria Çeneahgica
tuiim , & proventuum
applicationis eideni Seminário Patriarchali , ut
príEfertur,
reípedivè faótarum ad iillam ex nunc annatiE , & íubinde
perpetuis futuris temporibiis quindeniorum quibuívis officialibus de
annatâ , & quindenniis hujufmodi participantibus faciendam folutio-
nem nuUo iinquam tempore , nuiloque modo teneatur , eximentes
propterea , & Jiberaiites ex nunc , & in pofteriim perpetuis futuris
temporibus in omnibus , & per omnia Seminarium Patriarchale prse-
diílum ab annatíE , & quindeniorum hujulmodi etiam mínima reípe-
<ftivè folutione , itaut fuper príeíentibus quidquam ratione applicatio-
nis , &
unionis príedidlarum peti , vel petendi minimè poflit exgra-
tiâ Ipeciali , quae nullo unquam tempore allegari poffit in exemplum.
§. 19NuUi ergo omnino hominum liceat hanc paginam noílri
Motus proprii , íuppreílionis , extinétionis , ereótionis , inftitutionis ,
applicationis , appropriationis , translationis , incorporationis , aííigna-
tionis , conccílionis , Decreti , indulti , commiílionis , mandati , ac de-
rogationis intringere , vel ei aufu temerário contraire. Siquis autem
hoc attentare príeíumpferit , indignationem Omnipotentis Dei , ac
Beatorum Petri , 8z Pauli Apoftolorum ejus fe novcrit incurfurum.
Datum F<om2E apud Sanílam Mariam Maiorem , anno Incarna-
Dominici; milleíimo leptingenteíimo quadragefnno primo, duo-
tionis
décimo Kaiendas Augulli Pontiíicatus noílri anno primo.

Loco >í< BuUse Aureae.

Copia das Cartas , em çiis EiRey D. Joati o V. encomenda aos


Frciados do K eyno ,
cjue a Fejla da FuriJJuna Conceição Je
Jaqa com toda aJokmnidade,

Emetto Carta , firmada da Real rraó , em


a VoíTa Senhoria a
ííurn.* 12©
^ "O
An. 1717*
\X que Sua Mageílade , que Deos guarde recom.enda a VolFa Se-
nhoria a Fefta da Puriííima Conceição da Virgem Senhora noíTa, e
ordena o meímo Senhor , que da lua parte diga a VoíTa Senhoria ,
fia da fua grande devoção à mefma Senhrra , porá todo o cuidado
em fazer celebrar todos os annos aquella Feíla , em que a fua Real
piedade he muy empenhada ; e he o mefmo Senhor fervido , que
Volla Senhoria mande regiítar a referida Carta nos livros da Camera
Eccleíiaílica , e do Ccbido , para que por falta de noticia fe naó dei-
xe de fazer a mefma Feíla tendo VoíTa Senhoria entendido , que tu-
:

do o que obrar neíla matéria , ferá muito do agrado de Sua Magef-


tade , e também mandará Voíía Senhoria regiílar nos meímos livros
as ordens , que paíTar , para que a celebridade continue fempre na
forma delias. Deos guarde a VoíTa Senhoria , Lisboa Occidental , a
13 de Novembro de 17 17. í= Diogo de Mendoça Corte-Real. ^
Senhor Dom Prior da iníigne CoUegiada dc Guimaraens.

Copia
da Cafa %,eal Tortuguei^a,

Copia da outra Carta, de cjue faz menção a acima.

DOm Prior da iníigne Collegiada de Guimaraens


envio muito Por
íaudar. Carta de 6 de
, Eu ElRey vos An. 1717.
Dezembro de 1644 fe
vos aviíbu haver relbluto , e ordenado meu avô , o Senhor Rey D.
Joaó o IV. que Deos haja que todas as Cidades , Villas e Luga-
, ,

res de meus Reynos , tomaíTem por Padroeira a Virgem NoíTa Senho-


ra da Concciçaó ;e juntos os Tres Eílados do Reyno, a jurou em
25 de Março de 1646, e porque a devoção geral, que todos deve-
mos ter à ília Puriffima Conceição, como Padroeira, pede que ocul-
to da lua Fefta fe faça com mayor augmento , fazendo-fe, e celebran-
do-íe com a Iblemnidade , que a Igreja ordena , ao que fe falta em
algumas , me parcceo mandarvos dizer , que vos hey por muy reco-
mendado , que em obfervancia daquella refoluçao procureis , com o
zelo , que a matéria pede , conformarvos com o que a Igreja difpoem
com a folemnidadc de íemelhantes Feitas ; e affim mando recomendar
a todos os Prelados , para que cada hum faça o mefmo nas luas Igre-
jas , efpero que neíle particular obrareis de maneira, que tenha muito,
que agradeccrvos , fazendome prefente teres mandado executar o que
nefta vos rccor.iendo ; efcrita em Lisboa Occidental, a 12 de Novem*
bro de 17 17.
REY.
Para o Dom Prior de Guimaraens.

BiiUa da Erecça^ da Irreja do Gra^ Fará em Bj/pado»

C Lemcns Epifcopus
moriam.
fervus fervorum Dei ad perpetuam rei me
Copiofus in mifericordia , & in cunélis operibus gÍo
riofus Dominus à quo omnia bona defíuunt ad hoc oneroíam univeríl
130
^7^V*
Agri fui curam Nobis licet immeritis committere , & noííríe debilita-
ti apoílolica: fervitutis jugum imponere voluit , ut tanquam de funi-
mo vértice Montis ad hujus mundi infíma noílrum refíeclentes intui-
tum quid pro hujufmodi Agri , Divinique in eo cultus ad debitam
fecunditatem ,& ejuldem Domini gloriam augmento procurando conr-
ferat , quidvè eo procurato fpirituali Fidelium conveniat ubertati at-
tentius indies proípiciamus , quapropter fiqua Loca copiofse rerum
a;ternarum mcíli efilorítura , & ob illorum vaftitatem , ac periculo-
fam itinerum ad ea afpcritatem ad promovendam , & eniitriendam mef-
fem hujufmodi vigíl unius Pi-a^fulis íludium impar exiílere confpici-
mus , tunc noílnt íblicitudinis aífeftu excitati novas Epiícopalcs Se-
d3s , velut novos Fontes extrucre , 8c novos Prsefules conílituere
dignum quin debitum reputamus , ut per F.xtrudionem , 8r confâtu-
tionem huiuTmodi creíccntis gaudium irefíçs Sc popularis devotio
,

Nobis augeatur , ipfi verb cra;lcenti mcíli ac Locoriim ipforum na-


,

tura: per Diviiiíc gratia: operam


,
noílra:que cura; diligentiam , qua
tene-
,,,

3 12 l?rovas do Liv. VIL da Hijloria Çenealogica


tenemur, ut omnia prava, &
afpera fint in diredla , vias planas &
opportunum providentiíe noílrse accedat auxilium , necnon fitientes
populi dum illuc accedunt ex Fontibus fic noviter extrudlis falutares
bcatíE perennitatis hauriant aquas , &
prseíertim cúm id laudabilis
Chriílianorum Principam expoícit Religio fane attendentes Nos
qiiod in ainpliílima Maragnani Provinda , quíe in Regione Brafiliae
per loca afperitate itinerum invia , &
flumina traníitu periculofa Ion-
giíTimè , latiíTimèque protenditur única Cathedralis Ecciefia Sanéti Lu-
dovici de Maragnano nuncupata reperiatur , ac quod Luíltanorum
seque iíi illas partes afliduè confluentium , atque Incolarum rsumerus
,
qui Catholicam Religionem ampleíluntur ita indies augeatur , ut
unius Epiícopi cura ob locorum diílantiam , necnon difficilimuni de
uno ad alia acceíTum Paftoralis Officii debito exequendo , tam latíe &
Dioecefis adminiftrationi impar omninò fit , itaut iIJius Provincia; po-
puli , íique pr^íertim qui Príefe£luram de Gran Para nuncupatam
incolunt , ac pra^fata Cathedrali Ecciefia longè diftantem prcprii
Epiícopi vifitatione, Sacramenti Confírmationis admiiniftratione , aliif-
que Epiícopalibus auxiliis penitús deílituantur , ideo aliis queque ac-
cedentibus caufis , in Congregatione Venerabilium Fratrum noílrorum
Saníls Romanse Ecclcfise Cardinalium rebus Confiílorialibus prncpofi-
ta perpcníis ad pias , &
enixas Chariffimi in Chriílo íilii- ncllri Jo-
annis Portugal! ííe , &
Algarbiorum Régis illuftris praeces, necnon ac-
cedente coníeníu Venerabiiis Fratris moderni Epiícopi Sant^li Ludo-
vici de Mnragnano de Venerabilium Fiatrum noílrorum ejuf-
prx^íati
dem Saneia; Promana; Ecclefise Cardinalium confilio rppidum Beatas
Marix de Belém nuncupatum cum eidem annexis locis atque adje- ,

centibus Infuiis necnon omnibus íuis Caftris


, Villis , Territoriis , &
,

Diílridlibus , Ecclefiis , & perfonis tam fsecularibus quam EcclefiaíH- ,

cis ab Ordinária jurifdidlione Epifcppi Sanfti Ludovici de Maragna-


no perpetuo dividimus , feparamus , & difmembramus , illaque om-
nia., ac Clerum , & populum quoad legem Dioeccianam ab Epiícopi
SaiK^i Ludovici de Maragnano pr^fati íuperioritate , jurifdid-ione
poteílate , íbbjed:ione , vifitatione , & correélione prorlus etiam per-
petuo eximiníus, & liberamus, ac Oppidum Beatte Marias de Belém
de Para prasí atum Civitatis , illiufque íncolas Civium nomine, titu-
>

lo, & honore pariter perpetuo decoramus , illudque in Civitatem


,
qu« Beata; Mariíe de Belém de Para denominetur, & in eo Ecciefiam
Beatse Marise Gratiarum pro uno Epifcopo BeatíC Marias de Belém
de Para nuncupando qui illi praefit , ac Ecciefiam ipíam ad formam
Cathedralis Eccieíia; redigi faciat necnon in ea , Sc di6la Civitate
,

ac ejufdem Ecclelias Diaccfi tot Dignitates , Canonicatus , & Pr£e^


bcndas , aliaque Beneficia Ecclcfiaílica cum curâ , & fine cura quoc
inibi Divino cultui , & diílíe Ecciefix fervitio , ac Ecclefiaílici Cleri
decori fibi videbuntur convenire de pra:fati Joannis , & pro tempore
exiílentium PortugalliíE , & Algarbiorum Regum Confilio , & alfen-
fu ,' &- praíTvia eorum côngrua dotatione ab ipfis Joanne , & pro tem-
pore. exiftentibus Portugalli^, 8z Algarbiorum Regibus pro tempore
facienda quam primum fieri poterit , erigat , & inílituat , necnon
,,,,

da Cafa ^eal Tortfíguei^4. 313


'
'
'

EpiTcopalcm jurirdi^lionem , a u flori ta tem , & potcfiatem exercere ,


omniaquc, & íingula, quae Ordinis qua^que juri!'di6}ionis , & ciijusli-
bet altcrius niiineris Epiícopalis fiint, &
qiiíe aiii in Portugalli^, &
Algarbiorum Regius , &
Dominiis conftituti Epifcopi in íuis Eccle-
íiis , Civitatibus, &Uioccefibus Facere poíTunt , &
debent , facere li-
bere , &
licite poílit , Sz debeat , ac in cadem fie sereéla Ecclefia Epif-
copalem Dignitatem cum Sede, príceminentiis , honoribus , privile-
giis , & facultatibus qiiibus Cathedrales Ecciefias hujuímodi de
alias

jure, vel conílietudine , aut utuntur , fruuntur, potiuntur ,


alias &
gaudent , ac uti , frui , potiri , &
gaudere poíTunt , &
poterunt quo-
niodolibet in futurum necnon Epiícopali , &
Capitulari Mênfis , aliif-
que Cathedralibus infigniis ad Omnipotentis Dei laudem , glorio- &
fifiimas Genitricis ejus Virginis Marise , totiufque Triumphantis Ec-
clefias gloriam , & Fidei Catholicae exaltationem de fimili confilio
Apoftolica auctoritate fimiliter perpetuo erigimus , Sc inílituimus , ac
eidem fie xredix Ecclefiíe Oppidum Beat^ Maria: de Belém de Para
prasFatum fie in Civitatem aredlam pro Civitate , &
alia Oppida
Caftra , Villas , Territoria , atque adjacentes Iníulas , & Diftri61us
Pra:fe61:urn2 de Para pra:íata2 h reliqua parte Dioecefis Sand:i Ludovi-
ci de Maragnano à qua hodie prasfeturam pr.xfatam , ut prscfertur
divifimus, ufque ad oram maritimam , &
vaftifiimam Aniericse Pvcgio-
nem exclufivè pro Dioecefi , necnon Écclefiafticas pro Clero , & Frcu-
Jares perlbnas in Civitate, &
Dioecefi hujuTmodi pro tempore degen-
tes pro populo de pari eorumdem Fratrum Confilio au6Voritate prx-
fata , etiam perpetuo concedimus , &
aíTignamus , Civitatemque
Dioecefim , Clerum , &
populum hujufmodi Epiícopo Beatse Mariae
de Belém de Pará quoad Epifcopalem Ordinariam , quo verò ad Me-
tropoliticam jurifdiélionem , &
luperioritatem Archiepilcopo Ulixho-
nenfi Orientali de diftorum Fratrum Confilio pariter perpetuo íubji-
cimus, necnon MenDe Epiícopali Beatae Mariae de Belém de Para hu-
jufinodi pro ejus dotte , redditus annuos valoris fcutorum mille mo-
netiE Romanx per ipfum Joanneai Regem aííignandorum , quam qui-
dem fummam idem Joannes Rex de fuis propriis , & pro tempore
exiftentium Portugalliíe , &
Algarbiorum Regum redditibus , & fpc-
cialiter de iis , qux ex ea Regione pcrcipiuntur , gratiosè , & irrevc-
cabiliter donavit , & obtulit , ac íblvere quotannis promifit , feu pro-
mitit , fimiliter perpetuò applicamus , &
appropriamus , & infuper
Joanni Regi, ejulque fucceíForibus Portugalliae , &
Algarbiorum Re-
gibus Jufpatronatus , & praeientandi infra annum perfonam idoneamad
di6lam Ecclefiam Beatae Marise de Belcm de Para Nobis, &
pro tem-
pore exiítenti Romano Pontifici in ejuFdem Ecclefise Beatse Marise de
Belém de Para Epifcopum , &
Paftorem ad prasfentationem hujufmo-
di , & noii alias praífíciendum , ad maiorem verò poít Pontificalem
& Principales , & alias Dignitates , Canonicatus , &
Prebendas,
necnon Beneficia erigenda , & per diclum Joannem , &
pro tempore
exiftentes Portugalliae , & Algarbiorum Reges hujufmodi congruò
dotanda tam ab eorum primasvâ ísreéFione , poftquam asrecla , & do-
tata fuerint , quam ex tunc deinceps quoties illa quibufvis modis , &
Tom. V. Rr ex
,

314 Vinovas do Llv. FIL da Hlfloria Çenealogíca

cx quorumcumque etiam apud Sedem Apoílolicam vacare


perfonis ,

contingerit Epiíbopo Beatx Marice de Belém de Para pro tenipore


exiílenti príefato fimiliter per eum ad pricíentationem pra-fati Joan-
nis , &
pro tempore exiílentium Portugallia; , & Algarbiorum Re-
giim faíiam infra terminum à jure pra^fixum in ipfis Dignitatibus ,
Canonicatibus , &Prícbendis , ac Beneííciis inílituendis eadem auâ:o-
ritate etiam perpetuo refervamiis , 8z concedimus ; ac Juípatronatus
,
& pra^fentandi hujufmodi prsefato Joaiini , & pro tempore cxiílenti-
bus Portugalliíc , Sc Algarbiorum Regibus ex merè fundationibus
& dotationibus competere , illique etiam per Sedem e andem , etiam
Confiftorialiter , quacumque ratione derogari non poíTe , nec deroga-
tum ceníeri , niíi ipfius Joannis , & pro tempore exiílentium Regum
príEfatorum ad id expreíTus accedat aíFenfus , & íi aliter quovifmodo
derogetur , derogationes hujufmodi cúm indè fequutis nullius roboris
eíficacia: , & momenti fore , íicque , & non aliter per quofcumque
Judices Ordinários , & Dclegatos , etiam Caufarum Palatii Apoftoli-
ci Auditores , ac ejufdem San£í:^ Romanas Ecclefise Cardinales , etiam
de Latere Legatos , & Sedis Apoftolicas pracfatae Núncios , aliofvè
quoslibet quavis audloritate fungentes fublata eis , eorum cuilibet &
aliter judicandi , defíniendi , & interpretandi forma , facultate , 8c au-
ftoritate judicari , & deíiniri debere , & quicquid fecus fuper his à
quoquam quavis aufloritate fcienter , vel ignoranter contigerit atten-
tari irritum , & inane decernimus , non obílantibus Lateraneníis Con-
cilii noviííimè celebrati ab Eccleíiis membra diftingui , dividi pro- &
hibentis , ac noílra , &
Cancellarise ApoftolicíE Regula de non tollen-
do jure qua:ííto , aliifque Conílitiitionibus , &
Ordinationibus Apof-
tolicis quibus omnibus , &
íingiilis illis alias in fuo robore perrran-
furis hac vice dumtaxat fpecialiter , &
exprefsè harum ferie dcroga-
mus , cí^terifque contrariis quibufcimique. Nulli ergo omninò homi-
num liceat hanc paginam noílrse diviíionis , fcparationis , difniembra-
tionis , exemprionis , liberationis , decorationis , ereclionis , inílitutio-
nis , conceffionis , aílignationis , fubjedlionis , applicationis , appro-
priationis , refervationis , conceílionis , Decreti , &
derogationis in-
íringere , vel ei aufu temerário contraire , fiquis autem hcc attentare
pra^fumpferit , indignationem Omnipotentis Dei , ac Beatorum Pe-
tri , &Pauli Apoítolorum ejus fe noverit incurfurum. Datum Ro-
mds apud Saneiam Mariam Maiorem , anno íncarnationis Dominicís
milleíimo feptingeritefimo decimo nono , quarto Nonas Martii , Ponti-
ficatus noílri anno vigeílmo. Loco >J( Plumbi. A. Giorgettus.

*AuÈo da entrega do corpo do Frincipe D, Pedro.

NuiT!,l 2 1
'
^
A trinta dias do mez de Outubro do anno de mil fetecentos
j \ e quatorze neíla Cidade de Lisboa no Real Convento de S.
, ,

An. 17 Vicente de Fóra cílando prcfcntes D. Nuno Alvares Pereira de Mel-


,

lo Duque do Cndaval do Confelho de Eílrdo Pref dente da Mefa


, , ,

do Defembargo do Paço , Mordomo iiiôr da rvaiiilia iioíía Senhora e ,

JVícilre
,,,

da Cafa %eal Tortuguesi^a. 315


Mc^^re de Campo General, junto à Real PeíToa de Sua Magcílade
a cujo cargo eílá o governo das armas da Corte , e Prcvincia da Ef-
tremadura ; D. Luiz Alvares de Caílro , Marquez de Calca es , do
Confelho de Eílado D. Fernando Maicarenhas , Marquez de Fron-
;

teira , do Conídho de Eftado , e Védor da Fazenda ; D. Antonio de


Almeida, Conde de Avintes, do Confelho de Eílado ; Joaó da Syl-
va Tello , Conde de Aveiras , do Confelho de Eftado ; D. Joaó de
Almeida , Conde de AíTumar , do Confelho de Eílado , e Védor da
Cafa Real , e os mais Oíficiaes da dita Caía , que alli fe acharão , e
o Padre D. Gafpar da Encarnação , Prior do dito Convento logo :

pelo dito D. Nuno Alvares Pereira de Mello , Duque do Cadaval


foy entregue por depofito por ora hum caixão íorrado de téla car-
mezim , com ramos de ouro , guarnecido de paíTamanes do mefmo
e por dentro forrado de feda branca , com quatro fechaduras doura-
das , em que diífe o dito Duque , e jurou aos Santos Euangelhos ,
cm que poz as mãos , eílava o corpo do Muito Alto , e Sercniílimo
Príncipe D. Pedro , filho dos Muito Altos , e Podcrofos Príncipes ,
os Senhores Rey D. Joaó o V. e a Rainha D. Marianna , que em fe-
cunda feira , que fe contarão vinte e nove defte prefente mez , das
duas para as tres horas da tarde , faleceo da vida prefente nos Paços
da Ribeira defta Cidade ; e elle Duque o vio , e reconheceo ao fe-
char do dito caixão , trazendo as chaves dellc comíigo , e vindo-o
acompanhando cora as mais peífoas acima nomeadas ; e o dito Prior
diífe , que fe dava por entregue , na forma referida do corpo do di-
,

to Sereniílimo Piincipe, e das chaves do caixão, que o dito Duque


lhe entregou logo , e fe obrigava por íi , e por feus fucceffores a dar
conta do dito corpo , ou oífos delle , de que eu Diogo de Mendoça
Corte-Real , do Confelho de Sua Mageftade , e feu Secretario de Ef-
tado , íiz dous termos dcíle theor , hum para fe enviar à Torre do
Tombo , e outro para ficar na Secretaria de Eilado , os quaes aífma-
raó todas as peífoas acima referidas no dito Convento , no mefmo
dia , mez , e anno , ut jupra. í=: Duque t=: Marquez de Cafcaes t=s
Marquez de Fronteira Conde de Avintes Conde de Aífumar
Conde de Aveiras í:: D. Gaipar da Encarnação. !=

Oraçno , D. Jofeph Firrao 'Núncio Extraordinário do Fapa


piic ,

Clements XI, dife quando entregou asJaxus ao SereniJTimo Se-


nhor Frincipc do hrafil D. Jojèph,

Oratio habita aã Serenljjlmtim Brajllia Principem.

Tx\nta optatiífmii tui Natalis fama, SereniíTime Princeps ,


Isetitiaper-
Njjni. I 2 i
fudit ânimos, ut nunquam pene dixerim diem illuxiíTejucundiorem;
in communi vero Orbis exultantis plaufu , ita Pontiíicii animi
totius
fupra casteros , extollitur gaudium , ficut , & gaudendi ratio omnes
excedit. Verum enim vero nò tam fmí.'ulare è Ccelo datum benefí-
Tom. V. Rr ii cium
,
,

3 I^ Trovas do Liv» VIL da Hlfioria (jcnealogka


cium tantummodo verborum fono príeteriri videatur hoc Pu-
fcerili ,

bíicum, qua te SandliíTimus Dominus Noíler intima chnritate comple-


élitur , ab eo pignus cxcipies. Mirum profedo extiirari potcft dex- ,

tram tuam Sceptiis , Armiíque natam , exigua hac faícia donari Om- :

neni tamen admirationis caufam expellat quifque, necefle cft , cum la-
tenteni ipfius valorem attentè coníideraverit. Talem etenim Apoílo-
lica Benediélione munita , ab eo , per quem Reges rcgnant in bellis
haec armatura virtutem eft aíTecuta , ut ea folum fVetiis , Princeps Se-
reniílime , tot per te pátrias , avitseque gloriíE triumphos arbitrcr
,

eíTc acceíTuros , ut miUum hucufque Regiam hanc Aulam íperare


fas íit , Principem fortitum eíTe feliciorem. Híec tibi toto fui cordis
afFedlu SanéliíTimus Dominus Noíler amantiíTime aufpicatur. Híec tibi
Catholicae Eccleíiae communia vota prxcantur , iitqiie publicis ref-
pondeat eíFedtus defideriis , Ponti fíciam Benediélionem P^egias tviíe
celíitudini in aufpicium perpetuas felicitatis vcnerabundus impertior
meque tanto au(Slum honore , fortunatillimum dico.

Tratado do cajamentõ do Príncipe D. Jo/eph com a Vrlnceza D.


,

Marianna ViÕtoria de Borbon , copiado do Originai , (jue tjlà


na Secretaria de EJiado.

NuiB. 1^3 Phelipe por la gracia de Dios Rey de Caftilla de Leon ,


T^^" ,

J-'^de Aragon, de las dos Sicilias , de Hieruíalem , de Navarra , de


An 1727.
Td^r
J\Xi.
Granada, de Toledo, de Valencia, de Galicia, de Mallorca , de Se-
villa , de Cerdena , de Cordova , de Corcega de Murcia , de Jaen,
,

de los Algarves , de Algecira , de Gibraltar, de las Islas de Cnnaria,


de las índias Orientales , y Occidentales , Islas , y Tierra íirme dei
mar Oceano , Archiduque de Auftria , Duque de Borgona , de Bra-
vante y Milan , Conde de Abípurg , de Flandes , Tirol , y Barcelo-
,

na , Scnor de Vizcaya , y de Molina , &:c. Por quanto haviendo-fe


ajuftado , combenido , v firmado en Madrid el dia tres dei prefente
mez de Septiembre por los Plenipotenciários nombrados por mi , y
por el Serenillimo , y muy poderofo Rey de Portugal el Tratado Ma-
trimonial para el cafamiento , que deve efeéluarfe entre el Serenifíl-
nio Principe dei Brafil Don Jofeph , hijo primogénito dei referido Se-
reniílimo Rey de Portugal , y la SereniíTima Infanta Doíia Maria An-
na Victoria , mi muy chara , y muy amada hija , dei tenor íiguiente.
Tratado Matrimonial acordado entre el ComiíTario dei Pvcy de
Efpana Don Juan Baptifia de Orendayn , Marques de la Paz, de fu
Confejo , y primer Secretario de Eílado , y dei Defpaclio , y el Em-
baxador Extraordinário dei Rey de Portugal Don Rodrigo Annes de
Sá , Almeyda y Menezes , fu muy amado , y charo fobrino , de fu
Confejo , Gentiíhombre de fu Camera , Marques de Abrantes , pa-
ra el cafamiento , que deve efeéluarfe entre el rauy alto , y muy po-
derofo Principe dei Brafil Don Jofeph , hijo primogénito dei muy al-
to , muy excelente , y muy poderofo Principe D. Juan Qiiinto per
la gracia de Dios Rey de Portugal
, y
de la muy alta , muy exce-
lente 5
,

da Cafa ^al Tortuguesi^d.

lente, y muy poderoía Princeía Dona Maria Anna de Auílria, tam-


bieii por la gracia de Dios Reyna de Portugal ; y la muy alta , y
muy poderofa Princcfa Doila Maria Anna Victoria , Infanta de Eípa-
íia , hiia dei muy alto , muy excelente , y muy podcrofo Príncipe
Don Phelipc Qiiinto por la miíma gracia de Dios Rey de Eípana
y de la muy alta, muy excelente, y muy poderofa Princefa Dona
Ifavel Farneie , afli mifmo por la gracia dj Dios Reyna de Efpaíia ,
fegun los plenos poderes , que han recevido los diclios Miniftros
de la Mageílad dei Rey Catholico , y de la Mageílad dei Rey de
Portugal, cuyas copias fe infertaràn al pie dei prefente Tratado.
Hn nombre de la Santiííima Trinidad , Padre, Plijo, y Efpiritu
Santo un folo Dios verdadero , a fu honor , y gloria , y por el bien
reciproco de los Pueblos , fubditos , y Vafallos de uno , y otro Rey-
no. Sea notório a todos aquellos , que las prefentes letras de acuer-
do de matrimonio vieren , que haviendo-fe firmado en el Real fitio
de San Ildefonfo a los fiete dias dei mes de Odlubre dei aíio dei
Nacimiento de Nueílro Senor Jefii Chrifto de mil fetecicntos y vein-
te y cinco , por el Marques de Grimaldo , Miniftro , y Plenipoten-
ciário de la Mageílad dei Rey Catholico , y por Jofcph de Acuíia
Brochado , y Antonio Guedes Pereyra , Miniftros , y Plenipotenciá-
rios de la Mageílad dei Rey de Portugal , los Articules Preliminares
para el matrimonio , que fe deve efedluar dei muy alto, y muy po-
dcrofo Principe dei Brafil Don Jofeph , hijo primogénito dei muy
alto , m.uy excelente , y muy poderofo Principe Don Juan Qiiinto
por la gracia de Dios Rey de Portugal , y de la muy alta , muy ex-
celente , y muy poderofa Princefa Dona Maria Anna de Auílria , tam-
bien por la gracia de Dios Reyna de Portugal ; y la moy alta, y muy
poderofa Princefa Dona Maria Anna Viéloria , Infanta de Efpana ,
hija dei muy alto , muy excelente , y muy poderofo Principe Doa
Phelipe Quinto , por la mifma gracia de Dios Rey de Efpafia , y de
la muy alta , muy excelente , y muy pcderoía Princefa Doíia Ifavel
Farncfe , aíFi mifmo por la gracia de Dios Reyna de Eí)3ana ; cuyos
Articules fueron ratificados en el mifmo Real fitio de San Ildefon-
fo a catorce de Odubre dei mifmo ano de mil fetecientos y veinte y
cinco por la Mageftad dei P^ey Catholico , y por la Mageílad dei Rey
de Portugal en la Corte de Lisboa Occidental a los trece dei mif-
mo mes de Odtubre dei dicho aíio de mil fetecientos y veinte y cin-
co.
Y por quanto nos , como
Miniílros , y Plenipotenciários , aho-
ra efpecialmente deputados , debemos reducir los dichos Artículos a
un Tratado formal , en virtud de los plenos poderes refpeclivos , que
por Sus Mageílades nos fueron concedidos , folo para eíle fin , en la
forma , que dcípues de efte Tratado íeran copiados Haviendrios
:

vifto , y examinado, y hallandolos en buena, y debida férma combe-


nimos ío le^uiente.

áRH-
,

2 I 8 Trovas do Llv. VIL da fíi/íoria (jenealoglca

ARTICULO I.

Se ha ajuftíido , que con Ia gracia , y bendicion de Dios , al-


canzada primero difpenfacion de nueflro inny Santo Padre el Papa
en razon de la proximidad , y coníanguinidad entre el muy alto , y
muy poderofo Príncipe dei Piraíil Don Jofeph , y Ia nuiy alta , y muy
poderoía Infanta Dona Maria Anna Vidoria , haran celebrar fus det
poíorios , y matrimonio por palabras de prelente , legun la fornia
prefcripta por los Sagrados Cânones , y Conftituciones de la Igleíia
Catholica Apoílolica Romana , aíli que la dicha Sereniílima Senora
Infanta aya llegado a la edad de doce aííos cumplidos ; y defpues
que fe aya ajuftado , y fixado el tiempo entre la Mageíl^d dei Rey
Catholico , y la Mageílad dei Rey de Portugal , fe haran los defpo-
forios , y caíamiento en la Corte de S. M. Catholica. Ypor quanto
la dicha Sereniííima Senora Infanta tiene yà cumplida la edad de íle-
te anos , y el Sereniíllmo Principe la de onze , fe ajuftò reciproca-
mente , que obtenida la referida difpenfacion de nueftro muy Santo
Padre el Papa , í"e haran luego en la Corte de S. M. Catholica los
efponfales de futuro matrimonio , para Io que fe daran los poderes , y
authoridad nccelfaria , aííi por el Sereniffimo Principe dei Braíil, co-
mo por el Sereniffimo Rey de Portugal fu padre , al Miniflro , ò per-
fona , que fuere mas de fu agrado.

ARTICULOU.
El Sereniffimo Rey Catholico promete , y fe obliga a dar , y
dará a la Sereniííimia Senora Infanta Doíia Maria Anna Viéioria en
dote , y a favor dei matrimonio con el Sereniffimo Principe Don Jo-
feph , y pagará a la Mageílad dei Rey de Portugal, ò a quien tu-
viere fu poder , y commiíTion la fumnia de quinicntcs mil excudos
de oro dei Sol , ò fu jufto valor en la Ciudad de Lisboa , y fe en-
tregará la dicha lumma al tiempo de efedbuarfe el matrhnonio.

ARTICULO IIL

La Mageílad dei Rey de Portugal fe obliga a afegurar, y afe-


gurarà el dote de Ia Sereniílima Senora Infanta Doíia Maria Anna Vi-
6loria , en buenas rentas ,
y afignaciones feguras , à fatisfacion de S.
M. Catholica, o de las perfonas , que para efte efe61:o nombrare al
tiempo de el pagamento , y remetirà luego a S. M. Catholica los
documentos de la drcha aíignacion ; y en el cafo de diffolverfe el ma-
trimonio , y que por el derecho tenga lugar la reífituicion dei dote,
fera eíte reílituido a la Sereniffima Senora Infanta , o fus herede-
ros , y fubceíbres , que lograràn los reditos , que importaren los di-
chos quinientos mil excudos de oro dei Sol , a razon de cinco por
dento , que fe pagaran en virtud de ias dichas aíignaciones. ;>

ARTI-
da Cafa %enl Tot tuguc^a, 3 i p
ARTICULO IV.

Por médio dei pagamento efeélrivo ,


que fe harà a la Mageílad
dei Rey de Portugal de los dichos quiuicntos mil excudos de oro
dei Sol , ò íu jufto valor en el termino , que queda dicho , fe dará
por latisfeclia la SercniíTima Senora Infanta , y fe fatisfarà d'A dicho
dote, íin que en adelante pueda alegar otro algun derecho , ni in-
tentar otra alguna accion , ò pertenfion pertendiendo , que la perte-
nezcan , o puedan pertenecer otros mayores bienes , razones , dere-
chos ò acciones por cauía de lierencias , y mayores fubcefiones de
Sus Mageílades Catholicas fu padre , y madre, ni de qualquiera otra
manera , y por qualquiera caufa , y titulo , que fuere , ò fea , que lo
fepa , ò lo ignore \ bien entendido , que de qualquiera calidad , y
condicion , que fueren las cofas arriba dichas , debe quedar excluída
de ellas , y antes de efeétuarfe los defpoforios hara renuncia en bue-
na , V debida forma , y con todas las feguridades , formas , y folem-
nidades , que fueren requeridas , y neceiarias , la qual renuncia hara
lã SereniíTima Senora Infanta antes de eftar caiada por palabras de
prefcnte , y la confirmará luego defpues de celebrar el matrimonio ,
y aprobarà , y ratificara Juntamente con el SereniíTimo Principe dei
Braíil con las mifmas formas , y folemnidades , que la Sereniffima Se-
nora Infanta huviere hecho la fobredicha primera renuncia , y a de
mas con Ias clau'nlas, que fe juzgaren mas combenientes , y neceia-
rias , y el Sereniííimo Principe y la SereniíTima Senora Infanta que-
,
daran , y quedan , aíTi de prefente , como para entonces obligados al
cumplimíento , y efeilo de la dicha renuncia , y ratifícacion , en la
conformidad de los prefentes Articulos ; y las fobredichas renuncias,
y ratiíícacíones fcran havidas , y juzgadas aíH prefentemente , como
entonces por bien hechas , y verdaderamente pafadas , y otorgadas ,
y Ias dichas renuncias , y ratificaciones fe haran en la fórma mas au-
thentica , y eficaz , que pudiere fer , para que fean buenas , y vaU-
das , juntamente con todas las claulblas dercgatorias de qualquiera
Ley, jurifdiccion , coíluubres, derechos , y conílituciones a eílo
contrarias , a que impidiefen en todo , ò en parte las dichas renuncias,
y ratificaciones ; y para el efeâ:o , y valiuacion de lo que arriba que-
da dicho , la Mageílad dei Rey Catholico , y S. M. Portuguefa de-
rogaràn , y derogan defd^ el prefente íin alguna referva y entende-
,
ràn , y entienden aTi de prefente , como para entonces tener dcroga-
das todas las excepciones en contrario.

A R T I C U L O V.
La Mageílad dei Rey de Portugal dará a la Sereniíííma Senora
Infanta Dona Maria Anna Vi61:oria en fu llcgada al Reyno de Portu-
gal ,
para fus anillos , y joyas , el valor de ochenta mil pefos , los
quales le perteneccran íin dificultad defpues de celebrado e! matrimo-
nio , de la luifma luerte que todas las otras joyas que llebarc con-
, ,
^20 Trovas do Liv. VIL da Hifloria (jeneahgtca
íigo , y feran propias de Ia dicha Screniííima Senora Infanta , y de
fiis Jiercderos , y íubceíbres , ò de aquellcs , que tuvicren fu dere-
clio.
ARTICULO Ví.
La Mageíladdei Rey de Portugal aíignarà , y conílituirà a la
SerenilTima Senora Infanta Dona Maria Anna Vidoria para fus arras
veinte mil excudos de oro dei Sol al ano , que feran aíignados fobre
rentas , y tiej-ras , de las quales tendra jurifdiccion , y el lugar prin-
cipal el Titulo de Ducado , de fuerte , que las dichas rentas , y tier-
ras lleguen haíla la dicha fumma de veinte inil excudos de oro dei
Sol cada ano ; de los quales lugares , y tierras aíTr dadas , y aílgna-
das gozara la Sereniffima Senora Infanta por fus manos , y por fu au-
thoridad , y de las de fus Commiífarios , y Ofíciales , y en las dichas
tierras proveerà las Judicias, y a demas de efto le pertenecerà la
provifion de los Ofícios , como es coílumbre , entendiendo-fe , que
los dichos Ofícios no podran fer dados fino a Portuguefes de naci-
miento, como tambien la adniiniítracion , y arrendamiento de las di-
chas tierras , conforme a las Leys , y coílumbres dei Reyno de Por-
tugal ; y de la fobredicha afignacion entrara a gozar , y pofeer Ia
Scremífima Senora Infanta Dona Maria Anna Vi61oria , luego que tu-
vieren lugar las arras , para gozar de ella toda fu vida , fea que que-
de en Portugal , ò fe retire a otra parte.

ARTICULO VIL
La Mageílad dei Rey
de Portugal darh , y afignarà a la Sere-
niíFima Senora Infanta Dona Maria Anna Vicloria para el gafto de fu
Camera , y para mantener fu eílado , y fu Gafa , una fumma conve-
niente , tal qual pertenece a muger de un tan gran Príncipe , y a
hija de tan poderofo Rey, afignandola en la forma, y manera, con
que fe acoílumbra hazer en Portugal para lemejantes manutenciones,
y gaílo.
ARTICULO VIÍL
el tiempo , que fe ajuf-
Su Mageílad Catholica harà conducir en
tare a fu cofta , y gafto a la SereniíBma Senora Infanta Dona Maria
Anna Vidoria fu hija , a la Frontera , y raya de Portugal con la dig-
nidad , y cortejo , que requiere una tan grande Princeía , y ferà re-
civida de la mifma fuerte de parte de la Mageftad dei Rey de Portu-
gal , y tratada , y fervida con toda la magnificência , que conbiene.

A R T I C U L O IX.

En el cafo , que fe difuelva el matrhnonlo entre el Sereniílimo


Príncipe dei Brafil , y la Sereniífima Senora Infanta Dona Maria An-
na Vi6loria , y que efta fobreviva al dicho Sereniíljmo Principe , en
efte cafo ferà libre a la dicha SereniíTima Senora Infanta quedar en
Portugal
;

íta Cafa %eal Tortugfíei^a, 321


Portugal cn el lugar, que quifiere , ò volver a Efpana , ò a qual-
quiera otro lugar combeniente , aun que fea fuera dei Reyno de
Portugal , todas , y quantas vezes bíen le pareciere , con todos fus
biencs , dote , y arras , joyas , veftidos , y vajilla de plata , y qualef-
quiera otros mucbles con fus Ofíciales , y criados de fu Caía , íin
que por qualquicra razon , ò confideracion , que fca , íe le pueda po-
ner algun impedimento , ni embarazo a fu partida dire£l:a , ò indere-
^lamente , ni impedirle el ufo , y recuperacion de fus dichos dote, ar-
ras , y joyas , ni otras afignaciones , que fe le huviefen hecho , ò
devido hazer ; y para eíle efedo dará la Mageftad dei Rey de Por-
tugal a S. M. Catholica para la fobredicha SereniíTima Senora Infan-
ta Dona Maria Anna Viíloria fu hija , aquellas Cartas , y fegurida-
des , que fueren necefarias , firmadas de fu propia mano , y felladas
con fu Sello , y defde ahora para entonces lo afegurarà , y prometerá
la Mageftad dei Rey de Portugal por íi , y por los Reyes fus fub-
cefores con fé, y palabra Real.

ARTICULO X.

Sus Mageftades Catholica , y Portuguefa , fuplicaràn a nueílro


muy Santo Padre el Papa con el Tratado , que fe harà en virtud de
eftos Artículos , fe firva aprobarle , y darle l'u Bendicion Apoftolica
y aííi mifmo aprobar las Capitulaciones , y las ratificaciones , que hu-
vieren hecho las referidas Mageftades , y que harà la referida Serenif-
íima Senora Infanta , como tambien los aO:os , y juramentos , que fe
hicieren para fu cumplimiento , infertandolos en fus letras de apro-
bacion , y de bendicion.

ARTICULO XL
Y en nombre dei muy alto ,
muy excelente ,
muy
y poderofo
Príncipe Don Phelipe Quinto Rey de Efpana, y como fu Miniftro,
Commifario Ador y Mandatário de la una parte y en nombre dei
,
, ,

muy alto, muy excelente, y muy poderofo Principe Don Juan Quin-
to Rey de Portugal y dei muy alto y muy poderofo Principe dei
, ,

Brafil Don Jofeph y como fu Embaxador Extraordinário Plenipo-


,

tenciário , y Procurador de Ia otra ; nos obligamos los mencionados


Miniftros de Sus Magefiades , en virtud de nueftros refpeítivos ple-
nos poderes, y prometemos en fé, y palabra de Sus Mageftades,
que los prefentes Artículos feran entcramente obfervados de una, y
de otra parte, cumplidos , y executados íin falta, ò diminuicion al-
guna , y que fera el prefente Tratado por Sus Mageftades ratificado,
y dentro de quince dias , ò mas prefto íi fuere poftble , feran trocadas
ias ratificaciones cn buena y debida fcrma.
,

En fé de lo qual los dichos Miniftros Plenipotenciários , firmá-


mos de nueftra propia mano dos Exemplares de cfte Tratado , y les
Tom. V. Ss hiziíiios
,

^11 Trovas do Llv. VIL da Hiflor ia Çenealogtca


hizimos poner los Sellos de nueftras Armas. Fecho eu Madrid a
tres de Septiembre de mil fetecientos y veinte y íietet=: El Marques

de Ja Paz {= El Marques de Abrantes.

(L.S.) (L.S.)

Plenipotencia de la Mageftad dei Rey Catholko,

Don Phelipe por la gracia de Dios Rey de Caftilla , de Leon ,


de Aragon, de las dos Sicilias , de Hierufalem , de Navarra, de
Granada , de Toledo , de Valencia, de Galicia , de Mallorca , de Se-
villa , de Cerdena , de Cordova , de Corcega , de Murcia , de Jaen,
de los Algarves , de Algecira , de Gibraltar , de las Islas de Caná-
ria , de las índias Orientales , y Occidentales , Islas , y Tierra firme
dei Mar Oceano , Archiduque de Auftria , Duque de Borgona , de
Bravante , y Milan , Conde de Abfpurg , de Flandes , Tirol, y Bar-
zelona , Senor de Vizcaya , y de Molina , &c. Por quanto íiendo
tan combeniente al fervicio de Dios , exaltacion de Ia Fé , y bien de
la Chriftiandad , permanezca entre el muy alto, y muy poderofo
Príncipe Don Juan Rey de Portugal , Nos , y nueftros iuccelFores
Ia hermandad , y buena correfpondencia , que tanto importa a los
dos Reynos ; y confiderando por el mas oportuno médio para afegu-
rar eíla importância , el de eítrechar mas , y mas los vínculos de lan-
gre , y parentefco , íe ha combenido , y ajuílado por Artículos Pre-
liminares , que fe han firmado por los CommiíTarios nombrados a
eíle fin por Mi , y por el muy alto, y muy poderofo Príncipe Don
Juan Rey de Portugal , el cafamiento dei Sereniílimo Príncipe dei
Brafil Don Jofeph , hijo dei mencionado muy alto , y muy podero-
fo Príncipe Don Juan Rey de Portugal con la Sereniííima Infanta
Dona Maria Anna Viítoria , mia muy chara , y muy amada hija pa-
ra que con la Bendicion de Dios , y de nueílro muy Santo Padre
Benedi6ío D^zimotercio , que actualmente prefide en fu Santa Igle-
fia , fe defpofen , y cafen fegun
, y
como lo difpone la Santa Iglefia
Romana ; y refpeílo de haverfe de hazer , y de firmar en mi Corte
de Madrid con cl Marques de Abrantes Embaxador Extraordinário
nombrado a eíle efeclo por el muy alto , y muy poderofo Príncipe
Don Juan Rey de Portugal , cl contrato dei referido matrimonio ,
con las folemnidades , y lucimiento , que fe pratica cn fcm.ejantes ca-
fos , con los paélos , y condiciones yà acordadas ; por cilas razones
y por la particulsr confianza , y fatisfacion , que tengo de vòs Don
Juan Baptiíla de Orcndayn , Marques de la Paz , de mi Confejo , y
primer Secretario de Efiado , y dei Defpacho He refuelto nombraros
:

por mi Miniílro Commiílario , para que podais hazer , y Frirar en mi


Corte de Madrid , como queda dicho , con el referido Marques de
Abrantes Embaxador Extraordinário de S. Mofreflad Poriugucfa el
contrato dei referido matrimonio dei exprefado SercniíFmo Príncipe
dei Brafíl con la mencionada Sereniífima Infanta m,i hija , con Ias fo-
lemnidades xicofmmbradas j y con los pa^^os , y condiciones yà ncor-
dadas.
,

da Cafa ^eal Tortuguet^a. 323


Por tanto por la prefente os doy poder , y facultad , tau
dadas.
cumplido , y baftante como fe requiere , de certa ciência , y delibera-
da voliiiitad , para que por mi , y en mi iiombre , reprefentando mi
Perfona , (como yo propio lo podria hazer íiendo prefente) capitu-
leis
,
combengais , alenteis , y firmeis lo tocante al referido contra-
to , y capítulos matrimonialcs haíla concluirlos enteramente , para
que os doy poder , y facultad amplia , y abíbluta , fin limitacion al-
guna , aíTi para todo lo que a efte intento combenga , y fuere nece-
íario executar , eftipular , afegurar , y obligar por m.i parte , como
para admitir y aceptar todas las condiciones , padlos , obligaciones,
,
efcrituras , y inftrumentos ,
que fueren necefarios hazer por la dei
muy alto, y muy poderoíb Príncipe Don Juan Rey de Portugal,
tanto en razon de la dote, arras , legados, y mandas, como en los
demas puntos concernientes al dícho cazamiento ; oblígandome, co-'
mo me oblígo , al cumplimíento de lo que en cada una de eítas co-'
fas , y todas juntas , concertareis, capitulareis, y admitiereis , ò exe-
cutareis, que para efte efeélo os hago , crio , y conftituyo mi Adlor,
Mandatário, y Commífarío , con libre, general, y pleniílimo poder,
y facultad, para que hagais , y podais hazer en razon de efto , todo
lo que yo mifmo podria hazer , aun que fean tales las cofas , que re-
quieran efpecial , y expreíTa mencion de ellas ; y prometo en mi pa-'
labra Real , que tendrê por grato , firme, y valedero , y aprobarê,
y ratifícarê , fi fuere necefario , y tendrê por bueno lo que hiciereis,
tratareis , y prometiereis , concluyereis , y firmareis , y que nò irê
ni vendrê , ni confentirê ir , ni venir contra alguna cofa , ni parte
de ello , fino antes bien lo loarê , aprovarê , y ratifícarê de nuevo íi
necefario fuere. En fé de lo qual mandê defpachar la prefente fir-
mada de mi mano , fellada con el Sello fecreto, y refrendada de mi
infrafcripto Secretario de Eílado , y dei Defpacho. Dada en Madrid
a diez y ocho de Julio de mil fetecientos y veinte y fiete.

YO EL PvEY.

Don Jofeph Rodrigo.


(L.S.)

Poder de la Magejiad dei Rey de Portugal.

Dom Joaó por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algar-


ves , daquem , e dalém , Mar em Africa , Senhor de Guiné , c da
Conquifta , Navegação, Commercio da Ethyopia, Arábia, Perfia , e
da índia , &c. Faço faber aos que efta minha Carta de poder geral,
e efpecialvirem, que por quanto convém ajuftarfe, e effeituarfe o
cafamento ,
que íé trata entre o Príncipe meu fobre todos muito
amado, e prezado filho, com a Serenifiima Infante D. Maria Anna
Vistoria, filha do muito alto, e muito poderofo Príncipe D. Fílippe
Qiiinto Rey Catholíco de Hefpanha meu bom irniaó , e primo.
, Pe^
la confiança que faço e fatisfaçaô que tenho da prudência zelo.
, , , ,

Tom. V. Ss ii , e fi-
,

3 24 ^^ovas do Lh. VIL da Htftoria Çenealogtca

e fidelidade do Marquez de Abrantes , e de Fontes , Conde de Pe-


naguiaó , D. Rodrigo Annes de Sá Almeida e Menezes , meu mui-
to amado , e prezado fobrinho , do meu Confelho , Gentil- homem
de minha Camera, Alcaide môr, Capitão môr, e Governador das
Armas da Cidade do Porto , e feu Deftri6lo , e das Fortalezas de S.
Joaô da Foz do Douro , e NoíTa Senhora das Neves em Leça de
Matofinhos , Senhor das Villas de Abrantes , e do Sardoal , e dos
Concelhos de Sever , Penaguião , e Godim , da Honra do Sobrado ,
de Villa-Nova da Gaya de Matofinhos , e Bouças , de Gondomar , e
de Aguiar de Soufa , Commendador das Commendas de Santiago dc
CaíTem , e S. Pedro de Faro , na Ordem de Santiago , e de Santa
Maria de Mafcarenhas , S. Pedro de Macedo , e S. Joaô de Abrantes
na Ordem de Chriílo, e meu Embaixador Extraordinário, e Pleni-
potenciário , lhe concedo , e otorgo meu inteiro , e comprido poder,
livre , e baftante , fegundo melhor , e mais compridamente lhe devo
conceder , e otorgar , e em tal cafo fe requer , e o conflituo , e faço
meu Procurador geral , e efpecial , para que por mim , e em meu no-
me , e do Príncipe meu filho , reprefentando a minha própria PeíToa,
e a do Principe , como Eu , e elle o podíamos fazer , fe prefentes
foífemos , poíFa tratar , e ajuftar o Tratado Matrimonial do dito Prin-
cipe , com a fobredita SereniíTima Infante , na forma dos Prelimina-
res , que fe achao ajufiados pelos meus Plenipotenciários , e por mim
ratificados em treze de Outubro do anno mil fetecentos vinte e
cinco , com quaefquer Procuradores , ou CommiíTarios nomeados pe-
lo niuy alto , e muito poderofo Principe D. Filippe Quinto Rey Ca-
tholico , que moftrarem feus poderes , e procuraçaô em forma baf-
tantes , para o fobredito eíFeito , Eu , e o mefmo Principe guardare-
mos , e compriremos , tudo o que pelo fobredito Marquez, meu Ple-
nipotenciário , for capitulado , e aflentado , com as condições , pa-
^5ios
,
obrigações , e firmezas , que por elle forem acordadas , e ajuf-
tadas ; porque para tudo Eu , e o Principe lhe concedemos , e otor-
gamos todo o comprido poder , mandado geral , e efpecial , com li-
vre , e geral adminifl:raçaó , e por efta prefente prometto em fé , e
palavra de Rey , de guardar , e com eíFeito cumprir tudo o que pe-
lo dito meu Embaixador Extraordinário , e Plenipotenciário , e Pro-
curador , fobre o dito cafamento for tratado , capitulado , otorgado
alfcotado , e firmado de qualquer natureza , qualidade , e importân-
cia , que feja , e tudo haverey por firme , e valiofo em todo o tem-
po , na forma da obrigação deíles poderes E por firmeza de tudo
:

mandcy fazer efia prefente Carta , e poder geral , e efpecial por mim
affinada , e fellada com o Sello grande de minhas Armas. Dada na Ci-
dade de Lisboa Occidental aos feis dias do mez de Agofto do anno
do Nafcimcnto de NoíTo Senhor Jefu Chriílo de mil fetecentos vinte
e lete.
ELREY.
DÍ020 de Mendoca Cortc-Real.
ÍL.S.)

é.'
,

da Cafa %eal Tortuguei^a, 325


Por tanto , haviendo vifto , y examinado el referido Tratado
Matrimonial aqui inferto , hê refuelto aprovarle , y ratiHcarle, (co-
mo en virtud de la prefente le apruebo , y ratifico) en la mejor , y
mas cumplida forma , que puedo , y doy por bueno , firme , y vale-
dero , todo io que en el fe contiene , y prometo cn fé , y palabra
de Rey cumplirle , y obfervarle inviolaÍ3lemente fegun fu forma , y
tenor , y hazerle obfervar , y cumplir de la niifma manera como íi
Yo le huviera hecho por mi propia Perfona. En fé de lo qual
mandê defpachar la prefente , firmada de mi mano , foliada con el
Sello fecreto , v refrendada de mi infrafcripto primcr Secretario de
Eílado , y dei Defpacho Univerfal. Daua en San lidefonfo a cator-
ce de Septiembre de mil fetecientos y veinte y íiete.

YO EL REY.
(L. S.)

Juan Baptiíla de Orendayn.

Tratado do cajamento do Prindpe das ^jíurias D. Fernando ,

com a Pnnceza D. Maria Barbara , copiado do Originai,


(jiie eftà na Secretaria de Ejiado.

DOn Aragon
de
Phelipe por Ia gracia de Dios , Rey de Caftilla , de Leon^ NuiH.
, de las dos Sicilias , de Hieru falem , de Navarra , de
. '
I Z
^ 4
Granada , de Toledo , de Valencia , de Galicia , de Maílorca, de Se- ^7^7 -

villa , de Cerdena , de Cordova , de Corcega , de Murcia , de Jaen


de los AlgaiTes , de Algecira , de Gibraltar , de las Islas de Canária,
de las índias Orientales , y Occidentales , Islas , y tierra firme dei
Mar Oceano , Archiduque de Auílria , Duque de Borgona , de Bra-
bante , y Milan , Conde de Abfpurg , de Flandes , Tirol , y Barce-
lona , Senor de Vizcaya , y de Molina , &c. Por quanto haviendo-fe
ajuftado , combenido , y firmado en la Corte de Lixboa , el dia pri-
mero dei prezente mes de Odlubre , por los Plenipotenciários nnm-
brados por Mi , y por el SereniíUmo , y muy poderofo Rey de Por-
tugal Don Juan , el Tratado Matrimonial para el cafamiento , que
deve efeduarfe , entre el SereniíTimo Príncipe de Afturias , Don Fer-
nando , mi muy charo , y muy amado hijo , y la Sereniíílma Infanta
de Portugal , Doiía Maria , hija dei referido SereniíTimo Rey de Por-
tugal dei tenor fcguiente.
Tratado Matrimonial acordado entre el Embaxador Extraordi-
nário dei Rey de Efpana Don Carlos Ambrofio Spinola de la Cerda,
Marques de los Balbafes , Gentilhombre de Camera de S. M. y Don
Domingo Capecelatro Marques de Capecelatro , Embaxador Ordiná-
rio de la mifma Mageftad , y fus Plenipotenciários y el Commifario
,

dei Rey de Portugal Don Diego de Mendoza y Cortereal , de fo


Confejo 3 y Secretario de Eílado^ de laí> Merctides , Expediente, y
AfignãtuiHy
,

^20 Trovas cio Lh, FIL da Hiflona (jencahgica

Afignatura , para eí cafamicnto , que deve efeéluíirre entre el muy al-


to , y muy podcrolb Príncipe de Aílurias Don Fernando , hijo pri-
mogénito dei muy alto , muy excelente , y muy podcrofo Príncipe
Don Plielipe Qiiinto , por la gracia de Dios P<.ey de Eípana , y de
Ia muy alta, muy excelente, y muy poderofa Princefa Dona Maria
Lulía Gabriela de Saboya , yh defunta , lu prinicra cfpoía , y com-
paíiera ; y la m.uy alta , y muy poderofa Princela Doíia Maria Infan-
ta de Portugal , hija dei muy alto , muy excelente , y muy podero-
Ib Príncipe Don Juan Quinto , por la gracia de Dios Rey de Por-
tugal , y de la muy alta , muy excelente , y maiy poderofa Princeia
Dona Maria Anna de Auííria, tambien por la gracia de Dios Reyna
de Portugal \ fegun los plenos poderes , que han reclvido los dichos Mi-
niílros de la Mageftad dei ReyCatholico , y de la Mageílad dei Rey de
Portugal, cuyas copias fe infertaràn al pie de cfte prezente Tratado.
En nombre de la SantiíPma Trinidad , Padre , Hijo , y Spirito
Santo , un folo Dios verdadero a fu honor , y gloria , y por el
:

bien reciproco de los pueblos fubdltos , y Vafallos, de uno, y otro


Reyno. Sea notório a todos aquellos , que las prezentes letras de
acuerdo de matrimonio vieren , que haviendo-fe firmado en el Real
íitio de San Ildeíbnfo , a los liete dias dei mes de Odubre dei ano
dei Nacimiento de Nueftro Senor Jefu Chrlílo de mil fetecientos y
veinte y cinco , por el Marques de Grimaldo , Miniftro , y Plenipo-
tenciário de la Mageftad dei Rey Catholico , y por Jofeph de Acu-
íía Brochado , y Antonio Guedes Pereyra , Miniftros , y Plenipoten-
ciários de la Mageftad dei Rey de Portugal , los Artículos Prelimi-
nares para el matrimonio, que fe deve efectuar, dei muy alto, y
muy poderoio Príncipe de Afturlas Don Fernando , hijo primogéni-
to dei muy alto , muy excelente , y muy poderoio Príncipe Don
Phelipe Qiilnto , por la gracia de Dios Rey de Efpaíía , y de Ia muy
alta , muy excelente , y muy poderofa Princefa Dona Maria Luifa
Gabriela de Saboya , yà defunta , íu prlmera efpofa , y companera ;
y la muy alta , y muy poderofa Princefa Doiia Maria , Infanta de
Portugal , hija dei muy alto , muy excelente , y muy poderofo Prín-
cipe Don Juan Quinto , por la gracia de Dios Rey de Portugal , y
de la muy alta , muy excelente , y muy poderofa Princefa Dona Ma-
ria Anna de Auftria , tambien por la gracia de Dios Reyna de Por-
tugal , cuyos Artículos fueron ratificados en el mlfnio Real fitio de
San Ildefonfo , a catorce de 06Iubre dcl mifmo ano de mil fetecien-
tos y veinte y cinco , por la Mageftad dei Rey de Efpana , y por la
Mageftad dei Rey de Portugal en la Corte de Llxboa Occidental
a los trece dei mifino mes de OvSlubre dei dicho aíio de mil fetecien-
tos y veinte y cinco,
Y por quanto nos , comoMiniftros , y Plenipotenciários , aho-
ra efpecialmente deputados debemos reducir los dichos^ Artículos a
,

un Tratado form^al , en vlrtud de los plenos poderes reípedivos , que


por Sus Mageftades nos fueron concedidos , folo para efte fin , havi-
endolos vifto , y examinado, y hallandolos en bucna, y debida forma
ccmbenimos lo feguicnte.
ARTI-
da Cafa ^al Tortugues^a. 327
ARTICULO I.

Se ha ajuílado , que viílo hallarfe , que los parentefcos entre el


muy alto , y muy poderofo Príncipe de Aílurias , y la muy alta , y
muy poderoía Infanta Dona Maria Ion en grados , que no neccfitan
,

difpenfacioncs de nucftro muy Santo Padre el Papa , como ha conf-


tado deípues de ajuftado el primer Articulo de los Preliminares de
efte Tratado , en fiete de 06í-ubrc de mil íbtecientos y vcinte y cin-
co, y haver el muy alto, y muy poderofo Principe de Aílurias Don
Fernando , y Ia muy alta , y muy poderofa Infanta Doiía Maria lle- ,

gado al prcfente a las edades competentes para poder celebrar los


dcfpoforios , y matrimonio , fe haran los dichos defpoforios , y matri
monio en la Corte de la Mageílad dei Rey de Portugal , defpues
que fe tubieren ajuftado , y fixado el tiempo entre la Mageílad dei
Rey Catholico , y Ia Mageílad dei Rey de Portugal , y para uno ,
y otro aclo fe daran los poderes , y autoridad necefaria , aíli por el
ScreniíTmio Principe de Aílurias , como por el SereniíTimo Rey Ca-
tholico fu padre , al Mmiílro ò perfona , que fea mas de fu agrado.

ARTICULO IL
El Sereniííímo Rey de Portugal, promete, y fe obliga a dar,
y dará a la Sercniílima Seriora Infanta Dona Maria , en dote y a ía-
,

vor dei matrimonio con cl Sereniííímo Principe de Aílurias Don Fer-


nando , y pagara a la Mageílad dei Rey Catholico , o a quien tubie-
re fu pcder , y commiíion , la fumma de quinientos mil excudos de
oro dei Sol , ò fu juílo valor , en Ia Corte , y Villa de Madrid , y
fe entregara la dicha fumma al tiempo de efecluarfe el matrimonio.

ARTICULO IIL

La Mageílad dei Rey Catholico fe obliga a afegurar


, y afegu-
rarh el dote de Ia Screniííima Sefíora Infanta Dona Maria, en buenas
rentas , y afignacioncs feguras , à fatisfacion de laMagefiad dei Rey
de Portugal , ò de las perfonas , que para efte efe£bo nombrare al
tiempo dei pagamento , y remitira luego a la Mageftad dei Rey de
Portugal los documentos de la dicha afignacion y en el cafo de di-
;

foíverfe el matrimonio , y que por el derecho tenga lugar la reftitui-


cion dei dote , fera efte reíHtuido a la SereniíTuna Senora Infanta o ,

a fus hercderos , y fubcefores , que lograràn los reditos


,
que impor-
tarcn lòs dichos quinientos mil excudos de oro dei Sol , a razon de
cinco por ciento , que fe pagaràn en virtud de las diclias afignacio-
nes.
A R T I C U L O IV.
Por médio dcl pagamento efeílivo , que fe harà a la Mageftad
dcl Pvcy Catholico ds los dichos quinientos mil excudos de cro dcí
Sol,
,

3^8 trovai do Liv. VIL da HiHorta genealógica

Sol , h fu
juílo valor , cn el termino , que queda dicho , fe dará por
íatisfecha la Sereniíílrna Scnora Infanta , y íe fatisfarà dei dicho dote,
íin que en adelaníc pueda alegar otro algiin derccho , ni intentar
otra alguna accion , ò perteníion foliei tando , que le pertenezcan,
,

ò puedan pertenccer , otros mayores bienes , razones , derechos, ò


acciones , por cauía de herencias , ò mayores fubceíiones de las Ma-
geílades dei R.cy , y Reyna de Portugal fu padre , y madre , ni de
qualquiera otra manera , y por qualquiera caufa ò titulo , que fea , ò
íuere , que lo fepa ò lo ignore bien entendido , que de qualquiera
:

calidad , y condicion , que fueren las cofas arriba dichas , deve que-
dar excluida de ellas ; y antes de efeétuarfe los defpoforios harà re-
nuncia en buena , y devida fórm.a , y con todas las feguridades , fór-
mias , y folemnidades , que fueren necefarias ; la qual renuncia harà la
Sereniííima Senora infanta , antes de eílar caiada por palabras de pre-
fente , y la confirmará luego defpues de celebrar el matrimonio , y la
aprobarà , y ratificara juntamente con el Sereniílimo Príncipe de Af-
turias, con las mifmas formas, y folemnidades, que la Sereniílima
Senora Infanta hubiere hecho la fobredicha primera renuncia , y a de-
mas con las claufulas que fe juzgaren mas combenientes , y necefa-
,

rias ; y el Sereniílimo Seíior Príncipe , y la Sereniílima Senora Infanta


quedaràn , y quedan , aíTi de prefente , como para entonces , obliga-
oos al cumplimiento , y efeílo de la dicha renimcia y ratificacion , ,

en conformidad de los prefentes Artículos , y las fobredichas renun-


cias , y ratificacioncs feran ávidas, y juzgadas , aíli prefenteniente
como para entonces por bien hechas , y verdaderamente pafadas , y
otorgadas , y las dichas renuncias , y ratificacion es fe haran en la for-
ma mas authentica , y eficaz , que pudieren fer , para que fean bue-
nas ,y validas , juntamente con todas las claufulas derogatorias de
qualquiera ley , jurifdicion coftumbres , derechos, y coníHtuciones
,

a eílo contrarias , ò que impedieren en todo , ò en parte las dichas


renuncias , y ratificaciones ; y para efe<Sl:o , y validacion de lo que ar-
riba queda dicho , la Mageftad dei Rey Catholico , y la Mageftad
dei Rey de Portugal derogaràn , y derogan , defde el prefente , íin
alguna referba , y entenderàn , y entendeu, aíTi de prelénte, como
para entonces , tener derogadas todas las excepciones en contrario.

ARTICULO V.
La Mageílad Rey
Catholico dará a la Sereniílima Seiíora In-
dei
fanta Dona Maria , PvCyno de Efpana , para fus anil-
a fu llegada al
lo?; ,
y joyas , el valor de ochenta mil pefos , los quales le pertene-
ccràn íin diíicultad , defpues de celebrado el matrimonio , de Ia mif-
ma fuerte , que todas las otras joyas , que llevare coníigo , y feran
propias de la Sereniílima Scfiora Infanta, y de fus herederos , y fub-
ce fores , y de aquellos , que tubieren fu derecho.

ARTI-
,

da Cafa %eal ToYtugueí!^ai 5^9


A Pv T I C U L O VI.

La Mageftad dei Rey Catholico afignara , y conílituirà a la


SereniíTima Senora Infanta Dona Maria , para fus arras , veinte mil
excudos de oro dei Sol al ano , que feran aíignados fobre rentas , y
tierras , de las quales tendrà la jurildiccion , y el lugar principal el
Titulo de Ducado ,de luerte , que [Ias dichas rentas , y tierra lie-
guen haíla la dicha fumma de veinte mil excudos de oro dei Sol ca-
da ano ; de los quales lugares , y tierra aíTi dadas , y aíignadas , go-
zará la Sereniflinia Senora Infanta por fus rranos , y por fu authori-
dad , y de las de fus CommiíTarios , y Oficiales , y en las dichas tier-
ras proveerà Ias Jufticias , y a demhs de eílo , le pertenecerà la pro-
viíion de los Ofícios, como es cofíumbre, entendiendo-fe , que los
dichos Ofícios no podran fer dados fino a Efpanoles de nacimiento ,
como tambien la [adminillrucion , y arrendamiento de Ias dichas tier-
ras , conforme a las Leys , y coftumbres de Efpana. Y de la fobre-
dicha afignacion entrara a gozar , y pofeer la Sereniílima Senora In-
faina Dona Maria , luego que tuvieren lugar las arras , para gozar de
ella , toda fu vida , fea que quede en Efpana , ò fe retire a otra par-
te.

ARTICULO VIL
La Mageílad dei Rey Catholico dará , y afignarà a Ia Serenif-
JÍimaSenora Infanta Dona Maria para el gafto de fu Camera , y para
mantener fu eftado , y Cafa , una fumma conbeniente , tal , qual per-
tenece a muger de un tan gran Principe , y a hija de tan poderofo
Rey, afignandola en la forma, y manera, que fe acoílumbra hazer
en Eípana para fcmejantes manutenciones , y gaílo.

ARTICULO VIIL
La Mageftad dei Rey de Portugal harà conducir en el tiempo,
que feajuftare a fu cofta, y gafto a Ia Sereniílima Senora Infanta Do-
na Maria fu hija , a Ia Frontera , y raya de Efpana , con Ia dignidad,
y cortejo , que requiere una tan grande Princefa , y fera recividaj de
la mifma fuerte de parte de Ia Mag^íftad dei Rey Catholico tiata-
, y
da 5 y fervida con toda la magnificência , que conbiene.

A R T I C U L O IX.

En el cafo quejfe difuelva el matrimonio entre el Serenifíimo


,

Principe de Afiurias , y Ia Sereniflima Senora Infanta Dona Maria , y


que efta fobreviva al referido Sereniífímo Principe, en efte cafo fera
libre a la dicha SereniíTima Senora Iníanta quedar en Efpana , en cl
lugar, que quifiere , ò bolver a Portugal, ò a qualquiera otro lugar
combcniente , aun que fea fuera dcl Revno de Eípana , todas , y
quantas veces bicn Ic pareciere , con todos fus bienes , dote , y ar-
Tom. V. Tt ias
^ 3o
Trovas do Lh. VIL da Htftoria Cfeneahgka

ras joyas , beftidos


y vaguilla de plata , y qualefquicra otros nnie-
,
,

bles , con y criados de fu Cafa , íiii que por qualquie-


íus Ofíciales
,

ra razon , o confideracion , que fea , fe le pueda poner impedimento,


ni embarazo alguno a fu partida , diredta , ò indirecí^amente , ni im-
pedirle el iifo , y recuperacion de fus referidos dote arras , y joyas,
.

ni otras afignaciones , que fe le hubiefen hecho , ò devido hacer ; y


para efte efc61:o dará la Mageftad de ElRey Catholico , a Ia Mageílad
dei Rey de Portugal, para la fobre dicha SsreniHima Seíicra Infanta
Dona Maria fu bija , aquellas Cartas, y feguridades , que fueren ne-
ceíTarias , firmadas de fu propia mano , y felladas con fu Sello y ,

defde ahora para entonces lo afegurarà , y prometera la Mageftad dei


Rey Catholico , por fi , y por los Reys fus fubcefores , con fé , y
palabra Real.
ARTICULO X.
La Mageftaddei Rey Catholico , y la Mageftad dei Rey de
Portugal ,
fuplicaràn a nueftro muy Santo Padre el Papa , con el pre-
fente Tratado , fe íirva aprovarle , y darle fu Bendicion Apoftolica;
y afíi mifmo aprovar las Capitulaciones , y ratifícaciones , que hubie-
ren hecho las referidas Mageftades , y que harà la Sereniftima Seíiora
Infanta , como tambien los a£l:os , y juramentos , que fe hicieren pa-
ra fu cumplimiento , infertandolos en fus letras de aprobacion , y de
bendicion.
A R T I C U L O XL
Y
en nombre dei muy alto , muy excelente , y muy poderofo
Principe Don Phelipe Quinto Rey de Efpana , y dei muy alto , y
poderofo Principe de Afturias Don Fernando , y como fus Embaxa-
dores Plenipotenciários , y Procuradores de la una parte ; y en nom-
bre dei muy alto , muy excelente , y muy poderofo Principe Don
Juan Quinto Rey de Portugal , como fu Miniftro Commifario , Adlor,
y Mandatário , de la otra ; nos obligamos los mencionados Miniftros
de Sus Mageftades , en virtud de nueftros refpe£Vivos plenos pode-
res , y prometemos , en fé , y palabra de Sus Mageftades , que los
prefentes Artículos feran enteramente obfervados , de una , y otra
parte , cumplidos , v executados , íin falta ò diminucion alguna
; y
ue fera el preíente Tratado por Sus Mageftades ratificado , y dentro
e qui nce dias , ò mas prefto fi fuere pofible , feran trocadas las ra-
tificaciones cn buena debida forma.
, y
En fé de lo qual , los dichos Miniftros Plenipotenciários , fir-
mámos de nucftra propia mano dos Exemplares defte Tratado , y les
hizimos poner los Sellos dc nueftras Armas. Fecho en Lixboa Oc-
cidental a primcro de Oclubre de mil fetecientos
y veinte y fiete.
El Marques de los Balbafes. Don Diego de Mendoza CortercaL
'
(L.S.) (L.S.)
El Marques de Capecclatro.
(L. S.) F/e.
,

Pknipoteiicia de la Magejiad dei Rejy Catholico,

Dios Rey de Leon,


DOii Phelipe por
de Aragon de ,
Ia gracia de Caftilla, de
dos Sicilias , de Hieruíalem , de Navarra , de
Ias

Granada, de Toledo, de Valencia, de Galicia, de Mallorca , de Se-


villa ,de Cerdefía , de Cordova , de Corcega , de Murcia , de Jaen,
de los Algarvcs , de Algecira , de Gibraltar , de las Islas de Oinaria,
de las índias Orientales , y Occidentales , Islas , y Tierra firme dei
mar Oceano , Archiduque de Auílria , Duque de Borgoíia , de Bra-=
vante , y Milan , Conde de Abtpurg , de Flandes , Tirol , y Barcelo-
na , Sciior de Vizcaya , y de Molina , &c. Por quanto haviendo-fe
coníiderado combeniente , que con nuebas , y mas íuertes prendas de
amor , y de amiflad , fe eílreche , y confirme la que ay entre Nòs \
V nueftro muy caro , y muy amado Hermano , el Sereniííimo Rey de
iPortugal DonJuan , a fin de afegurar mas permanente , y firme , en-
tre Su Mageftad Pcrtuguefa , Nòs, y nueftros fubcefores, la herman-
dad , y buena correfpondencia , que tanto importa ambos Pvcy-
nos , fe ha combenido , y ajufíado por Artículos Preliminares, que
fe han firmado por los Commifarios Plenipotenciários , nombrados a
eíle fin , por my , y por el Sereniffimo Rey de Portugal mi Herma-
no , el calamiento dei Sereniffimo Príncipe de Afturias Don Fernan-
do , mi muy caro , y muy amado Hijo con la Sereniífima Infanta de
,

Portugal Dona Maria , Hija dei Sercnifíimo Rey de Portugal , y ref-


peflo de Haverfe de hazer, y de firmar en la Corte de Lixboa, con
el Commifario , ò Commifarios que el Sereniffimo Rey de Portugal
,

nombrare , el correfpondiente Tratado Matrimonial por eílas razo«


•,

ncs , y por Ia confianza , que tengo de vos Don Carlos Ambrofio Spí-
nola de la Cerda , Marques de los Balbafes Primo , Duque de Sex-
to , Roca , Piperozi , y Peutime , Baron de Ginofa, Feudatario deCa-
falnozeto , Pontecuron , Montemar, fin Montevclo , y Paderno, Gran
Protonotario , dei Supremo Confcjo de Itália, GentilHombre de mi Ca-
mera , y hii Embaxador Extraordinário , y de vos el Marques de
Capec:íIatro , mi Embaxador Ordinário ; Hô refuelto nombraros por
mis Miniílros Commifarios , para que podais Hazer , y firmar en la
Corte de Lixboa , como queda dicho , el referido contrato matrimo-
nial , dd mencionado Príncipe mi hijo , con la exprefada Sereniffima
Infanta , con los paílos yà acordados en los Artículos Preliminares
de que fe os ha entregado Copia. Por tanto , por la prefente os
doy , y concedo todas mis veces , poder, y facultad tan cumplida ,
y baf ante , como fe requiere , de cierta ciência, y dileverada volun-
tad , para que por mi , y en mi nombre , reprefentando mi própria
Perfona , y la dei Príncipe mi Hijo como yo mifmo , y el , lo por
,

diamos Hazer fiendo prefentes , capituleis , combeiígais afcnteis , y ,

firmeis con el Commifario , ò Commifarios , qne con poderes fufíci-


entes a eíle efeito nombrare Su Mageílad Portuguefa , lo tocante al
referido contrato matrimonial , Hafta concluirle eiiicramente ,
para
que os doy poder, y facultad amplia, y abíoluta , fin liniitacion al-
Tom. V. Tt ii guna 5
,

3 3 i
TP^oviS do Lh. VIL da Hiftorla (genealógica

guna , y níTi mifmo para todo Io que a eíle intento coiTbenga , y


fiiere necefario executar , eílipular , alegurar , y oblietir por mi par-
te, y tambien para admitir , y aceptar todas las condiciones , pa6í:os,
y obiigaciones , ícripturas, y inftrumentos , que fuere necefario hazer
por la dei SereniíTimo Rey ae Portugal , y de la SereniíHma Ir.fanta ,
aíli en razon de la dote, arras, legados, y mandas, coirio para los

demas puntos concernientes dicho cafamicnto , obligandome como


al
me obligo , y fc obliga el Príncipe , ai cumplimiento de lo que cfi
cada una de eílas cofas , y todas Juntas concertareis, capitulareis, y
admitiereis , ò executareis , que para eíle efeífo os lingo , crio , y
conflituo , mis Aólores , Mandatários , v Commifarios , con libre , ge-
neral , y pleniflimo poder , y facultad , para que liagais , y podais
hazer , en razon de efto , todo lo que Yo mifmo , y el Príncipe mi
hijo podíamos hazer , aun que fean tales las cofas , que requieran ex-
peclal , y exprefa menclon de ellas , fiendo ml voluntad , que en ca-
fo de aufencla de alguno de los dos aqui mencionados por enfermi-
dad , ò por qualquiera otro embarazo legitimo , tenga el uno folo el
mifmo poder , que los dos juntos ; y prometo en fé , y palabra Real,
que tendrô por grato , firme , y valedero , y aprobarê , y ratifícarê
y tendrê por bueno lo que los dos juntos , ò el uno folo en aufen-
cia dei otro, hiziereis, tratareis, y ifirmàrels y que nb Irê , nl ven-
:

drê , nl confentlrê ir , nl venir contra alguna cofa , ni parte de ello,


ílno antes bien lo loarê , aprobarê , y ratificarê de nuebo , fi necefa-
rio fuere en fé de lo qunl, mande defpachar la prefente , firmada de
:

nil mano , fellada con el Sello fecreto , y refrendada dei Infraefcrito


mi primer Secretario de Eílado , y dei Defpacho. Dada en Madrid
a doce de Agoíto de mil fetecientos y velnte y fiete.

YO EL REY.
Don Juan Baptlfía de Orendayn.

Poder de la Magejiad dei Rey de Portugal.

DOn Juan por ,


la grada de Dios Rey de Portugal , y de los Al-
daqulen
garbes , y
dalen , Mar en Africa , Senor de Gulnè , y
dela Conquifta navegacion. Comercio de Ethyopia, Arábia, Pcrfía,
y de la índia , &c. Hago faver a los que eíla mi Carta de poder ge-
neral , y expecial vleren , que por quanto es combenlen te al fervi-
cio de Dios , exaltacion de la Fé y bien de la Chriíllandad , que
,
permanezca entre el nmy alto , y muy poderofo Príncipe Don Plieli-
pe Rey de Efpana , Nòs , y nueílros fubcefores , la hermandad , y
bucna correfpondencla , que tanto importa a los dos Reynos y con- :

fiderando por el mas oportuno médio para afegurar eíla importância,


cl de eílrechar mas,
y mas, los vínculos de fangre , parentefco , y
íimlflad , fe combino,
y ajuílô por los Artículos Preliminares, que
fc firmaron por los Commlíarlos nombrados para cjHc fin por mi,
,

y por el muy alio, y muy poderoío Príncipe Dcn Phelipe Rey de


Eiipana,
,,

da Cafa ^eal Tortuguei^à. 3 3 3


Efpana , cafamiento dei SercniíTimo Príncipe de Afturias Don Fer-
el
nando , hijo dcl mencionado muy alto , y miiy poderofo Príncipe
Don Phdipe Rey de Efpana , con la SereniíRma Infanta Dona Maria,
ml muy amada , y preciada hija , para que con la bendicion de Dios
y de nueílro muy Santo Padre Bcnedidlo decimo terei o , que aâ:ual-
mentc prefidc en fu Santa Igleííia , fc defpofcn , y cafcn , fegun , y
como difpone la Santa IgleíFa Romana ; y rcfpe6í:o de haverfc de ha-
zer , V firmar en mi Corte de Lixboa Occidental , con el Marques de
los Balbafes , Embaxador Extraordinário de S. M. Catholica , con el
Marques de Capccclatro Embaxador Ordinário de la mifma Mageftad
Catholica , ambos nombrados para cfte efe61o , por el muy alto , y
muv poderofo Principe Do i Phelipe Rey de Efpana , el contrato dei
referido matrimonio , con las folemnidades , y lucimiento , que fe
pratica en femeiantcs cafos , con los pados , y condiciones yà ajuf-
tados ; por eítas razoncs , y por la particular coníianza , y fatlsfaclon,
que tengo de vòs Diego de Mendoza Cortereal , de ml Confejo
Se:retario de Efrado , de las Mercedes, Expediente, y Afignatura,
Commendador de las Commiendas de Santa Lúcia de Trancofo , y
de Santa Maria de Ias Vidigueiras , de Monfaràs , de la Orden de
Chrlílo 1'engo refuelto nombraros por ml Miniílro Commifario
:

para que podais bazer , y f rmar , en eíla mi dicha Corte , como


queda dicho , con los referidos Marques de los Balbafes , y de Ca-
pccelatro , el contrato dei fobre dicho matrimiOnio , dei exprefado Se-
rcnií^mo Principe de Afturias , con la mencionada Sereniílima Infanta
mi hija, con Ias folemnidades acofiumbradas , y con los pa6los , y
condiciones yà aiuíladas. Pnr tanto , por Ia prefente os doy poder ,
y facultad , tan cumplida , y baílante, como íe requiere , de ml cler-<
ta ciência , y deliberada yoluiitad , para que por ml , y en mi nom-
bre , reprefentando mi própria Perfona , como yo mifmo lo podria
hazer íiendo prefente , capituleis , combengals , acepteis , y firmeis lo
tocante al referido contrato , y capítulos matrlmoniales haíla conclu-
iríos enteramente , para que os doy poder, y facultad amplia, y ab-
foluta , íin limitacion alguna , aíli para todo lo que a eíle Intento
combenga , y fuere necefario executar , eílipular , afegurar , y obll-
gar por mi parte , como para admitir , y aceptar todas las condicio-
nes , paílos , obligaciones , efcrituras , y inftrumentos , que fiieren
necefarlos hazer por la dei muy alto , y muy poderofo Principe Don
Phelipe Rey de Efpana , tanto en razon de la dote , arras , legados,
y mandas , como en los demas puntos concernlentes al dicho cafami-
ento ; obligandome, como me obligo , al cumplimiento de Io queen
cada una de eílas ccfas , y todas juntas , concertares , capitulares , y
admitieres , ò executares , porque para eíle efecto os bago , crio , y
conftituvo mi A6tor, Mandatário , y Commifario , con libre, general,
y plenlíTimo poder , y facultad , para que hagals , y podais haza* eii
razon de efto , todo Io que yo mifmo podria hazer, nun que fean ta-
les cofas , que requieran cfpecial , y expreíTa menclon de ellas
y;

prometo de ml palabra Real , que tendrê por grata, firme, y vale-


dcro^ y aprobarê , y ratificarê, íi fuere necefaiúo , y tendrê porblen
3 34 ^^^'^^^ Liv. VII. da Hifloria Çenealogtca
lo que hizieres, tratares, prometieres , concluyeres , y firmares, y
que nò ire , ni vendrô , ni confentirê ir , ni venir contra alguna co-
ía , ni en parte de ella , antes bien lo loarê , aprobarê , y ratifícare
de nucbo fi íiiere necefario. En fé de lo qual mande dar la preien-
te firmada de mi mano , y fellada con el Sello fecreto y refrendada
,
por mi infrafcripto Secretario de Eílado , Mercedes , Expediente ,
y
Afignatura. Dada en efta Ciudad de Lixboa Occidental a los veinte
y nueve dias dei mes de Agoílo dei ano dei Nacimiento de Nueílro
Senor Jefu Cliriílo de mil fetecientos y veinte y íiete.

EL REY.
Diego de Mendoza Cortereal.

Por tanto , haviendo viílo , y examinado el referido Tratado


Matrimonial aqui inlerto , hê refuelto aprovarle , y ratiíicarle, (co-
mo en virtud de la preíente le apruebo , y ratifico) en la mejor , y
mas cumplida forma , que puedo , y doy por bueno , firme , y vale-
dcro , todo lo que en el fe contiene , y prometo en fé , y palabra
de Rey cumplirle , y obíérvarle inviolablemente fcgun íu forma , y
,

tenor , y hazer obíervar , y cumplir de la miíma manera como íi


Yo le huvieíle hecho por mi propia Perfona. En fé de lo qual
mande deípachar Ia prefente , firmada de mi mano , fellada con el
Sello fecreto y refrendada de mi infrafcripto primer Secretario de
,

Eflado , y dei Defpacho Univerfal. Dada en San Ildefonfo a doce


de Odubre de mil fetecientos y veinte y íietCi

YO EL REY.
Juan Baptiíla de Orendayn.

Derogaça^ , e âi/pen/a de hum artigo das Cortes de Lamego ,


pelas
. Cortes do anno de á/p , a Javor da 1 nfante D. Ifabel , como
i

JitcceJJora do Reyno , para cajar com Viãoi io Amadeo II. Dii-


cjue de Sahoya. Achey-a no liv. ^. das Memorias do Ducjiie de
Cadaval D. NunOj a p(ig. 12S , donde a cnp ey.

do Reyno, juntos neí?e CrngreíTo de Cortes,


Num 1 ZK^
^
'^^^^ Eíí^ados
legitimamente convocadas, por mandado do muy alto , e muito
An. 1Ó79. poderofo Príncipe D. Pedro, ncíTo Senhor , Governador, e perpetuo
Adminiítrador do Reyno , como único irmão , liiccefibr , e curador
do muito alto , e muito poderofo Rey D. Aífonfo VI. noíFo Senhor,
por autoridade nolfa depoílo do governo , por feu perpetuo im.pedi-
mento confiderando , que da multiplicação de fucceífores , e exten-
:

faô da Eamilia Real depende a coníervav;a6 , paz publica, e commum


focego dos Reynos , e que da falta delia reíuitaó íempre univeríaes
calamida-
,,

da Cafa 'Real Tortuguei^a. 335


calamidades , de que os fucccíTos paíTados depois da morte dos Se-
nhores Reys D. Fernando , íem filhos varoens legítimos, e D. Sebaf-
tiaó íem defccndentes , nos deixarão laftimoíbs exemplos : fendonos
mandado propor pelo muito alto , e muito poderoíb Príncipe D. Pe-
dro nolTb Senhor , que por íe achar com huma única filha , a Sere-
niílima Senhora Infante D. líabel , e deiejar eílabeleccr , e perpetuar
a fucccllho da Caía Real , em beneficio do bem publico deftes Rey-
nos , tinha ajufiado , e firmado o leu calamento com o muito alto
e muito poJèrofo Príncipe Victorio Amadeo Segundo, Duque de Sa-
boya , Príncipe de Piamonte , e Rey de Chypre e que llippoílo ,
:

que a prohibiçaó da ley fundamental de Lamego , de cafarem as fi-


lhas herdeiras , e fuccelíbras fóra do Reyno , e a difpofiçaô de have-
rem de cafar com nacionaes pareça naó milite , nem comprehenda o
cafo prefente , com tudo , para mayor fegurança , e firmeza de nego-
cio taó importante , em que nao convém falte a mais exuberante cau-
tela , queria , que os Tres Eílados do Reyno , que reprefentaó o Cor-
po Univerfal delle , junto em Cortes , para efte fim convocadas , de-
claraíTem , e eOriheleceíTem o fentido , e vigor da ley , e fendo necef-
fario a difpenlaíTem , e derogaíTem.
Pelo que ponderada , e examinada com toda a attençaó , que
requeria a qualidade de taó importante matéria , aíTentamos , declara-
mos , e de novo cf:abelecemos , que as leys fundamentaes de Lame-
go., comprehendidas efpecialmente fe opponhaô à utilidade deíle ma-
trimonio , poT fer certo em Direito , que a difpofiçaô reílri6]:a eni
certa família , Cidade , Província , ou Reyno , pela jurídica neceíli-
dade de fe entender em termos hábeis , leva de fua natureza huma
tacita , e fubintelleéta condição , fe houver na familia , Cidade
Provi ncia , ou Reyno , peílba digna , e capaz do tal matrimonio ;
porque feria contra a liberdade , que elles requerem , e a mefma ra-
zão obriga , o cafar com peífoa inc paz , e menos digna , reputada eíla
condição por impofllvel na cenfura de Direito e por tal fe regeita,
:

para que fem temor de pena , poíla o gravado livre , e legitimamen-


te , cafar fóra da familia , Cidade , Província , ou Reyno apontado ;
com fuperior razaô fe deve entender efta doutrina nas lilhas fucceíTo-
ras do Reyno, e que a obrigação de calar dentro no Reyno liga,
havendo peíToa capaz, e digna daquella jerarchia de Vafilillos , com
que coílumao os Príncipes cafar dentro nos feus Reynos , principal-
mente quando para a eftabelidade da dominação , fe deve reparar , e
bufcar todos aquelles requifitos , que firmao o reípeíto , e obediên-
cia , baíe fundamental, em que fe eftriba a foberania que entre os àí;!-'»- a
,

iguaes , e muito mais nos inferiores fe faz defputavel , e por confe-


quencia perigofa. Por onde fendo notório naô haver de prefente no
Reyno peíTna digna , e capaz com quem poíla cafar a Sercnifiima Se-
nhora Infante , fica preciíb haverfe de tratar fóra do Reyno com
Príncipe, com quem digna, e dccorofamente fe poíTa contrahir efte
matrimonio. E fendo a coníervaçao do Reyno a ley fupren^a, que
vence , e prefere a todas as mais , nao fendo praticável , ne n moral-
mente poíRvcl caiar dentro no Reyno , para íegurar a fucccíFao , de
que
,,
;

3 ^fovai do Lh. VIL da Hiftoria (jenealoyca


que totalmente depende o Reyno , fe naô pode confeguir o fim fem
cafar com Príncipe de fora. Naô he menos poderoíb fundamento,
de que ceíTa no cafo prefente a razão , mente , e fim da ley , nao fó
negativamente , mas milita , e procede contraria razão , e oppofta ao
fim nella pertendido ^ e aííim como na difpoíiçaó de Direito , o caio
omiíTo da ley fe comprehende quando o comprehende a fua razão
affim também o cafo oppofto à m.entc , e razaó da ley , e de que fe
fegue fim contrario ao intentado nella , faz ceifar a fua obrigação , fem
fer neceíTario recorrer a fuperior porque fe o previra o Legislador,
:

he certo o exceptuara e fendo o fim da ley fundamental perpetuar


a Monarchia , e Coroa deftes Reynos , nos fucceíTores daquelle ex-
cellente Principe D. Affonfo Henriques, primeiro do nome, e Fun-
dador delia , nao havendo no Reyno em quem ,
praticando-fe o ma-
trimonio , fe podeífe verificar , e confeguir a continuação dos fuccef-
fores nacionaes , como fica moftrado , nao cafando lera do Reyno
na forma da ley , viria a obfervancia delia a impedir a mefma íuccef-
faó , extinguir a memoria , e arrifcar a duração da Monarchia , que fe
intentava eftabelecer , e eternizar; e feria meyo da fua ruina , o que
fe conftituio para fua firmeza, e prefidio. E lendo juntamente o in-
tento cauía impulfiva , e final da ley , confervar efla Coroa feparada,
de que naô foíle a Principe , que a podeífe fcgeitar a outro dom.i-
nio , fe verifica nos termos preíentes efte intento da ley , no caia-
mento da Senhora Infante , com o Senhor Duque de Saboya , tranf-
ferindo-fe a eíles Reynos e naturalizando-íe nelles pela habelitaçaô,
,

e animo de aíTiftir , e permanecer , com que fe reputa para o effeito


intentado por nacional logrando-fe o fim, e conveniências, que ref.
:

peitou a ley , com que naô fó ceifa o damno , que quiz evitsr de
alheyo dominio , e fogeiçaô , mas confervando-le no próprio luftre,
e dominaçaô a dilata , unindo novos Eftados , e nova Corça.
Por eíles jurídicos fundamentos , e legal interpretação da ley
fundamental de Lamego , aíTentamos , e declaramos , e fendo necefi^a-
rio , eítabelecemos , como dito he , ceílar no caio prefente a fua dif-
pofiçaô, vigor, e contraria interpretaçaô ; porém para niayor cautela
fe neceííario he , e como fe o fora , em virtude do prefente aífento,
que haverá força de ley perpetua , e irrevogável , difpenfamos , revo-
gamos, derogamos , e annullamos para o eíFeito, e em favor deíle ma-
trimonio , e nefte cafo fomente a dita ley de Lamego , em quanto
difpoem , que a filha herdeira, e fucceílbra cafe com peíFoa natural
do mefmo Pveyno , e prohibe contrahir matrimonio com Principe fo-
ra de Portugal , impondolhe a pena de perder a fucceílaô e geral- :

mente em tudo o mais , que fe contém em todo o contexto da ley


e em cípecial os §§. 7 , e 8 , como também , pelo que nos pode to-
car , qualquer outra ley, coftume, diípof çôes , e tudo o mais, que
podeíTe, no cafo da morte do SereniíHmo Rey D. Afibnfo VL e do
Sereniííimo Principe D. Pedro , fem filhos varoens , nafcidos de le-
gitimo matrimonio, opporie de alguma maneira, cuidada, ou naô
cuidada , à fucceíTao da dita Sereniííima Infante , e fcus defcendentes,
ao Reyno de Portugal , Eftados , e direitos da Coroa , ou impedir
direfla,
da Cafa ^al Tortugues^a. 337
direíla ou indireílamente o
, , e cumprido eíTeito
inteiro de tudo o
pertencente a eftc matrimonio ficando a dita ley de Lamego em toda
:

a fua obfervancia , e firmeza para o diante , íem que í"c poíTa fazer
argumento defta difpcnfaçaó , ou derogaçaõ para os cafos futuros,
em quanto naó intrevier o noíTb confentimento. E para mayor fcgu-
rança pedimos ao Sereniílimo Principe D. Pedro noíTo Senhor , in-
terponha fua approvaçao , e authoridade Real , para que em todo fi-
que firme, e valiofa eíla declaração, difpenfaçaó, revogação, deroga-,
çao , e annullaçaó ,
que queremos tenha feu cumprido eíieito , e in-
teira obícrvancía ; e nePta forma o promettemos guardar por nós, e
noíTos fucceíToresperpetua , e invioJavehnente \ e para efte eíFeito íi-
,

yemos os Tres Eílados o prcfente alFento por todos firmado , para


coníhr , e fer manifefto a todo o tempo. Lisboa nefte CongrelTo
da Nobreza, em a Cafa Profeífa de S. Roque, em os ii dias do
mez de Dezembro do anno de 1679. E eu D. Joaô Mafcarenhas ,
Marquez de Fronteira , a fobícrevi , e aíliney como Secretario dcfte^
CongreíTo da Nobreza, D. Joaó Mafcarenhas , Marquez de Froii''
tcira. í=:

Duque. D. Francifco de Soufa.


D. Diogo de Lima. Marquez Mordomo mor , Procu-
Conde de S. Lourenço. rador da Corte de Lisboa.
O Conde de Figueiró. Francifco de Albuquerque Caílro,
D. Diogo de Faro e Soufa. Procurador de Cortes de Coim-
O Conde Meirinho mor. bra.
Diogo de Mendoça Furtado. Fr. Antonio Rodrigues Marques,
O Conde da Caílanheira. Procurador de Cortes do Por-
O Prior do Crato. to.
O Conde de Val de Reys. Luiz de Mello Lobo , Procurador
O Conde de Atalaya. de Béja.
O Conde de Aveiras. Luiz da Sylva de Ataide , Procu-
O Conde de Pontével. rador de Leiria.
t)- Miguel da Sylveira. Manoel Vaz Nunes , Procurador
O Conde da Ericeira. de Faro.
O Conde D. Luiz d^ Menezes. Antonio Correa de Andrade , Pro-
D. Antonio Alvares da Cunha. curador de Cortes de Lagos.
Manoel de Mello. l'homé da Coita de Soufa , Pro^
joaó Pinheiro , Procurador de curador de Lagos.
Cortes de Lisboa. Joaó Rebello Quarefma , Procu-
Francifco Barreto. rador de Santarém.
Viiconde, General da Armada. D. Alvaro Cafco de Mello , Pro-
O Conde de Vimiofo. curador de Cortes de Évora.
O Baraó Conde. Joaó Ferraz Velho , Procurador
Alexandre de Soufa, de Cortes de Coimbra.
O Conde Lourenço de Mendo- Luiz Cameilo Falcão , Procurador
çn. de Cortes do Porto.
Miguel Carlos de Távora. D. Joaó de Lancaílre , Procurador
Manoel Telles da Sylva. de Cortes de Santarém.
Tom. V. Uu Dou-
, ,

j 3 8
Trovas do Liv. V IL da Hifloria Çenealogka
Doutor Domingos da Cunha Bar- Joaó de Brito de Mello , Procu-
reto , Procurador de Cortes de rador de Setuval.
Goa. Pedro Martins Sarm.ento , Procu-
Antonio Cardofo Pegado , Procu- rador de Miranda.
rador de Cortes de Elvas. Procuradores de Cortes deVianna
Luiz Bandeira Galvão , Procura- de Fós de Lima.
dor de Cortes de Vifeu. Manoel Alvares Gondim , Procu-
Mathias Correa , Procurador de rador de Vianna de Lima.
Cort^iS de Tavira. D. Joaó Manoel de Menezes , Pro-
Luiz Pinto de Soufa Coutinho, curador de Ponte de Lima.
Procurador de Lamego. Duarte Teixeira Chaves , Procu-
Manoel de Sequeira Peixoto , Pro- rador de Chaves.
curador de Eílremoz. Filippe da Fonfeca Coutinho
João Lobo da Gama , Procurador Procurador de Montemôr o Ve-
de Lisboa. lho.
Joaô Freire de Andrade, Procu- D. Diogo Sottomayor, Procura-
rador de Montemôr o Novo. dor de Óbidos.
Manoel de Faria , Procurador de Jofeph Salgado Bezerra, Procura-
Thomar. dor de Alcacere.
Antonio Vaz Margulhao , Procu- Jorge de Carvalho Pereira , Pro-
rador de Portalegre. curador de Almada.
André de Azevedo de Vafconcel- Lourenço Diniz de Moraes y,.;Iírp-
los Procurador de Elvas.
, curador de Niza. r.;r.r- íT

Coime de Caílro de Caminha, O Conde de Villarmayor , Procu-


Procurador de Vifcu. rador de Torres Vedras.
Antonio de Mello Pereira , Pro- Manoel Soares Alvergaria , Procu-
curador de Tavira. rador de Aveiro. ornl
João Pinlieiro de Aragão , Procu- Francifco Manfos da Fonfeca,
rador de Lamego. Procurador de Caftellobranco.
Sebaftiaó Monieiro de Queirós, Joaó Homem do Amaral , Procu-
Procurador de Leiria. rador de Alenquer.
Joaô Machado da Sylva , Procu- Jeronymo Nobre Morato, Procu-
rador de Cortes de Guimaraens. rador de Cintra.
Antonio de Valadares Limpo Martini Teixeira de Carvalho ,
Procurador de Montemor o Procurador de Chaves.
Novo. Antonio Correa da Fonfeca e An-
João da Sylva de Soufa , Procura- drade , Procurador de Monte-
dor de Thomar. môr o Velho.
Jcaô Fintado de Mendoça , Pro- Braz de Araujo , Procurador de
curador da Covilhãa. Alenquer.
Manoel Proíles , Procurador de Conílantino Mendes de Gouvea,
Se tu vai. Procurador de TorrCvS-Novas.
Antonio Pinto Varejaô , Procura- Simaó de Abreu de A vi las , Pro-
dor de Miranda. curador de lorrcs-Novas.
Mathias Velho da Fonfeca. O Procurador de Niza, Pedro da
Francifco Pitta Malheiro , Procu- Fonfeca Ribeiro.
rador de Cortes de Ponte de O Conde de Avintes , Procura-
Lima, dor de Torres Vedras,
Kicolao
ela Cafa %eal Tortuguei^a. 33^
Nicolao Ribeiro Picado , Procura- Sebaíliaô de Elvas Leitão , Pro-
dor de Aveiro. curador de Penamacor.
Diogo da Fonfcca , Procurador Francifco Galvão, Procurador de
de Caílcllobranco. Arronches.
Francifco da Guarda Fragofo , Pro- Antonio VeriíTmio de Figueiredo,
curador de Mourão. Procurador de Pinhel.
Francifco de Mello , Procurador AíFonfo da Cofta Pimentel , Pro-
de Serpa. curador de Loulé.
O Doutor Antonio Carneiro Bar- Fernão Barbofa de Lima, Procu-
bofa , Procurador de Villa de rador de Monção.
Conde. Francifco Lopes Tavares, Procu-
D. Luiz de Soufa , Procurador de rador de Caftello Rodrigo, i
Trancofo. O Doutor Manoel Alvares Sere-
Ghriftovaô Rapofo de Lemos, no , Procurador de Caftello de
Procurador de Aviz. Vide.
Francifco de Brito Chaves , Pro- Martim Vaz Botelho , Procurador
curador de Cintra. de Penamacor.
Jofeph Pacheco Cabral, Procura- Affbnfo David de Fortes , Procu-
dor de Óbidos. rador da Ccrtáa.
Manoel da Bofa de Sande, Pro- Martim Figueira Pereira , Procu-
curador de Alcacere. rador de Veiros.
Nuno de Ataide Mafcarenhas, O Abbade Domingos do Valle,
Procurador de Cortes de Lou- Procurador de Caminha.
lé. Sebaftiaó da Cofta, Procurador de
Ignacio do Rego de Andrade, Caminha.
Procurador de Alter do Chao. Jeronynio Pereira de Sá , Procu-
Joaó Ramires de Carvalho , Pro- rador de Moncorvo.
curador de Freixo de Efpada Pedro Alvares Cabral de Lacer-
Cinta. da , Procurador de Alegrete.
Manoel de Mendoça Arraes , Pro- Joaó Pereira de Caldas , Procura-
curador de Mourão. dor de Monção.
Luiz de Mello , Procurador de Antonio Forte^ Buftamante , Pro-
Serpa. curador de Ourem.
Balthafar Lopes Tavares , Procu- Manoel Fragofo de Ardi lia , Pro-
rador de Trancofo. curador de Ourique.
Manoel da Gama Farelaens , Pro- Braz Felix de Abreu , Procura-
curador de Aviz. dor do Crato.
Bernardino de Sequeira , Procura- O Conde da Torre , Procurador
dor de Fronteira.
Eílevao A-achac^o Soares , Procu- Roque Monteiro Paim , Procura-
rador de Freixo de Efpada dor de Monforte.
Cinta. Bento da Cunha Malheiro , Pro-
Manoel Palha Leitão, Procurador curador de Campomayor.
de Valença do Minho. Francifco Vaz Galvão , Procura-
Chriílovaó da Cofta Freire , Pro- dor de Campomayor.
curador de Alegrete. Francifco de Moraes Mefquita
Lourenco Pereira Tavares , Pro- Caftro , Procurador de Mon-
curador de Caftello Rodrigo. corvo.
Tom. V. Uu ii Bel-
, , ,

34^ ^^ovas do Liv. VIL da Hifloria genealógica


Belcliior de Alvelos de Brito rador de Panoya.
Procurador de Caftromarim. Luiz Teixeira de Brito Pimentel,
Jorcph Correa Sottomayor , Pro- Procurador de Ourique.
curador de Palmella. Ambrofio Pereira de Barredo,
Francifco Lopes Varonica , Pro- Procurador de Villa-Viçofa.
curador de Cabeço de Vide. Francifco de Brito Homem, Pro-
Luiz de Mefquita e Caftro , Pro- . curador de Santiago de CaíTem.
curador da Villa de Panoyas. Gafpar de Brito Varella , Procu-
^^^"^^ Procurador de rador de Santiago de CaíTem.
^ ^ í * WB''
^
Borba.
^^P^ ?
Diogo Coutinho Moniz, Procu-
.ifòi ,nJ Bernardo de x\velar Delgado , Pro- rador de Vianna de Alentejo.
curador de Atouguia. Antonio Velofo dos Santos, Pro-
D. Manoel DaíTa , Procurador de curador de Penella.
Monfarás. Pedro Jorge Coutinho, Procura-
Manoel Galvão , Procurador de dor de Vianna de Alentejo.
Villa-Viçofa. x>nr^ Balthafar da Rocha de Ayala
Gafpar Cardofo do Amaral , Pro- Procurador de Villa-Nova de
curador de Borba. Cerveira.
Joaô de Pina Godinho , Procura- Manoel de Oliveira da Sylva , Pro-
dor de Portel. curador de Porto de Mós.
Pedro Cavalleiro Coelho , Procu- Diogo de Soufa de VafconccUos,
rador de Portel. Procurador do Pombal.
Manoel Freire de Mattos , Pro- Antonio Vaz Gago e Pereira,
curador da Atouguia. Procurador de Alvito.
Fernando de Brito Pereira , Pro- Joaó Correa Godinho , Procurar
curador de Monfarás. dor da Villa de Mértola.
Gonçalo Eílevens de Gufmaó Sebaftiaó de Caftro Caldas , Pro-
Procurador de Caftromarim. curador de Villa-Nova de Cer-
Manoel Pereira Pores , Procura- veira.
dor de Palmella. Francifco Oforio , Procurador de
Diogo Monteiro , Procurador de Alvito.
Garvaó. Francifco Borges Coelho, Procu-
Luiz de Foyos de Soufa , Procu- rador de Mértola.

Vendo-fe no CongreíTo dos Povos o Decreto de S. A. de 23


do prefente , em que dá conta do feliz dcfpoforio da ScreniíTmia
Senhora Infanta , com o Sereniífimo Senhor Duque de Saboya , para
cujo eíFeito he neceíTario , que fe derogue a defpoíiçaô da ley de
Lamego, a favor defte matrimonio, fomente propondo-fe o dito De-
creto , fe aíTentou uniformemente , que a dita ley fe 'havia de dercgar
para efte matrimonio por efta vez , de que fe faz Confulta a S. A. e
como efte negocio feja o mais importante pelos intereíTes da Mcnsr-
chia , antes de fe aílinar a dita Confulta, para que os acertos fejao
com.muns , aíhm como he a utilidade defte feliz defpoforio , fe quiz
participar ao Eftado da Nobreza , para que com efta direcção fe íjga
o mayor acerto. S. Francifco 27 de Novembro de 1679. Francifco
Galvão. Ao Eftado da Nobreza pareceo o mefmo junto em S. Ro-
que , a 29 dc Novembro de 1Ó79 ^ para o que houve pareceres, de
£, eirados Feder
da Cafa %eal Tcrtuguc^a. 341
Foder ha/tante âo Duçue de Sahoya ao feu Embaixador , para em
feu nome cehbrar os ejpon/aes com a Princeza D, JJhhel Lui'
za ]oJsfa. EJlá na Livraria m. /." do Duque de Cada-
val, no livro, que tem por titulo Ufos da Cafa da
:

Rainha noíià Senhora, pag. ^6 verj\

Vldorio Amadeo. Sendo por nós viftos , lidos , e com madura J^^um. I
applicaçao examinados os artigos aíHnados em Lisboa a 14 de
Mayo de 1679 em nome de Madama Real minha Senhora , e mây , -^^^
,

pelo Prior D. Diogo Spinelli , no tocante ao meu matrimonio com


a SereniíTima Infanta D. Ifabel Luiza Jofefa de Portugal, nos haó eni
tudo agradado , e os havemos approvado e querendo fatisfazer ple-
:

nariamente , pela nolfa parte , a quanto difpoem em comprimento do


fegundo dos artigos , havemos eleito ao Marquez de Ornano D. Car-
los de Eíle, noíTo Ibbrinho , por noíTo Embaixador Extraordinário,
ao SereniíTimo Principe D. Pedro de Portugal , para fazer cm nolTo
nome as fianças , ou promeíTas de matrimonio , com a dita Sereniííi-
ma Infanta , ou com quem para iílb tiver poder opportuno , pelo que
em virtudí das prefentcs , conferim.os toda authoridade neceíTaria aa
fobredito Marquez de Ornano D. Carlos de Eíte , para todos os an-
iiexos , connexos , e dependentes e ainda para rntefícar efpccialmen-
,

te, em nome nolFo , os arti^jos fobreditos , fenipre , que aííim feja


necejfario , ou lhe feia requerido , promcttendo em fé , e palavra de
Principe, o haver por fírme , e valiofo, tudo o que em ordem ao
acima dito for por elle obrado, em fé do que havemos firmado de
maô própria a prefente, a qual ferá fobfcrita do Marquez de Santo
Thomas ,
noíTo primeiro Secretario de Eílado ^ e fellada com o nof-
fo coftumado Sello. Dada em Turim,

Poder da Injarita D. 1Jahel Luiza Jofefa , para o Ducjue de Ca-^


daval em Jeu nome celebrar os efponjaes com o Duque de Sa-
boya. Efiã no dito livro referido,

A Infanta
Portugal
cipe D. Pedro,
D.
,
Ifabel
&c.
Luiza Jofefa
Havendo o muito
,
por graça de Deos Princeza de NuíTI. I
alto , e muito poderoíb Prin-
meu Senhor, e pay , celebrado ajuílado e rateíi-
, ,
,

cado , o tratado do meu cafamento com o muito alto , e muito po-


,

derofo Principe Vi6torio Amadeo Segundo


, meu primo Duque de
,

Sahoya , Principe de Piamonte , Rey de Chypre , &c. e defejando eu


em tudo fatisfazer ao dito tratado cm virtude do artigo fegundo nel-
le contheudo, dou poder a D. Nuno Alvares Pereira cie Mello , Du-
que de Cadaval , meu muito prezado fobrinho , para que na confor-
midade das Capitulações eílipuladas , e da Carta novamente efcrita
pelo Sereniíílmo Duque de Saboya iiiea primo , ao Principe men Se-
nhor^
,,,

^yovíis do Liv. VIL da Hijlona genealógica

nhor e pay, poíTa por mim, e em meu nome celebrar os efpon-


,

faes , ou promeíías , de futuro matrimonio , com o dito muito alto


,
e muito pcderofo Principe Viélorio Amadeo, meu primo, iegundo
Duque de Saboya , e juntamente aceitar a íua promeífa para eíle ef-
feito , por meyo da peíToa do Marquez de Ornano D. Carlos de
Elie , feu Embaixador Extraordinário , e Procurador baílante , e ef-
pecial para efte eftbito ; e tudo o aceitado , e promettido em meu no-
me ,
pelo dito Duque meu Procurador
,
haverey por firme , e valio-
fo e lhe concedo para efte efFeito todos os poderes em direito ne-
,

ceílarios , e me obrigo em fé , e palavra Real de aíTim o cumprir


de que lhe mandey paíTar a prefente por mim affinada , e fellada com
o Sinete das Armas Reaes. Dada em Lisboa aos 23 dias do mez
de Março. Luiz Teixeira de Carvalho a fez anno de 1681 , e eu o
Bifpo D. Fr. Manoel Pereira , do Coníelho de Sua Alteza , e íbu
Secretario de Eftado a fiz efcrever.

INFANTA.

Doaça^ ,
(jiie EIRey D. Pedro fez a Infanta D. IJalcl Jlia filha ,

do Ejlado , e Cajá di Bragança.

Í^Um, I t8 Tl^^™ Pedro por graça de Deos Príncipe de Portugal, e dosAl-


,
\q J-/ ,
daquem , dalém, mar em Africa, Senhor de Guiné, e
garves
Ali. 1002. Conquifta navegação , e Comraercio de Ethyopia , Arábia , Períia,
da índia , &c. fucceííbr , Regente , e Governador deftes Reynos , e
Senhorios faço faber aos que eíla minha Carta de dcaçaó virem
:

que entre os Capítulos do tratado , que celebrey com o Sereniílimo


Duque de Saboya, meu bom irmão , para haver de cafar com a Se-
rcniííima Infanta minha íbbre todas muito amada , c prezada filha ^
foy hum delles, que lhe daria huma das Caías dos Eílados de Bra^
gança , ou do Infantado , qual S. A. quizeíTe , e p^r ter entendido
que elegerá a de Bragança , confiderando , que a dita Caía pertence
direitamente aos Príncipes fucceíTores do Reyno , como reiblveo em
fua vida a petição de Cortes EIRey meu Senhor , e pay , que fanta
gloria haja , e por cila razão a tiveraô por femelhante doação ^os Prin-
cipes D. Thcodofio , e D. Aífoníb , meus irmãos ; e por eu ter a ad-
miniftraçaô , e Regência do Reyno , e eílar jurada por fucceíTora
delle a dita Infanta minha fobre todas muito amada e prezada filha, ,

e aíl^m ficar tendo o meímo direito , que os íbbreditos Priacipes ti-


veraô , e íér jufto , e conveniente , que taô alto Principe tenha nef-
te P».eyno Eííado pois tanto em augmento , e utilidade delle derxa
,

a aííiílencia dos feus próprios para vir morar nefte Reyno , em que
,

a dita Infanta , no calo de me naó dar Deos Nolfo Senhor filho va-
raô legitimo, ha de vir a fucceder ; por eftes e outros inítos ref-
,

peitos lhe faço pura doação da dita Cafa do Eftado de Bragança ,


para a ter , e lograr do dia de S. Joaó defte prefente anno , e junta-
mente com o Sereniílimo Duque de Saboya , meu bom irmaó , feu fu-
turo
,,

da Cafa ^eal Tortngucís^a.


turo marido , com todas as terras , datas , jurifdicçôes , Padroados
e mais preeminências , que eu a tinha , e a tiverao os ditos Princi-
pes meus irmãos , cm quanto fucce.Tor da Coroa. E outro fi de to-
das as rendas da mcíma Caía , na forma , que declarey por meus De-
cretos ,
que expedirão para o Coníelho da Fazenda , e Junta dos
fe
Tres Eílados , e para a do Eftadf) de Bragança , com tal declaração
que fendo Dcos fervido de me dar filho varaô legitimo , como dito
he , licará ceifando efta doação , e fe guardará nefte cafo o que no
dito tratado fe capitulou como também fe guardará no cafo de fe
:

apartar o dito matrimonio fem delcendencia , o que Deos naó per-


mitta ; e encomendo muito à Infanta , e ao SereniíTimo Duque , feu
futuro marido , a confervaçaó dos Miniftros , Officiacs , e Criados
da dita Cafa , e obfervancia das prerogativas , ufos , e coíVumes del-
ia , e de todas as mercês , que por mim , e pelos Senhores Reys
Principes , e Duques meus predcceíTores , até aqui feitas , porque
com efta claufula lhe faço efta doação pelo que mando a todos os
:

Tribunaes , Mmiftros , e Ofíiciaes dejuftiça defte Reyno , e aos da


Junta , e terras do dito Eftado , e a todas as mais peíToas a que loca,
tenhaô a dita Infanta minha íòbre todas amada , e prezada filha , do
dito dia em diante , e ao Duque de Saboya , meu bom irmão , logo
que nefte Reyno recebidos forem , na forma do Sagrado Concilio
Tridentino , por Duques de Bragança , e Senhores daquelie Eftado
e como taes os reconhecao , aífim , e da maneira , que reconhecidos
forao todos , e qiiacfqiier dos Senhores delle , porque tal he minha
mercê, a qual lhe fayo de meu motu próprio , poder Real , e abfo-
luto , como Príncipe Regente , e Governador dcftes Rey nos ; e man-
do que fe cumpra fem embargo de quaefquer Ordenações , Leys y
Capítulos de Cortes , ou outras difpofiçoes , ainda que fcja daquel--
hs , de que fe devia fazer efpeciaí derogaçaô , porque toilas hey a
cfte fim por derogadas , como fe expreftás , e declaradas foíTem co- :

mo também revogo , e hey por revogadas , cm virtude defta mefma


doação , todas as que tenho feito à dita Infanta antecedentes a efta^
efpecialmente a do rendimento do direito novo da Chanccllaria , por
ter ceflado a cauía delia no regifto , da qual mando pôr as verbas ne-
ceíTarias. Dada na Cidade de Lisboa aos 20 dias do mez de Junho,
Ayres Monteiro a fez. Anno do Nafcimento de NoíTo Senhor Jefiâ
Chrifto de 1682. O Bifpo Fr. Manoel Pereií-a a fez efcrever.

PRÍNCIPE.

Proa/raça^ da Infanta D. I/akl ao Ducjue de Cadaval. Ovtginal


ejlá em hum livro ^ que tem por titulo: Memorins da Senhora
Infanta , do ^Archivo do dito Ducjue, pag, 210.

A Infanta D. Ifabel Luiza Jofefa , por graça de Deos Princ(«a


de Portugal , &c. filha dos muito altos , e muito poderoíos
Príncipes D, Pedro , e D.Maria m,us Senhores. Por efta minha
KT^jj-^^

An.
'

í5S'2.
^
,
^
'

Proairi-
,,

544 ^^^'^^^ ^^'^^ Hi/loría Çeneahgka


Procuração dou poder a D. Nuno Alvares Pereira , Duque do Ca-
daval , meu muito prezado fobrinho , para que por mim , e em meu
nome , como íe prefente fora , polia receber por meu legitimo mari-
do , na íorma , que o manda a Santa Igreja de Roma , ao muito al-
to , e muito poderofo Principe Viétorio Amadeo Segundo , meu pri-
mo , Duque de Saboya , Principe de Piamonte , Rey deChypre , &c.
E íendo aflim feito , e outorgado o dito cafamento, me outorgo por
fua legitima mulher , e o recebo por meu legitimo marido , e tudo o
promettido ^em meu nome pelo dito Duque meu Procurador haverey
por firme , e valiolb , e me obrigo em fé , e palavra Real , de aíTim
o cum.prir , de que mandey paíTar a prefente por mim aíHnada , e fel-
lada com o Sinete Real. Dada em a Cidade de Lisboa a 29 dias do
niez de Mayo de 1682. O Bifpo Fr. Manoel Pereira , Secretario de
Eítado, a íiz efcrever.

A INFANTA.
Te/lãmentõ da Infanta D. I/alel Luiza Jo/efa, Original ejlã no
Archivo Real da Torre do Tombo , na Ca/à da Coroa ^ na ga»
veta 16 dos Tejlamcntos dos Reys , donde o copley.

Num» I4iO "ET'


^ da Santiflima Trindade , Padre , Filho , e Efpirito San-
/- to , Tres Peílbas , e hum fó Deos verdadeiro , em quem creyo,
2\.n, 10^0, ^y-^ elpero falvarme , como verdadeira filha , que fou da Igre-
ja Catholica , naicida , e creada no grémio delia , e que creyo bem
e verdadeiramente , tudo o que ella crê , e enfina. Eu D. Ifabel
Luiza Jcíbfa , Infanta de Portugal , eílando enferma , com o juizo
e entendimento , que Deos foy fervido darme , ordeney fazer meu
teílamento para difpor de minhas coufas , e ultima vontade, quanto
irais convenha ao ferviço de Deos , e minha falvaçao.
Primciramicnte , encomendo minha alma a Deos todo poderofo,
que a creou , e reraio com feu preciofiííimo Sangue , em cujos infi-
nitos merecimentos efpero, e confio me perdoe meus peccados , pa-
ra poder ^^ozar da Bemaventurança , e para efte eífeito tomo por mi-
nha advogada , e interceífora a glorioíá fempre Virgem Mana NoíTa
Senhora , e o myílerio de fua PuriíTima , e Immaculada Conceição
para que como Padroeira deíle Reyno , o feja também da minha al-
ma , diante de fua Divina Mageílade , juntamente com o Anjo da^ mi-
nha guarda , e com todos os Santos de minha devoção.
Tanto que Deos for fervido levarme para fi , ordeno , que meu
corpo feja compoíto em o Habito de S. Francifco , de que fou Ter-
ceira profeíla ,e quero , que meu corpo feja fepuítado no Convento
do Crucifixo , fendo por ora depofitado no Coro das Religiofas na ,

fórma que o Duque dirá e tanto que a Igreja fe acabar fe faraó


, ; ,

duos fcpulturas na Capella mòr huma da parte do Euangelho', para


,

a Serciiiílinia Rainha minha Senhora, e mãy , que Deos perdoe, e


outra da banda da Epiílola ,
para jazigo de meu corpo. Declaro ,
que
,,,

da Cafa ^al Tortuguei^a. 345


que tive ate agora a dita de viver debaixo do pátrio poder dclRcy
meu Senhor e pay e porque conforme £S Leys deíle Rcyno nao
, ; ,

podem os filhos familias teílar pedi à grande piedade de Sua Ma-


,

geíVade me fízeíTe mercê dar licença para o poder fazer até cinco-
,

enta mil cruzados , e Sua Mageftade foy fervido concederme efta fa-
culdade , como mais claramente coníta do Alvará , porque foy fervi-
do concederma.
Peço muito encarecidamente a ElRey meu Senhor pelo grande
amor ,
que fempre lhe tive , como também pelo que eu em Sua Ma-
gellade cxperimentey , me fiça mercê , e honra , de querer fer meu
Teftamenteiro , e efpero da grande Chriílandade de Sua Alageftade
hum breve , e infallivel cumprimento , de tudo o que me toca , me-
nos a quantia de cincoenta mil cruzados , que he fervido concederme
para eu teftar.
Declaro , que naó fey fe tenho algumas dividas , o Duque o
poderá faber. Ordeno , e mando , que pontualmente fe fatisfaça tu-
do o que conftar por papeis correntes , ou o dito Duque declarar.
Naó me pareceo neceíTario difpor nefte tefiamento fobre íuíFra-
gios de corpo prefente , nem também ordenar a fcrraa do funeral
porque a primeira parte deixo à grande piedade de Sua Mageílade,
e a íbgunda , pertence ao antigo ufo , e coítume defte Rey no.
Mando , que por minha alma fe digao dez mil MiíFas , com a
mayor brevidade , que for poíUvel , por efmola de toílaó , e fe repar-
tirão por Clérigos , e Communidades , de quem fe faça confiança
que naó fáltaráó.
Ordeno , que aos prezos das cadeas defta Cidade , e Corte fe ,

repartaó quatrocentos mil reis , por ordem do Padre Pomerô , meu


Confèííbr , o qual procurará , que fejaó os mais neceílitados , e que
com a efmola , que fe lhe íizer poíFão pagar o que devem , e fahir
da prizaó.
Entregarfehaó dous mil cruzados ao Provedor , e Efcrivaó da
Mefa da Santa Mifericordia defta Cidade , para que elles fomente
fem mais Irmãos da Mefa , os diftribuaó por peíFoas , aíTim homens
como mulheres , de boa vida , principalmente daquellas , que mais fe
envcrgonhaó de pedir efmola , e que por iíTo padecem mais neccíli-
dade.
Mando , que fe dem
oitocentos mil reis ao Hofpital Real def-
ta Cidade , para fe empregarem em roupa para as camas dos enfer-
mos.
A' Mefa dos Engeitados deixo quatrocentos mil reis para fe
difpendercm com a creaçaó delles.
Deixo hum conto de reis para fe comprarem cincoenta mil reis
de Juro , que fe darão a hum Clérigo , que diga MiíFa quotidiana por
minha alma no dito Convento do Crucifixo , em que me mando fe-
piiltnr, e efte Clérigo fera efcolhido pela Meííi da Mifericordia def-
ta Cidade , de boa vida , e coftumes , e o modo , e forma , em que
fe lhe ha de fazer pagamento , e conftar de como naó falta à obri-
gação das ditas MiíTas, ordenará ElRey meu Senhor , e pay ^ e ao
Toni. V. Xx Conven-
,

34^ "^fovaí do Lh. VIL da Hl(Ion a Çc}je elogie a

Convento por dar o guizamento , e permittir, que fe iifc das veíli-


mcnias da Sacriícia para eíla MiíTa , lhe deixo o que para iííb fcr ne-
eérrario ,
para que ElRey meu Senhor mandará concordar com as Re-
ligioías dellc.
A' Rahiha , que Deos guarde tive fempre , e ainda tenho em
lugar de mãy , e reciprocamente experimentey em Sua JVIageílade
igual amor com eftes motivos certamente efpero da lua muita pie-
dade , que me encomende a Deos , tendo particular lembrança de mi-
nha alma , affim como eu a terey , fe pela miiericordia Divina me vir
na preícnça de Deos, para lhe pedir os augmentos de Sua Magcíla-
de , e do Principe meu irmão , e de todo efte Reyno ; e peço mui-
to a Sua Mageílade fe firva de perdoarme qualquer a£lo , em que de
mim fe defagradaíTe , que naô feria nunca fenaô muito contra vonta-
de , que fempre tive de obedecer , e amar , e para que eíla lembran-
ça fempre fique na memoria de Sua Mageftade, lhe offerecerá o Du-
que , em meu nome, huma joya, a qual eu lhe declarey , para o que
ferá ElRey meu Senhor , e pay fervido concederme licença , fem em-
bargo de exceder os cincoenta mil cruzados , para que me tem da-
do licença pelo feu Alvará.
O
Conde de Val de Reys meu Mordomo mor , me fervio fem-
,

pre com grande agrado meu fazendo em meu fervlço m.uito conti-
,

nua aíTiílencia , fem reparar nos feus muitos annos , e aííim me acho
obrigada a lembrar a Sua Mageftade a peíToa, e Cafa do Conde , pa-
ra que nella fique alguma memoria do bem , que me fervio. O Con-
de de Pontével, meu Eftribeiro mòr , Chriílovaó de Almada, D.
Lourenço de Lencaftre , e D. Diogo de Faro , Vedores de minha
Cafa , também me tem fervido , e aífiílido com muito zelo , e cuida-
do , efpero muito confiadamente delRey meu Senhor , e pay , fe lem-
bre deftes Fidalgos , porque além de fua muita capacidade , que os
faz dignos de fua Real attençaó , he razaó , que Sua Mageftade mof-
tre , que fe agradou do bem , que me afliftirao.
Igualmente me acho obrigada a fignificar a Sua Mageftade a
confolaçaó , que terey , que tome debaixo de feu amparo os mais
Criados , que me fervirao , de tal forte , que a minha falta naó feja
caufa de experimentarem neceíTidades , e bem creyo , que tal naó con-
fentirá Sua Mageftade , pois o d to Senhor foy o mefmo , que os ef_
colheo para meu ferviço , e depois de darem delle boa conta , naó
ferá decorofo , que padeçaó.
OPadre Pedro Pomerô , meu ConfeíTor , ha annos , que me af-
iífte , do qual tenho muita fatisfaçaó por fua muita virtude , e exem-
,
plo , e aflim lhe peço , que tenha muito cuidado de encomendar mi-
nha alma a Deos , em leus Sacrifícios , e Orações , e mando , que
para fucis religiofas neceflldades fe lhe dem mil cruzados por huma
vez fomente.
A Marqueza de Soure foy minha Aya , e depois minha Came-
reira mòr , e em ambas eftas occupaçôes me fervio fempre com tan-
to amor , e cuidado , como pediaó as obrigações de fua pcífoa , pe-
lírs quaes lhe tive fempre graiide amor, Pe^o muito a ElRey meu
Senhor
,,,

da Cafa ^eal Tortugua^a» 347


Senhor, e pav , lhe oqradecn o que a Marqueza mc merece ,
pois cu
imo pude por ine faltar a vida.
Dona Leonor Joícfa me tem fervido com tanto amor, e fatif-
façaô que parece me naô era neceíTario fazer Icm»brança de fua pef-
,

foa a ElRey meu Senhor , e pay pois a Sua Mageftade he prefente,


,

melhor que a ,
ninguém do muito amor e incanfavel difvelo com
, , ,

que fcmpre me aíliílio. Peço a Sua Magefíadc com todo o encareci-


mento que lhe faça mercê para tomar eftado com particular atten-
, ,

çao do que eu aqui lho peço


,
e em final do muito
; que a eftimo, ,

lhe deixo huma joya que o Duque efcolherá entre


,
as minhas de ,

valor de dous mií cruzados , além da que fe coftuma dar às Damas


e huma , e outra fe lhe dará logo depois do meu falecimento e te-
nho por muito certo , que ella naô faltará em me encomendar a
Deos , tendo fempre de minha alma particular lembrança.
D. Leonor de Vilhena fervio a Rainha minha Senhora , e mây
muitos annos ; e porque Sua Mageftade , que Deos tem a recomendou
em feu teftamento , torno eu agora a lembrar a ElRey meu Senhor,
e pay , o fcu grande merecimento.
Também recomendo muito ao dito Senhor todas as Donas de
Honor , e Damas , que me fervem , e mando , que a cada huma def-
tas fe dem logo os dous mil cruzados , que fe lhe haviaô de dar
como he coftume , quando tomaíTem eftado. E a todas as outras
Criadas em geral encomendo muito a Sua Mageftade , e lhe rogo ,
que as nao defampare , antes lhe mande correr com feus falarios , até
que tomem vida , mas naô he minha tenção , que eftcs falarios entrem
na conta dos cincoenta mil cruzados , porque fomente peço ifto a
Sua Mageftade , como por recomendação , por fua grandeza.
Mando , que fe entreguem ao Duque quarenta e cinco mil reis,
para fazer delles o que lhe tenho encomendado , dos quacs naó ha
de dar conta.
Ordeno , e mando, que fe dem mil cruzados a D. Luiza Dernhy,
por huma vez fomente.
Ordeno, que fe dem mil cruzados a Daverge, por huma vez
fómenre.
Ordeno , e mando , que fe dem a Guirimberg mil cruzados
por huma vez fomente.
Ordeno , e mando fe dem mil cruzados a Angelica , por huma
vez fomente.
Ordeno , e mando , que fe dem feifcentos mil reis a D. Ague-
da , que foy minha Ama.
Ordeno , e mando , que fe dem duzentos mil reis a D. Frííiir-
cifca de Vafconcellos.
Ordeno e mando
, que às quatro Moças da Camera que me
, ,
fervem, dem logo duzentos mil reis a cada huma, e outro fim
fe
cem mil reis a cada huma das Donas da Camera.
Ordeno e mando que às Moças do Retrete e Lavor fe dem
, , , ,

fcíTenta mil reis a cada huma. E a Àntonia do Efpirito Santo fe lhe


daraó quarenta mil reis.
Tom. V. Xx ii Orde-
,

íPrí7i;<«x do Ltv. VIL da Hi/lorta Çenealogka

Ordeno mando que a Joaó Carneiro , meu Porteiro da Ca-


,
e ,

n>era , ledem duzentos mil reis.


Ordeno e mando que dem a Balthafar de Andrade cem mil
,
,
íeis.
Ordeno , e mando , que fe ajufte a Carteiem a fua conta , e
que além do que ella montar fe lhe dem cincoenta mil reis.
que deixo forras todas as minhas Efcravas.
Declaro
,

E
por quanto todos eftes legados , aííim pios como profanos
=-^30 alcançaô a quantia dos cincoenta mil cruzados , de que ElRey
iineu Senhor , e pay , me fez mercê para teftar , mando , que todo ó
-jefto , que faltar até a dita quantia , fe difpenda em obras pias , con-
vém a faber em efmolas de Criados pobres , refgate de cativos , ca-
:

famento de orfans , «fmolas de Conventos pobres , entre os quaes


quero , que entre o de S. Roque defta Cidade , o Oratório de S. Fi-
lippe Neri , a Madre de Deos , e as Flamengas de Alcantara ; e a
diftribuiçao deftas efmolas , e efcolha de peífcas , deixo ao arbítrio
delRey meu Senhor, e pay. Com que hey efte meu teftamento por
- acabado , e porque
me poderá lembrar mais alguma difpoíiçao , que
deva fazer, ou legado , que deixar, quero , que fe mandar fazer al-
gum papel de fóra aílinado por mim , ou pelo Duque , fe eu o na6
puder fazer , valha como parte defte meu teftamento , como fe nelle
fora efcrito ; e huma , e outra coufa quero que tenha força , e vi-
,
gor, ou como teftamento, ou como codicillo, ou pela melhor for-
ma , que em Direito feja neceíTario ; e torno a rogar a ElRey meu
Senhor , e pay , que lhe faça dar cumprimento com toda brevidade
e eu Luiz Teixeira de Carvalho , do Confelho de Sua Mageftade ,
e feu Secretario , o efcrevi por mandado de Sua Alteza em Lisboa
,
a II de Outubro de 1690.

A INFANTE.
Approvaçao,

Aos treze dias do mez de Outubro de 1690, nefta Cidade de


Lisboa , nos Paços da Ribeira delia eu Mendo de Foyos Pereira ,
:

do Confelho de Sua Mageftade , e feu Secretario de Eftado por man- ,

dado efpecial , que Sua Mageftade me deu para fazer a approvaçaó


do teftamento da Sereniftima Senhora Infanta D. Ifabel Luiza Jofefa,
fuy à Camera aonde Sua Alteza eftava afentada em huma cadeira , e
por fuas máos me foy dado o teftamento ferrado , ordenandome , que
iho approvafte e perguntandolhe fe era efte o feu teftamento , e
,

quem lho efcrevera , e fe queria , que fe cumprilTe, me foy refpon-


dido por Sua Alteza , que efte era o próprio teftamento , que por
ieu mandado efcrevera Luiz Teixeira de Carvalho , do Confelho de
Sua Mageftade , e feu Secretario , e que depois de efcrito fe lhe lera,
e Sua Alteza o aftinara , por eftar conforme ao que tinha ordenado,
e aftim o approvava , e fó o dito teftamento qreria , que valefte, e
aftim o ro£ava a ElRey nofíb Scnhorj e o .requeria a todas as fuas
Juftiças y
,

da Cafa %ea] Tortu^ues^a» 34.^


Juíliças j c n eíle auto forao prefentes , e para elle chamados ven- :

do , c ouvindo o que Sua Alteza me refpondeo , o Conde de Val de


Reys do Confclho de Eílado , e Preíidjnte do Confelho Ultramari-
,

no Mordomo mor da Cafa de Sua Alteza o Conde da Caftanhei-


, ,

ra Védor da Fazenda e da Cafa da Rainha noíTa Senhora e Chrif-


, , ,

tovao de Almada e D. Lourenço de Alencaftre , Veadores da Cafa


,

da Senhora Infanta e D. Nuno Alvares Pereira


,
Duque do Cada- ,

val do Confelho de Eftado


,
Preíidente da Junta do Tabaco
, Te- ,

nente da PeíToa de Sua Mageftade , e Mordomo môr da Rainha nof-


fa Senhora os quaes depois de Sua Alteza aílinar , aífinarao também
,

eíle auto que eu outro fim aíTiney e forao também prefentes e af-
,
; ,

íinaraó, o Cardeal de Lencaftro , do Confelho de Eftado, Inquifidor


Geral , e D. Diogo de Faro e Soufa , Védor da Cafa de Sua Alte-
7a
A INFANTE.
O Cardeal de Lencaftro t= Mendo de Foyos Pereira b: Duque —
O
O Conde de Val de Reys tr O
Conde da Caftanhcira ír Chriílo-
vao de Almada í=: D. Lourenço de Lencaftro D. Diogo de F^aro
e Soufa.
AberUíra.

Aos dous dias do mez de Outubro de 1690 annos


vinte e
depois de falecida a Sereniííima Senhora Infanta D. Ifabel Luiza Jo-
fefa , nefta Cidade de Lisboa , me entregou a mim Mendo de Foyos
Pereira , Secretario de Eftado , o feu teftamento o Duque , o qual
por mandado de Sua Mageftade fe abrio , na prefcnça dos Confe-
Iheiros de Eftado , havendo-fe primeiro examinado na forma das Leys
defte Rey no , de que fiz efte termo em Lisboa , no dito dia , mez ,
e anno , fendo teftemunhas os mefmos Confelheiros de Eftado , que
aílinarao comigo. O
Cardeal de Lencaftro í= Duque O
Mendo
de Foyos Pereira O
Conde Governador t=: O
Conde de Val de
Reys O Conde D. Fernando de Menezes !=: O Conde Rege-
jdor c O Arcebifpo de Lisboa Capellaó mor. !=:

Rol j que Sua Alteza a Senhora Infanta , me ordenou fizeffe


^ , c faz
Sua Alteza menção delle no feu teftamento.

Que fe dem
a Antónia Thomaíla duzentos mil reis, e que ii re-
comenda Mageftade por fe haver creado com ella.
a Sua
Que fe dem a Francifco Maciel duzentos mil reis e que tam- ,

bém o recomenda a Sua Mageftade , porque teve a honra de eníinar


a Sua Alteza a efcrever.
Que
lembre Sua Mageftade de defpachar D. Marianna , filha
fe
de D. Barbo fa.
Ifabel
Qiie folgará Sua Alteza , que das efmolas , que Sua Mageftade
•repartir , dê a Maria de Jefus alguma para fer Freira.
-Que dos dotes , quG fe derem , fe dê hum a fua Moça de Retrete.
Ordc-
3 5 o T^rovas do Liv. VIL da Hlflori a Çeneahgica
Ordená Sua Alteza , que além dos ditos mil cruzados^ fe dem
mais duzentos mil reis a Dorenhi , porque quer deixarlíie feifcentos
mil reis.
E a Duverge fe dem dous mil cruzados , entrando nefta quan-
tia a que Sua Alteza lhe deixa no teftamento.
Recomenda a Sua Mageftade , Manoel de Carvalho , por ter
fervido a Sua Alteza de Guarda Joyas , com verdade, e lem ordena-
do , fendo obrigado a dar conta de tudo o que tem carregado em re-
ceita.
Que ponha
o Duque em arrecadação para fe entregar a Sua Ma-
geftade tudo o que tocar a Sua Alteza.
,

Recomenda a D. Ignez , mulher de Ayres de Saldanha.


Que fe dem a Domingos de Aguiar cem mil reis.
Que além das dez mil MiíTas fe entregue ao Duque o valor mais
de duas mil , de que naó ha de dar conta , para o que Sua Alteza
lhe deixa dito.
Qiie fe tomem as Bulias de Compofiçaó ,
que Sua Mageftade
ordenar.
Que o Duque dirá o que fe ha de fazer dos veftidos ricos de
Sua Alteza.
Qiie a D. Ifabel Barbofa deixa a roupa de feu ufo.
Que recomendaa Sua Mageftade , Bento da Cunha , pela haver
fervido de feu Thefoureiro , e Sua Alteza experimentar fempre mui-
ta pontualidade em toda a defpeza de fua Cafa.
Que recomenda Manoel Galvão a Sua Mageftade, por fer ca-
fado com D. Luiza Dorenhi.
efte rol como Sua Alteza me mandou , porque o naô
Aíliney
Eode Sua Alteza fazer , na forma , que do feu teftamento confta.
isboa 23 de Outubro de 1690. Duque. t=:

Alvard para tejlar cmcoenta mil cruzados , a Senhora Infanta D. IfabeL

Eu ElRey faço faber aos que efte Alvará virem , que a Infanta
D. IfabelLuiza Jofefa , minha fobre todas muito amada , e prezada
íilha , me pedio que por fe achar com achaque perigofo , e defejar
,

fazer teftamento até a quantia de cincoenta mil cruzados , lhe délfe


licença para o poder fazer ; e por quanto em todo o tempo he juf-
to conformarme com a vontade da dita Inlanta , pelo muito grande
amor , que lhe tenho , mas muito mais no prefente , e para taó juf-
ta Caula. Hey por bem , e me praz , que ella poíTa fazer feu tefta-
mento , e difpor nelle como lhe parecer , até a dita quantia de cin-
coenta mil cruzados , e ifto fem embargo da Ley do Reyno , e di-
reito commum ,
que prohibe aos filhos familias (como a Infanta he)
fazer teftamento , a qual Ley para efte cafo hey por derogada , e
bem aíHm todas as mais , que puderem obftar à facção do dito tef-
tamento , e dentro da dita quantia cedo, renuncio o direito, que
,

com.o pay , e herdeiro da Infanta, me poderia pertencer, porque fera


embargo delia fe dará inteiro cumprimento, e fe difpenderá a referi-
,

da Cafa ^al Tortugueí^a. 351


da quantia nas difpofiçocs da Infanta ; e efte Alvará fe cumprirá ,
ainda que nao paiTc pela Chancellaria , fem embargo da Ordenação
em contrario. João Ribeiro Cabral o fez em Lisboa a ii de Outu-
bro de 1690 annos. Meado Foyos Pereira o fobefcrevi. REY.
Alvará porque VoTii Mageftade ha por bem pelos refpeitos
nelle declarados, conceder licença à Infanta D. Ifabel Luiza Jofefa ,.
que ao prefcnte fc acha com achaque perigofo , para que pofia teftar
da quantia de cincoenta mil cruzados , fem embargo da Ordenação
em contrario. Para Voííh Mageílade ver.

Memoria dos legados ,


que deixou a Senhora Infanta.

Doze mil MiíTas de efmola de toftao , 6ooU


Para hum juro de cincoenta mil reis de huma MiíTa quotidiana, loooU
Dez mil reis de juro que haó de comprar para
,
fabrica def-
taMiffa, 200U
Ao Hofpital de todos os Santos para roupas , gooU
Para os prezos a entregar ao Padre Pomerô , 400U
Para o Provedor , e Efcrivaô da Mifericordia repartir em ef-
molas, 800U
A"* Mefa dos Engeitados
, 400U
Ao Padre Pomerò para funs neceílidades, 400U
Ao Duque para certa defpeza , 45-1!
A Dorenhy, , 600U
A Verge , 800U
A Quirinhír, 400U
A Angelica , 400U
A D. Agueda , 600U
A D. Francifca , 2CoU
A cada huma das Moças da Camera, que faô quatro, du-
zentos mil reis , SooU
A Antónia do Efpirito Santo , 40U
A Joaô Carneiro , 200U
A cada huma das Donas da Camera
,
que faó tres , a cem
mil reis, 300U
A cada huma das Moças do Retrete , Lavor , e Concerveiras,
feíFenta mil reis, que faô dez, 560U
A Balthafar de Andrade , looU
A Carteiem , ^oU
A Antónia Thomaíia , 200U
A D. Fi ancifca Maciel , 200U
A Domingos de Aguiar , looU
A cada huma das Damas huma joya de dous mil cruzados
que faó quatro, 3200X1
A D. Leonoíí^ huma joya de dous mil cruzados , 800U
i4i9^U
De
,,,

3 5^ Trovas do Lh. VII. da Hlfioria Çenealogica

De vinte contos , que faô cincoenta mil cruzados , de que "Sua Alte-
za podia teftar , abatidos quatorze contos cento e noventa e cinco
mil reis , ficao cinco contos e oitocentos e cinco mil reis , que he o
remanecente dos legados , que Sua Mageílade , como Teílamenteiro
pode repartir , na fórma das verbas do teftamento , que a diante vao
tresladadas, em que Sua Alteza declarou a fua ultima vontade.^

Ultima verba do tejianiento.

E por quanto todos eftes legados , aílim pios como profanos


naô alcançaó a quantia dos cincoenta mil cruzados , de que ElPvey
meu Senhor , e pay , me fez mercê para teftar , mando , que todo o
refto , que faltar até a dita quantia, fe difpenda em obras pias.
Convém a faber ; em efmolas de Criados pobres , refgate de cativos
cafamentos de orfans , e efmolas de Conventos pobres, entre os
quaes quero , que entrem o de S. Roque defta Cidade , o Oratório
de S. Filippe Ncri , a Madre de Deos , e as Flamengas de Alcantara
e a diftribuiçaó deftas efmolas , e efcolha das peíToas , deixo no arbí-
trio delRey meu Senhor , e pay.

Declarações y
que fez Sua Alteza ^ depois do teftamento a refpeito dos
legados , que fe haviaÔ de repartir.

Qiie folgaria Sua Alteza , que das efmolas , que Sua Magefta-
de repartir
, dê a Maria de Jefus alguma para fer Freira.
Que dos dotes , que fe derem fe dê hum à Moça de Retrete.

Mendo de Foyos Pereira.

Termo da entrega do corpo da Senhora Infanta D. 1/ahel Lulza


\ Jojeja. EJlá no CopiadorJetimo do Duque de Cadaval D. Nu-
no , pag. 20 verj] donde o copiey.

3it n.
^
* *
I^O

A vinte e tres dias do
J~\. de de Lisboa ,
mez de Outubro de 1690 y nel>a Cida-
no Coro do Convento do Santo Crucifixo , de
/ui. 16^0. Reíigiofas Francezas , extra muros defta Cidade eftando prefente
,

Nuno de Mendoça , Conde de Val de Reys do Confelho de Efta-


,

do , Prefidcnte do Ultramarino, Mordomo môr da Senhora Infante,


que Deos tem , o Duque D. Nuno Alvares Pereira, Meftre de Cam-
po , e General da Provincia da Eftremadura , junto à Peífoa de Sua
Magcftade , e General da Cavallaria da Corte , e Mordomo mòr da
Rainha nofla Senhora , e Confelheiro de Eftado , o Duque de Cada-
val D. Luiz , íeu filho , o Marquez de Távora , o Marquez das Mi-
nas , do Confelho de Guerra , o Marquez Henrique de Soufa Tava-
res , do Confelho de Eftado , Governador da Relação e Armas , da ,

Cidade do Porto , o Marquez de Marialva , Gcntil-homem da Came-


ra
,

da Cafa %eal 'Portugues^a. 353


ra de Sua Magcílade , o Marquez de Arronches, e o Marquez dc
Fontes \ e outro f m o Conde de Pontével , do Confelho de Guerra,
Prefidentc da Junta do Comercio , Ellribeiro môr da Senhora Inían-
ta, que Deos tem, D. Diogo de Faro, Chriílcvaó de Almada, e
D. Lourenço de Lencaílro , Vedores de fua Cafa , e os mais Offi-
ciaes da Caía Pvcal , que alli fe acharão , e a AbhadeíTa do dito Con-
vento Sor Cecilia de S. Frr.neiíco , logo pelo dito Conde de Val dc
Reys foy entregue à dita AbbadeíTa hum caixaô forrado de téla bran-
ca , com huma Cruz de téla encarnada , com ramos de ouro , guarne-
cido de paílamanes do meímo , e por dentro forrado também de téla
branc a , com quatro fecliaduras douradas , em que diíTe o dito Con-
de dc Val de Reys , e jurou aos Santos Euangèlhos , em que poz as
mãos , eílava o corpo da Sereniííima Infanta D. Ifabel Luiza Jofefa,
filha do muito alto , e muito poderofo Príncipe , ElRey noíTo Senhor
D. Pedro II. e da muito alta , e muito poderoía Princeza, a Rainha
noíTa Senhora , que eftá em gloria , D. Maria Francilca Ifabel de Sa-
boya , que em Sabbado , que fe contavaõ vinte e hum do prefente
mez , às nove horas da noite , faleceo da vida prefente , nos Paços
da Ribeira defta Cidade ; e elle dito Conde , como Mordomo mor
da dita Senhora Infanta , a vio , e reccnheceo ao fechar do dito cai-
xão , trazendo comíigo as chaves delle , vindo-o acompanhando com
as m.ais pelToas acima nomtcadas. E a dita AbbadeíTa diífe , que fe da-
va por entregue do corpo da dita Sercniííima Infanta , e das chaves
do caixão , que o dito Conde lhe entregou logo , e fe obrigava por
íi , e fuas fucceíforas , a dar conta do dito corpo , ou oíTos delle. De
que eu Mendo de Foyos Pereira , do Confelho de Sua Mageíladc
e feu Secretario de Eftado , fiz dous termos defte theor , hum para
fe enviar à Torre do Tombo, e outro para ficar na Secretaria de Ef-
tado , os quaes aíTmaraó todas as peííbas acima referidas no dito Con-
vento , no mefmo dia , mez , e anno , ut fiipra.

Soror Cecilia de S. Francifco , AbbadeíTa.

Mendo de Foyos Pereira.

Duque. O Duque D. Luiz.

Marquez de Fontes. O Conde de Val de Reys.

Marquez das Minas. D. Francifco Mafcarenhas.

Tom. V. Yy Almrd
3 54 ^^^'^^^ L^'^* Hifloria Çeriealogíca

Alvará dcIRey D. Pedro II. em (jiie faz mercê , como Governa-


dor , Admimjirador da Ordem de C/iriJio, ao Ivfuu-
e perpetuo
te D. Fra/icifco, da Commenda mayor da Ega da de l) or- ,

nes , e Caftello-Branco da dita Ordem,


, hjtã na Se-
cretaria do me/mo Mejlrado.

Num. 141 ElRey como Governador,e perpetuo Adminillrador , que


A \ xLrou do Meftrado, Cavallaria , e Ordem, de Noílb Senhor Jeíu
An. 10p3» chrifto. Faço faber , que eu hey por bem fazer mercê ao Infante D.
Francifco, meu muito amado, e prezado filho, da Commenda mayor
da Ega, e das de Dornes, e Caftello-Branco, que eftaó vagas, e fao
da melma Ordem , e mando , que delias fe lhe paílem os deípachos
ncceíTarios , de que lhe mandey paíTar o prefente Alvará , que lhe fa-
rey cumprir , e guardar , e valerá como Carta , pofto que leu cífeito
haja de durar mais de hum anno , fem embargo de qualquer Provi-
faô , ou Regimento em contrario , e fe cumprirá fendo paliado pela
Chancellaria da Ordem. Antonio de Oliveira o fez em Lisboa aos 2
de Março de 1693. Antonio de Soufa de Carvalho o fez efcrever.

REY.

Carta delKey D. Pedro , em que faz mercê ao Infante D. Tran'


cijco , de trinta mil cruzados , vinte na Alfandega de LiJ'
boa ; e dez na do Porto. Ejlci no Uv. da Chancella-
ria do dito Key ,
pag. 2/^ verj^.

NUÍH.T4.2 I
"%Om
Pedro, &c. Faço faber aos que efta minha Carta de padrão
virem, que tendo confideraçaó à impoíTibilidade , com que fe
A i^ol
y>.
1 Q Reyno , para dar eftado ao Infante D. Francifco , meu mui-
to amado, e prezado filho, a que fou obrigado por direito natural,
e pedir a boa razão , que efta fe comeílb a formar , com anticipada
providencia , para que quando chegar o tempo tenha , fem grande op-
preíTaó do Reyno , e meus Vaífallos , competente Cafa de fua gran-
deza , e eftado. Hey por bem , e me praz , que fe aíFentem trinta
mil cruzados ao dito Infante D. Francifco , meu muito amado , e
prezado filho , a faber vinte na Alfandega defta Cidade , e dez na
:

do Porto , que começará a vencer a fua antiguidade de 23 de Ju- ,

nho deíle anno de mil feifccntos noventa e cinco em diante que lhe ,

fiz efta mercê


,
pelo que mando aos Vedores de minlia fazenda lhes
fiiçaó aíTentar nos livros delia , os ditos trinta mil cruzados , a levar
em cada hum anno , nas folhas do aflentamento da Alfandega defta
Cidade, e da do Porto, para nellas lhe ferem pagos, com antiguida-
de dos ditos 23 de Junho deftc anno preíente , como dito he e ;

naó pagou novos direitos , por eu affim mandar , como conftou por
certidão
,,

da Cafa %eal Tortuguei^a. 355


certidão dos Officiacs dos novos direitos , que foy rota ao afíinar def-
ta minha Carta de padrão , que por íirmeza de tudo lhe rrandey dar
por mim aílinada , c íellada com o ScUo pendente, e no rcgifto do
Decreto , por virtude do qual íe paliou eftc padrão , fe porá a verba
do contheudo nella. Joaó de Almeida a fez cm Lisboa a vinte e dous
de Agoflo de mil Icilcentos noventa e cinco. Também naó ha de pa-
gar direitos velhos dePa mercc , por eu aííim o ordenar por Decre- ,

to de vinte e trcs de Junho defte anno. Martim Teixeira de Carva-


lho a fez efcrevcr.

ELREY.
O Marquez de Alegrete ^ João de Roxas e Azevedo, s
Pagou nada , e aos Officiaes quinhentos e quatorze reis. Lif-
boa trcs de Setembro de mil feifccntos noventa e cinco. D. Fran-
ciico Maldonado.

JJoaçoÕ dcIRey D. Pedro II. ao Infante D. Franci/co , das ViU


las cie V imicjo , e Aguiar da Beira , da Ca/a de Bobadella , e
as (jue for aã da Laja de Linhares ,
ccmJiiasVilIas, Pa-
droados , rendas , e furtjdicções , OV. Ejlá no liv.

6 1 da Chancellaria do dito Rey ,


pag, 10^,

íl VJill 1 LIAI V^l J l tl^ tH^ , \- V^Mia rtV'i3 lUliV/O , V.J


U V, M-r \^\JJ ^>AJI lUJa i1 li 1 J «_ v> i ».i J M.

me conccdco , e a que o fcu também a acere fcentar meus defcenden-


tes para conlcrvaçao , e defenfa da Coroa , procurando , que vivaó
em o Reyno , c tenbno nelle Cafas , e ef:ado competente à fua gran-
deza , e n uitos íucceíTorcs , em que mais íe perpetue , e dilate o fan-
gue Real , em que tanto coníifte o explendor do Reyno , e a uniaô
com CS eílranhos ^ e attcndendo a que o Infante D. Francifco , meu
muito an ado , e prezado filho , me faberá fervir , e merecer a mim
e ao Principe , meu fobre todos muito amado , e prezado f lho , e a
meus fuccclfores na Coroa defte Reyno, toda a merce , e honra,
que lhe f zer. PTey por bem de lhe fazer doação , con^o por eíla fa-
ço , das Villas do Vimiofo , e Aguiar da Beira , que por fentença ha-
vida contra o Conde do Vimioíò , forao julgadas por vagas para a
Coroa ; e aíítm mais da Cafa de Bobadella , e dos bens , que foraó
da Cafa de Linhares , com fuas Villas , rendas , Jurifdicçoes , Alcai-
darias mc res , Padroados , e datas de OfHcios , aÕim como os tiverao
os Donatários , por quem vagarão , como também dos Reguengos de
Villa-Nova de Portimão , Rendide, e o da Tojoía , e das Leíirias
chamadas o Torrão do di.ibo , e terras do Efteiro grande , que anda-
vaó com outras do meímo Torrão, e vagarão por morte do Conde
Tom. V. Yy ii de
2 5^ l?rovãí do Lh. VIL da Hiftoria Çeneahgka
de Figueiró , c dos fóros
,
que pagaô as terras do Reguengo da Ter-
rugem ,e Cafal de Almeirim ,
que forao de Manoel de Saldanha , e
os foros , que pertencem à Coroa, e efta doação; lhe faço de todos
eíles bens , de juro , e herdade , para fempre , e com a mefma natu-
reza , condições, jurifdicçóes , e prerogativas , com que ElRey meu
Senhor , e pay , que fanta gloria haja , rae fez doação da Cafa do In-
fantado , por Carta de padrão feita a onze do mez de Agoíto do an-
no de mil feifcentos cincoenta e quatro , as quaes hey aqui por ex-
preífas , e declaradas , como parte integrante , e eíTencial defta doação,
e com declaração , que os encargos , que fe acharem impoftos nos di-
tos bens até os dezaieis dias do mez de Dezembro do anno paíFado
de mil feifcentos noventa e fete , fe pagarão pelos feus rendimentos
em quanto nao vagarem , ou forem por outra via fatisfeitos , e do
mefmo modo fe pagaráó pelos ditos rendimentos os ordenados , ten-
ças , e rações da familia , que fervio a Infanta D.' Ifabel , minha fi-
lha , que eftá em gloria , que até agora íe fatisfaziaô pelos rendi-
mentos dos novos direitos , os quaes por Decreto meu de vinte e oi-
to de Novembro do anno paíTado mandey , que ficaífem livres das
,

confignaçóes , que tinhaó , para do primeiro de Janeiro defte preíente


anno, cederem a favor dos eíFcitos applicados à defenfa do Reyno,
e da mefma forte lhe faço mercê dos rendimentos vencidos deíles
bens , que naô eftiverem difpendidos ; e por firmeza de tudo o que
dito he , lhe mandey dar eíla Carta por mim affinada , e paíTada pela
Chancellaria , c fellada com o Sello pendente de minhas Armas , e
nao pagou novos direitos , nem velhos , por aílim o haver por bem.
Dada na Cidade de Lisboa aos vinte e hum do mez de Abril. An-
tonio Rodrigues da Cofta a fez. Anno do Nafcimento de Noííb Se-
nhor Jefu Chrifto de mil feifcentos noventa e oito. Mendo de Fo-
yos Pereira a fobefcrevi.

ELREY.
Francifco Mofinho de Albuquerque.

Pagou nada h fazenda delRey noíTo Senhor , por ter para iíTo
privilegio o Senhor Infante , pelo Regimento da Chancellaria , e aos
Officiaes delia , conforme ao mefmo Regimento , cento e vinte e no-
ve mil e trezentos reis , com o cordão ; e ao Secretario de Eílado
cincoenta e cinco mil e quinhentos e cincoenta e feis reis. Lisboa vin-
te e hum de Junho de mil e feifcentos e noventa e oito.

D. Francifco Maldonado.

Doação
da Cafa 'Real Tortugue:^a. 357
Doaçat) delRey D. Fedro ao Infante D. Franci/co^ das Lcfirias
de M ontiilvaõ M orroccira
, , Povos e
e dos quintos das Villas de ,

Cqjlanheira , e Senfwrijs das ditas Filias j da de Chcldros e Jtius ,

Padroados, e Mouchão do EJplendiaÕ. Eftá na Torre do Tom-


bo , na Chancellaria do dito Rey , no livro ,
(jue principia em
]/o^ ,
pag. 1^0 ver/'.

DOna França
Catliarina
cia , ,
por graça de Deos Raiiilia
e Irlanda , &c. Infanta de Portugal , como Rcgcn-
de Inglaterra , Efco- NuiTl. IA.
*
^
*7^>'
te dcftcs Reynos , e Senhorios, por impedimento de meu irmaó , o
Senhor Rey D. Pedro, Szc. Faço faber aos que efta minha Carta vi-
rem , que por parte do Inflinte D. Francifco , meu muito amado , e
muito prezado Ibbrinho , me foy apreíentado hum Decreto do dito
Senhor Rey nuu rmaó , cujo theor hc o ícguinre. Tendo confidc-
raçao a que como Rev , c pay íou obrigado a dar íuftentaçaó , e
,

Cafli , aos filhos , que Deos por fua miicricordia me conccdeo , e ac-
creícentar meus deícendentes , para coníervaçao , e defenfa da Coroa,
procurando , que vivaó no Reyno , e tenhao nelle Cafas e eftado ,

competente à fua grandeza , e muitos fucceíTores , em que mais fe


per petue , e dilate o fangue Real , em que tanto coníifte o expíen-
dor do Revno e a união com os eílranhos ; e attendcndo a que o
,

Infante D. Francifco , meu muito amado , e prezado filho , me fabe-


rá fervir , c merecer , a mim , e ao Príncipe , meu fobrc todos mui-
to amado , e [prezado filho , e a meus íiicceíTores na Coroa deíle
Reyno toda a mercê , e honra , que lhe fizer ; hey por bem de lhe
,

fazer doação , como por eíle Decreto lhe faço , das Lefírias de Mon-
talvão , Morraceira , e dos quintos das Villas de Povos , e Caílanhei-
ra , e Senhorios das ditas Villas , e da de Cheleiros , e dos Padroa-
dos , de todas as Igrejas , de que tinha doação , e eftava de poíle a
Condefla da Caílanheira D, Anna de Ataide , por cujo falecimento
eíles , e outros bens vagarão para a Coroa , e todos , como fe de ca-
da hum delles fizera elpecial menção , fou fervido , que fe compre-
hendaó neíla doação , e do mefmo modo lhe faço mercê , e doação
de Mouchão , chamado do Efplendiaó , com o que lhe tiver accrefci-
do , e novamente lhes accrefcer , o qual vagou para a Coroa , por fa-
le cimento de Martha Maria Deífa ; e eíla doação lhe faço dos ditos
bens , e rendimentos, que delias eíliverem vencidos, de juro, e her-
dade , para fempre , e com a mefma natureza , condições , jurífdic-
çoes , e prerogativas , com que ElRey meu Senhor , e pay , que fan-
ta gloria haja , me fez doação da Cafa do Infantado , por Carta de
padrão feita em onze de Agoílo de mil e feifcentos cincoenta e qua-
tro , as quaes hey aqui por expreíTas , e declaradas , como parte inte-
grante , c eíTencial deíla doação , de que fe nao pagarão novos direi-
tos , nem velhos, na Chancellaria, pelo ter aííim refolvido, e ha-
ver por bem ; e mando , que pelas partes a que tocao, fe lhe paíTera
os defpachos neceííarios. Lisboa fcis de Junho de mil e feteccntos
e cin-
,,

3 5 S Trovas do Liv, VIL da Hifloria Çenealogka


e cinco , com rubrica de Sua Magcílade. Pedindome o dito Infante
meu íbbrinho , como Regente , que jbu deíle Reyno , lhe mandaíTe
paííar Carta de padrão defta doat^aó , na fcrma do eílylo , para que
ella tenha toda a legalidade , e firmeza neceílaria ; e eílimando eu
naiito particularmente a reioluçao delRey meu irmaó , accrefcentar a
Caía , e eftado do Infante , como pede o grande amor , e aífeiçao ,
que lhe tenho , lhe mandey paíFar efta Carta de doação , de todos os
ditos bens coiitheudos no Decreto acimia incorporado, com todos os
Padroados , jurifdicçces , prerogativas , e privilégios nelle declarados,
a qual vay aíllnada por mim , e ferá paliada pela Chancellaria , e
fellada com o Sello pendente das Armas Reaes deíle Reyno-, e nao
pagou novos direitos, nem pagará direitos velhos, pelos naó dever,
como íe dilpoem no Decreto acima iníerto. Dado na Cidade de Lií-
boa aos vinte e oito do mez de Julho. Antonio Pvcdrigues da Cof-
ia a fez anno do Naícimento de Noílb Senhor Jefu Chriílo de mil
e fetccentos e cinco. D. Thomas de Almeida o lobefcreveo.

A RAINHA.

Dcaçao de/Rey D. Jono o V. ao Infante D. Franci/co^ do Vala-


cio da Bempojla , com Jiias íjuintas , ^c. e das cajus ,
queJo-
rao do túontúi o mor. Ejhí na dita Chancellaria ^
pag; 6o,

Nurn. 14. < I


"1 Om Joa6por graça de Deos Rey de Portugal , &c. Faço faber
qi-^e eíla minha Carta virem, que deíejando eu accrefcentar,
An 11 07
' '* e augmentar a Caia do Infante D. Francifco , meu muito amado, e
prezado irmão , peio muito amor, que lhe tenho , e eílimaçaó que ,

faço de íua peílba , como he razão , e pede hum taó eftreito vinculo
de fangue , e tendo por certo , que crrrefpondendo elle a quem he
e às fuas grandes obrigaçf cs, me faberá merecer todo o accrelcenta-
, mento , que lhe fizer me praz , e hey por bem de lhe fazer doação,
,

como por ef a minha Carta delde lego faço , do Palacio , que tenho
neíla Cidade de Lisboa, no íkio da Bempof.a, e da quinta que eílá ,

inyílica com o mefnio Palacio , e pertenças do melmo Palacio , e


quintal; outro fim lhe faço também doação das ca^os , que foraõ do
Monteiro mòr do Reyno Garcia de Mello , que ElPvey meu Senhor,
e pay , que eftá em gloria lhe comprou , as quaes eílaô neíla Cida-
de , na Rua da Fundição, Junto h Corte-Real , tudo com a mefma
natureza, e cl au fulas , e condições, com que EíRcy mscu Senhor, e
pay , inftituío a Cafa do Infantado , na peílba do dito Infante e ,

feus defcendcntes , e os mais , que tem vocação na dita inílituiçao


contlieudo no tcílamento do dito Senhor Fvcy , as quaes hey aqui por
expi ciladas , e declaradas, como fe delias fízelTe eípecifíca menção;
e eíla doação lhe faço de juro , e herdade, para fempre , para elle,
e fcus defcendcntes , e outro fim lhe largo o Palacio , e a quinta de
Qiieluz , para que poíTua huma , e outra coufa , na mefma forma
em
, ,

da Cafa TR^al Tortugne^a. 359


em que eu a poíTuo , e a poíllihia. em
fua vida ElRey meu Senhor
e pay ; c por firmeza de tudo o que dito he , lhe imndey dar efca
Carta por mim aíTinada , e paíTada por minha Chancellaria , e íellada
com o Scllo pendente de minhas Armas. Dada na Cidade de Lisboa
aos quatorze dias do mez de Julho. Manoel da Foníeca a fez anno
do Naícimento de NoíTo Senhor Jclu Chrifto de mil c fetecentos e
íete. Diogo de Mcndoça Corte-Real o Ibbreícrevi.

ELREY.
Joaõ de Andrade Leitão.

Pagou nada por privilegio e aos Officiaes nada , por quitarem,


,

Lisboa vinte e tres de Julho de mil e fetecentos e íete.

Jeronymo da Nóbrega de Azevedo.

Carta de padrão de ij4o'U reis de juro na Alfandega de TJf" ,

hoj para pagamento dos Capellaens da Capella da Bsmpcjia.


,

Ejlâ na Cliancellaria delRey D. Pedro II. do anno


lyoó , pag, iS verf.

DOm ves
,
PeJro por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algar-
daquem e dalém , mar em Africa, Senhor de Guine , e da
,
£JJí.
^'
j-^
"
t ^ -
5
Conquifta navegação, Comercio da Ethyopia , Arábia, Períia , e da i/oú.
índia , &c. Faço faber aos que efta minha Carta de padrão virem ,
que eu mandey paíTar tres Decretos , hum a vinte de Janeiro de mil
e fetecentos e quatro , e os dous , hum delles em vinte e cinco de
Janeiro , e o outro em dez de Junho do anno palfado de mil e fete-
centos e cinco , dos quaes Decretos os treslados fao os feguintes. Por
juftas confideraçôes de meu ferviço , e da publica utilidade deíle Rey-
no, fòu fervido ordenar, que para as defpezas neceíTarias à fua de-
fenla fe vendao quarenta mil cruzados de juro , nos rendimentos da
,

Alfandega defta Cidade , cujo principal importa oitocentos mil cruza-


dos , a rezaô de cinco por cento , que he a refpeito de vinte por mi-
lhão , e para , que as partes tenhaó infallivel fegurança no pagamen-
to dos juros , que comprarem , quando por algum accidente íucceda,
que os rendimentos da dita Alfandega diminuao , ou nao cheguem pa-
ra fatisfazer os ditos juros , hey por bem , que nefte cafo fiquem fub-
fidiariamente na mefma obrigação os rendimentos da Cafa de Bnqgnn-
ça , o que por elles com certidão , de que naô tiveraó cabimento cm
parte, ou em todo os ditos juros na Alíhndc^2;a , fe pague às partes,
e para eíle effeito , aílim as rendas da dita Cafa , como os rendimen-
tos dos novos direitos da Chancelíaria môr, fou fervido fiquem obri-
gados por efpecial hypothcca , à fegurança do principal , e reditos da
venda deíles juros, e aílim o mando declarar por Decretos da data
deíle
,,
,,

^6 o "Provas do Lh. V IL da Hlfloria Çenealogka


dcf?:e ,
Juntas dos Trcs Eílados, e Cafa de Bragança, dirpenfando
às
como Rey na Ley ,
que prohibe a hypotheca , ou alheaçaó dcs bens
da Coroa ; e o dinheiro procedido da venda deíles juros , íe ha de
entregar a Alexandre da Coíla Pinheiro, Thefoureiro das defpezas
extraordmarias do Exercito , c com conhecimento em forma de Tua
receita , aííinado por elle , fe paífaráo padrccns às partes , conforme
as entregas , que lhe tiverem feito ; e para que venha à noticia de
todos eíta minha reíoluçaô , fe publicará por Editaes neíla Cidade,
e Comarcas do Reyno , expedmdo-fe para eíle eíieito as ordens ne-
ceílàrias para os Provedores delia o Confelho da Fazenda o tenha
:

aíTim entendido , e neíla conformidade o laça executar. Lisboa oito


de Janeiro de mil e fetecentos e quatro.

REY.
Sou fervido ordenar , que fe continue a venda dos quarenta mil
cruzados de juro , que por Decreto de oito de Janeiro do anno paf-
fado de mil e fetecentos e quatro , mandey tomar íobre os rendimen-
tos da Alfandega deila Cidade , com hypotheca , e obrigação fubíi-
diaria , dos bens da Cafa de Bragança , e dos novos direitos da Chan-
celiaria , na forma , que no meímo Decreto fe contém , fem embar-
go ide outro , que fe paíTou no mefmo dia , e de quaefquer outros
qu& fe hajao paílàdo em contrario , com duas declarações , que de
mais mando fazer. A
primeira , que eíles taes juros dos quaes man-
do continuar a venda , e íe comprarem da data deíle Decreto em
diante , naó poderáó fer reduzidos cm tempo algum , fem embargo
também de qualquer outro Decreto , que fe tenlia paífado para a re-
ducçaó dos juros ; a fegunda , que todo o dinheiro procedido deíles
juros , que ao todo importao de principal oitocentos mil cruzados
fe haó de entregar ao Thefoureiro mor da Junta dos Tres Eílados
para as defpezas da guerra , e naó a Alexandre da Cofta Pinheiro
como fe tinha ordenado pelo dito Decreto de oito de Janeiro de mil
e íbtecentos e quatro , e com conhecimentos em fórma , tirados do
livro da receita do dito Thefoureiro mor dos Tres Efíadcs , fe paífa-
ráó padroens às partes, das quantias dos juros, que comprarem: o
Confelho da Fazenda o tenha entendido , para neíla conformidade
mandar paíTar logo as ordens neceíTarias. Lisboa vinte e cinco de Ja-
neiro de mil fetecentos e cinco.

RAINHA.
Por Decreto de vinte e cinco de Janeiro deíle anno fuy fervida
ordenar fe continuaífe a venda dos quarenta mil cruzados de juro
que por outro Decreto de oito de Janeiro de mil e íctecentos e qua-
tro , havia mandado tomar fobre o rendimento da Alfandega deíla
Cidade , com as hypothecas nella contlieudas, e com duas declara-
ções , huma das quaes fby , que os ditos juros fe naô poderiaó redu-
zir em tempo algum , e porque a experiência tem moítradp queeíla
cia u fula
da Cafa %eal Tortugue^a, 3 íi
claufula nao produzio o effcito ,
que que podendo fer-
fe efperava , e
vir de tirar alguma apprehcnçaó das peíFoas , que quizerem comprar
os ditos juros , fcmpre quando ic queira diftratar fica à vontade ,

das partes quererem antes a fua reducçao , que o diílrato hey por :

bem de levantar efta claulula , e fe naó ponha nos padroens , que fe


palTarem daqui em diante, e que fora delia fe obferve tudo o mais,
que fe contém no dito Decreto de vinte e cinco de Janeiro defle an-
no o Confelho da Fazenda o tenha entendido e nefta conformida-
: ,

de o faraó dar à execução. Lisboa dez de Junho de mil e feteccii-


tos e cinco.
RAINHA.
de Soufa Mexia , do meu Confelho , e meu Se-
Bartholomeu
cretario da AíTínatura, ordene a Francifco Ferreira Nobre , Thefou-
reiro do Inventario dos bens , que ficarão da Rainha da Grãa Breta-
nha , minha muito amada irmãa , que eftá em gloria , que todo o di-
nheiro que reftar de feu recebimento , depois de fatisfeitos os lega-
,

dos e mais encargos do teífamento , fe entregue a Miguel Diogo


,

da Gama , Thefoureiro môr dos Tres Eftados , para compra de juro,


dos que mandey vender para as defpezas da guerra , e o que refultar
deíla compra hey por bem fe applique para a confervaçaó da Capel-
la dos Paços da Berapofla , de que fe tirará padrão neíla conformi-
dade. Alcantara vinte e cinco de Fevereiro de mil e fetecentos e feis,

ELREY.
E em virtude dos ditos Decretos acima encorporados , mandou
logo entregar o Defembargador Bartholomeu de Soufa Mexia , do
meu Confelho, e meu Secretario da Aífinatura , como Procurador da
Cafa do e Adminiftrador dos Paços da Bempoíla , por
Infantado
,

Francifco Ferreira Nobre , Thefoureiro do Inventario dos bens , que


fícaraó da Sereniííima Senhora Rainha de Grãa Bretanha , minha mui-
to amada irmãa , que eftá em gloria , trinta e quatro contos e oito-
centos mil reis , para compra de hum conto fetecentos e quarenta
mil reis de juro cada anno , nos rendimentos da Alfandega deíla Ci-
dade , para a confervaçaó da Capella Real dos Paços da Bempofta ,
de que fe paífaraó dous conhecimentos em fcrma para dos ditos
,
hum conto fetecentos e quarenta mil reis de juro , fe pafTar padrão
cm nome do Thefoureiro da dita Cafa do Infantado , para fe difpen-
derem nos ordenados , e mais defpezas da dita Capella Real , dos
quaes dous conhecimentos em forma, os treslados he o feguinte. A
folhas duzentas trinta e huma verfo , do livro fegundo da receita ge-
ral , que ferve com o Thefoureiro mor dos Tres Eftados Miguel Dio-
go da Gama, lhe ficaó carregados vinte contos de reis, que reccbeo
de Francifco Ferreira Nobre, Thefoureiro do Inventario dos bens,
que ficarão da SereniíUma Rainha de Grna Bretanha , que ellá em glo-
ria por ordem , que deu ao dito Francifco Ferreira Nobre, Bartho-
,

lomeu de Soufa Mexia , do Confelho de Sua Magcftade , e feu Se-


Tom. V. Zz crcíario
,

jtfz Trovas do Ltv, VIL da Hijloria (genealógica


cfetario da AíTinatura , em cumprimento hum Decreto de vinte e
de
cinco de Fevereiro , próximo paflado , por conta da venda dos qua-
renta mil cruzados de juro, que a meíma Sereniílima Rainha da Graa
Bretanha mandou tomar , fobre o rendimento da Alfandega defta Ci-
dade , na forma de hum feu Decreto de vinte e cinco de Janeiro
do anno paílhdo , de mil fetecentos e cinco , por donde fe ordenou o
fobrcdito ao Confelho da Fazenda , como le declara em outro de vin-
te e oito do mefmo mez , e anno , que fe remetteo à Junta dos Tres
Eftados , e o juro , que importar a dita quantia fe ha de applicar
para a confervaçaó da Capella dos Paços da Bempoíla , como fe de-
clara no dito Decreto de vinte e cinco de Fevereiro , pelo qual he
Sua Mageftade fervido , que todo o dinheiro , que reftar a recebi-
mento do dito Francilco Ferreira Nobre , depois de fatisfeitos os le-
gados , e mais encargos do teftamento , fe entregue ao dito Thefou-
reiro mor dos Tres Eftados , para compra do dito juro , e da dita re-
ceita fe paíTou efte conhecimento em forma , para em virtude delle fe
paíFar padrão da dita quantia , e ir lançada na folha da mefma Alfan-
dega, conforme a antiguidade das peíToas de quem fe recebe o di-
nheiro , que fe contará do dia em que fe fizer a entrega delle , feito
por mim , e aílinado por ambos. Lisboa o primeiro de Março de
mil fetecentos e feis. AfFonfo da Sylva Pedrozo í:: Miguel Diogo
da Gama. t=: A folhas cento e feOenta e duas verfo , do livro de
mil e fetecentos , do regifto geral de guerra , fica regiftado efte co-
nhecimento em forma. Lisboa o primeiro de Março de mil e fete-
centos e feis. ti: Gomes, Afolhas duzentas e trinta e tres do li-
vro fegundo da receita geral , que ferve com o Thefoureiro niôr dos
Tres Eftados Miguel Diogo da Gama , lhe íicao carregados em re-
ceita , quatorze contos e oitocentos mil reis , que recebeo de Fran-
cifco Ferreira Nobre , Thefoureiro do Inventario dos bens , que fica-
rão da Sereniílima Rainha de Grãa Bretanha , que eftá em gloria , por
ordem , que deu ao dito Francilco Ferreira Nobre , Bartholomeu de
Soufa Mexia , do Confelho de Sua Mageftade , e feu Secretario da
Aííinatura , em cumprimento de hum Decreto de vinte e cinco de
Fevereiro , próximo palTado , defte anno prefente , por Carta da ven-
da dos quarenta mil cruzados de juro , que a mefma Sereniílima Rai- ,

nha da Gráa Bretanha mandou tomar , fobre o rendimento da Alfan- |

dega defta Cidade , na fínnia de hum feu Decreto , de vinte e cinco


de Janeiro do anno paftado , de mil fetecentos e cinco , fe ordenou o
fobredito ao Confelho da Fazenda , como fe declara em outro de vin- ,

te e oito do melnio mez, e anno , que fe remetteo ajunta dos Tres I

Eftados , e o juro , que importar a dica quantiíi fe ha de applicar pa-


ra a confervaçaó da Capella dos Paços da Bcmpofta , como fe decla-
ra no dito Decreto , de vinte e cinco de Fevereiro , pelo qual he Sua
Mageftade fervido , que todo o dinheiro , que reííar do recebimento
do dito Francifco Ferreira Nobre , depois de fatisfeitos os legados ,
e mais encargos do teftamento, í"e entregue ao dito Thefoureiro n òr
dos Tres Eílados Miguel Diogo da Gama, para compra do dito ju-
ro ^ e da dita receita, fe paílou efte conhecimento cm fórma , feito
por
da Caja 7(eal Tortuguei^a, 3 í3
por mim Contador da Contadoria Geral de Guerra, e Reyno, e af-
íinadr) por ambos , para em virtude delia fe paíTar padrão da dita
quantia, e ir lãí;|,^ada na folha da rr.cfma Alfandega, conforme a anti-
guidade das pcíloas de quem fe recebe o dito dinheiio , que fe con_
tará do dia em que fc fizer a entrega delle. Lisboa vinte feis d^
Abril de mil fetecentos e feis. Fernando de Abreu Ravafcí; p= Mi_
guel Diogo da Gama. =r A folhas cento e feífenta e quatro vcrfo"*
do livro de mil fetecentos e tres , do regifto geral de guerra , fic^
rcgiftado efte conhecimento em forma. Lisboa vinte e fete de Abrij^
de mil fetecentos e feis. Pedindome o dito Bartholomeu de Souf^
Mexia , Procurador da Cafa do Infantado , a quem fuy fervido encar
regar a adminiftraçaó dos Paços da Bempofta , que por elle tinha man"
dado entregar ao Thefoureiro mor da Junta dos Tres Eftados Migue~
Diogo da Gama , trinta e quatro contos e oitocentos mil reis , por
Francifco Ferreira Nobre , Theíbureiro do Inventario dos bens , que
ficarão da dita Rainha da Grãa Bretanha , minha muito amada irmaa,
que eftá em gloria , que logo lhe foraô entregues , como conftava
dos dous conhecimentos em forma , acima tresladados , IJie mandaífe
paTar hum conto fetecentos e quarenta mil reis de juro , que na dita
qviantia montão a razão de vinte o milhar , em nome do Thefoureiro
da dita Cala do Infantado , para fe difpenderem nos ordenados , e
mais delpezas da Capella dos ditos Paços , e confervaçao delia , e lhe
ferem aflentados nos rendimentos da Alfandega defta Cidade , com as
declarações referidas nos ditos Decretos acima incorporados o que
:

tudo vifto por mim lhe mandey paífar efta Carta de padrão , pela
qual , no melhor modo , que poífa íer , e de direito mais valer , ven-
do , e hey por vendido , e faço venda livre ao dito Defembargador
Bartholomeu de Soufa Mexia , Procurador da Cafa do Infantado , co-
mo Adminiftrador dos ditos Paços da Bempofta , dos ditos hum con-
to fetecentos e quarenta mil reis de tença cada anno , de juro , e her-
dade , para fempre , fora da Ley mental , e condição de retro , a pre-
ço de vinte o milhar , pela dita quantia de trinta e quatro contos e
oitocentos mil reis , nas rendas , e rendimentos delias , de meus Rey-
nos , e Senhorios de Portugal , e o direito de os haver , e receber em
cada hum anno , de mim , e dos Reys meus fucceftbres , fem íè def-
contar coufa alguma do preço que nelles monta , como bens , e pa-
,
tnmonio feu livre , e iíento , fem fe poder dizer , que íaó bens da
Coroa , ou que haó de ter alguma natureza delia , e o dito Defem-
bargador Bartholomeu de Soula Mexia , como Adminiftrador dos di-
tos Paços da Bempofta começará a vencer os ditos hum conto fe-
,
tecentos e quarenta mil reis de juro, a faber hum conto de reis do
:

pnmeiro de Março defte anno prefente de mil e fetecentos e feis , e


-fetecentos e quarenta mil reis de vinte e feis de Abril do mefmo an-
no em diante que foraó os dias em que fe fez a entrega dos ditos
,

^í'"^^ Ç quatro contos e oitocentos mil reis , e os haverá , e os mais


Adminiftradores , que pelo tempo a diante forem , os tenhaó , e ha-
jao , com a condição , e paélo de retro para que a todo o tempo
,
tu , ou CS Reys meus fuccellores, os quizermos tirar, o poflamos ta-
Tom. V. 2z ii zer^
3^4 ^^^'^^^ Hifloria (genealógica

zer , tornandolhe outra vez os ditos trinta e quatro contos e oito-


centos mil reis , que no dito juro montou , feni deli es le defcontar
coufa alguma do preço, porque lhes aíTim vendo; e elle dito Admi-
niftrador , e os que pelo tempo em diante forem da dita adminiftra-
çaô , feraô obrigados a nolo tornar , tornandolhes JuntaÍTiente o que
nelle em parte , ou em todo remio , montar no dito preço de vinte
o milhar , na fórma , que fica dito , e eu em meu nome , e dos Reys
meus ílicceirores , hey por bem , que nunca íe poCCa allegar em juizo,
nem fora delle , que na venda defte juro , que houve lezao de mais
de metade do jufto preço , fem embargo da Ordenação do livro quar-
to , titulo treze , parrafo nono , em cafo , que por alguma maneira
agora , ou pelo tempo em diante fe ache , ou determine , que vai
mais em pouca , ou em muita quantidade , e que nefta venda houve
deminuiçao da quarta parte do juílo preço , em tal cafo eu dagora
para fempre , em meu nome , e dos Reys meus fucceíTores , faço pu-
ra , livre , e irrevogável mercê , e doação , entre vivos valedoura , ao
ídito Adminiftrador dos Paços da Bempofta , da dita melhoria , e mais
valia ; e fe cm algum tempo fe achar , ou 'determinar de feito , ou de
direito , que efta venda he ufuraria , e que fe naó podia fazer em
parte , ou em todo , por qualquer modo , que feja hey por bem , e
:

me praz , por alguns juftos refpeitos , de minha livre vontade faço


mera doação , com.t) com effeito faço , por eíla Carta , ao dito De-
fembargador Bartholomeu de Soufa Mexia , Adminiftrador dos Paços
da Bempofta , e os mais , que pelo tempo em diante forem da dita
adminiftraçaó dos ditos hum conto fetecentos e quarenta mil reis , da-
quella parte , em que a tal duvida fe mover , ficando porém firme,
e em feu vigor o dito padto de retro ; e acontecendo , que em al-
gum tempo íe faça Ley ,
Regimento , ou Capítulos de Cortes , ou
por qualquer outra via fe introduza ufo , ou coftume , que poíTa pre-
judicar às coufas contheudas nefta Carta, quero, que nella na6 hajaô
lugar , e que fe cumpra inteiramente , fem embargo das ditas coufas,
e de quaefquer I.eys , ou mandados , que €m geral , ou em particu-
lar , eu , ou os Reys meus fucceftbres mandarmos fazer : o que tudo
aífim hey por bem , de meu próprio moto , certa fciencia , poder
Real , e abíbluto , e para «fte effeito derogo , e hey por dcrogada a
Ley mental , e todos os parrafos delia , e Capítulos , e Ordenação
do livro quarto , titulo feífenta e fete
,
que trataó das ufuras, como
fao defezas , e do que vende alguma coufa com condição , e dos par-
rafos delias , e de quaefquer Leys , e mandatos Ordenações glofas,
, ,
c opinioens de Doutores , que em parte , ou em todo forem contra
o que nefta Carta fe contém , pofto que tenhaó claufulas , de que
fofte necclfario fazerfe aqui expreíTa menção , e derogaçaô de verl^o
aã verbiim , as quaes todas , e cada huma delias em quanto forem
contra o contheudo , de meu poder Real, e abfoluto, hey por de-
rogadas , e a Ordenação do livro fegundo, titulo quarenta e quatro,
em que diz fe nao entenda fer derogada Ordenação alguma , íe d cila
fe naó fizer exprelíà menção hey por bem , que hum conto fete-
:

centos <& quarenta juil reis de juro, lhe fejaô aíTentados nos rendimen-
tos
da Cafa T^al Tortugues^a. 3 í5
tos da Alfandega dcfta Cidade , para nella lhe ferem pagos com an-
tiguidade , a faber hum conto de reis do primeiro de Março defte
:

anno prefente de mil e fetecentos e feis ; e fetecentos e quarenta mil


reis de vinte e de Abril do mefmo anno em diante, em que en-
feis
tregarão os ditos trinta e quatro contos e oitocentos mil reis , com
declaração que quando por algum incidente fucceda , que os rendi-
,

mentos da dita Alfandega diminuaô , ou naó cheguem para latisíazer


eftes hum conto fetecentos e quarenta mil reis de
juro hey por bem,
,

que nefte cafo fiquem fubíidiariamente na mefma obrigação os rendi-


mentos da Cafa de Bragança , e que por elles , com certidar) , de
que naó teve recebimento em parte ou em todo o dito juro na Al-
, ,

fandega fe lhe paguem ; e para efte eíieito aífim as rendas da dita Ca-
fa , como os rendimentos dos novos direitos da Chancellaria mòr ,
fou fervido , que fiquem obrigados por eípecial hypotheca , e fcgu-
rança do principal , e reditos , da venda defte juro , difpenfando co-
mo Rey na Ley , que prohibe a hypotheca ou aliieaçaó dos bens da
,

Coroa e poderá efte juro fer reduzido na forma dos mais , que naó
tem claufulado fe naó poderem reduzir na forma declarada no ulti^
mo Decreto nefte incorporado e em cafo que os ditos Adminiftra-
; ,

dores quizerem mudar efte juro para qualquer outra parte , Cafa , ou
Almoxarifado ou rendas minhas , o poderáó fazer , e hey por bem,
,

que fe lhe mudem as vezes , que quizerem , naó fendo em prejuízo


dos que nella primeiro eftiverem aíTentados , e nefta forma hey a di-
ta venda por feita e acabada ; e aííim a aceitou o dito Defembarga-
,

dor Bartholomeu de Soufa Mexia , Adminiftrador dos Paços da Bem-


pofta , e foy de tudo contente , com todas as clau fulas , condições
acimsi referidas , e para mayor firmeza defta venda fuppro , em quan-
to he neceílario, todos os defeitos , de feito , ou de direito , que nif-
to poílaó intrevir e rogo , e encomendo a todos os Reys meus fuc-
,

ceítores , que depois de mim vierem, cumpraó , e façaó cumprir efta


Carta , e cada huma das coufas nella contheudas , inteiramente fcm
duvida , nem contradiçaó alguma , pelo que mando ao Thefoureiro ,
que hora he , e ao diante for da dita Alfandega , que do dito tem-
po a cima referido em diante , em cada hum anno , dê , e pague ao
dito Defembargador Bartholomeu de Soufa Mexia , como Adminiftra-
dor dos ditos Paços da Bempofta , os ditos hum conto fetecentos e
quarenta mil reis de juro , aos quartéis , do anno por inteiro , e fcm
quebra alguma , pofto que ahi haja por efta fó Carta geral fcm mais
,

fer neceffario outra Provifaô minha , nem mandados dos Vedores de


minha fazenda , fem dos ditos rendimentos fazer outra defpeza algu-
ma , por efpecial que feja até o dito Defembargador Bartholomeu
, ,

de Soufa Mexia , como Adminiftrador dos ditos Paços da Bempofta,


fer pago dos ditos hum conto fetecentos e quarenta mil reis de ju-
ro e ainda que eu mande fazer outros pagamentos aíTim meus , co-
',

mo de partes , que o dito Thefoureiro tenha na folha do afíentamen-


to , ou por als^uma Provifaô , o qual pagamento lhe aííim fará fem
efperar pela dita folha
,
pofto que os ditos hum conto fetecentos e
quarenta mil reis naó vaó lançados nella, fem embargo do Regimen-
to
,

}6 6 Trovas do Ltv» VIL da Ht floria Çenealoglca


to ern contrario , e com conhecimento em fórma do Thefoureiro da
Cala do Infantado , que ha de cobrar os ditos hum conto fetecentos
e quarenta mil reis de juro para os dilpender nos ordenados , e mais
dcfpezas da Capella Real dos ditos Paços da Bempofta , na fórma
acima referida , mando aos Contadores de minha Cala , levem em con-
ta ao dito Thefoureiro o que lhes aífim pagar cada anno , e naó o
cumprindo elle inteiramente como acima he declarado , hey por bem,
que incorra em pena de cincoenta cruzados , ametade para cativos e ,

a outra ametade para quem o accular ; e mando ao Ouvidor da dita


Alfandega defta Cidade , ou a qualquer Corregedor do Civel delia
que fendolhe requerido por parte do dito Adminiílrador , que hora
he , e ao diante for , que com muita brevidade façaó execução no di-
to Thefoureiro, pela dita pena, cada vez , que nella incorrer, elhe
façaó fazer com eífeito o dito pagamento , e os Vedores de minha fa-
zenda , que lhes façaó aíTentar nos livros delia os ditos hum conto
letecentos e quarenta mil reis de juro , do dito tempo acima referi-
do , e em diante levar em cada hum anno na folha do aíTentamento
da dita Alfandega , para nella lhe ferem pagos , na fórma referida ,
conífandolhe primeiro por certidão nas coftas defte , de como no li-
vro da receita , que ferve com o Thefoureiro Miguel Diogo da Ga-
ma à margem , de que manarão os ditos conhecimentos em fórma ,
nefte tresladados , fícaó poftas verbas de como fe paíFou efta Carta de
padraó dos ditos hum conto fetecentos e quarenta mil reis de juro a
retro , de vinte o milhar , a qual Carta de padraó fe regiífará no li-
vro dos regiílos da dita minha fazenda , e os ditos conhecimentos em
fórma foraó rotos ao aílinar deíle padraó , que por firmeza de tudo
mandey dar ao dito Defembargador Bartholoraeu de Soufa Mexia ,
Adminiftrador dos Paços da Bempofta , por mim aíllnado , e fellado
com o meu Sello de chumbo pendente. Joaó de Almeida o fez em
Lisboa a vinte de Julho de mil e fetecentos e feis. Martini Teixei-
ra de Carvalho o fez cfcrever.

ELREY.

Donça^ de/Rey ao Infante D. Francifco , das quintas da Murtei-


ra ^ do Alfeite i
e terras das Mamatas , e outras , Z^c, Ejlã
no dito livro , pag. yo.

V>tos Rey de Portugal , &c. Faço faber


^^um
^
J A.6
T"
T^^'^
i^aos que
P^**
eáa minha Carta virem, que defejando eu accrefcentar,
An. 1707. e augmentar a Cala do Infante D. Francifco, meu muito amado, e
prezado irmaó , pelo muito amor, que lhe tenho , e eílimaçaó , que
faço de fua peíloa , como he razaó , e pede hum taó eftreito vincu-
lo de langue , e tendo por certo , que correfpondendo elle a quem
Jie , e às fuás grandes obrigações , me faberá m.erecer em todo o ac-
crefcentamento , que lhe fizer , me praz , e hey por bem de lhe fa-
zer
,,

da Cafa ^eal Tortugua^a. 3 7


zer doação , alem de outras , como por efta minha Carta deíUe logo
lhe faço , da quinta da Murteira , que ElRey meu Senhor , e pay
que eííá em gloria , comprou ao Conde de Soure D. Joaó da Goíla
de Soufa , e fua mulher D. Luiza Francifca de Távora , e da quinta
da praya de Alfeite , que chamaó da Penha , que o mefmo Senhor
comprou a Giraldo Huguer Marcem , por tres contos e fetcccntos
mil reis , e remio o foro da niefma quinta , e das terras das Marno-
tas , com fua Cavallariça grande , e cafas do Feitor , que o mefuiq
Senhor comprou a Manoel da Sylva , e a fua mulher Ignez JNÍaria
Barbofa por preço de dous contos e quatrocentos mil reis , e do
,

Cafal ,
que no mefmo íitio das Marnotas , que o mefmo Senhor
eftá
comprou a D. Dimiana de Barros e Sampayo, por hum conto de
reis , e de hum pedaço de terra no mefmo fitio das Marnotas , que
fe comprou a Anna Maria por vinte mil reis , tudo com a mefma na-
tureza , e claufulas, e condições, que ElRey meu Senhor, e pay,
inftituio a Cafa do Infantado , na peiroa do dito Infante e feus del-
,

cendentes , e os mais ,
que tem vocação na dita iníHtuiçao conthcu-
da no teftamento do dito Senhor Rey , as quaes hey aqui por ex-
preíTas , e declaradas-, como fe delias íizeíTe efpecifíca menção , e ef-
ta doação lhe faço de Juro , e herdade para fempre, para elle
,
e ,

feus defcendentes , e os mais chamados na dita inftituiçaó ^ e outro


/im declaro , que ao mefmo Infante D. Francifco , meu irmaó , per-
tencem , em virtude da inílituiçaó teílamentaria delRey meu Senhor,
c pay , as fazendas abaixo declaradas , das quaes humas foraó com-
pradas pelo dito Senhor Rey para a Cafa do Infantado , e outras cx-
preíTamente para o Infante D. Francifco , e fe he neceíTario , lhe faço
novamente doação delias , com a mefma natureza , com que lhe lo-
raô deixadas por ElRcy meu Senhor, e pay , para elle, c feus def-
cendentes , e todos os mais , que fao chamados na dita inílituiçaó,
Jia mefma forma eiu que lhe faço doação das mefmas fazendas acima
,

declaradas, e as ditas fazendas fao as feguintes : A


quinta da prava
de Alfeite , nos lemites da Romeira a velha , no Termo da Villa de
Almada , que fe comprou por intervenção do Defembargador Bento
Teixeira de Saldanha , Procurador da Cafa do I nfantado , para os Ad-
miniftradores delia, e fe incorporou na msfma Cafa, por cento e fe-
tenta mil reis de juro , ao Conde de 1 arouca Joaô Gomes da Sylva,
e a fua mulher a CondeíTa D. Joanna Rofa de Menezes. E a quiii-
ta na mefma praya de Alfeite que fe comprou ao Defembargador
,
Antonio da Maya Araiha , para a m^Oni Cafa do Infantado , por
quinhentos mil reis ; humas terras chamadas as Pareiras , íitas nas
Cortes , linfite de Salvaterra de Magos , que fe comprarão para o
mefmo Infante D. Francifco , que efta de poífe delias , ao Conde de
Soure D. Joaó Jofeph da Cofta e Soufa , e a fua mulher D. Luiza
Francifca de Távora , por preço de oito mil cruzados ; e humas ter-
ras em Campolide , Buenos-Ayres , que conílaó de dous Prazos que ,

fe comprarão para o mefmo Infante , e para feus herdeiros e fuccef- ,

fores a Luiz de Miranda Henriques , por hum conto de reis ; e por


,

firmeza de tudo o que dito he , lhe mandey dar eíta Carta por mim
aílinada
3Ó8 Trovas do Lh. VIL da Hijloria Çetwalogtcd

aílinada, e paíTada por minha Chancellaria , e fellada com o meu Sei-


jo pendente de minhas Armas , e naó pagou novos direitos , e nem
pagará direitos velhos , por nao dever huns , nem outros. Dada na
Cidade de Lisboa ao primeiro de Agofto. Lourenço Gomes de Arau-
jo o fez, anno do Nafcimento de Noílb Senhor Jelu Chrifto, de mil
e íetecentos e íete. Diogo de Mendoça Corte-Real o Ibbefcrevi.

ELREY.

Doíjça^ da CaJa da Feira ao Infante D. Franci/co, EJiá no di-


to livro , pag. 110,

Num *
1 ã.n
T" /
Tl ber J^^^ ^^^^^ ^^^^
aos que efta minha Carta virem ,
Portugal , &c. Faço fa-
que defejando eu accref-
An. 1702. centar , e augmcntar a Cafa do Infante D. Francifco , meu muito
amado , e prezado irmaó , pelo muito amor , que lhe tenho , e efti-
maçao , que íaço de fua pelToa , como he razaô , e pede li um taô ef-
treito vinculo de langue , e tendo por certo , que correfpondendo el-
le a quem he , e às luas grandes obrigações , me laberá merecer todo
o accrefcentamento , que lhe fizer , me praz , e hey por bem de lhe
fazer mercê , e doação , além de outras , como por efta minha Car-
ta defde logo lhe faço , de lhe conceder todo o direito que a Co-
,

roa tem na Cafa da Feira, que vagou pelo ultimo poíTuidor delia,
o Conde D. Fernando Frojaz Pereira, pela fentença que ultiinamen-
,

te fe proferio a feu favor , a qual ceífaó , e doaçaó , lhe faço com a


mefma natureza , e claufulas , e condições , com que ElRey meu Se-
nhor , e pay , inftituio a Cata do Infantado , na peílba do dito In-
fante , e feus defcendentes , e os mais , que tem vocação na inftitui-
çaô contheuda no teftamento do dito Senhor Rey , as quaes hey aqui
por expreífas , e declaradas , como fe delias fizera efpecifíca menção,
e efta doaçaó , e ceftaó de direito , lhe faço de juro , e herdade , pa-
ra ferapre , para elle , e feus defcendentes , e mais chamados na dita
mftituiçaó , íem embargo da dita Caía eftar em litigio , por haverlha
deixado em feu teftamento ElRey meu Senhor , e pay , por confide-
rar fer vaga para a Coroa ; e fendo neceíTaria hey por derogada de
meu poder Real , moto próprio , e certa fciencia , a Ordenação do
livro quarto , titulo dez , que prohibe a ceífaó das coufas litigiofas,
para que fem embargo delia tenha feu devido effeito efta doaçaó , e
ceífaó de direito ; e por firmeza de tudo o que dito he , lhe mandey
dar efta Carta por mim aífinada , paliada pela Chancellaria , e fellada
com o Scllo pendente de minhas Armas \ e naó pagou novos direi-
tos , nem pagará direitos velhos , pelos naó dever. Dada nefta Ci-
dade de Lisboa aos 10 dias do mez de Fevereiro. Jorge Monteiro
Bravo a fez , anno do Nafcimento dc Noífo Senhor Jefu Chrifto de
1708. Diogo de Mendoça Corte-Real a fiz efcrever.

ELREY.
Doação
.

da Cafa %ea] TortHgues^a. 0^9


Voaçãú de Jnima tença de poJJ reis , ao Infante D. Francifco , de
juro y e herdade , no Almoxarifado de Cintra. Ejíà na C/iari'

ce/hria j no livro ^
(jue principia aiino lyoó ,p(<g, ^7.

Iccida e por leu falecimento vagou para a Coroa íua Cala , e Con-
,

dado , ao que andaó annexos os noventa mil re s de juro, que tinha


pelo dito paJraó , e poílilla , dos quaes fez mercê , e doação ElRey
D. Pedro o II. meu pay , e Senhor , que fanta gloria haja , ao Infan-
te D. Francifco , meu muito amado , e prezado irmaô , como tam-
bem de todos os mais bens da dita Caía , o que conftou de huma
Carta de doação , paíTada aos vinte e oito de Julho de mil e fete-
centos e cinco , e aílmada pela SereniíFima Rainha da Gráa Bretanha,
minha tia , e Senhora , que fanta gloria haja , como Regente deites
Reynos , a qual Carta o Procurador da Fazenda do Eílado do Infan-
tado , ofFereceo no Confelho de minha fazenda , e levou por ler pa-
ra mais , pedindome lhe mandaíle paífar poílilla do dito juro , de
que tudo houve viíta o Procurador de minha fazenda. Hey por bem,
e vm praz, que o dito D. Francifco, meu muito amado, e prezado
irmão , tenha , e haja de Uiinha fizenda , de feis de Junho de mil e
fetecentos e cinco cm diante , eítes noventa mil reis de juro de ten-
ça cada anno , de juro , e herdade para fempre para ellc e feus hcr-
,
deiios, e iíto com todas as mais claufulas penas, e obrigações con-
,
theudas , e declaradas no dito padrão , e poftilla ; e porque de todas,
e cada huma delias quero , e me praz , que elle uíe , e goze , e íe
,

lhe cumpraó , e guardem , fem contradição alguma , natureza , condi-


ções , juriídicçóes , e prjrogativas , com que ElRey meu Senhor , e
pay , que fanta gloria haja , lhe fez delles doação, como he decla-
rado na dita Carta ; e os ditos noventa mil reis de juro lhe íerao af-
fentados no Almoxarifado da Villa de Cintra, onde tem fua fituaçao,
e pagos ao Procurador da Fazenda do Eítado do Infantado pelo
,
rendimento das íizas dos quartos da Villa de Collares , com antigui-
dade dos referidos feis de Junho de mil e fetecentos e cinco , que he
o dia da dita mercê , como fe determinou no Confelho de minha fa-
zenda ,
por defpacho de quatro de Março do anno prefente , aílim ,
e da maneira que fe pagavaó no mefnio Almoxarifado à dita Con-
,
deífa da CaAanheira pelo dito padrão , e poílilla , e conforme a el-
,
Jes , pelo que mando ao Executor que hora he , c ao diante for do.
,
Almoxarifado da Villa de Cintra , que do tempo acima referido em
diante , em cada hum anno , dê , e pague ao Procurador da Fazen-
da do Eítado do Infantado , os ditos noventa mil reis de Juro , aos,
quartéis , do anno por inteiro , e fem quebra alguma , poíto que ahi
hsja , por eíla fó Carta geral , fem mais fer ncccíKirio outra Provi-
faó minha , nem m.andado dos Vedores de minha fazenda com co- ,

nhecimento do dito Procurador da Fazenda do Efiado do Infantado,


Tom. V. Aaa mando
,,

2^0 trovas do LíV. VIL da Hiftoria Çenealogíca


mando aos Contadores de minha Cafa levem em conta ao dito Exe-
cutor o que lhe aíTun pagar cada anno , e aos Vedores de minha fa-
,

zenda lhe façaó aííèntar nos livros delia eíles noventa mil reis de ju-
ro , e defpachar cada anno na folha do meu aílentamento do mefmo
Almoxarifado de Cintra , para nelle lhe ferem pagos , como dito he,
por quanto o aífento , que dos ditos noventa mil reis de juro eíla-
vaô no livro de minha fazenda em nome da dita D. Anna de Ataide
e Caílro , que foy Condeífa da Caftanheira , e aíhm o regifto da ul-
tima poílilla do padrão delles dos livros da Chancellaria , que já ef-
tavaô na Torre do Tombo , fe rifcaraó , e pozeraõ nelle verbas do
contheudo nefta , como fe vio por certidoens dos Oíliciaes a que
pertenciaõ as taes verbas , as quaes certidoens fe romperaô ao aíTinar
deíla poílilla , que hey por bem valha como Carta feita em meu no-
me , fem embargo da Ordenação em contrario , e naô pague novos
direitos , nem pagará direitos velhos , pelos naô dever , como fe dií-
poem no Decreto inferto , na Carta de doação referida. Miguel de
Abreu e Freitas , o fez em Lisboa a quatro de Abril de mil e fete-
centos e fete. Jeronymo da Nóbrega de Azevedo.

%A folhas trinta e cito do dito livro fe acha regijlada a p cftilla do


,

theor Jegiunte: For doaça^ delF«ey D. JoaÕ o V. ao dito lii'


Jante Jcu irmão,

Dít.n.IA'^ "TJOr quanto D. Anna de Ataide e Caílro, CondeíTa, que foy da


A Caftanheira , contheuda na ultima poílilla dcfte padrão, he fale-
T
1707. citía^ Q por falecimento vagou para a Coroa a fua Cafa , e Con-
dado , ao qual andao annexos os cento e quatorze mil e oitocentos
reis do juro , que tinha pelo dito padrão , c poílilla , dos quaes fez
mercê , e doação , ElPvey D. Pedro II. meu pay e Senhor , que fan-
,

ta gloria haja , ao Infante D. Francifco , meu muito amado , e pre-


zado irmão , e como também de todos os mais bens da dita Cafa
o que conftou de huma Carta de doação paííada aos vinte e oito de
Julho de mil e fetecentos e cinco , e aífinada pela Sereniílima Senho-
ra Rainha da Grãa Bretanha , minha Senhora que fanta gloria haja,
,

como Regente deíles Reynos , a qual Carta o Procurador da Fazen-


da do Eílado do Infantado , offereceo no Confclho de minha fazen-
da , e levou por fer para mais , pedindome lhe mandaíTe paííar pof-
tilía do dito juro , de que de tudo houve viíla o Procurador de mi-
nha fazenda ; hey por bem , e me praz , que o dito D. Francifco
meu muito amado, e prezado irmaó , tenha, e haja de minha fazen-
da , de fcis de Junho de mil e fetecentos e cinco em diante , eftes
cento e quatorze mil e oitocentos reis de tença cada anno , de juro,
e herdade , para fempre , para elle , e feus fucceíTores , c ifto com to-
das as mais clauíulas , penas , e obrigações contheudas , e declaradas
110 dito padrão , e pofiilla , porque de todos , e cada huma delias
«quero 5 c me praz , que elle ufe ^ e ^ozc , e fe lhe cumpraô , e guar-
dem ,
,

da Cafa Tieal Tortuguei^a. 371


ciem , fem contradição alguma , e com a mcfma natureza , condições,
juriCdicçocs , e prcrogativ^as , com que EIRey meu Scòhor , e pay
que Tanta gloria liaja , lhe fez delles doação , como he declarado na
dita Carta dos ditos cento e quatorze mil e oitocentos reis de juro,
lhe fcrao aíTentados no Almoxarifado da Villa de Cintra , onde tem
fua íituaçaó , e pagos ao Procurador da Fazenda do Eftado do Infan-
tado , pelo rendimento das íizas dos quartos da Villa de Collares ,
com antiguidade dos referidos feis de Junho de mil e fetecentos e
cinco em diante , que he o dia da dita mercê , como fe determinou
no Confelho de minha fazenda , por defpacho de quatro de Março
do anno prefente aílim , e da maneira , que fe pagavaó no mefmo
,

Almoxarifado à dita Condeífa da Caftanheira , pelo dito padrão , e


poílilla , c conforme a cíles; pelo que mando ao Executor , que ho-
ra he , e ao diante for do Almoxarifado da Villa de Cintra , que do
tempo acima referido em diante , em cada hum anno , dê, e pague
ao Procurador da I azenda do Eílado do Infantado , os ditos cento c
quatorze mil e oitocentos reis de juro , aos quartéis , do anno por
inteiro , fem quebra alguma , pofto que ahi a haja , por efta fó Car-
ta geral , fem mais fer neceíTario outra Provifaó minha , nem manda-
do dos Vedores de minha fazenda e por efta poftilla ferá regiílada
;

nos livros do regifto de minha fazenda , com conhecimentos do dito


Procurador da Fazenda do Eftado do Infantado , mando aos Conta-
dores de minha Cafa , levem em conta ao dito Executor o que lhe
íiíTim pagar cada anno , e os Védores de minlia fazenda lhe façaó af-
fentar nos livros delia eftes cento e quatorze mil e oitocentos reis
de juro , e defpachar cada anno na folha do meu aíFentamento do
Hiefmo Almoxarifado de Cintra , para nelle lhe ferem pagos , como
dito he ;
por quanto o aíTento , que dos ditos cento e quatorze mil
e oitocentos reis de juro eftava no livro de minha fazenda em nome
da dita D. Anna de Ataide e Caftro , que foy Condeifa da Caftanhei-
ra , e aíFmi o regifto da ultima poftilla do padrão delles dos livros
da Chancellaria , que já eftavao na Torre do Tombo , fe rifcarao , e
pozeraó nelles verbas do contheudo nefta , como fe vio por certi-
doens dos Officiaes a que pertencia por as tacs verbas, as quaes cer-
tidoens fe romperão ao aíTínar defta poftilla , que hey por bem valha,
como Carta feita em meu nome , fem embargo da Ordenação em
contrario ; e naô pagou novos direitos , nem pagará direitos velhos,
pelos nao dever , como fe difpoem no Decreto inferto , na Carta de
doação referida. Miguel de Abreu de Freitas o fez em Lisboa a
quatro de Abril de mil e fetecentos e fete. Sebaftiaó da Gama Lo-
bo o fiz efcrever.
ELREY.
O Conde da Caftanheira ^ Joaó de Andrade Leitão, ir:

Pagou nada por do Senhor Infante D. Francifco , e aos Of-


fer
ficiaes mil e cento e vintereis. Lisboa doze de Mayo de mil e fe-
tecentos e fete. Jeronymo da Nóbrega de Azevedo.
Tom. V. Aaa ii Ahard
,

2 l^rovas do Liv, VIL di Hljloria Çenealogica

Alvará delFxcy D. Pedro II. em cjue faz mercê a Ca/li do Itrfan-


tadú dc 4^SU/^o reis de tença , na Alfandega do Porto.
Ejlá na Torre do Tombo , no livro dos Officws , e mercês
do dito Key ^
que principia em 1ÓS4, pcg. 142.

ElRey faço faber aos que efte Alvará virem, que eu fízmer-
nir n T/f T
i^u.u.T^Y J2ice à Infanta 'minha fobre todas muito amada , e muito prezada
An. 168 j. fiiha , de feis contos cento e cincoenta mil reis em cada hum anno
e aíTinados na Alfandega da Cidade do Porto , de que fe lhe palTou
padrão em dezafeis de Mayo de feifcentos e oitenta , e por haver
eíFeito a cinco de Mayo de feifcentos e oitenta e hum , lhe fiz tam-
bém mercê dos dez mil cruzados , que na dita Alfandega mandey ap-
plicar para a defpeza dos Embaixadores , e de tres contos de reis no
rendimento do tabaco , que eftá à ordem do Confelho de minha fa-
zenda , e depois por Alvará de fete de Janeiro de feifcentos oitenta
e tres , fiz mercê à Infanta de cem mil cruzados de renda cada an-
uo , coníignados no rendimento da Cafa do Eftado de Bragança , de
que lhe fiz doaçaô \ e porque as rendas da dita Cafa , pelos encar-
gos , que tem , naô baftavao para prefazer o dito computo de cem
mil cruzados , ficarão também pertencendo à Infanta os dez mil cru-
zados , que pelo padrão referido de cinco de Mayo de feifce ntos oi-
tenta e hum tem na Alfandega do Porto , ficando extinélos os tres
contos de reis , que por elle , e outro fim tinha no rendimento do
tabaco , da addiçaó , e padrão de feis contos cento e cincoenta mil
reis , lhe ficava pertencendo dous contos novecentos oitenta e dous
mil feifcentos oitenta e cinco reis , e os tres contos cento feífenta e
fete mil duzentos e vinte e oito reis, que reílaó , mandey fe entre-
gaífem ao Thefoureiro do novo direito da Chancellaria , para os co-
brar cada anno , em quanto duraífe o encargo de fe pagar à Infanta,
pelo tal direito novo , as quantias , que faltaífem para fe prefazerem
cada anno os ditos cem mil cruzados , e por quanto ultimamente fiz
mercê à Infanta das Commendas mayor da Ega , a de Dornes , e a de
Caílellobranco , que lograva a Cafa do Infantado , na quantia de qua-
tro contos e cincoenta e oito mil fetecentos e cincoenta reis com .

declaração , que efta mefma quantia fe diniinuiíTe das tenças referidas


para a cobrar a Cafa do Infantado , em fatisfaçao , do que rendiaó as
ditas Commendas , aflim , e da maneira , que a tinha , e vencia a In-
fanta , com a mefma antiguidade , e clauíula , de fe haver pelo ren-
dimento dos direitos novos da Chancellaria , por todo o tempo , que
nao tiver cabimento na dita Alfandega , como mandey declarar ao
Confelho da minha fazenda , por Decreto de vinte de junho de feif-
centos oitenta e quatro , e fe contém em outro efcrito de treze do
iriefmo mez , e anno, que mandey a junta, e Cafa do Infantado , e
fe aprelentou no dito Confelho , que tudo houve vifta o Procurador
de minha fazenda , hey por bem , e me praz , que a Cafa do Infm-
tado tenha em cada hum anno quatrocentos cincoenta e oito mil fe-
tecentos
,

da Cafa 'Real Tortugut^ã. 575


tecentos e cincoenta reis ,
que lie o que rcndiaó as ditas Commcn-
das , de que fiz mercê à Infanta , os quaes lhe feraó pagos no rendi-
mento da Alfandega da Cidade do Porto , diminuindo-f^ das tenças,
que nella tena a Infanta , para que fe cobre coin a mefma antiguida-
de , c claufula de fc haver pelo rendimento dos direitos novos da
Chancellaria , por todo o tempo , que naó tiver cabimento na dita
Alíandco;a , pelo qu2 maiido aos Vedores de minha fazenda lhe jfa-
çao aflsntar nos livros ddla os ditos quatrocentos e cincoeiíta e oito
mil leteccntos e cincoenta reis , e levar cada anno na folha do aííen-
tamento da Allandega do Porto para ferem pagos à Cafa do Infan-
,

tado , como dito he , e conílandolhe primeiro por certidoens nas


coftas deftc , de como nos airentos das ditas tenças , e nos próprios
padroens da Infanta , em feus regiftos , nos livros de minha Chancel-
laria , e fazenda , fe pozerao verbas do contheudo nefte Alvará , e
outra tal verba fe porá no rcgifto do dito Decreto de vinte de Junho
de feifcentos oitenta e quatro , com que fe cumprirá inteiramente
e valerá como Carta , poílo que fcu eífcito haja de durar mais de
hum anno , fem embargo da Ordenação em contrario Francifco Pe-
reira a fez em Lisboa a vinte e oito de Julho de feifcentos oitenta e
cinco annos. Martini Teixeira de Carvalho o fez ef.rever.

REY.
Manoel Telles da Sylva. Joaô de Roxas de Azevedo.

Pagou nada por privilegio. Lisboa quinze de Dezembro de


feifcentos oitenta e cinco , aos Officiaes quinhentos e quatro reis,
D. Sebaíliaó Maldonado.

Compra h C^rna ih Be^ruen^o de V aliada por cem mtl cruzados,


,

para a Cafa do Infwtúdo. Efã no livro dos regiftos dos Aí^


varas da Junta da Cafa do infantado , (jue principia no
anno 16jj,

DOm Pedroque
ber aos
por graça de Deos Rey de Portugal , hc. Faço fa- J)it.n. T
eíVa minha Carta de padrão de hum conto quatro-
4.7
z;^
loí>^.
centos cincoenta e nove mil e feifcentos reis de juro, em cada hum
anno , com pa£i:o , e condição de retro aberto , fem lemitacaó de tem-i
po , a refpeito de cinco e quatro e meyo por cento virem , que re-
folvendo eu por juílas confideraçoes de meu ferviço que para ajuda
,
das neceííidades prefentes fe vendeíTe o Reguengo de Valíada , que
eftava incorporado na Corça ; e naó fe achando lanço conveniente
mandey , que fe tomaíTe em preço de cem mil cruzados para a Cafa
do Infantado , e para que elle pofPa contribuir com a dita quantia era
neceífario vender juros defta importância, e achando-fe, que mais fa-
cilmente haveria compradores aífentando-felhes o dito juro na Cafa
de
,

274 Vinovas do Liv, VIL da Hi[lona Çenealogica

de Bragança ,
fuy fervido mandar , que na dita Cafa fe vendcíTcm
tantos juros , quantos baftaíTem para íe fazerem os ditos cem mil cru-
zados , ficando aíTim o dito Reguengo , como todas as mais rendas,
da Cala do Infantado , hypothecadas , e obrigadas h Cafa de Bragan-
ça na dita quantia j e havendo algumas peíTcas , que de prefente os
quizeífem comprar na Cafa do Infantado , antes que na de Bragan-
ça , lhe concedia para iíto licença , e neíle cafo ficaria a dita Cafa do
Infantado obrigada à de Bragança , na quantia fomente , que tomaíTe
para a compra do dito juro , e a lhe pagar todos os annos o com
que elle ha de fatisfazer as peílbas , que o comprarem , para o que
niandey paílar hum Alvará pelo meu Iribunal do Defembargo do Pa-
ço , cujo theor he o feguinte. Eu EIRey faço faber aos que eítc
Alvará virem , que por juftas confideraçóes do meu ferviço , e por fe
naó achar lanço conveniente para o Reguengo de Vallada , que pa-
ra ajuda das neceííidades prefentcs tenho mandado vender , refoi-
vi tomallo em preço de cem mil cruzados , para a Cafa do Infanta-
do ; e por quanto para fe achar eíle dinheiro he neceífario venderfe
juro deíla importância, cujos compradores mais facilmente fe acharáô,
aííentando-feíhes o dito juro na Cafa de Bragança. Hey por bem ,
e me praz , que nas rendas do dito Efiado de Bragança , fem embar-
go de ferem da Coroa, fe vendaó tantos juros, quantos bailem para
fe prefazerem os ditos cem mil cruzados , ficando aíTim o dito Re-
guengo , como todas as mais rendas da dita Caía do dito Infantado
obrigadas, e hypothecadas à dita Cafa de Bragança, na dita quantia,
para lhe pagar todos os annos o juro , com que el!a ha de fatisfazer
às peíToas , que o comprarem ; e outro íim poderá a Cafa do Infan-
tado , todas as vezes , que tiv^er cabedal , dar à Caía de Bragança o
que baftar para o diílrato do dito juro em todo , a cada huma das
peíibas , que o comprarem, com declaração, que havendo algumas,
que agora de prefente queiraô comprar na dita Cafa do Infantado
antes , que na de Bragança , lhe concedo para iífo licença , em tal
cafo ficará a dita Cafa do Infantado obrigada a de Bragança, no por-
te , que tomar para a compra do dito juro fomente ; e para mayor
fegurança do juro , que compra Sylverio da Sylva , fe declarará na
Eícritura , que fendo cafo , que por algum acontecimento deixe de fe
pagar o dito juro na Cafa de Bragança , por eíle mefmo faélo poderá
cobrallo nas rendas da Cafa do Infantado , efpeciaimente no rendi-
mento do dito Reguengo , que fe lhe hypotheca , e as mais rendas
da dita Cafa, e mando às Juíiiças, a que o conhecimento pertencer,
que aííim o cumpraó , e façao inteiramente cumprir , e guardar , co-
mo nelle fe contém , que valerá , poílo que feu efFeito haja de durar
.

nvãís de hum aano , fem embargo da Ordenação do livro fegundo ,


titulo quarenta , em contrario. Manoel da Sylva Collaço a fez em
Lisboa a vinte e cinco de Junho de mil e íeifcentos e oitenta. Fran-
tífco Galvão o fez efcrever.

REY.
Em
,,
,

da Cafa 7(^al Tonuguei^a» 375


Em virtude do qual , do Decreto , que fobrc eílc particular
c
mandcy à Cala de Bragança , cuja copia he a ícguinte. Pelo Decre-
to cuja copia terá com eíle, verá ajunta da Caía de Bragança o que
tenho ordenado íobre a compra do Reguengo de Vallada , e venda
dos juros, que para le haverem os cem mil cruzados, que cufta , fc
haó de tomar ; c porque o Theíburciro Bento da Cunlia Malheiro
ha de buícar , e contratar com as peffoas , que comprarem o dito ju-
ro , lhe mandará paíTar a Junta o deípacho neceíTario , e ao Procura-
dor da Fazenda Alvará para celebrar as Eícrituras com declaração
,

que o dito juro lerá ao menos de cinco por cento, à condição de re-
tro , na forma ordinária , e as claufulas coftumadas ; e havendo algu-
mas peíFoas , que o queiraó a quatro e meyo por cento, terão a pre-
rogativa de ferem as ultimas a que fe diíVrate. A Junta o tenha af-
í?m entendido , e o mande dar à execuçaó na parte , que lhe toca.
Em Lisboa a quatorze de Junho de mil e feifcentos oitenta c oito.
A rubrica de Sua Magcíladc. E por quanto o Thefoureiro da dita
Caía de Bragança Bento da Cunha Malheiro , no dito Decreto no-
,

meado , bufcou , e contratou com as pelíòas feguintes , para a cada


huma delias vender fobre as dizimas do Pcfcado delia Cidade , per-
tencente h Cafa de Bragança , a quantia do juro , que a cada huma
delias abaixo vay declarado , a faber A Sylverio da Sylva da Fonfe-
:

ca , hum conto de reis , a quatro e meyo por cento , cujo principal


jmportou vinte e dous contos duzentos e vinte e dous mil duzentos
e vinte reis ; a Jofeph Francifco , vinte mil reis , a quatro e meyo
por cento, que importou quatrocentos e quarenta e quatro mil qua-
trocentos e cincoenta reis ; ao Padre Antonio da Galla , quinze mil
reis , a cinco por cento
,
que importou em trezentos mil reis a D.
•,

Cecilia Maria de Menezes e Sylva , duzentos quarenta e tres mil reis,


a quatro e meyo por cento , que importa cinco contos e quatrocen-
tos mil reis ; ao Padre Manoel da Sylva , quinze mil reis , a cinco por
cento , que importou trezentos mil reis ; ao Padre Antonio de Atai-
de , doze mil e quinhentos reis , a cinco por cento , que importou
duzentos e cincoenta mil reis ao Padre Bartholomeu de Quental
•,

quinze mil reis , a cinco por cento , que importou trezentos mil reis;
a Antonio Lobo da Cunha , oitenta mil reis , a quatro e meyo por
cento , que importou hum conto fetecentos fetenta e fete mil e oito-
centos reis ; a D. Luiz Balthafar da Sylveira , quarenta e quatro mil
e cem reis, a quatro e meyo por cento, que importou novecentos e
oitenta mil reis , em que fc ajuíla a quantia de trinta e dous contos
duzentos fetenta e quatro mil quatrocentos e fetenta reis , que im-
porta o principal deíles juros , pelos cinco e quatro e meyo por cen-
to , em cnda huma deílas addiçoes declarado ; e para fé celebrarem ,
e outorgarem as Efcrituras do dito juro para com o feu principal
,
ir o dito Thefoureiro Bento da Cunha , fatisíázendo os cem mil cruzvi-
dos , preço da venda do dito Reguengo de Vallada , mandey paííar
Alvará de poder pela Junta da Cafa do Infantado , ao Defembarga-
dor Bento Teixeira de Saldanha , Procurador da Fazenda delle para
,
outorga nas ditas Efcrituras , e fe obrigar pela fazenda da mefma Ca-
la
'Provas do Lív. VIL da Hijlorla Çenealogtca

fa do Infantado , aos que fe venderem na Cafa de Bragança , até a


quantia dos ditos cem mil cruzados , como fe declarava no dito Alva-
rá , cujo tlieor he o feguinte. Eu ElRey como Senhor da Cafa , e
Eílado do Infantado , faço faber aos que efte Alvará virem , que eu
fuy fervido refolver , que fe tomaífe para o dito Eílado o Reguengo
de Vallada , que eílava incorporado na Coroa , e mandey vender com
pa6lo de retro aberto , e fem limitação de tempo , para as neceííida-
dtís prefcntes do Reyno , em preço de cem mil cruzados , os quaes
l"e haó de tomar a juro na dita Caía do Infantado , ou na de Bra-
gança , conforme mais convier a cada huma das partes , com declara-
ção, que vendendo fe na Caía de Bragança todo, ou parte delie, lhe
íicará a Cafa do Infantado obrigada em toda a fua fazenda , efpecial-
inente a do Reguengo , até pagar os intereífes , e juros , com que a
de Bragança ha de contribuir às partes , e outro íim a diílratar à fua
cuíla o dito juro , todas as vezes , que para iíTo houver cabedal ; e
por quanto Syiverio da Sylva da Fonfeca , tem já entregue vinte e
dous contos duzentos e vinte e dous mil duzentos e vinte reis , que
he o principal de hum conto de reis , a quatro e meyo por cento,
que tem contratado comprar na dizima do Pefjado deíla Cidade de
Lisboa , pertencentes à Cafa de Bragança , com a claufula , de que
nao fomente as rendas delia , mas também as da do Infantado , e as
do mefmo Pvcguengo , lhes fiquem obrigadas. Fley por bem dar po-
der ao Defembargador Bento Teixeira de Sal 'a n ha , Procurador da
Fazenda da dita Cafa do Infantado , nao fomente para outorgar nas
Efcrituras da venda dos juros , que os que as partes nella quizerem
comprar , mas também para fe obrigar nos que íe venderem até a
dita quantia de cem mil cruzados , na dita Cafa de Bragança , pelos
bens da do Infantado , na forma referida , e outro fim para outorgar
na do dito Syiverio da Sylva , comio acima fe declara terem tratado,
e com claufula , que por comprar a quatro e meyo por cento , nao
feja obrigado a diílratar íenao em ultimo lugar , nos que fe diílrata-
rem na dita quantia de cem núl cruzados , que agora fe tomao , e a
mcfma claufula íè irá pondo aos que no ineímo preço os quizerem
aceitar conforme o tempo , porque as partes forem compondo , e o
que pelo dito Defembargador ncíb matéria for feito , hey defde logo
por firme , e vaíioib , e mando , que íe cumpra inteiramente para o
qual lhe dou todos os poderes , que em direito forem neceílarios pa-
ra mayor firmeza , e fegurança do dito contrato , e efte nao paíTará
pela Chaacellaria. Francifco Rebello a fez em Lisboa aos vinte e
ires de Junho de mil e feiícentos oitenta e oito. Manoel Palha Lei^
taó a tez eicrever.
FvEY.

E em virtude deíle Alvará outorgou , e aíTinou o dito Defem-


bargador Bento Teixeira de Saldanha , todas as Efcrituras das pef-
Ibas atraz declaradas, e por clles requererão feus padroens, que fe
lhes paH^araô , e foraô por mim aíl'nados , e fe lhes alTentarao os ju-
ros nelles declarados nos Almoxarifados das dizimas do Pcfcado deíla
Cidade,
da Cafa ^eal Tortugue^a. 377
Cidade , pertencentes à dita Cafa de Bragança . a qual eftá obrigada
a pagar todos os >nnos hum conto quatrocentos cincoenta e nove inil
e feifcentcs reis de juro , que tanto importa o que as peííoas refe-
ridas tem pelos ditos padroens , às quaes rendas , e outorgas das Ef-
crituras , que para efte effeito fe celebrarão aíTiílio o Procurador da
Fazenda da dita Cafa de Bragança , e para feu cumprimento obrigou
a fazenda da dita Cafa , e efpecialmente o rendimento do Almoxari-
fado das ditas dizimas do Pefcado defta Cidade , em virtude de hum
Alvará , que para efte efteito lhe mandey paflar cujo theor he o fe-
guinte. Eu ElRey como Adminiftrador da peftba , e bens da Infan-
ta minha febre todas muito amada , e prezada filha , Duqueza de Bra-
gança , faço faber aos que efte Alvará virem , que por quanto fuy
fervido mandar comprar o Reguengo de Vallada , para fe annexar à
fazenda do Eftado da Cafa do Infantado , para cujo effeito he necef-
fario vender feu juro , que bafte , e prefaça de principal a quantia
de cem mil cruzados , hey por bem , e me praz de dar poder a An-
dré Lopes de Oliveira , Procurador da Fazenda do Eftado da Cafa de
Bra2;ança , para que poffa outorgar a Efcritura , ou Efcrituras da ven-
da do dito juro , com a peftba , ou peftoas , que comprallo quizerem,
impofto no Almoxarifado , ou Almoxarifados da dita Cafa de Bragan-
ça , que às partes convierem , na forma , em que o lhefoureiro 13en-
to da Cunha Malheiro , que ha de bufcar, e contratar com as pef-
foas , que comprarem o dito juro , os quaes cem mil cruzados fe haó
de entregar ao dito Thefoureiro , e da carrega fe paílará conheci-
mento em forma , aftinado por elle , e pelo Efcrivaô de feu cargo,
porque confte lhe fica carregado em receita a quantia, que cada pef-
Iba receber , que fe incorporará na Efcritura , com declaração , que o
tal juro ferá ao menos de cinco por cento, e condição de retro , na

fórnia ordinária , e com as claufulas coftumadas , e todas as mais,


que Jhe parecerem convenientes , e neceftarias para fegurança das par-
tes ; e havendo peftoas
,
que o queiraó aceitar a quatro e meyo por
cento , tcraô a prerogativa de ferem as ultimas a que fe diftratem
quando fe tratar do defempenho defta quantia , que agora fe vende,
conforme a ordem , com que as partes o forem dando , obrigando à
fatisfaçao delle todas as rendas da dita Cafa , e de Bragança , e eni
cfpecial hypotheca o rendimento do Almoxarifado , em que o dito
juro íby contratado , e ao Eftado de Bragança ficará obrigada toda a
fazenda da Cafa do Infantado , e em efpecial o dito P^eguengo , af-
íim para lhe contribuir todos os annos com os reduitos que fe pa-
,
garem às partes , como para fazer à fua cufta os diftratos defta impor-
tância , e o que pelo dito André Lopes de Oliveira nefte cafo for
feito na forma defte Alvará havercy por bem , firme , e valioío ,
,

porque para iífo lhe dou inteiro , e ciimprido poder , mandado geral,
e efpecial. Antonio Coelho dc Carvalho o fez em Lisboa aos vinte
e cinco de Junho de mil e feifcentos oitenta e oito. Manoel de Sal-
danha Tavares o fez efcrever.

FvEY.
Tom. V. Bbb
378 'Vrovas do Liv. VIL da Hifloria Çenealogka
E por me reprefentar o dito Prociiraí^or da Fazenda do Eílado
de Bragança ,
por fua petição , que por efearem feitas as ditas ven-
das , e os padroens paíTados dos juros nelles declarados , aíTentados
nos Almoxarifados das ditas dizimas , que para íegurança da fazenda
da mefma Caía , na forma de minhas ordens fe devia cobrar outra
tanta quantia cada anno do Thefoureiro da Cafa do Infantado , por
onde fe cobra o rendimento do Reguengo de Vallada , o qual fe
comprou com o principal deftes juros, para com eíle ficar fatisfeita a
mefma Cafa de Bragança , da obrigação delles , a que a do Infantado
\ para o que era neceíTario paífaíTe padrão da
eílá primeiro obrigada
dita quaíitia à Caía de Bragança , fobre os bens da do Infantado , e
que o feu Thefoureiro a entregue cada anno ao da Cafa de Bragan-
ça , ou Almoxarife das ditas dizimas , e fe pagarem os ditos juros ,
que haô de ir na folha daquelle Almoxarifado , aos quaes íícaráó fem-
pre obrigadas todas as rendas da Cafa do Infantado , e o rendimento
do mefmo Reguengo , para com o dito padrão fe fazer aífentamento
em as folhas de huma , e outra Cafa , as declarações neceíFarias , m.e
pedia lhe fizeíTe mercê mandar paíTar padrão da dita quantia de hum
conto quatrocentos cincoenta e nove mil feifcentos reis de juro , à
dita Cafa de Bragança
,
para haver delles pagamento pela fazenda
da Cafa do Infantado , e em efpecial pelo rendimento do dito Re-
guengo de Vallada , que a iíTo eílá hypothecado, por fer outra tan-
ta quantia como a Cafa de Bragança eftá obrigada a pagar às pelToas,
que comprarão eíle juro nas ditas dizimas , com cujo principal fe pa-
gou o dito Reguengo , e viílo por mim feu requerimento , Alvarás ,
neíle incorporados , repoíla do dito Thefoureiro Bento da Cunha
Malheiro , porque coníla ter recebido todos os ditos trinta e dous
contos duzentos e fctenta e quatro mil quatrocentos 'e fetenta reis,
conta feita pelo Contador Rodrigo de Almeida , e mais documen-
tos , de que fe faz menção , que tudo com eíla me foy aprefentado,
e repofta do Procurador da Fazenda , da Cafa , e Eílado do Infanta-
do , a quem foy dado viíla. Hey por bem , e me praz de lhe man-
dar paíTar a prefente Carta de padrão , pela qual pertencem à dita
Cafa de Bragança , os ditos hum conto quatrocentos cincoenta e no-
ve mil íeií centos reis de juro, em cada hum anno , com pado , e con-
dição de retro aberto , íem lemitaçaó de tempo , a refpeito de cinco
e quatro e raeyo por cento , que feraó afíentados fobre as rendas da
Cafa do Infantado , por fer obrigado a dallos todos os annos , e en-
tregallos à de Bragança, para fatisfaçao dos juros, que mandey ven-
der no Almoxarifado das dizimas do Pefcado deíla Cidade , perten-
centes à mefma Cafa , para com o principal fe pagar o preço do Re-
guengo de Vallada, que mandey comprar para a Cafa do Infantado,
viílo por ella fe cobrar o rendimento do dito Reguengo, e eílar a
dita Cafa de Bragança obrigada a pagar os ditos juros , em quanto
peia Caía do Iníhntado fe lhe naó entregar o dinheiro para clles fe
diílratarem , porque diílratando-íe ceílará então a obrigação do juro
contheudo neíle padrão , pelo que mando aos Defembargadores da
Junta da Fazenda da dita Caía j e Eílado do Infantado , lhe facaó
allen-
,

da Cafa ^al ^ortugies^a. 37^


QÍTcntar os ditos conto quatrocentos cincoenta e nove mil feif-
hum
centos reis de juro , no livro\io aHcntamento , e defpachar cada an-
no do primeiro de Janeiro , que vem de mil e íeifcentos e noventa
nas folhas , que íe palFarem para o Theíbureiro da dita Caía do In-
fantado , por onde a Cafa de Bragança ha dc haver pagamento del-
Ics aos quartéis do anno , aflim como fe forem vencendo , com cer-
tidão do Efcrivaó da Fazenda , de como fe naó diílrataraó parte , ou
todo , dos Juros declarados ncfte padrão , pela Cafa do Infantado ,
porque fendo-o em todo , ou em parte , ceílará a obrigação de por
elle fe pagar o dito Juro , e aquclle , que fe for dilbatando fe irá
deniinuindo na quantia defte padrão , e fe iraó pondo as poftillas
nelle , e verbas no aífento delle , e em feu regifto , para que confte
as quantias , que fe diílratarem , e a mefma declaração fe fará nas fo-
lhas , em que o dito Juro for lançado , até dc todo eílar tínda , e
diílratada a quantia dos ditos hum conto quatrocentos cincoenta e
nove mil feifcentos reis , contheuda , e declarada nefta Carta de pa-
drão , a qual por firmeza de tudo lhe mandey paífar por mim aílina-
da , e fellada com o Sello de minhas Armas. Dada neíla Corte, e
Cidade de Lisboa aos vinte e feis de Outubro. Francifco Rabello
a fez , anno do Nafciniento de NoíTo Senhor Jefu Chriílo de 1609.
Manoel Palha Leitão o fez efcrever. ;

ELREY.

•Alvará porque EIRey D. Joa'o o V. /iipprw ao Infante D. Frati"


cijco a falta dc idade»

prezado
Leys , e direito requere para adminiftrar fua Cafa , e todos íeus
, fe
bens , com tudo , he dotado de tao alto entendimento , que Noflb
Senhor foy fervido darlhe que pode muito bem ter a dita adminif-
,

traçaó. Hey por bem de lhe fupprir , e haver por fupprida a falta
de idade , e que para todos os negócios , e aélos de qualquer qualida-
de , que fejaô , fe haja por mayor de vinte e cinco annos , e como
tal poíTa ular de todos os feus bens
,
para o que revogo , e hey por
revogadas todas as Leys aíTim do Reyno , como de outros quaeíquer
direitos ; e efi:e Alvará fe cumprirá guardará , e terá fua força , e
,
vigor , poílo que feu eíleito haja de durar inais de hum anno , e de
naô fer paíTado pela Chancellaria , fem embargo das Ordenações do
livro fegundo titulo trinta e nove e quarenta , que o contrario dif-
poem. Lourenço Gomes de Araujo o fez em Lisboa a 12 de Janei-
ro de 1707. D. Thomás de Almeida o fobrefcrevi.

REY.
òíí:

Tom. V. Bbb ii Deere-


,

38o Trovas do Liv. VIL da Hijlorta Çenealogtca

Decreto por onde fe latiçara'a na Torre do Tombo diverfos papeis


tocantes a Senhora D. Luiza , filha delKty D. Pedro II. don-
de copiey os feguintes ,
que eJia'o no dito Archivo , no Hv,
2. do Regijio, púg. 1^0 verj. até i^^.

Num. 1 4. 9 ^^^''^'^^^ Torre do Tombo


mandará lançar nos livros do
T"^ \^Regifto

,
que
delia, a declaração de minha letra, e íinal , em
fiz
An. 165)5. o primeiro de Março de 1679 P^'*^ •>
^^^^ ^ tempo conftaíTe,
que D. Luiza , que mandava crear em Cafa de Francifco Correa de
Lacerda , era minha muito amada , e prezada filha , como também a
certicLo do Duque , meu muito amado , e prezado fobrinho , e de
Francifco Correa de Lacerda , meu Secretario de Eftado , que a ef-
creveo , e a do Prior da Igreja Parochial de S. Nicolao Domingos do
Valle , que a bautizou , ambas reconhecidas pelo Tabelliao Domin^
gos de Barros, e a Efcritura de dote, que fe fez no cafamento da
mefma mmha muito amada, e prezada filha D. Luiza, com o Duque
D. Luiz Ambrofio de Mello , meu muito amado , e prezado fobri-
nho , para que em todo o tempo confte como fempre a conheci , e
ellimey por minha filha , defde o feu nafcimento , e que como tal a
mandey crear ; e fique efte irrefragavel , e perpetuo teftemunho da
verdade no Archivo do Reyao , para memoria dos feculos futuros,
Lisboa 31 de Agoíto de 1695. Rubrica de Sua Mageílade.

Declaração da letra , e final de Sua Magejlade,

jdecUr/tçaô Otigi- Declaro , que houve huma filha de mulher donzella , e limpa
vaI efiâno ArcrAto fangue , à qual ordeney chamaíTem D. Luiza , e a mandey crear
uJ^oT^ueuml ^'^^^^ Francifco Correa de Lacerda , quero , que em todo o tem-
quefèrume  jilía- po coníle , que a referida he minha filha , ea eíTe fim fiz efta decJa-
^aõ (la Senhora D, raçaó
,
que entreguey a Francifco Correa , para que a guardaíTe em
X«3\rfj <ío«íí? 4
QU^nfQ ll^Q jj^5 mandava o contrario. Lisboa o primeiro de Março
-x^r.

de 1679.
príncipe.

Certidão da Duque ^ e de Francifco Correa de Lacerda-^

Juramos aos Santos Euangelhos , que he verdade ouvimos dizer


ao Sereniílimo Príncipe D. Pedro noílb Senhor , que elle houvera a
Senhora D. Luiza fua filha , em huma mulher donzella , limpa de
,

langue , a qual tinha hum irmaó legitimo Familiar do Santo Officio ',

e para que a todo o tempo coníle defta verdade nos mandou Sua ,

Alteza fazer a preíente, por fabermos o contheudo nella , antes , e


depois de nafcer a Senhora D. Luiza, a qual fomos bautizar em hu-
ma cafa junto da Corte-R.eal , aonde a dita Senhora tinha r.afcido ,
e por eílar m
pericnlo mcrtis , cu Francifco Correa de Lacerda abau-
tizey, de mandado de Sua Alteza , fendo feu Padrinho o Duque do
Cadaval
da Cafa %ea] Tortugues^a, 381
Cadaval , eftando ahi prefente o Cirurgião da Camera de Sua Alte-
za ,
Antonio dc Prado ; e outro íim , que he verdade , que o Prior
de S. Nicolao Domingos do Valle poz os Santos Óleos na fua
,

Igreja à Senhora D. Luiza , como confta de huma certidão íiia , fa-


zendo aíTento no feu livro, que a dita Senhora era filha de pays in-
cógnitos , como a mcfma certidão refere , mas delia fe vê fer feito
o dito afPento por diíiimulaçao e Sua Alteza o ordenar aílim , a ref-
,

pcíto do fcgredo , que quiz liouvcíFe nefte negocio , e nos mandou


aílilHr a eílc aíto , e que paílaílemos a prefente , que aíTmámos em
Lisboa a 7 de Março de 1679. f=: Duque Francifco Correa de
Lacerda.
Certidão do Prior de S. Nicolao Domijigos do Valle.

Domingos do Valle , Prior da Parochial Igreja de S. Nicolao


defta Cidade de Lisboa , e Thefoureiro da Capella de Sua Alteza ,
feu Guarda Joyas , e Guarda Repoíte. Certifico , que prevendo o
hvro dos Bautizados da dita Igreja da era de 1667 , e no dito livro
a pag. 21^ verf.. eílá hum aífento feito da minha letra, cujo theor
he o leguinte. Em os 2 dias de Março de 1679 puz os Santos Óleos
a Luiza , por fer bautizada em cafa a que aíTíílio o Duque do Ca-
,

daval , tilha de pays incógnitos. O


Prior Domingos do Valle. E al
nao diíTe o dito aífento ,
que por verdade o trcsladey de veríjo ad
veròum e depois de feito o dito aífento , me diífe Sua Alteza , o Se-
:

reniílimo Príncipe D. Pedro noífo Senhor , que era fua filha , e que-
ordenara ao Duque a levaífe a pôr os Santos Óleos , debaixo do no-
me de cngcitada ; e para que a todo o tempo coníle , que a dita Se-
nhora D.. Luiza , que no dito livro , e aflento eftá , he filha de Sua
Alteza , me ordenou o dit-o Senhor paíTaífe a prefente certidão com a
declaração acima referida, e por paífar na verdade o juro /;/ verhoSa-
cerdotis , por faber o referido , e fer Criado de Sua Alteza ,e elle m.o
dizer. Lisboa 28 de Março de 1Ó79. O
Prior de S. Nicolao Do-
mingos do Valle.
Por huma certidão de Jofeph Cardofo , Secretario do Confelho
Geral ,
paífada por ordem do Confelho Geral , a 10 de Setembro
de 1695' 5 coníbi , que Miguel de Carvalho Mafcarenhas era Familiar
do Santo Ofíicio , natural do Lugar da Charneca , Termo da Cidade
de Lisboa, era filho legitimo de Antonio Gonçalves, natural do m ci-
mo Lugar , e de Maria Carvrdha , natural da Fregueíia de Nolfa Se-
nhora da Purificação , do Lugar de Outeiro , cm Monte-Lavar Ter- ,

mo da Villa de Cintra , e neto , pela parte paterna , de Manoel Gon-


çalves , natural de Villa-Nova de Famclicaó , Bifpado do Porto , e
de Dionyfía Dias natural do dito Lugar da Charneca , onde forao
,

moradores: e neto, pela parte materna, de Jorge João Mafcarenlias^


natural do dito Lugar de Outeiro , e de Marqueza Braz , natural do
dito Monte-Lavar , e ambos moradores no de Outeiro
E por huma juílificaçaô feita perante o Doutor Gafpar Ferrei-
ra da Syíva , Defembargador da Cafa da SupplicaçaÔ , confia fer D.
Maria da Cruz , irmaa inteira do fobre dito Miguel Carvalho , &c. a
qual
382 Trovas do Liv. VIL da Hiflor ia Çenealogica
qual eftá na Torre do Tombo com , os fobreditos papeis , Síc. e foy
paíTada em Lisboa a 15 de Outubro de 1695'.
O dito Miguel "Carvalho Maícarenhas , foy Freire profeíTo da
Ordem de Santiago , onde fendo lidas , e approvadas as fuas Inqui-
rições , eftá no fim da Inquirição de genere efta verba feguinte Foraó :

lidas em Capitulo, naó houve duvida , e as acharão correntes. Con-


vento 31 de Outubro de 1692.

Decreto delRey D. Pedro , foríjue fcz mercê a Senhora D. Lui'


za^JuQ filha ^ das Commendas ,
íjiie nelk Je contém,

Luiza, minha /ilha, das Com-


Num o
5 u
T C XJ^y
jfj^niendas
^^'^ ^'^^'^^ ^
de Santa Maria de Moreiras, do Arcebifpado de Bra-
An. 1692. ga , e de Monfarás , do Arcebifpado de Évora , da aprcfentaçaó da
Cafa de Bragança , que eftaó vagas , e que em quanto íb naó encar-
tar polFa comer por adminiftraçaó os frutos delias , pela parte a que
toca , fe paíFe o defpacho necellario. Lisboa 19 de Setembro de
1692.

PROVAS
PROVAS
DO LIVRO VIII.
DA
HISTORIA
GENEALÓGICA D A

c
PORTUGUEZA.
Doação deíKey D. Fiíippe II. ao Senhor D. Duarte ^ das Vilias
de Frechilla^ e Villa Ramiel , e titulo de Marcjuez, tudo de
juro , e herdade. EJiá no Cartório da Caja de Bragança,

N cl nombre de Ia SanfliíTíma Trinidad y de Ia eterna Uni- NuíTí, í,


dad Padre ,
hijo y fpiritu fanfto , que fon tres perfonas y *
^
'
un foloDios verdadero que vive y Reina por íiempre íín
fín V de la bien aventurada Virgen gloriofa nueílra feilora
fanda Maria madre de nueftro fenor Jeíu Chrifto verdadero
Dios y verdadero hombre a quien yo tengo por íenora y por avoga-
da en todos mis fechos y a honra y fervicio fuyo y dei bien aventu-
rado Apoftol feíior fancliago luz y efpejo de las Efpanas Patron y
guiador de los Reyes de Caftilla y de leòn y de todos los otros San-
<3:os y fandlas de la Corte celeílial. Porque razonable y covenible
cofa es a los R eyes principes hazer gracias y mercedes a íus fub-
, y
ditos y naturales efpecialmente a aquellos que bien y lealmente los
íírven y aman fu fervicio. E los Reyes que Ias tales mercedes hazen
han de mirar y confiderar en ello tres cofas. La primera que mcr-
ced es aquella , que le demandan. La fegunda quien es el que fe le
la demanda , o como fe la merece o puede merecer íi fe Ia hiziere.
La tcrcera que es el pro ò el dano que por ello le puede venir. Por
ende yo mirando y confiderando todo lo fufo dicho quiero que fepaa
por eífa mi Carta de previlcgio o por fu treslado lignaJo efcriva-
no publico íin fer fobre efcrito ni librado en ningun afio de mis Con-
tadores mayores ni de otra perfona alguna todos los que agora fon
y íe-
584 trovas do Liv, VIIL da Hi/Ioria (jeneaiQgka
y íeran de aqui adelante. Yo Don phelipe por la gracia de Dios
Rey de Caftilla , de Leon , de Aragon de las dos Sicilias de Hvcru-
falem , de Portugal , de Navarra , de Granada , de Toledo de Valen-
,

cia , de Galicia , de Mallorcas , de Sevilla , de Ccrdena , de Cordo-


va , de Corcega , de Murcia , de Jaen , de los Alguarves , de Alge-
zira , de Gibraltar , de las Islas de Canária , de las índias Orientales,
y Occidentales Islas y tierra firme dei mar Oceano Archeduque de
, ,

Auftria , Duque de Borgona y de Bravante y de Milan , Conde de


Afpurg , de Flandes y de Tirol y Barcelona , Seíior de Vizcaya y de
Molina , &c. Vi un mi Alvala firmado de mi mano y lellado con mi
íello dei tenor feguiente. Nos Don Phelipe por la gracia de Dios
Rey de las Eípanas de las dos Sicilias de Hyerufalem , &c. hago fa-
ber a vos los mis contadores mayores que acatando los muchos y
grandes fervicios que don Juan Duque de Bragança ya difunto mi muy
charo y muy amado primo me hizo durante fu vida , y efpocialmen-
te al tiempo que por fallcfcimiento dei lereniíllmo Rey de Portugal,
don Henrrique mi tio que eíla en gloria fubcedi en los mis Reynos
de aquella Corona y fuy per fonalm ente a ellos , y el muclio dcudo
que conmigo tiene Dona Catalina duquefa de Bergança íu muger mi
muy chara y muy amada prim.a. Y en alguna mueRra de !a voluntad
que tengo de honrrar y hazer m.erced a fus hijos y deccndieníes , y
entendiendo que todos ellos procederan de la mifma manera y reco-,

neceran fiempre las que de mi recibieren tuve por bicn de hazer mer-
ced a Don Duarte mi fobrino hijo fegundo de los dichos Duque y
Duquefa de Bergança de un lugai* de mil vaíallos poco mas o me-
nos cn eílos mis Pvcinos de Caílilla con quatro mil cruzados de ren-
ta en cada un ano y titulo de Marques todo de juro de heredad. Y
queriendo cumplir como es Juílo la promeíTa que deílo le hize y no
hallandolFe lugar a propofito que tenga los dichos mil vaíTallos le he
hecho merced de las Villas de Frechilla y Villa Pvamiel que fon de
Behetria en el dei adelantamiento de Caftilla en el partido
deftrito
de campos ; y porque de las dichas Villas y titulo de marques de Ja
de frechilla le he mandado dar los defpachos neceíTarios el dia de Ia
data deíle. Os mando que en virtud defte Albala deis y libreis al di-
cho Don Duarte mi Carta de previlegio de los dichos quatro mil
cruzados de a dics reales cada uno que montan un quento y trezien-
tos y felTenta maravedis de juro y renta perpetua para que los ten-
ga de mi en cada un ano perpetuamente para fiempre ja mas por ju-
ro de heredad para el y para fus herederos y fiicceífoies , fituados en
las mis rentas de las nlcavalas y tercias de las dichas Villas de fre-
chilla y Vilia Ramiel lo que en elías cupicre , y Io reílante en otras
qualefquier rentas deftos mis P.einos las mas cercanas a Ins dichas Vil-
las que fer pueda , donde le fean ciertos y bien pagados para que
juntamente con las dichas VilJas los tenga y poíea por bienes vincu-
lados y de mayoradgo fubjetos a reílituicion y fuccda en ellos defpues
de fus dias lu hijo mayor ligitimo y fus decêndientes voroncs ligiti-
mos de mayor , en mayor , y a falta de varon hembra conforme a Ia
difpoficion de las leyes deílos B.eyncs que hablan en la fucceíllon de
da Cafa %eal Tortugnei^a, 385
los mayoraugos , y a íiilta de fus hijos y deccndientes , fucceda en
lo íufo dicho Tu pariente mas propinquo por la dicha via y titulo de
mayoradgo , y para que los mis arrendadores e Recaudadorcs mayo-
res , y Receptores de las dichas Rentas , y de las otras
tbeíbreros
donde acudan con el dicho un quento y trezientos
fe los íituarcdes
y íeíTenta mil maravedis de Juro perpetuo al dicho don Duarte , y a
los dichos lus fucccirores eleíde el dia de la fecha dcfte Albala en
a delante en cada un ano perpetuamente, para fiempreja mas, folar
mente por virtud de la dicha Carta de privilegio que dello le diere-
des y libraredes o de fu treslado íignado de efcriviano publico íin
fer fobreefcrito ny librado en ningun ano de vos otros ny de otra
perfona alguna , la qual dicha Carta de privilegio y las otras Cartas
y fobre Cartas que en la dicha razon le dieredes y libraredes mando
a Vos otros y al mayordomo y chanceller y notários mayores y a los
otros officiales, que eílan a la tabla de mis fellos , que las den y li-
bren , y paíFen y fellen luego fin poner en ello embargo ny contra-
dicion alguna y no le defconteis el diefmo que pertenece a la Chan-
celleria que yo avia de aver defla merced conforme a la Ordenança,
porque tambien fe la hago, de lo que en eilo fe monta. Lo qual an-
ly hazed y cumplid en virtud deite mi Albala íin pedir otro recaudo
aíguno , íin embargo de qualefquier leyes y ordenanças pregmaticas
ylanciones dedos Reynos y todo uio y eílilo de Contadoria que en
contrario deílo fea o fer pueda con todo lo qual difpenfo y lo abro-
go y derogo y doy por ninguno y de ningun valor y efeóto en quan-
to a ello toca y tane quedando en fu fucrça y vigor para en lo de-
mas a delante y os relievo de qualquier cargo o culpa que por ello
os pueda fer imputado , y anfy mifmo .mando que tome la razon def-
te dicho Albala. Pedro de Contreras mi criado fecho en Vaílado-
-lid a feis de JuUio de mil quinientos y noventa y dos aíios. ,

YO ELREY.
Yo
Juan Vafques de Salazar Secretario delRey nueftro Seííor la
iíze efcrevir por fu mandado , el Licenciado Rodrigo Vafques de
Arce, el I-icenciado Joan Gomes, el Dodrr a mefquiía tom.o la ra-
zon Pedro dc Contreras. Regiílrada Bartolome de Porteguera. Por
chanceller Bartolome dc Porteguera.

Y
agora por quanto por parte de vos el dicho don Duarte mi
fobrino marques de frechilla me fue fuplicado que confirmando y
aprovando el dicho mi Albala que fulo vá incorporado y todo lo en
M contenido os mandaíTe dar mi Carta y privillegio de los dichos
un quento y trezientos y feífenta mil maravedis que por virtud dcl
aveis de aver para que los tengais de mi en cada un ano por juro de
Iieredad para vos y para vucílros herederos y fucceífores por via de
,
mayoradgo , conforme a lo contenido en el dicho mi Albala que fu-
fo vá incorporado con íos llamamientos
y fegun que en el fe contie-
ne para f^nipre ja mas íituados en las rentas de las Alcavalas, de ci-
Tom. V. Ccc ertas
,

38^ Trovas do Lh. VllL da Hifloria Çenealogica

ertas Villas y Lugares que fon en Ias rnerindades de Caftro Xeris y


Cerra to , y Monfon , y Carrion y dei Partido de la Villa de Carrion
y fu Alfbz y en ciertas rentas de las Alcavalas de la Villa de Saagun
donde los quereis tomar y fituar en efta manera en las Alcavalas de
ciertas Villas y Lugares de la dicha merindad de Caftro Xeris duzien-
tos y treinta mil maravedis , en efta manera , en las Alcavalas delan-
tadilla ciento y treinta mil maravedis, y en las Alcavalas de Voba-
dilla dei camino cien mil maravedis que fon los dichos duzientos y
treinta mil maravedis y en las Alcavalas de ciertas Villas y Lugares
de la dicha merindad de Cerrato , duzientos y quarenta mil marave-
dis en efta manera, en las Alcavalas de Torquemada ciento y qua-
renta mil maravedis , en las Alcavalas de Tertoles cinquenta mil ma-
ravedis , en las Alcavalas de Villa Viudas cinquenta mil maravedis
que fon los dichos duzientos y quarenta mil maravedis , y en las Al-
cavalas de ciertas Villas y Lugares de la dicha merindad de Monçon
duzientos y cinquenta mil maravedis , en efta manera , en las Alca-
valas de Tâmara cien mil maravedis , en Ias Alcavalas Defpinofa de
Villa Gonçalo cinquenta mil maravedis , en Ias Alcavalas de Villa
Serracino treinta mil maravedis , en las Alcavalas de Villa Marcilla
treinta mil maravedis , en las Alcavalas de Villa Herreros quarenta
mil maravedis , que fon los dichos duzientos y cinquenta mil mara-
vedis , y en las Alcavalas de ciertas Villas y Lugares de la dicha me-
rindad de Carreou duzientos y dies mil maravedis en efta manera ,
en las Alcavalas de Cifneros cien mil maravedis , en las Alcavalas de
Vobadilla de Rio Seco cinquenta mil maravedis , en las Alcavalas de
Cerbatos de Ia Cueva feflenta mil maravedis que fon los diehos du-
zientos y dies mil maravedis , y en las Alcavalas de ciertas Villas y
Lugares dei partido de la dicha Villa de Carrion y fu Alfoz duzien-
tos y treinta mil maravedis , en efta manera : en las Alcavalas de
Carrion treinta mil maravedis , en las Alcavalas de Bailio treinta mil
maravedis , en las Alcavalas de Rebenga treinta mil maravedis , en
las Alcavalas de Guardo treinta mil maravedis , en Ias Alcavalas de
Villa Muera y Villolvido como anda en renta treinta mil maravedis ,
en Ias Alcavalas de Calcada treinta mil maravedis , en las Alcavalas
de Villa Nueba de los Nabos dies mil maravedis , en las Alcavalas de
Villa Nueva dei Rio veinte mil maravedis, en las ALavalas de Vil-
la Moronta dies mil maravedis , en las Alcavalas de San Mames dies
mil maravedis que fon los dichos duzientos y treinta mil maravedis,
y en ciertas rentas de Ias Alcavalas de la dicha Villa de Saagun du-
zientos mil maravedis en efta manera en el Alcavala de la Carne cin-
:

quenta mil maravedis , en eí Alcavala dei Vino cinquenta mil mara-


vedis , en el Alcavala de las Heredades cinquenta mil maravedis , en
el Alcavala dei Pefcado cinquenta mil maravedis que fon los dichos
duzientos mil maravedis. Y cumplidos los dichos un quento y tre-
zientos y feíTenta mi! maravedis , para que los arrendadores y fíeles
y cogedores de las dichas rentas y las otras per fonas que las cobra-
,

ren os los pagiíen el ano venidcro de tnil quinientos y noventa y


tres defde primao de Henero dei por los terdos dei y dende en a
delaJite
da Cafa %eal Tortaguei^a. 387
delante por los tercios de cada iin ano para íiempre ja mas o haíla
que íe quite el dicho juro como dicho es , y íi algunos anos no cu-
pieren los diclios un quento y trezientos y leíTcnta mil maravedis en
las Alcavalas de las diclias Villas y Lugares y rentas lufo declaradas
que mis arrendadores y Recaudadores mayores tcforeros y Recepto-
res que fueren de las rentas de las Alcavalas de las dichas merindades
de Caílro Xeris y Cerrato , y Monfon , y Carrion y de las dichas
Villas de Carrion Saagun y fus tierras y partidos y alfoz os paguen
de fu cargo por mayor Io que no cupiere en las dichas rentas los
anos que no cupiere cada uno lo que entra en fu partido ; y porque
por mis libros de mercedes de Juro de Heredad parece que eíla en
ellos afentado el dicho mi Albala que fufo vá incorporado y que el
Original queda en poder de mis contadores de mercedes , y que por
lo en el contenido no íe os deíconto el dieínio que pertenece a Ia
chancilleria que yo avia de aver conforme a la Ordenança yo el fo-
brc dicho Rey don Phclipe tubelo por bien y confirmo y apruevo
el dicho mi Albala que fufo vá incorporado y todo lo en el conteni-
do y tcngo por bien y es mi merced que Vos el dicho Don Duarte
mi íbbrino marques de frcchilla tengais de mi en cada un afio los di-
chos un quento trezientos y felTenta mil maravedis que por virtud dei
aveis de aver por juro de heredad para vos y para vueftros hcrcderos
y fucceflbres por via de niayoradgo conforme a lo contenido en el
dicho mi Albala que fufo incorporado vá con los llamamientos fe-
gun que en el fe contiene para íiempre ja mas íituados en las Alcava-
las de las dichas Villas
y Lugares y rentas fufo declarados y con los
vinculos y gravamenes llamamientos y condiciones fegun y de la ma-
nera que en el dicho mi Albala fufo incorporado y en eíla mi Car-
ta de privilegio fe contiene por Ia qual o por fu treslado fignado íia
fer fobre efcripto ni librado como dicho es. Mando a los dichos
arrendadores y fieles y cogedores y a otras qualeíquier perfonas que
cobraren en renta o en heldad o en otra qualquier maucra las Alcava-
las de las dichas Villas
, y Lugares y rentas fufo declaradas qiie de
los maravedis y ctras cofas que valieren cl dicho ano de quin lentos

Y noventa y tres y dende en a delante en cada un ano para íiempre


ja mas , paguen los dichos un quento trezientos y feíTenta mil mara-
vedis , a vos el dicho marques don Duarte
y defpues de vos a los
dichos vueftros herederos y fucceííores por via de mayoradgo con-
,
forme a lo contenido en el dicho mi Alvala que fufo vá incorpora-
,
do , o al que los uviere de cobrar por vos o por ellos de las AJca-
valas de cada una de las dichas Villas
y Lugares y rentas fufo decla-
radas Ia quantia de maravedis fufo dicha en efta 'mancra : de las Al-
cavalas de las dichas Villas Lugares que fon en la dicha meiiniad
y
de Caílro Xeris los dichos duzientosy treinta mil maravedis en efta
,

nianera : de las dichas Alcavalas de Lântadilla los dichos ciento y ti e-


inta mil maravedis , de las dichas Alcavalas de Vobadilla dei Cami-
no los dichos cien mil maravedis que fon los dichos duzientos y
,
treinta mil maravedis , dc las Alcavalas de las dichas Vilbs y Lugares
de la dicha merindad de Cerrato los dichos duzientos
y quarenta mil
Tom. V. Ccc ii marave-
3 88 Trovas do Lh. VIIL da Hlflorla Çeneahgica

maravedis en eíla manera: de las dichas Alcavalas de Torquemada los


dichos ciento y quarenta mil maravedis, de las dichas Alcavalas de
Tortoles los dichos cinquenta mil maravedis , de las dichas Alcavalas
de Villa Viudas los dichos cinquenta mil maravedis, que fon los di-
chos duzientos y quarenta mil maravedis , y de las dichas Alcavalas
de las dichas Villas y Lugares de la dicha merindad de Monfon los
dichos duzientos y cinquenta mil maravedis en efta manera de las
:

dichas Alcavalas de Tâmara los dichos cien mil maravedis , de las di-
chas Alcavalas de Efpinofa de Villa-gonzalo los dichos cinquenta mil
maravedis , de las dichas Alcavalas de Villa Serracino los dichos tre-
inta mil maravedis , de las dichas Alcavalas de Villa Marcilla los di-
chos treinta mil maravedis , de las dichas Alcavalas de Villa Herre-
ros los dichos quarenta mil maravedis que fon los dichos duzientos y
cinquenta mil maravedis , y de las Alcavalas de las dichas Villas y
Lugares de la dicha merindad de Carrion los dichos duzientos y
dies mil maravedis en efta manera : de las dichas Alcavalas de Cilne^
ros los dichos cien mil maravedis , de las dichas Alcavalas de Voba-
dilla de Rio Seco los dichos cinquenta mil maravedis , de las dichas
Alcavalas de Cerbatos de la Cueba los dichos feíTenta mil maravedis
que íbn los dichos duzientos y dies mil maravedis ; y de las Alcava-
las de las dichas Villas y Lugares dei partido de la dicha Villa de
Carrion , y fu alfoz los dichos duzientos y treinta mil maravedis en
eíla manera : de las dichas Alcavalas de Carrion los dichos treinta
mil maravedis, de las dichas Alcavalas de Vaillo los dichos treinta
mil maravedis, de las dichas Alcavalas de Rebenga los dichos trein-
ta mil maravedis , de las dichas Alcavalas de Guardo los dichos tre-
inta mil maravedis , de las dichas Alcavalas de Villa Muera y Volvi-
do , como anda en renta , los dichos treinta mil maravedis , de las di-
chas Alcavalas de la Calcada los dichos treinta mil maravedis, delas
dichas Alcavalas de Villa Nueba de los Navos los dichos dies mil
maravedis, de las dichas Alcavalas de Villa Nueba dei Pvio los di-
chos veinte mil maravedis , de las dichas Alcavalas de Villa Moron-
ta los dichos dies mil maravedis , de las dichas Alcavalas de San Mai-
nes los dichos dies mil maravedis que fon los dichos duzientos y
treinta mil maravedis y de las dichas rentas de las Alcavalas de la di-
cha Villa de Saagun los dichos duzientos mil maravedis en efta ma-
nera : de la dicha Alcavala de la Carne los dichos cinquenta mil ma-
ravedis , de la dicha Alcavala dei Vino los dichos cinquenta mil ma-
ravedis , de la dicha Alcavala de las Heredades los dichos cinquenta
mil maravedis , de la dicha Alcavala de Pefcado los dichos cinquen-
ta mil maravedis que fon los dichos duzientos mil maravedis, ycum-
plidos los dichos un quento trezientos y feíTenta mil mariivedis , los
quales os paguen el diclio ano de quinientos noventa y tres defde
primero dia de Henero dei por los tercios dei , y dende en a delan-
te por los tercios de cada un ano para íiempre ja mas ; y fi algunos
anos no cupieren los dichos un quento trezientos y feíTenta mil ma-
ravedis , en las Alcavalas de las dichas Villas y Lugares y rentas fufo
declaradas que mis arrendadores y Recaudadores mayores , teíbreros
y Re-
da Cafa %eal Tortugtíei^a,

y Receptores que fiicren de las rentas de las Alcavalas de las dichas


merinJadcs de Calho Xeris y Cerrato y Moníon y Carrion y de las
dicbas Villas de Carrion y Saagiin y fus tierras y partidos de AUbz
os pngiicn de fii caigo por inayor Io que no cupicre en las dichas ren-
tas los aiios que no cupiere , cada uno lo que entra cn íii partido y
que tomen vueílras cartas de pago y dcfpues de vos de los dichos
vueftros heredcros y fucceífores , y por via de mayoradgo conforme
a lo contcnido en el dicho mi Albala que fuíb vá incorporado , o
dei que los uviere de cobrar por vos o por ellos con los quales y con
el trcslado dcíla mi Carta de privillcgio fignado Cm íer fobreeicripto
ni librado como dicho es mando a los dichos mis arrendadores y Re-
cnudadores mayores , teforeros y Receptores , que fon o fueren de
las dichas rentas de las Alcavalas de las dichas merindades de Caílro
Xeris , Cerrato y Monzon y Carrion , y de las dichas Villas de Car-
rion y Saagun y íiis tierras , y partidos y alfoz donde las dichas Vil-
las y Lugares y rentas íufo declaradas andan en renta , que reciban

y paíTen en quenta a los dichos arrendadores , y íieles y cogedcres


de las Alcavalas delias los diclios un quenío trezientos y feíicnta mil
maravedis cada uno lo que entra en fu partido el dicho ano de qui-
nientos y noventa y tres y dende en a delante en cada un ano para
licmpre ja mas. Y otro fi mando a mis Contadores «layores de
quentas y tenientes que agora fon y feran de aqui a delante que cnn
los dichos recuudos los reciban y paíTen en quenta a los dichos mis
arrendadores y R^ecaudadores mavores Teforeros y Receptores de Ias
dichas rentas , cada uno dcllos lo que entra en fu partido el dicho
ano de quinientos y no\Tnta y tres y dende en a delante en cada un
ano para íiempre ja nus •,
y fi los dichos arrendadores y íieles y co-
gedores de las dichas fufo declaradas , y las otras perfonas que las co-
braren no pagaren los dichos un quento trezientos y feíTenta mil ma-
ravedis, a vos el dicho marques Don Duarte
y defpues de vos a los
dichos vueílros herederos , y fucceflbres por via de mayoradgo con-
forme a lo contenido en el dicho mi Albala que fufo vá incorporado
o al que uviere de cobrar por vos o por ellos el dicho ano de qui-
nientos y noventa y tres , y dende en a delante en cada un aíio pa-
ra íiempre ja mas a los dichos plazos
y fegun de fufo fe contienc por
eíla mi Carta de privillegio o por fu treslado fignado íin fer fobre-

y doy poder cumprido a


efcripto ni librado como dicho es, mando
todos y qualefquier Jufticias aníi de mi cafa y corte y clianciilerias
,

como de todas las Ciudades Villas y Lugares de mis Reinos y Scno-


rios y a cada uno dellos en fu Juridicion que fobre ello fueren re-
queridos que hagan y manden hazer en ellos y en los fiadores que
en las dichas rentas uvieren dado o dieren y en fus bienes muebles y
raizes donde quiera que los fallaren todas las execufiones priíiones
^ e:^tas y remates de bienes y todas las otras coifas y cada una delias
que convengan y menefter fean de fe hazer aníi como por maravedis
de mi aver haí>a que vos el dicho marques don Duarte y defpues de
vos los dichos vueftros herederos y fucceílbres por via de mayoradgo
como dicho es o el que los uviere de cobrar por vos, o por ellos,
fcays
3 ^o Trovas do Liv. Vlll. da Hiflorla genealógica
feays y fean contentos y pagados de los dichos un quento trczien-
tos y feíTenta mil maravedis o de la parte que dellos os quedare por
cobrar el dicho ano de quinientos y noventa y tres , y dende en
a delante , en cada im aíío para íiempre ja mas , con mas las coitas
que a fu culpa hizieredes en los cobrar que yo por efta mi Carta de
privillegio o por fu treslado fignado lin íer íobreeícripto ni librado
como dicho es haga fanos y de paz los bienes que por eíla razon
fueren vendidos y rematados a quien los comprare para agora
y
para fiempre ja mas , y los unos ni los otros no íagan ende al por
alguna manera fo pena de la mi merced y de dies mil maravedis pa-
ra mi Camara a cada uno que lo contrario hiziere y de mas mando
al home que les efta mi Carta de privillegio o el dicho fu treslado
íignado fin fer fobreefcrito ny librado como dicho es moílrare que
les emplaze que parefcan ante mi en la mi Corte do quiera que yo
fea dei dia que les emplazaren hafta quinze dias pnmeros íiguicntes
fo la dicha pena fo la qual mando a qualquier efcrivano publico
que para efto fuere llaniado que dê al que íe la moílrare teílimonio
íignado con fu ílgno porque yo fepa como íe cumple mi mandado y
delco os mande dar eíla mi Carta de privillegio elcripta en pergami-
no y lellada con mi fello de plomo pendiente en filos de feda de
colores librada de mis Contadores mayores y de otros oíKciales de mi
caíía dada en la Villa de Madrid a treze dias dei m^es de Otubre ano
dei nafcimiento de nueílro Salvador Jefu Chrifto de mil quinientos
y noventa y dos anos vá efcripto fobre raido las dichas Alcavnlas,
cn rcnta quiere el lecenceado íaavedra el Do61or Villa Gomes No-
tário mayor Diego Herrera chanciiler , yo Gabriel de Cuella conta-
,
dor dei Rey nueílro feiíor y fu notário mayor dei Reyno deCaílil-
la le fíze elcrevir por fu mandado , chanciiler martin Ruiz Demitar-
te , Relaciones Antonio de Caravajal , Relaciones , mercedcs Don
Duarte marques de frechilla quanto de Juro perpetuo íitua-
dos en las Alcavalas de ciertas Villas y Lugares de ciertos partidos
deftos Rey nos para defde primero de Hencro dei aíio venidero de
cn a delante por Albala deve derechos.
An. 1604. Don phehppe por la gracia de Dios Rey de Caílilla de Leon
de Aragon de las dos Sicilias de Jeruíalem , de Portugal , de navar-
ra de Granada de toledo de Valencia de galicia de mallorcas de Se-
villa , de Cerdena de Cordova de Corcega de murcia , de Jaen , &:c.
a vos franciíco de Cifneros mi teforero de ios encavezamientos alca-
valas , y otras rciitas de las Villas y lugares que fon y entran en la
merindad de Cerrato el ano paílado de mil feifcientos y tres oaotra
qualquier períbna que lo fuere eíle prefente aílo de mil feifcientos y
quatro y los de mas en a delante venideros faved que los feiíores
Reys Cathoíicos don Fernando y doíia líabel de gloriofa memoria
hizieron y juraron una eícriptura de capitulacion y concierto en qua-
tro dias dei mes de Deziembre dei ano de mil quatrocientos fedenta
y nueve con don Fernando de fandoval Conde de Caílro feílo abue-
ío de don írancifco de fandoval y Rojas duque que al preíente es
de lerma , marques de Denia y m.i fumilier de Cci'ps y mi cavallerizo
mayor
da Cafa %eal Tonugue^^a. 3^1
mayor fobre cierta recompeníTa ,
que fe hiivo de liazer y havieniloíFe
tratado pleito lobre ello ante los de mi confejo de Jufticia por dos
fentendas de vifta y revifta declararon pertenecer al dicho Duque de
lerma , las alcavalas y tercios pedidos y monedas y los de mas tribu-
tos Reales de ciertos lugares que le pertenecieron conforme a la di-
cha efcriptura de capitulacion y concicrto por la diclia recompenlFa
íin cargo de pagar los Juros que uvieíTe fituados en ellos , defpues
dei dicho dia quatro de Deziembre dei aiio de mil y quatrocientos y
feíTenta y nueve por lo qual por una mi Cédula firmada de mi ma-
no y refrendada de Xpoval de Ypenarrieta mi fecretario fecha en Val-
ladolid a veinte dias dei mes de março dei aiio de mil y feifcientos
y dos entre otras coíTas en ella contenidas mande al prefidente y los
dei mi Confejo de hazienda y contadoria mayor delia , que a las
perfonas que tuvieífen Juros fituados en los dichos lugares , defpues
dei dicho dia de Ia efcriptura de concierto o que dejaíTen de caber
por menor o mayor por la dicha razon fe le dieífe entera y cumplida
fatisfacion mudandolos a los crecimicntos de las rentas dei fuliman y
açogue puertos fecos de C>aftilla y dies por ciento de las lanas , y
otras qualefquier rentas y alcavalas dei Reyno con la antelacion dei
dicho dia veinte y dos de março de feifcientos y dos y porque eíla
I forma de fatisfacion podria fer no eftar bien a las partes mande afi
mifmo que fi quifieíTen fe defempefiaíren Juros de por vida y de al
quitar los que mas dano cnufaífen a mi Real hazienda y fe hizieíTe
aíTy y en fu lugar fe fituaífen los que eftuvieffen fituados en los di-
chos lugares o dejaíTen de caver por efra caufa como mas particular-
mente en la dicha mi cédula que de fufo fe haze mencion en virtud
de la qual los dichos mis Prefidentes y los dei mi Confejo de hazien-
da y contadoria mayor delia , mandaron que fe deíempenaífen los Ju-
ros de a quatorze mil el miilar que uvieíTe mas antigos en los parti-
dos donde eiitran los dichos lugares que fe adjudicaron al dicho Du-
que de lerma , hafta en la cantidad que montaíTen fus alcavalas , y
tercios , para que quedaíTen como antes eílavan con las rnifmas ante-
laciones y lugares que tenian en virtud dei qual dicho mandato fc
defempcnaron trezientos y feíTenta y un mil quatrocientos quarenta
y ocho maravedis en la merindad de Cerrato de los que montavan los
lugares que en ella tocavan a la dicha recompenfa por quanto la refta
la havia de finca en ella para los dias feguieníes en cf!a manera trc- :

mta, y fiete núl y quinientos maravedis para defde veinte y dos de


JuUio de mil y feifcientos y tres y dies mil maravedis para defde ve-
inte y quatro dei dicho y otros dies m.il maravedis para defde pri-
,
mero de Agoílo dcl dicho ano y cinquenta y dos mil y quinientos
maravedis para defde fiete dcl dicho y ciento
y cinquenta mil mara-
vedis para defde quatro de Septiembre y dies y fiete mil quatrocien-
tos y quarenta y ocho maravedis para defde nueve de hebrero defie
prefente ano de mil y feifcientos
j quatro v los ochenta y quatro uiil
maravedis refíantes para defde quatorze dei dicho Flebrero. Y ago-
ra por parte áp. don Duarte marques de frechilla me ha fido hecha
reladon que tieGw por Uiia rai Caita de privillc^Io treze de ot"-
3p2 Trovas do Liv. FUI. da Hijlorla Çenealogka
bre dei ano paíTado de mil quinientos y noventa y dos un quento
trezientos y íeííbnía mil maravedis de Juro perpetuo los duzientos y
treinta mil maravedis en la merindad de Caftro Xeris y duzientos y
cinquenta mil maravedis en las de Monfon, duzientos y dies mil ma-
ravedis en la de Carrion , duzientos y treinta mil maravedis en las
dei partido de la dicha Villa de Carrion y fu Alfoz , y duzientos
mil maravedis eu el partido de Saagun , y los duzientos y quarenta
iriil maravedis reítantes en ellh merindad de Cerrato por mayor y
por menor en eíla manera en las Alcavalas de Torqueniada ciento
:

y quarenta mil maravedis, en las Alcavalas deTortoles cinquenta mil


maravedis en las Alcavalas de Villa Viudas los cinquenta mil mara-
,

vedis reftantes , a cumplimentoj de los dichos duzientos y quarenta


mil maravedis los quales dexavan de caber en la dicha merindad por
averííe adjudicado al dicho Duque conforme a la dicha recompeníTa
los lugares que a delante yran declarados con todas íus rentas en ef-
ta manera: Hermedes Royvela ,
torre, Sandino tortoles , tordelieles,
tordepadre , ateíito a lo qual ya que íean defempenado y coníumi-
do en mis libros los dichos trezientos y feirenta y un mil quatroci-
entos y quarenta y ocho m.aravedis de juros de a quatorze mil el mil-
lar de los mas antiguos íituados en la dicha merindad para que los
de mas fituados quedaílen en los lugares , y antelaciones que tienen
,

me í uplico íueíFe fervido de mandarle dar mi Carta para que de aqui


a delante fe les pagualèn los corridos y corri eíTen de Ics dichos du-
zientos y quarenta mil maravedis dei dicho vueílro cargo con.o antes
fe hazia no embargante que los cinquenta mil maravedis eílen íituados
en la Villa de Tortolcs que toca a la dicha recompeníTa o ccm.o la
mi merced fueíTe lo qual vifto por el preíidente y Ics dei dicho mi
Confejo de hazienda y contadoria mayor delia , y que por mis libros
de Relaciones parece lo fufo dicho y que por la quenta que hizie-
ron mis Contadores de Relaciones parece que conforme a los dichos
dias que fe defempenaron los dichos Juros de a quatorze viene a fer
dia fixo deíde quando an de quedar fituados todos los Juros deíla
dicha merindad como antes eítavan defde nueve dei mes de Otubre
dei afio paífado de mil y feiícientos y tres incluf ble fue acordado fe
dieífe eíla mi Carta
, y yo tubelo por bien y os mando a vos el di-
cho francifco de Cifneros liorri que luego que con ella fcays reque-
rido áé's Y pagueis al dicho Don Duarte n;arques de frcchilla o a
quien iu poder huviere cinquenta y cinco mil y duzientos y treinta
y dos mnravcdis que menta la rata deíde el dicho dia nueve dcl mes
de Otubre de mil y feifcientos y tres haíla fin de dcziembre dei de
los dichos duzientos v quarenta mil maravedis aue anív mifmo man-
do a otra qualquier períbna que fuere mi Thczorero receptor de cíl";
dicha merindad deíle prefente afio de mil y feiícientos y quatro en a
delante paguen al dicho don Duarte marques de frechilla o a quien
íu poder oviere lo que corriere de los dichos duzientos
y quarenta*
mil maravedis a los plazos contenidos y declarados en la dicha mi
Carta de privillegio guardandofe cn Ia pnga la antelacion dei dicho
dia treze de otubre de mil
y quinientos y noventa y dos no embar-
gante
da Cafa %eal Tortugnes^a.
gante que fe ayan facado de la dicha merindad los dichos lugares
que tocaroii á la dicha rccompenlla , y que eílen en quenta mil ma-
ravedis dcllos lituados en la Villa de Ibrtoles por quanto caven cnte-
ramente como dicho queda que con Cartas de pago dcl dicho Don
Duarte o de quien el dicho íu poder huviere y los de mas recaudos
necellarios y ella mi Carta haviendo tomado la razon delia Pedro
luis de Torregroíía Contador dei libro de Caxa de mi hazienda y los
de mercedes o lu treslado í^gnado de ícrivano fe os recebiran y paíFa-
ran en quenta en las que dieredes de vueílros cargos los maravedis
que como dicho es pagaredes dada en Valladolid a dies y ocho dias
dei mes de março de mil íeifcientos y quatro anos va teílado que
conforme a los dichos dias , y dos. Mayordom.o Don Juan de Acu-
na , Juan Paícual , Criítoval de Ipenarrieta , Galpar de ISoula , en ve-
intc y quatro dias dei mes de mayo de mil y íeilcientos y quatro anos
toine la razon pedro luis de torregrola tomaron razon los Contadores
de mercedes de fu mageílad en Valladolid a íeis de Abril de mil y
feiícicntos y quatro anos Juan Ruiz de Contreras Antonio de Carava-
jal Ber. "'^ de Sardata Donn.^ deypen.'*

Contrato do Ca/amento da Ccndejfa de Oropfza D. Brites de To-


ledo , com o Se/i/wr D. Duarte,

EN cl nombre de la Sandiílima Trinidad y a gloria y honra dela


virgen íanéla Maria fefíora nuefcra. Notório Ica a todos los que
f^um '
'

la preíbnte Scritura de capitulucion matrimonial vieren , y oycren y An. ijyj*


entendieren como ante mi el preíente Eicrivano y teftigos de yuío el-
criptos parecieron los Seiíores Don Gomes de Avila marques de Vic-
iada Ayo e mayordomo mayor dei Principe nuefirc^ Seiíor , y de la
íeíiora ynfanta , y de la otra don Rodrigo de Alencaítre mayordomo
de Sus Altezas, y dixeron que por quanto í'e ha tratado, y plati-
cado que el Scnor don Duarte marques de frechilla hijo ligitimo dei
Duque de Vergança , y de la fcíiora doiia Catalina cafe con la feiio-
ra doiía Beatriz de Toledo hija ligitima primogcnita de los Senores
conde y condefa de Oropefa en razon de lo qual , y para tratar y
aflentar y capitular las coías concernientes al dicho matiimonio que
mediante la voluntad de Dios fe a de eíFecluar entre los dichos fe-
nores don Duarte y dona Beatriz de Toledo , el ícnor don Juan gar-
cialvarez de Toledo monroy , y Ayala conde de Oropeía dio lii po-
der al dicho feiíor marquez de Velada el qual íe otorgo ante Pedro
lopez Bernal efcrivano de la dicha Villa de Oropefa y Dcleytoia fu
fecha en veinte y cinco dias dei mes de Septiembre de mil y quini-
entos y noventa y cinco ailos por el qual le concede libre ligitimo,
y poder baftante con libre y general acíminiftracion , para que capitu-
le trate y concierte el dicho matrimonio como mas en particular
confta dei dicho poder el qual Originalmente fue exibido ante mi el
prefente efcrivano para que lo infiera , y incorpore en eíla dicha ef-
ciitura y capitulaciones el qual letra a letra es como fe íigue.
Tom. V. Ddd Sepan
^^^'^^^ yill' Hijlorta Çenealogtca
3^4
Sepan quantos efta carta de poder vieren y eatendieren como
yo don Juan garcialvarez de Toledo monroy y Ayala conde de Oro-
pefa y de deleitofa , &c. Digo que por quanto yo defeo , fiendo
Dios fervido , cafar y poner eftado a doíia beatriz alvarez de Tole-
do monroy y Ayala mi hija , y de doíia luifa Pimentel , y porque las
partes y refpedlos que íiempre he conocido en el íenor don Gomez
de Avila marques de Velada Ayo y mayordomo mayor dei Príncipe
nueílro Tenor , y dei confejo de eftado de lu Magefíad , y el amor y
voluntad con que fiempre me a hecho merced en todas mis colas es
tal que con razon devo prometerme encaminara efto mucho mejor
que yo mifmo al acertamiento que tanto importa al bien de mi cafa
y de mi hija , y fatisfacion de mis obligaciones Otorgo y conoíco
:

por efta prefente carta que doy todo mi poder cumplido , libre y
ileno de la fuftancia que de derecho fe requiere , y es neceíTario al
dicho fenor marques de Velada que efta aufente , como fi fuera pre-
fente , efpecial y feíialadamente para que por mi y en mi nombre ,
y reprefentando mi própria perfona , y como yo miímo pueda tra-
tar aftentar y capitular de cafar a la dicha dona Beatriz mi hija con
el fenor don Duarte marques de frechilla hijo ligitimo dei Duque dc
Vergança don Juan , y de la feilora dona Cathalina atento a que me
confta averfe promulgado en el Reyno de Portugal una ley fu data
en la Villa de Madrid a cinco dias de el mes de Junio defte prefen-
te aíio de mil y quinientos y noventa y cinco por la qual fe prohi-
be , que ni en el dicho Reyno ni fuera de el no fe pueda juntar una
cafa con otra , teniendo qualquiera de ellas quatro mil cruzados de
renta , y de alli arriba con lo qual fe afegura que aun que fuccedief-
fe (loque Dios no quiera) faltar el duque fu hermano íin dexar hi-
jos por lo qual el dicho fenor don Duarte huviera de fucccder en
aquelíos eftados , que no fe puedan unir ni juntar los mios con el-
los , ni ninguno deilos , íino que conforme a la dicha ley , fe an de
dividir en aviendo hijo fegundo dei dicho fenor don Duarte con cu-
yo fuppuefto fe ha movido efta pratica la qual de otra manera ccfta-
ra , y para que con la dicha occafion fe effeclue , doy el dicho po-
der al dicho fenor Marques de Velada para que pueda hazer aílentar
concertar, y capitular todas, y qualefquier condiciones Scripturasca-
pitulaciones y claufulas que fueren neceííarias para cl dicho contrato
matrimonial con el dicho fenor don Duarte , y con otra qualquier
perfona o perfonas que para lo fufo dicho tuviercn fu poder y pa-
,

ra que pueda obligar a la dicha doiía Beatriz mi hija , y a mi en fu


nombre a que fe defpoífará y caftará por palabras de prefente que
hagan verdadero , y ligitimo matrimonio fegun lo manda la faníVa Ma-
dre yglefia catholica Romana con el dicho fenor don Duarte dentro
dei termino que fu feõoria pufiere y aft^entare y feííalare , no avien-
do impedimento canónico ni caufa ligitima que lo impida prometi-
endo y feíialandole de mi parte la dote que le pareciere, y por bien
tuviere a un que fe exceda de la cantidad difpueíla por leyes de eílos
Rcynos, y para que en mi nombre, y de la diclia Dona Bcatris mi
iiija pueda acetar acete qualquier obli^acioii ^ ò obligaciones que
, y
(ta Cafa %eal Tortugues^a.

el dicho feíior don Dunrte , y Ia perfona que eti fii nombre , y con
fu poder tratare y conccrtare el dicho calíamiento hizieren aíTcntarcii,
que le fucre íeiíalada , en caio
y promctiercn aHl de reíHtuir la dote
que Tc deva relrituir , como de otra quaíquier obligacion , o ohliga-
cioiíes , promcilas , pailos , y convenciones que con el le trataren de
dar , hazer , y cumplir , y para que me obligue , a que yo ni la' di-
cha dona Beatriz mi hija no nos apartaremos ni deíiíbremos antes' ci-
taremos y paíTIir^mos por el concierto contrato ò capitulaciones y
condiciones que el dicho feíior marques de Velada hiziere aíTcntare ,
y capitulare en nueílro
nombre íin exceder ni faltar en todo ni cn
parte alguna por ninguna caufa razon recurfo ni remédio que tcnga-
mos paia yr ni venir contra ello lo las penas a que me obligare y
aíli miínio para que en la dicha razon piieda obligarme a todas y
qualefquier condiciones capitulaciones y pofturas que por bien tuvie-
re y fucre.i neccíTarias con todas las firmezas poderios, y fumiíTiones
a las Jufiicias y pleito, o pleitos menajes que parecicren convenir,
y por bien tuviere poner , las qna'es y cada una delias íiendo por cl
dicho feiior marques pueítas y olorgadas yo delde luego las otorgo y
ratifico , y hare que la dicha mi hya 1;is otorgue y ruuíique y aprue-
bc en calo que íca neceílario y quicro que tcngnn tanta íuerça y vi-
gor como fi yo próprio las hizicTc, y capituiaíTe, y a todas ellas
preíente tiieííe y los firmaíTc de mi mano y nombre , aun que para
las taies eícrituras capitulaciones y condiciones fe requirieíjc eípecial
o particular mencion , y expreífa obligacion de ellns que deíde ago-
ra las doy y otorgo en todos los calos que fe requiere, y fuere ne-
ccííbrio legun y como por el dicho fcfíor marques fueren fechas y
otorgadas que para todo lo fulo diciio y para cada cola y parte dei-
lo , y lo a ello anexo , y dcpendiente le doy y otorgo todo mi po-
der cumphdo quan baftante yo le he y tengo con libre y general
adminiftracion , y el que me pertenece por razon de la Patria poí ef-
tad como tal padre y ligitimo adminiftrador de la dicha doíia Bea-
triz mi hija y para que guardare , y cumplire , y avre por firme ,
y
hare que la dicha mi hija lo guarde y cumpla y aya por Fniie todo
lo que dicho es , y lo que el dicho feíior Marques en mi nombre
y
de la dicha mi hija capitulare conccrtare y hiziere ohligo mis bienes
juros y rentas derechos , y adliones ávidos y por aver, y doy todo
mi poder cumplido a todos y qualefquier Juezes y Jufticias deí>os
Reynos de fu mageftad de quaíquier parte, y jurifdicion que lean
ante quien eíVa carta fuere prefentada , y pedido cum.plimiento delia,
para que me compelan a la cumplir , como fi fucra fentcncia diíFniti-
va paíTada en cofa juzgada , y dada a entregar , fobre lo ci!a! renun-
cio todas , y qualefquier leves fuercs plazos derechos , y hordenami-
entos de que en efte cafo me pueda ayudar, y aprovechar que no me
valan , y la ley y derecho que dize que general renunciacion fecha de
leves no vala que no me valan , en teftimonio de lo qual otorgue
la prefente carta de poder en la manera que dicho es ante el prefente
efcrivano , y teftigos que fue fecha y otorgada en la Villa de Oro-
pefa , veinte y cinco dias dei mes de Septiembre afio dei Sefior de
Tom. V. Ccc ii mil
3 pí Trovas do Lh, VIIL da Hiflcria Çenealcgica
mil y quiiiientos y noventa y cinco anos. Teftigos que fiieron pre-
lentef? a lo que dicho es , Juan Pacheco mayordomo de la cafa , y
Gabriel de Monroy, y Pedro de montalvo contadores de fu fenoria,
V vezinos deíla Viila y fu fenoria dei dicho Conde otorgante que yo
el efcrivano doy fee que conofco lo firmo de fu mano , el Conde de
Oropefa y de deleytofa. Pafsò ante mi pedro lopes bernal fcrivano
publico , y yo Pedro lopes bernal fcrivano publico en efta Villa de
Oropefa , y fu tierra por fu fenoria dei Conde de Oropefa y de De-
leytofa , &c. y aprobado por los feíiores dei Confejo real delRey
nueílro fenor prefente fui en uno con los teftigos y fu fenoria otor-
gante y en fee de lo qual lo fcrevi , y fíze mi figno , y doy fee no
lleve defte poder ni de fu Regiftro derechos ningunos en teftimonio
de verdad. Pedro lopes bernal fcriviano.
Y aííi mifmo el dicho fenor don Duarte marques de frechilla

otorgo otro tal poder tan firme y baftante al dicho fenor don Rodri-
go de Alencaftre para que trate caoitule y concierte , y le obligue
aíli que fe effeftuar el dicho matrimonio como a las de mas cofas
que en razon dei dicho matrimonio fe aífentaren , y capitularen , el
qual dicho poder fe otorgo ante Francifco cordero efcrivano de Vil-
la viciofa en dies dias dei mes de Septiembre de mil y quinientos y
noventa y cinco anos como mas en particular confta dei dicho poder
el qual letra a letra, y como originalmente fue exibido ante mi el
prefjiite efcrivano es como fe figue.
En la Villa de Madrid a feys dias dei mes de Odlubre de mil
y quinientos y noventa y cinco anos ante el fesior do6tor Ortis teni-
ente de Corregidor en eíla dicha Villa y fu tierra por fu mageílad
Roque dias procurador dei numero delia en nombre dei feiíor don Ro-
drigo de alencaílre mayordomo dei Príncipe nueftro fenor hizo pre-
fentacion de una efcriptura de poder dada a el dicho fu parte por
cl leííor don Duarte marques de frechilla fenor de Villarramiel , hi-
jo ligitimo dei Duque de Vergança don Juan que dios tiene , y de
la feiora Princefa dona Catalina fu muger fus padres para que por el,
y en íu nombre , y en virtud dei dicho fu poder efcripto en lengua
Portugusfa el dicho fenor don Rodrigo fu parte , otorgalTe fus capi-
tnlacíones fobre el cafamiento que fe ha de hazer con la fenora dona
Bjatriz de Toledo hija y heredera de los feíiores don Juan garcial-
vares de ToleJo , y dona Luifa Pimentel conde y condefa de Oro-
pefa V ddeytofa las quales al dicho fu parte en el dicho nrmbrc , y
en virtud dal dicho poder otorgo , y para que el dicho poder vaya
inferto en las dichas efcripturas de capitulaciones pidio al dicho fenor
tenieiíte le mande traduzir , y darle dei los traslados neceífarios para
el dicho elFeíbo y pidio jufticia.
,

Y por el dicho fenor teniente el dicho poder, y que efta


viílo
fano no roto ni chancelado ni en parte alguna fofpechofo , mando
que el dicho poder fe entregue a Thomas gracian dantifco que por
mandado delRey micftro feíior traduze las efcripturas de fus confe-
jos , y tribunnles para que le tradufga prefente y jure, y fecho fe traiga
ante iu merced para los veer
y proveer Jufticia , aíFi io mando ante mi
Rodrigo de Vera, En
En cu n-^pli mento de Io qual yo el dicho Tliomas gracian dantif-
co fize tradu:/.ir y traduxe el dicho poder de Português en Caftella-
no que es dei thenor íeguiente.
Sepaii quantos eíle publico inílrumento de poder vieren que cl
ano áz\ Nacimiento de nueftro Seíior Jefu Chriílo de mil y quinien-
tos y noventa y cinco anos a dies dias dei mes de Septiembre dei
dicho ano en Yillaviciofa en los Palacios dei Duque de bragança y
de barcelos , Marques de Villavicioía conde de Ourem , Conde de
arrayolos , Conde de Penafiel, fenor de Monforte y de Montalegre,
Condeílable dc eflos Reynos y íeiíorios de Portugal, &c. nucfiro fe-
nor eílando alli prefente el IlUidriíIimo , y muy excellente fenor don
duarte fu hermano hiio dei Duque don Juan que Dios tiene , y de
Ia muv alta y ferenií^ma Princcfa Ia fefíora dona Cathalina nueftra
fenora , Marques de frechilla fenor de Villanamiel , &c. Luego por
el dicho fenor fue dicho perante mi el fcrivano y teíligos a delan-
te nombra.los , que por quanto el cílava concertado por orden y con
licencia delRey nueftro fenor para avcr de caiar con la Illuílriíííma y
muy exc^Uent^ fenora dona Beatris de Toledo hija y heredera de los
Hiuftrini uos , V muy excellentes fefiores don Juan garcialvares de To-
ledo V dona luifa Pimentel conde y condefa de Oropefa , y deleito-
fa , &c. V agora fe a d í hazer efcriptura publica dei contrato dei di-
cho cafamiento v capitulaciones dei , por efte publico inftrumento
ordenava como de hecho ordeno por fu ligitimo, y baftante Procu-
rador en el mejor modo , y forma , y manera que en derecho fe re-
quiere, y pucde hazer al fenor don Rodrigo de alencaftre fu tio
mayordomo dei príncipe nueftro fefior y le dava como de hecho dio
fu entero y cumplido poder y mandado general, y efpecial con li-
bre y general adminiftraclon para que por el dicho feííor don Duar-
te , pueda otorí^ar y otorgue la efcriptura , ò fcripturas que fobre el
contrato dei dicho cafamicnto fe u vi era de hazer con qualefquiera
claufulas y fuerças que buenas, y neceíTarias fueren y parecieren pa-
ra firmeza v feguridad dei dicho contrato y de las capitulaciones , v
condiciones dei , y fobre la reftituicion de Ia dote en el caio en que
la uviere de aver , y fobre Ias arras que el dicho fenor don Duarte
ade prometer a Ia dicha fenora dona Beatriz de Toledo , y para otor-
gar y confentir todas las de mas cofas que fe han tratado y aíTenta-
do en razon defte CaTamiento , y quiere y es contento que el dicho
fenor don Rodrigo pueda hazer y baga fobre todas y cada una de
Ias cofas pertenecientes al dicho contrato qualefquiera obligaciones
general y efpecialmente íin que las generales deroguen a las efpecia-
Ics , ni por el contrario,
y por folenes eftipulaciones , o íin elias ,
obligando a todo fus rentas y bienes muebles y raizes ávidos , y por
aver aíTi los libres y patrimoniales como los de fu eftado , y irayoraf-
go y para que de todo lo que aftl cnpitulare , y coníintiere pueda
pedir , y pida al Rey nueftro fenor , la confírmacion , ò confirmacio-
nes que fueren neceftarins v le bien parecieren aííi de la dicha efaip-
tura como de todas , y cada una de Ias cofis (]ue en elb fueren de-
claradas, capiruiadas y coiíicntidas renuiiciando para ello tcdas y
quiilef-
3^8 Trovas do Liv» VIIL da Hiflorla ÇeneaJogica
qiialefquler leyes pramaticas capítulos de cortes , determina ciones y
,

mas coíTas que


contrario
eii aya , o pueda aver con todas las íirmezas
fcnunciaciones y penas que quiíiere y le pareciere afíl y tan cun pli-
daniente como el dicho íeiior don Duarte por íu própria perloua
pudiera hazer y firmar fi a todo fuera prefente y para le obligar a
hazer qualcíquiera pleitos homenajes , y todas las de mas cofas que
le pareciere aun que íean tales que por derecho , y leyes deite Rey-
no , y de los cie caílilla íe requiera para ellas mas efpecial mandado,
y con aígunas clauiulas que aqui no íean declaradas , porque todas di-
xe que ias avia aqui por expreííadas en la mejor forma que puede
fer diziendo mas que todo lo que por el dicho fcnor don Pvodrigo
en razon de lo que dicho es fuere dicho firmado , otorgado , tratado,
Obligado, y confentido en nombre dei dicho fefíor don Duarte, y
de íus herederos el lo ha y promete avcr por bueno firme grato rato
y eíbb!e y valido para íscmpre ja mas con obligacion de todos los
dichos íiis bienes que para ello obliga , y que aun que no íca necef-
fario otra ratificacion de la eícriptura que el dicho íenor don Rodri-
,

go en virtud dcfte íu poder a de confentir , y firmar , y hnzer y


confentir en fu nombre , con todo para mayor abundância el dicho
fenor Don Duarte ratificara y approbara , coiv dcciaracion que
la
aun que no la quedara
ratifica y quiers que quede en fu entera fn-
erça y vigor, y en teftimonio de vcrdad aííi lo otorgo, y dcllo man-
do hazer efla efcriptura de poder que yo el ícrivano publico eílipu-
le y acete en nombre de los aufentes a quien tocar puede íiendo pre-
fentes por teftigos aloníb de lucena hidaigo de la caífa dei dicho fe-
fíor alcayde mayor de fu Villa de Evoramonte y Dommgos alvares
leyte , y Arcádio de Andrada todos fus defembargadores , y de íu
confejo francilco Cordeyro elcrivano publico de notas en efla Villa-
viciofa , y íu termino por el dicho fenor que lo efcrivi yo el dicho
fcrivano le fize trasladar corregi fubfcrivi y íigne en publico pcrver-
dad. Lugar dei Signo. ^ Francifco Cordeyro.
Certifico yo Manuel Vifpo ícrivano publico de Io Ju<li~ial en
eí^a Villaviciofa por el Duque de Bragança , Szc. nueílro fenor que
es verdad que la letra a tras de la fubícripcion al pie dei poder v í]g-
no publico al pie delia es de íranciíco cordeyro fcrivano de Notas en
eíla Villa , y a fu letra y figno fe da entera fec y credito v por aííi
paíTíU" en la verdad di eíla oy a dies dias dei mes de Septiembre de
mil y quinientos y noventa y cinco aíios y lo ílgne de mi íigno pu-
blico que tal es. Lugar dei íigno.
Certifico yo Antonio cordeyro fcrivano de
lo publico , v de lo
Judicial en eíla Villaviciofa , y fu termino por el Dnqiie nueílro fe-
nor hago faber que ia letra y íigno publico de la fnbfcripcion dei
inílrumento a tras es de francifco Cordero fcrivano de Notas en eíla
Villa , y la letra y íigno publico de la juílificncion arriba es de ma-
nuel vifpo , fcrivano de lo Judicial en eíla Villa los quales oy en dia
fns en fus oíiicios , y a íu letra y flgnos le da entera fee. Y por ver-
dad de la prefente oy dies dias de! mes de Septiembre de mil y quini-
entos^ y noventa y cinco anos , y íií^n-:! de mi figno publico. Antonio Cor-
deiro fcrivaiio publico. Lugar dei fgiio. Ef-
,

da Ca/a %íal 'Pcn tuguei^a 399


Efta bien y íielirente tiaducido de Português en Caflellanopor
mi Thomas Gracian Daiitifco que por mandado delRey nucftro Icnor
tradufgo íus eícripturas , y de fus coníejos , y Tribunales en Ma-
drid a leys de Octubre de mil y quinientos y noventa y cinco anos.
Thomas gracian dantifco apoftolico y real notário y ícrivano.
En la Villa de Madrid a íeys dias dei mes de 06>ubre de mil
y quinientos y noventa y cinco anos vifta efta traducion por cl dicho
feíior Dodlor Ortis teniente de Corregidor , mando a mi el preíente
fcrivano delia dè al dicho Roque dias en el dicho nombre los trasla-
dos de que tuviere neceílidad , efcritos en limpio y íignados en ma-
nera que hagan fee a los quales dixo que interponia fu auííoridad,
y decreto indiciai quanto a lugar de derccho , y aíH lo proveyo
mando , y firmo íiendo teftigos francifco de Cueílas , y Luis de Cal-
ves Icrivanos públicos , el Doólor Ortis ante mi Rodrigo de Vera.
En virtud de los quales dichos poderes ambas las dichas partes
dixeron que para que el dicho matrimonio aya efeto , fon conveni-
dos , y concertados en la forma íiguiente , y debaxo de las condicio-
nes formas , v modos que abaxo íe diran y no íin ellos.
1 Primeramente que el dicho íenor don Duarte aya de cafíir fe-
gun orden de la San6ia Madre Yglcíia con la dicha fenora doíía Bea-
,

triz recibiendo las bendiciones Nupciales dentro dei tiempo que fue-
re íeíialado declarado y ordenado por el dicho fenor conde de Oro-
pefa el qi:al Inego como fe haga íaber al dicho fenor don Duarte el
,

dicho tiempo en que quicre le effedlue el dicho Matrimonio, el di-


cho fenor don Duarte queda obligado , y defde luego yo el dicho
don Rodrigo de Alencaílre le obligo en vfrtud dei dicho poder a que
dentro de dos mefes que le fuere avifado vendra al lugar de fu efta-
do que le fuere feííalado por el dicho fenor conde para que le elre-
ô:ue el dicho Matrimonio ,
para firmeza de lo qual cl dicho fenor
don Duarte defde luego queda obligado , y para mayor faneamiciitos
quando ratifique efta dicha Capitulacion hara las efcripturas pleitos
menajes que fueren neceíFarios , y convengan , y fe pidieren y deman-
daren por parte dei dicho fenor Conde para que tenga cum/plido fin,
y eífeélo , Io que en quanto a efte capitulo ordenare y difpufiere el
dicho fenor Conde de Oropefa.
2 Iten que el dicho fenor Marques de Velada en virtud dei dicho
poder , y como mas pueda y deva valer obliga al dicho fefior Con-
de de Oropefa en que dara en cada un aílo de los largos dias dcl di-
cho fenor Conde de alimentos a Ia dicha fenora doíia Beatris de to-
ledo fu hija tres mil ducados pagados por los tres tercios dei ano , y
un tercio adelantado como fe uíTa en matéria de alimentos con los
quales ade quedar y queda congruamente alimentada la dicha fenora
dona beatriz , íin que en ningun tiempo por ninguna caufa que fca
ni fcr pueda la dicha fenora dona Beatris ni el dicho fenor don Du-
arte , no an de pedir ni dcírari^.ir que los dichos alimentos Jes feari
crecidos, ni augmentados, no obftante que tengan uno, o mas lii-
jos , o hijas dei diclio n^atrimonio ,
porque defde íuego la dicha fe-
coia do:;ia Beatris , y cl diclií; icnor don duarte , j eu fa noii'bre el
ÚidiO
,

400 Trovas do Liv. FIIL da Hljlorta (jenealogka


dicho fenor don Rodrigo de alencaílre an de quedar y qucdan fa-
tisfechos con la dicha fumma de alimentos para que agcra ni en nin-
gun tiempo puedan pedir mas caiitidad íino iblamenre aquello que
fiiere contenido y expreíTado en eíla efciiptura que fon los dichos
tres mil ducados , y fi por ventura lo que no íe puede creer , ni pen-
lar , por los dichos lenores don Duarte y dona Beatris confiante el
dicho matrimonio , ò diluelto fueren pedidos mas alimentos , y co-
mo de hecho lo pidieren aíli de hecho an de fer repellidos y no oy-
dos en Juizio ni fuera dei.
3 Yten fe declara aíTienta y concierta que fi por tener el dicho
fehor conde de Oropeía algun hijo varon ligitimo que cvicre de íuc-
ceder en fu cafa eítado , y mayoraígo la dicha leiíora dor a Beatris
quedare durante la caufa dei dicho varon íulpenla, o excluía de la
luccefion dei dicho eítado y mayorafgo , para en cíle calo y delde
agora para quando fubceda , eí diciio íei.or Marques obliga al dicho
fenor conde a que dará en dicho cafo a la dicha fei ora doi a Bea-
triz, por dote y a titulo de dote cien mil ducados impueílos y car-
gados con facultad real fobre los eífados dei íerior conde , porcue
en tal cafo ade ceifar la dicha obligacion de los dichos tres mil duca-
dos de alimentos , con declaracion que íi el dicho fenor conde los pa-
gare en dineros de contado , ò en juros de buena lituacion a razon
de a veinte , qu''ental caio efcogiendo la dicha forma de paga , el di-
cho fenor conde quede libre de la dicha obligacion de los dichos cien
mil ducados , afi fu fenoria por fu obligacion períonal como el dicho
fu eftado , el qual en cafo que quede obligado a los dichcs cien mil
ducados , aya de pagar reditos a razon de a veinte en el ynteiin que
no fe redimiere, y extinguiere la fuerte principal de los dichos cien
mil ducados como dicho es en la dicha forma de paga de dinercs , ò
en juros con declaracion que la dicha fuerte principal de los dichos
cien mil ducados , todo el tiempo que eíluviere cargada y fituada
fobre el dicho eílado , no fe ha de poder obligar en iranei a alguna
,
y folo el derecho , y accion ade fer a la cobrança de los reditos , y
no mas , con pa6lo y expreíTa prohibicion de no enagenar en mane-
ra alguna la dicha fuerte principal lo qual fe ha de declarar , que fe
entienda tan folamente durante el matrimonio con lo qual el dicho
fenor conde cumple con todo aquello que de prefente eílá tratado ,
y la dicha fenora dona Beatris queda congruamente alimentada , y
dotada en los calos referidos.
4 Y el dicho fe^ior don Rodrigo de Alencaílre cumpliendo de fu
parte , y en nombre dei dicho ^coor don duarte íe obliga obligando
al dicho fu principal , a que et dicho lehcr don Duarte reíidira
y
bivira continuamente en el lugar donde eíluviere biviere y reíidierc
el dicho feiíor conde y condela de Oropeía íus padres y íiiegros que
an de fer , íin que por ninguna caufa que iea , ò fer puçda penfuda,
ò no penfada el dicho fenor don Duarte , no ade poder hcxQV auíen-
cia por fi folo ni juntamente con la dicha fciiora dona Beatris dei lu-
gar y refidencia donde elluvieren y quiíieren efíar ni por derecho ma-
rital , ni por otra caufa qualquiera que fea o fer pueda , a de poder
quitar
da Cafa T\eal Tortugtíe^a. 401
quitsr ni apartar a dicha fenora dofia Beatris de con los dichos
la

fenores condes y lo miíhio que le dizc , capitula y aíli-


fus padres
enta en quanto a los dichos Tenores doíia Beatriz y don Duarte lo
miímo fe aíienta reipedlo de los hijos que Dios les diere dei dicho
matrimonio porque ni los unos ni los otros por ninguna via íeande
poder feparar de los dichos Tenores condes de OropcTa íino fuerc
preíbndo conTcntimicnto a clio los dichos Tenores Condes por las
cauías que a Tus íciiorias prreciercn juílas , y para firmeza y Tegiiri-
dad defte dicho capitulo por quanto es una de las cauTas principalcs
de efiedluarTe el dicho matrimonio y que en realidad de verdad Te
,

effedlua,
por ícr efta dicha condicion de la dicha refidencia la cauTa
final porque le effectua el dicho matrimonio el dicho Teríor don Ro-
drigo de Alencaílre obliga al dicho Tenor don Duarte a que hara la
dicha refidencia continua en el dicho lugar que refidieren los dichos
Tenores condes , y que no alegara que por Talta de Talud , ni por dif-
cordia , ni por otra ninguna cauTa , no puede ni le conviene refidir
en los dichos lugares , íino que ciertamente , y con efíeclo , eílara y
refidira con í'u perTona muger y hijos con los dichos Tenores condes,

y porque en ningun tiempo Te pueda poner duda en la firmeza , y


obíervancia dei verdadero cumplimiento dcfte capitulo Te declara que
en el cumplimiento dei dicho Teiíor conde es intereTado por fi , y por
Tu caTa , y Vafallos , y por la diílribuicion de Tus rentas entre los
dichos Vaíallos y por otros juílos y ligitimos reípec^os , y parama-
,

yor firmeía delie dicho capitulo de reíidencia , el dicho Tefior don


Rodrigo en virtud dei dicho poder obliga al dicho Teíior don Duar-
te a que hara pleito o menaje a fuero de Caftilla Tegun y como lo
hazen y Te obligan los cavalleros hijoTdalgo , y grandes Tenores del-
ia. Para que paílàra cumplira y guardara lo contenido en eíle dicho
capitulo , con las penas y prohibiciones que por el quebrantamiento
de íemejantes pleitos menajes Ib incurrcn.
5" Yten el dicho Tenor don Rodrigo de Alencaílre en nombre dcl
dicho Tenor Don Duarte Te obliga , y le obliga a que dara y defde
luego promete en arrai y donacion pi'opter Núpcias como mas , y mc-
jor de derecho lugar aya , dies mil ducados los qualcs declara caber
en la decima parte de Tus bienes libres y en caTo que herede , el di-
cho Teríor don Duarte la caTa de Tu hern^aiu) el Tenor Duque de Ver-
gan'^a las dichas arras an de Ter y Ton quinze mil ducados , de todos
los quales deTde agora para quando el dicho matrimonio Te di Tu eiva
por qualquiera de las cauTas de derecho permitidas el dicho Tenor don
Duarte íe obliga a la paga y reílituicion de las dichas arras y por-
;

que no Te pueda dudar de la paga delias , diziendo que no cupieron


en la decima parte de los dichos bienes libres deTde lucgo Te obliga
el dicho Tenor Don Duarte , y en Tu nombre el dicho Tenor don Ro-
drigo a que Tacara Tacultad delRey nucílro Teiíor para que de qualeT-
qiiier bienes que el dicho Teríor don Duarte tenga , o tuvicre vincu-
lados , o de mayoraTgo dellos Te paguen las dichas arras como de bie-
nes libres haziendolos en cafo neceíTario libres , cfi para que Te pue-
dan prometer como para que Te pueJan pa^ar y delde luego , y pa-
Tom. V. Eee ra
,

40 2 Trovas do Liv, VIIL da Hijloria Çenealogica

ra el diclio cafo que fucceda beiedar y fiiceder el dicho fenor don


Duarte en la caía dei dicho fenor Duque fu hermano, defde luego
y para el augmento de ducados de arras fe ade
los dichos cinco mil
íacar Ia dicha facultad a pedimiento dei dicho fenor don Duarte con
las claufulas vinculos y firmezas que fueren neceííarias , y con todas
las de mas que para firmeza defte dicho capitulo,
y promeíTa de arras
fueren pedidas y ordenadas por los letrados dei dicho fenor conde
de Oropefa.
6 Yten el dicho fenor don Rodrigo de Alencaílre en nombre dei
dicho fenor don Duarte fe obliga, y le obliga a que en caíTb que
los dichos cien mil ducados de la dicha dote fe le pagucn a los di-
chos fenores dona Beatris y don Duarte que ade fer teniendo hijo
varon ligitimo el dicho fenor conde fi los dichos cien mil ducados fe
le pagaren en dineros ò en juros a razon de a veinte en eíle cafo el
dicho feíior don Duarte ade quedar Obligado , y fe ade obligar a la
paga y reílituicion de la dicha dote , y cien mil ducados a pagarlos
en dinero de contado , ò en la efpecie y género de paga que oviere
fido la que fe entrego , y hizo al dicho fenor don Duarte por mane-
ra que fi fueren dineros los reftituyra en dineros , y fi juros en juros.
Y para mayor feguridad de la dicha fenora dona Beatriz , y de la
paga y reílituicion de la dicha dote el dicho íeiíor don Duarte que-
da Obligado a facar facultad real aíTi para qualefciuiera bienes que al
prefente tuviere de mayoraígo como para en cafo que el dicho feíior
don Duarte tuviere otros qualefquiera bienes de mas de los que al
prefente tiene porque todos ellos , y los que a delante tuviere por
qualquier via y forma que fea todos ellos an de quedar obligados a
la dicha paga y reílituicion de la dicha dote para que dellos fe puc-
da cobrar bien aíli como fi fueíTen bienes libres , y no de mayoraf-
go fobre lo qual fe an de defpachar y facar las dichas facultades a
fatisfacion dei dicho fenor conde de Oropefa y como por fu feíío-
ria , y fus letrados fuere pedido , y ordenado declarandofe como fe
declara que en cafo que los dichos cien mil ducados dei dicho dote
queden fituados , y impueftos fobre el dicho mayorafgo a razon de a
veinte , en eíle cafo el dicho feíior don Duarte por quanto no ade
recibir ni recibe la fuerte principal de la dicha dote , no queda Obli-
gado a la paga delia, íino en cafo que la reciba en juros, ò en di-
neros como dicho es , y en tal cafo ade dar por libre al mayorafgo
de la dicha obligacion.
7 Yten í'e declara aífienta y concierta que en cafo que el dicho
fenor conde de Oropeíá no oviere hijo varon , y oviere una , ò mu-
cbas hijas por lo qual la dicha feííora doíia Beatriz como la primo-
génita , y mayor avra de fucceder en la cafa , eftado, y mayorafgo
dei dicho feíior conde , y conforme a derecho efta obligada a dotar
a las dichas liis hermanas que fueren para en efie cafo fe declara y
concierta , que a la mayor de las hijas que tuviere el dicho fefíor
conde fe le ade dar y feiíalar de dote fefenta mil ducados , y a cada
una de las de mas que tuviere quarenta mil ducados , impueílos con
facultad real fobre el mayorafgo dei dicho fenor conde, la qual dí-
da Cafa %eal T^ort figueira. 403
cha facultad defdc lucgo fe ade Tacar de confentitniento de todas Ias
partes para que el dicho mayorafgo quede obligado a la dicha paga ,
y el dicho fenor conde defde kiego aceta la dicha
facultad , y la
obligacion que por efte capitulo haze el dicho feíior Don Duarte y
en íu nonibre el dicho feiíor don Rodrigo para que como padre y
ligitimo adminiftrador que fera de las dichas íiis hijas les quede ad-
querido derecho irrevocable , con tal declaracion que los dichos íeíio-
res don Duarte y dona Beatriz y los que por tiempo fueren fuccef-
fores , y poíTeedorcs dei dicho mayorafgo queden y an de quedar
obligados a redimir y extinguir la fuerte principal de las dichas do-
tes fenalandofe rentas particulares dcl dicho eftado , en cantidad , y
fuma de ocho mil ducados de rcnta al afio de que fe paguen las di-
çhas dotes para que quede libre dei dicho mayoraígo fcgun y como
mas en particular fuere pedido y ordenado por el dicho lenor coaAz
comcnçando a correr la paga de los dichos ocho mil ducados dcfde
que el dicho Conde fallxiere y no antes.
8 Ytcn fe declara capitula y aííienta , y concierta que fi el dicho
feíior conde de Oropefa muricre antes que la dicha feíiora coiidefa
fu muger fm dcxar hiio varon , o en caio que murieíe el dicho fe-
íior conde dexando el dicho hijo varon , y el tal hijo muric.Te , y
faltalfe defpues de los dichos dias y vida dei dicho fenor conde , y
en qualquiera de los dichos dos cafos fobrevivieíTe y quedaíTe viva la
dicha fenora Condefa en cl dicho caíTb a la dicha feíiora Ccndefa
fuera de fu dote arras y multiplicado , y de todo lo de mas que ea
qualquier manera le pucde pertenecer los dichos feíiores don Duar-
te y doíia Beatris fe an dc obligar , y quedan obligados , y dcide
luego el dicho fenor Don Rodrigo , obliga al dicho fefíor Don Du-
arte a que dara y pagara en cada un ano de los que vivieífe la dicha
fenora condefa dos mil ducados de renta, y mil y quinientas fane-
gas de trigo , y quinientas de cevada pagado todo por los tercios
dei ano , y en cafo que la dicha fenora condefa fe quiera retirar a
algun lugar , y no reíidir con los dichos fenores fus hijos defde lue-
go fe le Icíiala a ias villas de belvis , o Xarandilla con fu juridicio i
qual delias efcogiere fu feíioria , para que la que aíFi efcogiere , y fe-
halare la tenga por los dichos dias de la dicha fu vida con las caías
y xardines , y lo de mas que oviere en el dicho lugar , y para que
la dicha fenora condelTa con mayor feguridad pueda cobrar los dichos
dos n:il ducados , y mil y quinientas fanegas de trigo y quinientas
de cevada defde luego el dicho feíior conde ade íefíalar las rentas
que por bien tuviere para que delias aya las dichas fumas y cantida-
ces de trigo y cevada la dicha fefíora condefa y defde luego los di-
chos fefíorcs dofia Beatris y don Duarte an de otorgar en favor dc
la dicha feíiora Condefa los poderes en caufa própria y de mas ef-
,
cripturas que fe ordenaren con las claufulas y firmezas que fueren
neceíFarias para que la dicha feíiora Condefa aya para fi las dichas
rentas, y en cafo que para firmeza y feguridad de lo conthcnido en
efte dicho capitulo aíTi para lo tocante a la dicha juridicion como pa-
ra la paga de ía dicha renta fuere necefiario facarfc facultad real fe
Tom. V. Eee ii ade
404 provas do Lív» VIIL da Hifloria (jenealogtca
ade facar de confentimiento , y pedimiento de las partes de tnl rra-
nera que no íblo los dichos fenores dou Duí^rte y Dona Beatris an
de quedar obligados a efte dicho capitulo por los dias de fu vida íino
tanibien los fucceíTores y hijos que Dics Ics diere , porque fi por
ventura faltando los dichos fenores , don Duarte y dona Beatris fo-
bre\^iviene , y toda via fueíTe viva la dicha fenora Condefa , los di-
chos fenores fus nietos hijos de los dichos fenores don Duarte y do-
na Beatris an de quedar en virtud de la dicha facultad real obliga-
dos a la dicha paga bicn aííi como lo eílan , y an de quedar obliga-
dos los dichos fenores don Duarte y dona beatriz.
9 Yten fe declara aíTienta capitula y concierta que iruriendo el di-
cho fenor Conde , y heredando fus eftados cafa y mayoraígo la di-
cha fenora dona Beatriz , el dicho fcíior don duarte de los frutf s y
rcntas dei dicho mayoraígo ade dar en cada un ano quatro mil duca-
dos a la diclia fenora dona Beatris , y defpues de failecida la dicha
fefíora condefa como fea defpues de la muerte dei dicho fenor Con-
de le ade dar otros dos mil ducados mas , por manera que muertos
los dichos fenores condes fus padres ade aver feis mil ducados de los
quales ade gozar libremente y difponer djllos a fu libre voluntnd , y
eílo íin carga ni obligacion alguna por quanto fuera de los dichos
fcys mil ducados cl dicho fenor don Duarte , ade dar a Ia dicha fe-
íiora dona Beatriz todo Io que oviere meneftcr para gaílos de fu ca-
mará , criados , y todo lo de mas neceflario psra Io qual el dicho fe-
nor don Duarte defde lucgo fe obliga a otorgar las efcripturas, y po-
deres que fucren neccfrarios , y en cafo que el dicho fenor Conde
Quiera que defde lucgo fe feiíalen rcntas efpeciales para el dicho fe-
fcílo defde luego , y pnra mayor fcguridad de la dicha fenora dona Bea-
tris el dicho fenor don Duarte cederá las dichas rcntas en favor de
la dicha fenora doíia Beatris para que le fera cierta y fegura Ia dicha
paga, y fe obliga y el dicho íeíior don Rodrigo de Alencafíre le
obliga a que no revccara el dicho poder ni efcripturas que fobrc efo
otorgare fmo que agora y en toJo tiempo fera lo contenido en eíle
capitulo firme cierto y fe^uro.
10 Yten fe declara aílienta , y capitula , y concierta que en cafo
que el diclio fenor don Duarte muriere en vida de la dicha fenora do-
na Beatris dexando hijo , ò hijos dei dicho matrimiOnio el dicho fe-
nor don Duarte fe obliga , y el dicho fenor don Rodrigo de Alencaf-
tre en el dicho nombre, a que dexará el dicho feíior don Duarte a
la dicha fenora dona Beatris por tutora , y curadora de los hijos que
Dios les diere , ò a la dicha fenora Condefa íin darles ningun otro
acompanado fuera dei que de fu voluntad la una , ò la otra quifíere
tomar ^ y defde luego para en cafo que durante el dicho matrimonio,
y dexando los dichos hijos fallefca , aparta de fi qualquiera derecho
çue como a padre de los dichos fus hijos por razon de la Patria po-
tef ad , ò en otra qualquier manera le pueda pertenecer y pertenefca,
y íi aíTi no lo dexare difpuefto por fu teftamento , ò otra ultima , ò
poltrimera voluntad quiere el dicho feíior don Duarte , y el dicho fe-
nor Don Rodrigo eu fu nombre que defde luego para quando el di-
,,

da Cafa %€al Tortuguei^a, 405


cbo cafo fucccc^a eíla dicha ccpitiilacion tcnga fuerça , y cficélo de
codicilio , ò teílamcnto para que por el y en virtud dei , y como
mas de dercclio lugar aya deíde luego para entonces la dicba fcnora
dona Beatris fea ávida y tenida y quede nombrada , y feri alada por
tal tutora y curadora de los dichos hijos que Dios les diere , uno
ò muchos (ie tal manera que ella fea in foUdiim tutora y curadora de
los dichos íus hijos , ò la dicha fcnora Condcfa de los dichos fus nie-
tos , y que efte dicho capitulo aya mas confumado yHcdo
para
cl dicho feíior don Duarte fe ha de obligar y obliga a que guarda-
ra cfte dicho capitulo como en cl fe contiene , y cn cafo que quede
hccho , y contra el tenor dei haga otro nombramiento en favor de
otra qualquier perfona junta , ò acompanadamente con la dicha fe-
nora dona Beatris defde lucgo lo revoca , y declara por ninguno , pa-
ra que fea iufgado por de ningun valor , y effeiSlo y declara no fer
,

de fu volulitad , ni quiere que valga , y protefta que aííi fe declare,


y tenga por ninguno por quanto tiene apartado de fi qualquiera de-
recho que para lo hazer le pudieíTc pertenecer , y todo elío renun-
cia y a renunciado.
IIYfen , afli mifmo fe declara aíTienta y capitula que no dexan-
do dicho fenor don Duarte declarado por fu teíl amento qual de
cl
fus hijos ade fer mejorado en el tercio y quinto de fus bicnes, ni me-
nos difpueflo de los bicnes que pertenecieren a fus hijos en cafo
que mucran en la pupilar hedad , defde luego para quando el dicho
cafo fuceda el dicho fenor don Duarte, ade dar v da facultad , y po-
der ligitimo , y el dicho fenor don Rodrigo ndl lo promete en el
dicho nombre (]ue el dicho fenor don Duarte dexará y defde luego
,

dexa , y que fenalara y defde luego feiiala y nombra a la dicha feno-


ra dona Beatriz por fu teíiam.entaria com.ilTnria , o como mejor de
derecho lugar aya para que reprefentando la perfona dei dicho fenor
don duarte y como el pudiera , pueda al hijo , o hijos que quiííere
hazer , en el tercio , y quinto de los bienes que pertenecieren al di-
cho lefior don Duarte , y la mcjora hiziere en el tal hijo o hijos
fea ávida como íi cl mifmo fenor Don Duarte la hiziera y como íi
,

cl mifmo lo declarara y fenalara , y el mifrao poder y facultad fea y


,
fe entienda para que pueda foftituir pupilar, o exemplarmente a los
hijos que fucrcn capaces de la dicha foílitucion para que en virtud
delia el tal foílituto derecham.cnte aya para fi fuceda y lleve los
, y
bienes dcl tal hijo a quicn fe le hiziere la tal fofiitucion porque
,

quan cumplido poder puede , y podria tener el dicho fenor don Du-
arte para hazer todo lo íufo dicho como tal padre
y ligit mo admi-
niftrador en virtud de la pátria potcfad, ò en otra qualquier mane-
ra , todo eilo defde luego para entonces
, y para quando fucceda el
dicho cafo, lo da, cede, renuncia, y trafpaíTa en la dicha fcnora
dofía Beatriz con todas las claufuías vínculos y firmezas de derecho
neceíTarias , y fi fucre meneíler para firmeza dcíle dicho capitulo ha-
zer otra cGjriptura ò efcripturas el dicho íènor don duarte las hara en fa-
vor de !n dicha feíiora dona Beatriz , cc n.o Ic fueren pedidas y ordenadas
paia que todo lo íufo dicho aya y tenga enteio , y confumado efieclo.
Yten
, ,,,

Trovas do Liv, VIIL da Hijloria genealógica

12 Yten que fíendo Niieftro Seiior fervido de dar a los dichos


fenores dou Duarte y dona Beatriz hijos deite dicho Matrimonio
defde luego para quando tengan los dichos hijos , el dicho íeiíor don
Duarte trae al dicho matrimonio todos los bienes que en qualquier
manera le pueden pertenecer por qualquier titulo, y caufa, y en nom-
bre de bienes libres , y próprios , y en efpecial las Villas de frechií-
la , y Villaramiel , y el íituado de que fu mageftad le hizo merced
y íc obliga el dicho fenor don Rodrigo de alencaftre en nombre dei
dicho fenor don Duarte a que el dicho fenor Don Duarte vinculara,
yncorporara y unira , y defde luego vincula une , y incorpora en la
cafa y mayorafgo de Oropefa las diciias Villas con fu termino júri-
difcion y vaílàllaje, y con todo lo a ello anexo , y perteiieciente
y el dicho fituado fegun y como le pertenece al dicho fenor don Du-
arte por los titulos que dello tiene de fu mageílad, o tuviere, y en
otra qualquier manera fin refervar cofa alguna , y lo de mas de que
fu mageftad le a hecho y hiziere merced , para que lo fufo dicho
que aíFi fe ade vincular , y queda vinculado , y aviendo los dichos hi-
jos ande junto unido, y yncorporado en el dicho mayorafgo y cafa
de Oropefa , y fo fucceda en todo ello con las mifmas condiciones ,
vínculos y firmezas , gravamenes , y fofcituciones , porque fe fucce-
,

den , y eílan pueílas a la cala de Oropefa para que todo ello fea un
mayorafgo y una mifma difpuíiclon de bienes vinculados , bien aííi
como fi al principio de la fundacion dei dicho mayorafgo de la di-
cha cafa de Oropefa todos los dichos bienes fueraa comprehendidos
como unos mifmos debaxo de una mifma difpuficion porque todos el-
los an de andar aíi yncorporados en el dicho mayorafgo como dicho
es , y para mayor firmeza dei dicho vinculo mayorafgo , y union el
dicho fenor don Duarte fe obliga a dar m.emorial de las dichas Vil-
las y íituado
,
o de lo que en lugar de elio y de lo que de mas fu
,

mageííad le hiziere merced , y firmado de fu nombre le prefentará


ante el Rey nueftro fenor , y fenores de fu confcjo de camará para
que le den facultad real en execucion deíle dicho capitulo, y capitu-
lacion matrimonial , para que los dichos bienes defde agora para íi-
empre ja mas en cafo que aya la dicha fucceífion queden vinculados
unidos , y yncorporados al dicho mayoraígo y condado de Oropeífa
la qual dicha facultad fe ade facar con las claufulas y firmezas neceífa-
rias y con todas Ias de mas que fc pidieren , y ordenaren por el di-
,

cho feíior conde y fus letrados lo qual fe entiende aviendo hijos


,

deíre matrimonio , y no de otra manera , porque no los aviendo , y


faltando deípues o fus defcendientes an de quedar y quedan bienes
libres dei dicho fenor Don Duarte.
i:; Yten fe y concierta que no obílante que la
aílíenta capitula
dicha íeíiora dona como
hija única de los dichos fefiores
Beatris
condes tenga derecho a todos los bienes de fus fenorias como a fu
ligitima paterna , y materna y lo" dichos fenores Condes conforme ,

a las leyes de eílos Reynos no pueden dliponcr fino de lo que cupie-


re en Ia quinta parte de fus bienes defpues de pairadas fus deudas
toda via en beneficio de los dichos fenores condes deíde luego fe
capitula,
,
• da Cafa %eal Tortuguei^a, 407
capitula , y queda concertado que aíTi el dicho fcnor conde, como Ia
dicha leíiora condefa al tiempo de lu Rn y muerte por fu teílamen-
to y por aõ:o entre vivos que tenga fuerça de ultima voluntad , an
de poder diíponer cada uno de cinquenta mil ducados por manera
que ambos ados pucdan difponer de cien mil ducados , y efto aun
,
I
que no quepa en la quinta parte de íus bienes , porque defde luego
I
Ib les da la dicha authoridad y ligitimo poder , y para firmeza deííe
capitulo el dicho feííor don Rodrigo obliga al dicho leiíor don Du-
arte a que luego como fea defpofado ligitimamente con la dicha fe-
nora dona Beatriz ambos ados juntamente preílaran el dicho confen-
timiento , y en razon dei y para mayor firmeza y feguridad de los
dichos fenores condes de Oropefa otorgaran efcriptura publica con las
1
clauíulas vínculos y firmezas que fueren neceíTarias. Y por tratarfe
1
de preftar confentimento para cierta parte o cierta cofa de herencia
,

^ devida a la dicha ícnora dona Beatris haran el juramento y juramen-


I tos que fueren neceífarios para firmeza y validacion dei afio , y dei
dicho coníentimiento , y fi íucre necellario hazer donacion de la de-
mafia que excediere dei dicho quinto a los dichos cinquenta mil du-
cados defde luego , y quando le otorgue la dicha eicriptura Ia hazen
y quedan obligados a la hazer con las clauíulas vincules y condicio-
nes neceíTarias y porque podria fer morir la dicha íenora dona bea-
,

triz en vida de los dichos fenores íbs padres dexando hijos , y de-
cendicntes y íè pertenderia que eftc dicho capitulo , y el dicho con-
,

íentimiento no pudo perjudicar a los dichos dccendientes pornoaver


íobrevivido a los dichos íeíiores Condes la dicha feiíora dona Beatriz,
para remédio de eile caio y efcufnr toda duda , y para que tcnga
,

cumplido y confumado eíFeílo cfte dicho capitulo, y por ningun íb-


,

celFo pueda ceíar el dicho feíior don Rodrigo obliga al dicho fenor
don Duarte a que dentro de quatro meífes como íe otorgare eíl:a di-
f cha capitulacion , y fuere por el ratificada íacara facultad de íu ma-
geílad , y de los {"efiores de fu confejo de Camara en aprobacion def-
te dicho capitulo y con derogacion de las leyes que puedan ympe-
,
dir fu eíFedo como fue rehordenado por los dichos fenores condes
ò por las perfonas y letrados a quien fus fesiorias lo cometicrcn.
14 Yten fe declara aíHenta capitula , y concierta que por quanto
muriendo el dicho feiíor conde fin hijo varon ligitimo la dicha íeno-
ra dona Beatris ade fucceder como fii hija primogénita mayor en fu
caía eftado
y mayorafgo la qual dicha caía tiene las Armas de los li-
najes de Toledo Monroy
y Ayala , y tiene por apellido los dichos
nombres todo lo qual los fenores que por tiempo an fido de la dicha
caía de Oropeía , anfi lo an confervado
, y guardado , el dicho fenor
don Duarte fe obliga a que trayra las dichas Armas y ufara y fe nom-
,
brara de los títulos ,
y apellidos de las cafas y mayorafgos clel dicho
fenor conde trayendo el dicho nombre y armas y ufando de todo
,
ello , y poniendolo fiempre cn el mas prehem.inente
y meior lugar,
como lo hiziera fi fuera hijo varon dei dicho feilor Conde de tal ma-
nera que en el dicho íeíior don Duarte fe conferve el dicho nom.bre
y armas fegun y como lo a eílado en todos los poíTecdores dei dicho
niayoraf-
408 Trovas do Liv. VIIL da Hiftoria Çenealcgka
mayorafgo por quanto efte dicho rratrinionio íe efTeélua debaxo dcf-
ta iiicha condicion , teaiendola por cauía fínal dei dicho matrimonio,
y para mayor feguridad de eíle dicho capitulo el dicho feõor dou
Duarte fe obliga a hazer , y que hara pleito omenaje de aíTi lo tener 1

guardar y cumplir , y aver por íirme íin que en ningun tiempo por i

ninguna ocafion contravendra tacita ni exp rela mente "a lo íuíb dicho
antes ade quedar obiigado eii tal manera al cumplimiento deilo que 1

qualquiera deudo , o parieiite o Valallo de la dicha caía de Oropela


le ade poder compeler al cumplimiento de todo ello , y defde luego ;

a qualquiera de las dichas perlonas por eíla dicha capitulacion íe les


da poder ligitimo baftante para que alTi lo pueda pedir , y demandar !

contra el dicho íenor don Duarte, y contra el que íliere polFeedor I

de la dicha cafa para que íean compelidos a la obrer\ anciã , y guar- |

da dei dicho nombre y armas , y a ia períbna que aííi lo pidiere y \

demandare defde luego de confentimiento de las partes , le le da no


folo el dicho poder para lo dicho fmo tambien por íu própria autho-
ridad pueda cobrar de los bienes dei dicho mayoraígo tanta parte i

quanta baftare para feguir , y proíeguir el dicho pleito , con que la


tal perfona íea creyda por lli íimples juramento , ò palabra de lo
que dixere que aííi a menefter para el dicho eíteclo , y feguir el di-
cho pleito , y de mas de lo fufo dicho fi a cafo ío que no fe puede
creer ni penfar el dicho íenor don Duarte , ò otro qualquier fuccef-
for en el dicho mayorafgo , y eflado contraviniere a lo fufo dicho
defde luego ade quedar , y queda privado y exclufo de los frutos dei
dicho mayorafgo , y de otro qualquier aprovechamiento de la dicha
caía , y en tal cafo ade permanecer para mayor augmento de la dicha
caía , ò fe avra de conyertir en los eíledtos , y cofas que fuere lena-
lado declarado , y ordenado por el dicho feaor Conde y fobre todo
para mayor firmeza , y feguridad deite dicho capitulo y para que to- j

do lo en el difpueílo lè guarde inviolablemente y no fe pueda contra-


yenir en manera alguna fe ade facar facultad de íu mageílad en que
aprnebe confirme y ratifique , y en caíFo ncceffario revahde eíte di-
cho capitulo , para que aíi como aora cila confervado el appellido , y 1

armas de la dicha caía de oropeía aíli fe guarde y coníerve en los ,

tiempos yenideros.
Yteii íe aíísenta cnpitula y concierta que por quanto el Rey
nueíiro fcnor a promulgado ley, y pragmática efpecial en el Reyno
de portuga! por la qual efpeciaímente íe a prohibido que ninguna ca-
fa dei dicho Reyno de portugal íe pueda juntar con otra aun que
fea dsíle Revno de la cantidad referida en la dicha ley como mas en
particular delia confta cuyo reaor letra a letra fegun y como fe orde-
no promulgò y publico es efíe que fe íigue.
En la Viila ce Madrid a fcis dias dei mes de otubre de mil y
quinientos y noyenta y cinco niíos nnte el fefíor Do6í:or Ortiz teni-
ente de Corret^idor en eíla dicha Villa y fu tierra por íu Mniíeílad
parecio prefente Roque dias procurador dei Numero defta Villa en
nombre dei íenor don Rodrigo de Alencaílre mayordomo dei princi-
pe nueíiro feãor, y dixo que cn ciertas efcripturas que el dicho fu
parte
da Cafa TRfal Tortugues^a. 40^
parte otorpjo en ncmbre dei fenor don Duarte marques de frechilla
icfíor de Villaramiel que fueron fus capitulaciones coii el fenor don
Gomez de nvila Marques de Velada avo y mayordomo m.ayor dei
Príncipe nueftro fenor en nombre y en virtud dei poder que tuvo
dei fenor don Juan garcialvares de Toledo conde de Oropefa y de-
leytofa , y dona luiía pimentel fu muger en nombre de la dicha fe-
nora dona Beatris de Toledo íu liija ligitima las quales fe otorgaron,
y en las dichas capitulaciones van ynlertas entre otras cofas eíía ley
efcripta en Português de que aíli mifmo haze prefentacion. Por tan-
to para el dicho cffe6lo pidio al dicho feíior teniente la mande tra-
duzir, y darle delia los traslados neceílarios, y pidio juílicia.
Y viíla por el dicho fenor teniente la dicha ley , y que efta fa-
na , no rota ni canzelada ni en parte fofpechofa , y efcrita en la di-
cha lengua Portuguefa , mando que para el dicho effeélo fe entregue
a Thomas gracian Dantifco fcrivano y tradudor en efta corte que
traduze en ellas Ias cfcripturas dei Rey nueítro fenor, y de íus con-
fejos , y tribunales para que la tradufga , y fecho fe traiga a fu mer-
ced para la veer y proveer juílicia. Ante mi Rodrigo de Vera.
En cumplimiento de lo qual yo el dicho Thomas Gracian dan-
tifco efcrivano , y traduítor fufo dicho fíze traduzir , y traduxe la
dicha ley de Português en caílellano que es dei tenor figuiente.

S E N O R.
Dize Fernando de Matos canonigo en la igleíía m.ayor de eíla
ciudad , y agente dei Duque de Bragança en ella corte que a el le
es neceííario para un negocio de mucha importância el traslado en
modo que haga fce de la ley que agora fu mageílad mando hazer y
publicar fobre fe no ayuntar las cafas de los mayorafgos por cafami-
entos pide a Vueftra Mageílad le mande dar el dicho traslado auten-
tico , y recibirá merced.
Defele traslado dei B.egiílro el chanciller mayor.
Gafpar Maldonado hidalgo de la Cafa dei Rey nuePfro feror
y fcrivano de la chancilleria mayor de fus Reynos , y feíiorios hago
faber que en uno de los libros dei Regiílro de leycs , y ordenanças
que andan en la dicha Chancilleria efta efcrita , y regiílrada una íey
de la qual el traslado es el figuiente.
Don Philippe por la gracia de Dios Rey de Poríogal y de los
Algarves de aquende y aílende mar en Africa fenor de Guinca , y
,

de la conquifta navegacion, y comercio de Ethiopia Arábia perí]a,y


de la yndia , &c. hago faber a los que efta ley vieren que coníideran-
do yo como la yntencion de los grandes y hidalgos y perfonas no-
,

Mes de eílcs Reynos , y fenorios que ynllituyen mayorafgos de fus


bienes ,y los vinculan para andar en fus hijos , y decendientcs con-
forme a Ins claufuías de las inftituciones- que hazen y ordenan es para
confcrvacion y memoria de íii nombre , y acrecentamiento de fus ef-
tados cafas y nobleza , y para que en todo ticmipo íe fepa el antiguo
linaje donde procedeu los bu.enos fcrvicios que hi?:ieron a los Reyes
mis predecefTores por los quales merecieron dellos fer honrados , y
. Tom. V. rff acrecen-
410 Trovas do Liv. VUL da Hifíorta (Jcncakgíca ;

acreccntados dcl qual refulta proveclio a eíios Pvcyiios pnra que en


'

cl los aya miichas cafas , y iT;ayorai'gcs para niejor defcnfa , y coníer- |

vacio!! de los dichos Reynes , y me poder los poíTeedores dellos con


mas facilidad fervir, y a los Reyes que por el tiempo en a delante
me fucedicren en la Corona de eílos Reynos , y que por tanto ayun-
tandoíe por via de calamiento dos cafas , y mayoraígos de diíferentes \

inftituidorcs , y generacioncs en una fola perfona para en ellos íucce-


der , como ya algunas en eíle Reyno por caramiento fe unieron , íe- i

ra caufa de fe extinguir la memoria de los que los fundaron y yníli-


tuyeron , y de no tener los hermanos parientes , y criados a quien
íe acoílen , ò acudan , y fe difminuir las cafas y mayorafgos de los
grandes hidalgos , y nobles lo qual ferd eii grande dano y peijuizio I

dei Reyno , y mucho defervicio mio ^ y viendo yo los dichos yncon-


vinientes , y otros que defunir , y ayuntar las dichas cafas y mayoraf-
gos piiedjn recrecer queriendo en cllo probeer como Rey , y feíior
a quien pertenece mirar por la confervacion de los eftados , y no-
bíeza de mis Vaííallos deíleando que en mis tiempos , las cafas , y
mayorafgos de eílos Reynos , y fenorios fe conferven , y augmenten,
y que eíle ísempre viva la memoria y nombre de los inílituidores , y
fundadores dellos, y no fe confundan ni mefclen unos con otros con
el parecer de los de mi confejo , y deíembargo. Ordeno y mando
que todas las vezes que fe ayuntaren de aqui en a delante por caf-
famiento dos cafas y mayorafgos de los quaies uno rente cada ano
quatro mil cruzados , ò de ay arriba , el hijo major que dei naciere
el qual conforme a las inf ituciones de los dichos mayoraígos uviera
de fucceder en ambos fucceda íbiamcnte en uno dellos qual el quifie-
re , y efcogiere , y el hijo fcgundo fuccederá en el otro , y efto fm
embargo de qualefquiera clauíulas , y condiciones por Ias quaies el
hijo major fea llamado por los inílituidores , y fundadores , a en-
trambos los mayorafgos , y íin embargo , otro fi de qualefquiera leyes,
y coítumbres que oviere por las quaies el hijo major deva fucceder
en los dichos dos mayorafgos , porque todas ellas y qualquiera de m.i
j

próprio motu , cierta ciência poder real y abíohito, y íupremo por


j

efta ley revoco , y hê por revocadas , quanto pura el eheílo dei di-
cho hijo mayor no aver de fucceder en ambos los dicl.os mayorafgos
quedando en todo lo de mas las dichas leyes coílunVores claufulas y
condiciones pueílas en las inítituciones dellcs en fu íuerça y vigor
lo qual avra lugar fiendo el hijo íbgundo capas de la lucceíion dei
tal mayorafgo conforme a la ynílitucion dei porque fendo por algun
cafo incapas íuccedera otro hermano íi lo oviere , fendo c.tro íi ca-
pas para poder en el fucceder , y no aviendo hermano capas , ò avi-
endo un íblo hijo podra el hijo primogénito poífeer en í"u vida en-
trambos los mayorafgos hafla dei por fu muerte quedar hijos, ò ta-
les decendientes en los quaies pueda aver eíFed:o la diviíion y fepara-
cion que de las dichas dos caías y m.ayorafgos conforn e a efta ley
mando fe haga , y no quedando dei dicho matrimonio hijo algun va-
ron , y quedando una ò mas hijas tales que conforme a la calidad de
los bienes
, y
claufulas de las inílituciones pueden fuceder en los di- ,

chos
I

i
1

da Cafa %€al Tortugneís^a. 41


chos msyornf^os lo que dicho es en el modo en que en ellos los hi-
jos dcven íucccder , avra lugar en las hiias , y fi oviere uii folo hijo
varon que nya de efcoxer uno de los dichos mayorafgos en el otro
fuccederá la hija que oviere no fiendo excluída por las clauíulas de la
inftitu:ion ; y íiendo llamada por ella en calo que no aya hijo va®
ron podra fucccder cn el otro mayorafgo , por quanto un folo hijo
que uvo coníonne a eíla ley no puede en el fucceder por aver efco-
gido el mayoraígo maycr y mas principal ^ y en cafo que la dicha
nija íea excluida por las claiifulas de la inftitucion , el dicho hijo fo-
lo que oviere llicedera en ambos los mayorafgos , y los poOcera como
arriba dicho es en el cafo cn que ay un folo hijo , y por quanto en
efte Reyno ay algunas perfonas de los grandes, y hidalgcs dei que
tienen bienes de la Corona por donacioncs que de mi, y de los Reys
antcpaíTados huvieron en los quales conforme a ley mental y orde-
nança dei fegundo libro titulo dies y íiete no puede fuccdcr íino cl
hijo mayor varon , de los quales fe fundaron algunas cafas , y mayo-
rafgos conforme a las donacioncs que para elío tienen , y puede ve-
nir en duda fi el hijo fegundo fuccederá en cl tal mayorafgo por ler
de bienes de la corona , íiê por bien y mando que el otro hijo puc-
da en el fucceder íiendo tal en quien concurran las calidades que con-
forme a la dicíia ley mental y ordenacion uviera de tener para fucce-
der en los diciios bienes y mayorafgo íi fu hermano por mayor no Ic
precediera , por quanto ía fucceílion del mayorafgo de efcos bienes
de la Corona no fe diffirio al hijo mnyor en quanto no efcogio qual
de los dichos inayorafgos queria y aíli no es viPto el otro hijo fucce-
der a fu hermano en ellos mas immediatamentc a fu padre conforme
a la donacion que de los dichos bienes de la Corona tuviere y eílo
mifmo hê por bien fe guarde en aqueilas hijas a que por mi , o por
los Reyes mis anteceíTores o por los que deípues de m.i vinieren fue-
re heclia merced que pueda fucceder en los bienes de la Corona íin
embargo de la ley mental , y no pudiendo las dichas hijas fucceder en
los tales bienes de la Corona por no aver derogacion de la ley men-
tal aviendo hijo varon el diclio fuccederá cn entrambos mayoraígos,

y los poíTeera en fu vida hafta del por fu muerte quedar hijos , o ta-
les decendientes en los quales pueda aver lugar la divifion
y fcpara-
cion arriba dicha , y efia ley quiero y mando fe entienda no fola-
mente cafando las perfonas de eflos Reynos , y fenorios de Portugal
con otros natural es del los , mas que tambien aya lugar en las perfo-
nas que cafaren fuera de los dichos Reynos con perfonas eíirangeras
y no naturales por manera que en ningun tiempo fe puedan ayuntar
ni ayunten las y mayorafgos de cPlC Reyno con los otros de
caiTas
otro Reyno , de fuera deíle , fino en la forma deíla ley , Ia qual otro
fi mando feentienda no tolamente en los hijos y nietos m.as tambien
en todos los otros decendientes en qualquiera grado que fca , y en
todas las otras perfonas que por bien de las inílituciones de los tales
mayorafgos, y donacioncs de los bienes de la corona en ellos, v v.w
los dichos mayorafeos pueden fucceder
, y mando al Rci^idor de la
cafa de la Supiícacicn y al governador de la Relacion do porto, y
,

Tom. V. FíF ii a los


4T 2 Trovas do Liv. VIIL da Hljloria Çeneahgica \

a los Dcfembargadores de las dichas cafas y a todos los de mas cor-


,

i'eí:5Ídores , Oydores , Jiiezes , y oííiciales de la Juílicia guarden , y


cumplan ella ley como en ella fe contiene , y al DcdVor Simon Gon-
çaks preto, chanciller mayor de mis Reynos, y lenorios que la ha-
ga publicar en la chancillaria , y embie los traslados delia por el fir-
mados a los corrcgidores de las comarcas , y corregimientos de mis j

Reynos para que todos fepan lo que por eíla ley ordeno y mando , |

la qual fe regiílrara en los libros dei defembargo dei Palacio , y de


las dichas relaciones a donde femejantes leyes í"e a coftumbran regif-
trar dada en Madrid , a cinco dias dei mes de Junio. Tome de An-
drade la hizo aíío dei nacmiiento de Nueílro Tenor Jefu Chriílo de '

mil y quinientos y noventa y cinco , Eílevan de Gama la fize efcri-


vir , fue publicada en la cliancilleria la ley dei Rey nueílro fenor a
tras efcrita por mi gafpar maldonado efcrivano delia , por ante los
officiales de la dicha cliancilleria , y otra mucha gente que vénia a
requerir fu defpacho , en lisboa a cinco de Septiembre de mil y qui-
nientos y noventa y cinco anos de la qual ley arriba trasladada por
parte de Fernando de Matos canonigo en la iglefia mayor defta ciudad
Agente dei Duque de Vcrgança me fue pedido le dieíTe el traslado I

por k fer necellario para un negocio de mucha importância , yo fe


Je di, y en eíla mi certiíicacion aíli y de la manera que efta efcrita,

y regiílrada en el dicho libro con el qual fue por mi corregida y ef-


to por virtud dei defpacho dei chanciller mayor junto , Pedro lopes
la hizo en lisboa a íiete de Septiembre de mil y quinientos y noven-
ta y cinco anos. Pago cien res , dize lo rapado , y fcrivano de la
chancilíeria , y lo enmendado algunas fucceda. !=: Gafpar Maldonado. í=:
Efta bien y fielmente traduzido de português en caftellano por
mi thomas gracian dantifco que por mandado dei Rey nueílro fenor
tradufgo fus efcripturas y de fus confejos , y tribunales en Madrid a
feys de otubre de mil y quinientos y noventa y cinco anos , Thomas
gracian dantiíco apoftoíico , y real notário y fcrivano.
Y aíli prefentada la dicha traduzion , y viíla por el dicho feiíor
Doélor Ortis teniente de Corregidor en la dicha Villa y fu tierra ,

en el dicho dia mes y ano mando dar delia un traslado , dos , ò mas
íignados y en publica forma y en manera hagan fee , a los quales y
a cada uno dellos interpufo fu authoridad , y Judicial decreto , y lo
firmo de fu nombre el Do£lor Ortis ante mi P.odrigo de Vera.
Y con ocafion de averfe promulgado la dicha ley fe a tratada
€l dicho m.atrimonio entre los dichos feiiores dona Beatriz de Tole-
do , y don Duarte fiendo para el dicho fetíor Conde de OropeíTa y
para todas las dichas partes prefupueílo firme y indubitable que por
ningun cafo fe an de poder juntar ni unir las caías de Vergança y
OropeíTa fmo que aviendo fucceífores en quien fe puedsn íeparary
apartar fe ha de hazer la dicha diviíion para que con ella fe ccníiga
el fin , y intento principal que fe tiene ya tenido entre las partes
que el que por ningun calo pcnfado , o no penfado fea , o fer pue-
da que las dichas caías anden juntas aviendo los dichos fucceífores
ea quien fe divida n , y íi la dicha ley no fe uviera publicado , y íli
obfer- !
,,

da Cafa %eal Tortugu€!:>;a. 413


ohfervancla fueíTe revocable por ninguna via , no folo no fe eíTeótua-
ra el dicho matrimonio , antes no íe tratara por quanto la caufa po-
tiííima y final de avcríe tratado, y de efFefluarfe mediante la volun-
tad de Dios , es pi elupuefta la dicha divifion y feparacion por mu-
chas razones Jiiílas y convenientes para la confervacion de la dicha
caía de Oropcfa , y dei aiigmento y Tplendor de cila , porque tanto
es jufto fe mire por los eíiedtos importantes que para el fervicio de
Dios , y bien dei Reyno , y de la caufa publica , y dei mifmo cíla-
do fe pucden feguir que por notórios no fe expreílan toda via para
mayor confervacion de lo fufo dicho , y mayor firmeza , aíiadiendo
fuerça a fuerça y contrato a contrato , el dicho feiíor don Rodrigo
- de Alencaftre fe obliga en nombre dei dicho feíior Don Duarte a
que dentro de dos meíTes que fe otorgaren eftas dichas capitulacio-
nes fncará facultad de fu magcílad en que efpeciahnente ratifique y
apruebe , y de nuevo confirme la dicha ley y efte dicho capitulo , y
divifion de cafas dandole fuerça de contrato entre partes por caufa
onerofa , como fi fuefe ley promulgada en cortes , como en realidad
de verdad Io es en quanto al effedo , y firmefa de efte dicho capitu-
lo por quanto el dicho matrimonio de ninguna manera fe tratara ni
effeítuara fino fuera prefupueíla la firmeza de la dicha ley , y cum-
plimiento deíle contrato , y alíi mifmo que fu ma^eílad ade dar fu
fee y palabra real por fi y en nombre de fus fucceííbres en fu digni-
dad real promctiendo que la dicha ley no la revocará ni la revocaraa
por ninguna caufa que fe offiefca , y que fiempre , y en todo tiempo
la dicha Jey y eíle capitulo fe guarde
y cumpla , y fi de hecho , por
algnna razoa , ò caufa la dicha ley fe revocafc, o moderafe en todo,
ò en parte defde agora para entonces fe declara que en quanto toca
a las dichas cafas de Oropefa
y Vergança fe ade guardar Io difpucf-
to en la dicha ley , y en efi^c capitulo como cofa hecha y ordenada
por contrato honerofo , y entre partes queriendo que aun que fe ha-
ga niencion efpecial o general de todas o qualefquier ley es , o de ia
dicha ley no fea vifto quedar derogada en quanto a eíie cafo , por
quanto ade valer y tener fuerça efte dicho capitulo , y ley entre las
dichas partes , y la Corona Real , como contrato honerofo irrevoca-
ble bien afli como fi todas las perfonas que Ibn intereíFadas en la di-
cha divifion cada una de por fi , o todas juntas intervinieíFen al effe-
61o defte contrato , y obligacion dei , y de la otra parte la corona y
dignidad real intervinieííe como efpecial contrayente por contrato ef-
pecial con authoridad real fortificado con palabra y promefa real por-
que para firmeza de lo fufo dicho , todo ello íe ade prometer per fu
mageftad mandando efpecialmente quede hecho fean repelidas todas, y
qualeíbuier períonas que de hecho, ò con color, o caufa de derecho
quifieren yr , o venir contra el tenor , y forma deíle dicho capitulo
y fi parecieren en Juizio efte diclio capitulo , y la dicha facultad , y
contrato entre partes fundado en la dicha ley ade tener fuerça de ex-
cepcion dilatória con cííeélo peremptório para que no pueda fer la
tal parte oyda fino repelida y condenada en coftíis , y en pena de ve-
,

inte mil ducados


, y
eu ddíicrro de la corte dei Rey , y de fus con^
fejos
4^4 T^^^'^^^ Hlfloria (Jenealagica

fcjos por quanto defacatadamente psrtende ò pertendcra , venir , o


,

impugnar contra todo lo fufo dicho mandando que elle dicho c-mi-
tulo , y contrato real tenga fuerza de coía julgada, y que deílie lue-
go íii Mageílad lo pronuncia por fentencia real mandando que ago-
ra , y en todo tiempo í'e guarde y cumpla lo en el conthcnido hazi-
endo el dicho Juizio y Tencencia entre Ias dichas partes , y promul-
,

gandofe defde luego entre los dichos feíiores don Duarte , y Doíia
Beatriz , para que en nombre de fus ílicceífores guarden y cumplan
todo lo en eíle capitulo contenido , y contra el no puedan Ter oy-
dos , porque en execucion de la dicha ley , y dei dicho contrato y ,

concierto íii mageílad aconfejado de los de fu coníejo de Camara al-


fi lo pronuncia y manda que íe guarde inviolablemente , mandando
que por ningun remédio de recurfo fupplicacion y reílitucion y re-
chimacion , ò por via de gracia ninguna perfona pueda fer oyda ni
admitida en Juizio ni fuera dei contra el thenor y forma > en todo ,
ò en parte diredle ò indirecle defte dicho aíTiento concierto contra-
to honerofo ley , y facullad , y íentencia real mandando efpeciahnen-
te a todas y qualelquier Juílicias Juezes julgados confejos , y otros
qualefquier iribunales de qualeíquier nombres que fean , o fer puedan
que contra ei thenor , y forma deíle capitulo de hecho ni por otra
ninguna via , no admitan ninguna demanda por quanto fu mageílad
defde luego los inibe dei conocimiento de femejante caiifa y les qui-
ta toda y qualquier juridicion , que para el corsocimicato delLa pue-
dan tener con derogacion de todas y qua-efquier leyes efpeciales , o
generales cédulas hordenanças y proviíiones que contra lo fufo dicho
fean porque todas ellas quedan derogadas, para en eíle cafo , como
fi de cada una de ellas letra a letra y palabra a palabra fe liiziera ef-
pecial mencion porque para quanto a eíle cafo los dichos Juezes con-
fejos y tribunales an de quedar íin ninguiia juridicion , y conocimi-
ento de cauía , quedandoles entera y plena juriCdicion como fi cada
uno de los dichos Juezes fueíle efpecialmente conílituido para Ia
guarda y obíervacion deíle dicho capitulo en quanto à Repellez a Ia
períbna que quiíiere contravcnir dei principio dcl Juizio , y conde-
narle en la dicha pena, y deílierro porquanto eíle dicho capitulo y
la dicha divifion de los dichos mayorafgos ade tener para fiempre
y
en todo tiempo perpetua firmeza obfervancia y feguridad , con decla-
racion que íi para mayor cumpliiniento de lo contenido en eíle dicho
capitulo el dicho íeíior conde de oropefa con parecer de fus letra-
dos , o fm ellos , hallare que Ion ncccírarias otras mas claofulas , \y
firmezas en la dicha íacultad con todas ellas le ade fa:ar el dicho [fe-
nor don Duarte bien afíi corno fi en eíle dicho capitulo todas- ellas
fueran iníertas deípachandole la dicha ficultad fupplicadumente por el
Rey nueílro fenor aíli como Rey de Caílilla por i\i confejo de cama-
rá en la forma acoilumbravia , y como Rey de Portuí^al por fu con-
fejo en la forma acoílumbrada para que la dicha diviílon y ley , y
eíle dicho capitulo en íuílancia forma frmeza y folenidad tenga fln
y efeiflo defcado , y pertendido por Ias partes , y dehaxo dei qnaí fe
íia tratado deíle dicho caílàmiento que mediante la voluntad de
Dios
,

da Cafa %eal Torttigue^^a» 4 1


5
Dios fc t^e prefupucílo el cumplimento de Io dicho.
cfccfiiiar
16 Ytcn i"c afiicnta capitula y concicrta que en cafo que cl dicho
fenor doii Duarte hercde la cafa y eíiado de Vcrgança , y cíca íiicííe
ocafioii de no refidir de ordinário en los eftados de Oropellh , y De-
leytoía con lo qual íe pueden feguir en la adminiftracion de lajufti-
cia y govienio de Vaflallos amparo de criados, focoro de pobres, y
de moiiaílerios coufervacion de las caíTas, y de todo lo quede rccrea-
ciou ay denrio y fuera delias , y el beneficio y acreceníaniiento de
la mifnia hazienda muchos inconvinientes para remédio de lo qual el
diclio ícnor don Rodrigo íe obliga en nombre dcl dicho íefíor don
Duarte , primcramente a que pondra trcs letrados Juriílas de ciência
y conciencia que reí^dan de aíTento en Oropefa , a los quales les da-
rá todo el poder y facultad que íea neceiíario para todo lo que fue-
re adminiílracion dc inílicia y biien govierno de los VaíTalIos , íia
qiiC ellos padefcan en ir a pedir lo que les convenga fuera de los
citados dei dicho fenor conde a los quales dicbos trcs letrados a los
dos dellos fe les an de dar a cada uno quatrocientos ducados de íh-
lario , y al otro feifcientcs porque adc fcr fupcrior , y ade hazer ca-
beça entre clíos procurando que el dicl-o tercer letrado que aíli ade
fer fuperior, y los de inas fean de las partes que para efto convinie-
ren. Yten el dicho fenor don Pvodrigo obliga al dicho fenor don
duarte a que gaílara en cada un arío mil ducados cn reparos de las
caíTas y Jardines , y todo aqucllo que fuere neceífario aíIi para que
eftê mejorado coníervado
y augmentado en el eíiado que es juílo,
cojuo para que con ocafion dei defcuydo que en eílo pudiera aver la
diclfa caía por ler bienes a elía anexos no reciba dano ni diminuicion

y en caio que las dichas Caíias , y Jardines no tenga neceílidad de


los dichos reparos toda via para mayor augmento de los dichos bienes,
y porque fiempre eílen mejorados fe an de gaitar los dichos mil du-
cados en cada un ano para acrecentamiento de los dichos bienes.
Yten aíli miímo le obliga a que repartira en cada un aíio dos mil
ducados para el focorro de los pobres , y monaíterios de los eílados
dei dicho fciior conde. Yten aíTl m.ifmo le obliga a que confervará
los criados dei dicho ienor Conde en los miímos oííicios que aoia
tienen y les dará los mifmos lalarios, v raciones, y quitaciones, que
levan dei dicho íefíor Conde, o a delante les fueren íenalados fir-
viendoíc dcllos en los diclios eílados de oropefa y deleytofa , y en
cafo que los íaque fuera de los dichos eílados los mejorará refpe^lo
dei augíucnto de coíla , y deícomodidad que deílo fe les puede fe-
guir , y cn cafo que ellos no guílen dc falirie les acudira en fus caf-
las con la mitad de lo que tuviercn en la dei dicho fenor Conde ,
lo qual íea y íe entienda con todos los dichos criados que tuviercn
dies aiíos de fervicio al tiempo de la n uerte dei dicho íenor Conde,
y con los de mas que el dexare declarados aun que no llcguen a los
dichos dies anos. Yten aíli mifmo obliga el dicho fenor Don Rodri-
go al dicho fenor don Duarte a que de mas de lo lufo dicho , em-
pleara en cada un ano dies mil ducados de Ias rentas de Ia cala de
Oropefa para acrecentamiento delia y eílo cn juros a razon de a vc-
inte
Trovas do Lh. VIIL da Hlfioria Çeneahgka

inte ò otra renta fi la oviere de mayor benefício para el diclio ma-


,

yorafgo la qual ade quedar unida , y incorporada al diclio niayoraígo


con los mifmos vinculos , y condiciones dei diclio ir.ayorafgo y para
en caio que en los dichos empleos , ò en alguna parte dellos , ò de
las demas cofas en todo , ò en parte contenidas en eíle capitulo ovie-
re defcuido para firmeza y feguridad defte dicho capitulo , y de los
dichos empleos en los dichos caCos que heredando el dicho feiíor don
Duarte la cafa de Vergança , y no refidiendo en la cafa de Oropefa
como efta dicho y para que en todo tiempo fean ciertos , y feguros,
y íq guarden y cumplan con eíFedto los dichos empleos en los dichos
cafos í"e aíTienta y capitula , y el dicho feiíor don Rodrigo de Alen-
caftrc obliga al dicho feiíor don Duarte , a que de los bienes dei di-
cho mayorafgo cafla y eftado de Oropeífa para quando vengan los di-
chos calos de heredar la caía de V ergança y no refidir en la de Oro-
,

peíTa pueda íenalar el dicho fenor Conde defde luego para entonces
la parte de renta que fuere neceííaria de los eítados de oropeíTa para
los dichos empleos , la qual dicha renta defde luego como fuere fe-
nalada por el dicho feiíor Conde ade quedar, y queda confinada, y
defde agora para entonces de confentimiento de las partes fe coníig-
na , para que fe convierta en los dichos empleos y cofas con que la
tal confignacion , y fenalamiento de rentas no exceda dc la parte que
fuere neceífaria para hazcr la dicha fuma de los dichos empleos , y
cofa y para que la dicha renta en los dichos cafos de heredar la caía
de Vergança y no refidir en la de Oropefa fe puede convertir en los
dichos eífeólos el dicho fenor conde ade tener facultad , y para eíle
capitulo le queda rcfervado poder ligitimo para poder fenalar la per-
fona , ò depofitario que quifiere el qual adminiílre beneficie y arrien-
de las dichas rentas , y por razon delle trabaxo folicitud y cuidado
lleve y fe le den en cada un ano cien ducados de fdario haíla tan-
to que í'e cumphi en todo lo contenido en efte dicho capitulo de ,

tal manera que las dichas rentas por ninguna via peníada ò no pen-
fada diredla ni indircvílamente venidos los dichos cafos no an de po-
der entrar en poder dei dicho íèfíor don Duarte , fino folamente en
poder dei tal adminiílrador , o depofitario , para que el tal depofita-
rio cumpla los empleos conthenidos en eíle dicho capitulo , y fi ne-
ceíTario es defde luego para quando el tal cafo fucceda el dicho feíior
don Duarte , yel dicho fenor don Rodrigo en fu nombre expropria
y aparta de fi las diclias rentas , y qualquier fefiorio ufofru6lo y apro-
vechamiento , que reipedVo delias le pueda pertenecer por razon dei
dicho matrimonio con la dicha fenora dona Beatriz , y para mayor fir-
meza de efte dicho capitulo el dicho feíior don Duarte por fi folo
o juntamente con la dicha fenora dória Beatris hara y haran todas ,
y qualefquier efcripturas que por parte dei dicho feíior conde fueren
pedidas y ordenadas para que todo lo fufo dicho tenga cumplido ef-
feSio , quedando defde luego declarado que la paí:^a dei dicho falario
dei dicho depofitario fea por qucnta dei dicho fenor don Duarte , y
en razon defto y de lo contenido en eíle capitulo fe] pcdiran y obten-
dran las flicultades r^ales con los vinculos , y firmezas neceífárias pa-
ra
áa Cafa %eal Tòrtugnes^a. 417
ra que todo lo fufo dicho en los dichos cafos tenga cumplido efFe-
élo como dicho es , y por quanto las dichas obligaciones y los di-
chos empleos dependen de los dichos dos cafos, y folamente foii
para quando íucceda hcrcdar el dicho fenor dou Duarte la cafa de
Vergança que es el priinero y el fegundo de no refidir en los dichos
eílados de Oropefa , y deleytoíTa fe declara; y yo el dicho Marques
de Velada en nombre dei dicho fenor conde aíFi lo declaro , que lo
contenido en efte capitulo ade quedar fin effedlo , y el dicho feiíor
don Duarte libre de la dicha obligacion por el ano que refidiere en
los dichos eftados de Oropefa y deleytofa íiendo todo el ano , o la
initad dd , porque en efte cafo el dicho fenor conde de Oropefa to-
do lo fufo dicho lo remite a voluntad dei dicho fenor don Duarte , y
dona Beatriz fu hija fiando de fus feííorias que teniendo prefentes las
neceílidades de los dichos eftados feran ellos mucho mas beneficiados
que con quanto para amparo dellos fe les pudiera pedir , excetuando
defta dicha rcfidencia la obligacion hecha en favor de los dichos cria-
dos , y el derecho que por efte dicho capitulo les queda adquirido
para que fe les pague los dichos falarios como de fufo fe refíere los
quales refidiendo , o no refidiendo los dichos fenores don Duarte, y
dona beatriz fiompre , y en todo tiempo durante los dias de fu vida
lo an de aver y llevar con tal condicion , y modo , y no fin ella que
íi las haziendas de los dichos eftados prefentes , o aufcntes los dichos
fenores don Duarte y dona Beatriz recibieren menofcabo , ò daíio en
todo , ò en parte , por aquella que padecieren el dicho menofcabo ,
o dano , ade quedar el dicho feiíor don Duarte , y fus bienes eípe-
cialmente obligados de tal manera que en todo tiempo fe conferve y
augmente el dicho eftado , y no venga en diminucion por las razo-
nes dicha?.
17 Yten fe aífienta capitula y concierta entre las dichas partes que
en elcafo de fufo referido tan folamente conviene a faber hercdando
el dicho fenor don Duarte la cafa de Vergança en quanto toca a la
forma como ade traer y ufar y llamarfe dei nombre armas titulos , y
apellidos de la dicha cafa de Vergança , y titulos de la cafa de Oro-
pefa que en efte cafo el dicho fenor don duarte , y los fucceflores
que dios les diere en el dicho matrimonio mientras en ellos fuere for-
çoío por falta de otros fucceftores el confervarfe la union de ambas
ados cafas de Vergança y oropefa en tnl cafo fe ade guardar la for-
ma íiguiente. Qiie en lo que toca a el Reyno de Portugal , y para
con el confcjo dei dicho Reyno tan folamente , aun que el dicho fe-
nor don Duarte efte en efte Reyno de Caftilla aya de ufar, y pucda
ufar de los titulos armas y appellidos tocantes a la cafa de Vergança
como bien vifto le fucre , y para todo lo que toca al trato de negó-
cios y correfpondencia en eftos reynos de Caftilla aun que rcfida en cl
dicho Reyno de Portugal , ò en otra qualquier parte o Reyno ade
ufar de los titulos apellidos y armas de la Cafa de Oropefa íin mef-
clarlas con otras ningunas , y lo mifmo que efta referido refpcclo dei
dicho fenor don Duarte en efte dicho capitulo fe entienda que fe ade
guardar teniendo el dicho feiíor don Duarte dei dicho matrimonio
Tom. V. Ggg un
,

418 Trovas do Lh. VIU, da Hiftoria Çenealogica

iin hijo tan folamente , porque fiendo en tal cafo neceíTaria y forço-
fa la union de las dichas caflhs en un poíTeedor lo iriifmo que fe di-
ze refpeélo dei dicho feíior don Duarte fe entienda repetir , y guar-
daríe en el tal único fucceíTor , ò en los de mas íucceílores en quien
íe continuare la dicha union porque íiempre que viniere el cafo de
fer una perfona fola poíFeedor de las dichas cafas , fe ade guardar en
quanto tocare al dicho nombre , y armas la forma y orden referida
y en los de mas cafos que fuera deftos dichos Reynos el dicho fe-
fior don duarte ò el tal fucceílbr que viniere a fer único fe tratare ,
y comunicare efcriviendo en Português , y tratandofe conforme al di-
cho ufo dei dicho Rcyno de Portugal podra ufar de los nombres y
appellidos , y armas de la cafa de Vergança , y efcriviendo en^Caftel-
lano , y tratandofe como Cafcellano , fe ade tratar con los títulos
nombres apellidos , y armas de la dicha Cafa de Oropefa , y fi para
el cumplimiento defte dicho capitulo oviere en el mayorafgo, y caf-
fa de Vergança algunas claufulas que lo impidan defde agora el di-
cho feíior don Rodrigo de Alencaílre en nombre dei dicho fenor don
Duarte queda obligado , y obliga al dicho fenor don Duarte a que
facara facultad real en la forma mas neceíTaria y conviniente para que
con infercion deíle dicho capitulo fe apruebe y ratifique todo lo en
el conthenido
, y fc diípenfe y abrogue qualquiera claufula que aya
o pueda aver que impida el effeílo de lo fufo dicho.
18 Yten fe aííienta capitula y concierta que en cafo que defpues
de heredada la dicha cafa de Vergança por el dicho fenor don Du-
arte tuvicre un íblo hijo , o hija el qual por fer único ade fucceder
en las dichas caiFas por falta de perfona con quien las divida , y por
eíte cafo aya de fer tal fucceílbr , y aíFi mifmo fuccediendo el tal hi-
jo en las dichas cafas , y no refidiendo en el eílado de Oropcía fe
difpone y queda concertado que el empleo de dies mil ducados que
ade hazer en cada un ano el dicho fenor don Duarte , no refidiendo
de las próprias rentas de Oropefa y deleytofa en efle cafo aya de lle-
gar a quinze mil ducados los quales fe ayan de emplear en cada un
ano fegun y por la forma que eíla dicho difpueílo , y ordenado en
quanto al dicho fenor don Duarte quedando unido , y incorporado
el dicho mayoraígo con los vinculos y condiciones dei como efta
,

difpueílo refpedlo de los dichos diez mil ducados continuandofe tam^-


bien la limolha , falarios de letrados , y applicado a la fa-
y criados ,

brica de las cafas jardines , y de mas cdiíricios dei dicho mayorafgo


porque todo lo difpuefto en el dicho capitulo en la mifma cantidad ,
y forma que alli fe reíiere fe a por cxpreífado en eíte con la milma
declaracion que íi el tal hijo, o hija único rcíidiere todo el aílo , o
a lo menos la mitad dei por el tal aílo que aíli rcíidiere en la forma
fuíb dicha quede libre de la dicha obligacion e:vceptando delia lo que
toca a los dichos falarios de criados porque como eíla dicho en el ca-
pitulo precedente , eftos rcíidicndo , o no rcíidicndo fe an de pagar
a los dichos criados fegun y como y en la forma que de lufo Ic reHe-
re la qual fe ha de eílender y entender , y averfe por repetida en ca-
fo que la junta de las dichas dos cafas llegue a Nieto , ò Nieta^ ò a
otro
,

da Cafa ^al Tortugneí^a. 41^


otro dcfcendiente porque en eftc tal fe ade continuar Ia mifma obliga-
cion de einplcos , y lo de mas referido en efte capitulo fin que fe en-
tienda fer perfonal la difpuficion dei ni averfe reftringido a cicrtos
grados fino que fe ha de tener y juzgar por real y perpetua todo el
dicho tieinpo que durare la dicha union y no fe hiziere la dicha di-
vifion por falta de fucceíFores , y para mayor feguridad , y faneamicnr
to y entcro cumplimicnto defle capitulo el dicho fciior don Duarte
fe obliga por fi , y en nombre de fus fucceíTores que no pedira ni
alcançara facultad de fu mageftad en que dilpenfe con eíle dicho ca-
pitulo , y fe le concediere de officio no ufara delia , y aun que fe
le mande que ufe delia hara todas las replicas y fupplicas convenien-
tes para que eíle dicho capitulo tenga confumado efFe61:o , y fi toda
via de hecho fuere concedida la dicha facultad para en eííe cafo , y
para mayor faneamiento y corroboracion defte dicho capitulo la dicha
obhgacion de los dichos empleos fe ade trafpalTar , y defde luego
yo el dicho marques de Velada en nombre dei dicho feiíor conde de
Oropelfa , y yo el dicho don Rodrigo de Alencaftre en nombre dei
dicho fcfior don Duarte cedemos , y trafpaíTamos todo el cumplimicn-
to defte dicho capitulo , y la utilidad dei y las dichas cantidades fc-
gun y como van exprelTadas en efte dicho capitulo , y defde luego
para quando el dicho caíFo fucceda hazemos gracia y donacion , pu-
ra perfecíla irrevocable , que el derccho llama entre vivos en favor
de Ia caífa , y convento de nueílra Seíiora de Guadalupe para que la
aya y tenga por próprios bienes fuyos , y fea vifto llegarfe el plazo
dcfta dicha donacion , y poder uíar dei dicho derccho , y cobrança
luego como confte que íea defpachado la dicha facultad , y defde en-
tonces traiga cfta efcriptura y capitulo delia íin otra diligencia averi-
guacion ni liquidacion aparejada execucion para que defde luego fe
pueda executar y cobrar firmemente con tal carga obligacion y con-
dicion , y no fin ella que el dicho prior y convento por íi , ni con
orden dei general de la dicha orden , ni de otro fuperior que fea no
puedan tomar médio ni compuíicion ninguna tacita ni exprciía en to-
do ni en parte por razon de utilidad ni de concicrto , ni de efcufar
gaftos de pleitos ni con otra ocáílion ninguna que fea ò fer pueda ,
porque en tanto an de poder ufar defta dicha donacion , ceílon , o
tralpafo en quanto fe cumpliere efta dicha condicion de que por todo
rigor de dcrecho lleven y cobren y tengan para fi enteramente la di-
cha cantidad en el cafo referido, y íi aíli no lo hizicren , y dentro
de un ano no movieren el dicho pleito, y lo proíiguiercn con buena
fee para que fe haga la dicha cobrança por el miimo cato , y deílie
agora para entonces en nombre de las dichas nueftras partes las ex-
chiimos de la dicha donacion y derccho el qual trafpaílamos con [los
vinculos y firmezas, y en la forma referida al monafrerio de Seiíor
San Lorenço el Real dei Efcurial , y en defeílo de no acetarlo ò
no cumplir lo mifmo hera obligado a cumplir el dicho convento dc
Nueftra Senora de Guadalupe en efte cafo para el mifmo dcrecho y
accion en la forma referida a la compania dcl nombre de Jcfus, y a
fu general al qual , ò a la perfona que el foftituyere hazjiuos otra tal
Tom. V. Gg£í ii dona-
4io T^rovas do Liv, FUI, da Hijloria Çcrjcalogica

donacion , y damos poder en cauíla própria para que lo pida aya y


cobre para el collegio que de la dicha compania ay en la Villa de
Oropeía , y no para otro algun collegio , ni calFa de la dicha Com-
pania lo qual fea para augmento , y dotacion dei dicho collegio , a
todos los quales , y a cada una de las perfonas intereíTadas en efta di-
cha donacion , y capitulo , encargamos la conciencia en nombre de
las partes para el cumplimiento de todo lo en el contenido con la
buena fee que de femejantes perfonas fe confia fin que aora ni en nin-
gun tiempo fe pueda dezir que todo lo fufo dicho íe pufo por pe-
na terrorem , porque declaramos que la voluntad de las partes es,
que todo Io fufo dicho, y cada cofa y parte dello íe guarde cumpla
y execute a Ia letra como en eíle capitulo fe contiene fin darle otro
ningun fentido que el que refulta de las palabras lianas; y porque cf-
te dicho capitulo no fe pueda defraudar en todo ni en parte antes
para que mas enteramente fe cumpla , el dicho feiíor Conde de Oro-
pefa ade quedar con libre poder , y ligitima authoridad , para que en
lii teílamento , o fuera dei , o por otro qualquier adto que bien vif-

to le fuere pueda ampliar y mudar las dichas foíiituciones y forma


de perfonas que lo ayan de pedir para que fe figa mejor cumplimen-
to deíle dicho capitulo anadiendo , o augmentando lo fufo dicho con
la forma condiciones y limitaciones que quifiere y bien vifto le fuere

y para ello no obfte la claufula infra efcripta en que fe limita fe ha-


gan las efcripturas dentro de un ano porque en quanto a eíla parte
ade cjuedar al dicho feiíor Conde eíta libertad por todo el tiempo de
fu vida.
19 Yten fe aílienta capitula y concierta que fi la dicha Cafa de
Oropefa viniere a fuceder en hija y no en varon el dicho Don Ro-
drigo de Alencaftre en nombre dei dicho fenor don duarte le obliga,
y queda defde luego obligado a que fiendo la dicha hija de hedad
de dies y feis anos dentro dellos la cafara con perfona qual conven-
ga 5 y acudira a la tal hija con los dies mil ducados arriba dichos con
tal cargo obligacion que Ia tal hija , y el dicho fu marido ayan
, y
de hazer, y hagan refidencia hordinaria en los dichos eftados de Oro-
pefa como dicho es , y porque podrian cfFrecerfe algunas caufas juf-
tas que agora de prefente no pueden fer anteviílas ni prevenidas por
donde no convinieíle eífeíluar el dicho matrimonio, y fueííe mas juf-
to fufpenderle , en eíle cafo , el dicho fenor Marques de Velada en
nombre dei dicho fenor Conde capitula afienta y dize que aun que
el dicho fenor conde pudiera remitir a otras perfonas el examen
y
approbacion de femejantes caufas , toda via fiando de las partes dei
dicho feíior don duarte, y de la dicha fenora dona Beatriz como de
fus hijos les encarga , y an de quedar obligados , y defde luego el di- j

cho fenor don Rodrigo obliga al dicho feiíor don Duarte a que fin
otros refpeétos próprios fino folo confiderando el benefício dei cafo,
y Io que mas convcnga a la dicha cafa de OropeíTa fe hordenara , y
difpondra, y hara lo que fuere mas endereçado al fervicio de Nuef-
tro Senor y a Ia conlervacion y intento dei dicho fenor Conde
, , y
de fu caía y VaíTallos en todo Io qual encarga la conciencia a los di-
chos
,

da Caja %eal Tortuguei^a. 421


chos fefíorcs don Duarte y doíia Beatriz , que fin caufas juílas , y ta-
les que pelen mas las conveniências de íufpcnder cl dicho cafamien-
to que de executarle al tieinpo fulo dicho de ninguna otra manera lo
puedan difíerir ni diffieran bolviendo a encargar a los dichos fenores
don duarte y dona Beatriz la refídencia en el dicho eftado con lo
qual ceifara lo difpuefto en efte capitulo.
20 Yten íe aílicnta capitula , y concierta , que por quanto como
coníla de los capítulos a tras referidos , y dei efeéfo fuerça y pro-
mulgacion de la dicha ley de Portugal que habla fobre la diviíion de
las dichas cafas , la dicha cafa de Oropefa aíli por la dicha ley como
por efta dicha capitulacion ade fer , y es , y ade quedar , y queda
incompatible con la dicha cafa de Vergança en un poíTeedor , y para
que no la pueda tener gozar ni poíTeer ni retener en teniendo con
quien hazer la dicha diviíion conforme a lo qual y en execucion , y
cumplimiento de la dicha divifion , y para que en ningun tiempo en
razon de lo fufo dicho pueda aver ocafion de pleito fe declara def-
de agora para quando el cafo fuccediere , y aíIi lo prometeu y aílíen-
tan los dichos fenores marques y don Rodrigo de Alencaftre y que
para mayor firmeza, y corroboracion de lo contenido en la dicha ley,
y en eitos dichos capitulos fe lacara facultad Real de Su Mageílad
por ambas a dos coronas de Caftilla y Portogal , y por los confejos
delias a cuyo cargo efta el defpacho de femejantes caufas para que la
dicha ley , y divífion fe guarde cumpla y execute dando elecion al
hijo primogénito mayor para que conforme a Ia dicha ley , elija de
lasdichas dos caíías la que mas quiíiere, y la otra quede para el fe-
gundo hijo el qual fea ávido como primogénito verdadero delia , íin
que defpues de hecha la tal eleccion fe pueda revocar , ni por caufa
de menorhcdad , ni alegando fuerça miedo leíion inorme , o inormif-
íima , ni otro ningun remédio , ni accion ni excepcion porque todo
ello queda derogado para que mas prompta y executivamente fe
,
coníiga la dicha divifion las quales dichas fíiculdades fe an de pedir
y facar como fuere ordenado por el dicho fenor Conde fin que fe ex-
ceda de lo conthenido en efte dicho capitulo.
21 Yten fe aílienta capitula y concierta que en cafo que el dicho
fenor don Duarte antes de hazerfe la dicha diviíion oviere heredado
fuccediere en Ia cafa de Vergança
y gofare de la cafa de Oropefa en
efte dicho cafo el dicho fenor don Rodrigo de alencaftre cbliga aí
dicho fenor don Duarte en virtud dei dicho poder a que pondra da-
rá y pagara para benefício,
y augmento dei dicho mayorafgo de la di-
cha cafa de Oropeffa quinientos ducados de renta en cada un ano a
razon de a veinte mil cl millar empleados en juros , rentas ò cenfos
defte valor por manera que haga en el ano dies mil ducados de em-
pleo para el augmento de la propriedad dei dicho mayorafgo quedan-
do el dicho empleo unido , y incorporado en el dicho mayorafgo
con los vínculos gravamenes y condiciones que eftan los de mas bie-
nes dei dicho mayorafgo como íi defde el princípio de fu fundacion
fueífen inclufos en el qual dicho empleo de los dichos quinientos du-
cados de renta hagan valor de los dichos dies mil ducados fe ha de
ir
2 Trovas do Liv. VIIL da Hifloria Çenealoglca

ircontinuando durando Ia dicha poíTeíion de las dichas dos cafas haC»


ta tanto que fe hagan dies mil ducados de renta y de principal , y
propriedad duzientos mil ducados los quales an de andar , y eftar uni-
dos y incorporados como dicho es en el dicho mayorafgo con las di-
chas condiciones , con tal declaracion que íi el dicho íenor don du-
arte poíTeyere las dichas caías mas aiios ultra de los neceíTarios para
hazer efte dicho empleo , y renta , en tal caílo no ade paíTar a delan-
te el dicho empleo , porque folo ade durar por veinte anos , y ade
ler en folo la dicha cantidad de los dichos duzientos mil ducados , y
lo de mas dei dicho tiempo que el dicho fenor don Duarte gozare
de la renta de la dicha caía ade fer fin el dicho gravamen dei dicho
empleo de los dichos quinientos ducados al ano con tal declaracion
que no continuandofe la union de las dichas cafas en un folo pof-
feedor por los dichos veinte anos en tal caio el dicho empleo fe ade
continuar folamente hafta el tiempo que durare porque haziendofe la
dicha divifion por aver perfona con quien fe haga el dicho gravamen
ade parar , y no fe ade continuar^ y no aviendo la dicha perfona
con quien fe haga la dicha divifion y continuandofe Ia dicha union
en tal cafo procede el empleo contenido en eíle dicho capitulo cor»
tal declaracion que los dichos dies mil ducados de renta y ducientos
mil de propriedad que fe an de emplear en los dichos cafos , y de-
baxo de las condiciones referidas an de fer de mas y alien delos,
otros dies mil ducados que ade emplear el dicho fenor don Duarte
en cafo que no reíida , y lo mifmo fe entiende refpedo de lo de mas
contenido en eíla efcriptura de capitulacion porque efte dicho em-
pleo que fe ha de hazer en efte dicho cafo no ha de impedir ni fuf-
pender lo diípuefto en los de mas capitulos en otros cafos particu-
lares.
22 Yten fe aíTienta capitula y concierta y el dicho fciior don
,

Rodrigo de Alencaftre obliga al dicho íenor don duarte a que en las


fortalezas de los eftados dei dicho fenor Conde de Oropefa pondra
íiempre alcaydes naturaics defte Reyno de Caftilla preíiriendo a eftos
los naturaics de los dichos eftados , y a los unos , y a los otros los
que fueren y ovieren íido criados ò ío fueren dei dicho feííor conde,
y de fus hijos.
23 Yten l'e aíHenta capitula y concierta que por quanto efte di-
cho matrimonio mediante la voluntad de Dios fe ha de eftecluar y ef-
fedtua para mayor augmento y confervacion de la dicha cafa de Oro-
pefa para que efte fin fe configa , y por el contrario porque de acen-
lliarfe ,
y empenai fe las cafas con facultad real , ò fm ella fe íiguen
inuchos danos contra las haziendas y VaíTallos , y otros muchos in-
convenientes notórios en todos los quales fe cayria íi el dicho fenor
don Duarte acenluaíPe la dicha caíFa para remédio de lo qual dofde
luego promete y fe obliga por í: , y por el fucceífor que fuere de las
dichas dos cafas a que no pedira , ni obtcndra facultad de fu magef-
tad para vender ni empenar, ni acenfuar en poca ni en mucha canti-
dad la dicha cafa , ni por dezir que es para mayor utilidad delia ni
pur otro ningun íin fuera de los cafos expreíTados en eftos capitulos.
,

da Cafa %€al Tortugnef^a. 423


y fi fe le concidicre la dicha facultad no iifara delia , y lo mifmo fca
y fe eiiticnda en quanto a los bienes augnicntados , y incorporados
por el dicho fciior don Duarte en la dicha cala de Oropefa porque
todo ello íe ade confer^^ar en mayor aumento , y no en diminuicion
dicho fenor don Duar-
y para mayor firmeza defte dicho capitulo el
te antes que fe effeílue el dicho matrimonio ade hazer juramento
pleito omcnaje como Cavallero hijodalgo a fuero de Caílilla en la fir-
meza y folenidad neceíTaria de que guardara cfte dicho capitulo , y
no venderá acenfuara empenara perpetuamente , ni a tiempo cier-
ni
to de por vida ni en otra qualquier manera la dicha cafa ni parte dei-
la, ni ninguna de las dichas rentas y fi fe le concedi ere facultad de
officio , o de próprio mota real , no ufara delia por fi , ni por terce-
ra perfona como cofa contraria a efte dicho capitulo , y a eíle plei-
to o menaje fo pena de incurrir en los cafos de menos valer en que
fe incurre por cl quebrantnmiento de femejantes pleitos homenajcs

y para mayor firmeza por quanto la dicha fenora doiía Beatriz como
tal primogénita no teniendo el dicho feíior conde hijo varon ade fer
la proprietária dei dicho eftado defde luego fe capitula por ambos
los dichos fenores Marques y Don Rodrigo en nombre de fus par-
tes a que antes que fe eífedlue el dicho matrimonio la dicha fenora
dona Beatriz jurará en forma folenne , y baftante el cumplimiento
dcíle dicho capitulo , y defpucs de defpofada antes de velaríe lo bol-
vera a ratificar con decreto que la enagenacion o confentimiento que
,

de otra manera fe Wziere contra el tenor y forma de lo fulo dicho


fea en fi niní^uno , y de ningun valor y effeclo , y defde luego fe de-
clara por tal y que dei dicho juramento no pedira ni facará abfolu-
,

cion ni relaxacion aun que fea e^ecíum agendi no ufará delia , aun
que fe le conceda de próprio motu en otra qualquier manera , y en
razon de lo fufo dicho la dicha fenora doíia Beatriz otorgara la ef-
criptura , y efcripturas que fueren ordenadas por el dicho feíior Con-
de a todas las quales el dicho fenor don Duarte preftara los confenti-
mientos , y licencias neceíTarias para firmeza de la dicha efcriptura , ò
efcripturas , y de todo lo conthenido en eíle dicho capitulo.
24 Yten fe afllenta capitula y concicrta , y el dicho feíior don Ro-
drigo obliga al dicho fenor don Duarte a que antes de defpofarle
con la dicha feíiora doíia Beatriz , y a que luego que fe deípofe por
palabras de prefente que hagan verdadero matrimonio con la dicha
leííora el dicho feíior don Duarte por fi
, y
como marido y conjunta
perfona de la dicha feíiora doíía Beatriz , y la dicha feíiora doíia Bea-
triz , por fi y con licencia
, y exprefo confentimiento dei dicho feíior
don Duarte ratificara y aprobara toda efta dicha capitulacion , y to-
dos los capitulos en ella contenidos que por qualquiera via , y en
qualquier forma y para qualquier eífcílo que fea ò fer pueda pen-
,

fado ò no penfado fea neceíFario fu confentimiento ratifícacion y obli-


gacion el qual dicho confentimiento preílara , y hara por efcriptura
publica con el juramento y juramentos
, , y con todas las claufulas ,
y firmezas vínculos , y condiciones , y obligaciones referidas en efiá
,

dicha capitulacion , y las de mas firmezas que para feguridad de todo


lo
,

424 T^fovas do Liv. VIIL da Hijloria Çenealogtca

lo conthenido en efta capitulacion que toque , y en qualquier mane-


ia pertenefca , o pueda pertenecer a la dicha fenora doíia beatriz co-
mo fueren ordenadas las dichas efcripturas por el dicho lefior conde,
o por fus letrados en aquella forma y íin quitar ni anadir ni mudar
fullancia , ni tenor de palabras , otorgara ratificara aprobara jura-
y y
ra las dichas efcripturas en la forma que fuere ordenado por los le-
trados dei dicho fenor Conde.
25 Yten fe aílienta capitula y concierta que por quanto los capí-
tulos matrimoniales quales fon eílos de ordinário fuelen hazerfe con
algun tropel y prieíla , j por efta caufa no pueden quedar con la
claridad firmeza y prebencion que fe requiere para los cafos futuros
y efpecialmente en efte prefente cafo por difponerfe en eftos dichos
capitulos matérias tan graves y de tanta importância para la cafa dei
dicho feiíor conde y de fu confervacion , y perpetuidad , para remé-
dio de lo qual , y porque el intento de las partes no quede defrau-
dado , ni la falta de tiempo ni de confejo no impida el effeólo de la
intencion , fe aílienta de comun confentimento , que fi dentro de un
ano contado defde el dia de la fecha defta dicha capitulacion qual-
qui^ra de las dos partes pidiere a la otra conviene a faber el dicho
feiíor conde al dicho feiíor don Duarte , o el dicho fenor don Du-
arte al dicho fenor Conde que haga otra nueva efcriptura en razon
de lo conthenido en eftos dichos capitulos, o fobre alguno dellos, ò
fobre alguna claufula , o parte de ellos fe aya de otorgar la dicha ef-
criptura con tanto que no fe aya de alterar en ella cantidad ni fuf-
tancia dei fujeto fobre que cae el tal capitulo , ò la dicha claufula
dei , y folamente ade fer la dicha efcriptura para declarar y difponer
el fín y intento de las partes con los médios mas convinientes , y
neceíTarios a lo que fe a tratado de tal manera que lo que fe ade
confeguir por la dicha efcriptura ade fer declaracion diftincion y fir-
meza de lo que fe contuviere , y fuere exprefado en los dichos ca-
pitulos.
26 Yten fe aíTienta capitula y concierta que no obftante las clau-
fulas vinculos , y firmezas de eftos dichos capitulos , y de cada uno
delíos , toda via fi la voluntad dei dicho fenor conde fuere por los i

refpeélos , y caufas que fu fenoria juzgare juftos , ò quifiere alterar i

y quitar , ò moderar en beneficio dei dicho fenor don Duarte , y fus |

lucceíTores , ò de la dicha fenora dona Beatriz , en todo , ò en par-


j

te qualquiera de los gravamenes condiciones y obligaciones pleitos


omenajes juramentos facultades , y lo de mas referido capitulado , y
afientado para firmeza de lo lufo dicho , todo ello queda reduzido a |

Ia voluntad dei dicho fenor Conde para que fin embargo de todo el- |

lo queriendo lo pueda alterar y mudar ò quitar fin que ninguna per- |

fona prcfeiite o aufente , nacida , o por nacer pueda dezir ni alegar 1

que por eftos dichos capitulos fe adquirio derecho irrevocable , o ci- j

erto , ò en efperança porque toda efta dicha capitulacion es individua


y uniforme de tal manera que toda ella depende , v ade depender en
Io futuro y venidero en quanto a la adquificion dei dicho derecho de
ia voluntad dei dicho feiior conde para que en tanto la perfona inte-
refada
da Cafa %eal Tortuguei^a, 425
rcfada por eílos diclios capítulos pueJa pretender derecho , y dezir
qi]cle ticne cn quanto mcftrare por fi la voluntad dei dicho fenor
conde porque fi lu ícnoria lo nuidare, alterare , o quitare en todo ò
en parte le ade juzgnr por tan quitado alterado , y mudado como fi
nunca ni en ningun ticnipo fe oviera tratado ni fe oviera adquirido
fcmejante dereclio porque todo ello ade depender de la perfeverancia
de la voluntad dei dicho fenor Conde de tal manera que la revoca-
cion ò voluntad fe aya en qualquiera de los diclios cafos los ade rc-
vocar m tottmi como fi nunca oviera fido , y como fi nunca fe ovie-
ran hecho fin que fe pueda dezir que el dicho contrato fue obligato-
no, y reciproco y que afll no fe pudo revocar , ni menos que la
fuftancia dcl contrato no fe puede conferir en voluntad libre dei con-
travente ò que por la dicha voluntad no fue jufta ni de buen arbi-
trio porque todas eílas dichas razones , y otras qualefquier que fean
ò ler puedan por eíle dicho capitulo , y contrato quedan derogadas
deprovadas y rcvocadas , y todo el fer de las dichas obligaciones re-
feridas en los dichos capitulos de confentimienío de partes , y en for-
ma valida queda refervado , y remitido a la voluntad de! dicho feíior
Conde , y lo que fu fenoria declararc , ordenare y quifiere cerca de
la dicha moderacion , o derogacion ade fer firme y valido , bien aííi
como fi defdc el principio ello folo fuera dicho, y expreflado en eíla
diclia capitulacion porque defde agora para quando el dicho fenor
,

conde haga la tal moderacion , o derogacion fe ade tener por expref-


fa repetida , y incorporada en eflos diclios capitulos porque de con-
lentimiento dc partes defde luego para entonces fe aceta para que el-
la valga , y fe cumpla guarde y execute , y debaxo defta condicion
,

y prefupueílo , y forma y modo y no íin ellos fea viílo otorgarfe ef-


ta dicha efcriptura de capitulacion , y todas las de mas que en cxe-
cucion y con ocafion delia fe otorgaren , y hizieren , y Ia mifma con-
dicion fea viHiO por via y forma de regia univerfal averfe por inferta
y incorporada en todas y qualefquier íacultades que en execu-cion de
Ias dichas efcripturas fe pidicren , y facaren , y en virtud delias fe hi-
zieren otras efcripturas, y lo mifmo en todos los juramentos ple/tos
omeiiajes que fe hizieren porque la fuerça y obligacion de todo lo
fufo dicho ade quedar fujeto y reducido a la moderacion y deroga-
cion que el dicho feíior Conde hizicre y ordenare.
27 Yten fe alFenta capitula y concieria , y el dicho fenor don
Rodrigo de alencafrre fe obliga en nombre dei dicho feíior don Du-
arte a que facara facultad real de fu mageí^ad por la qual inxiriendo
todo el tenor de eílos dichos capitulos en fornia cfpecial y letra ale-
ira y de palabra a palabra como en ellos, y en cada uno dellos fe
conriene por la dicha facultad todos los dichos capitulos fe confirmen
ratifiquen y apprueben , mandando que fe cumplan guarden y exe-
, ,

cuten fegun y como en ellos , y en cada uno dellos fe contiene y ex-


pecifíca y difpone lo qual fe hará con las clnufulas vinculos y firme-
zas neceíTarias , y que en femejantes cafos fe acofuimbran poner , y
las de mas que fueren pedidas y demandadas y fe ordenaren por el
,

dicho fenor Conde lo qual fea y fe cntienda fin que por eíla dicha
Tom.V. Hhh íacul-
T^rovas do Liv. VIIL da Hifloria Çenealogica

faculdad general de aprobacion , y confírmacion de los dichos capítu-


los el dicho Tenor don Duarte quede relevado de las de mas faculta-
des eipeciales y particulares que en los de mas capítulos de fufo refe-
ridos fe contienen porque efta dicha facultad folo ade fer para mayor
confírmacion aprobacion y ratificacion de todo lo conthenído en efta
dicha capítulacion en general y particular , y para que todo lo en el-
la difpucfto íe cumpla guarde y execute como dicho es.
Y para que todo lo contenido en los dichos capítulos mejor
fea guardado , y cumplido los dichos fenores Marques de Velada y
don Rodrigo de Alencaftre obligaron a los dichos íus partes cada uno
dellos a la íuya que en todo tiempo , y en todo acontecimiento
guardaran cumpliran , pagaran y avran por firme todo Io que queda
dicho y declarado cada una de las dichas partes lo que le toca , y
contra ello ni contra cofa alguna ni parte dello no iran ni vendran
en ningun tiempo , por ningun cafo mayor , ò menor que les com-
peta , ò competer pueda , y fí contra elío , o contra qualquier parte
dello fueren o vinieren , o reclamaren de ello no fean oydos , ni ad-
mitidos en Juizio ni fuera dei antes íiempre compelidos a obíervar
guardar y cumplir todo lo que queda dicho para cuyo cumplimiento
obligaron a los dichos fus partes a todos fus bienes juros , y rentas
derechps y acciones quantos al prefente tienen , y de aqui a delante
tuvieren para Ia execucion y cumplimiento de todo lo que dicho es,
en los dichos nombres dieron poder y facultad a todas las jufticias y
Juezes dei Rey nueftro feíior de qualefquier partes Reynos , y feno-
rios que fean ante quien efta efcriptura de capiíulacion matrimonial
parefciere y de lo en ella conthenido , y qualquier cofa y parte dello
fuere pedido cumplimiento de jufticia a cuyo fuero , y juridicion los
metieron , y por efpecial fumiftion , y expreíTa los fometieron con
todos fus bienes y rentas a los fenores- dei confejo real de jufticia dei
Rey nueftro fenor , y a los fenores preftdente y oydores de fus rea-
les audiências , y chancillerias de Valladolid
, y granada , y alcaides
dei crimen delia , y alcaides de la cafa y corte de fu Mageftad , y al
Corregidor y fu lugarteniente que cs o fuere de la Villa de Madrid
y a cada uno, y qualquiera dellos m Jo/ídnm por quien conílntieron
que los dichos fus partes fean convenidos, y juzgados por lo conte-
nido en los dichos capítulos matrimoniales y qualquier parte dellos,
aun que al tiempo de ferio no fean bailados en fu difirito fuero y Ju-
ridicion bien como fi en el bivieíTcn y moraífen renunciando como
renunciaron el próprio fuero jiiridi:ion v domicilio de los dichos fus
partes , y Ia ley /? conveiierit de jurifdiBione omvhmi 'Judicum , y las
pregmaticas que hablan cerca de Ias fumiíliones , y renunciacíones de
íuero 5 y coníintieron que los dichos fus partes fean compelidos por
todo rigor de derecho y via executiva a guardar y cumplir lo que ^
cada uno dellos toca de todo lo que queda dicho , y declarado bien
aíi como fi afti fuera jufgado y íèntenciado por fentencia diííinitiva, i

dada por Jues competente pafada en authoridad de cofa juzgada de


que no ovieífe lugar appelacion , ni fupplicacion , ni otro recurfo ni 1

remédio alguno fobre lo qual renunciaron todas Ias leyes fueros y de- ;

rechos |
da Cafa ^al Tortugueís^a. 427
rechos pragmáticas fancioiíes privilégios ufos , y coftumbres que aya
ávido, o aya eii contrario para que lin embargo de todo ello ayacum-
plido cfcélo lo que queda dicho , y en efpccial renunciaron la ley , o
direcho que dize que general renunciacion de leyes fecha non vala ea
teílimonio de lo qual otorgaron la preíente efcriptura de capitulacioii
iriatrimonial en la manera que dicha es , y en la mas baftante , y cum-
plida forma que de derecho fe requiere en el monafterio de fan lo-
renço el Real eftando en el el Rey don Philippe nueftro fenor , a
dos dias dei mes de Oólubre de mil y quinientos y noventa y cin-
co aíios fiendo preíentes por teftigos el feíior don xpóval de mora
comendador mayor de Alcantara , y dei confejo de eítado de fu ma-
geftad fumiller mayor de corpus dei Príncipe nueílro fenor y el fe-
fíor don fernando de Toledo , y el fenor don Juan de ydiaque co-
mendador mayor de leon y dei confejo de eftado de fu mageftad ,
eílantes al preíente en el dicho fan lorenço el Real , y los dichos
fenores otorgantes que yo cl prefente cfcrivano doy fee que conofco
lo fírmaron de fus nombres , el marques de V
elada don Rodrigo de
alencaílre paíTo ante mi Rodrigo de Vera.

Breve ^
que e/creveo a Santidade de Urbano VIII. ao Excelkn-
tijjimo Senhor D. Duarte. Conjerva-Je entre os m.f. do Prin-
cipal Almeida Majcarenhas.

URBANUS PP. OGTAVUS.


vir falutem , & Apoftolicam Benediíllonem
Dlledle fíli , nobilis

Augufti gencris claritudinem apud omnes nationes teílantur non


Num '5*
Z
minus illuftria ftemata , & triumphales imagines, quam virtutes rega- 1627.
li peiSlore dignse. Quare orbis parens Roma , qua; gentiíitia; Bragan-
tiorum Principum gloriie jam pridem favet nunc nobilitatem eximiis
laudibus exornat , quae Rcgii fanguinis fplendorem propriis raeritis
merifice augere dicitur luculentum hujufmodi laudum tuarum teftem
in Urbe habes dileclum íilium noftrum Cardinalem Barberinum : Is
enim asFjrit te in Hifpania cíEteris proceribus habuiífe ejus pietatis
exempliim , qua in Apoftolico Lega to Pollti^icia authoritas colidebit.
Ingens folatium , quod humanitatis tuae officia nobis pepcrcrunt , his
Litteris dcdarare volumus , & memori peílore femper fcrvabimus.
Noftr^e autem caritatis magnitudinem beneficiis potius quam verbis
,

cupimus fignificare nobilitati tuae , cui cceleftium gratiarum ubertateni


prccamur , & Apoftolicam Benediíflionem peramanter impertimur.
Datum Rom^e apud Sanélum Petrum fub annulo Pifcatoris die 3. Ja-
nuarii 1627. Pontificatus noílri anno quarto.

Joannes CiampoUis.

Tom. V. Hhh li Tejla-


428 T^rovas do Llv, VIIL da Hifloria (genealógica

Te/lamento do Senhor D. Duarte ,


Marcjuez de Frechilfia, Co-
pia authcntica.

nombre de Jefus y en gloria y onra de la fantiílima Trinidad


NuiH. 4* *
TT^''^
X F'^ Padre hijo y efpiritu fanto y de la Virgen nueftra fenora de la
An. 1627. concepcion y de fan Andres fanto Antonio fan Blas fanta Catalina y
de todos los otros fantos que en eíla vida tuve por mis particulares
abogados y para bien de mi alma y buena diípuficion de mis coifas
yo Don Duarte Marques de ílechilla de los confejos de eftado y guer-
ra de fu Mageftad ordeno efte mi teílamento en la forma y manera
íiguiente.
Primeramente ordeno y es mi boluntad que mi cuerpo fea en-
terrado en Villa- VicioíTa en la Capilla y entierro de los Duques de
bragança a los pies de la fepoltura que para íi elixiere el Duque Don
teodofio mi fenor y Hermano y porque efto no podra fer de prefen-
te mando que entre tanto fe depofite mi cuerpo en la ygleííia de fan-
to Domingo el Real defta Villa en la parte que a mis teftamentarios
pareciere mas decente y acomodada.
La forma y el aparato con que mi entierro fe deve hacer dejo
a elecion v difpuficion de mis teílamiCntarios.
Declaro por mis herederos al conde de oropeíTa Don Duarte
mi nieto y a Dona Mariana de Toledo y portugal mi nieta que he-
redaran mi hacienda efcepto la tercia parte de que yo puedo diípo-
ncr porque eíla refervo para dar fatisfacion a obligaciones de mi al-
ma y otras con que me fiento conforme aqui decíarare.
Mando que mis teftamentarios aberiguen y ajuften las quentas
que mi hacienda tubiere con todas las perlbnas que yo fuere deudor
para que fe les pueda dar fatisfacion facando las dubdas y lo que fue-
re menefter para fatisfacion delias de la fuma de hacienda que por
mi muerte fe allare haver fido mia porque eíla fe deve reputar por
coíTa confumida en mi vida.
De la tercia parte que refervo para difponcr mando fe digan por
mi alma diez mil miíTas reçadas donde pareciere a mis teílamentarios,
encargandoles que efto executen con toda la puntualidad , y brebedad,
que bieren que combiene.
A las mandas forçoíFas ordinárias mando a cada una un real íi bi-
nieren por el.
Nombro por teftamentarios albaceas y executores defte mi tefta-
mento a Antonio de la mota mi mayordomo a Don Pedro dei caftil-
lo mi camarero al licenciado Juan mendes de fonfeca y al licenciado
Antonio paes Viegas mis contadores , y les doy poder libre y gene-
ral y fin limitacion ningnna de tiempo para executar lo contenido en
el y poder aplicar mis viencs a lo que yo aqui dejo
y dejare manda-
do poder benderlos en publica almoneda o en otra forma qual les
pareciere mas util hafta dar entera fatisfacion a todo ; y en las dubdas
que íbbre efte dicho teftamento fe mobieren quiero que ellos fcan los
vnter-
da Cafa ^eal Tortugueíí^a,
ynterpretes y por fu declaracion fe eílara como íi en la forma que el-
íos lo declararen fliera erpreflamente mandado por mi.
Yporque en caflb que en la caíTa de oropeíTa falt<ín mis nie-
tos o fus decendientes yo puedo difponer de los bicnes que por mi
muerte le pertenecen. Digo que en tal caíTo nombro por fubcefor
en las mis Villas de frechilla y Villa Ramiel al duque que entonces
fuere de Bragança y a los feiíores que íubcedieren en aquella caíTa y
mayoraígo.
Al Duque de Bragança mi fenor y hermano , y la feíiora Dona
Mencia mi hija y nuera y al fenor Marques de Villena mi fobriíio
fupplico den todo fu favor y ayuda a los dichos mis teííamentarios
para que puedan executar lo que les dejo encargado por efte tellamento.
Y
porque Antonio de la mota mi mayordomo a fido mi theíb-
rero y a tcnido a fu cargo mi recamara y otras muchas coifas de mi
hacienda de que fe hallaran firmas fuyas cédulas, y otro qualquier gé-
nero de obligaciones quiero y es mi boluntad , que en virtud delias
no fe le pueda pedir quenta de nada de lo dicho porque de todo ef-
toy enteramente fatisFccho , lo mifmo digo de los vienes dei almo-
neda de la Marqueífa de Jarandilla mi muger porque de todo me fa-
tisfiço y le doy por quite y libre de todo como le tengo datto
, y
dicho por palabra a mucho tiempo.
A mifmo Antonio de la mota prometi quando fe cafsò de
el
darle quatro mil ducados o para mejor decir los prometi en dote a
dona Juana de bafconcclos fu muger mando que fe le pagen. Y
porque yo le yba dando por los reditos dellos dos mil y quinientos
reales cada ano de que le tengo pago algunos anos mando fe le pa-
gue lo que pareciere deverle de los dichos reditos y todo el prin-
cipal.
Entre mis papeies fe allaran algunas cédulas dei licenciado An-
tonio paes de dinero que recivio para coifas que yo le mandava gaf-
tar declaro que tiene fatisfecho enteramente
y yo guardava las cédu-
las por refpetos particulares mando fe le buelban.
Si hallaren algunas cédulas dei licenciado Juan mendes mando
fe le buelban tambien porque lo mifmo paífa en ella.
Al fenor Conde Duque fupplico favorefca mis teííamentarios en
todo lo que fuplicaren a fu exceli encia , como yo fe lo merefco por
fangre y por deífeos de fervirle. Y tambien fuplico a fu exccllencia
mande defpachar al licenciado Juan mendes y a cl licenciado Antonio
paes en las penfiones de ducientos cruzados en los obifpados de por-
tugal de que fu mageftad me hiço merced , y yo los nombre en ellos.
Tambien fuplico a el fenor Duque de beraguas fe firva de am-
parar y favorezer los dichos mis teííamentarios.
Mis delidas como dicho tengo fe an de pagar dei monte mayor
de mi hacienda y la tercia de que difpongo íe cntiende qucs la tercia
de la hacienda pagadas las deudas.
Al Duque mi fenor y ermano fuplico nmpnre mis criados y
les aga merced pues yo no fe la puedo hacer como deífeo y a el
Conde de oropeíTa mi meto encargo lo mifmo.
430 TProvas do Liv. VIIL da Hi/loria Çenealogica

Afu niageftad fuplico me haga merced en confideracion de mis


fervidos y de los que fiempre defee hacerle de amparar mis nietos y v
particularmente le fuplico fe firva de hacer merced de mi encoinien-
da a el conde mi nieto que efpero en dios le aga tal que fe la fepa
merecer defpues de la fuperbivencia que yo tengo haciendome mer-
ced delia para pagar mis deudas.
Defpues de cumplido todo mi teílamento y dado fatisfacion a
todo lo que en el difpongo aníi lo que queda ya dicho como lo que
fe íigue alguna hacienda mejoro en ella a Dona Mariana mi nieta y
al mifnio conde y a ella encargo tomen prodtecion de mi teftamento

y eirados y en particular a Antonio de la mota y fu muger y hija.


A Doíia francifca de mota hija de antonio de la mota tengo he-
cha merced de mil ducados para ayuda a fu dote mando que fe le
paguen.
Antonio de la mota y fu muger me an fervido con grandes ben-
tajas y grande amor ; fupplico a íu Mageftad le aga merced de algun
oficio equibalente a fu perfona porque de todo dara muy buena quen-
ta y al Duque mi fenor fuplico fe íirva dei o le aga alguna merced
equibalente y al Conde de oropelfa y a la fenora Dona Mencia y
a mi nieta Dona Mariana pido le agan la merced que fio dellos.
A Don Pedro dei Caílillo íuplico al Duque mi feilor le aga
merced y le ampare y fe íirva dei.
A juan de melo Carrillo mi fecretario que me a fervido muchos
anos fuplico al Duque mi feíior le aga merced de darle un ofício o
benefício con que pueda pallhr.
Aníi mifmo íuplico al Duque mi fenor fe fírva de Diego Botei-
lo de matos y de Bernardo de Caraballo y de Pedro mendes mis
criados, dandoles algunos ofícios o acomodando) es en otra forma.
A cl licenciado Juan mendes de foníeca y a el licenciado An-
tonio paes Viegas dejo tambien al duque mi feíior para que fe firva
dellos o les aga merced de algunos benefícios con que pafen y defde
aora les nombro en las capellanias que yo inftituyere en Ia caífa dei
Duque mi feíior de que fu exceliencia ade fer patron que an de fer
de cinquenta mil reiscada una de rcnta.
Yten mando den a antonio de mota en fu vida quinientos du-
cados de renta cada afio y otros quinientos a fu muger Doria Juana
de bafconcelos que fe le daran o fe le compraran con mi hacienda.
A Gonzalo de íblfa oydor de Portugal tengo en mi poder un
baul de que tiene el las llavcs declaro ques fuyo con lo que tiene
dentro , y un efcritorio de las Yndias ques fuyo que me dejo en guar-
da quando fue a oranjuez y declaro que tiene dentro fegun me a dicho
quando me le entrego dinero y pieças de plata y otras ; el qual baul
mando fe le entregue todo y el efcritorio fin abril le nadie.
Y porque tengo tantos y tan buenos fervicios recividos de An-
tonio de Ia mota mi niayordomo que pienfo eílarle en obligacion
ynfínita buelbo a pedir a todos los fenores nombrados en efta mi cé-
dula que le favorefcan
y ayuden y en nada le fean contrários ; y acon-
teciendo lo que yo no efpero que alguna perfona le encuentre o con-
tradiga
da Cafa ^al Tortugue^a. 431
tradiga Io que vo digo cn cfte tcílamcnto por el iruTmo caííb Io e
por privado dc alguna coíTa íi Te Ia dejo y lo aplico al mifmo Anto-
nio de la mota de que el dara de íu mano la mitad a la mifcricordia
de Villa- Viciolfa.
Y porque inftituyo unas capellanias de que nombro por capella-
ncs a el licenciado Juan mendes y al licenciado Antonio paes digo :

que eílas capellanias fe an de fundar de mi hacienda y encargo a mis


teílamcntarios lo executen aííi.

A Don Pedro de Caílillo mando fe le den en fu vida docien-


tos ducados de renta.
A
Juan de melo mando Io mifmo.
Dejo tambien por mi teftamentario a el dicho Dotor Gonzalo
de folfa con los mifmos poderes que los de mas porque fave de mi
caíTii por fer muy aficionado a ella y con el aver tratado algunas
coifas.
Y mi ultima boluntad quiero queíla folo balga y
porque eíl^a es
tenga fu fuerza como mejor pudiere fer conforme a dere-
y vigor
cho y fi no baliere como teftamento que balga como cobdicilio y co-
mo qualquicra ultima boluntad que en derecho fe pueda confiderar
y para balidacion de lo lufo dicho.
Y porque no fe podra luego fatisfacer a mis criados quiero y
mando que en quanto no fe diere cumplimiento a las mandas que de-
jo que mis teílamentarios les hagan dar todas fus raciones , y falarios
como íí yo vivo fueífe con declaracion que para Uevar eílo no ufen
de dilaciones Io que quedara en adbitrio de los dichos mis teílanien-
tarios y íi acontcciere que de los dichos teftamentarios falte alguno
por muerte fio dei que nombrara otro en lu lugar para cumplimien-
to deíle mi teftamento y lo mifmo fera fi fuere aufente y a el que el
nombrare fe dara tanta fe y credito como al que le nombro y íi yo
defpues deíle teílamento hiciere algun cobdicilio memoria o cédula
qualquiera quiero y mando fe le de tanto credito y tanto cumplimi-
ento como a cfte mi teftamento y e por repetidas en las dichas cédu-
las lasmifmas claufulas defte teftamento.
Y porque yo tengo prometido mil ducados a el licenciado An-
tonio paes de ciertas libranças que fe avian de cobrar mando le le
paguen y hago merccd al licenciado Juan mendes de que no fe Ic
:

pidan docientos ducados que le mande pagar de una manda que le


mando la Marqueffa de Malagcn mi muger de nuevo le ago mcrced
defta cantidad , y quiero que no ympida cobrar la manda de los tre-
cientos ducados de Ia dicha Marquefa en que yo le nombre porque
en Ics docientos dichos entrara por merced mia hecha de mi haci-
enda.
A
mis pajés que de prcfente me íirven mando a cada uno mil
reales por una vez y que a cofta de mi hacienda fe pongan en fus
cafías ^ y a Manuel da mota le mando mil
y quinientos reales y que
le pongan en caíFa dc fus padres.
Y declaro que a mis criados que yo dejo nombrados por tefta-
mentarios fc les acuda en quanto efta ocupacion duiare con fus ra-
ciones
T^f^ovas do Liv. V IIL da Hifloria (jenealogica

ciones y falarios y de mas deílo fe les fatisfagan fiis trabajos y no cs


mi yntencion quefta claufula derogue en nada a Ja que arriva trata de
dejar raciones y falarios a mis criados.
A Diego Botello de matos y a bernardo de Caraballo y a Pe-
dro mendes mis criados dejo cieii ducados de renta cada ano en fu
Vida a cada uno.
Yten mando mas al licenciado Juan mendes y a el licenciado
Antonio paes Viegas a cada uno otros cien ducados de renta en ca-
da un aíio de mas de las capellanias dichas y al licenciado francifco
:

Rodrigues freyre dejo otros cien ducados de renta en fus vidas.


Y porque tengo algunos papeies de fecreto en poder dei licen-
ciado Antonio paes mando que no fe pidan y toda mi hacienda y
vienes de qualquiera calidad que fea mando que fe entregue luego a
mis teftamentarios fufo dichos para que conforme a lo que les pare-
ciere difpongan delia para efeto dei cumplimiento deíla mi manda ;
y anfi fe le entregaran todos y qualefquiera papeies qne fe hallaren
en mis efcritorios o en qualquiera parte porque fio dellos mucho y
anfi lo he fiado fiempre eonociendolos por efpiriencia.
Su Mageftad me ha hecho merced por carta fuya o confulta
que fe aliara en las fecrctarias de portugal de una capitania en el
braíil5 y de una tierra qucs un falado en el limite de fanfla eyria ter-
mino de lisboa foílituyo a el feíior Don Duarte mi fobriao en eílos
:

derechos y fiiplico a Su Mageílad le mande continuar la merced que


me avia començado a hacer ; y tambien lo fuplico aníi a el fenor
Conde Duque , y confirmo una donacioii que heclio dada por mi a
cl licenciado Juan mendes de una parte de aquella tierra dei falado y
le doy todas las íirmeças iieceífarias y porque como tengo dicho y
buelvo a decir efta es mi ultima boluntaJ quiero que como tal bal-
,

ga en qualquiera manera que pueda fer y fueron teíligos que bieron


leer efte mi teilamcnto en mi prefencia y oyendolo yo y fiendo con-
tento de todo y abiendo alguna dubda en la ynterpretacion defte mi
teftamento la declarara el oydor Gonzalo de foíTa y aníi mando que
fe efte por lo que el dijere como fi yo lo declarara porque con el
comunique efte mi teftamento y todas mis coifas en faiud y aora.
Ba efcrito efte teftamento en :cinco médios pliegos y en parte
defte : y declaro que quiero que io que de fufo ba relatado en favor
dei licenciado Antonio paes y de fu hermano Juan mendes fe cumpla
como lo de mas porque todo fe lo mande hazer a el dicho licencia-
do y quiero que todo fe cumpla y efta declaracion mande hacer An-
:

tonio de foila de fu letra para que no aya dubda y rcfcrito el dicho


,

teftamento por la dei dicho licenciado.


Mando mas a Juan de a Cofta mi Repoftero de plata cinquenta
ducados por una vez y reboco y anulo todos y qualeíquiera tefta-
,

meiítos mandas y cobdicilios que antes defte aya fecfio que folo efte
quiero que balga por mi teftamento y cobdicilio y por mi ultima bo-
luntad.
Orro ft mando otros cinquenta ducados por una vez a Domin-
go fernandes mi cochero mayor en teftimonio de Io qual otorgue
:

efte
,

da Cafa %eal Tortugaei^a* 433


efte mi teílamcnto cn de Madrid eftando en mi juycio me-
eíla Villa
iTioria y entcndimiento natural a veynte y fiete dei mes de Mayo de
mil y íeifcientos y veynte y íiete afios íiendo prefentcs por teftigos
Antonio de folVa Jt^an de acuna gregorio fuares pantaleon de almey-
da Paulo de araujo eftcvan çagalo Juan Rivero portugueíTes eftantes
en efta Villa de Madrid que todos fueron prefentes y oyeron leer ef-
te dicho teftamento dei fenor otorgante a quien yo dicho efcrivano
doy fe conoíco lo firmo de fu nombre en el Regiftro deita Carta.

DON DUARTE.
Ante mi Lucas pico de Cabreros.

Contrato do cajhtnento do Senhor D. Dinix , filho do Duíjiie de


Bragança D. Fernando II. com a íilha do Conde de Lemos.
Èjfà no Cartório da Caja de Bragança donde o copey^
na forma ,
que Je Jegue.

EJJe he hum treslado bem e fielmefite facada de huma e fcritura de aceii'-


to e Capitulação feita e outorgada pela 'Rainha fiojja Senhora fobre
o cazamento de D. Diniz de Portugal com D. Beatris de Cafir o fi-
lha ligitima de D. Roclrtgo Enriques Ozorio Conde de Lemos e/cri-
ta em papel e firmada de feu Real mme , e felada com o jeu fello , e
firmada de Gafpar de Grizio Secretario de fua Alteza Jegtmdo por
ela parefia da qual feu theor de mbo
a verbo he o que fe Jegue.

A RAYNHA.
OAfento que fe tomou por meu mandado com D. Rodrigo Hen- í^um. C.
J*
Ozorio Conde de Lemos , fobre o cazamento de D.Di-
riques ,
*

niz de Portugal meu fobrinho com D. Beatris de Caftro, filha do


Conde de Lemos he o feguinte.
Primeiramente que o dito D. Diniz caze e confirma matrimo-
nio com a dita D. Beatriz de Caílro fegundo manda a madre fanta
Igreja e que fe de em cazamento ao dito D, Diniz , com a dita D.
Beatriz as Villas de Sarria , c Caftro , e Outeiro de ElRey , com
fuas terras VaíTal los e Fortalezas, e jurdiçaó eivei e criminal rendas,
e preitos , e direitos , e outras couzas que lhe pertençaó os quaes
feito o dito cazamento, e confumado matrimonio entre elles, fe lhe
de e entregue logo ao dito Conde para que as tenha e leve as ren-
das preitos , e direitos , deite prezente anno , por librança e dende
em diante, em cada hum anno, para toda fua vida, fcm facar para
ello livramento algum , e que feito o dito efponfouro , entre os ditos
D. Diniz, e D. Beatriz, a dita Fortaleza de Sarria fe entregue logo
ao Comendador Pedro Nunes de Gufmaó, para que a tenha em ter-
cearia , e feito o cazamento e confumado o matrimonio entre ellos
Tom. V. lii a en-
,,

434 T^^ovas do LíV. FUI. da H!floria Çenealogica

a entregue ao dito Conde, para o afim fazer e comprir ,


para preito,
. e omenagem.
Item que fe eu ou meus herdeiros quizermos uarlhe aqui mem-
brança , para as ditas terras e Fortalezas , rendas preitos e direitos ,
e jurdiçaó , e VaíTalos , em o Reyno de Galiza , que quada e quan-
do o dermos , as ditas Villas terras e Fortalezas , Vaílalos e jurdiçaó
e preitos , e direitos , fe torne a mi , e a meus herdeiros.
Difpois dos dias do dito Conde , as ditas Villas de Sarria , e
Caftro , e Outeiro de ElRey , com fuas terras , e Fortalezas , e Vaf-
fallos e jurdiçaó e rendas , e preitos , e direitos , e outras couzas
que lhe pertencem , e pertencem a fazaó , fiquem com o dito D. Di-
niz e com feus herdeiros ligitimos , de ligitimo matrimonio nacidos,
e defcendentes delle , e da dita D. Beatriz, com equivalência, que
por ello lhe foi dado.
E que para mais feguridade do fufo dito o Conde entregue e
ponha logo em poder do dito Pedro Nunes de Gufmaao a fua For-
taleza de Molle , e Fortaleza de Caílro , e Outeiro de Rey fe entre-
gue ao dito D. Diniz , ao tempo que a Fortaleza de Sarria fe entre-
gar ao dito Conde , e o dito Pedro Nunes tenha a Fortaleza de Mol-
le , para que nao fe comprindo , o que aqui vai capitulado , e alen-
tado , ou qualquer couza deilo , por parte do dito Conde , e o di-
to Pedro Nunes , fe entregue logo a dita Fortaleza de Molle , ao di-
to D. Diniz , ou a feus herdeiros ou a mi , ou a meus herdeiros ,
fem ficar dello outra couza em contrario a outros defcendentes ligiti-
n os fegundo dito he. E avendo entregado o dito Pedro Nunes a
dita Fortaleza como dito he , toda via o dito Conde fique obrigado
a teer guardar e comprir todo o aqui contheudo , ou pague a tença
da Fortaleza de Molle.
E que fe o dito Conde oyer fruito varão ligitimo , de ligitimo
matrimonio nacido , que haja de herdar fua Caza o dito Conde en-
tregue logo ao dito D. Diniz a dita Fortaleza de Sarria , e a elle fe
lhe entregue a dita Fortaleza de Molle.
E que fe o dito matrimonio difolver entre os ditos D. Diniz e
D. Beatriz , por morte do dito D. Diniz , fem ficar delles filho ou fi-
lha , o outros defcendentes ligitimos , de ligitimo matrimonio naci-
dos , o dito Conde dê , e entregue a mi , e a meus herdeiros a dita
Fortaleza de Sarria , e a elle fe lhe entregue a dita Fortaleza de
Molle , e gozem para feus dias das ditas Villas de Sarria , e Caítro
e Outeiro de ElRey, com fuas terras VaíTallos e rendas, e jurdiçaó.
E que por quanto o dito diz teer direito as ditas Villas de Sar-
ria e Caílro , e Outeiro delRey que feito o dito cazamento fe com-
,
prometa por minha parte no dito Conde , em mãos e poder de duas
boas peílbas de conciencia , para que dentro de hum anno , defpois
que as ditas peílbas forem nomeadas , detriniinem entre nos a juílica,
e fe triminarem em meu favor , todo o capitulado e contheudo fica
em fua força e vigor ; e fe detriminarem em favor do dito Conde ,
goze dello fegundo o theor e forma da fentença , que fobre iíto de-
rem por as quaes peílbas , eu aja de mandar , que aceptem o poder
para
,

da Cafa %eal Tortugnes^a^ 43 j


para detrinrinarein que todo o aqui capitulado fe entenda , fican-
, e
do falvo o direito do dito Conde.
E que feito o dito cazamento e confumado o dito matrimonio,
entre os ditos D. Diniz, e D. Beatriz, eu faço mercê ao dito D. Di-
niz de hum conto de maravedis de renda , perpetua cada anno , pa-
ra fempre ja mais , no Reyno de Galiza , e nas fuas comarcas fobre ,

Vaílalos , òu em juro o qual eu aja de comprir , dentro de outo an-


nos primeiros feguintes , dcs o dia que o dito cazamento fe fizer ,
para feguridad do qual , ele pedir logo o privilegio do dito hum
conto de renda de juro , e o poeer em poder do dito Pedro Nunes
de Gufmaó , para que o tenha em fi dentro dos ditos annos , athe
fe cumprir o dito hum conto de maravedis de renda , fegundo dito
he , que o dito Pedro Nunes entregue o dito privilegio ao dito D.
Diniz , para que dende cm diante goze do dito privilegio.
E que fe o dito matrimonio fe difolver entre os ditos D. Di-
niz e D. Beatriz , por morte de qualquer delles , ou cm outra ma-
neira , fem ficar delles filho ou filha , ou outros decendentes ligiíi-
mos e de ligitimo matrimonio nacidos , em tal cazo as ditas Villas
,

de Sarria e Caftro , e Outeiro de Rey , com fuas terras e VaíTalos e


,

jurdiçaó , preitos e direitos e com todos os que lhes pertence , ou


,

a equivalência para ellas tiver dado , o dito hum conto de maravedis


de renda , ou a parte delle , que fe over comprido , fe torne a mi ,
ou a meus herdeiros, gozando o dito Conde por fua vida das ditas
Villas jurdiçaó e rendas , e Vaífalos como dito he.
E que o dito D. Diniz herdar a Caza do Duque feu Irmão,
fe
que eu naó feja obrigada a comprir o dito hum conto de maravedis
de renda, nem couza algua delle, falvo que fique a minha vontade
de lhe fazer a mercê , que quizer , e fe algua couza do dito hum
conto fe over comprido , fe torne a mi , ou a meus herdeiros.
E que fe o dito D. Diniz herdar a Caza do Duque feu Irmaó,
e a dita D. Beatriz a Caza de Lemos , o filho fegundo delles ditos
D. Diniz, e D. Beatriz, herde a Caza de Lemos, e fenaó ouverem
filho varaó ligitimo fegundo, herde a dita Caza íua primeira filha,
ou filho varaô , e fe o naó over dos ditos D. Diniz e D. Beatriz
herde a dita Caza fua filha fegunda , e que para ello eu aja de con-
ceder a faculdade que for mifter para que nítim fe faça por eíla vez,
,

fícaiido para em diante maioraígo da dita Caza de Lemos e vinca-


,

los delle 5 em fua força e vigor , o qual fiUio ou fílíia dos ditos D.
Diniz 5 e D. Beatriz , que herdarem a dita Caza de Lemos , herdem
afi mefmo todas e quaefquer termos em qualquer maneira over fei-
,

to o dito D. Diniz em meus Reynos e Senhorios , e tome as armas,


,

e apellido da dita Caza de Lemos , e que lhe dando a dita D. Bea-


triz a dita Caza de Lemos o dito D. Diniz traga as armas da dita
,

Caza a maó efquerda das fuas.


E que fe o dito Conde over filho varaó da Condeíla D. Tareja
fua mulher que aja de herdar fua Caza , em tal cazo o dito Conde
aja de dar em dote , e cazamento a dita D. Beatriz fua filha leis con-
tos de maravedis , os quaes feja obrigado a pagar em outo annos pri-
Tom. V. lii ii meiros
43^ T^^ovas do Liv. VIIL da Hijloria Çenealogica

meiros fcguintes , des o dia que o tal filho nacer , e fe a dita Con-
deíTa fua mulher morrer em vida do dito Conde , e o dito Conde
íe cazar aja de dar em dote e em cazamento ao dito D. Diniz , com
a dita D. Beatriz fua filha dez contos de maravedis , pagados em os
ditos outo annos , e para pago delles , ao tempo que o dito caza-
mento fe fizer , obrigue e hipoteque as fuas Villas de Meliza , e Of-
,

pontes de Garcia Rodrigues , e Molheenda e terras , com todo o a


elles pertencente , e outros bens baftantes , e que os ditos D. Diniz,
e D. Beatriz , gozem para fi das rendas preitos , direitos dei los , e
fenaô valerem cada anno duzentos mil maravedis , que o dito Conde
feja obrigado a lhos comprar , e fe mais valerem , fejao para o dito
D. Diniz , e D. Beatriz , e que fe o filho que o dito Conde ouver,
e que ha de erdar fua Caza fegundo dito he , morrer em vida do di-
to Conde , o dito dote ou que delia fe over pagado da dita hipote-
ca , fe torne ao dito Conde e fique para o dito D. Diniz, e D. Bea-
triz , o que athe ali ouverem levado , e fe deverem das ditas rendas
da dita hipoteca , afi mefmo fe torne a entregar a dita Fortaleza de
Sarria.
E que o dito Conde naó feja obrigado em dar em fua vida aos
ditos D. Diniz , e D. Beatriz , alem do lufo dito couza alguâ de
feus bens e fazenda.
Eque o dito D. Diniz dara a dita D. Beatriz as arras que fe
decrarar ao tempo do dito cazamento , e para lhes pagar lhe dê a
,

feguridade que for meíler.


E que fe ao dito Conde naô ficar filho varão de ligitimo ma-
trimonio nacido , e ficar delle outra filha ou filhas ligitinias os ditos
D, Diniz e D. Beatriz , fejaô obrigados a dar a cada huá delias di-
tas filhas hum
conto de maravedis para feu cazamento,
E outro fi que fe o dito Conde morrer antes que a dita Con-
deíTa fua mulher , e os ditos D. Diniz , e D. Beatriz herdarem fua
Caza , fejaó obrigados a dar a dita Condeífa cada anno por fua vida,
para leu mantimento , naô fe cazando , trezentos e cincoeiíta mil ma-
ravedis , no milhor parado do Condado de Lemos.
E que fe o dito Conde cazar, e over preito ou concórdia , e
em outra qualquer maneira , outros alguns bens , alem dos que ago-
ra tem , quando quer , e afim over , e ficarem em fua vida aos ditos
D. Diniz e D. Beatriz , ametade da renda dello , e fe over dous fe-
nhorios , e jurdiçoens de Villas lhe dcm hum delles , qual o dito
Conde quizer , com o fenhorio , e VaíTallos e jurdiçaó e rendas , e
outras couzas que lhe pertcnçaô , e fe em aquello fe montar ameta-
de da renda , do que afi ouver facado , feja obrigado o dito Conde a
lhes comprir ametade em dinheiro, cada hum anno, e lhe finalar don-
de os aja, contraendo a donde lhos finalar , naó tenha jurdiçaó , nem
fenhorio , e fenaó ouver fenaó hum lugar em tal cazo feja obriga-
do o dito Conde de lhe dar ametade da renda , e naó mais , e que
efto no fe entenda das ditas Vilías de Sarria , Caftro , e Outeiro de
Rey com fuas terras ; e o que afim lhes der feja para elles , e feus
dclcendentes ligitimos , e de ligitimo matrimonio nacidos , e fe a di-
ta
da Cafa %ea\ Tortuguei^a. 437
ta D. Brites fem deixar filho ou filha ou outros defcendcn-
falecer ,

tes ligitimos , e de ligitimo matrimonio nacidos, que os taes bens fe


tornem a dita Caza de Lemos depois dos dias de D. Diniz , o qual
aja de gozar por íua vida dos ditos lugares e fortalezas , que do di-
to Conde ouver herdado da dita ametade , e das rendas e preitos e
direitos de VaíTalos , e jurdiçaô delles.
E que o dito Conde jure em forma de direito , e faça preito
omenagem de guardar , e comprir todo ho em eíla capitulação
ter
contheudo , cada couza , e parte dela.
E que outrogando o dito Conde efta capitulação como nela fe
contem ante Notairo , e firmandoa , e felandoa com o feu fello , em
maneira que faça fe , fe lhe otroguem todas as provizoens , e para
comprimento do fufo dito ou mandar ver o poder do dito D. Di-
niz para fe defpozar com a dita D. Beatriz , feito o dito defpozorio
dende a hum anno , primeiro feguinte , fe cazarem e confumarem
matrimonio como manda a Madre fanta Igreja.
Do qual todo o que dito he outorguei a prezente capitulaçaó
ante Gafpar de Grizio meu Secretario e a firmei de meu nome , e a
mandei fellar de meu fello , que foy otorgada na Cidade de Granada,
a trinta dias do mes de Setembro de mil e quinhentos e hum annos.

EU A RAYNHA.
Otorgamento e por mandado da Raynha. Gafpar de Grizio. Sellada.

Ema Villa de Monforte eftando ahi prezente D. Rodrigo Hen-


riques Ozorio Conde de Lemos a cinco dias do mes de Março anno
do nacimento de Noífo Senhor Jezu Chriílo mil e quinhentos e dous
annos , em prezença de mi Alvaro Pires Daberno Notairo e feu Secre-
tario e teftigos de fufo efcritas , o dito Conde dife que fem prejuí-
zo de qnaefquer provizoens que elRey e a Rainha noíTos Senhores
,

o qualquer de fuas Altezas mandaria dar , e derem defpois do outorga-


mento deíle dia acento e capitulação , em feu favor para o efeito
,

do lufo dito das quaes mandarem dar, e derem daqui a diante , mais
,

ante aquellas , ficando em fua força e vigor , que otorgava e outor-


gou eíla dita capitulação e afento feito e outrogado da Raynha noíTa
Senhora , que de íiííb vai encorporada , e diífe que prometia e pro-
meteo de a guardar e comprir , e de nao hir , nem paííar contra el-
lo , nem em parte dcllo , nem em nenhum tempo , nem por alguá
maneira ,o qual dife que jurava e jurou a Deos e a Santa Maria ,
,

e aos fantos avangelhos e hum final da Cruz que com fua maó di-
,
reita tocou , do qual para maior abondamento , fez preito e omena-
gem como Conde e Cavaleiro Filhodalgo íegundo foro e Defpanha,
,

em mãos de Lopo Ozorio Cavaleiro Fidalgo , que delle rccebeo e


por maior firmeza , firmou aqui de feu nome , e o mandou fcllar com
o fello de fuas armas, e outro fi mandou a mi o dito Notairo o afi-
naíe com o meu final que foi e pafibu dia mes e anno lufo dito. Tcf-
tigos que foraô prezentes chamados efpeciahnente para ello , Nuno
Alvers
438 Trovas do Liv. VIIL da Hiftoria Cjenealogka
Alvers Deguília Provifor , e Meftre Efchola de Ourenfe e o dito
,

Lopo Ozorio , ePedro Pafigna , e Heronimo Devaldaura e Joaô de


,

Grey Regedor da Cidade de Lugo mordomo do dito Conde , e eu


o dito Alvaro Pires de Lugo , Efcrivaó e Notairo publico fobre di-
to , e Secretario do dito Conde de Lemos , e a todo o que íiiío di-
to he , e a cada huâ couza , e parte dello , eu com os ditos teíligos
prezente fui ao outorgamento do dito afento , e capitulaçom da Ray-
nha noíTa Senhora que de fuío vai encorporada original o qual fica
,

em poder do dito Conde , e o dito juramento e preito e omenagem


que de fufo faz menção , e o dito treslado concertei com o dito Ori-
ginal propio e fegundo todo ante mi paíTou , de mandamento e ou-
torgamento do dito Conde que aqui firmou feu nome , e mandou fei-
lar com o feu fello , bem e fielmente o fiz , hum por outro , a eílas
duas folhas e meia de papel , de meio prego , com eíla em que vai
meu fmal , e fiz a qui o nome acoâumado , em teítemunho de verdade
Alvaro Pires Notairo.

Tejlamento do Senhor D. Diniz de Portuga/. EJá no ^rchivo


da òcrenijjír/ia Caja de Bi uga/iça , donde o copiey.

J H s.

Chrifd Domini mei Crucifíxi nomen dulce in primis invoco,


Mnm
iNUm. /C
o, T^^^"
^ Beatiílimam femper Virginem Mariam ejulque matrem quse fola
An. i^i6, poli filium única fpes mea , & necnon San6lum Àíichaelem Archange-
lum paradifi Prapoíitum quem Ducem Cuílodem , & animx meie De-
fenforem accipio , & fpeciali prccipuaque prerrogativa Beatum Joan-
nem Baptiftam Domini Precurforem , cum Beatis Apoílolis Petro
etheris ciavigero Paulo vaie eleílionis , Joanne Avangeliíta Domini
Cubiculario , & Jacobo Zebedeo Hifpaniarum Patrono , atque Bea-
tum Francifcum crucifíxi fignum ferentem , & Beatum Antonium de
Pádua martirem defiderium fummis" fuis meritis advocatos mihi cum
ceteris omnibus Sandlis humiliter imploro in raci exitus Ora nunc&
ut ad onorem Dei & falutem animíK mete .... Amen.
Saibao quantos eíla Carta de Teílamento , manda , e poílrimei-
ra vontade virem como eu Dom Diniz de Portugual achandome com
minha libertade de meu alvidrio , e fam entendiíaento por o qual dou
a Jefu Chrifto meu Senhor infinitas graçis com.í]>Jcrando quam breve
caduca , e traafitoria feja a vida dos mortaes , e quam preito defapa-
recemos como íbmbra defte figlo vao , e caydeyro , e que naó temos
coufa mais certa que a morte , e couía mais imcerta , que o dia , e
a ora delia em iAo avemos de velar , e trabalhar com todas noíFa*?
forças fegundo por o íacro Avangelh^ fomos amoedados, em a qual
morte, dia, e ora delia, e por nao vellarem , nem olharem muitos
ham fido falteados , e partidos defte figlo com forte periguo de fal-
vaçam porem eu dando muitas graças a Jefu Chrifto meu Senhor
por
da Cafa %eal Tortugut^a. 43 5;
por ter por bem de me avifar para que vele , e cfte apercebido , e
comfidere em o dia , e ora de minha morte damdome alguma paixão
porque podia quando nao pemfaíTe defpedirfe minha vida para dar con-
ta a Deos de minlia alma como de fiia coufa propia por elle cara-
mente comprada , e redemida , e áo mundo , e a minha molher , e fí-
llios dos bens tcmporaes para defcamfo delles , e para que depois de
minha morte com mor cuidado , e deligencia procurem , e tenhaó em
memoria de roguarem a Deos por minha alma deliberei de fazer efte
meu teftamento , e proílrimeira vontade , e manda em a forma fe-
guinte.
Em Nome de Deos Padre , e Filho , e Efpirito Santo que fnó
em huu foo Deos verdadeiro , e todo poderofo
tres pelFoas diftintas
ho qual confeíTo , e creyo firmemente em meu coraçam com todo o
que cre , e manda a Santa Madre Igreja , e creo firmemente todos os
artigos da fee afy como deve crer todo Catholico Chriftaó cm eíte
credito proteílo de viver , e morrer , e qualquer penfamento comtra-
rio , e fmiftro opinião que com arrebatamento , e defatino , ou de
qualquer forte vir me poíTa des agora me defdigo , e o dou por ni-
gum , e de nigum valor , e efíeito , e primeiramente mando minha
alma muy peccadora a JESU Chriílo meu Senhor a qual elle muy ca-
ramente comprou , e refgatou cm a arbore Santa da Vera Cruz por
feo preciofo , e eftimabyle de fua fantiíHma , e preciofa Samgre , e
^
fuplicolhe humilmente em quanto devo, e minhas fracas forças po-
dem , a queira receber benina , e piadofamente naó fegundo meus
merecimentos mas fegundo a muytydumbre de fua mifericordia , e
piadade , e quera poria , e colocaríà ^m fua fanta gloria amem. Afy
mefmo peço por mercê a gloriofa Virgem Santa Maria fua Madre , e
minha Senhora com todo acatamento , e humildade queira rogar por
mim , e fer minha interceíTora diamte o acatamento de feu gloriofo
filho em a qual comfio , e tenho efperança , que por fua glorioía in-
terceífao minha alma peccadora feia livrada do poder do inimiguo
mas quando de minhas carnes peccadoras fair , e peço ao Bemaventu-
rado Senhor S. Miguel Alcangelo queira esforçar, guardar, guiar, e
defender a minha peccadora , e temerofa alma em. aquella forte bata-
lha em que cítara quando de minhas peccadoras carnes fe ouver de
apartar dos inimiguos mãos que a queira coinfomdir , e oprimir, e
trabalharão de a apartar da comgregaçao , e companhia dos Santos
Anjos , e da Vifam de JESU Chrifro meu Senhor pois que he ele-
gido por Caudilho, e Capitam entre todo o Coro dos Arcanjos com-
tra todos os Demónios inimigos das almas por JESU Chriílo rede-
midos , e afy mefmo roguo aos Bemaventurados Precurfor de JESU
Chriílo meu Senhor S. Joaó Bautií^a , e Apoftolo S. Pedro, e S.
Paulo , e S. Tiago o Zebedeo , e S. Joaó Avamgeliíla cujo devoto,
e fervidor fou ainda que indigno , e pecccdor juntíimente com es
gloriofos Comfeífores S. Framciíco , e Samtatonío de Pádua, com to-
da a cavalaria, e exercito celyf|-yal que queirao fer mcJis interceíTo-
res diamte JESU Chriílo meu Senhor , e afy mcímo me queira foc-
correr , e esforçar em o cxitu , e traníitu de minha peccadora alma
porque
44^ yro^u^x do Liv, V IIL da Hifloria Çenealogica
porque comfío , e tenho efperança que com o muito merecimento feu
lupraó minhas fraquezas , faltas , e defeitos , e me ganharão de meus
erros perdão geral , e das muitas offemfas que a Deos meu Senhor
Criador , e Redemtor tenho feitas por naô guardar fua Ley, e man-
damentos como devia , nem me apartar do que era em feu deíTerviço,
e defobediencia da Madre Santa Igreja.
Mando , e quero que minha alma peccadora feja apartada , e
faya de minhas vys carnes em o abyto do Senhor S. Francifco as
quaes carnes mando a terra de que forom criados , e em que fe am
de bolver, e mando que fejaó fepultados em o Mofteiro de Samtam-
tonio de Momforte dentro da Capella mor , fínamdome em lugar que
ao dito Mofteiro fe poífa levar por lomge que feja , e roguo , e pe-
ço por mercê ao Comde , e Comdeífa meus Senhores fe em aquelle
tempo vivos forem me queiraó honrar , e averfe comiguo em minha
lepultura , e oífequios fegundo , e na maneira ha rezam o demanda,
e requeiro conformandofe com minha vontade , que fugir a vanna-
gloria defte mundo , e defejar em todo que feja ferviço de Deos , e
íalvaçaô de minha alma.
Mando ao dito Mofteiro de Samtamtonio de Momforte toda a
prata de minha Capella que agora teiiiio que he huma portapaz , e
dous Caliz com fuas patennas , e duas galhetas , e huâ Cruz.
Mais lhe mando o Ornamento da dita Capella que he
huma Cafula com fuas Almatiguas , e Alvas , e hum fromtal com hu-
ma Capa com feu dorfel.
Mais outro Ornamento de Rafo amarello , e morado que he hu-
ma Cafulla com feu adereço, e fjum fromtal , e hum dorfel.
Mando que o dia que a Deos aprouver de mc levar , e minhas
carnes derem a terra façaó chamar , juntar meus compridores , todos
os frayres e clcriguos para que naqueile dia todos digaó mi (Fa , e
,

roguem a Deos por minha alma , e afy mefmo digao toda aquella fo-
mana todos os ditos frayres , e cleriguos cada dia mifta as quaes mif-
fas íejaó camtadas , e rezadas fegundo parecerem a meus Comprido-
res e diguo que fe trabalhe de bufcar todos os frayres, e cleriguos
que poderem aver , e achar.
fe
Mando a meus Compridores que comprem toda a cera que lhes
parecer que pertence para minha fepultura e honras , e afy proveja
,

em o dia de meu enterramento e teríTo , e em fim do anno , e afty em


todo o de mais que neceíTario for para todas as mifías que por minha
alma mandarem dizer.
Mando que cm todo hum anno des o dia que eu fallecer di-
gnam por minha alma em o dito Mofteiro de Samtamtonio de Mom- j

forte huã Mi fia cantada dc Requiem , e tres rezadas. S. da Conceição, \

Natividade Annunciaçaô de Noífa Senhora com commemoraçaô de


,

Samtamtonio e de S. João Avangelifta e afy mefmo mando que me


,

dem e façaó fim do anno fegundo que a meus Compridores bem vif- |

to for.
Mando a meus Compridores que comprem renda de paó ou vi- i

iiho , ou dinheiro fe eu a naô deixar comprada que virem qu« baftara


para
da Cafa %eal Tortugnes^a. 441
para femprc ja mais em o dito Mofteiro de Samtamtonio de Monfor-
te todas as legundas feiras de todo anno diguam por minha alma , e
de quem for obrigado huã mifla cantada de Requiem a qual dita ren-
da mando aos meus Compridores a comprem o mais preito que po-
derem do dinheiro de minha renda fe devido fe achar , e fenaó , man-
do que vendaó todo o que bailar de minlia prata para comprar a di-
ta renda , ou fe fer poder fe empregue a dita prata , e fe tenha ma-
neira que meu hlho mayor a torne recobrar a qual renda aly do paô,
vinho , e dinheiro que afy comprarem mando que a dcm , e emtre-
guem ao Mayordomo que for dos f?ayres do dito Moíleiro para que
o Guardião, e frayres tenhaó cuidado de dizerem a dita miíTa , e afy
mando que na dita fegunda feira que fe dilfer a miífa cantada arriba
contheuda para fempre fe d guao outras tres rezadas da maneira que
arriba eftao apontadas, e as milFas de NolFa Senhora, c que fe com-
pre renda para todas as ditas quatro miílas.
Mando que o dia de minha fepultura viftaó vinte e tres pobres
afy homens , como moIherv:s , e fe fer poderem fejaó pelToas íidal-
giias verguomçofas , e órfãs ; o pano leja o que parecer a meus Com-
pridores , e afy mefmo daraó de comer todo a:iuelle anno cada dia a
treze proves.
Mando a meus Compridores que o mais prefto que poderem
trabalhem demiro do anno que Deos for fervido de me levar de me
fazer dizer por minha alma dentro em Roma em a Igreja de Santa
Maria de Populo e de S. Pedro , e de S. Pablo , e S. Joham de
,

Latram , e de S. Lourenço , oitenta e huma miílas que feraó tantas


a refpeito de nove feitas de Noífa Senhora que ha no anno , e haó-
fe de dizer nove miílas em reverencia de cada hun daquellas' feftas , e
faraó comniemoraçaó em ellas do Santo que eíliver na Igreja donde
fe dilferem , e de Samtamtonio , S. Miguel e S. Johaó Bautiíla , e
,

afy mefmo me faraó dizer outras tantas miífas e da maneira fobre ,

dita em S. liaguo de Galiza, e outras tantas da mefma maneira em


Samtamtonio de Pádua as quaes mando que paguem a relpeito de
como virem que he o trabalho.
Mando que me diguaò treze trintarios ferrados donde virem
que mais devotamente fe podcram dizer.
Mando que fe dem em cada hum anno para obra do Moíleiro
de Samtamtonio de Momforte em quanto naó tor feita a Igreja cauf-
tra alta , e baixa , dormitório vinte mil reis.
refeitório , e
Mando que me diguam tres trimtarios a NoíTa Senhora de Gua-
dalupe , e outros tres na Capella do Santo Crucifixo em Ourcnfe e
nove miíTas na Capella de Santa Eufemea da dita Igreja , e outras
nove na Igreja de Santa Marinha de Tangas Sam tos.
Mando que fe de cazamento para nove Orfans fdhas de criados
do Duque meu Senhor que aja fanta gloria , e do Comde meu Se-
nhor dos que virem que tem mais neceííidade , e dem a cada hum oi-
to mil reis.
Mando fe a Deos aprouver levarme a mim primeiro que a mi-
nha molhcr D. Briatiz O for i o de Caílro que a dita minha mullier D.
Tom. V. Kkk Briatiz
,

44^ ^^ovas do Liv. VIIL da Hi[leria Çenealcgica


Briatiz guoze os dias de fiia vida em quanto fe nao cazar , ou nao
erdar a Caza , e o Comdado de Lemos trezentos mil reis de meu ju-
ro em donde ella os quizer efcolher com o mais a Gaza de Ouren-
fe ainda que melhor lhe lera eftar com feu Pay.
Dos outros fetecentos mil reis que íicaó de meu juro mando
que fe dem a Joaó Mendes cem mil reis em toda fua vida o qual
tem por minha conta em os dias de fua vida , e quero , e mando que
fe o dito Joaó Mendez viver mais que eu que os outros feifcemtos
mil reis que ficaô facados os trezentos mil reis da dita D. Briatiz mi-
nha molher , e os cem mil do dito João Mendez fe depozitem em ca-
da hum anno em máos , e poder do dito Joaó Mendez para o caza-
mento de minhas filhas que Deos me ha dado , e des daqui a diante; !

e afy mefmo mando que os vinte mil reis que arriba mando dem de
efmola ao Mofteiro de Samtamtonio de Momforte por o tempo arri-
ba contheudo fe faquem em cada hum anno dos ditos feifcentos mil
reis , e nao dos trezentos da dita D. Briatiz minha molher , nem dos
cem mil do dito Joaó Mendez.
D. Fernando meu filho em terça , e remanecente da
Melhore a
quinta de todos meus bens , ou ao que ficar por erdeiro da Gaza de
Lemos fe a Deos prouver de levar ao dito D. Fernando , ou ao filho
mayor que ficar, e qnero que efta melhoria que agora faço fique por
mayorafguo na Gaza de Lemos aos que de mjm defcenderem , e que
nao poíTa fer vendido , nem enagenado em peíloa alguma , e fe o for
que nao valga , e fe torne toda via ao dito mayorafguo , e quero
que feja o dito terço , e remanecente do dito quinto em o que cou-
ber no dito comto de reis de juro que afy tenho para fempre ja mais
no Reyno de Galiza , e que feja todo emcorporado em o dito ma- |

yorafguo da dita Gaza de Lemos, e fuplico a ElRey noflb Senhor


que fe neceflario for o vimcule , e emcorpore no dito mayorafguo. ;

Diguo que fe a Deos prouver nao ficar de mym filho baraó I

que eu melhore em terça, e em quinta em os ditos bens a minha fi-


lha mayor , e afy mefmo quero , e diguo que efta melhoria nao a fa-
ço fenaó aos filhos , ou filhas que ficarem de mym , e de minha mo-
lher D. Briatiz Oforio de Gaftro.
Mando que todos os veftidos que de mym ficarem, e camizas
c roupa branca fe venda , e o preço de todo ello fe de a pobres de
bem , e vergonhofos.
Mando que cafamdofe D. Briatiz minha molher lhe paguem pou-
co a pouco em cada hum anno fuas arras , paguar to-
e dote athe fe
do , e naó lhe defcontcm para em pagua dello nenhuma coufa dos tre-
zentos mil reis que afy ouver gozado de todos os annos palFados po-
rem defcomtefelhe para em pagua das ditas arras , e dote todas as jo-
yas de ouro , e prata que eu lhe tenho dado , ou der daqui a diante.
Mando que fe por ventura fe morrer algum de meus filhos ,
ou filhas fem erdeiro toda a parte de fua erança que afy lhe pertencer
no dito comto de juro fe torne , e bolva e junte por via de mayo-
,

rafguo com a Gafa de Lemos com tanto que o que erdar a Gafa de
Lemos feja meu filho , ou deíla molher.
Se
da Cafa T\eal Tortugue^a. 443
Se cafo algum dos ditos meus filhos , ou filhas quiferem ven-
a
der a dita parte que aiy lhes vier por eramça no dito comto de ju-
ro diguo que ho nao poíla vender a outro algum , ou em outra par-
te falvo ao crdeiro da Cala de Lemos , a qual dita parte como o di-
to ordeiro da Cafa de Lemos ha comprar l'e junte loguo com todo o
de mais que o dito crdeiro da dita Cafa de Lemos tera no dito
comto de juro ao mayorafguo da dita Cala de Lemos , e ifto Te em-
temda da maneira do Capitulo amtes defte que hc que ha de ler o
mavorafguo da Caía de Lemos meu filho, ou defemdente por fc em-
corporar , e juntar a dita crança , e vemda ao dito mayoraíguo.
Mando que íe avalie a Cafa de Ourenle e toda a parte que cou-
ber a cada hum de meus filhos, ou filhas lha pague D. Fernando,
ou o filho que erdar a Cafa de Lemos , e fe fique com toda a dita
Cafa.
Mando meus Compridores que todas as peíToas que direita-
a
mente mofirarem ferlhes em alguma obrigação , ou carreguo lhes fa-
tisfaçaó , e defcarreguem minha conciencia fobre o qual lhe emcarre-
guo PS fuas , e mando que fe venda de meus bens movees todos os
que meus Compridores virem que fao neceíTarios para comprirem mi-
nhas mandas , c obras pias.
Comfíderando o ferviço que me hao feito meus Criados , e fo-
bre ello querendo defcarreguar minha conciencia , ou fatisfazerlo dei-
lo mando primeiramente a meu Ayo Joaó Mendez.
Nomeyo por Tytores de meus filhos , e filhas a D. Briatiz de
Caítro minha molher, e juntamente com ella Joaó Mendez meu Ayo
com tanto que fe a dita D. Briatiz de Caílro fe cazar que a ditaTy-
toria fique emteiramente ao dito Joaó Mendez , e lhe emcarreguo
que tenha muito carreguo de fuas peíToas , e bens.

Ccntiniios.

Mando a João Gomes Cabreira o qual ha dezafete annos que


me ferve, cem ducados.
Mando a Francifco de la Rana que ha onze annos que me fer-
ve, 40 ducados.
Mando a Gonçallo Pires que ha nove annos que me ferve , 40
ducados.
A Nuno de Valladares que ha feis annos que me ferve , 40 du-
cados.
Fernaó Lopes que ha que me ferve cinco annos, 4c ducados.
A Brenaldo de Valladares que ha finco annus que me ferve,
40 ducados.
Pedro de Valladares por certo tempo que m.e fervio , 40 ducados.
O Bacharel Soufa que ha tres annos que me ferve , 40 ducados.
Febus Rodrigues que ha que me ferve tres annos , 40 ducados.
Alvaro Gil , 40 ducados.
Ho Doutor Medico , 40 ducado».
Rodrigo de Scobar , 40 ducados.
Tom. V. Kkk ii Azeve-
444 ^^^'^^^ VllL da Hiftoria Çenealogica

Azevedo , 40 ducados.
Anuzeda , 40
ducados.

Pajés,

Francifco de Scobar que ha honze annos que me ferve, 100 ducados.


Ao Sotello que ha nove annos que me ferve , 100 ducados , e
hum veftido o melhor que tiver.
A Diego deLemos que ha que me ferve feis annos 100 ducados. ,

A Pedro Annes que ha que me ferve feis annos 40 ducados. ,

A Feyjoo 40 ducados.
,

A LoufadiíFa que ha que me ferve cinco annos 40 ducados. ,

A Árido , 40 ducados.
A Sancho Lopez que ha tres annos que me ferve , 40 ducados.
A Ayres Conde que ha que me ferve tres annos, 40 ducados.
A Duarte Vaz , 40 ducados.
A Sancho Vale que ha que me ferve quatro annos , 40 ducados.
A Febus de Novoa , 40 ducados.
A Angerino Guita que ha que me ferve quatro annos , 40 ducados.
A Valcararifta que ha que me ferve , 40 ducados.
A Gufmaó ,
-40 ducados.
Alexandre de Moura que ha que me ferve tres annos , 40 ducados.
A Feyjoo que emtrou agora , 40 ducados.
A Martim Alvers que ha que me ferve feis annos , vinte e fin-
co mil reis por o tempo que me fervio.
A Ornadilho que ha que me ferve dous annos , 40 ducados.
Moços âefpora,

A João Vaz que ha que me ferve homze annos , 40 ducados.


AíFonfo Lourenço que ha que me ferve oito annos , 40 ducados.
A Alvaro Martins que ha que me ferve dez annos, 40 ducados.
A Pedro deUIhoa que ha que me ferve cinco annos, 40 ducados.
Antonio que ha que me ferve cinco annos , 40 ducados.
A Bifcainho que ha que me ferve cinco annos 40 ducados. ,

A Joaó Belinho, 40 ducados.


A Pedro Vafques que ha que me ferve quatro annos , 40 ducados.
A Vafco Rodrigues que ha que me ferve dous annos, 40 ducados.
A Diogo Affonfo , 40 ducados.
A Vaz , 40 ducados.
A Loufada , 40 ducados.
A Pedro Rodrigues, 40 ducados.
Fernam Paz moço da azemola , 40 ducados.

Molheres minhas Criadas,

A Briatiz Pirez dez mil reis com o de fua filha.


A Elena de Magalhaens cincoenta mil reis por feu cafamento como
lhe foi prometido. A
da Cafa ^al Tortugues^a. 44 5
A Loufada trinta mil reis.

A D. JNIaria quarenta.
A D. Elvira cincocnta mil reis fenaô forem pagados que lhe fo-
rom prometidos.
A D. Violante quarenta.
Annica quarenta.
A Felipa de Souza quimze mil reis de feu cazamento.
A queixada quinze mil reis.
A Violante Nunes feis mil reis.

^ meus Amos, e Amas.

Mando ao Ammo e Amma


, de D. Fernando dez mil reis.
Ao Ammo , e Amma de D. Alomfo dez mil reis.
Ao Ammo, e Amma de D. Pedro dez mil reis, e veftidos co-
mo fe foe a dar aos outros.
Ao Ammo Amma
de D. Izabel dez mil reis.
, e
Ao Ammo Amma
de D. Lianor dez mil reis.
, e
A Amma de D. Tereyja dez mil reis.
Ao Ammo , e Amma de D. Mecia dez mil reis.
Ao Ammo , e Amma de D. Conftamça dez mil reis.
Ao Ammo , e Amma de D. Antónia dez mil reis, e feus vefti-
dos como fe derom aos outros.
Item diíTUo por quanto foy fempre minha vontade, e agora o
he que meu filho fegundo que he D. Afomfo foíle Cleriguo , e afy
meíino o terceiro que he D. Pedro foíFe fervir ao Senhor S. Joham
de Rodes que roguo , e pydo aos fobreditos Tytores tenhaó forma,
e maneira de por em caminho aos fobreditos meus filhos para que
venhaô em eífeito difto que afv he minha vontade , e ferviço de Deos,
e para ifto tomem para Juda dcUo ha parte que lhes couber do dito
meu comto de juro , e procurem que o dito D. Pedro va fervir fegun-
do que dito he o mais preílo que puder.
Item roguo por ferviço de Deos , e de minha parte peço por
mercê a ElRey de Portugal meu Senhor, e a Raynha D. Lianor ,
e a Duqueza minhas Senhoras ; e afy mcfmo ao Conde , e CondeíTa
meus Senhores , e a todos em geral , e a qualquer delles em particu-
lar que ao tempo de meu fallecimento vivos forem queirao tomar
cuidado e carguo de meus filhos para olhar por elles
, e ajudarlos ,

em todo o que poderem fegundo a rezaó para ello os obrigua.


Item deixo por Com.pridor defte meu Teftamento a Joa6 Mem-
des de Vafcomcellos para que tenha cargo e cuidado de fazer com- ,

prir todo o contheudo neíle meu Teftamento afy em o de minhas


ofequias e obras pias como em todo o que tocar a defcargo de mi-
,

nha alma , e conciencia por mym e nefte meu Teftamento mandado


,

para o qual lhe dou todo meu poder comprido fegundo lhe pofto
dar, e outorguar de direito , e fobre ello defcarreguo minha comci-
emcia , e emcarreguo a fua.
Item peflb ao Illuftriííimo Rey dc Portugal meu Senhor que
k^atani-
44^ ^^ovas do Ltv. VIIL da Hifcorla Çenealogua
acatamdo o devido que cu com S. Alteza tenho aja por bem de fa^
zer mercê a D. Fernando meu filho inayor da mercê que n-e fez em
minha vida , e fy por cafo a noílb Senhor prouver de difpor delie
que a meíma mercê faça ao que focedcr em grado em o mayoraíguo
da Cafa de Lemos para íe criar e que S. Alteza aja comíidera^aó ao
íufo dito , e ao defejo que lempre tive de o íervir.
Item leixo , e imílituyo por meus huniverfales erdeiros em to-
dos os outros meus bens movees , e raizees , e dinheiros a meus fi-
lhos D. Fernando , e D. Affoníb , e D. Pedro , e D. Lianor , e D.
Izabel , e D. Goílamça , e D. Micia , e D. Antónia , e ao filho , ou
filha de que a dita D. Briatiz minha molher eíla prenhada , e diguo
que fe for filho ,
chame D. Fadrique de Caíiro e fe filha
que fe ,

D. Tereja , e efta , e outorgo por minha manda


dou e teílamento ,

ultima , e poftrimeira vontade e quero , e he minha vontade que ef-


,

ta valha como minha manda e como minha ultima


, e poftrimeira
,

vontade , e fenaó valer como manda que valha como Codicilho ou ,

como milhor ouver lugar de direito , e revoco outros quaefquer teí^


lamentos que aja feito antes de agora , e quero , e he minha vonta-
de que valha eíte em a melhor via, e forma que ouver lugar de di-
reito , e por major firmeza roguei a Frei Jo:i6 de Mures , Guardião
de S. Francifco que o firmaíTe de dentro , e de fora. Outro fi man-
do que porque eu nomeei em efte meu teftamento todos meus Cria-
dos , e Criadas , e alguns delles mandei o que me pareceo por o íer-
viço que me am feito , e para ajuda de feus cazamentos , e a outros
naó vai fenhalado o que lhes mando falvo em branco , quero , e he
minha vontade , que meus Compridores de''carreguem minha concien-
cia com os que naô ey mandado nada , e lhes dem o que juftamente
merecerem por o ferviço , que me am feito ávida confideracaó o tem-
po que me fervem , e a callidade das fuas pellbas.
Suprico ao Illuílriííimo Rey D. Carlos meu Senhor que veja
ha cédula da mercê, que tenho doutro conto de reis de juro do Se-
nhor Pvcy D. Felipe feu Pny , que fanta gloria aja, e tenha por bem
de mandar livrar a meus filhos , e filhas lua Carta de privilejo para
que lhe feja acudido com o dito comto de reis de juro, e lhe feja
íènhalado domde o ajaó , e que mande S. A. pagar aos ditos meus fi-
lhos erdeiros o dito juro dos annos palTados aes o tempo que foi
feita a dita mercê com que fe alimentem , e cazem.
Item mando , que meus Compridores paguem todas minhas di-
vidas o mais prefto que poderem , e mando que ifto valha por a via
fufo dita com a dita difpoziçaô que de fufo vaj expeciíicada. Fr. Jo-
annes de Mures , Guardian us.
Em a Cidade de Ourenfe a vinte c cinco dias do mes de Abril
anno do nacim^nto de NoíTo Senhor JESU ChriRo de mil e quinhen-
tos e dezaífeis annos peramte mjm o Notairo publico , e em prezença
das teílemuniias de fufo efcriptas efte dia, que foi dia de S. Marco
demtro dos Paços , e Gafas de morada do Muy Illuftre Senhor Dom
Diniz de Portugal , eftamdo ahi o dito Senhor Dom Diniz lançado
em, huma cama vendo-o , e conhecendo-o eu o dito efcrivaó , e as di-
tas
da Cafa ^eal Tortugue^a. 447
tas teftemunhas , e eílando cara a cara , e fcm que ouveíTe Cortina ,
paramento , nem outra couza que o eílorvafle , nem empediíTc loguo
o dito Senhor D. Diniz cftando em todo feu íizo , e entendimento
natural , fegundo que craramente conftou , e parccco tomou em fuas
máos eíla elcriptura , e teftamento em que ha quatro folhas e meja
cfcritas de papel emteiro , e diíFe que efte era íeu teftamento , ultima,
e derradeira vontade , e que queria , e era fua vontade , que valleíTe
por fua manda , e teftamento , e derradeira vontade , e que o outor-
gava , e queria que valleíle como teftamento feu , e como fua derra-
deira vomtadc , ou como melhor luguar ouvefte de direito , e que fe-
naó vallefte como teftamento , vallelTe como Codicilho , ou como me-
lhor podefe valer , e que revocava , e revocou outros quaefquer man-
das , e teftamentos , que antes de agora ouvefte feito , e queria que
vallefte efte
, e naó outro nenhum , e difte que era bem certo , e cer-
tificado das coufas nelle contheudas , e dos erdeiros , e legatários , e
executores , e teftamentarios em elle contheudos , e porque eftava
emfermo , e mal de parelefia , em a maó direita , e naó podia firmar,
que rogava , e rogou ao Reverendo Padre Fr. Joaó de Mures, Guar-
dião de Sao Francifco defta Cidade de Ourenfe , que eftava prefente
que fírmalfc por Sua Senhoria em feu nome , e como teftemunha , e
rogou a D. Pedro de Soutomayor , e a Joaó Lopes Pardo , e Alvaro
Doca , e Sueyro Feyioo , e a Rodrigo de Scobar , e a Goterre de
Samdoval , e a Pedro Vaz de Pugua , e Ayres Correa Conigo de Ou-
renfe , que eftavaó prcfentes , que foftem teftiguos de como outorga-
va , e outorgou efte teftamento , e o fírmaftcm aqui de feus nomes
por roguo do Senhor D. Diniz. Frater Joannes de Mures , Guardia-
nus como teftigo. D. Pedro de Soutomayor. João Lopes ; Frei
Joaó de Mures Guardião Rodrigo de Scobar ; Sueyro Feyioo Al-
;
•,

varo Doca j Ayres Correa Coniguo j Goterre de Sandoval ; Pero Vaz


de Pugua.
E eu João Gonçalves de Servela efcrivao e Notário publico
, ,

em a Igreja, Cidade, e Obifpado de Ourenfe, hum dos oito Nota-


rios públicos do numero da dita Cidade de Ourenfe , e audiência , e
contratos delia por o Senhor Obifpo , e Igreja defte luguar , cu com
os ditos teftiguos ,
que forom chamados , e rogados por o dito Senhor
Dom Diniz ao outorgamento do dito teftamento prefente fui e o ,

outorgou ante mjm o dito Senhor D. Diniz, e fegundo que neftc di-
to auto fe contem , c dou fee que fica em meu regiftro firmado dos
ditos teftiguos , afilnado de meu fino outro tanto como aqui vai ef-
cripto , c emcorporado , e de roguo , c pedimento do dito Senhor
D. Diniz o aftinei de meu íino aiTy mefmo dou fee , que paíFou am-
tre mim a dita abertura , e pubricaçao do dito teftamento fegundo de
fufo fe contem , e fica firmado dos ditos teftiguos em o regiftro def-
ta efcriptura , e que reconheço ao dito Senhor D. Diniz ,"e aos di-
tos teftiguos, e o fiz todo efcrever em eftas homze folhas de papel
de prego emteiro com efta em que vai meu nome, e Uno cfcripto, e
pufc ali meu nome , e íino acuftuniado em tefteiriunho de verdade,
que tal he.
Segue-
,

Trovas do Liv. FUL da Htftorta (genealógica

Segiie-fô ho Ccudicilho.

Em a Cidade de Ourenfe a hoyto dias do mes de Mayo anno


do Senhor Jefu Chrifto de mil e quinhentos e dezaíTeis annos qfte
dia ,
que foi dia de S. Miguel ho Illuftre , e maniíico Senhor ho Se-
nhor D. Deniz de Portugual nom revocando de feu tefta mento am-
tes corregemdoho , e emmendandoho por via de Coudecilho , e dil-
fe , que nomeava , e nomeou por feu Compridor, e executor do di-
to feu teílamento ao Reverendo Senhor Afomíb Guaguo Commen-
dador de Paços .... ao qual deu poder para comprir , e executar
ho dito feu teítamento , e illo mandou por fua ultima vomtade , e
rogou , e mandou ao Padre Fr. Joaó de Mures Guoardiam de S. Fran-
ciíco defta Cidade de Ourenfe ho fírmaíTe por elle de feu nome de
que foraó teftemunhas ho manifíco Senhor Dioguo Furtado de Men-
doça Guovernador deite Regno de Gualiza , e Pero Vaaz de Pugua,
e o Lecenceado Sandlo Dominguo , e ho Bacharel Soufa , e Tapya
e Eícobar , Soutello Criados de Sua Senhoria Frater Jcannes de
e
Mures Gardianus. E eu Joham Guomçalves delia cervella eícrivaao,
e notayro publico em a Igreja , e Cidade , e Bifpado de Ourenfe
huum dos oito notayros do numero da dita Cidade pello Seniior Bif-
po por a Igreja defte luguar em huu , e com os ditos teftiguos fui
prezcmte ao outorguaniento deíle dito Coudecilho , e ao qual que-
doo por ho dito Senhor Dom Deniz do qual dou fee que conheço ,
e por viíta de Sua Senhoria fiz , e o firmou ho dito Padre Frey Jo-
ham de Mures Guoardiaó , e fiz eícrcver por ilfo puz aqui eíle meu
nome , e final acoílumados , e em teílemunho de verdade ,
que tal he.

Joham Guonçalves.

Segu-ffe ho ítermo da titoria da Senhora D. Briotiz dada por Ti-


tor dc Jaii /íílios c fuhas do Senhor D. Diniz ijiie fanei a
gloria haja.

Em Cidade de Ourenfe a quatorze dias do mes de Mayo an-


a
no do nafcimento de Noííò Senhor JESU Chrifto de mil e quinhen-
tos e dezaífeis annos em prezença de mjm efcrivaao , e teílemunhas
de fufo efcritas cílando em as cazas do apozentamento da muy Illuf-
tre Senhora D. Briatiz de Caílro , raolhcr , que foi , e ficou do mui
IJluftre Senhor D. Deniz de Portugal , que fancí a gloria aja , e fen-
do hi prezentc ho Senhor Bacharel Aparicio de Muncz Juiz hordi-
nairo em a dita Cidade, pareceo hy a dita Senhora D. Brintiz de
Caftro , e diíle , que por quanto a íua noticia era vindo , que ho di-
to Senhor D. Diniz em feu teftamento , e final difpoziçam a leixara
por Tutriz de feus filhos e do dito Senhor D. Deniz que houve-
,

ram duramte ho matrimonio amtre elles feguumdo que conftava por


huuâ claufoUa do dito teítamento ho theor da qual abaixo fera poíla,
que paliou amte mjm ho dito efcrivao porque Sua Senhoria dezeja-
va.
da Cafa %eal Tomgue^^a, 44^
va, e queria comprir cm todo a vomtnde do dito Senhor D. Deni?;,
que ella avia aceptado , e accptava ha dita tuteIJa como Madre dos
ditos feus filhos pera fazer nella ho que de direito dcvcíTe , e fofle
hobrigada porem que pedia , e pedio ao dito Senhor Juiz que lhe
,

fizeire fazer as folenidadcs que de direito fe requeriam , e que ella


eftava preftes, e aparelhada de as fazer, e loguo ho dito Senhor Juiz
diífe que ouvia, e que efiava prcílcs, e rparclhado de fazer ho que
do direito deveíTe , e diífe ha a dita Senhora Donna Briatiz de Caf-
tro que renunciaíTe ho Valeriano e as fecundas nuncias , e fizeíTe ho
,

que o direito em tal cazo defpunha, e logo a dita Scnhcra Donna


Briatiz diífe , que era contente e que lhe aprazia , e que prometia,
,

e prometeo , e fe obrigava , e obrigou de nom fe cazar a fegunda


vez , fem que primeiramente pediíTe Titor ou Curador pera os ditos
,

feus filhos fegundo a callidade de fuas peíToas , e aíli mefmo dilTeque


hobriguava , e obrigou com fua peííoa e bees moveis , e de raiz ávi-
,

dos , e por aver de dar boa comta com pagua aos ditos feus filhos
da dita adminiftraçaó , e tutella vindo ho tempo de o prover e pa- ,

ra efte efteito femdo certa e certificada por mjm ho dito efcrivaaó


,

do fauvor , e ajuda que as leys dos Emperadores Valyano , e Juftil-


liano , e a coftytuiçam nova dada as molheres pera que nom fe pof-
fam hobriguar por outros , e pera que os contrauélos , e au6los que
ella fizer lejam valiozos , e firmes , e diífe que has renunciava , e re-
nunciou por a forma que em ellas fe comtinha , e loguo em prefem-
ça de mim ho dito efcrivaaó Jurou a Deos em forma de verdade , e
de direito fobre huum fygnal de Cruz em que pos fua maaó , que
bem , e fielmente huzaria da dita tutella , e faria inventario bom , e
verdadeiro , e faria todas aquelks couzas , que boa Tutriz deve , e he
obrigiiada a fazer , ho qual vifto pello dito Senhor Juiz diffe que fa-
zemdo a dita Senhora D. Briatiz ho dito Inventayro dava , e deu po-
der a Sua Senhoria pera huzar da dita tutella , e pera fazer todas
aquellas couzas , que de direito pode , deve de fazer comforme a
c
vomtade do dito Senhor Dom Deniz ,
que fandla gloria aja , naó
emademdo , nem tiramdo em ella coufa alguua , e dava , e deu poder
pera a fazer , e coílituyr Procuradores , e Dou£l:ores aíli pera os ne-
gócios , como pera os preitos , e pera iífo interpunha , e interpôs fua
auòloridade , e decreto judicial tamto quanto podia , e com direito
devia, e a dita Senhora D. Briatiz firmou todo ho Ibbredito no re-
giíto , e o dito Senhor Juiz o mefmo pera validação de todo eito ;
teftcnuinhas que foram prezentes chamadas , e roguadas ho Venerable
Jacome de Rey , e Febus Rodrigues Coneguo de Ourenfe , e o Le-
cenciado Saníto Dominguo , e Antonio moço defporas de Sua Senho-
ria , ^ D.
Briatriz de Caílro , ho Bacharel Mufíos. E eu Joaó
Gonçalves da Cervella efcrivaaó , e notayro publico em a Cidade , e
Bifpado de Ourenfe huíí dos oito notairos públicos do numero da
dita Cidade de Ourenfe audiências e comtraudlos delia por ho Se-
,

nhor Bifpo , e por a Igreja deíle lugar em luiu com as ditas teftemu-
nhas fui prezente a todo o que dito he , e que eíla efcriptura , e
Carta de tutella , fe comtem dou fee que conheço os dicos Senhores
Tom. V. LU Dona
45 o T^rovas do Liv. VIIL da Hijloria genealógica

Dona Briatiz de Caílro , e o Bacharel Mu nos Juiz , que a fírmarom


de feus nomes em ho regifto deíla efcritura, e carta de que outro
tamto fica aílinado em ho regifto defte , e de mim ho dito notayro,
e a fiz aqui efcrepver bem , e fielmente , e por ilTo pus aqui eíle meu
nome , e fynal acoftumados em teftemunho de verdade , que tal he.

Carta delRey D. Filippe II. em cjiie confirma a D. Sancho de


Noron/ia j Conde de Odemira. Outra de/ Rey D. Asenjo V,em
que fez mercê a D. Affonjo , fiiho do Duque de Bragança , da
A/caidaria , Cadea, e rendas da V ilía de Ejlremoz e Jai Ter- ,

mo, e das terras de Riba de Vouga , a Jaber: Julgado Deixo ^


Oees , Paos e Vilarinho com todos os outros Lugares , e Re»
, ,

guengos , como trazia o Conde de Guimaraens com todos Jeus ,

direitos, e jurijdicça^. Ejià na Torre do Tombo, na Chance/-


laria do dito Rey , do anno 1^96 ,
pag. 128,

Num. '7. T\P''íi Phellippe, quantos efta minha Carta de comfírmaçaô


&:c, a

An 146 Ç.
JL^vireii;! faço faber que por parte de D. Sancho de noronha con-
^ ^* de dodemira , filho do Conde dom Afonfo de noronha que Deos
perdoe me foi aprezentado huã Carta delRey D. Afonfo quinto que
fanta gloria aja , que fe tirou da torre do tombo por minha provi-
zaó da qual o treslado he o feguinte. Dom Afonfo , &c. a quantos
efta Carta virem fazemos faber que por dom Afonfo meu muito ama-
do fobrinho nos foi moftrada huã doaçaô do Duque de Braguança
feu padre, e afinada de finco finais e afellada com finco fellos da qual
o theor tal he. Dom fernando , neto delRey D. Joaó cuja ahna
Deos Duque de Braguança marques de Villa- Viçoza Conde de
aja ,

Barcelos de ourem, e de Arrayolos e Conde de neyva Senhor de


, , ,

monforte e de Penafiel, juntamente com a Duqueza donna Joanna


,

de Caftro minha muito prezada e amada molher e dom fernando ,

Conde de guimarains meu muito amado filho primogénito e her- ,

deiro fendo elle folteiro fem iilho e filha e dom João meu muito
, ;

amado filho \ faço pura , e inrrevoguavel doação antre vivos valedou-


ra defte dia para todo fempre a D. Afonfo meu muito amado filho a
efto prezente e aceitante , e a todos feus delcendentes lidimos e lei-
gos , da Alcaidaria e cadca , e rendas que eu tenlio da Villa de ef-
tremos , e em feu termo afy como me foraó dadas pelo Condeftable
meu avo , e as eu polTui , e com todolos privilégios e liberdades
que as cu tenho , e cora poder de porem ahy alcaide piqueno Almo-
xarife , ou elcrivaó os quaes uzem dos officios e jurdiçaó como fem-
pre uzaraó em tempo do Condeftable meu avo , e no meu , e as ap-
pellaçocs e agravos dante o dito Almoxarife venhao por ante o dito
D. Afonfo , ou por ante aquelle que feu luguar tiver , e di por an-
te os Dezembarguadores do Senhor como fempre foi coftu-
me 5 e iflo mefmo das minhas terras dc riba de Vougua , f. dos Jul-
gados
da Ca]a %eal Tortugue^a» 451
gados Deixo e Oees e Paos e Villarinho com todolos outros lu-
, ,

guares Reguemguos que hy tenho afy como as hora de mim


, e , ,

tras o Conde de Guimaráis com todos feus termos c rendas e di-


, ,

reitos , foros , jurdiçaó eivei , e crime , mero , mixto im-


e tributos ,

pério , que eu nas ditas terras hey , e de di-


e padroados de Igrejas
reito aver , e com poder de poer tabaliãis , das quaes terras , e ren-
das elle poíTa tomar poíTe corporal real , e aólual e as peíToir e con-
tinuar fem outra authoridade minha nem de juftiça , e ifto lhe faço
por elle fer em idade , e difpofiçaó para ello , e por bem , e grande-
mente e como homem de feu eftado , e daquelles donde defcende po-
der , e fervir elRey meu Senhor , e o príncipe feu filho , e a feus
fucccíTores ; a qual doação lhe faço , com condição que as ditas cou-
zas que lhe aíy dou numca polfaó fer partidas nem emlheadas em
outra parte nem fe apenhem fem defcontar , e iíTo mefmo que fale-
cendo o dito D. Afoníb fem filhos ou filhas , ou defcendentes lídi-
mos , e leigos , que entaó le tornem as ditas coufas aquelle que for
Duque de Bragança e com efta declaração , que falecendo o dito
dom Afonfo fem filhos ou filhas , ou defcendentes lídimos , e leigos
como dito he em minha vida , o que Deos nom mande que as terras
de Riba de Vougua fe tornem ao dito dom fernando Conde de Gui-
maráis meu muito amado filho , e as aya afy , e pela manejra que as
outras couzas de que lhe agora faço doação , e a alcaidaria e rendas
de eftremos fe tornem a mim ; e também que dipois por tempo fa-
lecendo todos os que do dito D. Afonfo defcenderem que eítas cou-
zas haó de herdar que todo inteiramente fe torne aquelle que for Du-
que de Braguança , e iíTo mefmo que aqueecendo o que Deos nao
mande , que o que a dita fucceíTaó tever a perca por algum cazo,
que ella otorfy torne logo ao outro feguinte em grao que as ditas
couzas herdaria , fe o poíTuidor naturalmente faleceíTe , e eíla doação
lhe faço fem embargo de quaefquer leys e direitos cíveis , e canóni-
cos , grofas e opiniões de Doítores , e ordenações do Reyno , que
em contrario feyaó , e peço por mercê a elRey meu Senhor que afy
o queira comíirmar , e por certidão dello mandei dar efta minha Car-
ta ao dito D. Afonfo de doação afinada por mim , e pela dita Du-
queza minha mulher , e pelos ditos meus filhos e afellada dos noííòs
fellos e também afinada pela dita D. Izabel , mulher do dito D.
,

Joaó meu filho , e afellada do feu fello ; dante em Villa-Viçoza dous


dias do mez de Janeiro , o Bacharel a fez anno de noíTo Senhor Jezu
Chrifto de mil e quatrocentos e fefenta e finco annos. Ainda que ef-
ta declaração naó foífe neceíTaria , porem por tirar duvidas que po-
deriaó íbbrevir as rendas de eftremos , fe entendem reguemguos de
paó , e vinho , azeite , e atenhas , e reguemguos de ortas , e foros ,
e tributos dos Judeus , e mouros , e tabalíaés , e portagem , e geral-
mente todallas outras rendas que hi hey. Pedindonos o dito Dom
Afonfo que lha coafirmaftemos nom fomente por ella fer tal que ex-
cede a cantidade do direito , e deve fer infinuada , mas ainda por fer
de couzas da Coroa do Reyno que fem noíFo expreífo confentimen-
,

to, e comíirmaçaó fe nao podia Fazer que por direito valleíle, e nos
Tom. Y." LU ii vendo
2 Trovas do Liv. V IIL da Hiftoria Çenealogica

vendo feu requerimento conhecendo feus muitos e eftremados ferviços


que delle recebemos e efperamos ao diante e grandemente receber , e
efguardando iflb mefmo o devido tam cheguado que comnofco tem a
nos praz , e por tirarmos duvidas que fe recrecer poderiaó deftas pa- |

lavras em efta doação poftas. S. e pera todos feus defcendentes lidi-


mos, e leiguos , conformandonos com a vontade do dito Duque, em
efte modo , que o filho major Baraó lidimo e leiguo, a fua morte fuc-
ceda toda efta herança iri jolido , e afy dehy em diante todos feus
defcendentes , e quando hy naó ouver Baraó dos defcendentes do di-
to D. Afonfo , que venha por Barões fucceda o Baraó mais velho
,

que venha de fêmea a mais velha , e feíTando todollos Baroês , co-


mo dito he antaó venha à fêmea mais velha , e leigua que defcenda
de Baraó fe ahy o ouver , e naó o avendo hy que defcenda de Baraó,
venha a mais velha que defcenda de fêmea afy que quando ahy naó
ouver Baroês nem fêmeas defcendentes do dito D. Afonfo , entaó fe
torne efta fucceíTaó a dita Caza de Bragança e porem de nofta cer-
,

ta fciencia , e poder abfoluto com efta declaraçaó comfírmamos , e


aprovamos , e louvamos , e rete ficamos a dita doaçaó como em ella
he contheudo , e nofta authoridade Real em ella entrepoemos , e que-
remos , e mandamos que valha, e feija frme para fempre , fuprindo
em ella todo o defeito de folemnidade que o direito requere para va-
ler , e mais firme fer , nom embarguante o direito Canónico , e Cí-
vel , grofas , e opiniões dos dotores , façanhas , e leys de Efpanha e
Ordenações do Reyno que em contrario feijaó nom embarguante a
ley mental , que diz , que terras da Coroa do Reyno nó venhaó a
fêmeas , a qual em efte cazo nos praz expreftamente derroguar , os
quaes direitos todos aqui avemos por expreífamente nomeados , e no- j

meando-os expreílamente revoguados , e caftados , irritados, anuUados,


e aniquilados , pofto que taes feijaó que em fy tenhaó clauzulas der-
roguatorias aos futuros refcriptos , ou taes feijaó de que fe deveria |

de verbo aã ver bum fazer expreíla mençaó porque nofta mercê , e \

vontade he , de os aver aqui todos por expreftbs , e as clauzulas del-


les , e os aniquilar , anullar , cafíar , irritar , e derroguar , em quanto i

a efta doaçaó , e nofta comfirmaçaó embarguaó , a naó valer , ou a


menos valer , em parte , ou em todo , porque aíTy he nofta mercê e
vontade e porem mandamos dar ao dito D. Afonfo nofto bem amado
fobrinho efta nofta Carta de doaçaó e comfirmaçaó , afinada por nos,
e afellada de noftb fello ; dada em Eftremos a fete dias do mes de Ja-
neiro. Dioguo Lopes a fez anno de Nofto Senhor Jezu Chrifto de
mil quatrocentos fefenta e finco annos. Pedindome o dito Conde de
Odemira D. Sancho de noronha por mercê , que por quanto elle era |

o filho Baraó único que ficara por falecimento do Conde D. Afonfo


feu pai que Decs peidoe que herdara , e fuccedera fua caza , e titu-
j

lo , e lhe pertenciaó os lugares , Deixo Requeixo , Paos , e Oees


,
conthcudos na Carta delRey D. Afonfo quinto nefta trcsladada por
bem da fentença que fe deu na demanda que o Conde D. Sancho feu
avo trouxe com Alvaro de Souza , e com o procurador de minha Co-
roa , lobre os ditos luguares porque foi julgado pertencerem ao di-
,
to
,

da Cafa ^eal Tortugnes^a. 453


to Conde e a feus defcendentes os lugares Deixo , e Re-
feu avo ,

queixo , Paos , e Oees defpois das mortes do dito Aivoro de Souza,


e Diogo Lopes de Souza feu filho como mais largamente conílava da
dita fentença que me prezentou , ouveíTe por bem de lhe mandar em
nome delle Conde paíTar Carta dos ditos luguares por quanto a nao
tiveraó os ditos Condes D. Sancho , e D. Afoníb feu pai , e avo
por falecerem primeiro que o dito Diogo Lopes de Souza , por cuja
morte ouveraó de lucceder os ditos luguares comfbrme a dita lenten-
ça por bem da qual eílava ellc Conde ja em poíTe delles , com for-
,

me a huâ provizaó do Senhor Rey D. Henrrique meu tio que fanta


gloria aja , porque ouve por bem que a Condeça dorma Villante de
Caílro, fua maj podeífe tomar poíTe dos ditos luguares como tutora
e adminillradora que hera delle Conde feu filho menor , tanto que
vaguaffe por morte do dito Dioguo Lopes de Souza , e viílo feu re-
querimento e a carta nefta tresladada papeis e a dita fentença que
,

com ella me prezentou porque fe moílra pertencerem os ditos lugua-


res Deixo , e Requeixo , Paos , e Oees a elle Conde D. Sancho de
noronha , e aver de fucceder nellcs por morte do dito Dioguo Lopes
de Souza por bem da dita fentença comforme a qual e a dita provi-
zaó do Senhor Rey D. Henrrique , efta ja em poíTe delles , tenho
por bem , e lhe comfirmo a dita Carta nefta tresladada , e hey por
comfírmada e mando que fe cumpra e guarde a elle Conde , e a feus
defcendentes , afy , e da maneira que nella e na dita fentença fe con-
them ; e por firmeza de todo lhe mandei dar efta minha Carta por
mim afinada , e fellada com meu fello de chumbo pendente , dada na
Cidade de Lisboa aos oito dias do mez de março , Duarte Caldeira a
fez anno do nacimento de Noftb Senhor Jezu Chrifto de mil e qui-
nhentos e noventa e feis annos.

Contrato do ca/amento de D. Affonfo filho do Diujitc de Bragan-


,

ça y com D. Maria fua mulher. Ejiá no Archivo Real da


Torre do Tombo /iv. dos Myjlicos pag.
, donde , ,

o xopky,

DOm
zemos
Aftonfo , &c. a quantos efta carta de confirmação virem
que por D. Affbnfo meu muito amado fobrinho nos^^^
faber
fa- Num. 8.
1x6^
^
foi moftiado hum eftormento de contrauto de cazamento dantre o '
'

Conde de Odemira nofo muito amado primo e ele de qual o theor


tal he. Em nome de Deos amen faibaô quantos efte eftormento de
dote arras e cazamento virem que no anno do nacimento de Noflx)
Senhor Jefu Chrifto de mil e quatrocentos fefenta e cinco , des dias
do mes de Junho em a Villa de Odemira nos Paços do muito honrado
D. Sancho de Noronha Conde da dita Villa de Odemira Senhor de
Aveyro , e a honrrada Senhora Condelfa D. Mecia de Souza fua mu-
lher e D. Maria fua filha e eftando hi outro fi de prezente o muito
ho nrrado Senhor D. Affbnfo filho do muito honrrado Senhor D. Fer-
nando
454 ^^^'^^^ VIIL da Hifloria Çenealogica
nando neto de ElRey D. Joaó cuja alma Deos haja Duque de Bargan-
ça Marques de Villa-Viçoza Conde de Barcellos e Ourem , e Dara- !

yolos 5 Conde de Neiva , Senhor de Monforte e de Penhaíiel , e da !

muito honrada Senhora Duqueza D. Joanna de Caftro e em prezen- !

ça de mi Tabaliom e teílemunhas ao diante efcritas pera efto efpeci-


almente chamadas e rogadas , o dito Conde e CondeíTa diíTerom que
afi era verdade que per authoridade e coníenti mento delRey íeu Se-
nhor eles tinhaó contrautado firmado e acertado cazamento antre fua
filha D. Maria que prezente eítava com o dito Senhor D. AíFonfo
'

que outro íi prezente eftava com certas clauzulas e condiçoens , em


que eraó acordados fobre o dote e arras , as quaes erao eftas que ao
diante feguem. Primeiramente ele dito Conde da em dote em nome i

de dote a dita fua filha com o dito D. AíFonfo eíl^as couzas que ao
diante feguem. Primeiramente a dita Villa de Odemira e a Villa de
Aveyro e a Villa do Vimeiro , e o Caílello delvas com o reguengo,
e o Caítello de Extremos, e todalas outras couzas que ele da Croa
do Regno tem , afi e taó compridamente como as ele tem e tras del-
Rey e em fuas Cartas que elo do dito Senhor tem he contheudo , re-
zalvando ele dito Conde o uzofruito das ditas terras , e da jurdiçao |

para íi em toda fua vida. Item diferam mais o dito Conde e Con-
delFa que davaó em dote e cazamento e em nome de dote a dita fua
filha D. Maria com o dito D. AíFonfo a fua terra de mortaagua , que
ele ove em cazamento com a dita CondeíFa com eíle entendimento e
condiçom , que elles ajaó em toda fua vida o uzofruito da dita terra,
e- da jurdiçom , e acontecendo que ele dito Conde faleça delia vida
primeiro que a dita CondeíFa a dita CondeíFa avera o uzofruito da
dita terra jurdiçom em toda fua vida e per feu falecimento íique def-
|

pachadamente a dita D. Maria fua filha. Item mais dife o dito Con-
de que dava em dote e em nome de dote a dita fua filha com o di-
to D. AíFonfo noventa e fete mil cento e quarenta e dous reis que
ele ha de afentamento de elRey meu Senhor os quaes lhe apras , que
a dita D. Maria fua filha logo aja defte primeiro dia de Janeiro que
de vir ha em diante fegundo os o dito Conde per fuas Cartas avia e
ja a dita lua filha per fua Carta tem outorgada, e pede a ElRey por
mercê que os tire logo dele e os ponha no dito D. AíFonfo e ília fi-
lha pera foportamento dos carregos do cazamento. E por quanto
ele dito Conde tem confentimento do Senhor Rey, de poder dar ef-
tas couzas a dita fua filha, pede ao diio Senhor que afi as queira con-
firmar como aqui he contheudo rezervando fempre para fi o uzofrui-
to de todas elFas couzas como em íima fe contem. Dizendo logo o
dito D. AíFonfo que aceptava as ditas couzas em dote e em nome dc
dote como dito he e prometia de dar , e dava a dita D. Maria que
prezente eílava des mil dobras douro Caílelhanas ou leu intrinfeco
commum como ao tempo das pagas valerem , e nom
e direito balor
,

correntes nem pagadas


pela valia e ordenação que fobre elo deípoem
e fala a qual ordcnaçom lhe praz que em tal cazo nom aja lugar nem
outra qualquer ,
que contra efto faça , mas toda via lhe praz que fe
,

paguem no preço que comummente valerem , e fe por elas poderia


achar
da Cafa ^eal 'Portuguei^a. 455
achar ao tempo das pagas , e efto com
condi çom que falecendo
eíla
ela primeiro que ele poílumeiro , de antre ambos e
ficando filhos
nom aja arras alguas , e falecendo ele primeiro que ela , fcm dela
aver filho ou filha ela aja enteiramcnte as ditas dez mil dobras , e
acontecendofe que aja filhos de antie ambos e ao tempo do finamen-
te dele os hi no aja , ou defpois de íua morte faleçom primeiro que
a dita fua madre , eílando ela em íua honrra e nom cazando em quan-
to afi crear e mantiver , e governar os ditos feus filhos ou filhas que
falecendo eles primeiro que ela , aja todxi via as ditas dez mil dobras
darras pelo modo fufodito , e cazando ela , em vivendo os ditos
feus filhos e filhas,
poflo que depois faleçom ante de fua morte de-
la , ela perca as ditas arras , e nom as polfa mais aver , e as ditas ter-
ras bens fiquem izcntamcnte aos que de direito pertencerem , pelas
quaes dez mil dobras ele exprefamente , e eípecialmente hipotica , e
apenha as rendas Deftremos e terras Deixo Requeixo Paaos , e Oecs,
e todalas outras terras que ele do Senhor dito feu padre ouve, e
afi os bens que ouve do Senhor D. Joaó feu Irmaó , em a dita Vil-

la Deílremos e fora dela as quaes couzas jurdiçom e rendas delias ele


quer e outorga , que a dita D. Maria tenha e aja athe fer entregue
paga e fatisfeita das ditas des mil dobras , ou de feu intrinfeco e juf-
to valor como dito he , e eílo defcontando as rendas das ditas cou-
zas da copia e juíla valia das ditas des mil dobras , pedindo ao Se-
nhor Rey por mercê que afim o queira confirmar e outorgar, que as
ditas terras e rendas íejaó apenhadas pelas ditas dez mil dobras , e
porque de todo eílo lhes afi prazia , mandarão os ditos Senhores fer
feitos cenhos eílromentos ambos de hum theor e eíte he do dko^ Se-
nhor D. Aíibnfo e eu Luis Gonçalves pruvico Tabaliam dé i:.iRey
meu Senhor na fua Cidade de Silves , que por fua authoridade e man-
dado efpecial a mi por ora elo outrogado para eíla efcriptura poder
fazer em a dita Villa de Odemira fegin.do em feu afinado mais com-
pridamentc he contheudo cujo o theor he efte que fe fegue. Nos
ElRey por ei\e alvará damos licença a Luis Gonçalves Tabaliam por
nos eni a Cidade de Silves que ele pcfa vir fazer a Villa de Ode-
mira huã efcriptura que pertence fer feita antre D. Aífonfo noíTo
muito amado fobrinho e o Conde de Odemira nolío muito amado Pri-
mo a qual efcriptura afcncara em feu livro das notas., e fera valioza
como le feita foífc por qualquer outro Tabaliam a que pertenfefe ,

aver de fazer e eílo fem embargo de quaefquer noíTas defezas orde-


naçocns feita em contrario deílo , e porem mandamos a todolos nof-
fos Corregedores Juizes e Juíliças , a que o conhecimento deílo per-
tencer, que íbbre cio nom ponhao nem confentaó fobre ello poer,

alguã duvida ou embargo, feito em Portalegre vinte dias de Mayo


Aífonfo Garces o fez anno de mil e quatrocentos e felfenta e cinco.
Eílo efcrevio , teílemunhas Aífonfo de Miranda do Confelho df El-
Rey , e Nuno de Barbuda Efcrivaó dos maravedis do dito Senhor , e
Aíibnfo da Cofia Alcayde de Lagos , e Vicente Simoens Contador de
Beja, e Alvaro Mendes Ouvidor em o Regno do Algarve, e Fernaó
de Lemos Efcudeiro do dito Senhor D. Aííonlb e outros. E eu fo-
bredito
,

45^ Trovas do Liv, VIIL da Hifloria Cjenealcgica

bredito Luis Gonçalves Tabaliaó , que per poder da dita authoridade


eíle eílromento eícrevi e aqui meu final fiz que tal lie. Pedindcnos
por mercê o dito D. Affonlb da parte do dito Conde e fua , que
confirmafemos e aprovafemos o dito contrauto antepoendo em ele
noíTa autoridade Real e vifto por nos o dito eílromento de contrau-
to e cazamento , e entendido todo , e cada huã particula em elo con-
teúdo , e vendo o que nos afi envia pedir o dito Conde , e pedia o
dito D. Affonfo avendoo por ferviço de Deos e noílo , o dito caza-
mento fer acertado e feito querendolhes fazer graça e mercê de nof-
fa certa fciencia e poder abfoluto , aprovamos louvamos , ratificamos,
e confirmamos o dito contrauto e noifa autoridade Real , em ele an-
trepoemos , que valha e feja firme , afim e taó compridnmente como
em ele he conteúdo afim queremos e mandamos , que valha e fe cum-
pra em todo , e por todo fem nehu falecimento íuprindo em ele to-
do o defeito , e mingoa que em ele aja , afim de feito como de di-
reito porque noíTa mercê e vontade he inteiramente fer comprido e
guardado , como fe nele contem , fem embargo de quaefquer Leys, e
Ordenaçoens , que em contrairo íejaó , em todo o em parte , as quaes
de noflb poder abfoluto, quanto he a eíte contrauto e claufulas del-
le , revogamos, derogamos , cafllimos , e anhilamos , e tolhemcs em
todo e queremos e mandamos , que nom valhaó contra ele , nem ajao
nenhum efeito , antes queremos que feja firme e valiozo , fem min-
goa e desfalecimento algum , e vindo cazo que o dito apenhamento
aja lugar , nom queremos que peífoa alguã feja recibida a dizer que
eftes bens , ou alguns delles , afim apinhados fao da Croa do Regno,
vindo a nos , ou algum outro por noífo otorgamento , para afi nom
poderem ficar obrigados , por quanto nos de noíTa certa fciencia , e
poder abfoluto queremos , que valha e feja firme o dito apinhamen-
to , no modo e maneira que nefte contrauto a nos aqui aprezcntado
he contheudo , e encomendamos a todos nofibs herdeiros e íucefTo-
res , que afi cumpraó e façom guardar todo como em o dito contrau-
to fe contem , e per nos he confirmado , e aprovado , e aqueles que
o comprirem ajaó a benção de Deos , e nofla , e Deos dee graça aos
feus fucefibres , que cumpraó o que eles ordenarem , c por firmidoe
dello mandamos dar efta noíTa carta de confirmaçom ao dito D. Af-
fonfo dada em a noíFa Villa de Portalegre a quinze dias de Junho Al-
varo Lopes a fez anno do nacimento de Nolfo Senhor Jelu Chriíto
de mil quatrocentos e fefenta e cinco annos.

%A D. Affonfo, Carta ,
pnríjiiefoy feito Conde da Villa de Faraíjj,
com doação da dita Villa , e do Cqjiello, e menagem delia , com
todas Juas rendas , e direitos. EJlà no liv. 2. dos MyJ-
ticos y
pag, 40.

Num. ç ^fr\
AíFonfo , &c. A quantos efta noífa Carta virem fazemos

J_^faber que nos vendo e concirando os muitos e grandes ferviços
Ali, 146^. que nos e noíTos Regnos havemos recebidos dc Dom Aftbnfo meu
muito

I
da Cafa ^al Tonugaei^a, 457
muito amado fobrinho e aos que ao diante efperamos delle reccbef
e querendolhes galardoar como a nos cabe por feus grandes mereci-
mentos e por o grande amor e divido que com elle temos de noíTo
moto próprio certa fciencia poder abfoluto querendolhe fazer graça e
mercê com prazer e requerimento do Princepe noíTo íbbre todos mui-
to prezado e amado filho. Temos por bem e fazemollo Conde da
nofla Villa de Faram e lhe fazemos pura e inrevogavel doaçam antre
os vivos valledoira em todoUos dias de lua vida da dita noíTa Villa
de Faram e do Caftello e da menagem delia com todas fuas rendas
direitos foros ccnlbs emprazamentos tributos Padroados de Igrejas
que a nos e aos Reys que ante nos foraô em a dita Villa pertcnçaô
ou pertencer podem e com todallas pençoes frutos novos portagens
paílagens açougagens e outras quaefquer rendas bens e couzas que na
dita Villa havemos poílo que aqui nomeadas naó fejaó e fe para nos
lecadaô e a nos e a noíTa Coroa Real pertencem de qualquer manei-
ra e callidade que feja e de direito devemos daver todo damos ao
dito Dom Aftbníb com todas fuas entradas e fahidas e pertenças Val-
les montes fontes marinhas que a nos pertencem campos termos lemi-
tes matos foutos rotos e por romper recios paíRgos montados ribei-
ros rios e pefcarias delles e com todallas outras rendas direitos cor-
poraes temporaes reaes reguengos Taballiados pençoes delles e com
toda a jurdiçaó da dita Villa Civel e Crime mero mixto Império re-
fal vando pera nos Correição e alçada e que elle poíTa tirar e poer to-
dollos officiaes da dita Villa e termo aíTi os que pertencem a juíí:iça
como os outros que pertencem as rendas e dir«tos Reaes da dita Vil-
la. Outro fy queremos que o dito Dom Affonfo poíTa poer Tabal-
liaes na dita Villa aíTy públicos como judiciaes quaefquer que fe va-
garem ou os poífa de novo poer ou remover quando quer que lhe
bem parecer os quaes Taballiaes queremos que fe chamem por ellc
e em feu nome façaô todalas efcrituras que a feus officios pertence-
rem naó embargando a ordenação e queremos que o dito Dom Af-
fonfo fe poífa chamar Conde da dita Villa e por efta noíTa Carta lhe
damos poder e lugar que elle poífa tomar por fy ou per outrem a
poíTe autuai corporal Civcl e aíy poffe da dita Villa e feu termo e
da jurdiçaó e fenhorio delia e mandamos ao Alcayde do Caílello da
dita Villa que receba ao dito Dom Aífonfo no dito Caítello c lhe fa-
ça logo a menagem por elle como a nos tem feito e também manda-
mos a todollos Cavalleiros fidalgos Regedores oíHciaes , ameniílrado-
res da dita Villa e aos efcudeiros e povo delia e feu termo recebaó
o dito Dom AíFonfo por Senhor em todollos dias de fua vida e lhe
façaó feu e o recebaó por Senhor e Conde delia fem outra contradi-
ção alguma por quanto aíTy he noffa mercê nam embargante os direi-
tos Canónicos Cives ordenações do Regno façanhas grofas opinioens
de Doutores que em contrairo deílo fallcm e que embarguem a efta
doação nam valler ou a menos valler que nolfa mercê e vontade he
fer firme valledoura em vida do dito Dom Aíibnfo como em fíma di-
to he aífy em tempo como de noílbs foceífores que defpoz nos
noíTo
Vierem aos quaes rogamos e emcomendamos que o cumpraó e guar-
Tom. V. Mmm dem
458 Trovas do Liv. VllL da Hiflorla Çenealogica
dem como nella he contheiído e naô vaó contra ella em maneira algu-
ma que feja e mandamos ao Contador do noíFo Regno do Algarve
e ao noíTo Almoxarife da dita Villa e ao efcrivaó do dito oííicio e
aos que depoz elles vierem per noíTos Contadores Almoxarifes efcri«
vaes que leixem ao dito Dom Aífonfo haver e pera fy recadar todas
as ditas rendas e direitos foros tributos da dita Villa e termo que
nos em ella havemos e nos de direito pertençaô porque noíTa mercê
e vontade he em toda fua vida lhe fazemos mercê da dita Villa e
Caftello e menagem delia e todallas couzas e rendas que a nos e a
noíTa Coroa Real pertencem como em fima faz menção com todol-
los privilégios coftumes e liberdades que nos fempre peíluimos e de
direito devemos peffuir refalvando fomente pera nos as íizas geraes
panos e vinhos e dizima nova do pefcado e das couzas que per mar
vierem aa dita Villa de fora de noífos Regnos e rezalvando outro
fy alguas das fobreuitas rendas que ja tínhamos dadas a alguas pef-
foas per noíTas Cartas ante da dada deíla noíía Carta porque lhas naó
entendemos de tirar as quaes peíToas queremos que naó façaô das di-
tas rendas efcambo nem venda nem trato algum fenaô com o dito
Dom Aflonfo e vagando as ditas rendas em vida do dito Dom Af-
fonfo por qualquer modo e maneira que feja entaó nos pras que elle
as haja per o modo e maneira fufo dita e quando as aíTy houver lhe
mandaremos defcontar outro tanto em cada hum anno de feu aíTenta-
mento quanto renderem as ditas rendas que affy dadas temos e em tef-
timunho defto lhe mandamos dar efta noffa Carta aííinada per nos e
per o dito Princepe meu filho aíFelIada do noíTo fello de chumbo
per a qual mandamos ao dito noíFo Almoxarife efcrivaó que a façaó
regiftar em feu livro para fc faber como efta outorgado ao dito Dom
Affonfo e elle tenha efta para fua guarda. Dada em a nofta fempre
leal Cidade de Lisboa vinte dous dias de Mayo Pedro Lourenço ef-
crivaó da fazenda do dito Senhor a fez anno de NoíTo Senhor Jezu
Chrifto de mil quatrocentos feflenta e nove.

Carta do ajjentamento do Conde de Faram, Ejiá no Cartório da


CaJa de Bragança , donde a tirey.

Num. lO.T^.^"^ Afonfo por graça de Deos Rey de Portugal e dos Algar-
. *

* Cepta e dalcacere em Africa. A quantos efta nofa
^^n'ior de
An. 140^. Carta virem fazemos faber que avendo nos refpeito aos muitos fervi-
fos que temos recebido de Dom Afonfo Conde de Faram meu mui-
to amado fobrinho e querendolhos gualardoar em algua parte como a
nos cabe temos por bem e queremos que elle tenha e aja de nos def-
de Janeiro que ora paftbu , de quatrocentos fefenta e nove em dian-
te em cada hum anno de feu afentamento quatrocentos mil reis bran-
cos duzentos e quarenta e dous mil e oitocentos cinquoenta e oito
reis , que dantes avia e cento cinquoenta e fete mil cento quarenta e
dous reis que lhe ora des o dito em diante acrecentamos os quaes
,

quatrocentos mil reis lhe feraó afentados em os livros de noífa fazen-


da
da Cafa ^eal Tortuguei^a. 45^
da donde lhe em cada hum anno feja dado carta delles para lugar on-
de lhe íejam bem pagos e em teftemunlio dello lhe damos efta noíTa
Carta por nos a finada e íelada do nolFo lello pendente dada em a mui
nobre e fempre leal Cidade de Lisboa a dezouto dias de Junho Gon-
çalo Rodrigues a fez anno do nacimento de Nolfo Senhor Jcfus Chrif-
to de 14Ó9.

'
Outra.

NOs ElRey fazemos faber a quantos efte noílo Álvara virem que
a nos praz , que ao Conde de Faram meu muito amado fobri-
nho fejaó aíFentados em Lixboa fempre em cada hum anno quatrocen-
tos mil reis de leu aílentamento naquelles lugares onde os elle atee
ora ouve ; e porem mandamos aos Veadores de noíla fazenda que afy
o cumpraó , e goardcm fem outro embargo que a ello ponhaó , por-
que aiy he noíía mercê feita em Évora a doze dias do mes dabril Ro-
drigo anes o fez anno de nolfo Senhor Jefu Chrillo de mil e qua-
trocentos e íctenta e finco.

Bulla do Papa Paulo II. porçue relaxou o juramento a E/Rey D.


Affoíijo V
para haver de dar Faro ao Senhor D. A^onjo ^Jillio
.

do Ducjue Bragança D. Fernando 1. Original efiá no


Archivo da dita Caja , donde a copiey.

PAulus Epifcopus Servus Servorum Dei. Carifiimo in Chrifto fi- ^sTuiD. J


I
lio noílro Alfonfo Regi PortugalliíE Ilíuftri falutem , & apofto-
; .

Jicam benediílionem. Petifti à nobis per litteras tuas alias, & nunc ^* '47^*
etiam inílantius R.egia tua Majeftas petit , ut abfolutionem juramen-
ti cujuídam
,
quod Opidanis de Faron in privilegio infertum feccras
tibi concedemus , in quo fub hac verborum forma , videlicet juramus,
& promittimus fub noftra Regia fide illis pollicebaris fola tua me- ,

ra liberalitate inductus , vel temporis conditione fuadente ne unquam


doininium illius Opidi alicui dares , quod cum nunc diledlo filio Al-
fonfo Nepoti tuo Comiti ejufdem loci , filio Ducis Bargantias, prop-
ter magnas , ut ais & legitimas caufas dederis confcientias fcru pu-
, ,

lo movebaris ; Nos itaque cum ex fepe numero intellege-


tuis litteris
rimus ílriíIHiiíTu-num fanguinis vinculum , quo tibi di6lus Alfonfus Co-
mes dc Faron conjunítus eft , fciamufque Majeftatem tuam pro Ma-
giftratu de Avis , magna in Regno tuo dignitate in ejus favorem fe-
pe , <Sr multum nobis íupplicaíTe , & te hoc illi Opidum , & infignia
Comitatus in recompenfam quandam non adepti illius Magiftratus , ut
afleris eJus vita durante, donaviíFe, cujus etiam poífeílionem tuis juííis
confcquutus eft , quam firmam eífe , & nunquam retrocedere bono
exemplo omnium fubditorum tuorum , & quieti , ac compofitje tran-
quilitati tuorum Regnorum convenit , induíli ad hoc precibus tuse
Majeílatis , & Principis hí redis filij tui , nec minus ejus prefentia,
Tom.V. Mmm ii &
,

4^0 Trovas do Liv. VIIL da Hijloria Çenealogica

& meritis míiximis , tam fuis ,


qiiam patris fui , & fuorum omnium,
c\ux tu etiam fingularia íemper
, fuiílb &
tam erga ílatum tux
eííe
celfitudinis , quam erga fídem catholicam aíTeveras , ut didbo Alfonlo
Comiti de Faron in lua dignitate , & honore liberales reddamur, &
fcrupulo animae tuís condigna medicina íuccurramus , harum tenore te
ab omni promiííionis , & juramenti vmculo quod per privilegium ,
ipfis Opidanis de Faron datum , aut per íupradiclum n.odum jurandi
incurrere potuifti libere , ferie preíentium abfolvimus & à quocun- ,

que alio onere conícientise tuaí , quod à tali promiílione , juramento


vel privilegio oriri poíTet relevamus , quod tametíi alias jam per nof-
tra duo bre^'ia feciíTe meminimus , tan.en quia íorfan propter locorum
diftantiam illa ad te quoquomodo poíTent non pervenilíe hoc denuo
ad Majeílatem tuam amplius , & uberius mittimus , ut te ab omnibus
fupradiélis confcientia; ícrupulis noveris liberatum , comimendandum
etiam celíitudini tuse maxime dié>um Altbníum Ccmitem! de Faron , &
omnem ejus ílatum , atque honorem non fecus , quam Majeftas tua
iiobis commendatum eíTe fais litteris voluit. Datum Rcma^ apud
Sanílum Petrum ; Anno Incarnationis Dominicas millefimo quadringen-
tefimo feptuagefimo pridie Idus Junii Pontiíicatus noílri Anno íexto.

Smolfus.
Loco Sigilli.

^Alvará para o Conde de Faram poàer aprefentar de tres em tres


annos , o Officio de Coudei da Villa de Ejhemoz , as pejjoas,
(jue lhe parecerem aptas. Livro 4. dos Myjlicos ,

pag. 2 ,
verj]

Num. 1 2."!^^"^ &c. a vos Fernam da Silveira do meu Confelho e


AíFonfo ,

A rj JL^rneu Coudei moor dos meus Regnos , e a outros quaefquer a


An. 1470. qijg perteemcer faude , íkbede que querendo fazer graça e mercê
ao Conde de Faram dodemira Senhor de Aveyro meu muito amndo
fobrinho Adiantado por mim damte Tejo e hodiana e Pregno do Al-
garve me paraz que acabado Fernam de Lemos Cavalleiro de fua Ca-
fa e feu Alcayde do Caftello delvas de fervir a coudellaria da minha
Villa deftremos o tempo dos tres annos porque lhe foy dada ou que-
rendoa elle renunciar e leixar de fervir que de hy em diante nehua
peíToa nom aja nem tenha nem íirva a dita Coudellaria fenam as pef-
foas que a ella aprefentar de tres em tres annos o dito Conde , e ef-
to fem embarguo de quaaefqucr lex e hordenaçoens que hi aja em
contrario defto nem dee Cartas nem Alvaaraes que ja tenha paíTados
nem ao diante paíTar a cerca dello. E porem mando que tanto que
vos efta Carta for dada a façaaes regiflrar em voíTos livros de Cou-
dellaria pera daqui em diante ferdes avifado de nam dardes a dita Cou-
dellaria lenam aquellas peífoas que aíFy aprefentar fejam pera ello au-
tas e perteemcentes aos quaes mandares fr^zer fuas cartas e regimen-
tos
da Cafa %eal 7ortugu€s^a.
tos do dito Officio e a outra algua peíToa nam , por quanto aííy he
minha mercê , e em cafo que heu per inadevertencia ou per qualquer
outra maneira faça mercê da dita Coudellaria a alguua peííba per
Carta ou Alvaraa quero e mando que tal Carta ou Alvaraa nom va-
lha , e per efto mando ao dito Conde que o nnm comíTenta a aquel a
que eu o dito Oíicio per ella der que ufe delle em alguá maneira. '

Dada em a Villa de Monte moor o novo a vinte e dous dias do mes


de Mayo. Pcdralvares a fez anno de i47Í>.

Carta dc confirmação de/R ey D. Affonfo V. ao Senhor D. Afon-


Jb , Co.-hie de FarJÍío , de perfilhação ^ e doaçaiy a elle feita ,

por ]oao Gallego, morador em Villa-V iço/a, Ejíd no


liv. 2. dos Myfiiccs ,
pag. ,
verj]

DOm AÍTonfo , &c.


ber que perante nos
A
quantos efl:a noíTa Carta virem fazemos fa-
foi aprezentado hum publico eílromento de
f^^lTí * I *
2
perfilhaçam que parecia fer feito e aílinado por Ruy Dias dado por 147-8»
noílo Álvara por Efcrivaó a Ruy Varelia Taballiaô das notas em a
noíTa Villa de Eílremoz aos tres dias do mez de Novembro da pre-
zente Era de fetenta e oito em o qual fe continha antre as outras
couzas que Joaó Gallego morador em Villa-Viçoza diííera que vendo
elle e coníirando como nam tinha padre nem madre nem filho nem
filha nem netos nem netas nem afcendentes nem deícendentes que os
feus bens per direito deveílem herdar falvo quem elle quizefe de feu
prazer e livre vontade e fem nenhuma prema que lhe fobre ello feita
fofle diífera que elle tomava e recebia e perfilhava por feu filho adou-
tivo Dom Affonfo Conde de Param meu bem amado fobrinho que
de prezente eílava em todos feus bens como íe folTe nado de feus lom-
bos e como fe fofl^e de legitimo matrimonio de fua molher recebida
porque lhe aprazia de o elle aífy perfilhar por leu filho doutivo co-
mo dito he por aíTy nam ter padre nem madre nem filho nem filha
nem neto nem neta como dito he que íeus bens per direito deveíTem
de herdar e prometera e jurara poendo a maó fobre os Evangelhos
de o em algum tempo nam contradizer nem outra perfilhação fazer
e que aíFy como elle perfilhara e perfilhava por íeu íilho herdeiro em
íeus bens aífy nos pedia por mercê que lhe confirmafemos o dito
perfilhamento rezervando elle dito Joaó Gallego feu pay a terça par-
te dos ditos bens- para fe defpenderem por lua alma depois de fua
morte com condição que elle Conde feu filho pague em dinheiro
quanto montar em a terça dos ditos bens a quem elle leixar que a
defpenda por fua alma por fe nam fazer partilha em os ditos bens e
porem lhe outorgava o dito eílormento de perfilhamento fegundo que
todo eílo e outras muitas couzas melhor e mais compridamente erao
contheudas e aprezei\rado afiy o dito eílormento de perfilhamento co-
mo dito he o dito Conde nos pcdio por mercê que lho confirmaf-
femos e aprovaíTemos per noíTa Carta aífy e pella guiza que nelle fe
conti-
4^2 T^rovas do Lív. FUI. da Hijloria Çenealogica

continha e lho ouvefemos por bom e firme e valliozo e nos vendo


o que nos elle dito Conde aíly dizia e pedia e querendolhe fazer
graça e mercê fem embargo de fe fobre o dito perfilhamento nam fa-
zer outra deligencia fegundo eílillo e noíTa ordenação. Temos por
bem e confírmamoslha e raíheíicamoslhe e aprovamoslhe o dito perfi-
lhamento em todo aíTy e pella guiza que feito he e no dito eftor-
niento de perfilhamento he contheudo e porem mandamos a todollos
Corregedores Juizes juftiças ofiiciaes e peííoas de nolíos Regnos e a
quaefquer outros a que deito o conhecimento pertencer por qualquer
guiza que feja a que efta Carta for moftrada que lha cumprao e guar-
dem e façam cumprir e guardar em todo aiTy e pella guiza que em
ella he contheudo com entendimento que efto nom faça perjuizo a
alguns herdeiros fe os hy haja e a outras alguas peíToas que algum
direito hajam em os ditos bens e em teí^innmho deílo lhe mandamos
dar efta noífa Carta. Dada em a noíTa Villa de Eílremoz treze dias
do mez de Novembro. ElRey o mandou per Diogo da Fonfeca
Joaó de Villa Real a fez Anno de mil quatrocentos fetenta e oito

^0 Conde de Faro , e de Odemira, Carta porque E/Rey houv&


por revogadas , e amíjuilladas , e de nenhum vigor , (juaejcjuer
Cartas , e Alvarás ,
cjue tiver pajfado , em prejuízo de

Jeus privilégios, mercês, e liberdades. Ejlá no liv.

4. dos Myjliccs ^
pag. ó , donde a copiey.

Num. 14. T^^"^ AíTonfo, &c. A quantos efta Carta virem faço faber que
'*
*
JL/o Conde de Faraó dodemira Senhor da aveiro meu muito ama-
iin. 1479.
fobrinho , e Adiantado por mim em efta comarqua dantre Tejo e
Odiana e Regno do Algarve me difte como lhe era certificado que
eftamdo heu em os meus Regnos de Caftella per importunydade e
requirimentos dalgumas peílbas eu pafiara alguas Cartas e Alyaraaes
que erom e fam muito em prejuizo de mereces privilégios e liberda-
des que a elle dito em o dito feu Ofiicio dadiantado , e em outras
coufas que a elle tocam lhe tenho outorgadas no que diz recebeo
grande agravo. E pedindome por mercê que os ouvefe por nehuus,
e vifto per mim feu requerimento fer jufto e porque minha temçom
nom foy nem he em efto nem em algua outra coufa ao dito Conde
fazer agravo ante toda a mercê e favor como elle muy bem merece,
prazme dello e per efta minha prezente Carta ey por revogadas ani-
chelladas e de nehum vigor quaaefquer Cartas e Alvaraaes que em
^
contrario tenho paíTado em prejuizo dos privillegios mercees e liber-
dades que aíli tenho outorgadas e dadas ao dito Conde. E mando
ao Regedor das minhas Cafas da Soplicaçom do Civel e aos Dezem-
barguadores delias e a todollos outros meus Corregedores Juizes Juf-
tiças Ofiiciaes e peíToas a que o conhecimento defto pertemcer efta
minha Carta for moftrada que afty a cumpram e guardem e façom
comprir e guardar fem poerem nem confentirem poer fobre ello al-
guã
,,

da Cafa %eal To'nuguei^a.

guâ duvida nem outro embarguo por quanto aíTy he minha mercê.
Dada cm Avis vinte e oito dias dabril Afonlb Garces a fez anuo de
niil e quatrocentos e íetenta e nove.

Carta dos moradores do Algarve a Camera de LIshoa , em que


pedem os ajudem para naÕ Je dar o Senhorio de Faro a pejjoa
alguma.

MUito honrados Senhores amigos Juizes , e Regedores da muy Num, * 1 C •


nobre, e íempre leal Cidade de Lisboa, os fidalgos, Cavallei- .

ros , Eícudeiros , e povo do Reino do Algarve , vos emviamos o An. 1454.


bem , que para nòs queriamos , bem creemos , que íbbeis , que os
tempos paíTados pellos Senhores defte Reino andarem em divizaó , a
Rainha , e Ifante , Dom Pedro , que Deos aja deraó , o Oííicio de
Adiantado , e alçada de juíliça deite Reino do Algarve ao Conde Dom
Sancho, e por nos naó parecer jufto , nem lerviço de Deos, nem
delRey noíTo Senhor , nem bem de nòs outros , e ler Oííicio novo
que nunca nefte Reino ouve , nos trabalhamos com armas a irmos
em peíToa a contrariar o dito Conde naó tomar poíTe do tal Officio
aa Villa de Loulé , onde chegou para pubricar íua Carta , como de
íeito contrariamos , e efcrevemos logo fobre ello aos ditos Senhores,
os quaes por íua mercê naó quizeraó fazer o femelhante agravo , poií-
dolhes nòs ante elles os empedimentos de nos males , e mortes , que
do tal oííicio fe poderia recrecer em todo efte Reino do Algarve
e agora por aíicados , e novos requerimentos , que o dito Conde fes
a ElRey noíTo Senhor em a Cidade de Cep ta lhe tornou a dar , e
confirmar o dito oíicio de Adiantado , e regimento da juíliça , naó
pondo ante íi os muitos , e grandes ferviços , com muitas façanhas
dinas de memoria
,
que noílbs Padres , e Avos , e aquelles de quem
procedemos fízeraó aos Reis pafTados , que Deos aja , e nòs naó me-
nos o fervimos , e temos vontade de o fervir quando nos requerido
íor , e os males , e empedimentos , que diílo ao prezcnte , e ao di-
ante fe pode feguir , querendo elle tirar a juíliça de fua maó , e a dar
a íeu VaíTallo , e fazer ora novamente Rey em efte Reino do Algar- .

ve , que he abaixamento de fua Coroa Real , e comvemlhe , e he


neceíTario , que o fegundo nome
,
que tem de fe chamar Rey do Al-
garve , que o tire , poes outro Rey quer fazer , metcndo-nos em fo-
geiçaó de cautividade , a qual nos ficara fempre a filhos , e a Netos
de nòs deícendentes , fazcndo-nos ifto fem ter nenhuma necellidade
de nos em tal cativeiro pòr , e por comprazer ao dito Conde , quer
perder a nòs , por nos meter em confuzaó , e por ferto mayor ne-
ceííidade , o Rey vituriozo de grandes virtudes ElRey Domjoaó feu
Avo, de fazer Adiantamento, e tirar a juftiça de fi , que naó ElRey
noíTo Senhor, porque tinha feis filhos, e nenhum delles quiz meter
em efte Reino do Algarve , conhecendo elle tanto da dita terra , que
naó avia mifter outro pumareiro , fenaó elle , e nòs outros , que o
prantamos , e criamos , e lâ por eíTe Reino os andou agazalhando ,
fera-
,

4^4 ^^^'^^^ I^^'^' VIIL da Hijloria Çenealogica

fem em nôs querer fazer tal nojo ,


que dor mortal a nos,
naó que*
rendo conhecer noíTa lealdade , e os grandes ferviços , que temos fei-
to , que em feu Reino naó tinha , nem tem gente , que mais preíles
feja a feu ferviço tantos por tantos , nem que lhe maes rendaô , que
nòs , e porque fabemos , que nos conheceis por taes , bem cremos
que nos tempos das guerras , onde neceílidade muy grande avia no
Reino a môr parte delias por Caftella , fomos fempre comvoíco por
a vos ler Coroa de lealdade , pofto que ElRey com toda a Caza de
Caílella nos enviava prometer por fuas Cartas liberdades , e franque-
zas , aíTaz jurando , e prometendo , que fempre foífemos da Coroa do
Reino , que de nos outro tributo nem renda naó queria , fenaó as
portagens, fegundo bem cremos, que íois difto em perfeito conheci-
mento , e que por elle lhe deíTemos Tavila , e por fer em nos emxer*
tada a dita lealdade , e natureza a nòs cometida , o naó quizemos fa-
zer, nem nunca Deos tal mandaífe , e ainda naó confentio como por
efte novo Officio , que novamente deu , abre eílrada aos outros Se-
nhores lhe empedirem outras correiçoens deíles Reinos , e fazer del-
les Adiantamentos , o que pouco cumpria a efte pobre Portugal , e
aflim o dito Senhor abre caminho de ficar fem juftiça , e lhe fer ti-
rada , e por aqui fera cauza , e azo em algum tempo fe fazer Caftel-
la , porque os confelhos , e os povos delia naó feraó. em feu fer , e
porque honrados Senhores , e amigos nos naó fomos de tal naçaó ,
naó podemos confcntir outro Senhor , fenaó ElRey noífo Senhor , e
defto fe podem feguir mortes , e outros muitos grandes males fe tal
Adiantamento da dita juftiça , o dito Senhor a efte Reino nos envia,
o qual antes queríamos peftenenfa antre nos , que naó elle por fer ja
noíib imigo, como de feito he pello que de fufo declarado temos,
e ainda fer novo Oficio , e o dito Senhor nos querer tirar da liber-
dade , e da fua Coroa Real, e nos meter em fua fobjeiçaó de cati-
veiro , vos rogamos , e pedimos como Irmaons , que de fempre fo-
mos em amor , que ajaes de nos doo , e tende comnofco compaixão
como Irmaons , que ora novamente entraó em cativeiro , e nos aju-
deis a bradar , e cramar de tanto mal , e fem rezaó quanto nos El-
Rey noftb Senhor quer fazer fem cauza tomando comnolco dô , e
trifteza e afícado a pezar , e emvieis por comtemplaçaó nofta duas
boas peftbas do dito Senhor Rey com Carta vofla , e lhe recontai o
grande mal, e deftruiçaó , que nos quer fazer fobre lealdade, e mui-
to ferviço feu , fegundo lhe melhor vos fabereis mandar dizer, o que
feja recomendado as voftlis boas , e virtuozas difcriçoens em breve
as enviai â Cidade Devora , onde acharaó des fidalgos , e grandes pef-
foas das melhores defte Reino , que ao dito Senhor emviamos bra-
dar , e cramar da fem razaó que nos faz , e fe ifto correger naó qui-
zer fede Irmaons , que em todas nofl^as vidas , e de noffos filhos tra-
remos doô pello cativeiro em que nos ElRey mete , e nòs nos focor-
remos a vôs por ferdes Cabeça , e madre dós povos defte Reino , e
Irmaons voífos pello qual nos ajudareis a requerer nofta liberdade , e
aquillo , que he ferviço do dito Senhor , e de ho aftim fazerdes vos
feremos jnuito obrigados , o Senhor Deos por fua mercê acrecente
voflas
,

da Cafa %eal Tortugueí^a^ 4^5


voíTas vidas e eílados a feu fanto ferviço efcrita em a Villa Dalbo-
, :

feira , onde os ditos Conídhos foraó juntos por feus Procuradores a


29. de Janeiro de 1454. aíTeilada com o íHlo de Silves , Tavira , Al-
bofeira , Faro.

Alvará do foro de Fidalgo Cavalleiro y de D. Francifco de Faro,


Origina/ , (jue Je conjerva no Cartório da Ca/a de Vimieiro^
donde o copiey.

EU EIRey
tallegre ,
Vos Dom Alvaro da Silva Conde de Por- {^ujj^^
faço faber a
Mordomo moor de miníia Caza que Dom Francifco ,
* '

de Faro, meu muito amado fobrinho , do meu Confelho Veedor de An. i )6S.
,

minha fazenda me enviou dizer, que elle fora tomado por moço íi-

dalguo com mil reis de moradia cada mez , e hum alqueire e meyo
de cevada por dia por Alvará feito a x6. Doutubro, do anno de
quinhentos trinta e hum , e que fora acrecentado a Efcudeiro com
cinquo mil e quinhentos reis de moradia cada mez , e hum alqueire
e meyo de cevada por dia , a nove Daguoílo do anno de quinhentos
trinta e oito , pedindo-me ora por mercê que o acrccentaíTe a Ca-
,

valleiro , por quanto o fora feito no Cerquo de Cafem , e vifto feu


requerimento , e por lhe fazer mercê , ey por bem , e me praz de o
acrccentar de Efcudeiro a Cavalleiro , com mil fetecentos e cinquoen-
ta reis maes em fua moradia cada mez , aliem dos cinquo mil e qui-
nhentos reis , e alqueire e meyo de cevada , que ategora teve de Ef-
cudeiro , pera que daqui em diante tenha, e aja fete mil duzentos e
cinquoenta reis de moradia cada mez de Cavalleiro , e hum alqueire
e meyo de cevada por dia pagua fcgundo Ordenança. Mandovos
que façaes aíTentar o dito Dom Francifco de Faro no livro da Ma-
tricola dos moradores de minha Caza no titolo dos Fidalgos Caval-
leiros com a dita moradia , e cevada , rifcando-fe primeiro o aíTento
Dcfcudeiro , que no dito livro tem , e poendo-fe em ambos os ditos
aíTentos as verbas declaradas no Regimento , que fobre iíTo he feito,
e o Efcrivaô da Matricola paíTarâ fua Certidão nas coílas defte Alva-
rá , em que declare a quantas laudas do dito livro fica o dito aíTento,
e cíle lhe fera tornado para o elle ter pera fua guarda , Fernão Ve-
lho o tez em Lixboa aos xx. de Setembro de mil e quinhentos e fef-
íenta e outo.

O CARDEAL INFANTE,

Tom. V. Nnn PRO.


,

¥7
PROVAS
DO LIVRO IX.
DA
HISTORIA
GENEALÓGICA
CASA^^RE AL
PORTUGUEZA.
Doaçai cjue fez oDuçiie de Bragança D.Fernando 7. e a Duque'
,

za D. Joanna de Cajiro fua mulher ao Senhor D, Alvaro


, ,

J^u Jilho dos direitos Reaes de Bèja e outras rendas.


, ,

Authentica Cartono da Sereniffima Caja


ejlà no

de Bragança , donde a tirey.

Aibaó quantos efte publico eíVromento de tfeslado dado por Num. I •


mandado , e autoridade de juftiça em publica forma virem , *

que no anno do nacimento de noíTo Senhor Jefu Chriílo de • 47
mil e quinhentos noventa e cinquo annos aos vinte e dous
,

dias do mes de Junho do dito anno nefta Villa- Viçofa na Ca-


íinha do defpacho do Duque noíTo Senhor , eftando prefente o Licen-
ciado Archadio Dandrade Defembargador da Caía do dito Senhor ,
e Ouvidor dos feitos de fua fazenda ; e logo ahi pareceo Afoníb Al-
vres folicitador dos feitos de Sua Excellencia , e aprefentou a elle
Ouvidor huá Carta de doação delRey D. Manoel , que Deos tem
efcrita em hum livro das doaaçoês do dito Senhor , as folhas dozen-
tas e trinta e quatro pedindo a elle Ouvidor lhe mandaíTe delia dar
,

o treslado em publica forma por lhe fer neceíTario , a qual doação


vifta por elle Ouvidor por a achar limpa , fam , fem herro , nem
bcrradura nem coufa que duvida fcfa , lhe mandou delia dar o tresla-
do em modo que fizeííe fe , o qual he o feguinte. Dom
Manoel por
graça de Dcos Rey de Portugal , e dos Algarves daqucm , e dalém
rnar em Africa Senhor de Guine , e da Conquifta navegação Comer*
cio da Ethiopia , Arábia , Perfia , c da índia. A
quantos efta noíTa
Tom. V. Nnn ii Car-
,,

4^8 Trovas do Liv. IX. da Hijloria Çenealogica


Carta virem fazeiros faber que por parte de Dom James Duque de
Bragança, e de Guimarães, &c. meu m.uito amado, e prezado fo-
briíiho nos foi aprefentada hua noíTa Carta de doaçaô teita , e aMrma-
da ao Conde de Tentúgal , de que o theor delia de ver/^o ad veiijum
he o feguinte. Dom Manoel por graça de Deos Rey de Portugal
e dos Algarves daquem , e dallem mar em Africa Senhor de Guine
e da Conquifía navegação Comercio de Ethiopia, Arábia, Períia , e
da índia. A quantos eíla noíTa Carta virem fazemos fabcr , que por
parte de Dom Rodriguo de Mello meu muito amado fobrinho me foi
aprefemtada hua Carta de doação, por nos nííinada, e aíTeíIada do
iioílo fello de chumbo , de que o theor tal hc. D. Manoel por gra-
ça de Deos Rey de Portugal , e dos Algarves , daquem , e dalém
mar em Africa Senhor de Guine, e da Conquiíla navegrçaó Comer-
cio da Ethiopia Arábia , Perfia , e da índia , a quantos efta noila Car-
ta virem fazem.os faber , que por parte de D. Alvaro meu muito
amado , e prezado Primo me foi aprefentada huã nolTa Carta por
nos aílinada , e lellada do noílo fello de chumbo , da qual ho theor
tal he. Dom Manoel por graça de Deos Rey de Portugal , e dos
Algarves daquem , e dalém , mar em Africa , Senhor de Guine. A
quantos efta nolfa Carta virem fazemos íaber , que por parte de D.
Alvaro meu muito amado primo nos foi aprezentada huã Carta del-
Rey D. Aífonfo meu Tio , que Deos aja aílinada por elle , e afiella-
da do feu fello de chumbo da qual o theor de zcríw ad 'vcrtttm he
o que fe ao diante fegue. Dom AíFonfo por graça de Deos Rey de
Portugal , e do Algarve , Senhor de Ceita , e dalcacer em Africa a
quantos efta Carta virem fazemos faber que por Dom Alvaro meu
muito amado íobrinho nos foi moftrada huá doação do Duque de
Bragança feu Padre aílinada de feus linaes , e afTeilada dos feus fellos
da qual o theor de verbo ad verbwn tal he. D. Fernando Neto del-
Rey D. Joaó cuja alma Deos aja Duque de Bragança , Marques de
Villa-Viçofa , Conde de Barcellos , Dourem , e dc Árrayolos , Con-
de de Viana , Senhor de Monforte , e de Penafiel juntamente com a
Duqueza D.Joana de Caftro minha prezada, e amada mulher, e D.
Fernando Conde de Guimarães meu muito amado filh.o , meu primo-
génito herdeiro , e folteiro fem íilho nem fliia , e D. Joaó, e Dom
Aífonfo, meus muito amados filhos, fa ço pura , e inrcvoí^a'»-^el doa-
çaô amtre vivos valedoura para todo fempre a D. Alvaro meu muito
amado filho prefente , e aceptante , e a todos feus deícendentes lidi-
irios , e leigos de todas as minhas rendas
,
que eu tenho na Villa de
Beja , e feu termo aífy como me forao dadas por o Condeílabre meu
avò , e as eu poífuo com todos os privilégios , e liberdades , que as
tenho , e com poder de por hy Almoxarife, e Efcrivaô os quaes ufem
dos Oíiicios , e jurdiçao como fempre uzaraô em tempo do Condeíla-
bre meu avô^ e as appellaçoes, e aggravos damte o dito Almoxarife
venhao perante o dito D. Alvaro, ou peramte aquelle, que feu lu-
gar tiver ; e dy peramte os defembargadores do dito Senhor Rey , co-
rno fempre foi de coftume , das quaes rendas elle poíTa tomar poíTe
corporal , real , e autuai , e as polluir , e comtinuar , fem outra auto-
ridade
,

da Cafa T^al T^ortugue^a.


ridadc nenhuá , nem de juftiça , e ifto faço por em idade
elle fer , e
delpoziçao , c por bem , e grandemente , e como a ef-homem de ícu
tado , c daquelles donde defcende poder lervir ElRey meu Senhor
ou o Princepe leu filho , e a íeus íbceíTores. A
qual doação lhe fa-
ço com comdiçaó , que as ditas rendas , que lhe aíty dou nunqua pof-
laó ler partidas , nem enlheadas em outra parte , nem fe apenhem
fem deícontar , e ifto mefmo , que fallecendo o dito Dom Alvaro
fem filhos , ou filhas , ou defcemdentes lidimos , e leigos , que entaó
fe tornem as ditas coufas aquelle que for Duque de Bragança , e fe
fallecer em minha vida , o que Deos naó mande fe tornem a mim , e
também que defpois por tempo fallecendo todos os que do dito D.
,

Alvaro defccnderem que eftas rendas haó derdar , que todo juntamen-
te fe torne a aquelle , que for Duque de Bragança , e ifto n efmo ,
que aquecendo o que Deos naó mande que o que a dita foceíTaó ti-
ver a perqua por algum cafo, que ella fe torne logo ao outro leguin-
te em grao , que as ditas rendas herdaria fe o dito poft^uidor natural-
mente fallecefe , e outro fy que fafemdole o dito D. Alvaro cléri-
,

go, e avcndo denidade Arccbifpado, ou Bifpado , que as ditas ren-


,

das fe tornem logo a aquelle , que for Duque de Bragança , e efta


doação lhe faço fem embargo de quaefquer leis , e dereitos canónicos,
e eiveis , grofas e openioés de Doutores , e ordenrçoes do Reyno
,
,
Scc. em contrario fejaó , e peço por mercê a ElR.ey meu Senhor,
que aífy o queira comfirmar , e por certidão dello mandei dar efta Car-
ta ao dito Dom Alvaro aftinada por mim e por a dita Duqueza mi-
,

nha mulher, e por o dito meu filho, e por D. Ifabel mulher do di-
to meu filho, que a ello deu comfentimento , e aftellada dos noftbs
fellos , dante em Villa-Viçofa , vinte e hum dias de Janeiro , o Bacha-
rel a fez anno do rtacimento de noftb Senhor Jefu Chrifto de mil e
quatrocemtos fefemta e cimquo annos. Pedindo o dito D. Alvaro,
que lhe conifírmaílemos naó fomente por ella fer tal , que excede a
quantidade do direito deve fer infinuada , mas ainda por fer da Co-
roa do Reyno , que fem noftb expreftb comfentimento , e comfírma-
çaó fe naó podia fazer que por direito valefte ; nos vendo feu reque-
,

rimento , c efguardando iílb mefmo o devido taô chegado , quecom-


nofco tem a nos pras , que por tirarmos duvidas , que recrecer fe po-
deriaó deftas palavras em efta doação poftas , f. para todos feus de-
femdemtes lidimos , e leigos , coniformandonos com a vontade do
dito Duque em efte modo que o filho mayor baraó lidimo leigo a
,
fua morte foceda efta herança em íolido , e afty di em diante todos
feus defemdentes , e quando hy naó ouver baraó dos defemdentes do
dito D. Alvaro que venha por barcens foceda o baraó maes velho,
,

que venha de fêmea mais velha, e fendo todos baroGs como dito he
entaó venha a fêmea maes velha , e leiga que defcemda de baraó
,
fe ahy ouver , e nom avendo hy quem defcemda do baraó venha à
mais velha , que defcemda da fêmea , aftV que quando hy naó ouver
baroés , nem fêmeas defemdentes do dito D. Alvaro , entaó fe torne
efta foceftaó à dita Cafa de Bragança , e porem de nofta certa ciên-
cia
, poder abfoluto com efta declaraçaó comfírmamos , e aprova-
mos,
,,

47 o Trovas do Liv. IX. da Hljloria Çemalogica


mos , e louvamos , e retificamos a dita doação como nella he com-
teudo , e noíTa autoridade Real em elle amtreponios , e queremos ,
e mandamos , que feja firme , e valha para fempre fuprindo em ella
todo defeito , e de íblenidade , que o dereito requere para valer , e
mais firme íer , naó embargante direito canónico , e civil , groías , e
opiniões , e ditos de Doutores façanhas , e ley defpanha , ordenações
do Reyno , que em comtrario deílo fejaô , e naó embargante a lei
mental , que dis , que terras da Coroa do Reyno naó venhaó a fê-
meas a qual em efte cafo nos praz expreíTamente derrogar , os quaes
direitos todos aqui avemos por expreííamcnte revogados , e cafados
heritados , anullados , e anichilados pofto que taes fejao , que em fy
tenhaó claufulas derrogatórias aos futuros refpeitos , ou a taes fejaó
de que fe deva de verbo a verbo fazer exprefla menção porque noíTa
mercê , e vontade he de os avermos aqui todos por expreíTos , e as
claufulas delles aniquiladas, e anullar , caiar, heritar, derrogar, em
quanto efta noíTa doaçaô , e comfirmaçaó, embargao a naôvaller, ou
a menos valer em parte , ou em todo porque aííy he noíTa mercê , e
vontade. E porem mandamos dar ao dito D. Alvaro meu muito ama-
do fobrinho eíla noíTa Carta de doação , e comfirmaçaó , aflinada por
nos , e alTellada do noíTo fello de chumbo , e al naó façades. Dada
em a noíTa Cidade devora a quatro dias do mes de Janeiro Joaó Car-
reiro a fes anno do nacimento de nofib Senhor Jefu Chrifto de mil e
quatrocemtos fetenta annos. Pedindonos o dito D. Alvaro meu Pri-
mo por mercê , que lha comfirmaíTemos , e ouveíTemos por confirma-
da a dita Carta aíTy como nella hera comteudo , c vifto por nos feu
requerimento , e queremdolhe fafer graça , e mercê temos por bem , e
lha comfirmamos , e avemos por comfirmada aíTy , e na maneira , que
fe nella contem , e fe mefter fas , e vifto o devido que comnofco tem
o dito D. Alvaro meu Primo , e aos muitos ferviços , que elle , e os
donde elle delcmde à Coroa de noíTos Reynos fiferaó , e aíTy aos que
delle ao diante efperamos receber com outros bons refpeitos , que
nos a ello movem , e querendolhe fafer graça , e mercê de noíTo mo-
to próprio, certa fciencia , livre vontade, poder Real, e abfoluto
lhe damoí? , doamos , e fazemos pura , e irrevogável doação , e mer-
cê defte dia para todo fempre para elle, e todos fcus herdeiros, e fo-
ceíTores , e defcemdemtes de todo o em a dita Carta comteudo pela'
guifa , e maneira que em ella fas menção, e porem mandamos aos
Vedores de noíTa fazenda, e ao noíTo Corregedor da Comarqua, Jui-
fes, juftiças , Contadores, Almoxarifes, que tenhaó, e façaó com-
prir , e guardar efta Carta de comfirmaçaó doaçaó , e mercê , aíTy
,
como por nos he mandado , dado , e comfirmado fem embargo de
quaefquer direitos eiveis, canónicos, e de quaefquer leis, grofas , e
Ordenações , foros , coftumes , façanhas , opiniões de Doutores , e
Capitullos de Cortes, Cartas, fem tenças gcraes , ou expeciaes , de-
treminijçocs , que comtra ifto fejao as quaes aqui havemos todas por
expreíTas, e dccraradas, expecialmente renunciadas pofto que em íi
ajaó alguã claufula , ou claufulas derogatorias porque em quanto
,
comtra ifto forem as avemos por revogadas , e anulíadas, e de nenhum
vigor
da Cafa ^eal Tort tf gueixa. 471
vigor , e queremos
que efta noíTa Carta valha , e tenha eíFeito , aíFy
,
I

í
como nella he comteudo , metendo logo de poíTc ao dito D. Alvaro
I
meu Primo de todo o que dito he como por nos he mandado e por ,

, efta damos lugar, e autoridade ao dito D. Alvaro, que clle por ly,
!
e lèus officiaes tome, e polFa mandar tomar a poíTe das ditas couías
;
comteudas na dita Carta, e cada huá delias, a qual queremos , e
!
mandamos , que valha , e tenha , c aja vigor e effeito alFy como fe
,

por autoridade de noíTa juíliça íoííe feito por quanto aíTy he noíTa
mercê e havemos por bem , e o fentimos por nolFo lerviço , e por
,

firmeza dello , e lua guarda lhe mandamos dar cila nofla Carta aíTina-
da por nos , c afellada com o noflb íello de chumbo dada em Villa-
Franca de Xira a treze dias dagoflo Vicente Carneiro a fes anno do
nacimento de noíTo Senhor Jefu Chrifto , de mil e quatrocentos no-
venta e íeis annos. E bem aíly nos moftrou outra Carta , que de nos
tinha da judaria dalcacer do Tal cm fua vida , e porque nos fentindo
aíTy por íerviço de Deos , e noflo , e bem de noííos Reynos , orde-
namos e mandamos que em elles naó ouveííem Judeus , nem mou-
,

ros , nos prouve de dar , e íatisfazer por noíla Carta as peíToas j


a
que de nos tcnhaó as judarias , e mourarias outro tanto quanto ellas
remdiaó , e por quanto o dito D. Alvaro meu muito amado , e pre-
zado Primo nos pedio , que lhe dcíTemos latisfairaó das judarias , e
mourarias , que de nos tinha , temos por bem , e queremos que des
o primeiro dia de Janeiro do anno que vem de mil e quinhentos
em diante elle tenha, e aja de nos para elle, e para todos íeus her-
deiros , e foceíTores em fatisfalFaó das ditas judarias , e mourarias be-
ja , e campo Dourique que elle tenha de juro os quaes fe achou que
rendiao , f. a judaria de Beja fetenta mil reis , e as judarias do Cam-
po Dourique fefemta mil reis , e a penfaó de dez taballiaes da dita
judaria de Beja dous mil e cento e fefemta reis , e a mouraria de Be-
ja doze mil reis , que faó todos cento e quarenta e quatro mil e
cento e fefemta reis. A
dizima nova do pefcado meudo de fetuval
como fe recadar em ramo por fy , em dezanove mil e feifccntus ef
noventa e dous reis ; e a dizima nova de Cafcaes em trinta e hum
mil e novecentos e nove reis ; e a dizima nova do Porto em cinquo-
enta e oito mil e quinhentos e cinquoenta e tres reis , e ametade da
dizima nova dazurara que eftá poíla toda em fefemta mil reis , e mais
tres mil e novecentos e noventa e quatro reis que haverá para com-
primento dos ditos cento e quarenta e quatro mil e cento e fefemta
reis na outra metade da dita dizima nova dazurara , a qual metade da
dita dizima dazurara averá em fua vida , em fatisfaíTao da dita juda-
ria dalcacer que elle tinha em vida , e vallia dezafcre mil e quinhen-
tos reis , e dezoito mil e quinhentos e dezafeis reis , que ha daver
em parte de pago da judaria dolivença que foi avaliada em cinquoen-
ta mil reis em fua vida , e de fua mulher porque o maes ouve por
Carta geral , e has fifas dolivença com que fe enche a copia da dita
dizima , e per feu falecimento ficará a nos a dita metade da dita di-
zima dazurara , pella qual metade elle , e feus herdeiros avcraó os di-
tos tres mil e novecentos e noventa e quatro reis de juro , e herdade
como
47^ ^^ovas do Lh. IX. da Hiftòría (genealógica
como em cima dito he pagos aos quartéis por encheo , fcm quebrar
,

e mais averá na dita metade da dita dizima , D. Felipa íua ir.ulhe,


em fua vida os ditos oito mil e feifcentos e feis reis que íe lhe dao
em parte da fatisfalFao da judaria dolivença , que elles ambos tem em
fua vida pagos aos quartéis emcheo , e lem quebra , das quaes dizi-
mas lhe fazemos pura, e inrevogavel doação amtre vivos valedoura,
f. das ditas dizimas novas
,
pefcado meudo de fetuval , e das dizimas
novas de Cafcaes , e do Porto , e da metade da dizima nova dazu-
rara , com tres mil e novecemtos e novemta e quatro reis que ha da-
ver na outra metade, para elle , e para todos íeus herdeiros, e fob-
ceífores em fatisfaíTam das ditas judarias , e mouraria de Beja , e Cam-
po Dourique , e da outra metade da dizima nova dazurara em fua
vida , e por feu falecimento os ditos oito mil e quinhentos e feis reis
em vida da dita D. Felipa fua molher pelo modo , e maneira , e fa-
culdades , que elle tinha, e avia as ditas judarias , e rPiCuraria a qual
doação das ditas dizimas lhe aíTy fazemos com todas as rendas, fo-
ros, tributos com que fe ellas atequi para nos tirarão, e arrecadarão,
e com todo o que a nos , e à Coroa de noíTos R eynos pertemce
com todas liberdades ,
franquefas ,
ilençoés , e faculdades com que as
nos poíTuimos, e aviamos , e queremos , e mandamos, que elle por
fy , e por feus officiaes mande arrecadar , e receber , e arendar , e
aver como lhe prouver, o qual todo aíTy queremos, e mandamos,
que fe cumpra, fem embargo de quaefquer leis, crdenaçoés , grofas, j

façanhas , openioes de Doutores, Cartas fentenças , CapituUos de Cor*


íes que comtra efto fejaó , porque em quanto comtra efto forem os
havemos por revogados , e anullados, e de nenhum vigor, e iíTo mef-
mo fem embargo da ordenação , que hora novamente fizem.os , que
podemos tomar as dizimas dos pefcados a quaefquer peíToas a que as
deíTemos damdolhe outros dereitos Reacs ; porque queremos , e nos
praz , que a dita ordenação fe naô entenda no dito D. Alvaro meu
Primo , e porem mandamos aos Vedores de nofla fazenda , e a todol-
los outros noíTos officiaes, juizes, e juftiças a que eíla noíFa Carta
for moftrada , e o conhecimento delia pertencer que a façam com-
,
prir , e guardar como nella hc comteudo , e metaó em poíTe ao dito
D. Alvaro meu Primo das ditas dizimas como nefta doação he com-
teudo , e nos por a prefente o avemos por metido em pofle delias;
e por frmeza dello lhe mandamos dar eíla noííh Carta por nos aííina-
da , e aífellada do noífo íello de chumbo dada em a Villa dalcacer a
quinze dias de Setembro Vicente Carvalho a fes anno do nacimento
de noíTo Senhor Jeíu Chrifto de mil e quatrocemtos e noventa e no-
ve , e eu Joaó da Fonfeca efcrivaó da fazenda do dito Senhor a íis
efcrever, e aqui fobefcrevi. E quanto he a dizima nov^a do pefcado
meudo , avellaha aífy , e pela maneira , que fe ate ora para nos arre-
cadou fem ahy poder entrar outro pefcado falvo o meudo como fem-
pre andou em ramo , e dizemdome o dito D. Rodrigo que por quan-
to hora por fallecimento do dito Dom Alvaro feu padre cuja alma
Deos aja as ditas dizimas íicaraó a elle por foceífaó direita , e bem
da dita doação nos pedia, que nos Ihe^comfírmaíTeraos a dita renda
como I
,

da Caja ^al Tortugue)^a. 473


í
i
como nclla he comteudo, e viílo por nos feu difer, e pedir, e
it
querendolhe fafer graça , e mercê temos por bem , e lhe comfírma-
ii
i
mos , e avemos por comfirmada a dita Carta aíTy , e taó comprida-
ii
I
mente como fe nclla contem , c queremos por efta , e mandamos ,
i
}
que ho dito Dom Rodrigo aja , e poílua , mande arrecadar para fy
e
1 as ditas dizimas na forma , e maneira , que as avia o dito D. Alvaro
1!
I
feu Padre , e melhor fe com dercito as melhor poder aver pela dita
Z! 1 renda. Outro fy nos praz queremos, e mandamos, que a dita D.
i Felipa fua madre aja por eíla mefma Carta os ditos oito mil e feif-
i ccmtos e fcis reis , em parte da latisfaífam da judaria dolivença pella
r outra metade da dita dizima dazurara em fua vida como a cima he
L coniíeudo , e por ella os aja , e mande arrecadar como fazia atequi
;i
por a dita Carta do dito Dom
Alvaro feu marido , e quanto ao que
3
da dita metade da dita dizima dazurara fobeja , tirados delia os ditos
i
oito mil e feifcemtos e íeis reis da dita Dona Felipa , e aíly os tres
3 mil e novecemtos e novemta e quatro reis que por ella o dito Dom
)i
Rodrigo ha daver de juro como foi dado ao dito feu padre , e a ci-
í ma dito he , que hora por feu falecimento fica a nos por fer fomen-
s
te cm fua vida , avendo nos refpeito ao devido que com o dito Dom
f
Rodrigo temos , e aos muitos ferviços que o dito Alvaro , e Dom
;
aquclles de que defcemde tem feito aos Reys paíTados , e a nos , e
a eíles Reynos , e aos que do dito Dom
Rodrigo ao diante efpera-
mos receber , querendolhe por ello fafer graça , e mercê , temos por
bem , c nos praz que cUe tenha , e aja de nos todo o que aíTy re-
manece da dita metade da dita dizima tirados os ditos oito mil e feif-
cemtos e feis reis de fua Madre , e os tres mil e novecemtos e noven-
ta e quatro reis feus , e efto em lua vida na forma que hos de nos
[ tinha , e avia o dito Dom
Alvaro feu Pay , e por falecimento do di-
\
to Dom Rodrigo ficará a nos , e a noíTos herdeiros na maneira que
,
hora ficou por falecimento do dito Dom
Alvaro , e porem manda-
mos aos Vedores de Comtadores , e Almoxarifes
noífa
, fazemda
I juizes , e juíliças , e peíPoas outras a que eíla noífa Carta for mof-
i
trada , e o conhecimento delia pertencer, que a façaó aífy inteira-
mente comprir , e guardar , em todo , e por todo com todas aquel-
Ias claufullas
, e comdiçoês , que nella mandamos , e acima he com-
;
teudo ,mctaô logo o dito Dom Rodrigo cm poíle das ditas dizi-
e
mas como efiava o dito Dom Alvaro feu Padre, c o leixem todo
nver ,e poífuir e mandar arrecadar como dito he , porque aífy he
,

noíFa mercê , e por firmeza dello lhe mandamos dar eíla noíla Carta
por nos aílinada e afcllada do noíFo íello de chumbo. Dada em a
,

noííh Cidade de Lixboa aos dez dias do mes de Março , Lopo Fer-
nandes a fcs anno do nacin^cnto dc nclfo Senhor Jefu Chriílo de mil
e quinhentos e quatro. E nprcfentada aífy a dita doação o dito Du-
que meu fobrinho nos enviou moílrar hum publico eílrcmento feito,
e aííinado por Diogo Gonçalves publico Tabaliao por nos nefia noíTa
Cidade devora aos onze dins de Março deíle anno prefente de qui-
nhentos e vinte, em ho qual emtre outras coufns ie ccmtinba , que
o Ccndc de Tentúgal com a CondeíFa fua m.olher , e o Licenciado
Tom. V. Ooo Joam
474 ^^^'^^^ I^da Hlfloria Çenealcgtca

Joam Lopes Ouvidor do dito Conde como tutor , e Curador dado


por nos a Dom Alvaro filho primogénito , herdeiro do dito Conde
para efte calo renunciavaó de feu próprio moto , e livre vontade em
noífas niaós as ditas dizimas novas dos pefcados de Cafcaes , e do Por-
to , e a dizima nova do pefcado meudo de íetuval , e a metade da
dizima nova dos pefcados dazurara com mais tres mil novecentos no-
venta e quatro reis , que na outra metade de nos tem por a doação
acima efcrita em todo de juro , e herdade , e dos vinte e feis mil
e íeis reis , que na dita dizima maes fobejao , nos praz fazer doação,
e mercê ao dito Conde em fua vida , e do dito feu filho , e avendo
rcfpeito a feus ferviços , e merecimentos para juntamente com as ou-
tras dizimas acima efcritas , fe darem , e trefpaíTarem no dito Du-
que , e em feu filho mayor herdeiro de fua Cafa , com que tinha
contratado de as dar , e trocar pellas fuas Villas de Villa-Alva , e
Villa Ruiva com fuas jurdiçocs, rendas, e dereitos , padroado da
Igreja de Villa Ruiva , e vigairia da Igreja de Villa-AIva , a qual
renunciaçaó faziao per virtude de hum noíTo alvará de licença que
a hum , e a outro para iííb déramos , pedindonos o dito Duque por
mercê que por ja amtre elles eftar aítentado , e feito o dito comtra-
to , e termos ja paífado doação das ditas Villas ao dito Conde qui-
feífemos trefpaíTar nelle as ditas dizimas, e lhe mandaiTemos delias fa-
zer Carta em forma , e vifto por nos feu requerimento , e noílo con-
fentimento , e autoridade, e renunciaçaó do dito Conde, e Condef-
fa , e de feu filho por o dito Lecenceado como feu Tutor, no qual
nos de noíTo poder Real foprimos todo , e qualquer defeito de me-
noridade que com elle ha , e o habcllitamos para o dito cafo , e aíTy
\'ii\o o comtrato emtre elles celebrado , e a doação a tras fcrita por
nos feita ao dito Conde, das ditas dizimas, temos por bem, c nos
praz , de trcfpaíTarmos como de feito trefpaífamos as ditas dizimas
novas de Cafcaes , e do Porto , e do pefcado nieudo de fetiivai , e
a metade da dizima nova dazurara , com os ditos tres mil e nove-
centos e noventa e quatro reis no dito Duque , e lhe fazemcs delias
pura e inrevogavel doação de juro , e derdade para elle , e para to-
,

dos feus herdeiros , e foceíTores , e o que mais fobeja da metade da


dita dizima nova dazurara tirados os tres mil novecentos e noventa e
quatro reis acim.a ditos lhe damos , e doamos em fua vida , e de feu
filho mayor herdeiro de fua Cafa por cujo falecimento ficará a nos,
ou a noíTbs herdeiros , e foceíTores. A qual doação das ditas dizimas
lhe aíTy fazemos pella guiía, e maneira que as o dito Conde de nós,
e da Coroa de noíFo Reyno tinha , e poííuya , com todas as claufu-
las , e comdiçoés, decraraçoes franqueias, liberdades, iíençoes , e
,
poderes nas ditas doações a tras efcritas comteudas , e queremos , e
mandamos , que elle dito Duque , e feus foceíTores por íy e por feus
,

oíficiaes as mandem receber , e arrecadar, e arrendar, e julgar como


na dita doação he comteudo des o primeiro dia de Janeiro defle an-
no de quinhentos e vimte em diante, como fe no dito comtrato com-
tem, e porem mandamos aos Vedores de noíTa fazenda Contadores,
e Almoxarifes , e a todos os outros noííos oíEciacs juizes, e juOi-
,

ças,
da Caja T^ortugucí^a,
TS,eal
47 S
ças , que efta noíTa Carta for inoftrada , e o conhecimento deJla per-
a
tencer , que lha façaó comprir e guardar como nella he comteudo
,
,

e metaô cm polfc ao dito Duque, ou a feu certo recado das ditas


dizimas como nefta noftâ doação he comteudo , e façaó aíTemtar efta
noiía Carta no livro dos próprios para em todo tempo fe faber co-
mo as de nos tem , e por firmeza dcllo lhe mandamos dar efta Car-
ta por nos aftinada , e afellada do noíTo fello pendente , dada em a
noífa Cidade Devora , a fete dias do mes doutubro Jorge Fernandes
a fes Anno do nacimento de nofto Senhor Jefu Chrifto de mil e qui-
nhentos e vinte. E afl^y aprefemtou mais o dito folicitador hum qua-
derno aftinado por Duarte Dias de Menefes que foi efcrivaó das con-
fírmaçoens , em que declara as doações , que lhe foraó entreí^ues por
parte do Duque para íe haverem de confirmar por ElRey Dom Se-
baftiaó , que Deos tem , o qual caderno he feito a 6iij de Julho do
anuo de mil e quinhentos e fetenta e quatro , e na folha primeira del-
le na volta , moftrou huii addiçaó , que dis aífy. A Doação das di-
zimas do pefcado do Porto , e Zurara , Cafcaes , e fetuval , e a dita
adição naó diz mais que eftá amtre outras no dito caderno. A qual
doaçaô aqui tresladada neftas oaze meas folhas com efta ,
que aiVuiQy,
o dito Ouvidor mandou que valleífe , e fizeíTe fé em juizo , e fora
delle , para o que interpôs feu decreto , e autoridade judicial , e or-
dinária. E eu Simaó Pinheiro Notário publico da Cafa do Duque
noílb Senhor por autoridade de Sua Mageftade a tresladei do dito li-
vro , bem , e fielmente , e efte treslado comfertei com o oflicial abai-
xo aftinado , e aqui afiney de meu publico final. Lugar do final pu-
blico. Concertado comigo tabaliaó Ayres Gomes.

CíJrta do Officio de Chanceller mòr do Rey no , ao Sendor D. Al-


varo. Ejtá na Torre do Tombo no Uv. Dextras^ pag. i^o,
,

ver/', donde a copiey.

DOm AfFonfo Rey de Caftella , &c. fazemos faber que confiando


nos da diícripçaó e bondade de D. Alvaro noíTo muito amado
NuiTl.
*
2>
*
fobrinlio e havendo refpeito aos muitos e extremados ferviflx^s que ^
nos delle temos recebido , e ao diante efperamos receber nos praz
de lhe darmos como de feito por efta damos a Chancellaria mor dos
ditos noífos Regnos de Portugal e dos Algarves , &c. e o fazemos
noífo Chanceller mor afim pela guiza que o era o Arcebifpo de Bra-
ga D. Fernando nolTo Prim>o que Deos perdoe e os outros que an-
te ele foraó , e com todas as prerogativas e preeminências , com que
o dito Arcebifpo e os outros dant3 ele efte Ofticio tinhaó , e co^n
todalas rendas proveitos e proes a ele pertencentes , o qual Officio
hora vagou por morte do Doutor Ruy Gomes de Alvarenga , e ha-
vemos por muito certo , que o dito D. Alvaro fe aja em todo o que
ao dito Officio e fíeldade dele pertence afim bem e virtuozamente,
que o noflx) fervifto íeja compridamente guardado , e ao povo feu
Tom, V. boo ii direi-
47^ Trovas do Liv. IX. da Hijlcria Çenealogica
direito ,porem encomendamos e mandamos ao Príncipe rneu fobre
e
todos muito amado e prezado Filho que o aja daqui em diante por
,

intitulado em o dito Officio e lhe leixe fazer livremente delle , e


,

em elletodo aquelo que lhe pertence , e deve fazer , e mandam.os a


todas as Juftiças dos ditos noíTos Regnos de Portugal e dos Algarves,
&c. que afim cumpraó e guardem feus mandados , como os noíTos
propios fem mingoamento algum , por certidom defto e fua feguran-
ca , mandamos paíTar efta noíTa Carta , per nos afígnada e afellada do
noíTo fello dada em a ncíTa Cidade de Touro a onze dias dc Agoílo
AíFonfo Garces a fez de mil quatrocentos fetenta e cinco.

Doaçaò ,
que o Ducjue de Bragança fez a feu irma'6 o Senhor D.
Alvaro y das terras do Cadaval, Peral, O" c. EJIá na Torre
do Tombo ^ no iiv, do& Mvjiicos ,
pag, ipz, verj.
donde a tirey,

?Cr TT^ Manoel


, hz. A quantos efta noíTa Carti virem. Fazemos
rSun). faberque por parte do Conde de Tentúgal meu muito amado
An. 1478. fobrinho nos foi aprezentada Inura noíTa Carta de que o theor tal
he. Dom Manoel , &c. A quantos efta noíla Carta virem. Fazemos
faber que por parte de Dom Alvaro meu muito amado primo nos
foi aprezentada huma Carta do Duque de Bragança Dom Fernando
que Deos haja aífinada por elle e pella Duqueza fua molher minha
muito amada e prezada Irmã e afellada do feu fello da qual o theor
tal he. Dom Fernando Duque de Bragança Marques de Villa-Viço-
za Conde de Barcellos Doureín e de Arayollos de Viana Senhor de
Montalegre e de Monforte e Penafiel. A quantos efta minha Carta
de doação e perdurável fírmidaó antre vivos valledoura defte dia pa-
ra todo fempre virem que havendo eu concideraçam ao grande amor
e afeição que tenho a Dom Alvaro meu Irmaó pello muito fingullar
amor que fey que me tem e querendolhe fatisfazer como he rezaó
natural e dereito do fangue e divido tam chegado me obriga compra-
zer e expreço confentimento da Duqueza Dona Izabel minha muito
amada e prezada molher e bem aíTy com outorga e requerimento da
Duqueza minha Senhora madre que me a efto para o dito Dom Al-
varo requereo e em todo confentir por fer couza que a ella perten-
cia e por bem de fua herança me praz e quero e outorgo realmente
e com effeito de minha própria e livre vontade certa fabedoria fem
prema emduzimento nem conftrangimento de peíToa alguma falvo co-
mo dito he fazer como de fieito faço pura e inrevogavel antre vivos
valledoira graça e mcrce ao dito Dom Alvaro meu Irniaó a efto pre-
zente eftipulante e aceitante para fy e todos feus herdeiros e fucef-
fores que depois delle vierem para fempre das terras do Cadaval e
Peral com todas fuas jurdiçoes Ciyes e Crimes altas e baixas mero
mixto Império e com todas fuas rendas e pertenças foros e tributos
dereitos e dereituras que hora tem e peftue em fua vida o Senhor
Marques
da Cafa ^al T^oríugne^^a

f5
I Marques de Montemor meu Irmaó per dada do Duque meu Senhor
ít ;
e padre que Deos haja e confcntimento meu e confirmação dclRcy
e meu Senhor aíTy e tam compridamcntc como o hora tem e para fy
a arecada o dito Marques e fegundo por morte delle dito Marques a
s,

I
my pertencer poderiaó e des agora para entaõ e para em todo o
's tempo excedo para ello todallas auçoés utilles e dereitos Reaes e pef-
1'
I
loaes e todos os outros remédios de demandar arecadar poíTuir e re-
0 ter e mando a todollos mordomos Almoxarifes Ouvidores feitores e
3 arecadadores cazeiros foreiros infatiotas tributairos e fugeitos por
qualquer guiza e modo que feja e fer poflà e tanto que elle dito
I
Marques fallecer como dito he reconheçam Senhorio a elle dito Dom
'I Alvaro ou a feus herdeiros em todos os ditos lugares e lhe acudam
e paguem com todollos frutos e rendas foros tributos e cenfos e to-
I do outro qualquer dereito que pagam e aludem ao dito Senhor Mar-
ques e pagar deveriam a mim depois de fua morte e elle dito Dom
Alvaro poífa ententar eíiei toai mente os ditos remédios de o deman-
dar c per fua authoridade fem outra alguma de juíliça a poíTe e afy
poíTe das fobreditas couzas tomar continuar e reter e os fobreditos
officiaes e fubditos e obrigados conftranger que paguem todo como
dito he e efta doação haja effeito fallecendo elle dito Marques fem
filhos legítimos fem lidimamente nados quer falleça o dito Marques
em minha vida quer depois de minha morte porque em todo cazo
quero e me praz que logo as ditas terras e rendas e couzas fiquem
por fua morte livres e dezembargadas a elle dito Dom Alvaro meu
Irmão para elle e todos feus herdeiros fucceíTores quer elle ditoDom
Alvaro primeiro falleça que o dito Marquez quer depois e aífy para
fempre como dito he e efto com tal entendimento e declaraçam que
fallecendo o dito Dom Alvaro meu Irmaó da vida prezente ou feus
defcendentes fem herdeiros lidimos delle e de feus defccndentes que
ll
I em tal cazo as ditas terras e couzas contheudas nefta doaçam tornem
direitamente a mim e a meus herdeiros e fuceíTores defta minha Ga-
za de Bargança e por quanto o dito Senhor Marques deílo todo praz
para que he compridoiro feu expreço confcntimento elle fobfcrevcra
e afiinara eíla minha Carta e bem aíTy as ditas Senhoras Duquezas
minha Senhora madre e molher e peíTo por mercê a ElRey meu Se-
nhor que todo confirme e aprove e rathefique e para mayor corrobo-
1
raçam firmidam e comvallidaçam defta couza para que feja bem guar-
dada fem mingoamento algum emcomendo e mando a meu filho fu-
i' ceflbr que efta minha Caza herdar e fuceder e aífy aos que pello tem-
po forem fob penna de minha maldiçam e porque hajam a minha
benção e de feus avoz e de Deos que em maneira alguma nam vam
I
contra efta Carta de doaçam antes a guardem e façam guardar e com-
I prir inteiramente e em cazo que nam efpero que ao dito Dom Alva-
ro ou a feus herdeiros for movida conthenda de feito ou de dereito
fobre eftas couzas ou cada huma delias des agora para em todo tem-
po por meus filhos e fuceífores com confcntimento expreço da Du-
|i queza minha molher prometo dar e pagar por meus bens patrimo-
niaes ao dito Dom Alvaro e feus herdeiros e fuceftbres fete mil cru-
zados
478 Trovas do Liv. IX, da Hijloria Çenealogica
zados douro da ley e pezo que hora fani dos quaes des agora para
o dito cazo e tempo lhe faço doaçam como dito he em paga com-
pençaíam e íatisfaçaó das ditas terras e couzas com todas perdas e
cuílas e damnos e menolcabos que o dito Dom Alvaro e Teus her-
deiros vindouros por ello fizerem e receberem íob obrigaçam de to-
dos meus bens patrimoniaes e moves e de rais prezentes e vindoiros
que para ello obrigo efpecialmente ipoteco e para a dita íatisfaçaó
aparto e afigno des agora e efpecialmente obrigo o genezim de Lif-
boa e bem alfy o porque efta empenhado e a quinta minha de Covi-
Ihâa e os bens que eu tenho na minha Villa de Chaves que forao
da Condeça Dona Guiom.ar e per a dita fatisfaçam e comprimento de
boa paga do dito Dom Alvaro ou de feus herdeiros a que tal conde-
naçam for movida ou efta dita doaçam contradiíer para o que e tam-
bém em feu caífo lhe dou e excedo as auçoes remédios fobre ditos af-
fy e tam compridamente como a elle dito Dom Alvaro ou feus her-
deiros for compridouro e eu hey aqui por fupridas e expreças e de-
claradas quaefquer clauzullas e cautellas e bem aíTy todo fallecimento
de folemnidade que de feito ou de dereito neceíTario feja para efta
doaçam firme Ter e mais valler e renuncio expreçamente todallas leys
opinicens foros façanhas Capitulos ordenações e outras quaefquer de-
terminações que cm contrairo lejam as quaes hey aqui por expreças
e nomeadas e inviolável mente renunciadas e todo o que dito he pro-
metemos eu e a dita Duqueza minha molher por nos e por noftbs
herdeiros e fticeíTores bens moveis e de rais e fob a dita obrigaçam
de ter e comprir e fazer compnr em todo o tempo fem mingoamen-
to algum o que todo o dito prezente aceitou como dito he finalmen-
te por mor corroboraçam e firmeza das couzas fobre ditas e de cada
huma delias peço por mercê a ElRey meu Senhor que dê a todo ef-
to feu confentimento placito e authoridade e confirmaçam em forma
para o tal cazo e auto principal compridoira e aprovando e rathefi-
cando as couzas fobre ditas e cada huma delias e em teftimunho de
verdade mandey fer feita efta Carta por mim aflinada e aíellada do
meu fello e bem aíTy fobfcrita e aflinada pellas ditas Senhoras Duque-
zas e afellada dos íeus fellos para o dito Dom Alvaro e feus fuccef-
fores. Feita em a Cidade de Lisboa vinte dias do mez de Novembro
Diogo Pires efcrivaó da Camara do dito Senhor a fez Anno do nafci-
mento de noíTo Senhor Jezu Chrifto de mil quatrocentos fetenta c oi-
to annos. Pedindonos o dito Dom Alvaro meu primo por mercê que
lhe confirmaíemos e houveífemos por confirmada a dita Carta aífy
como nella hera contheudo e vifto por nos feu requerimento e que-
rendolhe fazer graça e mercê. Temos por bem e lha confirmamos e
havemos por confirmada aífy e na maneira que le nella conthem e fe
mefter faz vifto o divido que o dito Dom Alvaro meu primo com-
nofco ha e os muitos ferviços que elle e os donde elle defcende a
Coroa dos noíTos Regnos fizeraô e aífy aos que ao deante delle ef-
peramos receber com outros bons refpeitos que nos a ello movem e
querendolhe fazer graça e mercê de noflb próprio moto certa fciencia
livre vontade poder Real e abfoluto lhe damos doamos e fazemos pu-
ra
da Cafa ^eal Tortugue^^a, 47^
ra e irrevogável doaçam e mercê defte dia para todo fcmpre para el-
le e todos leus herdeiros íucceííores e dclcendentes de todo o em a
dita Carta contheudo pella guiza e maneira que cm cila faz menção.
Porem mandamos aos Vedores da nolTa íazcnda e ao noflo Correge-
dor da Comarca Juizes Juíliças Contadores e Almoxarifes que tenliíió
e façam comprir efta noíTa Carta de confírmaçam doação c n.erce af-
fy como por nos hc mandado doado e confirmado fem embargo de
direitos Civeis e Canónicos de quaeíquer Icys glozas ordenações fo-
ros coftumes e façanhas e opiniocns de Doutores e Capitules de Cor-
tes Cnrtas fentenças geraes ou efpeciacs determinações que contra if-
to fejaô as quaes todas aqui havemos por expreças e declaradas e ef-
pecial mente renunciadas pofto que em fy haja alguma clauzulla ou
clauzuilas derogatorias porque em quanto contra cílo forem as have-
mos por revogadas e anulladas e de nenhum vigor e queremos que
efta noíTa Carta valha e tenha afly como nella he contheudo meten-
do logo de poíTe ao dito Dom Alvaro meu primo de todo o que di-
to he como per nos he mandado e por ef a damos lugar e suthori-
dade ao dito Dom Alvaro que elle per fy e feus oíFciaes tome e pof-
fa mandar tomar a pode das ditas ccuzas ccnthcudas ra dita Carta
c cada huma delias a qual queremos e mandamos que valha e haja e
tenha vigor e eftcMto aíTy como fe per authoridade de noíTa jufiiça
foflc feita porque aíTy he nolfa mercê e o havemos por bem e o fen-
timos por noíFo ferviço e por firmeza dello e fua fegurança lhe man-
damos dar efta nofta Carta aíinada por nos e afellada do noftb fello
de chumbo. Dada em a Villa de Torres Vedras a vinte trcs dias de
Agofto. Pero Lopes a iez Anno do nafcimento de noftb Senhor Jezu
Chrifto de mil quatrocentos noventa e feis. A qual conf rmaçao doa-
çam e mercê que lhe afty fazemos na maneira fobre dita pellas re-
zoés em íima declaradas e difte porque Dom James Duque de Bra-
gança e de Guimarães meu muito prezado e amado fobrinho nos ef-
creveo fobrello huma Carta aftlnada por elle e por Dom Deniz feu
Irmão outro fy meu muito amado fobrinho da qual o theor tal he.
Muito alto e muy podcrozo Senhor por efta certhefíco a Vofta Alte-
za que eu fom contente e me praz que Vofta Alteza conHrme a Dom
Alvaro meu tio huma doaçam que tem do Duque mieu Senhor e pa-
dre que fanta gloria haja aftinada per elle e pella Duqueza minha Se-
nhora das terras do Cadaval e Peral e porque a mim praz que elle
as haja afty e pella mcneira como na dita doação fe conthem e per
cila lhe foi outorgada beijarey as mãos de Voífa Alteza por lho afty
outorgar e mandar confirmar e por fer difto certo aftiney efto na
Atouguia da Ballea a vinte dous dias de Agofto de mil quatrocentos
noventa e feis. Pedindonos o dito Conde por mercê que por quan-
to elle hera o filho baram mais velho do dito Dom Alvaro lhe qui-
zefemos confirmar a dita Carta afty como nella he contheudo e vif-
to por nos íeu dizer e pedir fer jufto e quercndolhe fazer graça e
mcrce lhe confirmamos afty a dita Carta para elle e todos feus herdei-
ros e fuceftbres aft^y e na maneira que fe nella conthem. Porem man-
damos aos Vedores de nofta fazenda Corregedores Juizes e Juftiças a
que
,

480 Trovas do Ltv. IX. da Hifloria genealógica


que efta moftrada que leixem o dito Conde per fy e feus offi-
for
ciaes haver e continuar a poíTe das ditas terras e rendas e direitos e
uzar de toda jurdiçam aíly como athequi fe uzou com todoUos priri'
legios e liberdades com que fe para nos recadariam porque alfy hc
noíFa mercê. Dada em a noífa Villa de Almeirim a tres dias do mez
de Março. Antonio Paes a fez anno do nafcimento de noíTo Senhor
Jezu Chrifto de mil quinhentos e dezaíeis.

Contrato do ca/amento do Senhor D. Alvaro, com D. Filippa dc


Mello , D. Rodrigo,
filha de primeiro Conde de Olivença, Ej-
tà na Torre do Tombo , no liv. 2. dos Myi/licos ,
pog.
1^7 j
verj:

xT . "l^Om Aífonfo , S^c. A


quantos efta noíTa carta mandado, e au-
1 .
J^thoridade, confirmação, aprovação, e ratheficaçaó virem* Faze-
An. 1479* mos faber que por parte de Dom Rodrigo de Mello Conde de Oli-
vença e Capitão por nós da noífa Cidade de Tanger em Africa , e
da Condeça fua molher , e de Dom Alvaro meu muito amado e pre-
zado Sobrinho nos foi aprezentado hua efcritura de dotte e cazamen-
to em a qual faó conteúdos certos Capitules acordados , e afirmados
entre o ditto Dom Alvaro por feu procurador e o ditto Conde e
Condeça de Olivença fobre o contrauto de cazamento de Dona Fe-
lipa fua filha em a qual efcritura antre outras couzas o ditto Conde
e Condeça a nos cometerão , e nos pedirão por mercê que por a dit-
ta capitulaçaó em o ditto contrauto contheuda haver firme effeito ,
e fer cautellada e aílentada em forma de direito como a elles com-
prira e ao ditto Dom Alvaro , c aa dita fua filha comcteffemos a or-
denança , e aftento do dito contrauto que aíFy lhes cumpria fer feito
a dous Letrados que o bem fizeílem ; e nos por lhe fazermos graça
e mercê aceptamos o ditto carrego , e confiando da bondade e dif-
criçaó e leteradura do Doutor Joaó Teixeira , e do Doutor Joaó Del-
vas e concirando que o fariaó bem e como ao cazo pertencia lho
cometemos da qual efcritura c poder a nós dado he o que fc ao di-
ante fegue. Saybaó quantos efte publico eftromento de fe firniidioem
e certeza virem que no anno de Noftb Senhor Jezu Chrifto de mil
quatrocentos fetcnta e nove annos dezouto dias do mes de Setembro
na Cidade de Tanger dentro no Caílello nos Paços honde pouza 6
muy nobre Senhor Dom Rodrigo de Mello Conde de Olivença Ca-
pitão e Governador da diíta Cidade eftaiido hy o ditto Senhor de
prezente , e a mui virtuoza Senhora Condeça Dona Izabel de Mene-
zes fua molher tendo hy confígo os dittos Senhores a Senhora Dona
Felipa fua filha e eftando iftb mefmo de prezente o honrado Fernão
de Lemos Cavaleiro do Senhor Conde de Faro Procurador do Illuf-
tre Senhor Dom Alvaro filho do Duque de Bragança que Deos haja
fegundo logo moftrou por huma fuficicnte procuração do ditto Se-
nhor Dom Alvaro conftituinte a elle Fernão de Lemos feita e outor-
• gada
,

da Cafa %eal Tortuguei^a» 481


gada ,da qual o thccr de verbo a verbo he efte que fe a diante fegue»
Saybaó os que eíla prezente procuração virem que aos outo dias do
mez de Janeiro do anno de mil quatrocentos fetenta e nove em a
Cidade de Évora dentro em os Paços honde hora pouza o Senhor
Dom Alvaro filho do Duque , &:c. em prczença de mim notairo ge-
T"! , e das teílemunhas ao diante efcritas , eftando hy o ditto Senhor
logo por elle foi ditto que por quanto elle tinha ordenado com a
graça de Dcos cazar com a Senhora Dona Felipa filha do Senhor
Conde de Olivença e da Senhora Condcca Dona Izabel fua molher,
c por quanto era compridouro e necelíario a elles fazerem prnneiro
feu contrato de cazamento dotte e arras , e bem aíTy em feu nome a
ditta Senhora fer recebida fegundo que a tal auto , e a taes e ta6
grandes peífoas convém , e por elles afTy ferem auzentes e alongados
e nom poderem per fy antre prezentes fazer o que elle ditto Senhor
Dom Alvaro tinha determinado de enviar à noíla Cidade de Tanger
o honrado Fernão de Lemos Cavaleiro para as dittas couzas trautar
praticar concrodir e finalmente acabar , e por tanto logo por o ditto
Senhor D. Alvaro foi ditto que elle confiando de entender bondade
e dilcriçao do dito Fernão de Lemos , ello dito Senhor para ello fa-
zia conftituhia e ordenava por feu procurador lidimo abondozo fufi-
cientc , e abaftante no melhor modo e forma que o direito em tal
cazo otorga para por elle , e em feu nome com os dittos Conde e
Condeça e bem aífy com a ditta Senhora fua filha trautar , alTentar
fazer , e celebrar o ditto contrauto de cazamento dote e arras na me-
lhor forma modo e maneira que ao ditto Procurador parecer ao dito
auto convinhavel , e da parte dos dittos Senhores requerido for e
com elles acordar e bem aíly para o depois do ditto contrauto feito
e acabado a ditta Senhora Dona F^elipa em nome do ditto Senhor
Dom Alvaro receber em forma da Santa Igreja por fua molher e
eípoza per as palavras e forma da Santa Igreja. Mais ahinda lhe dá
poder que elle em feu nome poíTa efpecialmente fobílabeleccr outro
procurador ou procuradores para a dita Senhora em feu nome fer re-
cebida em forma da Santa Igreja e palavras coftumadas , como o dito
Fernão de Lemos feu Procurador fezer e elle per fy fe em peíToa
prezente foíTe , e defde agora para em todo o tempo ha por firme
e valiozo todo o que por o dito feu procurador for feito e acabado
capitulado contratado , e prometeo de nunca em algum tempo contra
ello hir em parte nem em todo em juizo nem fora delle fob obriga-
ção de todos feos bens moveis e de rais que para ello obrigou e ef-
pecialmente para ello ipotecou , e em teftemunho de verdade man-
dou fer feito ao ditto feu procurador efte inflromento de procuração
e mandado teílemunhas que prezentes foraó Martim Ayres e Diogo
Correa efcudeiros do ditto Senhor Dom Alvaro , e outros , e eu Dio-
go Rodrigues notário geral por ElRey noíTo Senhor em todos feos
Reynos e Senhorios que eíle inílromento de Procuraçcm efcrevy , e
aqui meu final fis que tal hc e lida e moílrada aílV a ditta Procura-
çom em prezença de mim Alvaro Carvalho efcudciro delRey noíTo
Senhor publico notário geral por fua Real authoridade em todo eíle
Tom. V. Ppp Rey no
482 Trovas do Liv. IX. da Hiftoria Çenealogtca
Reyno do Algarve em Africa , e teftimunhas abaixo nomeadas logo
per o ditto Senhor Conde foi ditto que por mandado de ElRey e
do Princepe feos Senhores antre o ditto Senhor Dom Alvaro hera
trautado e concordado cazamento com a ditta Dona Felipa fua filha
por certos capítulos e condições que fe abaixo diraô afinados por el-
le ditto Senhor Conde dos quaes o ditto Senhor Dom Alvaro fora
e hera contente fegundo por fuas Cartas lhe efcrevera e fegundo por
o ditto feu procurador enviara dizer , e que por quanto dos dittos
Capitulos convinha fer feita efcritura de contrnuto dotte e arras do
ditto cazamento para o qual era neceííario confelho de Letrados que
neíla terra nom havia que elle e a ditta Senhora Condeça pediao por
mercê a ElRey noífo Senhor que viílo eíle eftromento dos dittos
Capitulos mandafe a dous Letrados de feu Regno fazer a ditta efcri-
tura de dotte e arras na forma e maneira que o direito quer que as
couzas e condições contheudas nos dittos Capitulos fejaó firmes va-
liozas , e eftaves para fempre , e os Capitulos fao os que fe feguem.
Primeiramente diíTe o ditto Senhor Conde que elle dava logo aa dit-
ta fua filha com o ditto Dom Alvaro des mil dobras das delRey e
mais lhe daria cem mil reis de tença em cada hum anno nos livros
do ditto Senhor Rey trefpaíTados logo no ditto Dom Alvaro , e mais
lhe daria quatrocentos mil reis contantes dentro no anno que tom.ar
fua caza e dos quaes lhe dará a mayor parte quando lha entregar em
dinheiros e corregimentos de que elle feja contente. Item diííe mais
elle ditto Senhor Conde que havendo elle filho Baram da ditta Con-
deça fua molher que a elle pras a aliem do fufo ditto dar aa ditta fua
filha com o ditto Senhor Dom Alvaro vinte mil dobras obrigatórias
das de cento e vinte para as quaes obriga toda fua fazenda e terras
da Coroa do Regno e morgados, nas quaes o ditto Dom Alvaro feja
logo metido de poíTe defpois do falecimento do dito Conde e as thè-
rá e pelfuhirá fem defcontar athe elle fer pago da ditta quanthia fe-
gundo coílume pagandolhc o terço , que o dito Dom Alvaro deixe
o terço da dita fazenda que lhe for dada em penhor. Item diííe mais
o ditto Senhor Conde que nao havendo filho Baraô da ditta Conde-
ça fua molher queria e mandava que a ditta Dona Felipa fua filha
herde e haja toda a fua fazenda por fua morte aíTim Morgados como
terras da Coroa do Regno e couzas que delRey tenha de mercê ti-
rando o que he obrigado aa dita Condeça fua molher e que a ditta
Senhora terá em fua vida fegundo o tem de ElRey por mercê depões
de feu falecimento e aífy pcífuhirá a ditta Senhora heranças que elle
comprou de feu cazamento delia que delRey e de fua may recebera.
Item diffe mais o ditto Sciihor Conde que vindo cazo que elle haja
filho Baron lídimo doutra molher que aíly lhe apras que a ditta Se-
nhora fua filha haja com o ditto Senhor Dom Alvaro as dittas vinte
mil dobras obrigatórias por toda a fua fazenda aíTy patrimonial como
da Coroa do Regno , e as couzas que tenha de mcrce tirando a Vil-
la Caftello c rendas Doli vença e o Campo de tooes e que das outras
couzas que o Conde tem o ditto Dom Alvaro efcolha ns que lhe aprou-
ver nos preços c valias que direitamente valerem fendo as dittas cou-
zas
da Cafa 'Real Tortugues^a. 483
zas apreçadaspor pefToa fem fiifpeita de prazer das partes a que
pertencer. Item diilc mais o ditto Senhor Conde que acontecendoíb
de elle haver filha ou filhas da ditta Condeça fua molher íem filho
barom que a elle praz e quer que a ditta lua filha herde e haja to*
do o que elle tem aíTy de Morgado , como da Coroa do Regno , e
couzas de mercês , e o movei patrimonial o ditto Dom Alvaro parta
com a filha ou filhas que da ditta Condeça ouver tornando aa cola-
ção o que aíTy houver recebido. Item dilfe mais o ditto Senhor
Conde que acontecendofe de elle haver filha ou filhas de outra qual-
quer molher lidimas que a elle praz que o ditto Dom Alvaro nem a
dita lua filha nom fejaó obrigados a trazer a colaçom nada do que
tem recebido com a ditta fua filha nem lhe feja imputado na lidima
delia nem íeja obrigado de o conferir com a ditta fua Irmaá ou Ir-
maãs nem com ifto lhe fuprir fuas lidimas , mas que de toda a outra
fazenda que fe achaife partiíTe irmammente que para partir folie , e
efto mefmo queria que fe guardafe eni qualquer cazo que fe aconte-
ceíle da dita Dona Felipa fua filha non herdar e haver todos feos
morgados e terras , e couzas da Coroa do Regno de maneira que nom
herdando ella as dittas couzas que o ditto Dom Alvaro e ella hajaó
izentamente para fy todo o dotte que lhe logo agora dao , e mais
as dittas vinte jnil dobras obrigatórias fem as conferir com nenhum
de feos Irmãos nem lhe com iíTo foprir fuas lidimas nem as trazer aa
colação nem lhe ferem emputadas em fua lidima porque com efta
condição fe aceitara e fizera o ditto cazamento e doutra guiza nom.
Item mais diíTe o ditto Conde que aliem do fufo dito lhe prazia de
lhe dar logo à ditta fua filha com o ditto Senhor Dom Alvaro o feu
morgado da Arega e Caftello de Vilarmayor com todas fuas rendas
e Senhorios aíTy como os elle tinha e peíTuhia os quaes lugares lhe
prazia que o dito Dom
Alvaro houveíTe no preço das ditas vinte mil
dobras obrigatórias derradeiras em qualquer maneira que elle houvef-
fe filho lidimo. Item mais diíTe o ditto Senhor Conde que elle da-
va todo o fobredito ao dito Senhor Dom
Alvaro com fua filha com
condição que elle dê e obrigue doze mil dobras
aa ditta fua filha
darras das que acoftuma ElRey a dar e mais que o ditto Dom Al-
varo obrigue aas dittas arras e dotte no cazo que as elle haja daver
toda fua fazenda aíly a que tem de ElRey
, como de feu património
e mais que o ditto D. Alvaro de aa ditta fua filha hum milhão de
reis por fuas joyas e couzas de caza que mais a prazer da dita fua
filha fejaó e eílo falecendo primeiro que ella o ditto Dom Alvaro
fem haver filhos dantre ambos em tal cazo hy nom haja arras nem
Joyas porem a ditta fua filha defpoerá de fua terça o que lhe prou-
ver e do al fe fará o que for direito e havendo entaó filhos dantre
aml30s fe faça iíTo mefmo fegundo a difpoziçaó de direito e diíTeraó
,
niais os dittos Senhores Conde
e Condeça que por quanto de todo
efto fuzo efcrito lhes aTy aprazia e que com eftas condições fe trau-
tara , e acabara o ditto cazamento queriao
que de todo fe fizeíTe ef-
critura ,e efcrituras quaes foíTem neceíTarias as quaes como ditto he
fe aqui nem podiao fazer por fer para ello ncccíTario concelho de
Tem. V. Ppp ii Le-
484 Trovas do Liv. IX. da Hijlorta genealógica
Letrados que aqui nom havia que elles ambos fupricavaó a EIRef
feu Senhor que mandafe a dous Letrados de íeu Regno fazer deftes
Capítulos tal eícritura de contrato porque foíTe valiozo e firme todo
o contheudo em os íobreditos Capítulos , de maneira que o dito Se-
nhor Dom Alvaro íeja feguro de todo o nellas contheudo e conten-
te e de modo que dandolhes Deus filhos lídimos a ambos os dittos
Senhores Conde e Condeça , ou a elle filho lidimo doutra molher
elle foíle certo e feguro de herdar e haver todo o feu fendo pagado
o ditto Dom Alvaro , e havendo o que lhe pertence per maneira que
nos dittos Capítulos fe conthem e que prometiao e juravaó de eftar
por a dita efcritura , e a manterem e guardarem haverem por taó fir-
me e valíoza como fe por elles foíTe feita e de aííinar fe neceflario
foííe e todo cumprir c guardar como em fima fe conthem e de nun-
ca em algum tempo por cazo que fobrevir poífa hir contra a ditta ef-
critura , e que lhes prazia e queriaó delles nem feos herdeiros ferem
ouvidos em juízo nem fora delle em couza que contra a ditta efcri-
tura fejao por qualquer modo e maneira que feja fob obrigação de
todos leos bens moveis e de raiz que para ello obrigou aíTy havidos
como por haver efpecialmentc hipotecarão o ditto Senhor Conde de
fua fé hua duas e tres vezes fegundo foro e coílume de Efpanha de
cumprir e guardar todo o em fima contheudo e houve aqui por fo-
pridas e efpecialmentc declaradas e individuadas todalas clauzulas e
poderes que para tal auto compridouras fcjaô , e renunciarom toda-
ías leys direitos Cíves ou Canónicos grofas e opiniões de Doutores
foros façanhas e ordenamentos de Cortes que contra eílo fejaó renun-
ciando todos privilégios liberdades que fe alegar poíTaó para eito nom
Valer ou firme nom fer e por os dittos Senhores foi mais ditto que
pedíaó por mercê a ElRey e ao Princepe feos Senhores que feita a
ditta efcritura de contrauto por feos Letrados tal qual o direito ou-
torga para o em íima contheudo fer firme e valiozo na maneira que
fobredito he que de feu moto próprio livre poder certa fciencia po-
der abfoluto a confirmem e aprovem dando a ello fua Real authori-
dade em forma efpecial para durar para fempre e ditto todo eílo e
outorgado em prezença de mim notairo e teílemunhas efcritas o dit-
to Fernão de Lemos recebeo logo a ditta Senhora Dona Felipa em
nome e como procurador efpccíaí do dito Senhor D. Alvaro por ver-
tude da procuração fobrcdita e mandado efpecial dizendo a ditta Se-
nliora: Eu Dona Felipa recebo o Senhor D. Alvaro auzente como fe
foffe prezente por meu bom e lídimo marido como manda a Madre
Santa Igreja de Roma o que aíTy faço e afirmo com Fernão de Le-
mos feu Procurador para ello abaílante que por fua direita maô te-
nho ; e o ditto Fernão de Lemos diffe logo que em nome e como
Procurador efpecial para efl:e auto do ditto Senhor D. Alvaro rece-
bia a ditta Senhora Dona Felipa por molher do ditto Senhor Dom
Alvaro e em íeu nome por boa e lídima aíTy como manda a Santa
Igreja de Roma. Feito eílo os ditos Senhores e o ditto Fernão de
Lemos requererom a mim notário publico que a todo efte prezente
fuy com as ditas partes e teílemunhas que deíFem a cada huraa das
r.: par-
da Cafa ^eal Vortugues^a. 4^ J
partes hum eftormento publico e muitos fe cumpriíTé teftemunhâs
que prezentes foraó Lopo Pires Cavaleiro e Contador por ElRey na
dita Cidade e Valco da Gama , e Afonfo da Gama Cavaleiros e Gon-
çallo Serrão Cavaleiro ; Fernão de Azevedo Cavaleiro Almoxarife
delRey na dita Cidade e Gonçalo Fernandes Dayl e Aiioníb Mendes
Cavaleiros, e outros c eu fobredito Alvaro Carvalho publico notário
geral que efto clcrevy e meu publico final fiz que tal he. Os quaes
ditos Doutores por noíTo mandado fizeraó huma eícritura de firmi-
doem da llibílancia dos ditos Capitulos na forma e modo que fe abai-
xo conthcm , da qual o theor he efte que fe ao diante fegue. Em
nome de Deos todo poderozo faibaó quantos efte eftormento e Car-
ta de dotte e arras virem que no anno do Nafcimento de Noflo Se-
nhor Jezu Chrifto de mil quatrocentos outenta annos dez dias do
mes de Março em a Villa de Vianna dapar Dalvito nas pouzadas on-
de hora pouza o Doutor Joaó Teixeira do Coníelho delRey noíTo
Senhor e fendo hy prezentes o ditto Doutor e o Doutor João Del-
vas de huma parte e da outra o Senhor Dom Alvaro filho do Du-
que , &c. em prezença de mim Notário geral e teftemunhas ao dian-
te efcritas logo por elles foy dito que elles heraó hy vindos por
mandado delRey noíTo Senhor para fazer e acabar carta e efcritura de
lirmiJaô de contrato de cazamento dotte e arras na melhor forma e
maneira que o direito outorga feita e reduzida de fuftancia de huns
Capitulos conteúdos em huma efcritura que foi feita em Tanger an-
tre o Conde e Condeça de Olivença e a Senhora D. Felipa fua fi-
lha de huma parte e Fernão de Lemos procurador do ditto Senhor
Dom Alvaro como feu procurador da outra a cerca de hum cazamen-
to dotte e arras que era feito e acordado antre o ditto Senhor D.
Alvaro e a dirta Senhora Dona Phelipa fegundo que todo efto na
dita efcritura e Capitulos mais largamente he contheudo e por tan-
to diíTeraó elles ditos Doutores que por bem e virtude do poder que
o dito Conde , e Condeça pela dita efcritura tinhaó dado ao ditto
Senhor e a elles ditos Doi'torcs por Sua Alteza cometido e delega-
,

do que ellcs em nome do dito Conde e Condeça prometiaó por fir-


me e folemne eftipulaçom com a ditta Senhora Dona Felipa ao dito
Senhor Dom Alvaro a todo prczente e aceptante que tanto que os Se-
nhores tomarem fua caza com o cazamento que ella ditta Senhora
D. Felipa ha de haver delRey nolib Senhor o qual he feu próprio
delia , e a ella pertence lhes daraó logo ao dito tempo refcraó com
o ditto cazamento por todo dez mil coroas todas de cento e vinte e
alem defto prometerão mais cs ditos Doutores em nome dos dittos
Conde e Condeça pelo modo fobredito ao dito Senhor Dom Alvaro
cem mil reis de tença nos livros de ElRey trefpaíTados cm clle dito
Dom Alvaro com prazer e confenti mento do ditto Senhor Rey o qual
cazamento delRey e os dittos cem mil reis fe elles obrigarão fazer
hnvcr ao ditto Dom Alvaro ao tempo que dito he e mais lhe prome-
tcrom de dar e pagar e reahnente entregar ao dito Dom Alvaro e a
D. Felipa quatrocentos mil reis era dinheiro contante dentro no anno
cm que tomarem fua caza dos quaes ao tempo da ditta tomada o di-
to
,

48^ T^rovas do Liv. IX. da Hijloria Çenealogica

to Condee Condeça lhe daraó logo a mor parte c o rcílo dentro no


ditto anno ; outro fy diíTeraó mais os dittos Doutores em nome do
ditto Senhor Conde e Condeça com prazer e expreíb confentimento
do dito Senhor Rey que elles faziaó pura e irrevogável doação antrc
vivos valedoura , davaó , e doavaó ao ditto Senhor Dom
Alvaro por
cauza defte cazamento o Caftello e Alcaidaria e rendas Dolivença af-
fy , e pela guiza que o elle dito Conde tem , c bem aíTy o Reguen-
go do Campo de Tooes que he em termo de Santarém e também a
de Ferreira com fuas rendas e iurdiçaô Civel e Crime e Carapi
terra
com outros bens que tem na R ibeira , e o CaílcUo e Alcaidaria de
Villa mayor com fuas rendas e pertençis e outro fy a judaria dalca-
cer com fua renda que elle hy tjm e Aregoa , e as Abitureyras , o
que todo em o ditto Dom Alvaro trefpaííb aíTy e como e taó cum-
pridamente como a elle dito Conde pertence e pertencer pode e em
fuas cartas efcrituras e doações he contheudo , e eílo com tedas fuas
jurifdiçoes eives e crimes mero mixto Império e Padrcrdos de Igrejas
e com todas fuas rendas foros tributos cenfos e direitos direituras per-
tenças e comodidades que elle ditto Conde e Condeça em todo o
que ditto he ambos tem e lhes pertencem e melhor fe elle ditto D.
Alv TO e feos fuceíTores melhor poderem e lhe cede e trefpaífa com
elle todas fuas acções hutiles e direitos e todo bom remédio de de-
mandar ter e recadar aíFy como o elle dito Conde tem e lhe perten-
ce e pertencer pode por qualquer guiza , ou maneira que feja com
tal entendimento e declaração que elle ditto Conde em toda fua vi-
da logre c peíTua o huzofruto o qual fomente para fy rezerva em to-
da fua vida das dittas terras e rendas e Caílellos e Senhorios jurdi-
çoés e couzas fobreditas , os quaes Doutores cm nome do ditto Con-
de e Condeça des hora fe conftituhiaó ter lograr e poíTuir em nome
e por o dito Dom Alvaro todas as terras, bens, direitos, c cruzas
fobreditas e aíTy diíFeraó que à dita Condeça fícaíte falvo , e feguro
e rezervado todas as couzas que ella tem e lhe pertence haver por
bem de fuas efcrituras que em cilas he contheudo tirando-a fora e
apartando das dittas rezervaçoes fomente o Caftello de Villa miayor
e Aregua as quaes duas couzas fiquem des logo livres c defembarga-
das em propriedade com huzofruto confolidado a elle ditto Senhor D.
Alvaro com fuas jurdiçoes civel e crime mero mifto Império direytos
e rendas fem mingoamento algum os quaes bens e terras e couzas fo-
breditas diíTeraó logo os dittos Doutores em nome dos dittos Senho-
res Conde e Condeça que elles prometiao e davaó ditto Senhor
Dom Alvaro com os pautos declarações clauzulas e condições a fuzo
efcritas convém a faber que fe acontecer de elle ditto Conde haver
filho barom da ditta Condeça Dona Izabel o qual ficar vivo fobre a
terra ao tempo de feu falecimento que em tal cazo elle ditto Dom
Alvaro poft:o que as ditas terras e couzas fuas fejaó elle porem pro-
mete e feobriga e fegura deixar e reft:ituir as dittas terras e couzas
ao dito Baraó nafcido dantre ambos Conde e Condeça dandolhe
filho
elle filho Baraó ante que as ditas couzas e terras receba e lhe fejaó
entregues vinte mil coroas ao ditto Dom Alvaro ou a feu herdeiro a
que
da Cafa %eal Tortugucí^a» 4^7
que as pertencerem direitamente as quaes elle ditto filho
dittas terras
barom nom fera thcudo pagar todas juftamcnte fenaô quizer fenaó aos
terços convém a faber pagando ao dito D. Alvaro ou a feu herdeiro
hum terço das dittas vinte mil coroas que elle íeja logo theudo e
obrigado lhe leixar o terço das dittas terras e mais nom e bem afy
dos outros dous terços das dittas terras as quaes o ditto Dom Alvaro
e afly leu herdeiro fera obrigado lhe leixar cada e quando lhe o dit-
to filho barom pagar e entregar os outros dous terços das dittas vin-
,

te mil coroas juílamente ou em duas pagas aíFy que o ditto Dom Al-
varo nom feja mais obrigado fenom deixar as dittas terras ao ditto fi-
lho barom todas juntamente pagandolhe elle todo juntamente o pre-
ço das dittas vinte mil coroas ou aos terços pagandolhe as vinte mil
coroas aos terços ; e como pagar aos terços aíly levará e pero que em
tal cazo hy haja filho barom dantre o ditto Conde e Condeça e el-
le ditto Dom Alvaro lhe feja theudo deixar as dittas pelo modo fo-
bredito e eito fe entenda em todas as outras terras a fora Villa mayor
e Arega aas quaes fe aprouver ao ditto D. Alvaro nom as deixar e
as reter para fy naquelle preço que direitamente valerem fendo apre-
çadas por pcíToas fieis efcolhidas de prazer das partes e tanto quanto
forem apreçadas fe defconte das ditas vinte mil coroas para fe em a
cauza guardar igualeza que o poíTa livremente fazer fjm outro encar-
rego nem obrigação alguma e por quanto fe dizia que a ditta Aregua
he de Morgado e que o ditto filho Baraó pode por direito tirar e
,

tire em tal cazo o ditto filho Baraó feja theudo em o cazo fobredit-
to de a fazer livre e dezembargada perpetuamente fem encarrego al-
gum na poíTe e propriedade c rendas como couza própria izenta do
ditto Dom Alvaro para elle e todos feos herdeiros e fuceíTores fendo
o ditto filho Baraó aliem defto obrigado haver de dar e encorporar ao
ditto Morgado outra couza equivalente pela ditta Arega que tanto va-
lha e mais com tal condição e declaraçom que em quanto o filho Ba-
rom nom fizer aíFy a ditta Aregua de paz e falvo livre e izenta for-
ra e dezembargada ao ditto Dom Alvaro que elle nom feja theudo
lhe leixar as dittas terras da Coroa do Regno fobredittas em maneira
alguma , convieraó concordaraó e affentaraó as dittas partes contra-
hentes por certidão e clareza das couzas que acontecer poder que fe
por ventura acontecer cazo que a ditta Condeça D. Izabel faleça pri-
meiro da vida deíle mundo que elle ditto Conde e fobrevenha cazo
que elle ditto Conde com outra molher caze da qual haja filho baraó
lidimo e lidimamente nado cntaó fe terá efta maneira convém a faber
que o ditto D. Alvaro ferá obrigado de lhe leixar as dittas terras pe-
lo preço das dittas vinte mil coroas fegundo que em fima he declara-
do , e empero fe elle ditto Dom Alvaro ante quizer que lhe fiquem
em preço das dittas vinte mil dobras a alguas das dittas terras mor-
gados e couzas ou qualquer parte delias que o poflâ fazer e efcolher
reter e haver as dittas terras couzas para fy perpetuamente aquellas
que lhe mais aprouveífe em aquellc preço e verdadeira valia em que
verdadeiramente apreçadas forem por peíToas fieis efcolhidas a prazer
de partes tirando da tal efcolha o Caílello c rendas Dolivença e Cam-
^88 Trovas do Liv. IX. da Htjloria Çenealogica
po de Toes ,
porque deixava em todo cazo por aquello que fa-
eftas
lecer da copia das dittas vinte mil dobras alem do que elle efcolher
aíly em preço delias ao ditto filho mayor baraó lidimamente nado da
ditta fegunda molher e quanto algumas das dittas couzas fe diz fer
de morgado , acontecendo cazo que feja achado que faó de morgado
e que o ditto filho as pode e quer por direito tirar em tal cazo o
ditto filho mayor da ditta fegunda molher fera theudo e obrigado de
as fazer livres e dezembargadas ao dito D. Alvaro e a feos herdeiros
atribuindo outra couza ao morgado que valha tanto e mais, e em
quanto o nom fizer affy , que o ditto DomAlvaro e feos herdeiros
nom fejaó obrigados deixar as dittas terras em maneira alguma aíTy
e pela guiza modo forma que dito e declarado he em o cazo de
e
quando hy houver filho baraó dantre o ditto Conde e Condeça D.
Izabel que hora vive e por mayor declaração porque pode fobrevir
diíTeraó e declararão os ditos Doutores em nome dos dittos Senhores
e concordarom e aíTentaraó que em cazo que elle dito Conde nom
haja filho macho da ditta Condeça e haja flha ou filhas , a aliem da
ditta Senhora Dona Felipa que em tal cazo o ditto Senhor Dom Al-
varo haja e retenha para fy e para feos herdeiros por virtude da
doação fobredita todalas ditas terras e couzas da Coroa do Reyno
aíTy e pella gniza como as elle ditto Conde tem e bem aíTy os mor-
gados que o ditto Conde tem e a elle pertencem , e a outra fazenda
partivel e patrimonial partirão irmammente por morte do ditto Con-
de e Condeça tornando pero elle ditto Senhor Dom Alvaro a cola-
çom defte cazo fomente todo que tever recebido que para partir fe-
ja fegundo difpoziçaó de direito e acontecendo cazo que a ditta Con-
deça Dona Izabel faleça fem filho ou fem filha , e elle dito Conde
caze com outra molher da qual nom haja filho harom e haja filha
ou filhas em tal cazo elle ditto Senhor D. Alvaro retenha , e haja
para fy e para feos herdeiros todalas couzas terras, e rendas ejurdi-
^oês e morgados fobreditos e bem aíTy elle dito Dom Alvaro nao fe-
ra obrigado a trazer aa colação couza alguma do que tever recebido
do ditto Conde e Condeça por bem defte contrato nem fera theudo
de conferir com as ditas filha ou filhas nem a lhe fuprir fuas lidinias
por cauza alguma das fobreditas , nem lhe ferem emputadas em fua
lidima delia Senhora Dona Felipa antes todo haverá o dito
ditta ,

Senhor Dom Alvaro izentamcnte o que fe mais achar ao tempo da


morte pagado o ditto Dom Alvaro das couzas fobredittas que para
partir fejao fe partirá entre elles em tal guiza que o ditto Dom Al-
varo nom feja defraudado de todalas couzas aqui prometidas, nem
parte delias , e aliem dello haja e poíTa haver lidima inteira com as ou-
tras herdeiras do reftante património e por mayor fegurança do dit-
to Dom Alvaro nos fobredittos dous cazos em que elle ditto Conde
haja filho barom da ditta Condeça ou doutra molher lidimamente na-
do o ditto Dom Alvaro nom ferá obrigado trazer a colação couza al-
gua do que hora receber em dotte e cazamento ou receber por fale-
cimento dos dittos Senhores nem o conferir com os dittos Irmãos
nem fera theudo lhe fuprir fuas lidimas , nem fera a elle ditto D. Al-
varo
da Cafa ^al Tortugue^a» 4^9
varo imputado na lidima da ditta Dona Felipa fiia molher antes to-
do haverá izentamcnte e o mais que le achar patrimonial fomente
partirão irmammente e por mayor corroboraçaó mmeza convalidaçom
e fegurança do dittc Dom Alvaro dilFeraó os ditos Doutores em no-
me dos ditos Senhores Conde c Condeça que em todo o tempo e
qualquer cazo dos Ibbreditos em efte contrauto contheudos que fe
achar ou dizer poííà que elle ditto D. Alvaro e a ditta íua molher
haó e levaó mais do que em fua lidima monta e lhe pode juílamente
pertencer le efte contrauto nom fora que elles des agora para então
e dentaó para agora e para todo tempo fazem pura , e irrevogável
doaçaó entre vivos ao ditto Senhor D. Alvaro fomente e para elle e
naó para outrem hy haver parte nem quinhão de todo o mais em ef-
te contrauto conteúdo e declarado que exceder a verdadeira lidima
que à ditta Dona Felipa pertencer pode a qual doaçaó difteraó aííy
os dittos Doutores em ncmc dos ditos Senhores que elles faziaó aíTy
ao dito Senhor Dom Alvaro por honra de feu fangue e linhagem e
para que com efta condição e exprefla declaração fe tratou primeira-
mente , fez e acabou o ditto matrimonio o qual fe em outra manei-
ra algua nom. fizera , e por maior abaftança defto os ditos Doutores
em nome do ditto Conde e Condeça obrigarom. fuas terças e fe por
elias efta cumprir e manter fem mingoamento, algum e bem allim
obrigarão às dittas terças todas as dittas terras da Coroa do Regno
e morgado e couzas fobreditas em os cazos que em íima he ditto e
declarado que com o ditto Dom Alvaro nom hao nem devem de fi-
car a qual obrigação ipoteca fazem os dittos Doutores em nome dos
dittos Senhores Conde e Condeça expreftamente para boa conferva-
çaó e inteira guarda de todos em efte ditto contrauto contheudo e
finalmente declararão aífentaraó e outorgarão os dittos contrautos que
em cazo que o ditto Senhor Dom Alvaro faleça da vida defte mun-
do fem filho baram nem filha fêmea dantre ella ditta Senhora Dona
Felipa ficando ella ditta Senhora veuva que então as dittas terras e
couzas da Coroa do Reyno e Morgado lhe fique a ella livre e dezem-
bargadamente por lhe pertencerem , e as dever aíTy daver fem embar-
go da ley mental c pello ditto Senhor Dom Alvaro foy ditto que
elle aceptava de emiíim comigo notário publico todas as couzas fo-
bredittas , e outro fy logo prometeo deo conftituhio aa ditta Senho-
ra Dona Felipa a mim notário publico prezente eftipulante e acep-
tante para a ditta Senhora Dona Felipa em feu nome doze mil coroas
darras de cento e vinte por onor de fua pcífoa ; e mais que ella dita
Senhora que em o cazo que as dittas arras ha de haver ella haja as jo-
yas couzas de caza que mais a feu prazer efcolha a contentamento
forem com tanto que naó paífem de hum milhão de reis em valia ,
as quacs joyas e couzas de valia do ditto milhão a ditta Senhora Do-
na Felipa haverá em compoziçaó e defconto dos dittos quatrocentos
mil reis de que no comelFo defte contrato faz menção que haó de fer
pagos em dinheiro contante dentro no tempo em que tomarem fua
caza aos quaes o ditto Dom Alvaro nem feos herdeiros nom feraó
mais ti^eudos nem obrigados pagado o ditto milhão em as joyas , e
Tom. V. aqq cou-
,

trovas do Liv, IX. da Hijloria genealógica


couzas fobredittas que ferao em fatisfaçaô dos dittos quatrocentos
mil reis as quaes fobredittas arras e joyas e couzas haverá a ditta Se-
nhora Dona Fehpa falecendo o ditto D. Alvaro depois do matrimo-
nio confumaio antre ambos primeiro que ella ficando veuva fobre a
terra quer ao tempo hy haja filhos dantre ambos quer nom , e fale-
cendo ella ditta Senhora Dona Felipa primeiro que elle ditto D. Al-
varo em tal cazo nom haverá hy joyas nem arras nem couzas para
efcolher para o ditto milhaó porem ella poderá defooer de fua ter-
ça o que lhe prouver e do al fe fara o que for direito , e falecendo
ella ditta Dona Felipa havendo filhos dantre ambos poderá dilpoer
daquello que lhe pertencer fomente fegundo defpozi<^'aô de direito as
quaes joyas e couzas em o cazo que a ditta Dona Felipa as ha de ha-
ver lhas fegura o Senhor Dom Alvaro , e para todo efpecialmente
e geralmente obriga todos feus bens moveis e de rais havidos e por
haver e tazcnda aily do património como os que tem do ditto Se-
nhor Rey c do ditto Senhor Princepe feu filho o que todo junta-
meite e ca ii huma couza por fy obriga e efpecialmente hipoteca pa-
ra boa e fegura paga das dittas arras joyas e couzas fobreditas para
a ditta Senhora Dona Felipa fer juftamente fatisfeita de todo lem
mingnamento algum primeiro, e mais principalmente que outra algu-
ma divida nem obrigação que hy poíla haver como couza mais favo-
rável e bem aíTy para obrigação ipoteca inteira reílituiçom do ditto
dote em o comeíTo defte contrauto exprelfamente he decrarado todos
os outros bens e couzas que cada hum dos dittos Senhores contra-
hentes depois de confumado o matrimonio houver e aquerir por qual-
quer titullo que feja fe guardara o direito comum , e o que o ditto
direito em tais cazos e couzas outorga , finalmente declaraô as dittas
partes que fem embargo do trefpaílamcnto hora feito em o ditto Dom
Alvaro das dittas terras e couzas por o modo fobreditto que falecen-
do elle o que Deos arrede fem herdeiros , ou com elles os quaes
faleçao ante do ditto Conde, e da ditta Dona Felipa que elle dit- j

to Conde e feos herdeiros em tal cazo fiquem com todo o que lhe
'

pertencer , e antes delle contrauto pertencia por bem de fuas efcritu-


ras alfy como fe tal trefpaífamento em cUe ditto Dom Alvaro nunca
fora feito , e todas eílas couzas e cada huma delias os dittos Douto-
res em nome dos dittos Senliores auzentes , e o ditto Senhor Dom
Alvaro prezente louvarom confentirom outorgarão prometerão ad in-
vicem por firme eilipulaçao comprir todo o que dito he aceptante
cada hum pelo que lhe pertencia, e houveraô aqui por poftas, e fo-
pridas todas íeguridades , obrigações , renunciaçoes clauzulas condi-
ções em tais prometimentos "e matrimónios acoílumados pofto que
aqui declarados nom fejao e todo que neceíTario feja para em favor
c proveito do ditto Senhor Dom Alvaro , e da ditta Senhora Dona
Felipa fua molher renunciando para ello os dittos contratantes todas
as leys direitos eiveis e canónicos glozas e opiniões de Doutores fo-
ros façanhas , e ordenamentos ou Capítulos de Cortes que em contra-
rio fejao , e renunciando expreíTamente a ley
fi unqtiam , e de re-
vocanãís donaUotiibus o beneficio da colação imputa com o fuprimen-
to
da Caja ^eal ^ortuguc^a. 4P l
to e querella de inoííicioza doação e dotte e todo outro adjutorio
leys e direitosque em contrario fejao e para que eíte contrauto pau-
tos e condições , e couzas em ella contheudas aíTy acordado convin-
do e outorgado haja mayor força corroboraçao fírmidaô convalidaçaó
e venha a eiFcito dezcjado os dittos contrahentes pedem por mercê
e fupricaô ao ditto Senhor Rey que dê a elle feu confentimento pla-
cito e authoridade com Real coníirmaçom em forma eípecial para du-
rar perpetuamente e requereo a mim Notário fobreditto que a todo
eito prezente fuy com as dittas partes e teftemunhas aqui fobfcritas
que dclle a cada huma das partes hum publico eftromento e muitos
teílemunhas que a efto prezentes foraô o Doutor Luis Teixeira e
João da Guarda efcudeiro do dito Doutor Joaó Teixeira , e AíFon-
Ib Valente feu criado, e outros e eu Diogo Rodrigues Notário geral
por ElRey noíTb Senhor em todos feos Regnos e Senhorios que a
todo efto prezente fuy efte inftromento efcrevy e aqui meu fmal fíz
que tal he o qual contrato feito e afirmado pelo modo fobreditto , e
couzas em elle contheudas vifto leudo e examinado por nos o have-
mos por bom e aproveitamento dos dittos contrahentes , e por ver-
tude do poder a nos dado pelo ditto Conde e Condeça o aprovamos
em feos nomes e confentimos e outorgamos todo o em elle contheu-
do aííim como íe por elles prezentes feito fora , e aliem defto por
noíla authoridade Real tudo bem vifto como ditto he confirmam olo
e aprovamolo coFroboramos e ratheficamos de noíTo moto próprio
certa fciencia livre vontade poder Real abfoluto em todo e em cada
huma fua parte com tal entendimento e declaração que todo confir-
mamos convém a íaber as couzas da Coroa do Regno fobreditas que
o ditto Conde tem em fua vida , e para filho ou filha e mais nao af-
fy as haja o ditto Dom Alvaro e fua molher em fuas vidas como lhe
fâó outorgadas por bem e virtude defte contrato e mais naô e as ou-
tras couzas que o ditto Conde tem de juro que aíly por eíTa mefma
maneira as hajaó o ditto D. Alvaro e a ditta D. Felipa fua molher
para todos os feos herdeiros e fuceíTores e quanto he ao cazamento
noiTo e aos cem mil reis de tença nos por hora nom as obrigamos
mais do que eftamos e fomos obrigados quando nos o ditto Conde re-
querer faremos em elle o que a nos bem vifto for , e com o ditto en-
tendimento e declaração confirmamos aprovamos rateficamos todo o
fobreditto e fuprimos todo o falimento de folemnidade de feito e de
direito neceííario feja , para firme fer e mais valer fem embargo de
quacfqucr leys direitos glofas , e opiniões de Doutores que cm con-
trario fejao e fem embargo da ley mental com todas as r enunciações
obrigações fobredittas e queremos c mandamos que valha e fe guarde
fem mingoamento algum em todo tempo e como couza por nos co-
melFada e ordenada e acabada vifta e examinada authorizada aprova-
da c rathcficnda e em teftemunho de verdade mandamos dar aos dit-
tos contrahentes fuas Carras per nos afiinadas , e aíTeiladas do noíTo
fello , e efta he a do ditto Dom Alvaro. Dada em a Villa deVianna
dapar dalvito aos dezoito do mes de Abril Joaó da Fonfeca a fez an-
no de Nolfo Senhor Jezu Chrifto de mil quatrocentos e outenta.
Tom. V. Qqq ii Carta
,

^pi Trovas do Lh. IX. da Hijloria Çenealogica

Carta ,
(jue D. Alvaro e/creveo a EIRey D. Joa$ II.
o Senhor
no tempo cjue ejiava em Cqjlella para onde pajjou por canja
y ,

da morte do Duíjue D. Fernando II. na (jital trata dos


oggravos que dei Rey tinha recebido. Achey-a no
,

Cartório da Ca/a de Bragança,

bem de efcufar de efcrever nada a V. S. aíli porque


Num K
^* JtLnaó
folgara
queria dizer quanto devia pera dar conta ao mundo de quan-
to e em quantas coufas V. S. tem errado contra mim , como porque
naó poíTo difer taó pouco quam pouco he mifter de dizer a V. S.
ante quem a verdade , e a boa rezaó taó pouco preftaó majormen- :

te que elle fabe milhor que ninguém quam grandemente contra mim
tem errado , e quanto lhe eu tenho mais merecido de mercê que de
agravos , indaque o contrario queira ora moftrar que cuida fegundo
as obras que contra mim faz. Emperoo Senhor porque hora me di-
ferao que V. S. mandara la por éditos contra mim , inda que para an-
te V. S. refertar meu direito fera bem efcufado ; pareceome empe-
roo rezaó de fazer efta , por naó parecer que em me calar confinto ,
e também por proteftar aquillo que devo por coníervaçaó de meu
direito , e inda que a rezaó de mim guarde pera dar ante quem de-
vo emperoo darei em efta aquillo que naó poíTo efcufar.
Eu naó fei mais fenaó que como diíTe me diíTeraô que em Por-
tugal fe puferaó éditos contra mim fem faber em que forma nem fo-
bre que , porque V. S. por fazer voíTos feitos de pagam a candea
como coftumais , e ninguém vos naó pode refertar nada , mandaftes
alfi guardar os portos , e defender que fe naó efcrevefem de Portu-
gal a nenhum , juntando ifto com quam pouco homem folga de ou-
vir as novas que fabe defe Reyno , eu o naó foube doutra maneira
nem mais cedo , emperoo cuido que tudo fera fundado ou nas cul-
pas que V. S. mandou moftrar ao Conde dolivença em Abrantes que
dizeis que contra mim acháveis , ou nas que depois me enviou o di-
to Conde per vollb mandado a Cafra per letra do Doutor Joaó Tei-
xeira. E certo Senhor fe eftas faó as coufas de que me mandais acu-
far , mais rezaó me parecera dar V. S. a. mim rezaó porque me ti-
nha tomada minha fazenda , do que era mandardefme citar por taes
coufas pois V. S. fabe também quam grandes mentiras faó , e que
raó faó ellas , as porque me foi tomada minha fazenda o que efta cla-
ro por muitas rezoés.
Primeiramente porque V. S. naó me pode culpar nos cafos eni
que quifeftes culpar meus Irmãos porque pois V. S. tem confelfado
e afti o difte ao Bifpo de Liaó , e a Guafpar Fabra que dos cafos
paíTados de meus Irmaós me acháveis fem culpa , e aíli o mandaftes
dizer a mim per o Conde Dolivença que de voíía parte me enviou
dizer quando cheguei a Çafra , e aífi hc verdade que V. S. nunqua
achou, nem achara contra mim coufa cm que me poííà culpar, porque
todas as inquirições que fobre os ditos çafos mandaftes tirar , como
voí
da Cafa '^al Tortugues^a. 4^3
vos prouve no que a mim tocava , mandaftes moftrar ao Conde doli-
vença , e eu tenho o treslado diíTo , e fem embargo de ellas ferem
feitas como fabe , emperoo em ellas naó fe achou coufa porque me
poífais dar culpa.
E que queira V. S. dizer que me tomou a íi minha fazenda me
vim aqui a Corte delRey, e da Rainha noíTos Senhores tendo vos
mandado dizer que me faiífe fora de todos os Reynos , e Senhorios
de Suas Altezas. Efta efcuza naó pode V. S. dar porque antes de
eu ifto fazer , e antes de partir de Portugal vos dixeftes ao Conde
dolivença quando o mandaftes chamar em Abrantes , que porque vos
naó fiáveis , e pelas fofpeitas que de mim tinheis me querieis tomar
minha fazenda , e fomente ma deixar ter em quanto foíTe voíla mercê
naô tendo V. S. outra coufa, nem prova fenaó as fofpeitas que de
mim querieis tomar que o que tinheis , como dixe , loguo lho man-
daftes moftrar , e eu tenho o treslado , e naô diz nenhua coufa de
que fe me deva dar culpa , e que alguã coufa diftera pouco devia
de baftar o teftemunho fó Da Vaz pera eu fer condenado ,
e também antes de eu pera aqui vir indo meu caminho , e fendo ja
em Barcellona me enviou difer V. S. como determináveis de tomar
minha fazenda , e fomente me dar hum conto e duzentos mil reis
cada anno pera me manter efe tempo que me mandáveis dizer que
andafte fora deftes Reynos. Pois naó eftava em rezaó que ainda que
eu fempre muy bem cumprifte voíTos mandados , e ainda entaó os
quifelfe cumprir que o ouvefte aíi de fazer em conhecer que me avia
por culpado no que naó tinha culpa , e contentarme de receber pena
fem a merecer , e com jufta caufa me parece que tinha rezaó de vol-
ver a bufquar quem me remediafte como íis.
Nem também fe pode efcufar V. S. em dizer que ma tomaftes
peio teftemunho que me enviaftes moftrar efcrito per maó de Joaó
Teixeira do que dizeis do que difle D. Vafco , e o Tinoco , porque
como digo ja dantes que elles aquillo teftemunhaftem ma tinheis to-
mada , e mais o que elles diíTeraó que he mentira , e naó
efta claro
faz nada contra mim , ca o que o Tinoco diz naó he nada , e o que
dis D. Vafco que lho difte D. Gutcrre , e he certo que eu em efte
tempo nunqua vi D. V afco , nem D. Guterre , nem lhe falei , nem
creo que al digaó, pois fe D. Guterre diz que o ouvio a alguém que
lho difeíTe, que mo ouvira , certo he que tal teftemunho contra mim
naó me fas nada porque eu deva de receber pena quanto mais fendo
,

taó grande mentira como he, porque hi naô avera nenhum Cavalei-
ro que diga que me tal ouvio , que lhe eu naó defenda , ou faça co-
nhecer como devo, que mente muy falfa mentira , quanto mais que as
coufas que elle dixe faó tais que qualquer entendido que as vir conhece-
ra logo claramente que quando eu em tal cafo ouvefe de entender naó
avia de fer com tais civildades nem
per tal maneira como elle dizia ,
mormente que à volfa maó foraó ter todas as cartas que eu efcrevi a
Portugal por tres , ou quatro vezes indo cominho de Barcelona , e afi ou-
tras que de Ia efcrevi a Rainha noíFa Senhora e fe eu em tais coufas tivera
o penfamento , de rezaó parte delias fe ouveraó de achar nas ditas cartas.
,

4j^4 ^^^"^^^ Liv. IX. da Hijloria Çenealogica

Eu naó digo ifto fcnaô por refponder aquellas coufas em que


por ventura me quer V. S. dar culpa , porque na verdade depois que
eu fahi de Portugal , e vos dixeítes , que me queríeis tomar minha
fazenda fem porque , alem de outros infinitos agravos , e injuíliças
muy grandes que de vos tinha recebido , naó me parece que pudera
fazer coufa inda que fora de vofo ferviço em que errara , porque
.

obrigado era a bufcar remédio de tais coufas por todas as maneiras


que eu pudefe , e por ifo íe eu alguâ coufa fis , ou fizeíTe em eíle
tempo naó me avia de defculpar delia falvo efta , ou outra femelhan-
te por naó fec verdadeira como eíla naó he.
Aíli que bem claro efta que V. S. naó me tem a minha fazenda
por culpa que contra mim achaffe nos cafos, em que quifeítes culpar
meus Irmãos , porque na verdade nao a achaftes , e vos naó podeis
dizer o contrario porque afi o confeíTou V. S. aos Embaixadores , e
enviaftes a mim, como acima dito he , nem iíFo mefmo, ma tomaes
pelos teftemunhos das outras inquirições nem por me naó ir foradef-
tes Revnos como vos ordenáveis , porque ja dantes ma tinheis toma-
da , tomnftcla por folgar de aver o meu , como ouveftes a dos ou-
tros , e quereis bufcar achaques como bufcaftes a elles.
E que aíTi fora que com rezaó , e juftiça me podeíTeis tomar o
meu , que rezaó pode V. S. dar para tomar a minha molher o feu ,
ca vos lhe naó podeis dar culpa, nem a tem , e fe a eftes Rey nos
veo , veo por voífa licença , fegundo tem por voflo aíTmado , fem ex-
ceder mandado que mandaftes ca hum voífo Contador veo com ella
ate o extremo que todo vio por fer de todo teftemunha o qual veo
por voíTo mandado.
E que aíR foíTe , e a minha molher tomaíTeis o noíTo que rezaó |

tem V. S. de tomar a minhas filhas o de fua mãy que por direito


nem lei do Reyno naó podeis tomar , nem iíTo mefmo lhe podeis to-
mar as rendas de Beja , que eu tenho bom privilegio de ainda que
aquelles que as tiver as perca por qualquer cafo , que toda via paf-
fem ao herdeiro , que as avia de fuccedcr.
E certo Senhor naó pode V. S. tanto encubrir o fundamento
que faz eftas couzas , que no modo que em ellas tem naó dê bem a |

entender ao mundo o porque as faz , e ao menos naó poderá V. S.


negar como vos fempre fervi faz^ndome V. S. em ves de me agalar-
doar com mcrce tantos agravos que feriaó largos de contar , emperoo
por moílrar mais claramente a rezaó que tenho he forçado que diga
alguns dclles porque todos fera muito V. S. fabe bem como vos co-
,

mecei a fervir de pequeno , e fempre me cheguei mais a voílo fervi-


ço , c a vos que a nenhum outro fazendovos muitos ferviços aífina-
dos alem dos que a vofo pay fiz , os quaes efcufo de dizer porque
difto quero deixar o cargo aos outros que o fabem , e V. S. que mos
tarnbem lembrou o dia que prendeftes o Duque meu Irmaó , e como
quer que de pequeno me fempre dixeftes que todo me conhecieis , e
me avieis de fatisfazer muy bem , moftrandome muitas vezes que me
tinheis mais afeição que a nenhum outro rogando a Deos que vos i

trouxcííe a tempo para aíi mo moftrar por obra; tanto que foíles ho-
mem , I
,

da Cafa Tieal Tortugues^a. 4^5


mem ,e em tempo de mo pagar logo começaftes de vos aver comigo
todo ao revés do que ate entaô tinheis moftrado , e parecendovos
que devíeis de aver vergonha de me naó pagar a obrigação que me
tínheis , me dixeftes em Coimbra que me querieis dar duas Villas
volFas que tinheis entre douro , e minho e depois de mas terdes pro-
metidas tornaftefvos a eícufar de cumprir comigo dizendo que a voí^
fo pay naó aprazia illb fendo certo que o dito voílb pay me fez mo-
res mcrccs que aquella em que fe moílra que naó foi por fua culpa,
mas pela voíFa.
Oporque depois me comecei da chegar a ElRey voíTo pay , e
fcrvilo ,
ElRey por fe achar de mim por bem fervido me começou
de amoftrar boa vontade , vos tomaftes difto taó grande nojo que o
naó podíeis fofrer , e tendome ElRey prometido a Villa de Portale-
gre quando vos foftes , onde vós vos mais ferviftes de mim do que
ainda dantes vos tinheis fervido : fobre tudo naó quifeíles confentir
que voíTo pay me deíTe a dita Villa mollrandolhe que o fazieis por
eílar no eftremo , e naó fiardes de mim e concertafres com voíTo
pay que a Villa de Caftel Rodrigo que ma também tinha dada ma
tiraíTe , e a deíTe a Joaó Dilhoa.
E como quer que entaó porque fe partio V. S. para Portugal,
e por aquillo que me eítorvaftes vos foi neceífario dizer a voíFo pay
que otorgarieis qualquer outra couza , dizendovos logo voíTo pay
que me queria dar torres novas , e Alvejazere como de feito deu , e
vos porem como foubeítes que voíTo pay mas tinha dadas a requeri-
mento de quem me queria mal determinaftes logo de o naó confen-
tir , e ainda a alguãs pelFoas dixeftes que o naó avieis de confentir
porque era torres novas grande fortaleza , e eftava junto com outras
do Duque, e vos timieis de nos, e depois que eu vim a V. S. me
cometeftes que deixafe toda via a dita Villa moftrandome que vos mo
fatisfarieis , e como quer que eu muito o fentiíTe porque fabia como
o fazieis , e a forma que avieis de ter em me fatisfazerdes outorguei
de fazer o que me mandaftes ; e porque eftavamos de caminho para
a Corte delRey voíTo pay ficamos para la nos concertarmos , e que
entre tanto eftiveíTe tudo quedo , e ainda que entaó V. S. moftraííe
que eftimava em grande ferviço polo eu afy em voífas maós logo co-
mo eu parti antes de me terdes fatisfeito , foftes dar hum privilegio
a Villa perquc a feguraveis de naó fe dar a mim.
E depois de V. S. ter ifto aííi feito parecendovos que me ti-
niicis ja lançado da Villa começaftes de me por duvidas na fatisfaçaó,
c fem embargo de os que vos mandaftes que entendefem niftb comi-
go acordaraó o que fe me avia de dar vos naó quifeftes eftar por if-
fo , e tantas perrarias me fizeftes nifto , que de todo me tinheis já
defpedido de me dar nada \ falvo que ElRey voíTo pay fe meteo nif-
fo , e com tudo naó pode comvofco fazer lenaó que de certos luga-
res que vos mefmo me dáveis em fatisfaçaó daquillo vos me deixaftes
huni delles a que chamaó Mira , e com tudo eu aceitei como V. S.
quis por acabar , e depois de ferem feitas as doações aflinadas , e af-
íelladas tornaftefme a tomar outro lugar que chamaó Pereh-a , dizen-
Trovas do Liv. IX, daHlftorla Çenealogica
do que mo queríeis tomar por quanto o Conde de abrantes que ti-
nha o Caftello de torres novas mo deixara por outra mercê que lhe
,

voíTo pay por ifo fez , e V. S. por colorar o que niflb querieis fazer,
difeftes que naó querieis confentir na mercê que fizeraó ao Conde
por o Conde requerer que lhe tornaíTem o Caftello e vos tomardes
,

a dita Villa de Pereira ,e temendo vos que por ventura o Conde to-
da via quereria eftar pelo partido que tinha feito , e nao requereria
que lhe torríaíTem p dito Caftello , dixeftes a D. Francifco feu filho
que lhe dixeíTe que em nenhum cafo fizelfe partido comigo fobre o
dito Caftello.
E tendo eu falado com V. S. que queria cafar com a filha do
Conde dolivença , e vos tendome dito que vos prazia diíTo muito , e
tendome dada carta pera o dito Conde de como vos prazia , e tor-
jiaftes logo por outra parte a enviar dizer ao dito Conde que de ne-
nhuã maneira fízeíTe o dito cafamento , e fízeftes com o Bifpo feu ir-
mão do Conde que enviaíTe dizer ao Conde por Francifco da Gama,
que em nenhum modo o fízeífe cometendolhe outros cafamentos cora
o Conde de Marialva ou filho do Conde de Villa Real.
E quando vio V. S. que com aquillo naó tornáveis o dito ca-
famento , e enviaftes ao Conde Auguftinho Caldeira com crença vof-
fa a dizerlhe que em nenhum cafo fízelle o dito cafamento , e o Con-
de refpondendovos que lhe defeis hum voíTo alvará aílinado que lhe
defendieis que o naó fizefte , e que o desfaria porque ja tinheis dada
tal palavra que fe naó podia efcufar com al , e vos entaó por fe a
coufa naó defcubrir calaftcfvos , e fe fez o cafamento com voflb pra-
?er , e ifto foube eu depois que fui cafado pola Condeça que mo
dixe , e por minha molher.
E depois de aftl fer feito o dito cafamento onde dantes V. S.
coftumava moftrar boa vontade ao Conde , e dahy a diante por ref-
peito de mim começaftes de lhe fazer mil agravos os quaes eu fentia
mais que meus próprios , e tirafteslhe o officio de guarda mor , e ti-
roulhe V. S. os privilégios do bairro Devora, e tomafteslhe a renda
das facas Dolivença que tinha , e favoreceftes tanto hum rapaz de
hum efcudeiro dolivença contra o dito Conde que teve coraçaó pê-
ra lhe fafer mil foberbas , e injurias fem o Conde oufar pelo favor
que o outro tinha voífo tornar a ilTo , e dividas que lhe V. S. devia
que lhe voífo pay tinha mandado pagar todas lhas embaraçaftes e na
Capitania de Tangere que tinha lhe fízeftes cem mil agravos que feria
longo de contar.
E como V. S. foube que a Condeça dolivença era falecida logo
procuraftes bufcar cafamentos para o dito Conde fem o mefmo Con-
de o faber , pera ver fe o poderieis por ali embaraçar a herança do
dito Conde que a naó herdafte eu avendo o dito Conde filhos tan-:

to que a Condeça de Penella fem o Conde diífo faber parte , reque-


reftes cafamento pera cafar com o dito Conde , e aa derradeira vos
mefmo per vos o cometeftes ao dito Conde , e dixeftes a alguás pef-
foas que tudo fazicis por me desherdar. E porque o dito Conde ti-
nha a Villa dolivença, e vos parecia que eu devia de efperar por fua
morte,
,

da Cafa %eal TortHguen^a, 497


morte , deftcs hum privilegio a dita Villa em que lhe prometefte que
a naô deieis mais a ninguém.
E eftando eu para a morte , e vindovos recado que era morto
vos moftraftes claramente que vos prazia de minha morte.
E tanto que ElRey voíTo pay faleceo tendo eu o officio de
Chançarel mor V. S. me tirou logo de poíTe delle , emperoo que mui-
tas vezes requereíTe , e vos alegaíte , como vos mefmo me tinheis ou-
torgado afy como volFo pay V. S. fem embargo de todo me trouxe
cinquo, ou feis mefes fem mo querer dar, e ifto tudo porque o ti-
nheis dado ao Doutor Joaó Teixeira , e depois que viftes que vos
naó podieis eícufar de mo dar cometefteme que vo lo vendefe para
o dar ao dito Doutor , e porque vos pedi que pelo que pertencia a
minha honra que mo quifeleis toda via dar , e depois eu faria o que
vos mandaíTeis , me conftrangeftes a fervir o dito officio per mim on-
de eu foya a ter hum Doutor que por mim o fervia , e fazia me V.
S. ver todas as cartas , e ter o facco a porta. E fazendo todo por
me abater e me dar opprelbés porque me foíTe necelTario deixalo e
,

como quer que eu defpois vos quizeíTe fazer partido delle , porque
via que tinheis vontade , nunqua V. S. me quis dar fenaó tao pouco
que antes cu o queria deixar debalde , e vos naó qucrieis , que foíTe
fenaó por onde vos querieis , mandandome dizer claramente prrGon-
fallo Vaz Regedor da juftiça de Lixboa que fe eu aly o naó fazia
que vos me faríeis niíto tantos agravos ate que mo fízefeis deixar
contra minha vontade.
E tendo eu huâ demanda com o Arcebifpo de Braga que era
meu imigo , e queixandome diíTo a V. S. e requerendovos direito, c
juftiça vos nunqua quifeftes fazer.
E como quer huá vez defeis determinação no dito cafo , e o
mandaífe dizer V. S. por Fernaó de Figueiredo ao Arcebiípo, por-
que o Arcebifpo diíTo naó foi contente a tornaftes a revogar. E
como quer que depois muitas vezes vos eu requereíTe juftiça queixan-
dome de vos porque ma denegáveis dizendrrre vos claramente que
naó querieis anojar o Arcebifpo pelo meu da qual coufa eu huá vez
:

tomei por teftemunha o Baraó Dalvito , e o Doutor Jcro Teixeira


e o Doutor Nuno Gonçalves em torres novas queixandome a elles
como V. S. me denegava juftiça por fazer favor a hum meu iirigo.
E por quanto eu empreftei certos dinheiros ao Bifpo dc Algar-
ve pera expedir as letras do Arcebifpado de Braga , e fcou tarrf cm
por fiador hum genoes que chamaó Joaó Salvajo porque o dito Bif-
po morreo e o dito genoes , e cu ouvemos breve do Papa para fe-
,

rem pagos do dito Arcebifpado , c V. S. cr mo o foube que aquillo


me relevava tanto por me lançar em perda, e por favorecerdes ao di-
to Arcebifpo de Braga meu imigo centra n im fem embargo do Bre-
ve do Papa e fem embargo de luia carta dclRey vcfl^o pay qre Deos
,

aja pcrque prometia ao dito Bifpo de fazer paguar as ditas dividas,


c íem embargo de V. S. ter prometido ao dito Bifpo de as fazer pa-
gar , vos favcreceftes tanto ao dito Bifpo que nunqua fcraô pagas
,
te que o dito Joaó de Salvajo pela parte que a elle tocava fe con-
Tom. V. Rrr veo
49 8 Trovas do Liv. IX, da Hijloria genealógica
veo com õ ArcebTfpo ^ e fez com elle outrò caimbo a fua vontade',
emperoo eu nunqiia ouve nada do meu. -

"v E no oíficio do regimento de juftiça me fez V". S. mil agravos


tirandome os poderes que tinha , moftrandome claramente que nao
fiáveis de mim fervindoo eu taó fielmente que todo o Reyno diffo
era contente.
E
huâ Capella de Tentuguel que eu tinha per Carta de voíTo
pay , vagou , e V. S. deu a hum efcudeiro de voíTa Tia D. Fellip-
pá ; e como quer que vos eu mande alegar o direito que niíTo tinhã^
e me V. S. mandafTe dizer pelo Barão que naô faria niíío nada ate
me naô ouvir e ter a direito tornaftes logo a mandar meter o
, , oU'
tro de poíTe feni me nunqua mais quererdes ouvir
, nem ter a
, di-^

reito.
E me mandaftes prender certos rendeiros de Beja porque penho-
rarão hum alfayate voífo per mandado da juílica por certa divida que
lhes dev^ia emperoo que eu dilfo me ueixaíTe a V. S. nunqua os
,
k

quifefte^ mandar foltar ate que tornarão a pagar ao alfayate o que


per direito lhe tinhaó julgado a elles dizendovos fobre iíTo muy mas
palavras a mim e dizendome no ro^lo qne porque a mim me confen-
,

tiao que tivelfe a jurdiçaó de minhas rendas fe feguiaó taes erros o,

que eu muito fenti, e devia de fentir.


E.alein deites agravos, e outros muitos desfavores, e derpre-*
zos que homem fente muito mais do que pode dizer que eu de V.
S. tenho recebidos , em particular recebi também os que a todos fí-
zeíles em geral , dos quaes deixando todos os outros quero fomente
dizer alguns dos que a mim muito tocarão que V. S. logo em come-
çando de reynar determinaftes.
E determinaftes de enviar voíTos Corregedores entrar em noíTas
terras , e pofto que vos eu moftraífe privilegio felado com feio de
chumbo o qual me vos tinheis confirmado , e jurado per vofta fee
Real , pela Carta do efcaimbo que com V. S. fiz de torres novas fem
embargo de nao fer contrato a nao quifeftes guardar , antes em que-
brantamento delia, e das outras que os outros tinhao , e dos ulbs ,
e coílumes que fempre tivemos , fem neceílidade que para ello tivef-
feis fomente por nos fazer mal as quebraftes , fem fobre iífo nos q'ie-
rer mais ouvir , nem boas rezocs inda que nos para ello delTemos ,
moftrando nos claramente como nos em muitas das noífas terras fe
fazia milhor juftiça que nas que entravaó voífos Corregedores , dan-
dovos muitas vezes forma , e meyo como em todas fc podcíTe milhor
miniftrar juftiça guardando voífo ferviço fem quebramento de voíTos
privilégios , em que fe bem moftrou que V. S. o fazia mais por fazer
mal que com outro zello nenhum bom ; e por milhor executardes o
que querieis logo determinaftes de nao confirmar as doações, e pri-
vilégios, e liberdades dos Senhores, e fidalgos, fem os verdes todos
pello meudo o que era coufa para fe nunca acabar , nem fe fazer em
nenhum tempo pelos Reys dante vos , fomente conf rmavao todo por
huã fó Carta , e per claufula geral. E pofto que fobre iífo foíTeni
feitos a V. S. afas de requerimentos , e pedido que o quifcis emendar
,

nunqua
P
,

da Cafa l^eal Tortugua^a* 49


nunqua o quifefte fazer ,antes os mandáveis todos tirar de poder dos
Senhores , e por cm mãos de hum volFo efcrivaô que para iíTo fizef-
tes ficando elles defapoírados de todos os privilégios que tinhao , e
,

fe tornavao todos pcra fuas cafas porque V. S. naó dcípachava ne-


nhum , e aíli recolhíeis tudo a volía maó para os defpachar , ou que-
brar quando quiíefeis, e a quem quifeíTeis.
E
logo publicou que todos os privilégios dos Reys paíTados
naó valeíem nada , e que todos fe acabavaó per morte do Rey , e
que tudo eílava em voíTa maó de o dar , e tirar como quifefeis , e
afli o começaftes logo a moftrar per obra
,
porque alguns que defpa-
chaveis em huns tiráveis a jurdiçaô , em outros a renda , em outro.?
os privilégios, e aífi tiráveis , e metieis claufulas de novo como voe
aprazia , e outros rompieis de todo fem mais os verem as partes de
guifa que de ventura fe achara efcritura eivei que V. S. naó grofalíe
em pouco , ou em muito e iílo mefmo fizeíles nas que vos mefmo
tínheis feitas , e confirmadas fendo vos Príncipe dizendo que ja naó
valiaó nada , porque éreis ja outro homem que entaó éreis Príncipe,
e agora éreis Rey.
E determinaftes que naó podeíTem dar cartas de fegurança em
mortes de homens tendo nos diíTo privilégios , e fentenças. E de-
terminaftes que ter Ouvidor em nenhum feu
nenhum Senhor pudeífe
lugar mais de quinze dias que paíTados os quinze dias logo fe
, e
partiíTe dali , ou naó ufafe mais do officio , e aíTi que naó conhecef-
fem de auçoes novas , nem dos agravos que fahiíFem dante os Juizes
por onde de ponto em branco tirava V. S. aos Senhores toda a jur-
diçaô de fuas terras , efpecialmente aos Duques , e a feus Irmãos que
febre eftes cafos tinhaó mais fortes privilégios.

Parece ,
que mo efid acabada.

Alvará de licença para D. Filippa de Mello , mulher do Senhor


D. Ah 'ara , poder ir para ku mando. Original ejiá no Car-
tório da Cafa de Bragança , donde o copiey.

l^T Os ElRey por efte alvará damos licença e lugar a Dona Felipa NuiTl. 6*
xS mulher de D. Alvaro meu Primo, que ella fe va para o dito « .

feu marido , onde quer que elle eftevcr fora deftes Regnos , e que
quando fe afim for poíTa levar por mar ou por terra , todo o que te-
ver afim ouro e prata amoedados e lavrados , e joyas com quaefquer
,

outras couzas fem embargo de quaefquer ordenaçoens e defezas


,

que aja em contrario e porem mandamos a todolos noíFos Correge-


;

dores , Juizes , e Juftiças Officiaes e peífoas a que o conhecimento


dello pertencer que lhe leixem afim levar para fora deftes Regnos
,

quando íe for todalas ditas couzas fuas , quer por mar quer por ter-
,

ra,
fem lhe poeerem fobrc ello pejo , nem contradição alguâ , e fem
ernbargo das ditas noífas Ordenaçoens , e defezas em contrairo dello
feitas , e lhe ^oardem e cumpraó efte noíTo alvará como em elle he
Tom.. V. Rrr ii cou-
$oo Trovas do Liv. IX. da Hijloria Çenealogica
contheudo , fe for paíTado pella Chancellaria de nofla Camera por-
que aíim he noíTa mercê. Feito em Santarém a vinte e feis de Ju-
nho Joaó Gonçalves o fez anno de NolTo Senhor Jefu Chriílo de mil
e quatrocentos e outenta e quatro.

REY.
Certidaí) do livro da Vifita dos Cónegos da Con^regaça'o de S. Joa'o
EuangeliJIa , do ant,o de ló^ó ^ da obrigação, cjue o Jeii MoJ'
teiro de Évora , do Padroado do Dwjiie de Caduval ^ tem^
de o nomearem na Colieãa.

Num. 7. eu Manoel de Sam Jofeph


Ertiíico Preí^ador , e Secretario da
,

A
/íf/c
Congregação de Sam Joaó Evang^Hifta que na vezita , que efte
,
An. 1050. gj^j^^ ç^^^ Q Reverendo Padre Manoel da Concepção , Vizita-

dor da noíTa Caza de Sam T^ao Evangellifta de Enxobregas , loco te-


nente do ReverendiíTimo Padre Joaó do Spirito Sandlo , Reitor Ge-
ral defta Congregação, fica hum mandado as foi. 41. cujo treslado
he o feguinte. Por nos fer feito queixa , por parte do Duque do
Cadaval , e da Senhora Marqueza de Ferreira , fua Mây^ , nolFos Pa-
droeiros, que faô defte Convento de Sam Joaó de Évora, de que os
Relligiozos ddle, faltavaó na Commemoraçaó , que fe faz deftes Se-
nhores na iniífa da Terça em a Colieta , a qual queixa chegou tam-
bém ao noiTo P^everendiíTimo Padre Geral , que com os feus Deputa-
dos affentou fe naó devia alterar huma poíTe taó antigiia , em que
eíles Senhores efcavaó de os nomearem na Colieta da miíía da Terça.
Aliem de que o ReverendiíTimo Padre Geral mandou ao Doutor Fran-
cifco da Madre de Deos , Bifpo elleito da China , fizeíTe hum pare-
cer , em que moftrafTè as rezoens , que eftes Senhores tem para nos
obrigar e as que nos temos para os fervir ; o qual parecer fica no
,

Cartório defte Convento para em todo o tempo fabercm os Relligio-


zos ,0 que devem guardar; e por tudo nos fer prezente , e eíkreni
tirados os efcrupulos , que nella matéria os Relligiozos podiaô ter
( conforme o Decreto de Sua Sanílidade. ) Mandamos a todos os noí-

ips íubditos , em virtude da fanéla obediência, naó filtem a eíla obri-


gaçaó , quando a cada hum delles lhe couber fatisfazer a ella. E com
a mefma obediência mandamos ao Padre Reitor , ou a quem fuas ve-
zes tiver, os obrigue, e faça guardar, para que lhe naó feja dado
em culpa, quando o contrario fubceder. O qual mandado eu tresla-
dei bem , e fielmente do livro das Vizitaçoens , ao qual me reporto ,
e por me fer pedida por parte do Duque do Cadaval efta Certidão pa-
ra fua guarda lha paíTei de mandado do Reverendo Padre Vizitador,
,

aos 4. dias do mes de Março do fobreditto anno de 656. E eu Ma-


íioel de Sam Jofeph , Secretario da Congregaçaó a eíbrevi.

Manoel de Sam Jofeph


Secretario da Congregaçaó.
Cofj'
da Cafa ^al Tortugues;a. 501

Contrato do Ca/amento de D. Maria de Menezes, com o II. Con-


de de Portalegre D. João da Sylva. E/lá na Torre do Tom-
bo , no liv. / . dos Myjlicos ,
pag. / / ,
verj, donde o
tirey.

DOm Manuel, &:c. A quantos efta noíTa Carta de aprovaçam e


confírmaçam virem. Fazemos fabcr que por parte de Dom Joam .
Num. 8,
da Sylva de Menezes Conde de Portallegre Senhor de Celorico Gou- '5°5*
vea e Sam Romaó Vallazim e Villa Cova , &c. e de Dona Fellippa
de Mello molher de Dom Alvaro noíTo muito amado e prezado pri-
mo que Deos haja e de Dona Maria de Menezes fua filha nos foi
aprezentado hum contrato de cazamento dote e arras antre os fobre-
ditos feito e concertado e per elles firmado e aíTinado do qual o theor
tal he como fe ao deante fegue. Em nome de Deos amen. Saybam
quantos efte eftormento de contrato de cazamento dote arras virem
que no anno do nalcimento de noífo Senhor Jezu Chrifto de mil qui-
nhentos e finco onze dias do mez de Julho na Cidade de Lisboa nas
cazas da Senhora Dona Felippa de Mello molher do Senhor Dom Al-
varo que fanta gloria haja eílando ahy prezente a dita Senhora Do-
na Fellippa e outro fy eílando hy o Senhor Dom Joaó da Sylva e
de Menezes Conde de Portalegre , &-c. Logo por ella Senhora foi
dito que em prezença de mim Bras Afíbnfo Taballiam publico e das
Teílimunhas a deante efcritas que aprazendo a noíTo Senhor Deos ellas
tinham tratado cazamento com authoridade prazer e confcntimento
delRey noíFo Senhor delle dito Senhor Conde haver de cazar com a
Senhora Dona Maria de Menezes filha do dito Senhor Dom Alvaro
que Deos tem e da dita Senhora Dona Fellippa a qual outro fy a
efto prezente eftava e por quanto o dito contrato fe fez com certas
clauzulas pautos e convenças foi ordenado porque ao depois nom ve-
nha em duvida fe poer todo em efcrito como foi concertado para
em todo tempo fe haver dello comprida noticia e emformaçam. Pri-
meiramente foi acordado antre as ditas partes que os ditos Senhores
Conde e Dona Maria hajam de cazar e cazem per pallavras de pre-
zente fegundo forma e ordenança da Santa Madre Igreja. Item diíTc
a dita Senhora Dona Fellippa e declarou que a dita Senhora Dona
Maria fua filha tem para feu dotte fincoenta mil dobras de vallia de
cento e vinte reaes dobra fegundo ordenança em que montam feis con-
tos de reis dos quaes tem quatro contos e duzentos e oitenta mil reis
de fua legitima e rendas e tem feis contos e vinte mil reis para com-
primento de todo o que montão em feis mil dobras de que lhe El-
Rey nolfo Senhor faz mercê para ajuda de feu cazamento e aíly fam
os ditos feis contos de reis os quaes a dita Senhora Dona Fellippa fe
obrigou de pagar ao dito Senhor Conde per efta guiza convém a faber
lhe dara dous contos de reis nefra maneira convém a faber dous ter-
ços delles em ouro e prata e joyas e outro terço em tapeçarias e env
xoval e efcravos e efcravas e corregimentos de caza e veftidos da pef-
$02 Trovas do L!v, IX. da Hifloria ÇenealGgtca

foa da dita Senhora os quaes dous contos lhe aíTy pagara ao tempo
que os ditos Senhores tomarem fua caza que fera Deos prazendo pel-
lo mez de Janeiro do anno de quinhentos e fete e lhe dara o hum
conto de reaes que tem delRey de Caftella em dinheiro ao dito tem-
po da tomada de fua caza fe ella Senhora Dona Fellippa athe entam
o tiver arecadado e nam o tendo the entaó arecadado lhe dara hum
privilegio que tem em vida da dita Senhora Dona Maria fua filha da
conthia de cento e vinte e finco mil maravedis em cada hum anno
fituados pello dito privilegio nas Villas de therena e de Gradalcanal
o qual privilegio a Ravnha de Caftella que íanta gloria haja leixou
a dita Senhora Dona Maria em fatisfaçam do dito hum conto e dan-
dolhe o dito privilegio ficara ella dita Senhora Dona Fellippa dezobri-
gaJa do dito conto. Item lhe dara hum conto e feíTcnta e feis mil
quinhentos e felfenta reis em bens de rais e renda em efta Cidade de
Lisboa e cm Évora e Santarém e em feus termos nos preços em que
eftam avalliados nas partilhas feitas antre a dita Senhora Dona Maria
e feus Irmíos os quaes bens lhe aílinara e entregara ao tempo da to-
mada di fua caza com condiçam que fe do dia que a dita Senhora
Dona Maria tomar fua caza athe tres annos primeiros feguintes o
Senhor Conde de Tentúgal feu Trmaó lhe quizer pagar rs ditos hum
conto e feíFenta e feis mil quinhentos e fefíenta reis em dinheiro em
tal cazo toJollos ditos bens e rendas defta eftimaçam fiquem livre-
mente ao dito Senhor Conde de Tentúgal e paíPadrs os ditos tres an-
nos , e nam tendo pago o dito Senhor Conde de Tentúgal ao dito
Senhor Conde de Portalegre os ditos hum conto e feíTenta e feis mil
quinhentos e feíTenta reis em tal cazo ficara a efcolha na dita Senho-
ra Dina Maria querer tomar c haver os ditos bens e rendas na dita
avalliaçao dos ditos hum conto feíTenta e feis mil quinhentos e feíTen-
ta reis ou haver antes o dito dinheiro e leixar os ditos bens e efra
efcolha declara a dita Senhora Dona Maria dentro de hum anno def-
pois que os ditos tres annos forem paíTados e querendo ella antes o
dito dinheiro em tal cazo o dito Senhor Conde de Tentúgal Dom
Rodrigo de Mello que a efto prezente eftava fe obrigou de lhe pagar
logo inteiratnente e mais fe obrigou o dito Senhor Conde de Tentú-
gal de pagar ao dito Senhor Conde de Portalegre hum conto de reis
que deve a dita Senhora Dona Maria fua Irmãa de refeiçaó da dita
fua legitima do dia que tomarem fua caza a hum anno primeiro fe-
guinte fob penna do dobro e para todo efto elle dito Senhor Con-
de de Tentúgal obrigou logo todos feus bens havidos e por haver
moveis e de rais. Item lhe dara a dita Senhora Dona Felippa as di-
tas feis mil dobras que a dita fua filha tem delRey as quaes lhe dara
em dezembargos do dito Senhor quando os de Sua Alteza houver e
afTy falleceo para comprimento dos ditos feis contos do dito dote du-
j^entos e treze mil quatrocentos e quarenta reis os quaes a dita Se-
nhora Dona Felippa pagara em dinheiro do dia que tomarem fua cn-
za a hum anno e difte a dita Senhora Dona Fellippa que por qurnto
o inventario da herança do dito Senhor Dom Alvaro nom he ahinda
acabado e poderia fe haver alguma quebra na dita legitima da dita í:e-
nhora
da Cafa ^eal ^ortugueí^a. J o3
•nhora Dona Maria fiia filha queSenhora Dona Felippa fe noili
ella
obriga a dita quebra athe quantia de quinhentos mil reis mais aos íin*
CO contos e nieo que fíquam íe obrigava de os coniprir e pagar pel-
lo modo atras declarado obrigando para ello todos íeus bens havi-
dos e por haver moveis e de rais ao dito Senhor Conde de Portale-
gre dilFe que por honra da pelFoa da dita Senhora Dona Maria fua
fotura molher lhe aprazia lhe dar como deffeito dava em arras dous
contos de reis que vallem hum terço dos ditos feis contos do dotè
e crecendo mais o dito dote alTy creceram as ditas arras ao dito ref-
peito da terça parte e aífy deminuindo o dico dote deminuira as di-
tas arras ao dito refpeito as quaes arras ella vencera e haverá fe for
cazo que o dito Senhor Conde leu marido falleça da vida deíle mun-
do primeiro que ella quer lhe delle fiquem filhos quer nom e iíTo
mefmo as haverá em qualquer cazo que Deos nom mande que o di-
to matrimonio feja feparado ou apartado em vida delles ambos fem
culpa delia Senhora Dona Maria. Item foi mais acordado antre as di-
tas partes que em cazo que o dito Senhor Conde de Portalegre fal-
leça primeiro que a dita Senhora Dona Maria hora hy haja filhos ou
nom e em cazo que em vida dambos o dito matrimonio feja fepara-
do i&m culpa delia que neíles dous cazos e em cada hum delles ella
Senhora Dona Maria haverá todo o dito feu dote e arras e mais ha-
verá ametade de todo o acquerido e multiplicado de todos feus bens
patrimoniaes que fe acquerirem por qualquer tituUo e modo que fe-
jaó depois que o matrimonio antre elles for confumado tirando fo-
mente o que cada hum delles ditos Senhores Conde e Dona Mnria
fuccederem e herdarem e houverem das Senhoras fuas mâys porque
cada hum haverá para fy em folido todo o que aífy de fua mãy her-
dar e houver e todo o al que for acquerido partiram pello meyo e
failccendo ella Senhora Dona Maria primeiro que o dito Senhor Con-
de feu marido que em tal cazo os herdeiros delia Senhora Dona Ma-
ria haverão o dito dote e ametade do dito acquerido e multiplicado
e nam ha^eram arras e ajuntaram e fe aíTentaram que em cazo que o
dito Senhor Conde falleça da vida defte mundo primeiro que a dita
Senhora fua molher ou fendo o dito matrimonio feparado e aparta-
do em vida dambos pello modo atras declarado em taes cazos e ca-
da hum Senhora Dona Maria haverá por camará caílada
delles a dita
finco mil dobras da dita vallia as quaes haverá nas couzas moveis que
ella quizer e mais haverá todollos veftidos de fua peflba que houver
dcípois do matrimonio fer confumado. Item cm cazo que o dito do-
te e arras e finco mil dobras por camará caíTada e veftidos hajam de
vir a ella Senhora Dona Maria cu a feus herdeiros ou a quem quer
que os per direito haja daver per vigor defte crntrato em tal cazo o
dito Senhor Conde ou feus herdeiros pagaram todo o que irontar no
dito dote e arras e finco mil dobras dentro de hum anno primeiro
feguinte contando des o dia que o dito matrimonio antre elles for
feparado em vida ou por morte em deante fob penna doutro tanto de
penna e interefe e a dita penna fera para quem houver o dito dote
e arras e veftidos e finco mil dobras e por mais fegurança do dito do-
te
504 Trovas do Liv. IX. da Hiftoria Çenealogiea
tè" e mil dobras e pennas diíTe o dito Senhor
arras e das ditas finco
Conde de Portalegre que obrigava como de feito obrigou e embuti-
cou para ello o Teu reguengo da Vallada e todos outros Teus bens
patrimoniaes e de rais havidos e por haver a reftituiçam e paga de
todo o fufo dito e lhe apraz e outorga que em qualquer cazo que
ella ou feus herdeiros hajam daver o dito dote e arras e finco mil
dobras fem outra authoridade de juftiça nem figura de juizo poíTam
logo tomar e tomem pofTe real autuai do dito reguengo , e bens pa-
trimoniaes e naó poífam ella nem feus herdeiros fer dezapoderados
nem tirados da dita poíTe athe inteiramente com effeito fer pagos e
fatisfeitos do dito dote e arras e finco mil dobras e pennas fe cm el-
las encorrido tiverem e as rendas que receberem do dito reguengo e
bens feram defcontados do principal ou pennas como for dereito nom
tolhendo per aqui de fazer execuçam peDa dita divida em quaefquer
outras couzas que hy houver do dito Senhor Conde per honde fe
po.Tam fazer ahinda que fejam couzas da Coroa do Reyno as quaes
elle Senhor Conde para efto obriga e ypoteca fazendoíTe primeiro
execuçam aíT/ do principal como das pennas nos bens patrimoniaes
moveis e de rais e o que fe per os ditos bens patrimoniaes nom po-
der haver fe haverá pellas rendas das terras e bens da Coroa e aíTen-
tamento e nom fe vendera renda al^una nem fe arendara dante mao
iie.n fe ven hra alguma jurdiçao e as foSreditas couzas e cada huma
delias como ditas e apontadas e declaradas fam os ditos Senhores Do-
na Fellippa Conde de Portale,^re e cada hum por fua parte aprova-
ram e louvaram e rathefícaram por firmes ratas e aprovadas e prome-
teram de as ter e manter e comprir e nom vir contra ellas em parte
nem em todo fob penna que a parte que contra eílo for cm parte ou
em todo pagaram em nome de penna interefe dous mil cruzados dou-
ro a parte tente e aguardante a qual penna pagada ou naó toda via
eíle contrato feja firme em feu vigor e para fegurança de todas as
ditas couzas ou cada huma delias obrigaram alem do que ja aflima ef-
ta obrigado expreçamente todos feus bens moveis e de rais atras de-
^

clarados da Coroa do Regno e rendas delia havidas e por haver e |

por mayor firmeza defte contrato logo o dito Senhor Conde de Por-
talegre amoftrou hum Álvara de ElRey noífo Senhor fob aífinado
por Sua Alteza de que o theor he eftc que fe fegue. Nos ElRey
fazemos faber a quantos eíle noífo Álvara virem que a nos praz dar
poder e authoridade como de feito por efta prezente damos ao Con-
de de Portalegre &c. para poder fazer contrato com Dona Felippa
do cazamento de fua filha Dona Maria pofto que feja menor de hida-
de poílo que nom feja manei pada porque para o dito cazo a have- |

mos por mayor e mancipada e lhe damos poder e authoridade para j

poder fazer o dito contrafto com toda! as clauzullas e condições c


obrigações que elle quizer e poíHi obrigar feus bens a dote e arras
da dita Dona Maria e a todo o mais que lhe der e prometer e iíFo
mefmo lhe damos poder e authoridade para poder jurar o dito con-
traclo fem embargo de noffa ordenaçam em contrario e damos licen-
ça ao Taballiam que for efcolhido para fazer o dito contrauto que o
da Cãfa ^al Tortuguei^aé 505
I faça com o dito juramento e para firmeza do que dito he mandamos
paílar efte por rios aííinado. Feito em Lisboa a onze dias de Julho
Aífonfo Mexia o fez Anuo de mil quinhentos e fmco. !=: REY. t=:

E por virtude do qual Álvara ellc Senhor Conde fez hora e afir-
I mou e houve por feito e afirmado efte dito contrato e fe obrigou de
j
o manter e comprir com todo e por todo como nelle he contheudo
I fob a dita obrigaçam e penna e ahinda por mais abaftança Jurou logo
aos Santos Evangelhos corporalmente tangidos perante mim ditoTa-
balliam e Teftimunhas abaixo nomeadas de comprir e manter o dito
contrario inteiramente como fe nelle conthem e de nunca hir contra
elle cm modo algum e por mayor firmeza do dito dote e arras e fin-
co mil dobras a Senhora Condeça de Portalegre madre do dito Se-
nhor Conde obrigou íua terça e todos outros feus bens moveis e de
rais havidos e por haver fegundo ao pé defte contradlo fara fua obri*
gaçam c em Tellimunlio deito alfy o outorgaram e mandaram fer fei-
tos fenhos eftormentos e dous para cada parte de lhe comnrirem Tef-
timunhas que prezentes foraó o Bacharel Joam Cotrim Corregedor
da Corte do dito Senhor e o Lecenciado Alvaro Annes Cidadão da
I dita Cidade e João de Revoreda Contador da Caza delRey noíTo Se-
nhor e defpois defto em doze dias do dito mez de Julho do dito
anno de quinhentos e finco na dita Cidade nas cazas da dita Senho-
ra Dona Maria Dayalla Condeça de Portalegre efcaiido hy a dita
Condeça perante mim Taballiam lhe foi amoftrado e lido eíle contra-
rio de cazamento atras efcrito e por ella foi dito que lhe prazia co-
mo de feito aprouve e para mayor fegurnnça do dito dote e arnis
c das ditas finco mil dobras da Camara calíadas de obrigar como de
feito por efte eftromento obrigam efpecialmente toda fua terça e to-
dos outros feus bens havidos e por haver moveis e de rais para que
fe for cazo que ao tempo da feparaçao do dito matrimonio aíly por
morte como em vida a dita Senhora Dona Maria ou feus herdeiros
nom acharem bens patrimoniaes e fazenda do dito Senhor Conde por
honde hajam todo feu dote e arras no cazo que as hy ha daver e as
finco mil dobras de Camara caíladas que em tal cazo hajao todo o
que delia fallecer pellos bens c terça delia Senhora Condeça que ella
Senhora por todo efto expreçamente para todo obrigou e emboticoii
como dito he e por mayor cautella ella Senhora Condeça renunciou
logo para efto o beneficio da ley do Valeriano perante o honrado Ra-
charei Joam Cotrim Corregedor da Corte dos feitos Civeis delRey
nolfo Senhor que hy prezente eftava o qual pella dita Senhora fer
tal peíToa veo a fua caza efpecialmente para efte negocio e declarou
a dita Senhora Condeça a dita ley do Valleriano como hera feita em
favor das molheres e mandava que qualquer obrigaçam que em algu-
ma molher fe obrigace por outrem que nom vallefte falvo fe perante
o Juis renunciafe a dita ley e ella Senhora Condeça fabendo e cnren-
dendo o privilegio e liberdade que lhe pella dita ley hera concedido
diíTe que nom queria delia gouvir nem uzar em efta parte e que a
renunciava como logo de feito renunciou perante o dito Corregedor
e quis e lhe aprouve toda via ficar obrigada pelio dito Senhor Conde
Tom. Y. Sss feu
Trovas do Liv» IX. da Hifloria (jenealogtca
feii filho pello modo e maneira que atras faz menção fem embargo da
dita ley e doutras quaeíquer leys e ordenações e direitos Civeis e
Canónicos de que contra o contheudo nefte contra(5lo fe poíTa ajudar
e por Certidão deílo mandou efcrever eíla fo obrigaçam e renuncia-
çaó ao pé defte contraílo para ter emcorporada com elle. Teílimu-
nhas que prezentes foraó o dito Corregedor e meílre Felippe merca-
dor e Henrique Fernandes e Barbanel outro fy mercador moradores
na dita Cidade e eu Bras AfFonfo publico Taballiao por authoridade
de ElRey noíTo Senhor na dita Cidade e feu termo que efte eílormen-
to de minha nota por meu Efcrivam fiz tirar e fobfcrevi e concer-
tey c vay efcrito em feis folhas com eíla e fica refcado honde dizia
di6la reaes e íica antrelinhado honde diz e mil conto ficaram hajaô e
por verdade o affiney aqui do pubrico fmal. Pedindonos os fobreditos
Dona Felippa e Conde de Portalegre que lho confrmafemos e hou-
veíTemos por confirmado e aprovafemos efte contraélo de dote e ca-
zamento c arras e renunciaçaô e contratamento com todallas clauzulias
pautos convenças e condições eftipullaçoés e juramentos em o dito
contraflo contheudas e fuprimos ò dito contrato qualquer folemnida-
de honde foíle de dereito que contra o dito contrato em algum tem-
po l"e podeíTe alegar o qual contrario vifto por nos todo lido e exa-
minado e entendido e por quanto o concerto e contradto antre as di-
tas partes foi feito com noíta authoridade e todallas couzas nelle con-
theudas fe fizeram com noífo prazer e confentimento e para todo pri-
meiro demos licença e nos em peíToa entendemos em todo fentindoaf-
fy por ferviço de Deos e noífo pellos muitos grandes ferviços que
delles recebemos e ao deante efperamos receber por efta prezente au-
thorizamos o dito contrato com todallas clauzulias paélos convenças
e condições e juramentos nelle contheudos de noífo moto próprio e
certa fciencia e livre vontade e poder Real e abfoluto aprovamos e
confirmamos ratheficamos e abonamos com efte entendimento que o
reguengo de Vallada no contrario declarado fera fomente obrigado ao
dote da dita Dona Maria pella maneira no contrato declarado e as ar-
ras nom porque as haverá a dita Dona Maria ou feus herdeiros em
cazo que per direito as hajam daver pellos bens patrimoniaes do di-
to Conde e da dita Condeça fua mãy e as íinco mil dobras que lhe
deu pella Camara caífada e fe pagas as ditas arras e finco mil dobras
aííima declaradas fobejarem mais bens patrimoniaes do dito Conde e
Condeça fua máy haverá a dita Dona Maria per elles feu dote e to-
do o que ficar por pagar a que os ditos bens patrimoniaes nom abaí-
tarem haverá pello reguengo da Vallada na maneira atras declarado
e afty havemos por firmes todallas clauzulias e condições e convenções
e cada huma delias no dito contrauto contheudas fem embargo da ley
mental e de todallas outras leys e direitos Civeis e Canónicos gro-
zas e oppinicens de Doutores ordenações Cartas Sentenças determi-
nações e Capitules de Cortes geraes e erpccincs que em contrario
defte contraélo e confirmação e aprovaçam delle fejaó e ao deante fo-
rem por quanto todo aqui havemos por expreíTo e cípecialmente re-
nunciado caífado e anuUado e de nenhum vigor e força quanto he ao
da Cafa %eal Tortugues^^a. 507
dito contrasSlo confirmaçam delie naó valler ou menos valler em
e
parte ou em todo aíTy como fe todo alfentado e nomeado declarado
íbíTe foprindo todo tallecimento de menoridade ou outra qualquer
couza de feito ou de dereito que necellario feja para o dito contra-
cto cazamento dote e arras renunciaçaó prometimento firme fer mais
valler rathefícado confirmado e louvado o dito contrato havendo-o por
firme no melhor modo e forma que fer poíTa e per pallavra declarar
fe poíla aíTy e pclla guiza modo e maneira que fe em ellc conthcm
e nos praz de fazer comprir e guardar em todo tempo fem mingoa-
mento algum e queremos que o Notário que o fez que nom haja
penna alguma contheuda em noifas ordenações por fazer aíly o dito
contradto confirmado por juramento dos fobreditos por quanto nos de-
mos licença para iífo e em teítimunho de tudo mandamos fazer eíla
Carta por nos aílinada do noíTo fello a qual mandamos que em todo
valha e fe cumpra e guarde inteiramente como em ella he contheu-
do. Dada em a nolFa Cidade de Lisboa a doze dias do mez de Ju-
lho Aflonfo Mexia a fez de mil e quinhentos e finco e honde diz
que fallecendo o dito Conde que aliem de fe arecadar e haver o di-
to dote por parte de Dona Maria ou feus herdeiros por feus bens
moveis e de rais e pellas novidades do reguengo de Vallada nam to-
lhe de fe fazer execuçam em quaefquer outros bens da Coroa do
Regno e allentamento que de nos tem e nam poíTa vender nem aren-
dar dante maó nem nenhuma couza delles e declaramos que ifto fe
entenda fomente no rendimento das ditas rendas athe o tempo que
o dito Conde fallecer para no dito rendimento fomente fe fazer a
execuçam para reítituiçam do dito dote e dy por deante ficaram to-
dallas ditas rendas livres e dezembargadas aos herdeiros do dito Con-
de por quanto de todallas rendas que de nos tem da Coroa do Reg-
no Comente fe obrigaó ao dito dote e o reguengo de Vallada pelia
maneira condições em fima declaradas.

Certa de ajfent amento de Conde de Tentúgal, a D. Kcdrígo dc


Mello. Ejià no Hv. ^, da Chancellavia delRey D. Jcad o
III, pag. 160 y donde a ccpky,

DOm João , quantos eOa noíTa carta virem fazemos faber


&:c. a
que por parte do Conde de Tentúgal meu muito amado primo ^^^^
Num.
1Ç04.
me foi aprezentada hua Carta delRey meu Senhor e Padre que fmta
gloria nja da qual o theor tal he. D. Manoel por graça de Deos
Rey de Portugal e dos Algarves daquem e dalém mar em Africa Se-
nhor de Guine da Conquiíla navegação Comercio da Ethiopia Ará-
bia Perfia da índia , &c. A quantos eíla nolfa carta virem fazemos
faber que efguordando nos aos muitos ferviços que temos recebido de
D. Alvaro meu muito amado Primo cuja alma Deos haja c a feus
grandes mericimentos e iíTo mefmo ao muito divido que comiiofco
tem D. Rodrigo de Mello Conde de Tentúgal meu muito amado fo-
Tom. V. Sss ii brinho
,

5c8 Trovas do Ltv, IX» da Hifloria Çenealogíca


brínho feu filho e aos ferviíTos que delle ao diante efperamos rece-
ber movido ello por taes refpeitos e querendolhe fazer graça e mer-
cê temos por bem e nos praz que elle tenha e haja de nos de aíenta-
mento em cada hum anno des o primeiro dia de Janeiro que ora
paíTou da era prezente de 1504 em diante duzentos e fefenta mil e
duzentos e quarenta e hum reis que he outro tanto como o dito D.
Aivaro de nos havia, e era outro tanto como elle tinha dei Rey D.
Affonfo meu thio que Deos haja por tres padroens per efta guifa con-
vém a faber cento e fetenta mil reis por hum padrão feito a 28 dias
de Fevereiro de fefenta e fete annos , e fetenta e dous mil e outo-
centos e cincoenta e outo reis que lhe foraô acrecentados no dito
acentamento no anno de fetenta e dous , e os dezafete mil e trezen-
tos e outenta e tres , por outro padrão feito a 9 de Junho no anno de
outenta que tinha dos quarenta mil reis que o Duque feu pay nelle
trefpaífou de feu afentamento porque os vinte e dous mil e feifcen-
tos e dezafete reis leixou entaó em companhia doutros dmheiros ,
pellas dizimas novas de Buarcos e de Monte Mor o Velho Judarias
de Sines e S. Tiaao , e CoUos que lhe foraô dadas , e porem manda-
mos aos Vedores de noíTa fazenda , que lhe façaô alentar os ditos du-
zentos e fefenta mil duzentos e quarenta e hum reis nos noífos li-
vros delia , e dar dos ditos dinheiros em cada hum anno carta para
logar onde delles haja mui bom pagamento , e por fua guarda e fir-
meza deHo lhe mandamos dar eíla noffa carta por nos afinada e afel-
lada do noíFo fello pendente dada em a noíía Cidade de Lisboa a 2^
dias do mes de Setembro. Gomes Aranha a fez anno do nacimento
de NoíTo Senhor Jelu Chrifto de 1504 annos pedindonos por mercê
o dito Conde que lhe confirmafemos a dita carta e viílo por nos feu
requirimento querendolhe fazer graça e mercê temos por bem de lha
confirmar e havemos por confirmada afi e da maneira que nella fe
contem , e afim mandamos que fe cumpra e guarde dada em a noCCa
Villa de Thomar a 17 dias dagofi:o Jorge da Fonfeca a fez anno de
NoíTo Senhor Jefu Chriílo de 1523.

Carta porcjue E/Rey D. Manoel concedeo ao Conde de Tentúgal


D, Rodrigo de Mello ^
obrigar certos bens para feguranqa do
dote da filha de D. Pedro Perto Carrero. Eãá na Torre
ao Tombo , no Uv. 6. dos M y/Iicos ,
pag. 7 p , don-
de a coptey.

Tn "n CondeManoel
NTnm *^*JL/

a quantos efta Carta virem fazemos
de Tentúgal nofib muito amado fobrinho
faber, que ho
nos enviou a
,

An. 15 10. dizer, como efiava concertado com noflo conlentimento de cazar com
Dona Maria , filha de Dom Pedro Porto Carreiro , o qual lhe dava
em dote , outo contos e meyo , e que poílo que elle tenha fazenda
que pode obrigar ao dito dote f as fuas cazas de Lixboa , e Devora
a Qiiinta Dandalluços , e outra fazenda, aflim movei, como raiz, o
dito
,,,,

da Cafa %eal Tortugueí^a. 5 op


dito Dom Pedro nom era fatisfeito , ainda que por
dclla fiias doa-

çoens elle dito Conde pode apenliar a defcontar certas rendas de ju-
ro , que de nós tem , que procedem da Caza de Bragança , e que
por o dito Dom Pedro fer doutro Reyno queria , que efto fe íizeíTe -

com noíla authoridade , e afli por alguma duvida , que podia fobrevir
por cauza ley mental , pofto que por outro privillegio , que de nós
tem a dita ley fe nao entenda nas rendas da dita Caza de Bragança
pedindo-me o dito Conde por mercê , que lhe deíTemos licença para /

poder obrigar ao dito dote os direitos de Beja , e as dizimas do pef-


cado de Azurara , e do Porto , e de Setuval , que elle de nós tem de
juro, na maneira fobredita , e vifto por nós feu requerimento , e que-
rendolhe fazer graça e nicrce. Temos por bem , e lhe damos lugar,
e licença , que elle poíTa obr'gar ao dito dote , as ditas rendas com
efta declaraçaó f. Que vindo cazo , que a dita Dona Maria , ou feus
herdeiros ajam de aver o dito dote , e nam no podendo aver todo
ou parte delle pollos beens , que agora o dito Conde tem , e ao di-
ante ouver , que entam o que fallelter aja pellas ditas rendas acima
conteudas a deícontar atee a dita Dona Maria ler acabada de paguar
do dito dote , nam feja defpojada das ditas rendas , e como for pagua
fe tornaram as ditas rendas a quem per direito pertencerem , e por
quanto nom ficando do dito Conde herdeiros , que as ditas rendas
ajam de herdar , fe ham loguo de tornar ao Duque de Bragança ,
meu muito amado , e prezado fobrinho por bem de fuas doaçoens
elle nos diífe , que lhe prazia , que vindo tal cazo, perque fe lhe as
ditas rendas tornem , que a dita Dona Maria aja daver o dito dote
que comfiguo traz , e íe quizer hir deftes Reynos pera os de Caftella
pofla levar em ouro, prata , e joyas os ditos outo contos e meyo do
dito dote , fem embarguo de noíTas Ordenaçoens em contrario , e
por firmeza , e fegurança da dita Dona Maria lhe mandamos dar efta
noíTa Carta aííinada por nós, e feellada do noflo fello pendente Da- :

da em Aimeyrim , a 15. de Março , Rodrigo Homem a fez , anno de


1510.

Contrato do cafa mento de D. 'Rodrigo de MeVo y Conde de Tentii'


gal , e depois I. Marquez de Ferreira , com D» Leonor de
Almeida, EJlá no Cartório da Caja de Bragança , au-
thentico , donde o copiey,

ÇAihaó quantos eftaCarta de concerto e prometimento de caza- Num. II.


wJ mento virem ,
que no Anno do Naífimento de NoíTo Senhor Jezu
Chrifto de mil e quinhentos e des annos , vinte dias do mes de No- ' '

vembro do dito anno , no Monte de Dom Joa6 Deça , que he em ter-


mo de Pavia , eftando prezente o Duque de Bragança , de Guima-
rnens , &-c, meu Senhor , e o mui Magnifico Senhor Dom Rodrigo
Conde de Tentúgal, em feu nome, e o muy Magnifico Senhor, o
Senhor Dom João de Almeida , Onde , e Senhor de Abrantes , em
nome e como procurador da Senhora Dona Leonor de Almeida , Fi-
lha
5 Io Trovas do Llv, IX. da Hijlorla genealógica
lha do Senhor Dom
Francifco de Almeida Vizorey , diferam que an-
tre elles hera concertado de cazar o dito Senhor Dom Rodrigo Con-
de de Tentúgal, com a dita Senhora Dona Leonor de Almeida por
pallavras de prezente fazerem Matrimonio como manda a Santa Ma- |

dre Igreja de Roma , e que por quanto fe achava que o dito Senhor \

Conde de Tentúgal , hera parente no quarto gráo , com a dita Senho-


ra Dona Leonor e que ao prezente naó podiam cazar por palavras de
prezente feni dilpençaílam do noííb mui Santo Padre , pello qual an^
tre tanto
que mandavaó pela dita dilpençaflam elles Ibbreditos Se-
nhores comtratavam em eíla maneira Dizendo o dito Senhor D.
le :

Rodrigo Conde de Tentúgal que elle prometia que vindo a dita dif-
pençalíam , ou fendo certo que com elles hera difpençado fobre a di-
ta rezam de cazar por pallavras de prezente fazerem Matrimonio
com a dita Senhora Dona Lianor de Almeida , e o dito Senhor Con-
de de Abrantes, aíim mefmo por virtude de huma procurafam que
logo ahi moílroa que parefia fer feita e afignada em Abrantes por
,

Atonfo Dias , efcudeiro de ElRey noíTo Senhor , publico Tabelliam


<^as notas da dita Villa , cujo treslado de verbo ad verbo ^ he o fe-
guinte. Saibam os que a prezente procuraílaó virem que no Anno
do Naílimento de Noiío Senhor Jezu Chrifto de mil e quinhentos e
des annos , aos quatorze dias do mes de Novembro do dito anno na
Villa de Abrantes nas pouzadas da Senhora Dona Leonor de Almei-
da , Filha do Vizorey que Deos tem , fendo a dita Senhora prezen-
,
te logo por ella foi dito em prezença de mim Taballiao publico No-
tário , e das teftemunhas ao diante todo nomeado que por quanto
, ;

antre ella dita Senhora, e o muy MagniHco Senhor , o Senhor Dom


Rodrigo Conde de Tentúgal , fe trata , e he tratado cazainento , que j

ella íazia , e íbbílabelec a


, como de eifeito logo fes , e fobílabelle- í

ceo ao muy Magnifico Senhor Dom João de Almeida , Conde de


Abrariies , feu Tio , por feu procurador fuficiente , na milhor forma,
e modo que ella de direito podia, e devia, que por cila, e em feu
nome poíFa contratar com o dito Senhor Conde o dito cazamento por
pallavras de prezente , ou deípozorios por palavras de fu£buro , com
quaifquer clauzuUas ou condiçoens , prometimentos, ílipullaçoens , e
concertos que a elle dito Senhor Conde feu Thio , bem víílo for ,
e milhor parecer ; e poffa no dito feu nome confertar cazarem am-
bos por carta dametade , como fe acoftuma em eftes Reinos comum-
j

iiiente, fe o aííím ouver por bem , e lhe milhor parefer e que pofa
•,

ajuílar o dito cazamento , ou defpozorios , com quaeiquer penas, vin-


cullos , firmezas , e prometimentos
,
que em tal cazo fe requerem , e
pofa obrigar a todo o fobredito , ou parte deilo , todos feos bens
delia dita Senhora, moves, e de rais havidos, e por haver, e todo
íazer afim como ella faria fe a todo prezente foíT<» e milhor, fe mi-
,

lhor poder fer, para todo o qual, ou parte dello lhe outrogou to-
do o feu livre, e cumprido poder, e promcteo e outrogou que
,
!

,
lempré o haveria por firme , e valliozo, quanto elle dito Senhor Con-
de feu Thio em o dito feu nome por ella fizer em eíla rezam
, e ;

que nunca em nenhum tempo hirá , nem virá contra iíTo , por ella
dita I
,,

da Cafa ^al Tortugne^^a. y n


dita Senhora , nom por outra alguma peíToa em nenhuma maneira,
,

nem rezam alguma que leja ; e obrigou a todo , todos íeos bens mo-
ves , e de rais havidos e por aver , e cm teftemunho de verdade,
,

lhe mandou , c otrogou fer feita efta polia dita Senhora otrogada j
logo , dia mes anno , lufo efcrito , teíleraunhas heram prezentes
, ,

Fernaõ Dalves , Clérigo de MiíTa , e Gil Vaas, efcudeiro do dito Se-


nhor Conde e feu Secretario , e Pedro Nunes criado da dita Se-
, ,

nhora , e outros e eu Afonfo Dias efcudeiro de ElRei noífo Se-


;

nhor, c publico Taballiaó de Notas, em a mefma , e feu termo pel-


lo dito Senhor Conde que a efcrevi , e afignei do meu pubrico fignal
que tal he. DiíTe que elle prometia por parte da mefma em nome
da dita Senhora Dona Leonor de Almeida, que vindo a dita difpeii-
çafTam ou fendo certo que com elles hera difpençado , fobre o dito
parentefco , de cnzar por pallnvras de prezente , faz autos matrimo-
niaes com o dito Senhor D. Rodrigo, Conde de Tentúgal, e afim
mefmo confertara os fobreditos Senhores Conde de Tentúgal e Con- ,

de de Abrantes no dito nome , por vertude da dita procurafam que


naó cazem por dote , nem por arras , e fomente cazem por carta da-
metade , como fe coíluma comummente cazarem neíles Reinos de
í
Portugal f que apartandofe o dito Matrimonio , e cazamento , quan-
do Deos aprouver , por morte de cada hum delles , ou por outro
qualquer modo quer haja filho, ou filha , ou filhos, ou filhas dantre
ambos , quer naó , que todolos bens partiveis que ambos trouxerem
ao tempo que cazarem , ou que difpois de cazados ganharem ou ad-
quirirem , ou herdarem , e ouvercm por qualquer modo , e maneira
I

I
e titullo , que feja , que o partam ambos pello meyo igualmente, le-

I
vando hum tanto como outro , elles , ou feos Herdeiros de qualquer
f
delles que feja morto todas as quaes couzas , e cada huma delias ou-
1 torgaraó o dito Senhor Conde de Abrantes em nome da dita Senho-
ra , e o dito Senhor Conde de Tentúgal e prometem de as ter , e
,

manter e guardar e cumprir , e fazer guardar e cumprir verdadeira-


mente a boa fee fem mao engano como aíima he contheudo e
,

prometiam de nao fazerem o contrario nenhuma couza das fobreditas


nem hirem , nem virem contra ellas , por fi nem por outrem em
nenhum tempo , nem maneira , nem modo algum , ante pron.etcrani
de trabalhar o pofiivel que fe cumpra como afima dito he que ve-
f
nha a dita difpcnçaílàó e a fazerem vir o mais aíinha que poderem
í fob pena de vinte mil íbldos dc ouro , a qual pagará a parte que
naó quizer cumprir todo o fufo dito ou parte dello , à parte que qui-
zer eílar pello dito contrato e a dita pena pagada , ou nao
, que ,

toda via o dito contrato fique firme e valliozo, e valha; e o dito


Senhor Conde de Tentúgal diíTe que elle queria mandar pcUa dita
,

difpcnçaíTaó teftemunhas que a todo foram prezentes. Dom João De-


ça fidalgo da caza do Duque meu Senhor , e Fernão Rodrigues feu
camareiro , e o Doutor Fernam de Moraes do feu Dczembargo , e
João Parali f dalgo da caza do Senhor Conde de Tentúgal , e Fernam
Lourenço cavalleiro da caza de El Rey n'^fo Senhor , e Diogo Gil
||
Freire , e Gil Vas , efcudeiro da caza do Senhor Conde de Abrantes,
e feu
512 T^rovas da Lív, IX. da Hijlorla (jowalogica

e feu Secretario, e Fernão Ju farte , e outros; e eu Jorge Lourenço


efcrivam da camará do dito Duque meu Senhor eTaballiam geral por
ElRei nofo Senhor em todos ícos Reinos nas couzas do Duque meu
Senhor , e nas couzas que por mandado de fua Senhoria fizer , que
a tudo prezente fui , e por mandado do Duque meu Senhor , e por
rogo dos fobreditos Senhores , Conde de Tentúgal , e Conde de
Abrantes efta carta efcrevi. í=í Ho Duque Dom Rodrigo Con-
de !=i O Conde de Abrantes t:^ Joaó Parai i Fernam Mar tens í=:
^izi

Francifco Antunes O Doutor Fernão de Moraes t=: Diogo Gil


Freire p2 Gil Vaas Fernão Lourenço t= Fernão Ju farte. í=

Saibao os que efta prezente Procurafam virem , que no Anno do


naíTimento de NoíTo Senhor Jezu Chrifto de mil e quinhentos e des
annos aos quatorze dias do mes de Novembro do dito anno na Vil-
la de Abrantes nas pouzadas da Senhora , a Senhora Dona Leonor de
Almeida filha do Vizorey que Deos tem fendo a dita Senhora prezen-
te , logo por ella foi dito en) prezcnça de mim publico Notário , e
das teftemunhas ao diante nomeadas , que por quanto antre ella dita
Senhora , e o muy Magnifico Senhor , o Senhor Dom Rodrigo Con-
de de Tentúgal , fe trata , e he tratado cazamento que ella fazia e
,

fobftabelecia , e com efeito logo fes , e foHílabellcceo ao muito Mag-


nifico Senhor, o Senhor Dom João de Ahneida Conde, Senhor da
Abrantes feu Tio , por feu procurador fufijiente na milhor forma , e
modo que ella de direito podia , e devia , qi^e por ella , e em feu no-
me poífa contratar com o dito Senhor Conde , o dito cazamento ,
por palavras de prezente , ou defpozorios , por palavras de tuíturo ,
com quaefquer clauzuUas , e condilToens, e prometimentos, ftipulla-
çoens , e concertos , que a elle dito Senhor Conde feu Tio bem vif-
to for, e milhor parecer, e poíTa em o dito feu nome concertar que
cazem ambos por carta dametade , como fe coftuma em eftes Reinos
cominummentc , fe afim ouver por bem , e lhe milhor parecer e que
polia jurar o dito cazamento ou defpozorios, com quaefquer penas,
vincuUos , e firmezas , e prometimentos , que em tal cazo fe reque-
rem , e poíTa obrigar a todo o fobredito , ou parte dello todos feos
bens delia dita Senhora moveis e de rais , havidos , e por aver , e
todo fazer afim como ella faria fe a todo prezente foíTe , e milhor fe
milhor puder fer , para todo o qual ou parte delle lhe outrogou to-
do o feu firme , e cumprido poder e prometeo , e outrogou , que
fempre o haverá por firme , e valliozo , quanto elle dito Senhor Con-
de feu Tio, em o dito feu nome por ella fizer em efta rezam , e que
nunca em nenhum tempo hirá , nem virá contra iíTo, por ella dita
Senhora , nem por outra alguma peífoa , em nenhuma maneira nem
por rezaó alguma que feja , e obrigou a tudo todos feos bens moveis,
e de rais , havidos e por haver , e em teftemunho de verdade lhe
mandou dar, e outrogou fer feita efta pella dita Senhora outrogada,
logo , dia mes , e anno fufo efcripto ; teftemunhas que hcrao pre-
,

zentes , Fernam Dnlvares Clérigo de MiíTa , e Gil Vaas ,Efcudelro


do dito Senhor Conde , e feu Secretario , e Pedro Nunes , criado da
,

da Caja %eal Tortugue^à. 513


ditaSenhora , e outros , e eu AíFonfo Dias efcudciro de ElRtéy noíTo
Senhor , e publico Taballiam das notas em a mcfma , e feu termo
pello dito Senhor Conde que a efcrevi , e afignei de meu publico lig-
nal que tal hc. Lugar do íignal publico. AÍonfo Dias.

Bulla do Papa Paulo III. porcjue concede ao I, Marcjuez de Fer»


reira D. Rodrigo de Mello os Prejhmonios , ou Bdneficios fim-
pies , de certas igrejas mencionadas na dita Bulla ^ o Padroado
para elle , e os Jiicce[fores da Jiia Cafa. Authentica efià no
Archivo do Duijue dc Cadaval , donde a copiey.

In nomijje SanciiJJini£ , ^ Individua Trinitatts Patris ,


Filtj , ^
Spiritus SanÕii Amen.

NOverint univerfi, & finguli has prefentes noílras five prefens Num. 12.
publicum Tranlumpti Inftrumentum vifuri, leóluri & audituri, a

quod Nos HENRICUS, &c. Santo Pudentiam^ Presbyter Cardina-


lis Caetanus S. R. E. Camerarius ad inftantiam Illuftriffimi Domini
Roderici Marchionis de Ferreira in Regno Portugalíiíe principalis
omnes , & fingulos fua communiter , vel divifim quomodolibet inter-
elTe putantes ex adverfo principales eorumque Procuratnres fiqui íint
in Romana Curia ad videndum fumptum litterarum Apoílolicarum
felicis rccordationis Pauli Papíe III. difmembrationis , & feparationis
duarum partiam ex tribus partibus omnium & fingulorum fruccuum
reddituum & proventuum Beatas Mariae de Tentuguel & San6lx Ma-
riae Magdaleuíe , ac Saníli Michaelis montis majoris veteris , & ejuf-
dem Beatís Mari^ Villae novas Danços , necnon San61:se Catherina:
Daíiobia , & Saníli Andreíe de Pereyra , ac Sanó>i Mathci de Santa-
rém , &• ej 11 Idem BeatíE Mariae de Villa Ruiva Colimbrien. Vifen.
Ulixbonen. & Elboren. refpedlive dioc. pavochialium Ecclefiarum de
quibus didlus Uluftris , & nobilis D. Rodericus unicus Patronus exif-
tit ac eredlionis & inftitutionis in fingulis Ecclefijs praediélis fingulo-
rum feufingularum preftimoniorum feu preílimonialium portionum
aut beneficiorum Ecclefiafticorum hujufmodi illifque pro eorum feu
earum dotibiis duarum partium difmembratarum & feparatarum cujuf-
libet Ecclefiarum hujufmodi refervationis conceífionis & affignationis
apoíloHca aufloritate ad perpetuam rei memoriam faclae ac aliorum
in eodem fumpto expreíTorum alias per diílum Illuftrem D. Roderi-
cum obtentorum claufum & figillatum more Romana; Cúrias aperiri
& claufulas ceteratas in eodem fumpto contentas juxta ejufdem Ro-
rnans Cúrias fi:ilum extendi &
publicar! ac in publicam Tranfumpti
formam redigi mandari au6í:oritatemque nofi:ram panter & decretum
judiciale defuper interponi vel dicenJum & caufam fiquam haberent
ratioiíabileni quare premifia fíeri non debeant allegandum per unum
ex Sin6>iííimi Domini noftri Papje Curforibus & per affixioncm ad
valuas Cameras ApoftolicíE & in avi campi floris ut nioris efi: , h fieri
Tom. V. Ttt con -
514 ^^ovas do Lh. IX. da Hijloria Çenealogtca
, confuevit citari fecimus , &
inandavimus ad diem & horam infradi£^as
quibus advenientibus comparuit in judicio coram nobis M. Don inus
Antoniiis Gomes Clericiis .... gratus Elven. didri Illuftr. D. Roderi-
ci in hac parte Procurator & eorundem citatorum non comparentium
contumácia accufata & in eorum contumaciam didum íun ptum ita
clauíum &figilJatum faélo realiter exhibuit &prclentavit illudque
aperiri &
claufulas ceteratas in ipfo appofitas extendi & tranfumptari
ac in publicam Tranfumpti formam redigi mandari noílran^que auólo-
ritatem pariter &
decretum dcfuper interponi debita cum inftantia
poftulavit Nos igitur Henricus Cardinalis Camerarius pradi6lus hu-
jufmodi juílis precibus moti diílis citatis non comparentibus mérito
id exigente juftitia contumacibus reputatis & in eorum contumaciam
didlrum fumptum aperiri & claufulas ceteratas in eo appofitas juxta
ílilum Romanae Curiae extendi & in hujufmodi publicam Tranfumpti
formam redigi mandavimus &
fecimus cujus quidem fumpti tenor eft
qui fequitur videlicet PAULUS Epifcopus fervus fervorum Dei Ad
Perpetuam rei Memoriam. Ad
Sacram Beati Petri fedem meritis licet
imparibus divina difpofitione vocati de fíatu Eccleíi: rum quarumlibet
falubriter dirigendo attentius cogitamus & ut in illis divinus cultus
cum populi devotione & animarum falute augeatur & juxta illarum
facultates perfoníe Domino famulantcs provide deputentur operarias
manus libenter adhibemus aliifque defupcr difponimus prout pia per-
foíiarum prcfertim generis claritate fulgentium ac nobis & Sedi apof-
tolic£e devotarum vota expofcunt & id in Domino confpicimus falu-
briter expedire fane pro parte Diledi filij Nobilis Viri Roderici nio-
derni Marchionis de Pereira in Regno Portugalli^ nobis nuper ex-
hibita petitio continebat quod cum ipfe Beata; Mmx de Tentuguel
Sc Sanflae Marias Magdalenas ac Sandli Michaelis niontis majoris vete-
ris & ejufdem Beatae Mariíe Villae novas Danços necnon SanOsc Ca-
tlierinse danobra , & Sanfti Andrea: de Fareyra , ac San£li Matliei de
Santarém & ejufdem Beatse Marix de Villa Ruiva Colimbricn. Vi-
fen. Uiixbonen. & Elboren. refpeflive dioc. Parochialium Ecclefiarum
unicus Patrcnus ac m pacifica poíTeííione íeu quaíi Júris prefentandi
perfonas idóneas ad diclas Eccleíias dum pro terrpore vacant exiftat
ipfarumque Ecclcíiarum frudlus redditus & proventus benedicente Do-
mino adeo uberes & abundantes funt feu ita excrcvcrint ut ex fru-
<5libus redditibus & proventibus íingularum Ecclcíiarum hujufmodi
duo Clerici manuteneri & fuílentari con mede poííint áiO:vs Roderi-
cus Marchio cupit duas partes ex tribus partibus omnium , & íingu-
lorum fruíí-uum rcddituum & proventuum íingularum EcclcfiarUm hu-
jufmodi ab illis difmen brari & feparari ac ut in íingulis Ecclefijs príc-
did:is divinus cultus & MiniPirorum eccleíiafticorum' nuirerus augeatur
in eifdem íingulis Eccleíijs fingula feu fingulas prcílimonia feu preíli-
nioniales portiones aut íimpíicia beneficia ecclcíianica erigi Sc inílitui
illifque pro eorum feu earum dote duas dilhiembrandas Sc feparandas
partes hujufmodi applicari &
appropriari Qiiare pro. parte ejufdem
Roderici Marchionis aíTerentis fiu(5íus redditus^ &" proventus carundem
Ecclcíiarum iníimul cdingentoruiç ducatoíum auri de camera fecun-
dum
Cafa ^eal Tortugnes^a. 5 i j
dum communem extimationcm ac taxatíonem tertiarum per di6l:am Se-
dem claríK memoriíc Emanueli Regi Portugalliae conceíTirum valorem
annuum non cxccdcre fcqu^ etiam Comitem de Tentuguel in eodem
Regno exifterenoSis fuit humiliter fiipplicatum ut duas partes fru-
(Sluum reddituum & proventuum fingularum Eccleíiarum hujufmodí
ab illis difmembrare &
fepararc ac in fingulis Ecclefijs pra:di6Vis íin-
gula leu íingulas Preítimonia feu Preftimoniales Portiones aut perpe-
tua fimplicia beneficia eccleíiaftica erigere &
inftituere ac illis pro eo-
rum feu earum dotibus duas difmembratas &
feparatas partes hujuf-
modi perpetuo applicare &
appropriare ac aliis in premiífis opportu-
ne providere de benignitate apoílolica dignaremur Nos igitur qui di-
vini cultus augmentum ac beneficiorum ecciefiafticorum propagationem
íinceris deíideranius aíFeflibus pium defiderium Roderici Marchionis
hujufmodi in Domino commendantes Ipfumque Rodericum Marchio-
nem h quibufvisexcommunicationis fufpenfionis & interdi£í:i alijfque
eccleíiallicis & penis à jure vel ab homine quavis
fententijs ceníuris
occafione vel caufa latis ííquibus quomodolibet innodatus exiftit ad
eífeclum prefentium dumtaxat confequendum harum ferie abfolventes
& ablolutum fore cenfentes hujufmodi fupplicationibus inclinati à íiri-
gulis Ecclefijs praediíSlis cum primum illas per deceíTum vel fi dilc-
dloruni filiorum modernorum illarum Reflorum ad hoc acceíFerit af-
fentiis etiam per ceíTum feu quamvis aliam dimiííionem earundciA
Reílorum vel alias quovifmodo & ex cujufcurique pcríona etiam apud
Sedem eandem fimul vel fucceíTive vacaverint etiamíi a£lu nunc va-
cent duas partes ex tribus partibus omnium , Sc fmgulorum frufTuam
reddituum & proventuum íingularum Eccleíiarum hujufmodi reliqua
illorum tertia parte cum omnibus & fingulis oblationibus oííertoriis
& animarum diledlo-
anniverfarijs etiam paíTalibus nuncupatis ac cura
rum filiorum Parochianorum necnon fervitio & Epifcopali
illarum
nnncupato feu quocunque alio onere earundem Ecclefiarum illarum
Re'5]:oribus pro tempore exiftentibus remanentibus apoílolica auflori-
tate tenore prelentium ex certa noftra fcientia perpetuo feparamus &
difmembramus ac in fingulis Ecclefijs pncdidlis fingula feu fingulas
prefiimonia feu preílimoniales portiones aut beneficia ccciefiaílica hu-
julmodi aucloritate & tenore praediólis erigimus & inftituimus illifque
pro eorum feu earum dotibus duas partes difmembratas , & feparatas
cujuslibet Ecclefiarum hujufmodi Ita quod decendentibus , vel ut
prefertur cedentibus diílis Redloribus feu Ecclefijs ipfis ut premitti-
tur vacantibus liceat preílimonia feu portiones aut beneficia huiufmo-
di pro tempore obtinentibus per fe vel alium feu alios corpora! em
poíleífionem feu quafi duarum partium fruéluum reddituum & pro-
ventuum hujufmodi própria au<^Loritate libere npprehendere & perpe-
tuo retinere Reiflorum praedií^orum ac diocefani loci licentia fuper
hoc niinime requinta perpetuo refiíeítive applicamus & aporopriamus
Necnon Rodcrico Marchioni ac illius heredibus & fucce^oribus qui-
bufcunque Ju.fpatronatus fingulorum feu fingularum Preílimoniorum
feu Portionum aut beneficiorum hujufmodi &: prefentandi perfonam
feu perfonas fcculares' eciíim in miiioribus ordinibus conílitutam feu
Tom. V. * Ttt ii coníti-
Trovas do Lh, IX. da Hiftoria Çenealogica

conílitutas aut fuííicienti ad id faciiltate fufFultas ciTjufvis Ordinis Re-


gulares ad fingula feu fingulas Preftimonia feu Poríiones aut benefi-
cia hujufmodi tam hac prima vice quam quotiens deinceps illa feu il-
las quibufvis modis & ex quorumcumque perfonis etiam apud Sedem
eandem vacare contigerit audloritate & tenore ac ítientia premiíTis re-
fervamus concedimus & aílignamus Decernentes Juípatronatus & pre-
fentandi perfonas ut prefertur idóneas ad preílimonia íeu portiones
aut beneficia hujufmodi Roderico Marchioni ac heredibus & fuccef-
foribus prsediftis competere modo & forma quibus eidem Roderico
Marchioni ad di-las Ecclefias competit & haéírenus competijt Non
obftantibus Turonen. Concilij «Sc quibuíVis alijs conftitutionibus Sc
ordinationibus apoftolicis ceterifque contrarijs quibufcumque. Nulli
ergo omnino hominum liceat hanc paginam noílras abfolutionis fepa-
rationis difmembrationis ereflionis inílitutionis refervationis conftitu-
tionis aííignationis & decreti infringere vel ei aufu temerário contrai-
re Siquis autem hoc attentare prefumpferit indignationem Omnipo-
tentis Dei ac Beatorum Petri & Pauli Apoílolorum ejus fe noverit
incurfurum Datum RomíE apud Sandlum Petrum Anno Incarnationis
DominicíE Millefimo quingenteílmo quadragefimo primo Quarto No-
nas Decembris Pontificatus noftri Anno odavo PAULUS Epifcopus
fervus fervorum Dei Venerabilibus fratribus Archiepifcopo Ulixbo-
nen. & feltren. ac Lamacen. Epifcopis faluteni & apoftoiicam bene-
di6Vioneni Hodie à nobis emanarunt littcras tenoris fubfequcntis
PAULUS Epifcopus fervus fervorum Dei Ad Perpetuam Rei Memo-
liam Ad Sacram Beati Petri fedem meritis licet imparibus divina dif-
pofitione vocati de ftatu Ecclefiarum quarumiibet falubriter dirigcndo
attcntius cogitamus 8c ut in iilis divinus cultus cum populi devotione
& animarum falute augeatur & juxta iilarum facultates perfona: Do-
mino famulantes proindc deputentur operarias manus libenter adhi-
bemus aliafque defuper difponimus prout pia perfonarum prefertim
generis claritate fulgentium ac nobis & Sedi Apoftolicse devotarum
vora expofcunt & id in Dom.ino confpicimus falubriter expedire fane
pro parte diledli Filij nobilis Viri Roderici moderni Marchionis de
Pereira in Regno Portugallise nobis nuper exlsibita petitio continebat
Quod cum ipfe Beatae Marix de Tentuguel & SandVae Marias Magda-
lenae ac Sanfti Michaelis montis majoris veteris Sc ejufdem Beatae Ma-
rias Villse novas Danços necnon Sandias Catherinse Danobra , Sc San-
fti AndreíE de Farevra ac San(5li Mathei de Santarém Sc ejufdem Bea-
tae Marii^ de Villa Ruiva Colimbrien. Vifen. Ulixbonen. & Elboren.
refpedive dioc. Parochialium Ecclefiarum unicus Patronus ac in pa-
cifica poíTeíFione feu quafi Júris prefentandi perfonas idóneas ad di-
das Ecclefias dum pro tenipore vacant exiflat ipfarumque Ecclefiarum
frudlus redditus Sc proventus benediccnte Domino adeo uberes Sc
abundantes funt feu ita excreverint ut ex frudVibus redditibus &
pro-
ventibus fingularum Ecclefiarum hujufmodi duo Clerici manuteneri
Sc fuílcntari corr.mode pofllnt di(5>us Rodericus Marchio cupit duas
partes ex tribus partibus omnium & fingulorum fru(5íuum reddituum
& proventuum fingularum Ecclefiarum hujufmodi ab illis difmembra-
ri & feparari ac iit in fingiilis Eccieíijs prardidis divinus cultus & Mi-
niftrorum Ecdeliafticorum numerus augeatiir &
in eiíUcm fingulis Ec-
cieíijs ringula feu íingulas preílimonia feu preftimoniales portionesaut
íimplicia beneficia ecclefiaAica erigi &
inítitui illifque pro corum feu
earuiii dote duas difmembrandas &
feparandas partes íiujufmodi ap-
piicari & appropriari. Qiiare pro parte ejufdcm Roderici Marchio-
nis allcreiítis fruélus redditus & proventus earundem Ecclcfiarum in-
fimul o6lingentorum ducatorum auri de camera íecundum communeni
extimationem ac taxationem tertiarum per didlain fedem clarse me-
inoriae Emanueli Regi Portugallias conceíTarum valorem annuum non
excedere fegue etiam Comitem de Tcntuguel in eodem Regno exif-
tere nobis fuit humiliter fupplicatum iit duas partes fru6tuum reddi-
tuum &
proventuum finguíarum Ecclefíaruni hujufmodi ab illis dif-
membrare &
feparare ac in fingulis Eccieíijs prícdiíflis íingula feu fin-
gulas preílimonia feu preítimoniales portiones aut perpetua fimpli-
cia beneficia eccleíiaílica erigere &
inftituere ac illis pro eorum feu
earum dotibus duas difmembratas &: feparatas partes hujufmodi per-
petuo applicare &
appropriare ac aíiis in premiííis opportune provi-
dere de benignitate apoftolica dignaremur Nos igitur qui divini cul-
tus augmentum ac beneficiorum Ecclefiafticorum propagationem íin-
ceris dcfideramus aíFedtibus pium deíiderium Roderici Marchionis hu-
jufmodi in Domino commendantes Ipfumque Rodericum Marchionem
à quibufvis excomnmnicationis íuípenfionis & interdidli alijíque ec-
cleíiafcicis fententijs cenfuris & penis à jure vel ab homine quavis oc-
cafione quomodolibet innodatus exiílit ad ef-
vel cau fa latis fiquibus
feflum prefentium duntaxat confequendum harum ferie abfolventes &
abfolutum fore cenfentes hujufmodi fupplicationibus inclinati à finí^u-
lis Eccieíijs príediélis cum primum illas per deceíTum vel íi diiedlo-
rum filiorum modernorum illarum Reíflorum ad hoc acceíTerit aífen-
fus etiam per ceíTum feu quamvis aliam dimiílionem earundem Re-
élorum vel alias quovis modo & ex cujufcunque perfona etiam apud
fedem eandem fimul vel fucceílive vacaverint etiamfi adiu nunc va-
cent Duas partes ex tribus partibus omnium & fingulorum fru(SVuuni
reddituum & proventuum fingularum Ecclefiarum hujufmodi reliqua
illorum tertia parte cum omnibus & fingulis oblationibus oíFertorijs
& anniverfarijs etiam paíTalibus nuncupatis ac cura aniniarum dileflo-
rum filiorum illarum Parochianorum necnon fervitio Epifcopali &
nuncupato feu quocunque alio onere earundem Ecclefiarum illarum
Reáloribus pro tempore exiílentibus remanentibus apoftolica au6tori-
tate tenore prefentium ex certa noftra fcientia perpetuo feparamus &
diímembramus ac in fingulis Ecclefijs prefatis fingula feu fingulas pref-
timonia feu preftimoniales portiones aut beneficia ecclefiaftica hujuf-
modi audloiitate &
tenore pracdicris crigimus &
inftituimus illifque
pro eorum earum dotibus duas partes diímembratas & feparatas
feu ,

cujuslibet Ecclefiarum hujufmodi Ita quod dccendentibus vel ut pre-


fertur cedentibus didis Recftoribus feu Ecclefijs ipfis ut premittitur
vacantibus liceat Preftimonia feu Pr rtiones aut beneficia hujufmodi
pro tempore obtincntibus per íe vel alium feu alios corporalcm pof-
íeífionem
j I 8 Trovai do Ltv. IX, da Hipma (jenealogica

feííionem feu quafi duarum partiiim fruftuum reddituum &


proven-
tuum hujufmodi própria auáoritate libere apprehendere &
perpetuo
retinere Reflorum praedi6l-orum ac diocefarii loci licentia fuper hoc
minime requiíita perpetuo refpe6live applicanius &
appropriamus nec-
non Roderico Marchioni ac illius heredibus &
fucceíForibus quibuí-
cunque Jufpatronatus íingulorum feu fingularum preftimoniorum feu
portionum aut beneficiorum hujufmodi &prefentandi perfonam feu
perfonas feculares etiam in minoribus ordinibus conftitutam feu conf-
titutas aut fufficienti ad id facultate fu lultas cujufvis ordinis Regu-
lares ad fingula feu fingulas preftimonia feu portiones aut beneficia
hujufmodi tam hac prima vice quam quotieiís deinceps illa Ibu illas
quibufvis modis & ex quorumcunque pcrfonis etiam apud íedem ean-
dem vacare contigerit auctoritate , &: tenore ac fcientia premiflis re-
fervamus concedimus Sc afllgnamus Decernentcs Jufpatronatus &
pre-
fentandi perfonas ut prefertur idóneas ad prcftimonia feu portiones
aut beneficia hujufmodi Roderico Marchioni ac heredibus &fuccef-
foribus prefentis competere modo & forma quibus eidem Roderico
Marchioni ad diélas Ecclefias competit & ha^Slenus competijt Non ob-
ftantibus Turonen. Concilij & quibufvis aUjs conílitutionibus &
or-
dinationibus apoftolicis cet^rifque contrarijs quihuícunque. Nulli er-
go omnino hominum licera hanc pnginam noftra: abfohirionis fepara-
tionis difmembrationis ere^^ionis inílitiií íonis applicarioíiis appropria-
tionis refervationis concefílonis aílignationis &decreti inFringere , vel
ei aufu temerário contraire Siquis amem hoc attcntare prcfumpferit
indignationem Omnipotentis Dei ac Bíatorum Petri &
Pauli Apoílo-
lorum ejus fe noverit incurfuruin Psitum Pvomí\: apud vSan(ít:um Pe-
trum Anno Incarnationis Dominicíe Millefimo Quingentefimo quadra-
gefimo primo Qiiarto Nonas Deceiíibris Pontificatus noílri Anno o6la-
vo. Qlio circa fraternitati veílra: per Apoílolica fcripta mandarr.us
quatenus Vos vel duo aut unus veílrum per vos vel aíium feu alios
lirteras prícdiólas& in eis contenta quecunqiie ubi quando opus
fuerit ac quotiens pro parte Roderici Marchionis ilíiufque heredum
&: fucceíToruin prsedidorum ac Preftimonia feu Portiones aut Benefi-
cia hujufmodi pro tempore obtinentium feu alicujus corundem defu-
per fueritis requifiti folemniter publicantes eifque in premiíTis effica-
cis defenfionis prefidio aííiftentes faciatis au6toritate noílra littcras
prardiílas & in eis contenta qusecunque fírmiter obfervari ac fingulos
quos iili concernunt iílis pacifíce gaudere Non permittentes eos de-
íuper per quofcunque quomodolibet indebite moleílari contradicVores
audlroritate noílra prsedidla appellatione poftpofita compefcendo ac Ic-
gitimis fuper his habendis fcrvatis proceííibus fententias cenfuras &
penas pra;di(5l-as etiam iteratis vicibus aggrnvando invocato etiam ad
hoc íi opus fuerit auxilio brachij fecularis Non obílantibus omnibiis
lupradidlis feu fi aliquibus communiter vel diviíim ab eadcm fit feJs
indultum qiiod interdici fufpendi vel excommunicari non poíl^nt per
littcras apoOolicas non facientes plenam &expreífam ac de vcrho ad
verbum de indulto hujufmodi mcntionem Datum Roinje apud San-
élum Petrum Anno Incarnationis Dominicse Millefimo Qí.iingentefimo
quadra-
da Cafa ^eal Tortuguei^a. 5 ip
qiiadragefimo primo Quarto Nonas Decembris. Pontifícatus noílri An-
uo Oá:avo. CCXXXXXX fumptum ex Regiftro bullarum Apoftoli-
co collationati per me Jacobum Avila ejuldem Regiftri Magiftrum
Volcntcs de mandato SaníSliíTimi Doniiiú noftri Papje vivx
voeis oráculo nobis deíupcr íadto & audloritate noftri Camerariatus
officij ftatuentes & mandantes quod hujufmodi noftro publico Tran-
fumpti inítrumento in Romana Guria &
extra eam ubique locorum
in judicio & extra ftetur lUique adhibeatur talis & tanta fides qualis
& quanta adhiberetur eifdem originalibus litteris data fuit daretur &
íi in médium exhibitíE & oftenfaí fbrcnt. Qiiibus omnibus íingu- &
lis premiífis tanquam rite reOiQ & legitime geftis noftram didVique
noftri Camerariatus officij auíloritatem pariter &
decretum Judiciale
interponendum fore duximus & interpofuimus ac interponimus per
preíentes IN QUORUM
omnium &
íingulorum fidem teftimo- &
nium premiftbrum has preíentes noftras litteras five hoc prefens pu-
blicum Tranfumpti Inftrumentum fieri & per infrafcriptum noftrum
& Camaríc Apoftolicaz Notarium publicum fubfcribi íigillique ejuf-
dem CameríE quo in talibus utimur juflimus & íecimus appenfione
muniri Datum Ronix in Camera Apoftoiica fub Anno à Nativitate
Domini Millefimo Quingenteíimo nonageíimo nono IndióVione duodé-
cima Die vero ij/ menfis Aprilis Pontifícatus S. D. N. D. Clemen-
tis divina providcntia Papx VIII. Anno Prefentibus ibidem Magnifi-
cis Dominis Nicolao Compagno & Lutio Calderino ejufdem Camerse
notarijs teftibus ad premiíFa vocatis fpecialiter atque rogatis. >^ Lo-
cus >j< figilli.

Bulla do Pnpa Gregorio XV. em (ji/e ccn/irmou a Bulla do Púpa


Paulo 111. dos Fre/limonios concedidos a Cafa de Ferrara,
Original ejiá no Arclúvo do Ducjuc de Cadaval ^ donde
a copiey.

GRegoríus Epifcopus fervus fervorum Dei. Dileflo fílío O^^Mnm I i


ciaíiElborenfi falutem , &
apoftolicam benedidionem. Roma- * t

ni Pontificis confueta benignitas pia fidelium príefertim generis nobi- An. 1621.
litate pollentium vota ex quibus Miniftrorum Eccleíiafticorum in qui-
bulvis Eccleíijs manutentioni cum divini cultús augmento confulitur,
ac eifdem fídelibus honor accedit , ad exauditionis gratiam favorabi-
liter admittere , &
his qux per Pr^deceíTores fuos Chrifti íidelibus
eis, & Sedi apoftolicse devotis concefla tuilfe comperit , ut en firniius
fubíiftant nec ab aliquibus impugnari , aut in dubium revocari va-
leant , roboris fui partes libenter interponere , eaque favcre gratiíE
potioris proíequi confiievit prout in Domino conlpicit falubriter ex-
pedire. Dudum íiquidem Felicis recordationis Paulo Papa: tertio Prae-
deceíTori noftro pro parte hor.x memorise Roderici dum vixit Mar-
chionis de Ferreira expoíito quod cum ipfe Beatae Maria* de Tentú-
gal , & San6):a: Marire Magdalena: , & Sandli Michaelis Montis mayo-
ris veteris , &
ejuídem Beaca; Mariae Villa nova; DançOs , necnon
Sa;i-
J20 T^rovas do Liv, IX. da Hijlorla Çenealogica

Scindix Catharinse de Nobra, &


ejufdem Beatae Mariae de Villa Ruy-
va Elboren. & Colimbrien. refpeólive Dioecefis Parochialium Ecclefía-
rum Unicus Patronus ex donatione jurifpatronatus fuis PríEdecefTo-
ribus h Regibus Portugallije de eo quod ipíis in diélis Eccleíijs com-
petebat fadia , ac in pacifica poíTeíTione , feu quafi Júris prísfentandi
perfonas idóneas ad dietas Ecciefias dum pro tempore vacabant , exif-
teret ipfarumque Eccleíiarum fruflus, redditus, & proventus benedi-
cente Domino adeo uberes , &abundantes eíTent , feu ita excrevif-
fent ut ex frudtibus , redditibus , & proventibus fmgularum Eccleíia-
rum hujufmodi , duo Clerici manuteneri , & íuftentari commode pof-
fent , di^tus Rodericus Marchio cupiebat duas ex tribus partibus om-
nium fruíluum , reddituum , & proventuum fingularum Eccleíiarum
hujufmodi ab illis difmembrari , &feparari , ac ut in íingulis Eccle-
ííjs prsedidlis divinus cultus , & Aíiniftrorum Eccleíiaílicorum numerus

augeretur in íingulis Eccleíijs praediélis fingula , & íingulas praeítimo-


nia , feu pr^eílimoniales portiones aut perpetua íimplicia beneficia Ec-
cleíiaítica erigi , & inílitui , illiíque pro eorum , feu earum dote duas
diíinembrandas , & feparandas partes hujufmodi applicari , appro-
priari idem PrxdeceíTor fupplicationibus fibi pro parte di£li Roderici
Marchionis defuper tunc porreílis inclinatus à íingulis Eccleíijs prse-
di^lis íi tunc exiílentium illaruní Redlorum ad hoc accedcret aííenfus,
aut cum primum ille per deceífum , vel ceíTum , feu quamvis aliam
dimiíTionem diélorum Refíorum , vel alias quovis modo, & ex quo-
rumcumque perfonis , etiam apud fedem eamdem fimul , vel fucceífi-
ve vacaviíFent etiamfi aclu tunc íbrfan vacarent duas ex tribus partibus
omnium fruéluum , reddituum , & proventuum íinguíarum Eccleíia-
rum hujufmodi reliqua illarum tertia parte cum omnibus , 8z fingulis
oblationibus , offertorijs , & anniverfarijs etiam paíTaJibus nuncupatis ,
ac cura animarum illarum Parochiancrum , necnon fervitio etiam Epif-
copali nuncupato , feu quocumque alio onere , earumdem Eccleíia-
rum illarum Reiloribus pro tempore exiftentibus remanentibus apof-
tolica audloritatc ex certa ília fcientii perpetuo feparavit, & diímem-
bravií , ac in íingulis Eccleíijs prícdiflis íingula , íeu íingulas príEÍli-
monia , feu prícftimoniales portiones , aut beneficia eccleíiaílica hujuf-
modi eâdem audloritate erexit , & inílitiiit illifque pro eorum feu
, ,

earum dotibus duas partes fruíluum , reddituum & proventuum íin-


,

gularum Ecclefiarum pr2edi6>-arum difmembratas , Sz fcparatas , ita


fie
quod decedentibus , vel ut pricfertur cedentibus àidih Rc^oribus ,
íeu Eccleíijs ipíis, ut pra:fertur , vacantibus liceret prxílimonia , feu
portiones , aut Beneficia hujutmodi pro tempore obtinentibus per fe,
vel alium , feu alios corporalem poíTjUonem , feu quaíi duarum par-
tium íru6luum , reddituum, & proventuum huiufinodi própria aufl:o-
ritate appreliendere , & perpetuo retinere Rc5l:orum pmcfatorum, ac
Dioecefani loci licentia fuper hoc minime requiílta perpetuo refpCfSli-
ve applicavit , & appropriavit necnon Roderico Marchioni , & il-
,

lius fucceíforibus ( inquam ) & illius heredibus , & fucceííoribus qui-


bufcumque Jurir[:)atronatus íingulorum , feu íingularum prxflimonio-
rum , feu portionum , aut Beneíiciorum hujufmodi , & prasfentandi
perfo-
,,

da Cafa T^al Tortugue^ú. 521


perfonam , pcrfonas fcculnrcs etinm in minoribus conAitiitíim , fcu
feii

conftitutas, aut fufficienti ad id facultate fufultas cujuívis Ordinis


Regulares ad fingula , fcu fingulas príeílimonia , fcu portinncs , aut
Beneficia hujufmodi tàm eâ prima vice, quam quoties dcinceps illa ,
feu illas quibufvis modis , & cx quorumcumque perfonis etiam apud
fedem eamdem vacare contigeret au^loritate , &
fcicntia pra^dií>is rc-
fervavit , conceíTit , & aíTignavit Decernens Jufpatronatús &
prícfcn-
tandi perfonas idóneas ad pra:ftimonia , feu portiones , aut Beneficia
hujufmodi Roderico Marchioni , ac hseredibus , &
fucceíToribus pra:-
fatis competere modo , & forma quibus eidem Roderico Marchioni
ad diélas Ecciefias compctebat &
eatenus competierat , & alias prout
in ipfius Pauli Prícdeceiroris literis defuper expeditis plenius contine-
tur. Cum autem ficut exhibita Nobis nuper pro parte dile6í:i filij
Nobilis Viri Francifci de Mello Comitis de Tentúgal , & moderni
.

Mnrchionis de Ferreira petitio cojitinebat , litera: pra fatie , per eas


difmembratio , ere61:io , inftitutio , & applicatio fupradi^-ílar ple-
ísidix.
narium , & integrum eíFcStum fortitíe fuerint, diiflufque Rodericus
& poft eum ejus fucceíTores Marchiones de Ferreira in poíreílioi^e
priefentandi ad pracftimonia , feu portiones , aut Beneficia fie erev.1-a,
& erectas extiterint , &
occurrentibus illorum , feu iilarum vacationi-
bus ad illas , feu illa perfonas idóneas juxta facultatcm eis per diclas
literas ad id attributam praefentaverint , &
ab eis pra:íentati in il!is ad
pnxfentationem hujufmodi conftituti fuerint, &
frudus fingulis piírf-
timonijs , aut portionibus, vel Beneficijs hujufmodi, ut Ibpra app'5-
catos eregerint , illifque gavifi fuerint, &
licet d idus Francilcus (bo-
rnes , &Álarchio qui diâo Roderico Mnrcliioni ejus Proavo i:i Mar-
cliionatu de 1'erreira , ac etiam in diílo Jurepatronattis fucceíTit , uti
talis fucceíTor in poíTeflione feu quafi Júris praMbntandi perfonas idó-
neas ad príEÍlimonia , feus portiones, aut Beneficia hujufmodi quin-
quaginta circiter annorum fpatio à mayoribus fuis ad eum uf-iue con-
tinuara exiílat , &
ia hujufmodi poíTeífione ab eo ad prseilimonia
feu portiones, vel Beneficia hujufmodi prscfentandi , fuper libera ex-
a61:ione fruéluum ílngulis pra^ftimonijs , feu portionibus , aut Benefi-
cijs hujufmodi applicatorum perturbari non debuerint , neque debcant,
nihilominus tamen San^flít Catharinas de Nobra , ík Sanílai Maria;
Magda! ena; Montis mayoris veteris , necnon San^ti Michaelis , &
for-
fan aliarum fupradi6l:arum Ecclefiarum Reflores , quibus tertia earum-
dem Ecclefiarum frufluum pars rcmanens ad congruam eorum fuílcn-
tationem ultra pedem altaris , alia EmoHimenta inferta , ex c rie
animarum exercitio provenientia abunde fufF.cit certo abhinc tcirpo-
re validitatem di£larum literarura in dubium rev»- cantes fub pratexAi
quod Jufpatronatús diílarum Ecclefiarum ad di6lum Rodericum Mar-
chionem non uti perpetuum , & Gentilitium , fed ex donatione ei ,
feu ejus AnteceflToribus olim à Regibus Pcrtuga^ia^ faf^a pertineret,
&: tunc exiPentis Portugallias Régis in difmembratione , & ercd-ione,
ac applicatione prasfatis neque requifitus , neque prceRitus fuiíFet con-
fenfus ,
quem neceífarium fuifle prajtenderunt , &Ibrfan alijs pra:tex-
tibus pra^fentatos ad prseftimonia , feu portiones , aut Beneficia hu-
Tom. V. Uuu juímodi
,
,

52i Trovas do Lh, IX. da Hiftorta Çenealogtca


jufmodi in illifque inílitutos in exaélione fruduum ut príefertur ap-
plicatorum impediíTe , eiíque diélos fru6lus denegare coeperunt , &
deluper inter eos di6loíque pra;rentatos lites excitata? fuerunt. Cum
autem fícut eadem fubjungebat petitio diârus Franciícus Comes , &
Marchio ad tollendam omnem dubitandi , & altercandi materiam ad
Chariífinium in Chrifto fílium noftrum Philippum Portiigalliar , &A1-
garbiorum Regem Catholiciim recurfum habuerit , idemque Philippus
Rex diTmembrationi , ereítioni , & applicationi prasfatis , alijfque in
didis literis contentis confeníerit , nihilominus tamen quia firmiora
funt ea qux fepius fedis prxíãtx patrocínio roborantur. Propterea
idem Franciícus Comes , 6r Marchio , qui , ut aíTerit , ex Illuííri ge-
nere procreatus exiftit Nobis humiliter íupplicari fecit , ut in praniif-
íis opportune providere de benignitate apoftolica dignaremur. Nos
igitur praffatum Francifcum Comitem , & Marchionem h quibufvis ex-
communicationis , fufpenfionis , & interdiéli , alijfque eccleíiafticis
íententijs 5 cenfuris , & poenis à jure, vel ab homine quavis occaíione
vel caula latis fiquibus quomodolibet innodatus exiííit , ad eft'e6í:um
f>ra2fentium dumtaxatconíequendum harum ferie abfolventes , & abfo-
utum fore cenfentes , necnon quarumcumque litium fuper príemiflis
motarum , & forfan adhuc pendentium & inftruélarum ftatus, &
,

merita , nominaque, & cognomina Judicum , & Collitigantium Jura- ,

que & titules , ac praeteníiones partium , ac proceíTus defuper fabri-


catos , necnon illorum &
fententiarum defuper forfan latarum necnon
di6larum literarum , etiam totós , & Íntegros tenores praefentibus pro
plene , &
fuíiicienter expreíFis habentcs , necnon lites prsefatas fuper
defediu confenfus Régis pracfati tantum quomodocumque motas in per-
petuum extinguentes , hujufmodi fupplicntionibus inclinati. Difcre-
tioni tU£E per apoftolica fcripta mandanius quatenus literas pra:fatas ,
ac per eas difmembrationem duarum tertiarum partium frucluum k
didlis Parochialibus & in illis earumque íingulis praftinioniorum , feu
portionum , aut Beneficiorum hujufmodi ereólionem di6>orumque fru-
(5luum difmembrationL'iii applicationcm , ac Roderico Marchioni , ac
ejus íucceíForibus prasfatis Jurifpatronatus refeiTationem hujufmodi
faélas , ac omnia , & íingula in eis contenta attento quod didus Phi-
lippus Rex pramiíFis , ut di6tus Francifcus Comes , & Marchio , etiam
aflerit , expreíTe confenfit auítoritate noílra fine alicujus pnTjudicio
perpetuo approbes , illiíque perpetuai, & inviolabilis apoílolica: fir-
mitatis robur adjicias ac omnos , &
fingulos tam Júris, quàm fadi
6 Iblemait.uum etiam quamtumvis fubfcantialium defe6lus fiqui defu-
per quomodolibet inícrvencrit , fuppleas , illaque valida, & efficacia
eíTe , ac perpetuo vinbus fubfiftere ,
ipfumque Francifcum Comitem
& Marchionem, ejusquc fucceíTores Jurepatronatus prafato uti, &
gaudere &
dileélum filium Rodericum etiam de Mello Clcriciim El-
,

borenfis didli Francifci Comitis , & Marchionis fratrem , ac nioder-


num prxftimoniorum , feu portionum , aut Beneficiorum hujufmodi
poíTeiTorem five ad illa , vel illas príifcntatum ejufque fucceífores il-
,
ía , feu illas pro tempore obtinentes duas tertias partes eorumdem
fruduLiin illis ut prsefcrtur applicatas exigere, & percipere, & leva-
re,
da Cafa T^al Tortuguei^a» 523
re, ac in fiiOs ufiis , &: utilitatem converterc poíTe , debere , S: fii- &
per libera ilíariim cxadtione a quoquam ctiniti à modcrnis , pro &
temporc cxillentibus ipfarum Ecclefiarum Re£loribiis molcftari ,
pcr-
turbari , aut inipediri non poíle, quinimo ipfis , Sc coriim cuilibet de
didlis duabiis partibus à di^ftis Reòioribiis , alijlque ad quos
tertijs
forfan fpCifVat , &
rpcdlabit quomodolibet in futuruiii integre realiter,
& cum elFe6lu debitis temporibus , &
omni mora , dilatione cef- &
fantibus à die quo, ut praefertiir , pra:íentatus fuit, reíponderi , fa- &
tisficri debere, illorque ad id obligatos elFe , fore &
omnibufque Jú-
ris , & rcmedijs cogi ,
faéti &
compelli poíTe ficque per quofcumque
;

Judices Ordinários , &


Sacri Palatij Apoftolici Auditores , ac SandliB
RomaníE Ecclefiíe Cardinales etiam de Latcre Legatos , Sedis prx- &
fatíE Nuntios in quacumque inftantia judican , &
definiri debere, di-
dta auctoritate decernas. Non obftantibus quacumque litis pendentia,
alijfque prsemiííis , ac Conftitutionibus , &
Ordinationibus apoílolicis
cícterifque contrarijs quibufcumque. Datum Romíc apud Sanélum Pe-
trum anno Incarnationis Dominicse Milleíimo fexcenteHmo vigefimo
primo. Nono Kalendas Februarij Pontiíicatus noílri anno primo.
Loco )^ Plumbi.

Breve de muitas graças , prerogativas , e ifeneces concedidas a D. ,

Rodriro de Meilo I. Marauez de Verreira e Jens JncceJ-


, ^

Jores. Tranjumpto authcniico-, e/i/i no Cartoru? da Ca-


já do Ducjue do Cadaval , num. ^. donie o tirey,

ANtonius &c. miferatione divina Epifcopus Albaneníis diledloNuíTl. TA.


,
'
in Ciiriíío Ilkiílri Viro Rodcrico Marchioni de Ferreira , ac *
*

Gonúti Oppidi de Tentuguel in Regno Portugaliíe: falutem in Do- '54^*


mino. Sincere devotionis afeílus quem ad Romanam Ecclefiam gere-
re comprobaris promeretur , ut illa tibi a Sede apoftolica favorabili-
ter concedantur perque tuse , & tibi deditarum , & atinentium per-
fonarum animarum faluti confuli poííit hinc eft ; quod nos tuis fupli-
cationibus inclinati favore volentes te profequi gratiofo au6loritate
Domini PapíE cnjus penitenciariíE curam gerimus , & decius fpeciali
mandato fuper ha:c vivas voeis Oraciílo nobis fadlo tibi, ac fingulis
fexdecini perfonis per te fimul , ve fucceííive pro temporc nominan-
dis , & illarum íingularum loco quotiens ab hac luce migraverint fin-
gulis alijs perfonis per te pro tcmpore furrogandis fecularibus , A^el
cujufque niilitiíe Rícgularibus , ut dicis , necnon tux , & earum uxo-
ribus, parentibus, fratribus , fororibus , luriufque fexus liberis gene-
ris , & nurubus , nepotibufque , & neptibus tam prefentibus, quam
futuris ut aliquem pc virum idoneum fecularem , vel cuiufvis militiíu,
aut etiam mendiccriMum Ordinis regularem licet alias confeíTor depu-
tatus non exiftat qui vita tibi , & illis comifere, & eorum quemlibet
à 'quibuívis excommunicationis
,
fufpenfionis , & interdi^^i , alijíque
eccleíia'f!icis , Tententijs , cenfuris , & penis à jure, vel ab homine
Tom. V. Uuu ii quavis
,
,,

514 T^^o'^^^ Híftoria Çenealogíca

quavis occaíione , vel caufa promuloatis qnihus te


latis inflifVis , &
& illos , ac eorum quemlibet qnacuir.que etiam apofíolica aué^critate
pro tempore illaqueari contigcrit votorum quorumcunque , & man-
datoruai Ecclefiae , ac preceptorum regulíc perionarum hujufmotíi irti-
litiarum , & ordinum tranlgreíHonibus pcrjuriorum , ac íiiponise labe
quomodocumque , & qualitercumque in quibuívis rebus eccleíiafticis
vel alias provenientibus homicidiorum cafualium , vel ii entalium rea-
tibus manuurn violentarum in quafvis perfonas etiam ecclefiaílicas
noíi tamen iti Epifcopos , aut alios fuperiorss Prelatos injedlionibus,
feu conciliorum ad id , & favorum preftationibus jejuniorumque , ac
horarum canonicarum , & Beatce Marix Virginis , ac orationum , etiam
ratione prefatarum militiarum dici debitarum , & divinorum offitiorum
ac pecuniarum inunitarum in toto , vel in parte omiíTionibus , ac dan-
noruin iníertorum dum ad venandum Teu alias per te , & illos dato-
rum , frudlibufque ex preceptorijs , leu alijs beneficijs fecularibus , vel
regularibus per te , & quemlibet iílorum malle perceptis , dum tamen
pro illis preceptorijs , feu beneficijs ipíis , feu damnijs hujufmodi ar-
bitrio ejufdem Confeííbris fatisfiaciatis , feu non debite expendiatis nec-
non ab omni irregulariiate tam mentali , quam adluali , & denique ab
omnibus alijs , & íinguUs tuis , & illorum peccatis , criminibus , ex-

ceílibus , & deli£tis ,


quantumciimque gravibus , & enormibus j
etiam
talibus propter quae apoftolica Sedes mérito confulenda foret in caíi-
bus videlicet fedi pracdidla; quomodocumque refervatis exceptis con-
tentis in Bulla quse in die Cwnx Domini folita eft legi femel in an-
no pro ac perfonis in huiufmcdi literis nominatis , 8c ut premiti-
te ,

tur nominandis, &


rurfus in mortis articulo , ac quotiens de illo du-
bitari contigerit , etiamfi mors tunc non fubfei^uatur , de alijs vero
non refervatis caíibus totiens quotiens opus fuent confeílionibus tuis
& illarum diligenter auditis abfolvere , ac tecum preterquam quoad
promotionem ad facros ordines , & beneíiciorum eccleíiauicorum ob-
tentionem fi iiregularitas ex bigamia , vel hoirdcidio voluntário prove-
niaí , necnon tibi , & illis pro comiífis penitentjam falutarem injunge-
re , vota vero qusecumque ultramarino vifitationis liminum Apcílolo-
rum Petri , & Pnuli de Urbe , ac Jacobi in Compoftella Religionis ,
& Caftitatis votis dumtaxat exceptis in alia pietatis opera commutâ-
re , & juramenta qua^cumque dummodo fine perjuditio tertij relaxare,
ac plenariam femel in vita ac rurfus in mortis articulo, & quotiens
,

de illo dubitari contigerit , etiamfi mors tunc ut prefertur non fubfe-


quatur omnium , & fmgulorum tuorum , & cujuslibet ipfarum pecca-
torum , criminum , exceíTuum , & deliélorum de quibus ore confefli,
& de corde contriti fueritis remiíliones, & abfolutiones apoftolica au-
«Storitate impendere valeat in tuum valeas , & earundem noraitarum , &
nominandarum quaelibet poflit eligere
liceatque tibi, confeíTorem ,
&
nominatis , ac nominandis perfonis hujufmodi tua
ac utriufque fexus ,

íiliorum , &
familiarum veftrorum matrimonia in tua, vel illarum no-
minatarum , veí nominandarum perfonarum hujufmodi domibus publi-
ce tamen celebrare , ac inibi liberes tuos , illarum per propium, &
vel queirdibet alium Sacerdotem fccularem , vel cujufvis ordinis Re-
gularem
,,

da Cafa ^eal Tortugueí^a. 525


guiarem falvis tamen juribus parochialis Ecclefiae cujus parochiani
pro tcmpore fucritis fi ibi ille iuerint baptizar! f acere , necnon altare
portntile cum debitis rcverentia, & honore habere in quo inlocisad
ha;c congrucntibus , & honeílis etiam nan íacris , & quavis etiam
apoílolica au6lontate non tamen ad fííci Camera^ apoílolicíE pro in-
tercíTc apoftolicíe Scdis tanium inftantiam interdiétis , feu celtationis
à divinis tciviporc dummodo tu , vel illi cauíbm non dederitis hujiif-
modi interdidía , feu ceííationi , nec per vos ílet quominus ea propter
qu£e fuit appoíitum iiiterdidum , leu ceíTatio hujufmodi exequutioni
debiti^ demandentur , etiam antequam elucefcat dies circa tamen diur-
nam lucem , & poft meridiem per unam oram dumtaxat tuo , & illa-
rum arbitrio in tuorum , &: cujuslibet ipfarum familiarum, parentum,
amicorum , & confanguiiieorum aftantium preíentia miíTas , & alia di-
vina officia qua: presbyteri etiam per fe ipfos, ac etiam ipfi , & qui
presbyteri non fuerint per proprium , vcl alium Sacerdotem feculorem,
vel cujufvis Ordinis Regularem celebrare , feu celebrari facere , ac
tu , & nominatíE , ac nominandas perfoníE premiíTas , ac illi , & illa-
rum familiares , qui miíiis , & divinis oíiicijs inibi celebrandis , etiam
Dominicis , & alijs anni feftivitatibus , &z diebus intcrfuerint perin-
de fatisfaciant , ac fi eafdem miflas , & divina officia in proprijs in
quibus eafdem miflas, & divina officia tam ex eccleíiaftico precepto,
quam alias quomodolibet audire teneantur audirent, & illis inibi in-
tcreíTent , n2c ad iila alias h quoquam inviti, cogi, aut compelli pof-
íis & poffint falvis tamen ipfarum parochialium juribus íiquíe fmt
,

& f\ aliquíE ex nominandis hujufmodi ad presbyteratus ordinem pro-


motse fuerint, ac pro tempore celebraverint in prima, & fecunda mif-
fis per cas celebrandis ipfe , ac miífarum hujufmodi celebrationi in-
terfucrint omnes , & fmgulos , eafque peccatorum fuorum remiffiones,
k indulgentins confequantur quas confequerentur fi celebrationi mif-»
farum in eccleíijs in quibus illis eifdem diebus Pationes in Urbe de-
utaí^íE fuerint interefl^ent preterea quod interdi£ti , feu ceífationis
^
ujufmodi tempore tu , ac qu^elibet ex nominatis , & norrinandis hu-
jufmodi miffis , & alijs divinis officijs intereíTe , quodque fi interdifli,
feu ceíTationi? hujufmodi tempore, te aut illas, & earum qnamlibet
è vita decedere contigerit tuum , 8>c earum cujuslibet ipfarum cadave-
ra etiam cum moderata funerali pompa , & fine pulfu campanarum
ecciefiafticae tradi poTunt fepulturx, ac tibi , & illis, ac tuis illarum-
que familiaribus quíE euchariftia; , & alia facratnenta quocumque anni
tempore, etiam in die Pafchatis Dominicar Refurredionis à quocum-
que presbytero feculari , vel cujufvis ordinis regulari , ac ubicunque
malueris , & maluerint , falvis tamen re£lorum parochialium Eccleíia-
rum ia quarum parochijs te, <Sc illns morari contigerit Curibus íiquae
fuerint ipforum Reélorum Ordinariorum locorum , feu corum offii^
tialium , aut aliorum quorumvis licentia minime requiíita recipere li-
bere , & licite valeas , & valcant quodque quadragcfimalibus & alijs ,
;
anni temporibus , &
diebus llationum Ecclcfiarum Urbis 8>c extra ,

eam , quíc à Chrifti fidelibus pro coofequendis indulgentijs viíitari


folent unam, feu duas Eccleíias feu in alteia ipfarum Eccíefiaruni
unum
,

^26 T^rovas do Liv. IX, da Hlftoria Çcnealogica

unum, vel duo altaria , feu in aliquo Oratório, vel pro his veílruin,
& illarum orationibiis , feu divinis inibi audicndis dcputata , vel de-
putanda in loco ubi te , &
illas pro tempore refidere contigerit viíi-
taudo quas , vel qu^e tu, vel íHíe eligendas , vel eligcnda duxcris
& duxerint , ac pro infirmis feu alias impeditis , ut premititur in tua,
vel illarum domibus coram aliqua imagine ter orationem dominicam ,
& totiens falutationem angelicam devote dicendo , &
aliquam elemo-
íinam alicui pauperi Chrifti erogando tot indulgentias, &
peccatorum
remiíliones confequaris , &
confequantur , quot coniequereris , con- &
íequereatur fi fingulis diebus eifdem fingulas ejuídem Urbis extra &
eam exiílentes Eccleíias proteftationibus hujufmodi deputatas perfona-
liter vifitares , &
vifitarent , liceatque illis qui presbyteri fuerint ho-
ras canónicas diurnas , pariter , &
noélurnas foli , aut cum uno , vel
duobus , aut pluribus focijs , feu perfonis fecundum ufum Romanae
Eccleíias etiam noviter editum , &
ordinatum dicere , &
cum propter
varia , &
in feculo ingruentia negotia debitas horas pcrfolvere , ne-
que aut ipfas horas per unum diem naturalem anteponere , poftpo- &
nere dummodo quoad dicendum horas hujufmodi in clioro cum alijs
fe conforment , preterea quadrageíFimalibus , &
alijs anni temporibus,
& diebus quibus ejus ovorum , butyri , cafci , &
aliorum lacticinio-
rum de jure , confuetudine , aut fecundum ftatuta , &
ftabilimenta ài-
€\:x JESU Chrifti , aut cujufvis alterius n^ilitis:, &
ordinis cujus per-
lonae prediéVx nunc , &
pro tempore prot-rãx fuerint eft prohibitum
eiídem omni butyro , cafeo , Sz ladicinijs , necnon diebus mercurij car-
nibus ufitatu , &
illi qui tecum quam ipfsc pcrfoníe nrvninatx , &
nominanda: , &
qui fecum in tua, &
illarum mcnfa difcubuerint etiam
didtáe; militiíc milites carnibus vero tua , ac nominatarum , nomman- &
darum perfonarum Uxores quotiens gravidae fuerint , ac ali^s tu , &
prefentibus nominatse , &
nominandíc , ac uxores veftra; dumtaxat
quotiens corporis vcftri íaluti confuíendum videbitis de alternis tamen
Medici coníilio , reliquac autem perfonae per te nominanda^ urgente
ncceífitate, &
etiam illa GcHaate tu, Sz nominata: , ac noniinand^ per-
íonx hujufmodi quas àidx JESU Chrifti , aut alterius militise ordi-
nis profelfae fueritis fingulis diebus veneris teneamini jejunium hujuf-
modi , &
ladticinijs , &
ceteris premifiis utendo omnino pretermitere
dummodo veneris diebus quibus jejunium pretermifcritis unam elemo-
linam ad libitum veftrum ahcui pauperi , feu miferabili perfonce eroga-
re teneamini , ac diebus merGurij carnibus vefci etiam nulla ad omnia,
& fingula premiíTa dioécefani loci , vcl cujufvis alterius licentia requifi-
•ta libere, etiam , &
licite poííitis , &
valeatis, ac tu , &
nominatíE ,
feu nominand^ perfonse predi6líE quadrageftimalibus , & alijs tempo-
ribus , diebus quibus ad jcjunandum tam ex ecclefiaftico precepto ,
quam veftrum juxta coníuetudines , Sz ftabilimenta diólíe JESU
alicui
Chrifti , &
cujufvis alterius militiae, Sz ordinis teneamini femel in die
cibum fumendo , &
etiam carnibus , Sz Ja6>icinijs vefcendo, feu etiam
his, aut pluries comedendo, aut alias jejunium omnino pretermitendo
aliqua tamen caufa fubfiftente , &: elemofinam huiufnodi erogando je-
junij debito fatisfecilfe cencearis , &cenceantur, illifque meritum con-
fequaris ,
da Cafa %eal Tortugncís^a. J27
feqiiaris confequantur , ac íi à carnibus , & alijs prohibitis abíli^
, &
nueritis , aiit cum efíedu jejunaveritis , liceatque etiam tibi , & illis
quadrageíTunalibus , & alijs temporibus prediâ:is jejunij ab Écclefia,
íeu fecLindiim Itatuta , & ftabilimenta , ac obfervantias , & confuetu-
dinss predirias injundti cum pane , & frudibus , ac quibuívis alijs ex
fuccaro confcífbioiíibus , & condimentis , feu conditis cibis etiam cum
aliqua panis quantitate , abfque jejunij interruptione refedlionem tem-
poralem , feu jentaculum etiam ante prandium , & hora prandij , feu
in no6libus fuinere reliquum cum intellexerimus nonnullos in parti-
bus iftis Portugalli^ ad ordinem minorum nuncupatorum Sanfti Fran-
cifci , ac Sanâri Dominici , & Saníti Hieronimi , ad ipfofque Saníflos
íingularem gerere devotionis aífeélum te , ac nominatos , alios per &
te nominandos prediílos qui hujurmodi affeélum erga ordines, & fan-
61-os prefatos gcílerint in , omnibus &
fingulis fufragijs , precibus , je-
junijs , orationibus, , ac ccteris
difciplinis alijs bonis quae fiunt , fí-
entque in futurum in totis univcrfalibus eorundem Sanâ:orum Reli-
gionibus participes in perpetuum prout ipforum ordinum prelati fa-
cere confueverunt facimus Confeílorique preditflo per te, illas ut &
pra^fertur eligendo eandem , «Sc facultatem , &
auíloritatem in abfol-
vendo te , illas &à criminibus , &
alijs cafibus fuperius nominatis
quam diélorum Ordinum Sandlorum Francifci , Dominici fuperio-&
rum Generalis , feu ab eo deputa tus in abfolvendo fratres diócorum
Ordinum obtinet totiens , quotiens te , vel illas confiteri contigerit
concedimus , &
elargimur per prefentes preterea pretatis uxoribus ,
ac fingulis mulieribus prediílis , &
alijs perfonis nominandis ; qu£e
mulieres fuerint ut folie, aut una cum quatuor , vel quinque honefiis
mulieribus , etiam illarum familiaribus per earum quamlibet ad earum
libitum eligendis quíecumque Monaíleria Monialium , cujufvis etiam
Sandim ClaríE Ordinis de obfervantia fexcics in anno ingredi , ac cum
eifdem Monialibus converfari , &
refeélionem corporalem fumere, &
in Domini noftri Nativitatis, &
Refurredlionis , ac Pentecoftes Paf-
chatum feftivitatibus tantum pernoéVare , vobifque , ac etiam duobus
in veftro fervitio pro tcmpore refidentibus presbyteris , aut Clericis
quandiu in eodem fervitio permanferint , ut omnes , finguios quo- &
rumque beneficiorum per ipfos etiam pro tempore obtentorum fru-
(fbus , redditus, &: proventus perinde , ac fi eifdem benefícijs perfona-
liter refiderent abfque confcientiíu fcrupulo pcrcipere , ac in fuos ufus,
& utilitatcm converterc , ac Capdlanum , feu Capellanos qui pro il-
lis in eirdem bencficijs deíervientibus ponere , amovere, &
ordina- &
riorum locorum , vel quorumvis aliorum fimiliter licentia minime re-
quifita libere , licite poííiiit , &
valeant quique tu , ac pcrfonse hu-
jufmodi qux diífl-iK JESU Chriíli vel
cujufvis alterius militiíE,
, or- &
dinis crunt loco horarum Beata' Maria; Virginis, feu orationis domi-
nicíE, &
falutationis angélica; quas feu alteram illarum fexagies fingu-
li fingulis diebus , necnon diebus luiiís quinquies extatutis
, confue- &
tudinibus dicerc tenearis, &
tencantur vigefies orarionem dominicam,
& totiens falutJtionem angelicam dicendo perinde debito vefiro fafti-
facias, &
faílifaciant , ac fi eaidem horas Beata: Mariae , totiens &
oratio-
,

528 Trovas do Liv^ IX, da Htjlorla Çeneahgtca


orationem doininicam , & falutationem angelicam ; qiiotiens Racione
ordinuin, & militiaruin hujufniodi tenearis , & teaeantur integraliter
íiagulis diebus diceres , & dicerent ; quodqiie etiam perfonse ipfe nii-
litiarum , & ordiíium hujufmodi crucem liabentes ex auro , fcu aiireis
íilis circundatam, feu ornatam gcftare, atque abfqiie parvo habi tu ben-

tinho vulgariter nuncupato dormire licet fecundam eadem ftatuta ,


6 confuetudines , vel alias crucem non nifi ex pano laneo , ac feri-
do geílari , & non niíi disílo parvo habitu induti dormire íimiliter
omnes teneantur dummodo omnibus illis dormientibus didus habitus
parvus fubtus cervical, feu prope , & ad manum appoíitus exiílat
ac infuper loco orationis dominicse , & falutationis angelicíE ad quas
pro anima cujufvis ordinum , & militinrum hujufmodi religioíi quan-
do illum à prefenci vita decedere contigit quiiiquageffis forfam dicen-
dum , feu recitandum obligentur ; quinque miílas in anno pro earum-
dem militiarum , & ordiíium religioforum de eo anno defundlorum
hujufmodi anima celebrarei, feu dicerent abfque confcientiíc fcrupulo,
ac alicujus ad premifTa licentia minime requifita etiam poffint , & va-
leant apoftolica audioritate plenam , & liberam licentiam , & faculta-
tem concedimus , & elargimur , ac tibi , & illis de gratia fpeciaii in-
dulgemus decernentes ex nunc irritum , Sz inane quicquid fuper his
per quofcunique quomodolibet attentari contigcrit , ac prefentes lite-
ras nullo unquam tempore etiam pro iní>auratione Bafilica; Sancí:i Pe-
tri , aut contra infídeles expeditionem , feu quacumque alia inexcogi-
tabiii caufa fufpendi , revocari , aut liniitari polie , & quotiens fuf-
pendi , revocari , aut limitan contigerit , totiens reintegraras , & in
priílinum ílatum reílitutas , ac fufpcnfionem , revocationem , & Hmi-
taíionem hujufmodi pro te integratione , & reílitutione haberi , ac
eafdem literas femper à quibufvis revocationibus exceptas etiam cen-
feri , non obílantibus premiíTss ,
predidorum
ac ordinis , & militiíe
Itatutis ac fuperiorum quorumcumque etiam predidlorum ordiaum ,
,

etiam mcjidicantium etiam contra Abbatiilas , 8i alins prcdidorum


,

Monafteriorum perfonas ab eorum fuperioribus emanatis, feu emanan-


dis , qux totiens , quotiens emanaverint relaxamus , ac eafdem Ab-
,
i

batiíFas & Moniales per prefentes ab eorum mandatis abfolvimus fta-»


,

bilimentis ,
ufibus, & etiam juramento , etiam per te ,
naturis , il- & j

los preftito quod tibi, &


illis quoad prefentium eífeélum relaxamus,
confírmatione apoftolica , vel quavis fírmitate alia roboratis , ac apof-
tolicis , necnon in provincialibus , S: fynodalibus concilijs editis ge- ;

neralibus, vel fpetialibus , conftitutionihus , ík ordinationibus , privi-


legijs , quoque indultis , & literis apoftolicis ordinibus , militijs &
prediólis per quofcumque Romanos Ponti fices , 8z Sedem prcdi6lam,
etiam per viam gcneralis legis , Sr ftatuti perpetui , ac motu próprio,
& ex certa fcientia , & de apoílolicas potefiatis plenitudine , ac cum {

quibufvis etiam dernG;atoriarum derogatorijs efficacioribus efficaciOlmis !

irritantibufque , &
alijs decretis , c^: eríam pluries conce^s appproba-
tis, &
innovatis mare rr.agnum , feu Bulla arrea, aut alias nuncupatrs
etiamfi in eis cavcatur , quod muLieres fecu-ares , vel a^ix predif>a San-
{

€Í£ Clarke , vcl alia Monaíleria etiam vigore cujufvis indulti apofto- 1

liei
,

Cafa %eal Tortuguei^a. 5 2p


liei ingreJi rivon omnibus ctiarriii pro illorum fuffici-
poííint, quibus
cnti derogatione illis , eorumquc totis tenoribiis fpetialis fpecifíca
de
exprcda & individua mentio , fi qiiícvis alia expreílio habenda , aut
,

exquifita forma fervanda foret , & illis caveatur expreíle , quod illis
nullatenus derogari poíTit illoruiu omnium tenores pro plcne , & fuf-
íicienter , ac de verbo ad verbum infertis , necnon modos , & formas
ad id fervandos pro individuo fervatis habentcs hac vice dumtaxat
illis , & alias in fuo robore permanfuris harum ferie fpecialiter , Sc
exprcíTe derogamus , ceterifque contrarijs quibufcumque volumus au-
tem ne quod abíit propter hujufmodi conceílíonem reddatis , & red-
dantur procliviores ad illicita pofterum comittenda, quod íi à íin-
in
ceritate fidei , Sc unitate Romanac KcdcCix , ac obedientia , & devo-
tione Domini Papse , Sc fucceíForum ejus Romanorum Pontifícum
Canonice intrantium deftiteritis , feu deftiterint conceílio , & remiffio
hujufmodi , ac etiam quoad fedem prefentes literíE tibi ,
illam il- &
lis nullatenus fuffragentur ; quodque idem ConfeíTor per te, alios &
nominatos , Sc nominandos prediclos cligendus de quibus fuerit alte-
ri fatisfatio impendenda illam tibi , &
illis per te , ac fe fi fupervixe-

rint , vel per alium , feu alios fi tunc forte ab hac luce tranfieris
vel tranfierint faciendam injungat quantum , &
illi facere ten caris , &
teneantur , necnon quoad conceííionem celebrandi ante diem hujuínio-
di tu , &ilii parce utaris , &
utantur ; quia cum in altaris miniíterio
imolatur Dominus nofter JESUS Chriílus qui can-ior eíl lucis eternae
congrui hoc non in noiSlis tenebris , fed in luce fícri , quia difHci- &
le foret prefentes literas ad fingulos pervenire qucmlibet cx noinina-
tis , feu nominandis prefatis vigore prefentium feorfum per fe literas
fub hujufmodi forma expedire poíle decerninius , declaramus , ut &
pro omni majori commoditate tranfumptis earundem prefentium manu
alicujus Notarij publici fubfcriptis , Sc íigillo alicujus Curiíe Ecclefi-
afticíE , aut Prelati , feu Canonici Cathedralis EccleíiíE ligilatis eadem
prorfus fides in juditio , &
extra adhibeatur qux prefentibus adhibe-
rerentur fi eíTent exhibitx , vel oftcnfíE , provifo tamen quod beneficia
in quibus duo presbyteri , íive Clerici in tuo fervitio exiílen-
ipfi
tes pro tempore non refiderint debitis propterea non fraudentur obfe-
quijs & animarum cura in eis quibus illa moveant nullatenus negliga-
,

tur , fed illorum congrue fupportentur onera confueta , ac ijdem Pref-


byteri dum ab eifdem benefícijs abfentes fuerint quotidianas diftribu-
tiones nullatenus percipiant. Datum Romíe anud Sandlum Petrum fub
íigillo ofRcij penitentiariiE ij. Kalend. Maij. Pontificatus Domini Pau-
li Papx anno odavo.
III.
O
Doutor Diogo Gonçalves do Dezembargo delRey noíTo Se-
nhor Provi for e Vigairo geral no efpi ritual c temporal no Arcebif-
, ,

pado de Lixboa pelo muito Illuftre e Reverendiífimo Senhor o Se-


,

nhor D. Fernando per mercê de Deos e da Santa Igreja de Roma ,

Metropolitano Arcebifpo de Lixboa do Confelho delRey noffo Se-


nhor e feu Capellaó Mor , &c. A quantos eíl^a minha Carta tefte-
,

munhavel dada em pubrica , e autentica forma com ho trellado dc


hum confifllonairo apoílolico virem faude eni Jefu Chriílo noífo Se-
Tom. V. Xxx nhor
,

53o Trovas do Liv» IX. da Hl/loria genealógica


nhor, e Salvador. Faço faber que por parte da muito magniiTca Se-
nhora a Senhora D. Maria de Meneres Mãe da Senhora Marqueza de
.Ferreyra , mulher que foi de D. Antam Capitão Moor da dita Cida-
de , &c. me foi aprezentado hum Confeííionairo do noflo Senhor ho
Santo Padre Paulo Papa Terceiro hora na Igreja de Deos Preíidente ef-
cripto em purgaminho , e paflado polia ília facra penitenciaria fella-
do com o verdadeiro íello delia impreíTo em cera vermelha dentro
em caixa de folha de frandes comprida pendente per cordão de li-
nhas vermelhas : concedido ao muito lUufcre , e manifíco Senhor o
Senhor D. Rodriguo Marques de Ferreyra , Conde da Villa de Ten-
tugual , &c. nom viciado , nem cancellado , nem parte de fi fofpei-
to , antes carecente de todo vicio , e foípeiçaó , fegundo per elle
prima face parecia do qual próprio Confiífionario original o trelado
de verbo a verbo hc o que fica atras , e fendome aíTy aprefentado o
dito Confeííionairo como dito he por parte da dita Senhora D. Ma-
ria de Menezes me foi dito que por quanto ella era huá das peíTcas
contheudas no dito Coníiíílonario pera aver de guofar das graças , li-
berdades , inzençoens , e indulgências nelle comteudas me pedia lhe
mandaíTe paíTar o trellado do dko ConfííTionairo em pubrica , e au-
tentica forma em hua Carta teílemunhavel o que vifto por mim o
:

requerimento feito por parte da dita Senhora, e feu dizer, e pedir


fer jufto , e como o dito Confiílionairo era boó, e verdadeiro, e fem
duvida , lhe mandei paílar o trellado delle em pubrica , e autentica
forma cm eíta minha Carta teftemunhavel pera o qual intreponho
minha autoridade ordinária com interpoziçaó de decreto quanto com
dereito poíTo , e devo , e mando , que a eíle trellado lhe feja dado
tanta fee , credito , e autoridade em Juizo , e fora delle como ao pró-
prio original fem a ello lhe fer poílo duvida , nem embarguo algum.
Dada na Cidade de Lixboa fob meu final , e fello aos nove dias do
mes daguoílo do anno de mil e quinhentos quarenta e tres annos ;
teílemunlias que a todo o fobredito foraó prefentes tudo viraó , e ou-
virão os muito honrados Pedrafonfo Bacharel , e Dioguo Garcia fcri-
vaó , e outros.
Didacus Do(5lor.

E eu Alvoro Qiieimado Clérigo de MiíTa , morador na dita Ci-


dade de Lixboa publico per Apoftolica autoridade Notairo, que a
todo o fobredito prefente fui com as ditas teftemunhas , e tudo vi
ouvi , e entendi , e efte ConfiíRonairo em efta Carta teíVemunhavel
bem , e fielmente autentiquei , e continuei com o dito Senhor Provi-
for , e o corroborei de meu pubrico , e acoílumado final juntamente
com o ílnai , e fello do dito Senhor , roguado , e requerido.

Alvaro Queimado , Notairo Apoftolico.

Con-
da Cafa %eal Tortugues^a. 531
Contrato , e tranjacçao entre o Marcuez D. Francif-
de Ferreira
CO de Mello, e Jua mulher a Senhora D. Eugenia^ com D. Al-
varo de Mello Jeu Johrinlio Jobre a herança da Cafa de D.
^ ,

Rodrigo, I. Marcjuez de Ferreira. Authentico ejlá no Car-


tório da Serenlffima Cafa de Bragança , donde o tirey.

Nome de Deos Amen. Saibao quantos efte eftormento ^e^yj^^


EMcomcerto ,
tianfacçaó , c amiguavel compofíçao virem , que no * ^
anno do nacimento de NoíTo Senhor JESU Chrifto de mil quinhcn- *555*
tos cincoenta e tres , aos dezaflete dias do mes de Novembro na Ci-
dade de Lixboa nas cazas do Senhor Pero Dalcaçova Carneiro do
Confelho delRcy noíTo Senhor , e feu Secretario eítamdo hy prefem-
te o Scnlior D. Francilco de Mello filho do Senhor Marques de
Ferreira que Hiníla gloria aja de huma parte em feu nome , e como
Procurador da Senhora D. Eugenia , fua molher cuja procuração baf-
tantc pera ho cafo de que a diante faz menção oífereceo de que o
trellado hiraa a diamte ; e da outra parte ho Senhor L). Alvaro de
Mello íilho do Senhor D. Alvaro de Mello filho primogénito que fny
do dito Senhor Marques , e a Senhora D. Maria de Vilhena fua May
como lua Tutor , e Curador , e alTy a Senhora D. Maria Dalcnçova
molher do dito Senhor D. Alvaro , logo por elles Senhores foy di-
to que depois do falecimento do dito Marques de Ferreira Pay ^ e
Avo delles partes teveraô demanda aíTy acerqua do fequeílro dos
morgaados , terras , e rendas que ficarão por falecimento do dito
Marques como acerqua da fucceífaô, e herança dos ditos morgaados,
terras, e rendas de que todo eíle D. Alvaro tinha dado libello com-
tra elie D. Framcifco, e dezia lhe pertemcer toda a fucceíTao da Ca-
za do dito Marques , por fer filho do dito D, Alvaro de Mello filho
primogénito do dito Marques , e que reprefemtava a peífoa do di-
to feu Pay, e elle dito D. Framcifco dezia, que era o filho mais ve-
lho que ficara ao tempo do falecimento do dito Marques , e que am-
dando aíTy as ditas duvidas, e demandas amtre elles, olhando o
grande divedo que amtre fy tem , e o muito tempo que as ditas de-
mandas podiao durar , e todo fim delias fer imcerto , e duvidofo , e
por tirar muitos imcomviniemtes que fe das ditas demandas podiaô
feguir, e por bem de amor, paaz , e comcordia, falaram em fe com-
certar , e por amtre elles aver deferemça no dito comcerto , pedirão
por mercê a ElRey noffo Senhor que lhes fizeíPe mercê de mandar
emtemder em os comcordar , e determinar o que a S. Alteza bem
pareccfTe , e o dito Senhor por lhes fazer mercê emtendeo niíTo , e
os comcertou por fua determinação per elle aílinada , de que o teor
de verbo a verbo he o feguinte. Manda ElRey noíFo Senhor vifto
como D. Francilco de Mello, e D. Maria de Vilhena como May,
e Tutor de D. Alvaro de Mello fobrinho do dito D. Framcifco pe-
dirão a S. Alteza que lhes fizeíTe mercê de emtemder, e os comcor-
dar 5 e determinar o que lhe bem parecei] e na deíi-eremça cm que ora
Tom. V. Xix ii eRap
532 Trovas do Liv. IX. da Hlflor ia Çetieahgtca
eíVaô no comcerto que fe amtre elles trafVa fobre a duvivk , e deman-
da que amtre elles era movida acerqua da fucceíTaô , e eramça dos
morgaados , terras , e remdas que ficarão por morte de D. Rodrigo
de Mello Marques de Ferreira , Pay do dito Dom Framcifco de Mel-
lo , e Avo do dito D. Alvaro de Mello , por o dito D. Alvaro leu
filho mais velho de D. Alvaro de Mello ja fallecido filho mais velho
do dito D. Rodrigo de Mello Marques de Ferreira que ho dito D.
Alvaro de Mello Neto do dito Marques de Ferreira aja da eram ça ,
e fucceílaó dos morgaados , terras , e remdas que ficaraó do dito
Marques feu Avo , as couzas feguintes. Das rendas que as taes cou-
fas remderem da pubricaçao defta determinação em diamte íT. a Vil-
la da Rega e a Villa de Codefeiro , e ho Concelho de Carapito , e
a alcaidaria mor da Villa de Vilar mayor, e os bens da beira que fe
chamao o minhocal da Ribeira , e o minhocal de cima , e ho carva-
lhal meão em termo da Villa de Celorico , da quimtaam da gaiteira ,
e as leziras de tavora , e as abitureiras em termo
da Villa de Santa-
rém , e ho reguengo de Toes com todas as mais coufas que o dito D.
Framcifco tever nas ditas Villas , comcelho , e couzas acima ditas , e
na maneira em que as tever , e que ho que eftas coufas em cada hum
anno menos remderem de oitoccmtos mil reis dce o dito D. Fram-
cifco de Mello ao dito D. Alvaro feu fobrinho em teniça de juro
pera que da pubricaç-io deíla determinação em diamte elle D. Alva-
ro aja os ditos oitoccmtos mil reis de remda em cada huú anno aíly
pello que remderem as ditas terras, e bens como pella temça de ju-
ro que lhe mais der , e aíly dee mais o dito D. Framcifco de Mello
ao dito D. Alvaro feu fobrinho jumtamcnte com as fobreditas cou-
fas dez mil cruzados em dinheiro , as quacs coufas, e dinheiro o di-
to D. Framcifco de Mello he comtemte de dar ao dito Dom Alvaro
como parece pello feu aílignado jumto ao auto atras efcripto , e vif-
to como pelo muito paremtefco , e razaô que amtre os ditos D.
Framcifco, e D. Alvaro feu fobrinho ha he coufa muito juíla aver
amtre elles nefte cafo comcerto , e aífy porver muito bem a ambas as
partes pera fe excufarem demandas , defpefas , e outros incomvinien-
tes que fe poderiaó feguir fe a caufa fe oyveíTe de determinar por
demanda , e como o dito D. Francifco por eftar em poííe de toda a
heramça, e fucceíTaó que ficou per morte do Marques feu Pay tinha
rezaô de mais arecear a femtemça , que neíle cafo fe ouveífe de dar,
e de mais fentir ho em que a tal fentença comtra elle foííe , ha S.
Alteza por bem , e manda que a alem do que acima he dito , que
D. Alvaro de Mello aja daver da dita fucceílaó do Marques feu Avo,
e lhe D. Framcifco de Mello ha de dar dee mais ho dito D. Fram-
cifco ao dito D. Alvaro feu fobrinho as cazas , e moyos e toda a
outra mais fazenda , que ora o dito D. Framcifco de Mello tem no
morgado de Sandlarem que inftituiraó o Marques feu Pay femdo
,

Comde de Temtuguel ,D. Lianor Dalmeyda Comdeíía de Temtu-


e
guel , fua molher , May do dito D. Francifco femdo ella viva ao tal
tempo , e das couzas acima ditas as que forem da Coroa averaa , e
teraa o dito D. Alvaro aíFy , e da maneira que as ouvera de erdar , e
fucce-
da Cafa %eal Tomgnei?^a. 533
fucceder D. Alvaro de Mello feu Pay fe fora vivo ao tempo da
morte do dito Marques de Ferreira polias doaçoens que o dito Mar-
ques delias tinha , e íegumdo forma delias , e das ordenaçoens do
Regno , c das coufas acima ditas , as que forem dos morgados pa-
trimoniacs aíFy dos que ficarão do Marques de Ferreira como do
morgado de Sanclarem que o dito Marques , e a ComdeíTa fua mo-
Iher iíiílituirao lio dito D. Alvaro as averaa , e teraa em morgaado
pera Cy , e feus fucceíTores comforme aas inftituiçoens dos ditos mor
gaados fem obrigado a emcargo algum dos comtheudos nas ditas
fer
inftituiçoens porque os taes emcargos íicaraó com o dito D. Framcif-
co de Mello , o qual feraa obrigado a dar pera os ditos morgaados
tamta fazemda de raiz que remda em cada huum anno outro tamto
como ora remdem os bens dos ditos morgaados que fe delles tiraô , e
daó ao dito D. Alvaro , a qual fizenda que o dito D. Framcifco aíTy
ha de dar aos ditos morgaados ficaraa vinculada a elles , com as obri-
gaçoe.is e emcargos que tinhaô os bens dos ditos morgaados que fe
,

ora delles tiraó , e fícaó ao dito D. Alvaro , e defta mefma maneira


feraa o dito D. Framcifco obrigado a dar pera o morgaado de San6la-
rem que lhe ficou do Marques feu Pay , e da ComdeíTa fua Máy fa-
zenda de raiz que remda em cada huum anno outro tamto como vai
de remda a fazenda do dito morgado que fe ora delle tira , e fe daa
ao dito D. Alvaro, a qual fazenda ficaraa vimculada ao dito morgaa-
^
do e obrigada aos emcargos delle aífy como acima he dito , que íi-
,

\\
que a fazenda que o dito D. Framcifco ha de dar pera os morgaados
patrimoniaes , que ficarão per morte do dito Marques de Ferreira feu
Pay fem a fazenda do dito morgaado de Saudarem , que o dito , e
D. Alvaro ha de aver ficar obrigada a emcargo alguum do dito mor-
I
gaado , e o dito D. Framcifco feraa obrigado a dar aos ditos mor-
gaados a fatisfaçao acima dita demtro de dous annos que fe começa-
rão do dia da pubricaçaô defta determinação em diamte , e a extima-
çaô , de liquidação que fe haade fazer do que em cada huum anno
vallem de remda as coufas acima ditas que haô de ficar ao dito D.
Alvaro pera fe faber o que lhe D. Framcifco mais haade dar em tem-
ça de juro para lhe fazer comprimento de oitocemtos mil reis de
remda fe faraa per maíTa dos quatro annos paíTados , de quaremta e
nove , cincoenta , e cincoenita e hum e cimcoemta e dous, e com-
forme a efta determinação de S. Alteza fe faraa amtre o dito D.
Framcifco de Mello com outorga, e comfentimento de D. Eugenia
fua molher , e o dito D. Alvaro feu fobrinho , com auííloridade de
D. Maria de Vilhena fua May , e Tutor huum comtrado de tranfac-
çaó com fupprimento da ydade do dito D. Alvaro, e com todas as
claufulas derogaçoens , e declaraçoens neceftarias pera o dito contra-
,

rio fer pera fempre firme , e valiofo , e fe lhe daraó para o meímo
efeito as provifoens de S. Alteza que forem neceíTarias , no qual com-
traílo feraa trelladada efta determinação de S. Alteza e feito , e aca-
,

bado aífy amtre elles o dito comtradlo de tranfacçao o dito D. Fram-


cifco de Mello enitregaraa lego ao dito Dom Alvaro todas as doa-
çoens de fcripturas que tiver , e forem neceífarias ao dito D. Alva-
ro
534 ^^^'^^^ L^'^' Hijlorla Cjenealogíca

ro para lhe aver de fer feitas as doaçoens das coufas da Coroa , que
para bem deíla determinação ha de aver ; e alTy lhe emtregaraa o
trellado em pubrica forma das inílituiçoens dos morgaados , e de
quaefquer efcripturas que a ell:s pertemcerem , e ao dito D. Alvaro
forem neceífarias pera feguraiiçi da parte da fazenda que elle dos di-.
tos morgaados ha de aver , e fe lhe avercm de fazer as provifoens
que lhe forem neceífarias , e aífy mefmo lhe emtregaraa logo o dito
D. Francifco os dez mil cruzados que lhe ha de dar , e dentro de
dons mefes fe faraa a liquidação da valia das remdas das coufas que
haó de ficar a D. Alvaro pera fe faber a comtia da temça de juro
que lhe D. Framcifco de Mello ha de dar para comprimento dos oi-
tocemtos mil reis e tamto que a dita liquidação for feita , daraa o di-
to D. Framcifco ao dito D. Alvaro a temça que íb achar que lhe
mais deve de dar pera fer feito padrão delia ao dito D. Alvaro , e
temdo D. Framcifco fatisfeito ao acima dito fe lhe faraó doaçoens
em forma per fucceíTaó das mais coufas da Coroa que ficarão do
Marques feu Pay aífy de juro como em vida íegundo per bem de
fuás doaçoens , e provilbens lhe pertemcerem , e lhe feraa alevanta-
do o focreflo que lhe he poílo nas remdas das coufas que fe lhe
mandarão focreílar , e lhe feraa emtregue o dito remdimento como o
ouvera daver , fe o dito íbcrcfto lhe nom fora feito, e em cada huua
das doaçoens , e das coufas da Coroa , e das proviíbens que tocarem
aos morgaados que fe ou verem de fazer aífy ao dito D. Framcifco
como ao dito D. Alvaro hiraa trelladado o dito contraélo , e tranf-
acçaô , que fe amtre elles ha de fazer, e manda S. Alteza que fe fa-
çaô dous alvarás de huum theor com o trellado defta fua determina-
ção , e que fe dô huum a D. Francifco de Mello , e outro a Dom
Alvaro de Mello , em Lixboa a vimte e quatro de Março de mil e
quinhemtos e cimcoemta e tres. A qual determinação parecia fer ef-
cripta por Manoel da Cofta efcripvaó da Camera delRey noífo Se-
nhor , e aííignada por S. Alteza. E vifta eíla determinação de S. Al-
teza per elles partes, e que S. Alteza mandava que a extimaçaó , e
liquidação que fe avia de fazer do que valiaó de remda as coufas aci-
ma ditas que avião de ficar ao dito D. Alvaro fe fczeíTe por maíTa
dos quatro annos paífados elle D. Alvaro teve duvida fobre a maífa
fer dos ditos quatro annos fomente , e fobre ello apontarão peramte
S. Alteza de fua juítiça , e S. Alteza por tirar a dita duvida , e ou-
tras as tirou peíla determinação feguinte. Manda ElRey noífo Se-
nhor viíla a duvida , e diíFeremça que amtre D. Alvaro de Mello ^ e
D. Framcifco de Mello feu Tio ha fobre os annos de que fe avia de
fazer maífa do remdimento das rendas que per bem da determinação
de S Alteza fícaó com o dito D. Alvaro aa comta dos oitocemtos
mil reis de remda que cada anno ha de aver; c viíbs as comthias de-
claradas nos efcriptos aqui offerecidos porque as ditas remdis foraô
aremdadas e o que as partes fobre yíTo alegarão , e paara que acer-
,

qua da liquidação do remdimento das ditas remdas nom aja mais du-
vida a'utre as ditas partes que o dito D. Alvaro aja as ditas remdas,
e co:nthia de quinhentos e quaremta mil reis' de raiida em cada huu
anno.
,

da Caja 1R,eal TortH^uezji, 535


aano , e os dozemtos e mil reis que falecem pera compri-
feíTenta
mcnto dos ditos oitocemtos mil reis lhe daraa o dito D. Francilco
em temça de juro como S. Alteza pella dita determinação tem man-
dado em Lixboa a vimte e tres dias de Oólubro de mil e ^uinhem-
tos c cimcocmta e tres , a qual determinação outro fy parecia ler ef-
cripta pelo dito Manoel da Cofta eícripvao da Camara delRey noflb
Senhor , e Alteza.
aííignada per S. E viílas as ditas determinaçoerts
do dito Senhor dixcraó elles partes q^ue as acceptavaô , e aviao por
boas ady , e da maneira que nellas le conthem , e per via de com-
certo , e tranfacçaô eraó comtemtes de eílar por todo o comtheudo
nas ditas determinaçoens dizendo logo elle dito Senhor D. Francilco
em feu nome , e da dita Senhora D. Eugenia fua molher que doje
pera fempre por bem deíla tranfacçaô , e das ditas determinaçoens
era comtemte , e lhe apraz que ho dito Senhor D. Alvaro feu lobri-
nho aja da heramça , e fucceílaô dcs ditos morgaados , terras , e rem-
das que do dito Marques as ccufas fcguintcs , e as remdas que
ficarão
as taes coufas remderr.ô deíde vimte e quatro dias de Março paííado
do prefente anno em diamte ÍT. a Villa da Rega e a Villa do Cou-
: ,

diceiro , e o Comcelho de Carapito , e a alcaydaria moor da Villa de


Villarmayor, e os bens da Briza que fe chamaó o minhocal de cima
em termo de Celorico , e o Carvalhal meaó em termo da Cidade da
Guarda , e a quintaã da gateira das leziras de Távora , e as abiturei-
ras em termo da Villa de Sandlarem e o Reguengo de Toes com to-
,

das as mais couzas que elle Senhor D. Framciico tem nas ditas Vil-
las da Rega e Codiceiro , e Concelho de Carapito , e coufas acima
,

ditas que dos ditos morgaados tem em Sandarem , e feu termo tiran-
do o padroado da Egreja de S. Matheus de Sandlarem , e aíFy as
mais coufas outras dos ditos morgaados , que elieverem fora de San-
earem , Golegaâ , Pernes , Cartaxo , Azinhaga , Almeyrim , e feus
termos , que eftas deíles logares foomente ficao com o dito Senhor
D. Alvaro , e todas as outras com o dito padroado de S. Mattheus
que forem dos ditos morgaados ficaó com elle Senhor D. Framciico,
e feus erdeiros , e fuccelfores , e ha por bem elle Senhor D. Fram-
cifco , que o dito Senhor D. Alvaro feu fobrinho , e feus fucceíToi-es
ajaó as ditas Villas , e Comcelho e coufas fobreditas aífy , e na ma-
,

neira que as elle Senhor D. Framcifco tem , e melhor fe com derei-


to as poder aver , as quaes coufas todas que fao as comteudas na di-
ta primeira determinação do dito Senhor , S. Alteza depois da dita
determinação quis mandar liquidar ho que remdiaó as ditas coufas ,
e viftos os efcriptos delles partes mandou para hy fazer liquidação
e extimaçaó do que as ditas coufas podiao render fazemdo maíTa dos
annos que a S. Alteza bem parecer, e pella dita fegunda determina-
ção determinou as ditas coufas remderem quinhemtos e quaremta
mil reis , e que nelles as tomaíTe o dito Dom Alvaro , e que pera
comprimento dos oitocemtos mil reis comteudos na dita primeira de-
terminação lhe deffe elle Senhor D. Framcifco dozemtos e faífemta
mil reis de juro dos que S. Alteza vcmde a retro , dizemdo mais el-
le Senhor D. Framciico cm feu nome, e da dita Senhora D. Euge-
nia
53^ Trovas do Llv. IX, da Hijlorta (jenealogtca
nia fua molher que elle daa , e paga no dito Senhor D. Alvaro os
ditos oitocemtos mil reis comteudos na dita primeira determinação pel-
la maneira ícguinte: ÍT. quinhemtos e quaremra mil reis pelas remdas
das ditas Villas , e couías na dita determinação nomeadas , e per do-
zemtos e faifenita mil reis de juro a retro dos que o dito Senhor
vemde , de que lhe daraa huum padrão de S. Alteza, e em quanto
lhe naó der o dito padrão dos ditos dozemtos e feííemta mil reis que
le obriga a lhe dar demtro de huum anno lhos daraa das luas rem-
das da lua Villa do Cadaval , e alTy approuve mais a elle Senhor D.
Framcilco em feu nome , e da dita Senhora fua molher de dar ao di-
to Senhor D. Alvaro feu fobrinho a alem das fobreditas coufas dez
mil cruzados em dinheiro, e as caías, e moyos , e toda a outra mais
fazemda que ora elle Senhor D. Framcifco tem em Sanclarem , Go-
legaam , Pernes , Almeyrim , Azinhaga , Cartaxo , e íeus termos , do
morgaado que inftituiraó ho dito Senhor Marques feu Pay femdo
Comde de Temtuguel , e a Senhora D. Lianor Dalmeyda ComdeíTa
fua molher Máy delle dito Senhor D. Framcifco , femdo ella viva ao
tal tempo , como fe na determinação do dito Senhor comtem , e de
todas as coufas acima ditas , na dita determinação , e nomeadas as
que forem da Coroa averaa , e teraa o dito Senhor Dom Alvaro? e
feus fucceíTores alfy , e da maneira que as ouvera de herdar , e fuc-
ceder D. Alvaro de Mello feu Pay que fanfta gloria aja , fe fora
vivo ao tempo da morte do dito Marques de Ferreira , pellas doa-
çoens que o dito Marques delias tinha , c fegundo forma delias , e
das ordenaçoens do Regno ; e das mais coufis acima ditas que lhe
mais aííy daa comforme aa dita determinação deAa tranfacçaó as que
forem dos morgaados patrimoniaes que eítiverem em Saadtarem , Go-
legaam , Pernes , Cartaxo , Azinhaga , Almeyrim , e feus termos , aíTy
das que ficarão do dito Marques como das coufas do morgaado de
Sanftarein , que o dito Marques , e Gomde lá fua molher inftituiraó
na maneira acima declarada o dito Senhor D. Alvaro as avera doje
pera fcmpre , e teraa em morgaado pera fy , e feus fucceífores com-
forme aas inílituiçoens dos ditos morgaados fem elle Senhor D. Al-
varo nem feus fucceíTores ferem obrigaaJos a emcargo alguum dos
comteudos nas ditas inftituiçoens , e de quaefquer outros que per ra-
zão dos ditos morgaados fe ouveíTem de comprir porque todos os
ditos emcargos ficaô a elle Senhor D. Framcifco em fazemda de raiz
que ha de dar , e applicar demtro no tempo comteudo na dita de-
terminação que remda em cada huum anno outro tamto como ora rem-
dem os ditos bens acima nomeados que fe tiraó dos ditos morgaados
patrimoniaes e per bem da dita determinação eile Senhor D. Fram-
,

cifco por efta tranfacçaó daa ao dito Senhor D. Alvaro , e ficaraa a


fazemda que elle Senhor D. Framcifco ha de dar com a mais que
lhe fica dos ditos morgaados vimculada aos ditos emcargos , e obri-
gaçoens que tinhaô os bens dos ditos morgaados , que fe ora delles
tiraó , e fícaó ao dito Senhor D. Alvaro per bem da dita determina-
ção , e defta tranfacçaó ; e dixe logo elle Senhor D. Framcifco em
feu orne j e da dita Senhora fua molher que doje pera fempre deíif-
te
,
,

da Cafa 'Efal Tortngnes^a.

te das ditas Villas , Concelho, e coufns , e bens dos ditos morgaa-


dos patrimoniacs comteudos na determinação do dito Senhor pella
maneira nefta tranfacçaó comteudo , e renuiicia todo direito, auçaó
poíFe , propriedade que nelles , e em cada huum delles tem , e pode
ter, e todo daa , cede, e trefpaira no dito Senhor D. Alvaro feu fo-
brinho , e (cus fucceírores aíTy , e pela maneira que fe comtem nas
doaçòens , titolos, e inftituiçoens das ditas coufas, e como as o dito
Marques tinha , e lhe podia pertemcer por qualquer via , e maneira
c logo lhe entregou elle Senhor D. Alvaro as doaçoens , c efcripturas
que tem das ditas coufas na dita determinação nomeadas pera lhe fe-
rem feitas doaçoens das coufas da Coroa , que per bem da dita de-
terminação , e dcíla tranfacçaó ha de aver , e aíTy lhe emtregaraa mais
elle Senhor D. Framcifco lio trellado em pubrica forma das inftitui-
çoens dos ditos morgaados pera elle Senhor D. Alvaro , e feus fuc-
ceíTores faberem como fe hao de erdar e fucceder , e pera terem pe-
ra feguramça da parte que nelles tem , e lhe ficaó por efta tranfacçaó,
e determinação de S. Alteza. Quanto aos dez mil cruzados acima di-
tos que lhe avia de dar em dinheiro approuve a elles partes que em
quanto elle Senhor D. Francifco lhos nom delFe , lhe dar em cada
huum anno dozemtos e cincoemta mil reis pagos nas remdas do Ca-
daval , e nom abrangendo as remdas da dita Villa a eíles dozemtos e
cincoemta mil reis, e aos dozemtos e feílemta fobreditos ho que fal-
tar averaa elle Senhor D. Alvaro pelas remdas da Villa Dalvayazer
com condição que todas as vezes que o dito Senhor D. Alvaro qui-
zer os ditos dez mil cruzados em dinheiro , elle Senhor D. Framcif-
co feraa obrigaado a lhos dar demtro em trimta dias , e nom os dam-
do no dito termo que elle Senhor D. Alvaro , ou feus fucceílores os
poíTaô tomar a caimbo como amdar na praça , e damdolhos ficaraa
defobrigado de dar os ditos dozentos e cincoemta mil reis , e com
condição que elle Senhor D. Alvaro poíTa poer recebedor nos ditos
logarcs em que fe ha de fazer o pagamento pera arrecadar os ditos
dinheiros de qiiacfquer peíToas que os ouvcrcm de pagar , e logo pe-
lo dito Senhor D. Alvaro de Mello foy aprefemtado huíí alvaraa do
dito Senhor porque a elle , e aa Senhora D. Maria Dalcaçova fua
inolher fupprio a idade , e os ouve por mayores de vinte e cinco an-
nos pera poderem fazer eíla tranfacçaó com todas as rcnumciaçoens,
e claufulas neceíTarias de que ho theor tal he. Eu ElRey faço faber
aos que efte meu alvaraa virem que D. Framcifco de Mello , e D. Ma-
ria de Vilhena como Mãy Tutor de D. Alvaro de Mello fobrinho
, e
do dito D. Framcilco me pedirão que lhes íizeíTe mercê de emtem-
der em os comcordar , e determinar o que me bem pareceíTe na dif-
feremça em que eftavaó no comcerto que fe amtrc elles trafFava fo-
bre a duvida , e demanda que amtre elles era movida acerqua da
çramça , e fucceíTaô dos morgaados , terras , e remdas que ficarão por
ir.orte de D. Rodrigo de Mello Marques de Ferreira , Pay do dito
D. Francilco de Mello , e Avo do dito D. Alvaro de Mello , e eu
por llics fazer mercê entendi niílb , e determinei o que me pareceo
que o dito D. Alvaro avia daver da hcramça , e fucceíTaô dos ditos
Toni. Y, Yyy morgaados.
,,

T^rovas do Liv. IX, da Hiftorta Çenealogtca


j38
morgaados , terras , que fíçaraô do dito Marques fcu Avo,,
e remdas
e que todo ho mais ficaíTe ao dito D. Framcifco de Mello fegundo
mais inteiramente le contem em lua determ nação por mym afí'gnada
que mandey que fe trelladaíTe no comtra^Sto de trauPacçao que íè faria
amtre o dito D. Framcifco de Mello com outorga , e comfentimento
de D. Eugenia fua molher , e o dito D. Alvaro leu Ibbrinho com au-
(Sboridade da dita D. Maria de Vilhena , lua May , e Tutor , e com
fupplimento de idade do dito D. Alvaro, e com todas as claufulas,
derogaçoens , e declaraçoens neceíTarias pera o dito comtraélo fer
fempre firme , e valiofo , e que eu lhe mandaria dar pera o dito ef-
fedto as provifoens que foliem neceíTarias , a qual determinação foi
feita a vimte e quatro dias do mes de Março defte anno prefente de
quinhentos e cincoenta e tres , e porque o dito D. Francifco de Mel-
lo , e D. Maria de Vilhena , e D. Alvaro me inviarao dizer que pe-
ra o dito comtradlo de tranfacçaó que fe alTy amtre elles aade fazer
fer firme , e valiofo pera fempre era neceíTario eu fupprir a ydade do
dito D. Alvaro , e o fazer mayor de vinte e cinco annos , e da licem-
ça que jurem todas as partes o dito comtraélo , e que contra elle,
nem coufa alguua do nelle contheudo nom poflao nunca hir , nem
pedir reílituiçaó , nem dizer em que faô enganados aquém , nem
aalem dametade do juíto preço , e que poíTaô renunciar a ordenaçaó
do quarto livro dametade do jufto preço, e todalas leis, e direitos,
que permitem fe reftituirem os menores , e mayores que faô lefos em
muita ou pequena quantidade , e todas as outras leis , e ordenaçoens
aíTy da ley mental , como quaefquer outras que forem contra o com-
tra£lo da dita tranfacçaó que fe amtre elles fezer , poílo que as taes
leys , ou ordenaçoens fejao taes de que feja neceílario fazer expreíTa,
e de verbo a verbo menção , e derogaçaó eu ey por bem , e me praz
que a dita tranfacçaó fe faça amtre os lobreditos aíTy , e pela manei-
ra que na dita minha determinação he comtheudo , e com as mefmas
claufulas que lhes bem parecer e concordarem. E por quanto o dito
D. Alvaro he menor de vimte e cinco annos per fer foomente de
quinze annos , e nom pode fazer a dita tranfacçaó , nem menos a di-
ta D. Maria de Vilhena fua May, como fua Tutor, e Curador que
,

he pode fazer a dita tranfacçaó , eu de meu próprio moto certa fci-


,

cncia , pcdcr Real , e abírli to fuf pro , e ey por fupprida a idade


que ao dito D. Alvaro de Mello falece , e ho ey por n ayor de vim-
te e cinco annos e que poíla fazer a dita tranlacçaó com todas as
,

claufulas , e reniinciaçoens neccílarias pera fer pera fempre valiofa


como fe paífara dcs ditos vimte e cinco annos , e bem afiy me praz
que a dita D. Maria de Vilhena fua May polia comfemtir no dito
contrario de tranfacçaó aíTy , c pella maneira que acima he declara-
do , e com todas as mais claufulas que pera firmeza delle forc... ne-
ceíTIirias , e amtre elles partes forem afemtadas , e poífaó renumciar
as leys , e ordenaçoens que em comtrairo forem ainda que fejaó taes
que fe dcfemda as poderem renunciar e que prometaó os menores
,

e mayores de fe nom reílituirem aífy per claufula geral, como efpe-


ciai , e ainda que poílaó dizer que faó enganados em mais dametade

do
dei Cafa ^eal TortNgue^a. 5 3 p
do juílopreço , e ícm embargo dn ordennçaó do quarto livro titolo
trimta que ha por ncnhua a tal renunciaçao damctade do jufto preço,
e aíiy me praz de íupprir o defeito do comfentimento de D. Rodri-
go filho mais velho do dito D. Framcifco de JNIello que fomente he
de ydade de dous annos pouco mais , ou menos , e naó tem ydade
pera comfontir ; c pera mayor firmeza de tudo iíío me praz que os
ditos D. Framcifco de Mello , e D. Eugenia, e D. Alvaro de Mello,
e D. iMaria de Vilhena poííaô jurar, e afiirmar por juramento o dito
comtra^ílo de tranlacçaó , e coufas que nelle comcertarem , e aíTenta-
rem \ e aTy poífiio jurar todos, e cada hum delles per fy que nom pe-
dirão reílituiçaó do dito comtra6lo , nem de claufula alguma nelle com-
teuda per fy , nem por outrem , nem relaxação , nem abfolviçaô do
dito juramento ao San6lo Padre , nem a quem feu poder tenha , eaim-
da que lha dem de leu oíticio a nom tomem , e dou poder a qual-
quer Tabaliaó que poda fazer o dito comtradlo de tranfacçaó com o
dito juramento fem embargo da ordenação do quarto livro titulo ter-
ceiro que nenhuum faça comtradfo , nem deftrato em que ponha ju-
ramento , ou boa fee , e das penas delle , e quero de minha certa fci-
encia poder Real, e abfoluto, que as ditas partes, nem alguma del-
ias , nem feus fucceílbres naó polfao comtra coufa alguma do nelle
comteudo , fer ouvidos em juizo , nem fora delle, porque dcl^le ago-
ra pera eratao lhes denego as auçoens , porque minha vontade he
que o dito comtracto em todo fe cumpra imtciramente fem embargo
de todalas leys , ordenaçoens , ufos, e coílumes , e yftilos em contra-
rio ainda que tenhaô claufulas derogatorias , e fe requeira que delias,
e do theor delias fe faça expreífa menção , e fem embargo da ley
mental , e de todos , e de cada hum dos Capitolos delia que em
contrario difto fejaó ainda que tenhaó claufulas derogatorias de que
fe aja de fazer expreífa menção porque todo ey por quebrado , e de-
rogado pera que efte alvaraa , e comtra£to de tranfacçaó que fe am-
tre elles ha de fazer valha o mais eíficazmente que poíTa fcr , e co-
mo nelle for comtiudo poílo que das dita? leys , e ordenaçoens , ufo??,
e coílumes , eílilos , e coufas fobreditas que em comtrario dcfte al-
varaa , e do dito comtraiflo fejaó , e do theor , e fuftancia delias fe
ouveíPe de fazer expreífa menção , e fem embargo da ordenação do
fegundo livro , titolo quaremta e nove que diz que fe nom emtem-
da fer derogada ordenação alguuâ per mim fe da fuílamcia delia nom
fizer expreífa menção , e pera mais firmeza eu comíirmarey o dito
comtradlo com todalas mais claululas ncceífarias , e ainda que o nom
comíirme fcraa valiofo aíTy , e da maneira , e com as claufulas que
amtre elles partes forem aítemtadas , e aqui fao thcudas , e ey por
bem que eRe alvaraa valha , e tenha força , e vigor como fe foíTe
Carta feita em meu nome per mim aííignada , e paTada per minha
Chancellaria fem embargo da ordenação do legundo livro, titolo vim-
te que diz que as coufas cujo effeíto ouver de durar mais de huum
anno paíTem por Cartas , e paífando per alvarás nom valhao e vale-
,

raa outro íy poílo que nom fejr^ paííada pella Chamcelaria fem em-
bargo da ordenação que manda que os meus alvarás que nom forem
Tom.Y. '
Yyy ii paíTa-
54^ íProa;^! do Liv. IX. da Hljloria (jeneahgtca

paíTados pella Charncellaria fe nom guardem


; Jorge
da Coita o fc z
cm Lixboa quatro dias de Julho de mil quinhentos e cincoemta e
a
tres , Manoel da Coíla o fez efcrever.

REY.
Sobefcripçaô , alvaraa pera V. Alteza ver a poílila.

E
por quanto depois defte meu alvaraa D. Alvaro cazou e he ,

cazado com D. Maria Dalcaçova , filha de Pero Dalcaçova do meu


comfelho , e meu Secretario , e por a dita D. Maria ler de treze an-
nos , e menor de vinte annos , pelo que pedia por bem de minha
ordenaçaô pedir reílituiçaó aíFy nos comtratos , como nos Juizes , e a
tal reílituiçaó aproveitaria ao dito D. Alvaro feu marido pofto que
foíTe mayor de vimte e cinco annos ey por bem , que a dita D.
,

Maria poíTa outorgar no comcerto da tranfacçao que o dito fen ma-


rido fezer do comteudo neíle alvaraa , e ho jurar com todas as clau-
fulas obrigaçoens , e derogaçoens neíle comteudas , e fazer todo o
que o dito feu marido por bem defte alvaraa atraz efcripto pode fa-
zer fem numqua poder pedir reftituiçaô fem embargo da ordenação do
terceiro Iívto titulo oitenta e fete que diz que a molher cafada, me-
nor de vimte annos poíTa pedir refiituiçao , e que aproveite ao mari-
do porque fem embargo da ordenação , e de todas as outras comtheu-
das , e alegadas neíle alvaraa atras , c da ordenação do fegundo livro
que diz que nom abaíle geral dcrogaçaó , íe da fuíVamcia de cada huuâ
nom fezer expreíFa menção me praz que a dita D. Maria poíla com-
fentir no dito comcerto , e ho jurar , e fazer em todo o que o dito
feu marido por bem do dito alvaraa fezer ; e mando que efta apoftil-
la íe cumpra , pofto que naô feja paííada pella Charncellaria fem em-
bargo da ordenação em comtrario , Jorge da Cofta a fez em Lixboa
a dezaíTcis de Novembro de mil quinhentos cincoenta e tres , Manoel
da Cofta ho fez efcrever.
REY.
que dixerao o dito Senhor D. Alvaro, e a dita Senhora
Pello
D. Maria Dalcaçova fua molher que elles avião por boa a determina-
ção do dito Senhor , c aceptavaõ todo o que nclla , e neftc comcer-
to de tranfacçao lhes o dito Senhor D. Framciíco dava , e fe avião
por emtregues , pagos , e fatisfeitos pelas ditas Villas , Comcelho , e
coufas , e bens dos ditos morgaados acima nomeados , e aíly polias
ditas doaçoens , e efcripturas , e inftituiçoens , e dez mil cruzados, e
quer as couías noirseadas na dita determinação, e nefta tranfacçao que
lhes elle Senhor D. Francifco daa renda muito mais , ou menos clle
Senhor D. Francifco nao íeraa obrigado a fazerlhe boa a dita remda
fomente o crecimento , e deminuiçaó feraa do dito Senhor U. Alva-
ro , e a dita Senhora D. Maria íua molher deraó por quite , e livre
ao dito Senhor D. Francifco e a feus íucceíTores de todas as mais rem-
das , morgaados , Villas , terras , e todas coufas outras que ficarão do
,

da Cafa %eal ToYtuyie^â, 541


dito Marques aíTy patrimoniaes como de vida , e de juro que nem
fom exprimidas na dita determinação pera ellc Senhor D. Framciíco,
e feus íuccelforcs as avcrem , e terem , e poíTuirem como as tiveraó,
e poíTuiraó íc elle Senhor D. Framcifco fora o filho primogénito do
dito Marques , leu Pay e dixerao elles Senhores D. Alvaro , e D.
,

Maria lua molher em feus nomes , e de todos feus fucceílbres , e her-


deiros que dcfiíliaó , como defeito deíiftiraó de todo direito , e au-
çao que tinhaó , c podiaó ter na fucceíTlió de todos os morgados ,
terras remdas , e coufas que ficarão do dito Marques , dizemdo lo-
,

go que doje pera fempre renunciavaó toda lite , dereito , auçoens au-
tivas, c paíTivas , utiles e direílas, e ho officio de Juiz que tinhaó,
,

e podiaó ter em todas as outras mais coufas , morgaados , e terras ,


e remdas aífy em vida como de juro , como patrimoniaes que ficarão
do dito Marques feu Avo , tirando as fobreditas acima nomeadas que
lhe per bem defta tranfacçaó ficaó , e todo cedem e trefpaíTaó no
,

dito Senhor D. Framciíco feu Tio , e em feus fucceífores aíTy , e da


maneira que ao dito Senhor D. Framcifco feu Tio , e a feus fuccef-
fores podiaó fem nenhuá duvida pertencer fenom ouvera o dito Se-
nhor D. Alvaro feu Pay primogénito e elle Senhor D. Framcifco
,

fora o primogénito que o dito Senhor Marques feu Pay tivera pera
que o dito Senhor D. Framcifco , e feus fucceífores todo tenhao
ajaó , e poTuyaó , e lhe fejaó feitas as dcaçoens neceífarias de todas
as mais Villas, morgaados, remdas, e coufas que do dito Marques
ficarão aífy da Coroa , como patrimoniaes aífy , e da maneira como
fe aqui todas foíTem expreíTas e nomeadas , porque elles Senhores
,

D. Alvaro, e D. Maria fua molher faó comtemtes com as ditas cou-


fas nomeadas na dita determinação e dadas por eíla traníacçaó , e to-
,

das as mais , e das auçoens que pera elles tem , e podem ter doje
pera fempre, por fy , e feus herdeiros, e fucceífores defiílem, e que-
rem , e haó por bem que as aja ho dito Senhor D. Framciíco, eícus
fucceífores comforme aas doaçoens , e inílituiçoens que do dito Mar-
,
ques fícaraô , e melhor fe melhor com dereito as poder aver ; ea di-
ta Senhora D. Maria de Vilhena como Mãy , e Tutor , e Curador
que foy do dito Senhor D. Alvaro feu filho dixe , que comfentia na
dita deteiminaçaó , e traníacçaó aíTy , e da maneira que fe nella com-
tem ; e por aqui ouveraó elles partes todos aífy o dito Senhor D.
Framcifco em feu nome , e da dita Senhora fua molher , e os ditos
Senhores D. Alvaro, e fua molher, e a dita Senhora D. Maria de
Vilhena , fua May eí^e comtradío de tranfacçaó por feito , e acaba-
do , e dixerao todos juntos, e cada huum por fy, que todo o acima
contheudo o aviaó por bem , e por bom firme e valiofo , e aífy o
,

outorgavaó , e aífirmavaó , e approvavaó , e prometiaó de todo pera


lempre comprirem , e mantherem , e guardarem com todalas claufulas,
obrigaçoens , c declaraçoens na dita determinaçaó , e nefta tranfacçaó
contheudas per fy , e feus herdeiros , e fucceífores , e renunciarão
elles partes todos
, e cada huum per fy todas leys , ordenaçoens , de-
reitos , íliíos , coflumes , e aífy a ordenação da ley mental , e todos
os Capitolos delia que em comtrairo forem , como fe todas , e cada
huâ
,

54^ ^^ovaí do Lív, IX, da Hiflorla Çenealogwa


huá delias de verlfo ad verhum aquifoíTem efpeciíícadas , e renuncia-
das per elles partes , e que poíloque foffe cada hum delles partes
Jefo , e emganado nefta tranfacçaó em muita , ou grande quantidade,
poílo que foíFe aalem dametade do jufto preço que nom fepoíTa cha-
mar leíb , nem pedir reftituiçao ordinária , ou extraordinária , nem
por claufula geral , nem eípecial , nem per officio de Juiz porque to-
das as leys , ordenaçoens , e dercitos , eílilos , ufos , e coílumes que
o permitem , todas defde agora pera fempre , renunciaó como fe
tal
todas aquy foíTem expeci ficadas , e renunciadas ainda que tenhaó clau-
fulas derogatorias , e que íb nom poíTao renunciar porque todo renun-
ciavaô per bem do alvaraa do dito Senhor que lhes pera o aíTy po-
derem fazer , e renunciar comcedeo , e queriaó que pera fempre eíle
comcerto de tranfacçaó, e claufulas delle inteiramente fe corapriífem,
e ítipularao , e acceptaraó todos elles partes todo ho comthcudo nef-
te comcerto huum do outro , e outro do outro , e obrigarão pera to^
do ho que dito he , e todo comprir todos feus bens moveis , e de
raiz ávidos, e por aver , e prometerão por íy , e feus erdeiros, e
fucceílbres de nunca em juizo , nem fora delle de feito nem de de-
,

feito hirem , nem atemtar de hir comtra ho comtheudo na dita de-


terminação , e neíla tranfacçaó , e atemtando em juizo , ou fora del-
le de feito , ou de dereito comtra coufa alguma do comteudo na di-
ta determinação , e nefta tranfacçaó cada hua das partes pagar vimte
mil cruzados douro aa outra parte, e de perder todo dereito, e au-
çaó que nas coufas que a cada huum por efta tranfacçaó fíqua pera
ho outro , e que por efte mefmo feito as perca pera ho outro tamto
que atemtar hir contra coufa alguuã do contheudo nefta tranfacçaó ,
e ainda que em juizo queira cada hum delles partes , ou feus herdei-
ros per qualquer maneira hir comtra ho comtheudo nefta tranfacçaó
naó feja ouvido , e fe lhes denegue a audiência , e auçaó , e toda via
imcorra nas ditas penas aalem de nom poder fer ouvido em juizo
nein fora delle ; e levadas as ditas penas ou nom levadas fempre as
,

ditas determinaçoens , e efta tranfacçaó fiquem firmes , e valiofas co-


mo fe nellas contem ; e declararão elles partes que todas as rendas
do fequeftro que fe fez per mandado de S. Alteza , aíTy das coufas
acima nomeadas que fícaó com elle Senhor D. Alvaro como das que
fícaó com elle Senhor D. Framcifco que foraó pello dito Senhor man-
dadas fequeftrar , e emtregar a Lucas Giraldes como Depoíitario to-
das as taees remdas do dito fequeftro aífy as que ia efteverem em po-
der do dito Lucas Giraldes como as que fe aimda deverem de todo
o tempo do dito fequeftro ficaó com elle Senhor D. Framcifco por
bem defta tranfacçaó , e foomente levara elle Senhor D. Alvaro o
que renderem as ditas coufas que lhe nefta tranfacçaó daó defde vim-
te e quatro dias de Março paftado do prefente anno em diante , e
todo o mais he , e fica a elle Senhor D. Framcifco como coufa fua
própria , e exempta pera a poderem mandar arrecadar e fazer delia
como de coufa fua ; e approuve a elles partes que o dito Senhor D.
Alvaro por fy , e por quem elle quifcr pofta tomar, e mandar tomar
polle das ditas Villas , e couzas acima nomeadas que pela determina-
da Cafa %eal Tortugnes^a. 543
çao de S. Alteza, e per efta tranfacçao lhe fícao fem mais au6lorí-
dacle de juftiça nem conlentimento delle Senhor D. Framcifco , por-
que quanto a todas as outras mais coufas dos ditos morgaados , e ter-
ras que ficarão do dito Marques tem elle Senhor D. Framcifco ja to-
mada a polFe , que tomou tamto que o dito Marques faleceo , as quaes
polfes elles Senhores D. Alvaro, e fua molher , e May haó por boas,
e valiofas , e lhes apraz que elles, e feus lucceíTores as continuem,
e íe For neccíTario tomar outras de novo as poíTa tomar por fy , e
por quem quizer e pera mais abaftamça , e firmeza defte comtradlo
,

de tranfacçao , e de todo o nelle comtheudo dixeraõ elles Senhores


D. Framcifco em feu nome , e da dita Senhora D. Eugenia fua mo-
lher per bem da dita procuração pera ello abaftamte , e os ditos Se-
nhores D. Alvaro, e fua molher, e a dita Senhora D. Maria de Vi-
lhena fua Mãy que per bem da dita licemça que tem do dito Senhor
pera fazerem , e Jurarem efte comtrado juravaó como de feito elles
partes logo cada hum per fy peramte mim Tabaliaô , e teílemunhas
abaixo nomeadas jurarão aos San6los Evamgelhos em que poferao
fuas mãos dereitas que haó efte comcerto de tranfacçao acima comtheu-
do por bom , firme , e valiofo com todas as clauzulas , renunciaçOês,
penas, e obrigaçoens nelle contheudas , e aíFy jurarão que nunca pe-
dirão reftituiçaó defte comcerto , nem de claufula alguma nelle com-
theuda per fy , nem per outrem , nem relaxação , ou abfoluçao do
dito juramento ao Sandí^o Padre , nem a outro que feu poder tever,
ou pera iífo poder tenha , e amda que lha dem de feu officio a nom
tomem elles partes , nem feus fucceíFores , e pedem por mercê a El-
Rey nolíb Senhor que de feu próprio moto, certa fci^encia , poder
Real , e abfoluto comfírme eíla tranfacçao com todalas ilauiulas , pe-
nas , e obrigaçoens nella comtheudas , com todas as derogaçoens das
leys , ordenaçoens , dercitos , coftumes , e eftilos que em comtrairo
forem , e da ordenação do fegundo livro , titolo vinte que diz que
nom abafte geral derogaçaó fe da fuftancia de cada hua íe nom fizer
expreífa menção , e em quanto nom for confirmada efta tranfacçao
feraa pera íempre firme , e valiofa como fe nella comthem ; e por
quanto amtre as doaçoens que elle Senhor D. Framcifco emtregou
ao dito Senhor D. Alvaro he hua em que fe contem Ferreira, Ca-
rapito , e Villar mayor declararão elles partes que Ferreira fica com
o dito Senhor D. Framcifco, e lha emtregou por hirem nella os ou-
tros Lugares , e fe faraa pella dita doação a cada huum fua do com
que fícao apartadamente, e em teftemunho de verdade affy o outor-
garão , e mandarão fer feito efte eftormento , e delle pedirão cada
hum feu , e dous , e tres , e os que lhes comprirem , e prometerão a
mim Tabaliaô, como a peflba pubrica ftipulamte, e acceptamte em
nome de todas as peftbas a que efte comtraílo , e tranfacçao toca , e
pertemce , ou poíTa ao diamte tocar , e pertemcer per qualquer mo-
do a efto aufemtes de ho aíTy comprirem e manterem como dito he;
,

feguefie o trellado da Procuração da dita Senhora D. Eugenia de que


acima faz menção. D. Eugenia , ^c. faço faber aos qi^e efta minha
procuração virem, que eu faço meu Procurador no melhor modo, e
manei-
,

^^^'^^^ Hillorla Çenealogíca


544
maneira que poíTa fer com libera , e geral adminiftraçao ao Senhor
D. Framciíco meu Senhor pera que elie em meu nome poíTa íazer
todos , e quaefquer comcertos , padlos , e tranfacçoens que lhe aprou-
ver , e por bem tever com D. Alvaro feu fobrinho , e Teus Tutores,
e Curadores fobre as demandas , e preitos que efperaó trazer íbbre '

as terras , e bens , e morgaados de juro que ficarão por falecimento


do Senhor Marques feu Pay que Deos tem , Avo delle dito feu fo-
, |

brinho , c que poíTa por virtude do dito contrato e traníacçaó foi-


, 1

tar , e pagar do dinheiro do focreílo a parte ou partes que quifer


,

e por bem tiver , e que no dito contrario , e tranfacçao poíla jurar i

qualquer juramento qiie neceflario for pedido , ou requerido pera fir- |

meza do dito contrailo , e que todo o que por elle dito feu Procu- !

rador for feito, afirmado, e outorgado ,e foltado pera firmeza do


dito contra6lo eu ho ey por firme , e valiofo pera fempre aíTy , e da
maneira que ho eu faria e affirmana fendo prefente
, com poder de
,

fooilabellecer outro Procurador , ou Procuradores íob obrigação de


minhas rendas que pera iíTb obrigo , e por certeza mandey fer feita
efta per mim aflignada em Villa-Viçofa aos vimte e oito dias de Ma-
yo , Framciíco Fernandes a fez de mil quinhentos cincoenta e tres.
D. Eugenia. E fendo trciladada a dita procuração as ditas partes ou-
torgarão , e aflignaraó eíte eílonnento pello modo, e maneira que
nelle he declarado, e as determinaçoens acima trelladadas fe trelada-
raó de hum auto que ElRey noílo Senhor mandou fazer a Manuel
da Cofta efcripvaó da fua Camara onde eílavaô as próprias determi-
naçoens affignadas por S. Alteza , ho qual auto o dito Manuel da
Coíla mandou moftrar pera fe concertarem os ditos trellados com as
próprias , e logo lhe foy tornado depois de ferem concertados , e
pofto que efte eílormento foy continuado aos dezaífete dias do dito
mes de Novembro fe outorgou , e aífignou aos dezoito dias do dito
mes de Novembro pellos ditos Senhores D. Alvaro , e D. Maria Dal-
caçova fua molher , e pela dita Senhora D. Maria de Vilhena , fua
May , fomente que ao aífignar , e outorgar defte eílormento foraô
prefentes , e por o dito Senhor D. Framciíco naô fer prefente ao ou- \

torgar, e aífignar deíle eílormento dixeraô que outorgaraa por hum i

termo que fe íaraa a diante, e ho dito alvaraa delRey noíTo Senhor


|

e a dita procuração da dita Senhora D, Eugenia ficarão em poder de


mim labaliaó , e prometerão os ditos Senhores D. Alvaro , e D. Ma-
ria Dalcaçova íua molher, e a dita Senhora D. Maria de Vilhena fua
May a mim Tabaliaô como a peíToa publica eílipulante , c acceptam- |

te em nome do dito Senhor D. Framciíco , e de outras quaefquer


peíFoas a que efio toque , ou poíFa tocar , e pertencer por qualquer
modo a eíío abfcmtes de ho afíim comprircm , e manterem como dif»>
to he ; teílemunhas que prefentes foraf) Diogo Lopes, Cavalieíro fí»
dalgo da Caza deiRey noílb Senhor, e Manuel Frngozo E feu dei r o fi-
dalgo da Caza do dito Senhor, e Andre Amado outro iy Efcudeiro
fidalgo da Caza do dito Senhor , e Diogo Barncho Cavaleiro fidalgo
da Caza do dito Senhor corteíaôs , e eu Amrique Nunes Tabaliaô que
efio efcrepvi. E depois deílo iogo nos ditos dezoito dias do dito
mes
,,

da Cafa ^eal Tortuguas^ãé 545


mes de Novembro do dito anno dc rriil quinhentos cincoenta e tres
na dita Cidade de Lixboa , e Gazas do dito Senhor Dom Framcifco
de Mello eílando fua Senhoria hy prcfemte logo per mim Tabaliaó
lhe foy moftrado , e lido de verho ad verbum eftc eftromento de
comccrto , e tranfacçaô atras cfcripto, e vifto , e ouvido por ello di-
xe que em íbu próprio nome , e da dita Senhora Donna Eugenia fua
molher como leu Procurador que he por virtude da dita procuração
atras treladada acceptava como de feito acceptou o dito comcerto
e tranfacçaô , e outorgou , e comfentio nelle com todas as claufulas,
condiçoens , penas obrigaçoens , e renunciaçoens aíTy , e pella manei-
ra que com elle Senhor D. Framcifco em feu nome , e da dita Se-
nhora D. Eugenia fua molher hia continuado , e jurou logo hy per
virtude do dito alvará peramte mim Tabaliao , e teftemunhas abaixo
nomeadas em feu nome próprio , e como Procurador que aíTy he da
dita Senhora D. Eugenia fua molher per virtude da dita procuração
aos Sandlos Evangelhos em que pos a fua niaô dereita em hum livro
de rezar que os tinha , e pelo dito juramento prometeo de elle , e a
dita Senhora D. Eugenia fua molher comprirem , e mantherem o di-
to comcerto , e tranfacçaô , c de nunca em tempo alguum hirem ,
nem virem comtra elle em parte nem em todo por fy , nem por ou-
,

trem , em juizo , nem fora delle de feito , nem de dereito por modo
alguum que feja , nem pedirem relaxação do dito juramento ao San-
Oio Padre, nem a quem feu poder tenha, ou tever , nem ufarem da
dita relaxação poílo que comcedida lhes feja fem a elies pedirem , e
aíly fez o dito juramento de comprirem , e manterem o dito comcer-
to , e tranfacçaô com todas as outras mais claufulas , e declaraçoens
que nelles comtem , aíTy, c pella maneira que com elle Senhor Dom
Framcifco em feu nome , e da dita Senhora D. Eugenia fua molher
hia continuado , e obrigou todos feus bens , e rendas ávidas , e por
aver , e da dita Senhora D. Eugenia fua molher por virtude da dita
procuração a comprir , e manther o dito comcerto , c tranfacçaô , e
em teílemunho dc verdade aiTy o outorgou , e mandou ler feito eíle
termo de outorga , confentimento acceptaçaô , e juramento , e incor-
poralo ao dito eílormento de comcerto , e tranfacçaô atras efcripto ,
e aos cílorraentos que da nota delle fe paífarem , e prometeo a mim
Tabaliao, como a peíFoa pubrica , ftipulamte , e acceptanue , em no-
me dos ditos Senhores D. Alvaro , e D. Maria Dalcaçova fua mo-
lher , e de quaefquer outras peíToas a que cílo toque, e pertemça
ou poíTa ao diamte tocar , e pertemcer por qualquer modo a eílo
ablemtes de ho aíTy comprirem , e mantherem elle Senhor Dom Fram-
cifco , e a dita Senhora Donna Eugenia fua molher , e feus herdei-
ros , e fucceíTores , teftemunhas que prefem.tes foraô o Licenciado
Manuel Rodrigues Procurador da Corte , e Caza da fuppricaçaô , e
Antonio de Moroz ÍPrior da Igreja de Temtuguel , e Capel! aô do
dito Senhor D. Framcifco , e Framcifco Fernandes outro fy feu Ca-
peilaô ; e eu Anrique Nunes pubrico Tabaliao por ElRey noííb Se-
nhor na dita Cidade de Lixboa , e feus termos que efte eílormento
em minhas notas tomey , e delias ho fiz treladar per licença de Sua
Tom. V. Zzz Altc*
54^ yrí^i^^i" do Llv. IX. da Hifloria Çcnealogica

Alteza que pera ello tenho , e ho concertey , e fobfcripvi , e de meu


publico íignal ho aíligney que tal he í=: com os likscos deziaô . .

... e os corregidos que dizem que treladadas . . . tre-


ladada em que non aja duvida í=: e vay eíle eftormento efciipto em
vinte e quatro folhas com efta que todas vaô contadas , e numeradas
per mim de minha própria letra.

Contrato de cajamento do IL Mar(juez de Ferreira D. Francifco


de Mello ^ com a Senhora D, Eugenia , ;^Iha do Diigue de Era-
gança» Ejlci no Cartório da Ca/a de Bragança , authen-
ticOf donde o copiey.

Dit. n. I ^ TJ^-^ notne de Deos Amen Saibaô quantos eíle inftromento de


4,
*
^
*
contrato de cazamento dotte e Arras e Doação propter vtiptias
An. 1549» virem que no anno do Nafimento de noíTo Senhor Jcíii Chrifto de
I5'49 annos quatorze dias do mez de Agf)fto em Villa-Viçoza nas
,

cazas da muy illuftre Senhora Dona Joanna Duqueza de Bargança per-


ante mim notário publico e teftemuiihas ao diante nomeadas eftando
ahy prezente a dita Senhora Duqueza e affim Lopo Pires Cavallei-
,

ro da Caza do Senhor D. Francifco filho do Senhor Marques de Fer-


reira que fanta gloria haja em nome e como Procurador do dito Se-
nil or D. Francifco fegundo logo moftrou por hum poder e procura-
ção que delle tinha de que o theor he o feguinte. Saybaó quantos
efte inftromento de procuração virem que no anno do Nacimento de
nOiTo Senhor Jefu Chrifto de 1549. aos treze dias do mes de Agofto
na Cidade de Lixboa nas cazas em que pouza o Senhor D. Francif-
co filho do Senhor Marques de Ferreira que fanta gloria haja eftando
elle ahy prezente o dito Senhor D. Francifco logo por elíe foi dit-
to perante my Tabelião e teftemunhas abaixo nomeadas que elle fazia
ordenava e conftetuhia por feu fufíciente e baftante Procurador a Lo-
po Pires Cavai! eiro de fua Caza amoftrador da prezente para que por
elle Senhor D. PVancifco e em feu nome poíTa fazer contrato de dot-
te e cazamento que com a graça do Senhor Deos fe ha de fazer an-
tre elle e aSenhora Dona Eugenia filha do Senhor D. Jayme Duque
de Bargança que fanta gloria haja e da Senhora Duqueza de Bargan-
ça fua molher o qual contrato fará o dilto feu Procurador em feu
nome com o Senhor Duque de Bargança Irmaô da dita Senhora D.
Eugenia , ou com a dita Senhora Duqueza D. Joana fua Mãy , ou
com ambos ou com cada hum delles fe poderá o ditto feu procura-
dor confertar fobre o ditto dotte , e afPm poderá prometer em nome
delle Senhor conftituinte as arras que lhe parecerem que a ditta Se-
nhora deve haver e prometer ametade de todo o que l'e adquirir de-
pois do matrimonio e tudo o que o ditto feu Procurador fizer, e
prometer acerca do ditto dotte e arras , e adquirido prometeo elle
Senhor conftituinte de haver por feito , e valiozo , e que pofta obri-
gar todos feos bens moveis e de raiz havidos e por haver para refti-
tiiiçaó
da Cafa %eal l^ortagnei^a.

tuiçaô do ditto dote e pngvimento das dittas arras no cazo em que


for aílcntado fe havxrem de vencer , e que para todo cllo poíTa poer
todas as clauzulas , e condiçoens e obrigaçoens que lhe parecer, e
renunciar todas as Icys e ordenaçoens e direitos que para ello for ne-
cefiario porque para todo o fas feu baílante procurador , e lhe dá
todo feu cumprido poder e mandado efpecial com liberal cumplemen-
to elle Senhor D. Francifco conftituye de todo o que pelo ditto feu
Procurador foíle contratado prometido obrigado acerca do dito dot-
te Arras , e adquirido o haver fempre por firme e valiozo , e o ter
cumprir e manter como fe por fua própria peíToa foíTe tudo contra-
tado , e prometido , e para ello obrigou todas as fuas rendas e bens
moveis , e dc raiz havidos e por haver c em teílemunho de verdade
aííim o outorgou e mandou fer feito efte inftromento , e quantos def-
te thcor lhe cumpre tcílemunhas que prezentes forao o Lecenceado
Matheus Eíieves do Dczembargo delRey noíTo Senhor , e Antonio
de Maris Capellaô do dito Senhor D. Francifco e Prior da Igreja de
S. Matheus de Santarém ; e eu Antonio do Amaral Tabelião publi-
co de ElPvcy noíTo Senhor nefta Cidade de Lixboa e feos termos que
eíle inftromento efcrevy , e o afiney de meu publico final do ditto
Tabaliaó. A qual procuração eftava aílinada do publico final do dit-
to Tabelião. E vifto aílim o ditto poder de procuração como aíTfma
vay tresladado logo pella ditta Senhora Duqueza e pelo cito Lopo
Pires Procurador do dito Senhor D. Francifco foi ditto como com
ajuda de noíTo Senhor eftava confertado de haver de cazar o dito Se-
nhor D. Francifco com a Senhora D. Eugenia filha do Duque Dom
Jaymes que fanta gloria haja e delia ditta Senhora Duqueza o qual
cazamento eftava afibntado de fe fazer com as clauzulas, e obrigações
abaixo declaradas. Item primeiramente diíFe a dita Senhora Duqueza
que havendo efteito o dito cazamento elia prometia em dotte com a
ditta Senhora D. Eugenia fua filha ao dito Senhor D. Francifco dez
mil cruzados entrando nellcs a legitima que a dita Senhora D. Euge-
nia herdou por morte do dito Duque feu Pay e o dito Lopo Pires
Procurador do dito Senhor D. Francifco diíle que aífeitava o ditto
<iotte
, e diíTe mais que fendo o dito cazamento feito e confumado o
matrimonio elle prometia a dita Senhora D. Eugenia futura molher
do ditto Senhor D. Francifco de arras a terça parte do dito dotte
que faó tres mil e trezentos e trinta e tres cruzados e hum terço de
cruzado e ifto quer haja filho, ou filhos quer os naó haja, e diíFe
mais o dito Lopo Pires em nome outro fim do dito feu conftituinte
que havendo refpeito a nobreza de fangue da ditta Senhora D. Eu-
genia , per em feu dote e arras que lhe promete nao poder haver
abaftança para a dita Senhora fuftentar fua peftba como convinha a
-feu eftado , fendo cazo que o dito Senhor D. Francifco fe faleça pri-
meiro que a dita Senhora D. Eugenia elle prometia que o dito Se-
nhor Dom Francifco pedifte a ElRey nofto Senhor que das rendas
que elle tem de Sua Alteza pofia deixar e deixe a ditta Senhora ou-
tocentos mil reis cada anno em fua vida quer haja filho ou filhos
quer os nao haja , e que o Senhor Duque lhe ajudará a requerer ifto
Tom. y. Zzz ii fendo
548 Trovas do Liv. IX. da Hi/loria Çeneahgica
fendo neceííario e quando fe ifto naô puder acabar com S. Alteza
entaó o dito Senhor D. Francifco por toda fua fazenda aílim movei
como rais dará a ditta Senhora D. Eugenia quatrocentos mil reis de
renda em cada hum anno em quanto ella viver quer haja filho ou fi-
lhos quer os naó haja os quaes quatrocentos mil reis de renda em
cada hum anno o ditto Senhor D. Francifco lhe dará para feu dotte
delia e foportamento de fua vida por quanto fegundo a nobreza de
feu fangue o dotte que a dita Senhora tras configo e arras que aqui
lhe faó prometidas he taô pouco que naó poderá com iílb fuftentorfe
conforme a feu eftado. E foy mais aíTentado e acordado que falecen-
do a dita Senhora D. Eugenia primeiro que o dito Senhor D. Fran-
cifco em tal cazo naô haverá as dittas arras , nem as haverão feos
herdeiros e fendo cazo que a dita Senhora D. Eugenia as haja de
vencer elle ditto Procurador para pagamento delias e aflim deíle dot-
te que aqui fe lhe promete obriga todas as rendas e bens moveis e
de raiz havidos e por haver do dito Senhor Dom Francifco ; as quaes
arras a ditta Senhora Donna Eugenia haverá ou em dinheiro de con-
tado ou em tanta renda em fua vida a vinte por milhar qual ella mais
quizer. Item foy mais concordado e aílentado que pofto que eíle
contrato feja por dotte e arras e naó por carta de ametade que to-
dos aquelles bens que ambos adquirirem e ganharem depois do ma-
trimonio confumado entre elíes confiante o matrimonio feraó comuns
e comunicáveis entre elles e partiveis , como fe por carta de ametade
e comunicação de bons cazados foflem. , e fendo cazo que a dita Se-
nhora D. Eugenia faleça primeiro que o dito Senhor D. Francifco
fem ficar filho ou filhos dantre ambos em tal cazo todo o adquirido
ficará a elle dito Senhor D. Francifco , tirando fe a dita Senhora em
feu teílamento quizer delle teftar porque fazendo feu teftamento po-
derá da fua parte teftar como quizer , as quaes couzas todas afllma
declaradas prometidas e aílentadas a dita Senhora Duqueza e o dito
Lopo Pires Procurador do dito Senhor D. Francifco outorgarão e
afl^entaraô e fe obrigaraó de cumprir e manter como fe nefte contrato
contem fob obrigação dos bens e rendas da dita Senhora Duqueza e
do dito Senhor D. Francifco que para ifto o dito feu Procurador ef-
pecialmente outorgou ; e por quanto para cfte contrato haver efí^ei-
to , fe neceíTario he fer confirmado por El Rey noíTo Senhor diíleraó
a dita Duqueza e o dito Procurador do Senhor D. Francifco em no-
me delle conílituinte que pediaó por mercê a S. Alteza haja por bem
de o confirmar em todo aíFim e da maneira que em elle eftá declara-
do afientado , e concordado e todo o que ditto he foy pela Senhora
Duqueza e pelo dito Procurador do ditto Senhor D. 'Francifco per-
ante mim notário e tellemunhas abaixo nomeadas eftipulado e aífeita-
do. E eu Gafpar Coelho Notairo pubrico que faó outro fim eftipu-
ley e affeitei em nome do dito Senhor D. Francifco auzeníe e da
dita Senhora D. Eugenia todo o ditto em teftemunlio dello a íò-
; e
brcdita Senhora Duqueza , e o dito Lopo Pires Procurador do dito
Senhor D. Francifco mandarão fer feito elle eftromento , e que a ca-
da huma das partes feja dado o treslado em pubrico. Teílemunhas
que
da Cafa ^eal TPortúgue^a. 54P
que prezentes forao Fernaó de Caftro , e Chriftovaó de Britto fidal-
gos da Caza do ditto Senhor Duque , e Antonio de Gouvea fcu Se-
cretario ; e eu Gafpar Coelho publico TabeHaó notário cm a dita
Villa e feu termo pelo dito Senhor Duque noíTo Senhor que efte ef-
tormento de contrato de cazamento cfcrevy e em meu livro deNot-
tas o tomey aonde as ditas partes c teftemunhas aílinaraô e delle o
tresladey , e de meu pubrico final afiney e naó façom duvida as en-
trelinhas que dis huma he e outra i=i haja prr que fe fes tU"
do por verdade. Lugar do final pubrico.

Alvará da Ducjueza D- Joanna ,


/obre o dote de fiia filha a Senliorã
D. Eugenia com o Manjuez
, cie Ferreira. Aiithentico ejlà no
Cartório da Cafa de Bragança , do adi o copiey,

FAço faber a quantos efte virem que por quanto a Emperatris que
fanta gloria haja me deu hum Alvará de dous contos de caza-
M^fn *

mento para huma de minhas filhas. Hey por bem que feja para D. -A-llt 15
Eugenia minha filha cazando com D. Francifco, e aflim me pras dar
mais dous mil cruzados os quaes lhe pagarey quando puder e por fir-
meza difto fis efta por minlia maó hoje 13 de Janeiro de 154Ó.

HA DUQUEZA,

Carta de Marquez de Ferreira a D. Francifco de Mello. Ejlã


no livro 26 delRcy D. Fi/ifpe 11. pag. JS4,

DOm Fellippe , &c. Faço faber aos que efta Carta virem que
havendo refpeito aos ferviços que o Marques de Ferreira Dom
[^Jj.

Francifco de Mello e o Conde de Tentúgal Dom Nuno Alvares Pe- An. 16


reira feu filho que Deos perdoe fizeram a ElRey meu Senhor e pay
que fanta gloria haja e aos Senhores Reys meus anteceftbres e aíFy
aos que efpero que me fiça Dom Francifco de Mello Conde de Ten-
túgal meu muito amado fobrinho filho do dito Conde Dom Nuno
Alvares e a feu fangue e muito devido que comigo tem e aos gran-
des merecimentos e call idades de fua peffoa e daquelles de que elle
defcende e a cazar com Dona Maria de Mofcozo filha dos Condes de
Altamira e ao dito cazamento fe tratar por meu mandado e por fol-
gar por todos eftes refpeitos e pella muito boa vontade que lhe te-
nho de lhe fazer mercê tendo por certo que fempre ma fabera mere-
cer e fervir conforme a fua obrigaçam e imitando feus anteccíTores
cuja memoria me he muy prezente me praz e hey por bem de lha
fazer como de feito lha faço por efta prezente Carta em fua vida do
titullo de Marques da fua Villa de Ferreira com todas as infígnias
honras preheminencias prezidencias prerogativas graças izençoensliber-
dades privilégios e franquezas que ham e tem e de que uzam e fem-
p-re uzaram e devem uzar os Marquezes deftes meus Rey nos aíTy co-
mo
5 50 Trovas do Liv. IX. da Hijlorla genealógica
mo de direito uzo e coftume antigo lhes pertence fem duvida nem
iningoamento algum porque aíTy he minlia mercê e por firmeza de
tudo lhe mandey dar efta Carta por mim aílinada e paííada por minha
chancellaria e íellada com o meu fello pendente. Dada na Cidade de
Lisboa a vinte dias do mez de Março Luis Falcaó a fez Anno do naf-
cimento de noíTo Senhor Jezu Chriílo de mil íeiícentos e dez. O
Secretario Chriílovaó Soares a fez eícrever.

Carta do titulo de Conde de Tentiigol , de juro , e herdade ,


jiara

Jempre. Ejlã no Hv. 26 de/ Rey D. Fiiippc II. pag. 1^4, verj\

isarn. 17. "T^^"^ Fellippe, &c. Faço faber aos que eíl:a Carta virem que
* jL/ havendo refpeito aos ferviços que o Marques de Ferreira Dom
An. loio, Lrancifco de Mellio e o Conde de Tentúgal Dom Nuno Alvares Pe-
reira feu filho que Deos perdoe fizeram a ElRey meu Senhor e pay
que fanta gloria haja e aos Senhores Reys meus anteceiTores e aíTy aos
que efpero que me fjça Dom Francifco de Mello Conde de Tentú-
gal meu muito amado fobrinho filho do dito Conde Dom Nuno Al-
vares e a feu fangue e muico devido que comigo tem e aos grandes
merecimentos e callidades de fua peííba e daquclles de que elle def-
cende e a cazar com Dona Maria de Mofcozo filha dos Condes de
Altamira e ao dito cazamento fe tratar por meu mandado e por fol-
gar por todos eftes reípeitos e pella muito boa vontade que lhe te-
nho de lhe fazer mercê tendo por certo de quem elle he que fempre
me fabera merecer e fervir toda a que lhe íizcr conforme a fua obri-
gaçam e coníiderando também fer íua Caza tal que os que nella fuc-
cederem me poderam fempre a mim fervir e aos Reys meus fuccef-
fores taô honradamente como delles efpero e o fizeram os de que el-
le vem cuja meinoria me he muy prezcnte me praz e hey por bem
de lha fazer como defeito por efta prezente Carta lha faço do titu-
lo de Conde da fua Villa de Tentúgal de juro e herdade para todo
fempre para elle e para todos feus lucceífores e herdeiros por linha
direita mafcoíina e lidima fegundo forma da íey m.ental e elle e todos
os que pella dita maneira fuccederem no dito titulo de Conde go-
zaram de todas as honras preheminencias pcrogativas authoridades pri-
vilJcgios graças liberdades mercês e franquezas que ham e tem e de
que uzaó e fempre uzaram os Condes deíles meus Pveynos aíTy como
de direito uzo e coílume antigo lhe pertencem das quaes em to.do e
por todo quero e mando que elle e os ditos feus herdeiros e fuccef-
fores que o dito titulo tiverem inteiramente uzem e poíTam uzar e
lhe fejam guardados em todos os autos e tempos em que de direito
e por uzo e coftume delias elles devam e poífao de tudo uzar fem
min^^oamento nem duvida alguma e mando aos Vedores de minha fa-
zenda que agora fao e ao deante forem que ao dito Conde D. Fran-
cifco e a feus fueceíTores a que o dito titullo de Conde vier fegun-
do forma deíha Carta façam fazer padram do aíTentamento que direi-
tamente lhes pertencer feguado ordenança e por firmeza de tudo lha
man-
da Cafa 'Real Tortuguea^a. 551
mandey dar por mim aííinada e paflada por minha Chancellaria e fcl-
lada com o meu ícllo pendente. Dada na Cidade de Lisboa aos vin-
te dias do mez de Março Luis Falcão a fez Anno do nafcimento de
noíTo Senhor Jeza Chrifto de mil feilcentos e dez. O Secretario
Chriftovaó Soares a fez efcrever.

Carta do titulo de Conde de Tentiigal , ao filho primogénito do


Maríjiiez de Ferreira, Ejlá no íw. 26 de/Rey D, Filippc
II. pag. 184,

Francilco de Mello e o Conde de Tentúgal Dom Nuno Alvares Pe-


reira feu filho que Deos perdoe fizeram a ElRey meu Senhor e pay
que fanta gloria haja e aos Senhores Reys meus anteceíTores e aíFy
aos que efpero que me faça Dom Francifco de Mello Conde de Ten-
túgal meu muito amado fobrinho filho do dito Conde Dom Nuno
Alvares e a feu fangue e muito devido que comigo tem e aos gran-
des merecimentos e callidades de fua peííoa e daquelles de que elledef-
cende e a cazar com Dona Maria de Mofcozo filha dos Condes de
Altamira e ao dito cazamento fe tratar por meu mandado e por fol-
gar por todos eftes refpeitos e pella muito boa vontade que lhe tenho
de lhe fazer mercê tendo por certo que fempre ma íabera merecer e
fervir comforme a fua obrigaçam e emitando feus anteceíTores cuja
memoria mc he muy prezente me praz e hey por bem de lha fazer
como de feito lha faço por eíla prezente Carta que em quanto fe
continuar nelle e em feu filho e neto havidos defte matrimonio o ti-
tulo de Marques da fua Villa de Ferreira de que lhe tenho feito
mercê o filho que houver de fuceder nelle durante eftas tres vidas
fe poífa chamar e chame Conde da dita Villa de Tentúgal em vida
do pay Marques e aíTy e da maneira que o pode fazer o Conde de
Alcoutim filho fucceíTor do Marques de Villa Real com o qual titu-
lo gozara de todas as honras preheminencias perogativas authoridades
privilégios graças liberdades mercês e franquezas e haverá outro fy to-
das as mais couzas que com elle tem o dito Conde de Alcoutim e
que direitamente lhe pertencerem fcm mingoamento algum nem duvi-
da que a ilfo lhe feja poíla e por firmeza de tudo lhe mandey dar eC-
ta Carta por mim aífuiada e paíTada pella minha Chancellaria e fella-
da com o meu fello pendente. Dada na Cidade de Lisboa a vinte
dias do mez de Março Luis Falcão a fez Anno do nafcimento de
nolfo Senhor Jezu Chrifto de mil feifccntos e dez. O
Secretario
Chriftovaó Soares a fez efcrever.

Carta
é 5J2 TrO'04i do Liv. IX. da Hijlorla (jenedoglcà

Carta em (jiie EIRey Jaz mercs ao Marcjusz de Ferreira âe todas


as Vi/ias j e mais cou/as ,
que tinha da Coroa , em Jua vida , d&
lhas dar ds juro huma vez fora da Ley Mental 5 e as (jue tiver
de juro tiradas duas vezes da Ley Mental outras mercês. EJ^"
tá no liv, 26 delRey D. Filippe II. pog, iSj.

Nnm TO T^^'^
jL/que
Fellippe, &c. Faço faber aos que efta minha Carta virem
havendo refpeito aos ferviços que o Marques de Ferreira
An. 161 o. Dom Francifco de Mello e o Conde de Tentúgal Dom Nuno Alva-
res Pereira fcu filho fizeram a EIRey meu Senhor e pay que íanta
gloria haja e aos Reys deftes Reynos feus anteceíTores e aíTy aos que
efpero me faça Dom Francifco de Mello Conde de Tentúgal meu
inuito amado fobrinho filho do dito Conde Dom Nuno Alvares e ao
muito devido que comigo tem e aos grandes merecimentos e callida--
des de fua peliba e daquelles de quem elle defcende c a cazar com
Dona Maria de Mofcozo filha dos Condes de Altamira e ao dito ca-
zamento fe tratar por meu mandado e por folgar de por todos eftes
refpeitos lhe fazer mercê tendo por certo que fempre me fabera me-
recer e fervir toda a que lhe fizer comforme a fua obrigação imitan-
do feus anteceíFores cuja memoria me he muy prezente. Hey por
bem de lhe fazer mercê que as Villas e mais couzas que tem da Co-
roa em fua vida as haja de juro e herdade para elle e os fucceíTores
de fua Caza por huma vez fora da ley mental e as couzas que tem
de juro lhe faço mercê de tirar por duas vezes fora da ley mental e
aífy lhe faço mercê que os feus Ouvidores poífaô devalfar em todas
fuas terras nos lugares em que nam entraó Corregedores com decla-
ração que os tacs Ouvidores feram letrados e theram lido no Dezem-
bargo do Paço e eftaram nelle aprovados para meu ferviço e feram
limpos de raça e também lhe faço mercê que poíTa prover os ofiicios
de fuas terras conforme as doações que tem e aífy lhe faço mercê que
quando os proprietários dos ditos officios os renunciarem livremente
em minhas máos depois de lhe eílarem aceitadas as renunciaçóes os
poíTaô prover elle Conde e feus fucceíTores e aífy lhe faço mercê que
elles e os poíTuidores e fucceíTores de fua Caza poíTam cobrar fuas
dividas via executiva como fe cobram as que fe devem a minha fa-
zenda com declaração que nas efcrituras e arendamentos que fe fize-
rem fe declarara que tem efte privilegio e que hain de uzar delle e
mando a todos meus Dezembargadores Corregedores Ouvidores Jui-
zes Juíliças oíficiaes e peíToas a que efta Carta ou o treslado delia eni
publica forma for moílrado e o conhecimento pertencer que pella di-
ta maneira lha cumpraô e guardem em todo e façam inteiramente com-
prir e guardar como nelía fe conthem e fera regiítada nos livros das
Provedorias em cujas Comarcas as ditas fuas terras eftiverem e das
Camaras dos Lugares deilas de que nas coílas íe paíTaraô certidoens
como he coftume para fe faber que tenho feito mercê ao Conde D.
Francifco das couzas fobreditas e eíla própria fe lhe tornara para fua
guarda
.

da Cafa %eal Tortugues^a, 5 Jj


guarda a qual por firmeza dar por m'm aífinada e
diíTo lhe mandcy
afellada do meu Tello de chumbo Alberro
pendente. de Abreu a Fez
em Lisboa a vinte feis de Março Anno do narcimento de noflb Se-
nhor Jezu Chrillo de mil feifcentos e dez e efías mercês faço ao di-
to Conde Dom Francifco alem das mais que lhe também fiz por eí'
tes meímos refpeitos. Pedro de Seixas a fez eícrever.

%Aharã do titiih de Marçuez de Ferreira para o Marquez D. Fra/i"


çijco dò Mello Jeu ^
Mo^ FJtá no
c neto. //V. 26 de/Rey D,
Fiííppe II. pag. iS ^,

EU ElRey Faço faber aos que eíle Álvara virem que ^^^vendo {nJujyI, 2 O
refpeito aos ferviços que o Marques de Ferreira Dom Francifco a */r
loio.
*

de Mello e o Conde de Tentúgal Dom Nuno Alvares Pereira feu íi-


lho que Deos perdoe fizeram a ElRey meu Senhor e pay que fanta
gloria haja e aos Senhores Reys meus anteceíTores e aíTy aos que ef-
pero que me faça Dom Francifco de Mello Conde de Tentúgal meu
muito amado fobrinho filho do dito Dom Nuno Alvares e a feu fan-
gue e muito devido que comigo tem e aos grandes merecimentos e
calledades de fua peílba e daquelles de que elle defcende e a cazar
com Dona Maria de Mofcozo filha dos Condes de Altamira e ao di-
to cazamento fe tratar por meu mandado e por folgar muito por to-
dos eíles refpeitos e pella muito boa vontade que lhe tenho de lhe
fazer mercê tendo por certo de quem elle he que fempre ma fabera
merecer e fervi r me pras e hey por bem de lha fazer como de feito
por efte Álvara lha faço que o titulo de Marques da fua Villa de
Ferreira de que hora lhe fiz mercê em fua vida venha por feu falle-
cimento a hum filho e neto defte matrimonio que houverem de fuc-
ceder em fua Caza aíTy e da maneira que o elle tem e como o fa6
os mais Marquezes deftes meus Reynos e para fua guarda e minha
lembrança lhe mandey paíTar efte meu Álvara o qual a feus tempos
fe cumprira inteiramente como nelle fe conthem fem a iíTo lhe fer
pofta duvida nem embargo algum e vallera como Carta comeflada
em meu nome por mim aífinada e paífada por minha Chancellaria
pofto que por ella nam paíFe e que o eífeito delle haja de durar mais
de hum anno fcm embargo das ordenações que o contrario difpoem
e das que ordenam que fe faça delias expreça menção. Luis Falcão
o fez em Lisboa a trinta de Março de mil feifcentos e dez. Chrifto-
vaó Soares o fez efcrever.

Carta para o Duque de Cadaval D. Nuno, em que a "Rainha D.


Luiza lhe dá conta da morte delRey D. João o IV» Ejíà
no Copiador pag. i/S , do dito Duque.

TX Oje faleceo ElRey


noíío Senhor com tantas demonftrnçoens 2 I
JTl que
de piedade
,
podemos ter por certo efta diante de Deos. .
* ,

Mandame a Rainha noíTa Senhora avizar a V. Excellencia da fua par- '^5"'


Tom. V, Aaaa tç
,,

T^^^'^^^ Htjloría (jcnealogica


5 54
te pam que a ajude a fentir tam grande perda e tam grande def- ,

conlblaçaó como a em que íe acha eftes reípeitos e o que íe de-


, ,

ve à memoria de taõ grande Rey como perdemos devem obrigar a


V. Excellencia a toda a demonftraçao , que a Rainha noíTa Senhora
efpera muito confiadamente de quem V. Exceli encia he. Tera a con-
íolaçaô de V. Excellencia querer tomar o trabalho de ajudar a levar
o corpo de S. Mageftade do lugar em que fe ha de por the a liteira,
e tiralo delia para a entrega que fe ha de fazer a Mizericordia no ter-
reiro de S. Vicente , e poUo depois no tumulo em que ha de ficar.
O Officio de corpo prezente fe ha de amenhaa pela menhaa fazer fe
V. Excellencia fe quizer achar prezente. O
enterro ha de fer das no-
ve para as dez da noute. O
luto capuz de baeta virada do aveço ,
carapuça que caya fobre o hombro manteo fem goma , e ifto por
,

dous mezes , no fim dos quaes fe ha de abrir o capuz , e uzar de cha-


peo. Ha de durar efte luto hum anno , e paflado elle fe ha de ali-
viar , e trazer aliviado por outro. S. Mageftade fez Teílamento , e
difpos do governo dos feus Reynos , na forma , que V. Excellencia
entendera dos Capitulos , que tratam defta matéria , que a Rainha
nofia Senhora mandara remeter a V. Excellencia , para que lhe feja
prezente a rezoluçaô , que tomou. Deos guarde a V. Excellencia
iruitos annos do Paço 6 de Novembro de 1656. Pedro Vieira da
Silva.

Ctrta para o Marijuez das Minas ejlar a ordem do Duçue de Ca-


daval. O Originai ejlã no dito livro ,
pag, 1 6 , donde a ccpiej.

ÍSUrn. 22. XjrOnrado Marquez das Minas Amigo. Eu ElRey vos envio
JLjLniuito faudar como aquclle que prezo. Tenho nomeado a D.
An 1707
' '*
,

Nuno Alvares Pereira , Duque do Cadaval meu muito amado, e ,

prezado fobrinho , para Governador do Exercito que mandey formar ,

na Província da Beira , com o poílo de Meftre de Campo General


junto a minha peíToa , que na fua reputo por igual ao de Capitão
General. E porque pôde fucceder, que o Exercito, que governais
neíTe Rey no de Valença , fe una com o da Beira tereis entendido ,

que o Duque neíle cafo ha de governar ambos , aíTim nas terras def-
te Reyno , como de Caftella , ficando vós à fua ordem e eílou cer- :

to , que unidos os Exércitos , vos hajais com tao prudente concór-


dia ,
que na defpofiçao das facções militares ,
que fe oíferecerem , fc
logre com felicidade o eíFeito delias como convém à reputação de
,

minhas armas , e benefício da caufa commum. Efcrita em Lisboa a


6 dc Mayo de 1707.

REY.

Carta
da Cafa ^al Tortugnes^a. 555
Carta para o Conde de Gallovay ,
para ejlar a ordem do Ditcjue
de Cadaval.

C^^Onde de Gallovay. Eu ElRey


vos envio muito faudar. Tenho J^UIXl. 2 2,
^nomeado a D. Nuno
Alvares Pereira, Duque do Cadaval, meu * .
muito amado, e prezado fobrinho para Governador do Exercito, ^7°7*
,

que mandey formar na Provincia da Beira , com o pofto de Meílre


de Campo General , junto h minha peíToa , que na fua o reputo por
igual ao de Capitão General ; e porque pode fucceder , que o Exer-
cito , que tenho neíTe Reyno de Valença , governado pelo Marquez
das Minas , do meu Confelho de Eftado , e Guerra , fe Junte , e una
com o da Beira , tereis entendido , que o Duque nefte cafo ha de
governar ambos , ficando o Marquez , e vós à fua ordem , ou feja
em terras deíle Reyno , ou do de Caftella. Efcrita a 6 de Mayo de
1707.
REY.

Álvara para o Cadaval D. Nuno fazer morgado de


DiKjiie de
certos bens. Ejiâ na Torre do Tombo , no iiv. 42 ae/Rey
D. Pedro II. pag. lyo , donde o copiey.

IT^U ElRey faço faber , que o Duque do Cadaval D. Nuno Alva-


NuiTí «*
1/res Pereira, meu muito amado, e prezado íobrinho, e do meu '

Confelho de Eftado, me
reprefentou por fua petição, que achando- 16^0.
fe com alguns bens livres , e patrimoniaes , de que defejava inftituir
morgado , na peíToa de feu filho primogénito o Duque D. Luiz , meu
muito amado , e prezado fobrinho , para que com a ceíTaô dos ditos
bens , e feus rendimentos , pudeífem elle , e feiís defcendcntes confer-
var o eftado , e cfplendor de fua Cafa , fe achava impedido para po-
der vincular mais , que a fua terça , por ter outros filhos , que nos
ditos bens haviaó de haver fuas íigitimns , que vinhao a fer as duas
partes , na fórma da Ley do Reyno , excepto o que refpeitava à li-
gitima do dito Duque D. Luiz fcu filho , que eftava corrente para
confentir , qae fe incluiíle no dito vinculo , e qualquer mayoria que
pudelfe haver nas Íigitimns de fuas filhas, que tinhaô renunciado, ou
renunciaflem , o que pudcíTem herdar de mais, além dos feus dotes,
a favor do dito feu irmão ; e por quanto pelas razoens de utilidav^é
publica , que refultava do cftabelecimento , e confervaçao das Cafas
grandes , era coftume antiquiftimo em todos os Rcynos da Europa ,
em que havia morgados , concederemfe faculdades Reaes aos inftitui-
dores , que tinhao mais filhos, para vincularem todos feus bens a fa-
vor do primogénito, ficando efte obrigado a alimentar feus irniSos
decentemente , em quanto elles naó tivefi^em , ou adqiiiriíTem rendas
baftantes , de que puderem viver , a qual razaó militava com mais effi-
cacia na Cafa do fupplicante , pois nao erao tantos os bens livres, que
divididos por tantos filhos, pudeífem ficar todos accommodados , e mui-
Tom. V. Aaaa ii to
,

5 5^ ^i^ovas do Liv. IX. da Hiflcría Çerjealogica

to menos o primogénito, que depois deciparem as limitadas


delles
porções ,
que le lhe adjudicaíTem , havia de com o encargo de
ficar

os alimentar , pedindome lhe fizeííe mercê conceder faculdade , para


que além da terça, ligitima do Duque D. Luiz feu filho, e mayoria
das ligitimas de íuas filhas, que licitamente podia vincular, fem lhe
fer neceOaria mais premiíTaó , que a da Ley , pudcíTe outro íi viacu-
Jar todos os mais bens , que lhe pareceíTe , em íórma regular , para
o dito Duque D. Luiz feu filho , e feus defcendentcs , ficando efte
obrigado a alimentar os irmãos , cujas ligitimas fe incluiííem no dito
morgado , em quanto elles naó tiveíTem fazenda baftante para fe fuf-
tentar ; e viílo o que allegou , e informação , que fe houve peloDe-
fembargador Luiz Matofo Soares , Corregedor do Civel da Corte
ouvindo a Marqueza de Fontes , e Condefla de S. João , por fi , e por
feu Curador , que naó duvidarão da inílituiçaó deíle vinculo , mas
com liberal confentimento , ellas , e feus maridos a approvaraô , por
haverem já nos inftrumentos dotaes renunciado fuas ligitimas , e to-
da a pertençaô , que poderiaó ter a favor do Duque D. Luiz feu ir-
mão , dando-fe por fatisfeitas com os dotes , que fe lhes derao , e da
mefma forte nao tiveraó duvida os mais filhos menores , fendo ouvidos
por feu Curador, dandO'felhes alimentos competentes. Hey por bem
fazer mercê ao Duque do Cadaval D. Nuno Alvares Pereira , que
além da terça , ligitima do Duque D. Luiz feu filho , e mayorias das
ligitimas de fuas filhas , que licitamente pede vincular , fem lhe fer
neceflaria mais permiííao , que a da Ley , poífa outro fi vincular to-
dos os mais bens , que lhe parecer , em fórma regular , para o dito
Duque D. Luiz feu filho , e feus defcendentcs , ficando eíle obrigado
a alimentar os irmãos , cujas ligitimas fe incluírem no dito morgado,
em quanto elles naó tiverem renda baílante para fe fuftentar , e eíVe
Alvará fe cumprirá fegundo nelle fe contém , o qual fe tresladará na
inílituiçaó do dito morgado , e onde mais neceífario for , para a todo
o tempo confiar , que eu aííim o houve por bem , e valerá , pofto
que léu effeito haja de durar mais de hum anno , fem embargo da
Ordenação do liv. 2. tit. 40 em contrario , e pagou de novos direi-
tos cento e vinte e cinco mil reis , que fe carregarão ao Thefoureiro
delles , a pag. 140 verf. do liv. 5*. de fua receita , e deu fiança a ou-
tra tanta quantia, no liv. i. delias, a pag. 171 , como confiou por
conhecimento em fórma , regiftado no liv. 5. do Regiílo geral , a
pag. 27. André B.odrig'.es da Sylva o fez em Lisboa a 5- de No-
vembro de 1698. Jofeph Fagundes Bezerra o fez efcrever.

REY.
E à fnarjem do dito Alvará ejiá a i^erha fegwnte.

Hey por bem , que a mercê , que tenho feito por efie Alvará
ao Duque de Cadaval D. Nuno Alvares Pereira, m.eu muito amado,
e prezado fobrmho , e do meu Confelho de Eííado poíía va)er na
,
peíloa do Duque D. Jayme , e em outro qualquer filho ,
que haja de
lUcceder
,

da Cafa %eal Tortugues^a, 557


fucceder no morgado , aíTim como havia de valer no Duque D. Luiz,
e efta pofiilla com o dito Alvará fe compriráó como nelle fe con-
tém , e valerá , pofto que fcu eíFeito haja de durar mais de hum an-
no , fem embargo da Ordenação , liv. 2. tit. 40 em contrario , e pa-
gará o novo direito , que dever , na fórma de minhas ordens. Jo-
feph da Maya e Faria, a fez em Lisboa a 17 de Março de 1706.
Manoel de Caítro Guimaraens a fez efcrever.

REY.
Por refoluçaô de S. Mageftade de 15* de Março de 1706 , em
Confulta do Dezembargo do Paço , Manoel Lopes de Oliveira , Jo-
feph Galvão de la Cerda , D. Thomas de Almeida. Pagou nada por
privilegio , aos Officiacs trezentos e quatorze reis. Lisboa 23 de
Março de 1706. D. Francifco Maldonado. A
pag. 9:5 do liv. 4. da
Receita dos novos direitos , ficaó carregados ao Thefoureiro delles
quinhentos e quarenta reis. Lisboa 23 de Março de 170Ó. Francif-
co Sarmento Pitta. Henrique Correa da Sylva.

Decreto para o Diicjue de Cadaval ir a Junta dos Tres EJlados,


Ejlã uo iiv. num, 2. dos papeis vários , pag. ^4 , do Duque
de Cadaval,

O Duque MeOre
ir à
de Campo General , junto à minha peíToa , ha
^^Nuj}^, 2
Junta dos Tres Eflados , todas as vezes, que entender, que
convém ao meu ferviço, para communicar as matérias, que perten- *^95
cem à adminiftraçaó da Junta , e me poder aconfelhar nellas. Ajun-
ta o tenha aíTim entendido. Lisboa a 3 de Julho de 1693. Com
Rubrica de S. Mageftade.

Contrato do ca/amento do Duçue de Cadaval D. Jayme de Mel*


lo , com a Princeza Henriqueta Julia Gabriela de Lorena
,

copiado fielmente do Original Francez , que Je guarda


no Archivo da dita CaJa.

PErante os Confelheiros delRey, Notarios no Cliatelet de Panz,^ui;Xl. 2


abaixo aíHnados , fe acharão prefentes o muito Alto , Poderofo , »

e Illuí>re Príncipe, o Senhor Carlos de Lorena, Conde de Armag- *7ÍV


nac, e de Charny, Vifconde de Jovcute, Par, e Eftribeiro Mor de
Fr ança , Cavallciro Commendador das Ordens delRey , Tenente Ge-
neral dos feus Exércitos, Governador, e Tenente General de Sua Ma-
geftade na Província da Picardia, Artois , Bullonois, e Paizes recon-
quiftados , Grande Senechal Hereditário de Borgonha , Governador
da Cidade , e Cidadella de Montrevil , fobre o' Mar , &c. morador
em Pariz no Palacio das Tulherias, Parochia de S. Germaô de Auxer-
558 Trovas do Llv. IX, da HiJloría Çenealogtca
re , em nome, e com Procuração do muito Alto , muito Poderofo
Principe o Senhor
, D, Jayme , Duque de Cadaval , Marquez de Fer-
reira, Conde de Tentúgal, Senhor das Villas de Cadaval, Tentúgal,
Povoa de Santa Chriílina , Alvayazere , Arega , Rabaçal , Villa-No-
va de Anços , Pena-Cova , Mortagoa , Buarcos , Noudar , e Barran-
cos , Muja , Ferreira de Aves , Villa- Alva , Villa-Ruiva , Agua de Pei-
xes, Albergaria, &c. Alcaide Mor de Olivença, e Alvor, Confelhei-
ro de Eílado , e de Guerra , Eftribeiro Mor delRey de Portugal , e
Mordomo Môr da Caía da Rainha , filho , o dito Senhor Duque de
Cadaval , do muito Alto , e muito Poderofo Principe , o Senhor D.
Nuno Alvares Pereira , já defunto , Duque de Cadaval , Conde de
Tentúgal , &c. Confelheiro de Eftado , e de Guerra , delRey de Por-
tugal , e do Defpacho , e Expediente , das graças , e mercês , Capi-
tão General da Cavallaria da Corte, e Provincia da Extremadura ,
Mordomo Mor da Cafa da Princcza de Portugal, &c. e da muito
Alta , e muito Poderofa Princeza , a Senhora Margarida de Lorena
de Armagnac , já defunta , fua efpofa ; a Procuração do dito Senhor
D. Jayme , Duque de Cadaval , feita em Lisboa aos 20 de Feverei-
ro , do prefente anno de 1739 , fellada com o Sello das fuas Armas,
e reconhecida aos 25 do mefmo mez pelo Senhor Duvernay , ConfuI
Geral de França no Reyno de Portugal , a cujo cargo eftaô os negó-
cios delRcy na Corte de Sua Mageílade Portugueza, e juntamente
huma Traducçaó em Francez da dita Procuração , que Sua Excellen-
cia , D. Luiz da Cunha , Embaixador , e ÍPlenipotenciario de Sua
Mageílade Portugueza a ElRey certificou eftar conforme ao Origi-
nal :as quaes duas Procurações tendo fido examinadas em Pariz aos
21 de Abril de 1739 , foraó annexas , e infertas à minuta das prefen-
tes , depois de haverem fido reconhecidas verdadeiras , e aflinadas , e
firmadas por Sua Alteza , o Senhor Principe Carlos por huma parte.
E pelo muito Alto , muito Poderofo , e muito lUuftre Princi-
pe , o Senhor Luiz de Lorena , Conde de Lambefc , de Orgon , de
Brionne , Baraó de Pontarey Marquez de Coislin , Baraó de la Ro-
,
che Bernard , e de Ponchatcau , Senhor das terras de Bron , de Lirao-
lan , de Beaumanoir , «Scc. Governador por Sua Mageílade da Provin-
da de Anjú , e da Cidade , e CidadcUa de Angers , e da Ponte de
Cê , e a muito Alta , muito Poderofa , e muito Illuííre Princeza , a
Senhora Joanna Margarida Henriqueta de Durfort de Duraz , fua ef-
pofa authorizada para eífeito das prefentes pelo dito Senhor Prin-
,

cipe Luiz de Lorena , moradores em Pariz , no feu Palacio , na rua


de Bichelieu , Parochia de S. Roque , que aqui eftipulaô , e pela mui-
to Alta, muito Poderofa, e muito Iliuftre Princeza, a Senhora Hen-
riqueta Julia Gabriela de Lorena , fua filha , moradora com os ditos
Senhores feu pay , e may , que a ifto efiá prefente , e niílo confen-
te , por fi , e em feu nome , da outra parte.
Os quaes do conlentimento de Suas Magefl:adcs , ElRey , e a
Pvainha , Monfenhor o Delfim , Princezas de França, Luiza , Ifabel,
Henriqueta , Anna , e Maria Adelaide , Sua Alteza Real , Francifca
Alana de Bourbon , Duqueza viuva de Orleans , Sua Alteza Serenif-
fima,
,

da Cafa %eal Tortugue^a, 5 5 p


flmn Luiz de Oricans, Duque dc Orleans, Sua Alteza Screniííima ,
,

Luiz 1 ilippe de Orleans , Duque de Chartres , Sua Alteza Sereniíli-


nia , a Senhora Luiza Francifca de Bourbon , Duqueza mây , Sua Al-
teza Sercpiiílima , Luiz Henrique de Bourbon, Duque de Bourbon,
Sua Alteza Sereniííima , a Senhora Carolina de Haília Rhinfels , Du-
queza de Bourbon , lua efpofa , Sua Alteza Sereniflima , Luiz de Bo-
urbon Conde , Conde de Clermont , Sua Alteza SereniíTima , a Se-
nhora Luiza liabel de Bourbon Conde , Princcza de Conty , Sua
Alteza Sereniflima, a Senhora Marianna de Bourbon Conde , Sua Al-
teza Sereniflima , a Senhora Alexandrina de Bourbon Conde , Sua
Alteza Sereniflima , a Senhora de la Roche-Sur-Yon , Luiza Adelaide
de Bourbon Conty , Sua Alteza Sereniflima , Luiz de Bourbon , Prín-
cipe de Conty , Sua Alteza Sereniflima , Luiz Augufl:o de Bourbon,
Príncipe de Dombes , Sua Alteza Sereniflima, Luiz Carlos de Bour-
bon , Conde de Eu , Sua Alteza SereniíTima , Maria ViíVoria Sofia
de Novailes, Condefla de Tolofa Sua Alteza Sereniflima, Luiz Joa6
,

Maria de Bourbon , Duque de Ponthievre , e de Sua Alteza Serenif-


íima , a Senhora Du Maine Luiza Francifca de Bourbon.
E também em preíença dos Senhores , e Senhoras , feus pareÉt-
tes , e parentas , e amigos , abaixo nomeados , a faber : D. Luiz da
Cunha , Embaixador delRey de Portugal , Sua Eminência , o Senhor
Cardeal de Fleury, o muito Alto, muito Poderofo , e muito Illuflire
Príncipe, Jofeph , Príncipe de L^chteinfliein , Embaixador do Empe-
rador na Corte de França , e da muito Alta , muito Poderofa , e mui-
to Illuílre Princeza , a Senhora Marianna , nafcida Princeza de Lich-
teinftein , lua efpofa , o muito Alto , muito Poderofo , e Illuílre
Princlpe , o Senhrr Luiz Carlos de Lorena , Conde de Brione , o
multo Alto , nulto Poderofo , e muito IIlufi:re Princlpe, o Senhor
Francifco Camillo , Cavalleiro de Lorena , irmaó da fobredita Senho-
ra Henriqueta JuUa Gabriela de Lorena , a muito Alta , muito Pode-
rofa , e muito Illufl:re Princeza , a Senhora Luiza Joanna de Lorena,
irmãa também da dita Senhora , o muito Alto , muito Poderofo , e
muito Illufl:re Príncipe , o Senhor Luiz Carlos de Lorena, Cavallei-
ro das Ordens delRey , a muito Alta, muito Poderofa, e muito II-
Iufl:re Princeza , a Senhora Luiza Ifabel de Roquelavre , Princeza de
Pont , fua efpofa, a muito Alta , muito Poderofa, e muito Illufl:re
Princeza , a Senhora Luiza Henriqueta Gabriela de Lorena , Conega,
chamada Madama de Marçam , a muito Alta , muito Poderofa , e
muito Illuftre Princeza , a Senhora Francifca de Lorena de Pont
Conega de Remlremont , o muito Alto, muito Poderofo, e muito
Illuílre Principe , o Senhor Camillo Luiz de Lorena , chamado o
Príncipe Camillo.
Os fcbredltos Senhores, e Senhoras, Príncipes, e Princezas,
de Pont , Luiza Henriqueta Gabriela de Lorena , Francifca de Lo-
rena , e Camillo Luiz de Lorena , primo , e prima do dito Senhor
Duque de Cadaval , e da dita Senhora Henriqueta Julia Gabriela de
Lorena.
O
muito Alto , e multo Poderofo Senhor Procoplo Maria An-
tonino
,,
,

5^0 Trovas do Liv. IX, daHtJlorta Çrnealoglca


tonino Filippe Carlos Nicolao Agoftinho de Egniond Pignateli , pe-
la graça de Deos , Duque de Gueldres , e de Juliers , Príncipe de
Gavres , e do Santo Império , Conde de Egmond , e a muito Alta
e muito Poderoía Senhora Henriqueta Julia de Durfort , íua cfpoía,
tia materna da íbbredita Senhora Henriqueta Julia Gabriela de Lo-
rena.
O muito Alto , e Poderofo Senhor Guido Felix de Egmond
Príncipe de Gavres , primo com irmaó , por parte materna da dita
Senhora. A muito Alta , e muy Poderola Senhora Henriqueta Nico-
lao de Egmont , Duqueza de Cheveure , prima com irmáa por par-
te materna da dita Senhora. A muito Alta , e muy Poderola Senho-
ra Luiza Bernardina de Durfort ,
Duqueza de Lesdigiveres , prima
por parte materna da dita Senhora. A muito Alta , e muito Pode-
rofa Senhora Maria Angelica Vidoria de Bournonville , Duqueza de
Duraz , prima materna da dita Senhora. O muito Alto , e muito
Poderofo Senhor Manoel , Duque de Durfort , e muito Alta , e mui-
to Poderofa Senhora Luiza Francifca Duqueza de Durfort
primos maternos da dita Senhora. O muito Alto , e muito Podero-
fo Senhor Luiz Maria de Aumont , Duque de Aumont , e a muito
Alta , e muito Poderofa Senhora Felícia Vi6í:oria de Durfort , de Du-
raz , fua efpofa, prima materna da dita Seahora. A muito Alta, e
muito Poderofa Senhora Dianna Adelaide de Mailly de Mont Carmel,
prima por parte materna. O muito Alto , muito Poderofo , e mui-
to Illuftre Príncipe Monfígnor Amadeo de Saboya , Príncipe de Ca-
rignan, e a muito Alta, muito Poderofa, e muito Illuílre Princeza
Maria de Saboya , fua efpofa. Dom Gonçalo Manoel de la Cerda
Enviado de Portugal , D. Jofeph Galvão dc la Cerda , filho do fo-
bredito Senhor Enviado. D. Gonçalo Xavier de Alcaçova , fobrinho
do fobredito Senhor Enviado. O muito Alto , e muito Poderofo Se-
nhor , Monfenhor Henrique Roberto , Conde de la Mark , e Mon-
fenhor Luiz Filippeaux , Conde de S. Florentino , Miniftro , e Se-
cretario de Eftado , e Julio Franquini Caviani , Enviado de Florença.
Tem feito , e concluído entre elles o Tratado de cafamento , e
condições , que fc feguem.
A faber , que os ditos Senhor , e Senhora , Príncipe , e Prince-
za de Lorena Lambefc prometteraó dar a dita Senhora Henriqueta Ju-
lia Gabriela de Lorena , fua filha , de feu confentimento ao Senhor
Príncipe Carlos para Sua Alteza , o dito Senhor Duque de Cadaval ,
em nome , e ley de matrimonio , o qual em confequencia de outra
Procuração mandada para efte eífeito ao dito Senhor Príncipe Carlos,
fe celebrará em França, na face da noíTa Santa Madre Igreja Catho-
lica, Apoftolíca , e Romana, inceflantemente , e ferá aò depois rati-
ficado por Sua Alteza , o dito Senhor Duque de Cadaval , aífim que
a dita Senhora , futura efpofa , tiver chegado a Portugal.
Afavor do qual futuro cafamento prometteraó os ditos Senho-
res Príncipe, e Princeza de Lambefc dar h dita Senhora futura efpo-
fa, fua filha, antes do dito cafamento, a quantia de cento e cinco-
enta mil livras Tornezas , mediante a qual a dita Senhora futura efpo-
da Cafa ^eal Tortugucí^a.

fa ,authorizada pelo Senhor Príncipe Carlos , conforme neceflario


for, e no dito nome tem renunciado, e renuncia defde o prefente
as lucceíFoens dos Ibbreditos Senhores , Principe , c Princeza de Lam-
befc , leu pay , e mãv , e as fucceíToens dos Senhores fjus irmãos a
favor dos meímos Senhores Principe , e Princeza de Lambefc , fcu pay,
e may , e de fcus hl lios , fem poder pertender alguma parte, porção,
ou direito , nem fupplemento de legitima , de qualquer forte , c ma-
neira ,
que for.
E attendendo a que para conclufaó do dito cafamento he pre-
cifo fazer grandes defpezas , convcyo-fe , em que a dita quantia de
cento e cincoenta mil livras, ou a mayor parte delia?, fera emprega-
da pelos ditos Senhores Principe , c Pnnccza de Lambefc , para fa-
tisfazer o que fe houver adiantado neceíTariamente para o dito cafa-
mento.
No caio de vir a falecer primeiro o dito Senhor futuro efpofo,
havendo filhos do futuro matrimonio , a dita Senhora futura elpofa
terá a adminiftraçaó das fuas peílbas , e dos feus bens , até o tempo
da fua niayoridade , conforme as Leys, e coRumes do Paiz, fem fer
obrigada a dar contas algumas.
Além diílo o dito Senhor Principe Carlos , no dito nome , cm
virtude da dita Procuração , tem dado, e dá à dita Senhora futura
efpolá , pendente a fua vida , no cafo , que ella queira ficar cm Por-
tugal , ou tenha filhos , ou naó tenha , o Senhorio de Iiuma das Vil-
las , terras, e eílados do dito Senhor futuro efpofo, qual ella quizer
efcolher , para que goze delle em todos os direitos de juftiça , no-
meação de OíFiCios , c Benefícios ; e o Palacio terá todo o movei
proporcionado a grandeza do dito futuro efpofo , fem porém , que
ella poífa difpor das rendas da dita Villa , ou Senhorio , mais de dez
mil cruzados, que fizem vinte nnl livras de França, dos quaes , ou
de huma parte delles poderá fer paga cada anno das rendas da dita
Villa , ou Senhorio. Declara o dito Senhor Principe Carlos , no fo-
bredito nome , que para aífegurar a execução do artigo acima, e jun-
tamente as outras convenções do contraio prefente , tem o dito Se-
nhor Duque de Cadaval obtido confentimento expreíFo delRcy de
Portugal, acordado em Lisboa, aos 22 de Fevereiro de 1739, cuja
Traducçaó em lingua Franceza eítá inlcrta , e annexa na Minuta das
prcfentes , depois de ter fido reconhecida , aflinada , e firmada pelo
Senhor Principe Carlos no dito nome.
E também a favor do dito cafamento terá a dita Scnho!'a futu-
ra efpofa , cm fórnia de arrhas, dez mil cruzados, que fazem vinte
mil livras de França cada anno , de que gozará toda a fua vida , ou
que ella fique com feus filhos , ou que delles fe fcpare; e para o pa-
gamento da dita quantia cílaô , e ficao obrigados , e hypoíhecados
todos os bens do Senhor futuro efpofo. Se a dita Senhora futura ef-
pofa depois do falecimento do dito Senhor futuro efpofo defejar re-
tirarfe de Portugal , c voltar para França , ferá alli reconduzida com
a honra , e decência , que pede huma pcíToa da fua calidade, à cuíla
dos herdeiros do dito Senhor futuro efpofo , e fe lhe pagará adianta-
Tom. V. Bbbb do
,

5^1 Trovas do Liv» /X da Hljlorla (jeneahgtca

do em cada anno , e o lugar, que ella efcolher para fua reíídenciaa


quantia de dez mil cruzados em dous pagamentos ip;uaes de íeis me-
zes , em feis mezes , os quaes fazem , como fe tem dito , vinte mil li-
vras de França , e íeraó livres de câmbios , e qualquer outro damno.
Reftituirleha , e entregarfeha à dita Senhora futura efpofa , a fobredi-
ta quantia de cento e cincoenta mil livras , que tiver fido dada , e
empregada , como acima fica dito , pelos Senhores Principe , e Prince-
za de Lambefc , em dote da dita Senhora fua filha.
Tudo iílo foy ajuftado , eftipulado , e acordado entre os Senho-
res Principe, e Princeza de Lambefc, e o Senhor Principe Carlos de
Lorena , no dito nome , de authoridade , e confentimento de Suas
Mageftades , com confentimento , e em prefença dos Senhores , e Se-
nhoras acima nomeados , fazendo-fe , e paífando-fe as prefentes , nao
obftante quaefquer Leys , coftumes , e ufos em contrario , o cjue fe
tem exprelTamente derogado pelas partes em feus nomes , e calidades.
Prometteraô também as ditas partes em feus nomes executar,
cumprir , e fatisfazer cada huma refpe^^ivamente a tudo o contheudo
neílas prefentes , fem já mais contravir a iíTo , obrigando , e hypothe-
cando todos , e cada hum dos feus bens móveis , e immoveis , terras,
Senhorios , rendas , e cobranças , aííim prefentes , como futuras ; e
renunciaô pelo prefente contrato , conforme acima fica dito , ajufta-
do , e paíPado , a faber a refpeito de Suas Mageftades , do Senhor
:

Delfim , das Princezas , e Madames de França , de Monfenhor Du-


que de Orleans , de Monfenhor Duque de Chartre , de Madaira , a
Duqueza mfiy , de Madamoifeile de la Roche-Sur-Yon , de Monfe-
nhor , o Príncipe de Domhes , de Monfenhor , o Conde de Eu , de
Madama , a CondeíTa de Tolofa , de Monfenlior , o Duque de Pon-
thicvre, e de Monfenhor, o Cardeal de Fleury, no Palacio de Ver-
failles aos 13 de Abril*, a reipeito de Sua Alteza Real , a Senhora
Duqueza de Orleans , e dos outros Principes , e Princezas do fangue,
cm Pariz , nos feus Palacios , aos 21 , e 23 do dito mez de Abril •,

e a refpeito dos Senhores, e Senhoras, partes contratontes , que nif-


to convierao , em Pariz , no Palacio do dito Senhor Principe Carlos,
aos 15 de Mayo de 1739, e afiinarao a Minuta das prefentes . . . .

Segue -fe o theor dos Dccimevios armexos.

Dom Jayme, Duque do Cadaval , Marquez de Ferreira Conde ,

de Tentúgal, Senhor dos Villas do Cadaval , Tentupal , Povoa de


Stmta Cl-!riftina Alvayazere , Arega , Rabaçal , Villa-Nova de Anços,
,

Penacova, Mortagoa , Buarcos, Noudar , 'e Barrancos , Mu ia , Fer-


reira de Aves , Villa-Alva , Villa Paiiva Agua de Peixes Albergaria,
, ,

Alcaide Mor de Olivença, e Alvor, dos Confelhcs de Eftado , e


Guerra, delRey neu Senhor, feu Eftribeiro Môr e Mordom.o Môr
,

da Rainha minha Senhora


,
Pela preíente Procuração dou poder ao Illuftriííimo , e Excellen-
tiíTimo Senhor Principe Carlos de Lorena , meu tio para cjuftar
,

tratar 3 e concluir ^ na fórma j.cue melhor lhe parecer , o Contrato, e


Efcn-
da Caja %eal T^ortugues^a. 5 Í7
3
Efcritura do meu cafamento com a Illuftriínma , e Excel lentiííima Sc»
nhora Princeza Henriqueta Julia Gabriela de Lorena, íilha dos Illuf-
trlíFimos
, e Excelicntiílimos Senhores, Principe , c Princeza, Luiz
de Lorena Lambefc e Joanna Margarida Henriqueta de Durfort de
Duraz , fua efpofa , para regular o dote, e todas as mais convenções,
como elle julgar mais a propofito , com os ditos Illuílriílimos , e Ex-
cellentiirimos Senhores , Principe , e Princeza , pay , e máy da dita
Senhora Princeza , promettendo ter por bom , firme, e valioíb , tudo
o que for ajuftado , tratado , e concluido pelo dito Illuílriílimo , e
Excellentiflimo Senhor Principe Carlos de Lorena , como fe eu mel-
mo o tiveíTe feito ; para o que lhe dou todos os poderes em direito
neceííarios, aílim efpeciaes , como geraes , obrigando a minha peííba,
e bens , ao cumprimento de tudo o que por elle for aílentado , e
determinado. Em virtude , do que acima fica dito , fiz fazer a pre-
fente Procuração por mim aíTinada , e fellada com o Sello das minhas
Armas. Feita em Lisboa a 20 de Fevereiro de 1739. Firma.

DUQUE ESTRIBEIRO MOR.


E fellada com cera vermelha. Nós Francifco Duverray , Con-
felheiro Conful Geral de França , no Reyno de Portugal , e
delRey ,

encarregado dos negócios delRey na Corte de Sua Mageílade Portu-


gueza , certificamos a todos aquelles a quem pertencer , que o final,
e Sello , póílos na Procuração acima , faó próprios , e verdadeiros do
Excellentiflimo Senhor Duque de Cadaval , Eftril3eiro Môr de Sua
Mageílade Portugueza, Em fé do que temos feito expedir a prefen-
te , aflinada da noífa maó , e fobfcrita pelo Chanceller , e Secretario
do noíFo Confulado ,
que lhe poz o Sello Real. Dada em Lisboa
na noíTa Cafa Confular , aos 25 de Feve4'eiro de 1739. Firma. Du-
vernay. E mais abaixo. Pelo Senhor Conful Ferrant Chanceller , e
çom hum Sello.
Reconhecida em Piíríz, aos 21 de Abril de 1739. Receberaô-
fe doze foldos. Blondelú.
Traducçao.

Dom Jayme ,
Duque de Cadaval ,
Marquez de Ferreira , Con-
de de Tentúgal , Cadaval , Tentúgal , Povoa de
Senhor das Villas de
Santa Chriftina , Alvayazere , Arega , Rabaçal , Villa- Nova de Anços,
Penacova Mortagoa , Buarcos , Noudar , e Barrancos , Muja , Fer-
,

reira de Aves , Villa- Alva , Villa-Ruiva , Agra de Peixes , Albergaria,


Alcaide Mòr de Olivença , e de Alvor , Ccnfelheiro de Eílado , e de
Guerra, Eftribeiro Mòr delRey meu amo, e Mordomo Môr da Ca-
fa da Rainha. Pela prefente Procuração dou poder ao muito lUuf-
tre, e muito Exccllente Senhor Principe Carlos de Lorena, meu tio,
para tratar , regular , e concluir , como melhor lhe parecer o contra-
to do meu cafamento, com a muito Illuílre , e muito Excellente Se-
nhora Henriqueta Julia Gabriela de Lorena , filha do muito IJluftre,
fi muito Excellente ]Si'incipe , Luiz de Lorena Lambefc , e da Senho-

Tom.V, Bbbbii ra
^f^'^^^ Hijlorla Çenealogtca
5^4
ra Princeza Joanna Margarida Henriqueta de Durfort de Duraz , fua
efpoíà , para regular o dote e todas as mais convenções
,
como me- ,

lhor lhe parecer , com os ditos Illuftriííimos , e Excellentiflimos Se-


nhores , Principe , e Princeza ,
pay , e máy da dita Senhora Prince-
za promettendo de ter por bom , firme , e valioío , tudo o que for
,

ajuíhdo , tratado , e concluido , pelo dito IlíuftriíTimo e Excellen- ,

tiílimo Senhor Principe , Carlos de Lorena como íe eu mefmo o ti- ,

veíTe feito, para o que lhe dou todos os poderes em direito neceíTa-
rios, aííim efpeciaes , como geraes , obrigando a minha peííoa , e
bens , ao cumprimento de tudo o que por elle for aíTentado , e de-
terminado. Em virtude, do que acim.a fica dito fiz fazer a prefente
Procuração , por mim afiinada e fcllada com o Sello de minhas Ar-
,

mas. Feita em Lisboa , aos 20 de Fevereiro de 1739. Firma.

O DUQUE ESTRIBEIRO MOR.


Dom Luiz da Cunha , Commendador da Ordem de Chriílo , do
Confelho de Sua Mageftade Portugueza , feu Embaixador , e Pleni-
potenciário na Corte de Sua Magcílade ChriftianiíTima. Certifico ,
que a prefente Procuração do Senhor Duque de Cadaval , dada ao
Senhor Principe Carlos de Lorena , para regular , e concluir o con-
trato de cafamento , com a muito Illuftre , e Excellente Senhora , a
Princeza Henriqueta Julia Gabriela de Lorena , filha do muito Illuf-
tre , e muito Excellente Principe Luiz de Lorena Lambefc , e da Prin-
ceza Joanna Margarida Henriqueta de Durfort de Duraz , fua efpofa,
eftá em tudo conforme, e por tudo ao Original, de que foy tradu-
zida. Em fé , do que temos afiinado a prefente, e feito pòr o Sel-
lo das minhas Armas. Feita em Panz aos 11 de Abril de* 1739. Fir-
ma. Dom Luiz da Cunha.

Licença delRey de Portugal.

Hey por bem que no ,


contrato dotal , que o Supplicante tein
ajuftado com licença minha
,
,
poíTa obrigar a reftituiçao do dote , e
ao pagamento das arrhas , ( no cafo , que as haja ) em falta de bens
livres , os de morgado , fem o confcntiniento do fucceíTor immedia-
to ; e naô bailando eíles , lhe dou também licença para poder obri-
gar os bens da Coroa , e Ordens , na mefma fóima , que poíTo , co-
mo também para fazer valida a obrigação , de que faz menção , a
refpeito da promeíía de huma das Villas , de que hc Donatário , e do
logar da jurdiçao , pendente a vida da dotada fomente , o que lhe nc-
cordo inteiramente de próprio motu , certa fciencia , e authoridade
Real , naó obílante quaefquer Leys em contrario ; e ordeno , que tu-
do fe execute , como fe foífe hum Decreto , ou Carta , paliada pela
minha Chancellaria , ainda que eífeóli vãmente por ella naó paííaíTe,
fem embargo da Ordenação do liv. 2. cap. 38 , ^59, c 40. Em Lif-
boa Occidental , aos 21 de Fevereiro de 1739. Com a Rubrica Re^l.
ODuque , Eílribeiro Mor de VcíTa Mageílade , lhe reprefenta,
que
:

da Cafa ^eal Tonuguei^a. S^S


que tendolhe VoíTa Mageílade dado licença de poder caiar fora do
Reyno , elle cftá na refoluçaó de cafar com Henriqueta Julia Gabrie-
la filha do Principe, e Princeza de Lambcfc e que para concluir
as Efcrituras , e pados dotaes , neceífita da pcrmiíTaó de VoíTa Ma-
geíladc ,
para legurança do dote , e das arrhas , da dita futura efpofa,
o que elle (o pôde íegurar fobre os bens , que elíe Supplicante pof-
fue da Coroa , e Ordens naó tendo bens liv^res , fobre que poífa fe-
,

gurar o dito dote , e arrhas e attendendo a que elle Supplicante faz


:

o feu contrato dotal da mefnia maneira , que o fez o Duque feu


pay nos dous cafamentos , que contratou em França , fendo hum dos
,

contratos dotaes, que vindo a futura efpofa a íobreviver , ella terá,


e poíluirá ,à lua efcolha , huma das Villas , que ella Julgar mais
a propoíito , da Cafi do Supplicante , com toda a jurifdicçaô , que
delia depende e como efta forte de contratos nao pode ter execu-
:

ção , fem permiífao de VoíTa Mageftade.


Pede a VoíTa Mageftade lhe queira conceder efta graça , e per-
miftaô , por feu Real Decreto , para fegurança , e validade das con-
venções da Efcritura dotal.
E receberá mercê.

P.egiftada a folhas 15 do livro das Patentes.

O Clianceller , do Confulado Geral de França , no


e Secretario
Reyno de Portugal, traduzido bem, e fielmente , de Por-
certifica ter
tuguez em Francez , a Petição , e defpacho acima , e da outra parte,
fêm ter accrefcentado , nem diminuido nada da verdadeira fubftancia
do próprio Original, ao qual em tudo eftá conforme. fc , do Em
que tenho paíTado a prefente , em Lisboa , aos 25 de Fevereiro de
1739. Firma. Ferrand. Chanceller.
Nos Francifco Duvernay , Confelheiro delRey , Conful Geral
de França, no Reyno de Portugal, a cujo cargo eftao os negócios
delRey , na Corte de Sua Mageftade Portugueza , certificamos a to-
dos aquelles a quem pertencer , que o Senhor Ferrand , que tem fei-
to , e aílinado a Traducçao , de que fe faz mençaó, he Canceller , e
Secretario do noíTo Confulado , a cujos fínaes , e Efcrituras fe deve
dar ampla , e inteira fé , do mefmo modo , que ao Original da dita
Traducçao , aílim em juizo , como fora delle ; em teftemunho , do
que temos feito expedir a prefente , aílinada da nofTa maô , e fellada
com o Sello Real do noftb Confulado. Dada cm Lisboa , na noíTa
Caía Coníular , aos 25 de Fevereiro de 1739. Firma. Duvernay.

E 7ia margem de cada hum dos tres papeis acima copiados eftdcfcrito
Certidão verdadeira, afíinada, e firmada acima, do contrato de
cafamento , perante os Notarios abaixo aííinados , hoje 11 do mez de
Mayo de 1739. Firma.
O PRÍNCIPE CARLOS DE LORENA.
Com Couvois , e Douron Notarios. Os
,

Trovas do Liv. IX, da Hifloria (genealógica


Os Originaes dos ditos papeis foraô annexos à Minuta do di-
to contrato , que fica nas Notas do dito Douron , Notário.

Douron.
Couvois.

Sellado aos i6 de Mayo de 1739.

Lugar do Sello.

E aos 16 do dito mez de Mayo


fe achou em Pariz, em prefen-
ça dos Notarios abaixo aífinados , o Senhor Principe Carlos , com
Procuração do dito Senhor Duque de Cadaval , o qual no dito nome
reconhece , que os fobreditos Senhores Principe , e Princeza de Lam-
beíc , eftando prefentes o dito Senhor , e Senhora , para ifto autho-
rizados , lhe tem pago , e entregue em Luizes de ouro , da moeda
corrente, em prefença dos Notarios abaixo a (li nados , a quantia de
cento e cincoenta mil livras, que os ditos Senhores, Principe, e
Princeza de Lambefc , prometteraó dar à dita Senhora Henriqueta Ju-
lia Gabriela de Lorena , fua filha , efpofa ao prefente do Senhor Du-
que de Cadaval, pelo íeu contrato de cafamento , de que o fobredi-
to Senhor Principe Carlos , os dá por quites , e defobrigados , efcan-
do prefente a fobredita Senhora Henriqueta Julia Gabriela de Lore-
na , Duqueza de Cadaval, authorizada' para eíF^ilo da prefente pelo
dito Senhor Principe Carlos , no dito nome.
Declarando os ditos Senhores , Principe e Princeza de Lambeíc,
,

que a dita quantia de cento e cincoenta mil livras , paga acima por
elles ao fobredito Senhor Principe Carlos, no dito nome, he parte
da quantia de duzentas íeíTenta e oito mil duzentas e cincoenta livras,
que Suas Altezas tomarão empreitadas pelo Senhor Juliaó Flever
por obrigação feita perante o Notário Laidigiuve , o moço , em Pa-
riz , aos 22 de Fevereiro paíTado ; em fupplemento do qual , e da Car-
ta de retençaó , Breves de retenúe , dos 2^ do mefmo mez , fazem
Suas Altezas a prefente declaração , em conformidade da promeíTa ,
que fizerao pela dita obrigaçaô lançada na dita Carta , annexa à Mi-
nuta do aâro, feito perante o mefmo Notário, no fobredito dia de
25 de Fevereiro paíTado , em confequsncia da dita obrigaçaô. Feito,
e paíTado em Pariz , no Palacio dos ditos Senhores , Principe , e
Princeza de Lambefc , no mefmo dia , e anno. E aílinaraô a Minu-
ta das prefentes , depois da Miauta do dito contrato de cafamentoj
e tudo ficou nas Notas do dito Notário Douron,

Douron.

Bovoin.

PRO-
$Í7

PROVAS
DO LIVRO X.
DA
HISTORIA
GENEALÓGICA
C AS A^^RE AL
PORTUGUEZA.
Carta delR ey D. Duarte em
çueJaz mercê ao Conde de Oiirem^
,

de lhe confirmar a doaçaÔ do Condejlavel ^ dos Reguengos de


Sacavém , Camarate ,
Cate/ a/ , JJnhos , Frielias , e da
Ribeira do Sal , V c,
Om Eduarte per graça de Deos Rey de Portugal, e do Ii^uj;^^
j
Algarve , e Senhor de Ceita. A quantos efta Carta vi-
rem fazemos faber que o Conde de Ourem meu fobri-'^^* ^422.
,

nho nos moftrou huã Carta de D. Nuno Alvares Perei-


ra Condeftable feu Avo , da qual o theor he efte que fe
fegue. A quantos efta Carta de doação virem o Condeftable vos fa-
ço faber que por quanto a Deos prouve de me dar tres nettos filhos
do Conde D. Affonfo , c da Condefta D. Breatiz Pereira minha filha
cuja Alma Deos haja fí".D. Affonfo que he o mayor baraô , e D.
Fernando , e D. Ifabcl aos quaes de direito pertencia a herança de
quaefquer bens patrimoniais que eu ruveíTe depois de minha morte,
e porque todallas terras, rendas , e bens, ou a mayor parte delias que
eu ey, e foraô da Coroa do Reyno de que me Deos, e meu Senhor
ElRey hÁ feita mercê pelos ferviços que a Deos prouve de lhe eu
fazer, e porque ElRey meu Senhor me há feita mercê per fua Car-
ta que me fobre elio mandou dar que eu poíTa fazer doação, e doa-
ções de todallas terras, quintas rendas, e direitos de que me elle há
,

feita mcrce a quaefquer peífoas que a mim prouver que as haja pela
guifa que lhes eu delias fezer do.içao , e as eu deíle ey fegundo mais
çompridamente na dita Carta hé contheudo , por vertude da qual
Carta
5^8 Trovas do Liv. X. da Hijloria (jenealcgica
Carta eu das ditas terras , quintas , rendas , e direitos poíTo fazer as
ditas doações a quem me aprouver , e muito mais com rezao o pof-
fo , e devo fazer aos ditos meus nettos. Porem coníirando o grande
devido que comigo haó , e como hajao de viver bem , e grandemen-
te como a homês de feu eftado , e que poíTaó bem fervir a meu Se-
nhor ElRey , e o lífante meu Senhor , e os que defpois delles vie-
rem como a elles cabe , e fao theudos de o fazer ordenei de lhe re-
partir as ditas terras, rendas, e direitos fegundo e;itendi que era
igualeza , e per poder da fobredita Carta de meu Senhor ElKey dou,
e faço pura , e irrevoguavel doação antre vivos valedoura deite dia
pera todo fempre que nunca polia fer revoguada ao dito D. Aifonfo
meu netto pera íi , e pera todos feus filhos , e nettos que delle def-
cenderem que fejaó lidimos de todallas terras , quintas , rendas , e
direitos , foros , e trebutos , e paços a diante declarados íf. da Juda-
ria da Cidade de Lisboa com fuas rendas, direitos, e pertenças, e
dos meus paços da dita Cidade com fuas cafarias , e pertenças , e de
todoUos Reguengos do termo da Cidade de Lisboa, ÍT. a Charneca,
e Sacavém e Camarate , e o Cathejal , e Unhos , e Friellas e a Ri-
, ,

beira do Sal , com fuas rendas , e direitos e do meu Luguar , e Re-


,

guengo de Collares com todos feus direitos depois da morte de mi-


nha Madre a quem eu delle ey feita doação em fua vida fegundo he
contheudo em huâ doação que lhe delle fiz e do barco de Sacavém,

com fuas rendas,e direitos depois da morte de Gil Aires meu criado
a quem delle ey feita doação em fua vida fegundo he contheudo em
huâ doação que lhe dello fiz , e das rendas , e direitos de Rio ma-
yor depois da morte de Pedrafonfo do Cafal , e de Ines Pereira fua
mulher meus Irmãos a quem eu das ditas rendas , e direitos tenho
feito doação em fuas vidas fegundo he contheudo na doação que lhes
dello fiz , e do Reguengo de Alviella termo de Sanclarem depois da
morte do dito Gil Aires a quem delle também ey feita doação em
fua vida , fegundo fe contem na dita doação que lhe delle fiz , e do
Condado , e Villa de Ourem , e de Porto de moos , com todallas ren-
das e direitos que eu em ellas , e em feus termos ey, e de dereito
,

devo daver , das quaes Villas , e Luguares , rendas , e direitos e Re-


guengos , e paços lhe faço doação com todas fuas rendas , e direitos,
foros, e tributos, e iurdiçóes , eiveis, e crimes, c dos Caftellos das
menagens dos ditos Luguares onde os ouver , e dos padroados das
Igrejas das ditas Villas, e Luguares que haja todo livre, e izentamen-
te de Juro derdade mero mifto império para todo fempre pera elle,
e pera todos feus defcendentes que depois deli:; vierem aíTi , e per a
guiza que eu todo ey , e me meu Senhor ElPv.cy dello hd feita mer-
cê, e doações, e melhor fe puder fer. E porem mando aos meus
Almoxarifes , efcrivaens , c aos Juizes dos ditos Luguares e a ou- ,

tros quaefquer a quem eRo pertencer que metaó logo em poííe das
ditas Villas, e Luguares , rendas, e direitos. Reguengos, c paços ^
e padroados de Igrejas o dito D. Aifonfo meu netto , ou feu certo
procurador , e lhe acudao , e façaó acudir com todo bem , e compri-
damente , e lhes obedeçaó como a mim mefmo obedeciaó , e lhe lei-
xem
,

da Cafa T^al Tortugue^a.

xem todo avcr compridamcnte icxv. nenhum embargo , e fazer de to-


do e cm todo aíli como de fua coiila propia porque cu lhe faço de
todo doação , o mais firmemente que lhe fazer poílb , a qual doação
lhe faço per a guiza que dito he , com condição que elle naó bulia
em nenhuã guiza com as rendas, e direitos de que eu fiz doacaó aos
fufo ditos fenaô as fuas mortes como nas doações que lhes fiz né con-
theudo , e com condição que fe o dito D. Affbnfo fallecer per mor-
te tem filho ou Mliia lidimos que as ditas Villas , e Luguares , ren-
das , e direitos , e paços , e padroados de Igrejas fique todo ao dito
D. Fernando feu Irmaó meu netto , e delle fiquem a feus defcende-
tes , e fe o dito D. Fernando fallecer fem filho, ou filha lidimos que
fique todo a dita D. Ifabel fua Irma minha netta , e delia a feus def-
cendentes, e que a dita herança naó palie a outra parte. E em tef-
temunho deito lhe mandei dar efta Carta de doação aííinada per mi-
nha maó , e fellada do meu fello , dante em Borba quatro dias de
Abril , o Condeílable o mandou , Gil Aires a fez era de mil e qua-
trocentos e feíTenta annos. E pedionos de mercê o dito Conde que
lhe coníirmaífemos todo eílo contheudo na dita Carta por quanto fo-
ra dado , e outorguado de juro derdade por o muy virtuofo , e de
grandes vertudes ElRey meu Senhor , e meu padre da muy gloriofa
memoria cuja Alma Deos haja ao dito Condeílable fcu Avo , e ante
que llie íbbre ello deíTemos outro livramento fizemos perante nós vil-
as cartas que o dito Senhor Rey fobre eílo dera ao dito Condcíla-
bre , as quaes examinadas , e viílas per nós , e coníirando a rezaó de
feus merecimentos , e divido grande de natureza que comnofco há nos
move a lhe firmar, e reformar todas as ditas doações, previllegios
graças , e mercês , e liberdades de noíla certa fciencia propio moto
Real authoridade , e poderio abfoluto lhe outorguamos , e confirma-
mos as Villas, Caílellos, terras , julguados , coutos, honras, ejurdi-
çoes , padroados , rendas direitos , foros , tributos , pela guiza , e com
todallas claufullas , e condições contheudas em a dita Carta que lhe
foi dada , e outorguada per o dito Condeflabre feu Avo cujo Alma
Deos haja. Porem mandamos a todollos noíTos Ouvidores , íbbre-
juizes , e Corregedores, juftiças, Veadores da fizenda , contadores,
Almoxarifes, e a quaefquer outros Oíliciaes prefentes , e que ao de-
pois forem a quem efio pertencer que naó embarguem , nem coníen-
taó enibarguar ao dito Conde de haver as jurdiçóes, direitos, ren-
das, foros, trebutos , das Villas, Caílelíos , terras , julguados cou- ,

tos, e honras fobreditos , e ufar delles per íi , e per feus Oííiciaes


fegundo fe contem em a dita Carta, mas ante lha guardem, e façaô
todos bem guardar fem outro embargo que a ello ponhaó , e cm tef-
temunho deílo lhe mandamos dar eíla noíTa Carta aííinada per nós ,
e aíTellada do noíTo fello de chumbo dante em. Sanei arem vinte e
quatro dias de Novembro , ElRey o mandou Ruy Galvaõ a íez era
,

do nacimento de noíTo Senhor Jefus Chriílo de mil quatrocentos trin-


ta e tres annos.

Tom. V. Cccc Carta


jyo Trovas do Liv. X. da Hijlorta Çerjealcgica

Carta delKey D. Duarte , em cjue faz mercê ao Conde de Gurcin,


da agua de Alviella, de juro , e herdade.

Eduarte per graça de Deos Rey de Portugual , e do Al-


Num *
2 * T^^'^^
j_-/garve , e Senhor de Ceita. A quantos efta Carta de doação vi-
An» 145}' rem fazemos faber que nós de noíTo moto propio , certa fciencia , li-
vre vontade , e poder abfolluto fazemos mercê pura , e livre doação
que nunca poíTa fer revoguada ao Conde de Ourem meu fcbrinho
pera elle , e todos feus herdeiros , e fucceflores da aguoa de Alviel-
la , e fuas prayas des a Igreja de S. Vicente de Cafevel até onde fe
mete no Tejo , em a quoal augoa agora naó fao feitas moendas , nem
outros arteficios pera em ellas os mandar fazer de qualquer guiía que
. em ella podem fer feitos , e quando lhe prouver , dos quaes quere-
mos , e outorguamos que a nós, e a noíFos fucceíFores naó façaô fo-
ro , ou cenfo algum pera fempre ; e que o dito Conde per eíla Car-
ta per fi , ou por feu Procurador fem outra authondade poíTa tomar
poíle da dita augoa , e prayas delia em parte , ou em todo per quaef-
quer íinaes , ou demoftraçôes que a elle prouverem , e filhada aíTi a
dita poífe que da dita auguoa , e arteficios que em ella forem feitos,
e rendas dellcs elle dito Conde , ou feus fucceífores poíTaó fazer doa-
ção , e venda , e permudaçaó , e todo o que lhes prouver aíTi como
de fua coufa propia per qualquer outro titulo , guançada , e per ef-
ta noífa Carta tiramos de nós todo o direito , titulo propriedade , au-
çaô , e poíTe que nós em a dita augoa , e prayas delia havemos , e
os trefmudamos em o dito Conde enveftindo em elle o direito , e
poífe fobredita , e mandamos a quaefquer noífos Veadores da fazen-
«a , e Almoxarifes a que efto pertencer que hora faó , ou ao diante
forem , e a todas noíTas juíliças que lhe leixem tomar a poífe da di-
ta augoa , e prayas , e haver livremente as rendas , e direitos de to-
do o que dito he fem outro embargo que lhe a ello ponhaó , e eíla
doação queremos , e outorguamos que feja firme e elí avel pera jfem-
,

pre naó embarguando quaeíquer decretos , leis , direitos , foros , cof-


tumes , e ordenações que a ello poíTaô contradizer em parte , ou 'em
todo , e fe pera mayor firmeza deíla doação em ella compriaó ferem
poílas alguas claufullas , ou outras coufas ferem declaradas , nós de
noíTo ja dito poder abfoluto as havemos aqui por fufficientemente
expreífas , dante em SanéVarem a vinte cinquo dias de Novembro El-
Rey o mandou , Ruy Galvão a fez era do nacimento de noíTo Se-
r.hor Jefus Chriílo de mil quoatrocentos trinta e tres annos.
,

da Cafa %eal Tortugue^a. 571

Corta de confirmação delRey D. Duarte y em que efiá tncorprraict


hl ma dei Rey D. JoaÕ /. dc doação d.is jurijdicçiies de feii&
Alinoxarifes , Ouvidores , e Sacadores , ao Conde de
Ourem,

DOm Duarte pola graça' de Deos , Rey de Portuga^ , e do Algar-


ve , e Senhor de Ceita. A quantos efta Carta de confirmação
Mmy» ^
3'
virem fazemos faber que o Conde Dourem meu fobrinho nos mof- An. I453,
trou cartas de privilégios , e liberdades que o mui virtuofo , e de
grandes virtudes ElRey meu Senhor , e padre da mui gloriofa memo-
ria , cuja ahna Deos haja fez ao Condeftabre feu Avô com as clau-
fulas , e condições em os ditos privilégios contendas ; as quaes Car-
tas, e privilégios fom eftas que fe feguem Primeiramente huâ Carta
:

do dito Senhor Rey aííinada por elle , e fellada do feu Sello de


chumbo porque tem por bem , e manda que os feus Corregedores
e Ouvidores , e fobjuizes nom conheçaó das appellaçoes , e aggra-
vos das terras do dito Condeftabre feni irem primeiro perante elle,
ou perante feus Ouvidores , que foi feita no Porto xó dias de Feve-
reiro por Afoníb Coudo , era de Cefar de mil iiij xx6. E outra Car-
ta do dito Senhor Rey paíTada , e aífinada por Martim da Maya feu
vaflallo , e Veedor de fua fazenda por quanto hi nom era Gonfalo
Pires feu cotnpanheiro , e aífellada do feu Scllo pendente, porque
fez mercê ao dito Condeftabre que os feus Almoxarifes poíFao conhe-
cer dos feitos de que conhecem os do dito Senhor Rey , e dem em
elles livramento, feita em Évora xiij de Fevereiro por João Bafques
era de Cefar de mil iiij xxix. E outra Carta do dito Senhor Rey
paífada , e aífinada per Alvaro Pires , Conigo de Lisboa , Juis dos
feus feitos nom fendo hi os Veedores de fua fazenda aífellada de feu
Sello pendente , porque tem por bem , e manda que nenhum judeu
nom feja efcufado de pagar no ferviço Real falvo alguns ditos por
prazimento do dito Condeftabre , feita em Santarém xx6 de Agofto
per Alvaro Gonfalves , era de Cefar de mil iiij xxx6. E outra Car-
ta do dito Senhor Rey paífada , e aííinada por João Afonfo de Alan-
qucr feu vaífallo, e veedor de fua fazenda, e aífellada do feu Sello
pendente , perque lhe dá poder que os feus facadores poíTao penho-
rar , e conftranger , vender , e rematar os bens dos que lhe devedo-
res forem como por as dividas do dito Senhor Rey , feita em Santa-
rém xxóiij de Agofto por Bertolameu Gomes era de Cefar de mil
iiij xxxxvi. E demandounos de mercê o dito Conde Dourem meu
fobrinho que lhe deífemos a ello noífa confirmaçoni. E por quanto
a razom de feus merecimentos , e o devido grande da natureza que
comnofco hcá nos movem a lhe firmar, e reformar todolos ditos pri-
vilégios , graças , mercês , e liberdades , de noífa certa fciencia , pró-
prio motu , Real autoridade , poderio abfoíuto lhe outorgamos , e
confirmamos todalas ditas liberdades, graças, e mercês, e com toda-
ks ckufuins, e condições conteudas em as ditas Cartas, e privilégios
Tom. V. Cctc ii que.
,

57^ íPrc^u^x do Ltv* X. da Hijlorla (jenealogtca

que foraó dados e outorgados ao dito Condeftabre feu Avô por o


,

dito Rey meu Senhor , e meu padre cuja alma Deos haja. Porem
mandamos a todolos noíTos Ouvidores fobjuizes, e Corregedores,
juítiças , Veedores da fazenda , Contadores , Almoxarifes , e quaeíquer
outros Officiaes prefentes , e aos que defpois forem a que eílo per-
tencer que nom embarguem nem confmtaô embargar ao dito Conde
Dourem daver as ditas graças , e mercês, privilégios, e liberdades ío-
breditos , e ufar dellos por fi , e por leus OfHciaes fegundo fe con-
tem em as ditas Cartas , e privilégios , mas antes lhas guardem , e
façaó todos bem guardar íem outro algum embargo que a ello po-
nhaô. E em teftemunho deílo lhe mandamos dar efta noíTa Carta af-
íinada por nos , e aflellada do noílb Sello de chumbo. Dante em
Santarém xx6 de Novembro. ElRey o mandou Ruy Galvom a fez
era do nacimento de noíFo Senhor Jefu Chriílo de mil iiij xxxiij annos.

Copia de huma Carta de/Rey D. Afonfo V. porque confirmou ao


Conde de Ourem o Alvará nella incorporado , pcrcjue EiRey
Jeu pay manda ao Corregedor , e Juizes da Cidade de IJshoa ,
dcfem ao dito Conde , e aos /eus ,
(juando viejjem a dita Cidade,

eJeu Termo a palha


, ,
(jue lheJcjje ncce [faria. He cuth^ntica ,

e ejlã no Cartório da Cuja de Bragança ,


dondí^ a tirey,

Num. 4. DOm Afonfo per graça de Deos Rey de Portugal , e do Algar-


ve Senhor de Cepta fazemos faber a quantos efta Carta virem
An. I44p. que o Conde dourem , meu muito amado primo me inviou moftrar
hum eftromento pubrico em o qual efta contheude de verbo a verbo,
hum Álvara, que lhe ElRey meu Senhor, e Padre, cuja alma Deos
aja deu do qual o theor tal hc. Nos ElRey mandamos a vos cor-
regedor yuizes , da Cidade de lixboa , que deis ao Conde dourem meu
fobrinho e aos Ibus quando for a dita Cidade , e no termo delia
aquela palha que lhe compridoira for e afy he nofta mercê e al no fa-
çades dado em Santarém xxij dias de fevereiro , ElRey o mandou ni-
colao Rodrigues o fez era do nacimento de noífo Senhor Jefu Chrif-
to de mil quatrocentos trinta e quatro annos e pedionos o dito Con-
de meu primo que lhe confirmacemos o dito alvará como em o dito
eftromento era conteúdo , e a nos praz dello e porem mandamos a
vos dito Corregedor, e Juizes e a quacfquer outros a que pertencer
que lho guardeis e cumprais e façaes cumprir e guardar como em ef-
ta nofta Carta fe contem fem outro embargo que a ello ponhais; da-
da em Almeirim xiij dias do mes doutubro ElRey o mandou fernam
bieira a fez anno do Senhor de mil iiij 4ÍX. Concertada com a
propia.
Rui dias de Menezes.

Carta
,,

da Cafa %eal Torttiguez^a, 573


Carta delRey D. Duarte para queJe guarde ao Conde de Ourem
,

o artigo das Cortes de Santarém , como nella Je contém, E/^


tã no Cartório da Ca/à de Bragança , donde a tirey»

Om Eduarte polia graça de Deos Rey de Portugal , e do Algar- Num. K.


-/ve , e Senhor de Cepta. A quantos efta Carta virem fazemos .

laber que o Conde de Barcellos meu Irmaó , e o Conde Dourem, e *4i4'


o Conde d"* arrayollos meus fobrinhos nos difleraó , que quando ora
nos fizemos Cortes em Santarém , mandamos que nenhuns naó podef-
fem privilegiar alguãs peíToas em fuas terras , falvo a Rainha , e os
IfFantes meus Irmãos , e a elles , e que lhes era dito que depois man-
dáramos , que fe naó entendeíTe efto laivo aa dita Senhora Rainha , e
aos líFantes meus Irmãos , e que nos pediao por mercê , que fem em-
barguo da Carta do dito mandado fe entendeíTe , afi a elles como nas
ditas Cortes foi detreminado e nos vendo o que nos afi pediao , e
;

diziaó , e qucrendolhe fazer graça , e mercê , avemos por bem , e


mandamos , que lhe feja goardado o dito artigo afi , e pela guila ,

que lhes foi otorgado nas Cortes que fizemos em Santarém fem eiu-
barguo da dita Carta , e mandado, e efto fe naó entenda, nos que
nos efpecialmente mandarmos fazer , ou que pertencer a noffb fervi-
ço , ca em efto naó queremos , que outrem aja poder de privilegiar
fenaô folamente nos , e em teftemunho defto lhe mandamos dar a ca-
da hum fua Carta afiinada por nos , e alFellada do noífo Sello , e ef-
ta he para o dito Conde Dourem. Dante em Óbidos xij dias de Se-
tembro Affbnfo Cotrim a fez era do nacimento de Nolío Senhor Jefu
Chrifto de mil iiij xxxiiij annos, e fe efta Carta naó for fellada man-
damos que naó valha.

Diário da jornada que fez o Conde de Ourem ao Concilio de Ba-


,

filêa, Ejíá nos mamijcritos da Livraria do Sereniffimo Senhor


Infante D. Antonio ^ donde o tirey.

Como o Conde Dourem foy ao Concilio de Bafiléa ^ e o que pajjou


no catninho , e ajjtm ao Papa.

A Os onze

fete legoas
por andar de Janeiro partio o Conde Dourem de f>fujyj,
dias
Lixboa pera fora da terra , e foi dormir a Caftanheira , que faó
efteve hi hum dia
, que foi Dominguo , e ao outro dia
,

foi dormir a Alcoentre, que fom quatro legoas, e ao outro dia foi
dormir â Corruquel , que faó cinquo legoas , e ao outro dia foi dor-
mir a Leyrea , que faó cinco legoas , e ao outro dia , que foi dia de
Sandia Maria de Fevereiro, e foi o primeiro dia do dito mes, e ao
outro dia foi dormir a Pombal que faó cinquo legoas, e ao outro
,

dia foi dormir a Penela , que fom quatro legoas , e efteve hi , ao ou-
tro
,,

^^^'^^^ Hí/loria (jenealogica


5 74
tro dia , que foi Domingo com ho líFante Dom Pedro , e ao outro
dia foi dormir a Aloufãa ,
que faa tres legoas , e ao outro dia foi a
Granol , que fam quatro legoas , e ao outro dia foi a Gouvea , que
fam cimquo legoas , e ao outro dia foi a Cidade da Guarda, que faam
cimquo legoas , e efteve hi ao outro dia , que foi Sábado , e ao Do-
niingo , e ha fegunda feira foi ao Sabugual , que fam cimquo legoas,
e efteve hi , ao outro dia foi a Alfayates , que fam tres legoas, e ao
outro dia foi a Fonteguinaldo , e que he o primeiro Lugar de Caf-
tella , que faã tres legoas , e ao outro dia foi a Cidad Rodrigo , que
fom quatro legoas , e ao outro dia foi a Tamames , que fam fete le-
goas , e efteve hi , o outro dia , que foi Domingo , e ao outro dia foi
a Fonte Robrê , que faâ feis legoas , e ao outro dia , que foi dia den-
truido foi a Salvaterra , que fam duas legoas , e ao outro dia foi a
Bonilha , que fom cinco legoas , e ao outro dia a Villa Touro , que
fam duas legoas , e ao outro dia foi a Cidade de Avilla , que fom
fete legoas efteve hi , ao outro dia , que foi Sábado , e ho Domingo,
e a fegunda feira foi a ell Varoco , que fom cinco legoas , e ao ou-
tro dia foi a ell Cadahalfo , que fam fete legoas, e ao outro dia foi
a Efcalona , que fam tres legoas , e nefte lugar tem o Condeftable de
Caftella huns muy fermofos Paços , e ao outro dia foi dormir a To-
rijos ,
que fom quatro legoas , e ao outro dia foi a Cidade de Tole-
do , que fam cinquo legoas , efteve hi , ho outro dia , que foi Sába-
do , e o Dominguo , efta Cidade he muy grande , e bem rica , e vay
o Tejo por veira delia , e a fegunda feira foi â Epes , que fom feis
legoas , e ao outro dia , que foi terça feira foi a Ocaniia , que fom
duas legoas , e o Conde efteve hi quarta feira , e di fe partio o Con-
de pera Caza DelRey de Caftella , que eftava em Alcala , que fom
doze legoas , levou certas emcavalgaduras comíigo , e a cafa ficou ahi
aquelle dia , e ao outro dia , que foi quinta feira, e a fefta feira foi
dormir a cafa de Sandia Cruz , que faâ cinquo legoas , e ao outro
dia foi a outras , que fam cinquo legoas , e efteve hi ao outro dia ,
que foi Domingo , e a fegunda feira , que forom omze dias de Mar-
ço chegou o Conde a efte lugar , honde eftava a fua Caza , e efteve
hi o dito dia , e a terça feira foi dormir a Vilarejo , que fom quatro
legoas , e efteve hi ao outro dia , e efte luguar he huma Aldeã pe-
quena , mas he das melhores de Caftella , nem de melhores camas
e ao outro dia foi dormir a Caftinho de Garcia menhoz , que fom
cimquo legoas , efteve hi ho outro dia , que foi fePta feira , e o Sá-
bado , e Domimguo , e a fegunda feira foi dormir a Larcom , que
fom cinquo legoas , e efte lugar he muito forte , e nom pode nenhum
lugar fer maes forte, do que elle he , leva hum Rio, que ho cerca
de redor, e ao outro dia foi a Cuefta , que foom cinco legoas, e ao
outro dia foi jantar dahi quatro legoas e mea a hum lugar, que cha-
maó os Moinhos e hi nom moram maes de tres fogos , que eftam
,

naquelles moinhos , e tem hi pam , e vinho, e carnes, e pefcados


pera vender pera que foi por aquelle caminho , e o Conde mandou
alli ficar os cavallos, e foi dahi dormir quatro legoas e mea a !uim
lugar , que chamaó Outiell , e alFy andou o Conde nsfte dia nove le-
goas
,

da Cafa ^al Tcrtfígues^a. 575


goas , ao outro ciia forom os cavallos dormir ao fobredito , omde
e
eílava o Conde , e ao outro dia forom todos juntos , ÍT. o Conde , c
Bifpo do Porto , e os Doutores , e deram a andar , e antes , que che-
galícm a hum lugar , que chamaô Requena, que fom duas legoas
aguardaram os dianteiros ataa , que forom todos juntos, que aíTnn era
ja ordenado , e meterão todalas azemelas do Conde , e do Bifpo , e
dos Doutores na metade dos de cavallo, e aflim paflaram pera efta Vil-
la de Requena , e efto foi feito , e ordenado porque efte he o der-
radeiro de Caílella , e porque efta no cftremo haa mui mas gentes ,
qua poucos paífam por efte lugar , que nom fejam roubados , e a hi
tal coftume , que todo homem , que per hi paíFar ha de paguar de
quanto levar, o dizimo a ElRey , e afti ali ha muy grande renda , e
porque o Conde levava enta de falvo conduto DelRey de Caftella ,
por eíTo nom pagou nada , mas indo o Conde ja fora da Villa , vie-
rom apos o Conde os que tinham arrendada aquella renda , e diíTe-
ramlhe , que lhe pediam por mercê , que em fua conciencia , e da-
quelles Senhores, que hiam em fua companhia, que lhes deífe hum
Kftormento , ou hum Álvara aííinado per fua ma6 de todas aquellas
couzas , que por alli paíTaram pera o amoftrarem a feu Senhor EiRey,
que lho defcontaíle na renda quando lha pagaíTem , e o Conde lho
deu , e aíli paífou o Conde por efte lugar , e deu a andar ate che-
guar ao primeiro lugar Daragao , que chamaá Setagoas , que fom don-
de o Conde partio quatro legoas, e o Conde acordou ali dormir,
e hi nom avia maes de íeis cazas povoadas , porque foi todo queima-
do dos Catelaaós , e o Conde ouve confelho com ho Bifpo , e dif-
feramlhe, que era bem de irem dormir dahi duas legoas, a hum lu-
gar, que chamão Boinho , e aíH o fezerom dos cavallos do Conde,
licarom hi , e o Conde , e o Bifpo derom a andar feu caminho, e
nefte dia choveo muy bem , e quando chegaram ao lugar , hera acer-
ca de Sol pofto , e os do lugar quando os em hum outeiro derom a
acampaar do Caftello , e o Caftelio he taó forte , que como alçaíTem
huma porta de pao , que he feita per engenho , defenderfea per tem-
po perlonguado , que ho nom poderam filhar, falvo fe o esfaimarem.
Outro fi ao pee daquelle Caftello jaz o arrabalde, que aíGm he muy
forte , que quando ho homem entra a elle , e vam hum muy grande
pedaço hum homem atras doutro , e ifto he porque ho caminho he
taó eftreito , e tam fraguofo , que nom podem ir doutra maneira , e
as luas, que o fufo dito tem , aífy fao eftreitas, que beftas carregua-
das , nem homens a cavallo nom podem ir , falvo hum ante outro ,
e as beftas carreguadas nom podem por alli andar , falvo defcarregua-
das , e na metade do lugar efta hum pequeno de chao , em que eftam
huns Paços, em que ho Conde pouibii , e naquelle Caftello eftam dons
Gentishomens. Outro íi quando o Conde chegou a porta do Caf-
tello eftavam a porta do fobredito homens , e muitos mouros arma-
dos com adarguas , e lanças nas maons , e perguntaram , que Senhor
era aquelle , que alli vinha , elles lhe diíTbrao , que era hum Conde,
e hum Bifpo de Portugal, e que hiam pera honde eftava o Papa, e
que o Conde lhes enviava pedir , e roguar de lhe darem ally por
aquella
,,
,

^"jô TProvas do Liv. X, da Hijloría (jeneahgica

aquella noite poufadas por feus dinheiros, e elles diíTerom, que lhes
prazia de boa mente , e alli aguardarom o Comde , ate que chegou
e como chegou fizeram fuas mil uras , e o Conde a elles , e elles dif-
feram ao Conde , que eftavaó alli per mandado de feu Senhor , El-
Rey , que guardavam aquelle Caítello por feiçom de guerra , que
aviam com os Catelaons , porem , que elles lhe pediaó por mercê
que lhes feguraííe o Caílello , e o lugar, e o Conde lhos fegurou,
e entam mandaram aos Mouros ,
que fe folTem pera fuas cazas , e que
fizeíTem boó gafalhado aquelles Gentishomens , e elles loguo manda-
ram hum feu homem , que os foíFe beê apoufentar , e loguo ho ho-
mem foi com o Apoufentador do Conde , e foi-os muy bem apoufen-
tar todos , e em efte lugar nom podiam achar mantimento , porque
eftavam defpercibidos , e loguo os Gentishomens do Caílello manda- |

ram hum prefente ao Conde de pao , e empadas , e vinho , em efte i

luguar viverom ate duzentos Mouros , e o Alcayde que hi eftaa


,
e :

o outro dia foi o Conde dormir a hum lugar , que chamaó Chiba
efte luguar tem hum Caftello , que efta em hum alto , he cercado fo-
bre íi , e tem huu arrabalde , que he dahi hum tiro de befta , e nefte
arrabalde, e o Caftello moraram ate dozentos mouros, e chriftaons
nenhum , íalvantes o Alcayde , que he chriftao , e o Conde poufou
em hum eftao , que eftava fora do Caftello , porque naó avia dentro
eftao nenhum ; ho Alcayde mandou dar as poufadas aos Gentishomens,
c a outra gente de pê no arrabalde ; o Bifpo ,
porque alli nom ca-
bia, foi dormir dahi tres legoas , e o Conde efteve nefte lugar hum
dia que foi Domingo , a fegunda feira feguinte depois de jantar foi
,

dormir o Conde , e o Bifpo , e os Doutores , que fe ajuntarom to-


dos no caminho , fe forom dormir a Cidade de Valença , que fom
cinco legoas , e vierom receber o Conde muitos cavallos , e fidalgos,
e Gentishomens da dita Cidade a huma legoa , e vinhaâ em cima de
muy boós cavallos , e feriam por todos ata trezentos , ou quatrocen-
tos de Cavallo , e tres trombetas com elles , e aíli levaram o Conde
dentro a Cidade muy honradamente levando-os pelas melhores ruas
,

da Cidade , e aíli forom com elle ataa pouíada omde o Conde pou-
fou , qu2 era na praça , e a terça feira feguinte veyo o Barle , e os
jurados com os melhores de fufo dita, onde poufava o Conde, e ca-
valgou CO Conde , e elles foromlhe moftrar os Paços DelRey , que
efta fora da Cidade *,eftes Paços iam muito fermofos com boas cama-
rás bem repartidas , e tem dentro muy boas ortas , ÍT. huma Capella
DelRey muito fermofa com fua orta , e tem dentro laranjeiras e ,

murta, que eftao antremetidas , íF. a murta com as- larangeiras , e hu-
mas polas outras , que he huma coufa muito fermofa de ver , e em |

eftes Paços andaó leoens , e tres cervos, e tres liemas muito grandes.
Outro íi nefte dia moftrarom ao Conde huns Paços , que eram de 1

hum Coniguo muito fermofos , e a quarta feira vierom os fobreditos i

onde o Conde poufava , e foromlhe moftrar o Orto DelRey , que he


j

dentro na dita Cidade , a que chamaó Tereceaa , o aual he muy fer- :

mofo , e deliahe toda ladrilhada , dentro eftao cuas Capellas , e


e
j

dous preguatoiros , hu n pera


ft'. ElRey ouvir miíTa , e outro pera a
.
pregaçam ,
|
,,

517
pregaçam , e pera a Rainha, e outras Capellas pera ouvirem niifaa
outras gentes de comum , e huma Craíta , e outros edifícios , como
de Seê , e efta era de larangeiras , e de murta tudo chco darredor
e dé fundo delias nao dava o Sol , poílo que o fezeíTe , e em efte
logar mandarom aquelles Cavalleiros Gentishomens , e Regedores da
dita Cidade vir muitos confeitos, e pomadas, e outras fruitas dou-
tras maneiras , e muito boo vinho grego , e malvafía , e branco , e
vermelho , e bebeo o Conde , e todolos Senhores , e depões , que
todos bebcrom , e vierom eíles fobreditos com o Conde a efte Vir-
gel folgar , e tomar prazer. Outro íi a copa , que ali eftava armada
tinha vinte e tres copos , e dez picheis, e doze bacios, e outras con-
feitas , e ifto aíTi acabado , cavalgou o Conde , e os fobreditos com
elle , e trouxeraòno a fua poufada muy honradamente , e alli vinha
hum Cavallo murzello , que era Ciziliano muito fermofo , e muito
fazedor , que deziam aquelles Gentishomens do Conde , que de boô
Cavallo nom podia melhorar , e em efta Cidade teve o Conde o Do-
minguo de Ramos , em ella efteve o Conde outo dias , e a fegunda
feira partio pera Barcelona , que fam quarenta e outo legoas , e foi
dormir a hum lugar , que chamaó Monvedro , e ao outro dia foi dor-
mir a Cabanas , e o outro dia foi dormir a Sam Mateu , que foi
Vcípora de Endoenças atee depões daa pregação eftivcmos ahi , que
fomos jdormir a hum lugar , que chamaó Vilacomia , e ao outro dia
fomos dormir a Cidade de Tortofa , que foi Vefpora de Paícoa , e
per beira defta Cidade vay hum Rio , que chamaó Ebro , c tem hu-
ma ponte feita de barcas perque pafTaó , e per ella paíTou o Conde
e em efte lugar palTou , e vimos dez, ou doze mulheres Joves muy
bem gi arnçcidas , ÍT. feis , ou fete delias , e traziam veftido lenhas
chcyas douro uiuy fermofas, e mais fenhas oppas defcarlata vermelha
empenadas de martas , e de fundo fuas cotas de velludo verde, e
outras joyas muitas , e as outras féis , ou fete mulheres andavam vef-
tidas doutras veftiduras muito fermofas, e muy ricas, e eftas mulhe-
res eram mais de gentis , que de fermofas. Outro fi efta Cidade he
muy bem aíTentada em hum valle a pee de huma ferra, e em efta Ci-
dade tirou ho Conde o doo , que trazia , c veftio por dia de Paícoa
hum fayo azul , muy bem farpado , e humas calças brosladas , que
nom parecia delias fio nenhum , e a fegunda feira feguinte partio o
Conde , e deu a andar feu caminho , e foi dormir a hum lugar , que
chamaó a Fonte de Pilho , e ao outro dia foi dormir a hum lugar
que chamaó Cambulhe , e ao outro dia foi dormir a Cidade de Tara-
gona , efta Cidade de Taragona he Arcebifpado , e temno hum Car-
deal , que eftava na dita Cidade , e o Conde , e Bifpo com elle foi
falar ao Cardeal , que poufava apaar da See , e ho Cardeal tomou o
Conde polia maô , e aííentou-o apaar de fi , e o Bifpo doutra parte,
e o Conde eftava na mitade , e eftavam em hum cftrado , em hum
baanco , que eftava cuberto de muy fermofos panos , e acabo de pou-
co veyo vinho, e fruita , e confeitos , e bebeo o Conde , e o Bifpo,
e depois os Gentishomens, e outra gente meuda, e eflo acabado cf-
pedio-fe o Conde do Cardeal , e foi ver a See , que eftava hi jun-
Tom. V. Dddd to,
,,,

57^ Trovas do Liv. X da Hijloria genealógica

to e efta Szq he pequena , que he aíTy como a de Lixboa , mas he


,

muv fcrmofa , e efta Cidade efta muy bem aíFentada , e tem duhy a
huá meya legoa o porto do maar.
E ao outro dia foi dormir o Conde a hum luguar , que chamao
e ao outro dia foi dormir a hum lugar , que chamam Mara-
tuzell e hi efteve trcs dias , e efte lugar jaz em hum valle , e jaz
,

muy bem aflencado , e per beira delle vay hum muy boó Rio , que
o paíTam por ponte, e tem darredor muy bom caminho , e defte lu-
gar foi ho Conde a Santa Maria de Moníarrado , que fom dalli tres
legoas , foi dormir , efte Mofteiro efta aflentado em pequeno de chaõ,
que de huma parte faó tudo ferras muy altas como as da Rábida , e
da outra parte he hum valle muy alto por homde vay hum Rio
que nom podem de fundo vir pera efte Mofteiro , fenam per a Ra-
faios , porque efta Cofta he muy alta , outro fi o caminho per onde
o ca minho foi pera efte Mofteiro he huma couza muy efpantofa de
ver, e efto porque he muito fragofo , que quem o nom vir, nam o
poderá crer , como elle he. Outro íi efte Mofteiro he huma coufa
muy notável , e muy fermofa de ver , ft". ho corpo da Igreja he muy
fermofo , e chco de m.uitos millagres , que laz em cada hum dia, e
tem quatrocentas e dezafeis allampadas de prata , e outra muita pra-
ta doutra condiçam , que afli cm breve nom podiam dar conto , com
outras joyas , que cftam no dito corpo da Igreja, Outro íi tem ef-
trebarias , em que cabem trezentos cavallos , e aly lhe dró cevada , e
palha por feus dinheiros e aos homens de comer , e beber , aífi de
:

carne , como de pefcado , em feus dias , pofto que fcjam bem trezen-
tas , ou quatrocentas peftbas , e darvoshaô camas a cada hum em que
conta , que for , e fe quem quiferdes dormir na Igreja , darvoshaô
huma almadra qlha, e huCí cabeçal , e huma manta, e efto a quantos
forem em Romaria , e efto aíFi acabado por com.er , nem por beber,
e nam vos demandavam dinheiro nenhum , falvo concicrcia hirugeis a
dita Igreja , omde eftaa huma pia fechada , e alli lançaredes do volfo
dinheiro , o que vcs aprouver , e fc o nom tiverdes hivos vcftb ca-
,

minho emboora , que vos nom diram nada. Outro fi por ferdes cer-
tificados defte Mofteiro de com.o he boó , e camanho he , fabei, que
ja nelle poufou ElRey Daragaã , e ElRey de Navarra, e a Rainha,
e hi dormirom. Outro fi defte ha hum tiro de befta em cima , em
huma pena efta hum Caftcllinho pequeno , e nclle eftava hum frade
ourado com huns tres frades , e per efta ferra eftaam doze Inr.itas
em que eftam Irmitaons , e quando homem vay pera efte Caftello
vay por antre duas rochas , que tem huns paos , que atraveíTam de
luia parte pera a outra , e cordas perque fe apegaã e pera que fo-
,
bem a efte Caftello. Outro fi o Conde dormio huma noite nefte Mof-
teiro ,
que foi huma Vefpora de Domingo , e ao Domingo ouvio fua
miíTa, e foi jantar, e como jantou mandou loguo fcllar a fua faca,
e outras beftas certas pera irem ver aquelle Caftello e as Irmidas ,
,
que eftam na dita ferra , e logo o Conde cavalgou , e foi darredor
da ferra per hum caminho , que eram duas legoas , a primeira Iifíiida,
e em efta Irmida eftava hum Irmitaô, que era Português, e efta foi a
primeira
da Cafa %eal Tortagaei^a» 57^
primeira TrmiJa honde o Conde chep;ou e ho Irmitao cheguava en-
tam no dito Morteiro , que fora la ouvir niilfa , c por fua raçam , e
o Conde delcavdlgou , e foi ver a dita Irmida , que eftava ao pee de
huma muy alta penha , e tinha ahi huma e o Conde pergun-
tou ao Irmitam , que annos avia, que alli eftava , e elle diííe , que
avia vinte annos , e mais , diíFelhe o fobredito , fe fora defpois a
Portugal , elle diíTe , que fi , e que eftivera com Frey Mendo em Se-
tuvel dous annos , e ifto acabado vio , que aquella delleitaçam nom
lhe covynha , e pedio licença , e tornou-fc a fobredita Irmida , e que
afi queria fazer fua vida ate que prouveíTe ao Senhor Deos. Outro
fi perguntou o Conde quantas Irmidas eftavam naquella ferra , e elle
diífe , que eram muitas, mas que nom eram povoadas, fomente do-
ze , e que as outras eram defpovoadas , porque , que quando os Ir-
mitnens eítavaó em ellas faziamlhe os emigos muito defprazer , e tra-
tavam-nos muy mal , e também eftes outros aílim dizem , que lhe fa-
zem algumas vezes nojo , e o Conde lhe perguntou fe lhe viera ja
alguma coufa daquillo, elle diíTe , que ejOando elle huma ora naquel-
la Orta , que vio eftar em hum cabo da Orta hum cabram , e cuidou,
que era algum cabrão bravo , dos que andaô naquella montanha, nam
aa outra menção fenam a cabras, e cabroens , e alguns porcos muy
poucos, e foi pera onde elle eftava, e o cabram quando vio, que
fe elle hia pera elle, foi-fe pera huma pena, que hi eftava, e íahoii
em baixo, e arrebentou loguo, e lançou muy grande fumo, e fedor
por tal guifa , que eu fiquei hum pouco torvado , c dantes , nem de-
pois nunca vio nenhuma coufa , que lhe íizeíle nojo , e efto aíTi aca-
bado amoftrou ao Conde outras Irmidas, e o caminho por honde fof-
fe pera ellas , e foi o Conde loguo ver duas Irmidas , que cftam
acerca delia, e íiuma delias chamam Santa Caterina, e efía Innida
efta na metade de hum penedo , que foi cavado com picoens , e alli
tem dentro huma Orta , que efta em terra poftiça , e mais tem den-
tro no penedo hum poço , que foi feito com picoens , e pella pena
tem feitos regueiros , que vem pera ho dito poço , porque quando
chove vem agoa pera elle, e alli tem agoa de hum inverno pera ou-
tro , e aíTi ho fazem os outros Irmitaons , que nom tem fonte , e ef-
ta Irmida com outras algumas da dita niontanhaa fam muy notável
coufa de ver; outro íi , todas tem Oratórios, e altares, onde os ír-
mitaens fazem fuas oraçoens , e aHy andou o Conde vendo eftas Ir-
midas per logares de befta , e lufares de pee , ate que chegou ao
Caftello , que efta acima do dito Mofteiro , e paíTou per huma pon-
te de pao , que atraveíTa de huma pena pera a outra pena, e nefte
Caftello eftno os fobreditos , que qua detrás íazcm menção , e tem
dentro fua cozinha , e paar delia huma caza , em que tem feu manti-
mento , e paar delia hum dormitório , em que dormem , e por camas
pelicas , e outras , que trazem veftidas , que cobrem , e de huma par-
te do Caftello efta huma Irmida , em que efta hum Irmitao , que era
hum homem muy comprido , e de boa cara , e diziam , que fora
hum grande homem , e que era bom fida'go. Outro íi ncfta monta-
nha nos dilferam , que jazia hum Irmitao , que era Alemam , e jazia
. Tom.V. Dddd ii cm
,

580 Trovas do Liv, X, da fiaria Çenealcglca

em huina lapa que era em hum bofco , e que avia bem corenta an-
,

nos , que alli jazia , que nunca dali fahia fora , falvo algumas vezes
certas , que hia por feu mantimento ao dito Moíleiro , e que tinha
os cabellos da cabeça , e da barba , que lhe davam pella cinta , e as
unhas das maons , e dos pees , que eram muy compridas , e efte er-
niitâa nam vio ninguém da companhia do Conde , e mais diziam ,
que fora hum grande homem dos grandes de fua terra , e que elle
viera de fua terra com fuas gentes , e que andara qua por eíles nof-
fos Reinos , e que chegara alli aquelle Moeíleiro , e que eftivera ally
hum tempo , e dalli fe partio pera fua terra , e acabo de tempo per-
longuado chegou ally foo com hum abito veílido , dizendo , que na-
quellas Irmidas , que eftao naquella montanha queria fazer fua vida,
ate que ho Senhor Deos quifeífe , e difíerom , que como elle fora em
fua terra , que loguo fe trabalhou de partir fuas riquezas com feos
criados , e Igrejas , e Moíleiros , e pera outras partes , e como teve
eílo acabado partio-fe per tal guifa , que nom teve ninguém poder de
o faber , falvo certas peífoas , que fabiam parte de feu fegredo , e af-
fi fe partio efte Alemão , e deixou a vida defte mundo , e a dellei-
íaçam delle por fervir a Deos , e defpois , que o Conde andou ven-
do o dito Caftello , tornou-fe per onde entrara , e mandou as beijas,
que hy eftavam , que as tornaííèm darreJor per onde vierom , e elle
veo-fe per derredor pella eftrada 3 fundo, que dece pera o ditoMof-
teiro , e como foi no Mofteiro fez huma oraçam , e cavalgou , e
veo-fe dormir ao dito lugar, honde leixara fua caza , e a fegunda fei-
ra feguinte partio pera Barcelona , que fam tres legoas , e foi Ia dor-
mir , e o Bifpo , e os Doutores todos juntos , e veoos receber o Ar-
cebifpo de que eftava em hum Caftello , que chamaô Sam
Booy , e trazia quatorze Efcudeiros em cima de bons cavallos , e oito
homens de pee todos armados^, fí". os Efcudeiros armados em bran-
,

co , e lanças de correr , e os de pee, íí. cs cinco traziam folhas, dan-


ças de Xerez , e os tres traziam beftas daço , e folhas , e fuas efpa-
das na cinta e o Arcebifpo vinlía em cima de hum boom troto , mui-
:

to fermofo e trazia veftidas humas folhas por Roxete, e na cabeça


,

hum fombreiro de beveres , e aíTi veyo fallando hum pedaço com ho


Conde, entonces lhe diíTe o Conde, que fe tornaíFe pera o feu Caf-
tello, elle veyo ainda hum pouco com ho Conde, e dali fe tornou
pera o dito Caftello , elle andava aífi armado porque tinha tregoas
antre elle , e Dom Joaô de Pardos por tres mefes , e efte Dom João
he dos melhores , e mais fidalgos de Catalunha , e Daraguam , e mais
aparentado de boós fidalgos , e o dito Arcebifpo o ternia muy pou-
co , e mais por abaftança , que fe chegavam Gentishomens , e boôs
cavalkiros de Barcelona pera elle. Outro íi , como fe o Arcebifpo
tornou , deu o Conde andar caminho da Cidade , e vierom-no rece-
ber ao dito caminho, o Governador, eo Bailhe , e Cavalleiros
ft'.

e Gentishomens da dita Cidade.


Aqui torna a fallar como o Conde entrou em Barcellona, ff. en-
trou o Conde na dita Cidade com os fobreditos que eram cento e
,
cincoenta de cavallo por todos , e fe mais , naô menos eftes eram da
Cida-
,

da Cafa ^eal Tortugueí?^a. 581


Cidade , 'e levarom-no o Conde com muy grande honra ate omde
poufava , e como o Conde alli foi , fezerom jfuas mefuras ao Conde,
e o Conde a elles , e aly fe foi cada hum pera fua poufada , e neíla
Cidade efteve o Conde feis fomanas. Efta Cidade he muy rica en-
íindamente , e muy abaftada de todalas coufas , íf. de panos também de
coor , como de linho , e doutras muitas mercadorias , e de niuito
paó , trigo , e cevada , e de muitos vinhos , e fruitas , as carnes nom
fom tantas , como as ha noutras Cidades , e aííi fom muito caras.
Outro fi os pefcados aíli fom poucos a refeiçam , de como he a Ci-
dade , e por ter porto de mar, como o tem outras Cidades, mas
vemlhe muitos pefcados , e boós de Portugal , e outras mercadorias
muitas , que lhe vem doutros Reinos , e muy boô caminho , o que
tem darredor. Outro fi efta Cidade tem muitos , e nobres Paços , e
muy"^ nobres cafarias , e a gente defta Cidade fom muy bem veílidos
eílremadamente as molheres , que andam muy bem guarnidas de boós
panos empenados , e delias fom muy molheres de prol , è neíla Ci-
dade eftava huma molhei* , que era de linhajem , e era muito molher
de prol, e muito fermofa , que eram delia muitos Gentishomens na-
morados, e mais , que era muy bem rica, e poufava na praçaa de San-
ta Anna que era apaa donde poufava o Conde , e avia nome , a Caf-
,
telhana , eftaa Cidade he de muy gram juíliça , ÍT. de laadroens, e
dos que matam por coufa , que feja , fe o colhem, na maó , nam llie
quitaó a morte por peita, nem por roguo , que ajam por elle , que
loguo nom feJa enforcado , e mais fe hum homem matar outro , ou
rnolher , e mate-os a trciçam , alli a porta do morto ho enforcam , e
hi eíla hum dia com fua noite, e mais naô.
Outro íi eílando o Conde neíla Cidade aos doze dias do mes de
Mayo, chegou a Rainha, e fua Trmãa , a molher do Iffante D. An-
rique a efta Cidade , e o Conde ha foi receber com ho Bifpo do Por-
to , e com os Doutores , e com todolos feos , e o Conde levava vef-
tido hum fayo de çatim avellutado forrado de martas, e humas cal-
ças brosladas de figuras de cardos que fio nenhum nam parecia del-
,
ias , e hum capelo muy bem chapado , e foi em cima de fua faca
que era muy bem fermofa , e levava muy bons guarnimentos , e foi
o Conde aííi da Cidade huma m.eya legoa , ate que chegou onde vi-
nha a Rainha , e a IfFante , e quando ho Conde chegou a Rainha,
ella vinha toda abafada do roílro que nem parecia delle nada , e vi-
,
uha abafada com huma enxeravia , ella quando vio o Conde junto
comfíguo , defcobrio o roftro , e o Conde fezlhe huma muy grande
mefura , e ella outra ao Conde, e diíTelhe, que fe foíTe pera fua Ir-
moa , que vinha hi detrás , elle foi logo para ella , e a lífante quan-
do o vio junto comfigo o Conde, fczeram fuas mefuras, e reveren-
cias,
e vierom ambos fallando per efpaço , que lhe veyo ella a fal-
larnas terras , e lugares de Portugal que lhe parecerem bem efpt-
, ,
cialmente nas terras do Conde Darrayolos , ate que veyo a fallar nas
moças de Borba , e de Villa- Viçofa , que lhe parecerem bem porque
,
cantavam , e bailavam muy bem , e quando chegaram acerca da por-
ta da Cidade, aguardou a Rainha fua Irmaa , e forem
ambas apaar,
582 Trovas do Liv. X. da Hifloria (jeneahgica
e o Conde ante cilas , e traziam x6iij Donzellas , e antre ellas nom
vinha nenhum de cavallo , falvo os Moços da Eftribeira , e ante a
Rainha vinham dous Pvegedores da dita Cidade, que vinham fallan-
do coni ellaa, e outros nenhuns naô , e quando alguns Cavaíleiros,
e Gentishomens cheguavam a cila , e lhe beijavam a mao , loguo os
mandava a diante , e Conigos , nem Creligos nom lhe queria dar a
maó , nem aos Regedores da dita Cidade nom lhes deu a maó a bei-
jar , porque diziam , que ella lhes mandara fazer algumas coufas ,
que elles o nam fizeram aíR como ella mandara , e por efta razam ef-
tava aíTi anojada delles. Outro fi a Rainha trazia veftidos panos pre-
tos , e vinha em cima de huma mula , muy fermoía , e a Irmâa em
cima doutra tam fermofa , e aíTi trouxerom a Rainha fimprefmente
per efta Cidade ate os feos Paços , e os da Cidade que a forom rece-
ber, feriam ate trezentos de cavallo, todos muy bem guarnecidos, e
boós cavallos , eíTes que eram Gentishomens , e Cavaíleiros , e como
forom a porta do Paço , loguo íe deceo o Conde , e foi com a Rai-
nha , e com a líFante aos Paços , e a cabo de huma mea ora fahio o
Conde , e cavalgou , e foi-fe pera fua cafa , e a cabo de dous dias
foi o Conde fallar a Rainha , e a Tffante , e entrou pola porta , e a
Rainha eílava aíTentada cm hum eílrado , e como o ella vio entrar
pola camará , levantou-fe em pee, e o Conde lhe fez huma muy gran-
de mefura , e ella outra ao Conde , e fello aíTentar acabo de 11 em
huma almofada muito fermofa , e eíliverom alíentados per efpaço de
duas oras fallando , e ifto acabado , levantou-fe o Conde pera yr fallar
a Iffante , e a Rainha fe levantou em pee , e o Conde lhe fez íua
mefura , e foi o Conde fallar a Iflante em huma camará , que efta-
va apaar da camará da Rainha, e a Iffante vio o Conde entrar, le-
vantou-fe em pee, e fizeram fuas mefuras, e fello aífentar acabo de
íi , e ella fe aíTentou primeiro , que elle , e eíliverom fallando per ef-

paço de tres oras , e ifto acabado efpedio-fe o Conde , e veyo-fe pe-


ra fua poufada , e aíTi fe efpedio o Conde da Rainha , e da líFante.
Outro íi a huma quinta feira , que íorom xxiiij dias do dito
rres, fe meteo o Conde na Guale com o Biípo , e com os Douto-
res , e o Conde mandou ao Bifpo, e aos Doutores , e aos feos Gen-
tishomens , ÍT. que o Bifpo nam levafle mais de cinco peíToas , e aos
Doi to es nam mais de fenho pefloas , que os ferviíTem , e o Conde
levfu comíiguo tres Oíficiaes , e mais nam, e no dito dia, que fe o
Conde meteo na Gale , jentou primeiro , e como jantou cavalgou , e
elle , e o Bifpo , e os Doutores , e forom-fe a Ribeira , e os bateis
eftavam ja preftes , e defcavalgarom , e meterom-fe nos bateis , e fo-
rom-fe a Guale , e ao outro dia feguintc píirtio a Guale pera co-
lib.* pera aver hi de tomar fua mercadoria.
Outro íi outros Efcudeiros do Conde, e Oíficiaes, e outra gen-
te , e os cavallos, e outros Eícudeiros do Bilpo , e dos Doutores,
e os cavallos do Bifpo leivou o Conde ordenado , que fe foíTem to-
dos a nao , que eftam em Sam Filcu , que fam de Barcelona quatorze
legoas , e 1oq;o no dito dia fe partirom os fobreJitos , ÍT. os Efcudei-
ros , e Oíficiaes , e moços deftribeira , c varreletes , e cavallos do Con-
da Cafa ^eal Tortugnes^a. 583
de , e os do Bifpo fe partirem depois deus dias, e forom os do Con-
de dormir quatro legoas da dita Cidade a hum lugar , que chamam a
Roca , e ao outro dia forom dormir a hum lugar, que chamaó Efter-
niq. que fom cinquo legoas , e ao outro dia a Sam Fileu, que fam cin-
co legoas , e eíle lugar eíla allentado em huma praya , junto com ho
mar , que he muy boó porto , onde jazem naos , e carraças , e dar-
redor nom tem terras de paô , laivo humas poucas de vinhas , que
todo o al fam charnecas, e dahi a meya legoa , e legoa ha aldeãs
donde lhe vec os mantimentos , e eíle luguar he muy bem murado de
forte muro , c tem darredor do muro , a de fora huma alcáçova muy
alta , que nom podem paflar , nem entrar ao dito loguar , falvo per
pontes de pao , e deziao , que em huma ora encheria aquellaa alcáço-
va dagoa , por tal guiía, que era a villa muy forte pera fe defender,
e efto fazem porque fe teme dos CoíTairos do mar , que nunca fayem
daquella Cofta , e daquelle porto , e fempre fe velam também de dia,
como de noite , e ncfta villaa moraram ata dozentos e fetenta fogos,
e ally eftivemos fete dias , e eíle lugar nom tem fenam hum Moílei-
ro da Ordem de Sam Bento , no qual ouvem fuas miíTas , e a elle
pagam os dizimos , e eíle Moíleiro deziam , que rendia dous mil flo-
rins pera o Abbade , e pera o Convento. Outro fi o primeiro dia de
Junho partio a dita nao deíle luguar pera aver porto Pifano , que
fom cento e vinte e cinco legoas por mar , e no dito dia poía me-
nhaa fomos ouvir huma miíTa , que diífe o Abbade de Faaó, que era
Capitam da dita nao , e dilíe-a no dito Moíleiro , e a miíla acaabada
mandou ho dito Capitão aos trombetas , que foíTem loguo tanger po-
la villa pera fe avercm de recolher as gentes a dita nao , e loguo fo-
rom todos juntos na poufada omde poufava o Capitam , ÍT. os fobre-
ditos , que o Conde mandou de Barcellona , e outros , que hi eíla-
vam , que vieram de Lixboa na nao , e eram por todos cento e vinte
e quatro peíFoas , ÍF. per os do Conde , e do Bifpo , e dos Doutores,
e da dita nao , e deíles eram oitenta homens pera armas , e os outros
eram gente meuda , e outro fi o Capitaô como vio , que eram alli
todos , mandou as trombetas , e as charamellas , que tangeíTem pera
fe yrem todos a nao , e aíFi forom tangendo com muy grande prazer
ate dentro na dita nao , e aíTi deram luas vellas com ho vento de via-
gem , e acabo de quatro oras chegamos a huma carraqua, que diziam,
que era a que prendeo ElRey Daragam , fendo ella em poder dos
Jenoefes , a quem foi depois tomada pellos Catellaens. Eíla carraqua
era muy grande , e muy temerofa , e era armada do comum de Bar-
cellona pera fazerem guerra aos fobreditos , cuja fora a dita carraqua,
e aííi andava darmada , e trazia trezentos homens darmas , e vinhaá
em ella dous Cavalleiros , e dous Gentishomens do Confelho de Bar-
cellona. Outro fi quando nos cheguamos perto da dita carraqua ,
ella fe vinha a nos dereita , que parecia , que queria daar polia nof-
fa nao , e o Meílre diíle ao noífo Capitão , e acompanhaa , eíla car-
raqua,
que aííi fe vem a nos , nom nos quer fazer boa companhia ,
vejamos fe nos podemos fair delia aboUynas , e a nao era boa dorça,
e aíTi nos faimcs delia hum bom pedaço , e ella atras nos , e nos yn-
do
,,,

584 trovas do Liv. X. da Hifioria genealógica


do aíli com pouco vento lançou «11ao feu batel foraa , e chegaram
a noíTa nao , e pojaram dentro , e o noíTo Capitaô os recebeo com
muita cortefia ,e elles diííerao ao noíTo Capitão , que lhe mandava
dizer o Capitão da fua carraqua , que foíTe loguo laa , que lhe queria
fallar huma coufa ,
que era feu proveito , e o noíTo ouve loguo confe-
lho com ho Meftre , e com outras peíToas certas , e acordaram , que
era bem de mandar em ella tres Efcudeiros , e logo fe partirom , e
como forom dentro da carraqua fallarom ao Capitão delia , e ouve-
rom fuas rezoens per tal guifa , que os nom leixou vir , e o noíTo
Capitam , e o Meftre vendo , que elles tardavam , e que avia tempo,
que laa eram , e nom vinham , ouve confelho com ho Meftre , e com
outros , e acordarom , que era bem dir laa o dito Capitão , e o Mef-
tre , e outras alguas certas pelFoas , e aífi fe forom a carraqua , elles
forom muy bem recebidos do Capitão , e dos Cavalleiros da fobredi-
ta , fegunclo elles depois diíTerom , e ouvcrom todos feu confelho
dizendo o Capitão, e os outros fobreditos contra o noíTo Capitão,
e contra o Meftre , que era bem de a noíTa nao aver con ferva , e
companhia com a fua carraqua , e todos percalços , que Deos deífe a
cada huma , que foíFe tudo partido irmammente de permeyo , e efto
porque naquella Cofta andavam fuftas darmada , que melhor feriam
duas vellas de confervaa , que huma , e o noíTo Capitaó com o Mef-
tre, e com os outros ouverom logo feu confelho, e outorgarom, o
que diíFerom os fobreditos, e aíTi lho prometerom , e yfto acabado,
efpidirom-fe , e vierom-fe pera as naos.
Outro íi antes , que o batel da carraqua viefle a noíTa nao , re-
quererão aquelles Efcudeiros , e gente manceba ao noíTo Capitaó
que pois lhe aquella carraqua afti fazia aquella fobrançaria , que nos
leixaíTe ir a ella pera vermos quem tinha dentes pera pelejar ; e que
tínhamos ally muitas armas , e beftas com que bem podiamos defen-
der noflbs corpos, e nos traziamos trinta arnefes do Conde, e vinte
e feis beftas daço , e a nao trazia dez , ou doze arnefes , e folhas , e
beftas , e mais traziamos ainda cotas do Conde , e o Capitam nom
quiz , que fe armaíTem , e os que eftavam armados , que fe defarmaf-
fem , e afli o diífe , e requereo da parte do Conde , que nom tomaf-
fem armas pera aquelle f . . que fe algum nojo , ou perda vieíTe
. .

a nao , que o Conde a livraria, e elles quando virom aquillo nom


curarom de fe fazerem preftes , e aíTi palFou efta mingoa pello Capi-
tão , e aííi andou a noíTa nao , e a carraqua todo efte dia, e nefta noi-
te feguinte ouvemos muy gram tormenta de vento de levante , que
tornamos por detrás dezafeis legoas a hum porio , que chamaô Pal-
mos , que fom de Sam Fileu duas legoas , e alli lançaram ancora , e
a carraqua também , eftivemos ataa o outro dia , que foi Domingo
e defpois de jentar tornou tempo de viagem, e logo allevantamos nof-
fas ancoras , e demos vellas , e a carraqua também , e demos a andar
noíFa rota todos de conferva , todo efte dia , e noite , e a fegunda
feira feguinte, que eram quatro dias do dito mes, a dita carraqua fe
partio de nos defcontra terra pera tomar porto , que era no cabo de
e nos por lhe mantermos verdade, e companhia fomos em
pos
da Cafa T^al Tortugnes^a. 58 J
pos ella penfado , que quizeíTe ella tornar ao maar , e depois , que
nos vimos , que Te ella metia de todo em todo polo porto ouve o
noíTo Capitão confelho com o Meftre , e com a companha da dita
nao , que vifta a deligencia , que nos fizemos a dita carraqua , e ella
nom quer tornar ao maar , que era bem de feguirmos noíTa rota , e
afli o fizemos , e tornamos logo noíTa viagem com vento amorofo to-

do dia , e noite , e em outros dias , que eram cinco dias do dito mes,
oras de prima , lendo nos através do Reino de Proença vimos jazer
huma nao íbbrc ancora apar das Ilhas Deiras, vendo como nos yamos
pcra ella demandar terra pera onde ella jazia , foi logo muy preíles,
e levantou fuas ancoras, e deu as fuas vellas , e nos quando vimos,
que ella foi tam afynha preftes , e nos penfamos , que fe vinha pref-
tes a nos , e logo forom muy preftes toda a gente da nao , ÍT. os que
eram pera armas forom logo armados do pee ate a cabeça de boos
arnefes , e os outros com cotas , e beftas daço , e de pao , o noíTo
Capitão nom catando com requerir ao ofício clerical , e por daar boa
conta da gente, e nao a feu Senhor, o Conde tirou logo fuas vef-
tiduras acoftumadas , e veftio hum arnês , e armou-fe muy beê , e aííi
o dilfe a todos geralmente, e todos forom logo muy preftes com muy
gram prazer cuidando , que aviam de pelejar , e a dita nao fe foi ca-
minho de Barcellona com muy gram medo , que ouve de nos , e que
nom podíamos chegar a ella íalvo tornando por detrás , nam curamos
delia, e tornamos a noíTa rota, e naqueliaa noite fcguinte ouvemos
muy gr-^a tormenta , e fortuna de vento contraiio de levante , que
per força nos fez tornar atras as ylhas Deiras, onde a dita nao, que
fogio , jazia , e eftivemos ahi em hum porto huma quinta feira , que
foi dia de Corpo de Deos , e forom alguns fora a terra , que era
onde jazia a nao hum tiro de pedra para calarem ngoa doce , c nom
achara n as^oa nenhuma , fenaó lenha, e arvoredos, e ao rutro dia
partimos dal li com vento tie viagem , e como fomos íbra do porto
achamos no mar tempo contrairo , e fomos tomar hum porto, que
chamaa Portogaay , que he no Reino de Proença , em o qual perto
eftava huma caza , em que moiava hum lavrador, e hi tomamos agra
doce , e feno , que lhe comprarom pera os cavallos , que vinhaó na
dita nao , íf. os do Conde eram vinte e nove , e os do Bilpo outo ,
e afti er.im por todos trinta e fete cnvallos , e crr> crtro cia fcguin-
te partimos de^e porto , e nos fora do dito porto acl-an^os ro maar
muy gram fortuna de levante, e quiferarr.os tcrrnr ao dit( prrto, e
nom o podemos mais cobrar, e tornamos por detrás liur a legoa e
meva a hum porto muy bom , e muy hv^o , onde cf ava Cidrdc pe-
quena muy boa, que he do porto mea legoa, a que chnniam Iriull,
que hc no dito Reino de Proença , e ef a ( jdade efta m>uy bem af-
íentada , e como lançamos am.cora fairam luns dous , ru trcs fora,
e forom a dita Cidade, e os da Cidade fe temiam de no«j penlhndo,
que éramos Catellaens com quem aviam gurrra , c nrss aíTI nos temia-
mo9 delics, e nos ouvemos fegurança do Baile da dita Cidade, oue
foTemos a Cidade por mantimentos , e per cfta guifa forros a Cida-
de humns dez , ou doze peífoas , dizendo nos, que éramos Gualegos,
Tom. V. Éeee e cf-
58^ Trovas do Lh. X. da HiftorJa Çerjealogica

e efta Cidade tem darredor muitas , e boas ortas , e muitas vinhas


muy bem corregidas, e as portas da Cidade fom muy fortes, e tem
darredor do muro muy boa alcáçova e portas dalçapam perque en- ,
,

traam a dita Cidade e a See defta Cidade he pequena mas he bem


, ,

obrada , Cidade tem boas ruas , íalvo , que nom


e he dabobada ; efta
fom bem povoadas , moraram nella ataa trezentos moradores , e os de-
mais iam lavradores , e gente de pouca condição , e mal veftidos , e
pois as molheres , que parecem as mais feas do mundo , e o manti-
mento defta Cidade he muy pouco , falvo o vinho , que he bo6 , e
bom de mercado , e de fora eftam muitos efteos , que fom em lon-
go huma meya legoa, e fom delles deribados , e deziam , que em ou-
tro tempo vinha agoa per cima delíes aa Cidade per hum cano , e
que aquella Cidade fora ja duas vezes deftruida dos Romaos , e que
entam deftroirom aquelles arcos , e agora nom vem agoa a dita Ci-
dade per elles. Outro fi acerca defta Cidade efta hum muy forte
Caftello , e bem cercado , e moravam dentro ate dez fogos , e tem
dentro Igreja , que chamam Sam Rafaell , e aqui eftivemos ate
huma
fefta feira ,
que forom dezafeis dias do dito mes , que partimos do di-
to logo , e demos vellas com vento de viagem , e correo-nos todo
efte dia , e noite com vento de viagem , ate que no Sábado feguinte
chegamos a traves das Ilhas de Corcegua, e ao longuo deftas Ilhas,
e huma delias chamam Cabreira , e nefta Ilha efta hum Mofteiro de
frades ,
que parece do maar ,
que fom feis legoas de Liorne porto de
Pifa, e no Domingo
feguinte polia menhaa chegamos ao fobredito
porto de Liorne , que he o primeiro logar de Itália , e nefle porto
defembarcamos , o qual he muy largo , mas em muitos lugares he
baixo , naó abrigado do vento do maar , e a direito defte porto pel-
]o mar , a huma legoa efta huma torre , que he pera guarda das naos
quando entrao ao porto , porque he por ally ho mar baixo onde el-
la eftaa , e era ia deftruida dos Genoefes , e diziam , que toda a noi-
te tinha huma lâmpada aceza quando os navios entrarem , que a ve-
jam pera verem honde he o baixo , e o alto , e em efte porto acerca
das ancoraaçoens efta outra torre , e tem em cimaa huma allenterna
acendida de noite para guarda das fobreditas , e ePa fempre em ella
hum homem , ou dous , que quando entra algum nella de dia allevan-
tam hum cefto na torre per avifamento do dito loguo , e afli o feze-
rom quando nos entramos outro fi fe entra Gualle allevantam hum
:

treu talhado e logo como a nofta nao foi no porto antes


, que ne- ,
nhuma coufa nem gente faiba vieram huás fete ou oyto peftbas a
, , ,

iiollti nao
que eftava ja fobre ancora , e difteram donde éramos , e
,

dilferam que era baixo ally donde jazíamos , e nos allevantamos


,

logo ancoras , e fomo-nos ao alto, elles vinham mais por fabcrem


donde era a nao , e por nos darem os mantimentos , e camas mais ca-
ras e logo fairao com elles dez
, ou doze peftbas dos noíTos pera fa-
,

zerem avenças por camas , e efirebarias pera os cavallrs fora da nao,


e poferam ate fegunda feira ora de Vefpora , e com elles certos ho-
mens pera penfarem , e os outros todos ficaram na nao , ata que a
Galle chegou, em que o Conde vinha, e a fobredita chegou a hum
Sábado,
da Cafa %eal T^ortugue^a. 587
Sábado ,
que eram vinte dias do dito mes , e como a Galle lançou
ancora fayo logoo o Vecdor , e os Doutores fora , e vierom-fe ao di-
to loguo , e o Conde ficou aquella noite co Biípo , e co Provincial,
e o Leccnciado na dita Guale, e com todos leos Gentishomens de
fua caza , e ao Domingo polia manhãa fayo o Conde, e veyo-fe ao
dito higuar , e deromlhe humas cazas por poufada , que eram de hu
Conigo , que eftaó apaar de huma Igreja , e efteve hi o dito dia , que
foi dia de Sanhoane , e eíle loguar de Lioner , he huma villa peque-
na , e eíla alíentada em huu campo , e tem darredor boas terras de
pam , em eíla villa moraram ataa cem peíToas , e ba hi muy boas mo-
ças , mas fam mal veílidas , e pior as velhas. Outro íi aqui vi huma
moça bailar mylhor , que nunca moça vy bailar , e quando entram
polas portas tem pontes dalçapam , as quaes de noite alçam , e em
cada ponte eftam quatro , ou cinco hoomens , que as guardao , que
nom pode ninguém fair fora da villa fem hum alvará da potcftade ,
e tem hum porto junto com ho muro, em que eílaó Gualcs, e na-
vios, ÍT. as gales, e navios nam vem ali fenam vazios, e ifto porque
he pequeno, e eftaa hi huma torre pequena e tem de noyte alam-
,

padas acefas , e homens , que vellao toda a noutc , que nom pode en-
trar nella , nem fair nenhuma, fenam por recado, e outro fi tem hu-
ma cadea de ferro , que fecha as fobreditas vellas depois , que fam
dentro no porto e dalli nom podem fair , ate que as naó desfeçã ,
,

nem outros entrarem , falvo per recado , e ifto fazem , porque fe te-
mem de muitas fuftas, que andam darmada naquella Cofta.
Pifa.

A fegunda feguinte partio o Conde pera Pifa , que fom


feira
quatro legoas com o Bilpo, e com os Doutores, e poufou o Con-
de em hum eftao com todolos feos, que chamaô o eftao do capelo ,
que he muy grande , e bem repartido , e tem oytcnta beftas daluguer
pera quem as ouver mifter. Outro íi efta Cidade efta aíTentada em
hum valle muy grande , e efte valle jaz antre duas ferras muy gran-
des , e o muro he muy forte, e per meyo defta Cidade vmí hum Rio
ter ao mar perque vaó navios, e barcas, e Gallcs a dita Cidade, e
a nao nom pode hi vir porque he baixo , e eftreito , e nefte Rio
eftao tres pontes , e cada ponte tem fua cadea de ferro , que como a
fufta he dentro , logo a fufta he fechada , que nom pode dali fair ,
ate que os nom desfechaó , e afli efta tudo per recado. Outro fi as
Gualles vem vogando per fDas pontes , e neftas pontes eftam homens
darmas , que hab foldo da Cidade pera guardarem , e per ellas paf-
fam as gentes de huma parte pera a outra. Outro fi as portas da Ci-
dade eftam dez , ou doze homens a cada porta armados , que a guar-
dam , e afti haó feu foldo da fobredita , e nefta Cidade eftao as mi-
Ihores cafarias,
que fe podem achar em Cidade , que em muitas del-
la*? podiam poufar dozentas peftbas e agora fam as duas partes da
,

Cidade deftroida , porque fam muitas cafarias e Moftciros e Igre-


, ,

jas deftroidas porque quando Pifa foi tomada dos Florentins , que a
,

Tom. V. Eeee li ago-


,

5 83 Trovas do Llv. X. da H'jl^r!a Çfnealcgíca


a?oni tem , nam faziam fenam poer fogo as cafas , que fe defendiam,
e aili deí>roirom eib Cidade , e a meterom a faço ir ano per
tal guiía,

que os Pífaiios forom todos roubados , e fora da dita Cidade , delles


iintaroin , e delles firirom , e os outros lançarem fora pcra o termo
per tal j^uifa , que nom fícarom hi íenam niuy poucos , que os ou-
tros , que hi moram todos foo florentins , que moraram , ata fete
ou oyto mil peíTbas , onde deziam , que foyam de morar trinta mil
peíToas , e efta Cidade teve Jiíerufalem por íi , fem outra ajuda fete
annos a defpeito de todolos mouros, e vendo ella , que nom podia
mais aturar pedio ajuda a todolos Reinos , elles nom a quiferom aju-
dar , e entonces a leixarom. Outro fi os Moí>eiros , e Igrejas fam
muy boôs , falvo , que fom defpovoados , que nom eftavam em cada
Moíleiro fenam ate dez, ou doze frades, e outras Igrejas muy no-
bres , aTi fom defpovoadas , e derribadas per tal guifa , que em muy
poucas dizem miífa , e efto he aíTi perdido por mingoa de gente.
Outro fi a Sé defta Cidade he das fermofas , e de boas pinturas, que
fe podem achar em Cidade do mundo , e mais he toda de pedra már-
more , e as mais fermofas portas , que fe podem achar em See , por-
que fom darame , e mais , he a See ladrilhada de lafcas , que fom de
pedra mármore , e tem o milhor lavrado frontal principal , que po-
dem achar em See , d^ muy fermofas pinturas , e mais tem huma Craf-
ta muy boa , que aííi he ladrilhada como a fobredita , e quando en-
tram per huma porta da dita Craíla , a de dentro efta todo o ou tro
mundo figurado , IT. como padecem os maos no Inferno , e os bons
no Paraifo , e mais que o campo defta Crafta he fanto , que como en-
terram ahy o finado a tres dias he comefto , e yfto he certo. Ou-
tro fi nefta See eftaó feíTenta e tres Caftellos depindorados , e todos
feos nomes em cada huu efcrito , porque quando Pifa era em feu po-
der todos eram fo^eitados a ella. Outro íi apaar da porta principal
da fobredita a de íbra efta huma Capella de Saa Joam fobre íi , que
he toda redonda , e he dabobeda , e de pedra mármore , e jafpe, ç
tem a mais fermofa pia de bautizar , que eu vy , que he de feis qua-
dras toda lavrada de pedra jafpe , e o Coro , e preq^adoiro também
aíTi he muito fermofo , e efta armado fobre lioens. Outro fi foi def-
poftoo pelo confelho defta Cidade hum Papa, e elle os maldife,
que nunca foffem a diante , e todolos feitos , em que pofefTem n^aô,
e des aq^uella ora foi Pifa as veíTas ataa o ponto , que foi deftroida
dos fobreditos , e efto he certo , e mais he certo , que como o Papa
lança maldiçam a alguma coufa nam vay, nem antre multiplica, nem
nunca vai mais a diante. Outro íi efte Papa foi depois tornado a fua
onra pelo confelho dos Cardeaes , e Arcebifpos , e Bifpos, e per con-
felho doutras comonidades , e eftes Pifanos quando ifto virom , ouve-
rom eíTes milhores homens feu confelho, dizendo elles, que aquelle
Papa fora fora da fua honra , e que elle era ja tornado a feu eftado,
e que elles eram certos , que elle os maldifera , e que tinham aquella
maldiçam , e mais, que elle era ja afti poflo em fua honra, que en-
tramente foíTe vivo , fempre lhes quereria mal , e que tiraria alguns
fora de fuas honras , que era bem de averem feu confelho de como
pode-
da Cafa ^al Tortugneí^a. 5 8p
poderinm fer fcos amigos , e oiiverom feu confelho , e acordarom ,
que era beai de fazerem huma moeda nova , c que lha levaíTem em
Juni bacio de prata , e que lhe nom diíTeíIem , ate que elle nom ben-
ze Te aíFi lhes alçava a pena , que lhes lançou , e per alli feriam feos
amigos , e a moeda era douro feita em ducados , e tinha de huma par-
te figurada Santa Maria com feu filho no collo , que era huma moe-
da muito fermoía , e aíTi lha levaram naquelle bacio , e aprezentaraô-
Iha , e o Papa quando a vio ,
lançculhe a benção, e diíTe, que ben-
ta tbíle a terra , que fizera aquclla moeda , que aíTi era fermofa , e
perguntou , em que terra fora feita , e diíTeromlhe , que fora feita
em Pifa , elle ficou muito efpantado , e diíTe , que o enganaram , por-
que elle fora defpoílo por ella , e que elle a amaldiíTera , e que a
tinha em vontade de nunca por elle fer aífolta , e que lhe pefava
muito polia bençatS , que lhe lançara , porem que nunca Deos quifeíTe,
que defdifeíTe , o que avia dito , e per aqui foi Pifa aífolta da exco-
munham , que tinha , eíla moeda era boa pera as maleitas , porque
era boa , e benta , e alguns diíTerom , que nom fora valiofo , porque
fora contra fua vontade. Outro fi Pifa foi deílroida , porque nom
quiz obedecer a Florença, nem a Génova, nem a Veneza, e vendo
cilas fobreditas coufas
,
que lhe nom queria obedecer ajuntaram-fe con-
tra ella , e tomaram-na , e aíTy foi Pifa deílroida.
E ao Sábado que forom vinte e tres dias do dito mes fezerao
,

huâ boa prociíTam com muitos jogos ordenados , e alli levaram ho


Sangue de Sam Clemente e a Cabeça de Sam Bertolameu , e forom
,

com ília procilfam cuvir mifla a Sam Joaô , e levaram dous cavallos
a deílro com fobre viílas de damafquim , e atras elles hiam oito trom-
betas , e apos eílo a potcílade , e Regedores , e mercadores , e outra
muita gente da fobredita todos com cirios acefos nas maons , e ouvi-
rom íuas miíTas muy fr lepneniente e eílo acabado tornarom-fe pera
,

fuas cazas pera jantar , e quando veyo oras de vefpora forom armadas
as bandeiras , e hum pano de velludo azul com huma banda douro ,
e alli forom os fobreditos juntos com fíias trombetas , e tomarem o
dito pano poílo por bandeira em cim.a de hum boô cavallo , e anda-
ram afíi pola Cidade , e des que ouverom acabado , poferom o pano
em hum cabo da rua , e doutro cabo eílava a poteílade com muitos
de Cavallo , e de pee , e deíles , que eílavam a cavallo efcolherom
feis , e poferom-nos em bar, e quem primeiro chegaífe ao pano que
,

eííe o levaíFe , e hia hi hum moço em cima de hum cavallo , e deraô


todos defporas aos cavallos , elle hindo na metade do caminho cahio
o cavallo com elle , era ja tam ameílrado , que como o moço cayo
logo o cavallo deu a correr por tal guifa , que nunca nenhum dos
outros lhe poude tomar a dianteira , e como chegou omde eílava o
pano nam quis ir mais por diante , e aíTi venceo o ícbredito o pa-
no eíle pano foi avalliado em dozentos e cutenta ducados. Outro
:

íi a porta da juíliça eílava huma bandeira Daragao , e tres da como-


nidade da dita Cidade , e muitos boós panos armados cmde eílavam
os fobreditos , e ante a poteílade eílava hum moço com a efpada nas
máos , e tinha na cabeça hum fombreiro de damafquym vermelho to-
,,

5 5> o Trovas do Liv. X. da Hifloria ÇeneaJogica


do bordado daljofar, panos, que tinha eram defcarlata forrada
e os
de cendal. Outro fi quando veyo ora de meyo dia paílarom por hi
bem dous mil homens armados em cima de cavallos , e de pee ate
quinhentos , e antre elles huma bandeira de Florença e detrás del- ,

ia hum Capitão , e efta gente era toda aíToldadada de Florença , que


hiam fobre huma Villa , que cham.am Luca , que era do Duque de
Miilaô , e elles hiam pera a delcercar , e vendo o Duque como re-
bellavao a elle , e obedecia a Florença , mandou la hum Cavalleiro
por Capitão ,
que ha nome Nicolao Pechili com quatro mil homens
darmas e vierom-fe lançar fobre ella , e a gente de comum de Flo-
,

rença vinham pera a defcercar , que eram bem fete mil homens , e aííi
como forom afli fe tornarom , porque ouverom medo do fobredito
que eftehe o milhor home darmas, que ha em toda a Itália. Eíla
fefta foi feita por dia de Saó Joaó , e aífi foi acabada , e fefta feira
feguinte partio o Conde pera Florença , que fam treze legoas , e
foi dormir a hum lugar , que chamam Santa Gonda , que fom feis le-
goas , e fomos per huma muy nobre Ribeira , que tem de cada par-
te muitos Caílellos , e no caminho efta hum Caftello , homde eftava
huma molher de hum Cavalleiro , e fayo a rua , e fez decer o Con-
de , e bebeo com ella , e todos feos , ÍT. vinho , fruita , e confeitos ,
e o Cavalleiro era com fuas gentes fobre o dito luguar de Luca , e
efteve o Conde fallando com ella hum pouco , e entaó cavalgou , e
foi dormir ao fobredito , e ao outro dia foi dormir a hum lugar
que chaniaô Alaftro , que fom finco legoas , e nefte dia veyo o Bif-
po de Vifeu receber o Conde, que eftava em Boloíia , e nefte lugar
de Alaftro efteve o Conde fete dias , he hum lugar pequeno muy bem
cercado , e efta em elle hum muy boô Ofpital , em que o Conde pou-
fou , e tem muy boas cafas , e camarás , e huma falia pequena , e huu
eirado , e a quinta feira , que forom oyto dias do mes de Julho foi
o Conde dormir a Florença , que fom duas legoas , e o Bifpo , e os
Doutores todos juntos , e o Conde levava veftido hum fayo de bro-
cado , e hum capello chapado , e levava tres pagens em cima de bons
cavallos , e levavam veftido fenhos fayos de velludo , e borcado , e
hum delles levava huma lança , em que ouvera de hir o Eftandarte
e porque o vento era grande , e forçofo nom o eftenderom , e mais
levavam dous trombetas , e tres charamellas , que forom tangendo
polia villa ate honde o Conde poufou , e aífi entrou o Conde honra-
damente em Florença , e foi poufar em huns Paços , que fom do
Marques de Ferrara , que eftaô apaar do eftao , que chamaó o eftao
da Coroa , e os fidalgos poufavaó nefte eftao , e fuas beftas , e lo-
guo os da Cidade fe trabalharom , e mandaram hum prezente ao Con-
de , íf. de cevada , e tochas , e brandoens , galinhas , e capoens , e
patos , e muitos confeitos , e efta fohredita efta aíTentada em hum
valle , e a fua cerca he muy grande , mas deziam , que mayor era a
de Lixboa , e vay per meyo da dita Cidade hum rio. Outro fi a Sé
defta Cidade he muy fermofa, e muy largua , e comprida , e tem hu-
ma Capella fobre fi , que he muy alta fobre a dita See , e de lá pa-
rece toda a Cidade , e feu termo , e o termo he muy povoado de
mui-
,,

da Caja ^eal T^ortuguei^a.


muitos Caftellos efta Capella he toda a de fora de pedra mármore,
:

e jaípe , e a Sé he aíH feita , e maes tem huma efcadaa , que vay a


todo cima , que tem 466. degraos , e apaar defta Seê efta numa tor-
re muito alta , e bem fermofa , e nella eftaó os fmos da See , e apaar
delia huma Capella de Saó João , e he dabobada , e a porta princi-
pal efta os dous eftaos tao groifos como fenhos maftros de naos , e
quando homem efta apar delles ve todalas cafas , que eftam darredor,
e a gente , que paíFa de huma parte pera a outra , afti como efpelhos,
e as portas , ÍT. as principaes fom darame , e naquella Capella efta hu-
ma pia muito fermofa , e he toda de pedra jafpe , e mármore , e em
ella bautizaó os filhos dos mais honrados da Cidade, e outros nenhuns
naó , e eftes efteos darame vieram de Jeru falem , que os trouxe Piía
quando teve os fobreditos em efta Cidade eftaô dous muy nobres Of-
pitaes , fíi, hum de molheres , e outro de homens , e as molheres ,
que jazem em elle fom doentes, e moças orfaãs , e ally lhe dao to-
caias coufas , que ham mefter a cufta da Cidade , e maes dous Fiíi-
cos , e dous folirgiaens , que nom fazem em todolos dias do mundo
fenam penfar delias, e no fobredito tem fua cozinha em que lhe fa-
zem de comer , e huma Capella , em que lhe dizem cada dia miíTa
e eftas molheres
,
que alli jazem leram ata cento e cincoenta , e tem
doze molheres , que as fervem , (T. que lhe fazem as camas , e toda-
las outras coufas que ham mefter , e as moças orfans , que alli ja-
,

zem depois , que iam cafadeiras cafam-nas , e delias poem ao officio


e depois , que fabem o officio cafam-nas, efto todo a cufta dajfobre-
dita. O outro Ofpital dos homens aífi tem todalas coufas perfeita-
mente , e fe mais nam menos eftes homens fom delles feridos, e del-
les doentes , e dez homens que os fervem
,
e duas molheres
, ,
que
lhe lavam fuas roupas , e aquelles homens lhes fazem as unhas das
maons , e dos pês , e como lhe lavam os pes fazem a Cruz nelles , e
beijam-nos. Outro fi quando fe peíToa fina no fufo dito vem os me-
lhores da Cidade com muitas tochas, e cirios , onde jaz o finado, e
levam-no com muy grande omrra a cova , e niandamlhe dizer muitas
miftâs cantadas , e rezadas, e enterram-nos em huma Crafta , que ef-
ta apar da Capella , que efta dentro no fufo dito Ofpital , e o adro
onde enterram eftas pelToas , he fanto , que antre de quatro dias fom
comeftos , e darredor defta Crafta he toda chea de oftada daquelles,
que alli enterrao , que ha hi mais de dozentas mil cabeças de homens,
e de molheres , e os que íe fínaó nefle Efpital vam aftoltos de cul-
pa , e pena , e fe fe efto nom fezefte em efta Cidade , faber , que
Deos a deftroiria , porque fe faz em ella huma muy maa coufa con-
tra natureza
,
que he fumytigua , em efta Cidade haverá ate 6i , ou
6ii pelFoas , que guarnecem efte Efprital. Outro fí nefta Cidade ha
bem gentis molheres, e bem guarnidas ; outro fi na Capella fobredi-
ta eftaó todolos Caftellos da comarqua da Cidade dependurados , e
as carnecerias , que tem fom muy grandes , e muy limpas , e talham
nellas muitas, e bons carnes.
Aos vinte e dous dias do mes de Julho partio o Senhor Con-"
de defta Cidade pera Bolonhaa , omde eílava o Papa , que fom deza-
nove
,,

^pz Trovas do Liv. X. d^ Hijloria Çenealogica


nove legoas ,
que foi dÒTmir a hum lugar , que chainam Sam Pedro j
e ao outro dia foi dormir a Belonrras , que fom tres legoas , e ao ou-
tro dia foi dormir a Belonha , que fom tres legoas com os Bifpos
e com os Doutores , e eram per todas cento e vinte e cinco pelToas
de cavallo , e o Conde levava veftido hum fayo de brocado , e hum
capello chapado , e maes levava tres pages vellidos de fenhos fayos
brocados de fete marcos de prata cada fayo, e em cima de bons ca-
vallos , e com bons guarnimentos , e vieram receber o Conde a huma
legoa Bifpos , e Arcebifpos , e outros muitos Prellados , e Gentisho-
mens , que eftavam na Corte do Papa , e forom-fe com elle ate a fua
poufada muy honradamente, e o Conde efteve alli tres dias , que nom
íòi fallar ao Papa , e aos quatro dias lhe foi fallar , e foi com elle os
fufo ditos, que hiam por Embaixadores, e mais o Bifpo de Vilbu
e o Adayaó de Braga , e outros , e o Conde levava huma oppa bre-
cada empenada de finas martas , que lhe dava poUos pees , e todolos
leos muy bem veíiidos dos milhores veftidos , que cada hum tinha ,
e dcfcavalgaram a porta do Paço do Papa , e paífaram cimco camarás
onde o Papa eftava em huma camera , e eílava alfentado em huma
cadeira , e os Cardeaes darredor em bancos cubertos com bons panos,
bem fermofos , e os Cardeaes eram eíles , que fe aqui feguem , ÍT. ho
Cardeal de Ruam , e o Cardeal C ^amaralengo , e o Cardeal de San-
ta Cruz , e o Cardeal de Sam Marco , e o de Ciíipre , e o de Co-
luna , e outros, que eram per todos dez, e iningoava hi o Cardeal
Dingraterra , e o de Taragona , que he j'?m Cuceluna , e outros, e o
Conde com os fufo ditos fízerom fuas hiczim-ííS muy grandes , e lhe
beijaram a face , e a mao , if. primeiramente o Conde , e depois 05
Bifpos , e os Doutores , e mais nam , e eíio acabado alfentaram-fe em
juelhos ante o Papa , e alli pos Vafco Fernanides o Doutor toda a
embaixada , que o Conde levava do muy nobre , e excellente Rey de
Portugal toda em latim per mandado do Conde , e a propoíiçaô foi
efta , que fe a diante fegue. O noTo muy omildofo , e begnino fi-
lho Rey de Portugal , e do Algarve , e Senhor de Opta envia beijar
voifa face , maons , e pees , e encomendar a voOa Santiílima Santida-
de por quanto foi mandado o voíTo muy omildolo filho mandate a
fua embaixada ao confelho geral , e quis vir printeiramente a VoOa
Santidade fazer fua umildaçam por quanto foi Sam Pedro poí^o em
peílba de Deos , e o Papa em peToa de Sam P :Jio , e de Sam Pau-
lo , e elle era cabeça, e mandava ate a fua SantifT^ma Santidade, e
ue ante, que ao confelho geral , que a lua SantiíTma Santidade man-
afle fazer ao feu begnino filho Rey fobreuito ,e que lhe enviava
encomendar feos Irmaons Ecclcfiafticos , e Cavalleiros , e povo meudo
em fua Santidade , e logo pollo Papa foi dada iua repoíla , que riom
quis, que a outrem diíTeíTe, fenam elle, e difie, que elles foffem
bem vindos, que elle os recebia em noire de Sem Pedro, e o feu
omildofo Chriílao Rey de Portugal , que elle o tem em fua encomen-
da , e todolos do feu Reino , e o Senhor , e a embaixada foíTem muy
bem vindos, e depois a embaixada aíTi dada, e a repofti também fo-
rom os gentishomens , e beijaromlhe a maó , e o pc dereito , e como
acaba-
,,,

da Cafa %eal Tortugueí^a» 5^3


acabarom gente meuda , e beijaram o pê fomente, e nos
foi a outra
abfolvco de culpa , e pena , e do Inferno , e purguatorio , e efto aca-
bado veo-fe o Conde com os fobreditos pera fuás poufadas , e depois
foi o Conde com os fufo ditos fallar aos Cardeaes a luas poufadas,
e a cabo de dias foi o Conde fallar ao Papa aíR com os fufo ditos
e mais deziam per a Corte do Papa, que dantes, nem defpois , que
avia gram tempo, que nom fora Rey nenhum, nem Senhor, que lhe
tam omildofamente mandaífe fua embaixada , nem viera alli tamanho
Senhor como elle , nem tam bem corregido , e aífi tinha eíla nomea-
da pola Corte. Outro fi a propoíiçam , que fez o fufo dito Vafco
Fernandes foi muito nomeada , e mais vierom alguns letrados ao Bií-
po de Vifeu a lhe mandar a prepofiçam pera averem o trellado del-
,

ia. Outro fi efta Cidade efta aflcntada muy bem em terra cham , c
muy bem cercada de bom muro , e bem forte , e boas portas , e bem
fechadas , e tem boas torres muito fortes , e a cada porta efta 6 dez,
ou doze peíloas darmas , que as guardam , e nenhum omem nom po-
de entrar , nem fair , (T. o que entra fabeê , que homem he, ou don-
de vem , ou pera onde vai , e for homem de pec , e trouxer efpada
ou lança , trará na ponta da lança hum cambarco , e a efpada levara
atada a cruz com as cintas per tal guifa , que a nom pofia tirar , e
fe levar befta levalaa defempolgada , empero , que o nom fazem fal- ,

vo aos da Cidade, e fe o aífy nom fezerem averam pena de jiiftiça


da Cidade , e eílo he porque o Papa hogera a guerra com o Duque
de Millaó porque^ os mais da Cidade tem co o Duque mais , que co
,

o Papa , por tanto fez o Papa efta ordenaçam na fufo dita. Outro
íi eftaô nefta Cidade tres torres muy fermoías , e muy altas , e huma
delias chamam a torre da guarda , que a vem a dez legoas , c deziam,
que aquelía era a mais alta torre , que avia em Itália , e efta Cidade
tem muy bom termo de paó , e de vinhos , e per hum cabo defta
Cidade vai hum rio dentro , que vai ter a Veneza , que fom trinta
legoas, e eftaó em elle muitos moinhos, e mais humas cazas , em que
efta huma rodaa em que fiam feda que tem mais de duas mil deba-
,

doiras , e mais de dez mil fufos , que huns nom fazê fenam torcer
e outros a fiar , e outros a dobar , e como quebra algum fio , loguo
entendem , e ifto todo per arteíicio dagoa , efta rodaa he daltura , que
do peê ata cima tem quatro fobrados , e em huma cafa doutro caboo
efta huma ferra, que ferra os paos por grofljos que fejam , e doutra
,
parte efta outra cafa em que moem todalas efpecias , e a fundo defta
cafa efta outra , em que rnoem efpadas , e alimpaó armas , e todo fe
faz per engenho dagoa , e efto era huma coufa fermofa de ver , e di-
ziaô , que o Meftre, que ifto fezera, que era ja finado e que enten- ,

dia , que em toda Itália nam avia tal Meftre como elle.
Aos dczaíTeis dias do mes Dagofto , que foi dia de Santa Maria,
foi o Papa dizer miíTa a huma Igreja, que chamam Sam Patronio , e
efta Igreja efta na praça junto aos Paços do Papa , a porta da Igreja
fera quanto hum homem pofta lançar huma pecara e deftc cfpaço fu-
,

fo dito tudo eram homens darmas , que fzeram huma rua per onde
hia o Papa pera a dita Igreja deftes homens darmas feram ate cen-
Tom. V. Ffíf to
,

^^^'^^^ Híjlorta Çeneahgíca


5^4
to e trinta , e outras peíToas nenhumas nom leixavam entrar antre íi,

porque íe temiam dalgumas peíToas de fazerem alguma traiçam ao


Papa, e efto aíli ordenado fayo o Papa com Cardeais, e Arcebifpos,
e outra muita clerezia , e paíTbu por antre aquelles hom.ens darmas ,
e aíTi entrou na Igreja , e começou de dizer miíTa em Pontifical , e
deulhe agoa as maons hum Doutor de Caílella , que eftava hi por
Embaixador , e quando veyo a oíFerta deulha o Doutor Diogo AíFon-
fo , que vinha com o Conde , e quando quiz allevantar o Corpo de
Deos , deulha hum Embaixador de Veneza , e depois , que coníumio
deulhe a agoa , e o vinho hum Embaixador do Duque de Millaó , e
aíTi foi fua miíTa acabada , e os cantores que tinha eram mui boos , e
concordavaó todos , e efto acabado vcyo-fe o Papa pera feos Paços
com os lufo ditos , e huma Cruz ante elle , e o Papa levava huma
Capa douro veftida , e da parte direita levavam-no o Cardeal de Chi-
pre , e da outra parte feu fobrinho , que aííi he Cardeal , e Cãmara-
lenguo, e a fralda lhe levava hum Embaixador de Millaó, e aíTiveyo
o Papa pera feus Paços per antre os homens armados , e dous homens
de Cavallo , que faziam praça , e logar per onde o Papa foíTe , e aííI
foi guardado , ate que foi nos fufo ditos. Outro íí quando o Papa
eftava na mifta em Pontifical pofcromlhe na cabeça huma Mitra , que
dcziam , que valia fete mil dobras , e a quantos eftiverom a miíTa
lançou o Papa a benção , e deulhes quinhentos dias de perdaô.
E depois difto aos dczaft^eis dias do mes de Setembro forom
feitos per toda a Cidade muy grandes relâmpados , que alumiavam
aíli como fe fofte dia per tanto, que cuidavam os que efto viam, que

era fogo , que caya dos ceos , e fabei , que tangerom os finos per
toda a Cidade , e toda a gente avia muy gram pavor , mas efto nom
durou muito , que loguo nom viefte agoa , e per virtude de Deos
e dos fmos , logo ceft()U aquella tormenta, c foi íignifícaçam de hum
filial , que foi em outro dia feguinte , o qual final foi , que fe a di-

ante fegue : Vierom novas ao Papa , e a Cidade , que ho Conde


Francifco , que eftava da Cidade tres legoas , e que prendera o po-
teftade , e Petri Joam Paulos , que eram Capitaens do Papa , e Ga-
tamelada , feu parceiro , que também era Capitam , que hiam todos
com muita gente darmas bufcar o Conde Francifco pera o prende-
.

rem , e trazerem ao Papa prefo , e fabei , que o Papa o mandava


prender por lhe tomar hunias terras, que lhe elle dera, que diziam,
que eram da Igreja , e mais diziam , que o queria mandar matar, por-
que lhe queria obedecer , e dar as terras , que lhe elle dera de juro,
e de erdade , e faber , que o Papa lhe devia bem duzentos mil du-
cados , e efto era de íbldo , que avia daver delle polo defender do
Duque de Millaó com quem avia guerra , e efto fazia o Papa por lhe
nam dar o foldo , que lhe devia, e polo tirar da fua honra, e fa-
bei , que fempre lhe foi obediente, fegundo dizia a gente pera Ci-
dade , ainda mais por fe moílrar , que lhe era obediente defque pren-
deo efte poteftade , e Capitaens , elle mandou dizer ao Papa , que fe
nom temeft^e delle nenhuma coufa , que elle obedeceria fempre a el-
le, e que eílava preíles pera lhe obedecer fe elle quifeffe , e que
fempre
,,

íta Cafa ^eal Torta gueixa, 5Pj;


fempre fora , e era feu amigo , e que em clle prendendo eíles fnfo
ditos, que lho noai tiveíle a mal, que elle queria fegurar ília vida,
e que lhe pedia , c roguava , que elle perdeíTe laudade ao poteílade
que elle entendia de o mandar cedo com embaixada a Deos Padre,
mas que Deos Padre, mas que dos outros, que lhos enviaria fc elles
pera la quifelTem ir , e (abei , que ao poteftade mandou dar bem íeis,
ou fete trautos de corda , que lhe contaíTe a verdade da traiçam , que
lhe quizcra fazer , e do que lhe a poteftade dilFe nom foi decrara-
do , nem o fouberom , e aífi que o Conde partio
eftava ao tempo ,

defta Cidade , e os outros , foi certo , que lhe diíTe o Conde Fran-
cifquo , que fe fodem eníboora pera onde lhes aprouveíTe , e fabei
que alguns deziam pola Cidade, que diíferam elles, que queriam
andar com elle , e fabei , que o Conde quando os tomou , que af-
fentou comíiguo a fua mefa Petri JoaÔ Paulos , e Guatamelada , feu
parceiro, e ao poteftade derom de comer com outros muito mais fo-
menos , e outros difterom , que comera com os rapazes por o defonra-
rem , dizendolhe o fufo dito fabes bem tu tredor , que nom as mif-
ter outra honra fenam efta , que eu te tirei duas vezes da forca , em
que tu eftavas com o baraço no pefcoço , que mandava poer Micer
Pichiline , Capitão do Duque de Millao , meu fogro , e por efte bem,
que teu fiz me trazias tal traiçam ^ e pera me fazeres perder minha
vida , mas tu fabe de certo , que o que tu querias fazer a mim , illb
quero eu fazer a ti.
Ora leixa o Conde de fallar defto , e torna ao Papa , que ou-
ve gram medo do Conde Francifco , e em como mandou chamar o
Conde Dourem , que hi eftava na fua Corte com embaixada delRey
de Portugal com muy gram preíía.
Diz o conto , que o Papa temendo-fe muito do Conde Francif-
co , que lhe faria algum nojo , e que lhe poderia entrar pola Cida-
de , e que lha poderia filhar, e efto fenam porque entendia, que a
gente da Cidade o ajudaria, porque lhe queria gram bem, nom toda
a Cidade, mas gram parte delia leriam em fua ajuda, fe fe elle tre-
mentes quifeife e fabei , que fe o Conde Francifco o quizera fazer,
,

que elle o fizera, mas nam lhe quis fazer nojo nenhum, e elle te-
mendo-fe defte fufo dito mandou chamar o muy nobre, e difcreto
Dom Aífoníb , Conde Dourem , Neto do muy nobre Rey D. Joaó
Rey , que foi de Portugal , e Neto do muy nobre Conde D. Nuno
Alvares Pereira que ora he fanto , fegundo achao poios grandes mií-
,

lagres , que Deos por elle faz alli onde elle jaz no Mofteiro de San-
ta Maria do Carmo em Lixboa, fobrinho do muy nobre Rey Dom
Eduarte , o qual Senhor Conde Dourem , vendo que o Papa aíFi o ,

mandava chamar, logo como filho obediente fem outra detença ca-
valgou CO Biipo do Porto, e co o de Vi feu e os Doutores, e fa- ,

bendo , do que o Papa co elle fallou , que o nom fouberom, faho


algumas peíToas certas , porem , que todos prefumirom fobrc o que
fora , pello que fe loguo feguio e diíTerom , que o Papa lhe rogua-
,

ra que por aquella noite, que lhe mandalle daquelia fua gente que
, ,

tinha ao feu Paço pera ajuda de o defender do Conde Francifco fe ,

Tora. V. ' Ffff ii vieílc


^^6 Trovas do Liv, X. da Hijlorta Çenealogíca
vieíTe a Cidade, e a entraíTe , c porque elle muy bem fabia, que tra-
zia a milhor gente do mundo , nem que pera mais era tanta por tan-
ta , e ainda , que foíTem duas tantas , e efto fabia elle muy bem , pol-
los feitos , que ouvia dizer das gentes , e da terra donde o dito Se-
nhor Conde Dourem era , e nom era fem razam qua fabede , que as
gentes daquella terra donde o Senhor Conde era fom fem nenhuma
duvida os mais contra feu Senhor fobre todalas gentes do mun-
leais
do , e ainda faó pera muito , e muy faguazes em ordenar fuas bata-
lhas , quando lhe amaô bem , e ainda fabede , que fom gentes de muy
boa razam , e de muy bóo íifo , e que nom queriam aver guerra com
nenhuns chriftaons , falvo com os infiéis mouros , e efto por exaíça-
mento de fee Catholica.
Ora leixa o conto de fallar do Conde em como foi ao manda-
do do Papa , e torna em como fe veyo pera feus Paços , em que pou-
fava , e lhe mandou das fuas gentes , que elle trazia.
Diz aqui o conto, que o muy nobre Senhor lhe mandou dos
feus bem trinta homens muy bem armados com muy boas cotas , e
beftas daço , e fuas efpadas cintas , e fabede , que as cotas eram de
toda boca , e o Bifpo do Porto , e o Bifpo de Vifeu lhe mandaram
dez homens muy bem corregidos com fuas efpadas cintas , e fenhos
arcos de frechas , e aíTi , que forom por todos quorenta homens muy
bem corregidos , e aíTi dormimos aquella noite nos Paços do Papa ,
e eftiverom por mayor guarda , que era ate a Camara do Papa , e
em outra Camara junto conofco eftavam huns poucos de Ingrefes muy
bem corregidos com fuas armas eftrcmadamente com feus arcos , e
elles quando nos virom vierom-fe pera nos dizendo, que nom que-
riam eftar fenam conofco , porque éramos Portuguefes , e que éramos
feus Irmaons , e aíli nos chamaô , e aííi eftivemos toda aquella noite
todos.
Ora leixa o conto de fallar de como ho Senhor Conde man-
dou os feus homens guardar o corpo do Senhor Papa , e torna ao
auto 5 que fez o Doutor Diogo AíFonfo em Bollonha em huma Igre-
ja , que chamam Sam Patronio , que he junto com os Paços do Papa.
Sabei , que aos treze dias do mes de Setembro fez o muy no-
bre , e difcreto Doutor Diogo AfFonfo , que vinha em companhia do
muy nobre Senhor Conde Dourem com embaixada do muy nobre Se-
nhor Rey de Portugal hum auto muito folepne de Concrufoens , as
quaes forom em Lex , e em Decretaes , e em outras artes liberaes ,
e fabei, que em aquelle dia a tarde foi poílo em huma muy alta, e
nobre cadeira , e feu livro ante fi , fegundo he coftume dos efcolla-
res , e Lentes
, e eftavam acerca da cadeira muitos bancos cubertos de
muy nobres bancaes pera averem de fentar Arcebifpos , e Bifpos , e
outros Prellados , e peíToas a elles iguais , e fabede que forom ahi
,
muitos , e mui nobres , e bem entendidos efcoUares , e Doutores aa
maravilha, fegundo dizia pela Corte do Papa, fabede, que eftando
elie na cadeira vierom eftcs Bifpos
, que fe ao diante feguem , que
eram os mais letrados , que o Papa trazia fegundo , que fe dezia
,
pola Corte do Papa, que per nome eram chamados Ambianefes, e
cutro
,

da Cafa ^eal Tortugue^a. 5^7


outro Efpelantefes , e acerca dcíles hum Fmbaixador de França, e
diíTe o Bilpo de Vifeu , c outros muitos Doutores , e Prellados ao
fuíb dito , que fallaíFe hum pouco mais alto , e começaram todos a
oulhar , que era o que arguya o fobredito , e o Doutor des que os vio
todos eftar aíTentados , começou per feu latim de parlar , que ainda ,
que foííe hum Anjo Angelical , que dos Ceos as gentes o latim vief-
fe decrarar , noni poderia parecer milhor,e des que o Doutor acabou
de prepoer feos argoimentos o Bifpo daquelles , que mais cerca del-
les feya
,
que era o mais entendido , e de mayor nobreza , e começou
de dizer íub reverencia muy nobre Doutor, eu quero desfazer os vof-
fos argumentos , e pollos em pouco valor , e logo começou darguir
muy fortemente, que a todos parecia , que debetar o Doutor, e def-*
baratar , e em cima todas rezoens ouve-fe de callar, e o Doutor co-
meçou contra o Bifpo darguir em tanto , que fez fuas rezoens boas,
e conclufoens muy verdadeiras , e quando o Bifpo efto vio começou
de embrufcar , e nom lhe foube mais refponder , e ficou alli vencido
em aquclle luguar , e quando veyo o outro ho outro Bifpo , que ef-
tava acerca daquelle ifto vio começou per feu latim muy alto de ar-
guir , que as gentes fe maravilhavam mais daquelle , que do outro
e des que começou feus argumentos a fazer o ouve muy bem defcui-
tar , ate que oi".vj de acabar luas rezoens, des que acabou o Doutor
começou de nsuy pafamente o feu de fallar, que as rezoens do Bif-
po ficaram em mu/ pouco fobre o que forom poftas , e fabede , que
depois deites Bifpos veyo hum Embaixador de ElRey de França , e
começou de arguir por feu latim , que parecia , que era Roufinol
que no Mayo bem canta , e efte efteve por efpaço de huma hora com
ho Doutor em argumentos , e ifto fazia elle pollo abater , e por cui-
dar, que nom foubeíTe elle refumir todo o que elle alli lhe ouveíTe
de recontar, e fabede, que tanto ouve darguir, ates que ouve de
, que mais nom
callar , e que canfavam ia , e quando o Doutor vio
podia arguir , diíTe o E)outor muy umildofamemte , prazavos Senho-
res de me averdes defcuitar. Sabede , que efte muy , e difcreto Ba-
rom muy mal trouxe feus arguimentos a conclufaô , e alli trouxe , e
começou dargoir , que nom avia homem no mundo, que tom a ÍTe pra-
zer do feu bom razoar , e fabede que aquelle Embaixador aífi ficou
,
vencido em aquelle lugar , e fabei que outros muitos Doutores , e
,
bons Bacharéis , que logo começarom darguir , e defputar com o Dou-
tor , e elle a todos refponder , e ouve de darem cabo com todos ven-
cidos , e ouveram a ficar as conclufoens do Doutor muito lhes con-
veyo abonar , e diíTeram , que bento foíTe o dia , em que ao cftudo
fe fora aíTentar , que tantas boas coufas como elle fabia em a fua ca-
beça forom aíTentar , e todos diíferom , que nom penfavam , que tal
homem taó letrado avia em Portugal , e todos quantos hi eílavam ,
todos lhe efte louvor derom , o qual foi de feito fegundo o que dif-
ferom , e grande louvamento ao Reino de Portugal , e aífi foi acaba-
do efte a6lo , que o lufo dito fez. Outro fi o Senhor Conde efte-
ve nefta Cidade dez fomanas , e a praça , que tem he muy boa, e he
toda ladrilhada de tijollo , e junto com a porta do Paço do Papa
vendem
,

y 5» 8 Trovas do Liv. X. da Hijloria (genealógica


vendem pam , e fruita , e carnes , e ovos , e marcaria muita infinda,
e fabei ,
que vem alU as mais gallinhas , que podem vir em. nenhu-
ma Cidade.
Aos onze do mes Doutubro partio o Conde defta Cidade
dias
pera Bafilea , eílava o Concilio geral , que fom cento e vinte le-
onde
goas , e foi dormir a huma Cidade , que chamaó Modena , que fom
outo legoas , e em efta Cidade efteve o Conde nove dias efta Cida- :

de he tamanha como Évora , e he o primeiro lugar do Marquez de


Ferrara , e aqui ordenou o Senhor Conde todolos feus como levaíTem
armas os fidalgos levam peitos , e brocâes , e arnês de pernas , e
, ÍT.

os guãtes , e mais nam , e os feus Pages lhes levavam as faldras , e os


rebuços , e os barretes , com fuas e aíTi os outros Efcudei-
ros do Conde , que tinham vareletas , e os Efcudeiros dos fidalgos le-
vavam todo o arnês comprido as faldras , que lhe levavam os varele-
tes de feus amos , e officiaes levavam cotas , e lanças , e delles leva-
vam beftas daço com feus coldres cheos de virotôes também moços
deftribeira como todolos outros , e aííi forom todos ordenadamente
em alguns lugares , que eram villas chegavam o Senhor Conde , que
lhe cerravam as portas da villa-, e nam lhe queriam abrir , ate que
nom vinha o recado da poteftade , e efto era porque fe temiam das
gentes darmas , que andaó fempre em guerra e a quinta feira , que ,

forom dezanove dias do dito mez foi o Conde dormir a huma Cida-
de , que chamaó Rejo , que fom feis legoas , e ao outro dia foi dor-
mir a huma Cidade , que chamaó Parma , que he o primeiro lugar
do Duque de Millaó , que fom feis 1 jgoas , e ao outro dia foi dor-
mir a hum Caftello , que chamaó P irgo de Sam Doiiis , que fam
feis legoas , Domingo , e a fegunda feira foi dormir a
e efteve hi
hum que chamam a Pontemu que fom feis Jegoa^^ e ao
luguar , , ,

outro dia foi dormir a hum lugar, que cliamaó o Cafal que fom ,

quatro legoas, e achamos no caminho huma Cidade, que chnmam


Prazença e o Conde nom quis ir por ella porque moriam nella e
, ,

foi per derredor e paíTou hum Rio muy grande quanto hum ho-
,

mem poder lançar huma pedra e palTam per elle carretas carregadas
,

de vinho e de paó ÍT. quando a carreta chegua ao porto vem lo-


, ,

guo alli muy preftes huma barca e he feita per tal guifa , e per en-
,

genho que afli como a carreta vem carreguada aíTi a metem na bar-
,

ca e os bois poftos
, e apeirados a ella aíIi como vem pollo cami-
,

nho aíli a poem em terra a efte Pvio chamaó o poo , e em efta Ci-
;

dade jaz Santa Clara, e outros Santos, e muitos, e ao outro dia foi
dormir a huma Cidade , que chamaó Lode , que fam feis legoas , e
ao outro dia , que foi huma quinta feira , que forom vinte e outo
dias do dito mes foi dormir a Cidade de Millaó, que fom fete legoas.

MillaÕ.

Efta Cidade he muy grande , e muy rica , e abaftada de toda-


las coufas como outras Cidades, falvo de pefcados , que nom ha co-
mo cm outras algumas Cidades , mas acharam nella outras muitas cou-
zas
da Cafa %eal Tortugue^a.

zas que nom acharam aííi em outros


,
luguares tam perfeitamente,
nem tam bom mercado como em ella , e fabei ,
que a See, que tem,
que he muy grande , e muy largua , e bem fermofa fe for acabada.
Outro fi a armaria defta Cidade he huma muy fermofa couía de ver,
e muito notável , e fabede , que nefta Cidade eíla hum Meílre , que
he Armeiro , e tem dozentos officiaes , que todos lavram pera elle
por feiís dinheiros, e chamao-no Mifalha, e aíTi outros Meftres , mas
nom tem tantos oíficiaes ora vos torno a contar das aves , que aqui
:

forom juntas por dia de todolos Santos , ÍT. de patos , que vierom a
praça forom apodados a tres mil , e fe mais nom menos , e muitas
gualinhas , e capoens , e outras aves muitas , que lhe nom puderaó
dar conto , e de todo eflo bom mercado , e muito pam , e vinho , e
bom mercado , e todas eftas aves vem a efta Cidade por prema por
efte dia de todolos Santos. Outro íi foi o Conde ouvir milTa hum
Dominguo , que forom trinta dias do dito mes a hum Mofteiro on-
de jaz Sam Pedro Martel , e amoftrarom ao Conde fua Cabeça ella
efta em hum feito como pregadoiro, e tem em cima hum curucheo,
com qus efta cuberta , e he de taboas , e quando a querem amoí-
trar alçaô aquelle curucheo per engenho , e fica aííi defcuberta , mes
naó de todo , porque tem darredor , e de cima aííi como fer huma
gayolla , e tudo de vidro , e efto he aííi feito , porque nenhum nom
poííh tocar a cabeça , e fe alguém quifer tocar algumas Relliquias
danas a hum frade , que lhas toquem , e o frade tocas naquelles vi-
dros , que aíFi fom alli tocados como o foíTem na Cabeça , e aííi to-
caram hi alguns do Conde, e eílaô muitas Relliquias, e a Cabeça
tem a cutillada , que lhe deram tam frefqua , como em aquelle dia ,
que lhe foi dada , e bons cabellos , que tinha , e iílo aífi vifto forom-
Ihe amoftrar ho Moymento homde jaaz o Corpo , e efte Moymento
he aííi cuberto como a Cabeça , falvo nom tem aífi vidros , mas tem
grades darredor, que nom podem bem chegar com a maô a elle, que
fam de ferro e he dos fremofos movmentos que fe no mundo po-
,
,

dem achar, e con-o fe o Conde dalíi partio , loguo foi cerrado, e


a Cabeça também.
Ora vos torno a contar do Caílello do Duque , que he muy
forte , e cercado dagoa ,e ha guaiva ferra daltura tres lanças darmas,
e dancho cinco , e de dentro do Caílello tem outra cerca cercada
com agoa , e com fua alcáçova muv forte, e de dentro tem mais de
quarenta homens, que guardam o Duque, e nunca dahi fayem , fal-
vo per licença que hao de feu Capitão , e hi comem , e bebem , e
,

hi ham feu foldo e aííi eíía guardado o Duque nefte Caííello , e


,

quando o Duque quer hir correr monte , faife de noite com hum ho-
mem , de que fe elle f a , e faife per tal guifa que o nom vee nin-
,

guém , nem o fabe , falvo algumas peíTons certas de quem fe f a , e


mete-fe em hum barco , e vai-fe por hum rio a hum Caílello , que
tem , qi'e he da Cidade fete milhas , que fom duas legoas , e huma
milha , efte Rio nrm he mais fenao per quanto vai o barco ao fuío
dito , e apar deíle Caílello tem o Duque hum parque cercado , cm
que corre inonte, e caça , e deziam , que avia em elle tres legoas, e
,

£oo Trovas do Liv. X. da Hiftoría Çeneahgtca


e alli dentro andaó porcos , cervos , corços , lobos , e rapozas , e per-
dizes , Jebres , e outras aiimarías muitas parque couta-
, elle tem efte
do , e quando fe elle fai , e vai foo , manda as fuás gentes , que fe
vam dantes , ou defpois , ou aíTi como lhe a elle apraz e aíli o fa- ,

zem. Outro fi a efte Caftello foi o Conde fallar ao Duque , e vie-


rom-no receber ao caminho quanto podia fer huma legoa muitos Ca-
valleiros , e Gentishomens , e outra gente muita , e levaram alfi o
Conde muito onradamente ate o Caftello onde eftava o Duque , e
quando o Conde chegou a porta do Caftello vierom-no receber Ca-
valleiros , e Gentishomens , que eftavaó com o Duque , e os que
hiam com o Conde , e levarom-no aíli onradamente a huma Camara
onde eftava o Duque , e o Duque fayo da Camara a recebello , e o
Conde lhe fez huma muy grande mifura e o Duque outra a elle , e ,

entam o tomou o Duque polia maó , e o Tnigo polia outra , e che-


garam-fe todos tres a huma janella , e os Cavalleiros , e fidalgos dar-
redor eftiverom afti fallando por efpaço de huma ora e meya , ate
que veyo hum effrolico , e difte , que ia nom eram oras pera fallarem
mais , entam fe efpedio o Conde do Duque , e eftando o Conde a
Cavallo veyo o Duque a hum eyrado , e fez huma mifura ao Conde,
e o Conde outra a elle, e entaó levaram aquclles Cavalleiros, e
Gentishomens o Conde aquelle parque onde o D^.que corre monta-
ria , que fera hum quarto de legoa , e o Duque tinha ja mandado
aos feos moços do monte , que tiveftem emprazados dous , ou tres
porcos pera o Conde , e elles afti os tinham , e como o Conde foi
no monte logo poferom a vozaria per tal guifa , que logo fízerom
vir hum porco honde eftava o Conde, que eftava em hum campo no
cabo do monte , e vinha com o porco a mais fermoza vozaria , que
fe podefte achar , que viriam com elle bem cincoenta fabujos , e co-
mo o porco chegou onde eftava o Conde fez parada com os caens,
e acutilou-os muy bem , e foi logo alli muy preftes hum moço do
monte com fua lança nas maons , e aguardou-o a guifa de bom ho-
mem , e deulhe huma lançada per antre as efpadoas , e entrou huma
lança ata huma Cruz , que trazia no alv^ado , e afti andou hum peda-
ço ate , que o derribaram os caens , e aíR foi efta montaria acabada
porque era jaa tarde pera fe vir o Conde , e por eftb nom quiferom
mais correr monte , que ainda hi avia mais porcos emprazados , e os
moços do monte traziam jornes de cremezim , e juboens de velludo,
e calças de quartos brancos, e pretos, e verdes, çapatos de corda,
e em fuas cabeças carapuças de quatro Caftellos , e aífi corriam feu
monte , e ifto feito fe veyo o Conde a Cidade. Outro fi o Duque
he afti do corpo como João Portela , o que mora em Couna , e afti
tem o roftro , e o corpo , falvante as pernas , que tem mais del-
guadas.
E ao Dominguo polia manhna mandou o Conde o porco ao
Duque em prezente em huma carreta , e trazinm-na quatro trotoens
muy fermozos, e mediram efte porco na falia do Conde, e acharam,
que era de doze palmos. Outro íi mandou ho Duque hum prezen-
te , ÍT. de cevada , e gallinhas , e vinho , e malvafta , e em efta Ci-
dade
da Cafa %eal T^ormgues^a. 6o i
dade efteve o Conde onze dias e a fegunda feira que forom onze
, ,

dias do mes de Novembro foi dormir a hum liignr que chamam ,

Majéta ,
que fam fetc legoas , ao outro dia foi dormir a Cidade de
Maguça , que fom quatro legoas e ao outro dia foi dormir a Sam
,

Jermó , que fom fcte legoas , e ao outro dia foi dormir a Cidade de
Broca , que fom outo legoas , e nefta Cidade deram ao Conde vinho
de onze annos , e delles diíferom , que beberom vinho de vinte e hum
annos. ^
Outro íi quando o Conde partio de Nugea que foi dormir a ,

Sam Germó achamos no caminho huma Cidade que chamam Verfe- ,

Iha, que he o primeiro lugar do Duque de Saboya e antes, que o ,

Conde chegaíTe a efta Cidade hum pedaço veyo hum Cavalleiro que ,

era Caílellaó que eílava naquella Cidade pollo Duque que era a
, ,

poteftade da fufo dita e foi receber o Conde a huma meya legoa da


,

Cidade com outros Gentishomens da fuío dita e vieram com o Con-


,

de ate a porta da Cidade, e o Conde nom quizera ir per dentro ,


elles lhe pediram por mercê , que foífe per dentro , e aíH paílbu o
Conde per efta Cidade e nefta Cidade avia nmitos officiaes de mui-
,

tas maneiras , e aííi forom os Ibbreditos com o Conde ate fora da


Cidade quanto podia fer dous tiros de befra , e alli fezeram fuas ao
Conde, e o Conde a elles, e dalli fe tornaram pcra a Cidade, e
deu o C^onde a andar feu caminho.
E defta Cidade de Broca foi dormir a Bar , que fom tres le-
goas , e eíle luguar nom tem mais de huma rua , e efta aíFentada an-
tre duas ferras , e per fundo delia vay huma Pvibcira , que vai muy
rija , e fabei , que quem vier por efte luguar quer de pec quer de
,
befia nrim pode por alli palTar fenam per hum caminho , que nom
he mais larguo fenam huma braçada , e dalli nom a paíPagem fenam
,

a Ix. legoas , e ifto he fenom , porque fom tudo muy grandes ferras,
e achamos por eíle teraó de Saboya , e Dalemanha quanto podia fer
bem cincoenta legoas, que Ibm homens, e molheres, e moços, mas
nom fom aíli todos , mas eftes fom os mais poucos , que nom ícjam
papeiros , que fom os papos tamanhos , que lhes nom parecem os pef-
coços mais a huns , que a outros , e perguntamos de que fe lhe fa- ,

ziam aíli aquelles papos, e elles deziam que fe lhe faziam dagoa ,
,

que bebiam e delles diziam, que era a fua natureza, e gcraçaô , e as


,

molheres também moças, como velhas, que achamos no caminho,


que andavao guardando feu guado todas andavam cm cabcllo , elías
eram nmy feas com os papos que traziam, e com os cabellos , que
,

lhes davam pollos hombros , e andaõ mal vcftidas e nam as achamos


,

aííi andar , lenam por efpaço de trinta legoas , ou corenta , e as ou-


tras andavao doutra guifa. Outro íi eftas íulo ditas quando nos viam
vir pollo caminho aííi armados como hiamos fogiam pera as ferras , e
pera fuas cazas , porque aviam medo de nos , e ao outro dia foi
dormir a huma Cidade , que chamam Ofta que fom doze legoas e
,

meya, e eíleve hi ao outro dia, que foi Dominguo efta Cidade jaz :

em huma Ribeira antre duas ferras , e he pobre Cidade , e pequena,


e ao outro dia, que foi legunda feira foi dormir ao pee da monta-
Tom. V. Gggg nha
6oz Trovas do Lh. X. da Hlfloria Çenealoglca

nha a hum que chamaó Burguo de Sam Martim , que fam


lugiiar ,

quatro legoas , e quando o Conde chegou a eíte Burgo nam jazia


neve fenam muy pouca , e quando veyo ao outro dia , que foi terça
feira nam podiaó os homens fair das cazas com neve , que nevara
aquella noytc , e quando o Conde ifto vio , duvidou de poder paffar
a montanha ,e os da terra dilTeram , que íenaó paíTaífe aquelle dia ,
e nevaíTe mais , que era duvida de paíTar di a hum mes , ou dous , íe-
gundo elle hia com tanta gente , entaó mandou o Conde , que foíTe
loguo o jantar preíles , que iria logo comer , e afll foi logo preftes ,
e como jentaram tomarom loguo os que fe forom diante homens da
terra , que íabiam , e foroin-fe com elles , ate que paíTaram a monta-
nha , e davalhe a neve polias cilhas , e a loguares polias efpadoas as
beftas , e alTi fzerom eftes dianteiros o caminho , e quando ho Con-
de partio do fobrcdito níTi levava homens per guia efta montanha he
:

tam alta de fobir , que fe decerom muitos , falvo o Conde , que nun-
ca fe deceo da befta em que hia , em todo o cima deíla montanha
cila hum Moíleiro, que chamao Sam Bernardo, e em elle eílaô quin-
ze frades , e haô x6 ducados de renda , eftes frades nom fazem outra
coufa fenam ter alli mantimentos , e camas pera quantos forem , e
vierem , e lílo todo polio amor de Deos , e tem eftufas muy boas ,
e bem quentes pera todos , e fabede , que muita gente pafla por
aquella montanha , que fenom achaííem alli aquelle Mofleiro , e aquel-
las eftufas afíi quentes , como eftao , que morreria muita gente , e de
ventura feria o que efcapafte quando muito neva , e fabei , que al-
guns quando chegaó a cfte JVlofteiro vem ja tam entanguidos de frio
nas beftas , que fe nom podem decer , e antes os decem e levam nos ,

a eftufa , e alli aquecem e taes paíFaó por efta montanha , que lhe
,

caem os dedos das maons , e dos pees com frio , e efto he certo , e
ja fe aqueceo , que acharão hi homens mortos , porque quando faz
vento , cae a neve das penas , e vem-fe polia Cofta abaixo , e faz
hum novelo tamanho como huma cuba , e quantos acerta , tantos ma-
ta , e ainda , que fe queiram guardar nom podem e ifto he porque
,

nunca a vem lenam des que he junto com elles , e delles nom fe po-
dem guardar , porque nam tem pera onde , porque he a neve taô al-
ta , que fe fe meteíTem em ella nom poderiam fahir delia e o cami-
,

nho he dancho como dum covado , e nefta ferra ha tres legoas , ft*.

huma legoa e meya per fobida , e outro tanto per decida , e efte ca-
minho com Mofteiro fez Anibal , que ordenou em efta monta-
efte
nha. Outro fi o Conde chegou a efte Mofteiro , e efteve hi hum
pedaço , e os fufo ditos davam de comer , e de beber , a cada ft'.

hum , em que cantidade hera, que elles tem alli aves, e vaca, car-
neiros , e marrans , e outras carnes , e depois que alli forom acerca
,
todos juntos naquelle Mofteiro onde eftava o Conde, deu logo a an-
dar o Conde leu caminho polia montanha abaixo , e dilTe aquelles
,
que hiam junto com elle , e que era bem de fe decerem porque era
,
o caminho muy fraguoíò , e delles fe deceraó , e delles naó , os que
fe decerom também a fubida , como a decida delles levavam arncfes,
e aíFi andavam por aquella neve que era huma muy gram pena , e
,
traba-
,

da Cafa ^al Tortagnes^a, 60^


trabalho , e aíTi pairaram efta montanha , e como forom cm todo fun-
do da montanha cavalgaram , e os que hiam a pcc , e tornaram- fe as
guias , que hiam com o Conde pera fuás cazas. Outro íi neíle cami-
nho deíla montanha eftao C ruzcs de pao , porque quando a neve he
muita tem tapado todo o caminho , e per aquellas Cruzes labem per
onde vai o caminho , e nefte dia foi o Conde dormir a hum Juguar,
que chamaó o Burgo de Sam Rumi , que fam fete legoas , e ao ou-
tro dia foi dormir a hum lugar , que chamaó Martinel , que fom tres
legoas , e ao outro dia foi dormir a hum Juguar , que chamaó San-
delocim , que fom tres legoas , em efte luguar jaz Sam Martinho , e
ao outro dia foi dormir a hum lugar , que chamaó Nives , que fam
lète legoas , e adiamos no caminho huma villa nova, que fe começa
hum laguo , em que ha fete legoas em ancho , e dezafete em longo
e he muy bem povoado de huma parte como da outra de villas , co-
mo de caftellos , e duas Cidades muy boas, a hi1a chamaó Loufa , e
a outra Ginebra , e todos eftes luguares fom do Duque de Saboya , e
ao outro dia foi ho Conde dormir a fufo dita Cidade Loufa , que
Ibm duas legoas, e os ditos Bifpos , e Doutores com elle, e quando
chegarom acerca da Cidade começaram as trombetas , e charamellas de
tanger, que aíli o tinha ja o Conde ordenado, e hiam tamjendo an-
tele, e todos aquelles , que levavam lanças levavao-as alçadas poílas
em fuas coxas , e vierom ao caminho receber ao Conde os Gentif-
homens daquella Cidade , e aíTi entrou nella muy onrradamente.
Neila Cidade efteve o Conde hum dia , que foi Dominguo , e
a fcgunda feira depois de jantar cavalgou , e foi fallar ao Duque de
Saboya , que eftava dahi quatro legoas , e foi a cavallo ate o lago ,
que aqui faz mençam fufo dito , que fera da Cidade acerca de huma
legoa e meya , e alli efta hum luguar pequeno , que moraram em el-
le ate dezafeis , ou vinte peífoas , efte luguar he porto daquelle la-
go , que eítam em elle baicas , que paííam de huma parte pera a ou-
tra , e dalli hia quatro legoas por efte laguo ha outra parte , onde
eftava o Duque , e o Conde quando chegou a efte porto tinha ja
hy barcas preftes pera paliar, porque tinha laja dantes mandado hum
feu Arauto a caza do Duque com o recado em como elle avia dir
fallar ao fufo dito , e entam defcavaigou , e meteo-fe na barqua com
todolos feus fidalgos, e Efcudeiros da fua caza , e alguns Officiaes
certos , e os Gentishomens nam levavam mais , fenam cada hum feu
homem pera os fervir , e a outra gente ficou na fuío dita com toda
a frafcn , e beftas , e aííi fe meteo o Conde na barca , e mandou tor-
nar as beftas pera a fobredita quando chegou da outra parte onde ef-
tava o Duque, que era do porto hum tiro de befta , e antes, que
chegualfe aos Paços , vierom-no receber Cavalleiros , e Gentishomens,
que hi eftavam com o Duque , e forom-fe com elle ata dentro , e
guando cheguamos a primeira porta do Paço , eftava nella hum Por-
teiro , que a guardava , e diíTe a todos aquelles , que levavaó efpadas,
que as pouíaííem , porque nom era coftume de as levarem dentro, e
o Conde aíTi o mandou , entonces o levaram a huma Camara térrea,
que era ladrilhada , eftiverom hi hum pouco fallando , e em tanto
Tom. V. Gggg ii vierom
6o^ T^rovns do Liv, X. da HijlorU Çeneakgtca
vicrom Cavalleiios , e Geiítisliomcns para fallarem , e eílnrem com o
Duque , e íoiom-í'e peia o Duque , e depois , que o Conde ali ef-
teve fallando , levarom-no pera cima a huma falia aonde eílava hunia
muy gram fogueira , e bancos pera íer , e hi eíleve o Conde fallando
per efpaço de hum quarto dora com eílcs Cavalleiros , c Gentislio-
mens , e entam fayo o Duque de huma Camara , e outros Cavallei-
ros com elles veftidos com fuas chamarras pardas todos aíli como o
Duque , e o Conde quando o vio fair , foi pera elle , e fizeram fuas
mifuras huum ao outro
, e deram fuas maons , e o Duque deu a
maó aquelles fidalgos , que hiam com o Conde , e efliverom fallando
hum pouco em pee , e entam fez o Duque aíTentar o Conde em huum
banco acerca da fogueira , e efliverom fallando , ÍT. fallava o Arauto
do Conde antrambos , porque fe nom entendiam , porque o Conde
nom fabia fallar a fua lingoajem , nem o Duque a do Conde , e por
iífo fallava efl:e Arauto antrambos, e elles eflando aíPi fallando, che-
gou-fe hum Cavalleiro , que fora com o Conde da Loufa , e diííeao
Duque , Senlíor o Conde fabe fallar bom latim , e então começou o
Conde de fallar latim com o Duque , e perguntoulhe o Duque por
ElRey Dom Joaó , e por o Conde Nuno Alvares , quanto avia , que
morrerom , e perguntou per ElRey Dom Eduarte , e por feos Ir-
maons , e que tam velhos eram , e fe eftavaó todos em paaz , e ef-
tando elles aíTi fallando cheguaram dous feus filhos , e o mayor del-
les he Princepe , e he cazado com a filha DelRey de Chipre e tem ,

hum filho , que era aquelle tempo , que fe efto aqui cfcreveo de dous
nnnos , e he cazado com a filha DelRey de França , que aífi era de
idade de tres annos , e o Princepe a tinha jaa hi com feu filho , e
criavam-fe ambos. Outro fi o Princepe era de idade de vinte e feis
annos , e chamava-fe Princepe de Piamonte , e feu Irmão feria de ida-
de de dezafeis annos , e he Conde de Jeneva. Outro fi efl:es fufo
ditos cheguaram onde eftava fallando feu Padre com o Conde , pofe-
rom feus joelhos no chao , e fizerom fuas mizuras , e o Conde lhe
fez também muy gram mizura , e elles fe afafl:arom a fora hum pou-
co , efliverom afli quedos em pee , e o Duque efteve fallando com o
Conde per efpaço de hum quarto dora , e entam fe efpedio o Du-
que do Conde , e difTe a feus filhos , que lhe entregava aquelle Se-
nhor , e elles o levaram pera huma Camara , e trouveromlhes logo
muy preflefmente vinho , e fruita , e bebeo o Conde com elles , e to-
dolos outros Cavalleiros, e Gentishomens , e efto afíl acabado partio-
fe dalli , e cavalguaram afli todos cm cima de bons cavallos , que
lhos tinhaô preftes a porta do Paço , e forom aífi fallando os fobre-
ditos com o Conde ate a villa, que era dalli hum quarto de legoa
,
onde o Príncipe tinha fua Corte , e levarom o Conde a fua poufada,
que era acerqua dos Paços do Principe, e defcavalguaram todos, e el-
les levarom o Conde a fufo dita , e entam fe tornaram pera o feu
Paço , e aíTi ficou alli o Conde em fua poufada. Outro fi o Senhor
Conde levou efle dia veftido hum fayo brocado , que era farpado , e
levava tres pajens com fayos farpados, e chapados, e os fidalgos bem
veftidos , ÍT. delles com fayos de panos de láa , e delles de feda , e ao
outro
da Cafa T^al Tonugue^a. tf o5
outro dia ,
que era terça feira foi o Conde ouvir miíTa a huma Igre-
ja ,
que eílava hi acerca , e levava vellido hum layo gretado forrado
de martas , e os fidalgos levavam brocados , e delles chapados , e co-
mo ho Conde ouvio miíla veyo jentar , e com a igoaria primeira vie-
rom tanjendo as pipas , e outro fi vierom da cozinha do Princepe
muy boas igoarias , e muitas , e a baixella em que vinham , era muy
rica , e ante eilas vinha hum Cavalleiro do Princepe , e como o Con-
de acabou de comer , vierom Cavalleiros , e grandes homens , e fo-
rom-fe com ellc a caza do Princepe , e entrando polia porta do Pa-
ço veyo o Princepe , e feu Irmaô , e levarom o Conde pera cima pê-
ra huma Camara , homde eftava a Rainha de Nápoles , que he íua Ir-
ma , e eftava hy a mulher do Princepe , e outras muitas Donnas , e
Domzellas com ella , e quando o Conde entrou polia porta da Cama»
ra onde eftavam eftas Senhoras levantaraó-fe donde eftavaó em feu ef-
trado , e moverom pera o Conde, e o Conde fezlhes fua mifura , ÍT.
primeiramente a Ramha , e defpois a imilher do Princepe , e a Rai-
nha tinha veílida huâ Oppa preta a maneira de doo , e a molher do
Princepe tinha huma Oppa brocada douro , e as Dammas muy bem
veftidas , delias de brocados , e delias doutras Oppas de feda , e de
láa , e a Rainha , e a molher do Princepe tornaram-fe aífentar em
feu eftrado , e o Conde , e o Princepe , c feu Irmaô aííentaram-fe
em hum banco , e entam mandaram tanger as pipas , e deram huma
Donna ao Conde , que era mulher de Marichal , e o Princepe , e leu
Irmão tomarão fenhas , e os Cavalleiros entreguaram outras , e elles
entreguaram-nas aquelles fidalgos , e Gentishomens , que yam com o
Conde , e tanjerom a baixa dança , e o Princepe começou logo , e
defpois o Conde , e defpois ho Irmaó do Princepe , e apos elles os
Gentishomens do Conde , e defpois fezeram a baixa alta , e antam
mandaram callar aquellas as pipas , e mandaram tanjer as pipas do
Conde as quaes davam a vantajem , e fezeram a baixa dança, e a al-
ta dança , e antam fe deceram eftas , e vierom outras pipas do Prin-
cepe , que tanjeram dantes, e fizeram huma dança ao feu modo, eo
Conde nom foube dançar aquelle modo , e fayofe da dança , e o Prin-
cepe , e feu Irmaó dançavam muy bem , e alguns Gentishomens do
Conde com elles, e afll folguarom hum pedaço, e entaó veyo vi-
nho , e fruita , e beberom todos, e entaó trouxerom a filha DelRey
de França , e feu marido , que he filho do Princepe , e traziam-nos
Donnas , e Cavalleiros no colo , e puferom-nos junto com a Rainha,
e com a molher do Princepe elles vinhaô veftidos de brocado. Ou-
:

tro Cl o Princepe , e feu Irmaó traziaó veftidos brocados forrados de


martas , e os Cavalleiros, e Gentishomens de fua Caza eram bem vef-
tidos , e alguns delles andavam na dança , e veftirom fayos brocados
huns , e outros chapados , e efto afii acabado efpedio-fe o Conde da
Rainha , e da molher do Princepe , e daquellas Òonnas , e o Prince-
pe , e feu Irmaó forom-fe com elle ate a porta do dito Paço , e alli
fízerom fuas mifuras , e foi-íe o Conde pera fua poufada , e a noite
forom aquelle.< Cavalleiros folgar com o Conde , e a quarta feira fe-
guinte foi o Conde muy cedo ouvir miífa , e veyo logo comer , e
como
,

6o6 Trovas do Liv. X. da Hijlorla (genealógica


como comeo partio-fe loguo a pee , e foi-fc ao porto , que hi efta-
va acerca pera íc meter na barca que lhe Ja hi tinhao preftes , e ef-
,

tando pera fe meter na barca diíleramlhe Senhor , o Príncipe vem ,


:

e elle tornou pera elle muy rijamente, e vinha cem elle feu Irmaó
e Cavalleiros, e Gentishomens com elles, e alli fe abraçou o Princepe,
e feu Irmaó com o Conde , e fizeram-fe fuas mlzuras , e o Princepe
deu a maó a todos aquellcs fídalguos do Conde , e o Conde fe meteo
na barca , e o Princepe eíleve fempre ally ataa , que fe a barca par-
tio , e aíTi fe efpedio o Conde. Outro fi o Princepe tem ordenan-
ça em fua caza per efta guifa , ÍT. traz em fua caza certos Cavallei-
ros , que fom cazados , e trazem hi fuas molheres , e eftes fufo ditos
andam hi tempo certo , e acabado o dito tempo vam-fe pera fuas ca-
zas , e vem-fe outros per efta mefma guifa , e aífi traz fua caza acom-
panhada como pode fer Senhor. Outro fi em fua caza fe fazem tres
dias na fomana danças , e feftas , ÍT. a terça , e a quinta , e o Sábado.
Outro fi toda a delpeza , que o Conde alli fez foi a cufta do Prin-
cepe ao Conde nom lhe prazia muito , e deziam alguns , que por if-
fo eftivera alli o Conde tam pouco.
A quinta feira partio o Conde defta Cidade , e foi dormir a
hum lugar, que chamaó Sam Ronior , que fam feis legoas, e quando
o Conde partio defta Cidade eram duas oras e meya depois de meyo
dia , porque efcreveo dalli por hum feu Arauto a EIRey de Portu-
gal: outro fi quando o Conde chegou a eíle lugar de Romor eram
ja andadas cinco oras da noite, e ,fte luguar foi ja queimado duas
vezes , e a derradeira avya dous annc s, que nom ficou cafas, nem Igre-
jas , nem hum Mofteiro de Santa Oara , que tudo nom fofte quei-
mado , fl'. ate os que eftavam fora do luguar quanto podia fer hum
tiro de befta , deziam os homens do fufo dito , que viam hir o fogo
pollo ar , e hia cayr em cima delles , e queimava-os , e efte Moftei-
ro da villa he hum boó tiro de befta , e alli foi o foguo faltar, e
queimou o Mofteiro , e cinco , ou leis freiras dentro , porque o fo-
guo era muy grande ellas nom poderom fogir com as outras , e al-
guns perguntarom , que pecado era aquelle daquelle luguar , que afti
ja fora queimado duí.s vezes , e delics difterom , que avia hi algumas
maas pefToas , que uzavam de feitiços, e afti foi efte lugar queimado,
e as freiras do Mofteiro vieram ao caminho pedir por mercê ao Con-
de, que lhe mandaffe dar alguma efmolla polío amor de Deos , por-
que a fua mercê podia bem faber de como aquelle Mofteiro fora quei-
mado , e deftruido , e o Conde mandoulhe dar , e ao outro dia foi
dormir a huma villa , que chamam Tribur , que fom tres legoas ; efta
villa he muy boa, e muy rica, e he o primeiro luguar Dalemanha,
mas nom he toda , que delia he do Duque de Saboya , e nefte lu-
guar entrou o Conde aos vinte e tres dias do dito mes , e a fegunda
feira foi dormir a hum luguar que cham.am Berna , que fom tres le-
,
goas , ao outro dia foi dormir a Igelorom , que fom tres legoas, e
ao outro dia foi dormir a Valhiftar , que fom duas legoas , e nefte
dia nevou muito , e fez muy gram frio , e efteve hi o Conde aquelle
dia. também ^ e ao outro dia foi dormir Alhiftar que fom duas
,

goas,
da Cafa %eal Tortuguef^a. 60^
goas , e entregaram loguo todas as armas , cada hum
como chegaram ,

como as trazia , e neíla noite forom todas entrouxadas , e poftas em


carretas per tal guifa , que quando foi manha eram Jaa na Cidade de
BafiUea nas poufadas do Conde, e alli tirou o Conde a cota, que
trouxe pelo caminho , e também o paje , que lhe trazia a bareta , e a
lamça, e ao outro dia , que foi Dominguo , que eram dous dias an-
dados do mez de Dezembro foi o Conde , e o Bifpo do Porto , e o
Bifpo de Vifeu , e os Doutores dormir a Bafillea , que foni duas le-
guoas.
Bafillea.

E trazia o Conde veftido hum fayo borcado , e tres pajens de


fayos chapados com botas de barbamte , e todos feus veíbrios como
libre ,
que elle dera em BoUonha , ÍF. os fidalgos , e feos Eícudeiros,
e pajés , e alguns officiaes do Conde , eftes levavam jacas , e jornees,
e a outra jente levavam fayas , a maneira dapertadas , e aHl entraram
em Bafillea todos juntos os íuío ditos, e amtes , que cheguaiTem a
Cidade quanto podia fer huma meya legoa , mandou o Conde , que
todos aquelles , que traziam fayos apertados , que foíTem todos traz
elle , dous e dous a pares , e aííi forom huns a traz outros , e
íí'.
,

hum homem , que os regia , e os Efcudeiros hiam ante o Conde , e


forom aíTi per ordenamça ata a poufada do dito Senhor. Outro íi
antes , que o Conde eníraílé na dita Cidade vierom-no receber Arce-
bifpos , e Bitpos , e Doutores , e todolos Prellados , que hi eílavam
no dito Concilio , e Cavalleiros , e outra muita gente da dita Cida-
de , e antes , que cheguaiTem a porta da Cidade começarem as chara-
niellas do Conde de tanjcr e aíTi Icvarom o Conde muy homrada-
,

mente pela Cidade ate a fua poufada , e aqui efteve o Conde a fe-
gunda e a terça , e a quarta feira foi fallar aos Cardeais , ÍT. foi pri-
,

meiro fallar ao Cardeal de Santangelo , que he deleguado pollo Con-


cilio , efte Cardeal he de Itália , e dahi foi fallar ao Cardeal de Sam
Pedro , e eíle he de Caílella , e eílava hi polo Papa , e dahi foi ao
outro dia fallar ao Cardeal Darle , eíle he franccz , e como o Con-
de entrou polia falia do primeiro Cardeal fayo elle da lua camará, e
o Conde lhe fez huma muy grande mifura , e elle ao Conde , e to-
mou polia maõ , e fello ir diante pera a fua camará , e fezlhe muy
grande homra , e aíFi como o Conde foi deíl:e bem recebido , aííi o
foi dos outros dous, e o Conde levava veílido huma Oppa brocada,
e aíTi foi recebido deftes tres Cardeacs. Outro fi o Conde efteve af-
fi cinco , ou íeis dias , e acabo delles foi ao Concilio , que fe fazia
na See da fufo dita , e o Bifpo do Porto , e o Biípo de Vizeu , e os
Doutores todos juntos, e nefle dia nom forom encorporados no fufo
dito , falvo , que fallaram aquelles Cardeais, Patriarcas, e Arcebii-
pos e Bifpos , e Prellados , que eílavam no dito Concilio.
,

E ao outro dia forom laa , e deramlhe a Embaixada , que o


Conde trazia do muy nobre Rey de Portugal , e foi defpoíla por Vaf-
co Fernamdes , Doutor , e defpois a cabo de tres , ou quatro dias
forom la todos juntos , e aíTentaram todos o Bifpo do Porto na ca-
deira
'

6*08 Trovas do Liv, X, da Hijlorla Çenealogica


deira DelRey porfer em peíToa do dito Senhor Rey , porque aíTi he
ho coftume de todolos Reis , e Emperadores , quando mandam feus
Embaixadores de ferem poílos em fuas cadeiras , e aífl fyã todos , e
cada Embaixador em fua cadeira , falvo o Embaixador DelRey Dim-
graterra ,
que partido do Concilio.
era ja Outro íi as cadeiras iam
dez, ir. huma do Papa , e outra do Emperador , e oyto dos Reys ,
que cftavam ordenadas per efta guifa ; quando entram polia porta da
See , loguo vem dar da fufo dita , eílavam ellas per efta guifa , que
aqui faz mençam a cadeira do Papa , e do Emperador eftavam na
:

entrada da oufia , e a dos Reys eftavaó das ilharguas a veira das pa-
redes , ÍT. quatro de huma parte , e quatro da outra , e a parte derei-
ta eftavam eftas , que fe feguem , ÍT. a cadeira DelRey de França em
cabeceira da contra a do Emperador , e da outra parte em dereito
delia eftava a cadeira DelRey Dingraterra em cabeceira de contra a
do Papa , de paar defta eftava a cadeira DelRey de Portugal , e da
outra parte a cadeira DelRev de Caftella junto com a de França , e
junto com efta a cadeira DelRey Daraguam , e da outra parte em de-
DelRey de Nápoles , junto com a de Portugual,
reito delia a cadeira
e junto com ella a DelRey de Navarra e da outra parte a cadeira
,

DelRey de Chipre junto com a de Nápoles e aTi eftavam eftas


, ,

cadeiras ordenadas quando vierem os Embaixadores dos outros


, e
Reys am deftar a fo eftes junto com eftes. Outro íi o Embaixador
DelRey Dingraterra como fe partio do Concilio , loguo o Embaixa-
dor DelRey de Caftella comprou a cadeira DelRey Dingraterra ao
Concilio , e deulhe por ella trinta mil florins e efto nom fezerom
,

os Caftelaons falvo com enveja


, que ouverom da cadeira DelRey
,

Dingraterra , porque eílava da outra parte em cabeceira , porque he


mayor honra , e por elles percalçarem efta honra , e mais por ferem
acima da cadeira DelRey de Portugual , que ha tinham abaix') de íi,
por ifto compraram efta cadeira , mas como o Embaixador DelRey
Dingraterra tornar ao Concilio , loguo a elle tomara , aimda que lhe
pez, porque per dereito he fua , c aíTi deziam no Concilio, que lo-
guo lhe feria entregue ca o Concilio nam lha vendeo , falvo por fe
manter , e porque lhe derom muito dinheiro por ella que fe o aílí
,

nom fizeram , nom fe poderia manter o fufo dito. Outro íi o Con-


de daquellas tres vezes , que foi ao Concilio , a primeira vez le-
íl'.

vou veftido huma Oppa brocada deftado , e a íegunda vez levou hum
fayo franzido chapado , que tinha trinta marcos de prata , e a tercei-
ra vez levou hum fayo chapado , que tinha outros trinta marcos de
prata, e todolos fcos veftidos com mylhores fayos, que cada hum ti-
nha , e a quarta vez levou hum mantou chapado com hum jubao
brocadoo.
Outro íi efta Cidade eftaa aíTentada em terra chaâ, he muy boa
Cidade muy beem farta de paó , e de vinho , e de carnes , e pefca-
do , e de todalas outras coufas , e boom mercado, e nefta Cidade vi
hum dia fete carretas carreguadas de ovos , e oyto carreguadas de
paó , e per meyo defta Cidade vay hum rio , qué chamam Rim , e
efte rio tem hua ponte de madeira , que he de longuo duzentas e
quinze
,

da Cafa %eal Tortuguei^a, 609


quinze pafladiís lie o rio de larguo , e a ponte he de lar-
qua tanto
,

guo íeis paíTadns , vay muy rijo, e no inverno leva muy pou-
eíle rio
ca agua , porque as montanhas íbm todas cheas , e cubertas de neve,
e aíTi o faô os valles todos , c por efto eftaó as aguaas coalhadas , e
rios , e ribeiras , e no inverno he eíle rio todo rejelado , falvo por
onde vay a vea dagoa , e andam per cima defte rajelo carretas carre-
guadas , bem aíTi como andaó pollo chao , e a loguares he o regelo
de grofo duas braçadas, e vem as vezes tamanho rajelo pollo rio,
que vay daar tamanha pancada na ponte , que parece , que a quer
derribar , e como vem o veram loguo toda a neve he derretida , e
entam vay eíle rio cheo , e todolos outros da neve , que fe derrete.
Outro fi em toda a terra Dalemanha he muy fria , e fenaô foram as
eftufas , que tem morreriaó com frio , porque a neve he tanta , que
a luguares nom podem fayr das cafas , nem guados nom podem fair
fora das caías dous , ou tres mefcs , e mantem-íe em feno , que lhe
colhem no veraó. Outro fi a jente deíla terra he muy foberba , e
crua pera os eftrangeiros , e fam os homens mais comedores , e be-
bedores , que no mundo podem achar , e todos mal veílidos , falvo
alguns jentishomens , que andam comunalmente veílidos , mas as mo-
Iheres andam bem vcítidas. Outro íi neíla Cidade ha tal coílume,
que nenhum Cavalleiro, nem Gentilhomem nom ha deitar nella mais
de hum mes , ou dous , que eito acabado loguo fe vam pera feos
Caftellos , que tem pello termo , e na Cidade nam eítam homens fi-
dalguos , íalvo alguns , que fam Regedores da dita Cidade , ca todo-
los outros fam homens , que trabalhão , e eíta Cidade tem darredor
muitas vinhas , e terras de pam. Outro fi nefta Cidade avia aquelle
tempo , que o Conde hi eíleve oytocentas putas , e fe mais nam me-
nos , a fora outras , que eram caladas , e eílo era certo , e eram bem
gentis molheres pera o fufo dito , e neíla Cidade ha entre Igrejas
e Moíleiros trinta e feis. Outro fi dia fe faz , que entram neíla Ci-
da ie bem trezentas, ou quatrocentas carretas carreguadas , ÍF. delias
com paó , e com vinho , e com lenha , palha , feno , e com outras
mercadorias.
Aqui trata dos convites , que fizeram ao Conde , item foi con-
vidado do Cardeal de Sam Pedro , e de dous Biípos de Caílella , que
eílavam no Concilio por Embaixadores DelR ey de Caílella, e hum
era Bifpo de Cuenqua , e o outro Biípo de Burgos , e todolos fidal-
gos do Conde la comerom , e mais fezeromlhe muy grande fala de
muitas, e boas igoarias.
Aqui conta dos convidados ,
que o Conde convidou , e das fa-
las igoarias ,
que forom , ÍT. eílas forom das muitas , e boas igoarias,
que fe podefem fazer em falas.
o Bifpo de Caílella , que eílava no Concilio
Primeiranícnte
por Embaixador DelRey de Caílella veyo jantar com o Conde, eo
Bifpo do Porto e depois defles veyo o Bifpo de Caílella, que eíla-
,

va hi por Embaixador com o outro íufo dito por feu Senhor ElRey,
e a efie Biípo chamao o Bifpo de Burguos , e hoo outro Bifpo cha-
maô 5 o Bifpo de Conqua , e jantou com o Conde elle , e o Biípo
Tom. V. Hhhh de
6ío provas do Liv. X, da Hijlorla (genealógica

de Vifeu , e depois deites veyo jantar com o Conde lium Bifpo e" ,

hum Arcebifpo , e lium Protonotàrio , que fe chama Ludovico que ,

he hum dos mores leterados , que ha em toda Itália efl:es íufo ditos
,

eftavam por Embaixadores DelRcy Daraguam no Concilio , e depois


deito veyo hum Bilpo , que eílava por Embaixador peilo Emperador
no fufo dito , e depois deíle hum Bifpo , que efiava por Embaixador
do Duque de Bregonha , e efte Bifpo deziam , que tinha trezentos
mil frorins , e tem hum feu Irmaó , que he Arcebifpo , que tem qua-
trocentos mil frorins , e efto tem elles ambos de renda , e depois def-
to vierom dezanove molheres das mais honradas da dita Cidade , e ef«
tas vierom a cear , e depois , que cearam dançaram ellas com aquelles
fidalguos do Conde ate duas oras depois da meya noite e depois def-
,

tas vieram dous Cavalleiros ,


que eram Gregos , que eftavam no Con-
cilio por Embaixadores do Emperador de Grécia , e per aqui forom
eftes convidados acabados. Outro íi forom outros Embaixadores, que
eftavam no fufo dito convidados , elles fe efcufaram por neceílidades,
que tinham , e por iíTo ficaram eftes fobreditos , que nom vierom aos
convites.
Outro íí nefta Cidade he tal coftume , que de Natal ate dia
dentruido todalas feftas , e dias Santos nam fazem fenam dançar , e
fazem muitos joguos pela Cidade , e as molheres delia tem eftufas , e
vãa cear nellas cada huma a fua cufta , e como acabaó de cear, man-
dam tanjer as pipas , e começam de dançar com fuas molheres, ehuns
com os outros , e afli andam dançando , e tomando muito prazer ate
a meya noite. Outro íi neftes dias Santos juftaó huns com os ou-
tros , e aííi tomam muito prazer nefte tempo. Outro fi os fobredi-
tos quando dançavam na eftufa vinham convidar o Conde, e pedirlhe
por mercê , que foíTe la folguar com elles , e o Conde foi laa tres ,
ou quatro vezes , e mandavam as fuas pipas , que fe foftem com el-
le , e que nom tanjefem fenam quando elle mandaíTe , e quando o
Conde hia andavam elles ja dançando , e metiam-fe os fidalgos do
Conde com elles a dançar delles com molheres , e delles huns com ou-
tros , e como acabavam mandava o Conde tanjer as pipas as fuas, e
dançava o Conde com huma molher daquellas mais honradas , que hi
eftavam , e os fidalguos , e aquelles Gentishomens , que hi eftavam
dançavam com as outras molheres, e como acabavam vinha loguo vi-
nho , e fruita , e davam ao Conde , e aquelles fidalguos , e mais nam,
porque o vinho era tam pouco , que efcaíTamente podia avondar
aquelles fobreditos, e elles fam homens, que fabem muy pouco de
cortefia , nem darem honra a cada hum como a merece , mas ham eí-
tas bondades , fam muy rijos , e bem vallentes , e cavalgam muy for-
tes , e dereitos , e trazem boas pernas a cavallo , e juftaó bem a fua
guifa. Outro fi tem tal ordenaçam na Cidade íe algum homem , que
for Eftrangciro ferir a algum da Cidade paguarlheha certa pena , e
fe o da Cidade o ferir nom paguara nada. Outro fi fe o Eftrangci-
ro matar algum dos fufo ditos loguo pena por elle , e fc o da Cida-
de o matar fogiria pera cafa dalgum cavalleiro tres, ou quatro mefes,
ate que efqueça , e dalli tornar-fea pera fua cafa , e ninguém nom lhe
,

da Cafa %eal Tonugua^a* 611


fará nojo nenhum. Outro fi fe tiverem algum homem prefo , qu3
feja Crerigo , ou Frade , ou leiguo , e entenderem , que os ham de vir
roguar por elle, nom jaz na cadea mais de tres dias , e levam-no de
noite a ponte , que efta íbbre o rio , que vai por meyo da íbbredi-
ta , e na ponte efta huma porta dalçapao , e atamlhe os pees , e as
maons , e íançaó-nos por alli no rio , e o rio vai tam rijo, que o le-
va , que nunca mais parece , e efto nom fe entende , íalvo aquelle
que tem muito mal feito , porque merece aquella pena por nom ro-
guarem por elles , por eíTo os tem tam pouco na prifaó. Outro íi
o Concilio ordenou certos Embaixadores , que forom a Grécia pera
trazerem o Emperador ao Concilio, porque elles, e os de fua terra
defvairam em algumas coufas da noíTa feê , e porque elles aíTi defvai-
ram , e poios tornarem a noíTa verdadeira feê, ordenou o Concilio ef-
tes Embaixadores , que foíTem laa pera trazerem os fobreditos , dos
quaes vai laa por Embaixador o Bifpo dc Vifeu , o qual fe partio
defta Cidade o derradeiro dia de Fevereiro, e o Conde, e o Bifpo
do Porto forom com outros do Concilio ate hum pedaço fora da Ci-
dade com elle , e dalli fe efpedio o Bifpo delles. Outro íi o primei-
ro dia Dabril entrou nefta Cidade hum Arcebifpo , que vinha por
Embaixador do Papa , ao Concilio , e forom-no receber ao caminho ,
ir. o Senhor Conde , e Bifpo do Porto , e tcdolos Bifpos , e Abba-
des Bentos , e todolos outros Embaixadores , que eílavam no Conci-
lio , e forom apodados per todos a 6i de cavallo , e aíTi o trouxerom
muy omradamente ata honde elle poufou , e efte Arcebifpo foi con-
vidado do Conde , e fezlhe muy grande omra , e a fefta feira Den-
doenças virom na Seê defta Cidade fer aTentados tres Cardeaes , e
dous Patriarchas , e muitos Abbades Bentos, e trinta e feis , ^ por
Arcebifpos , e Bifpos , todos aíTentados com fuas Mitras nas cabeças,
e outros Prellados muitos , que foi huma muy fermofa coufa de ver.
Outro íi efte Embaixador do Papa a embaixada , que trouxe ao Con-
cilio foi efta o principio delia dizemdo o Papa , que elle fe envia en-
comendar chamando os filhos obidientes , c írmaonj: , roguandolhes ,
que efguardaífem em fuas conciencias que
,
legitimaíTem como fe
elles
poderia fazer efte Concilio fem fua peToa fer prezente , e outro íi ,
que fe fizsíTe o Concilio omde elle podeíTe ir , por quanto elle era
jaa homem velho , e canfado , e mais , que fe temia de feos imigos ,
como ell.\s muy bem fabiam , e mais , que em Itália ha muitos lugua-
res , e Cidades , que fom na fua terra per onde elle anda feguro , e
eílo foi , porque era ja o Concilio devulgado , que fe fizefte em
Aviniiom. Efto foi , porque no Concilio a efte tempo eftavam hi
muitas vozes dos francezes , mais, que outros nenhuns, e mais, que
empreftava a Cidade de Vinham ao Concilio feíTenta mil ducados pe-
ra aquelles Embaixadores , que aviam dir a Grécia polo Emperador,
que qua detraz faz menção , e o Papa ouve defto parte , e mandou
hum feu Embaixador a Vinhaô com huma carta de excomunham, di-
zendo que punha fentença de excomunham em qualquer peíToa , que
,

deíTe dinheiro , ou ajuda pera aquelles Embaixadores , que fe Deos


quifeíTc , que fe aquelles Gregos tornar quifcftem pera a noUa fee ,
Tom. V. Hhhh ii elle
,

6 12. Trovas do Liv, X. da Hi/loria Cfenea kgka


elle lhes mandaria dar dinheiros, que os abaftaíTe
, e fe o Embaixador
do Papa tardara hum Embaixadores
dia eftes ouveram de receber ef-
te ouro , e quando os da Cidade efto ouvirom nom quiferam dar o
ouro , falvo 6i ducados , que tinham ja dantees dado a hum Embai-
xador daquelles fobreditos , e por eito mandou o Papa o outro feu
Embaixador ao Concilio.
Outro íi do louvor , que derom ao Senhor Conde no Concilio, í

e foi efce, que nam viera ao Concilio nenhum Embaixador, que fof-
fe tam grande Senhor , nem de famgue Real como o Senhor Conde,
nem quem trouxeíTe tantos de cavallo , nem tam bem corregidos,
nem tantos cavallos , e tam bons como elle , nem que trouxefíe tam
j

boas trombetas , nem Paço de nenhum Embaixador tam boô como o !

feu , que pareceíle Paço de Senhor Real , nem trouxe nenhum Em-
baixador hi pipas , nem que dançaíle , falvo no Paço do Conde , e
eíla honra levou o Conde do Concilio , e da Cidade fobredita.
Outro fí dos outros Embaixadores todos nom veyo ao Conci-
lio tam bem corregida , e tam bem encavalguado como o Embaixador
DelRey Dingraterra , íf. veyo ao Concilio por Embaixador hum Con-
de , e hum Bifpo , que eram per todos 6: de cavallo, e vierom muy
bem corregidos , e traziam muy boos cavallos , e todos com feos ar-
cos de frechas nas maons, e afil entraram muy honradamente na Ci-
dade fobredita.
Outro fi eíle Conde foi hum dia folgar fora da Cidade a caça,
e neíle dia ouve Congregação na Seê da fobredita , e forom la todos
os Embaixadores, que eftavam no Concilio, dos quaes Ia foi aquelle
Bifpo Ingres , que eílava hi no dito Concilio por Embaixador do Se-
nhor Rey de Ingraterra , e fendo o Bifpo Ingres em a cadeira de feu
Senhor , e Rey , vieram os Embaixadores DelRey de Caftella , If.
eram dous Bifpos , e hum Cavalleiro , que chamam Joaó da Silva , e
os Bifpos chamam a hum delles o Bifpo de Burgos , e ao outro o
Bifpo de Conca , e fendo o Bifpo Ingres na cadeira de feu Senhor
allevnntaram-fe os Bifpos DelRey de Caftella com elle em argumen-
tos , dizendo , que aquella cadeira DelRey Dingraterra hera de derei-
to DeiRey de Caítella , e nam DelRey Dingraterra , e tinham cer-
to ahi mais em fua ajuda os Embaixadores DelRey de França , por-
que fam todos em huma vos os de Caftella , e os de França , e efto
he porque ElRey de Caftella he imigo DelRey Dingraterra, e El-
Rey de Ingraterra he imigo delRey de Caftella , e ElRey de Portugal
he amigo DelRey Dingraterra e porque eftes fobreditos fam legados
,

huns aos outros , e tem antre fi pazes feitas que fcjam imigo de imi-
, |

gos , e amigo damigos , e porque ElPvey de França he imigo dos fo-


breditos, e amiguo do lufo dito, e maes , porque ElRey de Caftel-
la ouve aqucUa guerra com Portugal tem tençam porque ElRey
, e

Dimgraterra fc em cabiceira , e o Rey de Portugual junto com elle


aviam eftes fobreditos defpeito , e trataram eftes Elmbaixadores de Caf-
tella , e de França, porque fom todos cm huma vooz em como ou-
veffem tomada aquella cadeira DelRey 'Dingraterra pera ElRey de
Caftella , por fer em cabiceira como fee ElRey de França , e por fer
acima
da Cafa %eal Tortugue^^a»

acima DelRey de Portugal , porque fam inayor honra as cabeceiras,


vieram eftes Biípos fobreditos a arguir polia guifa, que qua detrás
íaaz menção com o Bifpo Tngres por tençam , que Te levantaram ef-
tes Biípos Caílelhaaos , e foi hum delles , que chamam o Bifpo de
Conca , e lançou maó pello Bifpo Ingres , que eftava na cadeira , e
derribou-o delia em baixo , e afTentou-íe nella , e o Bifpo Ingres qui-
fera com huns cinco , ou feis feos , que hi tinha lançar maó poUo
Bifpo , que lhe fez aquelo , e forom loguo juntos muitos Caílelha-
nos , e francefes , que hi eílavam fobre os Ingrezes , que eram vinte
caftelhanos , e francefes pera hum Ingres , e nefto levantaram-fe os
Cardeaes , e os Embaixadores eftremaram-nos , e levaram por entam
os caftelhanos a milhor daquelle Bifpo Ingres , e quando veyo o Con-
de Ingres , que era na caça , que foube defto parte ouve muy grande
defpeito , e foi-fe aos Cardeaes fobre aquelo , pedindolhe por mercê,
que elles o ouviílem com dtró , dizendo , que elles fabiam bem de
como elle, e aquelle Bifpo eftavam por Embaixadores por feu Senhor
ElRey no Concilio , e de como aquella cadeira he fua de certo , e ha
de fer nella em cabeceira , e como aquelles Embaixadores de Caftel-
la forom homde feya o Embaixador na cadeira de feu Senhor ElRey,
e o derribaraa delia , e fizeram aquella injuria a feu Senhor ElRey ,
porem, que elles tornalfem aquello , ou fe faria hi al , e elles torna-
ram em repofta , que iriao a Congregação , e que os ouviriam com
feu dereito , e forom la , e litigaram tanto, que tornaram o Bifpo a
dita cadeira , e tiveram-na a^ todo o tempo, que eftiverom no dito
Concilio , e como fe partiram pera Ingraterra , loguo os Embaixado-
res de Caftella compraram a dita cadeira como qua detraz faz men-
ção. Outro fi nefte enfejo fe partio hum Cardeal defte Concilio pe-
ra cafa do Papa , e he coftume quando algum Cardeal entra , ou fae
omde efta o Concilio de o hirem receber ao caminho todolos Car-
deaes , e todolos Embaixadores , que eíliverem no dito Concilio , e
porque fe aquelle Cardeal afíi partia da Cidade , e o Conde Ingres
ouveíTe feu confelho com feu Bifpo , dizendo em como aquelles caf-
telhanos lhe fizeram aquella injuria , e elles hiam todos fora da Cida-
de com aquelle Cardeal , que era bem de todos hirem muy bem cor-
regidos com feos acos , e em cima dcíTes milhores cavallos , que ti-
velTem pera lhes darem la fora huma boa falfada , e acordaram, que.
era bem, e quando veyo aquelle dia, que fe o Cardeal partio cor-
regerom-fe todos tnuy bem , e os Caftelaos , e os francefes fouberom
defto parte, e temerom-fe , e forom no dizer aos Cardeaes de como
elles tinham aquello ordenado
,
que fe recreceria alli muy grande ar-
roido , e os Cardeaes mandaram , que nom foífe nenhum tam oufado,
que levaftem armas , falvo fenhos pâos nas iraons , e os Ingrefes quan-
do defto fouberom parte ouverom gram defpeito , e diíTerom , que
levaftem cada hum feu pao na mao , e la fora da Cidade, que deftetn
por elles com aquelles cavallos, e com aquelles paos , que ou todos
morreíTem , ou vingaíTcm aquelle defpeito , que lhes fizeroni , e elles
cavalgaram logo , e cavalgou o Conde em cima de hum bom cavai lo
dos melhores , que tinha , e forom- fe omde poufava o dito Cardeal
pera
6t^ Trovas do Liv, X. da Hiftoria Çenealogtcd
pera hirem com ellc aííi como dito hc , e quando chegou o Conde
onde poufava o fobredito eftavam ja hi os caftelaós , e elle começou
de votar o cavallo para elles per tal guifa , que derribou hum , ou
dous delles , e forom-no dizer aos Cardeaes , e elles vendo em como
aquelle Conde queria allevantar arroido , e que per força era fe foíTe
la fora, que jugaílem as punhadas com aquelles fobreditos , porque
faam homens de tal condição , que ou morreram , ou vingaram o def-
peito , que lhe fezerem , e elles mandaram , que nom foíTe nenhum
Embaixador fora , e o Cardeal fobredito cavalgou , e foi-fe feu cami-
nho , e por eílo nom forom os Embaixadores fora da Cidade com o
fobredito , e aíTi fe partio o Cardeal defta Cidade. Outro íi neíle
Concilio , e nefta Cidade fe temiam deftes Ingrezes , porque fom ho-
mens pera muito , e a tal nomeada tem qua por eftes Reinos a fora
CS Portuguefes , que fam nomeados antre todos fobreditos , e ao tem-
po , que ifto foi nom era ainda o Conde no Concilio.
Aqui conta como hum Bifpo Dingraterra ouve arroido em Ro-
ma com eíle Bifpo de Conca , íf. avera deíVa era de 437. annos dez,
ou dezaíTeis annos , que eftando eíle Bifpo de Ingraterra em Roma
vierom a difputar , e a argumentos por tanto , que veyo o Bifpo In-
gres contra efte Bifpo Caílelhano , e deulhe duas bofetadas muy
grandes , que lhe forom mor dsfomra , que o que elb fez quando el-
le, e outro Bifpo de Burgos, e Joaó da Silva, e os outros france-
zes , como ja dito he derribaram o outro Bifpo Ingres da cadeira ,
que eílava hi foo. Outro íi quando o Bifpo Ingres deu as bofetadas
ha efte fobredito forom hi juntos muitos Caftelhanos , e outras jen-
tes muitas , e mais alguns Cardeaes , que hi eftavam prefentes , e qui-
feram lançar maô pelo Bifpo Ingres , e elle foi-fe faindo dantre el-
les pera ília poufada , e como foi dentro mandou lerrar as portas , e
mandou a todolos feos , que foíTem loguo todos armados elfes , que
tinham armas , e os que as nom tinham , que tomaffem fuas efpadas,
e arcos , e fe alguém vieíTe pera prenderem , ou pera lhe fazerem al-
guma defomra , que elles fe defendeftem ate morrerem , e todos el-
les forom loguo corregidos muy preftefmente , e as gentes recreciam
pera hi pera o prenderem eftando elles aííi fouberaô alguns Portugue-
fes , que hi eftavao em Corte defto parte, e ajuntaram fe todos, e
ouverom íeu confelho , e acordaram , que era bem de fe hirem pera
aquelles Ingrefes pois fam amigos do Reino de Portugal , e quando
chegaram a porta onde eftavam os Ingrefes baterão a fobredita, e os
Ingrefes diíTeram , que quem eftava alli , elles refponderom , que
eram Portuguefes , que fe queriam ir pera elles , e o Bifpo mandou,
que lhes abriíFem , e diíTe , que foíTem bem vindos , e mandou abrir
as portas , e deixar entrar quem quizcíTe vir pois Portugal , e Ingra-
terra eram juntos, que eram abafrantes pera pellcjarem com quantos
avia em Roma , e eftiverom aííi humis tres , ou quatro oras aguar-
dando fe entraria alguém dentro , e nenhum foi tam ouía io que en-
,
tra<f3 , e elles quando ifto viram, que nom queriam entrar dentro
di.Te o Bifpo vampnos todos aííi como eftamos a praça pois pera aqui
nom iam homens pera nos cometerem nefte luguar, e fe forem ho-
mens
,

da Cafa ^eal Tortugnc^^a.


mens pcrn nos vernm ccineter , e elles fe foiom afli a fobre-
ello nlli
dita , e eíiiverom hi per cfpaço de duas, cu trcs oras aguardando os
fobrcditos pera verem íe eram homens pera vinguarem aquello , que
lhe fizerom , e nunca nenhum foi tam atrevido , que vieíle alli , e af-
íi fez efte Bifpo Ingres efta injuria , e defonra a eíle Bilpo de Con-
ca caftelhano, que foi mayor , que a que elle fez no Concilio ao ou-
tro Bifpo Ingres, porque eram aquelles fobrcditos, que qua detrás
faz menção.
Aos vinte e oito dias Dabril forom neíla Seê juntos todolos Em-
baixadores , que eílavam no Concilio , porque fe ouvera de fazer nef-
te dia o Concilio , e devulgar onde íe avia de fazer , porque elles
tinhaâ ja legitimado o dito Concilio , que fc fizeffe em Avinham , c
o Papa mandou dous Embaixadores, huum Avinha, e o outro a ef-
te Concilio , como nos ja dito he , e os francezes , e os caftelhanos
c hum Arcebifpo Daragaó , e outros Embaixadores do Duque de Mil-
laó , que efiavam nefte Concilio por Embaixadores , e hum Bifpo e ,

hum Protonotario ^ que cftavam no dito Concilio , todos tres por Em-
baixadores por fe i Senhor ElRey , eíle Arcebifpo era cabeça da em-
baixada , elle tinha v rs francezes , e com os Caílelhanos , cos outros
dous tinham com o Papa e porque eíle Arcebifpo era cabeça da em-
,

baixada era a vcs de feu Reino , eram eílas quatro vozes juntas ÍT. ,

efpicialmente a voz de frança, porque eram neíle Concilio muitos


Doutores , e Bacharéis , e Prellados , e Abbades Bentos , e alguns
Arcebifpos , e Bifpos , e hum Cardeal , e dous Patriarcas , que todos
laam francezes, e por eílo fom muitas vozes, e mais tem por ajuda
a vooz Daragaó , e de Caílella , e eíles fobrcditos quando virom a
embaixada do Papa , pefoulhe muito com ella , porque as fuas vonta-
des eram , e fam , que fe íizeíTe o Concilio em Avinham , porque he
em frança pera lhe fer todo outorgado o que demandaíTe , e por da-
rem proveito ao Reino , e mais porque o Papa alli nom entendia de
vir , que lhes contradiíTeíTe , o que elles pediíTcm , e porque o feu
defejo he que defpofeífem eíle Papa de iuã homra pera fazerem Pa-
,

pa eíle feu Cardeal pera lhes outorgar todalas coufas , que elles pe-
diíTem , e por o terem de fob o pee , e ferem Senhores dos Embai-
xadores de Portugal , e de Ingraterra que fam feos imigos por eílo
,
ordenam, e envolvem elle Concilio, que fe nom podem ouvir com
elles. Outro fi eíles outros dous Cardeaes , e todolos outros Embai-
xadores dos outros Reinos obedecerom ao mandado do Papa e mais ,

tiveram-fe a rezam , que diziam aquelles Embaixadores do Emperador


de Grécia , que era eílar dizendo , que elles nom queriam , nem ou-
torgavam , que fe fezeíTe o dito Concilio em Avinhaâ , pois que o
Papa hi nom entendia de vir , e mais , que elles nam vieram de fua
terra pera obedecer ao Concilio , falvo ao mandado do Papa, e poes,
que elles nam obedeciam ao mandado do Papa , nem queriam fazer
Concilio onde elle podeíFe vir , elles nom queriam hir a Avinham ,
e mais , que os Embaixadores , que elles enviavam a Grécia pera tra-
zerem o Emperador feu Senhor , que elles hiam laa de balde porone ,

o Emperador nunca viera ao Concilio , falvo fe for o Papa a e!^e.


,

6i6 Trovas do Liv. X. da Hijiorla (jenealoglca


Razam porque os do Concilio nam querem que o Papa
,
ve-
nha nam obedecem a feu mandado, e fom de comtra
a elle, e elle
per tal que andam pera o defpoer de Papa , e pois , que elles
guifa ,

nam eram dacordo com o Papa vem o Papa com elles , e mais o
Concilio , e todolos Chriílaons fe deviam reger per mandado do Pa-
pa , pois que he Cabeça da Igreja , e porque Deos deu o poder a
Sam Pedro , e a Saa Paulo , que o que elles airolveflem na terra, fof-
fe falvo no Ceo , e o que elles leguaíTem na terra , foíFe legado no
Ceo , o Papa tem efte poder , que lhe foi outorgado , e por eílo nom
queriam obedecer , fenam ao mandado do Papa. Outro fi fe per
ventura todolos Cardeaes , e Reys , e todolos Prellados da Igreja ,
perque fe os Chriílaons foíTem dacordo com o Concilio , c toHem
defcomtra o Papa terfeyâ elles com o Concilio , e nom com o Papa.
Mas deites fobreditos nom fam defcomtra o Papa , falvo quatro Em-
baixadores donde parece duas quatorze , ou dezaíleis naçoens , que el-
les faã , tem as outras todas com o Papa , e por efto nunca vira o
Emperador a eíle Concilio , ata que nom feja dacordo com o Papa
e aíli pediram per vezes eftormentos dos requerimentos , que faziam ,
dizendo que lhes nom pofeíFem culpa de fe yrem pera fua terra , pois
que nom eram , nem queriam fer dacordo co fobredito , e nefto efta-
vam ao tempo , que chegou o Embaixador do Papa ao Concilio , co-
mo dito he.
Outro fí neíle fufo dito dia , que fe ouvera de divulgar eíle
Concilio he feu coílume , que o dia , que ouverem Congregaçam
que ha de dizer miíFa em Pontifical, hum dos Embaixadores, que
eftam no Concilio , que elles ellegem amtre íi , e amha douvir todos
aquelles , que fam encorporados no Concilio , e como acabaó vanfe
a fua Congregaçaó , e maes he feu coílume , que o que diíTer aquel-
Ia miífa hamno todos douvir todo aquello que elle diíTer , e elle
,
ade detriminar aquello , fobre que he o argumento , que elles fazem,
mas eíle he poucas vezes ^ eíle Cardeal de França fobredito ouve
confelho com os Embaixadores de feu Reyno , e com os Embaixado-
res de Caílella, e com os de Millaô, dizendo, que Concilio avia de
fer devulgado onde fe avia de fazer neíle fobredito dia , e que elles
entendiam , que os outros dous Cardeaes , e todolos outros Embaixa-
dores fom em huma voz , que fe fizeíFe o Concilio em Itália , e mais,
que tinhaã eíle Arcebiípo , que eílava por Embaixador do Papa nef-
te Concilio, que avia de dizer eíla miíía , elle avia de fer aífentado
como dito he , e por elle nom dizer eíla miíTa , nem aver eíle grao
acordarom todos eíles fobreditos , que como foííe m.anhaã , que fof-
íem logo na Seê , onde íe avia de dizer eíla miíTa , e que corregef-
fem loguo o eílrado , e cadeira , e todolos aparelhos pera eíla miífa,
e que fe revefliíie loguo eíle Cardeal per tal guifa , que quando vief-
fe o fobredito pera dizer mifTa que o achaííe elle ja reveílido pera
,

nom poder dizer miífa , falvo o que eílava ja reveílido , e aíIi diria
elle eíla miífa , e como foíTe acabada hiriam a fua Congregaçam , e
levava elle eíle grado, que o outro fobredito avia de levar , e mais,
qua Iam muitas vezes, e em cima de todalas concluzoeiís elle daria o
grado I
7
,,

da Cafa ^eal T^ortti gueixa. tf 1

grado ,
que fe faça o Concilio em Vinham , c elles aífi ho outorga-
vam cm huma voz , e os outros fufo ditos quando efto viíTem delles
outorguariam , e afll fera efte Concilio devolguado ,
que fe faça eni
Avinham , acordo ficaram eftes fobreditos. Outro íi o Em-
c ncfte
baixador do Papa ,
que ha nome Tarantino foube parte cm como efte
Cardeal , e eftes Embaixadores tinhaó efto ordenado , mandou loguo
chamar o que tinha o livro, perque fe avia de dizer aquella miíTa , e
que lho trouxeíTe loguo , e o fobredito lho trouxe , e os outros nem
o Cardeal nom forom avifados de mandar por efte livTO , nem avizar
aquclle , que o tinha , que o nam deftem a outrem , efte Tarantino
ordenou por tal guifa , que como foi manhaã foi-fc com todolos feos
a Scc , e mandou loguo correger o eftrado , e cadeira , e o altar , e
reveftio-fe loguo , e Ibntou-fe na cadeira , e mandou aos feos, que al-
gum daquelles fobreditos , que vielfem pera lhe fazerem algum nojo,
ou coufa , que nom foífe de fua omra , que elles fe pofeffcm todos
darredor dclle , e por coufa , que fofte , que os nom leixaftem chegar
a elle , afti o fezerom , e o Cardeal foube defto parte , e mandou laa,
que lhe diííeíTem de fua parte, que fe nom corregcfte , nem concer-
taíTe pera dizer aquella mifta , porque elle tinha ja ordenado pera a
dizer , e o Tarantino lhe refpondeo , que elle obedeceria a todolos
feos mandados, mas que aquelle naó , nem outro , que foífe defcontra
o Papa , e mais , que elle era pertencente pera dizer , e porque era
ferviço de Deos , e omrra do Concilio por efto a queria dizer , e fo-
rom com a repofta ao Cardeal , elle ouve muy gram defpeito dello ,
e foi-fe a Seê com os fobreditos , e quando vio fer o Arcebifpo na
cadeira reveftido , dilfelhe , que fe nom trabalhaííe pera a dizer , por-
que elle tinha ordenado pera a dizer, e o fobredito tornou a refpon-
der , dizendo , que elle obedecia ao feu mandado , mas aquelle nao,
porque aquelle careguo era feu , e por homra do Santiífmo Padre Pa-
pa , e mais porque he ferviço de Deos , e o Cardeal avia defto muy
gram defpeito , e andava paíTeando polia lobredita dizendo-fe tantas
rezoens antre os bons , que os omes do Cardeal, e os Caftelaos quife-
raó lançar maó pollo Arcebifpo pera o tirarem da cadeira , e os do
Arcebifpo os nam leixaram hi chegar , como ja dito he , eftavam or-
denados quando ifto virom em como lhe nom podiam fazer nojo , fo-
rom-fe ao Altar pera tomarem o livro , e o corregimento , que efta-
va ordenado pera dizerem aquella miíFa , e nefto chegaram os outros
Embaixadores , e os dous Cardeaes , que eram pollo Papa , como di-
to he, e alevamtou-fe o Bifpo , que fya na cadeira , e eftiverom to-
dos em muy grande arroido , por tanto , que fe chegou efte Cardeal
pera efte Arcebifpo pera jugarem as punhadas , fenam fora hum Por-
teiro , que fe meteo amtre ambos com huâ Maça , e os fobreditos ,
que hi eftavam , que os eftremarom , e nefto chegou a juftiça da Ci-
dade , e tomou o livro , e pedra dara , e todolos aparelhamentos
que eftavam no Altar pera fe dizer a miíía , e diíTeram a aqiielles Car-
deaes , e Embaixadores , que hi eftavam , que elles eram Regedores
dos Chriftaons , e da Santa Igreja , elles deviam apaguar os arroidos,
e elles os allevantavam nas Igrejas, e dcforavamnas , e por elles er-
Tom. V. liii rariam
^I 8 Trovas do Liv. X. da Hijlorta (jeneakgtca
rariam, e pois elles arguiam por omde jugiiaíTem as punhadas, qnc
as foíTcm jiigar fora da Igreja, que elles iiom lhas confentiriaru , que
ias nlli arniaítem , nem fczelTem arroido , e afii nom diílerom nefte dia

miíía nenhum dos fobreditos como era ordenado. Outro fi eftando


aíli efícs íbbreditos chegou Frey Gil , o Licenciado , que eftava hi no

Concilio por Embaixador com os íbbreditos por Senhor ElRey , e


chegou íe pcra honde eftava o Bifpo de Conqua , e perguntoulhe fo-
bre que eram aquellas razoens , em que eílavao , porque as naô en-
tendia , fobre que fe fundaram , elle lhe refpondeo dizendo , que el-
le o fazia , mas que com todo eílo a fua vooz nam valleria nada ,
nem vallera. Eito íe entende , que dezia elle , que a fua vooz , nem
as dos outros Embaixadores, que no Concilio eílavam por ElRey de
Portugual , que nam valliam nada , e eftando niílo repremdiamlho
aquelles fobreditos , que hi eílavam por parte do Papa, e eftando
neílas rezocns muy mas renegou efte Bifpo de Deos , e de Samta
Maria neíla Sej , e dizendo muitas mas pallavras , e os Cardeaes, e
Embaixadores , que tinhaâ por parte do Papa refponderomlhe aquel-
lo muy fortemente , e a juáiça , que hi eftava lhes diíle , que fe fof-
fem fora da Igreja , e forom-fe todos a huma caza pera fazerem fua
Congregação , e eftando elles aíTi Juntos pera fe difputarem fobre o
que dito he , eftava híí Procurador DelRey Dingraterra , que protef-
tou hi pollos feos feitos , dizendo , que elle era Procurador nefte
Concilio por ElRey Dingraterra , e de França , e os francezes lhe
rcprenderaó efta pallavra , porque diffe ElRey Dingraterra , e de
França , efto he , porque efte fobredito fe chama em íeus dtádos Rey
Dingraterra , e de França , e os fobreditos quando lhe ouvirom efta
pallavra , ouverom muy gram defpeito dello , e afli eftiveró em arroi-
do , e defputaçam , que nam fizeram Congregação , íenam depois de
comer , que a fizeram em Sam Dominguos. Òutro fi eftando os fo-
breditos na See , quando o Bifpo de Conqua ouve as pallavras com
Frey Gil, frade da Ordem de Sam Francifco , e hum Monje , que era
francez , que era da Ordem de Sam Bento , que elles hi aviam antre
íi por homem entendido , quando o Cardeal avia as rezoens com o
Arcebifpo , que feya reveftido , difte efte Monje dcfcontra o Papa ,
que nom era dino , nem pertencente pera fer Papa nem cria , que
,

era Papa , e per efta guifa envolvem eftes Caftelaos , c eftes france-
zes efte Concilio. Outro fi forom os fobreditos neft? dia a Sam Do-
mingos , conm dito he , e fezeram Congregaçam , fi. os qve tinham
por parte do Papa em huma cafa , e os que tinham defcontí a elle ou-
tra caza , e acor Jarom os da parte do Papa que era bem de fe tor-
,
narem dez da fua parte, e outros dez da outra parte, e cíles litigaf-
fem fobre efte feito , e deílem fen tença onde fe fízeíTe ePe Concilio,
quer o cometeiTem a tres , ou a quatro homens dcfta Cidade, que
folfem homens entendidos , e de boa vida , e ouvifieíii as partes com
feu dereito , e os outros fobreditos quando lhe conKíteí om efto nom
o confcutirom quanto aos Juizes de fora , falvo , que fe tomaíTcm dez
por dez , como dito he , é nefie acordo fícarom , e ao outro dia fo-
rom-fe a Congregação a Scê , e a Vefpora forom a Sam Domingos a
defpu-
,

da Cafa TPortugnes^a. 6ip


defputaçaô , e ao outro dia forom a Sam Francifco , e acordaram to-
dos , que daquelles dez , que eftavao em cada parte , que fe tomaC-
fem de cada parte feis por leis , e cftes foíTcm Juizes , e defembar-
gaíTem efte teito , como achaílem , que era dereito dos quaes eram por
parte do Papa eííes , ÍF. hum Embaixador de Portugal , que he o Bif-
po do Porto , e hum Daragaó , e outro de Itália , e quando forom
ao outro dia diíTeram os Franceles , que nam queriam efíar por aquel-
lo , fenam , que degratalFem em Avinham , e aíli forom eftes Juizes
desfeitos , e o Cardeal , que hia dellegado fez huma cédula dizendo
nella , que lhes cometeram muitas avenças , fobre efto elles concorda-
rom em algumas , e defpoes as desfaziam , e desfazem , porem , que
elle lhes cometia nefta cédula quatro coufas , elles efcolheflem huma
delias, e que detriminaílem efte feito, pois que por elles nam podia
fer detriminado, ÍI'. que outorgaíTem de huma parte, e da outra todos
feus compridos poderes no Emperador de Grécia , elle detriminaífe
omde le fezeífe efte Concilio , e fe nam quifeíTem efte , que tomaíTem
certos feos Embaixadores , que eftavam no Concilio , e fe nam quifef-
fem eftes , que tomaífem os Embaixadores , que aqui eftavam pollo
Emperador Dallemanha , e fe efto nom quifelFem , que tomaftcm ou-
tros quaefquer , que elles quizcllem , c nom foftem de huma parte
nem doutra, elles detreminaífem efto, e os fobreditos deftas quatro
coufas , que lhes forom cometidas , nom quizeram outorgar nenhuma
delias , nem outras muitas couzas , que lhes cometeroni feriam , que
degretaTem o Concilio em Avinhom. Outro íi fícarom em acordo ,
ue foífem o outro dia a S*êp^ra fizerem Congregaç.ió , e efte Car-
eal francez ouve feu confelho com os fobreditos, que com elle tem,
e acordaram , que fe foliem todos muy bem cedo a Seò , e que fe
reveftilfe ho Cardeal , e diTeCe miífa , que quando vieíTem os outros,
que eftiveíTe elle ja na mi (Ta por nom terem os outros razaô de o ef-
torvarem , e como acabaíFem a miifa hiriam fazer Congregação , elle
degrataria o Concilio em Avinhaó , pois que o grado era feu , e mais
acharam eftes fobreditos em hum livro hum degredo , que dizia , que
em Tolledo fora ja feito outro Concilio , no qual forem em defacor-
do como aqui fom , e litigarom tanto , que vencerom as mais vozes,
e alli fízerom efte degredo dizendo , que quando fizeíTem efte Conci-
lio , que valleíTem as mais vozes, elles podeíTem efcomungar , e dif-
poer as mais poucas. Mas efte degredo nom fe entende per efta
guifa , fenam quando aquecer em algum tempo algum Concilio on-
de nao venha o Papa , e todolos Cardeaes , falvo Arcebifpos , e Bif-
pos , e outros Prelados , efte Concilio a tal pofta fer feito as mais
vozes, ellas poíTam fazer efto, como dito he , porque efte Concilio
tal nam fe chama jeral , como he
Outro fi as outras partes fou-
efte.
berom defto parte , forom-no dizer
e ao Dellegado , e elle difte ,
que fe foftem logo a Seô a Congregação , e fe outro Cardeal degra-
taífe em Avinhaó , que elle degrataria em Florença , e fe ho outro
efcomungafte , que elle os aftolveria , e mandou , que foftem todos
recebidos , porque entendia, que averia hi nrroido, e mandou pedir
ao Conde dez Efcudeiros pera hirem com elle ata Seê. Outro fi a
Tom. V. liii ii jufti-
,

6 10 Trovas do Liv. X da Hijloria Çenealogtca

juíliça ciaCidade foube em como eftes íobreditos aviam de ter efta


diíputaçam , e que fe efcufava , cjue nom ouveíTem arroido ouverom
feu acordo , do qual foi efte foi a Seê o Regedor da dita Cidade,
:

e forom com elíes ij homens


: armados , e quando chegaram a Seê
mandou, que fe meteíFem todos em huma caza, falvo vinte , ou trin-
ta , que ficaram com elle , e diíTelhes , que nom faiíTem fora daquel-
la caía , ata que nam ouveíTem feu mandado.
Outro fi os fobreditos eftando nefte defacordo diílelhes aquelle
Embaixador do Emperador Dallemanha , que lhes pedia pollo amor
de Deos , e polias fuas íantidades , que vieíTe algum bom acordo , e
veyo per tal guifa , que foíTem todos em hum confelho onde fe fi-
zeíTe efte Concilio , elles diíTerom todos dambalas bandas , que lhes
prazia , e aíTi íicaram dacordo pera outro dia , e forom laa , e do acor-
do , em que ficaram ao outro dia , e de cedolas , que hi trouxerom,
nom concordaram , fenam que degrataíTe em Avinhoô , e que o de-
gratariam ao outro dia , e os Bifpos de Caftella , que hi eftavam
quando efto virom que nom acordarom , e aviam degratar dambalas
,

partes cada hum em feu lugar derom hi huma cédula em nome de


feu Senhor ElRey , dizendo nella muitas razoens , das quaes efta foi
a principal delias , dizendo , que elles proteí^avam nefte Concilio por
feu Senhor ElRey , e por todos Eccleíiafticos , pois que elles todos
nom concordavam , e queriam degratar dous Concílios , que elles nam
confentiam , nem outorgavam, nem eram a nenhum d elles , falvo a
elles , onde vieíTem os Gregos , alli queriam elles , e aíli o requeriam,
e proteftavam , e lavavam as maons defte feito , e pedirom aíli hum
Eftormento pubrico , e co efta proteftaçaó , e aíTi o tem. Outro íi
nefte dia foi hum francez a cafa do Leguado , que tem o Sello do
Comíelho , e levou quarenta , e quatro Bulias , que lhas aíTellaíTem ,
e mandou o Legado , que lhas aíTellaíTem , e foi-fe a htí feu homem,
que tinha o fello , elle tomou-as , e leo-as , e contou-as , e achou
aquellas quarenta e quatro , c foi por corenta e quatro fellos , elle
em quanto foi por elles tirou outras duas Bulias falfas , que trazia
efcondidas, e meteo-as com as outras em tenção, que as aíTdlafte to-
das nom cuidando elle , que o outro ouveíTe de contar os fel'os, nem
que para íe metes aquello , e o outro como vio os fellos diíTelhe
que lhe rogava, que lhe aíTellaíTe logo aquellas Bulias, e elle veria
por ellas a hua ora , e o outro tornou- fe , e elle começou loguo de
íellar , e tendo acerca dafelado mingoaromlhe huns tres , ou quatro
fellos , porque daquelles que elle trouxe eram delles maos e foi
,
,
por outros , e nom os contou , e começou daíTellar , e nifto chegou
hum frade , que vinha catar huma Bulla fe lhe era aíTellada , tomou
huma Bulla , e acertou de fer huma das falfas , e leo per ella , eftan-
do ja ávas a fel a das , e diíTe ao outro, que aíTellava , tal Bulla como
efta aíTelIades vos ,e o outro oulhou-a , e ficou muito efpantado , e
nella dizia , primeiramente o Legado, e o Cardeal de Sam Pedro , e
o Cardeal Darles, e os Patriarchas , e Arcebifpos, e Biípos, e todo-
los Embaixadores que sftavam no Concillio ellcgiam , degretavam
,

Concilio , que fe fòíTe em Avinhaá, e os Embaixadores, que la efta-


,,,

da Cafa ^al Tortugue^a, 6li


vaô , que recebeíTem loguo o dinheiro , e embarcaíTem loguo , e fof-
fem pollo Emperador a Grécia, como ja dantes tinhaó ordenado, e
como elle acabou cortoulhe logo o lello , e contou as Bulias , e
achou 46. e diíTe , que o outro nom lhe dera mais de 44. e come-
çou de ler por ellas , e topou na outra Bulla falfa , e dezia nella
que os fobreditos ellegiam degratavaó o Concilio em Avinhaó , e
mandavam , que fe tiralTem as dizimas per todolos Reinos pera paga-
rem aquelle ouro , que empreitava a Cidade Davinhaó ao Concilio
pera darem aquelles Embaixadores , que aviam dir pollo fobredito
e elle como acabou cortoulhe logo o fello hi tomou-as ambas , e le-
vou-as ao Dellegado , elle quando as vio ficou muito efpantado de
tal treiçaó , como aquella , e diííe , fe tal coufa como aquella fora
paíTada ,
que foram as mais falfas Bulias , e pior couza , que nunca
no mundo fora mas pois , que Deos nom quis , que pafTaífem , que
,

folgava muito com cilas pera ter mayor rezam de fe nam fazer alli o
Concilio , e mandou-as logo queimar , e fe efte frade nom fora , el-
las paíTaram , e o fobredito quando veyo embufca das Bulias , foube
deílo parte , e nom as quis ir demandar , porque nom oufou la dir
e efto fez efte Cardeal francez pera as mandar Avinhaó pera fe com-
prir o que nellas era conteúdo, que quando as partes foubeíTem , que
foíTem ja provicadas , e quando quizeífem difpoer contra ellas , que
as nam podeíTem desfazer , porque as amoftrariam aíFelladas com leu
fello , e per efta razam feria o Concilio em Avinhaó.
Outro fi ao outro dia , que foram fete dias do mes de Mayo
foi efte Concilio degratado omde fe fezefte , e no dito dia as finco
oras depois de meya noite , Frey Gil , e o Provincial , que eftavam
hi por Embaixadores como dito he , e ouveram todos tres confelho
com aquelle Embaixador do Papa , que poufava junto do Bifpo , di-
zendo fuas rezoens , e como os francezes aviam dcgratar com Avinhaa,
e elles em Florença , e mais , que aquelle Cardeal avia de dizer aquel-
la mifta defpirito fanto , fegundo he coftume, e como acabaíTe que-
reria loguo degratar , e mandaria loguo tomar o Coro pera degratar
delle , e nom teríamos nos Coro , onde degrataíTemos , e eftiverom
aíTi em feu confelho , e acordaram que mandaftem dous , ou tres ho-
,

mens a porta da Sec , que andaílem por hi darredor , e ainda , que


os hi achaftem nam fofpeitariam nada, e como abriíTem as portas , en-
traftcm loguo , e tomaíTem efte Coro , e nom deixaíFem entrar den-
tro nenhum homem , e viefse logo algum delles dizerlho , e manda-
riam Ia mais homens pera o defenderem , fe o quizefsem toiíTar , e os
fobreditos partirom loguo , e chegaram a porta da fobredita , que ef-
tava ainda ícchada , e eftiverom aguardaram , ate que veyo o que ti-
nha as chaves
, e era ja bem manhaã , porque defendera a juftiça aos
Conigos ,
que nom fofsem rezar as matinas , nem mandafsèm abrir as
portas fenam des que foíse bem manhã , temendo-fe defto , que fe
fez , e deftes tres homens que os fobreditos mandaram foi laa hum
, ,

frade daquelle Embaixador do Papa, que era Allemam pera fallar ao


fobredito cftnndo co elle fallando que lhes abrifse huma porta , e
,

lhes encaminhafsem como podefsem tomar aquelle Coro , elle difíie


que
,,

6 11 Trovas do Lh. X, da Hijloria (jenealogica

que lhe prazia , e nifto recrecerom hi francezes ,


que vinham fobre
aquello , em que elles eftavam , e foi o fobredito abrir a porta , e
entrarom logo todos de volta , e foi-fe logo o frade a porta do Go-
ro , e indo polia efcada foram huns dezafeis , ou vinte francezes , e
fobirom com elle , elle quizera farrar a porta , e foi hum francez , e
juntou com elle , e abraçou-o , e achoulhe de foo abito hum favaf-
tro cinto , e difse aos outros , que trazia hum favaftro , elle difse
porque me abraças , cuidas , que fam molher , vai abraçar a puta
que te pari o , ou vai abraçar hum perro , fe mais pôos maó em mim
dartey huma cuytilada , que nunca feias pera homem , e nefto chegou
o Cardeal francez , que eftava efto aguardando hi em huma caza , e
foi logo o Coro cheo de francezes , e o frade dentro com elles em
volta , e os dous feos parceiros eftavam de fora , que os nom deixa-
vam entrar dentro , e nefto chegou a juftiça , e difserom os francezes,
que trazia aquelle frade hum favaftro , e quizera dar com elle a hum
dos feus , elles o tomaram , e os francezes tomaram o frade , e o dei-
taram fora do Coro , e farraram a porta , e elle foi-fe onde eftavam
os feus parceiros , e difse, que nani tinham ja alli cobro nenhum , e
que o fofsem afli dizer ao Bifpo , e afii foi eftc Coro tomado , e fo-
rom-no dizer ao íobredito , que eftava em cafa do Embaixador do
Papa , e cavalgarom loguo ambos , e forom-fe a caza do Dellegua-
do , e o Dellegado cavalgou loguo , e a Cruz antelle, e forom-fe
todos tres a Seê , e quando chegaram eftava ja la o Cardeal de Sam
Pedro, feu parceiro, e muitos Bifpos, e dous Patriarcas, e eftava
reveftido o Cardeal íobredito , e começou logo de dizer fua mifsa ,
e o Dellegado quando aíTi vio , que fe elle trigaba pera dizer aquel-
la mifsa , ouverom feu confelho , elle , e o Cardeal de Sam Pedro ,
que hi fia, e o Bifpo do Porto , e o Embaixador do Papa, e dous
Pretonotarios , que fiam hi todos juntos , e diíTerom , que como el-
les começaíFem degratar , que degretafte logo o Bifpo do Porto , e ef-
tiverom afti , ate que acabarom a miíTa , e antes , que acabaftem , e
diftelfem Yte mijja efl , poferom huma cadeira alta junto com a por-
ta principal da ibbredita , e foi logo pofta nella hum Patriarca fran-
cez , e no Coro hum Bifpo , que degratou efto acabado diíferom ,
dita mijja eji ^ entam fe deceo o Cardeal do altar , e veyo-fe aíTentar
na cadeira , e deromlhe hum livro , e começou de ler por elle , e
como acabou difte o Embaixador do Emperador Dallemanha , que lhe
pedia pollo amor de Deos , e de Santa Maria , e de toda a corte ce-
leftial , e polo Sacramento , e abfolvimento daquella miíía , que ou-
virom do Spiritu Santo , que vieftem de huma parte , e da outra al-
guma boa concórdia , e onió , que foftem todos em huu ajuntamento,
e fezefem fenhas cedullas , e vifias hum de bua parte , e outro da ou-
tra , e elles as grofafem , e as tiraffem em limpo em huma , e mof-
trafe-nas aos Cardeaes , e aos Patriarcas fe outorgavam nellas , e os
da parte do Papa diílerom , que lhes prazia , e entam diíleram os fran-
cezes Spiritu Santo , que quer dizer , que lhes prazia , e os da parte
do Papa pozerom feu comprido poder no Cardeal de Sam Pedro , e
da parte dos francezes era o feu Cardeal, e hum Arcebifpo deLiam,
que
,,

da Caja ^ealT^ortugue^a. 62^


que he parente DelRey de França , e liiim Bifpo , e hum Doélor
e foi-íe o (Cardeal de Sam Pedro, e Arcebiípo , e hum Doutor
eíle
a hua Capella , e eftiverom per efpaço de huma ora , e entam o
Doutor veyo dizer finco , ou feis pallavras ao Cardeal , que fia na ca-
deira , e como lhas dilFe , tornou-íe logo pera onde eítavam os outros,
e forom logo ally onde fia o Cardeal tres Bilpos dos feus pera fabe-
rem o que lhe difsera o Doutor , e como lho difse , tornaram-fe af-
fentar em fuas cadeiras , e nefto chegou o Cardeal , que eílava no
Concilio , e o outro allevantoufe da cadeira , e forom-fe ao altar
que hi eííava , e eftiverom fallando ambos huma meya ora , e nefto
chegou o Arcebifpo fobredito , que trazia a dita cedola, e efteverom
todos tres hum pedaço fobre ella , e entaó íe forom a Capella os fo-
breditos , e vcyo-fe o fobredito aísentar na cadeira , e forom loguo
alli dous Rifpos , e huns fete , ou oyto Clérigos pera faberem aqiiel-
lo , que lhe os outros difserom , e como lho difserom , tornaraô-fe,
e todo o que fe fazia , fabiaô-no todos os de fua parte , que o di-
ziam de hutí ao outro, e da parte do Papa naó , e nefto veyo oDoi>
tor , e trouxe a cedola , e deu-a ao fobredito , que fya na cadeira , e
forom loguo alli juntos os outros fobreditos , e virom a cédula , e
grofaram hi hum pouco, entaó a levou ho Doutor aos fobreditos,
que eftavam na Capella , e acabo de pouco veyo o Cardeal ao outro,
que fia na cadeira , e levantou-fe , e foi-fe ao dito altar , e eftive-
rom fallando hum pouco, e entam fe foi o Cardeal a Capella, e o
outro veyo-fe afsentar na cadeira , e a cabo de pouco , a Capella hum
daquelles Bifpos , e hum Doutor , que eftava hi por Embaixador do
Emperador Dallemanha , que era por parte do Papa , e eftiverom la
todos em confelho, e entaó veyo o Doutor, que trouxe a cedola ao
fobredito , e forom loguo alli os fobreditos a ver aquella cedola , e
depois, que a virom, mandou-a o Cardeal pelo Doutor ao Patriar-
ca , que fia na cadeira , e forom loguo ally juntos muitos daquelles
francezes a ver aquella cedola , e como a vio levou-a ao Bilpo , que
fia no Coro , e como a leo trouxe ao fobredito com a repofta delles,

e entaó allevantou-fe o Arcebifpo Daragaó , que era polia fua partr^


e foi-fe onde fia o Cardeal , e os Bifpos , que eftavam apar delle, e
virom a cedola , e a repofta dos fobreditos , que era cedola , que o
Cardeal lhes mandou , e hia tudo concrufo , o que fe tra(Slava dam-
balas partes enviavalhe dizer , fe outorgavam elles aquello
,
que alli
hia conteúdo , e elles refponderom , que o outorgavam , e o Cardeal,
e os fobreditos virom a cedola , e repofta , e grofarom nella , e en-
taó a levou o Embaixador do Emperador aos fobreditos , que efta-
vam na Capella , virom a repofta do Patriarca , e do Bifpo e
elles ,

como grofaram nella , e veyo o Cardeal ao outro , que fia na cadei«


ra levantou-fe, e forom-fe ao altar, e efteverom ambos muito tempo
fallando , e entam veyo o Arcebifpo , e o Embaixador do Emperador,
e efteverom fallando , e depois vierom dous Bifpos , e eftiverom to-
dos hum pouco , e entam fe forom a Capella e veyo-fe o fobredito
,

aifentar na cadeira, e eftiverom na Capella hum pouco, e entaó vie-


rom todos , e o Cardeal diante, e foi-fe ao outro, que fia na cadei-
ra,
,,

í24 Trovas do Liv, X, da Hijlorla Çenealogtca


ra , e forom-fe ambos ao e eftiveram foos muito fallando , en-
altar ,

tão chamaram os fobrcditos do confelho , e eftiverom todos hum pou-


co 5 eiitaô fe veyo o Cardeal de Sam Pedro aíTentar onde fe elle fia
da primeira , e alli dilFclhe o Legado , que hi fia , e ao Bifpo do
Porto , e ao Embaixador do Papa , e a outros feos parceiros em fe-
gredo , todo o que elle fezera , e o que fe paíTou dambalas partes
e o outro Cardeal ficou fallando com o Embaixador do Emperador
hum pouco , entaó fe veyo aíTentar na cadeira , e fallou hum pouco
com o Arcebifpo Daragaó , elle veyo com aquella repofta ao Lega-
do , e aos fobreditos , e elles lhes refponderam per elle , entaô veyo
o Embaixador do Emperador com outra embaixada ao Legado , e el-
le envioulhe per elle a repofta , e veyo ao Legado outra vez , c elle
enviou a repofta , c por aqui fe acabou a embaixada dambalas partes,
entam fe aííentaram cada hum em feu lugar , falvo o Embaixador do
Emperador Dallemanha , que efteve em peê , e fez huma proteftaçaó
em nome do Emperador , dizendo , que lhe foífem teftemunhas quan-
tos alli eftavam , de como elle pedia por teftemunhas defte feito Deos,
e Santa Maria , e todolos Santos de como elles nom queriam obede-
cer ao mandado do Papa , nem queriam fer todos em uniom , e fa-
ziam cifma na Igreja , que era muy grande perda dos chriftaons , e
afli leixavam efte feito nas maons de Deos , e pedio aíFi hum eftor-
mento , entaô fe foi efte Embaixador , e leixou os ifto fez elle , por-
:

que aquellas cedolas , e confelho , que elles alli fizerom era , que vief-
fem todas em huma concórdia por nom fazerem ciíina , e da parte
do Papa lhes foi cometido muitos Juizes , e muitas avenças , e nun-
ca poderom com o Cardeal , fenam que degrataftem em Avinhom , ou
em Saboya , e de traíos montes , falvo huma vez , que o teverom
demovido, e foi hum Clérigo feu, e contradiftelho , e dalli nunca o
mais poderom converter e como fe o Embaixador do Emperador
,

foi , fez logo hi hum Doclor da Cidade hum requerimento em no-


me da juftiça , dizendo , que elle queria por parte da juftiça , que el-.
les tinham falvo conduto da Cidade , e a Cidade lho tivera fempre
em feu eftado , e nunca fe agravou dello nom embargante , que ella
recebeo alguns delles nom lhes contradizendo elles , que queriam al-
levantar arroido na Igreja , e queriam fazer cifma , e quebrar o falvo
conduto , mas fe elles amavam feos familios , e queriam delles ver boa
fim , nam foíTe nenhum taó oufado , que alíevantaíTe arroido , fenam
o primeiro , que o alíevantaíTe feria prezo , e pofto em lugar onde
nunca mais apareceíFe , e como efte acabou veyo loguo outro Doutor
em nome do Bifpo da dita Cidade , requerendolhe da parte de Deos,
e de Santa Maria , e da Santiílima Santidade do Papa , que elles vif-
fem , e foíTem todos em hum acordo , e juntamento , e degrataftem
todos em hum lugar, que nom fízeíTem dous Concílios, porque era
ciíma e mui grande perdição dos Chriftaons, e como efte acabou,
,

proteftou logo o Embaixador do Papa , dizendo, que lhes cometera


pollos Cardeaes , e per outros muitos Embaixadores muitas concor-
dias , e avenças , e muitas cedolas , que fe fezerom dambalas partes
e os milhores delles outorgaram algumas delias, e juravam , qued as
confir-
,

da Cafa ^eal Tortugucí^a. 62^


confirmavam , e depois , que as anichillaram , os quaes elles bem fa-
biaó quem eram , c nam queriam dizer , porem que elle em nome de
todalas vozes , que eram pollo Papa anichillavam todalas fuás vozes ,
que cUes nom podeíTem fazer, nem a der, nem degratar , nem fazer
Concilio , nem couza nenhuma , que todo dava por nenhum , e por
anichillado , porque nom eram todos em huma uniom , e o que fc fe-
zeíTe polia parte do Papa , que o dava por firme, e por eftavel , e
vallioíb o Concilio , que elles elligiam , e aíTi lhe foílem dello tefte-
munhas do teftr."" que elle pedia a Deos fobre efte feito , dizen-
do , que lhe foíTe Deos , e Santa Maria com toda a corte cellef-
tial , e as agoas , e a terra teftemunhas defte feito , e pedio aífi hum
eílormento , e per aqui comcordio fcu feito , e o íobredito, que fya
na cadeira mandou logo , que rezaíTem as ladainhas , e como as aca-
barom diíTe hum Clérigo hum Evangelho , e como o acabou aflenta-
ram-fe todos, e mandou ao Bifpo, que eílava no Coro, que dcgra-
taíTe elle eftava ja preftes , e o Bifpo do Porto , que fia apaar dos
Cardeaes , que eram por parte do Papa eftava percebido , que como
o outro começaíle degratar pera degratar elle logo , e ho outro to-
mou a carta , e elle também , e começarom ambos de degratar , e o
Bifpo do Porto quando acabou a fua carta , nam tinha o outro lido
fenam ametade da fua , e como o Bifpo do Porto acabou todolos ,
que tinham pollo Papa outorgaram o que era nella conteúdo , e re-
zarom fobre efto hum pouco , fegundo he coftume , e co arroido ,
que elles faziam , tornou-fe o outro Bifpo , que nom pode leer , ataa
que elles acabaram feu officio, e entam acabou elle de ler fua carta,
e leo loguo outra das dizimas , que era tal como a outra falfa , e fe-
zerom feu officio , e o degratado por parte do Papa em dous lugares,
ÍT. em Florença , ou em Oncinam que he no Senhorio de Veneza
,

que fom cinco legoas de Veneza , e os outros degrataraó em tres lu-


gares , (f. em Avinha, ou em eíía Cidade, ou em Saboya de trai os
montes, que he em França, e efto acabado , difte o Embaixador do
Papa ao Legado , Senhor , que fazeis vamo-nos daqui , elle difte ,
aguardemos a efte Cardeal , pois nos diífe milfa , porque he cofturne
de levar antre nos ouradamente , e elle diífe, he bem pois foi nofto
Capellaô , e os francezjs ouverom ifto , que o deziaô em maneira def-
carnio , e elles ho difterao ao fobredito , e elle ho pos por injuria,
e o Embaixador quifera arguir com elle , e o Legado diíle , que nom
arguiíTe , entam fe alevantou , e o Legado , e o Cardeal de Sam Pe-
dro , e o Bifpo do Porto , efte Embaixador , e todolos outros ,
que
tinham por parte do Papa foram-fe pera fuas poufadas , e os outros
,

ficaram hi , e aííi Concilio detremip.aJo ; e outro fi quando


foi efte
fe efte Cardeal allevantava da cadeira pera ir ao Concilio ao altar af-
femtava-fe loguo nella o Arcebifpo Daragam , porque fe temiam de
lha tomarem. Outro fi eram hi trinta e fete Mitras , tres Car- ft".

deaes , e dous Patriarcas, e os cutros eram Arcebifpos , e Bifpos , e


Abbades Bentos , e mingoavao , e os dous Bilpos de Caftella , que
nom quifcrom laa ir pollo eftorniento , que tomaram , como dito he.
Outro fi tinham eftcs francezes ordenado , fe fe o Bifpo do Porto af-
Tom. V. Kkkk fcntar
,

6l6 Trovas do Lh. X, da Hijloria (genealógica


fentar da outra parte donde elles fyam na cadeira DelRey de Portu-
gal , de lhe tomarem a carta quando elle degratalse , porque eílivera
laa fó , mas por degratar mais honradamente mandou o Legado , e o
Cardeal de Sam Pedro , que eílivefsem apaar dello , e quando elle
degratava eftava hi a juíliça da Cidade , que nom oufava hi nenhum
de rebullir , e íe alguém allevantara arroido , eílavam em huma caza
trezentos homens armados, que os tinha hi a juftiça pera eíle feito,
e ao outro dia forom os que eram pollo Papa , e fizeram Congrega-
ção , e os francezes fizerom outra fobre íi , e porque elles nom tinhaó
Legado , nom tem poder pera o fazer , e fem elle nom pode fazer
Congregação \ fizerom o Arcebifpo Daragaó Prezidente por fer entre
autoridade de Leguado. Outro fi nefte dia efcreverom os do Papa
aos Embaixadores , que eftavaó em Avinhaó , que por nenhuma Bul-
la , nem letra,
que lhes fofse amoftrada , que nom obrafsem por ella,
nem a creífem , laivo a que lhes fofle moílrada do Papa, ou do Le-
guado do dito Concilio , recontandolhe de todo como eftava o Con-
cilio degratado. Outro fi vierom-fe os Bifpos de Caftella , e o Ar-
cebifpo Daraguao primeiros a ver eftes fobreditos pera meterem antre
elles alguma avemça por ferem todos em concórdia , e uniam , nefto
eftavam o Arcebifpo , que o Conde partio , e mais eftavaó fobre o
fel lo , dizendo os da parte Davinham ao Legado que lhes deíTe o
,

Concilio, ou fariam elles outro , e o Leguado refpondeo , queaquel-


Jo pertencia ao Papa , que elle lhe efpreveria fobre ello , e elles de-
ziam , que nam queriam atender a repofta fenam fazer fello por fí ,
e nefto eftavaó ao tempo , que o dito Senhor partio.
Outro íi aos doze dias de Mayo , fe foi o Conde efpedir dos
Cardeaes , e do Embaixador do Papa , e o Legado lhe fez muy gran-
de honra , e diífe ao Conde , que fe elle fofse em algum tempo em
tal eftado
,
que elle o acrefcentaria , e efto foi confefsado pollo Con-
de , dizendo o Conde , que fe lhe elle prometera , que lho manteria
em muy grande mercê. Outro íi efteve o Conde nefta Cidade cin-
co mefes , e onze dias e aos treze dias do mes de Mayo partio o
:

Conde defta Cidade pera Colonha , fam Ixóiij. legoas , e fretou feis
barcas por ij. florijs , em que foi ata Colonha , íl. em as quatro del-
ias hiaó os cavallos , e na outra hia o dito Senhor com os fidalgos
c tres ofticiaes , e os outros hiaó nas outras , e nefte dia foi doVmir
a huma Villa, que chamam Ruam, que fom dez legoas, efta Villa
hc muy roim de mas cazas , nias fem huma Igreja muy boa , e ao ou-
tro dia foi dormir a Cidade Daftraasbur , que fom quatro legoas, e
antes , que o Conde chegafte ao eftao onde pouibu palTou por fun-
,
do de dezafteis pontes , e huma delias tem Ixxj. piar, e deziam que
,
tinha efta Cidade humas vinte e feis pontes , e he toda cercada da-
goa, e tem muy bom termo, e muitos Caftellos darredcr , a legoa,
e a duas legoas , e as caías delia nam fam boas , nem tem bons fron-
tais a refpeito doutras Cidades. Outro fi a Cidade mandou hum pre-
zente de vinho ao Conde, e o Conde mandou dar florijs a aquelles,
que trouxcrom o dito vinho , elles o nam quiferam tomar dizendo,
,
que elles eram ajuramentados polia Cidade que quando levaftem al-
,

guns
da Cafa ^eal Tortugue^a. ózj
guns ferviços , que fe lhes deflem ouro , que o nam tomafsem Cal-
,

vo cada huu féis , ou fece , e aíTi lhos derom per tal guifa , que lâ
forom os dous ílorijs , e como o Conde jantou , cavalgou pella Ci-
dade , e foi ver a Scc , cila íbbredita he muy fcrmoza , e bem com-
prida , e tcin hun^a torre bem largiia , que dizia o Conde , que fora
das mais altas ,
que nunca vira , e tem dez quadras e cada quadra
,

tem fua cfcada , e contaram os degraos a duas delias , e acharam


ójxxxóij. degraos , efta torre nam era ainda acabada. Outro íi tem
huns Orgaos , que dezia o Conde de quantos elle vira , que aquelles
erao os melhores, e veo hum homem , e tangeos , elles foavam muy
bem, e fom dous huns, que tanjem groíTo , e outros delgado, eftao
ordenados por cila guifa ; elle tange primeiro os grandes , e os teno-
res delles tanjem com os pees per engenho , e fom fete tenores , íf.
dous na metade , e os quatro nos pees , e como acabava de tanjer ef-
tes , logo os pequenos fem fe mudar dally , e eftavam aíTy ordenados.
Na Cidade Dilpir jazem na Seê eni huma Capella dez Empera-
dores , e jazem na terra, e tem fobre fi cada hum fua capa em cima.
Outro fi cftava nefta Cidade em huma Igreja figurado Sam C hrif-
tovam , que foi apodado , que era em longo cinco braçadas , c era
de pâo , e ao outro dia foi dormir a hum Caftello , que chamam
Humbur , que fam nove Icgoas , e nelle morarão ate vinte e feis fo-
gos , e ao outro dia foi a huma Cidade , que chamao Ifpir , que fom
fete legoas , eíla Cidade tem boas cafarias , e tem huma See , que tem
quatro torres muy fermofas , e he cuberta de chumbo, e he bem
comprida , que tem doze efteos , c bem largua , efta Cidade tem bom
termo, e nefte dia achou o Conde hum Caílelío , que efta junto com
o Rio , que chamam Maner , que he cuberto com chumbo , e ao ou-
tro dia foi a huma Cidade , que chamam Humbina , que fom fete le-
goas , que he huma Cidade muito roim , e ao outro dia , que foi
Sabbado foi dormir a huma Cidade , que chamao Otagoça , que fom
outo legoas, efteve hi , o outro dia, que foi Dominguo j efta Cida-
de he muy boa e bem povoada , e tem bons termos , e huma Seê
,

muy boa , e tem duas Imagens de Santa Maria muito fermozas a ou-,

fia he muito boa , e na Igreja eftam muitas armas de juftas, e de tor-


neos , e efta outra Igreja delia hum tiro de pedra , que he ordena-
da como See , e tem duas oufias , ÍT. huma em hum cabo , e outra
no outro , e fom muy fermozas , e quando vaô da Seô pera ella vaó
per fundo de hum alpendere , que he todo cheo dalpendres e ten- ,

das, em que vendem muitos panos, e muita marcaria, e outras mer-


cadorias , e a Cidade mandou hum prezente de vinho ao Conde. Ou-
tro fi forom contados de Bafilea ata efta Cidade todolos Caftellos ,
e villas , e com as Cidades , que afti eftavam juntas com o rio , que
que chamam a huma delias Brifaque , e a outra o Penaher, e a ou-
tra Eftraasbur , e a outra Ifpir Julmon , e aldeãs , em que moravam
dezaífeis , vinte fogos , eftes lugares todos pareciam do dito Rio ,
porque hiam de Bafilde ate efta Cidade de lugares cliij. e delles efta-
vam do Rio huma , e duas legoas, que pareciam do dito Rio, por-
que he de Bafille ate efta Cidade a terra toda chaam , e todo cheo
Tora. V. Kkkk ii úe
,

01% Trovas do Liv. X. da Hlflotia Çene^Iogica


de nniy grantks matas , e defta Cidade a Colonha fam vinte e fcte
IccTOãs , e efte Rio vai per antrc duas ferras que faiTi as milhores ,
,

e fermofas , que no mundo ha ,


"^rnais que íbm trdas dicas de nniy
boas vinhas , e tem muitos Caílclios , e villas , e Cidades como a di-
ante faaz menção.
A
fegunda feira feguinte partio o Senhor Conde deíla Cidade
pera Colonha , e foi dormir a huma villa , que chamain Santo Grinel,
e alli dito Santo em huma Igreja , e neíle dia achou o Con-
jaz eíle
de duas Cidades , e huma chamam Loquerne , e tem muitas vinhas
darredor , e a outra chamam o Carraa , e mais huma villa , que cha-
maó Carnil , e tem dous Caftellos íbbre fi , e hum efia na metade do
Rio , e outro em huma pena , que fom muy fortes , e nefte dito dia
forom contados os Caftellos , e Villas e eílas duas Cidades , e qua-
,

tro aldeãs e acharam , que eram trinta e outo per todas , que eftam
,

todos per veira deíle Rio efte dia andou o Conde nove legoas
, e ,

ao outro dia foi dormir a hi1 Caftello que chamam Angles, ,


que fom
fete legoas e nefte dia ouvera o Conde dir dormir a huma
, que ,

eram 6iij. legoas , e fez muy


grande vento , e chovia per tal guifa ,
que no poderão hir as barcas por diante , e por efto dormio nefte
Caftello , que moravam nelle ata vinte e íeis fogos , e nom acharam
hi carnes , nem camas , nem paô , fenaó de raza , e ovos , que cearam,
e nefte dia forom contados os Caftellos , e Cidades , e acharam tres
Cidades , e huma chamam Poupar , e outra Rofta , e a outra Cam-
bulancia e ha dezanove Caftellos , e cinco aldeãs , e ao outro dia
,

foi dormir a huma Cidade que chamao Bona , que fom nove legoas,
,

e o Conde mandou as quatro barcas cos cavallos , aíTi como cilas vi-
nham ordenadas , que foftem dorm.ir a BoUonha , que era dalli qua-
tro legoas , e aíTi andaram efte dia doze legoas , e como chegaram a
dita Cidade o Apofentador do dito foi tomar hum eftao, em que por
aquella noite dormio toda a jente , e os cavallos e mandou logo , ,

que tiraftem os cavallos das barcas , e os trouxefíem ao ef.ao , e a


írafca toda, e efto feito foi logo bufcar outro eftao, porque efte nom
era bom , e foi tomar hum acerca da See , que he muy grande , em
que coube o Conde com todolos feos , falvo nove , ou dez peftbas
que dormirom fora em outro. Outro fi forom contados todolos Caf-
tellos , e Cidades , villas , e aldeãs , que acharam nefte dia e acha- ,

ram duas Cidades , chama-fc huma Leni e a outra Bona , onde o di- ,

to Senhor dormio , e per villas , e Caftellos , e cinco aldeãs crao vin-


te e nove, e neftes , que aqui vaó efcritos fom delles do Conde de
Barbaria , e delles de Condes , e de dous Bifpos , e de hum Arcebif-
po, Bifpo de Magonça , Bifpo de Treves , e Arcebifpo de Colo-
fí".

nha , e doutros cavalleiros, e todos fom povoados , eftao nelles gen-


tes darmas , porque am guerra huns cos outros , em alguns delles ef-
tao gentes, que íbyem aos cam.inhos roubar as gentes, que vao por
elles , e junto defte Rio eftao dous Caftellos de deus Irmaons , e de
hum ao outro ha hum tiro de pedra, e ao tempo , que o Conde por
hi paftbu , avia quatro annos
,
que hum Irmaó com o outro aviam pe-
leja , e hum delles tinha a vantajem ao outro porque o Caftello era
,
mais
,

da Cafa ^eal Tortugnes^a, éip


mais alto , e dcílroyo com fogo dalcatram per tal guifa , que lhe ma-
tava gente , e íabendo-o efte Bifpo de Treves meteo-fe antre elles , e
fellos an igos , e fez com elles feos contratos per tal guifa , que ou-
ve os ditos (^aílellos pera fi , e por feus eftaó. Outro fi quando o
Conde partio de Bafille ordenou huma barca , em que hiaô os oífi-
,

ciaes com fuas beftas e hia co elles o Patrão , cujas eram as barcas
,

porque lábia as Cidades , e villas , e Caftellos , onde aviam de pagar


dereitos , porque he cofíume , que todalas barcas , que paífarem por
eíles lugares paguem dereitos de quanto levarem , e a lugares pagam
feis , fete , e viij. florijs por como eram as coíluniajces , e efto foi,
porque quando o Conde chegaíTe, que fe nom detiveíTe, e mais hiam
ordenados , que como chegavam ao primeiro luguar , compravam lo-
go pam , e vinho e carne , ou pefcado e faziam logo de comer
, ,

que quando o Conde chegava tinham tudo preíles ; em cada barca ya


hum homem, que tinha dcílo carego , que hia tomar paó , e carne,
e antam andavam fna viajem , e aíTi hiam nas barcas jantando, e faiam
a noite todos em terra , e os cavallos também , e dormiam nas Cida-
des , e lugares , como diíTe , e pela menha tornavam-fe as barcas , e
aífi íizerom em quanto andaram por eíle Rio. Outro fi ao outro dia
pela menhâ partio o Senhor Conde donde dormira que fom quatro
,
legoas deíla fcbrcdita quando ahi chegou tinha ja hi as beftas pref-
tes , e como iayo das barcas cavalgou logo , e veyo-fe ao dito eílao.
Eíta Cidade tem. boas cazas , e boas ruas das boas , que o Conde achou
em Cidade de Portugal ata eíla Uias naó he tamanha como Lixboa ,
mas he milhor povoada, e o termo que tem he de paó', e algumas
,

vinhas muy poucas, e os que hy moram todos fam oíficiais, tem hu-
ma Seè muito grande , e boa , e le for acabada fera muy fermoza , e
nella jazem os tres Reys Magos , e hum berço de Sam Nicollao , e
outras Relliquias de Santos, e Santas, e em hum Moeílciro de Saó
Francifco jaz hum Innocente , dos que mandou matar ElRey Erodes,
e jaz mirrado. Outro fi os tres Reys Magos jazem em huma Capel-
la , que nom he mayor que quanto hum homem pode caber aredor
,
do moimento e a Capella he de ferro e de chumbo , e tem huma
, ,

per quanto cabe hum homem , e tem huma janella de huma braçada
em lomguo per onde os vem elles jazem todos tres em hum moi-
:

mento , e jazem ordenados , e cubertos per tal guifa que nom pare- ,

ce delles fenom as Coroas das cabeças que abrem hum moimento ,


,

per quanto ellas parecem , e eftam aíli abertos todolos dias do mun-
do em quanto dizem miíTas , e mais nam , porque vem hi todolos
dias do mundo muitos homens , e molheres em Romaria , e nenhum
homem nem molher nom lhe poem a mao , nem toca nellas , falvo
,

hum Clérigo que efta hi dentro por guarda , e tem as chaves , e


,

quando algumas peíToas querem tocar algumas Relliquias , dam-nas


aquelle fobredito , elle tem hi humas troqueías de prata e toma ,

aquellas Relliquias , e tocas na cabeça delles , e entaô daas a cujas


faó , e como as miíTas fam ditas cerra logo as jancllas , e fechas. Ou-
tro íi nefla Seê eíla hum f no novo , que he na roda de trinta e feis
palmos 5 e treze em alto , e tem duzentos e trinta quintaes. Outro
tf 3 o T^rovaí do Liv. X. da Hijlorla Çenealogica

íi Cidade jazem aas onze mil Virgees, e hum Papa e hum Rey
nefta ,

Defpanha , e huma fua filha , e huma Rainha dos ditos Reys , e ou-
tros Reys , e Rainhas , e Duques e Emperadores , e hum Patriarca,
,

e Bifpos , e outros Santos , e Santa Apollonia , c Santa UríUla , que


era rua deílas íbbreditas , ÍT. todolos Corpos deíles Santos , e Santas
jazem nefta fufo dita em hum Moefteiro , que fe chama das Virgeês,
eftaó freiras nelle , e no Mofteiro de Odivellas efta a Cabeça de San-
ta Urfula , que he no caminho de Lixboa , e as cabeças deitas fobre-
ditas eftam delias em Igrejas , e Mofteiros nefta Ribeira de Reina ,
e per outros Reinos , e outras Relliquias muitas. Outro íi aos trin-
ta dias do dito mez foi o Corpo de Deos , e cada Igreja , e Moftei-
ro faz Corpo de Dcos fobre fi , e cada hum vai a Seê , e vam orde-
nados per efta guifa , algumas frcguezias levam diante candeas acefas,
c depôs ellas vam todas as moças , e vao todas rezando com cada hu-
ma feu Santo na maó , e levam tres , ou quatro Imagens de Santa
Maria em andas , e cada Imagem levam quatro moças Virgees , e de-
pôs ellas vaó moços rezando , e delles per livros , e depôs elles vay
a guayola , e levam-na homens, e he cerrada como moimento, e vai
nella debuxado JESU Chrifto , como quando refurgio , e depôs ellas
vam os Crerigos.

Carta de legitimação de T). Fronci/co de Portugal ^ I. Conde de


Vimiojb. Original cfià no Cartono da dita CaJa ,
maqo yS ,
nunu lyé , donde a copiey.

Manoel por a graça de Deos Rey de Portugal dos Algar-


.
Num.'
7.
^' T^^'^
J_>lves daquem e dalém mar em Africa Senhor de Guine e da Con-
,
An. ijo^. quifta navegação e comercio da Ethiopia da Arábia Ferfia e da ín-
dia. A quantos efta nofla carta virem fazemos laber que por Dom
Francifco filho de Dom Affbnfo Bifpo da Cidade de Évora meu mui-
to amado Primo nos foy aprezentado hum publico inftromento de 11-
gitimaçao polo qual o dito Bifpo feu pay o ligitimava , e havia por
feu ligitimo herdeiro , pedindonos nela por mercê que houvefemos o
dito inftrumento por aprovado e o confírmafemos como nelle fe com-
tinha do qual o theor he efte que fe fegue. Saibaó os que efte inf-
tromento daprovaçaô virem que no anno do nacimento de noífo Se-
nhor Jefu Chrifto de mil quinhentos e cinco feis dias do mes de Fe-
vereiro na Cidade Devora dentro nos Paços de Dom Affonfo Bifpo
da dita Cidade eftando hi o dito Bifpo logo por ele foi dito que
Í)or efte prezente fazia a faber a elRey noíTo Senhor como ele tem
mm filho por nome chamado Dom Francilco de molher folteira ao
tempo da fua nacença e quando ele dito Senhor Bifpo era fecular ;
e por quanto o ele queria ligitimar para foceder feus bens o de quaef-
quer outras pefToas que lhos dar ou leyxar quizefem que pedia por
mercê a Sua Alteza , que difpenfafe com ele e o ligitimafe e habili-
tafe e lhe concedefe que polfa aver todalas honras privilégios , liber-
dades *
,

da Cafa ^eal 'Portugua^a

clades , afy e tao compridamente como fe de ligitimo


e dignidades ,

matrimonio nacido foíle , e com todalas clauzulas e condiçoens que


Sua Alteza coíluma flizer em fimilhantes diípenfafoens o qual de Sua
Alteza recebera em muita mcrcc em teílemunho delo outorgou e
mandou ícito efte eftromento fendo a efto prezente por teílemu-
fer
nhas. Meftre Felipe Fizico e Meftre Fernamdo outro fi Fizico feu •

filho , e Luis Gonçalves Botafogo Efcudciro do dito Senhor morado-


res na dita Cidade e eu Diogo Devora Efcudeiro do dito Senhor e ,

feu pubrico Tabaliaó , que eílo eílromento efcrevi e aqui meu publi-
co final fiz. Pedindonos o dito D. Francifco por mercê que lhe con-
firmafemos o dito eftromento e ouvefemos por ligitimado , na manei-
ra que o dito Bifpo feu Pay no lo pedia e vifto por nos feu pedir
nos de noiTo poder Real , avemos dagora para fempre o dito Dom
Francifco por filho ligitimo e univerfal herdeiro do dito Bifpo feu
Pay em todos feiís bens e fazenda , e afy de quaefquer outras peflbas
que lhos leyxnr qvnzerem , e o habilitamos e queremos que elle poíFa
gouvir, e de toduias honras preminencias , privilégios liberdades digni-
dades , e quaefquer outras infignias e graus em que os filhos ligitimos
das taacs pcíToas podem e devem entrar e aver, porque nos foprimos
de nolTo poder aufoluro, e Real , qualquer defeito ou mingua de di-
reito que contra eílo i'e poíTa dizer e alegar, e anulíamos , e deroga-
mos quaefquer Lcys Ordenanças e Capitulos de Cortes que encoiitrai-
ro hy aja e queremos que fem embargo de tudo efta noífa Carta aja
efeito e fe cumpra para fempre em todo fem contra ella hirem em
maneira algua j e porem o notificamos afy a todolos noíTos Correge-
dores, Juizes, Juftiças , e a quaefquer outras peíToas a quem for mo f-
trado , a que mandamos que aífy o cumpraó inteiramente e por fir-
,
meza difib lhe mandamos dar efta dada em Lisboa a quinze dias de Fe-
vereiro Vicente Camello a fez anno de noíTo Senhor Jezu Chriílo de
mil e quinhentos e cinco.
ELREY.

Outra Carta de legitimação delRev D. Jonti o IJL ao Conde de


Vimiijb D. Francifco de Portugal.

EU ElRey
efta
faço faber a quantos efte meu alvará virem que eu vy
Carta a tras efcripta , e de meu propio motu , e Real pode-
Num.
* icia
8.
rio , ey por bem que fe emtenda para o dito D. Francifco Conde de
Vimiozo meu muito amado primo poder aver e ter quaefquer terras
e padroados da Coroa de meus Reynos que lhe atequy por my fejaô
ou daquy por diante forem dados "ou por qualquer maneira leixados
ou ávidos , e o ey por ligitimo pera iíTo ícm embargo da Ordenação
do fegundo libro titulo dezafete §. outra duvida , c quaefquer outras
leys em contrario as quaes ey por dcrogadas pera efte efeyto como
fe da fuftancia delas fizefe exprefa menção e qaero que efte meu al-
,
vará feja firme , e tenha inteiro vigor e efeito como Carta minha
,

patente pafada por minha Chancelaria fem embargo da Ordenação do


livro
,

6^2 Trovas do Liv. X. da Hijloria Çenealogica


livro 2. tit. 20. que diz couzas cujo efeito ham de durar mais
que as
de hum armo no pafTem por alvarás porque a ey por derrogada nifto
e quero que nom valha , e efte alvará fe cumpra pera fempre porque
aíy o ey por meu ferviço , e afy me praz , que efte nom pafe pola
Chancelaria fem embargo da Ordenaçam porque mando que as minhas
Cartas e alvarás nom valham nom Tendo paíTadas pela Chancelaria
porque também pera efte alvará aver efeito a derogo S. Pero Dalço-
va Carneiro o fez em Évora a ix dias de Mayo de mil quinhentos
XXX IIIJ.
REY.

^Alvará para que o Corregedor nao entre nas terras, (jue D. Fran»
cifco de Portugal comprou ao Duque de Bragança» Otigi-
na\ ejlà no Cartório da dita CaJa , maço yS , num. ^08
donde o tirey.

«KJ 1\T EIRey fazemos faber a todolos noíFos Corregedores


, Juizes
JNUiri. e Juftiças , a que pertencer, que o Duque de Bargança
efto
J
An. 151 5. &c. meu muito amado, e prezado fobrinho tem vendidas por noífa
licença a Dom Francifco do noílb Confelho as fuas t2rras da Loufa-
da , Penela , Villachaá , e Larim por via de retro vendendo , e ouve
delias noífa doação , e trefpaífaçao , pello qual a nos praz , que os
privilégios , e liberdades , e provifoens , que o dito Duque meu fo-
brinho tem pera nas ditas terras nom entrar Corregedor fe cumpraó
e guardem ao dito D. Francifco como nellas for conteúdo , e efto em
quanto noífa mercê for porem vos mandamos que afy o cumpraes , e
façaes cumprir, e guardar efte noífo Álvara , porque nos o avemos
aíy por bem ; feito em Almeyrim a xiij dias de Janeiro. Jorge Fer-
namdes o fez anno de 15 1^.

REY.

Carta ponjue EIRey D. Manoel fez a D. Francifco de Portugal,


Conde de V imiojo, Ejlâ na Torre do Tombo , /hro quarto dos
Myjlicos y
pag. 1^2.

Num 10 *X-/to Manoel, &c. Fafemos faber, que efguardando nôs ao mui-
T^^"^ devido, que comnofco tem Dom Aífonfo Bifpo Devora, ,
An. 15 16. meu muito amado Primo, pello qual heê coufa jufta , que em todas
fuas coufas receba de nôs accrefentamento , e mercê aífy como heê
refaó , e por fcus muitos merecimentos , e efguardando aíiy mefmo
aos muitos ferviífos , que temos recebido de Dom
Francifco, feu fi-
lho em todas as couías , em que dele nos quilernios fcrvir , nas
auaes fempre nos fervio aífy bem , e honradamente como dos taes fe
éfpera, e o devem fafer, avendo também refpeito o elle cafar com
Donna
Donna Joanna dc Vilhena, fílha de Dom Alvaro , meu Primo, que
Dcos perdoe e a ella ler
, noílo fanguc por onde
tanto chegada a
heê rclaó , que tenhamos muito cuidado delia , e de lua honra , e
encaminhanicnro , e pella tnuita boa vontade, que lhe temos, e aíly
a elle Dom Francifco , por todas eftas relbcns , e pello que efpera-
ir.os , que elle ao diante nos íirva , e por folgarmos de lhe fafer mer-
cê, por efta prclbntc Carta , lhe damos titulo de Conde da Villa do
Vimiofo , e o falemos Conde delia , com todas as honras , priminen-
cias,
perrogativns , authoridade , graças , liberdades , privillegios , e
franqueias , que o fao , e de que goíaó, e o faó os Condes de noíTos \

Reinos , e aíiy como de direito , e uíb , e cuftume antigo lhe per-


tencem , das quaes em todo , e per todo queremos , e mandamos ,
que elle ufe , e inteiramente lhe íejao guardadas em todos os autos,
e tempos , em que com direito lhas deva ufar , fem gouvir nem min-
guamento , nem duvida alguma ,
que a ello feja pojfto , porque aíTy
heê noíTa mercê , e por certidão dello , e lua fegurança , lhe manda-
""^
mos dar efta Carta , per nôs aíTmada e aíTellada de nolTo Sello. Da-
da em a Villa de Almeyrim , a dous de Fevereiro. Ho Secretario a
fcs anno de Nolfo Senhor Jefu Chriílo de 151 6.

Certa da R ainha Catholica D. Ifahel , de prcmejfa de tres contos


de maravedis a D. Jcaiina de Vilhena Dama da Jiia Caja, ,

filha do Sanhor D. Alvaro. Original ejlá no Archivo da


Caja de Vimiofo^ maço , n. 4pj , donde o copiey,

LA REYNA.
POr prefente feguro, e prometo
la
de Don Alvaro de Portugal
vos Donna Féhpa niuger ]S^U
Preíidente que fue en ,my Con-
a
el
,

.
1 j.
,
fejo, y my Contador mayor defunto, que cafando vueftra hijaDon- '5°3»
na Juana de Villena , Dama de my Caza , en my vida le dare tres
quentos de maravidis, los quales mandare dar a quicn con ella cafare
fi vos y por efta fedula con fu puder le mandare
anfi lo acentardes ,

librar los dichos tres quentos de maravidis en qualeíquier mys rentas


deftos mys Reinos , de lo qual vos mande dar la prezente firmada
de my nombre ; fecha en Segovia xxvij dias dei mes de No-
. . .

viembre de quinientos . y tres anos.

YO LA REYNA.

Por mandado de la Reyna

Lope Conchillos.

Tom. V. LU! Cana


,,
/

í 34 ^^^'^^^ Hifloria (genealógica

Carta do Oficio de Vedor da Fazenda , pajjada ao Conde de Vi-


miojo por concerto com o Conde de Vilía-Nova.
;
Original j
(jiie ejlà no dito Cartório da Caja de Vlmiofoy maço yS ,

/ num. y^i.

Num I 2* T^^*" Manoel , &c. A efta noíTa Carta virem fazemos


quantos
jL^faber que o
,
Conde de nova,
Villa Veedor da noíía fazenda,
An. 15 16. nos pedio ora por mercê, que ouvcíTemos por bem, e nos prouveíTe
de lhe dar lugar , e licença , que elle fe podeíTe concertar com Dom
Francifco , Conde do Vimiolo fobre o dito feu officio , e avendo nôs
reípeito aos merecimentos dambos , e aos muitos ferviflbs , que del-
les temos recebido , e ao diante efperamos receber , e como o dito
Conde de Vimiofo he tal peíToa , que no dito officio efperamos, que
elle nos fervira bem , e lealmente , e que he para feu auto, e perten-
cente , e que das coufas , que ufar aa dita noíTa falenda nos daraa
fempre de fy aquella conta , e refaó , o que a ella , e a noflTo fervif-
fo, e ao direito das partes compre, com.o convém a huu tal officio,
e querendo a ambos fafer graça , e mercê , temos por bem , e nos
pras dello e per efta prefente noíTa Carra , damos , e fafemos mercê
ao dito Conde do Vimiofo do dito officio de Veedor de noíTa fafen-
da, com todalas honras , privillegios liberdades , preheminencias, man-
,

timento , proeis , e percalços a elle ordenados , aíTy , e pella maneira,


que per noffo Regimento de ordenança os deve aver , e aíFy como
as tinha , e avia o dito Conde de Villa nova o qual logo em noílas
maons nollo arrenunciou pera o darmos ao dito Conde do Vimiofo
e porem mandamos aos Veedores de noíía fafenda do Reino , Con-
tador Moor , Provedores, Contadores, Almoxarifes , Recebedores ,
Efcrivaens , e a todoios outros noíFos Officiaes , e peífoas da dita nof-
fa fafenda , e a quaefquer outros , a que efta noíTa Carta for moftra-
da , e o direito delia pertencer , que ajaó , e conheçaó daqui em dian-
te ao dito Conde do Vimiofo por Veedor da dita nolfa fafenda, e
lhe obedeçaó em todallas coufas , que ao dito officio pertencerem
fegundo a jurdiçao, e poder, que per noftb Regimento, e ordenan-
ça lhe temos outorgada ; o qual Conde do Vimiofo jurou em noíFa
Chancellaria aos Sandtos Evangelhos , que bem , e verdadeiramente
íirva , e ufe do dito officio , guardando a nos noífo ferviífo , eao po-
^ vo feu direito. Dada em a noíTa Cidade de Lisboa a xxóiij. dias do
mes de Junho. Jorge Fernandes a fes anno do Nafcimento de Noftb
Senhor JESU Chrifto de 15 16.

Caria
da Ca/a "Real Tortugnei(a. ^35
Carta dtVXey D. João III. de mercê da Commenia ãoCaJleU
o -
la y e Al cuidar la mor de Thomar , e das Fias , a D. Affonfo dc
Portugal Conde de Vi mio/o. Original ejiâ no Cartório da
,

dita Cojh , maço , num* ^22^ donde a copiey,

Om João per graça de Deos Rey de Portugal e dos AlgarvesNurH. I ^.


daaquem e daalem maar em aafrica Senhor de guinee e da içço" '
Comqiiiíla navegunçaô e comercio de Ethiopia arabya perfya e da In-
dia. Como governador e perpetuo adminiftrador que faô da ordem
e cavallaria do meftrado de noíTo Senhor Jefu Chrifto. Faço faber a
quantos eíla minha Carta virem que D. Francifco Conde do Vymio-
fo que Deos perdoe tinha hum meu alvará perque me prouve avem*
do refpeito a feus muitos ferviços e merecimentos de por feu faleci-
mento fazer mercê ao feu filho mayor barão lidimo que delle ficafe
da comenda do caftello e alcaidarya moor da villa de Tomar aíli e
da maneira que a elle tinha e pofluhia per hua provifaó delRey meu
Senhor e padre que fanta gloria aja e por ora o dito Comde fer fal-
lecido D. Aífomfo de Portugal feu filho mais velho , Comde do vi-
miofo meu muito amado fobrinho , cavaleiro profeíTo da dita ordem
me pedio que lhe mandaífe dar carta em forma da dita Comenda. E
vifto feu requeremento , e efguardando eu os muitos fcrviços que o
dito Comde ha dita ordem e a mym tem feito e aos que efpero que
ao dyante faraa , e por folguar de lhe fazer mercê tenho por bem e
lhe dou ora daquy em diamte a Comenda o dito Caftello e alcayda-
rya mcor da de Tomar com todas as rendas , dereitos , tri-
dita Villa
butos , foros,
pertemças e coufas que aa dita Comenda e alcaidarya
mcor dereytamente pertemcem e poííaô pertemcer , aífy e da manei-
ra que todo tinha , avya , recadava e poíTuhia o dito Comde feu pay
per vertude da dita provifaó e como lhe per ella todo pertemcia da
qual o trellado he o feguinte. D. Manoel per graça de Deos Rey
de Portugal e dos Aigarves daaquem e daalem mar em aafrica Senhor
de guinee e da Comquiíla navegação e comercyo de Ethiopia Arábia n

Perfia e da Imdia. A quantos efta noíla Carta virem fazemos faber.


Como Governador e perpetuo adminiftrador que fomos da ordem e
cavallaria do meftrado de noiib Senhor Jefu Chrifto que efguardando
nos os muitos ferviços que a nos e aa dita ordem tem feito Dom
Framcifquo Comde do Vimiofo meu muito amado fobrinho Cavalei-
ro da dita ordem , e como he coufa jufta que aquelles que nos bem
fervem como elle tem feito e eiperamos que fempre a nos e aa dita
ordem faça rccebaó de nos mercê e pollos ditos refpeitos e polia boa
vontade , que lhe temos e por folguarmos de nifto lhe fazer mercê
temos por bem e lhe damos ora daquy em diamte em Comenda o
Caftello e alcaidarya mcor da nolTa Villa de Tomar, com todas as
rendas , dereitos , tributos , foros , e pertemças , e coufas que aa dita
Comenda e alcaidarya moor dereitamcnte pertemcem e poftaó pertem-
cer , aífy e nn maneira em que todo tinha, avya , recadava, c poftu-
tom. V. LlU ii hia
6^6 Trovas do Liv. X. da Hijloria Çenealogica
hia D. DiogLio de Soufa que fe finou , per cujo falecimento a dita
Comenda e alcaidarya moor ficou vagua. E porem o noteíicamos ao
noíTo ouvidor do dito meftrado e ao Juiz , Vereadores e ofiiciaes da
dita Villa , íidalguos , Cavalleiros , homens boõs e povo delia e lhe
mandamos que ajaó o dito Comde por noíTo alcayde moor e ao dito
ouvidor e Juiz que lhe dem a poíTe da dita Comenda e alcaydarya
moor e lha leixem ter , c delia uzar e aver , recadar e poíTuyr todas
as remdas , dereitos , tributos , foros , e pertemças que com a dita al-
caidarya moor tinha recadava e poífuhia o dito D. Dioguo e ao nof-
fo Contador do dito meítrado que lhe de a pode de todas as remdas
que aalem das ordenadas aa dita Comenda e alcaidaria moor tinha
com ella o dito D. Dioguo , e todo lhe leixe aver , recadar , e pef-
fuir como elle o fazya e dercitamente lhe pertemcem e milhor fe o
dito Comde com dereito milhor todo poder aver , recadar , e poíTuir
fem duvida nem embarguo algum que lhe a ello feja poílo porque
aíTy he noíTa mercê e o dito Comde nos fez preito e menagem pol-
lo dito Caftcllo fegundo for o ufo e cuílume de noíTos Re nos que
fica alentada no livro das menagens e porem lhe mandamos de todo
palfar eíla Carta per nos afynada e afelada com o fello pemdente da
dita hordem pera a ter por fua guarda , e noíía lembrança. Dada em
a noíTa Cidade devora a xxij dias de Novembro. Jorge Rodrigues a
fez , anno de noíTo Senhor Jefu Chriílo de mil e quinhentos e vim-
te. E ao pee da dita provifaó eftava huã apoftilla per mym afynada
de que o trelado he o feguinte. E por quanto eu fiz villa o luguar
das pyas que era termo da dita Villa de Tomar ey por bem que o
dito Comde tenha e aja também a alcaidarya moor da dita villa das
pyas aífy e da maneira , que a tem per eíta Carta da dita Villa de
Tomar e efta apoftilla fe compriraa pofto que naó feja paíPada pol-
,

ia Chamcelarya fem embarguo da ordenação em comtrario. Míinoel


da Cofta a fez em Lisboa a xxj de Janeiro de mil e quinhentos trim-
ta e nove e valeraa como carta afelada fem embarguo da ordenação.
E por tanto mando ao Comtador do dito meftrado que meta loguo
o dito Comde D. Aftbmfo em poíTe da dita Comenda e Caftello , e
alcaidaria moor da dita Villa de Tomar e da Villa das pyas e de to-
das as remdas dereitos tributos foros pertemças c coufas que a ellade-
reitamente pertemcem e pertemcer poftao e afTy de todas as outras
remdas que o dito Comde D. Francifco feu pay com a dita Comen-
da tinha aallem das a ella ordenadas aílV e da maneira que lhe derci-
tamente pertemciam polia dita Carta que nefta vny encorporada e
fegundo forma delia e milhor fe elle Comde D. Aftbmfo todo com
dereito milhor poder ter , aver arrecadar e poftuir e mando ao ouvi-
dor do dito meftrado na Comarqua da dita Villa de Tomar e ao Juiz
Vereadores procurador fidalguos Cavalleiros efcudeiros homens boôs
e povo delia que haiao o dito Comde daqui por diamte por Alcai-
de moor das ditas Villas de Tomar e das pvas e lhe deixem ter e
poíTuir a dita Comenda e todo o mais que dito he fem lhe ni/To fcr
pofto duvida nem embargo alguu porque afy he minha n^erce. E
elle me faraa preito e menagem pollo Caftello e fortaleza da dita Vil-
da Gafa ^eal Torttigues^a» é^j
la de Tomar fcgundo for o uzo e cuílume de meus Reinos de que
,
,

moíha a certidão de Pero dalcaçova Carneiro do meu Confelho e


meu Secretario que ora ferve dc meu Efcrivaó da puridade. E por
firmeza lhe mandei dar efta carta per my aíFmada e aíTellada
dcllo
com o da dira hordem Johao de Seixas a fez em Lixboa a quim-
l'el!o
ze dias do mes dc Fevereiro anno do nafcimento de noíTo Senhor
Jefu Chriíto de mil e quinhemtos e fimcoemta. Manoel da Coíla
a fez.
ELREY.

Carta de privifegio da arrecadaçaO das rendas , conceàtâa ao Con-^


de de VimioJo. Original , que eflà no Jeii Cartório com trej^
lado attthcntico , no reprido maço , dcnde a cofiey.

DOm Joaó por grnça de Deos Rey de Portugal, e dos Algar-


ves, daquem , e dallem maar em Africa , Senhor de Guinee, e
Ncm, I^.
* li\2»
da Conquifta navegação Comercio da Ethiopia , Arábia, Perfia , e da
índia. A quantos efta minha Carta virem faço faber , que o Conde
do Vimiofo meu muito amado Primo me diíTe que elle recebia
, v

muita perda , e defpefa na arrecadação de fuas rendas , e de feus fi- <

lhos, as quacs tinha antre Douro Minho, e em outras partes de


meus Reinos por os Rendeiros delias , e feus devedores lhe naó que-
rer pagar , eni demanda , e dellongas e fe paflava muito tempo em
,

citaçoens , e dilligencias , e com tudo nao podia aver pagamento de


fuas dividas pedindome o dito Conde por mercê , ouveíTe por bem,
;

que as peíToas , que elle nomeaíTe , e elIegeíTe por feus aíJinados pera
recadaçaô das ditas dividas , teveíFem poder de as recadar , e executar
do modo , e maneira , e que os meus Almoxarifes arrecadaô , e exe-
cutaó minhas dividas ; e vifto feu requerimento , por niíTo lhe fafer
mercê , tenho por bem , e me pras que o dito Conde poíTa daqui
,
em diante per feus aíTinados ellcger , e nomear pera recadaçaô de fuas
rendas , e dos ditos feus filhos cm quanto eftever fob feu poder , as
,

pefibas , que lhe aprouver. As quaes peiroas, è cada huma delias per
efta prefentc Carta dou poder , e authoridade que poftaó requerer
,

todos feus Rendeiros , e devedores que lhe pague aquillo , que fe


,
dever ao dito Conde, ou a feus filhos, per arrendamentos, e conhe-
cimentos , obrigações , ou contas antre elles , e o dito Conde , ou
feus Feitores e Provedores feitas , affy dos annos atras paíTados , co-
,

mo dos que dever da feitura defra em diante e naó querendo elles


,

logo pagar as dividas e as taes pcíFoas para iíTo enlegidas pello di-
,

to Conde poderão mandar requerer , e penhorar os ditos Rendeiros,


,

e feus beês moveis , e de rais , e nos nomes de feus devedores, e af-


fy os fiadores fegundo forma de fuas fianças nos quaes fará execu-
,

ção pellas contias , que aíTy dcveer pellas mefmas obrigaçoens ou ,

contas feitas com os principacs devedores , nem pera iííb maes fer
citados, nem demandados, as quaes penhoras, e execuçoens as ditas
peífoas mandarão fafer por hum Tabaliaó , ou Efcrivaó com hum Mei-
rinho ,
tf 38 Trovas do Liv. X. da Hifloria Çenealogica
rinho , ou homem do almoxarifado , que feja Official
ou Porteiro ,

onde os taes devedores forem moradores , ou teverem fuas fazendas,


e aos ditos Officiaes , e a cada hum delles mando , que com muita
dilligencia façaó as ditas penhorase execuçoens fendo a ellas prefen-
,

te huum TabaUiaó , ou Efcrivaô da villa , ou lugar onde fe fefer,


como dito hee , em os quaes fe terá a forma , e maneira , que fe tem
nas penhoras , e remataçoens , que fafem os meus Almoxarifes pellas
dividas de meus Rendeiros , e devedores , IT. o movei arrematado a
nove , e a rais a tres nove dias , e com todas as maes liberda-
dias
des , e claufulas declaradas no Regimento de meus Almoxarifes , por-
que de tudo quero , e me pras , que gofe o dito Conde na execu-
ça6 , e arrecadação de fuas dividas , e de feus filhos em quanto aíTy
eftever fob feu prder , como dito he , as quaes penhoras , e arrema-
taçoens pella dita maneira feitas feraó firmes , e valliofas ; e per ef-
ta mando ao Efcrivaô , ou Taballiaó , que à ellas for prefente , que
faça cartas de venda em forma dos bees , e fafenda , que fe vender
aa peíToa , ou peíToas , que os comprar , e as ditas cartas feraó fir-
mes , e fe comprirao inteiramente , aíTy como fe os taes bees per mi-
nhas dividas forem arrematados , e outro fy me pras , que aífy os di-
tos Officiaes, que fefer as taes execuçoens com as peíToas fobreditas,
que parte do Conde , e per elle ellegidas as manda fafer ,
ajaô feu
laivo , e percalços , aa cufta dos devedores ,
fegundo por mym he or-
denado que levem e ajaó os ditos meus Almoxarifes e Officiaes
, , ,

aa cufta de meus devedores quando fafer as execuçoens per minhas


dividas, e em todo maes, que âs ditas execuçoens tocnr, me pras,
que o dito Conde tenha , e aja os poderes e liberdades , que tem ,

os meus Almoxarifes per meu Regimento e Provifoens como dito


, ,

he. As quaes liberdades nefta ey por expreífas , e declaradas, e man-


do a todos os Corregedores , Juizes e Juftiças Contadores Almo-
, , ,

xarifes e a quaefquer outros Officiaes, e peíToas de meus Reinos, a


,

quem ifto pertencer , que o façaó aífy comprir e guardar dando pa- , ,

ra iíTo todo favor, e ajuda, que neceííario for; e ifto ey aífy por
bem feni embargo de quaefquer leeys , e ordenaçoens , e determina-
,

çoens de Doutores , que em contrayro aja pofto que delias e da ,


,

fubftancia delias aquy oavefle de fafer de veri^o ad verhim cxprelfa


mençaó e fem embargo da Ordenação do 2. liv. tit. 49. que man-
,

da que fe naó entenda derrogada per mym ordenação alguiua


, fe da ,

fuftancia delia naó fefer expreífa menção porque fem embargo de ,

tudo quero , que efta fe cumpra e a;uarde inteiramente como íenel-


, ,

la conthem e qualquer dos fobreditos Officiaes, ou juftiças, que o


,

aífy naó comprir


,
quero , que encorraó em penna de vinte crufados,
ametade para os cativos, e a outra metade para quem os acuíar. E
porem primeiro , que fe façaó as ditas penhoras , e arremataçoens , na
maneira , que acima he declarado , feraâ dado juramento pello Juiz
da Villa ou lugar , onde fe ouveer de fafer , aa peílòa , ou peífoas,
,

que o Conde pera iífo nomear , e enleger , que bem , e verdadeira-


mente o facaó. E por fírmefa de todo lhe mandei palFar efta Carta
per mym affinada , a qual mando , que fe cumpra , e guarde inteira-
mejite,
,

da Cafa ^al Toríugnei^a. éjp


mente , comofe nella contliem , pofto que naó vaa paílada pélla
Chancellaria , fcm embargo de minha Ordenação do 2. liv. tit. 20.
que diz, que todas minhas cartas, ou Alvarafes, que naó forem paf-
fadas per minha Chancellaria, fe nao guardem; Bertholameu Bidant
a fes em Lixboa , aos dez Dagofto do anno de Noílo Senhor JESU
Chriílo , de mil quinhentos e trinta e dous.
Foi concertado per mim Pamtallyam Rebello.

Certa àelRev D. JoaÕ o III, em cjue ãeroga os privilégios da Vil'


la de Aguiar da Beira ^ para delia Jazer doaça'6 ao Conde d&
Vimiojo j Original. Tirey-a do Cartório da dita Caja,
maço 7<? , num. 5^4.

DOm ves
Joaô por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algar- {sjum.
daquem , e dalém , mar em Africa , Senhor de Guine , e
, . .

da Conquiíla navegação Comercio de Ethiopia , Arábia , Períia , e


,
'

da índia , &c. A quantos efta minha Carta teftemunhavel virem fau-


de , faço faber , que por larte do Conde do Vimiozo me foi apre-
fentada huma minha revoguaçaó dos privillegios da Villa Daguiar da
beyra , de que o teor tal he. D. Joaó por graça de Deos , P^ei de
Portugal , e dos Algarves , daquem , e dalém , mar em Africa , Se-
nhor de Guine , e da Conquiíla navegação , Comercio de Ethiopia,
Arábia , Períia , e da índia , &c. faço faber a quantos eíla minha Car-
ta de revogação , e annullaçaó , e declaração virem , que coníirando
eu como os privillegios , que por mim , ou pelos Reis meus antecef-
fores foraó dados , ou confirmados a alguns lugares deites Reinos
para que foíTem fempre Realemguos , e nom podelleid fer dados pel-
lo Rey tolhem ho livre poder do Principe , e o empedem muitas
vezes , que naó poíTa livremente fazer aquellas mercês , e gallardoens,
e doaçoens , que feus fuditos , e vaílallos por feus grandes ferviços ,
merecimentos , e lealdades ao Rey , e ao Reyno merecem , e pelo
fentir aííim por ferviço de Deos , e meu , e por outras juftas , e ne-
ceflarias cauzas
,
que me a iflo movem de meu propio moto , e po-
der aufaluto e certa fabedoria por eíla prefente deliberadamente re-
,

voguo , e annuUo todos , e quaefquer privilégios , que por mim , ou


pelos Reis meus anteceíFores , ou por outra qualquer maneira fejao
dados , ou comfirmados aa Villa e aos Nobres ,
Daguiar da Beira ,

povo , e moradores delia , porque foi feita Realemgua , ainda que nos
privillegios lhe íeja concedido , que por nenhuma guyfa poíía fer da-
da a alguum nçm ainda que feja filho de Rey , ou outras quaefquer
clauzulas , que pera fempre fer Realemgua nos feus privilégios , lar-
gamente conteúdo os quaes aqui ey por expreíTos , e ey por bem,
feja
e quero ,
que daqui em diante nao valhaó a dita Villa , nobres e ,

povo delia nem tenham viguor, nem effeito algum em juizo , nem
fora delle , e os ey por revogados e annullados, e por taes os de-
,

craro , pofto que as cauzas porque foraó concedidos , ou confirmados


foíTem
,

6^0 Trovai do Liv. X. da Hijloria Çenealogica


foíTem por proveito pubrico , ou por trabalhos periguos , afrontas,
em que fe virão por Terviço do Rey, ou do Reino, ou por outros
alguns merecimentos , e ferviços feitos a elles na guerra , ou na paz,
e pollo , que fejaó paíTados em força de contrato , ou foífem por cau-
zas pias, ou onorozas em Cortes, ou por outra qualquer maneira
huá , e muitas vezes comcedidos , e comfirmados , e que fcjaó de
quaefquer teores , e formas , e com quaefquer clauzulas fortes ou def-
acoítumadas , dados, e aprovados, e poílo que delles , e de todos
os teores delles , e de ^da hum delles fe ouvefe de fazer menção ex-
preíTa , e endividua , ou para iíTo alguma outra forma exquiíita fe
ouveíTe de guardar , porque todo ey aqui por exprimido como fe de
verbo a verbo , e fem ficar couza alguã fe expremifle , pello que man-
do a todollos Corregedores, Dezembargadores , Ouvidores , Juizes
e juftiças , e peíToas de m^us Reinos, e Senhorios de qualquer jurdi-
çaó , e autoridade , que fejaô , que em tudo cumprao inteiramente
efta minha Carta de revogação , annullaçaó , e decraraçaô , e daqui
por diante ajao em juizo , e fora delle os ditos privillegios da dita
Villa por revogados , e annullados como por mim he decrarado , e eu
lhes tolho , e tiro ho poder de julguar , detriminar , e intepetrar ou
limitado iíio em outra maneira , e daguora pera então , e de entaô
pera agora ey por nullo , e de nenhum viguor , e effeito qualquer
couza, que por elles, ou cada hum delles em Rellaçaô , ou fora dei-
la , em juizo , ou fora delle for julgado , detriminado , emtcrpetrado
ou limitado em contrairo , e fem embargo do fobredito , e de quaeí-
quer leis, e ordenaçoens , detriminaçoens , foros, uzos , cuftumes da
dita Villa, ainda que feja do tempo emmemoreal , graças, liberdades,
favores, indultos a ella , ou as pelToas delia geralmente, ou efpecial-
mente concedidos , grozas , façanhas , e opinioens de Doutores , que
em contrario fejaó ho que todo pera eífeito defta prefente ey por
derrogada , e quero , e me praz , que naó valha couza alguâ , poílo
que tenha clauzulas derrogatórias , e delias , e das do theor delias fe
ouveíTe de fazer expreíTa menção de verbo a verbo , porque ey tudo
por inteiramente exprimido como fe ho foíTe realmente com toda fuf-
tancia do cazo fem embargo da ordenaçaô do fegundo livro , titulo
corenta e nove , que diz , que fe nom entenda derrogada nenhua or-
denação por mim fe da fuftancia delia nao fizer expreíTa menção , por-
que a ey afli por expremida , e efta vallera como fe folTe paliada pel-
la Chancellaria fem embargo de ho nom fer , e da ordenação do fe-
gundo livro , titulo vinte , que manda , que fe nom faça obra por car-
ta , ou alvará meu fem paíTar pela dita Chancellaria. Dada em Évo-
ra a 26 dias de Fevereiro. O Secretario Francifco Carneyro a fez
anno de NoíTo Senhor Jefu Chrifto de mil e quinhentos e trinta e
quatro. Pedindome ho dito Conde , que por quanto elle ouvera de
mim a dita Carta , porque lhe dera a dita Villa daguiar , que com ho
treslado delia lhe mandaíTe paíTar huã Carta teftemunhavel para man-
dar tomar a poíTe da dita Villa , e eu vifto feu dizer lhe mandei paf-
íiir a prezente , a qual mando , que fe guarde , e cumpra em todo
como a própria Original , e al nom façaes. Dada em a minha Cida-
de Dcvom aos nove dias do mes doutubro. ElRey ho mandou pelo
Lcccnciado Mcm de Saa de feu Dezembargo , e Corregedctr dos fei-
tos eiveis com alçada em fua Corte , e Caza da foplicaçao. Bel-
chior Tavares , por Cofmo Machado a fez anno de mil e quinhentos
e trinta c leis. E cu Coimo Machado a fobrcfcrevi.

Certa porque ElRey D. JoaÕ o JII. mandou meter ao Conde de


Vjmijjo de vofjc da dita Villa porque o repu^navaÕ os mo-
,

r aderes. Original eJJá no Cartório da dita CaJa , dondi


a copiey , waço yS , num. //4,

cm dias de fua vida da dita Villa do Vimiofo e feu termo , que he


da Coroa Pvcal com toda fua jurdiçao eivei e crime e com todas as
rendas e coiifas outras que fe contem na carta de doação que de mim
tem ; a qual doaçaó lhe aíFy tenho feita fem embargo de quaefquer
privillegios que a dita Villa tenha , porque foíTe feita Realenga fe-
gundo mais inteiramente he contheudo na dita Carta , e em outra de
derrogação dos ditos privillegios que vos com cite ferao aprelcntadas
fe ans quacs cartas e mercês que aífy por ellas fiz ao dito Conde a
dita Villa do Vimiofo e moradores e povo delia e feu termo vieraó
com embargos com que lhe ate ora impedirão a poífe da dita Villa e
jurdiçao delia ; e ora por muitos e mui juftos refpeitos e caufas que
me a iíTo movem de meu próprio moro poder Real e abfoluto , ey por
bem quero e me pras que a dita poífe lhe feja logo dada, e que ufe
delia , e tenha e polfiia a dita Villa e jurdiçao , e todas as mais cou-
fas contheiídas na fua doaçaó na forma e maneira que lhe por ela per- /

tencer , fem embargo dos embargos com que a dita Villa e morado-
res delia aífy vieram e de quaefquer outros de qualquer callidade que
fejam com que ao diante venhao , ou polfa vir e por tanto vos man-
do que vades logo aa dita Villa do vimiofo e dareis a poífe delia e
de fua jurdiçam , e de todas as mais coufas contheudas na dita doa-
çam ao dito Conde ou a feu certo procurador aífy e da maneira que
lhe todo tenho dado e lhe pertence por bem da dita doaçam , e fe-
gundo forma delia ; a qual poífe lhe dareis com todallas follemnida-
des que de direito fe requerem , e poílo que a dita Villa e morado-
res e povo delia ou alguns delles vos queiraó impedir ou impidaó o
dar da dita poífe alegando os embargos com quejaa vieram ou quaef-
quer outros por qualquer maneira e de qualquer callidade que fejam
vos lhe noni coníintacs dos taacs embargos nem os ouvireis acerca
dello em coufa alguã ; antes fem embargo delles e de quaefquer cau-
fas e rezoês que vos os fobreditos allegarcm dareis ao Conde a dita
poífe conforme a fua doaçaó fem lh:s niífo em coufa alguá receber-
des apelíaçaó nem agravo , e ifto fem embarí^o de minhas hordena-
Tom. V. Mm mm çoês
6^1 Trovas do Liv. X. da Hifloria (jenealo^ica

çóês e de quaefquer leis e direitos que em contrario aja ou pofla aver


as quaes nefta parte derroguo c anullo e ey por caíTadas e anulladas
e quero que naó tenham força nem viguor alguu em quanto foor con-
tra o contheudo neíle Álvara poílo que fejam taaes que folTe necef-
íario ferem aqui exprcíTas e declaradas e fem embargo da hordcnaçam
do livro 2. tit. 49. que diz que fe naó entenda fer por mim derro-
gada hordenaçao alguâ fem delia e da fubílancia delia naó fizer ex-
preíTa mençaô , por quanto minha mercê e vontade he que fem em^
bargo de tudo fe de a dita poíTe ao Conde e que a doação e mercê
que lhe aíTy fiz , aja eíFeito e fe cumpra inteiramente e vos dou po-
der e mando que lha deis na maneira que dito he e cumpraes e fa-
çaes inteiramente aíTy comprir todo o fobrcdito fem mingoa nem def-
fallecimento alguií porque aíly o ey por muito meu ferviço , e eíle
alvará fe compriraa pofto que nao fcja paíTado pela chancellaria fem
embargo da hordenaçao do fegundo livro titulo vinte que diz que fe
nao guardem meus alvarás fenaó forem paíTados pela dita chancellaria.
Manoel da Cofta o fez em Lisboa a vinte de Mayo de mil e qui-
nhentos e trinta e nove.
REY.

Sintença de precedência dada por EIEev D. JoaÕ o III. com o


InfanteD. Lui^, e o Itifonte D. Ihnriíjue cem os do Jeu
,

De/embargo do Paço a favor


, do Conde de Vimiojo , con-
tra o Conde de Vendia. Authentica tirada do Arclúvo
da Cafa de Vimiofo ,
maço /8 , num. 46

Num. 17. ji^U ElRei faço faber aos que eíle Álvara virem que haven.lo ref- ,

X tç;/ Jtlí peito ao que na petição atras efcripta dis D. Afíonfo de Portu-
gai ^ Conde do Vimiozo, meu muito amado fobrinho , Vedor de mi-
^ nha fazenda , hey por bem , e me praz , que fendo os papeis , de que
na dita petição faz menção , trasladados dos próprios , e concerta-
dos , e aíTmados per hum Efcrivaô de minha fazenda , ou da Cama-
ra , fe dee ao tal traslado tanta fee , e credito , como fc fora feito
em publica forma , e por authoridade de juftiça ; e mando a todos
meus Dezembargadores , Corregedores , Ouvidores , Juizes , e JuíU-
ças , a que o conhecimento difto pertencer , que aíTy o cumprao , e
façaó inteiramente comprir , poílo que o eíFeito deite Álvara haja de
durar maes de hum anno, e que nao feja paíTado pela Chancellaria,
fem embargo da Ordenação em contrario. Gafpar de Seixas o fcs em
Évora a 7. de Abril de mil e quinhentos e fetenta e cinquo. Jorge
da Coíla o fes efcrever.
REY.
Ha V. Alteza por bem , de que o Conde
que fendo os papeis ,

do Vimiozo faz menção na petição atras efcripta , trasladados dos


próprios, e concertados , e aíTmados por hum Efcrivaô da fazenda,
ou
,

da Cafa ^eal T^ortiigue^a, ^45


ou da Camara dc VoíTa Alteza , fe lhe dee tanta fee, e credito, co-
mo fe fora feito em publica forma, e por authoridade de juftiça, e
que efte valha , pofto que o efíeito delle haja de durar maes de hum
anno , e que naó feja palFado polia Chancellaria. Martim Gonçalves
da Camara. Fica aíTentado no livro primeiro folhas quatrocentas e
feíTenta e oito. E pagou mil. Sebaftiaó Dias.
Dom Joaó per graça de Deos Rei de Portugal , e dos Algarves
daqucm , e dalém mar em Africa , Senhor de Guinee , e da Conquif-
ta , navegação , e Comercio de Ethiopia , Arábia , Perfía , e da ín-
dia , &c. A quantos efta minha Carta de Sentença for moftrada
faude , fliço-vos faber , que Dom Francifco, Conde do Vimiozo, meu
muito amado Primo , me aprezentou humas razoens , em que apon-
tou , e allegou por íua parte algumas cauzas para haver de preceder
o Conde de Penelia , meu muito amado Primo e eu mandei ao Li-:

cenciado Chriftovaô Efteves meu Dezembargador do Paço , e peti-


,

çoens , que folfc ao dito Conde de Penelia , e lhe moílraífe as ditas


razoens, ao que o dito Licenciado fatisfes, e as dava ao dito Conde
para as ver , e lhe reíponder e por as naó querer ver , e dizer , que
:

nao havia a ellas de refponder , por alguâs cauzas, que o dito Licen-
ciado me diíTe da- fua parte , lhe mandei , que tornaíTe ao Conde de
Penelia , e lhe diíTcffe que refpondeíle o que quizeíTe a bem de fei-
,

to ; e o dito Licenciado perante o Efcrivaó, que efta Sentença fes


,
lhe notificou a(]y como dito he , e houve por requerido pêra os au-
tos , e termos que pera determinação , e defpacho defte cazo foíTem
,
neceíFarios , e o Conde de Penelia per fua maô deu fua repofta , di-
zendo nella , antre outras couzas , que o dia , que efta citação , e no-
tificação lhe fora feira elle eftava ja de caminho com o fato entrou-
,

xado pera fe hir pera fua Caza \ e por ilfo naó podia refponder a
bem de feito e também por ferem nefte cazo pafPadas alguãs cou-
,

zas em que o Conde do Vimiozo recebera favor em prejuizo de feu


,

direito , por ello naó era tempo conveniente de


e elle o contrario , e
fe poerem direito , proteftando qualquer couza , que fe determinaíTe
em feu prejuizo, e de fua honra, lhe naó prejudicar em tempo al-
gum, e quando compriífe requerer fua juftiça lhe fer guardada, fe-
,

gundo em fua repofta apontou. E mandei com tudo vir os autos pe-
rante mim , e os defpachei finalmente com o Lifante D. Luis , e In-
fante D. Anrique , meus muito amados e prezados Irmãos , e com o
,

Licenciado Chriftovaô Efteves , e Doutores Pero Nunes , e Antonio


de Liaó , Dezembargadores dos agravos , e o Licenciado Alvaro Mar-
tins Juiz de meus feitos , e o Doutor Mem de Sâ , também do meu
Dezembargo , e nos ditos autos foi pofta em efcripto huá determina-
ção , e Sentença final aílinada por mim, e por os ditos meus Irmãos,
e por os ditos Dezembargadores da qual o traslado aíly como jaz
:

em os ditos autos o traslado tal he. Acorda ElRey NoíTo Senhor


com o Infante D. Luis , e Infante D. Anrique feus Irmãos , e com
os do feu Dezembargo abaixo afíinados , que viftas as razoeis , que
o Conde dp Vimiozo deu pera haver de preceder o Conde de Penei-
la, e como o Conde de Penelia naó quis a ellas refponder fendo pe-
Tora. V. jNímnjm ii ra
,

Hijloria Çenealogíca
^44 ^^^'^^^

ra requerido por mandado do dito Senhor , e como confta , e


iíTo
he notório o Conde do Vimiozo defcender delRey D. Joaó o pri-
meiro defte nome , e fer feu trefneto , por onde he no quarto grao
com o dito Senhor •, e bem aíTy o dito Conde do Vimiozo fer Bisne-
to do AfFonfo , que foi Avô da Infante Donna Beatriz
Duque D.
Avó de S. Alteza per o que he antre o terceiro , e quarto grao com
Sua Alteza. E como o Conde de Penella defcende delRei D. Pedro,
e he feu quarto Neto ; por onde he com o dito Senhor em quinto
grao , por o qual aíTy por o dito Conde do Vimiozo ter dous paren-
tefcos com o dito Senhor , e cada hum delles em maes propinquo
grão , que o Conde de Penella , que naó tem fenaó hum fô paren-
tefco com o dito Senhor , e em maes remoto grao. E viílas as de-
terminaçoens feitas por ElRei D. AfFonfo nas Cortes de Coimbra da
maneira , que fe devia ter nas precedências dos Grandes , e peíToas de
Titulo de feus Reinos , com o maes , que defte cazo conftou ; de-
clara, e determina , que o Conde do Vimiozo deve preceder, e pre-
ceda ao Conde de Penella em todos os aíTentos , e autos , em que as
precedências entre as taes peíFoas fe devem guardar.

REY.
IFFANTE DOM LUIS. IFFANTE DOM ANRIQUE.
Chriftophorus L.*"^' í= Petrus. !=: Antonius. í= Alvarus. ír R.^^^
Dalniada. s=: Mem de Sâ.

E porem mando , que efta Sentença inteiramente fe cumpra , e


guarde , aíTy , e pela maneira , que nella he pronunciada , acordada
determinada , declarada , e mandada. A qual Sentença mandei paílar
ao dito Conde do Vimiozo fob meu Sello pendente , pera a ter por
memoria , guarda , e confervaçaó de feu direito. Dada em a Cidade
de Évora a vinte tres dias do mes de Julho. ElRey o mandou por
o Licenciado Chriftovaó Efteves da Efpragoza do feu Confelho , e
Dezembargo , e feu Dezembargador do Paço , c petiçoens. Gomes
e Anes de Freytas , Efcrivaó da Camara , e Correição de fua Corte
a fez anno do Nafcimento de NoíTo Senhor Jefu Chrifto, de mil e
quinhentos e trinta e tres. t= Alvarus. í= Chriftophorus L.^"* í= Pa-
gou XXX reis. t= Pero Gonçalves. í=i

•Alvará de/Rey D. JoaÕ o III. da precedência do Conde de Vi-


miojo , ao Conde de Penella, Aiithentico tirado do Arclúvo
da Cafa de Vimiojb,

Num. ElRey faço faber aos que efte Álvara virem, que havendo
l8."IT^^
. ' * XLrefpeito ao que na petição atras efcripta diz D. Aííonfo de Por-,
An. 155 3» tugal. Conde do Vimiozo, meu muito amado fobrinho , Vedor de
minha
,

da Cafa 'Bfol Tortttgnea^a, ^45


íninha fazenda ; ey por bem , e me
praz , que fendo os papeis , de
que na dita petição faz mençaô trasladados dos próprios, concerta-
,

dos , e aíTinados por hum efcrivaó de minha fazenda , ou da Camara,


fe dê ao tal traslado tanta fe , e credito , como fe fora feito em pu-
blica forma, e por authoridade de juftiça: e mando a todos meus
Dezembargadores , Corregedores , Ouvidores , Juizes , e Juftiças a
que o conhecimento difto pertencer , que aííi o cumpraó , e façao in-
teiramente cumprir , pofto que o eíFeito defte Álvara aja de durar
maes de hum anno , e que naô feja paífado polia Chancellaria , fem
embargo da Ordenação em contrario. Gafpar de Seixas o fez em
Évora , a fete de Abril de mil e quinhentos fetenta e cinco. Jorge
da Coíb o fez efcrever.
REY.
Martim Gonçalves da Camara.

Ha
V. A. por bem , que fendo os papeis de que o Conde do
Vimiozo faz menção na petição atras efcrita , trasladados dos próprios,
concertados , e aíTmados por hum efcrivaó da fazenda , ou da Cama-
ra de V. A íe lhe de tanta fe , e credito , como í"e fora feito em
.

publica forma , e por authoridade de juftiça , e que efte valha , pofto


que o effeito delle aja de durar maes de hym anno , e que naô feja
pafíiido polia Chancellaria. E trasladado aíIi o dito Álvara por An-
tonio Nunes, criado do dito Senhor D. Luis, me foi moftrado hum
livro encadernado em taboa , em coro atamarado , roxas as folhas pol-
ias bordas com hum fecho de lataó , no qual eftaó trasladados certos
Alvarás , e outros papeis , que nelle fe trasladarão por virtude do Ál-
vara acima inferro , fobfcntos por Jorge da Cofta Efcrivaó da Ca-
mara do diro Senhor Rey D. Sebaftiam , cuja letra da fobfcripçaó
e íinal dou fe , que conheço. Dizendo o dito Antonio Moreyra , que
ao dito Senhor D. Luiz de Portugal era neceíTario o traslado de
hum Álvara , que no dito livro eftava trasladado , concedido por El-
Rey D. Joaô o IIL que eftâ em gloria , a D. Francifco de Portugal,
Conde do Vimiozo , o qual eftava faó , limpo , e fem couza , que
duvida fizeíFe , e o theor delle de verbo ad verbum he o leguinte.
Eu El Rey faço faber a quantos efte meu Álvara virem , que o
Conde do Vimiozo , meu muito amado Primo , me difte , como em
os aétos em que fe hora deu determinação pera elle preceder ao Con-
de de Penella meu muito amado Primo , fe puzera hum termo de
como o Licenciado Chriftovaó Efteves , meu Dezembargador do Pa-
ço com Gomes e Anes , efcrivaó , foraô por meu mandado notefícar
ao dito Conde de Penella , pera que allegaíTe de fua juftiça ; e que
refpondera , que aquella notefícaçaó lhe fora feita eftando elle de ca-
minho , com o fato entrouxado pera fe hir pera fua caza ; e por iftò
naó podia refponder a bem do feito , e também por ferem nefte ca-
zo paftadas âlguãs couzas , em que elle Conde do Vimiozo recebera
favor de mim em prejuízo de feu direito , e elle Conde de Penella o
contrario , e que deípoes de dada a Sentença , elle Conde de Penella
pedira
,
,
:

6^6 Trovas do Liv. X. da Hlflor ia Çeneahgica


pedira hiima Carta teftemunhavel com o theor dos autos ^ aos De-
zcmbargadores , que a Sentença derao , e que elles lha mandarão dar,
e que parecia , que era pera dar a entender em outros tempos , que
fora aggravado per mim na tal Sentença por fcr requerido ao tal tem-
po o que parecia verifimel pera quem naó foubeífe , como o cazo
:

paíTava , porque o cazo paííava doutra maneira , e elle Conde de Pe-


ndia fora o que primeiro me fallara neíles precedimentos , antes mui-
to , que a Rainha minha íbbre todas muito amada, e prezada mulher
pariíTe , que era muito tempo antes , que lhe foíTe feita a dita note-
íicaçaó j e que entaó elle Conde do Vimiozo , me pedira , que qui-
zeíTe logo mandar determinar , fegundo eftava uzado , e praticado nef-
tes Reinos , que era ouvirem-nos fummariamente , e detcrminallo
AÍTy que muito tempo antes, que fe elle partiíTe fe tratava efte ca-
zo , e requeria por ambos ante my , e que eu noteíicara muitas ve-
zes ao Conde de Penella , que houveíFe viíla de huas rezoens , que
elle Conde do Vimiozo dera , antes oito dias , que a Senhora Rainha
parifle , que foi a dezafeis dias de Mayo , e elle fe partira a vinte e
íeis dias de Julho , nos quaes fe elle Icmpre aFaílara de querer vir a
concluzaó. Pedindome , que quizeíle declarar tudo como paíTara, por-
que o Efcrivaó , que o fora requerer com o Licenciado naô íabi«a
maes , que daquelle requerimento. E vendo eu o que me o dito
Conde do Vimiozo requere , pera fempre fe faber como o cazo paf-
fou , o quis por efte meu Álvara declarar , que he verdade , que o
Conde de Penella , foi o que me nifto fallou , muito tempo aiites
que a Rainha pariffe , e querendo-o eu determinar , o diíTe ao Conde
do Vimiozo , e ouvindo a cada hum por fy alguâs vezes nefte cazo
quis , que fe determinaíTe por Letrados ^ e mandei ao Conde do Vi-
miozo , que deíTe íuas rezoens , íem embargo de elle fempre dizer ,
que era niílo aggravado , por fempre neftes Reinos fe coftumar pel-
los Reis paííados fe determinarem fernelhantes cazos fummariamente
,
e das rezoens , que deu o Conde do Vimiozo , por efcrito , eu man-
dei dizer pello Licenciado Chriftovao Eftcves fem maes Efcrivaó , ao
Conde de Penella , que houveífe delias vifta , e refpondeíTe por efcri-
to , e eile Licenciado lho diífe por duas vezes , e eu também lho dif-
fe por mim como queria poer efta duvida em juizo de Letrados que
,

o juigaíTem , o que foi bem hum mes , ou maes , antes que o Efcri-
vaó foíTe com o Licenciado a lho requerer, e elle nunca quiz dar
fuas rezoens dizendo fempre, que lhe corregeíle primeiro aggravos,
que dizia lhe tinha feitos em acrefcentar ao Conde do Vimiozo no af-
fentamento , e moradia , e naó a elle. E por me o Conde do Vi-
niiozo requerer , que poes ja fe começara efla duvida , fe determinaf-
fe , e porque fe foubeífe como o Conde de Penella naó quizera ref-
ponder , mandei ao Licenciado Chrillovaó Efteves , que com hum ef-
crivaó o folfe requerer pera íe fazer diíFo terip.o , como pellos autos
fe vera , e por naó querer refponder , fe fez diffo auto , com a re-
pofta , que elle deu, e entonce o determ.inei por Sentença , como fe
por ella vera , e por todo aíly paíTar na verdade , lhe mandei dar ef-
te meu Alvará. Pero Dalcaçova Carneiro o fez em Évora vinte e
ja.

hum
da Cafa l^eal Tcrtn^ne^a. tf
47
hum Novembro de mil
dias de e quinhentos e trinta e tres. E eílfe

Álvara quero e me praz que


, ,
fe cumpra , e guarde , pofto que na6
feja paíTado polia Chancellaria , fem embargo de minha Ordenaçaô
em contrario.
KEY.
Álvara do Conde do Vimiozo para VoíTa Alteza ver. Eu Jor-
ge da Cofta aqui trasladar , e concertei com o próprio efte Alva-
fiz

jâ; em Lisboa a nove de Fevereiro de 1578. Jorge da Coíla.

Carta de Camereiro mor do Príncipe D. João , paffada ao Conde


de Vi mio/o I). Franci/co. Original ^ que tenho em meu poder.

DOm Joham
daquem
ves , ,
Deos Rey de Portugal, e dos Algar- ^UJY),* i
per graça de
mar em Africa Senhor de Guine e da
e dalém ,
Ç
, .

Conquiíla navegação Commercio de Ethiopia Arábia Perfia e da In-


,
*j54« ,

dia. A quantos efta minha Carta virem faço labcr que vendo eu o ,

conjunto divido que comiguo tem D. Francifco Conde do Vimiofo


meu muito amado Primo Veador de uiinha fazenda, e os muitos, e
niuy continuados ferviços dinos de muito merecimento que fempre fez
a ÉlRey men Senhor e Padre que fanta gloria aja , e como a mym
tem muito fervido e muy continuadamente e com muito amor e fíel-
dade diligencia e boô cuidado e me tem dado de fy muy boa conta
e fervido a todo meu contentamento. E vendo ifo mefmo que ele
tem todas as calidades que devem ter as peíToas que nos officios ma-
yores do Principe meu íbbre todos muito amado e prezado filho, eu
devo pocr e mais principalmente naquelles que a ele , e a feu ferviço
ham dandar mais acheguados e por confiar dele que naquelle em que
o pofer me fervira e ao dito Principe meu filho , afy bem c honra-
damente , e com tanto amor fieldade e boó cuidado como ambos fe-
jamos dele bem fervido , e a todo nofo contentamento. Por todos
eíles refpcitos pelos quaes com muita rezam
lhe cabe toda mercê , e
pela muito boa vontade que lhe tenho , e por folguar de nifto lha fa-
zer , lhe dou e faço mercê do officio de Camareiro mor do dito Prin-
cipe meu filho com todalas preminencias fupcrioridade mando jurdi-
çam graças liberdades framquezas e privilégios que ao dito oííicio fam
ordenados e com que fempre os ferviram os Camareiros mores dos
Principes deftes Reinos e com a tença ordenada das cem dobras de
trezentos e fatenta reis dobra em cada hum anno e com as proes e
percalços e interefes que direitamente lhe pertencem e como fempre
o ouveram e difo ufaram os Camareiros mores dos Principes e milhor
fe ele com direito milhor o poder aveer e de todo hufar. E mando
por eíla Carta aos Veadores de minha fazenda que a dita tença orde-
nada das ditas cem dobras lhe mandem afentar em os livros de minha
fazenda de Janeiro que ora pafou defte anno prcfente de mil quinhen-
tos e trinta e quatro e dy em diante lha mandem defpachar em cada
htiu anno em luguar oude feja bem pago. E por eíta Carta o ey
por
,

Trovas do Lh. X. da Hijlorla genealógica

por metido em pofe do dito officio fem pera ele antrevyr nem fer
necefario nenhuu meu official que a dita pofe lhe dee porque afy o
cy por bem , e me praz. E mando a todos os officiaes do dito Prin-
cipe meu filho que ora fam e ao diante forem que fejam da jurdiçaò
do dito officio de feu Camareiro moor que lho leixcm fervyr e dele
ufar e da jurdiçam mando e fuperioridade dele e em todo cumpra in-
teiramente feus mandadòs afy como o devem e fam obrigados a fazer
e lhe leixem aveer todas as proes percalços e interefes que ao dito
officio fam ordenados e direitamente lhe pertencem fem niíò lhe poeer
duvida , nem cmbarguo alguu porque aíTy he minha mercê. E o di-
to Conde jurara em minha Chancellaria aos Santos Avangelhos que
beê verdadeira e fielmente firva o dito Officio gardando a my e ao
Principe meu filho nofo ferviço e em todo o que ao dito officio to-
quar e pertencer muy inteiramente o que deve. Dada em a Cidade
devora a iiij dias dagofto. Pero dalcaçova Carneiro a fez. Á\mo de
nofo Senhor Jefu Chriíto de mil quinhentos e trinta e quatro.

REY.

Alvará para o Conde de Vmiofo , D. Francifco naõ pagar di'


,

rettos , Jalvo do que trouxer para vender. Original ejlà no Car»


tono da dita Ca/a , maço , num.
//j , donde o copiey.

Num.
A
2 0. T^^^ J^^^ P^^ S'*3Ç3
J--/daaauem, e daalem
Deos Rey de Portugal , e dos Algarves
maar em Africa, Senhor de Guinee , e da
Atl. í)34«
Conquifta navegação, e Comercio de Ethiopia Arábia, Perfia , e da
,

índia. A quantos efta minha Carta virem faço faber , que efguardari-
do eu o devido , que comigo tem D. Francifco Conde do Vimiozo
meu muito amado Primo , e a feus muitos ferviços , e merecimentos,
e por folgar de lhe fazer mercê , ey por bem
,
quero , e me praaz
que elle naó pague daqui em diante dizima de todas as mercadorias,
e couzas outr s , que elle mandar trazer , ou lhe vierem de quaefquer
partes, que fejaó aíTy por os portos do maar, como da terra, naó
fendo as taaes mercadorias pera vender , porque deíTas naó fera efcu-
2 o de paQ[ar a dita dizima ; e afy ey por bem que naó pague porta-
,
gem , paíFagem , nem coílumagem de todas as couzas que lhe vierem,
ou mandar por meus Reinos , ou Senhorios de huns lugares pera ou-
tros. Outro fy me praz , que naó pague Chancellaria de todas as
liberdades, graças, c mercês ,
que lhe fizer, nem doutras quaefquer
couzas fuas de que eftee hordenado, que fe leve na Chancellaria, por-
que minha mercê, e vontade he , que elle a naó pague, e que feja
efcuzo de todas eftas couzas , e cada hua delias , na maneira , que di-
to he ; notefícoo afy aos Vedores de minha fazenda, e aos Juizes,
Almoxarifes , e officiaes de minhas Alfandegas , e a todolos Contado-
res , Thezoureiros , Almoxarifes , Recebedores , Rendeiros , efcrivacs,
Juizes , Juíliças , Officiaes , e peíToas de meus Reinos , e Senhorios a
que
,

da Cafa ^eal Tortugue!^a» é^p


que efta minha Carta , ou o terlado delia em pubrica forma for mof-
trada , e o conhecimento delia pertencer , e mando a todos em geeral,
•e a cada hum em efpecial , que afy o cumprao , guardem, e façao
inteiramente cumprir, e guardar como aqui he contheudo, fem lhe
niílb ier pofto duvida , nem embargo , nem contradição alguma , por-
que afy he minha mercê , e por firmeza dello lhe mandei dar efta Car-
ta por mim aíTinada , e aíTelada com o meu Sello pendente. Manoel
da Cofta a fez em Évora a 20. dias do mes Dodlubro , anno do Na-
cimento de Noílb Senhor Jefu Chrifto de mil quinhentos trinta e qua-
tro. Fernão Dalvares a fez efcrever.

ELREY.

Doação da Villa do Vimiojo feita ao Conie


,
D. Francl/co. E/^
tà no maço referido , donde a copiey.

DOm Johao
daquem
Rey de Portugal e dos Algarves
per graça de Deos
maar em affrica , Senhor de guine e da Con-
e dalém
Num. 1 1.
*

quifta navegação , Comercio de Ethiopia Arábia, Perfia e da índia.


A quantos efta minha Carta de doação virem que olhando eu os mui-
tos e mui grandes ferviços que D. Francifco Conde do Vimiofo meu
muito amado primo tem feito a ElRey meu Senhor e padre que fan-
ta gloria aja , e a mim e ao diante efpero que me faça per os quaes
lhe faó em muita obrigação e querendolhos em parte agualardoar , e
por muitas e muy juftas caufas e muy obrigatórias que me a iíTo mo-
vem me praz de meu próprio moto poder Real , e abfoluto livre von-
tade certa labedorya , e por mo elle pedir , e lhe fazer mercê e doa-
ção pura , livre e irrevogável , antrc vivos valedoura como de feito
per efta minha Carta lhe faço da Villa do Vimiofo e feu termo que
he da Coroa , e património Real e lha dou e concedo em fua vida
com toda fua jurifdiçaô eivei e crime , mero e mixto Império e cora
todas as rendas foros e dereitos Reaes que eu hy ey e pofta aver,
com o Caftello e alcaidarya , e dereitos dela , e portagem e quaefquer
outros que nella tenho refervando pera mym Correição e alçada , e
lhe faço yftb mefmo mercê e doação expreífamente do padroado que
tenho e todas e cada huâ das Igrejas da dita Villa , e feu termo e do
direito daprcfentar e pofte , ou quafi poíTe em que eftou de a ellas
aprefentar , em folido e lho trefpaíTo , e dou aíTy como o cu tenho
que o aja pera fy. E por efta rogo ao lífante D. Anrique meu mui-
to amado e prezado Irmão Arcebiípo de Braga , que lhe queira con-
firmar a doação defte padroado' pela fobredita maneira , e o peço por
mcrcc ao nolPo muy Santo Padre , fe a Sua San^tidade quifer pedir a
confirmação e porem ifto fe nao entendera naquellas Igrejas que na
dita Villa foraó tomadas pera as Commendas e me praz que fe poíFa
chamar Senhor delia e pofta dar os tabaliados e quaefquer outros of-
ficios da dita Villa e feu termo que eu ora dou e me pertencem de
,

dar, tirando os que pertencem a arrecadação de minhas rendas das fi-


Tom. V., Nnnn fas
6 T^rovaí do Liv. X. da Hifioria Çenealogica

fas os qiiaes officios poderá dar por fuas Cartas afinadas por elle e
afelladas com o feu Sello , e as pefloas a que afy os der , naó lerão obri-
gadas a confirmação minha da dita dada ; ou de meu Chanceler
tirar
moor , fomente ferao obrigados tirar Regimentos de feus ofiicios da
minha Cancellaria , e afy ey por bem que elle ou feu Ouvidor pofi
fazer as eleições e apuração delias , e tirar os Juizes e officiaes , e pof-
fa confirmar , e confirme os Juizes que fairem per eleição que íe fe-
7er , fegundo forma de minhas Ordenações e afy que os Juizes e ta-
balliaés por elle ; e bem afiim poderá conhecer das appel-
laçoês e agravos que fairem dante os Juizes da dita Vdla , afy os
feitos Civcs como crimes , e afy conhecera per fy ou feu Ouvidor
das appellaçoés e agravos dos dereitos Reaes que a elle pertencem
quando elle ou feu Ouvidor eftever na Villa fegundo forma da Orde-
nação. E quanto as rendas que a dita Villa render pera mym lhas
dou , com tal declaração que elíe haa de deixar das tenças que de
mym tem em vida, outras tantas quanto a dita Villa para mym ren-
de , fomente as rendas c dereitos que pertencem a alcaidarya porque
deílas lhe faço livremente doação e mercê tirando a portagem fe a
alcaidarya pertencerem , porque também leixara o que ella valer ; e
os Veedores de minha fazenda lhe faraó o dito defconto na maneira
que dito hee. Porem mando a todos meus Corregedores Juizes , e
juíliças officiaes e peífoas a que o conhecimento pertencer , que me-
tao em poífe o dito Conde de todo o contheudo neíla dita Carta,
em fua vida , corno dito he. E lhe deixem de todo afy ufar na for-
-ma íòbredita , fem lhe niíTo fer pofta duvida nem embargo alguií. E
porem lhe faço a dita doação e mercê dos direitos e renda que Je-
rónimo Teixeira tinha na dita Villa , e por feu falecimento vagarão
dos quaes naó avera defconto. Dada em a Cidade de Évora a xxviij
dias de Março. Pero dalcaçova Carneiro a fez anno de noíTo Senhor
Jefu Chriílo de mil óxxxiiij. E nas rendas de que lhe aíV faço mer-
cê per efta minha doaçaó naó entraraó as fifas da dita Villa. E nas
cofias da dita doaçaó eílaa hum aífento que diz afy pagou derta Car-
ta , defcontando feis mil reis que tinha pago por outra que tinha
delRey que Deos tem da jurdiçaó da dita Villa e vinte mil duzentos
e des reis , neíla conta entra o quarto dos xxiiij da Reytoria da Igre-
ja do dito defconto fe fez per mandado delRey nolfo Senhor a xxvij
de Junho de lóxxxój que parecia fer feito e afinado per Pedro go-
mes cfcrivaó da Chancellaria.

Carta pafaâa ao Conde de Vimiofo D. Francifco , da Aícaidaria


mor do Vimiofo. Treslado aiithentico ,
íjue ejlà no Cunorio
de/ia Caja , no maço yS , num. ^24.

Num, 2 2»°T^Om Johaó per graça de Deos Rev de Portugal, e dos Algnr-
J--^^'^^ daquem e dalém maar em Africa, Senhor de guine, e da
An lí?o.
'
Conquifla navegaçaó Comercio de Ethiopia, Arábia, Perfia , e da
índia.
,,
n

da Cafa %eal Tortugues^a, 6^1


índia. A quantos eíla minha carta virem faço faber ,
que D. Fran-
cifco Conde do Vimiofo meu muito amado primo Veedor de minha
fazenda tem por doação a dita Villa do Vimiofo em fua vida com ,

fua jurdiçaô como nella he contheudo. E por quanto ao tempo em


que lhe foi dada a dita Villa tinha a alcaidarya moor da dita Villa
,

e Caftello delia Joaó do Rego Cavalleiro de minha Cafa com o


,

qual por minha licença e autoridade fc o dito Conde concertou , pa-


,

ra vir a elle , e mehum publico eftromento de renuncia-


aprefentou
çaó perquc o dito Joaó do Rego renunciava em minhas maos a dita
alcaidarya moor com todos feus dereitos como elle a tem para delia
fazer mercê ao dito Conde , feito por Bras Affonfo publico taballiao
das notas defta Cidade de Lixboa , aos xóiij dias do mes de fevereiro
defte anno prcfente de i6xxx pelo qual renunciava a dita alcaidarya
moor em minhas mãos com todos feus dereitos como elle a tem pa-
ra fazer delia mercê ao dito Conde fegundo compridamente nella he
contheudo teftemunhas no dito eftromento da renunciaçaó Affonfo
Simaó criado de D. Brcatiz de figueiredo e Diogo de Caceres efcudei-
ro do Capitam D. Antaô , vifta per mym a dita renunciaçaó efguar-
dando os muitos e continuados ferviços do dito Conde e feus muitos
merecimentos , e pela muito boa vontade que lhe tenho , e por fol-
gar de nifto lhe fazer mercê lhe faço mercê da dita alcaidarya moor da
dita Villa e Caftello delia
, com todas fuas ,rendas e dereitos e afy
como a tinha peíFuya avia e arrecadava as
, , ditas rendas , e dereitos
,

o dito Joaó do Rego e melhor fe elle com dereito a milhor poder


ter , e aver , e arrecadar as rendas , e dereitos delia , e como derey-
tamente lhe pertencerem , porem o notefico afy ao Corregedor da di-
ta Comarqua , Juizes e ofificiaes da dita Villa fidalgos Cavalleiros,
,

efcudeiros homcs boós , e povo delia , e lhe mando que o ajaó por
meu alcaide moor da dita Villa , e Caftello delia , e lhe leixem aver,
e arrecadar as rendas e dereitos ordenados aa dita alcaidarya moor
afy como os avia , peftliya , e arrecadava o dito Joaó do Rego e me-
lhor fe elle com dereito os melhor poder aver , e arrecadar , e mando
ao dito Corregedor , e Juizes que lhe dem a poífe da dita alcaidarya
moor , e rendas e dereitos delia , e em todo lhe cumpraó, e guardem,
e façaó cumprir , e guardar efta Carta como nella fe conthem fem
duvida nem embargo alguum que lhe niíTo feja pofto porque afy he
minha mercê o qual Conde me fez preyto e menagem pela dita for-
taleza , fegundo hufo , e cuftume de meus Reynos , a qual fica aften-
tada no livro das menagens e aftinada por elle com teftemunhas. Da-
da em a Cidade de Lisboa , a xij de Mayo Bertolameu fernandes a
fez anno de noífo Senhor Jefu Chrifto de lóxxx annos. Foi concer-
tado per mim Pamtaliam Rebello,

Privilegio do Vimiojo Couto,

Om Manoel per graça de Deos Rey de Portugal e dos Algarves ^j^, 1496.
daquem e dalém maar em aífrica , Senhor de Guinee. A quan-
tos efta minha Carta virem fazemos faber ,
que por parte de Gonça-
Tom. V. Nnnn ii lo
6^1 Trovas do Liv, X. da Hiflori a Çenealogica
lo Vaaz , Cavalleiro de noíTa Cafa , e alcaide moor do Vimioío noS
foi aprefentada huá Carta delRey meu Senhor que fanta gloria aja ,
da qual o theor de verbo ad verbo hee eíte que fe ao diante legue.
D. Joaó per graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algarves da-
quem e
, dalém maar em affrica Senhor de guine. A quantos efta nof-
fa Carta virem fazemos faber , que nos avendo ora por noífo ferviço
e bem e proveito de noíTos Reynos fazemos Couto a noíía torre do
Vimiofo , com efta declaração que atee vinte homiziados , de quaef-
quer malefícios em que fejaó culpados poílaó viver em o dito Caftel-
lo e eftem nhy acoutados e naó fejaó prefos nem tirados do dito
Couto pelos ditos malefícios de tal callidade que acoutandofe por el-
les a Igreja o privilegio , e immunidade lhes valeria. E fendo taes
que per direito naó podeíTem gouvir da immunidade da Igreja , em
taes cafos queremos que lhes naó valha efte privilegio de Couto , e
mais declaramos que efte privilegio valha aos homiziados quanto aos
malefícios que per elles foraó cometidos atee dez leguoas do dito Cou-
to e fendo menos lhe naó valha. E afy mandamos que os Juizes do
dito Couto mandem fazer huum livro em que fe efcrevaó os ditos
homiziados quando fe vierem a coutar e naó fairaó do dito Couto
para nenhuã parte falvo per licença dos Juizes do dito lugar , a qual
lhes poderaó dar de dous mefes pera poderem ir negocear fuas cou-
fas em os lugares de noflbs Reynos com tanto que naó voltem em
os lugares e termos onde cometeraó os malefícios , e com efta decla-
raçaó mandamos que fe guarde efta nofl^a Carta , e privilegio , como
em ella he contheudo , os quaes homiziados atee o dito Couto naó
fejaó colhidos per Gonçalo Vnaz noflb alcaide moor do dito Caftello,
ou per qualquer outro , que ao diante for. Dada em Lisboa a xx6ij
dias de fevereiro. Pantaliaó Dias a fez anno de mil ..... Pedin-
donos o dito Gonçalo Vaaz por mercê que lhe confírmafemos , e ou-
vefiemos por confirmada a dita Carta , e vifto por nos feu requeri-
mento , e querendolhe fazer graça e mercê temos por bem e Ihp con-
firmamos e avemos por confirmada a dita Carta , afy e na maneira
que fe nella conthem. E porem mandamos a todolos Corregedores
Juizes , e juftiças officiaes e peífoas a que o conhecimento defto per-
tencer e efta nofta Carta for moftrada , que afy lha cumpraó e guar-
dem , e façaó muy inteiramente cumprir , e guardar , afy e na manei-
ra que íe nella conthem porque afy he nofta mercê. E)ada em Setu-
val a ix dias de Mayo. Belchior nogueira a fez anno de mil quatro-
centos e noventa e leis. Poy concertado per mim Pamtaliara Rebello.

Carta de doaça'6 da Villa Daguiar da Beira , ccnceálda ao Conde


de Vimiofo D. Francifco. Treslado aiithentico eflà no Cartó-
rio da dita Cafa , donde a copiey,
1

Num. 1 ^*
X» "W^^ Johaó per graça de Deos Rey
de Portugal e dos Algarves
f_-/daquem e daiem maar em aftrica , Senhor de guinee e da Con-
An, 1554- quifta navegaçaó , Comercio de Ethiopia , Arábia , Períia , e da índia.
Faço
,

da Cafa ^eal Tortugua^a. ^53


Faço ínber a quantos minha Carta de doação virem que olhando
efta
eu os muitos e muy grandes ferviços que D. Francifco de Portugal
Conde do Vimioíb meu muito amado primo tem feito a ElRey meu
Senhor e padre que fanta gloria aja e a mym c ao diante efpero que
me faça por os quaes lhe faó em muita obrigação , e querendolhos
em parte galardoar , e por muitas , e muy juftas caufas e muy obri-
gatórias que me a iíTò movem , me praz de meu próprio moto poder
R.eal e abfoluto livre vontade certa fabedoria , e fem mo elle pedir
de lhe fazer mcrce e doação pura livre e irrevogável , antre vivos va-
ledoura , como de feito por efta minha Carta lhe faço da Villa da-
guiar dabeira e feu termo que hee da Coroa , e património Real e
lha dou , e concedo cm fua vida , com toda fua jurdiçaô Civel e cri'
me , mero e mixto império e com todas as rendas foros e dereitos
Reaes que eu hy ey ou poíFa aver , e com o Caílello alcaidarya , e
dereitos delia , e portagem e quaefquer outros que nella tenho refer-
vando para mvm Correição e alçada , e lhe faço iíTo mefmo mercê e
doação exprelTamente do padroado que tenho em todas e cada huã
das Igrejas da dita Villa , e feu termo e do dereito daprefentar , e
polfe ou quafy poífe , em que eftou de a ellas aprefentar em folido
e lho trcfpairo e dou , afy como o eu tenho que o aja pera fy , e
por cila rogo e encomendo ao bilpo de Viíeu , que lha queira confir-
mar a doação deftc padroado pela fobredita maneira , e o peço poí
mercê ao noílò mui Santo Padre fe a Sua Santidade quifer pedir a
confirmação , e porem iílo fe naô entenderaa naquellas Igrejas que na
dita Villa forem tomadas para as Comendas , e me praz que fe poíTa
chamar Senhor dclla e poífa dar os taballiados e quaefquer outros of-
ficios da dita Villa , e feu termo que eu ora dou e me pertencem de
dar , tirando os que pertencem a arrecadação de minhas rendas , os
quaes officios poderá daar per fuas Cartas afinadas per elle, e aíTella-
das com o feu Sei lo , fem as peflbas a que os aíTy der ferem obriga-
das a tirar confnraçaó minha da dita dada ou do meu thefoureiro
moor fomente ferao obrigados tirar regimentos de feus officios da mi-
nha Chancellaria. E aíy ey por bem que elle ou feu Ouvidor pof-
fa fazer as eleições e apuração delias e tirar os juizes e ofliciaes , e
poífa confirmar , e confirme os Juizes que fairem per eleição que fe
fezer fegundo forma de minhas Ordenações e afy que os Juizes e
taballiaes fe chamem por elle. E bem afly poderaa conhecer das ap-
pellaçoês e agravos que fairem dante os Juizes da dita Villa , afy os
feitos eiveis como Crimes , e afy conheceraa per fy , ou feu Ouvi-
dor das appellaçoés e agravos dos dereitos Reaes que a elle perten-
cem quando elle ou feu Ouvidor eítever na Villa , fegundo forma da
Ordenação. E quanto aas rendas que a dita Villa render para mym,
lhas dou com tal declaração que elle haa de deixar , das tenças que
de mym tem em vida outras tantas quanto a dita Villa , pera mym
rende , fomente as rendas e dereitos que pertencerem a alcaidarya
porque deitas lhe faço livremente doação , e mercê tirando a porta-
gem fe a alcaidarya pertencer , porque também leixaraa o que delia
valer , e os Veedores de minha fazenda lhe faraó o dito defconto na
manei-
8 , ,

í54 ^^^"^^^ ^^"^^ ^ Hijloria Çenealogica

maneira que dito hee. Porem mando a todos os meus Corregedores


Juizes e juftiças Oíiiciaes e peíFoas , a que o conhecimento pertencer,
que metaó em poíTe ao dito Conde de todo o contheudo nefta dita
Carta em fua vida como dito hee , e lhe leixem de todo aíTy hufar
na forma fobredita , fem lhe nilFo íer poíla duvida nem embargo al-
gum porque aíTy hee minha mercê. E mando ao meu Contador da
Comarca , que mande treladar efta Carta no livro dos meus próprios
pera em todo o tempo fe íaber como afy tenho feito eíla mercê ao
dito Conde. Dada na minha Cidade devora , a xxóiij de Março. O
Secretario Francifco Carneiro a fez anno" do nafcimento de noíTo Se-
nhor Jefu Chriíto dc lóxxxiiij. Foy comcertado per mim Pamtaliam
Rebello.

Carta do Confclho dclKey a D. Affonfo de Pcrtugal Original


ejlã no Cartório da Cafa dc Vimiofo^ maço mim. $18 ^ ,

donde a úrey.

DOm daaquem
vcs
Joaó por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Alguar-
, e daalem Mar em Africa , Senhor de Guine , e da

Conquiíla navegação ,e Comercio de Ethiopia , Arábia , Períia , e


da índia , &c. Faço faber a quantos efta minha Carta virem que ,

efguardando eu os ferviços , e merecimentos de D. Atfonfo de Portu-


gal meu amado fobrinho pollos quaes , e pelas quallidades de fua pef-
foa he rezaó que receba de mym honra, mercê, e acrecentamento,
e confiando dellc , e de fua bondade , e faber que me faberaa bem
aconfelhar , e dar conlelho verdadeiro, fiel , e tal , como deve, e por
folgar de lhe fazer mercê , tenho por bem e o faço do meu Con-
,

felho , e quero , e mando que feja daqui em diante chamado pera meus
Confelhos , e eftee nelles, e como peíToa de meu Confelho goze, e
íjze de todas as honras, graças, mercês, privilégios, e liberdades,
e priminencias , que tem , e de que gozaó , e uzaó os do meu Con-
felho , e elle juraraa na Chancellaria aos Santos Euangelhos que me
aconfelhe , e dè confelho verdadeiro , e fiel quando lho pedir \ e por
firmeza dello lhe mandei dar efta Carta por mym aífinada , e aífella-
da com o meu Sello pendente. Joaó de Seixas a fez em Ahneyrim
a II. dias de Fevereiro, anno do Nacimento de Noílb Senhor Jefu
Chriílo de 1544. Manoel da Cofta a fez efcrever.

ELREY.

Carta da Rainha de França de prometimento de dote , para D. Lui-


za de Gii/mao depois Condejfa de Vimiofo, Original ejlá no Car*
,

tório da Cafa de V imiofo , maço yS , n. 48 , donde a copiey.

DOna Leonor Reyna


quanto Francifco
de Francia y Infante de Efpana , &c. Por
deGufman , mi Mayordomo y mayor de la II-
luftriíTima Infante D. Maria nueftra hija
, y Dona Joana de Blasfelt
fu
,

da Cafa Tt^al Tortugue^a» tf


5 J
fu 'Camar :ro mayor de cada
dia nos Iiazen y recibimos muy leales
y aceptos íervicios , v la dicha Illuíb-iííima Infante nueftra hija , por
la prcfentc niieíb-a Cédula les liazcmos merced para quando cafaren
,
a D. Luiza de Gulman íli hija, de dos mil ducados para fu cafami-
cnto , los qualcs le mandaremos librar para quando la cafaren ; en
teílimonio de lo qual mandamos dar efta nueftra Cédula , firmada de
nueftra Real mano y rcfcréndada por nueftro primer Secretario. Da*
ty en Puifi a xviij de Julio de M. D. XL. VIJ.

YO LA REYNA.

Injlniment j da vai la da Capitania , e juri/dicça^ de Machico , na


Ilha dd Madeira ,
por D, Antonio da Syheira do Conjelho de
,

Sua Magejlacie , a Franci/co de Gujhmo Mordomo mor da


,

Infanta D. Maria, Ejlá no Cartoth da CaJa de Vimiojò,


maço 11 num. 121
, , donde o copiey.

Í^M nome de Deos amen. Saibao quantos efte eftromento de Car- Nuill. 2 tf»
^ta de venda com pado de retro, e obrigação virem que no an- *
no do nacimento de Nolfo Senhor JESUS
iÇ/iX
Chrífto de mil e quinhen- ^ ^H^*
tos equarenta e oito annos aos dezafete dias do mes de Setembro
em Cidade de Lisboa na Rua do Caquo em as cazas da morada
efta
do Senhor Antonio da Silveira do Confelho dclRey Noftb Senhor
Capitão da Capitania, e jurdiçao de Machico da Ilha da Madeira
fendo eíle Senhor hi prefente , e bem aífi fendo prefente a Senhora
D. Clara dalmada fua molher de huma parte , e da outra o Senhor
Franciíco de Gufmao Mordomo mor da Caza da Senhora Infante Don-
na Maria , e locjo por elles foi dito que eftavao concertados hora pa-
ra cile Senhor Francifco de Gufmao aver de comprar a Capitania de
Machico ; e que elle Senhor Antonio da Silveira tem afi , e da ma-
neira que lhe pertence per fua doação , todos os direitos , e jur-
fí".

diçao da dita Capitania inteiramente (cm falta , nem diminuição al-


guma como icmpre andou , e os Capitaens paftados a poífuiaó , e
melhor fe melhor com direito a poderem aver:, e ifto pella maneira
feguinte , ÍI'. que elles Senhores Antonio da Silveira , e a Senhora
Donna Clara fua molher lhe vendem a dita Capitania de Machico
cora toda fua jurdiçao , rendas , e direitos como dito he , e a tem
por fua doação ; e aíli com a rcdizima da levada nova que fe hora
faz que pertence, e pertencer a dita Capitania a qual lhe compra o
dito Senhor Francifco de Gufmao por preço , e contia de trinta e fin-
co nul cruzados em dinheiro de contado , e afii lhe emprefta mais
mil cruzados em dinheiro de contado para ajudar a tirar a levada , c
eftes ião alem dos ditos trinta c finco mil cruzados como abaixo irá
mais declarado para a qual compra , e venda ouveraó Álvara delRey
Nolfo Senhor de que o theor he o feguinte. Eu E,lRey faço faber
a quantos cfte meu Álvara virem que cu ey por bem , e me praz de
dar
,

6 $6 trovas do Liv. X. da Hijloria Çenealogica


dar liceaça a Antonio da Silveira do meu Conlelho , e Capitão da
Capitania de Machico que poíía vender a dita Capitania aíTi , e da ma-
neira que a de mim tem per fua doação a Francilco de Guímaó Mor-
domo Mor da Caza da Infante Donna Maria minha muito amada , e
prezada Irmã para a peíToa que cazar com Donna Luiza de Gufmao
lua filha à qual peíToa por efte mandarei Provifaó em forma da dita
Capitania moftrando a doação que o dito Antonio da Silveira nella
tem , e a Carta da venda Manoel da Cofta o fez em Lisboa a 2, de
Agofto de mil e quinhentos e quarenta e oito ; e efte naó paíTará pel-
la chancellaria fem embargo da Ordenação em contrario, e he aflina-
do por ElRey NoíTo Senhor , e na fubfcripçaó diz Álvara para V. A.
:

ver por bem da qual licença do dito Senhor o dito Francifco de Guf-
mao comprou , e os ditos Antonio da Silveira , e D. Clara fua mo-
Iher venderão a dita Capitania da maneira que dito he pello preço
acima declarado , e com as condiçoens feguintes , ÍT. por finco mil
cruzados que \hz tem pagos de que lhe fízeraó efcritura publica por
mim Taballiaó aos quatorze dias do mes de Julho defte prefente an-
no , e os trinta mil cruzados que faltaó para o cumprimento de pago
da dita Capitania lhe dará , e pagará em dinheiro de contado moedas
douro , e prata do dia que efta Carta de venda for confirmada pello
dito Senhor a quinze dias primeiros feguintes todos juntos em hum
fo pagamento , e aíli no mefmo tempo , e termo liie entregará os
mil cruzados que lhe emprefta para a dita levada dos quaes trinta mil
cruzados que aTi lhe haó de dar, e pagar aos ditos vendedores para
cumprimento de pago da dita venda , e preço da dita Capitania , fe
depofitarao quinze mil cruzados delles em poder de peíToas abonadas,
e feguras que fe obriguem em todo tempo os dar , e entregar fem di-
minuição alguma por quanto efte he o preço do dote da dita D. Cla-
ra ao qual preço a dita Capitania eftava obrigada per autoridade , e
licença delRey NoíTo Senhor , e por bem do dito depozito hao por
defobrigada a dita Capitania da obrigação em que era a ella dita D.
Clara , e ella recebe a dita obrigação nos ditos quinze mil cruzados
e tanto que os ditos depofitarios os receberem ella dita D. Clara def-
obriga , e ha por defobrigada a dita Capitania para que o dito Fran-
cifco de Gufmao, ou a peííba que com a dita fua filha cafar aja, te-
nha , poífua a dita Capitania livremente , e fem encargo , nem obri-
gação alguma , nem por via do dito dote , nem por outro nenhum
modo que íeja porque ao dito Antonio da Silveira aprouve , e ouve
( por bem que os ditos mercadores , e peífoas a que os ditos quinze
mil cruzados forem entregues lhe acudaô fomente com os ganhos , e
proveitos delles , e o cabedal feja fempre feguro , e inteiro para fegu-
rança do dito dote , e os outros quinze mil cruzados fe entregarão ao
dito Antonio da Silveira , ou a quem elle quizer , e tanto que pello
dito modo aííi forem entregues os ditos trinta mil cruzados, e bem
afti os mil cruzados que lhe emprefta lhe daraó quitação de todo o

dito preço dos trinta e finco mil cruzados por bem do qual do pri-
meiro dia do mes de Janeiro que embora virá do anno de mil e qui-
nhentos e quarenta e nove annos de que começa efta venda em dian-
te
,

eia Cafa %€al Tortuguei^^a.

te fendo primeiramente pagos da dita contia , e empreftimo elles ven-^


dedores daí^ora para então tirarão , e demitirão , c renumciaraó de fí
toda a poííe , dominio , lenhorio , e direit<) , e auçaó que tinhaó , e
podiao ter, e aver na dita Capitania per bem da dita doação , e to-
do cederão , e trefpaíTaraó do dito dia de Janeiro em diante em elle
Francifco de Gufmao ou na peíFoa que com a dita D. Luila cafar ,
para que o ajaó , logrem , e poíluaó , e façao dello ^ e em ello todo
o que lhes aprouver como de coufa fua própria que he por bem defta
venda, e fe conftituirao poíTuidores em nome delle comprador, e da
peiloa ,
que com a dita lua filha caiar com feus inquilinos para elles,
ou a qualquer delles tomar , e aver a dita poííe a qual íhe dao por
virtude defta Carta , fcm outra nenhuma autoridade de Juftiça ^ figura,
e ordem de Juizo , e efto com paélo , e condição de reto per tempo
de annos contados do dito dia de Janeiro de quinhentos e quaren-
leis
ta cnove cm diante , e íe acabarão per outro tal dia de Janeiro do
anno de quinhentos e fincoenta e feis que lao os ditos feis annos m-
teiros compridos , e acabados com as mais condiçoens fcguintes , í?.
que tornandolhe elles ditos vendedores , ou cada hum delles per fi
ou per outrem cm qualquer tempo , ou dia dos ditos feis annos os di-
tos trinta e finco mil cruzados todos Juntos, e per inteiro ferá obri-
gado qualquer poíFuidor da dita Capitania a lhe foltar a dita Capita-
nia livremente aífi , e pella maneira que lha hora entrega , e efta ven-
da dahi em diante naó terá vigor , nem eíFcito algum porque com ef-
ta condição , e convença lhe fazem os ditos vendedores a dita venda
ao dito Francifco de Gufmao para a peíToa que cafar com a dita fua
filha Don na
Luifa de Gufmao , e fendo cafo que o poíliiidor da dita'
Capitania naõ feja patente neíle reyno ao tempo que elles vendedores
quizerem tornar o dito dinheiro em tal cafo dcpofitará o dito dinhei*
ro em juizo , e tanto que for depofitado ficara a dita Capitania com
elles vendedores livremente como eílava antes defta venda ler feita, e
poderão pedir a ElRey NoíTo Senhor com certidão do dito depofito
que Jhc n'ande dar fua poífe porque dali por diante o polfuidor nao
averá frutos , nem rendimentos da dita Capitania fomente loldo a li-
vra averá o polfuidor do tempo atras que o poíluio até o dinheiro
ler i^eoofitado o que lhe couber fem nilfo aver mais duvida alguma
por nenhuma das partes , declararão mais os ditos vendedores que du-
rar.do os ditos íeis annos deíle reto , e doje por diante até o dito dia
de Janeiro de quinhentos e fincoenta e íeis annos , polTaÓ vender a
reto , ou arrematada a dita Capitania a quem por ella mais der lem
ter mais obrigação que o fazer faber ao dito polTuidor da dita Capita*
nia com declaração do preço que lhe daõ por ella por hum fcu efcri-
to , e afinado , e dandolhe mais o poíTuidor da dita Capitania a ellcs
vendedores preço do que lhe derem os novos compradores em tal ca-
7.0 a venderá ao dito poífuidor, e naó a outra peflba porque naó lhe
dando mais , ou naó lhe reípondendo ao dito leito do dia que lhe íbr
dado a finco dias a poderá vender a quem quizer naó lhe refpondei *
do ao dito feito como dito he ; e bem afli declararão mais que tiran-
dolhc os ditos vendedores a dita Capiíania íbraó obrigados a pagar
Tom. V. Oooo ^ ao
,

6$% Trovas do Lh. X. da Hiftoria Çenealogka

ao poíTuidor delia todos os gaftos que fizer na chancellaria o qite pa-


gará ao tempo que lhe pagar os ditos trinta e finco mil cruzados,
e o dito tempo lhe dara , e pagara mais os mil cruzados que lhe mais
emprefta alem dos ditos trinta e fiiico mil cruzados , e deípezas ^a
chancellaria tirandolhe a Capitania como dito he , e pagarão aos di-
tos vendedores os ditos trinta e feis mil criizados , e deípezas da
chancellaria dentro nefta Cidade em boas moedas em dinheiro de con-
tado inteiramente fem diminuição alguma , e naô avendo a quem íe
paguem o depofitaraò como acima vai declarado , e naó tirando elles
Vendedores , ou outrem por elles a dita Capitania dentro do dito tem-
po dos feis annos defte reto fique livre , e dcíembargada ao poíTuidor
para fempre fem elles vendedores dahi em diante a mais poderem aver
para fi , nem para outrem , porque lhe fica arrematada pello dito pre-
ço dos ditos trinta c finco mil cruzados, e ficara Cem efieito nenhum
a dita condição de reto por aíTi os ditos vendedores naô cumprirem
com o pagamento dos ditos trinta e finco mil cruzados dentro do
tempo dos feis annos defte reto , e o pagamento dos ditos mil cru-
zados em tal cazo o averaó os compradores , e poíTuidor da dita Ca-
pitania pello primeiro rendimento da mercê que ElRey NoíTo Senhor
tem feito a elle Antonio da Silveira da levada que fe hora tira para
que fe empreftaraô os ditos mil cruz.ados a qual mercê que lhe o di-
to Senhor afli tem feita por bem da defpefa que elle Antonio da Sil-
veira tem feita , e ha de fazer em acabar de tirar a dita levada fica
com elle Antonio da Silveira inteiramente por quanto he coufa íepara-
da da dita Capitania , e lhe foi feita nova mercê dcfpois. da dita doa-
ção , e diíTeraó que fendo cafo que a dita mercê naó aja cíTeito per
qualquer via que feja que entaó lhe pagarão os ditos mil cruzados ao
tempo que lhos avia de pagar avendo eíTeito a dita levada , e mercê
delia , e declararão mais os ditos contrahentcs que de todo o provei-
to que redundar para a redizima da dita Capitania por bem da lc\'a-
da nova que he poíTuidor delia averá os dous terços da redizima no-
va da dita levada , e hum terço ficará ao dito Antonio da Silveira pa-
ra ajuda da dita defpeza durando o tempo dos feis annos porque dahi
em diante toda a dita redizima ferá do poíTuidor da dita Capitania
por lhe pertencer direitamente , e declararão mais que acontecendo
fallecer o dito Antonio da Silveira o que Deos naó mande dentro
nos ditos feis annos do reto poíTa tirar D. Clara lua molher a dita
Capitania para filho , ou filha do dito Antonio da Silveira fe o tiver
fazendolhe S. A. mercê delia para a dita filha o que poderá também
requerer j e tirar qualquer peííba que tiver cargo dos ditos feus filho,
ou filha , e por efta maneira he feita a dita venda a qual elles ven-
dedores , e comprador prometerão de ter, e comprir fob pena de
quem efte eftromento naõ cumprir pagar a parte tente que por elle
eítivcr finquo mil cruzados douro de pena, e intereíTe , e cuftas, e
dcfpezas , e perdas , e dannos que qualquer delles fizer , e receber
e a pena levada , ou naô que efte eftromento fe cumpra para o que
obrigará a dita^ Capitania, c preço delia, e mais todos íeus bens, e
rendas moveis ^'c de raiz ávidos, e por aver, e outorgarão para cum-
primento
,

da Cafa ^al Tortugiies^a. 6^p


primento do que tlito hc de ferem citados , e demandados perante os
Corregedores da Corte , e daquem em efte eftromento for aprefenta-
do , e ahi por fuas Cartas , ou fem ellas eftar a direito, e juftiça
remunerando para elle os Juizes de feu foro, privilégios, liberdades
feitas em peíFoas de finfoens de feito, e de direito que por fi alegar
poífaó porque nada querem que lhes valha falvo cumprir todo como
dito hc. E diíleraó que pedem por mercê a ElRey Nolfo Senhor que
confirme efte contrato com todallas condiçoens, e clauzulas delle fu-
prindo qualquer defeito que em clle aja aíFi de direito como de fei-
to , e em teftemunho de verdade aíTi o outorgarão , e aceitarão , e
mandarão fer feito efte eftromento para cada hum o feu , e dous e
tres por elles aceitado , e prometerão a mim Tabaliaó como a pef-
foa publica eftepullante, e aceitante em nome dos aufentes a que ifto
tocar de lho cumprir aííi todo como dito he ; teftemunhas que forao
prefentes o Senhor D. Pedro de Menezes , e o Lecenciado Fellippe
Diniz Procurador na Corte , e cafi da Supplicaçaó , e Gafpar Fernan-
des moço da Camera do Infante Dom Luis , e foi mais teftemunha
Domingos Leitão, Cavaleiro fidalgo da Caza delRey Noftb Senhor,
e Theloureiro da Rainha D. Lianor de França , e da Infante D. Ma-
ria fua filha , c ella D. Clara aífinou aqui , e eu Francifco Fernandes
Notário publico , e judicial por ElRey Noífo Senhor em fua Corte,
e Caza da Supricaçaó que efte eftromento de minha nota fiz tirar
por meu Efcrivaó per licença que para iífo tenho do dito Senhor , e
o concertei , e fofcrevi , e aqui afinei do meu publico final que talhe.

Traslado aiithentico da doação da Capitania de Machico ,


(jue teve
em dote o Conde D. Affoiijo di Portugal. Ejlá no Cartório
da Caja de Vimiojò, maço ,
num, 8sj.

SAibam quantos efte eftromento , dado em pubrica forma , com o Num. 27.
treslado de huâ Carta da Capitania da ilha da madeira na jurdiçaó
1549.
de machico virem que no anno do nacimcnto de noílb Senhor Jefus
Chrifto de mil e quinhentos e noventa e (eis aos quinze dias do mes
de Janeiro , na Cidade de Lisboa nos paços dos tabaliaês , pareceo
ahi prefente , Vicente Moniz criado do Senhor Dom Luis de Portu-
gal , e em nome do dito Senhor aprefentou a mim tabaliam ao dian-
te nomeado hum livro dourado , e emcadernado em pergaminho com
fuas fitas verdes da inftettuyçaó do morgado do Senhor Dom Afon-
fo Bifpo que foi de Évora pedindome o dito Vicente Monis que de ,

meu officio lhe deíTe o treslado de hua carta que no dito livro efta-
va , da Capitania da ilha da madeira na jurdiçao do machico que o Se- /

nhor D. Afonfo de Portugal Conde do Vimiofo houve em cafamen-


to com a Senhora D. Luiza de Gufmao, fua mulher a qual carta ef-
tava comcertada da original per provifaó delRey D. Sebaftiao que
fanta gloria aja per Alvaro Fernandes, efcrivaó da Camera, que foi
do dito Senhor , por fer neceíTaria ao dito Senhor D. Luis de Portu-
Tom. V. Oooo ii gal
é6o Trovas do Liv. X. da Hiftoria Çenealogica
gal peia bem de feu requerimento , e por a dita Carta eftaar faâ
,

fem vicio lho paíFey , e o traslado delia


nem coufa que duvida faça
de verbo a verbo he o feguinte. Dom Joam per graça de Deos
Rey de Portugal , e dos Algarves daquem e dalém maar em AíFrica
Senhor de guine, e da Conquifta navegação Comercio de Ethiopia
Arábia Perfia e da índia, &c. A quantos efta minha Carta virem fa-
ço faber que eu fiz mercê a Antonio da Sylveira do meu Confelho
pera elle , e pera todos os que delle defcenderem por linha direita
mafculina da Capitania e jurdiçaô das Villas de Machico , e Santa
Cruz , e feus termos que faó na ilha da madeira com fuas rendas e
direitos , fegundo hee contheudo , e declarado , em huâ minha Carta
que lhe foi paíTada por mim aílinada , e afellada de meu fello , do
qual o treslado he o feguinte. Dom Joam per graça de Deos Rey
de Portugal , e dos Algarves daquem e dalém , maar em afFrica Senhor
de Guine e da Comquifta naveguaçaó Comercio de Ethiopia arábia
perfia e da india. A quantos efta minha Carta de doação virem faço
a faber , que avendo eu refpeito ao muito grande e notável lerviço
que Antonio da Silveira do meu Confelho me fez , na defenfaó da
fortaleza de Dio , huâ das mais importantes das do meu eftado , e fe-
nhorio , nas partes da índia fendo Capitão delia , onde foi cercado
do Solimao Baixa Governador do Cairo, hum dos mais principaes
Baixa*; do turco , eftando elle com pouca gente , e defapercebido , e
defcuidado de poder fer cercado dos turcos , vindo Solimaó baixa
com todo o poder do turco que naquellas partes pode mandar , fen-
do ajudado de toda a gente da terra de que avia dias que eftava fer-
cado , onde elle aíTy defendeo , que naô fomente goardou a fortaleza
com parte dos muros derribados , com a artelharia e gente do turco
poftos nos baluartes, e peleijando de dia, e de noite com elles, mas
fez tanto danno aos Inimigos que a Solimaó comveo de fe lhe ale-
vantar e acolher a Suéz , donde viera com muita gente morta , def-
armada e desbaratada , no qual cerco elle aíTy fe houve como convi-
nha a bom Capitão , em cafo de tanto perigo e affronta , onde mor-
rendo tantos cavalleiros portuguezes , e fendo tantos feridos fazendo
tao grandes feitos darmas por fe defender como fízerao ainda parece
que por milagre de nofib Senhor fe defenderão , e houvcraó efta Vit-
toria , da qual elle quiz que o Capitam com os cavalleiros que nifio
ferviraô foíTem os autores, e avendo também refpeito , que como nif-
to me fervio , me ferviria fempre em todalas coufas de meu ferviço.
E porque as mercês devem de refponder aos ferviços lhe faço mercê
pera elle e pera todos os que dslle defcenderem por linha direita
mafculina da Capitania, e juidiçarj das Villas de machico , e Santa
Cruz , e feus termos que faó na Ilha da madeira aíTy como por huâ
Carta delRey meu Senhor e padre que fanta gloria aia em comffirma-
çao doutras dos Reis paíFados pertencia , e as tinha Triftam Teixeira,
Capitam que foi das ditas villas , e defpois feu filho Diogo Teixei-
ra , por cuja morte vaguaraó , e o thcor da Carta per onde o dito
Triftam Teixeira e feu filho tinham as ditas Villas de verbo a verbo
he o feguinte. Dom Manoel per graça de Deos Rey de Portugal e
dos
1,

da Cafa %eal Tortuguei^a, 66


dos Algiirves daquem e dalem maar em aíFrica Senhor de guine , e da
Comquiíla navegação Comercio de ethiopia arábia períia e da india
&c. A quantos efta noíTa Carta virem fazemos faber que da parte
de Triftam Teixeira nos foi aprefentada hua Carta delRey D. Joam
meu primo que Deos tem que taal hee. D. Joam per graça de Deos
Rey de Portugal, e dos Algarves daquem e dalem maar em aíFrica
Senhor dc Guine. A quantos cfta noífa Carta virem , fazemos a fa-
ber que por parte dc Triftam Teixeira Capitam na Ilha da madeira,
nos foi aprefentada huá Carta delRey meu Senhor e padre que Deos
aja dc que o theor taul hee. D. Afonfo per graça de Deos Rey de
Portugal , e dos Algarves Senhor de Cepta , 8zc. A quantos efta Car-
ta virem fizemos a faber, que o líFante D. Henrique meu muito ama-
do e prezado tio , nos moftrou huá noífa Carta de confirmação, per-
que lhe avia por confirmada outra delRey meu Senhor, e padre que
Deos aja , perquc em íua vida lhe dávamos as Ilhas da madeira , Por-
to Sanéto c a dcferta com todolos direitos e rendas que a ellas perten-
cem , da qual o theor de verbo a verbo he o feguinte. D. Afonío
per graça de Deos Rey de Portugal e dos Algarves Senhor de Cep-
ta. A quantos efta Carta virem fazemos a faber que da parte do In-
fante D. Henrique meu muito amado tio , nos foi moftrada huã Car-
ta delRey meu padre que Deos aja aftinada por elle , e afellada do
feu fello de cera redondo , nas coftns da qual o theor taal hee. D.
Duarte pela graça de Deos Rey de Portugal e do Algarve Senhor de
Cepta. A quantos efta Carta virem fizemos a faber que nos queren-
do fazer graça e mercê ao Infante D. Henrique meu Irmaó , temos
por bem, e damoslhe que aja, e tenha de nos, em todolos dias dc
lua vida as noftas Villas , convém a faber , a Ilha da madeira , e a do
Porto Sandto , e a deferta com todolos direitos e rendas delias , afty
como nos de direito avemos e devemos de aveer com fua jurdiçaó ei-
vei e crime , falvo em fentença de morte , ou talhamento de membros,
mandamos que a alçada fique a nos , e venha a Cafa do Civel dcLif-
boa. E outro fi lhe damos poder que elle pofta mandar fazer nas
ditas Ilhas todos os proveitos , e bemfeitorias aquelles que entender
por bem e proveito das ditas Ilhas , e a daar /';/ perpetuum , ou a
tempos , ou aforar todas as ditas terras a quem lhe aprouver com tan-
to que feja feito fem fahir da forma per nos dada as ditas Ilhas em
parte nem em todo, nem em alheamento do dito foro, e porem man-
damos e queremos e damos lugar no dito Infante D. Henrique , que
elle polia quitar parte , ou todo do dito foro aos que vierem as ditas
Ilhas morar em fua vida , e porque no dito tempo lhe temos de todo
feito mercê , com tanto que depois da morte do dito Infante , elle
pague o dito foro fegundo em elle he contheudo , e mais nos praz
por bem povoramento da dita terra , fe o dito Infante quittar o dito
foro em fua vida a algua , ou alguas peíToas dos que forem a dita
terra que lhe feja quite com tanto que como a pefToa morrer que feus
Herdeiros pagem logo o dito foro fegundo nelle hee contheudo , e
refalvamos pera nos que o dito Infante naó pofla mandar fazer moe-
da , mas praznos, que a nofla fe corra em ellas, e por mais firmeza
lhe
66 1 7^fovas do Liv. X. da Hijloria (jenealogica

lhe imndamos daar efta Carta aíTinada por nos, e afellada do noíTo
fello de chumbo. Dada em Sintra a vinte e feis dias de Setembro
Afbnfo Cotrim a fez i^nno de noíTo Senhor Jefus Chrifto de mil e
quatrocentos e trinta e tres annos. E enviounos pedir o dito Infan-
te de mercê que lhe confirmaflemos a dita terra , da qual coufa nos
praz e porem mandamos a quaefquer noíTos officiaes , e peífoas , a que
o conhecimento defto pertencer por qualquer guifa que feja que lhe
cumpraô e goardem , e façaô comprir e goardar efta Carta fegundo
,

em ella faaz menção , dada em Santarém a onze dias de Março , El-


Réy o mandou Ruy Dias a fez Anno de noíTo Senhor Jefus Chrif-
to de mil e quatrocentos corenta e nove ; e difenos o dito Infante
meu tio , que efgoardando elle como Triftam , Cavalleiro de fua Ca-
fa fora hum dos primeiros que por feu mandado fora povorar as ditas
Ilhas , e defpois que em ellas eftivera atee ora fizera em ellas fazer
grande povoraçaó , e muitas bemfeitorias , e coufas porque a noíTa
terra vinha a grandes proveitos , e diíTe que por lhe fazer contenuar
feu bom prepofito de o fazer muito melhor e mais perfeição do que
atee ora fez fua vontade fora de lhe daar a elle Triftam , e feus filhos
e aíTy defcendentes , e encendentes per linha direita huã parte da di-
ta Ilha , fegundo mais compridamente fe conthem em huã Carta afli-
nada por elle e afellada do feu fello , da qual o theor de verbo a
bo hee efte que fe fegue. Eu Iffante D. Henrique Regedor da Or-
dem de noíTo Senhor Jefu Chrifto , Duque de Vifeu e Senhor de
,

Covilhaa \ faço faber a quantos efta virem , que eu dou cargo a Trif-
tam Cavalleiro de minha Cafa na Ilha da madeira dos alem do Rio
,

Caniço dez paíTadas como fe vaay pelo Rio acima atee ponte de Trif-
tam que elle mantenha por mim juftiça , e de direito , morrendo el-
le , a mim praz que ho feu filho primeiro e o fegundo fe taal for te-
nha efte carrego per a guifa fufo dita , e aíTy defcendentes per linha
direita e fendo em taal idade o dito feu filho que o naô pofta reger,
eu , ou meu herdeiro poeremos hy quem o reja atee que elle feja
,

em idade pera reger. Item me praz que elles tenham em efta fobre-
dita terra a jurdiçaó por mim em meu nome do eivei, e crime, re-
falvando morte , ou talhamento de membro que a appcllaçaó venha
pera mim porem fem embargo da dita jurdiçaó a mim praz que os
meus mandados fejam hy compridos , aíTy como em coufa minha pró-
pria ,outro fi me praz que o dito Triftam aja pera fi todolos moinhos
que houver em a parte da dita Ilha de que lhe aíiy dou cargo , e
que nimguem naô faça hy moinhos fenaó elle , ou a quem elle aprou-
ver , e ifto fe naó entenda moo de brafo que o faça quem quifer nao
moendo outrem , e naó façaó atafona. Item me praz que todolos for-
nos de paô em que^ ouver poja fejam feus porem naó embargue quem
quifer fazer fornalha pera feu paó, que a faça, e naó pera outro ne-
nhum. Item me praz , que tendo elle faal pera vender , que o naó
poífa vender outrem e dandolhe a refam de finco reis o alqueire , e
mais naó , e quando o naó tiver que o vendaó os das Ilhas a fua
vontade , atee que o elle tenha. Item outro fi me praz , que todo
o que eu houver de renda da dita parte da dita Ilha , elle aja de
dez
,

da Cafa %eal Tortugfteí^a,


dez FTuíí , que eu hy de aveer na dita liba hc conthcudo no fò-
c o
lal que pcraello mandey. fazer , c por efta guila me praz que aja ef-
ta renda feu filho, ou o outro feu defccndcnte de linha direita que
o dito cargo tiver. Item me praz que cl!e poíTa dar por liins Car-
tas a terra deíla parte fora pelo foral da iHia , e quem liie aprouver
com condição que aquellc o que clle der a dita terra aproveite atee
finco annos , e naô aproveitando que a poíTli daar a outrem , e depois
que aproveitada for , e a leixar por aproveitar atee outros finco an-
nos que iíFo mefmo a poíla daar , e iílo naó embargante a mim que ,

fe iiouver terra por aproveitar que naó feja dada, que eu poíTa daar
a quem minha mercê for , e aíTy me praz que as dc o feu filho , ou
herdeiro , defcendentcs , que o dito cargo tiverem. Item iíTo mefmo
me praz que na dita Ribeira do Caniço, que ellc faÇa os moinhos
que lhe aprouver. Item mais me praz que os vezinhos poííaó vender
fuas herdades aproveitadas a quem lhe aprouver , c fe quizerem hir
de hua parte pera outra que fe vaó fem lhe poerem algum embargo,
e fe fizer malefício algum homem em cada hua parte das ditas Ilhas
que mereça fer açoutado , e fugir pera outra que feja entregue , fe
puder feer prefo honde fez o malefício , fe requerido for pera fe fa-
zer delle comprimento de direito , e fe dever divida , onde quer que
eftiver fe taça dello comprimento de direito. Outro fy me praz^
que os gados bravos poííao matar os das Ilhas nua parte como na ou-
tra fem aveer ahi outra defefa refalvando o gado que andar nas Ilhas,
ou em outro lugar cerrado que o lance hi o fenhorio. Ilfo mefmo
me praz , qUe os gados manfos poííaó aííy em hua parte como em
outra trazendoos por maó que naô façaó dano , e íe o fizerem que
o pague feu dono , e em teílemunho defi:o lhe mandei daar ella Car-
ta aíiinada por mim , e afellada do meu Sello feita em Santarém aos
oito dias de Mayo , Ayres pires a fez Anno de mil e quatrocentos é
corenta annos , e pedindonos o dito Infante meu tio que como quer
que por ElRey meu Senhor, e padre , e por nos lhe naó fofi^bm da-
das as ditas Ilhas mais que em fua vida , nos prouveííe aíTy pelas ra«
fois fobreditas como por lhe em ello fazermos mercê , lhe avemos por
confirmada a dita fua Carta , ao dito Triftam e a feus filhos e defcen-
dentcs que a houveífem e poíTuyfllsm pela guifa que em ella era con-
thcudo , e viílo por nos feu requerimento , e qUerendolhe em ello
fazer graça e mercê , polo fentirmos por bem confírmamoslhc a dita
fua Carta , e queremos que elle dito Triflam e feus filhos , e dcfcen-
dentes por linha direita mafculina , ajam , e poíTuaó daqui em diante
a dita parte da dita Ilha aífy e tam compridamente como em ella faaz
niençaó , e que onde diz na Carta do dito meu tio que à apéllaçaô
de morte ou talhamento de membro venha perante elle , queremos
perante nos fegundo hee conthcudo na Carta dclRey meu Senhor
e padre que Deos aja fufo efcrita , e porem mandamos a todolos nof-
fos Corregedores Juizes , e juftiças Vcadores da fazenda Contadores^
e Officiaes e peííbas a que o conhecimento dcfto pertencer , e cíla
noíTa Carta for mofirada , que afl] o cumpraó e goardem , e façaó
comprir e goardar pela guifa que em ella hee contheudo como dito
hee.
66^ Trovas do Liv. X da Hillorla genealógica

hee. Por quanto aíTy he noíTa mercê fem outro algum embargo que
a ello ponhaes , e por firmeza dello , e goarda lua lhe mandamos
daar eíla Carta aíHnada por Nos , e alellada do noíío Sello de chum-
bo, dada em a roíla Cidade de Lisboa, a dezoito dias do mes de
Janeiro , Martini Alvares a fez Anno de noíTo Senhor de mil e qua-
trocentos e fincoenta e dous annos. Pedindonos o dito Trilbm por
mercê que lha quizeíemos confirmar, e nos viílo feu requerimento,
e querendolhc fazer graça e mercê temos por bem e confirmamoslha,
ally e tam compridamente , como em ello-le conthem e porem man-
damos aos fobreditos , e a quaeíijucr pelToas que pertencer , de qual-
cjuer eílado , e coodiçat) , ou pr<eiiemii^ncia , officio, cargo, ou dig-
nidade que feja , a que efta Carta for moílrada que aíFy o cumpraó
inteiramente e da maneira que em ella era contheudo , fem algum min-
goamento , ou duvida , por fírmidao da qual lhe mandamos d.ir efta
nolía Carta aífinada por nos , c afcllada do noílo Sello de chumbo da-
da em Santarém , a feis dias de Mayo , Fernão de Pina a fez , Anno
de noíTo Senhor Jefus Chrifto de mil e quatrocentos e trinta e feis,
€ pedindonos o dito Triftam Teixeira que lhe confírmaíTemos a dita
Carta, e yifto por nos, íaprouvenos dello , e lha confirmamos na ma-
neira que fe nella conthem , e porem mandamos aos fobreditos ofíi-
ciaes que alTy lha cumprao c goardem e façaó mui inteiramente gonr-
dar e cumprir , dada em Lisboa a dezoito dias de Março Joam Paes
a fez Anno de mil e quinhentos e hum ; pelo qual cy por bem , e
me praz que o dito Antonio da Silveira tenha e aja pera fi , e pera
todos feus dcícendcntcs que delle defcenderem por linha direita maf-
culina , a dita Capitania, e jurdiçao por mim e rendas e direitos con-
theudos na dita Csrta , aífy e pela maneira , e com a claufulla que fe
em ella conthem , as quaes rendas c direitos , ey por bem que o di-
to Antonio da Silveira aja defde o primeiro de Janeiro que ora paf-
fou deíle anno prefentc de mil e quinhentos e corenta c hum , e por-
que defpois das doaçoens feitas ao dito Capitam Triftaó Teixeira , e
aos outros Capitaens affy da Ilha da madeira como das outras Ilhas,
,
ElRcy meu Senhor , e padre que fanta gloria aja fez hua declaraçaó
do modo em que os Capitaens das Ilhas cada huu em fua Capitania
avia de uzar de jurdiçao que por fuas Cartas lhe hera dada , a qual
declaraçaó foi por mim confirmada ao dito Antonio da Silveira , e
leus defcendentes a que a dita Capitania houver de vir uzaraô da jur-
tiiçaó no modo e maneira contheuda na dita declaração , e confirma-
ção que foi feita por mim a vinte e dous dias de Março de mil e
quinhentos e trinta e feis, a qual efta regiftada na minha Chancella-
ria , e trcsíadada nos livros das Cameras das ditas Ilhas , e mando a
todolos Corregedores Juizes e juftiças Veadores de minha fizenda
Cont:idores officiaes e peífoas a que o conhecimento defto pertencer,
e 'efta Carta for nioftrada que aífy lha cumprao , e goardem e façao
,
<-omprir e goardar pela guifa que nella fe conthem por quanto aíli
ree minha mcrce , e por firmeza dello c fua guarda lhe mandey daar
efta Carta aílinada por mim e afellada de meu' Sello
de chumbo , da-
ca em a Cidade dc Lisboa aos dezanove dias de Mayo Vailerio Lo-
pes
,

da Cafa %eal T^ortugue^ãé €6^


pes a fez anno dc noílò Senhor Jefus Chrifto de mil e quinhentos g
corenta e hum annos. E por quanto ao tempo que fiz a mercê fo-
bredita ao dito Antonio da Silveira , eu houve por bem de fegurar
pelas rendas da dita Capitania , a D. Mecia íua molher , o dote e ar-
ras que o dito Antonio da Silveira lhe hce obriguado a daar , e dei*
lo lhe paíTei hua Carta de fegurança do dito dote e arras feira cm Al^
meirim a dezafeis dias de fevereiro deíla preíente era , ey por bem
que a dita Carta , e claufulas delia , acerqua da fegurança do dito
dote c arras fe cumpra em todo como fe nella contem , alfy como fe
aqui foífe tresladada de verbo a verbo, a qual Capitania , e jurdiçao
das Villns de Machico , e Santa Cruz , e feus termos com fuas ren-
das e direitos que o dito Antonio da Silveira aííi de mim tinha pela
dita Carta , cUc e D. Clara dalniada fua mulher a venderão por mi-
Fiha licença e confentimento a Francifco de Guímao mordomo moor
da Cafa da lífante D. Maria minha muito amada e prezada Irmaa pê-
ra a peíToa que cafaífc com D. Luiza dc Guímaó lua filha por pre-
ço e contia de trinta e finco mil cruzados , e com condição e pafto
de retro vendendo por tempo de féis annos que fe começarão o pri-
meiro dia de Janeiro defte anno prefente de quinhentos e corenta e
nove, de maneira que\tornandolhe , e pagandolhe os ditos vendedo-
res , ou cada hum delles per fi, ou per outrem em qualquer tempo,
ou dia dos ditos leis annos os ditos trinta e finco mil cruzados todos
juntos , e por inteiro feraa obriguado qualquer poífuidor da dita Ca-
pitania , a lha foltar livremente fcgundo mais inteiramente era con-
,
theudo , e declarado em hum pubrico eílromento da dita venda que
parecia fer feito , e aílinado por Francifco Fernandes notário publico
geral em minha Corte , e cafa da fuplicaçaó aos dezafete dias do mez
de Setembro do anno paíTado de mil e quinhentos e corenta e oito
com teílem-unhas nella nomeadas , &c. E por quanto a dita D. Lui-
za de Gufmaô hee ora cafada com D. Afonfo de Portugal meu ama-
,

do fobrinho a quem a dita Capitania pertence por vertude da dita


venda lhe mandey daar delia efta minha Carta pela qual tenho por
bem quero , e me praz que o dito D. Afonfo tenha , e aja pera fi ,
e pera todos feus defcendcntes que delle dcfcenderem per linha direi-
ta mafculina , a dita Capitania e jurdiçaf) por mim c rendas e direi-
tos contheudos na dita Carta , aíly e pela maneira , e com as clauful-
las que fe em ella conthem , e como por bem delia todo tinha o di-
to Antonio da Silveira , e lhe dc direito pertencia e o dito paâ:o , e
condiçaó de retro fe compriraa como acima hee declarado , e mando
a todolos Corregedores Juizes e juftiças, e Veadores de minha fazen-
da , Contadores , e officiacs e peíToas a que o conhecimento defto
pertencer , e efta Carta for moftrada , que aílim lha cumpraó e goar-
dem , e façao comprir e goardar como nella hee contheudo , porque
afly he minha mercê , e por firmeza dello lhe mandei daar efta Car-
ta por mim aííinada , e afellada de meu Sello de chumbo e a Carta
que o dito Antonio da Silveira tinha da dita Capitania que nefta vai
tresladada , e fe houvera de romper ao afinar delia fe nao rompeo por
p dito Antonio da Silveira dizer que tinha na dita Capitania de Ma-
Tom. V. I^PPP chico
í

666 trovas do Lh, X, da Hijloria Çenealogtca

chico , e que mandara jaa por ella , e fe obrigou de a dar e entre-


gar tanto que lhe viclíe pcra fe avecr de romper. Dada em Almei-
rim a dous dias do mes de fevereiro, Joam de Seixas a fez, Anno
do nafcimento de noíTo Senhor Jcfus Chrifto de mil e quinhentos e
corenta e nove, Manoel da Coíía a fez efcrever, E a doação do di-
to Antonio da Silveira que nefta vaai trcsladada , fe treladou aqui de
hum trelado delia que andava em huá minha Carta teftcmunhavel
que dezia fer tirada da própria , a qual carta teílemunhavel era paf-
lada per minha Chancellaria e eu houve por bem que fe fízefe eOa
peio dito treslado , pelo dito Antonio da Silveira naô ter aqui a pró-
pria , e fe obrigou de a trazer como acima he dito , e aíly foi pof-
ta verba no regiílo da dita doação de Antonio da Silveira no livro
da Chancellaria de como a vendeo na maneira fobredita fcgundo fe
vio per huá Cettidaó de Pero Gomes eícrivao da dita Chancellaria
que foi rota ao afinar defta , pela qual mando aos Juizes da dita Ca-
pitania de machico e quaefquer outras juftiças officiaes e peíFoas del-
ia a que o conhecimento defta pertencer que o metaó cm poíTe da
dita Capitania , e da jurdiçaó e rendas e direitos delia pera todo teer
e poíTbir na maneira fobredita.

ELRÊY.
Dis nas entrelinhas todos ^ e correição i— naô »— e peítoas
e no rifcado diz prezado e concertado com o próprio por mim
Alvaro Fernandes ^ Alvaro Fernandes h- e tresladada a dita Carta
torney ao dito Vicente moniz o dito livro , e de como o recebeo
aííinou aqui. E eu Joaó de Goes tabaliam das notas por ElRey nof-
fo Senhor na Cidade de Lisboa que efte eftromento fis tresladar com-
fertei fobefcrevi afinei de meu pubrico íinal.

tAIvarã de feguranqa de arrlias da Condcffa de Vlmio/o D. LuU


za de Gujmao. Original e/lá no Cartório da Cuja de Vimio*
Jb , maço y8 ^ num. ^jo.

ElRei faço faber a quantos efte meu Álvara virem, que a mim
Num.
.
*
28
* J_ipraz, e ey por bem, que tirando Antonio da Silveira a Capita-
An. nia de Machiquo a D. Affonfo de Portugal meu amado íobrinhoquc;
Francifco de Guzmaaó , Mordomo moor da Infante D. Maria mi- ,

nha muito amada e prezada Irmaá comprou per minha licença ao di-
,

Oio Antonio da Silveira pera a peftoa que cazafe com fua filha D.
,
Luiza de Gufmaaó com padlo de retro vemdendo ou tirandolha as
,

peífoas que lha podem tirar contheudas na Carta da venda que fi-
,

zer da ái^'à Capitania , ou naô avendo a dieta venda eííc^to ; a qual


o dido Francifco de Gufmao daa ora , e trefpafta no di6lo D. Afon-
Ib em paguamento de vinte e cinquo mil cruzados que lhe daa em
,
doote com a dicla fua filha , de fcgurar per minha fazenda ha ditfta
D.
j

da Cafa %eal Tortugtíei^a. 66


D. Luiza do dido dote , e de qualquer couza que lhe
a terça parte
maes for dada em dote , que lhe o di6lo D. Afonfo promete darras
quer delle^í fiquem filhos, quer nao Fallecendo elle primeiro, e ifto
naó abaftando a fazenda , que do di6lo D. Affonfo ficar por feu fal-
lefcimento pera paguar as di6las arras ; e por tanto mando aos Vee-
dores de minha fazenda , que vindo cazo em que as ditas arras fe ven-
çaó c fendo primeiro certos como do dito D. Afonfo naó ficou fa-
,

zenda porque fe as ditas arras poíTaó paguar lhas façao , e mandem


paguar por minha fazenda , ou aquella parte delas a que a do dito
D. Afl^onfo naó abranger , e pera ifto a diíSla D. Luifa dentro de dous
mezes do dia do fallefcimento do dido D. Affonfo fara faber em mi-
nha fazenda como lhe fao dividas as ditas arras pera os di6los Veedo-
,

res delia mandarem faber a fazenda que ficou do di6lo D. Affonfo , e


o que fe podeffe por ella paguar das ditas arras , e mandarem pela
minha paguar o maes que fe "pela de D. Affonfo naó poder aver ; e
quero que efte Álvara , e o nelle contheudo fe cumpra como Carta
,

paífada em meu nome, e aííellada do meu Sello pendente, fem em-


bargo da Ordenação do 2. liv. tit. xx. que diz, que as couzas cujo
erteito ouver de durar maes de anno paffem por Cartas , e naó va-
Ihaó , nem fe cumpraó fendo paffadas por Alvarás , antes annulla os
taes Alvarás , e o contheudo nelles, e me praz, que fe cumpra ou-
tro fy pofto que efte naó paffe pela Chancellaria fem embargo da Or-
denação do didto 2. liv. tit. XX. que diz , que os Alvarás , que naô
paffarem pela Chancellaria fe naó cumpraó , nem guardem , e fejaó ne-
nhuns , e de nenhum effeito porque fem embargo das ditas Órdena-
çoens , e de quaeiquer outras que fcjaó em contrairo mando que fe
cumpra o contheudo nefte Álvara , porque as que forem contra iíTo
eu as derrogo , e ey por derrogadas em quanto forem contra o con-
theudo nefte meu Álvara que quero que inteiramente fe cumpra co-
mo fe nelle conthem Antonio Ferraz a fez em Almeyrim a xxix dias
;

do mes dc Dezembro de 1549.

REY.

Memorial ,
giie deu o Conde de Vimiofo à Kamha D. Catharina ,

febre o (jue fe pajjara quando o mandou a Caftella com a Infan-


te D. Mana , com íiuma Certida^^ de que afftm fora do Secre-
tario Francifco Cano, Original eJtú no Cartório da Cafa de
Vi mio/o , donde o copiey , num. ^ , maço

Dizqueo Conde do Vimiofo que ElRey que Deos tee lhe mandou Nujx), 2 ^,
foíTe em companhia da Senhora Iffante D. Maria quando fe .
xt-z
5/
hia pera Caftella atee a Raya, e aly a entregaffc e que eftando de ,

todo preftcs, e com que


requeria pera huâ jornada defta
a defpcfa fe
callidade feita , e muita parte da gente que o avia dacompanhar jun-
ta , foi noffo Senhor fervido de o levar a fua gloria , onde elle ver-
Tom. V. Pppp ii dadeiramente
,
,,

€6% Trovas do Liv. X. da Hijloria Çenealogica


dadeiramente cree que eftaa , e que V. A. governando eftes Re5mos
dahy a poucos meles o tornou a mandar com a Iffante a Caftella
quando íe foi ver com as Rainhas de França e Ungria voílhs hir-
mans , de que fe elle efcufou por eftar gaitado , e lhe naô lervir o
apercebimento paíTado , e aver de fazer outro taó diferente , e ler vif-
ta de Reis em Reino alheo , e defpefa com que elle entaô naô po-
dia , e querendo V. A. juntamente que lhe largaíTe o officio de Vec-
dor da fazenda lhe mandou dizer pelo Duque daveiro , e Pedro dal-
caçova , que lhe faria mercê do titulo pera hum filho , e do Vimio-
fo , e aguiar de juro , e da alcaidaria moor de Thomar e de teren-
na , com a dada dos oflicios , pera elle , e pera hum filho , indo com
a Senhora lífante , e Jargandolhe o officio , o que elle nao aceitou ,
apontando o de que fe fatisfaria , e tratandoíTe o negocio o fezeraó,
e porque as Rainhas chegarão a badajoz e apreíTavao muito a parti-
da da Senhora líFante , lhe mandou V. A. dizer por Pedro dalcaçova
ha cama onde eftava ferido , que lhe agradeceria muito querer hir
com a Iffante, porque lhe feria grande trabalho, tratar naquelle tem-
po doutra pefíba , que Martym Aífonfo naó quifera hir a india fem
íe lhe fazerem primeiro coufas que íe lhe naó puderao fazer , que fe
elle também naó folfe fe lhe refponderem , que impoííibilitaria muito
o ferviço delRey pelo exemplo, que lhe lembrava, que era filho de
feu pay , e o tempo em que ella eftava , ao que relpondeo a V. A.
por meftre Ulmedo , que elle fe aconfelhara com theologos no que
nifto podia e devia fazer , porque eftava muy individado , e com mui-
tos filhos , e o que tinha era tudo vinçullado , e que o mefmo mef-
tre Ulmedo , e os mais aflentaraó e lhe aconfelharaô que podia fazer
o que lhe V. A. mandava ; pofto que afty eftiveífe , porque era coufa
pubrica , e importava muito a eftes Reynos tornar a Senhora lífante
a elles , e que parecia que feria elle grande parte pera efte effeito
pela que tinha em feu ferviço e cafa , que em quanto V. A. tratara
da mercê que lhe queria fazer por feus lerviços , e officio , lhe nom
parecera rezaó aceitar fenaó o que parecia que fe lhe devia , que por-
que V. A. lhe punha diante o ferviço delRey , e tempo em que efta-
va , e fua obrigação , e elle tinha emtendido que com fua conciencia
o podia fazer , naó podia leixar de levar muito contentamento diíTo
que pedia a V. A. que lhe mandaífe declaraar tempo certo em que lhe
refpondeffe ao cm que diffiriaó na matéria de feus ferviços , e officio,
e que avendoo V. A. affi por beem , hiria e faria o que lhe manda-
va e que V. A. mandou a Pedro dalcaçova que lhe efcreveífe da fua
parte , que lhe agradecia muito efta fua rofoluçaó , e recebia com el-
la muito contentamento, e que ao que tocava aos ferviços e officio,
refponderia dentro em dous mefes defpois delle fer chegado , e que
pelo tempo em que a Senhora lífante queria partir que era a quinze
de Dezembro fer taó breve , que naó poderia fer fem muito trabalho,
aífentara com ella que o leixafíe pera a derradeira oitava do natal ; e
que aífy o fazia faber per hum correo a Rainha de frança , e que el-
le podia fazer efta conta e que também tomara efte tempo pera nelle
poder eftar em defpoíiçaó pera caminhar , e que elle aftentado ifto
mandara
^
,

da Caja %eal T^ortuguei^a. 66


mandara pedir pelo Duque e Pedro dalcaçova a V. A. que mandaíTe
ter em fegredo que lhe largava o officio ate fua vinda porque lhe
,
nao era poíTivel ajuntar taó grande foma de dinheiro como era necef-
fario pera a jornada em tao poucos dias fem empreftimo de muitas
pelfoas, e que tal eftava o tempo que poderia fer que em algumas
peíToas o naô achaíTe fe fe foubcíFe que o leixava fe nao queria
, que
impoíTibilitar pera o que lhe V. A. mandava em nome delRey fcu
neto , pois fe entendia por tanto ferviço feu fua hida , o que V. A.
ouve por beé , e aprovou aíFy , e lho mandou dizer pelo Duque e
Pedro dalcaçova , pelo que com efta fua licença e aprazimento publi-
camente per homens a Cavallo e rocs , pedio empreftimo a muitas pef-
foas , fcm ajuda das quaes nao pudera hir , e que em chegando de
Caftclla e acabando V. A. de fallar a Senhora Itíante com as lagrimas
daquelle tempo fazendo muita honrra ao Bifpo feu hirmaó , e a eíle,
lhes dilíe que fempre os tivera em muita conta , mas que lhes con-
teíTava que naô chegara ha em que os ficava tendo pelo que vira e
,
loubcra que tinhaó feito naquella jornada, e nao quis que leixaíTe o
officio dizendolhe
,
que defpois cia fua partida cuidara no que lhe
mandara dizer e que entendia que nao convinha ao ferviço delRey
,

feu neto , leixar elle de o fervir em fua fazenda pelas rezoes difto
e que dahy a alguns tempos lhe difPe V. A. que algumas peíToas o
calumniavaó de dividas a officiaes , mas que niíio hia pouco , porque
fe as devia que as pagava , e fe nao podia efperar de quem era que
por nenhum refpeito leixalfe de fazer inteiramente o que devia , co-
mo fempre fizera , pelo que beijou a maô a V. A. e V. A. lhe mandou
que lhe deíTe huá folha do que devia , e a que peíToas. A qual lhe
mandou quando fe foi da Corte por frei Luis de Montora e Fr. ,

Pedro de Santo Agoftinho Prior que entaô era de NoíFa Senhora da


» Graça , declarando nella tudo o que devia , e as pelToas a quem o de-
via , e o que tinha pago e a que peílbas
,
jurado aos Santos Evange-
lhos , a qual folha lhe elles deraó e ficou na maó a V. A. e porque
nefta devaífa fe lhe manda daar defcargo ao dinheiro que pedio em-
prcftado , e defpendeo em ferviço delRey , e por mandado de V. A.
nefta jornada , e ao que tem vendido de fua cafa , pera pagar o que
nella gaftou , e fe nom achou outra coufa que com verdade fe diltef-
fe delle, e pera confcrvaçaô de fua honrra , e juftiça , e fe faber em
todo o tempo como eftas coufas paft^araó , lhe he neceíTario certidão
do Secretario de V. A. em que declare por feu mandado que paftaraó
alfy. Pede a V. A. que lha mande daar e recebera a juftiça , e Mercê.

Eu Francifco Cano Secretario da Raynha noíTa Senhora certifi-


co que ly a S. A. efta petição do Conde de Vimiofo , e S. A. decra-
rou que era lembrada , que o dito Conde efteve apercebido por man-
dado delRey noíTo Senhor que Deos tem , pera hir a Caftella com
a Iffante D. Maria. E que depois de o Nofto Senhor levar , S. A.
lhe mandou e encomendou com muita inftancia , que fe apcrcebefte,
pera hir com a dita Iftante quando foi 7erfe com a Raynha de Fran-
ça fua máy , e que naquelle tempo fe tratava com o dito Conde que
largafte
Trovas do Liv. X da Hijloría Çenealogica

largaíTe o officio de Veedor da fazenda que tinha , e por elle nao


aceptar as mercês que fe lhe faziaó em fatisfaçaó do dito officio , nao
ouve eíFeito a largallo , e ficou pera fe lhe refponder a tudo depois
que tornaífe com a Iffante. E que elle mandou entaó pedir a S. A.
que fe nao pubricaíTc que fe tratava de elle largar o officio , porque
nao acharia quem lhe empreftaífe dinheiro pera o gafto da dita jor-
nada , o que pareceo bem affi a S. A. e fe teve em fegredo por faber
que nao poderia o dito Conde fazer o cufto daquella jornada fem di-
nheiro empreitado , a qual fez de modo que S. A. teve delle muita
fatisfaçaó. E que também era lembrada , que o Conde lhe mandara
hum rol das dividas que devia , de que hagora fe nao lembra que he
feito delle, e que por nao faltar a obrigação que tem de dizer o que
niílo paífou pedindolho o Conde por efta petição , e dizendo que
lhe era muito neceíTario pera confervaçaó de fua honra e juíliça me ,

mandou que difto lhe paífaííe eíla Certidão , a qual fiz em Btixobre-
gas aps 19. de Março de mil e quinhentos e fetenta e dous.

Francifco Cano,

Alvará para que os Ouvidores do Conde de V imiofo D. Affonfo ,

das Villas de Aguiar , e Vimiofo ,


pojjaõ e fiarfora das Vil-

las y nad pajfando de /eis legoas. Original ,


que tirey do
dito Cartório, maço num, ^i^.

Num 20 Li^U ElRey faço faber aos que eíle Álvara virem , que avendo ref-
* * ' Xl^
peito ao que na petição atras efcrita diz D. Affonfo de Portugal
An. 1567. Conde do Vimiozo meu muito amado fobrinho , ey por bem , e me
praz , que elle poífa ter Ouvidores das fuas Villas do Vimiozo , e
Aguiar da Beira fora das ditas Villas nao paffiindo de fcis legoas de
cada huâ delias , onde os ditos Ouvidores uzaraô da Jurdiçaó , que
elle Conde de niym tem afy como o poderão fazer fe viveram , e
,
rezidiraô nas ditas Villas ; e ifto fem embargo de minha ordenação
em contrario noteficoo ally a todos meus Dezembargadores , Corre-
gedores, Juizes, Juítiças, Officiaes, e peífoas a que o conhecimc/ito
diílo pertencer , e lhes mando que lhe cumpraó , c façaó inteiramen-
te cumprir , e guardar eíte Álvara como fe nelle contem , o qual ey
por bem , que valha , e tenha força , e vigor como fe foiPe Carta
feita em m»eu nome por myjn affinada , e paííada por minha Chanccl-
,
laria , e poílo que por ella nao feja paífado fem embargo das orde-
naçoens do fegundo livro , tit. xx. que o contrario difpoem. Jorge
da Coita o fez em Almeyrim a xix de Fevereiro de 1567.

O CARDEAL INFANTE.

Privi-
,

da Cafa ^eal Tortugue^a^

Privilegio para o Conde de Vimiojo caçar na Coutada de Évora.


Original ejlá no maço y8 , niinu ^ii y da CaJa de V imiojo.

ElRey faço faber aos que Álvara virem que cu ey por Miityi
E^U
^bem e ine praz
, por fazer nicrce a D.
efl:e
,

AlfonCo de Portugal Con-


,
^
3
•>

de do Vimiozo , meu muito amado fobrinlio , Vedor de minha fazen- -^n. i

da , que em quanto ellc eftiver na Cidade Devora polfa caçar rta Cou-
tada da dita Cidade hum dia cada fomana , as lebres com dous gal-
guos , e as perdizes com hum açor , fem por iflb elle , nem as pef-
foas , que forem em lua companhia encorrerem em penna alguma ,e i

iílo em quanto eu ouver por bem , e naò mandar o contrario, e man-


do a todas minhas juftiças , e officiaes a que eíle Álvara for moílra-
do , e o conhecimento dclle pertencer , que lhe deixem caçar na di-
ta .Coutada o dito dia cada fomana com os ditos dous galguos ,e
hum açor , como acima hê dito , e lhe cumprao , e guardem eíle Ál-
vara , como fe nelle contem, o qual ey por bem, que valha, e te-
nha força , e vigor como íe foííe Carta feita em meu nome , por mim
aíTmada , e paíTada por minha Chancellaria , e pofto que por ella naó
feja paliado, fem embargo das ordenaçoens do íegundo livro, titulo
vnite , que o contrario dilpoem. Jorge da Coita o fez em Lixboa
a 20. dias de Setembro de 1564.

O CARDEAL INFANTE.

xAlvarà para o Conde de Vimiojo poder paffar por toda a parte , c


lhe darem pou/adas , O^c. Original ejlá no Cartório da dita Ca-

Ja ^
maço /S f num, ^óz^ donde o tirey.

EU EÍRey
bem
por ,
que por todos
c^iie efte mciu Álvara virem
faço faber âòS
os lugares por onde o
,

Conde
que éu hei í^uni.* t 2.
do Vi- *

miofo meu muito amado fobrinlio quizer hir , e paíTar o recolhao "S^^^*
com toda fua Caza , e com todo feu fato fem o deterem a bandeira,
e lhe dem cazas pera fua pelloa, e poufadas , e camas pera os feus ,
e eftrebarias , beftas , barcos , carros , mantimentos , e tudo o maes
que lhe for neceílario por feu dinheiro pollo efrado da terra , e que-
rendo eftar dafemto em qualquer Cidade, Villa, ou Lugar, que Ihé
bem parecer o poderá fazer 5 e fera hi recebido com todos os feus
e o feu fato , fem o deterem a bandeira moftrando fua arrecadação dò
lugar donde partir , e no tal lugar onde quizer eílar lhe darão Cazas
a elle , e aos feus , e tudo o maes , que lhe for neceífario polia ma-
neira acima declarado, jurando o feu Veador conio naó leva pefoa
empcdida , nem paíTaraó por parte cmpedida ; e mando a todos os
Corregedores , Ouvidores , Juizes , e jufiiças a que eftc Álvara for
aprezentado , e o conhecimento delle pertencer , que eíle cumprao
e guar»
€^1 Trovas do Liv. X da Hiflorla Çenealogica

e íTuardem fob pena de qualquer peíTca que o aíllm naó comprir pa-
gar cem cruzados ametade pera quem no acuzar , e a outra ametade
pera os Cativos , e eíle le cumprira poílo que naó paíTe polia Chan-
cellaria fem embargo da ordenação em contrario. Clemente de Caf-
tilho o fez em Leyria a 6iij de Setembro de 1569. Joaó de Caítilho
o íiz e fere ver.
PvEY.

Álvara delRey D. SelaJliaÕ^ para (jue cCcnde deVimio/oD. Af-


Jonjo , e a Ccndeffa Jua mulher ,
pojjao andar cm andas (guando
Jorem por caminho. Original ejtá no Cartório da Caja
de Vimiojb ,
maço , num. ^72. donde o copiey.

ElRey faço faber aos que efte Álvara virem, que


Num 2 2
5 ^'Jtli peito à mâ difpoziçaô de Dom Aftonfo de Portugal ,
avendo
Conde do
ref-

An. y^jo. yiniiozo meu muito amado fobrinho Vedor de minha


, , fazenda ey
por bem e me praz que elle , e a CondeíTa fua mulher
, ,
minha mui-
to prezada fobrinha" polfaÓ andar em andas, quando forem por ca-
minho fomente , efte Álvara me praz , que valha , poílo que o effei-
to delle haja de durar maes de hum anno , e que naó feja paíTado
pella Chancellaria fem embargo das Ordenações em contrario. Jorge
da Coita o fez em Sintra a xx6j de Agoíto de 1570.

REY.

Carta delRey D. Henriçue a D


Franci/co da Cofia , Embaixador
a Marrocos em que lhe recomenda particularmente ao Conde
de Vimiojo. Original ejlà no Cartório da Cafa , maço
^8 , num. ^(í^ i dondi a copiey.

Num. •
Z
3*T*
.T^^'" Francifco da Coíla amigo, Eu ElRey vos envio muito fau-
JL/dar. Poílo que por voíía inílruçao vos encomendo muito todos
An. 157^* os cafos geraes e particulares, Ibbre os íidalgos cativos, ouve por
bem encomendarvos |3or eíla Carta particularmente o que toca ao
Conde do Vimiofo , pera que tenhaes cuidado de faber delle, e ef-r
tando inda defconhecido (como íbu informado) procedereis no feu li-
vramento e refgate na milhor íbrma e modo que puder fer confor-
mandovos com voiVa inílruçao , e de D. Franciíco de Portugal feu fi-
lho (que eílá em Marrocos) vos informareis do que niílo deveis fa-
í^.cr
;
porque todo o bom oííicio que niílo fizerdes me averei por íer-
vido e receberei muito contentamento , fcripta em Lixboa a i8 de
Abril de 1579.
REY.
Pera D. Francifco da Coíla.
aponta-
da Cafa ^Rfol Tortagnes^a. ^73
apontamento do Tejlamento do Conde í/í Vtmiofo D. Affon/o , he
Oiiginal. Efiá no Cartório da dita Caja ,
maqo y8 , donde
o copiey.

ELRcy Dom Jonó que Dcos tem, difTe a Senhora íífante D. Ma-^NuiTl.
na lua hirinaã cm Almeirim no anno de quarenta e nove quando
^
cafey ,
que me faria mercê em meu cafamento , e ella lhe beijou eii-
taó a mao por iíTo •, e!le me chamou , e me mandou que cafaife e que
n e íariamercê pela promeíTa lhe beijei a maó c ma deu. Efta mer-
cê me nao he atejj-ora feita.
Fu}^ a Tuncz e ElRe\^ me mandou por huá Carta que tenho
,

que o fizeíle. E fe averia por fervido de mym.


Servi o Príncipe D. João que Deos tem com muita continuação,
trabalho , e defpefa , nao fe me fez mercê por eíle ferviço. E to-
dos os que andarão com elle receberão as mercês fabidas , pela muitíí
rezaô que pera ilío avia.
No ferviço contino da Corte feftas e caminhos fervi com tanta
continuação cafa e defpefa como he notório , fem ajuda de cuílo em
todo efte tesnpo nem acomodamento nem mercê. ,

Vay em trinta e hum annos que fervi no oííicio de Veador di


fazenda no Confelho do eftado , e no defpacho com tanta fidelida-
de e pureza, que creo que nenhií home a teve mais, fem acrecemtar
em todo eíle tempo honrra , renda , nem fazenda. E com vender de
minha cafa quatrocentos e noventa mil reis de juro e todas as cou-
las douro, e prata e pedraria, que me ficarão e ouve em cafamento^
AHem de tudo o que btifquei empreitado pera fervir e defpendi , que
fe veraa por hua folha que tenho , aífinada per Fr. Luis de Mon-
toya , e Fr. Pedro de Santo Agoftinho que he o treslado de outra
que per elles mandei à Rainha quando me fui da Corte.
EIRey que Deos tem me mandou a arraya em companhia da
Senhora Iftante D. Maria e eftando eu preíles de todo pera partir e
com a defpefa feita , falleceo , pelo que deixei de fer. E pera efta
jornada nao recebi delle mercê, nem em todo o tempo que o fervi.
Ouveme fomente per benemérito a Comenda de S. Vicente do Vimio-
fo que nao chegava naquelle tempo a trezentos mil reis entrando nif-
to CS cncarguos. E deu a D. Manoel meu Hirmaó em cafamento os
deus terços do rendimento em penfaó. Pedilhe a Alcaidaria mor de
Terena dilfeme que me refponderia. E a Senhora Iffante que lhe fa-
lou nilfo refpondeo com tacs palavras que lhe beijou a maó por el-
Jas. E me dilTe vindo de lhe fliilar , e a devia ter por minha. E por
íallecer nefta conjunção nao ouve cfreito.
Covernaiido a Raynha eftes Reynos me mandou que foíTe a Caf-
tella com a Senhora Irfante , e fazendo eu quanto me foi poílivel
per me cfcufa: per dever naquelle tempo mais de 30. mil cruzados,
e per outras rezoes , mo nao confintio mandandome dizer per Pero
,

Dnicaçova q le a punha em grande neceííidade que me lembraiTe que


,

era filho de mju pay. E quão poucos iv efes avia que EIRey era tal-
'
Ton:. V. Q.^M4 lecido
trovas do Liv. X. da Hijlorta Çenealogica
leciJo e das tenças que trazia por elle ,
qii3 nao fe atrevia a gover-
nar eft^s Reynos íe hum de
leixaítj hir pelo exemplo. Tinhame of-
frecido pelo Duque o Vimioíb e Aguiar de juro o titolo , e a Al-
çai daria mor de Thomar pera hum filho e a de Therena pêra mim e
pera hum filho com a dada dos oíficios , queria que lhe leixafle o de
Veador da fazenda porque queria que fe extinguiírem eftes Officios e
fe ferviífe a fazenda no confelho onde eu ficava. Pedi o titulo de ju-
ro , e Therena em lugar de Aguiar. Mandoume dizer que fícaifem
íis coufas adym. E que do dia que chegualle a quinze dias me ref-
.ponderia aos ferviços , e matéria do officio. Diílo tenho huã porta-
ria de Pero dalcaçova , e hum efcrito do Duque que o declarao , e
outro do Conde do Redondo que Deos perdoe. Fallei com Theolo-
gos que me diíferaó que podia aceitar a jornada com conciencia , pof-
to que devcífe tanto porque era de fanto ferviço do Rey e bem da
terra. Mandei dizer a Raynha por Meftre Uhnedo em fuftancia e
que vifta fua refoluçaô e o pouco em que differiamos e modo de que
me mandaria que foífe , que o faria. O que recebeo com muitas pa-
lavras e agardecimento. Fui , entendendo meus parentes e eu que
hia concluido , e que fe me guardava a repoíla pera a vinda pela for-
ma difto. Servi de maneira que merecera novas e diíFerentes merce<í.
Fuy huâ muito principal parte da Iffante tornar a eftes Reynos. Dif-
feme a Rainha quando c neguei abraçandome , que fempre me tivera
em muita conta , mas que me confeííava que nunqua cuidara de mim
o que vira. Dahi a poucos dias , perque nao lembra o que paíTou,
deu Therena a Pero da Cunha fem diftratar comiguo. E dahi a al-
guns, me fahio com parte do meu pera meus filhos de porvida. Ou-
veo por afronta e por pcndença , e nao o aceitei. Quando leixou o
governo , quis as provifoens proteftos per me parecer que tinha obri-
guaçaó de as tirar como Chriílaó , e a Rainha mo aguardeceo muito.
A meu pay que Deos tem fe nao fez mercê do anno de 30. ate
o de 49. em que falleceo. E eftaa per fatisfazer defte feu derradeiro
e tao abalifado quartel da vida como fe veraa pelo treslado de hum
papel que mandou em Évora a ElRcy per niym no anno de 45.
Peço a ElRey meu Senhor que enfonnandofe do grande mere-
cimento de meu pay como fucceííor deíles Reynos a cuja conta eftaa
a remuneração dos ferviços aos que os aíTy ajudarão a reger e fuf-
tentar o feu nome de juro pera fua Caía em que eftaa tao bem me-
recido , por ferviços , como devido por comparações , daquelles a que
fe fizeraó femelhantes mercês. E alTj peço a S. A. que avendo ref-
peito a minha qualidade , continuação , defpefa , e ferviço faça mer-
cê a meu filho do lugar da Cuba, que jaa foi dado a feu avo, e f;
lhe tirou. E lhe aueira fazer as tenças que per mym lhe ficao de
pervida , de juro, eiíi lugar do que lhe tenho vendido de minha Ca-
fa , que he muito mais. E de Aguiar de juro aíly como fe me of-
frcceo , quando fuy a Caftella. E pera lho pedir ally me parece que
ha muitas rezoens , e me nao faltou comedimento e juftifc.içao, con-
forme ao que eípero de fua grandeza, e muita virtiide , c amor que
fempre lhe tive. E ifto lhe íeraa aprefcntado , c requerido por meus
da Cjfa %eal T^ortugue^a.
teftamenteiros em Salvaterra. Dia de todos os Santos o primeiro de
Novembro de M. D. LXX. IIJ.
Conde.

E aíTy lhe peço pera elle o officio de Vedor de fua fazenda


que rezaó he que fique o meu a meus filhos e efte officio foi com-
prado por meu pay c dado a mym em fatisfaçaó de lerviços e pelo
que tenho feito neíle e palfado o tenho bem merecido.

Conde.

Certefico eu Sor Coftança de Jefu Religiofa profefa no muf-


teiro da Madre de Deos delia Cidade de Lisboa que os dons finaes
arriba efcritos faó ambos do Conde do Vimiofo D. Afonfo de Portu-
gal meu pay que fe perdeo com El Rey D. Sebaftiaó na baralha de
alcafere , e porque conheíb bem o leu final me afirmo que eíles dous
faó feus e com licença do meu Prelado afi o juro pelo abito de mi-
nha profiíTao , e por me pedir o Conde do Vimiofo, que hoje he ,
que do que nifto fabia lhe dei em hua Certidão jurada f s e aífinei
efta no dito muíleiro da Madre de Deos a 26. de Fevereiro de 627,

Sor Coílança de Jefu.

Certifico eu Fr. Luis de S. Tiago frade profeíTo em a província


dos Algarves e ora Confefibr neíTe Convento da Madre de Dcos def-
ta Cidade de Lixboa que o final afllma efcrito , e a letra da juílifi-
caílam em que a Madre Soror Coílança de Jefu affirma os aflinados
fam do Conde feu pay D. Afonfo de Portugal he feu e aífim o affir-
mo o que por fer verdade dei efte por mim feito e afllnado oje 3»
de Março de 627.
Fr. Luis de S. Tiago.

Certifico eu Fr. Domingos do Rofario da Ordem dos Pregado-


res que em que
os dous finaes que eftao na derradeira banda da folha
começa Sor Coftança de Jefu minha hirman a juílifícaçao dos ditos fi-
nais faó ambos do Conde do Vimiofo D. Afonfo de Portugal meu
pay , os quaes conheço porque vi muitas vezes efcrcvcr e fazer o
,

feu final , e recebi em fua vida muitas Cartas que me efcrevia , e as


derradeiras regras que eftaô anos o primeiro final em que pede o of-
fício de Veador da fazenda pera leu filho fucceílbr de fua Cafa , laó
da letra do dito Conde D. Aifonfo o que tudo com licença de meus
Prelados juro per De/m Oríihies e a inílancia do Conde que oje
he do Vimiofo fiz e aflinei efta Certidão em S. Domingos de Lixboa
a tres de Março de 627.
Fr. Domingos do Rozario.

ÒfVaviano Manlique da Veiga tabaliam de notas por S.^Mageí^


tade nefta Cidade de Lixboa. Certefico a letra da primeira Certidaó
Tom. V. Qqqq ii acima
í 7^ Trovas do Liv. X. da Hljloria Çenealoglca
acima que começa atras e final delia he da Madre Sor Coftança de
Jeíus na dita Certidão conteuda e a Certidão feguinte que a juítifíca
do Padre Fr. Luis de Santiago outro fy nella conteúdo , e a letra e
íinal da derradeira certidão ao pe da qual comcçei efta he do Padre
Fr. Domingos do Rozario que foi Conde do Vimiofo chamado D.
Luis de Portugal as quaes Certidões faó a fim de juílificar o final do
Conde D. AúhnCo que Deos tem o qual final do dito Conde eu ta-
baliam dou fe ver o mefmo final juftificado por Luis Gonçalves Pe-
gas tabaliam de notas na Cidade de Évora por juftifícaçoés em outros
papeis de finais femelhantes , por verdade afinei efia em publico. Lix-
boa cinco de Março de mil íeifccntos e vinte e íete concertei.

O Doutor Simão Soares de Carvalho fidalgo da Cafa delRey


nofl^o Senhor do Confelho de fua fazenda e Juis das jufi:ifícaçoés del-
ia , &c. faço faber aos que a prezente certidão virem que a mim me
confiou por auto que fica em poder do efcrivaô que a fez os aponta-
mentos atras de que efta certidão afiirma e as mais atras fazem men-
fao efi:aô aílinados pelo Conde do Vimiofo D. Afonfo de Portugal
pelo que ey por certificados os ditos dous finaes de que mandei paf-
íar a prefente per mim aífinada Lisboa aos 6iij de Março de i6xx6j
pagou deíla e do auto , &c. e de aífinar Valentim de Saa o efcrevi,
.

Simaó Soares,

Certida^ de D. Luiz de 'Noronha , fchre o de/pacho do Conde de


Vimiojo D. Affonfo , cine recufou a E/Key D. Sebajiui^. Ori-
gind ejlà no Cartório da dita Cuja ,
maço y8 , 7.

de Norona dei Confejo d'eílado de Su Mageftad , t^c.


Num. z6 f^^" haver oido muchas vefes en cafa dei Duque mi Seíior
\
An. 1628.
Certifico
pQi- ^ofa notable que querendo el Senor Rey Don Sebafiian que Dios
tiene defpachar al Conde de Vnniofo Don Aloníb de Portugal en la
occafion que tratava de hafer la jornada d' Africa y pidiendole para
eíle effe6lo fus memoriales el Conde le refpondio que pues fe refoívia
en hafer la jornada fi Dios le diefie vi6loria tiempo Ic quedava para
haferle merced , y fi tubieíTe mal fucefib en la jornada poco importa-
va que fe acavaíTe fu Cafa lo qual todo juro por el habito de Chrif-
to y por me fer pedida la prezente la paífe por mi hecha y firmada
y fellada con el Sello de mis Armas en Madrid a 25 de Setembre de
1628.
D. Luis de Noroiía,

Ahard
da Cafa ^eal Tonugueí^a,

%A!varà deíRey D. Sehaftiaõ ao Conde D. Affonfo àa fucce[ja'ò ,

da Ca/a para /èu ^tho. Original e/lá no Cartório da Caja d&


Vtmiojo j maço 7S , num. ^ op.

EIRey faço faber aos que efte meu que olhando


alvará virem NuiD, zn,
I"^U
jC coníiderando eu os grandes e muy continuados ferviços que D. a
.
Afonlb Conde do Vimiofo meu muito amado íobrinho fez a EIRey '5^2.
meu Senhor e avò que fanéla gloria aja e a boa conta que fempre
,

de íy lhe deu , e como a mim tem aíy mefmo fervido e com muito
. meu contentamento e me them dado de fy muy fiel conta , avendo a
! tudo refpeíSlo e aosmuitos merelcimentos de íua pcflba e de feus fer-
viços , querendolhe por elles fazer mercê como he coufa juíla que
faça aos que me afy bem fervem , como elle them feito e eípero
que fempre faça e pella muito boa vontade que lhe tenho , por eíle
prefente alvará me praz de lhe fazer mercê e de fedlo lha faço das
(Nota)
coufas abaixo declaradas , f Do titulo de Conde do Vimiofo e afy p.r eivara pajpi'
ejti ji-

da dita Villa , e afy da villa da^uiar da beira e da Alcaidaria mor da ; ?'


f"'^
f
Villa de Thomar , e todo o que dito he para feu filho mayor B-ãram de y.mtc/,, d*

dr
lídimo que fíquar delle ao tempo de feu faleícimento e ouver de er- ^^riTo^TL?/,^,"/!
dar fua Cafa, em vida do dito feu flho fomente, e todas as Cobre-
1 1 11
-» 1 j • !• /• (-"11
itas couias e cada nua delias virao ao dito íeu filho e as avcra em
ha '
f'"^'" f"" i"' f*
-

faíir mau círa por


(ic

aw faça duv,da .
>iie.

fua vida como dito he e naquella própria forma e maneira como as o ''flflt]Sâr,a'oVLJ'L
dito Conde them per fuas dcaçoes cartas e provift es e milhor fe com cap,ta>„a d, Mach,.,. uf-
direito milhor as poder aver, e ey por bem que por faleicimento do u>o]°'
dito Conde o dito feu filho fique Conde e fe poífa loguo chamar
chriíiovas soares
Conde. A qual mercê de todas as fobreditas coufas e de cada hua
delias lhe faço de meu motu próprio livre vontade poder Real e ab-
foluto mero mixto império e dcrroguo para iíTo todas as ordenações
e cada huã delas que para aver efeólo tudo iílo convém que fejam
derroguadas , avendoas aqui por expreíTas e declaradas e todas as clau-
fulas leis e ordenações que convém que fe declarem , ou que fe der-
roguem expreífa e declaradamente para cada huã deílas mercês e to-
dos Juntamente averem efeélo , ainda que diguam que ham de fer no-
meados para fe derrogarem porque todas juntamente e cada hua del-
ias lèm embarguo do que ncllas fe contem as ey por declaradas e
derroguadas afy como fe aqui fofcm exprefas e porque de todo me
afy praz lhe mandey dar eíte meu alvará para fua guarda e minha
lembrança o qual quero que feja firme e tenha inteiro viguor e efeéto
como carta minha patente paíTada pela minha Chancellaria fem em-
barguo da minha ordenação do liv. 2. tit. xx. que diz que as coufas
cujo efedlo ham de durar mais de hum anno , nao paíTem nem fe con-
cedao per alvarás porque em erte cafo ey por derrogada a dita orde-
nação e quero que fe naó guarde nem tenha efeélo nem viguor algu,
antes me praz que efte alvará feja fempre valiofo e fe cumpra e
guarde como fe em elle contem porque afy o ey por meu ferviço. E
afy me praz que efte nao paíTe pela Chancellaria fem embarguo da
ordena-
6'j% Trovas do Liv. X. da Hijioria (genealógica
ordenação perque mando que as minhas cartas e alvarás fe naó cum-
pram fem paíarem pela Ghancellaria porque também a derroguo e
quero que em efte caio naó aja luguar nem fe paíTe pela Ghancella-
ria. E efta mercê fis ao dito Conde no mes de Julho do anno de
mil e quinhentos e cincoenta e oito. Pantaliam Rebello o fez em
Lisboa a xxij dias do mes de Dezembro de mil e quinhentos e fefen-
ta e do US.
RAINHA.
Traslado authentico da "Portaria da mercê da Capitama de Machico^
na Ilha da Madeira , ao Conde D. Luiz de Portugal. Ejlã no
maço 75". imm. 444. do Cartório da Cajd.

SAibaô quantos efte eftromento dado em publica forma com o tref-


lado de huá portaria de Francifco dalmeida de Vafconfelos Secre-
tario de S. Mageftade virem que no anno do nacimento de noíTo Se-
nhor Jefu Chrifto de mil feifcentos e íeis annos aos dezanove dias do
mes de Abril do dito anno nefta Cidade de Lisboa no paço dos Ta-
ba) iais pareceo Francifco do Avellar criado do Senhor Conde do Vi-
miofo e me aprefentou huâ portaria aíTmada por o dito Francifco dal-
meida de Vafconfelos Secretario do eftado de S. Mageftade pedindo-
me lhe defte o treslado delia e por eftar fáa limpa fem borradura nem
vicio que duvida faça lhe dei o treslado delia o qual de verho adver^
bum he o feguinte. ElRey noftb Senhor havendo refpeito a ter fei-
to mercê (entre outras) a D. Luis de Portugal Conde do Vimiofo
feu muito amado fobrinho da Capitania de Machico ha por bem dc
lhe fazer também mercê da data dos officios da dita Capitania afy e
da maneira que a teve o Conde D. Afonfo feu pay e afy lhe faz S.
Mageftade mercê dos reditos do que rendeo a dita Capitania o tem-
po que efteve vaga defpois do falecimento de Triftaó Vaz da Veiga
para qua , que naó eftiverem defpendidos por provifoés ou ordem ex-
preíTa de S. Mageftade , e também ha S. Mageftade por bem que o
filho mais velho delle Conde tenha as Villns do Vimiofo e aguiar da
beira em fua vida afy como ha de ter o titulo de Conde de que S.
Mageftade lhe tem feito mercê com obrigaçaó delle Conde defiftir de
todas as pertençoés que tiver de reditos intereíTes e danos em Valhe-
dolid a oito de Janeiro de 1605. Francifco dalmeida de Vafconfelos.

Alvará a D. lAih de Fortu^ol per ElEey D. Fiiippe de oc»


cr ejcent amento dô Moço Fidid^o a Fidalgo Efcudeiro e a ,

Fidalgo Cavalleiro. Original do Cartório da Caja dc


Vimiojoy maço 7^, num. 4^4.

Num. 3 8. TT^^ ElRey faço faber a vos Dom Joaó da Silva Conde de Porta-
J-^í^8;rc Mordomo mor de minha Cafa que por fazer mercê a D.
An •
)
°- Luis de Portugal meu moço fidalgo filho de Dom Afonfo de Portu-
gal
da Cafa ^eal Tortuguas^a. ^19
gal que foi perdoe. Ey por bem c me
Conde do Vimiofo que Deos
praz de o acrcfentar do dito foro a Hdalgo efcudeiro com cinco mil
e quinhentos reis de moradia por mes c alqueire e meyo de cevada
por dia e juntamente o acrefcnto logo a Cavalleiro por quanto fe
adiou na batalha dalcacere aonde foi cativo com mil fetccentos e cin-
coenta reis mais em fua moradia para que tenha e aya daqui cm di-
ante fete mil duzentos e íincoenta reis de moradia por mes de fidal-
go Cavaleiro e hum alqueire meo de cevada por dia que he outro tan-
to ermo teve o dito feu pay e lhe pertence ordinariamente. Noti-
fcovolo aíiy e mando que o façaes aifentar no livro da matricula no
titulo dos fidalgos elcudeiros e Cavalleiros com a dita moradia e ce-
vada , pondoíTe as verbas neceflarias. joao Rodrigues o fez em Lix-
boa a xij de Dezembro de M. D. Ixxxó. Joaó do Gufmaó o fez ef-
crever.
REY.

ÇjLiitcqiw do Conde de Vi niofo D. huiz de Vortiigal ao Conde de


y

Bíijlo , do dote da Condefa D. Joanna de Mencíoça. Original


ejlâ no Cartório da Caja ^ maço 7/, num. 440,

SAibam quantos efte eftromento de quitaçam e declaraçam e 'f^^^i^i- Nuni. ' Z 9.


guaçao virem que no anno do nacimento de nolfo Senhor Jefus ,

Chrifto de mil e quinhentos e noventa e hum aos dezanove dias do '5í^*'


mes de fevereiro na Cidade de Lisboa a Samtiaguo nos apozemtos
onde ora poulía o Senhor D. Luis de Portugal eífamda elle Senhor
ahi prcfente por elle foi dito peramte mim Taballiaó , e das tefte-
munhas ao diamte efcritas que ao tempo que elle cafou com a Se-
nhora D. Joana de Memdoça fua mulher filha do Senhor D. Fernan-
do de Caílro Comde do Bailo lhe prometera em dote com a dita Se-
nhora corenta mil cruzados paguos pela maneira feguinte comvem a
faber doze mil cruzados em dinheiro e dez mil cruzados em Jóias ou-
ro e prata moveis peças de caíla e por oito mil cruzados em bens de
raiz e juros e dez mil cruzados em dinheiro entregues em tres annos
da feitura do dote em diamte como todo milhor he conteúdo no
comtrato de dote que foi feito aos quatorze dias do mes de feverei-
ro do anno de noventa por Baltezar damdrade taballiam publico na
Cidade devora e por quanto elle Senhor eílava emtregue dos dez mil
cruzados de jóias ouro e prata e moveis e dos doze mil cruzados em
dinheiro de que tinham dado quitação na Cidade devora aos dezoito
dias do mes de Mayo do anno de noventa pelo dito Baltezar dam*
drade e ora faltavam por cmtreguar os oito mil cruzados que fe
aviam de empreguar em bens de raiz e juros comforme ao dito do-
te e por ellcs Senhores D. Luis c a dita Senhora D. Joana terem nc-
cefildadc dos ditos oito mil cruzados em dinheiro os pediram ao dito
Senhor Çonde que lhos delle em dinheiro que elles Senhores D. Luis
c D, Joana fua mulher l"c obriguavam aos cmpreguarem em bens de
raiz
^8o T^rovas do Liv. X, da Hijloria (genealógica

vniz e juros e compririao a comdiçam dc feu dote e defobriguari-TTi


a clle Senlior Conide da tal obrigiiaçnm o que ao dito Senhor Coin-
dc lhe aprouve e lhos deu em dinheiro de constado pera de lua mao
elles Senhores outorgantes os empreguarcm em fazenda de raiz e Ju-
ros a comta dos quaes cito mil cruzados conheceo c comfeirou elle
Senhor D. Luis de Portugal perante mim taballiam e das teílemunhas
ao diamte efcritas ter ja em íi recebidos fetc mil cruzados em dinhei-
ro de comtndo per moedas douro e prata correntes neftc Reyno em
que delpois de por elle Senhor mandados receber e comtar diíe aver
os ditos fete mil cruzados fem herro nem íalta algUcã os quaes lete
mil cruzados recebeo pela maneira feguinte convém a faber por cer-
tas peças de prata e ouro trelado do aííinado he ho feguinte. Rece-
bi do Senhor Salvador Rodrigues veador do Senhor Comde do Baf-
to as peças de prata feguintes comvem a faber huá Comfeiteira dou-
rada por demtro e por fora redomda com fua cobertura peíla cim-
quo marquos e cimquo omças e mea vallem treze mil feilcemtos e
cimquoenta reis hua bacia de prata que pefa tres marquos e leis om-
ças e mea prata e feitio omze mil quatrocentos reis e hum prato ova-
do com perfns dourados o Jarro com os perHns dourados^que tudo
peíla nove marquos duas omças que vai com feitio ouro trimta e tres
mil novecemtos e fetemta reis hum Saleiro dourado pelFa dous mar-
quos huã omça e mea , que vai com feitio e ouro fete mil e trezem-
tos reis huá tifoura delpivitar peíTa quatro omças e fete oitavas que
tem com feitio mil oitocemtos e oitemta reis e dous ceftos de prata
pelfam fete marquos e tres omças e cimquo oitavas vallem dezoito
mil quatrocemtos e fetemta reis e huã medida que peíía duas omças
e tres oitavas e mea vai com feitiõ novecemtos e fetemta reis e hum
bofete de prata lavrado cuftou com a caixa pera elle oitemta e nove
mil duzemtos e fetemta reis e por verdade que recebi as ditas peças
lhe dei efte por mim feito c aííinado em Évora dezoito de Mayo mil
e quinheiuos e novemta. Jorge de Reboredo eftas peças fe emtre-
guaram por meu mandado a Jorge de Reboredo as quaes fomaó em
dinheiro cemto e fetemta leis mil oitocemtos e fetemta reis que tenho
recebido a conta do dote de D. Joana em Évora a trimta de Mayo
de mil e quinhemtos e novemta. D. Luis. Alem dos doze mil cru-
zados que tenho recebido do Senhor Comde a comta do dote de que
tenho dado quitaça^n por hua ctcretura recebi mais mil cruzados a
comta do dito dote em Évora a fete de Junho de novemta. D. Luis.
Recebi mais mil cruzados do Senhor Comde a comta do dote de D.
Joana em Évora a vimte e feis de Junho de novemta. D. Luis. Re-
cebi do Senhor Comde quinhentos quimze mil e quatrocemtos reis a
comta do dote de D. Joana em Lisboa a vimte daguoílo de mil e
quinheiitos e novemta. D. Luis. Recebi do Senhor Comde quatro-
cemtos mil reis a comta do dote de D. Joana ciri Lisboa a qi.iuize
doutiibro de novemta D. Luis. Recebi do Senhor Comde oitocem-
tos e trimta e dous mil quatrocemtos e vimte e dous reis a comta do
dote de D. Joana cm Lisboa a quimze de Dczcm.bro de mil c qui-
nheintos c novemta. D. Luis. Recebi do Senhor Comde íetcmta e
cimquo
/

da Cafa ^eal Tortugneí^a, 6ii


cimquo mil trezentos e oito reis a comtn do dote dc D. Joana em
IJ-sboa a vinitc e trcs de Dezembro de quinhcmtos e novemta. D.Luis-
Nos quaes cicritos ouve os ditos íete mil cruzados os quaes efcritos
todos clieSenhor D. Luis os reconheceo e dilfc ferem Icus e de ília
letra e hum de Jorge de Reboredo c ter recebido os ditos letc mil
cruzados comteuJ.os nele os quaes efcritos fe romperão todos fazem-
do eíle eftromento e peramte mim tabailiam e das ditas teftemunhas.
E aííim mais rcccbeo elle Senhor D. Luis ao fazer dcílc eílromcmto
e peramte mim tabailiam c das ditas teftemunhas mil cruzados em di-
nheiro de comtado per moedas de prata correntes ncfic Pvcyno d.t
mam do Lecemceado Adriano Pexoto cleriguo de mifla e capellam
do diro Senhor Comde a quem fua Senhoria os deu pera fazer a di-
ta emtregua que defpois de por elle Senhor D. Luis mamdados rece-
ber e comtar diíFe aver os ditos mil cruzados fem herro nem falta
alguâ que jumtos aos fete mil cruzados ja recebidos fazem em foma
dos ditos oito mil cruzados dos quaes elle Senhor D. Luis diíTe que
dava e de feito deu plenifllma e geral quitaçam ao dito Senhor Com-
de do Baíio e a feus herdeiros doje pera fempre e por eílar prefente
a dita Senhora D. Joana de Memdoça mulher dele Senhor D. Luis
pela qual foi dito que em tudo retefiqua e aprova eíla quitaçam e a
ella da feu comfemtimento e outorgua e loguo por elles Senhores
outorgantes foi dito que elles haviam por defobrigado ao dito Se-
nhor Comde feu pay e fogro da hobriguaçam que tinha de lhe em-
preguar os ditos oito mil cruzados em bens de raiz e juros e diífo o
tiraram a paz e a falvo e a íeus bens e herdeiros fem fua perca nem
dano de peíloa e bens e amtes que elle Senhor defembolfe coufa al-
guã e aííim mais diíferam elles outorgantes que . .eftromento fe
.

obriguam a empreguarem os oito mil cruzados cm bens de raiz ou


juro e a tudo comprirem obriguam todos feus bens e remdas e pro-
inetem e fe obriguam de fempre e em todo tempo comprnem e man-
terem eíle eftromento como fe nelle contem e de o nam revoguarem
nem contradizerem cm juizo nem fora delle por fi nem por outrem
em feus nomes e fazemdo o comtrario nam valeram nada e paguaram
todas as cuftas defpefas perdas e danos que fe por iffo fizerem ou re-
ceberem por feus bens e rendas ávidos e por aver que pera todo
obriguaram e que indo elles Senhores outorgantes elles
comtra eíla efcretura em parte ou em todo nam feram ouvidos com
nenhuá auçam nem rezam ate primeiro depoíitarem todos os ditos
oito mil cruzados em dinheiro de comtado na mam do dito Senhor
Comde ou na de feus herdeiros o que receberam fem darem fiamça
nem fazerem outra nenhuá deligemcia nein hobrigaçam por quanto da-
guora pera emtam os ha por fieis e abonados e em quanto naô fize-
rem o tal depofito lhe fera deneguado toda audiemcia e auçam e re-
médio de dereito e com nada feram ouvidos nem admitidos ern tefte-
munho de verdade afli o outorguaram e mandaram fazer efte eftro-
mento e defta nota os treslados que comprirem que pediram e aceita-
ram eu tabailiam o aceito cm nome do dito Senhor Comde a efto
auzente e de a quem luais toquar poíla como pcíToa publica eftepu-
Tom. V. Rrrr lante
é%l Trovas do Llv, X cIa Hijloria Çenealogica

lante e accitainteteflemunhas que foram prefentes Antonio Mendes


Caldeira morador em caíTa do Senhor Comde Jorge de Nabais e Ma-
teos Botelho criado do Senhor D. Luis e o Jorge Nabais criado do
Senhor D. Dinguo de Caílro e a dita Senhora D. Joana de Memdo-
ça aíHnou por fua mam por faber elcrever e eu Belchior de Montal-
vo taballiani que o efcrevi. D. Joana de Memdoça. D. Luis de Por-
tugual. Amtonio Mendes Caldeira. Mateos Botelho. Jorge Navais.
E eu Belchior de Montalvo tabaliam publico das notas por ElRey
nolfo Senhor neíla Cidade de Lisboa e fcus termos que efte eftroincn-
to cm minhas notas tomei e delias ho fís tresladar concertei e fob-
eícrevi e aíllnci de meu publico final que tal he.

Carta do titulo ds Conde di Virnwjo a D. Luiz dá FortugaL

Num 4.

0.* T^^'^
l^vcs
Phelipe por graça de Deos Rei de Portugal , e dos Algar-
daqucm, e dalém mar em Africa, Senhor de Guine, e da
Aiu 1604. CoiíquiOa navegação, e Comercio de Ethiopia , Arábia , Perfia , e da
índia , &c. Faço faber aos que eíla minha Carta virem , que tendo
eu refpcito ao Senhor Rey D. Sebaftiam meu Primo , que famfla
gloria aja per hum Álvara feito nefla Cidade a vinte e hum de De-
zembro do anno de mil e quinhentos e feíTenta e dous , aflinado pe-
la Rainha Donna Caterina , minha Tia (que Deos tem) fazer njerce
a D. Aifonfo de Portugal, Conde do Vimiozo (que Deos perdoe)
de alguás couzas que tinha da Coroa , e particularmente do titolo de
Conde da dita Villa pera feu filho maes velho baraó lidimo , que fi-
caíle por feu falecimento , e a naõ haver eífeito efta mercê em D.
Francifco de Portugal , filho maes velho do dito Conde por fallecer
antes de fe ter por morto feu Pay , que fe perdeo com o dito Se-
nhor Rei D. Sebaftiao , na batalha de Alcacere com tres filhos leus,
e morreo em Africa , e vendo eu ora os pareceres , que por meu man-
dado , e delRei itícu Senhor, e Pai, que fanta gloria aja, deraó le-
trados fobre D. Luis de Portugal , meu muito amado fobrinho haver
de íuceder no dito titulo , e nos ditos bens da Coroa , que vagarão
por falecimento do dito Conde , por fer o feu filho maes velho apos
o dito D. Francifco capaz dos ditos bens, e havendo também refpci-
to aos grandes ferviços , e merecimentos daquelles de que o dito D.
Luis defcende , e particularmente aos do dito Conde feu Pay, e a
feu fangue , e devido que comigo tem , e muitas calidades de fua
peíToa , e Caza , e por folgar muito por todos eíles reipeitos , e pel-
la boa vontade, que lhe tenlio de lhe fiizer honra, acrefcentamento,
e mercê crendo que fempre me fervira comforme a fua obrigaç.16 , e
a quem elle he ey por bem de lha fazer , que fe cumpra nelle a
;
mercê prometida ao dito Conde feu Pay pello dito Álvara , de que
acima fe faz menção , que aqui ey por expreííamente trelladado. E
pof efta prezeníc Carta m.e praz de fazer mercê ao 4ito Dom Luis
de Portugal do titulo de Comde da Villa do Vimiozo, e o faço Con-
de
da Oféi ^al Torttigm^d,
de delia em vida com todas as honras , prciicminencias , perroga-
fiia

tivas , autoridades prcvilegios , gF'açns , liberdades , mercês , e fran-


quezas que ao , e tem , e de que uzao , e femprc uzarao os Condes
dcíles meus Reinos, aíTi como de direito uzo , e cuílume antigo lhe
pertence , das quaes em todo , e por todo quero , e mando , que el-
le inteiramente uze , e poíía uzar, e Ilie fcjao guardadas em todos os
autos, e tempos cm que por dereito , e por uzo, e cuítume deva
delias uzar íem mingoamento , nem duvida alguma , que a ello lhe
feja poíla , porque aííy he minha mercê , com o qual titulo de Con-
de o dito Dom Luis terá , e haverá o ailcntamento , que lhe perten-
cer , de que em minha fazenda fe lhe paíFara a Provizao neceíTaria.
E por firmeza do que dito he lhe mandei dar efta Carta por mym
aíTmada paliada por minha Chancelbria , e iellada com o meu Selio
de chumbo. Dada na Cidade de Lixboa aos feis dias do mes de Mar-
ço. Luis Falcão a fez anno do Nafcimento de Nollb Senhor JESU
Chriílo de líiil feifcentos e qujtro. Cliriílovao Soares a fez efcrever,

ELREY.
O Conde de Villanova.

'Cira delKey Fil/ppe II. de incrce do titulo de Conde de Vi/nio'


Jo a ]). Affonfo de Portuga! , 0io de D. Luiz , (jue Joy Re-
ligíoJo de S. Domingos. Original ejlá no Cartório da
Caja de Vimlojb , maço /j ^ 448^ donde o copiey.

EU ElRey faço faber aos que cfte Álvara virem que havendo ref-
peito aos grandes ferviços e merecimentos daquelles de que def-
cende D. Affonfo de Portugal filho mais velho de Dom
Luis de Por- -A-H.

tugàl que foi Conde do Vimiofo , e hora he Religiofo da Ordem de


Saó Domingos, e à antiguidade de fua Caía , e por folgar muito de
lhe fazer honra , e mercê por eftes refpeitos e pelas qualidades de fua
peííba tendo por certo delle que íempre me íervirâ conforme a fua
obrigação , e refpeitando outro fy terem o dito D. Aftbnfo e o dito
Conde D. Luis leu Pay dehftido de todas as auçoí^s que tinhao , ou
pudeífem ter contra minha fazenda , como o mandei e me conftou
polas defiftencias que diíTo fízerao que eftaó em poder de Chriftov^ao
Soares do meu Confeího , e meu Secretario de eftado , e fe regifta-
rao por meu mandado onde convinha para a todo o tempo haver no-
ticia delias , por fer efta a condição com que lhe fiz as mercês con-
theudas nefte Álvara , e com que lhe dei o dito titulo de Conde do
Viniiofo em fua vida, e a dita Villa , e a de Aguiar, me pras e hei
por bem de lha fazer por todas as confideraçoes referidas que por fa-
lecimento do dito D. Affonfo fiquem o mefmo titulo de Conde e as
ditas Villas do Vimiofo , e Aguiar ao feu filho mais velho que lhe fi-
car de legitimo matrimonio, e para fua guarda, e minha lembrança
Tom. V. Rrrr ii liia
,,

í 84 T^rovas do Liv, X da Hi/loria Çenealogtca

lhe mandei dar efte o qual a feii tempo fe lhe cumprira inteiramente
como nelle fe conílicm , c para iílb liei por bem que valha, tenha
força, e vigor, como fe fora Carta por mim aííinada, começada em
meu nome , e paliada por minha Chancelaria pofto que por ella naó
palie , e que feu cíieito haja de durar mais de hum anno , lem embar-
go das Ordenações que o contrario diipoem. Pedro Varella o fes
em Lisboa a 25 de Junho de 1 6 ró. E eu o Secretario Chriílovaô
Soares o fiz eicrever.
REY.

Memoria!, que mprimio o Conde de V nrio/o ,


/chre os a^gravos ^

(jiie tinha recebido a Jua Caju»

S E N O R.
Conde y Cafa de Vimiofo defcendiente por varonia de Ia
Num. 42. L; Rea! , por que
,

íiempre
los fcrvicios hizo a los Senoi es Reyes :

por los agravios , y inmenfos trabajos que de quarenta y ocho aríos a


eíla parte ha padecido , digna de compaílion , merece que V. M. bu-
elva los ojos de fu real clemência a ella atenuada, y cafi acabada ,
pa-
ra reílituirla
, y reíucitarla a fu antigua honra, pues no es menor glo-
ria de Dios , y de los Reyes el reíucitar , que el criar. Dexando los
grandes méritos de fu biíabuelo cl Conde Don Francifco de Portu-
gal ( tres nieto dei Rey Don Juan
Primero) por los que hizo el
el
Conde D. Alonlb fu abuelo de 1562. el Rey D. Se-
hafta el aíio
baílian le hizo merced dei titulo y bienes de la Corona que tenia
para fu hijo mayor legitimo que quedaíle al tiempo de fu muerte, y
heredaíTe fu Cafa. Continuando llis fervicios a los fefenta anos de
fu edad con tres hijos D. Francifco , D. Luis , y D. Manoel pafsò
con el Rey a Africa , a cuyos pies mu rio D. Manoel , y el Conde
y fus dos hijos filiendo vivos ^e Ia batalla , quedaron cautivos. Ref-
catofe D. Francifco para tratar dei refcate de fu padre y hermano
y fiendo culpado en las alteracione^ dei Reyno, el Seiíor Rey D. Fe-
lipe Primero mando fecrcfiar todos los bienes de la Cafa de Vimioío,
íin embargo de que la culpa era de D. Francifco, que aun que hijo
mayor, ni polFeia ni adminiílrava los bienes , fino la Condela ik
,

madre, en aufencia dei Conde fu marido cautivo. Murio D. Fran-


cifco en 26 de Junio 15 H2. y íu hermano D. Luis fe opufo al Ef-
tado y mayorazgo de lu Cafa , como hijo mayor que quedava dei
Conde fu padre. Al mayorazgo fue reftituido por cédula Real de 7.
de Mayo 1508. aviendo cerca de ocho aíios que eílava fecreílado ,
f n que Ia reílitucion fueíPe cuinplida porque no le rellituyeron los
:

frutos aviendo padecido fu madre , hermanas , y hermanos extremas


,

neceílidades , por no tener con que alimentaríe ocaíion urgente de :

los grandes débitos que entonces contraxo fe fucron multiplican-


, y
do con extraordinárias u luras en los feguientes aiios de fus pretenfío-
nes. Inflava D. Luis por la reílitucion dei titulo y bienes de Ia Cho-
rona ,
rona ,
quetocavan como liijo mayor que quedava de fii padre ea
le
virtud acuíado dcl Rcv D. ScbafLiau.
dei alvará En averiguar íi ef-
ta merced avia tenido eícto eu D. Franciico lujo mayor, ya muer-
to , y culpado , le pallaron quinze aíios , cu los qualcs el dicho Se-
nor Pvcy íiu admitir Juizio conicucioíb , por (ccrctas iuformacioncs ^
y pareceres de Letrados de Portui^al , y Caililla que por ordcii íuya
,

íueron preguntados , y ukiuiafueute viftos y examinados en el Supre-


mo Conlejo de Portugal, que Ilauian do Paço, deípues de luuchas
confultas de íus IVibuuales y miuiílros , en el ano de 603. fe relbl-
vio , que Don Luis era inmediato lucelibr dei Conde D. Alonlo lii
padre , en quicn devia tener efeto , y cumplimiento la merced dcl
Rey D. Seballian , y le fue reftituido el titulo y Villas do Vimioíb^
y Aguiar da Veira íin que en la cédula deíh reftitucion fe hablal-
,

le de la Alcaydia mayor de Tomar ,contenida en el alvalá acuíado ,


en que el Conde tenia la miíma juílicia que en el titulo y Villas:
porque la poífeía D.Juan de Sofa , a quicn cl Senor Pvey D. Felipe
Primcro la avia dado quando íucedio en el Reino íkndo aun repu-
,

tado por vivo el Conde D, Alonlb que la podeía.


Anadia la cédula de reftitucion , qne íi el Conde D. Luis hizief-
fe delirtencia de la prcteníion de reditos , intcreírcs y danos que le
avian Icguido dei íecreíto de íus bienes , le hazia el dicho Senor mer-
ced dei titulo de Conde para fu Hijo mayor. Liítava el Conde fe
le quitaífe la condicion , y le dieíFen íatisíacion a íus perteníiones y
:

por Carta de 5. de Febrero de 608. Ib bolvieron a tratar y difcutir


eílas matérias en el Tribunal do Paço , dandofe vifta al procurador de
hazienda de V. M. que alego de íu derecho ; y aun que í"e entendio
que el dicho Tribunal hallò Juílicia en fus pretenfiones , Ibbre que hi-
zo confulta a V. M. en el aíio de 611. toda via como al tiempo que
eíla llegò a la Corte , ya era miniftro deíle Conlejo el que avia íi-
do procurador de hazienda , juntandoíe con otro iofpechoíb y apaf-
íionado baíl:ai"on para impedir la reíblucion que en virtud de Ia dicha
conílilta íe huviera de tomar. De manera , que canlado el Conde de
tan largos trabajos , que no acaban de tener fin , relblviendoíe a pro-
íeíTar en la Religion de Santo Domingo , y calar íu hijo mayor con
la hermana dei Marques de Caílel Rodrigo , que no confentia fe efe-
tuaíle lin que primero tuvieííc titulo de fu Cala , viendo que no le
diííria el Confejo a las nuevas
y apretadas inílancias que hizo , con
graviíTimas caufas que le obligaron a no dilatar y perder el cafamien-
to , que de mas de la perfona traia a fu Caía cien mil ducados de
dote , diílimulando el agravio dei Coníejo haíla mejor tiempo , por
fuerça , no por voluntad, hizo y íirmò de íu mano la deliftencia , y
no íe contentando los dichos dos miniftros con ella , por Carta de 13.
de Julio 1Ó16. le ordeno , que la deíiítcncia fe hizielTe ante efcriva-
Jio , aíliíciendo los procuradores de la Corona y hazienda en la forma
de un papel enibiado con la Carta con extraordinárias claululas una
> :

de las quales era , que el Conde ( ya entonces profeíTo Religiolb ) di-


xeíFe , que dcíiília por entender y fabcr que no tenia juílicia en íus
preteníiones , y pedia a V. M. aííi íq declaralfc y que la Condel^
;
a,

6^6 Trovas do Llv. X, da Hiflorta Çenealogtca


( tambicn Religiofa profeíTa) y fus hijos (
que cran menores) otorgaf-
fcn Ia defiftencia.
Apretado el Conde D. Luis , que ya íe llamava fray Domingo
dei Rofario deíla manera , coníultando los mayores Teólogos le acon-
íejaron , que por redimir fu vexacinn notória , podia liazer la deíif-
tència , cierto de que confiando a V. M. las nulidades, injufticias y ,

extorfiones delia, como tan Católico y juílo Seiíor efcuíaria con be-
ni^nidad , lo que avia hccho por fuerça en las apretadas circunílan-
cias de la neceí]]dad de fu Caía , en tan notório perjuizio , no fola-
mcnte de fus hijos menores pero aun de fus acreedores , y remedi-
:

ando con jufticia fu agravio eílranaiia los exccíTos dei zelo de los mi-
iiiftros que le aconfejaron eíle termino. Son los Reyes protectores
de la juílicia , y en eíla fe quieren por í'u clemência fugetar a fus mif-
nias lèyes con fus Vaílhllos , y por cíTo el Conde de Vimiofo (
quien por la Religiofa profeíHon de fu padre tocan efcas acciones
con encargo de fus deudas , que fon grandes ) poftrado a los pies de
V. M. humihnente le fuplica fe íirva mandar ver y examinar la juíli-
cia de fus pretenfiones , los agravios de íu Cafa , las nulidades defra
defiftencia reclamada: porque aun que no es fu animo obligar a V. M.
de juílicia porque tiene en fu grandeza y benignidad mayores mer-
:

cedes muy ciertas toda via conílando de la Juílicia tendra la Real


,

clemência mayores motivos de defagraviar , reílituir y honrar fu Cafa


y perfona , para que cn los anos de íVi feliciílimo govierno , dichoílf-
íimos para todos , tengan íin los trabajos deíla Caía , que fiempre íe
empleará como fus mayores en el fervicio de V. M. cuya Católica y
Real perfona Dios guarde largos aílos para bien de fu Igleíia , y def-
ta Monarquia.

Contrato dj cajàmento de D. Jf^njo de Portitgaf, IV. Ccnie de


Vimiofo, com a Condifa D. Maria dj Mendoça. Original
eJià no Archivo da dita Ca/a , donds o tiny ,
maço pj ,

num. pi8.

graça deDeos Rey dc Portugal, e dos Al-


TSJ
INUlli. T^^'^ Philippe per
43* J-^garves dáqucm e , dálem mar em Africa, Senhor de Guine, e
An. 1620. da Conquiíla navegação. Comercio de Ethiopia , Arábia, Pcríia , e
da índia , ^x. Faço faber aos que eíla minha Carta virem , que o
Conde do Vimioíò D. Aíibníb de Portugal , e a Condeíla Donna Ma-
ria de Mendoça , fua mulher me enviarão dizer por íiia petição , que
no contrato de dote , que entre elles foi celebrado , inílituhio cila
CondeíTa morgado de feus bens para andar nos deíccndcntes , que
nacelTem , e ouveíTe dantre ambos com as clauzulas , condiçocns , c
forma de fucceder contenda na inílituiçaó de morgado , que indiíui-
raó os Condes do Vimiolo D. Franciíco de Portugal , c D. Joanna
dc Gufmao ília mulher, e que cm defeito dos ditos defcendentes vi-
ria o dito morgado ao íuccellor do morgado, que o Marquez, e Mar-
queza de Caftel Rodrigo, Pai^e May delia Condeíla inílituiraó de
fuas
,

da Cafa TR^al Tortugue^a. 6Sj


fuas terças, ao qunl andaria anncxo fom nunca fe poder dividir, nein
apartar delle , e fe íuccederia na mef.iia fornia contenda na inftiiiiiçaó
do dito morgado , na qual eícritura dc dote eu ouvera por bem ,
que cWq Conde pudeíle obrigar à reilituiçao delle, e pagamento das
arras os bens da Coroa de íua Cafa, e n-snrgado dc que elle Conde
era poíluidor naquillo a que naó abrangelícjii os feus bens livres , e
que a meOna obrigação pudcílcm fazer D. Fernando de Portugal , e
I). Miguel de Portugal , Irmãos delle Conde, em cazo que cada hum
fuccedeífe em fua Cala, e morgado, para o que cu lhes fupprira as
idades, e que pudellem Jurar, como jurarão o dito contrato, e que
ella CondelTa fícaíTe em polfe , e Cabeça de Cazal dos ditos bens da
Coroa , e morgado atê inteiramente fcr paga de leu dote, e arras, e
adquiridos fem embargo da Ordenação do liv. 4. tit. 95. §. i. que
líie denega a dita poíFe , e Cabeça de Cazal , e do dito contrato ,

clcriptura de dote , de morgado , e retcHcaçao delle os


e inílituiçao
treslados fao os íbguintes. lim Nome de Deos Amcn. Savbao quan-
tos eíle ellromenro de contrato de dote , e arras inflituiçao de mor-
,

gado , e obrigação virem que no anno do Naíciinento de Noíío Se-


,

nhor Jeliis Chrillo de mil e fei (centos e dczaíleis , em dezanove dias


do mes de Noveuíbro , na Cidade de Lixboa nos apozentos de Dom
Manoel de Moura Corte-Real , Conde de Lumiares, Commendador
mòr da Ordem de Alcantara , Gentiíhomcm da Camera do Principe
Noílb Senhor, Capitão, e Alcayde mòr das Capitanias das Ilhas Ter-
ceira , S. Jorge , Fayal , e Pico , eílando prezente o dito Conde , em
nome , e como Procurador de D. Maria de Mendoça , fua Irmaá , íi»
lha de Dom Chriíiovaó de Moura , e D. Margayda Corte-Real , que
Deos tem Marquezes de Caftel Rodrigo cuja procuração ira incerta
neítaefcriptura e treslado delia
, e bem , prezentes D.
alfy eflavaó
AHonfo de Portugal Conde do Vimiofo D. Fernando de Portu-
, e
gal , e D. Miguel de Portugal Irmãos do dito Conde do Vimiofo.
Pello dito Conde de Lumyares foi dito perante mim Tabaliam , e das
tellemunhas ao diante nomeadas , que como Procurador da dita D.
Maria de Mendoça fua Irmã eftâ contratado para aver de cazar com
o dito D. Affonlb de Portugal , Conde do Vimiofo , e havendo o
dito cazamento feu real effeito , e fendo recebidos em face de Igreja
conforme ao fagrado Concilio Tridentino fe contrataó pella maneira
feguinte. Que ella dita D. Maria de Mendoça traz em dote corenta
c tres contos duzentos cincoenta e tres mil cento e vinte e cinco
reis , que valem cento e outo mil cento trinta e dous cruzados e tre-
zentos e vinte e cinco reis , e hum fio de pérolas , que o Marques
que Deos tem deixou em feu teílamento à dita Donna Maria , e al-
fy as mercês que S. Mageílade lhe fizer em virtude de hum Alvará de
lembrança , que tem para feu cazamento c aíTy tudo o mais , que
lhe crecer em fuas legitimas per qualquer via que feja , a qual con-
tia dos ditos cento e oito mil cento trinta e tious cruzados trezen-
tos vinte e cinco reis , fao procedidos afíy das legitimas , que a dita
Domia Maria de Mendoça couberao per falecimento dos ditos Mar-
quezes 5 que Deos tem , como do legado , que D. Margayda Couti-
é?88 Trovas do Liv. X, da Hiflurta Çenealogica
nha, ConJeíTii de Portalegre fiia Irmli lhe deixou, os qiiaes cento
c oiro mil cento trinta e dous cruzados trezentos vinte e cinco reis
Jhe pertencem pellos bens feguintes, a faber por feifcentos e cinco-
,

cnta mil reis de juro, que a dita D. Maria de Mendoça tem alFenta-
dos na dizima dò pelcado deíla Cidade do Duque de Bragança que ,

valem treze contos de reis , que fao trinta e dous mil e quinhentos
cruzados perque foy comprado o dito juro e por cem mil reis mais
,

de juro em cada hum anno aíTentados nas rendas da Caza do Conde


de Villanova na lua dizima da cortiça defta Cidade em contia de dous
contos hum mil quinhentos e íetenta reis perque foi comprado o di-
to juro conforme a efcriptura da compra, que delle fe fez, os quaes
valem cinco mil e quatro cruzados menos trinta reis, e por humas
cazas, que eftaô onde chamaó as Fontainhas nefta Cidade junto ao pof-
tigo , que vay do Terreyro do Corpo Santo para S. Francifco em
mil e quinhentos cruzados, que em tantos lhe foraó dados em fua
Carta de partilhas e por huã Orta chamada da guança que efta no
; ,

termo da Villa de monte môr o novo , que foi avaliada em quatro-


centos cruzados , e em dinheiro de contado nove contos feifcentos
noventa e cinco mil quatrocentos e fetenta reis , que valem vinte e
quatro mil duzentos trinta e oito cruzados e meyo e fetenta reis , e
em dividas que couberao a fua parte das que fe deviao ao monte da
fazenda do dito Marques , feis contos cento feíTenta e hum mil fete-
centos cincoenta e cinco reis , que fao quinze mil quatrocentos e qua-
tro cruzados cento e cincoenta e cinco reis , e onze contos feifcen-
tos trinta e quatro mil trezentos e trinta reis , que valem vinte e no-
ve mil oitenta e cinco cruzados e trezentos e trinta reis, ein joyas
peças de ouro , e prata , tapeçarias , e outros moveis , que tudo jun-
to faz a dita foma dos ditos cento e oito mil cento e trinta e dous
cruzados e trezentos e vinte e finco reis , os quaes bens acima refe-
ridos, que a dita D. Maria de Mendoça tras configo ferao dotaes e ,

teraô natureza de bens dotaes fem poderem vender , nem alhear por
nenhua maneira nem acontecimento ; e porem as mercês , que S. Ma-
,

geftade lhe fizer por refpeito do dito Álvara de lembrança nao feraô
bens dotaes , e fó fe avaliarão para eíFeito do dito Conde do Vimiofo
aver de dar de arras à dita D. Maria de Mendoça a terça parte do cm
que forem eftimadas como dos mais bens dotaes como abaixo fe de-
clarara. Item difi^e o dito Conde de Lumyares em nome da dita D.
Maria de Mendoça , que todos os bens , que ella traz a cfte dote fi-
caraó vinculados em morgado para fe nao poderem nunca vender,
trocar , nein alhear por qualquer via , que feja antes haó de andar fem-
pre todos unidos , e vinculados nos defcendentes deíle matrimonio ,
no qual morgado fuccederaó conforme as clauzulas, condiçoens , e
declaraçoens da inftituiçaó do morgado, que fizeraô de fuas terças D.
Francilco de Portugal , e D. Joanna de Vilhena Condes do Vimio-
fo , Vifavós do dito D. Affonfo de Portugal , Conde do Vimiolb ao ,

qual morgiído andara fempre annexo o que ora fe inftitue nefte con-
trato fem nonca fe poder apartar em quanto ouver defcendentes def-
te matrimonio com as mais clauzulas conteudas na dita inítituiçaô co-
mo
mo fe neílccontrato forao expreíTns , e cfpccialmentc declaradas , com
as quaes claiizulas ,
condiçocns , e dcclaraçoens do morgado dos ditos
Condes , e dos a clle anncxos iuccedcrao fempre os delcendentes dei-
te matrimonio , que poiruirem o dito morgado íem fe poderem nun-
ca dividir, nem apartar como dito he *, para o que fendo neceíFario
íe pedira a S. Mageílade confirmação. Item dilfe mais o dito Con-
de de Lumiares em nome da dita D. Maria de Mendoça que fendo,

cazo , que Deos nao permita que em algum tempo faltem defccn-
,

dentes dos ditos contrahcntcs que em tal cazo o morgado delle do-
,

te inlHtuido neíla cfcriptura venha ao fucceílor do morgado , que de


fuas terças inftituirao os ditos Marquez , e Marqueza de Caftel Ro-
drigo, que eítao cm gloria, ao qual andara unido, e vinculado fem
nunca fe poder dividir, nem apartar, nem deixar de fucceder nelle a
pelFoa , que for Adminillrador do dito morgado das terças, para o
que fendo neceíKirio fe averâ tnmbem confirmação de S. Mageftade , e
fe regulara a (uccelfao deíle dito morgado pelas mefmas clauzulas
,
condiçoens , forma de fucceder , e obrigaçoens contendas , e declara-
das na conftituiçao do dito morgado dos ditos Marquezes , aífy , e da
maneira , como fe real , e efpccificadamente foraó contendas , e decla-
radas neíle contrato. Item com declaração qjLie faltando defcende'1-
,

tes defte matrimonio ,o que Deos nao permita em vida da dita D.


jVIaria de Me.idoça , em forma que por fua morte lhe nao fiquem os
,
ditos defcendentes , em tal cazo a dita Donna Maria poderá difpor
,
e dilmembrar dcfte morgado a contia de trinta ate corenta mil cruza-
dos , de que difpora na maneira que lhe parecer, e com eíta declara-
ção fe entendera fer feita a inftituiçao do morgado conteuJo nefte
contrato , e havendo defcendentes deite matrimonio poderá a dita D.
Maria teílar em qualquer cazo , que feja do rendimento de tres annos
deííe morgado. Item que em cazo , que a dita D. Maria vença em
dias ao dito Conde Dom Affonfo ficando filhos defte matrimonio,
aos quaes per morte delia aja de vir o dito morgado a dita D. Ma-
ria , o terá, e admeniílrarâ em fua vida , e fô per fua morte ficara ao
fiiho defcendente na forma que fica apontado. Item , que os adque-
,

ridos durante o dito matrimonio por qualquer titulo onorozo , ou lo-


crativo , doaçoens , legados , quaeiqucr outras heranças le communica-
rao antre ambos ; e pello dito Conde do Vimiozo foi dito que acei-
,

ta efte dote , e morgado com todas as clauzulas , condiçoens , e obri-


gaçoens contendas nelle. Item que o dito Conde promete, e da de
arras à dita D. Maria de Mendoça a terça parte dos ditos cento e
oito mil cento e trinta e dous cruzados , e do mais que acrefcer em
fuas legitimas , e afii a terça parte da contia em que forem avaliadas
as mercês que S. Mageftade lhe fizer por reípeito deíle matrimonio,
e em rezaó do dito Álvara , as quaes mercês entrao nelle dote fomen-
te para elte effeito do vencimento das arras , as quaes arras a dita D.
Maria vencera feparando-fe o dito matrimonio per morte do dito Con-
de do Vimiofo , ou por qualquer outro cazo , que feja quer do dito
matrimonio fiquem filhos , quer nao , e fô fe nao vencerão as ditas
arras em cazo , que a dita D. Maria faleça em vida do dito Conde
Tom. V. Ssss duran-
,
,

6po Trovas do Liv, X. da Hijloria Çenealoglca


durante o dito matrimonio. Item que o dito Conde do Vimiofo fe
obriga como mayor que diíTe íer de vinte e finco annos a dar , e pa-
gar as ditas arras a dita D. Maria de Mendoça por feus bens livres,
que le acharem ao tempo de Teu falecimento , e pellos da Coroa , e
de feu morgado conforme a Provizaó , que S. Mageftade para ifto lhe
tem concedida , que fe tresladarâ nefta efcriptura , e treslados delia.
Item que elle Conde do Vimiofo fe obriga , a que reftituirâ a contia
do dito dote a dita D. Maria , ou a feus herdeiros fem falta , nem
diminuição alguâ e para iíTo obriga outro fy todos feus bens livres,
,

e aily os do feu morgado, e da Coroa conforme a dita Provizaó,


que para iífo tem de S. Mageftade, dizendo mais o dito Conde do
Vimiofo , que elle tem hum prazo no termo da Villa de Alanquer ,
e outras Villas , que chamao o prazo de palha cana de que he direi-
to Senhorio o Mofteiro de S. Joaó de Tarouca da Ordem de S. Ber-
nardo , o qual eftâ obrigado ao dote de D. Joanna de Mendoça
Condeffa do Vimiofo Mãy delle Conde , e nelle eftâ feito penhora ,
e execução para pagamento do dito dote fobrc que corre demanda
com huma Guyomar Barradas de que he Efcrivaô Marcos do Quin-
tal , que toda via elle Conde fe obriga , que em cazo , que o dito
prazo fique livre de maneira , que elle Conde pofta nomear nelle de
agora para entaó , e de então para agora nomea o dito prazo na di-
ta D. Maria de Mendoça na vida que lhe couber , e per via de doa-
ção , e pella melhor , que em direito fcr poífa , e aja lugar , e para
effeito de ficar irrevogável trefpaffa elle dito Conde todo o direito,
e auçao que nelle tem , e poíTa ter na dita D. Maria , e defde logo
lhe trefpaíTa a pofte delle pella clauzula de conflituti , e fe conftitue
poíTuir o dito prazo em nome da dita D. Maria , o qual ella averâ
no pagamento do dote* , e arras na contia em que for avaliado , e
para iíTo fe pedira licença ao direito Senhorio para fe poder fazer a
dita trefpaíTaçao. Item difterao os ditos D. Fernando de Portugal
e D. Miguel de Portugal , Irmaós do dito Conde do Vimiofo que
,
elles fe obrigao a que fendo cazo
,
que faleça o dito Conde feu Ir-
mão , o que Deos naó permita , e cada hum delles fucceda nos bens
Coroa , e morgado , que vagarem per falecimento do dito Conde
do Vimiofo feu Irmão a pagar a contia do dito dote , e arras conten-
das nefte contrato a dita D. Maria , e feus herdeiros affy pellos feus
bens livres , como pellos da Coroa , e morgado da dita Caza do Vi-
miofo , e ifto como fiadores , e principaes pagadores , em virtude da
Provizao que S. Mageftade lhe concedeo para poderem fazer efta obri-
gação , em a qual lhes fupprio 'para iffo as idades por ferem menores
de vinte e finco annos. Item difleraó os ditos Conde do Vimizo , e
D. Fernando de Portugal , e D. Miguel de Portugal , que fendo cazo,
que o dito Conde do Vimiofo faleça em vida da dita D. Maria de
Mendoça, ella ficara em pofte, e Cabeça de Cazal ate fcr inteiramen-
te paga , e fatisfeita do dito feu dote e arras , e naó poderá fer
,

defapoftada dos bens da Coroa , e morgado que vagarem per fale-


,
cimento do dito Conde ate naó aver de tudo inteiro pagamento , e
fendo cazo que íeja tirada da dita pofte , ferâ delia reftituida para o
dito
,,

da Cafa %eal Tortngneí^a. 69 r


dito cffeito fem embargo da Ordenação, que defende naó ficarem
,

as mulheres em polFe e cabeça de cazal dos bens do morgado, eda


,

Coroa em que naõ faó íucccíroras , e tanto que a dita D. Maria ou-
ver plenário pagamento, do dito dote, e arras , e adqueridos, que ha
de haver por efte contrato , largara logo a poífe dos ditos bens de
morgado , e da Coroa íem duvida , nem embargo algum. Item dif-
feraô elles ditos Condes de Lumyares , em nome da dita D. Maria
de Mendoça , e elle Conde do Vimiolo em feu nome , que porquan-
to dos bens dcíle dote eftâ inftituido morgado , aviaó por bem , que
todo o dinheiro delle que eílâ por empregar e todos os moveis
, ,

e joyas , que í'e ouverem de vender , fe depozitem no Morteiro de S.


Roque dcíla Cidade , em hum Cofre , do qual teraó as chaves duas
pelfoas , huá das quaes nomeara o dito Conde do Vimiozo , e outra
o dito Conde de Lumyares , ou quem íucceder em fua Caza , aos
quaes fazem Procuradores irrevogáveis com declaraçaó , que fempre
a prazimento delles Condes poderão nomear outros com os podares ,
e obrigaçoens abaixo declaradas para que os ditos Procuradores poíTaô
cobrar as ditas dividas , e para iifo feraó notefícados todos os deve-
dores por mandado de hum Julgador , que naó paguem a outra pef-
foa alguã , fenaó aos ditos Procuradores , e Depozitarios juntamente,
e que pagando algum devedor a qualquer pelFoa ainda que feja aos
ditos contrahentes qualquer cantidade lhe naó fera levada em conta,
e íeraó obrigados os ditos devedores a tornar a pagar as mefmas con-
tias per inteiro aos ditos Depozitarios que as receberaó juntos , e
,

naó cada hum per fy como lenaó tiveraó pago couza alguá , os quaes
depozitarios naó deixarão tirar dinheiro , nem moveis a peíToa algu-
ma do dito depozito , ainda que íèja com confentimento delles Con-
des do Vimioíb , e de Lumyares com a mefma cominaçaó , e pena
de tornarem a pagar por fuas fazendas tudo o que deixarem tirar do
dito depozito , do qual fomente fe poderá tirar tudo o que fe ouver
de empregar em juros , ou propriedades , que feraó a contento dos
ditos Condes do Vimiozo, e Lumyares para cujo effcito fe faz o di-
to depozito , e fazendo-fe a dita compra , ou compras , os ditos De-
pozitarios entregaraó o dito dinheiro para ellas ao fizer das efcriptu-
ras aos vendedores , ou as peífoas , que para ilfo tiverem feu poder
e em outra maneira naó , as quaes propriedades , que aíTy fe compra-
rem do dinheiro do dito depozito fe declarara nas efcripturas das com-
pras , que delias fe fizerem , que fícaraó logo dotaes , e tendo nature-
za de bens dotaes , e juntamente vinculados ao dito morgado , que a
dita D. Maria inftitue de feus bens neíle contrato , e em cazo , que
nas ditas efcripturas fe naó declare , o haó aqui por declarado , como
fe real , e expreíTamente nellas fe declarara , e fendo cazo , que do
juro conteúdo nerte dote , ou do que ao diante fe comprar do di-
nheiro do dito depozito , ou quacfqucr outros bens , que forem com-
prados a retro fe remirem , em tal cazo o dinheiro procedido da di-
ta remilflió fe depozitara , e empregara na forma contenda neíle con-
trato na maó dos ditos Depozitarios , ou em outros , que poderão
nomear como aqui fe declara cm cazo que faltem os nomeados. E
Tom. V. Ssss ii pellos
6 9^ Trovas do Liv. X. da Hijloria genealógica
pellos ditos Condes do Vimiozo , e de Lumyares , D. Fernando de
Portugal , D. Miguel de Portugal nos nomes que reprezentaó foi di-
to 5 que elles fe obrigaô a comprir efte dote elcriptura de obrigaçaó
aíTy, e da maneira, que nellas fe conthem ,.e a naó revogarem , nem
contradizerem em pirte , nem em todo , e os ditos D. Fernando de
Portugal , e D. Miguel de Portugal aíFy o juraó aos San6los Euan-
gelhos em que puzeraô a maô conforme a Provizaó de S. Mageftade
que dou fe vi , e eftâ aíHnada pello dito Senhor , a qual he ida a af-
íinar pello dito Senhor com huâ apoftilla, que fe acrecentou na dita
Provizaó , e vindo ella fe retifícarâ efte contrato fendo neceflario pe-
los ditos Dom Fernando de Portugal , e D. Miguel de Portugal , que
fe tresladarâ na dita efcriptura , e treslados delia , e prometerão de nao
aver relaxação do dito juramento , e que havendoa defde agora a hao
por nulla , e nao querem uzar delia como fe havida nao fora , rate-
íicando fempre de novo o dito juramento , e defta maneira ouverao
efte contrato por acabado , e fe obrigaô elles , e cada hum pela par-
te que lhe toca ao ter comprir , e guardar aíTy , e da maneira , que
,
nclle fe conthem fem falta , nem diminuição alguma fô expreíTa obri-
gação , que em feus nomes , e no dito nome fazem de feus bens , e
rendas , que ao comprimento de todo obrigarão , e outorgarão refpon-
deraó pello conteúdo nefte contrato perante os Juizes , e Corregedo-
res do Civel defta Cidade , e Corregedores da Corte , e perante
qualquer dos fobreditos Juizes onde , e perante quem efte eftromen-
to for^aprezentado , e fe pedir o comprimento delle para o que re-
,
nunciaó feus foros, e domicilio, e todos os mais privilégios, e liber-
dades pofto que incorporados em direito eftejaó , e fereaes geraes , e
todas outras exceiçoens defençoens , de feito, ou de dereito , que
,
por fy , e em feu favor allegar poílaó , de nada gozarão falvo todo
comprir , e guardar pello modo , que dito he. É declararaó elles
Condes do Vimiofo , e de Lumyares que para averem confirmação
,
do dito contrato por S. Mageftade fe fazem hum ao outro Procura-
dor em cauza propia , e cedem , e trefpaíTaó para o dito eíteito todo
feu poder comprido que baftante de direito em tal cnzo fe requere,
,
e he neceíTario com toda a livre
, e geral admeniftraçaó , e aíTy diíTe
mais o dito Conde de Lumyares, que fem embargo da Procuração
da dita D. Maria de Mendoça ella outorgara nefte contrato per termo,
que fe fará ao diante , e andara incorporado nos treslados que da
,
nota emanarem , e em teftemunho de verdade alfy o outorgarão , e
mandarão fazer efte eftromento , e os que comprirem que pedirão , e
aceitarão ; e eu Tabaliam o aceito em nome das peíToas abfentes a que
tocar como peíToa publica eftepulante , e aceitante ; tefteinunhas que
prezente foraô D. Dyogo de Caftro do Confelho de Eftado de S.
Mageftade, e Manoel de Vafconcellos , e D. Nunalvres de Portugal
do Confelho de S. Mageftade, e elles fao os próprios, que prefen-
te eftavao , e aíHnaraó na nota com as teftemunhas Lourenço de
,
Freytas Tabaliaó o efcrevi. E logo no dito dia , mes , e anno atras
efcripto em hum dos ditos apozentos em que eftava prezente a dita
Donna Maria de Mendoça , por mim Tabaliam perante as teftemunhas
ao
,

da Cafa %eal Tortuguets^a.

ao diante nomeadas lhe foi lido , e declarado o eftromento de contra-


to de dote , e arras, inftituiçao de morgado, que em feu nome, e
como feu Procurador fez o dito Conde de Lumyares feu Irmão, e
defpoes de por ella ouvido , e entendidas diífe , que o aceita , e ou-
torga , e ratefica , e ha por bem todo o conteúdo nelle, para fe com-
prir , e guardar em todo , e por todo como no dito contrato fe de-
clara , e fe obriga o nao contradirá cm Juizo , nem fora delle para o
qu'2 fc fome te todas as clauzulas do dito contrato , c a cada huma
a
delias, como de todas fizera aqui expreílh , e declarada menção,
fe
ao comprimento do que obriga feus bens , c rendas havidos , e por
aver , e aíTy o aceitou , e mandou fazer efte termo para andar incor-
porado ao dito contrato , e treslados delle , que eu Tabaliam aceito
por quem tocar abíente como pelToa publica eftepulante , e aceitante;
teftemunhas que prezentes foraó , Joaó de Velaco Gallarde , e Luis
Ribeiro de Gamboa , criados do dito Conde de Lumyares , e a dita
Donna Maria de Mendoça aíHnou na nota com as teftemunhas , Lou-
renço de Freytas Tabaliaó o eícrevi. Por efta por mim feita , e af-
finada faço meu Procurador ao Conde de Lumvares meu Irmão para
que em meu nome poíía prometer em dote a Dom Aftbnfo de Por-
tugal , Conde do Vimiozo toda a fizenda , que me coube de legitima
per falecimento dos Marquezes de Caftel Rodrigo, que Deos tem,
e aíTy a que me pertence do legado , que me deixou D. Margayda
Continha , Condeíta de Portalegre , minha Irma que efteja em glo-
,

ria , e poderá o dito meu Irmaó inftituir morgado na efcriptura do


dito dote de todos os bens delle , e em hua , e outra coufa poer to-
das as claufulas, condiçoens , penas, e obrigaçoens defaforamentos
que forem neceíTarios , e lhe parecerem, e Jurar o dito contrato todo
com livree geral admeniftraçaó , e para ifto obrigara os ditos meus
,

bens como eu em peíToa ; feita em Lisboa a dezanove de Novembro


de feifcentos e dezafeis ; Donna Maria de Mendoça. Eu ElRey fa-
ço faber aos que efte Álvara virem , que havendo refpeito ao que me
enviou dizer por fua petição D. Aííbnfo de Portugal , e ao Procura-
dor de minha Coroa , a que delia fe deu vifta naó ter duvida a fe lhe
conceder o que nella pedia ; ey por bem , e me praz de lhe fazer
mercê, e conceder licença, que cilc polfa obrigar a fegurança do do-
te , e arras , que promete a D. Maria de Mendoça , filha do Marques
de Caftel Rodrigo , que Deos perdoe com quem eftâ concertado de
cazar , as rendas de fua Caza aífy do morgado patrimonial, como da
Coroa de modo, que o fucccíTor, que nelles ouver de fucceder con-
forme as doaçoens , e inftituiçocs fique obrigado a pagar as ditas ar-
ras , e dote daquilo a que nao chegarem os bens, e fazenda livre,
que elle D. Affonfo de Portugal poíluir. E mando às Juftiças , offi-
ciacs , e peíToas a que o conhecimento difto pertencer, que cumprao,
e guardem efte Alvará como fe nelle conthem , o qual quero , que
valha, tenha força, e vigor, pofto que o efteito delle aja de durar
mais de hum anno fem embargo da ordenação em contrario. Francif-
CO Ferreira o fez em Lisboa a trinta de Setembro de íeifcentos e de-
zafeis. Joaó Perevra de Caftclbranco o fez efcrever. Eu ElRey fa-
ço
,,

ép^ Trovas cio Liv. X. da Hifloria (jenealogtca

ço faber aos que efte Álvara virem , que havendo refpeito ao que
me enviou dizer por fua petição D. F-ernando de Portugal , e D. Mi-
guel de Portugal filhos do Conde do Vimiofo D. Luis de Portugal,
e vifto as couzas , que allegaó ; ey por bem , e me praz de lhes fup-
prir a idade para fazerem o contrato fobre as arras , que D. Aífonfo
de Portugal íeu Irmaó ha de dar a D. Maria de Mendoça , filha de D.
Chriílovaô de Moura , Marques de Caftel Rodrigo , que Deos per-
doe com quem ora eftâ concertado para cazar , o qual contrato lera
firme , e valiozo , como Te elles foraô mayores de vinte e finco annos,
e outro fy hey por bem , que o Tabaliam , que fizer a efcriptura
delle poíía poer o juramento das partes íem por iíTo encorrer em pe-
na alguma , íem embargo da ordenação em contrario , e mando as juf-
tiças , officiaes , e peííbas , a que o conhecimento difi:o pertencer ,
que cumprao , e guardem efte alvará como nelle fe conthem \ Fran-
cifco Ferreira o fez em Lisboa a dezafeis de Outubro de mil e feif-
centos e dezafeis , Joaó Pereyra de Caftelbranco o fes efcrever. Ey
por bem , que o Álvara atras efcripto fe entenda também no contra-
to fobre a fegurança do dote , que D. AfFonfo de Portugal ha de dar
a D. Maria de Mcndoça com quem eftâ contratado para cazar , aíTy
como fe nelle declara da fegurança das arras , que a dita D. Maria
ha de aver , e para efl:e eíFeito fuppro as idades a D. Fernando de
Portugal , e a D. Miguel de Portugal , Irmãos do dito D. Affonfo de
Portugal , e que o Tabaliaó poíTa também poer o juramento das par-
tes no dito contrato da fegurança do dote fem por iíTo encorrer em
pena alguma , como no dito Álvara he declarado , o qual fe compri-
râ , e aííy efta apoftila inteiramente como nella fe conthem ; Francif-
co Ferreira a fez em Lisboa a catorze de Novembro de mil e feifcen-
tos e dezafeis ; João Pereira de Caftelbranco a fez efcrever. E tref-
ladados a dita Procuração , e Alvarás de S. Mageftade poftilla , e o
mais nelles efcripto concertei tudo com os propios com o Tabaliaó
abaixo aííinado , e a dita procuração , alvarás tornei a Jerónimo de
Paiva , criado do dito Conde de Lumyares que os levou , e para que
confte aífinou aqui. Lourenço de Freytas Tabaliaó publico de notas
por ElRey noíTo Senhor nefta Cidade de Lisboa , e feus termos , que
eíle eftromento em meu livro de notas tomey , e delle o fiz tresladar
concertey , fobefcrevi , e aífiney de meu final publico. Saibaó quan-
tos efta efcritura de rateficaçao , declaração , e obrigação virem , que
no anno do Nafcimento de Noífo Senhor Jefus Chrífto de mil feif-
centos e dezafeis , em doze dias do mes de Dezembro na Cidade de
Lisboa nos apozentos de D. Manoel de Moura Corte-Real , Conde
de Lumiares , Comendador mayor da Ordem , e milicia de Alcantara,
Gentilhomem da Camera do Principe noíTo Senhor , Capitão , e Al-
cayde mor das Ilhas Terceyra , Sao Jorge Fayal , e Pico , eftando
,
ahy prefentes D. Fernando de Portugal, e D. Miguel de Portugal,
filhos do Conde do Vimiozo D. Luis de Portugal por elles foi dito
em prezença de mim Tabaliam , e teftemunhas ao diante nomeadas
qne na efcriptura de dote que fe fez entre D. Maria de Mendoça
,
filha dos Marquezes de Caftel Rodrigo que Deos tem , e entre D.
,
Aífonfo
,,

da Cafa %eal Tonugues^a.


Affonfo de Portugal , Conde do Vimiozo , íeu Irmaô feita nefte mef-
ino livro, cm dezanove dias do mes de Novembro próximo ellesD.
FeYnando , e Dom Miguel fe ohrigao cada hum por íi, a que fendo
cazo , que per falecimento do dito D. Affonfo, Conde do Vimiofo,
feu Irniao fuccedeíTem em fua Caza , e eftado pagariaó a dira D. Ma-
ria de Mendoça pellos bens da Coroa , e morgado da dita Caza em
que fuccedeffem toda a contia do dote , e arras , que naó foíTe entre-
gue a dita D. Maria , e feus herdeiros , no qual contrato fe obriga-
rão ao comprimento do fobredito debaixo do juramento que lhes foi
dado em virtude de huã provizaó de S. Mageftade que ouve por
bem , que fe pudeíFe poer o dito juramento no dito contrato , e lhes
lupprio as idades a elle D. Fernando , e D. Miguel para poderem fa-
zer o dito contrato , e porem por a proviíaó do dito Senhor ler di-
minuta em tratar fomente da obrigação do pagamento das ditas arras
fe pedio fupprimcnto delia a S. Mageftade, para que folfe fervido,
que elles D. Fernando , e D. Miguel fe pudeíTein também obrigar a
fegurança do dito dote , e S. Mageftade o ouve aft^y por bem , e ao
tempo que ady fe fez a efcriptura do dito dote era mandado paíFar
pello dito Senhor a poftilla para fe poder fazer a dita obrigação para
legurança do dote, que era ida a aftinar à Corte pelo dito Senhor,
e porque ora veyo aíFinada a dita apoftilla por S. Mageftade diíTeraó
mais os ditos D. Fernando de Portugal , e D. Miguel de Portugal
que em virtude da dita provifaó fe obrigao como de feito de novo
obrigarão a que fendo cazo que cada hum delles fucceda na dita
,

Caza, e morgado do Conde do Vimiofo cada hum por fy m fo//dum


fe obriga ,e de feito obrigou pagar a dita D. Maria de Mendoça
Condeíía do Vimiofo ou a feus herdeiros tudo aquillo , que eftiver
,

por pagar , e lhe for devido para comprimento de feu dote , e arras,
com todas as clauzulas , penas , obrigaçoens , renunciaçoens , defafo-
ramento contendas, e declaradas na efcriptura do dito dote, que to-
das hao por expreflas nefta efcriptura como fe realmente nella fe in-
corporarão , e conforme a poftilla , e alvará de S. Mageftade , que
atras fica tresladada junto a efcriptura do dito contrato de dote. Ju-
rarão aos Santos Evangelhos fobre hum livro de rezar , que os tinha
em que puzeraó as maós de cumprir , e guardar todo o fobredito , e
nao averao relaxação defte juramento , e que havendoa defde agora a
haó por de nenhum effeito , e nao querem uzar delia como fe havi-
da nao fora , ratefícando fempre de novo o dito juramento , e naó
irao contra efta em parte
obrigação , nem em todo em Juizo , nem
fora delle de feito
, nem de dercito, conteúdo
e refponderaó pello
nella perante os Juizes e Corregedores do Civcl , e da Corte defta
,

Cidade, e perante qualquer dos fobreditos Juizes , onde, e perante


quem efte eftromeiíto for aprezcntado , e fe pedir o comprimento del-
le,
para o que renunciaó feu foro , e domicilio , e todos os mais pri-
vilégios, e liberdades, pofto que incorporados em direito eftejaó , e
todas outras exceiçoens , defenfoens de feito , ou de dereito que por
fy , e em feu favor allegar poíTíió , de nada gozarão falvo todo com-
prir , e guardar pelo modo , que dito he , e ao comprimento obrigaó
6 $6 Trovas do Liv. X da Hijloria Çenealogica

feus bens havidos , e por aver , e em teftemunho de verdade aíTy o


outorgíirao , e mandarão fazer efte eftromento , e os que comprirem
que pedirão, e aceitarão , e eu Tabaliam o aceito por quem tocar*ab-
fente como pelToa publica eílipulante , e aceitante^ teíleniunhas que
prez^ntes forao Jerónimo de Payva , criado do dito Conde de Lu-
myares , e Vicente Moniz criado do dito D. Fernando , e os ditos
D. Fernando, e D. Miguel de Portugal aíTmaraó na nota com astef-
temunlias, Lourenço de Freytas Tabaliaó o efcrevi, E declaraó , que
efta eícriptura fe aíTinou em dezafeis dias do dito mes de Dezembro,
e anno prezente de leifcentos e dezaíeis. E poílo que continuado
nos apofentos do dito Conde de liUmyares aíTmoufe nos apofentos*
de D. Miguel de Callro ,
ArcebKpo defta Cidade, do Conlelho de
Eílado de S. Mageílad^, e feu Vifo-Rey nefte Reyno , eflando pre-
íente os ditos D, Fernando, e D. Miguel de Portugal , e por tefte-
munhas os ditos , dito o efcrevi Lourenço de Freytas Tabaliam pu-
•,

blico de notas por EIRey noíFo Senhor nePa Cidade de Lisboa, e


feus termos que eíle eííromento em meu livro de notas tomei e
, ,

delle o fis tresladar concertey , fobefcrevy e aííiney de meu publi-


, ,

co íinal. Pagou djíle treslado , e do treslado do contrato de dote


atras
, mil e leifcentos reis\ Concertado por mim Tabaliaó Louren-
ço de Frevtas. Pediíidome os ditos Conde e Condelfa do Vimiofo
,

D om Affonfo de Portugal , e Donna Maria de Mendoça que por ,

quanto na dita efcriptura de dote fe contratarão a que averiao con-


firmação minha aíTy da efcriptura do dito dote, como da inftituiçao
de morgado nella declarado , ouveíTe por bem de lha conf rmar e •,

antes de lhes dar defpacho manJey dar vifta da dita petição con-
,
,
trato , e liiRituiçaô de morgado ao meu Procurador da Coroa
, •, e
viíla fua repoíla, e havendo refpeito ao que o dito Conde, e Con-
deíTa pella dita petição me enviarão pedir para que a Inftituiçaó do
dito morgado fe perpetue na fua geração , e fucceíTaó de feus def-
cendentes e por lhe fazer mercê
; ey por bein e me praz de confir-
,
mar , e approvar como de feito por efta prezente Carta confirmo , e
approvo ,
e hey por confirmada , e approvada a dita efcriptura de
contrato de dote, e inftituiçaó de morgado nella incorporada , e que-
ro que fe cumpra, e guarde inteiramente com todas as clauzulas con-
diçoens , declaraçoens , e obrigaçoens que nellas he contheudo e ,
,
declarado , excepto a condição , e' declaração de a Condefta ficar em
poífe, e Cabeça de Cafal feparando-fe o matrimonio dos bens da Co-
roa , e dos de morgado antigo ate fer entregue de feu dote , c arras,
por quanto pella dita repofta do dito meu Procurador da Coroa,
que vio tudo o que na dita efcriptura fe conthem , me praz , e hey
por^bem , que todas as mais condiçoens , e declaraçoens delia fe cum-
prao , e guardem como fe nella conthem , e fejaó firmes e valiofas
,
para fempre , o que aíTy ey por bem de meu próprio motu certa fci-
,
encia , poder Real , e abfoluto, e ifto fem embargo da Ordenação do
iiyro quarto ,^ titulo noventa e finco
§. primeiro, e do direito que
diz , que fe "ao poíTao dar fiadores
à reftituiçao do dote , e de quaef-
quer Leys , Regimentos , e de outras Ordenaçoens grozas , e opi-
,

nioens
I

da Cafa lífal Tortugue^a. ^91


'
nioens de Doclorcs, que em contrario difto aja, ou poílh aver , por-
que todas ey por derrogadas , calfadas , e annulladas , e quero que fe
naó entendaó , nem cumpraó , em quanto forem contra o contheudo
no dito contrato de dote, e inftituiçaó de morgado, fem- embargo
da Ordenação do livro fegundo titulo 44. que difpoem , que fe nao
entenda nunca fer por mim derrogada Ordenação , fe delia , ou da
fuftancia delia nao fizer expreíTa , e declarada menção , e por firmeza
diíTo lhe mandcy dar efta Carta por mim aííinada , e aítellada do meu
Sello de chumbo pendente. Miguel de Azevedo a fez cm Lisboa a
vinte e quatro de Jancyro , anno do Nafcimento de Noífo Senhor
Jefus Chrifto de mil feifcentos e vinte —diz nas antrelinhas , taba-
liaó — a dita , e anno prefente — João da Coita a fez efcrever.

ELREY.

Conjulta^ que fe fez a ElKey D. Fiíippe IV fobre as pertençÕes


.

do Conde do Vimiojo» Ejlá no Cartono da dita Caja , don-


de a copiey.

P Arécio a la Junta , que aun que Don Francifco de Portugal hijo


mayor de Don AíFonfo Conde do Vimiozo , hermano de Don
Nuni.* Aã,.
lc2ò.
Luis, que oy efta profeço en la Orden de Saníto Domingo, Padre
dei Conde do Vimiozo , cometiò graviíTmio delidlo , en feguir a Don
Antonio Prior do Crato, fiendo en Portugal llevantado dei Pueblo
por Rey , antes de la cauza de la fucceífion eftar fentenciada ; con
todo teniendo confideracion a Don Luis Padre dei Conde de Vimio-
zo , nò fer defcendiente , y cazo que lo fuera , los hijos nafcidos
antes dei diliélo de leza Mageftad devina cometido por fu Padre,
no les prejudica , y defcender efta caza, por linea mafcolina de los
Reys de Portugal , y convenir que efte cazo fi fuera poífible fe fu-
mergiera , y no aver remédio mas yficas que ufar V. Mageftad de fua
Real clemência , teniendo juntamente concideracion a que el Conde
de Vimiozo , eftando actualmente en efta Corte , en requerimento de
fus pertenciones , fiendo Senor de fu Caza dexando muger , y hijos,
proftado a los pies de V. Mageftad fe ofrecio para la jornada de la
reftauracion de la Baya , y prondlamente fe fue a embarquar , dando
con fu exemplo motivo, a que tanta nobleza fuefe a fervir a V. Ma-
geftad daqui a dos mil léguas , con tanta fatisfacion , y gafto , como
confta de la Carta induza , que Don Fadrique de Toledo efcrive a
V. Mageftad. Qiie V. Mageftad por todas fus acciones , y fervifios
le aga merced dei acoftamiento dei Conde pariente , teniendo conci-
deracion a fer el Conde de Viiniozo , defcendiente por linea mafcoli-
na de los Reys de Portugal , confervandoífe efta prerogativa tantos
anos folo en fu Caza , y que defpues de eftar ordenado , que no fe
dicíTe el acoftamiento dei Conde pariente a ninguna perfona fe dio
al Conde D. Affonfo fu Aguelo, por averlo tenido fu Caza. Y dei
titolo de Conde de Juro , conforme a la ley mental , el qual vaca no
Tom. V. Tttt teni-
,

6p^ TProvas do Liv. X. da Hifloria Çenealogtca

teniendo hijo varon a la hora de fu muerte , aun que tenga hija , nie-
tos , ò hermanos , y de proineíla de meiora de una encomienda de
dos mil cruzados hafta tres , y de un Álvara de lembrança, para ca-
zamiento de una hija , en los bienes de la Corona , y ordenes , que
tubiere la perfona que con ella cazare. El Padre Confeflor anade
que V. Mageftad le aga merced de promeíTa de una ayuda de coíla
de hafta feis mil ducados , que no falga de la azienda Real , con de-
claracion que hara defliftencia de todas fus aciones , y pertenci ones
que tiene , y dado cazo que el ho alguno de fus defcendentes hable
en ellas no pueda fer oydo , fm que priniero depofite eii mano de los
thezorcros Reales , todo lo que tubiere recebido , y para efte efeito
los aya por abonados. El Duque de Villa hermoza dice , que tiene
la perfona dei Conde do Vimiozo , por merecedora de que V. Ma-
geftad le aga toda la honrra , y merced que fuere jufto , por el bueii
modo con que firvio en la jornada de la Baya ; y para que le fea pre-
fente a V. Mageftad el eftado de fus pertenciones , con diftincion cla-
ra en cada una delias en particular. La una es fundada en el Álva-
ra de promeíFa , que fe hizo al Marques de Caftel Rodrigo , que efte
en cl Cielo , para cazamiento de una hija , que el aplico , a la que fe
cazo con el Marques de Gouvea íiendo Conde de Portalegre , y por-
que murio fin dexar hijo en quien fe cumplieíTen algunas de las mer-
cedes que V. Mageftad le avia hecho , en virtud dei Álvara de pro-
meíFa de cazamiento , pedio el Marques que oy vive , que fe diefte
el Álvara para la otra hermana , que cazo con el Conde do Vimio-
zo , y ElRey D. Phelipe III. que efta en el Cielo fe lo confedio
declarando que quando fe lo cumpliefte fe tendria refpeflo a la mer-
ced con que avia quedado el Conde de Portalegre. Y confultandoíTe
por el Confejo las mercedes que parecio que fe avian de hazer al
Conde do Vimiozo , por efte cazamiento , con efta concideracion fe
dixo entre otras cozas , conformandoíTe con el parecer dei Conde D.
Diego de Silva , que aviendo V. Mageftad de afer merced dei aften-
tamiento a alguna perfona , la hiziera al Conde. V. Mageftad fue
fervido refponder que feria bien , que antes de tomar refulucion en
efta Confulta , dixeílc el Confejo el pro ,
y contra, que fe ofrefíeíTe
en dar , y negar eftos acoftamientos , y qual es el coftumbre de Por-
tugal en ellos , y el fundamicnto delia y aviendolo cumplido el
,
Confejo , le hizo V. Mageftad las mas mercedes que fe le confulta-
ron , y nego efta por las confequencias. Ya íi le parefte que deve
V. Mageftad fer fervido de mandar ver efta Confulta, antes de to-
mar refolucion en el punto dei aftentamiento , por fer coza que V.
Mageftad tiene ya jufgada por eíTencial para ella fiendo la rezolucion;
la otra fe funda en el fervicio que hizo en la jornada de la Baya ,
,
para efte advierte que V. Mageftad mando paftar una proviíion gene-
ral , en que le afia merced a todos los que fueften en aquclla jornada,
de los bienes que tubieftcn de la Corona de las Ordenes para un
, y
hijo , y conforme a efto deve gofar de la merced que ya le efta echa,
y le parecia que de mas delia le podria V. Mageftad hazer merced
darle otra vida mas en eftos bienes
; y de promeíFa de mcjora de en-
comienda,
da Cafa ^eal Tortugues^a» ^99
comienda ,
que valga mil ducados
, mas de las que tiene , y de un
Álvara de lembrança , para cazamiento de una hija ; y no vota en
que íe le de el titulo de juro , porque no íe ha dado a los de mas
titolos que fueron a efta jornada , y entiende que íe en Portugal fe
van dando de juro las Gazas que fe tienen en vidas , fe vendra a im-
poííibilitar el fervicio de V. Mageílad en aquel Reyno , y aníTy lo en-
tendicron los Reys dei , y fe ve por la experiência deita mefma jor-
nada dei Brafil que no fue en ella ninguno de los titolos de juro ;
,

la ultima pretencion fundada en los derechos de fu Padre ,


y preten-
ciones de las perdidas , y danos de lo que fe le nego , es de gran con-
Hdcracion , el abrir la puerta a ella , y convendra que antes , que íe
tomaifc por fundamiento para azer merced por elle fe vielTen todos
los papeies , que ay de los Senores Reys D. Pheliphe II. y III. por-
que íin ellos no podra tener entera noticia de lo que ha palfado. V.
Mageílad refolvera lo que fuere fervido, Madrid ii. de Junio de
1628.
El Prefidcnte Cardenal frexo , el Duque de Villa hermoza , el
Padre ConfeíFor , D. Joaó de Chaves , D. Antonio Pereira.

Portaria delRey D. Filippe III. do titulo de Conde de Vimlofo ,

de juro , e outras mercês feitas aoConde D. Afonfo de Portu-


ga/ ; treslado authentico. Ejiá no Cartório da dita Ca*
Ja maqo 7/ ^ num. 444.
,

LRey
E
e feus
ii<;
.
,
p
noíTo Senhor havendo refpeito a qualidade do Conde do
Vimiofo e ao que lhe reprefentou dos ferviços de feus paíTados
e ao hem
bem niie
que fervio nn inrnnHn dn
na jornada Braíil na rernnrrncnfS
do Rríiííl recuperação dn
da
NuiH»
.
'
^

Bahia de todos os Sandlos e folgar por tudo e por feus merecimen-


:

tos de lhe fazer mercê conforme a boa vontade que lhe tem efperan-
do delle que fempre lhe fervira correfpondendo niíTo a quem he ha :

por bem de lha fazer do aíTentamento de Conde parente em fua vida :

e do titulo de Conde de juro conforme a ley mental e que feja me-


:

lhorado de Comenda em hua de dous ate tres mil cruzados e a con-


ta diíFo lhe faz S. Mageftade mercê da Comenda de SamStiago de An-
draês do Arcebifpado de Braga da Ordem de Nolfo Senhor Jefu
Chriílo que vagou por morte de D. João dalmeida ultimo poífuidor
que delia foy e da Comenda de Saó Miguel do Souto da dita Or-
:

dem do Biípado do Porto que vagou por falecimento de Manoel


Mafcarenhas homem , com declaração que naó haverá os frudos que
delia cobrou por alvará de admeniílraçaó Rodrigo homem da Silva
filho do dito Manoel Mafcarenhas a quem eftava dada a mefma Co-
menda e morreo fem ter tomado poíTc delia: e aíTy lhe faz S. Magef-
tade mercê de hum alvará de lembrança , para cazamento de hua íi-
Iha nos bens que tiver da Coroa, e ordens a peíToa que com ellaca-
far en Madrid a 9 de Dezembro de 1629, Gabriel dalmeida de Vaf-
concellos , e naó dizia mais a dita portaria e ao pe delia eftava o feguinte.
Tom. V. Tttt ii El-
:

ElRey noíTo Senhor ha por bem que fe faíTa obra pela porta-
ria afima fem embargo de fer paílado o tempo em que fe ouvera de
fazer, Lisboa a 31. de Janeiro de 633.

Phellippe da mefquita.

DOm João
daquem ,
por graça de Deos Rei de Portugal , e dos Algarves,
e dalém,mar em AíFrica , Senhor de Guine, e da Con-
quifta , navegação , e Comercio de Ethiopia , Arábia , Perzia , e da
índia , &c. Faço faber aos que efta minha Carta virem , que haven-
do refpeito a peíToa , e Caza do Conde do Vimiozo , Dom Affonío
de Portugal , meu muito amado fobrinho , do meu Confelho de El-
tado , e aos muitos , e muy particulares ferviços , que me tem feito
na defenfaó defte Reyno , moítrando fempre a meu ferviço , taô in-
teira lealdade , como deve a quem he , e haquelles de que defcende,
e tendo outro fy confideraçaó a feus muitos merecimentos , e qualida^
des, por folgar em tudo de lhe fazer mercê, conforme o contenta-
mento , que fempre tive de fua peíToa , e particularmente a feu fan-
gue, e devido que comigo tem , efperando delle, que me fabera me-
recer , e fervir muito a minha fatisfaçaô , a mercê , e honra que lhe
fizer , por todos eftes refpeitos , e pella boa vontade que lhe tenho
,

Hey por bem , e me praz , de lha fazer entre outras ( de que lhe
mandei paííar defpachos) do titulo de Marquez de Aguiar, em fua
vida , com o aíTentamento , iníignias , honras , preheminencias , prero-
gativas , graças , e izençoens , liberdades , privilégios , e franquezas ,
que tem , e de que conforme a direito , e coftume antigo , uzaó , e
fempre uzaraô , e devem uzar os Marquezes de meus Reynos , e Se-
nhorios , dos quaes em todo , e por todo , quero , e mando que elle
inteiramente uze , e poífa uzar , e lhe fejaó goardados em todos os
a6tos 5 e tempos , fem duvida , nem mingoamento algum , que aíTy he
minha vontade , e mercê ; e por firmeza de tudo o que dito he lhe
mandei dar efta Carta por mim aílinada , e paíTada por minha Chan-
cellaria , e fellada do meu Sello pendente. Dada na Cidade de Évo-
ra , aos oito do mes de Setembro. Joaô Pereyra de Souttomayor a
fez , anno do Nafcimento de Noífo Senhor Jefu Chriílo dc mil e feif-
centos e quarenta e tres. Pedro Vieyra da Silva o fez clc rever.

ELREY.

Carta
cia Cafa T^eal Tortugnei^a. 701
Carta de Mcrcjuez do Conde D. Francijco de Portugal de que ^

confia a tranjacçad que fez com a Coroa ,Johre a Capita-


y

nia de Pernambuco , copiada do Original.

DOm Joaô
daquem ,
por graça de Deos Rey de Portugal , e dos Algarves, TsJ|,|yi
e dalém , mar cm Africa , Senhor de Guine e daCon- ,•
^/ • ^ 4
Íuifta , navegação, e Comercio da Ethyopia , Arábia, Perfia , c da An. 1716.
ndia , &c. Faço faber aos que efla minha Carta virem , que por par-
te do Conde do Vimioíb Dom Franciíco de Portugal me íoi apre-
, ,

íentado hum Alvará do theor ícguinte. Eu ElRey faço laber aos


que efte meu Alvará virem , que tendo relpeito a me reprefentar o
Conde do Vimiolb Dom Francifco de Portugal que clle defejava
, ,

entrar em compoíiçaó , na caufa , que movia ao Procurador de minha


Coroa , fobre a Capitania de Pernambuco , de que já tinha alcança-
do Sentença contra elle , pelo que refpeitava aos frutos, fuy fervido
ordenar ao melmo Procurador da Coroa , que tendo refpeito a haver
pedido revifta da dita Sentença , e efta nao eílar ainda liquida con-
ferilfe, e praticalTe com o Conde algum ajufte
,
que me foííe conve-
niente , e ao mefmo Conde , para aífim ceííar a caufa , e fua execu-
ção , fe eu o approvaíTe, e houveíTe por bom. E fendome hora pre-
fente , que o dito Procurador da Coroa , debaixo da referida condi-
ção, tinha conferido com o Conde, que defiílindo elle da dita cau-
fa, e Sentença, que tinha alcançado fobre os frutos, e de todo, e
qualquer direito , que tiveíTe , ou pudefle ter à propriedade da dita
Capitania , eu lhe faria mercê do titulo de Marquez em duas vidas ,
para elle, e feu filho , duas na de Conde de Vimiofo, para filho, e
neto , huma nas Commcndas , que ao prefente logra e de oitenta ,

mil cruzados por huma fó vez , confignados , e pagos no rendimento


da mefma Capitania , em dez annos a oito mil cruzados cada hum ;
,

e confiderando eu , que efte ajufte íerá util , e conveniente à Coroa,


hey por bem de o approvar, ratificar, e confirmar , afiim como fica
«referido ; e para fe reduzir a efcritura publica ou termo judicial, com
,

todas as claufulas que em direito forem neceíTaiias, por efte dou po-
,

der a Francifco Mendes Galvão do meu Confelho meu Defembar-


, ,

gador do Paço , e Procurador da dita Coroa para que na forma re-


,

ferida o pofta concluir com o dito Conde , e conftando , que eftá


feita a dita efcritura publica ou termo de defiftencia e trnnfacçaô,
, ,

e que eftá julgado por Sentença no Juizo da Coroa , fe pafiliráô ao


Conde pelas partes a que tccar os defpachos ncceflarios. Caetano
,
,

de Soufa e Andrade o fez em Eisboa , aos dezafeis dias do mez de


Janeiro de mil fetecentos e dezafeis. Diogo de Mendoça Corte-Real o
fobfcrevi. Pedindome o dito Conde, que por quanto tinha dado cum-
primento à condição do dito iMvará havendo feito o termo de defif-
tencia , e tranfacçaô , e eftava julgado por Sentença que aprefentou,
,

lhe mandafte paftar Carta do titulo de Marquez da Villa de Valença,


havendo eu a iflb refpeito , e à boa vontade , que llie tenho , cfpe-
rando
,

^0 2 Trovas do Liv. X da Hi/loria Çenealogica

rando de quem elle hc , e dos de que defcende , me faberá merecer,


•e fervir , toda a honra , e mercê , que lhe
fizer , me praz , e hey por
bem fazerlha do titulo de Marquez da Villa de Valença , em fua vi-
da , para que feja , e fe chame Marquez da dita Villa , e goze de to-
das as honras , preeminências , privilégios , prerogativas , authorida-
des , graças , liberdades , e franquezas , que haó , e tem , e de que
gozaó , e ufaô , e fempre ufarao os Marquezes defte Reyno , aífim
como por direito , e antigo coftume delle lhe pertence , das quaes
em todo , e por todo quero , e mando , que elle inteiramente goze,
ufe , e poíTa ufar , e que lhe fejaó guardadas em todos os a^tos , e
tempos , em que por direito , ufo , e coílume deve delias ufar , fem
a i(Íb fe lhe pòr duvida , nem impedimento algum , porque aííim he
minha vontade , e mercê , com o qual titulo de Marquez haverá de
aíFentamento em cada hum anno , o que direitamente lhe pertence
de que fe lhe paíTará Provizaó pelo Confelho da Fazenda , e por fir-
meza de todo , lhe mandey dar a prefente por mim aífmada , paíTa-
da pela Chancellaria , e fellada com o Sello pendente delia , e conf-
tou por Certidão dos Officiaes dos novos direitos , naó os dever def-
ta mercê , por aíIim fe determinar , e no Alvará referido , e em feu Re-
gifto fe poraó as verbas neceíTarias , de como fica extinéta a primei-
ra vida no dito titulo de Marquez. Dada nefta Cidade de Lisboa,
aos dez dias do mez de Março. Antonio de Oliveira de Carvalho
a fez , anno do Nafcimento de NoíFo Senhor Jefu Chrifto , de mil
fetecentos e dezafeis. Diogo de Mendoça Corte-Real a fubfcrevi.

ELREY.

Bulla do Papa Clemente VII. em giie dá poderes de Legado à ha-


teve y e faz Núncio a E/Rey D. ]oad III. a D. Martinho
de Portugal. Authentica (jue tenho em meu poder.
,

Num. a8. T"^ Nomine Domini Amen. Saibao quantos efte prezente publico
* *
I Inftromento de tranfumpto
» dado ex virem , que no anno do
officio
An. i^2j. Hafcimento de N. Senhor JESU Chrifto de mil e quinhentos e vinte
fete ao primeiro dia do mes doutubro em ho Moefteiro de S. Geor-
ge dapar da Cidade de Coimbra eftando hy o Illuftre, e Muito Re-
verendo Senhor D. Martinho de Portugal a ElRey N. Senhor pello
noíTo muy Santo Padre Clemente Septimo , ora na Igreja de Deos
Prefidente , e pela Santa See Apoftolica por Núncio , e Embaixador
com plena poteftate legati de latere emviado &c. Logo hy em pre-
,

zença de mym publico Notairo infra nomeado, e das teftemunhas


adiante efcriptas pelo diólo Senhor D. Martinho me foi aprezentada
huma Bulla de S. Sandlidade em que fe conthem as faculdades que
S. Sanílidade lhe concedeo efcripta em porgaminho bullada da fua
verdadeira Bulla em pedente por cordel de linho de canamo fegundo
ufo , e modo de Corte de Roma faá , e carecente de todo vicio , e
fufpei-
,

da Cafa ^eal Tonugues^a, 703


fufpeiçaó fegundo pela prima facie parecia da qual o trciado de ver-
bo ad verbum he o leguinte.
CLEMENS EPISCOPUí> Serviis Servorum Dei. Diledto filio
Martino Portugallia ad CariíTimiim in Chrifto fíliiim noftrum Jo-
à
hannem PortugalliíE , &: Aigarbiorum Regem Illuftrem noftro , apof- &
tolicíE Sedis cum plena poteftate Legati de latere Nuntio , Orato- &
ri falutcm , &
apoftolicam benediél:ionem. Cum Nos hodic te ad Cn-
riííimum in Chriíto Hlium noílrum Johannem Portugalliíc , Algar- &
biorum Regem Illuftrem, ejuíljue Regna , Civitates , Terras, lo- &
ca íibi mediate , &
immediate fubjeóla pro nonnullis noftris , San- &
O^^x Romanrc Ecciefiíe arduis negotijs noftrum , Apoftolicíc Sedis &
Nuntium , &
Oratorcm cum plena poteftate Legati de latere duxeri-
nuis dcftinandum. Nos cupientes ut erga perfonas in Civitatibus,
terris, locis , &
Regnis predi6í:is refidentes, ac familiares continues
conmeníales tuos quos tecum ducis te pofíis reddere gratiofum diícre-
tioni tuíE de qua in hijs , &
alijs fpecialem in Domino fíduciam obti-
nemus tibi Officium Tabellionatus quibuícunque perfonis idoneis re-
cepto ab eis juramento in forma folita concedendi , illofque Tabel-
liones creandi , ac de di6lo Officio inveftiendi , necnon legitimandi
fpurios, naturales , baftardos , manferes , nothos , inceftuofos copula-
tive , vel disjunélive ex quorumcumque illicito , dampnato coitu &
procreatos viventibus , vel etiam mortuis eorum parentibus , itaut ad
paternam , & alias fucceíTiones quorumcunque bonorum admiti , in &
illis fuccedere valeant abfque tamen prejuditio illorum qui ad predi-
rias fucceíTiones fi perfona: quibus fuccederent ab inftetato de jure
admiti deberent , &
etiam ad honores, dignitates , gradus , & Offi-
cia fecularia publica , & privata recipi , aífumi illaque gerere ,& &
exercere poflint , ac fi de legitimo matrimonio procreati eíTent , il-
lofque ad jura naturae , &
quoslibet a£tus legitimos reftituendi , &
reintegrandi. Ac etiam quorumcunque beneficiorum ecclefiafticorum
cum cura , &
fine cura fecularium , &
quorumvis Ordinum Regula-
riumj, etiam qux diSix Sedi ex quavis caufa preterquam ratione Of-
ficialium Sedis prsediclíe , & Romani Curise adiu Officia fua exercen-
tium generaliter refervata fuerint refignationes fimpliciter , vel ex cau-
fa premutationis , aut Comendatorum , ac etiam litigiofum extra Ro-
manam Curiam cefliones , litis , júris recipiendi , &
admitendi , ac &
canfas defuper pendentes advocandi , & lites hujufmodi penitus extin-
guendi , didlaque beneficia tam fimpliciter, quam ex eadem caufa,
& alia quecumque , & qualiacumque infra limites diclorum Regno-
rum , & locorum exiftentia quomodocumque vacantia , & vacatum
etiamfi de jure patronatus laicorum , & etiam preterquam , ut fupra
aut ratione vacationis illorum apud Sedem príedidlam , vel familiarita-
tis continue conmenfalitatis noftra; , feu di6la; Sanélíe Romaníu Ec-
clefiíu aliquorum Cardinalium vivcntium refervata , vel affedla fuerint
ac dummodo inter ipfa omiiia per obitum vacantia plura quam quin-
quaginta refervata, vel affccla non fint perfonis idoneis, etiam qux-
cumque, quotcumque , & qualiacumque beneficia ecclefiaftica cum cu-
ra, & fine cura obtinentibus , & expc(fl:antibus conferendi regularia
tantum
,

704 Trovas do Liv. X. da Hijloria Çenealogica


tantum ad vitam , vel ad tempus commendandi , illaque , feu fecula-
ria beneficia ad vitam , vel ad tempus uniendi , ac fuper refignato-
rum , Teu alias dimiíTorum beneficiorum fruíftibus , redditibus, & pro-
ventibus , quafcumque penfiones annuas , non tameii tertiam partem
friiéluLim , reddituum , & proventuum hujufmodi excedentes predi(5í:is
refígnantibus , vel cedentibus quoad vixerint per beneficia hujulmodi
pro tempore obtinentes annis íingiilis in terminis , & locis concor-
dandis , feu ftatuendis , etiam Tub privationis , & alijs pennis , fen-
tcntijs , & ceníuris in talibus apponi folitis perfolvendas de confen-
fu iílorum , qui didas penfiones folvere habebunt refcrvandi , confti-
tuendi , & aífignandi , necnon ftatutis , & confuetudinibus eccleíiarum
in quibus fingula beneficia hujufmodi forfan fuerint , etiam juramento
confírmatione apoftolica , vel quavis fírmitate alia roboratis derrogan-
di. Ac cum quibuíVis perfonis in á\Q:is Regnis, & dominijs confti-
tutis tunc in tertio & quarto fimul confanguinitatis , vel affinitatis
gradibus impeditis , &
inter fe matrimonialiter copulatis , ac in con-
tradlis per eos matrimonijs , etiam fcienter eofdem contrahentes ab
hujufmodi excefi^u , ac cenfuris, & penis quas propterea incurrerint
abfolvendi remanere poíTint prolem fufceptam , & fufcipiendam exin-
de ligitimam decernendi , necnon cum quibufvis perfonis fuper quibuf-
vis Naí^alium defedlibus , & irregularitatibus quas aliqui cenfuris ec-
clefiaílicis ligati miflas , &
alia divina officia celebrando , aut alias fe
illis immifcendo quomodolibet , non tamen in contemptum clavium
contraxerint ut ad ordines etiam facros ,
, &
presbiteratus proniove-
ri , ac in illis, &
per eos fufceptis , &
fufcipiendis ordinibus , etiam
in AIraris minifterio miniftrare , ac qusecumque , quotcumque, & qua-
liacumque beneficia ecclefiaftica cum cura , &
fine cura fe invicem
compatientia , etiamfi dignitates , perfonatus , adminiftrationes , vel
Offcia in diéíis Ecclefijs , & hujufmodi dignitates curatas , vel eledli-
VSE tuerint fi canonice conferantur, aut eligantur , prefententur
eis
vel alias aíTumantur ad illa , &
inftituantur in eis recipere , quoad &
vixerint retinere libere , & licite valeant, & infuper cum quibufvis
perfonis in vigefimo eoruni etatis anno conftitutis ad obtinendum
imum beneficium eccleíiafticum cum cura , etiamfi Pnrrochialis Eccle^
íia , vel ejus perpetua Vicária , aut alias , ut prefert qualifícatum fue-
,

rit difpenfandi , necnon duodecim Comités Palatinos , & totidem Acco-


litos, iSc Capellanos creandi , ac etiam duodecim in noftros, & apof-
tolica; Sedis Notarios auítoritate apoftolica recipiendi , ac aliorum nof-
trorum , & di3:x Sedis Notariorum , & Accolitorum , Cnpellanorum,
& AuIíE noftrse Lateranenfis Comitum Palatinorum numero , & con-
fortio refpeílive favorabiliter aggregandi , ita quod omnibus, & fin-
gulis privilegijs , prerogativis , honoribus exemptionibus , gratijs ,
,

libertatibus , immunitatibus , & indultis gaudeant , &


utaiitur quibus
alij noftri , & di6i:ae Sedis Notarij , & Accoliti
,
Capcllani , ac AuIêe

noílr£e Lateranenfis Comités Palatini utuntur, potiuntur, & gaudent,


ac uti , potiri, & gaudere poterunt quomodolibet in futurum exhi-
bendique, & exhiberi faciendi eis infignia Notariatus hujuímodi re-
cepto prius tamen ab eis folito juramento , &
decem Milites Auratos,
,,

da Ofa %eal Tortugue^a. 70 J


& Poetas lauratos , ac quafcumquc perfonas fufficientes , idóneos &
volantes, fe ad doéloratus , feu liccnciaturse , &
Bachalaríatus in utro-
que , vel altero Jm ium , &
ad Magifterij tam in Theologia , quam in
Artibiis , &Medicina , vel alias graves prévio examine rigoroíb , &
diligenti , ac fervatis Conftitiitione Viennenfe , & alijs folemnitatibus
in talibiis adhiberi íblitis proniovendi , feu promoveri , atque gradus
hujufmodi , & iníignia folita , &: debita conferendi , acexhibendi, feu
exhiberi , & conferri tacicndi eifque quod omnibus , & íingulis gratijs,
privilegijs , & libertatibus , & indultis quibus alij Milites aurati , ac
per te Laureati , per nos, & Sedem Apoftolicam creati , &
inftituti,
necnon ad hujufmodi gradus in Univerlitatibus íludiorum generalium
juxta illorum ritus , &
mores , ac fervatis fervandis promoti utuntur,
potiuntur , &
gaudent, feu uti potiri , & gaudere poterunt quomo-
,

dolibet in futurum uti potiri & gaudere libere , & licite poílint , &
,

debeant indulgendi. Ac cum triginta perfonis , ut quarcumque duo


curata feu alias iuvicem incompatibilia beneficia ecclefiaftica
, etiamíi ,

Parrochiales Ecclefix , vel earum perpetuae Vicari;^, aut dignitates ,


perfonatus adminiítrationes , vel oíiicia in Cathedralibus etiam Metro«
politaii; vel Collegiatis & dignitates ipfse in Cathedralibus etiam
,

Metropolitan; poft pontificales mayores feu Collegiatis Eccleíijs hu-


jufmodi principales, feu talia mixtim fuerint, & ad dignitates, perfo-
natus , adminiílrationes vel officia hujufmodi coníueverint , qui per
,

eledlionem aílumi , eifque cura immineat animarum íi alias canonice


,

conferantur aut eligantur prefententur , vel alias aíTumantur ad illa


,

& inftituantur in eis recipere , &


infimul quoad vixerint rctinere,
illaque íiinul , vel fucceííive , fimpliciter , vel ex caufa permutationis
quotiens eis placu Tit dimitere , &
loco dimiííis , vel dimiíTorum aliud,
vel alia íimile, vel diííimile, aut íimilia , vel diflimilia beneficiam,
vel beneficia ecclefiaílicum , vel ecclefiaftica duo dumtaxat curata , feu
alias invicem incompatibilia fimiliter recipere, &
infimul etiam quoad
vixerint retinere libere , &
valeant difpenfandi , ac ftatutis
licite
& confuetudinibus , etiam juramento confírmatione apoftolica , vel
quavis firmitate alia roboratis , necnon fundationibus , ac jure patro-
natus Clericorum , &
laicorum mixtim , aut laicorum tantum , etfi lai-
corum tantum , &
illis ex fundatione , vel dotatione competat pro
medietate alioquin , vel fi mixtim in totum derogandi , &
Clericos in
AfFricam in perpetuum , vel ad tempus propter exceífus , crimina&
per eos perpetrata ab Ordinarijs fuis relegatos ab exilio, ad pa- &
triam revocandi , Sc cum condemnatis ad exilium , ut ad illud ire non
teneantur difpenfandi , &
pcnnam ex hujufmodi in aliam pennam
etiam pecuniariam commutandi , ac loco nonnullarum parrochialium
ecclefiarum qu£c in nonnullis locis infignibus in Preceptorias Militise
Jefu Chrifti ereólíE fuerant Preceptorijs ipfis in eis fuppreífis , ex- &
tinclis alias íimiles Preceptorias in aíijs parrochialibus Ecclefijs alio-
rum locorum de ipfius Régis confenfu eligendi , S-z ílirrogandi , nec-
non quibufvis Mulieribus honeftis , ut quíecumque Monafteria , do- &
mos Monialium quorumcumque etiam obfervantia clauftralis exempta,
& non exempta quomodocunique reclufa cum tribus matronis etiam
Tom. V. Uuuu ho-
70 tf provas do Lh» X. da Hijloria Çenealogica

honeftis de confenfii divílis Monafterijs, & doinibus pre-


earum qux
fuerunt dummodo perno6lent
ibidem n devotionis cauía quater in
^

anno ingredi valeant , necnon íingulis quadragerimalibus , alijs an- &


ni diebus , & temporibus quibi s uíus carnium , butiri , ovoruin , &
aliorum laéliciniorum , & jure prohibitis butiro , ovis , cafeo , &
tempore neceíTitatis , ac de utriufque Medici confilio carnibus utendi,
vecendi , & fruendi , quodque vifitando unam , vel duas Ecclefias , feii
unum , vel duo, aut tria, feu plura Altaria Civitatum , feu locoruni
in quibus Stationes petentes moram trahere contigeritque duxerint
eligenda ei(dem quadragefimalibus , & alijs anni diebus , & tempori-
bus , quibus Stationes in Urbem , & extra muros ejus celebrantur om-
nes , & finguhis indulgentias , & peccatorum remiíliones quas vifitan-
tes iingulas didlse Urbis , & extra eam exiftentes Ecclefias pro Statio-
nibus hujuímodi vifitari folitas confequuntur confequendi , ac interef-
fentibus duabus miíTis per te in Ecclefijs coram Rege, íeu Regina,
aut alijs quibufcumque perfonis folemniter celebrandis , leu faltem il-
lis qui benediftioni per te fuper populum poft miílas hujufmodi elar-
giendi interfuerint plenariam indulgeiítiam relaxandi , Sc confequendi,
& prediítis facultatibus
, &
gratijs , conceíTionibus , & indultis ergo
familiares tuos contínuos conmenfales, etiamíi de Regnis , domi- &
jiijs prediólis non fuerint utendi , ac omnes , &
fingulos quibus gra-
tiam ex indulto hujuímodi juxta facultatem tibi conceíTam conceíTeris,
feu erga quos hujufmodi uteris facultatibus à quibufcumque excom-
iiiunicationis ,
fufpenfionis , &
interdidi , alijfque ecclefiafticis fenten-
tijs , cenfuris
, & vel ab homine quavis occafione , vel
penis à jure ,

caufa latis, quibus, quomodolibet innodati erunt, etfi forfan in illis


infra annum inforduerint , aut pro re judicata excommunicati fuerint
ad eífe(£l:um gratiarum per te eis concedendarum dumtaxat abfolven-
di , &
ablblutum forc cenfendi , necnon omnia , &: fingula beneficia
ecclefiaftica cum cura , &
fine cura quse finguli prediéli etiam ex qui-
bufvis difpenfationibus apoftolicis obtinebunt, &
expeflabunt , ac in
quibus , & ad ç\ux vis eis quomodolibet competet quíECumque quot-
cumque , & qualiacumque fuerint ,
,
eorumque fruóluum
reddituum ,
& proventuum veros annuos valores, ac hujufmodi difpenfationum te-
nores fimiliter ad eífeótuum hujuímodi gratiarum , & literarum tua-
rum defuper confíciendarum validitatc pro expreíTis habendi irritum
quoque &
inane , íi fecus fuper hijs à quoquam quavis auéloritate
,

fcienter , vel ignoranter attemptari contigerit decernendi premiíTis,


ac quibufvis literis felicis recordationis Sixti PP. IV. quibus inter
alia caveri dicitur expreíTe
,
quod Nuntij Sedis prasdiítx pro tempore
deputati , etiam cum poteílate Legati de latcre eorum facultate, tam
quoad beneficia conferenda , quam difpcnfationes , Sc alias gratias per
eos concedendas uti non poíllnt eis quíEvis claufulíK in lacultatibus hu-
jufmodi Nuntij appofita^ adverfus di6l:as literas unquani nullatenus fuí-
íragentur , ac fimilia noflra , necnon quibufcunque fpecialibus , vel ge-
neral ibus refervationibus benefíciorum pro tempore faílis , necnon de-
feíflibus prediflis , ac de unionibus commitendis ad partes , de fur- &
rogandis collitigantibus , de &
annali poíTeíTore quoad primam par-
tem ,
,,

tem , necnon Vicncn; Pi^tavicn; Lateran; Sc generalis Concilioruin


coiiílitutionibus , 8z ordinntionibus apoftolicis , ac Cancellarie regil'-
lis, 8c Eccleíiarum
, Monallcriorum , locorum , & Ordinum quorum-
cumquc, etinm juramento confiriiiatioiíe apoftolica vel qiiavis firmi- ,

tate alia roboratis Statiitis , S: confuctudinibus , privilegijs quoque


8z indultis , ac litcris npoí>olicis per Sedem predi6í:am , ejus lega- &
tos ordinibuv Monallerijs predidlis conceílis ktiíííme derogandi
, £c
necnon gratijs expc^ativis quibuíVis perlbnis , etiam familiaribus
continuis , cc^mmenlhlibus noíliis , vel alijs conceílis, Sc concedendis
iit conccíÍJs fibi fiicultatibus , & aiicloritatibus iiti valeas derogandi

iliafque fuípendendi quoad vacatura beneficia per te vigore prefen-


tium conferenda , ceterifque nequaqiiam obftantibus contrarijs auélo-r
ritatc apoílolica tcnore prefentium concedimus facultatem , volumus
autem quod illi quibus beneficia rcfervata , &
alia qua^cumque quo-
rum fruélus, redditus , &
proventus viginti quatuor ducatorum auri
de Can'.ara fccundum extimationcm predidtam exceíFerint infra fex
menfes novara provifionem à Sede Apoílolica impetrare , literas de- &
fuper cxpedirc , ac omnia jura Camera! apoílolicae debita perfolvere
tcneantur alioquin beneficia ipla eo ipíb vacent , &
vacare cenfeantur^
Nos enim tibi , ut in literis quas fuper premiííis gratijs per te con-
cedi , &
expediri contigerit literas facultatum hujufmodi inferi face-
re minime tenearis ; quodque tua aíTertio in omnibus , per omnia &
fufficiat perinde , ac íi liter^e facultatum prazdidtarum in litcris per
te expedicndis , &
concedendis pra:di6lis de verbo ad verbum infertíE
forent audtoritate , & tenore prediólis de fpecialis dono gratiíe indul-
gemus non obílantibus omnibus íupradidlis. Datum Romre in Arce
Sanéti Angeli Anno Incarnationis Dominica^ Milleíimo quingentefimo
vigeíimo feptimo , Quarto Idus Julij , Pontificatus noílri Anno quar-
to.
E aprefentada aíli a dita Bulla a mym
dito Notairo, pelo dito
Senhor D. Martinho como dito he , que me requereo da parte de S.
Sanílidade , que do trelado delia de verbo ad verbum lhe deíTe ex
officio meo humpublico Inílromento , a qual Bulla eu Notário trela-
dey ncíle publico Inílromento , o qual trelado vai todo certo , e col-
larionado , e o publiquei , e em eíla publica forma o reduzi ; teíle*
niunhas que a efto prefentes foraô Joham Machado Cónego na See
de Vifeu , e Pedro Ribeiro chamados , e rogados. E eu Luis Gon-
çalves Botafogo Clérigo natural da Cidade Devora , publico per apof-
tolica auéloritate Notário , que a todo fui prefente , e efte trelado de
minha própria maó efcrevi ... e em elle de meu publico , e con-
fueto íinal corroborei rogatus, & requifitus. Ludovicus G. B. N. Ap.

Tom. V. Uuuu ii Erecção


70 8 T?rovas do Liv. X. da Hijloria (jeneaUgica

Erecça^õ da Igreja do Funchal j em Archiepi/copal , e Primacial,


de que erad fuffraganeos os Bi/pos de Angra , Caho-Verde , e
S. Tliomè , in Colled. Bullar. Lufit. pag. pp,

PAULUS PAPA III.

Ad perpetuam rei memoriam.

^"^^"^ Pontificis circunfpeélio provida nonnunquam per ejus


Num. T? PrícdeceíTores
JtV gefta fuadentibus rationabilibus caufis alterat,
,

, ,
An. 1539» & immutat, ac defuper difponit prout Catholicorum Regum vota
,

expofcunt & locorum ac perfonarum qualitatibus penfatis confpi-


, , ,
cit ín Domino falubriter expedire.
§. I Dudumfiquidem , poftquam Felicis recordationis Leo Papa X.
PraedeceíTor nofter , procurante claríE memoriae Emmanuele Portugal-
liíE , & Algarbiorum Rege , qui tunc in humanis agens , multas Ter-
ras , Províncias , &
Infulas à Capitibus de Bojador ufque ad Indos
poíTidebat , in quibus nullus Epifcopus, qui ea , quse erant juriíUi61:io-
nis Epifcopalis , exerceret , habebatur excepto Vicario pro tempore
exiftente Oppidi de Thomar , nullius dioeceíis , qui frater Militias
JESU Chrifti Ciftercieníis Ordinis exiltebat , jurifdidlionem Epif-&
copalem inter alia in diítis Terris , Provincijs , & Infulis ex privile-
gio Apoftolico olim fibi conceílb habebat Viçariam ejufdem Oppidi:

de Thomar de confenfu bonae memorize Didaci Pinheyro olim Epif-


copi Funchalenfis , tunc in humanis agentis , ipíius Òppidi Vicarij
Apoílolicâ au6toritate fuppreíTerat , &
extinxerat , ac tunc Parochia-
lem Ecciefiam Sandias Marise per eundem Emmanuclem Regem in Ci-
vitate de Funchal in Infula de Madeyra in mari Oceano fita confiden-
te fundatam , in qua unus Vicarius Frater dito MilitiíE , & nonnuUi
Benefíciati Presbyteri íseculares Beneficia Ecclefiaftica Portiones nun-
cupata , obtinentes exiftcbant , in Cathedralem Ecciefiam cum Sede
Epifcopali , & Capitulari menfis , alijfque Cathcdralibus infigiiijs, ho-
noribus , &
pr^eminentijs , ac in ea unum Decanatum , qui inibi,
poíl Pontifícalem major pro uno Decano qui curam Capituli habe-
,
ret , ac unum Archidiaconatum pro uno Archidiacono , necnon unam
,

Cantoriam pro uno Cantore , & unam Thefaurariam pro uno Thefau-
rario , & unam Scholaftriam pro uno Scholaftico non majores poft
Pontifícalem inibi Dignitates ; necnon duodecim Canonicatus , & to-
tidem Príebendas pro duodecim Canonicis , qui cum Decano , Archi-
diacono , Cantore , Thefaurario , & Scholaftico prasfatis , Capitulum
ipfius Ecclefiaí conftitueret, erexerat , inftituerat. &
§. 2 Ipfique EcclefiíE de Funchal omnia , &
fingula frufVus reddi-
tus , proventus , &
emolumenta , quít Vicarius de Thomar pro tem-
pore exiftens ex jurifdidlione , &
Vicária íupprefia hujufmodi perci-
piebat y necnon annuos redditus quingentorum Ducatorum auri de Ca-
mera
,

da Cafa ^eal Tortugiiei^a. 7^9


mera ex annuis redditibus ad ipfiim Emmanuelem Regem in ipfa In-
ibia de i^.íadcyra Ipe^tantibus , de ipfius Emmanuelis Régis confenfu;
necnon pro Dignitatum , ac Canonicatuum , & Prxbendarum prosdi-
(Slorum dote, bona alias á\õ:\s Beneficijs pro illorum dote aíTignataj
perpetuo applicaverat , & appropriaverat.
§. 3 Ac Civitatem praídidlam pro Civitate ; necnon illius difl-ri-
(Hrum , feu tcrritorium cum pra^dióla de Madeyra ac omnibus alijs ,

Infulis, Terris , Proviiicijs , &


locis qiiibufcunque di6lo Vicario fub-
jeclis, & quíc de jure, privilegio , vel indulto Apoftolico fubjici de-
bebant, ac Caftris , &
Villis in diÒiis Infulis, Terris, Provincijs , &
locis confiíleiítibus pro necnon omnes , & íingulos Cleri-
dioeceíis ;

cos , & quorunvis Ordinum Religiolbs pro Clero incolafque & ha-*
, ,

bitatores ipíarum Civitatis , Sc dioeceíis de Funchal pro populo con-


ceíTerat , & aííignaverat. Ac Jus Patronatus , & pra^íentandi Romano
Ponti fiei pro tempore exifíenti períonam idoneam ad eandem Eccle-
íiam Fuíichalenfem dum illam pro tempore vacare contingeret, prx-
,

fato Emmanueli , & pro tempore exiftenti Portugallia^ , & Algarbio-


rum Regi ad effe(Slum , ut eidem Èccleíiíe de períbna per Regem no-
minanda hujufmodi , & non alias per eundem Leonem , & fucceíTores
fuos providere deberet. Ad Dignitates vero , ac Canonicatus , &
Pr£Ebendas hujufmodi pro tempore exiftenti Magiftro dito Militiae
ad quem Jus Patronatus , feu prjefentandi ad diífta Beneficia , dum
pro tempore vacabant pertinebat
,
inftitutionem autein eidem Epif-
copo Funchalenfi pro tempore exiftenti perpetuo reíbrvaverat. Ac
eidem Ecclefisc fic eredlce , ab ejus priinseva ere£l:ione hujufmodi tunc
vacanti de perfona príefati Didaci di6lâ audoritate providerat , prse-
íiciendo ipfum illi in Epifcopum , «Sc Paftorem , Ecclefia Funchalen-
íis prxdiéta per obitum praefati Didaci Epifcopi extra Romanam Ca-

riam vitâ funóti Paftoris folatio deftituta.


§. 4 Cúm charifíimus in Chrifto Filius nofter Joannes modernus
Portugalli^e , & Algarbiorum Rex lUuftris , prsfati Emmanuelis Ré-
gis Natus , & fucceííbr pio afFedlu , defideraret in dioecefi Funchalenfi
hujufmodi, in qua populi multitudo , concedente Domino, reliólis
eorum prophanis ritibus , &
erroribus, ad orthodoxa; Fidei culturn
converfa fuifte dignofcebantur , divinum culturn ampliari , & anima-
rum falutem propagari , aliquas Cathedrales , necnon unam Metropo-
litanam , cui íIIíe Metropolitico jure fubeftent , Ecclcfias erigi pia:
memorias Clemens Papa VII. etiam PrsEdecellbr nofter , habita , fu-
per his cum Venerabilibus Fratribus noftris S. R. E. Cardinalibus ,
de quorum numero tunc erauius , deliberatione matura, ac de illorum
concilio Eccleíiam Funchalenfem pra:di£lam per obitum Didaci Epif-
copi hujufmodi, ut prsemititur, vacantem , in Metropolitanam , ac In-
diarum , omniumque , & íingularum pro dioccefi ipfius Ecclefia: Fun-
chalenfis aíTignatarum , ac Cícterarum tempcralis ditionis Portugallise
Infularum , Provinciarum , & Tcrrarum Novarum catenus repcrtarum,
& in futurum reperiendarum , ac EccJcíiariim Civitatum, S: Dioece-
,

íium in eis pro tempore erigendarum Primatialem , cum Archiepifco-


pali , & Primaciali dignitatc pra:eminentia , juriílliclione , fuperiori-
,
tate,
,,

71 o Trovas do Lh. X. da Hijlorta (jenealoglca

tate , audoritate , & Crucis delatione , & alijs Metropoliticis , & Pn-
matialibus infignijs , remanentibus in ea Dignitatibus , Canonicatibus,
& Prxbendis , ac Beneficijs , & Officijs , cseterifque omnibus , & fin-
gulis inibi per di6lum Leonem PrísdeceíTorem inílitutis , & ordinatis,
Apoílolica audtoritate erexit , & inftituit , illiufque Prcxfiilem pro tem-
pore exiftentem Archiepifcopiim , necnon Indiarum , Infularum , Pro-
vinGiarum , & Terrarum prícdiélarum , ac Ecciefiarum , Civitatum ,
& Dioeceíium in eis pro tempore erigendarum Primatem conílitiiit
& deputavit.
§. 5 Et infuper in Tertia in illius Oppido , Angria nuncupato,
Sanfti Salvatoris , fub San6li Salvatons ; necnon in Saníli Jacobi de
Cabo- Verde , in ea parte, quse Ribeira Grande nuncupatur, Sandti
Jacobi fub ejufdem Santli Jacobi de Cabo- Verde necnon in Sanéli
Thomx Beatíc MariíE de Gratia íub Saníti Thomas , in de Goa &
nuncupatis , in difto inari Oceano confiftentibus Iníulis , qjua; inter
alia diílíe Ecciefíse Funchaleníi in illius ereítione hujufmodi pro ejus
dioecefi aífignatíe fuerant SandtíE CathariníE íub ejurdem Sanitas Ca-
tharinsE de Goa invocationibus Parochiales in Cathedrales Ecclefias
cum Sede , Epifcopali ,& &
Capitulari menfis , ac certis Dignitati-
bus; necnon Canonicatibus, &
Prícbendis , alijfqus Cathedratibus in-
íignijs tunc expreííis , &
loca , leu Pagos , in quibus ipfíE Parochiales
EccleíiíE coníiftebant , in Civitates , quíE Sanfti Salvatoris , Sandli &
Jacobi de Cabo- Verde , ac San£l:i Thoma; , Sandíe Catharinas de &
Goa relpeftive nuncuparentur , íimilibus coníilio , auótoritate ere- &
xit , & inftituit.
§. 6 Ac
poft flumen de Cavagala in Africa prope caput , fcu Pro-
montorium Viride , omnes , &
fingulas reliquas terras , Provincias, &
tam in Africa, quâm in Afia, ac príEdi6l:as , alias tunc exprelfas, &
illis adjacentes Infulas antea dioecelis Funchaleiifís , cum omnibus, &
fingulis illarum Caftris , ac Villis, Locis , Diftri6libus ; necnon &
Clero, & Populo, perfonis Hofpitalibus,
Ecclefiafticis ,
Álonafterijs ,

& alijs pijs locis, & cum cura, fine cura


Beneficijs Ecclefiafticis &
ííEcularibus , &
quorunvis Ordinum Regularibus , ab eadern Ecclcfia
feu Archiepifcopali menfa Funchalenfi perpetuo difmcmbravit , fe- &
paravit , ipfifque Ecclefijs fie eredlis , loca, feu Pagos, fie in Civi-
tates ereéia , vel ereéVos pro earum Civitatibus , ac Infulas , par- &
tes terrít continentis difmembratas hujufmodi pro fingularum earun-
dem diftridtibus , Dioecefibus , &
Territorijs , ac omnes , fingulos &
Clericos , &
Religiofos pro Clero , Incolafque , habitatores illa- &
rum Civitatum , &
Dioecefium pro populo , refpedlivê concefíit , &
afllgnavit. Necnon eifdem Ecclefijs fie ereííis omnia , fingula red- &
ditus , &
emolumenta Epifcopalia , quíE Epifcopus Funchalenfis ex
eifdem Infulis percipiebat , feu peixipere poterat , tam illis , quâm &
Dignitatibus , ac Canonicatibus , &
Pra^bendis pricdiílis pro illarum
dote alios tunc expreflbs annuos redditus refpeélive perpetuo aplica-
v^it , &
appropriavit.
§. 7 Ac dioecefis ipfius Ecclefiíe Funchalenfis diólis Infulis, Ter-
ris
, Provincijs , & Locis , ac jurifdidionibus Vicarij hujufmodi à di-
da Cafa ^eal TortugueiS^a» 711
éla Ecclefia Funchalenfi , ut pr9:n-!Ítitur , fcparatis, ipíius dioeccíis
per totam de Madeira , <Sc de Porto Saneio , has Defertas , & has Sal-
vagines illis adjacentes Iiiílilas ; ac eam partem terrx continentis iri
Africa , qii^ à fine dioecefis Zaphienfis ufque ad pricdiílum flumen de
Cavagala prope diíluin Capiit , leu Promontorium Viridi , ac prout
à fine diólíe dioeceíis Zaphicnfis protendebatLir ; necnon per univeríbs
Terras de Braíil , quíe ò regione Africa: protendebantur , &: vaílo ma-
ris Oceani tradlu dirimebantur , tam Repertas , quain Reperiendas,
ac per illi adjacentes , qiur aliarum Dioecefium ab eadem Eccleíia
Funchalenfi fcpnratarum hujufmodi non exiftebant , fimiliter Reper-
tas , & Pvepcriendas Infiilas , cum onmibus , & fingulis illarum , &
didlse partis Africx , necnon Tcrrarum de Brafil hujufmodi Caftris ,*
Oppidis , Villis , Locis , & Diftriftibus , necnon Clero , Populo , Ec-
clefijs, Monaftcrijs , &
alijs pijs locis, ac Bcnefícijs Ecclefiafticis cum
cura , &
fine cura íkcularibus , quorunvis Ordinum Regularibus &
de íimili confilio eadem audoritate terminavit , limitavit ; ac Intu- &
ías , &
partem terric in Africa , necnon Terrarum de Brafil hujufmo-
di pro ipfius EcclefiíE Funchalenfis dioecéfi , ac illorum omnes , Sc
íingulos Clericos , &
quorunvis Ordinum Religiofos pro Clero , In-
colaíque, &
habitatores pro populo.
§. o Ac eidem Ecclefiae Funchalenfi índias, Infulas , Províncias,
& Terras Repertas , &
Reperiendas , ac Sau61:i Salvatoris , Sanéti Ja-
cobi de Cabo- Verde , Sanóti ThomíK , Sanita CathariníE de Goa &
ere£Vas , &
alias de novo in illis erisendas Civitates , Dioccefes &
prsedicras pro ejus Archiepifcopali Província , ac Primatia necnoa :

ipfarum Sanéli Salvatoris , &


Sancli Jacobi , ac Sandi Thom.Ts , &
Sandia: Catharin-x de Goa cre61:arum , aliarum in eadem Funchalen- &
fi Província de novo erigendarum Ecclefiarum Pra;latos prasfatos pro

fuis fuífraganeis Epifcopis : Capitula vero Ecclefiarum , ac Clerum ,


& Populum Civitatum , & Dioecefium hujufmodi pro fuis Provincia-
libus Clero, & Populo conceíTit , & afíignavit , ac eos quoad omnia
Metropolitica ,
Archiepifcopalia , & Primatialia fuperioritatem , ju-
rifdiíílionem , &
tempore exiílenti Archiepifcopo Funchalen-
jura pro
fi in pro^diílis ereélis
, & alias pro tempore in Funchalenfi, & ipfius
Província, feu illius fuftVaganeorum hujufmodi Dioecefibus, ac illa-
rum Infulis , Terris,& Locis quse tunc erant, & alias fuerant, eri- ,

gcndas Ecclefias , earumque Prcelatos , Officiales , Vicários , Genera-


Ics , & fpirituales, ac perfonas , non tamen exemptas ; necnon Mo-
nafterios , & illorum Capitula Conventus , & Beneficia Ecclefiaftica
,

qua:cunque, cuiufcunque qualitatis exiílentia , & illa pro tempore ob-


tinentes, univeríoique Clerum, & Populum, fingularumque Civita-
tum , Ik Dioecefium ere6larum , & aliarum de novo erigendarum Ec-
clefiarum hujufmodi omni fuperioritate , auíloritate , prazeminentiâ,
Jurifdiíbione , &
poteftate , quibus aljj Archiepifcopi , Epifcopi , &
Primares infra limites earundem Archiepifcopalium , & Primatiarum
de jure , 6c confuetudine utebantur , potiebantur, & gaudebant , ac
iiti , potiri , & gaudere poterant , libere , & licite uti , potiri , &
gaudere debere ítatuit , Sz ordinavit , ac decrevit.
§• 9
712 Trovas do Liv* X. da Hijloria Çenealogtca
§. 9 Ac eidem Ecclefiae Funchalenfí fic in Metropolitanam , &
Primatialem ereólíc loco ab ea difmembratorum fruétuum , & reddi-
tuum hiijufmodi antiquam quingcntorum Ducatorum illi , ut prsemi-
titur , facl:am applicationem , necnon pro Decanatús , prseter illi per-
petuo annexoium , & reliquaruin quatuor dignitatum hujufmodi , ac
Canonicatuum , & Pr^ebendaruin , uberiori dote annua alios tunc ex-
preííos redditus annuos ad ipTum Joannsm Regem tanquam áidix Mi-
litise Adminiiiratorem in diéla Infula fpevSlantes & pertinentes, ip- ,

íius Joannis Régis Adminiftratoris ad id expreíTo accedente confenfu,


relpeítivê modo , & forma fimiliter tunc expreílis perpetuo appli-
cavit.
§. 10 Necnon eidem Joanni & pro tempore exiftenti Portugal-
,

Vix , & Algarbiorum Regi cui Jus Patronatus & pra:^fentandi per-
, ,

fonam idoneam ad diriam Écclefiam Funchalenfem , ut pra^fertur, per


Sedem Apoftolicam refervatum erat Jus Patronatus , & prícfentandi
,

infra annum propter loci diftantiam eidem Clementi Proi^deceíTori , Sc


pro tempore exiftenti Romano Pontifici perfonam idoneam ad diélam
Funchalenfem Eccleíiam , quoties illius vacatio occurrerit , per dicl:uni
Clementem PrasdeceíTorem , & pro tempore exiftentem Romanum
Pontifícem in ipfius Funchaleníis Archiepiicopum , Primatem , & Paf-
torem , cum diítis Primatiali dignitate , praeeminentia , & honore ad
prsefentationem hujufmodi , & non alias praeficiendum.
§. II Et fimiliter Jus Patronatus, & praefentandi Archiepifcopo
Funchalenfi pro tempore exiftenti aut illius Vicario in fpiritualibus
,

Generali ab eodem Archiepiícopo ad id fpecialem commiííionem ha-


benti , feu uni , vel pluribus perlbnis ad id ab eo pro tempore fpe-
cialiter deputandis de ca:tero perpetuis futuris temporibus fseculares
duntaxat perfonas , tam ad majorem, & alias quatuor Dignitates hu-
jufmodi, non majores poft Pontiíícales , quâm ad Canonicatus , & il-
lorum Prsebendas prícdiélos , quoties illos vacare contigerit ; necnon
ad omnia alia , & fingula ipfius Ecclefiaí , Civitatis , & dicecefis Fun-
chalenfis Beneficia quíEcunque , quotcunque , qualiacunque , ad quíE
omnia antea â'id:x Militia; Magifl^er , feu Adminiílrator pro tempore
exiftens P^egulares perfonas prícfentare confueverat , quoties illa ex
tunc de caetero quibufcunque modis, &
ex quorumcunque perfonis,
etiam apud Sedem Apoftolicam vacare contingeret , per ditSlum Ar-
chiepifcopum , feu ejus Vicarium , aut perfonas ab eo deputaras , hu-
jufmodi etiam extra dioecefim Funchalenfem pr^edidlam conftitutum ,
feu conftitutas ad pra^fentationem hujufmodi inftituendos perpetuo re-
fervavit , & conceífit.
§. 12voUiit, & decrevit, quòd Archiepifcopus , & Primas
Ac
pro tempore exiftens Crucem per totam fuam Proviíitiam deferre , ip-
feque , & ejus Vicarius , feu perfoníE pra^diólas etiam extra dioecefem
Funchalenfem conftitutae pra^fentationes ipfas admitcre
ad illas , &
inftituere poftent ,
perinde ac fi in eadcm Funchalenfi Civitate, &
dioecefi conftituti eftent. Quôdque prxfentatus , inftitutus pro tem- &
pore ad Decanatum hujufmodi infra annum à die illius aíFecutionis
computandum, novam provifionem à Sede Apoftolica impctrare, &
713
jufa Camefíe Apoftolicac ratione illius vacationis debita perfolvere te-
neretur , alioquiu , lapfo di6lo anno , fadlíe dc illis prflereiítationes
nullius eíTent roboris , vel momenti , ipfeque Decanatus ex tunc va-
care cenferetur eo ipfo , inter alia fimilibus confilio , &aiidloritate
perpetuo ftatuit , & ordinavit.
§. 13 Et infuper
, ut Metropolitanus , ac ipfius, & illi fuíFraga-
nearum , & aliarum
per diòlram Provinciam Funchalcnfem erigendarum
Ecclefiarum hujufmodi , ac illarum Civitatum , 8c Dicccefium tanqiiam
Capitis ad membra una , & eadem eíTet proportio , voluit quòd fin-
gularum San6li Salvatoris , SaníSli Jacobi de Cabo- Verde , ac Sandti
ThomíE , & San6líE CathariníE de Goa , ac aliarum in di(5í:a Província
erigendarum Ecclefiarum , Sc illarum Civitatum, & Diceceíium Digni-'
tates obtinentes , Canonici , Benefíciati , Miniftri , Officiales , & per-
fonx quoad Divinorum cclebrationem , minifteria , prascedentias , dif-
tributiones, &
alia quaccunque EcclefiíE Metropolitana Funchaleníi,
ac illius Capitulo, & perlbnis fe in omnibus, Sc per omnia confor-
mare deberent , & ad id tam ipíí , quíim illarum Pr^efules pro tempo-
re exiftentes per Archiepiícopum Funchalenfem pro tempore exiften-
tem cogi , & compelli. Necnon pro tempore exiftenti Archiepifco-
po Funchalenfi fub Interdidli ingreíTus Ecclefiae , ac excommunicatio-
nis latse fententiíc , necnon mille Ducatotum auri Camera: ApoftolicíB
applicandorum eo ipfo incurrendis poenis diftrifliús prsecipiendo man-
davit , quatenus eofdem fuffraganeos , & illorum Capitula , ac alias
perfonas ad omnia , & fingula rupradiâ:a in omnibus , & per omnia
plenariê obfervanda compellerent ; necnon íupradióla , ac omnia , &
íingula alia , qu£e dito MilitiíE pro tempore exiílentibus Officialibus,
& perfonis ratione dito MilitiíK quoad prícmiíTbrum effeéhim quo-
modolibet incumbent per fe, vel alium , feu alios irremiíTibiliter adim-
pleri , & cíEtera omnia , Sc fingula in cre6lione Ecclefiíe Funchalcnfis
hujufmodi ex Parochiali in Cathedralem Ecclefiam , ut pracmititur ere-
õ:x per príefatum Leonem PrícdeceíTorem conceíTa , & dilpofita , ac
in ipfius Leonis , defuper confedlis literis contenta penitus , & om-
nino obfervari voluit. Dccernens ex tunc irritum , & inane quic-
quid íecus fuper his à quoquam quavis auíloritate fcienter , vel ig-
noranter contigerit atentari , prout in literis ipfius PrícdeceíToris de-
fuper confeiSlis pleniús continetur.
§. 14 Cum autem , ficut prícfatus Joannes Rex nobis nuper ex-
poni fecit , intentionis fuíc non íuerit , ut limites dioecefis Goanenfis
hujufmodi modo prsediclo terminarentur , Sc ante ereólionem ipfius Ec-
clefiíE Funchalcnfis in Metropolitanam Jus Patronatus , & prí^fentan-
di perfonas idóneas etiam á\S:x Militise ad Beneficia pracdicla , dum
pro tempore vacabant , ad Magiftrum ejufdem Militiae pro tempore
exifi:entem , ut pracfertur , pertineret Sc tam Funchalcnfis , & alias
erectae Cathedrales Ecclefia: , quâm Beneficia príEdidla ex redditibus
ipfius MilitisE dotata fuerint, nullaque rationabilis caufa fubfiftat , ut
diclarum eretorum , & aliarum in dito Província erigendarum Eccle-
fiarum , & illarum Civitatum , Sc Dioccefium Dignitates obtinentes ,
Canonici , Benefíciati , Miniftri , OíKciales , & Perfoníc , quoad Divi-
Tom. V. Xxxx no rum
,

714 ^^ovas do Liv, X, da Hifloria Çenealogica


norum celebrationem , minifteria ,
praecedentias , diftrihutiones , aut
quíEvis alia ,
Metropolitanas Ecclefix Funchalenfi , ac illius Capitulo,
& Perfonisomnibus fe conformare debeant , & illi , ac illarum
in
Príefules pro tempore exiftentes ad id per ipfum Archiepifcopum pro
tempore exiftentcm cogi poííint ; prsefatus Joannes Rex nobis humi-
Jiter fupplicari fecit , quatenus íuper his ad hoc , iit eredliones hu-
jufmodi debitum juxta ejus votum fortiantur eíFedlum , opportunê
providere de benignitate Apoftolica dignaremur.
§. 15" Nos igitur votis ipfius Joannis Régis, Praeclaris ejus de Se-
de Apoftolica exigentibus meritis , quantum cum Deo poíTumus fa-
vorabiliter annuere , ac literarum Clcmentis PrasdeccíToris hujufmodi
tenores , ac fi de verbo ad verbum , nihil penitus omiíTo , inferti fo-
rent , praefentibus pro expreflis haberi volentcs , hujuímodi fupplica-
tionibus inclinati , audVoritate Apoftolica tenore príEÍentium perpetuo
ftatuimus , & ordinamus , quôd limites Dioeceíis Goanenfis à Capite
de Bona Sperança , ufque ad Indiam inclufive , & ab índia ufque ad
Chinam , cum omnibus locis tam in terra firma, quâm in Infulis, &c
Terris Repertis, &
Reperiendis, confiftentibus , in quibus di(Slus Jo-
annes Rex , ficut accepimus Fortalitia , & plura Oppida , Caftra , &
Loca, ubi plures Chriftiani ad Fideni Ortho Joxam converfí , etiam &
muiti Portugallenfes morantur , & degunt , habere dignofcitur , eo-
dem Joanne Rege id volente , & in hoc confentiente, dummodo per
hoc aliqua alia Dioecefis non ísedatur , incipiant , & terminentur , ac
conftituti fint , & efte cenfeantur. Quodque Jus Patronatus , & príe-
fentandi Archiepifcopo pro tempore exiftenti , ac illius Vicario prae-
fato perfonam idoneam tam ad majorem , & alias quatuor Dignitates
non majores poft Pontificalem , quâm ad Canonicatus , & Prsebendas
praídiélos , quoties illorum vacatio occurrerit , necnon ad omnia , &
íingula alia Funchalenfts , & íingullarum aliarum ercdlarum Ecclefia-
rum pra^diélarum , illarumque Civitatum , & Dioecefium Beneficia Ec-
clefiaftica , quíecunque, quotcunque , & qualiacunque ad qu£e antea
diítx Militiíe , Magifter , feu Adminiftrator pro tempore exiftens pros-
fentare confueverat quoties illa ex nunc de castero quibufcunque mo-
,
dis , & ex quorumcunque perfonis vacare contigerit per ipfum Ar-
,
chiepiícopum , feu Vicarium , ut príefertur, inftituendas, non ad eun-
dem Joannem , & pro tempore exiftentem Regem , fcd adMagiftrum,
feu Adminiftratorem pr^fatíc Militiíc pro tempore exiftentem perti-
neat, & refervatum fit , & effe cenfcatur , ipfcque Magifter, feu Ad-
miniftrator pro tempore exiftens ad majorem , & alias Dignitates
necnon Canonicatus , & Prasbendas prasdidVas , ac omnia , & íingula
alia Funchalenfis
, & fingullarum , aliarum ereíbarum pra:di6í:aruni Ec-
clefiarum Beneficia perfonas dida; Militias alias idóneas prout prius
,
faciebat, prsefentare libere, &
licite valeat , &
prefentationes per eum
ad illa , etiam de Clericis diílse Militise , ac inftitutiones in illis ad
praefentationem hujufmodi, alias ritê , &
rede faélas, validse , ef- &
ficaces exiftant &
fuos efteítus fortiri poftint ,
, debeant. &
§. 16 Quodque San61i Salvatoris , &
Sanéli Jacobi de Cabo- Ver-
de , ac Sandli Thomíe , &
Sandlíc Catharinse de Goa , aliarum in &
dida
715
di£ta Província erigendarum Eccleíiarum Epifcopi , íicut cíeteri Epif*
copi fuffraganei Regni PortugalIiíE fuis Metiopolitanis aftrifti exiítunt,
& non alias quâm prout de jure, ac illarum Civitatum , &Dioece-
íium Dignitates obtinentes , Canonici , Benefíciati , Miniftri , Officia-
les , & PcrfonaL; pro tempore exiftentes quoad Divinorum celebratio-
nem minifteria , príecedentias , diílribiitiones , aut alia qusecunque Ec-
clefiíE Metropolitaiiíe Fiinchaleiífis ,& illius Capitulo, & Períbnis, &
alias quâm prout de jure fe conformare ininimê teneantur, nec ad id,
aut alia prasmilTa obfervanda , feu adimplenda per didtum Archiepif-
copum pro tempore exiíVentem cogi , feu compelJi , neque propterea
fulpcnfionis à Divinis , excommunicationis latas fententiíe , ac mille
Ducatorum príedi^ílis , aut alijs pocnis innodari poífint , &
debeant.
§. 17 Decernentes fic per quofcuiique Judices quavis audoritate
fungentes , (ublatâ eis , quavis aliter interpretandi , &judicandi facul-
tate , & audtoritate , judicari , & definiri debere , necnon irritum , &
inane quicquid fecus fuper his à quoquam quavis aucloritate fcien-
ter , vel ignoranter contigerit atentari.
§. 18 Non obftantibus prsemiííis , ac Conílitutionibus , &Ordina-
tionibus Apoftolicis , necnon omnibus illis , quse prcefatus Ciemens
PrasdeceíTor in diétis fuis literis voluit non obftare , &
quse pr^efen-
tibus pro expreífis , &repetitis haberi volumus, csterifque contrarijs
quibufcunque.
Datum RomsE apud S. Marcum , fub annulo Pifcatoris die 8.
Julij 1539. Pontificatus noílri anno 5.

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