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Aprovado por:
___________________________________
Prof. Jurandyr de Souza Cunha Filho, D. Sc.
___________________________________
Prof. Theodoro Antoun Netto, Ph.D.
____________________________________
Prof. José Luiz Horácio Faccini, D. Sc.
____________________________________
Prof. Su Jian, D. Sc.
ii
Oliveira, Lívia Alves de
Estudo de Escoamentos Bifásicos Gás-Líquido em Tubos
Horizontais e Ligeiramente Inclinados/ Lívia Alves de
Oliveira. - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2011
X, 107 p. 29,7cm
Orientadores: Su Jian e José Luiz Horácio Faccini
Projeto de Graduação da UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso
de Engenharia do Petróleo, 2011.
Referencias Bibliográcas: p. 85-91.
1. Escoamentos Bifásicos 2. Regimes de Escoamento
3. Escoamento Intermitente 4. Sistema ar-água I. Jian, Su.
II. Horácio Faccini, José Luiz. III. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia do Petróleo.
IV. Título (série)
iii
Agradecimentos
Aos meus pais, Tito e Sonia, meu irmão, Yuri, pelo suporte.
Ao professor Su Jian, pela grande paciência, incentivo, apoio e ótimos momen-
tos que me proporcionou ao longo dos últimos dois anos e meio da graduação.
Ao José Luiz Horácio Faccini, por toda a instrução e experiência que procurou
me transmitir nos trabalhos no Laboratório de Termo-hidráulica.
Ao Jurandyr de Souza Cunha Filho, pelos conselhos, assistência e atenção
dispensados.
Aos amigos do curso de Engenharia de Petróleo - especialmente ao Breno e à
Tatiana - que tanto me ajudaram a chegar até aqui.
E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a conclusão desse
trabalho.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Petróleo.
Setembro/2011
v
Abstract of an Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as partial fulll-
ment of the requirements for the Engineers degree.
September/2011
Multiphase ows are present at various stages of oil production: recovery, lift,
owlines and even export to reneries. The existing phases can be organized in
dierent ways inside the pipe and knowledge of these schemes is extremely impor-
tant for calculation of pressure gradients, holdup, etc.. The intermittent ow is
quite relevant to the industry as it is often undesirable for generating high pres-
sure, uctuation in ow rates, inecient in primary processing and/or operational
problems.
This work carried out an experimental study of the gas-liquid two-phase ow
in horizontal and slightly inclined pipes with a high speed visualization technique.
The ow visualization was performed to upward ow (5◦ and 10◦ ) and downward
ow (2.5◦ , 5◦ and 10◦ ), as well as horizontal ow. From the obtained images, inter-
mittent ow parameters were measured (elongated bubbles and slugs velocity and
length) and the ow regimes were identied (except the annular ow), to analyse
the eect of inclination angles in the boundaries of regime transition . Models of
ow regimes available in the literature have been implemented and the parameters
of the intermittent ow were calculated by correlations in order to compare with
experimental data.
vi
Sumário
Resumo v
Abstract vi
Lista de Figuras x
1 Introdução 1
1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
3 Revisão Bibliográca 9
3.1 Técnicas de Medição em Escoamentos Multifásicos . . . . . . . . . . . 9
3.1.1 Técnicas Invasivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.1.2 Técnicas Invasivas Indiretas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.1.3 Técnicas Não Invasivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.2 Mecanismos de Transição de Regimes de Escoamento . . . . . . . . . 17
3.3 Mapas de Regimes de Escoamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.4 Escoamento Intermitente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
vii
4 Métodos Experimentais 36
4.1 Instalação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.1.1 Planta para Testes Bifásicos Horizontais e Inclinados . . . . . 36
4.2 Técnica Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2.1 Sistema de Visualização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2.2 Descrição dos Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . 45
4.2.3 Correções Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
viii
7 Conclusões e Sugestões 83
7.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
7.2 Sugestões de Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Referências Bibliográcas 86
ix
Lista de Figuras
x
5.3 Fluxograma com o raciocínio usado para o mapa de Taitel e Dukler
(1976) para escoamento horizontal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
xi
6.13 Comparação entre a velocidade translacional da bolha alongada me-
dida pelo sistema de visualização e a correlação de Bendiksen (1984)
para o escoamento ascendente de 10◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
6.14 Comparação entre a velocidade translacional da bolha alongada me-
dida pelo sistema de visualização e a correlação de Cook e Behnia
(2001) para o escoamento ascendente de 10◦ . . . . . . . . . . . . . . . 74
6.15 Comprimentos das bolhas alongadas em função da velocidade super-
cial do gás. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
6.16 Correlação de Cook e Behnia (2000) para estabilidade de pistão de
líquido e pontos experimentais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
6.17 Pers da cauda da bolha alongada para escoamento ascendente de 10◦ . 76
6.18 Pers do nariz da bolha alongada para escoamento ascendente de 10◦ . 77
6.19 Localização dos dados experimentais com relação aos mapas de Mand-
hane et al. (1974) e Taitel e Dukler (1976) para escoamento horizontal. 77
6.20 Comparação dos dados experimentais com o mapa de Taitel e Dukler
(1976) para o escoamento ascendente de 5◦ . . . . . . . . . . . . . . . 78
6.21 Localização dos dados experimentais com relação ao mapa de Taitel
e Dukler (1976) para o escoamento ascendente de 10◦ . . . . . . . . . . 79
6.22 Localização dos dados experimentais com relação ao mapa de Taitel
e Dukler (1976) para o escoamento descendente de 2, 5◦ . . . . . . . . 80
6.23 Localização dos dados experimentais com relação ao mapa de Taitel
e Dukler (1976) para o escoamento descendente de 5◦ . . . . . . . . . . 81
6.24 Localização dos dados experimentais com relação ao mapa de Taitel
e Dukler (1976) para o escoamento descendente de 10◦ . . . . . . . . . 82
xii
Lista de Tabelas
xiii
Lista de Símbolos
C1 Coeciente de deslizamento
Fr Número de Froude
g Aceleração da gravidade
h Entalpia
xiv
K Grupo de transição de Taitel e Dukler (1976)
N Número de amostras
P Pressão
Re Número de Reynolds
s Coeciente de envoltória
xv
t Tempo
T Temperatura
u Energia interna
UK Velocidade da fase K
UM Velocidade da mistura
V Volume
x Distância
xvi
Y Grupo adimensional de Taitel e Dukler (1976)
αL Hold up
αG Fração de vazio
xvii
Capítulo 1
Introdução
1.1 Motivação
1
sucesso da atividade de produção dos campos de petróleo depende da qualidade
do planejamento das estratégias para desenvolvimento e gerenciamento dos reser-
vatórios. O tipo de poço a ser utilizado, as condições operacionais, características
do reservatório e cenário econômico são algumas das variáveis a serem analisadas
em um projeto.
Nas últimas décadas tem sido crescente o uso de poços horizontais, que jun-
tamente com os poços direcionais, constituem hoje o padrão utilizado na indústria
para poços de desenvolvimento. Isso foi possível devido à evolução das técnicas
de perfuração e de completação, reduzindo problemas técnicos e custos envolvidos,
além do interesse da indústria pelas muitas vantagens apresentadas em relação aos
tradicionais poços verticais. Entre elas podem ser citados o aumento da área ex-
posta ao uxo de hidrocarbonetos, a redução das quedas de pressão, viabilização
economica da exploração de campos oshore em situações onde o posicionamento
das plataformas marítimas de produção é crítico devido às condições adversas do
mar, entre muitas outras.
A limitação de só poder drenar uma zona por poço já foi superada, com poços
horizontais sendo usados para drenar múltiplas zonas através de vários trechos hori-
zontais, em diferentes camadas, perfurados a partir de um mesmo poço vertical ou da
fratura hidráulica de um trecho horizontal do poço previamente cimentado. Porém,
uma outra desvantagem persiste, que é a necessidade de fechamento ou transfor-
mação dos poços horizontais em injetores a partir do momento em que eles atingem
um contato óleo/água. Esses são os próximos desaos a serem superados.
1.2 Objetivo
2
dos regimes de escoamentos (exceto o escoamento anular), observando o efeito dos
ângulos de inclinação nas fronteiras de transição de regime. Modelos de mapas de
regimes de escoamento disponíveis na literatura, Taitel e Dukler (1976) e Mand-
hane et al. (1974), foram implementados e contrapostos com os dados experimentais
obtidos em laboratório. Com isso, algumas conclusões foram remarcadas.
3
Capítulo 2
Fundamentos de Escoamentos
Bifásicos
4
razão para que os experimentos apresentem diferentes resultados de padrões de es-
coamento para condições essencialmente similares. Um dos fatores importantes na
aplicação da técnica de visualização, fotográca ou vídeo, é o ajuste da intensidade
de iluminação e problemas decorrentes de reexões que ocorrem na superfície do
tubo transparente e nas interfaces das fases, induzindo a diferentes interpretações.
Os regimes de escoamentos horizontais podem ser classicados, de acordo com
Mandhane et al. (1974), em:
Este regime está situado dentro dos escoamentos chamados dispersos (Beggs e
Brill (1973)). Nesta conguração as bolhas tendem a escoar na parte superior
do tubo uma vez que a fase dispersa é menos densa do que a contínua. Estas
bolhas podem se apresentar na forma esférica com pequenos diâmetros ou em
tamanhos maiores com formas elípticas alongadas. Quando a velocidade do
líquido aumenta o escoamento tende a se tornar mais disperso e com bolhas
menores. (Figura 2.1).
5
superfície superior do tubo. O padrão e a amplitude das ondas variam com as
variações das vazões das fases gás e líquido e com as propriedades físicas dos
uidos como a densidade e a tensão supercial (Figura 2.1).
6
2.2 Parâmetros multifásicos
Velocidade da Fase
A velocidade da fase UK é denida como a razão entre a vazão volumétrica de
cada fase K (QK ) e a área da seção transversal ocupada por cada fase no tubo
(AK ).
QK
UK = . (2.1)
AK
Velocidade Supercial da Fase
A velocidade supercial da fase UKS é denida como a razão entre a vazão
volumétrica fase K (QK ) e a área total da seção transversal do tubo (AT ).
QK
UKS = . (2.2)
AT
As velocidades superciais das fases gás (UGS ) e líquido (ULS ) correspondem
as velocidades que as fases teriam se estivessem escoando sozinhas no tubo.
Aparecem como variáveis nos eixos coordenados de vários mapas de escoa-
mento.
Velocidade da Mistura
No escoamento bifásico gás-líquido a velocidade da mistura UM é denida como
a soma das velocidades superciais das fases:
QG + QL
UM = UGS + ULS = . (2.3)
AT
Velocidade de Deslizamento
A velocidade de deslizamento (drif t velocity ) é denida como a velocidade do
gás escoando no líquido parado e a simobologia utlizada será V0 .
Número de Froude
O número de Froude é um número adimensional que relaciona o efeito das
forças de inércia com as forças de gravidade que atuam na mistura, sendo
expresso por:
UM 2 (UGS + ULS )2
Fr = = . (2.4)
gD gD
Onde:
7
• g é a aceleração da gravidade,
8
Capítulo 3
Revisão Bibliográca
fásicos
Cunha Filho (2010) fez uma abrangente revisão das técnicas que podem ser
utilizadas na medição de parâmetros de escoamentos bifásicos. O autor as dividiu
em técnicas invasivas, invasivas indiretas e não invasivas.
el
RCel = , (3.1)
Kel
9
O produto RCel relaciona as grandezas elétricas do equipamento com as carac-
terísticas elétricas do meio bifásico. Em escoamentos bifásicos os métodos resistivos
são utilizados com freqüências abaixo de 100 KHz e os métodos capacitivos com
freqüências bem superiores.
a) Método Resistivo
N u = D1 + D2 Re−0,5 , (3.2)
onde:
• N u é o número de Nusselt,
• Re é o número de Reynolds,
10
Segundo Freire et al. (2006) a anemometria de lme-quente AF Q constitui-
se um método de investigação pouco intrusivo devido às pequenas dimensões do
elemento sensível.
Segundo Boyer et al. (2002) a calibração do sensor, isto é, a determinação dos
parâmetros de King, é realizada através de uma técnica de medição por referência,
sendo necessário, por exemplo, um ajuste para cada tipo de regime de escoamento.
Também, é necessária a vericação diária da curva de calibração, pois as caracterís-
ticas do sensor podem variar rapidamente.
b) Método Capacitivo
11
relação ao tempo. Matsui (1984) realizou a identicação de regimes de escoamento
bifásico vertical relacionando propriedades estatísticas com a variação da pressão
diferencial. Tutu (1982) também realizou a identicação de regimes de escoamento
relacionando a raiz quadrada média da utuação de pressão (RMS) com a técnica
estatísitca função densidade de probabilidade. Embora estas técnicas sejam relati-
vamente simples, necessitam de pontos de medição onde é necessário a realização de
furos na tubualação para tomadas de pressão, incorrendo em riscos de vazamento
e interferindo no escoamento em razão da existência de descontinuidade (furos) na
superfície interna da tubulação.
a) Técnica de Visualização
12
mesma técnica para medir a velocidade e o perl de bolhas alongadas no escoamento
pistonado horizontal.
13
b.1) Energia Magnética por Raios-X e Raios Gama
14
diação por raio gama apresenta uma maior penetração e necessita de uma fonte de
alta energia, em torno de 1 MeV, para escoamentos que ocorram grandes mudanças
em sua estrutura, como no escoamento estraticado ondulado, são necessários altos
níveis de energia. Segundo Boyer et al. (2002) o tempo de medição é diretamente
dependente da atividade da fonte, na radiação por raio gama o tempo de medição
em condições industriais pode demandar várias horas.
b.2) Neutrongraa
c) Técnicas Ultra-Sônicas
15
coamentos bifásicos horizontais, verticais e inclinados para medição de velocidades
de fases, altura de interfaces, fração de vazio e comprimento de bolhas alongadas e
outros parâmetros bifásicos.
16
Nesta técnica utiliza-se apenas um transdutor que emite em intervalos periódi-
cos pulsos de ondas ultra-sônicas que atravessam a parede do tubo, propagam-se
através do escoamento, incidem sobre uma interface reetora e retornam ao trans-
dutor pelo mesmo caminho. Da mesma forma que a técnica por transmissão, é
obtido o tempo de trânsito ou da atenuação das ondas ultra-sônicas ao longo do
escoamento. Através do tempo de trânsito da onda ultra-sônica é possível a deter-
minação da posição de interfaces e através da atenuação é possível uma correlação
com a fração de vazio. Conforme descrito no item deste capítulo, Reexão e Trans-
missão de Ondas, as interfaces gás-líquido por apresentam alto coeciente de reexão
apresentam mínima perda de energia durante a reexão. Matikainen et al. (1986)
utilizaram a técnica ultra-sônica pulso-eco para estudo do padrão de reexão do
feixe ultra-sônico sobre bolhas esféricas. Chang e Morala (1990) desenvolveram um
sistema ultra-sônico para medição de parâmetros bifásicos no escoamento horizontal
e vertical utilizando as técnicas por transmissão e pulso-eco.
mento
17
O regime estraticado pode ser subdivido em dois subregimes: estraticado
suave e estraticado ondulado. A formação de ondas na interface gás-líquido suave
ocorre devido à ação do gás escoando sobre o líquido, que geraria um "efeito de
vento", ou seja, o gás cisalhando o líquido. O fenômeno de geração de ondas é
bastante complexo e há bastante controvérsia sobre qual mecanismo de transferência
de energia ocorre. Em Jereys (1925) e Jereys (1926) são introduzidas algumas
idéias sobre geração de ondas. O autor realizou um estudo básico de ondas rasas
em canais inclinados, apontando que as ondas se formariam em uma na camada
de água em regime turbulento e interagiriam com a camada inferior através de um
arrasto turbulento proporcional ao quadrado da velocidade do uido. Este, por
sua vez, equilibraria a componente do peso do uido. O modelo consiste de duas
camadas dinamicamente distintas: uma superfície turbulenta que promove tensões
na camada abaixo e uma região não-turbulenta acima. Desse trabalho resulta a
seguinte equação:
4νL g(ρL − ρG )
(UG − c)2 c > . (3.4)
sρG
Onde:
18
UL
F rL = √ ≥ 1, 5. (3.5)
ghL
Onde:
1/2
(ρL − ρG )gcosθAG
UG > C2 , (3.6)
ρG dAL /dhL
Onde:
hL
C2 = 1 − , (3.7)
D
19
Conforme mencionado anteriormente, após o crescimento das ondas no es-
coamento estraticado, dois regimes diferentes podem surgir: o intermitente ou o
anular. Butterworth (1972) discorreu sobre a inuência do nível de líquido para que
a onda seja "empurrada"para a parede do tubo, o que sugere que este fator seria
o único determinante no desenvolvimento do escoamento intermitente ou anular.
Taitel e Dukler (1976) apontaram a linha de centro do tubo como a fronteira para
o surgimento de um ou outro regime, ou seja, quando a altura de líquido estiver
abaixo, inicia-se o regime anular, acima, o intermitente.
Para altas velocidades de líquido e baixas velocidades de gás, o gás tende a
se misturar no líquido e a transição para o escoamento em bolhas dispersas aparece
quando a turbulência é forte o suciente para sobrepor as forças de empuxo que
tendem a manter o gás no topo do tubo. Taitel e Dukler (1976) utilizaram uma
estimativa das forças devido à turbulência descrita por Levich (1962), para fazer o
equilíbrio com o empuxo.
Abordagem Empírica
Mapas empíricos foram construídos a partir de dados experimentais, como os
de Baker (1954), de Beggs e Brill (1973) e de Mandhane et al. (1974). Em geral, os
mapas empíricos são desenvolvidos a partir de dados experimentais representados
em um par de eixos coordenados formados por grupos adimensionais ou grandezas
20
físicas, tais como as velocidades superciais das fases, os uxos de massa ou de mo-
mento. Na literatura, há um grande número de dados experimentais sobre os regimes
de escoamento, envolvendo principalmente a mistura bifásica ar-água. Existe uma
necessidade de generalizar os dados disponíveis a m de abranger uma faixa mais
ampla de parâmetros, como as propriedades físicas dos uidos, as dimensões da
tubulação e as condições operacionais. A exatidão na determinação das linhas de
transição depende do número de experimentos e da medição dos parâmetros uti-
lizados nos eixos coordenados do mapa. As diferentes classicações dos regimes de
escoamento e os diferentes termos utlizados para designá-los, por diferentes autores,
tornam ainda mais difícil a determinação das linhas de transição.
O mapa de regimes de escoamentos proposto por Mandhane et al. (1974) é
o resultado de uma correlação (uma extensão do estudo de Govier e Aziz (1972))
desenvolvida em concordância com aproximadamente seis mil observações de regimes
de escoamento horizontais. Esse banco de dados experimentais expressivo abrange
uma larga faixa de parâmetros, conforme pode ser visto na Tabela 3.1. O mapa é
bem aceito e utilizado por muitos pesquisadores. Uma observação importante a ser
feita é o fato de a maioria dos dados terem sido coletados para escoamentos de ar e
água em tubos de 12, 7 a 154, 9 mm de diâmetro interno, o que resulta em fronteiras
de transição substancialmente dependentes desses sistemas. Dentro desse conjunto
de observações experimentais para escoamentos horizontais, ainda foi separado um
grupo de interesse de sistemas ar-água, cujos parâmetros estão dispostos na Tabela
3.2. Posteriormente foram introduzidas correções para as propriedades físicas de
outros uidos a m de ampliar a abrangência do mapa.
21
Tabela 3.1: Faixa de abrangência dos parâmetros usados por Mandhane et al. (1974)
para escoamentos horizontais.
Parâmetro Valores
Diâmetro interno do tubo (D) 0, 0127-0, 1549 m
Densidade da fase líquida (ρL ) 704, 8122-1009, 1630 kg/m3
Densidade da fase gás (ρG ) 0, 8009-50, 4581 kg/m3
Viscosidade da fase líquida (µL ) 0, 0003-0, 09 P a.s
Viscosidade da fase gasosa (µG ) 0, 00001-0, 000022 P a.s
Tensão supercial (σ ) 0, 024-0, 103 N/m
Velocidade supercial do líquido (ULS ) 0, 000914-7, 3152 m/s
Velocidade supercial do gás (UGS ) 0, 04267-170, 688 m/s
22
Tabela 3.2: Faixa de abrangência dos parâmetros usados como critério para os
sistemas ar-água.
Parâmetro Valores
Densidade da fase líquida (ρL ) 961, 1-1041, 2 kg/m3
Densidade da fase gasosa (ρG ) 1, 0412-1, 4417 kg/m3
Viscosidade da fase líquida (µL ) 0, 00075-0, 0011 P a.s
Viscosidade da fase gasosa (µG ) 0, 000017-0, 00002 P a.s
Tensão Supercial (σ ) 0, 069-0, 073 N/m
Abordagem Teórica
Os mapas teóricos são desenvolvidos a partir de modelos que expressam
matematicamente os mecanismos de transição dos regimes, baseados apenas em
23
conceitos físicos. Pouco ou nenhum tipo de dado experimental é usado na sua ela-
boração.
Os mecanismos de transição de regimes de escoamentos descritos na seção an-
terior foram utilizados por inúmeros autores no esforço de formular um modelo físico
capaz de predizer analiticamente os regimes de escoamento e suas fronteiras. Taitel
e Dukler (1976), Husain e Weisman (1978), Kadambi (1982) e Lin e Hanratty (1986)
desenvolveram modelos voltados para escoamentos horizontais e levemente inclina-
dos em tubos. Barnea et al. (1985) dirigiram seu estudo ao escoamento inclinado
ascendente, enquanto Barnea et al. (1982) se voltaram para o escoamento inclinado
descendente. Barnea (1987) construiu um raciocínio lógico para determinação sis-
temática dos regimes de escoamento que abrange todos as vazões, as geometrias do
duto, os ângulos de inclinação e as propriedades físicas dos uidos. Ou seja, trata-
se de um método geral para prever o regime de escoamento a partir de critérios
de transição de regimes discutidos anteriormente na literatura, através de equações
algébricas ou mapas adimensionais.
Taitel e Dukler (1976) desenvolveram uma abordagem mecanicista associando
as seguintes variáveis importantes nos processos de transição de regimes de escoa-
mentos: vazão mássica do gás e do líquido, propriedades físicas dos uidos, diâmetro
da tubulação e seu ângulo de inclinação com a horizontal. A análise de Taitel e Duk-
ler (1976) considera as condições para a transição entre cinco regimes de escoamento
básicos: estraticado suave, estraticado ondulado, intermitente (pistonado e slug),
anular com líquido disperso no gás e bolhas dispersas.
A análise parte da condição de existência de um regime estraticado e então,
os mecanismos de transição para os outros regimes são discutidos. A Figura 3.2
representa a condição inicial de um escoamento estraticado em equilíbrio. O ba-
lanço da quantidade de movimento em cada fase fornece uma relação para a queda
de pressão bifásica na condição de equilibrio do escoamento estraticado suave:
dP
−AL − τW L SL + τi Si + ρL gAL sin θ = 0, (3.8)
dx
dP
−AG − τW G SG − τi Si + ρG gAG sin θ = 0, (3.9)
dx
24
Figura 3.2: Condição inicial de um escoamento estraticado em equilibrio segundo
Taitel e Dukler (1976).
SG SL 1 1
τW G − τW L + τi Si + + (ρL − ρG )g sin θ = 0. (3.10)
AG AL AL AG
Onde:
• P é a pressão.
25
v
u −n
u 4CL ULS DρL ρL (ULS )2 s
u D µL 2 |(dP/dx)LS |
X=u −m = , (3.11)
|(dP/dx)GS |
t 2
4CG UGS DρG ρG (UGS )
D µG 2
Onde:
r
ρG
F = UGS , (3.13)
gD (ρL − ρG ) cos α
s
ρG (UGS )2 ρL ULS D
K= , (3.14)
gD (ρL − ρG ) cos α µL
v −n
ρL (ULS )2
u
u 4CL ULS DρL
t D µL 2
T = . (3.15)
(ρL − ρG ) g cos α
26
Posteriormente, esses grupos adimensionais representando as linhas de tran-
sição foram expressos gracamente em termos das velocidades superciais das fases,
como é mostrado para o escoamento horizontal na Figura 3.3.
Figura 3.3: Mapa de Taitel e Dukler (1976) para o escoamento horizontal, ar-água,
25◦ C , 1 atm, D = 2, 5 cm.
27
Figura 3.4: Escoamento horizontal gás-líquido intermitente.
28
abaixo da bolha, durante a transição entre o escoamento pistonado e o escoamento
slug.
O escoamento intermitente é normalmente encontrado em linhas multifásicas
de tubulações de óleo cru/gás, tubulações de caldeiras e trocadores de calor. O
regime pistonado, especicamente, é bastante comum em linhas de escoamento de
campos de petróleo com grandes diâmetros.
p
VN B = C0 UM + V0 = C0 UM + C1 gD , (3.16)
onde:
29
• C0 é o coeciente de distribuição do perl de velocidade,
O que costuma variar de autor para autor são os valores para os parâmetros
C0 e C1 .
Há muita controvérsia quanto ao valor real da velocidade de deslizamento
da bolha (V0 ), no escoamento horizontal. Dukler e Hubbard (1975), Heywood e
Richardson (1979) e Wallis (1969) armaram que ela valeria zero. Porém, alguns au-
tores, entre eles Mattar e Gregory (1974) que trabalharam com ar e óleo, ajustaram
seus dados com uma velocidade de deslizamento não-nula, embora reconhecendo
que um valor não-nulo para V0 não tinha nenhum signicado físico no caso de es-
coamentos horizontais. Bonnecaze et al. (1971) foram os primeiros a tratar da
velocidade de deslizamento máxima, observada nas bolhas de Taylor em ângulos de
inclinação intermediários. Cook e Behnia (2001) concluiram que o comprimento da
bolha alongada não inuencia essa velocidade, como já havia sido observado por
Dimitrescu (1943) e Davies e Taylor (1950), além de determinar que ela atinge seu
máximo nas inclinações entre 30◦ e 45◦ .
Bendiksen (1984) realizou uma investigação experimental sobre a propagação
da bolha em função dos seguintes parâmetros: o número de Reynolds [5x103 ,105 ],
a velocidade média do líquido (<5 m/s) e o diâmetro da tubulação (24, 2 mm).
Os uidos utilizados foram ar e água, em uma tubulação cujo comprimento total
disponível para o escoamento variava em função do ângulo de inclinação analisada:
10 metros para −30◦ ≤θ≤45◦ e 7 metros para θ≥+60◦ . Testes adicionais foram feitos
em tubos de 4 metros, com diâmetros internos de 19, 2 mm e 50, 0 mm, para θ≤0◦ .
A medida das velocidades das bolhas foi realizada através de uma técnica ótica.
Em seu trabalho, Bendiksen (1984) vericou que C0 e V0 são dependentes dos
números de Reynolds (Re) e Froude (F r), como também, da tensão supercial e do
ângulo de inclinação do tubo (θ). Bendiksen (1984) adotou a correlação proposta
por Nicklin et al. (1962) para a velocidade do nariz da bolha e propôs as seguintes
correlações para o escoamento horizontal ou inclinado ascendente (θ ≥ 0◦ ):
30
• F rL < 3, 5:
C1 = 0, 35 sin θ . (3.18)
• F rL ≥ 3, 5:
C0 = 1, 2 , (3.19)
C1 = 0, 35 sin θ . (3.20)
31
As equações 3.21 e 3.22 mostram as correlações para os escoamentos pisto-
nados e para os escoamentos slug, respectivamente. A equação 3.23 mostra o limite
de transição entre os dois regimes, abaixo dessa velocidade de mistura crítica, o
escoamento é pistonado, acima, é slug.
VM B = 1, 0UM + V0 , (3.21)
VM B = 1, 2UM , (3.22)
VM B = 5, 0V0 . (3.23)
32
a distância de separação entre as bolhas anterior e seguinte ao pistão de líquido, da
seguinte forma:
VP P L LP L
= 1, 0 + 0, 56 exp −0, 46 . (3.24)
VF P L D
Com isso, encontraram um valor mínimo para o comprimento de um pistão
de líquido estável, que seria de aproximadamente dez vezes o diâmetro do tubo. A
insensibilidade da razão de velocidades da equação 3.24 à variações na velocidade do
líquido está em acordo qualitativo com os resultados obtidos por Pinto et al. (1998)
para escoamentos verticais.
A função densidade de probabilidade (PDF) dos comprimentos da bolha e do
pistão são largamente distribuidos em torno da média, conforme Grenier (1997).
33
escoava ar e água. A técnica de medição utilizada foi um conjunto de cinco sen-
sores capacitivos ("wire probe"), além de dois sensores condutivos ("rings probes")
para validação dos primeiros. Paralelamente, os autores desenvolveram um modelo
para representar o perl da bolha baseado nas equações de conservação de massa e
momentum de cada fase.
Foi constatado que o perl da bolha permanece praticamente inalterado du-
rante seu movimento. Duas categorias de bolhas puderam ser distinguidas, de acordo
com a sua forma, como aparece na Figura 3.5.
Figura 3.5: Pers que a bolha alongada pode assumir de acordo com Fagundes Netto
et al. (1999).
34
aspecto de estrela cadente.
Conforme o escoamento ganha velocidade, o nariz se alonga e se move em
direção ao centro do tubo (conforme Bendiksen (1984) havia notado), a amplitude
das ondas diminui e a cauda ana e encurta. Grenier (1997) destacou que em
escoamentos de pistões regulares, a cauda pode se desprender da bolha de tempos
em tempos. Isso ocorre porque no escoamento slug, a velocidade de cada bolha oscila
enquanto sucessivas bolhas e pistões de líquido entram pelo tubo. Essa oscilação faz
com que o salto de nível na parte posterior da bolha varie, e quando ele atinge o
topo da tubulação, ocorre a separação da cauda.
Para velocidades altas (F rL > 2), o prolongamento da cauda e a onda esta-
cionária associada ao nariz da bolha desaparecem. Na ausência do prolongamento,
foi observada a entremeação de pequenas bolhas ao nal da bolha alongada, sendo
que o pistão de líquido é livre de bolhas quando há o prolongamento. Ruder e
Hanratty (1990) utilizaram essas características do perl da bolha para denir a
transição entre os regimes de escoamento pistonado e slug. Ou seja, quando há
prolongamento da cauda é o regime de escoamento é o pistonado, quando não há, é
o slug.
Grenier et al. (1997) observaram, assim como Nicklin et al. (1962), que o
perl é independente do comprimento da bolha. Porém, Fagundes Netto et al.
(1999) destacaram que existem valores do número de Froude do líquido (F rL ) in-
termediários, entre 1 e 3, onde a existência do prolongamento da cauda da bolha
depende do comprimento da mesma.
35
Capítulo 4
Métodos Experimentais
4.1 Instalação
36
Figura 4.1: Esquema da planta para testes bifásicos horizontais e inclinados.
37
de aço inoxidável e acrílico, por cinco dispositivos de regulagem, por uma estrutura
rígida formada por dois pers quadrados soldados e por um cavalete.
A tubulação por onde a mistura bifásica escoa (tubos de aço inoxidável e
acrílico) apóia-se em cinco dispositivos de regulagem, que por sua vez são xos
sobre a estrutura rígida de aço, fabricada em perl quadrado de espessura 3, 0 mm.
Esta estrutura é xa ao cavalete, próximo da metade de seu comprimento, cando
todo o sistema em balanço e permitindo assim a mudança do ângulo de inclinação
nos dois sentidos. Para posicionamento do ângulo desejado, o sistema de inclinação
é apoiado em suas extremidades em dois dispositivos de posicionamento de ângulo.
Os dispositivos de regulagem foram fabricados de modo a permitir o ajuste
no do ângulo de inclinação da tubulação, sendo sua regulagem realizada através de
quatro parafusos localizados em sua base.
O cavalete também foi construído em estrutura rígida de perl quadrado, onde
nas extremidades superiores foram montados dois mancais robustos, distantes entre
si de 0, 2 m. Uma barra quadrada de aço inoxidável de 2 12 ” sofreu um processo de
usinagem nas suas extremidades de modo a ser acoplada aos mancais e xada ao
sistema de inclinação, através de soldagem, atuando como pivô. O sistema pode ser
observado na gura 4.2.
Para ajuste no do ângulo de inclinação foi usado um medidor de inclinação
com resolução de 0, 1◦ . Este mesmo medidor também foi utilizado para marcação
do centro do tubo de acrílico, onde uma linha foi posicionada longitudinalmente,
servindo como referência para o sistema de lmagem.
Foi utilizado um misturador PVC acoplado na entrada da tubulação da seção
inclinada, de maneira a acompanhar a mudança de inclinação.
38
Figura 4.2: Sistema de inclinação da seção de testes.
39
Figura 4.3: Sala de controle.
40
lador de pressão FESTO, modelo LR-1/2-D-MIDI, onde a pressão é medida através
de um manômetro do tipo Bourdon, marca Terbrasma. O controle volumétrico do
ar injetado é feito por um manifold, marca FESTO, modelo GRA-1/4-B composto
por quatro válvulas de agulha, permitindo assim um controle preciso da vazão de
ar injetado no misturador. O monitoramento da vazão de ar é realizado através de
dois medidores do tipo rotâmetro montados em paralelo, utilizados de acordo com a
faixa de vazão estudada. Na faixa de vazão de 0, 42 m3 /h a 4, 2 m3 /h é utilizado o
modelo 440 da CONAUT e na faixa de vazão de 1, 2 m3 /h a 12 m3 /h o modelo 400
da CONAUT. A gura mostra o sistema de regulagem e monitoramento da vazão
de ar comprimido, onde são vistos os rotâmetros e o manifold de ar comprimido com
as quatro válvulas de agulha.
41
termômetro de expansão Arma Therm e um manômetro tipo Bourdon OTA, modelo
DIN 16070 que indicam a temperatura e pressão da água antes do misturador.
42
variáveis operacionais.
A menor vazão que a bomba do circuito de água fornece é 0, 2 m3 /h. A menor
vazão que a placa de orício pode medir é 2, 0 m3 /h e a maior vazão que pode ser
medida pelo rotâmetro de água é 1, 0 m3 /h. Portanto, vazões menores que 0, 2 m3 /h
e na faixa entre 1, 0 m3 /h e 1, 5 m3 /h não puderam ser medidas.
43
O sistema de iluminação permite exibilidade de intensidade e direção da luz
de modo a possibilitar a melhor reexão entre as diferentes interfaces da mistura
bifásica. A iluminação adequada é primordial na aplicação da técnica de visual-
ização de modo que se possa denir a posição e o contorno das interfaces com boa
nitidez. A iluminação necessária para lmagem foi fornecida por um reetor Lowel
PRO 250 W e outro Sargent 1000 W, colocados acima e lateralmente em relação a
lente da lmadora e orientados para o trecho de acrílico da seção de testes. Tam-
bém foi posicionado um fundo branco, por detrás do tubo transparente, com a na-
lidade de melhorar o contraste das imagens. O fabricante do sistema de lmagem
fornece tabelas de capacidade de memória, por modelo, em termos da velocidade em
quadros/s, ou seja, para cada velocidade corresponde uma capacidade de armazena-
mento em número de quadros gravados. Então, um compromisso entre velocidade
e memória precisa ser levado em conta para seleção das velocidades das lmagens.
Foi escolhida a faixa de 50 a 500 quadros/s como a mais adequada para as condições
deste trabalho. Uma representação esquemática do sistema de visualização é feita
na Figura 4.5.
44
4.2.2 Descrição dos Procedimentos Experimentais
45
x1 − x 0
VN B = . (4.1)
t1 − t0
A mesma idéia é utilizada para medir a velocidade da cauda da bolha alongada
de gás (VCB ), com a observação de que a cauda tem um comportamento bastante
instável e isso se torna um fator de diculdade.
Esse processo é repetido de forma sequencial e sucessiva. O resultado é uma
planilha com diversos valores de velocidades instantâneas para cada conjunto de
dois pontos marcados. A partir desses dados são obtidos os valores médios das
velocidades. Um exemplo é dado na Tabela 4.1. Essa metodologia é mostrada nas
Figuras 4.6 e 4.7 para o nariz e a cauda da bolha alongada, respectivamente.
Tabela 4.1: Exemplo de valores de velocidade da bolha alongada de gás obtidos pelo
programa da câmera para o contexto da gura 4.6.
46
Cálculo do Comprimento da Bolha Alongada e do Pistão de Líquido
Os valores médios das velocidades da bolha alongada de gás e do pistão de
líquido são utilizados para o cálculo dos comprimentos dos mesmos.
O cálculo da velocidade média da bolha alongada, VM B , é o resultado da média
do somatório entre as velocidades médias do nariz (VN B ) e da cauda (VCB ):
P VN Bi +VCBi
VM B = 2
. (4.2)
N
O pistão de líquido é analisado de forma análoga:
P VF P Li +VP P Li
VM P L = 2
. (4.3)
N
O comprimento da bolha alongada é então obtido através do produto entre a
velocidade média da bolha alongada VM B e o intervalo de tempo decorrido entre os
quadros lmados desde a passagem do nariz da bolha até a detecção da passagem
da sua cauda por um determinado ponto. Este intervalo de tempo pode ser medido
a partir de qualquer ponto do campo visual da imagem, desde que o ponto de início
e m da bolha sejam coincidentes.
O comprimento médio da bolha alongada foi obtido pela equação:
P
VM Bi ∆tBi
LB = . (4.4)
N
onde:
47
P
VM P Li ∆tP Li
LP L = . (4.5)
N
onde:
Erros Sistemáticos
São causados por fontes identicáveis e, em princípio, podem ser eliminados ou
compensados. Estes erros fazem com que as medidas feitas estejam consistentemente
acima ou abaixo do valor real, prejudicando a exatidão da medida. Decorre de uma
imperfeição no equipamento de medição ou no procedimento de medição. Pode
também ser devido a um equipamento não calibrado.
48
dispositivo de amostragem causar uma queda de pressão signicante no gás que
está sendo medido através do rotâmetro. Este último representa o caso do sistema
experimental deste trabalho e a análise dos efeitos da variação da pressão nos valores
de vazão de gás indicados pelo rotâmetro é muito importante.
O rotâmetro utilizado para medir as vazões de ar foi calibrado para o-
perar a uma pressão de 1bar manométrico e durante os experimentos, operou a
1, 15kgf /cm2 .
Urone e Ross (1979) com base no princípio de funcionamento do rotâmetro,
ou seja, no equilíbrio entre as forças de arraste e gravitacional que atuam sobre o
utuador do mesmo, propuseram a equação 4.6 para relacionar as vazões medidas e
reais.
s
Pcal Top ρcal
r
Qreal = Qrot = Qrot . (4.6)
Pop Tcal ρop
Onde:
49
A correção da vazão volumétrica pode ser rescrita:
s r
Pcal Top 2 × 298
Qreal = Qrot = Qrot = 0, 96Qrot . (4.8)
Pop Tcal 2, 15 × 298
u2 − u1 = CV (T2 − T1 ). (4.9)
h2 − h1 = CP (T2 − T1 ). (4.10)
h = u + P V = U + RT. (4.11)
CP − CV = R. (4.12)
CP
γ= . (4.13)
CV
Para o ar nas condições padrões, temos que:
50
J
CP = 1005 . (4.14)
KgK
J
CV = 718 . (4.15)
KgK
Assim, pode-se concluir que para o ar, γ = 1, 4.
Analisando o comportamento da variação do volume de uma bolha imersa
em um líquido com o tempo, conforme é mostrado na Figura 4.8, é sabido que no
instante t = 0 a bolha apresenta raio R0 e pressão PG0 .
3K
R0
PG = PG0 . (4.16)
R
Onde PG é a pressão da bolha num instante t com raio R.
Para um processo adiabático, K =γ e tendo o ar como fase gás, a equação 4.16
passa para a forma:
1,4 4 1,4
(R0 )3 π(R0 )3
PG = PG0 = PG0 3
4 . (4.17)
R3 3
πR3
Colocando a equação 4.17 em termos de vazão, temos:
r
Prot
Qacr = 1,4
Qreal . (4.18)
Pacr
51
Onde:
r
2, 15
Qacr = 1,4
Qreal = 1, 72Qreal . (4.19)
1, 00
Correção Total
Aplicando as duas correções que precisam ser feitas (uma devido a queda de
pressão no próprio rotâmetro e outra devido a queda de pressão na linha), a correção
nal em relação ao valor lido no rotâmetro ca da seguinte forma:
r
2, 15
Qacr = 1,4
Qreal = 1, 72Qreal = 1, 72 × Qrot × 0, 96 = Qrot × 1, 65. (4.20)
1, 00
Erros Aleatórios
Estes erros decorrem de fatores imprevisíveis. São utuações, para cima ou
para baixo, que fazem com que aproximadamente a metade das medidas realizadas
esteja desviada para mais, e a outra metade esteja desviada para menos, afetando a
exatidão da medida. Decorre da limitação do equipamento ou do procedimento de
medição, que impede que medidas exatas sejam tomadas. Nem sempre é possível
identicar as fontes de erros aleatórios.
É feito então, um tratamento estatístico para aferição deste tipo de erro neste
trabalho.
52
Capítulo 5
53
Tabela 5.1: Exemplo de dados de entrada.
Parâmetro/Propriedade Valores
Velocidade supercial do líquido 0, 3048 m/s
Velocidade supercial do gás 3, 048 m/s
Densidade da fase - líquido (ρL ) 881, 0153 kg/m3
Densidade da fase - gás (ρG ) 0, 6407 kg/m3
Viscosidade da fase - líquido (µL ) 0, 005 P a.s
Viscosidade da fase - gás (µG ) 0, 00001 P a.s
Tensão supercial 0, 065 N/m
Ângulo de inclinação (θ) 0◦
0,25 0,2
ρL 72, 4 µL
Y1= , (5.2)
62, 4 σ 1, 0
Tendo estes valores, são feitas uma série de vericações que ao nal especi-
carão qual o regime atingido a partir dos dados de entrada. O raciocínio lógico
utilizado pode ser observado no uxograma da Figura 5.1.
54
Figura 5.1: Fluxograma com o raciocínio lógico do algoritmo de Mandhane et al.
(1974).
55
5.2 Mapa de Taitel e Dukler (1976)
Parâmetro Valores
Diâmetro interno do tubo (D) 0, 0254
Densidade da fase - líquido (ρL ) 998, 2 kg/m3
Densidade da fase - gás (ρG ) 1, 204 kg/m3
Viscosidade da fase - líquido (µL ) 1, 005x10−3 P a.s
Viscosidade da fase - gás (µG ) 1, 81x10−6 P a.s
Ângulos de inclinação (θ) 0◦ ,+5◦ ,+10◦ ,−2, 5◦ ,−5◦ ,−10◦
Cálculos preliminares
O primeiro passo da programação foi escrever as equações preliminares rela-
cionadas ao escoamento, como áreas, perímetros e velocidades de cada fase em função
da altura do lme de líquido adimensionalizada (e
hL ).
h
hL = ,
e (5.3)
D
q
−1
eL = 0, 25[π − cos (2e
A hL − 1) + (2e hL − 1)2 ] ,
hL − 1) 1 − (2e (5.4)
56
q
−1 e
hL − 1)2 ] ,
AG = 0, 25[cos (2hL − 1) − (2hL − 1) 1 − (2e
e e (5.5)
q
Sei = hL − 1)2 ,
1 − (2e (5.8)
Ae
u
eL = , (5.9)
A
eL
Ae
u
eG = . (5.10)
A
eG
" # " !#
S
eL SeG Sei Sei
X2 (e e L )−n u
uL D e2L − (e e G )−m u
uG D e2G + + − 4Y = 0 . (5.11)
AL
e AeG A eL A eG
57
Figura 5.2: Gráco de hL /D versus X para o escoamento horizontal.
58
de UGS e ULS são interpolados para se obter a relação entre estas duas variáveis que
vai constar no mapa.
Transição intermitente/anular
A transição entre o regime intermitente e o anular disperso, como Butterworth
(1972) tratou, depende do nível de líquido para manter o pistão de líquido e formar
o intermitente, ou rompê-lo e formar o anular. Taitel e Dukler (1976) sugerem que
o limite para formação de um ou outro regime seria o nível da linha de centro do
tubo. Acima do centro do tubo, surge o escoamento intermitente e abaixo, o anular.
hL ≤ 0, 5 .
e (5.13)
2
K≥√ √ . (5.14)
ueL u
eG s
Neste caso, a abordagem precisa ser diferente e ao invés de preestabelecer
valores discretos para UGS , o faz-se para ULS . Então segue igualando as equações
3.14 e 5.14, com uma lista de valores discretos para ULS e organizando os valores de
UGS obtidos em pares ordenados.
Neste caso, o procedimento seguido é análogo ao que foi feito para a fronteira
estraticado/intermitente e estraticado/anular. É utilizado um recurso numérico
para obter raízes da igualdade entre as equações 3.15 e 5.15. Ao nal, os pares
59
ordenados de UGS e ULS são interpolados para se obter a relação entre estas duas
variáveis que vai constar no mapa.
60
Figura 5.3: Fluxograma com o raciocínio usado para o mapa de Taitel e Dukler
(1976) para escoamento horizontal.
61
Capítulo 6
Tabela 6.1: Velocidades superciais das fases nos escoamentos horizontal e ascen-
dentes (5◦ e 10◦ ).
62
Velocidade Translacional da Bolha Alongada
Experimentalmente, a velocidade do nariz da bolha alongada é obtida através
da equação 4.1.
As guras 6.1 e 6.2 mostram a comparação da velocidade translacional da
bolha medida pelo sistema de visualização com as correlações de Bendiksen (1984)
e Cook e Behnia (2001) para o escoamento horizontal, em termos da velocidade
supercial de gás com uma velocidade supercial de líquido constante. Os grá-
cos mostram que para uma velocidade supercial de líquido constante, a velocidade
translacional da bolha alongada aumenta com o incremento da velocidade super-
cial de gás, indicando uma relação linear entre essas duas variáveis. Apesar desse
comportamento linear dos dados experimentais equivalente ao que é fornecido pelas
correlações, nota-se que para maiores velocidades de gás a diferença entre esses va-
lores se torna mais signicativa. Isso demonstra que as correlações não representam
de maneira satisfatória as condições de trabalho do laboratório.
63
Figura 6.2: Comparação entre a velocidade translacional da bolha alongada medida
pelo sistema de visualização e pela correlação de Cook e Behnia (2001) para o
escoamento horizontal.
64
Figura 6.3: Comprimentos das bolhas alongadas em função da velocidade supercial
do gás.
65
Perl da Bolha Alongada
A gura 6.5 mostra os pers da cauda da bolha alongada para o escoamento
horizontal. Para uma velocidade supercial de líquido constante, observa-se que
a cauda ca mais aerada, enquanto que para uma velocidade supercial de gás
constante, a cauda da bolha perde o alongamento. Ao observar os pers do nariz da
bolha alongada, na gura 6.6, é nítido o arredondamento para as menores velocidades
de gás e a movimentação do mesmo em direção à linha de centro do tubo conforme
a velocidade da mistura aumenta. Essas observações são compatíveis com as feitas
por Bendiksen (1984) e Fagundes Netto et al. (1999).
66
Figura 6.6: Pers do nariz da bolha alongada para escoamento horizontal.
67
Figura 6.7: Comparação entre a velocidade translacional da bolha alongada medida
pelo sistema de visualização e a correlação de Bendiksen (1984) para o escoamento
ascendente de 5◦ .
68
Comprimento da Bolha Alongada e do Pistão de Líquido
Analogamente ao que foi feito para os escoamentos horizontais, na gura 6.9
são mostrados os comprimentos das bolhas alongadas com as respectivas velocidades
superciais do gás. Mais uma vez é possível obsservar uma relação entre essas duas
variáveis, que aparenta ser linear.
69
Figura 6.10: Correlação de Cook e Behnia (2000) para estabilidade de pistão de
líquido e pontos experimentais.
pequenas bolhas. Sobre os pers do nariz da bolha alongada, na gura 6.12, mais
uma vez é visto o arredondamento para as menores velocidades de gás e a movi-
mentação do mesmo em direção à linha de centro do tubo conforme a velocidade da
mistura aumenta. Essas observações são compatíveis com as feitas por Bendiksen
(1984) e Fagundes Netto et al. (1999).
70
Figura 6.11: Pers da cauda da bolha alongada para os testes realizados para es-
coamento ascendente de 5◦ .
71
Figura 6.12: Pers do nariz da bolha alongada para os testes realizados para escoa-
mento ascendente de 5◦ .
72
incremento da velocidade supercial de gás, indicando uma relação linear entre essas
duas variáveis. Análogo ao que foi visto para o escoamento ascendente de 5◦ , pode-se
observar que a correlação de Bendiksen (1984) representa melhor as situações com
as duas menores velocidades superciais de líquido, enquanto a correlação de Cook
e Behnia (2001) representa melhor a situação com maior velocidade supercial de
líquido em comparação com Bendiksen (1984).
73
Figura 6.14: Comparação entre a velocidade translacional da bolha alongada me-
dida pelo sistema de visualização e a correlação de Cook e Behnia (2001) para o
escoamento ascendente de 10◦ .
74
Figura 6.16: Correlação de Cook e Behnia (2000) para estabilidade de pistão de
líquido e pontos experimentais.
75
Figura 6.17: Pers da cauda da bolha alongada para escoamento ascendente de 10◦ .
76
Figura 6.18: Pers do nariz da bolha alongada para escoamento ascendente de 10◦ .
Figura 6.19: Localização dos dados experimentais com relação aos mapas de Mand-
hane et al. (1974) e Taitel e Dukler (1976) para escoamento horizontal.
77
estraticado. Como pode ser visto na Figura 6.20, essas condições tão restritas para
atingir o escoamento estraticado não puderam ser reproduzidas em laboratório.
Figura 6.20: Comparação dos dados experimentais com o mapa de Taitel e Dukler
(1976) para o escoamento ascendente de 5◦ .
78
Figura 6.21: Localização dos dados experimentais com relação ao mapa de Taitel e
Dukler (1976) para o escoamento ascendente de 10◦ .
79
Figura 6.22: Localização dos dados experimentais com relação ao mapa de Taitel e
Dukler (1976) para o escoamento descendente de 2, 5◦ .
80
Figura 6.23: Localização dos dados experimentais com relação ao mapa de Taitel e
Dukler (1976) para o escoamento descendente de 5◦ .
81
Figura 6.24: Localização dos dados experimentais com relação ao mapa de Taitel e
Dukler (1976) para o escoamento descendente de 10◦ .
82
Capítulo 7
Conclusões e Sugestões
7.1 Conclusões
83
correlações de Bendiksen (1984), Cook e Behnia (2000) e Cook e Behnia (2001)
apresentou boa concordância , exceto nos casos de velocidades superciais do
gás altas.
84
Pela análise dos mapas de regimes de escoamento gerados numericamente as
seguintes conclusões foram obtidas:
85
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