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Graduando em Direito pela Faculdade Estácio - Carapicuíba; Carapicuíba/São Paulo
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A finalidade das penas não é atormentar e afligir um ser sensível (...) O seu fim (...) é
apenas impedir que o réu cause novos danos aos seus concidadãos e dissuadir os outros
de fazer o mesmo e para que uma pena produza o seu efeito, basta que o mal que ela
mesmo inflige exceda o bem que nasce do delito.2
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BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e Das Penas. São Paulo: Quartier Latin 2005
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1. CONCEITO
1.2.2.Terceirização e co-gestão
2. EFICIÊNCIA
Não há que se falar em eficiência, uma vez que a norma que autoriza o seu
funcionamento é inconstitucional. Ao falar de eficiência, devemos observar qual a
ontologia da expressão, qual a função de uma prisão, ressocializar um condenado
a fim de se tornar uma pessoa melhor e prover o convívio ou gerar lucros e divisas.
A pergunta pode ser respondida analisando os resultados do modelo, podemos
traçar um binômio entre deveres e direitos dos presos que estão presentes na LEP,
cumprindo estes requisitos seria legal manter uma carceragem privada, onde a
ressocialização, educação e trabalho sejam providos com qualidade e por um preço
competitivo, que seriam observados com bons indicadores de ressocialização e
falta de reincidência. No caso da situação do Estado do Amazonas não é
observado estes requisitos, onde o sistema ainda continua muito oneroso e
violento, porém em Minas Gerais os valores são próximos a realidade de outros
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G1 - GLOBO – Disponível em:
<http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2017/01/rebeliao-no-compaj-chega-ao-fim-com-mais-de-5
0-mortes-diz-ssp-am.html>. Acesso em: 05 abr. 2019.
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O modelo por sí só mostra-se muito rentável, uma vez que há receita por
diversos meios, estatal e privado, e sua experiência nos países desenvolvidos
sendo promissor para o país sua implantação em larga escala, porém, onde o
número de presos faz o valor aumentar em dois ângulos, e assim
consequentemente quanto mais presos, mais receita, o que faria o mercado induzir
o aumento carcerário, sendo regulada por um mercado de flagrante ilegalidade.
outra seria socializar o indivíduo, todos os direitos dos presos são expressos no art.
41 da LEP, que indica as condições da prisão e gestão do presos, como
fornecimento de um ambiente higiênico, trabalho e educação, entre outra série de
direitos para sua melhora, a efetivação deste artigo pressupõe que o indivíduo pode
se reintegrar, assim sendo este o maior objetivo a ser perseguido pelo Estado, e a
empresa que se submeter a tutelar essa competência do Estado deve o fazer com
os mesmos princípios, criando assim o ideário assim exposto por Beccaria 4e
Foucault, que traduz em uma linguagem contemporânea esses princípios, onde a
punição ‘gentil’ representa o distanciamento da força, sendo uma prisão mais
humanista e voltada ao corpo, e evoluindo o intelecto do agente para uma vida
social, seria a instituição prisional mais uma etapa para a criação do “corpo dócil”, a
mentalidade empresarial visa apenas o lucro, mas, por se tratar de uma atividade
delegada ao Estado, tutelado pelo privado, a busca por esses objetivos deve ser
evidente e assim removendo qualquer estereótipo que possa haver. Na experiência
em Minas Gerais há grandes resultados, ausência de violência e fugas, que levam
a acreditar que o sistema pode ser vantajoso para a sociedade em diversos
aspectos sendo necessário que sigam-se os princípios da administração pública
com regras claras e inteligíveis, indo de encontro com uma realidade combatida por
Foucault em seu zeitgeist.
3. CONTROVÉRSIAS
O modelo por sí só mostra-se muito rentável, uma vez que há receita por
diversos meios, estatal e privado, e sua experiência nos países desenvolvidos
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BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e Das Penas. São Paulo: Quartier Latin 2005
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FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão 36ª ed. Petrópolis: Vozes, 2009
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mostra ser uma modelo muito promissor, porém, onde o número de presos faz o
valor aumentar em dois ângulos, e assim consequentemente quanto mais presos,
mais receita, o que faria o mercado induzir o aumento carcerário.
Uma das maiores críticas nesse modelo diz a respeito do modo como o
presídio mantém a gestão dos presos, no caso de Ribeirão das Neves, não é muito
claro como o agente prisional terceirizado agiria em um possível distúrbio, a
administração também oferece assistência jurídica, neste caso em um possível
reclamação, o preso reportaria a um advogado contratado pela mesma, o que pode
caracterizar um patrocínio infiel por parte do profissional. Outra controvérsia seria a
seleção, que contribui para melhores indicadores, não mostrando que se o modelo
fosse implementado em escala nacional funcionaria perfeitamente.
4.CONSTITUCIONALIDADE
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UNITED STATES COURT OF APPEALS FOR THE THIRD CIRCUIT NO. 11-3277: United States
of America v. Mark Ciavarella, Jr., Appellant" United States Courts. May 24, 2013
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desta tutela para tais empresas, a Secretaria de Administração Penitenciária é um
órgão governamental que responde diretamente a Secretária de Segurança
Pública, no caso de uma privatização teríamos uma empresa respondendo
diretamente a Secretária de Segurança Pública, deste modo nos faz pensar, temos
a figura das Guardas Municipais, que não estão no ról do art. 144, mas ainda assim
possuem o poder de polícia, que foi garantido pela Lei 13.022/14,
infraconstitucional, abrindo precedente para outros atores que não estejam no ról
do art. 144 exercerem também o poder de polícia com o estabelecimento de lei,
ainda que não estejam expressamente no texto constitucional, como a figura do
carcereiro na administração privada, que seria responsável pela garantia da ordem
e monopólio da força para contendas internas, onde deveria ser o monopólio do
Estado.
Delegar empresas para tal atividade seria o mesmo que o Estado delegar o
poder de polícia, ou o poder de punir que há vedação legal nos dispositivos
presentes na Lei 11.079/2004. Tais normas foram instituídas para que traga maior
segurança jurídica quanto ao alcance do poder de punir do Estado, limitando sua
delegação, e a regulação de atividades jurisdicionais do Estado.
BIBLIOGRAFIA
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e Das Penas. São Paulo: Quartier Latin 2005
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão 36ª ed. Petrópolis: Vozes, 2009
UNITED STATES COURT OF APPEALS FOR THE THIRD CIRCUIT NO. 11-3277: United States of
America v. Mark Ciavarella, Jr., Appellant United States Courts. 24 de maio de 2013