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Logaritmo
Expoente a que se deve elevar um número tomado como base para se obter outro número.
O gráfico do logaritmo na base 2[1] atravessa o eixo das abcissas em x = 1 e passa pelos pontos com
coordenadas (2, 1), (4, 2) e (8, 3). O gráfico se aproxima do eixo das ordenadas, mas não chega a tocá-lo.[2]
.
O logaritmo da base 10 (b = 10) é chamado de logaritmo comum (ou decimal) e tem
diversas aplicações na ciência e engenharia. O logaritmo natural (ou neperiano) tem a
constante irracional e (≈ 2,718) como base e é utilizado na matemática pura,
principalmente em cálculo diferencial. Ainda há o logaritmo binário, no qual se usa
base 2 (b = 2), que é importante para a ciência da computação.[5]
O conceito de logaritmo foi introduzido por John Napier no início do século XVII a fim
de simplificar cálculos, daí a nomenclatura logaritmo neperiano.[6] Ele foi rapidamente
adotado por navegadores, cientistas, engenheiros e outros profissionais para facilitar
seus cálculos, através do uso de réguas de cálculo e tabelas logarítmicas. Algumas
etapas tediosas da multiplicação com vários dígitos podem ser substituídas por
consultas a tabelas ou por somas mais simples devido ao fato de o logaritmo de um
produto ser o somatório dos logaritmos dos fatores:[7]
Razão e definição
Exponenciação
Definição
O logaritmo de um número positivo real , na base , é o expoente pelo qual deve ser
elevado para se chegar a , sendo é número positivo real diferente de .[20] Em outras
palavras, o logaritmo de na base é a solução de na equação : [21]
onde
é a base do logaritmo;
é o logaritmando;
é o próprio logaritmo;
Sendo pronunciado como "o logaritmo de na base ".[22]
Exemplos
, visto que .
porque:
[24]
Identidades logarítmicas
Fórmula[30] Exemplo
produto
quociente
potência
raiz
Mudança de base
O logaritmo logb(x) pode ser calculado a partir dos logaritmos de x e de b, ambos com
uma base arbitrária k, utilizando a seguinte fórmula:[31][32]
Bases particulares
Entre todas as opções para a base, três são particularmente comuns. Essas são 10, 2 e
a constante irracional e. Na análise matemática, o uso do logaritmo de base e é
generalizado por causa de suas particulares propriedades analíticas. Por outro lado, o
uso da base 10 é mais fácil para cálculos manuais no sistema de números decimais.
[36]
História
Antecessores
De Napier a Euler
O método dos logaritmos foi proposto publicamente em 1614 por John Napier, em um
livro intitulado Mirifici Logarithmorum Canonis Descriptio (Descrição da maravilhosa
regra dos logaritmos).[53][54] Joost Bürgi construiu uma tabela de potências com base
muito próxima a 1, e esta tabela fornecia uma boa correspondência entre os inteiros 1-
10 (ou 10-100, etc.) e expoentes que podiam ser somados. Esta tabela foi impressa
(mas talvez não publicada) em 1620. Entretanto, Bürgi não definiu uma função
abstrata contínua como Napier, e também não resolveu a precisão das interpolações, o
que também foi trabalhado por Napier.
Johannes Kepler, que usou tabelas de logaritmos extensivamente para compilar o seu
Ephemeris, que depois dedicou a Napier,[55][55] observou:
A hipérbole y = 1/x (curva vermelha) e sua área dada por x = 1 a 6 (hachurada de laranja).
O logaritmo natural foi descrito primeiramente pelo alemão Nikolaus Mercator em sua
obra Logarithmotechnia,[61] publicada em 1668, embora o professor de matemática
John Speidell, em 1619, já tivesse elaborado uma tabela explicando o que eram os
logaritmos naturais com base no trabalho de Napier.[62] Por volta de 1730, Leonhard
Euler definiu a função exponencial e o logaritmo natural por
[63]
Tabelas de logaritmos
e
Para cálculos manuais que demandam precisões apreciáveis, realizar a pesquisa dos
dois logaritmos (na tabela logarítmica), realizar sua soma ou diferença e localizar o
antilogaritmo na tabela[71] é muito mais rápido do que a multiplicação por métodos
anteriores, tal como o prosthaphaeresis, que depende das identidades trigonométricas.
Cálculos de potências e raízes são reduzidos à multiplicação ou à divisão da seguinte
maneira:[72]
Régua de cálculo
Outra aplicação crítica foi a régua de cálculo, um par de escalas logarítmicas utilizadas
para cálculos, da seguinte maneira:[75]
Representação esquemática de uma régua de cálculo. Neste exemplo, colocando 2 na escala inferior e 3
na escala superior, atinge-se 6 pelo produto. Esta régua funciona porque a distância de 1 a x é marcada
proporcionalmente ao logaritmo de x.
A escala logarítmica não deslizante de Edmund Gunter foi desenvolvida logo depois da
invenção de Napier. O padre inglês William Oughtred a aprimorou para criar a régua de
cálculo — um par de escalas logarítmicas móveis, em que os números são colocados
em distâncias proporcionais às diferenças de seus logaritmos. Deslizando-se a escala
superior em relação à escala inferior permite a soma mecânica dos logaritmos.[76] Por
exemplo, colocando-se a distância de 1 a 2 na escala inferior e a distância de 1 a 3 na
escala superior, chega-se na escala inferior ao produto 6.[77] A régua de cálculo foi uma
ferramenta essencial para engenheiros e cientistas até a década de 1970, porque ela
permite, em detrimento da precisão, muito mais rapidez no cálculo que as técnicas
baseadas nas tabelas logarítmicas.[64]
Propriedades analíticas
Um estudo mais profundo dos logaritmos requer o conceito de função: uma relação
entre dois conjuntos, na qual há uma condição entre cada um de seus elementos. Um
exemplo é a função exponencial, na qual a enésima potência de b resulta em um
número real y.[78] Esta função se escreve:
Função logarítmica
Pode-se demonstrar que esta propriedade se aplica à função f(x) = bx. Como f assume
valores positivos arbitrariamente grandes e arbitrariamente pequenos, qualquer
número y > 0 situa-se entre f(x0) e f(x1) para apropriados x0 e x1.[81] Logo, o teorema do
valor intermediário garante que a equação f(x) = y tem uma solução. Além disso, há
apenas uma solução para essa equação, porque a função f é estritamente crescente
(para b > 1) ou estritamente decrescente (para 0 < b < 1).[82]
Função inversa
O gráfico de uma função logarítmica logb(x) (azul) é obtido pela reflexão do gráfico de uma função
exponencial bx (vermelho) em relação à linha diagonal ( x = y).
A fórmula para o logaritmo de uma potência indica que para qualquer número x,
Derivada e integral
As propriedades analíticas das funções passam para suas funções inversas. Então,
como f(x) = bx é uma função diferenciável e contínua, logb(y) também é. Grosso modo,
uma função contínua é diferenciável se seu gráfico não tiver "ângulos". Além disso,
como a derivada de f(x) calcula a ln(b)bx pelas propriedades da função exponencial, a
regra da cadeia implica que a derivada de logb(x) é dada por[82][90]
[96]
Em outras palavras, ln(t) é igual à área entre o eixo das abcissas e o gráfico da função
1/x, variando de x = 1 a x = t, tal como na figura ao lado. Esta é uma consequência do
teorema fundamental do cálculo e do fato de que a derivada de ln(x) é 1/x. As fórmulas
do logaritmo de produtos e potências podem ser derivadas a partir dessa definição
(utilizando como exemplo, ln(tu) = ln(t) + ln(u)):[98]
A igualdade (1) divide a integral em duas partes, enquanto a igualdade (2) mostra a
mudança de variável (w = x/t). Na ilustração abaixo, o desdobramento corresponde à
divisão da área nas partes amarela e azul. Redimensionando a área azul do gráfico à
esquerda no eixo das ordenadas e diminuindo-o no eixo das abcissas pelo mesmo
fator t, conclui-se que seu tamanho é constante; dessa forma, movendo-o
apropriadamente para o gráfico à direita, percebe-se a mesma área em proporções
diferentes.[99]
A soma dos recíprocos dos números naturais, é chamada de série harmônica.[101] Ela
está intimamente relacionada ao logaritmo natural: quando n tende ao infinito, a
diferença converge para um número conhecido como constante de Euler-Mascheroni.
Esta relação auxilia na análise do desempenho de algoritmos tais como os conhecidos
como quicksort.[102]
Isto pode ser verificado demonstrando-se que ele possui o mesmo valor para x=1, e a
mesma derivada.
Transcendência do logaritmo
Todos os números reais que não são números algébricos são chamados de números
transcendentes;[104] por exemplo, o π e o número de Euler são números deste tipo,
porém não é. Quase todos os números reais são números transcendentais. O
logaritmo é um exemplo de uma função transcendental. O Teorema de Gelfond-
Schneider afirma que os logaritmos geralmente assumem valores transcendentais,
isto é, "difíceis".[105]
Cálculo
Logaritmos são uma alternativa fácil de resolver cálculos em alguns casos, por
exemplo, log10(1000) = 3. Geralmente, os logaritmos podem ser calculados usando a
série de potências ou a média aritmética-geométrica , ou serem retirados de uma
tabela de logaritmos pré-calculada, a qual oferece uma precisão definida.[106][107] O
método de Newton, desenvolvido para resolver equações de forma iterativa de maneira
aproximada, também pode ser usado para calcular o logaritmo, porque sua função
inversa,[108] a função exponencial, é calculada de maneira eficiente por esse método.
Usando tabelas de consulta, métodos como o algoritmo de Volder podem ser usados
para cálculo de logaritmos se as únicas operações disponíveis são a adição e o
deslocamento aritmético.[109] Além disso, o algoritmo do logaritmo binário calcula o
lb(x) pela recursividade, baseada em repetidas potências de 2 de x, a partir da seguinte
equação:[109]
Série de potências
Série de Taylor
A série de Taylor de ln(z) centralizado em z = 1. A animação mostra as primeiras 10 aproximações
incluindo a nonagésima nona e a centésima estimativa. As aproximações não convergem além da
distância de 1 até o centro.
Para qualquer número real z que satisfaça 0 < z < 2, a seguinte fórmula se aplica:[110]
Esta é uma forma para dizer que ln(z) pode ser aproximado a um valor cada vez mais
preciso a partir da seguinte expressão:[111]
Por exemplo, com z = 1,5, a terceira aproximação equivale a 0,4167, que é cerca de
0,011 maior que a ln(1,5) = 0.405465.[112] Essa série proporciona uma aproximação de
ln(z) com uma precisão arbitrária desde que o número de parcelas seja suficiente. Em
cálculo elementar, ln(z) é, consequentemente, o limite desta série. Isto representa a
série de Taylor do logaritmo natural para z = 1; a série de Taylor de ln z fornece uma
aproximação útil para ln(1+z), quando z é pequeno, |z| < 1, logo[113]
Esta fórmula vale para qualquer valor real z > 0. Utilizando a notação sigma, ela
também pode ser escrita de outro modo:[114]
Tal série pode ser derivada a partir da série de Taylor. Ela converge mais rapidamente
que a série de Taylor, especialmente se z está próximo de 1.[115] Por exemplo, para z =
1,5, os três primeiros termos da segunda série aproximam ln(1,5) com um erro de
cerca de 3 ×10−6. A rápida convergência de z próximo a 1 pode ser aproveitada da
seguinte maneira: dada uma aproximação com baixa precisão y ≈ ln(z) e colocando , o
logaritmo de z é:[116]
Quanto melhor a aproximação inicial y, mais próximo A será de 1, de modo que seu
logaritmo pode ser calculado de maneira mais eficiente. A pode ser calculado
utilizando a série exponencial, que converge rapidamente, desde que y não seja muito
grande.[117] Para se calcular o logaritmo de um valores maiores de z, pode-se reduzir
seu valor, escrevendo z = a · 10b, de modo que ln(z) = ln(a) + b · ln(10).[118]
Média aritmética-geométrica
para garantir a precisão requerida. Um m maior faz com que o cálculo de M(x,y)
requeira mais passos (os valores iniciais de x e y estão mais afastados, logo são
necessários mais passos para convergir), mas dá maior precisão. As constantes π e
ln(2) podem ser calculadas com séries de rápida convergência.[124]
Aplicações
Escalas logarítmicas
Ver artigo principal: Escala logarítmica
Este gráfico logarítmico descreve o valor do marco de ouro alemão em Papiermark durante a hiperinflação
na República de Weimar.
Psicologia
Os logaritmos surgem na teoria das probabilidades: a lei dos grandes números indica
que, para uma moeda honesta, quando o número de lançamentos da moeda tende
para infinito, a proporção observada de caras se aproxima da metade. As oscilações
dessa proporção em torno da metade são descritas pela lei do logaritmo iterado.[144]
Distribuição dos primeiros dígitos das populações dos 237 países do mundo. Os pontos pretos indicam a
distribuição prevista pela lei de Benford.
Por exemplo, para encontrar um número em uma lista ordenada, a pesquisa binária
verifica a entrada do meio e trabalha com a metade antes ou depois da entrada do
meio, se o número ainda não foi encontrado. Este algoritmo exige, em média, log2(N)
comparações, onde N é o tamanho da lista. Similarmente, a ordenação por mistura
(merge sort) classifica uma lista dividindo-a em duas metades e a classifica antes de
ordenar os resultados. Esses algoritmos normalmente requerem um tempo
aproximadamente proporcional a N · log(N). [151] A base desse logaritmo não é
especificada, porque o resultado somente é alterado por um fator constante quando se
utiliza uma outra base. Um fator constante é usualmente desconsiderado na análise de
algoritmos sob o modelo de custo uniforme padrão.[152]
Diz-se que uma função f(x) cresce de modo logarítmico se f(x) é (exatamente ou
aproximadamente) proporcional ao logaritmo de x (entretanto, descrições biológicas
do crescimento de organismos usam este termo para uma função exponencial).[153]
Por exemplo, qualquer número natural N pode ser representado no sistema de
numeração binário com não mais do que log2(N) + 1 bits. Em outras palavras, a
quantidade de memória para armazenar N cresce de modo logarítmico com N.
Entropia e caos
Bolas em uma mesa de bilhar oval. Duas partículas, saindo do centro com um ângulo que difere em um
grau, seguem caminhos que divergem caoticamente por causa das reflexões nas bordas.
Fractais
O triângulo de Sierpinski (na direita) é construído pelo substituição contínua dos triângulos equiláteros por
três triângulos menores.
Os logaritmos são aplicados nas definições das dimensões dos fractais.[157] Fractais
são objetos geométricos que são autossimilares: pequenas partes repetem, pelo
menos aproximadamente, toda a estrutura global. O triângulo de Sierpinski (imagem)
pode ser construído com três cópias dele mesmo, cada pedaço tendo metade da
dimensão original. Isto faz com que a dimensão de Hausdorff desta estrutura seja
log(3)/log(2) ≈ 1,58. Outra noção de dimensão baseada nos logaritmos é obtida pela
contagem do número de caixas (Dimensão de Minkowski–Bouligand) necessário para
cobrir o fractal em questão.[158]
Música
Quatro oitavas diferentes apresentadas em uma escala linear, e em seguida em uma escala logarítmica
(como são ouvidas).
Intervalo
Tom Terça
(os dois tons Terça
72 Semitom? som maior Trítono? som Oitava? som
são ouvidos ao maior? som
? som exata? som
mesmo tempo)
Razão de
frequências r
'’'Número
correspondente
de semitons
Número
correspondente
de cents
no sentido em que a razão entre π(x) e aquela fração aproxima-se de 1 quando x tende
ao infinito.[162] Como consequência, a probabilidade de que um número aleatoriamente
escolhido entre 1 e x seja primo é inversamente proporcional ao número de dígitos
decimais de x. Uma estimativa muito melhor de π(x) é dada pela função logaritmo
integral Li(x), definida por:
A hipótese de Riemann, uma das mais antigas conjecturas matemáticas abertas, pode
ser estabelecida em termos comparativos de π(x) e Li(x).[163] O teorema de Erdős–Kac
descrevendo o número de fatores primos distintos também envolve os logaritmos
naturais.
Este número pode ser utilizado para obter a fórmula de Stirling, uma aproximação do
número n! para valores altos de n.[164]
Generalizações
Logaritmos complexos
O principal ramo do logaritmo complexo, Log(z)[169]. O ponto preto de z = 1 corresponde ao valor absoluto
zero e as cores mais brilhantes (mais saturadas) referem-se aos valores absolutos maiores. O matiz da cor
codifica o argumento de log(z).
Ele está relacionado aos logaritmos naturais pela Li1(z) = −ln(1 − z). Além disso, Lis(1)
é igual à função zeta de Riemann ζ(s).[183]
Ver também
Função exponencial
Referências
↑ Paiva, Manoel (2010). Matemática Paiva 5ª ed. São Paulo: Atual Editora.
p. 280. 422 páginas. ISBN 9788516068301. Consultado em 2 de dezembro de
2014
↑Roseveare, David (2004). Trigonometry . Washington: Hemus. p. 51.
260 páginas. ISBN 8528903990. Consultado em 3 de dezembro de 2014[ligação
inativa]
↑ a bLang 1997, seção IV.2
↑Boucharlat, J. L. (1834). Elementos de cálculo diferencial y de cálculo
integral . Madri: Imprenta Real. p. 42. 436 páginas. Consultado em 3 de
dezembro de 2014
↑Dieudonné, Jean (1969). Foundations of Modern Analysis. 1. [S.l.]: Academic
Press. p. 84
Ligações externas
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