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Aula 2 – Zero das Funções:

Determinar os zeros de uma função significa achar as raízes dessa função, ou seja, são os valores
de x que fazem a função y valer zero (y = 0).

Uma função de primeiro grau, y = ax + b, possui uma única raiz, um único x que faz y = 0:

ax + b = 0

ax = - b

x = - b/a

Uma função de segundo grau, y = ax² + bx + c, possui duas raízes, x 1 e x2 que podem ser obtidas
pela fórmula de Bháskara:

∆ = 𝑏 2 − 4𝑎𝑐

−𝑏 + √∆
𝑥1 =
2𝑎
−𝑏 − √∆
𝑥2 =
2𝑎
Porém, as demais funções não possuem algoritmos que facilitem a obtenção de suas raízes. As
suas raízes devem ser encontradas por outro método:

Método da Dicotomia:

Esse método se baseia no fato de que, se a função vale zero na raiz, números maiores que a raiz
e números menores que a raiz possuem sinais diferentes. Este conceito está definido no
Teorema de Bolzano:

“Se f for uma função contínua num intervalo [a, b] e troca de sinal nos extremos deste intervalo,
então, existe pelo menos uma raiz real de f no intervalo [a, b]”.
No exemplo dado, nota-se que f(xa) é negativo e f(xb) é positivo, então a raiz se encontra entre
x a e xb .

Toma-se então, um valor de x, chamado xc, sendo a média de xa e xb, dividindo o intervalo [a, b],
em dois intervalos, [a, c] e [c, b], de mesmo tamanho, sendo que um deles contém a raiz.

No exemplo dado na figura, verifica-se que f(xa) e f(xc) são negativos, então, a raiz não está neste
intervalo, agora, f(xc) é negativo e f(xb) é positivo, portanto, a raiz se encontra no intervalo [c,
b].

A partir do momento que se sabe o intervalo correto, [c, b], aplica-se novamente o mesmo
processo, em que xd seria a média de xc e xb, criando novamente dois intervalos iguais, [c, d] e
[d, b], e o mesmo raciocínio define o novo intervalo. O intervalo ficará cada vez menor, até que
os extremos do intervalo que contém a raiz estejam tão próximos um do outro com a precisão
que se deseja a raiz.
𝑥
Exemplo: Determine a raiz da função f(x) = 𝑓(𝑥) = 𝑒 𝑥 +
2

O primeiro passo é determinar um intervalo fechado [a, b] que contém a raiz:

x y = e^x + x/2
-1,5 -0,52687
-1,4 -0,45340
-1,3 -0,37747
-1,2 -0,29881
-1,1 -0,21713
-1,0 -0,13212
-0,9 -0,04343
-0,8 0,04933
-0,7 0,14659
-0,6 0,24881
-0,5 0,35653
-0,4 0,47032
Como f(-0,9) é negativo e f(-0,8) é positivo, então a raiz se encontra no intervalo [-0,9; -0,8].
Monta-se uma tabela então, utilizando os extremos xa e xb e o valor médio xc:

Xa f(Xa) Xb f(xb) Xc f(Xc)


-0,9 -0,04343 -0,8 0,04933 -0,85 0,00241

Como o valor de f(xc) é positivo, então o novo intervalo passa a ser [-0,9; -0,85]. A média de -0,9
e – 0,85 é – 0,875, então, calcula-se f(-0,875):

Xa f(Xa) Xb f(xb) Xc f(Xc)


-0,9 -0,04343 -0,8 0,04933 -0,85 0,00241
-0,9 -0,04343 -0,85 0,00241 -0,875 -0,02064

Como o novo valor de f(xc) é negativo, o novo intervalo passa a ser [-0,875; -0,85]. A média deste
intervalo é -0,8625, calcula-se f(-0,8625):

Xa f(Xa) Xb f(xb) Xc f(Xc)


-0,9 -0,04343 -0,8 0,04933 -0,85 0,00241
-0,9 -0,04343 -0,85 0,00241 -0,875 -0,02064
-0,875 -0,02064 -0,85 0,00241 -0,8625 -0,00914

Esse processo é repetido até que f(xc) seja zerado de acordo com o número de casas decimais
que se deseja definir a raiz obtida:

Xa f(Xa) Xb f(xb) Xc f(Xc)


-0,9 -0,04343 -0,8 0,04933 -0,85 0,002414932
-0,9 -0,04343 -0,85 0,00241 -0,875 -0,020637980
-0,875 -0,02064 -0,85 0,00241 -0,8625 -0,009144502
-0,8625 -0,00914 -0,85 0,00241 -0,85625 -0,003373081
-0,85625 -0,00337 -0,85 0,00241 -0,85313 -0,000481155
-0,85313 -0,00049 -0,85 0,00241 -0,85157 0,000964051
-0,85313 -0,00049 -0,85157 0,00096 -0,85235 0,000236686
-0,85313 -0,00049 -0,85235 0,00024 -0,85274 -0,000124582
-0,85274 -0,00012 -0,85235 0,00024 -0,852545 0,000056044

Olhando a tabela de forma completa, na última linha o valor de f(x c), o valor obtido só tem
algarismo significativo na quinta casa decimal, adotando-se uma precisão de quatro casas
decimais, podemos definir que a raiz da função é x = - 0,8525.

Precisão: define o número de casas decimais adequados para um determinado caso.

Iteração: é cada passagem pelo processo, e sua repetição até alcançar o valor desejado de
precisão.

Exercício:

1) Ache, pelo método da dicotomia, a raiz da função f(x) = x³ - x² - 1 que se encontra no intervalo
[-1, -2] com uma precisão de quatro casas decimais.
2) Ache, pelo método da dicotomia, a raiz da função f(x) = x² + 1,95x – 2,09 e se encontra entre
[0, 1] com precisão de três casas decimais.

3) Sabe-se que a função 𝑓(𝑥) = 𝑥 − 3 − 𝑥 −𝑥 tem uma raiz no intervalo [1, 3]. Use o método da
dicotomia e encontre o valor da raiz com precisão de quatro casas decimais.

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