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RESUMO
Esse artigo versa sobre a necessidade, manifesta nas aulas de Educação Física, de
compreender as questões relacionadas ao corpo. Buscamos perceber que o ser
humano não só tem um corpo como ele é o próprio corpo, que pensa o mundo, o
outro e a si próprio. A compreensão de corporalidade por nossos alunos é um
aspecto que deve ser mais abordado para que eles possam compreender que
corporalidade, nada mais é que compreender o fenômeno humano que está
intimamente ligado a sua existência, sua história e cultura mediadas pelo seu corpo.
Nesta perspectiva, buscamos desenvolver nos alunos o autoconhecimento que os
levarão a pensar sobre o corpo na atual sociedade. Por isso, busca-se atingir uma
aprendizagem significativa através das atividades da Unidade didática que foram
aplicadas para os alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual
Geremia Lunardelli na cidade de Lunardelli (PR). Como resultado, verificou-se o
desenvolvimento na perspectiva positiva da imagem corporal, do conhecimento de si
próprio e do outro, da sua importância enquanto sujeito único que faz parte da
construção de uma sociedade e de aceitação de si mesmo como um ser humano
que sente, pensa e age as atividades desenvolvidas contribuíram muito para
aquisição desses conceitos e para que os alunos pudessem compreender sua
importância enquanto ser único e que não só vive na sociedade, mas faz parte de
toda sua construção.
1. INTRODUÇÃO
1
Professora de Educação Física da Rede Pública do Estado do Paraná.
² Professor Adjunto do Departamento de Estudos do Movimento Humano (DEMH) da Universidade
Estadual de Londrina (UEL).
complexo movimento denominamos corporalidade. Trata-se de compreender o
corpo intrinsecamente relacionado ao fenômeno humano, a sua existência, sua
história e cultura. Deste modo, percebemos que o ser humano não só tem um corpo
como ele é o próprio corpo, que pensa o mundo, o outro e a si próprio.
Esta compreensão tem sido perpassada por uma série de coerções sociais
focadas na obtenção de um corpo perfeito, forte, robusto, belo e saudável
colocando em segundo plano o corpo que se comunica por meio dos seus
movimentos, que sente dor, prazer, alegrias, tristezas e outras infinidades de
sensações. Esses constrangimentos não permitem sua plena aceitação e fruição.
Desta forma, é hora de repensarmos sobre o corpo, sobre como ele percebe
o outro e a si mesmo e sobre seu papel na sociedade a qual está inserido. Partindo
da perspectiva das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para a disciplina de
Educação Física defendemos que o corpo deve ser entendido em sua totalidade -
ou seja, “o ser humano é o seu corpo, que sente, pensa e age”- (DCE’S, 2008, p.
54).
O presente trabalho tem um enfoque que parte do conhecimento de si mesmo
a partir da realidade vivida, buscando desenvolver nos alunos o autoconhecimento
através de atividades propostas que os levarão a pensar sobre o corpo na atual
sociedade, tentando modificar a visão de que o corpo é um objeto cheio de moldes
a serem seguidos para manter o padrão de beleza estética ideal que a sociedade
impõe que o transforma em objeto de desejo, porque é bonito, definido, “malhado”,
forte, perfeito! Segundo Pelegrini “esse conjunto de fatores acabou por criar no
imaginário social uma associação entre corpo Ideal e sucesso” (2004, p.5)”.
Para alcançar as intenções anunciadas esse trabalho foi dividido para a
exposição de acordo com o seu processo de construção. Assim, após a elaboração
de um projeto de fundamentação foi dado início na construção de atividades para
serem trabalhadas com os alunos do Ensino Médio.
Posteriormente, ocorreu a confecção da Unidade Didática que são as
atividades escolhidas para aplicação do projeto. Foram escolhidas 15 atividades ao
todo que mesclou teoria e prática na sua realização e sua implementação junto aos
alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Geremia Lunardelli do
município de Lunardelli, Paraná. Por fim, após a descrição dessas etapas realizou
uma reflexão sobre todas as atividades aplicadas e principalmente sobre a visão do
corpo na contemporaneidade que é objeto de estudo deste trabalho.
Segundo a autora podemos perceber como que os cuidados com o corpo vêm
tomando uma proporção desmedida. Isso revela que esses cuidados exagerados,
podem levar o indivíduo a perder a sua identidade corporal por conta de uma
cobrança social e cultural. Podem ser perigosos e causar ao indivíduo alguns
transtornos psíquicos como a Bulimia, a Anorexia, a Vigorexia, o Transtorno
Disfórmico Corporal (TDC), entre outros transtornos que levam o indivíduo a ter uma
insatisfação com a própria imagem e a não ser saudável.
Para Le Breton esses distúrbios são motivados pela:
Preocupação de modificar o olhar sobre si e o olhar dos outros a fim
de sentir-se existir plenamente. Ao mudar o corpo, o indivíduo
pretende mudar sua vida, modificar seu sentimento de identidade
(2003, p. 30).
4. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
A D U N G O T C O M I S
S E N H A B A T I S T U
E S O F R I M E N T O B
V A U C O R P O F Y B N
E S C A T V M O R T E U
R O N D A C E G I L U T
I N T O D O U R A D O R
N H U L E B A B O I G I
O L A D I N V A F E P Ç
P A S O P A I N S S I A
G R A Ç A Y D O B R A O
A J U I N D A T U R Y P
D I A B E L E Z A J O S
W O I A M A R E L O P O
G O I L A M C E F A V O
Décima quarta atividade: Filme vem dançar. Os alunos assistem a este filme
que conta a história de um professor de dança clássica que vai lecionar em uma
escola numa sala de detentos e juntos com o estilo clássico do professor e os estilos
de rua dos alunos de periferia formam umas duplas estilosas de dançar. Após
assistirem, fazer uma análise sobre o filme. Onde aconteceu, qual era o objetivo do
professor, que tipo de sociedade que aqueles alunos viviam como eram suas
relações, qual era a essência da corporalidade daqueles alunos e porque eles
rejeitavam outro tipo de ensinamento. Essas discussões foram realizadas com a sala
toda.
Décima quinta atividade: concurso de dança de salão. Os alunos se juntam
em pares para aprenderem a dançar e o ritmo escolhido foi o xote. Nem todos
participaram desta atividade, mas obtivemos 6 pares. Eles ensaiaram, viram vídeos
do xote, colocaram em prática e apresentaram em sala de aula mesmo entre eles.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ANDRADE, Mônica Rodrigues Maia de; AMARAL, Ana Carolina Soares; FERREIRA,
Maria Elisa Caputo. A Cultura do Corpo Ideal: Prevalência de Insatisfação Corporal
entre Adolescentes. Pisc. Pesq. Juiz de Fora, v 4, n1, 2010. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1982-
12472010000100004&ing=pt&nrm=iso<. Acesso em 05 de jul. de 2013.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar um projeto de pesquisa. São Paulo: Editora
Atlas S.A, 2002.
GUEDES, Cláudia Maria. O corpo desvelado. In. Moreira, Wagner Wey (org). Corpo
res(s). Campinas:Papirus, 1995.