Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
responsabilidade.
Da Estatuária à Arte Pública
Fig. 1
IGMRAF, dito Inventaire du Patrimoine, 1964
1
CHASTEL, André, La Notion de Patrimoine, in, NORA, Pierre (org.), Les Lieux de Mémoire.
La Nation (vol. II), Paris, Gallimard, 1986, p. 405.
2
Idem, ibidem
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 253
3
Sobre a obra de Raymond Abellio, ver o artigo da wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Raymond_abellio. Para maior aprofundamento, veja-se a bibliograia sobre o autor que
transcrevemos no inal.
Revista
pp. 251-275
254 José Guilherme Abreu
Fig. 2
Estruturação senária-septenária da
Ciência do Património, a partir de
Raymond Abellio
Revista
pp. 251-275
256 José Guilherme Abreu
Por esta descrição, pode perceber-se como esse constructo, que numa
primeira leitura poderá parecer ingénuo, por outro lado, é absolutamente
intencional e o seu efeito premeditado, já que ao visitante, primeiro confron-
tado com o amontoado irracional das peças de diferentes épocas patente
na ‘sala de introdução’, é em seguida oferecida uma ordenação cronológica,
que ainal é muito mais do que isso, na medida em que a mesma se concebe
como veículo de uma valoração, patente nos efeitos cénicos da iluminação
4
POULOT, Dominique, Alexandre Lenoir et les Monuments Français, in, NORA, Pierre (dir.),
Les Lieux de Mémoire, La Nation (vol. II), Paris, Gallimard, 1986, p. 504.
5
Ibidem.
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 257
6
Idem, p. 513
Revista
pp. 251-275
258 José Guilherme Abreu
7
Idem, p. 39
8
Idem, pp.39-40.
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 259
Fig. 3 – Alois Riegl, Valores Monumentais em “O Culto Moderno dos Monumentos”, 1903, segundo Frantisek Svoboda
Implicações da Teoria
Revista
pp. 251-275
260 José Guilherme Abreu
9
Seguindo a terminologia classiicatória do ICOMOS, os bens patrimoniais dividem-se em
duas classes antitéticas de bens: Património Material vs Património Intangível, sendo for-
mado o Património Material pelo conjunto de Objetos, Monumentos e Sítios de interesse
patrimonial, com os primeiros, por sua vez a subdividirem-se em bens móveis (ex: pintura
e escultura avulsa) e bens imóveis (ex: pintura mural e escultura a quitetónica), enquanto o
Património Intangível é formado pelas tradições orais, danças, crenças ou ritos imateriais
que integram a vivência cultural de um determinado grupo ou conjunto de grupos
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 261
Da Estatuária
10
PEREIRA, José Fernandes (dir.), Dicionário de Escultura Portuguesa, Editorial Caminho,
2005, Lisboa.
11
Vide, NUNES, Paulo Simões, Arte Pública, In, PEREIRA, José Fernandes, (dir.) Dicionário
de Escultura Portuguesa… pp. 58-64.
12
CALADO, Margarida e SILVA, Jorge Henrique Pais da, Dicionário de Termos de Arte e de
Arquitetura, Editorial Presença, 2005, Lisboa.
13
“Estatuária: 1 Arte de fazer estátuas, nas várias técnicas escultóricas. 2 P. ext. *escultura”,
In, TEIXEIRA, Luís Manuel, Dicionário Ilustrado de Belas-Artes, Editorial Presença, 1985,
Lisboa, p. 105.
Revista
pp. 251-275
262 José Guilherme Abreu
críticos escritos por autores de referência têm sido publicados, como por
exemplo Statues, de Michel Serres, Dieu, le Corps, le Volume, de Luc Richir
e, inalmente, Estatuária, de Alain Kirili, onde este escultor contemporâneo,
pósminimalista, refere:
El deseo de esculpir en bulto redondo, de elaborar un monolito vertical, una
estatua, plantea la pregunta de qué es lo que ha podido prohibir este deseo.
Cuáles son los orígenes y la naturaleza de la censura de la imagen? Para
una mejor comprensión de la iconoclasia moderna habría que examinar la
cuestión de la estatuaria en la Biblia, así como el problema fundamental
de la idolatría. Existe en este punto una relación a analizar en cuanto al
origen puritano que censura la estatuaria y reduce la escultura a su propia
problemática formal.14
14
KIRILI, Alain, Estatuaria, 2003, IVAM Documentos, Valencia, p. 33.
Revista
pp. 251-275
264 José Guilherme Abreu
15
Gilgamesh, 2005, Lisboa, Vega, p. 24, tradução de Pedro Támen a partir do inglês, por N.
K. Sandars, The Epic of Gilgamesh, 1973, Penguin Classics, London.
16
Gilgamesh, 2005, Lisboa, Vega, p. 50, tradução de Pedro Támen a partir do inglês, por N.
K. Sandars, The Epic of Gilgamesh, 1973, Penguin Classics, London.
17
Embora não possa escamotear-se a questão da problemática da tradução de um texto
grafado em caracteres cuneiformes, importa referir que a presente tradução, segue de perto
a tradução de Nancy K Sandars, cuja primeira edição data de 1960, foi revista em 1973,
em cuja edição se baseia a presente tradução, datando a 36ª edição, a mais recente, de
2006. Aluna do eminente arqueólogo Gordon Childe (1892-1957), Nancy Sandars (1914-)
é também uma notável arqueóloga britânica, presentemente com 99 anos de idade, e
destacada especialista na matéria, como se documenta no seu site pessoal (http://www.
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 265
Revista
pp. 251-275
266 José Guilherme Abreu
das artes, estabelece igualmente, por sua vez, dois eixos fundamentais: O
eixo semântico e o eixo imagético.
Fig. 4
Estrutura de classiicação da
Escultura Pública
18
Casos do Federal Art Project (FAP) e do Works Progress Administration (WPA) ambos
criados em 1935.
Revista
pp. 251-275
268 José Guilherme Abreu
Fig. 5
Edward Clark Potter, The Heroic Statue of the
Republic and
Quadriga, World’s Columbian Exposition, 1893,
Chicago, EUA
19
Titulo de una conferência pronunciada, em 1894, por Henry van de Velde, durante a expo-
sição anual dogrupo artístico de Bruxelas “La Libre Esthétique”.
20
VAN DE VELDE, Déblaiement d’art, Bruxelles, Archives d’Architecture Moderne, 1979 (1895),
p. 20.
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 269
Henry van de Velde não estava sozinho neste ideário a favor de uma
nova arte ornamental e aplicada e dedicou-se a projetar obras públicas,
incluindo monumentos escultóricos.
Fig. 6 – Henry van de Velde e Harry Graf Kessler, Memorial a Friedrich Nietzsche, 1910-1914, Weimar, (não construído)
Revista
pp. 251-275
270 José Guilherme Abreu
Esta sociedade de Artes Aplicadas teve relevância não pela sua prática,
uma vez que centrou a sua ação mais na esfera da propaganda do seu ide-
ário do que na promoção de programas de intervenção – ainda que, na sua
origem, tivesse organizado alguns concursos para desenho de “fachadas,
reclames, candelabros, fontes, quiosques e mesmo selos postais”.
O seu mérito foi lograr desencadear um movimento internacional a favor
da Arte Pública, que teve a sua primeira apresentação pública na Exposição
Universal de Bruxelas, em 1897, onde ocupou um espaço de exposição das
suas iniciativas, embora as suas iniciativas não fossem exclusivas, registando-
se outros contributos gizados independentemente do seu movimento.
A sua ação viria a culminar na organização de quatro congressos inter-
nacionais, entre os anos de 1898 e 1910, que se realizaram em Bruxelas,
em 1898, em Paris, em 1900, em Liège, em 1905, e de novo em Bruxelas,
em 1910. Esses Congressos reuniram um grande número de representa-
ções oiciais, as quais compreenderam destacadas iguras dos governos
de países da Europa, da América do Norte o do Sul, e Ásia, entre os quais
se encontrava uma representação oicial do Município de Madrid21, assim
como de dezenas de Câmaras Municipais, entre as quais as de Lisboa e
de Coimbra.
Além disso, três destes congressos produziram importantes catálo-
gos , a partir dos quais é possível traçar as linhas mestras daquele que foi
22
21
Presidida por Enrique Fort, professor na Escuela Superior de Arquitectura de Madrid.
22
AA.VV., Premier Congrès International de l’Art Public tenu a Bruxelles du 24 au 29 septembre
1898. [S.l., Académie Royale des Beaux-Arts., s.d.] ; AA.VV., IIIe Congrès International de
l’Art Public tenu à Liège 12-21 Septembre 1905. [S.l., Académie Royale des Beaux-Arts.,
s.d.]; AA.VV., IVe Congrès International de l’Art Public tenu à Bruxelles, 17- 22 Septembre
1910. [S.l., Académie Royale des Beaux-Arts., s.d.].
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 271
Fig. 7
Société L’OEuvre de l’Art Appliqué à la
Rue et aux Objets de d’Utilité Publique,
Sala na Exposição Internacional de
Bruxelas, 1897
23
AA.VV., Premier Congrès International de l’Art Public tenu a Bruxelles du 24 au 29 septembre
1898. [S.l., Académie Royale des Beaux-Arts., s.d.], s/d, p. 17.
24
AA.VV., Premier Congrès International de l’Art Public tenu a Bruxelles du 24 au 29 sep-
tembre 1898, s/l, s/d ; AA.VV., IIIe Congrès International de l’Art Public tenu à Liège 12-21
Septembre 1905, s/l., s/d ; AA.VV., IVe Congrès International de l’Art Public tenu à Bruxelles,
17-22 Septembre 1910, s/l., s/d ;
Revista
pp. 251-275
272 José Guilherme Abreu
25
«Ce qui frappe surtout c’est l’extrême diversité des sujets qu’on y aborde. L’Art Publique
s’applique aussi bien à l’éducation qu’au théâtre, à la législation, la restauration, les quali-
tés et la profession de l’artiste, la conservation, des sites, le tracé urbain et le l’aspect du
domaine public. Au cours des douze années qui séparent le premier congrès du dernier,
aucun de ces domaines ne s’imposent, même si le nombre de contributions se rapportant
à l’aménagement urbain s’accroit graduellment. » In, SMETS, Marcel, Charles Buls. Les
principes de l’art urbain, 1995, Liège, Pierre Mardaga, p. 146.
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 273
Fig. 8
Coreto, s/d, Praça 8 de Maio, Figueira
da Foz, fotografado em 25-06-2003,
(desmantelado)
26
ARMAJANI, Siah, Maniiesto La Escultura Pública en el Contexto de la Democracia Nor-
teamericana, In, AA.VV, Espacios de Lectura, Barcelona, Museu d’Art Contemporani de
Barcelona, 1995, pp. 35-37.
Revista
pp. 251-275
274 José Guilherme Abreu
Relativamente aos dois últimos, quase tudo está por estudar no País, não
constituindo exceção a nossa própria cidade. Por estudar e pior do que
isso, por preservar, como sucede com o caso do coreto da Figueira da Foz.
De resto, será que poderemos airmar inequívoca e unanimemente que
estes equipamentos públicos são de facto, e de jure, obras de arte?
Bibliograia
Revista
IV série • N.º 20 • 2012/2013
O Património na encruzilhada da identidade e da responsabilidade 275
RIEGL, Aloïs, O Culto Moderno dos Monumentos, 1987 (1903), Visor, Madrid.
SERRES, Michel, Statues. Le second livre des fondations, 1993, Paris, Flammarion.
SMETS, Marcel, Charles Buls. Les principes de l’art urbain, 1995, Liège, Pierre Mardaga.
THIBERT, Marguerite, Le Rôle Social de l’Art d’Après les Saint-Simonians, s/d, (1920),
Librairie des Sciences Economiques et Sociales, Paris.
TIBBE, Lieske, ‘Art and the Beauty of the Earth’: The reception of News from Nowhere
in the Low Countries – English version of: ‘Nieuws uit Nergensoord. Natuursymbo-
liek en de receptie van William Morris in Nederland en België’, In, De Negentiende
Eeuw, 25 (2001), pp. 233-251.
VAN DE VELDE, Henry, Déblaiement d’Art, 1979 (1895), Bruxelles, Archives d’Architecture
Moderne.
Revista
pp. 251-275