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Xavier, Gomes, Nunes & Silva.

Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

ASPECTOS DO FUNCIONAMENTO DE
PERSONALIDADE DE CODEPENDENTES
Aspects of personality functioning of Family co-dependents

Aspectos del funcionamiento de la personalidad de Los codependientes

Maria de Fátima Xavier – Faculdades Integradas Einstein de Limeira - FIEL


Andréia Moreira Gomes – Faculdades Integradas Einstein de Limeira - FIEL
Regiane Aparecida Nunes – Faculdades Integradas Einstein de Limeira - FIEL
Marjorie Cristina Rocha da Silva – Centro Universitário Fundação Instituto de Ensino
para Osasco

Endereço para correspondência:


e-mail: fat-xavier@hotmail.com
andreiagomespsico@gmail.com
regy_nunes@hotmail.com
silvamarjorie@yahoo.com.br

Maria de Fátima Xavier


Possui graduação em Pedagogia e Psicologia, mestrado e doutorado em Psicologia na área de avaliação
psicológica – saúde mental pela Universidade São Francisco (USF) - Itatiba/SP. Atualmente é professora
titular no curso de psicologia das Faculdades Integradas Einstein de Limeira – FIEL.

Andréia Moreira Gomes


Graduação em psicologia no ano de 2013 pelas Faculdades Integradas Einstein de Limeira - FIEL.
Psicóloga clínica.

Regiane Aparecida Nunes


Graduação em psicologia no ano de 2013 pelas Faculdades Integradas Einstein de Limeira - FIEL.
Psicóloga clínica.

Marjorie Cristina Rocha da Silva


Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da
Universidade São Francisco. Docente do Programa de Pós Graduação em Psicologia Educacional do
Centro Universitário Fundação Instituto de Ensino para Osasco. Psicóloga clínica.

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Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

Resumo

Este trabalho objetivou verificar aspectos do funcionamento de personalidade de codependentes


familiares. A pesquisa foi realizada em um grupo de apoio aos familiares de dependentes
químicos de uma cidade do interior do Estado de São Paulo, com 15 pessoas maiores de 18
anos, de ambos os sexos, que mantinham convívio direto com dependentes químicos. Utilizou-
se o questionário sociodemográfico, o Identificação de Codependência e a Bateria Fatorial da
Personalidade (BFP). Foram feitas análises quantitativas e qualitativas acerca das principais
características de personalidade apresentadas. Verificou-se que 9 participantes foram
classificados como codependentes por meio do questionário de identificação do CODA. Quanto
aos dados da BFP destacaram-se aspectos de baixa autoestima, ansiedade, insegurança,
tendência à depressão, vulnerabilidade e instabilidade emocional. Além disso, dificuldade de
identificar ou expressar sentimentos e tomar decisões e propensão à manipulação. Portanto, a
amostra estudada apresentou características condizentes com a literatura científica e tais
resultados apontam para possibilidades de intervenção terapêutica junto aos indivíduos e
familiares.
Palavras-Chave: drogadição; dependência; família.

Abstract

The study aimed to verify aspects of personality functioning of Family co-dependents. Research
was conducted in a support group for families of drug addicts in a country town of São Paulo,
Brazil, consisting of 15 male and female participants over 18 years of age, who were in constant
contact with chemical dependents. A Sociodemographic and Co-dependency Identification
Questionnaire, as well as the Personality Factors Battery (BFP) were used to assess the
participants. Results of main personality attributes’ quantitative and qualitative analysis showed
9 participants as co-dependents through CODA identification questionnaire. For the BFP
results’ main aspects were reduced self-esteem, anxiety, insecurity, tendency to depression,
vulnerability and emotional instability, as well as difficulty in identifying or expressing feelings,
decision-making and tendency to be manipulated by others. Therefore, the sample presented
characteristics according to literature, and results point to possibilities of therapeutic
intervention with patients and their relatives.
Keywords: drug addiction; dependence; family.

Resumen

Este trabajo objetivó verificar los aspectos del funcionamiento de personalidades de


codependientes familiares. La investigación fue realizada en un grupo de apoyo a los familiares
de dependientes químicos de una ciudad del interior de lo estado de San Pablo, con 15 personas
con más de 18 años de ambos los sexos que mantenían convivio directo con dependientes
químicos. Se utilizó el Cuestionario Sociodemográfico, Identificación de Codependencia y la
Batería Factorial de Personalidad (BFP). Análisis cuantitativas y cualitativas han sido hechas al
respecto de las principales características de personalidad presentadas. Se verificó que 9
participantes fueron clasificados como codependientes por medio del cuestionario de
identificación del CODA. Cuanto a los datos de la BFP, destacaron-se aspectos de baja
autoestima, ansiedad, inseguridad, tendencia a la depresión, vulnerabilidad y instabilidad
emocional. Además, dificultad para identificar o expresar sentimientos y tomar decisiones y
propensión a la manipulación. Por lo tanto, la amuestra estudiada presentó características
consistentes con la literatura científica y los resultados indican posibilidades de intervención
terapéutica junto a los individuos y sus familiares.
Palabras clave: drogadicción; dependencia; familia.

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Introdução

A codependência em termos gerais é a dependência excessiva de uma pessoa

com outra, evidenciando-se tanto por uma preocupação acentuada com os problemas e a

vida do outro como na forma em que suas ações são dirigidas ao mesmo. Essa condição

traz prejuízos sociais, desequilíbrio emocional e pode afetar a saúde física. Tais aspectos

podem comprometer suas relações interpessoais (Ballone, 2006).

Vale destacar alguns subtipos de codependência, são elas, conjugal, familiar,

grupal e sexual e, enfatizar, a codependência familiar como foco deste estudo. Essa é

típica em famílias rígidas e fechadas, caracterizada por dificuldades de enfrentar

mudanças. Pode manifestar-se em questões como o alcoolismo e a drogadição, mas

também nas doenças crônicas (Zampieri, 2004).

A codependência é definida como uma condição psicológica, emocional e

comportamental. Destacam-se as características como a baixa autoestima, tendência a se

deprimir quando não elogiado, sentimento de culpa por fazer algo que se beneficie,

vitimização, pessimismo, dificuldade em tomar decisões, entre outros. Quando pessoas

do seu convívio apresentam algum problema pode sentir pena, ansiedade ou culpa,

assim como responsabilizar-se por estes e por seus pensamentos, ações, sentimentos e

até mesmo pelo destino das mesmas. O codependente tanto realiza suas tarefas, como

em alguns momentos faz além do que lhe foi proposto, e pode mostrar-se indeciso em

relação ao que quer, ou dizer a si mesmo que não é importante (Beattie, 2010; Mellody,

Miller & Miller,1995).

Quanto aos aspectos obsessivos, geralmente perde o sono em decorrência dos

problemas alheios, tende a controlar as pessoas vigiando-as secretamente para flagra-

las. Usualmente abandona sua rotina quando chateados com alguma coisa. Em termos

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de controle, apresenta medo de permitir que os outros sejam autênticos e que as coisas

aconteçam de maneira natural. Assim, por meio da manipulação, culpa, impotência e

domínio tenta controlar as pessoas e tudo que as envolvem (Beattie, 2010).

De acordo com o autor supracitado ignora ou nega de forma excessiva os

problemas, acreditando que as situações irão melhorar. Além disso, propende a comer

demasiadamente, ocupar-se com outras tarefas e consultar médicos a procura de

tranquilizantes, evitando, assim, entrar em contato com a realidade. Apresenta

dificuldades em expressar suas necessidades, desejos e emoções. Assim, usualmente

utiliza da mentira para proteger a si e ao outro. Indica, ainda, fraco estabelecimento de

limites.

Além disso, o codependente geralmente não confia em suas decisões,

sentimentos, em si mesmo e em outras pessoas. Costuma sentir-se magoado, com medo

e raiva, e ao acreditar que será abandonado por se sentir assim, reprime tais sentimentos.

Além disso, mostra-se muitas vezes vingativo e comumente apresenta dificuldades

sexuais, transformando o ato sexual em algo apenas técnico (Beattie, 2010; Mellody,

Miller & Miller,1995).

De forma complementar, apresenta dificuldades de entender a dependência do

outro como doença e, assim, costuma-se dar justificativas para este comportamento.

Mostra-se permissivo e queixoso, porém devotado ao outro, indicando necessidade de

ser útil acompanhada de sofrimento e vitimização. Por outro lado, busca excessivamente

controlar os demais, de forma inconsciente, com objetivo de ser gratificado. As

particularidades mais encontradas referem-se à dificuldade de reconhecer ou exprimir

sentimentos, de identificar a autoimagem, ansiedade, desejo por parceiros

temperamentais, sofrimento advindo da necessidade de ajudar, assumir compromisso

quando o dependente abandona. Por fim, é comum que o codependente se esqueça de

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suas necessidades, tendendo a repetir tais comportamentos em grupos fora do âmbito

familiar (Zampieri, 2004).

Nota-se, ainda, uma dificuldade entre sentir e perceber, assim como uma

necessidade de proteção e grande carência, ocasionando, muitas vezes, uma distorção na

percepção em que o indivíduo sente e percebe os problemas externos como seus

(Zampieri, 2004). Tais características dizem respeito ao funcionamento de

personalidade.

De modo geral a personalidade refere-se a um padrão de características inter-

relacionadas que são manifestadas no ambiente, e diz respeito à forma peculiar do

indivíduo sentir, se comportar e pensar (Pervin & John, 2004), contemplado aspectos

comuns em relação aos demais componentes de sua cultura. Considerando essa

dualidade do idiocrático e nomotético, surgiram-se várias teorias em períodos históricos

e culturais diferentes. Dentre elas destaca-se a teoria de traços, cujo modelo teórico

embasou o teste psicológico utilizado na coleta de dados desta pesquisa.

Segundo Sisto e Oliveira (2007), os traços de personalidade são características

psicológicas que exprimem tendências relativamente inalteráveis que definem e

representam os indivíduos em suas ações, pensamentos, atos e escolhas. Entretanto,

podem ocorrer alterações resultantes das interações dos indivíduos com o meio social.

Um dos modelos mais utilizados para descrever a personalidade em relação à

teoria dos traços é o Modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF), que se originou da

análise da linguagem empregada para descrever os indivíduos. Assim, é utilizado para

entender quais fatores estão associados com as características da personalidade (Hutz &

cols., 1998).

É importante destacar que foram realizados vários estudos com esse modelo

(CGF) para averiguar a correlação entre o transtorno de personalidade descrito no DSM-

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IV e no CID-10 e as dimensões dessa teoria de personalidade (Dalgalarrondo, 2008). As

dimensões da teoria dos cinco grandes fatores são Neuroticismo, Extroversão,

Sociabilização, Abertura e Realização. Cada dimensão é subdividida em facetas que são

as escalas que compõem cada um dos cinco grandes fatores (Pervin & John, 2004).

Algumas dessas facetas podem ser relacionadas com as características do codependente.

Assim, descreveu-se os 5 fatores e as facetas, que neste estudo, apresentaram resultados

em certa medida significativos e relacionaram com os indicadores de codependência.

Indivíduos com um alto nível em neuroticismo propendem a viver intensamente

os sentimentos de sofrimento psicológico, vulnerabilidade e instabilidade emocional.

Sintomas como depressão e ansiedade também estão ligados a estes altos níveis. Esses

sujeitos tendem a enfatizar os acontecimentos negativos, assim como acabam

enxergando problemas ou ameaças que não existem (Ávila & Stein, 2006; Nunes, Hutz

& Nunes, 2010).

Pessoas com alto nível de vulnerabilidade apresentam baixa autoestima, medo

do abandono, insegurança, dependência, dificuldades em tomar decisões, tendem a ter

atitudes que não as agradam para satisfazer o outro. Além disso, exibem grande

sofrimento em relação à aceitação do outro. Escores baixos podem indicar frieza e falta

de sensibilidade para com os demais e independência emocional (Hutz & Nunes, 2001;

Nunes & cols, 2010).

É comum indivíduos com alto índice de instabilidade emocional não

conseguirem dominar seus sentimentos negativos e evidenciarem dificuldades quanto à

frustrações, além de oscilações de humor; entretanto baixo índice apresenta menor

ocorrência de sentimentos negativistas, constância de humor e controle dos impulsos. A

faceta passividade e falta de energia, descreve indivíduos que tendem a adiar suas

tarefas ou planos, necessitando do apoio de outros para dar continuidade. Além disso, se

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privam de resolver seus próprios problemas ou defenderem seus interesses, baixo escore

indica pessoa proativa e motivação interna. Outra faceta importante relaciona-se à

depressão, com características como desesperança, solidão, falta de objetivos,

monotonia, e perspectiva negativa em relação ao futuro. Além disso, aponta para o

perfil de indivíduos sem propósito específico e com grandes sentimentos de

incapacidade. Níveis baixos denotam dificuldades para identificar problemas e avaliar

fatos negativos, minimizando-os (Nunes & cols, 2010).

O escore alto na dimensão extroversão indica tendência a serem falantes e

procuram contatos com pessoas. Ainda que tenham pouco conhecimento das mesmas,

confiam e contam fatos íntimos. São ativas e demonstram suas crenças e preferências

(Hutz & Nunes, 2001; Nunes, 2007; Nunes & cols, 2010). A faceta altivez denota

percepção grandiosa sobre a capacidade e valor. Escores altos indica necessidade de

receber e falar sobre si, enquanto níveis baixos apresentam pouca necessidade de

atenção e humildade. A escala interações sociais descreve sujeitos que buscam relações

sociais, atividades em grupos. Alto índice nessa escala indica indivíduos que procuram

manter contato com pessoas que conhece, por outro lado pontuação baixa denota

preferência por ficarem sozinhos ou em grupos menores e necessidade reduzida de

contatos sociais (Nunes, 2007; Nunes & cols, 2010).

Indivíduos com escores altos em socialização propendem a confiar nos demais e

raramente suspeitam de suas intenções. Apresentam desejo de ajudar os demais, são

leais e altruístas. Enquanto índices baixos sugerem funcionamento hostil, manipulador,

ciúmes extremos e desconfiança do outro. Pontuações altas na escala amabilidade

tendem a serem amáveis, atenciosas e preocupadas com as necessidades dos outros.

Pontuação baixa significa que apresentam pouca disponibilidade para com os outros,

sendo autocentradas e indiferentes às necessidades alheias. A faceta pró-sociabilidade

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agrupa itens que descrevem comportamentos de risco, confronto ou concordância com

regras sociais, moralidade, agressividade. Altos índices nesta escala indicam tendência a

evitar contravenções e situações de risco, enquanto escores baixos disposição a se

envolver em circunstâncias que podem colocá-lo em perigo, assim como outros.

Pontuações altas em confiança nas pessoas significa que acredita e confia na

honestidade dos outros, em contrapartida índices baixos indicam pessoas céticas (Nunes

& Hutz, 2007; Nunes & cols, 2010).

O fator Realização diz respeito a traços de personalidade relacionados a

perseverança, planejamento, organização, pontualidade e motivação. Alto índice

propendem a atingirem metas, a serem esforçados, dedicados ao trabalho e ambiciosos.

Em contrapartida, indivíduos com níveis baixos tendem a terem baixa motivação para

efetuarem atividades complexas, e desistem diante das dificuldades, geralmente são

pouco pontuais, têm planejamento difuso e sem noção clara de como alcançarão as

metas (Nunes & cols, 2010; Santos, Sisto & Martins, 2003). A faceta competência

refere-se à atitude ativa na busca dos objetivos, o quanto a pessoa acredita em sua

capacidade para implementar ações consideradas difíceis e importantes. Alto índice

tende a acreditar no seu potencial, gosta de tarefas desafiantes e complexas, tem

objetivos claros. Escore baixo indica percepção desfavorável sobre sua capacidade,

pouca disposição para lutar pelos objetivos e evita tarefas complexas. (Nunes & cols,

2010).

Já a dimensão abertura refere-se à importância de vivenciar novas experiências.

Índice alto denota curiosidade, criatividade, imaginação, gosto por novas ideias e pelo

não convencional. Escore baixo indica tendência a ser convencional, rígida, dogmática e

conservadora. Pontuações altas na escala abertura a ideias indicam que gostam de

atividades que usam a imaginação ou fantasia, são curiosas, enquanto índices baixos

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sugerem pouca curiosidade e são mais conservadoras. A escala liberalismo refere-se a

tendência a abertura para novos valores morais e sociais (Hutz & cols,1998; Nunes &

cols, 2010).

Indivíduos com pontuações altas na faceta busca por novidades geralmente não

gostam de rotinas, têm baixa motivação para tarefas recorrentes, e ficam enfadados

quando não podem vivenciar fatos novos. Aqueles com níveis baixos expõem que

sentem desconfortáveis com a quebra de rotina, baixo interesse em fazer algo que nunca

fizeram anteriormente, assim como conhecer objetos e lugares novos (Nunes & cols,

2010; Vasconcelos & Hutz, 2008).

Apesar das várias características listadas, cabe salientar a importância de

entender a história de vida e os mecanismos de subjetivação que podem explicar tais

condutas. De forma que não foi apontando na literatura encontrada estudos cujo foco foi

determinar critérios únicos de classificação de codependência. Encontraram-se

publicações que apresentaram características e indicadores de codependência, conforme

descritas na sequência.

O estudo de Gómez e Delgado (2003) verificou a frequência e intensidade de

características descritivas de codependentes em parentes ou pessoas com vínculos com

adictos. Buscou, ainda, estabelecer uma relação entre os sintomas da codependência e a

manifestação de determinados tipos de autoridade dos pais na infância. A amostra foi

composta por 301 indivíduos com idades entre 15 e 60 anos, 100 são do sexo feminino,

divididos em 2 grupos, sendo o primeiro com 151 participantes denominados como

codependentes. Dentre eles, 131 mantinham algum tipo de relacionamento emocional

com adictos e 20 conviviam com sujeitos que apresentavam algum comportamento

compulsivo. O segundo grupo controle foi composto por 150 indivíduos, sendo 83

mulheres.

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Para a coleta de dados utilizaram quatro instrumentos, sendo três elaborados

pelos próprios autores, a saber, uma escala com 19 itens para avaliar a autoestima, duas

subescalas para verificar o nível de controle e do exercício da autoridade das relações

entre pais e filhos, sendo que uma das subescalas verificava o controle emocional e a

outra o controle comportamental. Para avaliar a depressão aplicaram o Inventário de

Depressão das Escalas Beck. Os dados revelaram que os indivíduos com

relacionamento emocional com adictos obtiveram pontuações mais elevadas em todas as

variáveis relacionadas com a caracterização e a descrição do codependente. Pessoas de

ambos os sexos do grupo de codependentes obtiveram escores altos em todas as

variáveis associadas à codependência. Os indivíduos que mantinham um relacionamento

de afetividade dependente indicaram alto grau de depressão e baixa autoestima,

percebendo também um controle parental durante a infância dos mesmos (Gomez &

Delgado, 2003).

Ainda, Humberg (2005) avaliou a dependência do vínculo por meio dos testes de

codependência Spann-Fischer Codependency Scale e Potter-Efron Codependency

Assessment, em familiares de dependentes de drogas e álcool que frequentaram pelo

menos uma vez o Programa de Assistência Familiar do Grupo Interdisciplinar de

Estudos de Álcool e Drogas da FMUSP, perfazendo um total de 20 aplicações. Os

dados mostraram que o codependente que se preocupou, na infância, mais com as

necessidades dos pais do que com sua própria vontade continuou assim na fase adulta,

fazendo do cuidado aos outros sua razão de viver, muitas vezes sentindo-se culpado ao

cuidar de si próprio.

Foi verificado também que os codependentes, muitas vezes, negam a

necessidade que tem de cuidar do outro, racionalizam seus problemas e dificuldades,

usando de projeções para não assumir responsabilidades. Evitam, por vezes, entrar em

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conflitos, tendo dificuldades de tomar decisão, além de necessidade de manterem o

controle e dificuldades de evidenciarem fragilidades. Os testes ainda corroboraram

aspectos depressivos nos codependentes, insegurança, medo de mudanças e temor à

abertura. Por fim, tendem a reterem as opiniões sobre eles, preocupando-se

demasiadamente com o que os outros pensam, impedindo o autoconhecimento; além da

necessidade de ter outra pessoa muito próxima para sentirem-se valorizados (Humberg,

2005).

Salazar, Rodriguez, Céron, Orjuela e Chacón (2013) pesquisaram os indicadores

da codependência por meio de 60 indivíduos, sendo 30 homens e 30 mulheres. Como

critério de inclusão esses indivíduos deveriam ser familiares de consumidores de

substâncias psicoativas. Os autores produziram 6 questionários, um de caracterização,

que identificava as condições psicossociais dos participantes e outro para verificar a

existência de codependência em parentes de consumidores de drogas. Este último

pautou-se na literatura sobre a codependência, e buscou abranger quatro itens, são eles,

sinais físicos, sinais emocionais, padrões de comportamento e outros indicadores. Os

resultados indicaram que dos 60 indivíduos que participaram da pesquisa, 18%

apresentaram sintomas emocionais, como sentimentos de culpa, dificuldade de

raciocínio, sensação de fracasso, isolamento social, concentrando grande parte de sua

atenção para a vida dos consumidores. Além disso, apresentaram uma indicação de

dependência emocional, justificativas, interesse e concentração no comportamento do

drogadicto, e usaram mecanismos de defesa como, projeção, negação, racionalização,

conversão reativa e regressão.

Foi também evidenciado um padrão comportamental em 33% dos participantes.

Esses indicaram necessidade de controlar o outro. Costumavam ter parceiros, amigos ou

parentes adictos, sentiram culpa pelo consumo do outro e negaram ou evitaram a

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realidade da relação conflituosa. Apresentaram, ainda, alterações entre rituais e

atividades, dificuldades em desapegarem do consumidor e das circunstâncias que o

envolvem, preocupações demasiadas em relação ao comportamento do mesmo,

ressentimento sem justificativa e necessidade de conterem o adicto (Salazar & cols.,

2013).

Quanto aos sintomas físicos 18% apresentaram depressão, distúrbios nervosos e

ansiedade generalizada, além de outros indicadores. Esses estavam relacionados à

minimização e a justificativa do conceito de uso de substâncias, identificando-se com as

justificativas dos dependentes e minimização do uso das substâncias. Exibiram

autonegação, autopiedade, problemas familiares, escolares e/ou no trabalho

relacionados a drogadição de algum familiar. Além disso, os dados apontaram

reincidência em relacionamentos conflituosos relativos ao consumo de drogas e

necessidade de aparentarem que as coisas estavam bem (Salazar & cols., 2013).

Assim, a codependência familiar em geral pode ser entendida como um modo de

funcionamento que pode acarretar prejuízos, visto que um ou mais sujeitos acabam por

viver adesivamente o sofrimento de uma pessoa próxima, e até substituir suas próprias

necessidades pela de outro como forma de facilitar o processo de enfrentamento (

Balone, 2006). Cabe salientar que se dará ênfase na codependência familiar, visto que,

serão investigados codependentes de indivíduos drogadictos. As pesquisas ainda são

escassas e concentram-se nos dependentes químicos e em suas patologias, esquecendo-

se de seus familiares, que podem ser, segundo Balone (2006) um codependente -

dependente do dependente.

A partir das perspectivas teóricas apresentadas, o presente trabalho teve como

objetivo geral verificar aspectos do funcionamento da personalidade dos codependentes.

Assim como, averiguar se ocorre o predomínio de determinadas características de

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funcionamento de personalidade nos codependentes, comparando com os não

codependentes.

Método

Nesta pesquisa utilizou-se a análise quantitativa e qualitativa dos dados obtidos

por meio dos instrumentos, a fim de identificar as características de personalidade que

predominaram no grupo codependente.

Participantes

A presente pesquisa foi realizada em um grupo de apoio aos familiares de

dependentes de drogas e álcool, localizado em uma cidade do interior do Estado de São

Paulo, pertencente ao Amor Exigente (AE). Participaram 12 pessoas do sexo feminino e

3 do sexo masculino, totalizando 15, divididos em 2 grupos, sendo o primeiro composto

por 9 sujeitos classificados pelo instrumento CoDa como codependentes e o segundo

com 6 indivíduos considerados não codependentes. A faixa etária foi de 27 a 68 anos,

com idade média de 53,4 (DP=12,86). Quanto à escolaridade, 26,7% têm o fundamental

completo; 13,3% nível médio inacabado; 26,7% ensino médio completo; 13,3% nível

superior incompleto e 20% o superior concluído.

Instrumentos

Para a coleta de dados aplicou-se o Questionário Sociodemográfico para

identificação dos participantes, Questionário de Identificação de Codependentes e a

Bateria Fatorial da Personalidade (BFP).

Questionário Sociodemográfico para identificação dos participantes – para a

coleta de informações sobre os dados de identificação dos participantes, tais como

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iniciais do nome, idade, sexo, estado civil, escolaridade, se tem convívio com

dependentes químicos, grau de parentesco com o drogadicto.

Questionário de Identificação de Codependentes – Esse instrumento é composto

por 19 questões, as quais o sujeito responde com sim ou não. Considera-se um ponto

para cada resposta afirmativa. Desta forma, a partir de quatro pontos considera-se um

padrão codependente. Esse questionário foi elaborado pelo Codependentes Anônimos

Mundial – Estados Unidos (CoDa Mundial, s.d.), e serviu como uma ferramenta para

identificar os indivíduos codependentes.

Bateria Fatorial da Personalidade (Nunes, Hutz & Nunes, 2010) – foi aplicada

com o objetivo de levantar o perfil de funcionamento da personalidade dos indivíduos

considerados codependentes pelo questionário de identificação de codependentes, assim

como nos sujeitos sem codependência. O instrumento é composto por 124 afirmações

relacionadas a características de personalidade e foi desenvolvido a partir do modelo

dos cinco grandes fatores (CGF), que inclui a mensuração das dimensões gerais, a

saber, Extroversão avalia as relações interpessoais, mostra o quanto a pessoa é

comunicativa, falante, assertiva, ativa, gregária e responsável. Socialização diz respeito

às relações interpessoais e está relacionado ao tipo de interação. Geralmente são pessoas

generosas, bondosas, afáveis, prestativas e altruístas. Neuroticismo refere-se ao

ajustamento e instabilidade emocional das pessoas, estando associado às características

emocionais, e as diferenças individuais que possam ocorrer no decorrer de experiências

desconfortantes como, por exemplo, aflição, angústia, sofrimentos etc. Realização é

composto por itens que avaliam o grau de organização, controle, persistência e

motivação, e ainda, propendem a serem confiáveis, organizadas, pontuais,

trabalhadoras, escrupulosas, decididas, perseverantes e ambiciosas. Abertura a

experiência refere-se ao comportamento exploratório e o reconhecimento de novas

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experiências, indicando pessoas imaginativas, curiosas, criativas, abertas a novas ideias

e não convencionais. Geralmente experimentam emoções intensas.

Procedimentos

Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (13-05/230), os

frequentadores do grupo foram previamente informados sobre a realização da pesquisa e

somente os indivíduos que concordaram em participar da mesma assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Posteriormente, individualmente pelas

pesquisadoras, foi preenchido o Questionário Sociodemográfico e o de Identificação de

Codependência. Nos encontros seguintes, foi realizada a aplicação da Bateria Fatorial

de Personalidade.

Resultados e Discussão

Para a efetiva participação na pesquisa os sujeitos foram questionados sobre o

convívio com dependente químico, sendo que todos afirmaram conviver com um

drogadicto. Para análise de identificação de codependência foi utilizado um questionário

elaborado pelo CoDa Mundial que serviu para a inclusão dos indivíduos no grupo de

codependente. Este questionário indicou que 60% dos participantes apresentaram traços

de codependência. Esses foram relacionados com os resultados da BFP para verificar

em que medida os mesmos se diferenciaram daqueles que não apresentaram indicadores

de codependência. Para melhor compreensão destes dados, a seguir serão apresentados

na Tabela 1 os resultados da análise descritiva do teste BFP, divididos nos grupos.

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Tabela 1
Análise Descritiva e inferencial dos Resultados da BFP
BFP por facetas Codependente N Média DP t Gl p
e em geral
Vulnerabilidade Sim 9 4,59 0,71 2,78 13 0,03
não 6 2,92 1,34

Instabilidade sim 9 4,14 1,16 1,48 13 0,17


não 6 2,97 1,68

Passividade sim 9 4,40 0,68 2,15 13 0,06


não 6 3,22 1,22
sim 9 4,10 0,93 2,12 13 0,06
Depressão não 6 2,85 1,21

Neuroticismo sim 9 4,46 0,77 2,75 13 0,02


não 6 2,99 1,15
Nível de Sim 9 4,24 0,52 0,58 13 0,57
Comunicação não 6 4,03 0,77

Altivez sim 9 3,98 1,30 1,91 13 0,08


não 6 2,71 1,22

Dinamismo sim 9 4,82 0,75 2,12 13 0,06


não 6 3,83 0,95

Interação Social sim 9 4,38 0,67 2,47 13 0,04


não 6 3,12 1,12

Extroversão sim 9 4,35 0,60 2,29 13 0,05


não 6 3,42 0,86

Amabilidade Sim 9 5,56 0,96 2,78 13 0,02


não 6 3,95 1,17

Pró- sim 9 5,04 1,10 0,34 13 0,74


sociabilidade não 6 4,77 1,71

Confiança sim 9 4,05 0,78 -0,92 13 0,37


não 6 4,77 1,71

Socialização sim 9 4,88 0,80 0,77 13 0,45


não 6 4,51 0,97

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Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

Tabela 1
Continuação
BFP por facetas Codependente N Média DP t Gl p
e em geral
Competência Sim 9 4,88 0,83 1,55 13 0,14
não 6 4,25 0,74

Ponderação sim 9 4,72 0,61 0,26 13 0,79


não 6 4,58 1,17

Empenho sim 9 4,76 1,17 0,99 13 0,34


não 6 4,12 1,24

Realização sim 9 4,79 0,73 1,07 13 0,30


não 6 4,31 0,89

Abertura a Sim 9 3,73 0,51 1,89 13 0,10


Ideias não 6 4,60 1,03

Liberalismo sim 9 4,85 0,91 0,90 13 0,38


não 6 4,33 1,20

Busca por sim 9 4,57 1,00 2,25 13 0,04


novidades não 6 3,72 0,42

Abertura sim 9 4,49 0,86 0,69 13 0,50


não 6 4,22 0,68

nível p < 0,05.

A primeira comparação da média realizada foi entre os participantes

classificados como não codependentes e a amostra normativa do teste, a fim de verificar

se os indivíduos do grupo de não codependentes apresentaram uma média equivalente à

população normativa. Essa análise foi feita em relação aos cinco fatores gerais.

No escore geral do fator Neuroticismo os participantes sem codependência

apresentaram média de 2,99, e no manual do teste a média foi de 3,19, o que indica que

os não codependentes estão um pouco abaixo da média em relação a amostra normativa.

De acordo com o manual a média para o fator Extroversão foi de 4,34 e o grupo de não

codependentes obteve uma média 0,92 menor, revelando-se abaixo da média. Esse dado

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 298



Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

indica que são indivíduos mais reservados e necessitam de um convívio frequente para

se tornar íntimo dos demais (Hutz & Nunes, 2001; Nunes, 2007; Nunes & cols., 2010).

No fator Socialização houve disparidade de 0,79 entre a média da amostra

normativa e média do grupo sem codependência, mostrando que este está abaixo da

média da população normativa. Tal dado sugere indivíduos com tendência a serem

hostis, manipuladores, podendo manifestar alto padrão relacionado ao consumo de

substâncias psicoativas (Nunes & Hutz, 2007; Nunes & cols., 2010).

A diferença da média do manual e dos participantes não codependentes no fator

Realização foi de 0,65 indicando que estão abaixo da média. Tal resultado denota

dificuldades em realizarem planejamentos para suas vidas, assim como problemas em

permanecerem envolvidos em tarefas (Santos & cols, 2003, Nunes & cols, 2010). No

fator Abertura, a média da amostra geral no manual é de 4,68 e a dos sem

codependência 4,22 demonstrando também se encontrarem um pouco abaixo da média.

Tal arranjo indica pouca abertura para fantasia e imaginação, e escolhas mais

tradicionais (Hutz & cols, 1998; Nunes & cols., 2010).

Em seguida, foram averiguadas variações das médias entre os participantes dos

dois grupos. No fator Neuroticismo a média geral dos não codependentes é de 2,99,

diferença significativamente menor do que a dos codependentes (t=2,75; p< 0,02). Esse

dado é importante, pois indica que os codependentes tendem a apresentar mais sintomas

de depressão, baixa autoestima e ansiedade (Nunes cols., 2010; Ávila & Stein, 2006).

No fator Extroversão a diferença de média entre os dois grupos foi de 0,93

(t=2,29; p<0,05) para os não codependentes, que obtiveram classificação baixa no teste

BFP (Nunes & cols., 2010). A média para os codependentes no fator Socialização foi de

4,88, valor muito próximo ao encontrado nos participantes sem codependência, desta

forma, a diferença entre as médias não foi significativa. Ambos os grupos pesquisados

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 299



Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

obtiveram classificação baixa, o que sugere tendência a se apresentarem mais

manipuladores, hostis e com dificuldade em confiar nos demais (Nunes & Hutz, 2007;

Nunes & cols., 2010).

A diferença da média no fator Realização não foi significativa e os dois grupos

tiveram classificação baixa no teste BFP. Pessoas que possuem escores baixo nesse

fator tendem a ser descomprometidas, com dificuldade em realizar planejamento e a ter

objetivos claros para sua vida (Nunes & cols, 2010; Santos & cols, 2003). Ao comparar

os escores gerais dos codependentes e não codependentes pode-se observar que não

houve uma diferença significativa entre as médias no fator Abertura (p=0,50), revelando

que ambos apresentaram classificação baixa. Indivíduos com esse perfil tendem a ser

convencionais em suas atitudes e crenças, sendo, por vezes, conversadores, rígidos e

dogmáticos (Nunes & cols., 2010; Vasconcelos & Hutz, 2008).

Ao realizar as comparações das médias, verificou-se que em algumas facetas

houve diferença significativa entre os dois grupos, sendo essas: Vulnerabilidade,

Interações Sociais, Amabilidade e Busca por Novidades. Na faceta Vulnerabilidade

houve diferença significativamente maior (t=2,78; p=0,02) em relação ao codependente.

Nos codependentes constatou-se forte disposição à baixa autoestima e insegurança,

além de dificuldades em tomar decisões (Hutz & Nunes, 2001; Nunes & cols., 2010).

Na faceta Interações Sociais, houve uma diferença significativa entre os dois

grupos (t=2,47; p=0,04), de forma que os não codependentes obtiveram classificação

baixa nesta faceta. O que mostra que esta população estudada, prefere geralmente ficar

sozinha e precisa de um tempo maior para estabelecer vínculos, já os codependentes

apresentaram classificação média nesta mesma faceta. No Fator Socialização a faceta

que obteve diferença significativa em relação aos sem codependência foi Amabilidade

(t=2,78; p<0,02), estes indivíduos se preocupam menos com o bem estar alheio e

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 300



Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

tendem a serem mais indiferentes às necessidades de outros (Nunes & Hutz, 2007;

Nunes cols., 2010).

Por fim, na faceta Busca por Novidades constatou-se uma discrepância (t=2,25;

p<0,04) concernente aos não codependentes, indicando pessoas que tendem a não gostar

de quebrar a rotina e apresentar pouco interesse em conhecer lugares e coisas novas. Já

os codependentes tiveram classificação média indicando que costumam lidar bem com a

quebra da rotina (Nunes & cols., 2010; Vasconcelos & Hutz, 2008).

Após comparar as médias com a amostra normativa do manual e analisar a

diferença de média nos fatores e facetas entre os dois grupos, analisou-se a classificação

dos grupos nas facetas e fatores gerais, buscando pesquisar de forma mais apurada os

traços que mais sobressaíram na amostra de codependentes. É importante destacar que

nem todas as diferenças de média foram estatisticamente significativas, entretanto é um

dado importante para futuras investigações.

Examinou-se que 66,6% dos codependentes apresentaram classificação muito

alta e alta na faceta Vulnerabilidade, o que pode indicar baixa autoestima e medo de que

pessoas importantes possam deixá-los em decorrência de seus erros (Hutz & Nunes,

2001; Nunes & cols., 2010). Esse dado condiz com a literatura, que relata que o

codependente por vezes faz coisas que não deseja para agradar o outro, por insegurança

e dificuldades em tomar decisões (Beattie, 2010; Goméz & Delgado, 2003; Humberg,

2005; Mellody, Miller & Miller,1995; Zampieri, 2004 ).

Na faceta depressão do Fator Neuroticismo, averiguou-se que todos

codependentes obtiveram classificação muito alta e alta, apontando tendência a

perspectiva negativa referente ao futuro, sensação de solidão e alto teor de desesperança

(Ávila & Stein, 2006; Nunes & cols., 2010). Tais resultados confirmam a citação de

Beattie (2010) quanto ao codependente poder ficar deprimido, afastar-se e isolar-se.

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 301



Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

Assim como as pesquisas de Gómez e Delgado (2003) e Salazar e cols. (2013) sobre os

codependentes com alto grau de depressão. Já a maioria dos não codependentes está na

classificação média (66,7%).

Os codependentes tiveram classificação muito alta e alta (77,7%) no fator

neuroticismo, o que indica propensão a viverem intensamente o sofrimento psicológico,

vulnerabilidade e instabilidade emocional (Ávila & Stein, 2006; Nunes & cols., 2010).

Esses achados corroboram os apontamentos de Beattie (2010), Gómez e Delgado

(2003), de que o codependente pode adoecer mental, emocional ou fisicamente e, em

casos extremos, ocorre pensamentos suicidas. Coincide também com Zampieri (2004),

Beattie (2010) e Humberg (2005) de que o codependente focaliza sua energia nos

problemas dos outros, ocasionando perda do sono e dificuldades de identificar ou

expressar sentimentos (alexitimia). Todavia, 50% dos não codependentes tiveram

classificação baixa e muito baixa, demonstrando assim uma discrepância com o grupo

de codependentes.

Na faceta Altivez do fator Extroversão, a maioria dos codependentes obteve

classificação muito alta e alta (66,6%). Tal resultado mostra que se trata,

provavelmente, de pessoas que gostam de falar sobre si, em especial sobre suas

qualidades. Enquanto a maioria dos participantes não codependentes obteve

classificação muito baixa (66,7%), revelando tendência a ter pouca necessidade de

receber atenção dos outros e não ostentar suas capacidades (Nunes, 2007; Nunes &

cols., 2010).

Quanto à Faceta Interações Sociais, constatou-se que 55,6% dos participantes

codependentes obtiveram classificação média, sugerindo pessoas sem grandes

dificuldades em suas interações sociais. Os indivíduos considerados não codependentes

apresentaram classificação muito baixa, indicando preferência à companhia de poucas

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 302



Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

pessoas, demora maior para estabelecer vínculos e pouca necessidade de frequentar

lugares que propiciam a interação social (Nunes, 2007; Nunes & cols., 2010).

No Fator Extroversão verificaram-se resultados médios para os codependentes

(55,6%). Os não codependentes obtiveram níveis baixos para este fator (83,3%) o que

indica indivíduos mais reservados e com necessidade de um maior período de

convivência para adquirirem intimidade com as pessoas (Hutz & Nunes, 2001; Nunes,

2007; Nunes & cols., 2010).

Na Faceta Amabilidade do fator Socialização, 44,4% dos codependentes

obtiveram classificação média, o que sugere disposição a se mostrarem empáticos e

compreensivos. Já 83,3% dos não codependentes apresentaram classificação muito

baixa, com tendência a serem mais autocríticas e hostis (Nunes & Hutz, 2007; Nunes &

cols., 2010).

Observou-se que 66,6% dos codependentes tiveram classificação muito baixa na

Faceta Pró-Sociabilidade, revelando maior disposição a serem manipuladores e a se

envolverem em situações que os coloquem em perigo ou aos demais (Nunes & Hutz,

2007; Nunes & cols., 2010). Há consonância com a declaração de Beattie (2010) de que

os codependentes tentam controlar as pessoas, utilizando a manipulação, além disso,

têm medo de permitirem que os eventos aconteçam naturalmente; podendo estes

comportamentos se tornar uma compulsão (Humberg, 2005; Salazar & cols., 2013).

Bem como a afirmação de Zampieri (2004) de que os codependentes transformam-se

em heróis ao salvar os dependentes de situações desagradáveis. Os não codependentes

tiveram classificação média, com percentil 50, indicando um padrão comportamental

dentro da média em relação aos comportamentos de risco, confronto de regras sociais e

leis.

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Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

Na faceta Confiança 66,6% dos codependentes obteve a classificação baixa, o

que evidencia disposição a perceber os outros de maneira mais persecutória. Por outro

lado, 83,3% dos não codependentes se enquadram na classificação média, com uma

percepção mais realista e tendência a desenvolver intimidade (Nunes & cols. 2010).

De acordo com os resultados no fator Socialização percebe-se que os indivíduos

codependentes e não codependentes (55,5% e 66,6%) respectivamente indicaram

classificação muito baixa; o que sugere que são indivíduos com propensão à hostilidade,

desconfiança e postura manipuladora. Além de possibilidades de manifestar altos

padrões relacionados ao consumo de substâncias psicoativas (Nunes & Hutz, 2007;

Nunes & cols., 2010). Esses achados coincidem com o relato de Beattie (2010),

Humberg (2005) e de Zampieri (2004) sobre os mecanismos de manipulação e controle

em muitos codependentes, de forma, muitas vezes, excessivas e às vezes até

inconsciente.

Na Faceta Competência, 44,4% dos participantes codependentes e 83,4% dos

não codependentes apresentaram classificação muito baixa, indicando que são pessoas

com dificuldades para se conservarem em tarefas que são desafiadoras, evitam se

envolverem em atividades que julgam difíceis porque duvidam de suas capacidades

(Nunes & cols., 2010). Comparando esses aspectos com a teoria, Beattie (2010) relata

que o codependente pode mostrar-se indeciso em relação ao que quer e assim

demonstram falta de objetividade em relação as suas atitudes frente à vida. Salazar e

cols. (2013) constataram que os codependentes apresentaram sensação de fracasso.

No que diz respeito à escala de Liberalismo, 44,4% dos participantes

codependentes apresentaram classificação média e 33,3% alta, quanto à forma de lidar

com diferentes valores morais e sociais e a noção de que estes podem ser relativizados

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 304



Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

(Nunes & cols., 2010). Os resultados dos participantes sem codependência apresentaram

a mesma proporção em todas as classificações (33,3%).

Quanto a Faceta Busca por Novidades houve classificação média para os

codependentes (55,6%), o que indica que costumam lidar bem com a quebra da rotina,

apesar de também não se importarem quando essa mudança não ocorre. A maioria dos

participantes não codependentes (83,4%) obteve classificação baixa e muito baixa,

revelando tendência a sentir-se pouco a vontade com situações desconhecidas, buscando

manter a rotina, que pode conferir mais segurança (Nunes & cols., 2010; Vasconcelos &

Hutz, 2008).

No fator Abertura, os codependentes se igualaram na classificação média e

baixa, com 44,4%, e os participantes não codependentes apresentaram classificação

baixa, com 50%. Indica que são pessoas que tendem a serem conversadoras e

dogmáticas, porém convencionais em suas atitudes e crenças (Nunes & cols., 2010;

Vasconcelos & Hutz, 2008).

A partir dos resultados obtidos pode-se constatar que as características que mais

se destacaram nos codependentes foram, baixa autoestima, ansiedade, insegurança,

tendência à depressão, vulnerabilidade e instabilidade emocional. Da mesma forma,

tendem a ter dificuldade de identificar ou expressar sentimentos e tomar decisões. Com

frequência são capazes de terem atitudes que vão contra sua própria vontade e

propendem a serem manipuladores. Tais características corroboram os achados na

literatura sobre alguns aspectos do funcionamento de personalidade dos codependentes.

Considerações Finais

O presente estudo teve como objetivo buscar melhor compreensão da

codependência por meio da análise dos traços de personalidade dos codependentes, e

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 305



Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

verificar se ocorre o predomínio de determinadas características psicológicas. Foram

utilizados três instrumentos. O questionário sociodemográfico com o intuito de verificar

se o participante mantinha convívio com dependente químico e qual o grau de

parentesco, questionário de identificação de codependentes que buscava averiguar

possíveis padrões de codependência e a BFP utilizada para avaliar o funcionamento de

personalidade dos indivíduos.

Diante dos resultados obtidos foi possível observar que as características que

mais se destacaram na amostra de codependentes foram ansiedade, baixa autoestima,

tendência à depressão, insegurança, instabilidade emocional e vulnerabilidade. Assim

como tendência a terem atitudes contrárias à própria vontade, a serem manipuladores, a

apresentarem dificuldades de identificar ou expressar sentimentos e assumir decisões.

Entretanto, observou-se que os não codependentes ficaram abaixo da média em relação

ao manual da BFP, o que necessita de uma investigação mais apurada.

Este estudo foi relevante, dada a importância do tema para profissionais e

familiares visto que as publicações referentes ao assunto são ainda escassas e o tema

pouco discutido cientificamente. Assim, foi possível contribuir para a área da psicologia

com informações relevantes sobre o funcionamento de personalidade do codependente

e, desta forma, possibilitar tratamentos mais específicos e pontuais. Outra contribuição

importante diz respeito a evidência de validade conferida a BFP para a averiguação do

funcionamento de personalidade dos codependentes.

Por fim, ressalta-se a importância de novas pesquisas sobre o tema, permitindo

um levantamento de características psicológicas desta população, entretanto com uma

amostragem maior. Cabe também a utilização de outras medidas psicológicas no que

concerne às características emocionais, estratégias e mecanismos de enfrentamento.

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 306



Xavier, Gomes, Nunes & Silva. Aspectos de funcionamento de personalidade de codependentes

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Submissão: 02/09/15
Última revisão: 02/12/15
Aceite final: 03/12/15

Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n2, Jul/Dez, 2015 309

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