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Redação

Dissertação I: Características da Linguagem (Proposta Fuvest/ITA 1)

Questão 1

MODELO – FUVEST – ITA- IME

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O narcisismo na
contemporaneidade”. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto
de vista e que respeite os Direitos Humanos.

Texto I

Fonte: https://www.comicartfans.com/gallerypiece.asp?piece=1441277

Texto II

Narcisismo: A hora das Estrelas

Existe gente que se ama tanto, mas tanto, que se acha um sol, em volta do qual tudo deve girar. A isso os psicólogos chamam de
narcisismo -- um modo de ser que parece estar na moda.

Já virou lugar comum dizer que, se nos anos 60 imperava o um-por-todos, vinte anos depois passou a predominar a lei do cada-um-
por-si. A chave dessa mudança estaria na redescoberta da individualidade, em prejuízo das preocupações políticas e sociais que
foram a marca do comportamento de duas décadas atrás. É possível que exista um pouco de sociologia de porta de bar nesse
diagnóstico. Mas é inegável que a valorização do eu vem sendo a mais recente verdade da chamada cultura de massa: a palavra da
moda é narcisismo – o amor a si mesmo sobre todas as coisas.

A saudável autoestima que cada qual deve sentir estaria cedendo lugar a um ofuscante, exclusivista culto pelo próprio umbigo, uma
situação em que todos competiriam para ser a estrela mais luminosa do pedaço. Uma pesquisa aponta que, na década passada, um
de cada dez livros nas listas dos mais vendidos tratava de temas relacionados a narcisismo. Aliás, temas tão diversos quanto
autoconhecimento e sucesso, ginástica e etiqueta – em princípio, tudo o que pode ajudar no desempenho social atrai o narcisista, um
aprendiz sedento de saber mais para aparentar melhor. Atualmente, livros sobre esses assuntos ocupam o dobro do espaço nas
listas dos best-sellers, indicando que, mesmo se a valorização do eu não aumentou desde então, ao menos devem existir muito mais
narcisistas comparando livros. E se suspeita que, entre eles, os jovens formam o maior contingente.

“A nova geração é narcisista”, denuncia a jornalista de TV Marília Gabriela, 40 anos, mãe de um rapaz de 17. “São os jovens que
chegam na festa e dançam sozinhos”, tenta definir. Esse distanciamento do outro é, de fato uma característica de quem se preocupa
mais consigo mesmo do que com o mundo a sua volta. Foi em 1914 que o psicanalista austríaco Sigmund Freud escreveu pela
primeira vez sobre esse comportamento a que chamou de narcisismo, inspirado no mito grego do jovem que se apaixona pela própria
imagem espelhada num lago.

A rigor, Freud descreveu como narcisista uma fase do desenvolvimento da personalidade correspondente aos primeiros anos de vida,
quando a criança se relaciona com o mundo como se ela estivesse no centro de tudo, pois basta chorar que logo chega alguém para
niná-la, aliviar-lhe a dor, matar sua fome. Para ela, não existe, então, o outro, que é confundido com uma parte de si mesma – uma
resposta “sua” às suas próprias manifestações de desejo. A criança só ultrapassa essa fase quando começa a amar alguém – no
início, a figura paterna, no caso das meninas, ou a materna, no dos meninos.

Freud dizia ainda que a criança começa então a investir sua energia vital, ou libido, para fora de si. Em pessoas consideradas
normais, essa energia permanecerá em constante movimento pela vida inteira, ora investida no próprio indivíduo – instantes de
narcisismo que todos têm, portanto -, ora investida no outro. Uma explicação para o possível aumento do narcisismo na nova
geração é que esta cresceu mais exposta aos meios de comunicação, divulgadores dos modismos que um narciso que se preza segue
religiosamente. Também a vida familiar mudou bastante e as crianças têm menos contato com os pais. “Pode ser que, por causa da
ausência dos pais ou por problemas familiares, a criança não reconhece no outro o objetivo do seu amor, que passa então a ser
dedicado a si própria”, supõe a psicóloga paulista Elisabete Della Rosa Pimentel. O narcisismo também poderia ser provocado por
uma frustração tão forte que faz a vítima buscar refúgio num mecanismo primitivo, que já lhe proporcionou muito prazer no passado
– o amor irrestrito por si mesmo. Para os psicanalistas, o narcisismo só é considerado doentio quando não há equilíbrio entre investir
no outro, predominando o primeiro.

As psicoses são exemplos extremos, pois aí a pessoa não consegue estabelecer contato com os outros – estes como que existem
apenas para fazer figuração num teatro escrito, dirigido e representado por ela própria. A paranoia, mais conhecida como mania de
perseguição misturada a delírios de grandeza, também é uma espécie de narcisismo desvairado, porque o paranoico se acha tão
importante a ponto de ter a ilusão de que todos o observam, todos só falam nele e tudo o que desejam é prejudicá-lo, ou seja, volta à
condição infantil de centro do mundo. Em todas as pessoas, porém, há momentos em que o amor próprio predomina, e isso nem
sempre tem a ver com a vaidade – o sentimento mais comumente ligado à ideia que as pessoas fazem de narcisismo.

“O narcisismo moderado pode até ser fundamental para a preservação do equilíbrio psíquico”, esclarece Elisabete Pimentel. Quando
alguém sofre um baque emocional, a primeira reação tende a ser fechar-se como uma concha para lamber as próprias feridas e, mal
ou bem, resolver o que fazer em seguida. Esses momentos narcisistas – porque a libido está voltada para dentro – podem variar da
mera introspecção à mais cava depressão. Desse ponto de vista, uma lista dos campeões de narcisismo não poderia deixar de lado o
escritor francês Marcel Proust (1871-1922), que consumiu anos de sua vida refletindo sobre o tempo perdido, uma busca que
resultou nos sete volumes de uma das maiores obras literárias do século.

O narcisismo também aparece na paixão: o início de um namoro, afinal, sempre é uma troca de afinidades, quando um parece
refletir os gostos do outro. A diferença entre os narcisistas e os demais é que aqueles deixam de amar quando o cotidiano denuncia
as pequenas diferenças; pensam então que foi tudo engano e continuam a busca interminável do príncipe encantado ou da mulher
nota dez – alguém, em suma, feito à própria imagem e semelhança. Para os psicólogos, essas manifestações são mais comuns
quando faltam condições adequadas de vida e escasseiam as perspectivas de progresso. Em situações sociais adversas, voltar-se
para si pode ser um modo de defender-se de novas frustrações: um sintoma típico é o desinteresse pela política, a arena onde se
decidem os destinos coletivos. A antropóloga Liana Trindade, da Universidade de São Paulo, observa que efetivamente os obstáculos
sociais, assim como a massificação típica das sociedades modernas, fazem aumentar o narcisismo. Ela o compara ao recurso à
magia: “Do mesmo modo que o bebê age como se pudesse manipular o ambiente por meio de seus atos, na magia há a crença de
dominar o outro por meio de rituais”.

Talvez por isso, também na população brasileira, que já não consegue planejar a vida para o dia seguinte, parece aumentar a
procura de toda sorte de jogos adivinhatórios, como búzios e tarô.

Mas não é apenas o interesse pelo oculto que flagra o narcisismo dos últimos anos. Ele fica evidenciado também por algo
aparentemente tão distante daquilo como a explosão das academias de ginástica. Para Mauro Guiselini, diretor-técnico da
Companhia Athletica, um dos muitos templos paulistanos do culto à forma física, “o aspecto mais positivo desse voltar-se a si é que o
homem recuperou a consciência do corpo”, pois, para ele, não há amor próprio sem amor ao próprio físico – assim como os gregos
acreditavam que belos espíritos só habitavam belas moradas.

Essa preocupação com o corpo, que a princípio surgia apenas diante do espelho de cada um, agora se reflete ainda em
manifestações coletivas pela saúde, como as recentes campanhas contra o fumo e a poluição. Mauro, contudo, não nega que existem
os exagerados – aqueles que têm tanto prazer em cultivar suas formas que acabam perdendo o interesse pelo que lhes é diferente –
o sexo oposto, por exemplo. A extrema vaidade física, aliás, foi a primeira definição de narcisismo dada pelo médico alemão Paul
Näcke em 1899. Ele a usava para descrever aqueles que se excitavam diante da própria imagem no espelho. Até hoje, passado
quase um século, surgem ainda definições de comportamentos rotulados de narcisistas.

“Por isso é raro encontrar quem admita merecer o adjetivo ou saiba indicar alguém merecedor”, justifica o psicanalista carioca
Eduardo Mascarenhas – que as más-línguas dizem ser, ele próprio, um narcisista de marca. “Na verdade, as pessoas se sentem
inseguras para falar do assunto, quando não sabem qual das várias significações para narcisismo está na mente do interlocutor”.
Narcisismo, por exemplo, talvez seja quem determine que todos devam se comportar de acordo com suas ideias e sua vontade, por
não conseguir se imaginar na pele de outrem, não perceber o que os outros pensam ou sentem; sofre, portanto, de uma ilusão de
onipotência capaz de transformá-lo em um ditador – em casa, na escola, no trabalho ou, se não houver um sistema eficiente de
contrapesos, no país. Por aí pode-se ver que o narcisismo, longe de ser uma característica confinada ao íntimo de cada qual, pode
interferir poderosamente nas relações entre as pessoas, embora essa interferência permaneça quase sempre mascarada.
São narcisistas também aqueles que julgam suas próprias ideias o máximo. Os políticos, muitas vezes, servem de legenda para esse
perfil. “Todos querem a vitória e a permanência no poder. E para isso têm de fazer mais do que os outros, aparecer mais, prometer o
melhor”, reconhece o senador paulista e presidenciável Mário Covas, do PSDB. O problema, segundo ele, aparece quando a imagem
não corresponde ao real. “Dai o político dispara acusações pessoais aos concorrentes, chamando a atenção para si, não por suas
virtudes, mas a partir dos defeitos alheios”. Os narcisistas que se acham o máximo também fazem tudo para evitar maiores
decepções. O mecanismo usado pela famosíssima diva do cinema dos anos 30, Greta Garbo – que se isolou do mundo no auge da
carreira -, talvez não seja guardadas as proporções, muito diferente do da moça que, numa reunião, fica repentinamente calada após
a chegada de uma mulher bonita. É que esses narcisos não entram em disputa, para permanecerem invictos na sua suposta
superioridade.

Sinônimo de narcisista é igualmente o conquistador, aquele que acha que com um único olhar terá o mundo a seus pés. Inevitável
lembrar o roqueiro do grupo RPM, Paulo Ricardo, 26 anos, famoso por um tal “olhar 43”, presente na letra de sua canção mais
popular e que ele próprio não cansa de disparar do palco. “É preciso se achar o bom mesmo. Além disso, o público gosta de ídolos”.

Os artistas, de modo geral, levam a fama de narcisistas. “Eles têm a insegurança comum a qualquer pessoa, que é o medo de não
ser amado”, teoriza Roberto Talma, diretor de novelas da Rede Globo. “Mas esse sentimento pode se acentuar, exacerbando o
narcisismo, porque afinal são julgados por milhões de pessoas”. Beatriz Segall que o diga. Há poucos meses, sua personagem Odete
Reutmann, na novela Vale Tudo, uma egocêntrica típica, tornou-se uma verdadeira onda nacional, despertando ódios e amores.

A propósito da relação entre fama e narcisismo, a atriz não finge modéstia: “Não deixo de gozar o prazer do sucesso. Mas não perco
de vista que é apenas um momento, importando somente o que resta – o prestígio”. Aí Beatriz demonstra orgulho, um sentimento
que, ao contrário da vaidade – qualidade do que é vão – expressa uma estima sedimentada nas ações que realiza. É nesse amor pelo
que faz que o autodenominado criador de arte (“Odeio a palavra produtor”) Fernando Bicudo, 42 anos, ex-diretor do Teatro Municipal
do Rio de Janeiro, define o novo narcisismo que, na sua opinião, dominará a cena nos próximos anos: “As pessoas julgarão os
problemas do mundo como sendo seus também”. Exemplo de novo narcisista? Bicudo aponta o cantor inglês Sting, belo, bem-
sucedido, e que vai à luta pelos direitos humanos.

Um amor impossível

A mais antiga versão do mito grego de Narciso – que inspirou a teoria freudiana do narcisismo – é atribuída ao poeta romano Ovídio
(43 a.C.-17 d.C.). Segundo ele, Narciso nasceu depois que a ninfa Liríope, sua mãe, se banhou nas águas do rio Zéfiro. Tão belo era o
menino que a mãe ficou preocupada, pois os deuses não admitiam que um mortal fosse mais bonito do que eles, habitantes do
Olimpo. Liríope ouviu então de um oráculo que o filho viveria enquanto não visse a si próprio.

Certo dia, sentindo sede, Narciso se aproxima de um lago. Mas, ao deparar na água com a própria imagem, que não sabia ser sua,
sentiu irresistível paixão. Eco, uma ninfa que o seguia, ainda tentou avisá-lo de que aquele rosto era o seu mesmo. Foi em vão,
porque só conseguia repetir as últimas palavras do que ouvia, vítima também ela da ira dos deuses. E Narciso, não conseguindo se
afastar da imagem refletida, definha de fome e sede. Ao perceber, enfim, que aquele era o seu próprio rosto, chora ao dar-se conta
de que jamais poderia abraçar o objeto amado. Suas lágrimas turvaram a água. Narciso achou que a imagem estava fugindo e
morreu de desespero.

Fonte: https://super.abril.com.br/saude/narcisismo-a-hora-das-estrelas/

Texto III

De acordo com uma pesquisa da Journal of Family Medicine and Primary Care, 259 pessoas já morreram tentando tirar
uma selfie perfeita. Os casos foram registrados entre outubro de 2011 e novembro de 2017 e envolvem incidentes ao redor do
mundo.

As “selfies” são aquelas fotos que as pessoas tiram delas mesmas com a câmera frontal do celular. Elas ficaram mais famosas a
partir da criação de smartphones com supercâmeras e, claro, com o boom das redes sociais. Segundo o Google, apenas em 2015
mais de 24 bilhões de selfies foram postadas em seu aplicativo de fotos. Ainda, de acordo com os analistas, cerca de 1 milhão de
selfies são clicadas diariamente por pessoas com idades, principalmente, entre 18 a 24 anos.

“Tirar esse tipo de foto e compartilhá-las nas mídias sociais tornou-se um modo de expressar-se. As pessoas, às vezes, se arriscam
em situações perigosas justamente para ganharem atenção em seus perfis. Em alguns casos, isso teve consequências fatais”,
registraram os estudiosos.

De todos os países, a Índia é o campeão de registros desse tipo. Logo em seguida aparecem Rússia, Estados Unidos e Paquistão.
Ainda, os homens são os que mais se arriscam em busca de uma boa fotografia, segundo a análise, 72,5% das vítimas eram do sexo
masculino contra 27,5% do sexo feminino.

Quando às causas mais comuns dos óbitos, estão: afogamento, acidentes de trânsito e quedas de grandes alturas. No entanto, morte
por animais, choques elétricos e fogo também aparecem no relatório. Importante dizer que, segundo a pesquisa, as selfies não são
registradas como a causa oficial das mortes (já que normalmente é relatado o que sucedeu a ela, como por exemplo a pessoa ter
caído ou ter se envolvido em um acidente de trânsito). Assim, é possível que o número de pessoas que tenham sido vítimas da sua
própria obsessão pela foto perfeita pode ser muito maior.

Por fim, os pesquisadores concluíram que a melhor solução para evitar esse tipo de incidente é estabelecer áreas “sem zonas de
selfie” em atrações turísticas – especialmente locais com riscos de se afogar ou de cair de uma grande altura, como o topo de um
prédio ou o alto de uma montanha. Resta esperar que as pessoas realmente levam os avisos a sério e prestem atenção em suas
atitudes.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Pesquisa/noticia/2018/10/em-busca-da-foto-perfeita-259-mortes-ja-foram-
registradas.html

Texto IV

Fonte: https://epoca.globo.com/vida/experiencias-digitais/noticia/2015/09/selfies-ja-matam-mais-humanos-do-que-ataques-de-
tubaroes.html

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