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Construção Modular

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PONTES E VIADUTOS EM VIGAS MISTAS


MANUAL DE CONSTRUÇÃO EM AÇO

MANUAL DE

Construção
EM AÇO
Construção Modular
Série “Manual de Construção em Aço”

• Galpões para Usos Gerais


• Ligações em Estruturas Metálicas
• Edifícios de Pequeno Porte Estruturados em Aço
• Alvenarias
• Painéis de Vedação
• Resistência ao Fogo das Estruturas de Aço
• Tratamento de Superfície e Pintura
• Transporte e Montagem
• Steel Framing: Arquitetura
• Interfaces Aço-Concreto
• Treliças tipo Steel Joist
• Viabilidade Econômica
• Dimensionamento de Perfis Formados a Frio conforme NBR 14762 e NBR 6355 (CD)
• Projeto e Durabilidade
• Estruturas Mistas Vol. 1 e 2
• Prevenção contra Incêndio no Projeto de Arquitetura
• Projeto de Abertura em Almas de Vigas de Aço e Vigas Mistas de Aço e Concreto
• Estruturas Compostas por Perfis Formados a Frio. Dimensionamento pelo Método das Larguras Efetivas e Aplicação
Conforme ABNT NBR 14762:2010 E ABNT NBR 6355:2012
• Tecnologias de Vedação e Revestimento para Fachadas
• Steel Framing Engenharia
• Manual da Sustentabilidade da Contrução em Aço
• Pontes e Viadutos em Vigas Mistas
• Construção Modular
FELIPE SAVASSI

CAROLINA PONCE CHICA

Construção Modular

INSTITUTO AÇO BRASIL

CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO

RIO DE JANEIRO | 2022


© 2022 INSTITUTO AÇO BRASIL / CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO
EM AÇO

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por quaisquer meio, sem a prévia auto-
rização desta Entidade.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Izani Saldanha CRB-7 5372, com os dados
fornecidos pelo CBCA.

S266c Savassi, Felipe.


Construção modular / Felipe Savassi, Carolina Ponce Chica. Rio de Janeiro:
Instituto Aço Brasil: CBCA, 2022.
101 p. : il. 21 cm.

Bibliografia.
ISBN:  978-65-89443-01-8.

1. Construção modular – Aço. 2. Sistema construtivo. 3. Módulos. I. Ponce Chica,


Carolina. II. Título. III. Série.


CDU 624.1:72.013

1a Edição , 2022
Instituto Aço Brasil /

Centro Brasileiro da Construção em Aço


Rua do Mercado, 11 / 18o Andar
20010-120 - Rio de Janeiro - RJ
e-mail: cbca@acobrasil.org.br
site: www.cbca-acobrasil.org.br
CAPÍTULO 1 Introdução 07
1.1 Como tudo começou 08
1.2 Entendendo o sistema construtivo 10
1.3 Tipologias do modular 10

Sumário
1.3.1 TIPOLOGIAS DE ACORDO COM O MÉTODO CONSTRUTIVO 11
1.3.1.1 Construção modular volumétrica – 3D 11
1.3.1.2 Construção modular painelizada – 2D 15
1.3.1.3 Construção modular paramétrica 19
1.3.1.4 Construção modular híbrida 23
1.3.2 TIPOLOGIAS DE ACORDO COM A MATERIALIDADE 26
1.3.2.1 Aço 27
1.3.2.2 Madeira 40
1.3.2.3 Concreto 45
1.4 Vantagens da construção modular 49
1.5 Mercado 54
1.6 Financiamento 54

CAPÍTULO 2 Projetos modular 56


2 Projeto modular 57
2.1 Transporte 57
2.1.1 DOCUMENTAÇÃO AET (AUTORIZAÇÃO ESPECIAL DE TRÂNSITO 60
2.2 Concepção de projetos modulares 61
2.2.1 CONCEPÇÃO DE PROJETOS ECOEFICIENTES 62
2.2.2 COORDENAÇÃO MODULAR 63
2.2.3 DIMENSIONAMENTO DOS MÓDULOS 64
2.3 Etapas do projeto 65
2.3.1 BRIEFING 66
2.3.2 ESTUDO PRELIMINAR 66
2.3.3 ANTEPROJETO 68
2.3.4 PROJETO EXECUTIVO 69

CAPÍTULO 3 Estrutura do módulo 70


3.1 Chassi 71
3.2 Lajes / Coberturas 73
3.3 Fechamentos internos e externos 75
3.4 Acabamentos e revestimentos 78
3.5 Instalações 83
3.6 Esquadrias 84
3.6.1 Tipos de esquadrias 85

CAPÍTULO 4 O processo de fabricação/montagem 87


4.1 Fábricas montadoras 89
4.2 Fabricação de módulos em aço 89
4.3 Fundação 90
4.4 Montagem e Acoplamento 91
4.5 Pontos de elevação módulos em aço 94

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 5


CAPÍTULO 5 Durabilidade e manutenção 98

Bibliografia 100

6 CONSTRUÇÃO MODULAR
CAPÍTULO 1

Introdução

7 7

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO


Vivemos numa sociedade cada vez mais efêmera, com intensas mudanças de hábitos e
1 em constante movimento. Os principais setores econômicos vêm se preocupando cada vez mais
com as questões socioambientais que afetam o mundo. Com o alto uso de recursos naturais
combinados com elevados índices de desperdício, baixa produtividade, falta de previsibilidade
Introdução

orçamentária, atrasos, além de um mercado com mão de obra de baixa qualificação, o setor
da construção civil busca cada vez mais otimizar processos e industrializar a produção num
movimento que busca o progresso e a evolução de maneira sustentável tanto nas questões
ambientais, quanto nas questões socioeconômicas. Todo esse cenário é perfeito para a arqui-
tetura e construção modular.

Com o problema da falta de mão de obra qualificada cada vez mais presente, aliado à
necessidade por mais agilidade e previsibilidade no ciclo dos empreendimentos, a construção
modular vem como uma forte tendência, atingindo em cheio dores que a tempos o setor tenta
solucionar.

1.1 - Como tudo começou


A construção modular não é um sistema recente, contrariando o senso comum, seus
primeiros registros datam de 1833 com a construção da Igreja de Santa Maria em Chicago.
Outro grande marco da construção modular na linha do tempo foi o fim da Segunda Guer-
ra Mundial, quando a demanda por habitações pré-fabricadas teve uma alta extremamente
considerável.

Logo após, no final dos anos 1950, a construção modular começou a ser utilizada para
uma ampla gama de tipologias de projetos - como escolas e serviços de saúde. Já nos anos
60 e 70, principalmente nos Estados Unidos, o setor hoteleiro foi o maior responsável pelo
crescimento do mercado com a construção de hotéis em larga escala.

1833 – IGREJA DE SANTA MARIA em Chicago - WOOD FRAME, que foi montada e desmontada 3 vezes.

8 CONSTRUÇÃO MODULAR
1

Introdução
1896 – MÓDULOS 3D DE CONCRETO – Ferrovias da França

Mesmo com esse passado notório, foi em 1960 que um estilo arquitetônico se aprofun-
dou neste sistema construtivo e desenvolveu diretrizes de projetos focadas em uma arquitetura
pré-fabricada e modular.

Os metabolistas acreditavam em uma arquitetura mutável que pudesse ser montada e


desmontada conforme a necessidade e vontade do usuário. Dois projetos se destacam neste
momento: Quiosque K67, de Sasa J. Mächtig e Nakajima Tower de Kisho Kurokawa.

Fonte: arquitetesuasideias.com.br

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 9


1.2 - Entendendo o sistema construtivo
1
A Arquitetura e Construção Modular se destacam pelo fato de ser realizada offsite,
Introdução

ou seja, fora do canteiro de obra, em um ambiente controlado, com alta precisão, diminuição
do desperdício através de um processo construtivo enxuto e eficaz que proporciona uma di-
minuição de prazo e potencial redução dos custos.

Existem algumas diferenças significativas e uma série de considerações que as equipes


de projeto devem entender antes de se comprometer a desenvolver um projeto neste sistema.
Por exemplo, na construção modular, grande parte das decisões devem ser tomadas com ante-
cedência dentro da linha do tempo do projeto. Outro fator importante é que por uma grande
quantidade de trabalho ser realizado offsite, é exigido um nível muito mais alto de coordenação
entre as várias partes envolvidas, o que pode tornar-se crítico em alguns momentos do projeto
como no planejamento e na compatibilização de projeto.

Alguns conceitos podem ser ligados e se destacam na construção modular como adap-
tabilidade, flexibilidade, versatilidade, efemeridade, previsibilidade, rapidez, sustentabilidade,
tecnologia, automação e tecnologia.

Este manual busca explicar o processo de concepção, fabricação e instalação do sistema


construtivo de maneira introdutória, permitindo que profissionais da construção civil tenham
uma visão geral do tema e possam ampliar seus horizontes de atuação. É importante ressaltar
que este presente manual se propõe a ser um norte para os arquitetos, engenheiros e outros
profissionais da área que desejam trabalhar com a temática, sendo assim um ponto de partida
para esse novo caminho.

1.3 - Tipologias do modular

Apesar de a construção modular ter a característica de ser pré-fabricada, essa não é a


sua definição por si só, visto que toda construção modular é pré-fabricada, porém nem toda
pré-fabricada é modular. Dito isso, é possível definir a construção modular como um sistema
composto de componentes separados que são pré-fabricados num ambiente controlado, que
podem ser justapostos e/ou acoplados formando a edificação. Nela é possível substituir ou
adicionar módulos sem afetar o resto do sistema.

Quando implementada de forma eficaz, esta abordagem resulta em uma excelente qua-
lidade da construção, entregue em um prazo mais curto, com custos mais previsíveis e menos
impactos ambientais – por exemplo, por meio da redução do uso e desperdício de materiais,
de acordo com a pesquisa realizada por McGraw-Hill

¹ McGraw-Hill, 2011

10 CONSTRUÇÃO MODULAR
As possibilidades projetuais dentro da construção modular são inúmeras, uma vez que
é possível combinar diversos materiais como aço, madeira e concreto, bem como tipologias 1
construtivas e seu caráter de permanência, podendo ser temporários ou permanentes.

Introdução
Em termos de uso, não existem restrições e a construção modular pode ser aplicada
a residências, hospitais, escolas, hotéis, entretenimento, edifícios corporativos, institucionais,
comerciais, franchises, industriais e especiais como penitenciárias, energia, militares, e canteiros
de obras. Quanto maior o grau de padronização, maior a celeridade e potencial de redução de
custos.

1.3.1 TIPOLOGIAS DE ACORDO COM O MÉTODO CONSTRUTIVO

Essa categoria de classificação da construção modular se refere ao sistema construtivo


e à montagem do módulo. Assim, ela define como os módulos serão montados em fábrica e
transportados até o terreno, levando em consideração como se dará a união de componentes
e elementos da edificação.

Suas categorias são:

∙ Construção modular volumétrica, também chamado de 3D;

∙ Construção modular painelizada, também chamado de 2D;

∙ Construção modular paramétrica;

∙ Construção modular híbrida, quando são utilizadas duas ou mais tipologias.

Fonte: Mckinsey & Company - Capital Projects & Infrastructures

1.3.1.1 Construção modular volumétrica – 3D:

A construção modular volumétrica ou 3D é a mais conhecida e difundida. Nesta


tipologia os módulos são construídos volumetricamente, como um prisma retangular, e são
acoplados/instalados no canteiro. O grau de finalização do módulo volumétrico é maior, che-
gando no canteiro de obra com percentuais que podem variar de 50% a 95% da edificação
finalizada.
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 11
Este percentual de finalização dependerá de vários fatores, incluindo o tipo de cons-
1 trução, restrições do local, localização do projeto, prazo, custo e disponibilidade de mão de
obra local. O grau ideal em que os componentes de um edifício modular serão pré-fabricados
- e o nível em que os componentes serão finalizados - variará de projeto para projeto, mas o
Introdução

objetivo geral da construção modular é minimizar a quantidade de trabalho que ocorre no


canteiro de obras. Quanto mais etapas e processos forem realizados offsite, em um ambiente
controlado de uma fábrica, maior a eficiência obtida por minimizar o risco de fatores externos
como clima ou erros devido à má coordenação entre as equipes. Além disso, quanto menos
trabalho no canteiro de obras, menos perturbação para a comunidade circundante ao empre-
endimento.

Fonte: Steel concrete composite systems for modular construction of high-rise buildings, 2019.

Essa é a tipologia mais comum utilizada no mercado nacional, tendo o aço como seu
principal material primário, embora também possa ser fabricado em madeira e concreto.

O ponto de atenção desta tipologia é o transporte fábrica – terreno, visto que o módulo
3D necessita de mais espaço para ser transportado e o terreno tem que ter fácil acesso.

Embora este artigo se concentre principalmente na construção modular volumétrica


12 CONSTRUÇÃO MODULAR
em aço, muitos dos princípios também se aplicam a outras tecnologias de fabricação offsite,
incluindo a utilização de demais materiais, construção painelizada, paramétrica e híbrida. 1

Introdução
Fonte: Design for modular construction: an introduction for architects. AIA

Fonte: Croqui dos Autores

Fonte: Croqui dos Autores

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 13


1
Introdução

14 CONSTRUÇÃO MODULAR
1

Introdução
Projeto: ZenMood
Arquitetos: Felipe Savassi e Francisco de Sá
Área: 50 m²
Ano do Projeto: 2019
Tipologia: Volumétrica
Material: Aço
Uso: Residencial

A Zen Mood busca unir uma estrutura modular e industrializada a um partido arquite-
tônico de forma orgânica e fluida. O projeto foi pensado como uma moradia que é ao mesmo
tempo compacta e ampla, em que se busca conciliar um adequado aproveitamento dos espaços
sem que isso prejudique a sensação de conforto e amplitude do usuário. Nesse sentido, buscou-
-se mostrar as possibilidades que a construção modular “off site” oferece, conciliando indus-
trialização e personalização. Conta com amplas aberturas de vidro e varandas que funcionam
como extensões dos ambientes internos, integrando a edificação com o entorno. O uso de brises
e revestimentos amadeirados evidenciam a conexão do projeto com materialidades naturais.

1.3.1.2 Construção modular painelizada - 2D:

Muito utilizada em países como Estados Unidos e Canadá, a tipologia painelizada


tem cada elemento da construção pré-fabricado na indústria e estruturada em painéis que
serão unidos in loco. Essa tipologia sai menos finalizada da fábrica, pois exige a conexão de
todos os elementos no terreno, mas ainda assim o trabalho dentro do canteiro é reduzido e
mais rápido quando comparado com a construção convencional.
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 15
1
Introdução

Fonte: Design for modular construction: an introduction for architects. AIA

Os componentes painelizados podem ser transportados de forma mais compacta do


que as unidades volumétricas, reduzindo potencialmente os custos de transporte, porém exigem
montagem adicional e trabalho de vedação e acabamento no local, cujo custo pode compensar
qualquer economia de transporte obtida.

Fonte: Sustainable Design and Manufacturing 2019. Smart Innovation, Systems and Technologies, vol
155. Springer, Singapore.

16 CONSTRUÇÃO MODULAR
1

Introdução
Fonte: Croqui dos Autores

Case: Complexo Nengetta

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 17


1
Introdução

Projeto: Complexo Nengetta


Arquitetos: Felipe Savassi
Área: 708 m²
Ano do Projeto: 2019
Tipologia: Painelizada
Material: Madeira

18 CONSTRUÇÃO MODULAR
Uso: Residencial
1
A Casa Nengeta foi pensada como um refúgio imerso em natureza, proposta em um lote
de 6.803,46² localizado às margens de uma represa em Lapinha Da Serra, no Município De

Introdução
Santana Do Riacho (MG). Além da casa para os moradores, estão previstos mais seis chalés
para hospedagem, sendo três deles com dois quartos e os outros dois com um quarto, além
de um chalé de apoio.

A residência propriamente dita conta com 179,36 m² de área construída fechada


(405,69m² contando com áreas cobertas abertas e 539,70m² contando com áreas externas)
distribuídos em dois pavimentos, propostos com dois blocos que se interceptam perpendicu-
larmente, tirando-se partido do desnível do terreno.

A casa foi planejada em estrutura de Madeira Laminada Colada aparente que seria,
ao mesmo tempo, estrutura e revestimento, evidenciando-se a materialidade da madeira e
mesclando-a com demais elementos como a pedra e o aço.

A proposta do projeto, no geral, consiste na criação de ambientes que podem ser abertos
por completo para a natureza e paisagem ao redor, ampliando os espaços internos e criando
uma integração com o entorno, diluindo-se as diferenças entre o “dentro” e o “fora”.

1.3.1.3 Construção modular paramétrica:

A construção paramétrica se apropria de certos parâmetros ambientais e externos para


a elaboração de um design específico através de cálculos realizados por software. Aliar este
conceito a uma construção eficaz e ágil tem um potencial gigantesco.

Ferramentas de design paramétrico, quando integradas com ferramentas avançadas


como a tecnologia BIM e a precisão das tecnologias de fabricação auxiliadas por computador,
podem fornecer aos arquitetos um controle amplamente expandido das qualidades formais
dos componentes de construção modular.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 19


Case: Syshaus
1
Introdução

20 CONSTRUÇÃO MODULAR
1

Introdução

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 21


1
Introdução

Fonte: Syshaus

Projeto: Syshaus
Arquitetos: Arthur Casas
Área: 206 m²
Ano do Projeto: 2018
Tipologia: Paramétrica
Material: Aço
Uso: Residencial

22 CONSTRUÇÃO MODULAR
A casa SysHaus traz em seus 200 m² um novo conceito para o morar contemporâneo, no
qual eficiência, praticidade e sustentabilidade não são apenas ideais, mas sim práticas efetivas. 1
O sistema estrutural é composto por tipos únicos de pilar, viga, nó de junção e parafuso, que
quando combinados resultam em diferentes configurações de plantas e programas, dentro de

Introdução
um limite de até três pavimentos, seja em terrenos planos ou em declives.

Os revestimentos externos e internos, como pisos, paredes e forros, também são conce-
bidos de modo a possibilitar a montagem por meio de encaixes. Dessa forma, a residência é
totalmente montada no lote, sem gerar resíduos e nem consumir recursos naturais, como água
– abundantemente desperdiçada em obras convencionais. O período da concepção à entrega
das chaves pode corresponder a seis meses.

1.3.1.4 Construção modular híbrida:

Adoção de soluções híbridas, utilizando as melhores qualidades de cada sistema


construtivo, desponta como transição saudável entre os métodos tradicionais e a construção
industrializada.

Módulos 3D combinados com painéis – fonte: Steel Construction – BCSA – https://www.steelconstruc-


tion.info/Modular_construction

Edifícios híbridos são cada vez mais encontrados em todo o mundo e poderão ajudar
a deixar para trás a tradição da construção manual – quase que artesanal - em nosso país.

Aqueles que não estão familiarizados com a construção modular podem erroneamente
acreditar que é uma estratégia tudo ou nada, mas a maioria dos projetos poderia usar qualquer
número de componentes modulares, empregando uma combinação de construção modular
e tradicional para criar uma abordagem híbrida que ainda mantém muitos dos benefícios de
construção modular. Por exemplo, um projeto pode se beneficiar da fabricação apenas dos
elementos repetitivos mais padronizados fora do local, enquanto simultaneamente constrói
os componentes arquitetônicos exclusivos, como caixas de elevadores e escadas no local.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 23


Outro ponto importante, quanto maior o grau de personalização de um projeto, mais
1 indicado será o caminho da painelização e parametrização. Por outro lado, quanto maior a
padronização e repetibilidade de um projeto, como hospitais, escolas e hotéis, maior a indica-
Introdução

ção por um caminho modular volumétrico, conforme demonstrado na figura abaixo.

Fonte: Mckinsey & Company - Capital Projects & Infrastructures

24 CONSTRUÇÃO MODULAR
Case: Concept Mood
1

Introdução

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 25


1
Introdução

Projeto: Concept Mood


Arquitetos: Felipe Savassi para MOST HOMES
Área: 41 m²
Ano do Projeto: 2021
Tipologia: Hibrido - Paramétrica e Painelizada

Material: Aço

Uso: Residencial

Desenvolvida a partir de um trabalho coordenado por três empresas – MOST, Kingspan


Isoeste e ConectSteel – o Concept Mood alia a tecnologia de diversos sistemas construtivos
modulares a um design contemporâneo e rústico. Com iniciais 40 m² o chalé pode ser au-
mentado ou diminuído de acordo com a necessidade do cliente.

O objetivo do chalé é ser um refúgio perfeito para a rotina corrida da vida contempo-
rânea. Para isso, a materialidade escolhida busca trazer a sensação de acolhimento ao mesmo
tempo que traduz o caráter tecnológico e inovador que o chalé possui.

Cada empresa trouxe para esse modelo de arquitetura produto o mais alto grau de
inovação: a estrutura paramétrica que é patenteada pela ConectSteel, os banheiros e cozinhas
PODs da CMC, painéis de alta performance da Kingspan Isoeste e o design único e inovador
da MOST HOMES.

1.3.2 TIPOLOGIAS DE ACORDO COM A MATERIALIDADE

Conforme dito anteriormente, na construção modular podemos trabalhar com dife-


rentes materiais no que diz respeito à materialidade primária da composição dos módulos,
cada qual em tipologias distintas.

26 CONSTRUÇÃO MODULAR
Principais materiais primários:

• Aço
1

Introdução
• Madeira

• Concreto

1.3.2.1 Aço

Tido como a principal vertente de crescimento do modular em termos de materialidade


primária segundo o MBI(Modular Building Institute), o aço cada vez mais ganha espaço no
segmento devido às suas características como resistência, precisão e cadeia de fornecimento.

O aço pode ser fornecido de 2 formas: carbono e galvanizado. O aço carbono é uma
liga metálica composta por Ferro mais Carbono (Fe + C). Já o galvanizado é o aço que recebe o
processo de revestimento que confere aos aços uma camada protetiva de zinco (Zn), chamada
galvanização. Essa camada varia de acordo com os processos de galvanização e os objetivos de
aplicação do produto revestido, onde a galvanização à quente é apropriada para situações que
exigem maior camada de revestimento. Desta forma, o aço carbono galvanizado, nada mais é
do que produtos constituídos da matéria prima, aço carbono revestidos com zinco.

Tanto o aço carbono quanto o aço carbono galvanizado, são largamente utilizados na
construção modular, e apesar de ambos serem suscetíveis a processos de corrosão, o aço car-
bono galvanizado proporciona maior durabilidade devido ao acréscimo da camada de zinco,
sendo ideais para locais com maior incidência de corrosão como os suscetíveis a maresia.

As principais tipologias com este material são:

• PERFIS ESTRUTURAIS

• LIGHT STEEL FRAMING (LSF)

• PODS

PERFIS ESTRUTURAIS

Também conhecido como aço pesado, os perfis estruturais são utilizados na fabri-
cação dos chassis dos módulos, podendo ser perfis comerciais ou dobrados a frio, chamados
respectivamente de produtos siderúrgicos e produtos metalúrgicos.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 27


Produtos Siderúrgicos
1 As empresas siderúrgicas produzem os perfis estruturais a partir de minérios de ferro,
processando-o a quente e transformando a matéria prima bruta em perfis. Os produtos side-
Introdução

rúrgicos são:

• Perfis

• Barras

• Chapas

Cantoneiras Laminadas

Cantoneiras ou ângulos são tipos de perfis compostos por duas abas perpendiculares
entre si e podem ser classificadas em cantoneiras de abas iguais e cantoneiras de abas desi-
guais. São utilizadas principalmente para compor: banzos de treliças e tesouras, diagonais de
treliças e tesouras, contraventamentos e correntes. Esse tipo de perfil permite a flexibilidade
de se compor diversas outras geometrias e alcançar níveis de resistência elevados com peso
reduzido, aumentando a eficiência da estrutura.

Cantoneira de abas iguais e Cantoneira de abas desiguais

A codificação mais comum para se referir a esse perfil é utilização da letra L antes das
dimensões de aba e espessura do perfil.

Exemplos:

∙ L50X4,76 se traduz em Cantoneira de abas iguais de 50mm e espessura 4,76mm.

∙ L50X30X3,2 se traduz em Cantoneira de abas desiguais de 50mm e 30mm e espessura


de 3,2mm.

Perceba que todas às vezes que a medida de uma aba aparecer somente uma vez no có-
digo do perfil, este estará se referindo a uma cantoneira de abas iguais.
28 CONSTRUÇÃO MODULAR
Perfil I laminado de Abas paralelas

Também conhecidos como perfis W e HP, devido à codificação usual para designar
1
esses perfis, os Perfis I Laminados de abas paralelas são largamente utilizados em construções

Introdução
metálicas. Sua geometria permite alcançar elevada resistência mecânica com peso reduzido.

Suas aplicações são diversas, sendo possível utilizá-los em praticamente qualquer peça
de uma estrutura metálica modular.

Perfil I Laminado de Abas Paralelas

São compostos por:

∙ bf – Mesa

∙ h-alma

∙ E suas respectivas espessuras.

Quando a mesa é muito menor que a alma, costuma-se aplicar esses perfis para su-
portar esforços que atuem em apenas um sentido, como é o caso de vigas de piso que sofrem
predominantemente esforços gerados por cargas verticais.

Quando a mesa tem dimensões próximas às da alma, então denomina-se H, e esse


perfil passa a ser mais adequado para aplicações onde seja necessário suportar a compressão
e a momentos fletores vindos de diversas direções, como é o caso dos pilares na maioria das
construções.

Sua codificação inicia-se com as letras W ou HP, seguido da classe de altura do perfil
em mm e de seu peso por metro linear em quilogramas.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 29


Exemplo:
1 ∙ W250X17,9 se traduz em Perfil W com 250mm de altura e massa de 17,9 kg por
metro linear.
Introdução

Observe que o número 250 indica a altura do perfil, sendo necessário consultar a tabela
para obter o número preciso.

Perfil I laminado de mesas inclinadas (“Padrão Americano”)

Semelhantes aos perfis I Laminados de Mesas paralelas, estes perfis apresentam uma
inclinação característica em um dos lados de suas mesas. Essa diferença gera impactos nos
cálculos de resistência desses perfis, mas suas aplicações costumam ser as mesmas dos perfis
de abas paralelas.

I Laminado de Mesas inclinadas

Por serem denominados como “Perfis da série americana”, sua codificação geralmente
segue com medidas em polegadas.

É comum se referir a esses perfis como sua altura em polegadas o número sequencial
do perfil que se quer referir em relação aos perfis de mesma altura.

Exemplo:

∙ I 3” X 9,7 se traduz em perfil I laminado de 3 polegadas de altura e 9,7 kg por metro


linear ou então I laminado de 3 polegadas de altura na segunda alma.

Perfil U Laminado de abas inclinadas (Série americana)

Semelhantes aos perfis I de abas inclinadas, existem os perfis em formato de U, que


também apresentam leve inclinação em um lado de suas mesas. Em inglês são chamados
“channels” e são utilizados em vigas de cobertura, travamentos e vigas de sustentação de pisos.

30 CONSTRUÇÃO MODULAR
1

Introdução
U Laminado de abas inclinadas

Também são utilizados como peças de perfis compostos, ou seja, podem ser conjugados
dois perfis U laminados de “costas” um para o outro formando um novo perfil “I” composto.

Sua codificação segue os mesmos padrões dos perfis I laminados, porém com a letra
U no lugar da letra I

Exemplo:

∙ U 6” X 19,4 se traduz em U Laminado de 6 polegadas de altura com 19,4 kg por


metro linear ou U laminado de 6” de altura na terceira alma.

Existem ainda diversos tipos de perfis de origem siderúrgica, que podem ser encon-
trados nas tabelas de cada marca.

Produtos Metalúrgicos

Diversos perfis podem ser compostos com peças de aço já prontas, como é o caso de
perfis de chapa dobrada ou perfis soldados. As indústrias metalúrgicas não produzem o aço,
mas processam esse material para obter novos perfis.

Perfis de chapa dobrada ou Perfis Formados a Frio (PFF)

São peças obtidas a partir da conformação de chapas e bobinas de aço de pequena es-
pessura. São denominados Perfis Formados a Frio(PFF) pois em seu processo é conformado
somente pela ação mecânica de máquinas como prensas, perfiladeiras e dobradeiras.

Devido a sua leveza, esses perfis são largamente utilizados em estruturas modulares
volumétricas e paramétricas.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 31


1
Introdução

Exemplo de perfis conformados a frio

Exemplo de módulo volumétrico com perfis de aço dobrado a frio

Exemplo de módulo volumétrico com aço dobrado a frio e fechamento em LSF(light


steel frame)

32 CONSTRUÇÃO MODULAR
A grande maioria desses perfis são fabricados em indústrias de pequeno porte, muitas
vezes dentro da própria loja de perfis. 1
Perfil U de chapa dobrada (simples e enrijecido)

Introdução
UDC Simples

UDC Enrijecido

Os perfis U são os mais utilizados, devido à facilidade de fabricação e eficiência estru-


tural obtida com sua geometria.

Sua codificação é iniciado pela sigla UDC (U de Chapa Dobrada) seguido pelas medidas
da alma, mesa, aba enrijecedora (se houver) e espessura, nessa ordem, sempre em milímetros.

Exemplo:

∙ UDC100X50X3,00 se traduz em U de chapa dobrada simples de 100mm de aba,


50mm de mesa e espessura de 3mm

∙ UDC100X50X17X3,00 se traduz em U de chapa dobrada enrijecido de 100mm de


altura, 50mm de mesa, 17mm de aba enrijecedora e espessura de 3mm.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 33


Vários perfis podem ser fabricados em chapa dobrada, como Perfis Z e Z enrijecidos,
1 cantoneiras de chapa dobrada, perfis tipo cartola, etc.

Perfis I não são encontrados devido à restrição de formato que impede a fabricação por
Introdução

roletes ou dobradeiras.

Perfiladeira fabricando perfis U

Perfis Soldados

São obtidos a partir da união de chapas de espessuras acima de 5mm por soldagem.

Os perfis I constituem a maior parte dos formatos que são fabricados utilizando esse
processo.

Perfis soldados conferem ao calculista a versatilidade de se obter um formato sob me-


dida para aplicações específicas, podendo-se variar as espessuras de mesas por exemplo, ou
variar a altura da seção ao longo da barra.

Perfil I Soldado

Apesar de haver a possibilidade de obtenção de perfis estruturais personalizados, exis-


tem também as peças padronizadas, que seguem a codificação: CS para colunas soldadas (d/

34 CONSTRUÇÃO MODULAR
bf é aproximadamente 1), VS para Vigas Soldadas (d/bf pe aproximadamente 2), CVS para
Colunas-Vigas soldadas (d/bf é aproximadamente 1,5) e PF ou VSM. 1
• LIGHT STEEL FRAMING (LSF)

Introdução
O Light Steel Framing (LSF) é um sistema construtivo industrializado, composto
por perfis leves de aço galvanizado, em que as colunas, vigas, lajes e telhados são feitos com
estruturas de aço. Todo o esqueleto da edificação ou módulo é de aço com a possibilidade de
o fechamento ser realizado por diversos materiais como placas cimentícias, painéis de tiras de
madeira orientadas (Oriented Strand Board) ou peças de gesso acartonado.

Porém engana-se quem acha que light steel framing é a mesma coisa que drywall. O
sistema steel frame é resultado da união de perfis leves de aço galvanizado, painéis de gesso
acartonado, lã de rocha e placas cimentícias. Já o perfil drywall é uma parede ou divisória de
gesso utilizada em ambientes internos. Essas paredes também fazem uso de perfis de aço com
espessuras inferiores e não possuem finalidade estrutural, isto é, necessita de uma estrutura
externa ao sistema para suportar as diversas cargas que a edificação pode ter. A construção
em steel frame, por sua vez, é estrutural e demanda elaboração de projetos de engenharia e
arquitetura.

Módulos volumétricos criado com LSF

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 35


1
Introdução

Módulos painelizados com LSF

Fachada painelizada (curtain walls) com LSF

36 CONSTRUÇÃO MODULAR
• PODS

Pods são módulos totalmente acabados de fábrica, sem função estrutural, que podem
1
ser utilizados como infraestrutura e serviços como banheiros, cozinhas, sacadas e cômodos

Introdução
específicos. Geralmente esse tipo de sistema é aplicado a redes hoteleiras, edifícios públicos,
estádios, aeroportos, hospitais e escolas e podem ser acoplados a uma edificação ou estrutura
pré- existente ou podem funcionar de forma autônoma.

Ao término do processo de produção, os módulos (PODS) são transportados até a


obra, onde são montados e interligados ao sistema sanitário e elétrico do edifício.

POD tipo banheiro pronto

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 37


Case: Casa de Aquário
1
Introdução

38 CONSTRUÇÃO MODULAR
1

Introdução

Projeto: Casa de Aquário


Arquitetos: Felipe Savassi
Execução: Vagão Urbano
Área: 100 m²
Ano do Projeto: 2019
Tipologia: Volumétrica
Material: Aço
Uso: Residencial

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 39


A Casa de Aquário é um projeto de residência unifamiliar para a cidade de Santa Cruz
1 do Sul, RS, desenvolvido em sistema modular volumétrico. A casa de 110m2 apresenta um
caráter provisório e conta com facilitações no transporte, montagem e desmontagem, também
sendo exploradas as possibilidades de reaproveitamento dos módulos, vedações e equipamen-
Introdução

tos.

A residência é conformada por dois volumes distintos e contrastantes que se exibem


na paisagem como prismas interseccionados, resultando em uma arquitetura de design mini-
malista e geometrias puras. O volume principal é caracterizado por sua geometria trapezoidal
de materialidade metálica e tom escuro, enquanto o volume secundário é conformado pela
varanda em “L”, com deck e pergolados em madeira.

A varanda, por sua vez, abraça o volume principal da casa e exerce o papel de elemento
de transição entre o ambiente interno e externo, prevenindo a incidência solar nas fachadas
norte e oeste e proporcionando uma visão panorâmica da paisagem e do pôr-do-sol.

1.3.2.2 Madeira

A madeira na construção modular tem um grande potencial, apesar de pouco difundida


no Brasil. Com aproximadamente 550.688.000ha de florestas, o Brasil (ficando atrás somente
da Rússia), possui um enorme potencial madeireiro, com 98,77% correspondente as florestas
nativas, e apenas 1,23% as florestas plantadas. Em países europeus e norte americano a disse-
minação do uso de pré-fabricados em madeira deu-se logo após a Segunda Grande Guerra,
sob uma forte demanda habitacional e a necessidade de se racionalizar o processo construtivo.
Os primeiros elementos pré-fabricados nesse período foram os componentes da cobertura.

Já no Brasil, país com alta demanda por habitações, com parque industrial em estado
razoável de desenvolvimento, possuidor de uma das maiores áreas de florestas do mundo, ainda
limita-se a poucas experiências no que diz respeito à pré-fabricação em madeira na construção
civil. Ainda é muito tímida a disseminação do uso de sistemas pré-fabricados em madeira no
país, fato atualmente decorrente mais de questões culturais e políticas do que por limitações
tecnológicas.

As principais tipologias do uso da madeira na construção modular são o conhecido wood


framing, a madeira engenheirada com o CLT(cross laminated timber ou madeira laminada
cruzada em portugues), utilizada para painéis de paredes, pisos e coberturas e o MLC(madeira
laminada colada ou glulam em inglês), utilizado para vigamentos e pilares, além do sistema
SIP(structural insulated panel).

Com essas tipologias, pode-se trabalhar a madeira na construção modular tanto de


forma volumétrica quanto painelizada.

40 CONSTRUÇÃO MODULAR
1

Introdução
Módulos volumétricos em wood framing

Módulos volumétricos em CLT

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 41


1
Introdução

Módulos painelizados em wood framing

À esquerda módulo painelizado em CLT e à direita laje em CLT

Esquema de painelização em SIP

42 CONSTRUÇÃO MODULAR
Case: Casa das Cabras
1

Introdução

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 43


1
Introdução

Projeto: Casa das Cabras I


Arquitetos: MAPA Arquitetura
Execução: CROSSLAM
Área: 200 m²
Ano do Projeto: 2019
Tipologia: Painelizada
Material: Madeira
Uso: Residencial

44 CONSTRUÇÃO MODULAR
A Casa Cabras está localizada no alto de um morro, em uma clareira na mata. A sua
construção industrializada ainda preserva o espírito natural da madeira, estabelecendo uma 1
relação de contraste e complementar com a montanha e a natureza que a rodeia.

Introdução
Os principais elementos estruturais da casa foram produzidos em uma fábrica transpor-
tados até o local e montados até a conclusão, o que ocorreu 6 meses após o início da fundação.

Definida pela modularidade dos pilares de madeira industrializada, a casa expõe seus
elementos estruturais, que remetem a um caráter tanto primitico quanto contemporâneo. Desta
forma, ilumina a sua construção em CLT (Madeira Laminada Cruzada) e MLC / Glulam
(Madeira Laminada Colada), sendo honesta nas suas técnicas e incorporando-as como parte
essencial da experiência de habitá-la.

Dois envelopes programáticos, um íntimo e outro social, correlacionam-se como volu-


mes descontinuados no espaço, mas integrados por uma varanda aberta que percorre a conti-
nuidade de suas fachadas. A galeria social do nordeste tem vista para um horizonte delineado
pelas montanhas e para o sudoeste uma galeria íntima vista para uma floresta.

Entre os dois volumes, no ponto de encontro das varandas, existe um vazio que alber-
ga a entrada principal e um espaço para encontros e vivências coletivas. Um intermeio que
funciona como um grande espaço de oportunidades, de usos indefinidos a serem descobertos
pelos seus vizinhos.

Por fim, a casa gera espacialidades e transparências em suas fachadas, voltadas para a
serra e para a floresta, compartilhando o cotidiano com a paisagem e vice-versa.

1.3.2.3 Concreto

Um dos edifícios modulares mais altos do mundo, o Clement Canopy em Singapura,


com seus 40 pavimentos, 140m de altura e 505 apartamentos de luxo foi concebido através de
quase 1900 módulos de concreto.

Com ótimas propriedades sísmicas, acústicas e geológicas proporcionam um excelente


comportamento do edifício, porém o peso é um fator a ser considerado no quesito logística e
içamento.

Aqui no Brasil este sistema vem sendo amplamente utilizado na edificação de peniten-
ciárias como uma solução segura, rápida e eficiente para a demanda dos governos estaduais.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 45


1
Introdução

Módulo em concreto do Clement Canopy da em-


presa Boygues Construction sendo içado. Fonte:
www.bouygues-construction.com

Módulos em concreto da Visia para uma penitenciária no Tocantins.


Fonte: https://www.to.gov.br/secom

46 CONSTRUÇÃO MODULAR
Case: Residencial Estudantil 912
1

Introdução

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 47


1
Introdução

48 CONSTRUÇÃO MODULAR
Projeto: Residencial Estudantil 912
Arquitetos: H arquitectura
Execução: Compact Habit 1
Área: 3.100 m²
Ano do Projeto: 2019

Introdução
Tipologia: Volumétrica
Material: Aço
Uso: Residencial

Com 57 unidades habitacionais estudantis, esse edifício é o primeiro da Espanha a


receber a titulação de edifício sustentável pelo Swiss Minergie. Ele também foi premiado com
a maior nota, “A”, pelo Consórcio de Edifícios Verdes da Espanha. O posicionamento do novo
edifício visa manter o equilíbrio entre os edifícios existentes e os espaços exteriores, bem como
priorizar a relação direta entre a habitação e o campus com o terreno, incentivando a utilização
dos espaços exteriores e percursos horizontais, adaptados e sem elevadores.

O edifício é organizado em dois volumes paralelos com pátios internos que dão ao
edifício um sistema de ventilação natural e uso comum para os moradores.

A utilização de um sistema industrializado tem sido decisivo na elaboração do projeto


condicionando em positivo muitas decisões para conseguir otimizar e racionalizar o processo
industrial. O projeto aceitou desde o início as regras do jogo da construção industrializada
apostando na utilização de um único tipo de módulo habitacional pré-fabricado e sistema
construtivos montados em fábrica. Todo o projeto foi feito em 8 meses, com 6 semanas para
a fabricação e apenas 10 dias para a montagem in loco do edifício

1.4 Vantagens da construção modular

As vantagens da construção modular podem ser divididas em quatro aspectos centrais


que esse sistema construtivo busca aprimorar: custo, tempo, qualidade e sustentabilidade.

Custos e valor:

Apesar de no Brasil este sistema construtivo ainda ter um custo por metro quadrado
maior que o da construção convencional, o valor agregado de algumas características natas do
sistema fazem com que em um balanço geral ele ainda seja competitivo e interessante. São elas:

• Previsibilidade orçamentária;

• Retorno do Investimento(ROI) – mais rápido;

• Menor necessidade de intervenção no terreno devido ao peso dos módulos (que


chega a ser 1/5 do peso da alvenaria) tendo também como um benefício indireto fundação e
movimentação de terra ficam mais leves, rápidos e baratos.
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 49
• Menor quantidade de fornecedores e contratos a serem gerenciados possibilitando
1 mais controle e facilidade de contratação e gestão.

• A produção em massa de módulos padronizados pode ser atingida dependendo da


Introdução

complexidade do programa do projeto, garantindo economia de tempo e custos, agregando


valor ao projeto.

Fonte: Artigo publicado pela revista Construção Mercado (Editora Pini), N. 82, em maio de
2008

Ao analisar o custo da construção modular em comparação com a construção conven-


cional, é importante que todos os custos tangíveis e intangíveis sejam levados em considera-
ção, não apenas o custo do m². Em geral, a construção modular deve ser entendida como um
investimento no ciclo de vida da edificação. Independentemente dos custos iniciais, se im-
plementado corretamente, o sistema provará ser uma maneira mais econômica de criar valor
a longo prazo, e a decisão de usar a construção modular deve idealmente ser feita com base
não em uma comparação de custo inicial, mas sim em uma compreensão clara dos benefícios
específicos que o sistema oferece no conjunto da obra.

De todo o custo do ciclo de vida de uma edificação, que pode durar um século ou mais,
15% corresponde ao investimento inicial em projetos e fabricação/construção e 85% à opera-
ção e manutenção, onde o modular é mais eficiente que o convencional2.

² Dados sobre custo de Ciclo de Vida da Edificação - McKinsey and Co., 2019.Dados sobre eficiência entre construção mo-
dular e construção convencional - Kingspan Isoeste https://downloads.kingspan-isoeste.com.br/estudo-de-casos/Parede-
-de-Isopainel-e-paredes-de-concreto-pre-moldado.pdf

50 CONSTRUÇÃO MODULAR
Prazo:

Segundo o relatório da McKinsey de 2019 a construção modular offsite permite que o


1
tempo total da obra seja reduzido entre 30% a 50% se comparado com a construção conven-

Introdução
cional. Isso é possível graças a conceitos industriais aplicados à construção civil, tal como lean
construction e design for manufacturing and assembly (DFMA), que permitem que etapas
que normalmente aconteceriam em sequência possam ser executadas simultaneamente sem
perder qualidade.

Fonte: Design for modular construction: an introduction for architects. AIA

Enquanto os módulos são fabricados, a infraestrutura do terreno é realizada de forma


paralela.

Quanto mais trabalho puder ser concluído offsite, mais rápida será a obra. A produti-
vidade é sensivelmente aumentada em um ambiente controlado, em uma linha de montagem
assim como acontece na indústria automotiva, possibilitando produção em massa de módulos
padronizados. Existe uma relação direta entre padronização x escala x velocidade x custo.

Quanto maior for a padronização e repetibilidade dos módulos de determinado projeto,


maior será a velocidade de produção e o custo cairá. Desta forma projetos como hotéis, hospi-
tais, escolas e habitações multifamiliares caem como uma luva ao sistema modular.

Essa padronização e produção em massa não significa necessariamente uma diminui-


ção na flexibilidade de design e acabamentos. As equipes de projeto podem trabalhar com os
fabricantes para buscar uma abordagem de customização em massa que capture os benefícios
da produção em massa enquanto permite a variabilidade para se adequar a uma ampla gama
de requisitos do cliente e intenções de projeto.

A construção offsite também significa uma equipe mais consistente e um fluxo de tra-
balho mais controlado que estará menos sujeito a interrupções.

Como a construção modular requer um alto nível de coordenação, planejamento e co-


laboração entre as equipes de diferentes disciplinas, o trabalho na fábrica propicia um fluxo
de trabalho mais integrado, o que acarreta em maior produtividade e eficiência no processo.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 51


Outra questão sensível é que como as fábricas possuem capacidade de estocagem e uma
1 relação mais firme e organizada com a cadeia de suprimentos, atrasos relativos à entrega de
insumos são menos frequentes.
Introdução

Qualidade: Por ser uma obra realizada até 95% em um ambiente controlado com mão
de obra especializada, um processo fabril padronizado, eficiente, com controles de processos de
fabricação racionalizados, a construção modular atinge níveis de precisão e qualidade singu-
lares. Os módulos são produzidos sem interferências das intempéries ou de outras condições
externas, garantindo controle de qualidade construtiva superior, quando comparada a outros
sistemas que ainda se utilizam de processos mais dependentes da habilidade humana.

A maior precisão na fabricação de componentes de parede externa também resulta em


uma fachada muito mais precisa e estanque.

Cronograma comparativo

Fonte: Mckinsey & Company - Capital Projects & Infrastructures

52 CONSTRUÇÃO MODULAR
Sustentabilidade:

Entende-se aqui a sustentabilidade como um tripé composto por aspectos sociais, am-
1
bientais e econômicos, a construção modular apresenta características que favorecem esse tema:

Introdução
a. Condições de trabalho mais seguras e salubres;

b. Qualificação do trabalhador da construção civil;

c. Menor desperdício de materiais;

d. Redução nos resíduos gerados;

e. Menor utilização de recursos naturais como água, cimento, madeira, pedra, brita, etc;

f. Utilização de materiais reciclados, recicláveis e renováveis;

g. Possibilidade de reutilização dos módulos tanto para outros usos quanto o mesmo
módulo em locais diferentes – gerando um tempo de vida útil maior do ambiente construído;

h. Edificações mais eficientes que consomem menos energia;

i. Sistema construtivo seco com pegada de carbono menor.

A construção civil hoje é responsável sozinha por até 70% de todo lixo gerado nos centros
urbanos. A construção offsite permite um melhor controle do uso de materiais, resultando
em redução do desperdício e melhor aproveitamento dos insumos em ambiente de fábrica.
Uma quantidade significativa de material excedente e resíduos podem ser coletados e recicla-
dos de volta ao estoque para uso em outros projetos.

A construção modular geralmente requer menos espaço ao redor do canteiro de obras


para trabalhadores, tráfego de caminhões e armazenamento e processamento de material,
além de prazo de montagem (ou acoplagem) mais curto, resultando em uma menor pegada
de carbono e distúrbios/perturbações para a comunidade vizinha.

Apesar de ser um sistema novo no mercado brasileiro, a construção modular tem se


mostrado bastante promissora e vantajosa para todos os players do mercado da construção
civil. Seja por conta do custo, tempo ou sustentabilidade, a construção offsite, e em especial a
construção modular em aço, vem ganhando espaço e se fazendo presente como uma alternativa
viável à construção convencional.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 53


1.5 Mercado
1
Introdução

Atualmente o mercado da construção modular cresce a ritmo 3x maior que o da cons-


trução tradicional com 8% ao ano segundo a plataforma Research & Markets, com um po-
tencial de mais de 142 bilhões de dólares até 2025. A tipologia que puxa este crescimento é o
modular permanente com o aço como principal material primário utilizado.

Outro dado importante, segundo o MBI, Modular Building Institute, o market share
da construção modular, que atualmente encontra-se na ordem de 3%, irá dobrar até 2025.

Alguns países tem se destacado no sistema como a Suécia, onde 84% das casas são
modulares, japão com ¼ de todas as novas edificações feitas de forma offsite, além de Estados
Unidos, Holanda, Alemanha, Austrália e países asiáticos, com forte investimento como Chi-
na, Índia e Singapura. Neste último, 2 torres residenciais de 40 pavimentos, edificadas com
módulos de concreto e foram por algum tempo os prédios modulares mais altos do mundo.
Hoje o recorde já ultrapassa 44 pavimentos com Edifício Ten Degrees em Londres, Inglaterra,
abrigando 546 apartamentos em mais de 48 mil m2 de área construída.

Outro dado interessante vem do Archdaily, com seu banco de dados de mais de 130
milhões de usuários, onde de acordo com a plataforma, uma pesquisa anual é feita com estes
usuários para saber quais os principais assuntos são buscados visando avaliar tendências para
o mercado. No levantamento, os assuntos ou temas que mais tem buscas por informação ou
demonstram maior interesse em relação a outros, passam a ser uma tendência. Nos últimos
anos, a arquitetura e a indústria da construção incorporaram a digitalização em seus processos.
Isso levou a um aumento considerável na busca por palavras-chave relacionadas à "inovação" e
"novas tecnologias" dentro da área de infraestrutura como construção modular e pré-fabricação.

1.6 Financiamento

O financiamento na construção modular é possível, porém existem algumas ressalvas.


Existem dois tipos de financiamentos imobiliários no mercado: o financiamento da produção
e o financiamento do imóvel pronto. Financiamentos tradicionais como a linha de crédito
habitacional, são possíveis somente para a construção modular permanente e o sistema a ser
utilizado deve possuir norma técnica aprovada, como no caso do DATEC da caixa econômi-
ca federal e NBRs. No caso do imóvel pronto é mais simples, desde que o sistema atenda às
normas e praticamente é o mesmo processo de um imóvel em construção tradicional, porém
o projeto passa por avaliação da equipe de engenharia do agente financiador.

Já no caso do financiamento da produção, mesmo atendendo a esses critérios, é ne-


cessário que se faça uma engenharia financeira para adaptar o sistema financeiro atual com a

54 CONSTRUÇÃO MODULAR
construção modular, visto que os agentes financiadores somente repassam o valor financiado
mediante medição in loco de acordo com a evolução da obra. Como a construção modular 1
acontece num ambiente offsite, os módulos vão para o canteiro de obras com um percentual
de finalização bastante avançado.

Introdução
Desta forma existe um gap que precisa ser preenchido visto que a produção dos mó-
dulos durante a fase de fábrica precisa ser financiada de alguma forma. Neste caso, uma das
alternativas é que se faça um financiamento secundário para financiar essa fase de fábrica e
então uma vez que os módulos chegam ao local da obra, a medição do financiamento principal
é feita e com isso o repasse do recurso efetivado, o que possibilita a quitação do financiamento
secundário.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 55


CAPÍTULO 2

Projeto Modular
2. Projeto modular
2
O processo de concepção de um projeto modular pode parecer similar aos processos de

Projeto Modular
projetos concebidos na arquitetura convencional, porém há alguns pontos a serem destacados
que possuem considerações e necessidades específicas.

A escolha da tipologia a ser utilizada deve ser feita de maneira cuidada e unir não só
os desejos dos clientes, mas também algumas questões técnicas específicas do terreno como
acessos, logística e condicionantes físicas do terreno. Com isso em mente esse capítulo apre-
sentará não só como conceber um projeto modular, mas também alguns tópicos de extrema
importância neste momento do projeto.

É importante destacar também que a construção modular exige uma compatibilização


e cooperação entre as diversas disciplinas e profissionais envolvidos desde o início. Seus pro-
cessos não seguem a mesma ordem e lógica projetual de uma construção convencional e por
isso ter uma visão holística da edificação é fundamental para seu sucesso.

2.1 Transporte

Questões como transporte e forma dos módulos são levadas em consideração de acordo
com grau de facilidade de acesso e logística ao terreno, além de disponibilidade e distância de
fábricas e custos envolvidos. O percurso deve ser avaliado na íntegra atentando para obstácu-
los como árvores, fiação aérea, curvas e inclinação das vias, pórticos de condomínios, postes,
viadutos e tudo mais que impossibilite o acesso a equipamentos de maior porte como carretas
e guindastes.

Fonte: https://www.ebanataw.com.br/trafegando/gabaritorodoviario.htm
Fonte: Henrique Kawaminami via Campo Grande News
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 57
Importante salientar que além do acesso ao terreno, área de manobra e posicionamento
2 dos equipamentos devem ser previstos para permitir que os módulos cheguem, sejam des-
carregados, movimentados(às vezes armazenados por algumas horas ou dias) e então içados
e acoplados.
Projeto Modular

Os fatores críticos a serem levados em consideração ao definir o sistema modular de


acordo com a logística são tempo, custo, risco e distância, sendo este último com o máximo
de 800 km entre fábrica e terreno, guardadas situações específicas.

O mapa de modulação maximizará o tamanho dos módulos para minimizar a quantida-


de total a ser fabricada, transportada e instalada. Porém uma análise detalhada junto à fábrica
deverá ser feita porque quanto maior for o módulo mais pesado ele será, podendo com isso,
demandar equipamentos com maior capacidade para o transporte e içamento, o que pode não
ser viável em determinadas situações devido ao acesso e disponibilidade na região.

Fonte: Felipe Savassi Modular Studio

Sobre esse tema é importante ressaltar que todas as normas de transporte de cargas
são feitas pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN. Segundo o órgão, as dimensões
máximas de largura permitidas de cargas em vias urbanas é de 2,60m. Caso a largura tenha
medidas superiores existem duas condições para o transporte: entre 2,60m e 3,20m é possível
solicitar autorização especial para circulação e entre 3,20 e 4m de largura é necessário uso de
batedores/escolta.

Sobre a altura dos módulos o CONTRAN também estipula que cargas em vias urbanas

58 CONSTRUÇÃO MODULAR
devem possuir altura de até 4,40m. Considerando a altura padrão de uma carreta - 1,20m - é
possível que o módulo possua 3,20m de altura limite. Porém, utilizando uma carreta rebaixada, 2
cuja altura é de 0,90cm podemos aumentar a altura do módulo para 3,60m.

Projeto Modular

Fonte: DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE. TRANSPORTES - Resolução 01 16.

Fonte: Croqui dos Autores

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 59


Levando essas informações em consideração é possível criar módulos flexíveis para
2 seu projeto,desde que sejam respeitadas as limitações de logística.
Projeto Modular

2.1.1 DOCUMENTAÇÃO AET (AUTORIZAÇÃO ESPECIAL DE TRÂNSITO)

Para trabalhar com módulos fora dessas medidas, é necessário a AET(Autorização


especial de trânsito). A AET é um documento emitido pelo Departamento Estadual de In-
fraestrutura (DEINFRA), que autoriza o trânsito nas rodovias Estaduais sob sua jurisdição,
após a análise e aprovação de documentos encaminhados pela empresa que realiza o transporte
de cargas, regida pelas características do transporte requerido, conforme o Código de Trânsito
Brasileiro (CTB) e as Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN).

A renovação da AET para transporte de cargas indivisíveis, Combinação de Veículos


de Carga (CVC), Combinação para Transporte de Veículos (CTV) e Guindastes deverá ser
solicitada com antecedência de 30 (trinta) dias corridos da data de término da validade da
AET anterior, mediante apresentação desta e de outros documentos a serem exigidos no ato
da renovação.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA EMISSÃO DA AET

∙ Preenchimento do requerimento;

∙ Procuração com firma reconhecida;

∙ Cópia dos Certificados de Registro e Licenciamentos dos Veículos - CRLV - (Cavalo


+ Semi reboques);

60 CONSTRUÇÃO MODULAR
∙ Documentos exigidos no Art. 4, incisos I e II e todas as suas alíneas da Resolução nº
211/2006 do CONTRAN; 2
∙ Cópia da Autorização Especial de Trânsito para as Rodovias Federais;

Projeto Modular
∙ A Capacidade Máxima de Tração do Cavalo (CMT) deve ser igual ou maior ao Peso
Bruto Total

Combinado (PBTC) da combinação.

2.2 Concepção de Projetos Modulares

Conforme já mencionado na introdução do capítulo, a concepção de projetos modula-


res exige, principalmente do arquiteto, uma mudança na perspectiva do edifício e de como ele
será construído. É extremamente importante que após o briefing com o cliente e o estudo de
transporte, logística e viabilidade, o sistema construtivo seja escolhido assim como o arquiteto
consiga mapear os diversos atores que participarão do processo de projeto e execução.

Assim, estabelecendo desde o início uma comunicação entre os atores envolvidos, é


possível gerar processos e fluxos mais produtivos. Esse alinhamento é importante para validar
esquemas e diretrizes de projeto assim que os primeiros layouts são concebidos. Isso pode
mitigar retrabalho e ajustes significativos ao projeto depois de pronto.

O fabricante tem um papel importante neste cenário, pois é ele que explica à equipe
quaisquer restrições nos processos de produção e transporte do módulo e também permite
que o custo real seja estabelecido no início do processo, de modo que ajustes possam ser feitos
durante o design para garantir que o projeto atenda ao orçamento.

Uma das principais considerações e diferenças ao se projetar uma edificação modu-


lar, é que isso requer que o planejamento e decisões sejam tomadas em um estágio inicial do
processo. O design de interiores, por exemplo, muitas vezes continua enquanto a estrutura
do edifício já está sendo construída e isso em projetos modulares não é viável. Os detalhes
e compatibilização de projetos devem ser concluídos antes da produção ser iniciada porque
alterações nos módulos podem ser muito caras.

Ao conceber um projeto modular, a equipe do projeto deve mudar sua perspectiva


para pensar o edifício como um sistema de componentes conectados. Essa visão pode ajudar
a abrir um campo maior de possibilidades de como a modularização pode ser implementada,
levando a um processo de design mais interativo e menos linear.

Assim, garantir que desde o início da concepção arquitetônica exista a coordenação e


intenção da criação de um produto verdadeiramente modular é garantir um design pensado
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 61
para a produção e montagem. Na arquitetura modular a prancheta - substituída pelo BIM - e
2 o chão da obra - aqui substituído pela fábrica - possuem uma conexão ainda maior, fazendo
com que uma decisão só faça sentido para um, se fizer para outro.
Projeto Modular

As ferramentas de projeto paramétrico podem fornecer uma ampla gama de opções


na construção modular. A equipe de design pode experimentar essas ferramentas para criar
variações do módulo padrão a ser usado em um projeto, enquanto permanece dentro dos pa-
râmetros definidos pelo que o processo de fabricação pode alcançar de maneira econômica.

2.2.1 CONCEPÇÃO DE PROJETOS ECOEFICIENTES

Se uma das principais características e vantagens da construção modular é a sustenta-


bilidade que ela engloba, se faz necessário pensar de maneira ecoeficiente desde os primeiros
momentos da concepção de projetos modulares.

Os projetos Ecoeficientes e Inteligentes são aqueles que possuem mais eficiência ener-
gética, construtiva e tecnológica com a utilização de menos recursos, resíduos e riscos. Seus
benefícios vão desde uma melhor experiência do usuário, até a economia financeira devido ao
alto desempenho termo energético.

A aplicação de estratégias sustentáveis na edificação pode ser entendida desde métodos


mais tecnológicos e com alto investimento como uso de captação, tratamento e reutilização
das águas cinzas e pluviais ou adoção de placas fotovoltaicas, até a modularização racional de
todos os materiais a fim de evitar perda e desperdício de materiais dentro da fábrica. Sobre
essa última estratégia, abordaremos mais profundamente no próximo tópico.

As principais estratégias possíveis para a concepção de um projeto ecoeficiente são:

∙ Ventilação cruzada

∙ Chaminé térmica

∙ Iluminação natural

∙ Controle de luz solar no interior das edificações

∙ Brises

∙ Pergolado

∙ Beirais

∙ Persianas e cortinas

62 CONSTRUÇÃO MODULAR
∙ Película solar low-e

∙ Cobertura verde, laje jardim ou telhado verde


2

Projeto Modular
∙ Captação, tratamento e reutilização das águas cinzas e pluviais

∙ Energia fotovoltaica

∙ Aquecimento solar de água

∙ Materiais recicláveis, recilados e renováveis

∙ Fachada ventilada

∙ Automação residencial

2.2.2 COORDENAÇÃO MODULAR

Entende-se a complexidade da construção modular e da atuação de diversos players na


cadeia de criação e produção de um projeto modular, se faz necessário que os processos de
coordenação e planejamento sejam iniciados desde o momento que se surge a necessidade de
uma edificação modular.

É importante que se tenha um diálogo aberto e frequente entre arquitetos, engenheiros,


executores, fornecedores e clientes para que erros sejam minimizados e evitados. Outro fator
que facilita essa coordenação modular é o uso de ferramentas BIM por todos os projetistas e
executores, potencializando ao máximo a compatibilização de projetos das diferentes disciplinas.

Uma das ferramentas de maior potencial, porém que ainda não foi adotada pela maioria
do mercado, é a NBR 15.873/2010 - Coordenação Modular para Edificações. Com o objetivo
de promover uma compatibilização de dimensões entre os diferentes componentes da cons-
trução industrializada, garantindo assim um menor desperdício de material e maior facilidade
de cooperação entre os atores do mercado, a NBR 15.873 agrupa em seu texto informações e
estudos necessários para a definição de dimensões básicas para módulo.

Com definição de conceitos, valor de módulo básico e alguns princípios fundamentais


para a coordenação de projetos modulares, entende-se que é possível assim simplificar as ope-
rações das construções ainda que estimulando a versatilidade de componentes.

Apesar de seu grande potencial a NBR 15873 ainda não possui aplicação em diversos
setores da construção civil o que dificulta a coordenação modular em projetos. É importante
ressaltar que a cadeia de fornecimento de materiais para edificações modulares ainda precisa
ser aquecida e consolidada no Brasil, e que enquanto essa padronização de dimensões não
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 63
ocorrer, dificilmente conseguiremos atingir toda a capacidade de eficiência produtiva da cons-
2 trução modular.

2.2.3 DIMENSIONAMENTO DOS MÓDULOS


Projeto Modular

Um dos tópicos que gera mais dúvidas entre arquitetos que desejam começar a tra-
balhar com a construção modular é a questão de dimensionamento dos módulos. Diferente
da construção convencional o dimensionamento de vãos, alturas e larguras da edificação na
construção modular não está tão ligada a capacidade do material utilizado, mas sim atrelado
ao transporte e logística de acesso ao terreno.

Como já dito no subcapítulo de transporte, algumas leis nacionais estipulam medidas


limites para o transporte de cargas e são essas medidas que determinarão a dimensão máxima
dos vãos.

Quando trabalhamos com módulos volumétricos, que podem ir completamente prontos


para o terreno, temos mais restrições quanto às medidas. Assim diversos escritórios modulares
e executores possuem módulos padronizados já nas medidas possíveis de serem transportadas.

Ao levar isso tudo em consideração, o módulo volumétrico de maior dimensão possível


dentro do contexto brasileiro possui 12mx3,6mx3,6m, conforme ilustrado na imagem abaixo.

64 CONSTRUÇÃO MODULAR
2

Projeto Modular
Já na utilização do modular painelizado no projeto é possível flexibilizar algumas dessas
medidas, sendo a altura a medida mais adaptável neste cenário, desde que elas ainda respeitem
as medidas máximas de transporte.

Outro ponto importante a se destacar no quesito dimensionamento é a alma e ta-


manho dos perfis utilizados. Esses sim irão depender de cálculo de cargas e um estudo mais
aprofundado das cargas da edificação.

2.3 Etapas De Projeto

Com o objetivo de facilitar e exemplificar um dos caminhos possíveis na elaboração


de projetos modulares, pontuaremos as principais etapas de projetos. Ainda que esse seja um
exercício, é importante ressaltar que não é uma metodologia ou processos engessados, ou uma
maneira correta na hora de pensar em etapas de projetos modulares.

A primeira etapa, já detalhada anteriormente, é a necessidade do entendimento do


terreno em que o projeto será concebido, não somente nas questões tradicionais (sondagem e
topografia, por exemplo), mas também em questões específicas para a logística dos seus mó-
dulos tais como os acessos, tráfego da região, possíveis obstáculos – fios, árvores, construções
existentes – que prejudiquem a implantação dos módulos.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 65


2.3.1 BRIEFING
2 Na segunda etapa descrita, o levantamento do programa de necessidade ou briefing, é
importante salientar que além do que já é levantado para a concepção de qualquer projeto
Projeto Modular

arquitetônico, na construção modular é importante que o arquiteto tenha conhecimento das


vantagens que esse sistema construtivo tem para oferecer de acordo com as demandas e ex-
pectativas que o cliente tenha para o projeto.

Esse alinhamento de expectativas é importante não só para que o cliente entenda quais
são as limitações e reais vantagens da construção modular, mas para que nós arquitetos e pro-
fissionais da construção civil possamos tirar proveito dessas informações e destacar ao máximo
esse aspecto na edificação.

Com todas as informações relacionadas aos prazos, custo, logística, terreno e programa
é possível definir qual tipologia modular será adotada no projeto, de acordo com os pontos
de atenção já citados anteriormente, e começar a esboçar as possibilidades de projetos dentro
de um estudo preliminar.

2.3.2 ESTUDO PRELIMINAR

Fonte: Voitto https://www.voitto.com.br/blog/artigo/o-que-e-dfma

Neste ponto é importante destacar um conceito bastante importante e central para a


elaboração de projetos modulares: DFMA – Design for Manufacture and Assembly – ou em
português, Projeto Feito para Fabricação e Montagem, diz respeito a uma metodologia voltada
a otimizar e simplificar o processo de produção, montagem, transporte e manutenção através
do design de produtos padronizados, multifuncionais e de fácil manuseio, que evitem ao má-
ximo o desperdício e a possibilidade de erro. Em uma compreensão holística do processo de
66 CONSTRUÇÃO MODULAR
produção, enfatizando o design que facilita a fabricação, envio e instalação de um produto.
Aplicando essa ideia a edifícios modulares, as equipes de projeto não apenas projetam os vá- 2
rios elementos do edifício, mas também planejam o processo de como esses elementos serão
fabricados, movidos para o local e montados.

Projeto Modular
Em boa parte dos projetos modulares, o arquiteto conta com o fabricante para fornecer
informações e, em alguns casos, realizar o trabalho de projeto estrutural, que geralmente requer
mais nuances do que em projetos de construção tradicionais.

Na etapa de estudo preliminar é onde determinaremos a área necessária para abrigar o


programa de necessidades e qual seria a espacialização e volumetria da edificação.

Assim, na arquitetura modular, começamos esse processo através da criação de uma


malha com as medidas modulares que serão adotadas, que variam de acordo com a tipologia
construtiva – volumétrico, painelizado ou paramétrico. Isso porque apesar de se trabalhar com
medidas dentro da norma de coordenação modular, cada tipologia possui estruturas diferen-
tes e portanto dimensões estruturais diferentes. Para exemplificar mostraremos o grid de um
projeto volumétrico – modulado de 3 em 3 metros – e o grid de um painelizado – modulado
em 1,20 em 1,20 metro e como projetar em cima deste grid.

Fonte: WTX.net

MODELO DE GRID PROJETO MODULAR VOLUMÉTRICO - 3M X 3M DE


MODULAÇÃO
Fonte: Croqui dos Autores

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 67


CASE: CASA DEL PANTA
2 PROJETO VOLUMÉTRICO
Projeto Modular

Ao conceber um projeto 2D deve-se prever qual o sistema painelizado será utilizado e


com isso criar a modulação respectiva, levando em consideração que os elementos modulares
painelizados do edifício incluem:

∙ Elementos estruturais como molduras, vigas e colunas


∙ Seções de fachada e revestimento de edifícios
∙ Painéis de parede e divisórias interiores
∙ Base e painéis de piso
∙ Treliças e painéis de telhado

MODELO DE GRID PROJETO MODULAR PAINELIZADO OU PARAMÉTRI-


CO - 1,20MX 1,20M DE MODULAÇÃO
Fonte: Croqui dos Autores

2.3.3 ANTEPROJETO

A próxima etapa, o Anteprojeto, é onde o projeto modular se consolidará. Isto por-


que é nesta fase que a definição da materialidade é resolvida e o grande enfoque passa a ser a
compatibilização do projeto por completo, tanto na arquitetura, quanto na sua interação com
outras disciplinas complementares.

Essa etapa de compatibilização é extremamente importante para que o projeto possa


ser concebido e executado com a menor margem de erro possível e para isto utiliza-se uma
ferramenta fundamental para o desenvolvimento de projetos modulares: o BIM - Building
Information Modeling. É através dessa ferramenta, que os diversos profissionais envolvidos
no projeto podem trabalhar alinhando as informações e prevendo possíveis erros e analisando
as soluções disponíveis.
68 CONSTRUÇÃO MODULAR
Além de evitar retrabalhos, desperdícios e erros na hora da execução e montagem dos
módulos, essa etapa é de extrema importância para o desempenho da edificação em todo seu 2
ciclo de vida, já que as simulações e análises envolvem o uso da edificação e não só informações
“estáticas” .

Projeto Modular
Este amadurecimento do projeto modular ainda no Anteprojeto permite que o Proje-
to Executivo de uma edificação modular seja extremamente aprofundado e detalhado, sendo
possível compará-lo com um manual de instalação que recebemos junto com um móvel, sendo
esta a diferença em destaque entre o convencional e o modular nesta etapa.

Todo este processo de concepção da arquitetura modular deve ser rápido e integrado
com outras disciplinas, visto que o principal atrativo - e normalmente a principal motivação
dos clientes – do sistema modular é justamente a diminuição do prazo de entrega.

2.3.4 PROJETO EXECUTIVO

Assim como na construção tradicional, o projeto executivo busca trazer o máximo de


detalhe possível para que a edificação possa ser construída da melhor maneira, porém como
já explicado anteriormente, se na construção modular a execução é realizada em fábrica e com
um detalhamento maior, o projeto executivo tenta traduzir o que o arquiteto projetou para
esse ambiente fabril.

Logo, o resultado final de um projeto executivo de arquitetura modular é algo simi-


lar com um manual de montagem e fabricação de qualquer outro produto industrializado.
O arquiteto responsável deve pensar ainda levando em consideração a questão do DFMA,
entendendo como cada componente compõe a edificação e como ele deverá ser fabricado e
montado.

É importante também ressaltar que esse processo não é feito apenas pelo arquiteto, o
que também é uma grande diferenciação quando comparado com o modelo de trabalho da
arquitetura convencional. Engenheiros de outras especialidades como civil e mecânica, tam-
bém participam deste processo trabalhando em conjunto para entender como criar um projeto
executivo completo e qualificado para ser liberado para a linha de produção.

Muito além de uma documentação final de um projeto, a etapa de projeto executivo


na construção modular é onde problemas e planejamentos de execução tomam outra forma e
se consolidam.

Com os produtos das diversas disciplinas compatibilizados, detalhados e prontos para


a execução é finalizada então o processo de projeto e a fábrica executora pode começar a pro-
dução da edificação.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 69


CAPÍTULO 3

Estrutura do Módulo
A execução das estruturas dos módulos off-site é feita simultaneamente à execução
das fundações, sendo esta a etapa com maior quantidade de atividades e insumos envolvidos. 3
Isso deve-se ao nível de acabamento dos módulos – que chega a 80% – de conclusão de aca-
bamentos estruturais, elétrico, hidráulicos, revestimentos e acabamentos. (O’BRIAN et al.,

Estrutura do Módulo
2000; KAWECKI, 2010; KAMALI; HEWAGE, 2016).

3.1 Chassi

Uma das etapas fundamentais de uma construção modular é a estrutura de sustentação


dos módulos, também chamada de frame ou chassi.

A esta estrutura, formada por vigas e pilares, serão conectados aos demais elementos
e subsistemas que compõem um módulo.

Fonte: Rosane Bevilaqua

Podemos fazer um paralelo entre a estrutura de um módulo com o chassi de um veí-


culo na indústria automotiva. Assim como na produção de um veículo, na construção modular
é possível se trabalhar com diversos materiais e sistemas construtivos, que podem ou não ser
produzidos no mesmo local onde os módulos são fabricados. Independentemente dessa con-
dição, o chassi é a peça fundamental do sistema, pois nele são conectados todos os sistemas
como lajes, vedações, sistemas prediais. Assim, o chassi precisa ser extremamente preciso, leve
e resistente.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 71


3
Estrutura do Módulo

Chassi em aço produzido na fábrica. Fonte: Brasil ao Cubo (2019)

Por este motivo o material com maior utilização para a estruturação dos módulos é o
aço. Perfis metálicos são leves, permitem uma industrialização totalmente off-site, e 100% a
seco.

Além disso, o aço é um material que permite um excelente aproveitamento em ambiente


de fábrica, reduzindo as perdas de materiais no processo produtivo. A capacidade de resistir a
altos carregamentos com seções reduzidas é outro ponto importante a se considerar quando
é feita a escolha do material para o chassi. Peças de dimensões reduzidas consomem menos
material e ampliam a área útil da edificação, além de facilitar o processo de logística, içamen-
to e acoplamento dos módulos no canteiro uma vez que, como já dito anteriormente, o peso
dos módulos é fator crítico na construção modular em função das capacidades de içamento
dos equipamentos – fator ainda mais importante quando trata-se de construção modular de
múltiplos pavimentos.

A fabricação do chassi é um processo que pode ou não ser executado dentro da fábrica
de construção modular. As peças em aço são dimensionadas por um engenheiro estrutural a
partir das demandas do projeto de arquitetura. Uma vez definida a qualidade do aço e a seção
transversal das peças é a hora de criar o projeto de fabricação, onde todas as peças, ligações e
conexões serão detalhadas para posterior beneficiamento. Depois de cortadas, furadas e pin-
tadas, as peças são unidas formando o frame estrutural, ou chassi.

72 CONSTRUÇÃO MODULAR
3

Estrutura do Módulo
Modelo em BIM de um chassi em aço. Fonte: CMC módulos

Deve-se ter atenção especial aos nós, ou conexões entre os módulos, pois é através
dessas ligações que os esforços serão transmitidos de um módulo para outro e, posteriormente,
às fundações, garantindo a estabilidade dos módulos individualmente e também da edificação
como um todo.

O material mais comumente utilizado nas construções modulares brasileiras é o perfil


estrutural, também conhecido como perfil W, pela sua facilidade de aquisição e simplicidade
das conexões, além do excelente desempenho na função de vigas e pilares.

Após a montagem dos perfis metálicos o módulo já ganha o formato 3D, seguindo
para a inspeção da estrutura com relação a prumos, nivelamento, esquadros soldas e/ou pa-
rafusos. A próxima atividade é executar a proteção da estrutura contra a corrosão e (quando
necessário)e assim finalizar o chassi metálico.

3.2 Lajes/Coberturas

Após a finalização do chassi inicia-se a atividade de laje e cobertura. Para a execução das
lajes o material mais utilizado é o painel Wall (chapa composta de madeira e/ou fibrocimen-
to). As placas são parafusadas nas estruturas de sustentação (geralmente compostas por vigas
metálicas com espaçamento pré-determinado). Este tipo de painel de piso tem a característica
de baixo peso, além de proporcionar uma construção a seco. É possível utilizar diferentes tipos
de materiais para a composição das lajes, inclusive lajes úmidas como steel deck ou mesmo
lajes pré-fabricadas de concreto. Nesse caso deve-se atentar ao aumento do peso dos módulos,
causado pelas lajes úmidas.

Com relação à cobertura é comum se utilizar telhas termopainéis de PIR e telhas san-
duíches com EPS fixadas em uma estrutura secundária formada usualmente por terças em aço
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 73
3
Estrutura do Módulo

É possível também realizar coberturas verdes, ou lajes jardim, como vimos no tópico
de projetos ecoeficientes. Para isso é importante destacar dois pontos de atenção na hora de
projetar: o primeiro referente a carga adicional que deve ser prevista na laje e o segundo a es-
pecificação técnica de impermeabilização desta laje. Ambos os pontos não são particularidades
de projetos modulares, mas sim da cobertura jardim e suas especificidades técnicas.

74 CONSTRUÇÃO MODULAR
3

Estrutura do Módulo
Detalhe Construtivo Laje Jardim - Fonte: Crosslam

3.3 Fechamentos Internos e Externos

Nesta etapa são realizadas as atividades relativas aos serviços e aos trabalhos inter-
nos. Iniciam-se pela execução dos fechamentos internos, divididos em duas fases. Isso é feito
para evitar rasgos em paredes para as instalações, uma vez que é executada a primeira fase do
fechamento, seguida pela atividade de execução e teste das instalações e depois, executa-se a
segunda fase, finalizando as paredes internas e externas.

O sistema mais utilizado na construção modular é a combinação de drywall + OSB.


Essas vedações são compostas por um frame em aço leve, que é fixado sobre o chassi, como
mostra a figura abaixo:

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 75


3
Estrutura do Módulo

Fonte: Amarco Au http://amarco.com.au/wp-content/uploads/2015/08/Building-


-Design-using-Modules.pdf

Fonte: Avelox - http://www.avelox.com.br/

76 CONSTRUÇÃO MODULAR
Outro fechamento muito utilizado dentro da construção modular são os painéis iso-
térmicos com Poliisocianurato - PIR - um plástico termoendurecível que possui desempenho 3
termoacústico sem risco de grandes incêndios. Estes painéis são sanduíches de chapas de aço
perfiladas intercaladas por poliisocianurato e possibilitam um fechamento mais inteligente

Estrutura do Módulo
com diversos acabamentos.

Fonte: Kingspan Isoeste

Ainda que a melhor prática projetual e de execução seja o uso de painéis isotérmicos,
tanto pelo seu desempenho quanto pela sua segurança em casos extremos como incêndios, é
importante ressaltar que existem outras opções de fechamentos de paredes e isolamento termo
acústicos como Lã de vidro, Lã ou placa de PET e Lã de rocha.

Vale ressaltar que os materiais utilizados nas vedações de uma construção modular são
amplamente conhecidos e testados nos mercados brasileiro e internacional e são devidamente
testados para o atendimento da norma de desempenho. Esses sistemas permitem que sejam
executados sobre eles os mais diversos tipos de acabamentos, a depender da definição do pro-
jeto de arquitetura e disponibilidade de materiais locais.

No detalhamento das vedações já serão embutidos os sistemas elétrico e hidráulico,


evitando retrabalhos e garantindo a perfeita compatibilização entre os sistemas.

Compatibilização das vedações com os sistemas complementares. Fonte: CMC modular

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 77


Com a finalização das vedações, são instaladas as esquadrias e os revestimentos internos
3 e externos. Para essa atividade existem projetos que planejam a paginação dos revestimentos,
permitindo o encaixe de peças inteiras na junção de módulos, para que não haja recortes no
meio de cômodos, por exemplo. Como os módulos são transportados individualmente, todas
Estrutura do Módulo

as peças são posicionadas de forma a garantir essa paginação, mas aquelas situadas no espaço
da junção não são executadas em fábrica, mas no canteiro. Finalizados os revestimentos, são
executadas as atividades de acabamento (instalação de louças, metais, pedras, etc). Ao fim
dessa etapa, encerra-se a produção dos módulos em fábrica e eles se encontram prontos para
o transporte.

3.4 Acabamentos e Revestimentos

A grande maioria dos acabamentos e revestimentos presentes no mercado podem ser


utilizados dentro da construção modular. Seja por partido projetual ou por desempenho do
material, alguns revestimentos acabam sendo mais utilizados em projetos industrializados,
porém as possibilidades são bem amplas.

Quando nos aprofundamos nos revestimentos de paredes podemos dividi-los em duas


categorias: acabamentos externos ou internos. Apesar desta separação referente aos usos, os
materiais são basicamente os mesmos com exceção do gesso acartonado que necessariamente
precisa estar em área interna.
78 CONSTRUÇÃO MODULAR
∙ Placa Cimentícia: Podendo assumir sua estética natural, sem a necessidade de algum
acabamento extra, a placa cimentícia pode ser utilizada com junta de assentamento ou junta 3
seca.

Estrutura do Módulo
Residência GZ - Studio Cáceres Lazo

∙ Wood Siding: Fechamentos externos em madeira, podem ser compostos de painéis


prontos ou feitos em fábrica. Possuem diversos acabamentos e possibilidades de tonalidades,
materiais e paginação.

NOEM Arquitectos

∙ ACM: Feito de alumínio composto é bastante utilizado em fachadas, possui uma gama
de possibilidades de paginação e acabamentos bem extensa.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 79


3
Estrutura do Módulo

∙ Smart Siding: Com texturas e tonalidades que imitam a madeira, o smart siding é feito
de pvc o que proporciona uma durabilidade e resistência muito superior. Há também smart
sidings que imitam outros materiais como rochas e pedras, porém ainda é possível diferenciar
a imitação do material original.

Módulo Protótipo Brasil ao Cubo com adoção de Smart Siding

∙ Telhas Isotérmicas: Com a possibilidade de ter desenhos variados, é uma solução mais
completa visto que não possui apenas a finalidade de acabamento, mas também tratamento
térmico.

80 CONSTRUÇÃO MODULAR
3

Estrutura do Módulo
Kelowna HO4 - Honomobo

∙ Telha Corrugada: Na sua grande maioria sua aplicação é comumente utilizada para a
criação de uma fachada ventilada, o que aumenta sua performance, visto que quando utilizada
avulsa não possui nenhum tratamento térmico ou acústico.

Fieldwork Design & Architecture

∙ Madeira Compensada: OSB, Plywood ou compensado naval é uma das aplicações


mais utilizadas dentro do modular. É interessante sempre utilizar com espessura superior a
20mm, exceto quando for necessário a execução de curvas no projeto.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 81


3
Estrutura do Módulo

Wikkle House

∙ Gesso acartonado: Existem diversos modelos de gesso acartonado que são específicas
para cada situação

∙ Chapa ST (Standard): Uso geral

∙ Chapa RU (Resistente à umidade): Áreas molhadas

∙ Chapa RF (Resistente ao fogo): Saídas de emergência e áreas anclausuradas.

∙ Chapa flexível: Superfícies curvas

∙ Chapa perfurada: Para absorção acústica

∙ Chapa de alta dureza.

82 CONSTRUÇÃO MODULAR
3.5 Instalações
3
Após feita a acoplagem dos módulos se iniciam as conexões hidráulicas e elétricas. As

Estrutura do Módulo
instalações elétricas são fabricadas já com conectores (também conhecidos como chicotes) e
chegam em obra para apenas serem feitas as conexões conforme imagem abaixo. Os quadros
elétricos são ligados com a energia local conforme quadro abaixo:

Foto – Quadro de Junção entre módulos Foto – Montagem quadro elétrico Fonte:
Fonte: Próprio autor Próprio autor

Além disso, é nessa etapa


que as junções entre módulos re-
cebem tratamentos, ou seja, ativi-
dades de vedação térmica, acústica
e de impermeabilização. Após essa
atividade, calhas e rufos são insta-
lados para garantir o escoamento
adequado da água.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 83


Para finalizar a etapa de instalação e, consequentemente, o processo executivo modular,
3 são executadas eventuais atividades não realizadas em fábrica, como alguns revestimentos ex-
ternos, acabamentos elétricos (geralmente luminárias), instalação de louças, metais, marcenaria
e marmoraria. Além disso, também são executados reparos de eventuais danos causados aos
Estrutura do Módulo

acabamentos do módulo durante a etapa de transporte, como reparos de pintura e de trincas


de gesso. Por último, são conferidas as atividades desenvolvidas em canteiro

Modelos de tomadas no sistema Plug and Play

3.6 Esquadrias

Dentro da construção modular alguns aspectos relacionados com acabamentos e ma-


teriais não se diferem dos utilizados na construção tradicional. Assim, as esquadrias utilizadas
na construção modular são as mesmas, não tendo uma limitação ou especificação de qual se
deva usar.

Os fatores que irão influenciar na decisão de qual material e tipologia de esquadrias


serão utilizadas são custo e necessidades. Quanto às necessidades, é importante ressaltar que
existem diversos sistemas de aberturas, acessórios e tratamentos para que esses componentes
possam ser trabalhados da melhor maneira de acordo com as diretrizes de projeto.

O único ponto de atenção ao especificar esquadrias em projetos modulares é a espes-


sura do trilho que ela pode acabar tendo. Isso porque ao inserirmos diversos acessórios ou
complexificar a composição das esquadrias, o batente da mesma pode acabar com no mínimo
25 cm, ocasionando em uma atenção maior ao requadro na gaiola para que esse elemento não
fique sobressalente na fachada ou piso, caso não seja a intenção.

84 CONSTRUÇÃO MODULAR
3.6.1 TIPOS DE ESQUADRIA

As principais esquadrias utilizadas na construção modular são:


3

Estrutura do Módulo
∙ PVC - Vidro Simples

∙ PVC - Vidro Duplo ou Triplo

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 85


∙ Alumínio
3
Estrutura do Módulo

∙ Madeira

86 CONSTRUÇÃO MODULAR
CAPÍTULO 4

O processo de fabricação/
montagem
Nos últimos 30 anos a produção enxuta – ou também chamada de lean construction - é
4 estudada e introduzida em vários locais de trabalho, independente do local ou escala industrial.
O trabalho padronizado é considerado a espinha dorsal dos processos enxutos e a base para a
melhoria contínua e a qualidade. Se um processo está sempre mudando, qualquer esforço de
O processo de fabricação/montagem

melhoria apenas cria mais uma variação que é ocasionalmente usada e quase sempre ignorada.

O conceito da construção enxuta vem em acordo com aquilo que a construção modu-
lar busca revolucionar dentro da construção civil: a produtividade. Entende-se a necessidade
de evitar retrabalhos e aumentar consideravelmente a produtividade do setor esse conceito
guarda-chuva abriga diversos outros que quando somados tem o potencial para transformar
a forma de produção da área.

Fonte: EMP Engenharia

Aliado ao conceito de Lean Construction temos também outro conceito que quando
aplicado possibilita uma redução de prazos e economia de gastos: Fast Construction. Este úl-
timo é uma metodologia que entende que é possível dentro da construção offsite a realização
de tarefas e processos de maneira simultânea.

Esses dois conceitos são elementos centrais para a virada na produtividade de uma obra
modular. São eles que repensaram processos e metodologias a fim de sempre aumentar a pro-
dutividade e reduzir os custos.

88 CONSTRUÇÃO MODULAR
4.1 Fábricas montadoras
4
Como parte da estruturação de uma cadeia de fornecimento que consiga atender as

O processo de fabricação/montagem
demandas do mercado e seu crescimento, é importante que se quebre alguns paradigmas em
torno das Fábrica de Casas - as empresas executoras.

Assim, o primeiro ponto a ser ressaltado é o valor do investimento despendido para a


criação de uma fábrica montadora. Casos como a Cubicon, já comprovam que é necessário
um valor menor de que R$100.000,00 para uma infraestrutura de ponta.

Isso porque ao contrário do que muitos pensam, a fábrica montadora não necessariamen-
te será o local ou a empresa que produzirá os insumos necessários para a construção de uma
edificação, mas sim o ambiente em que esses insumos serão configurados como uma edificação.

Em resumo, é importante o know-how de chão de fábrica e um baixo investimento -


quando comparado a outras indústrias - para a montagem de um negócio sustentável finan-
ceiramente.

4.2 Fabricação de módulos em aço

Há várias formas de fabricação industrial de módulos em aço, lembrando que o mais


importante neste tipo de fabricação é o aumento de produtividade. Para que isso aconteça, um
layout bem desenvolvido é de suma importância. Também a implantação de automação de
processos aumenta significativamente as operações de fabricação, ao se escolher a melhor for-
ma de produção deve se levar em conta o equilíbrio de aumento de produtividade e o valor de
capital investido juntamente com a flexibilidade do projeto para atender o mercado pretendido.

Fonte: Mckinsey & Company - Capital Projects & Infrastructures

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 89


4.3 Fundação
4
O processo de fabricação/montagem

São três os principais tipos de fundação que acontecem na construção modular: sapatas
isoladas, sapatas corridas e radier. Todas essas soluções podem ser feitas in loco ainda quando
os módulos estão sendo executados dentro da fábrica o que diminui significativamente o tempo
de execução do projeto, quando comparado com projetos de alvenaria tradicional.

Para além da redução de tempo, a fundação de um projeto modular possui outras vanta-
gens quando comparada com uma fundação para um projeto convencional, onde elas podem
ser até 5x mais leve, consequentemente mais baratas.

Sejam pré fabricadas ou construídas in loco, essa etapa da construção é extremamente


importante e deve possuir um projeto elaborado para cada obra, realizado em parceria com um
engenheiro calculista. Além deste projeto é importante reforçar a necessidade da sondagem do
terreno para entender também o comportamento do solo e qual fundação é mais apropriada
para cada contexto.

É possível, também, trabalhar com sapatas corridas metálicas com bases ajustáveis de-
pendendo do peso e terreno da edificação. Apesar de ser uma tipologia menos utilizada, as
fundações metálicas podem trazer estilo e personalidade para a edificação.

Atualmente outra tipologia que vem sendo aplicada como uma solução rápida e sem
a necessidade de realizar a movimentação de solo é a estaca helicoidal. Ela merece um desta-
que especial pois além dos benefícios já citados pode ser uma ótima alternativa para soluções
industrializadas. Sua instalação, apesar de rápida, necessita de equipamentos específicos como
uma retroescavadeira ou caminhão que possa receber um motor hidráulico.

Fonte: torcisao.ind.br

90 CONSTRUÇÃO MODULAR
4.4 Montagem ou Acoplamento
4
Esta etapa se inicia imediatamente após o recebimento dos módulos em seu local de

O processo de fabricação/montagem
instalação. Os módulos são transportados da fábrica para o canteiro, onde serão içados e posi-
cionados na localização exata de acordo com o projeto. Para essa movimentação, normalmente
são utilizados guindastes ou caminhões munck. Este içamento pode ser feito através de olhais
fixados na parte superior dos módulos, como também pode ser feita através de cintas passadas
no piso de cada módulo com uso de barras estabilizadoras ou balancim.

Fonte: Innovate Steel Org.

O planejamento da etapa de içamento é chamado de Plano de Rigging e tem como


principal finalidade planejar e simular a operação de movimentação de carga por meio do
estudo do içamento, dos equipamentos e acessórios utilizados, condições do solo e influência
do vento na operação,

Após o içamento os módulos são posicionados conforme sua localização no projeto em


seguida é feito o seu nivelamento e sua fixação é feita através de parafusos ou solda conforme
projeto específico.

Comumente é adotado o uso de solda entre os módulos, e para garantir a perfeita


união entre os módulos é utilizado uma morsa. No processo de solda não é feito um cordão
de solda, mas sim pontos de solda - normalmente pode ser feito um ponto de solda a cada
metro, mas é recomendado o projeto de junção.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 91


Apesar de módulos volumétricos necessitarem de toda a gaiola montada para o seu
4 transporte, é possível suprimir alguns pilares desde que essa etapa seja prevista na no projeto.
Os postes que serão suprimidos inloco, deverão então ser acoplados na gaiola por meio de
parafusos, para que seja facilitado esse processo de desmontagem.
O processo de fabricação/montagem

92 CONSTRUÇÃO MODULAR
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO
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4

O processo de fabricação/montagem
Independente do processo de supressão ou não de pilares é importante ressaltar que a
4 junção e acoplamento de móveis pode prever alguns processos rápidos e fáceis de serem exe-
cutados inloco, como aplicação de espuma expansiva, colocação de pisos e acabamentos de
forro, parede e piso. Todos esses pontos devem ser pensados e projetados a fim de tirar proveito
O processo de fabricação/montagem

dessa montagem, como no caso acima em que o piso foi paginado de maneira que não seja
possível identificar essa junção.

4.5 Pontos de elevação módulos em aço

Uma outra vantagen do sistema modular, é que ao final da linha de montagem, toda
edificação pode ser temporariamente montada na fábrica. Essa pré-montagem garante que os
sistemas e acabamentos sejam devidamente coordenados e se alinhem sem problemas quando
montados no local final, além de permitir que o proprietário, arquiteto e demais profissionais
envolvidos no projeto tenham a oportunidade de realizar um passo a passo preliminar para
resolver quaisquer problemas, bem como inspeções e testes.

Existem 2 formas mais comuns de contratação de uma obra modular:

1. Solução turnkey, onde a fábrica faz todo o trabalho desde a fabricação dos módulos,
obra civil no terreno (fundação, infraestrutura de elétrica, hidrossanitária, fechamentos etc),
instalação, acabamento e entrega a obra pronta com chave na mão.

2. Solução mista, onde a fábrica fica responsável por produzir e instalar os módulos e a
parte civil da obra é feita por uma construtora.

Case:

94 CONSTRUÇÃO MODULAR
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO
95
4

O processo de fabricação/montagem
4
O processo de fabricação/montagem

Fonte: Danny Foster & Architecture

Projeto: Modular AC Hotel Nomad - Rede Marriot


Arquitetos: Danny Foster & Architecture
Executora / Montadora: Skystone, Epstein & DMD Modular
Área: 9.300 m²
Localização: Nova York
Ano: 2018
Tipologia de Uso: Hotelaria

96 CONSTRUÇÃO MODULAR
Descrição do Arquiteto: Esqueça os sobrados. Uma torre modular não tem que parecer
caixas empilhadas ou dormitórios flutuantes no céu. O fato simples é que hotéis substanciais 4
requerem simetria duplicada e eficiência operacional; a construção modular - eficiente em
termos de custos e com controle de qualidade - atende perfeitamente a essas necessidades. No

O processo de fabricação/montagem
projeto da Danny Foster & Architecture para este Manhattan Modular AC Hotel by Marriott,
a consistência de alta qualidade alia-se à expressão arquitetônica inovadora, com uma sofisti-
cada estratégia de varanda que coloca em cheque o estigma do sobrado barato pré fabricado.
Isto é o que pode ser modular, expresso no hotel modular mais alto dos Estados Unidos.

A planta baixa do DF&A, inclinada mas hiper-simétrica, aproveita todas as eficiên-


cias que se obtém ao se construir em uma fábrica. O design ainda permite variações - King,
Queen/Queen, ADA-Compliant, e Connecting Rooms - mas com larguras consistentes de
compartimento e detalhes prototípicos que capturam grandes economias de custo. E com
uma fachada que captura o olhar.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 97


CAPÍTULO 5

Durabilidade e Manutenção
Assim como qualquer outra edificação brasileira, a construção modular deve seguir as
diretrizes da NBR 15757 que define que a Vida Útil do Projeto deve ser no mínimo de um 5
ciclo de 50 anos. Ao contrário do que muitos podem pensar, a construção modular não possui
uma durabilidade menor do que outros sistemas construtivos. Na verdade, o ciclo de vida de

Durabilidade e manutenção
uma edificação modular pode até ser mais longo, já que podemos considerar a possibilidade
de reutilização de edificações em amplo uso – até se for necessário o deslocamento da cons-
trução para outro terreno.

Porém é necessário que se preste atenção sobre alguns pontos desde o processo de design
e concepção do projeto. Um planejamento cuidadoso que aborda aspectos como a expectativa
de uso do edifício e as possíveis necessidades de manutenção é extremamente necessário para
essa tipologia construtiva. Isso porque é possível prever que a manutenção de um edifício seja
feita de maneira limpa, rápida e sem grandes intervenções, com acessos e possíveis modifica-
ções previstas na etapa de concepção.

Entender que é na concepção de um projeto que podemos garantir um ciclo de vida


mais longo ou não para a nossa edificação é um ponto crucial para evitar não só gastos e des-
perdícios mas também uma eficiência maior da edificação e do processo de construção.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 99


Bibliografia
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 155575-1: Edi-
fícios habitacionais: desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

Referências Bibliográficas
_______. NBR 15873: Coordenação modular para edificações. Rio de Janeiro: ABNT,
2010.

BERTRAM, N. et al. Modular construction: From projects to products. Capital Pro-


jects & Infrastructure. McKinsey & Company, 2019.

MARQUES NETO, José da Costa. Gestão dos resíduos de construção e demolição


no Brasil. São Carlos: Rima, 2005.

MCGRAW HILL CONSTRUCTION. Prefabrication and modularization: increasing


productivy in the construction industry, 2011.

REPORT de construção modular offsite 2020. Disponível em: <https://www.terracotta.


ventures/report-construcao-modular>.

MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 101


Construção Modular
Rua do Mercado, 11 - 18º andar
Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 3445-6300
E-mail: cbca@acobrasil.org.br
www.cbca-acobrasil.org.br

PONTES E VIADUTOS EM VIGAS MISTAS


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Construção
EM AÇO

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