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MANUAL DE
Construção
EM AÇO
Construção Modular
Série “Manual de Construção em Aço”
Construção Modular
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por quaisquer meio, sem a prévia auto-
rização desta Entidade.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Izani Saldanha CRB-7 5372, com os dados
fornecidos pelo CBCA.
Bibliografia.
ISBN: 978-65-89443-01-8.
CDU 624.1:72.013
1a Edição , 2022
Instituto Aço Brasil /
Sumário
1.3.1 TIPOLOGIAS DE ACORDO COM O MÉTODO CONSTRUTIVO 11
1.3.1.1 Construção modular volumétrica – 3D 11
1.3.1.2 Construção modular painelizada – 2D 15
1.3.1.3 Construção modular paramétrica 19
1.3.1.4 Construção modular híbrida 23
1.3.2 TIPOLOGIAS DE ACORDO COM A MATERIALIDADE 26
1.3.2.1 Aço 27
1.3.2.2 Madeira 40
1.3.2.3 Concreto 45
1.4 Vantagens da construção modular 49
1.5 Mercado 54
1.6 Financiamento 54
Bibliografia 100
6 CONSTRUÇÃO MODULAR
CAPÍTULO 1
Introdução
7 7
orçamentária, atrasos, além de um mercado com mão de obra de baixa qualificação, o setor
da construção civil busca cada vez mais otimizar processos e industrializar a produção num
movimento que busca o progresso e a evolução de maneira sustentável tanto nas questões
ambientais, quanto nas questões socioeconômicas. Todo esse cenário é perfeito para a arqui-
tetura e construção modular.
Com o problema da falta de mão de obra qualificada cada vez mais presente, aliado à
necessidade por mais agilidade e previsibilidade no ciclo dos empreendimentos, a construção
modular vem como uma forte tendência, atingindo em cheio dores que a tempos o setor tenta
solucionar.
Logo após, no final dos anos 1950, a construção modular começou a ser utilizada para
uma ampla gama de tipologias de projetos - como escolas e serviços de saúde. Já nos anos
60 e 70, principalmente nos Estados Unidos, o setor hoteleiro foi o maior responsável pelo
crescimento do mercado com a construção de hotéis em larga escala.
1833 – IGREJA DE SANTA MARIA em Chicago - WOOD FRAME, que foi montada e desmontada 3 vezes.
8 CONSTRUÇÃO MODULAR
1
Introdução
1896 – MÓDULOS 3D DE CONCRETO – Ferrovias da França
Mesmo com esse passado notório, foi em 1960 que um estilo arquitetônico se aprofun-
dou neste sistema construtivo e desenvolveu diretrizes de projetos focadas em uma arquitetura
pré-fabricada e modular.
Fonte: arquitetesuasideias.com.br
ou seja, fora do canteiro de obra, em um ambiente controlado, com alta precisão, diminuição
do desperdício através de um processo construtivo enxuto e eficaz que proporciona uma di-
minuição de prazo e potencial redução dos custos.
Alguns conceitos podem ser ligados e se destacam na construção modular como adap-
tabilidade, flexibilidade, versatilidade, efemeridade, previsibilidade, rapidez, sustentabilidade,
tecnologia, automação e tecnologia.
Quando implementada de forma eficaz, esta abordagem resulta em uma excelente qua-
lidade da construção, entregue em um prazo mais curto, com custos mais previsíveis e menos
impactos ambientais – por exemplo, por meio da redução do uso e desperdício de materiais,
de acordo com a pesquisa realizada por McGraw-Hill
¹ McGraw-Hill, 2011
10 CONSTRUÇÃO MODULAR
As possibilidades projetuais dentro da construção modular são inúmeras, uma vez que
é possível combinar diversos materiais como aço, madeira e concreto, bem como tipologias 1
construtivas e seu caráter de permanência, podendo ser temporários ou permanentes.
Introdução
Em termos de uso, não existem restrições e a construção modular pode ser aplicada
a residências, hospitais, escolas, hotéis, entretenimento, edifícios corporativos, institucionais,
comerciais, franchises, industriais e especiais como penitenciárias, energia, militares, e canteiros
de obras. Quanto maior o grau de padronização, maior a celeridade e potencial de redução de
custos.
Fonte: Steel concrete composite systems for modular construction of high-rise buildings, 2019.
Essa é a tipologia mais comum utilizada no mercado nacional, tendo o aço como seu
principal material primário, embora também possa ser fabricado em madeira e concreto.
O ponto de atenção desta tipologia é o transporte fábrica – terreno, visto que o módulo
3D necessita de mais espaço para ser transportado e o terreno tem que ter fácil acesso.
Introdução
Fonte: Design for modular construction: an introduction for architects. AIA
14 CONSTRUÇÃO MODULAR
1
Introdução
Projeto: ZenMood
Arquitetos: Felipe Savassi e Francisco de Sá
Área: 50 m²
Ano do Projeto: 2019
Tipologia: Volumétrica
Material: Aço
Uso: Residencial
A Zen Mood busca unir uma estrutura modular e industrializada a um partido arquite-
tônico de forma orgânica e fluida. O projeto foi pensado como uma moradia que é ao mesmo
tempo compacta e ampla, em que se busca conciliar um adequado aproveitamento dos espaços
sem que isso prejudique a sensação de conforto e amplitude do usuário. Nesse sentido, buscou-
-se mostrar as possibilidades que a construção modular “off site” oferece, conciliando indus-
trialização e personalização. Conta com amplas aberturas de vidro e varandas que funcionam
como extensões dos ambientes internos, integrando a edificação com o entorno. O uso de brises
e revestimentos amadeirados evidenciam a conexão do projeto com materialidades naturais.
Fonte: Sustainable Design and Manufacturing 2019. Smart Innovation, Systems and Technologies, vol
155. Springer, Singapore.
16 CONSTRUÇÃO MODULAR
1
Introdução
Fonte: Croqui dos Autores
18 CONSTRUÇÃO MODULAR
Uso: Residencial
1
A Casa Nengeta foi pensada como um refúgio imerso em natureza, proposta em um lote
de 6.803,46² localizado às margens de uma represa em Lapinha Da Serra, no Município De
Introdução
Santana Do Riacho (MG). Além da casa para os moradores, estão previstos mais seis chalés
para hospedagem, sendo três deles com dois quartos e os outros dois com um quarto, além
de um chalé de apoio.
A casa foi planejada em estrutura de Madeira Laminada Colada aparente que seria,
ao mesmo tempo, estrutura e revestimento, evidenciando-se a materialidade da madeira e
mesclando-a com demais elementos como a pedra e o aço.
A proposta do projeto, no geral, consiste na criação de ambientes que podem ser abertos
por completo para a natureza e paisagem ao redor, ampliando os espaços internos e criando
uma integração com o entorno, diluindo-se as diferenças entre o “dentro” e o “fora”.
20 CONSTRUÇÃO MODULAR
1
Introdução
Fonte: Syshaus
Projeto: Syshaus
Arquitetos: Arthur Casas
Área: 206 m²
Ano do Projeto: 2018
Tipologia: Paramétrica
Material: Aço
Uso: Residencial
22 CONSTRUÇÃO MODULAR
A casa SysHaus traz em seus 200 m² um novo conceito para o morar contemporâneo, no
qual eficiência, praticidade e sustentabilidade não são apenas ideais, mas sim práticas efetivas. 1
O sistema estrutural é composto por tipos únicos de pilar, viga, nó de junção e parafuso, que
quando combinados resultam em diferentes configurações de plantas e programas, dentro de
Introdução
um limite de até três pavimentos, seja em terrenos planos ou em declives.
Os revestimentos externos e internos, como pisos, paredes e forros, também são conce-
bidos de modo a possibilitar a montagem por meio de encaixes. Dessa forma, a residência é
totalmente montada no lote, sem gerar resíduos e nem consumir recursos naturais, como água
– abundantemente desperdiçada em obras convencionais. O período da concepção à entrega
das chaves pode corresponder a seis meses.
Edifícios híbridos são cada vez mais encontrados em todo o mundo e poderão ajudar
a deixar para trás a tradição da construção manual – quase que artesanal - em nosso país.
Aqueles que não estão familiarizados com a construção modular podem erroneamente
acreditar que é uma estratégia tudo ou nada, mas a maioria dos projetos poderia usar qualquer
número de componentes modulares, empregando uma combinação de construção modular
e tradicional para criar uma abordagem híbrida que ainda mantém muitos dos benefícios de
construção modular. Por exemplo, um projeto pode se beneficiar da fabricação apenas dos
elementos repetitivos mais padronizados fora do local, enquanto simultaneamente constrói
os componentes arquitetônicos exclusivos, como caixas de elevadores e escadas no local.
24 CONSTRUÇÃO MODULAR
Case: Concept Mood
1
Introdução
Material: Aço
Uso: Residencial
O objetivo do chalé é ser um refúgio perfeito para a rotina corrida da vida contempo-
rânea. Para isso, a materialidade escolhida busca trazer a sensação de acolhimento ao mesmo
tempo que traduz o caráter tecnológico e inovador que o chalé possui.
Cada empresa trouxe para esse modelo de arquitetura produto o mais alto grau de
inovação: a estrutura paramétrica que é patenteada pela ConectSteel, os banheiros e cozinhas
PODs da CMC, painéis de alta performance da Kingspan Isoeste e o design único e inovador
da MOST HOMES.
26 CONSTRUÇÃO MODULAR
Principais materiais primários:
• Aço
1
Introdução
• Madeira
• Concreto
1.3.2.1 Aço
O aço pode ser fornecido de 2 formas: carbono e galvanizado. O aço carbono é uma
liga metálica composta por Ferro mais Carbono (Fe + C). Já o galvanizado é o aço que recebe o
processo de revestimento que confere aos aços uma camada protetiva de zinco (Zn), chamada
galvanização. Essa camada varia de acordo com os processos de galvanização e os objetivos de
aplicação do produto revestido, onde a galvanização à quente é apropriada para situações que
exigem maior camada de revestimento. Desta forma, o aço carbono galvanizado, nada mais é
do que produtos constituídos da matéria prima, aço carbono revestidos com zinco.
Tanto o aço carbono quanto o aço carbono galvanizado, são largamente utilizados na
construção modular, e apesar de ambos serem suscetíveis a processos de corrosão, o aço car-
bono galvanizado proporciona maior durabilidade devido ao acréscimo da camada de zinco,
sendo ideais para locais com maior incidência de corrosão como os suscetíveis a maresia.
• PERFIS ESTRUTURAIS
• PODS
PERFIS ESTRUTURAIS
Também conhecido como aço pesado, os perfis estruturais são utilizados na fabri-
cação dos chassis dos módulos, podendo ser perfis comerciais ou dobrados a frio, chamados
respectivamente de produtos siderúrgicos e produtos metalúrgicos.
rúrgicos são:
• Perfis
• Barras
• Chapas
Cantoneiras Laminadas
Cantoneiras ou ângulos são tipos de perfis compostos por duas abas perpendiculares
entre si e podem ser classificadas em cantoneiras de abas iguais e cantoneiras de abas desi-
guais. São utilizadas principalmente para compor: banzos de treliças e tesouras, diagonais de
treliças e tesouras, contraventamentos e correntes. Esse tipo de perfil permite a flexibilidade
de se compor diversas outras geometrias e alcançar níveis de resistência elevados com peso
reduzido, aumentando a eficiência da estrutura.
A codificação mais comum para se referir a esse perfil é utilização da letra L antes das
dimensões de aba e espessura do perfil.
Exemplos:
Perceba que todas às vezes que a medida de uma aba aparecer somente uma vez no có-
digo do perfil, este estará se referindo a uma cantoneira de abas iguais.
28 CONSTRUÇÃO MODULAR
Perfil I laminado de Abas paralelas
Também conhecidos como perfis W e HP, devido à codificação usual para designar
1
esses perfis, os Perfis I Laminados de abas paralelas são largamente utilizados em construções
Introdução
metálicas. Sua geometria permite alcançar elevada resistência mecânica com peso reduzido.
Suas aplicações são diversas, sendo possível utilizá-los em praticamente qualquer peça
de uma estrutura metálica modular.
∙ bf – Mesa
∙ h-alma
Quando a mesa é muito menor que a alma, costuma-se aplicar esses perfis para su-
portar esforços que atuem em apenas um sentido, como é o caso de vigas de piso que sofrem
predominantemente esforços gerados por cargas verticais.
Sua codificação inicia-se com as letras W ou HP, seguido da classe de altura do perfil
em mm e de seu peso por metro linear em quilogramas.
Observe que o número 250 indica a altura do perfil, sendo necessário consultar a tabela
para obter o número preciso.
Semelhantes aos perfis I Laminados de Mesas paralelas, estes perfis apresentam uma
inclinação característica em um dos lados de suas mesas. Essa diferença gera impactos nos
cálculos de resistência desses perfis, mas suas aplicações costumam ser as mesmas dos perfis
de abas paralelas.
Por serem denominados como “Perfis da série americana”, sua codificação geralmente
segue com medidas em polegadas.
É comum se referir a esses perfis como sua altura em polegadas o número sequencial
do perfil que se quer referir em relação aos perfis de mesma altura.
Exemplo:
30 CONSTRUÇÃO MODULAR
1
Introdução
U Laminado de abas inclinadas
Também são utilizados como peças de perfis compostos, ou seja, podem ser conjugados
dois perfis U laminados de “costas” um para o outro formando um novo perfil “I” composto.
Sua codificação segue os mesmos padrões dos perfis I laminados, porém com a letra
U no lugar da letra I
Exemplo:
Existem ainda diversos tipos de perfis de origem siderúrgica, que podem ser encon-
trados nas tabelas de cada marca.
Produtos Metalúrgicos
Diversos perfis podem ser compostos com peças de aço já prontas, como é o caso de
perfis de chapa dobrada ou perfis soldados. As indústrias metalúrgicas não produzem o aço,
mas processam esse material para obter novos perfis.
São peças obtidas a partir da conformação de chapas e bobinas de aço de pequena es-
pessura. São denominados Perfis Formados a Frio(PFF) pois em seu processo é conformado
somente pela ação mecânica de máquinas como prensas, perfiladeiras e dobradeiras.
Devido a sua leveza, esses perfis são largamente utilizados em estruturas modulares
volumétricas e paramétricas.
32 CONSTRUÇÃO MODULAR
A grande maioria desses perfis são fabricados em indústrias de pequeno porte, muitas
vezes dentro da própria loja de perfis. 1
Perfil U de chapa dobrada (simples e enrijecido)
Introdução
UDC Simples
UDC Enrijecido
Sua codificação é iniciado pela sigla UDC (U de Chapa Dobrada) seguido pelas medidas
da alma, mesa, aba enrijecedora (se houver) e espessura, nessa ordem, sempre em milímetros.
Exemplo:
Perfis I não são encontrados devido à restrição de formato que impede a fabricação por
Introdução
roletes ou dobradeiras.
Perfis Soldados
São obtidos a partir da união de chapas de espessuras acima de 5mm por soldagem.
Os perfis I constituem a maior parte dos formatos que são fabricados utilizando esse
processo.
Perfil I Soldado
34 CONSTRUÇÃO MODULAR
bf é aproximadamente 1), VS para Vigas Soldadas (d/bf pe aproximadamente 2), CVS para
Colunas-Vigas soldadas (d/bf é aproximadamente 1,5) e PF ou VSM. 1
• LIGHT STEEL FRAMING (LSF)
Introdução
O Light Steel Framing (LSF) é um sistema construtivo industrializado, composto
por perfis leves de aço galvanizado, em que as colunas, vigas, lajes e telhados são feitos com
estruturas de aço. Todo o esqueleto da edificação ou módulo é de aço com a possibilidade de
o fechamento ser realizado por diversos materiais como placas cimentícias, painéis de tiras de
madeira orientadas (Oriented Strand Board) ou peças de gesso acartonado.
Porém engana-se quem acha que light steel framing é a mesma coisa que drywall. O
sistema steel frame é resultado da união de perfis leves de aço galvanizado, painéis de gesso
acartonado, lã de rocha e placas cimentícias. Já o perfil drywall é uma parede ou divisória de
gesso utilizada em ambientes internos. Essas paredes também fazem uso de perfis de aço com
espessuras inferiores e não possuem finalidade estrutural, isto é, necessita de uma estrutura
externa ao sistema para suportar as diversas cargas que a edificação pode ter. A construção
em steel frame, por sua vez, é estrutural e demanda elaboração de projetos de engenharia e
arquitetura.
36 CONSTRUÇÃO MODULAR
• PODS
Pods são módulos totalmente acabados de fábrica, sem função estrutural, que podem
1
ser utilizados como infraestrutura e serviços como banheiros, cozinhas, sacadas e cômodos
Introdução
específicos. Geralmente esse tipo de sistema é aplicado a redes hoteleiras, edifícios públicos,
estádios, aeroportos, hospitais e escolas e podem ser acoplados a uma edificação ou estrutura
pré- existente ou podem funcionar de forma autônoma.
38 CONSTRUÇÃO MODULAR
1
Introdução
tos.
A varanda, por sua vez, abraça o volume principal da casa e exerce o papel de elemento
de transição entre o ambiente interno e externo, prevenindo a incidência solar nas fachadas
norte e oeste e proporcionando uma visão panorâmica da paisagem e do pôr-do-sol.
1.3.2.2 Madeira
Já no Brasil, país com alta demanda por habitações, com parque industrial em estado
razoável de desenvolvimento, possuidor de uma das maiores áreas de florestas do mundo, ainda
limita-se a poucas experiências no que diz respeito à pré-fabricação em madeira na construção
civil. Ainda é muito tímida a disseminação do uso de sistemas pré-fabricados em madeira no
país, fato atualmente decorrente mais de questões culturais e políticas do que por limitações
tecnológicas.
40 CONSTRUÇÃO MODULAR
1
Introdução
Módulos volumétricos em wood framing
42 CONSTRUÇÃO MODULAR
Case: Casa das Cabras
1
Introdução
44 CONSTRUÇÃO MODULAR
A Casa Cabras está localizada no alto de um morro, em uma clareira na mata. A sua
construção industrializada ainda preserva o espírito natural da madeira, estabelecendo uma 1
relação de contraste e complementar com a montanha e a natureza que a rodeia.
Introdução
Os principais elementos estruturais da casa foram produzidos em uma fábrica transpor-
tados até o local e montados até a conclusão, o que ocorreu 6 meses após o início da fundação.
Definida pela modularidade dos pilares de madeira industrializada, a casa expõe seus
elementos estruturais, que remetem a um caráter tanto primitico quanto contemporâneo. Desta
forma, ilumina a sua construção em CLT (Madeira Laminada Cruzada) e MLC / Glulam
(Madeira Laminada Colada), sendo honesta nas suas técnicas e incorporando-as como parte
essencial da experiência de habitá-la.
Entre os dois volumes, no ponto de encontro das varandas, existe um vazio que alber-
ga a entrada principal e um espaço para encontros e vivências coletivas. Um intermeio que
funciona como um grande espaço de oportunidades, de usos indefinidos a serem descobertos
pelos seus vizinhos.
Por fim, a casa gera espacialidades e transparências em suas fachadas, voltadas para a
serra e para a floresta, compartilhando o cotidiano com a paisagem e vice-versa.
1.3.2.3 Concreto
Aqui no Brasil este sistema vem sendo amplamente utilizado na edificação de peniten-
ciárias como uma solução segura, rápida e eficiente para a demanda dos governos estaduais.
46 CONSTRUÇÃO MODULAR
Case: Residencial Estudantil 912
1
Introdução
48 CONSTRUÇÃO MODULAR
Projeto: Residencial Estudantil 912
Arquitetos: H arquitectura
Execução: Compact Habit 1
Área: 3.100 m²
Ano do Projeto: 2019
Introdução
Tipologia: Volumétrica
Material: Aço
Uso: Residencial
O edifício é organizado em dois volumes paralelos com pátios internos que dão ao
edifício um sistema de ventilação natural e uso comum para os moradores.
Custos e valor:
Apesar de no Brasil este sistema construtivo ainda ter um custo por metro quadrado
maior que o da construção convencional, o valor agregado de algumas características natas do
sistema fazem com que em um balanço geral ele ainda seja competitivo e interessante. São elas:
• Previsibilidade orçamentária;
Fonte: Artigo publicado pela revista Construção Mercado (Editora Pini), N. 82, em maio de
2008
De todo o custo do ciclo de vida de uma edificação, que pode durar um século ou mais,
15% corresponde ao investimento inicial em projetos e fabricação/construção e 85% à opera-
ção e manutenção, onde o modular é mais eficiente que o convencional2.
² Dados sobre custo de Ciclo de Vida da Edificação - McKinsey and Co., 2019.Dados sobre eficiência entre construção mo-
dular e construção convencional - Kingspan Isoeste https://downloads.kingspan-isoeste.com.br/estudo-de-casos/Parede-
-de-Isopainel-e-paredes-de-concreto-pre-moldado.pdf
50 CONSTRUÇÃO MODULAR
Prazo:
Introdução
cional. Isso é possível graças a conceitos industriais aplicados à construção civil, tal como lean
construction e design for manufacturing and assembly (DFMA), que permitem que etapas
que normalmente aconteceriam em sequência possam ser executadas simultaneamente sem
perder qualidade.
Quanto mais trabalho puder ser concluído offsite, mais rápida será a obra. A produti-
vidade é sensivelmente aumentada em um ambiente controlado, em uma linha de montagem
assim como acontece na indústria automotiva, possibilitando produção em massa de módulos
padronizados. Existe uma relação direta entre padronização x escala x velocidade x custo.
A construção offsite também significa uma equipe mais consistente e um fluxo de tra-
balho mais controlado que estará menos sujeito a interrupções.
Qualidade: Por ser uma obra realizada até 95% em um ambiente controlado com mão
de obra especializada, um processo fabril padronizado, eficiente, com controles de processos de
fabricação racionalizados, a construção modular atinge níveis de precisão e qualidade singu-
lares. Os módulos são produzidos sem interferências das intempéries ou de outras condições
externas, garantindo controle de qualidade construtiva superior, quando comparada a outros
sistemas que ainda se utilizam de processos mais dependentes da habilidade humana.
Cronograma comparativo
52 CONSTRUÇÃO MODULAR
Sustentabilidade:
Entende-se aqui a sustentabilidade como um tripé composto por aspectos sociais, am-
1
bientais e econômicos, a construção modular apresenta características que favorecem esse tema:
Introdução
a. Condições de trabalho mais seguras e salubres;
e. Menor utilização de recursos naturais como água, cimento, madeira, pedra, brita, etc;
g. Possibilidade de reutilização dos módulos tanto para outros usos quanto o mesmo
módulo em locais diferentes – gerando um tempo de vida útil maior do ambiente construído;
A construção civil hoje é responsável sozinha por até 70% de todo lixo gerado nos centros
urbanos. A construção offsite permite um melhor controle do uso de materiais, resultando
em redução do desperdício e melhor aproveitamento dos insumos em ambiente de fábrica.
Uma quantidade significativa de material excedente e resíduos podem ser coletados e recicla-
dos de volta ao estoque para uso em outros projetos.
Outro dado importante, segundo o MBI, Modular Building Institute, o market share
da construção modular, que atualmente encontra-se na ordem de 3%, irá dobrar até 2025.
Alguns países tem se destacado no sistema como a Suécia, onde 84% das casas são
modulares, japão com ¼ de todas as novas edificações feitas de forma offsite, além de Estados
Unidos, Holanda, Alemanha, Austrália e países asiáticos, com forte investimento como Chi-
na, Índia e Singapura. Neste último, 2 torres residenciais de 40 pavimentos, edificadas com
módulos de concreto e foram por algum tempo os prédios modulares mais altos do mundo.
Hoje o recorde já ultrapassa 44 pavimentos com Edifício Ten Degrees em Londres, Inglaterra,
abrigando 546 apartamentos em mais de 48 mil m2 de área construída.
Outro dado interessante vem do Archdaily, com seu banco de dados de mais de 130
milhões de usuários, onde de acordo com a plataforma, uma pesquisa anual é feita com estes
usuários para saber quais os principais assuntos são buscados visando avaliar tendências para
o mercado. No levantamento, os assuntos ou temas que mais tem buscas por informação ou
demonstram maior interesse em relação a outros, passam a ser uma tendência. Nos últimos
anos, a arquitetura e a indústria da construção incorporaram a digitalização em seus processos.
Isso levou a um aumento considerável na busca por palavras-chave relacionadas à "inovação" e
"novas tecnologias" dentro da área de infraestrutura como construção modular e pré-fabricação.
1.6 Financiamento
54 CONSTRUÇÃO MODULAR
construção modular, visto que os agentes financiadores somente repassam o valor financiado
mediante medição in loco de acordo com a evolução da obra. Como a construção modular 1
acontece num ambiente offsite, os módulos vão para o canteiro de obras com um percentual
de finalização bastante avançado.
Introdução
Desta forma existe um gap que precisa ser preenchido visto que a produção dos mó-
dulos durante a fase de fábrica precisa ser financiada de alguma forma. Neste caso, uma das
alternativas é que se faça um financiamento secundário para financiar essa fase de fábrica e
então uma vez que os módulos chegam ao local da obra, a medição do financiamento principal
é feita e com isso o repasse do recurso efetivado, o que possibilita a quitação do financiamento
secundário.
Projeto Modular
2. Projeto modular
2
O processo de concepção de um projeto modular pode parecer similar aos processos de
Projeto Modular
projetos concebidos na arquitetura convencional, porém há alguns pontos a serem destacados
que possuem considerações e necessidades específicas.
A escolha da tipologia a ser utilizada deve ser feita de maneira cuidada e unir não só
os desejos dos clientes, mas também algumas questões técnicas específicas do terreno como
acessos, logística e condicionantes físicas do terreno. Com isso em mente esse capítulo apre-
sentará não só como conceber um projeto modular, mas também alguns tópicos de extrema
importância neste momento do projeto.
2.1 Transporte
Questões como transporte e forma dos módulos são levadas em consideração de acordo
com grau de facilidade de acesso e logística ao terreno, além de disponibilidade e distância de
fábricas e custos envolvidos. O percurso deve ser avaliado na íntegra atentando para obstácu-
los como árvores, fiação aérea, curvas e inclinação das vias, pórticos de condomínios, postes,
viadutos e tudo mais que impossibilite o acesso a equipamentos de maior porte como carretas
e guindastes.
Fonte: https://www.ebanataw.com.br/trafegando/gabaritorodoviario.htm
Fonte: Henrique Kawaminami via Campo Grande News
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 57
Importante salientar que além do acesso ao terreno, área de manobra e posicionamento
2 dos equipamentos devem ser previstos para permitir que os módulos cheguem, sejam des-
carregados, movimentados(às vezes armazenados por algumas horas ou dias) e então içados
e acoplados.
Projeto Modular
Sobre esse tema é importante ressaltar que todas as normas de transporte de cargas
são feitas pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN. Segundo o órgão, as dimensões
máximas de largura permitidas de cargas em vias urbanas é de 2,60m. Caso a largura tenha
medidas superiores existem duas condições para o transporte: entre 2,60m e 3,20m é possível
solicitar autorização especial para circulação e entre 3,20 e 4m de largura é necessário uso de
batedores/escolta.
Sobre a altura dos módulos o CONTRAN também estipula que cargas em vias urbanas
58 CONSTRUÇÃO MODULAR
devem possuir altura de até 4,40m. Considerando a altura padrão de uma carreta - 1,20m - é
possível que o módulo possua 3,20m de altura limite. Porém, utilizando uma carreta rebaixada, 2
cuja altura é de 0,90cm podemos aumentar a altura do módulo para 3,60m.
Projeto Modular
∙ Preenchimento do requerimento;
60 CONSTRUÇÃO MODULAR
∙ Documentos exigidos no Art. 4, incisos I e II e todas as suas alíneas da Resolução nº
211/2006 do CONTRAN; 2
∙ Cópia da Autorização Especial de Trânsito para as Rodovias Federais;
Projeto Modular
∙ A Capacidade Máxima de Tração do Cavalo (CMT) deve ser igual ou maior ao Peso
Bruto Total
O fabricante tem um papel importante neste cenário, pois é ele que explica à equipe
quaisquer restrições nos processos de produção e transporte do módulo e também permite
que o custo real seja estabelecido no início do processo, de modo que ajustes possam ser feitos
durante o design para garantir que o projeto atenda ao orçamento.
Os projetos Ecoeficientes e Inteligentes são aqueles que possuem mais eficiência ener-
gética, construtiva e tecnológica com a utilização de menos recursos, resíduos e riscos. Seus
benefícios vão desde uma melhor experiência do usuário, até a economia financeira devido ao
alto desempenho termo energético.
∙ Ventilação cruzada
∙ Chaminé térmica
∙ Iluminação natural
∙ Brises
∙ Pergolado
∙ Beirais
∙ Persianas e cortinas
62 CONSTRUÇÃO MODULAR
∙ Película solar low-e
Projeto Modular
∙ Captação, tratamento e reutilização das águas cinzas e pluviais
∙ Energia fotovoltaica
∙ Fachada ventilada
∙ Automação residencial
Uma das ferramentas de maior potencial, porém que ainda não foi adotada pela maioria
do mercado, é a NBR 15.873/2010 - Coordenação Modular para Edificações. Com o objetivo
de promover uma compatibilização de dimensões entre os diferentes componentes da cons-
trução industrializada, garantindo assim um menor desperdício de material e maior facilidade
de cooperação entre os atores do mercado, a NBR 15.873 agrupa em seu texto informações e
estudos necessários para a definição de dimensões básicas para módulo.
Apesar de seu grande potencial a NBR 15873 ainda não possui aplicação em diversos
setores da construção civil o que dificulta a coordenação modular em projetos. É importante
ressaltar que a cadeia de fornecimento de materiais para edificações modulares ainda precisa
ser aquecida e consolidada no Brasil, e que enquanto essa padronização de dimensões não
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 63
ocorrer, dificilmente conseguiremos atingir toda a capacidade de eficiência produtiva da cons-
2 trução modular.
Um dos tópicos que gera mais dúvidas entre arquitetos que desejam começar a tra-
balhar com a construção modular é a questão de dimensionamento dos módulos. Diferente
da construção convencional o dimensionamento de vãos, alturas e larguras da edificação na
construção modular não está tão ligada a capacidade do material utilizado, mas sim atrelado
ao transporte e logística de acesso ao terreno.
64 CONSTRUÇÃO MODULAR
2
Projeto Modular
Já na utilização do modular painelizado no projeto é possível flexibilizar algumas dessas
medidas, sendo a altura a medida mais adaptável neste cenário, desde que elas ainda respeitem
as medidas máximas de transporte.
Esse alinhamento de expectativas é importante não só para que o cliente entenda quais
são as limitações e reais vantagens da construção modular, mas para que nós arquitetos e pro-
fissionais da construção civil possamos tirar proveito dessas informações e destacar ao máximo
esse aspecto na edificação.
Com todas as informações relacionadas aos prazos, custo, logística, terreno e programa
é possível definir qual tipologia modular será adotada no projeto, de acordo com os pontos
de atenção já citados anteriormente, e começar a esboçar as possibilidades de projetos dentro
de um estudo preliminar.
Projeto Modular
Em boa parte dos projetos modulares, o arquiteto conta com o fabricante para fornecer
informações e, em alguns casos, realizar o trabalho de projeto estrutural, que geralmente requer
mais nuances do que em projetos de construção tradicionais.
Fonte: WTX.net
2.3.3 ANTEPROJETO
Projeto Modular
Este amadurecimento do projeto modular ainda no Anteprojeto permite que o Proje-
to Executivo de uma edificação modular seja extremamente aprofundado e detalhado, sendo
possível compará-lo com um manual de instalação que recebemos junto com um móvel, sendo
esta a diferença em destaque entre o convencional e o modular nesta etapa.
Todo este processo de concepção da arquitetura modular deve ser rápido e integrado
com outras disciplinas, visto que o principal atrativo - e normalmente a principal motivação
dos clientes – do sistema modular é justamente a diminuição do prazo de entrega.
É importante também ressaltar que esse processo não é feito apenas pelo arquiteto, o
que também é uma grande diferenciação quando comparado com o modelo de trabalho da
arquitetura convencional. Engenheiros de outras especialidades como civil e mecânica, tam-
bém participam deste processo trabalhando em conjunto para entender como criar um projeto
executivo completo e qualificado para ser liberado para a linha de produção.
Estrutura do Módulo
A execução das estruturas dos módulos off-site é feita simultaneamente à execução
das fundações, sendo esta a etapa com maior quantidade de atividades e insumos envolvidos. 3
Isso deve-se ao nível de acabamento dos módulos – que chega a 80% – de conclusão de aca-
bamentos estruturais, elétrico, hidráulicos, revestimentos e acabamentos. (O’BRIAN et al.,
Estrutura do Módulo
2000; KAWECKI, 2010; KAMALI; HEWAGE, 2016).
3.1 Chassi
A esta estrutura, formada por vigas e pilares, serão conectados aos demais elementos
e subsistemas que compõem um módulo.
Por este motivo o material com maior utilização para a estruturação dos módulos é o
aço. Perfis metálicos são leves, permitem uma industrialização totalmente off-site, e 100% a
seco.
A fabricação do chassi é um processo que pode ou não ser executado dentro da fábrica
de construção modular. As peças em aço são dimensionadas por um engenheiro estrutural a
partir das demandas do projeto de arquitetura. Uma vez definida a qualidade do aço e a seção
transversal das peças é a hora de criar o projeto de fabricação, onde todas as peças, ligações e
conexões serão detalhadas para posterior beneficiamento. Depois de cortadas, furadas e pin-
tadas, as peças são unidas formando o frame estrutural, ou chassi.
72 CONSTRUÇÃO MODULAR
3
Estrutura do Módulo
Modelo em BIM de um chassi em aço. Fonte: CMC módulos
Deve-se ter atenção especial aos nós, ou conexões entre os módulos, pois é através
dessas ligações que os esforços serão transmitidos de um módulo para outro e, posteriormente,
às fundações, garantindo a estabilidade dos módulos individualmente e também da edificação
como um todo.
Após a montagem dos perfis metálicos o módulo já ganha o formato 3D, seguindo
para a inspeção da estrutura com relação a prumos, nivelamento, esquadros soldas e/ou pa-
rafusos. A próxima atividade é executar a proteção da estrutura contra a corrosão e (quando
necessário)e assim finalizar o chassi metálico.
3.2 Lajes/Coberturas
Após a finalização do chassi inicia-se a atividade de laje e cobertura. Para a execução das
lajes o material mais utilizado é o painel Wall (chapa composta de madeira e/ou fibrocimen-
to). As placas são parafusadas nas estruturas de sustentação (geralmente compostas por vigas
metálicas com espaçamento pré-determinado). Este tipo de painel de piso tem a característica
de baixo peso, além de proporcionar uma construção a seco. É possível utilizar diferentes tipos
de materiais para a composição das lajes, inclusive lajes úmidas como steel deck ou mesmo
lajes pré-fabricadas de concreto. Nesse caso deve-se atentar ao aumento do peso dos módulos,
causado pelas lajes úmidas.
Com relação à cobertura é comum se utilizar telhas termopainéis de PIR e telhas san-
duíches com EPS fixadas em uma estrutura secundária formada usualmente por terças em aço
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO 73
3
Estrutura do Módulo
É possível também realizar coberturas verdes, ou lajes jardim, como vimos no tópico
de projetos ecoeficientes. Para isso é importante destacar dois pontos de atenção na hora de
projetar: o primeiro referente a carga adicional que deve ser prevista na laje e o segundo a es-
pecificação técnica de impermeabilização desta laje. Ambos os pontos não são particularidades
de projetos modulares, mas sim da cobertura jardim e suas especificidades técnicas.
74 CONSTRUÇÃO MODULAR
3
Estrutura do Módulo
Detalhe Construtivo Laje Jardim - Fonte: Crosslam
Nesta etapa são realizadas as atividades relativas aos serviços e aos trabalhos inter-
nos. Iniciam-se pela execução dos fechamentos internos, divididos em duas fases. Isso é feito
para evitar rasgos em paredes para as instalações, uma vez que é executada a primeira fase do
fechamento, seguida pela atividade de execução e teste das instalações e depois, executa-se a
segunda fase, finalizando as paredes internas e externas.
76 CONSTRUÇÃO MODULAR
Outro fechamento muito utilizado dentro da construção modular são os painéis iso-
térmicos com Poliisocianurato - PIR - um plástico termoendurecível que possui desempenho 3
termoacústico sem risco de grandes incêndios. Estes painéis são sanduíches de chapas de aço
perfiladas intercaladas por poliisocianurato e possibilitam um fechamento mais inteligente
Estrutura do Módulo
com diversos acabamentos.
Ainda que a melhor prática projetual e de execução seja o uso de painéis isotérmicos,
tanto pelo seu desempenho quanto pela sua segurança em casos extremos como incêndios, é
importante ressaltar que existem outras opções de fechamentos de paredes e isolamento termo
acústicos como Lã de vidro, Lã ou placa de PET e Lã de rocha.
Vale ressaltar que os materiais utilizados nas vedações de uma construção modular são
amplamente conhecidos e testados nos mercados brasileiro e internacional e são devidamente
testados para o atendimento da norma de desempenho. Esses sistemas permitem que sejam
executados sobre eles os mais diversos tipos de acabamentos, a depender da definição do pro-
jeto de arquitetura e disponibilidade de materiais locais.
as peças são posicionadas de forma a garantir essa paginação, mas aquelas situadas no espaço
da junção não são executadas em fábrica, mas no canteiro. Finalizados os revestimentos, são
executadas as atividades de acabamento (instalação de louças, metais, pedras, etc). Ao fim
dessa etapa, encerra-se a produção dos módulos em fábrica e eles se encontram prontos para
o transporte.
Estrutura do Módulo
Residência GZ - Studio Cáceres Lazo
NOEM Arquitectos
∙ ACM: Feito de alumínio composto é bastante utilizado em fachadas, possui uma gama
de possibilidades de paginação e acabamentos bem extensa.
∙ Smart Siding: Com texturas e tonalidades que imitam a madeira, o smart siding é feito
de pvc o que proporciona uma durabilidade e resistência muito superior. Há também smart
sidings que imitam outros materiais como rochas e pedras, porém ainda é possível diferenciar
a imitação do material original.
∙ Telhas Isotérmicas: Com a possibilidade de ter desenhos variados, é uma solução mais
completa visto que não possui apenas a finalidade de acabamento, mas também tratamento
térmico.
80 CONSTRUÇÃO MODULAR
3
Estrutura do Módulo
Kelowna HO4 - Honomobo
∙ Telha Corrugada: Na sua grande maioria sua aplicação é comumente utilizada para a
criação de uma fachada ventilada, o que aumenta sua performance, visto que quando utilizada
avulsa não possui nenhum tratamento térmico ou acústico.
Wikkle House
∙ Gesso acartonado: Existem diversos modelos de gesso acartonado que são específicas
para cada situação
82 CONSTRUÇÃO MODULAR
3.5 Instalações
3
Após feita a acoplagem dos módulos se iniciam as conexões hidráulicas e elétricas. As
Estrutura do Módulo
instalações elétricas são fabricadas já com conectores (também conhecidos como chicotes) e
chegam em obra para apenas serem feitas as conexões conforme imagem abaixo. Os quadros
elétricos são ligados com a energia local conforme quadro abaixo:
Foto – Quadro de Junção entre módulos Foto – Montagem quadro elétrico Fonte:
Fonte: Próprio autor Próprio autor
3.6 Esquadrias
84 CONSTRUÇÃO MODULAR
3.6.1 TIPOS DE ESQUADRIA
Estrutura do Módulo
∙ PVC - Vidro Simples
∙ Madeira
86 CONSTRUÇÃO MODULAR
CAPÍTULO 4
O processo de fabricação/
montagem
Nos últimos 30 anos a produção enxuta – ou também chamada de lean construction - é
4 estudada e introduzida em vários locais de trabalho, independente do local ou escala industrial.
O trabalho padronizado é considerado a espinha dorsal dos processos enxutos e a base para a
melhoria contínua e a qualidade. Se um processo está sempre mudando, qualquer esforço de
O processo de fabricação/montagem
melhoria apenas cria mais uma variação que é ocasionalmente usada e quase sempre ignorada.
O conceito da construção enxuta vem em acordo com aquilo que a construção modu-
lar busca revolucionar dentro da construção civil: a produtividade. Entende-se a necessidade
de evitar retrabalhos e aumentar consideravelmente a produtividade do setor esse conceito
guarda-chuva abriga diversos outros que quando somados tem o potencial para transformar
a forma de produção da área.
Aliado ao conceito de Lean Construction temos também outro conceito que quando
aplicado possibilita uma redução de prazos e economia de gastos: Fast Construction. Este úl-
timo é uma metodologia que entende que é possível dentro da construção offsite a realização
de tarefas e processos de maneira simultânea.
Esses dois conceitos são elementos centrais para a virada na produtividade de uma obra
modular. São eles que repensaram processos e metodologias a fim de sempre aumentar a pro-
dutividade e reduzir os custos.
88 CONSTRUÇÃO MODULAR
4.1 Fábricas montadoras
4
Como parte da estruturação de uma cadeia de fornecimento que consiga atender as
O processo de fabricação/montagem
demandas do mercado e seu crescimento, é importante que se quebre alguns paradigmas em
torno das Fábrica de Casas - as empresas executoras.
Isso porque ao contrário do que muitos pensam, a fábrica montadora não necessariamen-
te será o local ou a empresa que produzirá os insumos necessários para a construção de uma
edificação, mas sim o ambiente em que esses insumos serão configurados como uma edificação.
São três os principais tipos de fundação que acontecem na construção modular: sapatas
isoladas, sapatas corridas e radier. Todas essas soluções podem ser feitas in loco ainda quando
os módulos estão sendo executados dentro da fábrica o que diminui significativamente o tempo
de execução do projeto, quando comparado com projetos de alvenaria tradicional.
Para além da redução de tempo, a fundação de um projeto modular possui outras vanta-
gens quando comparada com uma fundação para um projeto convencional, onde elas podem
ser até 5x mais leve, consequentemente mais baratas.
É possível, também, trabalhar com sapatas corridas metálicas com bases ajustáveis de-
pendendo do peso e terreno da edificação. Apesar de ser uma tipologia menos utilizada, as
fundações metálicas podem trazer estilo e personalidade para a edificação.
Atualmente outra tipologia que vem sendo aplicada como uma solução rápida e sem
a necessidade de realizar a movimentação de solo é a estaca helicoidal. Ela merece um desta-
que especial pois além dos benefícios já citados pode ser uma ótima alternativa para soluções
industrializadas. Sua instalação, apesar de rápida, necessita de equipamentos específicos como
uma retroescavadeira ou caminhão que possa receber um motor hidráulico.
Fonte: torcisao.ind.br
90 CONSTRUÇÃO MODULAR
4.4 Montagem ou Acoplamento
4
Esta etapa se inicia imediatamente após o recebimento dos módulos em seu local de
O processo de fabricação/montagem
instalação. Os módulos são transportados da fábrica para o canteiro, onde serão içados e posi-
cionados na localização exata de acordo com o projeto. Para essa movimentação, normalmente
são utilizados guindastes ou caminhões munck. Este içamento pode ser feito através de olhais
fixados na parte superior dos módulos, como também pode ser feita através de cintas passadas
no piso de cada módulo com uso de barras estabilizadoras ou balancim.
92 CONSTRUÇÃO MODULAR
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO
93
4
O processo de fabricação/montagem
Independente do processo de supressão ou não de pilares é importante ressaltar que a
4 junção e acoplamento de móveis pode prever alguns processos rápidos e fáceis de serem exe-
cutados inloco, como aplicação de espuma expansiva, colocação de pisos e acabamentos de
forro, parede e piso. Todos esses pontos devem ser pensados e projetados a fim de tirar proveito
O processo de fabricação/montagem
dessa montagem, como no caso acima em que o piso foi paginado de maneira que não seja
possível identificar essa junção.
Uma outra vantagen do sistema modular, é que ao final da linha de montagem, toda
edificação pode ser temporariamente montada na fábrica. Essa pré-montagem garante que os
sistemas e acabamentos sejam devidamente coordenados e se alinhem sem problemas quando
montados no local final, além de permitir que o proprietário, arquiteto e demais profissionais
envolvidos no projeto tenham a oportunidade de realizar um passo a passo preliminar para
resolver quaisquer problemas, bem como inspeções e testes.
1. Solução turnkey, onde a fábrica faz todo o trabalho desde a fabricação dos módulos,
obra civil no terreno (fundação, infraestrutura de elétrica, hidrossanitária, fechamentos etc),
instalação, acabamento e entrega a obra pronta com chave na mão.
2. Solução mista, onde a fábrica fica responsável por produzir e instalar os módulos e a
parte civil da obra é feita por uma construtora.
Case:
94 CONSTRUÇÃO MODULAR
MANUAL DA CONSTRUÇÃO EM AÇO
95
4
O processo de fabricação/montagem
4
O processo de fabricação/montagem
96 CONSTRUÇÃO MODULAR
Descrição do Arquiteto: Esqueça os sobrados. Uma torre modular não tem que parecer
caixas empilhadas ou dormitórios flutuantes no céu. O fato simples é que hotéis substanciais 4
requerem simetria duplicada e eficiência operacional; a construção modular - eficiente em
termos de custos e com controle de qualidade - atende perfeitamente a essas necessidades. No
O processo de fabricação/montagem
projeto da Danny Foster & Architecture para este Manhattan Modular AC Hotel by Marriott,
a consistência de alta qualidade alia-se à expressão arquitetônica inovadora, com uma sofisti-
cada estratégia de varanda que coloca em cheque o estigma do sobrado barato pré fabricado.
Isto é o que pode ser modular, expresso no hotel modular mais alto dos Estados Unidos.
Durabilidade e Manutenção
Assim como qualquer outra edificação brasileira, a construção modular deve seguir as
diretrizes da NBR 15757 que define que a Vida Útil do Projeto deve ser no mínimo de um 5
ciclo de 50 anos. Ao contrário do que muitos podem pensar, a construção modular não possui
uma durabilidade menor do que outros sistemas construtivos. Na verdade, o ciclo de vida de
Durabilidade e manutenção
uma edificação modular pode até ser mais longo, já que podemos considerar a possibilidade
de reutilização de edificações em amplo uso – até se for necessário o deslocamento da cons-
trução para outro terreno.
Porém é necessário que se preste atenção sobre alguns pontos desde o processo de design
e concepção do projeto. Um planejamento cuidadoso que aborda aspectos como a expectativa
de uso do edifício e as possíveis necessidades de manutenção é extremamente necessário para
essa tipologia construtiva. Isso porque é possível prever que a manutenção de um edifício seja
feita de maneira limpa, rápida e sem grandes intervenções, com acessos e possíveis modifica-
ções previstas na etapa de concepção.
Referências Bibliográficas
_______. NBR 15873: Coordenação modular para edificações. Rio de Janeiro: ABNT,
2010.
MANUAL DE
Construção
EM AÇO