Você está na página 1de 7

PROPOSTA DE LEI SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

“CONSULTA PÚBLICA”

ASSEMBLEIA NACIONAL

LEI N.º _______/ 2018

DE ___________ DE ___________

Considerando que a Constituição da República de Angola determina que as autarquias


locais se organizam nos municípios;

Tendo em conta que a institucionalização das autarquias locais representa uma alteração
substancial do modelo de organização administrativa, de um Estado centralizado para um
Estado descentralizado administrativamente;

Considerando a conveniência de se proceder esta alteração do modelo de modo faseado,


tendo por base o artigo 242.º da Constituição da República de Angola;

Convindo definir as regras do processo de implementação de modo a institucionalizar as


autarquias locais em todo o País;

Havendo necessidade de se estabelecer critérios objectivos para a institucionalização


faseada das autarquias locais, bem como do seu alargamento para todos os municípios;

A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos termos do n.º 2 do artigo 242.º
e da alínea e) do n.º 2 do artigo 166.º, ambos da Constituição da República de Angola, o
seguinte:

1
PROPOSTA DE LEI SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

“CONSULTA PÚBLICA”

LEI SOBRE INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 1.º
(Objecto)

O presente diploma estabelece os princípios e regras para selecção inicial de municípios


com vista a institucionalização efectiva e gradual das autarquias locais.

Artigo 2.º
(Princípios)

A selecção de municípios para efeitos de institucionalização efectiva das autarquias locais


observa, entre outros, o princípio da objectividade, da eficiência administrativa e do
gradualismo.

CAPÍTULO II
CRITÉRIOS DE SELECÇÃO DE MUNICÍPIOS

Artigo 3.º
(Critérios)

Para a experiência inicial, a criação de autarquias locais obedece aos seguintes critérios:

2
PROPOSTA DE LEI SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

“CONSULTA PÚBLICA”

a)   Alguns municípios que apresentem níveis de desenvolvimento sócio-económico


e de infra-estruturas expressivos no quadro da respectiva província;
b)   Alguns municípios eminentemente rurais, que disponham de um mínimo de
população de 500.000 habitantes, desenvolvimento sócio-económico e um
historial de capacidade de arrecadação de receita de pelo menos 15% face à média
da despesa pública orçamental nos últimos três anos;
c)   Alguns municípios com menos de 50.000 habitantes, que apresentem segmentos
de economia local específicos, e estruturados e um historial de arrecadação de
receita de pelo menos 5% face à média da despesa pública orçamental nos últimos
três anos;
d)   Alguns municípios com fraca capacidade de arrecadação de receita, que possuem
um mínimo de 250.000 habitantes;
e)   Alguns municípios com grande expressão e particularidades culturais,
tendencialmente do interior do País, independentemente da sua capacidade de
arrecadação de receita e independentemente da sua população;
f)   Alguns municípios do interior do País, com dinâmicas de desenvolvimento local
assentes na agricultura e pecuária, independentemente da sua capacidade de
arrecadação de receita.

Artigo 4.º
(Selecção de municípios)

Compete à Assembleia Nacional proceder à aprovação da lista dos municípios nos quais
devem ser institucionalizadas as autarquias locais para a experiência inicial, de acordo
com os critérios definidos na presente lei.

Artigo 5.º
(Trabalhos preparatórios)

3
PROPOSTA DE LEI SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

“CONSULTA PÚBLICA”

1.   Os municípios selecionados com base nos critérios referidos no artigo 3.º, devem
ser objecto de um conjunto de trabalhos prioritários a serem assegurados pelo
Executivo com vista as adaptações necessárias para o seu funcionamento com
autonomia local.
2.   Os trabalhos preparatórios a que se refere o artigo anterior incluem, entre outros,
o seguinte:
a)   Instalação do sistema de administração fiscal;
b)   Instalação do Tribunal de Comarca, nos termos da Lei sobre a Organização e
Funcionamento dos Tribunais de Jurisdição Comum;
c)   Instalação de equipamentos necessários para o funcionamento da Assembleia
Municipal e da Câmara Municipal;
d)   Instalação de, pelo menos, uma agência bancária;
e)   Instalação de rede de telecomunicações que permitam o acesso às tecnologias
de informação e comunicação.
3.   Sem prejuízo do disposto na presente lei, compete ao Poder Executivo aprovar o
programa de trabalhos para a institucionalização das autarquias locais, o qual deve
prever as diferentes tarefas e fases necessárias ao normal funcionamento das
autarquias locais como entes autónomos da Administração Central.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Artigo 6.º
(Recursos humanos)

1.   Até à data da realização das eleições autárquicas, os municípios seleccionados


para a experiência inicial devem ter no seu quadro de pessoal pelo menos um
técnico superior nas áreas de especialidade essenciais ao funcionamentos das
autarquias locais, considerando as suas atribuições e competências.

4
PROPOSTA DE LEI SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

“CONSULTA PÚBLICA”

2.   Durante o processo preparatório, compete ao Poder Executivo criar as condições


para a colocação e instalação de quadros com o perfil referido nos números
anteriores nas Administrações Municipais dos Municípios seleccionados para a
experiência inicial.
3.   O Poder Executivo deve continuar a adoptar políticas com vista a colocação e
atracção de quadros para todos os municípios do País.

Artigo 7.º
(Formação de quadros)

Até à data da realização das eleições autárquicas, o Poder Executivo deve implementar
um programa de formação para os funcionários administrativos das Administrações
Municipais de modo a dotá-los das capacidades e conhecimentos mínimos necessários ao
normal funcionamento das principais áreas e serviços municipais, de acordo com as
atribuições e competências das autarquias locais.

Artigo 8.º
(Selecção de novos municípios)

1.   A implementação das autarquias locais nos municípios não selecionados para a


experiência inicial tem lugar, gradual e sequencialmente, no início de cada novo ciclo
eleitoral, por ocasião das eleições autárquicas subsequentes.
2.   Compete à Assembleia Nacional definir os critérios para a selecção dos próximos
grupo de municípios nos quais serão institucionalizadas as autarquias locais.

Artigo 9.º
(Calendarização do processo de institucionalização das autarquias locais)

5
PROPOSTA DE LEI SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

“CONSULTA PÚBLICA”

O processo de implementação das autarquias locais em todos os municípios do País deve


ser concluído num período não superior a 15 anos, após a realização das primeiras
eleições autárquicas.

Artigo 10.º
(Municípios não seleccionados)

1.   O Poder Executivo deve progressivamente promover a criação de condições infra-


estruturais necessárias para a institucionalização das autarquias locais nos
restantes municípios do País.
2.   Os municípios não selecionados para a institucionalização de autarquias locais na
experiência inicial não ficam excluídos do processo gradual de transferência de
competências, meios técnicos, humanos e financeiros, no quadro da
desconcentração administrativa.
3.   Com as necessárias adaptações, o regime financeiro das autoridades tradicionais
é igualmente aplicável aos municípios com gestão não descentralizada.

Artigo 11.º
(Desenvolvimento equilibrado do território nacional)

O Executivo deve assegurar, através da adopção de políticas públicas, o desenvolvimento


equilibrado do território nacional e a existência de serviços públicos municipais de
qualidade em todos os Municípios.

Artigo 12.º

(Dúvidas e Omissões)

As dúvidas e as omissões suscitadas da interpretação e aplicação da presente lei são


resolvidas pela Assembleia Nacional.

6
PROPOSTA DE LEI SOBRE A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS LOCAIS

“CONSULTA PÚBLICA”

Artigo 14.º

(Entrada em Vigor)

A presente lei entra em vigor na data da sua publicação.

Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, aos

O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos

Promulgado aos

Publique-se.

O Presidente da República,

JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO

Você também pode gostar