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PACTO DE LAUSANNE
Resumo
Introdução
Este artigo é parte de uma pesquisa de doutorado, em fase inicial, que investiga a
compreensão das igrejas evangélicas sobre a conciliação entre fé e as obras. No presente
trabalho o objetivo principal é analisar a participação dos teólogos latino-americanos no
Primeiro Congresso de Evangelização Mundial, realizado na cidade suíça de Lausanne,
em 1974, enquanto colaboradores fundamentais da reflexão sobre o posicionamento
cristão contra as injustiças sociais, tanto através das suas palestras proferidas no evento
quanto na elaboração do compromisso Pacto de Lausanne, que é o documento final do
Congresso.
Iniciaremos esta análise apresentando o Primeiro Congresso de Evangelização
Mundial, o Pacto de Lausanne-PL e o perfil dos teólogos latino-americanos que
proferiram palestras e participaram ativamente da construção do PL. Posteriormente,
analisaremos os Congressos Latino-Americanos de Evangelização-CLADES e a criação
da Fraternidade Teológica latino-americana enquanto locais que enriqueceram a
experiência cristã dos teólogos latino-americanos estudados e por fim concluiremos nossa
análise enfatizando a contribuição da participação deles na construção do documento final
do Congresso, o Pacto de Lausanne.
O evento contou com mais de 2400 participantes de mais de 250 países, além de
observadores e inúmeros jornalistas. Em razão da complexa reunião de nacionalidades,
etnias, idades, ocupações e denominações evangélicas representadas, a revista TIME
considerou-o como um "fórum formidável, possivelmente a reunião mais abrangente de
cristãos já realizada" (PADILLA, 2012, p. 6).
A Associação Evangelística Billy Graham foi a idealizadora do Primeiro
Congresso Mundial de Evangelização em Lausanne e já o planejava desde 1966, quando
organizou o Congresso Mundial para a Evangelização em Berlim e percebeu a
necessidade de realizar um novo evento global, mais amplo e diversificado com o objetivo
de reorganizar a missão evangelística num mundo em constantes transformações
políticas, econômicas, intelectuais e religiosas.
O PL prevê que o evangelho deve ser levado para todas as culturas sem
vinculações ideológicas ou políticas entendendo que a evangelização precisa ser neutra
no que diz respeito às diferentes ideologias produzidas pelos diferentes grupos da
sociedade civil.
A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral
ao mundo todo. [...] A igreja é antes a comunidade do povo de Deus do que
uma instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em
particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com ideologias
humanas (STOTT, 1984, p2).
Padilla (2012) explica que sua palestra foi uma resposta aos diversos
questionamentos que chegaram a ele de cristãos de diferentes partes do mundo. Segue um
trecho de sua palestra proferida no congresso em Lausanne e publicada posteriormente.
O amor de Deus expresso na cruz precisa tornar-se visível no mundo por meio
da igreja. A evidência da vida eterna não é a mera confissão de Jesus Cristo
como Senhor, mas “a fé que atua pelo amor” (Gl 5.6). Jesus disse: “Nem todo
o que me diz: Senhor! Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz
a vontade de meu pai que está nos céus” (Mt 7.21). À luz do ensinamento
bíblico não há lugar para uma “ultramundanalidade” que não redunde em um
compromisso do ser humano com seu próximo, enraizado no evangelho. Não
há lugar para a “paralisia escatológica” nem para a “greve social”. Não há lugar
para estatísticas sobre “quantos morrem sem Cristo a cada minuto” - se elas
não considerarem quantos dos que assim morrem são vítimas da fome. Não há
lugar para a evangelização que ao passar junto ao homem que foi assaltado
pelos ladrões enquanto descia pelo caminho de Jerusalém a Jericó, vê nele uma
alma que deve salvar-se mas ignora. “Meus irmãos, qual é o proveito, se
alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé pode
salvá-lo? (PADILLA, 2012, p. 65, grifo do autor).
Padilla (2012) entende que a missão dos cristãos não pode ser reduzida apenas à
multiplicação de membros e templos, (posição defendida pela organizadora do evento, a
associação Billy Graham), mas que deve se ocupar da preocupação de Deus a favor da
justiça através da evangelização, ação social e política lutando contra toda forma de
alienação, opressão e discriminação.
Conclusão
Isso posto, temos a dizer que no Pacto de Lausanne ficou registrado por influência
latino-americana que o cristão deve denunciar a injustiça que existe no mundo como parte
de sua missão.
Bibliografia:
LIMA, Ricardo Bastos. Orlando Costas: Ensaios no caminho para uma pastoral
evangélica latino-americana. 2008. 131f. Dissertação. (Mestrado em Ciências da
Religião.Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo. 2008.
STOTT, John. A missão da igreja no mundo de hoje. São Paulo: ABU Editora, 1982.