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Lucas Brum Salomão - 16100282

O Complexo Encantadas é uma unidade Paleoproterozóica constituída por


gnaisses tonalíticos, trondhjemíticos e dioríticos com presença subordinada de
anfibolitos e rochas metaultramáficas ricas em hornblenda. Este complexo é cortado por
corpos tabulares de metagranitos porfiríticos e equigranulares que se encontram
posicionados ao longo de uma zona de cisalhamento dúctil de disposição suborizontal.
(Marcelo Lusa et al. 2010)

No artigo, foram separadas e analisadas 24 amostras dos metagranitos do


Complexo Encantadas, a fim de uma caracterização litogeoquímica da unidade. A partir
da composição química dos elementos maiores e traços obtida, incluindo os elementos
terra-raras, foi possível separar as 24 amostras em 02 grupos: 09 amostras foram
classificadas como metagranitos porfiríticos e 15 amostras como metagranitos
equigranulares. O resultado e interpretação das análises dos gnaisses presentes no
complexo foram provenientes de bibliografia de outros atores.

Os resultados apresentaram um teor relativamente alto de SiO2 nas amostras


dos metagranitos porfiríticos, o que pode ser indicativo de uma composição de magmas
ácidos, caracterizado por granodioritos e monzogranitos. Quanto aos metagranitos
equigranulares, o teor de sílica é ainda mais elevado, caracterizando um magma ácido
com composição variando entre sienogranitos e monzogranitos. A disposição dos
elementos maiores permitiu concluir que as amostras são cogenéticas e representam a
evolução de duas unidades magmáticas distintas. O diagrama de variação do elemento
Rb x SiO2 permitiu observar um teor moderado de Rb, porém seu comportamento foi
de grande dispersão entre as amostras. Variações grandes assim para amostras com
teores não dispersos de SiO2 podem ser ocasionadas por processos metamórficos.
Anomalias de Th e Ba indicaram uma participação crustal no processo de geração dos
magmas, enquanto anomalias negativas de Nb com relação ao La e a razão Ti para Gd
resultam na geração dos magmas a partir de fontes mantélicas modificadas em um
evento de subducção precedente.

Os diagramas de discriminação de Pearce et al. (1984) e Pearce (1996) foram


utilizados para a caracterização do ambiente geotectônico do Complexo Encantadas.
As amostras deram como resultado uma tendência bem definida no campo dos granitos
de arco vulcânico e granitos sin-colisionais. O comportamento das amostras no
diagrama R1- R2 formaram dois trends subparalelos e alinhados no campo dos granitos
sin-colisionais, permitindo concluir que as amostras analisadas evoluíram em um
ambiente com forte contribuição crustal. Os metagranitos possuem enriquecimento em
elementos terra-raras leves e baixo teor em elementos terra-raras pesados, o que é
comum ao analisar rochas de arco magmático evoluído.

A idade estimada dos granitóides a partir dos dados foi de 2.2 e 2.1 Ga, que é a
idade presumível de cristalização ígnea. Este magmatismo granítico mais tardio poderia
estar marcando a evolução final do magmatismo que gerou o Gnaisse Encantadas, ou
seja, a porção mais matura da evolução de um arco Paleoproterozóico.

Conclui-se então que as amostras analisadas dos metagranitos porfiríticos e


equigranulares do Complexo Encantadas, juntamente com os gnaisses dioríticos,
tonalíticos e trondhjemiticos presentes no complexo, constituem associação magmática
de ambiente de margem continental ativa, cujo magmatismo está associado a fontes
mantélicas metassomatizadas por fluídos derivados de subducção litosférica durante o
Paleoproterozóico.

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