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JAN/MAR 2022
Doutrina:
Da (In)Aplicabilidade do Disposto no Art. 39, Inciso IX, do Código de Defesa do Consumidor Colaboradores
aos Serviços Prestados por Profissionais Liberais Internacionais:
Wesley de Oliveira Louzada Bernardo
Coordenadores
Análise da Súmula nº 609 do STJ à Luz da Teoria Comportamental da Análise Econômica do
Direito e da Boa-Fé Objetiva Flávio Tartuce Andrea Signorino Barbat
Jordano Soares Azevedo Uruguai
Pablo Malheiros da Cunha Frota
Direito
Carlos Roberto Gonçalves
Angelo Viglianisi Ferraro
Da Abusividade da Cláusula Compromissória de Mediação nos Contratos de Adesão Cláudia Lima Marques
Fernando Baldez de Souza
Itália
Ênio Santarelli Zuliani
Contratual
Contratos Eletrônicos na Lei Geral de Proteção de Dados Eroulths Cortiano Jr. Arturo Caumont
Hélio Maia da Silva Everilda Brandão Uruguai
Giselda Maria F. Novaes Hironaka
O Dever de Renegociar Ante a Quebra da Base Objetiva em Razão dos Impactos da Covid-19 Cristián Banfi Del Río
Gustavo Andrade
Pedro Spiry Maffini Chile
Gustavo Tepedino
Da Violação Positiva dos Contratos Heloisa Helena Barboza Enrique Varsi
Ana Kelly de Lima Matos Natali
Jones Figueirêdo Alves Peru
A Interpretação dos Contratos à Luz do Duty to Mitigate the Loss em Tempos de Pandemia José Fernando Simão
Natália de Sá Cordeiro Braz Fernando Araújo
José Luiz Gavião de Almeida
Portugal
Luis Felipe Salomão
Maria Helena Diniz Gabriel Jayme Vivas Diez
Marília Pedroso Xavier Colômbia
Maurício Bunazar
Paula Vaz Freire
Nestor Duarte
Portugal
Paulo Dias Moura Ribeiro
Paulo Lôbo Roger Vidal
Silmara Juny de Abreu Chinellato Peru
JAN/MAR 2022
ISSN 2674-967X
Sílvio de Salvo Venosa
Zeno Veloso (in memorian)
10
ISSN 2674-967X
Revista Brasileira de
Direito Contratual
Ano III – Nº 10
Jan-Mar 2022
Coordenadores
Flávio Tartuce – Pablo Malheiros da Cunha Frota
Conselho Editorial
Anderson Schreiber – Angélica Carlini – Carlos Nelson Konder
Carlos Roberto Gonçalves – Cláudia Lima Marques – Ênio Santarelli Zuliani
Eroulths Cortiano Jr. – Everilda Brandão – Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka
Gustavo Andrade – Gustavo Tepedino – Heloisa Helena Barboza
Jones Figueirêdo Alves – José Fernando Simão – José Luiz Gavião de Almeida
Luis Felipe Salomão – Maria Helena Diniz – Marília Pedroso Xavier
Maurício Bunazar – Nestor Duarte – Paulo Dias Moura Ribeiro – Paulo Lôbo
Silmara Juny de Abreu Chinellato – Sílvio de Salvo Venosa – Zeno Veloso (in memorian)
Andrea Signorino Barbat (Uruguai) – Andrés Mariño López (Uruguai)
Andrés Varizat (Argentina) – Angelo Viglianisi Ferraro (Itália)
Arturo Caumont (Uruguai) – Cristián Banfi Del Río (Chile)
Enrique Varsi (Peru) – Fernando Araújo (Portugal)
Gabriel Jayme Vivas Diez (Colômbia) – Paula Vaz Freire (Portugal) – Roger Vidal (Peru)
A responsabilidade quanto aos conceitos emitidos nos artigos publicados é de seus autores.
As íntegras dos acórdãos aqui publicadas correspondem aos seus originais, obtidos junto ao
órgão competente do respectivo Tribunal.
A editoração eletrônica foi realizada pela Editora Magister, para uma tiragem de 5.000 exemplares.
ISSN 2674-967X
CDU 347.4(05)
Editora Magister
Diretor: Fábio Paixão
1 Introdução
O presente trabalho tem como tema a interpretação dos contratos à
luz do duty to mitigate the loss em tempos de pandemia, buscando uma releitura
contratual nesse momento de crise. Almeja-se reconhecer a importância de
interpretar o contrato de acordo com o meio no qual está inserido, respeitando
a pacta sunt servanda sem deixar de enxergar as partes contratuais como categorias
de sujeitos, no intuito de evitar a imposição da revisão ou extinção das avenças.
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3 Considerações Finais
Diante do exposto, concluiu-se que os reflexos da pandemia do co-
ronavírus, na seara do direito contratual, não podem ser enfrentados como
requisitos autorizadores da inadimplência, nem, muito menos, aplicados de
forma geral e sem justificativa plausível.
É preciso que haja a análise, primeiramente, da base objetiva do contrato
e sua possível continuidade, e, em um segundo momento, do nexo causal
entre o comportamento das partes e a impossibilidade de cumprimento da
prestação. No intuito de evitar imposição de revisão ou extinção contratual
de maneira abstrata.
A liberdade contratual, embora permita a modificação das regras con-
tratuais ao arrepio do contrato, a depender dos obstáculos que surjam durante
a sua execução, deve vir acompanhada dos princípios da eticidade e da força
obrigatória dos contratos. Só assim haverá preservação da tutela de confian-
ça depositada pelas partes, como também da segurança jurídica do negócio
jurídico em questão.
Dessa forma, constatou-se que os pactos afetados pelas limitações tra-
zidas em virtude da Covid-19 devem ser interpretados à luz do princípio da
boa-fé, especialmente em seu conceito parcelar que prega o dever do credor
de mitigar o seu próprio prejuízo, duty to mitigate the loss.
Nesse ínterim, cabe às partes contratuais exercitarem o dever de renego-
ciar, buscando reestabelecer a equidade, a conservação dos negócios jurídicos
e a justiça contratual, utilizando-se dos diplomas normativos anteriores e
posteriores à situação de calamidade pública com bastante cautela.
Só assim serão evitadas interpretações errôneas sobre a natureza do
inadimplemento que surge na situação pandêmica, e poderemos alcançar
a consolidação das decisões dos tribunais em virtude dos casos isolados da
pandemia, no sentido de primar pela segurança legislativa e resguardar o
surgimento de precedentes judiciais pós-crise.
TITLE: The interpretation of contracts in light of the duty to mitigate the loss in times of pandemic.
ABSTRACT: The basic concern of this study is to reflect on the scope of the consequences of the corona-
virus in the contractual field. This article aims to present a study of the impact of the Covid-19 pandemic
on contracts. The reflection of the economic crisis in contracts was analyzed, causing uncertainties and the
impossibility of fulfilling the obligations agreed upon to the detriment of the impossibility of maintaining
the contractual synalagma in face of the unbalance in the balance of contracts. It was understood that the
fortuitous case and force majeure that the pandemic presents should not be used as authorizing facts of
an imposition that automatically leads to a revision, or even contractual termination as a way to solve the
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difficulties presented in this chaotic moment. Good faith as the golden rule in legal business should be
prioritized, presenting itself as an instrument for re-reading the contract, considering the new factual situ-
ation and allowing the requirement of the creditor’s duty to renegotiate, in order to mitigate its own loss,
achieving, through the principle of conservation of legal business, the maintenance of these contractual
relations, in order to reduce the losses suffered by the parties of the agreement.
4 Referências
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