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Mestrado em Direito
São Paulo
2010
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP
Mestrado em Direito
São Paulo
2010
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
________________________________________
________________________________________
Ao meu avô, Hermínio Faraco, que, desde
mais”.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Alberto e Arlete, pelo incentivo incondicional e por terem,
desde sempre, investido em minha formação, minha eterna gratidão.
Meu muitíssimo obrigada, ainda, ao meu tio Carlos, pela mais que
qualificada revisão ortográfica, e ao meu irmão, Thiago, pela amizade e amor
fraternal que nos une.
Não poderia deixar de externar também a minha gratidão aos meus queridos
assistentes, os jovens advogados Guilherme Carvalho, Rosângela Duarte e Daniel
Rodrigues, sem cujo auxílio na condução das aulas de Prática Forense do Estado
no ano letivo de 2010 a conclusão deste trabalho não teria sido possível, e em
especial ao Guilherme, pela preciosa ajuda também na pesquisa bibliográfica
realizada para este trabalho.
I
RESUMO
II
ABSTRACT
III
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
comparado........................................................................................................28
DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE..........................................................45
IV
2.2. A DECISÃO NA FISCALIZAÇÃO VERTICAL DE CONSTITUCIONALIDADE.........50
“tradicional”.....................................................................................................52
conforme...........................................................................................................54
texto...............................................................................................................60
CONSTITUCIONAL.........................................................................................71
3.1. DIFERENÇAS.................................................................................................71
REDUÇÃO DE TEXTO.....................................................................................86
4.1. ORIGEM........................................................................................................86
V
4.3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS.........................................................93
4.4. LIMITES........................................................................................................97
4.5. EFEITOS......................................................................................................103
inconstitucionalidade......................................................................................109
SISTEMA BRASILEIRO................................................................................121
CONCLUSÕES.................................................................................................135
REFERÊNCIAS................................................................................................140
VI
INTRODUÇÃO
norma impugnada.
resultado da demanda.
1
Se de um lado a declaração de inconstitucionalidade sem redução
Constitucional.
impugnado.
2
Afora tais semelhanças, o Parágrafo único do Artigo 28 da Lei
abstrato.
1
André Ramos Tavares, Curso de Direito Constitucional, p. 289.
3
Tais considerações introdutórias denotam, portanto, a relevância da
justiça constitucional.
da justiça constitucional.
4
1. TEORIA GERAL DA INCONSTITUCIONALIDADE
aliás, consiste no seu próprio fundamento de validade –, de tal forma que todas as
2
Sobre as origens históricas do princípio da supremacia da Constituição, vide André Ramos
Tavares, Teoria da Justiça Constitucional, p. 49-56.
3
Vide, a esse respeito, Teoria Pura do Direito, p. 246-308.
4
Dessa relação hierarquizada e escalonada que une as normas jurídicas, integrando-as num
mesmo ordenamento, excetuam-se, tão-somente, o seu vértice, integrado pela norma hipotética
fundamental – que apenas cria Direito –, e a sua base, consistente nos atos de execução – que
apenas aplicam normas individuais.
5
fundamental pressuposta, que, por sua vez, determina que se cumpra a
operações todas essas prefixadas pelo próprio direito, que regula a sua criação7,
5
Como descreve Hans Kelsen:“A ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas
ordenadas no mesmo plano, situadas umas ao lado das outras, mas é uma construção escalonada
de diferentes camadas ou níveis de normas jurídicas. A sua unidade é produto da conexão de
dependência que resulta do fato de a validade de uma norma, que foi produzida de acordo com
outra norma, se apoiar sobre essa outra norma, cuja produção, por sua vez, é determinada por
outra; e assim por diante, até abicar finalmente na norma fundamental – pressuposta. (...) Se
começarmos levando em conta apenas a ordem jurídica estadual, a Constituição representa o
escalão de Direito positivo mais elevado.” (op. cit., p. 247.)
6
Ibidem, p. 79-80.
7
Nas palavras de Hans Kelsen:“o direito regula sua própria criação e o Estado se cria e recria
sem cessar com o direito.” (Jurisdição Constitucional, p. 125), o que, do ponto de vista da teoria
social de Niklas Luhmann (El derecho de la sociedad, passim) significa dizer que o direito
consiste num sistema operativamente fechado, na medida em que ele mesmo cria e estabelece a
forma de sua produção. Com efeito, embora firmadas sobre pressupostos absolutamente
distintos, a par das diferenças terminológicas, de se verificar, aqui, um ponto de contato entre as
teorias de ambos os autores. Isto porque a autopoieses a que Luhmann alude significa que o
sistema jurídico se auto-reproduz internamente a partir de seus próprios elementos e de seu
código binário interno, com o que se diferencia de outros sistemas e se fecha operativamente. É
o que também se deduz do trecho de Kelsen acima transcrito, que vê em cada grau da pirâmide
um ato criativo e simultaneamente executivo de direito, o que, noutras palavras, é a autopoieses
do sistema. Vale lembrar, no entanto, que a construção kelseniana é hierarquizada e piramidal,
fundada num sistema científico cartesiano. Luhmann funda sua teoria social do direito numa
concepção cientifica pós-moderna, baseada na interdisciplinaridade, sustentando uma
construção circular e auto-referencial do sistema jurídico.
6
Isso significa, noutras palavras, que todas as normas que integram o
demais atos normativos que lhe incumbe, deve igualmente observar os preceitos
8
Conceito que será analisado no próximo item.
9
Abordaremos especificamente essa questão no item 1.3. adiante.
10
Nas palavras de Pontes de Miranda (Fundamentos Atuais do Direito Constitucional, p. 107-
108, 1932, apud Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, A Teoria das Constituições Rígidas, p.
58): “(...) se o poder legislativo é um dos poderes, se da Constituição provém a competência de
cada um dêles, óbvio é que se superponha aos poderes constituidos (sic) o poder que os
constituiu.”
11
Conforme ressalta José Afonso da Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 45): “A
‘rigidez constitucional’ decorre da maior dificuldade para sua modificação do que para a
alteração das demais normas jurídicas da ordenação estatal. Da rigidez emana, como primordial
conseqüência, o ‘princípio da supremacia da constituição’ que, no dizer de Pinto Ferreira, ‘é
7
procedimento mais complexo e solene para a reforma do texto constitucional em
possam ter seus dispositivos alterados, somente poderão ser reformadas por meio
reputado como uma pedra angular, em que assenta o edifício do moderno direito político’.
Significa que a constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a que confere
validade, e que todos os poderes estatais são legítimos na medida em que ela os reconheça e na
proporção por ela distribuídos. É, enfim, a lei suprema do Estado, pois é nela que se encontram
a própria estruturação deste e a organização de seus órgãos; é nela que se acham as ‘normas
fundamentais’ de Estado, e só nisso se notará sua superioridade em relação às demais normas
jurídicas.” (grifamos).
12
Nas palavras de Oswaldo Aranha Bandeira de Mello (A Teoria das Constituições Rígidas, p.
28): “Compreende-se, perfeitamente, que a distinção entre a lei constitucional e a lei ordinária,
implicando na superioridade daquela sôbre esta, reclame sistema de reforma mais difícil que a
da última, exigindo-se requisitos especiais e solenes, preestabelecidos no próprio corpo da
Constituição.”
13
Rui Barbosa, Atos Inconstitucionais, p. 36.
8
mais dificultoso do que o exigido para a produção das demais normas – as quais,
por isso, não são aptas a modificar o seu texto – é inadmissível, no sistema
14
Em termos mais precisos, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello (op. cit., p. 35-36) define:
“Portanto, no sistema das Constituições rígidas, a Constituição é a autoridade mais alta, e
derivante de um poder superior à legislatura, o qual é o único poder competente para alterá-la. O
poder legislativo, como os outros poderes, lhe são subalternos, tendo as suas fronteiras
demarcadas por êle, e, por isso, não podem agir senão dentro destas normas.”
15
Nas palavras de Hans Kelsen (Teoria Pura do Direito, p. 248):“A Constituição estadual pode
– como Constituição escrita – aparecer na específica forma constitucional, isto é, em normas
que não podem ser revogadas ou alteradas como as leis normais mas somente sob condições
mais rigorosas. Mas não tem de ser necessariamente assim; e não é assim quando nem sequer
exista Constituição escrita, quando a Constituição surgiu por via consuetudinária, quer dizer:
através da conduta costumeira dos indivíduos submetidos à ordem jurídica estadual, e não foi
codificada. Nesse caso, também as normas que têm o caráter de Constituição material podem ser
revogadas ou alteradas por leis simples ou pelo Direito consuetudinário.” (grifamos).
9
processo mais exigente, diferente do processo legislativo usual; que, além da
rigorosas do que o processo de elaboração das leis comuns – como, verbi gratia,
possui força para revogar a lei constitucional que lhe determina a criação e o
conteúdo”17, de tal forma que as normas jurídicas somente serão válidas se, e na
normativas.
inconstitucionalidade.
20
Como explica Manoel Gonçalves Ferreira Filho (Curso de Direito Constitucional, p. 34), ao
discorrer acerca do surgimento do controle de constitucionalidade, fundado justamente sobre os
pressupostos da rigidez e da supremacia da Constituição: “No caso ‘Marbury versus Madison’,
esse juiz (Marshall) demonstrou que, se a Constituição americana era a base do direito e
imutável por meios ordinários, as leis comuns que a contradissessem não eram verdadeiramente
leis, não eram direito. Assim, essas leis seriam nulas, não obrigando os particulares.”
(grifamos).
11
produção, a inadequação desses em face daquela culminará na sua
inconstitucionalidade.
entre uma coisa – a Constituição – e outra coisa – uma norma ou um acto – que
lhe está ou não conforme, que com ela é ou não compatível, que cabe ou não
21
Contributo para uma teoria da inconstitucionalidade, p. 11 (grifamos).
12
inconstitucional pode até traduzir benefícios ao país e à sua população22, mas
fundamental para que uma lei seja feita, decerto que ela, portanto, não existe.25
modalidades28. Vejamos.
22
Tais hipóteses justificam, por exemplo, a aplicação da técnica da declaração de
inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, como veremos adiante.
23
Cf. Dicey, Lectures Introductory To The Study Of The Law Of The Constitution, London,
1885, p.165-166, apud Rui Barbosa, Atos Inconstitucionais, p. 39.
24
Cf. Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, A Teoria das Constituições Rígidas, p. 144.
25
Ibidem, p. 142.
26
Rui Barbosa, op. cit., p. 61.
27
Como prevê expressamente o art. 204º da Constituição da República Portuguesa, in verbis:
“Artigo 204.º Apreciação da inconstitucionalidade. Nos feitos submetidos a julgamento não
podem os tribunais aplicar normas que infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios
nela consignados.” Disponível em: <http://www.parlamento.pt>. Acesso em: 9 set. 2010.
28
Por não constituírem o objeto precípuo do presente estudo, não serão, aqui, abordados todos
os tipos de inconstitucionalidade referenciados pela doutrina, mas tão-somente, e de forma
13
1.2.1. Inconstitucionalidade por ação
constitucionalmente assegurados.”
parcial
apenas em parte, uma vez que nem toda ela se afigura incompatível com a
Constituição.
15
incisos, alíneas ou itens –, como sobre uma fração de determinado dispositivo,
toda, e não apenas à parte dela. De igual forma, tratando-se de vício formal
33
Cf. afirmamos em A parcelaridade no Controle de Constitucionalidade das Leis (disponível
em <http://www.memesjuridico.com.br/jportal/portal.jsf?post=4780>. Acesso em 21 set. 2010).
34
Ibidem.
35
Importa mencionar, a título comparativo, que, ao vetar um projeto de lei, o Presidente da
República somente pode fazê-lo de forma parcial em relação ao texto integral de parcelas da lei,
isto é, sobre “partes-inteiras” da norma, e nunca sobre “partes da parte”, ou seja, sobre palavras
ou expressões isoladas do seu texto, nos termos do Art. 66, §2º da Constituição Federal
(Ibidem).
36
Cf. Luís Roberto Barroso, O controle de constitucionalidade no direito brasileiro, p. 39.
16
Mas nem sempre é assim. Pode ocorrer, por exemplo, de um único
que se verificaria, por exemplo, se uma lei federal contivesse um artigo dispondo
sobre matéria reservada à lei estadual. Ou, ainda, de um artigo isolado incorrer
com a ação legislativa conforme à Constituição, como visto acima; “exige mais”,
37
Ibidem.
38
Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 46-47.
17
constitucionais, quando a Constituição assim a determina, também constitui
conduta inconstitucional.”
Constituição.”
requerida.
39
O mandado de injunção e a inconstitucionalidade por omissão, p. 45.
18
A omissão normativa, no caso, pode ser total, isto é, qualificar-se
constitucionais.
Carta Constitucional.
40
Cf., aliás, expressa previsão do art. 12-B, I, da Lei Federal n. 9.868/99.
41
Acerca dos institutos em questão, vide as obras de Flávia Piovesan (Proteção judicial contra
omissões legislativas: ação direta de inconstitucionalidade por omissão e mandado de
injunção) e de Marcelo Figueiredo (O mandado de injunção e a inconstitucionalidade por
omissão).
42
“Art. 5° (...) LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;(...)”
43
“Art. 103. (...) §2° Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar
efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das
providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.”
19
Vistos o conceito e as formas de inconstitucionalidade, resta
analisar se tal estado jurídico afeta a norma desde a sua origem, tornando-a nula,
Vejamos.
estado que afeta, portanto, sua validade e eficácia desde a sua existência45.
44
Cf. Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional, p. 311.
45
Impõe referenciar a distinção entre os planos da existência, validade e eficácia da norma
jurídica aqui adotada. Existência significa que há ou não há norma; que ela existe ou não existe;
é ou não é. Dizer que a norma existe, portanto, equivale a reconhecer que ela entrou (válida ou
invalidamente) no sistema jurídico, integrando-o. Já a validade é a qualidade de que se reveste a
norma jurídica compatível com o sistema jurídico no qual se insere. A norma válida é, assim, a
que existe validamente, por ter sido produzida de acordo com os preceitos constitucionais, assim
considerada a norma superior do sistema. Eficácia, por seu turno, reside na aptidão que a norma
tem de produzir efeitos jurídicos. Vê-se, assim, que, embora interligados, trata-se de atributos
independentes. Certo é que muitos autores, fundados na teoria da nulidade, sustentam a
inexistência da norma inconstitucional (como, entre nós, Francisco Campos, Direito
Constitucional, Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1956, vol. I, p. 430 apud Manoel Gonçalves
Ferreira Filho, O valor do ato inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71),
o que não nos afigura exato. Ou a norma existe – e, nesta medida, é ou não conforme à
Constituição – ou sequer passou de projeto. E, se existe, pode existir válida ou invalidamente,
isto é, ser ou não constitucional. Existindo, pode, ainda, reunir todas as condições para a
produção de efeitos (e tê-los mesmo produzido, a despeito da sua invalidade), ou não – o que a
tornará, embora existente, ineficaz.
20
Isso porque, nas palavras de H. C. Black46, a Constituição “obriga
qua non para que pudesse validamente produzir efeitos, qual seja, estar conforme
à Constituição.
produzido algum efeito equivale a reconhecer que teria ela o condão de revogar a
Espanha, entre outros, são países adeptos da teoria da nulidade, tendo os dois
norma desde a sua origem, comprometendo não só a sua validade como também
toda a sua eficácia, a decisão que reconhece tal condição assume caráter
50
Cf. Zeno Veloso, Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 177-180.
51
Conforme estabelece o seu art. 282.º 1, in verbis: “Artigo 282.º Efeitos da declaração de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade 1. A declaração de inconstitucionalidade ou de
ilegalidade com força obrigatória geral produz efeitos desde a entrada em vigor da norma
declarada inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação das normas que ela,
eventualmente, haja revogado.” Disponível em <http://www.parlamento.pt>. Acesso em: 18 set.
2010.
52
José Carlos Francisco, Natureza das normas e atos inconstitucionais, p. 630.
53
“O papel do tribunal é apenas declaratório; não desata conflitos: indica-os, como a agulha de
um registro, e, indicando-os, indicada está por sua natureza a solução. A lei mais fraca cede à
superioridade da mais forte.” (Rui Barbosa, Atos Inconstitucionais, p. 57).
22
ao reconhecimento de que aquela lei54, em verdade, nunca foi eficaz; é, assim,
“natimorta”55.
Isso faz com que todos os efeitos pretéritos produzidos sob a égide
repristinatório.
origem, não tendo, portanto, produzido efeito qualquer, não poderia ela ter tido
58
Cf. Zeno Veloso, op. cit., p. 787.
59
Ibidem.
60
“A Constituição portuguesa, artigo 282.1, dispõe que a declaração de inconstitucionalidade ou
de ilegalidade com força obrigatória geral produz efeitos desde a entrada em vigor da norma
declarada inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação das normas que ela,
eventualmente, haja revogado.” (op. cit., p. 785)
61
Manual de Direito Constitucional, Tomo VI, p. 287-288.
24
Carta Magna e, ao mesmo tempo, revigorar norma anterior que, além de mais
ineficaz, de forma que a decisão que reconhece a sua invalidade produz efeitos
62
Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 193-194.
63
Vide item 3.7.5.
25
A teoria da anulabilidade, ao revés, qualifica a norma
inconstitucional como anulável – e não nula –, condição que afeta a sua eficácia a
64
Hans Kelsen, Teoria Pura do Direito, p. 300-307.
26
Neste caso, a anulação da norma em razão da sua
norma, neste caso, “não declara uma nulidade, mas anula, cassa (‘aufhebt’) uma
lei que, até o momento em que o pronunciamento da Corte não seja publicado, é
Cappelletti66.
65
No texto de Manoel Gonçalves Ferreira Filho (O valor do ato inconstitucional, em face do
direito positivo brasileiro, p. 59-71) a expressão foi, mais coerentemente, traduzida como “não
obstante”.
66
O controle judicial de constitucionalidade das leis no direito comparado, p. 116.
67
Nada obstante a Constituição Austríaca preveja, expressamente, que a lei revogada pela que
foi declarada inconstitucional volte a vigorar, a despeito da irretroatividade daquela decisão,
como esclarece Zeno Veloso (Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 181).
68
Cf. Hans Kelsen, op. cit., p. 306.
69
Jurisdição Constitucional, p. 145-146.
27
“O ideal da segurança jurídica requer que, geralmente, só se
atribua efeito à anulação de uma norma geral irregular ‘pro
futuro’, isto é, a partir da anulação. Deve-se considerar inclusive
a possibilidade de não se deixar a anulação entrar em vigor antes
de expirar certo prazo. Do mesmo modo que pode haver razões
válidas para fazer a entrada em vigor de uma norma geral ser
precedida por uma ‘vacatio legis’, também poderia haver
motivos para que uma norma só deixasse de vigorar expirado
certo prazo a partir da sentença de anulação. No entanto, certas
circunstâncias podem tornar necessária uma anulação retroativa.
(...) Deve-se considerar antes de mais nada um efeito retroativo
excepcional, limitado a certos casos específicos ou a uma certa
categoria de casos.” (grifamos)
anulação da lei, que vigoram, em regra, para o caso concreto, como relata Zeno
Veloso70.
sua força jurídica até que seja cassada por decisão judicial71.
direito comparado
70
Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 180.
71
Ibidem, p. 181.
28
Diante das desvantagens práticas decorrentes da aplicação pura e
inconstitucional.
72
Cf. Zeno Veloso, Efeitos da declaração de inconstitucionalidade, p. 789.
29
contribuintes, que sofreram significativa diminuição patrimonial sem qualquer
relativização.
73
Teoria Pura do Direito, p. 306; Jurisdição Constitucional, p. 145.
74
Cf. Konrad Hesse, A força normativa da Constituição, passim.
75
O controle judicial de constitucionalidade das leis no direito comparado, p. 122.
30
Nos Estados Unidos, lembra Manoel Gonçalves Ferreira Filho76,
“(…) the Court insisted that ‘the nature of judicial review’ strips
it of the quintessentially ‘legislat[ive]’ prerogative to make rules
of law retroactive or prospective as the court sees fit. (…) There
are two important caveats in Harper´s rule of retroactivity. First,
the Court did not hold that all decisions of federal law must
necessarily be applied retroactively. (…) Second, the Federal
Constitution does not usually prescribe the precise form of the
remedy that a state is required to provide for a constitutional
violation, so that a state frequently retains some degree of
latitude even when a decision is held to be retroactive.”
76
O valor do ato inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71.
77
American Constitutional Law, p. 219-226.
78
Op. cit., 789-790.
31
o princípio da retroatividade dos efeitos da decisão de inconstitucionalidade,
sistemas.
Federal82.
79
Op. cit., p. 59-71.
80
Vide, a esse respeito, José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 53;
Regina Maria Macedo Nery Ferrari, Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade, p. 163 ss;
Celso Ribeiro Bastos, Comentários à Constituição do Brasil, v. 4, t. III, p. 85 apud Zeno
Veloso, Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 183; Manoel Gonçalves Ferreira
Filho, O valor do ato inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71, dentre
outros.
81
Nas palavras de Zeno Veloso: “A doutrina clássica, nos Estados Unidos – Marshall, Charles
Kent, Black, dentre outros –, firmou o princípio de que todo ato legislativo contrário à
Constituição é nulo, e a este entendimento aderiram, no Brasil, Ruy Barbosa e Alfredo Buzaid.
Mais radical, Francisco Campos expõe que a lei inconstitucional não é nula, nem anulável, mas
inexistente.” (Efeitos da declaração de inconstitucionalidade, p. 784).
82
“O dogma da nulidade da lei inconstitucional pertence à tradição do direito brasileiro. A
teoria da nulidade tem sido sustentada por importantes constitucionalistas. Fundada na antiga
doutrina americana, segundo a qual the inconstitutional statute is not law at all, significativa
parcela da doutrina brasileira posicionou-se pela equiparação entre inconstitucionalidade e
nulidade. Afirmava-se, em favor dessa tese, que o reconhecimento de qualquer efeito a uma lei
inconstitucional importaria na suspensão provisória ou parcial da Constituição.” AI 631.533,
32
Como anota Zeno Veloso83, registra-se no Supremo Tribunal
Federal apenas uma decisão que “aderiu à tese kelseniana da anulabilidade e não
reconhece.
Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, julgamento em 12-3-07. No mesmo sentido:
ADI 652-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 2-4-92; ADI 1.434–MC, Rel. Min.
Celso de Mello, julgamento em 29-8-96; ADI 2.215-MC, Rel. Min. Celso de Mello, decisão
monocrática, julgamento em 17-4-01; RE 392.139-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
26-4-05; RE 395.902-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7-3-06; ADI 2.994-ED,
Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 31-5-06; RE 364.304-AgR, voto do Min. Gilmar
Mendes, julgamento em 3-10-06; ADI 2.728-ED, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19-
10-06; AI 472.768-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 21-11-06; ADI 2.996-ED,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 14-12-06; AI 457.766-AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgamento em 3-4-07; AI 474.708-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão
monocrática, julgamento em 17-3-08, dentre outros. Disponíveis em: <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em: 09 set. 2010.
83
Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 182.
84
Como é o caso de Alemanha, Portugal e Espanha, que contemplam dispositivos expressos
acerca da nulidade da lei inconstitucional, como visto acima.
85
Apesar da incoerência, como aponta Manoel Gonçalves Ferreira Filho (O valor do ato
inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71), que tal entendimento suscita
frente ao sistema brasileiro de controle difuso, no qual, inexistindo o stare decisis próprio do
direito norte-americano, a norma declarada inconstitucional continua, embora nula, sendo
aplicada noutros casos, já que a decisão colhe apenas as partes litigantes, dependendo a sua
suspensão geral do crivo do Senado Federal (Art. 52, X, CF/88) – o que, na prática, não se tem
observado. De se notar, contudo, que o STF tem admitido a eficácia “transcendente dos motivos
determinantes subjacentes à decisão declaratória de inconstitucionalidade”, reconhecendo que
“a eficácia vinculante não só concerne à parte dispositiva, mas refere-se, também, aos próprios
fundamentos determinantes (“ratio decidendi”) do julgado declaratório de
inconstitucionalidade emanado do Supremo Tribunal Federal”, como restou consignado no
voto do Rel. Min. Celso de Mello na ADI 3.345 (julgamento em 25-08-05). Disponível em
<www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
33
De se inferir, da análise sistemática da Constituição de 1988, que a
constitucional brasileiro.
não apenas a autoridade para discutir e “conhecer da legitimidade das leis perante
critério”86.
86
Rui Barbosa, Atos Inconstitucionais, p. 53.
87
Jurisdição Constitucional, p. 325-326.
34
alguma forma, em contradição com a Constituição (art. 102, III,
a)”.
nulidade da lei.
88
Cf. Rui Barbosa, op. cit., p. 41-42.
89
Que, a despeito de ter tido sua constitucionalidade questionada perante o STF, permanece em
vigor, pois que pendente de julgamento, desde o ano de 2000, as ADI´s 2.154 e 2.258 (conforme
o acompanhamento processual disponível em <http://www.stj.jus.br>. Acesso em 21 set. 2010).
35
O que, por consequência, implica a “flexibilização”, para usar a
constitucional.
todos os atos jurídicos dela decorrentes, com exceção das hipóteses legais de
norma produz efeitos ex tunc, retroagindo ao início da sua vigência, tudo quanto
90
O valor do ato inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71.
91
Apud Manoel Gonçalves Ferreira Filho, op. cit., mesma página.
36
É, conforme visto alhures, como se a norma declarada
primeira lei for revogada por uma segunda e esta, por sua vez, for posteriormente
fazendo com que toda a eficácia pretérita da lei declarada inconstitucional seja
desconsiderada.
9.868/99, in litteris:
Tribunal Federal a esse mesmo respeito, como, aliás, entende a própria Corte93.
92
Dispositivo que também teve a sua constitucionalidade questionada perante o STF, estando
pendente de julgamento as ADI´s 2.154 e 2.258 (conforme acompanhamento processual
disponível em <http://www.stj.jus.br>. Acesso em 21 set. 2010).
93
Cf. Zeno Veloso, Efeitos da declaração de inconstitucionalidade, p. 787.
37
Na hipótese de a norma restaurada pela declaração de nulidade
revogadora96.
94
“Controle normativo abstrato de constitucionalidade e efeito repristinatório. A questão do
efeito repristinatório indesejado. Necessidade, em tal hipótese, de formulação de pedidos
sucessivos de declaração de inconstitucionalidade tanto do diploma ab-rogatório quanto das
normas por ele revogadas, desde que também eivadas do vício da ilegitimidade constitucional.
Ausência de impugnação, no caso, do diploma legislativo cuja eficácia restaurar-se-ia em
função do efeito repristinatório. Hipótese de incognoscibilidade da ação direta. Precedentes.
Ação direta não conhecida.” ADI 2.215-MC, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática,
julgamento em 17-4-01. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 09 set. 2010.
95
Cf. Zeno Veloso, op. cit., p. 787-788.
96
Ibidem, mesma página.
97
“Efeito repristinatório. Norma anterior com o mesmo vício de inconstitucionalidade. No caso
de ser declarada a inconstitucionalidade da norma objeto da causa, ter-se-ia a repristinação de
preceito anterior com o mesmo vício de inconstitucionalidade. Neste caso, e não impugnada a
norma anterior, não é de se conhecer da ação direta de inconstitucionalidade.” ADI 2.574, Rel.
Min. Carlos Velloso, julgamento em 2-10-02. No mesmo sentido: ADI 2.938, Rel. Min. Eros
Grau, julgamento em 5-6-05. Disponíveis em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 09 set. 2010.
98
Cf. J. J. Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, p. 1017.
38
de preceitos não impugnados em julgados isolados, como o que transcrevemos a
seguir:
99
Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 09 set. 2010.
100
Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 194.
39
1.4.1. Modulação de efeitos: o Art. 27 da Lei n. 9.868/99
retroativos, salvo se o Tribunal entender que deve fixar outro momento para o
verbis:
fixado na decisão.
modifica, por decisão de dois terços dos membros do Supremo, o efeito temporal
da decisão de inconstitucionalidade.
Tal mecanismo poderá, por isso, ser utilizado para evitar que a
103
“Artigo 282.º Efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade (...) 4. Quando
a segurança jurídica, razões de equidade ou interesse público de excepcional relevo, que deverá
ser fundamentado, o exigirem, poderá o Tribunal Constitucional fixar os efeitos da
inconstitucionalidade ou da ilegalidade com alcance mais restrito do que o previsto nos n.os 1 e
2.” Disponível em <http://www.parlamento.pt>. Acesso em: 09 set. 2010.
41
igualmente dissonantes com o texto constitucional, em homenagem à segurança
eivadas de nulidade e que haviam sido preteritamente revogadas pela que, agora,
Constituição.
jurídicas”, de forma a alcançar, via reflexa, norma anterior igualmente tida por
inválida.
104
Manual de Direito Constitucional, Tomo VI, p. 288-289.
105
De se notar que os requisitos em questão mereceram inúmeras críticas por parte da doutrina,
dada sua indeterminabilidade, característica que torna eminentemente política a decisão do STF,
posto que dependente de juízo de conveniência e oportunidade da maioria qualificada de seus
membros. Tanto que arguida, embora ainda não apreciada pelo STF, a inconstitucionalidade do
dispositivo. Vide, nesse sentido, os comentários de Manoel Gonçalves Ferreira Filho em O
valor do ato inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71.
42
– e em virtude das quais, inclusive, poderia ser o Supremo Tribunal Federal
acompanhada das devidas cautelas, a fim de evitar que seja tornada regra a
exceção107.
106
Cf. Jorge Miranda, Manual de Direito Constitucional, 1991, n. 143, p. 500 apud Zeno
Veloso, Efeitos da Declaração de Inconstitucionalidade, p. 791.
107
Nas palavras de Zeno Veloso (Efeitos da declaração de inconstitucionalidade, p. 791): “Na
doutrina européia – especialmente na portuguesa – tem sido exposta a preocupação com o
excesso ou a generosidade com que os Tribunais Constitucionais vêm limitando os efeitos da
declaração de inconstitucionalidade, apontando-se o perigo que representa a transformação da
exceção em regra (...). No Brasil, muito preocupa a influência que possa exercer um Poder
Executivo forte e autoritário, para reverter a seu favor a possibilidade de se conferir limitações
ou restrições materiais e temporais à declaração de inconstitucionalidade.”
108
RE 197.917, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 6-6-02. Disponível em
<http://www.stf.jus.br>. Acesso em 09 set. 2010.
43
No mesmo sentido são os entendimentos já esposados pelos
109
Pet 2.859-MC, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, julgamento em 6-4-04; AC
189-MC-QO, voto do Min. Gilmar Mendes, julgamento em 9-6-04. Disponíveis em
<http://www.stf.jus.br>. Acesso em 08 set. 2010.
110
“O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido, excepcionalmente, a possibilidade de
proceder à modulação ou limitação temporal dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade,
mesmo quando proferida, por esta Corte, em sede de controle difuso.” RE 395.902-AgR, Rel.
Min. Celso de Mello, julgamento em 7-3-06. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em
08 set. 2010.
44
2. O JUÍZO DE INCONSTITUCIONALIDADE NA FISCALIZAÇÃO
das leis, historicamente, o Brasil adotou o sistema difuso, originado nos Estados
111
Cf. Zeno Veloso, Efeitos da declaração de inconstitucionalidade, p. 771.
112
De se notar que a Constituição do Império, de 1824, não estabelecia um controle
jurisdicional de fiscalização das normas, incumbindo, ao revés, ao próprio Poder Legislativo o
papel de velar pela guarda da Constituição bem como o de elaborar, interpretar, suspender e
revogar as leis, como lembra Zeno Veloso (Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p.
29).
113
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1851-1900/L0221.htm>. Acesso
em 20 set. 2010.
45
“§ 10. Os juizes e tribunaes apreciarão a validade das leis e
regulamentos e deixarão de applicar aos casos occurrentes as
leis manifestamente inconstitucionaes e os regulamentos
manifestamente incompativeis com as leis ou com a
Constituição.”
controle abstrato116.
114
Cf. Zeno Veloso, Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 31.
115
Conforme estabelecem os arts. 97 e 52, X, da Constituição de 1998, respectivamente.
116
Cf. Regina Maria Macedo Nery Ferrari, Efeitos da declaração de inconstitucionalidade, p.
95-96.
46
efeito a decisão judicial117 –, as Constituições que se seguiram em 1946,
Carta de 1988.
117
Cf. Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional, p. 328-329.
118
Ibidem, p. 330.
119
Embora tenha suprimido a competência dos Tribunais de Justiça dos Estados introduzida
pela Emenda n. 16/65 para controlar, originariamente, as leis ou atos municipais conflitantes
com as Constituições Estaduais respectivas, como bem lembra Regina Maria Macedo Nery
Ferrari (op. cit., p. 99-100).
120
Cf. Paulo Bonavides, op. cit., p. 330-331.
121
Cf. Zeno Veloso, Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 34.
122
Idem, Efeitos da declaração de inconstitucionalidade, p. 778.
123
Cf. Gilmar Ferreira Mendes, O controle de constitucionalidade das leis na atualidade, p.
300.
47
criação de novos mecanismos para tanto124 –, sem embargo do modelo americano
Constituição de 1988.
inspirado no modelo americano, cuja decisão, entre nós, alcança apenas as partes
Constituição Federal.
124
Como a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, a arguição de descumprimento de
preceito fundamental decorrente da Constituição e, posteriormente, a ação declaratória de
constitucionalidade, introduzida pela EC 03/93, além da restauração do controle abstrato das leis
estaduais e municipais em face da Constituição Estadual, instituído pela Emenda n. 16/65 à
Constituição de 1946 e posteriormente suprimido pela Constituição de 1967 e pela Emenda n.
01/69.
125
Que são: a ação direta de inconstitucionalidade; a ação direta de inconstitucionalidade por
omissão; a ação direta de inconstitucionalidade interventiva; a ação declaratória de
constitucionalidade e a arguição de descumprimento de preceito fundamental, conforme os arts.
36, III; 102, I, a e §1º e 103, §2º da Constituição de 1988.
48
autoridades, expressamente legitimados para tanto126, e julgamento concentrado
respectiva Constituição Estadual, na forma dos Artigos 102, I, a e §1º e 125, §2º
da Carta de 1988.
das leis consubstancia-se – ao menos do ponto de vista formal – num dos mais
126
Na forma dos arts. 36, III e 103, I a IX, da CF/88.
127
Cf. Marcelo Figueiredo, O controle de constitucionalidade: algumas notas e preocupações,
p. 185.
128
Zeno Veloso, Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, p. 34.
49
mecanismos sem precedentes no direito comparado129, como é o caso da ação
declaratória de constitucionalidade130.
diferentes graus.
129
Cf. Luís Roberto Barroso, O controle de constitucionalidade no direito brasileiro, p. 229.
130
Cuja instituição, à época da edição da EC 03/93, recebeu severas críticas por boa parte da
doutrina nacional, dentre as quais podemos destacar a violação da separação dos poderes, com a
atribuição ao STF da competência política de chancelar as leis, e a própria inversão do princípio
da presunção de constitucionalidade, além de outras (cf. Marcelo Figueiredo, A ação
declaratória de constitucionalidade – inovação infeliz e inconstitucional, p. 155-181). De se
frisar, entretanto, a par da confirmação da constitucionalidade da EC 03/93 pelo STF (cf. André
Ramos Tavares, Constituição do Brasil Integrada, p. 214), que a Lei Federal n. 9.868/99 e,
posteriormente, a EC 45/04 acabaram sanando em grande medida tais questionamentos ao
exigir, por exemplo, prova da controvérsia judicial relevante para cabimento da ação e equiparar
seus legitimados ativos aos da ADI, respectivamente.
50
da decisão, da declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto e da
brasileiro.
nosso exame.
131
Com efeito, mesmo antes das Leis n. 9.868/99 e 9.882/99 o STF já vinha reconhecendo a
necessidade de se aplicar restrições temporais e materiais às decisões de inconstitucionalidade,
seja no sistema difuso, seja na via concentrada, conforme anota Gilmar Mendes (Controle
Concentrado de Constitucionalidade, p. 454-459 e 493 ss).
132
Cf. Manoel Gonçalves Ferreira Filho, O valor do ato inconstitucional, em face do direito
positivo brasileiro, p. 59-71.
133
Controle Concentrado de Constitucionalidade, p. 545.
134
Cf. item 1.3.3. supra.
51
improcedência da ação com a conseqüente declaração de
constitucionalidade.”135
diferentes sanções136.
sistema jurídico.
Vejamos.
“tradicional”
135
Trecho do voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau,
julgamento em 09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
136
Cf. J. J. Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, p. 953.
137
Nas precisas palavras de Jorge Miranda: “Mais do que qualquer outro aspecto torna-se aqui
patente como o juízo de inconstitucionalidade não se reduz a algo de lógico-formal ou
silogístico; como se torna ainda mais indispensável apreciar o acto frente à norma
constitucional, bem como às relações e situações da vida que visa conformar. E tal juízo ainda
mais complexo se recorta, quando recai sobre um acto normativo – então a norma, que é um
dever ser ou um valor, é também objecto de um juízo de valor.” (Manual de Direito
Constitucional, Tomo VI, p. 94).
52
E mesmo a compatibilidade vertical da norma comporta ao menos
duas variantes: uma que se pode chamar “natural” e outra que se dá mediante
interpretação conforme.
de forma “pura” equivale ao de que ele o é em sua própria natureza, por si só,
sem que para tal conclusão sejam necessárias maiores ilações; decorre ela
posto que a literalidade do enunciado não admite outra opção. É que o texto
litteris:
138
Trataremos, adiante, no item 2.3.1.3, das diferenças entre texto e norma.
139
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9868.htm>. Acesso em 22 set.
2010.
53
2.2.2 A declaração de constitucionalidade mediante interpretação
conforme
do seu texto, mas, ao contrário, do sentido dele emergente, que se coaduna com a
Constituição.
140
Conforme analisaremos adiante (item 3.7.1.).
54
A constitucionalidade da norma, portanto, seria, por assim dizer,
Por certo, não se está a afirmar que haveria na espécie uma “falsa”
e vinculante, in verbis:
141
Ibidem.
142
Cf. André Gustavo C. de Andrade, Dimensões da interpretação conforme a Constituição, p.
02 ss. Disponível em
<http://www.tjrj.jus.br/institucional/dir_gerais/dgcon/pdf/artigos/direi_const
/dimensoes_da_interpretacao_conforme_a_constituicao.pdf>. Acesso em 7 set. 2010.
55
hermenêutico143 e técnica de decisão da justiça constitucional144, como veremos
adiante.
143
Cf. Silvio Luiz Maciel, Interpretação conforme a Constituição, p. 15-19.
144
Cf. André Ramos Tavares, Fronteiras da Hermenêutica, e Luís Henrique Martins dos Anjos,
A interpretação conforme a constituição enquanto técnica de julgamento do Supremo Tribunal
Federal, p. 02-04 ss. Disponível em
<http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/buscalegis/article/viewFile/15728/15292>.
Acesso em 7 set. 2010.
145
Cf. Jorge Miranda, Os tipos de decisões na fiscalização da constitucionalidade, p. 34.
146
Cf. art. 24 da Lei n. 9.868/99.
147
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, O valor do ato inconstitucional, em face do direito
positivo brasileiro, p. 59-71.
56
J. J. Gomes Canotilho148 chega a sugerir uma “teoria da
efeitos desde a sua origem; (ii) a invalidade stricto sensu, que comporta (ii.1) a
decisão que assim o constituir), e, por fim, (iii) a irregularidade, que não
148
Op. cit., p. 952-953.
149
Manual de Direito Constitucional, Tomo VI, p. 93-95.
150
Ibidem, p. 95.
151
Ibidem, p. 97-98.
57
Também no Brasil, como frisado pelo Ministro Gilmar Mendes, “há
a violação seja material – o mais grave dos vícios, a ser sancionado com a
inconstitucionalidade:
152
Trecho do voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau,
julgamento em 09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
153
O valor do ato inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71.
58
os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento
que venha a ser fixado.”
efeitos.
154
O valor do ato inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71.
59
Diante do permissivo emergente do dispositivo legal em questão e
Vejamos.
redução de texto
155
Conforme vimos no item 1.3.1. supra.
156
Na forma do art. 27 da Lei n. 9.868/99, analisado no item 1.4.1.
60
declarando a sua inconstitucionalidade parcial157, sem prejuízo das anunciadas
sistema jurídico, posto que reconhecida a sua invalidade como um todo. Ocorre,
inconstitucional.
que válidas.
157
Como analisamos no item 1.2.1.1.
158
Cf. José Carlos Francisco, Natureza das normas e atos inconstitucionais, p. 630.
61
Nesses casos, como a parcela inconstitucional não guarda suficiente
trecho viciado sem afetar a subsistência da parte válida. Neste caso, apesar da
ser processada com ou sem a redução do texto, na medida em que seja ou não
159
Cf. Celso Ribeiro Bastos, Hermenêutica e Interpretação Constitucional, p. 282-283.
160
Julgamento em 13-06-91. Disponível em <http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.
jsp?docTP=AC&docID=346419>. Acesso em 22 set. 2010.
62
O problema estava na remissão à regra constante no inciso V do
inciso V do Artigo 64 não se fazia possível, já que ela se dava de forma implícita,
impugnado.
161
Rel. Min. Marco Aurélio. Julgamento em 17-05-06. Disponível em <http://redir.stf.jus.br/
paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=612210>. Acesso em 21 set. 2010.
63
Neste caso, a redação do dispositivo permitia a retirada da sua
total ou parcial.
Sendo total, se processa com redução de texto, posto que tudo foi
162
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm>. Acesso em 21 set.
2010.
64
Em ambos os casos, as decisões poderão ter eficácia retroativa ou
Federal n. 9.868/99.
163
Na forma do já examinado art. 27 da Lei n. 9.868/99.
164
Cf. ADI 3.316, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-5-07; ADI 3.689, Rel. Min. Eros
Grau, julgamento em 10-5-07; ADI 2.240, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-5-07; ADI
3.489, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-5-07. Disponíveis em <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em 16 set. 2010.
65
Nesse tipo de decisão, como se depreende da sua própria
inconstitucionalidade166 sem que, com isso, haja a sua invalidação. Isto ocorre ou
porque a norma não existe, não havendo, portanto, o que se declarar nulo, ou
165
Cf. voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
166
Cf. Celso Ribeiro Bastos, Hermenêutica e Interpretação Constitucional, p. 292.
167
Cf. item 1.2.2. supra.
168
Cf. voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
169
O valor do ato inconstitucional, em face do direito positivo brasileiro, p. 59-71.
66
Pode ocorrer, ainda, de a pronúncia de nulidade do vício ativo
dependentes de regulamentação.
explica Gilmar Mendes171, “poderia fazer surgir uma situação ainda mais
injusto, ou por qualquer outra razão duvidoso, é também em regra – embora nem
170
Cf. voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
171
Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade da lei, na jurisprudência da
Corte Constitucional Alemã, p. 69.
172
Os tipos de decisões na fiscalização da constitucionalidade, p. 45.
67
possível, os efeitos por ela produzidos173, os quais não podem ser
que havia criado, há mais de sete anos, o Município de Luís Eduardo Magalhães,
173
Cf. voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
174
Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em 16 set. 2010.
175
Ibidem.
68
termos da decisão proferida na ADI n. 3.682176, para colmatar a lacuna relativa
nulidade, que continua sendo a regra no direito brasileiro, por força do que
a lei ainda seria aplicável ou se o seria apenas enquanto não editada outra, já que,
da norma.
176
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em 16 set. 2010.
177
Voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
69
medida, uma contradição em si ou, nas palavras de Vitalino Canas178, uma
desta técnica decisória para solucionar situações jurídicas complexas sem que se
178
Introdução às decisões de provimento do Tribunal Constitucional, 2ª ed. Lisboa, 1994, p.
104 ss. e 203 ss apud Jorge Miranda, Os tipos de decisões na fiscalização da
constitucionalidade, p. 45.
179
Celso Ribeiro Bastos, op. cit., p. 292-296.
70
3. TÉCNICAS DE DECISÃO DA JUSTIÇA CONSTITUCIONAL E
3.1. DIFERENÇAS
compatibilidade vertical.
180
Expressão que se utiliza, aqui, como sinônima de controle de constitucionalidade das leis, cf.
André Ramos Tavares, Teoria da Justiça Constitucional, p. 147-151.
181
Ibidem, p. 391.
71
A partir das diferentes técnicas decisórias é que será construída a
impugnada.
irradiam efeitos sobre todo o sistema jurídico, sua interpretação requer a adoção
72
A interpretação constitucional, por isso, vale-se de métodos
Constituição
182
Interpretação Constitucional, p. 40 e 61.
73
princípio de interpretação e técnica de decisão, assim reconhecida pelo próprio
183
Interpretação constitucional e sincretismo metodológico, p. 132-133.
74
Praticamente despiciendo afirmar, na atualidade, que a
184
Cf. André Ramos Tavares, Fronteiras da hermenêutica constitucional, p. 135-142.
185
Hermenêutica e Aplicação do Direito, p. 27.
186
Ibidem, p. 29.
187
Hans Kelsen, Teoria Pura do Direito, p. 389.
188
Ibidem, p. 390.
75
O operador do direito necessita então, nas palavras de Hans
Kelsen189, “fixar o sentido das normas que vai aplicar, tem de interpretar estas
um escalão inferior.”
constitucionais.
189
Ibidem, p. 387.
190
Cf. André Ramos Tavares, Fronteiras da Hermenêutica Constitucional, p. 137-138.
191
Cf. Jean Cruet, A Vida do Direito, p. 88, trad. portuguesa, 1908 apud Oswaldo Aranha
Bandeira de Mello, A Teoria das Constituições Rígidas, p. 70.
76
Está-se a comparar, portanto, não a literalidade dos diplomas entre
Há, aí, nas palavras de André Ramos Tavares192, “uma dupla tarefa,
modo, apresentam-se como pressuposto sine qua non para a formação do juízo de
(in)constitucionalidade.
norma.
192
Fronteiras da Hermenêutica Constitucional, p. 137-138.
193
Cf. Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, A Teoria das Constituições Rígidas, p. 82.
77
Texto e norma, com efeito, não se identificam. O primeiro leva à
correspondente substrato jurídico, ou seja, do texto legal. O texto, por sua vez, é
sentido.
diversos significados [as normas] (...) e não, apenas, um único, que imporia uma
194
Cf. Eros Grau, Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito, p. 27.
195
Ibidem, mesma página.
196
Ibidem, mesma página.
197
Ibidem, p. 30-31.
198
Teoria Pura do Direito, p. 387-397.
199
Cf. André Ramos Tavares, Fronteiras, p. 135-142.
78
Friedrich Müller200 também estrutura a sua teoria da hermenêutica-
metodológico ser/dever-ser.
Para Müller, a norma jurídica é mais do que o seu teor literal; ela é
concretização.
200
Métodos de trabalho do direito constitucional, p. 47 ss.
79
normatividade – resulta a estruturação da norma, a aferição do seu sentido frente
ao caso concreto.
interpretação202.
constitucional.
201
A força normativa da Constituição, p. 22-23.
202
Ibidem.
203
Conforme a literalidade do caput do art. 102 da Constituição de 1988.
80
3.4. A INTERPRETAÇÃO COMO PRODUÇÃO NORMATIVA
determinado caso”.
204
Teoria Pura do Direito, p. 394 (grifamos).
205
Friedrich Müller, Métodos de trabalho do direito constitucional, passim.
206
Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do direito, p. 38.
81
formal de seu texto207 mas também pela mutação informal resultante da
207
Cf. A. Esmein, Droit Constitutionnel, p. 619, v. I, 1927 apud Oswaldo Aranha Bandeira de
Mello, A Teoria das Constituições Rígidas, p. 69.
208
Cf. Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, op. cit., p. 29.
209
“As Constituições, como obras humanas, não podem ser perfeitas; demais, a sociedade
evolve, pois certos preceitos convenientes em determinadas situações sociais e políticas já se
não amoldam exatamente a outras, e surge, naturalmente, a necessidade de reformá-las, para não
ficarem sendo objetos de museu de antiguidades. Impossível se admitirem leis imutáveis em
tôdas as suas disposições.” (Ibidem, p. 27).
210
Araujo Castro, Reforma Constitucional, p. 7, 1924 apud Oswaldo Aranha Bandeira de Mello,
op. cit., p. 27-28.
211
A força normativa da Constituição, passim.
82
Evidentemente que aqui se está a referir a um processo
hermenêutico idôneo, que cria a norma a partir do seu texto, sem dele se
torná-la ato de vontade absoluta do intérprete, como bem pondera André Ramos
Tavares213:
212
Teoria Pura do Direito, p. 394.
213
Fronteiras da Hermenêutica Constitucional, p. 139.
83
A Constituição, sem dúvida, tem como complemento a
214
Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, A Teoria das Constituições Rígidas, p. 135.
215
Friedrich Müller, Métodos de trabalho do direito constitucional, p. 47 ss.
216
Teoria Pura do Direito, p. 387-397.
217
Op. cit., mesma página.
218
Op. cit., p. 277-278.
219
Hans Kelsen, Teoria Pura do Direito, p. 390-391.
220
Ibidem, p. 283.
84
Müller propõe uma interpretação eminentemente vinculada ao
norma com o seu texto, Müller rejeita a tese segundo a qual o direito esteja pré-
normativa.
221
André Ramos Tavares, Fronteiras da Hermenêutica Constitucional, p. 135-142.
85
4. A DECLARAÇÃO PARCIAL DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM
REDUÇÃO DE TEXTO
4.1. ORIGEM
complexo de normas224.
222
Cf. Celso Ribeiro Bastos, Hermenêutica e aplicação do direito, p. 281.
223
Cf. Gilmar Mendes, Jurisdição Constitucional, p. 281.
224
Ibidem.
225
Ibidem.
86
No Brasil, pode-se afirmar que a técnica surgiu também no seio da
ainda que não sob essa específica nomenclatura226, tendo só depois sido
226
Cf. Gilmar Mendes, Jurisdição Constitucional, p. 343-346, que cita decisões do STF de 1966
nas quais, apesar de reconhecer a inconstitucionalidade da cobrança de tributo sem a
observância do princípio da anterioridade, não se cassava, necessariamente, a norma, que
poderia perfeitamente ser aplicada no exercício financeiro seguinte sem que nisso residisse
qualquer inconstitucionalidade.
227
Ibidem, p. 343.
87
O instituto em questão assume, pois, natureza de técnica decisória
Federal n. 9.868/99:
88
Veicula, ao revés, matéria de natureza completamente distinta e
reduzir o texto legal, que permanece no sistema sem qualquer modificação (=sem
redução de texto).
conformidade vertical.
228
Zeno Veloso, Efeitos da declaração de inconstitucionalidade, p. 782-783.
89
Não se consegue, por isso, fracionar o texto – o substrato jurídico, o
229
Hermenêutica e Interpretação Constitucional, p. 269; 281.
230
Ibidem, p. 267.
90
Já as técnicas decisórias da justiça constitucional consistem nas
231
Ibidem, p. 267.
91
Ora, se pela via da declaração de inconstitucionalidade sem redução
Constituição.
doutrinador, vê-se que, por quaisquer dos ângulos analisados, a conclusão não
qualquer trecho do seu texto, pela absoluta impossibilidade de fazê-lo, dada a sua
indivisibilidade.
92
4.3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS
nem sempre maculará a norma por inteiro, sendo possível, mesmo diante da
existência desse vício, preservar-se o ato normativo, ao menos naquilo que não
conflitantes com o texto constitucional, desde que, com isso, não haja prejuízo ao
93
É exatamente o que se depreende das lições de Hans Kelsen232:
caso haja nítida inversão do significado da lei, como se verificou nos seguintes
julgados:
232
Jurisdição Constitucional, p. 173.
233
ADI n. 1.063-MC-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-5-94. Disponível em
<http://www.stf.jus.br>. Acesso em 18 set. 2010.
234
ADI n. 1.949-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 18-11-99. Disponível em
<http://www.stf.jus.br>. Acesso em 18 set. 2010.
94
O princípio da parcelaridade, portanto, consagra a possibilidade de
lei, com a supressão literal do seu texto, pressupõe que a parte mantida seja
constitucional.
235
Gilmar Ferreira Mendes, Jurisdição Constitucional, p. 260.
95
Do contrário, porém, a declaração parcial não poderá ser perpetrada
norma.
236
Cf. José Carlos Francisco, Natureza das normas e atos inconstitucionais, p. 630.
96
A parcelaridade – consistente na possibilidade invalidação, através
redução de texto.
4.4. LIMITES
das leis.
simultaneamente limitado:
97
(i) às hipóteses de inconstitucionalidade parcial, caracterizada
incompatibilidade vertical;
invalidação e ineficácia;
98
Tomemos como exemplo o julgamento da ADI n. 2.652237, em que
litteris:
advogados públicos – que não se sujeitam apenas aos estatutos da OAB, mas
8.906/94239.
239
“Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de
advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime próprio
a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda
Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e
fundacional.” (grifamos)
100
Se interpretada no sentido de que a ressalva à aplicação da multa
alcança tanto advogados do setor público como do setor privado, que se sujeitam
Constituição.
redigido:
240
Cf. Hans Kelsen, Jurisdição Constitucional, p. 181 ss.
101
Da leitura do trecho acima, fica patente a independência da
inconstitucional.
evidente quando se tem em vista que não há, no sistema brasileiro de controle, a
102
obrigatoriedade de republicação da lei241, impondo ao operador do direito a
4.5. EFEITOS
241
Cf. José Carlos Francisco, Natureza das normas e atos inconstitucionais, p. 630.
103
Do ponto de vista temporal, a ineficácia, que atinge os efeitos
singularidade.
texto
104
A declaração parcial de inconstitucionalidade com redução de
do texto correspondente”244.
242
Jurisdição Constitucional, p. 259.
243
Ibidem, p. 260.
244
Ibidem, mesma página.
105
pronúncia de nulidade da fração viciada. Diferenciam-se, porém, quanto ao
245
Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 08-05-03. Disponível em <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em 19 set. 2010.
246
Cf. Gilmar Mendes, Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade da lei,
na jurisprudência da Corte Constitucional Alemã, p. 61.
106
Diferentemente da declaração de inconstitucionalidade sem redução
nulidade também não enseja, como a declaração parcial sem redução de texto,
entre ambas.
parcial.
107
do texto, preservando-se a norma – haverá, em verdade, a declaração de
despeito de ter reconhecida a sua desconformidade com o texto magno, não sofre
247
Cf. Manoel Gonçalves Ferreira Filho, O valor do ato inconstitucional.
108
nulidade deixa de ser aplicado com supedâneo no princípio da segurança
jurídica248.
dispositivo para retirada do seu sentido viciado, que não está presente em
inconstitucionalidade
248
Cf. voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em
09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010.
109
Pelo uso da técnica decisória em questão reconhece-se, a priori, a
legislador para que edite uma nova regulamentação, o que se denomina apelo ao
legislador (“Appellentscheidung”)249.
249
Cf. Gilmar Mendes, Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade da lei,
na jurisprudência da Corte Constitucional Alemã, p. 63.
250
Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia da nulidade da lei, na jurisprudência da
Corte Constitucional Alemã, p. 63.
110
Certo é que ambas mantêm o dispositivo atacado intocado, embora
Artigo 1º da Lei Federal n. 1.060/50, com a redação dada pela Lei Federal n.
Públicas.
pública.”252
Parquet.
251
Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 23-03-94. Disponível em
<http://redir.stf.jus.br/paginador/paginador.jsp?docTP=AC&docID=72491>. Acesso em 24 set.
2010.
252
Ibidem.
111
A aplicação da técnica decisória em referência, destarte, conduz à
sobretudo, por conta da prática pretoriana, que não raras vezes as aplica
de constitucionalidade.
112
Nas palavras de Virgílio Afonso da Silva253:
253
Interpretação conforme a constituição: entre a trivialidade e a centralização judicial, p. 192.
113
desconformidade do ato em face da Constituição, não se prestando, pois, a
que dela se fez com base nas normas constitucionais. Há, portanto, um juízo
qualquer alteração, seja pela aplicação de uma ou de outra técnica – o que revela
254
Cf. André Ramos, Fronteiras da Hermenêutica Constitucional, p. 135 ss.
114
outra semelhança entre elas –, tal fato não justifica, por si só, a sua
analisadas, sem que isso as torne num mesmo e único modelo decisório.
se procedente, em parte, a ação para, sem redução de texto, dar ao artigo (...)
Constituição. E isso se dá, nos termos das mencionadas decisões, mediante a sua
constitucionalidade da norma.
255
Virgilio Afonso da Silva, op. cit., 201.
256
Ibidem.
115
claro que, se é mera interpretação (conforme a constituição), a
redação do texto não poderá ser modificada. A diferença
primordial entre interpretação conforme a constituição e
declaração de nulidade parcial sem modificação do texto
consiste no fato de que, a primeira, ao pretender dar um
significado ao texto legal que seja compatível com a
constituição, localiza-se no âmbito da interpretação da lei,
enquanto a nulidade parcial sem modificação de texto localiza-
se no âmbito da aplicação, pois pretende excluir alguns casos
específicos da aplicação da lei.”
demais, desconformes.
116
A recíproca, contudo, não é verdadeira257. A pronúncia de nulidade
mantida.
sua validade, e que irradia efeitos sobre todo o sistema jurídico, não há como
257
Cf. André Ramos, Fronteiras da Hermenêutica Constitucional, p. 135 ss
258
Ibidem, p. 137.
117
conceber válida qualquer interpretação normativa dissociada dos preceitos
constitucionais259.
259
Cf. Virgílio Afonso da Silva, op. cit., p. 192.
260
Cf. Jorge Miranda, Manual de direito constitucional, Tomo VI, p. 73.
261
Cf. Virgílio Afonso da Silva, op. cit, p. 199.
262
Merece citação a crítica peculiar que Virgílio Afonso da Silva (trivialidade, p. 204-205)
desenvolve sobre o instituto: “E o que sobra da interpretação conforme a constituição?
Desempenha ela alguma função no modelo brasileiro de controle de constitucionalidade? Sim,
mas nenhum daqueles que a doutrina costuma identificar. A interpretação conforme a
constituição desempenha uma função de sutil legitimação da centralização da tarefa
interpretativa – não só da constituição, mas de todas as leis – nas mãos do Supremo Tribunal
Federal. O parágrafo único do art. 28 da Lei 9.868/1999 prescreve que as declarações de
constitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a constituição, têm eficácia contra
todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública
federal, estadual e municipal. Quais as conseqüências desse dispositivo? Elas são muito maiores
do que se costuma crer. Basta que o Supremo Tribunal Federal dê o nome de interpretação
conforme a constituição a qualquer esclarecimento de significado de qualquer termo de qualquer
dispositivo legal, na forma como já vista acima, para que qualquer interpretação divergente,
ainda que seja também no sentido de manter a constitucionalidade de uma lei, torne-se
impossível. Com isso, o Supremo Tribunal Federal não somente desempenha sua função de
guardião da constituição de forma cada vez mais centralizada, como passa a ter a possibilidade
quase que ilimitada de excluir qualquer ‘desobediência’ interpretativa por parte de quase todos
os órgãos estatais. Para tanto, a interpretação conforme a constituição cai como uma luva.”
118
brasileiras como também positivada no Parágrafo único do Artigo 28 da Lei n.
9.868/99.
realizar, quer pela via da nulidade parcial sem redução, quer pela da interpretação
escrito.”263
que afirma:
263
Cf. André Ramos, Fronteiras da Hermenêutica Constitucional, p. 139.
119
“(...) a interpretação conforme a constituição tem como objetivo
evitar, em abstrato, a inconstitucionalidade de uma norma. Já a
nulidade parcial sem modificação de texto não se refere à
definição do conteúdo da norma em abstrato, mas de sua
aplicação em concreto.”264
opera em tese, em abstrato, e não diante de determinada situação fática a que seja
aplicável.
contemplada.
264
Op. cit., p. 202.
120
5. DA APLICAÇÃO DA DECLARAÇÃO PARCIAL DE
SISTEMA BRASILEIRO
constitucionalidade.
controle concentrado265.
deu mesmo antes do advento da Lei Federal n. 9.868/99, que, em seu Artigo 27,
265
Cf. Gilmar Mendes, Controle Concentrado de Constitucionalidade, p. 454-459 e 493 ss.
121
A introdução de permissivo legal ao desenvolvimento de
respectivo.
266
Cf. Gilmar Mendes, Controle de Concentrado de Constitucioanlidade, p. 545-547.
267
Trecho do voto-vista do Min. Gilmar Mendes na ADI n. 2.240, Rel. Min. Eros Grau,
julgamento em 09-05-07. Disponível em <http://www.stf.jus.br>. Acesso em 16 set. 2010
268
Cf. José Carlos Francisco, Natureza das normas e atos inconstitucionais, p. 630.
122
Encerra-se, pois, pela técnica da declaração parcial de nulidade sem
269
Manoel Gonçalves Ferreira Filho (O valor do ato inconstitucional, em face do direito
positivo brasileiro, p. 59-71) entende que a decisão que utiliza a técnica decisória em comento
não se coaduna com a doutrina tradicional da nulidade, já que “não importa na nulidade da
norma, mas sim na sua mera ineficácia, num determinado quadro.” Entendemos, contudo, que
essa espécie de decisão contempla, em relação à parcela tida por inconstitucional, uma
pronúncia parcial de nulidade, que afeta apenas as significações inconstitucionais emergentes da
norma, com efeitos erga omnes e vinculante, como estabelece o Parágrafo único do Art. 28 da
Lei n. 9.868/99. A pronúncia parcial de nulidade comporta, também nessa espécie, a modulação
temporal a que alude o Art. 27 da Lei n. 9.868/99, podendo operar efeitos retroativos ou
prospectivos no tocante à invalidação dos efeitos pretéritos e/ou futuros da parcela tida por
inconstitucional, conforme analisamos no Capítulo 2.
123
no que concerne ao resultado da demanda quanto ao juízo de
(in)constitucionalidade.
institutos.
mesma direção.
124
Tais decisões, embora lavradas m momentos temporais
Vejamos.
procedente para:
270
Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 03-06-98. Disponível em <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em 11 mar. 2010.
125
“sem redução de texto, conferir, ao inciso V do art. 44 da Lei
n.º 8.625, de 12/02/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério
Público), interpretação conforme a Constituição, definindo
como única exegese constitucionalmente possível aquela que
apenas admite a filiação partidária de representante do
Ministério Público dos Estados-membros, se realizada nas
hipóteses de afastamento, do integrante do Parquet, de suas
funções institucionais, mediante licença, nos termos da lei,
vencido o Ministro Octavio Gallotti (Relator) que julgava
integralmente improcedente a referida ação direta.” (grifado no
original)
impugnado que se afigura compatível com a Constituição, ainda que seja a única.
Mas há.
Constituição.
126
O juízo de constitucionalidade do ato mediante interpretação
relativa da demanda.
Constituição Federal.”
daquele Estado aos servidores até então regidos pela Consolidação das Leis do
271
Rel. Min. Maurício Corrêa. Julgamento em 03-03-04. Disponível em
<http://www.stf.jus.br>. Acesso em 11 mar. 2010.
127
“§2º. Aplicar-se-á aos servidores neste artigo, a Lei Estadual n.º
6.174, de 16 de novembro de 1970, de conformidade com as
disposições constitucionais aplicáveis.”
serviço público.
128
O caso em exame denota a inadequação ainda mais flagrante da
Funcionários Públicos Civis daquele Estado aos servidores até então regidos pela
constitucionais aplicáveis.”
efetividade se adquire.
previsão da norma.
129
Nem tampouco era o caso de se dar ao artigo impugnado
em questão, desse modo, denota, mais uma vez, a ameaça à segurança jurídica
272
Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 18-12-95. Disponível em <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em 11 mar. 2010.
130
que é atacada como inconstitucional, não é possível suprimir
dele qualquer expressão para alcançar essa parte, impõe-se a
utilização da técnica de concessão da liminar ‘para a suspensão
da eficácia parcial do texto impugnado sem a redução de sua
expressão literal’, técnica essa que se inspira na razão de ser da
declaração de inconstitucionalidade ‘sem redução do texto’ em
decorrência de este permitir ‘interpretação conforme à
Constituição’.”
Min. Marco Aurélio, em 2004 – mesmo ano em que prolatada a decisão na ADI
273
Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 16-12-04. Disponível em <http://www.stf.jus.br>.
Acesso em 11 mar. 2010.
131
inconstitucionalidade parcial sem redução de texto foi utilizada com a finalidade
132
O julgamento parcialmente procedente da demanda, sem a redução
decisão.
ato impugnado.
133
decisões exaradas na matéria, a tendência à aplicação indistinta de ambas as
134
CONCLUSÕES
constitucionais.
ato infraconstitucional.
135
5. No Brasil, adotou-se a teoria da nulidade do ato
certos requisitos.
inconstitucionalidade.
variantes na fiscalização vertical das leis se processa mediante o uso das diversas
136
10. Métodos hermenêuticos do Direito Constitucional e técnicas
distintas.
construção do direito.
137
14. Embora constituam, igualmente, técnicas decisórias da
que haja a supressão literal do seu texto; pela via da interpretação conforme à
138
processo evolutivo voltado à unificação do entendimento no sentido da
Constituição;
brasileira.
139
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