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ATIVIDADE DE

REDAÇÃO

PROFESSORAS
PATRÍCIA / MÁRCIA

ANO ETAPA
9º III

Caro(a) Aluno(a),

Nesta etapa, lemos o romance O Quinze, de Rachel de Queiroz. Publicada em 1930, a história
se passa durante a grande seca de 1915 que assolou o Nordeste brasileiro em geral, e o interior do
Ceará. Narra a saga de Chico Bento e sua família, um duro caminho a enfrentar, saindo dos arredores
do Quixadá até a capital Fortaleza.

Na primeira noite, arrancharam-se numa tapera que apareceu junto da estrada, como um pouso
que uma alma caridosa houvesse armado ali para os retirantes.
O vaqueiro foi aos alforjes e veio com uma manta de carne de bode, seca, e um saco cheio de
farinha, com quartos de rapadura dentro.
Já as mulheres tinham improvisado uma trempe e acendiam o fogo. E a carne foi assada sobre
as brasas, chiando e estalando o sal. Pondo na boca o primeiro pedaço, Chico Bento cuspiu:
— Ih! sal puro! Mesmo que pia!
Mocinha explicou: 
— Não tinha água mode lavar...
Sem se importarem com o sal, os meninos metiam as mãos na farinha, rasgavam lascas de
carne, que engoliam, lambendo os dedos. 
Cordulina pediu: 
— Chico, vê se tu arranja uma aginha pro café...
Apesar da fadiga do longo dia de marcha, Chico Bento levantou-se e saiu; a garganta seca e
ardente, parecendo ter fogo dentro, também lhe pedia água.
Os meninos, passado o furor do apetite, exigiam com força o que beber; gemiam, pigarreavam,
engoliam mais farinha, ou lambiam algum taco de rapadura, entretendo com o doce a garganta sedenta.
Pacientemente, a mãe os consolava:
— Esperem aí, seu pai já vem...
Em meia hora, realmente, ele chegou, com a cabaça cheia duma água salobra que arranjara a
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quase um quilômetro de distância. 


O Josias, que era o que mais se lastimava e mais tossia, correu para o pai, tomou-lhe a vasilha
da mão e colando às bordas a boca sôfrega, em sorvos lentos, deliciados, sugou a água tão esperada;
mas os outros, avançando, arrebataram-lhe a cabaça.
Aflita, Cordulina interveio:
— Seus desesperados! Querem ficar sem café?
QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de Janeiro: J. Olympio, s.d. p. 45 e 46.

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1. Marque a palavra que representa o significado do termo destacado em cada frase.

a) Na primeira noite, arrancharam-se numa tapera que apareceu junto da estrada...

A) Reuniram-se
B) Trabalharam
C) Enrolaram-se

b) O vaqueiro foi aos alforjes e veio com uma manta de carne de bode...

A) Animais
B) Rio
C) Saco-duplo

c) Já as mulheres tinham improvisado uma trempe e acendiam o fogo...

A) Chapa de ferro
B) Pedra
C) Barraca

d) Apesar da fadiga do longo dia de marcha.

A) Espera
B) Cansaço
C) Caminhada

e) O Josias, que era o que mais se lastimava e mais tossia.

A) Sofria
B) Reclamava
C) Andava

2. O trecho relata a saga de Chico Bento e sua família. Qual é a condição social deles no momento
retratado pelo texto? Comprove sua resposta com trechos do texto.

3. Por que Chico Bento teve que deixar o local onde vivia com a família?

4. De acordo com esse texto, Chico Bento foi arrumar água, porque:

a) Cordulina queria fazer café.


b) Josias lastimava e tossia.
c) os meninos comeram carne salgada.
d) os meninos exigiam com força o que beber.

5. O trecho “ — Não tinha água mode lavar [...]” expressa um exemplo de linguagem comum em:

a) textos jornalísticos.
b) revistas de ciências.
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c) palestras acadêmicas.
d) falas regionais.

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6. Considerando a leitura integral da obra O Quinze, julgue as afirmações, assinalando V
(verdadeiro) e F (falso).

( ) O romance retrata com naturalidade e sem sentimentalismo o drama da seca no sertão


nordestino.
( ) A linguagem do texto é simples e enxuta, apresentando, muitas vezes, a transcrição de
coloquialismos.
( ) A obra apresenta temática social e denuncia, entre outros, o sofrimento dos retirantes e a
falta de assistência do poder público.
( ) As personagens Conceição e Vicente aproximam-se por possuírem o mesmo nível social e
intelectual.
( ) Conceição representa, na obra, a tradição especialmente no que se refere ao papel social da
mulher.

7. Na obra, o leitor é instigado a refletir sobre a condição humana. À medida que a seca impõe
provações terríveis aos humanos, também faz ressaltar atributos como a resistência, a persistência
e a solidariedade. Dos personagens principais da obra, qual deles, na sua opinião, demonstrou
possuir esses atributos? Comente.

8. A obra apresenta duas histórias paralelas: a de Chico Bento e a de Conceição. Relate o momento
em que essas duas narrativas se encontram.

9. Alguns elementos do cenário – o sertão nordestino em plena seca – espelham determinadas


características das personagens de O Quinze. Há, portanto, uma relação metafórica entre a seca
e as pessoas. Faça a associação.

1. severidade da natureza 2. escassez de água 3. infertilidade da terra

( ) A dificuldade de comunicação entre Vicente e Conceição.


( ) A possibilidade de Conceição não poder gerar filhos.
( ) A falta de benevolência de algumas personagens.
( ) Cabaça cheia duma água salobra.
( ) Tapera que apareceu junto da estrada.

10. O romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, é considerado uma das cem obras essenciais da
literatura brasileira. A gravura retrata uma das muitas situações de penúria vivenciadas por humanos
e animais durante a seca descrita no livro. A que episódio da narrativa a figura pode ser associada?
Relate-o.

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11. O Quinze, de Raquel de Queiroz, é um romance marcado por contrastes que, em sua maioria, têm
como cerne o confronto entre o sertão e a cidade, opostos que não se harmonizam. Tendo por base
essa afirmativa, ASSINALE as alternativas que melhor exemplificam esse contraste.

( ) A diferença cultural e de formação entre Conceição e Cordulina.


( ) A diferença religiosa entre o homem do sertão e a proferida pelo homem da cidade.
( ) A diferença que se estabelece entre Vicente, o homem do sertão, e seu irmão bacharel,
o homem da cidade.
( ) A diferença entre o tratamento dado aos homens jovens e aos homens maduros, durante
a seca.

12. Na etapa passada, lemos também o livro Morte e Vida Severina do autor João Cabral de Melo Neto.
O que há em comum entre o poema narrativo e o romance O Quinze? Comente.

A piedade supõe uma condição de superioridade e a gente só


pode se compadecer de quem sofre mais do que nós.
  Rachel de Queiroz
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