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Dilúvio: parcial ou universal?

A história do dilúvio, nas tradições dos povos antigos, é uma grande catástrofe por conta de
uma grande ofensa dos homens contra a divindade, destruindo assim, a civilização. Algumas
narrativas falam da inundação como uma medida de limpeza e purificação da humanidade, em
preparação ao renascimento. Outras relatam como uma inundação pluvial.

Na história da inundação na Mesopotâmia, um épico de Gilgamesh de 700 a.C. relata que ele,
como herói Gilgamesh, encontra o homem imortal Utnapistim, que descreve como o deus Ea o
instruiu a construir um enorme barco antes de uma enorme enchente divina que destruiria o
mundo. Essa embarcação iria salvar Utnapistim, sua família, seus amigos e seus animais.

O mito do dilúvio sumério também é encontrado no épico de Ziusudra, que ouviu o conselho
divino para destruir a humanidade, no qual ele construiu uma embarcação que navegasse
pelas grandes águas.

Na Bíblia, a narrativa do dilúvio é encontrada em Gênesis, onde Deus decide inundar a terra
por causa da profundidade do estado de pecado da humanidade, dando a Noé instruções para
construir uma arca e levar toda sua família e representantes de todos os animais da Terra.
Quando o dilúvio começa, toda a vida fora da arca perece. Quando as águas baixaram, todos
aquele a bordo desembarcam e recebem a promessa de Deus de que Ele nunca vai julgar a
terra com dilúvio novamente, dando o arco-íris como sinal dessa promessa.

Os estudiosos da Bíblia concluem que o autor sagrado não tinha a preocupação de harmonizar
as informações entre si e não estava preocupado com detalhes menores sobre o dilúvio, e sim
visava um sentido mais profundo, como uma mensagem religiosa. Essa mensagens querem
mostrar que Deus é justo e não pode deixar o mal imperar, que a arca de Noé é uma figura da
Igreja que simboliza que assim como ninguém sobreviveu fora da arca, ninguém pode se salvar
fora da Igreja de Cristo. Todos os eleitos serão salvos através de Cristo. Outro sentido da
mensagem é que as águas do dilúvio são figuras do Batismo.

Dilúvio Parcial

Algumas teorias consideram que o dilúvio não foi global, que não atingiu todo o planeta, mas
somente a região que era habitada àquela época. Alguns argumentos que defendem essa
teoria são:

- Não há água suficiente no mundo para cobrir todas as montanhas do planeta, como relata
em Gn 7: 19;

- Deus teria que fazer migrar animais de todo o planeta para a região da Mesopotâmia ( vindos
das Américas, África, Ásia e Oceania), alojá-los na arca e fazer todo o processo de volta ao final
do dilúvio;

- Argumenta-se que a expressão “toda a terra” pode nãos ser o significado de “todo o
planeta”, referindo –se assim, ao mundo conhecido da época.

No texto do Dilúvio é encontrada a expressão “toda a terra secou”, o que deve se referir
apenas à região em que Noé estava, já que os oceanos continuaram existindo. Considerando
que toda a humanidade vivia naquela região, seria toda a terra conhecida àquela época.

Dilúvio Universal
Não se pode ignorar os relatos das Escrituras e buscar em fontes alternativas outras respostas.
A intenção é observar o que diziam as Escrituras sobre o assunto. O termo universal descreve
que defende que o globo foi coberto pelas águas e todos os seres vivos, exceto a família de
Noé e os animais que estavam na arca, foram aniquilados.

A versão “Universal” é a mais aceita e recebida, pois as evidências estão nas Escrituras, que
favorecem essa interpretação largamente, em função das linguagem universalista como
“tudo”, “todo”, “todos”. Alguns pontos favoráveis para essa tese são:

- Gênesis afirma que os homens já haviam enchido a terra (Gn 6.1). Portanto se os homens já
ocupavam todo o globo nessa ocasião, o dilúvio era universalmente necessário;

- Outra evidência é encontrada em Gn 8:4-5, que fala sobre a profundidade da água “No
Monte Ararate, o qual a arca veio a descansar, é superior a 17 mil pés de altitude e as águas
estavam mais de 20 pés mais altas do que as montanhas.

A promessa de Deus descrita em Gn 7.21-23 confirma que o dilúvio foi universal: “Pereceu
toda a carne que se movia sobre a Terra, tanto aves como animais domésticos e animais
selváticos e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e de todo homem. “

Portanto, para concluir as considerações sobre o dilúvio, ambas as leituras são recebidas com
dificuldades, mas o aspecto fundamental sobre ele é mantido nas duas análises: A Soberania
de Deus no exercício de sua santa e justa Ira contra o pecador e julgamento contra a maldade
da humanidade.

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