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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Governo do Estado do Piauí

Francisco e do Parnaíba Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural

PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO


INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP
CODEVASF / GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROGRAMA


DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA
(PDFLOR-PI)

APOSTILA DO CURSO
TÉCNICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIOS
FLORESTAIS

CURITIBA, PR
FEVEREIRO 2010
PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP
CODEVASF/GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ/FUPEF

Produto 11
Apostila do Curso Técnicas de Prevenção e Combate à Incêndios
Florestais

APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PLANO


DE AÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI)

Coordenação do Projeto

SDR
Rubem Nunes Martins

CODEVASF
Guilherme Almeida Gonçalves de Oliveira

GOVERNO DO PIAUÍ
Jorge Antônio Pereira Lopes de Araújo

STCP
Joésio Siqueira
Ivan Tomaselli
Bernard Delespinasse
Rodrigo Rodrigues
Dartagnan Gorniski

Curitiba, PR
Fevereiro de 2010
APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO
PLANO DE AÇÃO DO PROGRAMA DE
DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO
PARNAÍBA (PDFLOR-PI)

APOSTILA DO CURSO DE TÉCNICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE À


INCÊNDIOS FLORESTAIS

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................1
2. IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E COMBATE AOS INCÊNDIOS NA VEGETAÇÃO........1
3. CONCEITOS ........................................................................................................................................1
4. TEORIA BÁSICA DO FOGO ............................................................................................................2
4.1. TRIÂNGULO DO FOGO..................................................................................................................2
4.2. COMBUSTÍVEIS...............................................................................................................................2
4.2.1. Tipos de Combustíveis ......................................................................................................................3
4.2.2. Poder Calorífico do Combustível Florestal.........................................................................................3
4.3. FASES DA COMBUSTÃO................................................................................................................3
4.3.1. Fase 1 - Pré-aquecimento...................................................................................................................3
4.3.2. Fase 2 - Destilação ou Combustão Gasosa.........................................................................................4
4.3.3. Fase 3 – Incandescência ou Consumo de Carvão...............................................................................4
4.4. FORMAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR..................................................................................4
4.4.1. Condução...........................................................................................................................................4
4.4.2. Convecção.........................................................................................................................................5
4.4.3. Radiação............................................................................................................................................5
4.4.4. Deslocamento de Corpos Inflamados.................................................................................................5
4.4.5. Corrente e/ou Descargas Elétricas......................................................................................................5
4.5. RELAÇÃO DAS VARIÁVEIS METEREOLÓGICAS COM OCORRÊNCIAS DE
INCÊNDIOS..............................................................................................................................................5
4.5.1. Precipitação ......................................................................................................................................5
4.5.2. Umidade do Ar...................................................................................................................................5
4.5.3. Temperatura do Ar.............................................................................................................................5
4.5.4. Velocidade do Vento..........................................................................................................................5
4.5.5. Índices de Perigo de Incêndios ...........................................................................................................5
4.6 . COMPORTAMENTO DO FOGO NA VEGETAÇÃO..................................................................6
4.6.1. Taxa de Propagação...........................................................................................................................7
4.6.2. Intensidade do Fogo ..........................................................................................................................7
4.6.3. Altura de Crestamento Letal..............................................................................................................7
4.6.4. Tempo de Residência.........................................................................................................................8
4.6.5. Temperatura Letal.............................................................................................................................8
5. INCÊNDIOS FLORESTAIS................................................................................................................8
5.1. Biomas brasileiros...............................................................................................................................8
5.1.1. Bioma Amazônico .............................................................................................................................8
5.1.2. Bioma Cerrado ..................................................................................................................................9
5.1.3. Bioma Caatinga...............................................................................................................................10
5.1.4. Bioma Mata Atlântica......................................................................................................................10
5.1.5. Bioma Pantanal................................................................................................................................11
5.1.6. Bioma Pampa...................................................................................................................................11
5.2. FLORESTAS PLANTADAS...........................................................................................................12
5.2.1. Pinus spp.........................................................................................................................................12
i
5.2.2. Eucalyptus spp.................................................................................................................................12
5.3. CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS....................................................................................13
5.3.1. Raios 13
5.3.2. Incendiários......................................................................................................................................13
5.3.3. Queimas para Limpeza....................................................................................................................13
5.3.4. Fumantes.........................................................................................................................................13
5.3.5. Fogos Campestres ou por Atividades Recreativas............................................................................14
5.3.6. Operações Florestais........................................................................................................................14
5.3.7. Estradas de Ferro.............................................................................................................................14
5.3.8. Diversos...........................................................................................................................................14
5.4. TIPOS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS.......................................................................................14
5.4.1. Incêndios Subterrâneos....................................................................................................................14
5.4.2. Incêndios de Superfície....................................................................................................................15
5.4.3. Incêndios de Copa............................................................................................................................15
5.5. PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS .......................................................................16
6. MANEJO DO FOGO E SEUS BENEFÍCIOS PARA A FLORESTA............................................18
6.1. PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIOS..............................................................................18
6.2. CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS ....................................................................................18
6.3. GERMINAÇÃO DE SEMENTES E REGENERAÇÃO DE ESPÉCIES....................................19
6.4. LIMPEZA E PREPARO DE TERRENOS ...................................................................................19
6.5. MELHORIA DOS ATRIBUTOS DO SOLO.................................................................................19
7. EFEITOS NEGATIVOS DO FOGO NA FLORESTA ...................................................................19
7.1. DANOS AO SOLO ..........................................................................................................................19
7.2. CAPACIDADE PRODUTIVA DA FLORESTA...........................................................................20
7.2.1. Tipo Florestal...................................................................................................................................20
7.2.2. Densidade da Floresta......................................................................................................................20
7.2.3. Rendimento Sustentado da Floresta ou “Princípio da Persistência”..................................................20
7.3. ASPECTO RECREATIVO DA FLORESTA E DA PAISAGEM ...............................................20
7.4. FAUNA SILVESTRE.......................................................................................................................20
7.5. VEGETAÇÃO..................................................................................................................................21
7.6. CARÁTER PROTETOR DA FLORESTA ...................................................................................21
7.7. QUALIDADE DO AR .....................................................................................................................22
7.8. DANOS A VIDA HUMANA............................................................................................................22
7.9. DANOS ECONÔMICOS ................................................................................................................22
8. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS..............................................................................23
8.1. EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS ..................................23
8.2. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO .................................................................................................24
8.3. PREVENÇÃO PARA PROPAGAÇÃO .........................................................................................25
8.3.1. Construção e Manutenção de Obras de Infra-estrutura....................................................................25
8.3.2. Construção e Manutenção de Fontes de Água..................................................................................26
8.3.3. Redução de Material Combustível...................................................................................................27
8.4. PLANOS DE PROTEÇÃO PARA INCÊNDIOS ..........................................................................29
8.4.1. Local 29
8.4.2. Causas ............................................................................................................................................30
8.4.3. Períodos de Ocorrência....................................................................................................................30
8.4.4. Classes de Materiais Combustíveis..................................................................................................30
8.4.5. Zonas Prioritárias............................................................................................................................30
9. COMBATE À INCÊNDIOS FLORESTAIS.....................................................................................30
9.1. FORMAÇÃO DE BRIGADAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS......................31
9.2. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS..............32
9.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)..........................................................32
9.3.1. EPI Básicos....................................................................................................................................32
9.3.2. Equipamentos acessórios aos EPIs...................................................................................................33
9.4. FERRAMENTAS E APARELHOS................................................................................................33
9.4.1. Facão ..............................................................................................................................................33
ii
9.4.2. Motosserra.......................................................................................................................................33
9.4.3. Machado..........................................................................................................................................34
9.4.4. Foice …...................................................................................................................................... 34
9.4.5. Enxada.............................................................................................................................................34
9.4.6. Pá....................................................................................................................................................34
9.4.7. Rastelo ou Ancinho..........................................................................................................................34
9.4.8. McLeod............................................................................................................................................34
9.4.9. Abafadores.......................................................................................................................................34
9.4.10. Bomba Costal................................................................................................................................35
9.4.11. Mochila costal................................................................................................................................35
9.4.12. Aparelho controlador de Queimadas (Lança-chamas ou Pinga-fogo)............................................35
9.5. VEÍCULOS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS.....................................................36
9.6. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS................................36
9.6.1. Método Direto..................................................................................................................................36
9.6.2. Método Indireto................................................................................................................................36
9.6.3. Método Paralelo...............................................................................................................................37
9.6.4. Método de Dois Pés.........................................................................................................................37
9.7. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES DE CAMPO..................................................................37
9.7.1. Detecção e Comunicação.................................................................................................................37
9.7.2. Sistemas de Comunicação................................................................................................................38
9.7.3. Mobilização da Brigada...................................................................................................................38
9.7.4. Chegada ao Local e Planejamento do Combate................................................................................39
9.7.5. Ações ..............................................................................................................................................39
9.8. RESCALDO......................................................................................................................................40
10. PONTOS IMPORTANTES A CONSIDERAR NO COMBATE AOS INCÊNDIOS
FLORESTAIS..........................................................................................................................................40
10.1. PREPARAÇÃO E AÇÃO INICIAL.............................................................................................40
10.2. ORGANIZAÇÃO E PLANO DE ATAQUE................................................................................40
10.3. HORA DE COMBATE..................................................................................................................40
10.4. PONTO E MÉTODO DE ATAQUE............................................................................................40
10.5. ERROS COMUNS NO COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS........................................41
10.6. PONTOS QUE NÃO DEVEM SER ESQUECIDOS...................................................................41
10.7. DEZ PRECEITOS DE SEGURANÇA.........................................................................................41
10.8. CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS.....................................................................................41
11. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO..........................................................................................................41
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................42

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Triângulo do Fogo......................................................................................................................2


Figura 02. As Três Fases da Combustão......................................................................................................4
Fase 1:......................................................................................................................................4
Fase 2:......................................................................................................................................4
Fase 3:......................................................................................................................................4
Figura 03. Índice de Incêndios pela Fórmula de Monte Alegre (SOARES & PAEZ)...................................6
Figura 04. Mapa de Risco de Incêndios da Vila Mortágua- Portugal...........................................................6
Figura 05. Localização e Distribuição dos Biomas do Brasil.......................................................................8
Figura 06. Paisagem do Bioma Amazônico..................................................................................................8
Figura 07. Paisagem do Bioma do Cerrado..................................................................................................9
Figura 08. Paisagem do Bioma Caatinga...................................................................................................10
Figura 09. Paisagem do Bioma Mata Atlântica..........................................................................................10
Figura 10. Paisagens do Bioma Pantanal...................................................................................................11
Figura 11. Paisagens do Bioma Pampa......................................................................................................11
iii
Figura 12. Pinus spp..................................................................................................................................12
Figura 13. Eucalyptus spp.........................................................................................................................13
Figura 14. Fumantes podem ser potenciais Fontes de Ignição para Incêndios.............................................14
Figura 15. Operação de Colheita Florestal.................................................................................................14
Figura 16. Incêndio Florestal de Superfície................................................................................................15
Figura 17. Incêndio Florestal de Copa........................................................................................................16
Figura 18. Esquema dos Três Tipos de Incêndios-Subterrâneo, Superficial e de Copa...............................16
Figura 19. Incêndio Florestal de Copa e o Esquema dos Três Tipos de Incêndios.....................................16
Figura 20. Sirex noctilio (Vespa da Madeira do Pinus spp.).....................................................................19
Figura 21. Queima de Resíduos para Limpeza e Preparo do Terreno.........................................................19
Figura 22. Animais fugindo de Incêndio, abrigando-se em um Curso D'Água............................................21
Figura 23. Danos ao Câmbio da Árvore, após sucessivos Incêndios..........................................................22
Figura 24. Danos a vida humana ...............................................................................................................23
Figura 25. Campanha da Defesa Civil para Prevenção de Incêndios Florestais..........................................24
Figura 26. Símbolo da Campanha PREVFOGO do IBAMA.....................................................................24
Figura 27. Símbolos para Restrição da Área para Fumantes, Fogueiras e Fogos.......................................24
Figura 28. Aceiros construídos a partir de Cercas ou Divisas da Propriedade............................................25
Figura 29. Aceiro e Acesso para a Propriedade.........................................................................................26
Figura 30. Divisórias e Contornos do Plantio Florestal..............................................................................26
Figura 31. Lago artificial...........................................................................................................................27
Figura 32. Redução de Material Combustível por Queima Controlada dentro do Plantio...........................28
Figura 33. Redução de material combustível por gradagem do solo...........................................................28
Figura 34. Incêndio na Margem de uma Estrada........................................................................................28
Figura 35. Método de Queima Progressiva contra o Vento........................................................................29
Figura 36. Método de Queima em Faixas a favor do Vento.......................................................................29
Figura 37. Método de Queima em Cunho ou “V”, a favor do Vento..........................................................29
Figura 38. Método de Queima em Mancha................................................................................................29
Figura 39. Composição de um “Plano de Proteção Contra Incêndios Florestais”.......................................30
Tabela 07. Principais Causas de Incêndios no Brasil.................................................................................30
Figura 40. Exemplo de Zoneamento de Risco............................................................................................30
Tabela 08. Etapas do Combate à um Incêndio Florestal.............................................................................31
Figura 41. Luva de Couro para Proteção de altas Temperaturas................................................................32
Figura 42. Calçado adequado às Operações de Combate ao Fogo..............................................................33
Figura 43. Roupas usadas pelo Operador no Combate...............................................................................33
Figura 44. Capacete e Óculos de Proteção.................................................................................................33
Figura 45. Máscara Anti-gases.................................................................................................................33
Figura 46. Cantil .......................................................................................................................................34
Figura 47. Facão para Corte de Vegetação................................................................................................34
Figura 48. Motosserra................................................................................................................................34
Figura 49. Machado para Combate a Incêndios usado pelos Bombeiros....................................................35
Figura 50. Foice Roçadeira de Cabo longo................................................................................................35
Figura 51. Enxada......................................................................................................................................35
Figura 52. Pá Cortadeira............................................................................................................................35
Figura 53. Rastelo ou Ancinho...................................................................................................................35
Figura 54. McLeod....................................................................................................................................35
Figura 55. Abafador de Borracha de Cabo longo.......................................................................................36
Figura 56. Treinamento de Brigada com abafadores de borracha..............................................................36
Figura 57. Pulverizador Costal de alta Pressão..........................................................................................36
Figura 58. Saco Costal para Combate a Incêndios...................................................................................36
Figura 59. Queimador ou Pinga-fogo.........................................................................................................36
Figura 60. Veículo especial transportador de Água para Combate a Incêndio............................................37
Figura 61. Torres de Vigilância Estrutura em Madeira (à esquerda) e em Estrutura metálica (à direita)....38
Figura 62. Treinamento de Brigada para o Planejamento das Ações..........................................................40
Figura 63. Desenvolvimento das Atividades de Combate...........................................................................40
Figura 64. Equipe trabalhando na Construção de Aceiro...........................................................................40
Figura 65. Atividade de Combate Direto as Chamas..................................................................................41
Figura 66. Atividade de Rescaldo...............................................................................................................41
iv
LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Poder calorífico da Madeira e da Casca de Espécies florestais a 12% de Umidade.....................3
Tabela 02. Condições para Alteração no Cálculo de FMA...........................................................................6
Tabela 03. Classificação da Velocidade de Propagação do Fogo de Botelho & Ventura (1990)..................7
Tabela 04. Limites das Intensidades para Danos em Povoamento de Eucalipto............................................7
Tabela 05. Áreas e Percentual de Ocupação dos Biomas no Brasil..............................................................8
Tabela 06. Principais Essências Florestais plantadas em Escala Comercial no Brasil................................12
Tabela 07. Principais Causas de Incêndios no Brasil.................................................................................30
Tabela 08. Etapas do Combate à um Incêndio Florestal.............................................................................31

v
1. INTRODUÇÃO eletricidade e comunicações, destruição de culturas
agropastoris, etc.); corte de vias de comunicação;
Este manual foi elaborado com intuito de
alterações, por vezes de forma irreversível, do
instruir os participantes do curso de Prevenção e
equilíbrio do meio natural; proliferação e
Combate à Incêndios Florestais sobre a importância
disseminação de pragas e doenças, quando o material
de dominar as técnicas contra incêndios e de se
ardido não é tratado convenientemente e/ou quando o
prevenir contra estes na silvicultura e manejo
equilíbrio do ecossistema é afetado.
florestal, evitando, ou mesmo, amenizando
A prevenção e combate a incêndios florestais
prejuízos econômicos e ambientais ocasionados
são ações dentro da silvicultura que visam proteger a
pelo fogo. A apostila aborda os assuntos: teoria
floresta contra o agente destruidor que é o fogo, e
básica do fogo; comportamento nos diferentes tipos
assim como outras medidas de proteção florestal,
de vegetação; manejo correto de queimas; técnicas
como de prevenção e combate de certas pragas e
métodos de prevenção e combate a incêndios
doenças fazem parte do programa de manejo florestal.
florestais.
Para minimização dos prejuízos causados pelo
2. IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO fogo em florestas, é necessário que o silvicultor inclua
E COMBATE AOS INCÊNDIOS NA nos programas de silvicultura e manejo, medidas de
VEGETAÇÃO prevenção, assim como ter-se domínio das técnicas,
possuir equipamentos adequados para combate e
O fogo tem fascinado a humanidade durante pessoal treinado a fim de suprimir o mais rápido
milhares de anos e a partir do seu domínio, possível o incêndio e diminuir os danos ocasionados
presumivelmente foi o primeiro grande passo do pelo fogo.
homem para a conquista de ambientes inóspitos. Ao
seu redor e graças ao seu calor, tem vivido centenas 3. CONCEITOS
de gerações. Bioma: grande ecossistema uniforme e
Com esta conquista, o homem aprendeu a estável com fauna, flora e clima próprios,
utilizar a força do fogo em seu proveito, extraindo a adaptados a diferentes regiões do planeta. Ex.:
energia dos materiais da natureza ou moldando os florestas temperadas, florestas tropicais, campos,
recursos em seu benefício. Devido aquecido pelo calor desertos, cerrado. (Dicionário Ambiental Básico,
das chamas, o homem pode suportar as noites frias e 2008)
habitar zonas temperadas e até árticas, assim como a Incêndio florestal: é todo fogo sem controle
luz das chamas na noite permitiu a exploração que incide sobre qualquer forma de vegetação,
noturna. Além disso, o fogo afasta os outros animais podendo ter sido provocado pelo homem
selvagens, cozinha alimentos que crus seriam (intencional ou negligência) ou por fonte natural
impossíveis de digerir, permitiu a confecção de (raio).
ferramentas, armas metálicas, entre outros. Queima controlada: é o fogo decorrente de
Entre muitos fatores, o fogo foi um dos prática agropastoril ou florestal, onde é utilizado de
maiores responsáveis pelo grau de desenvolvimento forma controlada, atuando como um fator de
que a humanidade atingiu. Por outro lado, é um produção.
elemento de difícil controle, portanto o homem não Silvicultura: é a ciência que trata do cultivo
tem total domínio sobre seu poder destrutivo. de árvores, referindo-se às práticas relativas à
Este elemento é comumente utilizado no produção de mudas, plantio, manejo, exploração e
manejo agrícola, florestal e de pastagens por ser regeneração dos povoamentos. (DANIEL, 2008)
viável economicamente e a prática já estar inserida Manejo florestal: é a administração da
culturalmente nas diversas civilizações. Entretanto é floresta para obtenção de benefícios econômicos e
irrefutável, que, quando a queima for mal conduzida sociais, respeitando-se os mecanismos de
provoca desastres ambientais e danos materiais sustentação do ecossistema. (IBAMA).
imensuráveis, sendo a melhor forma de atenuá-la a Desenvolvimento e aplicação de técnicas de análise
geração de conhecimento tecnológico. quantitativa nas decisões acerca da composição,
A vegetação tem sido alvo de danos estrutura e localização de uma floresta, de tal
significativos em termos de redução de biodiversidade, maneira que sejam produzidos os produtos, serviços
danos ambientais, climáticos e econômicos. Além da e/ou benefícios, diretos ou indiretos, na quantidade
destruição da floresta (habitat e ecossistema) os e na qualidade requeridos por uma organização
incêndios podem ser responsáveis por: morte e florestal, ou por toda uma sociedade ...” (ARCE,
ferimentos nas populações humanas e animais 2002)
(queimaduras, inalação de partículas e gases); Combustível florestal: material vegetal
destruição de bens (casas, armazéns, postes de suscetível a arder em chamas.
1
Serrapilheira: constitui-se da matéria conhecimento do que é o fogo.
orgânica vegetal ou animal que é depositada sobre o O fogo é uma reação química e é considerado
solo, sob diferentes estágios de decomposição, um fenômeno que ocorre quando se aplica calor a
representando assim uma forma de entrada e uma substância combustível em presença do ar,
posterior incremento da matéria orgânica no solo elevando sua temperatura até que ocorra a
(BARBOSA, 2006). libertação de gases, cuja combinação com o
Áreas periféricas ou ecótonos: são áreas de oxigênio do ar proporciona a energia necessária
transição entre os biomas. para que o processo continue. Para que a reação
Edáfico: relacionados ao solo. aconteça, são necessárias a combinação entre três
Piscicultura: é um dos ramos da aqüicultura, elemento: o oxigênio, combustível e energia de
que se preocupa com o cultivo de peixes, bem como ignição. Fogo ou processo de combustão é, portanto
de outros organismos aquáticos que vem crescendo uma reação que é provocada por uma determinada
rapidamente nos últimos anos, transformando-se energia de ativação. Esta reação é sempre do tipo
numa indústria que movimenta milhões de dólares exotérmico, ou seja, libera calor. Este fenômeno é
em diversos países. uma reação de oxidação muito rápida,
Caducifólia ou decídua: planta que perde as assemelhando-se à formação de ferrugem em um
folhas em épocas desfavoráveis (frio, seca, etc). pedaço de ferro ou a decomposição de madeira,
Endêmica: espécie ou fator encontrado apenas muito rápida. O fogo pode ser considerado
apenas numa certa região. Ex.: doença, animal, um veloz agente de decomposição.
planta.
Encosta: declive de montanha por onde Figura 01. Triângulo do Fogo
correm as águas das chuvas. Este local está mais
sujeito à erosão.
Fauna: conjunto das animais de uma região.
Flora: conjunto das plantas de uma região.
Floresta: ecossistema no qual as árvores
ocupam um lugar predominante. Especificamente é
uma área com mais de 0,5 ha e cobertura arbórea
(copas) superior a 10%. As árvores no estado
adulto podem atingir uma altura mínima de cinco
metros. Inclui povoamentos jovens naturais e todas
as plantações estabelecidas com objetivos florestais Fonte: Corpo de Bombeiros/PR (UOV, 2004).
que não tenham atingido a densidade de copas de
10% ou altura de árvores de cinco metros. Inclui A combustão não é mais do que uma reação
também zonas integradas na área florestal que inversa da fotossíntese:
estejam temporariamente desarborizadas como
Fotossíntese ⇒ CO2 + H 2O + Energia Solar → (C6 H10O5 ) + O2
resultado da intervenção humana ou causas
naturais, mas para as quais é expectável a
reconstituição da cobertura (exemplo: áreas Combustão ⇒ (C6 H10O5 ) + O2 + Energia de Ignição → CO2 + H 2O + Calor
recentementes submetidas a corte final ou
percorridas por incêndios). Inclui ainda clareiras e
infra-estrutura florestais. Exclui-se terras de uso
Quando uma substância combustível é
predominantemente agrícola. (APOSTILA CORPO
submetida pela ação do calor, as suas moléculas
DE BOMBEIROS – PARANÁ, 2005)
movem-se mais rapidamente. Com o aumento do
Plantio florestal: floresta implantada por
calor, poderá haver libertação de gases, que ao se
meio antrópico (artificial).
inflamarem, formarão chamas, dando início à
Rede viária florestal: é a malha de acessos
combustão.
construídos para o trânsito de pessoal, materiais e
Uma vez iniciada a combustão os gases nela
equipamentos (plantio/manutenção/colheita) e
envolvidos reagem em cadeia, alimentando a
transporte de madeira, podendo ser divisão de
combustão, dada a transmissão de calor de umas
talhões e proteção, como aceiros e acesso à equipes
partículas para outras no combustível; mas, se a
de combate a incêndio. (FLORIANO, 2006).
cadeia for interrompida, não poderá continuar o
4. TEORIA BÁSICA DO FOGO fogo.
4.1. TRIÂNGULO DO FOGO
Para compreendermos o comportamento,
efeitos e manejo do fogo, devemos a princípio ter
2
4.2. COMBUSTÍVEIS 4.2.1. Tipos de Combustíveis
O combustível é qualquer material orgânico, combustível, que pode ser medido com bastante
vivo ou morto, no solo sobre o solo ou acima deste, precisão através de calorímetros. A quantidade de
capaz de entrar em ignição e queimar. Tanto o energia calorífica liberada pela queima de
material vegetal morto como o vivo pode ser combustíveis florestais é alta e não varia de
considerado como combustível florestal. Em uma maneira significativa entre os diferentes tipos de
floresta existem infinitas combinações de materiais existentes numa floresta. O poder
quantidade, tipo, tamanho, forma, posição, e calorífico varia ligeiramente entre espécies
arranjo de material combustível (SOARES e florestais, sendo um pouco maior nas coníferas do
BATISTA, 2007). que nas folhosas, devido ao maior conteúdo de
Os materiais combustíveis podem, de acordo lignina e resina nas coníferas. Assim como a parte
com suas dimensões e grau de inflamabilidade, ser da árvore, tipo de combustível apresenta variação
classificados em combustíveis perigosos, semi- de poder calorífico. A tabela 01, mostra o poder
perigosos ou de combustão lenta e combustíveis calorífico da madeira e da casca de algumas
verdes. essências florestais.
Combustíveis perigosos
Tabela 01. Poder calorífico da Madeira e da
São representados por materiais que, em Casca de Espécies florestais a 12%
condições naturais, apresentam fácil e rápida de Umidade
combustão. Nesta categoria incluem-se cascas,
ramos, galhos finos, folhas, pastos, musgos,
líquens, etc, quando secos. São materiais que
propiciam o início do fogo, e dependendo da
magnitude e abundância, com uma combustão
rápida, produzindo grandes chamas e muito calor,
podem fazer com que os combustíveis semi-
perigosos e verdes sequem, tornando-se perigosos.
Fonte: Departamento de Tecnologia da Madeira da UFPR. (SOARES e
Combustíveis semi-perigosos ou de combustão BATISTA, 2007)
lenta
Os dados acima, representam os valores
Incluem o húmus, geralmente úmido, os médios máximos possíveis, pois foram obtidos da
ramos semi-secos, troncos caídos, etc. Referem-se queima completa do material. Em condições
aos materiais lenhosos que em razão de sua naturais, não ocorre a queima completa do material
estrutura, disposição, teor de água, não são capazes combustível, portanto sendo menor do que os
de queimar rapidamente. Levando em conta que o valores apresentados.
início do fogo nestes materiais seja mais difícil que
nos materiais perigosos, estes são importantes no 4.3. FASES DA COMBUSTÃO
avanço do fogo lento e para conservar latente a O processo de combustão é dividido em três
combustão, incidindo na propagação do fogo, uma fases conforme a evolução da queima
vez que estes materiais, como, por exemplo, um
tronco, poderá ficar por muitos dias queimando. 4.3.1. Fase 1 - Pré-aquecimento

Combustíveis verdes Nesta primeira etapa o material é seco,


aquecido e parcialmente destilado, porém ainda não
Referem-se à vegetação integrada por existem chamas. O calor elimina a umidade
árvores, arbustos, ervas, etc., em estado vivo. existente no material e continua aquecendo o
Considerando que estes materiais verdes contém um combustível até a temperatura de ignição,
grande teor de água, pode-se considerar que os aproximadamente entre 260 e 400°C para a maioria
mesmos são não inflamáveis, porém isso não do material florestal. A temperatura de ignição será
impede que possam entrar em combustão, após um alcançada rápida ou lentamente, dependendo do tipo
processo de perda de umidade, o qual poderá de combustível, seu conteúdo de umidade e seu
ocorrer enquanto o fogo queima o material perigoso estágio de maturação (se está verde ou em
e libera calor para aquecer e secar o mesmo. dormência, no caso de vegetação viva). Os
4.2.2. Poder Calorífico do Combustível Florestal componentes voláteis se movem para a superfície
do combustível e são expelidos para o ar
Conforme SOARES e BATISTA (2007) a circundante. Inicialmente esses voláteis contêm
energia que mantém a reação da combustão é o grandes quantidades de vapor d’água e alguns
poder calorífico ou calor de combustão do material compostos orgânicos não combustíveis. Nos
3
combustíveis florestais, quando a temperatura porcentagem de carbono chega a 96%.
aumenta, a hemicelulose, seguida da celulose e da
lignina, começam a se decompor e liberam um Figura 02. As Três Fases da Combustão
fluxo de produtos orgânicos combustíveis
(pirolisados). Pelo fato de estarem aquecidos, esses Fase 1:
elevam-se misturando-se com o oxigênio do ar e
incendeiam-se produzindo a segunda fase.
4.3.2. Fase 2 - Destilação ou Combustão Gasosa
Os gases destilados da madeira incendeiam-
se e entram em combustão, produzindo chamas e
altas temperaturas que podem atingir 1250°C ou
um pouco mais. Nesse estágio do processo de
combustão os gases estão queimando, mas o Fase 2:
combustível propriamente dito, ainda não está
incandescente. Olhando-se atentamente para um
pedaço de madeira que está queimando, por
exemplo, um fósforo aceso, observa-se que as
chamas não estão ligadas diretamente à superfície
da madeira, mas separadas dela por uma fina
camada de vapor ou gás. Isto ocorre porque
combustíveis sólidos não queimam diretamente,
necessitando primeiro serem decompostos ou Fase 3:
pirolisados, pela ação do calor, em vários gases,
uns inflamáveis e outros não. Os gases inflamáveis
não possuem suficiente quantidade de oxigênio para
queimar quando liberados da madeira, precisando
primeiro se misturar com o ar em redor para formar
uma mistura inflamável. Se a pirólise é lenta, pouco
gás é destilado, e as chamas são curtas e Fonte: Apostila de Proteção Florestal –UFMS/RS (2005)
intermitentes. Mas quando grandes quantidades de
combustível estão queimando rapidamente, como 4.4. FORMAS DE TRANSMISSÃO DE
em um incêndio florestal, o volume de gases é CALOR
grande e alguns deles necessitam se expandir, Existem cinco possíveis formas de
afastando-se a consideráveis distâncias do transmissão de calor:
combustível antes que a mistura se torne
inflamável. Nesse caso, longas e compactas chamas 4.4.1. Condução
são formadas. É o mecanismo de troca de calor que produz
4.3.3. Fase 3 – Incandescência ou Consumo de de um ponto a outro por contato direto, através de
Carvão um corpo bom condutor de calor. Ex.: Se
aquecermos a extremidade de um galho de madeira
O combustível é consumido, havendo que esteja em contato com outro, passado um
formação de cinzas. O calor é intenso, porém determinado período o outro galho estará aquecido,
praticamente não existe chama nem fumaça. Nessa ou seja o calor foi transmitido de molécula para
fase o combustível (carvão) é consumido, restando molécula.
apenas cinzas. A quantidade de calor liberada nessa
fase depende do tipo de combustível, mas de um 4.4.2. Convecção
modo geral, pode-se dizer que 30 a 40% do calor de É a transmissão de calor pelo ar em
combustão da madeira está no seu conteúdo de movimento. Estas correntes de circulação do ar
carbono. A composição do carvão residual que é produzem-se devido à diferença de temperatura que
liberado após a fase de destilação varia de acordo existe nos diversos níveis de um incêndio, significa
com a temperatura em que ocorreu a destilação dos que o ar quente possui menor densidade e por isso
hidrocarbonos. Se ela ocorreu no limite inferior de estará nos níveis mais altos e o ar frio sendo mais
temperatura, 260 a 300°C, o carvão retém denso, encontrar-se-á a níveis mais baixos. A
considerável quantidade de alcatrão e o conteúdo de expansão de um fogo por convecção,
carbono pode ser apenas 60%. Mas a temperaturas provavelmente, tem mais influência do que os
normais de um incêndio florestal, 800°C ou mais, a outros métodos quando tivermos de definir a
4
posição de ataque a um incêndio. O calor produzido 4.5.2. Umidade do Ar
num edifício de grande altura em que arde em um
A umidade dos combustíveis mortos (ramos
pavimento intermediário, se expandirá e se elevará
secos, árvores e arbustos mortos) está diretamente
aos níveis superiores. Deste modo, o calor
relacionada à umidade atmosférica. Quanto menor
transmitido pela convecção tenderá, na maioria dos
a umidade do material vegetal, maior é a facilidade
casos, na direção vertical, embora o ar possa levar
deste entrar em combustão.
em qualquer direção.
A quantidade de vapor de água contida num
4.4.3. Radiação certo volume de ar em relação ao mesmo volume de
ar saturado é chamada de umidade relativa do ar.
É o processo de transmissão de calor de um
Quanto menor a umidade relativa do ar, mais seco é
corpo a outro através do espaço, realizando-se a
o ar e maior é grau de risco de incêndio na
transmissão por via dos raios de calor. O calor
vegetação.
irradiado não é absorvido pelo ar, portanto, viajará
no espaço até encontrar um corpo que por sua vez 4.5.3. Temperatura do Ar
poderá emitir raios de calor. O calor irradiado é
A temperatura do ar está também relacionada
uma das maiores fontes pela qual o fogo se estende
à sua umidade relativa. Temperaturas elevadas
e deverá ser prestada atenção na hora do ataque ao
tornam os combustíveis mais secos e suscetíveis de
fogo nos elementos que podem transmitir calor por
entrar em combustão.
este método. Ex.: O calor do Sol.
4.5.4. Velocidade do Vento
4.4.4. Deslocamento de Corpos Inflamados
O vento é o responsável pela oxigenação da
Forma de transmissão que se dá pela queda
combustão e, consequentemente, intensifica a
ou lançamento da matéria que está queimando,
queima. É também o responsável pelo arrastamento
provocando novos focos de incêndio. Ex.: fagulhas
de fagulhas que poderão provocar focos de incêndio
levadas pelo vento, queda de árvores, animais que
a distâncias consideráveis e pela inclinação das
fogem com o pêlo em chamas.
chamas sobre outros combustíveis. Ou seja, o vento
4.4.5. Corrente e/ou Descargas Elétricas aumenta a velocidade de propagação porque
fornece oxigênio para a combustão, transporta o ar
É o caso dos incêndios provocados por curto
aquecido, resseca os combustíveis e dispersa
circuito nas instalações elétricas ou descargas
partículas em ignição.
elétrico naturais (raios).
4.5.5. Índices de Perigo de Incêndios
4.5. RELAÇÃO DAS VARIÁVEIS
METEREOLÓGICAS COM OCORRÊNCIAS As variáveis meteorológicas estão
DE INCÊNDIOS estreitamente relacionadas com o risco de incêndios,
tanto que foram desenvolvidos métodos para
As medições e análises de variáveis
determinar o grau de índice de risco ou de perigo
meteorológicas são importantes ferramentas de
em função das condições meteorológicas de um
previsão de incêndios em vegetação, permitindo ao
determinado dia e local. No Brasil, em 1972 o
manejador identificar períodos durante o ano de
professor Ronaldo Viana Soares, desenvolveu a
maior probabilidade de ocorrência de incêndios
fórmula de Monte Alegre ajustadas às condições
florestais, devido às condições meteorológicas. Com
locais.
as informações, se ganha tempo para providenciar
medidas técnicas e administrativas, em busca de Fórmula de Monte Alegre
minimizar danos.
As principais variáveis meteorológicas n
relacionadas com ocorrência de incêndios na
vegetação são: Precipitação, Umidade do Ar,
FMA = ∑
i= 1
(100 / H i )

temperatura do ar e velocidade do vento.


4.5.1. Precipitação Onde:
FMA = Fórmula de Monte Alegre
Durante o ano, podemos observar que alguns Hi = umidade relativa do ar (%), medida às 13
meses tem menores quantidades de chuvas, o que horas
caracteriza, a época de seca na região No período n = número de dias sem chuva
de menor ocorrência de chuvas o ar torna-se mais Dependo da quantidade de chuva do dia,
seco, ou seja, com menor quantidade de vapor de devem ser feitas algumas alteração no valor de
água, consequentemente, é a fase mais propícia à FMA.
ocorrência de incêndios. Portanto, as atenções
devem ser redobradas nestas épocas.
5
Tabela 02. Condições para Alteração no Figura 04. Mapa de Risco de Incêndios da Vila
Cálculo de FMA. Mortágua- Portugal

Fonte: Soares &¨Batista (2007).

Fórmula de Monte Alegre Alterada


Desenvolvido através de dados da região
central do Estado do Paraná, pelo pesquisador José
Renato Soares Nunes em 2005, este índice, também
acumulativo, tem como variáveis a umidade relativa
do ar, e o vento medidos às 13 horas. A sua
equação básica é a seguinte:
Fonte: Fileira Florestal (1997).
n
FMA = +
∑ (100 / H i ) e 0, 04 v
4.6 . COMPORTAMENTO DO FOGO NA
i= 1
VEGETAÇÃO
O comportamento do fogo num incêndio é
Onde: determinado conforme a combinação de
FMA + = Fórmula de Monte Alegre quantidades e qualidade de elementos (condições de
Hi = umidade relativa do ar (%), medida às 13 clima, relevo, vegetação e forma de ignição).
horas Portanto, os incêndios são processos muito
n = número de dias sem chuva maior ou igual a 13 variáveis e distintos entre si, ou seja, nenhum
mm incêndio é igual ao outro.
v = velocidade do vento em m/s, medida às 13 As variáveis que são usadas para determinar
horas o comportamento do fogo são: taxa de propagação
e = 2,718282 - base dos logarítmos naturais ou velocidade do fogo; intensidade do fogo; energia
liberada, tempo de residência; temperaturas
Geralmente os gráficos de riscos de incêndios atingidas nas zonas de combustão e altura de
ficam expostos em locais de grande tráfego, para crestamento letal.
alertar trabalhadores florestais e pessoas da 4.6.1. Taxa de Propagação
comunidade, sobre o risco atual de incêndio nas
É a medida linear ou da área em que o fogo
imediações.
atinge ou consome uma área de vegetação em
Figura 03. Índice de Incêndios pela Fórmula de função do tempo, o que determina a velocidade de
Monte Alegre (SOARES & PAEZ) propagação de um incêndio florestal.
Com medidas pré-estabelecidas no terreno e
a contagem do tempo em que o fogo ultrapassa
cada marco no terreno, podemos determinar a
velocidade em m/s ou km/h, pelo método direto.
Alguns pesquisadores desenvolveram
métodos indiretos, por meio de equações que
estimam a taxa de propagação para um
determinado tipo específico de vegetação em função
de outras variáveis como velocidade do vento,
Fonte :Ciências @ Tic (2010).
altura da vegetação, umidade inicial do
combustível, umidade relativa do ar, etc.
Ou ainda, pode ser construído um mapa com A velocidade e direção do vento são fatores
os grau riscos de incêndios de vários pontos dentro com elevada influencia na velocidade de
de uma área (Figura 04). propagação do fogo sobre uma área.

6
Tabela 03. Classificação da Velocidade de Tabela 04. Limites das Intensidades para Danos
Propagação do Fogo de Botelho & em Povoamento de Eucalipto
Ventura (1990)

Fonte: Soares e Batista (2007).

4.6.2. Intensidade do Fogo


É a quantidade de calor energia ou calor liberado
durante um período de tempo em uma área. É
considerado um importante parâmetro para avaliar
o comportamento do fogo. A intensidade é
numericamente, segundo BYRAM (1959), igual ao
produto da quantidade de combustível disponível
pelo seu calor de combustão e pela velocidade de
propagação do fogo, como mostra a equação.
Fonte: Soares e Batista (2007)
Fórmula de Byram:
4.6.3. Altura de Crestamento Letal
I = H * w*r
Apesar de partes da vegetação não serem
atingidas totalmente e diretamente pelo fogo, a
Onde: temperatura do ar, forma de condução de calor
I = Intensidade de do fogo em kcal/m/s. (convecção), a intensidade do fogo e a velocidade
H = Poder calorífico em kcal/kg (± 4000 Kcal/ kg) do vento podem causar aquecimento do ar superior
w = Peso do material combustível (kg/m²) e provocar a ocorrência de morte de algumas partes
r = taxa de propagação do incêndio (m/s) dos vegetais (folhas e galhos).
A estimativa da intensidade do fogo pode A variável é importante para determinar os
também ser estimada em função da comprimento danos à vegetação e para a queima controlada.
médio das chamas por meio da seguinte equação: A medida do crestamento é feita por método
indireto, por estimativa. Foram desenvolvidas
I = 62,08 . hc2,17 equações baseadas em valores de intensidade do
fogo , temperatura do ar e velocidade do vento.
Onde:
I = intensidade do fogo em kcal/m.s. hc = 0,385 * I 2 / 3
hc = comprimento das chamas em m
Em queimas controladas é essencial Ou, pela fórmula adaptada a temperatura do ar e
sabermos a intensidade limite para evitar danos aos velocidade do vento
plantios. A intensidade máxima do fogo para um
povoamento de Eucalyptus spp., fica em torno de
3,94 * I 7 / 6
83 kcal/m/s. Em Pinus spp, o limite é hs =
aproximadamente de 132 kcal/m/s, sendo mais (0,107 * I + V 3 )1/ 2 (60 − T )
resistentes comparados ao eucalipto. devido à
espessura da casca. Tabela 05 - Limites das Onde:
intensidades para danos em povoamento de hs = altura de crestamento letal em metros;
eucalipto. I = intensidade do fogo em kcal/m.s;
V = velocidade do vento em m/s;
T = temperatura do ar em °C;
4.6.4. Tempo de Residência
O tempo de residência, ou o intervalo de
tempo em que a frente de fogo permanece num
determinado ponto, é também um importante
componente do comportamento do fogo. Essa
importância se deve ao fato de que os danos
causados à vegetação dependem não apenas da
7
temperatura do fogo, mas também do tempo de Tabela 05. Áreas e Percentual de Ocupação dos
exposição da vegetação a essa temperatura. Biomas no Brasil.
O tempo de residência pode ser calculado
através da velocidade de propagação do fogo e a
profundidade (ou largura) da chama. Profundidade
da chama é a distância horizontal entre as duas
extremidades da chama. A relação é a seguinte:

p
tr =
r Fonte: IBGE
Onde:
Segundo o IBGE, o Brasil é formado por
tr = tempo de residência em segundos;
cinco biomas principais, sendo eles: Amazônia,
P = profundidade da chama em metros;
Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica,
r = velocidade de propagação do fogo em m/s.
Pampa e Áreas Costeiras. A distinção entre um
4.6.5. Temperatura Letal bioma e outro é estabelecido conforme
particularidades de sua formação, tais como tipo de
Chama-se de temperatura letal para os
vegetação, topografia e clima característico que
tecidos das árvores aquela que provoca a sua morte.
permite a delimitação de áreas para cada bioma.
Ela é inversamente proporcional ao tempo de
exposição àquela temperatura. Por outro lado, a 5.1.1. Bioma Amazônico
quantidade de calor que chega ao câmbio é
inversamente proporcional à espessura da casca e Figura 06. Paisagem do Bioma Amazônico
diretamente proporcional ao conteúdo de umidade
da casca. De um modo geral, sabe-se que
temperaturas de 60ºC provocam a morte do câmbio
em dois a quatro minutos; a 65°C, a morte se dá em
menos de dois minutos.
Nelson, observando pinus, nos Estados
Unidos, constatou a morte das acículas em seis
minutos, com temperatura de 54°C; em 30
segundos a 60ºC; e instantaneamente, a 64ºC.
A temperatura letal pode ser estimada pela
seguinte expressão:

T = a − b * ln(t )

Fontes: SIPAM (2008).


Onde:
T = temperatura letal (ºC) O bioma Amazônia caracteriza-se pela
a e b = constantes alternância entre áreas florestais com vegetação
ln = logarítimo natural arbórea contínua de grande porte, com dossel
t = tempo de exposição (min) florestal alto e fechado e áreas de floresta
inundadas pelo pelos rios da bacia Amazônica -
5. INCÊNDIOS FLORESTAIS floresta de várzeas (alagada por um certo período
5.1. BIOMAS BRASILEIROS do ano) e floresta de igapó (alagadas
permanentemente). Devido a sua magnitude e
Figura 05. Localização e Distribuição dos biodiversidade, é possível encontrar parte de outros
Biomas do Brasil biomas dentro da área amazônica, tais como
cerrado, campos e floresta semi-decidual, além das
regiões de transição com outros biomas.
O clima da região é peculiar por apresentar o
período da estação chuvosa e a estação seca, sendo
constantemente quente e úmido.
A Amazônia compreende em área os Estados
do Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia, Amapá,
Tocantins, e parte do Maranhão e Mato Grosso,
Fonte: IBGE
além de estender-se a outros oito países da América
Latina.
8
Os incêndios florestais tropicais representam 5.1.2. Bioma Cerrado
um dos principais elementos de degradação do
bioma Amazônia, e têm sido cada vez mais Figura 07. Paisagem do Bioma do Cerrado
frequentes e abrangentes na região devido a
fragmentação da paisagem pela agricultura e
pecuária e a intensidade da extração madeireira.
Na Amazônia, de acordo com o Instituto de
Pesquisas Ambientais da Amazônia – IPAM
(2003), a pecuária e a agricultura de corte e queima
são dependentes do fogo como instrumento de
manejo. No entanto, este mesmo fogo
frequentemente foge do controle e atinge áreas não
destinadas à queima.
Segundo Hansing (2007), uma floresta como
a amazônica, fechada aos raios do sol, em princípio Fonte: Ministério Público do estado de Goiás (2009).
não é afetada por fogo. Primeiro, porque abaixo do A área do Cerrado está presente
teto de sua vegetação a temperatura ambiente é 3 a principalmente na região central brasileira, nos
4ºC menor que a temperatura ambiente a céu Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato
aberto; segundo, porque devido a alta umidade Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e
existente na vegetação, o fogo não tem como Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 ha. Há
progredir. A remoção da densa centenária e alta outras áreas de Cerrado, chamadas periféricas ou
camada vegetal com auxílio do fogo, uma operação ecótonos, que são transições com os biomas
rotineira, ateado na borda da floresta durante a Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga.
época seca, como é costume, causará migração de Sob o ponto de vista fisionômico temos: o
nutrientes da vegetação preexistente para a terra. cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o
Mas eles não permanecerão lá, sendo levados pelo campo sujo de cerrado, e o campo limpo que
vento e água da chuva que fatalmente se seguirão apresentam altura e biomassa vegetal em ordem
ao incêndio, até porque o incêndio propiciará a decrescente. O cerradão é a única formação
formação de compostos orgânicos hidrófobos que, florestal.
entrando no terreno, causarão uma repelência do O Cerrado típico é constituído por árvores
terreno à água. Mesmo assim, alguma quantidade relativamente baixas (até vinte metros), esparsas,
de nutrientes permanecerá no lugar, mas não tanta disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e
quanto o cálculo de conversão direta determinaria uma vegetação baixa constituída, em geral, por
se todos os nutrientes permanecessem no local. gramíneas. Assim, o Cerrado contém basicamente
Também, a remoção de alta vegetação para dois estratos: um superior, formado por árvores e
abertura de estradas de comunicação para arbustos dotados de raízes profundas, situado entre
transporte das grandes árvores removidas, permitirá 15 a 20 metros; e um inferior, composto por um
a penetração de raios solares, causando a tapete de gramíneas de aspecto rasteiro, com raízes
desumidificação do solo aumentando, pouco profundas, Na época seca, este tapete
progressivamente, as áreas devastadas. rasteiro parece palha, favorecendo, sobremaneira, a
O fogo na floresta explorada causa a perda propagação de incêndios.
de madeiras de valor que poderiam ser aproveitadas A morfologia da vegetação típica de Cerrado
em colheitas futuras. Pesquisas realizadas pelo é de árvores com troncos tortuosos, de baixo porte,
IMAZON (Instituto do Homem e Meio Ambiente ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas.
da Amazônia) constataram que incêndios na Os estudos efetuados consideram que a vegetação
floresta explorada, geralmente, provocam a morte nativa do Cerrado apresenta, devido a fatores
de 45% das árvores remanescentes com DAP edáficos (de solo), como o desequilíbrio no teor de
(Diâmetro a Altura do Peito) maior que 10 cm micronutrientes e a não-ocorrência de falta de água,
durante um período de um ano e meio após o fogo. em média 1500 mm anual de precipitação e ainda
Além disso, incêndios na mata podem ali se encontra uma grande e densa rede hídrica
destruir as mudas de espécies comerciais (IBAMA, 2010)
(regeneradas naturalmente ou plantadas) e, assim, O bioma Cerrado é muito susceptível ao
afetar a capacidade produtiva da floresta. Após o fogo, devido está geralmente distribuído em regiões
fogo, a regeneração predominante é formada por de clima seco e quente, de estações bem definidas
árvores pioneiras sem valor econômico, por entre seca e chuvosa. O acúmulo anual de biomassa
exemplo, a embaúba (Cecropia sp.) e o lacre seca, de palha, acaba criando condições tão
(Vismia sp.) (OMF, 2010). favoráveis à queima que qualquer descuido com o
9
uso do fogo, ou a queda de raios no início da (xiquexique), a Caatinga também apresenta muitas
estação chuvosa, acabam por produzir incêndios leguminosas (mimosa, acácia, emburana, etc.).
(COUTINHO, 2010). Algumas das espécies mais comuns da região
Do ponto de vista ecológico, o fogo sempre são a emburana, a aroeira, o umbu, a baraúna, a
fez parte da natureza do cerrado e portanto é um maniçoba, a macambira, o mandacaru e o juazeiro.
ambiente adaptado a esta condição, devido as No meio de tanta aridez, a Caatinga
características de sua vegetação como maior surpreende com suas "ilhas de umidade" e solos
espessura das cascas das árvores, tortuosidade do férteis. São os chamados brejos, que quebram a
tronco e profundidade das raízes, e ainda a monotonia das condições físicas e geológicas dos
capacidade de sementes e brotos germinarem logo sertões. Nessas ilhas, é possível produzir quase
após o queima. todos os alimentos e frutas peculiares aos trópicos
(AMBIENTE BRASIL, 2010).
5.1.3. Bioma Caatinga
Quanto aos incêndios em áreas de caatinga,
Figura 08. Paisagem do Bioma Caatinga no período seco, a perda das folhas reduz o material
combustível e a inflamabilidade da parte lenhosa é
pequena. No período das chuvas, as plantas
tornam-se verdes e com grandes quantidades de
água em seus tecidos, o que diminui a
susceptibilidade ao fogo. (PORTAL SÃO
FRANCISCO, 2010)
As maiores dificuldades estão atreladas à
exploração dos recursos naturais na região ser
bastante extensa, com a retirada de madeira,
inclusive em Áreas de Proteção Permanente
(APPs), e uso indiscriminado do fogo para preparo
Fonte: Caatinga do Piauí (2006). do solo, prática secular a qual existe uma
dificuldade na erradicação (CASTRO e COSTA,
Segundo Castro e Costa (2006) o bioma 2006).
da Caatinga cobre aproximadamente 10% do 5.1.4. Bioma Mata Atlântica
território nacional e é um ecossistema
exclusivamente brasileiro. Formada por diversas A Mata Atlântica (Fig. 09) é o bioma mais
composições florísticas adaptadas ao clima semi- rico em biodiversidade do planeta. Ao todo, são
árido. 1.300.000 km², ou cerca de 15% do território
Está presente na região do semi-árido nacional, englobando 17 Estados brasileiros,
nordestino e nas regiões extremo norte de Minas atingindo até o Paraguai e a Argentina. , sendo que
Gerais e Sul dos Estados do Maranhão e Piauí. 93% de sua formação original já foi devastado. As
Logo, é típica de regiões com baixo índice de formações do bioma são as florestas Ombrófila
chuvas (presença de solo seco). Densa, Ombrófila Mista (Floresta com araucária),
A Caatinga é um tipo de formação vegetal Estacional Semidecidual e Estacional Decidual e os
com características bem definidas: árvores baixas e ecossistemas associados como manguezais,
arbustos que, em geral, perdem as folhas na estação restingas, brejos interioranos, campos de altitude e
das secas (espécies caducifólias), além de muitas ilhas costeiras e oceânicas. (SOS Mata Atlântica).
cactáceas. Apresenta três estratos: arbóreo (oito a
Figura 09. Paisagem do Bioma Mata Atlântica
12 metros), arbustivo (dois a cinco metros) e o
herbáceo (abaixo de dois metros).
Contraditoriamente, a flora dos sertões é
constituída por espécies com longa história de
adaptação ao calor e à seca. O aspecto geral da
vegetação, na seca, é de uma mata espinhosa e
agreste. Algumas poucas espécies da Caatinga não
perdem as folhas na época da seca. Entre essas
destaca-se o juazeiro, uma das plantas mais típicas
desse ecossistema.
Ao caírem as primeiras chuvas no fim do
ano, a Caatinga perde seu aspecto rude e torna-se
rapidamente verde e florida. Além de cactáceas, Fonte: Instituto Onça-Pintada (2010)
como Cereus (mandacaru e facheiro) e Pilocereu
10
Conforme a descrição de Carvalhal et al., Fonte: Instituto Onça-Pintada (2010).

(2010), a floresta pode ser dividida em três estratos. 5.1.6. Bioma Pampa
O estrato superior é chamado de dossel (20-30 m),
que é composto pelas árvores mais altas, adultas, O Bioma Pampa ou Campo Sulino
que recebem toda a intensidade da luz solar que (IBAMA), são campos naturais que ocorrem no Rio
chega na superfície. As copas destas árvores Grande do Sul, atingindo o Uruguai e a Argentina.
formam uma espécie de mosaico, devido à A vegetação campestre, compostas
diversidade de espécies. As árvores do interior da predominantemente por plantas herbáceas, mostra
floresta fazem parte do estrato arbustivo, formado uma aparente uniformidade, apresentando nos topos
por espécies arbóreas que vivem toda a sua vida mais planos um tapete herbáceo baixo – de 60 cm a
sombreadas pelas árvores do dossel. O estrato um metro, ralo e pobre em espécies, que se torna
herbáceo é formado por plantas de pequeno porte mais denso e rico nas encostas. Também ocorrem
que vivem próximas ao solo, como é o caso de formações campestres e florestais de clima
arbustos, ervas, gramíneas, musgos, selaginelas e temperado, como florestas com araucárias ou
plantas jovens que irão compor os outros extratos pinhais (IBAMA, 2009).
quando atingirem a fase adulta. É muito comum na região, a utilização desta
A luminosidade é reduzida no interior da vegetação como suporte alimentar para a produção
mata, por ser filtrada pelo dossel. As plantas dos pecuária, devido à diversidade de plantas com alto
extratos inferiores normalmente possuem folhas valor forrageiro existentes neste bioma ou pastos de
maiores, para aumentar a superfície de captação de gramíneas (TERRA e SALDANHA, 2007)
luz. A perda de folhas, dirigindo um maior gasto de O fogo não faz parte da ecologia dos
energia para o crescimento do caule e este, sendo pampas, porém é tradicionalmente usado como
fino e longo, também parece ser uma estratégia ferramenta de manejo de pastos naturais para a
para a planta alcançar o dossel e consequentemente, renovação ou limpeza de área para replantio.
mais luz. Segundo estudos, esta prática prejudica as
Em regiões de floresta atlântica onde o índice características nutricionais de solos de pampas,
pluviométrico é maior, tornando o ambiente muito porém favorece a germinação de algumas
úmido, é favorecida a existência de briófitas forrageiras e é economicamente viável.
(musgos) e pteridófitas (samambaias, por exemplo). Em campos de gramíneas observa-se que
Entretanto, para outras plantas, o excesso de quando as queimas são de pequena intensidade, as
umidade pode ser prejudicial e suas folhas, muitas perdas do solo são mínimas (exceto em solos
vezes, apresentam adaptação para não reterem arenosos), pois este tipo de formação vegetal tem
água, sendo inclinadas, pontiagudas, cerificadas e como principal característica um sistema radicular
sulcadas, facilitando o escoamento da água, bem desenvolvido, que em pequenas queimas é
evitando o acúmulo, que poderia causar pouco afetado (LPF,2010).
apodrecimento dos tecidos.
Assim como o bioma amazônico, a mata Figura 11. Paisagens do Bioma Pampa
atlântica não é um ambiente naturalmente adaptado
ao fogo, devido a sua umidade e clima. Porém,
devido ao maior contingente populacional e obras
de infra-estrutura, tais como, redes elétricas e
rodovias em grande quantidade localizadas nesta
área, são comuns incêndios florestais de causas
antrópicas, tanto acidentais como intencionais.
5.1.5. Bioma Pantanal

Figura 10. Paisagens do Bioma Pantanal


Fonte: Funpar (2008).

5.2. FLORESTAS PLANTADAS


A crescente demanda por madeira de plantios
homogêneos de rápido crescimento, bem como a
necessidade de proteção às florestas nativas,
alavancou o desenvolvimento da base florestal no
Brasil fundamentada principalmente em florestas
plantadas. O eucalipto e o pinus, espécies exóticas,
ou seja, àquelas que não são nativas do Brasil,
11
demonstraram grande versatilidade, adaptando-se As coníferas são mais suscetíveis a incêndios
muito bem às condições brasileiras. Conforme os do que espécies folhosas. A rápida e intensa
dados da Associação Brasileira de Produtores de propagação do fogo é devido a presença de
Florestas Plantadas (ABRAF), o pinus e eucalipto substâncias (resinas e óleos) de elevada
correspondem às principais espécies plantadas no inflamabilidade nas acículas e casca, além da
país (Tab. 07). deposição de material combustível no piso da
floresta.
Tabela 06. Principais Essências Florestais O incêndio de copa desenvolve-se
plantadas em Escala Comercial no especialmente em povoamentos de coníferas,
Brasil embora existam também algumas espécies de
folhosas com folhagem inflamável e por esta razão,
também sujeitas a incêndios de copas.
Devido à suscetibilidade de povoamentos de
pinus ao fogo, o manejo dos mesmos é muito
importante. O material combustível do piso
florestal deve ser mantido sempre reduzido por
intermédio de limpezas e queimas controladas, além
da poda, construção de aceiros e outras obras de
Fonte: ABRAF (2009). infra-estrutura para apoiar ações de controle de
5.2.1. Pinus spp. incêndios.
Apesar de serem mais suscetíveis ao
As árvores do gênero Pinus são coníferas incêndio, as coníferas são mais resistentes à ação
originárias do Hemisfério Norte (Fig. 12). Os do fogo, por apresentarem cascas mais espessas que
primeiros plantios foram estabelecidos no Brasil as folhosas (FIRELAB-UFPR, ANO?)
durante a época dos incentivos fiscais, a partir dos
anos 60 nas regiões Sul e Sudeste. 5.2.2. Eucalyptus spp.
Atualmente, com a introdução de diversas O eucalipto é uma folhosa de ocorrência
espécies, principalmente das regiões tropicais, a natural na Austrália, Indonésia, Nova Guiné e
produção de madeira de pinus tornou-se viável em Timor (Fig. 13) (VIANA, 2005).
todo o Brasil, constituindo uma importante fonte de Ele foi introduzido no Brasil com o objetivo
madeira para usos gerais, englobando a fabricação de suprir as necessidades de lenha, postes e
de celulose e papel, lâminas e chapas de diversos dormentes das estradas de ferro na região Sudeste.
tipos, madeira serrada para fins estruturais, Na década de 50 passou a ser produzido, como
confecção de embalagens, móveis e marcenaria em matéria prima, para o abastecimento das fábricas
geral (EMBRAPA FLORESTAS, 2003) de papel e celulose (EMBRAPA FLORESTAS,
2003).
Figura 12. Pinus spp. Figura 13. Eucalyptus spp.

Fonte: STCP (2006).

O eucalipto tem certa resistência ao fogo


devido às características do material combustível
Fonte:Botany Photo of the day (2005).
existente no sub-bosque e da própria árvore, onde é
12
difícil o fogo subir até as copas. Isto não significa 5.3.3. Queimas para Limpeza
que as copas não possam queimar, pois um fogo
Compreende os incêndios florestais
intenso poderá secá-las através do calor irradiado e
originados de fogo usados na limpeza do terreno,
num segundo estágio destruí-las por completo.
para qualquer propósito (agricultura, pastagem,
Segundo Soares (2007), o eucalipto,
reflorestamentos) que por negligência ou descuido
apresenta características de resistência ao fogo,
tenham escapado do controle a atingindo áreas
uma delas é a folhagem pouco inflamável e o fato
florestais. Nos países tropicais, de uma maneira
de grande parte dos incêndios serem superficiais.
geral, está é a principal causa dos incêndios
Estes são mais facilmente combatidos em virtude da
florestais. A prática de se preparar o terreno para
menor velocidade de propagação.
agricultura através de fogo, ainda é muito usada
5.3. CAUSAS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS atualmente. Neste cenário, os produtores acabam
sendo desmotivados a fazer investimentos em
Para efeito de estudos, é muito importante
sistemas agro-florestais, em culturas permanentes e
saber quem ou o quê causou o incêndio florestal.
até em cercas, devido ao alto risco de perderem
Estas causas são de caráter muito variável, sendo o
tudo com um fogo acidental.
seu conhecimento básico para a elaboração de
planos de prevenção. Ainda hoje o Brasil não 5.3.4. Fumantes
possui uma estatística confiável que permita o
Neste item estão incluídos os incêndios
conhecimento das principais causas dos incêndios
originados por fósforos e pontas de cigarros acesas,
nas diversas regiões do país. É de extrema
que são atiradas displicentemente por fumantes
importância, portanto, que os órgãos competentes e
descuidados (Fig. 14). Esta é a uma das maiores
mesmo as empresas florestais que possuam
causas de incêndios florestais nos Estados Unidos,
reflorestamentos, mantenham um banco de dados
Canadá, Europa, Austrália e União Soviética.
das ocorrências e causas dos incêndios florestais,
Provavelmente esta seja a causa onde mais se
para que sejam tomadas medidas concretas de
evidencia a falta de cuidado do homem na proteção
proteção através da elaboração de planos de
das florestas contra incêndios.
prevenção.
No Brasil, principalmente na época mais
Torna-se necessário, para efeitos estatísticos,
seca do ano para as regiões Centro-Oeste, Sudeste,
então estabelecer um padrão destas causas, para ser
Norte e Nordeste, intensificam-se os focos de
usado em todo o país. Schumacher et al. (2005)
incêndios provenientes de pessoas descuidadas que
sugerem uma classificação a ser adotada em todo o
jogam cigarros ou fósforos acesos no chão. Casos
Brasil, por ser completa é a descrita abaixo.
típicos ocorrem nas margens de rodovias, onde o
5.3.1. Raios motorista, ao jogar uma bituca de cigarro acesa
pela janela de seu carro, poderá estar dando início a
São incêndios causados direta ou
um grande incêndio, onde o fogo começa no capim
indiretamente, por descargas elétricas. São os
a margem da rodovia e posteriormente se espalha,
únicos que não constituem responsabilidade
podendo queimar florestas e residências.
humana, sendo, portanto, sua prevenção
praticamente impossível. Em certas regiões
Figura 14. Fumantes podem ser potenciais
(Noroeste dos EUA) esta causa pode atingir grande
Fontes de Ignição para Incêndios
ação destrutiva. No Brasil não são muito comuns
em virtude das tempestades serem acompanhadas
de precipitação. Porém já ocorreram, focos iniciais
de incêndios por raios, focos estes, que foram
prontamente debelados, pois foram descobertos no
dia seguinte à tempestade e não haviam se
propagado ainda, em virtude da umidade do
material florestal.
5.3.2. Incendiários
Neste grupo estão incluídos os incêndios
provocados intencionalmente, por pessoas, em
propriedade alheia. Pode-se distinguir dois tipos de Fonte: G1 (2007).
incendiários: aquele que age por vingança e o que 5.3.5. Fogos Campestres ou por Atividades
age inconscientemente, por um desequilíbrio mental Recreativas
qualquer, tornando-se um "piromaníaco".
Nesta classe estão incluídos os incêndios
florestais originados de fogueiras feitas por pessoas
13
que estejam acampadas, caçando ou pescando na propriedades florestais que são cortadas por estrada
floresta ou proximidades. Não se incluem aqui os de ferro necessitam de uma vigilância constante ao
trabalhadores florestais que estejam em atividade, longo do seu percurso, para evitar a ocorrência de
pois são considerados em um grupo separado. Os possíveis incêndios.
parques florestais abertos à recreação estão sempre
5.3.8. Diversos
sujeitos a este tipo de incêndio, devido ao descuido
e irresponsabilidade de certas pessoas que os Nesta classe são incluídos os incêndios que
visitam. não podem, satisfatoriamente, ser classificados em
nenhum dos outros grupos analisados. São causas
5.3.6. Operações Florestais
pouco frequentes, que ocorrem esporadicamente e
Inclui-se neste grupo, os incêndios causados por esta razão não justificam uma classificação
por trabalhadores florestais, quando em atividade especial. Um exemplo típico de classificação neste
na floresta (Fig. 15). Para melhor definir esta causa grupo seria os incêndios causados pelos balões de
serão citados dois exemplos hipotéticos: festas juninas.
1. O primeiro foi um incêndio que se
5.4. TIPOS DE INCÊNDIOS FLORESTAIS
originou da fogueira que um operário florestal fez
para aquecer sua comida e não apagou com o A classificação mais adequada para definir
devido cuidado. os tipos de incêndios florestais baseia-se no grau de
2. Em outra ocasião, um trabalhador envolvimento de cada estrato do combustível
florestal ao derrubar uma árvore, ativou um florestal, desde o solo mineral até o topo das
formigueiro que se encontrava próximo à base da árvores, no processo da combustão. Neste caso, os
árvore, e as formigas (muito agressivas) não incêndios são classificados em subterrâneos,
permitiam que ele se aproximasse da árvore superficiais e de copa.
derrubada para continuar seu trabalho. Ele então 5.4.1. Incêndios Subterrâneos
ateou fogo ao formigueiro para matar as formigas
e, descuidadamente, permitiu que o fogo se São geralmente ocasionados pelo fogo que
expandisse dando origem ao incêndio. queima sob a superfície do solo (incêndio
superficial), face ao grande acúmulo de matéria
Figura 15. Operação de Colheita Florestal orgânica, húmus ou turfa em determinados tipos de
florestas. Os tipos de solos em que se produzem
estes incêndios, se caracterizem por seu grande
conteúdo de umidade, os quais, em determinadas
circunstâncias, quando secam, ardem facilmente,
dando origem às vezes a sérios incêndios.
O fogo avança, nessas ocasiões, com elevada
temperatura, tornando difícil o combate do mesmo.
Algumas vezes um incêndio subterrâneo se
transforma em superficial. Devido ao seu lento
avanço, este tipo de incêndio causa grandes danos
às raízes e a fauna de solo, causando a morte dos
mesmos e consequente morte da árvore. A
fertilidade do solo torna-se comprometida, e o solo
fica mais sujeito a processos erosivos. A
dificuldade de extinção determina que muitas vezes
um incêndio desta classe dure o suficiente para
Fonte: VERACEL (2005). afetar uma área tão extensa como a abarcada por
5.3.7. Estradas de Ferro um incêndio superficial.
Sob esta classificação, estão incluídos os 5.4.2. Incêndios de Superfície
incêndios que direta ou indiretamente são causados São os que se desenvolvem na superfície do
pelas atividades em estradas de ferro. Como causa piso da floresta, queimando os restos vegetais não
direta podemos definir as fagulhas desprendidas das decompostos tais como folhas, galhos, gramíneas,
locomotivas, que encontrando a vegetação seca, enfim todo o material combustível até cerca de 1,80
podem causar incêndios. Com o uso de máquina metro de altura (Fig. 16). Esses materiais são
diesel-elétrica, este perigo tem diminuído geralmente bastante inflamáveis, principalmente
sensivelmente. Como causa indireta pode-se citar os durante a estação seca, sendo por esta razão, o
materiais acesos (fósforos, estopas encharcadas de incêndio florestal superficial caracterizados por
óleo) atirados por passageiros e maquinistas. As
14
uma propagação relativamente rápida, abundância resinosas queimam mais rapidamente do que as
de chamas, muito calor, mas não muito difícil de folhosas. Em condições favoráveis a velocidade de
ser combatido. avanço do fogo pode atingir até 15 km/h. Portanto
Estes incêndios são os mais comuns de todos este tipo de incêndio desenvolve-se especialmente
os tipos existentes, podendo ocorrer em todas as em povoamentos de coníferas, embora existam
regiões onde exista vegetação. É também a forma também algumas espécies de folhosas com
pela qual iniciam quase todos os incêndios, isto é, folhagem inflamável e por esta razão também
praticamente todos os incêndios são originados por sujeita aos incêndios de copas. Os incêndios de
fogos superficiais. copa são os mais difíceis de serem combatidos.

Figura 16. Incêndio Florestal de Superfície Figura 17. Incêndio Florestal de Copa

Fonte: Corpo de bombeiros/PR (2005)

Havendo condições favoráveis, tais como


tipo de vegetação, material combustível, intensidade
de fogo, condições atmosféricas, os incêndios
superficiais podem dar origem tanto a incêndios de
copa como subterrâneos. A maneira de queimar, a
forma final da área incendiada, a rapidez de
propagação e a intensidade do fogo dependem de:
características e quantidade de material inflamável;
topografia; e condições atmosféricas.
Fonte: Soares e Batista (2007).
5.4.3. Incêndios de Copa
São considerados incêndios de copas os que A Figura 18 esquematiza os três tipos de
queimam combustíveis acima de 1,80 metro de incêndios explicados anteriormente.
altura (Fig. 17). A folhagem é totalmente destruída
e as árvores geralmente morrem. Com exceção de
casos excepcionais, como raios, por exemplo, todos
os incêndios de copas originam-se de incêndios
superficiais. Estes incêndios propagam-se
rapidamente, liberando grande quantidade de calor
e são sempre seguidos por um incêndio superficial.
Isto porque os incêndios de copa deixam cair
fagulhas e outros materiais acesos que queimam
gradativamente arbustos e materiais combustíveis
da superfície do solo.
As condições fundamentais para que haja
ocorrência de incêndios de copa são folhagem
combustível e presença de vento para transportar o
calor de copa em copa. Em todos os incêndios de
copa, o fator que influi na sua propagação é o
vento, de tal maneira que quando este inexiste,
dificilmente o fogo atinge e se expande pela copa
das árvores. Normalmente o fogo avança 3 a 4
km/h, dependendo das espécies que caracterizam o
bosque incendiado. As coníferas e outras espécies
15
Figura 18. Esquema dos Três Tipos de Figura 19. Incêndio Florestal de Copa e o
Incêndios-Subterrâneo, Superficial e de Copa. Esquema dos Três Tipos de Incêndios

Fonte: Corpo de Bombeiros/PR (2005).

A cabeça ou frente do incêndio é a parte que


avança mais rapidamente e segue na mesma direção
do vento. A base ou parte posterior é a que avança
lentamente contra o vento e, às vezes, se extingue
por si só. Os flancos do incêndio ligam a frente à
Fonte: Soares e Batista, (2007).
base. Com a mudança do vento ou em condições
5.5. PROPAGAÇÃO DE INCÊNDIOS topográficas favoráveis, os flancos podem se
FLORESTAIS desenvolver em outras frentes de incêndios. Em
diversos casos os flancos avançam com relativa
Uma fonte de calor suficientemente forte é
lentidão, e nestes casos, os flancos tornam-se o
uma condição necessária para que a combustão
melhor ponto para dar início ao combate de um
ocorra e se mantenha. Depois de iniciado o fogo, o
incêndio.
calor deve ser transferido para outros combustíveis
Apesar do vento ser talvez o elemento de
a fim de que o incêndio possa avançar ou se
maior importância na forma e direção de
propagar. Essa transferência de calor é feita através
propagação dos incêndios, não se pode esquecer
de radiação, convecção e condução.
também da influência do material combustível e
Um incêndio florestal apresenta várias
topografia. Em terrenos com declividade acentuada
formas de propagação. O incêndio superficial
o fogo tende a se propagar montanha acima,
começa sempre através de um pequeno foco
tomando uma forma triangular.
(fósforo aceso, fagulhas, toco de cigarro, pequena
fogueira) e inicialmente se propaga de forma 5.5.1. Fatores que influem na Propagação do
circular. Algumas vezes o incêndio chega à floresta Fogo
já com grandes dimensões, quando proveniente de Topografia
uma queima em área agrícola nas proximidades da
floresta, por exemplo. Em um terreno inclinado (declive), o fogo
A propagação inicial do fogo, em forma avança mais rapidamente ladeira acima, porque o
circular, continuaria sempre assim se não ocorresse ar quente tende a subir, secando antes os
à influência de vários fatores que controlam e combustíveis situados acima (efeito da convecção
definem a forma e intensidade de propagação do do calor).
incêndio. O vento é o primeiro fator a manifestar Esta situação também condiciona o ataque
sua influência, transformando a forma de pelas equipes de extinção.
propagação inicial que era circular em uma forma Combustível Florestal
elíptica, desde que haja condições favoráveis,
também em material combustível. Daí em diante o Os combustíveis florestais, como já descrito
incêndio toma uma forma definida, compreendendo anteriormente são todos os materiais orgânicos
as seguintes partes: cabeça ou frente, flancos e base mortos ou vivos, no solo, acima do solo ou no ar,
ou parte posterior (Fig. 19). que podem inflamar e queimar. A quantidade e
16
características são muito importantes no tipo de Compactação entre as Partículas de um
comportamento do incêndio. Combustível
O combustível florestal é muito homogêneo
Influencia a propagação do incêndio, pois
do ponto de vista químico, pois é constituído
determina como o ar circulará internamente. Caso o
essencialmente por celulose. Algumas variáveis
ar não puder circular facilmente em volta das
químicas importantes são as quantidades relativas
partículas do combustível, este terá menos
dos seus extratos (essências sobretudo de éter) e
propensão a queimar.
resíduos de sílica (livre). As essências são
A camada de material morta que se encontra
libertadas na forma de gás muito cedo no processo
junto ao solo, forma estratos mais ou menos
da pirólise e são queimadas na zona em que se vê a
compactos e de diferentes espessuras, apresentando
chama. A sílica é um constituinte mineral inerte que
dificuldades de ignição. No entanto, é uma reserva
não exerce influência no fenômeno da pirólise. No
de combustível e, quando atingida por um incêndio,
entanto, outros minerais tal como o sódio, o
queima lentamente, tendo como consequência
potássio ou o fósforo, intervêm ativamente nos
grande produção de calor, sendo uma boa fonte de
fenômenos de pirólise e combustão.
combustível para a propagação do incêndio. São
Alguns combustíveis contém certos materiais
locais que merecem a atenção especial na fase de
voláteis, tais como óleo, cera e resina, que fazem
rescaldo, uma vez que podem dar origem a novos
com que a espécie esteja mais disponível para
focos de incêndio.
arder, tal como várias espécies de pinheiro, de
eucalipto e alguns arbustos. Condições Climáticas
No entanto, as diferenças estruturais de idade A umidade dos combustíveis mortos (ramos
e de composição específica da floresta determinam secos, árvores e arbustos mortos) está diretamente
diferenças físicas. A distribuição espacial da relacionada com a umidade do ar. Quanto maior a
vegetação (combustíveis) viva e morta altera a umidade do material vegetal, menor a facilidade que
combustibilidade do ponto de vista da evolução este tem de entrar em combustão; Se o ar é seco, a
energética e da propagação do incêndio. combustão é mais rápida, porque absorve o vapor
Distinguem-se aqui, pela sua influência nos de água libertado pelo combustível.
incêndios florestais: combustíveis que existem sobre A temperatura do ar está também relacionada
o solo e no subsolo; combustíveis que existem na com a sua umidade relativa. Temperaturas elevadas
superfície (superficiais); e combustíveis que tornam os combustíveis mais secos e suscetíveis a
existem no ar(aéreos). entrar em combustão.
Os combustíveis de solo constituem a O vento é o responsável pela oxigenação da
folhagem, vegetação em decomposição, pedaços de combustão e, consequentemente, intensifica a
madeira enterrados e raízes das árvores. Facilitam a queima. É também o responsável pelo arrastamento
passagem de incêndios que iniciam na superfície de fagulhas que poderão provocar focos de incêndio
para incêndios subterrâneos, que queimam a distâncias consideráveis e pela inclinação das
sobretudo raízes (turfa). chamas sobre outros combustíveis. Ou seja, o vento
Os combustíveis de superfície (estrato aumenta a velocidade de propagação porque
herbáceo e arbustivo) compreendem folhas, fornece oxigênio para a combustão, transporta o ar
pequenos arbustos, cascas, e pequenas árvores com aquecido, resseca os combustíveis e dispersa
uma altura menor que 1,20 m a 1,80 m acima do partículas em ignição.
solo florestal. São os responsáveis pelos incêndios
de superfície. Os combustíveis de superfície são 6. MANEJO DO FOGO E SEUS
muito heterogêneos pelas dimensões, distribuição e BENEFÍCIOS PARA A FLORESTA
teor de umidade. No entanto, estão presentes
O homem maneja o fogo há séculos na
porções notáveis de folhas, ervas e pequenos
agricultura e em algumas culturas, principalmente
arbustos que apresentam um elevado grau de
localizadas em áreas tropicais.
inflamabilidade, sobretudo nas estações mais frias e
Sendo os incêndios o maior risco de
áridas.
destruição e prejuízo em florestas, logo pensa-se no
Os combustíveis aéreos (estrato arbóreo) são
poder destrutivo e nos danos ocasionais de um
todos os elementos existentes na cobertura florestal
incêndio. Porém, sob certos aspectos e em
(árvores e arbustos) com mais de 1,20 m a 1,80 m
circunstâncias especiais, os incêndios podem
de altura acima do solo. Fazem parte ainda os
também representar alguns benefícios para a
troncos, ramos, frutos e folhas das árvores vivas,
floresta (SCHUMACHER et al., 2005).
troncos de plantas mortas em pé e as epífitas, como
Por definição, queima controlada é a
os fungos, líquens e outras plantas.
aplicação controlada do fogo em combustíveis,
tanto no estado natural como alterado sob
17
determinadas condições de clima, de umidade do queimada, a reação cessa e o incêndio é controlado
material combustível, de umidade do solo, entre e limitado por falta de combustível. A eficiência da
outros, de tal forma, que o mesmo seja confirmado técnica depende das variáveis que influem na
a uma área pré-determinada e produza a intensidade propagação do fogo, ou seja, da topografia, direção
de calor e a taxa de propagação para favorecer dos ventos, quantidade e qualidade do material
certos objetivos do manejo (SOARES e BATISTA, combustível. Essa técnica será melhor detalhada em
2007). um item posterior.
O uso do fogo deve ser feito sempre com Soares, em um trabalho, cita que foi
cuidado, de forma prudente e controlada, para que verificado na prática que o fogo se propaga em
não fuja do controle e não cause nenhum dano. Os direção ao plantio, porém, ao atingir a área que
principais benefícios que podem ser obtidos com o havia sido queimada, não existia material
uso do fogo bem dirigido e controlado, são de combustível para ser consumido e o fogo foi
descritos em seguida. facilmente detido.
Queimas controladas, por consumirem menos
6.2. CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS
combustível, de maneira mais completa, produzem
menores quantidades de compostos poluentes que A queima controlada pode ser utilizada para
os incêndios florestais, que queimam material mais erradicar culturas ou indivíduos contaminados com
úmido, inclusive vegetação viva. pragas ou doenças. O uso do método dependa de
A queima contra o vento, técnica mais usada muitos fatores, tais como a ecologia da espécie, da
em queimas controladas, produz menos poluentes agressividade da doença, número de indivíduos
do que o fogo a favor do vento. A fumaça originada contaminados, entre outros aspectos. O fogo
das queimas controladas pode causar problemas de elimina o foco da doença ou a população de insetos.
poluição do ar, embora muito menos graves que os Um exemplo da queima controlada para este
causados pelas indústrias. No entanto, aplicando-se fim, é nos plantios extremamente afetados pela
princípios básicos de meteorologia no manejo da vespa da madeira (Sirex noctilio), uma praga do
fumaça, pode-se usar cientificamente o fogo, para pinus, existente no Sul do Brasil. Em plantios
se alcançar determinados objetivos, sem poluir o diagnosticados com infestação maior que 70%,
ambiente. A queima deve ser feita quando existe deve-se fazer o aproveitamento industrial das
vento constante e sob condições atmosféricas que árvores não afetadas e os resíduos devem ser
permitam o movimento vertical do ar (atmosfera queimados no local do plantio (EMBRAPA
instável) para dispersar a fumaça. Não se deve FLORESTAS, 2006).
queimar durante períodos de ocorrência de
inversões térmicas a baixa altitude. À noite, por Figura 20. Sirex noctilio (Vespa da Madeira do
exemplo, o fogo geralmente produz mais fumaça e Pinus spp.)
ela permanece por mais tempo próxima à
superfície, devido à inversão de temperatura e ao
movimento do ar frio na direção dos declives.
6.1. PREVENÇÃO E COMBATE À
INCÊNDIOS
Uma das maneiras de diminuir o risco de
incêndio é por meio de queimas controladas. As
queimas são recomendadas em áreas com acúmulo
de material combustível, a fim de reduzir o risco de
iniciar e propagar um incêndio na floresta.
Como já mencionado, biomas muito
suscetíveis ao fogo, tal como o Cerrado brasileiro, Fonte: Embrapa Florestas (2006).
em certa época do ano são programadas queimas
Outro exemplo são o serrador da acácia-
para minimizar o risco de incêndios de maior
negra e muitos fungos combatidos com sucesso ao
dimensão e intensidade.
efetuar-se a queima dos galhos secos das plantas
Mesmo nas técnicas de combate ao fogo, um
afetadas.
foco intencional ou contra-fogo é usado para
impedir o avanço da frente de fogo e suprimi-lo. A 6.3. GERMINAÇÃO DE SEMENTES E
técnica está baseada no princípio de que uma vez REGENERAÇÃO DE ESPÉCIES.
consumida pelo fogo, a matéria orgânica, não O uso de queima controlada para controlar
passará por uma nova reação de combustão. No espécies indesejáveis é recomendada, desde que
momento em que a frente de fogo alcançar a área já estas sejam mais sensíveis ao fogo do que aquelas
18
que devem ser protegidas. Por exemplo, para atividade microbiana, favorecendo a nitrificação. O
controlar a regeneração do sub-bosque em fogo faz com que a ciclagem de nutrientes seja
povoamentos de pinus., onde não é viável o controle acelerada, deixando os nutrientes disponíveis em
cultural, ou químico a queima controlada é uma forma de cinzas, que pela incorporação da mesma,
alternativa viável (SOARES e BATISTA, 2007). além do fornecimento de nutrientes, contribui
Algumas espécies florestais precisam de também na eliminação da acidez do solo.
calor do fogo para o aumento do seu poder
germinativo. Um exemplo disto é a bracatinga
7. EFEITOS NEGATIVOS DO FOGO
(Mimosa scrabella). Esta necessita que suas NA FLORESTA
sementes passem por um fogo, para que a O fogo é uma fonte de inúmeros danos à vida
dormência das mesmas possa ser quebrada. Após a num ambiente florestal. Estes não limitam-se
passagem por um fogo em um bracatingal, chegam apenas às árvores e outras vegetais, mas também
a germinar dois milhões de mudas por hectare. A afetam a fauna e demais formas de vida que
serrapilheira da floresta impede que a semente dependem daquele meio, além de interferir na
tenha condições de umidade e luminosidade para dinâmica dos demais recursos naturais existentes na
germinar. Também os ecossistemas de Cerrado floresta, como água, ar , solo, etc.
dependem do fogo para sua sustentabilidade (LPF, Conforme SCHUMACHER et al. (2005), os
2010). danos causados por incêndios podem ser
6.4. LIMPEZA E PREPARO DE classificados conforme segue.
TERRENOS 7.1. DANOS AO SOLO
Fogo rápido ou leve pode ser usado para o Para o solo, o fogo influencia negativamente
controle de capim, grama, ervas daninhas, etc, principalmente suas características físicas. A
trazendo benefícios imediatos pela eliminação de remoção da cobertura orgânica do solo, expondo-o
espécies competidoras com a cultura objetivo. O diretamente às intempéries, provoca grandes
fogo bem controlado pode ser tecnicamente modificações em suas estrutura, alterando a
aplicável, tendo um baixo custo no processo de porosidade e permeabilidade da água.
limpeza de terreno, em práticas silviculturais e de Os solos argilosos tornam-se duros,
agricultura. Ele custa 10% do valor de qualquer dificultando a penetração da água, que escorre
outro tratamento para o preparo do solo para sobre a superfície, em forma de enxurrada,
plantios sendo também, uma das poucas provocando a erosão e a degradação deste valioso
alternativas para terrenos acidentados (LPF, 2010). recurso. Os solos arenosos tornam-se extremamente
friáveis, perdem o poder de retenção de água e são
Figura 21. Queima de Resíduos para Limpeza e facilmente erosionáveis pela água das chuvas e até
Preparo do Terreno mesmo, sob certas condições, pelo vento.
Os danos também se estendem à química e a
microbiologia do solo, uma vez que boa parte dos
nutrientes contidos nos restos vegetais é volatilizada
pelo fogo, que também destrói grande parte dos
organismos.
Além disso, o fogo também tem um série de
efeitos sobre as propriedades da água do solo. Isso
depende de fatos como a intensidade da queimada,
tipo de solo , topografia, clima etc. A vegetação, e a
camada de húmus e matéria orgânica, absorve
impactos de chuvas, reduzindo o transporte de
matéria do solo pela água e erosão, o que torna esta
Fonte: Corpo de Bombeiros/MT (2010). camada de extrema importância para a estabilidade
do solo.
6.5. MELHORIA DOS ATRIBUTOS DO
Por isso a utilização do fogo deve ser
SOLO
conduzida com cuidado, principalmente em
Em alguns casos a queima controlada pode encostas íngremes, visando principalmente uma
melhorar as condições físicas do solo. Ao diminuir exposição mínima do solo mineral, pois queimadas
o volume de matéria orgânica com pouca atividade intensas aumentam a erosão e enxurradas , já as
de decomposição, que está depositada no piso queimadas de intensidade baixas , as quais deixam
florestal, proporcionado melhor aeração e um pouco de detritos e grande porção de húmus,
aquecimento do solo, o qual estimula também a quase não tem efeitos com relação a enxurradas e
19
erosão. Normalmente a principal causa da erosão bonito aspecto paisagístico e um incêndio tornará
de massa e a eliminação da estabilidade providas este aspecto sombrio e desolador. A floresta perde
por vários tipos de raízes. então o seu aspecto recreativo.
Os danos mais severos são de acordo com a
7.4. FAUNA SILVESTRE
intensidade e frequência dos incêndios. Se o
incêndio ocorre repetidamente em determinada área, A floresta é abrigo natural dos animais, tanto
mesmo não sendo muito intenso, ele não permitirá o no solo quanto na parte aérea. Os efeitos sobre a
acúmulo de matéria orgânica, expondo, portanto, o fauna com a ocorrência de incêndio são diferentes
solo permanentemente a ação dos agentes dependendo do local, porte do animal e hábito de
causadores de erosão. vida, podendo os efeitos ser de forma direta ou
indireta. Os efeitos diretos são ferimentos,
7.2. CAPACIDADE PRODUTIVA DA
intoxicação, queimaduras e morte. Já os indiretos,
FLORESTA
relacionam-se à falta de alimentos e água,
O fogo interfere tanto na qualidade quanto na destruição de abrigos e poluição do ar.
quantidade da produção madeireira das florestas. A A fauna do solo e extremamente variada e
capacidade produtiva da floresta pode ser afetada importante para o mesmo que depende também de
de três maneiras. Tipo florestal, densidade da substâncias como os detritos e umidade para se
floresta e rendimento sustentado da floresta manter. O fogo diminui o suplemento alimentar na
superfície, a umidade diminui e o pH aumenta. Isso
7.2.1. Tipo Florestal
causa a redução de muitos organismos, sendo
O fogo pode mudar completamente a necessários alguns anos para que o equilíbrio
fisionomia da floresta, causando geralmente o populacional possa ser restabelecido.
enfraquecimento da mesma. De maneira geral, o A sobrevivência de pequenos mamíferos
fogo, favorece a vegetação herbácea e as matas depende de vários fatores tais como : uniformidade ,
secundárias. intensidade, tamanho e duração do fogo tanto
quanto a mobilidade, posição do animal relativa ao
7.2.2. Densidade da Floresta
fogo, entre outros. Visto que muitos animais
Redução da densidade da floresta, sendo que pequenos como os roedores, vivem em buracos
a maioria dos incêndios não chega a destruir todo o abaixo da superfície, estando isolados e protegidos
povoamento, porém provocam um raleamento da da ação das chamas (mesmo assim alguns ainda
floresta, prejudicando a produção qualitativa e podem morrer sufocados).
quantitativa da mesma. Algumas espécies, entre elas pequenos
7.2.3. Rendimento Sustentado da Floresta ou mamíferos, tem sua população reduzida por alguns
“Princípio da Persistência” anos, após uma queimada, pois não resistem às
mudanças drásticas provocadas pela ação do fogo.
Alteração do princípio da sustentabilidade, Porém, existem pequenos mamíferos que após as
por forçar o corte de árvores ainda imaturas, queimadas adaptam-se perfeitamente às condições
diminuindo o rendimento da floresta. Princípio da do habitat, podendo inclusive ocorrer um aumento
sustentabilidade é o termo utilizado para definir um da população. O mesmo observa-se com esquilos,
rendimento anual sustentado em longo prazo. Para onde algumas espécies podem desaparecer logo
melhor evidenciar o fato, citamos o caso de uma após as queimadas, enquanto outras, podem
empresa madeireira com auto-suficiência em aumentar sua densidade populacional.
matéria-prima. Pelo planejamento feito, estima-se a Com relação aos pássaros, os efeitos de uma
quantidade de madeira necessária anualmente para queimada dependem acima de tudo da estação do
o suprimento da empresa, sendo que a ocorrência de ano e da intensidade do fogo. Durante uma
um incêndio altera todo o cronograma, por forçar o queimada relativamente leve em uma época inativa
corte de áreas que ainda não estejam em condições do ano, o aumento de fonte de comida causada pela
ideais (imaturas), para que não acorra perda de queima pode ser benéfica para muitos pássaros.
madeiras, podendo causar falta de madeira em anos Estudos foram realizados considerando espécie,
futuros. zonas, alimento dentre outros aspectos, sendo
7.3. ASPECTO RECREATIVO DA observado que de uma espécie de pássaro para
FLORESTA E DA PAISAGEM outra, ocorrem situações particulares após uma
queima.
Em muitos países, as florestas são utilizadas Um grande numero de espécies após as
como um local de recreação, onde as populações queimadas aumenta sua população, sendo que
urbanas vão passar os finais-de-semana ou outras, espécies podem sumir de áreas queimadas
feriados, fugindo da vida agitada das cidades. As por vários anos até que estas estejam novamente
florestas usadas para esta finalidade apresentam um
20
restabelecidas com suprimentos necessários para instalarão e se multiplicarão, causando grande
estes pássaros. destruição à madeira remanescente do incêndio. Por
Outro aspecto é quanto a época do incêndio. esta razão, sempre que ocorrer um incêndio de
Geralmente, incêndios ocorridos na primavera são grandes proporções deve-se ficar alerta a fim de
particularmente mais danosos pela destruição de evitar a propagação de insetos e pragas que por
ninhos e animais jovens (Fig. 22). Outras grandes ventura venham a se instalar após o fogo.
vítimas são os predadores de topo de cadeia e
animais territoriais. Os danos diretos ocorrem Figura 23. Danos ao Câmbio da Árvore, após
através da morte de animais que não conseguem sucessivos Incêndios
escapar do fogo. A adaptação de espécies envolve
aumento do tamanho, aumento da capacidade de
colonização e da reprodução/colonização de áreas
novas.

Figura 22. Animais fugindo de Incêndio,


abrigando-se em um Curso D'Água

Fonte: Schumacher et al. (2005).

7.6. CARÁTER PROTETOR DA


FLORESTA
A floresta constitui um agente protetor de
Fonte: Ruifms weblog (2009). grande importância. Ao ser destruída ou danificada
pelo fogo, fatalmente esta capacidade protetora será
7.5. VEGETAÇÃO prejudicada, com maior ou menor intensidade,
Conforme as informação do Laboratório de dependendo da severidade e frequência dos
Incêndios Florestais da Universidade Federal do incêndios.
Paraná (UFPR), os danos à vegetação são os mais A floresta se constitui num importante agente
visíveis e que mais chamam a atenção após a protetor do ambiente prevenindo deslizamentos,
ocorrência de um incêndio. Variam bastante, avalanches, inundações, erosão e invasão de dunas.
dependendo da intensidade e tempo de duração do É notória também a ação da floresta como
fogo, da espécie florestal e da idade da árvore. reguladora do regime hidrológico. O solo florestal,
Geralmente, mudas e plantas de pequeno porte protegido pelas copas das árvores contra o impacto
sofrem danos letais na maioria dos casos. direto da chuva, coberto de húmus e serrapilheira,
A morte das árvores geralmente é provocada funciona como uma esponja natural, porosa,
pelo aquecimento do câmbio acima da temperatura absorvendo e facilitando a infiltração da água da
letal e por este motivo, árvores mais velhas, por chuva. O fogo intenso, principalmente quando
possuírem casca mais espessa, dando maior destrói a copa das árvores e expõe o solo mineral
proteção ao câmbio são mais resistentes (Fig. 23). através da queima da serrapilheira e do húmus,
A destruição total das árvores pelo fogo não é modifica toda a situação, expondo a área a vários
muito frequente, a não ser em incêndios de extrema distúrbios ambientais.
intensidade. Geralmente as árvores de médio e 7.7. QUALIDADE DO AR
grande porte ainda podem ser parcial ou totalmente
aproveitadas após um incêndio. O CONAMA - Conselho Nacional do Meio
Florestas de árvores altas e adultas podem Ambiente, Resolução n° 03/90 considera poluente
ser completamente destruídas em caso de como qualquer substância presente no ar que, pela
ocorrência de um incêndio de copas, mesmo estas sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo
sendo resistentes à ação do fogo. ou ofensivo à saúde, causando inconveniente ao
O fogo, quando não causa a morte das bem-estar público, danos aos materiais, à fauna e à
árvores, provoca a debilidade das mesmas, pelas flora, ou seja, prejudicial à segurança, ao uso e
cicatrizes que deixa. Em ambos os casos favorecem gozo da propriedade e às atividades normais da
o ataque de insetos e pragas que, encontrando as comunidade.
árvores sem capacidade de reação, facilmente se Dentre os poluentes naturais, estão partículas
21
e gases gerados nos incêndios florestais. incêndio florestal foi em Wisconsin, E.U.A., em
A combustão completa do combustível 1871, quando 1.500 pessoas foram mortas pelo
florestal libera calor, água (vapor) e dióxido de fogo.
carbono, os quais não são considerados poluentes A Figura 24 mostra uma família deixando a
pois são produzidos livremente através da sua casa devido a um incêndio florestal de grandes
decomposição natural de substâncias orgânicas, e proporções.
também não é considerado, pelo menos até o
momento, um elemento poluidor da atmosfera. Figura 24. Danos a vida humana
Porém, quando a reação de combustão não é
completa, além da água e do dióxido de carbono,
vários outros elementos são lançados na atmosfera,
como por exemplo, monóxido de carbono,
hidrocarbonos e partículas.
Pequenas quantidades de óxido de nitrogênio
são também liberadas em alguns incêndios de maior
intensidade. Entretanto, nos incêndios florestais não
há produção de óxidos de enxofre, altamente
poluidores, porque o conteúdo de enxofre na
madeira é insignificante.
As partículas são a maior causa da redução
da visibilidade, às vezes em áreas críticas como
aeroportos, rodovias e cidades, além de servirem de
superfície de absorção de gases nocivos que podem
estar presentes na atmosfera. Fonte: Anjos e guerreiros (2009).
O monóxido de carbono (CO), é o mais 7.9. DANOS ECONÔMICOS
abundante dos poluentes produzidos pelos incêndios
florestais. Além dos danos diretos provocados às
Os hidrocarbonos compreendem uma classe florestas pela destruição da madeira, os incêndios
extremamente diversificada de compostos contendo podem também causar danos a outras propriedades
hidrogênio, carbono e, algumas vezes, oxigênio. A tais como: casas construções, veículos,
maioria dos compostos desta classe não são implementos, e consequentemente prejuízos
nocivos, por outro lado, alguns hidrocarbonos, econômicos.
como por exemplo, os de baixo peso molecular DIAZ et al. (2002) calcularam os custos
(olefinas) e os aromáticos polinucleares, mesmo econômicos de incêndios florestais na Amazônia e
presentes em pequenas quantidades, são chegaram aos resultados das perdas. Pastagem e
responsáveis pelo fenômeno da névoa seca e danos cercas variam entre 12 e 97 milhões de dólares por
à saúde humana. Apesar disto, um incêndio ano na Amazônia, enquanto as perdas de madeira
florestal produz entre 5 a 20 kg por tonelada de variam entre 1 e 13 milhões. Estas perdas no nível
combustível consumido, valores baixos quando da propriedade significam 0,1 e 0,2% do Produto
omparados aos 65 kg produzidos por tonelada de Interno Bruto (PIB) da Amazônia, e 0,2 a 1,6% do
gasolina queimada. PIB da produção agropecuária da região. As perdas
sociais foram maiores. O principal custo econômico
7.8. DANOS A VIDA HUMANA provocado pelo fogo na Amazônia é a liberação de
Os incêndios florestais de grande intensidade carbono proveniente dos incêndios florestais, cujo
e proporção, além de destruírem florestas e outros valor varia de 10 milhões de dólares a 9 bilhões de
bens materiais, algumas vezes provocam ferimentos dólares. Doenças respiratórias provocam perdas de
e até mesmo mortes de pessoas envolvidas ou não 1 a 11 milhões de dólares por ano, causando de
no combate. 4.000 a 13.000 internações registradas. Na média,
No Brasil, em 1963, 73 pessoas morreram e as perdas anuais pelo fogo somam 107 milhões de
mais de 1.000 ficaram feridas em consequência de dólares a 5 bilhões de dólares, ou seja, entre 0,2 e
um grande incêndio ocorrido, no Estado do Paraná. 9,3 % do PIB da Amazônia, ou entre 2 e 79% do
O incêndio do Parque do Rio Doce, em Minas PIB agropecuário da região.
Gerais, em 1967 matou 12 pessoas, e em 1988, 8. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS
incêndios em quatro Estados (Minas Gerais, São
FLORESTAIS
Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul) mataram oito
pessoas. A prevenção a incêndios florestais
A maior catástrofe provocada por um compreende em um conjunto de atividades que
22
procuram reduzir a probabilidade do incêndio sobre os prejuízos causados pelo fogo, sobre o risco
iniciar e limitar sua propagação (SOARES, 2007). de uma queima indesejada, e sobre as formas
A proteção de uma formação vegetal, começa utilizadas na prevenção de incêndios.
com os trabalhos de prevenção. A melhor maneira
de se combater um fogo é prevenindo-o. Sendo um Figura 25. Campanha da Defesa Civil para
trabalho em operação, ação e manutenção, uma vez Prevenção de Incêndios Florestais.
que é considerado como o mais importante no
tocante a incêndios florestais.
A prevenção dos incêndios por causas
humanas, é realizada através da educação da
população, da aplicação de legislação efetiva e de
outras medidas. Quando o incêndio já está
ocorrendo, procura-se utilizar técnicas adequadas,
principalmente, para manejar o material
combustível e impedir ou dificultar através de
aceiros, a sua propagação.
8.1. EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DE
INCÊNDIOS FLORESTAIS
A educação da comunidade e funcionários de
empresas florestais é considerada o método mais
eficaz de prevenção a incêndios florestais, porém,
com resultados a longo prazo.
Deve ser aplicada a todos os grupos de idade
Fonte: Defesa Civil (2010).
da população, tanto em zonas urbanas como nas
rurais. Para a prevenção de incêndios é necessário Figura 26. Símbolo da Campanha PREVFOGO
preparar o melhor método ou combinação de do IBAMA.
métodos. Para iniciar um programa para educação
da população, devem ser conhecidas de forma
detalhada, as causas dos incêndios na região
(Figuras 25 e 26).
Os instrumentos para organizar uma
campanha de educação pública são por meio da
imprensa, rádio, anúncios, filmes, cartilhas e
contatos pessoais.
Um detalhe importante, é a conscientização
das novas gerações, que futuramente irão influir
nos fatores que originam incêndios. Esta
conscientização deve ser feita através de campanhas
educacionais, devendo variar de acordo com a
região e os problemas que os incêndios representam
em cada local.
Outra oportunidade de conscientização são
as festas comemorativas (semana da árvore, Fonte: IBAMA (2009).

semana do meio ambiente, etc.), exposições Nas áreas de plantio e industrial de empresas
agropecuárias e outras para implementar as de base florestal, é importante que os funcionários
campanhas educativas de prevenção a incêndios. sejam orientados sobre algumas práticas, como não
Além disso, podem ser utilizadas placas de alerta fumar dentro dos plantios e demais dependências da
com anúncios como: “O fogo apaga a vida”, empresa, assim como não acender fogueira, para o
“Conserve a natureza”e outros, ao longo de cozimento de alimentos (Fig. 27). Além disso,
estradas que cortam áreas florestais, representando quando bem conscientizados, os próprios
uma conscientização permanente sobre os riscos funcionários podem ajudar na educação das
dos incêndios florestais. comunidades locais com informações e orientação.
Outro método de prevenção é o contato
pessoal, que pode ser feito com reuniões ou em
contato com os proprietários, vizinhos e
confrontantes em áreas florestais, alertando a todos
23
Figura 27. Símbolos para Restrição da Área lei de crimes ambientais - Lei no 9605, de 12 de
para Fumantes, Fogueiras e Fogos fevereiro de 1998. A lei estabelece punição mais
severas a quem provocar incêndios em mata ou
floresta.
Artigo 42 da lei no 9605 estabelece pena de
detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as
penas cumulativamente para quem fabricar, vender,
transportar ou soltar balões que possam provocar
Fonte: Câmara Municipal de Monchique (2010).
incêndios nas florestas e demais formas de
vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
8.2. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO assentamento humano.
As leis, regulamentos e normas relacionadas A aplicação da legislação, principalmente
a incêndios e queimas controladas também nos casos de processo judicial, nem sempre é fácil.
constituem uma forma de prevenir incêndios, por Em primeiro lugar, é necessário descobrir a causa
meios de controle e legalização das ações de do incêndio. Em seguida, deve-se estabelecer a
queimas controladas e na penalização de identidade da pessoa responsável pelo fogo.
responsáveis por provocar incêndios florestais. Finalmente, é necessário provar legalmente o
No Brasil umas das legislações que trata envolvimento da pessoa no incêndio (FIRELAB,
deste assunto é o Código Florestal brasileiro de 2010).
1965, o qual em quatro artigos orienta sobre A regulamentação é uma norma local, ou
prevenção, combate, punição por práticas de risco seja é, formulada para uma área, coma a intenção
de ocorrer e ainda da prática de queima controlada, de reduzir o risco naquele local específico, Por
sendo eles: exemplo, um Parque Estadual pode estabelecer
Artigo 11 - O emprego de produtos florestais regras para fechar a floresta, ou os setores mais
ou hulha como combustível obriga o uso de suscetíveis aos incêndios, à visitação pública, em
dispositivo que impeça a difusão de fagulhas épocas críticas. Outras medidas , poderiam ser a
suscetíveis de provocar incêndios nas florestas e proibição ou restrição de fumar em determinadas
demais formas de vegetação. épocas de grande perigo; o uso obrigatório de
Artigo 25 - Quando os incêndios rurais não ferramentas como pás, machados e foices por parte
podem ser extintos com os recursos ordinários de pessoas que acampam na floresta; a proibição de
compete não só ao funcionário florestal como a pesca em certas áreas durante a estação de
qualquer outra autoridade pública, requisitar os incêndios, entre outros.
meios materiais e convocar os homens em 8.3. PREVENÇÃO PARA PROPAGAÇÃO
condições de prestar auxílio.
Artigo 26 - Constituem as contravenções 8.3.1. Construção e Manutenção de Obras de
penais, puníveis com três meses a um ano de prisão Infra-estrutura
simples ou multa de um a cem vezes o salário Aceiros
mínimo mensal, ou ambas as penas
cumulativamente: Denominam-se de aceiros as barreiras ou
e) fazer fogo em florestas e demais formas de obstáculos (geralmente erradicação de toda a
vegetação, sem tomar as precauções adequadas; vegetação) construídos com a finalidade de deter a
f) fabricar, vender, transportar ou soltar propagação de incêndios. Muitas vezes constroem-
balões que possam provocar incêndios nas florestas se aceiros somente quando o incêndio está se
e demais formas de vegetação; desenvolvendo, como medida de combate. É porém,
l) empregar, como combustíveis, produtos muito mais eficiente e vantajoso construir uma rede
florestais ou hulha sem uso de dispositivos que de aceiros como medida de prevenção, isto é,
impeçam a difusão de fagulhas, suscetíveis de independentemente ou antes mesmo de qualquer
provocar incêndios nas florestas. ocorrência de incêndios.
Artigo 27 - É proibido o uso de fogo nas A construção de aceiros ao longo das divisas
florestas e demais formas de vegetação. de uma propriedade florestal (quando se trata de
Parágrafo único - Se peculiaridades locais ou divisas secas ou de pequenos cursos d’água) é de
regionais justificarem o emprego do fogo em importância fundamental para evitar que incêndios
práticas agropastoris ou florestais. A permissão vindos de fora causem danos às florestas que estão
será estabelecida em ato do poder público sendo protegidas, principalmente se as terras
circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de limítrofes forem áreas agrícolas ou pastagens (Fig.
precaução. 28). Se a propriedade florestal for de grande porte e
A outra lei que trata de fogo em florestas é a existirem áreas florestais nativas (geralmente de
24
difícil acesso) que se quer preservar, é de grande Figura 29. Aceiro e Acesso para a Propriedade
importância a construção de aceiros em pontos
estratégicos dentro desta propriedade.
A largura dos aceiros depende das condições
do local (grau de perigo que apresenta, tipo de
vegetação, etc.), mas não deve nunca ser inferior a
10 metros de largura, e em casos especiais , em
locais extremamente perigosos, pode chegar a 80
metros ou mais. De um modo geral, a largura mais
usada para aceiros é de 20 metros. Quanto à sua
construção, os aceiros podem ser de dois tipos:
aceiros de construção empíricas e aceiros de
construção mais aprimorada.

- Aceiros de construção empírica


Fonte: Escola Superior Agrária de Castelo Branco (2010).
Retira-se apenas a vegetação, não
permitindo, portanto, o tráfego de veículos. Aceiros Divisórias e contornos
móveis também são considerados construções
Soares, em seu trabalho sobre técnicas de
empíricas, sendo estes definidos como faixas livres
prevenção de incêndios florestais, definiu divisórias
de vegetação e por um determinado tempo. A
como faixas limpas (desprovidas de vegetação),
construção deste aceiro constitui de um corte raso
geralmente transitáveis, que dividem um talhão de
de uma faixa da floresta e em seguida é feito o novo
outro. Já contornos são faixas desprovidas de
plantio ou condução da rebrota (dependendo da
vegetação, transitáveis ou não, que delimitam o
espécie), de maneira que a as novas plantas
talhão (floresta plantada) da vegetação nativa (Fig.
funcionem como barreira contra o fogo. Quando as
30).
árvores da faixa atingirem um porte que não
Ao planejar um plantio florestal de uma área,
ofereçam proteção ao aceiro, é feito o corte raso de
devemos delimitar os talhões, fazendo
uma faixa ao lado da primeira e assim
simultaneamente a marcação das divisórias e
sucessivamente. Os aceiros móveis são uma boa
contornos. Estes devem ter de 10 a 20 m.,
alternativa em pequenas propriedades rurais por
dependendo dos talhões limítrofes e do grau de
permitir se produzir enquanto protege a área.
perigo que o local apresenta. Por exemplo, entre
dois talhões de pinus a divisória deverá ser maior
- Aceiros de construção mais aprimorada
do que entre dois talhões de eucalipto.
Faz-se uma terraplanagem com o auxílio de
Os contornos podem ser um pouco mais
tratores ou motoniveladoras, a fim de possibilitar o
estreitos do que as divisórias, mas não devem ter
tráfego normal de veículos, sendo mais vantajosos,
menos de oito metros de largura. A construção de
por servirem também como estradas para o
contornos é importante no caso de o fogo se
escoamento da produção florestal, para
propagar da vegetação nativa para o talhão. No
monitoramento da área, além de facilitar o acesso
entanto, são construções onerosas, que muitas vezes
no caso de combate (Fig. 29). Porém, este tipo de
são compensada na colheita florestal, para baldeio
aceiro tem um custo inicial maior comparado ao
da madeira. Em áreas de acentuado declive, é
aceiro empírico, entretanto, a longo prazo, este
impraticável a construção contorno, neste caso
custo inicial será amortizado e compensado com a
deve-se apenas retirar uma faixa de vegetação e
vantagem da utilização como estrada.
mantê-la limpa (SOARES).
As divisórias são obras para evitar e conter a
Figura 28. Aceiros construídos a partir de
Cercas ou Divisas da Propriedade propagação do fogo dentro do plantio. Esta depende
da divisão dos talhões para em seguida ser
construída e também podem ser úteis nas operações
de colheita florestais (SOARES).

Fonte: EMBRAPA (2000).

25
Figura 30. Divisórias e Contornos do Plantio as secundárias localizadas em áreas florestais,
Florestal também devem ser conservadas limpas,
especialmente na época de maior risco de incêndio.
Isto fará com que as estradas funcionem com
aceiros, dificultando a propagação do fogo e
facilitando o combate, além de diminuir a
ocorrência de incêndios nas margens das estradas.
Novamente a largura da faixa varia com as
condições locais, mas geralmente deve ser de três a
cinco metros de largura em cada margem da
estrada.
É importante salientar, que, a limpeza refere-
se ao corte e remoção da vegetação da faixa, pois
pouco adianta a eliminação da vegetação, se deixar
os resíduos secarem no local, constituindo um
Fonte: FENATRACOOP (2010). combustível potencial e portanto, oferecendo novos
riscos.
Cortinas de segurança
Cortina de segurança é o plantio de algumas 8.3.2. Construção e Manutenção de Fontes de
linhas de espécies de menor inflamabilidade ou com Água
resistência ao avanço do fogo, comparada a espécie Lagos (Fig. 31) e pequenas barragens dentro
do talhão, afim de prevenir ou diminuir a da propriedade florestal trazem grandes benefícios
propagação dos incêndios florestais, principalmente para prevenção e controle de incêndios florestais.
em grandes extensões de plantio com espécies Estes oferecem duas vantagens imediatas à
altamente combustíveis,como coníferas resinosas proteção florestal: fácil captação de água no caso
(ex. Pinus) (SOARES). de combate a incêndios e aumento da superfície de
A largura da cortina varia com as condições evaporação de água dentro da área florestal. Isto
locais. Em margens de aceiros bem construídos, promove a alteração do microclima local, através
apenas algumas linhas são necessárias para da elevação da umidade relativa do ar, sendo que a
proteger. Já em locais de maior perigo, pode-se velocidade de propagação de incêndios é
planejar o plantio de uma série sucessiva de talhões inversamente proporcional à umidade relativa do ar.
para funcionar como cortina. Mas, de maneira Apesar destes benefícios, o custo da
geral, é indicado cortinas de 50 a 100 metros de construção de lagos e principalmente barragens é
largura (SOARES). alto, inviabilizando para muitos investidores
florestais, a construção de uma rede de lagos numa
Manutenção de aceiros, divisórias e contornos
área.
De nada adianta a construção de aceiros, Entretanto, há alternativa menos onerosas,
divisórias e contornos, se não forem feitas limpezas tais como barragens feitas de terra, que podem se
periódicas nestes locais para eliminação de transformar em depósitos de água apreciáveis e
vegetação, potencial combustível para propagação muito eficientes. Além da proteção, os lagos
do fogo. Esta vegetação é constituída oferecem vantagens como por exemplo,
principalmente de gramíneas. paisagísticos, recreativos ou até mesmo, o
De um modo geral, recomenda-se uma desenvolvimento de outra atividade econômica,
limpeza no início da época propicia a incêndios. No como a piscicultura.
Sul do Brasil, esta época é no início do inverno,
estação mais seca. Nas demais regiões devem ser
feitas limpezas no início da estação das secas. Em
regiões com épocas de risco não definidas, devem
ser feitas duas limpezas anuais.
As limpezas podem ser realizadas de forma
mecânica,dependendo dos recursos financeiros e da
topografia do local. Para esta forma de limpeza são
usados tratores com arados, motoniveladoras e
roçadeiras. Também podem ser feitas de forma
manual usando foices e enxadas por exemplo, ou
ainda com aplicação de herbicidas.
As margens de estradas principais e mesmo
26
Figura 31. Lago artificial floresta, incorporando-o ao solo, diminuindo o risco
de incêndio.

Figura 32. Redução de Material Combustível por


Queima Controlada dentro do Plantio

Fonte: WWF (2010).

8.3.3. Redução de Material Combustível


Quando a quantidade de material
combustível em uma área é reduzida, o risco de
ocorrência de um incêndio é menor. Caso este
venha a ocorrer, será de menor proporção,
facilitando a ação de combate. Porém a retirada de Fonte: Portal Amazônia.
todo o material combustível da floresta (folhas,
galhos e pedaços de casca secos, gramíneas, etc) é Figura 33. Redução de material combustível por
uma tarefa economicamente impossível. Por este gradagem do solo.
motivo, recomenda-se esta operação somente para
espécies muito suscetíveis ao fogo e em locais de
maior perigo, das seguintes maneiras:
i. locais de grande movimentação, como
estradas por exemplo;
ii. retirar o material das bordaduras dos
talhões – três a cinco metros do interior do talhão –
e queimá-los na estrada; ou ainda
iii. empurrar o material para o interior do
talhão, o que por um lado não é correto , pois no
caso de um incêndio, dificultaria o combate.
Em plantios de espécies mais resistentes ao
calor, uma opção seria usar o fogo controlado,
assim eliminar o material combustível depositado Fonte: Verde Mafra (2010).
no interior de todo o talhão (Fig. 32). A
desvantagem deste método, é sem dúvida, a redução Queimas controladas ou prescritas
da capacidade produtiva do local, visto que a Em algumas propriedades florestais existem
repetição constante da prática do fogo causará certas áreas de vegetação herbácea (especialmente
danos ao solo. gramíneas) que durante o inverno se tornam secas,
Nas queimas propositais, deve-se tomar representando um perigo iminente de incêndio,
todas as precauções necessárias para não deixar o ameaçando as florestas localizadas nas
fogo escapar do controle. Deve-se observar proximidades.
cuidadosamente as condições atmosféricas Uma das melhores maneiras de se reduzir o
principalmente o vento, delimitar criteriosamente a perigo de incêndios em tais áreas, é efetuar a
área a ser queimada e nunca colocar fogo nas horas queima controlada que apresentam perigo. As áreas
mais quentes do dia. E mais importante ainda, não mais perigosas são geralmente ao longo das divisas
usar fogo em plantios de espécies sensíveis ao fogo. e estradas de ferro (Fig. 34).
Em plantios de espaçamento mais largo ou A definição desta prática é a aplicação
após a realização do primeiro desbaste , se as controlada de fogo na vegetação natural ou
condições permitirem, a redução do material plantada sob determinadas condições ambientais
combustível pode ser feita através de um método que permitam ao fogo manter-se confinado em uma
mecanizado (trator e grade pesada) (Fig. 33). A determinada área e ao mesmo tempo produzir uma
gradagem tritura o material depositado no piso da intensidade de calor e velocidade de espalhamento
27
desejáveis aos objetivos de manejo. solo, não sendo portanto indicadas. Pelo contrário,
O uso do fogo controlado na redução do queimas muito espaçadas farão com que se acumule
material combustível poderá ser feito tanto dentro muito material combustível, aumentando, assim, o
como também fora da floresta. Este método tem a risco de ocorrência de incêndios involuntários.
vantagem de ser mais barato e ser mais eficiente - Técnicas de queima controlada
que outros na redução do material. i. Queima contra o vento (Fig. 35)
• Deve-se iniciar o fogo numa extremidade
Figura 34. Incêndio na Margem de uma Estrada do terreno;
• queimar ladeira abaixo ou contra o vento;
• a queimada em faixas contra o vento é uma
maneira fácil e segura de se limpar terrenos,
porém é importante observar bem a
estabilidade e direção do vento.

Figura 35. Método de Queima Progressiva


contra o Vento

Fonte:De olho no tempo (2010).

Condições para realização de queima


- Estação do ano
É tecnicamente recomendada a realização da
queima controlada no período do outono ou Fonte: IBAMA (2001).
inverno, uma vez que os tecidos dos vegetais
encontram-se em estado de dormência nesta época. ii. Método de queima progressiva contra o
Caso haja a necessidade de maior intensidade de vento (Fig. 36)
fogo, a queima poderá ser realizada no verão, • Coloca-se fogo a favor do vento, a partir da
porém, neste caso os cuidados a serem tomados base do aceiro;
para evitar a perda de controle do fogo devem ser • queimada em faixas horizontais: coloca-se
maiores, em virtude da temperatura do ar ser mais fogo contra o vento, a partir da base do
alta e possivelmente a umidade do ar e do material aceiro e, em seguida, a favor do vento;
combustível ser menor. A realização de queima • queimadas em faixas verticais: o fogo é
controlada na primavera é desaconselhada em ateado contra o vento, a partir do aceiro-
virtude da intensa atividade vegetativa em que se base. Depois inicia-se o fogo a favor do
encontram os vegetais neste período, quando a vento, lado a lado com a inclinação do
passagem do fogo poderia causar danos terreno.
irreversíveis.
- Hora do dia Figura 36. Método de Queima em Faixas a favor
A hora do dia em que é realizada a queima do Vento
também influencia no sucesso da tarefa. Queimas
realizadas durante o período diúrno são mais
eficientes em virtude das melhores condições de
queima do material combustível, influenciada pela
maior temperatura e menor umidade do ar, porém é
claro que serão necessitados maiores cuidados em
relação ao controle do fogo. A realização de queima
noturna somente é recomendada em casos de
florestas mais jovens, pelo fato de o volume de
danos ser menor.
- Intervalo entre queimas
O intervalo entre queimas sucessivas deve ser
estudado para cada caso. Porém, de maneira geral, Fonte: IBAMA (2001).
pode-se garantir que queimas anuais degradam o
28
iii. Queima em “v” (Fig. 37) queimada básica. Iniciar o fogo numa
• Indicado para áreas montanhosas (de cima extremidade do terreno, de modo que queime
para baixo), de um único ponto, com ladeira abaixo ou contra o vento;
propagação radial de linhas de fogo. • queimada em vegetação dispersa: começar
• queimadas em cunho a favor do vento: com o fogo contra o vento, lentamente,
coloca-se fogo, ao mesmo tempo, em vários sempre partindo da base do aceiro.
pontos da borda do terreno, sempre a partir
8.4. PLANOS DE PROTEÇÃO PARA
do aceiro-base;
INCÊNDIOS
• esta prática é recomendada somente para
vegetação leve. Planos de proteção para incêndios florestais
são um conjunto de medidas recomendadas para
Figura 37. Método de Queima em Cunho ou prevenção e combate ao fogo especificamente para
“V”, a favor do Vento uma região ou local, ou seja, são uma forma de
organização das medidas protecionistas. Para
elaboração de um plano de proteção são necessários
alguns dados, tais como os mostrados abaixo.
No plano de proteção devem ser
recomendadas as medidas preventivas para se
reduzir o numero de incêndios, com base nas causas
mais frequentes, e dificultar a propagação dos
eventuais incêndios.

Figura 39. Composição de um “Plano de


Proteção Contra Incêndios Florestais”

PLANO DE PROTEÇÃO CONTRA


INCÊNDIOS FLORESTAIS
Fonte: IBAMA ( 2001).

iv. Queima em manchas (Fig. 38)


• Queimadas por pontos: o fogo é posto
contra o vento a partir do aceiro-base em CLASSES DE ZONAS
vários pontos. CAUSAS LOCAL OCORRÊNCIA COMBUSTÍVEIS PRIORITÁRIAS

• nenhum fogo vai ser grande nem difícil de


se controlar; Fonte: Sosres e Batista (2007), adaptado pela STCP.
• necessita da manutenção do acesso ao 8.4.1. Local
interior da área.
Os incêndios florestais não se distribuem
Figura 38. Método de Queima em Mancha uniformemente numa área. Para isso, deve-se
investigar os locais onde a ocorrência de incêndios é
mais frequente, como, locais próximos a vilas e
acampamentos, margens de rodovias e ferrovias,
proximidade de áreas agrícolas e margens de rios e
lagos. Ainda existem áreas dentro da região, onde
são incomuns incêndios.
8.4.2. Causas

Fonte: IBAMA (2001).

v. Outros tipos de Queimas


• Queimada central: é feita em terrenos
planos, colocando fogo em vários pontos do
centro da área, em forma de círculos. Deste
modo, a força do fogo será maior na parte
central do terreno e facilitará o trabalho do
pessoal envolvido nesta tarefa;
• queimada contra o vento: esta é a
29
Tabela 07. Principais Causas de Incêndios no Figura 40. Exemplo de Zoneamento de Risco
Brasil

Fonte: Soares e Batista (2007).

As causas de incêndios variam de acordo


com a região, de modo que para a obtenção de Fonte: Defesa Civil do Paraná (2008).
estatísticas confiáveis é necessário investigar as
causas dos incêndios e manter um arquivo ordenado 8.4.5. Zonas Prioritárias
dos dados ao longo dos anos. A tabela 07 mostra Os planejamentos de prevenção e defesa
um exemplo de estatística de causas de incêndios devem ser feitos a partir da clara definição das
ocorridos e registrados em alguns Estados áreas que devem ser prioritariamente protegidas.
brasileiros entre os anos de 1998 a 2002. Apesar de toda floresta precisar de proteção,
8.4.3. Períodos de Ocorrência algumas áreas devem receber tratamento
prioritário, devendo ser, portanto, demarcadas com
A variação do número de ocorrência de destaque no mapa da região. Áreas experimentais,
incêndios nas diferentes regiões e ao longo do ano locais de ocorrência de espécies vegetais ou animais
se dá pela diversidade climática e de acordo com os endêmicas ou raras, pomares de sementes,
diferentes níveis de atividades agrícolas ou nascentes de água, áreas de recreação, instalações
florestais. industriais e zonas residenciais são exemplos de
O período de maior perigo de incêndios de locais que devem merecer atenção especial nos
uma região pode ainda ser obtido através do cálculo planos de prevenção de incêndios florestais.
dos índices de perigo de incêndio, os quais estimam,
através de escalas numéricas, o potencial de ignição 9. COMBATE À INCÊNDIOS
ou de inflamabilidade da vegetação. FLORESTAIS
8.4.4. Classes de Materiais Combustíveis A prevenção é uma maneira de combater
incêndios, porém nem sempre as técnicas
Os tipos de vegetação influem de maneiras preventivas são suficientes para evitar a ocorrência
diferentes no potencial de propagação dos de incêndios florestais. Portanto, é indispensável
incêndios. A propagação do fogo costuma ser mais um planejamento do combate ao fogo na floresta.
rápida e intensa em povoamentos de coníferas do Combate é definido como o tempo consumido
que em folhosas (devido à presença de resina nas na operação de supressão ou eliminação definitiva
coníferas), mais rápida em florestas plantadas que do fogo.
em florestas naturais e mais rápida ainda em A operação de combate ou supressão de um
pastagens e campos secos. incêndio envolve as cinco etapas descritas na
A elaboração de mapas indicando os diversos Tabela 09.
tipos de vegetação, com o uso de diferentes cores,
são muito úteis na elaboração de planos de
prevenção, pois possibilita prever quais as áreas em
que o fogo oferece maior risco de propagação.
O mapa abaixo (Fig. 40) é um exemplo de
zoneamento de risco de incêndio florestal para o
Estado do Paraná no ano de 2008.

30
Tabela 08. Etapas do Combate à um Incêndio
Florestal
ETAPAS DESCRIÇÃO
DETECÇÃO DOS Tempo decorrido entre o início do fogo e o momento em que
INCÊNDIOS ele é visto por alguém. Dois objetivos principais devem nortear
o funcionamento dos sistemas de detecção:
• descobrir e comunicar a pessoa responsável pelo
combate todos os incêndios que ocorrem na área antes
que o fogo se torne muito intenso;
• localizar o fogo com precisão suficiente para permitir o
acesso à área o mais rápido possível.
COMUNICAÇÃO Tempo compreendido entre a detecção do fogo e o
recebimento da informação pela pessoa responsável pela ação
de combate.
MOBILIZAÇÃO Tempo gasto entre o recebimento da informação da existência
do fogo e a saída do pessoal para combate. É importante que
cada participante saiba qual sua atribuição e responsabilidades
no combate ao fogo.
DESLOCAMENTO Tempo que compreende a saída do pessoal de combate e a
chegada da primeira turma ao local do incêndio. Este é um dos
pontos mais críticos que precede o combate propriamente dito,
pois quanto maior o tempo despendido para o deslocamento,
maior será o aumento do perímetro do fogo, dificultando seu
combate.
PLANEJAMENTO Ao chegar ao local do incêndio, o responsável pela ação de
DO COMBATE combate deve estudar detalhadamente a situação antes de
tomar qualquer medida de combate. O planejamento do
combate requer o conhecimento do comportamento do fogo,
das condições climáticas, do tipo de vegetação, da rede de
aceiros e estradas e dos locais de captação de água. Somente
depois deste levantamento as primeiras medidas relativas ao
combate podem ser tomadas.

Fonte: Soares e Batista (2007), adaptado pela STCP.


ação. Isso indica a necessidade de existência
9.1. FORMAÇÃO DE BRIGADAS DE de um comando único, exercido pelo responsável do
COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS setor de prevenção e combate ou pelo responsável
As equipes ou brigadas são as unidades de um grupo de moradores.
básicas de combate aos incêndios florestais. Cada 9.1.1. Chefe de Brigada
equipe deve ter entre seis a 10 integrantes, sob a
liderança de um chefe de brigada. Os componentes Um chefe de brigada desempenha as funções
da equipe devem ser pessoas que trabalham de coordenar a equipe, de forma à:
normalmente na organização florestal, ou mesmo • informar-se da situação do incêndio;
moradores da região, desempenhando outras • fazer uma pré-avaliação do incêndio e de
funções, mas que serão requisitados sempre que todas as informações disponíveis; informar-
ocorrer um incêndio. Essas pessoas, por ocasião da se sobre o acesso ao local, caminho, estrada,
formação das equipes, devem receber treinamento topografia, meio de transporte;
especial em técnicas de combate e uso de • dirigir-se com a equipe ao local do
equipamentos. Este treinamento deve ser repetido incêndio pela rota mais viável e apropriada;
periodicamente, principalmente quando houver • estudar o comportamento do incêndio;
alteração na constituição das equipes. • fazer uma segunda avaliação da situação
Conforme abordado por Schumacher et al. e solicitar ajuda, se necessária; preparar
(2005), o número de trabalhadores mobilizados plano de combate, com base na equipe e nos
depende da topografia local, da reação do fogo, do recursos técnicos disponíveis para a
trabalho a ser executado e do grau de entendimento operacionalização das ações;
entre o chefe e seus comandados que devem ser de • designar uma pessoa para executar cada
no máximo oito. trabalho específico;
Quando o sistema de prevenção e combate • dirigir o combate e supervisionar os
funciona satisfatoriamente, a maioria dos incêndios combatentes; comunicar-se, com frequência,
florestais pode ser combatida com apenas uma com a coordenação central;
equipe. Neste caso, muitas vezes o próprio chefe da • durante o incêndio, deve fazer uma
equipe pode comandar a operação de combate ao avaliação do plano de extinção e os ajustes
fogo. necessários; e
O combate a um incêndio se assemelha • assegurar o bem-estar dos combatentes.
bastante a uma operação militar, onde a hierarquia Também tem a responsabilidade de explicar
e a disciplina são fundamentais para o sucesso da aos combatentes a natureza do trabalho a ser
31
realizado; organizar os combatentes para efetuar Figura 42. Calçado adequado às Operações de
eficazmente os trabalhos específicos; demonstrar Combate ao Fogo
métodos de trabalho seguros e eficazes; assegurar
que toda a equipe se encontre em perfeito estado;
registrar os nomes dos combatentes e as horas de
trabalho; e assegurar que as normas de segurança
sejam observadas.
9.2. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE
Fonte:Portal da Fênix (2010).
COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS
Para maior eficiência no combate aos • Cinto de guarnição: largura de 5 cm, serve para
incêndios é recomendável ter equipamentos e transportar o cantil, lanterna e outros equipamentos
ferramentas de uso exclusivo para este fim. Os necessários.
equipamentos de combate devem estar sempre em • Traje adequado: ideal que seja anti-fogo,
perfeitas condições de uso, armazenados em locais podendo ser de algodão resistente, com camisa de
pré-determinados e prontos para serem usados em manga comprida e mangas largas. A roupa deve ser
qualquer emergência. As ferramentas de uso de cor chamativa para melhor visibilidade dos
múltiplo, que poderiam ser utilizadas em demais demais operários (Fig. 43).
trabalhos, para melhor identificação, devem ter os
cabos pintados de vermelho, indicando que são de
Figura 43. Roupas usadas pelo Operador no
uso exclusivo para o combate a incêndios.
Combate
O tipo e a quantidade de equipamentos para
combate a incêndios florestais dependem de vários
fatores, tais como características locais, relevo, tipo
de vegetação, tamanho da área e pessoal disponível.
Em geral, os equipamentos devem ser os mais
eficientes, dentro das possibilidades financeiras da
instituição.
Embora exista hoje uma grande variedade de
equipamentos motorizados, as ferramentas manuais
não perderam seu lugar, sendo estas necessárias no
combate a qualquer tipo de incêndio. Fonte: Guarany (2009).

9.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO • Capacete e Óculos anti-chamas: protege o crânio


INDIVIDUAL (EPI) contra golpes de galhos, ferramentas, insolação.
Devem ser de materiais compósitos ou de plástico
Os integrantes da brigada podem estar
resistente, com peso não superior a 400 g,
expostos a grande perigo se o seu equipamento
devidamente homologados. Os óculos protegem os
pessoal de segurança não for adequado.
olhos contra projeção das partículas incandescentes,
Os seguintes equipamentos são
impactos de galhos, fumo e gases (Fig. 44).
recomendados para assegurar a proteção individual.
9.3.1. EPI Básicos Figura 44. Capacete e Óculos de Proteção
• Luvas de couro: protegem as mãos e parte dos
braços (Fig. 41)..

Figura 41. Luva de Couro para Proteção de altas


Temperaturas

Fonte: Guarany ( 2009).

• Máscara anti-fumaça: Proteção em caso de


emergência em evacuação de zonas perigosas
Fonte: Guarany (2009). devido à fumaça. A máscara poderá ser substituída
por um lenço de algodão com as dimensões de 55 x
• Perneira ou coturno: protegem os pés e partes
50 cm (Fig. 45)..
das pernas (Fig. 42).
32
Figura 45. Máscara Anti-gases ferramentas devem ser utilizadas de forma correta,
observando-se condições de segurança, tanto no
transporte, quando no trabalho de campo. Quando
se anda em linha deve-se manter um mínimo de dois
metros entre os componentes da brigada, e na
construção de aceiros esta distância deve ser
dobrada para quatro metros. O manuseio correto
das ferramentas poupa o combatente de esforços
desnecessários, como por exemplo elevá-las demais
não fará com que o serviço tenha melhor qualidade,
somente trará o desgaste físico do operador.
Deve-se ressaltar, que, muitas das
ferramentas usadas no combate, já são utilizadas e
Fonte: Guarany (2009). conhecidas no meio rural e na construção civil, tais
como foice, facão, enxada, rastelo, etc.
• Cantil: altas temperaturas predispõem os
operários a desidratação, por isso, ter um recipiente 9.4.1. Facão
com água de boa qualidade é indispensável no Utilizado pelo chefe da brigada de combate
combate (Fig. 46). ao incêndio florestal, é empregado para se marcar a
linha de aceiro a ser seguida, no corte de vegetação
Figura 46. Cantil
baixa e pequenos arbustos (Fig. 47). Durante o seu
manuseio o operador deve estar atento para evitar
acidentes. Após utilizar a ferramenta a mesma deve
ser afiada, observando-se um sentido único para o
fio, bem como o fio deve ser protegido por fita que
o isole (fita crepe ou similar).

Figura 47. Facão para Corte de Vegetação

Fonte: Repel (2010).

• Lanterna: necessária em operações de combate


durante à noite.
• Caixa de Primeiro Socorros: a caixa deve conter
basicamente medicamentos para queimaduras,
cortes e soro antiofídico.
Fonte: Guarany ( 2009).
9.3.2. Equipamentos acessórios aos EPIs
9.4.2. Motosserra
• Apito: serve para localização em caso de
emergência. Usada para derrubar árvores mais
• Binóculos: utilizado pelo chefe da brigada para rapidamente, que estejam queimadas ou abrir
permitir maior visibilidade da área. aceiros. Este equipamento não precisa ser de uso
• Bússola: instrumento essencial em deslocações na exclusivo do combate. É um dos poucos
mata. equipamentos motorizados utilizados no combate a
• Rádio-de-comunicação-portátil: permitir incêndios.
contatar outras brigadas e a chefia do combatente
Figura 48. Motosserra
do incêndio.
• Corda de prontidão: facilita o deslocamento
noturno ou em áreas acidentadas.
9.4. FERRAMENTAS E APARELHOS
As ferramentas e aparelhos são empregadas
no ataque direto e indireto aos incêndios florestais,
devendo seu uso ser exclusivo para tal atividade. As
Fonte: Stihl (2010).
33
9.4.3. Machado 9.4.6. Pá
Utilizado nas operações de derrubada de Serve para abertura de aceiros e para apagar
árvores de pequeno porte e galhos e para derrubar tocos e restos de madeira incandescentes (Fig. 52).
árvores e arbustos que estejam queimando e É usada para jogar terra e enterrar material que
lançando fagulhas, que podem originar novos focos esteja queimando, muito útil em operações de
de incêndio, ou para abrir picadas com a finalidade rescaldo, principalmente onde o solo é arenoso.
de fazer aceiros (Fig. 49)..
Figura 52. Pá Cortadeira
Figura 49. Machado para Combate a Incêndios
usado pelos Bombeiros

Fonte:Zeus do Brasil (2010).


Fonte: Zeus do Brasil (2010).
9.4.4. Foice
9.4.7. Rastelo ou Ancinho
Utilizada para abertura de picadas e aceiros
(Fig. 50).. Usado para fazer rapidamente pequenos
aceiros, principalmente onde existe acúmulo de
Figura 50. Foice Roçadeira de Cabo longo folhas e acículas na superfície do solo (Fig. 53).

Figura 53. Rastelo ou Ancinho

Fonte: Portal construir (2010).


Fonte: Portal construir (2010).
9.4.5. Enxada 9.4.8. McLeod
É uma ferramenta fundamental para corte e Consiste de uma enxada e um ancinho,
remoção na confecção de um aceiro (Fig. 51). A justapostos, substituindo portanto duas ferramentas
vegetação próxima ao solo deve ser retirada com o (Fig. 54).
emprego da enxada. Usada para limpar, até o solo
mineral, pequenas faixas ou aceiros, a fim de Figura 54. McLeod
dificultar a passagem do fogo.

Figura 51. Enxada

Fonte: MG Blindados (2010).

9.4.9. Abafadores
Fonte: Zeus do Brasil (2010).
Servem para abafar as chamas e podem ser
feitos de galhos verdes, tipo chicote, com o uso de
34
pedaços de mangueira ou tipo de vassoura com uso Figura 57. Pulverizador Costal de alta Pressão.
de um pedaço de borracha de correia transportadora
no seu final. Também existem abafadores
fabricados (Fig. 55). A Figura 56 demonstra o
treinamento de uma brigada de incêndio com
abafadores de borracha.

Figura 55. Abafador de Borracha de Cabo longo

Fonte: Sistema (2010).

9.4.11. Mochila costal


Equipamento semelhante a bomba costal
porém confeccionado em PVC maleável que se
molda perfeitamente as costas do combatente,
garantido-lhe mais conforto no transporte e no
combate Fig. 58).
Fonte: JVP Rubber (2010).

Figura 56. Treinamento de Brigada com Figura 58. Saco Costal para Combate a
abafadores de borracha Incêndios

Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu (2009).

9.4.10. Bomba Costal


Fonte: Guarany (2009).
Equipamento de grande versatilidade
utilizado no combate ao incêndio florestal no ataque 9.4.12. Aparelho controlador de Queimadas
direto ao fogo (Fig. 57). A bomba costal possui (Lança-chamas ou Pinga-fogo)
uma capacidade de transporte de 20 litros de água
É equipamento muito útil para se fazer
sendo carregada como uma mochila nas costas do
contra-fogo , especialmente quando precisa ser
combatente. Possui um sistema manual de
efetuado rapidamente (Fig. 59). Serve também para
pressurização e um esguicho com requinte ajustável
realizar limpezas de mato, queimas prescritas. A
que permite regular a qualidade do jato. Deve-se
proporção da mistura no pinga-fogo é de quatro
lembrar, que, o lançamento de água em um combate
litros de óleo diesel para um litro de gasolina.
a incêndio florestal deve ser feito sempre na base
das chamas.

35
Figura 59. Queimador ou Pinga-fogo. Figura 60. Veículo especial transportador de
Água para Combate a Incêndio

Fonte: Guarany (2009).

9.5. VEÍCULOS DE COMBATE A


INCÊNDIOS FLORESTAIS
Veículos que transportam água são
fundamentais para apoio nas operações de combate Fonte: Corpo de Bombeiros/PR (2009).
aos incêndios em florestas. Para esta finalidade
algumas diferenças entre os veículos para 9.6. TÉCNICAS E TÁTICAS DE COMBATE
atividades de combate a incêndios urbanos são A INCÊNDIOS FLORESTAIS
necessárias, devido principalmente ao local por Existem quatro métodos para combater
onde tais veículos vão trafegar. incêndios, sendo eles: direto, indireto, paralelo e
Primeiramente devemos observar que dois pés. Cada método se ajusta a algumas
grandes quantidades de transporte de água são situações, que devem ser cuidadosamente estudadas
normalmente incompatíveis com a realidade de um num tempo mínimo, para por em prática o combate.
incêndio florestal, pois os veículos vão transitar em Para a escolha do método, devem ser observadas a
áreas de difícil acesso, necessitando de um peso intensidade do fogo, a topografia, as barreiras
relativamente leve, e ser curtos para facilitar as naturais para conter o fogo (ex. corpos d’água) e
manobras. Verificamos que para um eficaz combate obras, tais como estradas, aceiros, contornos e
não se necessita de muita vazão de água, pois a divisórias disponíveis da áreas. Outro aspecto
mesma deve ser lançada na base das chamas de importante a ser observado, é se o incêndio é
forma neblinada. superficial, subterrâneo ou de copa.
Portanto, a melhor opção para um veículo de
combate a incêndio florestal tipo Auto Bomba 9.6.1. Método Direto
Tanque, é a configuração para uma capacidade Neste método, estabelece-se uma linha de
transportável de 2.500 a 3.000 litros de água, contenção nas bordas do incêndio. O combatente
devendo ainda tal veículo ser provido de um sistema elimina todo material combustível em torno do
de suspensão reforçado e de mecanismo de tração fogo, atirando-o ao interior da superfície
auxiliar. Seu sistema de bomba deve ser incendiada. Deve-se aproveitar as primeiras horas
independente para que permita ao veículo transitar da madrugada, ou as últimas da tarde, para queimar
na beira de estradas lançando água na vegetação. os focos de combustíveis que possam representar
Os equipamentos e ferramentas disponibilizados futura ameaça (DANIEL, 2006).
para tal veículo devem ser acondicionados de forma O fogo é atacado diretamente e extinto com
a ficarem presos e travados, para que não sofram água ou retardantes, através de bombas e mochilas
avarias ao se trafegar por trechos de estradas não costais, caminhões auto-bomba; assim como, terra
pavimentadas. A fim de se evitar acidentes deve-se (lançada com pás) ou batidas (com abafadores ou
evitar o transporte de ferramentas, materiais e ramos de árvores).
equipamentos e pessoal. As principais desvantagens do método são:
• necessidade do combatente aproximar-se
demais do fogo, o que às vezes torna-se
impossível devido ao calor e a fumaça; e
• o descuido de um só homem pode
prejudicar o trabalho dos demais
combatentes.
9.6.2. Método Indireto
É utilizado quando a intensidade do fogo é
muito alta e não há possibilidade da aplicação de
36
outros métodos. deve apresentar menor intensidade, podendo ser
Consiste na utilização de acidentes naturais combatido por meio do método direto.
como barreiras corta-fogo (estradas, caminhos, A principal desvantagens é a possibilidade de
picadas, cursos d'água), ou mesmo na construção perder-se o controle sobre a faixa corta-fogo.
de aceiros e em circunstâncias totalmente
9.6.4. Método de Dois Pés
favoráveis, utilizar-se o fogo contra fogo.
O contra-fogo é a queima da área entre as É mais utilizado para conter fogo
barreiras e o incêndio, de modo a cessar o incêndio subterrâneo. Consiste em se limpar uma área
quando a frente atingir a área queimada. próxima à borda do fogo, de preferência com o uso
Nunca deve-se iniciar o contra-fogo sem que de um arado, jogando-se a leiva para o interior. A
o aceiro esteja, completamente, terminado, pois, faixa deve ter em torno de 60 cm, e deve ser
existe risco do fogo "escapar", fazendo uma nova mantida limpa como no caso anterior.
frente. Com efeito, quando se usa o fogo contra A profundidade de aradura deve ser
fogo, é imprescindível, após o fogo ser dominado, o suficiente para atingir o solo mineral.
uso do método direto, a fim de se eliminar os As principais desvantagens do método são:
últimos vestígios de fogo, suprimindo-o • devido à limpeza da linha de contenção, o
efetivamente. excesso de confiança pode ocasionar
Deve-se ter em mente que o fogo contra fogo, descuido à sua vigilância;
só será utilizado quando não for possível deter o • deixa entre a borda do fogo e o costado
fogo com os outros métodos. Da mesma forma, interior da linha de contenção uma faixa de
antes de iniciarmos a construção de um aceiro, material combustível, que poderá contribuir
devemos considerar a velocidade de propagação do para a persistência do fogo.
fogo, pois, há risco do fogo passar para o outro 9.7. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES
lado do aceiro, inutilizando todo o trabalho DE CAMPO
realizado.
Sua maior vantagem está na disponibilidade Segundo Schumacher et al. (2005) o
de segurança e tempo para a ação dos combatentes. planejamento compreende a programação de todas
Como inconvenientes tem-se: as medidas e ações de combate aos incêndios
• o trabalho deve ser acelerado, pois a faixa florestais, envolvendo as seguintes atividades:
entre o fogo e as linhas de contenção pode se • Detecção do incêndio;
extinguir antes que se possa fazer um fogo de • comunicação;
encontro; • anotações e análises de dados;
• o fogo de encontro é de grande magnitude, • mapas para localização;
requerendo cuidados especiais; • organização de pessoal;
• aumenta-se consideravelmente a área • transporte de pessoal;
queimada; • abastecimento e transporte de
• deve ser utilizado somente em casos combustíveis;
extremos, com a supervisão de pessoal • abastecimento de água/alimentação;
experiente. • apoio logístico/primeiros socorros; e
• acampamento/alojamento.
9.6.3. Método Paralelo
9.7.1. Detecção e Comunicação
Este método consiste em limpar-se uma faixa
não muito larga, próxima ao fogo, para que este ao Consiste em observar e comunicar a pessoa
avançar sobre a faixa, reduza sua intensidade, responsável pelo combate e localizar o focos de
sendo, então atacado pelo método direto. incêndios na área, com precisão suficiente para
Neste método a linha de contenção, é feita de permitir o acesso à área o mais rápido possível.
três a 15 m de distância da borda do fogo, Existem duas formas de detecção de
paralelamente a este. Queima-se esta faixa desde a incêndios: detecção fixa e móvel. A detecção fixa é
beirada do fogo até a linha de contenção. Esta linha realizada através de observação e monitoramento de
pode ter de 0,5 a 1,0 m de largura. uma determinada área por meio de pontos fixos de
Por este método pode-se controlar fogo com observação. A detecção móvel é realizada através
muito calor e fumaça, havendo menor perigo do de patrulhamento terrestre ou aéreo.
fogo pular a faixa de contenção. Além disso, é mais De acordo com Soares (2007), as torres de
fácil dominar o corta-fogo (linha de contenção mais observação geralmente se constituem no mais
a faixa entre esta e o fogo) do que o próprio prático e eficiente meio de detecção e localização de
incêndio. incêndios florestais.
Quando o fogo atinge a linha de contenção, As torres de observação geralmente são
37
construídas de ferro ou madeira, tendo no topo uma pode ser simétrica e a área coberta por torre é
cabine de fechada, com visibilidade para todos os maior. Regiões de topografia acidentadas exigem
lados, onde permanece o operador ou vigilante. A uma maior quantidade de torres, porém é
maior durabilidade, o menor custo de manutenção e impossível ter 100% de cobertura da área, 70-80%
a facilidade de relocação, quando necessário, são de visibilidade são consideradas boa cobertura da
fatores que dão vantagem às torres metálicas. área.
Cada torre deve ter:
Figura 61. Torres de Vigilância Estrutura em -Goniômetro: aparelho para medição do
Madeira (à esquerda) e em Estrutura metálica (à ângulo azimute ou ângulo horizontal
direita) correspondente à direção da fumaça. Este aparelho
é instalado de forma que o 0º do circulo graduado
esteja orientado para o Norte magnético da Terra.
Goniômetros mais sofisticados, como o Osborne,
além de informar o azimute, estimam a distancia
entre o foco e a torre.
-Rádio comunicador para a comunicação
com a central; e
-Um vigilante devidamente treinado para
leitura do aparelho e transmitir as informações
precisamente a central.
Outra forma de detecção e que é muito
Fontes: Câmara Municipal de Felgueiras – Portugal (2010); eficiente é o patrulhamento terrestre usando
Laboratório de Incêndios Florestais da UFPR (FIRELAB).
veículos e motocicletas circulando pela área
As torres devem ser instaladas em pontos sistematicamente. Assim como as torres, os
altos do terreno e em locais de boa visibilidade, de veículos devem ser equipados com aparelhos de
modo a proporcionar a melhor cobertura possível comunicação.
da área a ser protegida. As áreas planas necessitam As informações colhidas pelo vigilante são
de torres mais altas, com cerca de 30 a 42 metros repassadas à central, onde serão determinada no
de altura, enquanto áreas de relevo acidentado, mapa, a coordenada do foco e informada ao chefe
aproveitando-se os melhores pontos, pode-se obter da brigada que mobilizará as equipes ao local
boa visibilidade com torres de 12 a 18 metros de indicado.
altura.
A determinação do número de torres 9.7.2. Sistemas de Comunicação
necessárias para cobrir uma determinada região Os sistemas de comunicação são constituídos
depende diretamente das características físicas do de aparelhos que estabelecem a comunicação entre
local, tais como extensão, relevo e condições de as torres de vigilância e a central de combate à
visibilidade, especialmente em épocas de maior incêndios. A comunicação pode ser por:
perigo de incêndios. -Rádio: maior flexibilidade, pois permite a
O campo visual de uma torre (aquele que comunicação simultânea com a rede de torres, o
permite avistar fumaça) é determinado por três escritório central e unidades móveis de combate.
diferentes fatores: Porém, os aparelhos de rádio necessitam de
• o tamanho da coluna de fumaça; carregamento periódico de bateria, o que nas torres
• a transparência da atmosfera e pode ser feito por meio de um gerador à gasolina ou
• o grau de contraste entre a fumaça e a energia solar.
paisagem de fundo. -Telefone: comunicação de custo de
Destes três fatores, a visibilidade da manutenção menor, apesar do custo de instalação
atmosfera é o que mais limita o campo visual da ser maior e não precisar ser recarregado.
torre, pois pode ser negativamente influenciada pela
neblina, névoa seca ou mesmo fumaça dispersa, 9.7.3. Mobilização da Brigada
característica esta das épocas de estiagem. Tempo gasto entre o recebimento da
A distância visual máxima de uma torre de informação da existência do fogo e a saída do
observação, dependendo das condições locais, pessoal para o combate.
situa-se entre oito e 15 km. Considerando-se uma Após a detecção, comunicação e localização
capacidade visual média, cada torre de observação do incêndio é necessário que a equipe responsável
é capaz de cobrir eficientemente uma área de 8.000 pelo combate seja rapidamente mobilizada para se
a 20.000 ha, sendo esta variação dependente do dirigir ao local do fogo. Para isto é necessário que
relevo. Em regiões planas, a distribuição das torres haja uma pessoa responsável pela ação inicial de
38
combate. Figura 62. Treinamento de Brigada para o
O treinamento das Brigadas de incêndio, Planejamento das Ações
principalmente a de primeiro combate, é
fundamental para se conseguir sempre uma rápida
mobilização do pessoal. Neste treinamento o
responsável pela ação inicial deve definir
claramente as atribuições e responsabilidade de
todo o pessoal no controle dos incêndios.
O tempo gasto na viagem até o local da
ocorrência é o ponto mais crítico entre as fases que
precedem o combate, ou seja, se o tempo for
grande, o fogo pode atingir maiores dimensões e
prejudicar as ações de combate. Sendo assim, é
muito importante a manutenção de estradas da área
florestal e sempre que possível, a descentralização Fonte: Embrapa (2010).
das brigadas, de modo que sempre se possa
9.7.5. Ações
mobilizar a equipe mais próxima do local do
incêndio. Figura 63. Desenvolvimento das Atividades de
9.7.4. Chegada ao Local e Planejamento do Combate
Combate DETECÇÃO PELO
VIGILANTE

Tempo compreendido entre a saída do COMUNICAR

pessoal de combate e a chegada da primeira equipe


PARA CENTRAL

ao incêndio. INFORMAÇÃO AO
CHEFE DA BRIGADA

Um dos erros mais frequentes que se comete


nas práticas de combate é a precipitação na tomada
DESLOCAMENTO
DA BRIGADA AO
LOCAL

das decisões. Isto pode, às vezes, dificultar ou


retardar a ação de combate, quando por exemplo se
PLANEJAMENTO DAS
AÇÕES NO LOCAL

constroem aceiros em locais inadequados ou se AÇÕES DE


criam novas frentes de fogo através de contra fogo COMBATE

mal colocados. Fonte: STCP


Por este motivo, ao se chegar ao local do
incêndio, o responsável pela ação de combate deve Figura 64. Equipe trabalhando na Construção
estudar detalhadamente a situação antes de tomar de Aceiro.
qualquer medida de combate (Fig. 62 e 63). Os
minutos gastos no diagnóstico preciso das
condições do fogo e da área ao redor podem
significar muitas vezes algumas horas de economia
no combate ao incêndio.
O planejamento do combate requer, entre
outras coisas, o conhecimento do comportamento
do fogo (tamanho, extensão da frente, velocidade de
propagação e intensidade), das condições
climáticas, do tipo de vegetação, da rede de aceiros
e estradas e dos locais para captação de água.
Somente depois deste levantamento, com uma visão
global da situação, pode-se, com mais propriedade,
tomar as primeiras medidas relativas ao combate, Fonte:INEA (2008).
como por exemplo métodos de ataque, distribuição
de turmas e avaliação dos recursos necessários ao
controle do fogo (Fig. 64 e 65).

39
Figura 65. Atividade de Combate Direto as 10. PONTOS IMPORTANTES A
Chamas CONSIDERAR NO COMBATE AOS
INCÊNDIOS FLORESTAIS
10.1. PREPARAÇÃO E AÇÃO INICIAL
• Deve-se estar preparado para o mesmo,
dispor de ferramentas e pessoal em
quantidade suficiente, bem distribuídos e
prontos para qualquer eventualidade;
• deve-se dirigir ao local do incêndio, sem
demora, a qualquer hora;
• deve-se combater o fogo pelos pontos que
oferecem maior risco de propagação;
Fonte: BDA (2009).
• deve-se usar no combate número
necessário e indispensável de pessoas;
9.8. RESCALDO • deve-se determinar, assim que possível, a
O rescaldo (Fig. 66) é a operação que deve causa provável do incêndio.
ser tomada após o fogo extinto, para evitar que ele 10.2. ORGANIZAÇÃO E PLANO DE
se reative e volte a se propagar. ATAQUE
O rescaldo inclui as seguintes tarefas:
• descobrir e eliminar possíveis “incêndios • deve-se dividir os combatentes em Grupos
de pontos”, causados por fagulhas lançadas de Combate a Incêndios Florestais de no
na frente do fogo; máximo 10 pessoas, com um chefe
• ampliar o aceiro ou faixa limpa em torno competente, designando o setor e o serviço de
da área queimada, para melhor isolamento da cada equipe;
mesma; • é indispensável dimensionar
• derrubar árvores ou arbustos que ainda adequadamente o incêndio, a fim de se poder
estejam queimando ou em incandescência, planejar, com rapidez e eficiência, a forma de
para evitar que lancem fagulhas; ataque;
• eliminar, utilizando água ou terra, todos • manter-se constantemente informado
os resíduos de fogo dentro da área queimada; sobre o avanço e o comportamento do fogo;
• manter o patrulhamento, com número • tomar decisões rápidas e ter um conceito
suficiente de pessoas, até que não haja mais definitivo de cada ação planejada.
perigo de reativação do fogo; voltar no dia 10.3. HORA DE COMBATE
seguinte para nova verificação;
• confinar toda a área queimada executando • Deve-se evitar o combate noturno, pois
a raspagem no limite de separação do trata-se de risco elevado além da necessidade
combustível queimado (bordadura). do descanso a noite;
• estar atento e aproveitar as eventuais
Figura 66. Atividade de Rescaldo diminuições de intensidade de fogo, causados
por mudanças de vento, aumentos de
umidade ou reduções de temperatura;
• a prática do combate logo nas primeiras
horas do dia oferece várias vantagens devido
às condições citadas anteriormente.
10.4. PONTO E MÉTODO DE ATAQUE
• Procurar confinar o fogo tão logo seja
possível; em incêndios de pequenos ou de
baixa intensidade, o ataque deve ser feito
diretamente sobre a frente de fogo; em
incêndios de intensidade alta o combate deve
Fonte: Portal São Francisco (2009).
ser feito pelos flancos e ir avançando até a
cabeça;
• o responsável deve decidir pela forma de
combate que considere mais eficiente para a
circunstância;
40
• deve-se estar atento para os incêndios • dar instruções claras e fazê-las entender;
causados por fagulhas oriundas da frente de • manter controle do pessoal em todo
fogo. momento;
• combater o incêndio mantendo a
10.5. ERROS COMUNS NO COMBATE A
segurança como primeira consideração.
INCÊNDIOS FLORESTAIS
10.8. CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS
• Descuido no estudo da situação;
• demora para iniciar o combate; • Jamais construir uma linha de aceiro
• falta de planejamento adequado no morro abaixo com fogo subindo. Neste caso
Combate; a linha de combate deve ser feita atrás do
• uso de ferramentas em más condições; topo do morro, ou nos flancos do incêndio.
• equipes destreinadas; • no combate ao fogo numa ladeira onde
• uso de equipamentos não recomendáveis; possa rolar material incandescente, deverá
• não revezar as turmas de modo a evitar ser mantida observação constante;
cansaço; • se o vento começar a soprar aumentando
• não manter atuação e vigilância a velocidade ou mudando de direção;
adequada nos flancos; • se o tempo estiver mais seco e quente;
• realização ineficiente de rescaldo. • ao estar em um terreno desconhecido não
se conhece os fatores locais que influem no
10.6. PONTOS QUE NÃO DEVEM SER
comportamento do incêndio;
ESQUECIDOS
• proceder ataque frontal ao incêndio com o
• A magnitude de um incêndio depende da uso de equipamentos pesados;
quantidade de material combustível existente; • quando são frequentes os focos
• no início o fogo se propaga em círculo, secundários causados por fagulhas sobre a
expandindo gradativamente em todas as linha de combate;
direções; depois os ventos e as condições de • quando não se pode ver o foco principal e
combustível determinam a direção e a não há comunicação com o restante pessoal;
intensidade de propagação; • se não compreende claramente as
• uma atmosfera úmida retarda o fogo, instruções;
enquanto uma atmosfera seca aumenta sua • se sentir sono próximo do local do
intensidade; incêndio.
• o melhor período para se combater um
incêndio vai do entardecer até a manhã do 11. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
dia seguinte, pois o ar contém mais umidade, A. Explique brevemente o que é o “TRIÂNGULO
a temperatura é menor e a atmosfera se DO FOGO” e qual a sua importância para as
encontra calma; práticas de prevenção e combate à incêndios
• nunca abandonar uma área, após um florestais?
incêndio, sem se certificar que o fogo não B. As consequências do uso do fogo num
tem mais condições de se reativar; deve-se ter ecossistema, geralmente são maléficas. Cite as
certeza que o incêndio está realmente extinto. principais desvantagens de utilizar o fogo como
10.7. DEZ PRECEITOS DE SEGURANÇA método de na limpeza de terreno para o solo de
uma floresta.
• Manter-se informado sobre as condições C. Queimas são proibidas legalmente em qualquer
do clima e seus prognósticos; situação? Explique?
• manter-se sempre inteirado do D. Dentre as práticas preventivas descritas, qual
comportamento do incêndio; delas é considerada a mais eficiente ?
• qualquer ação contra o incêndio deve ser E. O que são brigadas? Quais iniciativas um chefe
tomada observando o seu comportamento de brigada têm que demonstrar diante uma
atual e futuro; situação de combate a um incêndio florestal?
• manter rotas de fuga para todos os F. Quais os tipos de incêndios que podem se
combatentes, devendo estes, conhecê-las; desenvolver em uma floresta e quais destes é o
• manter um posto de observação quanto mais agressivo à vegetação (maior número
existir a possibilidade de perigo; árvores mortas) e qual tipo tem maior
• manter-se alerta e calmo, pensar dificuldade de controle?
claramente e atuar com decisão; G. Quais as características do fogo que devem ser
• manter comunicação permanente com o observadas em um incêndio para
pessoal e o chefe do incêndio; posteriormente planejar as atividades de
41
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Acessado em 15 de janeiro de 2010.

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