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Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Governo do Estado do Piauí

Francisco e do Parnaíba Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural

PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO


INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP
CODEVASF / GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PROGRAMA


DE DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA
(PDFLOR-PI)

APOSTILA DO CURSO
TÉCNICAS DE PRODUÇÃO DE MUDAS FLORESTAIS

CURITIBA / BRASIL
DEZEMBRO / 2009
PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
INTEGRADO DO VALE DO PARNAÍBA – PLANAP
CODEVASF/GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ/FUPEF

Produto 7
Apostila do Curso Técnicas de Produção de Mudas Florestais

APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO PLANO


DE AÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
FLORESTAL DO VALE DO PARNAÍBA (PDFLOR-PI)

Coordenação do Projeto

SDR
Rubem Nunes Martins

CODEVASF
Guilherme Almeida Gonçalves de Oliveira

GOVERNO DO PIAUÍ
Jorge Antônio Pereira Lopes de Araújo

STCP
Joésio Siqueira
Ivan Tomaselli
Bernard Delespinasse
Rodrigo Rodrigues
Dartagnan Gorniski

Curitiba, Brasil
Dezembro de 2009
APOIO NO GERENCIAMENTO DA EXECUÇÃO DO
PLANO DE AÇÃO DO PROGRAMA DE
DESENVOLVIMENTO FLORESTAL DO VALE DO
PARNAÍBA (PDFLOR-PI)
APOSTILA DO CURSO
TÉCNICAS DE PRODUÇÃO DE MUDAS FLORESTAIS

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................1
2. PROCESSOS GERMINATIVOS....................................................................................................1
2.1. A Semente..........................................................................................................................................1
2.1.1. Estrutura da Semente ..........................................................................................................................1
2.2. Coleta de Sementes ...........................................................................................................................2
2.2.1. Objetivos da Produção de Sementes...................................................................................................2
2.2.2. Seleção de Árvores Matrizes ..............................................................................................................3
2.2.3. Época de Coleta de Sementes.............................................................................................................4
2.2.4. Métodos de Coleta de Sementes.........................................................................................................5
2.3. Beneficiamento de Sementes............................................................................................................8
2.3.1. Extração das Sementes........................................................................................................................8
2.3.2. Secagem das Sementes .......................................................................................................................9
2.3.3. Beneficiamento das Sementes ..........................................................................................................11
2.4. Armazenamento da Semente .........................................................................................................12
2.4.1. Embalagem para o Armazenamento .................................................................................................13
2.4.2. Condições de Armazenamento .........................................................................................................14
2.4.3. Ambientes de Armazenamento.........................................................................................................14
2.4.4. Fatores que Afetam o Armazenamento.............................................................................................15
2.5. Germinação das Sementes .............................................................................................................16
2.5.1. Fatores que Influenciam na Germinação ..........................................................................................16
2.5.2. Tipos de Dormência..........................................................................................................................16
2.5.3. Métodos de Superação de Dormência ..............................................................................................17
2.6. Testes de Sementes e Germinação.................................................................................................18
2.6.1. Pureza................................................................................................................................................18
2.6.2. Número de Sementes por Quilograma..............................................................................................18
2.6.3. Cálculo do Peso de 1.000 Sementes .................................................................................................18
2.6.4. Medidas de Germinação ...................................................................................................................19
2.6.5. Determinação de Umidade................................................................................................................19
2.7. Exercícios de Fixação: Processos Germinativos .......................................................................... 19
3. VIVEIROS FLORESTAIS ............................................................................................................19
3.1. Manejo de Viveiros.........................................................................................................................19
3.1.1. Escolha do Local Adequado.............................................................................................................21
3.1.2.
3.1.3. Dinâmica Operacional do Viveiro....................................................................................................21
Tipo de Viveiro.................................................................................................................................21
3.1.4. Preparo da Área ................................................................................................................................22
3.1.5. Capacidade e Extensão .....................................................................................................................22
3.1.6. Confecção dos Canteiros ..................................................................................................................23
3.1.7. Instalações Necessárias.....................................................................................................................23
3.1.8. Quebra-Vento....................................................................................................................................23
3.2. Produção de Mudas ........................................................................................................................23
3.2.1. Canteiros e Sementeiras....................................................................................................................23
3.2.2. Recipientes para Mudas....................................................................................................................24
3.2.3. Preparo do Substrato.........................................................................................................................26
3.2.4. Semeadura.........................................................................................................................................29
i
3.2.5. Cuidados Após a Semeadura............................................................................................................ 31
3.2.6. Irrigação da Produção....................................................................................................................... 33
3.2.7. Adubação das Mudas ....................................................................................................................... 35
3.2.8. Associação Simbiótica entre Mudas e Microrganismos .................................................................. 37
3.2.9. Rustificação das Mudas ................................................................................................................... 38
3.2.10.Acondicionamento ........................................................................................................................... 38
3.2.11.Preparo das Mudas para Expedição ................................................................................................. 38
3.2.13.Cuidados no Plantio das Mudas ....................................................................................................... 40
3.3. Exercícios de Fixação: Viveiros Florestais................................................................................... 42
4. SISTEMAS DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA...................................................................... 42
4.1. Macropropagação Assexuada Monoclonal .................................................................................. 42
4.1.1. Estaquia............................................................................................................................................ 42
4.1.2. Mergulhia ......................................................................................................................................... 45
4.2. Macropropagação Assexuada Multiclonal .................................................................................. 45
4.3. Micropropagação ........................................................................................................................... 48
4.4. Exercícios de Fixação: Sistema de Propagação Vegetativa........................................................ 49
5. PRODUÇÃO DE MUDAS DE EUCALIPTO ............................................................................. 49
5.1. Indicações de Espécies ................................................................................................................... 49
5.2. Coleta de Frutos e Extração das Sementes .................................................................................. 50
5.2.1. Coleta de Frutos de Eucalipto .......................................................................................................... 50
5.2.2. Extração das Sementes de Eucalipto................................................................................................ 50
5.3. Etapa de Formação das Mudas..................................................................................................... 51
5.3.1. Preparo do Substrato ........................................................................................................................ 51
5.3.2. Modelos de Recipientes ................................................................................................................... 51
5.3.3. Sistema de Irrigação......................................................................................................................... 52
5.3.4. Formação de Mudas ......................................................................................................................... 52
5.3.5. Crescimento das Mudas ................................................................................................................... 54
5.3.6. Rustificação das Mudas ................................................................................................................... 55
5.3.7. Controle Fitossanitário..................................................................................................................... 55

5.3.8. Exercícios
5.4. Expedição das Mudas.......................................................................................................................
de Fixação: Produção de Mudas de Eucalipto .......................................................... 56
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 56

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Estruturas da Semente.............................................................................................................. 2


Figura 02. Coleta de Ramo Florido para Herborização ............................................................................ 4
Figura 03. Tesoura de Alta Poda (Podão) ................................................................................................. 5
Figura 04. Uso da Tesoura de Alta Poda e do Equipamento Completo de Alpinismo............................. 5
Figura 05. Posicionamento da Escada....................................................................................................... 6
Figura 06. Equipamentos de Alpinismo.................................................................................................... 6
Figura 07. Deiscência (Abertura) dos Frutos Indeiscentes ....................................................................... 7
Figura 08. Deiscência (Abertura) dos Frutos Deiscentes.......................................................................... 7
Figura 09. Processamento de Frutos Secos Indeiscentes para Retirada das Sementes ............................. 9
Figura
Figura 10.
11. Uso de Lonas
Separação ou Encerados
de Impurezas para de
do Lote Secagem
Sementes dasUtilizando
Sementes.....................................................
Peneira ....................................... 10 10
Figura 12. Beneficiamento manual de Sementes .................................................................................... 11
Figura 13. Mesa de Gravidade para Beneficiamento de Sementes ......................................................... 12
Figura 14. Detalhe de Câmara de Armazenamento de Sementes............................................................ 12
Figura 15. Dinâmica Operacional do Viveiro ......................................................................................... 20
Figura 16. Preparo da Área do Viveiro ................................................................................................... 22
Figura 17. Canteiro de Alvenaria para Semeadura Direta e Croqui........................................................ 24
Figura 18. Modelo de Tubete Cônico...................................................................................................... 24
Figura 19. Moega para Auxílio de Enchimento com Substrato de Sacos Plásticos................................ 25
Figura 20. Modelos de Fértil-pot............................................................................................................. 26
Figura 21. Modelo de Paper-pot.............................................................................................................. 26
ii
Figura 22. Modelos de Moldes de Isopor ................................................................................................26
Figura 23. Aspecto Geral de uma Betoneira Manual...............................................................................27
Figura 24. Nivelamento da Areia Durante o Preparo da Sementeira.......................................................29
Figura 25. Processo de Semeadura Indireta.............................................................................................30
Figura 26. Detalhe do Processo de Irrigação e da Proteção das Sementeiras por Sombrite....................31
Figura 27. Repicagem das Plântulas nas Sementeiras .............................................................................32
Figura 28. Plantio da Muda em Tubete....................................................................................................33
Figura 29. Detalhe do Desbaste das Plântulas nos Tubetes.....................................................................33
Figura 30. Adubação da Produção Utilizando Haste para Pulverização do Produto...............................36
Figura 31. Diferenças Estruturais entre o Sistema Radical em Plântulas Prontas para Expedição.........37
Figura 32. Micorrizas: Associações Benéficas entre Raízes e Fungos....................................................37
Figura 33. Rustificação das Mudas..........................................................................................................38
Figura 34. Tamanho Ideal da Muda para Expedição...............................................................................39
Figura 36.
Figura 35. Mediçãodo
Detalhe daProcesso
Espessuradedo Colo ..............................................................................................39
Expedição das Mudas ......................................................................40
Figura 37. Máquinas para Plantar Mudas ................................................................................................41
Figura 38. Tipos de Estacas .....................................................................................................................43
Figura 39. Sistema de Produção de Mudas por Estaquia.........................................................................44
Figura 40. Propagação Vegetativa por Alporquia....................................................................................45
Figura 41. Representação Esquemática da Operação de Enxertia por Estaca Terminal .........................46
Figura 42. Propagação Vegetativa por Enxertia ......................................................................................47
Figura 43. Representação Esquemática do Processo de Micropropagação.............................................48
Figura 44. Fruto (Cápsula) do Eucalipto .................................................................................................50
Figura 45. Mudas de Eucalipto................................................................................................................52
Figura 46. Detalhe do Sistema Radicular bem Formado.........................................................................55
Figura 47. Sistema Rocambole para Expedição de Mudas Produzidas em Tubetes ...............................56

LISTA DE TABELAS

Quadro 01. Características Desejáveis da Água Disponível no Viveiro para Irrigação da Produção.......34
Quadro 02. Efeitos da Aplicação de Alguns Nutrientes sobre as Plantas e o Substrato...........................35
Quadro 03. Formulação de Adubação das Mudas nos Diferentes Estágios de Maturação.......................36
Quadro 04. Caracterização de Espécies Selecionadas do Gênero Eucalyptus..........................................49

iii
1. INTRODUÇÃO 2.1. A SEMENTE
Desde o descobrimento do Brasil, os recursos A semente é um óvulo que após ser fecundado
naturais constituem a principal riqueza nacional, e desenvolvido, constitui a unidade de dispersão de
tendo sido explorados e, infelizmente, negligenciados dois grandes grupos vegetais: as gimnospermas e as
ao longo dos últimos séculos. Atualmente, as angiospermas. O primeiro grupo, cujos exemplos
plantações florestais (exóticas ou nativas) ocupam mais marcantes são os pinheiros, produz sementes
apenas 0,6% do território brasileiro, mas atendem a nuas (sem fruto) e o segundo grupo, predominante na
cerca de 30% da demanda nacional de madeira. flora brasileira, tem suas sementes protegidas pelos
Em decorrência disto há uma grande pressão frutos (DIAS, et al, 2006b).
sobre os remanescentes florestais do país, restando na 2.1.1. Estrutura da Semente
maioria das regiões Brasileiras somente fragmentos
florestais,
Ressalta-semuitos deles em
que nosso alto grau de
patrimônio antropização.
florestal requer (casca Aou semente possui
tegumento), um(cicatriz
o hilo envoltório externo
deixada pelo
enorme responsabilidade quanto ao manejo e tecido que unia o óvulo à parede do ovário –
preservação, de maneira a atender às demandas Figura 01); internamente, um embrião e o
sociais e ambientais. Neste sentido, deve-se dar endosperma (tecido para nutrição do embrião).
atenção especial à geração de conhecimento técnico e • Endosperma
aplicação e difusão de tecnologias.
O processo produtivo de sementes e mudas das O endosperma ou albume é um tecido de
essências florestais deve ser embasado em parâmetros reserva que tem como função nutrir o embrião
técnicos consistentes e bem elaborados. As mudas durante o seu crescimento. Muitas espécies
destinadas à comercialização devem possuir florestais não possuem mais endosperma quando a
excelente qualidade, resultando em produtos semente amadurece, como os eucalyptus, as
valorizados no mercado, sem problemas fitossanitário leguminosas, etc. Nestas espécies, o endosperma
e que se estabeleçam eficientemente após o plantio. foi totalmente consumido pelo embrião, restando
A necessidade de produção de mudas com em alguns casos apenas resquícios do tecido de
melhor qualidade e menor custo e em escala reserva (AGUIAR et al, 1993).
comercial, resultado da crescente demanda de • Tegumento
produtos florestais
viveiros florestais,notem levado
Brasil, bemacomo
multiplicação
a adoção de Constituído de duas partes, uma externa a
sistemas mecanizados de produção. Diversos testa ou Episperma e o tegme interno. Sua
equipamentos para uso em viveiro tem sido principal função é protetora, regulando a
desenvolvidos nos últimos anos, destacando-se penetração de água e gases. Algumas espécies
semeadeiras, pulverizadores, equipamentos de apresentam tegumento impermeável à água,
irrigação. necessitando o uso de tratamentos químicos ou
Esta apostila foi elaborada com o objetivo de mecânicos que visem facilitar a sua penetração nos
prover mão-de-obra capacitada na área de viveiros tecidos. O tegumento também é importante na
florestais e que possam se constituir em monitores estrutura da semente no que se refere a sua atuação
capazes de prestar assistência técnica a pequenos e na dispersão. Espécies como Ipê e o Mogno e o
médios produtores rurais. São abordados Pinus, possuem expansões alares no tegumento
especialmente os sistemas de produção além dos que permitem a sua dispersão pelo vento. Sua cor,
principais insumos e materiais necessários. formato e textura são característicos de cada
espécie permitindo a sua identificação botânica,
2. PROCESSOS GERMINATIVOS em alguns casos (AGUIAR et al, 1993).
O primeiro paso para que um viveiro florestal • Embrião
possa constituir um empreendimento de sucesso, é a
atenção especial na escolha das sementes. A semente O embrião é a planta rudimentar. É formado
é o fator principal no processo de produção de mudas, por dois cotilédones ou para-cotilédones, com
já que representa um pequeno custo no valor final da função de reserva, de produção de alimentos para
muda e tem uma importância fundamental no valor o crescimento da plântula e absorção de alimento
das plantações. Portanto, todo cuidado especial deve de outros tecidos de reserva. Abaixo dos
ser tomado com a produção e aquisição de sementes. cotilédones, na zona de transição até a radícula, é a
As sementes devem ser de boa qualidade genética e região denominada hipocótilo, que dará srcem ao
fisiológica. Devem ser colhidas em bons talhões, caulículo da plântula. A radícula é na realidade um
representativos da espécie, com todas as técnicas de conjunto de células meristemáticas e se encontram
beneficiamento e armazenamento (ABREU, 2008). voltada para a micrópila. É a raiz rudimentar do
embrião (AGUIAR et al, 1993).
1
Figura 01. Estruturas da Semente

Partes de uma semente (acima) e semente alada Fases do desenvolvimento da plântula


Fonte: Aguiar, 1993

2.2. COLETA DE SEMENTES 2.2.1. Objeti vos da Produção de Sementes


A coleta representa uma das etapas O produtor que investe na produção de
fundamentais no processo de produção de sementes e mudas pode optar por diferentes linhas
sementes de alta qualidade. Esta produção pode de atuação, dependendo do seu objetivo. A
destinar-se à obtenção de mudas para o plantio de produção pode destinar-se a fins diversos, a saber:
espécies madeireiras ou produtoras de resinas,
− Restauração ambiental (recomposição de áreas
látex ou outros
recuperação de áreas fins comerciais,
degradadas ou para
e conservação de degradadas);
recursos naturais. Assim, é ideal que o processo de − Arborização de áreas urbanas/paisagismo;
colheita de sementes seja feito em árvores − Produção de madeiras e derivados;
selecionadas e marcadas previamente, as matrizes, − Instalação de pomares (inclusive aqueles cujo
seguindo os critérios que garantam a obtenção de objetivo é o aproveitamento comercial de
sementes de alta qualidade. sementes); e
O sucesso do sistema produtivo de sementes − Artesanato.
depende do conhecimento técnico de todo o
processo, que envolve principalmente informações • Restauração Ambiental
sobre a época de floração, maturação dos frutos, Se o objetivo final ou a demanda de
das características de produção de sementes e das produção das sementes e mudas for para atender
condições climáticas durante o processo da aos processos de restauração ambiental ou
colheita. recomposição de áreas degradadas, quanto maior a
Por outro lado, as condições físicas da área variabilidade genética e a plasticidade fenotípica
produtiva e as características das árvores implicam (ou seja, possibilidade de surgirem indivíduos
na escolha dos materiais e equipamentos ideais a diferentes das plantas matrizes), melhor. É que, em
serem utilizados. um ambiente natural, o plantio de mudas (de uma
O preparo da equipe é fundamental para que mesma espécie) com grande diversidade genética,
a colheita seja efetuada dentro do período de evita que a área restaurada tenha plantas
tempo necessário e disponível, visando não perder geneticamente semelhantes, plantas altamente
a qualidade do produto, principalmente quanto ao aparentadas podem ser pouco resistentes às
período de germinação. Uma equipe bem treinada adversidades ambientais.
implica em maior produtividade e menor risco de Outro aspecto a ser considerado no processo
acidentes. No caso dos produtores de sementes de produção de sementes para obtenção de mudas
para fins comerciais, bons produtos mantêm a boa destinadas à restauração ambiental refere-se à
imagem da empresa no mercado (DIAS, et al, diversidade de produção. É desejável que, no
2006a). processo produtivo, sejam incluídas espécies que
ocupam diferentes estágios sucessionais na
2
formação da floresta, ou seja, é importante coletar de definir as técnicas de colheita e extração
sementes de espécies pioneiras, espécies das sementes, reduzindo custos durante a
intermediárias e espécies-clímax (DIAS, et al, operação.
2006a). − Os hábitos dos agentes polinizadores e dos
• Produção de Madeira e Derivados dispersores de sementes da espécie escolhida
(vento, insetos, morcegos, beija-flores, animais
Quando o objetivo da produção de sementes terrestres etc.), a fim de favorecer a
e mudas é a implantação de sistemas manutenção da população desses animais com
agroflorestais, produção de peças de artesanato, conseqüente conservação da população
paisagismo, madeiras, resinas, óleos etc, o vegetal, diversidade genética e melhoria na
interessante é que as plantas matrizes possuam produção de sementes por árvore (DIAS, et al,
características semelhantes e que essas se 2006a).
manifestem nos indivíduos descendentes,
• Características das Árvores Matrizes
garantindo
desejada. uma relativa uniformidade na produção As características que a árvore matriz deve
Dentro da atividade produtiva escolhida, a apresentar dependem da finalidade a que se destina a
padronização das matrizes é conveniente para o semente a ser colhida. Quando o objetivo for a
aumento da produção e para melhor se prever os produção de madeira, é importante a avaliação das
resultados. Citando como exemplo a produção de características do fuste; se for a formação de florestas
madeira, não é conveniente selecionar como de proteção, é prioritária a capacidade de proteção da
matrizes árvores que tenham o tronco tortuoso, copa; se for a extração de resina, a árvore deve
pois as mudas filhas provavelmente herdarão essa apresentar elevado teor desse extrativo. A seleção de
característica, que não é conveniente para a árvores superiores deve basear-se nos seguintes
produção de derivados madeireiros. Ao contrário parâmetros, propostos por Vieira et al (2001):
da produção de mudas para recuperação ambiental, − Vigor: refere-se a características como tamanho
quando o interesse é a obtenção de produtos da copa e da árvore, área foliar, resistência a
florestais o tamanho da área de coleta pouco pragas e moléstias, bem como a outros agentes,
importa: o que se busca são matrizes que como vento, temperatura e umidade. A árvore
apresentem as características desejadas, mesmo selecionada deve ser resistente aos fatores
que sejam poucos os indivíduos selecionados externos acima mencionados.

(DIAS, et al, 2006a). Ritmo de crescimento:
crescimento rápido ea árvore matriz devendo
uniforme, deve ter
2.2.2. Seleção de Árvores Matrizes
conseqüentemente, apresentar boa produtividade.
Árvores matrizes são exemplares de uma − Porte: esta característica se refere à altura e ao
determinada espécie que irão fornecer as sementes diâmetro da árvore; a matriz deve ter grande
e/ou propágulos para posterior comercialização e porte e fazer parte da classe de árvores
produção de mudas. Matriz é a planta fornecedora dominantes do povoamento.
de material de propagação sexuada (sementes) ou
assexuada (estacas, gemas) que, quando − Forma do tronco: característica importante
selecionada, permite-se determinar a srcem do principalmente para a produção de madeira. O
material genético, fornecendo a localização fuste deve ser retilíneo e com a forma mais
geográfica da população vegetal e dos indivíduos próxima da cilíndrica. As árvores com fuste
fornecedores de sementes. tortuoso e bifurcado não devem ser consideradas.
O ideal é que as árvores selecionadas sejam − Forma da copa: a copa deve ser proporcional à
sadias, com copa frondosa e com produção de altura da árvore, bem formada e bem distribuída.
frutos de boa qualidade, vigorosos. Antes de Para fins de proteção e produção, a árvore deve
iniciar a marcação de matrizes é importante definir ter copa grande e densa, de maneira a ter boa
e proceder a identificação botânica correta das exposição ao sol e área de assimilação; para a
espécies que serão marcadas, tendo em vista o produção
dimensão.de madeira, a copa deve ser de menor
posterior uso e/ou comercialização das sementes.
Uma identidade botânica incorreta (ou seja, nome − Ramificação: os ramos devem ser finos e
científico errado) pode prejudicar o consumidor inseridos o mais perpendicularmente possível no
final e pode ocasionar transtornos financeiros para tronco. Esta situação favorece a desrama natural
o comerciante de sementes e mudas. Ao escolher e reduz o tamanho dos nós, que é um grande
as espécies matrizes é preciso conhecer: defeito na madeira. Conseqüentemente, a árvore
− A época de floração e frutificação de cada irá adquirir forma florestal, adequada
espécie matriz para melhor planejar as idas ao principalmente, para a produção de madeira.
campo e as condições de armazenagem; − Produção de sementes: algumas árvores
− O tipo de fruto que cada espécie produz, a fim produzem mais flores, frutos e sementes que
outras, quer seja pelas características genéticas e
3
fisiológicas ou pelas condições ambientais perturbada por ações do homem e contiver uma
favoráveis, podendo receber mais luz e umidade. população de aproximadamente cem árvores da
Desse modo, a árvore matriz deve ter copa bem espécie escolhida, o aconselhável é que sejam
desenvolvida e com boa exposição à luz, de selecionadas 50 árvores e destas, marcam-se 12
maneira a poder apresentar abundante matrizes. Ano após ano pode-se fazer um rodízio e
florescimento e frutificação, o que deverá torná- escolher outras 12 árvores dentro das 50
la boa produtora de sementes. anteriormente escolhidas.
No entanto, se a área escolhida não
• Marcação de Matrizes apresentar as condições mencionadas acima, é
A identificação botânica das espécies arbóreas necessário que se escolham áreas próximas que
é extremamente importante, pois algumas espécies contenham a espécie em questão, marquem no
são muito parecidas entre si, ocasionando confusões mínimo 12 matrizes e com suas sementes faça um
quanto à correta identificação das mesmas. Sendo único lote. Nessas condições, caso não seja
assim, semprebotânica,
identificação que tiver dúvidas
procure auxílioquanto
de umà de,
possível marcar2050árvores
no mínimo, árvores, o idealpor
matrizes é aespécie.
marcação
pesquisador em uma universidade ou empresa de Deve-se evitar coletar sementes de árvores
pesquisa. Além disso, dependendo do clima e do solo, da mesma espécie que estejam muito próximas,
uma mesma espécie pode ter indivíduos (árvores) pois estas podem ser aparentadas ou irmãs. Por
muito diferentes na aparência (principalmente porte), isso o ideal é estabelecer uma distância mínima de
por se desenvolverem em pontos distantes entre si, cem metros entre uma árvore matriz e outra da
com características ambientais distintas. mesma espécie, para se garantir uma maior
Também não deve ser considerado somente o variabilidade genética do lote de sementes (DIAS,
nome popular da planta, pois duas ou mais espécies et al, 2006a).
distintas de plantas podem ter o mesmo nome, às Para diferenciar a matriz numa população
vezes na mesma região geográfica. utilizam-se placas de metal ou plástico, numeradas
É necessário ter certeza da identidade da de modo crescente. Estas espécies devem estar
espécie coletada para evitar de se misturar num catalogadas em fichas de identificação, que
mesmo lote sementes de espécies diferentes. Na deverão ficar disponíveis para consulta e conter os
dúvida, o correto é enviar uma amostra da planta, seguintes dados:
com folhas e, principalmente, flores e frutos, para o − Sobre a matriz: nome da espécie; nome
herbário maiscorreta
identificação próximo, visando
da planta com oànome
obtenção da
científico popular, localização
fitossanitário da matriz, da
alturamatriz, estado
e diâmetro do
e família. Para isso, é suficiente coletar dois ou três tronco na altura do peito, época de floração,
ramos da planta que contenham folhas, flores e, se principais polinizadores, quando houver,
possível, frutos (figura 02), e prensá-los entre papel e época de frutificação, tipo de fruto (por ex.
papelão, deixando-os secar ao sol ou em estufa a seco ou carnoso), data de coleta e nome do
aproximadamente 60° C (DIAS, et al, 2006a). coletor.
− Sobre a área de coleta: município/Estado,
Figura 02. Coleta de Ramo Florido para como chegar ao local, latitude, longitude,
Herborização altitude (se possível), relevo, solo, tipo de
vegetação e estado de conservação da
vegetação.
2.2.3. Época de Coleta de Sementes
A época ideal para a colheita é aquela em
que as sementes atingem o ponto de maturação
fisiológica, que confere a maior porcentagem de
germinação e vigor.
No caso de sementes florestais, a definição
da época de colheita é muito importante, porque
grande número de espécies produzem frutos de
natureza deiscente. Estes frutos abrem-se na
árvore, para que ocorra a dispersão natural das
Procedimento de coleta de ramo florido para sementes.
herborização, utilizando tesoura de jardim Na maioria das espécies florestais, é
Fonte: Dias, 2006 efetuada inicialmente a colheita dos frutos e,
Após a determinação botânica da espécie, posteriormente, a extração das sementes. Desta
deve-se definir o número de matrizes a serem maneira, para a definição do ponto de maturidade
marcadas. Se a área escolhida for natural, não fisiológica, os parâmetros referentes aos frutos são
4
relacionados com a qualidade fisiológica das Geralmente os frutos estão localizados em maior
sementes. abundância nas extremidades dos galhos e da copa.
A determinação do ponto de maturação dos A colheita é feita através da derrubada dos frutos
frutos para muitas espécies é feita observando-se ou sementes com tesouras ou ganchos apropriados,
as mudanças de coloração que, inicialmente, são presos na extremidade de uma vara, geralmente de
verdes, passando por várias tonalidades de bambu (CARVALHO & NAKAGAWA, 1980).
amarelo, vermelho, marrom ou preto. Esta No caso de árvores de pequeno e médio
mudança de cor é normalmente acompanhada pelo porte, o acesso à copa pode ser conseguido do
endurecimento da casca, em casos de frutos chão, com alcance equivalente à altura do colhedor
lenhosos, e aumento de tamanho e variações no e do comprimento da vara. Para as árvores de
peso dos frutos e sementes. A densidade dos frutos maior porte, o colhedor necessita escalar a árvore
e das sementes diminui, uma vez que o teor de para efetuar a colheita. As ferramentas e utensílios
umidade decresce nestas estruturas, em apropriados para este tipo de coleta são os
decorrência da maturação.
A época de maturação dos frutos pode variar seguintes:
a) Podão: ferramenta que consiste de um cabo
em função da espécie, da região onde são longo de madeira ou metal, em cuja ponta é
produzidos e entre os anos de produção. No inserido um cortador de galhos ou gancho. Seu
entanto, a variação também pode ocorrer entre alcance é limitado pelo comprimento do cabo,
plantas individuais numa mesma região e em um mas é de fácil manejo, baixo custo e não
mesmo ano. apresenta necessidade de treinamento de
Esta variação provavelmente é decorrente pessoal (Figuras 3 e 4).
das alterações climáticas do local onde as espécies
se desenvolvem, além das características genéticas Figura 03. Tesoura de Alta Poda (Podão)
e ecológicas da planta. Assim, ao verificar que os
frutos iniciam seu amadurecimento, é necessário
efetuar visitas periódicas ao local onde se
encontram as árvores matrizes. A época da
colheita irá corresponder ao período em que a
maioria dos frutos estiver madura.
Ao atingirem a maturidade, os frutos da
grande maioria
desprende das espécies
da planta-mãe e cai. Osflorestais
primeiros sea
caírem, assim como os tardios, devem ser
desprezados, pois, em geral, estão atacados por
pássaros, são brocados (larvas de insetos) ou têm
qualidade inferior. A colheita deve ser iniciada Detalhe da tesoura de alta poda (podão), sem o cabo,
quando a queda dos frutos torna-se mais intensa utilizada para coletar frutos de árvores altas
mercado (DIAS, et al, 2006a). Fonte: Dias, 2006

2.2.4. Métodos de Coleta de Sementes Figura 04. Uso da Tesoura de Alta Poda e do
A decisão sobre o método de colheita a ser Equipamento Completo de
empregado depende da altura, da forma e da Alpinismo
acessibilidade da árvore, além das características
dos frutos. Deve-se, também, considerar a prática
do pessoal envolvido nessa tarefa e os
equipamentos disponíveis.
Inicialmente, é importante proceder à
limpeza de toda a área onde será feita a colheita, a
fim de facilitar o recolhimento dos frutos que,
porventura, caírem no chão. Para a coleta dos
frutos e/ou das sementes os métodos mais
comumente usados são a retirada dos frutos
diretamente do chão, ou por meio da colheita em
árvores selecionadas especificamente para este fim
(DIAS, et al, 2006a).
• Coleta em Árvores em Pé Uso da tesoura de alta poda e do equipamento
completo de alpinismo na coleta de frutos e ramos
Este método consiste em colher os frutos ou floridos
sementes diretamente na copa das árvores. Fonte: Dias, 2006

5
b) Escadas: existem muitos modelos de escada no c) Esporas: podem ser empregadas em árvores de
mercado. As mais sofisticadas são as de qualquer forma, com exceção das palmeiras.
alumínio, com lances de três metros, que Requer treinamento para seu uso e de
podem ser acopladas umas às outras, atingindo acessórios como cinturões de segurança,
até 30 metros de altura. O principal capacetes e correias que circundam a árvore.
inconveniente é que as árvores devem ser retas Esse método permite maior agilidade e
para permitir perfeito e seguro ajuste e apoio da facilidade de manobras, inclusive com o podão.
escada. Pode ser utilizada em conjunto com o d) Equipamento de Alpinismo: utilizado para
podão. Indicada para as espécies que não árvores de grande ou médio porte, apresenta
suportam as injúrias causadas por outros facilidade de transporte na mata, peso reduzido
métodos (Figura 5). e de fácil uso. Requer treinamento especial para
uso, e demanda pouco esforço físico. O
Figura 05. Posicionamento da Escada equipamento é composto por conjuntos de
cordas estáticas
especialmente para e escalada),
fitas (fabricadas
ascenders,
bauldrier ou cinto de escalada e mosquetões
(Figura 6). ATENÇÃO: todo esse equipamento
é de segurança; deve ser adquirido em casas
especializadas e idôneas. Para evitar acidentes
fatais não se deve improvisar. O coletor lança a
corda através dos ramos, fincando-a numa
extremidade. Na outra são fixados, com o uso
de mosquetões, as fitas e o bauldrier, presos por
nós especiais. A subida é efetuada com o
auxílio dos ascenders.
e) Blocante ao Tronco: método de baixo custo que
utiliza apenas cordas de alpinismo, o bauldrier
e fitas. Com nós especiais é feito um conjunto
de laços e cordas que envolvem a árvore e que
são utilizados nos pés e na cintura do coletor,
Posicionamento da escada para uso na coleta de
frutos e ramos floridos como um cinturão de segurança.
Fonte: Dias, 2006

Figura 06. Equipamentos de Alpinismo

Ascender: equipamento próprio Cinto de escalada (bauldrier) Mosquetão com trava de segurança
para escaladas
Fonte: Dias, 2006
grandes, que caem ao solo sem se abrirem; (3)
• Coleta no Chão quando se tratar de sementes que não são
Consiste na coleta dos frutos e/ou sementes disseminadas pelo vento; (4) quando se tratar de
que caem no chão, próximos às árvores matrizes. Este frutos e sementes que não são atacados por animais.
método é recomendado nos seguintes casos: (1) A queda dos frutos e/ou das sementes pode ser
quando a colheita da árvore em pé por escalada ou acelerada sacudindo-se o tronco ou os galhos da
escada não for possível; (2) quando se tratar de frutosárvore, com o auxílio de uma corda chumbada atirada
6
entre os galhos ou de equipamento vibratório contenham os frutos jovens ao escalar a árvore,
acoplado ao tronco da árvore (DIAS, et al, 2006a). pois estas injúrias poderão comprometer
A coleta deve ser efetuada logo após a seriamente as próximas colheitas. Deve-se,
queda dos frutos ou sementes, a fim de evitar o também, evitar cortes drásticos dos galhos para
ataque de roedores, insetos, pássaros e fungos, que não comprometer as produções futuras e afetar o
pode reduzir a produção de sementes e afetar a sua desenvolvimento da planta. Outro aspecto
qualidade (CARVALHO & NAKAGAWA, 1980). importante é a limpeza e a manutenção da área,
que facilita a colheita, minimiza os problemas
• Coleta em Árvores Abatidas fitossanitários e evita perda de frutos por entre o
Este é um caso extremo de coleta em que os sub-bosque (DIAS, et al, 2006a).
frutos e/ou as sementes são colhidos de árvores Os cuidados com o manuseio dos frutos
derrubadas que estão sendo exploradas após a coleta, durante o processo de secagem e
comercialmente. Para isso é necessário que a beneficiamento, são de fundamental importância
exploração coincida
se ter cuidado comapenas
de colher a épocaos da colheita.
frutos Deve-
maduros para evitar contaminação
de assegurando por agentes
assim a qualidade patogênicos,
da semente.
árvores selecionadas, resguardando, desta forma, a Outro fator que deve ser observado durante
qualidade fisiológica das sementes e sua identidade a coleta de sementes refere-se à deiscência
genética (DIAS, et al, 2006a). (abertura) dos frutos. Para as espécies com frutos
indeiscentes (que não se abrem e não expõem as
• Cuidados Especiais Durante a Coleta sementes) a colheita pode ser iniciada após as
Para que a coleta seja realizada de maneira sementes terem atingido sua maturidade aparente
eficiente, deve-se tomar o cuidado para não (Figura 7).
danificar o tronco e não quebrar os ramos que
Figura 07. Deiscência (Abertura) dos Frutos Indeiscentes

A: Frutos secos, alados e indeiscentes A: Fruto carnoso e indeiscente


B: Sementes B: Sementes
Barra ( ____ )= 1 cm
Fonte: Dias, 2006
No caso de frutos deiscentes (que se abrem das sementes que ocorre com a abertura dos frutos
expondo as sementes) a coleta ser um pouco antes, (Figura 8).
de modo a evitar grandes perdas com a dispersão
Figura 08. Deiscência (Abertura) dos Frutos Deiscentes

A: Fruto seco deiscente A: Fruto seco e deiscente


B: Sementes aladas B: Sementes
Barra ( ____ )= 1 cm
Fonte: Dias, 2006

7
Em relação à coleta em áreas naturais, não é disseminadas pelo vento, possuem pouca
aconselhável a retirada total das sementes, para substância para conservar a semente e para nutrir a
que não haja comprometimento na reprodução das plantinha nos primeiros dias de vida; por isto,
árvores e conseqüentes riscos de declínio da devem ser plantadas logo após a coleta.
população natural. Além disto, a remoção de A maioria das espécies florestais apresenta
grande quantidade de sementes pode reduzir a produção irregular de sementes, o que
disponibilidade de alimentos aos animais que, impossibilita o suprimento anual capaz de atender
tendo o número de espécies e populações as necessidades dos programas de produção de
diminuídos, podem prejudicar a diversidade sementes. Torna-se, então, necessário o uso de
genética vegetal (no caso dos polinizadores) e a técnicas que permitam manter a viabilidade das
manutenção da própria floresta (especialmente no sementes pelo maior período de tempo possível.
caso dos dispersores de sementes, como a cutia e Nesse sentido, o conjunto de operações após a
os morcegos comedores de frutos), dentre outras coleta das sementes, visa melhorar e aprimorar as
conseqüências (CARVALHO & NAKAGAWA,
1980). características dosO lotes
armazenados. de sementes parapropicia
armazenamento serem
Esse cuidado deve ser redobrado quando se condições ideais na manutenção da qualidade
tratar de fragmentos florestais onde o equilíbrio da fisiológica e vigor das sementes até sua utilização
comunidade de plantas é frágil (DIAS, et al, (DIAS, et al, 2006a).
2006a).
2.3.1. Extração das Sementes
• Rendimento da Coleta Para a extração das sementes, ou seja, para a
A anotação do número de sementes por retirada das sementes dos frutos, são utilizadas
fruto e a relação fruto/sementes (quantidade de diversas técnicas que variam em função dos tipos
frutos, em quilograma, necessária para obter um de frutos. Os frutos podem ser carnosos, secos
quilograma de sementes) são parâmetros que (deiscentes ou indeiscentes), fibrosos, alados,
podem auxiliar na previsão de futuras colheitas, grandes ou pequenos. Os equipamentos e/ou
bem como no conhecimento das matrizes (DIAS, técnicas utilizadas para fins de extração das
et al, 2006a). sementes devem ser adequados para os diversos
tipos de frutos (DIAS, et al, 2006a).
2.3. BENEFICIAMENTO DE SEMENTES
• Frutos Carnosos
A coletaodematerial
não fornece sementesem no campo, geralmente,
condições de ser O processo de retirada das sementes dos
diretamente utilizado ou armazenado. As frutos carnosos com casca mole pode ser manual,
sementes, ao chegar do campo, estão envolvidas com o auxílio de facas ou por meio de máquinas
pelos frutos ou parte destes, além de apresentarem despolpadoras. No processo manual para a retirada
diversas impurezas, galhos e folhas que devem ser da polpa, dependendo da espécie, deve-se
removidos para que as sementes possam apresentar previamente submergir os frutos em água por
condições desejáveis para sua utilização, períodos de 12 a 24 horas para amolecer a polpa e
armazenamento e comercialização. depois proceder à maceração, esfregando-os na
A grande diversidade morfológica dos frutos peneira. A seguir, as sementes, ainda na peneira,
e sementes das espécies florestais nativas dificulta devem passar por uma rápida lavagem em água
o emprego de técnicas padronizadas no corrente.
processamento e beneficiamento das sementes. As Recomenda-se que após este processo, o
técnicas empregadas para realização destes material seja colocado num outro tanque para a
processos são rudimentares, e de certa forma eliminação do material restante por meio de
“artesanais”, dependendo de cada espécie. separação por flutuação. As sementes vazias e/ou
O manejo dos frutos e sementes entre a deterioradas flutuam, juntamente com os restos
colheita e a produção das mudas compreende dos frutos; as sementes em boas condições
etapas de extrema importância que consistem na afundam. Após este processo as sementes estarão
extração das sementes dos frutos, secagem e prontas para serem submetidas à secagem.
separação das sementes para eliminação das Outro método consiste em deixar os frutos
impurezas. amontoados sobre sacos plásticos por alguns dias
O conhecimento das características até iniciar a decomposição da polpa para facilitar a
fisiológicas da semente (que variam de espécie separação das sementes por meio da lavagem em
para espécie) é de fundamental importância para água corrente.
não se perder a produção, com conseqüências Para frutos que apresentam massa farinosa,
graves para o produtor e o consumidor final. Por polpuda e compacta, o processo de extração das
exemplo, sementes de ipês e de caroba têm baixa sementes é feito mecanicamente com utilização de
capacidade de conservação: como são ferramentas que promovem a quebra dos frutos
8
(facas, martelos e pilões) e, em alguns casos, caso, na comercialização deste produto é
utilizando-se máquinas especiais; porém, deve-se recomendável que esta necessidade de manter as
tomar muito cuidado para não danificar as sementes junto ao fruto seja esclarecida na
sementes. A seguir, as sementes devem ser lavadas embalagem, evitando-se questionamento quanto à
em água e colocadas para secar a sombra em local idoneidade do produtor (DIAS, et al, 2006a).
ventilado (DIAS, et al, 2006a).
2.3.2. Secagem das Sementes
• Frutos Secos Por ocasião da maturidade fisiológica as
Os frutos secos que liberam as sementes sementes maduras e/ou recém-colhidas
(deiscentes) devem ser colhidos antes da sua apresentam-se com o máximo de vigor e alto
abertura, acompanhando a mudança de coloração conteúdo de umidade. O processo de secagem é
do fruto e o início do processo de abertura, para uma operação necessária, pois o alto teor de
que não haja muita perda de sementes. umidade é uma das principais causas da queda do
A retirada
armazenamento é feitadas sementes
utilizando para doso
a secagem poder germinativo
sementes. Portanto,ea do vigor para
secagem visa areduzir
maioria das
o teor
frutos em ambientes próprios, sobre lonas ao sol, de umidade das sementes em níveis que
sombra, meia sombra ou em secadores, possibilitem uma melhor adequação das sementes
dependendo das características das espécies. A para o seu armazenamento e, conseqüentemente,
secagem à sombra é preferível, quando há dúvida manter o vigor germinativo por mais tempo (DIAS,
com relação à tolerância da semente à secagem ao et al, 2006a).
sol, que pode variar entre as espécies. A semente pode ganhar ou perder umidade
O período de secagem varia para cada tipo para o ambiente até atingir um equilíbrio
de fruto, mas em geral é em torno de dois a três (denominado de equilíbrio higroscópio). De
dias, até os frutos se abrirem e liberarem as acordo com a composição química das sementes,
sementes. Após este período, é necessário efetuar a estas apresentam diferentes teores de umidade no
agitação dos frutos para liberação total das ponto de equilíbrio, podendo ser classificadas em
sementes e proceder à retirada das impurezas. Este dois grandes grupos:
processo pode ser efetuado por meio de peneiras e − Sementes ortodoxas: suportam secagem e
por catação manual. redução da umidade entre 2 a 8%, sendo
Para frutos secos que não liberam as variável para as diferentes espécies e podem
sementes
com (indeiscentes),
auxílio de facas e recomenda-se a abertura
tesoura de poda para a − ser armazenadas
Sementes por períodos
recalcitrantes: mais sensíveis
muito longos. à
retirada das sementes (Figura 09). secagem, apresentam altos teores de umidade
(entre 30 a 70%), perdem rapidamente a
Figura 09. Processamento de Frutos Secos viabilidade quando submetidas à secagem e
Indeiscentes para Retirada das umidade abaixo de 12 a 31%, dependendo da
Sementes espécie e podem ser armazenadas por períodos
curtos que variam de um a seis meses.
O período de secagem depende da espécie,
da temperatura usada durante a secagem, do
conteúdo de umidade inicial e das condições
desejadas para o armazenamento.
A redução do conteúdo de umidade das
sementes durante o armazenamento é necessária
para diminuir o ataque dos insetos e incidência dos
microorganismos e para reduzir a velocidade de
deterioração das sementes. Neste caso, o termo
deterioração se refere a toda e qualquer alteração
degenerativa que ocorre com a qualidade das
sementes em função do tempo e da perda do poder
germinativo.
O processo de secagem compreende duas
fases: inicialmente há deslocamento da umidade da
superfície do fruto ou da semente para o ar ao seu
Fonte: Dias, 2006 redor, seguida da migração da umidade do interior
Para algumas espécies, devido à dificuldade para a superfície.
na retirada das sementes, é recomendado que não A velocidade de perda de umidade da
faça a extração, devendo os frutos serem superfície da semente para o ambiente é maior do
armazenados ou semeados, diretamente. Neste que o deslocamento de umidade do interior para
9
sua superfície. Em função disso, o processo de modificações das condições climáticas. Tem como
secagem deve ser lento e gradativo, possibilitando fonte de calor o sol e como ventilação a
a migração de umidade de dentro para fora. Por movimentação natural do ar.
outro lado, a secagem não deve ser muito lenta, As sementes são submetidas à secagem a
pois propicia o aparecimento de microorganismos, pleno sol, meia sombra ou sombra, em terreiros de
afetando a qualidade das sementes pela rápida secagem ou em peneiras (Figuras 10 e 11).
perda da germinação e vigor (DIAS, et al, 2006a). As sementes devem ser colocadas em
Para se processar a secagem, é preciso que camadas com espessura variando de 3 a 5 cm, em
haja diferença de pressão de vapor entre o ar e a função do tipo de semente. Utilizam-se, para
semente. Quando a pressão de vapor da semente acondicionar as sementes, tabuleiros de madeira e
for maior que a do ar, ocorre migração da umidade encerados (lonas), que normalmente são colocados
da semente para o ar. Na secagem, a temperatura em terreiros cimentados. Durante todo o processo
do ar é aumentada, o que reduz a sua umidade da secagem deve-se promover o revolvimento das
relativa desse
Através e, portanto, a induz-se
processo, pressão adedesidratação
vapor do ar.
da sementes
com lonasedurante
protegê-las dapara
a noite umidade,
evitar ocobrindo-as
orvalho e
semente. É necessário que o ar que se encontra em chuvas, bem como para manter a temperatura por
volta da semente esteja em movimento. Se por mais tempo. O tempo de secagem das sementes vai
acaso isso não acontecer, o ar circundante recebe a depender das condições atmosféricas, do conteúdo
umidade liberada e fica saturado, reduzindo a troca de umidade inicial e da umidade desejada das
de umidade (CARVALHO & NAKAGAWA, sementes durante o armazenamento.
1980). O tempo em que os frutos e sementes
Os procedimentos adequados nas fases de permanecem expostos ao sol varia de acordo com
retirada, secagem e armazenamento das sementes as condições climáticas locais e com o teor de
podem diminuir, muito, as taxas de deterioração umidade inicial dos frutos e das sementes.
destas (DIAS, et al, 2006a). Normalmente, os frutos das espécies florestais
colhidos e beneficiados pelo Instituto Florestal de
• Métodos de Secagem São Paulo permanecem, em média, de 3 a 5 dias no
Secagem Natural terreiro. Esse período pode se estender por até 8 a
10 dias, em períodos chuvosos ou em épocas muito
A secagem natural é mais barata, mas mais frias (CARVALHO & NAKAGAWA, 1980).
lenta que a artificial, estando sujeita às
Figura 10. Uso de Lonas ou Encerados para Secagem das Sementes

Fonte: Dias, 2006

Figura 11. Separação de Impurezas do Lote de Sementes Utilizando Peneira

Separação de impurezas do lote de


sementes, utilizando peneira, também
apropriada para secagem de sementes
(aumento de ventilação)
Fonte: Dias, 2006
10
Secagem artificial como é o caso da Araucaria angustifolia.
A Secagem Artificial é um método mais rápido Temperatura
e independente das condições climáticas, no entanto é A temperatura para secagem das sementes
mais dispendioso. É feito em estufas e/ou secadores e/ou frutos varia em função de sua natureza e da
providos de termostatos regulados para temperatura umidade inicial que o lote apresenta, pois
de 30 a 40ºC, dependendo da espécie. A secagem sementes com estruturas menos consistentes e
pode ser contínua ou intermitente, de acordo com o mais fibrosas perdem umidade mais rapidamente
período de ventilação de ar quente dirigido para junto que aquelas duras, firmes e carnosas. A
da massa de sementes e frutos. A secagem temperatura de secagem deve ser tanto menor
intermitente, para a maioria das espécies, pode causar quanto maior for o teor de umidade das sementes.
menos danos que a contínua, uma vez que o processo Assim, uma temperatura muito elevada pode secar
de secagem para as espécies florestais deve ser lento apenas a parte externa da semente, enquanto que
e gradativo. As sementes podem, também, ser
submetidas a um congelamento e, a seguir, secadas a elevado.
no seu interior, o teor de
A temperatura de secagem
umidade pode
continua
ser
vácuo (processo chamado de liofilização). aumentada gradativamente, à medida que a
O período de secagem depende do teor de semente vai perdendo água (CARVALHO &
umidade inicial. Quanto maior o teor de umidade do NAKAGAWA, 1980).
material a ser seco, menor deve ser a temperatura
inicial de secagem e mais lento o processo. 2.3.3. Beneficiamento das Sementes
Para a secagem artificial são necessários, Parte das impurezas é eliminada durante a
basicamente, os seguintes componentes: a) ventilador extração e secagem das sementes. Porém, muitas
- força a passagem do ar quente entre o material que dessas impurezas podem permanecer daí a
está sendo secado; b) depósito - local onde os frutos e necessidade de se fazer uma remoção mais
sementes são distribuídos para secagem e, c) controle cuidadosa dessas impurezas.
- dispositivos que controlam a temperatura e períodos O beneficiamento consiste num conjunto de
de funcionamento e de repouso do equipamento técnicas empregadas para retirar impurezas,
(CARVALHO & NAKAGAWA, 1980). promovendo a homogeneização do lote em relação
• Fatores que Afetam o Processo de às características de tamanho, peso e forma de suas
Secagem sementes. Este procedimento é realizado com o
objetivo de promover a homogeneização e
Equilíbrio higroscópico melhorar a qualidade do lote de sementes no que
O equilíbrio higroscópico ocorre quando a se refere ao tamanho, peso, forma, textura, cor.
quantidade de umidade que a semente absorve do ar é O beneficiamento manual é o método mais
igual à quantidade de umidade que a semente libera empregado para as espécies florestais nativas, face
para o ar, isto é, quando a troca torna-se equilibrada.à dificuldade de se padronizar técnicas adequadas
O período necessário para a semente atingir o para cada espécie (SILVA, et al, 1993). Neste
equilíbrio higroscópico depende da espécie, da método são utilizadas peneiras de vários tamanhos
natureza da semente e principalmente, da temperatura de malha (Figura 12), estas são muito utilizadas,
do ar. Em temperaturas mais elevadas, o equilíbrio é visto que podem ser de fabricação caseira, de
atingindo mais rapidamente. diversos tamanhos e formas de malhas. Além de
separas as impurezas das sementes, elas
Teor de umidade
possibilitam também a classificação das sementes
O conteúdo de umidade da semente por tamanho (NOGUEIRA & MEDEIROS, 2007).
necessário para se obter sua conservação, varia de
espécie para espécie. Carvalho & Nakagawa Figura 12. Beneficiamento manual de Sementes
(1980) citam que, se a umidade da semente for
superior a 45-60%, dependendo da espécie, ocorre
a germinação; quando se reduz a 18-20%, a
respiração da semente e presença de
microorganismos é considerada alta, causando
aquecimento no lote de sementes e
conseqüentemente, sua deterioração. Com
umidade de 13-16% as sementes adquirem mais
resistência aos danos mecânicos e com 8-9%,
diminui o ataque de insetos e microorganismos no
armazenamento. No entanto, muitas espécies
florestais não suportam a redução de seu teor de
umidade, perdendo rapidamente a viabilidade, Fonte: Nogueira & Medeiros, 2007
11
O beneficiamento mecânico é empregado secador rotativo de ar forçado, túnel de ventilação,
para poucas espécies, devido à complexidade dos classificadora de peneira vibratória e mesa
diásporos quanto aos aspectos morfológicos, gravitacional (Figura 13), entre outros
necessitando de equipamentos com regulagens equipamentos. (DIAS, et al, 2006a).
específicas ou adaptados a cada espécie,tais como
Figura 13. Mesa de Gravidade para Beneficiamento de Sementes

Fonte: Nogueira & Medeiros, 2007


Os materiais indesejáveis como sementes queda do poder germinativo não seja acentuada até
chochas, imaturas e quebradas, pedaços de frutos, o momento de sua utilização (Figura 14).
folhas ou qualquer outro detrito vegetal devem ser O armazenamento consiste no conjunto de
cuidadosamente retirados, de maneira a conferir condições e técnicas que diminuem a velocidade
maior pureza física e melhor qualidade ao lote de de processos de deterioração da semente, por meio
sementes.
Dentro de um mesmo lote, o tamanho das do uso de
umidade da embalagens
semente comque
o ar regulam a trocacom
e de ambientes de
sementes indica a qualidade fisiológica e o vigor, temperatura e umidade relativa controladas.
que são características relacionadas com o Assim, se a semente for armazenada em condições
potencial de armazenamento. Assim, a remoção não apropriadas, a tendência é que ela entre em
das sementes menores pode melhorar a qualidade equilíbrio com o ambiente e torne a absorver
do lote, principalmente se o objetivo final não for umidade, dando início ao processo de deterioração
a recuperação de áreas degradadas. e perda de vigor, comprometendo a produção de
Após a homogeneização, os lotes de mudas (DIAS, et al, 2006a).
sementes devem estar acompanhados de
informações básicas que facilitam a escolha do Figura 14. Detalhe de Câmara de
ambiente e da embalagem no processo de Armazenamento de Sementes
armazenamento. O ideal é ter disponíveis, por
exemplo, as informações básicas, como: nome da
espécie, data da coleta, área de coleta, tipo de
fruto, data da secagem, local de secagem e peso
líquido do lote (CARVALHO & NAKAGAWA,
1980).
2.4. ARMAZENAMENTO DA SEMENTE
As sementes apresentam melhor qualidade
por ocasião da maturação. Após este período o
poder germinativo e o vigor declinam em
intensidade variável, dependendo das condições a
que essas sementes ficam sujeitas. Portanto, as
sementes devem ser colhidas, processadas, secas,
limpas e posteriormente armazenadas sob Detalhe de câmara de armazenamento de sementes,
condições que possibilitem a conservação e utilizando latas como embalagem
manutenção da qualidade ou, pelo menos, que a Fonte: Dias, 2006

12
No Brasil, o mercado de espécies florestais melhor infra-estrutura laboratorial (DIAS, et al,
têm apresentado uma produção de sementes 2006a).
irregular, sendo abundante em determinado ano e
2.4.1. Embalagem para o Armazenamento
deficitário em outros. Assim, o armazenamento
torna-se necessário para garantir o suprimento As embalagens são recipientes destinados ao
anual de sementes. acondicionamento das sementes durante o
O armazenamento também tem importância armazenamento e têm a função de regular as trocas
fundamental para espécies cujas sementes perdem de umidade e oxigênio da semente com o ar, além
rapidamente a sua qualidade fisiológica da proteção de ataques de doenças e pragas.
principalmente quando não são semeadas logo A escolha da embalagem apropriada está
após a colheita. Além disto, o armazenamento é diretamente relacionada com o tipo de semente,
importante para a conservação dos recursos com o teor de umidade desejado por ocasião da
genéticos por meio de bancos de germoplasma, em secagem e com o ambiente de armazenamento,
que a qualidade
período de tempodapossível.
semente é mantida pelo maior variável
de para cada
embalagens paraespécie. Existem
acondicionar muitos tipos
sementes. Elas
O período de tempo em que a semente se são classificadas de acordo com o grau de
mantém viável denomina-se longevidade e é permeabilidade à água (vapor d’água). De modo
característica para cada espécie. Sementes de geral, as embalagens são classificadas, em função
algumas espécies se deterioram rapidamente, do grau de permeabilidade, em três categorias:
devido às características químicas, fisiológicas e embalagens porosas ou permeáveis, embalagens
morfológicas particulares, enquanto que outras semiporosas ou semipermeáveis ou resistentes à
mantêm sua viabilidade por longo tempo, pelos penetração de água e embalagens impermeáveis.
mesmos motivos. O objetivo do armazenamento é
conservar a viabilidade das sementes por maior • Embalagens Porosas ou Permeáveis
período do que o obtido em condições naturais. Permitem a troca de umidade entre as
Para tanto, baseia-se no princípio de que a sementes e o ambiente circundante. São as
respiração da semente e sua deterioração devem embalagens de pano, papel e papelão e devem ser
ser reduzidas. utilizadas para armazenamento em câmaras secas.
A qualidade das sementes não é melhorada Normalmente as sementes depositadas neste tipo
pelo armazenamento, mas pode ser mantida com de embalagem apresentam teor de umidade entre 9
um mínimo de adequados.
procedimentos deterioraçãoOpossível,
principal por meio édeo
objetivo e 12%,
de papeldependendo da espécie.
ou tecido (algodão, juta).Exemplos: sacos
de controlar a velocidade de deterioração.
O uso de técnicas adequadas de • Embalagens Semiporosas ou
armazenamento promove a conservação da Semipermeáveis
viabilidade das sementes por maior tempo, Não impedem completamente a passagem de
permitindo que seja feito estoque, tanto para uso umidade, mas permitem menor troca de umidade
futuro como para a comercialização. O período em do que as embalagens porosas. Estas embalagens
que a viabilidade pode ser mantida varia de são confeccionadas com materiais como
algumas semanas a alguns meses. Desta maneira, polietileno, papel multifoliado, papelão revestido
os lotes de sementes de menor longevidade com papel ceroso ou outro material
deverão ser enviados para semeadura antes do que impermeabilizante, e papel ou papelão tratado com
os de maior longevidade – sementes de maior alumínio ou asfalto. Os sacos plásticos são
longevidade possuem maior potencial de confeccionados com películas de polietileno de
armazenamento, podendo ter sua qualidade diferentes densidades e espessuras, que
mantida por mais tempo. O mesmo cuidado deve determinam o grau de penetração da umidade. O
ser tomado com relação aos lotes da mesma teor de umidade das sementes, por ocasião do
espécie de planta, mas com maior ou menor acondicionamento, deverá ser inferior ao
qualidade. verificado na embalagem porosa. Estas
Para se conservar as sementes em bom embalagens podem ser utilizadas quando as
estado, é preciso fazer o planejamento adequado, condições não são demasiadamente úmidas e o
quanto às instalações e equipamentos necessários período de armazenamento não é muito
durante todo o período de armazenamento. No prolongado. Exemplos: sacos plásticos de alta
entanto, são fundamentais conhecimentos básicos densidade e espessura, sacos de papel
sobre os processos fenológicos de floração, multifoliados, sacos de tecido (poliéster).
frutificação, tipos de frutos e da fisiologia das
sementes, antes e durante o período de • Embalagens Impermeáveis
conservação. Para certas espécies, o que conta é o À prova de umidade, não possibilitam a
conhecimento e domínio desses fatores e não a troca de umidade com o meio ambiente. Materiais
13
como metal (latas), plástico, polietileno de elevada variar com o período de tempo no qual as sementes
densidade e espessura, vidro e alumínio são ficarão armazenadas. Se o armazenamento for por
utilizados na confecção de embalagens desta longo período, o controle da umidade e da
categoria. Para estas embalagens as sementes só temperatura deverá ser mais cuidadoso, tornando o
poderão ser acondicionadas quando estiverem bem processo mais difícil, porém mais eficiente
secas, com teor de umidade ao redor de 8%, uma (CARVALHO & NAKAGAWA, 1980).
vez que a umidade do interior da embalagem não 2.4.3. Ambientes de Armazenamento
passa para o ambiente de armazenamento. As
sementes acondicionadas em embalagens O armazenamento deve propiciar condições
impermeáveis podem ser armazenadas em ambientais adequadas para os diferentes tipos de
qualquer condição de ambiente, devendo ser sementes, a fim de conservar a viabilidade das
evitada temperatura excessivamente alta. Quando a mesmas durante o período de armazenamento.
câmara de armazenamento for úmida, é necessário Períodos curtos, que normalmente
que as sementes
categoria sejam
de embalagem acondicionadas
(DIAS, et al, 2006a). nesta compreendem
indicados de um a que
para espécies seisnão
meses, em geral
suportam são
secagem
e perda do teor de umidade.
2.4.2. Condições de Armazenamento Períodos médios a longos mantêm o poder
Numa semente madura, a sua parte vital, o de germinação das sementes até cinco anos ou
embrião, encontra-se em estado de relativa mais. Esses são indicados para espécies que
inatividade. As sementes destinadas ao permitem secagem e redução do teor de umidade
armazenamento devem ser mantidas em condições entre níveis de 2 a 8%. O armazenamento por
que possibilitem ao embrião, continuar nesse períodos mais longos, geralmente, tem a finalidade
estado de inatividade. de superar irregularidades na produção de
As condições fundamentais para o sementes no campo e manter uma produção
armazenamento das sementes são a umidade contínua de mudas. No entanto, os objetivos do
relativa do ar e a temperatura do ambiente de produtor de sementes determinarão os
armazenamento. As sementes da maioria das procedimentos a serem adotados no
espécies conservam melhor sua qualidade quando armazenamento das sementes.
mantidas em ambiente o mais seco e o mais frio A boa conservação das sementes pode ser
possível. obtida em locais onde as condições climáticas são

sejam Caso as condições


adequadas, de armazenamento
a umidade não
presente no ar pode favoráveis ou das
armazenamento em sementes
ambientes controlados.
em locais O
tais como,
ser suficiente para iniciar as atividades do salas e galpões com condições favoráveis de
embrião, se houver também temperatura e temperatura, luminosidade e umidade, requerem
oxigênio suficientes. A intensa respiração das custos menores, bastando secá-las adequadamente,
sementes, somada às atividades de utilizar embalagens recomendadas e procurar
microorganismos, provocam o esquentamento da manter as sementes protegidas das possíveis
massa, acelerando o processo de deterioração. variações das condições ambientais (DIAS, et al,
Durante o armazenamento, a respiração das 2006a).
sementes deve ser mantida a nível mínimo. A Quando as condições locais são
atividade respiratória implica no consumo de relativamente desfavoráveis ou o período de
produtos elaborados contidos nas sementes e de armazenamento é longo, pode haver necessidade
oxigênio, com liberação de gás carbônico, água e da conservação em ambiente controlado, que
calor. Taxas elevadas de respiração esgotam requer planejamento mais detalhado e envolve
rapidamente as substâncias de reserva acumuladas maiores despesas. Os ambientes controlados para
na semente, das quais ela depende para promover a armazenamento classificam-se em câmaras frias e
germinação e o desenvolvimento inicial da úmidas, secas e frias e secas.
plântula.

A umidade relativa do ar e a temperatura do Câmaras Frias e Úmidas
ambiente de armazenamento influem diretamente Podem ser utilizadas câmaras frigoríficas e
na velocidade respiratória das sementes. também refrigeradores domésticos para a
A condição de baixa temperatura é obtida conservação das sementes por longos períodos.
através de câmaras frias, que devem ser providas Estes ambientes devem ser providos de
de compartimentos e prateleiras, de modo a alojar compartimentos e prateleiras de modo a alojar
diferentes lotes de sementes. diferentes lotes de sementes. Geralmente são
A condição de baixa umidade é obtida mantidos com temperaturas variando de 5 a 15ºC e
através de câmaras secas, com a utilização de umidade relativa entre 40 e 90%, o que pode
aparelho desumidificador. aumentar o teor de umidade das sementes. Estas
As condições de armazenamento podem câmaras são indicadas para sementes que não
14
suportam a diminuição rápida do teor de umidade • Teor de Umidade das Sementes
e requerem um acondicionamento em ambientes
que mantenham o teor de umidade (das sementes) O teor de umidade das sementes é função da
acima do limite crítico de cada espécie. umidade relativa do ar e da temperatura do
ambiente. Sendo um material higroscópico, a
• Câmaras Secas semente pode absorver ou ceder umidade para o
São câmaras onde o ambiente é mantido à ambiente, até que seja atingido o ponto de
temperatura de 10 a 15ºC e baixa umidade relativa, equilíbrio higroscópico.
entre 40 e 50%. Nesta câmara devem ser mantidas Sementes de diversas espécies apresentam
sementes que perdem a viabilidade quando diferentes teores de umidade de equilíbrio, à
mantidas a temperaturas muito baixas. mesma temperatura e umidade relativa do ar. Estas
diferenças são devidas principalmente à
• Câmaras Frias e Secas composição química das sementes (Popinigis,
1977). Assim, para a mesma condição de
10ºC eApresentam temperaturas
umidade relativa baixa, debaixas, entreEstas
40 a 50%. 4e ambiente, as sementes com elevado teor de
proteína ou amido apresentam teor de umidade
câmaras são apropriadas para sementes que mais elevado do que as oleaginosas.
suportam bem o processo de secagem, uma vez Diferenças no conteúdo inicial de umidade
que pode diminuir o seu conteúdo de umidade sem das sementes armazenadas podem afetar o tempo
prejudicar a qualidade fisiológica. de conservação. Para a maioria das espécies já
2.4.4. F atores que Afetam o Armazenamento estudadas, quanto menor o teor de água na
Mesmo que as condições de ambiente semente, maior o tempo de preservação (DIAS, et
(temperatura e umidade relativa do ar) sejam al, 2006a).
controladas, outros fatores podem afetar a • Porcentagem Crítica de Umidade
viabilidade das sementes durante o
armazenamento. Cada variação de aumento no teor de
Dentre os fatores que afetam o umidade das sementes, acima de uma determinada
comportamento das sementes durante o porcentagem crítica, acelera a deterioração. Esta
armazenamento, podemos citar comportamento em porcentagem crítica não é a mesma para todos os
relação à secagem, longevidade natural e lotes de sementes e para todas as condições de
armazenamento e é sempre mais alta para níveis
dormência, teor
porcentagem críticadedeumidade
umidade, das sementes,e
embalagem mais baixos de temperatura.
qualidade inicial das sementes. Este comportamento ocorre com as
sementes classificadas como ortodoxas, que devem
• Comportamento em Relação à Secagem ser armazenadas com baixo teor de umidade. É o
As sementes podem ser definidas quanto à caso também das sementes dos gêneros Pinus e
sua resposta ao processo de secagem como Tabebuia.
ortodoxas e recalcitrantes. As ortodoxas podem ter Contrariamente, as sementes recalcitrantes
o conteúdo de umidade reduzido a níveis mínimos têm que ser armazenadas com alto teor de
para proceder-se, a seguir, ao armazenamento. As umidade, a fim de que sua viabilidade não seja
recalcitrantes, ao contrário, não resistem à diminuída rapidamente.
desidratação e perdem rapidamente a viabilidade • Embalagem
quando reduzido o conteúdo de umidade abaixo de
um valor considerado crítico, mesmo armazenadas De modo geral, as embalagens ou os
em ambientes com baixa temperatura. As sementes recipientes destinados ao acondicionamento das
ortodoxas são mais fáceis de serem armazenadas e sementes durante o armazenamento são
as sementes recalcitrantes requerem condições que classificados, em função do grau de
mantenham alto teor de água em seu interior, permeabilidade ao vapor de água, em três
durante o armazenamento. categorias: porosas, 1984),
(Zanon & Ramos, semiporosas e impermeáveis
conforme apresentado
• Longevidade Natural e Dormência anteriormente.
Sementes com maior longevidade natural, • Qualidade Inicial das Sementes
em especial as dormentes, são as que apresentam
menos problemas para armazenar. Sementes Não se pode esperar que as sementes de um
aladas, como os ipês, têm longevidade mais curta lote de média qualidade apresente, durante o
que as envoltas por tegumentos duros. A armazenamento, o mesmo comportamento das
observação dessa característica colabora na hora sementes de um lote de alta qualidade (Carvalho &
de decidir sobre a condição de armazenamento a Nakagawa, 1980). As condições climáticas
ser empregada. ocorridas durante a maturação das sementes e o
grau de maturação das sementes durante a colheita
15
são os principais fatores que afetam o nível de 2.5.1. Fator es que Influenciam na Germinação
qualidade inicial das sementes. Quando a semente tem a capacidade de
Condições climáticas durante a germinar imediatamente assim que lhe forneçam os
maturação das sementes níveis adequados de umidade, temperatura, oxigênio,
Durante o processo de maturação das diz-se que está quiescente; já uma semente viável,
sementes, existem duas fases que exigem tendo todas as condições ambientais ideais para
condições climáticas completamente diferentes. germinar e não o faz, é chamada semente dormente.
Na primeira fase, as sementes acumulam A dormência é uma estratégia reprodutiva
rapidamente matéria seca e a presença de umidade importante e está associada às plantas que se
em quantidade adequada é indispensável. A falta regeneram naturalmente, a partir do banco de
de chuva nesta fase tornará menos eficiente a sementes do solo, ou àquelas que precisam conservar
deposição de substâncias nutritivas no interior das seu potencial de germinação, até que condições
favoráveis ocorram. É, portanto, um mecanismo
sementes,
menor tornando-as
potencial menos vigorosas
de armazenamento. e com
Na segunda natural que impede a germinação (Figlioli & Pinã-
fase as sementes se desidratam rapidamente e se Rodrigues, 1995).
ocorrer muita chuva, a desidratação será lenta. Isto Para desencadear o processo germinativo de
fará com que o teor de umidade das sementes seja algumas sementes pode ser necessário promover a
mantido em nível elevado, conduzindo as sementes quebra de dormência, que consiste em propiciar a
a uma rápida deterioração. Estas sementes terão o obtenção de umidade que elas perderam. A perda de
seu potencial de armazenamento reduzido. umidade da semente pode ocorrer durante sua
formação, durante o procedimento de sua retirada dos
Grau de maturação das sementes na frutos e na secagem visando o armazenamento
colheita (Carneiro, 1995), ou ainda pelo processo natural de
Sementes colhidas antes ou depois do ponto impedimento da hidratação, em decorrência de
de maturidade fisiológica apresentam menor tegumentos impermeáveis.
potencial de armazenamento, por não terem ainda Algumas sementes não germinam na natureza
atingido a máxima qualidade fisiológica ou por já enquanto sua casca não for retirada, permitindo a
terem iniciado o processo de deterioração entrada de água ou oxigênio no interior da mesma
(Carvalho & Nakagawa, 1983). (CESP, 2000). Outras só germinarão na natureza se
passarem pelo interior do trato digestivo de um
2.5. GERMINAÇÃO DAS SEMENTES animal, causando assim o desgaste da casca pela ação
do suco gástrico.
A germinação ocorre quando o embrião,
contido dentro de uma semente, começa a se Como saber se uma espécie possui sementes
desenvolver, rompendo a casca da mesma, dando dormentes? É importante ter sempre à mão uma
srcem a uma plântula. Para que isso ocorra são bibliografia especializada para buscar essa e outras
necessárias algumas condições, como por informações sobre as espécies com as quais queremos
exemplo, temperatura, luz, oxigênio e umidade trabalhar. No entanto, se o viveirista não dispõe desse
ideais. material de consulta, ele deve mergulhar as sementes
Os eventos importantes da germinação em água à temperatura ambiente e deixá-las ali por 24
iniciam-se com a embebição de água, processo h. Se após esse período as sementes não incharem,
físico que ocorre mesmo em sementes mortas. A indicando que absorveram água, é provável que esta
ativação enzimática acontece logo em seguida, em espécie apresente dormência física.
parte devido à reativação de enzimas estocadas, Além dessa impermeabilidade da casca à água,
formadas durante o processo de desenvolvimento existem outras formas de dormência em sementes,
do embrião, e em parte devido à síntese de novas como: presença de inibidores da germinação, embrião
enzimas, assim que a germinação se inicia. imaturo e a combinação dos fatores mencionados
A primeira evidência da germinação é a (DIAS, et al, 2006b).
emergência da radícula. Quando a plântula inicia a 2.5.2. Tipos de Dormência
absorção de água e a fotossíntese, tornando-se
independente dos tecidos de reserva, considera-se • Dormência do Tegumento
que o processo de germinação está terminado. Dormência Física
Durante a sua formação a semente perde
umidade, o que evita a germinação dentro do fruto Tegumento (casca) impermeável à água,
ou junto ao corpo da planta-mãe, bem como sua mas com embrião quiescente é característica de
deterioração pelo ataque de microrganismos. Essa grande número de espécies. A secagem em altas
redução no teor de umidade faz com que o embrião temperaturas geralmente aumenta a dureza do
tenha seu metabolismo reduzido, aguardando tegumento. Na natureza a quebra de dormência
condições favoráveis para que ele se desenvolva e pode ocorrer por vários agentes ambientais,
srcine uma nova planta (DIAS, et al, 2006b). incluindo abrasão mecânica, alternância de
16
temperatura, ataque por microorganismos, fogo e 2.5.3. Métodos de Superação de Dormência
passagem pelo trato digestivo de aves e mamíferos. Existem vários métodos de superação ou
No caso das espécies que necessitam destes quebra de dormência, cujo objetivo é acelerar o
processos para germinar ou para quebrar a processo, aumentar e uniformizar a germinação.
dormência da semente, pode-se usar ácidos que Dentre os métodos mais utilizados para quebra de
vão corroer a testa da semente, fazer escarificação dormência e indicados neste manual estão a
com lixas de parede ou mesmo causar pequenas escarificação mecânica, o método químico
injúrias no tegumento da semente com auxílio de (tratamento por ácidos) e o choque térmico.
facas e objetos pontiagudos (DIAS, et al, 2006b).
Dormência mecânica
• Escarificação Mecânica
A dureza dos tegumentos impede a Este método é utilizado para amolecer ou
expansão do embrião, como ocorre no pêssego, romper parte do tegumento da semente. Pode ser feito
por meio da raspagem manual, utilizando lixas de
cujodormência
de caroço dificulta
podea absorção de água.
ser superado daEsse tipo várias texturas, ou com auxílio de um escarificador
mesma
maneira citada no item anterior. especializado. Também as sementes podem ser
colocadas em máquinas semelhantes a betoneiras
Dormência química com areia grossa ou cascalho, que auxiliam na
Alguns inibidores químicos se acumulam no eliminação de parte do tegumento e facilita a entrada
fruto e no tegumento das sementes. Algumas de água para desencadear o processo de germinação.
espécies apresentam mucilagem contendo As sementes escarificadas muitas vezes são
inibidores sob o fino tegumento. Dependendo da susceptíveis ao ataque de organismos patogênicos,
natureza do inibidor a lavagem com detergente permanecendo viáveis por um curto período após o
diluído ou água corrente pode ajudar a superar a tratamento. Sendo assim, a escarificação deve ser
dormência da semente. feita no momento que se pretende obter a germinação
do lote de sementes.
• Dormência Morfológica A escarificação pode ser feita também por
Em algumas espécies o embrião pode estar meio de substâncias químicas, conforme
ausente, ou parcialmente formado quando o fruto está procedimento descrito a seguir, que auxiliam na
maduro. O uso de temperaturas abaixo de 15ºC, ruptura ou eliminação parcial do tegumento (DIAS, et
al, 2006b).
temperaturas
giberelina alternadas
favorecem e nitrato de
a germinação. As potássio
sementes ou
de • Escarificação Química
palmeiras tropicais requerem, naturalmente, o
armazenamento por vários anos, mas esse tempo Tratamento por ácidos
pode ser reduzido para três meses a 38-40º C. Um dos métodos comuns para se obter a
quebra de dormência é o tratamento de imersão em
• Dormência Interna ácido sulfúrico. Este tratamento resulta no
Dormência fisiológica aumento do índice de germinação de 10% para
Presente na maioria das herbáceas de zona mais de 90%. Cada espécie necessita de um tempo
temperada desaparece durante o beneficiamento e diferente de embebição no ácido; depois de
armazenamento em condições de baixa umidade. transcorrido esse tempo as sementes e o ácido
Se as sementes são sensíveis a altas temperaturas devem ser despejados lentamente em água. Várias
para germinar fala-se de termodormência; se as lavagens em água devem ser feitas para retirar
sementes necessitam de luz para germinar chama- totalmente o ácido e os fragmentos de casca que
se de fotodormência (DIAS, et al, 2006b). podem se desprender. No processo de tratamento
químico por ácido deve-se (DIAS, et al, 2006b):
Dormência interna intermediária 1. Misturar todas as sementes formando um único
lote;
Dormência exercida pelos
semente, o embrião germina normalmente. tecidos da 2. Testar o tempo ideal de imersão das sementes em
ácido, utilizando algumas amostras pequenas –
Embrião Dormente quando as sementes estiverem com o tempo de
Para haver a germinação, é requerido um tratamento ideal, elas ficam escuras;
período de estratificação, quando as sementes 3. Após definir o tempo ideal para a espécie, cobrir
hidratadas são pré-condicionadas entre 3 e 10º C. todas as sementes do lote com ácido e deixá-las
O embrião não germina normalmente, podendo pelo tempo necessário;
ocorrer anões fisiológicos (característica que não é 4. Após o término do tempo, lavar as sementes com
genética); ocorre geralmente em árvores e arbustos água corrente por cinco a dez minutos para
de clima temperado. eliminar todo o ácido; e
5. Secar totalmente as sementes antes de utilizá-las.
17
Tratamento por outras substâncias apresenta em geral uma importância maior na
Alguns sais e produtos como tiuréia, agricultura por causa da mistura com sementes de
hidróxido de sódio, peróxido de hidrogênio, álcool ervas daninhas, mas é também importante em
etílico (álcool comercial comum) e solventes como silvicultura para calcular a proporção de detritos
éter e acetona, também são úteis no tratamento inúteis e corpos estranhos presentes.
químico pré-germinativo. Após o tratamento A pureza é a porcentagem por peso de
químico das sementes, elas podem ser preservadas sementes limpas e perfeitas numa amostra. A
de uma semana a um mês, antes da semeadura, porcentagem de pureza é calculada pela fórmula:
sem grande deterioração (DIAS, et al, 2006b). peso de sementes limpas e perfeitas
Pureza = × 100
peso de sementes + impurezas
• Choque Térmico A pureza é determinada pelo exame
Embebição em água quente individual de cada semente da amostra a ser
testada. Qualquer semente com aparência externa
Estecujas
espécies tratamento
sementesé possuem
recomendado para as
o tegumento normal é contada com perfeita; se a casca
duro. Neste método, a água é aquecida até cerca de apresentar rachaduras ou se há furos feitos por
90°C, e nela são mergulhadas as sementes, que insetos, as sementes são classificadas como
deverão permanecer imersas por um tempo ideal, impureza (DEICHMANN, 1967).
que varia, dependendo da espécie. Para saber o 2.6.2. Número de Sementes por Quilograma
período necessário de permanência das sementes
neste tratamento, recomenda-se testar uma É importante para um silvicultor que
pequena amostra em tempos variáveis, aferindo as trabalha com sementes, saber quantas plantas ele
taxas de germinação. Depois de permanecerem o pode esperar de cada quilograma. Como há uma
tempo necessário ao tratamento, as sementes estão variação considerável dentro de uma mesma
prontas para semeadura (DIAS, et al, 2006b). espécie, é aconselhável contar o numero de
sementes por quilograma, assim com testar a sua
Embebição em água fria vitalidade antes da semeadura.
Consiste em colocar o lote de sementes em Numa mesma região sementes da mesma
água à temperatura ambiente, mantendo-as por espécie variam em tamanho sem apresentarem
cerca de 24 horas. O tempo de embebição varia grandes variações na sua qualidade. Mas, é sabido
que as sementes grandes de uma região germinam
conforme
e, em geral,a descartam-se
permeabilidade da casca que
as sementes (tegumento)
flutuam, mais rapidamente do que as pequenas, produzindo
pois provavelmente estas não estão viáveis. Após a ao mesmo tempo mudas mais precoces e mais
embebição as sementes, se necessário, podem ser resistentes (DEICHMANN, 1967).
estocadas a baixa temperatura (± 5°C), por algum Nas sementes do mesmo tamanho, um peso
tempo (DIAS, et al, 2006b). menor é uma indicação de um grão mal
desenvolvido ou de um dessecamento excessivo. O
2.6. TESTES DE SEMENTES E tamanho pode ser julgado por comparação com
GERMINAÇÃO amostras representativas ou passando a semente
Esse teste visa avaliar o poder germinativo através de telas selecionadoras com malhas de
das sementes após a sua colheita, após os dimensões diferentes.
tratamentos pré-germinativos e após os períodos Na prática, tamanho e peso são designados
variáveis de armazenamento. Quando o coletor de de acordo com um só fator: número de sementes
sementes vai comercializá-las é importante que por quilograma. Este número quando usado para
ofereça ao comprador a informação da determinar o tamanho deve ser calculado à base de
porcentagem de germinação daquela amostra. Nos sementes limpas, isentas de impurezas. Por outro
viveiros, esse teste também é importante já que, lado, o numero por quilograma com impurezas é
conhecendo o poder de germinação daquele lote de mais conveniente para calcular a quantidade a ser
sementes, economiza-se substrato no momento da semeada no viveiro
cálculo é feito (DEICHMANN,
usando-se 1967). O
a fórmula seguinte:
semeadura. Por exemplo, se o teste acusar que o
lote apresenta 50% de germinação colocam-se de 1.000
Nº sementes por Kg = × 100
duas a três sementes em cada recipiente; depois peso de 1.000 sementes (gramas)
que germinarem, as plântulas podem ser repicadas
para outros recipientes (DIAS, et al, 2006b). Os
fatores mais importantes que influenciam os testes 2.6.3. Cálculo do Peso de 1.000 Sementes
de sementes e germinação são: pureza, número de O teste de pureza torna o cálculo do peso de
sementes por quilograma e vitalidade. 1.000 sementes limpas. È necessário contar o
2.6.1. Pureza número de sementes perfeitas de uma amostra e
aplicar a seguinte fórmula:
A porcentagem de um lote de sementes
18
peso de gramas de sementes perfeitas obtendo então o peso da matéria seca da semente
Pureza = × 1000
(PS) (DIAS, et al, 2006b).
Nº de sementes + impurezas
(Pi − PS)
2.6.4. Medidas de Germinação %U = × 100
Pi
Existem várias formas de se medir a Onde:
germinação, entre elas a “germinabilidade”, que é %U = umidade em percentual
Pi = Peso inicial
a porcentagem de sementes germinadas em relação PS = Peso após secagem em estufa
ao número de sementes dispostas a germinar, sob
determinadas condições ambientais:
(SG )× 100 2.7. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:
%G = PROCESSOS GERMINATIVOS
TS
Onde: A. Quais são as principais características que uma
%G==número
SG percentual
totaldedegerminação
sementes germinadas árvore matriz
B. Descreva os deve apresentar?
métodos de coleta de sementes
TS = número total de sementes existentes e os equipamentos utilizados em cada
A germinabilidade informa o percentual de um.
sementes germinadas, entretanto não reflete o C. No que consiste e quais são as etapas do
tempo que foi necessário para que as sementes beneficiamento de sementes?
atingissem tal porcentagem de germinação. Podem D. Quais são os métodos de secagem existentes e
existir dois lotes de sementes que apresentem o quais os fatores que afetam o processo?
mesmo porcentual de germinação; no entanto, E. Como ocorre e quais fatores afetam o
podem apresentar velocidades de germinação armazenamento das sementes? Quais são as
diferentes. Existem medidas que quantificam a embalagens e os ambientes existentes para tal?
germinação, informando quanto tempo foi F. Quais são as variáveis que influenciam no
necessário para o lote de sementes germinar. A processo de germinação? Que métodos podemos
equação apresentada abaixo pode ser utilizada para utilizar para superar tal fator?
calcular o tempo médio: G. Quais são os teste que avaliam a qualidade de um
(N × t ) lote de sementes e seu poder de germinação?
T=
N H. Calcule: Se uma amostra de sementes, incluindo
Onde:
T = tempo médio necessário para determinado número impurezas,que
perfeitas pesaa 35,4 gramas
amostra e se as
contém sementes
pesa 31,86
de sementes germinar gramas. Qual será a porcentagem de pureza desta
N = número de sementes germinadas no intervalo de amostra?
tempo
t = intervalo de tempo necessário para germinação do 3. VIVEIROS FLORESTAIS
lote
A semente que demora muito para germinar 3.1. MANEJO DE VIVEIROS
pode ser atacada por fungos durante o processo de Na atividade de produção de mudas a
embebição e não germinar. Portanto o lote que estrutura e organização dos viveiros são
apresentar maior velocidade durante o processo de extremamente importantes para obtenção de mudas
germinação irá sofrer menos influência de de qualidade, produzindo plantas de espécies
patógenos (DIAS, et al, 2006b). adequadas e em quantidade necessária à demanda,
2.6.5. Determinação de Umidade respeitando-se a época e o destino do plantio. Para
isso é extremamente importante planejar
O teste de umidade visa determinar o corretamente as instalações do viveiro, ter
conteúdo de água presente na semente, com o conhecimento suficiente das técnicas para
objetivo de estabelecer os parâmetros adequados operacionalizá-lo e administrá-lo, além de obter
para a manutenção
sementes para finsda qualidade fisiológica dase
de armazenamento excelente qualidade em sua produção e com menor
custo possível.
principalmente para comercialização. É fácil visualizar toda a dinâmica
No Brasil o método mais usado é o método operacional de um viveiro (Figura 15), cujas
de estufa a 105ºC por 24 horas; no entanto, pode- etapas são: obtenção de sementes; beneficiamento;
se usar 17 horas a 103ºC, ou estufa em 70ºC até o armazenamento; quebra da dormência (caso
peso das sementes estabilizar. necessário); preparo das sementeiras; processo de
Para determinar o percentual de umidade, semeadura; estabelecimento das mudas em
deve-se pesar as sementes para obter o peso inicial canteiros e manejo das mudas até o processo de
(Pi), após deve-se mantê-las em estufa de acordo expedição.
com o método escolhido. Após o tempo de Ressalta-se aqui a importância da área como
secagem deve-se pesar novamente as sementes, remanescente florestal utilizado para seleção e
19
marcação das árvores matrizes, já que a falta de dispensada a todo o processo de produção deve ser
critérios na etapa inicial – obtenção de sementes – efetiva.
pode comprometer todas as etapas seguintes, Qualquer problema apresentado durante o
relativas à produção de mudas, bem como processo produtivo deve ser imediatamente
prejudicar, em longo prazo, o consumidor final. solucionado para não comprometer a produção, a
Em todas essas etapas o controle qualidade das mudas e, conseqüentemente, os
fitossanitário deve ser rigoroso; as atividades de rendimentos obtidos pela comercialização do
manejo no viveiro devem ser cuidadosas; a atenção produto (DIAS, et al, 2006b).
Figura 15. Dinâmica Operacional do Viveiro

Fonte: Dias, 2006


20
3.1.1. Escolha do Local Adequado divisões bastante distintas, cujas funções devem estar
O importante ao se planejar a instalação de bem claras durante o processo de manejo.
um viveiro é observar os aspectos econômicos, • Área de Preparação Básica
climáticos, topográficos e logísticos do local
escolhido. Para um produtor de sementes e mudas Composta por um conjunto de depósitos e
se estabelecer de maneira satisfatória no mercado, equipamentos, que apóiam as atividades básicas de
é de primordial importância o conhecimento da preparação da linha de produção. No depósito ficam
demanda e da oferta de mudas da região, bem os materiais e equipamentos, as sementes colhidas e
como localizar o centro consumidor das espécies devidamente armazenadas e a área de manuseio e
produzidas no viveiro. Com essas informações beneficiamento de frutos e sementes. Próximo a este
podem-se otimizar os gastos com transporte da local devem ser estabelecidas as sementeiras, além
produção, minimizando as distâncias entre o dos canteiros de repicagem, preparo de substrato e
centro produtor e consumidor do produto. envasamento.
A facilidade de obtenção de mão-de-obra na • Grupo 1 (G1)
região de produção também deve ser considerada,
pois isto determina o sucesso do empreendimento Neste grupo ficam canteiros destinados aos
e o custo com pessoal. Outro fator importante a se tubetes que foram semeados diretamente e/ou
considerar é a declividade do terreno, que de repicados. Este grupo caracteriza-se por ser uma área
preferência deve ser plano, para facilitar a coberta com sombrite (nível de sombreamento 50%),
implantação das técnicas. Além disso, a responsável pela proteção contra possíveis danos às
disponibilidade de iluminação em grande parte do plântulas, provocados pelos raios solares. Nesta área
dia, o correto dimensionamento dos diferentes deve-se ter um sistema de irrigação não-setorial
espaços do viveiro e a previsão de espaço para (microaspersores de 360o de raio de lançamento). As
ampliação da produção, são importantes aspectos a plântulas devem permanecer por um período de 20 a
serem considerados antes da implantação do 40 dias pós-germinadas ou pós-repicadas e,
viveiro, vislumbrando-se investimentos futuros. Na posteriormente, serem encaminhadas ao Grupo 2.
prática, do espaço disponível para implantação de • Grupo 2 (G2)
um viveiro, somente 70% é de fato utilizado para a
produção, sendo o restante, 30%, ocupado por Neste grupo estão incluídos canteiros
corredores de circulação (DIAS, et al, 2006b). destinados à etapa de desenvolvimento das mudas
Outro fator extremamente importante na (condução). As práticas incluem as adubações e
escolha da área para instalação é o suprimento de grande parte das atividades de manejo como
água de qualidade para a produção. Alguns raleamento, controles fitossanitários e irrigações
aspectos relacionados à qualidade da água de periódicas, entre outras. A permanência das mudas
abastecimento devem ser considerados, para não neste grupo varia de 60 a 120 dias, em média; após
comprometer a produção. este período irão para o Grupo 3.
− Disponibilidade de Água • Grupo 3 (G3)
− Solo Neste grupo estão as mudas que entrarão na
− Exposição de Face do Terreno fase de rustificação, que é o processo de
− Facilidade de Acesso aclimatação. Na aclimatação, visando simular as
− Declividade possíveis situações adversas encontradas no
Uma vez obtendo esses requisitos fazer uma campo, deve-se reduzir o número de irrigações e
planta da área, verificando se existe possibilidade adubações. Esta fase permite a seleção de mudas
de expansão para o futuro. A planta deve conter os para expedição, permanecendo nesse grupo por um
caminhos e posicionamento dos canteiros e período médio de 30 dias, dependendo da demanda
bandejas para facilitar a movimentação do pessoal e programação dos clientes.
(RODRIGUES et al, 2002).

3.1.2. Dinâmica Operacional do Viveiro Área Administrativa
Nesta área providenciam-se os materiais e
O dimensionamento do viveiro deve obedecer insumos da linha de produção, além do
à organização espacial que contemple todas as etapas acompanhamento de recursos humanos, controle
de produção de maneira a otimizar este sistema. No geral e fluxo de documentação (DIAS, et al, 2006b).
entanto, o produtor deve sempre ter em mente que as
informações obtidas em pesquisas devem ser 3.1.3. Tipo de Viveiro
incorporadas, paulatinamente, tendo como estratégia São áreas com um conjunto de benfeitorias e
o aperfeiçoamento contínuo da produção. Esta é uma utensílios, em que se empregam técnicas visando
importante ferramenta a ser exercitada em nome do obter o máximo da produção de mudas. Existem
pacto pela qualidade total da sua produção. dois tipos de viveiro:
Considera-se que o viveiro deve apresentar cinco
21
• Viveiro Permanente produzidas para uma determinada área e por um
período limitado (ABREU, 2008).
Geralmente ocupa um terreno grande, fornece
muda para uma ampla região, possui instalações 3.1.4. Preparo da Área
permanentes especializadas e definitivas assim como A área de produção, onde serão encanteiradas
equipamentos, procedimentos e mão de obra também as mudas, deve ser previamente capinada,
especializada. Deve ser localizado em lugares de fácilprocurando-se remover toda a vegetação, tocos, raízes
acesso aos seus consumidores e fornecedores para e quaisquer outros resíduos sólidos. Também é
reduzir gastos de transporte e movimentação. importante o combate eficiente às formigas
Requer planejamento detalhado que garanta as cortadeiras e cupins na área e suas adjacências antes
metas de produção e manejo com qualidade assim do início do processo de produção.
como a viabilidade econômica e sua função de centro Se o local for sujeito a encharcamento ou o
cultural e educacional. Pode requerer um projeto de terreno apresentar umidade, devem-se construir valas
marketing e mídia para facilitar que os consumidores
conheçam seus produtos. de drenagem,
de 1% (Figuradistanciadas
16-A), ema formato
cada 50mdee “espinha
com declive
de
• Viveiro Temporário peixe” (Figura 16-B). As valas podem ser cobertas
com vegetação ou preenchidas com pedras
Deve ser localizado próximo às áreas de irregulares, de forma a permitir o trânsito sobre elas.
plantio, visando reduzir os gastos de transporte e Recomenda-se cobrir todo o terreno do viveiro com
facilitar a adaptação ao local de plantio. Pode ser uma camada de pedra britada ou cascalho.
projetado com instalações de baixo custo
adequadas só a qualidade das mudas a serem
produzidas. É um viveiro onde as mudas são
Figura 16. Preparo da Área do Viveiro

A: Corte transversal de um canal de Drenagem B: Estrutura de drenagem “Espinha de Peixe”


Fonte: Dias, 2006
Pode-se optar pelo sombreamento de toda a um espaço para a área operacional, que consiste
área das mudas com sombrite 50%, desse modo, em um local para extração, secagem e
evita-se o enraizamento precoce das mudas no beneficiamento das sementes, preparação do
chão, rompendo os limites dos recipientes. substrato e enchimento dos recipientes, bem como
Segundo estudos, mudas sob sol pleno investem um galpão para armazenamento de ferramentas de
mais no crescimento das raízes do que no trabalho, sementes e insumos, preferencialmente
crescimento do caule, pois dispõem em abundância construído em alvenaria (Farias et al, 2004).
do recurso fundamental, a radiação solar. Mudas
sob a sombra, por sua vez, crescem mais em altura,
3.1.5. Capacidade e Extensão
em busca da preciosa luz. Suas raízes então não se A extensão do viveiro é determinada em
desenvolvem
supridos com tanto, principalmente
quantidades adequadasse deestiverem
água e função de alguns fatores:
− Quantidade de mudas para o plantio e replantio;
nutrientes. Este aspecto do crescimento vegetal é − Densidade de mudas/m2 (em função da espécie);
particularmente interessante para a reprodução em − Espécie e seu período de rotação;
viveiro, já que a poda das raízes é um trabalho que − Dimensões dos canteiros, dos passeios
demanda muito tempo, esforço e há possibilidades (caminhos) e das estradas;
de que algumas espécies não sobrevivam. − Dimensões dos passeios (ou caminhos);
Uma vez preparado o terreno para a área de
produção, e já dispondo da quantidade de espaço − Dimensão das estradas (ou ruas);
necessário à acomodação das mudas, delimita-se o − Dimensão das instalações;
local com cerca para evitar a entrada de animais. − Adoção, ou não, de área para adubação verde (no
O terreno destinado ao viveiro deve reservar caso de viveiros em raiz nua).
22
A distribuição dos canteiros, caminhos, O recomendado é que sejam utilizadas
construções e principalmente o acesso devem visar a espécies adequadas, distribuídas em diferentes
melhor circulação e utilização da estrutura do viveiro. estratos, apresentando as seguintes características:
alta flexibilidade, folhagem perene, crescimento
• Dimensões dos Canteiros rápido, copa bem formada e raízes bem profundas. É
− Comprimento: Variável. Geralmente são importante salientar que as árvores que compõem os
menores do que os produzidos pelo sistema de quebra-ventos não devem projetar suas sombras sobre
produção em raiz nua; o canteiro. Para tanto, devem ser, em distância
− Largura: varia muito da posição em que as conveniente, afastadas dos viveiros.
bandejas estarão dispostas sobre o canteiro, As raízes das árvores não devem fazer
bem como a quantidade que será planejada e o concorrência com o sistema radicial das mudas em
tipo de tubete utilizado. Mesas que são produção (Ambiente Brasil, 2006). Para otimização
construídas com tela podem ter tamanhos dos efeitos favoráveis, alguns critérios básicos devem
variáveis com a largura desejada. ser

observados:
A altura deve ser a máxima possível, uma vez
• Dimensões dos Passeios que a área a ser protegida depende da altura da
− Comprimento: menor do que os de produção barreira;
mecanizada em raiz nua; − A altura deve ser homogênea, em toda sua
− Largura: 0,6 a 0,8 metro. extensão do quebra vento;
− As espécies que constituem o quebra-vento
3.1.6. Confecção dos Canteiros devem ser adaptadas às condições do sítio;
Existem dois procedimentos que podem ser − A permeabilidade deve ser média, não impedindo
adotados, em relação à altura das mudas ao solo: totalmente a circulação do vento;
− No chão: as mudas são depositadas diretamente − Não devem existir falhas ao longo da barreira
sobre o solo, enterradas ou então encaixadas; formada pelo quebra vento, para evitar o
− Suspenso: os canteiros são confeccionados a uma afunilamento da corrente de ar;
altura média de 0,90 m de altura. As embalagens − A disposição do quebra vento deve ser
são encanteiradas em bandejas ou em telas, onde perpendicular à direção dominante do vento.
os recipientes (tubetes) são encaixados. Administração e Controle.
Normalmente os canteiros possuem
comprimentos menores e passeios mais largos que os 3.2. PRODUÇÃO DE MUDAS
dos viveiros de raiz nua. Geralmente possibilitam 3.2.1. Canteiros e Sementeiras
passeios com 0,6 a 0,8 m de largura (Schorn & São vários os tipos de canteiros utilizados
Formento, 2003). para a produção de mudas florestais:
3.1.7. Instalações Necessárias • Canteiro para Raiz Nua
− Depósito de substrato; Dentre os tipos de canteiro utilizados para a
− Barracão de serviços; produção de mudas em raiz nua, os mais utilizados
− Câmara Fria e câmara seca; são os diretamente no solo e os canteiros com
− Almoxarifado; anteparos laterais (Figura 17). A proteção lateral
− Escritório; pode ser feita com vários materiais, dependendo da
− Vestiário e sanitários; disponibilidade de recursos e da facilidade de
− Casa de sombra; obtenção, podendo vir a ser utilizados: madeira,
− Casa de vegetação; bambu, tijolos, concreto, etc.
− Reservatórios de água; • Canteiros para embalagens
− Áreas abertas a pleno sol (canteiros);
Devem apresentar uma largura que permita


Sistema de drenagem;
Canteiros; o manuseio das mudas centrais (+ 1 metro de
largura), o comprimento pode variar sendo os mais
− Canteiros de germinação (alfobre). adotados os de 10 a 20 metros. A instalação deve
3.1.8. Quebra-Vento posicionar-se longitudinalmente no sentido leste-
oeste para permitir uma insolação uniforme. O
São cortinas que têm por finalidade a proteção terreno deve ter um rebaixamento para o
das mudas contra a ação prejudicial dos ventos. acomodamento das embalagens. Outra
Devem, contudo, permitir que haja circulação de ar. possibilidade é a utilização do solo como
São constituídas por espécies que se adaptem às bordadura, ou ainda a montagem de molduras com
condições ecológicas do sítio. Usualmente as espécies materiais diversos, como tijolo, madeira, arame,
utilizadas são as mesmas que estão em produção no taquara e concreto.
viveiro.
23
Figura 17. Canteiro de Alvenaria para Semeadura Direta e Croqui

Fonte: Schorn & Formento, 2003

• Sementeiras recipiente, onde, quando forem maiores que o


indicado provocam gastos desnecessários, elevam
É o local onde as sementes são postas para a área do viveiro, aumentam os custos de
germinarem e posteriormente serem transplantadas transporte, manutenção e distribuição das mudas
para as embalagens (repicagem). Podem em campo. Por outro lado, como a disponibilidade
apresentar-se em duas formas: fixas ou móveis. As de água e nutrientes é diretamente proporcional ao
fixas são sementeiras instaladas em locais volume de substrato, dimensões pequenas resultam
definitivos, geralmente visando produção de um em volume reduzido, afetando o desenvolvimento
número grande de mudas. As móveis são da muda. Outro problema é o sistema radicial que
sementeiras montadas em recipientes com é variável de espécie para espécie.
drenagem e volume compatível com as
necessidades; podem ser feitas de madeira, Rotação da espécie no viveiro
plástico ou metal; e tem a facilidade de serem O período de produção da muda deve ser
transportáveis. Devido a esta característica, a compatível com a duração dos recipientes e deve
sementeira não pode ser muito grande, o que limita atender a qualidade do substrato pela perda dos
o número de mudas a serem produzidas. A nutrientes com a lixiviação (Schorn & Formento,
instalação de canteiros e sementeiras é 2003).
acompanhada da necessidade da instalação de um
abrigo para a proteção das mudas recém repicadas • Principais recipientes utilizados para a
ou plântulas. Deve-se deixar um intervalo entre os produção de mudas
canteiros ou sementeiras que permita o Tubetes ou tubos de plástico rígido
desenvolvimento das atividades de produção. (polipropileno)
3.2.2. Recipientes para Mudas É um recipiente levemente cônico, de seção
• Fatores que afetam a escolha do circular ou quadrática (Figura 18). São providos de
recipiente frizos internos, eqüidistantes, com função de
direcionar as raízes ao fundo do recipiente,
Forma evitando o desenvolvimento em forma espiral
A forma do recipiente deve evitar o
crescimento das raízes em forma espiral, Figura 18. Modelo de Tubete Cônico
estrangulada, ou de qualquer outro problema.
Indícios de recipientes inadequados podem ser
visualizados com a curvatura
muda e a inclinação da árvorenaadulta,
base do fuste da
decorrentes
de problemas no sistema radicular.
Material
O material não deve desintegrar-se durante a
fase de produção de mudas, o que dificulta a
manipulação e o transporte dos recipientes.
Dimensões
É a combinação entre a altura e o diâmetro.
É deste aspecto que resulta o volume de cada Fonte: Schorn & Formento, 2003
24
Os tubetes podem ser colocados em suportes Figura 19. Moega para Auxílio de Enchimento
de isopor, plástico ou tela, denominados bandejas, com Substrato de Sacos Plásticos
dispostos pouco acima do nível do solo formando
os canteiros. Outra forma é a utilização de mesas
com tampo de tela, em cujas malhas os tubetes são
encaixados, ou a própria bandeja é colocada sobre
a mesa, ajustada em canteiros (Schorn &
Formento, 2003).
As principais vantagens deste tipo de
recipiente são: reaproveitamento da embalagem
após o uso; menor diâmetro, ocupando menor área;
menor peso; maior possibilidade de mecanização
das operações de produção de mudas; menor
incidência de pragas/doenças e propicia operações
ergonométricas.
As principais desvantagens destes
recipientes são: o custo elevado de implantação; e
a lixiviação de nutrientes, tanto pela chuva como
por irrigação, ocasiona a necessidade de uma
reposição de nutrientes em maior escala.
Saco plástico (polietileno)
Com este tipo de recipiente, a semeadura
não pode ser mecanizada, devido à necessidade
das embalagens estarem em perfeito alinhamento
nos canteiros. Os sacos devem ser providos de
furos na sua parte inferior, com a função de escoar Fonte: Schorn & Formento, 2003
o excesso de umidade e permitir o arejamento. Torrão paulista
O enchimento pode ser manual, através de
uma lata ou cano em formato cônico e sem fundo, Produzido a partir de uma mistura de solo
argiloso, solo arenoso e esterco curtido, em
ou com
19) é umo uso de moega metálica.
equipamento com um A moega de
formato (Figura
uma proporções aproximadamente iguais. Após o seu
pirâmide invertida, tendo um bico em sua parte umedecimento, a mistura é modelada em prensa
inferior, onde é inserida a boca do saco plástico. O específica. Desta operação resultam prismas retos
substrato, ao passar pelo bico, força a abertura do de base hexagonal, com 3,5 cm de lado e 12 cm de
restante do saco plástico. Uma lingüeta de metal altura, tendo uma cavidade central na face
controlada por um pedal é que regula a abertura e superior.
o fechamento do bico da moega (Schorn & Este torrão deve ter boa resistência e ser
Formento, 2003). suficientemente poroso. Do seu agrupamento
Seu rendimento gira em torno de 9000 formam-se os canteiros. Atualmente este tipo de
sacos/homem/dia, enquanto o enchimento manual embalagem praticamente não está sendo utilizado,
geralmente não ultrapassa 3000 sacos visto principalmente pela mão-de-obra envolvida
(considerando recipientes de 5 cm de diâmetro e na sua confecção e das perdas ocorridas por
12 cm de altura). quebra durante o manuseio das mudas até o
A principal vantagem do uso deste tipo de plantio, especialmente em dia muito chuvosos
recipiente é o baixo custo, entretanto é de difícil (Schorn & Formento, 2003).
decomposição, sendo necessário sua retirada antes Taquaras
do plantio; suas dimensões inadequadas da
embalagem, bem como períodos muito longos da Não possuem dimensões padronizadas em
muda no viveiro podem ocasionar deformações no diâmetro, mas apenas em altura. Seu período de
sistema radicular pelo enovelamento e dobra da decomposição é muito mais longo que o da rotação
raiz pivotante; requer a utilização de grandes áreas das espécies no viveiro, sendo às vezes, muitos
no viveiro; aumenta o custo de transporte das meses após o plantio.
mudas ao campo e seu rendimento na operação de Suas pequenas dimensões diametrais elevam
plantio é baixo. Usualmente podem ser em demasia o número de mudas por metro
encontrados diversos tamanhos de sacos plásticos, quadrado (densidade), alterando as dimensões dos
a indicação do tamanho ideal vai depender da parâmetros morfológicos que indicam a qualidade
espécie e do objetivo para o qual a muda será de mudas, não sendo indicado tecnicamente o seu
produzida. uso por estes motivos (Schorn & Formento, 2003).

25
Laminados vantagens, o sistema paper-pot permite uma
Como o próprio nome diz, são lâminas produção de mudas totalmente mecanizada, desde
quadradas ou retangulares (dependem do diâmetro o enchimento dos recipientes até a semeadura,
adotado ao recipiente), que grampeados, formam obtendo-se rendimentos de até 400.000 recipientes
um tubo. A utilização do laminado faz presente a semeados, por 8 horas de trabalho. A maior
necessidade de se adquirir caixas com dimensões limitação do paper-pot é a necessidade de
específicas, onde se encaixam em média 100 tubos importação e o custo elevado desse tipo de
de laminados. Há grande praticidade no recipiente (Schorn & Formento, 2003).
enchimento destas lâminas, visto que sempre são Moldes de isopor
cheios em lotes de 100. São bandejas contendo cavidades
O laminado ainda é um recipiente bastante afuniladas, em forma de pirâmides invertidas
utilizado, principalmente na região sul do País, (Figura 22). Este afunilamento e as arestas internas
embora que, dependendo do tipo de madeira com
que foi produzido, exige também a retirada por das pirâmides direcionam
profundidade das cavidadesas raízes
podepara baixo.em
variar, A
ocasião do plantio. O preço da lâmina e a conformidade com a espécie em produção. As
dificuldade de ser encontrada são os principais mais utilizadas são as de 7 e 12 cm. As dimensões
fatores limitantes à utilização desse tipo de destas bandejas são de 67,5 x 34,5 cm. As
recipiente (Schorn & Formento, 2003). cavidades têm aberturas no fundo, o que permite a
Fértil-pot poda aérea das raízes (Schorn & Formento, 2003).
São recipientes de forma cônica, com
dimensões variáveis para cada espécie. São
Figura 21. Modelo de Paper-pot
fabricados na indústria a base de pasta de madeira
e turfa hortícula, formando uma mistura levemente
fertilizada (Figura 20). Fácil de ser manuseado
resiste bem ao enchimento e é permeável às raízes.
Durante a fase de produção de mudas este
recipiente não deve ser colocado em contato direto
com o solo, nem protegido lateralmente com terra,
evitando-se assim, o desenvolvimento das raízes
além das de
adequada paredes do recipiente.
disposição Uma éforma
do ferti-pot sua
colocação em estrados de tela de arame, suspensos
do solo. Este tipo de recipiente apresenta como
maior limitação o seu custo elevado e a
necessidade de importação (Schorn & Formento,
2003). Fonte: Schorn & Formento, 2003

Figura 20. Modelos de Fértil-pot Figura 22. Modelos de Moldes de Isopor

Fonte: Schorn & Formento, 2003


Paper-pot Fonte: Schorn & Formento, 2003

É um tipo de recipiente que se aproxima do 3.2.3. Pr eparo do Substrato


ideal. Sua durabilidade em serviço e Para o sucesso na semeadura, há a
permeabilidade às raízes são excelentes (Figura necessidade do controle de todas as etapas que
21). Sendo um recipiente de papel, não necessita envolvem a produção e o preparo do substrato, a
ser retirado por ocasião do plantio. Além dessas
26
qualidade, a calibração, a combinação dos Textura
componentes utilizados, além dos atributos físicos Refere-se à proporção relativa dos
desejáveis ao substrato produzido. Além disso, a componentes de vários tamanhos ou grãos
escolha dos recipientes utilizados, bem como o individualizados contidos na massa do substrato,
preparo da sementeira e a forma de semeadura, se constituindo a argila, o silte e a areia. As partículas
direta ou indireta, devem ser definidos no início do de argila são as principais responsáveis pela
processo. (DIAS, et al, 2006b). retenção dos nutrientes e água, necessários ao
• Procedimentos desenvolvimento da muda. No entanto, a textura
do substrato deve ser arenosa, franco arenosa ou
− Colocar os componentes do substrato, areia franca, visto que quanto mais grosseira a
previamente selecionados, próximos à unidade textura do substrato, mais rápida é a drenagem. A
de preparação da mistura. Estes componentes drenagem eficiente previne contra o aparecimento
deverão estar devidamente peneirados (caso de de fungos pela baixa umidade. Para mudas em raiz
terra
arroz ee areia)
húmus);e beneficiados (caso de casca de nua, esta classe de textura favorece a extração das
mudas do solo, em virtude da pequena aderência
− Pesar e medir os componentes antes de serem das partículas às raízes das mudas (Schorn &
misturados para homogeneização. Para Formento, 2003).
misturar o substrato podem-se usar enxadas
(método manual) ou misturador automático Estrutura
(adaptado do sistema de tratamento de Trata do modo ou como as partículas são
sementes usado na agricultura ou, unidas, arranjadas com os poros, em forma de
opcionalmente, uma betoneira adaptada agregados no substrato. Suas dimensões é que
(Figura 23); determinam a estrutura e uma das suas mais
− Homogeneizar muito bem os componentes da importantes funções é possibilitar a drenagem, e
mistura e, posteriormente, umedecê-la, sendo por conseqüência, a oxigenação e a penetração das
que não deverá ficar encharcada, nem raízes. O agregado por sua vez, vai ser constituído
tampouco, muito seca. Uma forma prática de da areia, do silte e da argila, em proporções que
verificar se o teor de umidade está adequado é variam com o substrato. A desestruturação do
o teste das gotas: apertando-se um pouco do substrato faz com que o mesmo se compacte,
substrato com a mão, deverão se formar reduzindo a porosidade. Esta por sua vez causa um
pequenas gotasideal
uma condição entredeosumidade.
dedos, oNo
quecaso
indica
de decréscimo
oxigênio parana asaeração
raízes edasno mudas
fornecimento
e para de
os
não surgirem gotas, o substrato está muito seco microrganismos. Outro problema é a redução da
e, se escorrerem sobre a mão, indica o excesso infiltração de água e transporte de nutrientes,
de água (DIAS, et al, 2006b). limitando o desenvolvimento das mudas (Schorn &
Formento, 2003).
Figura 23. Aspecto Geral de uma Betoneira
Manual Porosidade
É determinada pelo grau de agregação e
estruturação das partículas que compõem o
substrato. O substrato deve ter bom equilíbrio
entre macroporos (preenchidos por ar) e
microporos (preenchidos por água) que
determinam a permeabilidade, ou seja, a
capacidade de drenagem da mistura.
Retenção de umidade

tambémCom grandepelo
é definida influência sobre a da
teor e qualidade irrigação,
matéria
Aspecto geral de uma betoneira manual, utilizada para orgânica, sendo desejável que o substrato possa
misturar os componentes do substrato reter entre 20 a 22ml de água, por litro de
Fonte: Schorn & Formento, 2003 substrato.
• Característica do Substrato Granulometria
O substrato pode ser de qualquer material, Quanto ao tamanho das partículas, é
ou mistura de materiais, que reúnam várias recomendável que os componentes apresentem
características desejáveis e necessárias para o mesma densidade e a amplitude de tamanho não seja
desenvolvimento eficiente das mudas. Entre estas muito alta entre partículas grandes e pequenas (evitar
características podemos citar: a segregação, ou seja, separação das partículas).
27
Características químicas do substrato Esterco bovino
− pH em H2O = 6,0 a 6,5 Quando bem curtido, muito contribui para
− Fósforo = 300 a 600 g/cm3 melhorar as condições físicas, químicas e
− Potássio (níveis de K/T x 100) = 5 a 8% biológicas do substrato, além de fornecer vários
− Cálcio + Magnésio (níveis de Ca+Mg/T x 100) nutrientes essenciais às plantas. Ele aumenta a
= 85 a 95%. capacidade de troca catiônica, a capacidade de
retenção de água, a porosidade do solo e a
• Substratos que podem ser utilizados em agregação do substrato, as quais são mais
viveiros importantes que os elementos químicos e
Para o preparo do substrato, alguns pontos nutrientes adicionados pelo esterco. O valor do
devem ser observados: não deve ser muito esterco como fertilizante depende de vários
compacto, para não prejudicar a aeração e o fatores, dentre os quais o grau de decomposição
em que se encontra e os teores que ele apresenta
desenvolvimento
orgânicas, das raízes;
para melhorar apresentare substâncias
a agregação aumentar a de diversos elementos essenciais às plantas. O
capacidade de troca catiônica e a retenção de água; esterco bem curtido é útil misturado com outros
e deve estar isento de sementes de plantas substratos, proporcionando resultados semelhantes
indesejáveis, de pragas e de microrganismos ao do composto orgânico, porém inferiores
patogênicos (Schorn & Formento, 2003). São (Schorn & Formento, 2003).
descritos abaixo, alguns componentes que podem Moinha de carvão vegetal
ser usados na constituição do substrato:
É um subproduto do processo de
Vermiculita carvoejamento, uma vez que se constitui de
É um mineral de estrutura variável, constituído partículas finas que não são aproveitadas pelas
de lâminas ou camadas, justapostas em tetraedros de empresas produtoras de ferro-gusa. Na produção
sílica e octaedros de ferro e magnésio. O octaedro dede mudas utilizando tubetes, a moinha é um
magnésio, quando submetido ao aquecimento, excelente produto para ser misturado com outros
expande-se. Isto resulta no melhoramento das substratos, principalmente os orgânicos (Schorn &
condições físicas, químicas e hídricas do solo. A Formento, 2003).
vermiculita possui a capacidade de reter a água do Terra de subsolo
solo, deixando disponível para a planta, em caso de
uma breve estiagem. É um substrato praticamente argilosos, Deve-se
pois dar
estespreferência
apresentamaosboasolos areno-
agregação,
inerte, sendo necessário o balanceamento de
nutrientes essenciais, por meio de adubações permitem uma boa drenagem da água, não
periódicas. Outro grande problema da vermiculita é apresentam problemas para o desenvolvimento das
de se conseguir uma boa aderência do substrato ao raízes, possui boa capacidade de reter umidade e
redor das raízes, sendo necessário levar o tubete ao apresentam coesão necessária para a agregação ao
campo até o momento do plantio (Schorn & sistema radicular. É utilizada principalmente com
Formento, 2003). mudas que são produzidas em sacos plásticos. É
importante se fazer uma análise química, para
Composto Orgânico verificar a necessidade ou não, de uma correção do
É o material resultante da decomposição de pH, uma vez que espécies folhosas desenvolvem-se
restos animais e vegetais, através do processo da melhor em solos com pH na faixa de 6,0 a 6,5. Para a
compostagem. Este processo consiste em amontoar retirada da terra deve-se remover uma camada
esses resíduos e, mediante tratamentos químicos ou superficial de aproximadamente 20 cm, para que a
não, acelerar a sua decomposição. A decomposição terra a ser usada no viveiro não seja acompanhada por
por microrganismos do solo processa-se mais sementes de plantas indesejáveis (Schorn &
rapidamente quando estes encontram quantidades Formento, 2003).
suficientes de nitrogênio e fósforo prontamente Serragem
assimiláveis. Em termos práticos, o teor de nitrogênio
é que determina a velocidade de decomposição. É um resíduo de serraria raramente usado,
Quando o resíduo tem menos de 1% de N, a onde, por ser orgânico, pode ser usado na
decomposição é extremamente lenta, por ser um produção do composto e em cobertura morta para
material pobre. Tendo o resíduo mais de 2% de N, a viveiros. A qualidade da serragem por sua vez vai
decomposição é rápida, mas sujeita à perda de N para depender da espécie de srcem. Isto porque a
a atmosfera. O composto estimula a proliferação de serragem pode conter resina, tanino, terebentina,
microrganismos úteis, melhora as qualidades físicas muito comum em serragem de coníferas e que
do solo, aumenta a capacidade de retenção de água e podem ser tóxicas as plantas. Outro fator a ser
nutrientes, facilita o arejamento e reduz o efeito da considerado é de que a serragem, por apresentar
erosão pela chuva (Schorn & Formento, 2003). relação elevada de C/N (851/1), é um produto de
28
compostagem muito lenta, sendo assim importante − 20% de húmus de minhoca (podem ser
que a serragem a ser utilizada no viveiro esteja utilizadas outras fontes de matéria orgânica,
bem decomposta (Schorn & Formento, 2003). como esterco bovino curtido).
• Exemplos de substratos que podem ser Para colocar o substrato preparado nos
utilizados em viveiros canteiros das sementeiras, deve-se observar que a
mistura não pode atingir o limite das paredes
Substrato em raíz nua laterais. Recomenda-se deixar cerca de um
Para viveiros que utilizam deste sistema, o centímetro de altura, para que possam ser
substrato é o próprio solo do viveiro. O que vai acomodadas as sementes e, mais tarde, ser feita a
determinar o melhor desenvolvimento das mudas é cobertura de areia. Posteriormente é necessário
a forma de preparo. Inicialmente a área deve ser acertar o nivelamento da areia, usando uma régua
relativamente profunda, em torno de 1 metro, para gabarito, de dimensão igual à largura do canteiro
facilitar a lixiviação da água. (Figura 24).
Substrato em recipientes Figura 24. Nivelamento da Areia Durante o
No que se refere aos substratos, o mais Preparo da Sementeira
usado é terra de subsolo (70%) no caso de se usar
sacos plásticos, mais composto orgânico ou
esterco curtido (30%). No caso de se usar tubetes,
os tipos de substratos mais recomendáveis são os
seguintes:
− Vermiculita (30%), mais terra de subsolo
(10%), mais matéria orgânica (60%);
− Terra de subsolo (40%), mais areia (40%),
mais esterco curtido (20%);
− Vermiculita (40%), mais terra de subsolo
(20%), mais casca de arroz calcinado (40%); Fonte: Dias, 2006
− Casca de arroz carbonizada 30%; húmus de
minhoca 60%; terra 3%; e areia 7%. • Processo de desinfecção dos canteiros
No primeiro caso, a matéria orgânica utilizada
pode ser bagaço de cana, casca de eucalipto e pinus colocá-lo Para na a desinfecção
sementeira, dodeve-se
substrato, após
irrigá-lo
decompostos. Deve-se evitar o uso de terra argilosa periodicamente, para que ocorra a germinação das
(Schorn & Formento, 2003). sementes das espécies indesejadas. Após o
3.2.4. Semeadura aparecimento dessas plantas na sementeira, estas
deverão ser eliminadas, seja manualmente (em
• Preparo das Sementeiras poucos canteiros), ou ainda com o uso de
As sementeiras são canteiros especiais, herbicidas pós-emergentes, em caso de grandes
destinados a acomodar elevada densidade de áreas de sementeiras (CESP, 2000).
plântulas por metro quadrado, onde serão Este método de desinfecção é recomendado
semeadas espécies cujas sementes apresentam quando há tempo disponível no planejamento de
problemas na germinação, quando colocadas produção, uma vez que requer cerca de 20 a 30
diretamente no substrato dos tubetes (CESP, dias para ser executado. Caso não se tenha tempo
2000). O preparo das sementeiras consiste na suficiente para este procedimento, sendo
mistura de componentes do substrato, sua posterior necessário acelerar o processo, podem-se usar
desinfecção e a distribuição do mesmo diretamente substâncias fumegantes indicadas para desinfecção
nas sementeiras (semeadura indireta). O preparo de solos, sendo que esta opção apresenta vantagens
quanto ao espectro de ação e tratamento, agindo
adequado das sementeiras
êxito do viveiro. é o passo
A superfície inicial
de cada para o também sobre bactérias, fungos, nematóides e
sementeira
deve ser sempre levemente abaulada, para não larvas (CESP, 2000).
haver problemas de empoçamento. No entanto, Carneiro (1995) cita como
No preparo das sementeiras deve-se (i) efeitos negativos deste processo, o acúmulo do
proceder à remoção total do substrato a ser produto, a injúria às mudas das espécies nativas,
substituído; (ii) verificar as condições do sistema deprovocadas pelo produto, além da injúria aos
drenagem de água, procedendo às devidas correções microrganismos benéficos, tais como micorrizas.
para os casos de sinais de poças; (iii) misturar os Atualmente, já estão disponíveis no mercado
seguintes componentes, considerando as dosagens fumegantes seletivos que não comprometem as
apresentadas (CESP, 2000): micorrizas (segundo especificações do fabricante).
− 80% de areia média;
29
• Processo de Semeadura quebra de dormência são desconhecidos.
Devem ser semeadas diretamente em
Este processo consiste na distribuição das sementeiras algumas espécies que possuem
sementes sobre o substrato, enterrando-as ou sementes grandes em relação ao diâmetro de
depositando-as na superfície do solo, dependendo abertura do tubete, sementes que apresentem boa
das exigências de cada espécie quanto à presença germinação, porém, que é desencadeada após 20
ou ausência de luz para germinação, oferecendo as dias da semeadura, além de sementes com poder
melhores condições possíveis para a obtenção de germinativo desconhecido em razão do tempo de
uma boa taxa de germinação. A semeadura pode armazenamento.
ser feita diretamente no recipiente, em geral tubete A semeadura indireta, apesar de constituir-
(semeadura direta) ou em canteiros e sementeiras se em uma das únicas atividades ainda executadas
(semeadura indireta). de forma “artesanal”, tem como propósito
Para as espécies nativas, o mais possibilitar o aumento da diversidade de espécies
recomendado é a semeadura em canteiros ou
sementeiras. Esta técnica é mais apropriada trabalhadas,deuma
produção vez quedelas,
algumas é, ainda, o único
devido nãomeio de
se ter
quando se trabalha com muitas espécies e, por definidos os parâmetros técnicos destas sementes.
conseqüência, vários tamanhos de sementes, sem Além disso, evita-se o desperdício de materiais e
ter conhecimento do poder germinativo das mão-de-obra, pois oferece melhores condições de
mesmas. Evita-se com isto o uso desnecessário de manejo do lote de mudas no viveiro, ou seja,
embalagens onde não houver germinação (DIAS, garante a homogeneidade do plantel, facilitando
et al, 2006b). operações subseqüentes como: adubações,
• Semeadura Indireta seleções, raleamentos, etc.
Neste tipo de semeadura as sementes são • Sistema de Semeadura Indireta
colocadas diretamente nos canteiros de pré- As sementes podem ser agrupadas em três
germinação (sementeiras), que já foram tipos de sistemas de semeadura nos canteiros,
previamente preparados (Figura 25). A dependendo de suas características reprodutivas e
organização deste procedimento visa iniciar os considerando a grande heterogeneidade de
processos de germinação de forma rápida, espécies. Abaixo são descritos os três
obtendo-se uniformidade nas taxas de germinação. procedimentos mais usuais, respeitando as
Figura 25. Processo de Semeadura Indireta características
− estruturais
Para as sementes das sementes.
grandes e duras: após serem
colocadas sobre o substrato da sementeira, devem
ser fixadas por meio de leves batidas com a régua
de madeira (gabarito – este procedimento evita
que ocorram sobreposições de sementes). Após
serem fixadas, as sementes devem ser cobertas
por fina camada de areia média (1mm a 5mm)
peneirada. Para sementes de guapuruvu e jatobá,
recomenda-se colocar individualmente a semente
nos tubetes, respeitando-se a posição do hilo, que
deve ser enterrado para baixo obedecendo ao
sentido que irá desenvolver o sistema radicular
(radícula) da plântula.
− Para sementes pequenas (minúsculas): neste caso
é necessário que sejam bem espalhadas (a lanço)
sobre o canteiro, para que não fiquem muito
adensadas, prejudicando sua germinação e a
retirada das plântulas para repicagem. Não
Fonte: Dias, 2006 devem receber mais do que 2mm de cobertura de
areia média peneirada.
Na programação desta atividade devem-se
considerar as espécies que apresentem problemas − Para as sementes aladas ou plumosas: a
de germinação, quando semeadas diretamente nos semeadura deve ser feita em período de menor
tubetes. Entre os problemas apresentados, intensidade dos ventos. Deve-se proceder à
destacam-se: sementes com baixo poder irrigação da superfície do canteiro, antes da
germinativo quando semeadas em substrato não semeadura a lanço, para facilitar a fixação da
arenoso; espécies que possuem germinação semente na superfície do substrato. A cobertura
irregular (tempo), ou mesmo sementes cujos não deve ultrapassar 2mm de areia média
procedimentos recomendados para tratamentos de peneirada (DIAS, et al, 2006b).
30
• Semeadura Direta − Tipo de muda (raiz nua ou recipientes,
Neste procedimento, as sementes são mecanizado ou manual).
depositadas diretamente nos recipientes plásticos 3.2.5. Cuidados Após a Semeadura
(tubetes). Inicia-se este processo com a preparação
e enchimento dos recipientes, feito manualmente e • Manutenção dos Canteiros
diretamente na embalagem plástica, com auxílio de Os canteiros semeados devem ser protegidos
pás ou, em caso de grande produção, com auxílio com cobertura do tipo sombrite 50% (Figura 26)
de máquina que auxilia a compactação do ou outro material leve, não tóxico e higroscópico
substrato no tubete. (que permite a passagem de água).
Para pequenos produtores que irão semear
as sementes em sacos plásticos, recomenda-se Figura 26. Detalhe do Processo de Irrigação e
dobrar as bordas do saco plástico (± 3 cm), para da Proteção das Sementeiras por
facilitar o enchimento e o transporte, diminuindo a Sombrite
probabilidade dos sacos plásticos rasgarem e,
portanto aumentando a sua vida útil.
A correta compactação do substrato no
recipiente é fundamental para evitar a presença de
amplos espaços com ar no substrato. O excesso de
permeabilidade ou compactação exagerada
prejudica o desenvolvimento radicular.
A semeadura direta deve ser efetuada em
substrato irrigado previamente, sendo feita a
perfuração ou coveamento do substrato no
recipiente. A perfuração do substrato deve ser feita
com uma ligeira pressão, utilizando para isto
ferramentas adequadas ao tamanho da semente.
Isto permite a centralização da semente e a sua
correta cobertura, evitando o deslizamento para as
laterais. Normalmente devem ser semeadas duas
sementes por recipiente e, caso as duas germinem,
uma será repicada para a embalagem que não Fonte: Dias, 2006
houve germinação. Este cuidado protege contra o ataque de
O sucesso da boa germinação depende de ar, insetos, além de conservar a umidade necessária,
calor e umidade, além da qualidade das sementes proporcionando emergência mais homogênea das
semeadas e das características da espécie, se plântulas. Também protege as sementes de chuvas,
dormentes ou não. A semeadura profunda pode otimizando a distribuição da água, protegendo
acarretar maior tempo de germinação, gasto de também das oscilações de temperatura na
energia, apodrecimento e ataque de fungos. Por superfície do canteiro após semeadura (Carneiro,
outro lado, a semeadura rasa torna a germinação 1995). Portanto, o uso da cobertura apresenta
mais fácil, entretanto as sementes são mais importante influência no índice de sobrevivência
atacadas por pássaros e roedores, e ficando com das plântulas recém-germinadas.
pouca umidade, são levadas facilmente pela água e O acompanhamento da atividade e o
pelo vento. desenvolvimento do processo de germinação deve
A melhor época para proceder a semeadura ter especial atenção do viveirista e/ou técnico
é a primavera, no entanto em regiões em que o responsável, pois ao primeiro indício de ataque de
inverno não é muito rigoroso, a semeadura pode fungos, deverá ser providenciado o controle
ser realizada no final do verão, com espécies imediato deste patógeno conforme recomendação
resistentes
2006b). a baixas temperaturas (DIAS, et al, de profissional habilitado.
Segundo Schorn & Formento (2003), a • Irrigação das Sementeiras ou dos Tubetes
época ideal para se efetuar a semeadura deve ser A primeira irrigação deve se feita logo após
determinada através de alguns aspectos a cobertura com areia. Para tanto, podem-se usar
importantes: mangueiras plásticas e/ou regadores, ou ainda um
− Espécie; sistema de microaspersores. Para qualquer técnica
− Taxa de crescimento; utilizada, deve-se ter o cuidado de regular o
− Estação chuvosa; tamanho das gotas no lançamento, de forma a
− Resistência das espécies à geada; evitar que ocorra a lavagem da cobertura de areia,
− Rotação das espécies no viveiro; ou o aprofundamento irregular de sementes
pequenas, o que implicaria em dificuldades de
31
germinação. Devem-se observar as características de cada
A irrigação de rotina deverá ser feita em três espécie para realizar este processo, pois nem sempre
períodos (dependendo das condições climáticas), a velocidade de crescimento radicular é a mesma,
sendo a primeira às 8 horas, a segunda às 11 horas bem como nem sempre se pode aguardar a emissão
e a terceira às 16 horas. Por tratar-se de processo do segundo par de folhas (DIAS, et al, 2006b).
delicado, a irrigação deverá ter acompanhamento Segundo Schorn & Formento (2003), a
específico, cabendo ao viveirista avaliar a hora permanência das plântulas na sementeira, desde a
certa de executá-la (DIAS, et al, 2006b). germinação até sua repicagem varia de espécie para
espécie, de acordo com as seguintes características:
• Controle dos Lotes e das Espécies
Plantadas − Eucalyptus spp: 3 a 4 cm de altura ou 2 a 3 pares
de folhas, e no máximo 35 dias após a
Todos os registros que foram lançados na semeadura.
ficha de campo, durante o processo de coleta de − Pinus spp: deve ser realizada após a queda do
sementes,
Este deverádeverão ser lançados
possuir planilha noprópria
lote semeado.
e ser tegumento das sementes e o aparecimento das
primeiras acículas.
identificado em plaqueta plástica, que deverá ser − Demais espécies: 2 a 3 pares de folhas, uma vez
colocada no canto esquerdo de cada área ocupada que a altura é muito variável entre as espécies.
pelas sementes na sementeira, contendo nome O melhor momento para proceder a repicagem
vulgar, número do lote de coleta, uso – Indicação são dias nublados, úmidos e com pouco vento.
de local adequado para plantio da muda Mesmo em locais onde há sombreamento direto,
(reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, como é o caso das estufas (sementeiras cobertas)
arborização urbana, arredores de nascentes, outros) projetadas para o viveiro, o ideal é proceder à
e data da semeadura. repicagem nestas condições, independente da época.
• Repicagem das Mudas Obtidas nas Deve-se avaliar atentamente o lote de plântulas
Sementeiras a serem transplantadas, pois se considera válido o
início da repicagem quando o lote apresenta mais de
O processo de transplante das mudas das 50% de plântulas no ponto de transplante. Assim,
sementeiras para as embalagens (tubetes ou sacos considerando-se os descartes na seleção, é previsto
plásticos) denomina-se repicagem. Esta atividade que um mesmo lote seja trabalhado em duas
tem o propósito de tornar o lote homogêneo e é oportunidades.
complementar
A épocaà semeadura
recomendadaindireta.
para a repicagem ficaremNunca deixar
expostas ao solque
ou aoasvento
raízes
porsequem, por
muito tempo,
deve ser aquela de estagnação do crescimento durante a repicagem. Caso isto ocorra a possibilidade
vegetativo. No entanto, isto difere de espécie para de sobrevivência é menor ou mesmo poderá ocorrer
espécie e depende da época da semeadura, da retardo no crescimento da muda (DIAS, et al, 2006b).
rapidez do crescimento e das condições Os procedimentos para a repicagem deve
meteorológicas. Em geral, quando as plântulas ocorrer logo após o preparo e enchimento dos
possuem dois pares de folhas (mínimo) e até cinco recipientes com substrato, e consiste em:
centímetros de sistema radicular, devem ser − Irrigar previamente as sementeiras;
retiradas dos canteiros, onde se acham − Retirar as mudas das sementeiras, quando estas
aglomeradas, e colocadas nos recipientes que irão atingirem cerca de cinco cm de altura,
se desenvolver (Figura 27). acondicionando-as em recipiente com água;
Figura 27. Repicagem das Plântulas nas − Selecionar as mudas, evitando as mal formadas e
Sementeiras defeituosas;
− Aparar, com tesoura, as raízes quebradas ou
aquelas pivotantes muito grandes, que possam
dificultar o transplante;

Colocar a muda no centro do recipiente, que deve
ser previamente perfurado, evitando o
dobramento das raízes, ou que elas fiquem
emaranhadas ou torcidas, pois as raízes devem
ficar retas e no sentido vertical, otimizando o
desenvolvimento da plântula; e
− Enterrar a muda até o colo (região de transição
entre a raiz e o caule), cobrindo-a com o
substrato (Figura 28).
Fonte: Dias, 2006

32
Figura 28. Plantio da Muda em Tubete 3.2.6. Irrigação da Produção
O processo de irrigação acompanha toda a
linha de produção, desde as atividades
desenvolvidas com sementes (em sementeiras ou
tubetes), até o ponto de expedição das mudas. Esta
atividade é essencial a toda dinâmica do viveiro,
pois estabelece importantes e decisivas correlações
que determinam os principais critérios para se
avaliar as condições de desenvolvimento a que
devem ser submetidas as mudas. Como cada região
geográfica possui características específicas e a
própria necessidade hídrica de cada espécie pode
variar, esses fatores dificultam o estabelecimento
Fonte: Dias, 2006 de um procedimento padrão quanto às
necessidades e periodicidade de irrigação.
• Desbaste Os diversos setores (fases) de produção no
Quando há excesso de plântulas germinadas viveiro também exigem condições distintas de
nos tubetes, onde foram executadas as atividades irrigação, e fica a critério de cada produtor
de semeadura direta, deve-se fazer o desbaste. Este estabelecer os fatores que determinam a irrigação em
processo consiste na primeira seleção das mudas seu viveiro, conforme sua conveniência.
produzidas, cuja finalidade é promover a As variáveis durante o período de produção
homogeneização do lote de plântulas. Quanto mais são sobrepostas, o que exige interpretação
homogêneo o lote, melhores as condições de individualizada do conjunto espécie x condições
desenvolvimento para a muda a ser produzida. climáticas x sistema de irrigação x manejo. Portanto,
O processo de desbaste deve ocorrer quando o produtor deve observar continuamente o sistema de
as plântulas apresentarem altura variando entre produção implantado em seu viveiro e contemplar a
três a cinco centímetros. Elas atingem este interação pesquisa/processo como parte integrante da
tamanho por volta do 15º ao 30º dia da semeadura atividade, elaborando o planejamento anual e tendo
(dependendo da espécie, ou ainda, da qualidade do como meta o aperfeiçoamento contínuo de sua
lote de sementes). O momento ideal para fazer o produção (DIAS, et al, 2006b).
desbaste é quando a plântula apresentar dois ou • Processo de Irrigação Respeitando os
três pares de folhas. Estágios de Desenvolvimento das
Na seleção da plântula a ser mantida para a Plântulas
formação da muda devem ser consideradas aquelas
que se apresentarem mais resistentes e sadias Os diferentes estágios de desenvolvimento
(aspectos visuais), dando preferência às que das plântulas exigem condições de manejo
estiverem no centro do tubete (DIAS, et al, 2006b). distintas quando considerados os grupos (G1, G2 e
Para o procedimento do desbaste são G3), como descrito abaixo:
utilizadas tesouras sem ponta (do tipo escolar), − G1 e berçário: por não ocorrer interferência do
sendo que a eliminação das plântulas não sistema radicular e da arquitetura das mudas,
selecionadas deverá ser feita na altura da região do podem-se aplicar duas lâminas d’água
colo (Figura 29). diferenciadas, somente em razão da maior ou
menor exigência hídrica de cada espécie;
Figura 29. Detalhe do Desbaste das Plântulas − G2 e G3: para o manejo destes dois grupos,
nos Tubetes devem- se analisar vários fatores que podem
indicar formas distintas de manejo. Os estágios
de desenvolvimento, ou seja, os arranjos
espaciais
diferentes)entre
em mudas
início da
de mesma espécie (lotese
desenvolvimento,
aqueles que irão compor o gupo G3, devem ser
tratados de maneira distinta. Os lotes adubados
que requerem rega, diferem dos não adubados; os
lotes não raleados têm maior necessidade de
irrigação do que os lotes raleados; ou seja, todas
estas questões devem ser levadas em conta no
processo de manejo destes grupos. Sendo assim,
torna-se imprescindível ter um sistema de
irrigação setorial, que permita uma ampla
Fonte: Dias, 2006 flexibilização dos tempos de rega e o tipo de
33
lâminas d’água aplicadas em diferentes parcelas, A setorização do sistema de irrigação dos
capazes de acomodar essas diversas variáveis, ou canteiros, adotado nos viveiros da CESP, é
parte delas, da melhor forma possível (DIAS, et dividido em parcelas (geralmente de 12m x 6m,
al, 2006b). dependendo do formato da área disponível) e
proporciona o recobrimento individualizado. A
• Necessidade Hídrica das Variadas implantação do sistema de mosaico para irrigação
Espécies representa um importante aliado do viveirista na
Este é o fator determinante para o condução e manejo das mudas, pois otimiza a
estabelecimento do mosaico de produção, devido utilização da água e o melhor crescimento das
cada espécie possuir necessidades distintas quanto ao mudas. Se uma parte do lote de plantas receber
tempo, freqüência e quantidade de água. O modelo de água e adubação diferenciada não terá crescimento
mosaico adotado deve ser montado, tomando como homogêneo, gerando plantas maiores e menores
base as respostas decifradas por meio da análise das num mesmo lote.
seguintes
manual da características,
CESP (2000): conforme estabelecido no aperfeiçoamento
No entanto, contínuo,
o sistema podendo
deve permitir o seua
utilizar
− Velocidade de crescimento: espécies de rápido avaliação dos fornecedores, que podem oferecer
crescimento necessitam mudanças de ampla assessoria para casos de novos lançamentos
posicionamento freqüentes, o que resulta em de produtos, etc. O aprimoramento das técnicas
novo arranjo no mosaico; operacionais, somado aos conhecimentos
− Desenvolvimento do sistema radicular e colo: adquiridos sobre o manejo de cada espécie, é
casos como Erythrina, Chorisia e Cedrella, são necessário, adequando o sistema às novas técnicas
exemplos de alta capacidade de ocupação de e rotinas, otimizando a produção (DIAS, et al,
significativa porção do volume reservado ao 2006b).
substrato, ou seja, menor capacidade de retenção • Qualidade do Recurso Hídrico
de umidade, maior necessidade de irrigação;
− Necessidade da espécie: este critério é o mais Antes da definição do sistema de irrigação a
utilizado na arrumação do viveiro, uma vez que ser adotado, a análise criteriosa dos recursos
atende a uma suposta necessidade “natural” de hídricos que atenderão a irrigação deve ser
cada espécie; porém, a divisão entre as que realizada. Entre os aspectos analisados, a
requerem mais ou menos água deve ser testada incidência de material particulado, a presença de
no
tão viveiro,
somentepois as informações
como balizadoras de
paracampo
uma servem substâncias
análise às mudas, aquímicas quedepodem
condições pH eprovocar danos
condutividade
mais detalhada; elétrica devem ser considerados como fatores
− Arquitetura da muda: em razão da alta importantes no processo de irrigação. No quadro
diversidade de espécies, são inúmeras as 01 indicam-se as características desejáveis da água
diferenças encontradas na inserção foliar. quanto à salinidade e à toxidez de alguns íons, bem
Algumas espécies são extremamente eficientes como o grau de restrição de uso, fatores
na coleta das gotas de água; por outro lado, importantes a serem considerados no processo de
existem aquelas que têm na estrutura foliar produção de mudas (DIAS, et al, 2006b).
verdadeiros “escudos”, que interferem no sistema
de irrigação.
Quadro 01. Características Desejáveis da Água Disponível no Viveiro para Irrigação da Produção
GRAU DE RESTRIÇÃO PARA O USO DE ÁGUA
VARIÁVEL
UNIDADE NENHUM BAIXO MODERADO ALTO
CE1 dS/m < ,07 0,7 - 2,0 2,5 - 3,0 > 3,0
Salinidade
STS2 mS/m < 450 450 - 1.200 1.201 - 2.000 > 2.000
Sódio mg/L < 70 70 - 140 141 - 200 > 200
Cloreto mg/L < 100 100 - 250 250 - 350 > 350
Toxidez de Íons Boro mg/L < 0,7 0,7 - 2,0 2,0 - 3,0 > 3,0
Nitrogênio mg/L < 5,0 5,0 - 18 18 - 30 > 30
Bicarbonato mg/L < 90 90 - 270 271 - 520 > 520
¹ Condutividade Elétrica da Água: medida de salinidade em deciSiemens por metro (dS/m) ou miliSiemens por centímetro (mS/m) a 25ºC
² Sais Totais em Solução: STS (mg/L) = 640 x CE
pH: faixa normal 6,5 a 8,4
Fonte: Dias, 2006

34
3.2.7. Adubação das Mudas mistura contém quatro partes de N, 14 de P e 8 de
O bom desenvolvimento das mudas ocorre K. É importante lembrar que a adubação excessiva
quando o solo é fértil e tem uma boa quantidade de também é prejudicial, trazendo sérias
nitrogênio, fósforo e potássio. Além destes conseqüências às mudas.
elementos, que são os macronutrientes, existem A adubação com compostos comerciais é
outros elementos que são necessários para a saúde importante; no entanto, a matéria orgânica existente
e vigor das mudas, entre eles: Manganês, Enxofre, no solo apresenta inúmeros benefícios para as mudas.
Ferro, Cobre, Zinco, Sódio, Cloro e Boro. Entre os benefícios apresentados estão a melhoria da
Nos adubos comerciais observam-se três estrutura do solo e a diminuição da lixiviação dos
números que indicam a proporção de Nitrogênio, nutrientes. No quadro 02 resume-se os efeitos de
(N), Fósforo (P) e Potássio (K) existentes na sua alguns nutrientes sobre o substrato e as plantas.
composição. Exemplo: adubo 4:14:8 indica que a

Quadro 02. Efeitos da Aplicação de Alguns Nutrientes sobre as Plantas e o Substrato


ELEMENTO QUANTIDADE ADEQUADA QUANTIDADE EXCESSIVA
− Queima as raízes das mudas
− Favorece o crescimento das folhas e − Provoca desequilíbrio na proporção raiz/parte
caules aérea favorecendo a parte aérea
Nitrogênio − Estimula a produção de Clorofila − Reduz a resistência à seca
− Funciona como uma reserva de − Aumenta a susceptibilidade às doenças
alimentos
− Fixa quantidades importantes de P2O5
− Estimula a germinação
Fósforo
− Aumenta o desenvolvimento da raiz

Potássio
− Reduz a resistência a seca
− Ajuda na formação de carboidratos
− Impede o desenvolvimento de uma raiz pivotante
− Aumenta a disponibilidade de fósforo − Reduz a disponibilidade de ferro resultando em
Cálcio − Melhora as condições físicas do solo clorose


Fonte: Dias, 2006 Estimula o crescimento em geral Aumenta ocorrência de tombamento
A matéria orgânica também aumenta a gerais das mudas. Os nutrientes empregados
capacidade de retenção e absorção d’água e favorece destinam-se a absorção pelo sistema radicular, ou
o crescimento de organismos benéficos. Podem-se seja, não ocorre a absorção dos nutrientes pela folha.
encontrar várias fontes de matéria orgânica, como os Neste aspecto deve-se empregar um método que
fertilizantes orgânicos comerciais, esterco e húmus. garanta que os nutrientes possam atingir o substrato.
Entretanto, deve-se tomar cuidado com o uso de Alguns métodos podem ser empregados para a
esterco, pois pode haver o risco de contaminação por adubação das mudas, que pode ser feita (i)
agentes patogênicos, ou ainda, quando este não manualmente com regador, seguindo as
estiver bem curtido, de queimar as raízes. Neste recomendações técnicas, indicadas nos manuais de
aspecto, utilizar um substrato especialmente fertilizantes químicos, que devem ser pesados nas
produzido para sua produção é mais seguro e eficaz. formulações e quantidades estabelecidas. Para este
Em decorrência das características físicas do processo deve-se misturar o adubo com água em
substrato (drenagem e lixiviação), a adubação deve baldes de 20 litros até a diluição máxima, filtrando a
ser feita em duas etapas: solução posterior mente e despejando-a em um
− Fertilização de base: parte dos nutrientes é recipiente maior (50 litros), para facilitar a retirada da
misturada
enchimentodiretamente no substrato,
dos recipientes. antes das
Aplicar 50% do soluçãoUm
comregador
o regador.
de cinco litros tem capacidade
doses de N e K, e 100% das doses de calcário, P para adubação de dez bandejas. Deve-se ter especial
e micronutrientes; atenção àquelas bandejas ainda não raleadas (que não
− Fertilização de cobertura: o restante dos foi feito desbaste), com ocupação de 100%, de forma
nutrientes é aplicado, em várias doses, no a garantir a distribuição homogênea da formulação
decorrer do desenvolvimento das mudas. Aplicar entre todas as mudas a serem banhadas. Também se
em doses, parceladamente em cobertura, na pode realizar a adubação (ii) manualmente com haste
forma de soluções ou suspensões aquosas. de pulverização, cuja aplicação é feita utilizando
A oferta de nutrientes em períodos máquina de alta compressão, do tipo “WAAP”.
estabelecidos visa dar continuidade ao ritmo de
crescimento das plântulas e garantir as condições
35
Nesta é acoplada uma haste ou barra Figura 30. Adubação da Produção Utilizando
utilizada na pulverização de culturas agrícolas, Haste para Pulverização do Produto
com três bicos aplicadores com jato em leque
(Figura 30). O procedimento quanto ao preparo da
formulação é o mesmo do anterior. O rendimento
nesse sistema é de 32 bandejas para dez litros de
formulação. O tempo desta operação deve ser o
suficiente para o total recobrimento das mudas,
para que a formulação escorra pelos caules e atinja
o substrato (DIAS, et al, 2006b).
A demanda por adubação por grupo de
produção (G1, G2 e G3), está relacionada no
quadro 03, cuja definição foi estabelecida nos
viveiros
de da CESP,
espécies recomendado para sua produção
florestais.

Fonte: Dias, 2006

Quadro 03. Formulação de Adubação das Mudas nos Diferentes Estágios de Maturação
ESTÁGIO DE MATURAÇÃO ADUBAÇÃO I ADUBAÇÃO II
5g uréia/ lH2O 5g uréia + 5g KCl/lH2O
G1 - 1 a 2 adubações 25 a 30 dias PR/PG 35 a 45 dias PR/PG
50 a 60 dias PR/PG 65 a 75 dias PR/PG
G2 - 4 a 6 adubações 80 a 90 dias PR/PG 95 a 105 dias PR/PG
110 a 120 dias PR/PG e
G3 - 2 adubações Entrada no G3
Pré expedição
Legenda: KCl - Cloreto de Potássio
PR - Pós-repicagem (semeadura indireta)
PG - Pós-germinação (semeadura direta)
Fonte: Dias, 2006
Existe uma demanda variável das condições freqüente a ocorrência de problemas de
abióticas (principalmente luz, nutrientes e enovelamento no saquinho plástico e, mais
umidade) durante as diferentes fases de raramente, em tubetes (DIAS, et al, 2006b).
crescimento das mudas de estágios sucessionais É fácil notar, nos viveiros e no campo, que
distintos (classes ecológicas). As espécies as espécies pioneiras respondem melhor e mais
pioneiras (ou seja, as que primeiro colonizam os rapidamente ao processo de adubação, seguido das
espaços vazios de um ambiente) possuem sucessoras iniciais, tardias, e clímax. Sendo assim,
crescimento muito mais rápido que as sucessoras a necessidade por adubação em viveiro é muito
iniciais, tardias ou espécies-clímax. menor nas sucessoras tardias e nas clímax, quando
Conseqüentemente, as espécies pioneiras comparadas com as pioneiras (DIAS, et al, 2006b).
têm maior demanda por nutrientes: possuindo Em geral para as espécies clímax (ou seja,
crescimento rápido, necessitam de adubação presentes no final de sucessão ecológica), os
freqüente, resultando em biomassa bem maior que nutrientes contidos no substrato já são suficientes.
as demais espécies no estágio de muda. As espécies sucessoras secundárias têm
Este fato pode ser demonstrado pela crescimento mais lento e mesmo com tempo
formação
pela de maiordesuperfície
necessidade radicular,por
suprir a demanda justificada
água e similar de desenvolvimento
densidade em viveiro,
de raízes. Espécies têm menor
clímax, como
nutrientes. Como conseqüência, as pioneiras exemplo o jatobá, que possui sementes grandes
possuem maior probabilidade de enovelamento das com muita reserva, têm um arranque inicial de
raízes, sendo sensíveis à compactação, crescimento e, posteriormente, crescem lentamente
apresentando maior quantidade de raízes finas, que no viveiro e apresentam sistema radicular pouco
são mais ramificadas e mais amareladas. É extenso (Figura 31).

36
Figura 31. Diferenças Estruturais entre o Sistema Radical em Plântulas Prontas para Expedição

Pioneiras Secundárias Clímax


Fonte: Dias, 2006

3.2.8. Associação Simbiótica entre Mudas e Microrganismos


As micorrizas são associações benéficas
entre raízes de plantas e fungos filamentosos. Os Figura 32. Micorrizas: Associações Benéficas
fungos alojam-se nos tecidos internos das raízes entre Raízes e Fungos
das plantas e transferem para este macro e
micronutrientes importantes que retiram do solo.
Eles conseguem acessar fontes de nutrientes
que não estão disponíveis para as plantas, ou
elementos com baixa mobilidade no solo como,
por exemplo, o fósforo (DIAS, et al, 2006b).
As micorrizas aumentam significativamente
a superfície de absorção radicular, pois as
microscópicas estruturas filamentosas do fungo
(hifas), na prática, funcionam como extensões das
raízes colonizadas, explorando um maior volume
de solo. Em troca, a planta fornece aos fungos
açúcares produzidos na fotossíntese (Figura 32).
Esse processo de absorção e transferência de
macronutrientes, principalmente Nitrogênio e
Fósforo, e micronutrientes como Zinco, é lento. É
interessante notar que a maioria das espécies
pioneiras não possui micorrizas, pois estas
apresentam crescimento rápido e precisam de
nutrientes disponibilizados rapidamente. Neste
caso as pioneiras devem encontrar esses elementos
disponíveis no solo ou na serapilheira. Em Fonte: Dias, 2006
espécies do final da sucessão ecológica –
sucessoras secundárias e clímax –, as micorrizas O viveirista pode fazer a inoculação de
são mais freqüentemente encontradas. Estas micorrizas nas sementes que vai semear visando
plantas apresentam crescimento mais lento e têm um melhor desenvolvimento da muda; no entanto,
raízes mais grossas. Destas raízes partem as se o substrato utilizado no viveiro for de boa
minúsculas hifas do fungo que se alastram pelo qualidade e houver a utilização de fertilizantes
solo, absorvendo nutrientes. As plantas que minerais nas mudas, o desenvolvimento das
possuem micorrizas são menos suscetíveis ao micorrizas inoculadas será pequeno. Assim, a
ataque de fungos patogênicos. inoculação de micorrizas em tubetes no viveiro
não é garantia de resultados extraordinariamente
37
melhores do que aqueles obtidos através da “dança” ou colocar lona plástica por baixo dos
utilização de um bom substrato e bons sacos plásticos para efetuar a poda de raiz quando
fertilizantes. estas saem fora do saco plástico.
A mesma afirmação pode ser feita para a Para formar uma boa muda é necessário
inoculação de bactérias Rhizobium em sementes fazer poda de formação. Uma vez que as mudas
de leguminosas. Essas bactérias, ao colonizarem os foram classificadas, elas devem ficar fora da
tecidos internos das raízes, promovem a formação proteção solar e deve ser feita a redução gradativa
de nódulos facilmente destacáveis. Estas bactérias de irrigação para que resistam às intempéries do
são encontradas em grande número de leguminosas campo (RODRIGUES et al, 2002).
na natureza, fazendo a fixação do Nitrogênio
atmosférico nas raízes, convertendo-o em Figura 33. Rustificação das Mudas
compostos nitrogenados utilizáveis pela planta.
Como contrapartida, a planta fornece às bactérias

eosabrigo.
açúcares provenientes da fotossíntese, umidade
Alguns experimentos demonstraram que
sementes inoculadas com Rhizobium, quando
colocadas para germinar em substrato não
fertilizado com nitrogênio, produzem mudas em
menor tempo e com aspecto nutricional melhor
(devido ao provimento natural de Nitrogênio
assimilável pelas bactérias fixadoras desse
elemento), com maior número de raízes e maior
quantidade de nódulos, que aquelas não
inoculadas. Por outro lado, estudos desenvolvidos Fonte: Dias, 2006
com outras leguminosas demonstraram que as
plantas inoculadas com as bactérias Rhizobium 3.2.10. Acondicionamento
apresentam menor crescimento do que aquelas que É a operação de preparo da muda do
receberam fertilizantes nitrogenados. Assim, a momento que ela sai da proteção do sombrite até o
decisão de fazer ou não a inoculação destas plantio no campo. Ela deve ser feita de modo que o
bactérias nodeviveiro
realização testes deve
comserastomada após dea
espécies custo não posteriores.
operações se altere e Caso
seja compatível
as mudas com as
estejam
leguminosas que se pretende produzir no viveiro acondicionadas em tubetes grandes, elas devem
(DIAS, et al, 2006b). ficar em bandejas de plástico com 54 mudas, em
3.2.9. Rustificação das Mudas suporte de arame para facilitar o manejo e o
transporte.
Quando a data da expedição estiver Elas devem ser deslocadas do viveiro até o
próxima, as mudas devem sofrer o processo de viveiro de espera, local apropriado com água em
rustificação, isto é, devem ser gradativamente, abundância, próximo do local de plantio,
mais expostas à condição de campo. São reduzidas aguardando o plantio que deve ser feito no inicio
as irrigações e as mudas ficam a pleno sol, só da estação das chuvas. O viveiro de espera
podendo permanecer na sombra aquelas mudas complementa a maturação das mudas
que serão plantadas no campo à sombra (não (RODRIGUES et al, 2002).
pioneiras). No caso de se usar sacos plásticos, as
mudas devem ser expedidas com o substrato mais 3.2.11. Preparo das Mudas para Expedição
seco, de forma a evitar o esboroamento, mas A seleção das mudas antes da expedição é
devem ser pulverizadas com água para manter a uma operação indispensável. Devem ser
turgescência (MACEDO, 1993). descartadas aquelas que apresentarem quaisquer
Esta prática é conhecida como preparação danos, sintomas de deficiências ou incidência de
da muda, dar as condições inóspitas oferecidas pragas e doenças, além das plantas raquíticas.
pelo campo, tais como déficit hídrico, etc. (Figura Para expedição ao campo, as mudas devem
33). Prática de manejo fora do telado: adubação ter em média de 30 a 40cm de altura. Para
com nitrogênio para acelerar o crescimento arborização urbana e paisagismo são utilizada
vegetativo, redução gradativa de água para mudas maiores, de até 1,20m de altura, conduzidas
alcançar rusticidade, colocar em sol pleno. no chão em viveiros de crescimento e espera em
Sugestão de adubação: 4 gramas de sulfato geral próximos ao local de plantio definitivo.
de amônio por planta/mês; 10 gramas de NPK 10- As mudas devem ser expedidas, etiquetadas
10-10 por planta/mês. e acondicionadas em caixas adequadas ao veículo
Caso esteja em saco plástico efetuar a de transporte. Os critérios que devem ser
38
observados no processo de expedição e transporte c) Formação: as mudas não devem ter sinais de
são porte, rusticidade, formação e deslocamento ataques de pragas ou doenças, anomalias de
(DIAS, et al, 2006b). formação (curvamento de ponteiro ou caule),
sistema radicular atrofiado ou insuficiente. Para
• Critérios para a Expedição e Transporte avaliar o sistema radicular da plântula deve ser
das Mudas feita uma amostragem mínima, realizada no
a) Porte: as mudas devem apresentar um tamanho momento da seleção, ou pela rebrota
mínimo de 30 cm, medidos da região do colo dominante;
até a gema apical. Para as espécies de rápido d) Deslocamento do Torrão: as mudas devem
crescimento o porte de 50 cm pode ser adotado apresentar certa facilidade para serem retiradas
como padrão (Figura 34); dos recipientes (tubetes).
Do ponto de vista operacional, para a
Figura 34. Tamanho Ideal da Muda para expedição de mudas devem ser adotados
Expedição procedimentos
não que permitam da
afetem a credibilidade altos rendimentos
rotina junto aose
clientes. Os cuidados devem ser tomados para que
o excesso de padrões não comprometa a dinâmica
da operação de expedição das mudas (DIAS, et al,
2006b).
• Procedimentos para a Preparação do
Lote de Expedição
É necessário conferir a relação de espécies e as
quantidades solicitadas pelo comprador. Além disso,
as possíveis alterações e/ou substituições já deverão
ser conhecidas visando atender o cliente da melhor
forma possível. É importante estabelecer um prazo
mínimo de 24 horas, dependendo das quantidades a
serem fornecidas, entre a negociação com o cliente e
a retirada de mudas. Esse tempo é suficiente para o
Fonte: Dias, 2006 acerto Para
da listagem pretendida
a retirada do lote eeoatransporte
preparaçãodas
domudas
lote.
b) Rusticidade: as mudas devem apresentar sinais devem-se fornecer orientações aos clientes, quanto
de amadurecimento da região do colo, tais aos procedimentos ideais para a retirada, entre elas:
como aparência lenhosa, textura rígida e 1. A carroceria do caminhão deve ter cobertura de
diâmetro compatível com o peso da parte aérea lona ou ser do tipo baú;
da muda, ou seja, o colo deve ser robusto, não 2. Providenciar caixas de papelão ou de plástico
pode ser fino, principalmente nas mudas mais para o acondicionamento das mudas;
altas (Figura 35); 3. Deve-se definir, na entrega das mudas, a
necessidade de devolução (ou não) dos tubetes;
Figura 35. Medição da Espessura do Colo 4. Informar ao consumidor como proceder com as
mudas, os cuidados, manejo, irrigação em
viveiros de espera, considerando um período
máximo aceitável de 30 dias até o plantio;
5. Deve-se informar ao consumidor o destino
preferencial do lote adquirido: se para
recuperação de áreas degradadas, arborização ou
produção de madeira;
6. Deve-se confeccionar etiquetas (no mínimo, dez
etiquetas para cada mil unidades de cada
espécie). Nas etiquetas devem constar as
seguintes informações: nome científico e vulgar,
quantidades totais de mudas da espécie;
informações sobre crescimento: rápido ou lento,
além de informações sobre o viveiro: nome,
local, endereço, telefones, responsável técnico;
7. A contagem e seleção das mudas deve ser feita
Medição da espessura do colo durante o preparo do lote observando-se os passos que seguem: (i)
de mudas para expedição verificação dos padrões de porte e rusticidade,
Fonte: Dias, 2006
39
por meio da análise visual e auxílio de gabarito identificadoras dos lotes;
de cores; (ii) avaliação do sistema radicular, 8. Irrigar as mudas;
sendo verificadas a consistência e a facilidade de 9. Preencher corretamente a planilha de controle de
retirada do torrão e a formação do sistema expedição;
radicular por amostragem em alguns indivíduos 10. Acondicionar corretamente as mudas nas caixas
do lote; (iii) em caso das mudas apresentarem de expedição, de modo a não comprometer a
alguns dos sinais estabelecidos nos qualidade e também possibilitar ganhos de
procedimentos de descarte, realizá-lo rendimentos operacionais no plantio (Figura 36);
imediatamente; (iv) colocar as etiquetas
Figura 36. Detalhe do Processo de Expedição das Mudas

Caixas adequadas para a expedição Extensores, que podem ser adaptados, dependendo das
distintas alturas das mudas
Fonte: Dias, 2006
11. Observar os cuidados no manuseio das mudas, Ditiocarbomatos, Captan, Benomil outros, no
principalmente: (i) nunca manuseá-las pelos início da ocorrência de doenças, mediante
ramos e sim pelo tubete ou, ainda, na região do orientação profissional.
colo; (ii) nunca fazer o remonte, ou seja, a O controle químico de pragas só pode ser feito
sobreposição de mudas, quando colocá-las nas após o início do ataque e sob orientação profissional.
caixas; (iii) caixas plásticas têm capacidade de Não existe controle de caráter preventivo. As pragas
180 mudas por caixa, o que otimiza o mais comuns em viveiros são formigas, cupins,grilos,
transporte (DIAS, et al, 2006b). paquinhas, lagartas, pulgões, besouros etc.
Com relação às ervas daninhas, o controle
• Pragas e Doenças dos Viveiros deve ser executado em todo o viveiro e não somente
A principal doença em viveiros florestais é o nos canteiros. O controle pode ser feito por
dumping-off ou tombamento, que é causado por uma arrancamento, corte mecânico ou através do uso de
série de fungos do solo. Pode ocorrer na fase de pré- herbicidas, com orientação profissional.
emergência das sementes, quando os fungos atacam a Cuidados devem ser tomados para evitar a
radícula, destruindo as sementes, ou depois da entrada de ervas daninhas através do substrato, das
emergência das sementes, atacando as raízes e o colo. caixas de embalagem e do vento. Os cuidados
As medidas para prevenção e controle são as anteriormente recomendados para a prevenção de
seguintes: doenças costumam ser suficientes para o controle das

Usar terra de subsolo ou outro substrato livre de ervas daninhas (ABREU, 2008).
patógenos; 3.2.13. Cuidados no Plantio das Mudas
− Desinfectar o substrato, se necessário: usar
brometo de metila, na quantidade de 20 a 30ml • Defeitos das Mudas
por m2 de canteiro, sempre com orientação de Quando as mudas apresentam alguma
profissional habilitado; deformação, devem ser descartadas, pois, com
− Tratar as sementes com fungicidas (Captan ou certeza, apresentarão problemas após o plantio.
outros); Vários podem ser os problemas apresentados pelas
− Reduzir o sombreamento e a irrigação ao plântulas, sendo relacionados abaixo alguns
mínimo; exemplos:
− Pulverizar com fungicidas, tais como − Haste dupla ou torta: neste caso houve perda da
40
dominância apical da muda ou crescimento espécies de mata atlântica);
inadequado do caule; − Ter raízes ativas (raízes brancas), que permitirão
− Acúmulo de raízes no fundo do tubete: isto a interação da muda com o solo e gerar raízes
decorre do sombreamento ou do tempo funcionais para a absorção (raízes mais escuras
excessivos no viveiro. não irão mais interagir com o solo e, caso a
plântula só tenha raízes escuras, provavelmente
• Qualidade das Mudas não conseguirá se estabelecer);
No processo de plantio, alguns cuidados são − Antes do plantio, mergulhar as mudas em uma
primordiais para o sucesso no estabelecimento das bacia com solução de água e MAP (Fosfato
mudas em campo. A muda ideal é aquela que possui a Monoamônico) – o que só é possível quando se
haste e a região do colo bem espessa o que indica usa tubetes; para mudas em sacos plásticos isso é
presença de substâncias de reserva nos tecidos inviável. A solução utilizada para mergulhar a
internos da planta, que facilitará o início de seu muda deve conter 1,5 Kg de MAP por cem litros
estabelecimento em campo
rapidamente. Grande parte dase reservas
formaçãopara
de formar
raízes de água. O Nitrogênio e o Fósforo dessa solução
vão estimular o crescimento das mudas e
raízes novas vem de nutrientes contidos na haste. funcionar como pré-tratamento de irrigação. Este
Ao expedir a muda para o plantio, ela não deve processo agiliza o estabelecimento da muda e
estar muito estressada. A qualidade da muda evita perdas.
determina o potencial de sobrevivência e crescimento No campo as mudas podem sofrer ataque de
no campo. O processo de rustificação da muda já cupins; para prevenir este problema pode-se fazer o
deve ter ocorrido; o corte na adubação e diminuição tratamento anticupins em pré-plantio. A dosagem
da água devem ter sido feitos de maneira gradual. recomendada é de 350 g de cupinicida para o
O plantio deve ser feito de maneira cuidadosa tratamento de nove mil mudas. Esse processo deve
para que haja sucesso no crescimento e ser feito sob orientação profissional (DIAS, et al,
estabelecimento das mudas, evitando o replantio, bem 2006b).
como a demanda de tratos culturais extras. Ao
expedir as mudas para o campo elas devem possuir • Uso de Gel Absorvente no Plantio
algumas características desejáveis, como as descritas O gel é um produto hidrófilo, ou seja, além de
abaixo: absorver a água, retêm a umidade no sistema
− A muda não pode apresentar sintomas de radicular da muda. Trata-se de um pó comercializado
deficiência
na coloraçãonutricional,
e tamanho odas
quefolhas;
pode ser observado especificamente para plantio
decompõe na natureza, de possuir
além de espéciesnutrientes
florestais,que
se
− Deve apresentar haste única, sendo toda ela auxiliam o desenvolvimento das mudas.
preenchida por folhas, com área foliar ampla, e Antigamente, fazia-se uma “milanesa” do gel
com altura ideal (20 a 35 centímetros, com o sistema radical da muda antes do plantio. No
dependendo da espécie); entanto, este sistema pode fazer com que a muda
− Deve ter o sistema radicular bem formado e sem “salte” da cova. A melhor forma de utilização do gel
enovelamento; no plantio é misturá-lo à água, utilizando um
− Apresentar aspecto sadio, com diâmetro do colo aplicador específico, já disponível no mercado
espesso, o que indica que a muda está bem (Figura 37).
nutrida. O diâmetro do colo ideal para espécies
nativas é de 5 a 10 milímetros (valor para
Figura 37. Máquinas para Plantar Mudas

Para plantar mudas produzidas em tubete Associado a um mecanismo de aplicação do gel durante
o plantio
Fonte: Dias, 2006

41
Esta máquina despeja de 500 a 600 embriões provenientes de mitose, denominado de
mililitros da solução de gel com água ao lado da clonagem nucelar (FLORIANO, 2004).
muda, sendo que um gatilho solta a muda e o outro
4.1.1. Estaquia
solta o gel. A água fica gelatinosa e permanece
perto do sistema radicular da planta. Isto faz com É a técnica de reprodução vegetativa de
que a água fique presa ao solo, perto da planta, maior utilização no meio florestal para produção
aumentando a eficiência na sua utilização, de mudas de plantas selecionadas em larga escala.
promovendo diminuição da irrigação, facilitando o Na reprodução por estaquia há 4 fases que se pode
rápido crescimento inicial da planta (DIAS, et al, distinguir, iniciando-se com a produção de brotos,
2006b). seguida da preparação da estaca e do meio de
crescimento, em terceiro o enraizamento e por fim
3.3. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: a aclimatação das mudas.
VIVEIROS FLORESTAIS As fases mais importantes são o
Desenhe etapas
A. principais esquematicamente
de um sistemae dedescreva
produção as enraizamento
de limitam e a produção
a possibilidade ou nãodee abrotos, porque
quantidade de
mudas. mudas a produzir. Plantas que não enraízam estão
B. Quais são os principais fatores que afetam na fora do processo, assim como plantas que não
escolha do local de instalação de um viveiro? rebrotam; se enraizam ou produzem brotos com
C. Quais são os principais tipos de recipientes dificuldade, a quantidade de mudas que se pode
existentes para a produção de mudas e quais os obter é pequena, o que dificulta o uso em escala
fatores que afetam a sua escolha? comercial (FLORIANO, 2004).
D. Quais são os procedimentos adotados no preparo • Fatores que Afetam a Emissão de Brotos
do substrato? Quais são os principais substratos
utilizados em viveiros? A emissão de brotos é influenciada pela
E. Defina o que significa semeadura e descreva os espécie, região, época de corte e dimensões da
métodos existentes. planta mãe, conforme Kramer e Kozlowiski
F. Quais são os cuidados básicos que precisam (1972), da seguinte forma:
serem tomados após a semeadura? − Espécie: A capacidade de emissão de brotos é
G. Como são feitas as irrigações e as adubações comum nas folhosas e rara nas coníferas;
durante o processo de produção de mudas? − Dimensão da planta mãe: Existe um tamanho
H. O que são micorrizas?
inoculação Qual
durante a fase de aprodução
importância de sua
de muda? ótimo parabrotos
de emitir cada espécie
aumentae com
local;a adimensão
capacidade
da
I. Quais são os critérios analisados para que uma planta até certo ponto, que é diferente para
muda seja considerada pronta para a expedição? cada espécie; a partir deste, a capacidade de
J. Quais medidas devem ser adotadas para prevenir emitir brotos decresce;
a ocorrência de pragas e doenças nos viveiros? − Região: A emissão de brotos em uma mesma
K. Para ser considerada uma muda de qualidade, espécie é influenciada pelas condições
quais são as características que ela deve ambientais como a latitude, temperatura,
apresentar? umidade e tipo de solo; o sítio, quanto mais
4. SISTEMAS DE PROPAGAÇÃO fértil e adequado para a espécie, maior a
capacidade de emissão de brotos;
VEGETATIVA − Época de corte: Plantas cortadas no inverno
4.1. MACROPROPAGAÇÃO ASSEXUADA têm maior emissão de brotos, pois têm maior
MONOCLONAL concentração de substâncias de reserva; onde
É o método de propagação assexuada que ocorrem geadas, plantas cortadas no final do
consiste em forçar o enraizamento de um ramo, inverno podem ter a brotação destruída pela
broto, folha ou raiz, colocando-os em um meio geada, além de que as cepas podem ter vida
adequado para que se forme uma nova planta mais
Paracurta.
cada espécie e procedência existe um
completa, com todas as características da srcinal.
Pode ser realizada através de duas formas básicas, ponto de ótimo equilíbrio entre as dimensões e
a estaquia e a mergulhia que diferem pela fase em acúmulo de substâncias de reserva e a idade das
que a parte que irá constituir a nova planta é plantas, que devem ser pesquisados para se obter
destacada da planta mãe. Na estaquia, destaca-se melhor resultado quanto ao vigor da rebrota
uma secção de uma planta, seja parte de um ramo, (Brune, 1982).
folha ou raiz e, então, é induzido o • Fatores que Afetam o Enraizamento das
desenvolvimento das raízes. Na mergulhia, a parte Estacas
que irá constituir a nova planta é destaca após o
enraizamento ter sido forçado. Além destes dois As raízes adventícias que se desenvolvem
tipos, ainda existe um terceiro que ocorre em nas estacas podem advir de praticamente qualquer
42
tipo de tecido, dependendo da espécie, sendo que enraizamento; cada espécie necessita de uma
algumas já possuem os primórdios radiculares temperatura própria para o enraizamento,
antes do corte; em espécies de enraizamento geralmente entre 12º C e 27º C;
difícil, geralmente todas as raízes se srcinam do − Luminosidade: Quanto maior a incidência
tecido cicatricial que formado após o corte; vários sobre a parte aérea e menor sobre a parte
fatores internos e ambientais influenciam no subterrânea, melhor o enraizamento, mas o
sucesso do enraizamento, entre eles estão (Assis e excesso pode ressecar as estacas; deve-se
Teixeira, 1999; Simão, 1998): considerar também a influência do
Fatores internos fotoperiodismo;
− Meio de crescimento (substrato): Cada espécie
− Espécie: cada espécie tem diferente potencial apresenta melhor enraizamento em um tipo de
de enraizamento em diferentes épocas do ano; substrato; uma adubação equilibrada em um
espécies caducifólias enraízam melhor no meio com boa aeração facilitam o
outono
perenes, ena inverno,
primaveraenquanto
e verão; as de folhas
há evidências enraizamento;
− Sanidade: Quanto melhor as condições de
que a formação de raízes de segmentos do assepsia, melhor o enraizamento;
caule é geneticamente controlada; − pH: Há um pH ótimo para o enraizamento e
− Planta-mãe: quanto mais jovem, vigorosa e alongamento das raízes de cada espécie,
sadia, maior as chances de enraizamento; geralmente entre 4 e 7;
− Explante: Quanto mais jovem o órgão da − CO2: O enraizamento é favorecido por maior
planta utilizada, melhor o enraizamento; concentração de CO2 presente no ambiente.
explantes de ramos laterais enraizam melhor
do que do ápice; num mesmo ramo, as estacas • Tipos de Estacas
mais próximas da base enraizam melhor, o que Para cada espécie é necessário utilizar um
está relacionado à concentração nas pontas de tipo de estaca, desde as bem tenras e pequenas, até
maior quantidade de nitrogênio e menor de as lenhosas de grandes dimensões (Figura 38).
hidratos de carbono; Estacas herbáceas são obtidas de ramos apicais
− Estado fisiológico: Dependendo do tipo de recentes, ou de lançamentos de cepas. Devem ser
estaca, lenhosa ou herbácea, há maior colhidas pela manhã, enquanto estão túrgidas e
capacidade de enraízamento quando colhida com níveis elevados de substâncias que induzem o
em estado de dormência
respectivamente; ou de crescimento,
geralmente, estacas enraizamento como o ácido abscísico e o etileno.
Estacas lenhosas são obtidas de ramos mais
herbáceas enraizam melhor do que as grossos, com idade entre 8 e 15 meses. (Simão,
lenhosas; 1998). Os principais tipos de estacas são os
− Hidratos de carbono e nitrogênio: Quanto seguintes (Xavier et al., 2003; Gomes, 1990).
maior o teor de substâncias de reserva e
quanto maior a relação carbono/nitrogênio Figura 38. Tipos de Estacas
melhor o enraizamento; às vezes é necessário
adicionar fontes de carboidratos ao meio de
crescimento como a sacarose, ribose e glicose;
− Hormônios e fitoreguladores: Quanto maior a
concentração natural dos hormônios: auxina,
citocinina, ácido abscísico e etileno, melhor o
enraizamento;
− Água: Quanto maior o teor de água retido nos
tecidos, melhor o enraizamento;
− Envelhecimento: A maioria das plantas
arbóreas
fisiológicas sofre mudanças
e bioquímicas da fasemorfológicas,
juvenil para
a adulta que afetam o potencial de clonagem, o
vigor de crescimento e a resistência às pragas Fonte: Dias, 2006
e doenças, dificultado a propagação vegetativa − Estaca Simples: é obtida seccionando-se um
(Wendling e Xavier, 2001). ramo com diâmetro de 0,5 a 1,5 cm a cada 10 a
Fatores ambientais 30 cm e deixando de 3 a 6 gemas por estaca;
utiliza-se, principalmente, com várias espécies
− Umidade: Quanto maior a umidade relativa do de Eucalyptus, na área florestal.
ar, melhor o enraizamento, pois evita o − Estaca Talão: Escolhe-se um ramo jovem
ressecamento das estacas; inserido em outro com cerca de dois anos; o
− Temperatura: Quanto mais estável, melhor o
43
corte é realizado extraíndo-se uma parte do multiplicar por estacas caulinares, mas tem
lenho (talão) do ramo velho no ponto de enraizamento razoável nas radiculares (Biasi
inserção. É uma das opções para espécies de et. al., 2002).
enraizamento difícil; o talão é que é enterrado. − Miniestaca: É a estaca herbácea de plantas
− Estaca Cruzeta: Semelhante ao anterior; é arbóreas obtida em minijardins clonais. Tem
retirada uma parte maior do ramo velho, como vantagem o enraizamento mais fácil e
formando um “T” ou uma cruzeta; é usada sem uso de fitoreguladores ou hormônios para
para espécies que possuem raízes pré- promovê-lo em algumas espéceis, devido ao
formadas. processo de rejuvenescimento que a planta
− Estaca Gema: É formada por uma só gema; sofre até a produção da estaca, passando por
usada quando não se possui material maior; um processo de brotação de cepas de árvores e
requer os mesmos cuidados que os posterior estaquia para plantio em minijardim
empregados na propagação de sementes. clonal. É utilizada atualmente com Eucalyptus

Estaca Fascículo: Usada com espécies de em escala comercial.
Pinus. Cada fascículo tem uma gema • Procedimento para a Produção de Mudas
dormente. Com Pinus elliottii e Pinus taeda é por Estaquia
necessário fazer a gema crescer antes de
promover o enraizamento com aplicação de A produção de mudas por estaquia inicia-se
citocinina, com Pinus radiata, a cresce por si com o corte das árvores com 1,5 a 2,0 anos de idade,
(Brune, 1982). deixando-se as cepas com 15 cm de altura, em bisel.
− Estaca Raiz: É usada com plantas de 2 a 3 Dois meses depois colhem-se os brotos, mantendo-se
anos, preferencialmente cortada até o fim do dois, de modo a manter o ciclo de produção de
inverno com algumas espécies como estacas. A colheita é feita pela manhã, e os brotos
pessegueiro, goiabeira e caquizeiro; devem ser estocados em baldes com água (Figura 39).
plantadas com a polaridade correta; o
caquizeiro é praticamente impossível de
Figura 39. Sistema de Produção de Mudas por Estaquia

Fonte: Daniel, 2006


As estacas são preparadas, eliminando-se Os recipientes normalmente utilizados são
partes lignificadas dos brotos, e pontas muito tenras.sacos plásticos enchidos com terra de subsolo,
São cortadas em tamanho de 12 a 14 cm, com um ou completados (2 a 3 cm) com areia para melhorar o
dois pares de folhas. arejamento da base da estaca. Esses recipientes são
Para prevenir a infestação de fungos, as estacas então colocados no local sombreado, irrigados até a
têm sua base mergulhada numa solução de Benlate capacidade de campo, e o plantio é feito em orifícios
(200 ppm ou 0,2%), logo após terem sido preparadas. de 4 cm de profundidade.
No momento da aplicação do hormônio para indução Antes do plantio as estacas são tratadas com
do enraizamento as estacas podem novamente ser ácido indolbutírico (AIB) que tem sido o mais
tratadas com Captan a 2%. eficiente para estimular o enraizamento, diluído em
44
talco, na proporção de 1.000 a 8.000 ppm. Outros mudas como se fossem estacas pré-enraizadas. Na
hormônios podem ser utilizados, isoladamente ou em mergulhia chinesa toda a secção fica enterrada;
mistura, tais como o ácido indolacético (AIA), o quando em serpentina, parte do ramo é enterrado e
ácido naftalenoacético (ANA) e o 2-4- parte fica para fora, alternadamente (Gomes, 1994).
diclorofenoxiacético (2-4-D).
Nas condições citadas, as estacas apresentam • Mergulhia de Cepa
enraizamento entre 10 a 15 dias. Vinte e cinco dias Este processo envolve o abate da planta mãe
após o plantio é feita uma adubação à base de 3 kg de que é, depois, deixada para brotar. Após a emissão,
NPK (5:17:3) diluídos em 100 l de água para 10.000 a base dos brotos é tapada com solo até que
recipientes. Durante todo o período de enraizamento, enraízem, então são separados da cepa e plantados
na casa de vegetação, são necessárias aplicações (Simão, 1998).
preventivas semanais de fungicidas, alternando entre
produtos sistêmicos e não-sistêmicos. • Alporquia (Mergulhia Aérea)

Comsão
as mudas a idade de 35 a 40para
transferidas diasaé área
feita adescoberta,
seleção, e não é Quando
possívela espécie
dobrar éseus
de enraizamento
galhos para difícil
fazer ae
onde é feita uma adubação semelhante à anterior, mergulhia no solo, pode-se utilizar a mergulhia
fazendo-se simultaneamente o desbrotamento. Ali as aérea. Seleciona-se ramos de um ano com 1 a 3 cm
estacas permanecem por mais 35 a 40 dias, quando de diâmetro, eliminando-se as brotações laterais
então podem ir para o campo (DANIEL, 2006). dos mesmos em cerca de 15-30 cm antes da gema
4.1.2. Mergulhia terminal e se faz um anelamento da sua casca com
3 a 5 cm de largura a cerca de 25 cm da ponta,
É o processo de propagação vegetativa cobrindo a área anelada com solo ou outro meio de
monoclonal em que se mergulha um ramo de uma cultura e, depois, cobrindo com saco plástico
planta no solo até enraizar, quando então é separado (Figura 40). A separação é feita aos poucos,
da planta mãe, transformando-se em uma muda. É o conforme o enraizamento, ou de uma vez, até se
método de propagação vegetativa que apresenta a destacar; o ramo enraizado deve ser levado à uma
mais alta porcentagem de enraizamento, embora seja estufa com alta umidade por um período suficiente
de baixo rendimento (Simão, 1998). para a muda vingar. É um método caro e de baixo
A mergulhia tanto pode ser realizada rendimento que deve ser realizado no período
curvando-se o ramo até o solo como pelo vegetativo (Toda Fruta, 2003).

envolvimento
caso de um
denominada ramo comousolo,
de alporquia sendo aérea
mergulhia neste Figura 40. Propagação Vegetativa por
(FLORIANO, 2004). Alporquia
• Mergulhia Simples
É o processo em que se mergulha um ramo
de uma planta, chamado de mergulho, diretamente
no solo, após anelamento de uma faixa com cerca
de 2 cm de largura, podendo ser tratado ou não
com auxinas. Deve-se escolher ramos flexíveis do
ano, na parte baixa da copa, retirar as brotações
laterais e as folhas de 10 a 60 cm da extremidade,
fazer o anelamento cerca de 40 cm a baixo da
extremidade, curvar e enterrar o ramo a uma
profundidade de 10-15 cm de forma que a área
anelada fique no fundo, instalar um tutor e fixar o
ramo enterrado nele, deixar os primeiros 25 cm da Fonte: Toda Fruta, 2003
ponta do ramo para fora do solo (Simão, 1998).
• Mergulhia Invertida 4.2. MULTICLONAL
MACROPROPAGAÇÃO ASSEXUADA
Difere da anterior porque a ponta do ramo é É o método de reprodução vegetativa chamado
que é enterrada, após ser decepada ou não, devendo- de enxertia, que consiste em unir um fragmento ou
se enterrar o ramo verticalmente até certa órgão de uma planta (cavaleiro) a uma segunda planta
profundidade e fixá-lo por um tutor (Gomes, 1994). com sistema radicular completo e parte do sistema
aéreo (cavalo) sobre o qual a primeira é implantada,
• Mergulhia Contínua tornando-as um único indivíduo com o sistema
Na mergulhia contínua, um longo ramo é radicular de uma e o sistema aéreo de outra (Figura
enterrado, sendo deixada somente a ponta para fora. 41). O termo “enxerto” é tanto usado para denominar
Depois, o ramo enraizado pode ser cortado em várias o cavaleiro, quanto à ligação entre o porta-enxerto e o
cavaleiro.
45
Figura 41. Representação Esquemática da Operação de Enxertia por Estaca Terminal

Fonte: Gomes, 1981


Os principais objetivos da enxertia são a − Compatibilidade entre as plantas: Somente
obtenção, principalmente, de maior vigor e plantas com certo grau de congenialidade são
produtividade e, ainda, resistência às enfermidades e suscetíveis à enxertia. A incompatibilidade varia
pragas, modificação do porte das plantas, restauração em grau desde a morte rápida do cavaleiro até
de indivíduos já em produção que estão perdendo a vários graus de atrofia, de incapacidade de
vitalidade, criação de variedades, floração e frutificar e de morte prematura;
frutificação precoces, melhor qualidade e maior −
produção de frutos e sementes (Gomes, 1981). As Contato e do
cambiais Afinidade:
cavalo Há necessidade
e cavaleiro das zonas
ficarem em
plantas obtidas de sementes levam mais tempo para contato íntimo para facilitar a translocação da
frutificar e, raramente, apresentam todas as seiva, até que se consolide a união; às vezes
características que se deseja em uma planta, ocorre a ligação e a planta cresce vigorosamente,
principalmente nas frutíferas. mas a seguir há ruptura do enxerto e morte do
Em alguns casos a enxertia traz consigo alguns cavaleiro;
flagelos como a transmissão de doenças, redução da − Época: A época ideal depende da espécie e do
longevidade das plantas, além de haver rejeição entre tipo de enxerto que vai ser efetuado;
algumas espécies que pode ser imediata ou tardia. − Processo de enxertia: Deve ser compatível com
Vários são os materiais utilizados na enxertia, tendo- as plantas envolvidas;
se os seguintes como principais: canivete de enxertia, − Sanidade: O cavalo e o cavaleiro devem ser
tesoura de poda, pedra de afiar, serrote, fitilho, saco sadios;
plástico, barbante, álcool, algodão. O uso de
ferramentas adequadas e bem afiadas é um dos − Condições climáticas: Os extremos ambientais
fatores de sucesso ou insucesso na enxertia (Simão, prejudicam a enxertia; a temperatura ideal é torno
1998). de 20-25ºC;
A obtenção de plantas enxertadas com − Estado fisiológico adequado: Tecidos jovens e de
características de grande vigor e produtividade, além idêntico
enxertar; grau de maturação são mais fáceis de
de depender de muitos fatores que influenciam no
pegamento dos enxertos, depende da obtenção de − Idade e tamanho do porta-enxerto: A idade e
plantas rústicas, vigorosas e sadias (cavalo e tamanho do cavalo tem relação direta com o
cavaleiro), que em conjunto apresentem as pegamento dos enxertos; quanto maior o porta-
características desejadas de alta produtividade e enxerto, mais brotações emite e estas causam
precocidade. dormência no enxerto, por isso o porte do cavalo
O sucesso dos implantes depende de muitos e cavaleiro devem ser semelhantes;
fatores tanto relativos às próprias plantas, como às − Solo: O pegamento é maior em solos férteis e
características do enxerto, à época do ano e às frescos.
condições ambientais, que são relacionados à seguir, Os principais tipos de enxertia são a encostia, a
conforme (Simão, 1998): garfagem, a sobreenxertia e a borbulhia (Figura 42).
46
− Encostia: É um método de enxertia utilizado para recoberta com uma pasta, massa de fácil
unir duas plantas completas e que continuam com moldagem ou material plástico, com o fim de
seus sistemas radiculares, até que a cicatrização proteger a região do enxerto (Simão, 1998).
do enxerto se complete e o sistema radicular do − Sobre-Enxertia: É a operação de enxertia que tem
cavaleiro possa ser excluído (Toda Fruta, 2003). por finalidade o aproveitamento de plantas já
A encostia é utilizada para plantas que não formadas, em que se substitui o cavaleiro. É
aceitam bem a borbulhia ou a garfagem, pois as indicada para plantas de idade média e sadias
características do método dificultam a produção com o objetivo de ganhar tempo, pois o porta-
de mudas em larga escala (Simão, 1998). enxerto já está estabelecido. Poda-se a copa
− Garfagem: É um processo de enxertia que deixando-se 4 a 5 galhos sobre os quais se faz a
consiste em soldar um pedaço de ramo destacado enxertia (Simão, 1998).
(garfo) de uma planta que se deseja propagar − Borbulhia: É o processo de enxertia que consiste
(matriz) sobre outro vegetal (cavalo), de maneira na justaposição de uma única gema sobre um
a permitir o seu desenvolvimento. O enxerto de porta-enxerto enraizado. A época apropriada vai
garfagem é feito aproximadamente a 20 cm da primavera ao verão e início do outono, quando
acima do nível do solo ou abaixo dele, na raiz, na as plantas estão em atividade vegetativa (Gomes,
região do coleto. A região do ramo podada com a 1981).
tesoura é a seguir alisada com o canivete (Toda
Fruta, 2003). Após a justaposição do cavaleiro ao
cavalo, a região deve ser amarrada e a seguir
Figura 42. Propagação Vegetativa por Enxertia

Fonte: Simão, 1998

47
4.3. MICROPROPAGAÇÃO laboratório (Feveiro et al., 2001). O processo de
micropropagação envolve as seguintes etapas
Cultura de tecidos, ou micropropagação, ou (Daniela, 2007):
ainda, cultura in vitro de plantas, é a metodologia de a) Escolha do explante;
propagação vegetativa em que se usa um meio de b) Desinfecção do explante;
cultura suplementado com fitorreguladores, um c) Incubação em meio de crescimento;
agente geleificante, ambiente asséptico e condições d) Transferência do tecido caloso para meio
adequadas de luz e temperatura, para promover a contendo determinadas concentrações hormonais
multiplicação somática de pequenos pedaços de – organogénese; e
tecidos de plantas, induzindo a sua diferenciação, e) As plântulas regeneradas in vitro são
para obter uma planta completa com todos os tecidos aclimatizadas e transferidas para o solo (Figura
e órgãos que lhe são característicos e todas suas 43).
funções orgânicas, dentro de recipientes fechados, em
Figura 43. Representação Esquemática do Processo de Micropropagação

Explante inicial
(Folha)

Fonte: Faveiro et.al., 2001

Haberlandt, pai da cultura de tecidos, estabelecimento e manutenção indefinida de


iniciou os primeiros trabalhos na área em 1902, cultura de calo de cenoura. (Torres et al., 1998).
estudando a regeneração de plantas srcinadas de Vários métodos de cultura de tecidos,
uma única célula, mas não obteve sucesso em seus utilizando partes diversas das plantas, foram
experimentos, o que se atribui a não haver usado desenvolvidos com diferentes objetivos. Entre os
“fitormônios” no meio nutritivo, utilização de principais métodos de cultura de tecidos estão à
espécies inadequadas, baixa densidade de inóculo cultura meristemática, a microenxertia, a cultura de
e uso de explantes de tecidos maduros. Em 1904, embriões, a cultura de calos, a suspensão celular, a
Hannig realizou o primeiro cultivo in vitro de polinização e fertilização in vitro, a cultura de
embriões imaturos, observando que havia ovários, a cultura de protoplastos e a embriogênese
necessidade de suplementação do meio mineral somática. Os principais usos da cultura de tecidos são
com sacarose para que os embriões germinassem. a reprodução de plantas in vitro para produção de
A primeira cultura de tecidos foi obtida por White, mudas, a recuperação de plantas isentas de vírus
em 1934, três anos depois demonstrou a (limpeza clonal), a conservação in vitro de recursos
importância da tiamina para o crescimento de genéticos de plantas (conservação de germoplasma),
raízes in vitro, tendo elaborado uma mistura a obtenção de mutantes in vitro, a produção de
orgânica que leva o seu nome, ainda usada na haplóides e duplos haplóides e a produção de plantas
formulação de meios nutritivos. A descoberta do transgênicas (Torres et al., 1998).
primeiro fitormônio, o AIA, possibilitou o
48
4.4. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: SISTEMA em parceria com empresas privadas e instituições
DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA públicas avalia desde 1985, 12 importantes espécies
em 172 experimentos localizados em nove estados.
A. Defina e descreve os métodos de propagação Esses estudos, ao lado do aperfeiçoamento das
vegetativa? técnicas silviculturais, vem propiciando, nas últimas
B. O que é estaquia? Quais são os fatores que décadas, a expansão da produção pelo aumento da
afetam a emissão de brotos e o enraizamento área plantada e pela melhoria na produtividade. Cerca
de estacas? de 3 milhões de hectares já são plantados com
C. O que significa mergulhia? Quais são os tipos Eucaliptos, e em alguns casos, o rendimento se
de mergulhia praticados no Brasil? aproxima dos 50 m3 de madeira por hectare/ano.
D. O que significa enxertia? Quais são os fatores As espécies indicadas para a região subtropical
que influenciam no pegamento dos enxertos e são Eucalyptus benthamii (comprovadamente
quais são os tipos de enxertia existentes? resistente à geada) e Eucalyptus dunnii (resistência
E. O que significa micropropagação?
esquematicamente Desenhe
as etapas deste processo. parcialsituadas
áreas a geadas), como acima
em regiões visto no
do quadro
paralelo04.
24º Para
Sul,
de clima predominantemente tropical, as mais
5. PRODUÇÃO DE MUDAS DE indicadas são Eucalyptus grandis, Eucalyptus
EUCALIPTO urophylla, Eucalyptus saligna, e Eucalyptus cloeziana
5.1. INDICAÇÕES DE ESPÉCIES para plantios com mudas formadas a partir de
sementes de pomares e áreas de produção de
O Brasil em termos climáticos para o cultivo sementes. Plantios de sementes híbridas das espécies,
do eucalipto possui duas regiões: tropical e Eucalyptus grandis e Eucalyptus urophylla, podem
subtropical. A região sudeste, predominantemente ser realizados nas regiões tropicais, independente de
tropical e não sujeita a geadas de forte intensidade, testes locais. Para plantios de mudas, formadas por
concentra a maior área de plantio. Esse é primeiro clonagem, são recomendados testes de
parâmetro que delimita o uso das espécies de comportamento do crescimento, e definição do uso da
eucalipto para plantio. O outro é a finalidade do uso matéria prima (FILHO, 2003).
da matéria-prima do eucalipto.
Para atender demandas regionais, a Embrapa
Quadro 04. Caracterização de Espécies Selecionadas do Gênero Eucalyptus
LOCALIZAÇÃO DA USO DA MADEIRA ESPÉCIE COMPORTAMENTO DA ESPÉCIE
PROPRIEDADE INDICADA
Em regiões sujeitas a Fins energéticos (fonte de Apresenta rápido crescimento e boa forma
geadas severas e energia ou carvão vegetal) e E. dunnii das árvores Apresenta dificuldades na
freqüentes serraria produção de sementes
Em regiões sujeitas a Boa forma do fuste, intensa rebrota, fácil
Fins energéticos (fonte de
geadas severas e energia ou carvão vegetal) E. benthamii produção de sementes. Requer volume
freqüentes alto de precipitação pluviométrica anual
Fins energéticos (fonte de Maior crescimento e rendimento
Em regiões livres de energia ou carvão vegetal), E. grandis volumétrico das espécies. Aumenta a
geadas severas celulose de fibra curta, qualidade da madeira com a duração do
construções civis e serraria ciclo
Em regiões livres de Crescimento menor que E. grandis, boa
geadas severas Uso geral E. urophylla regeneração por brotação das cepas
Fins energéticos laminação,
Madeira mais densa quando comparada ao
Em regiões livres de móveis, estruturas,
geadas severas caixotaria, postes, escoras, E. saligna E .grandis ;menos suscetível à deficiência
de Boro
mourões, celulose
Fins energéticos, serraria,
Em regiões
geadas livres de
severas postes, dormentes, mourões E.
camaldulensis Árvores mais
regiões de tortuosas
déficit hídricorecomendado para
anual elevado
estruturas, construções
Fins energéticos, serraria,
Em regiões livres de postes, dormentes, mourões E. tereticornis Tolerante à deficiências hídricas, boa
geadas severas regeneração por brotação das cepas
estruturas, construções
Serraria, laminação, Apresenta crescimento lento inicial.
Em regiões livres de marcenaria, dormentes, E. maculata Indicada para regiões de elevado déficit
geadas severas
postes, mourões hídrico
Fins energéticos (fonte de
Em regiões livres de energia ou carvão vegetal), Excelente forma do fuste, durabilidade
E. cloeziana
geadas severas construções civis e uso rural natural, alta resistência a insetos e fungos
e agrosilvopastoris
Fonte: Embrapa Florestas
49
5.2. COLETA DE FRUTOS E EXTRAÇÃO idade.
DAS SEMENTES As sementes são de pequenas dimensões e
os frutos (cápsulas), localizados nas extremidades
5.2.1. Coleta de Frutos de Eucalipto dos galhos, são deiscentes. Portanto, as cápsulas
Praticamente todas as espécies de eucalipto maduras devem ser colhidas antes de sua abertura
cultivadas no Brasil produzem sementes com natural (Figura 44).
relativa abundância a partir dos 5 a 7 anos de
Figura 44. Fruto (Cápsula) do Eucalipto

Fonte: Embrapa Florestas

A época de colheita é bastante ampla, mas com pouco ou muitos frutos;


em geral o período principal ocorre com maior − As atividades de coleta são concentradas em
intensidade no segundo semestre. No entanto há cada compartimento, reduzindo-se os
uma variação muito grande entre anos e em função deslocamentos a procura de árvores com
da região de ocorrência. frutos;
A coloração das cápsulas é o índice mais − A penetração de luz favorece a brotação de
prático de maturação dos frutos e sementes. Os todas as árvores; e
frutos cuja coloração está passando do verde para − Florescimento é homogêneo em todo o
o marrom ou cinza já possuem sementes compartimento, facilitando a polinização das
fisiologicamente maduras e podem ser colhidos. árvores.
Neste estágio, os frutos ficam mais duros e secos, Com este método pode-se obter até 100% de
adquirindo aspecto rugoso e apresentando fendas aumento na produção de sementes, em relação ao
radiais na sua parte superior. método tradicional.
A colheita de ramos elimina a produção de Em pomar de sementes clonais, devido à
no mínimo 2 anos futuros, tendo em vista que reduzida altura das árvores, são colhidos apenas os
junto com as cápsulas maduras, são colhidas frutos, sem que ocorram danos à copa. Isto permite
também cápsulas imaturas, botões florais e gemas a colheita anual de todas as árvores, sem redução
vegetativas,
seguintes. que seriam as produções dos anos na produção de sementes (AGUIAR et al, 1993).
Por este motivo, atualmente vem sendo 5.2.2. Extração das Sementes de Eucalipto
aplicado o método de colheita em compartimentos, Ao chegarem do campo, as cápsulas de
onde a área total de coleta é dividida em 4 partes eucalipto são conduzidas para a secagem. Como
iguais. A cada ano são colhidas todas as árvores elas já foram colhidas num determinado estágio de
que tenham frutos, de apenas um compartimento, maturação, apresentam fendas radiais na parte
fazendo-se assim uma rotação na área de coleta. superior, formando as valvas. Com a secagem as
Este método de colheita apresenta as seguintes valvas abrem-se e liberam as sementes que estão
vantagens: no interior das cápsulas.
− A colheita de cada árvore é facilitada pela Normalmente são necessários 3 dias de
poda drástica, sendo colhidas todas as árvores exposição ao sol ou 24 a 36 horas de secagem em
50
estufa a 45ºC para secar as cápsulas e liberar as Algumas proporções possíveis de misturas:
sementes. − Tipo 1: 33,3% de casca de pinus decomposta e
Mesmo com a abertura das valvas, algumas moída (triturador de martelo), 33,3% de
sementes ficam presas à placenta, no fundo das húmus, e 33,3% de carvão de palha de arroz;
cápsulas. Portanto, após a secagem, as cápsulas − Tipo 2: 25% de casca de pinus decomposta e
devem ser agitadas vigorosamente a fim de obter- moída, 25% de carvão de palha de arroz, 25%
se completa extração das sementes. de Vermiculita fina, 24% de Turfa ou húmus,
As estruturas liberadas das cápsulas são e 1% de solo vermelho.
denominadas de sementes misturadas, por serem Sugestão de adubação (considerando-se 1
constituídas de sementes férteis e impurezas. As m³ de substrato): 800g de sulfato de amônio, 200g
impurezas são compostas basicamente de cloreto de potássio, 4kg de super fosfato simples,
estruturas estéreis (óvulos não fertilizados) 1kg de FTE BR 10 (produto comercial para
conhecidos como “palhas”, que na maioria das adubação de micronutrientes).
espécies são
tamanho, comsemelhantes às sementes enquanto
coloração avermelhada, em formaase Os componentes, proporções e adubações
sugeridas, apenas ilustram algumas possibilidades,
sementes férteis, preta (CARVALHO & devendo ser adaptados de acordo com as
NAKAGAWA, 1980). necessidade de cada produtor. Outro aspecto que
5.3. ETAPA DE FORMAÇÃO DAS MUDAS deve ser considerado, no caso da produção de
substrato pelo viveirista, é a necessidade de se
A implantação da floresta depende, dentre processar a desinfecção do mesmo, para
outros fatores, da utilização de mudas saudáveis, eliminação de fungos patogênicos e sementes de
com bom diâmetro de colo, raízes bem formadas, invasoras que podem estar misturadas nos
relação parte aérea / sistema radicular adequada, e componentes orgânicos do substrato (FERRARI,
nutridas adequadamente. Isto garantirá melhor 2003).
índice de sobrevivência no plantio, maior
resistência a estresses ambientais e maior 5.3.2. Modelos de Recipientes
crescimento inicial, influenciando diretamente na A escolha do recipiente determina todo o
qualidade final da floresta (FERRARI, 2003). manejo do viveiro, o tipo de sistema de irrigação a
As técnicas a serem adotadas para a ser utilizado e sua capacidade de produção anual.
produção das mudas devem atender às Dentre os tipos de recipientes que podem ser
necessidades de e cada
disponibilidade produtor,de em
localização área,termos
grau de utilizados citar
podem-se na produção
os sacosdeplásticos
mudas dee oseucalipto,
tubetes
tecnologia e dos recursos financeiros disponíveis. (FERRARI, 2003).
Existem vários fatores que determinam o
método de produção a ser utilizado. Dentre eles, • Saco Plástico
podem se destacar: semente, substrato, recipiente, Os sacos plásticos são ainda hoje utilizados,
sistema de irrigação, etapas de formação de mudas, porém seu uso vem diminuindo gradualmente,
controle fitossanitário, geadas e expedição das devido a grande quantidade de substrato ou solo
mudas para o campo. necessário ao seu enchimento, peso final da muda
5.3.1. Preparo do Substrato pronta, área ocupada no viveiro, diminuindo a
produção/m², maior necessidade de mão-de-obra
Os componentes devem ser acondicionados em relação à outros tipos de recipientes e,
perto do local onde será realizada a mistura, dificuldades de transporte, além de gerar grande
preferencialmente, previamente peneirados (terra quantidade de resíduos no ato do plantio devido ao
ou areia) e beneficiados (casca de arroz ou seu descarte. Tem como vantagem o baixo custo, a
húmus). A mistura deve ser realizada após possibilidade de utilização de sistemas de irrigação
determinação das proporções de cada componente simples, e a possibilidade de obter mudas de maior
(peso ou volume), com o uso de pás ou tamanho, valorizadas para ornamentação,
misturadores elétricos (betoneiras ou dependendo da espécie semeada.
equipamentos específicos para viveiro).
O produto final deverá estar • Tubetes
homogeneizado, sem apresentar fracionamento Na produção de mudas de eucalipto são
entre os componentes. Para a sua utilização, utilizados tubetes na capacidade de 50 cm³ e
deverá ser previamente umedecido, porém sem acondicionados em bandejas próprias, são as
apresentar escorrimento quando apertado na mão. recipientes que melhor aceitação tem no mercado
No momento da utilização deve-se realizar a atualmente. Apresenta como vantagens o uso
adubação do substrato, realizando-se a mistura racional da área do viveiro, permitindo o
novamente com a utilização de pás ou acondicionamento de um número grande de
equipamento elétrico, para a melhor mudas, a possibilidade de automatização do
homogeneização.
51
sistema de produção de mudas, desde o muito além do período de rustificação pode causar
enchimento das recipientes, até a semeadura e problemas de enovelamento de raízes e
expedição das bandejas para a área de germinação. deficiências nutricionais, o que se traduz em
Os tubetes também possibilitam a sua reutilização, menor sobrevivência das mudas no campo no
que pode chegar a 5 anos, dependendo da plantio, ou mortes posteriores, por problemas de
qualidade do plástico utilizado na sua confecção e má capacidade de absorção de água da planta ou
do armazenamento adequado à sombra. tombamentos pelo vento das árvores devido à má
O uso de tubetes requer um cronograma distribuição das raízes no solo em função do
rígido de produção e expedição de mudas para o enovelamento acontecido na fase de viveiro
campo. A manutenção das mudas por um período (Figura 45).
Figura 45. Mudas de Eucalipto

90 dias, produzida em tubete, pronta para o plantio Muda de eucalipto com raiz enovelada

5.3.3. Sistema de Irrigação queimar as mudas. É recomendável que a mesma


A irrigação é uma dos fatores de maior se processe
15h00' e ao nas primeirasO horas
entardecer. tempodoque
dia,o após as
sistema
importância do viveiro. O excesso e a falta d'água
podem comprometer qualquer uma das fases de deve permanecer ligado, e o número de irrigações
formação das mudas. ao longo do dia, devem ser determinados pela
À escolha do equipamento adequado, experiência, observando-se se após a irrigação se
associa-se o manejo do sistema como um todo, processar o substrato se encontra suficientemente
onde devem ser considerados dentre outros fatores, úmido sem estar encharcado, e se no intervalo
o tipo de substrato e recipientes utilizados pelo entre uma irrigação e outra, não ocorre
produtor, a espécie escolhida para a produção de murchamento das mudas por falta de água.
mudas, a fase em que a muda se encontra de É importante ressaltar, que para cada etapa
desenvolvimento (germinação incluindo de formação das mudas, e para diferentes tipos de
repicagem, crescimento ou rustificação), a época recipientes, existem diferentes sistemas de
do ano em que se está produzindo, a região onde irrigação, com bicos de diferentes vazões, pressão
está instalado o viveiro em função da temperatura de trabalho e área de cobrimento. Existem no
e do regime de chuvas e, hora do dia em que se mercado empresas especializadas que prestam
está realizando a operação de irrigação. assessoria e ajudam o produtor a determinar o
Assim, em regiões calor intenso com melhor equipamento para o seu sistema de
produção (FERRARI, 2003).
inverno
mudas ameno,
por águanormalmente, a exigência
em qualquer fase das
do 5.3.4. Formação de Mudas
desenvolvimento é maior que em regiões de clima
temperado. Por outro lado, alguns tipos de • Semeadura
substratos, por terem menor capacidade de As sementes de eucaliptos, por seu tamanho,
retenção de água, exigem que se aplique mais água apresentam-se muitas vezes, com uma quantidade
a cada irrigação, ou que se aumente a freqüência alta de material inerte misturado, principalmente
das mesmas. sementes não fecundadas, reduzindo o número de
As horas do dia em que deverão ocorrer a sementes viáveis por kg. É recomendável passar a
irrigação também merecem atenção. Nos períodos semente por um separador de ar. Este
mais quentes do dia, geralmente entre 12 a 14h30' procedimento aumenta a eficiência da semeadura,
não se deve praticar a irrigação, sob pena de evitando que sementes vazias sejam semeadas no
52
lugar das férteis. Com o uso de peneiras Neste caso, consegue-se uma vantagem inicial, que
classificadoras (malhas de 2,0 mm; 1,68 mm; 1,41 é a proteção contra as geadas, no caso de
mm e 1,19 mm) e agitador mecânico, pode-se semeaduras em época de inverno e, das chuvas
separar as sementes do lote a ser semeado por fortes, que costumam provocar a perda das
tamanho. Este procedimento aumenta o seu teor de sementes por lavagem do substrato.
pureza e a velocidade de germinação das sementes. Decorrido o período de germinação, as
O processo de semeadura pode ocorrer mudinhas devem ser descobertas do sombrite,
manualmente ou com o uso de equipamento sendo transferidas para estufas semelhantes,
automático, com diferentes concepções e recobertas apenas com plástico ou, transferidas
produtividades, que podem ser adquiridas no para pleno sol. O processo completo envolvendo
mercado. O que determinará a escolha do método a as duas fases requer um tempo aproximado de 7 a
ser empregado é a quantidade de mudas a ser 10 dias no verão, e de 10 a 15 no inverno
produzida anualmente, justificando-se ou não a (FERRARI, 2003).
mecanização ada
equipamento ser atividade
comprado.e,A semeadura
qual o porte do
manual • Repicagem
é feita com a utilização de seringas dosadoras, que Normalmente, devido ao pequeno tamanho
permitem regulagem em função do tamanho médio das sementes de eucaliptos, não se consegue
das sementes. semear apenas uma por embalagem,
Após o enchimento das recipientes, principalmente no caso da semeadura manual,
proceder a uma cavidade rasa central no substrato produzindo-se um número que pode ser grande de
com uma pequena haste com diâmetro aproximado plântulas por recipiente, e que necessariamente
de 0,7 cm, que pode ser de madeira. A deverão ser removidas mantendo-se apenas uma. A
profundidade da cavidade não deve superar o utilização da repicagem aumenta o aproveitamento
tamanho da semente deitada. Este procedimento das sementes germinadas, reduzindo custos na
evita que a semente seja enterrada a uma compra deste insumo e, permitindo um ganho de
profundidade que impossibilite a germinação, e ao tempo no cronograma de formação de novas
mesmo tempo, evita que sua deposição ocorra de mudas.
forma descentralizada, encostada na parede do O processo de repicagem deve ser realizado
tubete, o que compromete o desenvolvimento das à sombra, quando as plântulas se apresentarem
raízes. com um tamanho entre 2,5 a 3,0 cm; e o arranque
camadaPeneirar sobresubstrato
do próprio os tubetesou
semeados uma fina
vermiculita só deverádo ser
profunda realizado
substrato, apósa torná-lo
de modo uma irrigação
o mais
pura, estando o material levemente umedecido. solto possível. Deve-se selecionar para permanecer
Essa camada não deve ser maior que metade da no recipiente, a plântula mais central e vigorosa,
altura da semente deitada (aproximadamente 1 retiradas todas as outras, descartando-se da
mm), para permitir a manutenção da umidade repicagem as que não apresentarem tamanho
sobre a semente, sem, contudo enterrá-las adequado, ou não estiverem sadias e vigorosas.
(FERRARI, 2003). As plântulas selecionadas para a repicagem
são transportadas para pequenos recipientes
• Sombreamento plásticos rasos, cheios de água. Deve-se promover
As sementes requerem um período de a repicagem o mais rapidamente possível.
aproximadamente uma semana de sombra para a Os recipientes que receberão as novas
sua perfeita germinação, devendo então ser mudinhas, também deverão estar previamente
descobertas. irrigados. Procede-se então um furo central no
No caso da utilização de sacos plásticos que substrato, com o uso de um furador de madeira
podem ser encanteirados no chão, pode-se utilizar com o diâmetro aproximado de 8 mm, e uma
materiais como capim seco, folhas secas de profundidade de 3,5 a 4,0 cm, onde serão inseridas
palmeiras, esteiras rústicas de colmos de bambus as plântulas a serem repicadas, após passarem por
para proteger as sementes do sol. Essas proteções uma pequena poda de raiz, para a eliminação das
não devem ser muito compactas, para permitir a radículas laterais. Após a inserção da mudinha no
circulação de ar, e a passagem de um pouco de luz furo, tapá-lo com uma pequena quantidade de
(em torno de 50%). substrato fresco e pouco úmido, mas não
No caso de sistemas com maior grau de totalmente seco. Nesta etapa, deve-se evitar o
tecnologia, que se utilizem tubetes, pode-se usar enovelamento da raiz e o enterramento excessivo
mantas plásticas (sombrite), que podem ser dos caules, mantendo-se as folhas cotiledonares
adquiridas com diferentes graus de interceptação acima do substrato. Para tanto, é necessário puxar
da luz. Geralmente, esses sistemas contemplam o levemente a plântula para cima. Comprimir
uso de casas de germinação, que nada mais são levemente o substrato ao redor da muda, evitando-
que estufas plásticas apropriadas para este fim. se o esmagamento do caule. Proceder
53
imediatamente uma irrigação, mantendo o las, bem como os cuidados com encharcamento ou
substrato sempre úmido, porém sem falta d'água, são as mesmas em relação à fase de
encharcamento. As mudas permanecerão à sombra germinação.
(sombrite 50%) por um período de 10 a 15 dias, As quantidades de água a serem aplicadas
até o seu completo pegamento, irrigadas de modo a variam em função do período do ano, do tipo de
evitar o tombamento da parte aérea. substrato e, da embalagem utilizada. No caso dos
Após este período, entram na seqüência tubetes, no verão, recomenda-se uma aplicação
normal de produção, recebendo as primeiras que não deve ultrapassar 13 l/m2 de viveiro/dia.
adubações de arranque (FERRARI, 2003). No entanto, os ajustes devem ser feitos pelo
viveirista para cada situação, verificando o estado
• Irrigação de Germinação de turgidez das mudas e o escorrimento de água do
Durante a de germinação das sementes e do substrato quando apertado entre os dedos
início de crescimento das mudas, a irrigação das (FERRARI, 2003).
mudas requer extremo
muito sensíveis à faltacuidado, pois são
ou excesso fases
de água. • Adubação de Crescimento
Recomenda-se durante todo esse período o Devido ao ritmo acelerado de crescimento
consumo de não mais que 6 l de água/m2 de nesta fase, as mudas precisam de uma
viveiro/dia. Essa quantidade deve ser ajustada para suplementação maior de nutrientes, sob pena de
cada região, tipo de substrato utilizado, e período apresentarem deficiências que comprometem o seu
do ano em que as mudas estão sendo produzidas desenvolvimento e podem levar à morte.
(FERRARI, 2003). Imediatamente após a saída da fase de
germinação, não se recomenda uma adubação
• Adubação de Germinação muito carregada, para que as mudas não tenham os
Na fase de germinação das sementes, não se tecidos mais jovens e menos lignificados
recomenda o uso de adubações. Os substratos queimados pelo adubo. Dentre várias
adquiridos no mercado, normalmente já vem com possibilidades, sugere-se a separação da adubação
uma quantidade de nutrientes suficiente para as nesta etapa em duas fases distintas:
necessidades nutricionais das plântulas neste Adubação de arranque
período inicial. Para os substratos formulados pelo
produtor, deve-se proceder a incorporação de 1ª a 3ª semana após a saída da fase de
adubos (FERRARI, 2003). germinação):
de amônio: 0,3super
g/l,fosfato
cloretosimples: 4,6 g/l,2,1sulfato
de potássio: g/l e
5.3.5. Crescimento das Mudas FTE BR 10: 0,5 g/l
• Densidade de Mudas Solubilizar os adubos em água e aplicar 3 l
dessa solução para cada 1000 tubetes (6 a 8
Nesta etapa, as mudas apresentam um aplicações intercaladas a cada 3 dias).
aumento das necessidades nutricionais e de Antes da aplicação da solução de adubos, é
consumo de água, devido à aceleração do seu importante reduzir-se a irrigação das mudas,
metabolismo. Ocorre também uma busca mais provocando um pequeno murchamento das mudas,
intensa das plantas por luz solar, resultando na de modo a otimizar o aproveitamento da solução,
necessidade de modificações no manejo que vinha que de outra forma se perderia por saturação de
sendo adotado para a fase de germinação. água no substrato. As aplicações devem ser
No caso de utilização de sacos plásticos, é realizadas às primeiras horas do dia, ou ao
possível manter as mudas no espaçamento srcinal entardecer, e nunca nos horários de maior
da montagem dos canteiros (100% de ocupação do insolação e calor. Após a adubação, proceder
solo), devido ao tamanho dos recipientes. Já para imediatamente uma irrigação para lavagem da
os tubetes, deve-se adotar a intercalação das parte aérea, evitando a queima das acículas pelos
mudas, com ocupação de 50% da área de cada adubos, especialmente o sulfato de amônio.
bandeja.
as mudas,Esta prática opermite
reduzindo risco deaeração melhor entre
contaminação com O ritmo proposto entre as aplicações,
mantém a quantidade de nutrientes no substrato,
fungos fitopatogênicos, possibilita melhor acelerando o ritmo de crescimento das plantas, ao
irrigação e aplicação de adubos e, permite melhor evitar uma quebra da disponibilidade dos mesmos
insolação das mudas (FERRARI, 2003). se os intervalos de aplicações fossem esparsos.
• Irrigação de Crescimento Adubação de crescimento
A irrigação das mudas nesta fase deve sofrer Iniciada após a adubação de arranque: uréia:
um aumento em relação à de germinação ser 8,0 g/l, yoorim MG (ou super fosfato simples): 6,0
condizente com o aumento da biomassa das g/l, cloreto de potássio: 6,0 g/l, FTE BR 10: 0,5
plantas, e de seu maior metabolismo. As g/l.
recomendações sobre os horários para se processá-
54
Solubilizar os adubos em água e aplicar 3 l traduz em menos tecidos túrgidos e maior reserva
dessa solução para cada 1000 tubetes (5 a 20 nutricional para o período inicial pós plantio,
aplicações intercaladas a cada 3 ou 4 dias). quando as raízes deverão iniciar a exploração do
As adubações podem ser processadas solo ao seu redor. As concentrações e produtos
manualmente, com a utilização de regadores, o que apresentados podem ser ajustadas de acordo com
exige mão-de-obra previamente treinada para se as necessidades do produtor.
evitar a aplicação irregular dos adubos, ou com o Formulação: Sulfato de amônio: 5,0 g/l,
uso de aplicadores automáticos (FERRARI, 2003). Super fosfato simples ou Yoorim MG: 10,0 g/l,
Cloreto de potássio: 4,0 g/l e FTE BR 10: 0,5 g/l
• Padronização das Mudas Solubilizar os adubos em água e aplicar 3 l
Ao final das adubações de crescimento, as dessa solução para cada 1000 tubetes (aplicações
mudas devem estar vigorosas, com a copa bem intercaladas a cada 3 ou 4 dias para um máximo de
formada e o sistema radicular abundante. É ocupação de 500 tubetes/m2).
possível notar,
secundárias, nas extremidades
as formações daspróprias
dicotômicas raízes chuvasNapode
etapaacarretar
de rustificação, o excesso
deficiências sérias de
de
das micorrizas. Nesta etapa, o tamanho das copas nitrogênio e eventualmente potássio. O produtor
deve estar se aproximando ao comprimento dos deve ficar atento aos sintomas de deficiência
tubetes, mantendo uma relação parte aérea/sistema nutricional que eventualmente o lote passe a
radicular de 1:1 aproximadamente e, com o apresentar, e providenciar as correções necessárias
diâmetro de colo aproximando-se de 3 mm. Deve- (FERRARI, 2003).
se processar uma seleção das mudas e, as que
estiverem fora de padrão, separadas do lote, • Padronização das Mudas
retornando às adubações de crescimento As mudas após o final da etapa de
(FERRARI, 2003). rustificação deverão passar por um processo de
5.3.6. Rustificação das Mudas seleção e padronização. Mudas que estiverem fora
dos padrões estabelecidos, deverão regressar à fase
A etapa de rustificação trata de preparar a de rustificação ou, eventualmente, para a de
muda fisiologicamente para o plantio e as crescimento (FERRARI, 2003). Recomenda-se
primeiras semanas que o sucedem. Nesta etapa, as como padrão de muda apta ao plantio, os seguintes
mudas deverão ser preparadas para a ida ao campo, parâmetros: altura da parte aérea: 14 a 15 cm,
com reserva e,
crescimento nutricional
ao mesmo disponível para o pronto
tempo, resistentes ao diâmetro de
ocupando colo:
toda 3 ainterna
a área 4 mm doe sistema radicular
tubete com bom
estresse provocado pela atividade de plantio (falta desenvolvimento e coloração branca (Figura 46).
de água, retirada dos tubetes e transporte).
Algumas práticas de rustificação das mudas Figura 46. Detalhe do Sistema Radicular bem
envolvendo manejo do regime de água e de Formado
adubação podem minimizar esses problemas
(FERRARI, 2003).
• Irrigação de Rustificação
A irrigação para rustificação das mudas
deve ser paulatinamente diminuída, permitindo um
leve murchamento dos ápices, porém, sem
crestamento. O processo de rustificação deve
ocorrer num prazo de 10 a 15 dias no máximo, e a
freqüência deverá partir de duas até uma vez por
dia (FERRARI, 2003).

Adubação de Rustificação
Antes de proceder às adubações de Fonte: Embrapa Florestas
rustificação, proceder a lavagem acentuada das 5.3.7. Controle Fitossanitário
acículas para arraste de nitrogênio. Após a
lavagem, cortar a irrigação até leve murchamento Em todas as etapas de formação das mudas
dos ápices, porém, sem crestamento. podem ocorrer o aparecimento de doenças, como
A formulação apresentada permite que a tombamento e podridão de raiz, que levam à
haja uma diminuição do ritmo do crescimento em acentuada mortalidade de mudas, se medidas não
altura das mudas, ao mesmo tempo, favorecendo o forem tomadas. É importante nesses casos,
desenvolvimento do sistema radicular e procurar identificar o agente causal para se decidir
engrossamento do diâmetro do colo, o que se pelo melhor controle. Existem fungicidas,
sistêmicos ou não, que são específicos para
55
determinados patógenos, e o uso de produto mudas de modo a protegê-las do vento, o qual
inadequado, pode não controlar o surto da doença, pode causar ressecamento dos ponteiros e
implicando em gastos e poluição ambiental eventualmente provocar sua morte. Ao mesmo
desnecessária. A utilização de tais produtos requer tempo, é importante permitir a existência de
cuidados especiais quanto à segurança do algumas entradas de ar lateralmente, de modo a
aplicador, dosagens e descarte de recipientes, ventilar as mudas, principalmente em situações de
estando as instruções descritas nos seus alta insolação.
respectivos rótulos. É recomendável uma irrigação final das
O aparecimento de doenças, muitas vezes mudas antes do embarque e, no caso de percursos
está ligado ao manejo inadequado do regime muito longos, repetir a operação para manter a
hídrico do viveiro, associado à ocupação excessiva umidade do substrato. Chegando ao destino, as
de mudas por unidade de área e, sombreamento mudas devem ser descarregadas, irrigadas e postas
excessivo na fase de germinação. Medidas como à sombra enquanto aguardam o plantio definitivo
diminuiçãodiminuição
irrigação, da quantidade de água aplicadae àmaior
do sombreamento cada (FERRARI, 2003).
espaçamento entre mudas, aumentam a aeração
5.4. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:
diminuindo o excesso de umidade no micro
PRODUÇÃO DE MUDAS DE
ambiente das bandejas e, desfavorecendo a
EUCALIPTO
propagação de fungos (FERRARI, 2003). A. Como deve ser feita a coleta de frutos e a
extração de sementes de eucalipto?
5.3.8. Expedição das Mudas B. Descreva as etapas de formação de mudas de
A logística de expedição das mudas para o eucalipto.
campo é definida em função do tipo de recipiente C. Quais são os tipos de substrato e de recipientes
utilizado no viveiro. Os sacos plásticos podem ser utilizados no cultivo de eucalipto?
acondicionados em caixas plásticas ou de madeira D. Como deve ser feita a irrigação e a adubação
de tamanho padronizado, para facilitar o controle das mudas durante as fases de formação,
do número de mudas expedidas. A expedição de crescimento e restuficação?
mudas produzidas em tubetes requer a adoção de E. Como é feita a padronização das mudas
uma logística que permita a sua recuperação após durante as fases de crescimento e rustificação?
o plantio das mudas e devolução ao viveiro, ou a F. Como é feito o controle fitossanitário da
expedição
que implicadas
emmesmas,
cuidados jápara
semevitar
os recipientes,
que as raízeso produção
G. Qual de mudasexistente
a diferença de eucalipto?
entre a expedição
ressequem, como o empacotamento das mudas em de mudas produzidas em tubetes das
filme plástico (sistema rocambole) que mantém a produzidas em sacos plásticos.
umidade do sistema radicular (Figura 47).
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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