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AULA 1 –Materialidades Constitucionais e Estrutura Complementar - Regra-

1
Matriz de Incidência Tributária do ICMS - operação relativa à circulação de
mercadorias

 Leitura obrigatória
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário, Linguagem e Método. 6ª ed. São Paulo: Noeses,
2015. Item 2.1 (completo) do capítulo 2 e itens 3.3.6.1, 3.3.6.2 e 3.3.6.7 do capítulo 3 da
segunda parte.
CARVALHO, Paulo de Barros. A regra matriz do ICM. 1981. Tese (Livre Docência em Direito
Tributário) - Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 1981. Itens 1 a 5 e 7 do Capítulo 3º.
CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. São Paulo: Malheiros, 15ª ed., 2011. Item 1, subitens 2.1 a
2.6, 2.8 a 2.10 e 2.11.6 do Capítulo II.
CARRAZZA, Roque Antonio. Reflexões sobre a obrigação tributária. São Paulo: Noeses, 2010.
Itens 1, 2 e 3 do Capítulo 5 da Primeira Parte.
SIMÕES, Argos Campos Ribeiro. ICMS – IMPORTAÇÃO. Proposta de Reclassificação e suas
Aplicações. São Paulo: Noeses, 2014, Capítulo 2, itens 3.1 e 3.2 do capítulo 3 e itens 4.1 a 4.3 do
capítulo 4.

 Leitura complementar
ATALIBA, Geraldo; GIARDINO, Cleber. Núcleo da definição constitucional do ICM. Revista de
Direito Tributário, n. 25-26, p. 101-119, 1983.
CARVALHO, Paulo de Barros. A regra matriz do ICM. 1981. Tese (Livre Docência em Direito
Tributário) - Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 1981. Capítulo 2º, do Título II
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário, Linguagem e Método. 6ª ed. São Paulo: Noeses,
2015. Itens 3.1.1 a 3.1.8 do capítulo 3 da primeira parte (OBRIGATÓRIA para os alunos que não
têm familiaridade com a teoria da “regra-matriz de incidência tributária”).
CARRAZZA, Roque Antonio. ICMS. São Paulo: Malheiros, 15ª ed., 2011. Item 2.11 (completo) do
Capítulo II.
ESTEVES, Maria do Rosário. Normas gerais de Direito Tributário. São Paulo: Max Limonad, 1997,
Capítulos V e VI
SOUZA Cecilia Priscila. Intertextualidade no direito tributário. Dissertação de Mestrado.
Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2011. Capítulo 5, itens 5.1 e 5.1.1.
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Segurança jurídica e norma gerais tributárias, in Revista de Direito
Tributário nº 17-18.

 Vide anexo de jurisprudência.

Questões:
1) Conceitue os termos “operação”, “circulação” e “mercadorias”, em relação ao ICMS.
O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação
ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
2) Determinada empresa, ao resolver ampliar seu parque industrial, adquire novas
máquinas e firma contrato com concessionária fornecedora de energia elétrica para que 2 seja
implantada a infraestrutura necessária para que todas as máquinas da contratante tenham a
possibilidade de funcionar, se necessário, ao mesmo tempo e em regime integral (24 horas). A
concessionária de energia elétrica faz as instalações necessárias e disponibiliza determinado
potencial energético a ser utilizado pela contratante, cobrando um determinado preço em
contrato. Ocorre que no mês de janeiro/2012 houve baixa produção, sendo que apenas 50%
das máquinas efetivamente funcionaram. Ao receber a conta de energia elétrica desse mês,
verifica-se que a base de cálculo utilizada pela concessionária para a cobrança do ICMS
respectivo não fora a energia efetivamente fornecida, mas o montante estabelecido em
contrato como disponível para o funcionamento integral da fábrica. Comente de forma
fundamentada o acerto ou não da cobrança do imposto estadual.
3) Deve haver a incidência de ICMS na transferência de mercadorias entre
estabelecimentos da mesma empresa? Por quê? A transferência de titularidade é essencial à
ocorrência do Fato Gerador do ICMS-mercadoria? Considere em sua resposta o previsto na
legislação e o decidido pelo STF em repercussão geral no ARE 1255885.
4) Igreja Tributária do Sagrado Imposto, regularmente reconhecida como entidade
religiosa, possui um bazar em suas dependências em que efetua a venda de artigos religiosos,
tais como fitas milagrosas, potes de água benta, chaveiros de santinhos etc. A renda total das
vendas efetuadas destina-se a creche para crianças carentes pertencente à instituição religiosa.
Pergunta: deve ser cobrado o ICMS pelas vendas dos artigos religiosos? Por quê?

 Pesquisa suplementar
ATALIBA, Geraldo. Estudos e pareceres de Direito Tributário. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1978. v. 1.
______. ICM: não incidência. In: ______. Estudos e pareceres de Direito Tributário. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1978. v. 1. p. 139-162.
______. ICMS na Constituição. Revista de Direito Tributário, São Paulo, n. 57, p. 91-104, jul./set.
1991.
ATALIBA, Geraldo; GIARDINO, Cleber. ICM e circulação jurídica. Revista de Direito
Administrativo, n. 144, p. 227-233, abr./jun. 1981.
______. Pressupostos do estudo jurídico do ICM. Revista de Direito Tributário, São Paulo, n. 15-
16, p. 96-114, jan./ jun. 1981.
CARVALHO, Aurora Tomazini de. Curso de Teoria Geral do Direito (o Construtivismo Lógico-
Semântico). 4ª. Ed. São Paulo: Noeses, 2014. (para os alunos que não têm familiaridade com a
teoria da “regra-matriz de incidência tributária”).
ROSA, José Roberto. Curso de ICMS. Itu, SP: Ottoni, 2008.
CARVALHO, Osvaldo Santos de. Reflexão sobre a possibilidade de uniformização da legislação
do ICMS por meio de lei complementar nacional. In: CARRAZZA, Elizabeth Nazar (Coord.). ICMS:
questões atuais. São Paulo: Quartier Latin, 2007.
BORGES, José Souto Maior. Normas gerais de direito tributário: velho tema sob perspectiva
nova, in Revista Dialética de Direito Tributário nº 213.

O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação
ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
MIGUEL, Luciano Garcia. Incidência do ICMS nas operações de importação. São Paulo: Noeses,
2013. Capítulo 2, capítulo 5 e item 6.3 do capítulo 6. 3

ALABARCE, Marcio Roberto. Artigo: Base de Cálculo do ICMS – problemas. In: Adolpho
Bergamini, Adriana Esteves Guimarães, Marcelo Magalhães Peixoto (Organizadores). O ICMS na
história da jurisprudência do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo. Vol. I. São
Paulo, p. 349-388.
CARRAZZA, Roque Antonio. Inconstitucionalidade da Inclusão de seu Valor,em sua Própria Base
de Cálculo. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n. 23, p.94-110.
BARRETO, Aires. Base de cálculo, alíquota e princípios constitucionais. 2. ed. São Paulo: Max
Limonad, 1998.
MELO, José Eduardo Soares. ICMS: teoria e prática. 11. ed. São Paulo: Dialética, 2009
JESUS, Isabela Bonfá de. Artigo: ICMS – Responsabilidade nas vendas interestaduais realizadas
sob a cláusula FOB. In: Adolpho Bergamini, Adriana Esteves Guimarães, Marcelo Magalhães
Peixoto (Organizadores). O ICMS na história da jurisprudência do Tribunal de Impostos e Taxas
do Estado de São Paulo. Vol. I. São Paulo, p. 249-260.

Anexo de Jurisprudência

ARE 1255885 RG - Repercussão Geral – Mérito. Órgão julgador: Tribunal Pleno.


Relator(a): MINISTRO PRESIDENTE. Julgamento: 14/08/2020. Publicação: 15/09/2020
EMENTA Recurso extraordinário com agravo. Direito Tributário. Imposto Sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS). Deslocamento de mercadorias. Estabelecimentos de mesma
titularidade localizados em unidades federadas distintas. Ausência de transferência de
propriedade ou ato mercantil. Circulação jurídica de mercadoria. Existência de matéria
constitucional e de repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência da Corte sobre o tema.
Agravo provido para conhecer em parte do recurso extraordinário e, na parte conhecida, dar-
lhe provimento de modo a conceder a segurança. Firmada a seguinte tese de repercussão
geral: Não incide ICMS no deslocamento de bens de um estabelecimento para outro do
mesmo contribuinte localizados em estados distintos, visto não haver a transferência da
titularidade ou a realização de ato de mercancia

ADC 49 – Min. EDSON FACHIN declarou a INCONSTITUCIONALIDADE => Art.11, §3º,II e 12, I da
LC 87/96

Súmula 166: não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um
para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. ICMS.
TRANSFERÊNCIA DE MERCADORIA ENTRE ESTABELECIMENTOS DE UMA MESMA EMPRESA.
INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR PELA INEXISTÊNCIA DE ATO DE MERCANCIA. SÚMULA
166/STJ. DESLOCAMENTO DE BENS DO ATIVO FIXO. UBI EADEM RATIO, IBI EADEM LEGIS
DISPOSITIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. O deslocamento de bens
O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação
ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
ou mercadorias entre estabelecimentos de uma mesma empresa, por si, não se subsume à
hipótese de incidência do ICMS, porquanto, para a ocorrência do fato imponível 4 é
imprescindível a circulação jurídica da mercadoria com a transferência da propriedade.
(Precedentes do STF: AI 618947 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma,
julgado em 02/03/2010, DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 EMENT VOL-02395-07
PP-01589; AI 693714 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado
em 30/06/2009, DJe-157 DIVULG 20-08-2009 PUBLIC 21-08-2009 EMENT VOL-02370-13 PP-
02783. Precedentes do STJ: AgRg nos EDcl no REsp 1127106/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/05/2010, DJe 17/05/2010; AgRg no Ag
1068651/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/03/2009, DJe
02/04/2009; AgRg no AgRg no Ag 992.603/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 04/03/2009; AgRg no REsp 809.752/RJ, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/09/2008, DJe 06/10/2008;
REsp 919.363/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2008, DJe
07/08/2008). 2. "Não constitui fato gerador de ICMS o simples deslocamento de mercadoria de
um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte." (Súmula 166 do STJ). 3. A regra-
matriz do ICMS sobre as operações mercantis encontra-se insculpida na Constituição Federal de
1988, in verbis: "Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...) II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;" 4. A circulação de mercadorias versada no dispositivo
constitucional refere-se à circulação jurídica, que pressupõe efetivo ato de mercancia, para o
qual concorrem a finalidade de obtenção de lucro e a transferência de titularidade.
5. "Este tributo, como vemos, incide sobre a realização de operações relativas à circulação de
mercadorias. A lei que veicular sua hipótese de incidência só será válida se descrever uma
operação relativa à circulação de mercadorias.
É bom esclarecermos, desde logo, que tal circulação só pode ser jurídica (e não meramente
física). A circulação jurídica pressupõe a transferência (de uma pessoa para outra) da posse ou
da propriedade da mercadoria. Sem mudança de titularidade da mercadoria, não há falar em
tributação por meio de ICMS.
(...) O ICMS só pode incidir sobre operações que conduzem mercadorias, mediante sucessivos
contratos mercantis, dos produtores originários aos consumidores finais." (Roque Antonio
Carrazza, in ICMS, 10ª ed., Ed. Malheiros, p.36/37). 6. In casu, consoante assentado no voto
condutor do acórdão recorrido, houve remessa de bens de ativo imobilizado da fábrica da
recorrente, em Sumaré para outro estabelecimento seu situado em estado diverso, devendo-
se-lhe aplicar o mesmo regime jurídico da transferência de mercadorias entre estabelecimentos
do mesmo titular, porquanto ubi eadem ratio, ibi eadem legis dispositio. (Precedentes: REsp
77048/SP, Rel. Ministro MILTON LUIZ PEREIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/1995, DJ
11/03/1996; REsp 43057/SP, Rel. Ministro DEMÓCRITO REINALDO, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 08/06/1994, DJ 27/06/1994). 7. O art. 535 do CPC resta incólume se o Tribunal de origem,
embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos
autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos
pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a
decisão. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da
Resolução STJ 08/2008. REsp 1125133 / SP, DJ 10/09/2010.

SEFAZ/SP – Consulta nº 1640/2013: ICMS - Imunidade Tributária - Templos de qualquer culto -

O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação
ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
Venda de produtos religiosos
5
A imunidade instituída pela Constituição Federal de 1988 (artigo 150, inciso VI, "b") proíbe a
incidência de impostos que repercutam diretamente sobre o patrimônio, a renda e os serviços
dos templos religiosos, dentre os quais, em regra, não se insere o ICMS (imposto de
repercussão indireta), que incide sobre as aquisições ou as vendas de mercadorias realizadas
pelos templos. II. Todavia, entende-se como albergada pela imunidade do templo a operação
de repasse (ou venda), aos fiéis e às igrejas de mesma doutrina, de produtos religiosos, quando:
(i) seja efetuada diretamente pelo templo (igreja); (ii) seja efetuada graciosamente ou, na
hipótese de venda, que o valor cobrado seja igual (ou inferior) ao "preço de custo" ou ao "custo
de reposição" (preço de aquisição atualizado) do produto; e (iii) os produtos em questão sejam
essenciais à prática do próprio culto e devam ser utilizados dentro das edificações do templo
(estabelecimento físico).
Relato
1) A Consulente, entidade religiosa sem fins lucrativos, informa que "toda a aquisição de artigos
de fé (Bíblias, livros de canto, véus, impressos de organização interna, vestes batismais) é feita
através da sede localizada [...] na Capital de São Paulo, em grandes volumes, para fins de
redução do custo (pois [...] a sua receita é constituída, unicamente de ofertas e coletas
voluntárias de seus fiéis) armazenados em seu depósito em SP, e, na medida das necessidades
são remetidos, com a cobrança de preço atualizado, às demais Igrejas da mesma Fé e Doutrina,
localizadas em quase todos os Municípios brasileiros e no exterior para serem distribuídos aos
membros de cada região, sem interesse comercial".
1.1) Informa, ainda, que, apesar de todas as igrejas da "mesma fé" estarem vinculadas a
"decisões espirituais tomadas de forma unificada" e a um estatuto idêntico, sua organização
administrativa é descentralizada, com registro e "CNPJ" próprios em cada Município.
2) Expõe que está amparada pela imunidade tributária do artigo 150, inciso VI, "b", da
Constituição Federal/1988, argumentando, "no que tange à tributação das Bíblias e Hinários
distribuídos aos seus membros sem interesse comercial (principais materiais objeto de
distribuição), [...] que tal atividade também está amparada pela imunidade prevista artigo 150,
inciso VI, "d", da Constituição Federal de 1988".
3) Afirma que "não é contribuinte do ICMS no Estado de São Paulo, conforme as Respostas às
Consultas números 602/86 e 1144/89 [...] dispensada, portanto, da emissão de documentos
fiscais no transporte de Bíblias, Hinários e véus etc, do Depósito Nacional, localizado junto a sua
sede, para outras Igrejas da mesma Fé e Doutrina".
4) Relata que as "bíblias, hinários, véus e livros de endereço dos templos e outros são
distribuídos aos fiéis por preço atualizado e sem fins comerciais, dentro das Igrejas",
destacando que efetua as remessas desses produtos "acompanhados de documento interno,
denominado ‘Declaração de Trânsito’ [...] do depósito nacional localizado junto a sua sede na
Capital de São Paulo para outras Igrejas da mesma Fé e Doutrina, localizadas em outros Estados
e no exterior".
5) Em seguida, alega que "algumas unidades federadas têm resistido a aceitar o documento de
trânsito, e exigindo emissão da Nota Fiscal Eletrônica", indagando:
5.1) "As operações de envio de bíblias, hinários, véus e livros de endereço dos templos e outros
materiais acima mencionados destinados à atividade fim da [Consulente], do depósito da
Consulente, localizado na cidade de São Paulo, para as demais Igrejas da mesma Fé e Doutrina
localizadas neste Estado e em outros Estados e no Distrito Federal e ainda no exterior para
serem distribuídos a sua irmandade, por preço atualizado e sem interesses comerciais, podem
ser feitas sem documento fiscal, na condição de não contribuintes do ICMS"?

O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação
ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
5.2) "Em caso negativo, qual o procedimento que a [Consulente] deve adotar para
cumprimento das obrigações acessórias da legislação do ICMS, neste Estado"? 6
Interpretação
1) Note-se, de início, que, conforme já entendido por este órgão consultivo a respeito da
imunidade conferida aos templos de qualquer culto, o referido dispositivo constitucional (artigo
150, VI, "b", e § 4º, da CF/1988) proíbe, tão somente, a cobrança de impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços dessas entidades. Nesses termos, a imunidade constitucional
referida é prevista apenas para as hipóteses em que os impostos recaem diretamente no
patrimônio, na renda e nos serviços desses templos.
2) Convém destacar, no caso em concreto, o balizamento que a doutrina faz entre impostos
diretos e indiretos. Na acepção de Ricardo Lobo Torres (in "Tratado de direito constitucional
financeiro e tributário", volume III: os direitos humanos e a tributação: imunidade e isonomia -
Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 244):
"[...] os templos não pagam os impostos diretos, mas estão sujeitos à incidência dos indiretos,
quer como compradores, quer como vendedores de mercadorias. [...]".
3) Com efeito, o ICMS, imposto classificado como "indireto", afora as prestações de serviços de
transporte intermunicipal e interestadual e de comunicação, tem como objeto as operações
relativas à circulação de mercadorias, não se enquadrando, assim, no conceito de impostos
sobre o patrimônio, a renda e serviços. Dessa maneira, o ICMS, em regra, não é alcançado pela
imunidade prevista no artigo 150, VI, "b", da Constituição Federal/1988.
4) Entretanto, diante da situação fática apresentada, cabe verificar com mais cautela a
existência ou não dos pressupostos essenciais à aplicação da imunidade em tela, considerando
que a distribuição, pela Consulente, de bíblias, hinários e véus (entre outros produtos), pelo
preço de aquisição atualizado, aos fieis e igrejas de sua doutrina, parece estar de todo
vinculada à prática do culto.
5) Diante disso, constate-se que a Consulente é uma entidade de cunho religioso que, por
finalidade estatutária, não visa lucro, de modo que não se encontra inserida num contexto de
atividade típica de sociedades empresárias que praticam atos de comércio (cujo objetivo
precípuo é o lucro). Nesse quesito, é necessário fazer menção que a operação relativa à
circulação de mercadorias — hipótese de incidência do ICMS — é aquela inserida no ciclo
mercantil que destina bens da produção ao consumo, mediante a agregação de valor
econômico.
6) Assim considerado, é condição essencial para afastar a incidência do ICMS na situação sob
análise que as referidas mercadorias de caráter religioso, embora sejam vendidas aos fiéis e
igrejas pela Consulente, não sejam alcançadas pelo intuito de lucro que confere às operações
mercantis seu lineamento peculiar; isto é, que o templo não possua a prerrogativa de auferir
renda com a venda de produtos religiosos aos seus fiéis ou igrejas de mesma doutrina.
7) Dessa forma, para que a operação de repasse (ou venda), aos fiéis e às igrejas de mesma
doutrina, de produtos religiosos, não se sujeite ao ICMS, mantendo-se albergada pela
imunidade que se irradia do próprio templo, é necessário que:
(i) seja efetuada diretamente pelo templo (igreja);
(ii) seja realizada graciosamente ou, na hipótese de venda, que o valor cobrado seja igual ou
inferior ao "preço de custo" ou ao "custo de reposição" (preço de aquisição atualizado) do
produto; e
(iii) os produtos em questão sejam essenciais à prática do próprio culto e devam ser utilizados
dentro das edificações do templo (estabelecimento físico).
8) Na hipótese apresentada na consulta em análise, em sendo atendidos os requisitos expostos
no item 7 precedente, a venda  (ou repasse) de produtos religiosos aos fiéis e às igrejas de

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ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
mesma doutrina pelo preço de reposição do produto (assim entendido como preço de
7
aquisição atualizado), efetuada diretamente pela própria igreja está inserida na imunidade
detida pela Consulente, com fulcro no artigo 150, VI, "b", da Constituição Federal/1988.
9) Restrita a essas situações, a Consulente não se caracteriza como contribuinte do ICMS e não
está obrigada à inscrição no Cadastro de Contribuintes desse imposto estadual. Nesse caso,
para realizar a movimentação de seus bens e de produtos diversos pode se valer de
documentos internos próprios, ressalvados eventuais documentos previstos por outras esferas
de governo.
Data: 18/07/2013.
 

AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. IMUNIDADE


TRIBUTÁRIA DOS TEMPLOS RELIGIOSOS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO DE TAL BENEFÍCIO
AO ICMS DE CD'S RELIGIOSOS ADQUIRIDOS.  PRODUTOS QUE NÃO SÃO CONSIDERADOS
INDISPENSÁVEIS À REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DA IGREJA. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. TJ/MS, APEL. 0023112-39.2010.8.12.0001, JULG. 13/02/2014.

NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. ICMS. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ.


IMPUGNAÇÃO AOS ARTIGOS 192, §§ 1º E 2º; 193 E SEU PARÁGRAFO ÚNICO; 201 E SEU
PARÁGRAFO ÚNICO; 273, PARÁGRAFO ÚNICO; E 283, III, DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.
ADEQUADO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO AO ATO COOPERATIVO E ISENÇÃO DE TRIBUTOS
ESTADUAIS ÀS PEQUENAS E MICROEMPRESAS; PEQUENOS E MICROPRODUTORES RURAIS; BEM
COMO PARA AS EMPRESAS QUE ABSORVAM CONTINGENTES DE DEFICIENTES NO SEU QUADRO
FUNCIONAL OU CONFECCIONE E COMERCIALIZE APARELHOS DE FABRICAÇÃO ALTERNATIVA
PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA. DISPOSIÇÕES PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.
VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NO ARTIGO 146, INCISO III, ALÍNEA “C”, DA CRFB/88. COMPETÊNCIA
CONCORRENTE DA UNIÃO, ESTADOS E DISTRITO FEDERAL PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO
TRIBUTÁRIO. ARTIGO 24, INCISO I, DA CRFB/88. AUSÊNCIA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
DEMAIS DISPOSITIVOS OBJURGADOS. CONCESSÃO UNILATERAL DE BENEFÍCIOS E INCENTIVOS
FISCAIS. ICMS. AUSÊNCIA DE CONVÊNIO INTERESTADUAL. AFRONTA AO DISPOSTO NO ARTIGO
155, § 2º, INCISO XII, “G”, DA CRFB/88. CAPUT DO ART. 193 DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.
INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO SEM DECLARAÇÃO DE NULIDADE. EXCLUSÃO
DO ICMS DO SEU CAMPO DE INCIDÊNCIA. 1. O Federalismo brasileiro exterioriza-se, dentre
outros campos, no segmento tributário pela previsão de competências legislativo-fiscais
privativas dos entes políticos, reservada à Lei Complementar estabelecer normas gerais. 2. A
concessão de benefícios fiscais não é matéria relativa à inciativa legislativa privativa do Chefe
do Poder Executivo, nos termos do estabelecido no artigo 61, § 1º, inciso II, alínea b, da
CRFB/88. 3. O poder de exonerar corresponde a uma derivação do poder de tributar, assim,
presente este, não há impedimentos para que as entidades investidas de competência
tributária, como o são os Estados-membros, definam hipóteses de isenção ou de não-incidência
das espécies tributárias em geral, à luz das regras de competência tributária, o que não
interdita a Constituição estadual de dispor sobre o tema. 4. O art. 146, III, “c”, da CRFB/88
determina que lei complementar estabeleça normas gerais sobre matéria tributária e, em
especial, quanto ao adequado tratamento tributário a ser conferido ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas. 5. Não há a alegada inconstitucionalidade da
Constituição estadual, porquanto a competência para legislar sobre direito tributário é
concorrente, cabendo à União estabelecer normas gerais, aos Estados-membros e o Distrito

O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação
ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
Federal suplementar as lacunas da lei federal sobre normas gerais, afim de afeiçoá-las às
8
particularidades locais, por isso que inexistindo lei federal denormas gerais, acerca das matérias
enunciadas no citado artigo constitucional, os Estados podem exercer a competência legislativa
plena (§ 3º, do art. 24 da CRFB/88). 6. Consectariamente, o § 1º do artigo 192 da Constituição
cearense que estabelece que “o ato cooperativo, praticado entre o associado e sua
cooperativa, não implica em operação de mercado”, não é inconstitucional. 7. É que a Suprema
Corte, ao apreciar situação análoga, assentou que, enquanto não promulgada a lei
complementar a que se refere o art. 146, III, “c”, da CRFB/88, não se pode pretender que, com
base na legislação local, não possa o Estado-membro, que tem competência concorrente em se
tratando de direito tributário (artigo 24, I e § 3º, da Carta Magna), dê às cooperativas o
tratamento que julgar adequado, até porque tratamento adequado não significa
necessariamente tratamento privilegiado, verbis: “Inexiste, no caso, ofensa ao artigo 146, III,
‘c’, da Constituição, porquanto esse dispositivo constitucional não concedeu às cooperativas
imunidade tributária, razão por que, enquanto não for promulgada a lei complementar a que
ele alude, não se pode pretender que, com base na legislação local mencionada no aresto
recorrido, não possa o Estado-membro, que tem competência concorrente em se tratando de
direito tributário (artigo 24, I e § 3º, da Carta Magna), dar às Cooperativas o tratamento que
julgar adequado, até porque tratamento adequado não significa necessariamente tratamento
privilegiado.”(RE 141.800, Rel. Min. MOREIRA ALVES, DJ de 30.10.97). 8. A concessão unilateral
de benefícios fiscais relativos ao ICMS, sem a prévia celebração de convênio
intergovernamental, nos termos do que dispõe a LC nº 24/75, recepcionada inequivocamente
consoante jurisprudência da Corte, afronta ao disposto no artigo 155, § 2º, XII, “g”, da CRFB/88.
9. O comando constitucional contido no art. 155, § 2º, inciso “g”, que reserva à lei
complementar federal “regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito
Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados” aplicado, in
casu, revela manifesta a inconstitucionalidade material dos dispositivos da Constituição
cearense que outorga incentivo fiscal incompatível com a CRFB/88. Precedentes: ADI 84, Rel.
Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 15/02/1996, DJ 19-04-1996). 10. A outorga de
benefícios fiscais relativos ao ICMS, sem a prévia e necessária celebração de convênio entre os
Estados e o Distrito Federal é manifestamente inconstitucional. Precedentes: ADI 2906/RJ, rel.
Min. Marco Aurélio, 1º.6.2011; ADI 2376/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 1º.6.2011; ADI 3674/RJ,
rel. Min. Marco Aurélio, 1º.6.2011; ADI 3413/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, 1º.6.2011; ADI
4457/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 1º.6.2011; ADI 3794/PR, rel. Min. Joaquim Barbosa,
1º.6.2011; ADI 2688/PR, rel. Min. Joaquim Barbosa, 1º.6.2011; ADI 1247/PA, rel. Min. Dias
Toffolli, 1º.6.2011; ADI 3702/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 1º.6.2011; ADI 4152/SP, rel. Min. Cezar
Peluso, 1º.6.2011; ADI 3664/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 1º.6.2011; ADI 3803/PR, rel. Min. Cezar
Peluso, 1º.6.2011; ADI 2549/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1º.6.2011. 11. Calcado nessas
premissas, forçoso concluir que: a) O § 2º do art. 192 da Constituição cearense concede isenção
tributária de ICMS aos implementos e equipamentos destinados aos deficientes físicos
auditivos, visuais, mentais e múltiplos, bem como aos veículos automotores de fabricação
nacional com até 90 HP de potência adaptados para o uso de pessoas portadoras de
deficiência, o que acarreta a declaração de sua inconstitucionalidade, sem a pronúncia de
nulidade, por um prazo de doze meses. b) O caput do artigo 193 da Constituição cearense
isenta as microempresas de tributos estaduais, ao passo que seu parágrafo único estende a
isenção, de forma expressa, ao ICMS, o que acarreta a declaração de inconstitucionalidade do
parágrafo único e do caput, este por interpretação conforme para excluir de seu âmbito de
incidência o ICMS. c) A Inconstitucionalidade do artigo 201 e seu parágrafo único, da
Constituição cearense é manifesta, porquanto pela simples leitura dos dispositivos verifica-se

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ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
que o imposto estadual com tal campo de incidência é o ICMS, verbis: “Art. 201. Não incidirá
imposto, conforme a lei dispuser, sobre todo e qualquer produto agrícola pertencente à9cesta
básica , produzido por pequenos e microprodutores rurais que utilizam apenas a mão-de-obra
familiar, vendido diretamente aos consumidores finais. Parágrafo único. A não-incidência
abrange produtos oriundos de associações e cooperativas de produção e de produtores, cujos
quadros sociais sejam compostos exclusivamente por pequenos e microprodutores e
trabalhadores rurais sem terra. d) O parágrafo único do art. 273 e o inciso III do art. 283, da
Constituição cearense incidem na mesma inconstitucionalidade, verbis: “Art. 273. Toda
entidade pública ou privada que inclua o atendimento à criança e ao adolescente, inclusive os
órgãos de segurança, tem por finalidade prioritária assegurar-lhes os direitos fundamentais.
Parágrafo único. As empresas privadas que absorvam contingentes de até cinco por cento de
deficientes no seu quadro funcional gozarão de incentivos fiscais de redução de um por cento
no ICMS. (…) Art. 283. Para estimular a confecção e comercialização de aparelhos de fabricação
alternativa para as pessoas portadoras de deficiência, o Estado concederá: (…) III - isenção de
cem por cento do ICMS. 12. Pedido de inconstitucionalidade julgado parcialmente procedente
para declarar: (i) inconstitucional o parágrafo 2º do art. 192, sem a pronúncia de nulidade, por
um prazo de doze meses (ii) parcialmente inconstitucional o caput do art. 193, dando-lhe
interpretação conforme para excluir de seu âmbito de incidência o ICMS; (iii) inconstitucional o
parágrafo único do artigo 193; (iv) inconstitucional o artigo 201, caput, e seu parágrafo único;
(v) inconstitucional o parágrafo único do artigo 273; (vi) inconstitucional o inciso III do artigo
283; julgar improcedente o pedido quanto ao caput e §1º do artigo 192, todos os artigos da
Constituição cearense. ADI 429/CE , DJ 30/10/2014.
ICMS – CLÁUSULA FOB (FREE ON BOARD) – INCLUSÃO DO FRETE NA BASE DE CÁLCULO –
LEGALIDADE – ART. 8º DA LC N. 87/96 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – VALORES EXCESSIVOS –
NÃO-OCORRÊNCIA – RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 1. Nos termos do art. 123 do CTN, a
cláusula FOB não pode ser oposta perante a Fazenda Pública para exonerar a responsabilidade
tributária do vendedor. (Precedente REsp 37.033/SP.)
2. O valor do frete integra a base de cálculo do ICMS. (Precedente REsp 777.730/RS.)
3. A jurisprudência desta Corte adotou o entendimento de que os honorários advocatícios são
passíveis de modificação no STJ somente quando se mostrarem irrisórios ou exorbitantes.
(Precedente AgRg no AgRg no Ag 863.435/SP.)
4. Não sendo desarrazoada a verba honorária, sua redução importa, necessariamente, no
revolvimento dos aspectos fáticos do caso, o que é defeso no âmbito do apelo nobre, a teor da
Súmula 7/STJ.
Recurso especial improvido. REsp 886695 / MG, DJ 14/12/2007.

ICMS. CÁLCULO POR DENTRO. LEGITIMIDADE. ENTENDIMENTO FIRMADO EM REPERCUSSÃO


GERAL. RE 582.461/SP. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. 1. Autos devolvidos pela Vice-Presidência do STJ
para análise de hipótese de retratação, conforme previsão do § 3º do art. 543-B do Código de
Processo Civil. 2. Esta Corte deu provimento ao recurso especial da empresa contribuinte para
reconhecer a "ilegalidade do tributo na sua própria base de cálculo", pois "o artigo 33 da Lei
paulista n. 6.374/89, que determinou do ICMS na base de cálculo, contraria o princípio da não-
cumulatividade contemplado no artigo 3º, caput, do Decreto-lei n. 406/68, que estabelece que
'o Imposto sobre Circulação de Mercadorias - ICMS é não cumulativo, abatendo-se em cada
operação o montante cobrado nas anteriores, pelo mesmo ou por outro Estado'." 3. Tal
entendimento já não estampa mais a jurisprudência do STJ, firmada no sentido de que "O ICMS
tem por base de cálculo o valor da operação mercantil ou da prestação de serviços, em cuja
composição encontra-se o valor do próprio tributo, nos termos do art. 13, § 1º, I, da Lei

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ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
Complementar 87/96 e art. 2º, § 7º, do Decreto-lei 406/68. Precedentes da 1ª e 2ª Turmas"
(REsp 1.041.098/SP, Rel. Min ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 21/8/2009). 4. A fixação 10
do entendimento nesse sentido no STJ foi provocada pelo julgamento do RE 212.209/RS,
leading case de 1999, mediante o qual o Plenário do STF julgou constitucional a referida forma
de cálculo do ICMS. Em 2011, novamente instada a se pronunciar, a Suprema Corte reafirmou
aquele entendimento ao julgar o mérito de repercussão geral evolvendo o tema (RE 582.461,
Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/05/2011, REPERCUSSÃO
GERAL, DJe 17.8.2011). Recurso especial improvido, em juízo de retratação (art. 543-B, § 3º, do
CPC). REsp 286.553/SP, DJ 13/04/2015.

1. Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Taxa Selic. Incidência para atualização de


débitos tributários. Legitimidade. Inexistência de violação aos princípios da legalidade e da
anterioridade. Necessidade de adoção de critério isonômico. No julgamento da ADI 2.214, Rel.
Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 19.4.2002, ao apreciar o tema, esta Corte assentou
que a medida traduz rigorosa igualdade de tratamento entre contribuinte e fisco e que não se
trata de imposição tributária. 3. ICMS. Inclusão do montante do tributo em sua própria base
de cálculo. Constitucionalidade. Precedentes. A base de cálculo do ICMS, definida como o
valor da operação da circulação de mercadorias (art. 155, II, da CF/1988, c/c arts. 2º, I, e 8º, I,
da LC 87/1996), inclui o próprio montante do ICMS incidente, pois ele faz parte da
importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação. A
Emenda Constitucional nº 33, de 2001, inseriu a alínea “i” no inciso XII do § 2º do art. 155 da
Constituição Federal, para fazer constar que cabe à lei complementar “fixar a base de cálculo,
de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem,
mercadoria ou serviço”. Ora, se o texto dispõe que o ICMS deve ser calculado com o
montante do imposto inserido em sua própria base de cálculo também na importação de
bens, naturalmente a interpretação que há de ser feita é que o imposto já era calculado dessa
forma em relação às operações internas. Com a alteração constitucional a Lei Complementar
ficou autorizada a dar tratamento isonômico na determinação da base de cálculo entre as
operações ou prestações internas com as importações do exterior, de modo que o ICMS será
calculado "por dentro" em ambos os casos. 4. Multa moratória. Patamar de 20%.
Razoabilidade. Inexistência de efeito confiscatório. Precedentes. A aplicação da multa
moratória tem o objetivo de sancionar o contribuinte que não cumpre suas obrigações
tributárias, prestigiando a conduta daqueles que pagam em dia seus tributos aos cofres
públicos. Assim, para que a multa moratória cumpra sua função de desencorajar a elisão fiscal,
de um lado não pode ser pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe confira
característica confiscatória, inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos. O
acórdão recorrido encontra amparo na jurisprudência desta Suprema Corte, segundo a qual
não é confiscatória a multa moratória no importe de 20% (vinte por cento). 5. Recurso
extraordinário a que se nega provimento. RE 582.461/SP, DJ 18/08/2011.

ICMS. BASE DE CÁLCULO. ART. 13, § 1º, II, A, DA LC 87/96. SEGURO DE GARANTIA ESTENDIDA.
NÃO INCLUSÃO. NEGÓCIO JURÍDICO POSTERIOR E AUTÔNOMO EM RELAÇÃO À OPERAÇÃO DE
COMPRA DA MERCADORIA. 1. O valor pago pelo consumidor final a título de "seguro de
garantia estendida", regulamentado pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (Resoluções
122/05 e 296/13), não integra a base de cálculo do ICMS incidente sobre a operação de compra
e venda da mercadoria. 2. Recurso especial do Estado de Minas Gerais não provido. RECURSO
ESPECIAL DA EMPRESA. PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM DESFAVOR DA

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ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.
FAZENDA PÚBLICA. ART. 20, § 4º, DO CPC. VALOR ÍNFIMO. REVISÃO. POSSIBILIDADE. 1. "É
possível a revisão da verba honorária arbitrada pelas instâncias ordinárias, ainda que11com
fundamento no art. 20, § 4º do CPC, quando evidenciado nos autos que esta foi estimada em
valores manifestamente excessivos ou ínfimos, sem que para isso se faça necessário o reexame
de provas ou qualquer avaliação quanto ao mérito da lide" (AgRg no EDcl no Ag 1.409.571/RS,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Corte Especial, DJe de 6/5/2013)." 2. No caso dos autos,
considerando o trabalho realizado e os valores envolvidos, verifica-se que a verba honorária foi
fixada em valor ínfimo e desproporcional com relação ao proveito econômico obtido,
comportando majoração. 3. Recurso especial provido. REsp 1.346.749 – MG, DJ 04/03/2015.

ICMS. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e


Prestação de Serviços é o valor da operação, em cujo montante está embutido o próprio tributo
(LC 87/96, art. 13, § 1º). Aquele que paga pelo serviço suporta o respectivo preço e também o
imposto, de modo que a soma de um e de outro constitui a base de cálculo do tributo. Espécie
em que, tendo prestado o serviço sem repassar a carga do tributo, o sujeito passivo da
obrigação tributária responde pelo pagamento do imposto. Embargos de divergência
conhecidos e providos. ED em RESP 1.190.858 – BA, DJ 12/08/2013.

ICMS - MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO. ESPÉCIE DE DESCONTO INCONDICIONAL.


INEXISTÊNCIA DE OPERAÇÃO MERCANTIL. ART. 13 DA LC 87/96. NÃO-INCLUSÃO NA BASE DE
CÁLCULO DO TRIBUTO. POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO DOS VALORES DO TRIBUTO
INDEVIDAMENTE RECOLHIDOS. DESNECESSIDADE DA PROVA DA REPERCUSSÃO JURÍDICA.
INAPLICABILIDADE DO ART. 166 DO CTN NO CASO CONCRETO. 1. Cuidam os autos de ação
objetivando a declaração de não incidência do ICMS sobre operações de saída de mercadorias a
título de bonificação e, consequentemente, o direito de se creditar de valores que, nos últimos
dez anos, recolheu a esse título. 2. O acórdão do TJSP deu parcial provimento a Apelação da
autora para, na esteira da jurisprudência desta Corte firmada em recurso representativo de
controvérsia (REsp. 1.111.156/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJ 22.10.2009), afirmar que
o valor das mercadorias dadas a título de bonificação não integra a base de cálculo do ICMS,
afastando a limitação imposta na sentença que concedeu a exclusão até a entrada em vigor da
Lei Estadual 10.616/2000; todavia, também proveu a remessa oficial, para negar o pedido de
creditamento, ante a necessidade de comprovação da não repercussão, nos termos do art. 166
do CTN. 3. No tocante ao art. 535, I do CPC, inexiste a violação apontada. O Tribunal de origem
apreciou fundamentadamente a controvérsia, não padecendo o acórdão recorrido de qualquer
omissão, contradição ou obscuridade, apenas externando entendimento contrário à tese
defendida pela recorrente. 4.Em tese e normalmente, os tributos ditos indiretos, como o são o
ICMS e o IPI, ou seja aqueles que, por sua própria natureza comportam a transferência do
encargo financeiro, são feitos obrigatoriamente para repercutir; consequentemente, no caso de
repetição ou compensação, exige-se a prova da não repercussão, para se evitar o
enriquecimento sem causa de quem não suportou efetivamente o pagamento da exação. 5.
Todavia, a configuração dessa repercussão jurídica, acha-se condicionada à verificação de
alguns fatores, principalmente que o negócio jurídico bilateral configure fato gerador do
gravame repercutido, e que este gravame esteja embutido no preço e destacado na nota fiscal
respectiva; destarte, seguindo essa linha de raciocínio, se a mercadoria foi dada em
bonificação, ou seja, foi entregue sem o pagamento de qualquer quantia pelo contribuinte final,
e se sobre essas não incide qualquer tributo (não configura fato gerador tributário), como já
assentou essa Corte de Justiça, ausentes estão os pressupostos para a atração do art. 166 do
CTN, constituindo um contra-senso exigir-se a prova da não repercussão para permitir o

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creditamento ou a repetição. 6. Em nenhum momento dos autos, seja por parte da Fazenda
Estadual ou do Tribunal Estadual cogitou-se de que as vendas bonificadas sujeitam-se 12 ao
regime de substituição tributária, o que poderia motivar outra espécie de discussão. 7.No caso
dos autos, a ação foi proposta em 08.06.2001 (fls. 03); destarte, deverá ser observada a
sistemática anterior à vigência da LC 118/05, que impõe o prazo decadencial de cinco anos para
a homologação da constituição do crédito tributário operada pelo assim chamado
autolançamento, bem como o prazo prescricional de cinco anos para o exercício do direito de
ação (tese dos cinco mais cinco anos) (RE 566.621/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJe 11.10.2011,
julgado sob o regime de repercussão geral). 8. Recurso Especial provido para julgar procedente
o pedido inicial, reconhecendo o direito da recorrente ao creditamento dos valores
indevidamente recolhidos a título de ICMS em saídas bonificadas, condenando a recorrida ao
pagamento das custas e despesas processuais (respeitada a imunidade da Fazenda em relação
àquelas) e honorários advocatícios no valor de R$ 20.000,00.REsp 1.366.622/SP, DJ
20/05/2013.

ICMS. INCLUSÃO DO MONTANTE DO TRIBUTO EM SUA PRÓPRIA BASE DE CÁLCULO.


CONSTITUCIONALIDADE. 1. Recurso extraordinário. Repercussão geral. 2. Taxa Selic. Incidência
para atualização de débitos tributários. Legitimidade. Inexistência de violação aos princípios da
legalidade e da anterioridade. Necessidade de adoção de critério isonômico. No julgamento da
ADI 2.214, Rel. Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, DJ 19.4.2002, ao apreciar o tema, esta
Corte assentou que a medida traduz rigorosa igualdade de tratamento entre contribuinte e
fisco e que não se trata de imposição tributária. 3. ICMS. Inclusão do montante do tributo em
sua própria base de cálculo. Constitucionalidade. Precedentes. A base de cálculo do ICMS,
definida como o valor da operação da circulação de mercadorias (art. 155, II, da CF/1988, c/c
arts. 2º, I, e 8º, I, da LC 87/1996), inclui o próprio montante do ICMS incidente, pois ele faz
parte da importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação. A Emenda
Constitucional nº 33, de 2001, inseriu a alínea “i” no inciso XII do § 2º do art. 155 da
Constituição Federal, para fazer constar que cabe à lei complementar “fixar a base de cálculo,
de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem,
mercadoria ou serviço”. Ora, se o texto dispõe que o ICMS deve ser calculado com o montante
do imposto inserido em sua própria base de cálculo também na importação de bens,
naturalmente a interpretação que há de ser feita é que o imposto já era calculado dessa forma
em relação às operações internas. Com a alteração constitucional a Lei Complementar ficou
autorizada a dar tratamento isonômico na determinação da base de cálculo entre as operações
ou prestações internas com as importações do exterior, de modo que o ICMS será calculado
"por dentro" em ambos os casos. 4. Multa moratória. Patamar de 20%. Razoabilidade.
Inexistência de efeito confiscatório. Precedentes. A aplicação da multa moratória tem o
objetivo de sancionar o contribuinte que não cumpre suas obrigações tributárias, prestigiando
a conduta daqueles que pagam em dia seus tributos aos cofres públicos. Assim, para que a
multa moratória cumpra sua função de desencorajar a elisão fiscal, de um lado não pode ser
pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe confira característica confiscatória,
inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos. O acórdão recorrido encontra
amparo na jurisprudência desta Suprema Corte, segundo a qual não é confiscatória a multa
moratória no importe de 20% (vinte por cento). RE 582.461, DJ 18/11/2011.

O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação
ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida,
expressa e prévia autorização.

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