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FORTALEZA – CEARÁ
NOVEMBRO 2021
PEDRO PAULO MOTA RIBEIRO
FORTALEZA – CEARÁ
NOVEMBRO 2021
AGRADECIMENTOS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A - Decretos do governo do Ceará com ações contra o coronavírus 88
APÊNDICE B – Arrecadação ICMS hotéis por Município de 2016 a 2020 (R$) 95
APÊNDICE C - Ranking Municípios ICMS hotéis 2016 a 2020 97
INTRODUÇÃO
No contexto de amplo impacto na economia mundial, sendo inegável o panorama
pandêmico que persiste, desde o início de 2020, com necessidade de mudanças repentinas e
transformadoras, quiça permanentes, das relações humanas e geopolíticas, afetando
fortemente atividades de, principalmente, deslocamento e interação presencial de pessoas, a
exemplo característico, o fenômeno turístico, mais especificamente, setor de hotelaria e
alojamento, a reverberar nas demais ‘Atividades Características do Turismo’, atividades
codependentes na cadeia econômica do turismo.
O objeto da dissertação é a arrecadação de ICMS – Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços - no setor hoteleiro do estado do Ceará, com mapeamento por
município e respectivas regiões turísticas, visando contribuir com informações específicas da
atividade, oriundas de séries históricas de arrecadação do setor, possibilitando que políticas
públicas e trabalhos técnicos pertinentes às Atividades Características do Turismo – ACT
tenham indicadores assertivos do fluxo de movimentação de recursos vinculados à essência
do turismo: deslocamento e hospedagem; observando-se impactos de sazonalidade e
contingências econômicas, principalmente com o advento do contexto pandêmico, a partir de
2020.
A realidade estudada volta-se para hotéis, pousadas e alojamentos, onde práticas de
lazer e turismo estão associadas ao consumo de produtos, que geram arrecadação tributária
com recolhimento do ICMS. Neste trabalho tem-se o objeto de estudo estrito ao setor
hoteleiro, único que, supostamente, envolve circulação de mercadorias consumidas pelos
turistas propriamente ditos, por realizarem deslocamento e pernoite em locais diversos de
residências.
O exame investigativo do fenômeno turístico envolve gradiente complexo de
atividades e inter-relações, razão por que, sua compreensão requer integração multidisciplinar.
Porém, na busca investigativa, a aplicação do aforismo ‘follow the money’1 não serve apenas
para prova de fraudes corporativas praticadas; analogamente, a arrecadação tributária
vinculada ao consumo se mostra termômetro efetivo da movimentação de recursos
financeiros, podendo servir de parâmetro confiável do fluxo financeiro/econômico,
sintetizando, de forma simples, a realidade de qualquer setor da economia, desde que, para a
análise, se disponha de base de dados robusta, fidedigna, e se utilizem filtros e ferramentas
adequados à extração e tratamento dos dados.
informações, no combate à sonegação na atividade, ou, até mesmo, lastro de incentivo fiscal,
possível pelo acesso à base de dados da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará, que possui
dados precisos e séries históricas robustas da realidade econômica.
Pelo grau de relevância do setor hoteleiro da atividade turística, foi elencado o CNAE
5510-8/01 - Hotéis, na Classificação Nacional de Atividades Econômicas, sendo no CGF -
Cadastro Geral da Fazenda, atribuído à atividade, podendo-se assim fazer leitura específica do
segmento, chave para a realização de tal atividade. Justifica-se a análise com estabelecimentos
assim agrupados, pois contribuem com a arrecadação tributária estadual, como receptores e
alojamentos da demanda turística do Estado com cadastro ativo, na base de dados manancial
deste estudo.
A base de dados, oficialmente disponibilizada pela Secretaria da Fazenda, referente ao
período de 2016 a 2020, contempla, com maior lastro de informações, o foco no período
pandêmico (2020/2019). Assim, em análises de objetivos específicos, em que se busca
entendimento amplo da realidade econômica do turismo, no Ceará, utiliza-se o universo total
de dados disponibilizados quando necessário, garantindo lastro comparativo em análises, o
que serviu de paramêtro para compreensão ampla do contexto econômico.
Assim, análise e cruzamento de dados e informações, volume de arrecadação do setor
hoteleiro em série histórica, entre 2016 até 2020, por localidade, bem como levantamento de
possíveis fatores que impactam, na economia e podem trazer esclarecimentos valorosos da
tomada de decisão pelo poder público, na formulação de políticas públicas, como também
pelo capital privado, na identificação de oportunidades contribuindo para o desenvolvimento
econômico.
Com base em argumentos levantados e questionamentos efetuados, a dissertação tem
os seguintes objetivos:
Objetivo Geral:
Mensurar o impacto econômico/financeiro da pandemia na arrecadação de ICMS do
setor hoteleiro, comparando ano de 2020 com 2019.
Específicos:
Verificar estatisticamente grau de dependência, entre arrecadação total de ICMS do
Ceará e arrecadação do setor hoteleiro, entre 2016 e 2020;
Mapear municípios/regiões, com maior participação na arrecadação de ICMS, no setor
hoteleiro, e possíveis fatores que contribuem para tais proporções, entre 2016 e 2020;
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2 Vertente da economia que se importa com a preservação dos recursos e do meio ambiente.
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instrumento do modelo é uma tabela conhecida como matriz de insumo-
produto. As colunas da matriz registram despesas das atividades e dos
agentes econômicos, enquanto as linhas mostram as receitas de atividades
e dos referidos agentes. (SANTOS, 2012, p. 428).
Santos (2012, p.449) afirma que “medidas apresentadas pelas CSTs não são suficientes
para embasamento de tomada de decisão pública, sobre um projeto qualquer”. Acontece que
desenvolvimento, na maior parte dos países, é incipiente. No Brasil, apesar de haver
discussões, na busca de viabilização da CST, apenas a versão piloto de análise foi realizada
em 2002, ou seja, sem uso efetivo.
Assim, para destino turístico capaz de atrair fluxo constante de visitantes e geração de
emprego e renda, além de atrativos, é preciso infraestrutura planejamento e estratégia, para o
funcionamento da cadeia produtiva do turismo, desde a promoção do destino, hospedagem,
alimentação e serviços de setores impactados pelo turismo.
A importância do turismo traduz-se pela dinamização de diversos setores da
economia. Podem-se enumerar as atividades integrantes da cadeia produtiva do turismo que
absorvem diretamente os efeitos multiplicadores, por exemplo: alojamento, alimentação,
transporte, entretenimento, agenciamento, locação de veículos, câmbio de moedas, aquisição
de produtos de conveniência e souvenirs, recepção, organização de eventos, intérprete e
tradução simultânea, serviço de guia, informações turísticas, planejamento e consultoria
turística, entre outros. Observa-se, assim, imensa a malha multissetorial do setor turístico,
contando, inclusive, com a movimentação de grande número de pequenas e médias empresas,
formais e informais. (SETUR, 2017)
Conforme detalhamento das Atividades Econômicas, de acordo com a CNAE 2.0 (ver
METODOLOGIA), por grupamentos do Índice de Atividades Turísticas – IATUR, as
atividades turísticas englobam (IPECE, 2019):
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Apesar da incidência de ICMS, pelo consumo, por parte do turista, dentro da cadeia de
atividades que compõe a atividade turística de forma ampla, a exemplo de bares e
restaurantes, contudo não se classificam como alojamentos, e percebem maior parte de
faturamento anual por parte de residentes, ou em trânsito, ou seja, os turistas são responsáveis
somente por parte do consumo no segmento de bares, restaurantes e similares em destinos
turísticos, considerado aspecto sazonal do turismo.
Turistas utilizam infraestrutura de estabelecimento, consomem produtos e serviços e
estimulam o crescimento dos empreendimentos. Hotéis, pousadas, barracas e restaurantes são
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Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 2.0 como referência, tendo o ano
de 2010 como base, que permite maior desagregação das atividades turísticas, em nível de
subclasse, como também possibilidade de trabalho com fonte de informações, utilizadas pelas
CNAE's, Ministério do Turismo e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
(GONÇALVES, 2020).
A CNAE guarda compatibilidade com a International Standard Industrial
Classification – ISIC, o que permite garantir a comparabilidade internacional das estatísticas
produzidas no País. A OMT, por sua vez, desenvolve a Classificação Internacional Uniforme
das Atividades Turísticas (Clasificación Internacional Uniforme de Actividades Turísticas –
CIUAT), compatível com a revisão da International Standard Industrial Classification - ISIC,
elaborada pelas Nações Unidas, utilizando integralmente a mesma estrutura, garantindo,
assim, compatibilidade internacional de estatísticas de turismo, de acordo com a Comissão
Nacional de Classificação – CONCLA, criada em 1994, para monitoramento, definição de
normas de utilização e padronização das classificações estatísticas nacionais, conforme Figura
a seguir:
FIGURA 1 - CORRESPONDÊNCIA DA CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES
ECONÔMICAS NACIONAL E INTERNACIONAL
3 POLÍTICAS PUBLICAS
Na política pública estudada em épocas históricas, de acordo com fatores espaciais e
mudanças condizentes até o presente, dispõe de novas tecnologias, valores e culturas
diversificadas, em face do eterno princípio aristotélico: “políticas públicas devem buscar o
bem comum, o interesse da coletividade”. (CARVALHO, 2009, p.14)
No entanto, apesar do valor atemporal da simples definição de Aristóteles, políticas
públicas envolvem arcabouço complexo de interesses, pois pelo próprio conceito de
“política” e “público”, nota-se a amplitude do termo conjugado, como Teixeira (2002, p.2)
defende:
As políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e
implantação e, sobretudo, em seus resultados, formas de exercício do
poder político, envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, o papel
do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e
benefícios sociais. Como o poder é uma relação social que envolve vários
atores com projetos e interesses diferenciados e até contraditórios, há
necessidade de mediações sociais e institucionais, para que se possa obter
um mínimo de consenso e, assim, as políticas públicas possam ser
legitimadas e obter eficácia.
De maneira geral, verifica-se que políticas públicas são desenvolvidas pelo governo,
que, por sua vez, define estratégias e diretrizes, na gerência de recursos e pessoas,
providenciando soluções e melhorias, de acordo com necessidades e interesses coletivos.
Henz (2009) complementa e afirma que os governos atuam diante de diferentes influências
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parte de entes, no panorama federativo, que devem descambar como resultado de plano de
turismo governamental.
3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS EM TURISMO
O turismo é promoção de políticas, especialmente públicas. O Estado atua como
incentivador, dota os lugares, potencialmente turísticos, de infraestrutura básica e estabelece
parcerias com empresários, que instalam hotéis, restaurantes e equipamentos turísticos
(LIMA, 2017).
De acordo com Beni (2001), “a política de turismo é a espinha dorsal do formular
(planejamento), do pensar (plano), do fazer (projetos, programas), do executar (preservação,
conservação, utilização e ressignificação do patrimônio natural e cultural e sua
sustentabilidade), do reprogramar (estratégia) e do fomentar (investimentos e vendas) o
desenvolvimento turístico do país ou de região e seus produtos naturais”. E complementa:
deve-se entender por política de turismo o conjunto de fatores
condicionantes e de diretrizes básicas que expressam os caminhos par
atingir os objetivos globais para o turismo do país; determinam as
prioridades da ação executiva, supletiva ou assistencial do Estado; e
facilitam o planejamento das empresas do setor quanto aos
empreendimentos e atividades mais suscetíveis de receberem apoio estatal.
(BENI, 2001, p.178)
Políticas de turismo são metas estabelecidas de acordo com objetivos traçados para
desenvolvimento do turismo e, por meio delas, denominam-se responsabilidades do setor
público e demais articuladores envolvidos no desenvolvimento da atividade. Para que se
determine a linha a ser seguida na implantação e/ou desenvolvimento do turismo, as políticas
públicas devem ser instituídas e asseguradas por lei(s). E dois princípios devem norteá-las:
1. a preocupação concomitante com o turismo interno e receptivo, pois as
direções adotadas para a política deve estar voltada para o povo de
determinada nação;
2. a visão de que uma política de turismo trata de investimento no campo
da saúde, da educação, da cultura e do social, visto que a atividade só
existe em razão direta das outras áreas. (EDRA, 2016, p.119)
a cooperação, onde prevalece competição que, por não contar com balizas constitucionais
bem definidas, degenera em relações predatórias.
Sobre funcionamento competitivo do pacto federativo, Rezende e Afonso (2002)
também colocam que:
[...] a competição entre os estados-membros de uma federação é considerada, por
alguns, benéfica do ponto de vista da eficiência. Dessa perspectiva, se os governos
estaduais e municipais usam recursos públicos para criar um ambiente econômico e
social melhor para pessoas e negócios, a competição promoverá a eficiência
econômica e a satisfação social. Evidentemente, isso implica que as autoridades
subnacionais tenham autonomia para decidir a alocação de seus recursos, sejam eles
compostos de receitas próprias ou transferências. Mas essa condição não existe
plenamente na federação brasileira, o que significa que a competição provoca
distorções econômicas e injustiça social.
pública, não é diferente, sendo planejamento algo fundamental para sobrevivência das pessoas
e organizações.
Segundo Piscitelli (2004, p. 62), “o orçamento é um instrumento que expressa a
alocação dos recursos públicos, sendo operacionalizado por meio de diversos programas que
consistem a integração do plano plurianual com o orçamento”. Assim, pode-se conceituar
orçamento, na esfera governamental, instrumento de que dispõe o Poder Público para
expressão, em determinado período de tempo, do programa de atuação, discriminando origem
dos recursos e despesas a serem efetuadas. É a materialização da ação planejada do Estado, na
manutenção de atividades e na execução de projetos, objetivando assegurar o cumprimento
dos fins a que se propõem, atendendo, assim, interesses, ou seja, objetivos de políticas
públicas.
Planejamento, na ótica governamental, dá-se através do ciclo orçamentário e
materializa-se em peças orçamentárias: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). Na elaboração desses instrumentos,
desenvolvem-se esforços para identificação e ordenação de prioridades, pela composição de
esquema integrado, viável e cíclico, que busca equilíbrio na distribuição de recursos, para
atendimento de carências apontadas pelos programas e projetos, já que ao sistema de
planejamento, execução e controle orçamentário-financeiro cabe a tarefa de formulação de
programas de governo, execução e controle. Ao sistema compete também a tarefa de avaliar a
execução dos planos e realizar ajustes necessários, com fim do cumprimento foi planejado.
(SANTOS, 2021)
O Plano Plurianual determina, em quais programas ou projetos de duração continuada,
o governo deve aplicar os recursos recolhidos, conforme o que preconiza a Constituição da
República Federativa do Brasil, de 1988, no parágrafo 1º do artigo 165: “A lei que instituir o
plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da
administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada.”.
PPA é peça fundamental, no planejamento de longo prazo, no âmbito da administração
pública, durante quatro anos. Ou seja, o gestor determina em que investir, como direcionar os
recursos para áreas a desenvolver, nos próximos quatro anos, estabelecendo, de forma
regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública. Sucintamente traz
Oliveira (2008, p.367) “o plano plurianual define o planejamento das atividades
governamentais”.
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destino turístico, porém, no panorama federativo, os Estados são atores que competem entre
si, no entanto cooperam com municípios. Porém o governo federal tem por dever dirimir
distorções econômicas e promover integração turística entre os entes do pacto federativo,
mediante políticas públicas que tratem o Plano de Turismo Nacional como política de Estado
e não de governo.
combate, essa medida melhorará a logística do ir e vir destes profissionais.” (CASA CIVIL,
2020)
O Governo do Ceará, desde 16/03/2020 adota medidas restritivas e sanitárias,
necessárias a contenção em seu território, da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que
tem atingido milhares de pessoas, em todo o mundo. As medidas estão publicadas em
decretos, conforme QUADRO DE DECRETOS no APÊNDICE A.
Em 2020 não se adotaram políticas específicas de auxílio à atividade turística, no
entanto, políticas restritivas de circulação, paradoxalmente, não suspenderam o
funcionamento do setor hoteleiro, inclusive liberando serviços de alimentação, nos
estabelecimentos, mesmo em períodos críticos de “lockdown”4, conforme Decreto Nº33.519,
de 19 de março de 2020, que “INTENSIFICA AS MEDIDAS PARA ENFRENTAMENTO
DA INFECÇÃO HUMANA PELO NOVO CORONAVÍRUS”, e dispõe:
§ 3° A suspensão de atividades a que se refere o inciso I, do
“caput”, deste artigo, não se aplica a bares, restaurantes,
lanchonetes e estabelecimentos congêneres que funcionem no
interior de hotéis, pousadas e similares, desde que os serviços sejam
prestados exclusivamente a hóspedes.
No entanto, a atividade hoteleira sofreu ‘diretamente’, na raiz dos seus negócios com
restrições de deslocamento, o que ocasionou grande diminuição de taxas de ocupação, tendo
que diminuir a força laboral para redução de custos fixos, ou na opção de preservar emprego,
adesão à redução de jornada e salários, permitida pelas medidas provisórias (MPs 927/2020 e
936/2020) publicadas pelo Governo Federal no início da crise, que levaram à criação do
Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Nesse contexto surge a Lei nº
14.020/2020, que permite redução da jornada de trabalho e de salário. durante a pandemia.
Assim, atividades com maior afinidade com turismo, ‘alimentação fora do lar’ e
‘barracas de praia’, foram contempladas a partir da FASE 3 e algumas ACTSs, FASE 4 do
plano, conforme FIGURAS 7 e 8.
Em 30/06/2020, pelo decreto nº33.640, o governador, no uso das atribuições que lhe
confere o inciso IV, do art. 88, da constituição estadual, considerando a necessidade de
flexibilização de cumprimento da obrigação tributária principal, relativa ao ICMS devido por
contribuintes enquadrados, em segmentos econômicos cujo volume de operações foi
diretamente afetado pelo período de isolamento social, decorrente da situação de emergência
em saúde pública, reconhecida pelo decreto estadual n.º 33.510, de 16 de março de 2020,
causada pela pandemia, notadamente nos meses de abril e maio de 2020, que resulta em forte
queda de arrecadação; considerando as disposições do convênio ICMS 181/17, com adesão do
estado do ceará dada pelo convênio ICMS 18/19, ratificado e incorporado à legislação
tributária estadual por meio do decreto n.º 33.083, de 24 de maio de 2019, decreta:
art. 1.º Os contribuintes inscritos no Cadastro Geral da Fazenda (CGF) com
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE-Fiscal) principal
relacionada no Anexo Único deste Decreto poderão recolher em até 3 (três)
parcelas mensais, iguais e sucessivas o Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) referente aos fatos
geradores ocorridos em junho e julho de 2020. (APÊNDICE A)
4 METODOLOGIA
Fonte: SEFAZ/CE
Fonte: SEFAZ/CE
Os relatórios solicitados à Coordenação de Arrecadação Tributária/CATRI foram
disponibilizados pelo Sistema TRAMITA da SEFAZ/CE em formato PDF5.
Fonte: SEFAZ/CE
Fonte: SEFAZ/CE
Figura acima mostra Relatório em PDF com dados da arrecadação total de ICMS com
especifidade em todos os CNAE´s, no período de 2016 a 2020.
5 RESULTADOS DA PESQUISA
À análise estatísca de dados da arrecadação, no setor hoteleiro, pela arrecadação de
ICMS pelo consumo, de pessoas jurídicas, com CNAE 5510-8/01, na Classificação Nacional
de Atividades Econômicas, extraídos da base de dados do CGF - Cadastro Geral da Fazenda,
disponibilizados entre 2016 e 2020, observando-se sazonalidade turística e contingências
econômicas, desde 2016, com foco no impacto sofrido, a partir de 2020 pela atividade, fruto
do contexto pandêmico.
O objetivo geral tem foco específico no período pandêmico, com análise comparativa,
entre 2020 e 2019, no entanto, nos objetivos específicos, utilizaram-se os dados
disponibilizados, desde 2016, é que se busca entendimento refinado da realidade turística e
relação com variáveis de cunho econômico, sendo importante dispor de panorama amplo,
fundamentando melhor análises, em comparativo temporal.
Visto que tal afirmação deu-se em meados de abril de 2020, corrobora com dados
apurados considerando a arrecadação total do ICMS, chegando ao ápice, no mês de maio, e
queda de 37,44% considerando o mesmo mês de 2019, conforme TABELA 1.
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FONTE: BASE DE DADOS SEFAZ/CE e IBGE e IPECE. Nota: Crescimento PIB em volume (variação real) do
Produto Interno Bruto. Crescimento anual em relação ao ano anterior.
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FONTE: BASE DE DADOS SEFAZ/CE e IBGE e IPECE. Nota: Crescimento PIB em volume (variação real) do
Produto Interno Bruto. Crescimento anual em relação ao ano anterior.
arrecadação, inter-relação alta, entre atividade turística e atividade econômica de modo geral,
nos anos de 2018 a 2020.
respectivamente, com destaque para o município de Acaraú que, em 2016, ocupava a 58ª
colocação passando a 6ª colocação, em 2020, com crescimento de 25,61%, em relação a 2019.
A configuração atual de regiões turísticas do Ceará, com respectivos municípios,
conforme programa de regionalização do Turismo, do Ministério do Turismo (MTUR, 2019),
está vigente desde 2019. TABELA 7 com os dados da participação percentual por região dos
anos de 2019 e 2020, seguido pelos valores absolutos da arrecadação e comparativo, entre
2020 e 2019.
Tabela 8 traz índices da taxa de ocupação hoteleira, divulgados pela SETUR, com uma
média, entre os anos de 2016 a 2019, de ocupação de unidades habitacionais da rede hoteleira,
no Ceará, sendo de 73,80%. No ano de 2020, queda acentuada em ocupação de 43,34%.
77
Conforme a tabela 9, nos anos de 2019 e 2020, a taxa de ocupação de hotéis teve alto
índice de correlação com a arrecadação de ICMS dos hotéis, sendo o ‘r de Pearson’
mensurado em 0,68 e 0,92 respectivamente, denotando forte relação de dependência entre a
taxa de ocupação e a arrecadação em hotéis, principalmente em 2020, quando se mostra nítido
o grau de intensa relação positiva, por variações extremas, porém correlatas.
Assim, pelos anos de 2019 e 2020, alto grau de correlação denota taxa de ocupação
variável, de checagem fidedigna, podendo servir como parâmetro importante ao fisco.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No intuito de trasformar produção técnica deste trabalho em substância acadêmica
relevante, observam-se e analisam-se de forma crítica, informações de integração de assuntos
do problema inicial, com resultados e frutos, pelas explicações e esclarecimentos, em
linguagem acessível, a interessados na temática trabalhada.
O objeto desta dissertação é a arrecadação de ICMS, no setor hoteleiro do estado do
Ceará, onde se fez mapeamento por município e respectivas regiões turísticas, tomando como
base o período de 2016 a 2020, no intuito de contribuir com informações específicas da
atividade hoteleira, possibilitando que políticas públicas e trabalhos técnicos pertinentes às
Atividades Características do Turismo – ACT - tenham indicadores assertivos do fluxo de
movimentação de recursos vinculados à essência do turismo, observando-se impactos de
sazonalidade e contingências econômicas na atividade.
Inicialmente, questionou-se: “qual impacto econômico/financeiro, na arrecadação de
ICMS, do setor hoteleiro, com o advento da Pandemia de 2020? Como a análise dos dados de
arrecadação de ICMS, a partir da pandemia 2020, pode influenciar decisões de políticas
públicas, no turismo do estado?
Assim, na contextualização do problema, inegável o panorama pandêmico, vivenciado
desde o início de 2020, com necessidade de mudanças repentinas e transformadoras de
relações humanas e geopolíticas, afetando fortemente atividades de, principalmente,
deslocamento e interação de pessoas, a exemplo, o fenômeno turístico, especificamente, do
setor de hotelaria e alojamento; importância de políticas públicas e planejamento de políticas
de turismo, no espaço fiscal brasileiro, assim como dinamicidade do turismo como atividade
econômica e de arrecadação do setor hoteleiro no Ceará, na perspectiva da economia do
turismo.
Contribui para solução do problema, com mecanismos de elaboração de políticas
públicas, ligadas ao turismo, visto que, na pesquisa, indicadores trazem a realidade do
segmento hoteleiro, em todo o Estado, por município participante de regiões turísticas,
informações com indicativo de desempenho e de impacto significativo, num contexto
amplamente problemático, com panorama pandêmico instalado. Os indicadores revelam
impactos e participação, por município e região na arrecadação do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços do setor hoteleiro.
E para compreensão econômica da problemática, elaboraram-se demais
questionamentos:
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O objetivo geral teve foco específico, no período pandêmico, portanto trouxe a análise
comparativa entre 2020 e 2019, no entanto, nos objetivos específicos, utilizam-se dados
disponibilizados, desde 2016, ao buscar-se entendimento nítido da realidade turística e relação
com variáveis de cunho econômico, sendo importante dispor de panorama amplo, para
fundamentação melhor da análise em comparativo temporal.
80
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DECRETO N°33.526, de 24 de março de 2020. SUSPENDE E PRORROGA, POR CONTA DOS EFEITOS
DA PANDEMIA DO COVID-19 (CORONAVÍRUS), OS
PRAZOS CONCERNENTES A ATOS E
PROCEDIMENTOS DA SECRETARIA DA FAZENDA
DO ESTADO DO CEARÁ E DA PROCURADORIA DO
ESTADO DO CEARÁ.
PROVIDÊNCIAS.
48 0,01% 0,01% 0,01% 0,01% 0,01% 48 666 396 509 615 495
49 0,01% 0,00% 0,01% 0,01% 0,01% 49 629 383 442 505 474
50 0,01% 0,00% 0,00% 0,00% 0,01% 50 590 331 424 423 390
51 0,01% 0,00% 0,00% 0,00% 0,01% 51 531 314 409 397 359
52 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,01% 52 362 294 386 304 285
53 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 53 350 294 338 283 242
54 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 54 328 293 301 237 240
55 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 55 289 161 282 237 105
56 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 56 246 156 225 224 104
57 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 57 186 153 180 198 86
58 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 58 131 138 177 185 68
59 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 59 93 129 133 153 48
60 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 60 91 97 107 101 27
61 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 61 90 80 76 98 20
62 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 62 82 66 69 74 12
63 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 63 76 42 38 47 12
64 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 64 74 37 37 31 9
65 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 65 59 37 37 15 8
66 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 66 52 23 24 12 8
67 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 67 41 22 19 5
68 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 68 29 15 12 3
69 0,00% 0,00% 0,00% 69 24 15 12
70 0,00% 0,00% 0,00% 70 15 12 4
71 0,00% 0,00% 0,00% 71 12 10 3
72 0,00% 0,00% 72 12 9
73 0,00% 73 7
100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 7.859.831 7.676.687 8.536.768 9.094.620 5.145.789
FONTE: BASE DE DADOS SEFAZ/CE