PME3100 Mecânica I

Notas de aula

Estática -
Barras, polias e fios

Ronaldo de Breyne Salvagni

Agosto de 2021
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PME3100 Mecânica I

2 – Estática

2.6 – ESTRUTURAS – BARRAS, POLIAS E FIOS

Veremos os casos de uso de barras, polias e fios em estruturas através da resolução de alguns
exemplos.

OBSERVAÇÕES:

- Fios: fios ideais (modelo) são inextensíveis, perfeitamente flexíveis, não têm massa e têm apenas
uma dimensão – o comprimento. Podem ou não ter atrito em contato com outros corpos. A
força no fio tem a direção tangente a este fio em cada ponto.

- Polias: polias ideais giram livremente em torno do seu eixo. Se não houver atrito com o fio, a
força neste preserva seu módulo, mudando apenas a direção – o momento das forças em
relação ao eixo da polia é identicamente nulo.

- Barras: Considere uma barra (ou um corpo qualquer) com apenas dois vínculos externos,
representados por articulações. Se não houver esforços internos nessa barra (ou seja, se os
esforços são aplicados exclusivamente naqueles dois pontos vinculados), então as forças
que atuam nessa barra (corpo) são equivalentes a um par de forças diretamente opostas,
cada uma delas aplicada num dos pontos vinculados, com a direção da reta definida por
esses dois pontos.
No caso desse corpo ser uma barra reta, é chamado de “barra de treliça”, e o par de forças
opostas aplica uma tração ou uma compressão nessa barra.

∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐴 + 𝑋𝐵 = 0 ⇒ 𝑋𝐵 = −𝑋𝐴 = 𝑅𝐴𝐵
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑌𝐴 + 𝑌𝐵 = 0
∑ 𝑴𝑨 = 𝟎: 𝑌𝐵 ∙ 𝑙 = 0 ⇒ 𝑌𝐵 = 0 ⇒ 𝑌𝐴 = 0

- Treliças: Método dos nós e Método das barras

Em uma estrutura com barras de treliça, usando o fato de que cada uma dessas barras
corresponde a uma única incógnita (o escalar que dá o módulo e o sentido do par de
forças), não adianta isolar uma barra e escrever suas equações de equilíbrio – elas já serão
identicamente satisfeitas. Para essas estruturas há duas técnicas de abordagem. No
chamado Método dos nós, as equações são obtidas impondo-se o equilíbrio dos nós (pontos
de conexão das barras). No chamado Método das barras, a estrutura é seccionada (cortada)

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em subestruturas, impondo-se o equilíbrio de cada parte. Ilustraremos o uso desses

métodos nos exemplos a seguir.

Exemplo 2.6.1: Para o sistema de barras da figura, determine as reações externas e as forças em
cada barra, indicando se são de tração ou compressão. As barras têm peso desprezível.

Resolução:

Todas as barras são articuladas nos extremos e não têm carga intermediária, sendo , portanto
barras de treliça.

Vamos usar o Método dos nós:

- Isolando todos os nós do sistema:

Temos 10 incógnitas: 4 reações vinculares externas (𝑋𝐴 , 𝑌𝐴 , 𝑋𝐵 e 𝑌𝐵 ) e 6 forças nas barras.

- Equações de equilíbrio dos nós (só forças, não há momentos):

Nó A:
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐴 − 𝑅𝐴𝐷 − 𝑅𝐴𝐶 √2 = 0 ....................................................(1)
2
√2
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐴 − 𝑅𝐴𝐶 = 0 ................................................................(2)
2

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Nó B:
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐵 − 𝑅𝐵𝐶 = 0 ....................................................................(3)
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐵 = 0 ................................................................................(4)
Nó C:
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑅𝐵𝐶 + 𝑅𝐴𝐶 √2 − 𝑅𝐶𝐸 √2 = 0 ...............................................(5)
2 2
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: −𝑄 + 𝑅𝐶𝐷 + 𝑅𝐴𝐶 √2 + 𝑅𝐶𝐸 √2 = 0 .....................................(6)
2 2

Nó D:
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑅𝐴𝐷 − 𝑅𝐷𝐸 = 0 ...................................................................(7)
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: −𝑄 − 𝑅𝐶𝐷 = 0 ....................................................................(8)
Nó E:
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑅𝐷𝐸 + 𝑅𝐶𝐸 √2 = 0 ...............................................................(9)
2
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: −𝑅𝐶𝐸 √2 − 𝑄 = 0 ................................................................(10)
2

- Resolução das equações:

Por simples substituição:
𝑅𝐶𝐸 = −√2𝑄
𝑅𝐷𝐸 = 𝑄
𝑅𝐶𝐷 = −𝑄
𝑅𝐴𝐷 = 𝑄
𝑅𝐴𝐶 = 3√2𝑄
𝑅𝐵𝐶 = −4𝑄
𝑌𝐵 = 0
𝑋𝐵 = −4𝑄
𝑌𝐴 = 3𝑄
𝑋𝐴 = 4𝑄
- Solução:

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Alternativamente, usando o Método das barras:

- corte 1:

∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑅𝐷𝐸 + 𝑅𝐶𝐸 √2 = 0
2
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: −𝑄 − 𝑅𝐶𝐸 √2 = 0 ⇒ 𝑅𝐶𝐸 = −𝑄√2 ⇒ 𝑅𝐷𝐸 = 𝑄
2
∑ 𝑴𝑬 = 𝟎: 0 = 0

- corte 2:

∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑅𝐴𝐷 + 𝑅𝐴𝐶 √2 + 𝑅𝐵𝐶 = 0

2
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: −3𝑄 + 𝑅𝐴𝐶 √2 = 0 ⇒ 𝑅𝐴𝐶 = 3𝑄√2
2
∑ 𝑴𝑪 = 𝟎: 𝑎𝑅𝐴𝐷 − 𝑎𝑄 = 0 ⇒ 𝑅𝐴𝐷 = 𝑄 ⇒ 𝑅𝐵𝐶 = −4𝑄

- reações de apoio; isolando os nós dos vínculos externos:

∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐵 = −4𝑄
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐵 = 0

∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐴 − 𝑄 − 3𝑄√2 ∙ √2 = 0 ⇒ 𝑋𝐴 = 4𝑄
2
√2
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐴 − 3𝑄√2 ∙ = 0 ⇒ 𝑌𝐴 = 3𝑄
2

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Exemplo 2.6.2: Na estrutura plana, esquematizada na figura, A, B, C e D são articulações. As

barras têm peso desprezível e a polia tem peso 2P. Determine as reações externas e as forças na
articulação D.

- Isolando as barras AC e BD, e a polia:

8 incógnitas

- Equações de equilíbrio:
Barra AC:
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐴 + 𝑋𝐷 + 𝑋𝐶 = 0 ..................................................................... (1)
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐴 + 𝑌𝐷 + 𝑌𝐶 = 0 ....................................................................... (2)
∑ 𝑴𝑫 = 𝟎: −𝑌𝐴 ∙ √2𝑙 − 𝑋𝐴 ∙ √2𝑙 + 𝑋𝐶 ∙ √2𝑙 = 0 ....................................... (3)

Barra BD:
𝑃√2
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐵 − 𝑋𝐷 + = 0 ..................................................................... (4)
2

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𝑃√2
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐵 − 𝑌𝐷 − = 0 ........................................................................ (5)
2

∑ 𝑴𝑩 = 𝟎: −𝑋𝐷 ∙ √2𝑙 − 𝑌𝐷 ∙ √2𝑙 + 𝑃𝑙 = 0 .................................................. (6)

Polia:
𝑃√2
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: −𝑋𝐶 − = 0 ............................................................................. (7)
2
𝑃√2
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐶 − 2𝑃 − 𝑃 + = 0 ................................................................. (8)
2

∑ 𝑴𝑩 = 𝟎: 𝑃𝑙 − 𝑃𝑙 = 0 (identicamente satisfeito)

São pedidos: 𝑋𝐴 , 𝑌𝐴 , 𝑋𝐵 , 𝑌𝐵 , 𝑋𝐷 e 𝑌𝐷 .

- Resolvendo as equações:

Substituição direta:
𝑃√2
𝑋𝐶 = − 2
𝑃(6−√2)
𝑌𝐶 = − 2
𝑃(12−√2)
𝑌𝐷 = 4
𝑃(12−√2)
𝑋𝐴 = − 4
𝑃√2
𝑌𝐴 = − 4
𝑃(12+√2)
𝑋𝐷 = 4
𝑃(12+√2)
𝑌𝐵 = 4
𝑃(12−√2)
𝑋𝐵 = 4
- Solução:
𝑃√2
𝑃(12+√2)
Reações externas: 4
4

𝑃(11−√2) 𝑃(12−√2)
4 4

Forças em D: 𝑃(12−√2)
4
𝑃(12−√2)
4

𝑃(12+√2)
4

𝑃(12+√2)
4

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Exemplo 2.6.3: A caçamba mostrada na figura é controlada por 3 cilindros hidráulicos. Na

posição particular mostrada, a caçamba recebe uma força horizontal P como representada.
Desprezando os pesos das peças, pede-se calcular as forças suportadas pelas articulações A e E e
as força que agem em cada uma das peças.

Resolução:

Isolando o conjunto para obter as reações em A e E:

Equações:
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: −𝑃 + 𝑋𝐸 = 0 (1)
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑅𝐴𝐵 + 𝑌𝐸 = 0 (2)
∑ 𝑴𝑬 = 𝟎: −𝑃 ∙ 6𝑙 − 𝑅𝐴𝐵 ∙ 3𝑙 = 0 (3)

Resolvendo:
De (1): 𝑿𝑬 = 𝑷
De (3): 𝑹𝑨𝑩 = −𝟐𝑷
Substituindo 𝑅𝐴𝐵 em (2): 𝒀𝑬 = 𝟐𝑷

Forças em A e E:

Isolando a peça FBE:

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5
cos 𝛼 =
√41
4
sin 𝛼 =
√41

3 incógnitas

Equações de equilíbrio para a peça FBE:

5
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐹 − 𝑅𝐶𝐷 +𝑃 =0 (4)
√41
4
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐹 + 𝑅𝐶𝐷 − 2𝑃 + 2𝑃 = 0 (5)
√41
∑ 𝑴𝑪 = 𝟎: −𝑌𝐹 ∙ 6𝑙 + 𝑃 ∙ 5𝑙 + 2𝑃 ∙ 3𝑙 = 0 (6)

𝟏𝟏
Resolvendo: de (6): 𝒀𝑭 = 𝑷
𝟔
𝟏𝟏√𝟒𝟏
Substituindo 𝑌𝐹 em (5): 𝑹𝑪𝑫 = − 𝑷
𝟐𝟒
𝟕𝟗
Substituindo 𝑅𝐶𝐷 em (4): 𝑿𝑭 = − 𝟐𝟒 𝑷

Isolando a peça HFD:

5
cos 𝛽 = 13
12
sin 𝛼 = 13

3 incógnitas

Equações:
79 11√41 5 5
∑ 𝑭𝒙 = 𝟎: 𝑋𝐻 + 𝑃 − 𝑃∙ + 𝑅𝐷𝐺 13 = 0 (7)
24 24 √41
11 11√41 4 12
∑ 𝑭𝒚 = 𝟎: 𝑌𝐻 − 𝑃+ 𝑃∙ + 𝑅𝐷𝐺 =0 (8)
6 24 √41 13
79 11
∑ 𝑴𝑫 = 𝟎: 𝑋𝐻 ∙ 12𝑙 − 𝑌𝐻 ∙ 2𝑙 + 𝑃 ∙ 4𝑙 + 𝑃∙𝑙 =0 (9)
24 6

15
De (9): 𝑌𝐻 = 6𝑋𝐻 + 𝑃
2
13 13 15
De (8): 𝑅𝐷𝐺 = − 12 𝑌𝐻 = − 12 (6𝑋𝐻 + 𝑃)
2
𝟏𝟕
Substituindo 𝑅𝐷𝐺 em (7): 𝑿𝑯 = − 𝟏𝟐 𝑷

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Substituindo 𝑋𝐻 em (9): 𝒀𝑯 = −𝑷
𝟏𝟑
Substituindo 𝑌𝐻 em (8): 𝑹𝑫𝑮 = 𝟏𝟐 𝑷

Resposta: forças em cada peças e nas articulações:

Em A: 2P para baixo
Em E: 2P para cima

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