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político-discursivo e a elaboração de uma retórica reacionária

antigênero -
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v18n43/v18n43a04.pdf
a de um ativismo religioso e a ofensiva antigênero: Ideologia de gênero; reacionarismo e
fundamentalismo;

discurso político por parte de tais cruzados morais parecem conduzir, inclusive, a uma reconfiguração

biologicista perante a compreensão de gênero, sexualidade e sexo;


cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica
reacionária antigênero

Estratégias político-discursivas voltadas a arregimentar a sociedade em uma batalha em


defesa da .
Práticas de reafirmação de hierarquias sexuais;
...)primazia dos pais na formação moral e sexual dos da retirada da educação para a
sexualidade nas escolas, da restrição ao acesso de adolescentes a informações sobre saúde
sexual, do rechaço a arranjos familiares não heteronormativos, da repatologização das
homossexualidades e transgeneridades, entre outros posicionamentos que representam
cerceamentos a direitos e garantias (JUNQUEIRA, 2018, p.451)..
...)redes de associações pró-família e pró-vida, associações de clínicas de conversão sexual,
organizações de juristas ou médicos cristãos, movimentos e partidos políticos de direita e
extremadireita (e não apenas), profissionais da mídia, agentes públicos, dirigentes do Estado,
entre (JUNQUEIRA, 2018, p.451).
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Anulação de subjetividades que corpo é esse que incomoda?
...)as estratégias discursivas orientam-se não apenas a contrastar concepções
desnaturalizantes de humanidade, corpo, gênero e sexualidade, mas sobretudo a promover a
rebiologização da diferença sexual, a renaturalização das arbitrariedades da ordem social, moral
e sexual tradicional, a (re)hierarquização das diferenças e a afirmação restritiva, (hetero)sexista
e transfóbica das normas de (JUNQUEIRA, 2018, p.451).

Distorção e descontextualização de discursos: movimentos feministas, LGBTQUIA+,


esquerdistas como e empenhados em difundir a ideologia de gênero;
Escola sem partido: ataques aos currículos e à liberdade docente, em nome do a
uma escola não ou a uma sem .
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(Re)hierarquização das diferenças a partir da rebiologização essencializadora das concepções
de família;
Manutenção da hegemonia: retorna a família única patriarcal, biologicamente
radicada, fundada na união monogâmica homem-mulher por meio do matrimônio
sacramentado e indissolúvel.
Normas de gênero como justificativa a algumas práticas e discursos: família patriarcal,
autoridade masculina e paterna e domesticidade das mulheres
fulcral da ordem moral e sexual tradicional, as normas de gênero (Butler, 2003, 2004),
fundamentadas na ideologia do dimorfismo sexual, encontram no campo da sexualidade
reprodutiva pujantes argumentos para justificar e naturalizar divisões, crenças e estruturas de
poder arbitrárias, tais como: a família patriarcal, a autoridade masculina e paterna e a
domesticidade das (JUNQUEIRA, 2018, p.455).
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Guerra sexual: legitimação e fortalecimento de instituições moralistas;
Empenho em promover a restauração do estatuto da ordem sexual tradicional, de modo a
reafirmar sua hegemonia, reiterar seus postulados, hierarquias, sistemas de poder e estruturas de
privilégios;
Não reconhecimento de mulheres e indivíduos LGBTQUIA+ como sujeitos;
fato, evidencia-se na atuação dos/as missionários/as da o rechaço a ações
voltadas a reconhecer as mulheres como sujeito, legalizar o aborto, combater o feminicídio,
criminalizar a homotransfobia, legalizar o casamento entre pessoas de mesmo sexo gaymônio e
garantir-lhes o direito de adotar, ampliar o acesso a novas tecnologias reprodutivas, assegurar a
jovens e adolescentes informações sobre saúde sexual, promover o sexo seguro, despatologizar a
transexualidade, reconhecer o direito à autodeterminação da identidade de gênero e à mudança de
sexo, implementar políticas educacionais de igualdade de gênero e reconhecimento da diversidade
sexual. Divórcio, contracepção, equidade salarial entre homens e mulheres e coibição de violência
física ou psicológica por parte dos pais na educação dos/as filhos/as também costumam figurar entre
os alvos da indignação desses cruzados (JUNQUEIRA, 2018, p.457).
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família, menos : uma reiterada repulsa àquilo que costumam apontar como
interferência indevida do Estado no espaço sagrado das famílias, mas também sinalizar a sua
convergência com os ataques às estruturas do Estado social e aos direitos civis.
Movimento antigênero: uma política ancorada no fundamentalismo religioso e
hiperconservadora no terreno da moralidade privada.
Caso do aborto legal da menina de 10 anos violentada pelo tio: intervenção da Igreja Católica e
da Ministra Damares - https://catracalivre.com.br/cidadania/damares-teria-agido-para-impedir-
aborto-de-menina-de-10-anos-estuprada/
Perseguição: Debora Diniz pesquisadora que foi forçada a se retirar do Brasil após sofrer
diversas ameaças por conta de sua pesquisa acerca do aborto;
...)a invenção do sintagma de assume o cerne de uma resposta político-
religiosa reacionária em que ele opera como um dispositivo retórico e persuasivo, aliado inclusive a
uma retórica renaturalizadora da ordem moral e de suas (JUNQUEIRA, 2018, p.458).
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Deslegitimação de um campo ao reduzi-lo em seus termos e descontextualizar seu vigor teórico.
Torna-se alvo de um inimigo comum a ser demonizado (ex: fake news, invisibilização de diferenças e
experiências, inferiorização de determinados grupos).
mesmo tempo, sublinha-se que a de seria erro da mente sem
validade científica (Carnac, 2014) e, por isso, completamente confutada por especialistas: suas
formulações seriam meramente ideológicas; e suas premissas, falsas, desmentidas pela
(JUNQUEIRA, 2018, p.459).
Pensando a contradição de gênero e sexo a partir da biologia: Crianças trans e intersexo; mulheres
mastectomizadas. Afinal, o que biologia e a intervenção médica definem?
Indicação de artigo: A ciência que vigia o berço: diferentes leituras de frente a crianças trans
e crianças intersexo - Amanda de Almeida Schiavon, Sofia Favero e Paula Sandrine Machado
https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rebeh/article/view/10553
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Caráter especulativo incerto e não científico sobre a teoria do gênero. Desconsiderada como
ciência.
discurso antigênero insiste em atribuir à do um caráter especulativo, incerto e não
científico, opondo-a à certeza daquilo que considera . Engendrado a partir de processos
políticos que não obedecem o rigor da produção científica, por meio do ataque aos estudos de gênero,
esse discurso tenta revestir de teor científico a polêmica que (JUNQUEIRA, 2018, p.459).

Substituição do termo Teoria por Ideologia;


e ideologia figuram ali como termos praticamente intercambiáveis, expressão de algo sem
relevância ou sem lastro com a realidade. Depreciadas e deslegitimadas, as reflexões sobre gênero
seriam, no melhor dos casos, uma ou, mais comumente, configurariam um artifício,
um embuste, uma ilusão, uma fabulação, um produto de má fé até porque o gender nem sequer
(JUNQUEIRA, 2018, p.459).
cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica
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Desconfessionalização do discurso antigênero: torna menos evidentes as matrizes
católicas do discurso antigênero, favorecendo que seus conteúdos pudessem revestir-se de certa
laicidade ou até de aparente cientificidade;
Inversão dos discursos: Heterofobia, familiofobia e negação de LGBTfobia;
...) em vez de inferir um ataque direto aos homossexuais, pode-se optar por autorrepresentar-
se como alvo de (ou de familiofobia e, de maneira compassiva e aquiescente,
manifestar uma tolerância em relação à pessoa homossexual. Ao lado disso, porém, é
estrategicamente importante afirmar a naturalidade da conjugalidade e do parentesco
heterossexual para, enfim, negar a existência da (JUNQUEIRA, 2018, p.462).
cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica
reacionária antigênero
Então, ideologia de gênero existe?
Gênero como um conceito amplo com uma multiplicidade de compreensões;
Ideologia de gênero como uma fabulação inventada pelo Vaticano como uma reação
ultraconservadora e antidemocrática, antagônica aos direitos humanos e adversa aos direitos
sexuais;
...) um dispositivo político-discursivo cujo acionamento, em diversos cenários, está implicado na
reorganização do campo discursivo reacionário e no redesenho de estratégias de mobilização e
intervenção na arena pública. Desse modo, a invenção desse sintagma insere-se no âmago de
um projeto ultraconservador que comportou engendrar uma retórica dotada de gramática,
semântica e elementos lexicais próprios, ideologicamente bem estruturada, e que compõe a base
de um discurso antigênero (... (JUNQUEIRA, 2018, p.487).
Pensando Gênero e Feminismos...
Sexo e gênero: qual a diferença?
Sexo enquanto diferença biológica e Gênero enquanto construção social e histórica;
Identidades binárias: como podemos pensar para além da divisão entre homem e mulher?
(LOURO, 1996).
Gênero = mulher?
Gênero enquanto elemento constitutivo das relações sociais o qual se baseia nas diferenças
entre os sexos e como a forma primeira de significar as relações sociais.
(SCOTT, 1996).
Pensando Gênero e Feminismos...
Identidade de gênero: atitude individual frente aos construtos sociais de gênero, ante aos
quais as pessoas se identificam como homens ou mulheres, percebem-se e são percebidas como
integrantes de um grupo social determinado pelas concepções correntes sobre gênero,
partilham crenças e sentimentos e se comprometem subjetivamente junto ao grupo com o qual
se identificam, como acontece com relação a qualquer outra identidade social que adotam
(GOMES, 2014).
Como entra o feminismo nisso?
A partir da compreensão de gênero procura-se entender o porquê das mulheres ocuparem uma
posição subalterna na sociedade.
Não há uma corrente feminista, mas várias.
Intelectuais importantes dos estudos de gênero e feminismo: Judith Butler, Donna Haraway,
Paul Preciado, Angela Davis, Djamila Ribeiro, María Lugones...
Pensando Gênero e Feminismos...
O feminismo é essencialista?

Qual a importância do Feminismo Negro?

Como pensar para além de uma lógica binária e universal?


Pensando Gênero e Feminismos...
Gênero, classe social e raça: social e historicamente constituídos
Categoria : existe a Mulher? categoria altamente complexa cuja construção se deu a
partir de discursos científicos e práticas sociais questionáveis.
Não há mas : identidade generalizada serve para quem? Mulheres brancas,
cisgênero, classe média, etc...
(HARAWAY, 2019).
Gênero é relacional e político, independe das bases biológicas, como o sexo, e determina, entre os
seres humanos, papeis que eles exercem na sociedade o que de forma alguma se restringe à
sexualidade. Gênero é um conceito mais útil do que o de sexo para a compreensão das identidades,
papeis e expressões de homens e mulheres na vida cotidiana, tendo sido adotado pelos movimentos
feministas e pela produção acadêmica sobre mulheres a partir da década de 1970, a fim de demarcar
as distinções de cunho social entre homens e mulheres, as quais tendem a subalternizam as mulheres
(Scott, 1995), incorrendo no chamado igualdade-versus- (... (GOMES, 2014, P.
245)
Pensando Gênero e Feminismos...
Gênero, feminismo e interseccionalidade: como pensar um feminismo situado na América
Latina e, especificamente, no Brasil?
Conceito de interseccionalidade: ...) uma conceituação do problema que busca capturar as
consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação.
Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e
outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições
relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras. Além disso, a interseccionalidade trata da
forma como ações e políticas específicas geram opressões que fluem ao longo de tais eixos,
constituindo aspectos dinâmicos ou ativos do desempoderamento (CRENSHAW, 2002, p.177).
Pensando Gênero e Feminismos...
Transfeminismo: uma linha de pensamento e de prática feminista que, em síntese, rediscute a
subordinação morfológica do gênero (como construção psicossocial) ao sexo (como biologia),
condicionada por processos históricos, criticando-a como uma prática social que tem servido como
justificativa para a opressão sobre quaisquer pessoas cujos corpos não estão conformes à norma
binária homem/pênis e mulher/vagina.

Compreensão do gênero para além das limitações interpretativas


colocada pelo pensamento atrelado à genitalização e ao sexo como
biologia.
Tradição machista e sexista da cultura latino-americana: Quando se fala, a partir da realidade latino-
americana, sobre o transfeminismo, é fundamental compreender que sua progressiva adoção se dá,
em grande parte, como uma resposta à conjuntura de violações de direitos e da vida das pessoas
trans.
(GOMES, 2014).
REFERÊNCIAS
GOMES DE JESUS, J. Género sem essencialismo: feminismo transgénero como crítica do sexo.
univ.humanist. [online], n.78, pp.241-257, 2014.
HARAWAY, D. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século
XX. In: HOLLANDA, H. B. (Org). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro:
Bazar do Tempo, 2019.
JUNQUEIRA, R. D. A invenção da de : a emergência de um cenário político-
discursivo e a elaboração de uma retórica reacionária antigênero. Psicologia Política, v. 18. n.43,
pp. 449-502, 2018.
LOURO, G. L. Nas redes do conceito de gênero. In: LOPES, M. J. M.; MEYER, D. E.; WALDOW, V. R.
(Orgs). Gênero & Saúde. Porto Alegre : Artes Médicas, 1996.
SCOTT, J. W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto
Alegre, vol. 20, nº 2,jul./dez. 1995.

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