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UNIDADE I
Introdução ao
Empreendedorismo
2018
Ficha Técnica:
1ª Edição: 2011
Moçambique
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de onde resulte prejuízo para o interesse pela obra. Os transgressores são passíveis de
procedimento judicial.
Índice
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO ......................................................3
1.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO EMPREENDEDORISMO ...................................... 3
1.1.1. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM ECONÓMICA ........................ 3
1.1.2. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA .. 4
1.1.3. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM GERENCIAL ......................... 6
1.2. CONCEITO E TIPOS DE EMPREENDEDORISMO................................................................. 8
1.3. IMPORTÂNCIA, VANTAGENS E DESVANTAGENS DO EMPREENDEDORISMO ............ 13
1.4. EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO............................................................................... 17
CAPÍTULO II – O EMPREENDEDOR .........................................................................................18
2.1 BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA .................................................................................... 18
2.2 CONCEITO E TIPOS DE EMPREENDEDOR ......................................................................... 19
2.3 DISTINÇÃO ENTRE EMPREENDEDOR E ADMINISTRADOR E, EMPREENDEDOR E
EMPRESÁRIO ............................................................................................................................ 23
2.3.1.ADMINISTRADOR VERSUS EMPREENDEDOR ........................................................... 23
2.3.2.EMPRESÁRIO VERSUS EMPREENDEDOR ................................................................... 25
2.4 RAZÕES PARA O EMPREENDEDORISMO E CARACTERISTICAS DO EMPREENDEDOR
DE SUCESSO.............................................................................................................................. 26
2.5 MITOS E REALIDADES SOBRE O EMPREENDEDORISMO ............................................... 31
2.6 TESTE DO PERFIL EMPREENDEDOR ................................................................................. 33
EXERCÍCIOS ................................................................................................................................35
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................36
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO
O Empreendedorismo é um tema que está muito em voga nos nossos dias e sob a mira de
diversos sectores da sociedade. As empresas, sujeitas a um ambiente de globalização e
inovações tecnológicas, vêem-se na necessidade de aumentar a produtividade e reduzir os
custos. Por essa razão, tem tomado providências destinadas a sua reestruturação e reinvenção,
encontrando no empreendedorismo uma nova forma de agir, desenvolver e identificar novos
conhecimentos e oportunidades.
Os governos, preocupados com o desenvolvimento económico dos seus países, algo
indispensável para o seu alinhamento no mercado internacional, olham para o
empreendedorismo como uma maneira de estimular o crescimento económico através da
geração de novas tecnologias, produtos e serviços, e como forma de reduzir o desemprego.
As universidades por sua vez apostam cada vez mais em cursos e programas de
empreendorismo como forma de preparar melhor os estudantes antes de se lançarem no
mercado por conta própria – uma prática cada vez mais comum.
Em termos académicos, o empreendedorismo é um campo de estudo recente e muitos dos
termos a ele associados não constam da língua portuguesa. São neologismos traduzidos e
empregues de forma livre. Como forma de situar o leitor e facilitar a compreensão, é
necessário iniciar por apresentar a origem dos termos e a evolução histórica desta nova arte.
É que de acordo com Filion (1999:12) “a confusão reina no campo do empreendedorismo
porque não há consenso a respeito do empreendedor e das fronteiras do paradigma”.
Para McClelland apud Longen (1997), as pessoas são motivadas por três necessidades em
graus diferentes: necessidade de realização, necessidade de poder e necessidade de afiliação.
Para o autor, a necessidade de realização é aquela que o indivíduo tem de por a prova seus
limites, de fazer um bom trabalho. McClelland associou essa necessidade ao
empreendedorismo, considerando que a necessidade de empreender vem de um desejo de
realização pessoal nos negócios, onde o indivíduo tem a chance de assumir riscos variados e
tem sucesso económico devido a sua habilidade e não apenas a sua sorte.
O autor identificou dez principais comportamentos para as pessoas empreendedoras e
agrupou-os em três conjuntos:
I. Conjunto de realização:
1. Busca de oportunidade e iniciativa;
2. Persistência;
3. Comprometimento;
4. Qualidade e eficiência; e
5. Correr riscos calculados.
II. Conjunto de planeamento
6. Estabelecimento de metas objectivas;
7. Busca de informação;
8. Planeamento e monitoramento sistemáticos.
III. Conjunto de poder
9. Persuasão e rede contactos;
10. Independência e autoconfiança.
Autor Definição
B. Empreendedorismo Corporativo
As organizações vivem um momento de alta competitividade e de grande turbulência no
mercado. Os desafios causados pela globalização e a crescente velocidade das mudanças e
inovações tecnológicas, obrigam as empresas modernas a identificarem e aproveitarem o
potencial empreendedor dos seus funcionários. Surge assim o empreendedoris mo
corporativo, também conhecido como empreendedorismo interno ou
intraempreendedorismo.
Sharma e Chirsman apud Dess (2003:352) definem empreendedorismo corporativo como “o
processo pelo qual um indivíduo ou grupos de indivíduos, associados a uma organização
existente, criam uma nova organização ou instigam a renovação ou inovação dentro daquela
organização.”
Covin e Miles apud Dess et al (2003) definem quatro tipos de empreendedoris mo
corporativo:
Renovação estratégica: alteração das estratégias da organização para o alinhamento com
o ambiente externo e, desta forma, aproveitar melhor a exploração de novos produtos e
mercados;
Redefinição de domínio: ocorre quando a empresa procura criar um novo mercado para
um novo produto;
Trabalho dentro de uma cultura existente e a oportunidade deve estar coerente com a
estratégia da organização;
Regras claras;
Horizonte de médio/longo prazo;
Burocracia.
C. Empreendedorismo Social
Drucker (1987) afirma que iniciar um novo negócio não é necessário ou suficiente para o
empreendedorismo e que este nem sempre tem fins lucrativos. Por essa razão, nos últimos
tempos assiste-se, nas organizações sem fins lucrativos, ao uso das ferramentas gerenciais
associadas ao empreendedorismo, o que possibilitou ao surgimento de uma nova área nesta
área de conhecimento: “o empreendedorismo social”.
O empreendedorismo social, se refere aos trabalhos realizados pelo empreendedor social,
pessoa que reconhece problemas sociais e tenta utilizar ferramentas empreendedoras para
resolvê-los. De maneira mais ampla, o termo se refere a qualquer iniciativa empreendedora
feita com o objectivo de avançar causas sociais e ambientais. Difere do empreendedorismo
tradicional pois tenta maximizar os retornos sociais ao invés de maximizar o lucro
(Wikipedia).
As características do empreendedorismo social são (Batista, s.d.):
Cooperatividade;
A produção esta voltada para as necessidades do povo e da nação;
Predomínio das relações da solidariedade;
Foco no desenvolvimento integral dos potenciais materiais e espirituais do ser
humano e da humanidade;
Promoção de parcerias com organizações sociais, em especial aquelas representativas
dos sectores sociais mais oprimidos e com governos locais;
Actua na dimensão indivíduo – grupo – coletividade – comunidade – sociedade; e
Os membros da sociedade são os principais agentes ou sujeitos do desenvolvimento.
De acordo com Batista (s.d.) o empreendedorismo social difere do empreendedoris mo
tradicional em dois aspectos: não produz bens e serviços para vender, mas para solucionar
problemas sociais, e não é direcionado para mercados, mas para segmentos populacionais em
situações de risco de social (exclusão social, pobreza, miséria, risco de vida).
No empreendedorismo social, o foco é nos problemas sociais, e o objectivo a ser alcançado
é a solução a curto, médio e longo prazo destas questões. O objectivo final é retirar as pessoas
da situação de risco social e, na medida do possível, desenvolver-lhes as capacidades e
aptidões naturais, buscando propiciar-lhes plena inclusão social. A comunidade é ao mesmo
tempo, protagonista e beneficiária dessas acções, em especial as comunidades menos
privilegiadas (Batista, s.d.).
No empreendedorismo social, o caminho é da cooperatividade em vez da competitividade,
da eficiência sistêmica em vez de eficiência apenas individual, do ‘um por todos, todos por
um’ em vez do ‘cada um por si e Deus só por mim’ (Batista, s.d.). Embora os cursos sobre
empreendedorismo estejam voltados para o empreendedorismo de negócios, é importante
que o estudante saiba que não precisa criar uma nova empresa, nem buscar lucro para ser
empreendedor.
A tabela a seguir mostra as principais diferenças entre o empreendedorismo social e o de
negócios (de Start up e o corporativo)
Produz bens e serviços para o mercado Produz bens e serviços para a comunidade,
local e global
Visa satisfazer as necessidades dos clientes Visa resgatar pessoas da situação de risco
e ampliar as potencialidades do negócio social e a promove-las, e a gerar capital
social, emancipação e inclusão social
O crescimento económico;
Melhorar a competividade;
Aproveitar o potencial dos indivíduos;
Explorar os interesses da sociedade (protecção do ambiente, produção de serviços de
saúde, de serviços de educação e de segurança social).
Henrekson (2002) e Coulter (2003) afirmam que o empreendedorismo é importante por três
razões principais: criação de emprego, a inovação e a criação de riqueza. Reynolds, Storey e
Westhead (1994) acrescentam uma quarta: a constituição da própria empresa representa uma
importante escolha de carreira que afecta a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Analisando os trabalhos publicados, é possível sintetizar quatro razoes principais para
justificar a importância do empreendedorismo:
a) A criação de emprego, incluindo o auto-emprego: Reynolds, Storey e Westhead (1994)
estimam que, tanto na Suécia como nos EUA, cerca de metade dos empregos criados ao
longo dum período de seis anos se deveram as pequenas e médias empresas criadas no
mesmo período. Também nos EUA, as pequenas empresas recém-criadas são
responsáveis pela criação de ¾ dos novos empregos (Henderson, 2002). Timmons e
Bygrave (1986) afirmam que as pequenas empresas de base tecnológica são fonte duma
criação de emprego superior ao seu peso na economia. Arend (1999) referindo-se a dados
estatísticos dos EUA, atesta que na década de 80 as pequenas empresas criaram cerca de
20 milhões de empregos enquanto as grandes contribuíram para o desemprego com fortes
downsizing;
b) A importância das jovens empresas para a inovação: Reynolds (1994) atesta a
importância das novas empresas para a inovação da economia não apenas pela quantidade
de patentes registadas a favor destas mas também pelos desafios que colocam às empresas
já instaladas. De acordo com Drucker (1998), para as empresas jovens, a inovação é o
motor de desenvolvimento e a procura sistemática da inovação faz parte central do
próprio conceito de empreendedorismo;
c) A contribuição da criação de empresas para a criação de riqueza e para o
desenvolvimento da economia e da sociedade: Reynolds, Storey e Westhead (1994)
defendem que a criação de empresas acompanha quase sempre o crescimento económico,
enquanto Carter, Gartner e Shaver (2003) afirmam que a criação de novos negócios
independentes explica entre um quarto e um terço da variação no crescimento económico
em muitos países industrializados. A mesma visão tem Henderson (2002) ao afirmar que
ao nível das nações, aquelas que têm mais actividade empreendedora, têm também um
crescimento do PIB mais elevado e que o empreendedorismo explica um terço da
diferença de crescimento entre países. Audretsch (2003) conclui que o
empreendedorismo é a fonte do crescimento económico nas economias modernas pois é
ele que permite aproveitar os avanços no conhecimento;
d) A opção de carreira para uma parte significativa da força de trabalho: Henderson
(2002) refere que os norte-americanos que trabalham por conta própria ganham um terço
mais do que os assalariados e que os empreendedores que criaram uma empresa ganham
ainda muito mais. De acordo com Reynolds et al (2001) dos 2,4 mil milhões de habitantes
em idade activa (18-64) nos 40 países analisados, quase 300 milhões de pessoas estavam
envolvidas no processo de criação duma nova empresa, ou seja, 190 milhões de novas
empresas a serem criadas naquele ano. Isto representa uma estimativa de 300 milhões de
empreendedores, naqueles 40 países em 2003.
As vantagens do empreendedorismo podem ser divididas em vantagens para a sociedade em
geral e vantagens para o empreendedor.
Vantagens para a sociedade em geral (Dantas, s.d.):
Geração de renda e aumento do crescimento económico;
Competição saudável, que estimula a criação de produtos de maior qualidade;
Mais bens e serviços disponíveis;
Desenvolvimento de novos mercados;
Promoção do uso de tecnologia moderna em pequena escala;
Fabricação para estimular o aumento de produtividade;
Encorajamento de mais pesquisas e estudos e desenvolvimento de máquinas e
equipamentos modernos para consumo domestico;
Desenvolvimento de qualidades e atitudes empreendedoras entre potenciais
empreendedores, que podem contribuir para mudanças significativas em áreas distantes;
Liberdade em relação à dependência de empregos oferecidos por outros;
Redução da economia informal;
Emigração de talentos pode ser impedida por um melhor clima de empreedoris mo
doméstico.
Vantagens para o empreendedor:
Satisfação pessoal por ser seu próprio patrão;
Oportunidade de ganhar riqueza ou aumentar o seu rendimento;
Prestigio para o empreendedor e sua família;
Oportunidade de usar suas energias para introduzir novas ideias;
Oportunidade de ajudar os menos afortunados através da criação de empregos ou de
projectos de desenvolvimento da comunidade; e
Liberdade e flexibilidade nos horários de trabalho.
Entretanto, no universo do empreendedorismo nem tudo são vantagens e benefícios.
Zimmerer e Scarborough (1998) apresentam alguns inconvenientes com os quais o
empreendedor pode se deparar:
Rendimento incerto: ser dono de um negócio não garante ao empreendedor que vá obter
rendimentos volumosos para viver. Alguns negócios rendem tão pouco que muitas vezes
servem somente para manter o negócio aberto por algum tempo. Ao contrário do
rendimento mensal de um empregado de outrem, que é na maioria das vezes fixo, no
negócio próprio este pode variar (e muito) tanto positiva como negativamente;
Risco de perder o investimento inteiro: de acordo com Zimmerer e Scarborough
(1998), a taxa de mortalidade de pequenas e médias empresas é relativamente alta. Os
autores afirmam que 24% dos novos negócios vão a falência nos primeiro s dois anos,
51% morrem em quatro anos e em seis anos, 63% dos novos negócios terão fechado as
portas. Estudos mostram que quando uma empresa cria um emprego nos seus primeiros
Caso A Caso B
O casal que abre mais uma A McDonald’s também não inventou nada, pois o
confeitaria ou restaurante de seu produto final já vinha sendo produzido por
comida mexicana no subúrbio restaurantes americanos a anos. Entretanto, ao
americano criam um negócio novo. padronizar o seu produto, desenhar processos e
Eles não são empreendedores pois equipamentos, treinar o seu pessoal na análise de
tudo o que fazem já foi feito muitas trabalho a ser feito e estabelecer padrões de
vezes antes, eles não criaram uma qualidade, ela criou um novo mercado. A isto
nova satisfação para o consumidor, chama-se empreendedorismo.
nem uma nova demanda para este.
“A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram
a mudança como uma oportunidade para um negócio ou um serviço diferente” (Drucker,
2008:25).
CAPÍTULO II – O EMPREENDEDOR
As profundas transformações que o século XX assistiu, fazem com que a cada dia que passa
mais e mais pessoas se convençam de que o capital humano é um dos principais factores do
desenvolvimento. Invenções como o aparelho televisor, o computador e a Internet chamaram
a atenção das sociedades para certos indivíduos – os empreendedores.
Homens que por causa do seu desejo, sonho e visão ousaram olhar para as coisas de maneira
diferente e se mobilizaram para adquirir os conhecimentos necessários, capazes de permitir
a materialização do desejo, realização do sonho e viabilização da visão. Com a sua visão, os
empreendedores criam novas relações de trabalho, novos empregos, quebram antigos
paradigmas e geram riqueza para a sociedade. É sobre eles que trata este capítulo.
Autor Definição
Para além das definições, várias outras são encontradas nos livros e artigos sobre o
empreendedorismo. Entretanto, de acordo com Dornelas (2005) uma das mais antigas e que
talvez melhor reflicta o espírito empreendedor é a Joseph Schumpeter (1949):
Norman R. Smith citado por Lirio (2008) acredita que o estilo de fazer negócios dos
empreendedores segue um continuun e apresenta os seguintes tipos de empreendedores:
Empreendedor artesão: a pessoa que é detentora de uma técnica e que, fazendo uso
dessa técnica, cria o seu próprio negócio/ofício independente;
Empreendedor tecnológico: a pessoa promotora do desenvolvimento ou da
comercialização de um novo processo ou de um novo produto, que materializa a sua
inovação num novo negócio, com o objectivo de gerar lucros;
Empreendedor oportunista: a pessoa que centra a sua atenção na dinamização de
actividade económica, criando, comprando ou contribuindo para o crescimento de
empresas, em resposta a oportunidades de negócio identificadas;
Empreendedor “estilo de vida”: a pessoa detentora de um espírito independente, que
inicia uma actividade empresarial para satisfazer as suas ambições de independência e o
seu estilo de vida.Algumas empresas de recursos humanos definiram 5 tipos de
empreendedores:
Empreendedores-Gerentes: pessoas que se divertem em dirigir a operação dos
negócios e em fazer a coisa toda funcionar da melhor maneira possível;
Empreendedores-Heróis: pessoas que colocam os interesses dos clientes em primeiro
lugar e se divertem resolvendo os problemas mais difíceis;
Empreendedores-Vendedores: pessoas que se divertem fechando vendas, se
relacionando com novas pessoas e fechando acordos;
Empreendedores-Artistas: pessoas que tem paixão por criar produtos ao invés de dirigir
os negócios;
Empreendedores-Independentes: pessoas que se divertem ao assumir riscos nos
negócios;
Schumpeter (1985) num dos seus estudos pioneiros citou três factores principais:
O desejo de fundar um reino privado onde teria distinção social, poder e independência;
O desejo de conquistar, provando-se superior aos outros e elevando seu próprio nome;
A alegria de criar e fazer as coisas.
Scheimber apud Lima (1988) realizou uma pesquisa que lhe permitiu identificar seis factores
motivacionais do empreendedorismo:
e sabe gerir o risco, avaliando as reais chances de sucesso. Assumir riscos tem relação
com desafios e, para o empreendedor quanto maior o desafio, mais estimulante será a
jornada empreendedora;
Criam valor para a sociedade: os empreendedores utilizam seu capital para criar valor
para a sociedade, com a geração de empregos, dinamizando a economia e inovando,
sempre usando sua criatividade em busca de soluções para melhorar a vida das pessoas.
Os comportamentalistas focaram seu estudo na análise das características comportamenta is
do empreendedor pois acredita-se que as mesmas podem ser ensinadas, aprendidas e
incorporadas no dia-a-dia das pessoas. Entretanto, alguns autores sustentam que essas
características, apesar de importantes, não são determinantes já que podem ser alteradas ou
ultrapassadas através da experiência e da educação/formação, ou até com a interacção com
outras pessoas. Drucker (1985) afirma que existem muitos casos de pessoas que não
apresentam essas características e, apesar disso, criaram suas empresas e muitas delas com
sucesso.
O importante é descobrir quais competências um indivíduo deve possuir para ser bem
sucedido num processo de criação de uma empresa. Para tal foram identificados três grupos
de competências.
Tabela 6: Competências de empreendedores bem sucedidos
PROACTIVIDADE
3- Percebe e age nas oportunidades Aproveita oportunidades raras para iniciar um novo
negócio, obter financiamento e recursos
Mitos Realidades
Empreendedores trabalham mais Não é regra geral, já que alguns trabalham mais,
que executivos de grandes outros não.
companhias.
Sem dúvida, mas não há evidências de que o
Empreendedores são submetidos a
empreendedor sofra mais de stress do que outros
grande stress. profissionais com muita responsabilidade. A
maioria dos empreendedores encara a sua actividade
como gratificante e satisfatória.
Os empreendedores talentosos e experientes (que
sabem identificar e agarrar oportunidades e atrair os
Começar um negócio é arriscado e recursos financeiros) frequentemente alcançam o
muitas vezes conduz a falência. sucesso. Além disso, a empresa entra em falência,
mas o empreendedor não. A falência é, muitas
vezes, uma fase do processo de aprendizagem do
empreendedor.
Se outros aspectos e competências existirem, o
O dinheiro é o mais importante dinheiro também aparecerá. Isto não significa que
ingrediente para começar o se o empreendedor tiver dinheiro vai ter sucesso. O
negócio. dinheiro é um dos ingredientes menos importantes.
É, para o empreendedor, o que a caneta e o papel são
para o escritor.
Empreendedores devem ser jovens Essas características podem ajudar, mas a idade não
e cheios de energia. é impeditiva. A idade média de empreendedores de
sucesso é de 35 anos, mas há diversos exemplos de
empreendedores de 60 ou mais anos de idade. O
1Este teste foi retirado do site www.sebrae.com.br. Para outros testes e com resultados online consulte:
www.planodenegocios.com.br e www.josedornelas.com.br
Feedback:
Se o total de pontos for maior ou igual a 17: Bravo! A priori, a sua personalidade tem tudo a
ver com a de um futuro criador de empresas. Contudo, desconfie das facilidades: as melhores
qualidades precisam ser trabalhadas no quotidiano!
Feedback:
Se o total de pontos for maior ou a 12 e menor ou igual a 16: Ainda que haja alguns aspectos
a melhorar, está no bom caminho para ter sucesso no seu projecto de criação de empresas.
Feedback:
Se o total de pontos for menor ou igual a 11: Não existe um bom perfil de empreendedor,
mas antes um conjunto, com os pontos fortes do seu carácter e os pontos fracos como a maior
ou menor resistência ao stress, que será necessário enfrentar em qualquer circunstância: os
prazos a respeitar, as ofertas ao melhor preço, as decisões tomadas sem que se saiba, o
autoritarismo, as manipulações, as alterações das regras do jogo, etc.
Coragem! O sucesso do seu projecto está nas suas mãos. Ainda tem aspectos a melhorar.
EXERCÍCIOS
1. Defina empreendedor e utilizando suas palavras refira-se a importância do espírito
empreendedor (se tiver dúvidas consulte o ponto 2.2).
2. Com base nos tipos de empreendedores apresentados por Dornelas (2005), diferencie o
empreendedor por necessidade do empreendedor oportunista (se tiver dúvidas consulte
o ponto 2.2)
3. Diferencie, com suas palavras e de maneira sucinta, o empreendedor do administrador
(se tiver duvidas consulte o ponto 2.3)
4. Se alguém não tiver as características dos empreendedores nunca poderá criar uma
empresa e ter sucesso. Dê a sua opinião. (se tiver duvidas consulte o ponto 2.4)
5. O Manuel conseguiu poupar cerca de 500.000,00 Mts e pretende iniciar um negócio na
área de informática. Por ser a sua área de especialização, ele julga que está destinado a
ter sucesso. Concorda com a sua posição? Justifique. (Se tiver dúvidas consulte o ponto
2.5)
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