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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIDADE DIVINÓPOLIS
CURSO DE PSICOLOGIA NOTURNO

Antônio Alves Mendonça Júnior


Elisama Karen Silva
Fernanda Barros Azevedo
karyne Aparecida Barcelos Vasconcelos
Lucas de Oliveira Gomes
Marina Luiza Teixeira Rodrigues
Wendel Henrique Paracatu

SEMINÁRIO DE ANTROPOLOGIA

Divinópolis
2022
OS CORPOS INTENSIVOS: SOBRE O ESTATUTO SOCIAL DO CONSUMO
DE DROGAS LEGAIS E ILEGAIS

1. INTRODUÇÃO
Em primeiro momento, é importante colocar que a “droga” trazida pelo autor se refere a
todas as substâncias que causam uma reação no corpo. Entram, portanto, nessa
categoria, tanto as drogas ilícitas (cocaína, heroína, maconha, etc.), quanto as lícitas
(álcool, café, tabaco, fármacos em geral) e até mesmo substâncias que são utilizadas
para alterar o corpo (anabolizantes e esteroides).
Tendo isso em mente, o intuito central do texto é relacionar a utilização de drogas com a
construção social do corpo, que, segundo o autor, pode ser dar de duas formas: a
construção corporal extensiva, na qual o uso de drogas é feito de maneira
medicamentosa e paramedicamentosa, com o intuito de estender a vida; a construção
corporal intensiva, na qual o uso das drogas é feito de maneira não medicamentosa,
refletindo as urgências intensas do corpo, em detrimento a extensividade.
No texto, o autor demonstra que há, na sociedade ocidental moderna, uma guerra contra
o uso de drogas ilícitas, que se dá ao mesmo tempo em que há uma incitação nunca vista
ao uso de drogas lícitas. Uma questão que orienta o texto é: qual discurso poderoso está
por traz dessa contradição? A resposta que é desenvolvida ao longo do texto, e que será
trabalhada ao longo do nosso trabalho é: o discurso da Medicina. Por traz da crença
questionável, que permeia a Medicina, de que o ato de preservar a vida e curar o doente
é natural, desenvolveu-se um discurso segundo o qual cabe à Medicina, proprietária das
técnicas de longevidade da vida e cura das doenças, definir qual droga deve ou não ser
utilizada pelas pessoas.

2. O CONSUMO DE DROGAS E O PARADOXO


Primeiramente, o autor traz a necessidade de desvincular o uso das drogas como uma
resposta a uma carência ou a alguma crise (ex: toma-se remédio porque falta saúde,
toma-se álcool ou drogas porque falta-se dinheiro, família, escola, religião, afeto, etc.).
Em vez disso, deve-se estudar o fenômeno do uso das drogas como uma experiência
social mais ampla e complexa.
Portanto, para essa análise é preciso levar em consideração que o consumo das drogas
com fins não medicamentosos é uma experiencia antiga e difundida na sociedade (não
apenas uma resposta a carências ou problemas atuais). Além disso, é preciso considerar
a difusão no tempo e no espaço das substâncias que hoje são consideradas drogas e seus
aspectos nas práticas culturais de consumo que vão desde a amanita muscaria das tribos
siberianas ao Soma hindu, dos cogumelos mexicanos aos cactos e solanáceas pré-
colombianos, do tabaco ameríndio ao haxixe cita, do yagé dos índios da selva
amazônica ao ayahuasca do Santo Daime, do ópio chinês ao hábito inglês de tomar chá,
das folhas de coca mascadas pelos índios dos Andes à maconha e à cocaína consumidas
nas metrópoles modernas, entre inúmeras outras.
Assim, de acordo com o autor, as três categorias de utilização das drogas, seja no uso
medicamentoso (prescrito por médicos), paramedicamentoso (auto prescrição) ou não
medicamentoso (uso de drogas para fins não médicos), estão igualmente classificadas na
categoria de usos de substâncias. Todas as três categorias, para uma melhor
compreensão, precisam ser observadas de acordo com uma análise cultural e histórica,
que definirá se a utilização é boa ou ruim, moral ou imoral, ou seja, a utilização de
drogas é relativa a um contexto.
Com isso em mente, o autor nos convida a pensar sobre o fato de nossa sociedade ser a
primeira e a única a declarar uma “guerra contra as drogas” (a tentativa de condenar o
uso de certas substâncias, seja banindo-as por lei, seja por meio da desaprovação moral
da sociedade e por meio de intervenção militar) e qual seria o sentido dessa repressão,
levando em conta o contexto paradoxal em que vivemos. Ao mesmo tempo que é
observado uma crescente repressão ao uso de drogas ilegais (com seu uso sendo
considerado imoral), nunca antes se incitou tanto o consumo de drogas legais: busca
pela saúde perfeita, com os fármacos; alcançar um estado de espírito, com os
ansiolíticos e antidepressivos; atingir ideais de corpo, como os anabolizantes e os
esteroides, além de vários outros usos
Assim, ao problematizar a guerra contra as drogas e o paradoxo de sua utilização, o
autor coloca que a repressão e a incitação ao uso de drogas se dão visando à construção
do corpo de um homem ideal na sociedade e, portanto, sofrem interferência das relações
de poder “veladas’, que muitas vezes influenciam na construção desses corpos.
Portanto, as substâncias não eram consideradas “drogas” até sua prescrição ou
criminalização, sendo que sua incitação ou sua repressão não existe desde sempre. A
incitação e a repressão às drogas são uma invenção social recente, utilizadas com a
finalidade de atender as demandas dos corpos construídos, como será explicado pelos
outros colegas.

3. O PODER DA MEDICINA
Vamos discutir agora em que, então, consiste essa “construção de corpo” dentro da
sociedade, e como tal construção está ligada à questão da utilização de drogas. Para
explicar como essa construção se dá, o autor recorre a uma das instituições que
atualmente mais colabora para definição do conceito de “construção de corpos ideais”:
a instituição médica.
Essa instituição tem como seus princípios fundamentais de funcionamento a
preservação e extensão da vida, colocando, dessa forma, que o principal objetivo da
vida é estender-se pela maior quantidade de tempo possível. Dessa forma, a medicina
dita a construção de “corpos extensivos”, que tem como objetivo o prolongamento da
vida e a busca pela saúde perfeita.
A respeito desse assunto, o autor traz uma análise de Weber em que o sociólogo
problematiza esse objetivo médico de estender a vida, e coloca que o prolongamento
ocorre muitas vezes em detrimento da qualidade.
... a 'pressuposição' geral da Medicina é apresentada trivialmente na afirmação de que
a Ciência Médica tem a tarefa de manter a vida como tal e diminuir o sofrimento na
medida máxima de suas possibilidades. Não obstante, isso é problemático. Com seus
meios, o médico preserva a vida dos que estão mortalmente enfermos, mesmo que o
paciente implore a sua libertação da vida, mesmo que seus parentes, para quem a
vida do paciente é indigna e para quem o custo de manter essa vida indigna se toma
insuportável, lhe assegurem a redenção do sofrimento. (...) Não obstante, as
pressuposições da Medicina, penal, impedem ao médico suspender seus esforços
terapêuticos. Se a vida vale a pena ser vivida e quando - esta questão não é indagada
pela Medicina. A Ciência Natural (...)”(Grifos nossos)

Portanto, é justamente no contexto de intenção de prolongamento da vida, ou seja, na


construção de corpos extensivos, que surge a relação com a utilização das drogas. Nesse
contexto, a principal droga, a qual a medicina autorizaria o uso, seria principalmente os
fármacos. Vale colocar aqui que essa utilização não é feita somente em casos de
doenças, já que é muito comum a utilização dessas drogas para potencializar certos
aspectos do corpo, como na utilização para prevenir doenças, na suplementação da
alimentação cm vitaminas ou na incrementação de atividades, como as substâncias
tomadas para potencializar o foco.

Em sala de aula, estudamos que houve um modelo biomédico, que, mais recentemente,
interferiu na forma como culturalmente se definia o que seria saúde e doença. Esse
modelo tendia a se utilizar de critérios puramente médicos para definir o que seria
saudável, excluindo da caracterização das patologias critérios sociais, morais e
psicológicos. De certa forma, é possível associar esse modelo biomédico à busca por
corpos extensivos, que marca o discurso repressivo da Medicina a diversas drogas. Isso
porque a Medicina, ao eleger os corpos extensivos como ideal de corpos, ignora as
vontades de individuais, que nem sempre são de extensividade, mas muitas vezes de
intensividade.

Vale dizer ainda que, fazendo uma relação com as ideias de Foucault, pode-se observar
a medicina como instrumento “velado” de poder: “É precisamente aqui que o caráter
'natural' ou 'desinteressado' dos cuidados médicos revela-se em sua artificialidade; pois
é no mesmo momento em que os saberes e as práticas médicas tomam a vida sob seus
cuidados, sob sua proteção, em nome do critério extensivo de preservação da vida, que
eles a avaliam, a modelam, a disciplinarizam, preestabelecem seus passos, suas
etapas, suas finalidades, seus valores, seus sentidos e negam, como aponta Clavreul
(1983:47), "qualquer outra razão de viver que não seja a razão médica que faz viver,
eventualmente à força". (trecho do texto) (Grifos nossos)
Portanto, dentro de nossa sociedade, a medicina tem a capacidade de influenciar na
construção social dos corpos, além de legitimar os argumentos na guerra contra as
drogas, sendo capaz de incitar o uso de certas substâncias e taxar como negativo o de
outras. Dessa forma, ela estabelece um consumo moralmente qualificado ou
desqualificado das substâncias, determinando o estatuto social das drogas na sociedade
moderna (ou seja, o uso das drogas está intimamente relacionado com as relações de
poder que vigoram na sociedade).
Assim, podemos observar o grande poder atribuído a medicina, tanto na medida de
controle por meio das prescrições, tanto com o poder de classificar uma droga como
“ruim”, passando a ser desqualificada moralmente pela sociedade. Quando essa
classificação ocorre, abrem-se possibilidades de intervenções, tanto sociais (como o
julgamento dos usuários pelo seu caráter), tanto estatais (intervenções policiais,
utilizando a força do Estado), e econômicas (comércios clandestinos e criação de micro
polos de poder).

4. ANÁLISE DO PODER ESTABELECIDO PELA MEDICINA, SEGUNDO


FOUCAULT
Portanto, para analisar a relação entre o poder e influência da medicina e o consumo de
drogas o autor traz, inicialmente, uma breve contextualização de como a “guerra contra
as drogas” (incentivada e legitimada principalmente pelas práticas médicas) geram
pretextos de dominação estratégicos, alimentados pelas condenações morais do
consumo de certas substâncias. Ele cita como exemplos as intervenções norte
americanas na Bolívia, Colômbia, Panamá (pode desenvolver aqui também com o
exemplo do Rio de Janeiro).
Porém, feita essa análise, o autor propõe um olhar mais profundo sobre a relação entre
poder e drogas, sendo necessário, para isso, analisar o papel da medicina como
instrumento de legitimação da partilha moral das substâncias lícitas e ilícitas, e como
instituição de condutas de normas e construção de ideias.
Para ilustrar o poder político da Medicina relatado acima, vale mencionar que, segundo
o art. 33, da Lei de Tóxicos, é proibida no Brasil a prática de tráfico de drogas, ou
quaisquer outras atividades que se assemelhem ao tráfico. Contudo, essa mesma Lei não
define o que é considerado droga em território nacional. Em vez disso, o art. 1º, da
mesma Lei, apenas informa que a lista de drogas será atualizada periodicamente pelo
Poder Executivo da União. Vale, nesse caso, deixar claro que o Governo Federal delega
à Agência de Vigilância Sanitária – ANVISA, vinculada ao Ministério da Saúde, a
obrigação de publicar periodicamente a relação de drogas proibidas no Brasil. Portanto,
em última instância, cabe à Medicina definir qual substância deve ser considerada ilícita
em território nacional.
Microfísica geral: como o poder é estabelecido na sociedade moderna e a relação disso
com o uso de drogas.

5. DE ONDE SURGE A NECESSIDADE DE ESTENDER A VIDA?


Até o momento entendemos que a medicina exerce seu poder por meio da construção
social de “corpo extensivo”, assim lançando um precedente para a definição do estatuto
social do uso de drogas. Esse poder é legitimado, portanto, pelos seus princípios
fundamentais de preservação e extensão da vida.
Porém, como foi dito anteriormente, muitos autores acreditam que essa necessidade de
estender a vida não é inata aos seres humanos (como defende o mito da criação da
medicina), mas sim deriva de uma construção da sociedade moderna. Portanto, autor
nos convida a fazer uma análise sobre as origens dessa necessidade de extensão e
preservação, e quais suas causas sociais.
Para isso, ele recorre mais uma vez às ideias de Foucault, que coloca o corpo como um
expoente fundamental do capitalismo, explicando a necessidade de se investir nele e no
prolongamento da vida .
“... o capitalismo, desenvolvendo-se em fins do século XVIII e início do século XIX,
socializou um primeiro objeto que foi o corpo enquanto força de produção, força de
trabalho. O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela
consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico,
no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é
uma realidade bio-política. A Medicina é uma estratégia bio-política. (Foucault,
1982b:80)”

Portanto, a necessidade de se estender e preservar a vida, a construção social de “corpo


extensivo”, nasce de uma demanda capitalista para uma inserção controlada dos corpos
no aparelho de produção, e a medicina surge, portanto, com um poder pretensamente
técnico (que tenta esconder sua faceta política) que se dedica à administração dos
corpos e gestão calculista da vida.

Nesse sentido, para o autor, o uso de drogas medicamentosas e paramedicamentosas


está relacionado a de corpos dóceis, esbeltos, atléticos e saudáveis, que servem às
idealizações desse sistema.  “voltada para o seu adestramento (do corpo), para a
ampliação de suas aptidões, para a extorsão de suas forças, para fazer com que
cresçam paralelamente sua utilidade e sua docilidade, para integrá-lo em sistemas de
controle eficazes e econômicos” (trecho tirado do texto) (Grifos nossos).
Contudo, o autor chama atenção para o fato de que, ao mesmo tempo que não se pode
subestimar o poder e influência exercidos pela medicina, como ferramenta da sociedade
capitalista, também não se pode superestimar esse papel. Isso porque as teorias de
Foucault que discorrem sobre as maneiras pelas quais a medicina exerce seu poder
foram fundamentadas principalmente na sociedade europeia, que é muito mais
disciplinada. Portanto, é preciso levar em consideração que em sociedades como a
brasileira, essa influência da medicina, que busca se impor como detentora da fórmula
de uma vida longa, é atravessada por diversos fatores que dificultam atingir sua
totalidade, como a existência de diversas outras práticas terapêuticas que o sistema
médico não consegue extinguir (benzeção, medicinas alternativas, curas pela fé).
No Brasil, essas práticas alternativas de cura convivem plenamente com a incitação ao
uso de fármacos, característico da Medicina. Portanto, não se pode dizer que, no Brasil,
o discurso de poder da Medicina seja a única fonte da definição social de corpos que
devem ser sempre extensivos.

6. CORPOS EXTENSIVOS X INTENSIVOS


Como dito anteriormente, é fundamental entender a construção do corpo dentro do
contexto social e material para compreender a utilização das drogas pela sociedade.
Assim, ao associar a utilização das drogas medicamentosas e paramedicamentosa
(fármacos, etc.) à construção dos corpos extensivos, o autor apresenta a necessidade de
se entender então a utilização das drogas não medicamentosas (drogas utilizadas sem a
finalidade de melhorar a saúde ou potencializar as funções do corpo), tanto as lícitas
(álcool, o tabaco, etc.) como as ilícitas (maconha, cocaína, etc.) e a que construção de
corpo elas estariam relacionadas.
Para que essa análise seja feita, o autor salienta que os corpos podem ser construídos de
diversas maneiras, não precisando seguir, necessariamente, a construção ditada pelas
práticas médicas, como foi apresentado anteriormente. Isso porque é importante levar
em conta que a construção dos corpos não resulta apenas de um processo social, mas
sim que são construídos de diversas formas.
Levando em consideração as múltiplas construções dos corpos, o autor busca qual delas
está relacionada ao uso de drogas não medicamentosas, e tenta entender tal uso de
forma epistemologicamente positiva, ou seja, de forma a gerar conhecimento, em vez de
simplesmente associar tal uso a substituição de algo que falta (dinheiro, família, afeto)
no indivíduo. Para isso, ele traz a necessidade de desvincular a visão negativa das
drogas não medicamentosas, gerada pela condenação médica e repressão policial.
Assim, desvinculados os “preconceitos”, o autor recorre a uma análise histórica das
sociedades “primitivas” não ocidentais para entender o uso dessas substâncias pelos
seres humanos. Ele constata, então, que, nessas sociedades, o uso das drogas não
medicamentosas tinha como intuito atingir o êxtase, sendo parte centrais nas
experiencias de rituais. O autor conclui que, embora na atualidade o uso não
medicamentoso de drogas esteja dissociado dos processos religiosos e sagrados que
marcam o uso dessas substâncias na busca do êxtase, ainda é possível apontar uma
associação entre o uso dessas drogas e tentativas de alcançar picos de prazer.
Porém, na sociedade moderna, o autor entende que há uma dificuldade em se aceitar que
o uso de drogas esteja associado a busca pelo êxtase. Essa dificuldade existiria
principalmente porque há uma correlação entre a utilização dessas drogas e processos
violentos e de autodestruição, que esbarram na própria noção de morte. Isso dificulta
uma posição de pesquisa mais positiva em relação ao uso não medicamentoso de
substâncias, já que a Medicina, sob um viés de busca de corpos extensivos, associa o
uso de drogas ilícitas a uma destruição agonística, sem aceitar que, junto disso, há
também a plenitude do êxtase.

7. CONCLUSÃO

Por fim, o autor conclui que a utilização das drogas não medicamentosas estaria
vinculada, então, a construção de “corpos intensivos”, que ocorre quando o homem se
serve de seu corpo não visando à extensividade, mas sim à intensividade. Ou seja, o uso
de drogas não medicamentosas se daria porque é possível que, para os usuários dessas
drogas, o vigor dos instantes de vida se imponha sobre a duração da vida em extensão.
A medida da duração da vida poderia se dar, pois, não somente em termos de extensão,
como quer fazer crer o discurso da Medicina, mas também de intensidade.
Obviamente, é preciso enfatizar nesse momento que o texto em questão não pretende
fazer apologia ao uso de drogas. O propósito em questão não é defender o uso das
substâncias não medicamentosas, mas compreender o processo que levar a esse uso.
Isso fica claro quando o autor conclui seu texto informando que o uso de drogas não
medicamentosas, ainda que abordado pelo viés da utilização intensiva de corpos,
continua a ser uma questão de vida e morte. Contudo, pelo viés dos corpos extensivos,
cada ser vivo deveria se afastar da morte preservando a vida (organismo e espírito). Já
pelo viés dos corpos intensivos, a morte seria necessária para a produção da vida.
Por fim, abordar o uso das drogas não medicamentosas pela perspectiva da utilização
extensiva do corpo leva a concluir que é preciso insensibilizar a vida para tentar evitar a
morte. Por outro lado, abordar o uso das drogas não medicamentosas pela perspectiva
da utilização intensiva do corpo implica reconhecer que é preciso se aproximar da morte
para afirmar a vida.

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