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1 Presidente do Comitê de Saúde


O presente artigo discute a natureza, as funções e a neurobiologia do afeto. Os princípios do Mental.
Médico psiquiatra, chefe do Serviço de
desenvolvimento afetivo humano são apresentados, enfatizando a importância das relações
Saúde Mental do Hospital Municipal
interpessoais para a organização dos mecanismos regulatórios dos afetos no cérebro. O Jesus, Rio de Janeiro, Mestre em
fracasso dos cuidadores em promover um apego seguro está relacionado a problemas na Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria
regulação dos afetos, que podem comprometer o sentimento de segurança, a autoestima e da UFRJ, membro do Departamento
os relacionamentos do indivíduo, e contribuir para a gênese de uma variedade de transtornos de Saúde Mental da Sociedade
mentais. Discute-se a possibilidade de prevenção, através da detecção precoce de bebês em Brasileira de Pediatria, presidente do
Comitê de Saúde Mental da Sociedade
risco para problemas no desenvolvimento do afeto, e a intervenção nos fatores de risco para
de Pediatria do Estado do Rio de
transtornos mentais na infância. Janeiro, psicanalista pela International
Psychoanalytical Association, membro
Palavras-chave: desenvolvimento afetivo; apego; neurobiologia; intervenção precoce. efetivo da Sociedade Psicanalítica do
Rio de Janeiro.

Summary
C

This article discusses the nature, functions and neurobiology of affect.The principles of human
M

affective development are presented, emphasizing the importance of interpersonal relations


Y
to the organization of regulatory mechanisms of affect in the brain. The failure of the caregi-
vers to promote a secure attachment is related to problems in affect regulation, which can
CM

MY
compromise the individual’s sense of security, self-esteem, and relationships, and contribute to
CY
the genesis of a variety of mental disorders.The possibility of prevention is discussed, through
CMY
the early detection of infants at risk for problems in affect development, and the intervention
K in risk factors for mental disorders in childhood.

Keywords: affective development; attachment; neurobiology; early intervention.

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1 – O que é afeto são, até o outro extremo do indivíduo (fome, sede, comportamentos sexuais
Afeto, emoção, sentimento são pa- que perde o controle e é tomado pelo etc.) desencadeiam respostas afetivas
lavras que se referem a um fenômeno estado emocional(13,15). que motivam o organismo a realizar
intuitivamente fácil de compreender, Os afetos ocorrem em resposta a ob- ações para atender a tais necessidades.
mas de difícil definição. Para complicar jetos externos (pessoas, situações etc.) Assim, os afetos funcionam como incita-
ainda mais o quadro, cada estudioso do ou internos (ideias, pensamentos, pro- dores do interesse e da ação(1,4,5,6,8,9,11-14).
assunto usa uma nomenclatura própria, jeções do futuro) e têm um aspecto co- Os afetos permitem a comunicação
atribuindo nuances de significado a municativo(1,5,7,13). Através da expressão rápida e sem palavras entre diferentes
cada um dos termos(1-18). Assim, em lu- corporal, podem ser captados por outros indivíduos, criando respostas sociais
gar de procurar uma definição comple- indivíduos, e algumas vezes se tornam coletivas mais eficientes diante de si-
ta, deve-se abordar o tema por diversos “contagiosos”(7). tuações de perigo. Pela sincronização
pontos de vista complementares. da atividade mental de dois ou mais
Em primeiro lugar, todo afeto ou 2 – As funções dos afetos membros de um grupo, geram compor-
emoção compreende um aspecto sub- Segundo Siegel, os afetos são organi- tamentos colaborativos(1,4,11).
jetivo e um aspecto objetivo(15). O aspec- zadores internos, dando significado aos A partir de respostas afetivas básicas
to subjetivo (ou mental) corresponde à estímulos externos e preparando o or- inatas, transmitidas geneticamente e
vivência que o indivíduo tem de deter- ganismo para a ação adequada ao con- inscritas no cérebro, formam-se, atra-
minada emoção (medo, raiva, alegria texto(13,14). Similarmente, para Damásio, vés das experiências, principalmente as
etc.). O aspecto objetivo (ou físico) se um afeto corresponde a uma coleção experiências interpessoais, os padrões
encontra nas modificações corporais de respostas químicas e neurais com afetivos mais complexos e diferenciados
C

presentes em todo afeto (na ansiedade, um padrão distinto, que é desencade- do indivíduo adulto(1,4,11-13).
M
por exemplo, a aceleração do ritmo car- ada pela presença real ou relembrada
Y
díaco e da frequência respiratória, a su- de um objeto, preparando o organismo 3 – Neurobiologia dos afetos
CM
dorese palmar e plantar). Acrescente-se para um conjunto de ações específicas Na busca da compreensão da neuro-
MY
ainda ao aspecto subjetivo a percepção que tem o fim de levar o indivíduo à biologia dos afetos, três perspectivas
CY
consciente destas alterações corporais. sobrevida ou ao bem-estar(5,6). neurofisiológicas serão apresentadas de
CMY
Além disto, cada afeto tem uma di- Os afetos têm, portanto, uma função forma simplificada: o modelo de cérebro
K mensão expressiva, revelando-se atra- homeostática, buscando um equilíbrio triuno, a assimetria entre os hemisfé-
vés de modificações na mímica facial, entre o indivíduo e seu meio, por uma rios cerebrais e o desenvolvimento da
na postura, no ritmo respiratório e via rápida e automática. Diante de memória.
nos movimentos corporais (7,15,18). Tais uma situação de perigo, por exemplo, A primeira perspectiva, o modelo de
manifestações se dão muitas vezes de desencadeia-se uma reação de medo, cérebro triuno de Paul MacLean propõe
maneira inconsciente para o indivíduo, que prepara o organismo, através de que a arquitetura cerebral humana se
embora se possa suprimi-las até certo modificações fisiológicas, para lutar ou divide em três camadas que correspon-
ponto. Darwin foi o primeiro a perceber para fugir. O aspecto inconsciente e au- dem a níveis de desenvolvimento evo-
que as expressões afetivas eram muito tomático da resposta emocional confere lucionário – três cérebros integrados em
semelhantes nas diversas culturas hu- uma vantagem em relação ao processa- uma unidade funcional(4,10,13,14).
manas, constituindo uma verdadeira mento racional mais lento, por permitir O cérebro reptiliano, ou cérebro ins-
linguagem não verbal, com paralelos a pronta ação(1,4-6,13,14). tintual e motor, correspondente a es-
também entre os animais (18). Ekman Os afetos funcionam ainda como ava- truturas superiores do tronco cerebral e
mostrou que existem seis expressões liadores, concedendo significado e valor aos gânglios da base, elabora os planos
faciais básicas de emoção, que são uni- positivo ou negativo às diversas situa- motores básicos, comportamentos ins-
versais: raiva, nojo, medo, alegria, tris- ções do mundo objetivo. A valoração tintuais como busca de alimento, caça,
teza e surpresa(7). afetiva é importante para direcionar o procura de abrigo, excreção, exibições
Pode-se também abordar o fenômeno organismo a buscar oportunidades van- de agressividade e comportamentos
afetivo do ponto de vista do eu, partin- tajosas em termos de sobrevivência e se sexuais. Neste nível, se processam os
do do polo extremo de uma observação afastar de possíveis perigos(1,4-6). afetos básicos de medo, raiva, e senti-
distanciada da emoção ou sua supres- As necessidades biológicas básicas mentos sexuais, presentes também nos

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répteis(4,10,13,14). cações e popularizações abusivas, estu- memoração, mas como revivescência


O cérebro paleomamífero, também dos mais rigorosos têm mostrado que, de emoções, sensações ou padrões de
conhecido como cérebro emocional, apesar de o funcionamento dos dois he- comportamento(10,11,13).
corresponde ao sistema límbico, com- misférios ocorrer de maneira integrada No segundo ano de vida, o desenvol-
posto pelas seguintes áreas: amídala, na maioria das funções psíquicas, cada vimento do hipocampo, uma estrutura
hipocampo, área septal, área préoptica, um dos hemisférios tende a uma forma cerebral límbica, localizada na profun-
hipotálamo e área central cinzenta do de processamento específica(1,4,9,10,13,19). didade dos lobos temporais, permite
mesencéfalo. Nesta região se elaboram Ao hemisfério esquerdo cabe o pro- o registro das memórias explícitas do
os processos emocionais que caracteri- cessamento linear da linguagem verbal, tipo semântico – memórias de percep-
zam os mamíferos: cuidado materno, o raciocínio lógico-matemático e a aná- ções localizadas no tempo e no espaço.
apego, comportamentos competitivos, lise. No hemisfério direito predomina As memórias explícitas necessitam, ao
lúdicos e sociais(4,10,13,14). a percepção visuoespacial, a captação contrário das memórias implícitas, da
O cérebro neomamífero, exclusivo sintética das totalidades, a compreensão consciência e da atenção focal para se-
dos seres humanos, e correspondente da linguagem não verbal (a expressão rem registradas, e são evocadas com um
ao neocórtex, principalmente nas áre- corporal das emoções nos outros e no sentimento subjetivo de lembrança. No
as associativas, em especial a área pré- próprio indivíduo), e o processamento entanto, falta a estas memórias a ex-
-frontal, está relacionado ao pensamen- simultâneo e holístico de múltiplas in- periência de um eu observador(10,11,13).
to lógico, à apreciação racional-cogni- formações(1,2,4,9,10,13,19). Do segundo ao quinto ano de vida,
tiva do mundo externo, à linguagem O córtex orbitofrontal direito está re- outro tipo de memória explícita se de-
verbal e ao desenvolvimento de uma lacionado à percepção dos estados cor- senvolve, como consequência do desen-
C

teoria da mente (a noção de que outros porais e afetivos do indivíduo, à capta- volvimento dos lobos frontais – a cha-
M
indivíduos possuem mentes indepen- ção da linguagem não verbal de outros mada memória episódica, que inclui um
Y
dentes). A área pré-frontal integra as indivíduos, e à regulação dos afetos. Seu eu observador ou participante que vive
CM
informações provenientes do corpo, de desenvolvimento é dependente das re- a experiência registrada. Como a me-
MY
outras áreas cerebrais e do mundo ex- lações interpessoais com os cuidadores mória semântica, a memória episódica
CY
terno, responsabilizando-se pelo pen- nos primeiros anos(1-4). necessita da consciência e da atenção
CMY
samento racional, pelo planejamento, e A terceira perspectiva aborda o desen- focal para seu registro e a rememoração
K pela tomada de decisões. Inibe, modula, volvimento dos diferentes tipos de me- se acompanha do sentimento subjetivo
e coordena as reações afetivas geradas mória. O amadurecimento em tempos de lembrança(10,11,13).
nos cérebros reptiliano e paleomamí- diferenciados das diversas regiões do cé- As memórias emocionais são, assim,
fero(4,10,13,14). rebro explica a evolução dos processos memórias implícitas, que ressurgem
As três regiões do cérebro são exten- mnêmicos, fundamentais no gerencia- como revivescência das emoções, e que
samente interconectadas e funcionam mento dos afetos. No primeiro ano de podem ou não estar acompanhadas de
de maneira integrada e hierarquizada vida, formam-se unicamente as chama- memórias explícitas que as contextu-
– as partes mais recentes em termos das memórias implícitas – memórias de alizem no tempo, no espaço e na vida
evolucionários regulando através de sensações corporais, de percepções, de pessoal do indivíduo(10,11,13).
mecanismos inibitórios as partes mais padrões motores, de emoções – que não
antigas do sistema(4,10,13,14). incluem a contextualização em termos 4 – O desenvolvimento da vida afetiva
A segunda perspectiva contempla as de espaço e de tempo. O desenvolvimento do cérebro se rea-
diferenças entre os hemisférios cere- As estruturas cerebrais responsá- liza em estágios e tende a uma organi-
brais. As assimetrias anatômicas entre veis pelos registros de tais memórias zação hierárquica. Ocorre em períodos
os hemisférios direito e esquerdo do cé- já funcionam ao nascimento – a amíg- críticos, isto é, em certas fases se torna
rebro ocorrem nas áreas de associação dala para as memórias emocionais e os aberto a influências externas funda-
(área pré-frontal e junção occipto-tem- gânglios da base e o cerebelo para as mentais para a organização de certas
poro-parietal), e parecem corresponder memórias de procedimento (registros funções, que se veem prejudicadas na
a diferenças de processamento de in- de padrões de ação). A evocação de tais ausência dos estímulos necessários (1).
formação. Embora as diferenças entre memórias, que são inconscientes, não Os sistemas genéticos que programam
os hemisférios tenham gerado simplifi- se dá com o sentimento subjetivo de re- o desenvolvimento do cérebro são ati-

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vados e influenciados pelo ambiente num estado especial (que o pediatra e necessidades, dá espaço para o desen-
pós-natal. As relações interpessoais psicanalista D. W. Winnicott chamou volvimento da autonomia(13,28,29).
moldam as estruturas cerebrais, in- de preocupação materna primária) em O bebê nasce com um programa de
fluenciando profundamente a evolução que se vê cada vez mais concentrada desenvolvimento geneticamente de-
da personalidade(1-4,11-13). nos preparativos para receber o bebê, terminado, que se realiza através das
O bebê humano nasce absolutamen- diminuindo o interesse pelo mundo interações com os cuidadores. Durante
te desamparado, porque vários de seus externo. Além disto, sua capacidade o primeiro ano de vida, várias conexões
mecanismos de autorregulação não empática aumenta muito, o que se neurais se organizam, na dependência
funcionam eficientemente(1-4,11-13). Ao percebe por uma sensibilidade especial das experiências interpessoais. O desen-
contrário de espécies como os insetos, às emoções(28). Em termos neurobioló- volvimento do cérebro é moldado por
que têm seus programas instintivos ple- gicos, ocorre uma predominância do tais experiências, que se tornam padrões
namente desenvolvidos no momento processamento do hemisfério direito, de ativação inscritos na biologia do in-
em que vêm ao mundo, o ser humano que, como se viu, é responsável pela divíduo. Funções regulatórias exercidas
tem de ser “programado”, ao longo da compreensão da linguagem nãover- pelos pais são internalizadas, se tor-
infância e da adolescência, através das bal(13,14). Quando o bebê nasce, a mãe nando mecanismos de autorregulação.
relações interpessoais(1-4,11-13). estará apta para entrar em sintonia com Experiências precoces são registradas
O desenvolvimento humano, base da os estados corporais de seu filho, poden- como memórias implícitas, emocionais,
futura saúde mental, ocorre no contex- do perceber suas necessidades físicas e corporais e de procedimento, tornando-
to de cuidados que a criança recebe de emocionais para atendê-las(28). -se modelos de trabalho(1-4,9,-13).
seus pais(1-4,11-13). Os cuidados à criança Como várias funções regulatórias Durante o cuidado do filho, a mãe
C

influenciam profundamente o apren- ainda não podem ser executadas pela comunica-lhe o que percebe de seu
M
dizado, a formação de relações, a regu- criança imatura, tais funções devem ser estado emocional, de suas intenções e
Y
lação das emoções e o comportamento exercidas pela mãe. A sincronização do ações, representando simbolicamente,
CM
futuros(1-4,9-14). Perturbações graves nas estado corporal da mãe em relação ao através de palavras, o que se passa na
MY
relações precoces se inscrevem no cé- filho permite a sincronização de seus interação entre os dois. Aos poucos, por
CY
rebro em desenvolvimento, gerando estados mentais, podendo a mãe regular identificação com a mãe, a criança vai
CMY
problemas mentais de longo prazo(1-4). a mente do bebê(1,11,13,14). se tornando capaz de representar seu
K Ao longo do primeiro ano de vida, um Como diz Winnicott, não é necessário próprio mundo interno e o mundo das
tipo de relação afetiva especial se desen- ou adequado um ajuste perfeito. A mãe relações interpessoais(10,11,13).
volve entre o bebê humano e seus cuida- precisa apenas ser “suficientemente Embora desde o nascimento o bebê
dores primários, uma relação a que Bo- boa”, isto é, ter a capacidade de tolerar reconheça a voz e o cheiro da mãe,
wlby deu o nome de apego (attachment) o estado de dependência absoluta do somente entre o sétimo e oitavo mês
(20-25)
. O apego ocorre pela resposta inata bebê, identificar-se com ele para captar de vida a criança mostra uma ligação
dos pais à dependência absoluta do bebê, e atender as suas necessidades, perceber preferencial com a mãe, manifestada
e pela tendência também inata do bebê o bebê como um indivíduo com uma pela ansiedade diante de estranhos e
de se relacionar com os pais. A evolução mente própria, e estabelecer uma via de pelo surgimento da ansiedade de sepa-
positiva do apego é a base do desenvol- contato de forma que o bebê se sinta su- ração(23-26,30-33).
vimento do sentimento de segurança da ficientemente compreendido e apoiado. No final do primeiro ano de vida, a
criança, assim como de sua capacidade Uma vez que rupturas na comunicação criança já é capaz de simbolizar suas ne-
de regular emoções e pensamentos, de se são inevitáveis, deve a mãe ser capaz de cessidades através da linguagem, tem
relacionar com outras pessoas, de man- restabelecer o contato(13,28,29). um incipiente senso de si mesma, e co-
ter a autoestima, e de explorar autono- É fundamental que a mãe reconhe- meça a exercer sua autonomia. A mãe
mamente o mundo(20-27). Além disto, a ça, contenha, apoie e amplie as expe- torna-se a base de segurança a partir da
capacidade futura de exercer adequada- riências de seu bebê, principalmente as qual a criança pode explorar o mun-
mente a função de pai ou mãe também é experiências emocionais, que, se muito do(13,23-26,30,32,33).
em grande parte determinada por estas intensas, tendem a desorganizar a men- Ao longo da infância e da adoles-
relações precoces(13,14). te ainda imatura. Além disto, ao mesmo cência, desenvolve-se gradualmente a
Durante a gravidez, a mulher entra tempo em que apoia a criança em suas capacidade de regulação dos próprios

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afetos e a autonomia na vida prática, lidade e do desamparo do bebê, vivências apoiar ou comprometer a capacida-
muitas vezes em conflito com necessi- traumáticas da infância dos pais podem de de cuidado dos pais. Condições de
dades de dependência ainda presentes. ressurgir como memórias emocionais e isolamento social, pobreza, conflitos
Os pais devem manter um delicado de procedimento (revivescências sem familiares, violência impedem que os
equilíbrio entre as intervenções regu- aspecto de lembrança), perturbando a pais cuidem adequadamente dos filhos,
ladoras necessárias e as ações de pro- capacidade de atender às necessidades prejudicando o desenvolvimento afeti-
moção da autonomia(1,11,13). do bebê. Reações emocionais de de- vo da criança.
samparo, de distanciamento emocional Como os problemas relacionais dos
5 – Problemas no desenvolvimento da ou de raiva podem ocorrer. Em outros primeiros anos se inscrevem no cére-
afetividade casos, os pais podem reforçar e manter bro em desenvolvimento, acabam con-
Desde os estudos sistemáticos de Spitz a dependência dos filhos, impedindo o tribuindo para a origem de diversos
na década de 40(34) e Robertson na dé- desenvolvimento da autonomia (11-13). problemas mentais ao longo da vida.
cada de 50(35), sabe-se das consequên- Pais que apresentem doenças mentais A má organização das vias neocorticais
cias graves das separações prolongadas como depressão, esquizofrenia ou esta- de modulação das emoções, ocasionada
de crianças pequenas dos cuidadores dos de má regulação emocional (desde por cuidado inadequado nos primeiros
primários, principalmente nos casos de formas brandas até o transtorno limí- anos, está implicada na gênese de diver-
institucionalização. O período de maior trofe de personalidade) criam situações sos quadros psiquiátricos, como certas
risco parece ser do segundo semestre do de caos emocional no bebê, que gerarão formas de depressão, os transtornos de
primeiro ano ao quinto ano, período em futuros problemas na regulação dos es- personalidade narcísicos, limítrofes, e
que justamente se desenvolve a ligação tados mentais e dos afetos(1-4,11,13). antissociais, e a tendência a transtornos
C

exclusiva com os cuidadores primários. Além disto, pais com dificuldades de psicossomáticos diversos(1-4,10,11,13,14).
M
Atrasos significativos do desenvolvi- dar limites podem criar uma incapaci- Situações de estresse crônico, pre-
Y
mento físico e mental são conseqüên- dade de lidar com frustrações. Alterna- sentes no caso de cuidados gravemente
CM
cias comuns de situações de privação tivamente, pais que frustram intensa- inadequados da criança ou de privação
MY
grave de cuidados maternos(20-25,30,34,35). mente os filhos criam situações emo- materna, podem causar, através da ele-
CY
Duas formas clínicas de reação emo- cionais que desorganizam a mente da vação do nível de cortisol sanguíneo,
CMY
cional patológica podem surgir nos criança(13,14). atrofia do hipocampo, estrutura respon-
K primeiros cinco anos de vida como Pais ansiosos podem agir de forma sável pelas memórias contextualizadas
consequência de cuidados gravemente intrusiva com a criança, antecipando no tempo e no espaço. A impossibili-
inadequados. No transtorno reativo de inadequadamente suas necessidades ou dade de contextualização de memórias
apego da infância, a criança pode apre- criando estados de tensão desorganiza- emocionais desencadeadas em níveis
sentar ausência de respostas emocio- dores. Também podem comprometer o mais baixos do sistema (principalmente
nais, retraimento excessivo, respostas desenvolvimento da autonomia e da re- na amídala) pode impedir a modulação
agressivas a tentativas de interação, ou gulação da ansiedade, gerando futuros cortical dos estados afetivos, contribuin-
hipervigilância assustada. No transtor- transtornos de ansiedade (1-3,13,14). do para a gênese de transtornos de an-
no de apego com desinibição da infân- Como a sintonização dos estados men- siedade, transtornos de estresse e de al-
cia, há um padrão de sociabilidade fácil, tais da mãe com o bebê se dá através da gumas formas de depressão(1-4,10,11,13,14).
superficial e indiscriminada(36-37). linguagem não verbal, mães que tenham Estudos mostram que situações de
Como consequências de longo prazo, dificuldade de perceber seus próprios abuso e maus-tratos na infância com-
pode haver maior tendência ao desen- estados emocionais terão problemas de prometem o desenvolvimento do córtex
volvimento de transtornos mentais, compreender as necessidades do filho, orbitofrontal direito, área que, como se
superficialidade indiscriminada nas re- bem como de simbolizar seus estados viu, é responsável pela regulação das
lações interpessoais, tendências antis- corporais, mentais e emocionais, con- emoções, pela percepção dos estados
sociais, e ausência de empatia(24,25,36,37). tribuindo para uma futura incapacida- internos do indivíduo e pela empatia.
Várias situações podem comprometer de de percepção das próprias sensações A perturbação do funcionamento des-
a capacidade dos pais de oferecer cuida- corporais, emoções e pensamentos(13,14). ta área pode levar ao desenvolvimento
dos suficientemente bons para seus fi- A maternidade e a paternidade ocor- do transtorno de personalidade antis-
lhos. Em primeiro lugar, diante da fragi- rem num contexto social que pode social, caracterizado pela ausência de

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empatia e de culpa, e pelo desrespeito 6 – Situações de risco para o dos cuidadores primários. Pelo ponto
sistemático aos direitos outros indiví- desenvolvimento emocional de vista das crianças e dos adolescentes,
duos(1-4,10-12,13,14). A detecção precoce de situações de ris- a presença de doença crônica, o mau
Como visto, traumas na infância são co para problemas no desenvolvimen- desempenho escolar, a desnutrição, os
registrados como memórias implícitas, to emocional torna-se essencial como problemas perinatais (infecções, do-
emocionais e de procedimento, disso- possibilidade de prevenção do surgi- enças congênitas, exposição ao álcool
ciadas de memórias explícitas que as mento de futuros transtornos mentais. etc.) e o temperamento difícil devem
contextualizariam no tempo, no espaço O pediatra, que acompanha de perto a ser considerados sinais de alerta. Pro-
e na vida do indivíduo. Diante da ex- criança e a família nos primeiros anos blemas sociais graves, como más condi-
posição ao desamparo e da necessidade de vida, torna-se um importante agente ções de moradia, desemprego dos pais,
absoluta de cuidado do bebê, indivíduos de intervenção preventiva. exposição à violência e à delinquência,
com traumas não resolvidos na infância Entre as situações de risco para pro- ausência de escolas ou de serviços de
tendem a repetir padrões emocionais blemas no desenvolvimento afetivo saúde adequados, também constituem
e de comportamento fora do controle que podem ser detectadas na primeira fatores de risco(39-40).
consciente, reproduzindo as situações infância, destaquem-se as seguintes: 1) Uma vez detectados os problemas,
traumáticas da infância, através de bebês com problemas regulatórios (difi- cabe ao profissional intervir, primei-
sentimentos de desespero e ações que culdades de alimentação, de sono, de ser ramente se oferecendo ao paciente e à
podem reproduzir as ações dos perpe- confortados), falhas no estabelecimento família como ouvinte empático de suas
tradores do trauma. Assim, situações de de rotinas, presença de doença física; dificuldades. Muitas vezes a própria
maus-tratos podem ocorrer, tendendo a 2) pré-escolares com perturbações de presença de uma pessoa de bom senso,
C

se perpetuar por várias gerações – indi- comportamento como crises de birra acolhedora, atenciosa, dedicada e não
M
víduos maltratados na infância comu- acentuadas, ansiedade exagerada pelo crítica permite que os indivíduos se mo-
Y
mente reproduzem o comportamento afastamento dos pais etc.; 3) pais com difiquem, resolvendo seus conflitos.
CM
dos agressores na criação dos próprios transtornos de saúde física ou mental, Em alguns casos, pode ser necessá-
MY
filhos(1-4,10-14). uso de drogas, que vivem situações de rio cuidado especializado. As psicote-
CY
No entanto, uma infância problemá- luto ou trauma, ou que tiveram infân- rapias pais-bebê têm se desenvolvido
CMY
tica não determina necessariamente cias difíceis; 4) problemas dos pais no para corrigir problemas nas relações
K dificuldades no cuidado dos filhos. É relacionamento com a criança; 4) con- afetivas entre os bebês e seus pais (38).
possível romper o padrão se as memó- flitos parentais e familiares (38). Através de uma nova relação afetiva
rias traumáticas implícitas são tornadas Também é importante a supervisão com o terapeuta, a família tem a possi-
conscientes, elaboradas, contextuali- de crianças que apresentem fatores bilidade de corrigir padrões emocionais
zadas e relacionadas na construção da de risco para o desenvolvimento de e de conduta disfuncionais, que podem
história do indivíduo. Somente as me- transtornos mentais ao longo da vida. gerar futuros problemas no desenvol-
mórias traumáticas isoladas, não pro- Devem ser acompanhadas aquelas fa- vimento emocional da criança, proble-
cessadas, se repetem fora do controle mílias em que há conflitos graves en- mas que, como visto, se inscreverão no
consciente(1-3,13,14). tre os membros, violência doméstica, cérebro, determinando a presença de
A Psicanálise oferece meios, atra- ausência de cuidados adequados aos disfunções afetivas ao longo da vida.
vés do estabelecimento de uma nova filhos, transtornos mentais ou uso de Destaque-se também, ao longo da in-
relação emocional com o analista, de drogas em um dos pais, número muito fância e da adolescência, a possibilidade
reparar em parte as consequências das grande de membros, separação, ausên- de utilizar recursos psicoterapêuticos e
experiências traumáticas da infância. cia ou afastamento prolongado de um psicofarmacológicos.

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Penguin, 2003. rational processes and the facilitating envi- cations, 1994. p.1.055-70.

AVALIAÇÃO
17.Os afetos 19.As memórias emocionais 21.A elevação dos níveis de cortisol san-
guíneo, presente nos estados de estresse
a) são fenômenos subjetivos, puramente psi- a) sempre se situam no tempo e no espaço. crônico, é responsável pela atrofia do
cológicos. b) são processadas no cerebelo.
b) são respostas determinadas exclusivamente a) hipocampo.
c) são memórias explícitas.
pela herança genética. b) cerebelo.
d) ressurgem como revivescências, sem o aspecto
c) têm uma dimensão expressiva. subjetivo de lembranças. c) lobo occipital.

d) dizem respeito ao mundo particular do indi- d) tronco cerebral.


víduo, não havendo aspecto comunicativo.
20.O desenvolvimento da vida afetiva
22.Pais que tiveram infâncias traumáticas
a) é um fenômeno psicológico, sem vínculo
18.O processamento da linguagem não com o desenvolvimento do sistema nervoso. a) necessariamente serão perpetradores de
verbal ocorre preferencialmente maus-tratos.
b) é dependente das relações interpessoais.
b) podem ter revivescências do trauma que
a) no hemisfério direito. c) tem base unicamente genética. perturbam a capacidade de cuidar adequada-
b) na amígdala. d) tem determinantes sociais exclusivos. mente dos filhos.
c) no hemisfério esquerdo. c) não apresentam risco de dificuldades com
d) no hipocampo. os filhos em relação a pessoas com infâncias
normais.
d) certamente cuidarão bem dos filhos, como con-
traposição às próprias experiências dolorosas.

Revista de Pediatria SOPERJ - suplemento, p21-27, 2011 27


1453_RevistaSOPERJ_arrumando.pdf 1 13/06/11 13:52

Ficha de avaliação
Desenvolvimento Normal de 1 a 5 anos _______________ 4 Detecção Precoce de Alterações Visuais: Papel do Pediatra 40
33) A B C D
1) A B C D
34) A B C D
2) A B C D
35) A B C D
3) A B C D
36) A B C D
4) A B C D
37) A B C D
5) A B C D
38) A B C D
6) A B C D
Aspectos Disciplinares e Desenvolvimento Infantil ______ 47
Desenvolvimento Neuropsicomotor no
Primeiro Ano de Vida ____________________________ 9 39) A B C D
40) A B C D
7) A B C D
41) A B C D
8) A B C D
42) A B C D
9) A B C D
43) A B C D
10) A B C D
44) A B C D
11) A B C D
12) A B C D Dificuldades Escolares ___________________________ 53
C 45) A B C D
Acompanhamento do Crescimento Normal ____________ 15
M 46) A B C D
13) A B C D
Y 47) A B C D
14) A B C D
CM 48) A B C D
15) A B C D
49) A B C D
MY
16) A B C D
CY
50) A B C D
Afetividade e Desenvolvimento_____________________ 21
CMY
Baixa Estatura_________________________________ 58
K
17) A B C D
18) A B C D 51) A B C D
19) A B C D 52) A B C D
20) A B C D 53) A B C D
21) A B C D 54) A B C D
22) A B C D 55) A B C D
56) A B C D
Crescimento e Desenvolvimento na Adolescência _______ 28
Puberdade Precoce ______________________________ 62
23) A B C D
24) A B C D 57) A B C D
25) A B C D 58) A B C D
26) A B C D 59) A B C D
60) A B C D
Avaliação Auditiva: Como proceder _________________ 35
61) A B C D
27) A B C D 62) A B C D
28) A B C D
29) A B C D Enviar à SOPERJ por correio, fax ou e-mail
30) A B C D Rua da Assembléia, 10 - Grupo 1812 - Centro
31) A B C D 20011-901 - Rio de Janeiro - RJ
Tel: 2531-3313 - e-mail: pedsoperj@soperj.org.br
32) A B C D
Favor enviar dúvidas quanto a utilização do DVD e ao
acesso aos gráficos para o e-mail: pedsoperj@soperj.org.br

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