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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACOL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

MECÂNICA DOS SOLOS II


Aula 06- Empuxo de terra
Professor: Dayvson Carlos Batista de Almeida
EMPUXO DE TERRA
• Empuxo de terra, que deve ser entendido como a ação produzida pelo maciço terroso
sobre as obras com ele em contato. A determinação da magnitude que ocorre é
fundamental na análise e projeto de obras como muros de arrimo, obras de contenções,
cortinas em estacas pranchas, cortinas atarantadas, escoramentos de escavações em geral,
construções em subsolos, encontros de pontes, entre outras situações semelhantes.
EMPUXO DE TERRA
• Para que as estruturas de contenção sejam adequadamente dimensionadas, é necessário
conhecer as tensões que o solo aplica nessas estruturas.

• Empuxo de terra = resultante das tensões laterais do solo sobre as estruturas que
interagem com os maciços terrosos
EMPUXO DE TERRA
Tipos de Empuxo:

• Estado de equilíbrio (Empuxo em repouso) : existe quando o maciço se encontra na


situação de deslocamento nulo. Por exemplo, se na escavação de uma vala não há
necessidade de escoramento, há indicações de que o maciço escavado se encontra em
estado de repouso.

• Empuxo ativo: desenvolve-se quando o maciço age sobre a estrutura de contenção, que
resiste, porém, cede com um pequeno deslocamento. Neste caso, o maciço sofre uma
distensão em virtude do deslocamento relativo que tende a ocorrer.

• Empuxo passivo: desenvolve-se quando a estrutura de contenção age pressionando o


maciço de terra, provocando o seu deslocamento em sentido contrário ao caso ativo. É o
caso, por exemplo, da ação de tirantes executados para conter o deslocamento de um
talude em corte. O tirante “puxa” a face do talude, comprimindo-o.
EMPUXO DE TERRA
Tipos de Empuxo:
EMPUXO DE TERRA
Coeficiente de Empuxo em Repouso
• Se o muro AB for estático, isto é, se ele não se move nem para direita nem para esquerda de sua
posição inicial, a massa do solo estará em equilíbrio estático. Nesse caso, 𝜎`ℎ é denominado pressão de
terra em repouso, ou
 `h
K  Ko 
 `v
Onde 𝐾𝑜 = coeficiente de empuxo em repouso
EMPUXO DE TERRA
Coeficiente de Empuxo em Repouso
A condição de empuxo em repouso é estabelecida quando as deformações laterais são
impedidas:

 ' 
K o   h 
  'v 

O coeficiente de empuxo em repouso depende de:

-Tipo de solo

-Condições geológicas que governaram a formação do solo

-Histórico de tensões a que o solo foi submetido desde a sua formação


EMPUXO DE TERRA
Coeficiente de Empuxo em Repouso
O coeficiente de empuxo em repouso
poder ser determinado através de
ensaios de:

-Laboratório: ensaios triaxiais com


deformações laterais impedidas

-Campo: ensaios pressiométricos

-Relações empíricas:
EMPUXO DE TERRA
Coeficiente de Empuxo ativo do solo
• Se o muro sem atrito girar de modo suficiente em torno da sua base para uma posição A’B, então uma
massa de solo triangular ABC’ adjacente ao muro atingirá um estado de equilíbrio plástico e se
romperá deslizando para baixo segundo o plano BC’. Nesse momento, a tensão efetiva horizontal será
chamada de pressão ativa

𝜎`ℎ
𝐾 = 𝐾𝑎 =
𝜎`0

Onde 𝐾𝑎 = coeficiente de empuxo ativo do solo

 '0   'v
EMPUXO DE TERRA
Coeficiente de Empuxo passivo do solo
• Se o muro sem atrito girar suficientemente em torno de sua base para uma posição A’B, então uma
massa de solo triangular ABC’ atingirá um estado de equilíbrio plástico e irá se romper deslizando para
cima al longo do plano BC’. A tensão efetiva horizontal neste momento será chamada pressão passiva

𝜎`ℎ
𝐾 = 𝐾𝑝 =
𝜎`0

Onde 𝐾𝑝 = coeficiente de empuxo passivo do solo

 '0   'v
EMPUXO DE TERRA
Na Mecânica dos Solos, é usual adotar-se o critério de ruptura de Mohr-Coulomb
( = c +  tan). No entanto, isto só é possível para os estados de equilíbrio limite.
Critério de Mohr-Coulomb
 = s = r1 + .r2
• r1 = c (coesão)
• r2 = tan  (coeficiente de atrito)
•  = Um Ângulo de Atrito
• ce
- Dependem de uma série de fatores
- Não são constantes para um dado solo
EMPUXO DE TERRA
Critério de Mohr-Coulomb
EMPUXO DE TERRA

Resultante do Empuxo
EMPUXO DE TERRA
• Rankine (1857) estudou as condições de tensão no solo no estado de equilíbrio plástico.

• Equilíbrio plástico – é a condição de que cada ponto em massa de solo está na iminência da
ruptura.
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine
Considerações do Método:

-Muro não apresenta atrito com o solo

-Solo é do tipo não-coesivo

-Paramento do muro é vertical

-O aterro de solo é horizontal

-O muro é flexível
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine: Condição Ativa:

• σv e σh (σh = k0σv) são as tensões principais vertical e horizontal em um elemento de solo,


respectivamente.
• Se a parede A-B se mover gradualmente para a esquerda, o solo irá expandir-se e a tensão
principal horizontal h irá decrescer até atingir um limite mínimo h , correspondente à ruptura
do solo.
• Um estado limite será atingido quando o estado de tensão no elemento de solo puder ser
representado pelo círculo de Mohr b.
• Esta situação representa o estado ativo de Rankine.
EMPUXO DE TERRA
CD CD
Método de Rankine: Condição Ativa: sin   
AC AO  OC

 v  a
CD  raio do circulo 
2

c  v  a
AO  e OC 
tan  2

 v  a
sin   2
c   a
 v
tan  2

 v  a   a
c cos   sin   v
2 2

1  sin  cos 
a   v  2c
1  sin  1  sin 
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine: Condição Ativa:
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine: Condição Ativa:
Os planos de ruptura fazem um ângulo de (45 + /2) com a horizontal.
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine: Condição Ativa:

Para solos não coesivos, c =0, resultando:

 
 a   v tan 2  45  
 2

A relação entre a e v é denominada coeficiente de empuxo ativo de Rankine :

a  
Ka   tan 2  45  
v  2
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine: Condição Passiva:

-Se a parede A-B se mover gradualmente para a direta, a tensão principal horizontal h
irá crescer.
-Um estado limite será atingido quando o estado de tensão no elemento de solo puder
ser representado pelo círculo de Mohr b.
-Esta situação representa o estado passivo de Rankine.
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine: Condição Passiva:

CD CD
sin   
AC AO  OC

p  v
CD  raio do circulo 
2

c p  v
AO  e OC 
tan  2

p  v
sin   2
c   v
 p
tan  2
EMPUXO DE TERRA
CD CD
Método de Rankine: Condição Passiva: sin   
AC AO  OC

p  v
CD  raio do circulo 
2

c p  v
AO  e OC 
tan  2

p  v
sin   2
c   v
 p
tan  2

p  v p  v
c cos   sin  
2 2

1  sin  cos 
p  v  2c
1  sin  1  sin 
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine: Condição Passiva:
Sabendo que:

1  sin   
 tan 2  45  
1  sin   2

cos   
 tan  45  
1  sin   2

Resulta:
 
 p   v tan 2 
 45 

  2c tan  45  
 2  2
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine
• No caso de talude onde exista uma inclinação β do terrapleno com o plano
horizontal, os coeficientes de empuxo ativo e passivo são dados pelas equações
abaixo:
cos   cos2   cos2 
Ka 
cos   cos2   cos2 
e
cos   cos2   cos2 
Kp 
cos   cos2   cos2 
EMPUXO DE TERRA
Método de Rankine: Condição Passiva:
Os planos de ruptura fazem um ângulo de (45 - /2) com a horizontal.
EMPUXO DE TERRA
Método de Coulomb:
É baseada no conceito de equilíbrio de uma cunha de ruptura limitada pelo tardoz e por uma
superfície de ruptura que passa pelo pé do muro.
EMPUXO DE TERRA
Método de Coulomb:
• Considera a estabilidade de uma cunha de solo, como um todo, localizada entre a parede de
contenção e um plano de ruptura.
• A força de empuxo é determinada considerando-se o equilíbrio das forças atuantes na cunha,
quando esta está no seu equilíbrio limite.
• O ângulo de atrito entre a parede e o solo () é levado em conta.
• Devido ao atrito entre o solo e a parede, a superfície de ruptura é curva na região próxima à
parede.
• A Teoria de Coulomb assume uma superfície de ruptura plana.
EMPUXO DE TERRA
Método de Coulomb:
• A Teoria de Coulomb produz resultados idênticos aos da Teoria de Rankine quando  = 0, a
superfície da parede é vertical e a superfície do terrapleno é horizontal.

Ea
Ep
EMPUXO DE TERRA
Teoria de Coulomb: Empuxo Ativo (Solo não Coesivo)
A força de empuxo é determinada considerando-se o equilíbrio das forças atuantes na
cunha, quando esta está no seu equilíbrio limite.
EMPUXO DE TERRA
Teoria de Coulomb: Empuxo Ativo (Solo não Coesivo)

a = ângulo de inclinação entre a superfície da


parede (AB) e a horizontal
 = ângulo de inclinação entre a superfície do
terrapleno (AC) e a horizontal
 = ângulo de inclinação entre a superfície de
ruptura (BC) e a horizontal
 = ângulo de atrito entre o solo e a parede
EMPUXO DE TERRA
Teoria de Coulomb: Empuxo Ativo (Solo não Coesivo)

W = peso próprio da cunha de solo


Ea = empuxo ativo
R = reação atuante na superfície de ruptura
= ângulo de atrito do solo
EMPUXO DE TERRA
Teoria de Coulomb: Empuxo Ativo (Solo não Coesivo)

1
Ea  K a  H 2
2
Em que:

2
 sin( a  ) 
 
Ka   sena 
 sin(   ) sin(   ) 
 sin( a  )  
 sin( a   ) 
EMPUXO DE TERRA
Teoria de Coulomb: Empuxo Passivo (Solo não Coesivo)

1
Ep  K p  H 2
2
Em que:

2
 sin( a  ) 
 
Kp   sin a 
 sin(   ) sin(   ) 
 sin( a  )  
 sin( a   ) 
EMPUXO DE TERRA
O efeito da água:
O efeito da água é ilustrado na figura abaixo. No caso de o nível do lençol freático
interceptar a estrutura de contenção, existirão dois empuxos sobre a estrutura, um
originado pela água e outro pelo solo.

O empuxo da água será aplicado a uma altura (h – hw)/3 da base da contenção,


enquanto que o empuxo resultante do solo aplica-se a uma altura igual a h/3.
EMPUXO DE TERRA
O efeito da água:

• Há uma mudança no peso específico do solo, que passa a γsat, e as tensões neutras devem
ser subtraídas das tensões horizontais do solo sobre a estrutura, pois os coeficientes de
empuxo devem sempre ser utilizados em termos de tensão efetiva.

• Caso o nível d’ água se eleve até à superfície do terreno, o que consiste na situação mais
desfavorável, o empuxo ativo sobre a estrutura de contenção será calculado através da
equação a seguir:
EMPUXO DE TERRA
O efeito da água:

1 h 2
w
Ea  K a  sub h 
2

2 2
Em que o γsub e γw são os pesos específicos submerso e da água, respectivamente.
EMPUXO DE TERRA
Efeito de uma sobrecarga:
Quando sobre a superfície do maciço atua uma sobrecarga uniformemente distribuída,
q, conforme mostrado na figura abaixo, as tensões horizontais podem ser calculadas
pela expressão:
 h    h  q K
Em que K é o coeficiente de empuxo ativo ou passivo do solo, conforme o caso que se
considere.
EMPUXO DE TERRA
Efeito de uma sobrecarga:
A sobrecarga ainda pode ser transformada em uma altura equivalente de terra, h0, em
que: q
h0 

 h    h    h0 K
EMPUXO DE TERRA
1) Determinar o valor do empuxo ativo e seu ponto de aplicação para o caso apresentado na figura a
seguir usando a teoria de Rankine:

b) Para z  0,  h    z  K a  0
Solo : Para z  3 m,  h  19  10  3  0,406  11 KPa
Água : Para z  3 m,  h  10  3  30 KPa
EMPUXO DE TERRA
c) Cálculo dos empuxos :
1
Ea1   11 3  16,5 KN / m
2
1
Ea 2   30  3  45 KN / m
2

Ea  Ea1  Ea 2  16,5  45  61,5 KN / m

d ) Ponto de aplicação :
1  1 
16,5    3   45    3 
y 3   3  1 m
61,5
EMPUXO DE TERRA
2) Determinar o valor do empuxo ativo e seu ponto de aplicação usando a teoria de Rankine:

   30 
a) K a  tan 2  45    tan 2  45    0,333
 2  2
b) Solo :
Para z  0,  h    z  K a  0
Para z  2 m,  h  18  2  0,333  12 KPa
Para z  4 m,  h  18  2  21  10  2 0,333  19,3 KPa
EMPUXO DE TERRA
Água :
Para z  0,  h  0
Para z  2 m,  h  0
Para z  4 m,  h   w  z  10  2  20 KPa
EMPUXO DE TERRA
c) Cálculos dos empuxos :
1
Ea1   12  2  12 KN / m
2
Ea 2  12  2  24 KN / m
1
Ea 3   19,3  12  2  7,3 KN / m
2
1
Ea 4   20  2  20 KN / m
2
Ea  12  24  7,3  20  63,3 KN / m
d ) Ponto de aplicação :
 1  1  1 
12   2   2   24  1  7,3    2   20    2 
y  3  3   3   1,17 m
63,3
EMPUXO DE TERRA
3) Determinar o valor do empuxo ativo e seu ponto de aplicação usando Rankine.

   32 
a) K a  tan 2  45    tan 2  45    0,307
 2  2
b) Para z  0,  h    z  q   K a  0  20  0,307  6,1 KPa

Para z  3 m,  h  16,8  3  20  0,307  21,6 KPa


EMPUXO DE TERRA
3) Determinar o valor do empuxo ativo e seu ponto de aplicação usando Rankine.

c) Cálculos dos empuxos : d ) Ponto de aplicação :


Ea1  6,1  3  18,3 KN / m 1  1 
18,3    3   23,3    3 
1 2   3   1,22 m
Ea 2   21,6  6,1  3  23,3 KN / m y
41,6
2
Ea  18,3  23,3  41,6 KN / m
EMPUXO DE TERRA
4) Verificar a estabilidade do muro de arrimo esquematizado a seguir quanto ao tombamento
EMPUXO DE TERRA
4) Verificar a estabilidade do muro de arrimo esquematizado a seguir quanto ao tombamento
EMPUXO DE TERRA
5) Determinar o empuxo atuante no muro segundo a teoria de Coulomb

1
Ea  K a  H 2
2
2
 sin( a  ) 
 
Ka   sen a 
 sin(   ) sin(   ) 
 sin( a  )  
 sin( a  ) 

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