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Notas de aulas de Mecânica dos Solos II (parte


13)

Hélio Marcos Fernandes Viana

Tema:

Empuxos de terras (2.o Parte)

Conteúdo da parte 13
6 Método de Rankine
2

6 Método de Rankine

6.1 Introdução

Os métodos clássicos para determinação do empuxo de terra são métodos


baseados no equilíbrio limite.

No equilíbrio limite, admite-se que uma cunha do maciço de solo em contato


com o elemento de contenção do maciço de solo esteja em dos seguintes estados
de plastificação ou iminência de ruptura:

a) No estado de ruptura ou plastificação ativo; ou


b) No estado de ruptura ou plastificação passivo.

Na análise do equilíbrio limite, admite-se que uma cunha de solo tenta


desloca-se da parte fixa do maciço; Assim sendo, sobre a cunha que tenta deslocar-
se do maciço são aplicadas as análises de estabilidade da possível ruptura ou não
ruptura da cunha de solo, ou seja, é feita na cunha que tenta desloca-se uma análise
da estabilidade de corpo rígido.

São considerados métodos clássicos para determinação dos empuxos de


terra (ou dos solos) o método de Rankine e o método de Coulomb.

OBS(s).
a) Como exemplo de elemento de contenção do maciço de solo tem-se os muros de
arrimo (ou proteção ou apôio);
b) Iminência é algo que está prestes (ou próximo) de ocorrer;
c) No caso de análise de corpo rígido, o corpo rígido é a própria cunha que tenta
desloca-se do maciço;
d) Uma cunha é considerada plastificada, quando o solo da cunha sofre grandes
deformações devido às tensões atuantes no solo; Sendo que, as grandes
deformações são irreversíveis, contudo tais deformações não levam à ruptura da
cunha de solo; e
e) Cunha de solo é uma parte de solo do maciço limitada inferiormente por uma
superfície de ruptura.

6.2 Características do método de Rankine

A análise feita pelo método de Rankine apoia-se nas equações do equilíbrio


interno do maciço de solo;

 As equações de equilíbrio do método de Rankine são definidas para um elemento


infinitesimal (ou pequena parte) de solo, e então são estendidas por meio de
integração para toda massa de solo considerada plastificada, porém não rompida.
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OBS. A massa de solo é considerada plastificada, quando a massa de solo sofre


grandes deformações devido às tensões atuantes no solo; Sendo que, as grandes
deformações são irreversíveis, contudo tais deformações não levam à ruptura do
solo.

 A análise de Rankine enquadra-se no Teorema (ou Proposição) da Região


Inferior (TRI) da teoria da plasticidade.

6.2.1 Características básicas do Teorema (ou Proposição) da Região Inferior da


teoria da plasticidade (TRI)

As características básicas do Teorema (ou Proposição) da Região Inferior da


teoria da plasticidade (TRI) são as seguintes:

i) Existe um equilíbrio entre as tensões que agem externamente e as tensões que


resistem internamente para uma dada cunha de solo do maciço, que é considerada
plastificada porém não rompida.

ii) As tensões externas que agem sobre a cunha considerada plastificada são devido
à carregamentos aplicados no terreno ou devido ao peso próprio da cunha
considerada plastificada, porém não rompida.

iii) As forças de reações internas, que se desenvolvem na cunha plastificada são


consequência das forças de solicitação externas e/ou devido ao peso próprio que
agem sobre a cunha plastificada, porém não rompida.

iv) É necessário usar uma envoltória de resistência do solo na análise de


estabilidade da cunha considerada plastificada, porém não rompida.

v) Finalmente em nenhum ponto da cunha de solo, que está sendo analisada, deve
existir uma tensão de cisalhamento maior que a resistência ao cisalhamento do solo
da cunha.

OBS(s).
a) A resistência ao cisalhamento do solo da cunha, que está sendo analisada, pode
ser obtida a partir de uma envoltória de resistência do solo da cunha, a qual pode
ser a envoltória de resistência de Mohr-Coulomb; e
b) Uma cunha é considerada plastificada, quando o solo da cunha sofre grandes
deformações devido às tensões atuantes no solo; Sendo que, as grandes
deformações são irreversíveis, contudo tais deformações não levam a ruptura da
cunha de solo.

6.2.2 Ciclos de Mohr correspondentes aos estados de tensão ativo e passivo

As exigências do teorema da região inferior (TRI) podem ser representadas


através de envoltórias e ciclos de Mohr para representar os estados de tensão ativo
e passivo do solo.
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i) Representação do estado de tensão ativo atuante no solo com base no ciclo


de Mohr no diagrama ou plano  versus  para um corpo-de-prova em ensaio
triaxial

A Figura 6.1 ilustra um ciclo de Mohr, que corresponde ao estado de tensão


ativo atuante em um corpo-de-prova de solo. Com base na Figura 6.1, tem-se que:

a) Os pontos que representam à iminência de ruptura ativa do corpo-de-prova de


solo correspondem aos pontos em que o ciclo de Mohr toca nas envoltórias de
resistência do solo; Como ilustra a Figura 6.1;

Figura 6.1 - Um ciclo de Mohr que corresponde ao estado de tensão ativo


atuante em um corpo-de-prova de solo

b) Destaca-se que, mantendo-se constante a tensão normal total vertical atuante


sobre o corpo-de-prova (V), e então iniciar a descompressão horizontal do solo, ou
seja, fazer diminuir a tensão normal total horizontal atuante no corpo-de-prova até
alcançar ha; tem-se que: As tensões cisalhantes atuantes nos planos no interior do
corpo-de-prova de solo serão positivas ao longo de ciclos de Mohr ativos; Como o
ciclo de Mohr ativo ilustrado na Figura 6.1; e

OBS(s).
-> ha = tensão normal total horizontal ativa atuante no solo na iminência da ruptura
do solo; e
-> Iminência significa aquilo que esta prestes a ocorrer.

c) Se a tensão normal total vertical sobre o corpo-de-prova de solo (V) for mantida
constante, e então fazer aumentar a tensão normal total horizontal atuante no corpo-
de-prova ou comprimir o solo a partir ha; tem-se que: As tensões cisalhantes
atuantes nos planos no interior do corpo-de-prova de solo serãonegativas ao longo
de ciclos Mohr ativos; Como o ciclo de Mohr ativo ilustrado na Figura 6.1.
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ii) Representação do estado de tensão passivo atuante no solo com base no


ciclo de Mohr no diagrama ou plano  versus  para um corpo-de-prova em
ensaio triaxial

A Figura 6.2 ilustra um ciclo de Mohr, que corresponde ao estado de tensão


passivo atuante em um corpo-de-prova de solo. Com base na Figura 6.2, tem-se
que:

a) Os pontos que representam à iminência de ruptura passiva do corpo-de-prova de


solo correspondem aos pontos em que o ciclo de Mohr toca nas envoltórias de
resistência do solo; Como ilustra a Figura 6.2;

b) Destaca-se que, mantendo-se constante a tensão normal total vertical atuante


sobre o corpo-de-prova (V), e então iniciar a compressão horizontal do solo, ou
seja, fazer aumentar a tensão normal total horizontal atuante no corpo-de-prova até
alcançar hp; tem-se que: As tensões cisalhantes atuantes nos planos no interior do
corpo-de-prova de solo serão negativas ao longo de ciclos de Mohr passivos; Como
o ciclo de Mohr passivo ilustrado na Figura 6.2; e

Figura 6.2 - Um ciclo de Mohr que corresponde ao estado de tensão passivo


atuante em um corpo-de-prova de solo

OBS(s).
-> hp = tensão normal total horizontal passiva atuante no solo na iminência da
ruptura do solo; e
-> Iminência significa aquilo que esta prestes a ocorrer.
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c) Se a tensão normal total vertical sobre o corpo-de-prova de solo (V) for mantida
constante, e então fazer diminuir a tensão normal total horizontal atuante no corpo-
de-prova ou descomprimir o solo a partir hp; tem-se que: As tensões cisalhantes
atuantes nos planos no interior do corpo-de-prova de solo serão positivas ao longo
de ciclos Mohr passivos; Como ilustra o ciclo de Mohr passivo da Figura 6.2.

6.3 Hipóteses do método de Rankine

As principais hipóteses do método de Rankine são as seguintes:

a) O maciço de solo é considerado homogêneo;


b) O maciço de solo possui extensão infinita;
c) O maciço de solo tem superfície plana horizontal; e
d) O maciço se encontra no estado de plastificação ativa ou no estado de
plastificação passiva, ou seja, o maciço se encontra na iminência de
ruptura ativa ou na iminência de ruptura passiva.

6.4 Condições para aplicação do método de Rankine

i) Introdução

Além das hipóteses assumidas pelo método de Rankine, a solução de um


problema pelo método de Rankine só é válida se:

a) O elemento de contenção do solo (muro ou parede) for perfeitamente liso;

b) Quando o solo atinge a plastificação (ou iminência de ruptura) para condição


ativa, então a superfície de escorregamento do solo faz um ângulo de 45º + (/2)
com a horizontal; Como ilustra a Figura 6.3(a); e

c) Quando o solo atinge a plastificação (ou iminência de ruptura) para condição


passiva, então a superfície de escorregamento do solo faz um ângulo de 45º - (/2)
com a horizontal; Como ilustra a Figura 6.3(b).

OBS.  (“fi”) é o ângulo de atrito do solo do maciço.


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Figura 6.3 - Superfícies de escorregamento ou de ruptura do solo do maciço de


acordo Rankine

ii) Extensão do método de Rankine

Apesar das limitações impostas pelo método de Rankine, a solução


apresentada por Rankine tem sido estendida para os seguintes casos:

a) Casos em que a superfície do terreno é inclinada em relação à horizontal;

b) Casos em que o tardoz (ou face) do muro de contenção faz um ângulo  com a
horizontal; e

c) Casos em que existe atrito entre o tardoz (ou face) do muro e o solo.

iii) Modificações do empuxo de Rankine quando há atrito entre o solo e a face


da estrutura de contenção

Quando há atrito entre o solo e a estrutura de contenção do solo, tem-se


que:

a) O atrito faz com que o empuxo ativo seja aplicado na estrutura de contenção com
um ângulo de inclinação  (delta) com a horizontal; Como ilustra a Figura 6.4(a);

b) O atrito faz com que o empuxo passivo seja aplicado na estrutura de contenção
com um ângulo de inclinação  (delta) com a horizontal; Como ilustra a Figura 6.4(b);
e

c) O atrito solo-estrutura também causa um encurvamento na base das superfícies


de escorregamento ou de ruptura de Rankine; como ilustra as Figuras 6.4(a) e
6.4(b).
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Figura 6.4 - Efeito do atrito entre solo e a estrutura de contenção sobre a


direção dos empuxos ativo e passivo

OBS(s).
a) De acordo com Bueno e Vilar (2002), na falta de um valor específico para o
ângulo de atrito entre o solo e a estrutura de contenção (), recomenda-se adotar um
valor entre:

' 2.'

3 3

em que ’ é o ângulo de atrito efetivo do solo.

b) De acordo com Caputo (1976), podem ser atribuídos valores para o ângulo de
atrito entre o solo e a estrutura de contenção (), entre os seguintes valores:

 2.

2 3

em que  é o ângulo de atrito do solo.

c) De acordo com Bueno e Vilar (2002), o fato do método de Rankine não considerar
o atrito existente entre o solo e a estrutura de contenção contribui à favor da
segurança.
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6.5 Cálculo pelo método de Rankine dos empuxos em maciços de solo com
superfície plana ou horizontal

6.5.1 Cálculo do empuxo ativo para solos granulares (ou arenosos)


considerando o maciço de solo com superfície plana ou horizontal

O coeficiente de empuxo ativo dos solos granulares (ou arenosos) pelo


método de Rankine corresponde à seguinte equação:
 
K A  tg2  45 o   (6.1)
 2
em que:
KA = coeficiente de empuxo ativo do solo granular (ou arenoso); e
 = ângulo de atrito do solo (graus).

OBS. tg2() = tg().tg()

A Figura 6.5 ilustra o cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo ativo


atuante no elemento de contenção do maciço de solo granular (ou arenoso).
Observa-se na Figura 6.5 que:
a) O empuxo ativo (EA) é igual à área do triângulo de tensões horizontais (ABC) de
altura igual à H e base igual à KA.VMÁX; e
b) O empuxo ativo (EA) atua no centro de gravidade do triângulo de tensões, ou seja,
a 1/3 (um terço) da altura do triângulo de tensões.

OBS. O empuxo ativo (EA) é igual à área do triângulo formado pelas tensões
horizontais ativas.

Figura 6.5 - Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo ativo atuante no


elemento de contenção do maciço de solo granular (ou arenoso)
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6.5.2 Cálculo do empuxo passivo para solos granulares (ou arenosos)


considerando o maciço de solo com superfície plana ou horizontal

O coeficiente de empuxo passivo dos solos granulares (ou arenosos) pelo


método de Rankine corresponde à seguinte equação:

 
K P  tg2  45 o   (6.2)
 2
em que:
KP = coeficiente de empuxo passivo do solo granular (ou arenoso); e
 = ângulo de atrito do solo (graus).

OBS. tg2() = tg().tg()

A Figura 6.6 ilustra o cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo passivo


“atuante” (no sentido de resistência à compressão do solo) no elemento de
contenção do maciço de solo granular (ou arenoso). Observa-se na Figura 6.6 que:
a) O empuxo passivo (EP) é igual à área do triângulo de tensões horizontais (ABC)
de altura igual à H e base igual à KP.VMÁX; e
b) O empuxo passivo (EP) atua no centro de gravidade do triângulo de tensões, ou
seja, a 1/3 (um terço) da altura do triângulo de tensões.

Figura 6.6 - Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo passivo “atuante”


(no sentido de resistência à compressão) no elemento do
contenção do solo granular (ou arenoso)
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OBS(s).
a) O empuxo passivo (EP) é igual à área do triângulo formado pelas tensões
horizontais passivas; e
b) O empuxo passivo é uma força, que o solo possui para resistir à ruptura por
compressão.

6.5.3 Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo ativo para solos com
coesão e atrito considerando o maciço de solo plano ou horizontal

De acordo com Bueno e Vilar (2002), o coeficiente de empuxo ativo dos


solos com coesão e atrito, pelo método de Rankine, corresponde à seguinte
equação:

2.c. K A
K CA  K A  (6.3)
 VMÁX
e sendo:
 
K A  tg2  45 o  
 2
em que:
KAC = coeficiente de empuxo ativo para solo com coesão e atrito;
c = coesão do solo;
 = ângulo de atrito do solo; e
VMÁX = tensão total vertical máxima atuante no plano da base do elemento de
contenção (ou muro de arrimo).

A Figura 6.7 ilustra o cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo ativo


atuante no elemento de contenção do maciço de solo com coesão e atrito. Observa-
se na Figura 6.7 que:

i) A tensão total horizontal ativa máxima atuante na base ou “pé” do elemento de


contenção (ou muro de arrimo) do maciço de solo é obtida pela seguinte equação:

haMÁX  K A ..H  2.c. K A (6.4)

e sendo:
 
K A  tg2  45 o  
 2
em que:
haMÁX = tensão total horizontal ativa máxima atuante na base do elemento de
contenção (ou muro de arrimo) do maciço de solo;
H = altura do corte vertical ou altura do maciço de solo; e
, c e  = peso específico do solo, coesão do solo e ângulo de atrito do solo
respectivamente.
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ii) Como pode ser observado na Figura 6.7, Zo é a profundidade a partir de onde as
tensões horizontais no solo passam a ser positivas, ou seja, passam a atuar de
forma ativa; Zo é obtido pela seguinte equação:

 2.c  1
Zo   . (6.4)
   KA
e sendo:
 
K A  tg2  45 o  
 2
em que:
Zo = profundidade a partir de onde as tensões horizontais atuantes no solo passam
a ser positivas; e
, c e  = peso específico do solo, coesão do solo e ângulo de atrito do solo
respectivamente.

iii) Como pode ser observado na Figura 6.7, Hc é uma altura até onde pode ser feito
um corte vertical no solo que possui coesão, sem que haja necessidade de
escoramento do solo (ou muro de contenção); Hc é denominada de altura crítica é
obtida pela seguinte equação:

 4.c  1
Hc   . (6.5)
   KA
e sendo:
 
K A  tg2  45 o  
 2
em que:
Hc = altura crítica; e
, c e  = peso específico do solo, coesão do solo e ângulo de atrito do solo
respectivamente.

iv) O coeficiente de empuxo ativo para solos com coesão e atrito (K AC), que é
apresentado na Figura 6.7, é obtido pela seguinte equação:

2.c. K A
K CA  K A  (6.6)
 VMÁX
e sendo:
 
K A  tg2  45 o  
 2
em que:
KAC = coeficiente de empuxo ativo para solos com coesão e atrito;
VMÁX = tensão total vertical máxima atuante no plano horizontal, que passa pela
base ou “pé” do elemento de contenção (ou muro de arrimo); e
c e  = coesão do solo e ângulo de atrito do solo respectivamente.
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Figura 6.7 - Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo ativo atuante no


elemento de contenção do maciço de solo com coesão e atrito

v) Como pode ser observado na Figura 6.7, o empuxo ativo (EA) atuante no
elemento de contenção, para o solo com coesão e atrito é obtido pela seguinte
equação:

K A .H2 .
EA   2.H.c. K A (6.7)
2
e sendo:
 
K A  tg2  45 o  
 2

em que:
EA = empuxo ativo para o solo com coesão e atrito;
H = altura do corte vertical ou altura do maciço de solo; e
, c e  = peso específico do solo, coesão do solo e ângulo de atrito do solo
respectivamente.
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vi) Como pode ser observado na Figura 6.7, a altura de atuação do empuxo no
elemento de contenção (ou muro de arrimo) é dada pela seguinte equação:

H  Zo
Y (6.8)
3

em que:
Y = altura de atuação do empuxo no elemento de contenção (ou muro de arrimo);
H = altura do corte vertical ou altura do maciço de solo; e
Zo = profundidade a partir de onde as tensões horizontais atuantes no solo passam
a ser positivas.

6.5.4 Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo passivo para solos com
coesão e atrito considerando o maciço de solo plano ou horizontal

A Figura 6.8 ilustra o cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo passivo


“atuante” (no sentido de resistência à compressão do solo) no elemento de
contenção do maciço de solo com coesão e atrito. Além disso, após a apresentação
da Figura 6.8 cada equação utilizada para o cálculo do empuxo passivo é explicada
individualmente.

Figura 6.8 - Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo passivo “atuante”


(no sentido de resistência do solo) no elemento de contenção do
maciço de solo com coesão e atrito
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Observa-se na Figura 6.8 que:

i) A tensão passiva horizontal máxima “atuante” (no sentido de resistência à


compressão) na base ou no “pé” do elemento de contenção (ou murro de arrimo) do
maciço de solo é obtida pela seguinte equação:

hpMÁX  K P .H.  2.c. K P (6.9)

e o coeficiente de empuxo passivo (KP ) sendo:

 
K P  tg2  45 o  
 2

em que:
hpMÁX = tensão passiva horizontal máxima “atuante” (no sentido de resistência à
compressão) na base ou no “pé” do elemento de contenção (ou muro de arrimo) do
maciço de solo;
H = altura do corte vertical ou altura do maciço de solo; e
, c e  = peso específico do solo, coesão do solo e ângulo de atrito do solo
respectivamente.

ii) Como pode ser observado na Figura 6.8, o empuxo passivo para o solo com
coesão e atrito (EP) é obtido pela seguinte equação:

K P .H2 .
EP   2.H.c. K P (6.10)
2

e o coeficiente de empuxo passivo (KP) sendo:

 
K P  tg2  45 o  
 2

em que:
EP = empuxo passivo para o solo com coesão e atrito “atuante” (no sentido de
resistência à compressão do solo) no elemento de contenção;
H = altura do corte vertical ou altura do maciço de solo; e
, c e  = peso específico do solo, coesão do solo e ângulo de atrito do solo
respectivamente.

OBS. O empuxo passivo é uma força, que o solo possui para resistir à ruptura por
compressão.

iii) Como pode ser observado na Figura 6.8, a altura de atuação do empuxo passivo
no elemento (ou muro) de contenção do solo com coesão e atrito, é obtida pela
seguinte equação:

H  K P .H.  6.c. K P 
Y .  (6.11)
3  K P .H.  4.c. K P 
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e o coeficiente de empuxo passivo (KP) sendo:

 
K P  tg2  45 o  
 2
em que:
Y = altura de “atuação” do empuxo passivo no elemento (ou muro) de contenção do
solo com coesão e atrito;
H = altura do corte vertical ou altura do maciço de solo; e
, c e  = peso específico do solo, coesão do solo e ângulo de atrito do solo
respectivamente.

6.6 Cálculo, pelo método de Rankine, dos empuxos em maciços e solo com
superfície inclinada

6.6.1 Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo ativo para solos granulares
(ou arenosos) com superfície inclinada

A Figura 6.9 ilustra o cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo ativo


atuante no elemento (ou muro) de contenção do maciço de solo granular (ou
arenoso) com superfície inclinada. Além disso, após a apresentação da Figura 6.9
cada equação utilizada para o cálculo do empuxo ativo é explicada individualmente.

Figura 6.9 - Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo ativo atuante no


elemento de contenção do maciço de solo granular (ou arenoso),
o qual é inclinado com a horizontal
17

Observa-se na Figura 6.9 que:

i) A tensão ativa horizontal máxima atuante na base ou “pé” do elemento (ou muro)
de contenção do maciço de solo granular (ou arenoso) inclinado com a horizontal é
obtida pela seguinte equação:

haMÁX  K A .H.. cos(i) (6.12)

e sendo:

cos(i)  cos 2 (i)  cos 2 ()


KA 
cos(i)  cos 2 (i)  cos 2 ()

em que:
haMÁX = tensão ativa horizontal máxima atuante na base ou no “pé” do elemento de
contenção (ou muro de arrimo) do maciço de solo granular (ou arenoso) inclinado
com a horizontal;
H e KA = altura do corte vertical e coeficiente de empuxo ativo respectivamente; e
,  e i = peso específico do solo, ângulo de atrito do solo e ângulo de inclinação do
maciço de solo com a horizontal respectivamente.

OBS. A tensão haMÁX atua paralelamente à superfície do solo.

ii) Como pode ser observado na Figura 6.9, o empuxo ativo que atua no elemento de
contenção do maciço de solo granular (ou arenoso) inclinado em relação à horizontal
é obtido pela seguinte equação:

K A .H2 .. cos(i)


EA  (6.13)
2
e sendo:

cos(i)  cos 2 (i)  cos 2 ()


KA 
cos(i)  cos 2 (i)  cos 2 ()

em que:
EA = empuxo ativo atuante no elemento de contenção (ou murro de arrimo) do
maciço de solo granular (ou arenoso) inclinado com a horizontal;
H e KA = altura do corte vertical e coeficiente de empuxo ativo respectivamente; e
,  e i = peso específico do solo, ângulo de atrito do solo e ângulo de inclinação do
maciço de solo com a horizontal respectivamente.

OBS(s).
a) O empuxo ativo (EA) atua paralelamente à superfície do solo; e
b) O empuxo ativo (EA) é igual à área do triângulo (ABC) formada pelas tensões
horizontais atuantes no elemento (ou muro) de contenção.
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iii) Como pode ser observado na Figura 6.9, o empuxo ativo atua no centro de
gravidade do triângulo de tensões horizontais ativas, ou seja, a uma altura dada pela
seguinte equação:

H
Y (6.14)
3
em que:
Y = altura de atuação do empuxo ativo no elemento de contenção do solo; e
H = altura do corte vertical, ou altura do elemento de contenção.

6.6.2 Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo passivo para solos


granulares (ou arenosos) com superfície inclinada

A Figura 6.10 ilustra o cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo passivo


“atuante” no elemento (ou muro) de contenção do maciço de solo granular (ou
arenoso) com superfície inclinada. Além disso, após a apresentação da Figura 6.10
cada equação utilizada para o cálculo do empuxo passivo é explicada
individualmente.

OBS. O empuxo passivo é uma força, que o solo possui para resistir à ruptura por
compressão.

Figura 6.10 - Cálculo, pelo método de Rankine, do empuxo passivo “atuante”


(no sentido de resistência à compressão do solo) no elemento de
contenção do maciço de solo granular (ou arenoso), o qual é
inclinado com a horizontal
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Observa-se na Figura 6.10 que:

i) A tensão passiva horizontal máxima “atuante” (no sentido de resistência à


compressão do solo) na base ou “pé” do elemento (ou muro) de contenção do
maciço de solo granular (ou arenoso) inclinado com a horizontal é obtida pela
seguinte equação:
hpMÁX  K P .H.. cos(i) (6.15)

e sendo:
cos(i)  cos 2 (i)  cos 2 ()
KP 
cos(i)  cos 2 (i)  cos 2 ()

em que:
hpMÁX = tensão passiva horizontal máxima “atuante” (no sentido de resistência à
compressão do solo) na base ou no “pé” do elemento de contenção (ou muro de
arrimo) do maciço de solo granular (ou arenoso) inclinado com a horizontal;
,  e i = peso específico do solo, ângulo de atrito do solo e ângulo de inclinação do
maciço de solo com a horizontal respectivamente; e
H e KP = altura do corte vertical e coeficiente de empuxo passivo respectivamente.

OBS. A tensão hpMÁX “atua” paralelamente à superfície do solo.

ii) Como pode ser observado na Figura 6.10, o empuxo passivo que “atua” (no
sentido de resistência à compressão) no elemento de contenção do maciço de solo
granular (ou arenoso) inclinado em relação à horizontal é obtido pela seguinte
equação:

K P .H2 .. cos(i)


EP  (6.16)
2
e sendo:

cos(i)  cos 2 (i)  cos 2 ()


KP 
cos(i)  cos 2 (i)  cos 2 ()
em que:
EP = empuxo passivo “atuante” (no sentido de resistência a compressão do solo) no
elemento de contenção (ou murro de arrimo) do maciço de solo granular (ou
arenoso) inclinado com a horizontal;
,  e i = peso específico do solo, ângulo de atrito do solo e ângulo de inclinação do
maciço de solo com a horizontal respectivamente; e
H e KP = altura do corte vertical e coeficiente de empuxo passivo respectivamente.

OBS(s).
a) O empuxo passivo (EP) ”atua” paralelamente à superfície do solo; e
b) O empuxo passivo (EP) é igual à área do triângulo (ABC) formada pelas tensões
horizontais “atuantes” (no sentido de resistência à compressão do solo) no elemento
(ou muro) de contenção.
20

iii) Como pode ser observado na Figura 6.10, o empuxo passivo “atua” (no sentido
de resistência à compressão do solo) no centro de gravidade do triângulo de tensões
horizontais passivas, ou seja, a uma altura dada pela seguinte equação:

H
Y (6.17)
3
em que:
Y = altura de “atuação” (no sentido de resistência à compressão do solo) do empuxo
passivo no elemento de contenção do solo; e
H = altura do corte vertical, ou altura do elemento de contenção.

6.7 Coeficientes de segurança usados no cálculo de empuxos

De acordo com Mello (1975 apud Bueno e Vilar 2002), podem ser adotados
os seguintes coeficientes de segurança no cálculo dos empuxos para obras de
engenharia:

a) Pode-se adotar 1,5 para majorar o empuxo ativo do solo atuante na obra de
engenharia; e
b) Pode-se utilizar 1,5 para minorar o empuxo passivo, que o solo resiste quando é
solicitado pela obra de engenharia.

OBS(s).
-> No caso de majoração, o empuxo ativo (EA) é multiplicado pelo coeficiente de
segurança; e
-> No caso de minoração, o empuxo passivo (EP) é dividido pelo coeficiente de
segurança.

Referências Bibliográficas

BUENO, B. S.; VILAR, O. M. Mecânica dos solos. Vol. 2. São Carlos - SP: Escola
de Engenharia de São Carlos - USP, 2002. 219p. (Bibliografia Principal)

CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Vol. 2. Rio de Janeiro -


RJ: Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 1976. 456p.

GIECK, K. Manual de fórmulas técnicas. 3. ed.. São Paulo - SP: Hemus, [198-?].
Paginação personalizada (letras e números)

OBS. [198-?] indica que a década provável de publicação do livro é a década de 80


do século XX.

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