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Universidade Federal de Viçosa

Departamento de Engenharia Civil


Fundações
Prof. Juliano Bertelli Benati
2018

AULA 03
Capacidade de Carga de
Fundações Rasas
3.1) Introdução

• NBR 6122/10, ítem 7.1 – Fundações superficiais – rasas ou


diretas:
• “A grandeza fundamental para o projeto de fundações
diretas é a determinação da tensão admissível do solo”;
• “Estas tensões devem obedecer simultaneamente aos ELU
(Ruptura) e ELS (Recalques excessivos)”.
Acontece Principalmente
EVENTO Ligado a: Estado Limite
devido a:
Suporte de carga, Acréscimos acima da
Ruptura ELU
Resistência do solo capacidade de carga
Condições do terreno
Recalque teoria do adensamento ELS 2
(água, tipo de solo...)
3.1) Introdução
• NBR 6122/96, ítem 6.2.1.1.2 – Fundações superficiais – rasas
ou diretas:
• “Faz-se um cálculo de capacidade de carga à ruptura; a
partir desse valor, a pressão admissível é obtida
mediante a introdução de um coeficiente de segurança
igual ao recomendado pelo autor da teoria. O coeficiente
de segurança deve ser compatível com a precisão da
teoria e o grau de conhecimento das características do
solo e nunca inferior a 3. A seguir, faz-se uma verificação
de recalques para essa pressão, que, se conduzir a
valores aceitáveis, será confirmada como admissível;
caso contrário, o valor da pressão deve ser reduzido até 3
que se obtenham recalques aceitáveis.
3.1) Introdução
CURVA DE ENSAIO CARGA X RECALQUE
CARGA, P

CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO

- SAPATA COM RELAÇÃO L=B


- INCREMENTO DE CARGA: 0 < Q < infinito
RECALQUE,

- MACIÇO HOMOGÊNEO, ISOTRÓPICO


I II III

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3.1) Introdução
• FASES DO CARREGAMENTO:
I) Com carga mantida, os recalques estabilizam com o
tempo e são reversíveis com a retirada da carga – FASE
ELÁSTICA;
II) Aparecem trincas junto as bordas da fundação; A
resistência ao cisalhamento está totalmente mobilizada;
As deformações não cessam, mesmo com carga
constante- FASE PLÁSTICA;
III) O limite de resistência do solo é atingido: s Rup> s adm ,
ocorre a ruptura do elemento de fundação - FASE DE
RUPTURA DO SOLO.
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3.1.2) Bulbo de tensões

• Região do semi-espaço situada


abaixo do elemento de fundação,
que sofre influência das cargas
aplicadas pelo elemento;
• Ordem prática:
- Fundações Isoladas – 1,5 a 2,0 B -
Fundações Corridas – 2,0 a 4,0 B
• Nessas profundidades, o
quantitativo de tensões transmitidos
é da ordem de 20% da carga aplicada
no elemento. 6
3.2) Tipos de Ruptura
3.2.1) Ruptura Geral:
• Caracterizada pela existência bem definida de uma
superfície de ruptura, que vai do bordo da fundação à
superfície do terreno;
• Ocorre de forma brusca e catastrófica, com empolamento
do solo superficial a cota de assentamento do elemento e
posterior rotação ou tombamento deste;
• Comum em solos mais rígidos como areias compactas e
argilas rijas e duras;

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3.2) Tipos de Ruptura
3.2.1) Ruptura Geral: EXEMPLO PRÁTICO

O lado este da Empolamento


fundação afundou do solo
cerca de 7.20 m
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Transcosna Grain Elevator Canada (Oct. 18, 1913)
3.2) Tipos de Ruptura
3.2.2) Ruptura por Puncionamento:
• Caracterizada pela superfície de ruptura não definida, onde
para um acréscimo de carga, há movimento vertical de
afundamento (recalque) do solo;
• Não ocorre perda de verticalidade do elemento nem
empolamento da superfície do solo;
• Capacidade de carga limitada ao recalque da estrutura;
• Comum em solos fofos (areia) e moles (argila);

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3.2) Tipos de Ruptura
3.2.3) Ruptura Local ou Localizada:
• Ruptura intermediária aos processos anteriores;
• Não há tombamento da estrutura;
• Tendência ao empolamento do solo na região, sem atingir a
superfície do terreno;

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3.2) Tipos de Ruptura
Tipos de Ruptura – VESIC, 1973

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3.3) Tensão admissível ou resistente de projeto
NBR 6122) – Determinação da Capacidade de carga
Ítem 7.2, NBR 6122/10 : “ Devem ser considerados os
seguintes fatores em sua determinação:
a) Caracteristicas geomecânicas do subsolo;
b) Profundidade da fundação;
c) Dimensões e forma dos elementos de fundação;
d) Influencia de lençol freático;
e) Eventual alterações caracteristicas do solo (expansivos, colapsíveis, etc)
devido a agentes externos (enxarcamento, alivio de tensões, etc)
f) Caracteristicas ou peculiaridades da obra;
g) Sobrecargas externas;
h) Inclinação de carga; 12
i) Inclinação do terreno;
j) Estatigrafia do terreno
3.3) Tensão admissível ou resistente de projeto
NBR 6122) – Determinação da Capacidade de carga
Devem ser fixadas (encontradas) a partir de um ou
mais procedimentos descritos abaixo:
• Métodos Teóricos ou Analíticos:
Terzaghi (1943); Meyerhof(1963); Skempton (1951)
Brinch-Hansen (1961); Vesic (1970);;
• Métodos semi-empíricos:
SPT, CPT, correlações com outros ensaios de campo
• Prova de carga sobre placa (NBR 6489)

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3.3) Tensão admissível ou resistente de projeto
NBR 6122/10) – Determinação da Capacidade de carga
Ítem 7.3, NBR 6122/10: “Devem ser fixadas
(encontradas) a partir de um ou mais procedimentos
descritos abaixo:”
• Métodos Teóricos ou Analíticos:
Terzaghi (1943); Skempton (1951) Brinch-Hansen
(1961); Vesic (1970); Meyerhof(1969);
• Métodos semi-empíricos:
SPT, CPT,DMT, correlações com outros ensaios de campo
• Prova de carga sobre placa (NBR 6489)
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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.1) Terzaghi (1943)
• Hipóteses admitidas:
• Base da fundação é rugosa e o solo homogênio e
isotrópico
• L>>B  estado plano de deformações
• Carregamento realizado de forma centrada;
• Assume ruptura geral;
• A envoltória de ruptura é do tipo Mohr-Coulomb

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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.1) Terzaghi (1943)
• Não ocorre adensamento do solo
• A fundação é "rígida" em relação ao solo
• O solo acima da base da fundação não tem resistência ao cisalhamento; é
apenas uma sobrecarga contra o tombamento
• A força aplicada é vertical e centrada
• Não há momentos aplicados na fundação

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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos

• 3.3.1.1) Terzaghi (1943)


• Válido para SAPATA CORRIDA, ruptura GERAL e carga CENTRADA;

• σr = c.Nc + 0,5.(ϒ. B.Ny) + ϒ.D.Nq


Onde:
c = coesão (KPa);
ϒ = Massa específica natural do solo (KN/m³);
B = Dimensão característica do elemento (m);
D = Profundidade (m);
Nc, Nq, Ny = Fatores de capacidade de carga, dados em função do
ângulo de atrito (f);
• Expressões para Nq, Ny,Nc
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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos

• 3.3.1.1) Terzaghi (1943)


• Para rupturas do tipo LOCAL:

• c’ = (2/3).c ; tg φ’ = (2/3). tg φ

• σr' = c’.Nc’ + 0,5.(ϒ.Ny’.B) +


ϒ.D.Nq’

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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.1) Terzaghi (1943)
• Tabela de fatores de capacidade de carga

f Nc Ny Nq Nc' Ny' Nq'


0 5,7 0 1 5,7 0 1
5 7,3 0,5 1,6 6,7 0,2 1,4
10 9,6 1,2 2,7 8 0,5 1,9
15 12,9 2,5 4,4 9,7 0,9 2,7
20 17,7 5 7,4 11,8 1,7 3,9
25 25,1 9,7 12,7 14,8 3,2 5,6
30 37,2 19,7 22,5 19 5,7 8,3
35 57,8 42,4 41,4 25,2 10,1 12,6
40 95,7 100,4 81,3 34,9 18,8 20,5
45 172,3 297,5 173,3 51,2 37,7 35,1 19
50 347,5 1153,2 415,1 81,3 87,1 65,6
3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.1) Terzaghi (1943)
• Fatores de correção adicionados à equação geral de
capacidade de carga de Terzaghi (1943):
• Influência da forma da sapata:
• σr = c.Nc.Sc + 0,5.(ϒ.Ny.B).Sy + ϒ.D.Nq.Sq,
Onde Sc, Sy e Sq são fatores de forma:

Tipo de Sapata Sc Sy Sq
Corrida 1,0 1,0 1,0
Quadrada 1,3 0,8 1,0 20
Circular 1,3 0,6 1,0
3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.1) Terzaghi (1943)
• Fatores de correção adicionados à equação geral
de capacidade de carga de Terzaghi (1943):
• Influência da excentricidade da carga:

• σr = c.Nc.Sc .ic+ 0,5.(ϒ.Ny.B).Sy.iy +


ϒ.D.Nq.iq,
Onde ic, iy e iq são fatores de excentricidade e
inclinação da carga;

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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.1) Terzaghi (1943)
• Fatores de correção adicionados à equação geral
de capacidade de carga de Terzaghi (1943):
• Influência da excentricidade da carga:

• σr = c.Nc.Sc .ic+ 0,5.(ϒ.Ny.B).Sy.iy +


ϒ.D.Nq.iq,
Onde ic, iy e iq são fatores de excentricidade e
inclinação da carga;

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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.2) Skempton (1951)
• Válida em solos argilosos (τ = c e φ = 0),onde a
equação fundamental de Terzaghi se reduz:

• σr = c.Nc + ϒ.D, onde Nc é o fator de Skempton;


• O fator Nc de Skempton não é constante, ele varia com a
profundidade de embutimento, com a largura e com a forma
geométrica do elemento;

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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.3) Vesic (1970)
• Válida em solos argilosos (τ = c e φ = 0), com camadas
estratificadas de diferentes rigidez, onde a camada
superior:

• σr = c.Nc’ + ϒ.D, onde Nc’ é o fator de Vesic;


• O fator Nc de VESIC varia com a relação de rigidez entre as camadas e a
relação entre a cota de apoio da fundação e a menor dimensão
característica do elemento.

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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.4) Brinch-Hansen (1961)
• σr = c.Nc.Sc.dc .ic+0,5.dy.(ϒ.Ny.B).Sy.iy +ϒ.D.Nq.iq.dq.Sq

• Expressão válida para qualquer tipo de solo e com fatores próprios;

• Fatores de capacidade de carga:


• Nq = tg²(45+φ/2)(3,14.tgφ) Nc = (Nq-1) cotg φ Ny = 1,8 (Nq-1).tg φ

• Os fatores de inclinação (ic,iy e iq) são normalmente


desprezados
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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.4) Brinch-Hansen (1961)
• Fatores de forma do elemento de fundação:
• Sq =Sc = 1+ 0,2 B/L
• Sy = 1- 0,4 B/L

• Fatores de profundidade:
• dc = 1+0,35 D/B, para D < B
• dc = 1+ 0,35/((B/D)+(0,6/(1+7.tg4φ)), para D>B
• dq = (dc.Nq-dc-1)/Nq
• dy = 1,0

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3.3.1) Métodos teóricos ou Analíticos
• 3.3.1.4) Brinch-Hansen (1961)

f Nc Ny Nq
0 5,14 0 1
5 6,48 0,09 1,57
10 8,34 0,47 2,47
15 10,97 1,42 3,94
20 14,83 3,54 6,4
25 20,72 8,11 10,66
30 30,14 18,08 18,4
35 46,13 40,69 33,29
40 75,32 95,41 64,18
45 133,89 240,85 134,85 27
50 266,89 681,84 318,96
3.3.2) Métodos semi-empíricos

Valores em tf/m²; 28
q = h. em tf/m²
3.3.3) Outras correlações

29
3.3.3) Outras correlações

30
3.3.3) Outras correlações

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3.3.2) Métodos semi-empíricos

O valor NSPT deve ser tomado como o valor médio de NSPT dentro
do bulbo de tensões situado abaixo da base da sapata. Recomenda-
se que seja utilizado um valor máximo de 400 kPa para a tensão
admissível e que o valor de q somente seja considerado quando
forem respeitadas as prescrições da norma NBR 6122.

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3.3.3) Prova de carga sobre placa (NBR 6489/84)
• Ensaio de aplicação de cargas sucessivas e medição de recalques
relacionados a essas cargas, em campo – VER NORMA;

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3.3.3) Prova de carga sobre placa (NBR 6489/84)

34
3.3.3) Prova de carga sobre placa (NBR 6489/84)
• Ítem 3 – EXECUÇÃO DA PROVA DE CARGA:
• a) A placa ensaiada não deverá ter área menor que 0,5 m²
• b) Carga aplicada a placa em estágios sucessivos de no
máximo 20% da taxa admissível esperada do solo;
• c) Em cada estágio, os recalques serão lidos após a aplicação
em intervalos sucessivos (1,2,4,8,15,30min...) até a
estabilização do recalque (diferença de 5 % entre leituras
sucessivas);
• d) O ensaio deverá ser levado até pelo menos um recalque
total de 25 mm ou até atingir o dobro da tensão admissível
para o terreno;
35
3.3.3) Prova de carga sobre placa (NBR 6489/84)
• Ítem 3 – EXECUÇÃO DA PROVA DE CARGA:
• e) A carga máxima deverá ser mantida por 12 horas;
• f) A descarga deverá ser feita em estágios sucessivos de, no
máximo, 25% da carga total aplicada.

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3.3.3) Prova de carga sobre placa (NBR 6489)

37
3.3.3) Prova de carga sobre placa (NBR 6489)
• Interpretação dos resultados do ensaio:

38
3.3.3) Prova de carga sobre placa (NBR 6489)

• Interpretação dos resultados do ensaio:


sp=10 sp=25 sn sG s (KPa)

10
G
R
25 reação insuficiente

Ruptura Geral 39
 (mm)
Ruptura Local ou puncionamento
3.4) Fatores de Segurança

• Ítem 6.2.1.1.1 – Fatores de segurança a compressão


(NBR 6122/10):
FATORES DE SEGURANÇA PARA SOLICITAÇÕES À COMPRESSÃO

Método Fator de segurança (FS)


Valores propostos no próprio
Semi-empírico
processo e no mínimo 3,00
Analítico 3
Semi-empíricos ou analiticos acrescidos de
duas ou mais provas de carga,
2
necessariamente executadas em fase de
projeto

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3.5) Exercício 01
P = 600 KN

FS = 3,0

C = 10KPa
f
 KN/m³

a) Determinar a tensão admissível no solo pelo método de Terzaghi;


b) Determinar a tensão admissível no solo pelo método de Brinch-Hansen;
c) Determinar a tensão admissível conforme sondagem anexa;
d) Determinar tensão admissível pela prova-de-carga anexa; 41
e) Determinar a área das sapatas em todos os métodos.
3.5) Exercício 01

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3.5) Exercício 01
PROVA DE CARGA SAPATA
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65

Sapata da prova de carga: área de 1 m² 43


3.5) Exercício 02

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