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Jovens aprovam moção de solidariedade

Os jovens delegados do ENPJ aprovaram, neste sábado, “Moção de solidariedade aos


profetas e mártires das causas do Reino”. Na moção, os jovens lembram os bispos do Norte,
ameaçados de morte; as 300 crianças mortas, no ano passado, na Santa Casa de
Misericórdia de Belém, os quatro anos de morte da Ir. Dorothy Stang. Além disso, prestam
solidariedade da dom Cappio e a dom Pedro Casaldáliga. Ao mesmo tempo, eles
denunciam a violência que ocorre na Amazônia. “A Amazônia vem sendo destruída e
marcada por grandes projetos, violência e assassinatos, desmatamento e trabalho escravo.
Nos últimos vinte anos, somente no estado do Pará, foram assassinadas mais de 800
lideranças em conflitos de terra, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra”, afirmam
os jovens. Leia, abaixo, a íntegra da Moção.

Moção de solidariedade aos profetas e mártires das causas do Reino

Nós, jovens participantes do IX Encontro Nacional da Pastoral da Juventude, reunidos em


Natal-RN, nos dias 11 a 18 de janeiro de 2009, expressamos nossa solidariedade aos
religiosos ameaçados de morte do Regional Norte II, Dom Erwin Kraütler (bispo da
Prelaxia do Xingu-PA), Dom Luiz Azcona (bispo da Prelazia de Marajó-PA) e Dom Flávio
Giovenale (bispo da Diocese de Abaetetuba-PA), Frei Henri des Roziers (da Comissão
Pastoral da Terra, Xinguara-PA) e Pe. José Amaro Lopes (Comissão Pastoral da Terra do
Xingu, Anapu-PA). Esses religiosos enfrentam fortes ameaças por terem denunciado a
violação dos direitos humanos na Amazônia, a exploração sexual de crianças e
adolescentes, o tráfico humano, o narcotráfico, os grandes projetos (como o complexo
hidroelétrico de Belo Monte, no Xingu, e a companhia Vale do Rio Doce), e os assassinatos
decorrentes dos conflitos no campo e na cidade.

Prestamos solidariedade, ainda, aos camponeses do Norte, que também são afetados
diretamente pelo modelo político-econômico vigente em nosso país.
A Amazônia vem sendo destruída e marcada por grandes projetos, violência e assassinatos,
desmatamento e trabalho escravo. Nos últimos vinte anos, somente no estado do Pará,
foram assassinadas mais de 800 lideranças em conflitos de terra, segundo dados da
Comissão Pastoral da Terra. Denunciamos os crimes que a Vale, antiga Companhia Vale do
Rio Doce, vem fazendo em terras paraenses, explorando de forma violenta e opressora
nosso povo e nosso chão.

A grande causa das ameaças contra os religiosos é, portanto, o fato de se colocarem contra
o modelo de política econômica capitalista para a Amazônia, que não leva em consideração
a vida dos povos Amazônidas e suas culturas. São projetos determinados de cima para
baixo, que dizimam culturas e povos.

Queremos fazer memória às mais de 300 crianças mortas em 2008 na Santa Casa de
Misericórdia, em Belém, devido à ausência covarde do Estado, que não leva em
consideração a vida daqueles e daquelas que não têm voz nem vez.
Manifestamos nossa solidariedade, ainda, aos mártires Amazônidas que, profeticamente, se
tornaram um marco referencial para nossa caminhada e nossa luta, recordando,
especialmente, os quatro anos do assassinato de Ir. Dorothy Stang, em Anapu-PA, a serem
celebrados no próximo dia 12 de fevereiro.

Igualmente, fazemos memória ao profetismo de Dom Luiz Cappio, bispo de Barra-BA,


cujo testemunho de santidade e de incondicional amor aos pobres e sofredores o leva a uma
infindável luta contra a transposição e morte do rio São Francisco, chegando, mesmo, a
oferecer a própria a vida.

Continua sendo uma referência para nós também o profetismo revolucionário de Dom
Pedro Casaldáliga, nas águas do Araguaia. Inspirado no evangelho de Jesus Cristo e fiel à
Igreja, ele sempre se contrapôs à política do capital, do agronegócio e da monocultura em
nosso país. Animem-nos e fortaleçam-nos suas palavras:

"Malditas sejam todas as cercas!


Malditas todas as propriedades privadas que
nos privam de viver e de amar!
Malditas sejam todas as leis, amanhadas por
umas poucas mãos, para ampararem cercas e
bois e fazerem da terra escrava e escravos os
homens!" (D. Pedro Casaldáliga).

Natal-RN, 17 de janeiro de 2009


9o Encontro Nacional da Pastoral da Juventude

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