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Resumo: Introdução: Qualquer atividade física está sujeita a algum tipo de lesão, seja
ela por lazer ou competitiva. O voleibol, um dos esportes mais praticados no mundo e
com um limitado contato físico, possui alta incidência de lesões. Objetivo: O objetivo
dessa pesquisa foi investigar a prevalência de entorses de tornozelo em praticantes de
voleibol, na cidade de TubarãoSC. Método: Participaram da pesquisa 80 praticantes de
voleibol, sendo 33 do sexo feminino e 47 do sexo masculino, que responderam a um
questionário contendo perguntas fechadas e abertas. Resultados: Os resultados obtidos
nos mostram que 60% (n=48) dos praticantes de voleibol já sofreram lesão de entorse no
tornozelo e que 98% (n=47) foi por inversão. Conclusão: Podemos concluir que a
prevalência de entorse de tornozelo no voleibol é alta, e que um dos mecanismos de
proteção como a tornozeleira é pouco utilizado entre os praticantes, porém os
entrevistados afirmaram realizar como forma de prevenção o aquecimento, alongamento
e outras atividades físicas como a musculação, corrida e treinamento funcional, entre as
mais citadas.
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Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação da Universidade do Sul de Santa
Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. : Ana Cristina da
Silva Mendes Huber, Mestre em Ciências da Saúde. Tubarão, 2017.
Acadêmico do curso Educação Física Bacharelado da Universidade do Sul de Santa Catarina.
felipe_fariastb@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO
2
O voleibol segundo Bizzocchi (2013), foi criado por William George Morgan em
1895 nos EUA, sendo reconhecido mundialmente após a segunda Guerra Mundial,
tornando-se modalidade esportiva nas olimpíadas de Tóquio em 1964 e hoje está entre os
esportes mais populares do mundo.
No Brasil, de acordo com dados do Ministério do Esporte (2015) o voleibol é o
segundo esporte preferido, sendo praticado por 21,4% das pessoas que fazem atividade
física, perdendo somente para o futebol. Nas três ultimas décadas tivemos um
considerável aumento na prática desta modalidade, motivado, pelas importantes
conquistas no cenário internacional e por influência dos meios de comunicação.
Apesar do baixo contato físico com o adversário, o voleibol apresenta uma grande
incidência de lesões, principalmente no tornozelo, joelho, ombros, mãos e coluna
vertebral. (FARINA, 2008).
De acordo com Fortes e Carazzato (2008), no voleibol a zona de ataque é onde
ocorre a maior parte das lesões por entorses de tornozelo, pois durante a aterrissagem de
um bloqueio, um ataque ou um levantamento com salto, os atletas podem cair com um
dos pés mal posicionado no solo, sobre o(s) pé(s) do companheiro ou do adversário,
acarretando sérias consequências.
Existem dois mecanismos de entorse, por eversão (pronação) e inversão
(supinação). Segundo Perrin (2008) o ligamento colateral medial (deltoide) é mais forte
do que os três ligamentos laterais (ligamento talofibular anterior, ligamento
calcaneofibular e ligamento talofibular posterior), dispostos lateralmente, o entalhe criado
pela fíbula estende-se mais distalmente do que a tíbia. Esses fatores limitam a eversão e
são responsáveis pela alta incidência de entorses no tornozelo por inversão.
Farina (2008) salienta que os praticantes de voleibol que costumam aquecer,
alongar e utilizam alguma proteção para o tornozelo bem como um calçado adequado,
tendem a ter menos chances de ter lesão no tornozelo e mais tempo em atividade com o
voleibol.
Sendo assim o presente estudo teve como objetivo investigar a prevalência de
entorses de tornozelo em praticantes de voleibol, na cidade de TubarãoSC.
2 METODOLOGIA
A população estudada foi composta por 100 praticantes de voleibol, com idades
entre 18 e 60 anos, de ambos os sexos, do município de TubarãoSC.
2.1.2 Amostragem.
Para a coleta de dados foi utilizado programa OPEN EPI, versão online, com
50% de prevalência, perfazendo um mínimo de 80 praticantes de voleibol, com intervalo
de confiança de 95%.
A coleta dos dados foi realizada nos ginásios particulares e municipal, onde
ocorreu a prática do esporte, com grupos aleatórios que não tinham orientação de um
profissional de educação física. Os praticantes de voleibol foram convidados para
participarem do estudo através da apresentação do tema do estudo e do instrumento de
pesquisa no local e horário de jogo. Após esta abordagem, os praticantes foram
convidados a lerem e assinarem o TCLE, para posteriormente responderem ao
questionário proposto para a coleta de dados.
A coleta de dados foi feita com a aplicação de um questionário (APÊNDICE B),
elaborado pelo autor, com perguntas fechadas e abertas, sobre o tempo de prática do
voleibol, qual posição que joga em quadra, se realiza aquecimento, alongamentos antes e
após o jogo, se já teve entorse, se fez algum tratamento médico, quanto tempo ficou
afastado em função da lesão, se utiliza alguma proteção durante a prática e se faz outra
atividade física.
Os dados coletados foram inseridos em uma tabela do excel e tratados
estatisticamente de forma descritiva.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
40%
Sim
60% Não
e tálus, sendo composta por três articulações: talocrural, subtalar e tibiofibular. (FAIZ;
BLACKBURN; MOFFAT, 2013).
O termo entorse é definido como uma lesão ligamentar traumática sofrida por uma
articulação, devido a um movimento súbito que não chega a ocasionar luxação.
(BELANGERO et al., 2010).
Os praticantes de voleibol que responderam ao questionário, afirmaram que já
sofreram a entorse de tornozelo quando estavam praticando o voleibol, no total foram
60% (n=48).
Segundo Fortes Carazzato (2008), Santos, Piucco e Reis (2007) e Peres et al.
(2014) o voleibol é caracterizado por uma grande quantidade de saltos repetitivos, como
o defesa (bloqueio), armação de jogadas (levantamento, que pode ser executado em
suspensão) e movimentos de ataques (saque e finalização das jogadas), com isso tem
grande incidência de lesões, principalmente a entorse de tornozelo, que quase sempre
ocorre na zona de rede, durante o contato tanto com um companheiro de equipe ou um
adversário, ou na aterrissagem após atacar ou bloquear uma bola.
Peres et al (2014), salienta que a entorse é a lesão mais frequente no voleibol e o
tornozelo a articulação mais acometida quando comparada com as outras articulações,
correspondendo a quase 80% de todas as lesões.
Um dado importante ressaltado por Santos, Piucco e Reis (2007) é que a
incidência de lesão de tornozelo no voleibol está entre 1,7 e 4,2 lesões por 1000 horas de
jogo.
De acordo com Rodrigues et al. (2015) um dos motivos para a alta taxa de entorse,
pode estar ligado a fatores como a altura, peso, histórico de lesão no tornozelo, gênero e
a fadiga muscular que figura como um fator predisponente a lesão, pois em função da sua
ocorrência há a redução da capacidade de gerar força principalmente em fases finais de
jogo.
Para Figueiredo (2013), um dos motivos para a alta taxa de incidência de lesão
também pode estar ligado a fatores intrínsecos (frouxidão ligamentar, força muscular,
controle neuromuscular) e extrínsecos (calçado, a intensidade da atividade desportiva,
tipo de piso e aquecimento).
A tabela 2 apresenta a média de entorses de tornozelo por praticantes de voleibol
que obtiveram lesão.
Tabela 2 – Média de lesão por praticantes
8
2%
Eversão
Inversão
98%
Tratamento médico
Sim 17 35,4
Não 31 64,6
Analisando a tabela 3, é possível notar que apenas 35,4% das pessoas procuraram
ajuda médica. O principal tratamento médico utilizado foi o uso de gelo, remédio para
dor, anti-inflamatório e imobilização. Quando lesionados, o afastamento das quadras foi
de até 1 mês, correspondendo á 75% dos entrevistados que obtiveram entorses.
Para Oberlaender et al. (2010) a entorse por inversão corresponde à grande
maioria dos casos e a severidade da lesão é comumente classificada em três graus que
definem o prognóstico e protocolo de tratamento. Em grau 1- leve edema, limitação
funcional mínima e estiramento ligamentar; grau 2- edema, equimose, limitação funcional
moderada e lesão ligamentar; e grau 3- edema, equimose, impotência funcional, lesão
ligamentar e fratura.
A grande maioria é tratada de forma conservadora utilizando o método PRICE
(proteção, repouso, gelo, compressão e elevação) que tem como objetivo recuperar o
mais rápido possível uma lesão, minimizando a formação de edemas e aliviando a dor, o
tratamento farmacológico (anti-inflamatórios), a imobilização e o tratamento
cinesioterapêutico. (BARONI et al., 2010).
Segundo Oberlaender et al. (2010) a necessidade de exames complementares para
a lesão de tornozelo baseia-se na suspeita de fraturas associadas, onde a realização de
radiografias é indicada apenas quando houver dor em pontos ósseos específicos ou na
impossibilidade do apoio do pé ao chão.
Oberlaender et al. (2010) ressalta que a entorse quando é de grau 3 e tem
necessidade de cirurgia, tem como técnica a fixação simples por meio de parafusos, sendo
utilizada comumente para ligar pequenos fragmentos ósseos, como por exemplo, os
maléolos.
De acordo com a tabela 3, 33,3% das pessoas afirmaram que foi preciso fazer
fisioterapia. No tratamento fisioterapêutico, os pacientes com entorses de tornozelo são
divididos em três etapas: agudo, subagudo e crônico. Na fase aguda podem ser aplicados
recursos de hipotermoterapia, laseterapia, eletroanalgesia e cinesioterapia passiva. Na
fase sub aguda o uso de hipertermoterapia, técnicas de mobilização, cinesioterapia
levemente resistida e propriocepção suave podem ser indicados. Na fase crônica a
prevalência de ações mais dinâmicas e de maior exigência mioarticular, destacando-se os
trabalhos com mobilizações complexas, cinesioterapia ativa resistida, propriocepção
dinâmica e alongamentos musculares. (OBERLAENDER et al., 2010).
Para Belangero et al. (2010) e Baroni et al. (2010) apesar de a entorse ser
comumente relacionada à lesão ligamentar, estruturas capsulares, tendinosas e
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musculares estão sujeitas a prejuízos tanto pelo trauma agudo de origem mecânica, quanto
pelo desuso promovido pela imobilização.
De acordo com Belangero et al. (2010), estima-se que ocorra uma entorse a cada
10.000 pessoas por dia, sendo uma das lesões musculoesqueléticas agudas de maior
acometimento na população mundial.
A tabela 4 apresenta a prevalência do uso de tornozeleira pelos praticantes de
voleibol.
Sendo a entorse de tornozelo uma das principais lesões no voleibol, somente 15%
dos praticantes utilizam proteção com o uso de tornozeleira.
Os estabilizadores ou comumente chamados de tornozeleira, são equipamentos
que contribuem na redução das lesões no tornozelo e pode ser incluída como estratégia
de prevenção. No entanto, ao utilizar por um longo período sem fazer fortalecimento
muscular pode ser ainda prejudicial. (FARINA, 2008)
De acordo com Farina (2008), atletas que utilizaram as tornozeleiras, associados
a um programa de prevenção através de exercícios de propriocepção, tiveram
significativamente índices menores de lesões e estas diferenças estão relacionadas em
pessoas com história prévia de lesão.
O treinamento proprioceptivo ajuda na prevenção ou diminuir os sintomas da
instabilidade no tornozelo, utilizado para trabalhar a capacidade em reconhecer a
localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos
e a posição de cada parte do corpo em relação às demais. O treino proprioceptivo visa
refortalecer a musculatura do tornozelo e dos ligamentos. (FIGUEIREDO, 2013)
O gráfico 3 apresenta a prevalência da prática de outras atividades esportivas.
Sim Não
21%
79%
Verificou-se que 79% dos praticantes de voleibol, também fazem outra atividade
esportiva.
Segundo VIGITEL (2016) que é o sistema de vigilância de fatores de risco e
proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, a atividade física de intensidade
moderada, equivalente a pelo menos 150 minutos por semana no tempo livre no Brasil,
teve um crescimento onde em 2009 era de 30,3%, em 2016 alcançamos o número de
37,6%, sendo que a prevalência diminui com a idade, sendo mais frequente entre os
jovens de 18 a 24 anos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS (2017) a atividade física
regular de intensidade moderada - como caminhar, andar de bicicleta ou fazer esportes -
tem benefícios significativos para a saúde, como melhora da aptidão muscular e
cardiorrespiratória, melhora a saúde óssea e funcional, reduz o risco de hipertensão,
doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral, diabetes, vários tipos de câncer
(incluindo câncer de mama e cólon) e depressão, reduz o risco de quedas, bem como
fraturas de quadril ou vertebral e são fundamentais para o equilíbrio de energia e controle
de peso.
A Organização Mundial de Saúde – OMS (2017) nos alerta que a insuficiência de
atividade física é um dos principais fatores de risco para a mortalidade global e está a
aumentar em muitos países, com isso afetando a saúde geral em todo o mundo. Sendo que
as pessoas insuficientes ativas possuem de 20% a 30% maior risco de morte em
comparação com pessoas ativas.
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De acordo com Farina (2008) o treinamento funcional é uma ferramenta que pode
ser aplicado em diversas modalidades, são exercícios que respeitam os movimentos
naturais do corpo como agachar, empurrar, girar, pular e correr. Os movimentos
executados podem integrar todos os grupos musculares, podendo estar diretamente
relacionado á atividade física praticada. O treinamento funcional voltado para praticantes
de voleibol pode ser usado para se obter um melhor condicionamento físico como também
pode ser usado como forma de prevenção de entorses de tornozelo, lesão de joelho, ombro
e coluna vertebral, através de exercícios específicos para fortalecimento muscular.
Segundo Simas e Gonçalves (2012), o voleibol é considerado um esporte
caracterizado por um jogo complexo, de movimentos constantes que exigem força,
flexibilidade, potência, agilidade e condicionamento aeróbico. Nas três atividades citadas,
musculação, corrida e treinamento funcional, conseguimos trabalhar essas valências onde
pode contribuir no rendimento do praticante de voleibol dentro de quadra bem como
contribuir na prevenção de lesões e ajudar no fortalecimento muscular.
4 CONCLUSÃO
Os dados desse estudo mostraram que existe uma alta prevalência de entorses de
tornozelo em praticantes de voleibol na cidade de TubarãoSC, sendo a lesão por inversão
a mais acometida.
Mesmo com um número elevado de entorses, os pesquisados pouco utilizam
proteção, como a tornozeleira, um item indispensável usado na redução da lesão. Mais da
metade dos praticantes da modalidade iniciam com aquecimento e logo após com
alongamento para posteriormente, começar a jogar voleibol. Após a atividade, constatou-
se que poucos praticantes realizam alongamentos. Os praticantes do voleibol jogam mais
de duas horas por semana e realizam outras atividades esportivas como musculação,
corrida e treinamento funcional, auxiliando no fortalecimento e prevenção das entorses.
As informações obtidas poderão servir de conhecimento aos que praticam de
forma recreativa a modalidade, a atletas, preparadores físicos, fisioterapeutas e demais
profissionais de saúde, que atuam de forma direta ou indireta com a área esportiva,
auxiliando na prevenção de lesão.
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REFERÊNCIAS
BELANGERO, Paulo Santoro et al. Como o ortopedista brasileiro trata entorse lateral
aguda do tornozelo? Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, p.468-473, 2010.
Bimestral.
SANTOS, Saray Giovana dos; PIUCCO, Tatiane; REIS, Diogo Cunha dos. Fatores que
interferem nas lesões de atletas amadores de voleibol. Rev, Bras. de Cineantropom.
Desempenho Hum., Florianópolis, p.189-195, 2007. Semestral.
APÊNDICE A:
18
APÊNDICE B:
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QUESTIONÁRIO
( )Sim ( ) Não
( )Sim ( ) Não
14. Utiliza proteção para o tornozelo quando está jogando voleibol, como
tornozeleira?
( )Sim ( ) Não
ANEXO A
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22
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