Você está na página 1de 23

1

PREVALÊNCIA DE ENTORSES DE TORNOZELO EM PRATICANTES DE


VOLEIBOL NA CIDADE DE TUBARÃOSC

Felipe Farias Goulart**

Resumo: Introdução: Qualquer atividade física está sujeita a algum tipo de lesão, seja
ela por lazer ou competitiva. O voleibol, um dos esportes mais praticados no mundo e
com um limitado contato físico, possui alta incidência de lesões. Objetivo: O objetivo
dessa pesquisa foi investigar a prevalência de entorses de tornozelo em praticantes de
voleibol, na cidade de TubarãoSC. Método: Participaram da pesquisa 80 praticantes de
voleibol, sendo 33 do sexo feminino e 47 do sexo masculino, que responderam a um
questionário contendo perguntas fechadas e abertas. Resultados: Os resultados obtidos
nos mostram que 60% (n=48) dos praticantes de voleibol já sofreram lesão de entorse no
tornozelo e que 98% (n=47) foi por inversão. Conclusão: Podemos concluir que a
prevalência de entorse de tornozelo no voleibol é alta, e que um dos mecanismos de
proteção como a tornozeleira é pouco utilizado entre os praticantes, porém os
entrevistados afirmaram realizar como forma de prevenção o aquecimento, alongamento
e outras atividades físicas como a musculação, corrida e treinamento funcional, entre as
mais citadas.

Palavras-chave: Entorses, Tornozelo, Voleibol.

Abstract: Introduction: Any physical activity is subject to some type of injury, be it


leisure or competitive. Volleyball, one of the most practiced sports in the world and with
limited physical contact, has a high incidence of injuries. Objective: The objective of this
research was to investigate the prevalence of ankle sprains in volleyball practitioners in
the city of TubarãoSC. Method: Participated in the study of 80 volleyball players, of
which 33 were female and 47 were male, who answered a questionnaire containing closed
and open questions. Results: The results showed that 60% (n = 48) of volleyball players
already suffered an ankle sprain injury and that 98% (n = 47) was inversion. Conclusion:
We can conclude that the prevalence of ankle sprain in volleyball is high, and that one of
the protection mechanisms, such as ankle brace, is little used among the practitioners, but
the interviewees affirmed that they perform heating, stretching and other physical
activities Such as bodybuilding, running and functional training, among the most cited.

Keywords: Sprains, Ankle, Volleyball.

_____________________________

Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação da Universidade do Sul de Santa
Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. : Ana Cristina da
Silva Mendes Huber, Mestre em Ciências da Saúde. Tubarão, 2017.

Acadêmico do curso Educação Física Bacharelado da Universidade do Sul de Santa Catarina.
felipe_fariastb@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO
2

O voleibol segundo Bizzocchi (2013), foi criado por William George Morgan em
1895 nos EUA, sendo reconhecido mundialmente após a segunda Guerra Mundial,
tornando-se modalidade esportiva nas olimpíadas de Tóquio em 1964 e hoje está entre os
esportes mais populares do mundo.
No Brasil, de acordo com dados do Ministério do Esporte (2015) o voleibol é o
segundo esporte preferido, sendo praticado por 21,4% das pessoas que fazem atividade
física, perdendo somente para o futebol. Nas três ultimas décadas tivemos um
considerável aumento na prática desta modalidade, motivado, pelas importantes
conquistas no cenário internacional e por influência dos meios de comunicação.
Apesar do baixo contato físico com o adversário, o voleibol apresenta uma grande
incidência de lesões, principalmente no tornozelo, joelho, ombros, mãos e coluna
vertebral. (FARINA, 2008).
De acordo com Fortes e Carazzato (2008), no voleibol a zona de ataque é onde
ocorre a maior parte das lesões por entorses de tornozelo, pois durante a aterrissagem de
um bloqueio, um ataque ou um levantamento com salto, os atletas podem cair com um
dos pés mal posicionado no solo, sobre o(s) pé(s) do companheiro ou do adversário,
acarretando sérias consequências.
Existem dois mecanismos de entorse, por eversão (pronação) e inversão
(supinação). Segundo Perrin (2008) o ligamento colateral medial (deltoide) é mais forte
do que os três ligamentos laterais (ligamento talofibular anterior, ligamento
calcaneofibular e ligamento talofibular posterior), dispostos lateralmente, o entalhe criado
pela fíbula estende-se mais distalmente do que a tíbia. Esses fatores limitam a eversão e
são responsáveis pela alta incidência de entorses no tornozelo por inversão.
Farina (2008) salienta que os praticantes de voleibol que costumam aquecer,
alongar e utilizam alguma proteção para o tornozelo bem como um calçado adequado,
tendem a ter menos chances de ter lesão no tornozelo e mais tempo em atividade com o
voleibol.
Sendo assim o presente estudo teve como objetivo investigar a prevalência de
entorses de tornozelo em praticantes de voleibol, na cidade de TubarãoSC.

1.1 Objetivos específicos.


3

Verificar a prevalência de entorse em praticantes de voleibol;


Verificar se o praticante de voleibol utiliza alguma proteção para o tornozelo;
Verificar se o praticante de voleibol realiza aquecimento antes do jogo;
Verificar se o praticante de voleibol faz alongamento antes e após o jogo;
Verificar o tempo semanal da prática de voleibol;
Verificar se além do voleibol, o praticante realiza alguma outra atividade física.

2 METODOLOGIA

2.1 TIPO DE ESTUDO.

A presente pesquisa é do tipo epidemiológica, com delineamento transversal.

2.1.1 População do estudo.

A população estudada foi composta por 100 praticantes de voleibol, com idades
entre 18 e 60 anos, de ambos os sexos, do município de TubarãoSC.

2.1.2 Amostragem.

Para a coleta de dados foi utilizado programa OPEN EPI, versão online, com
50% de prevalência, perfazendo um mínimo de 80 praticantes de voleibol, com intervalo
de confiança de 95%.

2.1.3 Critérios de inclusão e exclusão.

Foram inclusos, os praticantes de voleibol, com idades entre 18 e 60 anos, de


ambos os sexos, que residiam no município de TubarãoSC e que se disponibilizaram a
responder ao questionário, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido TCLE
(APÊNDICE A).
Foram excluídos os participantes que, não preencheram corretamente o
questionário, e que tinham algum comprometimento mental, que impossibilite a sua
participação.
4

2.2 MÉTODO DE COLETA DE DADOS.

A coleta dos dados foi realizada nos ginásios particulares e municipal, onde
ocorreu a prática do esporte, com grupos aleatórios que não tinham orientação de um
profissional de educação física. Os praticantes de voleibol foram convidados para
participarem do estudo através da apresentação do tema do estudo e do instrumento de
pesquisa no local e horário de jogo. Após esta abordagem, os praticantes foram
convidados a lerem e assinarem o TCLE, para posteriormente responderem ao
questionário proposto para a coleta de dados.
A coleta de dados foi feita com a aplicação de um questionário (APÊNDICE B),
elaborado pelo autor, com perguntas fechadas e abertas, sobre o tempo de prática do
voleibol, qual posição que joga em quadra, se realiza aquecimento, alongamentos antes e
após o jogo, se já teve entorse, se fez algum tratamento médico, quanto tempo ficou
afastado em função da lesão, se utiliza alguma proteção durante a prática e se faz outra
atividade física.
Os dados coletados foram inseridos em uma tabela do excel e tratados
estatisticamente de forma descritiva.

2.3 ASPECTOS ÉTICOS.

Foi solicitada a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade


do Sul de Santa Catarina (UNISUL), de acordo com a Resolução 466/2012, do Conselho
Nacional de Saúde, para dar-se início a coleta de dados.
Esta pesquisa teve sua aprovação sob o número do parecer 2.044.776, (ANEXO
A).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa foi composta por praticantes de voleibol residentes em TubarãoSC,


sendo os dados coletados nos ginásios particulares e municipal, onde realizavam a prática
do esporte, foram 80 participantes, 41,3% (n=33) do sexo feminino, com idades entre 19
e 58 anos e 58,7% (n=47) do sexo masculino, com idades entre 18 e 49 anos. A média de
idade foi de 28,2 anos (DP 7,7).
5

A tabela 1 abaixo apresenta o perfil dos praticantes de voleibol quanto à prática


esportiva.

Tabela 1 – Perfil dos praticantes de voleibol quanto à prática esportiva.


Variáveis Total (n) Total (%)
Tempo de prática
Até 6 meses 7 8,8
6 meses a 1 ano 2 2,5
1 ano 71 88,7
Horas semanais
Até 1 hora 12 15
Duas horas 23 28,7
 2 horas 45 56,3

Posição em que joga


Libero 3 3,8
Levantador 14 17,5
Atacante 36 45
Faz todo o rodízio jogando em todas as posições 27 33,7

Realiza aquecimento antes de começar a jogar


Sim 67 83,7
Não 13 16,3

Faz alongamento antes de começar a jogar


Sim 56 70
Não 24 30
Após o jogo realiza alongamento
Sim 23 28,7
Não 57 71,3
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS (2017), devemos fazer pelo


menos 150 minutos de atividades físicas de intensidade moderada ao longo da semana,
ou fazer pelo menos 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa ao longo da
semana, ou uma combinação equivalente de atividade de intensidade moderada e
vigorosa. De acordo com a tabela 1 podemos observar que mais de 85% dos participantes
praticam voleibol a mais de 1 ano e que 56,3% jogam mais de 2 horas por semana.
6

Quando questionados sobre a posição que joga quando estão praticando a


modalidade, 45% afirmaram que são atacantes e 33,7% utilizam o rodízio 6x0, onde
passam por todas as posições dentro de quadra.
Perguntados sobre o aquecimento, 83,7% realizam antes de iniciar, sendo que 70%
dos entrevistados afirmaram que fazem alongamento antes do jogo, e que somente 28,7%,
realizam alongamentos após a prática esportiva.
De acordo com Simas e Gonçalves (2012) o aquecimento realizado antes da
prática esportiva ajuda na prevenção do surgimento de lesões, pois apresentam um
aumento considerável da temperatura muscular, metabolismo energético, aumento da
elasticidade muscular, aumento do fluxo cardiovascular, melhora da função do sistema
nervoso central e recrutamento das unidades motoras neuromusculares.
O alongamento após o aquecimento e após o termino do jogo ajudam a aumentar
a flexibilidade, diminuição de tensões musculares, relaxamento, contribui na
coordenação, já que os movimentos se tornam mais soltos e ágeis, desenvolvimento da
consciência corporal na medida em que o praticante focaliza a parte do corpo que está
sendo alongada, ativação da circulação e previne lesões. (ACHOUR JÚNIOR, 2009).

Gráfico 1- Prevalência de entorses com os praticantes de voleibol na cidade de


TubarãoSC.

40%
Sim
60% Não

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.


O tornozelo é uma articulação uniaxial, do tipo gínglimo, em dobradiça onde
realiza movimentos de dorsiflexão e flexão plantar. É formado por três ossos: tíbia, fíbula
7

e tálus, sendo composta por três articulações: talocrural, subtalar e tibiofibular. (FAIZ;
BLACKBURN; MOFFAT, 2013).
O termo entorse é definido como uma lesão ligamentar traumática sofrida por uma
articulação, devido a um movimento súbito que não chega a ocasionar luxação.
(BELANGERO et al., 2010).
Os praticantes de voleibol que responderam ao questionário, afirmaram que já
sofreram a entorse de tornozelo quando estavam praticando o voleibol, no total foram
60% (n=48).
Segundo Fortes Carazzato (2008), Santos, Piucco e Reis (2007) e Peres et al.
(2014) o voleibol é caracterizado por uma grande quantidade de saltos repetitivos, como
o defesa (bloqueio), armação de jogadas (levantamento, que pode ser executado em
suspensão) e movimentos de ataques (saque e finalização das jogadas), com isso tem
grande incidência de lesões, principalmente a entorse de tornozelo, que quase sempre
ocorre na zona de rede, durante o contato tanto com um companheiro de equipe ou um
adversário, ou na aterrissagem após atacar ou bloquear uma bola.
Peres et al (2014), salienta que a entorse é a lesão mais frequente no voleibol e o
tornozelo a articulação mais acometida quando comparada com as outras articulações,
correspondendo a quase 80% de todas as lesões.
Um dado importante ressaltado por Santos, Piucco e Reis (2007) é que a
incidência de lesão de tornozelo no voleibol está entre 1,7 e 4,2 lesões por 1000 horas de
jogo.
De acordo com Rodrigues et al. (2015) um dos motivos para a alta taxa de entorse,
pode estar ligado a fatores como a altura, peso, histórico de lesão no tornozelo, gênero e
a fadiga muscular que figura como um fator predisponente a lesão, pois em função da sua
ocorrência há a redução da capacidade de gerar força principalmente em fases finais de
jogo.
Para Figueiredo (2013), um dos motivos para a alta taxa de incidência de lesão
também pode estar ligado a fatores intrínsecos (frouxidão ligamentar, força muscular,
controle neuromuscular) e extrínsecos (calçado, a intensidade da atividade desportiva,
tipo de piso e aquecimento).
A tabela 2 apresenta a média de entorses de tornozelo por praticantes de voleibol
que obtiveram lesão.
Tabela 2 – Média de lesão por praticantes
8

Variáveis Total de entorses (n) Média de entorse por praticante

Entorses tornozelo direito esquerdo 121 2,5


Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Com o dado da tabela 2 podemos obervar que a entorse de tornozelo em


praticantes de voleibol é alta, a média é de 2,5 entorses, tendo em vista que é o somatório
de lesão obtidos no tornozelo direito e esquerdo, com o total de 121.
Figueiredo (2013) afirma que até um ano após a lesão de entorses, há fortes
evidências dos praticantes de voleibol ter o dobro de chances daqueles que não tiveram
entorse. Uma inadequada reabilitação é um fator de risco e uma das razões para as
reincidências das entorses.
Para Barbanera (2012) após a ocorrência da entorse, os ligamentos do tornozelo e
a cápsula articular podem se tornar frouxos e aumentar a instabilidade articular, o que
favorece a recorrência das entorses em inversão.
Peres et al. (2014) e Figueiredo (2013) salientam que a instabilidade do tornozelo
pode existir após uma ou mais entorses, sendo definida como a tendência do tornozelo a
sofrer falseios, preferencialmente após as entorses do tipo grau II que muitas vezes se
tornam instáveis.
O gráfico 2 mostra a prevalência de entorses quanto ao tipo de lesão.

Gráfico 2 - Tipo de lesão

2%

Eversão
Inversão
98%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.


9

Quanto ao tipo de entorse, 98% afirmaram que sofreram a entorse de inversão, e


que apenas 2%, foi por eversão.
De acordo com Perrin (2008) as entorses por inversão são mais comuns, devido á
formação dos ossos e dos ligamentos da articulação. A lesão por inversão é a mais comum
no voleibol, podendo ocorrer a lesão do ligamento talofibular anterior, da região antero-
lateral da cápsula articular e do ligamento calcâneo fibular, com isso resultando em dor,
amplitude de movimento diminuída e déficit da função física e a instabilidade, sendo esta
considerada a maior consequência dessa lesão. (PERES et al., 2014)
De acordo com Farina (2008), a eversão é o tipo de lesão de menor ocorrência,
porém, apresentam danos mais severos as estruturas comparadas aos danos causados pela
inversão.
A tabela 3 apresenta o tratamento em função da lesão.

Tabela 3 – Tratamento da lesão


Praticantes que
Variáveis Total (%)
fizeram tratamento (n)

Tratamento médico
Sim 17 35,4
Não 31 64,6

Qual tratamento médico


Gelo 16 32
Remédio para dor 13 26
Anti-inflamatório 12 24
Corticoide 4 8
Bota ortopédica 3 6
Gesso 2 4
Foi preciso fisioterapia
Sim 16 33,3
Não 32 66,7
Tempo de afastamento em função da
lesão
Até 1 mês 36 75
Até 2 meses 7 14,6
 2 meses 5 10,4
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
10

Analisando a tabela 3, é possível notar que apenas 35,4% das pessoas procuraram
ajuda médica. O principal tratamento médico utilizado foi o uso de gelo, remédio para
dor, anti-inflamatório e imobilização. Quando lesionados, o afastamento das quadras foi
de até 1 mês, correspondendo á 75% dos entrevistados que obtiveram entorses.
Para Oberlaender et al. (2010) a entorse por inversão corresponde à grande
maioria dos casos e a severidade da lesão é comumente classificada em três graus que
definem o prognóstico e protocolo de tratamento. Em grau 1- leve edema, limitação
funcional mínima e estiramento ligamentar; grau 2- edema, equimose, limitação funcional
moderada e lesão ligamentar; e grau 3- edema, equimose, impotência funcional, lesão
ligamentar e fratura.
A grande maioria é tratada de forma conservadora utilizando o método PRICE
(proteção, repouso, gelo, compressão e elevação) que tem como objetivo recuperar o
mais rápido possível uma lesão, minimizando a formação de edemas e aliviando a dor, o
tratamento farmacológico (anti-inflamatórios), a imobilização e o tratamento
cinesioterapêutico. (BARONI et al., 2010).
Segundo Oberlaender et al. (2010) a necessidade de exames complementares para
a lesão de tornozelo baseia-se na suspeita de fraturas associadas, onde a realização de
radiografias é indicada apenas quando houver dor em pontos ósseos específicos ou na
impossibilidade do apoio do pé ao chão.
Oberlaender et al. (2010) ressalta que a entorse quando é de grau 3 e tem
necessidade de cirurgia, tem como técnica a fixação simples por meio de parafusos, sendo
utilizada comumente para ligar pequenos fragmentos ósseos, como por exemplo, os
maléolos.
De acordo com a tabela 3, 33,3% das pessoas afirmaram que foi preciso fazer
fisioterapia. No tratamento fisioterapêutico, os pacientes com entorses de tornozelo são
divididos em três etapas: agudo, subagudo e crônico. Na fase aguda podem ser aplicados
recursos de hipotermoterapia, laseterapia, eletroanalgesia e cinesioterapia passiva. Na
fase sub aguda o uso de hipertermoterapia, técnicas de mobilização, cinesioterapia
levemente resistida e propriocepção suave podem ser indicados. Na fase crônica a
prevalência de ações mais dinâmicas e de maior exigência mioarticular, destacando-se os
trabalhos com mobilizações complexas, cinesioterapia ativa resistida, propriocepção
dinâmica e alongamentos musculares. (OBERLAENDER et al., 2010).
Para Belangero et al. (2010) e Baroni et al. (2010) apesar de a entorse ser
comumente relacionada à lesão ligamentar, estruturas capsulares, tendinosas e
11

musculares estão sujeitas a prejuízos tanto pelo trauma agudo de origem mecânica, quanto
pelo desuso promovido pela imobilização.
De acordo com Belangero et al. (2010), estima-se que ocorra uma entorse a cada
10.000 pessoas por dia, sendo uma das lesões musculoesqueléticas agudas de maior
acometimento na população mundial.
A tabela 4 apresenta a prevalência do uso de tornozeleira pelos praticantes de
voleibol.

Tabela 4 – Proteção do tornozelo através do uso de tonozeleira.


Variáveis Nº de praticantes Total (%)
Uso de tornozeleira
Sim 12 15
Não 68 85

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Sendo a entorse de tornozelo uma das principais lesões no voleibol, somente 15%
dos praticantes utilizam proteção com o uso de tornozeleira.
Os estabilizadores ou comumente chamados de tornozeleira, são equipamentos
que contribuem na redução das lesões no tornozelo e pode ser incluída como estratégia
de prevenção. No entanto, ao utilizar por um longo período sem fazer fortalecimento
muscular pode ser ainda prejudicial. (FARINA, 2008)
De acordo com Farina (2008), atletas que utilizaram as tornozeleiras, associados
a um programa de prevenção através de exercícios de propriocepção, tiveram
significativamente índices menores de lesões e estas diferenças estão relacionadas em
pessoas com história prévia de lesão.
O treinamento proprioceptivo ajuda na prevenção ou diminuir os sintomas da
instabilidade no tornozelo, utilizado para trabalhar a capacidade em reconhecer a
localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos
e a posição de cada parte do corpo em relação às demais. O treino proprioceptivo visa
refortalecer a musculatura do tornozelo e dos ligamentos. (FIGUEIREDO, 2013)
O gráfico 3 apresenta a prevalência da prática de outras atividades esportivas.

Gráfico 3 – Realizam outras atividades físicas além do voleibol.


12

Sim Não

21%

79%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017

Verificou-se que 79% dos praticantes de voleibol, também fazem outra atividade
esportiva.
Segundo VIGITEL (2016) que é o sistema de vigilância de fatores de risco e
proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, a atividade física de intensidade
moderada, equivalente a pelo menos 150 minutos por semana no tempo livre no Brasil,
teve um crescimento onde em 2009 era de 30,3%, em 2016 alcançamos o número de
37,6%, sendo que a prevalência diminui com a idade, sendo mais frequente entre os
jovens de 18 a 24 anos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS (2017) a atividade física
regular de intensidade moderada - como caminhar, andar de bicicleta ou fazer esportes -
tem benefícios significativos para a saúde, como melhora da aptidão muscular e
cardiorrespiratória, melhora a saúde óssea e funcional, reduz o risco de hipertensão,
doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral, diabetes, vários tipos de câncer
(incluindo câncer de mama e cólon) e depressão, reduz o risco de quedas, bem como
fraturas de quadril ou vertebral e são fundamentais para o equilíbrio de energia e controle
de peso.
A Organização Mundial de Saúde – OMS (2017) nos alerta que a insuficiência de
atividade física é um dos principais fatores de risco para a mortalidade global e está a
aumentar em muitos países, com isso afetando a saúde geral em todo o mundo. Sendo que
as pessoas insuficientes ativas possuem de 20% a 30% maior risco de morte em
comparação com pessoas ativas.
13

Na tabela 5 podemos observar as atividades físicas mais praticadas além do


voleibol.

Tabela 5 – Outras atividades físicas

Atividades físicas Número de praticantes


Musculação 25
Corrida 16
Treinamento funcional 15
Futebol 13
Ciclismo 6
Caminhada 5
Dança 2
Handebol 2
Basquete 1
Crossfit 1
Hidroginástica 1
Motocross 1
Natação 1
Pilates 1
Tênis 1
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Analisando a tabela 5 podemos observar que, as atividades esportivas mais


praticadas é a musculação, a corrida e o treinamento funcional.
A musculação é uma das modalidades de exercício mais praticadas em todo
mundo. Ela é capaz de proporcionar vários benefícios ao nosso organismo, tais como o
aumento da força, resistência muscular, massa muscular, redução da gordura corporal,
além da melhora estética, autoestima, reabilitação e prevenção e contribui para a melhoria
da saúde e qualidade de vida de seus praticantes. (SOUZA; MOREIRA; CAMPOS,
2015).
A participação popular em corridas de rua, no Brasil, tem aumentado
significativamente nos últimos anos, com uma série de benefícios aos seus praticantes,
tanta na parte física, quanto mental. (PAZIN, 2008). Segundo Farina (2008), as lesões
também estão presentes em corredores de rua, irregularidades no terreno, como degraus
e buracos, tipo de pisada, o uso de tênis inadequado, e o tempo de prática podem facilitar
o acometimento de uma lesão quando não orientados por um profissional da área.
14

De acordo com Farina (2008) o treinamento funcional é uma ferramenta que pode
ser aplicado em diversas modalidades, são exercícios que respeitam os movimentos
naturais do corpo como agachar, empurrar, girar, pular e correr. Os movimentos
executados podem integrar todos os grupos musculares, podendo estar diretamente
relacionado á atividade física praticada. O treinamento funcional voltado para praticantes
de voleibol pode ser usado para se obter um melhor condicionamento físico como também
pode ser usado como forma de prevenção de entorses de tornozelo, lesão de joelho, ombro
e coluna vertebral, através de exercícios específicos para fortalecimento muscular.
Segundo Simas e Gonçalves (2012), o voleibol é considerado um esporte
caracterizado por um jogo complexo, de movimentos constantes que exigem força,
flexibilidade, potência, agilidade e condicionamento aeróbico. Nas três atividades citadas,
musculação, corrida e treinamento funcional, conseguimos trabalhar essas valências onde
pode contribuir no rendimento do praticante de voleibol dentro de quadra bem como
contribuir na prevenção de lesões e ajudar no fortalecimento muscular.

4 CONCLUSÃO

Os dados desse estudo mostraram que existe uma alta prevalência de entorses de
tornozelo em praticantes de voleibol na cidade de TubarãoSC, sendo a lesão por inversão
a mais acometida.
Mesmo com um número elevado de entorses, os pesquisados pouco utilizam
proteção, como a tornozeleira, um item indispensável usado na redução da lesão. Mais da
metade dos praticantes da modalidade iniciam com aquecimento e logo após com
alongamento para posteriormente, começar a jogar voleibol. Após a atividade, constatou-
se que poucos praticantes realizam alongamentos. Os praticantes do voleibol jogam mais
de duas horas por semana e realizam outras atividades esportivas como musculação,
corrida e treinamento funcional, auxiliando no fortalecimento e prevenção das entorses.
As informações obtidas poderão servir de conhecimento aos que praticam de
forma recreativa a modalidade, a atletas, preparadores físicos, fisioterapeutas e demais
profissionais de saúde, que atuam de forma direta ou indireta com a área esportiva,
auxiliando na prevenção de lesão.
15

REFERÊNCIAS

ACHOUR JÚNIOR, Abdallah. Flexibilidade e Alongamento: Saúde e Bem-estar. 2.


ed. Barueri: Manole, 2009. 324 p.
16

BARBANERA, Márcia et al. Avaliação do torque de resistência passiva em atletas


femininas com entorse de tornozelo. Rev. Bras. Med. Esporte, São Paulo, v. 18, n. 2,
p.112-116, mar. 2012.Bimestral.

BARONI, Bruno Manfredini et al. Adaptações neuromusculares de flexores dorsais e


plantares a duas semanas de imobilização após entorse de tornozelo. Rev. Bras. Med.
Esporte, São Paulo, v. 16, n. 5, p.358-362, set. 2010. Bimestral.

BELANGERO, Paulo Santoro et al. Como o ortopedista brasileiro trata entorse lateral
aguda do tornozelo? Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, p.468-473, 2010.
Bimestral.

BIZZOCCHI, Carlos “Caca”; O voleibol de alto nível: da iniciação à competição.


Barueri, SP. Manole, 2013.

FAIZ, Omar; BLACKBURN, Simon; MOFFAT, David. Anatomia básica: guia


ilustrado de conceitos fundamentais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2013.

FARINA, Elaine Cristina Rodrigues. Riscos de lesões na região do tornozelo em


jogadores de voleibol: proposta de prevenção. 2008. Disponível em: <
http://www.efdeportes.com/efd117/riscos-de-lesoes-na%20regiao-do-tornozelo-em-
jogadores-de-voleibol.htm  Acesso em: 03 de Março de 2017.

FIGUEIREDO, Gustavo. Treino proprioceptivo na performance do teste SEBT em


jogadores de voleibol masculino. Curso de Licenciatura em Fisioterapia, Universidade
Fernando Pessoa - Ufp, Porto, 2013.

FORTES, Carlos Rodrigo do Nascimento; CARAZZATO, João Gilberto. Estudo


Epidemiológico da entorse de tornozelo em atletas de voleibol de alto rendimento. Acta
Ortopédica Brasileira, São Paulo, p.142-147, 2008. Bimestral.

MINISTERIO DO ESPORTE. Pesquisa aponta que 45,9% dos brasileiros não


praticam esporte ou atividade física. 2015. Disponível em: <
http://www.esporte.gov.br/index.php/noticias/24-lista-noticias/51170-pesquisa-aponta-
que-49-5-dos-brasileiros-nao-praticam-esporte-ou-atividade-fisica%3E  Acesso em: 03
de Março de 2017.

OBERLAENDER, Ana Paula et al. A eficácia do tratamento cinesioterapêutico na


recuperação funcional do membro inferior em uma entorse de tornozelo grau 3.
2010. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd147/recuperacao-funcional-em-
uma-entorse-de-tornozelo.htm Acesso em: 15 de Maio de 2017

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE- OMS. Atividade física. 2017. Disponível


em: < http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs385/en/ Acesso em 22 de Maio de
2017.

PAZIN, Joris et al. Corredores de rua: Características demográficas, treinamento e


prevalência de lesões. Revista Brasileira de Cineantropom. Desempenho
Hum., Florianópolis, p.277-282, 2008. Semestral.
17

PERES, Mariana Michalski et al. Efeitos do treinamento


proprioceptivo na estabilidade do tornozelo em atletas de
voleibol. Rev. Bras. Med. Esporte, São Paulo, v. 20, n. 2,
p.146-150, mar. 2014. Bimestral.

PERRIN, David H.; Bandagens funcionais e órteses esportivas.


Porto Alegre, RS. Artmed, 2008.

RODRIGUES, Karina Aparecida et al. A fadiga influencia a resposta dos músculos


eversores após a simulação de uma entorse do tornozelo? Rev. Bras. Med.
Esporte, São Paulo, v. 21, n. 1, p.8-11, jan. 2015. Bimestral.

SANTOS, Saray Giovana dos; PIUCCO, Tatiane; REIS, Diogo Cunha dos. Fatores que
interferem nas lesões de atletas amadores de voleibol. Rev, Bras. de Cineantropom.
Desempenho Hum., Florianópolis, p.189-195, 2007. Semestral.

SIMAS, José Martim Marques; GONÇALVES, Claus. Influência da flexibilidade


musculotendínea nas lesões de atletas do voleibol. Revista Fisioterapia & Saúde
Funcional, Fortaleza, p.48-53, 2012.

SOUZA, Guilherme Lissa; MOREIRA, Natalia Boneti; CAMPOS, Wagner. Ocorrência


e características de lesões entre praticantes de musculação. Revista Saúde e
Pesquisa, Maringá, v. 8, n. 3, p.469-477, set. 2015.

VIGITEL.Vigitel Brasil 2016, hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da


obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão. 2016. Disponível em:<
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/abril/17/Vigitel.pdf Acesso em: 28
de Maio de 2017.

APÊNDICE A:
18

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado a participar do projeto de


pesquisa intitulado:” PREVALÊNCIA DE
ENTORSES DE TORNOZELO EM PRATICANTES DE
VOLEIBOL NA CIDADE DE TUBARÃO” Este estudo tem
como objetivo investigar a prevalência de entorses de
tornozelo em praticantes de voleibol na cidade de Tubarão de ambos os sexos com idades
entre 18 e 60 anos.
Para participar dessa pesquisa você terá que responder um questionário.
A confidencialidade das informações geradas será mantida durante todo o
processo, mantendo sua privacidade, tendo somente os pesquisadores acesso aos dados
coletados, que poderão, depois de copilados e analisados, serem utilizados para futuras
publicações de âmbito cientifico.
A participação no estudo se dará de forma livre e voluntária, sem qualquer
constrangimento ou dano a quem não quiser fazer parte da pesquisa. Não haverá qualquer
tipo de pagamento para ambas as partes. Você poderá retirar o seu nome do estudo em
qualquer momento sem qualquer penalização ou prejuízo.
Não existem riscos quanto ao preenchimento do questionário, porém caso você se
sinta desconfortável ou constrangido, poderá contar com o auxílio dos pesquisadores para
o preenchimento do mesmo.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li,
descrevendo o estudo, ficando claros para mim os propósitos deste estudo, bem como os
procedimentos a serem realizados, seus riscos e garantias de confidencialidade. Ficou
claro também que minha participação é livre de despesas.

Eu_________________________________________ concordo em participar da


pesquisa e poderei retirar meu consentimento a qualquer momento, antes, durante ou
depois da coleta de dados, sem penalidades/prejuízos, ou mesmo perda de qualquer
benefício que possa ter adquirido nesse serviço.

Data: ______________Local: _______________________RG: _____________


Assinatura: __________________________________________________

Em caso de duvidas, perguntas ou solicitações de resultados do estudo, entre em contato com:

Pesquisador Responsável: Outros Pesquisadores:


Prof. Ana Cristina Huber Felipe Farias Goulart
Telefone: (48) 98429-6002 Telefone: (48) 996019858
e-mail: ana.mendes4@unisul.br e-mail: felipe_fariastb@hotmail.com
Assinatura do pesquisador: Assinatura do pesquisador:

APÊNDICE B:
19

QUESTIONÁRIO

O presente questionário foi elaborado para verificar a prevalência de entorses de tornozelo


em praticantes de voleibol no município de Tubarão, de ambos os sexos com idades entre
18 e 60 anos.
Nome (opcional):_____________Idade:____anos Sexo: ( ) feminino ( ) masculino

1. Joga voleibol á quanto tempo?


( ) Até 6 meses ( ) Seis meses a 1 ano ( ) Há mais de 1 ano

2. Quantas horas por semana você joga voleibol?


( ) Até 1 hora ( ) Duas horas ( ) Mais de 2 horas

3. Quando você está jogando, você é


( ) Líbero ( ) Levantador ( ) Atacante ( ) Faz todo o rodízio jogando
em todas as posições

4. Realiza aquecimento antes de começar a jogar voleibol?


( )Sim ( ) Não

5. Faz alongamento antes de jogar?


( )Sim ( ) Não

6. Após o jogo realiza alongamento?


( )Sim ( ) Não

7. Você já teve alguma entorse no tornozelo?


( )Sim, quantas vezes:________ ( ) Não

8. A entorse foi em qual tornozelo?


( ) direto, quantas vezes_____ ( ) esquerdo, quantas vezes_____

9. A entorse foi por inversão?


20

( )Sim ( ) Não

10. A entorse foi por eversão?

( )Sim ( ) Não

11. Chegou a fazer algum tratamento médico?


( )Sim, qual:__________________ ( ) Não

12. Foi preciso fazer fisioterapia?


( )Sim ( ) Não

13. Quanto tempo ficou afastado em função da lesão?


( ) Até 1 mês ( ) Até 2 meses ( ) Mais que 2 meses

14. Utiliza proteção para o tornozelo quando está jogando voleibol, como
tornozeleira?
( )Sim ( ) Não

15. Realiza alguma outra atividade física além do voleibol?


( )Sim, qual:______________________ ( )Não

ANEXO A
21
22
23

Você também pode gostar