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Diversidade & Inclusão

As Pessoas com Deficiência


no Mundo do Trabalho
Manual para empresas
Diversidade & Inclusão
As Pessoas com Deficiência no Mundo do Trabalho
Manual para empresas

Texto:
João Ribas

Gerência de Cidadania Corporativa:


Andréa Regina

Realização:
Serasa Experian

Outubro de 2013

Ilustrações e Parceria:

Capa: Sem Título, 2007. Danilo Figueiredo Batista Costa. Acrílica s/ tela. 60 x 80 cm

A íntegra do texto deste manual é de propriedade da Serasa Experian e conta com a proteção legal de Direitos Autorais.
É vedada a reprodução ou cópia, total ou parcial do conteúdo, sem a expressa autorização.
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Índice

05 Apresentação
06 I) A Diversidade Social e as Pessoas com Deficiência
08 II) Recomendações sobre a Legislação Brasileira
10 III) Os Papeis dos Líderes Empresariais, do Governo e das
Pessoas com Deficiência
14 IV) A Definição de Deficiência no Mundo do Trabalho
15 V) Orientações para Contratação e Desenvolvimento Profissional das
Pessoas com Deficiência
15 1) Avaliação Arquitetônica dos Edifícios e Equipamentos
16 2) Onde Procurar Candidatos
17 3) Critérios Gerais de Recrutamento e Seleção
17 4) Critérios Específicos de Recrutamento e Seleção
20 5) Entrevistando uma Pessoa com Deficiência
21 Roteiro de Perguntas
21 6) Lembre-se de Avaliar a Autoestima
22 7) Feedback aos Candidatos
22 8) Contratação
22 9) Acompanhamento e Retenção
24 10) Desligamento
25 Dicas do dia a dia (Aproximando os Universos)
25 1) Aspectos Gerais
26 2) Pessoas com Deficiência Física
26 3) Pessoas com Deficiência Auditiva
27 4) Pessoas com Deficiência Visual
29 5) Pessoas com Deficiência Intelectual
30 Recomendações para Leitura

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4 Momento, 2006. Douglas Clemente. Acrílica s/ papel. 42 x 29,7 cm
Apresentação
Este manual oferece às empresas brasileiras orientações para contratar
pessoas com deficiência e desenvolvê-las profissionalmente.

Ele é fruto da experiência que a Serasa Experian adquiriu ao longo de mais


de uma década contratando e desenvolvendo profissionalmente pessoas
com deficiência.

A nossa intenção é ajudar empresas brasileiras a criar e manter uma


Cultura de Inclusão Social.

Entendemos que todos os profissionais que trabalham nas empresas devem


estar envolvidos e comprometidos com a Inclusão Social e, por isso, esse
manual foi escrito para todos.

Entendemos, ainda, que a responsabilidade pela Inclusão Social é do


conjunto de todas as partes envolvidas: empresas, governo e as próprias
pessoas com deficiência. As empresas devem querer contratar. O governo
deve ter políticas públicas eficazes. As pessoas com deficiência devem ter
postura e comportamento profissional, buscar o próprio desenvolvimento
técnico e jamais pedir atitudes paternalistas e protecionistas.

Esperamos que este manual auxilie as empresas a construir, desenvolver


e aprofundar a convivência com profissionais diversos. É por meio dessa
convivência que as empresas terão engajamento e participação dos seus
funcionários e, consequentemente, maior humanização no ambiente de
trabalho.

As ilustrações aqui publicadas são de trabalhos de artes visuais do banco de


imagens do Instituto Rodrigo Mendes, uma organização sem fins lucrativos
comprometida com a construção de uma sociedade inclusiva por meio da
educação e da arte (www.institutorodrigomendes.org.br). Dentre as mais de
1.000 imagens que nos foram enviadas pelo Instituto, escolhemos aquelas
que interpretam rostos e corpos e que, portanto, revelam a múltipla e
infindável representação da existência humana.

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I) A Diversidade Social e as Pessoas com Deficiência
Toda sociedade humana é diversa.

• Podemos ser homens ou mulheres;


• Podemos ter raça e cor de pele diferentes;
• Podemos ter idades diferentes;
• Podemos ter religiões diferentes;
• Podemos ter orientações sexuais diferentes;
• Podemos ter ou não ter uma deficiência física, visual, auditiva
ou intelectual;
• Podemos ter ideias diferentes.

Mas todos nós fazemos parte da mesma


sociedade humana.
Os líderes governamentais dos países mais
modernos e desenvolvidos promovem
a Diversidade & Inclusão.

Eles procuram garantir que as pessoas com deficiência tenham:

• Trabalho; • Educação;
• Saúde; • Qualidade de Vida;
• Ascenção Social; • Justiça.

Os líderes das empresas mais modernas, desenvolvidas e


competitivas promovem a Diversidade & Inclusão.

Eles procuram garantir que as pessoas com deficiência tenham:

• Trabalho;
• Treinamento e Qualificação Profissional;
• Equipamentos e Ferramentas de Trabalho;
• Acessibilidade.

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Todos devemos estar comprometidos com a Diversidade & Inclusão.

• Presidente da República;
• Governadores e Prefeitos;
• Vereadores, Deputados e Senadores;
• CEOs e Presidentes de Empresas Públicas e Privadas;
• Educadores e Profissionais das ONGs.

Imundície mental, 2004. Rodrigo do Carmo Caetano. Óleo sobre tela. 60 x 80 cm 7


II) Recomendações Sobre a Legislação Brasileira

As empresas brasileiras, que têm mais de 100 funcionários, estão


obrigadas a contratar uma porcentagem de pessoas com deficiência.

Lei 8.213/91, Artigo 93

A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a


preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos
com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência,
habilitadas, na seguinte proporção:

Até 200 empregados ..................... 2%


De 201 a 500 .................................... 3%
De 501 a 1.000 ................................. 4%
De 1.001 em diante ........................ 5%

§ 1º - A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado


ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias,
e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer
após a contratação de substituto de condição semelhante.

• As empresas devem exercer a prática de compliance e buscar o rigoroso


cumprimento da Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência;

• Os advogados das empresas e os profissionais de RH devem


estabelecer um respeitoso e profícuo diálogo com responsáveis pela
fiscalização da Lei de Cotas: auditores fiscais do Ministério do Trabalho
e Emprego e promotores de justiça do Ministério Público do Trabalho.
Deve-se buscar ajuda mútua, entendimento e cooperação;

• Os auditores fiscais e promotores de justiça devem compreender


eventuais dificuldades encontradas pelas empresas e ajudá-las a
cumprir a Lei de Cotas.

8
Sem Título, 2003. Maria da Conceição Barbosa de Araújo. Óleo s/ Tela. 40 x 30 cm 9
III) Os Papeis dos Líderes Empresariais, do Governo
e das Pessoas com Deficiência

O Papel dos Líderes Empresariais

Os líderes das empresas mais modernas, desenvolvidas e competitivas


valorizam a contratação das pessoas com deficiência porque sabem que:

• As suas empresas não têm apenas uma função econômica. Elas


também têm uma função social;

• Responsabilidade Social, Cidadania Corporativa, Sustentabilidade


e Diversidade & Inclusão estão ligados ao negócio das suas empresas,
fazendo com que elas se tornem mais competitivas e dêem mais
resultados financeiros;

• As pessoas com deficiência encontram obstáculos para ingressar


no mundo do trabalho;

• A compra de equipamentos ou serviços específicos para as pessoas


com deficiência (softwares, impressoras braille, interpretação de
Libras) não são encarados como gastos. São encarados como
ferramentas e recursos profissionais e, portanto, compreendidos como
investimentos;

• As empresas devem cumprir a legislação brasileira que determina


a contratação de pessoas com deficiência.

10
O Papel do Governo

Os líderes governamentais dos países mais modernos e desenvolvidos


promovem:

• Uma política de saúde e reabilitação voltada para pessoas com deficiência;

• Uma política educacional para pessoas com deficiência com material


didático e pedagógico específico e, sobretudo, com professores
treinados e capacitados para educar pessoas com deficiência física,
visual, auditiva e intelectual;

• Uma política de emprego que contemple pessoas com deficiência


e que as prepare efetivamente para os desafios da alta competitividade
do mercado de trabalho.

Sem título, 2001. Stanley Pereira Moura. Acrílica s/ tela. 40 x 40 cm 11


O Papel das Pessoas com Deficiência

As pessoas com deficiência, que realmente querem ser profissionais


e conquistar oportunidades no mercado de trabalho, são pessoas que:

• Estão profissionalmente atualizadas. Isso significa que buscam estudos,


aperfeiçoamentos técnicos, e jamais se acomodam;

• Ajudam as empresas onde trabalham a desenvolver bem o seu negócio


e a crescer;

• Cumprem metas, entregam com qualidade as tarefas solicitadas


e oferecem reais resultados profissionais;

• Estão comprometidas com os valores das empresas nas quais trabalham;

• Convivem com colegas e líderes buscando aprender sempre e cooperar


com as equipes;

• Não aceitam nem pedem atitudes paternalistas, auxílios desnecessários,


dó ou piedade;

• Buscam ter o máximo possível de independência e autonomia;

• Sabem lidar com a própria deficiência e têm autoestima elevada;

• Conhecem claramente os seus limites e alcances pessoais e profissionais;

• São protagonistas da própria Inclusão Social, isto é, ajudam às pessoas


que não têm deficiência a recebê-las adequadamente informando sobre
os seus limites e alcances.

12
Sem Título, 2006. Denis Moreira da Costa. Acrílica s/ papel. 42 x 60 cm 13
IV) A Definição de Deficiência no Mundo do Trabalho

A Lei 8.213/91, o Decreto 3.298/99 e o Decreto 5.296/04 definem:

Deficiência Física – alteração completa ou parcial de um ou mais


segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função
física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia,
monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia
cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida,
exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades
para o desempenho de funções.

Deficiência Auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um


decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz,
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

Deficiência Visual – cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor


que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão,
que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor
correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo
visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência
simultânea de quaisquer das condições anteriores.

Deficiência Mental ou Intelectual – funcionamento intelectual


significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito
anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades
adaptativas, tais como:

• Comunicação;
• Cuidado pessoal;
• Habilidades sociais;
• Utilização dos recursos da comunidade.

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V) Orientações Para Contratação e Desenvolvimento
Profissional das Pessoas com Deficiência

1) Avaliação Arquitetônica dos Edifícios e Equipamentos

• Os líderes das empresas devem verificar como podem superar obstáculos que
impedem o acesso de pessoas com deficiência física ao edifício, tais como
escadas (principalmente sem corrimão) e desníveis acentuados do piso;

• No caso de contratação de usuários de cadeira de rodas, é necessário


que o edifício tenha elevador e banheiro adaptado;

• No caso de contratação de pessoas com deficiência visual, a empresa


deve dispor de software leitor e/ou ampliador de tela;

• No caso de contratação de pessoas com deficiência auditiva, a empresa


deve dispor de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais – Libras para
treinamentos, palestras e reuniões que necessitem desse profissional.

Para terem mais informações sobre acessibilidade e equipamentos, as


empresas devem consultar a Norma Brasileira 9050, de 2004, publicada
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Auto retrato, 2008. Rafaela Souza Silva. Nanquim s/ papel. 42 x 30 cm 15


2) Onde Procurar Candidatos

Para o recrutamento e a seleção, as empresas devem procurar:

• Organizações da sociedade civil que atendem pessoas com deficiência


(Instituições, Fundações, ONGs, etc.);

• Conselhos de Pessoas com Deficiência ou Secretarias Estaduais


e Municipais que direta ou indiretamente estejam ligadas ao atendimento
de pessoas com deficiência;

• Escolas, universidades e faculdades locais;

• Grupos e/ou entidades formados pelas próprias pessoas com deficiência;

• Comunidade local: paróquias, clubes esportivos, associações de bairro, etc.;

• Rede de relacionamento das lideranças.

16 Pessoa, 2006. Midori Haykawa. Aquarela s/ papel. 29,5 x 42 cm


3) Critérios Gerais de Recrutamento e Seleção

• Estabelecer uma relação de profissionalismo e analisar competências


e aptidões para ocupar a vaga oferecida, lembrando sempre que as pessoas
com deficiência contratadas terão de atingir metas e, portanto, alcançar
resultados;

• Avaliar a necessidade de acessibilidade (como corrimãos ou banheiros


adaptados, caso a pessoa use cadeira de rodas), recursos humanos
(como interpretação da Língua Brasileira de Sinais – Libras, caso a pessoa
seja surda) e/ou equipamentos técnicos específicos (como softwares
leitores de tela, caso a pessoa seja cega);

• Avaliar a necessidade de treinamentos tais como Postura Profissional,


Trabalho em Equipe, Negociação, Português, Matemática, etc.

4) Critérios Específicos de Recrutamento e Seleção

Pessoas com Deficiência Física:

• Independência de locomoção (mesmo com a ajuda de cadeira de rodas,


aparelho ortopédico, bengala ou muleta) para ir ao trabalho, almoçar
e voltar para casa;

• Utilização de transporte público;

• Mobilidade para circulação sem ajuda de outra pessoa.

Lembre-se: pessoas com deficiência física podem ser conduzidas por


familiares e/ou amigos de casa para o trabalho e do trabalho para
a casa. Muitas pessoas que não têm deficiência também são conduzidas
por familiares e/ou amigos. Porém, o eventual impedimento da pessoa
que conduz não pode ser motivo de desculpa para que a pessoa com
deficiência falte ao trabalho.
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Pessoas com Deficiência Auditiva:

• Capacidade eventual de oralização;

• Compreensão de leitura labial (caso seja surda);

• Compreensão da Língua Brasileira de Sinais – Libras.

Lembre-se: o intérprete de Libras é absolutamente fundamental


no momento da entrevista de uma pessoa surda. Não se deve confiar
que, mesmo fazendo a leitura labial, a pessoa surda compreenda 100%
do contexto da entrevista. Ela não compreende mais do que 70%
e a falta do intérprete de Libras pode prejudicar o entendimento
nesse processo de seleção.

Pessoas com Deficiência Visual:

• Independência de locomoção (mesmo com a ajuda de bengala)


para ir ao trabalho e voltar para casa;

• Capacidade de reconhecimento individual do ambiente;

• Conhecimento de software leitor de tela (caso seja cega).

Lembre-se: a capacidade que uma pessoa cega tem de ser


independente e autônoma demonstra o seu potencial de vida e pode
indicar que ela será um bom profissional.

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Índia, 2002. Maria da Conceição Barbosa de Araújo. Óleo s/ Tela.100 X 70 cm 19
Pessoas com Deficiência Intelectual:

• Potencial de aprendizagem;

• Independência e autonomia em relação aos membros das equipes;

• Comportamento profissional em ambiente de trabalho.

Lembre-se: deficiência intelectual é muito diferente de doença mental.


Familiares e/ou responsáveis por pessoas com deficiência intelectual
devem participar do processo de seleção para que possam estabelecer
vínculo com o RH, ajudando a empresa a incluí-las da melhor
forma possível.

5) Entrevistando uma Pessoa com Deficiência

Ao abordar os aspectos relacionados à deficiência, é importante fazê-lo


com objetividade. Não se deve ter receio de fazer perguntas pessoais
e que estejam ligadas à maneira como a pessoa vive o seu dia a dia.
Essas perguntas devem ter a finalidade de conhecer os limites e alcances
das pessoas para que se possa prever eventuais ajudas e apoios técnicos.

É necessário conhecer os detalhes de como a pessoa tem lidado com


a sua própria deficiência ao longo da vida. É muito importante saber
se essa pessoa tem independência, autonomia e autoestima elevada.

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Roteiro de Perguntas

a) Como tem sido o seu percurso educacional? Frequentou escolas


regulares ou especiais? Teve alguma dificuldade ao longo do período
escolar? Quer estudar mais? Quais cursos deseja fazer?

b) Como foi seu desempenho em empregos anteriores? Houve


necessidade de alguma adequação para desenvolver as tarefas
profissionais? Houve necessidade de adaptações na cadeira,
na mesa de trabalho, no computador ou outras?

c) Qual o grau de autonomia e independência? Usa transporte coletivo


como ônibus, metrô, etc.? Tem dificuldade para longas caminhadas?
Pode ficar em pé por longo tempo? Pode carregar peso? Tem
autonomia para ir sozinho ao banheiro?

d) Como anda a sua saúde? Tem necessidade de tratamentos contínuos?


Toma medicamentos com frequência?

e) Como tem se relacionado com familiares e amigos? Com quem mora,


quantos amigos tem, o que gosta de fazer nos fins de semana e no
tempo livre? É casado(a)? Namora?

f) O que você acha de usar cadeira de rodas, muletas ou próteses


(deficiência física), bengala e software leitor de telas (deficiência
visual) ou aparelho auditivo (deficiência auditiva)?

g) Como você se vê como profissional? O que você quer para


o seu futuro?

6) Lembre-se de avaliar a autoestima.

Uma pessoa com deficiência que tem autoestima elevada compreende


a cadeira de rodas, a bengala ou o aparelho auditivo como equipamentos
que dão liberdade e que os ajudam a estudar, trabalhar, passear, viajar,
namorar, etc.
Não são prisões! São a liberdade!
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7) Feedback aos Candidatos

Assim como nos demais processo seletivos, é fundamental que todos


os candidatos que têm deficiência recebam um feedback do seu processo
de seleção e as razões pelas quais foram aprovados ou reprovados.

8) Contratação

• Sugerimos que as empresas tenham vagas institucionais para serem


preenchidas pelas pessoas com deficiência. Essas vagas devem ser
reservadas para pessoas com deficiência e, em caso de desligamento,
não devem ser repostas por pessoas que não têm deficiência;

• Para que as empresas cumpram a legislação, as pessoas com deficiência


devem ser contratadas pelo regime CLT e não podem ser terceiras;

• Os Médicos do Trabalho devem estar técnica e clinicamente preparados


para realizarem o exame admissional e os periódicos. Eles devem
ser promotores da Inclusão Social e jamais criar obstáculos para
que as pessoas com deficiência não sejam aprovadas para a contratação;

• Os profissionais de Folha de Pagamento que receberem os candidatos


aprovados devem estar preparados para atender pessoas com eventuais
dificuldades de locomoção, de uso dos membros superiores (braços),
além de pessoas cegas e surdas;

• Os critérios de remuneração e benefícios devem ser os mesmos


estabelecidos para todos os outros profissionais.

9) Acompanhamento e Retenção

Recomenda-se que cada pessoa com deficiência contratada tenha,


por aproximadamente três meses, um profissional da equipe
que o acompanhe e que tenha as seguintes incumbências:

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• Apoiar o processo de inclusão, buscando soluções que possam
superar eventuais barreiras e dificuldades iniciais;

• Criar um plano de oportunidades de desenvolvimento e ensinar


as tarefas profissionais requisitadas pela área onde vai trabalhar;

• Avaliar a necessidade de equipamentos e recursos específicos,


acessibilidade, bem como de cursos complementares;

• Orientar a pessoa com deficiência para que tenha sempre postura


profissional, maturidade e abertura para responder perguntas sobre
os seus limites e alcances.

Sem Título, 2004. Alfredo de Almeida Bessa Junior. Óleo sobre tela. 40 x 50 cm 23
10) Desligamento

• Nenhuma empresa deve contratar pessoas com deficiência para que no


futuro sejam demitidas. Devem contratá-las para que se desenvolvam
profissionalmente, sejam promovidas e retidas como bons profissionais;

• A deficiência jamais pode ser justificativa para a demissão.


Legalmente isso é impossível. Todavia, a falta de performance, a ausência
de comprometimento e a eventual displicência podem levar a empresa
a desligar uma pessoa com deficiência;

• As empresas brasileiras podem desligar pessoas com deficiência.


Porém, conforme estabelece a Lei de Cotas, devem substituir as pessoas
desligadas por outras pessoas com deficiência;

• As novas pessoas com deficiência substituídas não precisam ter


o mesmo cargo, o mesmo salário ou a mesma deficiência das anteriores.

24 Sem Título, 2004. Jaziel da Silva Lins. Papel Reciclado s/ Eucatex. 60 x 40 cm


Dicas do dia a dia (aproximando os universos)
1) Aspectos Gerais
Em primeiro lugar, procure se desvencilhar do medo, da insegurança e
do preconceito e vá ao encontro da pessoa com deficiência. Aproxime-se,
busque conhecê-la, compreender melhor os diferentes etilos de vida, os
diferentes universos simbólicos.

Não fique constrangido em conversar com a pessoa sobre a deficiência dela.


Procure conhecer melhor o que significa para ela não andar, não enxergar
ou não ouvir. Ela deve estar preparada para falar naturalmente sobre a sua
própria deficiência. Uma pessoa com deficiência madura é aquela que sabe
que deve ser a protagonista da sua própria Inclusão Social.

Não faça deduções e interpretações simplistas ou superficiais sem conhecer


bem a pessoa. As pessoas com deficiência não têm apenas limites. Elas
também têm alcances.

Reconheça que as pessoas com deficiência podem precisar de


equipamentos e recursos para trabalhar diferentes daqueles que outras
pessoas precisam. Porém, uma vez que a empresa ofereça esses
equipamentos e recursos,
as pessoas com deficiência devem ser cobradas pelo seu trabalho da mesma
forma como os outros funcionários também são.

Caso você queira ajudar uma pessoa com deficiência, pergunte antes se ela
precisa de ajuda e/ou como ajudá-la.

Não trate a pessoa com deficiência como “coitadinho”. Mas também não a
trate como “super-herói”. As pessoas com deficiência têm qualidades e defeitos
como outras quaisquer. Elas podem ser bacanas, divertidas, de bem com a vida,
mas também podem ser chatas, inoportunas e inconvenientes.

Não é preciso ser politicamente correto. Nem é necessário tentar suavizar


ou abrandar a situação. Por isso, não é preciso dizer que as pessoas com
deficiência são “normais como as outras” ou têm apenas “necessidades
especiais”. A própria Organização das Nações Unidas recomenda o termo
“pessoas com deficiência” (persons with disability).

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Saiba que a deficiência não está só nas pessoas. A própria Convenção
Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o governo
brasileiro é signatário, afirma que a “deficiência resulta da interação entre
pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente
que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade
em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”.

2) Pessoas com Deficiência Física

Nunca a confunda com uma pessoa com deficiência auditiva, visual


ou intelectual.

Nunca pense que, por ter uma deficiência física, estará limitada para
estudar, trabalhar, passear, viajar, dirigir um carro, namorar, ter filhos,
ter família, etc.

Saiba que essa pessoa vai necessitar de transporte adaptado, rampas


de acesso para entrar nos edifícios e banheiros adaptados para cadeiras
de rodas.

Procure conhecer as cadeiras de rodas. Existem diversos tipos e


cada pessoa usa aquela que é mais adequada ao seu corpo. Elas são
equipamentos pessoais de ajuda para a locomoção. Não são objetos de
hospital nem devem ser consideradas como confinamento, prisão, etc.
Elas são a liberdade para a pessoa com deficiência, pois as conduzem
pelos caminhos da vida.

3) Pessoas com Deficiência Auditiva

Nunca a confunda com uma pessoa com deficiência física, visual


ou intelectual.

Nunca chame uma pessoa surda de surda-muda. A enorme maioria das


pessoas surdas não têm nenhuma restrição vocal. Elas têm dificuldade
de oralização porque não escutam a si mesmas.

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Jamais grite quando quiser conversar com ela. Não adianta gritar.
Provavelmente ela se sentirá constrangida.

Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestando
atenção em você, acene para ela ou toque, levemente, em seu braço.

Procure saber se ela faz leitura labial. Se fizer, fale pausadamente, olhando nos
seus olhos. Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual.
Se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.

Se você não compreender o que ela diz, não se sinta constrangido em pedir
para ela repetir ou escrever o que quer dizer. Nem sempre uma pessoa
surda tem boa dicção.

Se quiser, procure aprender um pouco da Língua Brasileira de Sinais – Libras.


Trata-se de uma língua fascinante.

4) Pessoas com Deficiência Visual

Nunca a confunda com uma pessoa com deficiência física, auditiva


ou intelectual.

Nunca a pegue pelo braço para conduzi-la. Coloque a mão da pessoa


no seu cotovelo dobrado. Ela irá acompanhar o movimento do seu corpo
enquanto você vai andando. É sempre bom você avisar, antecipadamente,
a existência de degraus, pisos escorregadios, buracos e obstáculos durante
o trajeto. Num corredor estreito, por onde só é possível passar uma pessoa,
coloque o seu braço para trás, de modo que a pessoa cega possa continuar
seguindo você. Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, você deve guiá-la
até a cadeira e colocar a mão dela sobre o encosto da cadeira, informando
se esta tem braço ou não. Deixe que a pessoa sente-se sozinha.

Procure conhecer a utilização do cão-guia. Não tenha medo, pois é um


cão treinado para orientar a pessoa com deficiência visual. Nunca impeça
o cão-guia de entrar com a pessoa na sua escola, na sua empresa ou em
qualquer local público. Procure aprender com o próprio cego para que serve
o cão-guia e como eles os ajudam.
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Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando
conversam com pessoas cegas. A menos que a pessoa tenha, também,
uma deficiência auditiva que justifique isso, não faz nenhum sentido gritar.
Fale em tom de voz normal.

Respeite sempre o cão-guia (se ela tiver um). Não tenha medo, pois é um
cão treinado para orientar a pessoa com deficiência visual. Nunca impeça
o cão-guia de entrar com a pessoa na sua escola, na sua empresa ou em
qualquer local público.

Procure sempre explicar, com detalhes, aquilo que a pessoa não consegue ver.

Deixe-a tocar nos objetos. Lembre-se que o seu tato é a sua visão.

28 Sem Título, 2003. Maria da Conceição Barbosa de Araújo. Óleo s/ Tela. 40 x 30 cm


5) Pessoas com Deficiência Intelectual

Nunca a confunda com uma pessoa com deficiência física, auditiva ou visual.

Nunca a confunda com uma pessoa com doença mental.

Não fale com a pessoa com deficiência intelectual como se ela fosse
criança, reforçando expressões como “lindinho”, “fofinho”, etc. Se
for criança, trate-a como criança; se for adolescente, trate-a como
adolescente; se for adulto, trate-a como adulto.

Não subestime a sua inteligência. A pessoa com deficiência intelectual


tem um tempo diferenciado de aprendizagem, mas pode adquirir várias
habilidades e conhecimentos profissionais. Ofereça informações em
linguagem objetiva, com sentenças curtas e simples.

Não pense que uma pessoa com deficiência intelectual jamais poderá
se desenvolver profissionalmente e aprender tarefas mais sofisticadas
e criativas. Procure desenvolvê-la sempre.

Sem Título, 2004. Jairo de Pontes Clementino. Acrílica, nanquim e guache sobre tela. 20 x 20 cm 29
Recomendações Para Leitura

Gabrilli, Mara. Inclusão Profissional. Ferramentas e Procedimentos para


a Contratação e Retenção de Pessoas com Deficiência no Mercado
de Trabalho. SP: 2011.
Pode ser encontrado em: http://www.maragabrilli.com.br/images/stories/
inclusao_profissional.pdf

Governo do Estado de São Paulo. Secretaria dos Direitos da Pessoa com


Deficiência / PwC. Pessoas com Deficiência no Trabalho. Criando Valor Pela
Inclusão. SP: 2013.
Pode ser encontrado em: http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/
share/documents/Pessoas_com_deficiencia_no_trabalho_DIGITAL.pdf

Ministério do Trabalho e Emprego. Inclusão das Pessoas com Deficiência


no Mercado de Trabalho.
Pode ser encontrado em: http://portal.mte.gov.br/fisca_trab/inclusao-das-
pessoas-com-deficiencia-no-mercado-de-trabalho.htm

Organização das Nações Unidas / Presidência da República do Brasil.


Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março
de 2007. Brasília: 2008.
Pode ser encontrado em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/decreto/d6949.htm

Ribas, João. A Lei de Cotas e as Pessoas com Deficiência. SP: 2013.


Publicado pelo website do Instituto Ethos de Responsabilidade Social.
Pode ser encontrado em: http://www3.ethos.org.br/cedoc/a-lei-de-cotas-e-
as-pessoas-com-deficiencia/#.Ul2m_NKsyZ4

30
31
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