Você está na página 1de 17

A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES: PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO VS.

PATRIMÓNIO LITERÁRIO

A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES:


PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO VS. PATRIMÓNIO LITERÁRIO1

Ana Maria Tavares Martins


Universidade da Beira Interior (DECA-UBI)

Mafalda Teixeira de Sampayo


Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL)

Resumo

A Quinta de Nossa Senhora da Amparo foi imortalizada na obra literária de Aquilino Ribeiro intitulada “A
Casa Grande de Romarigães”. De facto, esta “Casa Grande” Não é mais que a Quinta de Nossa Senhora
do Amparo, localizada em Romarigães, Paredes de Coura.
O edificado característico da nobreza rural é composto por casa solarenga, igreja e anexos, actualmen-
te classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP) pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico
e Arqueológico (IGESPAR).
A construção inicial data do século XVII, sendo um vínculo da família de Gonçalo da Cunha. No século
XIX a propriedade foi arrematada em hasta pública, por via judicial, pelo Conselheiro Miguel Dantas Gon-
çalves Pereira. Esta casa coube ao escritor Aquilino Ribeiro através de partilhas, por via da sua esposa
(descendente do referido Conselheiro) estando agora na posse de seu filho.

Imagem 1 – Antigo pátio minhoto da Quinta de Nossa Senhora do Amparo, Romarigães (Paredes de Coura) segundo
fotografia da época (A); Pátio beirão da Casa de Aquilino Ribeiro, actual Fundação Aquilino Ribeiro, Soutosa (Moimenta
da Beira) da autoria do Mestre Jorge Braga da Costa, cedido pelo autor (B) [arquivo das autoras]

1 Com este texto as autoras prestam homenagem à memória do Dr. Júlio Seara Loureiro da Cruz (1960-2011), investigador e estudioso
apaixonado pela obra de Aquilino Ribeiro.

999
ACTAS – 3.º CONGRESSO CASA NOBRE

Lentamente, Aquilino Ribeiro reabilitou a Quinta de Nossa Senhora do Amparo resgatando-a da ruína.
O escritor passou a dividir o seu coração entre a “sua” Soutosa, das Beiras, e o Minho da “sua” Romarigães,
ambos ambientes dotados de uma contextualização marcante e ímpar. (Imagem 1)
A “Casa Grande de Romarigães” apresenta-se como uma crónica romanceada que teve por base do-
cumentação vária, sobretudo de carácter genealógico, encontrada por Aquilino Ribeiro, relativa à Quinta de
Nossa Senhora do Amparo.

1. Breve historial

Imagem 2 – Capa da re-edição da obra “A Casa Grande de Romarigães” com desenho de João Abel Manta (A); Capa
de edição da obra “A Casa Grande de Romarigães” (B) [arquivo das autoras]

Foi em 1957 que Aquilino Ribeiro publicou “A Casa Grande de Romarigães” (Imagem 2), numa altura
em que, depois de herdar por via matrimonial, a Quinta de Nossa Senhora do Amparo, em Romarigães,
Paredes de Coura, se apaixonou pelo local, tendo procurado recuperar tal património que já então se
encontrava em decadência acelerada. Mas os elevados custos e a sua morte em 1963 deitaram por terra
todos esses sonhos. A obra literária foi no entanto um sucesso.
A Quinta de Nossa Senhora do Amparo, que inspirou Aquilino, foi um Solar de nobreza rural. (Imagem
3) A construção inicial data do século XVII, e constitui um vínculo da família de Gonçalo da Cunha.
Em 1891, foi a mesma propriedade arrematada em hasta pública, por via judicial, pelo Conselheiro
Miguel Dantas Gonçalves Pereira (1836 - 1905), natural de Mantelães, Formariz, casado em primeiras
núpcias com Bernardina Maria da Silva (1840 - 1866), de cujo matrimónio nasceu Elzira Dantas Machado
(1865 - 1942).
Esta por sua vez casou, em 1882, com o Dr. Bernardino Luís Machado Guimarães (1851 - 1944), que
viria a ser Presidente da República, sendo exilado em 1926, pela Ditadura Militar.

1000
A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES: PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO VS. PATRIMÓNIO LITERÁRIO

Imagem 3 – Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande de Romarigães, vista da Estrada Municipal 1076
(arquivo das autoras)

Deste matrimónio houve uma imensa prole de 19 filhos, entre os quais Jerónima Rosa Dantas Machado
Guimarães Ribeiro (1897 - 1987), que viria a casar em 1929, com Aquilino Ribeiro.
Por via de partilhas, desde os anos 50 que a Quinta da Senhora do Amparo era do casal Jerónima -
Aquilino. Hoje é propriedade do Engº. Aquilino Ribeiro Machado.

2. Os manuscritos

Aquilino Ribeiro, na introdução à sua obra, explica argutamente o seu primeiro contacto com os manus-
critos que permitiram escrever esta crónica romanceada:

“Num armário, não maior que o nicho dum santo, embutido na ombreira da janela, que a portada, em geral aberta,
dissimulava atrás de si, encontrou-se uma volumosa rima de papéis velhos. Como Cide Hamete Benengeli, não
posso ver um farrapo impresso que não se me sobressalte a curiosidade. Com avidez fui tirando para fora carta-
pácios sem frontispício e sem índice, entre os quais um Mestre da Vida que ostentava uma dactiloscopia densa e
salivosa, com os cantos das folhas tenazmente arrebitados, avisos e recibos da contribuição predial, uma resma de
bulas da Santa Cruzada de pinto e de doze vinténs, receitas de botica, algumas traindo pelo sebo e a usura terem
sido aviadas amiúde, folhinhas de anos sucessivos, e uns cadernos de papel almaço em que me palpitou matéria
de bisbilhotice.” 2

2 RIBEIRO, Aquilino; A Casa Grande de Romarigães; Bertrand Editora (3ª Ed.); Lisboa 2008; p.5

1001
ACTAS – 3.º CONGRESSO CASA NOBRE

Aquilino prezava igualmente a questão da verdade histórica3 na elaboração da “Casa Grande de Ro-
marigães”:

“Quanto aos autores de tal correspondência, por dedução à vista de certos documentos e papéis, não tive dúvidas
em concluir quem fossem. Mercê doutros informes de vária procedência, esclareceu-se finalmente o romance de
amor, um romance silencioso e profundo como as águas dos grandes rios e por isso mesmo cheio de sainete, sem
embargo do seu acerbo pecado.
De modo que em grande parte deste livro eu não fiz mais que marchar na esteira dos cronistas que tenho por veros,
uma vez que não tinham interesse em ser mentirosos. O padre era-o por natural lisura e dever de ofício. Os outros
que ganhavam emprestar um falso testemunho quando os não requeriam no pretório?” 4

Deste modo era de importância maior o cuidado em mencionar as fontes escritas, constituídas pelos
manuscritos encontrados no antigo Solar dos Menezes e Montenegros, que vieram a ser as fontes primá-
rias utilizadas e que se passam a enumerar:
1 - Livro que há-de servir ao assentamento das coisas notáveis que assucederam na Casa Grande de
Romarigães, também chamada Quinta de Nossa Senhora do Emparo. Com um epítome da origem, funda-
ção, sítio e nobilíssima árvore de seus morgados, pelo Pe. Sebastião Mendrugo, da Casa da Cachada, e
seu capelão. Ano da Graça de 1680:

“Um deles, dobrado longitudinalmente, teria a sua centena de páginas e envolvia-se numa capa de pergaminho
que inculcava já lima respeitável vetustez. O rótulo, em largos caracteres floreados, tinta cor de ferrugem, advertia,
esmaecida mas verbosamente, do teor: ‘Livro que há-de servir ao assentamento das coisas notáveis que assucede-
ram na Casa Grande de Romarigães, também chamada Quinta de Nossa Senhora do Emparo. Com um epítome da
origem, fundação, sítio e nobilíssima árvore de seus morgados, pelo Pe. Sebastião Mendrugo, da Casa da Cachada,
e seu capelão. Ano da Graça de 1680.’
Deitei um olho ocioso ao palimpsesto, depois de tomar conhecimento do título. Por pouco não permiti que as rapa-
rigas do caseiro lhe esfarripassem as páginas para envoltório dos fusos, quando fiam na roca. Decifrando aqui uns
períodos, além outros duma caligrafia que obedecia a um sentido interior geométrico muito outro dos nossos dias,
para mais a esvair-se no papel de trapo, amarelento e manchado, preguntei-me em que nos podia interessar a vida
de fidalgos como tantos mais. De facto crónicas deste jaez nem sempre são o mais edificante. Mas era enternecedo-
ra a simplicidade com que o historiógrafo memorava os serões gastos, até altas horas, espírito tendido sobre a pena
de pato como o lavrador sobre a rabiça, olhos a doerem-lhe da chama reverberada pelo latão no candeeiro de três
bicos. Foi este sentido de cortesia, que as pessoas idosas têm por tudo o que ocupa um lugar no mundo e significa
acender-se em suas almas a luz da piedade, que o salvou. O relato do reverendo Mendrugo estendia-se por altas e
compactas laudas, verdade seja que numa letra encadeada, dentro de cujos arabescos cabiam períodos inteiros de
Lima Bezerra, que discorreu por esta corda, e costumava fazê-los extensos como léguas.” 5

3 MATEUS, Isabel Cristina; Uma secreta ironia: a construção de A Casa Grande de Romarigães in “Cadernos Aquilinianos”; nº3; CEAR -
Centro de Estudos Aquilino Ribeiro; Viseu 1996; pp.9-10
4 RIBEIRO, Aquilino; A Casa Grande de Romarigães; Bertrand Editora (3ª Ed.); Lisboa 2008; p.6-7

5 RIBEIRO, Aquilino; Op. Cit; pp.5-6

1002
A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES: PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO VS. PATRIMÓNIO LITERÁRIO

2 - Vida de D. Luís António de Antas e Meneses, sargento-mor de Milícias e procurador às Cortes de 1828:

“O outro manuscrito, em letra especiosamente torneada, chamava-se ‘Vida de D. Luís António de Antas e Me-
neses, sargento-mor de Milícias e procurador às Cortes de 1828.’ Ao que se depreendia do estilo abundante em
ciência heráldica e genealógica, era obra dum linhagista do Alto Minho, tão amigo de Deus e do rei como inimigo
dos ‘malhados’, o senhor Manuel Afonso de Venade. A sua personalidade de cronista meticulosamente fidedigno,
em dia com a pátria e o seu partido, ressaltava do esmero com que arredondava a pança garrafal das letras e lhes
projectava as hastes para o zénite. Em suma, na caligrafia, ora direita como lanças, ora cheia e empolada como
cabaças, pintava-se o homem como dizem que sucede aos pintores quando fazem retratos. Uma fé, ora hirsuta, ora
serena e espapaçada, exalava-se da prosa que só a copeira esotérica da Casa Grande permitira furtar às auras do
liberalismo triunfante.” 6

3 - Cartas de dois amantes verdadeiros:

“O terceiro caderno tinha ares de copiador. Copiador de coisas e Ioisas, numa escritura igual, muito indolente e de
traços farfalhudos como as caneiras de milho desta comarca frumentosa. Era o vasto repositório duma ciscalhada
inominável, anedotas, documentos tabelionares, censuras a livros pelo Pe José Agostinho de Macedo, sinal de que
o escriba propendia para literato, e até cartas de amor. Estas estadeavam num título autónomo dentro do vasto
armazém de ferro-velho: ‘Cartas de dois amantes verdadeiros.’” 7

3. Patrimonio arquitectónico vs. Património literário

Imagem 4 – Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande de Romarigães, implantação (A) e vista aérea de
conjunto (B) [arquivo das autoras com base em imagens Virtual Earth]

A Quinta de Nossa Senhora do Amparo, outrora Solar dos Menezes e Montenegros, localiza-se em Ro-
marigães, no Concelho de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo, datando originalmente da época
de seiscentos e sendo uma construção característica da arquitectura civil barroca. (Imagem 4)

6 Idem; p.6

7 Ibidem; p.6

1003
ACTAS – 3.º CONGRESSO CASA NOBRE

O edificado que constitui a quinta é composto pela casa principal, capela e demais anexos de função
rural, destaca-se o seu pórtico joanino. O acesso é feito pela Estrada Municipal nº 1076 (Imagem 5).

Imagem 5 – Igreja, portão e núcleo residencial da Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande
de Romarigães (arquivo das autoras)

Este conjunto arquitectónico, além de servir de base para o desenvolvimento da referida crónica
romanceada surge igualmente descrito noutra obra de Aquilino Ribeiro como comprovam as seguintes
linhas:

“O solar, com seu pórtico joanino, principesco, as pirâmides esbeltas da capela e a sineira, as duas casas apalaça-
das, o canastro mais vasto do concelho – 27 metros de comprimento, pedra e castanho – as suas prolixas depen-
dências, com telhados novos, destaca como um núcleo residencial ao centro dos casais.” 8

É um imóvel protegido e classificado tanto pela antiga DGEMN – Direcção Geral dos Edifícios e Mo-
numentos Nacionais como pelo antigo IPPAR – Instituto do Património Arquitectónico e por fim IGESPAR,
I.P. – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I. P.
Na classificação da extinta DGEMN – cujo acervo se encontra no Forte de Sacavém – a Casa da Quinta
da Senhora do Amparo, que mais tarde daria origem à obra de Aquilino Ribeiro, encontra-se Classificada
como IIP (Imóvel de Interesse Público) e faz parte do IPA – Inventário do Património Arquitectónico com
a referência PT011605190005 correspondendo à designação “Casa Grande de Romarigães incluindo a
casa, anexos de função rural e capela do Amparo”. No que corresponde ao extinto IPPAR e actualmente
IGESPAR, a sua protecção é evidentemente idêntica, apresenta-se como IIP (Imóvel de Interesse Público),
publicado através do Decreto nº 1/86 de 3 de Janeiro de 1986, e encontra-se designada por “Casa Grande
de Romarigães”. 9

8 RIBEIRO, Aquilino; “Arcas Encoiradas” Bertrand Editora; Lisboa 1953

9 Este texto foi escrito antes de existir a integração do IGESPAR na Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).

1004
A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES: PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO VS. PATRIMÓNIO LITERÁRIO

Imagem 6 – Igreja da Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande de Romarigães


– detalhes da fachada e alçados laterais (arquivo das autoras)

As razões apontadas, para o pedido de classificação da “Casa Grande de Romarigães”, pelo Gabinete
de Apoio Técnico ao Agrupamento de Concelhos – Vale do Minho, em 1982, prende-se essencialmente
com dois motivos fundamentais e de ordem distinta. Por um lado, a memória colectiva do povo português
uma vez que:

“Para além de ter pertencido a Aquilino Ribeiro (…), a Casa Grande foi o ‘leit-motiv’ duma célebre narrativa roman-
ceada que hoje é considerada como do melhor da produção desse autor, adquirindo assim um significado cultural
paralelo, por exemplo, à Quinta de Tormes de Eça de Queiróz ou a Vale de Lobos de Herculano” 10.

Por outro lado destaca-se a qualidade arquitectónica da capela da casa, de planta longitudinal, que
adquire uma posição de destaque em relação ao restante edificado. (Imagem 6)
Deste modo a Quinta de Nossa Senhora do Amparo é actualmente Património Arquitectónico, classifi-
cado e protegido, mas também faz parte daquilo a que hoje se dá cada vez mais importância – faz parte do
Património intangível. Isto é, todo aquele Património que se insere na memória de um País, seja ela arqui-
tectónica ou literária, seja ela de pedra firme transformada em marco histórico cultural, seja uma memória
intangível que vive na obra de Aquilino Ribeiro e que é devolvida à vida cada vez que percorremos as linhas

10 GABINETE DE APOIO TÉCNICO AO AGRUPAMENTO DOS CONCELHOS - VALE DO MINHO; Classificação da “Casa Grande de
Romarigães” – Memória descritiva e justificativa; Paredes de Coura; 30 de Abril de 1982; texto inédito policopiado; s/p.

1005
ACTAS – 3.º CONGRESSO CASA NOBRE

traçadas pelo punho de Aquilino e sintetizadas pelos seus olhos e pela sua emoção perante este pedaço de
Património que faz parte da cultura nacional.
Daí ser curioso o facto de que as duas entidades, que até há muito pouco tempo geriam e classificavam
o património português, cataloguem este casa e seus elementos anexos não por Quinta do Amparo, mas
por “Casa Grande de Romarigães”.

Imagem 7 – Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande de Romarigães – edificado anexo à capela,
armas sobre o frontão do portal, edificado que se encontra dianteiro à capela e que no seu conjunto conformam
o pátio interior referido no texto. (arquivo das autoras)

Do conjunto original resta sobretudo a Capela. Existem duas construções de dois pisos, uma anexa à
capela e outra em face desta que conjuntamente com o portal (que apresenta as armas da família proprie-
tária) e muro, onde este se insere e que se adossa ao edificado, conformam o pátio interior da propriedade
que em si possui parte do valor arquitectónico do conjunto. (Imagem 7)
No que respeita à sua concepção e construção das edificações da Quinta do Amparo foram inicial-
mente concebidas e realizadas por Mestres de Cantaria, provenientes de Azurara e de Barcelos, durante
a época de seiscentos. Por volta de 1700 é edificada a Capela consagrada a Nossa Senhora do Amparo,
destacando-se do conjunto, pela sua exuberante e prolífera decoração, já próxima do rococó. Já na época
de oitocentos houve nova intervenção em todo o conjunto edificado, desta vez com a intervenção de arqui-
tectos procedentes de Pontevedra. 11
Quando, na década de cinquenta, do século XX, a propriedade passou, por via de herança, para Aqui-
lino Ribeiro e porque as edificações se encontravam muito degradadas (Imagem 8), resolveu o escritor
proceder a obras de recuperação tal como o próprio refere na sua obra:

“Quando se procedeu ao restauro da Casa Grande, que foi solar dos Meneses e Montenegros, houve que demolir
paredes de côvado e meio de bitola em que há um século lavrava a ruína, ocasionando-lhes fendas por onde entra-
vam os andorinhões de asas abertas e desníveis com tal bojo que a derrocada parecia por horas.” 12

11 MARTINS, Ana Maria Tavares; NOS 50 ANOS DE “A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES” in “Aquilino Ribeiro – um genial escritor
português” (coord. Júlio Cruz); Ed. AVIS - associação para o debate de ideias e concretizações culturais de Viseu; Viseu 2007; p.143
12 RIBEIRO, Aquilino; A Casa Grande de Romarigães; Bertrand Editora (3ª Ed.); Lisboa 2008; p.5

1006
A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES: PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO VS. PATRIMÓNIO LITERÁRIO

Imagem 8 – Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande de Romarigães – alguns aspectos do estado de
conservação do edificado ao longo do tempo (arquivo das autoras)

Do conjunto arquitectónico que constitui a Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande de Ro-
marigães destaca-se um outro elemento que caracterizava também o dia a dia das gentes de Romarigães:
a cozinha e o monumental espigueiro tal como refere Julio Cruz valendo-se de algumas citações retiradas
da obra de Aquilino Ribeiro:

“Na Quinta do Amparo havia ‘uma cozinha de lajedo e chaminé de barretina, compreendendo lareira, armários, dois
fornos em que se podia assar, ao estilo das comunidades conventuais, um boi no espeto’. (…) Era assim a Casa
Grande de Romarigães inesgotável em produtos de horta e salgadeira, o espigueiro ‘chapelão de larga aba, soleira
de granito tão grande que não haverá maior na frumentosa comarca interamundense, lá está com os seus trinta
metros de comprimento lauto e garboso, verdadeiro templo de Ceres’ e na adega ‘não havia pipo, nem pipa que
tocasse a vazio’”.13

Deste modo, o edificado tornou-se um legado patrimonial ímpar (Imagem 9). Se por um lado deve ser
encarado como património arquitectónico, por outro deve ser encarado como património literário e até mes-
mo como património intangível, uma vez que capta as memórias das vivências de uma época.

Imagem 9 – Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande de Romarigães – alguns detalhes
(arquivo das autoras)

Consequentemente pode-se afirmar que a literatura deu vida a esta casa servindo igualmente de apelo
pelo que de bom temos neste nosso País. Seja a nível Patrimonial, Cultural, Arquitectónico, Literário e Hu-
mano cruzando-se todos estes elementos na pessoa de Aquilino Ribeiro, sendo ele o meio pelo qual este
património, inicialmente arquitectónico, se torna património intangível vivendo e revivendo na memória de
cada leitor de “A Grande Casa de Romarigães”.

13 CRUZ, Júlio; A Gastronomia da “Casa Grande de Romarigães” in “Aquilino Ribeiro – um genial escritor português” (coord. Júlio Cruz);
Ed. AVIS - associação para o debate de ideias e concretizações culturais de Viseu; Viseu 2007; p.144

1007
ACTAS – 3.º CONGRESSO CASA NOBRE

É sempre gratificador lembrar o artigo 9º da Carta Europeia do Património Arquitectónico, ainda que um
pouco fora do seu contexto inicial: “Cada geração tem só uma vida para se interessar por este património e
é responsável de o transmitir às gerações futuras”.
De certo modo, Aquilino Ribeiro (Imagem 10) ao escrever “A Casa Grande de Romarigães” foi precisa-
mente isto que fez, foi o responsável máximo da transmissão deste legado patrimonial, não só arquitectó-
nico como cultural e literário, às gerações futuras mas sempre com modéstia e reconhecimento das fontes.
Pois afirma que apenas:

“(…) as últimas e extravagantes páginas do livro são de minha Iavra. As outras, sacudi o bolor do tempo e reatei o
fio de Ariadna, interrompido aqui e além. (…) Em matéria de estilo, a minha pena passou por cima como o ferro de
engomar eléctrico na camisa quando volta do estendedoiro. Vamos com o Seráfico, se algum dia houve escrivão da
paridade mais fiel ao assunto e às fontes históricas, que me cortem a mão que o atraiçoou.
Todavia quero confessar os meus pecados. Um confrade, académico de Argamasilha ou lente de Coimbra, já não
sei bem, a quem li alguns capítulos deste livro, exclamou, mais que judicioso, salomónico de todo:
- Mas afinal o que V. fez foi um romance...
- Um romance? Deus me livre! A minha ambição foi bem outra. Isto é monografia, história local, história romanceada,
se quiser, agora novela, abrenúncio! Mal de mim se escorreguei para tais enredos e labirintos. No romance o escritor
escolhe os episódios; na história, são os episódios que se lhe vêm oferecer.
Estão tabelados, não há que lhes fugir. Ora o que eu tentei foi desempoeirar velhos e particularíssimos sucessos
que, de resto, pouco pesaram na marcha do mundo. Romance…!? Se me saiu romance, aconteceu-me a mesma
coisa que a um triste e tosco carpinteiro dos meus sítios, de quem toda agente zombava, decerto por milagre de ser
fadado do Espírito Santo: estava afazer um gamelo para o cão e saiu-lhe uma viola.” 14

Imagem 10 – Retrato do escritor Aquilino Ribeiro da autoria do Mestre Jorge Braga da Costa,
cedido pelo autor (arquivo das autoras)

14 RIBEIRO, Aquilino; A Casa Grande de Romarigães; Bertrand Editora (3ª Ed.); Lisboa 2008; p.7

1008
A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES: PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO VS. PATRIMÓNIO LITERÁRIO

4. Conclusões

Esta é a “Casa Grande de Romarigães”, descrita ao sabor da pena do escritor e claramente um marco
histórico-cultural da arquitectura senhorial minhota. A dicotomia: Quinta de Nossa Senhora do Amparo vs.
“Casa Grande de Romarigães” assenta em distintas construções. Por uma lado apresenta-se a construção
espacial do edificado, segundo os gostos e os estilos da época, e por outro a construção literária segundo
as vivências de uma época, partindo dos factos históricos, hábitos e memórias. Esta é a construção de
um património, de um marco histórico-cultural, que deve ser divulgado e acarinhado pois, segundo a carta
Europeia do Património, apenas temos uma vida para o divulgar às gerações futuras.
Esta comunicação procurou trazer a debate a possibilidade de um bem patrimonial o poder ser em mais
do que uma vertente tornando-se assim um marco histórico-cultural não só a nível arquitectónico como
também literário.

Imagem 11 – Quinta de Nossa Senhora do Amparo / Casa Grande de Romarigães (arquivo das autoras)

Bibliografia

CRUZ, Júlio; A Gastronomia da “Casa Grande de Romarigães” in “Aquilino Ribeiro – um genial escritor português” (coord.
Júlio Cruz); Ed. AVIS - associação para o debate de ideias e concretizações culturais de Viseu; Viseu 2007
GABINETE DE APOIO TÉCNICO AO AGRUPAMENTO DOS CONCELHOS - VALE DO MINHO; Classificação da “Casa
Grande de Romarigães” – Memória descritiva e justificativa; Paredes de Coura; 30 de Abril de 1982; texto inédito
policopiado
RIBEIRO, Aquilino; A Casa Grande de Romarigães; Bertrand Editora (3ª Ed.); Lisboa 2008
RIBEIRO, Aquilino; Arcas Encoiradas; Bertrand Editora; Lisboa 1953
MARTINS, Ana Maria Tavares; NOS 50 ANOS DE “A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES” in “Aquilino Ribeiro – um genial
escritor português” (coord. Júlio Cruz); Ed. AVIS - associação para o debate de ideias e concretizações culturais de
Viseu; Viseu 2007
MATEUS, Isabel Cristina; Uma secreta ironia: a construção de A Casa Grande de Romarigães in “Cadernos Aquilinianos”;
nº3; CEAR - Centro de Estudos Aquilino Ribeiro; Viseu 1996
SIPA (IHRU); PT011605190005: Casa Grande de Romarigães incluindo a casa, anexos de função rural e capela do Am-
paro [consulta efectuada pela última vez, em 2 de Dezembro de 2011 na base de dados em rede do Inventário do
Património Arquitectónico alojado no Forte de Sacavém (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana)]

1009
ACTAS – 3.º CONGRESSO CASA NOBRE

ÍNDICE

3 | Francisco Rodrigues de Araújo


Presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez

4 | Comissão Executiva / Secretariado / Organização / Agradecimentos

5 | Comissão Científica

6 | Participantes inscritos no Congresso

8 | Programa do 3º Congresso Internacional: Casa Nobre: um património para o futuro

14 | Armando Malheiro da Silva


Presidente da Comissão Científica

23 | Palestras e Comunicações

25 | Tematica: Memória Histórica: História da Família, Genealogia, Documentação Familiar e Heráldica

27 | Palestra
27 | IDENTIDADE E AUTO-REPRESENTAÇÃO DA NOBREZA MEDIEVAL PORTUGUESA (SÉCULOS XIII-XV)
Bernardo Vasconcelos e Sousa

34 | Comunicações
35 | CONTRIBUIÇÃO PARA A DEFINIÇÃO DE UMA NOVA POLÍTICA DE DEFESA DO PATRIMÓNIO CULTURAL
EUROPEU
Hugo O’Neill
36 | 
Em Vila Boa de Monte-Longo
Ilídio A. Araújo
48 | 
Judíos al servicio de los Sarmiento de RibadaviA
María Gloria de Antonio Rubio
60 | A NOBREZA SENHORIAL DO VALE DO NEIVA (SÉC. XIII E XIV)
Vasco de Andrade Sistelo
61 | Os Fariseus: Apontamentos sobre uma linhagem medieval
Aires Gomes Fernandes
85 | 
AS RELAÇÕES FAMILIARES NA NOBREZA GALEGA BAIXOMEDIEVAL: UMA APROXIMAÇÃO AOS SEUS
TESTAMENTOS
Miguel García-Fernández
86 | A Propriedade Senhorial nas Inquirições dos Finais do Século XIII
Coutos e Honras, Quintãs, Paços e Torres no Entre Minho e Ave
José Augusto de Sottomayor-Pizarro

1210
109 | 
CHEFE DE LINHAGEM E DO NOME E ARMAS
Augusto Ferreira do Amaral
115 | A INFLUENCIA DO CAVALO NA HISTÓRIA DE PORTUGAL
João Gorjão Clara
129 | 
Subsídios para a história da Casa dos Almadas em Abrantes
José Luís Albuquerque Carreiras
141 | AS SEIS CASAS NOBRES DOS VASCONCELOS DE VILA DO CONDE
Francisco de Vasconcelos
146 | ASCENSÃO SOCIAL NOS FINAIS DO ANTIGO REGIME: O CASO DA FAMÍLIA CRUZ (SOBRAL)
António Filipe
161 | A CASA DA FÁBRICA, NO PORTO: PERSONAGENS, SOCIABILIDADE E PATRIMÓNIO
(SÉCULOS XVIII E XIX)
Gonçalo de Vasconcelos e Sousa
175 | 
FELGUEIRAS GAYO - um genealogista para utilidade pública
António Júlio Limpo Trigueiros
194 | A CASA NOBRE NO CONCELHO DE PONTE DE LIMA. AS CAPELAS VINCULARES E O ESPÍRITO
REFORMISTA DA ÉPOCA MODERNA
Maria Amélia da Silva Paiva
210 | LIBERAIS E FILANTROPOS – OS SILVA MENDES EM VISEU
Vera Lúcia Almeida Magalhães
231 | UMA CASA NOBRE EM AMARANTE: CASA DA PORTELA
António Patrício
249 | THEASURUS DA CASA NOBRE: SUBSÍDIOS PARA A ORGANIZAÇÃO DE UM VOCABULÁRIO TÉCNICO
MULTILINGUE
H. D. Cerqueira de Souza
250 | 
A Fidalguia Arcuense: o contributo para o desenvolvimento da Santa e Real Casa da
Misericórdia
Lúcia Afonso
264 | DEIXAS TESTAMENTÁRIAS
Segismundo Pinto
276 | 
O magistrado e o seu solar: serviço público, casa e morgadio em Gandarela de Basto
Pedro Villas-Boas Tavares
291 | POLÍTICA PATRIMONIAL Y ENDEUDAMIENTO NOBILIARIO EN LA CASA DUCAL ARAGONESA DE HÍJAR*
Mª José Casaus Ballester

313 | Tematica: Arquivos e documentação familiares

315 | Palestra
315 | 
Arquivos de família - o que são, para que servem, como preservá-los e estudá-los
Mª de Lurdes Rosa

324 | Comunicações
325 | UM SUBFUNDO FAMILIAR QUATROCENTISTA AÇORIANO NO ARQUIVO ÓBIDOS-PALMA-SABUGAL
Margarida Leme
342 | 
Estudo de um Arquivo Familiar. Problemas e métodos de investigação.
Maria João da Câmara Andrade e Sousa

1211
ACTAS – 3.º CONGRESSO CASA NOBRE

354 | O ARQUIVO GAMA LOBO SALEMA (SÉCS. XV – XX): TEMAS E PROBLEMAS ENTRE A HISTÓRIA E A
ARQUIVÍSTICA
Rita Sampaio da Nóvoa
370 | 
Processos para Dignidades e beneficiados da Sé de Coimbra: origem geográfica
Ana Margarida Dias da Silva
390 | 
O Arquivo da Casa do Avelar: estudo e protecção
Ana Sandra Meneses
410 | A LIVRARIA DE ALEXANDRE METELO DE SOUSA E MENESES (1687-1766):
DO COLECCIONADOR À BIBLIOTECA CONVENTUAL
Fernanda Maria Guedes de Campos
428 | 
Subsídios para a história do palácio da família Bivar em Faro
Manuel de Bivar Weinholtz (†),
António de Bivar Weinholtz
444 | 
O arquivo histórico da família Lucena (séc. XVII-XX). Descrição arquivística e catálogo
Ana Margarida Dias da Silva
466 | 
Histórias de um arquivo
Ricardo Charters-d’Azevedo
478 | 
O Arquivo da Família Melo (Séc. XIV-XIX): do “arranjamento” iluminista à integração no
Sistema de Informação Casa de Mateus.
Abel Rodrigues
498 | Documentação pessoal e familiar de José Augusto Palhares Malafaia
Correspondência e outros escritos da emigração oitocentista
Henrique Rodrigues
511 | 
A CASA DO 1º VISCONDE DE S. SEBASTIÃO, NO TERREIRO, EM LEIRIA
Ricardo Charters-d’Azevedo
534 | ARQUIVOS DO PATRIMÓNIO EM PORTUGAL: A “CONSTRUÇÃO” DA SECÇÃO DOS DIRECTORES DO
ARQUIVO DO MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA
Leonor Calvão Borges
535 | ESTUDOS SOBRE ARQUIVOS PESSOAIS E FAMILIARES DE MÉDICOS QUE PRODUZIRAM PARA ALÉM
DA MEDICINA: REALIDADES EM PORTUGAL E NA BAHIA - BRASIL
Zeny Duarte
550 | O ARQUIVO DA FAMÍLIA CALMON ENQUANTO SISTEMA DE INFORMAÇÃO:
REVISÃO TEÓRICO-CONCEITUAL
Zeny Duarte, Eneida Santana
563 | 
Reminiscências familiares do Arquivo dos Sousa Costa
Alexandra Vidal, Judite Gonçalves de Freitas
573 | LES ARCHIVES PRIVÉES DES DERNIERS ROIS DE FRANCE (CHARLES X 1824-1830
ET LOUIS-PHILIPPE IER 1830-1848) CONSERVÉES AUX ARCHIVES NATIONALES
Isabelle Aristide-Hastir
574 | 
Los archivos familiares: una visión panorámica desde Galicia
Pablo S. Otero Piñeyro Maseda
587 | A BITAGAP (BIBLIOGRAFIA DE TEXTOS ANTIGOS GALEGOS E PORTUGUESES) E O VALOR DO
ARQUIVO FAMILIAR
Martha Shaffer
588 | A BASE DE DADOS DA BITAGAP E A CASA NOBRE: FUNCIONALIDADES E CONTEÚDOS
Harvey L. Sharrer
589 | PRESERVAR E DIVULGAR. UMA RESPOSTA COLECTIVA PARA O FUTURO:
APAHP - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS ARQUIVOS HISTÓRICOS PRIVADOS
Luís Vasconcellos Souza

1212
593 | Tematica: Património: Estudos, Defesa e Valorização.

595 | Palestra
595 | 
José Manuel de Carvalho e Negreiros e a arquitectura civil portuguesa
nos finais do século XVIII
Hélder Carita

606 | Comunicações
607 | 
A villa do bispo do Porto D. Rodrigo Pinheiro (1552-1572) em Santa Cruz de Riba Leça:
…Assunto del que ilustra generoso el arbol en quien Atis se transforma…
José Ferrão Afonso
628 | ENQUANTO O MUNDO DURAR... CASOS DE DESTRUIÇÃO DO PATRIMÓNIO NOBRE EDIFICADO
NA REGIÃO DE COIMBRA
Paulo Duarte de Almeida
646 | TORRE MEDIEVAL (PM1010) RECUPERAR PARA O FUTURO
Rui Vieira
658 | 
Pazo urbano y ciudad histórica. Usos reales del patrimonio construido
Carla Fernández Martínez
671 | ARQUITECTURA E LUGAR DA QUINTA DE RECREIO DE CONCEPÇÃO RENASCENTISTA EM AZEITÃO
Amílcar de Gil e Pires
688 | O PALÁCIO DO MARQUÊS DE TANCOS
João Vieira Caldas
689 | OS EMBRECHADOS NAS PRODUÇÕES ARQUITECTÓNICAS DAS CASAS NOBRES DE SEISCENTOS
André Silva
699 | AS VILLAS DE NASONI E A CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM PERIURBANA DO PORTO
Manuel Montenegro da Silva
700 | O SOLAR DOS TÁVORAS: INTERVIR NA ARQUITECTURA, POTENCIAR O PATRIMÓNIO
Catarina Gama Ferreira, María Candela Suarez
721 | PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO NATURAL E CULTURAL: A PAISAGEM COMO TERRITORIALIDADE
Fernando Borges de Morais
722 | 
cenários domésticos
casa-museu – acumulação e experimentação
Marta Rocha
735 | 
Elementos para o estudo da casa nobre no nordeste transmontano
Luís Alexandre Rodrigues
747 | QUINTAS HISTÓRICAS DO DOURO – UM PATRIMÓNIO A PRESERVAR E A VALORIZAR
António Barros Cardoso, Sílvia Trilho
774 | A CASA DO CASTELHANO, NA CALDEIRA DAS LAJES – ILHA TERCEIRA. EM TORNO DOS MODELOS E
PROTOTIPOS DA TIPOLOGICA DA CASA DE PLANTA QUADRANGULAR
Isabel Soares de Albergaria
790 | 
Estudo do mobiliário em alguns inventários setecentistas da casa
do 4º Morgado de Mateus
Adelina Valente
805 | O REAL PAÇO ACASTELADO DA PENA EM SINTRA: EDIFICAÇÃO DE CASTELOS NEOMEDIEVAIS
OITOCENTISTAS
Joaquim Rodrigues dos Santos

1213
ACTAS – 3.º CONGRESSO CASA NOBRE

823 | 
Casa da Espregueira, Fragoso (São Pedro), Barcelos
Anne de Stoop, António Carlos de Azeredo
831 | A TORRE DOS MORENO EN RIBADEO (LUGO), EXEMPLO SINGULAR DA CASA INDIANA EN GALICIA
Diego Rodríguez Paz
847 | 
Património, Monumento e Monumento Histórico: uma análise para a compreensão
dos valores
Ana Monteiro
855 | SOLARES E CASAS DE CERVA
Francisco Queiroz, Luísa Ferreira, Cristina Campilho, Ana Luísa Paulo, Joana Silva
864 | 
“nos paaços que fforom de dom gil bispo”
A residência episcopal de Coimbra nos inícios do século XV
Milton Pedro Dias Pacheco
881 | 
A Tratadística nas Casas Senhoriais da Região de Tondela
Inês da Conceição do Carmo Borges
898 | GEOMETRIA E SIMBÓLICA NA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO CÉNICO DA CAPELA DO DESTERRO
DE MANGUALDE
Cristina Maria Sequeira Vouga
913 | O PAÇO DE PAREDES NA MEADELA
[Re]Construção de memória, premissa de um projecto de arquitectura
Fabíola Franco Pires, Carla Garrido de Oliveira
934 | O SOLAR JOÃO ANTONIO DA SILVA MOURÃO: DE OBJETO DE DEMOLIÇÃO A OBJETO DE
CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DE SÃO JOÃO DEL-REI
Vanessa Borges Brasileiro, André Guilherme Dornelles Dangelo e Celina Borges Lemos
946 | RESTAURO DO CASARÃO GASTÃO DA CUNHA, SÃO JOÃO DEL REI, MINAS GERAIS, BRASIL
Fabio Jose Martins de Lima
953 | CASAS HISTÓRICAS EN ESPAÑA: PRESENTE Y FUTURO
Ana Yáñez Vega y Sofia Gomes da Costa
963 | 
Citações eruditas de Arquitectura na Casa Nobre Portuguesa
José Cornélio da Silva
969 | O SOLAR DOS CUNHA EM SÃO JOÃO DEL-REI: O ÚLTIMO EDIFÍCIO REMANECENTE DE UMA ÉPOCA JÁ
ESQUECIDA
André Guilherme Dornelles Dangelo e Fabio José Martins de Lima
980 | AS CULTURAS PORTUGUESA, TUPIGUARANI, ARATU E SAMBAQUIEIRA E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO E
PATRIMÓNIO HISTÓRICO E CULTURAL DO EXTREMO SUL DA BAHIA, BRASIL
Frederico De Paula Tofani
981 | CASA DA PESCA: PROPOSTA DE SALVAGUARDA
Ana Celeste Glória
998 | O ALOJAMENTO DO CAVALO. SUBSÍDIOS PARA A SUA HISTÓRIA E SUA LIGAÇÃO À CASA NOBRE
José Ferrão
999 | A CASA GRANDE DE ROMARIGÃES: PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO VS. PATRIMÓNIO LITERÁRIO
Ana Maria Tavares Martins, Mafalda Teixeira de Sampayo
1010 | “COMO SE DESENHA UMA CASA”
Acerca do potencial mnemónico da arquitectura
Pedro Marques de Abreu
1016 | LOS LEVANTAMIENTOS ARQUITECTÓNICOS COMO FUENTE PARA EL ESTUDIO DEL PATRIMONIO
HISTÓRICO: A PROPÓSITO DE UN PLANO DEL PALACIO DEL CONDE DE ALTAMIRA EN LA CIUDAD DE
SANTIAGO DE COMPOSTELA
Alberto Fernández González
1024 | As rotas Jacobeias em Portugal: estudo e divulgação do caso alentejano
Conceição Norberto

1214
1041 | Perspectiva da Vila de Arcos de Valdevez EM 1747
António L. T. C. Pestana de Vasconcellos
1047 | NOVOS USOS, VELLAS FORMAS. O VALOR DA ESCADA MONUMENTAL NO PAZO URBANO
COMPOSTELÁN DO SÉCULO XVIII.
Miriam Elena Cortés López

1063 | Tematica: Turismo e Desenvolvimento Regional.

1065 | Palestra
1065 | Cultural planning and creative strategies for emerging tourism destinations
Carlos Fernandes

1071 | Comunicações
1072 | “A Europa das tradições e os novos desafios”
Francisco Calheiros
1074 | Potenciais impactos para Guimarães do acolhimento da Capital Europeia da Cultura
2012: uma análise baseada em experiências anteriores
J. Freitas Santos, Paula Cristina Remoaldo, J. Cadima Ribeiro, Laurentina Cruz Vareiro
1088 | “PERCEPÇÕES DOS RESIDENTES DO IMPACTO DE GUIMARÃES CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA
2012 E PARTICIPAÇÃO ESPERADA NO EVENTO”
Mécia da Cunha Mota, Paula Cristina Remoaldo, José Cadima Ribeiro
1099 | O
 papel estratégico dos factores da tensão criativa na estruturação do
desenvolvimento regional
Maria Manuela Castro Coutinho, Orlando Petiz Pereira
1109 | O TURISMO E O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DEMARCADA DO DOURO,
PATRIMÓNIO MUNDIAL DA HUMANIDADE
Helena Pina
1130 | PATRIMÓNIO ITALIANO COMO FACTOR DE ATRACÇÃO DE TURISTAS ITALIANOS PARA PORTUGAL
Carla Maria Norte Braga
1131 | PRESERVAÇÃO E TURISMO: ENTRE O COTIDIANO E O ESPETÁCULO
Fernanda Borges de Moraes
1132 | OS DESAFIOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO EM
BASES SUSTENTÁVEIS NOS MUNICÍPIOS DE PORTO SEGURO E SANTA CRUZ CABRÁLIA, ESTADO DA
BAHIA, BRASIL
Frederico de Paula Tofani
1148 | REABILITAÇÃO URBANA: CORREGO MONTE ALEGRE, MATIAS BARBOSA, MINAS GERAIS, BRASIL.
Fabio Jose Martins de Lima
1158 | NUEVOS USOS DE EDIFICIOS HISTÓRICOS EN SANTIAGO DE COMPOSTELA.
LA RECONVERSIÓN A HOTEL
Ana Mesía López
1170 | O Paço dos Duques – Potencial plataforma de Divulgação no Norte do País
António Ponte
1176 | A PROMOÇÃO TURÍSTICA ATRAVÉS DO PATRIMÓNIO CULTURAL
Célia Taborda
1185 | Destinos turísticos transfronteiriços: uma abordagem ao consumidor
Bruno Sousa, Cláudia Simões
1195 | O TURISMO DE HABITAÇÃO NO DOURO - Para uma antropologia da hospitalidade nas Casas
de Turismo
Fernando Matos Rodrigues

1215

Você também pode gostar