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Escatologia.

A FIGUEIRA, A VIDEIRA E O FILHO PRÓDIGO.


(Uma parábola para condenar o globalismo – Lucas 15. 11- 32)

“E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu
de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou”.
(Lc 15. 20 - ACF)

Por toda a Bíblia, em todos os livros, por quase todos os lugares, é


possível encontrar um pouco do começo e um pouco do fim. Além das
montanhas da salvação, é possível ver um vale subjetivo cheio de
mensagens éticas, morais, poéticas e proféticas. Mensagens que nos
descrevem como tudo começou e como tudo vai terminar.

Debaixo das camadas de compaixão, amor e misericórdia tão bem


descritas na parábola do “filho pródigo”, podemos encontrar uma pintura
muito bem-feita da sociedade que testemunhará a vinda de Jesus. Essa
igreja assistirá o renascimento do nacionalismo nos corações e a falência
do idealismo globalista como hoje se nos está apresentado.

A pintura nos revela a imagem temporal nos dois filhos: O mais novo é
o globalista apressado e o mais velho é o nacionalista tardio. A
Parábola começa anunciando que a ideia globalista é fantasiosa, custosa,
facciosa, perigosa e temporariamente deliciosa. O globalismo parece
promover algum tipo de prazer, mas esse mesmo é por si só incapaz de
resistir aos dias maus e aos acontecimentos fora do roteiro escrito. A mais
poderosa mensagem evangélica embutida na filosofia do filho mais novo é
a de que não existe alegria verdadeira em se colocar o mundo no coração
(Tg 4. 4).
O filho mais novo mal havia desfrutado de sua identidade e já se
apressava para construir uma nova, com mais mundo, mais horizonte e
mais conhecimento. Uma ferramenta usada de maneira errada pode nos
fazer acreditar que não somos bons profissionais e o mesmo acontece com
as identidades. Se não usamos bem o que somos, é fácil acreditar que somos
maus: maus pais, filhos, irmãos e cidadãos. Diante disso, não seria
estranho que nascesse em nós um desejo de ir embora para qualquer outro
lugar onde a identidade não fosse fator fundamental para a felicidade. É
evidente que não podemos ter medo de mudar, mudar é algo que precisa
acontecer quando é preciso. Todavia, mudar apenas por mudar não traz ao
coração cargas de coragem. Por vezes, só faz de alguém um covarde em
terra estrangeira.

O “globalismo” é ao mesmo tempo bem descrito e reprovável nessa


parábola. O seu coração são as relações comerciais, aqui, bem descritas
pela palavra prostituição. A prostituição é uma das formas mais
primitivas de comércio. Ela tem como efeito imediato o rebaixamento da
condição humana, a perda de dignidade e a ausência do propósito. Essas
três coisas são exemplarmente reveladas na palavra “porco”. Um judeu
piedoso e temente a Deus sabia exatamente o que aquela imagem
significava para o viver. Não é preciso ter um Q.I. de Nicola Tesla, Thomas
Edison ou Albert Eistein para entender que era sobre nossos dias que Jesus
falava em sua parábola.

A alma da parábola do filho perdulário é o redescobrimento da


capacidade de trazer dignidade a vida humana presente no nacionalismo
(v. 17). O filho mais novo, agora não tão novo assim, entende tardiamente
que em casa o pouco é muito e que longe de casa o muito é pouco ou quase
nada. As nações fazem comércio desde que o mundo é mundo, mas quando
esse comércio seduz as nossas almas, isso é globalismo. Globalismo é o
comércio que não nos permite voltar para casa com mais do que aquilo que
levamos para trocar ou vender.

Tão trágico quanto o globalismo é um nacionalismo que não funciona (I


Rs 4. 25). A América do Sul em sua maioria vive essa realidade hoje.
Homens e mulheres que não tem com o que se alegrar e por que se alegrar
quando algo tem. Um nacionalismo escangalhado produz indivíduos sem
empatia, dignidade e cidadania, gente que ouve a música e não sabe dançar.
O filho mais velho não conseguia criar para si mesmo uma simples
meritocracia (v. 31). E quem não cria sua própria felicidade não entende a
felicidade dos outros quando a vê. O Estado não deve criar políticas de
felicidade, mas não deve criar políticas que me façam acreditar que eu não
tenho o direito de vive-la se a encontrar. Os fundadores dos EUA
parecem deixar registrado em sua constituição que entenderam algo dessa
parábola.
No nacionalismo é importante que eu me alegre com a felicidade do
outro, tal coisa é chamada por nós de fraternidade. Fraternidade é em
essência nacionalista, como bem descreve a parábola em seu anúncio
reverso: “E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos
comiam, e ninguém lhe
dava nada”. (v. 16). O filho mais novo ignorava que o prêmio vem do
trabalho e o mais velho ignorava que depois do trabalho vem o prêmio.
Um globalismo que dá certo tem o mesmo peso de fracasso de um
nacionalismo quebrado e esse equilíbrio o satanás tem se esforçado para
manter. O ocidente precisa reconstruir um nacionalismo fraterno,
meritocrático, compassivo e solidário.

O globalismo é maligno (você precisa mesmo ler Apocalipse 18) por


que agora ele quer colocar os porcos em nosso quintal, as prostitutas e as
bebidas em nossas mesas (e hoje, ele tem bem mais ferramentas para isso
que no passado). No entanto, seu sucesso para acontecer precisa de filhos
quebrados e não é difícil de encontrar nações inteiras com filhos assim,
não abaixo da linha do Equador. Nossos esforços devem ser para fazer o
nacionalismo (esse, banhado pela vida do Evangelho) dar certo para todas
as nações. Não há prosperidade verdadeira no globalismo, apenas uma
falsa diversão, nele não há anel de ouro, sandálias nos pés e bezerro cevado
(vs. 22, 23).

A declaração de Deus sobre o globalismo pouco mudou, apesar de nossos


avanços cognitivos: ele faz morrer, faz se perder, desfigura a identidade e
rebaixa a dignidade da vida. O mundo que verá a volta de Cristo será
um mundo onde essas duas correntes se encontrarão em conflito. Para
o bem da verdade esse conflito tem sido a agenda da humanidade no
último século. Não é disso que se trata o conflito atual entre a Rússia e a
OTAN? A restauração da rota da seda, pela China? A criação do BRICS,
do MERCOSUL?
Há muitas ideias no mundo, sobrevivendo sem que, contudo, tenham de
fato substância para a saúde de corações e o globalismo é uma dessas. A
parábola declara frágil a visão de mundo do filho mais novo: “... Porque este
meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado”. E
declara também ser melhor consertar um nacionalismo quebrado do que
adquirir um globalismo novíssimo: “Mas ele se indignou, e não queria
entrar. E saindo o pai, instava com ele”. Não é por acaso que as três
parábolas de Lucas 15 tem o mesmo desfecho: felicidade que acontece
em casa.

Mas o Pai tem uma única mensagem para todos aqueles que observam
essa graciosa parábola: de que é preciso fortalecer as felicidades
domésticas, por que aquele que é feliz dentro de casa é como um homem
que conquistou o mundo!

“... E quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças (...)
Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e
salvo”.

Ney Gomes – 07/02/2022. Twitter@neygms


"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10

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