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COMPREENDER

AS POLÍTICAS
DA UNIÃO
EUROPEIA Mercado
Resolver a crise
criando
interno
oportunidades:
colocar os
cidadãos e as
empresas na via
da prosperidade
«U m m er c ad o in t er no que f unc io ne
m el ho r é f un d am ent al p ar a
o  c r es c im en t o eur o p eu. »

Mic hel Bar nier,


c o m is s ár io r es p o ns ável p el o Mer c ado
I nt er no e S er viç o s
ÍNDICE

Por que é necessário


um mercado interno . . . . . . . . . . . . . 3
COMPREENDER
AS POLÍTICAS Como gere a União Europeia
o mercado interno . . . . . . . . . . . . . . . 5
DA UNIÃO EUROPEIA
A ação da União Europeia . . . . . . . . 7

A presente publicação faz parte de uma coleção que Próximas etapas . . . . . . . . . . . . . . . 12


descreve a ação da União Europeia em vários domínios,
as razões da sua intervenção e os resultados obtidos.
Mais informações . . . . . . . . . . . . . . 12

Outros títulos disponíveis para


descarregamento em linha:
http://europa.eu/pol/index_pt.htm

Como funciona a União Europeia


«Europa 2020»: a estratégia europeia de crescimento
Os pais fundadores da União Europeia

Ação climática
Agenda digital
Agricultura
Ajuda humanit ária e proteção civil
Alargamento
Alfândegas
Ambiente Compreender as políticas da União Europeia:
A União Económica e Monetária e o euro Mercado interno
Comércio
Concorrência Comissão Europeia
Consumidores Direção-Geral da Comunicação
Cultura e audiovisual Publicações
Desenvolvimento e cooperação 1049 Bruxelas
Educação, formação, juventude e desporto BÉLGICA
Emprego e assuntos sociais
Empresas Manuscrito concluído em agosto de 2013
Energia
Fiscalidade Capa e imagem da página 2: © iStockphoto.com/melhi
Fronteiras e segurança
Investigação e inovação 12 p. — 21 × 29,7 cm
Justiça, cidadania e direitos fundamentais ISBN 978-92-79-24627-2
Luta contra a fraude doi:10.2775/81432
Mercado interno
Migração e asilo Luxemburgo, Serviço das Publicações
Orçamento da União Europeia, 2014
Pescas e assuntos marítimos
Política externa e de segurança comum © União Europeia, 2014
Política regional Reprodução autorizada. As fotografias só podem ser
Saúde pública utilizadas ou reproduzidas mediante autorização prévia
Segurança dos alimentos dos titulares dos direitos de autor.
Transportes
M E R C A D O I N T E R N O
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Por que é necessário um mercado interno

O mercado interno europeu, igualmente designado «mercado Um mercado único


único», permite que as pessoas e as empresas circulem em constante crescimento
e façam negócios livremente nos 28 Estados-Membros. Na
prática, dá a todos o direito de ganhar a vida, estudar ou Durante os seus mais de vinte anos de existência, o mercado
reformar-se noutro país da União Europeia (UE). É também único passou de 345 milhões de consumidores em 1992
graças ao mercado interno que os consumidores usufruem para os atuais 500 milhões. O comércio transfronteiras
de uma escolha mais vasta de bens a preços competitivos entre os países da União Europeia aumentou igualmente,
e de uma maior proteção quando fazem compras no seu país, passando de 800 mil milhões de euros em 1992 para
no estrangeiro ou pela Internet, e que grandes e pequenas 2 biliões e 800 mil milhões de euros em 2011 em termos de
empresas podem mais facilmente e a menor custo fazer valor das mercadorias comercializadas. Durante o mesmo
negócios além-fronteiras e competir a nível mundial. período, o comércio entre a União Europeia e o resto do
mundo triplicou, passando de 500 mil milhões de euros em
1992 para 1 bilião e 500 mil milhões de euros em 2011.
As quatro liberdades

As pedras angulares do mercado único são a livre circulação


de pessoas, bens, serviços e capitais, ou seja, as chamadas Mercado único: factos e números
«quatro liberdades» consagradas no Tratado da União
—— O maior PIB de todas as economias
Europeia. É também o Tratado da União Europeia que confere
às instituições europeias poderes para adotar legislação do mundo
(sob a forma de regulamentos, diretivas ou decisões) que —— 500 milhões de consumidores
prevalece sobre a legislação nacional e é vinculativa para e 20 milhões de PME
as autoridades nacionais. A Comissão Europeia desempenha
—— 28 países participantes
um papel importante, pois cabe-lhe propor legislação
europeia, garantir o respeito pelos tratados da União Europeia
—— Símbolo da integração europeia
e assegurar que a legislação europeia é corretamente —— O maior exportador e importador
aplicada em toda a União pelos cidadãos e pelas autoridades mundial de alimentos para consumo
nacionais, bem como pelas outras instituições da UE. humano e animal
—— 7% da população mundial
Uma moeda única para impulsionar —— 20% do volume mundial de
o mercado único exportações e importações

Um mercado funciona melhor quando todos utilizam


a mesma moeda. O primeiro passo para uma moeda comum Graças ao mercado único europeu, os consumidores dispõem
deu-se em 1 de janeiro de 1999 com a criação do euro. de um maior leque de escolha de produtos a preços
Exatamente três anos mais tarde, as notas e moedas de competitivos, quer façam compras no seu país, no estrangeiro
euro entraram em circulação. Atualmente, o euro é utilizado ou através da Internet.
por consumidores e empresas em 17 Estados-Membros, que
© iStockphoto/Sturti

constituem a «área do euro», a que também é comum chamar


«zona euro» ou «eurozona». O euro revelou-se resistente
durante a crise da dívida soberana, retendo o seu poder de
compra mesmo se a União Europeia teve de ajudar os países
com uma dívida pública elevada. É também amplamente
utilizado nos pagamentos internacionais, sendo, juntamente
com o dólar americano e o iene japonês, uma das principais
divisas do mundo. No início de 2014, a Letónia será o 18.°
país a adotar o euro.
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Uma política em evolução A opinião dos cidadãos

O Ato Único Europeu de 1987 foi a primeira revisão De acordo com um inquérito Eurobarómetro realizado em
importante do Tratado de Roma, que, ainda na década 2011, os cidadãos europeus estão, em geral, satisfeitos com
de cinquenta, instituiu a organização que mais tarde deu o facto de o mercado único oferecer uma maior escolha de
origem à União Europeia. O objetivo primordial do Ato bens, criar emprego e garantir uma concorrência leal. No
Único era dar um maior impulso à integração europeia entanto, muitos dos inquiridos continuam a considerar que
e ao mercado comum. Este tratado alterou as normas que o mercado único beneficia unicamente as grandes empresas,
regiam o funcionamento das instituições europeias, tendo agrava as condições de trabalho e não melhora a vida das
alargado as respetivas competências em determinados populações pobres e desfavorecidas. O inquérito mostra que
domínios. Nessa base, os dirigentes europeus adotaram um o mercado único ainda está longe de estar concluído e que
plano e um calendário com vista à adoção de um conjunto mais de um terço dos europeus (35%) desconhece os seus
de novas regras a fim de «concluir o mercado único». benefícios.
Em 1 de janeiro de 1993, o mercado único tornou-se uma
realidade para os então 12 Estados-Membros.
Ultrapassar a crise
Hoje em dia, o mercado único é composto por 28 países.
Graças a acordos entre a União Europeia e a Islândia, A crise económica e financeira atingiu duramente a União
o Listenstaine e a Noruega, a maioria das regras do mercado Europeia, traduzindo-se em seis trimestres consecutivos
único também se aplica nestes países (que fazem parte de contração da atividade económica e em 19 milhões de
do Espaço Económico Europeu), exceto no que se refere desempregados. A crise afetou os países da União de modo
às pescas e à agricultura. Na União, é possível viajar sem diferente, cinco dos quais precisaram de ajuda de emergência,
passaporte e sem qualquer controlo nas fronteiras entre os e expôs fragilidades estruturais em vários deles. A crise
22 países que formam o espaço Schengen. também foi nefasta para as finanças públicas e abalou
a confiança do público no setor bancário.
Mas, o mercado único está longe de ter atingido o seu pleno
potencial. No atual contexto de crise, é mais do que nunca Mas há futuro para além da crise. A União Europeia pode
necessário intervir nos domínios em que o mercado único sair da crise mais forte intensificando a coordenação entre
ainda não funciona como deveria, em benefício dos cidadãos as políticas económicas, melhorando o funcionamento
e das empresas, nomeadamente através de uma melhoria da do mercado único e sujeitando o setor financeiro a uma
regulamentação e da supervisão dos serviços financeiros e do entidade de supervisão e a um conjunto de regras únicos.
setor bancário. É fundamental concluir e restabelecer a confiança no mercado
único para que a economia europeia recupere.
Estão igualmente em jogo fatores socioeconómicos
importantes. Uma população em envelhecimento acentua
a necessidade de maior segurança financeira, enquanto
o aumento da utilização das tecnologias da informação
e da Internet em todos os grupos etários leva a que mais
pessoas façam compras em linha, tornando, por conseguinte, O euro é utilizado como moeda única pelos consumidores
necessário adotar legislação adequada nestes domínios. e pelas empresas em 17 (em breve, 18) países da União
Além disso, a crescente integração e interdependência dos Europeia, que formam a denominada zona euro.
mercados financeiros e a vulgarização dos serviços bancários
© iStockphoto/Claudio Arnese

em linha e das transações eletrónicas exigem uma regulação


e supervisão reforçadas a nível da União Europeia.
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Como gere a União Europeia o mercado interno

A Comissão Europeia dispõe de vários instrumentos para que os países com um desempenho acima da média são
assegurar o bom funcionamento do mercado único em benefício representados a verde, os países com um desempenho médio
de todos. Ao longo das duas últimas décadas, registaram-se a amarelo e os países com um desempenho abaixo da média,
dois desenvolvimentos importantes neste domínio. Há 20 anos, que necessitam de redobrar de esforços, a vermelho. Não
os problemas eram principalmente resolvidos com a adoção obstante a atual crise económica, os países da União Europeia
de nova legislação ou com ações judiciais contra os países da E continuam a aplicar a regulamentação europeia na sua
União Europeia. Hoje em dia, a abordagem é mais ambiciosa quase totalidade. Apenas 0,6% das diretivas relativas ao
e pragmática, assentando numa cooperação estreita entre mercado único não foram transpostas para o direito nacional
a Comissão e os países da União, assim como com os cidadãos no prazo previsto.
e as empresas, no que se refere ao funcionamento do mercado
único na prática. Além disso, as ferramentas informáticas
e a Internet transformaram a forma como a informação Ações judiciais por infração
é transmitida, tornando mais fácil e mais rápido para
a Comissão recolher a opinião das pessoas afetadas pela nova Cada Estado-Membro é responsável pela aplicação correta
regulamentação. e atempada da legislação da União Europeia, cabendo
à Comissão velar para que tal aconteça. Consequentemente,
Após a adoção de nova legislação, as autoridades acompanham quando um Estado-Membro não respeita o direito europeu,
a sua aplicação e execução. Para serem eficazes, as a Comissão dispõe de poderes próprios para tentar pôr termo
autoridades nacionais devem estar ligadas entre si para, em à infração, podendo, em último recurso, remeter o caso para
conjunto, resolverem os problemas que possam surgir. As o Tribunal de Justiça da União Europeia, sediado no Luxemburgo.
reações são recolhidas em todas as fases do ciclo para que O procedimento por infração tem várias fases formais,
os responsáveis políticos possam decidir se é necessária nova começando, frequentemente, com a realização de um inquérito
legislação ou se a legislação em vigor deve ser adaptada ou pela Comissão na sequência da apresentação de uma queixa.
suprimida. A Comissão pode também dar início a um inquérito por iniciativa
própria se considerar que existe um problema.

Consultar o público Caso a questão não seja resolvida através do diálogo entre
a Comissão e as autoridades nacionais, o Tribunal de Justiça
Ao analisar o rumo a tomar, a Comissão realiza pode ser convidado a pronunciar-se sobre se houve ou não
frequentemente consultas públicas, geralmente em linha, infração. Mas o Tribunal não pode revogar uma medida nacional
para auscultar a opinião do público, das empresas, das que seja considerada incompatível com o direito da União
associações profissionais, dos sindicatos e de outros Europeia nem condenar o Estado-Membro a pagar indemnizações
interessados, dando-lhes a oportunidade de apresentarem a particulares lesados por uma infração ao direito da União
as suas experiências e sugestões por escrito. A Comissão Europeia. Cabe ao Estado-Membro em causa tomar todas
tem estes pontos de vista em conta na elaboração de nova as medidas necessárias para dar cumprimento à decisão do
legislação, assegurando, em seguida, a sua devida aplicação Tribunal. Se, mesmo assim, o Estado-Membro continuar a infringir
e cumprimento em toda a União Europeia. a legislação europeia, a Comissão pode voltar a recorrer ao
Tribunal para exigir o pagamento de sanções periódicas até que
seja posto fim à infração e/ou impor uma sanção pecuniária
O painel de avaliação única ao Estado-Membro.
do mercado interno
Ao clarificarem aspetos da legislação em vigor, os acórdãos do
Antes de ser aplicada, a regulamentação da União Europeia tribunal estabelecem, com frequência, precedentes importantes.
tem de ser transposta para o direito nacional. Desde 1998, É o caso, por exemplo, das decisões repetidamente tomadas pelo
a Comissão classifica o desempenho dos Estados-Membros Tribunal de Justiça contra os direitos especiais de voto (golden
em termos de aplicação e respeito das regras do mercado share) em empresas privatizadas, que consideram que esse tipo
único através de um «painel de avaliação do mercado de privilégios constitui um entrave à livre circulação de capitais.
interno». No sistema de informação em linha, o desempenho
dos vários países é ilustrado através de um gráfico em
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Uma política da concorrência tarefas mais importantes da Comissão Europeia. Com a Internet,
pró-consumidor é mais fácil passar a palavra de forma eficaz e dar regularmente
informações atualizadas em todas as línguas da União Europeia.
As políticas europeias em matéria de concorrência e do mercado
único são indissociáveis. Com efeito, a política de concorrência O portal «A sua Europa» disponibiliza informações práticas
prevê a aplicação de regras para garantir que as empresas dirigidas aos cidadãos e às empresas, sobre tópicos que vão de
concorrem lealmente entre si, o que resulta numa maior documentos de viagem e direitos dos passageiros a como abrir
escolha para os consumidores e contribui para diminuir os uma conta bancária noutro país da União ou o que fazer em
preços e melhorar a qualidade. Há uma série de processos de caso de necessidade de tratamento médico imprevisto durante
concorrência em que a intervenção da Comissão teve benefícios uma curta estadia noutro Estado-Membro. As empresas também
diretos para os consumidores em todo o mercado único. Um podem informar-se sobre impostos e contabilidade ou sobre
desses processos diz respeito ao domínio das telecomunicações, como obter financiamento bancário ou candidatar-se a fundos
em que os operadores de telefonia móvel sobrefaturavam as de capital de risco apoiados pela União Europeia.
chamadas para as redes de outros operadores (até dez vezes
mais do que nas linhas fixas).

Em 2009, a Comissão recomendou às entidades reguladoras no Prestar apoio


setor das telecomunicações da União Europeia que garantissem
que essas tarifas se baseavam nos custos reais. Determinados A União Europeia não se limita a transmitir informações aos
operadores tiveram de pagar uma coima à Comissão pelas suas cidadãos e às empresas. Ajuda-os na prática a tirar o máximo
práticas anticoncorrenciais, o que levou a uma diminuição do partido do mercado único e a ultrapassar problemas concretos.
preço das chamadas telefónicas e a uma maior transparência Qualquer cidadão europeu que compre bens ou serviços
do sistema de fixação de preços em toda a UE. Para mais noutro país da UE, na Noruega ou na Islândia e que necessite
informações sobre a política de concorrência da União, ver de aconselhamento pode contactar os centros europeus do
a brochura sobre a concorrência da presente coleção. consumidor. Para além de fornecem aconselhamento prático
gratuito sobre como poupar dinheiro e evitar problemas, estes
centros tentam encontrar soluções amigáveis para os conflitos
e, se tal não for possível, oferecem ajuda especializada aos
Passar a palavra consumidores que pretendam apresentar uma queixa.

Informar os cidadãos e as empresas sobre os seus direitos Lançada em 2006, a Rede de Cooperação no domínio da
e as oportunidades oferecidas pelo mercado único é uma das Defesa dos Consumidores associa as autoridades nacionais de
todos os países da União Europeia, que podem assim colaborar
À procura de emprego? Já pensou em trabalhar no estrangeiro? para prevenir práticas comerciais prejudiciais em situações
O mercado único garante a todos os cidadãos europeus o direito transfronteiriças que infrinjam a regulamentação europeia relativa
de trabalhar e estudar nos outros países da União Europeia. aos consumidores, por exemplo, mediante a troca de informações.
Desde o seu lançamento, a rede tratou mais de 1 200 pedidos de
© iStockphoto/Wdstock

assistência mútua e mais de 200 alertas.

A rede Solvit ajuda diretamente os cidadãos e as empresas


a encontrar soluções rápidas e pragmáticas para os problemas
causados pela aplicação incorreta da regulamentação europeia
pelas entidades públicas. Alguns dos problemas mais comuns
estão relacionados com o reconhecimento das qualificações
profissionais, o acesso à educação, as autorizações de residência
e a segurança social.

As empresas que pretendem prestar serviços em mais de um


país da União Europeia também podem obter informações acerca
dos procedimentos e requisitos relevantes através dos chamados
balcões únicos, acessíveis por via eletrónica quer no próprio país
quer noutro país da União. Por último, mas não menos importante,
a Enterprise Europe Network, uma rede que reúne cerca de
600 organizações de 50 países, apoia os empresários europeus,
disponibilizando, nomeadamente, aconselhamento especializado
sobre a legislação do mercado único da UE, em domínios que vão
da tributação às patentes.
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A ação da União Europeia

A conclusão do mercado único constitui uma prioridade


para a Comissão Europeia, num momento em que esta
procura redinamizar a economia europeia após a crise. Esta
é a motivação subjacente à série de medidas para reforçar
a economia e o emprego previstas nos atos para o mercado
único I e II.

Ações prioritárias
para um novo crescimento

Em abril de 2011, a Comissão Europeia adotou o Ato para


o Mercado Único I, elaborando uma lista de doze projetos © iStockphoto/Monkey Business Images
para relançar a economia europeia e preparar o caminho
para mais crescimento, competitividade e progresso social.
Esta lista resultou da análise de cerca de 850 contribuições
apresentadas durante quatro meses de debate público, bem
como de opiniões e conclusões de outras instituições europeias.
A cada projeto seguiram-se rapidamente propostas concretas
relativas à adoção de nova legislação ou à alteração da
legislação em vigor para melhorar o dia-a-dia dos cidadãos,
dos consumidores, dos trabalhadores e das empresas,
especialmente as pequenas e médias empresas (PME). O facto de as empresas poderem vender os seus produtos
em todo o mercado único torna a indústria europeia
Um dos objetivos era facilitar o acesso ao financiamento mais competitiva.
para as empresas em fase de arranque, que carecem
frequentemente dos recursos necessários para recrutar
pessoal, lançar novos produtos ou construir as infraestruturas Manter a dinâmica
necessárias, ficando numa situação de desvantagem
concorrencial. Por esta razão, a Comissão apresentou uma Em outubro de 2012, a Comissão Europeia apresentou mais
proposta de regulamento que estabelece regras uniformes em doze ações-chave no âmbito do Ato para o Mercado Único II.
matéria de comercialização dos fundos de capitais de risco na
Europa. Com o início da sua aplicação em julho de 2013, esse Essas ações podem ser agrupadas em quatro grandes
novo conjunto de regras deve contribuir para que os referidos motores do crescimento: redes integradas, mobilidade
fundos atraiam mais compromissos de capital e se tornem transfronteiras dos cidadãos e das empresas, economia digital
ainda maiores, abrindo perspetivas de crescimento para as e reforço da coesão e dos benefícios para o consumidor. «Esta
empresas. é a nossa oportunidade de utilizar o nosso grande trunfo,
o mercado único, para que a economia social de mercado
Melhorar a mobilidade dos trabalhadores na União Europeia volte a ser competitiva e a prosperar», afirmou o comissário
era outra prioridade do Ato para o Mercado Único I, tendo Michel Barnier quando do anúncio da iniciativa.
em conta a dificuldade em preencher muitos postos de
trabalho para pessoal altamente qualificado. A Comissão A Comissão deu seguimento às ações-chave com propostas
propôs a introdução de uma «carteira profissional europeia», concretas em cada domínio. Assim, em março de 2013,
que contribua para facilitar e acelerar o reconhecimento das a Comissão propôs novas regras, assentes em boas práticas
qualificações em toda a União. com provas dadas na Alemanha, Eslovénia, Espanha, França,
Itália, Lituânia, Países Baixos, Portugal, Suécia e Reino Unido,
para reduzir os custos da implantação da Internet de elevado
débito em 30%, deixando as questões organizacionais em
larga medida ao critério dos Estados-Membros.
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Para reforçar a confiança dos consumidores, a Comissão Internet


também propôs, em fevereiro de 2013, novas regras de
segurança para os produtos de consumo que circulam no Embora uma grande parte dos europeus considere a Internet
mercado único, bem como a intensificação da fiscalização um dado adquirido, muitas das redes e serviços desenvolvidos
do mercado para produtos não alimentares, especialmente ao longo dos últimos vinte anos devem a sua existência a uma
os importados do exterior da União Europeia. O objetivo abordagem dinâmica e flexível da União Europeia em matéria
é impedir que os produtos nocivos cheguem às mãos dos de Internet. O último grito em equipamento eletrónico ou
consumidores e melhorar o sistema de rastreabilidade vestuário pode agora ser encomendado noutro país europeu
para que os produtos possam ser facilmente identificados e entregue em nossas casas. Uma empresa localizada numa
e rapidamente retirados do mercado em caso de problema. extremidade do continente pode unir forças com outra
Após a sua aprovação pelo Parlamento Europeu e pelo localizada no extremo oposto para oferecer um serviço melhor
Conselho, as novas regras serão aplicadas pelas autoridades ou uma maior escolha de produtos. Neste mundo em linha
nacionais de supervisão dos mercados, que cooperarão moderno, o comprador tem também mais poder para influenciar
de forma mais estreita para coordenar as verificações de o serviço utilizando o correio eletrónico ou publicando a sua
segurança dos produtos, em especial nas fronteiras externas opinião em linha. Mas o impacto da Internet vai muito além das
da União. compras, abrangendo igualmente o domínio cultural. Graças
à política de mercado único da União, o portal Europeana.
eu permite agora aos cidadãos aceder através da Internet
Um mercado único para a versões digitais de obras literárias e cinematográficas,
os consumidores pinturas e outras criações artísticas europeias.

O mercado único existe em benefício dos 500 milhões de


consumidores europeus, que têm direito a comprar bens Mais concorrência no mercado
e serviços a qualquer operador comercial (em igualdade de da energia
condições e obrigações contratuais em todo o território da
União Europeia). Quanto mais informadas forem as suas Graças à adoção de legislação relativa ao mercado único ao
escolhas, maior será o seu impacto em termos de reforço do longo da última década e meia, em conjunção com a aplicação
mercado único e de impulso da concorrência, da inovação das regras da concorrência, os mercados nacionais deixaram
e do crescimento. de ser controlados por monopólios estatais e abriram-se aos
fornecedores estrangeiros. Desta forma, os cidadãos e as
empresas podem escolher livremente os seus fornecedores.
A intensificação do comércio transfronteiras no setor da energia
contribui igualmente para prevenir ruturas no aprovisionamento
e cortes de energia nos países da União Europeia. Várias
empresas europeias do setor energético também operam
atualmente em mais do que um Estado-Membro, aumentando
a concorrência entre prestadores de serviços.
© iStockphoto/Squaredpixels

Graças à legislação do
mercado único, as famílias
e as empresas podem agora
escolher o seu fornecedor
de energia.
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© EU
As diretivas do mercado
único estabelecem requisitos
ambientais e de segurança
para os produtos.

Estudar e trabalhar no estrangeiro Estima-se que, desde 2007, a legislação do mercado único
tenha diminuído em 25% os encargos administrativos das
Hoje em dia, a maioria das qualificações profissionais empresas europeias.
e dos diplomas obtidos num país da União Europeia são
reconhecidos nos outros países. Todos os anos, programas
europeus, como o Erasmus e o Leonardo da Vinci, permitem
a centenas de milhar de europeus estudar ou receber Uma indústria sustentável e segura
formação no estrangeiro. Para além de terem benefícios
em termos pessoais, estas iniciativas reforçam a economia Além de garantirem a livre circulação de mercadorias, as
europeia. De acordo com um inquérito do Eurobarómetro, 56% diretivas do mercado único estabelecem requisitos ambientais
dos cidadãos consideram a livre circulação de pessoas como e de segurança aplicáveis em toda a UE a produtos de
o aspeto mais positivo da integração europeia. A maioria várias categorias. Esta legislação, que permite que os
também é de opinião de que favorece a economia. produtos circulem livremente em todo território europeu
tem, obviamente, enormes vantagens para os cidadãos.
Os produtos são agora muito mais seguros. A presença
Vantagens para as empresas europeias da etiqueta ou marcação «CE» num produto indica que
o fabricante satisfez todas as diretivas aplicáveis e que
Cada empresa da União Europeia tem acesso a 28 mercados o produto pode ser vendido em toda a União Europeia. Isto
nacionais e a 500 milhões de clientes potenciais. As é bom tanto para as empresas que pretendem vender os seus
grandes empresas têm, assim, a oportunidade de beneficiar produtos para além das fronteiras nacionais, como para os
de economias de escala. Pelo seu lado, as PME, que são consumidores, que podem ter a certeza de que os produtos
particularmente importantes para a economia europeia, que compram são seguros e cumprem as normas aplicáveis.
podem mais facilmente aceder a novos mercados. Para
além de serem responsáveis pela criação de 85% dos novos
postos de trabalho na União, as PME encontram-se entre as Proteger a inovação
empresas mais inovadoras e o seu contributo é indispensável
para a saída da crise. As vantagens do mercado único Para criar um verdadeiro mercado único, as restrições
também ajudam as empresas a competir no exterior da União à liberdade de circulação e as práticas anticoncorrenciais
Europeia. devem ser, tanto quanto possível, eliminadas ou reduzidas,
em simultâneo com a criação de um ambiente que incentive
A política de mercado único da União Europeia facilita a inovação e o investimento. Neste contexto, a proteção da
a atividade empresarial na Europa de várias formas. Uma propriedade intelectual é um elemento essencial para o êxito
deles é o reconhecimento mútuo, que assegura que as do mercado único. Criada em 1993, a marca comunitária
normas técnicas nacionais não impedem o livre comércio de tem como objetivo é facilitar e tornar menos oneroso para
mercadorias no território europeu. Com efeito, um produto as empresas desenvolver as suas atividades em mais de
legalmente produzido ou comercializado num país da UE um país da União Europeia. Na prática, isto significa que as
pode ser comercializado em qualquer outro Estado-Membro.
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empresas pagam menos para registar uma marca comercial,


especialmente se o fizerem através da Internet.

Em breve, as empresas poderão solicitar uma patente única


para as suas invenções, que será válida em 25 países da
União Europeia, em vez de terem de apresentar vários

© iStockphoto/Tan Wei Ming


pedidos separados, um para cada país. Isto permitirá reduzir
os custos e a burocracia, nomeadamente no caso das PME.

Serviços financeiros: reforço


da regulação e supervisão
Restaurar a confiança no sistema financeiro é uma das forças
A crise financeira revelou a necessidade de reforçar motrizes da união bancária, com um conjunto único de regras
a regulação, a transparência e a supervisão dos operadores, para os bancos da zona euro.
produtos e mercados financeiros em toda a União Europeia.
Os bancos fazem cada vez mais negócios noutros países,
em consonância com os objetivos do mercado único e a livre
circulação de capitais. Embora isto contribua para uma maior serão obrigados a deter mais capital e de melhor qualidade,
eficiência do sistema bancário, a regulação e a supervisão conforme estabelecido numa revisão da diretiva da União
continuam a processar-se sobretudo a nível nacional. Europeia relativa aos requisitos em matéria de fundos
próprios. O novo quadro regulamentar irá tornar os bancos
Mas já houve uma grande evolução neste domínio. A partir da União Europeia mais sólidos e reforçar a sua capacidade
de 1 de janeiro de 2014, todos os bancos da zona euro para gerir de modo adequado os riscos associados às suas
atividades e absorver as perdas em que possam incorrer.
O pacote também impõe novos limites para os prémios dos
quadros superiores.

Estão previstas outras iniciativas. Por exemplo, o Regulamento


«Infraestruturas dos mercados europeus», que entrou
COMUNICAÇÕES MÓVEIS MAIS BARATAS NO ESTRANGEIRO em vigor em agosto de 2013, estabelece novas normas
técnicas para os instrumentos derivados negociados fora dos
300
Carregar dados no estrangeiro mercados regulados. Também existem planos para reforçar
(por MB) as regras aplicáveis aos serviços de investimento, como
Telefonar no estrangeiro (por minuto) a corretagem e a gestão de carteiras, e reforçar a proteção
250
Enviar um SMS no estrangeiro dos consumidores, melhorando a transparência e o acesso às
contas bancárias.
200
A regulação exige uma supervisão adequada a nível europeu
(em cêntimos, IVA excluído)

para dar resposta aos riscos e questões transfronteiras. Foi


150 esta a motivação subjacente à criação de três organismos
europeus operacionais desde 2011: a Autoridade Bancária
Europeia, a Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões
100 Complementares de Reforma e a Autoridade Europeia dos
Valores Mobiliários e dos Mercados. Foi igualmente criado
o Comité Europeu do Risco Sistémico para identificar o tipo
50
de riscos que podem alastrar a todo o setor financeiro
e assegurar que os mesmos não põem em perigo
0 a estabilidade financeira.
2007 2010 2014

A «eurotarifa», introduzida pela primeira vez em 2009 e para


o carregamento de dados em 2012, é o preço máximo permitido ao
abrigo da legislação europeia.

A União Europeia conseguiu reduzir o preço do roaming em


mais de 80% desde 2007.
M E R C A D O I N T E R N O
11

Restaurar a confiança nos bancos rigorosas em matéria de auxílios estatais, que exigem que
os mutuantes com problemas de liquidez comecem por pedir
A crise da dívida da zona euro veio sublinhar a necessidade ajuda aos seus próprios investidores antes de solicitar a ajuda
de reformas mais profundas para quebrar o círculo vicioso pública.
existente entre os bancos e os cofres nacionais. Quando um
país acumula demasiada dívida pública, a sua fiabilidade De acordo com estes planos, será criado um novo fundo
creditícia desce, arrastando consigo os bancos, que tendem europeu financiado pelo próprio setor bancário para apoiar
a ser os maiores detentores de dívida pública. Inversamente, a reestruturação dos bancos em dificuldades. Numa
se os bancos estão em dificuldades, os governos poderão ter situação em que os fundos dos acionistas e dos credores
de intervir e de injetar capitais para os salvar. de um banco sejam insuficientes e o novo fundo ainda não
tenha acumulado recursos suficientes, esse banco pode,
Para romper essa ligação e restabelecer a confiança dos excecionalmente, ser diretamente recapitalizado, ou seja,
cidadãos nos bancos, não basta adotar regras comuns. Em poder-lhe-ão ser disponibilizados novos capitais no contexto
especial, no caso dos países que partilham uma moeda de um plano de salvamento para bancos que, caso contrário,
única, é necessária uma abordagem mais aprofundada iriam à falência. Tal poderá ser feito através do «mecanismo
e integrada da supervisão financeira. Foi por essa razão europeu de estabilidade», em vez dos governos nacionais.
que, em junho de 2012, os dirigentes da União Europeia se
comprometeram a criar uma «união bancária» dotada de A garantia de um setor financeiro europeu seguro
um conjunto único de regras para todos os bancos da zona e responsável, que salvaguarde os interesses dos
euro. Essa ideia foi desenvolvida no plano da Comissão para consumidores e promova o crescimento, continuará
a União Económica e Monetária, em novembro de 2012. a constituir uma prioridade, estando em preparação
várias propostas importantes para o curto prazo. Trata-se,
A partir de finais de 2014, todos os bancos e outros nomeadamente, de regras revistas para os fundos de pensões
mutuantes da zona euro serão supervisionados pelo Banco profissionais, de uma reforma estrutural dos bancos e de
Central Europeu ao abrigo do chamado «mecanismo único regras revistas para serviços de pagamento inovadores,
de supervisão». Os países da União Europeia que não incluindo cartões, Internet e pagamentos por telemóvel.
pertencem à zona euro poderão igualmente optar por integrar
o mecanismo. Embora ainda seja necessário clarificar muitos aspetos
das reformas, os dirigentes europeus estão determinados
Paralelamente, um «mecanismo único de resolução» ocupar-se-á a avançar para uma nova era de crescimento económico
da liquidação das instituições financeiras em dificuldade, com sólido assente num setor financeiro forte e fiável.
um mínimo de custos para os contribuintes e a economia real,
conforme previsto na proposta da Comissão de julho de 2013.
Desde agosto de 2013, estão em vigor regras europeias mais
© iStockphoto/Justin Horrocks

A estabilidade dos bancos


é importante para os
cidadãos, especialmente
para os que pretendem
comprar uma habitação.
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C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Próximas etapas

© iStockphoto/Peepo
Apesar dos progressos registados, existem ainda muitas
lacunas no mercado único europeu, principalmente nos
domínios dos serviços e da energia, que devem ser
colmatadas a nível da União Europeia, para ajudar cidadãos
e empresas a tirar o máximo partido do mercado único.

Nos próximos anos, a Comissão tem também como objetivo


contribuir para o desenvolvimento das empresas sociais na
Europa — que não se limitam à procura de lucros e servem
o interesse da comunidade em termos de objetivos sociais,
societais e ambientais — e da economia social em geral.
A União Europeia pode ainda ter um papel a desempenhar
no incentivo ao financiamento coletivo através da Internet,
o chamado crowdfunding, para ajudar a colmatar o défice A Europa precisa de novas empresas.
de financiamento para as PME e as empresas em fase de
arranque. Em junho de 2013, a Comissão organizou um
primeiro seminário para analisar vários temas relacionados
com o crowdfunding e está a estudar possíveis iniciativas
políticas.

Mais informações

XX Panorama geral da política do mercado único da União Europeia no sítio da Comissão:


http://ec.europa.eu/internal_market/index_en.htm
XX Lista das consultas públicas: http://ec.europa.eu/yourvoice/consultations/index_pt.htm
XX Informação sobre a legislação e as propostas da União Europeia relativas aos serviços financeiros e aos
mercados de capitais: http://ec.europa.eu/internal_market/top_layer/financial_capital/index_en.htm
XX Portal «A sua Europa» para os cidadãos e as empresas: http://europa.eu/youreurope
XX Enterprise Europe Network: guia dos serviços oferecidos às PME e histórias de sucesso:
http://een.ec.europa.eu
XX Perguntas sobre a União Europeia? O serviço Europe Direct pode ajudá-lo: 00 800 6 7 8 9 10 11 —
http://europedirect.europa.eu

ISBN 978-92-79-24627-2
doi:10.2775/81432

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