COMPREENDER

AS POLÍTICAS
DA UNIÃO
EUROPEIA Alfândegas
A união
aduaneira da
União Europeia:
proteger
as pessoas
e facilitar
o comércio
As al f ân d egas es t ão na l inha d a
f r ent e na l ut a c o nt r a as m er c ad o r ias
p er igo s as , o t r áf ic o il egal , a f r aud e, o
t er r o r is m o e o c r im e o r gan izad o ,
p r o c ur an d o , s im ul t aneam en t e, f ac ili tar
ao m áxim o o c o m ér c io l egít im o .
 ÍNDICE
Por que é necessária
uma união aduaneira . . . . . . . . . . . . . 3

COMPREENDER A abordagem da União Europeia:

AS POLÍTICAS gerir a união aduaneira . . . . . . . . . . 5

DA UNIÃO EUROPEIA As alfândegas e os cidadãos . . . . . . 8

Perspetivas: hoje, amanhã

A presente publicação faz parte de uma coleção que e no futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
descreve a ação da União Europeia em vários domínios, as
razões da sua intervenção e os resultados obtidos. Outras leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

A coleção está disponível em linha:

http://europa.eu/pol/index_pt.htm
http://europa.eu/!JF89wH

Como funciona a União Europeia

A Europa em 12 lições
«Europa 2020»: a estratégia europeia de crescimento
Os pais fundadores da União Europeia

Ação climática
Agenda digital
Agricultura
Ajuda humanitária e proteção civil
Alargamento
Alfândegas
Ambiente Compreender as políticas da União Europeia:
Assuntos marítimos e pescas Alfândegas
Bancos e finanças
Comércio Comissão Europeia
Concorrência Direção-Geral da Comunicação
Consumidores Informação dos cidadãos
Cooperação internacional e desenvolvimento 1049 Bruxelas
Cultura e audiovisual BÉLGICA
Educação, formação, juventude e desporto
Emprego e assuntos sociais Manuscrito atualizado em novembro de 2014
Empresas
Energia Capa e imagem da página 2:
Fiscalidade © iStockphoto.com/Oxford
Fronteiras e segurança
Investigação e inovação 12 p. — 21 × 29,7 cm
Justiça, direitos fundamentais e igualdade ISBN 978-92-79-41599-9
Luta contra a fraude doi:10.2775/16944
Mercado interno
Migração e asilo Luxemburgo: Serviço das Publicações
Orçamento da União Europeia, 2014
Política externa e de segurança
Política regional © União Europeia, 2014
Saúde pública Reprodução autorizada. As fotografias só podem ser
Segurança alimentar utilizadas ou reproduzidas separadamente mediante a
Transportes autorização prévia dos titulares dos direitos de autor.
União Económica e Monetária e o euro
A lf â ndegas
3

Por que é necessária uma união aduaneira

A união aduaneira foi uma das primeiras realizações
da União Europeia (UE) e continua a ser um elemento
indispensável na conjuntura mundial do século XXI. Uma
união aduaneira significa a imposição, pelos membros, dos
mesmos direitos sobre as mercadorias de países terceiros
importadas no seu território e a ausência de direitos
aduaneiros nas fronteiras internas entre os membros.
Muito sofisticada, a união aduaneira da União Europeia
aplica um vasto conjunto de regras comuns às importações
e exportações e já eliminou completamente todos
os controlos entre os seus membros.
A união aduaneira da União Europeia funciona como a
pele do nosso corpo. Envolve o mercado interno da UE e
permite que as mercadorias circulem livremente a nível
interno, controlando, para tal, as importações provenientes
do exterior e as exportações de mercadorias. De facto, o
mercado interno, onde as empresas podem vender os seus
produtos e investir em qualquer Estado-Membro da União,
seria inconcebível sem a união aduaneira da União Europeia.
A união aduaneira europeia é gerida no terreno pelos
serviços aduaneiros nacionais dos 28 países da UE,
agindo como se fizessem parte de um único serviço.
Os funcionários aduaneiros fiscalizam a circulação de
mercadorias nas fronteiras externas da UE, ou seja, nos
portos, aeroportos e pontos de passagem das fronteiras
terrestres e dentro do seu território.
Ao fazê-lo, protegem os consumidores de produtos
perigosos e de ameaças para a saúde, bem como os
animais e o ambiente contra as doenças das plantas
e dos animais. Previnem acidentes e garantem uma
primeira linha de defesa contra os riscos na cadeia de
abastecimento, incluindo a luta contra a criminalidade
organizada e o terrorismo. É graças à vigilância nas
alfândegas que os produtos importados vendidos na
Europa (quer se trate de brinquedos, produtos alimentares
ou medicamentos) são mais seguros.
As autoridades aduaneiras lidam essencialmente com o
tráfego comercial, mas também controlam os passageiros
para prevenir a entrada de mercadorias perigosas ou
ilícitas, como drogas ou armas, e de produtos que possam
constituir um risco por transmitirem doenças animais.
As autoridades aduaneiras não procedem ao controlo de
rotina da circulação das pessoas nem verificam os seus
passaportes, pois esta função é exercida pelos guardas
de fronteira ou pela polícia.
Para as empresas que realizam atividades internacionais
de comércio e transporte, a união aduaneira da União
Europeia significa a racionalização dos procedimentos
comuns em toda a União. As mesmas regras são aplicáveis
independentemente do país da UE onde os produtos são
declarados e, uma vez desalfandegados, os produtos
podem circular livremente ou ser vendidos em qualquer
ponto do território aduaneiro da União.
Embora já não seja a sua tarefa principal, a cobrança
de direitos de importação pelas autoridades aduaneiras
continua a ser uma importante fonte de receitas para
a UE. Em 2013, estas corresponderam a cerca de 11%
do orçamento da União Europeia, ou seja, 15,3 mil milhões
de euros.
A União Europeia é o maior bloco comercial do mundo,
por isso, em termos globais, a união aduaneira da
União Europeia é uma importante protagonista no
comércio internacional. A sua posição negocial supera,
por conseguinte, a de qualquer país da União
que atue isoladamente.
«A proteção dos nossos cidadãos,
a prosperidade das nossas empresas
e a promoção do comércio da União Europeia
dependem da prestação de serviços de excelente
qualidade por uma união aduaneira que funcione
sem descontinuidades.

As alfândegas controlam igualmente as exportações

de produtos sensíveis, tais como os bens culturais, para
evitar o contrabando do património europeu. Além disso,
no quadro da responsabilidade da União Europeia para
com o resto do mundo, as autoridades aduaneiras evitam
também as exportações ilegais de resíduos.

Na realidade, a proteção do ambiente é uma das muitas

tarefas que incumbem às autoridades aduaneiras. Para tal,
procedem ao controlo do comércio de espécies raras de
animais e de madeiras exóticas provenientes de florestas
em perigo. Verificam igualmente se estão garantidas as
condições de bem-estar dos animais durante o transporte. Vídeo: viva um minuto de um dia normal numa alfândega.
 4 C ompreender as pol í ticas da U ni ã o E uropeia

de Roma de 1957 que criou a Comunidade Europeia

As operações aduaneiras na UE representam atualmente
cerca de 16% do comércio mundial e tratam importações
e exportações de valor superior a 3 400 mil milhões de
euros por ano. A escala das operações é impressionante:
em cada minuto, em média, são importadas ou exportadas
4 200 toneladas de produtos, acompanhadas por mais de
500 declarações aduaneiras, e apreendidas cerca de 70
mercadorias de contrafação e mercadorias-pirata. A par do
crescimento do comércio internacional, as operações têm
vindo a expandir-se, a fim de abranger uma variedade de
produtos cada vez maior. A coordenação a nível da UE ajuda
as autoridades aduaneiras a acompanhar este processo
de multiplicação.
e permitiria estabelecer uma união aduaneira entre todos
os seus membros no final da década seguinte.
A união aduaneira teve início 18 meses antes do previsto,
em 1 de julho de 1968, data em que se aboliram os
restantes direitos aduaneiros no comércio intracomunitário
e se introduziu a pauta aduaneira comum para substituir
os direitos aduaneiros nacionais no comércio com o resto
do mundo.
Em 1993, foram eliminados os controlos aduaneiros nas
fronteiras internas e as longas filas de veículos comerciais
nos pontos de passagem das fronteiras são hoje uma
recordação longínqua.

Aquando dos alargamentos da União Europeia, os novos

O que é uma união aduaneira?
Uma união aduaneira forma-se quando um grupo
de países se associa para aplicar as mesmas taxas
ou os mesmos direitos sobre as mercadorias
provenientes do resto do mundo. Os países que
integram essa união aduaneira comprometem-se
também a não instituir direitos entre si.
Basicamente, uma vez desalfandegados,
os produtos podem circular livremente entre
os países que constituem a união aduaneira.
Estados-Membros aderiram também à união aduaneira,
conciliando as respetivas legislações com o código
aduaneiro. O Mónaco, que não é um Estado-Membro da
União Europeia, já fazia parte de uma união aduaneira com
França, e Andorra e São Marino celebraram acordos em
1991. A união aduaneira entre a União Europeia e a Turquia
entrou em vigor em 1995, mas à semelhança do acordo
com Andorra, o seu âmbito está limitado aos produtos
industriais e aos produtos agrícolas transformados.

Há também uniões aduaneiras noutras regiões do

mundo. Por exemplo, a «Mercosul» reúne vários
países da América do Sul; existe igualmente uma
união entre a Rússia e uma série de países vizinhos.

Uma união aduaneira é diferente de um acordo de

comércio livre, porque este último só elimina os
direitos aduaneiros entre os países que o celebram.
Não existe acordo no sentido de aplicar as mesmas
taxas de direitos sobre os produtos provenientes de
outros países.

Alargar as fronteiras: como tudo começou

Em 1944, a Bélgica, o Luxemburgo e os Países Baixos

estabeleceram a união aduaneira do Benelux, que entraria
em vigor em 1948. Os jovens manifestantes na imagem
reivindicavam que se prosseguisse a supressão
das fronteiras e dos controlos aduaneiros.
© European Union

França, Alemanha e Itália juntaram-se aos países do

Benelux para fundar a Comunidade Europeia do Carvão e
do Aço em 1951. Foi o seu presidente, o ex-primeiro-
-ministro belga Paul Henri Spaak, que, em 1955, começou a
desenvolver a ideia de uma união aduaneira mais alargada. Os membros da secção belga do movimento europeu manifestam-se
O seu relatório serviu, em grande parte, de base ao Tratado contra os controlos nas fronteiras em Liège, em 1953.
A lf â ndegas
A abordagem da União Europeia:
gerir a união aduaneira
A União Europeia detém a responsabilidade pela política
aduaneira: é um dos poucos domínios de competência
exclusiva da UE. No entanto, a aplicação da união
aduaneira depende de estreitas parcerias com e entre
os Estados-Membros. A Comissão Europeia propõe
legislação no domínio aduaneiro e vela pela sua
aplicação. Também se esforça por assegurar que a união
aduaneira tem ao seu serviço administrações aduaneiras
modernas, eficazes, interligadas e devidamente
preparadas para enfrentar os futuros e atuais desafios.
Nos bastidores, a Comissão ajuda a coordenar as
atividades dos laboratórios aduaneiros e contribui para o
desenvolvimento e a aplicação de sistemas informáticos
e de material de formação.
As alfândegas colaboram com as autoridades
competentes para garantir a segurança dos cidadãos e a
proteção do ambiente. As autoridades e os funcionários
aduaneiros são parceiros fundamentais do Serviço
Europeu de Polícia (Europol) na luta contra o crime
organizado. Asseguram também a ligação
com a Eurojust, a rede europeia de autoridades
judiciárias que sustenta a cooperação a nível europeu
nos processos da área da justiça penal, e o Organismo
Europeu de Luta Antifraude (OLAF).
© Polish customs
Garantir a segurança dos cidadãos é cada vez mais uma
tarefa de alta tecnologia.
5
Consagrada na lei
O Tratado de Roma de 1957 criou a união aduaneira
como uma base essencial da Comunidade. Hoje em
dia, as disposições que regem a livre circulação de
mercadorias constam do Tratado sobre o Funcionamento
da União Europeia (parte 3, título II). Proíbem os
direitos aduaneiros sobre os produtos objeto de trocas
comerciais entre os Estados-Membros da União Europeia
e estabelecem que, quando a pauta aduaneira comum
é aplicada nas fronteiras externas da UE, os produtos
devem poder circular livremente.
Um dos objetivos da Comissão Europeia ao propor
direitos aduaneiros é promover o comércio com
países terceiros, tendo ao mesmo tempo em conta as
necessidades das economias dos Estados-Membros. O
Conselho da União Europeia decide os direitos a instituir
e, em conjunto com o Parlamento Europeu, é responsável
pela supervisão da cooperação aduaneira entre os
Estados-Membros e entre estes e a Comissão Europeia.
A política comercial comum, complemento da união
aduaneira, garante um comportamento uniforme a
nível das relações comerciais com os países terceiros e
sustenta os regimes comuns de importação e exportação
da União Europeia.
O Código Aduaneiro da União (ex-Código Aduaneiro
Comunitário) constitui a base da gestão aduaneira
e é acordado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho
da União Europeia. À medida que se implementam
novos processos e surgem novos desafios, a Comissão
e as autoridades aduaneiras nacionais trabalham em
conjunto para rever as diversas modalidades
de aplicação do código.
Trabalhar em conjunto
Os funcionários das alfândegas nacionais trabalham
em conjunto com colegas de toda a UE, de Portugal, a
sudoeste, até à Estónia, a nordeste, para garantir que
os produtos circulam sem descontinuidades desde a
fronteira até ao seu destino final. A UE tem cerca de
450 aeroportos internacionais e a sua fronteira terrestre
oriental, que se estende por quase 10 000 km, tem 133
pontos de acesso comerciais, rodoviários e ferroviários.
A nível da UE, há um esforço contínuo para oferecer
procedimentos aduaneiros melhorados e garantir
 6 C ompreender
© Estonian customs
Os controlos aduaneiros dão
uma ajuda na luta
contra o terrorismo
e o crime organizado.
que os produtos que entram ou saem da UE recebem
o mesmo tratamento independentemente da alfândega
de entrada ou saída.
Desde sempre, o principal papel das alfândegas na União
Europeia consistiu na cobrança de direitos aduaneiros
na importação e impostos indiretos, tais como impostos
especiais sobre o consumo ou IVA. No entanto, nos
últimos anos, as alfândegas começaram a executar
uma vasta gama de tarefas de controlo suplementares
relacionadas com a segurança. Estas tarefas dizem
respeito à segurança dos produtos e aos riscos para a
saúde decorrentes de produtos alimentares importados,
bem como ao cumprimento da legislação ambiental
e da legislação veterinária. No que diz respeito à
segurança, a ameaça crescente de ataques terroristas
e a internacionalização do crime organizado vieram
adicionar um número considerável de tarefas à atividade
das alfândegas. Além disso, os alargamentos da União
Europeia em 2004, 2007 e 2013, que trouxeram 13
novos países e respetivas fronteiras, tanto terrestres como
marítimas, representaram também desafios específicos.
Para além de verificarem se os produtos estão em
conformidade com as normas, as alfândegas fazem
controlos para detetar produtos falsos, precursores
de drogas (substâncias químicas que podem ser
transformadas em drogas) e o comércio ilegal
de espécies raras e em vias de extinção. Graças
a laboratórios especializados, a união aduaneira
dispõe das competências científicas necessárias para
determinar a autenticidade e origem dos produtos ou
para identificar a natureza das substâncias.
Além disso, os funcionários das alfândegas são
responsáveis pela realização de tarefas a nível nacional,
tais como a proteção contra as drogas ilegais ou a
pornografia e o apoio ao trabalho da polícia e dos serviços
de imigração, nomeadamente na luta contra o crime
organizado. A intensificação do tráfico faz com que seja
indispensável reforçar a eficiência, por exemplo, através
da utilização das mais recentes tecnologias de deteção.
as pol í ticas da U ni ã o E uropeia
Esta necessidade é tanto mais evidente quanto nos
últimos anos tem havido um aumento dos controlos
de segurança da carga para contrariar o ressurgimento
da ameaça do terrorismo. A utilização de contentores
para o contrabando de material nuclear ou engenhos
radiológicos é especialmente preocupante: para além dos
efeitos diretos e potencialmente devastadores de um
ataque, o comércio e o transporte internacionais seriam
interrompidos, o que teria graves consequências para a
economia mundial.
Nos pontos de passagem nas fronteiras e nos aeroportos
e portos marítimos, tem-se vindo a utilizar equipamento
de inspeção não intrusivo que recorre a tecnologias
de raios x e gama, com o objetivo de reduzir o tempo
necessário para a inspeção das remessas de carga:
os funcionários aduaneiros podem obter uma imagem
do conteúdo de um contentor sem que seja
necessário descarregá-lo.
No entanto, para utilizar da melhor forma os escassos
recursos e não atrasar de forma injustificada o tráfego
legítimo, os controlos devem ser orientados para o ponto
em que forem mais eficazes através de técnicas de
gestão do risco. Com base em critérios estabelecidos
para toda a União, os sistemas avançados de análise
do risco permitem que as alfândegas identifiquem uma
carga de alto risco antes de esta chegar à fronteira.
A coordenação a nível da União Europeia permite trocar
rapidamente informações sobre o risco, garantindo
assim que os produtos rejeitados num ponto de entrada
possam ser detetados se houver uma tentativa de
entrada noutro ponto. Do mesmo modo, quando se
identifica uma determinada tendência significativa
no comércio ilegal, a ação conjunta das autoridades
aduaneiras é fundamental para combater essa vaga
e evitar novas ocorrências.
Os serviços aduaneiros também procuram impedir
o contrabando de animais, aves e plantas.
© Belgian customs
A lf â ndegas
7

© European Union
Controlo das carruagens
de comboio: scanner
na fronteira entre a Ucrânia
e a Polónia

Cooperação em toda a Europa operações, facultando sobretudo análises estratégicas,

e para lá das suas fronteiras uma plataforma informática segura para o intercâmbio
de informações em tempo real e a mobilização
A Comissão Europeia coordena programas de de investigadores e analistas forenses. Por vezes,
geminação entre os Estados-Membros da União as operações envolvem a Europol, a Interpol e a
Europeia e os países que tenham recentemente aderido Organização Mundial das Alfândegas.
à união aduaneira. Estes programas auxiliam as
administrações aduaneiras dos novos países a assumir As autoridades aduaneiras também desempenham um
a responsabilidade suplementar de proteger não só as papel fundamental na recolha de dados estatísticos.
suas fronteiras como também toda a Europa. Outros Os dados que recolhem sobre os fluxos comerciais
programas contribuem para reforçar os procedimentos ajudam os decisores políticos europeus a detetar
de controlo e execução em países candidatos tendências económicas e as informações nos seus
e países vizinhos. registos contribuem para a tomada de decisões sobre a
introdução de limites à importação de mercadorias que
A cooperação internacional alargada é também possam não estar a concorrer de forma equitativa com
essencial para proteger os interesses dos cidadãos os produtos da União Europeia.
europeus e das empresas europeias em todo o mundo.
As questões aduaneiras ocupam um lugar de destaque
nas negociações de acordos comerciais bilaterais da
União Europeia com países terceiros, que têm por
objetivo garantir e facilitar o comércio internacional. A
União Europeia celebrou acordos de cooperação e de
assistência administrativa mútua em matéria aduaneira
com o Canadá, os Estados Unidos, a China, a Coreia,
Hong Kong, a Índia e o Japão. Estes acordos simplificam Funcionárias examinam produtos de contrafação apreendidos.
e harmonizam os procedimentos aduaneiros, o que,
por seu turno, reduz a carga administrativa e os custos
para as empresas europeias. Os acordos internacionais
também contribuem para o reforço dos direitos de
propriedade intelectual e o combate à fraude.

As autoridades aduaneiras dos países da União

Europeia e de alguns países terceiros efetuam
regularmente operações aduaneiras conjuntas: ações
© European Union

coordenadas e orientadas de combate ao contrabando

e à fraude em determinadas rotas comerciais. O
Organismo Europeu de Luta Antifraude apoia estas
 8 C ompreender as pol í ticas da U ni ã o E uropeia

As alfândegas e os cidadãos

automóveis, incluindo travões. Os medicamentos de

As alfândegas veem contrafação, que são particularmente preocupantes,
representaram em 2013, quase um quarto
o que outros não descobrem. dos 36 milhões de artigos apreendidos, num valor
de cerca de 770 milhões de euros.

O número de remessas suspeitas de infringirem

direitos de propriedade intelectual tem permanecido
relativamente estável, sendo mais de dois terços dos
artigos apreendidos originários da China. A expansão
do comércio eletrónico é um fator crítico: mais de 70%
dos casos de apreensão de bens disse respeito a artigos
expedidos por via aérea, correio expresso
ou pelos serviços postais.

Os consumidores também podem ajudar a União

A contrafação não afeta apenas artigos de moda de
luxo. As alfândegas apreendem regularmente produtos
de contrafação de uso quotidiano que representam um
risco crescente para a saúde e a segurança públicas,
como artigos de cuidados pessoais, brinquedos,
aparelhos elétricos, óculos de sol falsificados que podem
provocar lesões oculares e componentes de veículos
Europeia a lutar contra a pirataria não comprando
artigos de contrafação. Ao adquirir estes artigos os
compradores tornam-se, de facto, cúmplices do roubo
de propriedade intelectual, que não é um crime sem
vítimas. O comércio de produtos de contrafação e
mercadorias-pirata priva os produtores dos artigos
genuínos dos lucros a que legitimamente têm direito,
desincentiva a inovação e a criatividade e leva à perda
de empregos. Pode igualmente financiar, de forma
indireta, o crime organizado.
As autoridades aduaneiras também protegem a
saúde pública mantendo uma vigilância apertada
sobre os precursores de drogas. Estes precursores
são substâncias químicas utilizadas no fabrico legal
de, por exemplo, produtos farmacêuticos, perfumes,

NÚMERO DE CASOS REGISTADOS E ARTIGOS APREENDIDOS PELOS SERVIÇOS ADUANEIROS DA UNIÃO EUROPEIA ENTRE 2007 E 2013

200 000 000 100 000

Número de casos registados

180 000 000 90 000
Número de artigos
apreendidos
160 000 000 80 000

140 000 000 70 000

120 000 000 60 000

Artigos

Casos

100 000 000 50 000

80 000 000 40 000

60 000 000 30 000

40 000 000 20 000

20 000 000 10 000

0 0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
A lf â ndegas
cosméticos, adubos e óleos. No entanto, podem
ser extremamente perigosos quando desviados por
criminosos para o fabrico ilícito de drogas como a
heroína, a cocaína, o ecstasy ou as anfetaminas. O
comércio de precursores de drogas não pode ser
proibido, mas é fiscalizado tanto no âmbito da União
Europeia como ao abrigo de quadros internacionais, e
os controlos são apoiados por documentação e medidas
de rotulagem, bem como pelo licenciamento e o registo
dos operadores.
Atravessar fronteiras com álcool e tabaco
Com exceção de veículos automóveis novos e
grandes somas de dinheiro líquido, não há limites
ao que as pessoas podem transportar consigo
quando viajam entre países da União Europeia,
desde que os produtos adquiridos se destinem a
uso pessoal e não a revenda. Há, no entanto,
regras especiais aplicáveis ao álcool
e ao tabaco.
Alguns países permitem que as pessoas
ultrapassem os limiares de utilização pessoal
fixados ao abrigo da legislação da União ― as
autoridades nacionais prestam informação sobre o
que efetivamente autorizam. Contudo, para se
assegurar que não tem de pagar quaisquer direitos
ou multas, é aconselhável que transporte menos de:
—— 800 cigarros
—— 400 cigarrilhas
—— 200 charutos
—— 1 kg de tabaco
—— 10 litros de bebidas espirituosas
—— 20 litros vinho aguardentado
—— 90 litros de vinho (dos quais, no máximo, 60
litros de espumante)
—— 110 litros de cerveja.
Estas regras não se aplicam aos passageiros com
menos de 17 anos que não estão autorizados de
modo algum
a transportar álcool ou tabaco, independentemente
da quantidade. Quando se viaja entre dois países da
União Europeia, não há a possibilidade de fazer
compras isentas de direitos (duty free).
9
Facilitar a vida das empresas
Nos últimos anos, a Comissão Europeia tem vindo a
reforçar o diálogo com a comunidade empresarial. Esta
ação contribui para que se simplifiquem e harmonizem
de facto os procedimentos do comércio internacional,
graças à racionalização das práticas e formalidades de
recolha, apresentação, comunicação e tratamento dos
dados necessários aos procedimentos de importação e
exportação. As associações de comércio são convidadas
periodicamente para seminários e grupos de trabalho,
para poderem contribuir para o desenvolvimento de
novas iniciativas políticas e legislativas.
Para evitar que as alfândegas tenham de tratar
os produtos em cada fase do seu trajeto, a união
aduaneira harmoniza os procedimentos de trânsito
aduaneiro. Desta forma, é possível suspender
temporariamente os direitos, as taxas e as medidas de
política comercial que são aplicáveis na importação, a
fim de que as formalidades de desalfandegamento só
sejam cumpridas no destino e não no ponto de entrada.
A Comissão Europeia oferece também aconselhamento
sobre o regime de entreposto aduaneiro, que permite
que o proprietário detenha os produtos importados
quer antes de pagar direitos na importação quer antes
da sua reexportação. Em certos casos, é possível
transformar mercadorias sob controlo aduaneiro em
produtos sujeitos a um direito de importação inferior
antes da sua introdução em livre prática: as poupanças
contribuem para criar ou manter atividades de
transformação nestas instalações,
A Comissão Europeia trabalha constantemente
na atualização e automatização dos procedimentos,
auxiliando as alfândegas a passarem dos formulários
de papel para redes eletrónicas totalmente integradas
e proporcionando um balcão único para
os operadores comerciais.
Para além de introduzir controlos de segurança
adequados para garantir a proteção do mercado
interno, o programa de segurança das alfândegas da
União Europeia colabora estreitamente com parceiros
comerciais mundiais para garantir a segurança das
cadeias de abastecimento internacionais. Os operadores
fiáveis que fizerem os esforços necessários no sentido
de garantir a segurança da sua parte da cadeia de
abastecimento podem requerer a certificação como
operadores económicos autorizados e beneficiar de
procedimentos simplificados.
 10 C ompreender as pol í ticas da U ni ã o E uropeia

Este programa está em funcionamento desde 2008.
Os Estados-Membros podem conceder o estatuto
aos operadores que obedeçam aos critérios rigorosos
relacionados com o cumprimento das obrigações
aduaneiras, de normas adequadas de manutenção
de registos e de solvabilidade financeira e que, se
for caso disso, mantenham normas adequadas de
segurança e proteção. Embora o estatuto não permita
que os operadores beneficiem automaticamente das
simplificações previstas na regulamentação aduaneira
dos outros Estados-Membros, os operadores podem
beneficiar das simplificações se satisfizerem requisitos
específicos e sem que seja necessário examinar de
novo critérios que foram já verificados, evitando, deste
modo, duplicações desnecessárias.
Como resultam diretamente da aplicação de políticas
comuns, estas receitas não são consideradas uma
«contribuição nacional», mas sim puras receitas da
União Europeia. Este aspeto é importante porque quem
paga o direito aduaneiro nem sempre é residente
do Estado-Membro que o cobra, o que dificulta uma
cobrança equitativa numa base nacional.
A União Europeia continua a celebrar acordos
bilaterais de comércio livre com os principais parceiros,
alargando-os na medida do possível para cobrir a maior
parte do comércio da UE. No entanto, como o comércio
mundial não para de crescer, os direitos aduaneiros
continuarão sem dúvida a contribuir significativamente
para o orçamento da União.

Contribuição para o orçamento

da União Europeia

Apesar de, atualmente, perto de três quartos das

importações na União Europeia estarem isentas
de direitos, ou sujeitas a direitos reduzidos, e de a
taxa média ser de apenas 1,2%, em 2012 foram
gerados mais de 22 mil milhões de euros em direitos
aduaneiros. Os Estados-Membros retêm 25% para
cobrir as despesas de cobrança, mas 16,3 mil milhões
de euros foram transferidos para a União, ou seja,
quase 13% do orçamento geral da União Europeia, o
que representa uma parte significativa dos recursos
próprios tradicionais que, para além dos direitos
aduaneiros, são também constituídos por direitos
agrícolas e cotizações do açúcar.

A União Europeia é um dos

maiores parceiros comerciais
do mundo, detendo uma
© Fotolia XXV

parte do mercado mundial

equivalente à dos Estados
Unidos e superior à da China.
A lf â ndegas
Perspetivas: hoje, amanhã e no futuro
A União Europeia é, e tenciona continuar a ser, uma
das economias mais orientadas para o exterior. O
comércio com o resto do mundo duplicou entre 1999
e 2010 e, atualmente, a União Europeia é o principal
parceiro comercial de 80 países, ou seja, quatro vezes
mais do que os Estados Unidos. Na sua qualidade de
mercado principal, a União Europeia importa mais
produtos agrícolas de países em desenvolvimento do
que a Austrália, o Canadá, o Japão, a Nova Zelândia e
os Estados Unidos em conjunto. A sua união aduaneira
tem de poder acompanhar o ritmo de evolução.
Iniciada em 2003, a modernização da união aduaneira
com vista a um ambiente sem papel está bem
encaminhada e algumas das administrações aduaneiras
da União Europeia costumam estar classificadas entre
as melhores do mundo. Hoje em dia, mais de 98% de
todas as declarações aduaneiras da União Europeia
são efetuadas por via eletrónica. É necessário continuar
a fazer esforços para dar resposta aos desafios do
futuro. As alfândegas deparam-se com a crescente
globalização do comércio, dos modelos comerciais e da
logística, bem como da criminalidade e do terrorismo.
11
Por razões históricas, geográficas e ligadas às rotas
comerciais, alguns Estados-Membros assumem
uma parte desproporcionada dos encargos, mas,
isoladamente, nenhum deles pode dar uma resposta
eficaz aos desafios da globalização. Em 2013, a
Comissão traçou planos para o estabelecimento de um
serviço mais sólido e unificado até 2020, que passará
pela conclusão do processo de modernização, por uma
solução para os problemas detetados e pela reforma
das estruturas de governação e de gestão
da união aduaneira.
O programa «Alfândega 2020» terá um papel central
nesta evolução e dará continuidade às iniciativas
semelhantes realizadas no período de 2007-2013. A
partir de 2014 e por um período de sete anos, com
um orçamento de mais de 500 milhões de euros, este
programa apoiará a cooperação entre autoridades
aduaneiras, facilitando o estabelecimento de redes,
as ações conjuntas e a formação dos funcionários
aduaneiros e financiando os sistemas informáticos, com
o objetivo de apoiar o desenvolvimento de um ambiente
aduaneiro pan-europeu totalmente eletrónico que
permita a troca de informações em tempo real.
 12

NA-01-14-987-PT-C
C ompreender as pol í ticas da U ni ã o E uropeia

Outras leituras

XX Um guia mais completo sobre a união aduaneira: http://europa.eu/legislation_summaries/customs/index_pt.htm

XX Factos e números: http://ec.europa.eu/taxation_customs/customs/policy_issues/facts_and_figures/index_en.htm
XX Mais informações sobre a política comercial comum:
http://europa.eu/legislation_summaries/glossary/commercial_policy_en.htm
http://ec.europa.eu/trade/policy/policy-making/
XX Perguntas sobre a União Europeia? O serviço Europe Direct pode ajudá-lo: 00 800 6 7 8 9 10 11
http://europedirect.europa.eu

ISBN 978-92-79-41599-9
doi:10.2775/16944